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<p>UNIVERSIDADE PAULISTA</p><p>INSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS – ICH</p><p>CURSO DE PSICOLOGIA</p><p>Brasília</p><p>2024</p><p>G853AG8 - MARIA EDUARDA VIEIRA NEVES</p><p>G9625E4 - STEPHANIE GONCALVES L DA ROSA</p><p>G972FC0 - MAURÍCIO PAULO NASCIMENTO</p><p>R0484C3 - VERONICA SILVA PIRES</p><p>A Filosofia na Idade Média: Fé versus ração</p><p>Trabalho realizado como requisito parcial à obtenção de aprovação na disciplina História do Pensamento Filosófico, sob orientação do professor Dionísio Adárcio Ramos.</p><p>Brasília</p><p>2024</p><p>Sumário</p><p>1. INTRODUÇÃO	3</p><p>2. DESENVOLVIMENTO	4</p><p>2.1 Procedimentos Metodológicos	4</p><p>2.2 Santo Agostinho e a Interioridade	5</p><p>2.3 Filosofia Teológica de Tomás de Aquino e sua importância para o processo educativo	7</p><p>3. CONCLUSÃO	12</p><p>4. REFERÊNCIAS	13</p><p>1. INTRODUÇÃO</p><p>Durante a Idade Média, a relação entre fé e razão ocupou um lugar central no pensamento filosófico e teológico. Inspirados pela riqueza da filosofia grega antiga e pelos ensinamentos do cristianismo, os pensadores medievais dedicaram-se a explorar e reconciliar esses dois aspectos fundamentais da experiência humana.</p><p>Os primeiros teólogos cristãos, como Santo Agostinho, enfatizavam a supremacia da fé sobre a razão, defendendo que a verdadeira sabedoria provinha da revelação divina. No entanto, à medida que a influência da filosofia grega se tornava mais proeminente na Europa medieval, filósofos escolásticos como Tomás de Aquino propunham uma síntese entre fé e razão. Aquino argumentava que a razão humana poderia, de fato, contribuir para a compreensão de muitos aspectos da fé, e que a teologia deveria ser vista como uma ciência racional.</p><p>Dessa forma, a Idade Média foi marcada por um intenso debate sobre como reconciliar essas duas formas de conhecimento. Enquanto alguns sustentavam que a razão poderia iluminar a fé, outros argumentavam que a fé era superior à razão. Esse diálogo e confronto de ideias moldaram profundamente o desenvolvimento da filosofia e teologia ocidentais, deixando um legado duradouro que continua a influenciar a forma como abordamos questões de fé e razão nos dias de hoje. Ao explorar essa interação entre fé e razão na Idade Média, podemos ganhar uma compreensão mais ampla das complexidades do pensamento humano e da busca pela verdade..</p><p>2. DESENVOLVIMENTO</p><p>2.1 Procedimentos Metodológicos</p><p>Filosofia Patrística</p><p>A Filosofia Patrística, que surgiu na transição da Antiguidade para a Idade Média, representa os primeiros estágios da elaboração da doutrina cristã. Segundo Chaui (2002), esse período iniciou-se com as Epístolas de São Paulo e o Evangelho de São João, estendendo-se até o século VIII. Embora haja divergências sobre sua classificação filosófica, é comumente considerada parte da Filosofia Medieval devido à sua estreita relação com a teologia cristã.</p><p>O termo "Patrística" refere-se aos primeiros padres da Igreja Católica, que contribuíram para a consolidação e difusão do pensamento cristão. Inicialmente, a Filosofia Patrística serviu como defesa do cristianismo em um contexto em que essa religião não estava amplamente aceita na Europa.</p><p>Santo Agostinho e a Interioridade</p><p>Santo Agostinho, um dos grandes pais da Igreja, viveu no século IV d.C. e desempenhou um papel fundamental na reconciliação entre a teoria cristã e a Filosofia grega. Segundo seus ensinamentos, a verdade pode ser encontrada ao olhar para dentro de si mesmo, onde o homem pode encontrar Deus.</p><p>Agostinho baseou-se no Livro de Gênesis para discutir a natureza humana, destacando que o homem é criado à imagem de Deus e possui liberdade para fazer escolhas que o aproximem ou afastem de Deus. Quanto ao problema do mal, ele argumentou que este surge da má utilização da liberdade humana.</p><p>A Filosofia Teológica de Tomás de Aquino e sua Importância Educacional</p><p>Tomás de Aquino, um dos principais pensadores medievais, desenvolveu uma filosofia intrinsecamente ligada à teologia de sua época. Sua obra possui implicações pedagógicas relevantes para os educadores contemporâneos, especialmente no que diz respeito à integração da fé e da razão, valorização do mundo material e importância da virtude da prudência.</p><p>No contexto educacional, as ideias de Tomás de Aquino destacam a importância da autodisciplina, desenvolvimento da razão e prudência para capacitar os indivíduos a compreenderem a verdade e agirem de forma ética e moral. Sua abordagem continua a influenciar o pensamento educacional, fornecendo uma base sólida para uma educação centrada na busca da verdade e no desenvolvimento integral do indivíduo.</p><p>2.2 Santo Agostinho e a Interioridade</p><p>Nascido em 354 d.C., durante o declínio do Império Romano, Agostinho de Hipona é reconhecido como um dos grandes pais da Igreja, sendo fundamental para a reintegração da teoria cristã com a Filosofia grega. O autor recorreu a Aristóteles para estabelecer uma base sólida sobre a natureza da interioridade humana.</p><p>Em relação ao contexto da produção de Agostinho, dois elementos merecem destaque: sua busca pela salvação e sua afinidade com a filosofia aristotélica. Um dos pilares fundamentais de sua teoria do conhecimento é a interação entre a fé e a compreensão. No entanto, tanto a fé quanto a compreensão racional dependem de uma premissa que Agostinho explorou meticulosamente: a existência da interioridade humana. Influenciado pelo pensamento platônico, Agostinho argumentou que a verdade reside na observação dos componentes da alma humana e na origem dessa alma. Assim, olhando para dentro de si mesmo, o homem pode encontrar Deus. Embora a influência grega seja perceptível em seu pensamento, também há aspectos que o distanciam dos modelos gregos. Alguns consideram Agostinho como o último dos antigos e o primeiro dos medievais.</p><p>O tema da interioridade humana pode ser dividido em três aspectos: a natureza humana, o livre arbítrio e a questão do mal. Em relação à natureza humana, Agostinho se baseia no livro de Gênesis, que descreve a criação do homem à imagem e semelhança de Deus. Isso significa que o homem, entre todas as criaturas, é único por possuir um espírito intelectual que o capacita a reconhecer a divindade e a participar dos planos de salvação. Essa semelhança com a divindade não está totalmente expressa em toda a alma humana, mas apenas na mente, que possibilita ao homem distinguir-se das outras criaturas e se aproximar de Deus. A representação da natureza trina do homem envolve a relação entre memória, inteligência e vontade, formando a estrutura que permite ao homem conhecer a Deus.</p><p>Dessa forma, a interioridade humana, como caminho para encontrar a Deus, assume uma posição superior ao corpo no contexto da natureza humana. Os enganos, portanto, não decorrem de uma inclinação má do corpo, mas de um desequilíbrio da alma, que governa o corpo. Segundo Agostinho, a alma tem a função de animar e vivificar o corpo, conectando a vida corpórea à fonte de toda a vida, que é Deus. A unidade formada por corpo e alma não está determinada a seguir uma vida piedosa, mas possui liberdade para agir. A premissa principal do livre arbítrio, para o autor, é a existência de Deus, que, entre seus atributos, inclui a justiça, servindo assim como base para a liberdade humana.</p><p>Por fim, é necessário observar que, embora o livre arbítrio e o corpo sejam bens provenientes da vontade divina, Agostinho adverte que são bens intermediários (no caso do livre arbítrio) e mínimos (no caso do corpo). Sendo um bem intermediário, o livre arbítrio pode se tornar um mal ou um bem, dependendo do uso que o indivíduo faz dele. Se a vida reta consiste em se adequar aos ditames que nos aproximam de Deus, a vida ímpia pressupõe a existência do mal.</p><p>A questão do mal em Santo Agostinho pode ser explicada de forma relativamente simples antes de ser desvelada em sua complexidade. Na forma simplificada, a explicação abrange sua origem e possibilidade na seguinte sequência lógica: a racionalidade humana é a base da liberdade, a liberdade é a base do bem e do mal, logo, a origem do mal está no mau uso da</p><p>liberdade pelo ser humano. Assim, Deus, embora tenha criado todas as coisas perfeitas, não pode ser considerado a origem do mal.</p><p>No entanto, essa explicação não esgota a complexidade da questão do mal em Agostinho. Ele, considerado o último dos antigos e o primeiro dos medievais, precisa resolver o problema do mal não apenas no contexto do pensamento cristão, mas também no contexto da tradição lógica grega. Para articular uma solução, Agostinho parte da premissa de que todas as substâncias foram criadas por Deus, sendo impossível que Deus, em sua perfeição, tenha criado o mal. A conclusão é que o mal não é uma substância, mas sim uma perversão da vontade derivada da suprema substância. O mal se relaciona com o homem através da liberdade, que não conduz ao mal, mas permite a justiça através das escolhas humanas. A justiça se realiza no julgamento divino, onde aqueles que fazem escolhas virtuosas se aproximam de Deus, enquanto aqueles que fazem escolhas más se afastam de Deus e de seu amor.</p><p>“Quereis cantar louvores a Deus? Sede vós mesmos o canto que ides cantar. Vós sereis o seu maior louvor, se viverdes santamente.” — Agostinho de Hipona</p><p>2.3 Filosofia Teológica de Tomás de Aquino e sua importância para o processo educativo</p><p>Tomás de Aquino (1224/5-1274) é o mais importante pensador medieval. Sua filosofia, indissociável da Teologia em sua época, tem importantes projeções pedagógicas para o educador da atualidade, para além do interesse meramente histórico. Destacam-se três aspectos de especial atualidade do pensamento tomasiano: a valorização do mundo material; a afirmação da primazia da virtude da prudentia; e a perspectiva da prudentia negativa em filosofia.</p><p>Do ponto de vista cultural e pedagógico, autores como Josef Pieper estabelecem como marco inicial da Idade Média o ano de 529, marcado por dois fatos emblemáticos: o imperador Justiniano (do Império Romano do Oriente) fechou a academia de Atenas: já não havia lugar para a cultura pagã. São Bento fundou o mosteiro de Monte Cassino, em que, não por acaso, os primeiros séculos medievais são, na História da Educação, chamados de “Idade Beneditina”, pois os mosteiros beneditinos foram o refúgio onde se alojou e se conservou o pouco conhecimento que restou do fim da Antiguidade graças, segundo esse autor, a educadores como Boécio e Cassiodoro.</p><p>Boécio foi um dos mais importantes nomes da História da Educação, sendo encarregado pelo Rei Teodorico de organizar a cultura do reino ostrogodo. Conhecedor profundo como era da Ciência e da Filosofia gregas, Boécio empreendeu um projeto pedagógico realista: uma cultura de resumos, pois sabia que o esplendor das culturas grega e romana havia desaparecido e que a nova realidade eram os ostrogodos, incapazes de ascender às alturas do mundo clássico. Ele empreendeu, na corte, uma Pedagogia de traduções e conteúdos mínimos em que a Geometria de Euclides, a Aritmética e a Astronomia foram reduzidas a livrinhos elementares e sumarizados.</p><p>O autor esclarece que é difícil subestimar a importância da virtude da prudência, a principal das virtudes cardeais (que são a prudência, a justiça, a fortaleza e a temperança) no pensamento de Tomás de Aquino; segundo ele, não é que a prudência seja a primeira “inter pares”, mas é a principal em uma ordem superior, é a mãe e a guia das virtudes. Ele afirma que, por mais destacada que seja a importância histórica do Tratado da Prudência de Tomás de Aquino, seu interesse transcende o âmbito da História das Ideias e se instala no diálogo direto com o homem do nosso tempo, como uma rica contribuição para alguns dos mais urgentes problemas existenciais da atualidade, visto que, de acordo com esse autor, a doutrina sobre a prudência tem o “condão” de expressar, de modo privilegiado, as diretrizes fundamentais de todo o filosofar de Tomás.</p><p>O Tratado da Prudência de Tomás de Aquino</p><p>Para bem avaliar o significado e o alcance do tratado da prudência, é necessário atentar para o fato de que a prudência é uma daquelas tantas palavras fundamentais que sofreram desastrosas transformações semânticas com o passar do tempo, pois que originalmente designava uma qualidade positiva, esvaziou-se (ou tem se esvaziado) do seu sentido inicial, passando até a designar uma qualidade negativa, significando, nos dias de hoje, a conhecida cautela (um tanto oportunista, ambígua e egoísta) ao tomar (ou não tomar) decisões.</p><p>Percebe-se que, nos dias atuais, que a palavra prudência tem se tornado a egoísta cautela da indecisão. Ou seja, “ficar em cima do muro”, coisa que, em Tomás de Aquino, expressa exatamente o oposto da indecisão, como a arte de decidir-se corretamente, com base não em interesses oportunistas, temores ou preconceitos, mas com base na realidade, em virtude do conhecimento do ser humano. Esse conhecimento do ser é significado pela “reta razão aplicada ao agir”, como repetia Tomás.</p><p>Pois, baseado nas palavras de Tomás de Aquino, prudência é ver a realidade e, com base nessa visão, tomar a decisão certa, já que, como dizia Tomás, não há nenhuma virtude moral sem a prudência, pois sem ela as demais virtudes ficam comprometidas; “a prudentia é necessariamente corajosa e justa”.</p><p>Sem esse referencial, as nossas decisões não se fundamentam, pois acabam sendo tomadas com base em preconceitos, por razões interesseiras, por impulso egoísta, por inveja ou por qualquer outro motivo, nunca com base em princípios éticos e morais, pois existe uma outra parte da prudência, mais decisiva (literalmente), que é transformar a realidade em decisão de ação, já que “de nada adianta saber o que é bom se não houver a decisão de realizar esse bem”, visto que a grande tentação da imprudência é delegar a outras instâncias o peso da decisão que, para ser uma boa decisão, depende da visão da realidade.</p><p>O Tratado da Prudência de Tomás de Aquino é o reconhecimento de que a direção da vida é competência da pessoa, e o caráter dramático da prudência se manifesta claramente quando Tomás de Aquino mostra que não há “receitas” prontas para o bem agir, pois a prudência versa sobre as ações do “agir aqui e agora”. A prudência é a virtude da inteligência, mas da inteligência do concreto. E o critério para esse discernimento de bem é a realidade concreta, pois, segundo Tomás, de nada adiantam os bons princípios abstratos sem a prudentia que os aplica, já que a prudência decide bem, mas com a espontaneidade da virtude.</p><p>No tópico sobre a prudência no pensamento “negativo” de Tomás de Aquino, ele procura mostrar como a doutrina da prudência tem caráter revelador de todo o posicionamento filosófico-teológico de Tomás, mostrando que esse posicionamento é de uma “teologia negativa” e de uma “filosofia negativa”; Tomás de Aquino foi mal compreendido até mesmo pelos tomistas, visto que o filosofar de Tomás é tal que é incompatível com um “tomismo”, com um sistema filosófico ou com um racionalismo.</p><p>Esse caráter “negativo” informa também o seu modo de fazer Teologia, sendo uma teologia essencialmente bíblica. Tomás de Aquino afirma o mistério para o homem como contraponto da liberdade de Deus, porque, como ele mesmo afirma, “não há nenhum argumento de razão naquelas coisas que são da fé”.</p><p>E no que se refere à prudentia, existem os dois elementos-chave de Tomás: mistério e liberdade. Cada pessoa é a protagonista de sua própria vida, só ela é responsável por suas decisões livres, por encontrar os meios de atingir o seu fim, ou seja, a sua realização pessoal. Nesse sentido, percebe-se que para Tomás de Aquino o que o conceito de pessoa acrescenta à essência humana é precisamente a individualidade concreta. Qualquer atentado contra a prudentia tem como pressuposto a despersonalização, a falta de confiança na pessoa, considerada, segundo esse autor, sempre “menor de idade” e incapaz de decidir; portanto, deve transferir a direção de sua vida para outras instâncias, como o Estado, a Igreja etc. Em qualquer desses casos, é sempre muito perigoso, como também é perigoso que a educação não se lembre que a prudência é uma virtude</p><p>tão importante para o processo educativo.</p><p>O mérito da filosofia de Tomás de Aquino está em aliar o pensamento lógico e racional da raiz aristotélica com a fé cristã. Ela é, por essência, segundo o professor Emerson Santiago (2013), a metafísica (uma das disciplinas da Filosofia) ocupada com os princípios da realidade para além das ciências tradicionais (Física, Química, Biologia, Psicologia etc.) a serviço da Teologia (estudo sobre a divindade). Apresenta forte influência do pensamento aristotélico (que se tornou amplamente conhecido no ocidente no século XIII por meio de traduções do árabe) e serviu de fundamento ao pensamento racionalista e ameaçou a concepção cristã da realidade, tradicionalmente apoiada na corrente filosófica platonista.</p><p>A contribuição de Tomás de Aquino para o processo educativo</p><p>De acordo com o professor Márcio Ferrari (2005), em seu artigo “Tomás de Aquino: o mestre da razão e da prudência”, publicado na revista Nova Escola, Tomás de Aquino realizou um trabalho monumental numa vida relativamente curta. Sua obra mais importante, apesar de não concluída, é a Suma Teológica, na qual revê a teologia cristã sob uma nova ótica, seguindo o princípio aristotélico de que cabe à razão ordenar e classificar o mundo para entendê-lo: “Está aí o princípio operacional do pensamento tomista”. A relação entre razão e fé está no centro dos interesses do filósofo. Para ele, embora esteja subordinada à fé, a razão funciona por si mesma, segundo as próprias leis. Ou seja, o conhecimento não depende da fé nem da presença de uma verdade divina no interior do indivíduo, não é um instrumento pra se aproximar de Deus. Tomás de Aquino é uma figura simbólica do seu tempo na medida em que representou como ninguém a tensão entre a tradição cristã medieval e a cultura que se formava no interior de uma nova sociedade.</p><p>Uma das características dessa fase histórica foi o nascimento das universidades, que se tornaram o centro das discussões teológico-filosóficas; o ensino nessas instituições se assentava na divisão de disciplinas entre o Trívio e o Quadrívio, sistema que remonta à Antiguidade Clássica.</p><p>A noção de transformação por meio do conhecimento é fundamental em sua filosofia. Para ele, cada ser humano tem uma essência particular, à espera de ser desenvolvida, e os instrumentos fundamentais para isso são a razão e a prudência; esse, para Tomás de Aquino, era o caminho da felicidade e da conduta eticamente correta.</p><p>São Tomás de Aquino legou à educação sobretudo a ideia de autodisciplina. Foi essa a marca do ensino cristão, que alcançou a sua máxima eficiência, em termos de doutrinação, com a pedagogia jesuítica, a partir do século XVI. No período em que o filósofo viveu, a religião seguia sendo a principal fonte de instrução, como em toda a Idade Média. Sobreviviam as escolas monásticas em mosteiros afastados das cidades; essas escolas inicialmente visavam a formação de monges, mas depois também a formação de leigos das classes proprietárias. Com o surgimento da economia mercantil nas cidades, apareceram também as escolas episcopais, destinadas à formação do clero secular e de leigos.</p><p>A importância de Tomás de Aquino para a educação está, sobretudo, no âmbito da sua Antropologia Filosófica. Há em Tomás de Aquino uma efetiva superação do dualismo platônico (corpo e alma), que era a doutrina dominante da época, que afirmava que a intelecção humana só seria possível se em cada caso ocorresse uma iluminação imediata de Deus. A revolucionária Antropologia Tomásica, embora não negue a iluminação divina, destaca que tal iluminação procede da própria natureza do ser criado. Portanto, é o homem que, dotado dessa luz natural da razão, conhece e ensina (Campos, s/d, p. 4).</p><p>Como educar o aluno para o conhecimento? Primeiro, nada de utopias! Todo ser humano, para crescer e se desenvolver, precisa enfrentar desafios, superar obstáculos. Antes de tudo isso, porém, tem que se conscientizar do seu potencial, ao mesmo tempo vendo a necessidade de desenvolver esse potencial, levando-o a ter gosto pela aprendizagem.</p><p>Por isso, o aluno deve estar a par de suas capacidades, de que precisa aprender aquilo que ainda não conhece, isto é, que ainda ignora certos conhecimentos sistematizados pela sociedade ao longo do tempo, que precisa aprender certas coisas que precisará conhecer para bem viver. E esse complexo movimento dialético de ação–reflexão–ação é o que chamamos de educação; ele não ocorre sem a interferência do educador.</p><p>Por isso, Tomás de Aquino é considerado um dos maiores filósofos escolásticos que abordou a educação no âmbito de sua Antropologia Filosófica. Devido a influência que recebeu de Aristóteles, tornou-se aos poucos bem aceito no âmbito acadêmico de sua época. Daí que o pensamento de Tomás de Aquino sobre Educação ainda exerce grande influência no meio filosófico; seu sistema de ensino ainda é muito difundido nas escolas católicas. A grande contribuição oferecida por Tomás de Aquino à Educação está no fato de colocar a verdade no cerne da questão. A busca da verdade não pode ser omitida no processo educacional, e o professor deve ser muito bem definido como profissional consciente do seu trabalho de educar.</p><p>Aprender e ensinar são atos intrínsecos à Educação. Para Tomás de Aquino, aprender não se restringe a aprender um conteúdo no sentido de a aprendizagem se limitar à memorização de informações. Campos (s/d) afirma que a mente humana é mais que uma folha em branco a ser marcada pelos que outros aí gravam; aprender significa refletir a respeito de conhecimentos apresentados pelo mestre e transpô-los. As informações necessárias ao aprendizado são elementos que devem fomentar ainda mais o desejo de conhecer por parte do aluno. Aprender é um ato reflexivo constante. A insistência em ajudar o aluno a pensar por si mesmo se deve à intenção de que o homem seja autônomo em seu exercício racional. Autônomo não no sentido individualista, mas no sentido de ser capaz, pelo bom uso da razão, de buscar a verdade.</p><p>Segundo Tomás de Aquino, a verdade existe primeiramente em Deus, criador do universo; em segundo lugar, nas coisas e ideias materializadas de Deus, símbolos de conceitos; em terceiro lugar, na mente humana, que é capaz de abstrair o significado do universo e, interpretando-o, conhecer o espírito de Deus. Dessa forma, interpretação e reflexão se voltam para a compreensão do mundo. A Educação, diante dessa realidade, se volve a prestar ajuda ao aprendiz.</p><p>3. CONCLUSÃO</p><p>Campos esclarece que, para compreender o papel do educador na Educação, deve-se recorrer imediatamente à famosa metáfora usada por Tomás de Aquino, que compara a educação à arte do médico ou à arte do agricultor. A metáfora é extremamente esclarecedora com relação ao atendimento no que diz respeito à Educação. Ela abarca os fundamentos de uma educação baseada em elementos teológicos e antropológicos. Além disso, esclarece a participação e o papel do professor e do aluno no processo de aprendizagem.</p><p>Deus é o único mestre. Mestre no sentido de ter direito de ir ao encontro na intimidade do outro e a instalar a verdade. Há outros elementos que integram o processo de educação do aluno, porém essa participação ocorreria em forma de cooperação.</p><p>O médico, diz Tomás de Aquino, exerce sua arte como servidor, colabora com a tendência natural do corpo. Assim é a planta que, pela sua própria natureza, busca crescer, desenvolver-se. O agricultor dedica seu tempo auxiliando o desenvolvimento da planta. O médico não produz a saúde. O agricultor não faz a planta crescer. É Deus que ensina primeiramente o homem quando lhe é dada potência para saber. Deus age de forma interior e primeira, enquanto o professor é um auxiliar exterior e posterior. Ao aluno impõe-se a responsabilidade maior da Educação. Ele é o agente principal da Educação, ele entra num processo de reconhecimento da realidade que o rodeia, passa a compreender o mundo e suas experiências. O auxílio do professor é importante na medida em que ele colabora com o desejo do aluno de encontrar</p><p>a verdade. Nesse sentido, percebe-se o quão atuais são o pensamento e a Filosofia Teológica de Tomás de Aquino para o processo de ensino e aprendizagem nos dias atuais, principalmente nas escolas de Filosofia religiosa, mas também no fazer diário de qualquer escola e na prática pedagógica de muitos professores..</p><p>4. REFERÊNCIAS</p><p>CAMPOS, Sávio Laet de Barros. A Educação segundo Tomás de Aquino. s/d.</p><p>FERRARI, Márcio. Tomás de Aquino: o mestre da razão e da prudência. Nova Escola, ed. 183, 1 de junho de 2005.</p><p>LAUAND, Jean. Tomás de Aquino: filosofia e pedagogia. In: OLIVEIRA, Paulo Eduardo de (Org.). Filosofia e Educação: aproximações e convergências. Curitiba: Circulo de Estudos Brasileiros, 2012.</p><p>SALATIEL, José Renato. Tomás de Aquino – razão a serviço da fé. Disponível em: https://educacao.uol.com.br/disciplinas/filosofia/santo-tomas-deáquino/. Acesso em: 10 jul. 2019.</p><p>SANTIAGO, Emerson. Tomismo – Filosofia de São Tomás de Aquino. Disponível em: https://www.infoescola.com/filosofia/tomismo/. Acesso em: 10 jul. 2019.</p><p>SANTOS, Patrícia Aparecida Cezário dos; LOPES, Maria Inácia; PRADO, Pe. João Batista Ferraz do. Uma análise dos fundamentos da educação de Santo Tomás de Aquino. s/d.</p><p>https://medium.com/@marcelodealmeidasilva/santo-agostinho-interioridade-humana-mal-e-livre-arbírio-76153f22a601</p><p>image1.wmf</p><p>oleObject1.bin</p>

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