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<p>11/04</p><p>Locomotor</p><p>Laminite - é uma afecção importante na clínica de equídeos, uma vez que diversas</p><p>condições podem levar os animais a desenvolvê-la, desde problemas infecciosos a</p><p>traumáticos, etc.</p><p>Existem 3 tipos principais de laminites, com fases distintas e mecanismos distintos pelos</p><p>quais a laminite pode se desenvolver, e dessa forma entendemos a profilaxia e os</p><p>tratamentos para essa afecção. Quanto mais compreendemos essa patologia mais a gente</p><p>pode contribuir na prevenção e no tratamento da mesma.</p><p>Temos que entender bem a anatomia do casco para ajudar bem na compreensão do</p><p>desenvolvimento da laminite. Na porção distal do dígito do animal, após os ossos do</p><p>metatarso/metacarpo, tem as 3 falanges (proximal, média e distal, ou ainda 1ª, 2ª ou 3ª). A</p><p>falange distal, ou 3ª falange, é envolta por um estojo córneo (que é o casco) de forma</p><p>paralela ou até uma leve angulação positiva de 0° a -2°.</p><p>Internamente tem a 3ª falange, na face palmar da falange distal existe um sesamóide distal</p><p>que recebe o nome de navicular (em formato de um navio) e tem nessa região a bursa do</p><p>navicular. Na face palmar existem, ainda, o Tendão Flexor Digital Profundo, esse tendão</p><p>passa pela face palmar do navicular (como se fosse uma roldana) e se insere na falange</p><p>distal. Na face dorsal temos o Tendão Extensor Digital. Quando o animal está parado em</p><p>estação, esse TFDP está tenso, o TFDP está sempre exercendo uma tensão sobre a 3ª</p><p>falange. A 3ª falange sofre duas forças importantes, a vertical exercida pelo peso do animal</p><p>e a de tração que é exercida pelo TFPD (seta e linha vermelhas na imagem abaixo).</p><p>A 3ª falange fica “suspensa” pela união das lâminas dérmicas (vindas da 3ª falange) e</p><p>lâminas epidérmicas (vindas do casco ou estojo córneo). Essa ligação do casco com a 3ª</p><p>falange através da união dessas lâminas dérmicas e epidérmicas é uma união MUITO</p><p>FORTE, tanto que o animal pode correr, trotar, saltar, pode recepcionar o peso todo na</p><p>descida de um salto que a 3ª falange vai se manter muito bem posicionada, ou seja, essa</p><p>união vai se manter, isso ocorre devido a essa força da união entre as lâminas dérmicas da</p><p>3ª falange e epidérmicas do estojo córneo.</p><p>Emergindo da 3ª falange temos as lâminas dérmicas primárias, e de cada uma dessas saem</p><p>as lâminas secundárias. O mesmo acontece com as lâminas epidérmicas que emergem do</p><p>casco, que tem lâminas primárias e secundárias. Essas lâminas primárias e secundárias</p><p>tanto do casco quanto da 3ª falange se entrelaçam e formam a união entre elas que é</p><p>extremamente forte.</p><p>As lâminas dérmicas, que emergem da 3ª falange, tem terminações vasculares e</p><p>nervosas, enquanto que as epidérmicas não tem nenhum tipo de vascularização ou</p><p>terminação nervosa.</p><p>Fazendo a união entre as lâminas dérmicas e epidérmicas, temos o que chamamos de</p><p>membrana basal, essa membrana é constituída basicamente por colágeno (rede de</p><p>colágeno). Como já dito essa ligação é muito forte e é capaz de suportar peso e impacto</p><p>que ela não sofre alterações, a não ser que algo fragilize a união dessas lâminas, e dessa</p><p>forma a 3ª falange não consiga mais ficar posicionada dando origem aos quadros que</p><p>vamos chamar de laminite. É importante compreender o que é como que isso chega no</p><p>casco e pode vir a fragilizar essa união ao ponto de desfazer essa união que é tão forte.</p><p>Na figura abaixo vemos o que é normal da união das lâminas, e o processo de degeneração</p><p>que vai ocorrendo na membrana basal e que vai favorecer a perda dessa forte ligação, com</p><p>a evolução do quadro a conformação das lâminas se altera e com isso elas perdem</p><p>aderência entre elas.</p><p>Na laminite, todo o processo envolve a perda de adesão dessas lâminas.</p><p>Existem 3 diferentes mecanismos que podem causar a perda de adesão das lâminas. A</p><p>laminite é dividida em tipos diferentes de acordo com o mecanismo que causa a perda</p><p>dessa adesão:</p><p>- Laminite séptica.</p><p>- Laminite Endocrinopática.</p><p>- Laminite por sobrecarga.</p><p>LAMINITE SÉPTICA</p><p>Pode ser chamada de laminite associada à sepse ou endotoxemia.</p><p>Sempre que o organismo é desafiado (inflamação ou trauma), se essa inflamação for</p><p>muito intensa, pode entrar em um quadro de resposta sistêmica (SIRS), por exemplo</p><p>animal que participa de uma cavalgada muito longa ou que tem um quadro de</p><p>estrangulamento no intestino, diarreia, etc., são quadros que podem desencadear</p><p>mediadores inflamatórios e/ou bactérias na circulação sanguínea.</p><p>Em resumo, qualquer condição que possa levar o paciente ao quadro de sepse ou</p><p>SIRS pode levá-lo a desenvolver a laminite séptica. Animais em sepse ou SIRS tem</p><p>grande quantidade de mediadores inflamatórios, bactéria e endotoxemia na</p><p>circulação e seja pelo mecanismo que for que tenha originado a sepse e/ou SIRS esses</p><p>animais podem evoluir para laminite séptica. Logo, todo paciente que está em SIRS ou</p><p>sepse, ou que esteja em um quadro potencial de desenvolver SIRS ou sepse está em risco</p><p>de desenvolver laminite séptica.</p><p>Quando o animal está em SIRS ou sepse, ele tem vários patógenos que estão na circulação</p><p>(sejam virais, bacterianos, fúngicos, etc.). O sistema imune trabalha para combater e</p><p>destruir esses patógenos, usamos anti inflamatórios e/ou ATB ou outros meios, e quando</p><p>eles são destruídos liberam PAMPs (padrões moleculares associados ao patógeno - um</p><p>exemplo são os LPS da constituição da parede bacteriana) na corrente sanguínea. Quando</p><p>ocorrem danos celulares/lesão tecidual são liberados DAMPs (padrões moleculares</p><p>associados a danos). Um animal, por exemplo, com retenção de placenta tem DAMPs e</p><p>PAMPs na circulação tanto por lesões teciduais quanto pelo processo</p><p>inflamatório/infeccioso. Um cavalo com colite com quadro de diarreia tem DAMPs e</p><p>PAMPs na circulação. Paciente com estrangulamento de intestino também tem PAMPs e</p><p>DAMPs. Todas situações listadas acima, são potenciais para desenvolver laminite séptica.</p><p>Ou seja, na laminite séptica temos um processo onde, pela destruição de patógenos ou</p><p>danos celulares, vamos ter muito PAMPs e/ou DAMPs na circulação. Vale lembrar</p><p>que existem esses DAMPs e PAMPs de forma fisiológica no organismo animal, o</p><p>problema é quando são encontrados de forma exacerbada/excesso na circulação.</p><p>Quando tem muito PAMPs e DAMPs na circulação, o sistema imune vai ter que</p><p>trabalhar mais para retirá-los da circulação. Principalmente os macrófagos e</p><p>neutrófilos entram em ação para consumir os PAMPs e DAMPs, nesse momento eles</p><p>liberam citocinas e quimiocinas na circulação, principalmente o TNF e as ILs, que servem</p><p>como sinalizadores para mais liberação de monócitos e neutrófilos que liberam mais TNF</p><p>e IL, vira um ciclo/bola de neve, um sistema que retroalimenta e vai potencializando.</p><p>Esse excesso de monócitos e neutrófilos na circulação tem potencial de causar danos/lesão</p><p>tecidual em vários pontos do organismo como um todo (por exemplo, pulmonar e cardíaco</p><p>entre diversos outros), no caso dos equinos podem vir a causar danos nas lâminas do</p><p>casco, levando à laminite por prejudicar a união entre as lâminas dérmicas e epidérmicas.</p><p>Ou seja, é um processo sistêmico, mas que pode trazer danos aos cascos, além de outros</p><p>órgãos. Não podemos enxergar como coisas separadas, é um processo que acontece no</p><p>corpo inteiro do animal, porém, muitas vezes conseguimos resolver o problema sistêmico</p><p>como um todo, mas para resolver os problemas do casco pode levar meses a anos. Isso nos</p><p>dá a impressão de que o problema é só no casco.</p><p>18/04</p><p>Não é todo animal que passa por um processo inflamatório, infeccioso ou de lesão/dano</p><p>tecidual que vai predispô-lo a risco de sepse ou SIRS, tem mais a ver com a intensidade</p><p>do quadro, com a quantidade de PAMPs e DAMPs presentes na circulação. Quadros</p><p>mais intensos têm mais chances de evoluir para sepse ou SIRS e consequentemente levar a</p><p>uma laminite do que os quadros crônicos.</p><p>Quando o equino entra em quadros de SIRS ou sepse, ele deve ir para crioterapia para</p><p>tentar evitar que ele evolua para laminite, mas as outras alterações sistêmicas devem ser</p><p>tratadas de forma independente, a crioterapia não tem ação sistêmica. Sendo assim, outras</p><p>terapias devem ser instituídas para</p><p>tirar o animal do quadro séptico.</p><p>Quando essa cascata inflamatória está acontecendo no casco (principalmente no caso dos</p><p>neutrófilos são responsáveis pela produção e ativação das MMPs), ocorre a ativação de</p><p>uma enzima crucial para o desenvolvimento da laminite, que é a metaloproteinase (MMP).</p><p>Essas enzimas MMPs são colagenases, ou seja, degradam o colágeno, e como é o</p><p>colágeno que mantém a união entre as lâminas dérmicas e epidérmicas, se essas enzimas</p><p>forem ativadas e degradar esse colágeno, consequentemente essa união vai ser</p><p>enfraquecida/perdida por danificar a rede de colágeno que compõe a membrana basal.</p><p>Essas MMPs existem de forma fisiológica no organismo do animal, o grande problema que</p><p>leva à laminite é quando nesses processos intensos há muita produção/ativação delas, e</p><p>que com isso leva a muita destruição de colágeno, não sendo suficiente para manter a</p><p>união entre as lâminas dérmicas e epidérmicas e suportar as forças que agem sobre a 3ª</p><p>falange.</p><p>A LAMINITE SÉPTICA É DIVIDIDA EM 3 FASES:</p><p>- FASE DE DESENVOLVIMENTO: é a fase que vai desde o insulto inicial até o</p><p>surgimento dos sinais clínicos. Nessa fase o animal ainda não tem laminite e não tem</p><p>sinais clínicos. Um exemplo de fase de desenvolvimento é em uma situação em que a</p><p>égua pariu e reteve a placenta, mesmo resolvendo o problema da placenta a égua fica com</p><p>o útero distendido, muito vascularizado, tem comunicação do meio externo com o interno</p><p>e é uma situação em que pode desenvolver SIRS ou sepse e por consequência a laminite.</p><p>Dessa forma, após resolver a retenção da placenta, a égua deve ir para crioterapia de forma</p><p>preventiva, mas ela ainda não desenvolveu laminite, ela está na fase de desenvolvimento,</p><p>podendo vir a ter laminite (se a crioterapia for eficiente não vai ter a laminite). Outro</p><p>exemplo é quando o animal teve uma cólica grave, com torção e estrangulamento, levando</p><p>a disbiose e isquemia, quando acabamos os procedimentos cirúrgicos para solucionar o</p><p>quadro, o animal está em risco de desenvolver sepse ou SIRS, mas ainda não desenvolveu</p><p>a laminite.</p><p>Nessa fase, como prevenção, a gente deve colocar o animal na crioterapia, sendo que vai</p><p>gelo até na altura da quartela nos 4 membros, na proporção de 50% de água e 50% de gelo</p><p>para termos uma temperatura ideal que seja capaz de penetrar no casco e baixar a</p><p>temperatura das estruturas internas desse casco.</p><p>No caso de crioterapia, o objetivo do gelo não é fazer vasoconstrição, o foco é baixar a</p><p>temperatura e diminuir a ativação/atuação das MMPs, uma vez que são enzimas e</p><p>dependem de uma temperatura ideal para sua adequada atuação. Assim evitamos a</p><p>destruição do colágeno. Ressaltando que é só na fase de desenvolvimento que usamos a</p><p>crioterapia, quando o animal ainda não tem dor e não tem sinais clínicos, ela é usada de</p><p>forma preventiva.</p><p>Nenhum outro método se mostrou tão eficiente quanto a crioterapia, outra vantagem é que</p><p>em qualquer lugar do mundo é possível fazê-la desde que tenha energia elétrica para</p><p>produzir o gelo necessário. A crioterapia tem baixo custo, fácil aplicação e altíssima</p><p>eficiência.</p><p>Como o objetivo é reduzir o metabolismo basal, não precisamos nos preocupar com o</p><p>efeito rebote, ou seja, se precisarmos tirar o animal da crioterapia por um tempo, por</p><p>exemplo para pastar ou se o paciente ficar agitado durante a crioterapia, não tem</p><p>problemas. O mais adequado e melhor é manter o animal no gelo o tempo todo.</p><p>A carga nos membros torácicos é maior em relação aos pélvicos, sendo que os torácicos</p><p>recebem 60% da carga de peso do animal e os pélvicos recebem 40%. Por esse motivo,</p><p>normalmente a laminite se desenvolve mais nos membros torácicos, ou pode acontecer nos</p><p>4 membros, então ao colocar os animais na crioterapia devemos colocar os 4 membros no</p><p>gelo. Caso o animal não aceite ou não se adapte, pelo menos os membros torácicos devem</p><p>ser colocados no gelo por 24h a 60h, ou enquanto durar o quadro, normalmente</p><p>usamos por 48hs, podendo prorrogar de acordo com o quadro do animal, enquanto</p><p>persistir o insulto.</p><p>Se tudo der certo, a crioterapia é suficiente para resolver e não permitir que desenvolva</p><p>sinais clínicos, o quadro de sepse e SIRS é resolvido, o animal não vai apresentar laminite,</p><p>na grande maioria dos casos. Nos casos em que não formos capazes de prevenir a laminite</p><p>o paciente vai evoluir para próxima fase que é a aguda.</p><p>- FASE AGUDA: é quando o animal desenvolve sinais clínicos. Nessa fase não</p><p>adianta mais fazer crioterapia, temos que tomar outras medidas. Caso tenha um animal</p><p>no gelo e começar a apresentar dor, quer dizer que ele saiu da fase de desenvolvimento, aí</p><p>tem que sair do gelo. Essa fase acontece quando não fomos eficientes em prevenir a</p><p>destruição da rede de colágeno, o animal sente dor nessa fase. Nessa fase, o objetivo é</p><p>minimizar a destruição da rede de colágeno, tentar que a destruição seja o mínimo</p><p>possível para a 3ª falange não ceder de maneira tão intensa.</p><p>Os principais sinais clínicos incluem:</p><p>- Pulso digital forte e facilmente detectável, a grande diferença é a intensidade desse</p><p>pulso, pois todo animal tem que apresentar pulso mesmo, porém de intensidade normal.</p><p>- Temperatura do casco se eleva</p><p>- O animal começa a manifestar dor, devido essa dor o animal evita colocar carga no</p><p>membro afetado.</p><p>- Postura antiálgica: como nesses casos a dor afeta os dois membros, o animal tende a</p><p>jogar o peso para os membros pélvicos aliviando a carga nos torácicos, assumindo uma</p><p>posição antiálgica, ou posição de cavalete. Se afetar os quatro membros o animal tem</p><p>dificuldade até de sair do lugar. Também vão apresentar sensibilidade no exame de</p><p>pinça de casco, e em casos mais graves vai ter afundamento da banda coronária. O animal</p><p>vai querer deitar.</p><p>Nessa fase, aquela cascata inflamatória atingiu uma destruição de colágeno muito intensa,</p><p>a tal ponto que na fase aguda está acontecendo a perda de adesão entre as lâminas</p><p>dérmicas e epidérmicas.</p><p>Na fase aguda, temos que pensar em uma associação farmacológica e na carga que o</p><p>membro está recebendo. Como a união entre as lâminas está sendo perdida, quanto mais</p><p>significativas forem as cargas que receber, pior vai ser para o animal, logo, nessa fase</p><p>aguda nós vamos pensar em minimizar a destruição de colágeno e as cargas exercidas</p><p>nessas lâminas (que já estão frágeis).</p><p>Tratamento associando vários fármacos, cada um com seu mecanismo, que vai auxiliar de</p><p>forma a reduzir a destruição de colágeno:</p><p>- AINES: não é muito indicado trabalhar com antinflamatório de alto poder analgésico</p><p>(exemplo a fenilbutazona) nessa fase, porque a rede de colágeno está sendo destruída e</p><p>está fragilizada, então se tirarmos a dor do animal, ele vai apoiar o membro no chão e</p><p>dessa forma pode agravar o quadro. Não é deixar o animal em sofrimento, mas, não</p><p>mascarar a dor para o animal não apoiar naturalmente os membros para não prejudicar.</p><p>Nessa fase podemos usar muito o firocoxibe (VO ou IV) por ser seletivo para COX 2, usar</p><p>com dose de ataque no primeiro dia (0,3mg/kg) a partir do segundo dia usar dose normal</p><p>(0,1 mg/kg).</p><p>Outro antinflamatório muito utilizado é o flunixin meglumine, não pensando em</p><p>analgesia, mas sim no controle de toxinas inflamatórias, em quadro sistêmico.</p><p>- DMSO (Dimetilsulfóxido): ainda não há evidências que justifique seu uso, mas na</p><p>prática é utilizado por vários profissionais. Antioxidante??</p><p>Não usar puro, é necessário diluir a 10%, por ter efeito lesivo intenso para os vasos.</p><p>Seu uso deve ser na fase aguda, não usado na fase crônica.</p><p>- Pentoxifilina: ação reológica, aumenta a maleabilidade/deformidade das hemácias. Já se</p><p>pensou em melhora da circulação dentro do casco, mas, hoje sabe-se que esse não é o</p><p>melhor efeito dela. Ela ajuda, por atuar nas MMPs em excesso, reduzindo a ativação</p><p>dessas enzimas. Pode servir com a mesma ideia da crioterapia, apesar de não ser tão</p><p>eficiente quanto o gelo, mas reduz a atividade das MMPs, uma vez que nessa fase não</p><p>podemos colocar os animais na crioterapia, como ele está numa fase que devemos reduzir</p><p>as cargas exercidas sobre os membros, na crioterapia o paciente tem que ficar em</p><p>estação e</p><p>com o peso apoiado sobre os membros, dai a contra indicação dele ir para o gelo, e nessa</p><p>fase com dor, o animal procura deitar, o que é bom para ele. Outra coisa é que quando o</p><p>paciente entra na fase aguda, não queremos mais a vasoconstrição que acontece quando vai</p><p>para crioterapia, é preciso ter boa perfusão nesse momento.</p><p>- Heparina de baixo peso molecular: reduz a ação das citocinas que sinalizam para os</p><p>neutrófilos, que por sua vez ativam as MMPs, logo reduzem a cascata inflamatória e de</p><p>ativação das MMPs.</p><p>- Acepromazina: Tranquilização e vaso modulação, a acepromazina tem efeito</p><p>vasodilatador (que em algumas situações não é desejado), no caso da laminite essa ação</p><p>vasodilatadora é interessante por favorecer a circulação do casco. Outra vantagem da</p><p>acepromazina é que deixa o animal um pouco mais tranquilo e fica mais quieto e às vezes</p><p>até fica deitado, uma vez que nos quadros de laminite a gente quer que o animal não</p><p>coloque cargas sobre os cascos para reduzir o trauma sobre a área afetada.</p><p>- Redução do estresse mecânico: Nessa fase é importante favorecer o decúbito do equino</p><p>para minimizar essas forças. Isso vai minimizar a rotação que pode vir a acontecer no</p><p>casco. Remoção da ferradura e suporte ao casco para ficar mais confortável, pode usar bota</p><p>de EVA para distribuir o peso no casco como um todo.</p><p>- FASE CRÔNICA: A partir do momento que a falange perde o seu posicionamento</p><p>normal, visualizado na radiografia (ou seja, tem alterações radiográficas). Quanto mais</p><p>a rede de colágeno for destruída, pior ele vai chegar na fase crônica e piores serão as</p><p>alterações radiográficas, e quanto menos ela for destruída melhores serão as chances</p><p>de recuperação do animal.</p><p>Na fase de desenvolvimento existe um risco de destruir a rede de colágeno, na fase aguda,</p><p>está acontecendo essa destruição da rede de colágeno. Quando essa rede é destruída e</p><p>estabilizada, o animal entra na fase crônica. Quando essa rede de colágeno é</p><p>destruída perde-se a adesão da falange com o casco pelas lâminas dérmicas e</p><p>epidérmicas, com isso aparece alterações radiográficas quanto ao posicionamento da</p><p>3ª falange.</p><p>No casco saudável a parede do estojo córneo tem um paralelismo com a face dorsal da 3ª</p><p>falange (linhas amarela e verde), pode haver um ângulo de 0° a -2°. Outra referência é que</p><p>a banda coronária ou coroa do casco (linha branca), que é a região da transição entre a pele</p><p>e o casco, coincide com o ápice da 3ª falange.</p><p>Como o animal fica em pé e recebe força vertical e do TFDP sobre o casco (linhas cinzas),</p><p>se as lâminas estiverem saudáveis, tudo bem, essas forças não são capazes de afetar o</p><p>posicionamento da 3ª falange em relação ao casco, porém, quando as lâminas perdem a</p><p>adesão entre elas a força vertical leva a um afundamento da 3ª falange e a força do TFDP</p><p>rotaciona a 3ª falange. Logo, dizemos que na laminite a 3ª falange apresenta um</p><p>afundamento e uma rotação.</p><p>Essa rotação e afundamento podem ser tão intensos ao ponto de causar perfuração da sola,</p><p>expondo a 3ª falange. Isso causa muita dor no animal.</p><p>Essas rotações e afundamentos podem acontecer em sentido dorso palmar e/ou látero</p><p>medial ou médio lateral.</p><p>Esses quadros mais graves explicam o porquê devemos evitar que a laminite se instale e</p><p>perca adesão entre as lâminas, por isso devemos instituir a crioterapia na fase</p><p>desenvolvimento e pegar pesado no tratamento na fase aguda para evitar que evolua para a</p><p>fase crônica, pois de acordo com a evolução e a intensidade da perda dessa adesão vamos</p><p>ter a intensidade dessas alterações na fase crônica.</p><p>No casco com laminite, ao longo do tempo, podemos ver linhas de deflexão, que são</p><p>linhas que indicam falha no crescimento do casco (setas brancas na imagem acima).</p><p>A adesão que for perdida, não tem como ser refeita, não tem como fazer a falange e o</p><p>estojo córneo voltarem ao que era antes. A gente precisa que o novo casco que for</p><p>nascendo tenha uma união saudável com a 3ª falange, à medida que o casco for crescendo</p><p>ele tem que estar bem aderido a 3ª falange e assim ela vai se realinhando. Então o</p><p>tratamento é para que o casco novo venha bem aderido à 3ª falange e ela vá se alinhando.</p><p>Isso é feito através de casqueamento adequado e tamancos ortopédicos, de forma a</p><p>melhorar a distribuição das cargas e minimizar o comprometimento da circulação</p><p>propiciando o crescimento saudável do casco. Com a melhor distribuição das cargas os</p><p>problemas de irrigação são diminuídos.</p><p>Assim temos que providenciar qualidade de vida para o animal, minimizar a dor e</p><p>promover um casco com um posicionamento com distribuição de cargas adequada para vir</p><p>um casco de qualidade. O casco cresce de 0,8 a 1,2cm por mês, se pensarmos da porção do</p><p>casco que está na região da banda coronária até chegar na posição mais distal, leva em</p><p>torno de 1 ano.</p><p>Eventualmente, se não conseguirmos fazer uma boa distribuição de cargas, a face dorsal</p><p>vai ser muito sobrecarregada ao ponto de comprometer a circulação dessa face dorsal. O</p><p>casco nos mostra isso, devido às linhas de deflexão que surgem ao longo do mesmo. O</p><p>casco não vai crescer com qualidade, é preciso melhorar a distribuição das cargas</p><p>exercidas sobre o casco para melhorar a circulação e o casco crescer com qualidade.</p><p>Podemos realizar venografia, radiografia com contraste venoso, fazendo garrote na região</p><p>do boleto e administramos o contraste. Fazemos uma radiografia imediatamente após a</p><p>administração do contraste, e veremos a vascularização toda comprometida, com isso o</p><p>casco não vai crescer de forma saudável, para corrigir isso precisamos melhorar a</p><p>distribuição de cargas com casqueamento e ferrageamento ou casqueamento e tamanco</p><p>ortopédico. Precisamos propiciar um ambiente para o casco crescer com qualidade.</p><p>Para acelerar o crescimento do casco e pensando em casco de qualidade podemos usar:</p><p>- biotina (é a base de Vitamina B7, que estimula a produção de queratina necessária para a</p><p>saúde do casco);</p><p>- uso de células tronco (ainda em estudos incipientes), fazendo uma perfusão regional de</p><p>células tronco tem se mostrado promissor no crescimento de casco de qualidade.</p><p>Enquanto todo esse processo está acontecendo, o cavalo está com dor, o animal pode</p><p>perder peso, entrar em caquexia, desenvolver úlceras ao longo do corpo devido sentir tanta</p><p>dor e não conseguir mais se levantar, tem uma fragilidade do casco, exposição da 3ª</p><p>falange que pode desenvolver uma infecção ascendente nessa falange, são vários</p><p>problemas que podem acontecer ao mesmo tempo. Sendo assim, acelerar o crescimento de</p><p>casco não é por pressa, é porque isso reflete no prognóstico aumentando as chances de</p><p>resolver o quadro do paciente.</p><p>Com a evolução do tratamento, o casco crescendo saudável e realinhando a 3ª falange, o</p><p>animal pode voltar para suas atividades esportivas e já não vai apresentar mais dor, mas ele</p><p>sempre vai ficar num limiar e precisar de acompanhamento.</p><p>Animais que apresentam rotações muito intensas (acima de 8° a 11°) já é um prognóstico</p><p>reservado, acima de 11° já é prognóstico desfavorável para retorno esportivo. Podendo</p><p>chegar a ser indicado a eutanásia, dependendo do quadro de dor e da intensidade da</p><p>rotação da 3ª falange.</p><p>Existem possibilidades de ferraduras e tamancos que podem ser utilizadas em animais com</p><p>laminite, a fim de promover um suporte na face palmar do membro para aliviar a força que</p><p>está na 3ª falange, com isso reduz a força que está exercendo na 3ª falange dessa forma</p><p>evita que ela rotacione ou afunde mais.</p><p>25/04</p><p>LAMINITE ENDOCRINOPÁTICA</p><p>É um outro mecanismo que desencadeia o mesmo processo de laminite. É hoje, a laminite</p><p>mais prevalente, a laminite séptica é muito prevenida e controlada atualmente, mas a</p><p>endocrinopática precisa ser muito bem trabalhada, principalmente devido à questão</p><p>nutricional que ainda é uma falha de muitos criadores.</p><p>– Síndrome Metabólica Equina:</p><p>• Laminite</p><p>• Anéis divergentes no casco</p><p>• Obesidade</p><p>• Adiposidade</p><p>• Infertilidade</p><p>• Exame de compra</p><p>• Suspeita de doença endócrina</p><p>• Utilização de corticoides</p><p>Existe uma associação entre obesidade e resistência à insulina (disfunção de insulina),</p><p>essa condição leva a uma alta predisposição à laminite.</p><p>Algumas raças têm maior predisposição ao acúmulo de tecido adiposo (principalmente</p><p>raças européias). Existe uma relação entre tecido adiposo na borda dorsal do pescoço</p><p>(diâmetro de pescoço) com o desenvolvimento de laminite. Assim, não podemos achar que</p><p>um animal obeso seja normal e/ou aceitável.</p><p>Essas raças européias participaram da formação do mangalarga marchador, com isso temos</p><p>que ficar muito atentos à obesidade nos mangalargas que são muito presentes na clínica na</p><p>nossa região.</p><p>A Síndrome Metabólica causa outros problemas além da laminite, mesmo que o animal</p><p>não apresente a laminite propriamente dita, vai causar um problema na qualidade e</p><p>crescimento do casco e isso se manifesta na forma de anéis divergentes do casco (linhas de</p><p>deflexão). São linhas marcadas no crescimento do casco, não são retas/paralelas a banda</p><p>coronária, são meio curvadas/divergentes tendo crescimento maior na região do talão. Ao</p><p>olhar um casco com essas linhas, mesmo que o</p><p>animal não apresente laminite, a gente precisa</p><p>entender que ele teve problemas/estresse no seu</p><p>desenvolvimento, isso mostra um processo</p><p>crônico. Mesmo que um animal com um casco</p><p>dessa forma não apresente laminite, e se ele</p><p>apresentar associação de obesidade mais</p><p>resistência a insulina, ele tem uma maior</p><p>predisposição a desenvolver laminite porque o</p><p>casco já mostra que está com problema de</p><p>desenvolvimento.</p><p>Já sabemos que o tecido adiposo não é um tecido inerte, sendo um tecido pró inflamatório,</p><p>tem uma maior dificuldade de cicatrização pós cirúrgica em animais com acúmulo de</p><p>tecido adiposo, também já é associada a infertilidade e aumenta as perdas embrionárias.</p><p>Animais que têm suspeita de síndrome metabólica temos que ter cuidado com o uso de</p><p>corticosteróides, principalmente aqueles usados intra articular que podem ter efeitos além</p><p>da articulação se ultrapassar as doses recomendadas e desencadear uma laminite. Esse fato</p><p>não acontece em animais saudáveis.</p><p>Quando formos avaliar um cavalo, temos que atentar ao escore corporal. Numa escala de 1</p><p>a 9 o ideal é o escore 5, já na escala de 1 a 5 o ideal é o escore 3. É importante identificar</p><p>se o animal está normal, abaixo ou acima do ideal.</p><p>A borda dorsal do pescoço é uma região de atenção e tem uma relação com laminite.</p><p>FATORES PREDISPONENTES</p><p>Porque a obesidade associada a resistência à insulina predispõe à laminite</p><p>endocrinopática?</p><p>O tecido adiposo reduz a sensibilidade dos tecidos periféricos à insulina. Isso significa</p><p>que quando a insulina (que tem a função de levar a glicose do sangue para dentro das</p><p>células) vai exercer a sua função, a célula tem resistência a essa insulina, ou seja, resiste a</p><p>essa translocação da glicose entrar para a célula. Assim o organismo reconhece que tem</p><p>uma glicemia alta ainda e que vai ter que produzir mais insulina, como a célula está</p><p>resistindo a essa insulina não vai adiantar, o organismo tende a produzir ainda mais</p><p>insulina (hiperinsulinemia). Por outro lado as células reconhecem o excesso de insulina</p><p>como algo errado e como defesa ficam mais resistentes ainda à ação da insulina,</p><p>tornando-se um ciclo. Essa hiperinsulinemia, está relacionada a resistência dos tecidos</p><p>periféricos à insulina, e isso aumenta ainda mais a produção de insulina.</p><p>Outra coisa é que na natureza, o animal ingere pequenas porções ao longo de um longo</p><p>período de tempo, sendo assim ele não tem pico elevado de glicose. No caso de animal</p><p>domesticado, com um manejo bom (feno de qualidade de 2 a 3 vezes ao dia e ração 2</p><p>vezes ao dia) no primeiro trato pela manhã, como o feno é de boa qualidade já eleva um</p><p>pouco a curva glicêmica e ao ingerir a ração/concentrado faz um pico de glicemia ainda</p><p>maior, isso se repete no segundo trato a tarde, ou seja tem dois picos de glicemia e</p><p>consequentemente de insulina.</p><p>Quando oferecemos silagem aos cavalos, a silagem é rica em CHO não estrutural, e com</p><p>isso toda base alimentar do animal vai causar pico de glicose e insulina, ou seja vai ter</p><p>vários picos de glicose ao longo do dia. Se houver aumento de insulina na circulação, os</p><p>tecidos periféricos vão fazer resistência à essa insulina.</p><p>O aumento de cortisol (por estresse ou por utilização de corticosteróides) também tem a</p><p>capacidade de gerar resistência à insulina nos tecidos periféricos.</p><p>Então tanto o tecido adiposo, picos de glicose (e consequentemente de insulina) e aumento</p><p>do cortisol são capazes de levar à resistência à insulina nos tecidos periféricos. Esse é o</p><p>grande problema nessas condições, quando temos resistência à insulina vamos ter um</p><p>aumento na produção da insulina (não é frequente termos hiperglicemia em equinos) ao</p><p>ponto de produzir hiperinsulinemia.</p><p>No casco temos receptores para Fator de Crescimento Semelhante à Insulina (que é uma</p><p>molécula muito parecida com a insulina), como temos muita insulina circulante ela</p><p>começa a se ligar aos receptores para Fator de Crescimento Semelhante à Insulina. Quando</p><p>ocorre essa ligação, ela aumenta a liberação e ativação das MMPs (enzimas que vão</p><p>degradar o colágeno) com isso pode desencadear a laminite uma vez que a destruição do</p><p>colágeno desestabiliza a rede de colágeno que mantém a união das lâminas dérmicas e</p><p>epidérmicas. Esse é um processo de caráter crônico, a crioterapia não é eficiente nesses</p><p>casos porque, como é um processo longo, teria que deixar o cavalo no gelo por muito</p><p>tempo. O foco no tratamento nessa condição é tirar o animal da síndrome metabólica.</p><p>Diagnóstico da Síndrome Metabólica: é feito um teste, onde se faz um preparo do</p><p>paciente, faz a coleta da glicose e insulina inicial, administramos uma alta concentração de</p><p>glicose para o animal fazendo aumentar a glicemia e insulinemia, após essa administração</p><p>são feitos novos testes e se a insulina se mantiver elevada significa que ela teve que ser</p><p>produzida em níveis elevados para carrear a glicose para dentro das células, se a insulina</p><p>estiver abaixo de 60 significa que ela está trabalhando de maneira adequada e consegue</p><p>levar a glicose para dentro das células. Acima de 60 é diagnóstico de síndrome metabólica.</p><p>Nem sempre esse teste é feito, uma vez que pela avaliação do casco (presença de linhas de</p><p>deflexão divergentes, ou um animal obeso, animal alimentado com silagem, que recebe</p><p>mais concentrado do que a % indicada), independente do resultado desse teste é preciso</p><p>mexer na nutrição desse animal.</p><p>PREVENÇÃO E MANEJO</p><p>• Dieta e atividade física - se não tiver desenvolvido a laminite, caso tenha laminite vai</p><p>ser só a dieta, não tem como colocar para exercitar por que precisa de repouso nos quadros</p><p>de laminites.</p><p>• Restrição razoável de energia: para evitar os picos de glicose e de insulina, porque</p><p>esses picos estão diretamente ligados à resistência à insulina pelas células.</p><p>• Energia oriunda de CHOs estruturais, ou seja, fibras (volumoso; capim, feno de</p><p>qualidade), essa fonte de energia vai fermentar no ceco e produzir AGVs que são a fonte</p><p>de energia dos equinos. Não fornecer ração, fubá e silagem que são CHOs não estruturais.</p><p>Mesmo com essa restrição alimentar pode não ser suficiente para reduzir o peso do animal,</p><p>por serem animais selecionados geneticamente para conversão alimentar eficiente, ou seja</p><p>comer pouco e ganhar peso. Não podemos privá-los muito de volumoso, no mínimo 1,5%</p><p>de PV para manter a saúde do trato digestivo e trânsito intestinal.</p><p>• Refeições menores e mais frequentes: assim não tem picos de glicemia. Refeições de</p><p>fácil acesso e em maiores volumes fazem pico de glicemia e de insulina. Devemos voltar o</p><p>animal ao seu normal fisiológico natural, pequenas porções várias vezes ao longo do dia.</p><p>• Evitar períodos de jejum para o animal não comer grandes volumes de uma só vez.</p><p>Normalmente a laminite endocrinopática é mais branda que a séptica, por ser crônica</p><p>dificilmente vai se apresentar em um quadro muito avançado. Geralmente as alterações são</p><p>mais sutis, e assim o prognóstico costuma ser melhor. Vai afundar e rotacionar menos a 3ª</p><p>falange.</p><p>• Atividade física é importante também, uma vez que é uma forma de diminuir o risco</p><p>de</p><p>obesidade nos animais. Se o animal já estiver apresentando laminite, não tem como</p><p>colocá-lo na atividade física devido a dor intensa que ele sente. Porém, se um animal</p><p>apresenta alteração de casco (linhas de deflexão), a gente percebe que ele ainda não</p><p>desenvolveu laminite, mas tem o risco, nessas situações podemos trabalhar de forma a</p><p>emagrecer o animal para reduzir os estímulos endócrinos (obesidade e resistência à</p><p>insulina).</p><p>O tratamento é para síndrome metabólica e associado à laminite. Não podemos deixar o</p><p>animal ter obesidade, picos de glicemia, de insulina, de cortisol para que o animal não</p><p>aumente a resistência. Para não ter hiperinsulinemia e para não ter excesso de insulina para</p><p>se ligar aos receptores de Fator de Crescimento Semelhante à Insulina o que agravaria a</p><p>laminite, NÃO PODEMOS DEIXAR ISSO ACONTECER. Então animais em síndrome</p><p>metabólica ou em risco de desenvolvê-la, com laminite endocrinopática ou com risco de</p><p>desenvolvê-la nós vamos ter que trabalhar com a prevenção da síndrome metabólica e com</p><p>o manejo do casco desse animal para o casco que estiver emergindo seja um casco de</p><p>qualidade e de boa adesão à 3ª falange.</p><p>LAMINITE POR SOBRECARGA</p><p>É a laminite associada a peso excessivo colocado em um membro devido a lesão no</p><p>membro oposto. Não tem nada a ver com obesidade. É uma laminite que acontece nos</p><p>casos de claudicação severa, lesão muito grave ou quando se tem fraturas em algum</p><p>membro, dessa forma o animal vai apoiar o peso por mais tempo no membro sadio, devido</p><p>a dor muito intensa ele acaba nem apoiando no membro afetado. Assim, a carga que era</p><p>para ser dividida para os dois membros fica toda em um só dos membros, isso leva a uma</p><p>falha na irrigação do membro sobrecarregado, e essa falha de circulação sanguínea que</p><p>está associada ao desenvolvimento da laminite por sobrecarga.</p><p>Na laminite séptica não queremos vasoconstrição (na crioterapia), então não podemos</p><p>pensar que vasoconstrição seja algo positivo, inclusive, todo o nosso trabalho e objetivo</p><p>dos tratamentos é melhorar a perfusão.</p><p>Essa é a única laminite que se desenvolve em um único membro, nas outras duas</p><p>formas vai afetar os 4 membros ou apenas nos 2 torácicos.</p><p>PATOLOGIAS DO SISTEMA LOCOMOTOR EQUINO</p><p>Cavalos são animais atletas e tem uma grande exigência do sistema locomotor, isso</p><p>justifica uma alta prevalência de afecções afetando esse sistema. Essas afecções podem</p><p>estar em diversas porções dos membros, sendo desde o casco até na coluna. Porém, a</p><p>maior parte das lesões envolvem os membros torácicos, e ainda mais especificamente na</p><p>porção distal ao do membro torácico (distal ao carpo), no membro pélvico os pontos de</p><p>lesão mais frequentes são articulação do tarso e joelho.</p><p>OBJETIVOS DO EXAME DO SISTEMA LOCOMOTOR</p><p>• Determinar se existe afecção do sistema locomotor: pode ter casos que o principal</p><p>problema não seja o sistema locomotor, exemplo dado de uma égua com suspeita de</p><p>laminite, e o diagnóstico foi de alteração pulmonar, e existem outras situações. Então</p><p>temos que saber diferenciar e determinar se o sistema locomotor está ou não envolvido.</p><p>• Determinar qual ou quais membros estão envolvidos: por exemplo em caso de</p><p>claudicação, a gente pode ter que pedir um raio-x ou um US, mas de quê?, de qual parte?</p><p>• Determinar o local do problema: depois de determinar qual membro, temos que</p><p>determinar a região, a área do membro que está envolvida, porque não podemos pedir para</p><p>fazer um raio-x, por exemplo, do membro inteiro. Precisamos ser específicos ao solicitar</p><p>um exame desse tipo.</p><p>• Determinar a lesão: a partir do momento que temos uma compreensão do foco da dor,</p><p>podemos partir para exames complementares, como raio-x ou US, para determinar o</p><p>diagnóstico.</p><p>• Determinar o tratamento adequado: com o diagnóstico fechado podemos instituir o</p><p>melhor tratamento pensando em cada caso/situação, do prognóstico.</p><p>• Determinar o prognóstico:</p><p>EXAME DE CLAUDICAÇÃO (mancar = manqueira)</p><p>Claudicação é uma alteração na movimentação do animal, ou uma alteração na simetria</p><p>das passadas. Ao se movimentar, tudo que o animal faz com um membro ele tem que fazer</p><p>com o outro, se não fizer da mesma forma pode-se dizer que ele está claudicando. Pode</p><p>estar poupando algum dos membros por alguma incapacidade biomecânica ou por dor.</p><p>Existe uma série de fatores que podem predispor os equinos a claudicação.</p><p>Na etapa de inspeção visual, temos que observar vários aspectos, o início é com o animal</p><p>estático e em seguida temos que observar o animal em movimento, na inspeção dinâmica:</p><p>INSPEÇÃO ESTÁTICA</p><p>▪ Conformação: sobre si, aberto de frente, fechado de frente, etc. Isso tem uma grande</p><p>importância para pensarmos no desenvolvimento das lesões. Por exemplo, um animal que</p><p>tem valgus vai ter maior carga apoiada na lateral do membro. Isso leva a uma má</p><p>distribuição de cargas nos membros, isso pode predispor a lesões e claudicações. Muitas</p><p>dessas alterações de conformações podem ser corrigidas no potro com casqueamento dessa</p><p>forma guiamos o crescimento de forma adequada, na fase adulta não adianta que não</p><p>corrige, no adulto trabalhamos apenas o equilíbrio e a conformação se mantém.</p><p>Determinadas conformações estão associadas a determinadas lesões. Classificar quanto</p><p>varus ou valgus. De acordo com a conformação, já é possível entender quais alterações o</p><p>potro pode vir a desenvolver e dessa forma vamos agir de forma a corrigir com</p><p>casqueamento.</p><p>▪ Postura: pode indicar se tem algum problema caso o animal apresentar postura anormal,</p><p>exemplo se adotar a postura de cavalete indica suspeita de laminite. Caso tenha dor, o</p><p>animal tende a descansar mais o membro afetado e por isso temos que observar o animal</p><p>por um tempo e ficar atento a essas nuances.</p><p>▪ Simetria, aumentos de volume, atrofias musculares: atrofias por exemplo podem</p><p>surgir de claudicações crônicas, onde o animal poupa mais um membro do que o outro e</p><p>com isso o membro poupado tende a atrofiar. Observar se tem abaulamento na face palmar</p><p>da região da canela, região do Tendão Digital Flexor Superficial que pode ser efusão</p><p>articular, etc.</p><p>▪ Cicatriz</p><p>▪ Ferida</p><p>▪ Alteração no casco: o casco não é uma estrutura totalmente rígida, ele tem um certo</p><p>grau de expansão quando toca o solo e comporta o peso do animal, é uma estrutura</p><p>dinâmica, e se for mais poupado que o outro ele pode se mostrar atrofiado também. Isso</p><p>indica condições crônicas. O casco apresenta várias proporções de angulações com</p><p>estruturas adjacentes que servem de balizamento para nos direcionar para alguma alteração</p><p>do mesmo.</p><p>Temos que buscar qualquer coisa que nos direcione a um diagnóstico, pensando em cima</p><p>dos objetivos ditos acima.</p><p>INSPEÇÃO DINÂMICA</p><p>Nessa inspeção dinâmica conseguimos descobrir se o animal realmente está claudicando, e</p><p>qual ou quais membros, e ainda qual região está envolvida além do grau de claudicação.</p><p>Para fazermos isso temos que trabalhar em piso macio (areia, grama) e piso firme</p><p>(cimento), em linha reta e em círculos. Pode se fazer necessário avaliar o animal montado.</p><p>No piso firme o impacto é maior, normalmente animais que claudicam nos pisos firmes</p><p>tem lesões em estruturas ósseas e articulares. No piso macio, o próprio piso já ajuda a</p><p>amortecer o impacto no solo, assim as estruturas mais afetadas nesse tipo de piso são os</p><p>tecidos moles (as estruturas ósseas e articulares são poupadas no piso macio).</p><p>O centro de gravidade dos cavalos está deslocado um pouco cranialmente, sendo assim, os</p><p>membros torácicos recebem cerca de 60% das cargas e os pélvicos cerca de 40%.</p><p>Um animal que não apresenta claudicação tem os movimentos de cabeça ao andar de</p><p>forma semelhante quando ele troca a passada, a cabeça se mantém no mesmo nível. Já, um</p><p>animal que tem claudicação, quando apoia o membro saudável ele deixa o membro receber</p><p>carga e quando vai apoiar o membro afetado (que dói) ele eleva a cabeça e não deixa</p><p>chegar carga no membro afetado, assim ele eleva a cabeça para o membro claudicante.</p><p>Esse princípio serve para os torácicos e para os pélvicos, sendo que nos pélvicos ele</p><p>eleva/oscila a garupa do lado afetado.</p><p>Graduação/Classificação</p><p>da claudicação</p><p>- Grau 1→ difícil observação; não evidente de forma consistente, é a mais desafiante,</p><p>sendo necessário avaliar o animal montado ou em gravação em slow motion.</p><p>- Grau 2→ difícil observação ao passo ou velocidade média em linha reta, mas evidente</p><p>em algumas situações como andando em círculos, onde sobrecarrega as estruturas internas.</p><p>- Grau 3→ consistentemente observada ao passo e em velocidade média (ao trote), em</p><p>velocidade baixa não demonstra.</p><p>- Grau 4→ acentuada movimentação de cabeça/pelve e alteração na passada, com o</p><p>animal parado não é perceptível, só quando ele anda ao passo.</p><p>- Grau 5→mínima sustentação de peso, sente tanta dor que nem apoia a pata no chão</p><p>OBS: Existe um grau de claudicação específico para laminite (Obel), sendo que a mesma</p><p>não se enquadra nessa graduação supracitada.</p>