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ORTOPEDIA E TRAUMATOLOGIA FUNCIONAL PROF. ME.FABIO TORMEM Presidente da Mantenedora Ricardo Benedito Oliveira Reitor: Dr. Roberto Cezar de Oliveira Pró-Reitoria Acadêmica Gisele Colombari Gomes Diretora de Ensino Prof.a Dra. Gisele Caroline Novakowski PRODUÇÃO DE MATERIAIS Diagramação: Alan Michel Bariani Edson Dias Vieira Thiago Bruno Peraro Revisão Textual: Camila Cristiane Moreschi Danielly de Oliveira Nascimento Fernando Sachetti Bomfim Luana Luciano de Oliveira Patrícia Garcia Costa Produção Audiovisual: Adriano Vieira Marques Márcio Alexandre Júnior Lara Osmar da Conceição Calisto Gestão de Produção: Cristiane Alves© Direitos reservados à UNINGÁ - Reprodução Proibida. - Rodovia PR 317 (Av. Morangueira), n° 6114 33WWW.UNINGA.BR U N I D A D E 01 SUMÁRIO DA UNIDADE INTRODUÇÃO ................................................................................................................................................................5 1 TRATAMENTO FISIOTERAPÊUTICO .........................................................................................................................6 1.1 AVALIAÇÃO DO PACIENTE ......................................................................................................................................6 1.1.1 RACIOCÍNIO CLÍNICO/TOMADA DE DECISÃO CLÍNICA ...................................................................................6 1.1.2 MANEJO DO PACIENTE .......................................................................................................................................6 1.1.3 EXAME DO PACIENTE ..........................................................................................................................................6 1.1.4 AVALIAÇÃO ........................................................................................................................................................... 7 1.1.5 DIAGNÓSTICO ...................................................................................................................................................... 7 1.1.6 PROGNÓSTICO E PLANO DE TRATAMENTO ..................................................................................................... 7 1.1.7 INTERVENÇÃO ...................................................................................................................................................... 7 1.1.8 RESULTADOS ........................................................................................................................................................ 7 INTRODUÇÃO À FISIOTERAPIA TRAUMATO-ORTOPÉDICA FUNCIONAL ENSINO A DISTÂNCIA DISCIPLINA: ORTOPEDIA E TRAUMATOLOGIA FUNCIONAL 44WWW.UNINGA.BR EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 2 EXAME DO MÚSCULO ESQUELÉTICO ....................................................................................................................8 2.1 OBJETIVOS DO EXAME MUSCULOESQUELÉTICO ..............................................................................................8 2.1.1 PROCEDIMENTO DOS EXAMES .........................................................................................................................9 2.2 HISTÓRICO DO PACIENTE ....................................................................................................................................9 2.2.1 INÍCIO DOS SINTOMAS ..................................................................................................................................... 10 2.2.2 LOCALIZAÇÃO DA DOR ...................................................................................................................................... 10 2.2.3 QUALIDADE DOS SINTOMAS ............................................................................................................................ 11 2.3 CONCLUSÃO DO EXAME ...................................................................................................................................... 12 2.4 OBSERVAÇÃO E INSPEÇÃO .................................................................................................................................. 12 2.5 PALPAÇÃO.............................................................................................................................................................. 13 CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................................................................... 14 5WWW.UNINGA.BR OR TO PE DI A E TR AU M AT OL OG IA F UN CI ON AL | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA INTRODUÇÃO A fisioterapia constitui uma das áreas da saúde que encontra-se em constante expansão e, consequentemente, o mercado requer uma demanda de fisioterapeutas devidamente qualificados, considerando que essa procura são devido aos hábitos de vida da população. Atualmente, a sociedade impõe um ritmo bastante acelerado e, portanto, muitas pessoas dispõem de um curto intervalo que pode ser reservado ao descanso e às práticas esportivas, o que reduz sua qualidade de vida, que ao ser posta em segundo plano, pode vir a desencadear problemas à saúde ao permitir que surjam novas doenças. A atuação da fisioterapia traumato-ortopédica está na investigação, prevenção e tratamento das doenças ósseas, musculares, articulares, tendíneas e ligamentares, além das doenças reumáticas, luxações, fraturas, pré e pós operatório, entre outros. Para a realização do programa terapêutico, torna-se necessário, primeiramente, estabelecer o diagnóstico clínico. Todo programa terapêutico utiliza-se de técnicas avançadas e de equipamentos individuais, entre os quais pode-se citar: eletroesmimulação (TENS e FES), laser, ultrassom, ondas curtas, bem como de equipamentos para a cinesioterapia, na qual são executados exercícios para reforço muscular e alongamento, o que requer equipamentos como cama elástica, halteres, espaldar, faixas elásticas, bicicleta ergométrica, plataforma vibratória, entre outros. O objetivo da fisioterapia traumato-ortopédica é a recuperação dos movimentos fisiológicos ou em sua total amplitude, propriocepção, reeducação postural e equilíbrio. Assim, pode trazer benefícios como redução da dor e da inflamação, aumento de amplitude de movimentos, melhora na flexibilidade e ganho de força muscular. 6WWW.UNINGA.BR OR TO PE DI A E TR AU M AT OL OG IA F UN CI ON AL | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 1 TRATAMENTO FISIOTERAPÊUTICO Um bom tratamento fisioterapêutico ortopédico começa com uma boa avalição. Ela possibilitará um bom diagnóstico das alterações cinéticas funcionais e, com isso, podemos elaborar um plano terapêutico adequado ao paciente. Para um bom diagnóstico funcional e um tratamento adequado em fisioterapia, é necessário começarmos por uma boa avalição. O exame físico ortopédico aliado uma anamnese bem feita associados a exames complementares, como raio-x, ultrassonografia, entre outros, constitui um ponto importante para realizar um bom diagnóstico fisioterapêutico e planejar um bom tratamento. Vale salientar que para realizar uma boa avalição fisioterapêutica, a preparação do local é de extrema importância. Um ambiente arejado com boa ventilação, calmo, como privacidade e bem iluminado fazem toda a diferença nessa hora. A avalição deve ser feita, inicialmente, pelo lado contralateral em caso de membros, o que permite ao paciente melhorar a confiança no fisioterapeuta. Vale ressaltar que toda a avalição deve ser detalhadamente explicada ao paciente para que ele esteja ciente da sua conduta. Dessa maneira, o paciente se torna um colaborador na coleta de informações. O exame deve ser completo e não somente da queixa principal, mesmo que essa seja uma queixa localizada, pois essa pode ser uma manifestação pontual de uma doença sistêmica. 1.1 Avaliação do Paciente 1.1.1 Raciocínio clínico/tomada de decisão clínica O raciocínio clínico é um processo multidimensional que envolve muitashabilidades do fisioterapeuta. Ele deve processar todas a informações e tomar as decisões e ações necessárias. O raciocínio clínico nada mais é do que uma conversa interna do avaliador ao se deparar com desafio da prática clínica. A decisão clínica e o desfecho do raciocino clínico são o que nos dão a base para o bom manejo do paciente. Essa decisão clínica é influenciada por diversos fatores, tais como: características do paciente, metas, valores e crenças, fatores físicos, psicossociais, educacionais e culturais, bem como fatores ambientais como ambiente da prática clínica, recursos gerais, tempo, nível de apoio financeiro, nível de apoio social. 1.1.2 Manejo do paciente Com o manejo adequado do paciente, podemos alcançar os resultados ideais ao paciente. Alguns elementos são fundamentais par alcançar esse resultado. Veremos a seguir. 1.1.3 Exame do paciente É o processo de obter o histórico, fazer a revisão dos sistemas, selecionar e administrar testes e medidas para coletar dados do paciente. O exame inicial e uma avaliação abrangente e um processo de teste específico, que leva a classificação do diagnóstico. O processo de exame também pode identificar possíveis problemas que requerem consulta ou encaminhamento a outro profissional. 7WWW.UNINGA.BR OR TO PE DI A E TR AU M AT OL OG IA F UN CI ON AL | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 1.1.4 Avaliação Trata-se de processo dinâmico, no qual o fisioterapeuta faz o julgamento clínico com base nos dados coletados durante o exame. Esse processo também pode identificar possíveis problemas, que requerem consulta ou encaminhamento a outra profissional. 1.1.5 Diagnóstico Refere-se tanto o processo como o resultado dos dados do exame de avalição, que o fisioterapeuta organiza em grupos definidos, síndromes ou categorias para ajudar a determinar o prognóstico (incluindo plano de tratamento) e as estratégias de intervenção mais apropriadas. 1.1.6 Prognóstico e plano de tratamento Determinação do nível de melhora ideal que pode ser alcançado por intermédio de intervenção e o tempo necessário para alcançar esse nível. O plano de tratamento especifica as intervenções a serem usadas, a duração e a frequência. 1.1.7 Intervenção A interação significativa e habilidosa do fisioterapeuta com o paciente e, se adequado, com outros indivíduos envolvido no tratamento dele, utilizando vários métodos e técnicas fisioterapeutas para produzir alterações nas condições que são compatíveis com o diagnóstico e com o prognostico. O fisioterapeuta conduz um novo exame para determinar alterações na condição do paciente e para modificar ou redirecionar a intervenção. A decisão de reavaliar pode ser feita com base em novas descobertas clínicas ou na falta de progresso do paciente. O processo de reexame também pode identificar a necessidade de consulta ou encaminhamento a outro profissional. 1.1.8 Resultados Resultados do atendimento do paciente, que incluem o impacto das intervenções fisioterapêuticas nos seguintes domínios: patologia/fisiotapotologia (doenças, distúrbios ou condições) deficiência, limitações funcionais e incapacidades, redução/prevenção de riscos, saúde, bem estar e condicionamento físico, recursos sociais e satisfação do paciente. GOSLIN, A. P. Mecanismos de ação e efeitos da fisioterapia no tratamento da dor. Rev Dor. São Paulo, v. 13, n.1, 2013. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rdor/a/trkhMZyRwLRzyGSh7DLrwzH/ ?lang=pt. https://www.scielo.br/j/rdor/a/trkhMZyRwLRzyGSh7DLrwzH/?lang=pt https://www.scielo.br/j/rdor/a/trkhMZyRwLRzyGSh7DLrwzH/?lang=pt 8WWW.UNINGA.BR OR TO PE DI A E TR AU M AT OL OG IA F UN CI ON AL | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 2 EXAME DO MÚSCULO ESQUELÉTICO O sistema musculoesquelético inclui todo o sistema de alavanca e biomecânica: ossos, cartilagens, bainhas sinoviais, ligamentos, tendões, cápsulas articulares, músculos e outras estruturas. As lesões agudas ou crônicas do sistema músculoesquelético podem causar prejuízos como dor, inflamação, inchaço, deformidades, restrição no movimento articular, instabilidade articular e fraqueza muscular. Essas lesões podem causar alterações do sistema anatofisiológico do paciente, dessa maneira, causando distúrbios anatômicos e alterações anatômicas, além de perda de função fisiológica das articulações. Os diagnósticos encontrados para esse tipo de lesão podem ser luxações articulares, artrite reumatóide, fraturas, tendinites, bursites, distensão, rupturas musculares, entorses e rupturas de ligamentos dentre outras tipos de lesões. Quanto aos prejuízos secundários do músculo esquelético, pode-se levar em consideração que as condições patológicas dos sistemas neurológico, cardiovascular e pulmonar podem trazer de forma indireta lesões ao sistema. Essas alterações ocorrem com frequência por atividade com condições limitadas, em que o indivíduo, ao realizar movimentos de membros superior (MMSS) e/ou membro inferiores (MMII), apresenta um padrão ineficiente, que causa estresse nestas estruturas. Essas limitações causam prejuízos diretos e indiretos nas atividades da vida diária, e restrições na participação em determinadas tarefas e funções na sociedade. Portanto, a aplicação de testes e medidas específicas são componentes essenciais do exame inicial do paciente. 2.1 Objetivos do Exame Musculoesquelético Para elaboração e implantação de plano de cuidados (PCD), a avalição dos dados do exame musculoesquelético passa a ser ponto fundamental, já que contribui para o diagnóstico, prognóstico, ajuste das metas previstas e o desfecho esperado. ➢ Determinar deficiências, limitações e incapacidades que envolvam músculos, ossos e estruturas articulares relacionadas; ➢ Identificar o que causa a deficiência limitações ou incapacidades; ➢ Determinar como está a condição inicial do paciente; ➢ Elaborar plano de cuidados do paciente, através de adequação das metas e desfecho previsto; ➢ Determinar a eficácia do tratamento; ➢ Determinar fatores de risco que possam agravar deficiências, limitações e incapacidades nas atividades; ➢ Identificar a possibilidade de uso de equipamentos de adaptação e órteses para melhora do desempenho funcional; ➢ Incentivar o paciente no tratamento. 9WWW.UNINGA.BR OR TO PE DI A E TR AU M AT OL OG IA F UN CI ON AL | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 2.1.1 Procedimento dos exames Antes de iniciar o exame, deve-se obter o máximo de informação possível do que levou o paciente a desenvolver essa incapacidade. Tais informações são o que vão dar o direcionamento do exame físico, parametrizar sobre a eficácia do tratamento e motivar o paciente sobre sua melhora, determinando uma melhor aderência do paciente ao tratamento. Uma entrevista bem feita pode ser fundamental para o ponto de partida de uma avalição adequada. Históricos médicos sobre condição atual do paciente ajudarão na busca por informação de outras fontes, além disso, esse fator se faz necessário para um histórico mais completo sobre a incapacidade ou limitação do sistema. 2.2 Histórico do Paciente O ponto fundamental da coleta do histórico do paciente se dá ao questionar a sua queixa principal. A partir daí devem ser feitas, entre outras, perguntas como: • QUANDO FOI O INÍCIO DO SINTOMA? • COMO É ESSA QUEIXA? • COMO FOI FEITO O DIAGNOSTICO? • REALIZOU CIRURGIAS? • QUAIS OS MEDICAMENTOS ATUALMENTE EM USO? • JÁ REALIZOU TRATAMENTO ANTERIORES PARA O ATUAL PROBLEMA? • BREVE RELATO DO HISTÓRICO MÉDICO FAMILIAR; • IDADE; • OCUPAÇÃO; • ESTILO DE VIDA DO PACIENTE (TABAGISMO, BEBIDAS ALCÓOLICAS, PRÀTICA DE EXERCICIOS FÍSICOS). O primeiro contato do profissional com o paciente é imprescindível não apenas para o processo de diagnóstico, pois trata-se de um momento propício para a criação de vínculo com o paciente. Isso é importante, porque a ação terapêutica não se limita à aplicação de técnicas, estendendo-se à função de terapeuta, escutando as queixas com atençãoe empatia. 10WWW.UNINGA.BR OR TO PE DI A E TR AU M AT OL OG IA F UN CI ON AL | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 2.2.1 Início dos sintomas O fisioterapeuta deve se atentar ao início do sintoma, perguntas como: “COMO É ESSA DOR? (Inchaço, limitação, problema etc.)”; “FOI REPENTINO? (por exemplo, causado por um trauma, como uma queda, pancada ou acidente com esqui ou automóvel)”, saber sobre o segmento da dor, a posição que gera o desconforto e um possível mecanismo de lesão, facilita a identificar as estruturas envolvidas. 2.2.2 Localização da dor Muitas vezes, a localização dos sintomas coincide com a localização da lesão. Pode-se usar uma representação gráfica de um corpo para facilitar a identificação pelo paciente do local da dor (Figura 1). Quanto a dor referida, pode-se usar uma representação gráfica dos esclerótomos ou dermátomos (Figura 2), para ajudar o fisioterapeuta a localizar o segmento medular envolvido na lesão. Figura 1 – Corpo humano. Fonte: Mesquita, Ribeiro e Moreira (2010). Figura 2 – Representação gráfica dos esclerótomos ou dermátomos. Fonte: Magee e Surek (2012). 11WWW.UNINGA.BR OR TO PE DI A E TR AU M AT OL OG IA F UN CI ON AL | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Cabem ainda perguntas como: “A DOR MUDOU DE LOCAL?”; “ELA SE ESPALHA?”; “CONCENTRA-SE EM LOCAL ESPECÍFICO?”. Importante ressaltar que uma concentração da dor indica melhora do quadro, enquanto um alastramento da dor geralmente indica piora do quadro. 2.2.3 Qualidade dos sintomas A qualidade da dor é importante para identificar a intensidade dela. O Quadro 1 pode auxiliar na determinação das características dessa qualidade da dor. Sintomas Características Lesões musculares ou articulares Dor mal localizada, incômoda. Lesões do sistema nervoso Dormência, formigamento, penetrante ou sensações de queimação. Lesões vasculares Dor profunda e latejante ou frio em uma região do corpo. Lesões do sistema nervoso periférico ou central – disfunção muscular A fraqueza, desajeitamento ou descoordenação. Quadro 1 – Caracterização da dor. Fonte: Autor. Para tanto, conhecer a intensidade da dor também é ponto fundamental. Para isso pode- se usar a Escala Visual Analógica da dor (EVA), representada na Figura 3. Figura 3 – Escala Visual Analógica (EVA) para Dor. Fonte: Martinez, Gtassi e Marques (2011). A dor é um sintoma de extrema importância, que não depende nem de situação econômica nem de faixas etárias. A dor pode levar a problemas diversos, como incapacitação e até mesmo interferir nas relações do paciente com amigos, familiares e profissionais. A fisioterapia tem demonstrado um papel relevante no tratamento do paciente com dor. Como as técnicas fisioterapêuticas podem auxiliar no tratamento da dor? 12WWW.UNINGA.BR OR TO PE DI A E TR AU M AT OL OG IA F UN CI ON AL | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 2.3 Conclusão do Exame Ao concluir o exame do paciente, após a coleta de informação, cabe ao fisioterapeuta fazer mais uma pergunta para que o paciente possa relatar algo que não foi sondado pelo fisioterapeuta, tais como: “HÁ ALGO AINDA QUE QUERIA ME DIZER SOBRE SUA DOR?”; “EXISTE ALGUMA INFORMAÇÃO RELEVANTE QUE NÃO FOI ABORDADO NESTA CONSULTA?”. Esse tipo de pergunta confere uma clareza em relação a avaliação se a resposta for negativa. No caso em que a resposta seja positiva, poderia ter deixado passar alguma informação relevante ao tratamento. Para fornecer o contexto apropriado que servirá de base para desenvolver as perguntas da consulta, o fisioterapeuta deve ter um conhecimento prévio da anatomia, cinesiologia, cinesiopatologia, fisiologia e fisiopatologia, bem como das manifestações físicas e a progressão das condições musculoesqueléticas. 2.4 Observação e Inspeção A observação do paciente começa no primeiro contato visual com ele. As posturas do paciente e sua capacidade de se mover, mudar de posição, transferir de sentado para em pé, nos fornece informações sobre a gravidade dos seus sintomas, força muscular, amplitude de movimento e seu desejo de movimentar-se. A inspeção deve ser pautada pela biomecânica. Por exemplo, o exame de ombro, envolve o exame das regiões cervical e torácica e vice-versa. A inspeção visual deve se concentrar nos ossos, estruturas de tecidos moles e pele. O fisioterapeuta deve visualizar a região anterior, posterior e lateral do corpo. A observação se dá em comparação com a estrutura contralateral, a procura de simetria ou alterações nela. Para paciente com alterações de postura, indica-se um exame de alinhamento postural, no qual observa-se: ➢ Na vista anterior, ambos os olhos, ombros (acrômios), cristas ilíacas, espinhas ilíacas anterossuperiores, trocanter maior do fêmur, patelas e maléolos mediais dos tornozelos devem estar nivelados horizontalmente. Os ângulos da cintura devem ser simétricos. As patelas e os pés devem estar voltados anteriormente; ➢ Lateralmente, a linha de gravidade deve cruzar o meato acústico externo, o acrômio, o trocanter maior, passar ligeiramente posterior à patela e aproximadamente 5 cm anterior ao maléolo lateral. As porções cervical e lombar da coluna devem apresentar curvas lordóticas normais, e a porção torácica uma curva cifótica normal; ➢ Na vista posterior, os lóbulos das orelhas, os ombros, os ângulos inferiores da escápula, as cristas ilíacas, as espinhas ilíacas pósteros superiores, o trocanter maior, as pregas das nádegas e joelhos, e os maléolos devem estar nivelados; ➢ A coluna vertebral deve estar ereta, com a borda medial da escápula equidistante da coluna bilateralmente deve-se observar deformidades em varo e valgo do joelho e do calcâneo. 13WWW.UNINGA.BR OR TO PE DI A E TR AU M AT OL OG IA F UN CI ON AL | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 2.5 Palpação Palpação é a utilização do tato para investigar e obter informações ou para completar as já obtidas através de outros meios. A palpação é um exame minucioso, que permite que o investigador extraia informação de estruturas abaixo da pele e da fáscia. Tem por objetivos: • Avaliar a ADM; • Avaliar a simetria da posição das estruturas; • Perceber alterações na textura e elasticidade tecidual; • Perceber alterações de contornos ósseos e musculares; • Perceber alterações na tensão tecidual; • Temperatura, umidade, movimento, tumefação; • Dor e crepitação; • Determinar posicionamento pós operatório e traumáticos de forma adequada. A palpação tem os seguintes princípios: • O movimento das mãos é necessário para que as estruturas passem sob os dedos de maneira controlada; • A velocidade dos movimento e a profundidade devem ser ajustada de maneira que se perceba o máximo possível de informações; • Conhecimento prévio de anatomia; • Fechar os olhos pode ajudar a ter melhor percepção; • Observar a face do paciente e ouvir seus comentários. Fisioterapia e Traumato-Ortopedia | Dra. Sylvia Helena Ferreira da Cunha (Palestra completa). Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=Jgw2G6vVgOY&ab_channel= Crefito-3. https://www.youtube.com/watch?v=Jgw2G6vVgOY&ab_channel=Crefito-3 https://www.youtube.com/watch?v=Jgw2G6vVgOY&ab_channel=Crefito-3 14WWW.UNINGA.BR OR TO PE DI A E TR AU M AT OL OG IA F UN CI ON AL | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA CONSIDERAÇÕES FINAIS Para a obtenção de um resultado bom no transcorrer do tratamento, é essencial que o fisioterapeuta faça uma avaliação adequado do paciente, o que requer conhecimentos anatomo- fisiológicos, semiológicos, patológicos e interpretação de exames, tanto laboratoriais como de imagem. Além disso, a história pregressa das doenças que o paciente teve, bem como o exame detalhado irão fornecer subsídios importantes para o diagnóstico correto. Especificamente, na área da traumatologia e ortopedia é preciso que seja realizada a avaliação musculoesquelética completa para poder identificar qual a parte do sistema está comprometida. A avaliação objetivaa completa compreensão dos problemas do paciente tanto pela perspectiva do examinado como do examinador, considerando as bases físicas que esclarecem as queixas do paciente. Na prática do fisioterapeuta que atua na área de traumatologia e ortopedia, é imprescindível o exame ortopédico, bem como as necessidades reais de uma avaliação bem executada, considerando que faz parte das atribuições desse profissional e só a partir daí é possível conseguir elaborar as metas preventivas, curativas e reabilitadoras, além de realizar a reavaliação do paciente para verificar a eficácia da terapêutica empregada. A terapêutica tem por objetivo a recuperação da funcionalidade que encontra-se comprometida ou ao menos evitar complicações decorrentes do trauma sofrido, o que só é possível com a realização de uma avaliação bem feita, a partir do levantamento da história da ocorrência do trauma e da tentativa de conhecer a personalidade do seu paciente, para serem criados os métodos de trabalho individualizado e buscando garantir a recuperação do paciente. 1515WWW.UNINGA.BR U N I D A D E 02 SUMÁRIO DA UNIDADE INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................................... 17 1 MEMBROS SUPERIORES E INFERIORES .............................................................................................................. 18 1.1 REVISÃO ANATOMOBIOMECÂNICA DOS MEMBROS SUPERIORES ................................................................ 18 1.1.1 OMBRO ................................................................................................................................................................. 18 1.1.2 ARTICULAÇÃO ESCAPULATORÁCICA ............................................................................................................... 18 1.1.3 ARTICULAÇÃO ESTERNOCLAVICULAR (EC) .................................................................................................... 19 1.1.4 ARTICULAÇÃO ACROMIOCLAVICULAR (AC) ....................................................................................................20 1.1.5 ARTICULAÇÃO GLENOUMERAL (GU) ................................................................................................................20 1.1.6 COTOVELO ...........................................................................................................................................................22 1.1.7 PUNHO .................................................................................................................................................................25 1.1.8 MÃO .....................................................................................................................................................................26 MEMBROS SUPERIORES E INFERIORES ENSINO A DISTÂNCIA DISCIPLINA: ORTOPEDIA E TRAUMATOLOGIA FUNCIONAL 1616WWW.UNINGA.BR EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 1.2 REVISÃO ANATOMOBIOMECÂNICA DOS MEMBROS INFERIORES ................................................................28 1.2.1 QUADRIL ..............................................................................................................................................................28 1.2.2 JOELHO ................................................................................................................................................................29 1.2.3 TORNOZELO ........................................................................................................................................................ 31 2 DOENÇAS COMUNS DOS MEMBROS SUPERIORES E INFERIORES ..................................................................32 2.1 MEMBROS SUPERIORES .....................................................................................................................................32 2.1.1 SÍNDROME DO IMPACTO SUBACROMIAL .......................................................................................................32 2.1.2 RUPTURA DO MANGUITO ROTADOR ...............................................................................................................33 2.1.3 CAPSULITE ADESIVA .........................................................................................................................................34 2.1.4 EPICONDILITES ..................................................................................................................................................34 2.1.5 SÍNDROME DO TÚNEL DO CARPO ...................................................................................................................37 2.2 DOENÇAS COMUNS DOS MEMBROS INFERIORES ..........................................................................................38 2.2.1 IMPACTO FEMOROACETABULAR .....................................................................................................................38 2.2.2 DISFUNÇÃO FEMOROPATELAR ........................................................................................................................38 2.2.3 ESPORÃO DE CALCÂNEO ..................................................................................................................................39 2.2.4 FASCITE PLANTAR .............................................................................................................................................39 CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................................................................... 41 17WWW.UNINGA.BR OR TO PE DI A E TR AU M AT OL OG IA F UN CI ON AL | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA INTRODUÇÃO Na anatomia, os membros superiores (MMSS) são formados pelo ombro ou cintura escapular, braço, antebraço e mão, enquanto os membros inferiores (MMII) são compostos pelo quadril, joelho e tornozelo. As articulações presentes no corpo humano contribuem para que ocorram o movimento direcional dos segmentos corporais. A estrutura anatômica de certa articulação, como a do ombro, sofre pequenas variações entre as pessoas. Porém, as diferenças relacionadas à rigidez ou frouxidão relativas dos tecidos moles que se encontram ao seu redor levam à existência de diferenças na amplitude do movimento. O ombro é constituído pelos ossos úmero, escápula e clavícula, e suas funções dependem das articulações entre esses ossos (glenoumeral, acromioclavicular e esternoclavicular), tratando- se de uma articulação multiaxial, com capacidade de realizar várias combinações de movimentos de oscilação e giratórios, o que requer a estabilização desse conjunto. O cotovelo possui uma articulação do tipo sinovial, a qual é formada por três articulações (úmero-ulnar), úmero-radial e radioulnar. Possui a cápsula articular reforçada nas suas laterais por ligamentos colaterais e a membrana fibrosa faz o revestimento das estruturas articulares. O punho possui uma articulação complexa, formada pelo arranjo de pequenos ossos, ligamentos e tendões que fazem a união entre a mão e o antebraço. Trata-se de uma articulação multiarticular, formada por duas articulações compostas. Os movimentos realizados pelo punho são a flexão e extensão, a pronação e a supinação e os desvios radial e ulnar. A mão é dividida em três regiões (carpo, metacarpo e falanges), que permitem movimentos de flexão, extensão, adução e abdução. As articulações entre o punho e a mão são a radio-ulnar distal, radiocárpica, carpometacarpiana, metacarpofalangiana e interfalângicas. O quadril refere-se à articulação formada pela união entre a parte proximal do fêmur (osso da coxa) e o acetábulo (parte da bacia que articula com a cabeça do fêmur). Trata-se de uma articulação sinovial de “esfera e soquete”. O joelho é uma articulação, formada pelo fêmur, tíbia e patela, ligados por estruturas como o menisco, tendões musculares e ligamentos. Como é propenso alesões diretas e indiretas, além de ser bastante exigido, o joelho é uma das áreas que mais sofrem com lesões. O tornozelo é uma articulação complexa, que une as pernas aos pés. Ele é formado por três ossos: a tíbia, a fíbula e o tálus. A tíbia é o osso da canela, a fíbula é o osso que fica na lateral externa da perna, e o tálus se encaixa no meio desses dois ossos e logo acima do osso do calcanhar (o calcâneo). Nessa Unidade, é apresentada, inicialmente, uma revisão da anatomia e da biomecânica das articulações dos membros superiores e inferiores, bem como as doenças mais comuns que podem ocorrer nas mesmas. 18WWW.UNINGA.BR OR TO PE DI A E TR AU M AT OL OG IA F UN CI ON AL | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 1 MEMBROS SUPERIORES E INFERIORES 1.1 Revisão Anatomobiomecânica dos Membros Superiores 1.1.1 Ombro O ombro é a articulação mais complexa do corpo humano, pois inclui quatro articulações, envolvendo o esterno, a clavícula, as costelas, a escápula e o úmero (Figura 1). Figura 1 – Articulações do complexo do ombro direito. Fonte: Newman (2011). As articulações esternoclavicular e acromioclavicular fornecem mobilidade para a clavícula e a escápula – os ossos da cintura escapular (cíngulo do membro superior). A articulação mais proximal no complexo do ombro é a esternoclavicular, pois a clavícula por meio da sua conexão com o esterno, funciona como um suporte ou apoio mecânico. Localizada na extremidade lateral da clavícula está a articulação acromioclavicular, a qual juntamente com seus ligamento conectam firmemente a escápula à clavícula, enquanto a superfície anterior da escápula repousa contra a superfície póstero-lateral do tórax, formando a articulação escapulotorácica, a qual não é uma articulação anatômica verdadeira, mas uma interface entre ossos. 1.1.2 Articulação escapulatorácica Os movimentos na articulação escapulatorácica são ligados mecanicamente aos movimentos da articulação acromioclavicular. A posição da escápula no tórax fornece uma base de operação para a articulação glenoumeral, a ligação mais distal e móvel do complexo. O termo “movimentos do ombro” descreve os movimentos combinados da articulação glenoumeral e da escapulatorácica. 19WWW.UNINGA.BR OR TO PE DI A E TR AU M AT OL OG IA F UN CI ON AL | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Os principais movimentos da articulação escapulatorácica são: elevação e depressão, protração e retração, rotação para cima e para baixo (Figura 2). Figura 2 – Movimentos da articulação escapulotorácica direita. (A) elevação e depressão; (B) protração e retração; (C) rotação para cima e para baixo. Fonte: Newman (2011). 1.1.3 Articulação esternoclavicular (EC) A articulação esternoclavivular (EC) é complexa, envolvendo a extremidade medial da clavícula, a faceta clavicular no esterno e a borda superior da cartilagem da primeira costela. Essa articulação funciona como uma articulação basal do membro superior, ligando o esqueleto apendicular ao esqueleto axial. A elevação e a depressão da clavícula ocorrem aproximadamente pralelas ao plano frontal, em torno de um eixo próximo de toação anterior- posterior. A protração e a retração da clavícula ocorrem paralelas ao plano horizontal, em torno de um eixo vertical de rotação (Figura 3). Figura 3 – Movimentos de elevação e depressão e de protração e retração da clavícula. Fonte: Newman (2011). O terceiro nível de liberdade da articulação EC é uma rotação da clavícula em torno do eixo ósseo longitudinal. Na abdução ou flexão do ombro, um ponto no aspecto superior da clavícula roda posteriormente 20 a 35 graus. 20WWW.UNINGA.BR OR TO PE DI A E TR AU M AT OL OG IA F UN CI ON AL | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 1.1.4 Articulação acromioclavicular (AC) A articulação acromioclavicular (AC) é a articulação entre a extremidade lateral da clavícula e o acrômio da escápula. Trata-se de uma articulação deslizante ou plana, refletindo o contorno plano predominante das superfícies articulares, as quais variam de chatas a levemente convexas ou côncavas. Essa articulação é rodeada por uma cápsula diretamente reforçada pelos ligamentos superior e inferior. O ligamento capsular superior é reforçado por meio de inserções do deltóide e do trapézio. Figura 4 – Visão anterior da articulação acromioclavicular direita com os ligamentos circuncidantes. Fonte: Newman (2011). 1.1.5 Articulação glenoumeral (GU) A articulação glenoumeral (GU) é a articulação formada entre a cabeça ampla e convexa do úmero e a concavidade rasa da cavidade glenóide. Essa articulação opera em conjunto com a escápula para produzir uma extensa amplitude de movimento no ombro. Figura 5 – Vista anterior de uma sencção frontal através da articulação GU direita. Observe a cápsula fibrosa, a membrana sinovial (azul) e a cabeça longa do tendão do bíceps. A bolsa axilar é mostrada como uma reentrância na cápsula inferior. Fonte: Newman (2011). 21WWW.UNINGA.BR OR TO PE DI A E TR AU M AT OL OG IA F UN CI ON AL | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA A cápsula da articulação GU recebe reforço estrutural dos quatro músculos do manguito rotador. O subescapular, o mais espesso dos quatro músculos, está localizado em posição imediatamente anteriormente à cápsula. O supraespinal, o infraespinal e o redondo menor estão localizados em posição superior e posterior à cápsula (Figura 6). Figura 6 – Aspecto lateral da superfície interna da articulação GU direita. O úmero foi removido para expor os ligamentos capsulares e a cavidade glenóide. Os quatros músculos do manguito rotador estão mostrados em vermelho. Fonte: Newman (2011). Os músculos subescapular, supraespinal, infraespinal e redondo formam o manguito que protege e estabiliza ativamente a articulação GU, especialmente durante as atividades dinâmicas. Vários sacos pequenos e fibrosos, que secretam líquido sinovial internamente, de maneira semelhante à da cápsula articular, estão localizados na região do ombro. Esses sacos, conhecidos como bursas ou bolsas, amortecem e reduzem o atrito entre as camadas de tecidos conectivos. O ombro é cercado por várias bolsas, incluindo a subescapular, a subcoracóide e a subacromial. Embora possa ocorrer certo montante de movimento glenoumeral enquanto outras articulações do ombro permanecem estabilizadas, é comum o movimento do úmero envolver algum movimento de todas as três articulações do ombro. Os músculos que se fixam à escápula são os músculos levantador da escápula, rombóides, serrátil anterior, peitoral menor, subclávio e as quatro partes do trapézio. Primeiramente, eles estabilizam a escápula de maneira que ela forme uma base rígida para os músculos do ombro durante a contração. Em segundo lugar, os músculos escapulares facilitam os movimentos do membro superior por posicionarem adequadamente a articulação glenoumeral. 22WWW.UNINGA.BR OR TO PE DI A E TR AU M AT OL OG IA F UN CI ON AL | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Na medida em que o braço e a mão se movem para a frente para realizar o arremesso, a tensão nos músculos romboides diminui para permitir o movimento do ombro para a frente, facilitando a rotação lateral do úmero (Figura 7). Figura 7 – Músculos da escápula. Fonte: HALL (2016). 1.1.6 Cotovelo O complexo do cotovelo envolve três ossos (úmero, ulna e rádio), três ligamentos (ligamento colateral radial, ligamento colateral ulnar e ligamento anular do rádio), duas articulações (úmero ulnar e úmero radial) e uma cápsula articular. Figura 8 – Cápsula articular e ligamentos da articulação do cotovelo. Fonte: Hall (2016). 23WWW.UNINGA.BR OR TO PE DI A E TR AU M AT OL OG IA F UN CI ON AL | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA No Quadro 1, é apresentado o resumo da ação dos músculos agonistas que movimentam o antebraço: Ação Músculos Flexão do antebraço na articulação do cotovelo Bíceps braquial Braquial Braquiorradial Extensão do antebraçona articulação do cotovelo Tríceps braquial Pronação do antebraço na articulação do cotovelo Pronador redondoPronador quadrado Supinação do antebraço nas articulações radioulnares Bíceps braquialsupinador Quadro 1 – Agonistas primários que movimentam o antebraço. Fonte: O autor. Os músculos inseridos distalmente na ulna flexionam ou estendem o cotovelo, mas não fazem pronação ou supinação do antebraço, enquanto os músculos que se inserem no rádio, teoricamente, podem flexionar ou estender o braço. Os músculos que agem principalmente no punho cruzam a articulação do cotovelo e, por isso, muitos músculos do punho podem flexionar ou estender o cotovelo. Os músculos flexores do cotovelo são: bíceps braquial, braquial, braquiorradial e o pronador redondo. Cada um desses músculos produz uma força que passa anterior ao eixo medial-lateral de rotação do cotovelo. A Figura 9 mostra a linha de força dos três flexores primários do cotovelo. A força do torque de flexão varia com a idade, sexo, treinamento muscular, velocidade de contração muscular e posicionamento das articulações no membro superior. Figura 9 – Vista lateral mostrando a linha de força dos três flexores primários do cotovelo. Fonte: Newman (2011). 24WWW.UNINGA.BR OR TO PE DI A E TR AU M AT OL OG IA F UN CI ON AL | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Os extensores primários do cotovelo são o tríceps braquial e o ancôneo (Figura 10). Os músculos extensores conferem estabilidade estática ao cotovelo. Esses músculos estabilizam o cotovelo flexionado durante a contração isométrica ou a ativação em velocidade excêntrica muito baixa. Além disso, são necessários par gerar torques extensores maiores e dinâmicos, por contrações concêntricas ou excêntricas de alta velocidade. Observa-se que em muitas atividades de empurrão brusco, a extensão do cotovelo é combinada a algum grau de flexão do ombro, ou seja, a função de flexão do ombro exercida pelo deltoide anterior é um componente sinérgico do ato de empurrar. Na perspectiva fisiológica, essa sinergia minimiza a taxa de encurtamento requeridas pela cabeça longa do tríceps à extensão completa do cotovelo. Figura 10 – Vista posterior mostrando os musculos tríceps braquial e ancôneo direitos. Fonte: Newman (2011). Muitas vezes, as doenças articulares têm como fatores predisponentes o envelhecimento e o trabalho. Trabalhadores que executam atividades laborais repetitivas e que demandam esforço de determinada articulação, será acometido por algum problema articular. Quais ações preventivas são necessárias no ambiente de trabalho para evitar esses problemas? 25WWW.UNINGA.BR OR TO PE DI A E TR AU M AT OL OG IA F UN CI ON AL | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA As linhas de força da maioria dos músculos pronadores e supinadores do antebraço são mostradas na Figura 4. Para ser considerado pronador ou supinador, determinado músculo deve apresentar duas características: o músculo deve se inserir nos dois lados do eixo de rotação e, segundo, o músculo deve produzir uma força que aja com um braço de momento ao redor do eixo de rotação para pronação e supinação (Figura 11). Figura 11 – Linha de força dos supinadores (A) e pronadores (B) do antebraço. Observe o grau em que todos os músculos se intersectam com o eixo de rotação do antebraço. Fonte: Newman (2011). 1.1.7 Punho O punho ou carpo é formado por oito ossos carpais em conjunto (escafoide, semilunar, piramidal, pisiforme, capitato, trapézio, trapezoide e hamato), que atuam como “espaçadores” funcionais entre o antebraço e a mão. Embora possua numerosas articulações intercárpicas, o punho possui duas articulações principais: articulação radiocárpica (entre a extremidade distal do rádio e a fileira proximal dos ossos do carpo); e a articulação mediocárpica (entre as fileiras proximais e distais dos ossos do carpo). As duas articulações permitem os movimentos de flexão e extensão do punho, bem como o deslocamento de um lado para outro em um movimento conhecido como desvio radial e ulnar. Observa-se que a articulação rádio-ulnar proximal é considerada parte do antebraço devido seu papel na pronação e supinação (Figura 12). Figura 12 – Os ossos e as principais articulações do punho. Fonte: Newman (2011). 26WWW.UNINGA.BR OR TO PE DI A E TR AU M AT OL OG IA F UN CI ON AL | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA A posição do punho afeta a função da mão, porque vários músculos que controlam os dedos têm origem extrínseca à mão, com suas fixações proximais localizadas no antebraço. A extremidade distal do rádio possui duas configurações de importância biomecânica: a) a extremidade distal apresenta um ângulo com cerca de 15 graus em relação à direção ulnar (medial), o que permite que o punho e a mão realizem um maior movimento de desvio ulnar do que o desvio radial, tendo como resultado dessa inclinação a limitação do impacto da porção lateral do carpo contra o processo estiloide do rádio; b) a superfície articular distal do rádio apresenta uma angulação com cerca de 10 graus em direção palmar (Figura 13). Figura 13 – (A) Vista anterior do rádio distal (inclinação ulnar de ± 25 graus); (B) Vista medial do rádio distal (inclinação palmar de ± 10 graus). Fonte: Hall (2016). 1.1.8 Mão A mão, como o olho, é um importante órgão sensitivo para a percepção do ambiente e também um dos principais órgãos efetores dos comportamentos motores mais complexos, e auxilia a expressar emoções através de gestos, contato, música e arte. A mão possui 29 músculos, que impulsionam 19 ossos e 19 articulações. Biomecanicamente, tais estruturas interagem com proficiência excelente. Trata-se de um instrumento altamente especializado que efetua manipulações complexas, que exigem múltiplos níveis de força e precisão. Por essa razão, sua função envolve uma região desproporcionalmente grande do córtex cerebral. ➢ Articulação carpometacarpiana (CMC); ➢ Articulação metacarpofalangeana (MFC); ➢ Articulações interfalangeanas (IF): • O polegar tem uma articulação IF; • Os dedos têm uma articulação interfalangeana proximal (IFP) e uma articulação interfalangeana distal (IFD). Quadro 2 – Articulações comuns a cada raio da mão. Fonte: O autor. 27WWW.UNINGA.BR OR TO PE DI A E TR AU M AT OL OG IA F UN CI ON AL | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA A mão tem 5 metacarpos, chamados coletivamente de metacarpo, e cada um dos 5 dedos contém um conjunto de falanges (Figura 14). Um raio descreve um osso metacárpico e suas falanges associadas (Quadro 2). Figura 14 – Visão palmar da anatomia básica da mão. (A) principais ossos e articulações; (B) marcos externos. Fonte: Hall (2016). A Figura B mostra características da anatomia da mão externa, como os sulcos palmares ou linhas que existem na pele da palma, as quais funcionam como “dobradiças” da derme, marcando onde a pele se dobra sobre si mesma durante o movimento e aumentando a aderência da pele palmar para intensificar a segurança e preensão. A localização dos sulcos também é uma referência clínica útil da anatomia, por exemplo, o sulco palmar distal marca a localização da margem proximal do ligamento carpal transverso subjacente. O trabalho de fortalecimento dos membros superiores age diretamente na melhora da postura, proporcionando melhor estabilidade articular, protegendo músculos e articulações do impacto da corrida. Outra vantagem é uma maior facilidade de execução correta dos gestos coordenativos, ou seja, coordenação dos braços com as passadas (LAFEMINA, 2022). 28WWW.UNINGA.BR OR TO PE DI A E TR AU M AT OL OG IA F UN CI ON AL | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 1.2 Revisão Anatomobiomecânica dos Membros Inferiores 1.2.1 Quadril O quadril é uma articulação do tipo bola e soquete (esferóidea). A bola é a cabeça do fêmur, que forma cerca de dois terços de uma esfera. O soquete é o acetábulo côncavo, que está em ângulo obliquamente nas direções anterior, laterale inferior. A cartilagem articular recobre ambas as superfícies articulares. A cartilagem do acetábulo é mais espessa em sua borda, onde ela se funde com um anel, ou lábio, de fibrocartilagem que contribui para a estabilidade da articulação. A pressão hidrostática é maior dentro do lábio do que fora dele, o que contribui para a lubrificação da articulação. O acetábulo permite um encaixe muito mais profundo do que a cavidade glenoidal da articulação do ombro, e a estrutura óssea do quadril é, portanto, muito mais estável ou menos propensa a luxação do que a do ombro. Vários ligamentos grandes e fortes também contribuem para a estabilidade do quadril. Os ligamentos extremamente fortes iliofemoral ou em Y e pubofemoral fortificam a cápsula articular anteriormente, com o reforço posterior vindo do ligamento isquiofemoral. A tensão nesses principais ligamentos atua girando a cabeça do fêmur no acetábulo durante a extensão do quadril, como ocorre quando uma pessoa passa da posição sentada para em pé. Dentro da cavidade articular, o ligamento redondo faz a fixação direta do anel do acetábulo à cabeça do fêmur. Figura 15 – (A) estrutura óssea do quadril; (B) Ligamentos do quadril. Fonte: Hall (2016). Várias bolsas estão presentes nos tecidos adjacentes para ajudar na lubrificação. As mais proeminentes são a bolsa do iliopsoas (posicionada entre o músculo iliopsoas e a cápsula articular), servindo para reduzir o atrito entre essas estruturas; e a bolsa trocantérica profunda serve de amortecedor entre o trocanter maior do fêmur e o músculo glúteo glúteo máximo no ponto de sua inserção no trato iliotibial. O fêmur é o principal osso de sustentação de carga e é também o mais largo, mais longo e mais forte osso do corpo. Seu componente mais fraco é o colo femoral, que tem diâmetro menor do que o restante do osso e é fraco internamente porque é composto principalmente por osso trabecular. O fêmur forma um ângulo medialmente para baixo a partir do quadril durante a fase de apoio da marcha e da corrida, permitindo o apoio único abaixo do centro de gravidade do corpo. Com relação aos movimentos no quadril, apesar dos movimentos do fêmur serem devidos principalmente à rotação que ocorreu na articulação do quadril, a cintura pélvica (cíngulo do membro inferior) tem função similar à da cintura escapular no posicionamento da articulação do quadril para o movimento eficiente dos membros. 29WWW.UNINGA.BR OR TO PE DI A E TR AU M AT OL OG IA F UN CI ON AL | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Mas, diferentemente da cintura escapular, a pelve é uma estrutura única não articulada, mas pode girar nos três planos de movimento. A pelve facilita o movimento do fêmur, girando de modo que o acetábulo fique posicionado na direção do movimento femoral a ser realizado. O movimento da cintura pélvica também é coordenado com certos movimentos da coluna vertebral.Músculos grandes cruzam o quadril, contribuindo também para sua estabilidade (Quadro 3). Músculo Ações principais Reto femoral Flexão Iliopsoas Flexão (Ilíaco) (Psoas) Sartório Ajuda na flexão, adução, rotação lateral Pectíneo Flexão, abdução, rotação medial Tensor da fáscia lata Ajuda na Flexão, abdução, rotação medial Glúteo máximo Extensão, rotação lateral Glúteo médio Abdução, rotação medial Glúteo mínimo Abdução, rotação medial Grácil Adução Adutor magno Adução, rotação lateral Adutor longo Adução, assiste na flexão Adutor breve Adução, rotação lateral Semitendíneo Extensão Semimembranáceo Extensão Bíceps femoral (cabeça longa) Extensão Seis rotadores laterais Rotação lateral Quadro 3 – Principais ações dos músculos do quadril. Fonte: O autor. 1.2.2 Joelho A estrutura do joelho permite a sustentação de grandes cargas e a mobilidade necessária para as atividades locomotoras. O joelho é uma grande articulação sinovial, que inclui três articulações na cápsula articular. As articulações de sustentação de carga são as duas articulações elipsóideas da articulação tibiofemoral, sendo a terceira articulação a articulação patelofemoral. Embora não seja parte do joelho, a articulação tibiofibular tem conexões de tecido mole que também influenciam discretamente o movimento do joelho. Os meniscos (cartilagens semilunares por causa de seu formato em meia lua) são discos de fibrocartilagem firmemente fixados aos platôs tibiais pelos ligamentos coronários e pela cápsula articular. Eles também estão ligados um ao outro pelo ligamento transverso. Os meniscos são mais espessos em suas bordas periféricas, nas quais as fibras da cápsula articular os ancoram solidamente à tíbia. O disco semilunar medial também está fixado diretamente ao ligamento colateral medial. 30WWW.UNINGA.BR OR TO PE DI A E TR AU M AT OL OG IA F UN CI ON AL | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Medialmente, ambos os meniscos se afinam até a espessura de uma folha de papel, com as extremidades internas não fixadas ao osso (Figura 16). Figura 16 – Meniscos do joelho. Fonte: Hall (2016). Muitos ligamentos cruzam o joelho, aumentando significativamente sua estabilidade. A localização de cada ligamento determina a direção em que ele é capaz de resistir ao deslocamento do joelho (Figura 17). Figura 17 - Ligamentos do joelho. Fonte: Hall (2016). O joelho é cruzado por uma série de músculos biarticulares. As principais ações dos músculos que cruzam o joelho estão resumidas no Quadro 3. Músculo Ações principais Reto femoral Extensão Vasto lateral Extensão Vasto intermédio Extensão Vasto medial Extensão Semitendíneo Flexão, rotação medial Semimembranáceo Flexão, rotação medial Bíceps femoral Flexão, rotação lateral Sartório Ajuda na flexão e na rotação lateral da coxa Grácil Adução da coxa, flexão da perna Poplíteo Rotação medial, flexão Gastrocnêmio Flexão Plantar Flexão Quadro 3 – Ações dos músculos do joelho. Fonte: O autor. 31WWW.UNINGA.BR OR TO PE DI A E TR AU M AT OL OG IA F UN CI ON AL | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 1.2.3 Tornozelo A região do tornozelo inclui as articulações tibiofibular, tibiotalar e talofibular. A articulação tibiofibular é uma sindesmose em que o tecido fibroso denso une os ossos. A articulação é sustentada pelos ligamentos tibiofibulares anterior e posterior, bem como pelo ligamento tibiofibular interósseo. A maior parte do movimento no tornozelo ocorre na articulação em gínglimo tibiotalar, na qual a superfície superior convexa do tálus se articula com a superfície distal côncava da tíbia. As três articulações são envoltas por uma cápsula articular espessa na porção medial e extremamente fina na porção posterior. Três ligamentos – talofibular anterior e posterior e calcaneofibular – reforçam a cápsula articular lateralmente. Os quatro feixes do ligamento deltoide contribuem para a estabilidade articular na porção medial (Figura 18). Figura 18 – Estrutura óssea e ligamentos do tornozelo. Fonte: Hall (2016). O eixo de rotação do tornozelo é essencialmente frontal, embora levemente oblíquo e sua orientação muda um pouco conforme a rotação na articulação. O movimento no tornozelo ocorre principalmente no plano sagital, com o tornozelo funcionando como uma articulação em gínglimo que move o eixo de rotação durante a fase de apoio da marcha. A flexão e a extensão do tornozelo são chamadas de dorsiflexão e de flexão plantar, respectivamente. Durante o movimento passivo, as superfícies articulares e os ligamentos orientam a cinemática da articulação, com as superfícies articulares deslizando uma sobre a outra sem deformação apreciável de tecido. Os maléolos medial e lateral funcionam como polias direcionando os tendões dos músculos que cruzam o tornozelo posterior ou anteriormente ao eixo de rotação, favorecendo suas contribuições para a dorsiflexão ou para a flexão plantar. Os principais flexores plantares são as duas cabeças do potente músculo gastrocnêmio biarticular e o músculo sóleo, que fica abaixo do músculo gastrocnêmio. Os músculos flexores plantaresacessórios incluem o músculo tibial posterior, o músculo fibular longo, o músculo fibular curto, o músculo plantar, o músculo flexor longo do hálux e o músculo flexor longo dos dedos. 32WWW.UNINGA.BR OR TO PE DI A E TR AU M AT OL OG IA F UN CI ON AL | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 2 DOENÇAS COMUNS DOS MEMBROS SUPERIORES E INFERIORES 2.1 Membros Superiores 2.1.1 Síndrome do impacto subacromial A síndrome do impacto subacromial (SIS) é uma patologia que tem como causa a compressão prolongada, gerando inflamação ou degeneração no ombro, atingindo principalmente o tendão supraespinhal, tendão do bíceps, a bursa subacromial e a articulação acromioclavicular. Se não tratada, pode evoluir para fibrose e até rompimento de um ou mais tendões. O tratamento conservador é preconizado com programa de reabilitação visando a melhoria do quadro. O tratamento conservador pode constar de diatermia com ondas curtas (20 minutos), irradiação com laser de baixa energia (gálio-arsênico) (5 minutos), Tens (20 minutos) e cinesioterapia, com sessões realizadas e vezes por semana. O tratamento é realizado em duas fases: aguda e de reabilitação motora, com objetivos de melhora do quadro álgico e retorno às atividades diárias, respectivamente, como mostra o Quadro 4. Fase aguda 1) Diatermia com ondas curtas .............................. 20 min 2) Laser de baixa energia ........................................ 05 min 3) Tens ........................................................................ (alta frequência + baixa intensidade) 20 min 4) Cinesioterapia (exercícios pendulares de Codman) 10 a 20 sessões, 3 vezes por semana Fase de reabilitação 1) Diatermia com ondas curtas .............................. 20 min 2) Laser de baixa energia ......................................... 05 min 3) Tens ....................................................................... (alta frequência + baixa intensidade) 20 min 4) Cinesioterapia 4.1 Fortalecimento muscular + ganho de amplitude de movimentos (pesos, roldanas, exercícios isométricos) 4.2 Manutenção (atividade física compatível com a faixa etária + orientação quanto às atividades cotidianas 10 a 20 sessões, 3 vezes por semana Quadro 4 – Protocolo de tratamento. Fonte: O autor. No Quadro 5, é apresentada a avaliação dos resultados do tratamento. Excelente 1) ausência de dor 2) arco de movimento normal3) sem restrição nos movimentos habituais (quando bilateral) Bom 1) dor leve 2) arco de movimento normal ou levemente alterado, sem comprometer significativamente as funções habituais Regular 1) dor leve a moderada 2) arco de movimento alterado, com repercussão na função Ruim 1) dor importante 2) arco de movimento alterado com repercussão na função Quadro 5 – Avaliação dos resultados. Fonte: O autor. 33WWW.UNINGA.BR OR TO PE DI A E TR AU M AT OL OG IA F UN CI ON AL | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 2.1.2 Ruptura do manguito rotador Essa patologia, em geral, ocorre em indivíduos acima de 45 anos, em pacientes com tendinopatia prévia do tendão (supraespinal, na maioria dos casos), que sofrem algum trauma direto ou indireto no ombro. Em jovens, a ruptura decorre de trauma com alta energia. Alguns pacientes apresentam também sintomas relacionados ao impacto subacromial, em que há fricção do tendão supraespinal contra o arco coracoacromial durante a elevação do braço. Entretanto, não está bem estabelecido se esse impacto (com a formação de um acrômio ganchoso) leva a ruptura do tendão em todos os casos. A degeneração intrínseca tendínea pode criar uma disfunção nos mecanismos básicos do manguito (estabilização ativa e movimento), determinando uma ascensão da cabeça umeral contra o arco coracoacromial, fragilizando o tendão até sua ruptura ou desinserção. As rupturas podem ser parciais (parte do tendão inserido na tuberosidade, sem comunicação entre articulação e espaço subacromial) ou completas, e variam conforme o tamanho da lesão e quanto ao número de tendões rompidos. O tratamento conservador consiste de anti-inflamatório não-esteróide via oral, terapia miofascial específica (criocinética, compressão isquêmica e ultrassom nas miogeloses e nos pontos de gatilho), ultrassom contínuo com frequência de 1,0 Mhz e dosagem de 1,5 w/cm² por 5 minutos na região subacromial, exercícios de alongamentos em rotação externa em plano de escápula e em adução horizontal a 30 graus de flexão, exercícios de fortalecimento com isométricos, bandas elásticas e pesos para rotadores externos e internos do ombro, músculos da cintura escapular (trapézio e serrátil anterior) e deltóide (etapa final) de acordo com protocolo constante no Quadro 6. O tempo estimado de tratamento é de 06 meses, com avaliação 6 meses após a alta. Fase Procedimentos Fase 1 (0 a 2 semanas) Terapia miofascial Ultrassom subacromial contínuo Ativos assistidos para amplitude de RE e adução horizontal Fase 2 (3 a 8 semanas) Mesmos procedimentos anteriores Ativos com elásticos para RE e RI e programa com Theraband Fase 3 9 a 12 semanas Progredir nos exercícios com Theraband Ativos resistidos com pesos para RE e RI Fase 4 13 a 16 semanas Fisioterapia analgésica, se necessário Manter Theraband (verde) e progredir nos pesos até 3 séries de 10 repetições Ativos com Theraband (amarela) para extensão, abdução e flexão até 45º Fase 5 17 a 24 semanas Progredir com Theraband (verde) para extensão, abdução e flexão até 45º Iniciar ativos resistidos com pesos para flexão Quadro 6 – Programa de fisioterapia. Fonte: O autor. 34WWW.UNINGA.BR OR TO PE DI A E TR AU M AT OL OG IA F UN CI ON AL | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 2.1.3 Capsulite adesiva A capsulite adesiva do ombro é uma patologia que se caracteriza por rigidez dolorosa do ombro, por intensa sinovite e fibrose que levam a espessamento capsuloligamentar, resultando em redução do volume articular. Também conhecida pelo termo ombro congelado, controverso por incluir uma vasta gama de patologias não associadas a retração capsular. O objetivo da fisioterapia em casos de capsulite adesiva é eliminar o desconforto e de restaura a mobilidade e a função do ombro e, para isso, há várias modalidades de tratamento físico. Cada procedimento é parte integrante do programa de fisioterapia e deverá estar de acordo com os aspectos clínicos e com o estágio do quadro. Assim, primeiramente, realiza-se a crioterapia durante 30 minutos 2 a 3 vezes por dia, depois a neuroestimulação elétrica transcutânea (TENS), observando que ambos servem para diminuição da dor e mobilizações com exercícios pendulares e exercícios de mobilização passiva suave no ombro, iniciados pelo fisioterapeuta e depois repetidos em casa, duas a três vezes por dia, pelo próprio paciente, que é estimulado a executá-los espontaneamente, ou no caso de pacientes menos cooperativos estes serão auxiliados por familiares devidamente treinados. As aplicações de calor, tais como o ultra-som, ondas curtas ou microondas, são auxiliares empregados para o alívio da dor e para diminuição da excitabilidade neuromuscular local. Todavia, não são os agentes determinantes da recuperação funcional. Os efeitos fisiológicos restringem-se ao aumento do fluxo sanguíneo local e da distensibilidade tecidual, importante para a realização dos exercícios. A mobilização passiva ou ativa é a medida mais eficaz, os exercícios passivos são os procedimentos fundamentais para o aumento da amplitude de movimento. Na fase inicial, no controle da inflamação, primeiro se elimina qualquer atividade que possa vir agravar os sintomas e, após realizar a analgesia, pode realizar exercícios pendulares de Codmann, para decoaptação, relaxamento do espasmo muscular, melhora da dor e manutenção da amplitude articular mínima. Os exercícios de Codmann são realizados para mobilidade articular do ombro, pois as técnicas de auto mobilização fazem uso da gravidade para separar o úmero da cavidade glenóide.Ele ajuda no alivio da dor através dos movimentos de leve tração (grau I e II) e dão mobilidade precoce as estruturas articulares. A medida que o indivíduo tolera o alongamento, podem-se introduzir pesos nos punhos para conseguir uma força de separação articular (grau III e IV). Os exercícios devem ser realizados com o indivíduo em pé em flexão lombar de 90º, sendo realizado no sentido horário, anti-horário, látero-lateral e ântero-posterior, a musculatura escapular deve estar totalmente relaxada, para assim alcançar maiores amplitudes. 2.1.4 Epicondilites Tem-se dois tipos de epicondilite: a medial e a lateral. A epicondilite medial, também chamada de Cotovelo de Golfista, embora não atinja apenas golfistas, pois muitas atividades repetitivas podem acarretar a epicondilite medial, como a prática de esportes, corte de lenha com machado e uso de muitos tipos de ferramentas manuais. Assim, todas as atividades que enfatizam os músculos do antebraço podem causar sintomas de epicondilite medial. A epicondilite é uma lesão por uso excessivo da musculatura do pronador flexor, provocando dor ao longo do lado medial do cotovelo. Assim, resulta em um mecanismo de sobrecarga tênsil na origem flexora comum no epicôndilo medial. 35WWW.UNINGA.BR OR TO PE DI A E TR AU M AT OL OG IA F UN CI ON AL | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA O uso excessivo dos músculos e tendões do antebraço e do cotovelo é a causa mais comum para o desenvolvimento da epicondilite medial. Geralmente, quando os tendões são muito solicitados ocorre uma inflamação, mas a inflamação ocorre nos tendões e é chamada de tendinite, porém pelo fato dessa tendinite ocorrer nos epicôndilos do cotovelo, recebe o nome de epicondilite. A inflamação prolongada dos tendões geram alterações estruturais e os mesmos se degradam (Figura 19). Figura 19 – Desenho ilustrativo da estrutura tendínea. Fonte: Faleiro et al. (2014). A dor à palpação do epicôndilo medial é o sinal característico da doença, que pode piorar com a pronação ou a flexão dos dedos e do punho contra resistência. O exame radiográfico pode mostrar calcificações sobre o ligamento colateral medial ou a origem do pronador. O exame de ultrassonografia, em geral, auxilia no diagnóstico. A ressonância magnética nuclear fica reservada para os casos duvidosos ou para visualizar rupturas nas inserções da musculatura flexo-pronadora e do ligamento colateral medial. A eletroneuromiografia é solicitada em caso de suspeita de compressão do nervo ulnar. A dor na região do epicôndilo medial também pode ser causada por lesão do ligamento colateral medial ou neuropatia do nervo ulnar. O tratamento inicial deverá ser sempre conservador, com o uso de anti-inflamatórios não hormonais, fisioterapia, acupuntura e repouso. A infiltração apresenta maior risco devido à proximidade do nervo ulnar. Nos quadros persistentes de longa duração, pode ser indicada a cirurgia. A epicondilite lateral é uma lesão causada por uma tração repetida que resulta em microrrupturas da origem do extensor radial curto do carpo e consequentes fibrose e formação de tecido de granulação. Nesse tipo de lesão, observa-se uma solução de continuidade no tendão com invasão de fibroblastos e tecido vascular anormal, caracterizando não uma alteração inflamatória, mas degenerativa. O exame físico caracteriza-se por dor à palpação sobre o epicôndilo (Figura 20) e aos movimentos de flexo-extensão do cotovelo. Figura 20 – Epicondilite lateral. Dor à palpação do epicôndilo lateral. Fonte: Cohen (2012). 36WWW.UNINGA.BR OR TO PE DI A E TR AU M AT OL OG IA F UN CI ON AL | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA No teste de Cozen, o paciente refere dor no epicôndilo lateral ao tentar a extensão do punho contra resistência, estando o cotovelo fletido em 90° e o antebraço pronado (Figura 21). No teste de Mill, o punho deverá estar em dorsiflexão e o cotovelo em extensão. Com a mão fechada, o paciente deverá resistir à flexão do punho, o que, na presença da doença, causará dor sobre o epicôndilo lateral. No “teste da cadeira”, o paciente sente dor sobre o epicôndilo lateral ao tentar levantar uma cadeira com uma mão, estando o antebraço pronado e o punho fletido. A extensão contra resistência do dedo médio é outro teste útil no diagnóstico. Figura 21 – Teste de Cozen. Dor em região de epicôndilo lateral do cotovelo na resistência à flexão passiva do punho. Fonte: Hall (2016). No exame radiográfico do cotovelo, inicialmente não há alterações. Em casos mais crônicos, pode-se visualizar calcificações junto ao epicôndilo lateral. A ultrassonografia, às vezes, revela aumento da espessura associada a hipoecogenicidade dos tendões e a sinais de pequenas rupturas. A ressonância magnética nuclear é mais sensível que a ultrassonografia, útil nos casos de desinserção. Sobre o diagnóstico diferencial, o principal é a síndrome compressiva do nervo interósseo posterior, que apresenta dor à palpação distalmente ao epicôndilo lateral, junto à passagem do nervo pela arcada do músculo supinador. Lesões articulares, instabilidades do cotovelo, osteocondrite dissecante e cervicobraquialgias também devem ser lembradas no diagnóstico diferencial. O tratamento conservador envolve medidas para aliviar a dor, como analgésicos, gelo, acupuntura, fisioterapia (evitar reforço muscular), uso de tensor de antebraço ou órtese de punho e restrição das atividades esportivas e de trabalho que exijam esforços de punho e cotovelo. Na fase aguda, a imobilização do cotovelo e do punho com tala gessada pode ajudar, aliviando as tensões sobre o epicôndilo. Outras possibilidades terapêuticas são o uso de ondas de choque e, mais recentemente, o uso de plasma rico em plaquetas (PRP). Alguns autores acreditam que a maioria das epicondilites tenha resolução espontânea em até um ano. Quando não houver melhora já por volta de um ano de tratamento conservador, pode-se pensar em cirurgia. O tratamento cirúrgico baseia-se na liberação da origem dos extensores, na excisão do tecido degenerativo angiofibroblástico e em perfurações do epicôndilo, renovando o sítio de origem dos extensores. A epicondilite lateral do cotovelo parece ser uma patologia autolimitada, porém com um ciclo longo de evolução. 37WWW.UNINGA.BR OR TO PE DI A E TR AU M AT OL OG IA F UN CI ON AL | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA As técnicas fisioterapêuticas comumente utilizadas para epicondilites de cotovelo são: ➢ Crioterapia; ➢ Alongamento com utilização de ultrassom; ➢ Exercícios excêntricos com movimentos de manipulação (tração) 3 vezes por semana, 30 repetições; ➢ Alongamento dos extensores de pulso radial (flexão de punho ulnar0 3 vezes por semana, por 40 segundos; ➢ Alongamento passivo e ativo; ➢ Massagem de fricção profunda (cyriax); ➢ Fortalecimento muscular. 2.1.5 Síndrome do túnel do carpo A síndrome do túnel do carpo é uma alteração bastante comum. O túnel do carpo é uma passagem entre os ossos carpais e o retináculo flexor na face palmar do punho. Embora a causa dessa alteração em um determinado indivíduo frequentemente seja desconhecida, qualquer edema causado por traumatismo agudo ou crônico na região pode comprimir o nervo mediano, que passa através do túnel do carpo, causando a síndrome. O deslizamento do tendão e do nervo durante movimentação prolongada e repetitiva da mão e incursão dos músculos flexores no túnel do carpo durante a extensão do punho foram propostos como causas para a síndrome do túnel do carpo. Os sintomas incluem dor e dormência ao longo do nervo mediano, fraqueza funcional dos dedos e, eventualmente, fraqueza e atrofia dos músculos inervados pelo nervo mediano. Trabalhadores que executam tarefas que requerem grandes forças de preensão manual, movimentos repetitivos ou uso de ferramentas vibratórias estão particularmente suscetíveis à síndrome do túnel do carpo. A síndrome surge após redução do espaço dentro do túnel, causando compressãodo nervo mediano. As causas podem ser intrínsecas ou extrínsecas, incluindo diabetes, gravidez, trauma, alcoolismo, obesidade, amiloidose, doenças reumatológicas e tireoidianas, compressão externa, dentre outras. MÚSCULO BÍCEPS BRAQUIAL. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=JT2gGyi-lMA&ab_channel= AnatomiaF%C3%A1 cilcomRog%C3%A9rioGozzi. https://www.youtube.com/watch?v=JT2gGyi-lMA&ab_channel=AnatomiaF%C3%A1 cilcomRog%C3%A9rioGozzi https://www.youtube.com/watch?v=JT2gGyi-lMA&ab_channel=AnatomiaF%C3%A1 cilcomRog%C3%A9rioGozzi 38WWW.UNINGA.BR OR TO PE DI A E TR AU M AT OL OG IA F UN CI ON AL | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA O tratamento fisioterápico consiste na realização de 20 sessões consecutivas com duração de 50 minutos cada, com aplicação de um protocolo utilizando lazer arseneto de gálio (comprimento de onda de 904 nm, 3j/cm², por 36 segundos por ponto), de forma pontual (8 pontos na região do túnel do carpo); aplicação de ultrassom, 1 MHz, pulsado (5:5), 0.8 W/cm², 8 minutos; mobilização passiva e ativo-assistida (flexão/extensão de punho e metacarpofalangiano). A partir da 5ª sessão, exercícios cinesioterápicos compostos por alongamento ativo global e exercícios isotônicos para membros superiores, em especial na região do punho e mão (halteres de 1 e 2 kg, 3 séries de 10 repetições). 2.2 Doenças Comuns dos Membros Inferiores 2.2.1 Impacto femoroacetabular A Síndrome do Impacto Femoroacetabular (SIFA) é definida como sendo um choque do colo femoral contra o acetábulo. A causa principal é a mudança do estado normal de funcionamento do quadril em que a cabeça femoral e a borda acetabular sofrem processos de impacto, desenvolvendo micro-traumatismo no labrum e na cartilagem acetabular, limitando os movimentos de flexão e de rotação interna. A SIFA é classificada em dois tipos de impactos: Pincer e Cam. O impacto do tipo Pincer ocorre quando há uma deformidade na borda acetabular pelo aumento da cobertura anterior o que gera um pinçamento do colo femoral. O impacto tipo Cam ocorre quando a cabeça do fêmur tem um raio de curvatura excêntrica e a cabeça femoral não encaixa perfeitamente dentro do acetábulo. Ambos os tipos causam degeneração na cartilagem acetabular e no labrum. O tratamento fisioterapêutico tem como objetivo evitar a intervenção cirúrgica, através da utilização de recursos eletrotermofototerápicos, que objetivam a redução da intensidade dor. A utilização das técnicas cinesioterapêuticas tem se tornado rotina nos programas de tratamentos dos indivíduos portadores de SIFA com o intuito de melhorar a mobilidade, flexibilidade e força muscular. 2.2.2 Disfunção femoropatelar A Disfunção Patelo-femoral (DPF) é uma das desordens musculoesqueléticas mais comuns nos indivíduos, afetando os joelhos, podendo estar presente principalmente em atletas e adultos jovens. O alinhamento da patela no plano frontal é influenciado pela linha de tração do grupo muscular quadríceps femoral e por sua inserção no tubérculo tibial por meio do tendão patelar. O resultado dessas forças é um efeito de corda sobre a patela, fazendo com que essa tenha um trajeto lateral. O principal fator que provoca a disfunção patelofemoral é a tração lateral anormal da patela, devido a um desequilíbrio neuromuscular entre os músculos vasto medial oblíquo (VMO) e vasto lateral (VL). Assim, o fortalecimento muscular baseado no reequilíbrio do VMO e VL poderia reduzir o desconforto nos pacientes portadores da DPF. FADEL, G. et al. LER-DORT em membros superiores: reabilitação. Acta Fisiátrica, São Paulo, v. 20, n. 2, 2013. 39WWW.UNINGA.BR OR TO PE DI A E TR AU M AT OL OG IA F UN CI ON AL | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Tratamentos conservadores para DPF normalmente consistem em uma variedade de componentes desenvolvidos para melhorar o alinhamento patelar. Uma das melhoras alternativas para amenizar e sanar a evolução desta disfunção é o tratamento fisioterapêutico, através da prática de exercícios com protocolos de tratamento adequados. O tratamento fisioterapêutico realizado em pacientes com DPF envolve vários recurso como o laser de baixa potência, que é utilizado como modalidade terapêutica em várias condições patológicas e entre os objetivos está à analgesia, promovendo aumento da endorfina circulante e aumento do limiar de excitabilidade dos receptores dolorosos. Entre os recursos estão também às técnicas de terapia manual, alongando os músculos dos membros inferiores (quadríceps, isquiostibiais, tríceps sural, adutores e abdutores), sendo que o encurtamento deles aumenta a pressão sobre femoropatelar, causando dor. Exercícios de cadeia cinética fechada e aberta geram a cocontração dos músculos agonistas e antagonistas, a fim de proporcionar maior estabilização articular, produzindo ainda maior carga de cisalhamento anterior da tíbia, aumentando a força de compressão tibiofemoral e diminuindo as forças compressivas femoropatelares perto da extensão. 2.2.3 Esporão de calcâneo Síndrome dolorosa subcalcânea, conhecida como esporão do calcâneo é um termo que é usado para descrever a dor no calcanhar plantar induzida mecanicamente, e é frequentemente confundida com fasceíte plantar. Talvez, o esporão de calcâneo seja consequência da inflamação crônica incitada por tração traumática repetitiva na origem da fáscia plantar e do músculo flexor curto dos dedos. Logo pela manhã, a dor é bem pior ao apoiar o pé no solo pela primeira vez, torna-se menos intensa após realizar os primeiros passos. À noite a dor retorna mais intensa e é aliviada pelo repouso do pé. Muitas vezes, com esse retorno intenso, o paciente não é capaz de apoiar o peso do corpo nos calcanhares. Eventualmente, estão presentes edema leve e eritema. Os sintomas podem persistir durante poucas semanas ou mesmo até alguns anos. Inúmeros fatores de risco podem contribuir para esta síndrome, tais como obesidade, ocupações que requerem prolongados estresse local, traumas, sapatos inadequados, anatomia e anormalidades estruturais, pé sobre-pronação e biomecânica do pé chato, pé cavo, encurtamento do tendão de Aquiles, reduzida dorsiflexão do tornozelo e idade, estão ligados ao aparecimento desta doença. O tratamento fisioterapêutico inclui, normalmente, ondas de choque extracorporal de baixa energia 3 vezes em intervalos semanais; laser de gálio com 904 nm de comprimento de onda aplicado por 30 segundos durante 10 sessões. 2.2.4 Fascite plantar A fascite plantar é uma das lesões mais comumente encontradas no pé. É representada por um processo degenerativo e inflamatório da fáscia plantar, que provoca dor na tuberosidade medial do calcâneo durante a descarga de peso. Uma das causas mais frequentes da fascite plantar é a pronação excessiva do pé. O tratamento fisioterapêutico apresenta várias intervenções, no entanto, não há consenso na literatura em relação a melhor opção de tratamento, devido ao índice de evidência alternar muito em relação a cada técnica. 40WWW.UNINGA.BR OR TO PE DI A E TR AU M AT OL OG IA F UN CI ON AL | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA O tratamento fisioterapêutico pode ser realizado em duas fases. Na primeira fase, utiliza- se: ➢ laserterapia (comprimento de onda de 904 nm, densidade de energia 4J/cm, 12 pontos aplicados na fáscia plantar); ➢ terapia manual com liberação de triggers points em tríceps sural e na fáscia plantar; ➢ exercícios de cinesioterapia como alongamento do tríceps sural e fáscia plantar de forma passiva em 2 séries de 30 segundos; ➢ exercícios de fortalecimento dos dorsiflexores, inversores e da musculatura intrínseca do pé com resistência manual, associado a corrente russa (frequência portadora 2500 Hz, frequência de modulação 60 Hz, Ton 10 segundos, Toff 10 segundos) 3 séries de 10 repetições; ➢ exercícios para o fortalecimento do complexo póstero lateral do quadril, como abdução do quadril em decúbito lateral, “ostra”, rotação externa doquadril sentado, e quatro apoio glúteo, com resistência (theraband, caneleira) tolerável pelo paciente. Para a segunda fase: ➢ Manutenção da laserterapia (comprimento de onda 904nm, densidade de energia 4J/cm, 12 pontos aplicados na fáscia planta); ➢ os exercícios de alongamentos evoluíram para forma ativa, 2 séries de 30 segundos; ➢ os exercícios de fortalecimento evoluíram com resistência de theraband associado a corrente russa (frequência portadora 2500 Hz, frequência de modulação 60 Hz, Ton 10 segundos, Toff 10 segundos); ➢ acrescentar a propriocepção realizada sobre o jump, por 3 minutos; ➢ os exercícios do fortalecimento do complexo póstero lateral do quadril devem evoluir para um nível superior de dificuldade, sendo eles: avanço anterior, agachamento unipodal, agachamento com abdução dos MMII´s, ponte com abdução do quadril com os pés sobre a bola suíça. 41WWW.UNINGA.BR OR TO PE DI A E TR AU M AT OL OG IA F UN CI ON AL | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA CONSIDERAÇÕES FINAIS Os membros superiores são muito importantes, pois, além de nos permitir realizar muitos movimentos, também nos auxiliam no caminhar, conferindo-nos equilíbrio. Os membros inferiores, por sua vez, são responsáveis pela locomoção e sustentação do peso do corpo, sendo que para promover a movimentação, promovem também o equilíbrio. Os membros superiores e inferiores são afetados por várias doenças decorrentes de esforço repetitivo, sobrecarga, o que requer, principalmente, para os trabalhadores instruções para evitar esses tipos de doenças. 4242WWW.UNINGA.BR U N I D A D E 03 SUMÁRIO DA UNIDADE INTRODUÇÃO ...............................................................................................................................................................43 1 REVISÃO ANÁTOMO-BIOMECÂNICA DA ATM E DA COLUNA ..............................................................................44 1.1 ATM ..........................................................................................................................................................................44 1.2 COLUNA ..................................................................................................................................................................45 2 DOENÇAS COMUNS DA ATM E DA COLUNA .........................................................................................................48 2.1 DISFUNÇÃO TEMPOROMANDIBULAR ................................................................................................................48 2.2 ANQUILOSE ...........................................................................................................................................................49 2.3 HÉRNIA DISCAL .................................................................................................................................................... 51 CONSIDERAÇÕES FINAIS ...........................................................................................................................................53 ARTICULAÇÃO TEMPOROMANDIBULAR (ATM) E COLUNA VERTEBRAL ENSINO A DISTÂNCIA DISCIPLINA: ORTOPEDIA E TRAUMATOLOGIA FUNCIONAL 43WWW.UNINGA.BR OR TO PE DI A E TR AU M AT OL OG IA F UN CI ON AL | U NI DA DE 3 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA INTRODUÇÃO A articulação temporomandibular, responsável pela abertura e fechamento da boca, é a mais utilizada do corpo humano. Trata-se de um elemento do sistema estomatognático formado por várias estruturas internas e externas, capaz de realizar movimentos complexos. A mastigação, a deglutição, a fonação e a postura dependem muito da função, saúde e estabilidade da articulação temporomandibular para funcionarem de forma adequada. Por outro lado, são inúmeros os problemas que podem interferir no seu funcionamento, os quais podem resultar em uma disfunção temporomandibular, a qual inclui muitas desordens funcionais das estruturas mastigatórias, ou seja, trata-se de um agrupamento heterogêneo de condições que afetam os músculos da mastigação e/ou as articulações temporomandibulares. O sistema estomatognático deve ser considerado sempre como um conjunto harmônico e jamais como estruturas isoladas. A anatomia e fisiologia deste sistema precisa ser conhecida detalhadamente, uma vez que o mesmo constitui a unidade funcional que atua na mastigação, deglutição e fonação. As ATMs estão localizadas uma em cada extremidade da mandíbula, o que faz com que cada côndilo imponha limitações de movimentos sobre o outro. Assim, ambas as articulações atuam como uma unidade funcional. A coluna vertebral, por sua vez, tem três funções básicas: absorver carga, permitir movimento e proteger a medula espinhal. No plano sagital são observadas quatro curvas fisiológicas, que nas regiões cervical e lombar são convexas e nas regiões torácica e sacrococcígena, as quais permitem maior flexibilidade e aumento de sua capacidade em absorver carga. As articulações intervertebrais mantêm a forma adequada à resistência e à estabilidade. 44WWW.UNINGA.BR OR TO PE DI A E TR AU M AT OL OG IA F UN CI ON AL | U NI DA DE 3 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 1 REVISÃO ANÁTOMO-BIOMECÂNICA DA ATM E DA COLUNA 1.1 ATM A articulação temporomandibular (ATM) é considerada a mais complexa das articulações do corpo humano; é do tipo sinovial móvel composta. É formada por estruturas ósseas, cartilaginosas, ligamentos e musculatura associada, sendo responsável pelos movimentos mandibulares, em decorrência das ações dos músculos mastigatórios. Em virtude da sua forma de dobradiça e sua função de deslizamento, também é denominada de articulação ginglemoartroidal. A ATM é utilizada durante os movimentos de mastigação, deglutição, bocejo, fala e qualquer outra atividade em que haja movimento mandibular. Está localizada anteriormente à orelha e na extremidade póstero-superior da mandíbula. É formada por dois ossos, um disco articular que divide a cavidade articular em dois espaços articulares, uma cápsula articular e quatro ligamentos; são quatro os principais músculos que executam os cinco movimentos dessa articulação. Os movimentos são: abaixamento (abertura da boca); elevação da mandíbula (fechamento da boca); desvio lateral; protusão ou protração (movimento anterior); e retração ou retrusão (movimento posterior) (Figura 1). Figura 1 – Movimentos da mandíbula. Fonte: Hall (2016). Os pontos de referência importantes da ATM são mostrados na Figura 2. Figura 2 – Pontos de referência do osso da mandíbula – vista lateral direita (A) e vista póstero-lateral (B). Fonte: Hall (2016). 45WWW.UNINGA.BR OR TO PE DI A E TR AU M AT OL OG IA F UN CI ON AL | U NI DA DE 3 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Há quatro músculos agonistas primários da ATM e muitos agonistas secundários. Os músculos temporal e masseter são mais superficiais. O ventre do músculo temporal está situado superiormente ao arco zigomático e o ventre do músculo masseter está situado inferiormente. Profundamente a esses músculos, no nível do arco zigomático, estão os músculos pterigoideos lateral e medial. No Quadro 1 são apresentadas resumidamente as funções dos músculos agonistas primários da ATM. Movimento da mandíbula Músculo Elevação Temporal, masseter, pterigoideo medial Abaixamento Pterigoideo lateral Protrusão Pterigoideo lateral, pterigoideo medial Retração Temporal (parte posterior) Desvio lateral ipsilateral Temporal, masseter Desvio lateral contralateral Pterigoideo medial, pterigoideo lateral Quadro 1 – Músculos agonistas e movimentos da mandíbula. Fonte: O autor. 1.2 Coluna A coluna vertebral consiste em uma pilha sinuosa de 33 vértebras divididas estruturalmente em cinco regiões. Da porção superior para a inferior, existem 7 vértebras cervicais, 12 vértebras torácicas, 5 vértebras lombares, 5 vértebras sacrais fundidas e 4 pequenas vértebras coccígeas fundidas. Pode haver uma vértebra extra ou uma a menos,particularmente na região lombar (Figura 3). Figura 3 - Vistas lateral esquerda (A) e posterior (B) das regiões da coluna vertebral. Fonte: Lippert (2013). 46WWW.UNINGA.BR OR TO PE DI A E TR AU M AT OL OG IA F UN CI ON AL | U NI DA DE 3 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Por haver diferenças estruturais e das costelas, são permitidas amplitudes variadas de movimento entre as vértebras adjacentes nas 3 regiões da coluna. Duas vértebras adjacentes e os tecidos moles entre elas formam o segmento móvel, que é considerado a unidade funcional da coluna (Figura 4). Cada segmento móvel contém três articulações. Os corpos vertebrais separados pelos discos intervertebrais formam uma anfiartrose do tipo sínfise. As articulações facetárias direita e esquerda entre os processos articulares superior e inferior são diartroses do tipo deslizante que estão alinhadas com a cartilagem articular. Figura 4 – Segmento móvel – unidade funcional da coluna vertebral. Fonte: Hall (2016). Há um aumento progressivo no tamanho vertebral da região cervical até a região lombar. As vértebras lombares, em especial, são maiores e mais espessas do que as vértebras na região superior da coluna vertebral. Isso serve a um propósito funcional, pois quando o corpo está na posição ereta, cada vértebra precisa sustentar não só o peso dos braços e da cabeça, mas de todo o tronco acima dela. Tanto o equilíbrio do corpo como os movimentos da cabeça têm origem no posicionamento do crânio sobre a região cervical, o que determina a postura da pessoa. Há uma forte relação entre DTM (disfunção temporomandibular) e alterações na postura corporal. Assim, pacientes portadores dessa doença articular, provavelmente, vão apresentar desvios posturais, como é o caso de anteriorização da cabeça, falta de nivelamento entre os ombros e aumento da lordose cervical. AMANTÉA, D. et al. A importância da avaliação postural no paciente com disfunção temporomandibular. Acta Ortop. Bras., v. 12, n. 3, p. 55-159, jul./set. 2004. 47WWW.UNINGA.BR OR TO PE DI A E TR AU M AT OL OG IA F UN CI ON AL | U NI DA DE 3 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA O aumento da área de superfície das vértebras lombares reduz a quantidade de estresse a que essas vértebras estariam sujeitas de outra forma. A área da superfície de sustentação de carga do disco intervertebral também aumenta com o peso sustentado em todos os mamíferos. O tamanho e a angulação dos processos vertebrais variam ao longo da coluna vertebral. Isso modifica a orientação das articulações zigapofisárias, que limitam a amplitude de movimento nas diferentes regiões da coluna vertebral. Além de permitir o movimento no segmento móvel, as articulações zigapofisárias auxiliam a sustentação de carga. As articulações zigapofisárias e os discos fornecem cerca de 80% da capacidade da coluna vertebral de resistir à torção e ao cisalhamento rotacional, sendo mais da metade dessa contribuição feita pelas articulações zigapofisárias. As articulações zigapofisárias também sustentam até cerca de 30% das cargas compressivas na coluna vertebral, especialmente quando a coluna vertebral está em superextensão. As forças de contato são maiores nas articulações zigapofisárias L5S1. As articulações entre os corpos vertebrais adjacentes são articulações em sínfise com discos fibrocartilaginosos intermediários que atuam como amortecedores. Quando o tronco está ereto, as diferenças nas espessuras anterior e posterior dos discos produzem as curvaturas lombar, torácica e cervical da coluna vertebral. O disco intervertebral incorpora duas estruturas funcionais: um anel externo espesso composto por cartilagem fibrosa chamado de anel fibroso ou ânulo, que circunda um material gelatinoso central conhecido como núcleo pulposo, ou núcleo. O ânulo consiste em cerca de 90 feixes concêntricos de tecido colagenoso que são mantidos unidos. Mecanicamente, o anel fibroso atua como uma mola contraída cuja tensão mantém os corpos vertebrais unidos contra a resistência do núcleo pulposo, e o núcleo pulposo atua como um rolamento de esfera composto por um gel não compressível. Durante a flexão e a extensão, os corpos vertebrais rolam sobre o núcleo enquanto as articulações zigapofisárias orientam os movimentos. A coluna vertebral apresenta quatro curvaturas normais. As curvaturas torácica e sacral, que são côncavas anteriormente, estão presentes no nascimento e são chamadas de curvaturas primárias da coluna vertebral. As curvaturas lombar e cervical, que são côncavas posteriormente, se desenvolvem pela sustentação do corpo na posição ereta, após a criança começar a se sentar e a levantar. Como essas curvaturas não estão presentes ao nascimento, elas são conhecidas como curvaturas secundárias da coluna vertebral. Como uma unidade, a coluna vertebral permite movimentos em todos os três planos, bem como a circundução. A ADM da flexão/extensão nos segmentos móveis é considerável nas regiões cervical e lombar, com valores representativos de até 17° na articulação vertebral no segmento C5- C6 e 20° em L5S1. Entretanto, na coluna torácica, devido à orientação das superfícies articulares, a ADM aumenta de apenas 4° em T1-T2 para aproximadamente 10° em T11-T12. A extensão da coluna vertebral para além da posição anatômica é chamada de hiperextensão. A ADM da hiperextensão vertebral é considerável nas regiões cervical e lombar. A hiperextensão lombar é necessária na execução de muitas habilidades esportivas, incluindo vários estilos de natação, salto em altura e com vara e várias habilidades da ginástica. 48WWW.UNINGA.BR OR TO PE DI A E TR AU M AT OL OG IA F UN CI ON AL | U NI DA DE 3 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 2 DOENÇAS COMUNS DA ATM E DA COLUNA 2.1 Disfunção Temporomandibular A articulação temporomandibular (ATM), pelas peculiaridades que apresenta dentro do sistema estomatognático, regulada por reflexos neuromusculares extremamente delicados, é sede frequente de manifestações que cada vez solicitam mais atenção. Qualquer alteração, por mínima que seja, modificando a relação oclusal ou promovendo incoordenações musculares, nela se reflete, induzindo disfunção caracterizada por síndromes dolorosas que podem ser agravadas por diversas situações. A ATM não é um elemento anatômico isolado, sendo parte essencial de um mecanismo bastante complexo integrado pelos seguintes elementos: ATM, músculos mastigadores, músculos do assoalho bucal, ligamentos, língua, lábios, glândulas salivares, dentes, nervos motores e sensitivos, ossos maxilares etc. A disfunção de qualquer um dos elementos pode, num dado momento, desorganizar todo este sistema e desencadear os mais diversos quadros patológicos que, direta ou indiretamente, repercutem sobre a ATM e seus componentes musculares. A disfunção temporomandibular (DTM) é um termo coletivo utilizado para descrever uma série de problemas clínicos que envolvem os músculos da mastigação, as articulações temporomandibulares e estruturas associadas ou ambos. Cerca de 70% da população geral tem pelo menos um sinal de DTM. Porém, apenas uma em cada quatro pessoas com sinais são conhecedoras destes e o reportam como sintoma. Das pessoas que apresentam um ou mais sinais de DTM, somente 5% procuram tratamento. A maioria dos que procuram tratamento são mulheres em uma proporção de, pelo menos, 1:4. Embora as DTMs possam ocorrer em qualquer idade, os pacientes com maior propensão estão na fase adulta jovem, entre os 20 e 40 anos. A presença de sons nas articulações temporomandibulares e limitações e/ou falta de coordenação dos movimentos mandibulares são sinais comuns. Estas condições frequentemente podem conciliar com dores de cabeça, ouvido e dor facial. São também achados comuns nestes pacientes com DTM, dor e sensibilidade nos músculos do pescoço e ombros. As DTMs apresentam complexidade de sinais e sintomas clínicos que dificultam o seu diagnóstico, sendo sugerido que apresentam etiologia multifatorial. Estudos demonstraramque seus sintomas clássicos são: dores na ATM e em músculos mastigatórios; presença de ruídos e cefaleia tensional. Outros estudos sugerem que os sintomas não se detêm apenas à ATM, mas também são referidos na região auditiva, com presença de zumbido e tonturas; como também na coluna cervical, associados à hiperatividade dos músculos desta região. As desarmonias oclusais têm sido associadas às DTM. Por outro lado, o tratamento ortodôntico tem sido apontado como responsável por alterações oclusais e passou a ser relacionado como um dos fatores causais dos sinais e sintomas das DTM. 49WWW.UNINGA.BR OR TO PE DI A E TR AU M AT OL OG IA F UN CI ON AL | U NI DA DE 3 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Nas análises da oclusão funcional foram citadas as interferências oclusais, o número de contatos em máxima intercuspidação habitual, os tipos de guia de desoclusão e, principalmente, a discrepância entre as posições de relação cêntrica (RC) e máxima intercuspidação habitual (MIH) como causa dos sinais e sintomas das DTM (Figura 30). Figura 5 - Côndilo em relação cêntrica apoiado sobre a região anterior e superior da eminência articular. Fonte: Mezzomo (2007). No tratamento fisioterapêutico realiza-se dez sessões, com duração de 50 minutos, durante um período de três semanas, com aplicação de Tens (pulso quadrado bifásico simétrico, 100 Hz, 80 μs, intensidade no limiar agradável individual de cada paciente) por 25 minutos, ultrassom (pulsado: 50%, frequência de 1 MHz, potência 4 W) por cinco minutos em cada articulação e, por último, massagem na face com desativação de pontos-gatilhos de dor e manobras de alongamento e relaxamento cervical. 2.2 Anquilose A anquilose da ATM é definida como a fusão entre a cabeça da mandíbula e a cavidade glenoide, resultando em uma restrição dos movimentos mandibulares, podendo ser classificada de acordo com sua localização, sendo intra-articular ou extra-articular; tipo de tecido envolvido e extensão da fusão, podendo ser completa ou incompleta. Sua etiologia pode estar associada ao trauma, infecção, doença articular degenerativa, fixação mandíbula-maxilar prolongada, cirurgia prévia, condições inflamatórias como artrite reumatoide, doenças sistêmicas e poliartrite. Como o trauma é a causa mais comum de anquilose, principalmente na infância, caso não haja tratamento no côndilo, a massa miosítica pode crescer e resultar em massa óssea. O diagnóstico consiste na avaliação do histórico completo da queixa do paciente, exame físico do sistema mastigatório e exames de imagens adequados e indicados para problemas na ATM. O tratamento da anquilose apresenta um desafio significativo devido às dificuldades técnicas e alta incidência de recorrência. O objetivo é reestabelecer o movimento articular com abertura bucal adequada e prevenir recorrências. Uma reconstrução bem-sucedida implica a restauração correta da forma e, no caso de crianças, possibilita um crescimento simétrico futuro. 50WWW.UNINGA.BR OR TO PE DI A E TR AU M AT OL OG IA F UN CI ON AL | U NI DA DE 3 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA A conduta fisioterapêutica pode utilizar-se: ➢ De recursos de eletrotermoterapia com aplicação da TENS para analgesia nos músculos trapézio superior e médio, com os parâmetros breve e intenso, frequência alta de 100 Hz (TENS convencional), largura de pulso de 200 µs e duração de 20 a 30 minutos; ➢ Laser, baixa potência, utilizando a técnica pontual, para analgesia e estimulação da microcirculação nos pontos gatilhos miofaciais, utilizando 600 nm 3J/cm²; ➢ Termoterapia para vasodilatação e melhora do aporte sanguíneo, eliminação de resíduos metabólicos, relaxamento muscular e diminuição da condução nervosa da dor nos músculos masseteres, temporais, trapézio superior, médio e inferior, com duração de 20 minutos; ➢ Técnicas manuais, como mobilização suave dos tecidos para redução da percepção dolorosa na musculatura facial e cervical, massagem profunda com aplicação rítmica de pressão e estiramento para aumento do fluxo sanguíneo e eliminação dos pontos de gatilhos nos músculos temporais, masseteres e infra-hioideos; ➢ Técnica de liberação articular realizadas com movimentos lentos e passivos na região dos molares do lado afetado, utilizando o polegar para executar os movimentos, sendo realizadas técnicas de tração com o intuito de minimizar os efeitos; ➢ Compressivos da articulação; tração caudal, para alívio da dor, descompressão articular, alongamento da cápsula articular e ligamentos; mobilização lateral da cabeça da mandíbula, com pressão caudal, anterior e lateral, posicionando o polegar na região mesial dos molares; ➢ Na cinesioterapia podem ser realizados exercícios ativos, utilizando o espelho para coordenação dos movimentos; ➢ Exercícios proprioceptivos, utilizando a ponta da língua apoiada no palato duro, associada à abertura e fechamento da boca; ➢ Abaixamento e elevação mandibular no limite máximo da abertura, ativando os músculos temporais, masseter, pterigoideo medial para elevação da mandíbula e digástrico e pterigórideo laterais no abaixamento da mandíbula; ➢ Exercícios de lateralidade mandibular, desencostando os dentes e solicitando os movimentos de lateralidade de um lado da hemiface para o outro, com foco na ativação dos músculos pterigoideos laterais unilaterais, buscando coordenação e harmonia entre os músculos; ➢ Exercícios de protrusão com o movimento mandibular para frente e retorno para a posição inicial, ativando a contração bilateral dos pterigoideos laterais e retrusão mandibular, fazendo o movimento posterior da mandíbula, ativando as fibras posteriores do músculo temporal; ➢ Técnicas de relaxamento e mobilização do cíngulo escapular, com relaxamento do músculo trapézio; técnica de cyriax nos pontos gatilhos dos músculos trapézios; mobilização escapular; pompagem cervical; alongamento da musculatura cervical associado aos exercícios respiratórios para conscientização corporal e relaxamento. 51WWW.UNINGA.BR OR TO PE DI A E TR AU M AT OL OG IA F UN CI ON AL | U NI DA DE 3 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 2.3 Hérnia Discal A hérnia de disco é uma alteração que pode acometer qualquer parte da coluna vertebral, sendo mais frequente na região lombar. A composição do disco intervertebral é responsável pela hidratação do núcleo e pela distribuição das pressões uniformes sobre o anel. Com a diminuição dos componentes hídricos do disco, ocorre um aumento da pressão sobre as fibras anulares que se tornam suscetíveis a rupturas. A coluna lombar, por ser uma região de grande mobilidade, sofre forças de compressão, tornando o núcleo pulposo vulnerável aos deslocamentos. Com o passar do tempo, em consequência de um trauma severo sobre a coluna, lesa as estruturas do disco intervertebral, sendo geralmente mais comuns nos segmentos L4-L5, L5-S1. Alguns dos mecanismos que favorecem a degeneração com consequente projeção do núcleo são: desequilíbrios musculares, esforços nas atividades de vida diária (AVD’s) e posturas que facilitam a desorganização da distribuição das pressões do disco. A fisioterapia tem diversos recursos terapêuticos que auxiliam na promoção do alívio sintomático da dor e na reabilitação destes pacientes. A Terapia Manual é o principal recurso da Fisioterapia Manipulativa, enquanto a pompagem é um trabalho miotensivo com mobilização somada ao deslizamento das fáscias, que tem como objetivo o relaxamento muscular, melhora na nutrição circulatória dos tecidos moles e articulações, quebra de contraturas, encurtamentos, retrações e restauração do formato ou comprimento. No uso da terapia manual está incluso também a Reeducação Postural Global (RPG) que é um método de alongamento muscular ativo, descrito em 1987, por Philippe Emmanuel Souchard, com o princípio de alongar em conjunto os músculos antigravitários, e foi baseado na compreensão das cadeias musculares posturais. Este método é amplamente difundido e tem sido muitoutilizado como conduta fisioterapêutica em alterações posturais, principalmente nas desordens da coluna vertebral. Outro recurso utilizado é o método Pilates desenvolvido por Jopeph Pilates no início da década de 1920, que tem como base um conceito denominado de contrologia, que é a correta consciência de todos os movimentos musculares do corpo, é a correta utilização e aplicação dos mais importantes princípios das forças que atuam em cada um dos ossos do esqueleto, com o completo conhecimento dos mecanismos funcionais do corpo, e o total entendimento dos princípios de equilíbrio e gravidade aplicados a cada movimento, no estado ativo, em repouso e dormindo. O tratamento de hérnia de disco lombar, na maioria das vezes, não é cirúrgico, mas é realizado com medicamentos e fisioterapia. No início, a fisioterapia é analgésica com medidas que auxiliam na redução da dor que, quando cede, entra-se com fisioterapia motora, com realização de exercícios para a estabilização da coluna e fortalecimento dos músculos. De quais regiões é preciso fortalecer os músculos? 52WWW.UNINGA.BR OR TO PE DI A E TR AU M AT OL OG IA F UN CI ON AL | U NI DA DE 3 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA ALMEIDA, A.O.P. et al. Alterações posturais e principais sintomatologias em pacientes com afecções da coluna vertebral. J Medic. Health Promotion, v. 4, n. 3, p. 1170-1179, 2019. Disponível em: https://jmhp.fiponline.edu.br/pdf/cliente=13-8f16b619faec24b8 7809c4b845d27258.pdf. Assista ao vídeo: Conheça a Historia de Joseph Pilates. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=i7ekZ-3leos&ab_channel=VOL LTV7. https://jmhp.fiponline.edu.br/pdf/cliente=13-8f16b619faec24b87809c4b845d27258.pdf https://jmhp.fiponline.edu.br/pdf/cliente=13-8f16b619faec24b87809c4b845d27258.pdf https://www.youtube.com/watch?v=i7ekZ-3leos&ab_channel=VOLLTV7 https://www.youtube.com/watch?v=i7ekZ-3leos&ab_channel=VOLLTV7 53WWW.UNINGA.BR OR TO PE DI A E TR AU M AT OL OG IA F UN CI ON AL | U NI DA DE 3 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA CONSIDERAÇÕES FINAIS O estudo da anatomia, biomecânica e principais doenças que afetam a articulação temporomandibular e a coluna vertebral é de fundamental importância, considerando as funções que essas estruturas exercem no corpo humano. Além disso, a vida diária nos tempos atuais é voltada mais para atividades laborais, sociais, familiares, entre outras, que geralmente levam ao sedentarismo, dificultando a prática de exercícios físicos, que podem ajudar a prevenir várias doenças musculoesqueléticas. Embora a implementação de ginástica laboral seja relevante para as organizações, tal prática não se apresenta como uma necessidade, nem para os executivos das empresas, nem para o quadro funcional, na maioria das organizações. A busca por profissionais, como médicos e fisioterapeutas, só ocorre quando a dor aparece e dificulta as atividades que as pessoas estão acostumadas a realizar. 5454WWW.UNINGA.BR U N I D A D E 04 SUMÁRIO DA UNIDADE INTRODUÇÃO ...............................................................................................................................................................56 1 CONSOLIDAÇÃO ÓSSEA ...........................................................................................................................................57 2 TRATAMENTO FISIOTERAPÊUTICO PÓS-CIRÚRGICO ........................................................................................58 2.1 RUPTURA DO MANGUITO ROTADOR ..................................................................................................................58 2.2 ARTROPLASTIA DE QUADRIL ..............................................................................................................................60 2.3 ORIENTAÇÕES PRÉ-OPERATÓRIAS .................................................................................................................... 61 2.4 ORIENTAÇÕES EM RELAÇÃO À DESCARGA DE PESO NO PERÍODO PÓS-OPERATÓRIO ............................. 61 2.5 PRECAUÇÕES PÓS-OPERATÓRIAS (0-8 SEMANAS) ....................................................................................... 61 2.6 PROTOCOLO DE REABILITAÇÃO FISIOTERAPÊUTICA PÓS-OPERATÓRIA .....................................................62 2.6.1 PERÍODO DE INTERNAÇÃO: 1º AO 4º DIAS .....................................................................................................62 2.7 REABILITAÇÃO AMBULATORIAL APÓS ALTA HOSPITALAR .............................................................................62 FISIOTERAPIA PÓS-CIRURGIAS ORTOPÉDICAS ENSINO A DISTÂNCIA DISCIPLINA: ORTOPEDIA E TRAUMATOLOGIA FUNCIONAL 5555WWW.UNINGA.BR EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 2.7.1 5º DIA PO ATÉ 4 SEMANAS ..............................................................................................................................62 2.7.2 4 A 8 SEMANAS PO............................................................................................................................................63 2.7.3 APÓS 8 SEMANAS DE PO .................................................................................................................................63 2.8 CRITÉRIOS DE ALTA FISIOTERAPÊUTICA ..........................................................................................................64 2.9 ARTROPLASTIA DE JOELHO ................................................................................................................................65 2.10 TRATAMENTO FISIOTERAPÊUTICO PARA ARTROPLASTIA TOTAL NAS PRIMEIRAS 24 HORAS DE PÓS-OPERATÓRIO ..................................................................................................................................................... 6 5 2.11 TRATAMENTO FISIOTERAPÊUTICO PARA ARTROPLASTIA TOTAL NO PRIMEIRO DIA DE PÓS- OPERATÓRIO ............................................................................................................................................... 6 5 2.12 TRATAMENTO FISIOTERAPÊUTICO PARA ARTROPLASTIA TOTAL NO SEGUNDO DIA DE PÓS- OPERATÓRIO ............................................................................................................................................... 6 5 2.13 TRATAMENTO FISIOTERAPÊUTICO PARA ARTROPLASTIA TOTAL NO TERCEIRO DIA DE PÓS- OPERATÓRIO ............................................................................................................................................... 6 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ...........................................................................................................................................67 56WWW.UNINGA.BR OR TO PE DI A E TR AU M AT OL OG IA F UN CI ON AL | U NI DA DE 4 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA INTRODUÇÃO A fisioterapia pós-cirurgias ortopédicas é de fundamental importância para que ocorra a recuperação plena do paciente, pois contribui para a diminuição de sintomas de dor, bem como dos níveis de edema. O tratamento fisioterapêutico no pós-cirurgia ortopédica tem por objetivo restabelecer os movimentos do membro operado e, também, prevenir a contratura muscular e a rigidez articular. Nesta Unidade, serão apresentadas as primeiras noções sobre o mecanismo de como ocorre a consolidação óssea e, na sequência, o tratamento fisioterapêutico de algumas doenças que ocorrem com determinada frequência na prática clínica. 57WWW.UNINGA.BR OR TO PE DI A E TR AU M AT OL OG IA F UN CI ON AL | U NI DA DE 4 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 1 CONSOLIDAÇÃO ÓSSEA O tecido ósseo constitui o maior achado na evolução dos tecidos de suporte. Além de apresentar um excelente comportamento mecânico, o osso também exibe um potencial inigualável para regeneração, sendo capaz de reparar fraturas ou defeitos locais com tecido regenerado, ou “regenerar”, com uma organização estrutural altamente semelhante, sem deixar cicatriz. O tecido ósseo, como dito anteriormente, exibe um potencial de regeneração surpreendentee restaura perfeitamente sua estrutura original e suas propriedades mecânicas. Mas esta capacidade tem seus limites e também pode falhar, se certas condições não estiverem presentes. Os fatores que impedem ou previnem o reparo ósseo são, entre outros: 1) falhas de vascularização; 2) instabilidade mecânica; 3) defeitos sobreestendidos; e 4) tecidos competidores com uma alta atividade de proliferação. As falhas de vascularização e instabilidade estão geralmente associadas com fraturas e, em geral, resultam em desunião. A instabilidade causa desunião hipertrófica com formação abundante de calo ósseo e diferenciação da fibrocartilagem no espaço da fratura. A persistência da instabilidade impede a ossificação endocondral pela inibição da mineralização fibrocartilaginosa; a interrupção do suprimento sanguíneo causa necrose dos fragmentos ou morte dos mesmos e prejudica a união óssea. A perda dos fragmentos ou remoção cirúrgica dos fragmentos necróticos criam defeitos, em geral, muito largos para serem preenchidos de forma espontânea por osso. Por fim, as células dos tecidos moles adjacentes podem proliferar de forma mais veloz e vir a ocupar o local do defeito mais rapidamente do que o crescimento ósseo, induzindo a formação de cicatriz no local da lesão. O preenchimento ósseo de grandes defeitos é facilitado pela osteocondução, isto é, pela oferta de um arcabouço ou estrutura como um molde, e aumentando a base sólida para a deposição óssea. A regeneração óssea pode ser dividida em três fases, apresentando-se inicialmente um quadro hemorrágico, seguido pela formação do coágulo e proliferação dos vasos sanguíneos. Essa fase não específica ocorre nos primeiros dias. Logo se forma o calo ósseo primário e nos dez a vinte dias subsequentes forma-se o calo ósseo secundário. O tecido ósseo será formado entre os vinte e sessenta dias seguintes, com o sistema de Havers se proliferando em todas as direções. A terceira e última fase é a reconstrução funcional do osso, destacando-se neste ponto, a importância das forças mecânicas. Os sistemas haverianos se dispõem de acordo com as linhas de força. O excesso de osso é reabsorvido e a forma modela-se de acordo com sua função, de maneira que cresça em uma superfície e diminua em outra. Nos casos em que há necessidade do uso de próteses, é importante considerar que o biomaterial a ser utilizado deve, preferencialmente, apresentar duas propriedades: biocompatibilidade. A biocompatibilidade é a condição da relação existente entre um biomaterial e um meio fisiológico sem o material afetar contra e significativamente o organismo ou o ambiente do organismo afetar contra e significativamente o material. 58WWW.UNINGA.BR OR TO PE DI A E TR AU M AT OL OG IA F UN CI ON AL | U NI DA DE 4 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 2 TRATAMENTO FISIOTERAPÊUTICO PÓS-CIRÚRGICO 2.1 Ruptura do Manguito Rotador O tratamento cirúrgico é indicado em pacientes sintomáticos apresentando rupturas completas, com menos de 70 anos, e nos casos de rupturas parciais, que não respondem ao tratamento conservador ou com lesão em progressão. Tem por objetivo a reparação das lesões e/ou a reinserção dos tendões em seus devidos leitos (footprint). A descompressão subacromial (DSA) com acromioplastia pode ser realizada conforme necessidade. Os métodos de tratamento são: cirurgia aberta convencional, com pequena desinserção do deltoide anterolateral; videoartroscopia para DSA e complementação por mini-open, com divulsão do deltoide anterolateral; videoartroscopia completa. O manejo pós-operatório requer imobilização de 4 a 6 semanas, seguida de fisioterapia para ganho de amplitude articular, liberação de aderências e ganho de força. A recuperação funcional com retorno da elevação ativa é atingida entre 3 e 6 meses. Inexiste um consenso sobre um programa de exercícios ideal para tratar indivíduos com lesão no manguito rotador. De acordo com a literatura, os protocolos de reabilitação, após cirurgias de reparo do manguito, devem basear-se no tamanho da lesão e/ou nas fases de cicatrização do tendão. A intervenção fisioterapêutica nas pequenas rupturas possui 5 fases, descritas a seguir. Fase I (2 a 3 semanas): as 2 primeiras semanas constituem a fase de proteção máxima e, portanto: ➢ No período inicial é importante o uso de tipoia para evitar esforços com o membro superior operado; ➢ Orientações para não carregar pesos, não dormir sobre superior operado, mantê-lo na linha da cintura e evitar esforços para elevá-lo; ➢ Para dor e edema, recursos eletroterapêuticos e físicos: TENS, ultrassom, laser, gelo, conforme quadro clínico do paciente; ➢ Exercícios de ADMA de coluna cervical, cotovelo, punho e mão; ➢ Exercícios pendulares; ➢ Exercícios ativo-assistidos de flexão de ombro em decúbito dorsal (DD) com auxílio de bastão; ➢ Exercícios ativo-assistidos para RE são iniciados após 3 semanas (realizados em DD com um coxim sob o braço e ligeira abdução de ombro a 30º, reduzindo estresse sobre reparo); ➢ Os exercícios para ganho de ADM (flexão, extensão, abdução, adução relativa) devem ser realizados em amplitude indolor, aumentando gradualmente até o limite de tolerância, para isso pode-se utilizar uma polia, bastão. 59WWW.UNINGA.BR OR TO PE DI A E TR AU M AT OL OG IA F UN CI ON AL | U NI DA DE 4 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Fase II (4-5 semanas): ➢ Para dor e edema recursos eletroterapêuticos e físicos: TENS, ultrassom, infravermelho, laser, gelo conforme quadro clínico do paciente; ➢ Exercícios isométricos para músculos do ombro e músculos da escapulotorácica devem ser introduzidos no protocolo de reabilitação a partir da 4ª semana, para manutenção da condição muscular, de forma submáxima e indolor, para os grupos musculares responsáveis pela abdução, RE, RI e flexão de ombro e flexão de cotovelo; ➢ A partir da 4ª semana: posicionar o ombro em 45º de abdução aumentando o grau de exigência para ganho da RE; ➢ Dependendo da laceração do manguito rotador os exercícios de recuperação da RI poderão ser iniciados progressivamente na 4ª semana. Fase III (6 semanas): ➢ A partir da 6ª semana, em média, se houver um adequado controle de dor e ADM funcional (aproximadamente 140º de flexão e 40º de RE de ombro) iniciar exercícios de fortalecimento com faixa ou tubo elástico, com o membro superior em posição neutra (ao lado do corpo), especialmente para rotadores externos e internos. Fase IV (período intermediário 68 semanas): ➢ Objetiva-se atingir a ADM plena e indolor por meio de alongamentos e exercícios de FM da articulação do ombro que permita o desenvolvimento de atividades funcionais com mínimo de desconforto; ➢ Exercícios de fortalecimento acima da linha do ombro desde que o manguito rotador esteja suficientemente forte e haja adequada ADM; ➢ Exercícios isotônicos com halteres (flexão de ombro, abdução de ombro); ➢ Exercícios ativo-assistidos com bastão devem ser intensificados para atingir 170-180º de flexão de ombro e pelo menos 60-70º de RE. Fase V (acima de 12 semanas): ➢ Busca-se a manutenção da ADM plena e indolor do ombro, cotovelo, punho e mão; ➢ Melhorar FM e equilíbrio neuromuscular (ombro, cotovelo, punho e mão) permitindo o retorno às atividades funcionais (Os exercícios resistidos devem ser feitos em plano reto, diagonais funcionais do Kabat com auxílio de halteres e faixas elásticas); ➢ Exercícios de cadeia cinética fechada (exemplo: apoio contra parede); ➢ Treinamento proprioceptivo (na posição de quatro apoios colocar uma bola nas mãos, depois evoluir para uma bola em cada mão, em pé, frente a uma parede e com uma bola na mão, entre outros). 60WWW.UNINGA.BR OR TO PE DI A E TR AU M AT OL OG IA F UN CI ON AL | U NI DA DE 4 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Nas grandes rupturas ou rupturas maciças: ➢ Quando as rupturas no manguito rotador são grandes lacerações ou rupturas maciças, a conduta fisioterapêutica deve ser modificada, em respeito ao maiortempo de cicatrização dos tecidos. Pode-se manter o protocolo inicial, contudo, o uso da tipoia deve ser estendido de 6-8 semanas, exercícios ativos para cotovelo, punho e mão devem ser realizados, além dos pendulares/Codman; ➢ A RE inicialmente deve-se limitar a 30º e a elevação realizada passivamente pelo profissional, no plano escapular, até o limite de 130º-140º; ➢ Durante as seis primeiras semanas não se deve realizar a RI, hiperextensão e polias, a fim de evitar uma re-ruptura. A partir desta fase, pode-se iniciar os exercícios isométricos como já descrito anteriormente; ➢ Na 8ª semana deve-se buscar ADM total de ombro, devendo esta ser atingida até a 12ª semana. O fortalecimento muscular deve ser direcionado para os músculos deltoide (sem ultrapassar ângulos de 90º), supraespinhal, rotadores internos e externos, flexores e extensores do cotovelo e músculos escapulares; ➢ É importante verificar se ao realizar o movimento de flexão de ombro, o paciente não realiza mecanismos compensatórios escapulotorácicos. Caso isso ocorra, é necessário mantê-los por mais tempo nos exercícios de estabilização umeral antes de progredir com exercícios isotônicos; ➢ A partir da 15ª semana, devem-se identificar possíveis déficits funcionais e o tratamento deve ser direcionado nesse sentido. Nessa fase, visa-se aprimorar controle neuromuscular e força da cintura escapular, retomando gradualmente atividades funcionais como descrito anteriormente. 2.2 Artroplastia de Quadril A Osteoartrite do Quadril é uma doença musculoesquelética degenerativa que afeta as articulações sinoviais, caracterizada por uma degeneração focal na cartilagem articular, com possível presença de microfraturas, cistos, esclerose do osso subcondral, e formação de osteófitos nas bordas articulares. É uma doença que provoca dor e redução da mobilidade articular, que atinge grande parte da população idosa e traz como consequências a redução da força muscular dos membros inferiores, alterações na marcha, limitações no desempenho funcional e piora da qualidade de vida. Métodos de tratamento conservador como a fisioterapia e terapia medicamentosa são utilizadas na tentativa de melhorar o quadro álgico e as disfunções apresentadas pelos pacientes, porém quando os pacientes não apresentam melhoras em relação à dor e começam a demonstrar comprometimento para a realização das atividades de vida diária, a Artroplastia Total de Quadril (ATQ) é o procedimento mais indicado. A ATQ é um procedimento cirúrgico em que se realiza a substituição dos componentes femoral (cabeça do fêmur) e pélvico (acetábulo) da articulação coxofemoral por materiais metálicos e sintéticos. Quanto ao tipo de fixação dos componentes protéticos na ATQ, pode-se realizar de forma cimentada, em que o cimento biológico composto pela substância Polimetilmetacrilato (PMMA) apresenta 90% de sua polimerização nos primeiros 10 minutos, promovendo fixação rápida dos componentes da prótese e, portanto, permitindo a descarga de peso precoce do membro operado sem dependência de osteointegração. 61WWW.UNINGA.BR OR TO PE DI A E TR AU M AT OL OG IA F UN CI ON AL | U NI DA DE 4 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Outro tipo de fixação é a não cimentada, na qual são utilizados implantes com microporosidades, nos quais a fixação ocorre através do mecanismo de encaixe press fit e a osteointegração acontece por meio do crescimento ósseo dentro das microporosidades durante as primeiras oito semanas pós-operatórias, restringindo assim a descarga de peso no membro operado neste período. Há também as artroplastias híbridas, nas quais o componente acetabular é não cimentado e o componente femural é cimentado. O Protocolo fisioterapêutico no pós- operatório é apresentado a seguir. 2.3 Orientações Pré-Operatórias ➢ Adquirir a meia de compressão elástica 7/8 para uso no pós-operatório por até 3 meses, orientar utilização diária da meia, colocação pela manhã e retirada à tarde, cuidado para não colocar a meia com dobras; ➢ Providenciar dispositivos auxiliares de acordo com a fase de recuperação pós-operatória; ➢ Explicar sobre estratégias que aumentam a durabilidade da prótese (encorajar atividade física regular sem impacto, evitar sobrepeso, evitar esportes de impacto como corrida, caminhadas longas, saltos, esportes coletivos); ➢ Entregar cartilha com orientações e exercícios para o pós-operatório imediato (primeiros 10 dias). 2.4 Orientações em Relação à Descarga de Peso no Período Pós-Operatório ATQ cimentada: carga total progressiva após a cirurgia. ATQ híbrida / não cimentada: ➢ 0-4 semanas: marcha com carga toque de artelhos com andador; ➢ 4-8 semanas: marcha com carga parcial (50%) com dispositivo auxiliar contralateral, conforme liberação médica; ➢ Após 8 semanas: marcha com carga total progressiva sem dispositivos auxiliares. 2.5 Precauções Pós-Operatórias (0-8 semanas) ➢ Evitar dormir sobre o lado operado até retirada de pontos; ➢ Após retirada de pontos, orientar deitar em decúbito lateral sobre o lado operado e evitar decúbito contralateral devido ao risco de adução do quadril operado; ➢ Cuidado com posicionamento para sentar-se e sair da cadeira – não cruzar as pernas, manter membros inferiores separados, evitar inclinar-se para se levantar (deve-se escorregar o quadril para frente e depois ficar em pé), e dar preferência a superfícies mais altas (quadril flexionado <90°). 62WWW.UNINGA.BR OR TO PE DI A E TR AU M AT OL OG IA F UN CI ON AL | U NI DA DE 4 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 2.6 Protocolo de Reabilitação Fisioterapêutica Pós-Operatória 2.6.1 Período de internação: 1º ao 4º dias ➢ Posicionamento correto no leito (férula de abdução/neutro); ➢ Uso de Botas de Compressão Pneumática Intermitente – profilaxia mecânica com duração de 60 minutos, 1 vez por dia; ➢ Exercícios metabólicos de membros inferiores e superiores: 20 repetições – 3x ao dia; ➢ Exercícios respiratórios – incentivar respiração profunda e respiração fracionada; ➢ Exercícios isométricos de quadríceps em extensão completa de joelho contra resistência na fossa poplítea – 10 repetições de 10 segundos, 3 séries por dia; ➢ Exercícios isométricos de glúteos em extensão de quadril contra resistência na região do calcanhar – 10 repetições de 10 segundos, 3 séries por dia; ➢ Exercício de tríplice flexão ativa ou ativa-assistida até 60º flexão coxofemoral – 15 repetições e 3 séries por dia; ➢ Fortalecimento de membro contralateral – recomendação de exercícios livres para ganho de força e resistência com enfoque em quadríceps, extensores e abdutores do quadril; ➢ Colocar paciente sentado; ➢ Após paciente apresentar condições de ortostatismo, iniciar treino ortostático com apoio em dispositivo auxiliar – cuidado para hipotensão postural; ➢ Progredir treinamento de ortostatismo para deambulação com dispositivo auxiliar de acordo com procedimento realizado e liberação de carga. 2.7 Reabilitação Ambulatorial após Alta Hospitalar 2.7.1 5º dia PO até 4 semanas ➢ Estimular ganho de amplitude de movimento de flexão coxofemoral ativa até 90°; ➢ Manter isométricos de quadríceps e glúteos; ➢ Bicicleta estacionária com banco alto (flexão <90°) – carga leve 10-15 minutos. Obs.: retirada de pontos no 15° PO - ATQ cimentada: • Tentar reduzir auxílio para deambulação (ATQ cimentada); • Treinamento proprioceptivo (ATQ cimentada); • Treinamento funcional – sentar e levantar da cadeira: 3x10 repetições. - ATQ não cimentada: • Estimular treinamento de marcha com dispositivos auxiliares - carga toque. 63WWW.UNINGA.BR OR TO PE DI A E TR AU M AT OL OG IA F UN CI ON AL | U NI DA DE 4 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 2.7.2 4 a 8 semanas PO ➢ Manter treinamento aeróbico em bicicleta estacionária, tentar progredir carga; manter banco alto (flexão <90°) 10-15 minutos; ➢ Iniciar treinamento muscular de abdutores do quadril: ➢ Concha lateral com apoio entre coxas para evitar adução; utilizar faixaelástica para resistência – 3x15 repetições; ➢ SLR abdução ativo sem carga – 3x10 repetições (Obs: caso não apresenta força de abdutores grau III realizar o exercícios em ortostatismo). ➢ Miniagachamento bipodal – 3x10 repetições; ➢ Treino de sentar e levantar – 3x10 repetições; ➢ SLR flexão 3x10 repetições; ➢ SLR extensão 3x10 repetições; ➢ Ponte dorsal com apoio bipodal 3x10 repetições; ➢ Fortalecimento de quadríceps em cadeira extensora – 3x15 repetições; ➢ Fortalecimento de tríceps sural em ortostatismo – 3x10 repetições; ➢ Treinamento proprioceptivo bipodal. - ATQ cimentada • Iniciar subida de degrau anterior e lateral – 3x10 cada; • Elevação pélvica lateral em apoio unipodal 3x10. - ATQ não cimentada • Estimular treinamento de marcha com carga parcial 50% e dispositivo auxiliar contralateral. 2.7.3 Após 8 semanas de PO ➢ Manter treinamento aeróbico em bicicleta estacionária, tentar progredir carga; manter banco alto (flexão <90°) 10-15 minutos; ➢ Concha lateral com apoio entre coxas para evitar adução; utilizar faixa elástica para resistência – 3x15 repetições; ➢ SLR abdução ativo com carga – 3x10 repetições (Obs: caso não apresenta força de abdutores grau III realizar o exercícios em ortostatismo); ➢ Marcha lateral com resistência elástica 3x10 repetições; ➢ Afundo com Deslocamento Lateral 3x10 repetições intercalando os lados; ➢ Miniagachamento Unipodal – 3x10 repetições; 64WWW.UNINGA.BR OR TO PE DI A E TR AU M AT OL OG IA F UN CI ON AL | U NI DA DE 4 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA ➢ SLR flexão 3x10 repetições; ➢ SLR extensão 3x10 repetições; ➢ Ponte dorsal com apoio bipodal 3x10 repetições – tentar aumentar dificuldade, progredindo para unipodal; ➢ Fortalecimento de quadríceps em cadeira extensora – 3x15 repetições; ➢ Fortalecimento de tríceps sural em ortostatismo – 3x10 repetições; ➢ Treinamento proprioceptivo unipodal; ➢ Iniciar subida de degrau anterior e lateral – 3x10 cada; ➢ Elevação pélvica lateral em apoio unipodal 3x10; ➢ Treinamento de marcha com obstáculos; ➢ Iniciar treinamento do core lombopélvico conforme capacidade do paciente: prancha ventral e prancha lateral com apoio dos joelhos – 3x20 segundos; ➢ Orientar o paciente a começar a ganhar mobilidade coxofemoral, tentar calçar os sapatos, meias, voltar a dirigir. Obs.: após 8 semanas de PO não é necessário manter as precauções pós-operatórias de ATQ pois espera-se cicatrização dos tecidos moles periarticulares. - ATQ não cimentada: • Estimular treinamento de marcha com carga total progressiva; • Iniciar os exercícios de fortalecimento que exigem carga total no membro operado (unipodais). 2.8 Critérios de Alta Fisioterapêutica ➢ Dor menor ou igual a 2 na EVA; ➢ ADM coxofemoral funcional: flexão 90°, abdução 40° rotação medial 20° e rotação lateral 20°; ➢ Força muscular abdutora no mínimo grau IV; ➢ Teste de Trendelemburg negativo; ➢ Marcha sem claudicação no membro operado; ➢ Teste de caminhada Timed Up & Gode 6 metros menor ou igual a 12 segundos. 65WWW.UNINGA.BR OR TO PE DI A E TR AU M AT OL OG IA F UN CI ON AL | U NI DA DE 4 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 2.9 Artroplastia de Joelho A artroplastia total de joelho é uma técnica cirúrgica que tem como objetivo a substituição dos componentes anatômicos do joelho que estão comprometidos por uma prótese. A substituição deve levar em consideração a tríade: dor, rigidez articular e deformidade presente em grande variedade de doenças articulares, além de considerar a idade e as expectativas do paciente. 2.10 Tratamento Fisioterapêutico para Artroplastia Total nas Primeiras 24 Horas de Pós-Operatório ➢ Posicionamento no leito; ➢ Desde que o paciente se encontre sem dreno, estará liberado para deitar-se de lado com o membro operado apoiado; ➢ Membro inferior em elevação, com extensão total do joelho, principalmente com Crio- cuff; ➢ Crioterapia 30 minutos a cada 2 horas, caso o paciente esteja com bandagem, aplicar por 40 minutos 6 vezes ao dia. 2.11 Tratamento Fisioterapêutico para Artroplastia Total no Primeiro Dia de Pós-Operatório ➢ Exercícios isométricos; ➢ Dorsi e plantiflexão do tornozelo, ativo e resistido; ➢ Glúteo (realizar báscula de pelve); ➢ Ativos dos pés; ➢ Crioterapia (Crio-cuff) 30 minutos a cada 2 horas, caso o paciente esteja com a bandagem, aplicar por 40 minutos 6 vezes ao dia. 2.12 Tratamento Fisioterapêutico para Artroplastia Total no Segundo Dia de Pós-Operatório ➢ Exercícios isométricos; ➢ Manter exercícios anteriores e aumentar o número de repetições e as séries; ➢ Inicia descarga de peso parcial em cima do membro operado; ➢ Orientar o paciente a sentar e levantar (se idoso deve-se estar sempre acompanhado); ➢ Crioterapia será mantida. 66WWW.UNINGA.BR OR TO PE DI A E TR AU M AT OL OG IA F UN CI ON AL | U NI DA DE 4 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 2.13 Tratamento Fisioterapêutico para Artroplastia Total no Terceiro Dia de Pós-Operatório ➢ Exercícios isométricos; ➢ Exercícios ativos (flexão/extensão do joelho); ➢ Treino de marcha com muletas ou andador; ➢ Crioterapia com o número de repetições reduzido ou de acordo com a queixa do paciente. NUNES, A.S.; MEJIA, DPM. A eficácia da fisioterapia na reabilitação imediata de paciente pós-operatório de fratura diafisária do fêmur utilizando haste intramedular: revisão bibliográfica. Disponível em: https://portalbiocursos.com.br/ohs/data/docs/34/259_-_ IntervenYYo_fisiot._na_fratura_da_diYfise_do_fYmur_em_pac._ tratados_cirurg._rev._de_literatura.pdf. Assista ao vídeo: ARTROPLASTIA do QUADRIL PROTOCOLO de REABILITAÇÃO PROTESE - Clínica de Fisioterapia Dr. Robson Sitta. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=OMzg2Gh7Auc&ab_ channel=Dr.RobsonSitta. https://portalbiocursos.com.br/ohs/data/docs/34/259_-_IntervenYYo_fisiot._na_fratura_da_diYfise_do_fYmur_em_pac._tratados_cirurg._rev._de_literatura.pdf https://portalbiocursos.com.br/ohs/data/docs/34/259_-_IntervenYYo_fisiot._na_fratura_da_diYfise_do_fYmur_em_pac._tratados_cirurg._rev._de_literatura.pdf https://portalbiocursos.com.br/ohs/data/docs/34/259_-_IntervenYYo_fisiot._na_fratura_da_diYfise_do_fYmur_em_pac._tratados_cirurg._rev._de_literatura.pdf https://www.youtube.com/watch?v=OMzg2Gh7Auc&ab_channel=Dr.RobsonSitta https://www.youtube.com/watch?v=OMzg2Gh7Auc&ab_channel=Dr.RobsonSitta 67WWW.UNINGA.BR OR TO PE DI A E TR AU M AT OL OG IA F UN CI ON AL | U NI DA DE 4 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA CONSIDERAÇÕES FINAIS A fisioterapia no pós-operatório é altamente recomendada, considerando o risco causado pela imobilidade do paciente e, consequentemente, maior tempo de recuperação. A fisioterapia, nesses casos, impede tais agravantes, bem como favorece a redução da dor e das tensões musculares que são inerentes ao procedimento cirúrgico. Além disso, contribui para a flexibilidade da cicatriz proveniente da cirurgia, o que constitui um fator preponderante para que o ortopedista preconize o tratamento fisioterapêutico. Porém, vai mais além, pois a fisioterapia previne a má-circulação e, consequentemente, evita a ocorrência de trombose. Logo, a fisioterapia no pós-operatório é imprescindível para a reabilitação do paciente e seu breve retorno à rotina. 68WWW.UNINGA.BR ENSINO A DISTÂNCIA REFERÊNCIAS COHEN, M.; MOTTA FILHO, G. R. Epicondilite lateral do cotovelo. Revista Brasileira de Ortopedia, São Paulo, v. 47, n.4, 2012. FALEIRO, D. M. et al. Lesão epicondilite lateral. In: SEMINÁRIO DE PESQUISA E TCC, 8., 2014, Trindade. Anais [...]. Trindade: FUG, 2014. GREVE, J.M.D.; AMATUZI, M. M. Medicina de reabilitação aplicada à ortopedia e traumatologia. São Paulo: Roca, 1999. HALL, S. J. Biomecânica básica. 7. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2016. HERBERT, S. et al. Ortopedia [recurso eletrônico]: exames e diagnóstico. Porto Alegre: Artmed, 2011. LAFEMINA, A. A importância dos músculos superiores. São Paulo: Go Running, [s. d.] Disponível em:https://gorunning.com.br/a-importancia-dos-membros-superiores-na-corrida/. Acesso em: 28 jul. 2022. LIPPERT, L. Cinesiologia clínica e anatomia. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2013. MAGEE, D.J.; SUEKI, D. Manual para avaliação musculoesquelética: atlas e vídeo. Rio de Janeiro: Elsevier, 2012. MARTINEZ, J. E.; GRASSI, D. C.; MARQUES, L. G. Análise da aplicabilidade de três instrumentos de avaliação de dor em distintas unidades de atendimento: ambulatório, enfermaria e urgência. Revista Brasileira de Reumatologia, São Paulo, v. 51, n. 4, 2011. MESQUITA, C.; RIBEIRO, J. E.; MOREIRA, P. Portuguese version of the standardized nordic musculoskeletal quetionari: cross cultural and reability. 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