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Semiologia Veterinária - Semiologia geral

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INTRODUÇÃO
A semiologia é o ramo da medicina veterinária que investiga e interpreta os aspectos físicos dos animais. Lembrando que a avaliação correta destes aspectos é essencial para a atuação do médico veterinário durante o atendimento ao paciente. Assim sendo, esse processo é utilizado para desenvolver o raciocínio clínico e é dividido em: 
● Semiotécnica: Exame completo do paciente com a identificação dos parâmetros físicos e alterações, se houver. 
● Semiogênese: Compreensão de como se desenvolveu o quadro clínico no animal, sempre de acordo com os achados das semiotécnicas e o diagnóstico estabelecido com a clínica propedêutica. 
O emprego das técnicas semiológicas é responsável por distinguir o animal saudável do doente, sendo que a saúde é definida como o funcionamento físico, orgânico e mental dentro da normalidade, e a doença como modificações conjuntas ou isoladas no indivíduo em sua anatomia, fisiologia e/ou eventos bioquímicos. Essas alterações no paciente doente podem ser identificadas como sintoma, sinal clínico e síndrome. 
CONCEITOS BÁSICOS 
O sintoma é um termo que, na medicina humana, refere-se à sensação descrita pelo paciente (por exemplo: dor na perna); todavia, na medicina veterinária, obviamente essa fala não pode ser obtida diretamente do animal. 
Por isso, há algumas divergências entre as escolas de medicina veterinária: um grupo acredita que o termo sintoma não pode ser utilizado na área, visto que o paciente não descreve o que sente, ao passo que outro grupo define o sintoma como uma alteração observada sem ainda ser interpretada. 
Já o sinal clínico é definido como as alterações observadas e interpretadas pelo médico veterinário. Ele pode ser classificado de acordo com seu tempo de evolução, como: 
● Inicial: Os primeiros sinais clínicos observados pelo tutor, podendo estar presentes ou não no momento da consulta. 
● Tardio: Alterações manifestadas no pleno desenvolvimento da doença ou no estágio final. 
● Residual: Sinais clínicos que podem persistir após o tratamento da doença. Também são chamados de sequela. 
Quanto ao mecanismo de produção dos sinais clínicos, eles podem ser divididos como no Quadro: 
Além disso, os sinais clínicos podem ser locais, ou seja, manifestar-se apenas onde a lesão se encontra (por exemplo: alteração ocular devido à úlcera de córnea); gerais, quando há acometimento de vários órgãos (por exemplo: animal intoxicado por chumbinho com vômito, convulsões e hemorragias); e principais,aqueles que se destacam por indicar um órgão específico (por exemplo: tosse com secreção indicando pneumonia). 
Quando um sinal clínico é manifestado exclusivamente em uma única doença, ele é chamado de patognomônico. Sinais clínicos patognomônicos são raros na medicina veterinária e deve se ter cuidado ao verificar uma alteração comum e associá-la diretamente com uma doença específica sem suspeitar de outras (por exemplo: animal ictérico, ou seja, com as mucosas amareladas, sendo investigado apenas para leptospirose). 
Em relação à diferença na utilização ou não do termo sintoma, o assunto deve ser considerado e cada médico(a) veterinário(a) deve escolher a vertente que mais se alinha a seu ponto de vista. No entanto, ressalta-se que o termo sinal clínico é mais utilizado para conciliar o entendimento dos grupos divergentes. 
Já síndrome caracteriza-se por uma manifestação conjunta de sinais clínicos indicativos de um quadro específico, a exemplo da síndrome do gato paraquedista. Essa síndrome ocorre quando o felino cai de uma altura menor que seis andares e, por isso, não tem tempo o suficiente para se posicionar de uma maneira que distribua melhor o impacto. 
Felino se posicionando de maneira a distribuir o impacto em uma queda de altura maior que seis andares. 
Os sinais clínicos mais observados nos gatos que caem de alturas menores que a citada são fratura de tíbia, fêmur e mandíbula, fissura de palato e ruptura de bexiga. Logo, ao atender um felino com esse conjunto de manifestações, uma das suspeitas a se levantar é a de uma queda.
ANAMNESE 
A anamnese é um dos pontos-chave do diagnóstico do paciente, uma vez que compreende o relato do tutor sobre o que o animal está apresentando. Porém, antes de iniciar o questionamento sobre o histórico do paciente, é preciso identificá-lo corretamente através da resenha. A resenha corresponde ao cabeçalho da ficha e todos os dados necessários estão descritos no Quadro 2: 
A anamnese é um roteiro que deve ser preenchido como uma história para melhor compreensão dos fatos. Inicialmente, deve-se checar se a pessoa que trouxe o animal é quem o acompanha diariamente ou se está apenas fazendo um favor e não sabe informar muito sobre o paciente. Essa etapa se chama fonte e confiabilidade e essa observação deve ser escrita na ficha, pois o que for relatado pode não corresponder ao real quadro clínico. Depois disso, questiona-se tutor sobre a queixa principal, ou seja, o motivo que o levou até o estabelecimento. Essa seção deve ser escrita exatamente da forma que o responsável relatar, exceto quando houver palavras de baixo calão. Isso deve ser realizado assim porque uma observação do tutor pode ter diversas interpretações da equipe, por exemplo: se for dito que o cachorro “está triste”, um profissional pode subentender que é devido a dor ou infecção, ao passo que outro pode conjecturar sobre doenças psicossomáticas. 
Em seguida é necessário registrar o histórico médico recente, sendo que nesse espaço o preenchimento da ficha deve ser iniciado com termos técnicos, e deve-se investigar detalhes sobre a queixa principal respondendo “o quê, quando e como” começaram as alterações, bem como se houve alguma intervenção por conta própria antes de levar o animal para a consulta. 
Obter esses detalhes direciona a gravidade do quadro, inicia o raciocínio clínico e suprime o que está presente devido à administração de medicações por conta própria. Após esse tópico, inicia-se a revisão dos sistemas, no qual o médico veterinário realiza perguntas específicas sobre cada sistema do animal.
Por exemplo: em relação ao sistema digestório, é possível perguntar se o animal está se alimentando, apresenta vômitos, como estão os aspectos das fezes ou como está a saúde bucal, sempre buscando a informação completa das alterações, se houver. Nessa seção deve estar presente tanto o que estiver alterado quanto o que estiver dentro da normalidade, uma vez que o estado normal em alguns aspectos ajuda a excluir algumas suspeitas. 
Feito isto, deve-se questionar o tutor sobre o histórico médico pregresso, ou seja, doenças, cirurgias, alergias ou acidentes que o animal sofreu antes do quadro atual. 
É muito importante obter essas informações, posto que muitas vezes o acontecimento anterior é o causador da alteração do momento. Como exemplo, pode-se citar um cão que teve erliquiose há alguns meses e é diagnosticado com lesão renal durante seu atendimento, uma vez que essa doença do carrapato pode causar danos renais irreversíveis. Por fim, nesse tópico também questiona se sobre vacinação e vermifugação. 
Posteriormente aborda-se o histórico ambiental e de manejo, ou seja: onde esse paciente vive, se tem contato com outros animais, como são fornecidos alimento e água e como é realizada a limpeza do local em que vive. Diversas alterações possuem como fator determinante o ambiente e/ou manejo, como a cistite intersticial felina, na qual o gato apresenta um quadro de inflamação da bexiga, podendo cursar com obstrução urinária, devido ao estresse no ambiente em que vive. 
Por fim, é necessário conhecer o histórico familiar ou de rebanho, no caso de animais que convivem com outros. Neste tópico, é importante saber se os outros animais possuem o mesmo quadro clínico, se houve óbitos e se notou-se uma mudança em seu comportamento. Doenças infecciosas, intoxicações e deficiências ou excessos nutricionais geralmente acometem mais de um animal, e essas informações auxiliam no direcionamentodas suspeitas diagnósticas. 
A ficha de anamnese pode ser impressa e preenchida à mão ou ser digital, como na Figura 2. Ela pode ser personalizada de acordo com o entendimento do médico veterinário e não estar dividida exatamente como nas seções descritas; todavia, todas as informações citadas devem ser abordadas na ficha.
A anamnese é o momento de maior interação entre o médico veterinário e o tutor e, portanto, deve ser tratado como uma conversa amigável, a fim de que o tutor se sinta confortável para relatar tudo o que aconteceu. Para isso, segue algumas dicas: 
● Evite utilizar termos técnicos, posto que muitos desconhecem seu significado e isto pode passar uma impressão de arrogância. Por exemplo: pergunte se o animal apresentou “vômito” ao invés de “êmese”; 
● Não corrija o tutor enquanto ele fala, pois isso pode inibi-lo de relatar o que realmente aconteceu por sentir medo/vergonha de falar algo errado novamente. Por exemplo: se o tutor informar que deu chocolate ao cachorro, ao invés de apontar o erro imediatamente, aguarde o final da consulta para explicar que chocolate é tóxico para os animais e, por isso, não deve ser ofertado; 
● Tenha empatia com o sofrimento do tutor. É comum os tutores chegarem desesperados por situações simples, como uma unha quebrada. Desmerecer a comoção do responsável gera falta de confiança em relação ao profissional, o que pode levar a omissão de informações e até processos jurídicos. Lembre-se que quem sabe diferenciar um quadro grave de um simples é o médico veterinário, e que o tutor espera ser acolhido diante de qualquer alteração demonstrada por seu animal; 
● Existem diversos perfis de tutores, que vão desde o que não sabe informar nada a respeito do animal ao que acha que sabe o diagnóstico e o tratamento por ter pesquisado na internet ou ser da área de saúde. Então, no decorrer da anamnese, identifique como o tutor responde aos questionamentos e tente sempre manter um diálogo saudável sem perder sua credibilidade como médico veterinário. 
EXPLICANDO É comum atender pacientes que possuem tutores profissionais da saúde. Por um lado, isto facilita a comunicação e o entendimento da explicação; por outro, pode haver uma relutância do tutor em aceitar que o diagnóstico/tratamento se dá de maneira diferente da empregada em seres humanos. 
EXPLORAÇÃO SEMIOLÓGICA 
Após realizar a anamnese, inicia-se o exame físico do animal. Neste, devemos obter todos os parâmetros e alterações do animal para interpretá-los em conjunto com o que foi descrito pelo tutor. Para isso, são utilizadas as semiotécnicas que empregam os órgãos do sentido do médico veterinário: visão, audição, tato e olfato. 
Após realizar a anamnese, inicia-se o exame físico do animal. Neste, devemos obter todos os parâmetros e alterações do animal para interpretá-los em conjunto com o que foi descrito pelo tutor. Para isso, são utilizadas as semiotécnicas que empregam os órgãos do sentido do médico veterinário: visão, audição, tato e olfato. 
A inspeção é o primeiro exame físico do animal e é realizado a partir da visão do examinador: ao observar o paciente, é possível perceber alterações desde o primeiro contato, a exemplo daqueles que possuem uma ferida na pele ou estão claudicando. Essa técnica compreende aspectos clínicos abrangentes, como estado mental do paciente, condição corporal e conformação anatômica. Ela pode ser classificada em:
● Panorâmica: Observa-se todo o contexto do animal, como sua condição corporal (magro, ideal ou obeso), por exemplo. 
● Localizada: Direcionada para uma área específica do corpo, como quando se avalia a presença de tártaro nos dentes dos animais. 
● Direta: A visão é utilizada sem qualquer outra intervenção, como ao notar que o animal possui áreas sem pelos, por exemplo. 
● Indireta: São utilizados aparelhos para auxiliar a visão do médico veterinário, como otoscópio, raio-x e ultrassonografia. 
A palpação é a semiotécnica que utiliza o tato do médico veterinário. Através dela, é possível perceber texturas, consistências, viscosidade e delimitação anatômica de estruturas palpáveis, como na palpação do membro para identificar se há fratura ou não. A palpação pode ser realizada das seguintes formas: 
● Mão espalmada: utilização da palma da mão para o tato; 
● Dedos: toque ou pressão com os dígitos; 
● Em pinça: emprego da forma de pinça com os dedos polegares e indicadores; ● Dorso dos dedos: utilizado principalmente para sentir a temperatura na superfície do animal; 
● Pressão com o punho: realizada com as mãos fechadas para identificar consistências de áreas grandes, como nos bovinos; 
● Flutuação: técnica que coloca uma mão sobre um lado da superfície enquanto realiza se pressão no lado oposto. Caso haja líquido no interior, a mão apoiada fará um movimento de flutuação. 
EXPLICANDO O sinal de Godet positivo é uma depressão, geralmente no formato do dedo utilizado, que se forma ao pressionar-se uma região, que retorna gradativamente à forma original. Quando isso ocorre, significa que há um edema no local avaliado. 
Quanto à textura, o local analisado pode ser classificado em áspero, macio e rugoso; já em relação à consistência, uma estrutura pode ser definida como no Quadro 3. Além disso, há alguns ruídos que produzem uma sensação vibratória palpável conhecida como frêmito. Os 
frêmitos podem ser fisiológicos, como o frêmito torácico e o toracovocal, enquanto outros indicam alteração, como o frêmito pleural e brônquico.
A auscultação é uma técnica que trabalha com a audição do examinador. Ela é realizada com o objetivo de identificar ruídos produzidos espontaneamente, como aqueles pulmonares, cardíacos e abdominais. A ausculta pode ser direta, ou seja, ouvindo os sons sem qualquer intervenção, ou indireta, que é a mais comum, utilizando aparelhos como Doppler e estetoscópio. 
O estetoscópio é o aparelho de ausculta mais utilizado na rotina veterinária, sendo responsável por ampliar os sons no local que está posicionado o diafragma ou cone e diminuir a interferência de barulhos externos devido às olivas que ficam encaixadas no ouvido do examinador. 
Os ruídos que podem ser auscultados são divididos em: 
● Aéreos: Sons que ocorrem pela passagem do ar, como aqueles auscultados no pulmão e traqueia. 
● Hidroaéreos: Ruídos gerados pela passagem de ar em meio líquido, a exemplo dos borborigmos intestinais. 
● Líquidos: Som causado pela passagem de líquido entre estruturas, como no sopro cardíaco. 
● Sólidos: Ruído causado pelo atrito em duas superfícies, como nas pericardites. 
Além da ausculta, a percussão é uma técnica que também utiliza a audição, com a diferença que são percebidos sons produzidos pelo médico veterinário. A percussão pode ser digital, no qual utiliza-se um dedo apoiado na superfície do animal e outro dedo age como um “martelo” no que está apoiado, ou contar com o auxílio de instrumentos, como o martelo e plexímetro. O ruído claro é o som percutido em áreas com gases que possam se movimentar. Esse som possui duração, intensidade e ressonância médias e é comumente ouvido nas percussões torácicas. Quando a estrutura está repleta de ar que causa distensões na parede, o ruído torna se um pouco mais duradouro e intenso, como ocorre no timpanismo gasoso, e é chamado de hipersonoro. 
Se a estrutura possuir gás e a parede estiver semi-distendida, o som produzido tem ressonância e intensidade maiores, semelhantemente a um tambor. Este é chamado de timpânico e ocorre principalmente na avaliação do abdômen. Porém, quando o espaço com ar é coberto por estruturas sólidas, a duração e a intensidade diminuem consideravelmente, sendo, então denominado de submaciço e podendo ser percutido na região entre o fígado e o pulmão. 
Ao percutir áreas com estruturas compactas, com pouco ou nenhum ar, o som produzido é descrito como maciço e é caracterizado por baixa intensidade, duração e ressonância, podendo ser observado em regiões como a muscular. Além disso, há o som metálico, que se assemelhaao bater de panelas e é ouvido através do estetoscópio com percussão próxima ao diafragma do aparelho. Ele ocorre em situações específicas de extrema repleção de ar, como no quadro avançado de timpanismo gasoso, superando o som hipersonoro. 
A semiotécnica de olfação é realizada quando possível – e é importante para distinguir o quadro clínico do animal através do cheiro. Em algumas situações é possível direcionar a suspeita com base em odores específicos, como o caso do animal que possui o hálito urêmico, semelhante ao odor da urina e indicativo de lesão renal. A técnica deve ser aplicada com cuidado, uma vez que pode expor o profissional ao aproximar seu nariz de secreções contaminadas ou da boca dos pacientes. 
Na exploração semiológica também se realiza os exames complementares, a fim de auxiliar no diagnóstico. Eles podem ser laboratoriais e coletados durante o atendimento, a exemplos dos exames de sangue, urina e fezes. A colheita de fragmentos do tecido afetado é realizada para uma avaliação microscópica e é conhecida como biópsia; apesar de possuir diversas aplicações, é comumente processada para identificar neoplasias. 
Nos casos de estruturas com conteúdo líquido ou firme é possível realizar a punção exploratória, que consiste em perfuração com uma agulha para retirar o conteúdo e analisa-lo imediatamente ou sob microscópio. Em alguns casos, o material retirado pode ser utilizado para uma inoculação diagnóstica, ou seja: ser inserido em outro animal para observar se nele há desenvolvimento da doença, como nos casos de raiva. 
Podem ser injetadas substâncias para fins diagnósticos no próprio animal, como ocorre no teste de reação alérgica, em que se aplica alérgenos na pele para observar a resposta do paciente. Ademais, diversos outros exames complementares, como ultrassonografia, tomografia computadorizada e eletrocardiograma, podem ser realizados de acordo com a necessidade de cada indivíduo. 
EXAME GERAL 
O exame completo do paciente segue todas as etapas do Diagrama 1 e, com base na interpretação dos achados, institui-se o tratamento do animal. 
O diagnóstico é o passo que procede o exame físico e configura-se como o reconhecimento da doença causadora do quadro. Geralmente, no primeiro contato com o paciente, o diagnóstico fica em aberto para posterior confirmação com os exames complementares; no entanto, sempre levanta-se a suspeita diagnóstica, ou seja, os prováveis motivos da alteração. Nenhuma consulta deve ser finalizada sem uma suspeita, posto que é ela que guia os exames solicitados e a primeira intervenção para tratamento. 
O diagnóstico pode ser obtido de diversas formas, como ocorre com o diagnóstico terapêutico, por exemplo, que consiste na determinação da doença pelo quadro animal ter evoluído como esperado com a instituição de uma medicação específica. Já diagnóstico anatômico é aquele que delimita a alteração em relação ao local, como em uma fratura de fêmur. Quando o quadro é estabelecido devido à alteração na fisiologia do órgão, denomina-se diagnóstico funcional, a exemplo da insuficiência hepática. Nos casos em que há identificação do agente causador, como o exame laboratorial que confirma a presença de Babesia spp. no bovino, temos um diagnóstico etiológico. Ao perceber uma síndrome, realiza-se o diagnóstico sindrômico. Por fim, o diagnóstico clínico ou nosológico é aquele que determina a doença com base nos demais diagnósticos. 
Já prognóstico é a etapa que estipula como será o desenvolvimento da doença. Ela configura se como uma previsão e é muito importante para definir o tratamento. Através do prognóstico, é possível verificar se a vida do paciente pode ser salva, se há chances de resolução total ou se haverá sequelas nos órgãos acometidos. 
O prognóstico pode ser classificado como bom ou favorável se as chances de recuperação do paciente forem altas, a exemplo de animais com uma ferida na pele causada por um pequeno arranhão; como reservado, nos quadros em que a recuperação total tem chances intermediárias de acontecer, podendo o paciente não resistir ou ficar com alterações crônicas em alguns órgãos; e, por fim, nos prognósticos ruins ou desfavoráveis o animal tem poucas ou nenhuma chance de reverter seu estado, como se dá naqueles acometidos por metástases. O tratamento é instituído após o exame clínico completo, uma vez que pode piorar o quadro do animal e até acarretar alterações irreversíveis se realizado inadequadamente. 
Ele pode ser: 
● Casual: Quando tem o objetivo de reverter uma situação (por exemplo: administração de glicose em pacientes com hipoglicemia). 
● Sintomático: Aqui, a intenção é controlar os sinais clínicos ou diminuir o sofrimento do paciente (por exemplo: administração de antiemético para controlar os vômitos). 
● Patogênico: Tratamento específico para o interromper a evolução da doença (exemplo: administração de antibiótico para animais com pneumonia bacteriana). 
● Vital: Suporte para evitar o óbito do animal (por exemplo: transfusão sanguínea em paciente que perdeu sangue em grande quantidade em um acidente). 
Para que erros médicos não ocorram, alguns cuidados devem ser tomados neste processo semiológico. Sempre preencha a resenha completamente, posto que dados em branco podem comprometer o diagnóstico e tratamento do paciente. Da mesma forma, a anamnese deve ser o mais detalhada possível; assim, procure saber não apenas o que está acontecendo, mas também como e desde quando. Evite interromper ou inibir o tutor durante sua fala e não tenha pressa durante este processo, visto que informações fundamentais podem não ser descritas.
A pressa também deve ser evitada no exame físico do animal, em que todas as semiotécnicas possíveis devem ser aplicadas. Lembre-se que seu paciente não fala o que está sentindo e os relatos dos tutores podem não ser compatíveis com seu estado real. Muitas vezes, os achados 
clínicos trazem percepções que sequer foram imaginadas durante o raciocínio na anamnese. Ao estabelecer uma suspeita diagnóstica, evite pensar imediatamente em doenças raras: primeiro direcione seu raciocínio para os quadros mais comuns, visto que há maior probabilidade de acerto em um menor tempo. É recomendado que se investigue as doenças pouco frequentes após excluir as mais prováveis. Além disso, também deve-se evitar presumir o mesmo diagnóstico em todo paciente com quadros semelhantes, sem observar as particularidades de cada indivíduo. 
EXEMPLIFICANDO 
Imagine que você atendeu um cão com diarreia sanguinolenta devido à parvovirose: no próximo animal que chegar em situação semelhante, é comum que se levante a suspeita da mesma infecção viral. Todavia, o exame clínico não deve ser direcionado apenas para parvovirose devido a um achismo: realize todas as etapas adequadamente para que o diagnóstico seja estabelecido sem influência. 
Tenha cautela ao informar o prognóstico para o tutor, principalmente nos casos em que forem desfavoráveis, visto que notícias ruins comunicadas sem sensibilidade podem gerar traumas no ouvinte. Também não hesite em redefinir diagnósticos, prognósticos e tratamentos quando achar necessário. 
Por fim, sempre demonstre ao tutor segurança em suas posturas, ações e orientações, mas seja humilde para reconhecer suas falhas. Equívocos e/ou mudanças de raciocínio clínico são passíveis de ocorrer e ser extremamente seguro de si, sem questionar possíveis erros, pode acarretar piora do quadro e até mesmo o óbito do paciente. Por isso, ao começar a atuar, realize atualizações constantes de seu conhecimento e tenha sempre uma rede de apoio de colegas para discutir casos e trocar experiências. 
SEMIOLOGIA ESPECIAL 
A semiologia especial é o estudo dos parâmetros físicos agrupados por sistemas, inserindo-se também os aspectos que, em conjunto, demonstram o estado geral do animal. A semiologia especial é o estudo dos parâmetros físicos agrupados por sistemas, inserindo-se também os aspectos que, em conjunto, demonstram o estado geral do animal.Essa avaliação é o primeiro ponto para reunir e se interpretar em conjunto com os demais achados clínicos e é constituída por: 
a) Nível de consciência - Demonstra o grau de responsividade do animal em relação aos estímulos externos, como luz e sons. Sua interpretação é subjetiva, devendo levar-se em consideração o temperamento de cada animal, e pode ser classificado em: 
● Aumentado: resposta exacerbada ao estímulo; 
● Normal: resposta dentro do esperado para a espécie; 
● Diminuído: respostas sutis, como as observadas nos animais apáticos; 
● Ausente: respostas nulas, a exemplo de animais em estado comatoso.
b) Postura - Corresponde à posição do animal durante o exame físico. É esperado que os animais saudáveis se encontrem em estação, ou seja, em posição quadrupedal. Qualquer mudança em sua postura indica uma alteração, a exemplo do animal prostrado que normalmente se apresenta em decúbito lateral. São os posicionamentos mais conhecidos: ● Posição de prece: o animal se apresenta com os membros torácicos estendidos, esterno próximo à superfície e quadril para cima. Esse posicionamento é observado principalmente nos pequenos animais com dor abdominal; 
● Cachorro sentado: posição em que o animal se mantém com os membros pélvicos estendidos para frente quando sentado. É normalmente notada nos pacientes com espasmos nesses membros; 
● Postura de foca: o paciente se locomove com os membros pélvicos flácidos e voltados para trás, lembrando uma foca. É comum nos animais com paralisia na região posterior; 
● Posição de cavalete: é comumente vista nos casos de tétano, no qual o animal se mantém rígido e com os membros em abdução. 
c) Estado nutricional - É a condição corporal do paciente de acordo com sua espécie, raça e aptidão. Através do estado nutricional, é possível suspeitar de erros no manejo alimentar ou de distúrbios que acarretem diminuição ou aumento do peso. A avaliação pode ser feita com a inspeção, no caso daqueles que possuem pelos curtos, ou com o auxílio da palpação, nos que possuem a pelagem mais densa. A condição corporal pode ser definida por escore específico de cada espécie ou através dos termos obeso, em sobrepeso, ideal, magro e caquético. 
d) Hidratação - Avalia-se o nível de hidratação do animal através do turgor cutâneo, um teste que examina a capacidade de retorno da pele para o formato anterior após puxá-la. O grau de desidratação pode ser classificado em: 
● Hidratado ou não aparente (até 5%): elasticidade da pele sem alteração, animal em alerta e em posição quadrupedal; 
● Leve (6% a 8%): retorno da pele em 2 a 4 segundos e enoftalmia discreta;
● Moderado (8% a 10%): turgor cutâneo com duração de 6 a 10 segundos, enoftalmia evidente, mucosas secas e apatia; 
● Grave (10% a 12%): retorno da pele em um tempo maior que 10 segundos, intensa enoftalmia, extremidades frias e animal em decúbito lateral; 
● Gravíssima (> 12%): estado emergencial e com risco de óbito do paciente, no qual os sinais clínicos graves encontram-se exacerbados. 
TERMOMETRIA CLÍNICA 
A avaliação da temperatura do animal é um parâmetro de sinal vital rapidamente obtido e através do qual é possível classificar a gravidade do paciente nos casos de variações discrepantes. Isso porque os animais domésticos são considerados homeotérmicos, ou seja: capazes de manter a temperatura corpórea.
Essa termorregulação depende do centro regulatório localizado no hipotálamo, também chamado de termostato. Nele, a temperatura corpórea é modificada de acordo com as variações internas e da superfície cutânea. Logo, mecanismos compensatórios podem ser ativados em ambientes frios, como respiração mais lenta, eriçamento de pele e vasoconstrição periférica, e em meios mais quentes, através de respiração ofegante e vasodilatação periférica. 
No momento do exame físico, o animal pode não estar apresentando alterações nesse parâmetro; por isso, durante a anamnese é necessário questionar se a temperatura foi aferida pelo tutor antes da avaliação médica. Caso a resposta seja negativa, deve-se perguntar sobre eriçamento dos pelos, características da respiração e se houve diferença na temperatura ao toque do abdômen e das extremidades. 
Esse critério relativo ao toque pode até ser relatado pelo tutor, mas não é recomendado que o médico veterinário realize diagnósticos dessa forma. A sensação pode variar de acordo com a temperatura da mão do examinador, por exemplo: se ela estiver fria devido ao ambiente ou à lavagem ele provavelmente sentirá a superfície corpórea do animal mais quente. 
Além disso, a pele do animal também pode estar mais fria ou mais quente que a temperatura interna de acordo com o ambiente, como no caso de exposição solar antes do atendimento. Portanto, a aferição de temperatura deve ser realizada através de termômetros clínicos. Apesar de ainda ser utilizado, o termômetro de mercúrio apresenta riscos de lesão ao paciente por possuir uma estrutura de vidro que pode quebrar durante a avaliação. Os termômetros digitais são os mais indicados por fornecerem o resultado em no máximo um minuto e dificilmente machucarem o animal. Também pode-se empregar o termômetro infravermelho calibrado para uso veterinário. 
A termometria normalmente é realizada com a inserção de cerca de um terço do aparelho no reto do animal. A aferição da temperatura central é mais fidedigna quando praticada dessa forma, devendo haver o cuidado de se direcionar a ponta do termômetro levemente para a lateral, pois dessa forma ele irá tocar na parede retal ao invés de se manter nas fezes, se houver. Além disso, nos casos de animais de pequeno porte, indica-se a lubrificação da ponta para a passagem pelo orifício anal. São considerados parâmetros normais de temperatura: 
● Cães e gatos: 38,5 ºC a 39,2 ºC (filhotes) / 37,5 ºC a 39,2 ºC (adultos). ● Equinos: 37,2 ºC a 38,9 ºC (filhotes) / 37,5 ºC a 38,5 ºC (adultos). 
● Bovinos: 38,5 ºC a 39,5 ºC (filhotes) / 37,8 ºC a 39,2 ºC (adultos). 
● Caprinos: 38,8 ºC a 40,2 ºC (filhotes) / 38,6 ºC a 40 ºC (adultos). 
● Ovinos: 39 ºC a 40 ºC (filhotes) / 38,5 ºC a 40 ºC (adultos). 
No caso de animais que possuam lesões anais que impeçam a aferição por esta via recomenda-se o termômetro infravermelho, que indica o resultado após aproximação das regiões calibradas pelo fabricante, como o abdômen do paciente. Além disso, também pode-se utilizar o termômetro digital pela via retal e o infravermelho nas extremidades para se obter a temperatura delta T. 
O delta T (ΔTcp) corresponde à diferença dessas temperaturas e indica a viabilidade da perfusão periférica. Considera-se o valor de delta T normal quando a subtração da temperatura central com a da extremidade é de até 6 ºC. Valores superiores indicam que a periferia está com a circulação sanguínea comprometida, como visto em alterações como a trombose. Ademais, o ambiente não interfere no valor de delta T se o animal estiver realizando a 
termorregulação adequadamente. Os fatores fisiológicos que podem influenciar na temperatura corporal são: 
● Ciclo circadiano: Durante o dia, é normal que ocorram variações denominadas de nictemerais. Nos animais diurnos, esse parâmetro normalmente está elevado nos picos de radiação solar e é menor à noite, ao passo que o inverso ocorre naqueles que têm hábitos noturnos. Essa diferença pode ser de até 1,5 ºC entre os turnos do mesmo dia. 
● Ingestão alimentar: Devido ao gasto energético para digerir e absorver os alimentos, a produção de calor pode aumentar a temperatura dos animais em até 0,9 ºC após a alimentação. 
● Ingestão de água fria: Pode reduzir a temperatura em até 1 ºC se ingerida em grandes quantidades. Por isso, pode ser indicada a oferta de água gelada em períodos quentes. 
● Idade: Animais mais jovens tendem a ter a temperatura fisiológica mais elevada por conta de seu alto metabolismo para o desenvolvimento. 
● Sexo: É comum que se obtenham temperaturas um pouco mais elevadas em fêmeas no cio. 
● Gestação: No início da gestação, espera-se que a temperaturaseja um pouco mais elevada e diminua em até 0,5 ºC nas 48 horas que antecedem o parto. 
● Estado nutricional: Animais caquéticos normalmente apresentam temperatura um pouco mais baixa. 
● Ambiente: A temperatura externa pode aumentar ou diminuir em até 2 ºC nos pacientes com termorregulação adequada. 
● Exercício físico: O aumento da exigência metabólica durante a realização das atividades físicas pode elevar a temperatura em cerca de 2,5 ºC. 
Para descrever os animais que estão com a temperatura dentro dos valores de referência, utilizamos o termo normotermia. Já os que estão com esse valor abaixo do ideal são descritos pela hipotermia. Os neonatos, por ainda não possuírem a capacidade de manter a temperatura corporal, comumente sofrem com hipotermia quando há erro em seus cuidados. Essa alteração também é vista em situações que inibam o termostato, como na sepse. Nos casos de aumento de temperatura, ocorre a hipertermia ou a febre. O termo hipertermia é mais utilizado para expressar essa variação diante de um quadro não inflamatório. Logo, ela pode ocorrer quando há retenção de calor pelo animal devido a ambiente quente ou incidência solar prolongada, excesso de atividade física ou ambas as situações, simultaneamente. Os animais mais acometidos pela hipertermia são os braquicefálicos, pois, devido ao encurtamento de sua cavidade nasal, a troca de calor é prejudicada. 
Já a febre, também chamada de pirexia, é uma síndrome em resposta à inflamação. Com a presença de alguns patógenos e alérgenos, há estimulação da liberação de citocinas que, em cascata, alteram o ponto fixo de temperatura do termostato. Os sinais clínicos da febre incluem apatia, mucosas secas e congestas, focinho seco, taquicardia, taquipneia, diminuição na micção e aumento da ingestão de água. 
A febre pode ter origem séptica quando é causada por microrganismos que originam um processo infeccioso local, como em abscesso ou sistêmico. Já a febre asséptica é induzida por fatores não infecciosos, como queimaduras, traumas, alergias e vacinas. Por fim, a febre 
neurogênica resulta de alterações do sistema nervoso, como uma lesão na medula espinhal. Essa síndrome se apresenta em três fases: 
● Ascenção: aumento progressivo da temperatura com aparecimento dos sinais clínicos. Nessa fase, há vasoconstrição periférica, sensação de frio e tremores; 
● Acme: pico de temperatura durante a febre. Nessa fase, há estabilização da temperatura no ponto fixo estabelecido pelo termostato desregulado; 
● Defervescência: declínio da temperatura que pode ocorrer em poucas horas ou dias. A febre pode ser simples ou típica, quando o quadro febril se mantém constante durante dias até a resolução da causa ou óbito do paciente; remitente, quando há variação de temperatura maior que 1 ºC, mas sem ficar dentro da normalidade; intermitente, quando essa variação atinge valores normais; ou atípica, quando o curso da febre não segue um padrão com o passar dos dias. Após o quadro febril, a readequação da temperatura deve ser monitorada para garantir que as frequências respiratória e cardíaca e o pulso também diminuam. Se a febre cessar, mas essas alterações persistirem, isto é um indicativo de colapso circulatório, podendo levar o animal ao óbito. Por fim, para que a aferição da temperatura seja fidedigna ao estado do animal, alguns erros devem ser evitados: 
● Termômetro inadequado; 
● Introdução incompleta da ponta do utensílio; 
● Tempo de permanência do termômetro menor que o indicado; 
● Distância inadequada quando utilizando-se o termômetro infravermelho; 
● Entrada de ar no reto, normalmente, devido ao modo de levantar a cauda do animal; ● Não observar se há inflamação na região anal, que pode causar o aumento da temperatura aferida. 
EXAMES DAS MUCOSAS APARENTES 
A avaliação das mucosas aparentes dos animais pode trazer informações sobre vascularização, respiração, hidratação e outros aspectos sistêmicos. 
Para examiná-las utilizamos a inspeção e palpação, as quais podem ser empregadas nas mucosas oculopalpebrais (pálpebras inferior e superior, membrana nictitante e conjuntiva bulbar), bucais, vulvares, nasais, penianas e, por vezes, anais. 
Nas mucosas oculopalpebrais, deve-se observar integridade, coloração e se há exposição da terceira pálpebra, ou membrana nictitante, posto que essa alteração indica desde desidratação à síndrome de Horner, por exemplo, caracterizada pela disfunção dos nervos oculares. A avaliação da mucosa nasal é possível apenas nos animais que são despigmentados ou que possuem abertura suficiente para avaliar o interior das narinas. Nos casos que não é possível observar os aspectos físicos das mucosas nasais, registra-se ao menos se há presença ou não de secreção externa. 
Nas mucosas orais investiga-se a presença de lesões, a coloração e o Tempo de Preenchimento Capilar (TPC). O TPC é um teste que avalia hidratação e perfusão sanguínea e é realizado pressionando o polegar ou indicador do médico veterinário na gengiva do animal e observando o tempo de retorno da coloração após a remoção do dedo. O tempo ideal do TPC é de até dois segundos; caso ele seja excedido durante a avaliação física, isso indica principalmente, desidratação, anemia ou hipovolemia.
As mucosas genitais localizadas na vulva e no pênis devem ser investigadas quanto à coloração e presença de lesões ou corrimentos. Algumas alterações, como o Tumor Venéreo Transmissível (TVT), se manifestam com o aparecimento de estruturas semelhantes a uma couve-flor aderidas nesses mucosas. Além disso, a mucosa anal também deve ser examinada, o que geralmente ocorre durante a aferição da temperatura retal. 
Observe que a coloração das mucosas é um aspecto que sempre deve ser avaliado. Através dela, é possível direcionar o sistema afetado e a gravidade do estado do paciente. Isso posto, o parâmetro ideal é a coloração rósea das mucosas, a qual denominamos de normocoradas. Quando há aumento no tom da coloração, tornando as mucosas avermelhadas, chamamos essa alteração de hiperemia ou congestão. As mucosas congestas, normalmente, indicam aumento da permeabilidade vascular e podem ser observadas em situações fisiológicas, como na vulva de fêmeas no cio, ou patológicas, como em inflamações locais e infecções sistêmicas. As mucosas ictéricas são caracterizadas por sua coloração amarelada. Essa alteração ocorre devido ao excesso de bilirrubina, um pigmento encontrado no interior de hemácias e bile. O aumento sérico dessa substância pode ter origem pré-hepática, devido ao rompimento dos glóbulos vermelhos; hepática, por diminuição da capacidade do fígado em converter a bilirrubina circulante; ou pós-hepática, por dificuldade na eliminação da bile durante a digestão. A icterícia é um sinal clínico comum de doenças que afetam essas três vias de manifestação, mas não pode ser visto como um sinal patognomônico, em que se suspeita apenas de um diagnóstico. Esse erro é comum principalmente devido às correlações populares, como no caso de pessoas e animais apresentando mucosas amareladas em que o direcionamento do raciocínio clínico volta-se apenas para a leptospirose. 
Quando há distúrbios nas trocas gasosas, a avaliação demonstra essa alteração através da cianose. As mucosas cianóticas possuem coloração azulada ou roxa e são comumente observadas em situações de asfixia por comprometimento do trato respiratório, exposição ao frio excessivo e no animal que veio a óbito recentemente.
As mucosas pálidas se apresentam em um tom que vai do rosa claro ao branco, sendo também chamado de cor de porcelana. A palidez das mucosas representa baixo nível de hemácias circulantes e vasoconstrição periférica, sendo, portanto, observada nas anemias e em estímulos que levam à diminuição do lúmen dos vasos sanguíneos, como nas dores abdominais intensas. A anemia grave é um estado de emergência, posto que não há glóbulos vermelhos suficientes para realizar o transporte de oxigênio para os tecidos.
Ao avaliar as mucosas, também devemosnotar se há presença de secreção, e, se houver, classificá-las de acordo com as características macroscópicas em: 
● Fluído: Corrimento aquoso, líquido, transparente e com pouca viscosidade. Geralmente é fisiológico, como a umidade dos focinhos dos animais. 
● Seroso: Secreção transparente, densa e mais viscosa que a fluída. Pode ser observado no início de quadros gripais. 
● Catarral: Corrimento esbranquiçado, pegajoso e viscoso. Normalmente é a segunda fase de evolução do quadro gripal. 
● Purulento: Secreção amarela ou esverdeada, bastante denso e viscoso. É visto em processos infecciosos, na presença de corpos estranhos e em fase avançada do quadro gripal. 
● Sanguinolento: Corrimento com presença de sangue que pode ter origem em traumas, hemorragias e fragilidade vascular. 
EXAMES DO SISTEMA LINFÁTICO 
Os linfonodos são órgãos constituintes do sistema linfático, que é responsável por filtrar algumas proteínas, células neoplásicas e patógenos da corrente sanguínea em um fluido chamado linfa. Os linfonodos são estruturas ovaladas espalhadas por todo o corpo do animal e possuem células de defesa em seu interior, como linfócitos e macrófagos, que se ativam quando necessário. 
Logo, é necessário avaliar essas estruturas, uma vez que elas podem indicar o órgão ou região afetada, se apresentar de forma característica em algumas doenças ou até mesmo comprimir o que for adjacente a sua posição. Com isso, percebe-se que, normalmente, alterações nos linfonodos são reflexos de uma causa primária. 
Para o exame físico desse órgão linfático são utilizadas as semiotécnicas de inspeção e palpação. As características avaliadas são consistência, mobilidade, tamanho, temperatura e sensibilidade, tanto individuais quanto comparadas aos seus pares, visto que os linfonodos palpáveis são encontrados de forma simétrica no lado esquerdo e direito do animal. Nem sempre as alterações dos linfonodos serão relatadas pelo tutor durante a anamnese, sendo este então um achado clínico. Dentre os linfonodos existentes, os principais que podem ser palpáveis são: 
● Mandibulares: Também chamado de submandibulares, estão localizados de maneira ventral à mandíbula, próximos à interseção entre a cabeça e o pescoço do animal. Esses linfonodos drenam a cavidade nasal e oral dos animais e podem ser palpados em todas as espécies domésticas. 
● Retrofaríngeos: Localizam-se entre o atlas e a parede da faringe dos animais. São pouco palpáveis nos animais domésticos e drenam a linfa das estruturas internas da cabeça, palato, faringe e esôfago. 
● Parotídeo: Localizados na região próxima do conduto auditivo, possuem a função de drenar principalmente a porção superior da cabeça. Normalmente são palpados quando estão alterados em todas as espécies domésticas.
● Pré-escapulares: Estão inseridos em uma fossa muscular localizada lateralmente ao pescoço, próxima à articulação escápulo-umeral. São responsáveis por drenar os membros torácicos, tórax, pescoço e ouvidos. Eles são palpados com facilidade nos equinos e ruminantes, ao passo que nos cães e gatos pode ser necessária um pouco mais de experiência para identificar quando eles não estão reativos. 
● Axilares: São palpados na região axilar e drenam a cadeia mamária. São geralmente palpáveis em cães e gatos quando há alteração na região. 
● Pré-crurais: São encontrados na região abdominal próxima à prega do flanco e ao ílio e drenam a região posterior do corpo. Não são palpáveis nos pequenos animais e em equinos pode haver dificuldade para localizá-los, mas nos ruminantes são facilmente identificados. 
● Mamários: Ficam localizados entre o úbere e o assoalho pélvico e são responsáveis por drenar a glândula mamária. São palpáveis apenas nas fêmeas ruminantes. 
● Inguinais superficiais: Também chamados de escrotais, são laterais ao corpo do pênis e drenam os órgãos genitais. São comumente palpados nos cães machos.
 ● Poplíteos: Localizam-se na face caudal das coxas, na região de flexão entre o fêmur e a tíbia. Eles também drenam a região posterior e são localizados apenas em cães e gatos. 
Um esquema com alguns linfonodos palpáveis e suas respectivas áreas de drenagem estão exemplificados na Figura: 
 
Os linfonodos devem ser avaliados de acordo com o tamanho, uma vez que, quando aumentados, são chamados de reativos, por significar que há um processo inflamatório na região. Para identificar a diferença de tamanho, o par de linfonodos deve ser palpado simultaneamente com as duas mãos. Dessa forma, também é possível perceber se o aumento é real ou apenas aparenta ser devido à magreza do animal. 
Nos filhotes, é necessário ter em mente que é comum que todos ou a maioria dos linfonodos estejam um pouco maior que o esperado, devido ao desenvolvimento de seu sistema imunológico frente aos primeiros contatos com alérgenos e microrganismos. Porém, para 
compreender se esse processo é fisiológico ou não, as demais características dos linfonodos devem ser avaliadas. 
Ademais, o aumento dos linfonodos pode ser percebido por tutores que são mais cuidadosos ou quando atingem um tamanho considerável e serem relatados como uma “íngua”. Algumas doenças atingem diretamente os linfonodos, como a linfadenite caseosa, que acomete principalmente ovinos e caprinos e causa aumento exacerbado e abscessos nessas estruturas. 
EXPLICANDO Íngua é um termo popular aplicado para o aumento de volumes ovalados que, ao chegar na clínica, normalmente são relacionados a linfonodos reativos. 
A sensibilidade à palpação é outro aspecto avaliado, pois sentir dor ao toque é sinal evidente de inflamação. Essa característica diferencia um quadro de infiltração neoplásica do linfonodo, visto que nesse caso geralmente o animal não demonstrar dor à palpação, assim como os filhotes e seu discreto aumento fisiológico dos linfonodos. 
A consistência normal dos linfonodos é firme, tornando-se dura em processos inflamatórios crônicos e neoplásicos e mole quando há infiltração purulenta. Quanto à mobilidade, os linfonodos íntegros são móveis, podendo perder essa característica quando sofrem uma inflamação aguda. A temperatura fisiológica é a mesma da pele que os recobre, mas, quando reativos, podem ficar um pouco mais quentes. 
Por fim, em alguns casos, pode ser necessária a realização de exames complementares do linfonodo alterado, através de biópsia, punção aspirativa ou ultrassonografia. Essas técnicas auxiliam a identificar o agente etiológico e características das células para concluir o diagnóstico e estabelecer o prognóstico e tratamento.

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