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<p>1</p><p>FILOSOFIA</p><p>GERAL E ÉTICA</p><p>PROFISSIONAL</p><p>Prof. Elton Vinicius sadao tada</p><p>Este trabalho está licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional.</p><p>FILOSOFIA GERAL E ÉTICA PROFISSIONAL</p><p>autor: Elton Vinicius Sadao Tada</p><p>Estudou Teologia e Filosofia. É especialista em Docência no Ensino Superior, Mestre e</p><p>Doutor em Ciências da Religião.</p><p>https://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/</p><p>03</p><p>SUMÁRIO</p><p>unidadE iii .................................................................................................................................................................... 04</p><p>filosofia E sociEdadE .......................................................................................................................................... 05</p><p>conVErsa inicial ...................................................................................................................................................... 06</p><p>1 PEnsar o Estado E a sociEdadE .................................................................................................................. 07</p><p>2 MarX: EconoMia, HistÓria E HErMEnÊutica ......................................................................................... 10</p><p>3 a Escola dE franKfurt: coMunicaÇÃo E consuMo ........................................................................ 12</p><p>4 PÓs-ModErnidadE ............................................................................................................................................... 16</p><p>04</p><p>UNIDADE III</p><p>05</p><p>UNIDADE III</p><p>FILOSOFIA E SOCIEDADE</p><p>Prof. Dr. Elton Vinícius Sadao Tada</p><p>oBJEtiVos dE aPrEndiZaGEM</p><p>a presente unidade tem como objetivo abordar as questões que se relacionam com o pen-</p><p>sar sobre o Estado e a sociedade. além disso, também nos aprofundaremos sobre Marx, sobre a</p><p>escola de frankfurt e, para finalizar esta unidade, começaremos a estudar os conceitos estudados</p><p>na pós-modernidade.</p><p>Plano de Estudo</p><p>nesta unidade abordaremos os seguintes tópicos:</p><p>1. Pensar o Estado e a sociedade</p><p>2. Marx: Economia, história e hermenêutica</p><p>3. a Escola de frankfurt: comunicação e consumo</p><p>4. Pós-modernidade</p><p>06</p><p>CONVERSA INICIAL</p><p>a presente unidade tem o objetivo de estudar alguns princípios sociais da filosofia, ou</p><p>melhor, refletir filosoficamente alguns princípios da sociedade. Há quem acredite que a filosofia</p><p>possui pequena função social ou pouca preocupação com a sociedade, pois ela se instaura ma-</p><p>joritariamente no âmbito não concreto. a sociedade, em toda sua concretude, é objeto intenso</p><p>de análise e crítica filosófica. na verdade, pode-se dizer com tranquilidade que o caminho que</p><p>a filosofia percorre hoje é justamente o contrário. o século XX e todos seus intensos problemas</p><p>políticos e sociais trouxe consigo a necessidade de reflexão a partir da concretude da história. as</p><p>teorias metafísicas caem cada vez mais em desuso ou em desaprovação, chegando ao ponto de</p><p>serem extensivamente superadas em alguns ramos da filosofia. as filosofias mais concretas gan-</p><p>ham mais espaço e mais validade, fazendo com que o antigo problema metafísico seja deixado</p><p>para os pensadores da teologia ou mesmo simplesmente silenciados.</p><p>a sociedade, e consequentemente as noções de política e Estado, ganham importância ím-</p><p>par em um mundo globalizado, cheio de impasses macropolíticos e macroeconômicos. É por isso</p><p>que queremos estudar na presente unidade as noções de Estado e sociedade, de capital e econo-</p><p>mia, de comunicação social e consumo, bem como o problema da história atualizado no horizon-</p><p>te da superação da modernidade.</p><p>Quero lhe convidar agora para entrarmos no intenso processo de reflexão sobre a existência</p><p>coletiva, o tempo presente e a materialidade.</p><p>07</p><p>1 PENSAR O ESTADO E A SOCIEDADE</p><p>Pensar na organização da sociedade é necessário por conta de uma questão simples: onde</p><p>existem pessoas convivendo, existem pessoas se desentendendo. Esse desentendimento por vez-</p><p>es é algo pontual e superável, mas não é tão simples quando pensamos em grandes grupos de</p><p>pessoas. Mesmo nas sociedades mais organizadas moral e legalmente, existem problemas inten-</p><p>sos que precisam de correção ou adequação. E viver fora dessa coletividade é algo cada vez mais</p><p>impensável. Mesmo assim, viver o coletivo não é sinônimo de negatividade. Existem as vantagens</p><p>da organização social. os grupos em geral defendem uns aos outros. ser parte de um grupo sig-</p><p>nifica participar do poder do mesmo, mesmo que você não tenha colaborado diretamente para</p><p>isso. Por exemplo, o ser humano já pisou na superfície da lua, e por mais que você não consiga</p><p>nem passar em seus exames de cnH, você se sente partícipe desse grandioso feito de seu grupo,</p><p>o grupo dos humanos. do mesmo modo, cada indivíduo participa das derrotas e falhas de seu</p><p>grupo. Por exemplo, alguns alemães ainda hoje sentem-se julgados por conta de serem aqueles</p><p>que sustentaram o nazismo. Por mais que um cidadão alemão tenha 12 anos e ao menos saiba</p><p>exatamente o que aconteceu no terceiro reich, o peso da coletividade acaba alcançando-o.</p><p>Pensar no âmbito social é olhar para as estruturas da organização das pessoas no tempo e</p><p>no espaço. É exatamente por isso que fazer filosofia social acaba se tornando algo intensivamente</p><p>concreto. a concretude se deriva da relação entre as fortíssimas linhas do tempo e do espaço. na</p><p>intersecção dessas linhas dá-se o principal objeto da filosofia social, a história.</p><p>Para pensarmos as questões da sociedade e do Estado façamos uma incursão a partir de</p><p>dois pensadores modernos muito conhecidos: Jean-Jacques rousseau e thomas Hobbes.</p><p>thomas Hobbes (1588-1679), filósofo inglês, é estudado até hoje como base do pensamen-</p><p>to político e social. Hobbes ficou conhecido por não acreditar que o ser humano é naturalmente</p><p>“bonzinho”. Pelo contrário, foi ele quem popularizou em bom latim a sentença “homo homini lu-</p><p>pus”, ou seja, o homem é lobo do homem. indica-se nessa máxima a ideia de que há uma pro-</p><p>pensão à ação má.</p><p>Figura 1 - thomas Hobbes</p><p>fonte: faculty History, 2017</p><p>08</p><p>Hobbes faz a distinção entre aquele que seria o estado de natureza do ser humano e sua</p><p>derivação legal, a ideia de Estado que se dá na sociedade. o estado natural é aquele que antecede</p><p>todos os postulados da lei civil, baseando-se apenas na forte lei da sobrevivência e nos conse-</p><p>quentes meios para alcançá-la.</p><p>num estado tal, as noções de direito e ilegalidade, justiça e injustiça não são em absoluto</p><p>pertinentes, já que não constituem outra coisa que qualidades referidas ao homem em</p><p>sociedade. o mesmo se aplica ao direito de propriedade, que é substituído pela mera ap-</p><p>ropriação: cada um “possui” aquilo que pode obter, e apenas enquanto puder conservá-lo.</p><p>a conclusão é que, no estado de natureza, nada pode ser injusto. a força e a fraude se</p><p>constituem nas duas virtudes cardeais. ou seja, o estado de natureza é, antes de tudo, um</p><p>caos de subjetividade.</p><p>nele, cada um pode utilizar livremente a sua razão para procurar seus próprios fins; cada</p><p>um é juiz sobre o que é ou não é racional (PousadEla, 2006, p.360).</p><p>o que se aponta sobre a ideia hobbesiana de estado natural é que em tal estado não existe</p><p>injustiça, pois ainda não há uma justiça que seja estabelecida para julgamento dos atos praticados</p><p>em tal condição. a injustiça é derivada da desobediência às leis que são estabelecidas pela socie-</p><p>dade – não necessariamente democrática. Portanto, toda forma de violência e fraude são válidas</p><p>no estado de natureza, pois o mesmo é regido pura e simplesmente pela manutenção da vida</p><p>aquém de sua legalização. Essa ideia é difícil de ser compreendida em nossas mentes, pois somos</p><p>treinados a obedecer estabelecimentos legais e regras de convívio desde nossa mais tenra infân-</p><p>cia. Mesmo assim, quando não somos ainda dotados de “educação”, podemos praticar atitudes</p><p>ruins sem que elas possuam peso negativo, como no caso da criança que machuca a outra sem</p><p>notar o dano e as consequências de sua atitude. ou seja, há uma ingenuidade</p><p>que precede a lei.</p><p>a partir do momento em que existe a lei e que essa tal força é posta sobre o convívio da so-</p><p>ciedade, o estado natural é substituído pelo Estado legal. Hobbes acredita que essa passagem se</p><p>dá a partir do contrato básico assentido pelas partes.</p><p>o que se instaura com o contrato é a relação de proteção e obediência. “a obrigação dos</p><p>súditos em relação ao soberano não dura nem mais nem menos do que a duração do pod-</p><p>er mediante o qual este tem capacidade para protegê-los” (Hobbes, 1983: 160), porque a</p><p>finalidade da obediência é a proteção, e os homens não renunciam ao direito natural de</p><p>se defenderem a si mesmos. o súdito fica liberado da obediência só se cair prisioneiro</p><p>de outro soberano; se o soberano renunciar ao governo no seu nome e no dos seus her-</p><p>deiros; se for desterrado; ou se seu soberano se constituir em súdito de outro. Mas só ness-</p><p>es casos, e em nenhum outro, porque a soberania é absoluta (PousadEla, 2006, p.361).</p><p>a submissão ao soberano é derivada da necessidade de proteção e do desejo da vida con-</p><p>fortável, distante das forças surpreendentes do estado de natureza. Por mais que o Estado seja</p><p>fundado no contrato, não se pode imaginar que tal contrato seja assinado tanto pelo súdito quan-</p><p>to pelo soberano. o poder soberano não obedece às leis, pois é necessário que sua força esteja</p><p>acima dela para que a ordem possa ser mantida. antes que surja a dúvida sobre a validade do gov-</p><p>erno, ou melhor, sua legitimidade, devemos saber que o autor considera que tanto a monarquia,</p><p>quanto a aristocracia ou a democracia são formas válidas de governo, mas que todas elas só fun-</p><p>cionam a partir do momento em que os súditos reconhecem em tal ordem a força necessária para</p><p>o governo do coletivo, propiciando assim vida segura e confortável.</p><p>09</p><p>Porém, supõe-se que se existe algum motivo pelo qual nos interessa pensar sobre a le-</p><p>gitimidade, este há de residir em nossa crença em que deve haver algum critério para</p><p>distinguir entre poderes legítimos e poderes ilegítimos. não obstante, Hobbes consegue</p><p>unir a afirmação de que, sendo os homens livres e iguais, a única ordem legítima e estável</p><p>é a que se impõe com o seu consentimento, com a afirmação de que nem a lei natural</p><p>nem muito menos o contrato constituem tal critério de discriminação entre o legítimo e o</p><p>ilegítimo (PousadEla, 2006, p.363).</p><p>É a liberdade e a igualdade dos homens que constituem um Estado, o poder atribuído a ele</p><p>deriva do livre consentimento, ou seja, da manutenção do contrato que constitui a base da orga-</p><p>nização legal.</p><p>no século XViii, o pensador suíço Jean-Jacques rousseau (1712-1778) voltou a produzir so-</p><p>bre a questão do contrato que valida a organização social como Estado legal. revendo a ideia</p><p>hobbesiana de estado de natureza, rousseau afirma justamente o contrário do que tinha dito seu</p><p>predecessor. Para rousseau, o homem não tende à maldade, mas é um ser sociável antes mesmo</p><p>do estabelecimento da sociedade.</p><p>Figura 2 - Jean-Jacques rousseau</p><p>fonte: EncYcloPaEdia Britannica, 2017</p><p>rousseau escreve uma obra chamada “do contrato social” na qual apresenta as bases para</p><p>um contrato social válido para a mentalidade do homem de seu tempo. Ele entende, discordando</p><p>constantemente de Hobbes, que o soberano não é necessário para a manutenção da civilidade,</p><p>pelo contrário, o poder que deve sobrepor todos os demais poderes é o poder do próprio povo,</p><p>expresso na legislação que ele mesmo criou e a qual deve obediência. Pode-se notar que essas</p><p>ideias rousseaunianas são amplamente visíveis na revolução francesa.</p><p>Essa breve reflexão sobre os pensamentos – de certo modo conjugados – de thomas Hobbes</p><p>e Jean-Jacques rousseau não nos serve simplesmente pelo capricho do conhecimento da história</p><p>do pensamento ocidental. infelizmente, nossa sociedade dá demasiada atenção ao sistema políti-</p><p>co detentor da herança do coronelismo, no qual a esfera pública é campo de batalha de poderes</p><p>sociais e econômicos, em que se joga a teoria do direito e a função legislativa para um plano</p><p>secundário, preconizando o sucesso e a construção de obeliscos narcísicos. os pensamentos de</p><p>Hobbes e rousseau estão na base da proposição do Estado brasileiro. com uma breve genealogia,</p><p>veremos que a república brasileira foi amplamente influenciada pelos ideários franceses, sendo</p><p>10</p><p>que esses tais se deram diretamente a partir da influência dos escritos de rousseau.</p><p>Parece ser um momento propício para deixarmos de fazer política na fila do pão, levados por</p><p>publicações de uma mídia pouquíssimo imparcial e nos voltarmos para o problema do sentido</p><p>real do Estado de direito, de nossa república e de nossa democracia.</p><p>FIQUE POR DENTRO</p><p>a partir de limites socioeconômicos, são instituídas fronteiras culturais das mais diver-</p><p>sas, chegando até mesmo ao ponto de ser socialmente verificável que tipo de religi-</p><p>osidade é mais adotada em cada esfera social. Ver como exemplo o grupo de pesqui-</p><p>sa rEPal – religião e periferia na américa latina, do PPG de ciências da religião da</p><p>universidade Metodista de são Paulo. Para isso, acesse o endereço eletrônico a seguir:</p><p><http://portal.metodista.br/posreligiao/projetos/religiao-e-periferia-na-america-lati-</p><p>na-repal></p><p>2 MARX: ECONOMIA, HISTÓRIA E HERMENÊUTICA</p><p>a princípio é necessário desmistificar a ideia de que um indivíduo não se tornará um es-</p><p>querdista pelos simples fato de estudar o pensamento de Karl Marx. se isso acontecer é sintoma</p><p>de um dos dois fatos: ou o pensamento de Marx é realmente muito convincente ou o indivíduo</p><p>em questão é manipulável quanto a seus pressupostos socioculturais e políticos. Vamos tentar</p><p>compreender isto melhor.</p><p>É importante ressaltar que, mesmo no grupo de pessoas consideradas de esquerda, existem</p><p>várias possibilidades de leitura das ideias de Marx. sendo assim, devemos estudar os pensamen-</p><p>tos dele para que sejamos capazes de tomar nosso próprio posicionamento a respeito do capital,</p><p>sem que as ideologias que perpassam tal discussão sejam aceitas de maneira ingênua.</p><p>deixando de lado as ideologias, que são problemas posteriores, estudar o pensamento de</p><p>Karl Marx ainda nos dá certo tipo de trabalho. digo isso porque é comum que o leitor, ao se aprox-</p><p>imar do texto marxista, acabe vislumbrando um horizonte um tanto quanto confuso, no qual os</p><p>problemas da economia, da política e da organização social parecem pertencer ao mesmo âmbito</p><p>do conhecimento, nada tendo a ver com aquilo que normalmente se estuda em filosofia. Mas é</p><p>justamente aí que se dá o engano. Karl Marx faz filosofia e o faz de uma maneira bastante signifi-</p><p>cativa.</p><p>http://portal.metodista.br/posreligiao/projetos/religiao-e-periferia-na-america-latina-repal</p><p>http://portal.metodista.br/posreligiao/projetos/religiao-e-periferia-na-america-latina-repal</p><p>11</p><p>Figura 3 - Karl Marx</p><p>fonte: notEs collEction, 2017</p><p>normalmente o pensamento de Karl Marx é conhecido a partir de determinados conceitos,</p><p>sendo esses: mais-valia, alienação, luta de classes ou materialismo histórico. todos esses conceitos</p><p>estão relacionados com a questão do trabalho e do capital. nem por isso podemos considerá-los</p><p>como conceitos apenas econômicos. a mais-valia, por exemplo, refere-se à diferença entre aquilo</p><p>que o trabalhador recebe por seu trabalho e o valor real de seu trabalho. nesse sentido é a simples</p><p>diferença entre aquilo que seria justo receber pelo trabalho e aquilo que é recebido para que os</p><p>donos dos meios de produção possam ter mais lucros. Portanto, estamos falando do valor do tra-</p><p>balho do ser humano, que pode ser considerado um evento central no processo de significação</p><p>da existência, uma vez que o trabalho é um elemento extenso e contínuo na vida de qualquer pes-</p><p>soa. falar de mais-valia não significa apenas a tentativa de resolver um problema socioeconômico,</p><p>mas implica necessariamente na qualidade de vida do indivíduo e de sua prole.</p><p>influenciado pelo pensamento de G. f. Hegel, Marx escolhe para si o método dialético, ou</p><p>seja, define que as relações se dão a partir de tensões</p><p>entre polos que geram terceiros elementos.</p><p>Esse processo é contínuo, de modo que o resultado da tensão entre dois polos se acomoda, tor-</p><p>nando-se um novo polo para uma nova tensão. Esse é o conceito de dialética materialista de Karl</p><p>Marx. a aplicação de tal conceito na história revela a luta de classes, a saber, a luta entre aqueles</p><p>que possuem os meios de produção (burgueses, patrões) e aqueles que vendem seu trabalho por</p><p>um valor abaixo do justo em prol da manutenção de sua prole (os trabalhadores, proletariados).</p><p>Karl Marx defende de modo enfático que é necessário que o proletariado tome posse dos meios</p><p>de produção para que seu trabalho deixe de ser explorado pelos burgueses. surge daí a ideia de</p><p>comunismo, regime em que ao menos teoricamente a riqueza é distribuída igualmente entre to-</p><p>dos, cessando as diferenças sociais.</p><p>não é difícil entender que a proposição de Marx está diretamente ligada ao problema do</p><p>sofrimento. o autor defende que a desigualdade e a exploração geram sofrimento por parte</p><p>daqueles que são social e economicamente desfavorecidos. a resolução do problema do capital é</p><p>apenas um meio para que esse tipo de sofrimento seja superado.</p><p>Para Marx, só faz sentido pensar nos problemas filosóficos que possuem materialidade, ou</p><p>seja, a filosofia precisa ser feita com base na concretude dos fatos históricos. Justamente por isso</p><p>o pensamento de Marx marca o momento em que a metafísica começa um processo de queda</p><p>12</p><p>livre, chegando a ponto de ser dita como algo totalmente superado por algumas linhas da filoso-</p><p>fia contemporânea. se olharmos em perspectiva, veremos que o pensamento moderno alemão</p><p>marca esse processo de superação da metafísica. além de Marx e de sua necessária concretude</p><p>histórica, temos nietzsche questionando a validade da moral e desdenhando da ambiciosa emp-</p><p>reita da filosofia ocidental. nietzsche traz o ser humano para a realidade de seu corpo, enquanto</p><p>Marx questiona o sentido dos preços em que esse corpo é vendido na lógica do trabalho.</p><p>o ponto mais importante que o pensamento de Marx nos oferece para o presente estudo</p><p>não está na problemática econômica propriamente dita, mas em seu método de estudo. a con-</p><p>cretude necessária ao pensamento de Marx faz com que ele pense a partir da realidade do ser hu-</p><p>mano comum em sua vida. Esse pensamento volta para a realidade através de conceitos e ideias</p><p>que serão atualizados pela realidade e repensados continuamente. a esse pensamento que se dá</p><p>em relação direta com o cotidiano damos o nome de práxis. É o pensamento aplicado na prática</p><p>e feito a partir da prática. desse modo, Karl Marx propõe uma hermenêutica que tem como pres-</p><p>suposto a materialidade do ser humano. a chave de leitura apresentada pela hermenêutica de</p><p>Marx é o real sofrimento do indivíduo em sua vida.</p><p>a economia se revela a partir de Marx como um problema que vai muito além das questões</p><p>matemáticas e de seus consequentes disparates sociais. o autor teve a delicadeza de notar que o</p><p>problema do capital também seria o problema do sentido em um mundo industrial.</p><p>os desdobramentos do pensamento de Karl Marx são vistos até hoje e questionados a par-</p><p>tir das possíveis leituras e posturas adotadas. o que não se pode negar é que de algum modo o</p><p>pensador tentou relacionar o sentido da existência com o sentido do capital, esperando encontrar</p><p>nessa relação alguma saída para a finitude pouco significativa do proletário explorado.</p><p>REFLITA</p><p>Você já parou pra pensar em quais são os limites sociais instituídos a partir do âm-</p><p>bito econômico? todas as pessoas possuem limites e alcances que derivam de suas</p><p>condições sociais.</p><p>3 A ESCOLA DE FRANKFURT: COMUNICAÇÃO E CONSUMO</p><p>o século XX é marcante para as ciências humanas e sociais porque temos acesso a muito do</p><p>que foi produzido e não podemos deixar de admitir que a produção intelectual desse século foi</p><p>ampla. dentre os estudiosos do século XX, pode-se encontrar toda sorte de linha de pensamen-</p><p>to e posicionamento teórico, todavia é muito difícil que se encontre alguém que não tenha seu</p><p>pensamento diretamente afetado pelas grandes guerras mundiais. a Europa da primeira metade</p><p>13</p><p>do século passado praticamente faliu diante de inúmeras batalhas e a monstruosidade do ser hu-</p><p>mano foi colocada nas vitrines do mundo a partir de uma mídia que rapidamente se desenvolvia.</p><p>comunicação e consumo são assuntos que não podem ser deixados de lado quando se pensa na</p><p>formação e na formatação da sociedade contemporânea. Justamente por isso, vamos estudar um</p><p>pouco sobre a Escola de frankfurt.</p><p>Em alguns lugares você pode encontrar algo sobre a Escola de francoforte. trata-se da mes-</p><p>ma escola. os portugueses costumam traduzir nomes próprios para sua língua. frankfurt, como</p><p>você bem deve saber, é uma das maiores cidades da alemanha. no início do século XX era um</p><p>local onde o pensamento efervescia, contando com vários pensadores de renome em seu hall de</p><p>alunos. antes que se cometa qualquer confusão, a Escola de frankfurt é uma escola de pensamen-</p><p>to, uma corrente. Essa Escola de pensamento surgiu da reunião de alguns filósofos, psicanalistas e</p><p>cientistas sociais da universidade de frankfurt. Essa escola de pensamento possuía forte influência</p><p>do pensamento marxista, mas ao invés de simplesmente relê-lo, os frankfurtianos desenvolveram</p><p>uma teoria crítica, atualizando o pensamento marxista para seu tempo. Por isso, os frankfurtianos</p><p>são geralmente entendidos como pensadores neomarxistas.</p><p>falar sobre “os frankfurtianos” no plural é uma opção bastante perigosa, pois eles mes-</p><p>mos não se encontravam em grande sintonia intelectual. alguns, inclusive, chegaram a romper</p><p>relações oficialmente. Em todo caso, o que parece ser central na escola de frankfurt é a necessi-</p><p>dade do desenvolvimento de uma teoria crítica. nesse projeto, se destacaram theodor adorno e</p><p>Max Horkheimer. os outros pensadores não menos importantes, desenvolveram críticas estéti-</p><p>cas, psicanalíticas e comunicacionais, de modo que todas essas áreas são parcialmente devedoras</p><p>daquele nicho intelectual. Erich fromm produziu muito sobre uma leitura social da psicanálise,</p><p>além de críticas muitíssimo bem fundamentadas sobre aspectos da religião. no início da Escola de</p><p>frankfurt, Paul tillich foi significativo para fomentar os diálogos que surgiam, e seu relacionamen-</p><p>to pessoal com adorno, Horkheimer e Erich fromm fizeram com que ele estivesse ligado à escola</p><p>até em sua fase americana.</p><p>Em 1933, quando Hitler foi nomeado chanceler, a casa de Horkheimer foi invadida, mas</p><p>ele já estava morando com sua mulher num hotel. Em julho do mesmo ano, o instituto</p><p>foi fechado, e posto à disposição do Estado por ter mantido “atividades hostis” (Wigger-</p><p>shaus,2002, p. 158). a sede do instituto foi então transferida para Genebra, onde se con-</p><p>stituiu a société internationale de recherches sociales. nesse momento de incertezas, a</p><p>revista do instituto passou a ser impressa em Paris.</p><p>Em 1934, Horkheimer, após uma viagem de “reconhecimento” para os Estados unidos,</p><p>transferiu o instituto para nova York. Pouco a pouco a ele se juntaram Marcuse, löwen-</p><p>thal, Pollock e Witt fogel (adorno só imigraria em 1938). o quadro fi xo de colaboradores</p><p>do instituto – agora conhecido como international institute of social research – estava</p><p>novamente reunido (MoGEndorff, 2012, p.153).</p><p>tendo uma noção sobre como se deu a Escola de frankfurt, podemos agora analisar alguns</p><p>de seus principais conceitos.</p><p>sempre que você for ler textos sobre a Escola de frankfurt se deparará com ter como “cultura</p><p>de massa” e “indústria cultural”. usaremos aqui os dois conceitos com o mesmo sentido, apesar de</p><p>não serem idênticos. a indústria cultural nada mais é do que a produção em escala – e lógica –</p><p>industrial de elementos culturais voltados ao consumo. Por exemplo, se você quer ouvir o disco</p><p>de sua banda favorita, seja ela qual for, é necessário que você pague por isso de alguma forma.</p><p>a forma mais imediata de consumo é a compra do disco, mas as possibilidades de consumo</p><p>são</p><p>14</p><p>muito mais amplas. Você pode ouvir uma rádio que toca sua banda preferida com mais frequên-</p><p>cia, aumentando assim sua audiência e consequentemente o preço de seu tempo de veiculação</p><p>de comerciais ou mesmo usar uma marca de roupas que esteja relacionada à sua banda. ou seja,</p><p>são muitas as formas de consumo de cultura e esse consumo está presente extensivamente em</p><p>nosso cotidiano. o que a Escola de frankfurt fez, especialmente a partir da figura de theodor</p><p>adorno, foi problematizar a lógica do consumo dos produtos culturais em dois polos principais:</p><p>1) a necessidade de consumo exacerbado do indivíduo de seu tempo; 2) o sentido estético dessa</p><p>cultura popular que está sendo negociada.</p><p>Erich fromm problematiza com frequência as raízes psicossociais do consumo exagerado,</p><p>chegando ao ponto de propor um novo sistema de consumo, que seria um consumo humanizado</p><p>– marcadamente da corrente humanista. fromm explica que a indústria cultural veicula na mídia</p><p>uma espécie de propaganda semi-hipnótica. imagine que quando você vai ao supermercado</p><p>existem diversas marcas, formatos e cheiros de sabonetes. Por algum motivo específico você es-</p><p>colhe uma marca. Provavelmente, sem seu conhecimento, alguma propaganda lhe aliciou para</p><p>esse consumo. de modo ainda mais profundo, imagine agora que em determinado dia você vai</p><p>ao mercado e não possui dinheiro suficiente para comprar o sabonete de costume. Então, em um</p><p>processo óbvio, você compra um sabonete “inferior”, com preço mais baixo. Você não acha que</p><p>essa falta lhe incomodará? É bem provável que sim. isso se dá porque a propaganda semi-hipnóti-</p><p>ca não lhe oferece produtos, ela cria em você a necessidade de consumo. Essa necessidade não é</p><p>real. Ela existe apenas porque não estamos totalmente no controle de nossa consciência. fromm</p><p>afirma que:</p><p>o homem não está fadado a ser carneiro. com efeito, visto não ser um animal, o homem</p><p>tem um interesse em estar ligado à realidade e cônscio dela, em sentir a terra com os pés,</p><p>como na lenda grega de anteu: o homem é mais forte quanto mais plenamente ele está</p><p>em contato com a realidade. Enquanto é apenas um carneiro e sua realidade não passa de</p><p>ficção criada pela sua sociedade para a manipulação mais conveniente dos homens e das</p><p>coisas, mais fraco ele é como homem. [...] o processo do aumento de percepção nada mais</p><p>é que o processo do despertar, do abrir os olhos e ver o que está na frente. a percepção</p><p>significa a eliminação das ilusões e, na medida em que isso é feito, é um processo de lib-</p><p>ertação. (froMM, 1969, p.78)</p><p>a lógica do consumo e do capital – eis aí o referencial marxista – faz com vivamos de manei-</p><p>ra bastante automática em relação ao processo de produção, consumo e até mesmo felicidade. É</p><p>necessário ter um carro ou uma casa? Quanto custa o conforto e qual é o benefício real que isso</p><p>pode lhe trazer? Quando aceitamos o convite de Erich fromm de nos destacarmos da massa para</p><p>tomar ciência de seu próprio ser, podemos finalmente comprar o sabonete que queremos porque</p><p>realmente o queremos e não pela ilusão gerada em algum comercial.</p><p>a consciência do consumo e das formas propagandísticas da comunicação social foram os</p><p>pontos mais discutidos pelos pensadores da Escola de frankfurt. Para expressar e organizar o posi-</p><p>cionamento adotado por esse grupo de pensadores em suas teorias, Max Horkheimer diferenciou</p><p>o conceito de teoria tradicional do conceito de teoria crítica. a teoria tradicional seria aquela em-</p><p>basada no método cartesiano, na linearidade da ciência moderna, expressa no cotidiano como se</p><p>toda ação fosse precedida por um ato consciente da racionalidade. a teoria crítica seria aquela</p><p>que se coloca no processo histórico, ou seja, que tenta entender o seu próprio contexto juntam-</p><p>ente com o objeto de estudo, de modo que a teoria se desenvolve de acordo com as demandas</p><p>da materialidade histórica. Justamente por isso o referencial teórico marxista foi bastante útil para</p><p>a escola de frankfurt. a proposta marxista de uma hermenêutica da história foi atualizada para</p><p>responder adequadamente aos problemas da sociedade.</p><p>15</p><p>a escola de frankfurt se subdivide em diversos ramos de estudo. de acordo com sua neces-</p><p>sidade ou interesse poderá encontrar um pensador ou uma teoria que melhor o agrade. o que há</p><p>de comum nesses pensadores é a proposta de uma leitura crítica da sociedade a partir da inclusão</p><p>do pensamento na realidade material da história. Esses pensadores foram responsáveis por trazer</p><p>o trabalho filosófico do âmbito puramente metafísico para a realidade social, com cheiro, cor, frio</p><p>e fome, com a presença real da produção humana.</p><p>INDICAÇÃO DE FILME</p><p>UMA HISTÓRIA DE AMOR E FÚRIA</p><p>lançamento: 2013</p><p>direção: luiz Bolognesi</p><p>Elenco: selton Mello, camila Pitanga e rodrigo santoro</p><p>Gênero: animação</p><p>nacionalidade: Brasil</p><p>Sinopse: Vencedor do prêmio máximo do festival de animação</p><p>de annecy - o mais importante do gênero no mundo, o filme re-</p><p>trata o amor entre um herói imortal e Janaína, a mulher por quem é apaixonado há 600</p><p>anos.</p><p>como pano de fundo do romance, o longa-metragem de luiz Bolognesi ressalta quatro</p><p>fases da história do Brasil: a colonização, a escravidão, o regime Militar e o futuro, em</p><p>2096, quando haverá guerra pela água.</p><p>destinado ao público jovem e adulto com traço e linguagem de HQ, o filme traz selton</p><p>Mello e camila Pitanga dublando os protagonistas.</p><p>uma História de amor e fúria conta ainda com a participação de rodrigo santoro, na</p><p>pela do chefe indígena e de um guerrilheiro.</p><p>fonte: Buriti filMEs, 2017</p><p>16</p><p>4 PÓS-MODERNIDADE</p><p>Esse é um tópico muito interessante, pois a pós-modernidade está na mídia e na boca do</p><p>povo, como alguns outros termos que se usa sem que saiba necessariamente seu sentido. a</p><p>princípio, falar sobre pós-modernidade é um refúgio confortável para os pseudo-intelectuais,</p><p>que acreditam que qualquer coisa que eles não conseguem entender é pós-moderno. Mas, como</p><p>vocês podem imaginar, a filosofia não perde seu tempo com esse tipo de comportamento. Há algo</p><p>a se pensar com o critério hermenêutico da filosofia sobre isso que se chama pós-modernidade.</p><p>Em 1979 – reparem que estamos falando de quase quatro décadas, o que pode significar ao</p><p>tanto muito quanto pouco tempo – o filósofo francês Jean-françois lyotard (1924-1998) publicou</p><p>seu livro “a condição pós-moderna”, sistematizando então uma problemática que já havia sido</p><p>posta há algum tempo, mas que ganha uma forma emblemática no ocidente pós-guerra. a mod-</p><p>ernidade, como já sabemos, é marcada pelo método cartesiano. Método, para nosso intento, não</p><p>precisa ser entendido como algo muito além de uma forma específica de se fazer ciência. o mét-</p><p>odo cartesiano se constrói com base naquilo que não se pode duvidar. Preste bastante atenção</p><p>nesse argumento, pois ele pode parecer tolo, mas definitivamente não é: eu posso duvidar de</p><p>tudo, menos duvidar que estou duvidando. com essa conclusão – muito mais elaborada, obvia-</p><p>mente – descartes propõe a centralidade da racionalidade. se a base firme que não permite que</p><p>meu mundo se esfacele em dúvidas intermináveis é o pensamento, então o pensamento é o que</p><p>garante a minha existência. Penso, logo existo.</p><p>descartes propôs sua teoria no século XVi – o que só nos permite pensar que foi há muito</p><p>tempo. com o constante girar do mundo, chegamos ao final do século XiX. o século XiX é como se</p><p>fosse o carteiro que enche nossas caixas de correio com boletos e dúvidas. É nesse século que se</p><p>apresentam a maior parte das grandes falências do ser humano ocidental. nietzsche mostra bem</p><p>a decadência da moral e dos bons costumes. Marx mostra com tranquilidade a falência do capital.</p><p>É assim que as estruturas vão trincando aos poucos e apresentando seus grandes defeitos. Mas,</p><p>quando o mundo se põe em guerras globais é que pode-se ler com toda certeza: o ocidente ruiu.</p><p>na tentativa de reconstrução do mundo pós-guerra – no âmbito do espírito humano, para</p><p>além de qualquer prédio ou economia – é que se começa a entender a necessidade de superação</p><p>dos princípios da racionalidade moderna. o fim do século XX, em especial suas últimas quatro dé-</p><p>cadas, é o momento no qual a tentativa de superação do cartesianismo se instaura, sendo que tal</p><p>intento é observado a partir de várias tentativas, algumas mais felizes do que outras.</p><p>as artes e a arquitetura foram os locais que primeiramente gritaram pela superação dos</p><p>traços modernos. Para que se entenda bem como esse processo se deu na história, o evento que</p><p>marca a falência dos ideiais modernos é a demolição do conjunto habitacional Pruitt-igoe, em</p><p>1972. Esse conjunto habitacional trazia todo o ideário moderno em si. foi projetado para ser fun-</p><p>cional e otimizado, mas não funcionou, pois não houve nele espaço para a participação das partic-</p><p>ularidades e caprichos humanos, ou seja, acabou se tornando um local inadequado para se viver.</p><p>17</p><p>Figura 4 - os trinta e três prédios do condomínio Pruitt-igoe, em st. louis</p><p>fonte: Pruitt iGoE, 2017</p><p>Exemplos como esses acontecem ao redor do mundo, muitas vezes sem que sejam devida-</p><p>mente notados. no Brasil, costumo citar o projeto cingapura, na cidade de são Paulo, que surgiu</p><p>como uma tentativa de diminuir o problema das favelas na megalópole, mas que acabou se tor-</p><p>nando um local com muita carência em diversos pontos de qualidade de vida.</p><p>Figura 5 - Polícia militar dispersando manifestantes no condomínio cingapura</p><p>fonte: notÍcias tErra, 2011</p><p>os condomínios do projeto cingapura ainda são habitados, mas as forças que regem esses</p><p>locais fogem do controle do domínio público.</p><p>Essa ruptura com a arte e a arquitetura moderna fizeram com que o pensamento filosófico</p><p>se atualizasse. ciências como a física e a biologia contribuíram muito para esse desenvolvimento.</p><p>um dos pontos mais centrais no pensamento pós-moderno – juntamente com a própria</p><p>questão do método – é o fim da metafísica, ou, ao menos, o fim de sua necessidade. Ética e política</p><p>também se reorganizam na tentativa de apontar respostas válidas para o ser humano hodierno.</p><p>o sociólogo Zygmunt Bauman é muitíssimo conhecido por sua teoria sobre uma moderni-</p><p>dade líquida. Bauman altera parcialmente a noção de pós-modernidade proposta por lyotard e</p><p>diversos outros pensadores de seu tempo. Para Bauman, não há uma superação da modernidade,</p><p>mas uma liquidez de seus princípios. independentemente da nomenclatura utilizada, devemos le-</p><p>18</p><p>var em conta que não estamos mais no domínio da linearidade da lógica cartesiana. cada dia mais</p><p>as pessoas têm percebido o processo cognitivo que emana de sua própria condição corpórea, dos</p><p>elementos da natureza, da política e da (i)moralidade, e têm deixado de lado a necessidade de ex-</p><p>plicar tudo a partir do cogito cartesiano, entendendo as complexidades, polaridades e paradoxos</p><p>do mundo real de nosso tempo.</p><p>LEITURA COMPLEMENTAR</p><p>PARA ALÉM DO ESPÍRITO DO IMPÉRIO: Novas Perspectiv-</p><p>as em Política e Religião</p><p>autores: néstor Míguez, Joerg rieger e Jung Mo sung</p><p>idioma: Português</p><p>Editora: Paulinas</p><p>assunto: religião - cristianismo</p><p>Edição: 1ª</p><p>ano: 2012</p><p>Resumo: Este livro, que trata do império global, se produz</p><p>como sintoma dessa mesma globalização. É uma reflex-</p><p>ão crítica do que vivem seus autores, nutre-se da própria ambiguidade daquilo que</p><p>questiona. assim, veem o império a partir de distintos ângulos, a partir de experiên-</p><p>cias diferentes, com formações que são dessemelhantes, em seus enfoques e alcances,</p><p>embora coincidam em torno de uma necessidade compartilhada: a de pensar a vida</p><p>humana “a partir de baixo”, dos lugares dos mais necessitados, da vítima do despojo e</p><p>do preconceito, a partir das exclusões, seja por razões econômicas, de gênero, étnicas,</p><p>políticas ou ideológicas. Pensar o império é pensar nossa realidade, descobri-la sob as</p><p>marcas de seu escamoteio, vê-lo em suas novas - e perversas - ambições e ferramentas</p><p>de dominação. É descobrir os mecanismos com os quais se impõe às consciências, com</p><p>que reclama seu direito único ao domínio universal a que aspira, como organiza seu</p><p>discurso hegemônico. Este trabalho aponta para buscar um “modo de ser imperial”,</p><p>que conforma o caráter e faz que os seres humanos procurem, admitam ou resistam ao</p><p>modo imperial. sua proposta é ver o efeito deste espírito sobre os espíritos humanos,</p><p>especialmente daqueles que ficam mais expostos às iniquidades e injustiças que gera a</p><p>relação imperial. os autores pretendem, assim, recuperar o lugar do transcendente, de</p><p>algo que sempre está além do que o império contém e quer encerrar. Essa transcendên-</p><p>cia é concebida a partir de uma presença no crucificado que ressuscita, no sofredor que</p><p>levanta sua voz, no pobre que não se resigna, nas vítimas de qualquer preconceito que</p><p>reivindicam sua condição de humano total, no excluído que marca ainda seu lugar no</p><p>povo. só assim é possível superar o império, na esperança de outro mundo possível,</p><p>um mundo onde caibam todos os mundos, um reino messiânico, que possivelmente</p><p>nunca será alcançado na história, mas que constituirá a visão que alenta, sustenta, e na</p><p>19</p><p>qual todos podem empenhar suas vidas.</p><p>fonte: Editora Paulinas, 2017</p><p>O POVO BRASILEIRO</p><p>autor: darcy ribeiro</p><p>idioma: Português</p><p>Editora: companhia das letras</p><p>assunto: ciências sociais - antropologia</p><p>Edição: 3ª</p><p>ano: 2015</p><p>Resumo: darcy ribeiro concebeu estudos fundamen-</p><p>tais a respeito de pontos nodais da gênese da socie-</p><p>dade brasileira. a luta dos indígenas para manter viva</p><p>sua cultura, as agruras sofridas pelos povos africanos</p><p>aqui escravizados, os dramas vivenciados durante</p><p>o século XX para a constituição da democracia no Brasil foram alguns dos dilemas</p><p>históricos abordados pelo mestre darcy em seus livros. fruto de um longo trabalho</p><p>de mais de trinta anos de escrita e reescrita, “o povo brasileiro” configura-se como um</p><p>ensaio magnânimo de um pensador que expõe, com propriedade e por meio de uma</p><p>linguagem clara e ao mesmo tempo exuberante, as agonias e os êxitos da formação</p><p>brasileira.</p><p>de maneira inovadora e contundente, darcy vê com bons olhos a gênese da identi-</p><p>dade brasileira. ancorado em ampla bibliografia e influenciado por sua experiência</p><p>de intelectual que viveu muitas vidas, concebe uma visão positiva a respeito do que</p><p>o Brasil tem a mostrar para o mundo. na ótica de darcy, a nação brasileira adquiriu</p><p>plenas condições para lidar com as adversidades e diferenças e para se constituir como</p><p>um modelo de civilização por ter enfrentado brava e criativamente enormes desafios</p><p>em sua história e por ser composta por povos de diferentes matrizes. Por essas e out-</p><p>ras qualidades, “o povo brasileiro” firma-se como uma leitura imprescindível para todo</p><p>aquele que deseja entender os destinos do ser nacional.</p><p>fonte: liVraria folHa, 2017</p><p>Este trabalho está licenciado com uma Licença Creative</p><p>Commons - Atribuição-NãoComercial-SemDerivações</p><p>4.0 Internacional.</p><p>INSTITUIÇÃO</p><p>Mantenedora</p><p>união das faculdades Metropolitanas de Maringá</p><p>Forma Jurídica</p><p>instituição com fins lucrativos</p><p>Diretor Presidente</p><p>Evandro Buquera de freitas oliveira</p><p>Diretora Geral</p><p>Maria da conceição Buquera de freitas oliveira</p><p>Diretora de Ensino</p><p>Professora doutora adriana dos santos souza crevelin</p><p>Diretora de Pesquisa e Extensão e Pós-Graduação</p><p>Professora doutora Juliana orsini da silva</p><p>Comissão Editorial</p><p>adriana dos santos souza crevelin (unifaMMa)</p><p>celso leopoldo Pagnan (unoPar)</p><p>Juliana orsini da silva (unifaMMa)</p><p>Patrícia aparecida ferreira (ufla)</p><p>Coordenador do Núcleo de Educação a Distância</p><p>Professor Mestre Givago dias Mendonça</p><p>Revisão Linguística</p><p>aline Gonçalves de lima</p><p>flávia cristina silva</p><p>tatiane caldeira dos santos Bernardo</p><p>Projeto Gráfico e Diagramação</p><p>deborah Busko</p><p>Mariana Pereira de novaes</p><p>Normalização</p><p>carmen torresan</p><p>https://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/</p><p>https://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/</p><p>21</p><p>UNIDADE III</p><p>FILOSOFIA E SOCIEDADE</p><p>CONVERSA INICIAL</p><p>1 PENSAR O ESTADO E A SOCIEDADE</p><p>2 MARX: ECONOMIA, HISTÓRIA E HERMENÊUTICA</p><p>3 A ESCOLA DE FRANKFURT: COMUNICAÇÃO E CONSUMO</p><p>4 PÓS-MODERNIDADE</p>

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