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<p>Sistema Penitenciário</p><p>e Execução Penal</p><p>Responsável pelo Conteúdo:</p><p>Prof. Dr. Reinaldo Zychan de Moraes</p><p>Revisão Textual:</p><p>Aline Gonçalves</p><p>Estabelecimentos Penais e Aspectos Gerais da Execução das Penas</p><p>Estabelecimentos Penais e Aspectos</p><p>Gerais da Execução das Penas</p><p>• Conhecer as espécies de estabelecimentos penais, os aspectos gerais da execução da pena e</p><p>a execução da pena de multa.</p><p>OBJETIVO DE APRENDIZADO</p><p>• Introdução;</p><p>• Estabelecimentos Penais;</p><p>• Aspectos Gerais da Execução da Pena Privativa de Liberdade;</p><p>• Execução das Penas Restritivas de Direitos;</p><p>• Execução da Pena de Multa;</p><p>• Execução das Medidas de Segurança.</p><p>UNIDADE Estabelecimentos Penais e</p><p>Aspectos Gerais da Execução das Penas</p><p>Introdução</p><p>Se a execução penal possui vários caminhos que podem ser percorridos, faz-se ne-</p><p>cessário termos vários tipos de estabelecimentos penais, cada um com características e</p><p>destinações próprias, as quais precisamos conhecer dentro dos objetivos de nosso estudo.</p><p>Além desse importante assunto, precisamos conhecer os primeiros elementos da</p><p>execução das penas privativas de liberdade e a estrutura de cumprimento das penas de</p><p>multa, das restritivas de direitos e das medidas de segurança.</p><p>Esses serão os grandes assuntos desta Unidade.</p><p>Estabelecimentos Penais</p><p>Quando a LEP fala em estabelecimentos penais, está se referindo aos locais destinados:</p><p>• ao condenado;</p><p>• ao preso provisório;</p><p>• ao submetido a medida de segurança;</p><p>• ao egresso.</p><p>Nesses estabelecimentos deve haver uma classificação e separação de presos, dando-</p><p>-se especial atenção para as mulheres e os maiores de sessenta anos.</p><p>No caso dos estabelecimentos destinados às mulheres, deve haver um berçário onde as</p><p>condenadas possam cuidar de seus filhos e amamentá-los, no mínimo, até os seis meses.</p><p>Delegação de Serviços a Particulares</p><p>Nas últimas décadas, alguns Estados adotaram a prática de delegar à iniciativa priva-</p><p>da a administração de estabelecimentos penais, a chamada “execução indireta”, sendo</p><p>que a Lei 13.190/15 modificou a LEP e firmou linhas gerais para que isso possa ocorrer.</p><p>As atividades que podem ser objeto de delegação são aquelas denominadas “acessórias,</p><p>instrumentais ou complementares” realizadas nos estabelecimentos penais (art. 83-A da</p><p>LEP), recebendo essa classificação, em especial, as seguintes:</p><p>• serviços de conservação, limpeza, informática, copeiragem, portaria, recepção, re-</p><p>prografia, telecomunicações, lavanderia e manutenção de prédios, instalações e</p><p>equipamentos internos e externos;</p><p>• serviços relacionados à execução de trabalho pelo preso.</p><p>Conforme o estabelecido no ajuste realizado pelo particular com o Poder Público, es-</p><p>ses serviços podem compreender o fornecimento de materiais, equipamentos, máquinas</p><p>e profissionais.</p><p>Havendo a gestão de serviços por particulares, caberá ao Poder Público a supervisão</p><p>e fiscalização para que não ocorram desvirtuamentos daquilo que é estabelecido pelas</p><p>normas da execução penal.</p><p>8</p><p>9</p><p>Há, contudo, a impossibilidade de delegação das funções de direção, chefia e coor-</p><p>denação no âmbito do sistema penal, bem como de todas as atividades que exijam o</p><p>exercício do poder de polícia. Dentre essas medidas em que não é possível a delegação,</p><p>devem ser especialmente destacadas as seguintes:</p><p>• classificação de condenados;</p><p>• aplicação de sanções disciplinares;</p><p>• controle de rebeliões;</p><p>• transporte de presos para órgãos do Poder Judiciário, hospitais e outros locais ex-</p><p>ternos aos estabelecimentos penais.</p><p>Separação e Gestão dos Presos nos Estabelecimentos Penais</p><p>A gestão e separação de presos em um estabelecimento penal têm como principal</p><p>finalidade aumentar os níveis de segurança, inclusive no que se refere à integridade</p><p>física deles, bem como propiciar mais condições para que a execução da pena seja</p><p>mais individualizada.</p><p>Para tanto, a LEP estabelece preceitos sobre essas questões, contudo, verificando</p><p>situações que se mostrem necessárias, deve a Administração Penitenciária adotar outras</p><p>medidas complementares.</p><p>Figura 1</p><p>Fonte: Pixabay</p><p>Esse assunto, em razão da importância, é objeto de específico preceito constitucio-</p><p>nal, que possui a seguinte redação:</p><p>Constituição Federal</p><p>Art. 5º. [...]</p><p>XLVIII – a pena será cumprida em estabelecimentos distintos, de acordo</p><p>com a natureza do delito, a idade e o sexo do apenado.</p><p>9</p><p>UNIDADE Estabelecimentos Penais e</p><p>Aspectos Gerais da Execução das Penas</p><p>Vamos conhecer essas disposições estabelecidas pela lei:</p><p>• Presos provisórios devem ficar separados dos presos com condenação transitada</p><p>em julgado;</p><p>• Os presos provisórios devem ser separados em três grupos distintos:</p><p>» Acusados pela prática de crimes hediondos e equiparados (tráfico de drogas, tor-</p><p>tura e terrorismo);</p><p>» Acusados pela prática de crimes cometidos com violência ou grave ameaça à pessoa;</p><p>» Acusados pela prática dos demais crimes e contravenções penais.</p><p>• Os presos com condenação transitada em julgado devem ser separados atendendo</p><p>aos seguintes critérios:</p><p>» Condenados pela prática de crimes hediondos e equiparados;</p><p>» Reincidentes condenados pela prática de crimes com violência ou grave ameaça</p><p>à pessoa;</p><p>» Primários condenados pela prática de crimes com violência ou grave ameaça</p><p>à pessoa;</p><p>» Demais condenados pela prática de outros crimes e contravenções penais.</p><p>Também deve ocorrer a separação de presos nas seguintes situações:</p><p>• Presos que, ao tempo do fato, eram funcionários da Administração da Justiça Cri-</p><p>minal devem permanecer em dependência separada dos demais;</p><p>• Presos que tenham a sua integridade física, moral ou psicológica ameaçada pela</p><p>convivência com os demais presos devem permanecer segregados em local próprio;</p><p>• Mulheres e maiores de sessenta anos devem permanecer em estabelecimentos pe-</p><p>nais adequados às suas condições e separados dos demais presos;</p><p>• O mesmo conjunto arquitetônico pode abrigar estabelecimentos penais com des-</p><p>tinação diversa, desde que respeitada a necessidade de isolamento, conforme as</p><p>situações previstas na lei.</p><p>Também é importante destacar que as penas privativas de liberdade aplicadas em</p><p>uma unidade federativa podem ser executadas em outra, em estabelecimentos do Estado</p><p>ou mesmo da União.</p><p>Prisão Especial</p><p>A chamada “prisão especial” é uma forma de execução de prisões provisórias, dessa</p><p>forma, ela somente é cabível durante o inquérito policial ou quando ainda não ocorreu o</p><p>trânsito em julgado do processo a que ela se refere.</p><p>As pessoas a que é deferida essa forma de prisão provisória são aquelas listadas em</p><p>leis especiais e, principalmente, no artigo 295 do Código de Processo Penal.</p><p>Código de Processo Penal</p><p>Art. 295. Serão recolhidos a quartéis ou a prisão especial, à disposição</p><p>da autoridade competente, quando sujeitos a prisão antes de condena-</p><p>ção definitiva:</p><p>10</p><p>11</p><p>I – os ministros de Estado;</p><p>II – os governadores ou interventores de Estados ou Territórios, o prefeito</p><p>do Distrito Federal, seus respectivos secretários, os prefeitos municipais,</p><p>os vereadores e os chefes de Polícia;</p><p>III – os membros do Parlamento Nacional, do Conselho de Economia</p><p>Nacional e das Assembleias Legislativas dos Estados;</p><p>IV – os cidadãos inscritos no “Livro de Mérito”;</p><p>V – os oficiais das Forças Armadas e os militares dos Estados, do Distrito</p><p>Federal e dos Territórios;</p><p>VI – os magistrados;</p><p>VII – os diplomados por qualquer das faculdades superiores da República;</p><p>VIII – os ministros de confissão religiosa;</p><p>IX – os ministros do Tribunal de Contas;</p><p>X – os cidadãos que já tiverem exercido efetivamente a função de jurado,</p><p>salvo quando excluídos da lista por motivo de incapacidade para o exer-</p><p>cício daquela função;</p><p>XI – os delegados de polícia e os guardas-civis dos Estados e Territórios,</p><p>ativos e inativos.</p><p>Figura 2</p><p>Fonte: Pixabay</p><p>A prisão especial consiste:</p><p>• no recolhimento do preso em local distinto daquele ocupado pelos demais presos;</p><p>• se não houver estabelecimento específico para o preso especial na localidade, o</p><p>preso com direito a esse benefício</p><p>deve ser recolhido em cela distinta do mesmo</p><p>estabelecimento ocupado pelos demais presos;</p><p>• o preso sujeito a essa diferenciada forma de tratamento deve ser transportado de</p><p>forma separada dos demais presos.</p><p>Também deve ser destacado que os demais direitos e deveres do preso especial são os</p><p>mesmos a que estão sujeitos os demais presos, sendo ilegal qualquer forma diferenciada</p><p>de tratamento ou de favorecimento.</p><p>11</p><p>UNIDADE Estabelecimentos Penais e</p><p>Aspectos Gerais da Execução das Penas</p><p>O Código de Processo Penal também estabelece que a cela onde devem permanecer</p><p>os presos sujeitos a esse regime diferenciado pode “consistir em alojamento coletivo, aten-</p><p>didos os requisitos de salubridade do ambiente, pela concorrência dos fatores de aeração,</p><p>insolação e condicionamento térmico adequados à existência humana”, § 3º do art. 295.</p><p>Prisão Especial de Advogados</p><p>No caso do advogado, a prisão especial possui mais algumas características diferen-</p><p>ciadoras firmadas pelo Estatuto da OAB – Lei 8.906/1994.</p><p>Estatuto da OAB</p><p>Art. 7º. São direitos do advogado:</p><p>[...]</p><p>V – não ser recolhido preso, antes de sentença transitada em julgado, se-</p><p>não em sala de Estado Maior, com instalações e comodidades condignas,</p><p>assim reconhecidas pela OAB, e, na sua falta, em prisão domiciliar. (Vide</p><p>ADIN 1.127-8)</p><p>Como está destacado, parte desse dispositivo perdeu vigência em razão da ADIN 1.127-8.</p><p>Dessa forma, o advogado preso provisoriamente (portanto, antes do trânsito em jul-</p><p>gado de uma decisão condenatória) tem direito a ser recolhido em “sala de Estado Maior,</p><p>com instalações e comodidades condignas”, o que significa que ele não deve ser recolhi-</p><p>do em estabelecimentos penais, mas em unidades militares providas de instalações que</p><p>comportem esses elementos estabelecidos em lei.</p><p>Caso não haja na localidade um espaço com essas características, o advogado deve</p><p>ser recolhido em prisão domiciliar – de onde não poderá sair sem autorização judicial.</p><p>Observe a interpretação que é dada pelo Superior Tribunal de Justiça, em reiteradas</p><p>decisões, sobre esse dispositivo do Estatuto da OAB.</p><p>Figura 3</p><p>Fonte: Pixabay</p><p>12</p><p>13</p><p>Superior Tribunal de Justiça</p><p>Recurso ordinário em habeas corpus substitutivo do recurso próprio. Ho-</p><p>micídio qualificado e ocultação de cadáver. Paciente advogado. Direito ao</p><p>recolhimento em sala do Estado-maior. Prisão preventiva em cela indivi-</p><p>dual, separada de outros presos. Constrangimento ilegal não configurado.</p><p>Amicus curiae. Impossibilidade. Recurso não provido.</p><p>1. O art. 7º, inciso V, da Lei nº 8.906/1994, que teve sua constitucionali-</p><p>dade confirmada em julgamento realizado pela Suprema Corte, assegura</p><p>aos advogados presos provisoriamente o recolhimento em sala de Estado</p><p>Maior ou, na sua falta, em prisão domiciliar (Precedentes);</p><p>2. A alteração havida no Código de Processo Penal pelas Leis nº 10.258/2001</p><p>e 12.403/2011 (arts. 295 e 318), no tocante à prisão especial e à prisão</p><p>domiciliar respectivamente, não alteram a prerrogativa de índole profissio-</p><p>nal, qualificável como direito público subjetivo do advogado regularmente</p><p>inscrito na OAB, quanto à prisão provisória em Sala de Estado Maior;</p><p>3. Nos termos da jurisprudência das Turmas integrantes da Terceira Se-</p><p>ção desta Corte “a ausência, simplesmente, de sala do Estado Maior não</p><p>autoriza seja deferida prisão domiciliar ao paciente, advogado, preso pre-</p><p>ventivamente, dado que encontra-se segregado em cela separada do con-</p><p>vívio prisional, em condições dignas de higiene e salubridade, inclusive</p><p>com banheiro privativo” (HC n. 270.161/GO, Rel. Min. Maria Thereza</p><p>de Assis Moura, Sexta Turma, DJe 25/8/2014);</p><p>[...]</p><p>7. Recurso de habeas corpus não provido.</p><p>Tipos de Estabelecimentos Penais</p><p>A LEP estabelece características dos estabelecimentos penais conforme a destinação</p><p>que lhe é dada, sendo esses divididos nos seguintes tipos:</p><p>• Penitenciárias;</p><p>• Colônia agrícola, industrial ou similar;</p><p>• Casa do albergado;</p><p>• Centro de observação;</p><p>• Hospital de custódia e tratamento psiquiátrico;</p><p>• Cadeia Pública.</p><p>Vamos conhecer mais sobre cada um desses estabelecimentos.</p><p>Penitenciária</p><p>As penitenciárias são estabelecimentos penais destinados a:</p><p>• presos condenados à pena de reclusão que estejam no regime fechado;</p><p>• presos, ainda que provisórios, em regime disciplinar diferenciado.</p><p>13</p><p>UNIDADE Estabelecimentos Penais e</p><p>Aspectos Gerais da Execução das Penas</p><p>Nela, o condenado permanece em cela individual durante a noite, sendo que, durante</p><p>o dia, realiza os trabalhos que lhe forem atribuídos – quando o estabelecimento possuir</p><p>instalações para tanto.</p><p>As penitenciárias destinadas a presos homens devem ser construídas em local afasta-</p><p>do dos centros urbanos, contudo não pode esse afastamento dificultar a visitação.</p><p>O artigo 88 da LEP estabelece as características das celas individuais.</p><p>Lei das Execuções Penais</p><p>Art. 88. O condenado será alojado em cela individual que conterá dormi-</p><p>tório, aparelho sanitário e lavatório.</p><p>Parágrafo único. São requisitos básicos da unidade celular:</p><p>a) salubridade do ambiente pela concorrência dos fatores de aeração, in-</p><p>solação e condicionamento térmico adequado à existência humana;</p><p>b) área mínima de 6,00 m2 (seis metros quadrados).</p><p>Colônia Agrícola, Industrial ou Similar</p><p>Esse tipo de estabelecimento penal é destinado aos presos que estejam cumprindo</p><p>pena em regime semiaberto.</p><p>A ênfase é para a realização de trabalho, mas, muitas vezes, essa destinação acaba por</p><p>não se cumprir em razão de diversas dificuldades para a instalação de empresas e oficinas.</p><p>Em vez de celas, nas colônias os presos permanecem durante a noite em alojamentos</p><p>coletivos, obedecidas as necessidades de seleção e separação adequada dos condenados.</p><p>Casa do Albergado</p><p>A casa do albergado é um tipo de estabelecimento penal destinado aos condenados</p><p>que estão em regime aberto, bem como para o cumprimento da pena de limitação de</p><p>fim de semana.</p><p>Em razão dessas características, ela deve ser instalada em centro urbano e em local</p><p>separado de outros estabelecimentos penais, bem como não deve conter obstáculos físicos</p><p>contra a fuga.</p><p>Essas características arquitetônicas refletem a necessidade de que os condenados que</p><p>serão instalados nesse tipo de estabelecimento penal demonstrem capacidade de rein-</p><p>serção social, em especial pelo trabalho.</p><p>Embora tenha a lei firmado a necessidade de que esse tipo de estabelecimento penal</p><p>seja instalado em “cada região”, o que se observa em termos práticos é que em poucos</p><p>lugares isso ocorreu, razão pela qual os presos em regime aberto, na prática, acabam</p><p>cumprindo suas penas no chamado regime aberto domiciliar.</p><p>Centro de Observação</p><p>O Centro de Observação é um estabelecimento penal com destinação diversa dos</p><p>anteriores, pois nesse local são realizados exames gerais e o criminológico, cujos resul-</p><p>tados serão encaminhados à Comissão Técnica de Classificação.</p><p>14</p><p>15</p><p>O Código Penal determina que os presos que iniciarão o cumprimento de suas penas</p><p>em regime fechado devem ser submetidos ao exame criminológico, o qual tem grande</p><p>importância para a individualização da execução (art. 34 do CP).</p><p>Nesses centros também podem ser desenvolvidas pesquisas criminológicas.</p><p>Se não houver um Centro de Observação instalado, esses exames podem ser realiza-</p><p>dos pela própria Comissão Técnica de Classificação.</p><p>Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico</p><p>O Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico também é um estabelecimento</p><p>penal com especial destinação, ou seja, nele são enviados os inimputáveis e semi-impu-</p><p>táveis que devem ser submetidos às seguintes medidas de segurança de:</p><p>• Internação;</p><p>• tratamento ambulatorial.</p><p>No caso do tratamento ambulatorial, por não importar em cerceamento da liberdade</p><p>de ir e vir, poderá o atendimento poder se dar em outro local adequado, sendo bastante</p><p>comum que ocorra dessa forma.</p><p>Já a internação ocorre, necessariamente, nos hospitais de custódia e tratamento psi-</p><p>quiátrico, hospitais psiquiátricos ou instituições públicas similares.</p><p>Cadeia</p><p>Pública</p><p>Por fim, a cadeia pública é destinada ao recolhimento de presos provisórios.</p><p>Em cada comarca deve haver, pelo menos, um estabelecimento desse tipo, sendo que</p><p>ele deve ser instalado próximo dos centros urbanos, de forma a propiciar a permanência</p><p>do preso em local próximo ao seu meio social e familiar.</p><p>Aspectos Gerais da Execução</p><p>da Pena Privativa de Liberdade</p><p>Encerrado o processo penal com trânsito em julgado de decisão que aplicou uma</p><p>pena privativa de liberdade, podemos ter duas situações diferentes:</p><p>• A primeira possibilidade é que o condenado se encontra solto – respondeu a todo</p><p>o processo solto ou permaneceu preso durante parte do processo, mas posterior-</p><p>mente foi libertado;</p><p>• A segunda possibilidade é que o condenado já se encontrava preso, seja em razão</p><p>desse mesmo processo (era, portanto, um preso provisório) ou em razão de outro</p><p>processo (já transitado em julgado ou não).</p><p>No primeiro caso, o juiz1 irá expedir mandado de prisão em desfavor do condenado,</p><p>comunicando à polícia sobre a necessidade de que ele seja encontrado e preso. Realiza-</p><p>da essa providência, esse juízo irá acompanhar os acontecimentos, pois:</p><p>1 O juízo responsável pela prática desses atos é aquele da Vara Criminal ou da Vara do Júri onde o processo foi</p><p>iniciado e que lavrou a sentença.</p><p>15</p><p>UNIDADE Estabelecimentos Penais e</p><p>Aspectos Gerais da Execução das Penas</p><p>• Pode ocorrer a extinção da punibilidade, particularmente, em razão da notícia de</p><p>que o condenado faleceu (art. 107, inciso I, do CP) ou a prescrição da pretensão</p><p>executória (art. 107, inciso IV, primeira figura, do CP);</p><p>• Pode ocorrer o cumprimento do mandado de prisão. Nesse caso, conforme esta-</p><p>belece o inciso LXII do artigo 5º da Constituição Federal, logo após a prisão, o juiz</p><p>competente deve ser informado pela polícia.</p><p>Constituição Federal</p><p>Art. 5º. [...]</p><p>LXII – a prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre serão co-</p><p>municados imediatamente ao juiz competente e à família do preso ou à</p><p>pessoa por ele indicada.</p><p>Dessa forma, estando o condenado preso (em razão de estar preso quando da deci-</p><p>são transitada em julgado ou por ter sido posteriormente preso), o juiz irá determinar a</p><p>expedição da guia de recolhimento, sendo que ela será remetida à autoridade adminis-</p><p>trativa incumbida da execução da pena, devendo conter:</p><p>• o nome do condenado;</p><p>• a sua qualificação civil e o número do registro geral no órgão oficial de identificação;</p><p>• o inteiro teor da denúncia e da sentença condenatória, bem como certidão do trân-</p><p>sito em julgado;</p><p>• a informação sobre os antecedentes e o grau de instrução;</p><p>• a data da terminação da pena;</p><p>• outras peças do processo reputadas indispensáveis ao adequado tratamento peni-</p><p>tenciário.</p><p>Com essa providência, encerra-se a competência do juízo de primeira instância que</p><p>era responsável pelo processo, sendo que qualquer questão ligada ao condenado será</p><p>tratada, de agora em diante, pelo juiz das execuções. É da competência do juízo das</p><p>execuções, por exemplo, a expedição de alvará de soltura ao término do cumprimento</p><p>da pena privativa de liberdade.</p><p>Classificação dos Condenados</p><p>Buscando iniciar a execução de forma mais individualizada possível, no início da execução</p><p>da pena, os condenados serão classificados segundo os seus antecedentes e personalidade.</p><p>Esse trabalho é de responsabilidade da Comissão Técnica de Classificação, que deve</p><p>ser formada em cada estabelecimento penal, contando com o importante apoio do</p><p>Centro de Observação, tendo como finalidade elaborar um programa individualizado da</p><p>pena privativa de liberdade adequada ao condenado.</p><p>Essas medidas também devem ser aplicadas aos presos provisórios.</p><p>A Comissão Técnica de Classificação é presidida pelo diretor, sendo composta, no</p><p>mínimo, por dois chefes de serviço, um psiquiatra, um psicólogo e um assistente social,</p><p>quando se tratar de condenado à pena privativa de liberdade.</p><p>16</p><p>17</p><p>Para as penas restritivas de direitos, a comissão deve atuar junto ao Juízo da Execu-</p><p>ção e será integrada por fiscais do serviço social.</p><p>No caso de condenados ao cumprimento de pena privativa de liberdade, em regi-</p><p>me fechado, a classificação deve incluir a realização de exame criminológico, sendo</p><p>que esse exame também poderá ser aplicado para a classificação do condenado em</p><p>regime semiaberto.</p><p>Identificação do Perfil Genético</p><p>No caso do condenado pela prática de crime doloso, com violência de natureza grave</p><p>contra pessoa, ou por qualquer dos crimes previstos no art. 1º da Lei dos Crimes Hedion-</p><p>dos (Lei 8.072/1990), no início da execução deverá ocorrer a identificação de seu perfil</p><p>genético, mediante extração de DNA – ácido desoxirribonucleico, por técnica adequada</p><p>e indolor.</p><p>O resultado dessa identificação deve ser armazenado em banco de dados sigiloso, sendo</p><p>que as autoridades policiais poderão requerer ao juiz competente, durante o curso de inqué-</p><p>rito policial, o acesso a esse banco de dados, buscando subsidiar investigações em curso.</p><p>Se essa identificação de perfil genético não for realizada quando do ingresso do</p><p>condenado no estabelecimento penal, ela deverá ocorrer ao longo da execução da pena</p><p>privativa de liberdade. A recusa do condenado em se submeter a essa identificação se</p><p>caracteriza como falta grave (§ 8º do artigo 9º-A da Lei de Execuções Penais).</p><p>Execução das Penas Restritivas de Direitos</p><p>A LEP, ao tratar das penas restritivas de direitos, somente menciona as seguintes:</p><p>• Prestação de serviços à comunidade;</p><p>• Limitação de final de semana;</p><p>• Interdição temporária de direitos.</p><p>Em 1998, ocorreu a alteração do Código Penal por meio da Lei 9.714/98, contudo</p><p>não houve a modificação da LEP, tendo as suas disposições se tornado defasadas.</p><p>Execução da Pena de Multa</p><p>A execução da pena de multa possui um regramento próprio encabeçado pelo artigo</p><p>51 do Código Penal:</p><p>Código Penal</p><p>Art. 51. Transitada em julgado a sentença condenatória, a multa será exe-</p><p>cutada perante o juiz da execução penal e será considerada dívida de valor,</p><p>aplicáveis as normas relativas à dívida ativa da Fazenda Pública, inclusive</p><p>no que concerne às causas interruptivas e suspensivas da prescrição.</p><p>17</p><p>UNIDADE Estabelecimentos Penais e</p><p>Aspectos Gerais da Execução das Penas</p><p>Com isso, a legitimidade para propor a cobrança passou para a Procuradoria da Fa-</p><p>zenda Pública, que deve propor a ação no Juízo das Execuções Penais.</p><p>Sobre a questão da legitimidade para propor a cobrança, deve ser observada a Sú-</p><p>mula 521 do STJ.</p><p>Súmula 521 do STJ</p><p>A legitimidade para a execução fiscal de multa pendente de pagamento</p><p>imposta em sentença condenatória é exclusiva da Procuradoria da Fazen-</p><p>da Pública.</p><p>Execução das Medidas de Segurança</p><p>Com o trânsito em julgado da sentença que aplicou a medida de segurança, deve ser</p><p>expedida guia para a sua execução, podendo esta ser:</p><p>• Guia de internação;</p><p>• Guia de tratamento ambulatorial.</p><p>Essas guias devem conter os elementos descritos no artigo 173 da LEP.</p><p>Lei das Execuções Penais</p><p>Art. 173. A guia de internamento ou de tratamento ambulatorial, extraí-</p><p>da pelo escrivão, que a rubricará em todas as folhas e a subscreverá com</p><p>o Juiz, será remetida à autoridade administrativa incumbida da execução</p><p>e conterá:</p><p>I – a qualificação do agente e o número do registro geral do órgão oficial</p><p>de identificação;</p><p>II – o inteiro teor da denúncia e da sentença que tiver aplicado a medida</p><p>de segurança, bem como a certidão do trânsito em julgado;</p><p>III – a data em que terminará o prazo mínimo de internação, ou do trata-</p><p>mento ambulatorial;</p><p>IV – outras peças do processo reputadas indispensáveis ao adequado</p><p>tratamento ou internamento.</p><p>[...]</p><p>Quando de sua aplicação na sentença, o juiz deve fixar o prazo mínimo de sua dura-</p><p>ção, visto que a medida de segurança não possui, em princípio, prazo certo para ser en-</p><p>cerrada, sendo necessária a cessação da periculosidade para que ela seja interrompida.</p><p>Esse prazo mínimo deve ser de um a três anos.</p><p>Um mês antes de se encerrar o prazo mínimo, a autoridade administrativa responsá-</p><p>vel pela aplicação da medida de segurança deve remeter ao Juiz minucioso relatório que</p><p>o habilite a resolver sobre a revogação ou permanência da medida. Esse relatório deve</p><p>ser instruído com laudo psiquiátrico e demais documentos que mostrem as condições</p><p>pessoais do agente.</p><p>18</p><p>19</p><p>Esses documentos devem ser enviados para vistas e manifestação do Ministério Pú-</p><p>blico, bem como devem ser colhidas as manifestações do curador ou defensor, cada qual</p><p>no prazo de três dias.</p><p>Em seguida, o juiz decide no prazo de cinco dias.</p><p>Muito embora essas medidas devam ocorrer ao final do prazo mínimo de duração da</p><p>medida de segurança, poderá o Juiz da execução, diante de requerimento fundamentado</p><p>do Ministério Público ou do interessado, seu procurador ou defensor, ordenar a qualquer</p><p>tempo a realização do exame para que se verifique a cessação da periculosidade.</p><p>Não se constatando a cessação da periculosidade, anualmente esse procedimento deve</p><p>ser repetido.</p><p>Se a decisão for pela desinternação ou liberação, uma vez que ela tenha transitado</p><p>em julgado, o juiz determinará o seu cumprimento, contudo, no primeiro ano após a</p><p>cessação da medida de segurança, ela poderá ser restabelecida se o agente revelar a</p><p>continuidade de sua periculosidade.</p><p>Código Penal</p><p>Art. 97. [...]</p><p>§ 3º. A desinternação, ou a liberação, será sempre condicional devendo</p><p>ser restabelecida a situação anterior se o agente, antes do decurso de</p><p>1 (um) ano, pratica fato indicativo de persistência de sua periculosidade.</p><p>A questão do limite para a aplicação da internação sempre despertou muita polêmica,</p><p>particularmente, em razão de nossa Constituição Federal vedar a aplicação de sanções</p><p>de caráter perpétuo (artigo 5º, inciso XLVII, letra “b”), sendo que o Superior Tribunal de</p><p>Justiça, após várias decisões pontuais, estabeleceu a seguinte súmula:</p><p>Superior Tribunal de Justiça</p><p>Súmula n. 527</p><p>O tempo de duração da medida de segurança não deve ultrapassar o limi-</p><p>te máximo da pena abstratamente cominada ao delito praticado.</p><p>Com essa limitação, temos, por exemplo, a seguinte situação:</p><p>• Um inimputável praticou uma lesão corporal grave, cuja pena abstratamente prevista</p><p>é de reclusão de um a cinco anos, recebendo a medida de segurança de internação;</p><p>• O juiz deverá estabelecer o prazo mínimo de aplicação dessa medida de segurança</p><p>(um a três anos);</p><p>• Ao término do prazo mínimo, devem ser realizados os exames para verificação da</p><p>cessação de sua periculosidade;</p><p>• Cessada a periculosidade, mesmo que antes do prazo mínimo, ele será liberado da</p><p>medida de segurança, caso contrário, anualmente devem os exames ser repetidos;</p><p>• Caso não tenha ocorrido sua anterior liberação, atingido o limite máximo da san-</p><p>ção abstratamente cominada para o crime (que no exemplo é de cinco anos), ela</p><p>deverá ocorrer.</p><p>19</p><p>UNIDADE Estabelecimentos Penais e</p><p>Aspectos Gerais da Execução das Penas</p><p>Material Complementar</p><p>Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:</p><p>Leitura</p><p>Prisão especial e diploma de ensino superior: uma aproximação crítica</p><p>https://bit.ly/2NUHNq8</p><p>O impacto da prisão na saúde mental dos presos do estado do Rio de Janeiro, Brasil</p><p>https://bit.ly/3khQkzD</p><p>A educação na prisão como política pública: entre desafios e tarefas</p><p>https://bit.ly/37GMV8o</p><p>Defesa da privatização dos estabelecimentos penais</p><p>https://bit.ly/2ZLV5Ie</p><p>20</p><p>21</p><p>Referências</p><p>MARCÃO, R. Curso de execução penal. 16. ed. São Paulo: Saraiva Educação,</p><p>2018. (e-book)</p><p>NUCCI, G. de S. Curso de execução penal. 3. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2020. (e-book)</p><p>NUNES, A. Comentários à lei de execução penal. Rio de Janeiro: Forense,</p><p>2016. (e-book)</p><p>21</p>

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