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<p>INOVAÇÃO E</p><p>CRIATIVIDADE</p><p>Fábio M. Bérgamo</p><p>1ª Edição, 2021</p><p>EAD</p><p>Reitor: Martin Kuhn</p><p>Vice-reitor para a Educação Básica e Diretor do Campus Hortolândia: Henrique Karru Romaneli</p><p>Vice-reitor para a Educação Superior e Diretor do Campus São Paulo: Afonso Ligório Cardoso</p><p>Vice-reitor administrativo: Telson Bombassaro Vargas</p><p>Pró-reitor de pesquisa e desenvolvimento institucional: Allan Macedo de Novaes</p><p>Pró-reitor de graduação: Edilei Rodrigues de Lames</p><p>Pró-reitor de pós-graduação lato sensu e Pró-reitor da educação à distância: Bruno Fortes</p><p>Pró-reitor de desenvolvimento espiritual e comunitário: Wendel Tomas Lima</p><p>Pró-reitor de Desenvolvimento Estudantil e Diretor do Campus Engenheiro Coelho: Carlos Alberto Ferri</p><p>Pró-reitor de Gestão Integrada: Claudio Valdir Knoener</p><p>Presidente da Divisão Sul-Americana: Stanley Arco</p><p>Diretor do Departamento de Educação para a Divisão Sul-Americana: Antônio Marcos da Silva Alves</p><p>Presidente do Instituto Adventista de Ensino (IAE), mantenedora do Unasp: Maurício Lima</p><p>Conselho editorial e artístico: Dr. Adolfo Suárez; Dr. Afonso Cardoso; Dr. Allan Novaes;</p><p>Me. Diogo Cavalcanti; Dr. Douglas Menslin; Pr. Eber Liesse; Me. Edilson Valiante;</p><p>Dr. Fabiano Leichsenring, Dr. Fabio Alfieri; Pr. Gilberto Damasceno; Dra. Gildene Silva;</p><p>Pr. Henrique Gonçalves; Pr. José Prudêncio Júnior; Pr. Luis Strumiello; Dr. Martin Kuhn;</p><p>Dr. Reinaldo Siqueira; Dr. Rodrigo Follis; Me. Telson Vargas</p><p>Editor-chefe: Allan Macedo de Novaes</p><p>Supervisora Administrativa: Rhayane Storch</p><p>Responsável editorial pelo EaD: Jéssica Lisboa Pereira</p><p>Editora Universitária Adventista</p><p>1ª Edição, 2021</p><p>INOVAÇÃO E</p><p>CRIATIVIDADE</p><p>Editora Universitária Adventista</p><p>Engenheiro Coelho, SP</p><p>Fábio de Macedo Bérgamo</p><p>Doutor em Administração (Inovação, T</p><p>ecnologia e Competitividade) pela</p><p>Universidade Federal da Bahia</p><p>Bergamo, Fabio Vinicius de Macedo</p><p>Inovação e criatividade [livro eletrônico] / Fabio Vinicius de Macedo Bergamo. -- 1. ed. -- Engenheiro</p><p>Coelho, SP : Unaspress, 2021.</p><p>PDF</p><p>ISBN 978-65-89942-10-8</p><p>1. Administração 2. Competitividade 3. Criatividade 4. Inovação tecnológica 5. Tecnologia I. Título.</p><p>22-97902 CDD-658.514</p><p>Índices para catálogo sistemático:</p><p>1. Inovação e criatividade : Tecnologia : Administração 658.514</p><p>Dados Internacionais da Catalogação na Publicação (CIP)</p><p>(Ficha catalográfica elaborada por Maria Alice Ferreira - Bibliotecária - CRB-8/7964)</p><p>Inovação e criatividade</p><p>1ª edição – 2021</p><p>e-book (pdf)</p><p>Design instrucional: Luiza Simões</p><p>Revisão: Ana Lessa e João Paulo Alves</p><p>Projeto gráfico: Ana Paula Pirani</p><p>Diagramação: Kenny Zukowski</p><p>Caixa Postal 88 – Reitoria Unasp</p><p>Engenheiro Coelho, SP – CEP 13448-900</p><p>Tel.: (19) 3858-5171 / 3858-5172</p><p>www.unaspress.com.br</p><p>Editora Universitária Adventista</p><p>Validação editorial científica ad hoc:</p><p>Laiza Fernanda dos Santos Hofmann</p><p>Mestra em Administração pela Universidade Estadual de</p><p>Maringá (UEM)</p><p>Editora associada:</p><p>Todos os direitos reservados à Unaspress - Editora Universitária Adventista. Proibida</p><p>a reprodução por quaisquer meios, sem prévia autorização escrita da editora, salvo</p><p>em breves citações, com indicação da fonte.</p><p>SUMÁRIO</p><p>ORGANIZAÇÃO INOVADORA E CRIATIVA ................ 13</p><p>Introdução ........................................................................................14</p><p>A necessidade urgente da inovação em uma organização. ...........15</p><p>Mudanças históricas ...............................................................16</p><p>A era da informação e a cultura digital .................................19</p><p>Inovando nas organizações da era da informação .................23</p><p>Quando a criatividade e a inovação se encontram. ........................27</p><p>Criatividade dentro das organizações .....................................28</p><p>Organizações inovadoras na era da informação ....................30</p><p>Empresas tradicionais inovando .............................................34</p><p>A relação inovação / criatividade: diferenças,</p><p>semelhanças e complementaridades. .............................................36</p><p>Inovação e criatividade em ação ............................................37</p><p>Transformando ideias criativas em inovação .........................39</p><p>O papel das pessoas ................................................................42</p><p>Materializando a criatividade em inovação............................43</p><p>Casos de empresas inovadoras e criativas. ......................................47</p><p>A necessidade de inovar muda o negócio ..............................48</p><p>Inovações organizacionais que mudaram o mundo ..............51</p><p>A nova forma das relações consumidor versus empresa .......54</p><p>Considerações finais.........................................................................62</p><p>Referências .......................................................................................63</p><p>COMPREENDENDO A INOVAÇÃO ............................ 69</p><p>Introdução ........................................................................................70</p><p>Inovação e seus conceitos ................................................................71</p><p>Inovação e o cotidiano ............................................................72</p><p>Conceituando inovação ...........................................................77</p><p>De onde vêm as inovações .....................................................82</p><p>Fechamento ............................................................................88</p><p>Tipologia das inovações ...................................................................89</p><p>Inovação versus invenção .......................................................89</p><p>Tipologia quanto à natureza e impacto da inovação .............94</p><p>Tipologia quanto à área de inovação .....................................100</p><p>Inovação e o funcionamento da organização ................................111</p><p>Estratégia: as grandes decisões ......................................................112</p><p>Marketing: a área criativa ......................................................117</p><p>Operações: inovação para eficiência ......................................125</p><p>Recursos humanos: inovando na gestão de pessoas ............126</p><p>Finanças: dá para inovar? ......................................................129</p><p>Considerações finais........................................................................130</p><p>Referências ......................................................................................132</p><p>CRIATIVIDADE NAS ORGANIZAÇÕES ..................... 135</p><p>Introdução .......................................................................................136</p><p>Introdução .......................................................................................138</p><p>O comportamento criativo .............................................................139</p><p>Criatividade e as organizações ...............................................140</p><p>O processo criativo ..........................................................................147</p><p>De onde vem a criatividade ...................................................148</p><p>VO</p><p>CÊ</p><p>ES</p><p>TÁ</p><p>A</p><p>QU</p><p>I</p><p>Iniciando o processo criativo ..................................................151</p><p>Parte final do processo criativo .............................................159</p><p>Turbinando o processo criativo: design thinking ............................168</p><p>Entendendo o design thinking ...............................................169</p><p>Técnicas de estímulo à criatividade ................................................189</p><p>Métodos intuitivos .................................................................189</p><p>Métodos sistemáticos ............................................................194</p><p>Métodos heurísticos ...............................................................197</p><p>Considerações finais........................................................................201</p><p>Referências ......................................................................................203</p><p>INOVAÇÃO E CRIATIVIDADE NO</p><p>CONTEXTO CONTEMPORÂNEO ..............................</p><p>Conhecimento adquirido por</p><p>algo ou alguém por meio de</p><p>todas as experiências prévias vi-</p><p>vidas. Essas experiências podem</p><p>ser pessoais ou profissionais.</p><p>192</p><p>INOVAÇÃO E CRIATIVIDADE</p><p>criatividade dos membros. Num segundo momento,</p><p>o mesmo grupo pode avaliar as ideias apresentadas</p><p>ante suas possibilidades técnicas e econômicas,</p><p>mas as avaliações não devem ter a ver com gostar</p><p>/ não gostar das ideias. A intenção é classificar</p><p>essas propostas justamente pela sua viabilidade</p><p>• Brainwriting: é a reunião de métodos similares</p><p>ao brainstorming, só que utilizando uma ideação</p><p>por escrito. Os participantes (em grupo) escrevem</p><p>suas ideias e, depois de uma cuidadosa análise,</p><p>passam três sugestões para o participante vizinho.</p><p>Este também faz o mesmo processo, que continua</p><p>até o papel ter mudado de mão pelo menos</p><p>cinco vezes (num grupo de seis participantes,</p><p>por exemplo). Depois o momento é de análise</p><p>em conjunto das ideias, que acabam sendo</p><p>complementadas por todos. Muitos analistas</p><p>indicam que o brainwriting acaba sendo mais</p><p>eficiente que o brainstorming, pois muitos ainda</p><p>têm um certo receio de verbalizar as ideias. Dessa</p><p>forma, esses analistas ficam mais à vontade em</p><p>escrever pois se mantêm relativamente anônimos.</p><p>193</p><p>CRIATIvIDADE NAS ORGANIzAçõES</p><p>• Checklist: é um método intuitivo que pode ser usado</p><p>individualmente ou em grupo, inclusive como apoio</p><p>a outros métodos como o próprio brainstorming.</p><p>Por meio de questões e itens, soluções criativas</p><p>podem ser geradas. Esse checklist traz verbos que</p><p>podem ajudar a formular perguntas que vão trazer</p><p>novas respostas para o problema. Os verbos são:</p><p>adaptar, modificar, aumentar, diminuir, substituir,</p><p>reordenar, inverter, combinar e usar de forma</p><p>diferente. Use esses verbos para tentar pensar de</p><p>forma diferente no problema e trazer ideias criativas.</p><p>• Synetics: também chamado de sinergia, é um</p><p>método realizado em grupo, se possível de</p><p>quatro a seis pessoas. Leva esse nome por causa</p><p>do processo que combina diversos elementos da</p><p>criatividade, entre eles: incubação, pensamentos</p><p>divergentes, tentativa e erro, analogias. O processo</p><p>do synetics passa pelos seguintes passos:</p><p>1. Exposição do problema.</p><p>2. Aprofundamento na compreensão dos problemas.</p><p>3. Proposta de soluções espontâneas.</p><p>194</p><p>INOVAÇÃO E CRIATIVIDADE</p><p>4. Elaboração de definições para o problema</p><p>e seleção de uma definição.</p><p>5. Sugestões de analogias simbólicas, diretas e pessoais.</p><p>MÉTODOS SISTEMÁTICOS</p><p>São os métodos mais estruturados e que têm melhor</p><p>desempenho quando são exigidas soluções para problemas</p><p>muito complexos. Carvalho (2017) indica que a ideia deste tipo</p><p>de método de estímulo criativo é a divisão de um problema</p><p>muito grande e intenso em problemas menores que sejam mais</p><p>simples de serem pensados e resolvidos. Ou seja, uma divisão</p><p>do trabalho criativo. Os métodos são:</p><p>• Busca direta: é o monitoramento exaustivo de</p><p>soluções já existentes em todo o mundo. Um grupo</p><p>de participantes do processo de busca por soluções</p><p>ficará responsável por pesquisar informações de</p><p>inovações, de novas tecnologias, novos processos</p><p>e de soluções similares. Com a internet, caem as</p><p>fronteiras geográficas nessa busca, podendo ter</p><p>acesso a empresas e suas soluções para problemas</p><p>nos mais variados locais, realidades e possibilidades.</p><p>195</p><p>CRIATIvIDADE NAS ORGANIzAçõES</p><p>Essa busca também pode ser feita em dados</p><p>internos da própria empresa, como numa lista de</p><p>reclamações de suporte e atendimento. Em ambos</p><p>os casos, a equipe faz a busca por essas informações</p><p>e deve avaliar individualmente as ações que</p><p>forem selecionadas previamente. Num tipo de</p><p>engenharia reversa, deve-se avaliar cada solução</p><p>ou cada informação, suas origens, motivações</p><p>e construções. Isso pode gerar insights e ideias</p><p>criativas adaptadas para a realidade da empresa.</p><p>• Análise do valor: foi criada na época da Segunda</p><p>Guerra e posteriormente na Guerra Fria para</p><p>criar soluções com um único foco: a falta de</p><p>recursos. Ou seja, o objetivo desta técnica é</p><p>estimular a criatividade para driblar os custos</p><p>altos, pensando no mínimo a ser gasto. A busca</p><p>pela maximização do valor existente pode ser</p><p>de cinco tipos, segundo Carvalho (2017):</p><p>1. Manter as funções e reduzir os custos associados.</p><p>2. Aumentar a quantidade/qualidade das</p><p>funções e manter o custo do projeto.</p><p>196</p><p>INOVAÇÃO E CRIATIVIDADE</p><p>3. Aumentar a quantidade/qualidade das</p><p>funções e o custo, mas numa proporção</p><p>aceitável para o público-alvo.</p><p>4. Aumentar a quantidade/qualidade das</p><p>funções e reduzir o custo do projeto.</p><p>5. Reduzir a quantidade/qualidade das</p><p>funções e o custo do projeto numa</p><p>proporção aceitável para o público-alvo.</p><p>• Método morfológico: consiste no desdobramento</p><p>do problema complexo em partes mais simples.</p><p>Divide-se o problema, previamente definido, em</p><p>parâmetros nos quais se buscam formas alternativas</p><p>para resolver cada um deles. As equipes criativas</p><p>podem conseguir melhores resultados, pois</p><p>haverá uma concentração em partes menores.</p><p>Após a definição de soluções para os parâmetros</p><p>menores, o grupo vai avaliar se essas soluções</p><p>menores coincidem com o problema maior. Se não</p><p>houver uma boa relação entre as soluções, novas</p><p>combinações serão testadas. Com isso, há uma</p><p>eficácia maior na proposta de solução do problema.</p><p>197</p><p>CRIATIvIDADE NAS ORGANIzAçõES</p><p>• Análise e síntese funcional: é o processo de</p><p>criação de novas estruturas funcionais a partir</p><p>dos parâmetros já existentes, que serão totalmente</p><p>substituídos por novos parâmetros. Normalmente</p><p>é usado na busca por uma solução de novos</p><p>processos ou novo produto. Desmembra-se</p><p>completamente o processo ou o produto, e o</p><p>grupo criativo pensa em soluções para cada etapa</p><p>do processo ou para cada item do produto.</p><p>MÉTODOS HEURÍSTICOS</p><p>Esse é o tipo de método de estímulo à criatividade e</p><p>inovação que se baseia no uso de heurísticas. As heurísticas</p><p>são, segundo Carvalho (2017), regras criadas a partir da</p><p>experiência prévia na resolução de problemas que refletem o</p><p>conhecimento acumulado na área e que tendem a direcionar a</p><p>solução. São métodos muito utilizados na área de marketing,</p><p>principalmente na gestão e criação de produtos e na</p><p>comunicação de marketing.</p><p>O método que se destaca neste item é a régua heurística.</p><p>Esse é um instrumento de memória artificial criado por Dualibi</p><p>e Simonsen Júnior (2000), tido como uma espécie de registro</p><p>198</p><p>INOVAÇÃO E CRIATIVIDADE</p><p>digital para o estímulo da criatividade. Sua construção é muito</p><p>simples. Colocam-se em colunas três fatores, e a combinação</p><p>desses fatores com os aspectos que se queira resolver (como o</p><p>marketing de um produto) gera insights, ideias e até soluções. A</p><p>Figura 14 mostra os fatores da régua heurística:</p><p>Figura 14 – Fatores da régua heurística</p><p>Perguntas</p><p>básicas</p><p>Perguntas</p><p>técnicas</p><p>Fatores</p><p>qualificantes</p><p>Modelo de marketing</p><p>FATORES</p><p>INTERNOS</p><p>FATORES</p><p>EXTERNOS</p><p>1. Por quê?</p><p>2. Onde?</p><p>3. Quando?</p><p>4. O quê?</p><p>5. Como?</p><p>1.Usar de</p><p>maneira nova?</p><p>2.Adaptar?</p><p>3.Ampliar,</p><p>adicionar,</p><p>multiplicar?</p><p>4.Reduzir,</p><p>diminuir, dividir,</p><p>eliminar?</p><p>5.Substituir?</p><p>6.Rearranjar?</p><p>7.Inverter?</p><p>8.Combinar?</p><p>9.Deixar como</p><p>está?</p><p>1.Dimensões</p><p>a.comprimento;</p><p>b.largura;</p><p>c.altura;</p><p>d.profundidade;</p><p>e.extensão;</p><p>f.peso;</p><p>g.volume;</p><p>h.densidade.</p><p>2.Potência</p><p>3.Tempo</p><p>a.frequência;</p><p>b.duração;</p><p>c.idade.</p><p>1. Produto</p><p>2. Embalagem</p><p>3. Marca</p><p>4. Preços</p><p>a) preço;</p><p>b) crédito;</p><p>c) descontos;</p><p>d) condição de</p><p>venda;</p><p>5. Distribuição</p><p>a) canais;</p><p>b) sistema</p><p>de entrega e</p><p>armazenagem.</p><p>1. Demanda</p><p>a) aspectos</p><p>quantitativos;</p><p>b) aspectos</p><p>qualitativos.</p><p>2. Concorrência</p><p>a) caracterização;</p><p>b) desempenho.</p><p>3. Distribuição</p><p>a) estrutura;</p><p>b) normas e</p><p>práticas.</p><p>199</p><p>CRIATIvIDADE NAS ORGANIzAçõES</p><p>4.Custo</p><p>a) investimento;</p><p>b) renda.</p><p>5.Movimento</p><p>a) espaço;</p><p>b) cobertura;</p><p>c) localização;</p><p>d) número;</p><p>e) concentração.</p><p>6.Ordem</p><p>a) planejamento;</p><p>b) controle;</p><p>c) estrutura.</p><p>7.Sistema</p><p>8.Capacidade</p><p>9.Recursos</p><p>10.Esforço</p><p>11.Tensão</p><p>12.Intensidade</p><p>13.velocidade</p><p>14. Aceleração</p><p>15.Energia</p><p>16.Trabalho</p><p>17.Pressão</p><p>18.Área</p><p>19.Sincronismo</p><p>20.Posição</p><p>21.Eficiência</p><p>6. Serviços</p><p>a) serviços</p><p>extras;</p><p>b) assistência</p><p>técnica;</p><p>c) garantias.</p><p>7. venda pessoal</p><p>8. Comunicação</p><p>a) propaganda;</p><p>b) promoção de</p><p>vendas;</p><p>c)merchandising;</p><p>d) relações</p><p>públicas.</p><p>4. Tecnologia</p><p>a) existente;</p><p>b) disponível.</p><p>5. Legislação</p><p>a) restrições;</p><p>b) incentivos.</p><p>6. Outros fatores</p><p>Fonte: Dualibi e Simonsen Júnior (2000, p. 115)</p><p>200</p><p>INOVAÇÃO E CRIATIVIDADE</p><p>SAIBA MAIS</p><p>O procedimento de uso da régua ajuda a localizar a área</p><p>onde o problema se apresenta. Segundo os criadores do</p><p>modelo, a régua propõe 2.322 perguntas para cada ele-</p><p>mento do modelo, em que se intercalam os 43 fatores</p><p>qualificantes. A régua heurística pode ser encontrada no</p><p>livro dos autores e no site oficial.</p><p>Disponível em: http://www.criatividade-marketing.com.br. Acesso em: 14 dez. 2023.</p><p>Diversos são os métodos e ferramentas que podem</p><p>estimular indivíduos e grupos de colaboradores a serem</p><p>mais criativos e inventivos dentro das suas organizações. A</p><p>busca por soluções que efetivamente resolvam problemas das</p><p>empresas e dos seus públicos de interesse será mais eficiente e</p><p>eficaz se metodologias já consagradas de apoio à criatividade</p><p>forem utilizadas.</p><p>É importante ressaltar que essas metodologias não são</p><p>excludentes entre si. É possível utilizar mais de um tipo de</p><p>ferramenta, dentro, por exemplo, de um momento de ideação</p><p>em um processo maior, como o design thinking. Cabe ao gestor</p><p>e ao grupo que está perseguindo uma solução criativa se</p><p>debruçarem sobre o problema e escolherem aquele método</p><p>http://www.criatividade-marketing.com.br</p><p>http://www.criatividade-marketing.com.br</p><p>201</p><p>CRIATIvIDADE NAS ORGANIzAçõES</p><p>mais próximo, de acordo com a complexidade, o tempo e a</p><p>disponibilidade pessoal.</p><p>Criatividade pode ser comparada a um músculo. Isso</p><p>quer dizer que você pode nascer com uma habilidade nata,</p><p>mas se houver um treinamento e métodos específicos para</p><p>sua utilização, sem sombra de dúvida ela vai se desenvolver</p><p>ainda mais.</p><p>CONSIDERAÇÕES FINAIS</p><p>Chegamos ao final dos nossos estudos sobre a</p><p>criatividade e sua relação com as organizações e o ambiente</p><p>profissional dos colaboradores dessas organizações. A</p><p>aplicação da criatividade e de seus princípios no mundo</p><p>dos negócios e da economia não é mais algo do futuro,</p><p>mas, sim, uma realidade que já se tornou um ponto de não</p><p>retorno. Hoje a criatividade se tornou um item importante</p><p>de contratação e manutenção de funcionários no rol de</p><p>colaboradores das empresas. É uma soft skill requerida e</p><p>bastante valorizada. Um profissional que não exerce sua</p><p>criatividade, sem dúvidas, tem mais dificuldade de se colocar</p><p>no mercado e de conseguir vagas com retornos melhores.</p><p>202</p><p>INOVAÇÃO E CRIATIVIDADE</p><p>As empresas já identificaram que investir em criatividade</p><p>também é um fator importante para a produtividade,</p><p>inventividade e para melhoramento dos índices de inovação</p><p>e, posteriormente, da competitividade do seu negócio. Esses</p><p>investimentos estão no ambiente organizacional, que facilitarão</p><p>as iniciativas criativas, e na própria organização do negócio em</p><p>si, que vai valorizar e motivar a criatividade.</p><p>Mas é no processo criativo que o investimento das</p><p>empresas tem se alargado. Conhecer os passos da criatividade</p><p>humana e turbiná-los com técnicas e ferramentas, como o</p><p>design thinking, viraram uma praxe das organizações. Os</p><p>gestores sabem que fazendo o uso dessas metodologias</p><p>inovadoras vão conseguir extrair o máximo dos seus</p><p>colaboradores mais criativos, além de colocar no jogo aqueles</p><p>que outrora não pareciam ter tanta criatividade assim. Dessa</p><p>forma todos ficarão motivados.</p><p>Conhecer como se processa a criatividade é um papel</p><p>importante para gestores e colaboradores. E isso não é</p><p>exclusividade apenas de quem trabalha com a chamada</p><p>economia criativa, mas, sim, de todos aqueles que exercem</p><p>alguma atividade profissional, em qualquer tipo de</p><p>organização, pública ou privada.</p><p>203</p><p>CRIATIvIDADE NAS ORGANIzAçõES</p><p>REFERÊNCIAS</p><p>ALENCAR, E. Promovendo um ambiente favorável à</p><p>criatividade nas organizações. Revista de Administração de</p><p>Empresas, v. 38, n. 2, p. 18-25, 1998.</p><p>AMABILE, T. M. Discovering the unknowable, managing the</p><p>unmanageable. In: FORD, C. M.; GIOIA, D. A. (Orgs.). Creative</p><p>action in organizations. Londres: Sage Publications, 1995.</p><p>AMBROSE, G.; HARRIS, P. Design thinking. Porto Alegre:</p><p>Bookman, 2015.</p><p>BESEMER, S. P.; O’QUIN, K. Confirming the three-factor</p><p>creative product analysis matrix model in an American sample.</p><p>Creativity Research Journal, v. 12, n. 4, p. 287-296, 1999.</p><p>CARVALHO, M. A. Inovação em produto. 2. ed. São Paulo:</p><p>Blucher, 2017.</p><p>DUALIBI, R.; SIMONSEN JÚNIOR, H. Criatividade &</p><p>Marketing. São Paulo: Makron Books, 2000.</p><p>204</p><p>INOVAÇÃO E CRIATIVIDADE</p><p>DRUMMOND, R. Fazendo a inovação acontecer. São Paulo:</p><p>Planeta, 2018.</p><p>FILATRO, A.; CAVALCANTI, C. Metodologias inovativas</p><p>na educação presencial, a distância e corporativa. São Paulo:</p><p>Saraiva Educação, 2018.</p><p>KUAZAQUI, E. (Org.). Liderança e criatividade em negócios.</p><p>São Paulo: Cengage Learning, 2006.</p><p>LIEDTKA, J.; OGILVIE, T. Designing for growth: a design</p><p>thinking toolkit for managers. Nova Iorque: Columbia</p><p>University Press, 2011.</p><p>MAPA DA EMPATIA. Luz: Modelos de documentos. [s.i.].</p><p>[s.d.]. Disponível em: https://luz.vc/produtos/mapa-de-</p><p>empatia-pdf-para-download. Acesso em: 14 dez. 2023.</p><p>MATOS, F. 10 mil startups: guia prático para começar e crescer</p><p>um novo negócio baseado em tecnologia no Brasil. São Paulo:</p><p>Mariposa, 2017.</p><p>MIRSHAWKA, V.; MIRSHAWKA JÚNIOR, V. Qualidade da</p><p>Criatividade. São Paulo: DVS, 2003.</p><p>https://luz.vc/produtos/mapa-de-empatia-pdf-para-download</p><p>https://luz.vc/produtos/mapa-de-empatia-pdf-para-download</p><p>205</p><p>CRIATIvIDADE NAS ORGANIzAçõES</p><p>PEDREBON, J. Criatividade: abrindo o lado inovador</p><p>da mente: um caminho para o exercício prático dessa</p><p>potencialidade, esquecida ou reprimida quando deixamos de</p><p>ser crianças. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2005.</p><p>SHANKER, S. The nature of insight. Minds and Machines, v. 5,</p><p>n. 4, p. 561-581, 1995.</p><p>_GoBack</p><p>organização</p><p>inovadora e criativa</p><p>Introdução</p><p>A necessidade urgente da</p><p>inovação em uma organização.</p><p>Mudanças históricas</p><p>A era da informação e a cultura digital</p><p>Inovando nas organizações</p><p>da era da informação</p><p>Quando a criatividade e a</p><p>inovação se encontram.</p><p>Criatividade dentro das organizações</p><p>Organizações inovadoras</p><p>na era da informação</p><p>Empresas tradicionais inovando</p><p>A relação inovação / criatividade: diferenças, semelhanças e</p><p>complementaridades.</p><p>Inovação e criatividade em ação</p><p>Transformando ideias</p><p>criativas em inovação</p><p>O papel das pessoas</p><p>Materializando a criatividade em inovação</p><p>Casos de empresas</p><p>inovadoras e criativas.</p><p>A necessidade de inovar muda o negócio</p><p>Inovações organizacionais</p><p>que mudaram o mundo</p><p>A nova forma das relações</p><p>consumidor versus empresa</p><p>Considerações finais</p><p>Referências</p><p>Compreendendo</p><p>a inovação</p><p>Introdução</p><p>Inovação e seus conceitos</p><p>Inovação e o cotidiano</p><p>Conceituando inovação</p><p>De onde vêm as inovações</p><p>Fechamento</p><p>Tipologia das inovações</p><p>Inovação versus invenção</p><p>Tipologia quanto à natureza</p><p>e impacto da inovação</p><p>Tipologia quanto à área de inovação</p><p>Inovação e o funcionamento</p><p>da organização</p><p>Estratégia: as grandes decisões</p><p>Marketing: a área criativa</p><p>Operações: inovação para eficiência</p><p>Recursos humanos:</p><p>inovando na gestão de pessoas</p><p>Finanças: dá para inovar?</p><p>Considerações finais</p><p>Referências</p><p>Criatividade nas organizações</p><p>Introdução</p><p>Introdução</p><p>O comportamento criativo</p><p>Criatividade e as organizações</p><p>O processo criativo</p><p>De onde vem a criatividade</p><p>Iniciando o processo criativo</p><p>Parte final do processo criativo</p><p>Turbinando o processo</p><p>criativo: design thinking</p><p>Entendendo o design thinking</p><p>Técnicas de estímulo à criatividade</p><p>Métodos intuitivos</p><p>Métodos sistemáticos</p><p>Métodos heurísticos</p><p>Considerações finais</p><p>Referências</p><p>Inovação e criatividade no contexto contemporâneo</p><p>Introdução</p><p>Inovação e o ambiente</p><p>moderno de negócios</p><p>Os ecossistemas de inovação</p><p>A tripla hélice</p><p>O ecossistema das startups</p><p>Novas visões para a</p><p>inovação e criatividade</p><p>Organizações exponenciais</p><p>Indústria 4.0</p><p>Smart cities</p><p>Open innovation</p><p>Inovação frugal</p><p>Inovação social</p><p>Ferramentas contemporâneas</p><p>para a inovação e criatividade</p><p>Metodologias ágeis</p><p>Hackathons e ideathons</p><p>Meetups</p><p>Crowdsourcing e cocriação</p><p>Gestão da inovação</p><p>Aspectos gerais da gestão da inovação</p><p>Aspectos legais da gestão da inovação</p><p>Considerações finais</p><p>Referências</p><p>Botão 6:</p><p>Botão 7:</p><p>207</p><p>Introdução .......................................................................................208</p><p>Inovação e o ambiente moderno de negócios ...............................209</p><p>Os ecossistemas de inovação .................................................211</p><p>A tripla hélice .........................................................................220</p><p>O ecossistema das startups....................................................223</p><p>Novas visões para a inovação e criatividade ..................................229</p><p>VO</p><p>CÊ</p><p>ES</p><p>TÁ</p><p>A</p><p>QU</p><p>I</p><p>Organizações exponenciais ....................................................230</p><p>Indústria 4.0 ...........................................................................237</p><p>Smart cities ............................................................................242</p><p>Open innovation ....................................................................244</p><p>Inovação frugal.......................................................................246</p><p>Inovação social .......................................................................248</p><p>Ferramentas contemporâneas para a inovação e criatividade ......250</p><p>Metodologias ágeis ................................................................250</p><p>Hackathons e ideathons ........................................................254</p><p>Meetups .................................................................................258</p><p>Crowdsourcing e cocriação .....................................................260</p><p>Gestão da inovação .........................................................................262</p><p>Aspectos gerais da gestão da inovação .................................263</p><p>Aspectos legais da gestão da inovação ................................268</p><p>Considerações finais........................................................................274</p><p>Referências ......................................................................................276</p><p>EMENTA</p><p>Apresentação dos conceitos de inovação</p><p>e criatividade. Desenvolvimento do</p><p>pensamento criativo. Conhecimento</p><p>sobre a gestão da inovação. Discussão</p><p>sobre a inter-relação entre criatividade,</p><p>invenções, inovação e sustentabilidade.</p><p>CRIATIVIDADE NAS</p><p>ORGANIZAÇÕES</p><p>UNIDADE 3</p><p>136</p><p>INOVAÇÃO E CRIATIVIDADE</p><p>INTRODUÇÃO</p><p>Olá, seja bem-vindo ao mundo da inovação e da</p><p>criatividade!</p><p>Neste estudo vamos falar especialmente da importância</p><p>desses dois temas para os profissionais e para as empresas e</p><p>organizações contemporâneas: inovação e criatividade. Além</p><p>disso, vamos mostrar como esses dois temas são correlatos e</p><p>complementares.</p><p>Inovação é um objetivo importante de todo ser humano.</p><p>A busca pelo melhoramento das condições e da qualidade de</p><p>vida, do progresso individual, da criação de riqueza e bem-estar</p><p>só existe quando há um processo inovativo. Esse processo pode</p><p>acontecer na esfera individual, organizacional, político, social</p><p>e nas mais variadas áreas da vida humana. Sem o pensamento</p><p>inovativo, a humanidade não teria chegado até aqui.</p><p>Por outro lado, a inovação só acontece a partir da</p><p>capacidade criativa do ser humano. As ideias que temos, as</p><p>saídas que encontramos para determinadas situações, as formas</p><p>com que solucionamos problemas são exemplos de como</p><p>usamos a nossa criatividade no dia a dia. Criatividade essa que</p><p>137</p><p>CRIATIvIDADE NAS ORGANIzAçõES</p><p>se tornou uma ferramenta importante no mundo empresarial,</p><p>em todos os níveis organizacionais. E, cada vez mais, ela é</p><p>essencial para que os negócios se transformem em valiosos,</p><p>lucrativos e sustentáveis.</p><p>Cabe ao administrador entender como se dá a relação</p><p>da organização com os temas da inovação e da criatividade,</p><p>sua importância e suas características. Este livro tem essa</p><p>abordagem.</p><p>Nesta unidade esperamos que você:</p><p>• Reconheça a necessidade urgente da</p><p>inovação em uma organização.</p><p>• Perceba quando a criatividade e</p><p>a inovação se encontram.</p><p>• Verifique a relação inovação-criatividade:</p><p>diferenças, semelhanças e complementaridades.</p><p>• Analise casos de empresas inovadoras e criativas.</p><p>Bom estudo!</p><p>138</p><p>INOVAÇÃO E CRIATIVIDADE</p><p>INTRODUÇÃO</p><p>Criatividade é o ingrediente essencial para o</p><p>desenvolvimento da vida humana desde o início dos tempos.</p><p>Foi a criatividade que motivou as invenções e as inovações que</p><p>fizeram e fazem parte da nossa vida, muitas vezes sem nem</p><p>notarmos o tamanho da sua importância.</p><p>Foi a criatividade humana que bolou a ideia de dois</p><p>pedaços de madeira aliados a um pedaço de arame que</p><p>se transformaram no simples, mas extremamente usual,</p><p>prendedor de roupas. Da mesma forma que mentes criativas</p><p>projetaram cada peça da estação espacial internacional e</p><p>fizeram sair do papel um dos maiores projetos já realizados</p><p>pela mente humana.</p><p>Logicamente, as organizações se tornaram um terreno fértil</p><p>para as mentes criativas. Empresas precisam ser competitivas, e para</p><p>isso precisam criar soluções para poderem se destacar, entregar mais</p><p>valor para poderem se destacar e entregar mais valor. Só assim elas</p><p>sobreviverão, serão rentáveis e trarão lucratividade.</p><p>Neste livro, o tema da criatividade será tratado</p><p>demonstrando sua importância para as organizações, para seus</p><p>colaboradores e para seus públicos de interesse.</p><p>139</p><p>CRIATIvIDADE NAS ORGANIzAçõES</p><p>O COMPORTAMENTO CRIATIVO</p><p>Vamos agora conhecer e entender como funciona a</p><p>criatividade dentro da mente humana. Seria a criatividade nata</p><p>ao ser humano? Ou alguém que não é criativo pode se tornar</p><p>uma pessoa inventiva ao se esforçar, treinar e se dedicar?</p><p>A resposta a essas perguntas vem intrigando especialistas</p><p>há décadas. Mas, independentemente da resposta, uma coisa</p><p>é certa: a criatividade é movida pela necessidade contínua do</p><p>homem em mudar para melhor, de achar soluções para os</p><p>problemas e de fazer com que seus desejos mais diversos se</p><p>transformem em realidade.</p><p>Nas empresas, a criatividade tem se tornado essencial.</p><p>A todo momento, a vida empresarial apresenta desafios que</p><p>demandam soluções, muitas vezes, fora do tradicional. É aí</p><p>que entra a criatividade. Uma empresa que não estabelece</p><p>a criatividade como importante tem dificuldade de achar</p><p>respostas para os problemas do cotidiano organizacional.</p><p>Criatividade é um dos temas essenciais para a</p><p>prosperidade de um negócio.</p><p>140</p><p>INOVAÇÃO E CRIATIVIDADE</p><p>CRIATIVIDADE E AS ORGANIZAÇÕES</p><p>Depois que a criatividade se tornou um tema preponderante</p><p>para o mundo dos negócios, muita confusão apareceu sobre a</p><p>definição e a conceituação correta. Criatividade começou a ser</p><p>muito associada às áreas das empresas que, tradicionalmente,</p><p>já eram taxadas como criativas, como o marketing. Mas,</p><p>logicamente, não é só o marketing que deve ser responsável pela</p><p>criatividade de uma empresa.</p><p>Criatividade pode ser definida como um processo de</p><p>solução de problemas. Quando há alguma dificuldade ou um</p><p>problema, qualquer que seja o âmbito, é a criatividade que vai</p><p>prover ideias e insights para que a situação seja resolvida. Ou</p><p>seja: a criatividade vai prover uma nova proposta de solução</p><p>para os problemas que acontecem, seja qual for a área do</p><p>conhecimento ou de prática profissional.</p><p>A novidade é um item importante para o comportamento</p><p>criativo. Então, pode-se considerar como antônimo de</p><p>criatividade o fazer sempre da mesma forma. Uma empresa</p><p>que é considerada criativa é aquela que vai além dos</p><p>posicionamentos tradicionais para a resolução de problemas e</p><p>para a criação de soluções.</p><p>141</p><p>CRIATIvIDADE NAS ORGANIzAçõES</p><p>Assim sendo, ser criativo é trabalhar com o novo. Kuazaqui</p><p>(2006) indica que a criatividade é inerente ao ser humano, pois</p><p>nós somos fascinados pelo novo, pela novidade. O autor faz</p><p>uma consideração importante sobre essa conexão que temos</p><p>com as coisas novas: na nossa fase infantil, as descobertas</p><p>não apenas nos satisfazem, mas nos motivam a continuar</p><p>descobrindo as coisas. Quando chega a adolescência e a</p><p>juventude, as conquistas se tornam cada vez mais prazerosas.</p><p>No entanto, quando chega a vida adulta, com as tais</p><p>responsabilidades, começam a rotina e os problemas do dia a</p><p>dia, que vão minando cada vez mais uma visão diferenciada de</p><p>enxergar as coisas. O autor identifica que a maioria das pessoas</p><p>se “aprisiona” nessa rotina por muito tempo na vida, algumas</p><p>até a aposentadoria.</p><p>Em função disso, por anos, a criatividade acabou sendo</p><p>associada apenas às pessoas que têm essa visão fora da rotina.</p><p>Foi criada uma expressão para indicar quando a pessoa sai desse</p><p>formato padrão de vida e de comportamento criativo: think</p><p>outside the box, ou “pensar fora da caixa”. Esse termo em inglês</p><p>significa, a partir de um novo padrão de pensamentos, a criação</p><p>de novas atitudes e comportamentos diferentes dos tradicionais,</p><p>daquilo que é convencional e normalmente utilizado.</p><p>142</p><p>INOVAÇÃO E CRIATIVIDADE</p><p>Portanto, pensar de forma criativa, fora da caixa, demanda</p><p>sempre uma forma nova de fazer as coisas. E muitas vezes</p><p>a falta de costume ou de verdadeira motivação faz com que</p><p>esse tipo de pensamento não ocorra nem na vida pessoal dos</p><p>indivíduos nem nas empresas, principalmente.</p><p>Nas organizações, essa situação é mais comum. É</p><p>extremamente difícil pensar fora da caixa em uma empresa</p><p>que não valoriza esse tipo de pensamento e, ainda por cima,</p><p>tem estrutura rígida, é muito hierarquizada e não é dinâmica.</p><p>Isso se torna ainda mais complicado quando se entende o</p><p>que é uma empresa. Um negócio é uma solução criativa para</p><p>alguma necessidade gerada por um problema de pessoas.</p><p>Um empreendedor identifica essa necessidade não ou mal</p><p>atendida, enxerga nela uma oportunidade e assim faz as coisas</p><p>acontecerem. Ou seja, uma empresa é uma resposta criativa a</p><p>alguma inquietação ou falta de provisão de necessidades. A</p><p>empresa nasce de uma crise!</p><p>Imagine, então, que uma crise demandou uma solução</p><p>criativa e fez surgir um empreendimento baseado nela.</p><p>Curiosamente, essa empresa não fornece um ambiente que</p><p>favoreça e apoie a criatividade. Não seria mais coerente</p><p>manter o ambiente criativo que originou, formou e</p><p>143</p><p>CRIATIvIDADE NAS ORGANIzAçõES</p><p>desenvolveu o negócio? É esse incoerência que acaba fazendo</p><p>com que as empresas esqueçam suas origens.</p><p>Pedrebon (2005) considera alguns pontos que são</p><p>detonadores da criatividade nas empresas. São eles:</p><p>1. Excesso de normas: as organizações procuram</p><p>criar regras para todas as suas operações,</p><p>incluindo tentativas de soluções aos problemas</p><p>que podem surgir. Essa postura inibe soluções</p><p>alternativas e, principalmente, a iniciativa</p><p>pessoal dos membros da equipe em propor</p><p>novas formas de resolver os problemas.</p><p>2. Estratégias muito rígidas: as empresas são</p><p>muito previsíveis ao enfrentar seus concorrentes</p><p>com ataques diretos. Assim esquecem-se</p><p>de inovar, de forma inteligente, suas ações</p><p>ofensivas para surpreender seus oponentes.</p><p>3. Postura séria e contida: trata-se das culturas</p><p>organizacionais que pregam a seriedade e a sisudez</p><p>como símbolo de eficiência da corporação. Contudo</p><p>essa atmosfera monitora e policia o funcionário;</p><p>144</p><p>INOVAÇÃO E CRIATIVIDADE</p><p>além disso, mostra-se totalmente contrária à</p><p>possibilidade de um ambiente mais agradável</p><p>que permita às pessoas liberdade de criação.</p><p>4. Obediência aos números: o excesso da</p><p>racionalidade, que exige argumentações</p><p>fundamentadas em dados numéricos para a</p><p>tomada de decisão, inibe o uso de estimativas</p><p>e intuição nas sessões de análise e definição.</p><p>5. Processos muito departamentalizados: o sistema</p><p>taylorista determina o fluxo de operações e</p><p>informações de uma empresa de forma linear e</p><p>avessa à possibilidade de alteração da ordenação</p><p>determinada. Desse modo, os departamentos</p><p>e seus membros ficam impedidos de trafegar</p><p>mais livremente, o que causa falta de integração,</p><p>elemento essencial para a construção de inovações.</p><p>6. Obediência cega ao consenso: a decisão por</p><p>consenso traz mais segurança e comprometimento</p><p>dentro da equipe, entretanto se transforma em</p><p>uma poderosa barreira para autorizar soluções</p><p>alternativas para os problemas. O consenso sempre</p><p>penderá para o tradicional e o conservador.</p><p>145</p><p>CRIATIvIDADE NAS ORGANIzAçõES</p><p>7. Cultura da segurança: são os</p><p>ambientes em que se prefere</p><p>assumir o prejuízo calculado</p><p>a partir para uma solução que</p><p>possa trazer lucratividade</p><p>com riscos maiores.</p><p>Vários desses pontos têm a ver</p><p>com um dos maiores inibidores de</p><p>criatividade, tanto em indivíduos quanto</p><p>nas organizações: a zona de conforto. Ela</p><p>é a falta de vontade de seguir em outra</p><p>direção que não a tradicional. Essa falta</p><p>de vontade vem do receio de pensar fora</p><p>da caixa ou também pelas dificuldades</p><p>visualizadas por quem decide sobre o</p><p>futuro com uma nova ideia em voga.</p><p>Sair da zona de conforto é essencial</p><p>para quem deseja estimular a criatividade,</p><p>tanto individual e profissionalmente</p><p>dentro de uma organização dentro de uma</p><p>organização. E tal saída se torna de vital</p><p>importância para a sustentabilidade da</p><p>empresa, para uma boa rentabilidade e</p><p>Sair da zona</p><p>de conforto é</p><p>essencial para</p><p>quem deseja</p><p>estimular a</p><p>criatividade.</p><p>146</p><p>INOVAÇÃO E CRIATIVIDADE</p><p>para uma lucratividade perene. Só a saída da zona de conforto</p><p>dará força à inventividade, que trará criatividade, a qual,</p><p>por sua vez, fará a empresa alcançar o status necessário na</p><p>contemporaneidade: o de organização inovadora.</p><p>É válido ressaltar que a inovação é uma condição</p><p>organizacional, a partir de uma identidade coletiva. No</p><p>entanto, uma organização criativa, que desaguará em um</p><p>ambiente de inovação, só é possível por meio da criatividade</p><p>pessoal dos funcionários e colaboradores da empresa. O</p><p>caráter pessoal da criatividade exige que as organizações</p><p>atuem na construção de um ambiente que favoreça o</p><p>processo criativo. E esse processo é individual.</p><p>A criatividade é um processo que requer uma organização</p><p>sistemática de processos dentro de uma empresa. E não apenas</p><p>em uma área (como o marketing, reconhecidamente a área mais</p><p>impactada com relação ao tema), mas em toda a organização.</p><p>Contudo o processo criativo é individual e deve ser tratado</p><p>como tal. É importante que os gestores entendam como se dá</p><p>dá esse processo e como podem fomentá-lo dentro de suas</p><p>organizações. Isso impactará o trabalho organizacional e,</p><p>principalmente, o relacionamento da empresa com seu público</p><p>147</p><p>CRIATIvIDADE NAS ORGANIzAçõES</p><p>mais inestimável: os consumidores. O próximo passo é entender</p><p>o processo criativo, que é o tema da próxima etapa deste livro.</p><p>O PROCESSO CRIATIVO</p><p>O desafio de produzir um ambiente individual e</p><p>profissional que estimule a criatividade vem mexendo com</p><p>as organizações nas últimas décadas. A ciência de que a</p><p>criatividade leva à inovação, e esta a uma criação sustentável</p><p>de vantagens competitivas para as empresas, faz com que a</p><p>criatividade seja um objetivo amplamente perseguido pelas</p><p>empresas que desejam crescimento e competitividade.</p><p>É evidente, portanto, que as organizações entendam como</p><p>a criatividade é construída. O pensamento deve traspassar</p><p>aquela perspectiva transcendental de que existem pessoas</p><p>que receberam dons de criatividade, e outras, não. Hoje já há</p><p>uma visão mais científica e racional de como essa construção é</p><p>realizada. Trata-se do “processo criativo”.</p><p>Nesta seção, serão apresentados os pontos essenciais do</p><p>processo criativo, desde sua compreensão básica inicial até</p><p>os passos necessários para que a criatividade se transforme</p><p>148</p><p>INOVAÇÃO E CRIATIVIDADE</p><p>numa realidade. Você vai entender como se dá este processo,</p><p>construído por etapas desenvolvidas mentalmente com auxílio,</p><p>muitas vezes, de itens tangíveis.</p><p>DE ONDE VEM A CRIATIVIDADE</p><p>Antes de colocarmos em ordem o processo criativo, é</p><p>importante identificar onde a criatividade dos indivíduos</p><p>encontra suas bases. De acordo com Alencar (1998), são</p><p>três os eixos que fazem com que a capacidade criativa seja</p><p>desenvolvida pelas pessoas, a saber:</p><p>1. Características pessoais: diz respeito aos traços de</p><p>personalidade dos indivíduos. São aspectos que,</p><p>muitas vezes, são natos. Podem ser apresentados</p><p>aqui os pontos como iniciativa, independência</p><p>de pensamento, flexibilidade, persistência,</p><p>autoconfiança, disposição de aprender com os erros,</p><p>coragem para correr riscos, entre outros. Existem</p><p>também questões inatas, como o engajamento</p><p>pessoal. Esse engajamento não é uma simples</p><p>determinação do indivíduo, mas um status no qual a</p><p>pessoa tem algum tipo de motivação para que haja</p><p>a perseguição de algum objetivo. Essa motivação</p><p>149</p><p>CRIATIvIDADE NAS ORGANIzAçõES</p><p>pode ser algo relacionado à esfera pessoal, como o</p><p>melhoramento de vida, ou algo profissional, como</p><p>propor melhores soluções para problemas de uma</p><p>empresa. Entre outros pontos inatos, mas facilmente</p><p>alcançáveis pelas pessoas, estão as expertises técnicas,</p><p>como uma maior bagagem de conhecimentos e</p><p>experiências nas atividades que exercem (como o</p><p>aprendizado de softwares de editoração de imagens).</p><p>A junção dos dois pontos, tanto os natos quanto</p><p>os inatos, cria uma perspectiva pessoal voltada à</p><p>criatividade nos indivíduos. Esse cenário faz com</p><p>que as atitudes e comportamentos das pessoas</p><p>mudem em todos os sentidos. E então a fertilidade</p><p>criativa e as habilidades cognitivas ligadas a essa</p><p>fertilidade aparecem. Destacam-se aí a flexibilidade,</p><p>rapidez de raciocínio, criticidade e poder analítico.</p><p>2. Características socioculturais: a construção do</p><p>pensamento criativo tem forte presença das raízes</p><p>culturais e sociais das pessoas. A relação dos</p><p>indivíduos com o seu meio vai ocasionar uma</p><p>padronização de determinados comportamentos</p><p>que afetam diretamente a criatividade. Esses</p><p>padrões podem ser facilitadores e estimuladores</p><p>da criatividade, mas também podem ser grandes</p><p>150</p><p>INOVAÇÃO E CRIATIVIDADE</p><p>inibidores. Indivíduos que têm uma vida muito</p><p>ligada a questões de cultura criativa, como música,</p><p>cinema, artes plásticas, moda e artes em geral, podem</p><p>ter estímulos e insights de forma mais intensa do que</p><p>aqueles que não possuem a oportunidade de viver</p><p>em ambientes do gênero. Vale ressaltar, no entanto,</p><p>que as questões culturais e artísticas são mutáveis</p><p>com o tempo e que não existe apenas uma linha de</p><p>pensamento correto nesse aspecto. De fato, uma</p><p>ação considerada criativa em determinada época</p><p>poderá não ser mais criativa na contemporaneidade,</p><p>por exemplo. E, com certeza, aquilo que é criativo</p><p>hoje em dia pode ser alterado no futuro, e e passar a</p><p>ser visto como ultrapassado. Também é importante</p><p>lembrar o poder da internet em nos conectar com</p><p>ambientes culturais diferentes do nosso. Isso</p><p>amplia o potencial criativo, pois são mais fontes</p><p>nas quais quem busca novidades pode beber.</p><p>3. Características do ambiente: a criatividade é afetada</p><p>e influenciada por fatores ambientais. Os estímulos</p><p>do ambiente no qual o indivíduo está inserido</p><p>são considerados por muitos estudiosos como</p><p>cruciais para o desenvolvimento da criatividade,</p><p>sendo fator preponderante para que as outras duas</p><p>151</p><p>CRIATIvIDADE NAS ORGANIzAçõES</p><p>características se tornem plenamente desenvolvidas.</p><p>Sabendo disso, gestores têm focado na construção de</p><p>ambientes organizacionais que sejam estimulantes</p><p>para a criatividade dos colaboradores. Não só em</p><p>questões estruturais, como iluminação e ergonomia,</p><p>mas também em aspectos neurológicos, como cores e</p><p>aromas, e psicológicos, como dinâmicas e elementos</p><p>motivadores, que farão com que os funcionários</p><p>se envolvam e se esforcem no processo criativo.</p><p>Tendo esses três pontos em consideração, principalmente</p><p>o terceiro item, há um terreno propício para que haja uma</p><p>perspectiva de criatividade por parte dos indivíduos, tanto no</p><p>meio pessoal quanto no profissional.</p><p>INICIANDO O PROCESSO CRIATIVO</p><p>Como em todo processo, há os fins (objetivos finais</p><p>dos processos) e os meios (formas como os objetivos serão</p><p>alcançados). No entanto, deve-se lembrar que todo processo</p><p>também tem um início, e com a criatividade não é diferente.</p><p>A reconhecida pesquisadora da área de criatividade e</p><p>inovação organizacional, Teresa Amabile (1995, p. 80), resume</p><p>152</p><p>INOVAÇÃO E CRIATIVIDADE</p><p>bem o que acontece quando há essas três características</p><p>envolvendo os indivíduos. Ela disserta:</p><p>níveis mais altos de criatividade provavelmente ocorrerão</p><p>em pessoas flexíveis, com um background relevante de</p><p>conhecimento, que gostam do que fazem e que trabalham em</p><p>um ambiente onde se sentem desafiados [sic] e encorajados</p><p>[sic] a correr os riscos que a implementação de uma nova</p><p>ideia implica e apoiados [sic] em sua autonomia.</p><p>Portanto, a partir disso, como podemos promover e</p><p>construir um processo criativo eficiente dentro da nossa</p><p>organização ou do nosso departamento? As próximas seções</p><p>indicarão como se dá o processo criativo, a partir da abordagem</p><p>proposta por Dualibi e Simonsen Júnior (2000). Esse foi um</p><p>processo intensamente pesquisado cientificamente com</p><p>diversos tipos de necessidades de soluções criativas e consiste</p><p>em sete etapas:</p><p>1. identificação;</p><p>2. preparação;</p><p>3. incubação;</p><p>4. aquecimento;</p><p>5. iluminação;</p><p>6. elaboração;</p><p>7. verificação.</p><p>153</p><p>CRIATIvIDADE NAS ORGANIzAçõES</p><p>Nesta seção, vamos falar das primeiras três etapas do</p><p>processo criativo: a identificação, a preparação e a incubação.</p><p>IDENTIFICAÇÃO</p><p>A primeira etapa de qualquer processo criativo é a</p><p>identificação do problema. Como dito anteriormente, qualquer</p><p>ideia criativa e posterior à inovação busca como objetivo</p><p>principal a solução para um problema — no caso de uma</p><p>empresa, de um problema organizacional. A Figura 9 mostra</p><p>alguns exemplos de problemas que podem exigir soluções</p><p>criativas dentro das áreas de alguma empresa:</p><p>Figura 9 – Exemplos de problemas em áreas funcionais</p><p>ÁREA FUNCIONAL EXEMPLOS DE PROBLEMAS</p><p>Marketing e estratégia</p><p>- desenvolvimento de novo produto;</p><p>- alterações nos padrões de demanda e venda de produto;</p><p>- gestão de relacionamento com o cliente;</p><p>- aumento de vendas;</p><p>- comunicação de marketing;</p><p>- novos segmentos de mercado.</p><p>Operações</p><p>- desenvolvimento/aquisição de sistemas;</p><p>- aumento de produtividade;</p><p>- redesenho de processos;</p><p>- logística e supply chain management;</p><p>154</p><p>INOVAÇÃO E CRIATIVIDADE</p><p>ÁREA FUNCIONAL EXEMPLOS DE PROBLEMAS</p><p>Finanças</p><p>- fontes de receita;</p><p>- fontes de despesas e custos;</p><p>- melhoramento de indicadores financeiros;</p><p>Gestão de Pessoas</p><p>- motivação de pessoal;</p><p>- recrutamento e seleção;</p><p>- técnicas de dinâmicas de grupo;</p><p>- melhoramento de ambiente de trabalho;</p><p>- clima organizacional.</p><p>Fonte: elaborado pelo autor</p><p>Identificar o problema o qual a solução precisa ser criada e</p><p>desenvolvida é condição fundamental para o desenvolvimento</p><p>do processo criativo. De fato, muitas soluções não se tornam</p><p>respostas plausíveis pois não houve uma leitura eficiente do</p><p>problema ou de suas causas.</p><p>Pense de forma matemática simples: desde que você</p><p>começou a resolver os problemas de matemática, nos ensinos</p><p>fundamental e médio, você está envolto à necessidade de</p><p>entender a raiz desses problemas. A solução de um problema</p><p>matemático sempre ficava mais clara quando se entendia de</p><p>forma completa o enunciado e as variáveis apresentadas.</p><p>Da mesma forma é o processo criativo. A identificação</p><p>do problema exato é o caminho essencial para começar o</p><p>155</p><p>CRIATIvIDADE NAS ORGANIzAçõES</p><p>desafio da criatividade. Mirshawka e Mirshawka Júnior (2003)</p><p>indicam que, em relação ao processo de processo criativo, mais</p><p>importante do que encontrar as respostas e soluções certas</p><p>é saber fazer as perguntas certas diante de um desafio ou de</p><p>uma problemática. Albert Einstein, uma das mentes mais</p><p>brilhantes da história, indicava que a mera formulação de um</p><p>problema é muito mais essencial do que a solução. Por tanto,</p><p>os questionamentos são importantes, como o levantamento</p><p>de dúvidas, de novas possibilidades, o porquê se faz</p><p>determinadascoisas do mesmo jeito que antes.</p><p>Mas por que um cientista saberia sobre processo criativo?</p><p>Simples: o método científico se assemelha muito com o método</p><p>criativo. E tudo começa com a definição da problemática que a</p><p>pesquisa científica tratará de responder. Os insights,</p><p>a busca por</p><p>referenciais teóricos, discutir resultados e propor conclusões e</p><p>implicações são um processo que demanda criatividade, mas</p><p>tudo começa com a boa definição de problemática!</p><p>Essa sensibilidade de entender os problemas, dentro</p><p>de um cenário em que há os três fatores indicados na seção</p><p>anterior (personalidade, cultura e ambiente organizacional),</p><p>começa a fornecer importantes insights para os colaboradores</p><p>que vão ser desafiados a criar soluções criativas para tais</p><p>156</p><p>INOVAÇÃO E CRIATIVIDADE</p><p>problemas. E isso fará com que o processo siga em frente para</p><p>as outras etapas.</p><p>PREPARAÇÃO</p><p>A segunda etapa inicial do processo criativo é a preparação.</p><p>Esta fase é a de busca por informações que vão servir de base</p><p>para a definição de respostas e insights sobre o problema</p><p>e sua possível solução. Como num processo de pesquisa e</p><p>investigação, o levantamento de dados vai embasar a pesquisa</p><p>e os seus posteriores resultados. É o momento de uma análise</p><p>ambiental, interna e externa, identificando as oportunidades e</p><p>ameaças que o ambiente indica.</p><p>Dualibi e Simonsen Júnior (2000) indicam que há dois tipos</p><p>de informações para a preparação das soluções:</p><p>1. Direta: são informações pertinentes ao problema</p><p>a ser resolvido, informações diretas que podem</p><p>contribuir para uma possível solução. Então o</p><p>processo criativo não pode ser apenas baseado em</p><p>imaginação e ideias sem fundamento. É preciso</p><p>muita pesquisa e disponibilidade de dados,</p><p>informação e conhecimento possível. Se o desafio</p><p>é criar algum valor agregado a um produto</p><p>para que ele possa ficar mais competitivo, por</p><p>157</p><p>CRIATIvIDADE NAS ORGANIzAçõES</p><p>exemplo, as ideias devem ser municiadas de dados</p><p>do mercado, dados de vendas, informações do</p><p>público-alvo, planilhas de custos, pesquisas de</p><p>marketing, entre outros pontos. Assim as decisões</p><p>serão baseadas em informações concretas.</p><p>2. Indireta: são informações secundárias, que não têm</p><p>ligação direta com o problema, mas que podem</p><p>colaborar com a criação da solução. Essa preparação</p><p>indireta acontece muitas vezes de forma inconsciente.</p><p>Quando uma equipe está buscando de forma</p><p>incessante por uma resposta criativa, e todos os</p><p>dados e informações já foram utilizados, ela começa</p><p>a se virar para outros tipos de conhecimentos:</p><p>começa a ler e ver outros dados e informações que</p><p>não fazem muito sentido com o tema central do</p><p>problema, mas que começam a gerar insights. Essa</p><p>acumulação de novos dados faz com que o cérebro</p><p>crie novas conexões e assim faça surgir novas ideias.</p><p>INCUBAÇÃO</p><p>Após a preparação e manipulação dos dados, chega a hora</p><p>do componente inconsciente do processo criativo, o momento</p><p>da incubação. Para tanto, uma imersão prévia no problema é</p><p>158</p><p>INOVAÇÃO E CRIATIVIDADE</p><p>essencial. Já se tem dados e informações. É a</p><p>conscientização que precede o inconsciente.</p><p>Após esse momento racional, chega</p><p>o momento de descanso da mente. Essa</p><p>ocasião de buscar novas saídas se torna</p><p>importante quando o processo criativo fica</p><p>travado por culpa da imersão cansativa.</p><p>Esse período de espairecer, de desopilar,</p><p>torna-se importante demais para esta</p><p>etapa para que a mente dos envolvidos no</p><p>processo ou se desligue?</p><p>Normalmente a pressão de ter</p><p>que criar uma solução criativa, para</p><p>muitos, torna-se pesada, angustiante</p><p>e preocupante. Em muitos casos, é</p><p>preciso liberar as energias, fazer com</p><p>que a mente descanse do turbilhão</p><p>que foi o pensamento concentrado no</p><p>problema inicial.</p><p>Cada pessoa acaba por desenvolver</p><p>algum ritual de incubação: praticar esportes,</p><p>Cada pessoa</p><p>acaba por</p><p>desenvolver</p><p>algum ritual de</p><p>incubação.</p><p>159</p><p>CRIATIvIDADE NAS ORGANIzAçõES</p><p>fazer leituras, fazer trabalhos manuais, praticar um hobby, assistir</p><p>a programas, filmes e séries, ouvir músicas, visitar lugares,</p><p>participar de programas artísticos ou, simplesmente, descansar e</p><p>desligar. Assim o caminho está pronto para a segunda parte do</p><p>processo criativo. A parte no qual se põe “a mão na massa”.</p><p>PARTE FINAL DO PROCESSO CRIATIVO</p><p>Após a parte inicial, que tem características mais</p><p>preparatórias, chegou o momento de fazer com que as ideias</p><p>apareçam. Esse processo de ideação tem quatro etapas:</p><p>aquecimento, iluminação, elaboração e verificação.</p><p>AQUECIMENTO</p><p>A etapa do aquecimento é aquela na qual o indivíduo</p><p>volta à ativa depois do momento de incubação, ou seja, do</p><p>momento de “desligamento”. Com os insights a ponto de</p><p>saírem da cabeça e se transformarem em ideias reais, chega</p><p>o momento de dar uma ajuda a esse processo. Também</p><p>chamada de warm-up, esta etapa surge ainda do momento de</p><p>inconsciência. Dualibi e Simonsen Júnior (2000) indicam que</p><p>nesse momento a mente retorna ao problema, e as ideias vão</p><p>chegando de forma desordenada, mas caminhando rumo à</p><p>solução por meio de aproximações sucessivas.</p><p>160</p><p>INOVAÇÃO E CRIATIVIDADE</p><p>Esse aquecimento pode ser</p><p>turbinado pelo uso de técnicas que</p><p>estimulem artificialmente a criatividade</p><p>dos indivíduos. É nesse estágio que</p><p>metodologias como brainstorming,</p><p>mapas mentais, entre outras são usadas</p><p>como forma de gerar ideias dentro dos</p><p>problemas traçados. Cabe à organização</p><p>dispor de colaboradores que conheçam</p><p>essas técnicas e saibam aplicá-las nos</p><p>mais variados contextos, desde trabalhos</p><p>individuais até reuniões com um</p><p>número grande de pessoas. Escolher</p><p>a técnica correta para o momento</p><p>ideal é fundamental para o sucesso do</p><p>resultado. Algumas dessas técnicas serão</p><p>apresentadas no decorrer deste livro.</p><p>Vale lembrar que os deadlines são um</p><p>importante “incentivador” de resultados</p><p>nesse momento de aquecimento, em</p><p>que há o surgimento de ideias ainda um</p><p>pouco desconexas e utilização de técnicas</p><p>de estímulo à criatividade. Ter prazos</p><p>para cumprir, datas de fechamento ou a</p><p>DEADLINES</p><p>Linha final, numa tradução livre</p><p>do inglês. São os prazos finais</p><p>de entrega de algum projeto ou</p><p>produto.</p><p>161</p><p>CRIATIvIDADE NAS ORGANIzAçõES</p><p>percepção clara do período em que o resultado desse processo</p><p>de busca por soluções deva estar concluído motiva o sucesso</p><p>desse momento. Neste contexto, a inserção de um gestor de</p><p>projetos ligado a um processo de criação de soluções pode ser</p><p>bastante interessante.</p><p>ILUMINAÇÃO</p><p>A próxima etapa é a da iluminação. É o momento em que</p><p>uma solução surge para o problema proposto. É comparado</p><p>ao que o famoso matemático e físico grego Arquimedes de</p><p>Siracusa disse quando descobriu uma forma de calcular a</p><p>densidade dos elementos com um simples balde com água. A</p><p>história dessa descoberta, que teve conexão com a necessidade</p><p>do rei Hirão em descobrir se o artesão que havia feito sua coroa</p><p>teria misturado ouro com prata, e não somente o ouro que ele</p><p>lhe havia dado, ficou eternizada pela palavra que Arquimedes</p><p>usou ao identificar tal feito: “Eureca!”, disse o matemático,</p><p>numa palavra grega que significa “descobri”.</p><p>SAIBA MAIS</p><p>Para conhecer mais sobre a história de Arquimedes de Si-</p><p>racusa e seu famoso auxílio ao Rei Hirão, acesse este link.</p><p>Disponível em: https://mundoeducacao.uol.com.br/matematica/a-descoberta-arquimedes.</p><p>htm. Acesso em: 14 dez. 2023.</p><p>https://mundoeducacao.uol.com.br/matematica/a-descoberta-arquimedes.htm</p><p>https://mundoeducacao.uol.com.br/matematica/a-descoberta-arquimedes.htm</p><p>https://mundoeducacao.uol.com.br/matematica/a-descoberta-arquimedes.htm</p><p>162</p><p>INOVAÇÃO E CRIATIVIDADE</p><p>O momento eureka geralmente acontece com todos aqueles</p><p>que têm se dedicado a propor soluções criativas a algum</p><p>problema cotidiano, seja pessoal, seja profissional. Mesmo</p><p>surgindo como um lapso de luz, um relâmpago na mente do</p><p>indivíduo, a ideia normalmente vem depois de um período</p><p>de muita dedicação e de entendimento pleno do problema:</p><p>suas origens, seu desenvolvimento e os resultados (a maioria</p><p>ruins) que ele vem trazendo ao contexto no qual o decisor está</p><p>debruçado. Para Dualibi e Simonsen Júnior (2000), dificilmente</p><p>uma iluminação virá sozinha, sem uma preparação prévia ou</p><p>sem um estágio de aquecimento.</p><p>O termo técnico para o momento eureca é o conhecido</p><p>insight,</p><p>que é esse período de surgimento de uma ideia</p><p>correlacionada ao problema e com potencial para se tornar uma</p><p>solução para o problema. É tido muitas vezes como algo mítico,</p><p>meio mágico, pois seu surgimento tem muito do inconsciente</p><p>humano, sem muita clarificação de sua origem psicológica.</p><p>Contudo, o insight tem seu desenvolvimento já mais bem</p><p>entendido. Os melhores desenvolvimentos de insights estão</p><p>com pessoas com maior bagagem cultural e de aspectos do</p><p>cotidiano, pois esse cenário dá às pessoas referências de outros</p><p>momentos em que soluções foram necessárias para problemas</p><p>similares. Essa habilidade, que pode ser adquirida gradual</p><p>163</p><p>CRIATIvIDADE NAS ORGANIzAçõES</p><p>ou repentinamente, vem muito das dotações, das práticas,</p><p>da perseverança, de muita reflexão e muita observação do</p><p>ambiente. Há também as habilidades secundárias, que se referem</p><p>à motivação intrínseca do indivíduo, traços de personalidade,</p><p>curiosidade e à possibilidade de se maravilhar com o resultado.</p><p>IMPORTANTE</p><p>Shanker (1995) presumia há tempos que os insights seriam o maior</p><p>desafio da inteligência artificial e do aprendizado de máquinas,</p><p>dentro da ciência da computação. Uma máquina pode aprender</p><p>facilmente de tudo, inclusive a desenvolver uma linha de raciocínio</p><p>própria por meio de dados e decisões prévias. Os algoritmos da</p><p>inteligência artificial estão cada vez mais complexos e conseguem</p><p>resultados surpreendentes. Mas os insights, essa iluminação cognitiva</p><p>que surge para guiar a uma solução criativa, ainda é uma fronteira</p><p>não alcançada pela inteligência artificial dos computadores.</p><p>Algumas pessoas têm a percepção de que seus insights</p><p>aparecem de forma mais intensa após algum tipo de ritual.</p><p>Pode ser um ritual de repetição (repetir uma frase, uma música</p><p>ou a ideia que apareceu até que a mente se acostume e forneça</p><p>uma solução), um ritual de dedicar o pensamento àquele insight</p><p>(como em uma meditação), um ritual de escrita (anotando numa</p><p>agenda, num pedaço de papel ou num bloquinho de anotações</p><p>que já foi destinado para isso) ou um ritual de deixar gráfico o</p><p>164</p><p>INOVAÇÃO E CRIATIVIDADE</p><p>seu insight (utilizando flipcharts, quadros, lousas ou murais para</p><p>desenhar tudo). É muito importante que você descubra se vê</p><p>necessidade de algum tipo de ritual. Se isso lhe ajuda a marcar e</p><p>desenvolver um insight, não se acanhe e o faça!</p><p>ELABORAÇÃO</p><p>O penúltimo passo é o da elaboração. Depois da iluminação</p><p>e da chegada do insight, a tão sonhada solução para o problema</p><p>deve ser avaliada como satisfatória e, posteriormente, passível de</p><p>ser conscientemente elaborada e desenvolvida. Perceba que agora</p><p>o processo criativo sai do mundo mais abstrato e parte para o seu</p><p>desenvolvimento real. Dualibi e Simonsen Júnior (2000) indicam</p><p>que as ideias agora são colocadas linearmente e começam, por</p><p>meio de uma construção teórica da formulação de um plano ou</p><p>estruturação de uma equação, a se tornar realidade e passam a ser</p><p>familiares a todos os envolvidos no processo criativo.</p><p>Nesse momento, então, refina-se a ideia, trazendo mais novas</p><p>ideias sobre esta primeira, verificando as necessidades de ajustes</p><p>para a realidade do problema na qual ela foi sugerida. Podem ser</p><p>mais dados internos da empresa ou dados secundários que ainda</p><p>não tinham sido visualizados na primeira fase do processo criativo.</p><p>Assim a ideia vai se aprimorando e vai sendo moldada de acordo</p><p>com a solução esperada para o problema.</p><p>165</p><p>CRIATIvIDADE NAS ORGANIzAçõES</p><p>VERIFICAÇÃO</p><p>Chega-se, então, à última etapa do processo criativo:</p><p>a verificação. Tem a ver com a aplicação da ideia, agora já</p><p>transformada em solução, no ambiente real e necessário em que</p><p>ela é exigida. O passo essencial é comprovar que tal solução</p><p>é, de fato, uma solução plausível para o problema proposto.</p><p>Besemer e O’Quin (1999), ao estudarem a necessidade de</p><p>verificação e posterior validação de soluções criativas, criaram</p><p>um mecanismo chamado de “matriz de verificação e análise de</p><p>produto criativo”. Com isso as soluções seriam avaliadas por</p><p>gestores, criativos, professores, críticos, entre outros, tendo um</p><p>parâmetro de nível de inovação e criatividade objetivo, dentro</p><p>de três dimensões. São elas:</p><p>1. Ineditismo: grau do quanto é inédito aquilo que é</p><p>proposto como solução. Muitas vezes, a criatividade</p><p>é associada apenas a este aspecto, o que as autoras</p><p>supracitadas desconsideram como verdade. No</p><p>entanto está claro que uma ideia criativa precisa</p><p>ter esse ponto como partida para verificação.</p><p>Aqui se consideram dois pontos importantes:</p><p>a. Originalidade: ser uma ideia inovadora</p><p>e, se possível, radical ou disruptiva.</p><p>166</p><p>INOVAÇÃO E CRIATIVIDADE</p><p>b. Surpreendente: algo que deixe a</p><p>liderança empolgada e motivada</p><p>para colocar a ideia em ação.</p><p>2. Resolução: em que nível a solução proposta,</p><p>de fato, resolve o problema para o qual</p><p>ela foi pensada, projetada e desenvolvida.</p><p>Para tanto, deve ser considerada:</p><p>a. Lógica: a ideia deve fazer sentido.</p><p>b. Útil: a proposta deve ter utilidade ao</p><p>público-alvo o qual ela foi desenvolvida.</p><p>c. Valiosa: deve considerar o retorno</p><p>para a organização.</p><p>d. Compreensível: não deve ser uma ideia</p><p>desconexa, que não esteja clara em sua execução.</p><p>3. Síntese: considera os elementos estilísticos e de</p><p>design da solução. Engloba os seguintes aspectos:</p><p>a. Organicidade: uma relação harmoniosa</p><p>entre todos os recursos envolvidos na</p><p>167</p><p>CRIATIvIDADE NAS ORGANIzAçõES</p><p>solução, sejam eles humanos, tecnológicos,</p><p>financeiros ou estruturais.</p><p>b. Aprimoramento: a solução deve</p><p>ser bem desenhada para que não</p><p>haja arestas em sua aplicação.</p><p>c. Elegância: a solução não deve ser apenas</p><p>funcional, mas todos os seus aspectos devem</p><p>considerar eficiência. Os meios também</p><p>são tão importantes quanto os fins.</p><p>Com isso, encerra-se o processo criativo. Passa-se por uma</p><p>etapa inicial mais cognitiva, psicológica e outra mais racional e</p><p>objetiva. A Figura 10 resume esse processo.</p><p>Figura 10 – O processo criativo</p><p>Parte</p><p>inicia</p><p>l</p><p>(co</p><p>gnitiv</p><p>a)</p><p>Identi�</p><p>cação</p><p>Preparação</p><p>Incubação</p><p>Aquecim</p><p>ento</p><p>Ilu</p><p>minação</p><p>Elaboração</p><p>Veri�</p><p>cação</p><p>Parte</p><p>�nal</p><p>(objetiv</p><p>a)</p><p>Fonte: adaptado de Dualibi e Simonsen Júnior (2000)</p><p>168</p><p>INOVAÇÃO E CRIATIVIDADE</p><p>O processo criativo tem muito da posição individual dos</p><p>colaboradores e de sua história em atividades que demandam</p><p>criatividade. Contudo ele pode ser tratado como um roteiro de</p><p>etapas que valorizarão ainda mais as ideias e a motivação do</p><p>indivíduo para desenvolver soluções criativas.</p><p>Como visto na Figura 10, na etapa inicial do processo, há</p><p>uma preparação técnica que se apresenta numa etapa inicial que</p><p>denota uma preparação técnica que valoriza o psicológico do</p><p>colaborador. Em seguida, acontecem as etapas mais objetivas,</p><p>que apresentam mais opções de técnicas de desenvolvimento</p><p>da criatividade e que geram a principal matéria-prima desse</p><p>processo: o insight. Chega o momento de conhecer essas</p><p>técnicas de produção e desenvolvimento de insights.</p><p>TURBINANDO O PROCESSO</p><p>CRIATIVO: DESIGN THINKING</p><p>Vimos nas seções anteriores que a criatividade é um</p><p>processo individual e a organização que deseja se tornar</p><p>criativa e inventiva precisa fornecer as melhores condições para</p><p>que o processo criativo se transforme em algo padrão em toda a</p><p>empresa, tanto nos departamentos já tidos como criativos como</p><p>naqueles que normalmente não são considerados assim.</p><p>169</p><p>CRIATIvIDADE NAS ORGANIzAçõES</p><p>Principalmente na etapa final do processo criativo há uma</p><p>ampla gama de possibilidades de estímulo da criatividade no</p><p>ambiente corporativo e profissional. Vamos começar agora a</p><p>entender como esse processo criativo dentro das organizações</p><p>pode ficar mais claro, mais dinâmico e trazer mais resultados.</p><p>Começaremos por uma visão macro desse processo, utilizando</p><p>uma ferramenta muito empregada em ambientes corporativos de</p><p>todo o mundo: o design thinking. Entenderemos os seus objetivos</p><p>e seus passos aplicando-os sempre a uma realidade profissional.</p><p>Design thinking é, acima de tudo, uma</p><p>metodologia de fazer</p><p>acontecer, e não apenas do mundo das ideias. Assim a criatividade</p><p>se transforma, efetivamente, em algo real e de utilidade.</p><p>ENTENDENDO O DESIGN THINKING</p><p>O design thinking é uma metodologia que tem como objetivo</p><p>principal a solução de problemas, sejam eles mais complexos</p><p>ou mais simples. A diferença desse método em relação a outros</p><p>que também buscam que também buscam o mesmo resultado</p><p>se dá por alguns pontos importantes. São eles:</p><p>1. Abordagem humanista: o design thinking tem uma</p><p>abordagem centrada no ser humano. Segundo</p><p>170</p><p>INOVAÇÃO E CRIATIVIDADE</p><p>Filatro e Cavalcanti (2018), ela se caracteriza dessa</p><p>forma pois busca compreender, de forma empática,</p><p>os desejos e necessidades das pessoas impactadas</p><p>pelo problema analisado, e sua solução é construída</p><p>tendo esses indivíduos como foco contínuo.</p><p>2. Ambiente controlado: a metodologia do</p><p>design thinking busca alcançar um alto grau de</p><p>criatividade, mas não deixa os indivíduos soltos.</p><p>A criatividade é direcionada por um processo e</p><p>consegue turbinar ao máximo a produtividade.</p><p>3. Orientação para resultados: a criatividade no</p><p>processo de design thinking é canalizada para a</p><p>produção e visualiza uma solução prática para</p><p>os problemas, quer econômicos, quer criativos</p><p>mesmo. O foco é sempre atender os objetivos de</p><p>inovação e/ou de desenvolvimento do contexto</p><p>em que a metodologia está sendo aplicada.</p><p>Antes de conceituar a metodologia, é importante entender</p><p>o motivo de a palavra design estar nesse contexto. Design</p><p>(ou “desenho”, numa tradução livre) é, segundo Ambrose e</p><p>Harris (2015), o processo que transforma um briefing ou uma</p><p>solicitação em um produto acabado ou em uma solução. Filatro</p><p>171</p><p>CRIATIvIDADE NAS ORGANIzAçõES</p><p>e Cavalcanti (2018) indicam que o termo design thinking é uma</p><p>referência ao modo de pensar dos designers, que é aprendido e</p><p>adotado por meio de colaboração e cocriação, quando soluções</p><p>são projetadas, testadas e implementadas.</p><p>Drummond (2018) indica que o design é utilizado para</p><p>descobrir as suposições escondidas dentro dos problemas que</p><p>estão propostos a serem resolvidos. Há uma necessidade de</p><p>internalização desse problema e, depois, do desenho de uma</p><p>solução baseada em conhecimentos prévios, dados sobre o</p><p>problema e modelagem dos insights apresentados. Liedtka</p><p>e Ogilvie (2011) indicam que todo desenho de solução de</p><p>problema deve responder a quatro questões básicas:</p><p>1. O que é? (What is it?): estágio no qual</p><p>se explora a realidade atual dos fatos. É a</p><p>menor fase de todas, na qual se classificam</p><p>os aspectos que circundam o problema.</p><p>2. E se? (What if?): estágio no qual se imagina</p><p>e se visualiza um novo futuro. É o momento</p><p>em que a criatividade e a imaginação são</p><p>deixadas livres, sem censuras, preconceitos</p><p>e julgamentos prévios. Momento em que se</p><p>tem um número muito alto de sugestões.</p><p>172</p><p>INOVAÇÃO E CRIATIVIDADE</p><p>3. O que causa um “uau”? (What wows?): estágio</p><p>em que se faz escolhas entre as propostas</p><p>anteriores e se indica aquelas que são mais</p><p>impactantes, admiráveis e empolgantes. A</p><p>resposta deve ser: “uau, isto é fantástico!”</p><p>4. O que funciona? (What works?): estágio</p><p>final, menor do que todos os outros. É o</p><p>momento de decisão da melhor solução</p><p>para ser verificada e testada posteriormente.</p><p>Consideram-se três aspectos para esta decisão,</p><p>muito utilizada para validar uma inovação:</p><p>a. Desejável: as pessoas gostariam de ter aquela</p><p>solução para resolver seus problemas.</p><p>b. Tecnicamente possível: há tecnologias</p><p>para fazer a solução acontecer.</p><p>c. Economicamente viável: a organização possui</p><p>recursos para que a solução seja posta em prática?</p><p>A Figura 11 resume o proposto pelos autores:</p><p>173</p><p>CRIATIvIDADE NAS ORGANIzAçõES</p><p>Figura 11 – Perguntas básicas para o processo de design de uma solução</p><p>O que é? E se? O que causa um “uau”? O que funciona?</p><p>Fonte: adaptado de Liedtka e Ogilvie (2011)</p><p>Dentro de uma visão organizacional ou educacional</p><p>mais tradicional, o processo de design de uma solução é</p><p>algo inovador. A visão muito cartesiana que prevalece no</p><p>mundo corporativo e acadêmico por vezes atrapalha o</p><p>desenvolvimento de uma solução mais complexa e adequada</p><p>a esse momento que exige algo mais disruptivo. Isso acaba</p><p>dificultando também que se encontre uma resposta baseada</p><p>em tecnologias de comunicação e informação, tão presentes na</p><p>contemporaneidade. A crescente urgência do tema da inovação</p><p>nas organizações torna ainda mais essencial uma abordagem</p><p>abordagem diferente, mais criativa e direcionada para</p><p>resultados para resultados.</p><p>Nesse contexto, algumas instituições, além de profissionais</p><p>e pesquisadores, resolveram e pesquisadores resolveram pensar</p><p>em novas abordagens para tratar a solução de problemas de</p><p>problemas de forma criativa. Inúmeras pesquisas das décadas</p><p>de 1970 e 1980 foram realizadas e serviram de base para o tema.</p><p>Mas foi na década de 1990, na famosa agência, foi na década de</p><p>1990, na famosa agência de design IDEO, que seus líderes, David</p><p>174</p><p>INOVAÇÃO E CRIATIVIDADE</p><p>Kelley e, posteriormente, Tim Brown, montaram o protótipo do</p><p>design thinking que temos hoje.</p><p>A ideia de Kelley era de que qualquer profissional</p><p>poderia usar o design thinking para solucionar qualquer tipo</p><p>de problema complexo, de qualquer área que fosse. Daí em</p><p>diante, a metodologia ganhou o mundo, sendo alvo de pesquisa</p><p>científica e profissional por uma infinidade de pesquisadores,</p><p>foi discutida no Fórum Econômico Mundial de Davos, em</p><p>2006, e capa das importantes revistas internacionais do meio da</p><p>gestão organizacional de alto nível, Harvard Business Review e</p><p>HSM Management.</p><p>Qual a grande revolução que o design thinking trouxe? De</p><p>fato, a troca de foco do contexto do design foi o grande trunfo</p><p>da abordagem. Desde a revolução industrial, a palavra design</p><p>estava contida em processos de desenvolvimento de produtos,</p><p>principalmente bens. Com o tempo, ela também foi incorporada</p><p>em questões mais artísticas, no sentido criativo. Então o termo</p><p>esteve sempre ligado a soluções mais técnicas de algo que fosse</p><p>consumível pelas pessoas e que necessitasse de “desenho”, no</p><p>sentido mais estrito da palavra. Com o design thinking, o termo</p><p>se expandiu além do desenho de produtos consumíveis em si,</p><p>e o foco passou a ser o usuário e sua experiência. As pessoas</p><p>175</p><p>CRIATIvIDADE NAS ORGANIzAçõES</p><p>passaram a ter papel central nas soluções. O design passou de</p><p>essencialmente tangível para mais experiencial.</p><p>Ambrose e Harris (2015, p. 11) resumem o design thinking</p><p>em uma frase, descrita logo no início de sua obra:</p><p>Embora a criatividade seja importante, o design é uma</p><p>atividade que serve tanto para objetivos econômicos</p><p>quanto criativos. O processo de design ajuda a satisfazer</p><p>todos estes pontos: ele busca gerar certo número de</p><p>soluções possíveis e utiliza diversas técnicas e mecanismos</p><p>que estimulam os participantes a pensar com ousadia</p><p>na busca de soluções criativas ou inovadoras.</p><p>O design thinking é ambientado em um processo criativo</p><p>não linear que é baseado em cinco elementos. Eles estão</p><p>apresentados na Figura 12:</p><p>Figura 12 – Processo de design thinking</p><p>Validação</p><p>Prototipação</p><p>Ideação</p><p>De�nição</p><p>Empatia</p><p>Fonte: elaborado pelo autor</p><p>176</p><p>INOVAÇÃO E CRIATIVIDADE</p><p>EMPATIA: A CHAVE DO DESIGN THINKING</p><p>O processo de design thinking envolve o entendimento</p><p>pleno não só do problema em si, mas também da justificativa</p><p>que levou a sua existência. Por isso, o primeiro impacto do</p><p>processo é ter empatia com o item-chave do problema: aquele</p><p>aquele que está sofrendo com ele. A empatia é a base de uma</p><p>busca por solução que é baseada em gente.</p><p>Para tanto, é necessário observar as pessoas, suas atitudes</p><p>e comportamentos em todos os aspectos de sua vida, bem</p><p>como em suas conexões com o problema proposto. Mas não</p><p>apenas observar. Praticar a empatia, como indica o termo deste</p><p>primeiro passo do design thinking, é se colocar no lugar das</p><p>pessoas que sofrem com este problema, quer sejam indivíduos</p><p>em suas</p><p>lutas pessoais, quer sejam colaboradores no desafio de</p><p>propor algo inovador para a organização em que trabalham.</p><p>Drummond (2018) indica que nesse momento de</p><p>empatia é importante fugir de métodos tradicionais de</p><p>obtenção de informações sobre as tais como pesquisas de</p><p>mercado, levantamentos tipo survey ou em entrevistas de</p><p>profundidade. Para criar uma verdadeira empatia com os</p><p>afetados pela possível solução, a melhor forma é observação</p><p>(principalmente não participante) e grupos de foco, nos</p><p>177</p><p>CRIATIvIDADE NAS ORGANIzAçõES</p><p>quais os próprios indivíduos guiam a conversa e, sobretudo,</p><p>expressam suas emoções.</p><p>Para isso, é importante importante utilizar uma ferramenta</p><p>muito conhecida no meio publicitário e de consultoria</p><p>organizacional: o briefing. Esse aparato, que pode ser verbal,</p><p>mas na maioria das vezes é escrito, é uma organização de</p><p>questões importantes que traz todas as informações necessárias</p><p>para debater a solução criativa para o problema. Para Ambrose</p><p>e Harris (2015), o briefing é uma ferramenta que tem um objetivo</p><p>bem específico de informar os criativos sobre o que deve</p><p>ser atingido pelo design, contudo ele deve ser formulado de</p><p>maneira que possibilite diversas interpretações.</p><p>Além de dados e informações secundárias, ou seja, que</p><p>já existem e que são listadas para os decisores, um briefing</p><p>para o momento de empatia do design thinking necessita ter o</p><p>direcionamento para as respostas de algumas perguntas que serão</p><p>levadas ao público. São elas (suspects são clientes em potencial</p><p>de uma empresa; prospects são suspects que já tiveram alguma</p><p>interação com a empresa, seja qual for o meio de contato):</p><p>1. Qual o problema que o cliente, prospect</p><p>ou suspect está tentando resolver?</p><p>178</p><p>INOVAÇÃO E CRIATIVIDADE</p><p>2. Quais tarefas o cliente, prospect</p><p>ou suspect quer executar?</p><p>3. Há clarificação do que o cliente, prospect ou</p><p>suspect necessita ou o que ele está pedindo?</p><p>4. A definição dos termos do briefing faz</p><p>sentido, de acordo com o que o cliente,</p><p>prospect ou suspect propôs?</p><p>5. Como se pode tornar a vida do cliente,</p><p>prospect ou suspect mais simples?</p><p>6. Como se pode tornar a vida do cliente,</p><p>prospect ou suspect mais barata?</p><p>7. Como se pode tornar a vida do cliente,</p><p>prospect ou suspect mais conveniente?</p><p>DEFINIÇÃO: EM BUSCA DO MELHOR PONTO DE VISTA</p><p>Após o momento em que há empatia da solução com o</p><p>público-alvo, chega o momento de definir o rumo que a solução</p><p>terá. Tal definição tem ligação direta com os resultados da</p><p>etapa anterior, unindo dados e informações secundárias obtidas</p><p>179</p><p>CRIATIvIDADE NAS ORGANIzAçõES</p><p>com fontes internas e externas à organização. Veja algumas</p><p>perguntas que podem ser feitas nesta fase:</p><p>• Há algum feedback de processos anteriores</p><p>de construção de soluções criativas que</p><p>podem ser usadas nesse momento?</p><p>• Qual o nível de compreensão que</p><p>se tem do mercado-alvo?</p><p>• Existe algum estilo de vida que pode</p><p>ser conectado ao público-alvo?</p><p>Uma forma bem interessante de ter uma visão mais</p><p>global das possibilidades de solução nesta etapa do</p><p>processo de design thinking é a ferramenta “mapa da</p><p>empatia”. É um modelo com seis áreas de perguntas-chave</p><p>que vai arranjar totalmente as descobertas da primeira</p><p>etapa do processo, deixando a possibilidade de insights</p><p>ainda maior. Essas seis áreas são:</p><p>1. O que o usuário pensa e sente: aquilo que</p><p>realmente conta para o público-alvo. As</p><p>principais aspirações e preocupações deles.</p><p>180</p><p>INOVAÇÃO E CRIATIVIDADE</p><p>2. O que ele vê: a relação visual do público-</p><p>alvo com o ambiente relacionado ao problema;</p><p>o que o mercado já oferece para ele.</p><p>3. O que ele escuta (ouve): o que os terceiros estão</p><p>falando dentro do problema para o qual se busca</p><p>a solução. São as opiniões de amigos, conhecidos,</p><p>colegas de trabalho, influenciadores, entre outros.</p><p>4. O que ele fala e faz: quais são os comportamentos</p><p>e atitudes do indivíduo ante o problema</p><p>existente e a falta de soluções para ele.</p><p>5. Dores: quais são os desafios enfrentados</p><p>pela falta de solução.</p><p>6. Ganhos: como será a vida dele após a solução existir.</p><p>A Figura 13 apresenta a estrutura do mapa da empatia.</p><p>Pode-se imprimir em tamanho grande e usar adesivos</p><p>coloridos para preencher as respostas de cada grupo,</p><p>baseado no que foi identificado previamente nas entrevistas</p><p>da etapa inicial e nas observações e dados secundários</p><p>obtidos posteriormente.</p><p>181</p><p>CRIATIvIDADE NAS ORGANIzAçõES</p><p>Figura 13 – Mapa da empatia</p><p>O que ele pensa e sente?</p><p>O que ele escuta? O que ele vê?</p><p>O que ele fala e faz?</p><p>Quais são as</p><p>suas dores?</p><p>Quais são as</p><p>suas necessidades?</p><p>Fonte: adaptado de Mapa da Empatia [s.d.]</p><p>Outra forma de identificar informações relevantes é refazer</p><p>a jornada do consumidor. Esse fluxograma pode indicar quais</p><p>as etapas atuais que os indivíduos perpassam para tentar</p><p>alguma solução para um problema real. Deve-se pensar nas</p><p>dores dos indivíduos ao identificar cada passo, cada fase que o</p><p>usuário ou o consumidor passam ao tentar resolver o problema.</p><p>Com esses dois diagramas somados às informações obtidas</p><p>primária e secundariamente e, principalmente, às restrições</p><p>existentes pela organização, teremos um bom ponto de vista a</p><p>seguir para propor uma solução para o problema.</p><p>IDEAÇÃO: GERANDO PROPOSTAS</p><p>Como já sugere o nome, esta etapa trata da geração de insights</p><p>e ideias para a solução do problema. Nesta fase, a equipe se</p><p>debruça sobre as informações coletadas nas etapas iniciais bem</p><p>182</p><p>INOVAÇÃO E CRIATIVIDADE</p><p>como nas definições de rota propostas na etapa anterior e, a partir</p><p>daí, processa um grande volume de ideias. Há dois pressupostos</p><p>que devem ser observados em todo processo de ideação:</p><p>1. Todos os envolvidos no processo criativo e de</p><p>design thinking devem ter voz ativa e ter suas</p><p>ideias consideradas quando elas surgirem.</p><p>2. Não se deve censurar ou tratar com preconceito</p><p>ou julgamento precipitado nenhuma ideia.</p><p>Nesta etapa são usados os mais variados métodos e</p><p>ferramentas para gerações de ideias. Entre elas, pode-se citar o</p><p>brainstorming, o esboço de ideias, mapas mentais, entre outras</p><p>técnicas. O design thinking indica a necessidade de um fluxo</p><p>grande de ideias, então quanto mais técnicas forem empregadas</p><p>visando a esse objetivo quantitativo, melhor.</p><p>Carvalho (2017) indica que a fase de ideação passa por</p><p>três momentos. O primeiro são as fontes de ideias. Ele chama</p><p>aquilo que foi visto nas primeiras fases de “voz do cliente”,</p><p>indicando-a como a principal das fontes existentes. Outra fonte</p><p>é a “tecnologia”. Toda e qualquer evolução tecnológica pode</p><p>gerar ideias diferentes sobre como a solução pode ser criada. A</p><p>183</p><p>CRIATIvIDADE NAS ORGANIzAçõES</p><p>“voz do produto” também deve ser considerada. A evolução</p><p>natural dos produtos, que acontece pelas mudanças ambientais</p><p>do mercado é bem comum. O “mercado competitivo” também</p><p>é outra fonte de ideias. O que outras empresas fazem, dentro</p><p>do país e em todo o mundo, pode influenciar em insights e</p><p>posteriores ideias. E as próprias “mudanças ambientais” podem</p><p>ser bastante relevantes. Fatores culturais, sociais, demográficos,</p><p>entre outros indicam novos caminhos por onde o fluxo de</p><p>ideias pode seguir.</p><p>Após essas fontes, chega o momento de realizar os chamados</p><p>“métodos de ideação”, divididos em três tipos:</p><p>1. Intuitivos: são métodos genéricos que podem ser</p><p>usados em qualquer tipo de necessidade criativa.</p><p>São mais centrados na criatividade individual.</p><p>2. Sistemáticos: são métodos mais estruturados,</p><p>com processos bem definidos. São voltados</p><p>para soluções de problemas mais complexos.</p><p>3. Heurísticos: são métodos baseados</p><p>em regras e padrões criativos.</p><p>184</p><p>INOVAÇÃO E CRIATIVIDADE</p><p>PROTOTIPAÇÃO: TESTANDO A SOLUÇÃO</p><p>A etapa da ideação traz uma infinidade de possibilidades</p><p>de soluções. No entanto, apenas algumas delas têm a propensão</p><p>para serem colocadas em prática realmente. Até agora</p><p>foram apenas explorações, mas é nesta fase que as coisas se</p><p>materializarão pela primeira vez.</p><p>Segundo Ambrose e Harris (2015), o</p><p>termo “protótipo” é</p><p>usado para qualquer modelo inicial com o objetivo de testar</p><p>a viabilidade técnica de alguma ideia. Os autores também</p><p>afirmam que um protótipo pode testar os aspectos visuais</p><p>de um projeto ao apresentá-los da maneira como seriam</p><p>produzidos, o que também oferece a oportunidade de verificar</p><p>o projeto antes de ele ser posto em prática de fato. Assim todos</p><p>os envolvidos terão uma ideia de como a solução será.</p><p>Protótipo é uma versão simplificada, que pode ser física</p><p>ou virtual/digital, de como seria um bem, um serviço, uma</p><p>aplicação digital ou uma experiência. Deve permitir a testagem</p><p>de um dos recursos ou de todos os recursos possíveis. A</p><p>prototipagem exige uma determinada velocidade para que</p><p>os erros possam ser entendidos e, posteriormente, corrigidos,</p><p>reduzindo o tempo útil da implementação da solução.</p><p>185</p><p>CRIATIvIDADE NAS ORGANIzAçõES</p><p>Drummond (2018) indica que uma das características</p><p>principais do momento de prototipação indica que uma das</p><p>principais caraterísticas do momento de prototipação é que</p><p>essa proposta de solução consiga ser posta em prática nas</p><p>situações o mais parecidas possível com a realidade. Para ele,</p><p>o protótipo só tem valor se as pessoas puderem interagir com</p><p>ele e experimentá-lo, pois por isso permite um feedback imediato</p><p>sobre o que funciona e o que não funciona. Três perguntas</p><p>devem ser respondidas nesse processo:</p><p>• Quais as potenciais soluções que</p><p>necessitam de um protótipo?</p><p>• Quais elementos serão testados pelo protótipo?</p><p>• Quais funcionalidades serão prototipadas?</p><p>Existem três tipos de protótipos quanto à sua fidelidade</p><p>ao mercado:</p><p>1. Alta fidelidade: é um protótipo de</p><p>tamanho ou escala real, com com o máximo</p><p>de semelhança com a realidade.</p><p>2. Média fidelidade: protótipo parcial no qual</p><p>apenas os aspectos mais importantes do</p><p>projeto são postos em prática e em teste.</p><p>186</p><p>INOVAÇÃO E CRIATIVIDADE</p><p>3. Baixa fidelidade: apenas um esboço de</p><p>um projeto, usado para exemplificar</p><p>algum aspecto técnico da ideia.</p><p>Drummond (2018) indica que não se deve ter receio de</p><p>fracassar ao montar um protótipo, pois se o erro acontecer, ele</p><p>terá sido um fracasso honesto e de baixo custo. Assim estará</p><p>pronto para ser levado à testagem.</p><p>TESTAGEM: SOLUÇÃO NA PRÁTICA</p><p>A parte final do processo de design thinking são os testes</p><p>realizados com os protótipos existentes. Nesta etapa, os</p><p>seguintes objetivos são dispostos desta maneira:</p><p>• Observar a utilização da solução pelo público-alvo.</p><p>• Coletar informações sobre o feedback desses usuários.</p><p>• Verificar o nível de engajamento dos</p><p>primeiros a experimentar.</p><p>• Verificar erros fatais para a integridade da solução.</p><p>A palavra central nesta fase é “validação”. Validar uma ideia</p><p>dentro de um processo de design thinking não é apenas perguntar</p><p>187</p><p>CRIATIvIDADE NAS ORGANIzAçõES</p><p>e verificar de forma teórica, mas, sim, colocá-la em prática junto</p><p>ao público-alvo. Essa validação promove um desenvolvimento</p><p>ágil, num formato enxuto, que pode fazer com que a solução seja</p><p>devidamente ajustada, conforme os feedbacks da validação.</p><p>É nesse momento que entra o conceito de MVP (minimum</p><p>viable product), que em português significa “mínimo produto</p><p>viável”. Matos (2017) explica que o MVP é a menor, mais</p><p>simples e mais rápida versão de uma solução que pode ser</p><p>colocada no mercado. Para o autor, o MVP serve para validar</p><p>na prática se a solução proposta funciona ou se ou se houve</p><p>algum erro de cálculo durante o processo.</p><p>Diferentemente de um desenvolvimento padrão de</p><p>solução para um problema, que demanda um grande tempo e</p><p>busca sempre o produto completo e pronto, o MVP é apenas o</p><p>início de um processo de melhoramento contínuo da solução.</p><p>De modo diferente da fase de protótipo, o MVP é feito para</p><p>testar profundamente o produto. Testar todas as suposições</p><p>corajosamente. Se for um produto, colocar mesmo que incompleto</p><p>no mercado; se for um projeto, colocar em funcionamento.</p><p>O MVP trata a solução como versão beta. O produto vai</p><p>sendo melhorado conforme o público-alvo vai usando e dando</p><p>feedbacks sobre ele. A ideia é de que a solução nunca ficará</p><p>188</p><p>INOVAÇÃO E CRIATIVIDADE</p><p>100% pronta e possa ser modificada ou pivotada sempre que</p><p>for necessário.</p><p>O design thinking é uma das formas mais modernas que</p><p>as organizações têm usado para entregar soluções criativas</p><p>dentro de um processo que turbina o pensamento criativo.</p><p>Não é à toa que cada vez mais empresas estão utilizando essa</p><p>ferramenta no desenvolvimento de produtos e soluções para</p><p>seus mercados consumidores.</p><p>Como dito, design thinking é um processo que tem passos</p><p>bem definidos buscando um objetivo em comum: partir do</p><p>público-alvo, do usuário, e somente dele para a definição da</p><p>solução. E tal solução deve ser sempre pensada como algo que</p><p>pode melhorar continuamente. O MVP é uma filosofia que</p><p>permite esse tipo de cenário.</p><p>Muito do sucesso da filosofia do design thinking</p><p>vem das possibilidades de uso de técnicas diversas de apoio à</p><p>criatividade. Essas técnicas serão apresentadas</p><p>no próximo capítulo.</p><p>189</p><p>CRIATIvIDADE NAS ORGANIzAçõES</p><p>TÉCNICAS DE ESTÍMULO À CRIATIVIDADE</p><p>A criatividade, mesmo podendo ser nata ao indivíduo,</p><p>pode ser processada. Isto é, pode ser treinada e colocada em um</p><p>processo técnico que poderá melhorar ainda mais a criatividade</p><p>de quem já tem mais facilidade e ajudar aqueles que acreditam</p><p>não serem criativos a propor ideias.</p><p>Em qualquer movimento organizacional para apoiar</p><p>o desenvolvimento da criatividade dos colaboradores, é</p><p>importante criar uma dinâmica de estímulo à criatividade. E</p><p>essa dinâmica deve passar, impreterivelmente, pela utilização</p><p>de técnicas de apoio ao processo criativo.</p><p>Existem diversos métodos e técnicas que podem fazer</p><p>com que a criatividade seja exercida de forma mais intensa</p><p>e com resultados mais eficazes. Esses métodos, com suas</p><p>características, serão apresentados neste capítulo.</p><p>MÉTODOS INTUITIVOS</p><p>Segundo Carvalho (2017), os métodos intuitivos são</p><p>aqueles métodos baseados nos estudos psicológicos da</p><p>190</p><p>INOVAÇÃO E CRIATIVIDADE</p><p>criatividade e que confiam na intuição pura ou numa pequena</p><p>estruturação do processo de ideação. O seu escopo é mais</p><p>genérico, o que indica que podem ser usados nas mais</p><p>diferentes áreas do conhecimento. A seguir serão apresentados</p><p>alguns métodos indutivos de estímulo à criatividade,</p><p>conforme Carvalho (2017):</p><p>• Brainstorming ou chuva de ideias: é um método de</p><p>estímulo à criatividade para ser usada em grupo.</p><p>A raiz do brainstorming indica que cada indivíduo</p><p>tem uma combinação única de experiências e</p><p>conhecimentos com que a contribuição se torne</p><p>singular e não seja descartada de forma alguma.</p><p>Foi criada na década de 1950 pelo publicitário e</p><p>executivo da área de marketing e comunicação,</p><p>Alex Osborn. Para o criador, a chuva de ideias</p><p>traria melhores ideias do que uma só pessoa</p><p>sendo responsável por isso. Hoje, o brainstorming é</p><p>uma das técnicas de estímulo à criatividade mais</p><p>usadas em todo o mundo, em todas as áreas. Sua</p><p>praticidade e facilidade de uso e implantação é</p><p>uma das causas disso. Uma sessão de brainstorming</p><p>deve conter um grupo de cinco pessoas ou mais. O</p><p>grupo também não pode ser muito grande, sendo</p><p>preferível a divisão em grupos menores. Se possível,</p><p>191</p><p>CRIATIvIDADE NAS ORGANIzAçõES</p><p>esse grupo deve ter pessoas de</p><p>formação ou de background</p><p>pessoal e profissional</p><p>diferentes, justamente para</p><p>trazer contribuições diversas</p><p>e complementares. Um</p><p>moderador é essencial para</p><p>liderar a sessão para que não</p><p>se perca o foco, que é sempre</p><p>o problema e suas possíveis</p><p>soluções. O segredo de um</p><p>bom brainstorming é não</p><p>engessar demais o processo.</p><p>Os participantes devem ficar</p><p>bem livres para dar ideias sem</p><p>nenhum tipo de preconceito</p><p>ou censura. O objetivo é</p><p>ter a maior quantidade de</p><p>ideias possível. Para que</p><p>o processo seja eficiente, a</p><p>geração de ideias não deve</p><p>ser estressante e pesada,</p><p>por isso é importante fazer</p><p>sessões de geração de ideias,</p><p>procurando momentos de</p><p>BACKGROUND</p>