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<p>DIREITO ADMINISTRATIVO E</p><p>TRIBUTÁRIO</p><p>AULA 3</p><p>Profª Ana Paula Maciel Costa</p><p>2</p><p>CONVERSA INICIAL</p><p>Uma estrutura organizacional, em termos gerais, é o conjunto ordenador</p><p>de responsabilidades, autoridades, comunicações e decisões das unidades</p><p>organizacionais de uma instituição, com a designação da forma pela qual as</p><p>atividades serão divididas, organizadas e coordenadas para alcançar um fim</p><p>especifico.</p><p>Nesta etapa, nós estudaremos a estrutura da Administração Pública, seus</p><p>órgãos e agentes, bem como o modo como pode ser exercida a atividade</p><p>administrativa (centralizada ou descentralizada), ou seja: como é composta a</p><p>organização administrativa para o desempenho das atividades estatais. Vamos</p><p>lá?</p><p>TEMA 1 – ORGANIZAÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO PUBLICA</p><p>O Estado precisa definir sua estrutura, a fim de que seus objetivos,</p><p>diretrizes e normas sejam observados. Então, a partir da Constituição Federal,</p><p>em seu Título II, nos artigos18 a 43, é possível traçar a espinha dorsal da</p><p>organização político-administrativa brasileira e identificar as principais</p><p>características do nosso estado nacional, descrevendo as instituições que lhe</p><p>dão esteio.</p><p>Art. 18. A organização político-administrativa da República Federativa</p><p>do Brasil compreende a União, os Estados, o Distrito Federal e os</p><p>Municípios, todos autônomos, nos termos desta Constituição</p><p>Essa organização é formada pelos três poderes, cada um com sua</p><p>estrutura, organização e funcionamento próprios, conforme descrito no art. 2º</p><p>CF: “São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo,</p><p>o Executivo e o Judiciário”.</p><p>A organização político-administrativa do Brasil, portanto, divide-se em três</p><p>Poderes: Executivo, Legislativo e Judiciário, e nas esferas: Federal,</p><p>Estadual/Distrital e Municipal, com vários níveis de Administração que se</p><p>baseiam em dois pressupostos fundamentais: a hierarquia e a distribuição de</p><p>competência, regidas pela supremacia do interesse público e pela obrigação da</p><p>continuidade da prestação do serviço público, de acordo com as normas éticas,</p><p>morais e legais. Nas palavras de Alexandrino e Vicente (2021, p. 60):</p><p>3</p><p>Nós temos exercício de atividades de natureza administrativa em todos</p><p>os Poderes da República. Há órgãos administrativos no Poder</p><p>Legislativo (denominados “mesas”, tais como a Mesa da Câmara dos</p><p>Deputados, a Mesa do Senado Federal, as mesas das assembleias</p><p>legislativas) e no Poder Judiciário (são as “secretarias” dos tribunais</p><p>em geral). Por outras palavras, a administração pública brasileira não</p><p>se restringe ao Poder Executivo; temos administração pública em cada</p><p>um dos entes federados, em todos os Poderes do Estado. Seja qual for</p><p>o órgão que a exerça, a atividade administrativa estará sempre sujeita</p><p>às regras e aos princípios norteadores do direito administrativo.</p><p>A Administração Pública tem o poder de regular, gerar obrigações e</p><p>deveres para a sociedade, assim, as suas decisões e ações refletem em larga</p><p>escala na sociedade. Para compreender o seu funcionamento, passaremos</p><p>agora a cada um dos elementos que a compõem e como se dá seu</p><p>funcionamento.</p><p>1.1 Entidades Políticas e Entidades Administrativas</p><p>Lembremos que a Administração Pública em sentido amplo abrange</p><p>os órgãos de governo – e as funções políticas que eles exercem de elaboração</p><p>das diretrizes e programas de ação governamental, dos planos de atuação</p><p>estatal.</p><p>Já a Administração Pública em sentido estrito diz respeito aos órgãos</p><p>e pessoas jurídicas administrativos e as funções que eles desempenham, de</p><p>natureza puramente administrativa – profissional, técnica, instrumental,</p><p>apartidária e de execução das políticas públicas formuladas nos programas de</p><p>governo.</p><p>Estrutura</p><p>organizacional</p><p>da AP</p><p>• Desburocratizar</p><p>• Descentralizar</p><p>• Desconcentrar circuitos de decisão</p><p>Para</p><p>melhorar</p><p>• Processos</p><p>• Colaboração entre serviços</p><p>• Correta gestão da informação</p><p>Para garantir</p><p>• Eficiência</p><p>• Eficácia</p><p>• Serviços públicos relevantes</p><p>4</p><p>As Entidades Políticas são pessoas jurídicas de direito público interno,</p><p>dotadas de diversas competências de natureza política, legislativa e</p><p>administrativa, todas elas conferidas diretamente pela Constituição Federal.</p><p>No Brasil, são pessoas políticas: a União, os Estados, o Distrito Federal</p><p>e os Municípios.</p><p>Assim, cada um dos entes políticos que integram a República Federativa</p><p>brasileira é dotado de estrutura administrativa própria, independente das demais.</p><p>Já as Entidades Administrativas são as pessoas jurídicas que integram</p><p>a administração pública brasileira, sem dispor de autonomia política. É</p><p>constituída pela Administração Indireta, a saber, as autarquias, as fundações</p><p>públicas, as empresas públicas e as sociedades de economia mista.</p><p>Assim a União – ente político – corresponde à Administração Federal –</p><p>com sua organização administrativa. A União e a Administração Federal são</p><p>encabeçadas pelo Presidente da República, Chefe do Executivo, que é, ao</p><p>mesmo tempo, autoridade política e autoridade administrativa. De igual forma</p><p>acontece com os Estados, Distrito Federal e os Municípios.</p><p>TEMA 2 – CENTRALIZAÇÃO E DESCENTRALIZAÇÃO</p><p>Estado exerce a função administrativa por meio de órgãos, pessoas</p><p>jurídicas e seus respectivos agentes. O Estado adota duas formas básicas de</p><p>organização e atuação administrativas para desempenhar suas atribuições:</p><p>São os entes</p><p>federados -</p><p>Administração</p><p>Direta</p><p>Detém parcela do</p><p>poder político</p><p>Regidas pelo</p><p>Direito</p><p>Constitucional</p><p>Entidades</p><p>Políticas São</p><p>entidades</p><p>que compõem a</p><p>Administração</p><p>Indireta</p><p>Vinculadas as</p><p>entidades</p><p>políticas</p><p>Regidas pelo</p><p>Direito</p><p>Administrativo</p><p>Entidade</p><p>Administrativa</p><p>5</p><p>• Centralização administrativa – quando o Estado executa suas</p><p>tarefas diretamente, por meio dos órgãos e agentes integrantes</p><p>da denominada administração direta.</p><p>A criação de órgãos decorre da desconcentração, que é uma</p><p>distribuição interna de competências, dentro da mesma pessoa jurídica, para o</p><p>desempenho de funções estatais, atribuídas à pessoa a que pertencem. Na</p><p>desconcentração, há o controle hierárquico, pois os órgãos de menor hierarquia</p><p>permanecem subordinados aos órgãos que lhes são superiores. As Secretarias</p><p>Estaduais de Educação, por exemplo, são subordinadas ao Ministério da</p><p>Educação.</p><p>• Descentralização administrativa – quando o Estado desempenha</p><p>algumas de suas atribuições por meio de outras pessoas, e não pela sua</p><p>administração direta. O Estado, por questão de autonomia administrativa,</p><p>visando maior eficiência, resolve repassar a atividade para que outra</p><p>pessoa a exerça em seu lugar. A descentralização pressupõe duas</p><p>pessoas distintas: o Estado (a União, o Distrito Federal, um estado ou um</p><p>município) e a pessoa que executará o serviço, por ter recebido do Estado</p><p>essa atribuição. É o que ocorre na criação das entidades da administração</p><p>indireta: o Estado descentraliza a prestação dos serviços, outorgando-os</p><p>a outras pessoas jurídicas.</p><p>A descentralização pode ser feita de duas formas: a descentralização</p><p>por outorga (também conhecida como descentralização por serviços ou legal)</p><p>e a descentralização por delegação (negocial ou por colaboração). Um</p><p>exemplo de descentralização é a execução dos serviços notariais e de registro,</p><p>prevista no art. 236 da CF e, especialmente na Lei nº 8.935/94:</p><p>A função pública notarial e de registro é, por imperativo constitucional,</p><p>exercida por meio de descentralização administrativa por colaboração:</p><p>o Poder Público conserva a titularidade do serviço e transfere sua</p><p>execução a particulares (pessoas físicas com qualificação específica e</p><p>que foram aprovados em concurso público de provas e títulos) em</p><p>unidades (ou feixes de competências) definidas, pela Administração,</p><p>em função das necessidades dos usuários e da adequação do serviço,</p><p>mediante critérios relativos ao número de atos</p><p>praticados, receita,</p><p>aspectos populacionais e conformidade com a organização judiciária</p><p>de cada Estado da Federação. Não há mais que se falar em cartórios</p><p>como unidades da estrutura administrativa do Estado, nem cargos a</p><p>serem providos, tampouco quadros, classes ou carreiras. (Ribeiro,</p><p>2009, p. 56-57)</p><p>6</p><p>Em nenhuma forma de descentralização há hierarquia, o que há entre a</p><p>administração direta e a indireta é a vinculação (e não subordinação). A primeira</p><p>exerce sobre a segunda o denominado controle finalístico ou tutela</p><p>administrativa ou supervisão.</p><p>TEMA 3 – ADMINISTRAÇÃO DIRETA - ADMINISTRAÇÃO INDIRETA</p><p>A Administração Pública, segundo nosso ordenamento jurídico, é</p><p>integrada exclusivamente:</p><p>• Administração direta é o conjunto de órgãos que integram as pessoas</p><p>políticas do Estado (União, estados. Distrito Federal e municípios), aos</p><p>quais foi atribuída a competência para o exercício de atividades</p><p>administrativas, de forma centralizada.</p><p>• Administração indireta é o conjunto de pessoas jurídicas (desprovidas</p><p>de autonomia política) que, vinculadas à administração direta, têm</p><p>competência para o exercício de atividades administrativas, de forma</p><p>descentralizada, a exemplo das autarquias, fundações públicas,</p><p>empresas públicas e sociedades de economia mista, sendo pessoas</p><p>jurídicas com patrimônio próprio e autonomia administrativa.</p><p>Importante lembrar que essa organização é obrigatória para a União, os</p><p>Estados, o Distrito Federal e os Municípios, conforme estabelecido pela</p><p>Constituição Federal de 1988.</p><p>TEMA 4 – ÓRGÃOS PÚBLICOS</p><p>O Estado é pessoa jurídica, logo ele atua sempre por meio de pessoas</p><p>físicas denominadas agentes públicos. Várias teorias surgiram para explicar as</p><p>relações do Estado, pessoa jurídica, com seus agentes. De forma muito sintética,</p><p>Di Pietro (2021, p. 734) elenca as seguintes teorias:</p><p>• Teoria do mandato – O agente público é mandatário da pessoa jurídica –</p><p>não vigora porque o Estado, por ser uma pessoa jurídica, não tem como</p><p>outorgar um mandato.</p><p>• Teoria da representação – O agente público é representante do Estado</p><p>por força de lei – não vigora porque equipara-se o agente à figura do tutor</p><p>ou curador, que representam os incapazes.</p><p>7</p><p>• Teoria do órgão – a pessoa jurídica manifesta a sua vontade por meio</p><p>do órgão, por ser parte integrante do Estado – é a que vigora.</p><p>4.1 Conceito e Características dos Órgãos Públicos</p><p>Órgão é a unidade que congrega atribuições exercidas pelos agentes</p><p>públicos que o integram com o objetivo de expressar a vontade do Estado. Isso</p><p>implica dizer que o órgão não tem patrimônio próprio para a realização de suas</p><p>atividades, nem personalidade jurídica própria, em regra, já que são</p><p>componentes de uma estrutura dividida internamente da Administração Direta.</p><p>Logo, quem deterá personalidade/capacidade jurídica para responder pelos atos</p><p>praticados pelos órgãos será a pessoa jurídica que realizou a desconcentração.</p><p>Nas palavras de Celso Antônio Bandeira de Mello (2021, p. 69), os órgãos</p><p>“nada mais significam que círculos de atribuições, os feixes individuais de</p><p>poderes funcionais repartidos no interior da personalidade estatal e expressados</p><p>através dos agentes neles providos”.</p><p>Consequentemente, cada órgão, como centro de competência</p><p>governamental ou administrativa, tem necessariamente funções, cargos e</p><p>agentes, cada um exercendo uma parcela das atribuições totais dos órgãos que</p><p>integram, mas que com eles não se confundem, por isso podem ser modificados,</p><p>substituídos ou retirados. Como exemplo de órgãos do Poder Judiciário,</p><p>podemos citar os Tribunais, e como órgãos do Poder Legislativo, temos a</p><p>Câmara dos Deputados, o Senado Federal e as Assembleias Legislativas.</p><p>4.2 Classificação dos Órgãos</p><p>Seguiremos a classificação estabelecida por Hely Lopes Meirelles, mas</p><p>ressaltando que outros doutrinadores farão algumas diferenciações, que não</p><p>significam erros, mas apenas critérios distintos.</p><p>4.2.1 Quanto à posição estatal</p><p>Diz respeito à posição ocupada pelos órgãos na escala governamental ou</p><p>administrativa.</p><p>• Independentes: aqueles que exercem, pessoalmente (agentes políticos),</p><p>as funções outorgadas diretamente pela CF/1988. São representativos</p><p>dos poderes do Estado, sem qualquer subordinação hierárquica ou</p><p>8</p><p>funcional. São também chamados de órgãos primários do Estado.</p><p>Exemplos:</p><p>o Presidência da República, Governadorias dos Estados, do DF e</p><p>Prefeituras;</p><p>o Congresso Nacional, Câmara dos Deputados e Senado Federal;</p><p>o Assembleias Legislativas, Câmara de Vereadores;</p><p>o Tribunais Judiciários.</p><p>Órgãos independentes estão na cúpula dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário</p><p>• Autônomos são aqueles que estão imediatamente abaixo dos órgãos</p><p>independentes e diretamente subordinados a estes. Têm ampla</p><p>autonomia administrativa, financeira e técnica. Exercem, com autonomia,</p><p>funções de planejamento, supervisão, coordenação e controle das</p><p>atividades que estão na área de sua competência, embora atuem</p><p>segundo diretrizes dos órgãos independentes. Exemplos:</p><p>o Ministérios;</p><p>o Secretarias de Estado e Município.</p><p>Órgãos autônomos estão na cúpula da atividade administrativa de cada um dos poderes e</p><p>possuem ampla autonomia administrativa, financeira e técnica</p><p>• Superiores são as primeiras repartições dos órgãos independentes e dos</p><p>autônomos. Eles têm poder de direção, controle, decisão e comando de</p><p>assuntos de sua competência específica, mas sempre sujeitos à</p><p>subordinação e ao controle hierárquico de uma chefia mais alta,</p><p>consequentemente, não possuem autonomia administrativa ou financeira.</p><p>Incluem-se nessa categoria órgãos com variadas denominações, como</p><p>Departamentos, Coordenadorias, Divisões, Gabinetes.</p><p>Órgãos superiores não possuem autonomia administrativa, financeira e técnica</p><p>• Subalternos aqueles que se acham subordinados a órgãos mais</p><p>elevados. Tem a função de executar os serviços de rotina, tarefas de</p><p>formalização de atos administrativos etc., como as repartições públicas</p><p>em geral.</p><p>9</p><p>4.2.2 Quanto à estrutura</p><p>• Simples ou unitários são aqueles constituídos apenas por um centro de</p><p>competências, não havendo subdivisões em sua estrutura interna.</p><p>Exemplo: o juízo singular</p><p>• Compostos reúnem, na sua estrutura, outros órgãos menores, com</p><p>função principal idêntica, resultado da desconcentração administrativa.</p><p>Exemplo: Ministério da Fazenda que é integrado por vários órgãos, dentre</p><p>os quais a Secretaria da Receita Federal.</p><p>4.2.3 Quanto à atuação funcional</p><p>• Singulares ou unipessoais: aqueles cujas decisões dependem da</p><p>atuação isolada de um único agente.</p><p>o Presidência da República;</p><p>o Governadorias dos Estados;</p><p>o Prefeituras.</p><p>• Colegiados ou pluripessoais: são entes decisórios compostos por</p><p>membros oriundos de diversos setores, o que possibilita que o processo</p><p>decisório mais democrático para deliberar sobre políticas públicas. Além</p><p>disso, esses grupos também funcionam como canais de fiscalização e de</p><p>diálogo com a sociedade civil.</p><p>o Conselho Nacional de Direitos Humanos;</p><p>o Conselho Nacional de Educação;</p><p>o Conselho Nacional de Saúde.</p><p>Resumindo as características dos órgãos públicos:</p><p>Características dos órgãos públicos</p><p>Integram a estrutura de uma pessoa política (União, Estado. Distrito Federal ou Município) ou</p><p>de uma pessoa jurídica administrativa (autarquia, fundação pública, empresa pública ou</p><p>sociedade de economia mista)</p><p>São resultado da desconcentração</p><p>Não possuem patrimônio próprio</p><p>Alguns possuem autonomia gerencial, orçamentária e financeira</p><p>Não possuem personalidade jurídica</p><p>Não têm capacidade para representar em juízo a pessoa jurídica que integram</p><p>10</p><p>TEMA 5 – AGENTES PÚBLICOS</p><p>Como nós acabamos de falar de órgãos da administração pública, nós,</p><p>inevitavelmente, devemos falar dos agentes públicos, que são aqueles que vão</p><p>atuar nos órgãos.</p><p>O próprio site do Governo Federal</p><p>conceitua agente público como sendo</p><p>“todo aquele que presta qualquer tipo de serviço ao Estado, que exerce funções</p><p>públicas, no sentido mais amplo possível dessa expressão, significando qualquer</p><p>atividade pública”. Marcelo Alexandrino e Paulo Vicente (2021, p. 183) trazem a</p><p>seguinte conceituação:</p><p>O agente público é a pessoa natural mediante a qual o Estado se faz</p><p>presente. O agente manifesta uma vontade que, afinal, é imputada ao</p><p>próprio Estado. Agentes públicos são, portanto, todas as pessoas</p><p>físicas que externam, por algum tipo de vínculo, a vontade do Estado,</p><p>nas três esferas da Federação (União, estados. Distrito Federal e</p><p>municípios), nos três Poderes da República (Executivo, Legislativo e</p><p>Judiciário). São agentes do Estado, desde as mais altas autoridades</p><p>da República, como os Chefes do Executivo e os membros do</p><p>Legislativo e do Judiciário, até os servidores públicos que exercem</p><p>funções subalternas.</p><p>Isso significa dizer que, neste tópico, nós vamos trazer uma visão</p><p>panorâmica de todas as pessoas que atuam na Administração Pública e que</p><p>somente quando formos falar de serviços públicos é que vamos nos debruçar no</p><p>assunto sobre servidores públicos.</p><p>Este é um assunto de fundamental importância, porque normalmente não</p><p>temos a devida noção da distinção dessas figuras. Por isso é traremos a</p><p>classificação proposta pelo Prof. Hely Lopes Meirelles em cinco categorias, a</p><p>saber:</p><p>5.1 Agentes políticos</p><p>Agentes políticos são os titulares dos cargos estruturais à organização</p><p>política do País, ou seja, ocupantes dos que integram o arcabouço constitucional</p><p>do Estado, o esquema fundamental do Poder. Daí que se constituem nos</p><p>formadores da vontade superior do Estado (Mello, 2021, p. 328).</p><p>Eles são os integrantes dos mais altos escalões do poder público, aos</p><p>quais incumbem a elaboração das diretrizes de atuação governamental e as</p><p>funções de direção, orientação e supervisão geral da administração pública. Têm</p><p>como principais características:</p><p>11</p><p>• Competências derivadas diretamente da própria Constituição;</p><p>• Não sujeição às mesmas normas funcionais aplicáveis aos demais</p><p>servidores públicos;</p><p>• A investidura em seus cargos ocorre, em regra, por meio de eleição,</p><p>nomeação ou designação;</p><p>• Ausência de subordinação hierárquica a outras autoridades (com exceção</p><p>dos auxiliares imediatos dos chefes do Poder Executivo).</p><p>Respeitável parte da doutrina entende que os seguintes postos são</p><p>característicos de agentes políticos: Presidente da República, Governadores,</p><p>Prefeitos e Vice-Prefeitos, Auxiliares imediatos dos chefes do Executivo</p><p>(Ministros e Secretários), Senadores, Deputados e Vereadores.</p><p>Os agentes políticos desfrutam de garantias e prerrogativas</p><p>expressamente previstas no texto constitucional, que os distinguem dos demais</p><p>agentes públicos, como forma de lhes assegurar condições adequadas ao</p><p>exercício de suas funções e tomada de decisões.</p><p>5.2 Agentes honoríficos</p><p>São as pessoas convocadas, designadas ou nomeadas para prestar,</p><p>transitoriamente, determinados serviços ao Estado, mediante a prestação de</p><p>serviços específicos, em razão de sua condição cívica, de sua honorabilidade,</p><p>ou de sua notória capacidade profissional.</p><p>Eles não têm qualquer vínculo profissional (empregatício ou estatuário)</p><p>com a administração pública e usualmente atuam sem remuneração. São os</p><p>jurados, os mesários eleitorais, os membros dos Conselhos Tutelares e outros</p><p>dessa natureza.</p><p>5.3 Agentes administrativos</p><p>São aqueles que exercem uma atividade pública de natureza profissional</p><p>e remunerada, sujeitos à hierarquia funcional e ao regime jurídico estabelecido</p><p>pelo ente federado ao qual pertencem.</p><p>Perceba que essas definições se complementam com todo o conteúdo</p><p>que vimos até então. Logo, os agentes administrativos são os ocupantes de</p><p>cargo público, de emprego público e de funções públicas nas administrações</p><p>12</p><p>direta e indireta das diversas unidades da Federação, nos três Poderes. Eles são</p><p>classificados em:</p><p>• Servidores Públicos – aqueles sujeitos a regime jurídico-administrativo,</p><p>de caráter estatutário (isto é, de natureza legal, e não contratual);</p><p>• Empregados públicos – aqueles sujeitos a regime jurídico contratual</p><p>trabalhista. Eles são locados em corporações associadas à Administração</p><p>Indireta, como os empregados da Caixa Econômica Federal, do Banco do</p><p>Brasil, da Petrobrás etc.</p><p>• Temporários – aqueles contratados por tempo determinado para atender</p><p>a necessidade temporária de excepcional interesse público (CF, art. 37,</p><p>IX); não têm cargo, nem emprego público; exercem uma função pública</p><p>remunerada temporária e o seu vínculo funcional com a administração</p><p>pública é contratual, mas se trata de um contrato de direito público, e não</p><p>de natureza trabalhista.</p><p>5.4 Agentes delegados</p><p>São os particulares que recebem a incumbência de exercer determinada</p><p>atividade, obra ou serviço público e o fazem em nome próprio, por sua conta e</p><p>risco, sob a fiscalização do poder delegante.</p><p>Os agentes delegados colaboram com o poder público (descentralização</p><p>por colaboração), mas não são servidores públicos. São os concessionários e</p><p>permissionários de serviços públicos, como as companhias de energia elétrica,</p><p>operadoras de telefonia móvel, os leiloeiros, os tradutores públicos, entre outros.</p><p>5.5 Agentes credenciado</p><p>Na definição do Prof. Hely Lopes Meirelles (2016, p. 357): “são os que</p><p>recebem a incumbência da administração para representá-la em determinado</p><p>ato ou praticar certa atividade específica, mediante remuneração do poder</p><p>público credenciante”. A exemplo da pessoa que tem a tarefa de representar o</p><p>Brasil em determinado evento internacional.</p><p>13</p><p>NA PRÁTICA</p><p>Você conhece os instrumentos legais que sistematizam a Administração</p><p>Pública Federal? Vamos conhecer um pouco mais sobre eles.</p><p>• O Decreto-Lei n. 200, de 1967, trata dos princípios fundamentais como</p><p>planejamento, coordenação, descentralização, delegação de</p><p>competência e controle, e de conceitos fundamentais como Administração</p><p>Direta, Administração Indireta, Autarquias, Fundações Públicas,</p><p>Empresas Públicas e Sociedades de Economia Mista.</p><p>• A Lei n. 12.527, de 2011, dispõe sobre o acesso às informações do Setor</p><p>Público em todas suas esferas e estabelece o dever do Órgão ou Entidade</p><p>de disponibilizar, na rede mundial de computadores, informações de</p><p>interesse geral como estrutura organizacional e competências, endereços</p><p>e telefones das unidades organizacionais, horários de atendimento ao</p><p>público, dentre outros.</p><p>• O Decreto n. 9.739, de 2019, dentre outras medidas de natureza</p><p>organizacional e de inovação institucional no âmbito do Poder Executivo</p><p>Federal, estabelece medidas de eficiência organizacional para o</p><p>aprimoramento da administração pública federal direta, autárquica e</p><p>fundacional.</p><p>FINALIZANDO</p><p>Nesta etapa, nós acessamos um conhecimento vital para o entendimento,</p><p>não só deste estudo, mas, principalmente, do real funcionamento, da estrutura e</p><p>de quem são as pessoas que atuam em nome e para o Estado.</p><p>Isso modifica radicalmente a forma como podemos lidar com a nossa vida</p><p>em sociedade, uma vez que esse conhecimento nos capacita a participar mais</p><p>ativamente e com mais propriedade na esfera pública, pois todo esse aparato</p><p>administrativo foi feito para atingir o bem coletivo, ou seja, para satisfazer os</p><p>interesses de toda a sociedade. Que nós, enquanto cidadãos, tomemos ciência</p><p>disso e nos capacitemos a atuar pró-ativamente na defesa de suas pautas</p><p>sociais.</p><p>Continuemos a nos capacitar na próxima etapa. Releia todo o conteúdo e</p><p>se aprofunde nos temas trazidos a partir da bibliografia apresentada e além.</p><p>14</p><p>REFERÊNCIAS</p><p>ALEXANDRINO, M.; VICENTE, P. Direito Administrativo Descomplicado. 29.</p><p>ed. Rio de Janeiro: Forense; Método, 2021.</p><p>JUSTEN FILHO, M. Curso de direito administrativo. 12. ed., rev. atual. e ampl.</p><p>São Paulo: Revista dos Tribunais,</p><p>2016.</p><p>MEIRELLES, H. L. Direito administrativo brasileiro. 42. ed. São Paulo:</p><p>Malheiros, 2016.</p><p>MELLO, C. A. B. Curso De Direito Administrativo. 35. ed. Malheiros Editores:</p><p>Juspodivm, 2021.</p><p>RIBEIRO, L. P. A. Regulação da função pública notarial e de registro. São</p><p>Paulo: Saraiva, 2009.</p>