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CURSO DE DIREITO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
- APOSTILA DE DIREITO AMBIENTAL - 
( CIRCULAÇÃO RESTRITA) 
 
 
 
 PÉRICLES ANTUNES BARREIRA, M.S. 
 pabarreira@cultura.com.br 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
GOIÂNIA - GOIÁS 
 
 
 2 
 
 
PALAVRAS EXPLICATIVAS 
 
 
 
A presente publicação pretende ser apenas uma compilação em 
forma de brochura, simples, inicialmente construída para servir de roteiro à 
ministração das aulas de Direito Ambiental nas Faculdades que lecionamos 
nos cursos de graduação e de pós-graduação. É uma produção independente, 
particular, de circulação agora dada ao público. Não há nenhum vínculo com a 
Faculdade respectiva. 
A ordem dos assuntos e a direção geral do trabalho, seguem o 
gosto pessoal do autor, orientado pela sua visão didática que empresta à 
lecionação da disciplina. 
A Apostila ao longo do tempo vai sendo atualizada e corrigida. 
É uma síntese, um roteiro alargado para apoiar as aulas. Nunca esta, nem outra 
publicação qualquer, substitui a leitura direta e no original de cada autor da 
área. Por isso, necessariamente, com o programa da matéria ou ao final deste 
texto, além das citações de notas de rodapé, é fornecida uma bibliografia, cuja 
leitura dos Autores é indispensável. Também não há nenhuma recomendação 
para que a aquisição seja obrigatória e, até o momento, nos locais em que é 
disponibilizada, o Autor nada aufere de ganho com a sua comercialização. O 
propósito é disseminar os acessos para servir aos discentes e apreciadores da 
matéria. 
A temática ambiental é dinâmica e sua abrangência é 
surpreendente. A pretensão, além de ser uma compilação organizada ao gosto 
do Autor, é fornecer um roteiro básico para aproximação com a matéria. 
Muitos temas específicos e tendências do Direito Ambiental não foram 
tratados aqui e, quando muito, são indicados em alguma parte da Apostila. A 
produção de artigos científicos sobre o tema deverá suprir, enquanto os livros 
não abarcam as tendências que a dinâmica da matéria abrange, o tratamento 
jurídico de tais tendências. 
Críticas, sugestões e colaborações são bem-vindas no nosso site 
pessoal: pabarreira@gmail.com ou outro que o autor aditar. Solicitamos a 
quem acessar ao material e citá-lo, mencione a fonte. Esta versão refere-se a 
Fevereiro/2007. 
 
 O AUTOR. 
 
 
 3 
 
 
 
- CAPÍTULO I - 
 A DIMENSÃO INTERNACIONAL DA TEMÁTICA AMBIENTAL OU A 
INTERNACIONALIZAÇÃO DA QUESTÃO AMBIENTAL (SOBRE O DIREITO 
INTERNACIONAL DO AMBIENTE) 
 1. UMA ORIGEM ALIENÍGENA 
 Os institutos que caracterizam o Direito Ambiental adotados no Brasil têm uma 
inquestionável e direta influência das respostas que a Sociedade Internacional deu aos 
problemas ambientais percebidos, sobretudo, pelos países desenvolvidos, tais que a 
poluição e degradações do meio ambiente que se expressaram pela constatação do buraco 
da camada de ozônio, chuvas ácidas, efeito estufa, dentre outros, os quais se agudizaram e 
manifestaram-se sobretudo após a década de 1960. Isso pode ser notado, pelo menos, por 
situações históricas definidas: a) A Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente 
Humano - CNUMAH - Estocolmo/1972; b)os princípios do Direito Ambiental 
conseqüentes da declaração de Estocolmo advindas da Conferência referida; c)- a 
contribuição das legislações ambientais internas dos países, quase todas também geradas 
profusamente pelo tratamento internacional que o tema assumiu; d)- criação de organismos 
internacionais que passaram a formular proposições, análises e esboços de Convenções ( 
Tratados ) internacionais atinentes à matéria. Por fim, a contribuição doutrinária que 
embasou o reconhecimento de um novo sub -ramo do Direito Internacional Público 
denominado Direito Internacional do Ambiente, para mencionar os principais aspectos. Por 
isso, para uma visão que privilegie as origens dos institutos do Direito Ambiental, é 
imprescindível conhecer, como dito, o que a Sociedade Internacional formulou direta ou 
indiretamente ao dar atenção na agenda internacional às questões ambiental globais e às 
formulações que a doutrina internacionalista ambiental construiu, especialmente no 
exterior. 
 De maneira esquemática, como propõe a apostila, pode-se esboçar esta 
abordagem da seguinte forma, propositalmente sem rigor de datas, para composição de um 
quadro de problemas-soluções que se esboçaram no dealbar da era ambiental. Há uma 
período pré-década de 70, durante o seu decorrer e logo após, em que tais problemas 
ocorreram que estão, como afirmado, dispostos sem a seqüência cronológica real. 
 2)- O DESPERTAR PELAS TRAGÉDIAS 
 Inegavelmente, as tragédias serviram de substrato inicial para o desenvolvimento 
da preocupação com o meio ambiente. Hoje, as denominaríamos "desastres ecológicos ou 
"acidentes ambientais", "catástrofes ecológicas". A soma de tais acontecimentos trágicos, 
confluiu num certo momento histórico para uma chamada de atenção especial para se 
cuidar da vida humana e do meio que a abrigava. O leitor notará que não há um rigor 
cronológico, embora se possa juntar tudo no que se denomina "era ambiental". Em jeito de 
palestra, tomamos a liberdade de, conhecendo os fatos a posteriori, juntá- los num quadro 
adredemente montado para se visualizar a situação trágica do mundo. Mesmo sem o rigor 
cronológico, repita-se, pois há fatos anteriores e posteriores em épocas diferentes, a 
importância para a Comunidade Internacional é incontestável. Pode-se alinhavar as 
seguintes tragédias: 
 
 4 
2.1)- O acidente na Baía de Minamata-Japão 
 O caso, em rápida síntese, foi provocado pelo despejo de efluentes industriais, 
sobretudo mercúrio, na Baía de Minamata. "Um dos piores casos de intoxicação relatados, 
saiu suscintamente relatado numa coluna intitulada "Morte pela Boca". Conta o artigo que o 
mercúrio presente em resíduos industriais despejados durante anos na baía de Minamata, no 
sul do Japão, contaminou o pescado da região. De. 1953-1997, 12.500 pessoas haviam sido 
diagnosticadas com o "Mal de Minamata". É uma contaminação que degenera o sistema 
nervoso e é transmitida geneticamente, acarretando deformação nos fetos." As 
conseqüências: surdez, cegueira e falta de coordenação motora. A repercussão só se deu em 
1972, quando por força de decisão judicial inédita no mundo, as vítimas passaram a receber 
indenizações pelos males sofridos. 
 
 
 2.2)-O acidente de SEVESO-ITALIA ( 1976) 
 "Em 10 de julho de 1976, sábado, em Seveso, cidade italiana perto de Milão, o 
superaquecimento de um dos reatores da fábrica de desfolhantes ( o tristemente famoso 
agente laranja da Guerra do Vietnã ) liberou densa nuvem que, entre outras substâncias, 
continha dioxina, produto químico muito venenoso. 
 A nuvem baixou no solo, atingindo um setor da cidade com 40 residências e 
voltou a subir. Logo no domingo, começaram a morrer animais domésticos, e dias depois 
os moradores, principalmente crianças, apresentavam sintomas de grave intoxicação. As 
733 famílias da região afetada foram retiradas, e abriram-se crateras de 200 metros de 
diâmetro para enterrar tudo que se encontrasse na área contaminada, que abrangia, além de 
Seveso, as localidades de Cesano."1 
 2.3)-O acidente de BHOPAL-ÍNDIA-1984 
 "Falha no equipamento foi a explicação dada para o vazamento de isocianato de 
metila, gás altamente venenoso que matou 3.300 pessoas, além de bois, cães e aves, na 
cidade de Bhopal, na India, em 4 de dezembro de 1984. O número citado é apenas oficial, 
correspondente às primeiras horas após o acidente. Na verdade, dos aproximadamente 
680.000 habitantes de Bhopal naocasião, 525.000 foram afetados, muitos gravemente, o 
que leva a crer que o total de mortos teve crescimento desde então. 
 A fábrica de pesticida onde ocorreu o vazamento foi imediatamente fechada pelo 
governo indiano, e Bhopal, semanas depois da tragédia, estava praticamente vazia. A maior 
parte da população fora retirada ou fugira."2 
Sobre tal acidente, após 16 anos, resgatamos o seguinte texto: “No início de 
dezembro comemoramos 16 anos da maior catástrofe industrial da História, que aconteceu 
em Bhopal, capital do estado de Madhia Pradesh, na Índia. Na noite de 2 para 3/12/1984, 
um vazamento de 40 toneladas de substâncias venenosas ( Isocianato de Metila, Cianureto 
de Hidrogênio e outras ), usadas pela Union Carbide para fabricar agrotóxicos, matou 
imediatamente 8 mil pessoas e afetou outras 500 mil, 16 mil das quais morreram nos anos 
seguintes. Muitas vítimas ficaram incapazes para o trabalho e mulheres tornaram-se 
estéreis. Logo que ocorreu o acidente, a indústria afirmou que estes gases só irritariam os 
olhos e vias respiratórias. E não mostrou como tratar casos de alta exposição. Por isso 
vítimas receberam tratamento inadequado. Segundo o grupo espanhol Ecologistas em 
Accion, vários danos ambientais permanecem até hoje, por exemplo, nas águas 
subterrâneas conaminadas. E a indenização às vítimas indiscutíveis foi ínfima: 90% 
 5 
receberam em torno de 430 dólares ( cerca de 850 reais ) e outros 200 mil afetados nem 
foram indenizados.” ( in: www.aipa.org.br, acessado em 15/03/05 ). 
 
2.4)-O Acidente na BASILÉIA-SUÍÇA- 1986 - Rio Reno 
 2.5)- Os Acidentes Nucleares: 
 A)- Flisborough (Reino Unido, 1974)-Explosão de uma planta de caprolactama 
devido à ruptura de tubulação. 28 mortos; B) - Three Mile Island, Harrisburg, Pensilvânia 
(EUA). 1979. 200 mil pessoas abandonaram a região nos primeiros dias depois do desastre. 
C)CHERNOBYL (UCRANIA). Explosão de um reator da usina em 1986, espalhou 
radioatividade em quantidade superior am 10 bombas atômicas do tipo lançado em 
Hiroshima. Danos: Morte de 10 mil pessoas e arredores. 600 mil trabalhadores 
encarregados da limpeza de Chernobyl após os desastres foram afetados pela radiação em 
doses críticas e 200 mil pessoas foram retiradas da região pelo governo. D)- GOIÂNIA- 
Acidente Radiológico ocorrido em setembro de 1987. Segundo dados, foram atingidas 250 
pessoas e morreram quatro pessoas. 
 1.6)- OS GRANDES ACIDENTES MARÍTIMOS COM PETROLEIROS. 
Atlantic Express ( 1979 ), derramou 276.000 t petróleo bruto; Amoco Cadiz (282.000 t). 
Torrey Canyon e Exxon Valdez ( 240.000 barris). O resultado eram as "marés negras" que, 
jogadas para as costas dos países, matavam aves e, sobretudo, onde havia mangue, o 
tornava inapto a continuar sendo o berço de reprodução de crustáceos e outros animais 
deste ecossistema peculiar. 
 
 
 
3)- IDÉIAS QUE FIZERAM PENSAR 
 3.1)- A publicação do livro "PRIMAVERA SILENCIOSA" (Silent 
Spring), de Rachel Carson . 1962. "Foi a primeira obra a detalhar os efeitos adversos da 
utilização dos pesticidas e inseticidas químicos sintéticos, iniciando o debate acerca das 
implicações da atividade humana sobre o ambiente e o custo ambiental dessa contaminação 
para a sociedade humana. A autora advertia para o fato de que a utilização de produtos 
químicos para controlar pragas e doenças estava interferindo com as defesas naturais do 
próprio ambiente natural e acrescentava: " nos permitimos que esses produtos químicos 
fossem utilizados com pouca ou nenhuma pesquisa prévia sobre seu efeito no solo, na água, 
animais selvagens e sobre o próprio homem3. Tal obra tornou-se um best seller em 1970, 
como um dos livros que sintetizavam com rara agudez, os problemas ambientais 
decorrentes do uso dos agrotóxicos. 
 3.2)- RELATÓRIO DO "CLUBE DE ROMA": "OS LIMITES DO 
CRESCIMENTO" (Limits to Growth). liderados pelo cientista norte-americano Dennis 
Meadows e seus colaboradores. "Nele se mostra que o crescimento exponencial da 
economia moderna acarreta como conseqüência necessária, num espaço de tempo 
historicamente curto, uma catástrofe dos fundamentos naturais da vida. O consumo voraz 
de recursos e a emissão desenfreada de poluentes, afirma Meadows, põem em xeque a 
sobrevivência da humanidade."4 Fazia previsões catastróficas, se mantida a forma de lidar 
com os recursos naturais: em 1981, esgotaria o ouro; prata e mercúrio, em 1985; o zinco, 
em 1990. Como conclusão, apregoava a idéia do crescimento zero. Tal publicação, uma 
síntese credível da situação econômico-ambiental, ensejou a formação de duas correntes, as 
quais vão ser conciliadas apenas mais tarde. Uma delas, os que eram partidários do 
 6 
crescimento zero, tinha um matiz grande de defensores. Os mais radicais, densificaram-se 
na figura dos defensores da intocabilidade dos recursos naturais. Parte destas idéias 
subsistem com as O.N.G.s, geralmente internacionais, que apregoam, por exemplo, a 
intocabilidade da floresta amazônica e, para tanto, repetem o bordão de que este 
ecossistema representa o pulmão do mundo; é o patrimônio comum da humanidade5, detém 
a maior biodiversidade do mundo, induzindo a idéia de intocabilidade deste recurso natural. 
Neste bloco situam-se os conservacionistas ou preservacionistas. No pólo oposto, estão os 
que desprezaram a idéia do crescimento zero, por inaplicável, apregoando que o 
desenvolvimento é a solução ( grupo dos desenvolvimentista ) e o homem sempre achará 
uma alternativa no caso de falta destes recursos. 
 3.3)- O RELATÓRIO U THAN: O Secretário Geral da ONU , com uma visão 
panorâmica do mundo, alertou para o estado do meio ambiente no mundo, tanto ricos e 
pobres tinham um traço comum: a agressão e destruição do meio ambiente natural. Sua 
contribuição foi a de apontar que o tema meio ambiente teria que entrar na Agenda 
Mundial, como uma preocupação comum dos países. 
 3.4)- DETECÇÃO DE PESTICIDAS EM PINGUINS: Pesquisadores 
apresentaram resultado de pesquisas que detectaram nestas aves, a presença em suas 
gorduras, do DDT, pesticida largamente vendido aos países de terceiro mundo, como 
solução para a agricultura de grandes extensões. Tal estudo apontou para o fato de que 
mesmo em regiões em que o homem está ausente, sua poluição ali chegou. Assim, fecha-se 
o ciclo de informações de que a degradação ambiental do homem não ficou restrita às áreas 
industriais, ou à ocupação agropecuária sob intensa devastação florestal, mas afetava 
também regiões isoladas e limpas do mundo.uiç 
 
 
 
4)- PROBLEMAS COMUNS. MAIS DOS RICOS QUE DOS POBRES. 
 Os problemas comuns da Sociedade Internacional, na verdade, até hoje, refletem 
problemas causados pelos países desenvolvidos, os quais, fincados na revolução industrial, 
sempre mantiveram a liderança da expansão do Capitalismo, sem grandes preocupações, 
até então, com as conseqüências ambientais desta corrida econômica. Nos países de 
economia planificada, a situação não era diferente, embora, por muitos anos, mantida a 
divulgação sob censura. Um fenômeno comum no direito internacional, quanto às fontes 
materiais do direito, reflete-se muito no movimentar da Sociedade Internacional. Grande 
parte de suas preocupações e medidas, sofrem avassaladoramente a influência dos países 
industrializados na sua condução. Os problemas comuns que abaixo se menciona, seguem 
esta lógica, mesmo que possam ocorrer fora do hemisfério que abriga os países ricos do 
mundo. 
 4.1)- O FENÔMENO DA CHUVA ÁCIDA 
 Contaminação da atmosfera devido à presença no ar de compostos de enxofre 
provenientes das indústrias e dos centros urbanos, especialmente dos veículos. 
 O fenômeno não é novo, foi detectado em Manchester, na Inglaterra, no século 
passado e o termo foi criadopelo químico Roberto Angus Smith. O que é novo foi sua 
constatação como um problema internacional. E um tipo de poluição atmosférica de longa 
distância. 
 "a chuva, neve ou neblina com alta concentração de ácidos em sua composição, 
conhecida como chuva ácida, é um dos grandes problemas ambientais do mundo 
 7 
contemporâneo. O óxido de nitrogênio (NO) e os dióxidos de enxofre (SO2), principais 
componentes da chuva ácida, são liberados com a queima de carvão e óleo, fontes de 
energia que movem diversas economias no planeta." "Na Ásia as indústrias de região 
lançaram na atmosfera cerca de 34 milhões de toneladas de dióxido de enxofre ao ano, 40% 
do que emitem os EUA, até então o maior responsável pela ocorrência do fenômeno. Estes 
números devem triplicar até 2010, sobretudo na China, Índia, Tailândia e Coréia do sul, 
tanto por causa do aumento da produção industrial e da frota de veículos como pelo uso 
constante do carvão para gerar energia." 
 Os efeitos observados vão desde a destruição da vegetação até danos causa dos 
edifícios e monumentos (dissolução do calcário), mas inclui a acidificação de rios e 
sobretudo lagos, causando a morte de peixes. Em termos econômicos, os efeitos da chuva 
ácida em florestas, culturas e edifícios do Reino Unido foram estimados em 4.500 milhões 
de euros/ano e na Alemanha esse valor supera 7.250 milhões de euros. Percebeu-se 
claramente o fenômeno da poluição transfronteiriça, donde a frase de que "a poluição não 
tem fronteiras". 
 Tal problema estaria ocorrendo, inclusive, no Uruguai, devido a uma indústria na 
fronteira, do lado do Brasil. "A usina de Candiota, situada no Estado doRrio Grande do Sul, 
produzi energia elétrica a partir de carvão mineral do subsolo. Localizada a apenas 80 km 
do Uruguai, a referida usina é acusada de causar chuva ácida na região nordeste do vizinho 
país."6 
 
 4.2)- EFEITO ESTUFA 
 "Aquecimento da Terra causado pela concentração de gás carbônico na 
atmosfera, provocado pela queima de combustíveis fósseis. Provoca secas, enchentes, 
desertificação e subida do nível dos mares. 
 Dentre os gases, "os principais são o dióxido de carbono (C02), produzido pela 
queimada de florestas e pela combustão de produtos como carvão, petróleo e gás natural; o 
óxido nitroso, gerado pela atividade das bactérias do solo; e o metano, produzido pela 
decomposição de matérias orgânicas. 
 "A forma como o efeito estufa se manifestará no futuro ainda é imprevisível. A 
longo prazo, o superaquecimento do planeta pode causar problemas ambientais como 
tufões, furacões e enchentes, em conseqüência do derretimento das geleiras e do aumento 
da evaporação da água. Deve atingir também a fauna, pois algumas espécies de animais não 
se adaptam a temperaturas elevadas, além de comprometer ecossistemas, especialmente 
mangues, mais sensível a alterações do nível do mar. 
 4.3. BURACO NA CAMADA DE OZÔNIO 
 Situada na estratosfera, entre 20-35 km de altitude, a camada de ozônio tem certa 
de 15 km de espessura. Sua constituição, há 400 milhões de anos, foi crucial para o 
desenvolvimento da vida na terra. Composta de um gás rarefeito, formado por moléculas de 
três átomos de oxigênio- o ozônio -, m ela impede a passagem de parte da radiação ultra 
violeta emitida pelo Sol. A agressão à camada de ozônio interfere no equilíbrio ambiental e 
na saúde humana e animal. Sem sua proteção, diminui a capacidade de fotossíntese nas 
plantas e aumenta o risco do desenvolvimento de doenças como o câncer de pele. Pode ter 
efeito mutagênico ( alteração do código genético ) e teratogênico (aparecimento de 
deformações), podendo levar até mesmo à morte. Efeitos em desordens oculares. 
 O impacto do CFC na camada de ozônio começou a ser observado em 1974 
pelos químicos Frank Rowland e Manoel Molina, ganhadores do Prêmio Nobel de Química 
 8 
de 1995. Eles confirmaram que o CFC reage com o ozônio, reduzindo a incidência desse 
gás e, conseqüentemente, a espessura da camada. Na época, o CFC usado em propelentes 
de sprays, embalagens de plástico, chips de computador, solventes para a indústria 
eletrônica e, sobretudo, nos aparelhos de refrigeração, como geladeiras e sistemas de ar 
condicionado. 
 4.4)- AS MUDANÇAS CLIMÁTICAS GLOBAIS 
 A principal causa ainda é a queima de combustíveis fósseis oriundos das 
atividades antropogênicas. 
 "Os estudo mais importantes sobre o clima envolvem a questão do aquecimento 
da Terra. O desmatamento e a emissão de gases têm provocado alterações no clima 
mundial, e é possível que a temperatura do planeta aumente 3,5º no século XXI de acordo 
com especialistas da ONU. O aquecimento deve causar mudanças no regime normal da 
seca e chuva em algumas regiões e afetar sobretudo as áreas dos pólos. Na Antártica, o 
maior reservatório de água doce da Terra, já se observam indícios de crescimento do 
degelo. O derretimento do gelo poderá elevar o nível dos oceanos. 
 
 
 
 5)- AS RESPOSTAS DA SOCIEDADE INTERNACIONAL 
 5.1.)- CONFERÊNCIA DAS NAÇÕES UNIDAS SOBRE O MEIO 
AMBIENTE HUMANO ( CNUMAH ) - ESTOCOLMO - SUÉCIA/1972. 
 É difícil exagerar a importância deste evento para a humanidade. Basta dizer que 
tal Conferência, formalmente, aponta para a reação da Comunidade internacional aos 
problemas ambientais. De formulações, estudos, buscas, discursos, passou-se à prática. Os 
países tinham que agir e rapidamente. Uma das alternativas da ONU foi exatamente 
convocar os países a perceberem a situação do meio ambiente no mundo e quais ações 
seriam necessárias, a partir daí, visando a recuperação do dano quando fosse possível, a 
prevenção e em que áreas necessitaria revisão das posturas mundiais. FREITAS comenta 
que "A Conferência de Estocolmo, em 1972, foi o grande divisor de águas. Contendo 26 
princípios, ela veio acompanhada de um plano de ação composto de 109 resoluções. 
Passaram as nações a compreender que nenhum esforço, isoladamente, seria capaz de 
solucionar os problemas ambientais do Planeta." 
 PRINCIPAIS CONSEQUÊNCIAS: 
 A)- ESCOLHA DO DIA MUNDIAL DO MEIO AMBIENTE ( 05 DE JUNHO 
). Desde então, tal dia comemora-se, no mundo, um dia dedicado para ações, projetos e 
denúncias quanto a situação do meio ambiente. No Brasil, englobando este dia, foi 
instituída a SEMANA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE, a qual é comemorada pelo 
Governo Federal, Estadual e Municipal e a sociedade civil. 
 B)- O PROGRAMA DAS NAÇÕES UNIDAS PARA O MEIO AMBIENTE ( 
PNUMA ) 
 Tal programa, na realidade, designa um organismo especializado da ONU, até 
então inexistente, encarregado de cuidar das ações das Nações Unidas para o meio 
ambiente. Para tanto, o PNUMA ( também, nas publicações constando com a sigla UNEP, 
das iniciais em inglês ) emite um relatório sobre o estado do meio ambiente no mundo, uma 
publicação que conta a situação dos diversos países no lidar com os vários recursos 
naturais. Também controla o transporte naval de substâncias químicas perigosas, além de 
ter vários projetos de rascunho de Convenções Multilaterais, Regionais e outras, para a 
 9 
defesa do meio ambiente. Promove o Direito Ambiental, no âmbito internacional e interno. 
Sua dede é em Nairóbi, capital do Quênia, simbolicamente sediada num país de terceiro 
mundo.7 
 C)- O MOVIMENTO AMBIENTALISTA ( ONGs E PARTIDOS VERDES) 
 Foi notável o aparecimento do Movimento Ambientalista, concretizado, 
basicamente, na mobilização da Sociedade Civil mundial, denunciando o risco do uso da 
energia nuclear e do dano generalizado ao meio ambiente. O braço político do movimento 
ambientalista, na década de 70, desembocou nos chamados Partidos Verdes, pois 
levantavama defesa do verde e a busca da paz, em rejeição à guerra e à destruição 
ambiental. O discurso político conservador de então, não incluía dentre suas propostas 
programáticas, tal bandeira. Com isso, os Partidos Verdes floresceram grandemente na 
Europa e, depois, repercutiram, anos depois, em outros países, como no Brasil, já sem o 
apelo e a força original do seu surgimento. Na vertente não governamental, evidenciaram-
se as ORGANIZAÇÕES NÃO GOVERNAMENTAIS, as quais invocando temas cuja 
preocupação era a da sociedade civil de muitos países europeus, temerosos da guerra fria e 
do mau uso dos recursos naturais, caiu no gosto popular. Com isso, ONG de âmbito 
mundial apareceram, das quais dois bons exemplos são: o GREENPEACE ( ao pé da letra, 
paz verde ) e o WWF ( Wourld Wide Found ) que atuam no âmbito global, regional e local 
com muito ativismo.8 
 D)- DECLARAÇÃO DE ESTOCOLMO - (O "SOFT-LAW") 
 O principal documento escrito decorrente da Conferência de Estocolmo, foi a 
"DECLARAÇÃO DE ESTOCOLMO". Documento final da CNUMAH, continha 
declarações convergentes, contudo, sem o caráter de obrigatoriedade jurídica, pois não se 
tratava de uma Convenção Internacional. Quando muito, pode-se colocar tal documento 
como um "Protocolo de Intenções" ou de boa vontade, dos países signatários que 
participaram do evento. Entretanto, a partir desta Declaração, surgiu na doutrina a 
expressão soft- law ( direito suave, direito verde, direito leve, quase-direito ), para designar 
tanto as Resoluções como os Princípios extraídos desta Declaração. De fato, não tem 
caráter obrigatório juridicamente, mas ensejou que os países buscassem viabilizar o que ali 
continha e, sobretudo, as ONGs tiraram dali sua principal bandeira para, voltando aos 
países de origem, os militantes exigirem a construção de uma legislação e de mecanismos 
de proteção administrativos e utilização racional do meio ambiente. 
 E)- PRINCÍPIOS RELATIVOS AO MEIO AMBIENTE E SURGIMENTO DO 
DIREITO INTERNACIONAL DO MEIO AMBIENTE. ( 26 PRINCÍPIOS E 109 
RESOLUÇÕES) 
 Da Declaração de Estocolmo, a doutrina extrai princípios básicos que informam 
tanto do direito interno de muitos países, como também o novel ramo do Direito 
Internacional Público, o Direito Internacional do Meio Ambiente. Assim, suscintamente, 
pode-se mencionar o Princípio do Direito ao Meio Ambiente equilibrado como um Direito 
Humano Fundamental, junto com os demais direitos fundamentais. Extrai-se o Princípio da 
Prevenção, o Princípio da Responsabilidade Inter-Gerações, dentre outros. 
 F)- Destaque: DENTRE OS PRINCÍPIOS RELEVANTES: A QUALIDADE 
DO MEIO AMBIENTE COMO UM DIREITO HUMANO FUNDAMENTAL. A 
percepção imediata foi a de que o direito à vida e à saúde, suporte da vida, se concretizam 
num substrato, numa base, qual seja, o meio ambiente. Assim, a viabilização da vida e sua 
continuidade se dará num meio ambiente saudável, equilibrado, bem cuidado. Alguns 
doutrinadores colocam tal princípio, tomando como base Declaração dos Direitos do 
 10 
Homem e do Cidadão, como um direito de terceira geração ( Direito de Fraternidade ) e 
outras vezes, como um direito de solidariedade. Outros doutrinadores, separam o direito da 
fraternidade do direito da solidariedade, colocando neste último o direito ao meio ambiente 
equilibrado como um direito de quarta-geração. O relevante é que a doutrina já inclui tal 
direito no mesmo patamar que os outros direitos fundamentais da pessoa humana. 
 5.2)- RELATÓRIO BRUNDTLAND: "O NOSSO FUTURO COMUM" 
 Algumas associações necessárias: As relações injustas da humanidade entre ricos 
de um lado e pobres de outro, geravam a poluição. Para alguns, a pior poluição era a 
pobreza. A questão demográfica também foi levantada. Aqui, aparece a utilização oficial da 
expressão "desenvolvimento sustentável"; este termo não foi criado neste relatório, mas 
emprestado de uma publicação do WWF e da I.U.C.N. A cooperação internacional na área 
ambiental é enfatizada, sobretudo, esperando-se dos países desenvolvidos um papel de 
financiamento e apoio para o conhecimento e uso de tecnologias limpas para os países em 
desenvolvimento. Há uma reafirmação da quebra de um paradigma: os recursos naturais 
não são inesgotáveis, ou seja, os recursos naturais são finitos. Alguns fazem referência ao 
slogan "Pensar globalmente e agir localmente". ssos naturais n 
 5.3)- CONFERÊNCIA DAS NACÕES UNIDAS SOBRE O MEIO AMBIENTE 
E DESENVOLVIMENTO (CNUMAD) - RIO DE JANEIRO/BRASIL/ 1992. 
 Dados: 03-14/junho/1992 no Rio de Janeiro, Brasil. Foi registrada a presença de 
delegações nacionais de 175 países, sem contar os eventos paralelos promovidos pelas 
Organizações Não Governamentais. 
 A)- CONSOLIDAÇÃO DA IDÉIA DE DESENVOLVIMENTO 
SUSTENTÁVEL A utilização oficial em documento oficial deu-se no Relatório 
Brundtland, publicado com o título "O Nosso Futuro Comum". Na realidade, tal expressão 
promoveu a reconciliação de duas correntes: os desenvolvimentistas, defensores da 
continuidade da exploração econômica tal qual vinha sendo feita desde a Revolução 
Industrial, como se os recursos naturais fossem inesgotáveis e o outro extremo, dos 
Preservacionistas ou Conservacionistas, defensores de uma espécie de moratória do uso dos 
recursos naturais ( economicamente concretizado na idéia do Crescimento Zero ). Na 
Rio/92, então, consagra-se o Princípio do Desenvolvimento Sustentável o qual vai ser, a 
partir daí, o Princípio e a idéia que move a visão internacional e interna da maioria dos 
países quanto ao lidar com a questão ambiental. A partir de então, é de se observar que os 
eventos mundiais tomam como base, exatamente, o Desenvolvimento Sustentável aclamado 
na ECO/92 e todo encontro mundial sobre o tema, a partir de então, denomina-se Rio + 5 ( 
avaliação do D.S. cinco anos depois ); Rio + 10, de novo, no mesmo sentido, 10 anos após 
a ECO/92 fez-se a Cúpula do Desenvolvimento Sustentável em Joahnesburgo, África do 
Sul, para avaliar sua aplicação pelos países. 
 B)- CRIAÇÃO DA COMISSÃO DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL 
 Houve a necessidade de se acompanhar, junto à sede da ONU, os Tratados 
Internacionais e as ações que promovessem o Desenvolvimento Sustentável. Para tanto, 
sem esvaziar o papel do PNUMA, cuja sede é no Quênia, constituiu-se uma Comissão 
sobre o Desenvolvimento Sustentável que, dentre suas atividades, está a de acompanhar o 
cumprimento deste Princípio dentro dos Tratados Internacionais firmados entre os países. 
 C)- PASSOS PARA A CONFECÇÃO DA "CARTA DA TERRA" – Na 
Conferência do Rio foi apenas uma tentativa de construção de um documento global. 
 
 
 11 
 
D)- ELABORAÇÃO DA AGENDA 21 MUNDIAL 
 Tal documento, especificamente AGENDA XXI, foi produzido na CNUMAD, 
visando o planejamento de um conjunto de ações mundiais que garantissem metas para o 
Desenvolvimento Sustentável até o século XXI ( a Conferência ocorreu em finais do século 
XX, 1992 ) e envolvesse tanto os governos, organizações internacionais, organizações não 
governamentais e a sociedade civil dos países. Para tanto, partindo-se da Agenda XXI 
Mundial, cada país deveria elaborar a sua própria agenda, adaptando-a, a partir de sua 
construção, à realidade local. Assim, os países unitários e os compostos ( federações ), 
partiram para tal tarefa, sendo que nos Estados federais, fez-se agenda referente ao País, os 
Estados-membros e aos municípios com mais de 20.000 habitantes. A base, assim, foi a 
Agenda XXI Mundial para que cada país produzisse a sua própria. Na realidade, a Agenda 
é o instrumento de planejamento, cujo compromisso básico foi elaborá-la para possibilitar o 
envolvimento dos vários níveis governamentais com a sociedade civil. Os principais temas 
daAgenda XXI brasileira, são: 
 E)- DECLARAÇÃO DO RIO ( 27 princípios ) 
 Assim como em Estocolmo, no Rio produziu-se a Declaração do Rio, a qual, 
mesmo não sendo de caráter obrigatório, proclamou Resoluções e Princípios, ora repetindo, 
ratificando, ora ampliando o alcance de muitas visões apontadas na CNUMAH/72. 
 F)-CONVENÇÕES/TRATADOS INTERNACIONAIS MULTILATERAIS: 
CONVENÇÃO SOBRE A BIODIVERSIDADE E CONVENÇÃO SOBRE AS 
MUDANÇAS CLIMÁTICAS GLOBAIS. 
 Um dos anseios da Comunidade internacional, era ter instrumentos com 
obrigatoriedade jurídica, além das Convenções Regionais, que envolvessem ações globais 
de proteção do meio ambiente. Na Rio/92 duas Convenções Multilaterais Mundiais foram 
assinadas: A Convenção-Quadro sobre as Mudanças Climáticas Globais ( da qual decorreu, 
mais tarde,o Protocolo de Montreal ( camada de Ozônio ) e o Protocolo de Kyoto ( sobre 
gases de efeito estufa ) e a Convenção sobre a diversidade Biológica, mais conhecida como 
Convenção sobre a Biodiversidade. Houve uma expressiva gama de assinaturas. Entretanto, 
do pondo de vista do Direito Internacional, a obrigatoriedade de uma Convenção ou 
Tratado internacional, decorre da ratificação e sua respectiva incorporação no direito 
interno. Neste aspecto, sua entrada em vigor internacional exige um número mínimo de 
ratificações, o que ensejou uma demora grande na entrada em vigor de ambas as 
Convenções. O Brasil assinou e ratificou ambas as Convenções, as quais já estão em vigor 
e, internamente, já são instrumentos legais obrigatórios no Ordenamento Jurídico brasileiro. 
 G)- DECLARAÇÃO SOBRE FLORESTAS 
 Documento polêmico, no qual o Brasil e a China apresentaram resistência para 
efetivação de um documento obrigatório, defendendo mais discussões sobre o tema. 
 .6)- UM RAMO NOVO: O DIREITO INTERNACIONAL DO AMBIENTE 
 O reconhecimento de um conjunto de institutos que regulam as relações 
internacionais no âmbito jurídico quanto ao tema meio ambiente, fizeram perceber que 
havia um material substancial para se formular uma teoria que abarcasse o tema, sem 
contudo significar um "novo direito". Antes de formuladas um corpo teórico que explicasse 
o fenômeno, principalmente pela forma como surgiu (o inestimável papel das ONG e a 
existência do que se convencionou chamar ("soft law" ), pareceu, à leitura apressada, que, 
de fato, havia um novo ramo do direito. Isto porque era, em grande parte, divulgado e 
conhecido por organizações privadas extremamente atuantes, sem vínculos governamentais 
 12 
( cuja posição como sujeito de direito internacional não se lhes reconhece ) e embasado em 
disposições de caráter mais moral, programático, ideal do que normativo internacional. 
Assentada a poeira dessa situação, viu-se que as obrigações entre países só seriam 
plenamente exigíveis dentro do quadro do direito internacional clássico ( pelos tratados 
multilaterais, pelo costume e pela participação do sujeito Estado e do sujeito Organizações 
Internacionais ), além da participação imprescindível institucional das Organizações 
Internacionais. 
 Dado o caráter clássico citado, é de se reconhecer que existe um Direito 
Internacional do Ambiente (ou, alternativamente, Direito Internacional do Meio Ambiente 
ou Direito Internacional Ambiental ) e não, como querem alguns, um Direito Ambiental ( 
ou do Meio Ambiente ) internacional, exatamente porque tal sub-ramo subssume-se ao 
ramo clássico do Direito Internacional Público. Para uma discussão sobre o uso da 
sinonímia, basta ler os argumentos da obra Direito Internacional do Meio Ambiente9, 
bibliografia a que se recorre nesta apostila. 
 Visto, isto, pode-se avançar no sentido de definir a matéria, ver suas fontes e os 
sujeitos. 
 DEFINIÇÃO: "conjunto de regras e princípios que criam obrigações e direito de 
natureza ambiental para os Estados, as organizações intergovernamentais e os indivíduos". 
 Quanto aos SUJEITOS, a definição já os elenca, ou seja, os ESTADOS ( países 
), as ORGANIZAÇÕES INTERNACIONAIS E o INDIVÍDUO. Quanto ao Sujeito Estado, 
basta relembrar que este é o Estado-soberano (com a visão da soberania relativa), ou seja, 
aquele constituído de um território, povo, governo soberano, sendo tal governo capaz de 
estabelecer relações internacionais e respeitar o direito internacional. Sobre este assunto, 
aplica-se a teoria geral do Direito Internacional Público (DIP). As ORGANIZAÇÕES 
INTERNACIONAIS, dentro do DIP, são aquelas formadas por sujeitos do direito 
internacional: ora o Estado, ora as Organizações Internacionais, ora ambos. As 
Organizações Intergovernamentais são as que abrigam somente Estados em sua 
composição. Haverá casos, no entanto, que estarão num mesmo Tratado Constituinte, 
Estados e Organizações Internacionais. Mesmo quando se pensa em blocos ( MERCOSUL, 
NAFTA, UNIÃO EUROPÉIA, ETC. ), são estes tipicamente organizações internacionais, 
vinculadas ao Tratado que as constituiu. O papel do INDIVÍDUO como sujeito, ainda 
espera uma melhor densidade. No entanto, partindo-se da idéia de que dentro dos 
DIREITOS HUMANOS o indivíduo tem tal subjetividade e, reconhecendo-se o DIREITO 
AO MEIO AMBIENTE EQUILIBRADO um DIREITO HUMANO FUNDAMENTAL, 
este sujeito tem um papel interessante a desempenhar. Outras ainda especulam na 
possibilidade da própria HUMANIDADE ser sujeito do direito internacional, dado os 
interesses relevantes para sua preservação e sobrevivência, que estaria acima do direito 
individual ou do direito de um Estado ou poucos Estados. 
 Quanto às FONTES FORMAIS, pode-se dizer que "as suas fontes são 
precisamente as mesmas do direito internacional.". As fontes extraídas do estatuto da Corte 
Internacional de Justiça, em seu artigo 38, são: 
 1)-COSTUME INTERNACIONAL, 2)-TRATADOS INTERNACIONAIS E 3)-
OS PRINCÍPIOS GERAIS DO DIREITO. Outros incluem a DOUTRINA como outra fonte 
formal. Os doutrinadores internacionalistas acrescentam, hoje em dia, além destas fontes, 
4)- RESOLUÇÕES OBRIGATÓRIAS DAS ORGANIZAÇÕES INTERNACIONAIS e, 
em certos casos, 5)- AS DECLARAÇÕES UNILATERAIS DE VONTADE DOS 
ESTADOS. 
 13 
 De modo sucinto, apoiando-se nas lições de PASSOS DE FREITAS, uma 
tentativa de síntese dos princípios do Direito Internacional do Ambiente poderia ser: 
 1)- DEVER DE TODOS OS ESTADOS DE PROTEGER O AMBIENTE; 
 2)- OBRIGATORIEDADE DO INTERCÂMBIO DE INFORMAÇÕES E DA 
CONSULTA PRÉVIA; 
 3)- O PRINCÍPIO DA PRECAUÇÃO; 
 4)- O PRINCÍPIO DO APROVEITAMENTO EQÜITATIVO, ÓTIMO E 
RAZOÁVEL DOS RECURSOS NATURAIS; 
 5)- PRINCÍPIO DO POLUIDOR-PAGADOR; 
 6)- PRINCÍPIO DA IGUALDADE. 
 É de observar-se que se pode extrair outros princípios relevantes que não foram 
citados, tais como o PRINCÍPIO DA RESPONSABILIDADE INTERGERAÇÕES; 
PRINCÍPIO DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL; PRINCÍPIO DA 
COOPERAÇÃO INTERNACIONAL AMBIENTAL, e, com destaque, o PRINCÍPIO DO 
MEIO AMBIENTE EQUILIBRADO COMO UM DIREITO HUMANO 
FUNDAMENTAL, dentre outros. 
 E AS FONTES MATERIAIS? Tema esquecido da maioria dos livros de Direito 
Internacional Público, é de se registrar, sucintamente, que os fatores sócio-histórico-
culturais que fazem surgir a normatização internacional, sofre direta influência de quem 
detém o poder na esfera internacional. Isto fica mais evidente, sabendo-se que no Direito 
das Gentes, o destinatário da norma, é também, esmagadoramente, o criador da norma. 
Neste aspecto, pode -se perceber o papel dos EUA e dos demais países industrializados a 
determinarem o direcionamento e a construção do direito internacional público 
contemporâneo. No Direito Internacional do Meio Ambiente, isto não é diferente. A agenda 
mundial, o tratamento dos problemas e as soluções são muito influenciados e direcionadospelos países desenvolvidos. O papel das ONG foi interessante, pois possibilitou que o tema 
fosse enfrentado, ainda que muitos países nem sequer tivessem visto a questão ambiental 
como um problema que lhe afetasse diretamente. Para uma interessante análise do papel 
influenciador dos EUA na formulação do direito internacional público e das relações 
internacionais pós-2ª Guerra Mundial, recomenda-se a obra do Prof. Jean-Marie 
Lambert.10 
 PARA PESQUISAR: BLOCOS ECONÔMICOS E O MEIO AMBIENTE: 
MERCOSUL; NAFTA; U.E.; APEC, ETC. 
 
 
 
7) EM JEITO DE RESUMO 
 Qual foi a conseqüência de tudo o que foi relatado acima? Como se pode analisar 
a juridicidade internacional relacionada aos fatos relatados? Houve o surgimento de um 
novo direito? Passado os primeiros momentos, na contemporaneidade da análise, viu-se que 
a matéria em apreço acomodou-se no âmbito do Direito Internacional Público clássico. 
Primeiro, porque quem capitaneou as Conferências mundiais que analisaram o tema, foi 
uma Organização Internacional clássica de coordenação, a Organização das Nações Unidas 
e seus organismos ( papel relevante tiveram o Conselho Econômico Social e a UNESCO, 
num primeiro momento ). O espaço de discussão foi realizado numa CONFERENCIA 
MUNDIAL, tipicamente o concretizar do que se tem denominado de diplomacia 
parlamentar. Ali, plenipotenciários dos diversos países discutiram, debateram, tomaram 
 14 
posição. Houve a criação de novas organizações internacionais, todas elas dentro os moldes 
clássicos do Direito Internacional, sempre embasadas em um Tratado constituinte. De outro 
tanto, quando se assentou a poeira do tema ambiental, muito influenciada pela comoção 
mundial das tragédias, dos estudos e pensamentos-síntese sobre o tema, viu-se que o 
caminho de envolver as nações passava pela criação de obrigações internacionais, só 
possíveis, pela celeridade e urgência da temática, pelos Tratados Internacionais, também 
aqui, outra expressão do Direito Internacional Público, aliás, uma de suas fontes formais 
reconhecidas. Por isso, ainda que se mencione o "soft law", concretamente, viu-se soerguer 
o Direito das Gentes, com as respostas típicas e é forçoso reconhecer que na verdade, a 
menção a um Direito Internacional do Ambiente, diferentemente do direito interno, fica 
mesmo nos páramos de um Direito Internacional mais amplo que lhe acolhe. Por isso, 
preferível a denominação retro do que a expressão Direito Ambiental Internacional como já 
se citou. O Direito Internacional do Ambiente tem sua estruturação básica a partir de uma 
Conferencia Internacional promovida por uma Organização Internacio nal de coordenação, 
de moldes clássicos, como afirmado. 
 
 
 
 
 - CAPÍTULO II - 
 
TEORIA GERAL DO DIREITO AMBIENTAL BRASILEIRO 
NOCÕES DE DIREITO AMBIENTAL BRASILEIRO. 
 2.1.. Sinonímias 
 
No passado e no presente, ao surgir este novo ramo do Direito Ambiental, foram 
propostas outras maneiras de denominar a matéria. Durante as aulas, serão dadadas 
explicações a respeito de cada expressão abaixo e sua aplicabilidade. 
Direito Ecológico; Direito de Proteção da Natureza; Direito Verde; Direito do 
Entorno; Direito da Biosfera; Direito do Desenvolvimento Sustentável; Direito do Meio 
Ambiente; Direito do Ambiente; Direito Ambiental. 
 
2.2. Definições 
Apontamos as definições coletadas de vários autores brasileiro da área, quase 
todas elas abrangendo os aspectos mais relevantes deste ramo do Direito. Assim, listamos 
as seguintes colocações: 
 "O conjunto de técnicas, regras e instrumentos jurídicos organicamente 
estruturados para assegurar um comportamento que não atente contra a sanidade mínima do 
meio ambiente." ( Sérgio Ferraz). 
 "Conjunto de técnicas, regras e instrumentos jurídicos sistematizados e 
informados por princípios apropriados que tenham por fim a disciplina do comportamento 
relacionado ao meio ambiente" (Diogo Figueiredo Moreira Neto). 
 "Conjunto de normas e princípios editados objetivando a manutenção do perfeito 
equilíbrio nas relações do homem com o meio ambiente" (Tycho Brahe Fernando Neto) 
 "Conjunto de princípios e regras destinados à proteção do meio ambiente, 
compreendendo medidas administrativas e judiciais, com a reparação econômica e 
 15 
financeira dos danos causados ao meio ambiente e aos ecossistemas de uma maneira geral." 
(Carlos Gomes de Carvalho). 
 "O Direito do Ambiente é um direito à conservação do meio ambiente" 
(Alexandre Kiss) – 
Crítica específica quanto a esta definição: A palavra conservação associa-se à 
utilização racional; pode-se dizer, hoje, que sua expressão mais atual é o desenvolvimento 
sustentável. Em contraposição à conservação, existe a preservação, imbuída do caráter de 
intocabilidade, ou seja, deixar o recurso ambiental íntegro, sem exploração. 
 "O Direito Ambiental é um conjunto de normas e institutos jurídicos 
pertencentes a vários ramos do direito reunidos por sua função instrumental para a 
disciplina do comportamento humano em relação ao meio ambiente." (Toshio Mukai). 
Crítica Específica a esta definição: sob certa ótica, a definição nega a autonomia do direito 
ambiental. Este tem objeto próprio ( o meio ambiente ), institutos e metodologia própria, 
como também, princípios próprios, bem definidos, de sorte que tratá- lo como institutos 
jurídicos pertencentes a vários ramos do direito, sugerem uma minimização deste ramo dos 
"novos direitos". 
 Esta última definição atende o essencial do Direito Ambiental: "O complexo de 
princípios e normas reguladores das atividades humanas que, direta ou indiretamente, 
possam afetar a sanidade do ambiente em sua dimensão global, visando a sua 
sustentabilidade para as presentes e futuras gerações" (Edis Milaré). 
 
 
 
 2.3. Características do Direito Ambiental Brasileiro 
 Os doutrinadores nacionais têm apontado as seguintes características que 
marcam o direito ambiental brasileiro: 
 2.3.1. Aspecto Vertical e Horizontal 
 O chamado aspecto Vertical do Direito Ambiental,, refere-se à matéria em 
virtude deste direito abranger aspecto do direito público, do interesse da coletividade e 
também do particular, funcionaria como uma ligação ou um intermédio entre o direito 
público e particular. Na realidade é uma pretensão inicial da doutrina, ambientalista que 
tem se desfeito. Hoje em dia, a doutrina tende a considerá- lo um ramo do direito público. 
 O aspecto Horizontal, é a interação, a recorrência com que o direito do ambiente 
faz dentro dos diversos ramos do direito, lançando mão e espargindo seus institutos nos 
mesmos e sendo influenciado pelos mesmos. Assim é que se pode extrair e associar 
aspectos do direito ambiental no direito penal, civil, processual civil, direito administrativo, 
etc. Seria o aspecto interdisciplinar deste ramo do direito ou sua interdisciplinaridade. Um 
bom exemplo, é o instituto do Estudo de Impacto Ambiental, inovação na legislação 
brasileira, trazida pela Lei 6938/81 ( Lei da Política Nacional do Meio Ambiente ). Quando 
a Constituição de 1988 surgiu, ela incorporou tal instituto, denominando-o Estudo Prévio 
de Impacto Ambiental ( art. 225, § 1º, inciso IV C.F. / 88 ). Neste caso, pode-se estender a 
observação, para dizer que o Direito Ambiental influenciou a Constituição de 1988; No 
sentido inverso, tal interação dá-se pelo fato de que é a Constituição em seus artigos 23 e 24 
que estabelece as competências em matérias ambientais, neste caso, por extensão, o Direito 
Constitucional influencia o Direito Ambiental. Pode-se chamar isso de 
interdisciplinaridade.16 
2.3.2. Visão holística e sistematizada do meio ambiente. 
 Neste âmbito, ainda que não seja dispensado o tratamento por bem ambiental 
específico, deve-se sempre trabalhar com a visão totalizante, ou seja, o meio ambiente, na 
realidade, é constituído por um complexo de relações que não podem ser vistas de forma 
seccionada, isolada, inconseqüente. Por ser um sistema complexo, intervir pontualmente 
não significa necessariamente conseqüências apenas pontuais. Quase sempre, tal proceder 
afeta toda uma cadeia de relações ( há uma interdependência dos elementos do meio 
ambiente, ou seja, uma “teia da vida” ) e, em casos extremos, interrompe-se um ciclo vital 
por abordar de forma inadequada a proteção do ambiente. É a visão do meio ambiental de 
forma global, completa, conjunta. 
 2.3.3. Multidisciplinar 
 O direito do ambiente, sabe-se, lida com o meio ambiente. Assim, seus 
conceitos, normas e doutrina, necessariamente recorrem às ciências que estudam o meio 
ambiente para serem construídos. Neste aspecto, o direito ambiental necessita grandemente 
de recorrer à Biologia, à Geografia, à Agronomia, Engenharia Florestal, Biotecnologia, 
Ecologia, etc. Alguns denominam também como transversalidade. É impossível estudar e 
aplicar o Direito Ambiental, sem recorrer a conhecimentos de outros ramos da ciência. 
 2.3.4. Visa Proteger Direitos Difusos 
 Os direitos difusos caracterizam-se por serem disseminados e não individuados 
os seus beneficiários. De modo específico, pode-ser definir Direitos Difusos como: "são os 
direitos trans-individuais, de natureza indivisível, de que sejam titulares pessoas 
indeterminadas e ligadas por circunstâncias de fato." Também chamados de meta-
individuais e referente ao macrobem. 
TEIXEIRA1[1] explica bem este aspecto ao dizer que: “Tomando-se o dualismo 
juridicamente imposto, de interesse público, de um lado, e particular, de outro, verifica-se a 
existência de outra gama de interesses que não expressam exatamente nem o do Estado nem 
o do particular, mas que se espalham por toda uma parcela da sociedade. Trata-se daqueles 
interesses que transcedem o particular sem que se tornem públicos. No dizer preciso de 
Lúcia do Valle Figueiredo, “são meta- individuais”. 
Aprofundando sobre ainda os interesses e Direitos Difusos, transcrevemos o que 
TEIXEIRA2[2]comenta sobre “Os novos “interesses difusos”: “A economia de massa, que 
caracteriza os tempos atuais, trouxe novos problemas, como o dos danos causados a 
milhares de consumidores por pequenos defeitos nos produtos; o da fraude publicitária; o 
da adulteração de alimentos; o da poluição do ar, das águas, do solo, pelas indústrias; o da 
destruição de belezas naturais ou de objetos de valor histórico ou artístico pelas indústrias, 
ou pelo crescimento das cidades. 
Estes valores econômicos, históricos ou estéticos passaram a ser considerados 
como interesses dos cidadãos, merecedores da proteção jurídica especial, através de normas 
de direito material, constituindo o que a moderna doutrina denomina “interesses difusos”, 
“interesses coletivos”, “direitos coletivos”, etc.” 
E continua o mesmo autor: “Sem pretender defini- los – o que seria impossível 
dada a fase de imprecisão em que ainda se encontram – prefeimos seguir a lição de J.C. 
 
1[1] TEIXEIRA, Sílvio de Figueiredo. Mandado de Segurança. São Paulo: Saraiva, 1990. p. 141. 
 
2[2] TEIXEIRA, Sílvio de Figueiredo. Mandado de Segurança. São Paulo: Saraiva, 1990. p. 71. 
 17 
Barbosa Moreira, que achou melhor caracteriza- los por duas notas essências, a primeira 
relativa aos sujeitos e, em segunda, ao objeto. Assim, eles: 
“a) Não pertencem a uma pessoa isolada, nem a um grupo nitidamente 
delimitado de pessoas ( ao contrário do que se dá em situações classificas como a do 
condomínio ou a pluralidade de credores numa única obrigação ), mas a uma série 
‘indeterminada’ – e, ao menos para efeitos práticos, de difícil ou impossível determinação – 
cujos membros não se ligam necessariamente por vínculo jurídico definido. Pode tratar-se, 
por exemplo, dos habitantes de determinada região, dos consumidores de certo produto, das 
pessoas que vivem sob tais ou quais condições sócio-econômicas ou se sujeitem às 
conseqüências deste ou daquele empreendimento público ou privado. 
b) Referem-se a um bem (latíssimo sensu) ‘indivisível’ no sentido de 
insuscetível de divisão ( mesmo ‘ideal’ ) em ‘quotas’ atribuíveis individualmente a cada um 
dos interessados. Estes se põem numa espécie de comunhão tipificada pelo fato de que a 
satisfação de um só implica por força a satisfação de todos, assim como a lesão de um só 
constitui, ipso facto, lesão da inteira coletividade” ( A legitimação para a defesa dos 
“interesses difusos” no direito brasileiro, Revista Ajuris, 32:82). 
 (Trans- individuais: transcendem o indivíduo, ultrapassando o limite da esfera de 
direitos e obrigações de cunho individual; Indivisível: o bem ambiental a todos pertence, 
mas ninguém em específico o possui; Titulares Indeterminados: não se determina todos os 
indivíduos que são afetados; integrados por circunstâncias de fato: experimentam a mesma 
condição pela circunstâncias fáticas; Inexiste uma relação jurídica). 
 2.3.5. Ramo do direito público (conseqüência: interpretação restritiva da norma). 
Neste sentido, as colocações de MORAES3: "Outro aspecto de extrema importância está em 
considerar o Direito Ambiental como um dos ramos integrantes do Direito Público, assim 
considerado como toda disciplina jurídica que crie e/ou regulamente obrigações entre o 
Estado e o particular, enquanto aquele esteja envolvido em face de disposição legal e com 
natureza normatizadora. 
 Estando um ente estatal envolvido na relação, considera-se a relação como de 
Direito Público, à exceção das relações onde o Estado não se envolva normatizando ou 
regulando ( ex.: contratos de empresas pública ou de economia mista, na consecução de 
seus objetivos econômicos). 
 A maior implicação prática dessa classificação está na interpretação das 
obrigações de Direito Público, na sua grande maioria a exigir interpretação restritiva, por 
carregarem proibições e/ou limitações, como nos ensina o mestre Carlos Maximiliano: 
"toda norma imperativa ou proibitiva e de ordem pública admite só a interpretação estrita." 
( transcrição com grifos acrescidos ). 
 Aceitando-se esta característica acima, ne ga-se o chamado aspecto vertical, visto 
inicialmente ( não ser público, nem privado, mas um intermédio entre os dois, ligando-os ). 
 
2.4.. Princípios do Direito Ambiental Brasileiro 
 
Já foi dito que os Princípios que norteiam o Direito do Ambiente, tem suas 
origens nas Conferências-marco de âmbito internacional, convocadas pela Organização das 
Nações Unidas -ONU- e foram influenciar os direitos internos dos países. O direito interno 
do Brasil seguiu a mesma lógica, vez que o legislador pátrio vai construir normas 
 
3 MORAES, Luís Carlos Silva de. Curso de Direito Ambiental. 2ª ed. São Paulo: Atlas, 2004. 
 18 
ambientais relevantes, características, sistematizadas, depois da primeira Conferência 
mundial de o meio ambiente humano em 1972. Os doutrinadores pátrios elencam, a partir 
de suas visões, de suas percepções, os Princípios que vão presidir o Direito Ambiental 
brasileiro. De forma itemizada, seguem tais Princípios, listados por importantes autores da 
área, cujas obras devem ser consultadas constantemente, para aprofundamento de suas 
colocações. Ressalte-se que para Cristiane Derani ( apud Morato Leite,José Rubens, p. 44, 
vide Bibliografia): "Os princípios são construções teóricas que procuram desenvolver uma 
base comum nos instrumentos normativos de polícia ambiental" 
 Ensina-nos MILARÉ4, que "A palavraprincípio, em sua raiz latina última, significa 
"aquilo que se torna primeiro (primum capere) designando início, começo, ponto-de-
partida. Princípios de uma ciência, segundo José Cretella Júnior, "são as proposições 
básicas, fundamentais, típicas que condicionam todas as estruturas subseqüentes". 
Correspondem, mutatis mutandi, aos axiomas, teoremas e leis em outras determinadas 
ciências." 
 O insigne doutrinador continua por explicar que "um princípio pode não ser 
exclusivo, cabendo na fundamentação de mais de uma ciência, isto ocorre, sabidamente, 
quando os princípios são mais gerais e menos específicos. Com esta advertência, interessa 
destacar, aqui, não apenas os princípios fundamentais expressamente formulados nos textos 
do sistema normativo ambiental, como também os decorrentes do sistema de direito 
positivo em vigor, a que a doutrina apropriadamente chama de princípios jur ídicos 
positivados. SIRVINSKAS5, na mesma linha, afirma que "Princípio é a base, o alicerce, o 
início de alguma coisa. É a regra fundamental de uma ciência. Há quem entenda que o 
princípio é fonte normativa." Neste colocação, o autor lista o que os doutrinadores apontam 
como Princípio do Direito Ambiental: "princípio da obrigatoriedade de informações e de 
consulta prévia; princípio de precaução; princípio do aproveitamento eqüitativo e ótimo e 
razoável dos recursos naturais; princípio do poluidor-pagador; princípio da igualdade; 
princípios da vida sustentável consubstanciados em: 1)- respeitar e cuidar da comunidade 
dos seres vivos; 2)- melhorar a qualidade da vida humana; 3)- conservar a vitalidade e a 
diversidade do planeta Terra; 4)- minimizar o esgotamento dos recursos não renováveis; 5)- 
permanecer nos limites da capacidade de suporte do planeta Terra; 6)- modificar atitudes e 
princípios do direito humano fundamental; princípio da supremacia do interesse público nas 
práticas pessoas; 7)- permitir que as comunidades cuidem de seu próprio meio ambiente; 
8)- gerar uma estrutura nacional para a integração de desenvolvimento e conservação; 9)- 
constituir uma aliança global", dentre outros. 
 2.4.1. A Visão de PAULO BESSA ANTUNES: 1.Princípio do Direito Humano 
Fundamental ( traz a idéia de que o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado 
insere-se ao nível dos direitos humanos fundamentais ); 2. Princípio Democrático; 3.
 Princípio da Prudência e da Cautela; 4.Princípio do Equilíbrio; 5.Princípio do 
Limite. 
 2.4.2. A Visão de PAULO AFFONSO LEME MACHADO 
 O homem tem direito fundamental a condições de vida satisfatórias, em um 
ambiente saudável, que lhe permita viver com dignidade e bem estar, em harmonia com a 
natureza, sendo educado para defender e respeitar esses valores. 
 
4 MILARÉ, Édis. Direito do Ambiente. São Paeulo: Revista dos Tribunais, 2001. 
5 SIRVINSKAS, Luís Paulo. São Paulo: Saraiva, 2005. 
 19 
 O homem tem direito ao desenvolvimento sustentável, de tal forma que responda 
eqüitativamente às necessidades ambientais e de desenvolvimento das gerações presentes e 
futuras. 
 Os países têm responsabilidade por ações ou omissões cometidas em seu território, 
ou sob seu controle, concernente aos danos potenciais ou efetivos ao meio ambiente de 
outros países ou de zonas que estejam fora dos limites da jurisdição nacional. 
 Os países têm responsabilidades ambientais comuns, mas diferenciadas, segundo 
seu desenvolvimento e sua capacidade. 
 Os países devem elaborar uma legislação nacional correspondente à 
responsabilidade ambiental em todos os seus aspectos. 
 Quando houver perigo de dano grave e irreversível, a falta de certeza científica 
absoluta não deverá ser utilizada como razão para adiar-se a adoção de medidas eficazes em 
função dos custos, para impedir a degradação do meio ambiente (princípio da precaução) 
 O Poder Público e os particulares devem prevenir os danos ambientais, havendo 
correção, com prioridade, na fonte causadora. 
 Quem polui deve pagar e, assim, as despesas resultantes das medidas de prevenção, 
de redução da poluição e da luta contra a mesma, devem ser suportadas pelo poluidor. 
 As informações ambientais devem ser transmitidas pelos causadores ou potenciais 
causadores de poluição e degradação da natureza e repassados pelo Poder Público à 
coletividade. 
 A participação das pessoas e das organizações não governamentais nos 
procedimentos de decisões administrativas e nas ações judiciais ambientais deve ser 
facilitada e encorajada. 
 2.4.3. A visão de ÉDIS MILARE: 1)-Princípio do ambiente ecologicamente 
equilibrado como direito fundamental da pessoa humana; 2)- Princípio da natureza 
pública da proteção ambiental;3)- Princípio do Controle do poluidor pelo poder público; 
4)-Princípio da consideração da variável ambiental no processo decisório da política de 
desenvolvimento; 5)-Princípio da participação comunitária; 6)- Princípio do poluidor-
pagador ( polluter pays principle) 7)- Princípio da prevenção; 8)- Princípio da 
função sócio-ambiental da propriedade; 9)- Princípio do direito ao desenvolvimento 
sustentável; 10)- Princípio da Cooperação entre os povos; 
 2.4.4. A Visão de CELSO ANTONIO PACHECO FIORILLO: 1. Princ ípio 
do Desenvolvimento Sustentável; 2. Princípio do Poluidor-Pagador ( Responsabilidade 
Civil Objetiva; Prioridade da Reparação Específica do Dano Ambiental );Poluidor; Dano 
Ambiental ; O Dano e sua Classificação; Solidariedade para suportar os Danos Causados ao 
Meio Ambiente); 3.Princípio da Prevenção; 4. Princípio da Participação ( Informação 
Ambiental; Educação Ambiental; Política Nacional de Educação Ambiental); 5. Princípio 
de Ubiqüidade. 
 2.4.5. A VISÃO DE ALEXANDER KISS: 1. Princípio do Dever de Todos os 
Estados de proteger o ambiente; 2. Princípio da Obrigatoriedade do Intercâmbio de 
Informações e da Consulta Prévia; 3. Princípio da Precaução; 4. Princípio do 
Aproveitamento Eqüitativo, Ótimo e Razoável dos Recursos Naturais; 5. Princípio do 
Poluidor Pagador; 6. Princípio da Igualdade. 
 2.4.6. A VISÃO DE LUÍS PAULO SIRVINSKAS: 1. Princípio do direito humano; 
2. Princípio do desenvolvimento sustentável; 3. Princípio democrático; Princípio da 
prevenção ( precaução ou cautela ); 4. Princípio do equilíbrio; 5. Princípio do equilíbrio; 6. 
 20 
Princípio do limite; 7. Princípio do poluidor-pagador; 8. Princípio da Responsabilidade 
Social. 
 2.4.7. SÍNTESE DOS PRINCÍPIOS 
 
Para o estudo desta parte, há que se estabelecer uma abordagem que destaque, 
no mínimo, sua origem, o seu significado, sua sinonímia se for o caso e sua positivação na 
legislação brasileira. Na realidade, os Princípios não têm necessariamente que estarem 
positivados. São eles grandes vetores, as bases, os rumos, que influenciam e podem 
direcionar a construção normativa. Contudo, a sua concretização normatizada, reitera o 
princípio, tornando-o muito mais efetivo quanto a sua aplicação imediata, conforme visto 
no item 2.4. 
 
 
2.4.7.1. PRINCÍPIO DO AO MEIO AMBIENTE EQUILIBRADO COMO 
UM DIREITO HUMANO FUNDAMENTAL. 
 Teve sua origem na Declaração de Estocolmo/72 (CNUMAH). O homem tem o 
direito ao ambiente ecologicamente equilibrado, pois havendo o desequilíbrio ecológico, 
está em risco a própria vida humana. Todos os demais princípios decorrem deste. Colocado 
por alguns como direitos de terceira geração, dentro dos chamados Direitos de 
Solidariedade/Fraternidade ( Direitos de 1ª Geração: Direitos de Liberdade; Direitos de 2ª 
Geração: Direitos de Igualdade, etc. ). Do ponto de vista do direito interno, o mais relevante 
reconhecimento deste princípio está no caput do artigo 225 da Constituição da República 
Federativa do Brasil de 1988. Reparar que tal direito vai além do cidadão brasileiro, para 
alcançar o estrangeiro ( residente ou em trânsito). Fundamentalmente, seu significado 
coloca tal direito como qualquer outro direito humano fundamental, possibilitando inseri- lo 
numa sistemática interna e internacional de proteção, numa aplicação livre e ampla. Este é 
um dos princípios que a doutrina tem dado ênfase, mormente porque ele possibilita a 
ligação entre o Direito Ambiental e os Direitos Humanos. Denominado Princípio do Direito 
Humano, dentre outros. Seu alcance é global. 
 
 2.4.7.2. PRINCÍPIO DA PREVENÇÃO ( PRINCÍPIO DA PRECAUÇÃO E 
DA ATUAÇÃO PREVENTIVA ). 
 O poder público e os particulares têm o dever de prevenir os danos ambientais. Tal 
princípio desdobra-se na precaução. "Para proteger o meio ambiente, medidas de 
precauções devem ser largamente e aplicadas pelos Estados segundo suas capacidades. Em 
caso de risco de danos graves ou irreversíveis, a ausência de certeza absoluta não deve 
servir de pretexto para procrastinar a adoção de medidas efetivas visando a prevenir a 
degradação do meio ambiente" (Declaração do Rio/ CNUMAD/92). Vários institutos no 
direito interno brasileiro refletem tal princípio e o mais evidente é a exigência 
constitucional do instituto do ESTUDO PRÉVIO DE IMPACTO AMBIENTAL (EPIA) e a 
exigência do instituto da Licença Ambiental. A prevenção aplicar-se- ia quando houver um 
perigo comprovado, este deve ser eliminado preventivamente; Na precaução, as ações 
positivas em favor do ambiente devem ser tomadas mesmo sem evidência científica 
absoluta. "é anterior à manifestação do perigo". "Precaução surge quando o risco é alto". 
Aqui tem se aplicado a máxima: "in dubio pro ambiente" ( Canotilho, José Joaquim Gomes. 
Direito Público do Ambiente. Coimbra: FDC, 1995). Nesta publicação suscinta, tratamos 
como sinônimos o Princípio da Precaução, da Cautela e da Prevenção. Sua origem 
 21 
claramente surge na Conferência de Estocolmo sobre o Meio Ambiente Humano, atrás 
mencionada e tem um alcance mundial. 
 2.4.7.3. PRINCÍPIO DEMOCRÁTICO 
 Tal princípio tem raízes nos movimentos reivindicatórios da sociedade civil e, como 
tal, é essencialmente democrático. Ele concretiza-se através do direito à informação e do 
direito à participação. Sua origem está associada à Declaração de Estocolmo, onde o 
momento ambientalista evidenciou-se. 
 Assegura ao cidadão o direito pleno de participar na elaboração e na execução das 
políticas públicas ambientais. A Constituição brasileira estatui: 1)-O dever jurídico do povo 
defender e preservar o meio ambiente; 2)- direito de opinar sobre as políticas públicas, 
através das audiências públicas e integrando os órgãos colegiados ambientais. 
 Previsões legais: 1)- O direito à informação tem a previsão legal no art. 5º, XXXIII 
da Constituição Federal de 1988; 2)- O direito de petição ( art. 5º, inciso XXXIV, "a", 
C.F.). Assim, o cidadão pode acionar o poder público para que este, no exercício de sua 
auto-tutela, ponha fim a uma situação de ilegalidade ou de abuso de poder. 3)- O Estudo 
Prévio de Impacto Ambiental (Art. 225,1V, § 1º C.F.). O Decreto 99.274 de 06/06/1990, 
explicita em seu artigo 14, I, que o SISNAMA deverá observar: "o acesso da opinião 
pública às informações relativas às agressões ao meio ambiente e às ações de proteção 
ambiental, na forma estabelecida pelo Conama;". Há ainda os mecanismos jurídicos 
(medidas judiciais) fundados no princípio democrático: ação popular e ação civil pública, 
dentre outras. 
 A Educação ambiental em todos os níveis também insere-se em tal princípio. Cabe a 
esta um papel transformador no lidar com as questões ambientais da sociedade, 
possibilitando um tratamento holístico que o meio ambiente requer e a sociedade como 
sujeito da história. Especificamente quanto à educação ambiental, vale mencionar o art. 
225, art. da Constituição Federal de l988. Tal Princípio tem como sinônimo o Princípio da 
Participação Comunitária ou Princípio da Participação Popular. 
 
 
 
2.4.7.4.PRINCIPIO DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL 
 
Se há o direito dos povos à busca do desenvolvimento, este não se deve efetivar 
à custa da degradação do meio ambiente. A busca do desenvolvimento sustentável implica 
no uso de ações racionais que preservem os processos e sistemas essenciais à vida e à 
manutenção do equilíbrio ecológico. Neste âmbito, pode-se inserir, inclusive, a questão da 
função sócio-ambiental da propriedade, um derivativo da função social da propriedade 
inserida no Direito brasileiro pela legislação e consagrada no Direito Agrário. Sua 
aplicabilidade é coerente, pois que a exploração racional e a preservação dos recursos 
naturais da propriedade rural, compõem exatamente a idéia do desenvolvimento 
sustentável, ou seja, busca do desenvolvimento sem violar a sustentabilidade do meio 
ambiente. A função social da propriedade, traz consigo os seguintes comentários 
doutrinários: "Sem embargo do direito à propriedade, seu uso ficou constitucionalmente 
condicionado à sua função social. Há, portanto, disposição específica na Constituição 
estabelecendo condições limitantes ao seu uso" E continua: "Só há efetiva propriedade 
rural, no mundo jurídico, se atendida a sua função socioambiental" (C.F. art. 186,II. AP. 
88934-1, TJSP). De outro tanto: "Na medida em que o proprietário queria fazer dela uso 
 22 
anti-social, encontrará vedação de ordem constitucional" ( Revista de direito Ambiental, 
02/50 ). Por fim, aduz-se: "Em suma, a propriedade não possui caráter absoluto e 
intangível. Ao contrário, esse direito só existe como tal se atendida a função social." De 
reparar, entretanto, que não só no âmbito do rural, do campo, da atividade agrária, há que se 
aplicar o Princípio do D.S. No âmbito urbano, a legislação brasileira invoca o objetivo de 
alcançar Cidades Sustentáveis, aplicando-se, assim, o princípio, ao planejamento e 
execução dos projetos urbanísticos novos e adequando a realidade das cidades que se 
formaram sem planejamento, para que alcancem a sustentabilidade ambiental. Na Agenda 
XXI tal preocupação aparece, corroborando a amplitude e aplicação deste princípio. A 
expressão Conservação quer dizer utilização racional do meio ambiente e, como tal, pode 
ser vista como um sinônimo do desenvolvimento sustentável. Ecodesenvolvimento é outro 
termo aplicável como sinonímia do D.S. A primeira utilização oficial do termo foi feito no 
Relatório Brundtland, contudo, a criação do termo Desenvolvimento Sustentável se deve à 
União para Conservação da Natureza, da sigla em inglês IUCN e ao WWF, duas ONGs que 
utilizam num relatório comum a expressão. Sua consolidação, enquanto Princípio, dá-se na 
Conferência do Rio em 1992, no Brasil. Desde então, tal expressão sintetiza o desejo atual 
dos Estados em relação à utilização dos recursos naturais e tem sido utilizada por 
desenvolvimentista e conservacionistas, opositores do passado, como co nciliação destas 
duas posições ideológicas. Tem alcance mundial. 
 
 2.4.7.5. PRINCÍPIO DA RESPONSABILIDADE INTERGERAÇÃO 
 
A solidariedade e perpetuidade da vida humana enquanto espécie, faz com que o 
homem pense não só na existência presente, mas nas gerações que virão sucessivamente. O 
meio ambiente é um bem que vem do passado, passa pelo presente e há de permanecer 
viável para a humanidade que se sucede continuamente. Tal compromisso define o sentido 
da responsabilidade inter-geração. Há um compromisso de vida entre a raça humana, muito 
exaltada nos Direitos Humanos e que encontrou na área ambiental, uma aplicação 
interessante. Quase sempre os institutos jurídicos visam um compromisso presente, no 
agora. Mesmo na garantia dos direitos do nascituro do Código Civil brasileiro, na realidade, 
sua viabilidade de concretização está vincada ao nascimento com vida. É algo de um 
horizonte limitado, desde sua existência potencial, à sua real aparição. Entretanto, no 
Princípio em tela, busca-se não um compromisso deuma vida, de um momento, de uma 
idade, de uma era. É mais que isso: são as gerações humanas que se sucedem que deverão 
ter a percepção de que não estamos sós e a nossa viabilidade hoje, deveu-se, bem ou mal, 
ao que as gerações antecedentes fizeram. Entretanto, conhecendo o ambiente, os riscos do 
seu mau uso, a necessidade de seu uso racional, sustentável, há que se tomar medidas 
concretas para que esse bem, perpétuo pela sua continuidade nas gerações futuras, seja bem 
administrado, para servir à presente, mas também para as futuras gerações. Sua origem está 
associada à Conferência de Estocolmo em 1972, tem alcance global e está positivada na 
Constituição brasileira no artigo 225, caput. 
 
 
 
 
 
 
 23 
2.4.7.6. PRINCÍPIO DA CONSIDERAÇÃO DA VARIÁVEL AMBIENTAL 
 Há que se "levar em conta a variável ambiental em qualquer ação ou decisão - 
pública ou privada - que possa causar algum impacto negativo sobre o meio". É o princípio 
da ubiqüidade defendido por Fiorillo. Alguns exemplos positivados, podem exemplificar a 
preocupação do legislador brasileiro neste aspecto: 
 A)-O Decreto 95.733 de 12.2.88, preconiza: " no planejamento de projetos e obras, 
de médio e grande porte, executados total ou parcialmente com recursos federais, serão 
considerados os efeitos de caráter ambiental, cultural e social, que esses empreendimentos 
possam causar ao meio considerado" 
 Não só "obras e projetos federais" serão obrigados a considerar o "efeito ambiental", 
mas projetos e obras estaduais e municipais, que tenham recebido ou irão receber verbas 
federais. 
 B)-O Decreto 468 de 6.3.92, estabelece regras para redação de atos normativos do 
poder executivo e dispõe sobre a tramitação de documentos sujeitos à aprovação do 
Presidente da República. 
 O anexo II prevê que deve ser levado em conta sete itens: 1)-síntese...; 2)-solução 
e...; 3)-Alternativas; 4)- custos; 5)-razões que..; 6)- Impacto sobre o meio ambiente (sempre 
que o ato ou medida possa vir a tê- lo); 7)- síntese do... 
 O servidor público ( inclusive os Ministros e Secretários de Estado ) passam a ser 
responsáveis pela análise da possibilidade de efeitos ambientais do ato ou medida que se 
proponha. A responsabilidade não se circunscreve ao M.M.A. mas se dissemina por toda 
administração federal direta e indireta. Por ter origem na doutrina brasileira, tem alcance 
nacional. 
 2.4.7.7. PRINCÍPIO DA COOPERAÇÃO AMBIENTAL INTERNACIONAL 
ENTRE OS POVOS 
 Os países têm que se pautar, conforme o Direito Internacional geral propugna, pela 
busca da cooperação internacional. Também aqui se inclui a responsabilidade por ações e 
omissões cometidas num dado território que podem afetar seus vizinhos. Os países têm 
responsabilidades ambientais comuns, mas diferenciadas, segundo seu desenvolvimento e 
sua capacidade. Reconhece-se como Princípio do Direito Internacional Público, o dever de 
cooperação. Pode-se ver isso na Resolução, quando assim propugna: Decorrente disto, o 
Princípio em apreço refere-se às ações cooperativas em favor do meio ambiente. Não só no 
domínio específico do Direito Internacional, mas nas relações entre as nações. Neste 
princípio está incluída a cooperação no sentido de repassar os conhecimentos de tecnologia 
limpa e conhecimentos de proteção do ambiente obtidos pelos países mais avançados e que 
têm possibilidade econômica de investir e obter resultados nas pesquisas ambientais. A 
cooperação internacional expressa-se na solidariedade entre os povos. Até porque, aduz-se, 
é máxima que as responsabilidades são comuns, mas diferenciadas, esclarecendo que os 
Países desenvolvidos o fizeram à custa de intensa exploração e contaminação do meio 
ambiente e, agora, espera-se que tais Países cooperem com os não desenvolvidos ou em 
desenvolvimento, para que possam minimizar os danos na sua busca legítima pelo 
desenvolvimento. Seu alcance é mundial e sua positivação no Direito brasileiro pode ser 
vislumbrado na Constituição Federal, quando refere-se à Cooperação entre os povos como 
um princíio a ser utilizado nas relações internacionais pelo Brasil ( art. 4º, C.F./88 ). 
 
 
 
 24 
2.4.7.8. PRINCÍPIO DA NATUREZA PÚBLICA DA PROTEÇÃO 
AMBIENTAL 
 Ao lado da participação comunitária, o poder público tem o dever indeclinável de 
exercer tal proteção, devendo levar em consideração a variável ambiental no processo 
decisório políticoadministrativo. Cabe-lhe elaborar uma legislação nacional eficaz, tanto no 
aspecto material, quanto processual, delineando o papel de cada esfera do poder neste 
âmbito. Há atos e instrumentos da política nacional do meio ambiente que só serão válidos 
se tiverem a tramitação pelos órgãos público ambientais (Licenciamentos, licenças, 
EIA/RIMA, etc.). Neste sentido, a natureza pública da proteção ambiental se faz muito 
presente. O artigo 225 da Constituição federal, no seu parágrafo primeiro, informa que 
"Para assegurar a efetividade desse direito ( ao meio ambiente ecologicamente equilibrado ) 
incumbe ao poder público:" e daí em diante lista as incumbência do poder público na defesa 
do meio ambiente. Neste caso, tomado como uma proposta da doutrina brasileira, aponta-se 
de alcance nacional. 
 2.4.7.9. PRINCÍPIO DO POLUIDOR-PAGADOR (PPP) 
 O poluidor tem que arcar com o ônus dos danos de sua atividade. O que se quer 
é a prevenção, a precaução, o cuidado prévio (e aqui, cabe ao potencial poluidor custeá-
los). No entanto, ocorrida a degradação e a poluição, cabe ao poluidor pagar tal reparação. 
Como o princípio enuncia, não se deve inferir que se paga para poluir. Assim, o poluidor 
deve não só pagar, mas reparar o dano. "Visa sinteticamente à internalização dos custos 
externos da deterioração ambiental" ( M.L., p. 58 ). Sua origem está na Europa, 
basicamente no que propôs a e está positivado na legislação brasileira no artigo 14 da Lei 
6938/81, a qual introduziu no Direito brasileiro a responsabilidade objetiva do poluidor e, 
por extensão, aos causadores do danos ambiental, na medida que pela legislação pátria, a 
poluição é uma espécie de degradação. De outro tanto, discute-se, hoje, se a 
responsabilidade civil decorrente dos danos ambientais, mesmo reconhecidamente 
OBJETIVA, se a mesma seria o que a teoria da responsabilidade civil denomina 
RESPONSABILIDADE INTEGRAL ou seria a RESPONSABILIDADE DECORRENTE 
DO RISCO, vinculada ao RISCO INTEGRAL. Pela primeira linha, defendida por Edis 
Milaré, por exemplo, a RESPONSABILIDADE INTEGRAL implica em indenização 
independentemente da culpa, em qualquer circunstância, não se aplicando as excludentes 
clássicas. De outra feita, a posição defendida por Toshio Mukai, é do RISCO PARCIAL, 
ou seja, uma responsabilização que seria OBJETIVA, entretanto aplicando-se-lhes as 
excludentes tais que o caso fortuito, força maior e a participação da vítima. Ainda que 
prevalecente a idéia da RESPONSABILIDADE POR RISCO INTEGRAL, a tendência 
inovadora é a RESPONSABILIDADE PELO RISCO CRIADO PARCIAL, com as 
excludentes sendo aplicadas. Enquanto princípio geral, tem alcance mundial, respeitadas as 
especificidades do Direito brasileiro. 
 2.4.7.10. PRINCÍPIO DO USUÁRIO-PAGADOR 
 Dada a escassez e a sensibilidade dos recursos ambientais, é um direito do poder 
público cobrar do usuário do recurso, a devida contrapartida financeira para custear direta 
ou indiretamente, o movimentar da máquina administrativa pública visando a proteção em 
todos os níveis destes recursos ambientais. Também é de se considerar que o acesso 
específico de alguns a tais recursos ( em detrimento da maioria), implica num certo retorno 
de recursos para a coletividade que não teve acesso a este recurso ambiental. 
 
 
 25 
2.5. FONTES DO DIREITO AMBIENTAL 
 
 Várias são as maneiras de apontar as Fontes do Direito. Normalmente, dividem-
se as Fontesdo Direito em Fontes Materiais e Fontes Formais. A palavra "fonte", aplicada 
ao direito, como coloca MONTORO, citando o jurista húngaro Barna Horvath, "é o próprio 
direito em sua passagem de um estado de fluidez e invisibilidade subterrânea ao estado de 
segurança e clareza."13 Continua o doutrinador MONTORO ensinando que "Procurar a 
fonte de uma regra jurídica, diz Du Pasquier, significa investigar o ponto em que ela saiu 
das profundezas da vida social para aparecer na superfície do direito."14As primeiras, 
referir-se-ão às causas sociais, históricas, econômicas, que ensejaram, diretamente, o 
surgimento da lei, esta a Fonte Formal típica. Outras classificações das Fontes podem ser 
feitas. Há quem as classifique simplesmente como Fontes Estatais e Não Estatais, como o 
faz Rizzato Nunes, o qual afirma que "O direito positivo - as normas jurídica escritas,- fruto 
de ato do Estado, é para nós marco divisório importante. É nele que a dogmática jurídica e 
a hermenêutica contemporâneas têm sua base de investigação"15 A crítica que MONTORO 
faz, louvando-se em Del Vechio, é que se deve "evitar de modo simplista o problema das 
fontes da ordem jurídica, afirmando dogmaticamente, que o Estado é a fonte única do 
Direito. É essa uma das posições do positivismo jurídico, que tende a reduzir o direito a 
uma série de ordens emanadas do Estado, buscando encontrar as fontes da ordem jurídica 
unicamente nas normas elaboradas ou aprovadas formalizadamente pelos órgãos do poder 
público."16Nesta direção, aponta-se assim como Fontes Estatais as leis e a jurisprudência e 
como Fontes Não-Estatais, o costume jurídico e a doutrina. Para as Fontes Estatais 
enquadradas como leis, são apontadas a Norma Jurídica escrita, nas quais se incluem a 
Constituição Federal, Leis Complementares, Leis Ordinárias, Medidas Provisórias, Leis 
delegadas, Decretos legislativos, Resoluções, Decretos regulamentares e outras normas ( 
portarias, circulares, ordens de serviço, etc. ). Dentre as Normas não escritas, coloca-se o 
Costume jurídico. Assim, os autores costumam distinguir as Fontes Formais, isto é, os 
fatos que dão a uma regra o caráter de direito positivo e obrigatório, das Fontes Materiais, 
representadas pelos elementos que concorreram para a formação do conteúdo ou matéria da 
norma jurídica. MONTORO explicita, como exemplo de Fonte Formal, a legislação, o 
costume jurídico, a jurisprudência e a doutrina. Como Fonte Material, aponta a realidade 
social, o conjunto de fatos sociais que contribuem para a formação do conteúdo do direito , 
os valores que o direito procura realizar, fundamentalmente sintetizados no conceito amplo 
de justiça. Aduz MONTORO17, citando A. Torre, que a doutrina não é fonte formal e 
transcreve: "É costume enumerar-se a doutrina entre as fontes formais do direito, mas trata-
se de um erro, porque a doutrina, rigorosamente falando é uma fonte material e não formal 
do direito." 
 2.5.1. FONTES MATERIAIS: Especificamente, a doutrina ambiental brasileira 
aponta algumas fontes materiais específicas, pois correlacionam-nas como diretamente 
ligadas ao surgimento de uma fonte formal, ora a lei, ora uma Convenção Internacional. 
Neste sentido, pode-se apontas, dentre as fontes materiais do direito ambiental: 
 2.5.1.1. Movimentos Populares (por uma melhor qualidade de vida; contra o 
uso da energia nuclear e a destinação do lixo atômico; contra o uso indiscriminado de 
agrotóxicos; contra o extermínio das baleias que gerou a proibição mundial de caça às 
baleias, adotada pela Comissão Baleeira Internacional (IWC), com base na "Convenção 
Internacional de Pesca à Baleia" ( no Brasil, decreto 73.497 17/01/94. Atualmente, países 
 26 
que continuam caçando a baleia: Japão, Noruega e Islândia; contra as explosões atômicas 
experimentais.). 
 2.5.1.2. Descobertas Científicas A descoberta científica de que os Efeitos do 
CFC na camada de Ozônio era um dos responsáveis pelo Buraco na Camada de Ozônio foi 
decisiva para a criação do Protocolo de Montreal sobre as substâncias que destroem a 
camada de Ozônio; a associação científica de que a emissão excessiva de CO2 pelos carros 
e pela indústria ( queima de combustível fóssil ) e as queimadas intensas, favorecem as 
chuvas ácidas e induz ao efeito estufa teve um papel capital para que se elaborasse a 
Convenção sobre as Mudanças Climáticas Globais e o Protocolo de Kyoto, este 
especificamente referente às emissões dos gases de efeito estufa. 
 2.5.1.3. Doutrina Jurídica Em especial no campo dos princípios e estudos 
que organizam e sugerem uma adequação legislativa que vai influenc iar na elaboração das 
leis e na aplicação judicial das normas de proteção ao meio ambiente. Neste sentido 
formularam-se princípios tais que o Princípio da Prevenção, o Princípio da Precaução e 
outros, que embasam toda uma construção legislativa posterior. 
 
2.5.2. FONTES FORMAIS 
 
As fontes formais falam-nos do direito positivado, normatizado. Como o 
direito, advindo das fontes materiais, se revela formalmente, obrigando. No dizer de 
MORAES18, a "lei é fonte de obrigação do Direito Amb iental. Sua interpretação, por 
carregar norma limitativa e proibitiva, possui interpretação restritiva e, como visto nesse 
tópico, qualquer ato ( contrato, acordo, termo, etc. ), realizado pela Administração na área 
ambiental, deve ter objeto específico e dentro do limite da lei ou seja, mesmo sendo bem 
jurídico coletivo, de interesse ao bem comum, os excessos e as exigência de proteção ao 
meio ambiente, acima dos limites legais, devem ser reduzidos até o limite da legislação, 
para que não causem lesão e outros direitos, também com proteção constitucional. 
Repisando: há diferença entre a obrigação legal e a opção política, bem como meios 
específicos de implementar cada uma. A primeira, com objeto, sujeito e int4erpretação, 
limitados pelo princípio da estrita legalidade." Feitas tais observações do insigne 
doutrinador, há que se olhar cada uma das maneiras em que a Fonte Formal se apresenta: 
 2.5.2.1. Constituição: A Constituição Federal de 1988 é a norma superior 
interna, que preside as demais. Qua ndo se mencionar as principais leis ambientais, serão 
apontados os aspectos ambientais que são ali apontados nos incisos respectivos. Basta 
mencionar que a Fonte Maior prevê no artigo 225, o direito ao meio ambiente 
ecologicamente equilibrado, incumbindo ao poder público e à coletividade o dever de 
defende-lo e preserva- lo para as presentes e futuras gerações. As regras de competência dos 
entes federados é dada nos artigos 23. 24 e 30 da C.F./88, dentre outras. 
 2.5.2.2. Leis Ordinárias: Esta fonte é a mais expressiva, pois o direito em 
geral e o brasileiro em particular, possui expressivas matérias ambientais tratados na lei 
ordinária. Como referenciar, adiante se apontará os "Marcos Legislativos Ambientais", em 
que as principais leis ambientais e seus conteúdos suscintos são trazidos. Como exemplo, 
basta citar a Lei 6938/81 ( Lei da Política Nacional do Meio Ambiente ), a Lei 7347/85 ( 
Lei da ação Civil Pública ) e a Lei 9605/98 ( Lei dos Crimes Ambientais ), como diplomas 
extensamente utilizados no âmbito da legislação ordinária. 
 
 27 
2.5.2.3. Atos Internacionais ( âmbito do direito internacional público e do 
direito constitucional ). Atos validamente firmados, bem dito. Neste campo estão os 
Tratados ou Convenções Internacionais, cuja ritualística de firmatura está apontada na 
Constituição Federal de l988. Juridicamente, um ato internacional, após sua assinatura, 
deverá ser ratificado pelo Presidente, desde que previamente autorizado pelo Congresso 
Nacional. Com a carta de ratificação, o documento internacional passa a ser obrigatório 
para o Brasil e, alcançado o número mínimo de ratificações internacionais, entrará em vigor 
no ordenamento internacional. Há uma gama de Convenções regionais ou mundiais que o 
Brasil é signatário na áreaambiental. Cita-se a Convenção da Biodiversidade e a 
Convenção-Quadro sobre as Mudanças Climáticas Globais ( da qual deriva o Protocolo de 
Quioto, outro Tratado Internacional ) como exemplos relevantes. No ordenamento jurídico 
brasileiro, a doutrina constitucionalista entende que as Convenções são recepcionadas ao 
nível de lei ordinária ( à exceção dos Tratados de Direitos Humanos, que são recepcionados 
como Emendas Constitucionais, conforme o Artigo 5º, § 3º, C.F./88, introduzido pela 
Emenda 45/2004 ) 
2.5.2.4. Normas administrativas originárias dos órgãos competentes 
 Neste âmbito, citam-se as RESOLUÇÕES do Conselho Nacional do Meio 
Ambiente, as quais detalham a aplicação da lei. É certo que não se caracterizaria como uma 
fonte formal típica. Entretanto, na prática, os detalhamentos vão muito além do que a lei 
claramente normatizou. Neste aspecto limitado, as RESOLUÇÕES, PORTARIAS, 
INSTRRUÇÕES NORMATIVAS emanadas dos órgãos ambientais competentes, cumprem 
uma função normativa que tem sido relativamente aceita ou contestada, vislumbrando-se 
uma função legislação e reveladora da norma, que a norma que lhe é superior não contém 
nem lhe autoriza. 
 2.5.2.5. Jurisprudência: rigorosamente, não é uma fonte formal. Utilizada na 
aplicação da norma e sua interpretação. A reiteração de uma decisão de um tribunal firma-
se na jurisprudência. Nos Tribunais Superiores, existem as SÚMULAS. Para alguns, numa 
visão extremada, na medida que a jurisprudência que se dirigia num sentido, altera-se para 
outro, cria uma nova visão e até revela um novo direito. 
 
 
 
 2.6. 0 BEM AMBIENTAL PROTEGIDO 
 
2.6.1. Definição legal de "Meio Ambiente" 
 Não é usual a lei fazer definições; neste caso, inclusive, uma definição tipicamente 
ecológica, revelando o aspecto multidisciplinar que a matéria envolve. Veja a seguir a 
definição legal: "o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, 
química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas" (lei 
6938/81, artigo 30). Como mais adiante se verá, é uma definição limitada e a doutrina tem 
elastizado o seu alcance, muito mais do que a definição permite. 
 Recurso Ambiental: a atmosfera, as águas interiores, superficiais e subterrâneas, os 
estuários, o mar territorial , o solo, o subsolo, os elementos da biosfera, a fauna e a flora. 
Alguns diferenciam bem ambiental e recurso ambiental. O bem ambiental quando utilizado, 
passaria a chamar-se recurso ambiental. Tal idéia não é pacífica e não se solidificou na 
doutrina. Na realidade, são tomados como equivalentes a expressão “bem ambiental” e 
“recursos ambiental”. 
 28 
 Obs. Poluição: a degradação da qualidade ambiental resultante de atividades que 
direta ou indiretamente: a)- prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população; 
b)- criam condições adversas às atividades sociais e econômicas; c)- afetem 
desfavoravelmente a biota; d)- afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio 
ambiente; e)- lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões ambientais; 
Degradação da qualidade ambiental: a alteração adversa das características do meio 
ambiente; Poluidor: Pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado, responsável 
direta ou indiretamente, por atividade causadora de degradação ambiental. 
 
 2.6.2. CLASSIFICAÇÃO DO MEIO AMBIENTE6 
 
Tal classificação não é pacífica, entretanto, tem sido utilizada largamente. Seu 
caráter alarga, amplia por demais o alcance do Direito Ambiental, colocando-o em áreas de 
duvidosa atuação efetiva. Cada vez mais é preciso definir o que seja o objeto do Direito 
Ambiental, qual seja, O MEIO AMBIENTE, sem abranger objetos que são próprios de 
outros ramos do direito. Assim é que a inclusão do meio ambiente cultural, deve ater-se ao 
que propriamente tem a ver com este objeto. Danças, músicas, fazem parte do patrimônio 
cultural, sem contudo, ao nosso ver, merecer a proteção do Direito Ambiental, mas de 
outros ramos específicos ( direito administrativo? Direito do Patrimônio cultural? ). Feitas 
tais reservas, louvando-se nesta subdivisão do alcance do termo meio ambiente, 
especificamos tal classificação. 
2.6.2.1. MEIO AMBIENTE NATURAL ( OU FÍSICO) 
 Constituído pelo solo, água, ar atmosférico, flora e fauna ( Art. 225, § 1º, 1 e VII da 
Constituição Federal de 1988). Uma percepção deste alcance é dada pela expressão 
recursos ambientais e não só. É a natureza tal qual ela se apresenta, sem a intervenção 
humana, denominada antropização. Mesmo na substituição de uma vegetação nativa por 
uma espécie cultivada, ocorre a antropização do meio ambiente. 
2.6.2.2. MEIO AMBIENTE ARTIFICIAL 
 Há uma constatação que mesmo o meio ambiente alterado pelo homem, pode-se 
dizer, continua meio ambiente. 
É o meio ambiente artificializado, antropizado. "é compreendido pelo espaço urbano 
construído, consistente no conjunto de edificações (chamado espaço urbano fechado) e 
pelos equipamentos públicos (espaço urbano aberto )" (Pacheco Fiorillo) 
 2.6.2.3.MEIO AMBIENTE CULTURAL 
 Este dimensão deve ser delimitada, para que não se cometa a insensatez jurídica de 
ampliar demasiadamente o objeto alcançado pelo direito ambiental. Com tal advertência e 
reserva, a doutrina aponta o que seria o patrimônio cultural da forma que se segue, ou seja, 
o meio ambiente cultural "é integrado pelo patrimônio histórico, artístico, arqueológico, 
paisagístico, turístico, que embora artificial, em regra, como obra do homem, difere do 
anterior (que também é cultural) pelo sentido de valor especial." (Prof. José Afonso da 
Silva). 
 O art. 216 da Constituição Federal de 1988: 
 Constituem o patrimônio cultural brasileiro: 
 I- as formas de expressão; 
 
6 FIORILLO, Celso Antônio Pacheco.Curso de Direito Ambiental Brasileiro. São Paulo: Saraiva, 2004. 
Apoiamo -nos bastante nas colocações deste doutrinador. 
 29 
 II- os modos de criar, fazer e viver; 
 III- as criações científicas, artísticas e tecnológicas; 
 IV- as obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços destinados às 
manifestações artístico-culturais; 
 V- os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, 
arqueológico, paleontológico, ecológico e científico. 
 Parágrafo primeiro: "O Poder Público, com a colaboração da comunidade, 
promoverá e protegerá o patrimônio cultural brasileiro, por meio de inventários, registros, 
vigilância, tombamento e desapropriação, e de outras formas de acautelamento e 
preservação." 
 Inclui-se dentro do patrimônio cultural, as cavidades naturais subterrâneas: " As 
cavidades naturais subterrâneas existentes no território nacional constituem patrimônio 
cultural brasileiro, e, como tal, serão preservadas e conservadas de modo a permitir estudos 
e pesquisas de ordem técnico-científica, bem como atividades de cunho espeleológico, 
étnico-cultural, turístico, recreativo e educativo." ( Decreto 99.556, 01/10/1990 ). 
 
 
 2.6.2.4. MEIO AMBIENTE DO TRABALHO 
 Art. 200, VIII: colaborar na proteção do meio ambiente, nela compreendido o do 
trabalho.Exemplo: As normas relativas ao "meio ambiente do trabalho", tais como a NR-
18. Neste campo, é cabível a advertência quanto à necessidade de não se alargar por demais 
o âmbito do direito ambiental. Há que se delimitar o que é propriamente do Direito do 
Trabalho e do Direito Previdenciário, para não se incorrer numa indevida aplicação e 
alcance do Direito Ambiental. 
 2.6.3. OBJETO: o Direito Ambiental "é o meio ambiente qualificado " ( José 
Afonso da Silva ), segundo este autor. Entretanto, a maioria entende que não há 
necessidade de qualificá- lo ( a Constituição qualifica-ocomo bem de uso comum do povo e 
essencial à sadia qualidade de vida ). O meio ambiente em si mesmo já encerra tais 
qualificações que a Constituição apenas particularizou. Ao declarar de uso comum, a 
Constituição, entretanto, deve ser interpretada no sentido extensivo, ou seja, não é apenas 
mais um bem de uso comum. É um bem de interesse público, dotado de regime jurídico 
especial, enquanto que essenciais à sadia qualidade de vida. Quando se refere ao bem de 
uso comum com tais características, é denominado como MACROBEM. Quando aplica-se 
à questões pontuais, num litígio de vizinhança, há simultaneamente ao interesse comum, o 
interesse particularizado e o bem ambiental é visto concomitantemente como um 
MICROBEM, nas considerações de Hermann Benjamin. 
 2.6.4. TITULARIDADE: Espalha-se de modo indeterminado por toda a 
coletividade, refugindo da órbita de indivíduos determinados, ou seja, por toda a 
coletividade social. O bem ambiental a todos pertence e ninguém particula rmente o possui 
como seu. 
 2.6.5. INTERESSE: Interesses difusos remetem à sua proteção pelos Direitos 
Difusos. " porque a proteção deste não cabe a um titular exclusivo ou individuado, mas se 
espraia difusamente sobre toda coletividade e cada um dos seus membros. (Édis Milaré). 
Os interesses difusos são protegidos pelos Direitos Difusos. Estes, DIREITOS DIFUSOS: 
"São os direitos trans-individuais, de natureza indivisível, de que sejam titulares pessoas 
indeterminadas e ligadas por circunstâncias de fato":(Trans-individuais: transcendem o 
indivíduo, ultrapassando o limite da esfera de direitos e obrigações de cunho individual; 
 30 
Indivisível: o bem ambiental a todos pertence, mas ninguém em específico o possui; 
Titulares Indeterminados: não se determina todos os indivíduos que são afetados; 
integrados por circunstâncias de fato: experimentam a mesma condição pelas circunstâncias 
fáticas; inexiste uma relação jurídica). 
 
 
2.6.6. CONSIDERAÇÕES SOBRE O BEM AMBIENTAL 
 Uma parte a doutrina ambiental, sugere que haveria uma nova classe de bens, antes 
não prevista no Código Civil, pois, basicamente, os bens ou seriam particulares ou 
públicos. Os públicos seriam os bens de uso comum do povo, os dominicais e os de uso 
especial. Dessa forma, haveria um bem sob a tutela do poder público que este não teria a 
faculdade de dispor do mesmo ao seu talante, mas apenas curá-lo. Para tais bens, criou-se a 
categoria de bens difusos. Abaixo apontamos essa classificação. Para outros, entretanto, 
não há necessidade de se criar uma nova categoria de bens, pois, sendo difuso, ele é 
público, com as limitações de disponibilidade que os bens públicos têm. Taxá-los de "bens 
difusos" não resolve nada. O que há são interesses difusos que colocam os bens públicos 
assim acoimados do alcance da tutela que os interesses tem dentro do que se chama de 
direitos difusos. 
 Bem público: Interesse imediato: tem como titular o Estado (ainda que em função e 
em nome da coletividade. Um modo prático de verificá-lo, é que a arrecadação destina-se 
ao Estado.):I- DE USO COMUM DO POVO ( mares, rios, ruas e praças ); II- DE USO 
ESPECIAL ( Edifícios ou terrenos aplicados a serviços ou estabelecimentos federais, 
estaduais ou municipais ). III- DOMINICAIS ( patrimônio da União, Estado, Município, 
etc. ). Em princípio, são inalienáveis. 
 Bem difuso: Interesse imediato: o próprio povo. A arrecadação é destinada ao 
Fundo de Defesa dos Interesses Difusos (FDID). Dentre os bens difusos, estariam os Bens 
Ambientais: " bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida". Todos 
podem utilizá-lo, mas ninguém pode dispor dele ou então transacioná - lo. Observar que, de 
fato, a existência de um "bem difuso"7 não o retira da condição de bem público. Assim, a 
discussão deveria focar quanto a sua qualificação. Necessariamente não tem que haver uma 
dicotomia bem público x bem difuso, como se o qualificativo público permitisse que se 
pudesse amplamente mal-administrar um bem. Na realidade, tal âmbito doutrinário precisa 
de uma melhor conceituação. 
 
 
 
2.6.6.1. DANO E RESPONSABILIDADE AMBIENTAL 
 A preocupação da humanidade com a degradação dos recursos naturais decorreu da 
globalização do dano ambiental. Numa época em que a marca é a mundialização, cuja 
particularização na economia se deu o nome de globalização econômica, pode-se afirmar 
que, no âmbito do meio ambiente, antes mesmo de se falar em globalização da economia, 
houve a globalização do dano ambiental, densificada no ocorrência de tragédias, catástrofes 
ambientais, quase sempre possibilitadas pelo mau-uso dos recursos naturais ou dos recursos 
industriais pelo próprio homem. De fato, à leitura do item "O Despertar pelas Tragédias", 
 
7 FIORILLO, Celso Antônio Pacheco. Curso de Direito Ambiental brsileiro. São Paulo: Saraiva, 2004. p. 52. 
Neste trecho do seu livro, o autor discute a distinção entre bem público x bem difuso, segundo sua visão. 
 31 
um dos itens que compõe o tratamento da Internacionalização da Questão Ambiental, 
muitas delas ocorreram antes da década de 70 ( O Acidente de Minamata ), durante a 
década de 70 ( o Acidente de Seveso com o ) ou logo após ( o acidente de Chernobyl, na 
Ucrânia ). 
 Na esfera internacional, Convenções já existiam, pouco conhecidas e divulgadas 
pelos Estados, tanto no âmbito regional, como no âmbito mundial. O desinteresse pelas 
mesmas estava associado, não raras vezes, à pouca adesão a estes Tratados. Além disso, 
sabe-se que os ritos do hard-law, ou seja, os procedimentos que possibilitam a entrada em 
vigor de uma Convenção que implicam numa negociação, assinatura, ratificação, 
internalização e entrada em vigor, levam muitos anos. Como exemplos de Convenções 
preocupadas com o dano ambiental já existentes, mencionamos: Com o advento da 
"Internacionalização da Questão Ambiental", a Agenda mundial acolheu, via Organização 
das Nações Unidas e outras Organizações Internacionais de caráter regional ( como 
exemplos, a União Européia ), inúmeras Convenções relativos aos DANOS AMBIENTAIS 
INTERNACIONAIS. Nomeadamente, pode-se mencionar, já na esfera judicial, que "a 
questão atinente à competência judiciária, ou seja, a qual tribunal será possível dirigir um 
pedido que alcança dois ou mais países é menos complexa. A matéria, ao início foi 
discutida em tribunais, como relata KISS, ressaltando decisão do Tribunal de Apelações de 
Sarrebruck,, Alemanha, em 1957, que admitiu a competência do foro da vítima em caso de 
poluição do ar oriunda da França. Depois passou a fazer parte de ajuste internacional no 
âmbito do Conselho da Europa. Assim se deliberou na convenção Européia sobre a 
Responsabilidade Civil dos Danos Resultantes de Atividades Perigosas para o Ambiente, 
realizada em Lugano, em 21 de junho de 1993. atualmente, pacificou-se o entendimento de 
que as ações pro danos ambientais podem ser propostas no tribunal do local do dano, no 
tribunal do lugar em que se exerceu a atividade perigosa ou no do domicílio do réu. Essa 
última possibilidade em muito beneficia a vítima. Suponha-se, por exemplo, cidadão 
uruguaio que tenha sofrido os efeitos de chuva ácida oriunda do Brasil ( é o caso de 
Candiota, mencionado neste capítulo ) : ele poderá optar entre propor uma ação no juízo de 
seu domicílio ou do Brasil, na localidade onde se exerce a atividade. Sendo a legislação 
brasileira mais ampla na proteção dos danos ambientais, esta possibilidade de escolha pode 
ser decisiva e benéfica àquele que sofreu o prejuízo."19Ao par disso, também os 
respectivos Direitos internos, nacionais, construíram suas legislações protetivas, tentando 
minimizar os DANOS AMBIENTAIS e tratar da RESPONSABILIZAÇÃO PELO DANO. 
É real que no Direito do Meio Ambiente, o Princípio da Prevenção apregoa, tanto quanto 
possível, que o DANO seja PREVENIDO, não ocorra ou, quandonão, seja MINIMIZADO 
ou COMPENSADO. Dada a escala de degradação mundial, a simples operação DANO X 
INDENIZAÇÃO, típica do Direito Civil ( direito privado ) já não atendia a visão ambiental 
que se instalou. Há que se PREVENIR e responsabilizar, inclusive, a não-prevenção. 
 No dizer de SIRVINSKAS 8, "Entende-se por dano toda lesão a um bem jurídico 
tutelado. Dano ambiental, por sua vez, é toda a agressão contra o meio ambiente causada 
por atividade econômica potencialmente poluidora ou por ato comissivo ou omissivo 
praticado por qualquer pessoa. Esse dano, por seu turno, pode ser economicamente 
reparado ou ressarcido. Aquele decorre da obrigação de reparar a lesão causada a terceiro, 
procurando recuperar ou recompor o bem danificado. Como nem todo bem é recuperável, 
nesse caso, será fixado um valor indenizatório pelo dano causado ao bem. Questão de 
 
8 SIRVINSKAS, Luís Paulo. Manual de Direito Ambiental. Saraiva: São Paulo: 2005. p. 22. 
 32 
difícil solução é a quantificação do dano ambiental ou difuso. Isso, contudo, não impede a 
indenização pelos danos causados ao meio ambiente. A despeito dos danos patrimoniais, há 
também os danos morais, que podem ser pleiteados pelas vítimas ( art. 1º da Lei 7347, de 
24-7-1985). Estes são denominados extrapatrimoniais, pois originados do direito de 
personalidade. Não há dificuldades na quantificação dos danos patrimoniais. Tal 
dificuldade ocorrerá no que tange aos danos extrapatrimoniais, pois os critérios para a 
fixação desses danos são subjetivos."21 Neste campo, começa-se por avaliar o Impacto 
Ambiental ( direto x indireto ), sua abrangência ( local, regional, nacional ), seu alcance ( 
dentro e fora de uma bacia hidrográfica, por exemplo ), se é mitigável ou compensável, etc. 
 Quanto à responsabilidade civil por dano ambiental, o leitor deverá inteirar-se 
previamente das diferenças da responsabilidade subjetiva e da objetiva, tratados no código 
civil e na doutrina nacional para o dano em geral. Quanto ao dano ambiental, pode-se 
acompanhar o que preleciona SIRVINSKAS9: "A responsabilidade objetiva na esfera 
ambiental foi recepcionada pela nova ordem constitucional. O art. 225, § 3º, da CF dispõe 
que "as condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os 
infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, 
independentemente da obrigação de reparar os danos causados". Para maior proteção ao 
bem ambiental, o legislador resolver protegê- lo na esfera administrativa, civil e penal. 
 Não há, pela leitura do dispositivo constitucional, nenhuma incompatibilidade com 
a lei infraconstitucional ( lei n. 6938/81 ). Essa teoria já está consagrada na doutrina e na 
jurisprudência. Adotou-se a TEORIA DO RISCO INTEGRAL. Assim, todo aquele que 
causar dano ao meio ambiente ou a terceiro será obrigado a ressarci-lo mesmo que a 
conduta culposa ou dolosa tenha sido praticada por terceiro. Registre-se ainda que toda 
empresa possui riscos inerentes a sua atividade, devendo por essa razão, assumir o dever de 
indenizar os prejuízos causados a terceiros" Entretanto, tem crescido a idéia da TEORIA 
DO RISCO PARCIAL, vez que há que se levar em conta certas condições ( caso fortuito, 
força maior e até a culpa da vítima no evento danoso ), dos quais se aponta o autor 
TOSHIUO MUKAI. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
9 SIRVINSKAS, Luís Paulo. Op. Cit. 
 33 
- CAPÍTULO III - 
 CONCEITOS PERTINENTES 
 Este capítulo propõe uma lista de termos e expressões pertinentes ao Direito 
Ambiental, basicamente uma transcrição selecionada do que de modo completo e 
abrangente aborda Edis Milaré10 em sua obra recomendada na bibliografia. Assim, visando 
o esclarecimento de certos termos que atestam a multidisciplinaridade deste ramo jurídico, 
apontamos as conceituações abaixo. 
 - Meio Ambiente: "o conjunto de condições, leis, influências e interações de 
ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas 
formas" 
 - Degradação da Qualidade Ambiental: "a alteração adversa das características 
do meio ambiente" 
 - Poluição: "A degradação da qualidade ambiental resultante de atividades que 
direta ou indiretamente: a)- prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar de população; 
b)- criam condições adversas às atividades sociais e econômicas; c)- afetem 
desfavoravelmente a biota; d)- afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio 
ambiente; d)- lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões ambientais 
estabelecidos." 
 - Poluidor: "a pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado, 
responsável, direta ou indiretamente, por atividade causadora de degradação ambiental." 
 - Ambiente: "Conjunto de condições que envolvem e sustentam os seres vivos no 
interior da biosfera, incluindo clima, solo, recursos hídricos e outros organismos." 
 - Antrópico: " relativo à humanidade, à sociedade humana, à ação do homem. 
Em sentido restrito, diz-se dos impactos no meio ambiente gerados por ações do homem." 
 - Área de Preservação Permanente: Área protegida nos termos do Código 
Florestal, coberta ou não por vegetação nativa, com a função ambiental de preservar os 
recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica, a biodiversidade, o fluxo gênico da 
fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem estar das populações humanas" 
 - Assoreamento: Processo de sedimentação do solo geralmente causada pelo 
carreamento da terra superficial, em virtude de algum processo erosivo. 
 Biocenose: "é um conjunto de populações animais ou vegetais, ou de ambos, que 
vivem em determinado local. Constitui a parte de organismos vivos de um ecossistema." 
 Bioma: Amplo conjunto de ecossistemas terrestres, caracterizados por tipos 
fisionômicos semelhantes de vegetação com diferentes tipos climáticos. 
 Biosfera: Sistema integrado de organismos vivos e seus suportes, 
compreendendo o envelope periférico do planeta Terra com a atmosfera circundante, 
estendendo-se para cima e para baixo até onde existe naturalmente qualquer forma de vida. 
 Biota: Conjunto de seres vivos que habitam um determinado ambiente ecológico, 
em estreita correspondência com as características físicas, químicas e biológicas deste 
ambiente. Também pode ser definido como: Conjunto de seres vivos de um ecossistema. 
 CITES: Convenção Internacional sobre o Comércio de Espécies Ameaçadas de 
Extinção. Tratado assinado por cerca de 80 países, desde l973, proibindo o comércio 
internacional de 600 espécies mais raras de plantas e animais, e exigindo uma licença do 
país de origem para a exportação de 200 outras espécies. 
 
10 Op. Cit. 
 34 
 Conservação "in situ": "Conservação de ecossistema e habitats naturais e a 
manutenção e recuperação de populações viáveis de espécies em seus meios naturais e, no 
caso de espécies domesticadas ou cultivas, nos meios onde tenham desenvolvido suas 
propriedades características." 
 Efluente: Qualquer tipo de água, ou líquido, que flui de um sistema de coleta, de 
transporte, como tubulações, canais, reservatórios, elevatórias, de um sistema de tratamento 
ou disposição final, com estações de tratamento e corpos dágua. 
 Fauna: Conjunto de animais que vivem em um determinado ambiente, região ou 
época. A existência e conservação da fauna está vinculada à conservação dos respectivos 
habitats. 
 Flora: a totalidade das espécies vegetais que compreende a vegetação de uma 
determinada região, em qualquer expressão de importância individual. 
 Gerenciamento costeiro:é uma aplicação do zoneamento ambiental com normas 
específicas para compatibilizar as atividades econômicas com a preservação ou recuperação 
das características ambientais nas zonas costeiras. A Constituição Federal considera a zona 
costeira e seus ecossistemas como patrimônio nacional. 
 Habitat: a lugar onde um animal ou uma planta vive normalmente, muitas vezes 
caracterizado por uma forma vegetal ou características física dominante. 
 Ictiofauna: Totalidade das espécies de peixe de uma dada região. 
 Mata ciliar: mata estreira existente à beira dos rios. 
 Predador: Um animal ( raramente uma planta ) que mata e como animais. 
 
 Reserva Legal: área localizada no interior de uma propriedade ou posse rural, 
excetuada a de preservação permanente, necessária ou uso sustentável dos recursos 
naturais, à conservação e reabilitação dos processos ecológicos, à conservação da 
biodiversidade e ao abrigo de proteção de fauna e flora nativas. Seu tamanho é determinado 
por lei e varia conforme a cobertura vegetal e a região do país. 
 Ruderal: Diz-se da vegetação que cresce sobre escombros, em terrenos 
baldios,etc. 
 Rupestre: Gravado, traçado ou desenvolvido sobre a rocha. Em biologia, refere-
se ao vegetal que cresce sobre rochedos. 
 Xerófita: vegetação adaptada a habitat seco. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 35 
- CAPÍTULO IV - 
 DA POSITIVAÇÃO DA MATÉRIA AMBIENTAL NO BRASIL 
 
 A preocupação nesta parte do trabalho, é examinar como se deu a normatização 
da matéria ambiental. Vale ressaltar, como foi feito na caracterização do Direito Ambiental, 
que a existência de leis e outros instrumentos normativos do passado que se referiam ao que 
hoje se denomina recursos ambientais não traduziam necessariamente uma visão ambiental 
globalizante. Muito da motivação que ensejou a construção normativa era de caráter 
econômico, estratégico e, raramente, uma preocupação tipicamente de conservação ou 
preservação do meio ambiente em si mesmo. Por isso, novamente louvando-se em Edis 
Milaré11, aproveitando sua abordagem do tema na obra constante da bibliografia, propõe-se 
destacar os aspectos adiante. 
 4.1-POSITIVAÇÃO PRÉ-CONSTITUIÇÃO DE 1988 
 A)- ORIGENS: 
 1)- Por ocasião do descobrimento, vigorava as ORDENAÇÕES AFONSINAS ( 
reinado de Dom Afonso IV, uma compilação baseada do Direito Romano e no Direito 
Canônico ). Ex.: Tipificava o corte de árvores de fruto como crime de injúria ao rei. 
 2)- ORDENAÇÕES MANUELINAS (1521)- Avançou em matéria que dizia 
respeito ao ambiente: proibia a caça de certos animais ( perdizes, lebres e coelhos ), com 
instrumentos capazes de causar- lhes morte com dor e sofrimento; coíbe-se a 
comercialização de colméia sem a preservação da vida das abelhas e se mantém tipificado 
como crime o corte de árvores frutíferas, agora punindo o infrator com o degredo para o 
Brasil, quando a árvore abatida tivesse valor superior a "trinta cruzados". 
 3)- ORDENAÇÕES FILIPINAS ( compilação ordenada por D. FILIPE II que, 
em Portugal, intitulou-se D.FELIPE I ). Avançada para a época, encontra-se o conceito de 
poluição, vedando-se a qualquer pessoa jogar material que pudesse matar os peixes e sua 
criação ou sujar as águas dos rios e lagoas. Tipificava o corte de árvore de fruto como crime 
de forma reiterada, prevendo-se para o infrator o cumprimento da pena de degredo 
definitivo para o Brasil. Proibiam a pesca com determinados instrumentos e em certos 
locais e épocas estipulados, a exemplo do que determinava até recentemente a Lei 7.679/88. 
 A Constituição de 1824 já preconizava que se organizasse um Código Civil 
fundado na justiça e na eqüidade. Daí então que em 1º de janeiro de 19l6 foi promulgado o 
Código Civil brasileiro que entrou em vigor em 1º de janeiro de 1917. 
 
 
 B) INÍCIO DA LEGISLAÇÃO NACIONAL: 
 O Código Civil trouxe várias normas de colorido ecológico destinadas à proteção 
dos direitos privados na composição dos conflitos de vizinhança. Nas décadas seguintes à 
promulgação do Código Civil, começou a florescer a legislação tutelar do meio ambiente 
no Brasil, com o aparecimento das primeiras leis permeadas por algumas regras específicas 
atinentes a fatores ambientais. Como exemplos, cita-se: 
 -Decreto 16.300 de 31/12/1923 ( Regulamento da Saúde Pública ); 
 - Decreto 23.793 de 23/01/1934 ( CÓDIGO FLORESTAL ), depois substituído 
pela Lei 4.77l/65. 
 - Decreto 24.114 de 23/04/1934 ( Regulamento de Defesa Sanitária Vegetal ); 
 
11 Op. Cit. 
 36 
 - Decreto 24.643 de 10/07/1934 (CÓDIGO DE ÁGUAS); 
 - Decreto-Lei 25, de 30/11/194 ( PATRIMÔNIO CULTURAL: organiza a 
proteção do patrimônio histórico e artístico nacional ); 
 - Decreto-Lei 794 de 19/10/1938 ( CÓDIGO DE PESCA ), depois substituído 
pelo Decreto 221/67. 
 Decreto-Lei 2.848 de 07/12/1940 ( CÓDIGO PENAL ) 
 DÉCADA DE 1960-Destacam-se: 
 -Lei 4.504 de 30/11/1964 ( ESTATUTO DA TERRA ) 
- Lei 4771 de 15/09/1965 ( CÓDIGO FLORESTAL ) 
- Lei 5.197 de 03/01/1967 ( PROTEÇÃO À FAUNA ) 
 - Decreto-Lei 221 de 28/02/1967 ( CÓDIGO DE PESCA ) 
 -Decreto-Lei 248 de 28/02/1967 ( POLÍTICA NACIONAL DE SANEAMENTO 
BÁSICO ) 
 - Decreto-Lei 303 de 28/02/67 ( CRIAÇÃO DO CONSELHO NACIONAL DE 
CONTROLE DA POLUIÇÃO AMBIENTAL ) 
 - Lei 5.138 de 29/09/1967 ( POLÍTICA NACIONAL DE SANEAMENTO, QUE 
REVOGOU OS D.L. 248/67 E 303/67 ). 
 - Lei 5.357 de 17/11/1967 ( Estabelece penalidades para embarcações e terminais 
marítimos ou fluviais que lançarem detritos ou óleo em águas brasileiras ). 
 - Decreto-Lei 1.413 de 24/08/1975 ( CONTROLE DA POLUIÇÃO DO MEIO 
AMBIENTE PROVOCADA POR ATIVIDADES INDUSTRIAIS ) 
 - Lei 6.453 de 17/10/1977 ( RESPONSABILIDADE CIVIL POR DANOS 
NUCLEARES E RESPONSABILIDADE CRIMINAL POR ATOS RELACIONADOS 
COM ATIVIDADES NUCLEARES ) 
 - Lei 6.523 de 20/12/1977 ( CRIAÇÃO DE ÁREAS ESPECIAIS E LOCAIS DE 
INTERESSE TURÍSTICO ) 
 - Lei 6.766 de 19/12/1978 ( PARCELAMENTO DO SOLO URBANO ). 
 
 Abaixo, as pertinentes observações de ÉDIS MILARÉ, dão bem a dimensão do 
tratamento segmentado, não holístico e não sistematizado da questão ambiental. Por isto, o 
insigne autor argumenta que " não obstante essa imensa gama de diplomas versando sobre 
itens ambientais, podemos afirmar, sem medo de errar, que somente a partir da década de 
l980 é que a legislação sobre a matéria passou a desenvolver-se com maior consistência e 
celeridade."12 
 " Assistente omisso, entrega o Estado a tutela do ambiente à responsabilidade 
exclusiva do próprio indivíduo ou cidadão que se sentisse incomodado com atitudes lesivas 
á sua higidez. Segundo esse sistema, por óbvio, a irresponsabilidade era a regra, a 
responsabilidade a exceção. Sim, porque o particular ofendido não se apresenta, 
normalmente, em condições de assumir e desenvolver ação eficaz contra o agressor, quase 
sempre poderosos grupos econômicos, quando não o próprio Estado. " ( Idem ). 
 
 
 
 
 
 
12 MILARÉ, Édis. Direito do Ambiente. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2001. 
 37 
OS MARCOS LEGISLATIVOS AMBIENTAIS 
 
Diferentemente do que propõe Edis Milaré, mas partindo de sua proposição 
básica, entendemos que os Marcos Legislativos Ambientais devem tratar das Principais 
Leis Ambientais em vigor no Brasil. É certo que as legislações anteriores à Lei 6.938/81,a 
lei que trouxe uma visão holística do meio ambiente no Brasil, não possuíam seu influxo. 
Contudo, é real também que a recepção feita pela Constituição Federal de l988, incluindo a 
da própria Lei 6.938/81, abarcou no aparato legislativo ambiental, as legislações existentes 
e recepcionadas, bafejando-se- lhes os avanços do tratamento normativo que a Constituição 
passou a impor. Por isso, preferimos colocar como Marcos Legislativos Ambientais, as 
Principais Leis Ambientais positivadas no Brasil em vigor, cuja aplicação se faz, agora, 
informada pela evolução jurídico- legal do tema. Trata-se de uma escolha pessoal, com 
olhos numa aproximação didática do estudioso do tema. 
 A)- ANTES DA DÉCADA DE 80 
-LEI 4771/65, denominado CÓDIGO FLORESTAL ( ver item 10.2 ) 
-LEI 5.197/67, denominado CÓDIGO DE PROTEÇÃO À FAUNA ( ver item 
10.6 ) 
-DECRETO-LEI 227/67 denominado CÓDIGO DE PESCA ( ver item 10.7 ) 
 B)- ENTRE OS ANOS 80 E A CONSTITUIÇÃO DE 1988 
 -EDIÇÃO DA LEI 6.938 DE 31/08/1981: que, entre outros tantos méritos: a)- 
teve o de trazer para o mundo do direito interno brasileiro o conceito de meio ambiente 
como objeto específico de proteção em seus múltiplos aspectos; b)- o de instituir o 
SISTEMA NACIONAL DE MEIO AMBIENTE ( SISNAMA ), apto a propiciar o 
planejamento e execução de ação integrada de diversos órgãos governamentais através de 
uma política nacional para o setor; c)- o de estabelecer,no art. 14, § 1º, a obrigação do 
poluidor de reparar os danos causados, de acordo com o princípio da responsabilidade 
objetiva em ação movida pelo Ministério Público. d)- previu o Estudo de Impacto 
Ambiental (EIA) e o respectivo Relatório de Impacto sobre o Meio Ambiente ( RIMA ); e)- 
previu a Avaliação de Impacto Ambiental (A.I.A.); f)- criou o Cadastro Técnico Federal de 
Atividades e Instrumentos de Defesa Ambiental; g) - estabeleceu normas e padrões de 
qualidade ambiental, etc. ( baseado em Milaré). A lei em apreço foi alterada, para ser criada 
a Taxa de Controle e Fiscalização (TCFA) ( Lei 10.165/2000), levando em consideração o 
potencial de poluição (PP) e o grau de utilização de recursos naturais (GU) de cada uma das 
atividades sujeitas às fiscalização administrativa ambiental. 
 2º)- EDIÇÃO DO DECRETO 99.274 DE 06/06/1990. a)-Regulamenta a Lei 
6.902/81 e 6.938/81, delineando as atribuições dos órgãos ambientais; b)-trata da estrutura 
do SISNAMA; c)- fala da constituição do CONAMA e de sua competência; d)- fala do 
órgão central do sistema e da atuação do SISNAMA; e)- menciona do licenciamento das 
atividades consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras ou degradadoras; f)-Trata das 
Estações Ecológicas e das Áreas de Proteção Ambiental; g)- refere-se ao Zoneamento 
Ecológico-Econômico. 
 3º)-EDIÇÃO DA LEI 7.347 DE 24/07/1985. a)-que disciplinou a Ação Civil 
Pública como instrumento processual específico para a reparação civil do dano ambiental e 
a defesa do ambiente e de outros interesses difusos e coletivos, e que possibilitou que a 
agressão ambiental finalmente viesse a tornar-se um caso de justiça; b)- Prevê o Inquérito 
Civil Público; c)- Cria o Fundo de Interesses Difusos, etc. 
 
 38 
 C)- PÓS-CONSTITUIÇÃO DE 1988: 
 4º)- A PRÓPRIA CONSTITUIÇÃO DE 1988. Dedicou ao meio ambiente um 
capítulo próprio e um dos textos mais avançados do mundo. Na mesma esteira, vieram as 
Constituições Estaduais e, após, as Leis Orgânicas dos Municípios. Dentre outros 
aspectos,a)- prevê o Estudo Prévio de Impacto Ambiental - E.P.I.A. -, elevando-o da 
legislação infra-Constitucional para o status Constitucional; b)- prevê a criação por lei de 
áreas especialmente protegidas (Unidades de Conservação); c)- prega a promoção da 
educação ambiental em todos os níveis; d)- exige nos casos de mineração, o Plano de 
Recuperação de Áreas Degradadas; e)- eleva a Patrimônio Nacional a Floresta Amazônica 
brasileira, a Mata Atlântica, a Serra do Mar, o Pantanal Mato-Grossense e a Zona Costeira; 
f)- aponta diretrizes para localização das usinas nucleares, etc. g)- prevê que as infrações 
ambientais cometidas por pessoa física ou jurídica, serão punidas no nível administrativo, 
penal e civil, independentemente da obrigação de reparar o dano. 
 5º)- LEI 8.171/1991 ( 17/01/1991- LEI DE POLÍTICA AGRÍCOLA ). A qual 
delineia, dentre os objetivos desta política: proteção do meio ambiente, conservação e 
recuperação dos recursos naturais. Menciona o zoneamento agro-ecológico, a educação 
ambiental formal e informal, dirigidos à população. O art. 99, OBRIGA AO 
PROPRIETÁRIO RURAL, QUANDO FOR O CASO, A RECOMPOR EM SUA 
PROPRIEDADE RURAL A RESERVA FLORESTAL LEGAL, mediante o plantio, em 
cada ano, de pelo menos um trinta avos da área total para complementar a Reserva Florestal 
Legal. Várias legislações posteriores se relacionam com esta de passagem. 
 6º)- EDIÇÃO DA LEI 9.605 DE 12/12/1998. Dispõe sobre as sanções penais e 
administrativas aplicáveis às condutas lesivas ao meio ambiente, tanto pessoa física como 
jurídica. É conhecida como a Lei dos Crimes Ambientais e representa um significativo 
avanço na tutela do ambiente, por inaugurar uma sistematização das sanções 
administrativas e por tipificar organicamente os crimes ecológicos. "O diploma também 
inova ao tornar realidade a promessa constitucional de se incluir a pessoa jurídica como 
sujeito ativo do crime ecológico." Também trata da desconsideração da pessoa jurídica. 
 7º)- EDIÇÃO DA LEI 9.795 DE 27/04/1999 . Instituiu a Política Nacional de 
Educação Ambiental. 
 8º)-EDIÇÃO DO DECRETO 3.179 DE 21/09/1999. Regulamenta as 
INFRAÇÕES ADMINISTRATIVAS, O PROCEDIMENTO DE SUA APURAÇÃO E AS 
SANÇÕES RESPECTIVAS, DELINEADAS no artigo 70 em diante da Lei 9.605/98. 
 9º)-EDIÇÃO DA LEI 9.433/1999, que instituiu a POLÍTICA NACIONAL DOS 
RECURSOS HÍDRICOS. Esta Lei traz muitas inovações em relação ao Código de Águas 
de l934. Assim é que prevê: a)- A Política Nacional de Recursos Hídricos, incluindo: b)- os 
Planos de Recursos Hídricos ( por bacia hidrográfica, por Estado e para o País ); c)- o 
enquadramento dos corpos d'água em classes, segundo os usos preponderantes da água; d)- 
a outorga dos direitos de uso de recursos hídricos; e)- o sistema de informações sobre 
recursos hídricos; f)- cria o Sistema Nacional de Recursos Hídricos, integrado por: 
Conselho Nacional de Recursos Hídricos; os Conselhos de Recursos Hídricos dos Estados e 
do D.F. ; os Comitês de Bacia; os órgãos dos poderes público federal, estaduais e 
municipais, cujas competências se relacionem com a gestão de recursos hídricos; as 
Agências de Águas. 
 10º)-EDIÇÃO DA LEI 9.984/2000, que criou a AGÊNCIA NACIONAL DE 
ÁGUAS (ANA), no âmbito federal, a qual, dentre outras funções, incumbe proceder à 
OUTORGA DE USO DAS ÁGUAS ao nível federal. 
 39 
 11º)-EDIÇÃO DA LEI 9.985/2000 - Instituiu o SISTEMA NACIONAL DE 
UNIDADES DE CONSERVAÇÃO. Regulamentada pelo Decreto 4.340 de 22/03/2002. 
Prevê, sucintamente, dois grandes grupos de Unidades de Conservação: a)-Unidades de 
Conservação de Proteção Integral, onde situam-se: PARQUES NACIONAIS, RESERVAS 
BIOLÓGICAS, ESTAÇÕES ECOLÓGICAS; MONUMENTO NATURAL E REFÚGIO 
DE VIDA SILVESTRE, dando- lhes a definição e os objetivos. b)-Unidades de 
Conservação de Uso Sustentável, onde situam-se : as ÁREAS DE PROTEÇÃO 
AMBIENTAL (A.P.A.), ÁREA DE RELEVANTE INTERESSE ECOLÓGICO; 
FLORESTA NACIONAL; RESERVA EXTRATIVISTA; RESERVA DE FAUNA; 
RESERVA DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL; RESERVA PARTICULAR 
DO PATRIMÔNIO NATURAL. 
 
12º)-MEDIDA PROVISÓRIA 2.186-14/2001: Trata da Bioprospecção ( o 
acesso ao patrimônio genético existente no País ), estabelecendo regras para o acesso e 
exploração, instituindo o "Contrato de Utilização do Patrimônio Genético e Repartição de 
Benefícios". Visa coibir a biopiratariae assegurar o direito das comunidades indígenas e 
locais a serem remuneradas pelo seu conhecimento tradicional associado. É importante 
registrar a invocação, no preâmbulo da lei, à regulamentação dos artigos 1º e 8º, alínea "j", 
10, alínea "c", l5 e l6, alíneas 3 e 4 da CONVENÇÃO SOBRE A DIVERSIDADE 
BIOLÓGICA. 
 13º)-LEI 10.257, DE 10 /07/2001- Denominada de ESTATUTO DA CIDADE. 
Preocupa-se em delinear a política ambiental no meio urbano e defende as Cidades 
Sustentáveis. Dentre os seus instrumentos, menciona-se: a)- parcelamento, edificação ou 
utilização compulsórios; b)- o IPTU progressivo no tempo; c)- desapropriação com 
pagamento em títulos; d)- usucapião especial de imóvel urbano ( 250 m², cinco anos 
ininterruptamente e sem oposição, desde que não possua imóvel urbano ou rural ) e 
usucapião especial coletivo urbano ( as condições do anterior, contudo, ocupadas por 
população de baixa renda para sua moradia ). Ambas as ações hão de ter a participação 
obrigatória do Ministério Público. e)- cria o Estudo de Impacto de Vizinhança (E.I.V.); f)- 
prevê o direito de preempção; g)- prevê o direito de superfície; h)- prevê a outorga onerosa 
do direito de construir; i)- prevê a transferência do direito de construir; f) - detalha o plano 
diretor; g)- prevê a gestão democrática das cidades. 
 14º)-LEI 11.105, de 24/03/2005- Lei sobre os TRANSGÊNICOS e O.G.M. 
Regulamenta os art. 225, § 1º, incisos II, IV e V da Constituição Federal. Delineia a 
Política Nacional de Biossegurança-PNB; estabelece o CONSELHO NACIONAL DE 
BIOSSEGURANÇA-CNBS; reestrutura a CTNBio; cria os Conselhos Interno de 
Biossegurança-CIB, dentre outras medidas. Tal legislação deve ser vista junto com a LEI 
DE PATENTES, Lei 9.279/96. 
 IMPRESCINDÍVEL LEMBRAR OS ATOS NORMATIVOS EMANADOS 
DOS ÓRGÃO AMBIENTAIS COMPETENTES, QUAIS SEJAM, AS RESOLUÇÕES DO 
CONAMA RELATIVAS AO LICENCIAMENTO: RESOLUÇÃO-CONAMA 001/86 E 
ATUALMENTE A RESOLUÇÃO-CONAMA 237/97, AS QUAIS TRATAM E 
DIRECIONAM O EIA/RIMA E O LICENCIAMENTO RESPECTIVO. a)- Estes 
instrumentos normativos acabaram por detalhar as competências para o licenciamento e a 
respectiva licença ambiental. b)- Diz os tipos de Licenças, os prazos de validade das 
mesmas e os casos legais que permitem sua suspensão ou cancelamento. Também vale 
menção a RESOLUÇÃO CONAMA 300/2002 sobre exploração eventual, sem propósito 
 40 
comercial direta, de espécies da flora nativa ameaçadas de extinção, para consumo nas 
propriedades ou posses rurais ou posses de povos indígenas e populações tradicionais; a 
RESOLUÇÃO CONAMA 302/2002, orienta sobre as Áreas de Preservação Permanente no 
entorno dos reservatórios artificiais e sua utilização. A RESOLUÇÃO CONAMA 
303/2002, sobre o estabelecimento de parâmetros, definições e limites referentes às Áreas 
de Preservação Permanente. Atualmente, a RESOLUÇÃO CONAMA Nº /2006, estabelece 
vários e incômodas exceções à utilização das Áreas de Preservação Permanente, maculando 
o espírito do Código Florestal brasileiro original. Os "Marcos Legislativos Ambientais", 
naturalmente, destaca a legislação mais relevante, sem esgotar toda a legislação produzida 
no período. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
- CAPÍTULO V - 
 
DIREITO AMBIENTAL CONSTITUCIONAL 
 DA COMPETÊNCIA CONSTITUCIONAL QUANTO AO MEIO AMBIENTE 
 
Para uma abordagem deste tema, há que se volver aos vários tipos de 
competências segundo a sua destinação. Neste sentido, percebe-se que há competências 
ditas exclusivas, privativas, concorrente e comum. Isto quer dizer que um ente federativo 
poderá ter uma competência exclusiva para uma certa matéria. Tal competência, entretanto, 
poderá alcançar a esfera da elaboração e iniciativa legislativa e, neste aspecto, o ente 
federativo terá a exclusividade, vale dizer, somente a ele caberá propor legislação 
primariamente sobre o tema. Na Constituição Federal algumas matérias já estão apontadas 
como próprias para tal situação. Pode-se achar matérias que se referem a competência 
exclusiva para legislar, tais como o artigo... De outro tanto, a competência chamada 
privativa, refere-se a uma competência em que o ente que detém tal privatividade para 
legislar, tem, ao mesmo tempo, a competência de delegar a outro ente tal poder. 
Normalmente o Executivo aparece, neste aspecto, delegando ao Legislativo tal 
possibilidade e abrindo, também, a possibilidade de outro ente legislar sobre matérias 
privativas. A competência concorrente fala-nos da possibilidade de mais de um ente legislar 
sobre o mesmo assunto, prevendo a Constituições as regras para que tal potestade não seja 
conflituosa. 
 
 41 
 DAS PREVISÕES CONSTITUCIONAIS ANTERIORES 
 1)- A Constituição de 1824; 
 2)- A Constituição de 1891 
 Art.34, nº 29, atribuía competência legislativa à União para legislar sobre as suas 
minas e suas terras. 
 3)- A Constituição de 1934 
 Previa a competência privativa da União (Art.5 ) para legislar sobre floresta, 
caça, pesca e sua exploração (inciso XIX, letra "j"), previa competência concorrente ( art. 
10 ) para proteger as belezzas naturaes. 
 4)- A Constituição de 1937 previa competência privativa ( art. 16) quanto ao " 
poder de legislar" sobre florestas, caça e pesca e sua exploração (inciso XIV). 
 5)- A Constituição de 1946 dizia que competia à União ( art. 5 ) legislar sobre 
(inciso XV), letra "1", floresta, caça e pesca. 
 6)- A Constituição de 1967 previa que competia à União (art. 8) legislar sobre 
(inciso XVII, floresta, caça e pesca (letra "h") (Idem E.C. 1/69). 
 
 INOVAÇÕES DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988 QUANTO À 
COMPETÊNCIA EM MATÉRIA AMBIENTAL 
 1)- Prevê a COMPETÊNCIA CONCORRENTE para LEGISLAR ( da União, 
Estados e D.F. ) ( Art. 24 C.F./88): 
 Sobre "florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza, defesa do solo e 
dos recursos naturais, proteção do meio ambiente e controle da poluição" ( 24, VI) 
 Também sobre "responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao consumidor, a 
bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turísticos e paisagístico." ( 24, VII ) e 
ainda "responsabilidade por DANO AO MEIO AMBIENTE". Neste sentido, no mesmo 
inciso, ampliando-se o alcance da expressão meio ambiente, como a doutrina ambientalista 
o faz, para que o Direito Ambiental abranja o meio ambiente natural, artificial, cultural e do 
trabalho, pode-se incluir a competência do art. 24, VII: "proteção ao patrimônio histórico, 
cultural, artístico, turístico e paisagístico;" Outra possibilidade é a inclusão do inciso IX: 
"educação, cultura, ensino e desporto", pois a EDUCAÇÃO AMBIENTAL, prevista sua 
promoção pelo Poder Público ( art. 225, VI ), no aspecto formal cabe à Pasta de Educação e 
no aspecto informal, cabe à Pasta de Meio Ambiente, nos diversos níveis da Administração. 
 
 
 Regras quanto à Competência concorrente: 
 § 1º)- União: limitar-se-á a estabelecer normais gerais; 
 § 2º)- Estado: SUPLEMENTAR a norma federal, no seu interesse peculiar; 
 §3º)- Estado: na ausência da norma geral, tem COMPETÊNCIA PLENA; 
 §4º)- A Superveniência da norma geral, suspende a eficácia da norma Estadual 
no que lhe for contrário. 
 2)- Prevê a COMPETÊNCIA COMUM da União, Estados, D.F. e Municípios: ( 
Art. 23 ) 
 Para "proteger o meio ambiente e combater a poluição em qualquer de suas 
formas;" 
 Também: preservar as florestas, a fauna e a flora. 
 3)- Quanto ao Municíp io: (Art. 30, I e II ): 
 A)- Cabe-lhe legislar sobre assuntos de INTERESSE LOCAL. 
 42 
 B)- SUPLEMENTAR a legislação federal e estadualno que couber. 
 Parte da doutrina interpreta, portanto, mesmo se considerando que o município 
pode legislar em assuntos de interesse local, tal competência não é originária na amplitude 
prevista no art. 24, devendo ser exercida com a junção deste interesse e a suplementação 
ora da legislação federal, ora da legislação estadual antecedente. Haverá casos 
particularíssimos, de interesse local, cuja norma federal geral, nem a norma estadual 
disciplinou, em que o município poderá construir uma legislação pertinente. 
 
- CAPÍTULO VI - 
 
TUTELA ADMINISTRATIVA DO MEIO AMBIENTE 
 
Também dita a proteção administrativa do meio ambiente está ligada aos 
instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente e ao que a legislação protetiva 
ordinária estabelece ( por exemplo, parte referente à tutela administrativa da lei 9605/98 e o 
respectivo decreto 3.l79/99 ) e a ação dos órgãos ambientais no âmbito de suas 
competências. 
 6.1)- TUTELA ADMINISTRATIVA ATRAVÉS DO ARCABOUÇO OU 
DELINEAMENTO INSTITUCIONAL 
 6.1.1)- COMO FUNCIONA O DELINEAMENTO INSTITUCIONAL? 
 O Sistema Nacional do Meio Ambiente - SISNAMA -foi instituído pela lei 
6.938/81 e regulamentado pelo Decreto nº 99.274 de 6.6.90 é constituídos pelos órgãos e 
entidades da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e pelas Fundações 
instituídas pelo Poder Público, responsáveis pela proteção e melhoria da qualidade 
ambiental. Pretende-se uma atuação harmoniosa e sistematizada deste arcabouço 
institucional que foi delineado, designando-se os papéis dos órgãos da administração 
federal, estadual e municipal dentro do SISTEMA, o que não impede os papéis próprios 
que tem nas estruturas dos entes nos quais estão inseridos. É de se notar que a partir da Lei 
da Política Nacional do Ambiente, várias legislações introduziram a idéia de sistematizar as 
relações dos entes federados, não só por traduzir a realidade das relações entre os entes, 
como, no caso do ambiente, por requerer um tratamento holítico. É o denominado 
SISTEMA NACIONAL DE MEIO AMBIENTE, simplificado na sigla SISNAMA. 
Neste sentido, noticia-se relacionado com o meio ambiente o SISTEMA 
NACIONAL DE GERENCIAMENTO DOS RECURSOS HÍDRICOS ( SINGREH ), o 
SISTEMA NACIONAL DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO ( SNUC ), dentre outros. 
Ao nível de centralização de informações, exis te o C.N.I.A. e o SIB ( Sistema de 
Informação de Biossegurança ), com o propósito diferente da adoção dos SISTEMAS 
acima mencionados, contudo, indiretamente, alimentando a idéia de uma atuação conjunta, 
a partir de um sistema informativo centralizado para servir a todos os componentes de 
algum SISTEMA. O que se observa é que, erradamente, acabam constituindo-se em 
sistema autônomos e independentes, perdendo a inter-relação que há que se ter entre os 
mesmos, principalmente o SISTEMA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE que parece ser 
o que abrange o todo. 
Como exemplo do duplo papel dos órgãos dentro do SISNAMA, o Ministério 
do Meio Ambiente, como se verá, é o órgão central do SISNAMA, o que não impede o seu 
 43 
papel original, qual seja, o de formulados das políticas federais de meio ambiente. São 
papéis paralelos e não excludentes. Tem a seguinte configuração: 
 6.1.1.. ÓRGÃO SUPERIOR: O CONSELHO DO GOVERNO 
 6.1.2.. ORGAO CONSULTIVO E DELIBERATIVO: O CONSELHO 
NACIONAL DO MEIO AMBIENTE - CONAMA - 
 . 6.1.3. ORGÃO CENTRAL: O MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE, DOS 
RECURSOS HÍDRICOS E DA AMAZÔNIA LEGAL - M.M.A. 
 6.1.4. . ÓRGÃO EXECUTOR: O INSTITUTO BRASILEIRO DO MEIO 
AMBIENTE E DOS RECURSOS NATURAIS RENOVÁVEIS - IBAMA - 
 6.1.5. . ÓRGÃOS SECCIONAIS: Os órgãos ou entidades da Administração 
Pública Federal direta ou indireta, as fundações instituídas pelo poder público cujas 
atividades estejam associadas às de proteção da qualidade ambiental ou àquelas de 
disciplinamento do uso dos recursos ambientais, bem assim os órgãos e entidades estaduais 
responsáveis pela execução de programas e projetos e pelo controle e fiscalização de 
atividades capazes de provocar a degradação ambiental. Os Órgãos Estaduais Ambientais 
estão incluídos dentre os seccionais, pelo e simplificadamente são incluídos na sigla 
OEMAs. 
 16.1.6. ÓRGÃOS LOCAIS: os órgãos ou entidades municipais responsáveis 
pelo controle e fiscalização das atividades referidas no inciso anterior, nas suas respectivas 
jurisdições.23 
 De forma mais detalhada, pode-se considerar da seguinte forma: 
 ÓRGÃO SUPERIOR: O CONSELHO DO GOVERNO 
 Instituído pelo art. 60, inciso 1, da Lei 6938/81, PNMA com a finalidade de 
assessorar o Presidente da República na formulação da política nacional e das diretrizes 
governamentais para o meio ambiente e os recursos ambientais. 
 Integra a Presidência da República. 
 Composição: todos os Ministros de Estado, Casa Civil, SecretariaGeral, 
SECOM, SAE, Casa Militar e pelo Advogado-Geral da União. 
 Sua atuação é efetuada pelo Conselho propriamente dito ou pelas Câmaras do 
Conselho do Governo. 
 Câmaras de Políticas dos Recursos Naturais ( Decreto 1.696 13.11.95). Formular 
e coordenar políticas. Integrada por 9 ministros ( ex. MMA e Agricultura). Composto 
exclusivamente por representantes de órgãos do Governo Federal. 
 Grupo Executivo do Setor Pesqueiro - GESPE - Decreto 1697 13.11.95. Propor a 
Política Nacional de Pesca e Aqüicultura. Coordenar sua implantação; colocar em execução 
as diretrizes da mencionada Câmara e a atualização da legislação no setor. Organismo de 
execução e não de normatização. Atualmente, foi criada a SECRETARIA NACIONAL DE 
PESCA. 
 ÓRGÃO CONSULTIVO E DELIBERATIVO: O CONSELHO NACIONAL DO 
MEIO AMBIENTE - CONAMA 
 Lei 8028/90. Assessorar, estudar e propor ao Conselho do Governo. Deliberar 
sobre normas e padrões compatíveis com a Constituição. Estabelecer, mediante proposta do 
IBAMA ( art. 80, II. Lei 6938/8 1): 
 A)- Determinar, quando julgar necessária, a realização de estudos das 
alternativas e das possíveis conseqüências ambientais dos projetos públicos ou privados, 
requisitando as informações indispensáveis para o estudo, especialmente em áreas 
consideradas como Patrimônio Nacional. ( ver. Arrt. 225, § 4º da C.F./1988). 
 44 
 B)- Estabelecer normas e critérios para o licenciamento de atividades efetiva ou 
potencialmente poluidoras, a ser concedido pelo Estado e supervisionado pelo IBAMA. 
 C)- Decidir como última instância administrativa em grau de recurso, sobre 
multas e outras penalidades impostas pelo IBAMA. 
 D)- Determinar, mediante representação do IBAMA, a perda ou restrição de 
benefícios fiscais concedidos pelo poder público, em caráter geral ou condicional e a perda 
ou suspensão de participação em linhas de financiamento em estabelecimentos ofic iais de 
crédito. E)- Estabelecer privativamente, normas e padrões nacionais de controle de poluição 
por veículos automotores, aeronaves e embarcações, mediante audiência dos ministérios 
competentes. 
 Composição: Constituído de: 1)-Plenário e 2)-Câmaras Técnicas. 
 PLENÁRIO: Composto por: a)-MMA, que o preside; b)-Secretário Geral do 
MMA que é o Secretário Executivo; c)-O Presidente do IBAMA; d)-Um representante de 
cada um dos Ministros de Estado e dos Secretários da Presidência da República por eles 
designados. e)- Um representante de cada um dos Governos Estaduais e do Distrito Federal, 
designados pelos respectivos governantes. f)-Um representante de cada uma das seguintes 
entidades: CNI, do Comércio e da Agricultura; das Confederações dos Trabalhadores na 
Indústria, Comércio e Agricultura; do Instituto Nacional de Siderurgia; da ABES; da 
FBCN. G)- dois(2) representantesda sociedades civis legalmente constituídas para a defesa 
dos recursos naturais e combate à poluição, de liv res escolha do P.R.; h)-Um representante 
de sociedades civis legalmente constituídas de cada região geográfica ambiental e 
cadastradas no Cadastro Nacional de Entidades Ambientalistas Não Governamentais - 
CNAE. Obs. g e h com mandatos de 2 anos, prorrogáve is uma vez. 
 
 
 
ÓRGÃO CENTRAL: MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE, DOS 
RECURSOS HÍDRICOS E DA AMAZÔNIA LEGAL. MMA. 
 Cabe ao Ministério coordenar, supervisionar e controlar, como órgão federal, a 
política nacional do meio ambiente. 
 Sua origem deu-se pela Secretaria Nacional do Meio Ambiente- SEMAM -, em 
1990, tendo se tornado ministério em 1992, o ano da Conferência das Nações Unidas sobre 
o Meio Ambiente e Desenvolvimento -CNUMAD- no Rio de Janeiro, apelidada de 
ECO/92 ou CIMEIRA DA TERRA. 
 Há que se mencionar ainda o FUNDO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE ( 
FNMA ): Lei 7.797/89. Integra o MMA. Regulamentado pelo Decreto 98161 de 21.9.89, 
alterado pelo Decreto 1235 de 2.9.94. O Comitê do FNMA tem a presidência do ministro 
do MMA. Origem dos recursos: 1)-orçamento da União; 2)-resultante de doações, contas 
em dinheiro, valores, bens móveis e imóveis que venham a receber de pessoas físicas ou 
jurídicas. Poderão ser aplicados através de órgãos públicos de nível federal, estadual ou 
municipal ou entidades privadas que não possuem atividades lucrativas. Áreas prioritárias: 
Unidades de Conservação; Pesquisa e Desenvolvimento Tecnológico; Educação Ambiental; 
Manejo e Extensão Florestal. Desenvolvimento Institucional; Controle Ambiental; 
Aproveitamento Econômico Racional e Sustentável da Flora e da Fauna nativas. 
 
 
 
 45 
 ÓRGÃO EXECUTOR: IBAMA 
 Autarquia federal de regime especial, criado pela lei 7.735 22.2.89, vinculada ao 
Ministério do Meio Ambiente. É o resultado da junção de 4 órgãos: IBDF, SUDEPE, 
SUDHEVEA E SEMMA. Possui um Presidente e 5 diretorias. Sua estrutura regimental é 
definida pelo Decreto 3.833 de 05/06/2001. 
 FINALIDADE: "I- executar as políticas nacionais de meio ambiente referentes 
às atribuições federais permanentes, relativas à preservação, conservação e ao uso 
sustentável dos recursos ambientais e sua fiscalização e controle; II- Executar as ações 
supletivas da União, de conformidade com a legislação em vigor e as diretrizes daquele 
Ministério. ( Art. 1º, I e II ) 
 AÇÕES: " No cumprimento de suas finalidades e, ressalvadas as competências 
das demais entidades que integram o Sistema Nacional do Meio Ambiente - SISNAMA, 
cabe ao IBAMA, de acordo com as diretrizes fixadas pelo Ministério do Meio ambiente, 
desenvolver as seguintes ações federais: I- proposição de normas e padrões de qualidade 
ambiental; II- zoneamento ambiental; III- avaliação de impactos ambie ntais; IV- 
licenciamento ambiental de atividades, empreendimentos, produtos e processos 
considerados efetiva ou potencialmente poluidores, bem como daqueles capazes de causar 
degradação ambiental, nos termos da legislação em vigor; V- proposição da criação e 
gestão das Unidades de Conservação Federais, bem como o apoio à implementação do 
Sistema Nacional de Unidades de Conservação; VI- implementação dos Cadastros Técnicos 
Federais de Atividades e Instrumentos de Defesa ambiental e de Atividades Potencialmente 
Poluidoras e/ou Utilizadoras dos Recursos Ambientais; AVII- fiscalização e aplicação de 
penalidades disciplinares ou compensatório ao não cumprimento das medidas necessárias à 
preservação ou correção da degradação ambiental, nos termos da legislação em vigor; VIII- 
geração, integração e disseminação sistemática de informações e conhecimentos relativos 
ao meio ambiente; IX- proteção e manejo integrado de ecossistemas, de espécies, do 
patrimônio natural e genético de representatividade ecológica em escala regional e 
nacional; X- disciplinamento, cadastramento, licenciamento, monitoramento e fiscalização 
dos usos e acessos aos recursos ambientais, florísticos e faunísticos;... XXII- elaboração do 
sistema de informações para gestão do uso dos recursos faunísticos, pesqueiros e florestais; 
XXIII- elaboração e estabelecimento de critérios, padrões e proposição de normas 
ambientais para a gestão do uso dos recursos pesqueiros, faunísticos e florestais; e XXIV- 
propor normas, fiscalizar e controlar o uso do patrimônio espeleológico brasileiro, bem 
como fomentar levantamentos, estudos e pesquisas que possibilitem ampliar o 
conhecimento as cavidades naturais subterrâneas existentes." ( Decreto 3.833/2001). 
 ESTRUTURA: I- ÓRGÃOS COLEGIADOS: CONSELHO DE GESTÃO (CG) 
E CÂMARAS TÉCNICAS REGIONAIS (CTR,s). II- ÓRGÃOS DE ASSISTÊNCIA 
DIRETA E IMEDIATA AO PRESIDENTE: GABINETE DA PRESIDÊNCIA (GABIN), 
PROCURADORIA GERAL (PROGE); III- ÓRGÃOS SECCIONAIS: 1.AUDITORIA 
(AUDIT). 2. DIRETORIA DE GESTÃO ESTRATÉGICA (DGE); 3. DIRETORIA DE 
ADMINISTRAÇÃO E FINANÇAS (DAF); IV- ÓRGÃOS ESPECÍFICOS 
SINGULARES: 1. DIRETORIA DE FLORESTAS ( DDF); 2. DIRETORIA DE FAUNA E 
RECURSOS PESQUEIROS (CFP) 3. DIRETORIA DE ECOSSISTEMAS (DDE); 4. 
DIRETORIA DE LICENCIAMENTO E QUALIDADE AMBIENTAL ( CGCA); 5. 
DIRETORIA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL (DPA); V- ÓRGÃOS 
DESCENTRALIZADOS: 1. GERÊNCIAS EXECUTIVAS (GEREX); 2. ESCRITÓRIOS 
 46 
REGIONAIS (EREG); 3. UNIDADES DE CONSERVAÇÃO FEDERAL ( UCF); 4. 
CENTROS ESPECIALIZADOS (CE,s). 24 
 CARREIRA: Genericamente, as carreiras no IBAMA passaram-se a denominar 
CARREIRA DE ESPECIALISTA AMBIENTAL e é composta pelos cargos de GESTOR 
AMBIENTAL, GESTOR ADMINISTRATIVO, ANALISTA AMBIENTAL, ANALISTA 
ADMINISTRATIVO, TÉCNICO AMBIENTAL, TÉCNICO ADMINISTRATIVO E 
AUXILIAR ADMINISTRATIVO DO INSTITUTO BRASILEIRO DO MEIO 
AMBIENTE E DOS RECURSOS NATURAIS RENOVÁVEIS-IBAMA.25 Ao 
ANALISTA AMBIENTAL, de quem se exige formação superior, estão afetas atividades 
próprias e, sobretudo, as chamadas atividades-fins, qual seja, a tutela administrativa do 
meio ambiente, enquanto agentes públicos do órgão ambiental. Pelo teor desta legislação, 
apenas estes agentes públicos, na esfera federal, estão profissional e legalmente imbuídos 
da competência de realizarem a fiscalização ambiental, fazerem a apuração da infração 
administrativa ambiental e aplicar a devida sanção, através do Auto de Infração. 
 ÓRGÃOS SECCIONAIS: 
 A) -Ministérios 
 1)-Agricultura: Estatuto da Terra e Constituição. Função social da propriedade. 
Controle da utilização de Agrotóxicos ( Lei 7802 e Decreto 98816). 
 2)-Ministério da Fazenda: Decreto que proibiu a concessão de incentivos fiscais 
a projetos que impliquem desmatamento de áreas de florestas primárias e destruição de 
ecossistemas primários. Decreto 153/91. 
 3)-Ministério da Marinha: fiscalização da costa brasileira; Grandes rios 
brasileiros; Capitania dos portos poluição oriundas e navios e outras embarcações. 
 
 B)- ÓRGÃOS ESTADUAIS DE MEIO AMBIENTE(OEMAS) 
 C)- ÓRGÃOS LOCAIS: Órgãos Municipais de Meio Ambiente 
 Política Municipal de Meio Ambiente e o Sistema Municipal de Administração 
do Meio Ambiente. 
 O sistema nacional reflete-se nos Estados e Municípios, podendo estes 
estruturar suas interfaces respectivas. Assim, em geral, tais entes federados possuem, 
respectivamente: ESTADOS: 
 Conselho Estadual do Meio Ambiente, Secretaria de Estado de Meio Ambiente, 
Órgão Executivo Estadual e um Fundo Estadual de Meio Ambiente. No caso de Goiás, 
ficaria assim o Sistema Estadual: 
 CONSELHO ESTADUAL DE MEIO AMBIENTE; SECRETARIA 
ESTADUAL DO MEIO AMBIENTE, HABITAÇÃO E RECURSOS HÍDRICOS. 
AGÊNCIA AMBIENTAL DE GOIÁS. FUNDO ESTADUAL DE MEIO AMBIENTE. 
 O MUNICÍPIO, de forma similar, assim se distribui,partindo-se do exemplo de 
Goiânia: CONSELHO MUNICIPAL DE MEIO AMBIENTE; FUNDO MUNICIPAL DE 
MEIO AMBIENTE. SECRETARIA MUNICIPAL DO MEIO AMBIENTE. 
 
 
 
 
 
 47 
 6.2)- DA TUTELA ADMINISTRATIVA ATRAVÉS DO 
PODER DE POLÍCIA X LICENÇA X LICENCIAMENTO 
 
A proteção administrativa do meio ambiente está muito ligada aos instrumentos 
da Política Nacional do Meio Ambiente ( Lei 6938/81). Na verdade, tal lei delineia parte 
dessa proteção e outros instrumentos legais indicam outras medidas de proteção 
administrativa do meio ambiente. 
 O Poder de Polícia é a "Atribuição ( ou Poder ) conferido à Administração de 
impor limites ao exercício de direitos e de atividades individuais em função do interesse 
público primário. Também é chamado de "polícia administrativa".27 
 "O Poder de Polícia é ato administrativo vinculado" ( p. 83, Curso de Direito 
Ambiental de Luís Carlos da Silva Moraes ). 
 ATRIBUTOS DO PODER DE POLÍCIA: 1.Discricionariedade: A lei concede 
ao administrador a possibilidade de decidir o momento, as circunstâncias para o exercício 
da atividade - concede-lhe oportunidade e conveniência a seu juízo. 2. Auto-
Executoriedade: O ato será executado diretamente pela administração, não carecendo de 
provimento judicial para tornar-se apto. Coercibilidade: Ao particular a decisão 
administrativa sempre será cogente, obrigatória, admitindo o emprego da força para o seu 
cumprimento. 
 A doutrina tem dito que a Administração pode, observado o princípio da 
legalidade, estabelecer regras e condutas em relação a certos bens e fiscalizar o seu 
cumprimento. Isso caracteriza o que se chama Poder de Polícia Administrativo. Tal poder 
pode direcionar para um aspecto específico ambiental, como por exemplo, florestas, fauna, 
pesca e outros recursos ambientais. No exercício desta atividade, a administração executa-a 
imediatamente, sem intermediários, age, como dito, dentro do princípio da legalidade, 
limitando atividades, estabelecendo regras e fiscalizando seu cumprimento. Dentro das 
sanções possíveis que a Administração pode lançar mão, pode-se mencionar : 
ADVERTÊNCIA; MULTA SIMPLES; MULTA DIÁRIA; APREENSÃO DE ANIMAIS, 
PRODUTOS E SUBPRODUTOS DA FAUNA E FLORA, INSTRUMENTOS, 
PETRECHOS, EQUIPAMENTOS OU VEÍCULOS DE QUALQUER NATUREZA 
UTILIZADOS NA INFRAÇÃO; DESTRUIÇÃO OU INUTILIZAÇÃO DO PRODUTO; 
SUSPENSÃO DE VENDA E FABRICAÇÃO DO PRODUTO; EMBARGO DE OBRA 
OU ATIVIDADE; DEMOLIÇÃO DE OBRA; SUSPENSÃO PARCIAL OU TOTAL DE 
ATIVIDADES. (Estas são as sanções específicas listadas na lei 9605/98 ). 
 "O poder de polícia, pelo que se pode concluir, é uma atividade estatal e 
indelegável a particulares" ( Paulo Bessa Antunes, Direito Ambiental, p. 97 ). Em posição 
contrária, diz Milaré que "o poder de polícia administrativa é prerrogativa do Poder 
Público, particularmente do executivo, que pode exercê- lo diretamente ou por delegação. 
Tal delegação requer esteio legal, não podendo ser arbitrária, nem ampla e indefinida" ( 
Direito do Ambiente, p. 282 ). 
 Podem ser divididas em 1)-MEDIDAS PREVENTIVAS ( Fiscalização, Vistoria, 
Ordem, Notificação, Autorização, Licença, Outorga de Direito de Uso, etc. ) e MEDIDAS 
REPRESSIVAS ( Interdição de Atividade, Apreensão de Mercadorias Deterioradas, etc.), 
com a finalidade de coagir o infrator a cumprir a lei. 
 48 
 O exercício do Poder de Polícia engloba tanto a regulação de atividades lícitas, 
como a repressão de atividades ilícitas ( Maria Luiza Machado Granziera, Direito das 
Águas, 175). 
 
 6.2.1. O LICENCIAMENTO AMBIENTAL 
 
Para Luís Carlos da Silva Moraes ( Curso de Direito Ambiental, p. 81 ), "o 
momento do licenciamento é, na verdade, a primeira fiscalização de conformidade, ou seja, 
uma verificação preventiva da utilização dos recursos naturais da forma indicada na lei" 
(grifo inexistente no original). Para Edis Milaré, o licenciamento ambiental, ao contrário do 
licenciamento simples, é ato uno, de caráter complexo, em cujas etapas intervêm vários 
agentes e que deverá ser precedido de EIA/RIMA sempre que houver significante impacto 
ambiental. 
 Em síntese, para EDIS MILARE, "o licenciamento ambiental, apesar de ter 
prazo de validade estipulado, goza do caráter de estabilidade de jure; não poderá, pois, ser 
suspensa por simples discricionariedade, muito menos por arbitrariedade do administrador 
público. Sua renovabilidade não conflita com a estabilidade; está, porém, sujeita à revisão, 
e mesmo suspensão, somente em caso de interesse público superveniente ou, ainda, quando 
houver descumprimento dos requisitos pré-estabelecidos no processo de licenciamento 
ambiental. Mais uma vez se pode chamar a atenção para disposições peculiares do Direito 
do Ambiente, peculiaridades estas fundadas na legislação e corroboradas por práticas 
administrativas correntes na gestão ambiental. 
 De outro lado, na visão de Fiorillo, o "licenciamento ambiental , por sua vez, é o 
complexo de etapas que compõem o procedimento administrativo, o qual objetiva a 
concessão de licença ambiental. Dessa forma, não é possível identificar isoladamente a 
licença ambiental, porquanto esta é uma das fases do procedimento." (Bibliografia 
indicada). Para ele, então, antes de ser um ato, é um procedimento. O licenciamento 
ambiental é um instrumento de caráter preventivo de tutela do meio ambiente. ( Curso de 
Direito Ambiental Brasileiro, p. 63 ). 
 Continua Fiorillo: "O licenciamento ambiental não é ato administrativo simples, 
mas sim um encadeamento de atos administrativos, o que lhe atribui a condição de 
procedimento administrativo. Além disso, importante frisar que a licença administrativa 
constitui ato vinculado, o que denuncia uma grande distinção em relação à licença 
ambiental, porquanto esta é, como regra, ato discricionário" (Bibliografia indicada. Grifos 
acrescidos). 
 Na Resolução 237/97, também há a definição normativa do que é o 
Licenciamento Ambiental: 
 Licenciamento Ambiental: " procedimento administrativo pelo qual o órgão 
ambiental competente licencia a localização, instalação, ampliação e a operação de 
empreendimentos e atividades utilizadoras de recursos ambientais, consideradas efetiva ou 
potenciamente poluidoras ou daquelas que, sob qualquer forma, possam causar degradação 
ambiental, considerando as disposições legais e regulamentares e as normas técnicas 
aplicáveis ao caso "( Art. 1º, Resolução 237/97 - CONAMA). 
 ETAPAS DO PROCEDIMENTO DE LICENCIAMENTO: 
 1- Definição pelo órgão ambiental competente, com a participação do 
empreendedor, dos documentos, projetos e estudos ambientais necessários ao início do 
processo de licenciamento correspondente à licença a ser requerida ( Termo de Referência 
 49 
); 2- Requerimento da licença ambiental pelo empreendedor, acompanhado dos 
documentos, projetos e estudos ambientais pertinentes, dando-se a devida publicidade; 3- 
Análise pelo órgão ambiental competente, integrante do SISNAMA, dos documentos, 
projetos e estudos ambientais apresentados e a realização de vistorias técnicas, quando 
necessárias; 4-Solicitação de esclarecimentos e complementações pelo órgão ambiental 
competente, integrante do SISNAMA, uma única vez, em decorrência da análise dos 
documentos, projetos e estudos ambientais apresentados, quando couber, podendo haver a 
reiteração da mesma solicitação caso os esclarecimentos e compleme ntações não tenham 
sido satisfatórios; 5- Audiência pública, quando couber, de acordo com a regulamentação 
pertinente. 6- Solicitação de esclarecimentos e complementações pelo órgão ambiental 
competente decorrentes da audiência pública, quando couber, podendo haver reiteração de 
solicitação quando os esclarecimentos e complementações não tenham sidosatisfatórios; 7- 
Emissão de parecer técnico conclusivo e, quando couber, parecer jurídico; 8- Deferimento 
ou indeferimento do pedido de licença, dando-se a devida publicidade. 
 Observações: Deverá constar, no pedido de licenciamento, 
obrigatoriamente, a certidão da Prefeitura Municipal, declarando que o local e o tipo de 
empreendimento ou atividade estão em conformidade com a legislação aplicável ao uso e 
ocupação do solo e, quando for o caso, a autorização para supressão de vegetação e a 
outorga para o uso da água, emitidas pelos órgãos competentes. Também há que se 
observar a norma geral estabelecida quanto aos Zoneamentos ( Zoneamento Ecológico-
Econômico-ZEE-; Zoneamento Industrial, dentre outros ). 
 O procedimento de licenciamento, em geral, tem suas especificidades para o tipo 
de obra ou atividade. Assim, há o Licenciamento próprio para as USINAS 
HIDRELÉTRICAS (UHE); Para MINERAÇÃO; Para GARIMPO; Para 
DESMATAMENTO. 
 COMPETÊNCIA PARA PROCEDER AO LICENCIAMENTO AMBIENTAL. 
 A)-COMPETE AO IBAMA o LICENCIAMENTO AMBIENTAL de 
empreendimentos e atividades com significativo impacto ambiental de âmbito naciona l ou 
regional, a saber: 
 1)- localizadas ou desenvolvidas conjuntamente no Brasil e em país limítrofe; no 
mar territorial; na plataforma continental, na zona econômica exclusiva; em terras indígenas 
ou em unidades de conservação de domínio da União. 
 2)- localizadas ou desenvolvidas em dois ou mais Estados; 
 3)- cujos impactos ambientais diretos ultrapassem os limites territoriais do País 
ou de um ou mais Estados; 
 4)- destinadas a pesquisar, lavrar, produzir, beneficiar, transportar, armazenas e 
dispor material radioativo, em qualquerf estágio, ou que utilizem energia nuclear em 
qualquer de suas formas e aplicações, mediante parecer da Comissão Nacional de Energia 
Nuclear-CNEN; 
 5)- Bases ou empreendimentos militares, quando couber, observada a legislação 
específica. 
 OBS. O IBAMA, ressalvada a sua competência supletiva, poderá DELEGAR 
aos Estados o licenciamento de atividade com significativo impacto ambiental de âmbito 
regional, uniformizando, quando possível, as exigências. 
 BASE LEGAL: RESOLUÇÃO CONAMA 237/97 ( Art. 4º, I a V e § 2º). 
 
 50 
B)- COMPETE AO ÓRGÃO AMBIENTAL DOS ESTADOS E DO DISTRITO 
FEDERAL O LICENCIAMENTO AMBIENTAL dos empreendimentos e atividades: 
 1)- localizados ou desenvolvidos em mais de um Município ou em unidade de 
conservação de domínio estadual ou do Distrito Federal; 
 2)- localizados ou desenvolvidos nas florestas e demais formas de vegetação 
natural de preservação permanente relacionadas no artigo 2º da Lei 4771 de 15 de setembro 
de l965, e em todas as que assim forem consideradas por normas federais, estaduais ou 
municipais; 
 3)- cujos impactos ambientais diretos ultrapassem os limites territoriais de um ou 
mais Municípios; 
 4)- delegados pela União aos Estados ou ao Distrito Federal, por instrumento 
legal ou convênio 
 BASE LEGAL: RESOLUÇÃO CONAMA 237/97, art. 5º I a IV. 
 C) COMPETE AO ÓRGÃO AMBIENTAL MUNICIPAL, o licenciamento 
ambiental de empreendimentos ou atividades de impacto ambiental local e daquelas que lhe 
forem delegadas pelo Estado por instrumento legal ou convênio. 
 BASE LEGAL: RESOLUÇÃO CONAMA 237/97, art. 6º. 
 OBS.: OS EMPREENDIMENTOS E ATIVIDADES SERÃO LICENCIADOS 
EM UM ÚNICO NÍVEL DE COMPETÊNCIA, CONFORME ESTABELECIDO ACIMA. 
( RESOLUÇÃO CONAMA 237/97, art. 7º ). 
 
6.2.2. A LICENÇA AMBIENTAL 
 
Para um autor administrativo a expressão ALVARÁ constitui o gênero do qual 
são espécies o ALVARÁ DE LICENÇA ( definitivo, que não pode ser recusado ) e o 
ALVARÁ DE AUTORIZAÇÃO ( precário, discricionária na sua concessão ). 
 Mais do que simplesmente uma expressão do poder de polícia administrativa 
ambiental, a licença tem duas vertentes essenciais: funciona como a consagração do 
PRINCÍPIO DA PREVENÇÃO, já visto, o qual vai permear toda a ação que envolva 
intervenção no meio ambiente. Outro aspecto, ela embasa a idéia do 
DESENVOLVIMENTO SUSTENTADO, pois, ao lado da prevenção, este é outro princípio 
que pode garantir a qualidade do meio ambiente, aliado à sua perpetuidade. Observe que 
LICENÇA é diferente de LICENCIAMENTO. Este referir-se-á ao procedimento, o qual, 
em geral, se materializa num "processo" administrativo permanente, enquanto a licença é 
conseqüência do Licenciamento e materializa-se num documento administrativo, 
decorrente do ato administrativo da autoridade ambiental. Como Ato Administrativo, 
submete-se aos princípios atinentes a tais atos no direito administrativo. 
 A LICENÇA AMBIENTAL é um documento emitido pela autoridade ambiental 
, no qual os princípios constitucionais quanto ao meio ambiente obrigatoriamente têm que 
ser observado. É de destacar-se que a Constituição exige o ESTUDO PRÉVIO DE 
IMPACTO AMBIENTAL nos casos de obra ou atividade "causadora de significativa 
degradação do meio ambiente"( art. 225, IV ). Vê-se, por exclusão, que poderá existir obras 
e atividades que não causam significativa degradação. Para estas, a licença ambiental 
seguirá os parâmetros fixados pela legislação vigente e outros instrumentos normativos 
inferiores que lhe definam a casuística, sem contudo, necessariamente envolver o EPIA. 
 Utilização dos termos Licença e Autorização. 
 51 
 Em Direito Administrativo são previstos instrumentos de controle, expressos por 
certos tipos de atos administrativos. Assim, como exemplo de instrumento de controle 
prévio, pode-se citar as permissões, autorizações, licenças. Como instrumento de controle 
concomitante, pode-se mencionar a fiscalização. E, finalmente, um exemplo de instrumento 
de controle sucessivo, é o "habite-se". (Milaré) 
 As licenças e autorizações referem-se à outorga de direitos. Para PAULO 
AFFONSO LEME MACHADO, a legislação utilizou equivocadamente a palavra "licença", 
quando deveria ter utilizado a denominação "autorização", tendo havido, portanto, falta de 
rigor técnico. Recorre para fundamentar o seu argumento, numa expressão que utiliza a 
Constituição no artigo 170, parágrafo único. De sua lavra, extrai-se que: “Licença e 
autorização – no Direito brasileiro – são vocábulos “empregados sem rigor técnico”. O 
emprego na legislação e na doutrina do termo “licenciamento” ambiental não traduzir 
necessariamente a utilização da expressão jurídica licença, em seu rigor técnico. Adiante 
assume que: “Empregarei a expressão “licenciamento ambiental” como equivalente a 
“autorização ambiental”, mesmo quando o termo utilizado seja simplesmente 
“licença”.”13 
 Para ÉDIS MILARÉ, ao contrário, o legislador utilizou corretamente o termo 
"licença". Para este autor, a licença é um ato declaratório ao direito pré-existente. A 
"autorização" é ato administrativo discricionário e precário, o que não é o caso da licença, 
especialmente da licença ambiental. 
 Para Celso Antônio Pacheco Fiorillo, a LICENÇA AMBIENTAL deixa de ser 
um ato vinculado para ser um ato com discricionariedade sui generis ( p.63, Curso de 
Direito Ambiental Brasileiro ). 
 Para Paulo Bessa Antunes ( Direito Ambiental ), a licença administrativa possui 
caráter de definitividade, só podendo ser revogada por interesse público ou violação das 
normas legais, mediante indenização. Já a autorização concedida a título precário é 
revogável a qualquer tempo pelo poder autorizante. 
 Pela Resolução 237/1997-CONAMA: 
 Licença Ambiental: "Ato administrativo pelo qual o órgão ambiental 
competente, estabelece as condições, restrições e medidas de controle ambientalque 
deverão ser obedecidas pelo empreendedor, pessoa fïsica ou jurídica, para localizar, 
instalar, ampliar e operar empreendimentos ou atividades utilizadores dos recursos 
ambientais consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras ou aquelas que, sob qualquer 
forma, possam causar degradação ambiental." 
 
6.2.2.1.. TIPOS DE LICENÇA 
 Na obtenção de uma Licença simples, como foi dito acima, estas serão expedidas 
dentro de um procedimento e forma que é estabelecido ora por lei ordinária específica, ora 
por previsão genérica que é detalhada por outros instrumentos normativos. Nas obras ou 
atividades de potencial significativo impacto ambiental, o legislador prevê uma licença 
tripartite, em que cada fase posterior depende do cumprimento das condições da anterior. 
 LICENÇA PRÉVIA ( LP ): concedida na fase preliminar do planejamento do 
empreendimento ou atividade aprovando sua localização e concepção, atestando a 
 
13 MACHADO, Paulo Affonso Leme. Direito Ambiental Brasileiro. 9ª ed. São Paulo: Malheiros, 2001, p. 
250. 
 52 
viabilidade ambiental e estabelecendo os requisitos básicos e condicionantes a serem 
atendidos nas próximas fases do empreendimento. 
 LICENÇA DE INSTALAÇÃO(LI): "autoriza a instalação do empreendimento 
ou atividade de acordo com as especificações constantes dos planos, programas e projetos 
aprovados, incluindo as medidas de controle ambiental e demais condicionantes, da qual 
constituem motivo determinante." 
 LICENÇA DE OPERAÇÃO (LO): "autoriza a operação da atividade ou 
empreendimento, após a verificação do efetivo cumprimento do que consta das licenças 
anteriores, com as medidas de controle ambiental e condicionantes determinados para a 
operação." Em alguns Estados, denomina-se LICENÇA DE FUNCIONAMENTO (LF). 
 
 6.2.2.1.. PRAZO DE VALIDADE DAS LICENÇAS 
 Licença Prévia (LP): Deverá ser no mínimo, o estabelecido pelo cronograma de 
elaboração dos planos, programas e projetos relativos ao empreendimento ou atividade, não 
podendo ser superior a 5 (cinco) anos. 
 Licença de Instalação (LI): deverá ser, no mínimo, o estabelecido pelo 
cronograma de instalação do empreendimento ou atividade, não Podendo ser superior a 6 
(seis anos). 
 Licença de Operação (LO): deverá considerar os planos de controle ambiental e 
será, no mínimo, 4 ( quatro ) anos e, no máximo, 10 (dez) anos. 
 
 6.2.2.2. SUSPENSÃO OU CANCELAMENTO DE UMA LICENÇA 
EXPEDIDA 
 Como visto, mesmo tratando-se de ALVARÁ DE LICENÇA, as normas infra-
legais estabelecem as condições em que este ato definitivo pode ser SUSPENSO OU 
CANCELADO. Por causa desta vinculação, o fundamentos são os que a lei determina que 
possam ser invocados no ato administrativo. 
 A)- Violação ou inadequação de quaisquer condicionantes ou normas legais. 
 B)- Omissão ou falsa descrição de informações relevantes que subsidiaram a 
expedição da licença. 
 C)- Superveniência de graves riscos ambientais e de saúde. 
 
 
 
 
6.2.3. AVALIAÇÃO DE IMPACTO AMBIENTAL(AIA) 
 
Tanto a Avaliação de Impacto Ambiental, quanto o Estudo de Impacto 
Ambiental, espécie do gênero AIA, precedem a concessão das Licenças Ambientais, nos 
caos em que a lei determina. Em alguns casos, mesmo quando a lei não prevê, a 
intervenção do Ministério Público pode direcionar para que tais Estudos sejam feitos. 
Conceito: "Instrumento de política ambiental, formado por um conjunto de 
procedimentos capaz de assegurar, desde o início do programa, que se faça um exame 
sistemático dos impactos ambientais de uma ação proposta ( projeto, programa, plano ou 
política ) e de suas alternativas, e que os resultados sejam apresentados de forma adequada 
ao público e aos responsáveis pela tomada de decisão, e por eles considerados. Além disso, 
 53 
os procedimentos devem garantir a adoção das medidas de proteção do meio ambiente 
determinadas, no caso de decisão sobre a implantação do projeto." (Édis Milaré, Bibl. 
Citada). 
 "Como processo que é, a AIA não deve ser confundida com o EIA - Estudo 
Prévio de Impacto Ambiental, do qual se extrai o RIMA - Relatório de Impacto Ambiental. 
 A avaliação de impacto ambiental também não se confunde com a figura dos 
ESTUDOS AMBIENTAIS ( " são todos e quaisquer estudos relativos aos aspectos 
ambientais relacionados àlocalização, instalação, operação e ampliação de uma atividade ou 
empreendimento, apresentado como subsídio para a análise da licença requerida tais como: 
relatório ambiental, plano e projeto de controle ambiental, relatório ambiental preliminar, 
diagnóstico ambiental, plano de manejo, plano de recuperação de área de grada e análise 
preliminar de risco. 
 O EIA/RIMA como os Estudos Ambientais em geral, subsidiam a Avaliação de 
Impacto Ambiental. 
 
 
 
6.2.4. ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL - E.I.A. E O 
RELATÓRIO DE IMPACTO SOBRE O MEIO AMBIENTE/R.I.M.A. 
1415 
 
1)-Conceito 
 1.1.)- "Um estudo das prováveis modificações nas diversas características 
socioeconômicas e biofísicas do meio ambiente que podem resultar de um projeto 
proposto". 
 1.2.)- "Um dos elementos do processo de avaliação de impacto ambiental. Trata-
se da execução, por equipe multidisciplinar, das tarefas técnicas e científicas destinadas a 
analisar, sistematicamente, as conseqüências da implantação de um projeto no meio 
ambiente, por meio de métodos de AIA e técnicas de previsão dos impactos ambientais. O 
estudo realiza-se sob a orientação da autoridade ambiental responsável pelo licenciamento 
do projeto em questão, que, por meio de instruções técnicas específicas, ou termos de 
referência, indica a abrangência do estudo e os fatores ambientais a serem considerados 
detalhadamente" ( Édis Milaré, bibliografia indicada). É um documento científico 
complexo. 
 
 2)-Objetivo 
 "O objetivo central do EIA é simples: evitar que um projeto (obra ou atividade ), 
justificável sob o prima econômico ou em relação aos interesses imediatos do seu 
proponente, se revele posteriormente nefasto ou catastrófico para o meio ambiente". 
 3)- Condicionamentos básicos: 
 A)-Transparência administrativa 
 B)-Consulta aos interessados 
 
14 Grande parte destas anotações apóiam-se em MACHADO, Paullo Afonso Leme. Curso de Direito 
Ambiental brasileiro. São Paulo, Malheiros, ___ . 
15 a maioria das informações atinentes ao A.I.A. e ao E.I.A./R.I.M.A. é baseada em Paulo Affonso Lemme 
Machado, na obra mencionada na bibliografia. 
 54 
 4)-Previsão Constitucional e Infraconstitucional 
 Art. 225, § lº, IV 
 Resolução 00 1/86 Do CONAMA; Resolução 006/86 do CONAMA; Resolução 
23 7/97 do CONAMA. 
 5)-DESTAQUES: 
 1)- Deve ser anterior à autorização da obra e/ou autorização da atividade. O 
Estudo não deve ser concomitante nem posterior à obra ou atividade. A cada licenciamento 
da atividade poder-se-á exigir um novo estudo. 
 2)- O EIA deve ser exigido pelo poder público. A Constituição não prevê 
casuisticamente os casos de aplicação do estudo; deixa tal para a legislação ordinária. 
 3)- Há diferença, pela Constituição, de " instalação de obra" e "funcionamento de 
atividade 
 É a primeira Constituição do mundo que prevê o EPIA, o que é uma conquista, 
pois o legislador ordinário ( e, por extensão, o poder executivo e o poder judiciário ) não 
poderão abrandar a exigência constituciona l. (discussão) 
 4)- O EIA temcomo uma de suas características a publicidade. A Constituição 
não aboliu o segredo industrial e comercial. 
 Deixar o estudo à disposição do público não é cumprir o preceito constitucional ( 
dará publicidade: publicar ) ainda que em resumo em órgão de comunicação adequado. 
(discussão). 
 
FINANCIAMENTO DE OBRAS OU ATIVIDADES E O EIA 
 O Decreto 99.274/90 preconiza: " as entidades governamentais de financiamento 
ou gestora de incentivos, condicionarão a sua concessão à comprovação do licenciamento 
previsto neste regulamento" (Art. 23). 
 Para licenciar, é necessário o EIA ( BB S/A, CEF, BNDE, ETC. deverão 
averiguar se o estudo referido foi realizado). 
 A omissão do EIA torna o procedimento ilegal e passível de anulação pelo poder 
judiciário.O Decreto Federal 88.351/83 obriga os órgãos federais a comunicar aos órgãos 
financiadores as infrações de implantação e operação sem licença. A não comunicação 
implica em responsabilização funcional ( art. 20. § 3º) 
 
 Função e natureza jurídica do EIA 
 E um dos instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente (Lei 6938, art. 9º 
III) 
 As verificações e análises do EIA terminam com um juízo de valor, ou seja, uma 
avaliação favorável ou desfavorável do projeto. Não se admite um estudo que se abstenha 
de emitir a avaliação do projeto. 
 É um procedimento público, embora efetuado por uma equipe multidisciplinar 
sob encomenda do proponente do projeto, sendo imprescindível a intervenção inicial do 
órgão público ambiental desde o início do procedimento ( art. 5º, § único e 11, § único da 
Resolução 001/86 CONAMA e 006/86 idem). 
 É competência do CONAMA estabelecer normas gerais sobre o EIA. Art. 8º, 1- 
Compete ao CONAMA " Estabelecer normas e critérios para o licenciamento de atividade 
efetiva ou potencialmente poluidora." 
 Não há invasão de autonomia do Estado a fixação pelo CONAMA ( competência 
comum, art. 24, VI da Constituição ). Estabelecer normas não é licenciar. 
 55 
 COMPETÊNCIA DOS ESTADOS E MUNICÍPIOS E O EIA 
 Os Estados e Municípios podem complementar as normas federais, em vista de 
suas peculiaridades. 
 ABRANGÊNCIA DO EIA 
 A relação da Resolução 001/86 e 237/97 CONAMA é exemplificativa. Art. 2º: 
"Atividades modificadores do meio ambiente, tais como... 
 CONTEÚDO DO EIA 
 "O estudo de impacto ambiental compreende, no mínimo: a descrição do projeto 
e suas alternativas, nas etapas de planejamento, construção, operação e, quando for o caso, 
desativação; a delimitação e o diagnóstico ambiental da área de influência; a identificação, 
a medição e a valorização dos impactos; a comparação das alternativas e a previsão de 
situação ambiental futura, nos casos de adoção de cada uma das alternativas, inclusive no 
caso de não se executar o projeto; a identificação das medidas mitigadoras e do programa 
de monitoragem dos impactos; a preparação do relatório de impacto ambiental-RIMA." 
 1)- Há diferenças entre o EIA E O RIMA. 
 O Estudo é de maior abrangência e o engloba. 
 O EIA compreende: o levantamento da literatura científica e legal pertinente; 
trabalho de campo; análise de laboratório; redação do relatório. 
 O RIMA refletirá as conclusões do EIA. O EIA precede ao RIMA e é o seu 
alicerce de natureza imprescind ível. 
 O conteúdo vincula tanto o órgão público como a equipe multidisciplinar. 
 2)-Área de Influência do Projeto 
 Art. 5º, III, Res. 001/86 CONAMA: "a bacia hidrográfica na qual se situará o 
projeto". 
 3)- PLANOS E PROGRAMAS GOVERNAMENTAIS.. ZONEAMENTO 
AMBIENTAL 
 Art. 9º, § Lei 6938/81. Art. 6º, 1, b. Idem. 
 Lei 6.803/80. Caberá exclusivamente à União, ouvidos os Governos Estaduais e 
Municipais, aprovar a delimitação e autorizar a implantação de zonas estritamente 
industrial, que se destinem a pólos petroquímicos, cloroquímicos, bem como as instalações 
nucleares e outras definidas em lei. (Art. 10, § 2º) 
 4)-Alternativas 
 Decreto federal 99.274/90 diz que conterá a descrição proposta e suas 
alternativas (art. 17, § 10, b). 
 Resolução 001/86 CONANIA: "contemplará todas as alternativas tecnológicas e 
de localização, confrontando-as com a hipótese de não executar o projeto." 
 5)-Descrição Inicial do Local: 
 Estudar a área antes da implantação do projeto, abrangendo o estudo do meio 
físico, biológico ( ecossistemas naturais ) e o sócio -econômico (Decreto 88.351/83; Art. 6º 
Res. 001/86 CONAMA). 
 6)-Identificação e Avaliação dos Impactos Ambientais do Projeto. 
 Art. 17, § 1º, c, Decreto. 99.274/90 Art. 50 Res.001/86 CONAMA, art. 6º). 
 7)- MEDIDAS PARA CORRIGIR OS IMPACTOS AMBIENTAIS 
DESFAVORÁVEIS 
 Art. 6º, III, Resolução 001/86 CONAMA. 
 8)-Impactos desfavoráveis e previsão no orçamento 
 56 
 O decreto federal 95.733 12.2.88, preconiza: "identificados efeitos negativos de 
natureza ambiental, cultural e social, os órgãos e entidades federais incluirão no orçamento 
de cada projeto ou obra, dotação correspondente, no mínimo, a 1% do mesmo orçamento 
destinado à prevenção ou correção desses efeitos" (Art. § único). Os projetos ou obras em 
execução ou em planejamento serão revistos para se adaptarem). 
 9)- Medidas Compensatórias 
 Art. 6º, III, Resolução 0O1/86-CONAMA. Art. 9º. VI. Prevê a compensação do 
dano ambiental provável, caso não possam ser mitigadas. A compensação é uma forma de 
indenização. Mesmo que não fosse previsto no EIA, ela é devida pelo princípio da 
responsabilidade objetiva ambiental (art. 14, lei 6938/81). 
 A reparação de danos ambientais causados pela destruição de florestas e demais 
ecossistemas no momento do licenciamento ambiental: Resolução 02/86 CONAMA. Como 
será: Implantação de uma Unidade de Conservação de uso indireto, preferencialmente uma 
Estação Ecológica, a critério do órgão licenciador, ouvido o órgão empreendedor ( art. 1º). 
 § 1º Outras medidas: para as já existentes. 
 O EIA/RIMA apresentará proposta alternativa. 
 10)-Medidas em Caso de Catástrofe 
 Não é mencionada na Resolução 001/86 CONAMA. 
 Catástrofe: " um acontecimento extraordinário, incontrolado e extremo, que 
requer uma ação urgente para combatê- lo ou reduzir seus efeitos desastrosos ou muito 
perigosos para a população, os bens e propriedades e ou ambiente natural ou construído, 
manifestando-se subitamente ou desenvolvendo com certa velocidade."(Noruega, Suíça, 
México ). Previsão do uso da defesa civil em caso de acidente; hospitalização das vítimas; 
alojamento; alarme;etc. 
 Estaria incompleto o EIA que ignorasse a questão. 
 11)-DISTRIBUIÇÃO DOS ÔNUS E BENEFÍCIOS SOCIAIS DO PROJETO 
 Não dispensa aspectos econômicos. Identificam-se os prejuízos e as vantagens. 
Art.6º,II Resolução 001/86 CONAMA: médio e longo prazo ( nº empregos; distância do 
projeto às moradias; necessidade de migração,etc.) 
 12)- ANALISE DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTADO 
 O princípio do Desenvolvimento Sustentado explicitado nos princípios 3 e 4 da 
Declaração do Rio ( denominada popularmente de ECO/92 ): o direito ao desenvolvimento 
deve ser exercido de tal forma que responda eqüitativamente às necessidades ambientais e 
de desenvolvimento das gerações presentes e futuras" (nº.3). 
 "A fim de alcançar o desenvolvimento sustentado a proteção do meio ambiente 
deve constituirparte integrante do processo de desenvolvimento e não pode ser considerado 
de forma isolada". 
 13)- Análise Jurídica do Projeto 
 A legislação federal não expressou com clareza a necessidade de se incluir uma 
análise jurídica do EPIA, mas tudo indica que deve ser feita. 
 14)- O proponente do Projeto 
 Expressão mais ampla do que requerente do licenciamento. Incluem-se entre as 
obrigações do proponente as despesas de acompanhamento e monitoramento dos impactos 
(art. 80 Resolução 001/86 CONAMA). A intervenção do órgão público ambiental é 
necessária. 
 15)-Extinção da equipe multidisciplinar e responsabilidade civil e penal do 
empreendedor. 
 57 
 Legislação atual.: Decreto 99.274 de 6/6/90. Art. 17,§ 2º: O EIA será realizado 
por técnicos habilitados e constituirá o RIMA, correndo as despesas à conta do proponente 
do projeto" Resolução 236/97: A responsabilidade pela elaboração do EIA é do 
empreendedor. " No regime de responsabilidade objetiva ou sem culpa (Lei 6.938/81, art. 
14, § 10) não interessa apurar se os técnicos agiram com dolo ou com negligência, 
imperícia ou imprudência na elaboração do estudo. 
 Pelas omissões e erros responde civilmente, de forma direta, o empreendedor ou 
proponente do projeto, através do seu patrimônio. 
 O empreendedor responde criminalmente pela idoneidade do EPIA ou de 
qualquer outro documento em que informa a Administração Pública. (Pena: Lei 9.605/98, 
art. 68). 
 16)- PARTICIPAÇÃO DO PÚBLICO E PUBLICAÇÃO Um dos mais 
importantes aspectos do EIA/RIMA. 
 Deve haver a possibilidade de serem emitidas opiniões por pessoas e entidade 
que não sejam o proponente do projeto, a equipe multidisciplinar e a administração. 
 Princípio 10 da Declaração do Rio: "A melhor maneira de tratar questões 
ambientais é assegurar a participação, no nível apropriado, de todos os cidadãos 
interessados." 
 
17)-PEDIDO DO PROPONENTE DO PROJETO E COMUNICAÇÃO PELA 
IMPRENSA 
 Lei 6.938/81, art. 10, § 1º. Forma: Resolução 006/86-CONAMA. A população 
tem o direito de tomar conhecimento acerca de uma atividade pretendida ou de uma obra 
projetada e se irá ser realizado um EIA. 
 A população poderá acompanhar a realização do Estudo, impugnar, desde a 
contratação, a equipe multidisciplinar e, também, tentar preparar-se para a fase de 
comentários e de audiência pública. 
 18)-ACESSO AO RIMA E SIGILO 
 Decreto 88.351/83, art. 18, § 3º Res. 001/86 CONAMA, art. 11.. 
 Respeitado o sigilo... 
 Fundamento Constitucional da publicidade: Art. 225, IV, Art. 5º, XXXIV- Art. 
11, Res.001/86 CONAMA. 
 Estende-se ao RIMA Municipal. 
 Proponente: obrigado a fornecer 5 cópias do RIMA à Administração Pública 
ambiental (art. 80 Resolução 001/86 CONAMA). 
 19)- FASE DE COMENTÁRIOS 
 1)-Quem pode comentar? 
 a)- qualquer pessoal (nacional ou estrangeiro) b)- associações ambientais; c)- 
associação sem finalidade ambiental, sindicatos, universidades, partidos políticos, tribos 
indígenas, Ministério Público e Organismos da administração direta e indireta (federal, 
estadual ou municipal). 2)-Forma: os comentários são escritos. 
 3)-Comunicação da fase de abertura da fase de comentários: 
 Previsão legal: Resolução 001/86 CONAMA, art.11, § 2º. Resolução 006/86. Lei 
6938/81, art. 10, § 3º 
 4)-Prazo: não previsto em lei. Bahia: 45 dias. 
 20)-Audiência Pública 
 1)-Previsão legal: Resolução 001/86 CONAMA, art. 11, § 2º. Resolução 09/87. 
 58 
 2)-Finalidade da audiência Pública 
 Resolução 09/87 CONAMA, art. 1º. 
 3)- Convocação: 
 a)- Nos Estados em que a legislação faz sua previsão obrigatória. Ex.: São Paulo, 
Goiás (art. 132, § 3º), Pernambuco. 
 b)- Obrigatória ( Resolução 09/87), quando requerida por: 
 Entidade Civil, Ministério Público ou 50 ou mais cidadãos. Quando tal ocorrer, 
deverá ser comunicado por correspondência registrada. 
 A solicitação apresentada vinc ula a administração (Pena Res. 09/87 -CONAMA, 
art. 20, § 2º. 
 
4)- Designação 
 A direção caberá ao órgão licenciador. 
 Art. 3º, Resolução 09/87 (CONAMA) 
 Após a exposição objetiva do projeto e do seu respectivo RIMA, serão abertas as 
discussões. 
 Aspectos: a)- deve ser objetiva (não envolver sentimentos pessoais, nem tomar 
partido); b)- não especifica quem faz a exposição; c)-a exposição deve versar não só sobre 
o RIMA, mas sobre o EPIA. Registro: será lavrada Ata sucinta ( sem prejudicar a 
veracidade ). Todos os documentos serão anexados à ata. Poderá ser repetida. 
 A audiência pública é a última grande etapa do EPIA. Juntamente com as fases 
anteriores, servirá de base para " análise e parecer final". A audiência é requisito formal 
essencial. 
 21)- MECANISMO DE CONTROLE 
 a)-Controle comunitário: audiências públicas, denúncia, manifestações, 
contraperitagem ( contra-estudo de impacto ambiental). 
 b)-controle administrativo 
 Estabelecimento de diretrizes ou termos de referências específicos para o 
empreendimento que vai ser avaliado. 
 c)-controle judicial 
 Diversas instâncias judiciárias: ação civil pública ou ação popular constitucional. 
Tanto os vícios materiais (conteúdo inadequado, por ex. ), como os vícios formais (não 
realização de audiência pública), permitem impugnação judicial. 
 
6..2.6. ZONEAMENTO AMBIENTAL E ESPAÇOS 
ESPECIALMENTE PROTEGIDOS16 
 ZONEAMENTO AMBIENTAL- É um instrumento de planejamento, 
normalmente preventivo, que possibilita a ocupação e uso do espaço de maneira a conduzir 
ao desenvolvimento sustentável e à preservação do meio ambiente. 
 CONCEITO: " objetiva disciplinar de que forma será compatibilizado o 
desenvolvimento industrial, as zonas de conservação da vida silvestre e a própria habitação 
do homem, tendo em vista sempre, como já frisado, a manutenção da vida com qualidade às 
presentes e futuras gerações" (Fiorillo). 
 
16 A maioria das informações atinentes ao Zoneamento Ambiental é baseada em Celso Antônio Pacheco 
Fiorillo, na obra mencionada na bibliografia. 
 59 
 O Zoneamento deve ser conseqüência do planejamento. Devem ser estabelecidos 
ao nível federal, estadual e municipal. 
 Base normativa: artigo 21, IX, Constituição Federal. 
 É da competência da União "elaborar e executar planos nacionais e regionais de 
ordenamento do território e de desenvolvimento econômico e social." No mesmo sentido, o 
ESTATUTO DA CIDADE legisla: "Compete à União: " elaborar e executar planos 
nacionais e regionais de ordenação do território e de desenvolvimento econômico e social." 
(Art. 3º, V); 
 Há áreas em que a competência da União é exclusiva. Assim, caberá 
exclusivamente a União, ouvidos os governos estaduais e municipais, aprovar a delimitação 
e autorizar a implantação de zonas estritamente industrial, que se destinem a pólos 
PETROQUÍMICOS, CLOROQUÍMICOS, bem como as INSTALAÇÕES NUCLEARES E 
OUTRAS DEFINIDAS EM LEI." (Lei 6938/81, art. 10, § 2º) 
 Tipos de Zoneamento: 
 Há Zoneamento Industrial, Zoneamento Agro-Ecológico, etc. Zoneamento para 
Pesquisa Ecológica; Zoneamento em Áreas de Proteção Ambiental; Zoneamento em 
Parques Públicos. No caso dos municípios com mais de 20 mil habitantes, é obrigatório 
elaborar o PLANO DIRETORDA CIDADE ( Art. 182, § 1º), que encerra em si diversos 
zoneamentos ( uso permitido do solo), sobretudo os zoneamentos ambientais no espaço 
urbano. 
 6.2.6.1. ZONEAMENTO AMBIENTAL URBANO 
 
Base normativa: art. 182, § 1º da Constituição Federal. 
 Plano Diretor: Traça a política de desenvolvimento e expansão urbana.. Em tal 
instrumento, determina-se "zonas de uso, em que se estabelecem as modalidades de 
ocupação e uso do solo" (Luís Carlos da Silva Moraes). 
 "O plano diretor, aprovado por lei municipal, é o instrumento básico da política 
de desenvolvimento e expansão urbana." ( Art. 40, Estatuto da Cidade). 
 Exemplos de tal ordenamento: 
 a)- zona de uso estritamente residencial; 
 zona de uso predominantemente residencial; c)- zona de uso misto; 
 d)- zona de uso estritamente industrial; 
 e)- zona de uso preponderantemente industrial; zona de uso comercial; 
 g)- zona de uso de serviços; 
 li)- zona de uso institucional ( educação, saúde, lazer, espore, cultura, culto e 
serviço público). 
 Dois campos em que o município deve respe itar a regra geral federal: 
 A)-FLORA ( Lei 4.771/65, Código Florestal, art. 2º). Em que o PLANO 
DIRETOR ou a LEI DE USO DO SOLO editadas pelo município tem que respeitar. 
Discussão: quem pode autorizar a supressão da vegetação em área de preservação 
permanente? 
 B)- INDÚSTRIA: Zoneamento Industrial federal ( Decreto 76.389/75, 
modificado pela lei 6.803/80). 
 Com a entrada em vigor do ESTATUTO DA CIDADE. Lei 10.257 de 
10/07/2001, foi regulamentada a EXECUÇÃO DA POLÍTICA URBANA, especialmente 
voltada para o uso da propriedade em "prol do bem coletivo, da segurança e do bem-estar 
 60 
dos cidadãos, bem como do equilíbrio ambiental." (Parágrafo único do Estatuto da Cidade). 
Diretrizes gerais: 
 a)- Garantir o direito a CIDADES SUSTENTÁVEIS; b)- princípio da 
responsabilidade intergerações; 
 c)- Gestão democrática; 
 d)- atendimento ao interesse social; 
 e)- planejamento do desenvolvimento das cidades; 
 f)- oferta de equipamentos urbanos; 
 g)- ordenação e controle do uso do solo; 
 li)- integração urbano-rural; 
 i)- padrões de produção e consumo compatíveis com os limites da 
sustentabilidade ambiental; 
 j)- proteção, preservação e recuperação do meio ambiente natural e construído; 
 i)- regularização fundiária, dentre outros. 
 
 
NOVIDADES DO ESTATUTO DA CIDADE: 
 
As regrs ambientais são de aplicação geral. Muitas delas tem um caráter 
eminentemente rural, misturando-se aspectos do Direito Ambiental com o Direito Agrário. 
De outro lado, ao tempo que existem regras mais abrangentes, existem regras mais 
específicas para o meio ambiente urbano. Neste sentido, há uma interface entre o Direito 
Ambiental urbano e o Direito Urbanístico. Hoje o instrumento básico que prevê as normas 
atinentes ao Meio Ambiente Urbano é o denominado Estatuto da Cidade. No propósito 
deste trabalho, enumeramos as inovações trazidas pela Lei 10.257/2001: 
 a)- criou o Estudo de Impacto de Vizinhança (E.I.V.), junto ao órgão competente 
do poder público municipal. Obs.: Não dispensa o EIA/RIMA. 
 b)- parcelamento, edificação ou utilização compulsório do solo urbano; 
 c)- Usucapião especial de imóvel urbano (250 m2, posse de 5 anos ininterrupto e 
sem oposição; para sua morada e da família); 
 d)- usucapião especial coletivo de imóvel urbano (c e d , pode ter como 
substituto processual a associação de moradores da comunidade e a intervenção obrigatória 
do Ministério Público, rito sumário). 
 e)- direito de superfície 
 f)- direito de preempção ao poder público municipal, etc. 
 
6.2.6.2.. ZONEAMENTO AMBIENTAL RURAL 
 
Nível MACRO: ZONEAMENTO ECOLÓGICO-ECONÔMICO 
 Previsto no artigo 225, § 1º, inciso III.O que é? "O Zoneamento Ecológico-
Econômico é um instrumento para racionalização da ocupação dos espaços e de 
direcionamento de atividades. Ele deve servir de subsídio a estratégias e ações para a 
elaboração e execução de planos regionais em busca do desenvolvimento sustentável." 
"torna-se um importante instrumento para subsidiar a formulação de políticas territoriais da 
União, Estados e Municípios, orientando os diversos níveis decisórios na adoção de 
políticas convergentes com as diretrizes de planejamento estratégico do país. Busca, assim, 
conservar o capital natural e diminuir os riscos dos investimentos."28 
 61 
 Competência: Ministério do Meio Ambiente ( Lei 9.649/98, artigo 14, inciso 
XII). Atualmente, são os seguintes os órgãos envolvidos em um CONSÓRCIO DE 
ATUAÇÃO: SECRETARIA DE POLÍTICAS PARA O DESENVOLVIMENTO 
SUSTENTÁVEL -SDS- IBAMA-MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE; CPRM -
SERVIÇO GEOLÓGICO DO BRASIL-MME; EMBRAPA-MINISTÉRIO DA 
AGRICULTURA E DO ABASTECIMENTO; IBGE-MINISTÉRIO DO 
PLANEJAMENTO, ORÇAMENTO E GESTÃO; INPE-MINISTÉRIO DA CIÊNCIA E 
TECNOLOGIA. 
 Está sendo realizado por Estados, levando em conta as peculiaridades de cada 
região geográfica. 
Nível MÉDIO: CLASSIFICAM-SE EM ÁREAS PÚBLICAS E PRIVADAS. 
 Realizado o mapeamento nacional, identifica-se em toda a área do levantamento 
as de domínio público e as de domínio privado. 
 Por exemplo: 
 PARQUES NACIONAIS ( Regulamentação: Decreto 84.017/79). Somente em 
área pública. 
 ESTAÇÕES ECOLÓGICAS ("serão criadas pela União, Estados e Municípios, 
em terras de seus domínios, definido no ato de criação, seus limites geográfico e o órgão 
responsável pela sua administração (Lei 6902/81) 
 BENS PÚBLICOS DOMINICAIS (Art. 66,111, C.C.) 
 DEMAIS AREAS PÚBLICAS: União ( art. 20, CF). Bens dos Estados (Art. 26, 
C.F.) 
 ESPAÇOS ESPECIALMENTE PROTEGIDOS 
 Compete ao poder público o dever de definir, em todas as unidades da federação, 
espaços territoriais e seus componentes a serem especialmente protegidos, sendo a alteração 
e a supressão permitidos somente através de lei, vedada qualquer utilização que 
comprometa a integridade dos atributos que justifiquem a sua proteção." (Art. 225, III da 
Constituição Federal). 
 
AS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO 
 
CONCEITO: " O espaço territorial e seus componentes, incluindo as águas 
jurisdicionais, com características naturais relevantes, legalmente instituído pelo Poder 
Público, com objetivos de conservação e limites definidos sob o regime especial de 
administração, ao qual se aplicam garantias especiais de proteção." 
 São criadas por atos do poder público. 
 Base normativa: Lei 9.985 de 18/07/2000. 
 Quanto a PROTEÇÃO, dividem-se em: 
 
 1) UNIDADES DE PROTEÇÃO INTEGRAL 
 Destina-se a preservar a natureza, sendo admitido apenas o uso indireto dos 
recursos naturais. Visa a "manutenção dos ecossistemas livres de alterações causadas por 
interferência humana, admitido apenas o uso indireto dos seus atributos naturais." 
 Obs.: Uso indireto: "aquele que não envolve consumo, coleta, dano ou 
destruição dos recursos naturais." 
 2)- UNIDADES DE USO SUSTENTÁVEL 
 Objetiva promover e assegurar o uso sustentável dos recursos naturais. 
 62 
 Localização: áreas públicas ou privadas. 
 "Por terem atributos ambientais, merecem um tratamento diferenciado e especial, 
porque assim declarados, sujeitar-se-ão ao regime jurídicode interesse público" (Fiorillo). 
 São de uso direto: "aquele que envolve coleta e uso, comercial ou não, dos 
recursos naturais." 
 SISTEMA NACIONAL DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO - SNUC - 
 SNUC: "é o conjunto organizado de áreas naturais protegidas ( unidades de 
conservação federal, estadual e municipal) que, planejado, manejado e gerenciado como um 
todo, será capaz de viabilizar os objetivos nacionais de conservação." 
 A)- UNIDADES DE CONSERVAÇÃO DE USO 
 INDIRETO: Estão totalmente vedadas à exploração dos recursos naturais, 
admitindo-se apenas o aproveitamento indireto dos seus benefícios. Usos permitidos: 
conservação da biodiversidade, pesquisa científica, educação ambiental e recreação. Alguns 
exemplos: 
 1)- ESTAÇÕES ECOLÓGICAS 
 Áreas representativas de um ou vários ecossistemas brasileiros. Características: 
preservação da natureza e a realização de pesquisas científicas. Posse e domínio públicos. 
Visitação só com objetivo educacional. 
 EE.ANAVILHANAS, DO JARI, 
 GUARAQUEÇABA, DO TAIM, TUPINAMBÁS, ETC. 
 2)- PAROUES NACIONAIS. ESTADUAIS E MUNICIPAIS 
 Características: preservação de ecossistemas naturais de grande relevância 
ecológica e beleza cênica. De posse e domínio público. 
 O Brasil possui 40 PARQUES NACIONAIS. 
 GOlÁS: 
 PARQUE NACIONAL DAS EMAS (PARNA/EMAS) - ( Mineiros e 
Chapadão do Céu ). 580 km de Goiânia. 
 Ecossistema protegido: Cerrado em todas as suas subfisionomias. 
 PARQUE NACIONAL DA CHAPADA DOS VEADEIROS 
(PARNA/CHApADA DOS VEADEIROS) -( Cavalcante e Alto Paraíso). Cerrado, 
incluindo campos rupestres. Área atual: Ampliada pelo Decreto de 27 de setembro de 2001 
( Decreto de criação 49.875 de 11 de janeiro de l961 ). 
 PARQUE ESTADUAL DA SERRA DE CALDAS NOVAS (PESCAN). (Caldas 
Novas). Protege o cerrado e a serra de Caldas onde ocorre o fenômeno das águas quentes. 
 3)- RESERVAS BIOLÓGICAS (REBIOS) 
 Áreas delimitadas com a finalidade de conservação e proteção integral da flora e 
fauna, sendo proibida qualquer forma de exploração de seus recursos naturais. 
Características: visitação, só com objetivo educacional. Posse e domínio públicos. 
 Ex.: REBIO POÇO DAS ANTAS, ATOL DAS ROCAS, GUAPORÉ, 
SOORETAMA. 
 4)- MONUMENTOS NATURAIS 
 Objetivo básico de preservar sítio naturais, singulares ou de grande beleza 
cênica. Pode ser constituído por áreas particulares. 
 B)- UNIDADES DE CONSERVAÇÃO DE USO DIRETO: 
 1)- AREA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL-APA 
 Característica: área extensa. Constituída por terras públicas e particulares. 
Disporá de um conselho presidido pelo órgão responsável por sua administração. 
 63 
 Legislação pertinente: Lei 9985/2000, art. 15 e Art. 15 § 1º ao 5º; e Decreto 
4340/2002, dentre outras. 
 Em Goiás: 1)- APA DAS NASCENTES DO RIO VERMELHO ( Buritinópolis, 
damianópolis, Mambaí e Posse ), com área aproximada de 176.159,00 ha. 
 2) - ÁREA DE RELEVANTE INTERESSE ECOLÓGICO - ARIE - 
 Extensão inferior a 5.000 ha. Pequena ou nenhuma ocupação humana. 
 Característica: área de pequena extensão. Constituídas por terras públicas e 
particulares. 
 3)- FLORESTAS NACIONAIS. ESTADUAIS E MUNICIPAIS - FLONAS - 
 Área de cobertura vegetal predominantemente nativa. Uso múltiplo sustentável. 
Ênfase no método para exploração sustentável de floresta nativa. Posse e domínios 
públicos. Disporá de um Conselho Consultivo, presidido pelo órgão responsável por sua 
administração. Em Goiás existe a FLONA de Silvânia. 
 
4)- RESERVA EXTRATIVISTA 
 Característica: De domínio público, com uso concedido às populações 
extrativistas tradicionais. Geridas por um Conselho Deliberativo. São proibidas a 
exploração dos recursos minerais e a caça amadorista ou profissional. 
 
 5)- RESERVA DE FAUNA 
 Posse e domínio públicos. Proibido o exercício da caça amadorista e 
profissional. 
 6)- RESERVA PARTICULAR DO PATRIMONIO NATURAL - RPPN - 
 "As Reservas Particulares do Patrimônio Natural, também conhecidas como 
RPPNs, são áreas de conservação da natureza em proriedades privadas. A existência de 
uma RPPN é um ato de vontade, o proprietário é que decide se quer fazer de sua 
propriedade, ou de parte dela, uma RPPN, sem que isso acarrete perda do direito de 
propriedade. 
 Atualmente, apenas 3,7% do território nacional é protegido por áreas de 
conservação da natureza, como parques (nacionais, estaduais ou municipais ), reservas 
biológicas e estações ecológicas. Essas terras são de propriedade da União, do Estado ou do 
Município, estando, porém, a maioria das áreas ainda bem conservadas no Brasil nas mãos 
dos proprietários particulares. A RPPN é uma forma dos proprietário contribuírem para a 
preservação do meio ambiente em nosso país." 
 Usos permitidos: educação ambiental, pesquisa e turismo ecológico. 
 Decreto Federal 98.914/90. Decreto 1992/96. 
 Características: área privada, gravada com perpetuidade, com objetivo de 
conservar a diversidade biológica. Discussão: proteção integral ou uso sustentável. 
 C)- RESERVAS DA BIOSFERA : Art. 41 da Lei 9985/2000 e art. 41 a 45 do 
Decreto 4340/2002. Modelo adotado internacionalmente (UNESCO) de gestão integrada, 
participativa e sustentável dos recursos naturais. 
 
 
 
 
 
 64 
6.3)- DA TUTELA ADMINISTRATIVA ATRAVÉS DA 
APURAÇÃO E SANÇÃO DAS INFRAÇÕES ADMINISTRATIVAS 
AMBIENTAIS 
 
6.3.1)- DAS INFRAÇÕES ADMINISTRATIVAS AMBIENTAIS (I.A.A.) 
 - Considerações 
 Art. 70 da Lei 9.605/98:"toda ação ou omissão que viole as regras jurídicas de 
uso, gozo, promoção, proteção e recuperação do meio ambiente." 
 1)- São impostas aos infratores pelos próprios órgãos da administração direta e 
indireta da União, Estados, D.F. e Municípios atuantes na área ambiental. As civis e penais 
são apuradas e sancionadas pelo judiciário. 
 2)- É uma das mais importantes expressões do poder de polícia conferido à 
Administração Pública. Foi visto que o Poder de Polícia tem como atributos a 
discricionariedade, auto-executoriedade e a imperatividade. 
 3)- Mesmo sendo a expressão do Poder de Polícia, tanto a apuração como a 
sanção pautam-se pelo princípio da legalidade. Tanto a conduta infracional, como a 
correspondente sanção reclamam expressa previsão legal, pois: "ninguém será obrigado a 
fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei ( Constituição Federal, art. 5º, 
II ). 
 Não se caracteriza apenas pela inobservância de normas e padrões específicos, 
mas também pelo resultado danoso. 
 Ex.: poluição é degradação que se tipifica pelo resultado danoso, independente 
da inobservância de regras ou padrões específicos ( art. 3º, III Lei 6.938/81 ). 
 Decreto 3.179/99: 
 4)-A grande maioria das infrações administrativas repete os tipos penais da lei. 
Crítica: poucas são as infrações definidas no regulamento que não sejam idênticas aos tipos 
criminais. 
 Os Estados poderão definir melhor as infrações administrativas. 
 II)- Base Legal 
 Constitucional: Art. 23, que atrib ui competência administrativa para a União, 
Estados, D.F. e Municípios cuidarem do meio ambiente. 
 Infra-Constitucional: Lei 9605/98 ( Lei dos Crimes Ambientais), arts. 70-79-A; 
Decreto 3l79/99: Regulamentação dasinfrações administrativas ambientais ( 62 artigos ). 
 III)- Competência para apuração das IAA: 
 Competência comum dos Órgãos Ambientais integrantes do SISNAMA. No 
caso, aos agentes designados para as atividades de fiscalização de tais órgãos, bem como os 
agentes das Capitanias dos Portos do Ministério da Marinha ( Art. 70, § 1º ). Cada órgão 
ambiental deverá ter uma carreira própria para o exercício desta atividade. Na esfera 
federal, o IBAMA, pela lei citada quando foi tratado do Delineamento Institucional, 
estabeleceu ser função fiscalizaçatória uma atividade dos ANALISTAS AMBIENTAIS, 
técnicos de formação superior, necessariamente com formação nas áreas que os Conselhos 
profissionais permitem sua atuação. Na realidade, o IBAMA, justificando por vário s 
expedientes, baixou Portaria delegando tal atribuição a outros titulares de cargos e função, 
afigurando-se uma desvio de função e uma atuação eivada de incompetência administrativa 
aos servidores que não sejam ANALISTAS AMBIENTAIS. Atualmente houve nova 
 65 
modificação, remetendo apenas aos Técnicos Ambientais tal função. Ainda há que 
amadurecer as conseqüencias de tal alteração pela doutrina ambientalista. 
 O pagamento de multa imposta pelos Estados, Municípios, D.F. ou Territórios, 
substitui a multa federal na mesma hipótese de incidência ( Art. 76 ). 
 
O PROCESSO/PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO PARA 
APURAÇÃO E SANÇÃO ADMINISTRATIVA. A DEFESA ADMINISTRATIVOA 
AMBIENTAL. 
 
Esse processo só é aplicável às multas e afasta-se do processo mais expedito 
adotado pelos Estados, nos quais há imposição imediata de multa, sem prejuízo da defesa e 
recurso administrativo por parte do autuado. 
 Prazo para a defesa ou impugnação: 20 dias, a partir da ciência da autuação ( Art. 
71, I, Lei 9605/98 ). 
 Prazo para julgamento do auto de infração pela Autoridade Administrativa : 30 
dias, a partir da data da sua lavratura, apresentada ou não a defesa ( Art. 71, II da Lei 
9605/98 ). 
 Prazo para o recurso administrativo : 20 dias, a partir da ciência da decisão 
superior. Dirigido à instância superior do SISNAMA ou Diretoria de Portos e Costas. No 
caso da multa lavrada pelo IBAMA, a instâncias superiores são: o Presidente do IBAMA, o 
Ministro do Meio Ambiente ( para multas superiores a R$) e ao CONAMA. No caso das 
multas lavradas pela Agência Ambiental de Goiás, as instâncias superiores são: a 
Presidência da AGMA e à SEMARH. No caso da Secretaria Municipal de Goiânia, as 
instâncias superiores são: o Secretário Municipal de Meio Ambiente e o Conselho Municial 
de Meio Ambiente. 
 Prazo para o pagamento da multa: 5 dias, a partir do recebimento da notificação. 
Uma das áreas promissoras para a Advocacia Ambiental é a Advocacia 
Administrativa junto aos órgãos ambientais. Para tal mister, remetemos ao anexo I deste 
trabalho, onde é juntado um modelo de defesa administrativa ambiental. 
É relevante a aplicação do DIREITO ADMINISTRATIVO e seus Princípios 
nesta conduta. Assim, sempre devem ser le vados em conta o PRINCÍPIO DA 
PROPORCIONALIDADE; O PRINCÍPIO DA AMPLA DEFESA ADMINISTRATIVA; O 
PRINCÍPIO DA LEGALIDADE. Também as regras de Competência do Agente que lavra 
o Auto de Infração. A adequação da descrição da conduta ao que a lei sanciona. 
 
IV-SANÇÕES ADMINISTRATIVAS 
 
Lei 9.605/98, art. 72 e Decreto 3.179/99, art. 2º, são previstas as seguintes 
sanções administrativas: 
 1)- Advertência: 
 Ante a inobservância da Lei dos Crimes ambientais ou dos preceitos 
regulamentares. 
 2)- Multa Simples: 
 ( mínimo R$ 50,00 e máximo de R$ 50.000.000,00 ) que será imposta sempre 
que o agente, por negligência ou dolo: 
 66 
 a)- advertido por irregularidades que tenham sido praticadas, deixar de saná-las 
no prazo assinalado pelo órgão competente do SISNAMA ou da Capitania dos portos da 
marinha. 
 b)- opuser embaraço à fiscalização dos órgãos do SISNAMA ou da Capitania 
dos portos da marinha. 
 Além das matérias de defesas que podem ser alegadas genericamente nos 
processos administrativos, pode-se requerer que: 1)- A multa simples seja convertida em 
serviços de preservação, melhoria e recuperação da qualidade do meio ambiente ( Decreto 
3.179/99, art. 2º, § 4º ). 2)- As multas previstas no Decreto possam ter a sua exigibilidade 
suspensa, quando o infrator, POR TERMO DE COMPROMISSO APROVADO PELA 
AUTORIDADE COMPETENTE, obrigar-se à adoção de medidas específicas, para fazer 
cessar ou corrigir a degradação ambiental. ( Art. 60 Decreto 3l79/99 ). Cumprida 
integralmente a obrigação, a multa será reduzida em noventa por cento do valor atualizado 
monetariamente ( Art. 60, § 3º). A multa terá por base a unidade, hectare, metro cúbico, 
quilograma ou outra medida pertinente de acordo com o objeto jurídico lesado. 
 3)- Multa Diária 
 Aplicada no caso de infração continuada, caracterizada pela permanência da ação 
ou omissão, perdurada até sua efetiva cessação ou regularização da situação, mediante a 
celebração, pelo infrator, de TERMO DE COMPROMISSO DE REPARAÇÃO DE 
DANO. 
 As multas ( simples ou diária ), segundo dispõe o Decreto 3.179/99, podem ter 
sua exigibilidade suspensa, quando o infrator, por TERMO DE COMPROMISSO 
APROVADO PELA AUTORIDADE COMPETENTE, obrigar-se a adotar as medidas 
específicas para fazer cessar ou corrigir a degradação ambiental. Cumpridas integralmente 
as obrigações assumidas pelo infrator, a multa será reduzida em 90% do valor atualizado 
monetariamente. 
 4)- Apreensão de Animais, produtos e subprodutos da fauna e flora, 
instrumentos, petrechos, equipamento ou veículos de qualquer natureza utilizados na 
infração. 
 Os animais apreendidos serão libertados em seu habitat, após verificação de sua 
adaptação às condições de vida silvestre, ou entregues a jardins zoológicos, fundações 
ambientalistas ou entidades assemelhadas, sob a responsabilidade de técnicos habilitados, 
ou, subsidiariamente, entregues a guarda de alguém que reúna condições justificáveis para 
isso. Tal entrega deverá ser feita mediante TERMO DE GUARDA DE ANIMAL e não por 
"fiel depositário" como sempre se fez, pois trata-se de um ente vivo e, assim, não se poderá 
confia- lo a depósito, mas a guarda. Os produtos e subprodutos ou madeira serão avaliados e 
doados a instituições científicas, hospitalares, penais e outras, com fins beneficentes. 
 
 5)- Destruição ou inutilização do produto 
 Os produtos ou subprodutos da fauna não perecíveis serão destinados ou doados 
a instituições científicas, culturais ou educacionais; os instrumentos utilizados na prática da 
infração serão vendidos, garantida sua descaracterização por meio da reciclagem. 
 6)- Suspensão da venda e fabricação do produto 
 7)- Embargo de obra ou atividade. 
 8)- demolição da obra ou atividade. 
 9)- Suspensão parcial ou total da atividade 
- Atividade Licenciada: Lei 6.938/81, art. 10. 
 67 
- Atividade Não-Licenciada: fechamento do estabelecimento faltoso. 
 As sanções indicadas nos itens 6,7 e 9 serão aplicadas quando o produto, a obra, 
ou atividade ou o estabelecimento não estiverem obedecendo às prescrições legais ou 
regulamentares. A determinação da demolição da obra, prevista no item 9, será da 
competência da autoridade do órgão ambiental integrante do SISNAMA, a partir da efetiva 
constatação pelo agente autuante da gravidade do dano decorrente da infração. 
 7- Restritivas de direito: 
 Compreendem: 
 a)- suspensão de registro, licença, permissão ou autorização; 
 b)- cancelamento de registro,licença, permissão ou autorização; 
 c)- perda ou restrição de incentivos e benefícios fiscais; 
 d)- perda ou suspensão da participação em linhas de financiamento em 
estabelecimentos oficiais de crédito; 
 e)- proibição de contratar com a Administração Pública, pelo período de até 3 ( 
três ) anos. 
 12- Reparação de Danos Causados: 
 Exigível independentemente de culta do infrator.Sobre este aspecto, vale a 
observação de que, negando-se o infrator a faze- lo, resta aos órgãos ambientais as ações 
judiciais respectivas para ensejar a obrigação de fazer ou não fazer, se for o caso, quando 
não a indenização. 
 Obs.: As penalidades são geralmente admitidas na legislação federal, mas os 
Estados e Municípios podem regular de maneira diferente a sua aplicação. 
 13- Destinação dos valores arrecadados em pagamento de multas por infrações 
ambientais: 
 Serão revertidos ao FUNDO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE ( FNMA ) ( 
Lei 7.797, 10/07/1989 ), FUNDO NAVAL ( Decreto 20.923 de 08/01/1932 ), FUNDOS 
ESTADUAIS OU MUNICIPAIS DE MEIO AMBIENTE ou correlatos, conforme dispuser 
o órgão arrecadador, as multas lavradas respectivamente pelos agentes do IBAMA, 
CAPITANIA DOS PORTOS, órgãos ambientais de execução estadual e órgãos de 
execução municipal. 
 ALGUNS EXEMPLOS DE PREVISÕES INFRACIONAIS 
ADMINISTRATIVAS E AS RESPECTIVAS SANÇÕES NO DECRETO 3179/99. 
 1)- F A U N A 
 Art. 12: "Introduzir espécime de animal no país, sem parecer técnico oficial 
favorável e licença expedida pela autoridade competente." Multa: R$ 2.000,00, com 
acréscimo por exemplar excedente de R$ 200,00 por unidade. 
 Art. 13: "Exportar para o exterior, peles e couros de anfíbios e répteis em bruto, 
sem autoridade da autoridade competente."Multa: R$ 2.000,00 com acréscimo por animal 
excedente. 
 Art. 15: Participar de caça profissional.Multa: R$ 5.000,00. 
 Art. 16: "Comercializar produtos e objetos que impliquem a caça, perseguição, 
destruição ou apanha de espécime da fauna silvestre."Exceção: não é crime ( Lei 9.605/98, 
art. 37 ). 
 2)-I C T I O F A U N A ( Basicamente, peixes ). 
 Art. 19: "Pescar em período no qual a pesca seja proibida ou em lugares 
interditados por órgão competente."Multa: R$ 700,00 a R$ 100.000,00.Mesma pena: I-
Tamanho inferior; II- Petrechos. 
 68 
 Art. 21: "Exercer a pesca sem autorização do órgão ambiental competente." - 
Multa: R$ 500,00 a R$ 2.000,00. 
 3)- F L O R A 
 Art. 25: "Destruir ou danificar floresta considerada de preservação permanente, 
mesmo que em formação, ou utiliza- la com infringência das normas de proteção."Multa: 
R$ 1.500 a 5.000,00. 
 Art. 31: "Cortar ou transformar em carvão madeira de lei. Multa: R$ 500,00/ m³. 
 Art. 34: "Danificar plantas de ornamentação em logradouros públicos ou 
propriedade privada alheia." Multa: R$ 500,00/ árvore. 
 4)- U N I D A D E S D E C O N S E R V A Ç Ã O 
 Art. 27: "Causar danos às Unidades de Conservação ou 
às áreas de que trata o art. 27 do Decreto 99.274 06/06/1990, independente de sua 
localização."Multa: 200,00 a R$ 50.000,00. 
 5)- F O G O: Art.40: Fogo sem autorização. Multa: R$ 1.000,00/ ha ou fração. 
 6)- POLUIÇÃO 
 Art. 40: Ausência de licença ambiental. Multa: R$ 500,00 a R$ 10.000.000,00. 
 
 
 
- CAPÍTULO VII - 
TUTELA PENAL DO AMBIENTE: ASPECTOS ESSENCIAIS 
 
 7.1. Introdução 
 
 Como conseqüência da consciência ambiental, o legislador brasileiro não só 
previu a proteção administrativa do meio ambiente e a denominada tutela civil do meio 
ambiente, mas avançou para normatizar as condutas infracionais ambientais penalmente 
puníveis. 
 
 Desse modo, há que se considerar que o bem jurídico protegido pela tutela penal e 
exatamente o bem ambiental, essencial à sadia qualidade de vida. Nesta expressão, 
pretende-se alcançar o meio ambiente como um todo, mesmo quando se possa ver, de 
forma localizada, um aspecto relevante desse bem. Assim, o bem jurídico tutelado é o meio 
ambiente natural, cultural, artificial e do trabalho, englobáveis na expressão BEM 
AMBIENTAL. 
 
 7.2. Base Normativa 
 
 7.2.1.Constitucional: "as condutas e atividades consideradas lesivas ao meio 
ambiente, sujeitarão os infratores, pessoa física ou jurídica, a sanções penas e 
administrativas, independentemente da obrigação de reparar o dano." ( Art. 225, § 3º). 
 7.2.2. Infraconstitucional: A)- Lei 9605/98 ( Lei dos Crimes Ambientais/Lei da 
Natureza/ Lei Ambiental ). B)- Lei 9099/95 ( Juizado Especial Criminal ). Código Penal e 
Código de Processo Penal. 
 7.3. Considerações Gerais 
 69 
 A legislação protetiva penal ambiental, teve aspectos positivos e negativos. Os 
aspectos positivos, podem ser resumidos na concentração numa só lei das infrações 
ambientais. Hoje em dia, no entanto, legislações que cuidam do bem ambiental ou da 
intervenção no mesmo, já foram editadas, ampliando o rol das condutas punidas na Lei dos 
Crimes Ambientais. Como exemplo, cita-se a Lei dos Agrotóxicos e a Lei sobre os 
Transgênicos. 
 No lado negativo, pode-se elencar as seguintes críticas: 
 7.3.1. Tipos Abertos: "há uma amplitude ou indeterminação da conduta 
incriminada". 
 Ex. Artigo 54 da Lei 9605/98. 
 7.3.2. Normas Penais em Branco: "é aquela que depende de uma complementação 
para a perfeita adequação típica" (LPS, 40 ). 
 Exemplos: Art. 29, § 4º, l e VI. Art. 34, caput e parágrafo único, I e II. Art. 37. Art. 
38 ( não se define o que seja floresta de preservação permanente ). 
 "os crimes contra o meio ambiente devem estar previamente previstos em lei, 
evitando-se a adoção, mesmo no seu mínimo legal, de normas penais em branco." ( LPS, 25 
). 
 
 
 
 
7.3.3. CRÍTICA DOUTRINÁRIA PENALISTA À CRIMINALIZAÇÃO DAS 
CONDUTAS E OUTROS ASPECTOS RELACIONADOS À PESSOA JURÍDICA 
COMO SUJEITO ATIVO DA INFRAÇÃO PENAL AMBIENTAL: 
 7.3.3.1. Criminalização das Condutas As críticas da doutrina à criminalização 
das condutas ambientais penalmente puníveis aplicáveis à pessoa jurídica e não só, são 
várias. Pode-se mencionar: 
A)- "A tendência mundial é a descriminalização dos tipos penais. A moderna doutrina vem 
sustentando que a pena, no futuro, não mais será necessária." ( LPS, p. 24 ). 
B)- "Princípio da intervenção mínima no Estado Democrático de Direito." 
C)- "Conter a fúria legislativa de normas incriminadoras, revelando à população a falsa 
idéia de que, por meio de normais penais, resolver-se-ão os problemas da violência." ( 
Vicente Grego Filho, citado por LPS, 27,28 ). 
 7.3.3.2. . "Non bis in idem". "O direito brasileiro não admite a ocorrência da 
repetição penal, ou do bis in idem, e essa determinação seria desrespeitada na aplicação da 
responsabilidade penal da pessoa jurídica ao se considerar que o proprietário de 
determinada empresa deverá responder pela infração nessa condição e também como 
pessoa física. Essa situação - independente das teorias de classificação da pessoa jurídica, 
se ficcional ou pessoa real - configuraria que as duas pessoas são expressões da mesma 
individualidade, transgredindo a necessária individualização da pena." 
 7.3.3.3. "Falta de correlação e Interdependência das esfera administrativas e penal". 
"A questão refere-se à independência entre o judiciário e a instância administrativa na 
fiscalização dos delitos ambientais, ensejando a possibilidade de condução simultânea de 
um processos administrativo na instituição fiscalizadoraambiental e no judiciário, 
promovida por iniciativa do ministério público. Nesse caso, há o risco de que determinada 
infração seja descaracterizada pela instância administrativa e que o autor seja condenado no 
judiciário. 
 70 
 O problema aqui é a redundância da lei, pois, apesar de a instância administrativa - o 
órgão federal e os estaduais de fiscalização e licenciamento ambiental - ser a entidade 
tecnicamente capacitada para atestar a materialização de um delito ambiental, a 
prerrogativa de busca da punibilidade a transcende, alcançando o judiciário de forma 
desvinculada. Em alguns casos, faltaria um dos elementos do interesse de agir, que é 
condição da ação penal. 
 Como decorrência temos a possibilidade de alijamento do aparato governamental 
próprio à fiscalização ambiental e o acionamento do judiciário para delitos que poderiam 
ser solucionados na esfera administrativa." 
 7.3.3.4. "Teoria da Personalidade Ficta da Pessoa Jurídica". "Há duas teorias que 
fundamentam a natureza da pessoa jurídica, a saber,a teoria da ficção e a da realidade ( 
organicista ). A primeira sustenta que as pessoas jurídicas só existem ficticiamente, sendo 
incapazes de ação, de culpabilidade e de pena, eliminando, pois, a possibilidade de 
responsabilidade penal. Apenas o homem seria dotado pela natureza para ser sujeito de 
direitos e de personalidade. 
 Além disso, há de se admitir que a responsabilidade penal deve ser subjetiva, ou 
seja, exige-se que se prove a culpa do agente na consecução do dano, e aí, há outro óbice à 
responsabilização, pois que não abarcaria a criminalidade não convencional - a praticada 
por empresas e que envolve grande número de vítimas, como corre, por exemplo, nos danos 
ao meio ambiente - diante da assimilação pelo direito brasileiro do provérbio societas 
delinquere non potest, ou a teoria ficta da natureza da pessoa jurídica. Cita-se ainda o 
caráter personalista da responsabilidade penal, obstáculo eu também deve ser superado para 
alcançar as empresas. 
 Pela teoria realista, ao contrário, a pessoa jurídica é dona de vontade própria, que 
não se confunde com a de seus diretores ou sócios. Assim, o crime de uma pessoa jurídica 
não é uma impossibilidade conceitual e nem a pena é inconcebível, pois quem tem direitos 
pode ser deles privado. Mesmo assim a pena seria inaplicável, pois não há lugar para seus 
efeitos psicológicos." 
 7.4. Elemento Subjetivo 
 A culpabilidade do agente é que dá o tom de sua responsabilidade. Tal afirmação 
tem mais sentido, quando trata-se da pessoa física. 
 7.4.1. Dolo: "o agente quer o resultado ou assume o risco de produzi- lo". 
 7.4.2. Culpa: Provocar o resultado por imprudência, negligência ou imperícia. 
 7.4.3. Sujeito ativo: Qualquer pessoa física ou jurídica. 
 7.4.4. Sujeito passivo: "é o titular do bem jurídico lesado ou ameaçado pela conduta 
criminosa." É sempre a coletividade. 
 7.5. DESTAQUES INOVADORES 
 Desgarrando-se da doutrina clássica penal, a qual sempre assumiu a máxima 
"societas delinquere non potest" ( a pessoa jurídica não pode cometer infração penal ), o 
legislador brasileiro adotou a possibilidade de incriminar também a pessoa jurídica. 
 Assim, pode-se dizer que os dois destaques inovadores, foram: 
 7.5.1. A PESSOA JURÍDICA COMO SUJEITO ATIVO DA INFRAÇÃO PENAL 
AMBIENTAL. ( Art. 3º). Para tanto, há que ocorrer as seguintes condições: 
 7.5.1.1. Que a infração tenha sido cometida em seu interesse ou benefício. A 
doutrina comenta que Interesse está na vantagem, no proveito ou no lucro material ou 
pecuniário; aduz que benefício refere-se a favor, graça, serviço ou bem que se faz 
gratuitamente. No fundo, há o entendimento que os termos querem dizer a mesma coisa. 
 71 
 7.5.1.2. Por decisão do seu Representante Legal ( presidente, diretor, administrador, 
gerente, indicado no Estatuto ou Contrato Social ) ou Contratual ( preposto, mandatário de 
pessoa jurídica, auditor independente, etc. ) ou do seu órgão Colegiado ( órgão técnico, 
Conselho de Administração, Acionistas reunidos em Assembléia, etc. ). 
 Observação: "A responsabilidade das pessoas jurídicas não excluir das pessoas 
físicas, autoras, co-autoras ou partícipes do mesmo fato. " 
 7.5.2. DESCONSIDERAÇÃO DA PESSOA JURÍDICA ( "disregard doctrine" ). 
Art. 4º da Lei 9605/98. 
 Tal instituto será utilizado sempre que a personalidade da pessoa jurídica for 
obstáculo ao ressarcimento dos prejuízos causados à qua lidade do meio ambiente. Há duas 
aplicações, segundo a doutrina: a)- visa individuar e atingir as pessoas físicas; b)- visa 
alcançar os bens dos sócios que, enquanto considerada a pessoa jurídica, não seriam 
alcançados. 
 
 7.6. Questões processuais 
 7.6.1. A competência, em geral, é a do local onde se consumar a infração. Se 
tentado, onde se deu o último ato de execução. 
 7.6.2. A Ação penal será sempre pública incondicionada, promovida pelo 
ministério público. 
 7.6.3. RITOS PREVISTOS 
 7.6.3.1)- RITO SUMÁRIO será utilizado, se o crime for apenado com detenção 
( art. 539 CPP ). Se houve interesse da União, vai para justiça federal. 
 7.6.3.2)- RITO COMUM OU ORDINÁRIO, se o crime for apenado com 
reclusão ( arts. 394, 499 e 500 do CPP ). 
 
 7.6.2.3)- PROCEDIMENTO NOS CRIMES DE MENOR POTENCIAL 
OFENSIVO. 
 O que se considera "menor potencial ofensivo"? As contravenções penais e os 
crimes cuja pena máxima cominada for igual ou inferior a 2(dois) anos, não sujeitos a 
procedimento especial. Assim, o procedimento seguirá a seguinte seqüência: 
 A)- Inicia-se com o TERMO CIRCUNSTANCIADO DE OCORRÊNCIA 
(T.C.O.) feito pela Autoridade Policial ( art. 69 da Lei 9099/95 ) ou pelo Auto de Infração, 
feito pela Autoridade Administrativa Ambiental. 
 B)- Requerimento ao Juizado Especial Criminal da AUDIÊNCIA PRELIMINAR 
( art. 72 Lei 9099/95 ). 
 Condições: 1)- Para que se possa fazer a TRANSAÇÃO PENAL, a condição é 
ter havido a COMPOSIÇÃO CÍVEL, perante o Ministério Público, via TERMO DE 
AJUSTAMENTO DE CONDUTA ( T.A.C. ), antes da audiência preliminar ou durante a 
mesma, a constar da respectiva Ata da Audiência. A COMPOSIÇÃO CÍVEL será 
dispensável, se comprovada a sua impossibilidade. Na audiência, lavrar-se-á a ATA DE 
COMPOSIÇÃO CÍVEL que é independente da penal. 2)- O Juiz, após a composição cível, 
aplicará a PENA RESTRITIVA DE DIREITO ( art. 72 da Lei 9099/95 ). 3)- Caso não haja 
a composição cível, o Ministério Público oferecerá a denúncia, quando poderá haver a 
SUSPENSÃO CONDICIONAL DO PROCESSO para os crimes cuja pena mínima seja 
igual ou inferior a 3( três anos ), sempre devendo ocorrer, previamente, a reparação do dano 
ambiental. 
 7.7)- Imposição e Gradação da Pena pelo Juiz O mesmo observará: 
 72 
 7.7.1.)- NA FIXAÇÃO DA PENA-BASE: A)- as Circunstâncias Judiciais 
peculiares do art. 6º, I e II da lei 9605/98. São circunstâncias que estão ao redor do crime, 
sem contudo alterá- lo. B)- As Circunstâncias Legais ATENUANTES ( Art. 14 da 9605/98: 
exemplo. I- Baixo Grau de instrução ou escolaridade do agente; II- arrependimento do 
infrator, manifestado pela espontânea reparação do dano ou limitação significativa da 
degradação ambiental causada; ainda há os ítens III e IV ); e AGRAVANTES ( Art. 15: ex. 
I-A reincidência nos crimes de natureza ambiental; ainda há o item II e as letras de a a r ). 
C)- CAUSAS ESPECIAIS DE AUMENTO DE PENA ( Parte especial, logo após os tipos 
penais incriminadores. Ex. Art. 29, § 4º da lei 9605/98 ). D)- PRINCÍPIO DA 
INSIGNIFICÂNCIA. Tal princípio tem por natureza jurídica a exclusão da tipicidade. 
Exemplos: 1)- A guarda doméstica de espéciesnão consideradas ameaçadas de extinção ( 
art. 29, § 2º da lei 9605/98 ); 2)- Também não há crime contra a fauna, se for praticado para 
saciar a fome do agente ou de sua família-Estado de necessidade ( art. 37, I, da lei 9605/98 
). 
 Das Sanções previstas, faz-se as considerações abaixo, lembrando que algumas 
das sanções aplicam-se apenas à pessoa física ( privativa de liberdade ) e não à pessoa 
jurídica. 
 7.7.2.)-PENAS PRIVATIVAS DE LIBERDADE ( Para os crimes, poderá haver 
a reclusão ou detenção. Para as contravenções, será a Prisão Simples ). 
 7.7.3. PENAS RESTRITIVAS DE DIREITO, entre as quais se incluem: A)- 
PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS À COMUNIDADE ( atribuição de tarefas gratuitas ao 
condenado, junto aos Parques e Jardins públicos ou em Unidades de Conservação ); B)- 
INTERDIÇÃO TEMPORÁRIA DE DIREITOS ( proibição de contratar com o poder 
público por certo prazo ); C)- SUSPENSÃO PARCIAL OU TOTAL DE ATIVIDADES ( 
quando estas não estiverem obedecendo a certas prescrições ); D)- RECOLHIMENTO 
DOMICILIAR ( baseia-se na auto-disciplina e senso de responsabilidade do condenado ) e 
E)- PRESTAÇÃO PECUNIÁRIA ( pagamento à vítima ou entidade pública ou privada 
com fim social ). 
 OBS. " as penas restritivas de direitos são autônomas e substituem as privativas 
de liberdade quando: I- Tratar-se de CRIME CULPOSO ou for aplicada a pena privativa de 
liberdade INFERIOR A QUATRO ANOS; II- a culpabilidade, os antecedentes, a conduta 
social e a personalidade do condenado, bem como os motivos e as circunstâncias do crime 
indicarem que a substituição seja suficiente para efeitos de reprovação e prevenção do 
crime." ( art. 70 da Lei dos Crimes Ambientais ). 
 7.7.4. MULTA: será aplicada segundo os critério do C. Penal (art. 18) 
 A SUSPENSÃO CONDICIONAL DA PENA ( sursis ) poderá ser aplicada nos 
casos de condenação a pena PRIVATIVA DE LIBERDADE não superior a três anos. 
 
 - CAPÍTULO VIII - 
 
DA TUTELA CIVIL DO MEIO AMBIENTE 
 
Este capítulo aborda, basicamente, as ações judiciais voltadas à proteção do 
meio ambiente, à apuração das violações civis à legislação construída no intuito de 
possibilitar o ressarcimento pelos dados ambientais. Em alguns momentos, tais ações são 
privativas de alguns legitimados. É o caso da Ação Popular Ambiental Constitucional, 
 73 
própria do cidadão. Noutros casos, o indivíduo tem o papel, quando muito, de representar à 
autoridade competente, para esta intentar a apuração e, se for o caso, propor a respectiva 
ação judicial. Tal é o caso típico da Ação Civil Pública Ambiental, a qual não pode ser 
proposta pelo cidadão, mas este pode denunciar tal fato os legitimados, especialmente 
representar ao Ministério Público, um dos legitimados mais atuantes neste campo, para os 
procedimentos devidos. Dentre as várias ações judiciais, apontamos as seguintes aplicáveis 
à tutela civil do meio ambiente: 
 8.1. DA AÇÃO CIVIL PÚBLICA AMBIENTAL 
 Preâmbulo 
 O recurso ao uso da Ação Civil Pública ou qualquer outro meio judicial, indica 
que as soluções prévias que a norma ambiental permitem, não foram utilizadas ou, quando 
não, que não foram suficientes para cessar uma possível infração ambiental, ora ao nível 
administrativo ou noutra situação que se pode colocar como pré-processual. 
 Na fase pré-processual, além da atuação administrativa prevista na legislação ( 
exercício do poder de polícia e a fiscalização dos órgãos ambientais ), pode-se iniciar certos 
procedimentos, ora pela autoridade policial, ora pelo Ministério Público. Assim, 
genericamente, na atuação cível, pode-se dizer que são vislumbradas as seguintes etapas: 
1. FASE PRÉ-PROCESSUAL 
 1.1. INQUÉRITO CIVIL PÚBLICO ( Presidido pelo Ministério Público ), no 
âmbito civil. Para uma compreensão comparativa, observe a função do INQUÉRITO 
POLICIAL, no âmbito criminal. Este instrumento inquisitorial, permite a investigação 
relacionada à materialidade do fato. No âmbito cível, o INQUÉRITO CIVIL PÚBLICO 
tem a função apuratória e não tem caráter obrigatório e o Ministério Público, tendo os 
elementos suficientes à propositura da ação civil pública ambiental, poderá faze-lo. Esta 
fase é chamada de ante-judicial ou pré-processual, pois não adentrou ainda na esfera do 
judiciário. 
 1.2. TERMO DE AJUSTAMENTO DE CONDUTA. Este instrumento, quando 
feito na fase pré-processual, dispensa a participação do judiciário, ou seja, da homologação 
do juiz. Em termos práticos, a maioria dos AJUSTAMENTOS DE CONDUTA se faz 
perante o Ministério Público, dispensado-se, de conseguinte, a necessidade do ajuizamento 
da ACPA. Vale a observação que a legislação prevê que este termo pode ser lavrado pelas 
AUTORIDADES AMBIENTAIS. 
2. FASE PROCESSUAL: 
 
 2.1. AÇÃO CIVIL PÚBLICA AMBIENTAL. Na fase processual, também 
chamada fase judicial, os legitimados ativos à propositura da AÇÃO CIVIL PÚBLICA 
AMBIENTAL poderão fazê-lo. O Ministério Público poderá intentar a ação, como visto, 
tendo ou não realizado o INQUÉRITO CIVIL PÚBLICO. Abaixo tais condições e 
legit.mados serão explicitados. Apenas como efeito comparativo, na esfera penal, feito o 
Inquérito Policial o juiz o remeterá ao Ministério Público para o oferecimento da Ação 
Penal. 
 2.2. TERMO DE AJUSTAMENTO DE CONDUTA. Na fase judicial, 
também poderá ser firmado o Ajustamento de Conduta. Entretanto, neste momento, há que 
se ter a homologação do juiz da causa e será feito dentre dos respectivos autos. 
 Em relação à AÇÃO CIVIL PÚBLICA AMBIENTAL, pode-se dizer: 
 1. Definição Genérica: "o direito expresso em lei de fazer atuar, na esfera civil 
em nome do interesse público, a função jurisdicional." 
 74 
 2. Definição específica : "é o direito conferido ao Ministério Público de fazer 
atuar, na esfera civil, a função jurisdicional." 
 A ACPA visa a tutela dos interesses difusos e metaindividuais. 
 O que são os interesses difusos? "Trata-se de interesses espalhados e informais à 
tutela de necessidades também coletivas, sinteticamente referidas à qualidade de vida. E 
essas necessidades e esses interesses de massa, sofrem constantes investidas, 
freqüentemente também de massas, contrapondo grupo versus grupos, em conflitos que se 
coletivizam em ambos os pólos." ( Ada Pellegrini Grinover ). 
 Previsão legal: 
a)- Constitucional: Art. 5º, I e II e art. 129, § 1º. 
b)- Infraconstitucional: Lei 7347/85 e Lei 7853/89. 
LEGITIMAÇÃO PARA AGIR: 
1º)- O MINISTÉRIO PÚBLICO ( Pode ser originária ou superveniente ) 
 Danos causados ao meio ambiente: Ministério Público da União e dos Estados, 
terá legitimidade para propor Ação de Responsabilidade Civil e Criminal por danos 
causados ao me io ambiente. 
 Também a LOMP ( Lei Complementar 734/93, art. 103, VIII ), diz que compete 
ao MP: 
 IV- Promover o inquérito civil e a Ação Civil Pública na forma da lei. 
 Constituição de 1988 recepcionou, ao prever que: 
 Função institucional do MP ( Art. 129, III ): "Para proteção do patrimônio 
público e social, do meio ambiente e de outros interesses difusos e coletivos" ( não era 
previsto na Constituição anterior). 
 A legitimação ativa para o ajuizamento está prevista no art. 3º; A recursal, no art. 
4º, § 2º. Intervenção obrigatória nas ações coletivas ou individuais. A presidência do 
inquérito civil público é do MP ( art. 6º ). Litisconsórcio ( pólo ativo e pólo passivo ): tipo 
facultativo simples ( ou comum ). Casos de Assistência: simples ou adesiva litisconsorcial. 
 2º)- AS ASSOCIAÇÕES CIVIS : 
 As Associações legalmente existentes ( estatutos inscritos no registro civil daspessoas jurídicas ( art. 18 CC e arts. 114 a 121 da Lei 6015/73-LRP ). A partir desta data é 
que se conta o prazo mínimo de um ano. 
 Pessoas Jurídicas: Associações, Sociedades e Fundações. As Associações de 
direito privado, atuam em nome próprio em defesa do interesse alheio. O exemplo mais 
conhecido de atuação são as denominadas Organizações Não Governamentais – ONG’s. 
 Legitimação condicionada: a)- Condição formal: nos termos da lei civil ( 
descarta as sociedades de cunho comercial regidas pelo direito comercial ). B)- condição 
temporal: existentes há pelo menos um ano ( exceção: art. 21 da lei 7347/85, combinado 
com art. 82, § 1º do Código de Defesa do Consumidor), ou seja, pode ser dispensado pelo 
juiz. C)- condição institucional: objetivo da Associação. 
 3º)- UNIÃO, ESTADOS, MUNICÍPIOS E SEUS ENTES PARAESTATAIS 
 União: inclui o Distrito Federal, Territórios e Fundações públicas ( tem o poder 
público como instituidor ). Tal inclui as Autarquias, Agências ( reguladoras e executivas ), 
da administração indireta. Da administração direta estariam os Ministérios, Secretarias 
Especiais, dentre outros. Também as Fundações públicas. Admite-se ainda as Sociedades 
de Economia Mista e as Estatais. Tal extensão também se aplica aos Estados e Municípios, 
tanto a Administração direta, quanto a indireta. 
 75 
 Foro da Ação: Local onde ocorrer o dano; competência territorial exclusiva ou " 
onde haja a efetiva ameaça de consumar-se" (Tutela preventiva ). Foro da União: art. 109, 
3º e 109, I. As sociedades de economia mista e fundações pública não têm foro especial. 
 Conflito de competência entre Estados: STF, art. 102, I, "f". 
 Pressuposto: um fato lesivo ao meio ambiente. Visa atacar o ato. 
 Legitimidade passiva: Qualquer pessoal responsável pelo ato lesivo ao meio 
ambiente. 
 Objeto da Ação: Poder-se-á ter por objeto a condenação em dinheiro ou o 
cumprimento da obrigação de fazer ou não fazer. Não impede a cumulatividade. 
 Condenação em dinheiro: será revertida a um fundo especial destinada a 
reconstituição do bem lesado. 
 Tutela Cautelar ( preventiva ): art. 4º, Ação Cautelar. Admite-se medidas 
liminares ( initio litis ), mandado liminar ( art. 12 ). Características: provisoriedade; 
acessoriedade: depende do processo principal. Pressupostos da cautelar: a)- plausibilidade 
do direito material ( fumus boni iuris ) e o risco de perecimento do direito em razão da 
demora em sua proteção ( periculum in mora ). 
 Se o dano já ocorreu, não cabe a cautelar. Aplicação subsidiária do CPC e art. 19 
da lei 7347/85. 
 Sentença: natureza cominatória. 
 Recursos: os do CPC ( União, art. 109, § 4º ) 
 Desistência e abandono: "A desistência da ação não implica a renúncia do direito 
material." Homologação, com o processo extinguindo-se sem julgamento do mérito. 
 Abandono: desinteresse. A)- o processo fica parado por prazo superior a um ano 
por negligência de qualquer das partes; b)- autor deixa de promover atos e diligência que 
lhe cabem pelo prazo superior a 30 dias. Após a intimação pessoal, extinção do processo 
sem julgamento do mérito. 
 Se o autor der causa à extinção do processo por três vezes, após intimado 
pessoalmente, dar-se-á a perempção. 
 Substituição processual: No pólo ativo: a)- abandono, em qualquer caso ocorre a 
substituição; b)- desistência infundada; c)- exclusivamente associação legitimada; Se 
houver fundamento, não se autorizará a substituição. Se não for Associação, também não há 
substituição. 
 O Ministério Público poderá desistir? Não: os argumentos que se apontam são: 
a)- sua função institucional precípua; b)- tratar-se de interesse sociais indisponíveis. 
 Efeito da substituição: quando for parte, terá que ser outro. MP na função de 
custos legis. 
 Acordo: Compromisso de ajustamento de conduta, instrumentalizando-se no 
TERMO DE AJUSTAMENTO DE CONDUTA. Para FIORILLO, tal instituto não se 
confunde com a da transação cível, eis que esta é típica do direito civil e atende aos 
interesses privados, opostos em geral ao sentido dos direitos coletivos e, ainda, serem 
interesses disponíveis. 
 Feito extrajudicialmente. 
 Requisitos: a)- necessidade integral de reparação do dano em razão da natureza 
indisponível do direito violado; b)- obrigatoriedade da estipulação da cominação para a 
hipótese de inadimplemento; c)- anuência do MP, quando não seja este o autor. ( 
FIORILLO ). 
 
 76 
8.2. AÇÃO POPULAR CONSTITUCIONAL AMBIENTAL 
 PREVISÃO LEGAL: A)- CONSTITUCIONAL: Art. 5º, LVXII, C.F./88. B)- 
INFRACONSTITUCIONAL: Lei 4.717/65 
 1. Legitimação: "qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que 
vise a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade que o Estado participe, à 
moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultura l, ficando o 
autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas e do ônus da sucumbência." 
 2. Objeto: Proteção do patrimônio público, da moralidade administrativa, do 
patrimônio histórico e cultural e do meio ambiente, quanto a atos lesivos contra eles 
praticados. 
 3. Legitimidade Ativa: a prova da cidadania, para o ingresso em juízo será feita 
com o título eleitoral ( Lei 4.717/65, art. 1º, § 3º ). 
 Discussão: Qualquer cidadão ( LXXIII ). Art. 5º: "todos..."; art. 225: "todos.". 
 4. Competência: tema meio ambiente: local onde ocorreu ou deva ocorrer o 
dano, independentemente onde o ato teve a sua origem ( FIORILLO ); 
 5. Pressuposto: um ato lesivo ao meio ambiente. Visa atacar o ato. 
 6. Legitimidade Passiva: qualquer pessoa responsável pelo ato lesivo ao meio 
ambiente. 
 
8.3. MANDADO DE SEGURANÇA COLETIVO AMBIENTAL 
Legitimidade Ativa: 
 a)- partido político com representação no Congresso Nacional; b)- organização 
sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em funcionamento há 
pelo menos um ano, em defesa dos interesses dos seus membros ou associados. Isto inclui 
as ONG. C)- Ministério Público, por causa da sua função institucional ( art. 127 CF ). d)- 
terceiros. 
 Sujeito passivo: Autoridade Pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de 
atribuição do Poder Público, que tenha praticado ilegalidade ou abuso de poder. 
 8.4)- OUTRAS AÇÕES: MANDADO DE INJUNÇÃO, AÇÃO 
CAUTELAR, ETC. 
 
-CAPÍTULO IX- 
 
 TUTELA AMBIENTAL ATRAVÉS DA SOCIEDADE 
CIVIL 
A Constituição Federal de 1988 determina que a proteção do meio 
ambiente equilibrado é DEVER do poder público e da coletividade. Esta é a sociedade 
civil organizada. Ao poder público, no artigo 225, § 1º, é atribuída uma gama imensa de 
incumbências, o que permite avaliar que praticamente quase toda a atividade protetiva 
ali elencada, quer preventiva, quer repressiva, está no âmbito do poder público e, de 
conseguinte, do Direito Público. Daí porquê se diz que o Direito Ambiental está no 
campo do Direito Público por esta predominância. São especificadas as atividades que 
concerne ao poder público, além de outras, como as competências delineadas no artigo 
23 e 24 da Constituição de 1988. Entretanto, ao referir-se à coletividade, a constituição 
é silente quanto às ações específicas que caberiam à sociedade. Contudo, é possível 
pelo exame da própria Constituições ( veja, por exemplo, o artigo 5º, XXXIII e 
 77 
XXXIV, quanto ao Direito de Informação ) e da legislação ordinária e de normas infra-
legais, desenhar as várias formas de atuação da coletividade. 
Uma das formas indiretas, temsido o papel do Ministério Público 
Estadual e Federal, que se verá adiante. Também, as chamadas Associações Civis, nelas 
se incluindo as Organizações Não Governamentais, grupos de cidadãos e o indivíduo 
possuem canais de atuação quer administrativos, quer judiciais, para o exercício de tal 
DEVER. 
 
 
 
9.1. TUTELA EXERCIDA PELO MINISTÉRIO 
PÚBLICO EM NOME E EM DEFESA DA SOCIEDADE CIVIL 
O papel na proteção administrativa do meio ambiente é 
percebido quando este requisita informações dos órgãos públicos quanto à atuação 
ambiental. Muitas vezes, o seu papel é preventivo, no sentido de apontar, advertir e 
requisitar ações específicas sobre dado problema ambiental. Outras vezes, é o porta-voz das 
denúncias feitas por cidadãos ou associações civis, que se sentem despreparados ou 
intimidados pela inacessibilidade dos órgãos públicos. 
Observar que a doutrina coloca o meio ambiente como um 
interesse difuso a ser tutelado em sua abrangências pelos Direitos Difusos e coletivos. 
Sendo o M.P. responsável pela tutela dos interesses difusos, mais ainda é reforçado o seu 
papel neste mister. 
 
 
Não raras vezes, após a atuação inicial do órgão ambiental, 
surgem questionamentos sobre uma Licença expedida ou a fiscalização dos que estão 
licenciados ou não, na utilização dos bens ambientais. Tanto na fase do procedimento de 
licenciamento, quando da audiência pública, como no monitoramento, nas auditorias 
ambientais em suas várias expressões17, quanto ao respeito à legislação ambiental, 
Constitucional e outras, bem como da legislação administrativa e demais normas 
pertinentes. É relevante registrar inclusive quanto ao cumprimento dos princípios que 
informam o Direito Ambiental já que, como já citado anteriormente, os princípios são 
anteriores e estão acima das normas legisladas. 
 
 
Adiante, quando se falar sobre a Tutela Civil do meio 
ambiente, ver-se-á com detalhes a atuação decorrente da Lei de Ação Civil Pública 
Ambiental ( Lei 7347/85 ), onde o Ministério Público tem papéis ante-judiciais e judiciais 
relevantíssimos. Na composição cível tem sido destacado os Termos de Ajustes de 
Conduta. 
 
 
 
 
17 ANDRADE, Ricardo Rangel de et alii. Manual Básico do Promotor de Justiça de Defesa do Meio 
Ambiente. Goiânia: Escola Superior do Ministério Público do Estado de Goiás, 2004. p.5. 
 78 
 
 
9.2. TUTELA ADMINISTRATIVA PELAS 
ASSOCIAÇÕES CIVIS 
Há um conjunto de possibilidades que a legislação prevê para 
a participação da sociedade civil. 
As associações civis tem possibilidade de exercer o Dirieto 
de Informação e, de conseguinte, viabilizar o Princípio Democrático explicado quando se 
falou dos Princípios do Direito Ambiental brasileiro. 
É previsto nos licenciamentos complexos, quais sejam, os 
que necessitam de Estudo de Impacto Ambiental e do respectivo Relatório de Impacto 
Ambiental, a realização de Audiências Públicas. Nestas, sem dúvida, o papel da sociedade 
civil pode ser exercido e normalmente o é pelas Organizações Não Governamentais, 
expressão típico da uma Associação Civil. 
Um papel relevante e eventualmente pouco utilizado, é o da 
denúncia por via dos meios de comunicação. Muitas vezes, certas atividades impactantes, 
com ou sem licenças ambientais, ultrapassam o âmbito da normalidade, afetando o 
equilíbrio do meio ambiente preconizado na Cosntituição. Assim, de modo responsável e 
fundamentado, espera-se que as ONGs exerçam este papel. No âmbito mundial, é 
conhecido o papel do Greenpeace em relação às experiências nucleares da França no atol de 
Mururoa, bem como da plataforma petrolífera da Shell no mar do norte, em que as 
denúncias ensejaram no primeiro caso o fim de tais experiências contaminantes do meio 
ambiente e, no segundo, a desistência do afundamento puro e simples da plataforma pela 
multinacional, ensejando o seu desmonte adequado. 
Na Educação Ambiental não-formal há um campo vastíssimo 
de conscientização da sociedade civil pelas ONGs. 
Em aspecto específicos, como o Sistema Nacional de 
Gerenciamento dos Recursos Hídricos, está prevista a participação de tais Associações, no 
sentido de democratizar o uso dos recursos hídricos. A Age nda 21 mundial, a nacional, as 
estaduais e as municipais têm sempre a previsão de que a legislação providencie meios para 
legalizar tais atuações, tanto na parte da construção legislativa, como no planejamento e 
execução das políticas ambientais. 
Na esfera judicial, as ONGs são legitimadas para propor a 
Ação Civil Pública, como se discorrerá adiante na Tutela Civil do Meio Ambiente. 
A promoção de reuniões, passeatas, a utilização da mídia, os 
abaixo-assinados são meios legítimos de conscientização sobre as questões ambientais e 
sua defesa. Observar que nos licenciamentos ambientais em que a Audiências Pública não 
seja obrigatória, esta passará a sê-lo, caso seja requerida por Associação Civil para que tal 
aconteça. 
No Brasil, o Código Civil não menciona as ONGs. 
Entretanto, como espécie do gênero Associação Civil, estas tem o seu espaço. Na legislação 
infra-constitucional, o Ministério do Meio Ambiente ( de forma discutível quanto ao 
 79 
instrumento legal utilizado ), delimita o que admite ser uma ONG ambientalista. Verifique 
a Resolução CONAMA 292/2002.18 
A possibilidade de recursos financeiros para atividades de 
proteção e promoção do meio ambiente pelas ONGs, existe em todas as esferas da 
Administração Público, geralmente através dos Fundos Ambientais federais, estaduais e 
municipais de meio ambiente. 
Ao indivíduo está reservada a atuação presencial nas 
Audiências Públicas, a subscrição de abaixo assinados, a atuação judicial via Ação Popular 
Constitucional Ambiental que será vista no capítulo próprio. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
- CAPÍTULO X - 
 UMA ABORDAGEM A PARTIR DOS RECURSOS OU PRÁTICAS 
AMBIENTAIS ENVOLVIDOS 
 
10.1. : A QUESTÃO DA ÁGUA: OS RECURSOS HÍDRICOS 
( POLÍTICA NACIONAL DOS RECURSOS HÍDRICOS ) 
 1)- Introdução 
 A problemática geral dos recursos hídricos indica que a principal questão de 
segurança no mundo seja a da água. 
 "a água está se tornando um teste de campo supremo para o desenvolvimento da 
segurança coletiva." 
 Usos da água: geração de energia; abastecimento doméstico; abastecimento 
industrial; coleta de esgoto, etc. 
 Notícias sobre Conflitos pela Água: 
 A)-Internacionais: 
 1 bilhão de pessoas não têm acesso à água potável no mundo e 2,2 milhões 
morrem anualmente vítimas de doenças causadas pela falta do recurso ou por saneamento 
básico inadequado.Terra: 70% da superfície da Terra, mas 97,5 % são salgadas. Dos 2,5% 
 
18 A resolução define que: “são entidades ambientalistas as Organizações Não-Governamentais sem fins 
lucrativos que tenham por objeto principal, no seu estatuto e por intermédio de suas atividades, a defesa e 
proteção do meio ambiente” ( art. 1º). Também informa quais entidade não são consideradas ONGs 
ambientalistas: 1-Sociedades Comerciais; 2- os siindicados, as associações de classe ou de representação de 
categoria profissional; 3- Os clubes de serviço; 4- as instituições religiosas ou voltadas para a disseminação de 
credos, cultos, práticas e visões devocionais ou confessionais; 5- as organizações partidiárias ou 
assemelhadas, inclusive suas fundações, dentre outras. ( parágrafo único do artigo 1º da Resolução CONAMA 
292/2002 ). 
 80 
restantes, quase 2/3 estão congelados nos pólos. Quase 70% da água disponível são 
aplicadas na agricultura. 
 1)- EGITO: a sua população é maior do que as suas reservas de água; 
 2)- BACIA DO RIO JORDÃO: Costa de Israel, Síria, Jordânia e Região da 
Palestina. 
 Nascentes: Colinas de Golan ( Síria ) ocupadas por Israel. Faixa de Gaza ( 
importantes aqüíferos ). 
 Tratamentodesigual: Palestinos estão sujeitos a cotas e fechamentos 
intermitentes; Israelenses, nos assentamentos, têm água disponível. Além das negociações, 
especula-se que Israel planeja importar água da Turquia por tubulações. A solução não é 
mais a tradicional "troca de terras pela paz", mas a "troca de água pela paz". Confundem-se 
as questões de Sobrevivência com a de Soberania. 
 3)-ÍNDIA E PAQUISTÃO: Compartilham bacias hidrográficas. 
 4)-ÁFRICA: BACIA DO NÍGER: Vital para Guiné Conacri, Mali, Níger e 
Nigéria. 
 5)- EUA X MÉXICO: Barramento de águas pelos EUA, no Colorado, deixou 
pouca água para o México. Mar de Aral ( Cazaquistão e Uzbequistão), Ásia Central. 
 B)-Nacionais: 
 1)- MONTES CLAROS (MG): Bacia do Rio Riachão. 
 2)- RIO GRANDE DO SUL: Arroz irrigado 
 3)- NORDESTE BRASILEIRO: detém apenas 3,3% dos recursos hídricos do 
país. 
 4)- GOIÁS: Flores; notícias sobre o riscos de desabastecimento de Goiânia; A 
questão de Corumbá IV e a submersão de investimentos de peso. 
 DADOS: 
 Especulação da cobiça internacional na Amazônia: pulmão do mundo, maior 
depósito de minério e da biodiversidade, agora uma das maiores reservas de água doce do 
mundo. 
 Brasil possui 12% da água superficial do mundo. 
 É um dos três (3) países com mais água potável do mundo, ao lado do Canadá e 
da Rússia. 
 
 Dia da Água: 22 de março. 
 O Brasil é o 23º país com mais água disponível por pessoal no mundo; 
 1998: Ano Internacional do Oceano. 2003: Ano Internacional da Água Doce. Dia 
Interamericano da Água: Primeiro sábado de outubro. 
 O CICLO HIDROLÓGICO OU CICLO DA ÁGUA: "A água é mestra da 
reciclagem, da autoconservação e da autopurificação. Vejamos como ocorre o processo. As 
águas oceânicas ou continentais passam ao estado gasoso mediante a evaporação, graças à 
energia que recebem do sol. Os níveis de evaporação dependem da temperatura e da 
quantidade de vapor ou umidade que se encontre no ar circundante. Também existe uma 
importante evaporação que prové m das plantas, que neste caso se denomina transpiração. 
O processo inverso à evaporação é a condensação. O vapor volta a se 
converter em água quando o ar saturado com umidade absorve mais umidade por parte de 
outras substâncias ou quando há uma gota na temperatura do ar saturado com umidade. O 
vapor se condensa no ar e forma minúsculas gotas de águas; estas por sua vez formam 
nuvens. O ar que contém vapor ou nuvens é transportado pelo vento de um lugar a outro, 
 81 
por este motivo, o vento desempenha um papel importante na possibilidade de que chova 
ou não em um lugar. Como as minúsculas gotas que constituem as nuvens não têm 
possibilidade de cair na terra por seu pequeno tamanho, é possível que se convertam de 
novo em vapor. Calcula-se que cada milhão dessas minúsculas gotinhas pode formar tão 
somente uma gota de chuva. Estas gotas grandes são as que caem na superfície terrestre em 
forma de precipitação. De acordo com as condições climáticas, as gotas se unem, às vezes, 
como cristais de gelo e formam flocos de neve que podem ser convertem em água à medida 
que caem na terra ou se precipitam em forma de granizo. Quando chove, a água não desliza 
pela superfície unicamente, mas parte dela é absorvida pela terra. 
A possibilidade de que o solo absorva a água depende de diversas 
circunstâncias, entre elas, o grau de porosidade do solo, a vegetação existente e as camadas 
que resultam impenetráveis. Por exemplo, nas cidades, o asfalto não permite que a água 
seja absorvida pelo solo. Em todo este processo existe também a possibilidade de que sejam 
criadas fontes naturais de águas, particularmente quando a chuva é retida nas camadas 
rochosas.A água superficial é aquela que flui sobre a superfície da terra, como os rios, ou 
que se encontra em um lugar concreto, como os lagos ou áreas úmidas. Assim, o ciclo da 
água transcorre em diversas etapas: a evaporação ou transpiração, a condensação, o 
transporte, a precipitação, a infiltração e o movimento de águas superficiais ou 
subterrâneas.Em cada um destes momentos, a água representa um grande valor ecológico, 
uma vez que estabelece as bases para que os diversos ecossistemas, sejam eles aquáticos ou 
terrestres, tenham possibilidades de vida."29 
 
 JUSTIFICATIVA PARA O DISCIPLINAMENTO DA ÁGUA: 
 "A água é reconhecidamente um recurso vulnerável, finito e já escasso em 
quantidade e qualidade, por isso, trata-se de um bem econômico. É, portanto, fundamental 
que se disponha de instrumentos legais essenciais ao equilíbrio da oferta e da demanda para 
garantir o desenvolvimento sustentável." 
 
 
 2)-BASE LEGAL: 
 2.1. CONSTITUCIONAL: Competência privativa para legislar sobre Águas (Art. 22, IV, 
C.F./88). 
Art. 20, III, VIII. Art. 21, XII, "b", C.F./88. 
 Destaca-se as seguintes alterações Constitucionais essenciais: 
 2.1.1.)- EXTINÇÃO DO DOMÍNIO PRIVADO DA ÁGUA 
 Antes, o Código das Águas, previa o domínio privado da mesma. Assim, todos 
os Corpos dÁgua, a partir de outubro de 1988, passaram a ser de domínio público. 
 2.1.2. )- ESTABELECIMENTO DE APENAS DOIS TIPOS DE DOMÍNIO 
PARA OS CORPOS DÁGUA NO BRASIL: 
 a)- Domínio da UNIÃO ( Art. 20, III, C.F./88). 
 b)- Domínio dos ESTADOS ( Art.26, I, C.F./88 ) 
 ( isto inclui as águas superficiais ou subterrâneas, fluentes, emergentes ou em 
depósito, ressalvadas, neste caso, as decorrentes de obras da União. ) 
 2.2. INFRA-CONSTITUCIONAL 
 2.2.1.)- A lei tradicional de direito da água no Brasil é o denominado " CÓDIGO 
DAS ÁGUAS" de 10/07/1934.( "apesar de mais de 60 anos de existência, ainda é 
 82 
considerado pela doutrina jurídica como um dos textos modelares do direito positivo 
brasileiro." ) 
 
2.2.2. )- LEI DA POLÍTICA NACIONAL DOS RECURSOS HÍDRICOS 
 Lei 9.433/1997. Lei 9.984/2000 ( AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS -ANA). 
 A LEI DE ORGANIZAÇÃO ADMINISTRATIVA PARA O SETOR DOS 
RECURSOS HÍDRICOS 
 Lei 9.433 de 09/01/1.999 e Lei 9.984/2.000. Visa organizar o setor de 
planejamento e gestão no âmbito nacional. 
 DESTAQUES: 
 1)- Gestão integrada dos recursos hídricos; 
 2)- Princípio da adoção da BACIA HIDROGRÁFICA como Unidade de 
Planejamento; 
 3)- Órgão Executor da Política Nacional dos Recursos Hídricos: MINISTÉRIO 
DO MEIO AMBIENTE pela Secretaria Nacional dos Recursos Hídricos ( Portaria 253/99 
que trabalha na gestão integrada do uso múltiplo sustentável dos Recursos Hídricos; 
implantação do SINGREH; integração da Gestão dos Recursos Hídricos com a Gestão 
Ambiental; Implementação dos instrumentos de gestão. 
 4)- Foi criado o SISTEMA INTEGRADO DE GESTÃO DOS RECURSOS 
HÍDRICOS - SIGREH - e tendo como órgão de cúpula o CONSELHO NACIONAL DE 
RECURSOS HÍDRICOS e como órgão de execução federal a AGÊNCIA NACIONAL DE 
ÁGUAS ( Lei 9.984 de 17/07/2.000 ) 
 5)- Princípio dos usos múltiplos da água ( todos têm direito de acesso ao uso da 
água ) 
 6)- Princípio do reconhecimento da água como um bem finito e vulnerável. 
 7)- Princípio do valor econômico da água; 
 8)- Gestão Desconcentrada e Participativa. Tudo o que puder ser decidido nos 
níveis mais baixos da hierarquia não será resolvido pelos níveis mais altos da hierarquia. 
 INSTRUMENTOS ESSENCIAIS À BOA GESTÃO 
 1)- Instituição do PLANO NACIONAL DOS RECURSOS HÍDRICOS ( 
Documento programático do Setor ). União e Estados.Vários Estados fizeram seus respectivos planos, possuindo, portanto, lei própria. 
Ex.: GOIÁS, SP, CE, MG, RS, SC, BA, RN, PB, PA, PE, etc. 
 2)- Outorga de Direitos de uso dos R.H. 
 Instrumento pelo qual o usuário recebe uma autorização ou uma concessão ou 
ainda uma permissão, conforme o caso, para fazer o uso da água. 
 Induz o usuário a uma disciplina desse uso. Nacional: Secretaria Nacional de 
Recursos Hídricos e a Agência Nacional de Águas; Estados: Goiás, SEMARH. 
 3)- Cobrança pelo uso da água. 
 4)- O enquadramento dos Corpos dágua em "Classes de uso" faz a ligação entre 
a gestão de qualidade com a gestão de quantidade. 
 5)- SISTEMA NACIONAL DE INFORMAÇÕES SOBRE OS RECURSOS 
HÍDRICOS. 
 DELINEAMENTO INSTITUCIONAL DOS RECURSOS HÍDRICOS 
 1)- CONSELHO NACIONAL DE RECURSOS 
 HÍDRICOS 
 83 
 2)- COMITÊS DE BACIAS HIDROGRÁFICAS ( Participação de usuários, 
prefeituras, sociedade civil organizada, demais níveis de governo). É o "Parlamento das 
Águas da Bacia". Fórum de decisão em cada bacia. 
 3)- A AGÊNCIA DE ÁGUAS 
 "braço técnico dos Comitês. Gere os recursos oriundos da cobrança pelo uso da 
água." 
 No nível federal: AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS(ANA): É uma autarquia 
sob regime especial com autonomia administrativa e financeira, vinculada ao 
 Ministério do Meio Ambiente e responsável pela implantação da Política 
Nacional de Recursos Hídricos. Também cabe a esta implantar a Lei das Águas, que 
disciplina o uso dos recursos hídricos no Brasil. ( ver: www.ana.gov.br ) 
 
 4)- ORGANIZAÇÕES CIVIS DE RECURSOS HÍDRICOS 
 Entidades atuantes no setor de planejamento e gestão do uso dos recursos 
hídricos. 
 ALERTA: NÃO AO DESPERDÍCIO! 
 Principais formas de consumo da água: CONSUMO HUMANO OU 
DOMÉSTICO; CONSUMO AGRÍCOLA; O CONSUMO INDUSTRIAL;O USO EM 
ATIVIDADES RECREATIVAS. 
 CONSUMO HUMANO OU DOMÉSTICO: 120 litros/pessoa, assim divididos: 
36% na descarga do banheiro; 31% em higiene corporal; 13% na lavagem de roupa; 8% na 
rega de jardins, lavagem de automóveis, limpeza de casa, atividades de diluição eoutras; 
7% na lavagem de utensílios de cozinha, e 4% para beber e alimentação. 
 Um cano que pinga, desperdiça 80 litros de água por dia; o que equivale a uma 
perda de 2,4 metros cúbicos ao mês. Um jorro fino de água, de 1,6 mm de diâmetro, perde 
180 litros por dia; 5,4 metros cúbicos por mês. 
 A ATIVIDADE AGRÍCOLA consome 70% da água dos rios, lagos e aqüíferos, 
razão pela qual seu potencial desperdícios é um dos mais graves. 
 A ATIVIDADE INDUSTRIAL: utiliza entre a metade e ¾ de toda a água 
extraída, em comparação com a média mundial que chega somente a l/4. 
 Na indústria, há consumidos elevados em determinados processos produtivos, 
por exemplo, no caso do aço, se chega a gastar 300 toneladas de água para produzir 
somente uma tonelada deste metal. 
 O percentual de uso de água doce pode ser dividido em 69% utilizado em 
agricultura; 23% utilizada na indústria; 8% uso doméstico ( pessoal, familiar e municipal 
).30 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 84 
10.2. NOÇÕES SOBRE A FLORA 
 
 
 Base legal: Constitucional: Art.225, VI; Art. 23, VII; Art. 24, VI. 
 Infra-Constitucional: Lei 4.77l/65 e alterações. 
 M.P. 2.166-77/2001.Resolução do CONAMA: 302 E 303/2002. 
 II- FOGO: Lei 4771/65 e Decreto 2.66l 8/7/1998; 
 III- UNIDADES DE CONSERVAÇÃO: Constituição, art. 225, III. 
 Lei 9985/2000. 
 -FLORESTAS E DEMAIS FORMAS DE VEGETAÇÃO: 1)- Bem de interesse 
comum a todos os habitantes do país. 2)- O uso em desacordo com a legislação, constitui-se 
USO NOCIVO DA PROPRIEDADE e sujeita-se ao procedimento sumário do CPC. 
 Flora: "Totalidade de espécies que compreende a vegetação de uma determinada 
região" ( Milaré, 162) 
 Vegetação: cobertura vegetal de certa área, região, país ( Milaré, 163 ). 
 Floresta: Formação vegetal de proporções e densidades maiores ( Milaré, 163 ). 
A floresta está dentro da flora. 
 LIMITAÇÕES COMPULSÓRIAS GERAIS RELATIVAS À FLORA NA 
PROPRIEDADE PRIVADA 
 CONCEITOS PRÉVIOS: 
 PEQUENA PROPRIEDADE RURAL OU POSSE RURAL FAMILIAR: aquela 
explorada mediante o trabalho pessoal do proprietário ou posseiro e de sua família, 
admitida a ajuda eventual de terceiro e cuja renda bruta seja proveniente, no mínimo, em 
oitenta por cento, de atividade agroflorestal ou de extrativismo, cuja área não supere: 1)- 
150,00 há se localizada nos Estados do Acre, Pará, Amazonas, Roraima, Rondônia, Amapá 
e Mato Grosso e nas regiões situadas ao norte do paralelo 13º dos Estados de Tocantins e 
Goiás, ao oeste do meridiano de 44º W do Estado do Maranhão ou do Pantanal mato-
grossense ou sul-mato-grossense (AMAZÔNIA LEGAL); 2)- 50,00 há se localizada no 
polígono das secas ou a leste do meridiano de 44ºW do Estado do Maranhão, e; 3)- 
TRINTA HECTARES, se localizada em qualquer outra região do país ( Goiás ). 
 
 
10.2.1.ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE (A.P.P.) 
 
 Definição: "área protegida nos termos dos arts. 2º e 3º desta Lei, coberta ou não 
por vegetação nativa, com a função ambiental de preservar os recursos hídricos, a 
paisagem, a estabilidade geológica, a biodiversidade, o fluxo gênico, a fauna e flora, 
proteger o solo e assegurar o bem-estar das populações humanas" Observe que a definição 
legal evoluiu para modificar a previsão original do Código Florestal Federal, que 
denominava tais áreas como FLORESTAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE, 
basicamente aplicáveis às denominadas MATAS CILIARES. Entretanto, no tratamento 
prático da questão, o legislador evoluiu para considerar a expressão "área de preservação 
permanente", pois mesmo onde não ocorram florestas ou mata ciliares, a área definida pelo 
Código deve ser mantida intocada, preservada, permitindo-se usos excepcionais previstos 
na legislação, mediante prévia autorização. Hoje em dia, a parte mais sensível de tais áreas, 
fica adstrita às imensas exceções que a Administração Pública tem dado ao seu uso que, 
 85 
primariamente, eram previstas para serem deixadas intocadas, como preservação 
Permanente. O principal instrumento legal que introduziu as exceções ao uso destas áreas é 
a RESOLUÇÃO CONAMA 369 de 28/03/2006. 
 CONSIDERAM-SE ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE 
 I)- ( ART. 2º DO CÓDIGO FLORESTAL ): 
 a)- ao longo dos rios ou de qualquer curso dágua desde o seu nível mais alto em 
faixa marginal cuja largura mínima será: 
 1)- de 30(trinta) metros para os cursos d'água com menos de 10 ( dez ) metros de 
largura; 
 2)- de 50(cinqüenta) metros para os cursos dágua que tenham de 10(dez) a 
50(cinqüenta) metros de largura; 
 3)- de 100 (cem) metros para os cursos dágua que tenham de 50 a 200 ( 
duzentos) metros de largura; 
 4)- de 200 (duzentos) metros para os cursos dágua que tenham de 200 ( duzentos 
) a 600 (seiscentos) metros de largura; 
 5)- de 500 ( quinhentos) metros para os cursos dágua que tenham largura 
superior a 600 ( seiscentos metros ); 
 b)- ao redor das lagoas, lagos ou reservatórios d'água naturais e artificiais; 
 c)- nas nascentes, ainda que intermitentes e nos chamados "olhos d' água" 
qualquer que seja a sua situação topográfica, num raio mínimo de 50 ( cinqüenta) metros de 
largura. 
 d)- no topo de morros, montes, montanhase serras; 
 e)- nas encostas ou partes destas, com declividade superior a 45º, equivalente a 
100%4 na linha de maior declive; 
 f)- nas restingas, como fixadoras de dunas ou estabilizadoras de mangues; 
 g)- nas bordas dos tabuleiros ou chapadas, a partir da linha de ruptura do relevo, 
em faixa nunca inferior a 100 ( cem) metros ) em projeções horizontais; 
 h)- em altitude superior a 1800 ( hum mil e oitocentos ) metros, qualquer que 
seja a vegetação; 
 Parágrafo único: No caso de áreas urbanas, assim entendidas as compreendidas 
no perímetros urbanos definidos por lei municipal, e nas regiões metropolitanas e 
aglomerações urbanas, em todo o território abrangido, observar-se-á o disposto nos 
respectivos planos diretores e leis de uso do solo, respeitados os princípios e limites a que 
se refere este artigo. 
 
 
II)- Art. 3º do CÓDIGO FLORESTAL- CONSIDERAM-SE AINDA COMO 
ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE, QUANDO ASSIM DECLARADAS POR 
ATO DO PODER PÚBLICO, as florestas e demais formas de vegetação natural destinadas 
a: 
 a)- atenuar a erosão das terras; 
 b)- a fixar as dunas; 
 c)- a formar faixas de proteção ao longo de rodovias e ferrovias; 
 d)- a auxiliar a defesa do território nacional a critério das autoridades militares; 
 e)- a proteger sítios de excepcionar beleza ou de valor científico ou histórico; 
 f)- a asilar exemplares da fauna ou flores ameaçados de extinção; 
 86 
 g)- manter o ambiente necessário à vida das populações silvícolas; ( § 2º: As 
florestas que integram o Patrimônio Indígena ficam sujeitas ao regime de preservação 
permanente pelo só efeito desta lei ). 
 h)- a assegurar condições de bem-estar público. 
 
 
 EXCEÇÕES QUE PERMITEM A SUPRESSÃO OU UTILIZAÇÃO DA ÁREA 
DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE: 
 
 1)- "A supressão total ou parcial de florestas de preservação permente só será 
admitida com prévia autorização do Poder Executivo Federal, quando for necessária à 
execução de obras, planos, atividades ou projetos de utilidade pública ou interesse social. 
 UTILIDADE PÚBLICA: a)- As atividades de segurança nacional e proteção 
sanitária; b)- as obras essenciais de infra-estrutura destinadas aos serviços públicos de 
transporte, saneamento e energia; e c)- demais obras, planos, atividades ou projetos 
previstos em resolução do CONAMA. ( MP. 2166/2001 ); Atualmente, aplica-se a 
RESOLUÇÃO CONAMA 369/2006. 
 INTERESSE SOCIAL: a)- as atividades imprescindíveis à proteção da 
integridade da vegetação nativa, tais como: prevenção, combate e controle do fogo, 
controle da erosão, erradicação de invasoras e proteção de plantios com espécies nativas, 
conforme resolução do CONAMA; b)- as atividades de manejo agroflorestal sustentável 
praticadas na pequena propriedade ou posse rural familiar, que não sejam descaracterizem a 
cobertura vegetal e não prejudiquem a função ambiental da área; e c)- demais obras, planos, 
atividades ou projetos definidos em resolução do CONAMA. 
 
 2)- Deverá ser feito em procedimento administrativo próprio, em caso de 
utilidade pública e interesse social, devidamente caracterizados e motivados, quando 
inexistir alternativa técnica e locacional ao empreendimento proposto. ( MP 2.166/2000). 
Atualmente aplica-se a RESOLUÇÃO CONAMA 369/06. 
 
 
 
 
 COMPETÊNCIA PARA AUTORIZAR AS A.P.P.’s: 
 a)- órgão ambiental Estadual, com anuência prévia, quando couber, do órgão 
federal ou municipal de MEIO AMBIENTE; 
 b)- órgão ambiental municipal ( se o município tiver Conselho de meio ambiente 
com caráter deliberativo e plano diretor ), mediante anuência prévia do órgão ambiental 
estadual competente, fundamentada em parecer técnico. 
 c)- poderá ser autorizada a SUPRESSÃO EVENTUAL E DE BAIXO 
IMPACTO AMBIENTAL, assim definido em regulamento, da vegetação de área de 
preservação permanente. 
 d)- O órgão ambiental competente indicará PREVIAMENTE à emissão da 
autorização, AS MEDIDAS MITIGADORAS E COMPENSATÓRIAS QUE DEVERÃO 
SER ADOTADAS PELO EMPREENDEDOR. 
 e)- No caso de reservatório artificial é obrigatória a desapropriação ou aquisição, 
pelo empreendedor, das ÁRFEAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTES CRIADAS NO 
 87 
SEU ENTORNO, cujos parâmetros e regime de uso serão definidos por resolução do 
CONAMA. 
 f)- é permitido o acesso de pessoas e animais às áreas de preservação 
permanente, para obtenção de água, desde que não exija a supressão e não comprometa a 
regeneração e a manutenção a longo prazo da vegetação nativa. 
 
 10.2. 2)- ÁREAS DE RESERVA LEGAL FLORESTAL 
 
 Definição: "área localizada no interior de uma propriedade ou posse rural, 
excetuada a de preservação permanente, necessária ao uso sustentável dos recursos 
naturais, à conservação e reabilitação dos processos ecológicos, à conservação da 
biodiversidade e ao abrigo e proteção da fauna e flora nativas; 
 1)- TAMANHOS:A TÍTULO DE RESERVA LEGAL, DEVERÁ SER 
MANTIDO, NO MÍNIMO: 
 A)- 80%: PROPRIEDADES RURAIS SITUADAS EM ÁREAS DE 
FLORESTAS LOCALIZADAS NA AMAZÔNIA LEGAL. 
 B)- 35% NA ÁREA DE CERRADO NA AMAZÔNIA LEGAL, SENDO 20% 
NA MESMA PROPRIEDADE E 15% EM OUTRA ÁREA, localizada na MESMA 
MICROBACIA e SEJA AVERBADA EM CARTÓRIO. 
 C)- 20% EM ÁREA DE FLORESTA OU OUTRAS FORMAS DE 
VEGETAÇÃO NATIVA, localizada nas DEMAIS REGIÕES DO PAÍS. 
 D)- 20%¨NAS ÁREAS DE CAMPOS GERAIS LOCALIZADAS EM 
QUALQUER REGIÃO DO PAÍS. 
 
 2)- CONDIÇÕES DE USO: NÂO PODE SER SUPRIMIDA MAS APENAS 
UTILIZADA EM MANEJO FLORESTAL SUSTENTÁVEL. 
 EXCEÇÕES: 
 A)- INCLUI-SE NO CÔMPUTO DA RESERVA LEGAL PARA SUA 
MANUTENÇÃO OU COMPENSAÇÃO EM PEQUENA PROPRIEDADE OU POSSE 
RURAL FAMILIAR, O PLANTIO DE ÁRVORES FRUTÍFERAS, ORNAMENTAIS OU 
INDUSTRIAIS, ESPÉCIES EXÓTICAS, CULTIVADAS EM SISTEMA INTERCALAR 
OU EM CONSÓRCIO COM ESPÉCIES NATIVAS. 
 
 B)- INCLUI-SE NO CÔMPUTO DO PERCENTUAL DA ÁREA DA 
RESERVA LEGAL, AS ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE, desde que não 
implique a conversão de novas áreas para o uso alternativo do solo e quando a soma da 
vegetação nativa em área de preservação permanente e reserva legal exceder a: 
 1)- 80% da propriedade Rural localizada na Amazônia legal. 
 2)- 50% da propriedade rural localizada nas demais regiões do país; e 
 3)- 25% da pequena propriedade. 
 
 3)- AVERBAÇÃO: Deve ser averbada À MARGEM DA INSCRIÇÃO DO 
MATRÍCULA DO IMÓVEL, NO REGISTRO DE IMÓVEIS COMPETENTE, SENDO 
VEDADA A ALTERAÇÃO DE SUA DESTINAÇÃO, NOS CASOS DE SUA 
DESTINAÇÃO, NOS CASOS DE TRANSMISSÃO, A QUALQUER TÍTULO, DE 
DESMEMBRAMENTO OU DE RETIFICAÇÃO DA ÁREA, COM AS EXCEÇÕES 
PREVISTAS NESTE CÓDIGO. 
 88 
 A Averbação da pequena propriedade ou posse rural familiar é gratuita.. 
 NA POSSE, a reserva legal é assegurada por TERMO DE AJUSTAMENTO DE 
CONDUTA, firmado pelo possuidor com o órgão ambiental federal ou estadual 
competente, com força de título executivo . 
 PODERÁ HAVER RESERVA LEGAL EM CONDOMÍNIO. 
 
 4)- OBRIGAÇÃO DE RECOMPOR: 
 Caso o proprietário não tenha os percentuais previstos da RESERVA LEGAL, 
ele deverá recompô- la: 
 A)- Plantio de três em três anos de 1/10 do total da área necessária para sua 
complementação, COM ESPÉCIES NATIVAS, de ACORDO COM CRITÉRIOS 
ESTABELECIDOSPELO ÓRGÃO ESTADUAL AMBIENTAL COMPETENTE. Como 
espécies pioneiras, poderá ser permitido o plantio temporário de espécies EXÓTICAS.( 
Conforme Art.99, Lei 8.171/91 ). 
 B)- conduzir a regeneração natural da reserva legal;( mediante laudo técnico do 
órgão ambiental estadual, o qual poderá exigir o isolamento da área, bem como projeto 
elaborado por técnico competente com respectivo acompanhamento ). 
 C)- COMPENSAR a reserva legal por outro área equivalente em importância 
ecológica e extensão, desde que pertença ao mesmo ECOSSISTEMA e esteja localizada na 
MESMA MICROBACIA, conforme critérios estabelecidos em regulamento. Caso haja a 
IMPOSSIBILIDADE de Compensação na mesma bacia, o órgão ambiental estadual deverá 
usar o CRITÉRIO DE MAIOR PROXIMIDADE POSSÍVEL, desde que na mesma Bacia 
Hidrográfica e no mesmo Estado, respeitado o PLANO DA BACIA HIDROGRÁFICA.. 
OUTRAS FORMAS DE COMPENSAÇÃO: MEDIANTE O ARRENDAMENTO DE 
ÁREA SOB REGIME DE SERVIDÃO FLORESTAL OU RESERVA LEGAL, OU 
AQUISIÇÃO DE COTAS DE SERVIDÃO FLORESTAL, RESERVA LEGAL OU RPPN. 
 D)- ISENÇÃO TEMPORÁRIA DE COMPENSAR POR TRINTA ( 30 ) ANOS: 
Doação de áreas situadas dentro de Unidades de Conservação, pendentes de regularização 
fundiária. 
 E)- A exploração em terras indígenas somente poderá ser feita pelas 
COMUNIDADES INDÍGENAS EM REGIME DE MANEJO FLORESTAL 
SUSTENTÁVEL. 
 
10. 3- SERVIDÃO FLORESTAL- 
 ATO VOLUNTÁRIO ( CARÁTER TEMPORÁRIO ) EM QUE O 
PROPRIETÁRIO RENUNCIA A DIREITOS DE SUPRESSÃO OU EXPLORAÇÃO DA 
VEGETAÇÃO NATIVA, LOCALIZADA ALÉM DA RESERVA LEGAL E DA ÁREA 
COM VEGETAÇÃO DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE. Deve ser averbada à margem 
da matrícula do imóvel, no registro de imóvel competente, sendo vedada, durante o prazo 
de sua vigência, a alteração da destinação da área, nos casos de transmissão a qualquer 
título, de desmembramento ou de retificação dos limites da propriedade. 
 
 
 10.4)- COTA DE RESERVA FLORESTAL - CRF - 
 Um título representativo de vegetação nativa sob regime de servidão florestal, de 
reserva particular do patrimônio natural ou reserva legal instituída voluntariamente sobre 
vegetação que exceder os percentuais estabelecidos no art. 16 deste Código. 
 89 
 
 
10.5)-RESERVA PARTICULAR DO PATRIMÔNIO NATURAL ( 
R.P.P.N. ) - 
 
10.3. DO FOGO: USOS E NÃO -USOS 
 Decreto 2661/1998 ( NORMAS RELATIVAS AO EMPREGO DO FOGO ) 
 Código Florestal, artigo 27: "É proibido o uso do fogo nas florestas e demais 
formas de vegetação. Parágrafo único: "Se peculiaridades locais ou regionais justificarem o 
emprego do fogo em práticas agropastoris ou florestais, a permissão será estabelecida em 
ato do Poder Público, circunscrevendo as áreas e estabelecendo normas de precaução." 
 REGRA BÁSICA: É VEDADO O USO DO FOGO: 
 I)- Nas florestas e demais formas de vegetação; 
 II)- para queima pura e simples, assim entendida aquela não carbonizável, de: 
 a)- aparas de madeira e resíduos florestais produzidos por serrarias e madeireiras, 
como forma de descarte desses materiais; 
 b)- material lenhoso, quando seu aproveitamento for economicamente viável; 
 III)- Numa faixa de: 
 a)- quinze metros dos limites das faixas de seguranças das linhas de transmissão 
e distribuição de energia elétrica; 
 b)- cem metros ao redor da área de domínio de subestação de energia elétricas; 
 c)- vinte e cinco metros ao redor da área de domínio de estações de 
telecomunicações; 
 d)- 50,00 metros a partir de aceiro, que deve ser preparado, mantido limpo e não 
cultivado, de dez metros de largura ao redor das Unidades de Conservação; 
 e)- 15,00 metros de cada lado de rodovias estaduais e federais e de ferrovias, 
medidos a partir da faixa de domínio; 
 IV)- No limite da linha que simultaneamente corresponda: 
 a)- a área definida pela circunferência de raio igual a onze mil metros, tendo 
como onto central o centro geométrico da pista de pouso e decolagem em aeródromo; 
 b)- a área cuja linha perimetral é definida a partir da linha que delimita a área 
patrimonial do aeródromo, dela distanciando no mínimo dois mil metros, externamente, em 
qualquer de seus pontos; 
 Parágrafo único: após o transcurso de CINCO ANOS da data de publicação deste 
Decreto, ficará proibido o uso do fogo, mesmo sob a forma de Queima Controlada, para 
queima de vegetação contida numa faixa de mil metros de aglomerado urbano de qualquer 
porte, delimitado a partir do seu centro urbanizado ou de quinhentos metros a partir do seu 
perímetro urbano, se superior. 
 EXCEÇÃO: É PERMITIDO O USO DO FOGO SOB FORMA DE QUEIMA 
CONTROLADA 
 CONCEITO: "considera-se queima controlada o emprego do fogo como fator de 
produção e manejo em atividades agropastoris e florestais, e para fins de pesquisa científica 
e tecnológica, em áreas com limites físicos previamente definidos." ( art. 2º, Decreto 2661). 
 CONDICIONANTES: 1)-Obtenção de AUTORIZAÇÃO PRÉVIA DE 
QUEIMA CONTROLADA a ser obtida pelo interessado junto ao ÓRGÃO DO SISNAMA, 
com atuação na área onde se realizará a operação.; 
 ANTES DA AUTORIZAÇÃO, O INTERESSADO DEVERÁ: 
 90 
 l)- Definir as técnica,; os equipamentos e a mão de obra a serem utilizados; 
 2)- fazer o reconhecimento da área e avaliar o material a ser queimado; 
 3)- promover o enleiramento dos resíduos de vegetação, de forma a limitar a 
ação do fogo; 
 4)- preparar aceiros de no mínimo 3 metros de largura, ampliando esta faixa 
quando as condições ambientais, topográficas, climáticas e o material combustível a 
determinarem; OBS.; o aceiro deverá ser DUPLICADO EM TAMANHO quando se 
destinar à proteção de área de FLORESTAS E DE VEGETAÇÃO, DE PRESERVAÇÃO 
PERMANENTE, DE RESERVA LEGAZL, AQUELAS ESPECIALMENTE 
PROTEGIDAS EM ATO DO PODER PÚBLICO E DE IMÓVEIS CONFRONTANTES 
PERTENCENTES A TERCEIROS. 
 5)- providenciar pessoal treinado para atuar no local da operação, com 
equipamentos apropriados ao redor da área, e evitar propagação do fogo fora dos limites 
estabelecidos; 
 6)- comunicar formalmente aos confrontantes a intenção de realizar a Queima 
Controlada, com o esclarecimento de que, oportunamente, e com antecedência necessária, a 
operação será confirmada com a indicação da data, hora do início e do local onde será 
realizada a queima; 
 7)- prever a realização da queima em dia e horário apropriados, evitando-se os 
períodos de temperatura mais elevada e respeitando-se as condições de ventos 
predominantes no momento da operação; 
 8)- providenciar o oportuno acompanhamento de toda a operação de queima, até 
sua extinção, com vistas à adoção de medidas adequadas de contenção do fogo na área 
definida para o emprego do fogo 
 B)- requerer, por meio da COMUNICAÇÃO DE QUEIMA CONTROLADA, 
junto ao órgão competente do SISNAMA, a emissão da AUTORIZAÇÃO DE QUEIMA 
CONTROLADA.. o REQUERIMENTO SERÁ ACOMPANHADO DE: 
 1)- comprovante de propriedade ou de justa posse do imóvel onde se realizará a 
queima; 
 2)- cópia da autorização de desmatamento, quando legalmente exigida; 
 3)- Comunicação de Queima Controlada( considera-se COMUNICAÇÃO DE 
QUEIMA CONTROLADA o documento subscrito pelo interessado no emprego do fogo, 
mediante o qual ele dá ciência ao órgão do SISNAMA de que cumpriu os requisitos e as 
exigências previstas no artigo anterior e requer a Autorização de Queima Controlada) 
 A AUTORIZAÇÃO DE QUEIMA CONTROLADA somente seráemitida após 
a REALIZAÇÃO DE VISTORIA PRÉVIA, OBRIGATÓRIA em áreas: 
 1)- Que tenham restos de exploração florestal; 
 2)- limítrofes às sujeitas a regime especial de proteção, estabelecidos em ato do 
poder público; 
 DISPENSA DA VISTORIA: Em áreas cuja localização e características não 
atendam ao disposto neste artigo. 
 A AUTORIZAÇÃO DE QUEIMA CONTROLADA SERÁ EMITIDA COM 
FINALIDADE ESPECÍFICA E COM PRAZO DE VALIDADE SUFICIENTE À 
REALIZAÇÃO DA OPERAÇÃO DE EMPREGO DE FOGO, NELA CONSTANDO, 
EXPRESSAMENTE, O COMPROMISSO FORMAL DO REQUERENTE, SOB PENA 
DE INCORRER EM INFRAÇÃO LEGAL, DE QUE COMUNICARÁ AOS 
 91 
CONFRONTANTES A ÁREA E A HORA DE REALIZAÇÃO DA QUEIMA, NOS 
TERMOS EM QUE FOI AUTORIZADO. 
 -REVALIDAÇÃO: PODERÁ SER REVALIDADA PARA A MESMA ÁREA, 
PARA OS MESMOS FINWS E PARA O MESMO INTERESSADO, FICANDO 
DISPENSADA NOVA APRESENTAÇÃO DE DOCUMENTOS, SALVO 
COMPROVANTE DE COMUNICAÇÃO AOS CONFRONTANTES. 
 É POSSÍVEL A AUTORIZAÇÃO DE QUEIMA CONTROLADA 
SOLIDÁRIA ( VÁRIOS PROPRIETÁRIOS JUNTOS) 
 CASOS DE SUSPENSAÇÃO DA QUEIMA CONTROLADA: 
 1)- CONSTATADOS RISCO DE VIDA, DFANOS AMBIENTAIS OU 
CONDIÇÕES METEOROLÓGICAS DESFAVORÁVEIS; 
 2)- A QUALIDADE DO AR ATINGIR ÍNDICES PREJUDICIAIS À SAÚDE 
HUMANA, CONSTATADOS POR EUIPAMENTOSE MEIOS ADEQUADOS, 
OFICIALMENTE RECONHECIDOS COMO PARÂMETRO. 
 3)- OS NÍVEIS DE FUMAÇA, ORIGINADOS DE QUEIMA, ATINGIRAM 
LIMITES MÍNIMOS DE VISIBILIDADE, COMPROMETENDO OU COLOCANDO EM 
RISCO AS OPERAÇÕES AERONÁUTICAS, RODOVIÁRIAS E DE OUTROS MEIOS 
DE TRANSPORTE. 
 CASOS DE SUSPENSÃO OU CANCELAMENTO PELA AUTORIDADE 
AMBIENTAL: 
 1)- em que se registrem risco de vida, danos ambientais ou condições 
meteorológicas desfavoráveis; 
 2)- de interesse e segurança pública; 
 3)- de descumprimento das normas vigentes. 
 DA REDUÇÃO GRADATIVA DO EMPREGO DO FOGO: 
 1)- Como método despalhador e facilitador do corte de cana-de-açúcar em áreas 
passíveis de mecanização da colheita,( áreas cuja declividade seja inferior a 12%) na 
proporção de ¼ da área mecanizável de cada unidade agroindustrial ou propriedade não 
vinculada à unidade agroindustrial, a cada período de CINCO ANOS, contados do Decreto. 
 Exceção: Lavouras de até 150,00 hectares não estarão sujeitas à redução 
gradativa. 
 CRIAÇÃO DO SISTEMA NACIONAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A 
INCÊNDIOS FLORFESTAIS - PREVFOGO ( Artigo 18, Decreto 2.66l ), mediante 
coordenação do IBAMA. 
 Incêndio florestal: " o fogo não controlado em floresta ou qualquer forma de 
vegetação" 
 O contra- fogo poderá ser utilizado como método de combate nos casos de 
incêndio em florestas e demais formas de vegetação. 
 9.4. FAUNA: ANOTAÇÕES ESSENCIAIS 
 Base legal: Constitucional: Art. 24, VI; 23,VII.; Art. 225, VI 
 Infra-Constitucional: Lei 5.197/67 
 Lei 9.111/99 
 
 
 
 
 92 
10. 6. F A U N A 
 
Definição- 1) "Conjunto de animais que vivem numa determinada região, 
ambiente ou período geológico" ( Milaré, 171) 
 2)- "Conjunto de animais próprios de uma região" 
 DEFINIÇÃO LEGAL: "são espécimes da fauna silvestre todos aqueles 
pertencentes às espécies nativas, migratórias, ou quaisquer outras, aquáticas ou terrestres, 
que tenha, todo ou parte do seu ciclo de vida ocorrendo dentro dos limites do território 
brasileiro, ou águas jurisdicionais brasileiras." 
 A Constituição veda: 1)- Práticas que coloquem em risco a sua função ecológica; 
2)- Extinção das espécies; 3)- Práticas que submetam os animais à crueldade 
 Classificações: FAUNA EXÓTICA ( ANIMAIS QUE NÃO OCORREM 
NATURALMENTE NO BRASIL ) 
 FAUNA SILVESTRE ( FAUNA INDÍGENA OU FAUNA NATIVA DO 
BRASIL ); FAUNA DOMÉSTICA ( incluem os criadouros artificiais ) 
 Dentro do termo fauna, inclui-se também: insetos, borboletas, dentre outros. 
 TIPOS DE CAÇA: 1.CAÇA PREDATÓRIA que inclui 1.1.CAÇA 
PROFISSIONAL E 1.2.CAÇA DE SANGUE. 2. CAÇA NÃO-PREDATÓRIA: 2.1. DE 
CONTROLE ; 2.2. DE SUBSISTÊNCIA; 2.3. ESPORTIVA ( AMADORA ); 2.4. 
CIENTÍFICA 
 DESTAQUES: 
 OS ANIMAIS NATIVOS BRASILEIROS SÃO PROPRIEDADE DO 
ESTADO. Observe que, neste caso, se o ente federado Estado construir sua própria 
legislação, há uma incidência da legislação estadual sobre a federal. Se a lei Estadual for 
mais restritiva, esta prevalece. 
 - AS EXCEÇÕES PODERÃO SER PERMITIDAS PELO ESTADO, 
CONTUDO O PROPRIETÁRIO PRIVADO PODERÁ NÃO AUTORIZAR EM SUA 
PROPRIEDADE PARTICULAR. QUANDO AUTORIZADO PELO ESTADO, ELE 
ESTABELECERÁ QUE ESPÉCIES PODEM SER CAÇADA, O PERÍODO DE 
VALIDADE DO EXERCÍCIO DA CAÇA E A QUOTA DIÁRIA DE EXEMPLARES ( 
ART. 8º LEI 5197/67 ). 
 - É PROIBIDO A CAÇA PROFISSIONAL 
 - É PROIBIDO O COMÉRCIO ( DECORRE DE NÃO HAVER CAÇA 
PROFISSIONAL), NÃO SÓ DO ANIMAL, MAS TAMBÉM DE PRODUTOS E 
OBJETOS QUE IMPLIQUEM NA SUA CAÇA, PERSEGUIÇÃO, DESTRUIÇÃO OU 
APANHA. 
 - A INTRODUÇÃO DE ESPÉCIES EXÓTICAS SOMENTE PODE SER 
FEITA MEDIANTE AUTORIZAÇÃO PRÉVIA DO IBAMA 
 - É PERMITIDA A CONSTRUÇÃO DE CRIADOUROS DESTINADOS À 
CRIAÇÃO DE ANIMAIS SILVESTRE PARA FINS ECONÔMICOS E INDUSTRIAIS. 
 - SÃO PROIBIDOS OS USOS DE: A)-VISGOS, ATIRADEIRAS, FUNDAS, 
BODOQUES, VENENO, INCÊNDIO OU ARMADILHAS QUE MALTRATEM A 
CAÇA; B)- COM ARMAS A BALA, A MENOS DE 3 KM. DE QUALQUER VIA 
TÉRREA OU RODOVIA PÚBLICA; C)- COM ARMAS DE CALIBRE 22 PARA 
ANIMAIS DE PORTE SUPERIOR AO TAPITI. D)- COM ARMADILHAS 
CONSTITUÍDAS DE ARMAS DE FOGO; E)- NAS ZONAS URBANAS, 
 93 
SUBURBANAS, POVOADOS E NAS ESTÂNCIAS HIDROMINERAIS E 
CLIMÁTICAS; ( LER O ARTIGO 10 CÓDIGO DE FAUNA PARA OS DEMAIS 
CASOS: LETRAS F A M). 
 - CLUBES OU SOCIEDADE DE CAÇA E DE TIO AO VÔO: SÓ PODEM 
FUNCIONAR APÓS A OBTENÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA NA FORMA 
DA LEI CIVIL E O REGISTRO NO ÓRGÃO PÚBLICO FEDERAL COMPETENTE. 
 - CAÇA PARA FINS CIENTÍFICOS ( art. 14, § 1º) 
 - PARA NEGOCIAR COM ANIMAIS SILVESTRES E SEUS PRODUTOS, É 
PRECISO QUE SEJAM REGISTRADOS COMO PESSOAS FÍSICAS OU JURÍDICAS 
NESTA ÁREA ( ART. 16 ), DEVENDO DECLARAR SEUS ESTOQUES E VALORES, 
SEMPRE QUE FOR EXIGIDO PELA AUTORIDADE COMPETENTE ( ART. 17 ) 
 - É PROIBIDO A EXPORTAÇÃO DE PELES E COUROS DE ANFÍBIOS E 
RÉPTEIS, EM BRUTO. 
 - PARA OS CRIMES CONTRA A FAUNA, RECORRER À LEI 9605/98. 
 
10.7. DA PESCA: ANOTAÇÕES BÁSICAS 
 Base legal: Constitucional: Art. 225, § 1º, VI 
 Infra-Constitucional: Decreto-Lei 221/67; Lei 10.683/2003. 
 DEFINIÇÃO DE PESCA: "Todo ato tendente a capturar ou extrair elementos 
ANIMAIS E VEGETAIS que tenham na água seu normal ou mais freqüente meio de vida." 
 DOMÍNIO: São de domínio público todos os animais e vegetais que se 
encontrem nas águas dominiais. Com a Constituição Federal de 1988, todas as águas no 
território nacional, superficiais ou subterrâneas, passaram ao domínio público, ora federal, 
ora estadual. 
 Âmbito: a)- águas interiores; b)- mar territorial brasileiro; c)- zona contígua; d)- 
plataforma continental até à profundidade estabelecida em tratado; e)- zona econômica 
exclusiva. 
 - TIPOS DE PESCA: 1- LEGAL: 1.1)-COMERCIAL; 1.2)- DESPORTIVA OU 
AMADORA; 1.3.)- CIENTÍFICA. Sobre tal classificação, há que se considerar que pesca 
comercial: é a que tem por finalidade realizar atos de comércio na forma da legislação em 
vigor ( art. 2º ); 
 - pesca desportiva: é aquela praticada com linha de mão, por meio de aparelhos 
de mergulhoou quaisquer outros permitidos pela autoridade competente, nunca devendo 
importar em atividade comercial; chamada de pescada amadora. 
 - pesca científica: exercida unicamente com fins de pesquisa por instituições ou 
pessoas devidamente habilitadas para esse fim. 
 - 2- CLANDESTINA: em infração ao Código de Pesca 
 - DEFESO: Proibição de pesca no período de procriação e proliferação ( Milaré, 
175 ) 
 PROIBIÇÃO: Pesca de CETÁCEOS (BALEIAS) em águas jurisdicionais 
brasileiras ( Lei 7.643/87 ) 
 DOS CRIMES E INFRAÇÕES ADMINISTRATIVAS: LEI 9605/98 E 
DECRETO 3179/99. DESTAQUES: 
 - Embarcações de pesca: devidamente autorizadas, se dediquem exclusiva e 
permanentemente à captura, transformação ou pesquisa dos seres animais e vegetais que 
tenham nas águas seu meio natural ou mais freqüente de vida. 
 94 
 - As embarcações estrangeiras só poderão realizar atividade pesqueira nas águas 
sob jurisdição brasileira, mediante autorização prévia do órgão competente ( art. 9º). A 
ausência da autorização equipara os atos a DELITO DE CONTRABANDO, podendo o 
poder público interditar a embarcação, seu equipamento e carta e responsabilizar o 
comandante nos termos da legislação vigente ( art. 9º, § primeiro ) 
 - -Pescador profissional: aquele que, matriculado na repartição competente 
segundo as leis e regulamentos em vigor, faz da pesca sua profissão ou meio principal de 
vida ( art. 26 ). Poderá ser brasileiro nato ou naturalizado ou por estrangeiro devidamente 
autorizado, sendo permitido o exercício da pesca profissional aos maiores de 18 anos. 
Aprendizes, autorizados pelo juiz, só maiores de 14 anos. 
 - Licença de Pesca Amadora: a nacionais e estrangeiros, mediante licença anual. 
 - Expedição científica: autorizada pelo IBAMA. 
 - É permitido o registro de clubes ou associações de amadores de pesca, que 
poderão ser organizados distintamente ou em conjunto com os de caça. 
 - Cientistas de instituições nacionais que tenham na lei a atribuição coletar 
material biológico para fins científicos serão concedidas licenças permanentes especiais 
gratuitas. 
 - Atualmente, cabe ao IBAMA fixar a relação das espécies, seus tamanhos 
mínimos e épocas de proteção. 
 - A pesca pode ser transitória ou permanentemente proibida em águas de 
domínio público ou privado ( quando em águas de domínio privado, mesmo permitida a 
pesca oficialmente, é necessário ter consentimento expresso ou tácito do proprietário ) 
 - É proibida a IMPORTAÇÃO ou a EXPORAÇÃO de QUAISQUER 
ESPÉCIES AQUÁTICAS, EM QUALQUER ESTÁGIO DE EVOLUÇÃO, BEM COMO 
A INTRODUÇÃO DE ESPÉCIES NATIVAS OU EXÓTICAS NAS ÁGUAS 
INTERIORES, SEM AUTORIZAÇÃO DO IBAMA. 
 - REGISTRO GERAL DA PESCA.: a cargo da Secretaria Especial de 
Aqüicultura e Pesca-SEAP- com status de ministério. 
Foi criada a SECRETARIA ESPECIAL DE AQÜICULTURA E PESCA-
SEAP- pela M.P. 103 de 1/2/2003, transformada na Lei 10.683, ao nível de ministério, para 
gerenciar o desenvolvimento da atividade pesqueira e a aqüicultura. Sua função é “para 
formular a política de fomento e desenvolvimento para a aqüicultura e pesca no Brasil, 
permanecendo a gestão compartilhada do uso dos recursos pesqueiros com o Ministério do 
Meio Ambiente.”19 Ainda extrai-se do mesmo site que: “A SEAP foi criada para atender 
uma necessidade do setor pesqueiro, na perspectiva de fomentar e desenvolver a atividade, 
no seu conjunto, nos marcos de uma nova política de gestão e ordenamento do setor 
mantendo o compromisso com a sustentabilidade ambiental.” . Ainda como sua função, 
anote-se que a função da SEAP é a de “ assessorar direta e imediatamente o Presidente da 
República na formulação de políticas e diretrizes para o desenvolvimento e o fomento da 
produção pesqueira e aqüícola e, especialmente, promover a execução e a avaliação de 
medidas, programas e projetos de apoio ao desenvolvimento da pesca artesanal e industrial, 
bem como de ações voltadas à implantação de infra-estrutura de apoio à produção e 
comercialização de pescado e de fomento à pesca e aqüicultura, organizar e manter o 
Registro Geral da Pesca previsto no art. 93 do Decreto-Lei 221, de 28 de fevereiro de l967, 
normatizar e estabelecer medidas que permitam o aproveitamento sustentável dos recursos 
 
19 www.presidencia.gov.br/estrutura_presidência/seap 
 95 
pesqueiros altamente migratórios e dos que estejam subexplotados ou inexplorados, bem 
como supervisionar, coordenar e orientar as atividades referentes às infra-estruturas de 
apoio à produção e circulação do pescado e das estações e postos de aqüicultura e manter, 
em articulação com o Distrito Federal, Estados e Municípios, programas racionais de 
exploração da aqüicultura em águas públicas e privadas, tendo como estrutura básica, o 
Gabinete, o Conselho Nacional de Aqüicultura e Pesca e até duas Subsecretarias.” ( idem ). 
 
 
 
10.8. AGROTÓXICOS: REGRAS BÁSICAS 
 
10.8.1. Introdução 
 Uma história preocupante: O referencial para este tema é o best seller "Silent 
Spring" ( PRIMAVERA SILENCIOSA, 1962) de Rachel Carson. O uso dos agrotóxicos, 
até então, não tinha tido uma avaliação tão negativa. De fato, só anos depois, o livro tornou-
se mundialmente conhecido, associado à "era ecológica", na década de 70. 
 POR QUE TAL PREOCUPAÇÃO COM OS AGROTÓXICOS? 
1)-PELA SITUAÇÃO MUNDIAL 
 Metade dos rios existentes no mundo está poluída ou danificada 
.1/3 dos recursos marítimos estão degradados 
.15% da terra está desgastada por conta da ação humana 
.1 bilhão de pessoas vivem em extrema pobreza 
. Enquanto 14 milhões de pessoas vivem com fome, 
 61% dos americanos estão acima do peso 
 As emissões de gás carbônico aumentam 9,1% ao ano ( As preocupações com o 
Efeito Estufa tem aumentado bastante ) 
. 1/3 das espécies de animais está diminuindo em número 
. 1,1 bilhão de pessoas vivem sem água tratada 
 
2)-PELA UTILIZAÇÃO MACIÇA DE AGROTÓXICOS PARA AUMENTO 
DA PRODUÇÃO E PRODUTIVIDADE: 
• RESULTADOS: 
• 130 MILHÕES DE EMBALAGENS CIRCULARAM NAS ÁREAS AGRÍCOLAS 
BRASILEIRA 2000 
• 27 MIL t. RECIPIENTES VAZIOS 
• GOIÁS: 26 t. DE PRODUTOS 
• 2.300 t. EMBALAGENS/ANO 
 
Dentro dos sistemas de produção ( alguns chamam de paradigma da produção 
agrícola, pode-se classificar a AGRICULTURA TRADICIONAL (que prevê o uso do 
agrotóxico, mesmo apenas quando ocorrer o nível de dano econômico ou em associação 
com os chamados inimigos naturais e inseticidas biológicos ), AGRICULTURA 
ORGÂNICA ( em que os inseticidas químicos são condenados em qualquer de suas formas 
) e a AGRICULTURA AVANÇADA, embasada nos organismos geneticamente 
modificados ou transgênicos. Muitos consumidores procuram minimizar os efeitos 
negativos para a saúde, consumindo produtos “ecologicamente corretos" e, com isso, houve 
 96 
muita valorização dos produtos oriundos da agricultura orgânica. Também os naturistas, os 
adeptos da permacultura e grupos similares trilham esse caminho. 
 10.8.2. Definição: "quaisquer produtos de natureza biológica, física ou química 
que têm a finalidade de exterminar pragas ou doenças que ataquem as culturas 
agrícolas."31 
 
 
 
10.8.3. Sinonímia: 
 Pesticidas, Venenos agrícolas. Fungicidas, Acaricidas, Herbicidas, Formicidas, 
Ovicidas, Larvicidas. Defensivos Agrícolas, Agrotóxicos. Este último termo é utilizado 
pela legislação ordinária brasileira. Quanto a origem: inorgânico e orgânico ( origem 
vegetal e os organo-sintéticos ). Quanto à maneira de agir: ingestão, mícrobiano e por 
contato. 
 10.8.4. Base Normativa 
 1.1. Constitucional: Art. 225, V, Constituição Federal de 1988. 
 1.2. Infraconstitucional:A)-LEIS ORDINÁRIAS: 
LEI 7.802/89 
LEI 9.974/2000 
B)- NORMAS INFRA-LEGAIS 
DECRETO 4074/2002 
RESOLUÇÃO CONAMA 334/2003 
C)-NORMAS ESTADUAIS: 
LEI ESTADUAL: 12.280/94 ( Goiás ) 
DECRETO ESTADUAL 4.580/95 ( Goiás ) 
 
 10.8.5. Destaques 
 A)- Registro Prévio 
 A produção, exportação, importação, comercialização e utilização de agrotóxicos 
exige o registro prévio em órgãos federais responsáveis pelos setores da saúde, meio 
ambiente e agricultura. 
 B)-.Proibido registrar agrotóxicos: 
 1)- para os quais o Brasil não disponha de método de desativação dos seus 
componentes (art. 3º, § 6º, "a")~ b)- para os quais não haja antídoto ou tratamento eficaz no 
Brasil ( art. 3º, § 60,"b" ). 
 2)- que revelem características teratogênicas, carcinogênicas ou mutagênicas de 
acordo com resultados atuais de experiências da comunidade científica ( § 6º', "c"). 
 3)- que provoquem distúrbios hormonais, danos ao aparelho reprodutor, de 
acordo com experiências atualizadas da comunidade científica ("6", "d"). e)- que se 
revelem mais perigosos para o homem do que os testes de laboratórios, com animais, 
tenham podido demonstrar. 
 4)- cujas características causem danos ao meio ambiente. 
 C)- Legitimidade Administrativa para Requerer o cancelamento ou Impugnação 
do Registro do Agrotóxico, em nome próprio, argüindo prejuízo ao meio ambiente, à saúde 
humana e dos animais (art. 5º, I,IIe III): 
 I)- Entidades de classe, representativas de profissões ligadas ao setor; 
 97 
 II)- partidos políticos com representação no Congresso Nacional. 
 III)- Entidades legalmente constituídas para a defesa dos interesses difusos 
relacionados à proteção do consumidor, do meio ambiente e dos recursos naturais. 
 D)- Regras para Rotulagem e Propaganda (Art. 7º e 8º) 
 "Os textos e símbolos impressos nos rótulos serão claramente visíveis e 
facilmente legíveis em condições normais e por pessoas comuns" (§ 1º), redigidos em 
português ( Art. 7º ), contendo informações sobre os equipamentos a serem usados (EPI) e 
a descrição dos processos de tríplice lavagem ou tecnologia equivalente, procedimentos 
para devolução, destinação, transporte, reciclagem, reutilização e inutilização das 
embalagens vazias e efeitos sobre o meio ambiente decorrentes da destinação inadequada 
dos recipiente. (Art. 7º, II-d, cf. lei 9.974/2000). 
 E)- Venda somente através da "Receita Agronômica" popularizada sob a 
expressão "Receituário Agronômico" (Art. 13). 
 F)- Alterações trazidas pela Lei 9.974 de 6/6/2000 incluem normas quanto a 
pesquisa, experimentação, produção, a embalagem e rotulagem, o transporte, o 
armazenamento, a comercialização, a propaganda comercial, a utilização, a importação, a 
exportação, o destino final dos resíduos e embalagens, o registro, a classificação, o 
controle, a inspeção e a fiscalização de agrotóxicos, seus componentes e afins. 
 10.8.6. PRINCIPAIS PRESCRIÇÕES: 
 
A)-EM RELAÇÃO AO USUÁRIO DO AGROTÓXICO 
Comprar e Aplicar conforme Receituário Agronômico 
Manipular e Aplicar utilizando o EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO 
INDIVIDUAL (E.P.I.) – No caso de empregado, o empregador deve fornecer 
APÓS UTILIZAÇÃO: 
EMBALAGEM RÍGIDA (PLÁSTICO, METAL,VIDRO), com produto lavável: 
TRÍPLICE LAVAGEM/ PRESSÃO, imediatamente após o uso. 
Guardar a Embalagem com a Tampa, perfurando a Embalagem para não ser 
reutilizada. 
EMBALAGEM NÃO LAVÁVEL: Acondicionar em sacos plásticos 
padronizados ( Sacos plásticos, de papel, metalizados, mistos ). Inclui-se embalagens 
rígidas, A. não solúvel em água. 
Armazenar em local isolado, ventilado, com piso pavimentado, acesso restrito,etc.) 
B)-EM RELAÇÃO AO COMERCIANTE (VENDEDOR/ 
REPRESENTANTE): 
Vender de acordo com receituário ( art. 13 Lei 7802/89; art. 64 Decreto 
4074/2002 ). Exceção: baixa periculosidade e toxicidade, dispensam. 
Arquivar uma via do receituário por até 2(dois) anos. 
Fornecer Nota Fiscal com endereço de devolução/Avisar. 
Comprovante recebimento embalagem ( Art. 55)) 
Manter Sistema de Controle (Qtidade./Tipos)Embalagens 
Com as respectivas datas. ( Art. 55, parágrafo único) 
 
C)-EM RELAÇÃO À INDÚSTRIA (FABRICANTE/REGISTRANTE, ETC.) 
Fornecer o produto de acordo com as especificações autorizadas no registro. 
 98 
Responsável pelo recolhimento, transporte e DESTINAÇÃO FINAL DAS 
EMBALAGENS DEVOLVIDAS ( Art. 57, Decreto 4074/2002): Prazo: 1(hum) após 
devolução da embalagem vazia ( Art. 57, § 2º, Decreto 4074/2002) 
 
10.8.7. CLASSIFICAÇÃO QUANTO À TOXICIDADE: 
 Classe I- - FAIXA VERMELHA = EXTREMAMENTE TOXICO. Ex.: Fosforados.; 
Classe II - FAIXA AMARELA = ALTAMENTE TÓXICO. Ex.: Carbamatos.; Classe III -
 FAIXA AZUL = MEDIANAMENTE TÓXICO; Classe IV - FAIXA VERDE = 
POUCO TÓXICO 
 Desde 1985, foram proibidos a venda e a utilização dos agrotóxicos do grupo da 
dúzia suja (dirty dozen),como ficaram conhecidos mundialmente :1.DDT; 2.OS "DRINS": 
Eldrin, Aldrin, Dieldrin; 3.CLORDANE E LINDADE; 4. HEPTACLORO; 5.GAMA BHC; 
6. PARATHION; 7. OS MONOCRÓTOFOS :AZODRIN, NUVACRON; 8. ALDICARB ( 
TEMIK); 9.CLORDIMEFORM: GALECRON, FUNDAL. 10: O 2-4-3t ("Agente 
Laranja"), O EDB, O DBCP; 11. PARAQUAT. 12. FUNGICIDAS À BASE DE 
MERCÚRIO 
10.8.8. DAS INFRAÇÕES E SANÇÕES ADMINISTRATIVAS 
Infração: Toda ação ou omissão que importe na inobservância das leis respectivas e 
decretos. 
As Infrações, quanto ao alcance, podem ser : Administrativa, Civil e Penal ( art. 83, 
4074/2002) 
CARACTERIZAÇÃO DA INFRAÇÃO ADMINISTRATIVA: 
Se o produtor/ comerciante/ usuário/ profissional responsável/ prestador de serviço: 
OPUSER EMBARAÇOS À FISCALIZAÇÃO OU NÃO DER DESTINAÇÃO ÀS 
EMBALAGENS VAZIAS CONFORME A LEI ( Art. 84,III Decreto 4074/2002) 
Comerciante: ve nda sem receita ou em desacordo com a mesma; 
Profissional: prescrever em desacordo com as especificações técnicas; 
Produtor/Registrante: Produzir em desacordo com o registro. 
10.8.9. INFRAÇÕES PENAIS: 
A)-Produzir, comercializar, transportar, aplicar ou prestar serviços na aplicação de 
agrotóxicos, seus componentes e afins, em DESCUMPRIMENTO DAS EXIGÊNCIAS 
ESTABELECIDAS EM LEI E NOS REGULAMENTOS: 
Reclusão de 2-4 anos; multa: 100-1000 MVR ( Art. 15, Lei 7802/89)/ CULPA: 1-3 
anos; 50-500 MVR 
Empregador, Profissional Responsável ou Prestadores de Serviços deixar de promover 
as medidas necessárias à proteção à saúde e ao meio ambiente: Reclusão 2-4 anos; 
multa 100-1000 MVR 
Culpa: 1-3 anos; Multa: 50-500 MVR. 
 
10.8.10. ATUAÇÕES ESPERADAS DO PRIMEIRO, SEGUNDO E TERCEIRO 
SETORES: 
 
DAR ÊNFASE NA EDUCAÇÃO AMBIENTAL PELO SETOR PÚBLICO, 
PELO SETOR PRIVADO E PELO TERCEIRO SETOR 
EXERCER FISCALIZAÇÃO DO FABRICANTE / PRODUTOR / REGISTRANTE; 
COMERCIANTE / REPRESENTANTE / VENDEDOR/ PROFISSIONAL 
RESPONSÁVEL / PRESTADORES DE SERVIÇO E USUÁRIO. 
 99 
 
 
 
 10.9. ANOTAÇÕES SOBRE OS TRANSGÊNICOS 
 
BIOSSEGURANÇA: O QUE É? 
•Sentido Amplo: Cuidados e normas de segurança biológica relativa às áreas de farmácia, 
química, bioquímica, saúde, etc. 
Específico: “É o conjunto de normas que visam estudar e regular as atividades que 
envolvem organismos silvestres ou O.G.M., tais como a manipulação, transporte, pesquisa 
e introdução deste organismo no meio ambiente” 
ORGANISMO GENETICAMENTE MODIFICADO-OGM:: DEFINIÇÃO 
•10.9.1. Definição: “São plantas ou sementes que contêm um ou mais genes introduzidos 
por meio da técnica de transformação genética. Através desta técnica, ou ou mais genes 
são isolados bioquimicamente e inseridos numa célula. Em seguida, esta célula se 
multiplica e origina uma nova planta, carregando cópia idêntica do gene.” (EMBRAPA). 
“Possuem genes transferidos de outros organismos.” 
10.9.2. DEFINIÇÃO LEGAL 
•OGM: “Organismo cujo material genético –ADN/ARN tenha sido modificado por 
qualquer técnica de engenhariagenética” 
 
•Engenharia Genética:: “atividade de produção e manipulação de moléculas de ADN/ARN 
recombinante.” 
•Substº Art. 3º, V e IV. 
10.9.3. TRANSGÊNICOS: SINÔNIMOS 
11. 1. Organismos Geneticamente Modificados - 0.G.M. ; 2. Organismos 
Engenheirados; 3. Alimentos Frankstein; Soja Modificada;Sementes Modificadas 
Geneticamente, transgênicos, etc. 
10.9.4. REFERÊNCIA HISTÓRICA 
A transgenia nasceu no início dos anos 90 e o primeiro produto foi o tomate 
americano “Savr Flavr” de amadurecimento lento. Os EUA já têm algumas gerações de 
plantio comercial 
BRASIL: Já trabalha com pesquisa há mais de três gerações em convênio com 
Monsanto, Cargill, Novartis Seeds, Aventis, multinacionais do setor. 
POTENCIAL: 
A)- Controle do amadurecimento; Plantas mais nutritivas; Plantas que poderão funcionar 
com vacinas ou reforço vitamínico; 
B)- Milho com mais proteína, mais resistente a insetos e herbicidas; algodão; Mogno: 
resistente à lagarta da broca. 
 10.9.5. COMO DETECTAR? 
O Consumidor é incapaz de detectar o OGM de grãos e hortaliças, pois o sabor e a 
aparência não mudam. 
Existe um “kit” de teste importado dos EUA que, por meio de uma reação química, 
detectam em 5 minutos alterações no código genético da planta. 
10.9.6. OPINIÕES PRÓ-TRANSGÊNICOS 
•Diminui a perda da produção agrícola convencional por ataque de praga 
 100 
•Briga de grandes EUA X Europeus, por causa de patentes. O Brasil deve ficar de fora 
•Necessidade de desenvolvimento tecnológico 
•2,5 bilhões do mundo já consomem(JB,2000) 
•Entidades a favor: Ministério da Agricultura e União; Para o domínio da Técnica: 
EMBRAPA.SBPC,ABC. 
10.9.7. OPINIÕES CONTRA A UTILIZAÇÃO DOS TRANSGÊNICOS: 
. Monopólio das multinacionais; 
. Afetará a vantagem do Brasil em produtos agrícolas convencionais (soja) 
. Não há pesquisa de longo prazo 
. Homem e animais são cobaias involuntários 
. O consumidor tem o direito de ser informado 
. Ameaça da soberania alimentar (MST) 
10.9.8. . PREVISÃO NORMATIVA 
A. Constitucional: 
Art. 225. 
Art. 225, § 1º, inciso II: “ preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético 
do País e fiscaliza r as entidades dedicadas à pesquisa e manipulação de material 
genético;” 
Art. 225, § 1º, inciso V: “controlar a produção, a comercialização e o emprego de 
técnicas, métodos e substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o 
meio ambiente;” 
Art. 24: Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente 
sobre: V- produção e consumo; VI- Floresta, caça, pesca, fauna, CONSERVAÇÃO DA 
NATUREZA, DEFESA DO SOLO E DOS RECURSOS NATURAIS, PROTEÇÃO DO MEIO 
AMBIENTE E CONTROLE DA POLUIÇÃO. 
. VII: Proteção do patrimônio histórico, cultural, artístico, turístico e paisagístico; VIII: 
RESPONSABILIDADE POR DANO AO MEIO AMBIENTE, AO CONSUMIDOR, a bens e 
direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico. 
•Norma geral x legislação suplementar ( no interesse peculiar dos Estados e do D.F. ) 
DO LICENCIAMENTO E DA LICENÇA AMBIENTAL 
Comando Constitucional: Art. 225, § 1º, inciso IV: “Exigir, NA FORMA DA LEI, para 
INSTALAÇÃO DE OBRA OU ATIVIDADE POTENCIALMENTE CAUSADORA DE 
SIGNIFICATIVA DEGRADAÇÃO DO MEIO AMBIENTE, ESTUDO PRÉVIO DE 
IMPACTO AMBIENTAL, A QUE SE DARÁ PUBLICIDADE.” 
DO LICENCIAMENTO E DA LICENÇA AMBIENTAL 
Infraconstitucional: Lei 6938/81, art. 8º: DO CONSELHO NACIONAL DO MEIO 
AMBIENTE: estabelecer, mediante proposta do IBAMA, NORMAS E CRITÉRIOS para 
licenciamento de atividade efetiva ou potencialmente poluidoras, a ser concedido pelos 
Estados e supervisionado pelo IBAMA;” 
DO LICENCIAMENTO E DA LICENÇA 
•Infralegal: Resolução do CONAMA 001/86 e Resolução do CONAMA 237/97. 
•Esta última, no seu ANEXO I, lista as “Atividades ou Empreendimentos Sujeitos ao 
Licenciamento Ambiental”: -Utilização do Patrimônio Genético Natural; INTRODUÇÃO 
DE ESPÉCIES EXÓTICAS E/OU GENETICAMENTE MODIFICADAS; USO DA 
DIVERSIDADE BIOLÓGICA PELA BIOTECNOLOGIA. 
DISCUSSÕES POSSÍVEIS: 
 101 
1)- O uso de RESOLUÇÕES ( Atos Infra-Legais) contrariam a CONSTITUIÇÃO? 
2)- Qual a competência estadual/distrital nesta matéria? 
3)- É possível o controle judicial dos Licenciamentos e Licenças Ambientais? 
Licenciamento: Procedimento; Licença: Ato Administrativo. 
NORMAS ESPECÍFICAS 
Lei 8.974 de 05/01/95 (CTNBio) 
Decreto 1.752 de 20/12/95 (CTNBio) 
M.P. 2.191-9 de 23/08/2001(CTNBio) 
Lei 10.688 de 13/06/2003 (comercialização) 
M.P. 131 de 25/09/2003(comercialização) 
Lei 10.814 15/12/2003(comercialização) 
M.P. 223 de 14/10/2004 (comercialização) 
TODA A LEGISLAÇÃO ACIMA FOI REVOGADA PELO ADVENTO DA LEI 11.105 DE 
24/03/2005. Esta legislação estabeleceu “normas de segurnça e mecanismos de 
fiscalização de atividades que envolvam organismos geneticamente modificados-OGM e 
seus derivados, cria o Conselho Nacional de Biossegurança – CNBS, reestrutura a 
Comissão Técnica Nacional de Biossegurança-CTN-Bio, dispõe sobre a Política Nacional 
de Biossegurança e dá outras providências. 
 
10.9.9. NOVAS IMPLICAÇÕES 
•1)-Plantio CLANDESTINO de soja transgênica contrabandeada da Argentina por 
agricultores gaúchos. 
•Quem foi omisso? Quem será punido? 
•Comissão Parlamentar de Inquérito no Congresso Nacional COMO A SOJA 
MODIFICADA chegou aos campos brasileiros. Fazendeiro Beno Arns, 70 anos, assumiu 
ter sido o introdutor em Cruz Alta, RS, em pequena quantidade, em 1995. O “chibeiro” 
uruguaio Sérgio Matturo. 
Presidente da Comissão, senador João Capiberibe PSB Amapá quer punir a Monsanto por 
incentivo e patrocínio da entrada no Brasil, pois ela teria feito isso com intuito de cobrar 
os royaltes, o que a empresa nega e diz que avisou ao governo brasileiro. 
Outros Estados: Paraná, Bahia e Piauí. 
A MEDIDA PROVISÓRIA 131/2003 ( Questões suscitadas quanto a mesma estava em 
vigor ): 
12. Autoriza o produtor a separar sementes para uso próprio ( Lei 10.711 5/8/2003 ) e 
que sejam utilizadas para plantio até 31/12/2003. 
13. É vedada a comercialização do grão da soja da safra 2003 COMO SEMENTE, bem 
como sua utilização fora do Estado de origem. 
•Proíbe o financiamento oficial dos plantios em desacordo com a legislação em vigor. 
•Ao Agricultor: impedido de obter empréstimos e financiamentos em instituições oficiais de 
crédito; não poderá repactuar ou parcelar dívidas relativas a tributos ou contribuições do 
poder público. 
•Responderão solidariamente e objetivamente por danos ao meio ambiente e a terceiros, 
inclusive por contaminação pela hibridação, independentemente de culpa. 
Permtia a comercialização até 31 de dezembro de 2004. 
 102 
Para 2004, somente poderão promover o plantio e a comercialização da safra de 2004 
mediante Termo de Compromisso, Responsabilidade e Ajustamento de Conduta. ( Até 30 
dias após a publicação da M.P. 131/2003 ). 
OBS.: A crítica que se fazia à edição da M.P. e das transformações em lei, é que, na 
realidade, HAVIA UMA DECISÃO JUDICIAL QUE NÃO PERMITIA O PLANTIO 
COMERCIAL DE SOJA TRANSGÊNICA no Brasil inteiro. Como o Governo Federal 
poderia editar medida provisória para superar uma decisão judicial? Tal aconteceu 
reiteradamente e os mecanismos judiciais acionados foram ineficazes para impedir tal 
manobra. 
 
 
.AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE (ADIN) PERANTE O S.T.F., COM 
PEDIDO LIMINAR, ajuizada por PARLAMENTARES DO PARTIDO VERDE. 
•AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE PROPOSTA PELO PROCURADOR -
GERAL DA REPÚBLICA, CLÁUDIO LEMOS FONTELLES 
. Contra a liberação do plantio da soja transgênica na safra 2003/2004, por desrespeito a 
uma série de normas e princípios da C.F./88 Alegações: nem no “apagão”; legitimou 
situações irregulares: contrabando, agrotóxico sem registro e plantio de semente não 
autorizada. 
•AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE (ADIN) PROPOSTA PELA 
CONFEDERAÇÃO NACIONAL DOS TRABALHADORES (CONTAG) 
“LEI DE BIOSSEGURANÇA” 
•Projeto de Lei nº 9 da Câmara, afinal, transformou-se na LEI Nº 11.105 de 24/03/2005, 
HOJE A BASE NORMATIVA ORDINÁRIA SOBRE O TEMA. 
•ESTABELECE AS SEGUINTES REGRAS GERAIS:•1)- APENAS PESSOA JURÍDICA ( PÚBLICA OU PRIVADA ) podem atuar com 
TRANSGÊNICOS ( art. 2º ). 
•2)- COMISSÃO DE BIOSEGURANÇA (CBio em cada empresa ) 
“LEI DE BIOSSEGURANÇA” 
•Cria o CONSELHO NACIONAL DE BIOSSEGURANÇA (CNBS) vinculado ao Presidente 
da República, para formular e implementar a POLÍTICA NACIONAL DE 
BIOSSEGURANÇA (PNB) (Art. 8º) 
•Exige que seja respeitado em relação ao CONSUMIDOR, o DIREITO DE INFORMAÇÃO 
sobre a existência de OGM ( ART. 40: “Os alimentos e ingredientes alimentares destinados 
ao consumo humano ou animal que contenham ou sejam produzidos a partir de OGM ou 
derivados deverão conter informações nesse sentido em seus rótulos, conforme 
regulamento. ). É o que se denomina ROTULAGEM. 
•Cria o SISTEMA DE INFORMAÇÃO EM BIOSSEGURANÇA (SIB) 
•AMPLIA A CTNBio, integrante do Ministério da Ciência e Tecnologia ( colégio 
consultivo/deliberativo): 
“LEI DE BIOSSEGURANÇA” 
14. Competências: 
15. 1)-Estabelecer normas para as pesquisas com OGM e derivados de OGM; 
16. 2)-Estabelecer normas para as CIBios; 
17. 3)- Emitir o CERTIFICADO DE QUALIDADE EM BIOSSEGURANÇA (CQB) que 
VINCULA os demais órgãos 
 103 
18. Classificar os OGM em classe de risco 
“LEI DE BIOSSEGURANÇA” 
•Audiência Pública: garantir a participação da sociedade civil ( no caso de liberação 
comercial, a S.C. poderá requerer ) 
•ÓRGÃOS DE REGISTRO E FISCALIZAÇÃO: 
•MINISTÉRIO DA SAÚDE 
•MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO 
•SECRETARIA ESPECIAL DE AQÜICULTURA E PESCA 
19.MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE: “OGMs a serem liberados em ECOSSISTEMAS 
NATURAIS, bem como o LICENCIAMENTO (NO CASO DA CTNBio deliberar que o OGM 
é potencialmente causador de significativa degradação do meio ambiente. 
CRÍTICA: Na realidade, a Admnistração Federal conseguiu retirar da competência do 
Ministério do Meio Ambiente e da legislação pertinente quanto às Licenças Ambientais, 
para transferi-las para o Ministério da Ciência e Tecnologia, através da COMISSÃO 
TÉCNICA NACIONAL DE BIOSSEGURANÇA ( CTNBio ), dando-lhe a palavra final 
sobre “casos em que a atividade é POTENCIAL OU EFETIVAMENTE CAUSADORA DE 
DEGRADAÇÃO AMB IENTAL, BEM COMO SOBRE A NECESSIDADE DO 
LICENCIAMENTO AMBIENTAL” ( art. 16 § 3º da Lei 11.105/2005 ) numa invasão clara 
ao que era, adequadamente, atinente à área de meio ambiente, normalmente exercido pelo 
IBAMA. Vê-se que houve uma opção política, alijando o IBAMA ( e demais órgãos 
ministeriais de outras áreas específicas de atuação ), competência dada não só pelo ato de 
criação dos órgãos ambientais, como também pela Lei 6938/81 e RESOLUÇÃO CONAMA 
237/97 e, inclusive, numa análise mais profunda, contrariando o espírito do artigo 225, § 
1º e inciso IV da Constituição Federal. A CTN-Bio é quem, ainda, dá a palavra final sobre 
a biossegurança dos OGMs, através do Certificado de Qualidade em Biossegurança-CQB, 
após o que, não cabe mais a nenhum órgão, nem mesmo de meio ambiente, contestar tal 
Certificado. 
AÇÕES JUDICIAIS NOTICIADAS 
•Medida Cautelar inominada nº 98.34.00.027681-8 ajuizado pelo IDEC + GREENPEACE 
+ IBAMA X União Federal + Monsanto do Brasil Ltda. E a Monsoy Ltda. Exigindo o 
Estudo de Impacto Ambiental e o respectivo Relatório de Impacto sobre o Meio Ambiente- 
EIA/RIMA – como CONDIÇÃO PRÉVIA À COMERCIALIZAÇÃO DA SOJA Randoup 
ready. Portanto: Proibia o plantio comercial e a comercialização das sementes já 
produzidas. 
 
•Na decisão, o Dr. Antônio de Souza Prudente ( 6ª vara da Seção Judiciária do DF ): 
acatou o pedido dos autores e sentenciou proibindo o plantio comercial, a comercialização 
das sementes produzidas e exigindo EIA/RIMA + o respeito às normas de biossegurança + 
rotulagem. Suspendia o cultivo em escala comercial, até que houvesse eclarecimento 
técnicos ( apenas liberou o uso experimental necessário para o EIA/RIMA )+ MULTA 10 
SM/DIA públicos/privados. 
Na mesma sentença, ordem mandamental inibitória aos Ministros da 
Agricultura, Saúde, Ciência e Tecnologia e Meio Ambiente proibindo a expedição qualquer 
Autorização às empresas, tornando suspensas as emitidas. 
PRINCÍPIOS INVOCADOS: PRINCÍPIO DA PREVENÇÃO para garantir o 
meio ambiente ecologicamente equilibrado. 
 104 
 
PRINCÍPIO DA PRECAUÇÃO pelo dever constitucional de defender e 
preservar o meio ambiente para as presentes e futuras gerações. 
“A não-observância destes postulados poderá, por outro lado, levar à invalidação 
judicial dos atos administrativos contrários aos direitos fundamentais, problema que diz 
com o controle jurisdicional dos atos administrativos.” ( Ingo Wolfgang Sarlet ) 
19. “Tal decisão, de eficácia mandamental-inibitória, tem força de lei entre as partes, 
já com a autoridade de ato jurídico perfeito e de coisa julgada formal, não devendo ser 
afrontada como o fora por medida provisória ou decreto presidencial, que não se prestam 
a funcionar, validamente, no plano normativo, como instrumentos reformadores de 
decisões judiciais, sob pena de seus agressores respondem por crime de responsabilidade 
perante o Senado Federal e de prevaricação perante o STF, sem prejuízo das sanções 
pecuniárias nelas previstas.” 
 
. AÇÃO CIVIL PÚBLICA: Autores o IDEC + GREENPEACE, com os mesmos argumentos. 
•FOI MANTIDA A EFICÁCIA DA MEDIDA CAUTELAR CONCEDIDA 
•Submeteu ao duplo grau de jurisdição, sob apelação da Monsanto e União Federal: A 
apelação foi apreciada e rejeitada pela 2ª Turma do TRF 1ª região, por UNIANIMIDADE. 
OUTRAS MEDIDAS JUDICIAIS 
•AÇÃO CIVIL PÚBLICA, com pedido de liminar, contra o Ministério da Agricultura e a 
Secretaria de Agricultura e Abastecimento do RS, para PROIBIR O USO DO HERBICIDA 
GLIFOSATO EM LAVOURAS DE SOJA. 
•O Herbicida não tem registro e foi recusado o uso pela Comissão Técnica de 
Assessoramento do M.AGR./MIN.SAÚDE/MIN.MEIO AMBIENTE, na época. 
•(Barreira técnica). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
10.10. NÓTULAS SOBRE A EDUCAÇÃO AMBIENTAL 
 
Previsão Legal 
Constitucional: Art. 225, VI. 
Infraconstitucional: Lei 9.795/99, Agenda 21, capítulo 36. 
 
1. Definição ( o que é?) 
"é um processo permanente no qual os indivíduos e a comunidade tomam consciência do 
seu meio ambiente e adquirem conhecimentos, valores, habilidades, experiências e 
 105 
determinações que os tornem aptos a agir - individual e coletivamente - e resolver os 
problemas ambientais presentes e futuros." ( IBAMA ). 
 
O que não é: 
Não é informação pura e simples; não é marketing; não é uma disciplina a mais no 
currículo escolar. 
 
2. Tipos 
 Formal : Escolar ( MEC ) 
 Não-formal 
 4.O que se deve levar em conta, necessariamente: 
4.1.Ser interdisciplinar: "a dimensão ambiental é que deve integrar-se aos conteúdos 
curriculares e não o contrário." 
4.2. Ser contínua e permanente: dentro e fora da escola. 
4.3. Ser abrangente: "envolver pessoas e grupos sociais" 
 4.4. Ter um enfoque humanístico, holístico, democrático e participativo. 
 4.5. Reconhecer e respeitar a pluralidade e diversidade individual e cultural. 
 
 
 
 ANEXO I – MODELO DE DEFESA ADMINISTRATIVA AMBIENTAL, 
COMO ROTEIRO PARA O EXERCÍCIO DA ADVOCACIA ADMINISTRATIVA 
AMBIENTAL 
CURSO DE DIREITO AMBIENTAL 
PROFESSOR PÉRICLES ANTUNES BARREIRA 
( Obs.: Este modelo tem caráter prático-didático para os alunos de Direito e desde que o 
Auto de Infração se baseie na Lei 9605/98 e Decreto 3179/99 ; está sujeito a ter 
alterações e adaptações, ouvidas as críticas e colaborações ). 
 
ROTEIRO PARA ELABORAÇÃO DE DEFESA ADMINISTRATIVA AMBIENTAL 
 
1. Dirigir o requerimento ao ÓRGÃO EMISSOR DA MULTA 
1.1. IBAMA: Superintendência do IBAMA em Goiás 
( Exmº Sr./DD. Superintende do IBAMA em Goiás/NESTA ) 
 AGÊNCIA AMBIENTAL DE GOIÁS 
( Exmº Sr./DD. Presidente da Agência Ambiental de Goiás/NESTA ) 
 SECRETARIA MUNICIPAL DE MEIO AMBIENTE 
( Exmº Sr./DD. Secretário Municipal de Meio Ambiente / NESTA ) 
obs.: Lembrar que em cada estrutura simplificada ( federal, estadual e municipal ) 
existem as instâncias administrativasde recurso. No caso federal, são três instâncias, 
além da original na Superintendência do IBAMA no Estado, dependendo do valor da 
multa lavrada. ( ver Instrução Normativa do IBAMA nº 8, de 18/9/2003 e I.N. nº 10, 
de 3l/10/2003. Nesta última há vários detalhes para o causídico ambientalista, bem 
assim os mecanismos de anulação e também de revisão do valor das multas por uma 
Comissão que deve existir em todas as Superintendências do IBAMA ). 
 
 106 
2. Examinar o AUTO DE INFRAÇÃO: 
A)- Data de Emissão e Prazo de Vencimento . Nome do autuado e sua qualificação ( a 
pessoa pode representar o Autuado ? Se não, a “citação” pode ser atacada na defesa ) 
B)- Mencione sempre o número e a série do AUTO DE INFRAÇÃO e do TERMO DE 
EMBARGO / APREENSÃO / E.T.C. 
C)- Enquadramento Legal ( leia na Lei 9605/98 e no Decreto 3179/99 a caracterização 
da infração ) 
D)- Observe a descrição da infração pelo Agente Autuante ( verifique se há 
correspondência entre o que foi descrito e a caracterização normativa da infração ). 
Verifique as medidas de área, volume, quantidade, etc. utilizadas ( não se aceita uma 
medida do tipo aproximadamente / mais ou menos / cerca de / etc. ) 
E)- Observe o nome e a qualificação do Agente Autuante ; é importante saber, em 
certas multas, até a formação profissional específica do Agente Autuante, vez que há 
multas que exigem ser profissional específico da área: Exemplo: AGROTÓXICOS o 
Agente Autuante deverá ter formação em Engenharia Agronômica ou Florestal. 
Obtenha no CREA e nos Conselhos das Profissões envolvidas na área ( BIOLOGIA / 
ENGENHARIA SANITÁRIA / ENGENHARIA AMBIENTAL/ GEOGRAFIA, etc. 
qual é a atribuição da profissional, segundo a lei que a disciplina ). Se for de ÓRGÃO 
CONVENIADO, vale a mesma conduta. Neste caso, observe que a Lei 9605/98, ao 
especificar as pessoas indicadas para a lavratura do Auto de Infração, foi taxativa 
quanto ao fato de PERTENCEREM AOS ÓRGÃOS DO SISNAMA ( Federal: IBAMA 
e Agência Nacional de Águas, lembrando que esta tem Autos de Infração próprios, 
diferente dos do IBAMA ; Estadual em Goiás: Agência Ambiental de Goiás. Municipal 
em Goiânia: Secretaria Municipal de Meio Ambiente ). 
 
Segue, abaixo, um MODELO HIPOTÉTICO DE DEFESA ADMINISTRATIVA de 
um Auto de Infração do IBAMA. Como estudado, a defesa terá o seguinte 
encaminhamento no órgão: 1. Protocolo; 2. Despacho do Chefe Geral; 3. Análise 
Jurídica, com homologação ou não do Auto de Infração e considerações sobre as provas 
indicadas; Às vezes, 4. Manifestação do Autuante e/ou uma Análise Técnica da situação 
( é preciso acompanhar o andamento do processo ). Finalmente, a Decisão final do 
Chefe Geral, deferindo ou indeferindo a defesa, quase sempre seguindo o Parecer 
Jurídico Emitido pelo Procurador (Advogado Público) que serve junto à Autarquia. 
Após a Ciência do interessado ( via Ofício, via A.R. ou edital publicado ), abre-se o 
prazo de RECURSO à instância imediatamente superior. 
 
 
DADOS EM QUE SE BASEOU A DEFESA HIPOTÉTICA: 
 
 
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR ....... 
DIGNÍSSIMO SUPERINTENDENTE DO IBAMA EM ... 
NESTA 
 
Auto de Infração nº ..../ série ..... 
Valor do A.I.: R$.... 
Termo de Apreensão e Depósito nº..../ série .... 
 107 
 
 
 
 
 
 
FULANO DE TAL, brasileiro, casado, residente e 
domiciliado na cidade de Goiás, Estado de Goiás ( se for defesa feita por Advogado, 
constar a procuração e o endereço para as notificações/intimações ), vem perante V. Exª 
com o devido respeito e acatamento, apresentar DEFESA ADMINISTRATIVA contra o 
Auto de Infração nº ....., série .... e demais procedimentos administrativos constantes do 
Processo nº ............................, pelos fatos e fundamentos jurídicos que abaixo passa a 
expor: 
1)- HISTÓRICO DOS FATOS 
( Historiar objetivamente os fatos ) 
II- DAS PRELIMINARES QUE INQUINAM OS ATOS 
ANTECEDENTES COMO NULOS 
 
 
1)- INCOMPETÊNCIA DO AGENTE AUTUANTE 
Pelo simples exame do Auto de Infração e Respectivo Termo 
de Apreensão e Depósito, vê-se que quem os lavrou foi o ( Técnico Ambiental, fulano de 
tal; Soldado ou Sargento PM, fulano de tal; Analista Ambiental formado em Música 
Superior, fulano de tal, etc. ) 
1)- Ao teor do art. 70, § 1º da Lei 9605/98, referindo-se às 
Autoridade que podem lavrar o Auto de Infração, o texto determina: 
“São Autoridade competentes para lavrar auto de infração 
ambiental e instaurar processo administrativo os funcionários de órgãos ambientais 
integrantes do Sistema Nacional do Meio Ambiente – SISNAMA, designados para as 
atividades de fiscalização, bem como os agentes das Capitanias dos Portos do Ministério da 
Marinha.” 
O texto legal, que DEFINE administrativamente quem são as 
pessoas competentes é EXPRESSO, TAXATIVO e nem o Administrador Público, nem o 
agente autuante, podem ignorá- lo, sob pena de responsabilidade, o que, aliás, em segundo 
momento, será solicitado. Entretanto, No prosseguimento da defesa, sabe-se que em Direito 
Administrativo, o que a lei expressamente não permite, não pode ser efetuado, até porque, 
neste caso trata-se de um ATO VINCULADO, restrito aos AGENTES PÚBLICOS 
apontados pela lei, vale dizer, os ANALISTAS AMBIENTAIS DO IBAMA; OS 
AGENTES DE FISCALIZAÇÃO DA AGÊNCIA AMBIENTAL; OS AGENTES DOS 
ÓRGÃOS MUNICIPAIS DE MEIO AMBIENTE E OS AGENTES DAS CAPITANIAS 
DOS PORTOS DO MINISTÉRIO DA MARINHA. 
Se a lei de crimes ambientais citada só determina aos 
funcionários integrantes dos órgãos do SISNAMA lavrarem os Autos de Infração, não pode 
nenhum policial militar, MESMO QUE HAJA UM CONVÊNIO ( POIS A LEI 
EXPRESSAMENTE NÃO O ADMITE ), realizar tal ato. Comprova-se, por aí, que o 
agente que produziu o ato ERA E É INCOMPETENTE. Tal circunstância INAVALIDA O 
ATO ADMINISTRATIVO de plano, tornando-o NULO. 
 108 
Neste sentido, MARIA SÍLVIA DI PIETRO, Doutrinadora 
de Direito Administrativo ensina: 
 “Pode-se, portanto, definir competência como o conjunto de 
atribuições das pessoas jurídicas, órgãos e agentes, FIXADOS PELO DIREITO 
POSITIVO.” ( Pg. 196, Direito Administrativo ) 
 
2)- MESMO que se admitisse, contrariando o texto legal 
expresso ao qual não se lhe pode dar interpretação extensiva, mas restritiva nos termos dos 
Princípios do Direito Administrativo, hoje em dia sabe-se que o IBAMA, ao teor da Lei nº 
10.410/2002, determinou que só podem lavrar os Autos de Infração os ANALISTAS 
AMBIENTAIS, técnicos de NÍVEL SUPERIOR DE FORMAÇÃO e o soldado PM não se 
apresenta com tais qualificações. Assim, por dois inolvidáveis motivos, é NULO por 
INCOMPETÊNCIA DO AGENTE PÚBLICO QUE O LAVROU. 
 
3)- DA NULIDADE PELA INOBSERVÂNCIA FORMAL 
DA CONDUTA ADMINISTRATIVA APURATÓRIA-SANCIONATÓRIA 
Ao exame da Lei 9605/98, para a lavratura da MULTA 
SIMPLES, o artigo 72, § 3º, estabelece o rito para tal, senão ve ja-se: 
“A multa simples será aplicada sempre que o agente, por 
negligência ou dolo: I- Advertido por irregularidades que tenham sido praticadas, deixar 
de saná-las no prazo assinalado por órgão competente do SISNAMA ou da Capitania dos 
Portos do Ministério da Marinha” ( grifo intencional ). 
Ao teor do que se tem no procedimento administrativo e ao 
exame do Ato Administrativo sancionador, o agente autuado IGNOROU O RITO LEGAL. 
A multa simples, diz a lei e repetimos, é aplicável quando ADVERTIDO não sanar a 
irregularidade. Esta “chance” legal visa, exatamente, dar tempo para que haja a correção do 
ato ou a prova de sua inexigibilidade. Tal procedimento foi IGNORADO e tornou o Ato 
NULO por inobservância do rito legal estabelecido. 
Doutrinariamente, DI PIETRO ( Direito Administrativo, p. 
201 ), preleciona: 
“No direito administrativo, o aspecto formal do ato é de 
muito maior relevância do que no direito privado, já que a obediência à forma ( no sentido 
estrito ) e ao procedimento constitui GARANTIA JURÍDICA para o a administrado e para 
a própria Administração; é pelo respeito à forma que se possibilita o CONTROLE DO 
ATO ADMINISTRATIVO, quer pelos seus destinatários, quer pela própria Administração, 
querpelos demais Poderes do Estado.” 
 
No mesmo sentido, BANDEIRA DE MELLO, enuncia: 
“O ato administrativo é VÁLIDO quando for expedido em 
ABSOLUTA CONFORMIDADE com as exigências do SISTEMA NORMATIVO. Vale dizer, 
quando se encontra adequado aos requisitos estabelecidos pela ordem jurídica. 
VALIDADE, por isto, é a adequação do ato às EXIGÊNCIAS NORMATIVAS” ( grifos 
livres em relação ao original ) 
 
Para completar o trio de respeitáveis doutrinadores 
administrativistas, invoca-se as lições de JUSTEN FILHO: 
 109 
“As competências administrativas traduzem poderes muito 
relevantes, e uma das finalidades do direito administrativo é limitar o poder. Por isso, as 
regras de forma do ato administrativo NÃO SE ORIENTAM À DEFESA DOS 
INTERESSES DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. AO CONTRÁRIO, a disciplina sobre a 
forma dos atos administrativos destina-se a GARANTIR O CONTROLE DAS 
COMPETÊNCIAS ADMINISTRATIVAS E DOS PODERES ESTATAIS.” ( p. 197, Curso de 
Direito Administrativo. Destaques aleatórios, não constantes do original ). 
Assim, há razões de fato, de direito e doutrinárias para que a 
Administração Pública, isto é, neste caso, a GERÊNCIA DO IBAMA reveja o ato 
produzido em desconformidade com o SISTEMA NORMATIVO atinente à matéria. 
II- NO MÉRITO 
Se nas preliminares o Auto de Infração é NULO DE PLENO 
DIREITO, pelas razões já apontadas, muito mais no mérito, o Ato não pode prosperar. A 
ausência de NOTIFICAÇÃO PESSOAL impossibilitou ao Autuado provar que fez a 
atividade acobertado pela devida LICENÇA AMBIENTAL expedida atempadamente pelo 
órgão estadual ambiental. 
Nesta situação, o requerente ANEXA fotocópia 
comprobatória da LICENÇA REFERIDA, plenamente válida. Com tal situação, NO 
MÉRITO, o Auto de Infração é IMPROCEDENTE, pois não houve a infração anunciada, 
nem quanto à violação da Legislação Criminal ( Lei 9605/98) e nem do Regulamento 
Administrativo ( Decreto 3179/99 ). 
Obviamente a administração parte da idéia, assinalada pela 
doutrina, da presunção de legitimidade, para se falar do seu mérito. Ocorre, como ensina 
JUSTEN FILHO ( Curso de Direito Administrativo, p. 205 ): 
“Observe-se que a presunção de legitimidade é RELATIVA, o 
que equivale a uma inversão do ônus da prova. Significa, portanto, que a Administração 
Pública não tem que provar que o conteúdo do ato é legítimo, cabendo ao terceiro o ônus 
de provar ser ele ilegítimo.”(p. 205, op. cit. ). 
 
E continua referido autor: 
“Mas é evidente que a presunção de legitimidade não 
alcança as QUESTÕES JURÍDICAS. Justamente por se tratar de uma presunção somente, 
somente se alcançam as questões pertinentes aos fatos. 
Ou seja, o Poder Judiciário não fica vinculado à 
interpretação jurídica adotada pela Administração. É equivocado afirmar que o particular 
tem o ônus de PROVAR A INCORREÇÃO DA INTERPRETAÇÃO JURÍDICA ADOTADA 
PELA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. NÃO SE PRODUZ PROVA QUANTO AO DIREITO, 
mas apenas quanto aos fatos.”( p. 205, idem) 
E pontifica o insigne doutrinador: 
“Mesmo no tocante aos fatos, no entanto, a presunção 
DEPENDE DE A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA COMPROVAR O CUMPRIMENTO DO 
DEVIDO PROCESSO, NECESSÁRIO E INAFASTÁVEL A FUNDAMENTAR SUAS 
AFIRMATIVAS. Assim, se o ato administrativo afirma a ocorrência de certo fato, NÃO SE 
PODE ATRIBUIR AO PARTICULAR O ÔNUS DE PROVAR SUA INOCORRÊNCIA – até 
porque não se produz prova de fatos negativos. É impossível provar que um fato não 
ocorreu; quando muito se pode provar a AUSÊNCIA DE CONDIÇÕES PARA SUA 
 110 
OCORRÊNCIA ou a CONSUMAÇÃO DE FATOS INCOMPATÍVEIS COM SUA 
VERIFICAÇÃO” (!) ( p. 206, op. cit.) 
O doutrinador atualmente mais festejado na doutrina 
brasileira, arremata: 
“ NÃO EXISTE PRESUNÇÃO QUANTO À OCORRÊNCIA 
DE FATOS SE A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA NÃO SEGIU O DEVIDO PROCESSO 
LEGAL. A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA NÃO PODE AFIRMAR, DE MODO 
UNILATERAL E DESTITUÍDO DE FUNDAMENTO, QUE UM FATO ACONTECEU E 
PRETENDER INVOCAR UMA PRESUNÇÃO FAVORÁVEL A SI, REMETENDO AO 
PARTICULAR O ÔNUS DE PROVAR O CONTRÁRIO” (!) ( p. 206, op.cit.) 
 
-DA GARANTIA CONSTITUCIONAL. 
Com o advento da Constituição Federal de l988, sabe-se que 
foram estendidos não só à esfera judicial, mas também à esfera do procedimento e processo 
Administrativo, GARANTIAS FUNDAMENTAIS, nos termos abaixo: 
“aos litigantes, em processo judicial ou 
ADMINISTRATIVO, e aos acusados em geral SÃO ASSEGURADOS O 
CONTRADITÓRIO e AMPLA DEFESA, com os meios e recursos a ela inerentes” (C.F. 
art. 5º, LV ). 
 
 
 
III- DO REQUERIMENTO 
Ante a robusta prova de VIOLAÇÃO DE GARANTIA 
CONSTITUCIONAL e os demais aspectos levantados, requer o ora Autuado: 
1)- INVALIDAÇÃO DOS ATOS ADMINISTRATIVOS, 
pelo menos até a CIÊNCIA DO A.I., vez que o Autor não foi devidamente 
CIENTIFICADO da pretensa infração, devolvendo-se-lhe os prazos para impugnação e 
defesa e os respectivos prazos recursais. 2)- RECEBIDA COMO DEFESA ATEMPADA, 
sejam analisadas as PRELIMINARES LEVANTADAS e, no MÉRITO, também seja 
constatado que NEM SEQUER HOUVE A INFRAÇÃO; 
3)- ANULADO O AUTO DE INFRAÇÃO, seja noticiado ao 
Ministério Público que não houve a infração criminal. 
4)- O requerente reservar-se-á à sua conveniência e 
oportunidade, a responsabilização administrativa dos que convalidaram os Auto de 
Infração, vez que a lei é expressa quanto às NULIDADES LEVANTADAS. Reserva-se 
também à recorrer à via JUDICIAL, com as pertinentes responsabilizações funcionais, 
civis, criminais e Administrativas que se verificaram e se verificarem no decorrer do 
procedimento administrativo que ora requer. 
TERMOS EM QUE, 
P. E E. DEFERIMENTO. 
GOIÂNIA, 03 DE MAIO DE 2005. 
 
 
BIBLIOGRAFIA BÁSICA : 
 
 111 
1)- MILARÉ, Edis. Direito do Ambiente. São Paulo: Revista Dos Tribunais, 2000. 
2)- FIORILLO, Celso Antônio Pacheco. Curso de Direito Ambiental Brasileiro. São Paulo: 
Saraiva, 2000. 
3)- ANTUNES, Paulo Bessa. Curso de Direito Ambiental. 5ª ed. Rio de Janeiro: Lúmen 
Júris, 2001. 
4)- MACHADO, Paulo Affonso Leme. Direito Ambiental Brasileiro. 7ª ed. São Paulo: 
Malheiros, 1998. 
5)- REBELLO FILHO, Wanderley e BERNARDO, Christine. Guia Prático de Direito 
Ambiental. 2ª ed. Rio de Janeiro, 1999. 
6)- MORAES, Luís Carlos da Silva. Curso de Direito Ambiental. São Paulo: Atlas, 2001. 
7)- LEITE, José Rubens Morato. Dano Ambiental: do individual ao coletivo 
extrapatrimonial. Revista dos Tribunais, 2000. 
8)- GUERRA, Isabella Franco. Ação Civil Pública e Meio ambiente. Rio de Janeiro: 
Forense, 2000. 
9)-MACHADO, Paulo Affonso Leme. Direito Ambiental Brasileiro. 9ª ed. São Paulo: 
Malheiros, 2001. 
10)- MANCUSO, Rodolfo de Camargo. Ação Civil Pública em Defesa do Meio Ambiente, 
do Patrimônio Cultural e dos Consumidores. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2001. 
11)- FREITAS, Vladimir Passos de. A Constituição Federal e a Efetividade das Normas 
Ambientais. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2000. 
12)- PRADO, Luiz Regis. Crimes Contra o Meio Ambiente. 2ªed. São Paulo: Revista dos 
Tribunais, 2.000. 12)- CARNEIRO, Ricardo. Direito Ambiental: Uma Abordagem 
Econômica. Rio de Janeiro: Forense, 2001. 
13)- FREITAS, Vladimir Passos e FREITAS, Gilberto Passos. Crimes contra o Meio 
Ambiente. São Paulo: Revista Dos Tribunais, 2001. 
14)- MORAES, Luís Carlos Silva de. Código Florestal Comentado. 2ª ed. São Paulo: 
Atlas, 2001. 
15)- SILVA SOARES, Guido Fernando. Direito Internacional do Meio Ambiente. São 
Paulo: Atlas, 2001. 
16)- Congresso Internacional de Direito ambiental. São Paulo: 2001. "O Futuro do Controle 
da Poluição e da Implementação Ambiental." Organização:Antônio Hermann Benjamin e 
José Carlos Meloni Sicolli. 
17)- SIRVINSKAS, Luís Paulo. Manual de Direito Ambiental. São Paulo: Saraiva, 2002. 
18)- SIRVINSKAS, Luís Paulo. Tutela Penal do Meio Ambiente. São Paulo: Saraiva, 2002. 
19)- PRADO, Alexandra Rapáis Mascareñas. Proteção Penal do Meio Ambiente. São 
Paulo: Atlas, 2000. 
20)- MUKAI, Toshio. Directo Urbano-Ambiental brasileiro. São Paulo: Dialética, 2002. 
21)- SILVA, Vicente Gomes da. Legislação AmbientalComentada. Belo Horizonte: 
Forum, 2002. 
2)-COMPLEMENTAR: 
1)- RIBAS, Luiz César. A Problemática Ambiental. São Paulo: Direito, 1999. 
2)- WAINER, Anna Helen. Legislação Ambiental Brasileira. 2ª ed. Rio de Janeiro: 
Forense, 1999. 
3)- SAMPAIO, Francisco José Marques. Responsabilidade Civil e Reparação de Danos ao 
meio Ambiente. Rio de Janeiro: Lúmen Júris, 1998. 
4)- VARELLA, Marcelo Dias e BORGES, Roxana Cardoso B. ( Org. ). O Novo em Direito 
Ambiental. Belo Horizonte: Del Rey, 1998. 
 112 
5)- FINK, Daniel Roberto et alii. Aspectos Jurídicos do Licenciamento Ambiental. Rio de 
Janeiro: Forense, 2002. MORAES, Luís Carlos. Código Florestal Comentado. São Paulo; 
Atlas, 2002. 
6)-ALMEIDA,Josimar Ribeiro; MELLO, Claudia S. e CAVALC ANTI, Yara. Gestão 
Ambiental. Rio de Janeiro: Thex, 2000. 
7)- MOURA, Luís Antônio Abdala. Qualidade & Gestão Ambiental. São Paulo: Juarez de 
Oliveira, 2002. 
8)- GRAYSON, David e HODGES, Adman. Compromisso Social e Gestão Empresaria. 
São Paulo: Publifolha, 2002. 
9)- VITERBO JÚNIOR, Ênio. Sistema integrado de gestão ambiental. São Paulo: 
Aquariana, 1998. 
10)-CARLI, Vilma Mª Inocêncio: A Obrigação Legal de Preservar o Meio Ambiente. 
Campinas: ME Editora, 2004.

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