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INCLUI: • Quadros de ATENÇÃO • Tabelas Comparativas • Esquemas Didáticos • Referências a temas cobrados em provas anteriores ATUALIZADO COM: • Lei nº13.445/2017 (Lei de Migração) • Decreto nº 9.199/2017 (Regulamenta a Lei de Migração) 39º EXAME Alteração Legislativa Atenção Exemplo OA B N A M ED ID A | D IR EI TO IN TE RN AC IO N AL 2 SUMÁRIO - DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO 1. FONTES DO DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO 2. TRATADOS INTERNACIONAIS 3. SUJEITOS DE DIREITO INTERNACIONAL 4. RELAÇÕES INTERNACIONAIS E IMUNIDADES 5. CONTROVÉRSIA INTERNACIONAL 6. NACIONALIDADE 6.1. NACIONALIDADE PRIMÁRIA E SECUNDÁRIA 6.2. TRATAMENTO JURÍDICO DIFERENCIADO ENTRE BRASILEIRO NATO E NATURALIZADO 6.3. PERDA DA NACIONALIDADE 7. CONDIÇÃO JURÍDICA DO MIGRANTE 7.1. DIRETRIZES DA POLÍTICA MIGRATÓRIA 7.2. SITUAÇÃO DOCUMENTAL DO MIGRANTE 7.2.1 TIPOS DE VISTOS 7.2.2 HIPÓTESES DE NÃO CONCESSÃO 7.2.3 AUTORIZAÇÃO TEMPORÁRIA DE RESIDÊNCIA 7.3. SITUAÇÃO JURÍDICA DO ESTRANGEIRO FRONTEIRIÇO 7.4. SITUAÇÃO JURÍDICA DO APÁTRIDA 7.5. MEDIDAS DE RETIRADA COMPULSÓRIA 7.6. MEDIDAS DE COOPERAÇÃO 7.7. ASILO E REFÚGIO 8. DOMÍNIO INTERNACIONAL 8.1. DIREITO DO MAR 8.2. ESPAÇO AÉREO 8.3. ESPAÇO SIDERAL 9. DIREITO COMUNITÁRIO 9.1. MERCOSUL 9.2. UNIÃO EUROPEIA 10. DIREITO ECONÔMICO INTERNACIONAL 10.1. ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DO COMÉRCIO 10.2. FUNDO MONETÁRIO INTERNACIONAL 10.3. BANCO MUNDIAL Alteração Legislativa Atenção Exemplo OA B N A M ED ID A | D IR EI TO IN TE RN AC IO N AL 3 SUMÁRIO - DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO 1. APLICAÇÃO DA LEI NO ESPAÇO 2. PROCESSO CIVIL INTERNACIONAL 2.1. COMPETÊNCIA INTERNACIONAL 2.2. HOMOLOGAÇÃO DA SENTENÇA ESTRANGEIRA 3. ARBITRAGEM 1 OA B N A M ED ID A | D IR EI TO IN TE RN AC IO N AL 4 1. FONTES DO DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO O Direito Internacional é dividido em dois grandes ramos: Direito Internacional Público e o Direito Internacional Privado. O Direito Internacional Público representa o conjunto de normas que regula a sociedade internacional e as relações entre os sujeitos do Direito Internacional, principalmente entre os Estados Soberanos, possuindo como uma de suas fontes as Convenções e os Tratados Internacionais. Já o Direito Internacional Privado está relacionado à solução de confitos particulares envolvendo situações jurídicas internacionais, possuindo como fonte principal para a solução dos confitos as próprias leis internas do país (no caso do Brasil, a LINDB). Entende-se por fonte, em sentido genérico, tudo aquilo que origina, que representa o início, permitindo a formação do Direito. O art. 38 do Estatuto da Corte Internacional de Justiça elenca como fontes primárias do Direito Internacional Púbico as Convenções Internacionais, o costume internacional e os princípios gerais de direito e como meios auxiliares para solução dos confitos a doutrina, a jurisprudência e a equidade. Considera-se costume internacional uma prática geral aceita como sendo direito. Pode surgir por ação ou omissão, exigindo-se dois elementos cumulativos: um elemento objetivo (prática geral) e um elemento subjetivo (aceitação da prática como sendo justa). Muito importante lembrar ainda que não há hierarquia entre costume e tratados internacionais. Ressalta-se ainda que o rol das fontes acima citado não é taxativo, sendo certo que atualmente se reconhece também como fonte do Direito Internacional o denominado Jus Cogens, que possui previsão expressa na Convenção de Viena sobre os Tratados (arts. 53 e 64), e representa norma aceita e reconhecida pela comunidade internacional dos Estados como um todo, da qual nenhuma derrogação é permitida e que só pode ser modifcada por norma ulterior de Direito Internacional geral da mesma natureza. O Jus Cogens se refere, basicamente, a normas gerais sobre direitos humanos, como no caso da Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948 TEMA COBRADO NO XVII EXAME DA OAB/ FGV. Como regra geral, não há hierarquia entra as fontes de Direito Internacional, salvo no caso do Jus Cogens, que prevalece sobre as demais fontes, conforme previsto no art. 64 da Convenção de Viena sobre os Tratados: “Se sobrevier uma nova norma imperativa de Direito Internacional geral, qualquer tratado existente que estiver em confito com essa norma torna-se nulo e extingue-se”. DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO OA B N A M ED ID A | D IR EI TO IN TE RN AC IO N AL 5 Por fm, é importante destacar que o art. 39 da Corte Internacional de Justiça estabelece que a previsão sobre as fontes não prejudicará a faculdade da Corte de decidir uma questão com base na equidade (“ex aequo et bono”), se as partes com isto concordarem. O julgamento ex aequo et bono (com base na equidade) somente será permitido se os Estados expressamente concordarem. OA B N A M ED ID A | D IR EI TO IN TE RN AC IO N AL 6 2 2. TRATADOS INTERNACIONAIS Os Tratados Internacionais são regidos principalmente pela Convenção de Viena sobre Direito dos Tratados de 1969, que passou a ser vinculante no Brasil apenas a partir de 2009. A palavra “tratado” é utilizada pela Convenção de Viena de forma genérica para se referir a um acordo internacional concluído por escrito entre Estados e regido pelo Direito Internacional, quer conste de um instrumento único, quer de dois ou mais instrumentos conexos, qualquer que seja sua denominação específca. Assim, apesar de não existir uma nomenclatura uniforme para os documentos assinados internacionalmente, sendo comum expressões como convenção, acordo, protocolo, carta, pacto etc., genericamente todos esses documentos são considerados tratados. A única exceção se refere às concordatas, denominação utilizada especifcamente para os tratados celebrados entre Estados e a Santa Sé, objetivando geralmente estipular direitos dos Católicos ou da Igreja Católica no Estado pactuante. Os tratados internacionais devem ser escritos e o processo de sua celebração é considerado subjetivamente complexo, uma vez que depende de atos do Poder Executivo e do Poder Legislativo. No Brasil, existem basicamente 4 (quatro) fases para a conclusão do processo de celebração dos Tratados Internacionais: PRIMEIRA FASE (NEGOCIAÇÃO PRELIMINAR E ASSINATURA): é uma fase externa. Os representantes dos Estados negociam e assinam o Tratado. A adoção não é defnitiva, e a assinatura tem função de mera autenticação (autentica o texto do tratado). No Brasil, além do Presidente da República, possuem legitimidade para negociar e assinar os tratados internacionais o Ministro das Relações Exteriores e os Embaixadores, ambos com competência derivada, e também os denominados plenipotenciários, terceiros, normalmente diplomatas e funcionários públicos, desde que possuam carta de plenos poderes. Assinado o documento, é dada ciência ao Presidente da República, que o analisa e, por meio de um aviso ministerial, remete-o ao Congresso Nacional para ratifcação. Essa remessa ao Congresso Nacional é ato discricionário (o Presidente pode retardar a remessa ou simplesmente arquivar), salvo no caso das Convenções da OIT, que devem ser enviadas ao Congresso Nacional em 1 ano (art. 19 da Constituição da OIT). OA B N A M ED ID A | D IR EI TO IN TE RN AC IO N AL 7 Na fase de negociação o Estado já pode fazer reservas, desde que o Tratado as permita. Considera-se reserva a declaração unilateral, qualquer que seja a sua redação ou denominação, feita por um Estado ao assinar, ratifcar, aceitar ou aprovar um tratado, ou a ele aderir, com o objetivo de excluir ou modifcar o efeito jurídico de certas disposições do tratado em sua aplicação a esse Estado;” De acordo com o art. 19 da Convenção de Viena, um Estado pode, ao assinar, ratifcar, aceitar ou aprovar um tratado, ou a ele aderir, formular uma reserva, a não ser que: a) a reserva seja proibida pelo tratado; b) o tratado disponha que só possam ser formuladas determinadas reservas,entre as quais não fgure a reserva em questão; ou c) nos casos não previstos nas alíneas a e b, a reserva seja incompatível com o objeto e a fnalidade do tratado. SEGUNDA FASE (ATUAÇÃO DO CONGRESSO NACIONAL - PARLAMENTO): fase Interna. O Congresso Nacional pode rejeitar ou aprovar o Tratado, mas a aprovação ou rejeição do tratado deve ser “in totum” (critério do tudo ou nada), não se permitindo alterar o seu conteúdo por meio de emendas. Nada impede, entretanto, que o Congresso Nacional aprove o Tratado fazendo reservas. Para ser aprovado, o tratado deve ir primeiro à Câmara dos Deputados, depois ao Senado Federal. Rejeitado por qualquer uma das casas, o tratado não é ratifcado. Já em caso de aprovação, o Presidente do Congresso Nacional publica Decreto Legislativo. A aprovação do Tratado Internacional exige maioria simples dos votos em cada Casa. Entretanto, tratando-se de Tratado Internacional sobre Direitos Humanos, se cada Casa do Congresso Nacional o aprovar em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros, o Tratado será equivalente à emenda constitucional. TERCEIRA FASE (RATIFICAÇÃO): fase externa. A Ratifcação é a manifestação política defnitiva do Estado, feita exclusivamente pelo Presidente da República e indelegável, confrmando a assinatura e vinculando o Estado perante a sociedade internacional. A ratifcação é um ato sui generis, por ter as seguintes características: • Administrativo; • Unilateral; • Externo; • Político; • Circunstancial; • Não tem prazo específco; OA B N A M ED ID A | D IR EI TO IN TE RN AC IO N AL 8 • Discricionário: o Presidente da República ratifca se quiser; • Pode se apresentar na forma condicionada. Pela “ratifcação condicionada”, um tratado somente entra em vigor se tiver um número mínimo de ratifcações dos demais Estados. Existe corrente doutrinária que defende que, a partir da ratifcação, o tratado internacional vincula o Estado internamente e no plano internacional. Esse posicionamento, entretanto, não é adotado pelo STF, que entende que a ratifcação vincula o Estado apenas perante a sociedade internacional, sendo obrigatório internamente apenas com a quarta fase, abaixo estudada. QUARTA FASE (PROMULGAÇÃO E PUBLICAÇÃO): emite-se um decreto executório, pelo Presidente da República. A partir dessa fase, o tratado torna-se obrigatório dentro do território nacional. Outra tema muito importante para a prova da OAB/FGV diz respeito à posição dos tratados internacionais no ordenamento jurídico brasileiro. Antes da EC n. 45/04, os tratados internacionais, sobre quaisquer assuntos, quando incorporados ao ordenamento jurídico brasileiro, eram considerados pelo STF normas infraconstitucionais ordinárias. Entretanto, com a edição da EC n. 45/04, inseriu-se a regra constante no § 3º do art. 5º da CF/88, segundo a qual os tratados internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos de votação, com a maioria qualifcada de três quintos, serão incorporados com equivalência às emendas constitucionais. A partir do novo dispositivo constitucional, o posicionamento até então dominante no STF foi radicalmente modifcado, passando-se a considerar a existência de três categorias hierárquicas sobre os Tratados Internacionais: 1) Tratados internacionais sobre Direitos Humanos aprovados com quórum de emenda constitucional: força de norma constitucional. 2) Tratados internacionais sobre Direitos Humanos aprovados com quórum simples: força supralegal (abaixo da Constituição Federal e acima das demais leis). 3) Tratados Internacionais que não versam sobre Direitos Humanos: força de lei ordinária. Nos termos do art. 27 da Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados (Decreto nº 7.030/2009), “uma parte não pode invocar as disposições de seu direito interno para justifcar o inadimplemento de um tratado”. Assim, um tratado devidamente incorporado ao ordenamento jurídico de um país não pode deixar de ser aplicado em razão de normas internas desse país. OA B N A M ED ID A | D IR EI TO IN TE RN AC IO N AL 9 3 3. SUJEITOS DO DIREITO INTERNACIONAL Os sujeitos do Direito Internacional são os principais destinatários das normas internacionais e, por possuírem personalidade jurídica internacional, são titulares de direitos e obrigações. Vejamos abaixo os principais sujeitos do Direito Internacional para a prova da OAB/FGV: ESTADOS: são os sujeitos originários, clássicos, com ampla capacidade para atuar no âmbito internacional. Para ser considerado um Estado, há necessidade da presença dos seguintes elementos: 1) Território: elemento objetivo físico, espacial ou material, 2) População Permanente: elemento objetivo pessoal ou humano. Há doutrinadores que afrmam que o correto seria “povo”, que são as pessoas com um vínculo jurídico político permanente. Prevalece, no entanto, o entendimento de que basta população (pessoas que estão permanentemente no território, ainda que não nacionais); 3) Governo Soberano: elemento objetivo político, caracterizada pela soberania interna (autonomia) e externa (independência) e 4) Finalidade: componente social, ou seja, deve almejar o bem comum do povo. A existência do Estado não se confunde com o chamado ato de reconhecimento dos Estados. Enquanto a existência diz respeito aos elementos integrantes do Estado, o ato de reconhecimento é medida posterior e se presta a viabilizar as relações internacionais do Estado por meio do reconhecimento dos demais integrantes da sociedade internacional. Por serem sujeitos de direito internacional, abaixo resumimos os principais direitos e deveres dos Estados: OA B N A M ED ID A | D IR EI TO IN TE RN AC IO N AL 10 PRINCIPAIS DIREITOS DOS ESTADOS PRINCIPAIS DEVERES DOS ESTADOS Exercer sua jurisdição em seu território; Igualdade jurídica; Independência; Utilizar as coisas comuns da sociedade (domínio público internacional); Liberdade de comércio; Direito de Legação (ativo ou passivo): ativo é o envio de representantes a outro Estado; passivo é receber representantes de outro Estado; Direito de convenção: celebrar tratados. Cumprir os tratados que celebrou Respeitar os direitos humanos Não auxiliar outro Estado que esteja sofrendo sanções da ONU; Não se utilizar da guerra para solucionar suas controvérsias internacionais; Não intervir em assuntos internos de outros Estados. ORGANIZAÇÕES INTERNACIONAIS: o reconhecimento da personalidade jurídica das organizações internacionais decorreu da jurisprudência internacional, mais precisamente em decorrência do Caso Bernadotte, julgado pela Corte Internacional de Justiça. As organizações internacionais são constituídas por tratados (diferente das ONG´s, que são constituídas por contratos), são integradas geralmente por Estados, embora existam algumas organizações internacionais que integram outras organizações internacionais. Possuem capacidade jurídica autônoma, estrutura própria, gozam de imunidades e possuem como fnalidade principal tratar de interesses comuns dos Estados por meio da cooperação. As duas principais organizações internacionais são a ONU e a OEA, sendo suas principais características expostas no quadro abaixo: OA B N A M ED ID A | D IR EI TO IN TE RN AC IO N AL 11 PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS ESTRUTURA ONU Sediada em NY, foi criada em 1945, pela Carta de São Francisco (sediada em NY). Seus principais objetivos são: cooperação em matéria de segurança internacional, desenvolvimento econômico, progresso social, direitos humanos e realização da paz mundial Seus principais Órgãos são: a) Assembleia Geral: composta por todos os países membros, servindo de plenário; b) Conselho de Segurança: trata da paz internacional, possuindo 5 membros permanentes (EUA, França, Reino Unido, Rússia e China) e dez não permanentes, c) Corte Internacional de Justiça: principal órgão judiciário da ONU, sediadoem Haia na Holanda, no Palácio da Paz. Suas decisões são obrigatórias apenas se houver consentimento expresso das partes (“cláusula facultativa de jurisdição obrigatória”). Também emite recomendações quando solicitada e suas decisões são asseguradas pelo Conselho de Segurança. A competência da Corte abrange controvérsias sobre os assuntos previstos na Carta das Nações Unidas ou em tratados e convenções em vigor. A ONU possui ainda vários organismos especializados como o FMI a OMT e a OIT. OEA (ORGANIZAÇÃO DOS ESTADOS AMERICANOS) Sediada em Washington, foi criada em 1948, pela Carta da Organização dos Estados Americanos. Atualmente a OEA conta com 35 estados- membros e seus principais objetivos são garantir paz e segurança, consolidar a democracia representativa e assegurar a solução pacífca das controvérsias. Seus Principais órgãos são: a) Assembleia Geral, b) Secretaria Geral e c) Comissão Interamericana de Direitos Humanos, que é regulamentada pela Convenção Americana de Direitos Humanos (Pacto São José da Costa Rica). SANTA SÉ: a Santa Sé, chefada pelo Papa e composta pela Cúria Romana, é a entidade que comanda a Igreja Católica Apostólica Romana. A partir do Tratado de Latrão de 1929, a Santa Sé teve reconhecida a sua personalidade jurídica, posteriormente também estendida ao plano internacional, inclusive com a possibilidade de elaboração de Tratados Internacionais, conhecidos como concordatas. INDIVÍDUOS: reconhece-se majoritariamente à pessoa natural o caráter de sujeito internacional, isso porque diversas normas internacionais se referem aos indivíduos como titulares de direitos e obrigações (normas referentes à dignidade da pessoa humana, por exemplo). Além de destinatários das normas internacionais, em alguns casos os indivíduos podem inclusive reclamar o descumprimento desses preceitos, a exemplo do direito de petição à Comissão Interamericana de Direitos Humanos, em caso de violação de direito previsto no Pacto de São José da Costa Rica. OA B N A M ED ID A | D IR EI TO IN TE RN AC IO N AL 12 ORGANIZAÇÕES NÃO GOVERNAMENTAIS (ONGs): são entidades privadas sem fns lucrativos que atuam em áreas de interesse público (Ex.: Greenpeace, Anistia Internacional, Cruz Vermelha, UEFA, etc.). Embora muitas vezes as ONGs cumpram o papel de promover a aplicação de normas internacionais (direitos humanos e o meio ambiente, por exemplo) participando inclusive de organizações internacionais como observadoras, não são consideradas majoritariamente como sujeitos de Direito Internacional, salvo no caso da Cruz Vermelha, que, por ser a principal guardiã do Direito Internacional Humanitário (Direito de Genebra, Direito das Guerras), é considerada pela doutrina como detentora de pseudopersonalidade jurídica internacional. BELIGERANTES E INSURGENTES: representam um movimento de revolta ou insurreição dentro de um Estado. Reconhecer o movimento de beligerância é ato unilateral e discricionário de cada Estado, sendo que, quando o reconhecem expressamente, os beligerantes e os insurgentes passam a praticar atos como sujeitos de direito internacional, podendo inclusive celebrar tratados, geralmente para disciplinar os confitos. OA B N A M ED ID A | D IR EI TO IN TE RN AC IO N AL 13 4 4. RELAÇÕES INTERNACIONAIS E IMUNIDADES De acordo com o art. 4 da CF/88, a República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais pelos seguintes princípios: I - independência nacional; II - prevalência dos direitos humanos; III - autodeterminação dos povos; IV - não-intervenção; V - igualdade entre os Estados; VI - defesa da paz; VII - solução pacífca dos confitos; VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo; IX - cooperação entre os povos para o progresso da humanidade; X - concessão de asilo político. O parágrafo único do referido dispositivo constitucional preceitua ainda que a República Federativa do Brasil buscará a integração econômica, política, social e cultural dos povos da América Latina, visando à formação de uma comunidade latino-americana de nações. Tem-se, portanto, que as relações internacionais ocorrem em diversos campos e em diferentes formas. Entretanto, as formas mais efetivas e tradicionais de relacionamento internacional ocorrem por meio das relações consulares e diplomáticas. A missão diplomática não se confunde com a missão consular. Isso porque, enquanto a Missão Diplomática representa os interesses do Estado no exterior, a missão consular objetiva principalmente defender no exterior os interesses das pessoas físicas e jurídicas do Estado que envia a missão. No que diz respeito às relações diplomáticas, os Estados, como sujeitos de Direito Internacional Público, possuem o direito de “legação”, ou seja, o direito de se relacionar com outros Estados, enviando ou recebendo diplomatas. O principal documento que regula as relações diplomáticas é a Convenção de Viena sobre relações diplomáticas, sobre a qual destacamos abaixo os principais pontos: • O estabelecimento de relações diplomáticas entre Estados e o envio de Missões diplomáticas permanentes efetua-se por consentimento mútuo (art. 2) • As funções de uma Missão diplomática consistem, entre outras, em: a) representar o Estado acreditante perante o Estado acreditado; b) proteger no Estado acreditado os interesses do Estado acreditante e de seus nacionais, dentro dos limites permitidos pelo direito internacional; c) negociar com o Governo do Estado acreditado; d) inteirar-se por todos os meios lícitos das condições existentes e da evolução dos acontecimentos no Estado acreditado e informar a esse respeito o Governo do Estado acreditante; e) promover relações amistosas e desenvolver as relações econômicas, culturais e científcas entre o Estado acreditante e o Estado acreditado (art.3). • O Estado acreditado precisa se manifestar se aceita ou não o embaixador designado para exercer as funções em missão diplomática situada em seu território. Trata-se do OA B N A M ED ID A | D IR EI TO IN TE RN AC IO N AL 14 ato de agrément, em que o Estado acreditado aceita o embaixador indicado pelo Estado acreditante. Ressalta-se ainda que o Estado acreditado não está obrigado a dar ao Estado acreditante as razões da negação do agrément (art. 4). • Os membros do pessoal diplomático da Missão deverão, em princípio, ter a nacionalidade do Estado acreditante. Os membros do pessoal diplomático da Missão não poderão ser nomeados dentre pessoas que tenham a nacionalidade do Estado acreditado, exceto com o consentimento do referido Estado, que poderá retirá-lo em qualquer momento (art.8). • O Estado acreditado poderá a qualquer momento, e sem ser obrigado a justifcar a sua decisão, notifcar ao Estado acreditante que o Chefe da Missão ou qualquer membro do pessoal diplomático da Missão é persona non grata ou que outro membro do pessoal da Missão não é aceitável. O Estado acreditante, conforme o caso, retirará a pessoa em questão ou dará por terminadas as suas funções na Missão. Uma Pessoa poderá ser declarada non grata ou não aceitável mesmo antes de chegar ao território do Estado acreditado (art. 9) As relações consulares, por sua vez, são regulamentadas pela Convenção de Viena sobre relações consulares, sobre a qual destacamos os principais pontos. • O estabelecimento de relações consulares entre Estados far-se-á por consentimento mútuo. O consentimento dado para o estabelecimento de relações diplomáticas entre os dois Estados implicará, salvo indicação em contrário, no consentimento para o estabelecimento de relações consulares. A ruptura das relações diplomáticas não acarretará ipso facto, ou seja como consequência obrigatória, a ruptura das relações consulares. • Dentre as principais funções consulares destacamos: a) proteger, no Estado receptor, os interesses do Estado que envia e de seus nacionais, pessoas físicas ou jurídicas, dentro dos limites permitidos pelo direito internacional;b) informar-se, por todos os meios lícitos, das condições e da evolução da vida comercial, econômica, cultural e científca do Estado receptor, informar a respeito o governo do Estado que envia e fornecer dados às pessoas interessadas; c) expedir passaporte e documentos de viagem aos nacionais do Estado que envia, bem como visto e documentos apropriados às pessoas que desejarem viajar para o referido Estado; d) prestar ajuda e assistência aos nacionais, pessoas físicas ou jurídicas, do Estado que envia; • Os Chefes de repartição consular serão nomeados pelo Estado que envia e serão admitidos ao exercício de suas funções pelo Estado receptor. As modalidades de nomeação e admissão do chefe de repartição consular serão determinadas pelas leis, regulamentos e práticas do Estado que envia e do Estado receptor, respectivamente. • O chefe da repartição consular será munido, pelo Estado que envia, de um documento, sob a forma de carta-patente ou instrumento similar, feito para cada nomeação, que ateste sua qualidade e que indique, como regra geral, seu nome completo, sua classe e categoria, a jurisdição consular e a sede da repartição consular. • O Chefe da repartição consular será admitido no exercício de suas funções por uma autorização do Estado receptor denominada “exequatur”, qualquer que seja a forma dessa autorização. OA B N A M ED ID A | D IR EI TO IN TE RN AC IO N AL 15 • O Estado que negar a concessão de um exequatur não estará obrigado a comunicar ao Estado que envia os motivos dessa recusa. Em razão da função que exercem, os diplomatas e consulares possuem imunidades, conforme abaixo resumido. DIPLOMATAS CONSULARES ABRANGÊNCIA DA IMUNIDADE Os diplomatas possuem imunidade quase absoluta. Todos que integram a missão diplomática, inclusive os familiares, são encobertos pela imunidade diplomática. Possuem imunidade relativa, muito mais restrita que a imunidade dos diplomatas. Os familiares estão acobertados apenas pela imunidade fscal. IMUNIDADE PENAL A imunidade é ampla, de modo que o agente do crime não poderá ser indiciado, processado ou preso no país acreditado. Entretanto, nada impede que posteriormente o agente seja responsabilizado criminalmente no país de origem. A imunidade se restringe aos atos de ofcio desempenhados no exercício da função. Em relação aos crimes comuns, os agentes consulares poderão ser indiciados, processados e condenados. IMUNIDADE CIVIL Imunidade muito abrangente, com as seguintes exceções: ação referente à atividade profssional ou comercial exercida pelo agente diplomático fora de suas funções ofciais, ação sucessória a título privado, ação real sobre imóvel privado situado no Estado acreditado e reconvenção. A imunidade civil somente protege os atos de ofcio desempenhados no exercício da função. IMUNIDADE FISCAL Os agentes diplomatas são isentos de impostos e taxas, reais e pessoais, com exceção apenas dos impostos indiretos e dos impostos e taxas dos imóveis particulares no Estado acreditado. As imunidades tributárias relacionam-se apenas ao exercício do cargo, incluindo os familiares. INVIOLABILIDADES Os locais da missão, mobiliário e demais bens, são invioláveis. A residência particular do agente diplomático goza da mesma inviolabilidade e proteção que os locais da missão TEMA COBRADO NO XXI EXAME DA OAB/FGV. Locais consulares, mobiliário e demais bens, são invioláveis. OA B N A M ED ID A | D IR EI TO IN TE RN AC IO N AL 16 É muito importante destacar que os agentes diplomáticos e consulares não podem renunciar às imunidades. A renúncia poderá ser feita apenas pelo Estado Acreditante, desde que o faça expressamente. Além disso, a renúncia deve ser interpretada restritivamente, sendo que a renúncia ao processo de conhecimento não abrange as medidas de execução. Se o Estado Acreditante renunciar à imunidade do agente diplomático ou consular, o agente poderá ser julgado normalmente pelo Estado Acreditado. A renúncia deve ser feita expressamente pelo Estado, não valendo a renúncia feita pelo próprio agente TEMA COBRADO NO XII EXAME DA OAB/FGV. Em matéria trabalhista, prepondera o entendimento de que os Estados estrangeiros não possuem imunidade absoluta, de modo que eles poderão ser julgados pela Justiça do Trabalho, mas não haverá atos de execução em relação a seus bens, salvo no caso de renúncia expressa pela Estado executado TEMA COBRADO NO VI EXAME DA OAB/FGV, ou no caso de penhora de bens que não estejam vinculados diretamente à missão TEMA COBRADO NO XXVI EXAME DA OAB/ FGV. Já no que diz respeito às organizações internacionais, cabe citar o posicionamento majoritário do TST, sedimentado na OJ n. 416 da SDI-1: OJ n. 416 da SDI-1 do TST. IMUNIDADE DE JURISDIÇÃO. ORGANIZAÇÃO OU ORGANISMO INTERNACIONAL. As organizações ou organismos internacionais gozam de imunidade absoluta de jurisdição quando amparados por norma internacional incorporada ao ordenamento jurídico brasileiro, não se lhes aplicando a regra do Direito Consuetudinário relativa à natureza dos atos praticados. Excepcionalmente, prevalecerá a jurisdição brasileira na hipótese de renúncia expressa à cláusula de imunidade jurisdicional. CONVENÇÃO DA APOSTILA DE HAIA: Trata-se de Convenção que em entrou em vigor no Brasil em 2016 e objetiva simplifcar o procedimento de legalização de documentos entre os países signatários. Com a referida Convenção, para um brasileiro legalizar um documento produzido no estrangeiro e ter validade no Brasil, basta ir a um cartório, cadastrado e autorizado pelo CNJ, e solicitar o apostilamento. O apostilamento, portanto, signifca a legalização de um documento emitido no exterior para que tenha validade no Brasil, e vice- versa. TEMA COBRADO NO XXV EXAME DA OAB/FGV. OA B N A M ED ID A | D IR EI TO IN TE RN AC IO N AL 17 5 5. CONTROVÉRSIA INTERNACIONAL A fm de solucionar os confitos envolvendo pessoas de direito internacional público foram criados alguns mecanismos de solução de controvérsias, a saber: Meios Diplomáticos: • Negociação: os Estados, por meio da atividade diplomática, solucionam diretamente a controvérsia, sem necessidade de intervenção de um terceiro. • Bons ofícios: representam uma forma solução de controvérsia em que há interferência de um terceiro, que pode ser estado, organização internacional, ou um chefe de Estado ou ministro, que tenta apaziguar o confito. Nos bons ofícios, o terceiro apenas aproxima as partes, sem propor a solução para a controvérsia TEMA COBRADO NO XVI EXAME DA OAB/FGV. • Mediação: ocorre quando um Estado, que não participa da controvérsia, envia um emissário que pode propor a solução do confito. Desse modo, diferentemente dos bons ofícios, na mediação há intervenção de um terceiro que pode propor a solução do confito. • Conciliação: os Estados solicitam que uma comissão internacional de conciliação atue para dirimir os litígios surgidos, quando houver previsão em Tratado ratifcado anteriormente entre as partes. Meios Jurisdicionais: • Solução Judiciária: o confito é decidido por um órgão jurisdicional estabelecido. A Corte Internacional de Justiça em Haia é o mais importante tribunal internacional. • Arbitragem: os Estados confitantes, de comum acordo, nomeiam um terceiro que irá solucionar o confito. Meios Políticos: O confito é solucionado com base na atuação de organização internacional, principalmente no caso da ONU. Com efeito, a Carta da ONU permite que a Assembleia Geral ou o Conselho de Segurança sejam utilizadas como instâncias políticas de solução de confitos internacionais. Este meio, entretanto, deve ser reservado aos casos mais graves, que representem uma verdadeira ameaça à paz internacional (art. 33 da Carta da ONU). OA B N A M ED ID A | D IR EI TO IN TE RN AC IO N AL 18 6 6. NACIONALIDADE 6.1. NACIONALIDADE PRIMÁRIA E SECUNDÁRIA Considera-se nacionalidade o vínculo jurídico-políticoque liga o indivíduo a determinado Estado. A nacionalidade pode ser primária (originária) ou secundária (adquirida). A nacionalidade primária está diretamente relacionada ao nascimento, podendo ser baseada em dois critérios: • Critério ius sanguinis: considera-se nacional o descendente de pais nacionais, independentemente do local de nascimento. Utilizado principalmente nos Estados de emigração (exs.: Portugal, Espanha e Itália). • Critério ius soli: considera-se nacional aquele nascido no território do Estado (nos limites espaciais da soberania), independentemente da nacionalidade de seus pais. Utilizado principalmente nos Estado de imigração, que receberam estrangeiros (ex.: Brasil). A nacionalidade secundária ou adquirida, por sua vez, é típica dos indivíduos naturalizados, sendo adquirida por vontade própria, após o nascimento. NACIONALIDADE PRIMÁRIA NACIONALIDADE SECUNDÁRIA Indivíduos natos Critério ius sanguinis e ius soli Indivíduos naturalizados Depende de requerimento No Brasil, a nacionalidade originária foi tratada especifcamente no inciso I do art. 12 da CF/88, considerando-se brasileiros natos: a) “Os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que de pais estrangeiros, desde que estes não estejam a serviço de seu país” (critério ius soli). Deste modo, para que se afaste a nacionalidade brasileira, é necessário que ambos os pais sejam estrangeiros e que ambos estejam a serviço de seu país de origem. Se o estrangeiro estiver no território brasileiro a serviço de um organismo internacional do qual o Brasil faça parte (ONU, UNESCO, etc.), ele não será considerado a serviço de seu país de origem. OA B N A M ED ID A | D IR EI TO IN TE RN AC IO N AL 19 b) “Os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira, desde que qualquer deles esteja a serviço da República Federativa do Brasil” (critério ius sanguinis). Assim, desde que um dos pais esteja a serviço do país, o que engloba serviço diplomático ou serviço público de qualquer natureza prestado a órgão da Administração, centralizada ou descentralizada, da União, Estados, Distrito Federal ou Município, o flho será considerado brasileiro nato. c) “Os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe brasileira (mesmo que o pai ou a mãe não esteja a serviço do país), desde que sejam registrados em repartição brasileira competente ou venham a residir na República Federativa do Brasil e optem, em qualquer tempo, depois de atingida a maioridade, pela nacionalidade brasileira” (prevê duas hipóteses: ius sanguinis + registro ou ius sanguinis + vínculo territorial + “opção”). TEMA COBRADO NOS EXAMES X, XVII e XXXIV DA OAB/FGV. A nacionalidade derivada, por sua vez, foi tratada no inciso II do art. 12 da CF/88, considerando- se brasileiros naturalizados: a) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade brasileira, exigidas aos originários de países de língua portuguesa apenas residência por um ano ininterrupto e idoneidade moral; b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade, residentes na República Federativa do Brasil há mais de quinze anos ininterruptos e sem condenação penal, desde que requeiram a nacionalidade brasileira. Se o estrangeiro for absolvido em relação ao processo criminal e cumprir os demais requisitos acima listados, terá direito à naturalização Com base no art. 12, II, da CF/88 e na recente Lei de Migração (Lei n. 13.445/2017), é possível classifcar a naturalização nas seguintes espécies: • Naturalização ordinária: concedida quando o requerente cumprir os requisitos previstos no art. 65 da Lei n. 13.445/2017: I - ter capacidade civil, segundo a lei brasileira; II - ter residência em território nacional, pelo prazo mínimo de 4 (quatro) anos; III - comunicar-se em língua portuguesa, consideradas as condições do naturalizando; e IV - não possuir condenação penal ou estiver reabilitado, nos termos da lei. • Naturalização ordinária de prazo reduzido (art. 66 da Lei n. 13.445/2017): o prazo de residência da naturalização ordinária poderá ser reduzido de 4 anos para 1 ano quando o naturalizando cumprir qualquer uma das seguintes condições: II - ter flho brasileiro; III - ter cônjuge ou companheiro brasileiro e não estar dele separado legalmente ou de fato no momento de concessão da naturalização; V - haver prestado ou poder prestar serviço relevante ao Brasil; ou VI - recomendar-se por sua capacidade profssional, científca ou artística. OA B N A M ED ID A | D IR EI TO IN TE RN AC IO N AL 20 • Naturalização especial (art. 68 da Lei n. 13.445/2017): poderá ser concedida ao estrangeiro que se encontre em uma das seguintes situações: I - seja cônjuge ou companheiro, há mais de 5 (cinco) anos, de integrante do Serviço Exterior Brasileiro em atividade ou de pessoa a serviço do Estado brasileiro no exterior; ou II - seja ou tenha sido empregado em missão diplomática ou em repartição consular do Brasil por mais de 10 (dez) anos ininterruptos. De acordo com art. 69 da Lei n. 13.455/2017, são requisitos para a concessão da naturalização especial: I - ter capacidade civil, segundo a lei brasileira; II - comunicar-se em língua portuguesa, consideradas as condições do naturalizando; e III - não possuir condenação penal ou estiver reabilitado, nos termos da lei. • Naturalização provisória (art. 70 da Lei n. 13.445/2017): poderá ser concedida ao migrante criança ou adolescente que tenha fxado residência em território nacional antes de completar 10 (dez) anos de idade e deverá ser requerida por intermédio de seu representante legal. A naturalização provisória poderá ser convertida em defnitiva se o naturalizando expressamente assim o requerer no prazo de 2 (dois) anos após atingir a maioridade. • Naturalização extraordinária (art. 12, II, “b”, da CF/88): concedida aos estrangeiros de qualquer nacionalidade, residentes na República Federativa do Brasil há mais de quinze anos ininterruptos e sem condenação penal. Há, portanto, dois requisitos: residência ininterrupta no Brasil por mais de 15 anos e ausência de condenação criminal. • Naturalização dos originários de língua portuguesa (art. 12, II, “b”, da CF/88): a naturalização de pessoas originárias de países de língua portuguesa depende apenas de dois requisitos: a) residência ininterrupta no Brasil por mais de 1 ano e idoneidade moral. SITUAÇÃO JURÍDICA ESPECIAL DOS NACIONAIS PORTUGUESES Art. 12. (…) § 1º Aos portugueses com residência permanente no País, se houver reciprocidade em favor de brasileiros, serão atribuídos os direitos inerentes ao brasileiro, salvo os casos previstos nesta Constituição. Em relação ao português residente no Brasil, este não necessita naturalizar-se para auferir os direitos correspondentes à condição de naturalizado, bastando, para tanto, que tenha residência permanente no Brasil e haja reciprocidade de tratamento. Trata-se da hipótese que a doutrina chama de “quase nacionalidade”, já que os portugueses não precisam ter a naturalização brasileira para exercerem os mesmos direitos dos brasileiros naturalizados. OA B N A M ED ID A | D IR EI TO IN TE RN AC IO N AL 21 6.2. TRATAMENTO JURÍDICO DIFERENCIADO ENTRE BRASILEIRO NATO E NATURALIZADO Dispõe o § 2º do art.12 da CF/88 que a lei infraconstitucional não pode estabelecer distinção entre brasileiros natos e naturalizados. Desse modo, apenas as distinções feitas pela própria Constituição Federal são consideradas legítimas, o que é feito nos seguintes casos: • Acesso a cargos públicos: de acordo com o § 3º do art. 12 da CF/88, são privativos de brasileiro nato os cargos: I - de Presidente e Vice-Presidente da República; II - de Presidente da Câmara dos Deputados; III - de Presidente do Senado Federal; IV - de Ministro do Supremo Tribunal Federal; V - da carreira diplomática; VI - de ofcial das Forças Armadas. VII - de Ministro de Estado da Defesa. DICAS: Brasileiro naturalizado pode ser Senador ou Deputado Federal, mas apenaso brasileiro nato pode ocupar o cargo de Presidente Câmara ou do Senado. O Presidente do STJ pode ser brasileiro naturalizado, assim como todos os demais ministros do Tribunal. O Presidente do CNJ tem que ser necessariamente nato, já que quem ocupa tal cargo é o Presidente do Supremo Tribunal Federal; • Propriedade de empresa jornalística: de acordo com o art. 222 da CF/88, a propriedade de empresa jornalística e de radiodifusão sonora e de sons e imagens é privativa de brasileiros natos ou naturalizados há mais de dez anos, ou de pessoas jurídicas constituídas sob as leis brasileiras e que tenham sede no País. Além disso, em qualquer caso, pelo menos setenta por cento do capital total e do capital votante das empresas jornalísticas e de radiodifusão sonora e de sons e imagens deverá pertencer, direta ou indiretamente, a brasileiros natos ou naturalizados há mais de dez anos, que exercerão obrigatoriamente a gestão das atividades e estabelecerão o conteúdo da programação TEMA COBRADO NO XIII EXAME da OAB/FGV. • Extradição: brasileiro nato nunca será extraditado. Já o Brasileiro naturalizado será extraditado em duas hipóteses: 1) em caso de crime comum, praticado antes da naturalização e 2) depois da naturalização, em caso de comprovado envolvimento em tráfco ilícito de entorpecentes e drogas afns, na forma da lei. Independentemente da nacionalidade, ninguém será extraditado pela prática de crime político ou de opinião. OA B N A M ED ID A | D IR EI TO IN TE RN AC IO N AL 22 6.3. PERDA DA NACIONALIDADE Conforme previsto no § 4º do art. 12 da CF/88, será declarada a perda da nacionalidade do brasileiro que: • Tiver cancelada sua naturalização, por sentença judicial, em virtude de atividade nociva ao interesse nacional; • Adquirir outra nacionalidade, salvo nos casos: a) de reconhecimento de nacionalidade originária pela lei estrangeira; b) de imposição de naturalização, pela norma estrangeira, ao brasileiro residente em estado estrangeiro, como condição para permanência em seu território ou para o exercício de direitos civis; OA B N A M ED ID A | D IR EI TO IN TE RN AC IO N AL 23 7 7. CONDIÇÃO JURÍDICA DO MIGRANTE 7.1. DIRETRIZES DA POLÍTICA MIGRATÓRIA A Lei de Migração revogou o Estatuto do Estrangeiro (Lei n. 6.815/80), sendo que a principal diferença entre os dois diplomas é que, a partir da Lei n. 13. 445/2017, o estrangeiro passou a ser tratado como sujeito de direito, deixando de ser considerado uma ameaça ao Brasil. O Principal destinatário da lei de migração é o migrante, pessoa que se desloca de país ou região geográfca ao território de outro país ou região geográfca, o que abrange o conceito de imigrante, pessoa que se desloca temporariamente ou defnitivamente de outro país para o Brasil, emigrante, brasileiro sai do Brasil para fcar temporariamente ou defnidamente em outro país, e o apátrida, que é aquele que não tem nenhuma nacionalidade reconhecida por outro Estado. A lei de imigração destina-se também ao residente fronteiriço, ou seja, aquele que estabelece o seu domicilio na fronteira com o Brasil, bem como ao visitante, pessoa que sai de seu país para outro por um curto período de tempo, sem pretensão de se estabelecer temporária ou defnitivamente no território nacional. O art. 3º da Lei n. 13.445/2017 trata de diversos princípios das diretrizes migratória, sendo que abaixo destacamos aqueles mais importantes para a prova da OAB/FGV: • Não criminalização da migração: o migrante deixa de ser considerado uma ameaça ao Estado, não podendo a migração ser criminalizada. • Promoção de entrada regular e de regularização documental: deve-se priorizar a regularização do migrante. • Acolhida humanitária; • Garantia do direito à reunião familiar: é garantido aos familiares do imigrante se reunirem no território brasileiro. Registra-se ainda que o art. 4º da Lei n. 13.445/2017, com o objetivo de proteger o migrante, estabeleceu um rol signifcativo de garantias: Art. 4º Ao migrante é garantida no território nacional, em condição de igualdade com os nacionais, a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, bem como são assegurados: I - direitos e liberdades civis, sociais, culturais e econômicos; II - direito à liberdade de circulação em território nacional; III - direito à reunião familiar do migrante com seu cônjuge ou companheiro e seus OA B N A M ED ID A | D IR EI TO IN TE RN AC IO N AL 24 flhos, familiares e dependentes; IV - medidas de proteção a vítimas e testemunhas de crimes e de violações de direitos; TEMA COBRADO NO XXVII EXAME DA OAB/FGV V - direito de transferir recursos decorrentes de sua renda e economias pessoais a outro país, observada a legislação aplicável; VI - direito de reunião para fns pacífcos; VII - direito de associação, inclusive sindical, para fns lícitos; VIII - acesso a serviços públicos de saúde e de assistência social e à previdência social, nos termos da lei, sem discriminação em razão da nacionalidade e da condição migratória; TEMA COBRADO NO XXVII EXAME DA OAB/FGV IX - amplo acesso à justiça e à assistência jurídica integral gratuita aos que comprovarem insufciência de recursos; X - direito à educação pública, vedada a discriminação em razão da nacionalidade e da condição migratória; XI - garantia de cumprimento de obrigações legais e contratuais trabalhistas e de aplicação das normas de proteção ao trabalhador, sem discriminação em razão da nacionalidade e da condição migratória; XII - isenção das taxas de que trata esta Lei, mediante declaração de hipossufciência econômica, na forma de regulamento; XIII - direito de acesso à informação e garantia de confdencialidade quanto aos dados pessoais do migrante, nos termos da Lei nº 12.527. XIV - direito a abertura de conta bancária; XV - direito de sair, de permanecer e de reingressar em território nacional, mesmo enquanto pendente pedido de autorização de residência, de prorrogação de estada ou de transformação de visto em autorização de residência; e XVI - direito do imigrante de ser informado sobre as garantias que lhe são asseguradas para fns de regularização migratória. § 1º Os direitos e as garantias previstos nesta Lei serão exercidos em observância ao disposto na Constituição Federal, independentemente da situação migratória, observado o disposto no § 4º deste artigo, e não excluem outros decorrentes de tratado de que o Brasil seja parte. 7.2. SITUAÇÃO DOCUMENTAL DO MIGRANTE 7.2.1. TIPOS DE VISTOS Conforme disposto no art. 6º Lei n. 13. 445/2017, o visto é o documento que dá a seu titular expectativa de ingresso em território nacional, podendo ser concedido por embaixadas, consulados gerais, consulados, vice-consulados e, quando habilitados pelo órgão competente do Poder Executivo (Ministério das Relações Exteriores), por escritórios comerciais e de representação do Brasil no exterior (art. 7 da Lei n. 13. 445/2017), sendo possível a cobrança de taxas e emolumentos OA B N A M ED ID A | D IR EI TO IN TE RN AC IO N AL 25 consulares pelo processamento do visto. Excepcionalmente, os vistos diplomático, ofcial e de cortesia poderão ser concedidos no País pelo Ministério das Relações Exteriores (§ 1º do art. 7º do Decreto n. 9.199/2017) Abaixo destacamos os principais tipos de vistos. • Visto de visita (art. 13): concedido ao visitante que venha ao Brasil para estada de curta duração, sem intenção de estabelecer residência, nos seguintes casos: I - turismo; II - negócios; III - trânsito; IV - atividades artísticas ou desportivas; e V - outras hipóteses defnidas em regulamento. É vedado ao benefciário de visto de visita exercer atividade remunerada no Brasil. No entanto, poderá receber pagamento do governo, de empregador brasileiro ou de entidade privada a título de diária, ajuda de custo, cachê, pró-labore ou outras despesas com a viagem, bem como concorrera prêmios, inclusive em dinheiro, em competições desportivas ou em concursos artísticos ou culturais. O visto de visita não será exigido em caso de escala ou conexão em território nacional, desde que o visitante não deixe a área de trânsito internacional (§ 3º do 13 da Lei n. 13.445/2017). Não mais existem os vistos de trânsito e de turista, previstos no Estatuto do Estrangeiro, revogado pela Lei de Migração. • Visto temporário (art. 14): poderá ser concedido ao imigrante que venha ao Brasil com o intuito de estabelecer residência por tempo determinado, tendo uma das seguintes fnalidades: a) pesquisa, ensino ou extensão acadêmica; b) tratamento de saúde; c) acolhida humanitária; d) estudo; e) trabalho; f) férias-trabalho; g) prática de atividade religiosa ou serviço voluntário; h) realização de investimento ou de atividade com relevância econômica, social, científca, tecnológica ou cultural; i) reunião familiar; j) atividades artísticas ou desportivas com contrato por prazo determinado; OA B N A M ED ID A | D IR EI TO IN TE RN AC IO N AL 26 O visto temporário para pesquisa, ensino ou extensão acadêmica poderá ser concedido ao imigrante com ou sem vínculo empregatício com a instituição de pesquisa ou de ensino brasileira, exigida, na hipótese de vínculo, a comprovação de formação superior compatível ou equivalente reconhecimento científco. O visto temporário para tratamento de saúde poderá ser concedido ao imigrante e a seu acompanhante, desde que o imigrante comprove possuir meios de subsistência sufcientes. O visto temporário para acolhida humanitária poderá ser concedido ao apátrida ou ao nacional de qualquer país em situação de grave ou iminente instabilidade institucional, de confito armado, de calamidade de grande proporção, de desastre ambiental ou de grave violação de direitos humanos ou de direito internacional humanitário, ou em outras hipóteses, na forma de regulamento. TEMA COBRADO NO XXXI EXAME DA OAB/FGV O visto temporário para estudo poderá ser concedido ao imigrante que pretenda vir ao Brasil para frequentar curso regular ou realizar estágio ou intercâmbio de estudo ou de pesquisa. O visto temporário para férias-trabalho poderá ser concedido ao imigrante maior de 16 (dezesseis) anos que seja nacional de país que conceda idêntico benefício ao nacional brasileiro, em termos defnidos por comunicação diplomática. • Visto diplomático: concedido a autoridades e funcionários estrangeiros que exerçam função diplomática e viajem ao Brasil em missão ofcial, representando Estado Estrangeiro ou Organismo Internacional reconhecidos pelo Brasil. • Visto Ofcial: concedido a funcionários estrangeiros que representam Governo estrangeiro ou Organismo Internacional reconhecidos pelo Governo brasileiro; ou aos estrangeiros que viajem ao Brasil sob chancela ofcial de seus Estados. • visto de cortesia, conforme previsto no art. 57 do Decreto n. 9.199/2017, poderá ser concedido: I - às personalidades e às autoridades estrangeiras em viagem não ofcial ao País; II - aos companheiros, aos dependentes e aos familiares em linha direta que não sejam benefciários do visto diplomático e ofcial; III - aos empregados particulares de benefciário de visto diplomático, ofcial ou de cortesia; IV - aos trabalhadores domésticos de missão estrangeira sediada no País; V - aos artistas e aos desportistas estrangeiros que venham ao País para evento gratuito, de caráter eminentemente cultural, sem percepção de honorários no território brasileiro, sob requisição formal de missão diplomática estrangeira ou de organização internacional de que o País seja parte; VI - excepcionalmente, a critério do Ministério das Relações Exteriores, a outras pessoas não elencadas nas demais hipóteses previstas neste artigo. Diferentemente do que ocorre nos demais vistos, os vistos diplomático, ofcial e de cortesia serão concedidos, prorrogados ou dispensados em ato do Ministro de Estado das Relações Exteriores (art. 51 do Decreto n. 9.199/2017). OA B N A M ED ID A | D IR EI TO IN TE RN AC IO N AL 27 7.2.2. HIPÓTESES DE NÃO CONCESSÃO O art. 10 da Lei n. 13.445/2017 estabelece que o visto não será concedido: • A quem não preencher os requisitos para o tipo de visto pleiteado; • A quem comprovadamente ocultar condição impeditiva de concessão de visto ou de ingresso no País; ou • A menor de 18 (dezoito) anos desacompanhado ou sem autorização de viagem por escrito dos responsáveis legais ou de autoridade competente. O art. 11, por sua vez, dispõe que o visto pode ser denegado a quem se enquadrar em pelo menos um dos casos de impedimento defnidos nos incisos I, II, III, IV e IX do art. 45. Art. 45. (...) I - anteriormente expulsa do País, enquanto os efeitos da expulsão vigorarem; II - condenada ou respondendo a processo por ato de terrorismo ou por crime de genocídio, crime contra a humanidade, crime de guerra ou crime de agressão, nos termos defnidos pelo Estatuto de Roma do Tribunal Penal Internacional. III - condenada ou respondendo a processo em outro país por crime doloso passível de extradição segundo a lei brasileira; TEMA COBRADO NO XXXIII EXAME DA OAB/ FGV IV - que tenha o nome incluído em lista de restrições por ordem judicial ou por compromisso assumido pelo Brasil perante organismo internacional; (...) IX - que tenha praticado ato contrário aos princípios e objetivos dispostos na Constituição Federal. 7.2.3. AUTORIZAÇÃO TEMPORÁRIA DE RESIDÊNCIA Outra inovação trazida pela Lei de Migração é que não mais existe o visto permanente, que foi substituído pelo instituído da autorização temporária de residência, que poderá ser autorizada, mediante registro, ao imigrante, ao residente fronteiriço ou ao visitante que se enquadre em uma das situações previstas no art. 30 da Lei n. 13.445/2017: Art. 30. A residência poderá ser autorizada, mediante registro, ao imigrante, ao residente fronteiriço ou ao visitante que se enquadre em uma das seguintes hipóteses: I - a residência tenha como fnalidade: a) pesquisa, ensino ou extensão acadêmica; b) tratamento de saúde; c) acolhida humanitária; d) estudo; OA B N A M ED ID A | D IR EI TO IN TE RN AC IO N AL 28 e) trabalho; f) férias-trabalho; g) prática de atividade religiosa ou serviço voluntário; h) realização de investimento ou de atividade com relevância econômica, social, científca, tecnológica ou cultural; i) reunião familiar; II - a pessoa: a) seja benefciária de tratado em matéria de residência e livre circulação; b) seja detentora de oferta de trabalho; c) já tenha possuído a nacionalidade brasileira e não deseje ou não reúna os requisitos para readquiri-la; e) seja benefciária de refúgio, de asilo ou de proteção ao apátrida; f) seja menor nacional de outro país ou apátrida, desacompanhado ou abandonado, que se encontre nas fronteiras brasileiras ou em território nacional; g) tenha sido vítima de tráfco de pessoas, de trabalho escravo ou de violação de direito agravada por sua condição migratória; h) esteja em liberdade provisória ou em cumprimento de pena no Brasil; III - outras hipóteses defnidas em regulamento. § 1º Não se concederá a autorização de residência a pessoa condenada criminalmente no Brasil ou no exterior por sentença transitada em julgado, desde que a conduta esteja tipifcada na legislação penal brasileira, ressalvados os casos em que I - a conduta caracterize infração de menor potencial ofensivo; II - (VETADO); ou III - a pessoa se enquadre nas hipóteses previstas nas alíneas “b”, “c” e “i” do inciso I e na alínea “a” do inciso II do caput deste artigo. § 2º O disposto no § 1º não obsta progressão de regime de cumprimento de pena, nos termos da Lei nº 7.210, de 11 de julho de 1984, fcando a pessoa autorizada a trabalhar quando assim exigido pelo novo regime de cumprimento de pena. § 3º Nos procedimentos conducentes ao cancelamento de autorização de residência e no recurso contra a negativa de concessãode autorização de residência devem ser respeitados o contraditório e a ampla defesa. 7.3. SITUAÇÃO JURÍDICA DO ESTRANGEIRO FRONTEIRIÇO O residente fronteiriço é pessoa nacional de país limítrofe ou apátrida que conserve a sua residência habitual em Município fronteiriço de país vizinho (Art. 1º, IV, do Decreto n. 9.199/2017). Para facilitar a livre circulação, poderá ser concedida ao residente fronteiriço, mediante requerimento, autorização para a realização de atos da vida civil no Brasil, hipótese em que o OA B N A M ED ID A | D IR EI TO IN TE RN AC IO N AL 29 residente fronteiriço gozará das garantias e dos direitos assegurados pela Lei de Migração, conforme especifcado em regulamento. TEMA COBRADO NO XXXV EXAME DA OAB/FGV). O art. 25 da Lei n. 13.445/2017, por sua vez, estabelece que a autorização ao fronteiriço será cancelada, a qualquer tempo, se o titular: I - tiver fraudado documento ou utilizado documento falso para obtê-lo; II - obtiver outra condição migratória; III - sofrer condenação penal; ou IV - exercer direito fora dos limites previstos na autorização. 7.4. SITUAÇÃO JURÍDICA DO APÁTRIDA A partir do momento em que o Brasil reconhece a situação de apátrida de determinada pessoa, o que é feito por procedimento específco de reconhecimento, haverá a sua proteção, inclusive por meio de processo simplifcado para a sua naturalização. Com efeito, reconhecida a condição de apátrida, este será consultado sobre o desejo de adquirir a nacionalidade brasileira. Caso o apátrida opte pela naturalização, a decisão sobre o reconhecimento será encaminhada ao órgão competente do Poder Executivo para publicação dos atos necessários à efetivação da naturalização no prazo de 30 (trinta) dias, observado os requisitos da naturalização ordinária (art. 65 da Lei n. 13.445/2017). Por outro lado, o apátrida reconhecido que não opte pela naturalização imediata terá a autorização de residência outorgada em caráter defnitivo (§ 8º do art. 26 da Lei n. 13.445/2017). 7.5. MEDIDAS DE RETIRADA COMPULSÓRIA De acordo com a Lei n. 13.445/2017, são as seguintes as medidas de retirada compulsória: • REPATRIAÇÃO: consiste em medida administrativa de devolução de pessoa impedida de entrar no país (art. 49 da Lei n. 13.445/2017). Poderá ser impedida de ingressar no Brasil, após entrevista individual e mediante ato fundamentado, a pessoa: I - anteriormente expulsa do País, enquanto os efeitos da expulsão vigorarem; II - condenada ou respondendo a processo por ato de terrorismo ou por crime de genocídio, crime contra a humanidade, crime de guerra ou crime de agressão, nos termos defnidos pelo Estatuto de Roma do Tribunal Penal Internacional, III - condenada ou respondendo a processo em outro país por crime doloso passível de extradição segundo a lei brasileira; IV - que tenha o nome incluído em lista de restrições por ordem judicial ou por compromisso assumido pelo Brasil perante organismo internacional; V - que apresente documento de viagem que: a) não seja válido para o Brasil; b) esteja com o prazo de validade vencido, ou c) esteja com rasura ou indício de falsifcação; VI - que não apresente documento de viagem ou documento de identidade, quando admitido; VII - cuja razão da viagem não seja condizente com o visto ou com o motivo alegado para a isenção de visto; VIII - que tenha, comprovadamente, fraudado documentação ou prestado informação falsa por ocasião da solicitação de visto; ou IX - que tenha praticado ato contrário aos princípios e objetivos dispostos na Constituição Federal (art. 45 da Lei n. 13.445/2017). OA B N A M ED ID A | D IR EI TO IN TE RN AC IO N AL 30 Ninguém será impedido de ingressar no País por motivo de raça, religião, nacionalidade, pertinência a grupo social ou opinião política. • DEPORTAÇÃO: a deportação é medida decorrente de procedimento administrativo que consiste na retirada compulsória de pessoa que se encontre em situação migratória irregular em território nacional (art. 50 da Lei n. 13.445/2017). Será precedida de notifcação pessoal ao deportando, da qual constem, expressamente, as irregularidades verifcadas e prazo para a regularização não inferior a 60 (sessenta) dias, podendo ser prorrogado, por igual período, por despacho fundamentado e mediante compromisso de a pessoa manter atualizadas suas informações domiciliares (§ 1º do art. 50). Vencido o prazo da notifcação sem que se regularize a situação migratória, a deportação poderá ser executada (§ 3º do art. 50). A saída voluntária de pessoa notifcada para deixar o País equivale ao cumprimento da notifcação de deportação para todos os fns (§ 5º do art. 50). Os procedimentos conducentes à deportação devem respeitar o contraditório e a ampla defesa e a garantia de recurso com efeito suspensivo (art. 51, caput, da Lei n. 13.445/2017). A Defensoria Pública da União deverá ser notifcada, preferencialmente por meio eletrônico, para prestação de assistência ao deportando em todos os procedimentos administrativos de deportação (§ 1º do art. 51). A ausência de manifestação da Defensoria Pública da União, desde que prévia e devidamente notifcada, não impedirá a efetivação da medida de deportação (§ 1º do art. 51) Em se tratando de apátrida, o procedimento de deportação dependerá de prévia autorização da autoridade competente (art. 52) Não se procederá à deportação se a medida confgurar extradição não admitida pela legislação brasileira (art. 53). • EXPULSÃO (art. 54): consiste em medida administrativa de retirada compulsória de migrante ou visitante do território nacional, conjugada com o impedimento de reingresso por prazo determinado. Poderá dar causa à expulsão a condenação com sentença transitada em julgado relativa à prática de: I - crime de genocídio, crime contra a humanidade, crime de guerra ou crime de agressão, nos termos defnidos pelo Estatuto de Roma do Tribunal Penal Internacional e II - crime comum doloso passível de pena privativa de liberdade, consideradas a gravidade e as possibilidades de ressocialização em território nacional TEMA COBRADO NO XXXII EXAME DA OAB/FGV). . No processo de expulsão serão garantidos o contraditório e a ampla defesa (art. 58, caput, da Lei n. 13.445/2017). A Defensoria Pública da União será notifcada da instauração de processo de expulsão, se não houver defensor constituído (art. 58, § 1º). Caberá pedido de reconsideração da decisão sobre a expulsão no prazo de 10 (dez) dias, a contar da notifcação pessoal do expulsando (art. 58, § 2º). OA B N A M ED ID A | D IR EI TO IN TE RN AC IO N AL 31 Não se procederá à expulsão quando: I - a medida confgurar extradição inadmitida pela legislação brasileira; II - o expulsando: a) tiver flho brasileiro que esteja sob sua guarda ou dependência econômica ou socioafetiva ou tiver pessoa brasileira sob sua tutela; b) tiver cônjuge ou companheiro residente no Brasil, sem discriminação alguma, reconhecido judicial ou legalmente; c) tiver ingressado no Brasil até os 12 (doze) anos de idade, residindo desde então no País; d) for pessoa com mais de 70 (setenta) anos que resida no País há mais de 10 (dez) anos, considerados a gravidade e o fundamento da expulsão (art. 55 da Lei n. 13.445/2017). Não se procederá à repatriação, à deportação ou à expulsão coletivas, consideradas aquelas que não individualizam a situação migratória irregular de cada pessoa (art. 61). Não se procederá à repatriação, à deportação ou à expulsão de nenhum indivíduo quando subsistirem razões para acreditar que a medida poderá colocar em risco a vida ou a integridade pessoal (art. 62). ENTREGA OU SURRENDER: Represente a entrega de um nacional a um tribunal internacional do qual o próprio país faz parte, como no caso do Tribunal Penal Internacional de Roma (TPI). 7.6. MEDIDAS DE COOPERAÇÃO A principal medida de cooperação internacional é a extradição, considerada o por meio do qual um Estado solicita e obtém de outro a entrega de umapessoa condenada ou suspeita pela prática de crime. Muito importante destacar que a Constituição Federal de 1988 estabelece que: • Brasileiro nato nunca será extraditado (art. 5, LI, da CF/88). • O brasileiro naturalizado será extraditado em duas hipóteses: 1) em caso de crime comum, praticado antes da naturalização e 2) depois da naturalização, em caso de comprovado envolvimento em tráfco ilícito de entorpecentes e drogas afns, na forma da lei (art. 5, LI, da CF/88). TEMA COBRADO NO XIX EXAME DA OAB/FGV. • Não será concedida extradição de estrangeiro por crime político ou de opinião (art. 5, LII, da CF/88). Já em relação à Lei de Migração, abaixo destacamos os artigos mais importante para a prova da OAB: Art. 82. Não se concederá a extradição quando: I - o indivíduo cuja extradição é solicitada ao Brasil for brasileiro nato; II - o fato que motivar o pedido não for considerado crime no Brasil ou no Estado requerente; OA B N A M ED ID A | D IR EI TO IN TE RN AC IO N AL 32 III - o Brasil for competente, segundo suas leis, para julgar o crime imputado ao extraditando; IV - a lei brasileira impuser ao crime pena de prisão inferior a 2 (dois) anos; V - o extraditando estiver respondendo a processo ou já houver sido condenado ou absolvido no Brasil pelo mesmo fato em que se fundar o pedido; VI - a punibilidade estiver extinta pela prescrição, segundo a lei brasileira ou a do Estado requerente; VII - o fato constituir crime político ou de opinião; VIII - o extraditando tiver de responder, no Estado requerente, perante tribunal ou juízo de exceção; ou IX - o extraditando for benefciário de refúgio, nos termos da Lei nº 9.474, de 22 de julho de 1997, ou de asilo territorial. § 1º A previsão constante do inciso VII do caput não impedirá a extradição quando o fato constituir, principalmente, infração à lei penal comum ou quando o crime comum, conexo ao delito político, constituir o fato principal. § 2º Caberá à autoridade judiciária competente a apreciação do caráter da infração. § 3º Para determinação da incidência do disposto no inciso I, será observada, nos casos de aquisição de outra nacionalidade por naturalização, a anterioridade do fato gerador da extradição. § 4º O Supremo Tribunal Federal poderá deixar de considerar crime político o atentado contra chefe de Estado ou quaisquer autoridades, bem como crime contra a humanidade, crime de guerra, crime de genocídio e terrorismo. § 5º Admite-se a extradição de brasileiro naturalizado, nas hipóteses previstas na Constituição Federal. Art. 83. São condições para concessão da extradição: I - ter sido o crime cometido no território do Estado requerente ou serem aplicáveis ao extraditando as leis penais desse Estado; e II - estar o extraditando respondendo a processo investigatório ou a processo penal ou ter sido condenado pelas autoridades judiciárias do Estado requerente a pena privativa de liberdade. De acordo com a Súmula n. 421 do STF, não impede a extradição a circunstância de ser o extraditando casado com brasileira ou ter flho brasileiro TEMA COBRADO NOS EXAMES XIXI e XXII DA OAB/FGV. OA B N A M ED ID A | D IR EI TO IN TE RN AC IO N AL 33 7.7. ASILO E REFÚGIO De acordo com o art. 4º, X, da CF/88, a concessão de asilo político é um dos s princípios que regem a República Federativa do Brasil nas suas relações internacionais. O art. 14 da Declaração Universal dos Direitos Humanos, por sua vez, estabelece que todo ser humano, vítima de perseguição, tem o direito de procurar e de gozar asilo em outros países, ressalvando-se apenas que o direito de gozo do asilo não pode ser invocado em caso de perseguição legitimamente motivada por crimes de direito comum ou por atos contrários aos objetivos e princípios das Nações Unidas. O art. 27 da Lei de Migração estabelece que o asilo político, que constitui ato discricionário do Estado, poderá ser diplomático ou territorial e será outorgado como instrumento de proteção à pessoa. ASILO TERRITORIAL ASILO DIPLOMÁTICO Quando o requerente está em território estrangeiro e solicita asilo a esse Estado. Quando o requerente está em determinado Estado e solicita asilo em embaixada de outro país. TEMA COBRADO NO XXVI EXAME DA OAB/FGV. O art. 28, por sua vez, dispõe que não se concederá asilo a quem tenha cometido crime de genocídio, crime contra a humanidade, crime de guerra ou crime de agressão, nos termos do Estatuto de Roma do Tribunal Penal Internacional. Apesar de o asilo político e o refúgio terem genericamente a fnalidade de abrigar, legalmente, estrangeiro em situação de perseguição em seu país de origem, os institutos podem ser diferenciados pelos seguintes aspectos: ASILO REFÚGIO Previsão Constitucional (art. 4º, X) e na Declaração Universal dos Direitos Humanos. Não possui previsão expressa na CF/88. Tratado na Lei n. 9.474/97 (Estatuto dos refugiados). Medida concedida de forma individualizada, em razão de perseguição devidamente comprovada decorrente da prática de crime político. O refúgio deve ser concedido para um número maior de pessoas, já que a perseguição tem natureza generalizada. O fundado temor de perseguição é sufciente para a concessão do refúgio. O Asilo possui natureza política (perseguição em razão de crime político ou de opinião) Natureza humanitária, como no caso de temor de perseguição por motivos raciais, de grupos sociais, religiosos, etc. Ato unilateral de natureza constitutiva. Ato unilateral de natureza declaratória. OA B N A M ED ID A | D IR EI TO IN TE RN AC IO N AL 34 É importante destacar ainda que a lei n. 9.474/97 (Estatuto dos refugiados) traz alguns pontos importantes, que devem ser estudados para a prova da OAB/FGV: • O ingresso irregular no território nacional não constitui impedimento para o estrangeiro solicitar refúgio às autoridades competentes. • Os efeitos da condição dos refugiados serão extensivos ao cônjuge, aos ascendentes e descendentes, assim como aos demais membros do grupo familiar que do refugiado dependerem economicamente, desde que se encontrem em território nacional (art. 2º da Lei nº 9.474/97). • Compete ao Comitê Nacional para os Refugiados (CONARE) analisar o pedido e declarar o reconhecimento, em primeira instância, da condição de refugiado, conforme art. 12, inciso I, da Lei nº 9.474/1997 (Estatuto dos Refugiados). • O refugiado terá direito, nos termos da Convenção sobre o Estatuto dos Refugiados de 1951, a cédula de identidade comprobatória de sua condição jurídica, carteira de trabalho e documento de viagem, conforme art. 6º da Lei nº 9.474/97 TEMA COBRADO NO XVII EXAME DA OAB/FGV). • O refugiado depende de autorização do Governo para deixar o país, sob pena de perder a condição de refugiado (art. 39, IV, da Lei nº 9.474/97). • O refugiado gozará de direitos e estará sujeito aos deveres dos estrangeiros no Brasil, conforme art. 5º da Lei nº 9.474/97. • O refugiado poderá exercer atividade remunerada no Brasil, ainda que pendente o processo de refúgio TEMA COBRADO NO XXIII EXAME DA OAB/FGV. OA B N A M ED ID A | D IR EI TO IN TE RN AC IO N AL 35 8 8. DOMÍNIO INTERNACIONAL Considera-se domínio internacional as áreas que não pertencem a nenhum Estado soberano, como as águas internacionais e o espaço sideral, ou as áreas que, apesar de serem de determinado Estado, possuem relevância internacional reconhecida. 8.1. DIREITO DO MAR As principais regras sobre as águas internacionais foram disciplinadas pela Convenção das Nações Unidas sobre Direito do Mar, assinada em Montego Bay, na Jamaica, em 1982, cujos principais pontos para a prova da OAB/FGV são a seguir destacados: • MAR TERRITORIAL: faixa de 12 milhas marinhas a partir da linha da base do território, onde o Estado continuará exercendo a sua soberania, incluindo o subsolo e o espaço aéreo. A soberania do Estado fca limitada apenas à passagem inocente de embarcações estrangeiras.A passagem será considerada inocente desde que não seja prejudicial à paz, à boa ordem ou à segurança do Brasil, devendo ser contínua e rápida. A passagem inocente poderá compreender o parar e o fundear, mas apenas na medida em que tais procedimentos constituam incidentes comuns de navegação ou sejam impostos por motivos de força ou por difculdade grave, ou tenham por fm prestar auxílio a pessoas a navios ou aeronaves em perigo ou em difculdade grave. Os navios estrangeiros no mar territorial brasileiro estarão sujeitos aos regulamentos estabelecidos pelo Governo brasileiro. • ZONA CONTÍGUA: representa a área seguinte (contígua) ao mar territorial com extensão de 12 milhas marítimas (24 milhas marítimas, portanto, da linha da base do território) onde o Estado poderá exercer o direito de fscalização, para garantir a soberania do mar territorial. Na zona contígua, o Estado poderá fscalizar e inibir, inclusive com prisão, a entrada de imigrantes ilegais (de forma clandestina) no seu território, ou, ainda, evitar que seres humanos sejam transportados de forma degradante, como nos casos de tráfco de pessoas TEMA COBRADO NO VII EXAME DA OAB/FGV. • ZONA ECONÔMICA EXCLUSIVA: é a zona localizada desde o mar territorial até 200 milhas marinhas, ou seja, representa a faixa de 188 milhas marinhas após o mar territorial. Trata-se de área em que o Estado costeiro possui o direito de exploração exclusiva de recursos vivos e não vivos (como plataformas de petróleo) das águas. Na zona econômica exclusiva, o Brasil, no exercício de sua jurisdição, tem o direito exclusivo de regulamentar a investigação científca marinha, a proteção e preservação do meio marítimo, bem como a construção, operação e uso de todos os tipos de ilhas artifciais, instalações e estruturas. • PLATAFORMA CONTINENTAL: representa o leito e o subsolo da área submarina junto à costa, que se estende desde a linha da base do mar territorial até o limite continental natural ou até 200 milhas marinhas. Na plataforma continental, o Brasil, no exercício de sua jurisdição, tem o direito exclusivo de regulamentar a investigação OA B N A M ED ID A | D IR EI TO IN TE RN AC IO N AL 36 científca marinha, a proteção e preservação do meio marinho, bem como a construção, operação e o uso de todos os tipos de ilhas artifciais, instalações e estruturas. A investigação científca marinha, na plataforma continental, só poderá ser conduzida por outros Estados com o consentimento prévio do Governo brasileiro, nos termos da legislação em vigor que regula a matéria. O Governo brasileiro tem o direito exclusivo de autorizar e regulamentar as perfurações na plataforma continental, quaisquer que sejam os seus fns (art. 13 da Lei n. 8.617/93) • ALTO MAR: representa as áreas marítimas não incluídas na zona econômica exclusiva, no mar territorial ou nas águas interiores de um Estado, nem nas águas arquipelágicas de um Estado arquipélago. O alto mar está aberto a todos os Estados. A liberdade do alto mar, compreende, entre outas: liberdade de navegação; de sobrevoo; de colocar cabos e dutos submarinos, liberdade de construir ilhas artifciais e outras instalações permitidas pelo direito internacional, de pesca, de investigação científca, nos termos limites da Convenção de Montego Bay. 8.2. ESPAÇO AÉREO Considera-se espaço aéreo a projeção no ar do território e do mar territorial de determinado Estado. O Espaço aéreo é tratado na Convenção de Mondego Bay e também na Convenção de Chicago de 1944, conhecida como o Estatuto da Aviação Civil Internacional. O ponto mais importante a ser destacado sobre o espeço aéreo é que, diferentemente do que ocorre em relação ao mar territorial, não se permite o direito de passagem inocente, de modo que as aeronaves estrangeiras precisam de autorização para atravessarem o espaço aéreo de outro Estado. 8.3. ESPAÇO SIDERAL Considera-se espaço sideral, ou espaço exterior, o local onde se acaba a atmosfera, formando-se o vazio sideral, por onde passam os voos espaciais e as órbitas da Terra e dos demais corpos celestes. O principal documento que regula o espaço sideral é o Tratado sobre o Espaço Exterior, de 1967. Sobre o tema é importante destacar que o espaço sideral é considerado patrimônio comum da humanidade, sendo de livre acesso a todos os Estados para fns pacífcos, vedando-se a apropriação ou anexação por qualquer país. OA B N A M ED ID A | D IR EI TO IN TE RN AC IO N AL 37 9 9. DIREITO COMUNITÁRIO No período após a segunda guerra mundial intensifcam-se as relações entre alguns países, estabelecendo-se verdadeiros blocos regionais de interação. Essa relação de interação dos Estados que é objeto do direito comunitário. O grau de interação entre os blocos regionais é bastante variável, sendo que que a doutrina costuma classifcar a interação em 5 (cinco) fases: 1º) ZONA DE LIVRE COMÉRCIO: são extintos os direitos alfandegários, bem como outras formas de restrição comercial, com o intuito de aumentar a circulação dos produtos decorrentes dos integrantes do bloco regional. 2º) UNIÃO ADUANEIRA: prevê a adoção das mesmas tarifas e da mesma política comercial para o comércio de produtos originários de fora da região do bloco (TEC: Tarifa Externa Comum). 3º) MERCADO COMUM: adota-se a LIVRE CIRCULAÇÃO de todos os fatores de produção. Cinco liberdades básicas do mercado comum: (1) livre circulação de capital, (2) livre circulação de bens, (3) livre circulação de trabalhadores, (4) livre circulação de serviços e (5) livre concorrência. 4º) UNIÃO ECONÔMICA e MONETÁRIA: unifcação das políticas econômica e monetária, como no caso da União Europeia, em que o Euro é a moeda única. 5º) UNIÃO POLÍTICA: o nível de integração é tão grande que é como se houvesse um governo único para o bloco regional. Há uma constituição para esse bloco regional, formando uma Confederação de Estados. Os principais blocos econômicos que podem ser cobrados na prova da OAB/FGV são o MERCOSUL e a União Europeia. O MERCOSUL é considerado um bloco de integração mais branda, podendo atualmente ser classifcado como integrante da segunda fase de integração acima citada, ou seja, na fase de união aduaneira. Na verdade, o MERCOSUL é considerado uma união aduaneira incompleta ou imperfeita, porque cada Estado pode elaborar uma lista de exceções à tarifa externa comum (listas de produtos para os quais, excepcionalmente, não incide a TEC), para atender grandes necessidades do mercado interno. Já a União Europeia é um bloco regional de integração mais intenso, atualmente na fase de união econômica e monetária (4 fase do processo de integração). A União Europeia inclusive tentou atingir a união política (5 fase) em 2005/2006, por meio de um tratado constitucional europeu, que criaria uma constituição própria, mas que acabou não sendo aprovado. Vejamos abaixo as principais características de cada bloco regional. OA B N A M ED ID A | D IR EI TO IN TE RN AC IO N AL 38 9.1. MERCOSUL O “MERCADO COMUM DO SUL”, mais conhecido como MERCOSUL, representa um bloco regional fundado a partir do Tratado de Assunção de 1991, que promove a integração econômica entre os países que o integra. O bloco era composto inicialmente por Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai e, mais tarde, foi integrado também pela Venezuela. ESTADOS MEMBROS (ESTADOS DE PLENO DIREITO. PODEM VOTAR E VETAR). ESTADOS ASSOCIADOS (BENEFICIAM-SE DE ALGUMAS OPERAÇÕES COMERCIAIS E PODEM DEBATER, MAS NÃO TÊM DIREITO DE VOTO E DE VETO). Brasil Argentina Uruguai Paraguai Venezuela Bolívia Chile Colômbia Equador Peru O México é país observador do MERCOSUL, sendo que, para o ingresso de um novo Estado, é necessário haver UNANIMIDADE por parte dos membros. O MERCOSUL conta com a seguinte estrutura: • Conselho do Mercado Comum (CMC): órgão intergovenamental, integrado por representantes de cada Estado Parte do Mercosul, e considerado o principal órgão do MERCOSUL. Apresidência é rotativa, exercida temporariamente (de 6 em 6 meses) em ordem alfabética por cada Estado Membro. Tem como principais atribuições velar pelo cumprimento do Tratado de Assunção e seus protocolos e exercer a titularidade da personalidade jurídica do MERCOSUL. O CMC possui capacidade decisória e se manifesta por meio de decisões. • Grupo Mercado Comum (GMC): trata-se de órgão intergovernamental executivo, responsável por implementar as decisões do CMC, além de fxar programas a fm de promover avanços para o estabelecimento do Mercado Comum. Possui capacidade decisória, manifestando-se por meio de Resoluções. • Comissão de Comércio do MERCOSUL (CCM): órgão intergovernamental OA B N A M ED ID A | D IR EI TO IN TE RN AC IO N AL 39 responsável por auxiliar o Grupo Mercado COMUM (GMC). Possui capacidade decisória; manifestando-se mediante Diretrizes. • PARLASUL (do Parlamento do Mercosul): trata-se de órgão intergovernamental, unicameral com sede em Montevidéu, criado pelo Protocolo Constitutivo do PARLASUL, e formado pelos representantes parlamentares dos Estados-membros. Sua principal função é legislar sobre matéria de interesse comum à integração regional, sendo que o processo de aprovação das decisões ocorre em plenário. Para efeito de prova da OAB, o PARLASUL tem capacidade decisória e se manifesta por meio de pareceres, projetos de norma, declarações, recomendações, relatórios e disposições. • Foro Consultivo Econômico e Social (FCES): órgão representativo dos segmentos econômico e social da sociedade dos Estados-membros. Não possui capacidade decisória, tratando-se de órgão consultivo que se manifesta mediante recomendações, tomadas por consenso, com caráter consultivo. • Secretaria Administrativa do MERCOSUL (SAM): órgão permanente encarregado de fornecer apoio operacional aos demais órgãos do MERCOSUL; • Tribunal Administrativo Trabalhista (TAT): não é órgão jurisdicional, tem natureza administrativa. Sua função é dirimir confitos envolvendo terceiros que prestam serviço ao MERCOSUL e os funcionários do MERCOSUL; Vejamos agora os principais instrumentos jurídicos frmados no âmbito do Mercosul: • Tratado de Assunção: instituiu formalmente o MERCOSUL. • Protocolo de Ouro Preto: Protocolo adicional ao Tratado de Assunção, que dispõe sobre a estrutura institucional do MERCOSUL e lhe confere personalidade jurídica internacional. • Protocolo de Olivos: substituiu o Protocolo de Brasília e a aprimora os mecanismos de solução de controvérsias, criando o Tribunal Permanente de Revisão, além de prever a existência de adoção de medidas provisórias por tribunal ad hoc constituído no âmbito do referido tratado. • Protocolo de Ushuaia: reafrma os princípios e objetivos do Tratado de Assunção e seus Protocolos e reitera que a plena vigência das instituições democráticas é condição indispensável para a existência e o desenvolvimento do MERCOSUL. • Protocolo de Las Leñas: é o Protocolo de Cooperação e Assistência Jurisdicional em Matéria Civil, Comercial, Trabalhista e Administrativa. Fundamentalmente, os mecanismos de integração jurisdicional buscados pelo Protocolo de Las Leñas compreendem a igualdade de tratamento processual, a efcácia extraterritorial das sentenças judiciais e laudos arbitrais e a cooperação em atividades de simples trâmite e probatórias, além da assistência mútua, asseguradas através de petições a uma Autoridade Central indicada por cada Estado-Parte. Salienta-se ainda que um dos temas mais importantes para a prova da OAB sobre o MERCOSUL diz respeito à solução dos confitos entre os países do bloco. OA B N A M ED ID A | D IR EI TO IN TE RN AC IO N AL 40 O primeiro documento a tratar do assunto foi o Protocolo de Brasília, frmado em 1991, com caráter provisório, que previa que a solução dos confitos entre os países deveria ocorrer mediante negociação direta entre eles mas, não havendo solução da controvérsia, as partes poderiam levar a questão para a análise do GMC – Grupo Mercado Comum e, permanecendo o impasse, qualquer dos Países-Parte poderia comunicar à Secretaria Administrativa sua intenção de recorrer ao procedimento arbitral. Em 2002 foi frmado o Protocolo de Olivos, que substituiu o Protocolo de Brasília. A grande mudança trazida pelo Protocolo de Olivos é que, não havendo solução direta da controvérsia pelos países envolvidos, as partes passaram a ter o direito de recorrer diretamente a um Juízo Arbitral, composto de três Árbitros, ou de cinco, se o confito envolver mais de dois países. Além disso, da decisão do Tribunal Arbitral cabe recurso, no prazo de 15 dias, ao Tribunal Permanente de Revisão, órgão criado pelo Protocolo de Olivos, que emitirá decisão em caráter defnitivo, com “o objetivo de garantir a correta interpretação, aplicação e cumprimento dos instrumentos fundamentais do processo de integração e do conjunto normativo do MERCOSUL de forma consistente e sistemática” TEMA COBRADO NO XVI EXAME DA OAB/FGV. As principais funções do Tribunal Permanente de Revisão são: a) Opiniões Consultivas, que poderão ser solicitadas pelos Estados-Parte em conjunto, pelos órgãos com capacidade decisórias do MERCOSUL, pelos Tribunais Superiores dos Estados-Parte e pelo Parlamento do MERCOSUL; b) Revisão de laudos dos Juízos Arbitrais, mediante requerimento de qualquer dos interessados; c) Atuação em única Instância, em caso de controvérsia; d) Qualquer caso em que os Estados-Parte ativem os procedimentos estabelecidos para as medidas excepcionais de urgência. 9.2. UNIÃO EUROPEIA A União Europeia (UE) representa um bloco regional de 28 Estados-membros independentes situados principalmente na Europa. Trata-se de bloco extremamente avançado, atualmente na quarta fase de integração (União Econômica e Monetária). Abaixo listamos os principais órgãos da União Europeia: • PARLAMENTO EUROPEU: instituição supranacional de natureza política (um autêntico parlamento), que exerce função legislativa e orçamentária, juntamente com o Conselho. Os representantes do Parlamento são eleitos diretamente pelos cidadãos dos países que a compõem • CONSELHO EUROPEU: órgão supremo da União Europeia. Constituído pelos chefes de governo ou chefes de Estado dos Estados-membros; • CONSELHO: principal órgão legislativo e executivo da UE. • COMISSÃO EUROPEIA: promove os interesses gerais da União Europeia, velando pelos tratados comunitários. • TRIBUNAL DE JUSTIÇA DA UNIÃO EUROPEIA: exerce competência jurisdicional em relação ao Direito Comunitário (Direito da UE). Trata-se de órgão supranacional, com competência ampla, encarregado pelo sistema comunitário de solução de controvérsias. Interessante destacar ainda o instituto do reenvio prejudicial, segundo o qual quando OA B N A M ED ID A | D IR EI TO IN TE RN AC IO N AL 41 surge uma dúvida sobre Direito Comunitário durante um processo que tramita no Poder Judiciário interno de um dos países membros, pode-se instaurar um incidente processual para que o TJUE manifeste-se. Suas decisões são defnitivas e inapeláveis. • BANCO CENTRAL EUROPEU: órgão supranacional, com personalidade jurídica própria, que executa as políticas monetária e econômica da União Europeia, emitindo a moeda comum (euro). • TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO EUROPEIA: desempenha o controle sobre a gestão fnanceira e orçamentária do bloco. 10 OA B N A M ED ID A | D IR EI TO IN TE RN AC IO N AL 42 10. DIREITO ECONÔMICO INTERNACIONAL A Conferência de Bretton Woods (1944) é considerada um marco na história do Direito Econômico Internacional porque estabeleceu as bases do sistema econômico e fnanceiro internacional, por meio da criação do Banco Mundial – BIRD, do Fundo Monetário Internacional – FMI e do Acordo Geral de Tarifas Aduaneiras e Comércio – GATT, posteriormente substituída pela Organização Mundial do Comércio TEMA COBRADO NO EXAME III DA OAB/FGV. Analisemos sucintamente cada uma dessas organizaçõescriadas. 10.1. ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DO COMÉRCIO A Organização Mundial do Comércio (OMC) possui sede em Genebra é o órgão internacional responsável por defnir as regras para o comércio multilateral entre os Estados, além de solucionar as controvérsias entre as nações participantes. Conforme informações no próprio site do Itamaraty, a OMC herdou do GATT um conjunto de princípios que fundamentam a regulamentação multilateral do comércio, dentre os quais se destacam: • O da nação-mais-favorecida, segundo o qual um Membro da OMC deve estender a todos os seus parceiros comerciais qualquer concessão, benefício ou privilégio concedido a outro Membro; • O do tratamento nacional, pelo qual um produto ou serviço importado deve receber o mesmo tratamento que o produto ou serviço similar quando entra no território do Membro importador; • O da consolidação dos compromissos, de acordo com o qual um Membro deve conferir aos demais tratamento não menos favorável que aquele estabelecido na sua lista de compromissos; e • O da transparência, por meio do qual os Membros devem dar publicidade às leis, regulamentos e decisões de aplicação geral relacionados a comércio internacional, de modo que possam ser amplamente conhecidas por seus destinatários. 10.2. FUNDO MONETÁRIO INTERNACIONAL Fundo Monetário Internacional (FMI) é uma organização internacional criada com o objetivo de promover a cooperação econômica internacional, favorecendo o comércio, o emprego e a estabilidade cambial dos países no período pós-Segunda Guerra Mundial. Os 188 membros contribuem colocando à disposição do FMI uma parte de suas reservas internacionais e o dinheiro do fundo pode ser emprestado para os países que estiverem atravessando OA B N A M ED ID A | D IR EI TO IN TE RN AC IO N AL 43 problemas econômicos, mediante um programa previamente negociado. O FMI, além de gerenciar dinheiro e realizar empréstimos para socorrer os países em difculdades, realiza um acompanhamento periódico da política econômica de seus membros, expendido inclusive recomendações 10.3. BANCO MUNDIAL O Banco Mundial, com sede em Washington, foi criado com o objetivo de fnanciar a reconstrução dos países devastados pela Segunda Guerra Mundial. Atualmente o Banco Mundial ainda é uma referência no fnanciamento dos países em desenvolvimentos, sendo seus principais objetivos erradicar a pobreza extrema e construir uma prosperidade compartilhada. 1 OA B N A M ED ID A | D IR EI TO IN TE RN AC IO N AL 44 1. APLICAÇÃO DA LEI NO ESPAÇO O direito internacional privado trabalha essencialmente com confitos de leis no espaço e seu objetivo principal é apontar qual o ordenamento jurídico (nacional ou estrangeiro) que resolverá a questão. Desse modo, as normas de direito internacional possuem natureza indicativa, sendo que, de acordo com a doutrina, subdividem-se em duas partes: objeto de conexão e elemento de conexão. • Objeto de conexão: diz respeito à matéria que trata determinada norma (personalidade, capacidade, direito de família, etc.), • Elemento de conexão: refere-se a critério que aponta o Direito nacional aplicável à matéria, ou seja, identifca qual legislação será aplicada em determinada relação jurídica de direito internacional privado. No Brasil, a principal fonte de Direito Internacional Privado é a Lei de Introdução das Normas Brasileiras (LINDB), que traz as principais normas indicativas sobre qual ordenamento jurídico deve ser aplicado no caso de confito de leis no espaço. Como regra geral, dentro do território brasileiro deve ser aplicada a lei brasileira. No entanto, existem situações excepcionais em que a própria LINDB admite a aplicação da lei estrangeira no território brasileiro, desde que não ofenda a soberania nacional, a ordem pública e os bons costumes (art. 17 da LINDB). Ramy, flho concebido fora do matrimônio, requereu, na justiça brasileira, pensão alimentícia do pai, Mahmoud, residente e domiciliado no Brasil. Mahmoud não reconheceu Ramy como flho, alegando que, no Egito, país no qual ambos nasceram, somente são reconhecidos como flhos os concebidos no curso do matrimônio. Neste caso, o juiz não poderá aplicar a lei do Egito porque esta fere a ordem pública interna, uma vez que o art. 227, § 6°, da Constituição Federal, veda a discriminação entre flhos. • CRITÉRIO LEX DOMICILII (LEI DO DOMICÍLIO DO INTERESSADO). De acordo com o art. 7º da LINDB, a lei do país em que é domiciliada a pessoa determina as regras sobre o começo e o fm da personalidade, o nome, a capacidade e os direitos de família. Assim, para os objetos de conexão “nome”, “personalidade”, “capacidade” e “direito de família”, o elemento de conexão adotado pela LINDB é a lei do domicilio do interessado TEMA COBRADO NOS XXIV e XXV EXAME DA OAB/FGV. DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO OA B N A M ED ID A | D IR EI TO IN TE RN AC IO N AL 45 Para o direito Internacional Privado a pessoa poderá ter apenas um domicílio, não incidindo, portanto, a regra de pluralidade de domicílios prevista do código civil. Além disso, quando a pessoa não tiver domicílio, considerar-se-á domiciliada no lugar de sua residência ou naquele em que se encontre. O art. 10 da LINDB, por sua vez, estabelece que a sucessão por morte ou por ausência obedece à lei do país em que domiciliado o defunto ou o desaparecido, qualquer que seja a natureza e a situação dos bens. TEMA COBRADO NOS EXAMES XXX E XXXVIII DA OAB/FGV. Entretanto, excepcionando a regra geral, a sucessão de bens de estrangeiros, situados no País, será regulada pela lei brasileira em benefício do cônjuge ou dos flhos brasileiros, ou de quem os represente, sempre que não lhes seja mais favorável a lei pessoal do de cujus (§ 1º do art. 10 da LINDB). • CASAMENTO A LINDB dispõe que, realizando-se o casamento no Brasil, será aplicada a lei brasileira quanto aos impedimentos dirimentes e às formalidades da celebração (§ 1º do art. 7º). Tem-se, portanto, que, com relação às formalidades do casamento, serão aplicadas as normas do Estado onde for realizada a celebração, ou seja, na hipótese de casamento realizado no exterior por pessoas domiciliadas no Brasil, deverão ser observadas as formalidades da legislação estrangeira, o que pode ser chamado de critério da “Lex loci celebrationis” ou “Lex fori”. O § 2º do art. 7º, por sua vez, permite que o casamento de estrangeiros seja celebrado perante autoridades diplomáticas ou consulares do país de ambos os nubentes, hipótese em que, quanto aos impedimentos e formalidades, o casamento será regido pela lei do país do consulado ou da embaixada, sendo irrelevante o domicílio dos noivos. Dois alemães que moram na Cidade de São Paulo se casarem no consulado na Alemanha no Brasil, deve-se aplicar, quanto às formalidades, a lei alemã, como se o casamento houvesse sido celebrado na Alemanha. Já no que se refere à capacidade para o casamento, deve-se utilizar o critério “domicílio dos nubentes”, ou seja, o local onde os noivos estabelecem residência com ânimo defnitivo é que determinará se estes são capazes para contrair o matrimonio (art. 7, caput, da LINDB). Da mesma forma, em relação ao regime de bens a ser aplicado, também incidirá a lei do país em que tiverem os nubentes domicílio, e, se este for diverso, a do primeiro domicílio conjugal (§ 4º do art. 7 º da LINDB). TEMA COBRADO NO XVIII EXAME DA OAB/FGV. Vejamos a incidência das regras acima em um caso prático trazido pelo exame da OAB/FGV: “Em janeiro de 2003, Martin e Clarisse Green, cidadãos britânicos domiciliados no Rio de OA B N A M ED ID A | D IR EI TO IN TE RN AC IO N AL 46 Janeiro, casam-se no Consulado-Geral britânico, localizado na Praia do Flamengo. Em meados de 2010, decidem se divorciar. Na ausência de um pacto antenupcial, Clarisse requer, em petição à Vara de Família do Rio de Janeiro, metade dos bens adquiridos pelo casal desde a celebração do matrimônio, alegando que o regime legalvigente no Brasil é o da comunhão parcial de bens. Martin, no entanto, contesta a pretensão de Clarisse, argumentando que o casamento foi realizado no consulado britânico e que, portanto, deve ser aplicado o regime legal de bens vigente no Reino Unido, que lhe é mais favorável”. Nesse caso, em relação às formalidades do casamento, deve ser aplicada a lei inglesa, mas, no que diz respeito ao regime de bens, deve ser aplicada a lei brasileira, já que é a legislação do primeiro domicílio dos nubentes EXEMPLO RETIRADO DO V EXAME DA OAB. • CRITÉRIO LEX REI SITAE O art. 8º da LINDB prevê que, para qualifcar os bens e regular as relações a eles concernentes, deve ser aplicado como regra geral o elemento de conexão “lex rei sitae”, ou seja, a lei da situação do bem. Juiz na fronteira do Brasil com Uruguai, que vai julgar uma execução hipotecária de um bem que está no Uruguai. Nesse caso, a execução deve ser julgada com base na lei uruguaia, pois é o local onde está o imóvel. Em caráter de exceção, dispõe o § 1º do art. 8º da LINDB que aplicar-se-á a lei do país em que for domiciliado o proprietário, quanto aos bens móveis que ele trouxer ou se destinarem a transporte para outros lugares e o § 2º do art. 8º determina que o penhor é regulado pela lei do domicílio que tiver a pessoa, em cuja posse se encontre a coisa apenhada. • CONTRATOS DE TRABALHO Com o cancelamento da Súmula nº 207 do TST, prevalece o entendimento que o critério a ser adotado nos contratos de trabalho celebrados no Brasil e executado no exterior é o da norma mais favorável ao trabalhador, conforme art. 3º, II, da Lei nº 7.064/82 TEMA COBRADO NO X EXAME DA OAB/FGV. • CRITÉRIO LOCUS REGIT ACTUM OU LEX LOCI CONTRACTUS. No que se refere ao testamento, às obrigações e aos contratos frmados entre sujeitos de países diversos, o art. 9 da LINDB determina como elemento de conexão a aplicação da lei do país em que as obrigações se constituírem, ou seja, deve-se aplicar a lei do país onde houve a celebração do contrato ou do testamento (locus regit actum ou lex loci contractus). Exemplos: • Túlio, brasileiro, é casado com Alexia, de nacionalidade sueca, estando o casal domiciliado no Brasil. Alexia fez um testamento em Lisboa. Durante um cruzeiro marítimo, na Grécia, ela, após a ceia, veio a falecer em razão de uma intoxicação alimentar. Nessa hipótese, se houver discussão acerca da validade do testamento, deverá ser aplicada a legislação portuguesa, conforme previsto no art. 9 da LINDB. EXEMPLO RETIRADO DO XV EXAME DA OAB, TENDO SIDO COBRADO TAMBÉM NOS EXAMES VI E IX DA OAB/FGV. OA B N A M ED ID A | D IR EI TO IN TE RN AC IO N AL 47 • “A sociedade empresária do ramo de comunicações Notícia Brasileira, com sede no Brasil, celebrou contrato internacional de prestação de serviços de informática com a sociedade empresária Santiago Info, com sede em Santiago. O contrato foi celebrado em Buenos Aires, capital argentina, tendo sido estabelecido como foro de eleição pelas partes Santiago”. Nesse caso, se porventura houver a necessidade de resolução de litígio entre as partes no tocante às obrigações do contrato, aplica-se a legislação argentina, tendo em vista o critério lex loci contractus. Além disso, a ação deve ser ajuizada na Cidade de Santiago, no Chile, já que válido o for de eleição nos termos do art. 25 do CPC/2015 EXEMPLO RETIRADO DO XI EXAME DA OAB, TENDO SIDO COBRADO TAMBÉM NO EXAME XX DA OAB/FGV. • A sociedade empresária brasileira do ramo de comunicação, Personalidades, celebrou contrato internacional de prestação de serviços de informática, no Brasil, com a sociedade empresária uruguaia Sacramento. O contrato foi celebrado em Caracas, capital venezuelana, tendo sido estabelecido pelas partes, como foro de eleição, Montevidéu. Neste caso, para qualificar e reger as obrigações do contrato, aplicar-se-á a lei venezuelana, com base no art. 9 da LINDB EXEMPLO RETIRADO DO XVII EXAME DA OAB. Se não for possível determinar um local de celebração (exemplo: transação ocorrida pela internet), aplica-se a lei do domicílio do proponente (quem apresentou a proposta). Se os contratantes optarem por reger suas relações pela lei de determinado país, seja esta escolha manifestada expressa ou tacitamente, entendemos que deve prevalecer o princípio da autonomia da vontade, devendo o contrato ser regido pela lei do país escolhido. Abaixo elaboramos um resumo das principais regras sobre a legislação a ser aplicada de acordo com a LINDB. MATÉRIA LEGISLAÇÃO APLICÁVEL Capacidade / Personalidade / Direito de Família Lei do local do domicílio (titular do direito) – art. 7, caput, LINDB. Obrigação / Contratos / Negócios Jurídicos / Testamento Lei do local da celebração – art. 9, caput, LINDB. OA B N A M ED ID A | D IR EI TO IN TE RN AC IO N AL 48 Sucessão Sucessão Lei do domicílio do “de cujus” – art. 10, LINDB Exceção: a sucessão será obrigatoriamente regida pela lei brasileira quando verifcar 3 requisitos cumulativos: Filho ou cônjuge brasileiro + bens situados no Brasil + Lei brasileira mais favorável aos herdeiros (flho ou cônjuge) Bens Bens imóveis: onde o bem se encontra - art. 8, caput, LINDB; Bens móveis: lei do domicilio do proprietário – art. 8, § 2, LINDB Contratos de Trabalho Norma mais favorável ao trabalhador (art. 3º, II, da Lei nº 7.064/82). OA B N A M ED ID A | D IR EI TO IN TE RN AC IO N AL 49 2 2. PROCESSO CIVIL INTERNACIONAL 2.1. COMPETÊNCIA INTERNACIONAL Considera-se competência a “medida da jurisdição”, ou seja, a parcela do poder concedido a cada órgão do Poder Judiciário para o exercício da função jurisdicional. Nos casos que envolvem os elementos de conexão acima estudados, a competência do Poder Judiciário brasileiro poderá ser exclusiva ou concorrente em relação à jurisdição de outro país, conforme previsto nos arts. 21 e seguintes do CPC de 2015. COMPETÊNCIA INTERNACIONAL CONCORRENTE (AÇÃO PODE SER PROPOSTA NO BRASIL OU NO ESTRANGEIRO) COMPETÊNCIA EXCLUSIVA DA AUTORIDADE BRASILEIRA (AÇÃO PODE SER PROPOSTA APENAS NO BRASIL). As ações em que: I - o réu, qualquer que seja a sua nacionalidade, estiver domiciliado no Brasil; II - no Brasil tiver de ser cumprida a obrigação; TEMA COBRADO NOS EXAMES XXI E XXXVII DA OAB/FGV III - o fundamento seja fato ocorrido ou ato praticado no Brasil (art. 21 do CPC/2015) Ações de alimentos, quando: a) o credor tiver domicílio ou residência no Brasil; b) o réu mantiver vínculos no Brasil, tais como posse ou propriedade de bens, recebimento de renda ou obtenção de benefícios econômicos (art. 22, I, do CPC/2015); Ações decorrentes de relações de consumo, quando o consumidor tiver domicílio ou residência no Brasil (art. 22, II, do CPC/2015); Ações em que as partes, expressa ou tacitamente, se submeterem à jurisdição nacional (art. 22, III, do CPC/2015). Compete à autoridade judiciária brasileira, com exclusão de qualquer outra (art. 24 do CPC/2015): I - conhecer de ações relativas a imóveis situados no Brasil; II - em matéria de sucessão hereditária, proceder à confrmação de testamento particular e ao inventário e à partilha de bens situados no Brasil, ainda que o autor da herança seja de nacionalidade estrangeira ou tenha domicílio fora do território nacional; TEMA COBRADO NO XX EXAME DA OAB/ FGV. III - em divórcio, separação judicial ou dissolução de união estável, proceder à partilha de bens situados no Brasil, ainda que o titular seja de nacionalidade estrangeira ou tenha domicílio fora do território nacional TEMA COBRADO NO XX EXAME DA OAB/FGV. OA B N A M ED ID A | D IR EI TO IN TE RN AC IO N AL 50 EXEMPLOS: • Jogador de futebol de um importante time espanhol e titular da seleção brasileira é flmado por um celular em uma casa noturna na Espanha, em avançado estado de embriaguez, sendo o vídeo divulgado na internet e com grande repercussão no Brasil. O jogadorpoderá ajuizar ação no Brasil contra o portal de vídeos, já que o dano à imagem aconteceu também no Brasil, conforme art. 21, III, do CPC/2015 EXEMPLO COBRADO NO II EXAME DA OAB/FGV. • Rafael, brasileiro, é casado com Norma, sueca, que faleceu em uma viagem na Holanda. Norma havia realizado um testamento em Lisboa, dispondo sobre os seus bens, entre eles, três apartamentos situados no Rio de Janeiro. Neste caso, compete à autoridade judiciária brasileira, com exclusão de qualquer outra, proceder ao inventário e partilha dos bens situados no Brasil (art. 23, II, do CPC). • Um jato privado, pertencente a uma empresa norte-americana, se envolve em um incidente que resulta na queda de uma aeronave comercial brasileira em território brasileiro, provocando dezenas de mortes. Neste caso, eventual ação promovida pela família de uma das vítimas contra a empresa nortea-mericana poderá ser ajuizada no Brasil, já que o fato ocorreu no território brasileiro EXEMPLO COBRADO NO VII EXAME DA OAB/FGV. • Contrato celebrado na Argentina entre uma empresa brasileira e uma empresa francesa, prevendo o cumprimento das obrigações entre as signatárias no Brasil. Neste caso, eventual ação entre as empresas poderá ser proposta no Brasil (art. 21, II, do CPC), mas a legislação a ser aplicada será a da Argentina, tendo em vista o critério lex loci contractus, conforme art. 9 da LINDB. • Empresa chinesa celebra contrato, no Japão, com empresa Argentina, prevendo a entrega de aviões no Brasil. Neste caso, não sendo as aeronaves entregues no prazo avençado, o Poder Judiciário brasileiro é competente para julgar eventual demanda em que a credora postule o cumprimento do contrato (art. 21, II, do CPC), devendo ser aplicada a legislação japonesa (art. 9 da LINDB). EXEMPLO COBRADO NO XII EXAME DA OAB/ FGV. • Em junho de 2009, uma construtora brasileira assina, na Cidade do Cabo, África do Sul, contrato de empreitada com uma empresa local, tendo por objeto a duplicação de um trecho da rodovia que liga a Cidade do Cabo à capital do país, Pretória. As contratantes elegem o foro da comarca de São Paulo para dirimir eventuais dúvidas. Um ano depois, as partes se desentendem quanto aos critérios técnicos de medição das obras e não conseguem chegar a uma solução amigável. Neste caso, o juiz brasileiro será competente para julgar eventual ação (foro de eleição), mas deverá basear sua decisão na legislação sul-africana, pois os contratos se regem pela lei do local de sua assinatura EXEMPLO COBRADO NO III EXAME DA OAB/FGV. Desse modo, é perfeitamente possível que a competência para julgar determinada ação seja da justiça brasileira, mas a legislação a ser aplicada seja estrangeira. Além disso, é importante registrar que, nos termos do art. 24 do CPC/2015, a ação proposta perante tribunal estrangeiro não induz litispendência e não obsta a que a autoridade judiciária brasileira conheça da mesma causa e das que lhe são conexas, ressalvadas as disposições em OA B N A M ED ID A | D IR EI TO IN TE RN AC IO N AL 51 contrário de tratados internacionais e acordos bilaterais em vigor no Brasil. No mesmo sentido, a pendência de causa perante a jurisdição brasileira não impede a homologação de sentença judicial estrangeira quando exigida para produzir efeitos no Brasil. Conforme previsto expressamente no art. 25, caput, do CPC/2015, as partes poderão eleger foro estrangeiro para dirimir eventual confito oriundo de contrato internacional. Neste caso, se não se tratar de matéria de competência exclusiva da autoridade brasileira, o foro internacional de eleição é válido, sendo a Justiça brasileira incompetente para analisar a lide. Entretanto, tratando-se de competência exclusiva do poder Judiciário Brasileiro, o foro de eleição internacional será inválido. 2.2. HOMOLOGAÇÃO DA SENTENÇA ESTRANGEIRA A decisão judicial estrangeira pode ser cumprida no Brasil, desde que se submetam previamente à homologação no Superior Tribunal de Justiça, observados os seguintes requisitos: • Filtragem constitucional: apenas podem ser cumpridas as sentenças estrangeiras compatíveis com o nosso ordenamento jurídico. • Observância do art. 963 do NCPC TEMA COBRADO NO XXXII EXAME DA OAB/ FGV, que prevê: Art. 963 do NCPC: Constituem requisitos indispensáveis à homologação da decisão: I - ser proferida por autoridade competente; II - ser precedida de citação regular, ainda que verifcada a revelia; III - ser efcaz no país em que foi proferida; IV - não ofender a coisa julgada brasileira; V - estar acompanhada de tradução ofcial, salvo disposição que a dispense prevista em tratado; VI - não conter manifesta ofensa à ordem pública. Parágrafo único. Para a concessão do exequatur às cartas rogatórias, observar-se-ão os pressupostos previstos no caput deste artigo e no art. 962, § 2º. Destaca-se ainda que, como exceção à regra geral, o § 5º do art. 961 do CPC/2015 prevê expressamente que a sentença estrangeira de divórcio consensual produzirá efeitos no Brasil, independentemente da homologação pelo STJ. TEMA COBRADO NOS EXAMES XXIV E XXXV DA OAB/FGV. Art. 961, § 5º do CPC/2015 - A sentença estrangeira de divórcio consensual produz efeitos no Brasil, independentemente de homologação pelo Superior Tribunal de Justiça. Outra exceção possui previsão no art. 962 do CPC/2015, que prevê a possibilidade de decisão estrangeira concessiva de medida de urgência ser executada no Brasil por carta rogatória sem necessidade de homologação pelo STJ: Art. 962. É passível de execução a decisão estrangeira concessiva de medida de urgência. § 1º A execução no Brasil de decisão interlocutória estrangeira concessiva de medida de urgência dar-se-á por carta rogatória. OA B N A M ED ID A | D IR EI TO IN TE RN AC IO N AL 52 § 2º A medida de urgência concedida sem audiência do réu poderá ser executada, desde que garantido o contraditório em momento posterior. § 3º O juízo sobre a urgência da medida compete exclusivamente à autoridade jurisdicional prolatora da decisão estrangeira. § 4º Quando dispensada a homologação para que a sentença estrangeira produza efeitos no Brasil, a decisão concessiva de medida de urgência dependerá, para produzir efeitos, de ter sua validade expressamente reconhecida pelo juiz competente para dar- lhe cumprimento, dispensada a homologação pelo Superior Tribunal de Justiça. A sentença arbitral estrangeira para produzir efeitos no Brasil também necessita de homologação do Superior Tribunal de Justiça e será reconhecida ou executada no Brasil com base nos tratados internacionais com efcácia no ordenamento interno e, na sua ausência, com base na lei de arbitragem (Lei n. 9.307/96). As cartas rogatórias para serem cumpridas no Brasil também necessitam da homologação pelo STJ. Após observados os requisitos para a homologação, o STJ dará o exequatur, isto é, a ordem para que a carta rogatória seja cumprida. Cabe à Justiça Federal o cumprimento da carta rogatória, conforme art. 109, X, da CF/88. TEMA COBRADO NO XVIII EXAME DA OAB/FGV. OA B N A M ED ID A | D IR EI TO IN TE RN AC IO N AL 53 3 3. ARBITRAGEM A arbitragem é um mecanismo extrajudicial de solução pacífca de controvérsias, referente a direitos patrimoniais disponíveis, em que as partes, de comum acordo, nomeiam um terceiro que irá solucionar o confito, sendo regulamentada no Brasil pela Lei nº 9307/96. As partes podem escolher livremente as regras de direito que serão aplicadas pelo árbitro, desde que se refram a direitos patrimoniais disponíveis, não haja violação aos bons costumes e à ordem pública. Além disso, a arbitragem é convencionada por meio do convenção de arbitragem, que pode ser feita por cláusula compromissória (as partes comprometem-se a submeter à arbitragem em um contrato) ou por compromisso arbitral (as partes convencionam se valer da arbitragem para solucionar um litígio que já existe, ainda que não haja cláusula compromissóriapré-existente). Havendo a previsão da arbitragem para solucionar determinado confito decorrente de contrato internacional, não poderá nenhuma das partes envolvidas levar a questão ao Poder judiciário brasileiro, uma vez que a existência de convenção de arbitragem é motivo de extinção do processo sem julgamento de mérito, conforme art. 485, VII, do CPC/2015 TEMA COBRADO NO II EXAME DA OAB/FGV. A sentença arbitral estrangeira para produzir efeitos no Brasil também necessita de homologação do Superior Tribunal de Justiça e será reconhecida ou executada no Brasil com base nos tratados internacionais com efcácia no ordenamento interno e, na sua ausência, com base na lei de arbitragem (Lei n. 9.307/96). OA B N A M ED ID A | D IR EI TO IN TE RN AC IO N AL 54 BIBLIOGRAFIA • MAZZUOLI, Valério de Oliveira. Curso de Direito Internacional Público. São Paulo: RT, 2015. • NASCIMENTO, Acciolly. Manual De Direito Internacional Público - 23ª Ed. São Paulo: Saraiva, 2017 • PORTELA, Paulo Henrique Gonçalves, Direito Internacional Público e Privado, 3ª Ed., Editora Podivm, 2011. • RAMOS, André de Carvalho. Curso de Direito Internacional Privado. São Paulo: Saraiva, 2017. • REZEK, Francisco. Curso de Direito Internacional Público – Curso Elementar. 17ª Ed. São Paulo: Saraiva, 2018. _Hlk525557318 _Hlk525557175 _Hlk525557225 _Hlk525558730 _Hlk525559048 _Hlk525559938 _Hlk525563655 _Hlk525564455 _Hlk525564652 _Hlk525566074 _Hlk525566889 _Hlk525568098 _Hlk525568153 _Hlk525570058 _Hlk525570120 _Hlk525570215 _Hlk525571086 _Hlk525571111 _Hlk525571168 _Hlk525571237 _Hlk525572847