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<p>DESCRIÇÃO</p><p>Os direitos fundamentais e seu papel no Estado Democrático de Direito.</p><p>PROPÓSITO</p><p>Entender o conceito de direito fundamental, quais são os direitos colocados nessa categoria pela</p><p>Constituição Federal e de que forma a sua compreensão é importante para a boa atuação no setor</p><p>público e para a defesa da democracia.</p><p>OBJETIVOS</p><p>MÓDULO 1</p><p>Compreender o conceito de direito fundamental e as suas classificações</p><p>MÓDULO 2</p><p>Reconhecer o tratamento dado pela Constituição Federal aos direitos fundamentais</p><p>PREPARAÇÃO</p><p>É importante que, ao longo do estudo, você tenha em mãos a Constituição Federal de 1988.</p><p>Fonte: ErenMotion/Shutterstock</p><p>INTRODUÇÃO</p><p>O Brasil é um Estado Democrático de Direito, conforme expresso no art. 1º da Constituição Federal de</p><p>1988. Isso significa, em primeiro lugar, que em nosso país vigora a ideia de governo da maioria, como</p><p>decorrência da soberania popular. É por isso que ocorrem eleições periódicas, por meio das quais se</p><p>escolhem os representantes do povo de acordo com a vontade da maioria manifestada nas urnas.</p><p>Entretanto, o Estado Democrático de Direito também possui outro requisito essencial: a existência de</p><p>uma Constituição que, além de definir a estrutura básica do Estado, protege os direitos fundamentais. É</p><p>justamente esse o objetivo principal buscado pela Constituição Brasileira de 1988.</p><p>Isso nos mostra que a estruturação e a atuação do Poder Público estão intimamente ligadas aos direitos</p><p>fundamentais que se busca proteger. Afinal, o fim último do Estado, por meio das suas instituições, é</p><p>promover a proteção e concretização dos direitos fundamentais. Compreendê-los, portanto, é</p><p>indispensável para uma boa gestão pública e atuação do poder público no exercício das suas mais</p><p>variadas competências.</p><p>Estudar os direitos fundamentais elencados na Constituição, a partir da sua conceituação e com a</p><p>análise dos direitos em espécie, permitirá uma melhor compreensão da nossa democracia, dos direitos</p><p>que o cidadão possui em face do Estado e de que modo a Administração Pública pode repensar a sua</p><p>gestão para atuar cada vez melhor na concretização desses direitos tão importantes.</p><p>MÓDULO 1</p><p> Compreender o conceito de direitos fundamentais e as suas classificações.</p><p>BREVE HISTÓRICO DOS DIREITOS</p><p>FUNDAMENTAIS</p><p>Ao longo das sociedades antigas e da história, observamos períodos em que são reconhecidos direitos</p><p>pontuais a determinados grupos ou categoria de indivíduos. Vejamos:</p><p></p><p>Fonte: Wikipédia</p><p> Ciro II e os hebreus</p><p>É o caso do decreto do rei persa Ciro II, permitindo que os povos exilados na Babilônia retornassem a</p><p>suas terras de origem, ou a restrição de penas corporais no Império Romano.</p><p>A primeira declaração moderna de direitos fundamentais é de 1776: a Declaração de Direitos do Bom</p><p>Povo de Virgínia, uma das treze colônias inglesas na América, à qual se seguiu a Constituição dos</p><p>Estados Unidos da América, aprovada na Convenção de Filadélfia de 1787, e que foi objeto de diversas</p><p>emendas garantidoras de importantes direitos fundamentais, como a liberdade de religião, o direito de</p><p>propriedade etc.</p><p>Fonte: Wikipédia</p><p> Convenção de Filadélfia</p><p></p><p></p><p>Fonte: Wikipédia</p><p> Revolução Francesa</p><p>Outro marco importantíssimo nesse processo histórico foi a Declaração dos Direitos do Homem e do</p><p>Cidadão, de 1789, fruto da Revolução Francesa e da sua luta contra o absolutismo.</p><p>Tivemos também a Declaração Universal dos Direitos do Homem, proclamada pela Assembleia Geral</p><p>das Nações Unidas em Paris, em 10 de dezembro de 1948, reconhecendo diversos direitos, como a</p><p>dignidade da pessoa humana, o direito à vida, à liberdade etc.</p><p>Fonte: Wikipédia</p><p> Sede da Assembleia Geral</p><p></p><p>A partir desse processo histórico, podemos falar em três gerações de direitos fundamentais que</p><p>surgiram ao longo do tempo:</p><p>PRIMEIRA GERAÇÃO</p><p>É formada por direitos individuais que buscavam proteger o indivíduo perante os excessos e abusos do</p><p>Estado. São direitos ligados sobretudo às liberdades. Ex.: liberdade de reunião, direito</p><p>de ir e vir etc.</p><p>SEGUNDA GERAÇÃO</p><p>Surge no século XX e caracteriza-se por direitos que exigem uma prestação do Estado. Não basta que o</p><p>Estado se abstenha de cometer abusos e violar os direitos individuais. É preciso mais: ele deve atuar</p><p>para consolidar direitos sociais e culturais. Essa é a geração dos direitos sociais e coletivos.</p><p>Ex.: direito à saúde, direitos da seguridade social.</p><p>TERCEIRA GERAÇÃO</p><p>Surge na segunda metade do século XX e está associada aos ideais de solidariedade e fraternidade. É</p><p>nesse momento que surgem os direitos difusos, como o direito ao meio ambiente equilibrado (art. 225 da</p><p>Constituição).</p><p> ATENÇÃO</p><p>Já existem defensores de uma quarta geração de direitos fundamentais, que seriam aqueles</p><p>relacionados ao desenvolvimento tecnológico e biológico. São discussões delicadas em torno de</p><p>assuntos jurídica e moralmente controvertidos, como clonagem, eutanásia etc.</p><p>Observamos que a consolidação dos direitos fundamentais em diferentes sociedades e ordenamentos</p><p>jurídicos é fruto de um longo e complexo processo histórico, que se acentuou especialmente após a</p><p>Segunda Guerra Mundial. Os horrores causados pela guerra e pelos regimes totalitários deixaram clara</p><p>a necessidade de se reconhecer direitos inatos a todos os seres humanos, de modo a protegê-los de</p><p>abusos e autoritarismos. É nesse contexto que os diferentes Estados modernos começam a se</p><p>preocupar em elaborar um catálogo de direitos fundamentais que não seja meramente uma declaração</p><p>política, mas também uma fonte para a sua aplicação concreta à realidade.</p><p>Assista ao vídeo a seguir para saber mais sobre as gerações dos direitos fundamentais.</p><p>CONCEITO DE DIREITOS FUNDAMENTAIS</p><p>A Constituição de um Estado democrático, como é o caso do Brasil, possui, dentre as suas funções</p><p>principais, a proteção de direitos fundamentais. A própria topografia dos dispositivos constitucionais que</p><p>os preveem já indica a sua importância, tendo em vista que o catálogo de direitos fundamentais se</p><p>encontra no início do texto constitucional.</p><p>Tradicionalmente, as Constituições brasileiras começavam tratando da estrutura do Estado e no final</p><p>versavam sobre os direitos fundamentais. A Constituição de 1988 inverteu isso: os primeiros artigos</p><p>tratam de direitos. Essa mudança topográfica transmite a ideia de que o mais importante são os direitos.</p><p>O Estado existe em boa parte para protegê-los, promovê-los e assegurar que a pessoa humana seja</p><p>respeitada.</p><p>Fonte: Rafapress/Shutterstock</p><p>O constituinte entendeu que os direitos são parte integrante da própria essência da Constituição,</p><p>alçando-os à categoria de cláusulas pétreas, de modo que nem mesmo uma emenda pode suprimi-los</p><p>(art. 60, §4º).</p><p>Conceituá-los, porém, não é tarefa fácil. Além de o seu conteúdo ter variado ao longo da história e dos</p><p>diferentes contextos políticos e culturais, a sua nomenclatura muitas vezes se confunde com outras.</p><p>Vamos, aqui, pontuar as principais diferenças entre as nomenclaturas mais comuns a fim de facilitar a</p><p>compreensão da extensão e do conteúdo dos direitos fundamentais:</p><p>DIREITOS HUMANOS</p><p>São tratados no âmbito do</p><p>direito internacional e se referem genericamente a todos os seres humanos, sem considerar as</p><p>peculiaridades de cada país ou comunidade, como religião, etnia etc.</p><p>Possuem a pretensão de serem atemporais e universais, aplicáveis a todos os povos e em todos os</p><p>tempos.</p><p></p><p>DIREITOS FUNDAMENTAIS</p><p>São tratados de maneira diferente por cada Estado, de acordo com as suas próprias Constituições.</p><p>Como cada ordenamento jurídico dispõe diferentemente acerca do rol de direitos fundamentais, eles</p><p>nem sempre correspondem ao rol de direitos humanos.</p><p>São apenas aqueles estabelecidos pelo Estado, conforme o seu Direito Positivo interno.</p><p>Reconhecendo a dificuldade de se estabelecer um conceito preciso de direitos fundamentais, José</p><p>Afonso da Silva (2020) prefere utilizar a expressão “direitos fundamentais do homem”. O autor</p><p>explica:</p><p></p><p>NO QUALITATIVO FUNDAMENTAIS, ACHA-SE A INDICAÇÃO</p><p>DE QUE SE TRATA DE</p><p>SITUAÇÕES JURÍDICAS SEM AS</p><p>QUAIS A PESSOA HUMANA NÃO SE REALIZA, NÃO</p><p>CONVIVE E, ÀS VEZES, NEM MESMO SOBREVIVE;</p><p>FUNDAMENTAIS DO HOMEM NO SENTIDO DE QUE A</p><p>TODOS, POR IGUAL, DEVEM SER, NÃO APENAS</p><p>FORMALMENTE RECONHECIDOS, MAS CONCRETA E</p><p>MATERIALMENTE EFETIVADOS. DO HOMEM, NÃO COMO</p><p>MACHO DA ESPÉCIE, MAS NO SENTIDO DE PESSOA</p><p>HUMANA. DIREITOS FUNDAMENTAIS DO HOMEM SIGNIFICA</p><p>DIREITOS FUNDAMENTAIS DA PESSOA HUMANA OU</p><p>DIREITOS FUNDAMENTAIS. É COM ESSE CONTEÚDO QUE A</p><p>EXPRESSÃO “DIREITOS FUNDAMENTAIS” ENCABEÇA O</p><p>TÍTULO II DA CONSTITUIÇÃO, QUE SE COMPLETA, COMO</p><p>DIREITOS FUNDAMENTAIS DA PESSOA HUMANA,</p><p>EXPRESSAMENTE, NO ART. 17.</p><p>(SILVA, 2020)</p><p>É possível apontar também a diferença entre direitos e garantias fundamentais. Enquanto os direitos</p><p>fundamentais são os enunciados que estabelecem o conteúdo de um direito (ex.: direito à vida, à</p><p>liberdade religiosa), as garantias fundamentais são instrumentos previstos na Constituição para a</p><p>defesa e proteção daqueles direitos (ex.: habeas corpus , que busca proteger o direito à liberdade de</p><p>locomoção).</p><p>CARACTERÍSTICAS DOS DIREITOS</p><p>FUNDAMENTAIS</p><p>Estudaremos a seguir as principais características dos direitos fundamentais apontadas pela</p><p>doutrina:</p><p>UNIVERSALIDADE</p><p>Significa que os direitos são de todos. O que faz alguém ser titular de um direito? Ser pessoa humana. A</p><p>sua titularidade independe de sexo, categoria ou qualquer tipo de classe ou segmentação. Todos os</p><p>seres humanos possuem igual dignidade.</p><p>A partir dessa premissa, o caput do artigo 5º da Constituição pode suscitar algumas dúvidas. Vejamos</p><p>a sua redação:</p><p>Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos</p><p>brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à</p><p>igualdade, à segurança e à propriedade [...] (CONSTITUIÇÃO FEDERAL, 1988)</p><p>As primeiras perguntas que surgem são: o estrangeiro que não reside no país não tem direitos</p><p>fundamentais? O turista não tem direito à vida, por exemplo?</p><p>O entendimento majoritário é de que, apesar da redação do dispositivo constitucional, o estrangeiro não</p><p>residente no país também é titular de direitos fundamentais desde que compatíveis com a sua condição,</p><p>pois a universalidade não impede a existência de alguns direitos específicos de determinados grupos.</p><p>Nesse sentido, o Supremo Tribunal Federal já decidiu que o réu estrangeiro sem domicílio no Brasil deve</p><p>ter assegurados:</p><p>“Os direitos básicos que resultam do postulado do devido processo legal, notadamente as</p><p>prerrogativas inerentes à garantia da ampla defesa, à garantia do contraditório, à igualdade entre</p><p>as partes perante o juiz natural e à garantia de imparcialidade do magistrado processante” (HC</p><p>94.016, rel. min. Celso de Mello, j. 16-9-2008, 2ª T, DJE de 27-2-2009).</p><p>Em que pese afirmarmos a universalidade como uma característica dos direitos fundamentais, há</p><p>direitos que pressupõem certos requisitos como, por exemplo, a nacionalidade no caso dos direitos</p><p>políticos. Há outros que são específicos para determinados grupos, como o direito fundamental</p><p>garantido às presidiárias.</p><p>RELATIVIDADE</p><p>Significa dizer que não há direitos absolutos. Eles podem sofrer restrições. Se o direito de propriedade</p><p>fosse absoluto, como ficaria a proteção do meio ambiente, por exemplo? Ou no caso da liberdade de</p><p>expressão, que é um direito que frequentemente se choca com outros, como ficaria a proteção da</p><p>intimidade?</p><p>Muitas vezes, a lei impõe uma restrição a um direito fundamental. É o caso das leis ambientais, que</p><p>restringem o direito de propriedade e exigem o cumprimento de uma série de regras que visa à proteção</p><p>do meio ambiente. Um exemplo é o Código Florestal (Lei n° 12.651), que possui diversas regras</p><p>restritivas ao direito de propriedade.</p><p>O legislador, entretanto, não consegue prever nem solucionar todos os possíveis conflitos entre direitos</p><p>fundamentais. Assim, muitas vezes, no caso concreto, é preciso que o Judiciário resolva essa colisão</p><p>restringindo um direito em prol de outro, buscando, um equilíbrio. Um exemplo famoso é o caso</p><p>Ellwanger, julgado pelo Supremo Tribunal Federal. Nesse julgamento, o Tribunal entendeu que a</p><p>liberdade de expressão, apesar de ser um direito fundamental importantíssimo, não é um direito</p><p>absoluto. Dessa maneira, ela não protege o discurso de ódio, o racismo nem a publicação de livros</p><p>antissemitas.</p><p>Há um princípio de interpretação constitucional que norteia o intérprete diante desses casos difíceis de</p><p>conflitos entre direitos e normas constitucionais, chamado princípio da concordância prática:</p><p>"Consiste, essencialmente, numa recomendação para que o aplicador das normas constitucionais,</p><p>deparando-se com situações de concorrência entre bens constitucionalmente protegidos, adote a</p><p>solução que otimize a realização de todos eles, mas ao mesmo tempo não acarrete a negação de</p><p>nenhum." (MENDES; COELHO; BRANCO; 2007)</p><p>Daniel Sarmento e Cláudio Pereira de Souza Neto nos dão um exemplo do emprego da concordância</p><p>prática pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no julgamento do Habeas Corpus 80.240 (STF, HC</p><p>80240, Relator(a): Sepúlveda Pertence, Tribunal Pleno, julgado em 20/06/2001, publicado no DJ 14-10-</p><p>2005). Trata-se do caso de um líder indígena intimado para depor em uma Comissão Parlamentar de</p><p>Inquérito (CPI). Diante das normas constitucionais que garantem os poderes da CPI e os direitos dos</p><p>indígenas à sua cultura, o Tribunal, para conciliar as normas em conflito no caso, decidiu que o</p><p>depoimento poderia ser feito, mas apenas no interior das terras indígenas e na presença de antropólogo</p><p>e de representante da FUNAI.</p><p>Ou seja, considerando a relatividade dos direitos fundamentais e os seus possíveis conflitos em um caso</p><p>concreto, deve-se buscar sempre uma solução que leve ao equilíbrio entre eles.</p><p>HISTORICIDADE</p><p>Os direitos fundamentais foram conquistados historicamente e as mudanças na sociedade influenciam a</p><p>leitura que se faz deles.</p><p>Os direitos não são realidades metafísicas e sim realidades históricas e concretas. Eles foram</p><p>conquistados e ampliados ao longo da história, surgindo em diferentes etapas.</p><p>INALIENABILIDADE</p><p>Não possuem conteúdo econômico e não podem ser negociados ou transferidos:</p><p>“Se a ordem constitucional os confere a todos, deles não se pode desfazer, porque são</p><p>indisponíveis.” (SILVA, 2020)</p><p>IMPRESCRITIBILIDADE</p><p>Os direitos fundamentais não se extinguem pelo decurso do tempo e o seu exercício não se sujeita a</p><p>qualquer prazo.</p><p>IRRENUNCIABILIDADE</p><p>Não se pode renunciar aos direitos fundamentais. O titular do direito pode até não o exercer, mas isso</p><p>não implica a renúncia ao direito.</p><p>APLICABILIDADE IMEDIATA</p><p>A Constituição Federal, no art. 5º, §1º, dispõe expressamente que:</p><p>“As normas definidoras dos direitos e das garantias fundamentais têm aplicação imediata”.</p><p>Houve aqui uma preocupação do constituinte em dar plena efetivação aos direitos fundamentais,</p><p>evitando o que acontecera sob a égide de Constituições pretéritas, em que os direitos previstos na</p><p>Constituição, muitas vezes, eram apenas retórica, uma simples proclamação política, sem qualquer</p><p>aplicação concreta.</p><p>A ideia da aplicabilidade imediata é a de que os direitos valem imediatamente e independem de</p><p>concretização legislativa, de regulamentação, para surtirem seus efeitos. O titular dos direitos pode</p><p>invocá-los com base apenas na Constituição.</p><p>NÃO EXAUSTIVIDADE OU ATIPICIDADE</p><p>Um direito não precisa estar positivado na Constituição para ser considerado fundamental. Vejamos a</p><p>redação do art.5º, §2º da Constituição:</p><p>"Os direitos e as garantias expressos nesta Constituição não excluem outros decorrentes do</p><p>regime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a República</p><p>Federativa do Brasil seja parte". (CONSTITUIÇÃO FEDERAL, 1988)</p><p>Isso significa que é possível ter direitos fundamentais fora do catálogo formal previsto na Constituição.</p><p>Eles podem estar em tratados internacionais de direitos humanos, por exemplo. Qual é o principal</p><p>critério para apontar direito</p><p>fundamental fora do catálogo? O princípio da dignidade da pessoa humana.</p><p>Nesse sentido, o Supremo Tribunal Federal (STF), ao julgar a ADI 939 (STF, ADI 939, Relator Sidney</p><p>Sanches, Tribunal Pleno, julgado em 15/12/1993, publ. DJ 18/03/1994), decidiu que o princípio da</p><p>anterioridade tributária, apesar de não estar no rol dos direitos fundamentais elencados pela</p><p>Constituição, e sim no capítulo referente à tributação, é um direito fundamental.</p><p>CLASSIFICAÇÕES</p><p>Existem inúmeras classificações que variam conforme o autor e o critério adotado. Uma delas, por</p><p>exemplo, divide os direitos fundamentais de acordo com o conteúdo:</p><p>DIREITOS FUNDAMENTAIS DO HOMEM-INDIVÍDUO</p><p>Reconhecem autonomia aos particulares e se identificam com os direitos individuais. Ex.: liberdade,</p><p>igualdade e propriedade.</p><p>DIREITOS FUNDAMENTAIS DO HOMEM-NACIONAL</p><p>São aqueles que definem a nacionalidade.</p><p>DIREITOS FUNDAMENTAIS DO HOMEM-CIDADÃO</p><p>São os direitos políticos como,</p><p>por exemplo, o direito de eleger e de ser eleito.</p><p>DIREITOS FUNDAMENTAIS DO HOMEM-SOCIAL</p><p>São os direitos “assegurados ao homem em suas relações sociais e culturais”, como o direito à saúde e</p><p>à educação.</p><p>DIREITOS FUNDAMENTAIS DO HOMEM MEMBRO DE UMA</p><p>COLETIVIDADE</p><p>São os direitos coletivos. Incluem-se aqui o direito de petição (art. 5º, XXXIV, a) e o direito de greve (art.</p><p>9º e 37, VII).</p><p>DIREITOS FUNDAMENTAIS DE TERCEIRA GERAÇÃO OU DO</p><p>HOMEM-SOLIDÁRIO</p><p>Trata-se de uma classe mais recente de direitos, como o direito ao meio ambiente, à paz e ao</p><p>desenvolvimento.</p><p>Fonte: Chinnapong/Shutterstock</p><p>Vejamos outra classificação, com base no texto da Constituição Federal de 1988:</p><p>DIREITOS INDIVIDUAIS</p><p>(ART. 5º).</p><p>DIREITOS À NACIONALIDADE</p><p>(ART. 12).</p><p>DIREITOS POLÍTICOS</p><p>(ARTIGOS 14 A 17).</p><p>DIREITOS SOCIAIS</p><p>(ARTIGOS 6º E 193).</p><p>DIREITOS COLETIVOS</p><p>(ART. 5º).</p><p>DIREITOS SOLIDÁRIOS</p><p>(ARTIGOS 3º E 225).</p><p> ATENÇÃO</p><p>Há também os direitos econômicos, previstos na Constituição no Título da Ordem Econômica e</p><p>Financeira (artigos 170 e seguintes).</p><p>EFICÁCIAS DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS</p><p>Além da aplicabilidade imediata dos direitos fundamentais, eles também suscitam importantes</p><p>questionamentos a respeito da sua eficácia.</p><p>Tradicionalmente, os direitos fundamentais eram aplicados à relação entre o indivíduo e o Estado,</p><p>verticalmente. Isso se explica até mesmo pela primeira geração de direitos fundamentais, criados para a</p><p>defesa do indivíduo contra o poder absoluto do Estado.</p><p>Essa noção, contudo, foi mudando ao longo do tempo, pois notou-se a existência de lesões a direitos</p><p>que não provêm somente do Estado, mas podem se originar de relações entre patrão e empresa, entre</p><p>loja e comprador, entre pai e filho, por exemplo. São relações muito variadas nas quais nem sempre o</p><p>Estado está presente.</p><p>Surge, então, a ideia da eficácia horizontal dos direitos fundamentais (em contraposição à eficácia</p><p>vertical), que significa a aplicação dos direitos fundamentais nas relações privadas. Mas, é</p><p>importante ressaltar, há o risco de comprometer a liberdade individual e a espontaneidade das relações</p><p>sociais.</p><p>Vejamos um exemplo dessa problemática:</p><p>Vamos supor que alguém pertença a uma associação. A associação, de maneira discriminatória, resolve</p><p>expulsar os sócios. Isso é possível? Até que ponto a liberdade e a autonomia privada protegem esse tipo</p><p>de conduta?</p><p>EXPLICAÇÃO</p><p>EXPLICAÇÃO</p><p>O Supremo Tribunal Federal já teve a oportunidade de analisar um caso parecido (o Recurso</p><p>Extraordinário 158.215), envolvendo a expulsão do membro de uma cooperativa sem que lhe fosse</p><p>dado o direito de defesa. A Corte entendeu que “na hipótese de exclusão de associado decorrente</p><p>de conduta contrária aos estatutos, impõe-se a observância ao devido processo legal, viabilizado o</p><p>exercício amplo da defesa” (STF, RE 158215, Relator Marco Aurélio, Segunda Turma, julgado em</p><p>30/04/1996, publ. DJ 07/06/1996).</p><p>Fonte: Cacio Murilo/Shutterstock</p><p>Vejamos outro exemplo de um caso também enfrentado pelo Supremo Tribunal Federal:</p><p>Uma empresa francesa que estabelecia vantagens exclusivas para empregados franceses, criando uma</p><p>discriminação em relação a funcionários de outras nacionalidades. O fato de ser uma empresa privada,</p><p>à qual se aplica a autonomia e a livre iniciativa, protege esse tipo de conduta?</p><p>EXPLICAÇÃO</p><p>javascript:void(0)</p><p>javascript:void(0)</p><p>EXPLICAÇÃO</p><p>Mais uma vez, a Corte Suprema entendeu que os direitos fundamentais também devem ser</p><p>aplicados às relações privadas, declarando inconstitucional a discriminação perpetrada pela</p><p>empresa:</p><p>“(...) Ao recorrente, por não ser francês, não obstante trabalhar para a empresa francesa, no Brasil,</p><p>não foi aplicado o Estatuto do Pessoal da Empresa, que concede vantagens aos empregados, cuja</p><p>aplicabilidade seria restrita ao empregado de nacionalidade francesa. Ofensa ao princípio da</p><p>igualdade: C.F., 1967, art. 153, §1º; C.F., 1988, art. 5º, caput .</p><p>II – A discriminação que se baseia em atributo, qualidade, nota intrínseca ou extrínseca do</p><p>indivíduo, como o sexo, a raça, a nacionalidade, o credo religioso etc., é inconstitucional. (...)”</p><p>(STF, RE 161243, Relator Carlos Velloso, Segunda Turma, julgado em 29/10/1996, publ. DJ</p><p>19/12/1997)</p><p>Existe controvérsia em torno da maneira de aplicar os direitos fundamentais às relações privadas.</p><p>Fonte: Lemon.key/shutterstock</p><p>TEORIA DA EFICÁCIA INDIRETA OU MEDIATA</p><p>Um primeiro entendimento defende que essa aplicação deve ser feita pelo legislador. E se a lei, ao tratar</p><p>de direito privado, violar direitos fundamentais ou não os proteger adequadamente, será inconstitucional.</p><p>Ou seja, os direitos fundamentais não devem ser automaticamente aplicados às relações entre</p><p>particulares.</p><p></p><p></p><p>Fonte: Banderlog/shutterstock</p><p>TEORIA DA EFICÁCIA DIRETA OU IMEDIATA</p><p>Um segundo entendimento defende que essa aplicação deve ser feita diretamente pelo juiz,</p><p>independentemente da atuação do legislador. Este, ao julgar as causas, deve levar em consideração os</p><p>direitos fundamentais, mesmo que sejam causas privadas.</p><p>A principal porta de entrada dos direitos fundamentais na atividade jurisdicional são as cláusulas gerais</p><p>de direito privado. Ex.: bons costumes, boa-fé, ordem pública. Elas devem ser concretizadas, devem ser</p><p>lidas de uma maneira que protejam e promovam os direitos fundamentais.</p><p>VERIFICANDO O APRENDIZADO</p><p>1. A RESPEITO DAS DIMENSÕES DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS, ASSINALE A</p><p>ALTERNATIVA CORRETA:</p><p>A) Os direitos de primeira geração são tipicamente de cunho social.</p><p>B) O direito ao meio ambiente equilibrado foi um dos primeiros direitos fundamentais a serem</p><p>protegidos.</p><p>C) Os direitos difusos são típicos da terceira geração de direitos fundamentais, marcada especialmente</p><p>pelo ideal de solidariedade.</p><p>D) O direito à liberdade só começa a ser protegido na segunda metade do século XX.</p><p>2. “OS DIREITOS FUNDAMENTAIS PODEM SOFRER RESTRIÇÕES E NÃO SE</p><p>SUJEITAM A QUALQUER PRAZO PARA SEREM EXERCIDOS”.</p><p>A AFIRMAÇÃO ACIMA SE REFERE A QUAIS CARACTERÍSTICAS DOS DIREITOS</p><p>FUNDAMENTAIS?</p><p>A) Irrenunciabilidade e aplicabilidade imediata.</p><p>B) Relatividade e imprescritibilidade.</p><p>C) Historicidade e indisponibilidade.</p><p>D) Atipicidade e eficácia horizontal.</p><p>GABARITO</p><p>1. A respeito das dimensões dos direitos fundamentais, assinale a alternativa correta:</p><p>A alternativa "C " está correta.</p><p>A letra C está correta, pois a terceira geração de direitos fundamentais se caracteriza pelo surgimento</p><p>dos direitos difusos, como é o caso do direito ao meio ambiente, previsto no art. 225 da Constituição.</p><p>2. “Os direitos fundamentais podem sofrer restrições e não se sujeitam a qualquer prazo para</p><p>serem exercidos”.</p><p>A afirmação acima se refere a quais características dos direitos fundamentais?</p><p>A alternativa "B " está correta.</p><p>A afirmativa B está correta, uma vez que, ao dizer que os direitos fundamentais podem ser restringidos,</p><p>refere-se expressamente à relatividade dos direitos fundamentais, que não são absolutos. Em seguida,</p><p>ao dizer que o seu exercício não se sujeita a prazo, faz-se clara referência à imprescritibilidade dos</p><p>direitos fundamentais.</p><p>MÓDULO 2</p><p> Reconhecer o tratamento dado pela Constituição Federal aos direitos fundamentais.</p><p>DIREITOS INDIVIDUAIS E COLETIVOS</p><p>CONSAGRADOS NA CONSTITUIÇÃO</p><p>Os direitos individuais estão previstos no artigo 5º e respectivos incisos da Constituição Federal. Podem</p><p>ser conceituados, conforme ensina José Afonso da Silva (2020), como aqueles que reconhecem</p><p>autonomia aos particulares, garantindo a iniciativa e independência aos indivíduos diante dos demais</p><p>membros da sociedade política e do próprio Estado.</p><p>Fonte: Zolnierek/Shutterstock</p><p>EM RELAÇÃO AOS DESTINATÁRIOS, SERÁ QUE</p><p>ELES SE APLICAM TAMBÉM ÀS PESSOAS</p><p>JURÍDICAS OU APENAS ÀS PESSOAS FÍSICAS?</p><p>RESPOSTA</p><p>javascript:void(0)</p><p>No tópico relativo às características dos direitos fundamentais, nós também já vimos a controvérsia</p><p>provocada pela redação do caput do art. 5º da Constituição, que aparentemente exclui o estrangeiro</p><p>não residente no país da titularidade dos direitos fundamentais ali elencados.</p><p>Naquela oportunidade, vimos que o entendimento amplamente majoritário, inclusive agasalhado pelo</p><p>Supremo Tribunal Federal, é o de que a Constituição não excluiu os direitos fundamentais do estrangeiro</p><p>não residente no país.</p><p> ATENÇÃO</p><p>No processo de elaboração constitucional, cogitou-se colocar os direitos coletivos em capítulo especial.</p><p>Tal proposta, porém, foi rejeitada, mantendo-se o capítulo intitulado “Dos Direitos e Deveres Individuais e</p><p>Coletivos”.</p><p>Eles são, na verdade, direitos cuja titularidade é individual, mas cujo exercício requer a participação</p><p>conjunta de diversas pessoas. Incluem-se nessa categoria os direitos de reunião, de associação, dentre</p><p>outros.</p><p>O rol de direitos elencados no art. 5º é extenso e, por isso, estudaremos mais detidamente a seguir</p><p>aqueles que são mais relevantes e que suscitam maior controvérsia:</p><p>DIREITO DE PROPRIEDADE</p><p>Está previsto nos seguintes incisos do artigo 5º:</p><p>XXII – é garantido o direito de propriedade;</p><p>XXIII – a propriedade atenderá à sua função social.</p><p>Existem também outros dispositivos constitucionais com previsões específicas acerca do direito de</p><p>propriedade ao longo de toda a Constituição (ex.: artigos 5º, XXIV; 182 etc.).</p><p>A partir dos dispositivos citados, vemos que a própria Constituição já define um limite para o</p><p>direito de propriedade, ao exigir que ela atenda à sua função social. Essa decisão do constituinte</p><p>supera a antiga ideia de que a propriedade é absoluta.</p><p>Uma questão que se põe diz respeito ao conceito de função social. O artigo 1228 do Código Civil</p><p>fixa alguns parâmetros:</p><p>§1º O direito de propriedade deve ser exercido em consonância com as suas</p><p>finalidades econômicas e sociais e de modo que sejam preservados, de conformidade</p><p>com o estabelecido em lei especial, a flora, a fauna, as belezas naturais, o equilíbrio</p><p>ecológico e o patrimônio histórico e artístico, bem como evitada a poluição do ar e das</p><p>águas.</p><p>§2º São defesos os atos que não trazem ao proprietário qualquer comodidade, ou</p><p>utilidade, e sejam animados pela intenção de prejudicar outrem.</p><p>A Constituição também fixa requisitos para o atendimento da propriedade rural:</p><p>Art. 186. A função social é cumprida quando a propriedade rural atende,</p><p>simultaneamente, segundo critérios e graus de exigência estabelecidos em lei, aos</p><p>seguintes requisitos:</p><p>I – aproveitamento racional e adequado;</p><p>II – utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e preservação do meio</p><p>ambiente;</p><p>III – observância das disposições que regulam as relações de trabalho;</p><p>IV – exploração que favoreça o bem-estar dos proprietários e dos trabalhadores.</p><p>(CONSTITUIÇÃO FEDERAL, 1988)</p><p>Atenção!</p><p>Seguindo essa linha, o Supremo Tribunal Federal já afirmou expressamente que o direito de propriedade</p><p>não se revela absoluto, estando relativizado pela Constituição.</p><p>LIBERDADE DE EXPRESSÃO</p><p>Está prevista no art. 5º, IV: “é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato”.</p><p>É vital para uma democracia, que pressupõe debate público, amplo acesso a ideias e pontos de</p><p>vista divergentes. Em qualquer espaço, pressupõe-se que cada pessoa, para poder decidir sobre</p><p>algo, deva ter acesso às informações mais variadas.</p><p>A ideia subjacente a esse direito fundamental é de que a democracia exige um espaço público de</p><p>discussão robusto, plural, dinâmico no qual diferentes pontos de vista possam ser devidamente</p><p>debatidos sem a tirania de uma única ideia.</p><p>Tem por fim a autonomia, a realização pessoal de cada indivíduo, na medida em que o homem,</p><p>como um ser social, tem a necessidade de se comunicar, moldando a sua personalidade conforme</p><p>interage com os outros do seu meio.</p><p>A necessidade de se proteger a liberdade de expressão como corolário da própria democracia tem</p><p>sido reiterado pelo Supremo Tribunal Federal em diversos julgados:</p><p>“A Democracia não existirá e a livre participação política não florescerá onde a liberdade de</p><p>expressão for ceifada, pois esta constitui condição essencial ao pluralismo de ideias, que</p><p>por sua vez é um valor estruturante para o salutar funcionamento do sistema democrático.</p><p>A livre discussão, a ampla participação política e o princípio democrático estão interligados</p><p>com a liberdade de expressão, tendo por objeto não somente a proteção de pensamentos e</p><p>ideias, mas também opiniões, crenças, realização de juízo de valor e críticas a agentes</p><p>públicos, no sentido de garantir a real participação dos cidadãos na vida coletiva. São</p><p>inconstitucionais os dispositivos legais que tenham a nítida finalidade de controlar ou</p><p>mesmo aniquilar a força do pensamento crítico, indispensável ao regime democrático” (STF,</p><p>ADI 4451, Relator Alexandre de Moraes, Tribunal Pleno, julgado em 21/06/2018, publ. DJ</p><p>06/03/2019).</p><p>Atenção!</p><p>Conforme visto no tópico relativo às características dos direitos fundamentais, o Supremo Tribunal</p><p>Federal não inclui discursos de ódio ou racistas no âmbito de proteção da liberdade de expressão.</p><p>LIBERDADE RELIGIOSA</p><p>Liberdade de religião não é apenas o direito de professar publicamente determinada religião, mas</p><p>também o direito de não ter nenhuma.</p><p>Tema mais polêmico diz respeito à possibilidade de, com base na liberdade religiosa, tentar</p><p>converter outras pessoas e atrair fiéis para determinada seita religiosa.</p><p>O Supremo Tribunal Federal já se debruçou sobre o tema e entendeu que essas atitudes estão</p><p>protegidas pela liberdade de religião:</p><p>“A liberdade religiosa não é exercível apenas em privado, mas também no espaço público, e</p><p>inclui o direito de tentar convencer os outros, por meio do ensinamento, a mudar de</p><p>religião. O discurso proselitista é, pois, inerente à liberdade de expressão religiosa. (...) A</p><p>liberdade política pressupõe a livre manifestação do pensamento e a formulação de</p><p>discurso persuasivo e o uso dos argumentos críticos. Consenso e debate público</p><p>informado pressupõem a livre troca de ideias e não apenas a divulgação de informações.</p><p>(...) (STF, ADI 2.566, rel. p/ o ac. min. Edson Fachin, julgado em 16/05/2018, publ. DJ</p><p>23/10/2018).</p><p>Outro ponto polêmico relacionado a esse direito envolve a discussão em torno da admissibilidade</p><p>ou não do sacrifício de animais como manifestação religiosa. Como se sabe, essa é uma prática</p><p>cultural presente em diversas religiões, especialmente nas de matriz africana. O debate nos coloca</p><p>um conflito entre dois direitos fundamentais: a liberdade religiosa e a proteção ao meio ambiente.</p><p>No entanto, o Supremo Tribunal Federal também já se manifestou sobre o assunto ao analisar uma</p><p>lei, do Rio Grande do Sul, que permitia o sacrifício de animais em ritos religiosos. A Corte fixou a</p><p>seguinte tese:</p><p>“É constitucional a lei de proteção animal que, a fim de resguardar a liberdade religiosa,</p><p>permite o sacrifício ritual de animais em cultos de religiões de matriz africana”.</p><p>Dessa maneira, entendeu que a prática e os rituais relacionados ao sacrifício animal são patrimônio</p><p>cultural imaterial e constituem os modos de criar, fazer e viver de várias comunidades religiosas,</p><p>devendo tal direito ser protegido (STF, RE 494601, Relator Edson Fachin,</p><p>Tribunal Pleno, julgado em</p><p>28/03/2019, publ. DJ 19/11/2019).</p><p>LIBERDADE DE REUNIÃO</p><p>Está prevista no art. 5º, XVI:</p><p>“Todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao público,</p><p>independentemente de autorização, desde que não frustrem outra reunião anteriormente</p><p>convocada para o mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso à autoridade</p><p>competente”.</p><p>Da leitura do dispositivo, concluímos que se exige apenas o mero aviso à autoridade competente. Não</p><p>cabe à autoridade definir o local, nem tomar medidas para dificultar a reunião. A Constituição, porém,</p><p>ressalta que não se pode atrapalhar outra reunião anteriormente convocada para o mesmo local. Busca-</p><p>se, assim, evitar o abuso de direito que vise atrapalhar outras reuniões, além de se evitar eventuais</p><p>conflitos que coloquem em risco a ordem pública.</p><p>Na lição de José Afonso da Silva (2020), reunião é qualquer agrupamento formado em certo</p><p>momento com o objetivo comum de trocar ideias ou de receber manifestação de pensamento</p><p>político, filosófico, religioso, científico ou artístico. Ela protege passeatas e manifestações nos</p><p>logradouros públicos.</p><p>Note-se que a liberdade de reunião tem grande relevância, pois, por meio dela, é possível exercer outras</p><p>liberdades, como as de expressão e de locomoção. Assim, tal direito fundamental é instrumento para</p><p>proteção de outros direitos fundamentais.</p><p>DIREITOS SOCIAIS</p><p>Os direitos sociais são aqueles ligados à igualdade. Trata-se de prestações positivas a serem oferecidas</p><p>direta ou indiretamente pelo Estado a fim de conceder melhores condições de vida àqueles que não</p><p>possuem uma situação social digna.</p><p>Conforme vimos no módulo 1, os direitos sociais surgem na segunda geração de direitos fundamentais,</p><p>caracterizados por exigirem uma prestação positiva do Estado para atender às necessidades dos</p><p>indivíduos. Não é mais suficiente que o Estado se abstenha de violar direitos; é preciso que ele atue</p><p>para protegê-los e concretizá-los.</p><p>O artigo 6º da Constituição enumera como direitos sociais:</p><p>EDUCAÇÃO</p><p>SAÚDE</p><p>ALIMENTAÇÃO</p><p>TRABALHO</p><p>MORADIA</p><p>TRANSPORTE</p><p>LAZER</p><p>SEGURANÇA</p><p>PREVIDÊNCIA SOCIAL</p><p>PROTEÇÃO À MATERNIDADE E À INFÂNCIA</p><p>ASSISTÊNCIA AOS DESAMPARADOS</p><p>Todos os direitos mencionados exigem uma prestação positiva do Estado, ou seja, uma política pública</p><p>para garanti-los, o que gera custos. Assim, os direitos sociais trazem o desafio de qual será a parcela</p><p>desse direito que será exigível do Estado.</p><p>Janews/Fonte: Shutterstock</p><p>Dentre eles, o direito à saúde merece uma análise mais detida. A Constituição deixa claro que a saúde</p><p>é um direito de todos e dever do Estado. Ela é tratada com mais detalhes nos artigos 196 e seguintes da</p><p>Constituição, onde também há regras de competências dos entes federados para a implementação de</p><p>políticas públicas de saúde.</p><p>A consagração do direito à saúde tem provocado inúmeros debates em torno da extensão desse direito</p><p>e dos limites da interferência do Judiciário na sua aplicação. Se a Constituição garante o direito à saúde,</p><p>então é possível requerer judicialmente qualquer tratamento médico ou remédio em face do Poder</p><p>Público? Esse é um tema que tem desafiado todos os entes federados no país, que recebem</p><p>diariamente milhares de ações judiciais com demandas dessa natureza.</p><p>O STF (Supremo Tribunal Federal) , sempre que provocado, tenta estabelecer parâmetros para a</p><p>interferência do Judiciário na concretização desse direito. A Corte Suprema já entendeu que, em regra, o</p><p>Estado não é obrigado a fornecer medicamentos de alto custo solicitados judicialmente quando não</p><p>estiverem previstos na relação do Programa de Dispensação de Medicamentos em Caráter Excepcional,</p><p>do Sistema Único de Saúde (SUS).</p><p>O direito à alimentação e à moradia buscam consagrar o direito à saúde e a uma vida digna, tendo</p><p>servido de esteio para diversos programas sociais de renda mínima e de crédito à moradia</p><p>implementados nas últimas décadas. Em 2020, eles voltaram a ter destaque nacional com o auxílio</p><p>emergencial implementado pelo governo federal diante dos impactos econômicos e sociais da pandemia</p><p>de COVID-19.</p><p>Com base no direito à moradia, os tribunais, inclusive o Supremo Tribunal Federal, têm entendido que,</p><p>no caso de construções irregulares, ainda que se reconheça o poder-dever do poder público de demoli-</p><p>las, ele é obrigado a implementar medidas para mitigar os efeitos sobre as famílias que ali se</p><p>encontram. É muito comum que o poder público, em especial o município, seja obrigado a oferecer</p><p>alguma opção de moradia ou algum benefício assistencial antes de retirar as pessoas que ocupam</p><p>áreas irregulares ou de risco.</p><p>O artigo 7º da Constituição também estabelece uma série de outros direitos sociais aos trabalhadores</p><p>urbanos e rurais, como por exemplo:</p><p>Irredutibilidade do salário, salvo o disposto em convenção ou acordo coletivo;</p><p>Garantia de salário, nunca inferior ao mínimo, para os que percebem remuneração variável;</p><p>Décimo terceiro salário com base na remuneração integral ou no valor da aposentadoria;</p><p>Remuneração do trabalho noturno superior à do diurno.</p><p>Assista ao vídeo a seguir para saber mais sobre a extensão da exigibilidade do direito fundamental à</p><p>saúde.</p><p>VERIFICANDO O APRENDIZADO</p><p>1. A RESPEITO DA LIBERDADE RELIGIOSA, MARQUE A ALTERNATIVA</p><p>CORRETA:</p><p>A) Ela não está prevista expressamente na Constituição Brasileira de 1988.</p><p>B) Estabelece que todo cidadão obrigatoriamente precisa escolher uma religião.</p><p>C) O indivíduo é livre para escolher a sua religião, mas o Estado estabelece uma religião oficial.</p><p>D) A liberdade religiosa permite a prática de cultos religiosos, ainda que envolvam o sacrifício de</p><p>animais.</p><p>2. ASSINALE A ALTERNATIVA CORRETA A RESPEITO DOS DIREITOS</p><p>FUNDAMENTAIS PREVISTOS NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988:</p><p>A) O direito de propriedade, desde que atenda à sua função social, é absoluto.</p><p>B) O direito à saúde autoriza que o brasileiro ou estrangeiro residente no país requeira judicialmente</p><p>qualquer tipo de medicamento, desde que possua receita médica.</p><p>C) O direito à moradia está no rol dos direitos sociais e exige que o poder público atue para garanti-lo.</p><p>D) O discurso racista está protegido pela Constituição, mas não o discurso de ódio.</p><p>GABARITO</p><p>1. A respeito da liberdade religiosa, marque a alternativa correta:</p><p>A alternativa "D " está correta.</p><p>A letra D é a correta, porque a liberdade religiosa garante a prática livre e pública de todas as seitas</p><p>religiosas e, conforme já decidido pelo Supremo Tribunal Federal, é constitucional a lei que permite o</p><p>sacrifício de animais para fins religiosos.</p><p>2. Assinale a alternativa correta a respeito dos direitos fundamentais previstos na Constituição</p><p>Federal de 1988:</p><p>A alternativa "C " está correta.</p><p>A letra C é a correta, pois o direito à moradia foi expressamente previsto no art. 6º da Constituição como</p><p>direito social. E como tal, o Poder Público é obrigado a atuar, por meio de políticas públicas, para</p><p>garanti-lo.</p><p>CONCLUSÃO</p><p>CONSIDERAÇÕES FINAIS</p><p>Ao longo do nosso estudo, vimos a trajetória de surgimento e consolidação dos direitos fundamentais e</p><p>as sucessivas gerações de direitos que ganharam espaço nas Constituições dos diferentes Estados ao</p><p>redor do mundo.</p><p>Dos direitos individuais aos difusos, passando pelos direitos sociais, nós pudemos compreender melhor</p><p>as características definidoras dos direitos fundamentais e por que eles possuem um lugar de destaque</p><p>no ordenamento jurídico, estando inclusive no rol das cláusulas pétreas.</p><p>Analisamos também as dificuldades e controvérsias que desafiam a aplicação desses direitos e vimos</p><p>alguns direitos em espécie cuja relevância exige um estudo mais aprofundado.</p><p>Tudo isso nos permite entender melhor o que podemos esperar do Estado como cidadãos e analisar</p><p>criticamente o papel que o poder público vem desempenhando na concretização dos direitos previstos</p><p>na Constituição.</p><p>AVALIAÇÃO DO TEMA:</p><p>REFERÊNCIAS</p><p>BARROSO, L. R. Curso de direito constitucional contemporâneo: os conceitos fundamentais e a</p><p>construção de um novo</p><p>modelo. 6. ed. São Paulo: Saraiva, 2017.</p><p>BRASIL. Casa Civil. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, 1988.</p><p>MENDES, G. F.; COELHO, I. M.; BRANCO, P. G. G. Curso de Direito Constitucional. São Paulo:</p><p>Saraiva, 2007.</p><p>SILVA, J. A. Curso de direito constitucional positivo. 43. ed. São Paulo: Malheiros, 2020.</p><p>SOUZA NETO, C. P.; SARMENTO, D. Direito Constitucional: teoria, história e métodos de trabalho. 2.</p><p>ed. Belo Horizonte: Fórum, 2017.</p><p>EXPLORE+</p><p>Para saber mais sobre os direitos fundamentais, leia o artigo O conteúdo essencial dos direitos</p><p>fundamentais e a eficácia das normas constitucionais , do professor Virgílio Afonso da Silva,</p><p>disponível no repositório da USP.</p><p>Confira o artigo sobre os direitos sociais, O reconhecimento dos direitos sociais como</p><p>fundamentais no Brasil , de autoria de José Carlos Bortoloti e Guilherme Pavan Machado,</p><p>disponível no Portal de Publicações Eletrônicas da UERJ.</p><p>CONTEUDISTA</p><p>Elias Suzano Mendes</p><p> CURRÍCULO LATTES</p><p>javascript:void(0);</p><p>javascript:void(0);</p>

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