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<p>MANUAL TÉCNICO-PROFISSIONAL Nº 3.04.01/2020-CG</p><p>MTP 01</p><p>INTERVENÇÃO POLICIAL, PROCESSO DE</p><p>COMUNICAÇÃO E USO DA FORÇA</p><p>BELO HORIZONTE – MG</p><p>2020</p><p>( - BEPM nº 10, de 05 de outubro de 2020 - ) Página : ( - 1 - )</p><p>MANUAL TÉCNICO-PROFISSIONAL</p><p>Nº 3.04.01/2020-CG</p><p>Intervenção Policial, Processo de Comunicação e</p><p>Uso da Força</p><p>BELO HORIZONTE - MG</p><p>2020</p><p>( - BEPM nº 10, de 05 de outubro de 2020 - ) Página : ( - 2 - )</p><p>Direitos exclusivos da Polícia Militar do Estado de Minas Gerais (PMMG).</p><p>Reprodução condicionada à autorização expressa do Comandante-Geral da PMMG.</p><p>Circulação restrita.</p><p>M663m</p><p>MINAS GERAIS. Polícia Militar. Comando-Geral.</p><p>Manual Técnico-Profissional nº 3.04.01/2020: Intervenção Policial,</p><p>Processo de Comunicação e Uso da Força / Comando-Geral. Belo</p><p>Horizonte: Assessoria Estratégica de Operações (PM3). 2020.</p><p>81 p.</p><p>1. Preparo Mental. 2. Avaliação de Riscos. 3. Pensamento Tático.</p><p>4. Intervenção Policial. 5. Processo de Comunicação. 6. Uso da Força</p><p>CDD - 353.3</p><p>CDU - 351.75(815.1)</p><p>Bibliotecária responsável: Tatiane Krempser Gandra – CRB 6/2963</p><p>ADMINISTRAÇÃO</p><p>Comando-Geral da Polícia Militar</p><p>Quartel do Comando-Geral da PMMG</p><p>Cidade Administrativa Tancredo Neves, Edifício Minas,</p><p>Rodovia Papa João Paulo II, nº 4143 – 6º Andar, Bairro Serra Verde</p><p>Belo Horizonte – MG – Brasil - CEP 31.630-900</p><p>SUPORTE METODOLÓGICO E TÉCNICO</p><p>Assessoria Estratégica de Operações – PM3</p><p>Quartel do Comando-Geral da PMMG</p><p>Cidade Administrativa Tancredo Neves, Edifício Minas,</p><p>Rodovia Papa João Paulo II, nº 4143 – 6º Andar, Bairro Serra Verde</p><p>Belo Horizonte – MG – Brasil - CEP 31.630-900</p><p>E-mail: pm3@pmmg.mg.gov.br</p><p>( - BEPM nº 10, de 05 de outubro de 2020 - ) Página : ( - 3 - )</p><p>mailto:ae3gcg@pmmg.mg.gov.br</p><p>RESOLUÇÃO Nº 4.981, DE 05 DE OUTUBRO DE 2020</p><p>Aprova o Manual Técnico-Profissional n. 3.04.01/2020,</p><p>que regula a intervenção policial, o processo de</p><p>comunicação e o uso da força no âmbito da Polícia Militar</p><p>de Minas Gerais.</p><p>O CORONEL PM COMANDANTE-GERAL DA POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS, no</p><p>uso das atribuições que lhe são conferidas pelo inciso III do § 1º do art. 93 da Constituição</p><p>do Estado de Minas Gerais, de 21 de setembro de 1989, c/c o art. 28 da Lei Delegada n.</p><p>174, de 26 de janeiro de 2007, em conformidade com os incisos I, alínea “l”, e XI do art. 6º</p><p>do R-100, aprovado pelo Decreto Estadual n. 18.445, de 15 de abril de 1977,</p><p>RESOLVE:</p><p>Art. 1º - Fica aprovado o Manual Técnico-Profissional n. 3.04.01/2020 - MTP 01 -, que regula</p><p>a intervenção policial, o processo de comunicação e o uso da força no âmbito da Polícia</p><p>Militar de Minas Gerais.</p><p>Art. 2º - Ficam revogados:</p><p>I – a Resolução n. 4115, de 08 de novembro de 2010;</p><p>II – o Memorando n. 30.385.3 - CG, de 13 de agosto de 2013.</p><p>Art. 3º - Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação.</p><p>Belo Horizonte, 05 de outubro de 2020.</p><p>(a) RODRIGO SOUSA RODRIGUES, CORONEL PM</p><p>COMANDANTE-GERAL</p><p>( - BEPM nº 10, de 05 de outubro de 2020 - ) Página : ( - 4 - )</p><p>GOVERNADOR DO ESTADO</p><p>ROMEU ZEMA NETO</p><p>COMANDANTE-GERAL DA PMMG</p><p>CEL PM RODRIGO SOUSA RODRIGUES</p><p>CHEFE DO ESTADO-MAIOR DA PMMG</p><p>CEL PM EDUARDO FELISBERTO ALVES</p><p>CHEFE DO GABINETE MILITAR DO GOVERNADOR</p><p>CEL PM OSVALDO DE SOUZA MARQUES</p><p>CHEFE DA ASSESSORIA ESTRATÉGICA DE OPERAÇÕES</p><p>TEN CEL PM WAGNER ALAN DE MATTOS</p><p>COLABORADORES 1ª EDIÇÃO (2010)</p><p>CEL PM FÁBIO MANHÃES XAVIER</p><p>CEL PM ANTÔNIO LEANDRO BETTONI DA SILVA</p><p>TEN CEL PM MARCELO VLADIMIR CORRÊA</p><p>MAJ PM ALFREDO JOSÉ ALVES VELOSO</p><p>MAJ PM WAGNER EUSTÁQUIO DA SILVA ALMEIDA</p><p>MAJ PM EDUARDO DOMINGUES BARBOSA</p><p>MAJ PM EDUARDO FELISBERTO ALVES</p><p>MAJ PM ÉDSON GONÇALVES</p><p>CAP PM ARNALDO AFFONSO</p><p>CAP PM MARCO AURÉLIO ZANCANELA DO CARMO</p><p>CAP PM QOS FABRÍZIA LOPES BRANDÃO PEREIRA</p><p>CAP PM RODOLFO CÉSAR MOROTTI FERNANDES</p><p>CAP PM RENATO SALGADO CINTRA GIL</p><p>CAP PM WANDERSON GARCIA COSTA NEVES</p><p>1º TEN PM ÉDSON H. RABELLO DE S. MENDES</p><p>1º TEN PM RODRIGO SALDANHA</p><p>1º TEN PM MOLISE Z. FONSECA DE SOUZA</p><p>1º TEN PM LUCIANA DO CARMO S. NOMINATO</p><p>2º TEN PM ANDERSON PEREIRA DE SOUSA</p><p>2º TEN PM RICARDO PEREIRA DE ARAUJO GOMES</p><p>1º SGT PM ANTÔNIO GERALDO ALVES SIQUEIRA</p><p>( - BEPM nº 10, de 05 de outubro de 2020 - ) Página : ( - 5 - )</p><p>2º SGT PM RINALDO ARAÚJO MARÇAL</p><p>3º SGT PM RICARDO MARTINS LOPES</p><p>3º SGT PM MÁRCIA DANIELA BANDEIRA SILVA</p><p>3º SGT PM NADJA ALVES DE SOUSA</p><p>3º SGT PM EDNA MÁRCIA COSTA MENDONÇA</p><p>CB PM ELIAS SABINO SOARES</p><p>SD PM LEONARDO GIORI DE OLIVEIRA</p><p>SD PM ALINE VANESSA ALVES</p><p>PROFº. HUGO DE MOURA</p><p>PROFª. MARIA SÍLVIA SANTOS FIÚZA</p><p>PEDAGª. ISABEL CRISTINA DE P. MOREIRA NAZARETH</p><p>ASS. JURÍDICA MARIA AMÉLIA PEREIRA</p><p>COLABORADORES 2ª EDIÇÃO (2013)</p><p>TEN CEL PM SÍLVIO JOSÉ DE SOUSA FILHO</p><p>MAJ PM EUGÊNIO PASCOAL DA CUNHA VALADARES</p><p>MAJ PM CLEVERSON NATAL DE OLIVEIRA</p><p>CAP PM RICARDO LUIZ AMORIM GONTIJO FOUREAUX</p><p>1º TEN PM HELIVELTON SALVADOR SANTANA</p><p>SUBTEN PM ANTÔNIO GERALDO ALVES SIQUEIRA</p><p>2º SGT PM DANILO TEIXEIRA ALCÂNTARA</p><p>2º SGT PM LUIZ HENRIQUE DE MORAES FIRMINO</p><p>CB PM ELIAS SABINO SOARES</p><p>COLABORADORES 3ª EDIÇÃO (2020)</p><p>REDAÇÃO</p><p>TEN CEL PM WAGNER ALAN DE MATTOS</p><p>TEN CEL PM RODRIGO SALDANHA</p><p>TEN CEL PM SANDRO ALEX CANUTO GONÇALVES</p><p>MAJ PM WELVISSON GOMES BRANDÃO</p><p>CAP PM IRAN MARTINS DE OLIVEIRA</p><p>1º TEN PM PABLO SÉRGIO DE SOUZA CORREA</p><p>1º TEN PM CLÁUDIO JOSÉ VIRGÍLIO</p><p>1º TEN PM BRUNO DINIZ CAMPOS</p><p>1º SGT PM DANILO TEIXEIRA ALCÂNTARA</p><p>1º SGT PM SANDRO GONÇALVES MAIA</p><p>1º SGT PM CÉSAR AUGUSTO VILAÇA JÚNIOR</p><p>( - BEPM nº 10, de 05 de outubro de 2020 - ) Página : ( - 6 - )</p><p>2º SGT PM DANIEL CORDEIRO RODRIGUES</p><p>FOTOGRAFIAS</p><p>CAP PM IRAN MARTINS DE OLIVEIRA</p><p>1º TEN PM CLÁUDIO JOSÉ VIRGÍLIO</p><p>1º SGT PM DANILO TEIXEIRA ALCÂNTARA</p><p>REVISÃO DOUTRINÁRIA</p><p>TEN CEL PM WAGNER ALAN DE MATTOS</p><p>1º TEN PM BRUNO DINIZ CAMPOS</p><p>3º SGT PM DANIELLE SUELI VENTURA</p><p>REVISÃO FINAL</p><p>TEN CEL PM WAGNER ALAN DE MATTOS</p><p>( - BEPM nº 10, de 05 de outubro de 2020 - ) Página : ( - 7 - )</p><p>LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS</p><p>APF - Auto de Prisão em Flagrante</p><p>AR - Auto de Resistência</p><p>BO - Boletim de Ocorrência</p><p>CCEAL - Código de Conduta para os Encarregados pela Aplicação da Lei</p><p>CG - Comando-Geral</p><p>COPOM - Centro de Operações Policiais Militares</p><p>HPM - Hospital da Polícia Militar</p><p>IMPO - Instrumento de Maior Potencial Ofensivo</p><p>IPM - Inquérito Policial Militar</p><p>MG - Minas Gerais</p><p>MTP - Manual Técnico-Profissional</p><p>NAIS - Núcleo de Atenção Integral à Saúde</p><p>ONU - Organização das Nações Unidas</p><p>PBUFAF -</p><p>Princípios Básicos sobre a Utilização da Força e de Armas de Fogo pelos</p><p>Funcionários Responsáveis pela Aplicação da Lei</p><p>PIDCP - Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos</p><p>PIDSEC - Pacto Internacional dos Direitos Sociais, Econômicos e Culturais</p><p>PM3 - Assessoria Estratégica de Operações</p><p>PMMG - Polícia Militar de Minas Gerais</p><p>REDS - Registro de Evento de Defesa Social</p><p>TCAF - Treinamento com Armas de Fogo</p><p>( - BEPM nº 10, de 05 de outubro de 2020 - ) Página : ( - 8 - )</p><p>LISTA DE FIGURAS</p><p>Figura 1 - Quarteto do pensamento tático ........................................................................... 24</p><p>Figura 2 - Etapas da intervenção policial ............................................................................. 35</p><p>Figura 3 - Modelo do uso diferenciado da força .................................................................. 62</p><p>Figura 4 - Local para transporte da arma portátil em viatura que não possui cabide. ......... 66</p><p>Figura 5 - Policial militar com a arma na posição 1 (arma localizada) e suas variações ...... 67</p><p>Figura 6 - Policial militar com a arma na posição 2 (arma em guarda-baixa) e suas</p><p>variações ............................................................................................................................. 68</p><p>Figura 7 - Policial militar com a arma na posição 3 (arma em guarda-alta) e suas variações</p><p>............................................................................................................................................</p><p>( - BEPM nº 10, de 05 de outubro de 2020 - ) Página : ( - 40 - )</p><p>40</p><p>6 PROCESSO DE COMUNICAÇÃO</p><p>A comunicação é um grande facilitador para o sucesso da atuação policial nas diversas</p><p>interações com o público, como um dos fatores mais importantes das intervenções policiais</p><p>militares, se bem realizado propiciará a melhoria da sensação de segurança e facilitará,</p><p>entre outros aspectos, as ações durante a abordagem propriamente. Por isso, o policial</p><p>militar deve dar atenção a este processo, para maximizar resultados positivos na sua</p><p>atividade profissional.</p><p>A comunicação é um processo de interação estabelecida no mínimo entre duas pessoas,</p><p>construindo entre ambas um intercâmbio de sentimentos e ideias. Este processo, por si só,</p><p>já remete a uma série de interpretações diferenciadas, pois, com características únicas que</p><p>temos, podemos entender distintamente as mensagens. Isso significa que, cada pessoa,</p><p>que se passa a considerar como interlocutor, troca informações baseadas em seu repertório</p><p>cultural, sua formação educacional, vivências, emoções e toda a "bagagem" que traz</p><p>consigo, assim como, o receptor agirá da mesma maneira, segundo o seu próprio filtro</p><p>cultural.</p><p>A maior dificuldade de interpretação está em fatores como a escolha de palavras utilizadas</p><p>na fala e na escrita, gestos e postura corporal, bem como o meio pelo qual a mensagem é</p><p>transmitida e estabelecida. Este canal também pode estar sujeito aos ruídos (celulares que</p><p>tocam em hora errada, barulho do trânsito, tom de voz alto ou baixo demais) e tantos outros</p><p>problemas que atrapalham a compreensão da mensagem enviada. A falta de clareza e a</p><p>adequação para o tipo de público, a impropriedade da técnica, a urgência com que a</p><p>mensagem é transmitida, e outros fatores, podem dificultar ou mesmo impossibilitar a</p><p>compreensão.</p><p>A escolha dos meios de comunicação e a utilização das ferramentas disponíveis devem ser</p><p>observadas de modo a facilitar todo o processo com o menor índice de ruídos possível. O</p><p>sucesso na comunicação não depende só da forma como a mensagem é transmitida, a</p><p>compreensão dela é fator fundamental, lembre-se que vivemos em sociedade de cultura</p><p>diversificada, e o que às vezes parece óbvio para você para seu interlocutor não é.</p><p>ATENÇÃO: Para que a comunicação atinja o seu objetivo, o melhor</p><p>caminho é a simplicidade.</p><p>( - BEPM nº 10, de 05 de outubro de 2020 - ) Página : ( - 41 - )</p><p>41</p><p>Simplicidade quer dizer que o emissor transmite uma mensagem para o receptor de forma</p><p>clara, fácil e possível de ser entendida.</p><p> Emissor é aquele que fala, escreve, desenha, faz mímica; é o ponto de onde parte a</p><p>mensagem;</p><p> Receptor é aquele que quer ou precisa ouvir e aprender; é o destinatário da mensagem;</p><p> Mensagem é o conteúdo do que se quer dizer e comunicar.</p><p>6.1 Comunicação na intervenção policial</p><p>Para potencializar o uso da comunicação nas intervenções policiais militares, serão</p><p>apresentadas, a seguir, algumas orientações baseadas em áreas específicas do</p><p>conhecimento (fonoaudiologia, psicologia e neurolinguística).</p><p>O primeiro contato com o abordado é de fundamental importância, haja vista que irá</p><p>construir mentalmente uma imagem do policial militar (e da Polícia Militar), por meio da</p><p>análise da postura, apresentação pessoal e, principalmente, da fala e gestos. Esses fatores</p><p>contribuem para a credibilidade, legitimidade e confiança na autoridade. Mesmo quando não</p><p>está realizando um contato, ou fora do serviço, sua postura deve ser exemplar, porque esse</p><p>é o primeiro aspecto que se avalia.</p><p>O processo de comunicação decorre dessa avaliação prévia do cidadão e é moldado pela</p><p>maneira como o policial conduz a interação.</p><p>Algumas atitudes contribuem para a solução pacífica dos conflitos e o alcance dos objetivos</p><p>institucionais e, consequentemente, para a boa imagem e a legitimidade de suas</p><p>intervenções. Dentre elas, o policial militar deve ser:</p><p>A APRESENTAÇÃO PESSOAL É O CARTÃO DE VISITA DO POLICIAL MILITAR.</p><p>Uma boa imagem é representada por detalhes importantes como: fardamento limpo e</p><p>adequado e cuidados com a higiene pessoal, dentro dos padrões estabelecidos pelas</p><p>normas da PMMG. Outros comportamentos como o uso irregular de cobertura e de</p><p>acessórios exóticos ou extravagantes transmitem a ideia de descaso e relaxamento.</p><p>( - BEPM nº 10, de 05 de outubro de 2020 - ) Página : ( - 42 - )</p><p>42</p><p> firme: agir de forma segura, estável, constante, comunicando de maneira polida e sem</p><p>truculência;</p><p> justo: atuar de acordo com o ordenamento jurídico e em conformidade com os princípios</p><p>éticos, respeitando a dignidade da pessoa;</p><p> cortês: o policial militar deve ser educado, atencioso e solícito. A seriedade e a firmeza</p><p>necessárias não podem ser confundidas com indiferença ou grosseria.</p><p>O diálogo entre o policial militar e o abordado pode ser prejudicado e sofrer interferências</p><p>diante de uma postura que denote agressividade, arrogância ou descaso.</p><p>Exemplo: o policial militar que aponta o dedo indicador para o abordado, ou se lhe apresenta</p><p>com os braços cruzados ou com o rosto sisudo.</p><p>Ao dirigir-se às pessoas, o policial militar não deve fazer uso de gírias ou palavras</p><p>vulgares porque transmitem uma má impressão e afetam a credibilidade junto aos</p><p>envolvidos. Mantendo uma linguagem firme e cordial, o policial militar demonstra</p><p>profissionalismo e controle da situação.</p><p>Outro aspecto importante da comunicação é o volume da voz. O policial militar deve atentar</p><p>para este aspecto, a fim de facilitar sua comunicação, adequando-o às diversas situações,</p><p>podendo modificá-lo para alcançar melhor seu objetivo. O volume da voz deve se adaptar ao</p><p>nível de cooperação do abordado, devendo aumentar ou diminuir, conforme o nível de força</p><p>empregado. O som da voz deve chegar claramente ao ouvinte, para que ele possa entender</p><p>e interagir com o policial militar.</p><p>Cabe ao policial militar fazer uma leitura do ambiente, para adequar o uso da voz a cada</p><p>situação, lembrando que o volume muito baixo inviabiliza a comunicação, por dificultar o</p><p>entendimento, e o volume muito alto, quando desnecessário, pode se tornar agressivo,</p><p>incômodo e deseducado. Devem ser levadas em consideração as possíveis interferências</p><p>sonoras (ruídos) presentes em um determinado ambiente.</p><p>Outros fatores como o timbre (qualidade sonora que identifica a voz de uma pessoa), a</p><p>dicção (pronúncia correta dos sons das palavras) e a velocidade com que se fala são</p><p>determinantes para a qualidade da comunicação estabelecida. Nos treinamentos, o policial</p><p>militar deve buscar o timbre em que sua voz fique mais clara, pronunciar as palavras com</p><p>( - BEPM nº 10, de 05 de outubro de 2020 - ) Página : ( - 43 - )</p><p>43</p><p>calma e correção e em velocidade que possibilite ao interlocutor compreender exatamente o</p><p>que está sendo dito. A fala confusa ou vagarosa causa a impressão de indecisão ou</p><p>desânimo, gera descrédito e insegurança. Em contrapartida, falar muito rápido denota</p><p>ansiedade, dúvida e desatenção.</p><p>O silêncio também pode transmitir mensagens não verbais. O policial militar, ao se</p><p>comunicar, deve utilizar-se de pausas em suas falas, verificando o nível de cooperação do</p><p>abordado, proporcionando tempo para que este entenda e cumpra o que lhe foi determinado.</p><p>Pausas eficazes na interlocução e um processo de perguntas e respostas logicamente</p><p>ordenadas podem ser determinantes para o sucesso da verbalização.</p><p>Outro aspecto a ser considerado é que toda pessoa tem um espaço (área física em seu</p><p>entorno) que considera psicologicamente reservado para aqueles que são íntimos a ela. Ao</p><p>aproximar-se demasiadamente de uma pessoa, o policial militar invade este “espaço</p><p>pessoal” e pode provocar, no abordado, o desejo inconsciente de afastar, fugir, ou defender-</p><p>se. Qualquer palavra dita nessa situação poderá soar agressivamente.</p><p>Assim sendo, o policial militar deverá estabelecer o contato inicial com o abordado, a uma</p><p>distância segura (ver MTP 02), para criar um vínculo verbal e de confiança. Por exemplo,</p><p>numa intervenção nível I, pode “quebrar o gelo” com uma saudação verbal, demonstrando</p><p>interesse ao também olhar diretamente nos olhos do interlocutor sorrindo.</p><p>Numa intervenção nível II, explicando o que será realizado, antes de se aproximar, exemplo:</p><p>“— Fique Parado! Vamos realizar uma busca pessoal. Você me</p><p>entendeu?”</p><p>Numa intervenção nível lII, dando comandos imperativos, como:</p><p>“— Deite-se! Coloque as mãos sobre a cabeça!”</p><p>É importante ressaltar que os elementos não verbais utilizados na comunicação durante a</p><p>abordagem influenciam na percepção que policial militar e o abordado constroem um do</p><p>outro. Por isso, os policiais militares devem estar atentos aos efeitos que suas mensagens</p><p>não verbais provocam e, ao mesmo tempo, observar e retirar conclusões dos elementos</p><p>emitidos pelo abordado.</p><p>A comunicação bem trabalhada pode evitar o emprego de níveis de força superiores,</p><p>facilitando o desenrolar das intervenções policiais. O policial militar passa a ter um maior</p><p>( - BEPM nº 10, de 05 de outubro de 2020 - ) Página : ( - 44 - )</p><p>44</p><p>controle da situação, minimizando, em grande parte dos casos, a possibilidade de uma</p><p>reação indesejada.</p><p>O modo de agir, de se postar e falar com o abordado interfere diretamente na sua reação,</p><p>auxilia no nível de cooperação e no acatamento das ordens. Dessa forma, a postura do</p><p>policial militar, durante a abordagem, pode evitar manifestações de descontentamento que</p><p>exijam a adoção de medidas coercitivas pela polícia, como os controles de contatos e os</p><p>controles físicos, as técnicas de menor potencial ofensivo e, como medida extrema, o uso da</p><p>arma de fogo.</p><p>6.1.1 Verbalização durante a abordagem policial</p><p>Uma das formas da comunicação é a verbalização. Verbalizar 8 significa expressar ou</p><p>exprimir algo na forma de palavras. Na técnica policial-militar, o conceito de verbalização diz</p><p>respeito ao uso da fala e de comandos verbais que, apesar de constituírem um dos níveis</p><p>de uso da força, conforme seção 7, estarão presentes em todo tipo de intervenção policial-</p><p>militar.</p><p>Nas teorias de comunicação, diz-se que, uma informação somente é eficaz quando</p><p>apresenta, dentre outras, duas características fundamentais:</p><p> clareza: utilização de linguagem de fácil compreensão;</p><p> precisão: grau de detalhamento suficiente para produzir o resultado desejado (ser</p><p>prático, objetivo, direto).</p><p>As técnicas de comunicação estabelecem que antes mesmo de haver a troca de palavras</p><p>propriamente dita entre as pessoas, existem elementos verbais e não verbais que interagem</p><p>entre o emissor e receptor.</p><p>O policial militar não deve alimentar a expectativa de que o abordado sempre se disponha a</p><p>colaborar de forma espontânea. Assim, deve buscar o controle da situação por meio de uma</p><p>verbalização adequada, emitindo ordens legais, claras, objetivas e pertinentes.</p><p>Durante a abordagem, o policial militar deve explicar os motivos da intervenção e o</p><p>comportamento que se espera do abordado.</p><p>8 FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Minidicionário da língua portuguesa. Rio de Janeiro: Nova Fronteira,</p><p>1993.</p><p>( - BEPM nº 10, de 05 de outubro de 2020 - ) Página : ( - 45 - )</p><p>45</p><p>Ao abordar, não aponte o dedo indicador para a face do abordado, nem toque no seu corpo,</p><p>salvo nos casos em que se faz necessário o controle de contato, o controle físico e a busca</p><p>pessoal. Respeitando seu espaço pessoal, será mais fácil obter sua cooperação.</p><p>O policial militar deve manter o equilíbrio e o autocontrole, mesmo se o abordado não</p><p>obedecer, se fizer comentários ofensivos, ignorar a sua presença ou atrair a atenção de</p><p>pessoas em volta. A linguagem que deve prevalecer é a do policial militar e não a do</p><p>abordado. Manter um diálogo claro, direto, não emocional e sem abusos, demonstra</p><p>profissionalismo e domínio da situação. Dessa forma, o policial militar ganha credibilidade</p><p>junto à população e atrai a confiança de testemunhas, que poderão confirmar que foram</p><p>dadas todas as chances ao abordado para cooperar, sem utilizar a força, mas que ele se</p><p>recusou a acatar.</p><p>O policial militar deve transmitir ao abordado uma mensagem clara, de que poderá agir em</p><p>resposta às suas agressões ou à falta de cooperação. Por meio de um diálogo moderado e</p><p>incisivo, o policial militar deve explicar que seus comandos são ordens legais e que o</p><p>descumprimento pode configurar infração penal e resultar no uso da força.</p><p>Deve ser considerada a possibilidade de a pessoa abordada ter dificuldade na compreensão</p><p>e no cumprimento da ordem, por tratar-se de pessoa com deficiência (física e/ou mental) ou</p><p>por estar sob efeito de substâncias como álcool, drogas ou medicações específicas, que</p><p>alteram a capacidade cognitiva.</p><p>O policial militar deve ter consciência da existência de uma insatisfação natural das pessoas</p><p>quando são abordadas. O policial militar se apresenta como autoridade, intervindo</p><p>momentaneamente no direito de ir e vir, podendo ainda causar uma exposição</p><p>constrangedora do abordado perante seus familiares ou o público presente.</p><p>Exemplo: possibilidade de se gerar atraso em deslocamentos para compromissos, devido a</p><p>operações do tipo Blitz.</p><p>Um grande número de pessoas não gosta de ser parado pela polícia, ainda que seja para</p><p>uma simples verificação de rotina, visto que, na maioria das vezes, seja de senso comum a</p><p>ATENÇÃO! A verbalização pode e deve ser empregada em conjunto</p><p>com todos os outros níveis de força. Deve estar presente durante</p><p>toda a intervenção policial.</p><p>( - BEPM nº 10, de 05 de outubro de 2020 - ) Página : ( - 46 - )</p><p>46</p><p>ideia de que foi “escolhido” por ter sido considerado suspeito. Nesses termos, é razoável</p><p>que o abordado, nas diversas intervenções, tente argumentar ou questionar a forma ou a</p><p>legalidade da ação policial militar, não cumprindo de imediato as recomendações, alegando</p><p>não admitir ser tratado como “infrator”. É importante diferenciar essa compreensível</p><p>sensação de incômodo vivenciada pelo abordado, de outra conduta mais séria que configure</p><p>os crimes de resistência, desobediência e/ou desacato.</p><p>Dessa forma, o policial militar deve iniciar a comunicação, sabendo que os elementos de</p><p>empatia, na maioria das vezes, estarão ausentes. Por isso, deve aumentar sua preocupação</p><p>com os aspectos não verbais, de forma a garantir que suas mensagens sejam claras e</p><p>precisamente transmitidas.</p><p>Para evitar percepções equivocadas por parte do abordado e prejuízo na comunicação, o</p><p>policial militar deve treinar constantemente, de preferência diante de um espelho, analisando</p><p>a sua imagem, considerando todos os elementos verbais e não verbais, enquanto pratica os</p><p>comandos típicos de uma abordagem policial militar.</p><p>O policial militar deve variar sua comunicação, de acordo com as diferentes formas de</p><p>reação do abordado. O diálogo deve ter uma sequência lógica. A fala do policial militar deve</p><p>ser concisa, simples e de fácil execução.</p><p>Seguem abaixo, exemplos de diálogos que podem servir de referência.</p><p>a) Abordado cooperativo</p><p>Mantendo-se no estado de prontidão apropriado, após realizar a avaliação dos riscos e</p><p>decidir por executar a abordagem, o policial militar inicia o contato verbal.</p><p>“— Bom dia! Eu sou o Sargento ... (dizer o posto / a graduação e o</p><p>nome), da Polícia Militar. Tudo Bem?”</p><p>Utilize o complemento POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS, caso esteja em operação</p><p>próximo à divisa / fronteira do Estado.</p><p>Deve utilizar pausas e interromper a sua fala, aguardando a resposta do abordado, para</p><p>verificar se houve entendimento da sua mensagem e qual é o nível preliminar de</p><p>cooperação demonstrado.</p><p>( - BEPM nº 10, de 05 de outubro de 2020 - ) Página : ( - 47 - )</p><p>47</p><p>Utilizando comandos simples e sequenciais, o policial militar explica para a pessoa o que</p><p>está ocorrendo e, se possível, o que motivou a abordagem.</p><p>Por se tratar, a princípio, de abordado cooperativo, o policial militar dá sequência às ordens,</p><p>pausadamente, dando tempo para que o abordado cumpra as determinações, mantendo-se</p><p>atento aos elementos verbais e não verbais do abordado, para facilitar o processo de</p><p>análise de riscos.</p><p>“— Permaneça parado, coloque as mãos sobre a cabeça e entrelace</p><p>os dedos.”</p><p>“— Pare! Vire-se de frente para a parede.” ou “— Vire-se de frente</p><p>para mim.”</p><p>“— Pare! Preste atenção! Lentamente, tire sua mão do bolso (sacola,</p><p>mochila ...).”</p><p>É conveniente fazer perguntas ao abordado e mantê-lo constantemente com a atenção</p><p>voltada para o policial militar que verbaliza. Isso contribuirá para reduzir sua capacidade de</p><p>reação (ver Processo mental da agressão - Seção 4).</p><p>Terminada a abordagem:</p><p>“— Agradeço pela colaboração e conte com o nosso serviço. Tenha</p><p>um bom dia!”</p><p>b) Abordado resistente passivo</p><p>Caso o abordado descumpra algum comando, agindo de forma passiva, morosa, apática ou</p><p>indiferente (mas que não constitua agressão), o policial militar deve, inicialmente, alertá-lo</p><p>sobre as consequências da desobediência à ordem legal. Persistindo tal comportamento,</p><p>deve agir com superioridade de força, usando os meios necessários e moderados para</p><p>compeli-lo ao cumprimento da determinação legal.</p><p>Dessa forma, a entonação da voz do policial militar poderá se tornar mais enérgica e o</p><p>volume mais alto, demonstrando a seriedade da situação e impondo a autoridade, caso o</p><p>abordado demonstre resistência ao acatamento das ordens.</p><p>( - BEPM nº 10, de 05 de outubro de 2020 - ) Página : ( - 48 - )</p><p>48</p><p>A desobediência do abordado e a resistência em cumprir as ordens deverão ser entendidas</p><p>como indicativos de ameaça. Nesse caso, o policial militar deve estar pronto para responder</p><p>a algum tipo de agressão.</p><p>O policial militar deverá verificar, por meio de verbalizações, se o abordado compreende o</p><p>que está sendo dito:</p><p>“— Você está me entendendo?” ou,</p><p>“ O que está acontecendo? ” ou,</p><p>“Está tudo bem? Você está com algum problema?”</p><p>Se o abordado demorar a responder ou a acatar as determinações, mas não estiver</p><p>esboçando algum tipo de agressão, o policial militar deverá insistir na recomendação dada,</p><p>repetindo a mesma ordem por duas ou três vezes. Esse procedimento de repetição literal da</p><p>ordem, de forma pausada, sistemática e firme, reforça a autoridade profissional da Polícia</p><p>Militar, demonstrando determinação e convicção, além de contribuir para que as eventuais</p><p>testemunhas possam confirmar a legalidade da ação.</p><p>Utilize expressões que facilitem a aproximação com o abordado. Não seja ríspido ou</p><p>impaciente. Procure alcançar o receptor com seu discurso. Ao invés de responder com</p><p>negativas, use afirmativas que desestimulem a sua falta de cooperação:</p><p>“— Entendo o seu ponto de vista! Mas é uma questão de segurança.”</p><p>ou,</p><p>“— Entenda, é o meu dever. Se você obedecer, será mais seguro</p><p>para todos.”</p><p>Caso o abordado continue descumprindo as ordens, deverá ser</p><p>advertido quanto a este comportamento, esclarecendo tratar-se de</p><p>infração penal (desobediência).</p><p>“— Obedeça! Desobediência é crime!” ou,</p><p>“— Cidadão, isto é uma ordem legal! Faça o que estou mandando!”</p><p>ou,</p><p>“— Isto é uma advertência, vou usar de força!”</p><p>( - BEPM nº 10, de 05 de outubro de 2020 - ) Página : ( - 49 - )</p><p>49</p><p>O policial militar deve considerar que poderão existir diversas razões para que o abordado</p><p>possa resistir de maneira passiva às ordens dadas pelo policial militar, por exemplo:</p><p> quando não compreende a ordem emanada pela autoridade;</p><p> quando não acata simplesmente porque quis desafiar a autoridade ou desmerecer a ação</p><p>policial-militar, tentando, assim, expô-lo a uma situação humilhante frente ao público, ou</p><p>ainda, provocar o uso excessivo de força;</p><p> quando busca conseguir a simpatia de pessoas a sua volta, colocando-as contra a</p><p>atuação da polícia, assumindo assim uma posição de vítima;</p><p> quando tem algo a esconder (armas, drogas, outros) e busca distrair a atenção do policial</p><p>militar;</p><p> quando quer ganhar tempo para fugir ou enfrentar fisicamente os policiais militares, isto</p><p>é, com resistência ativa.</p><p>O policial militar procura, então, identificar no comportamento do abordado, as possíveis</p><p>causas de sua resistência, devendo estar atento para não se deixar levar por provocações</p><p>do abordado, o qual procura fazer-se de vítima, diante da intervenção.</p><p>Nesses casos, o policial militar deve se resguardar, podendo fazer uso de tecnologias que</p><p>possibilitem gravar a sua ação e, sempre que possível, por meio do testemunho de</p><p>pessoas, presumidamente idôneas, que estejam próximas ao local, acionando-as para que</p><p>presenciem a repetição da ordem legal emitida e o descumprimento, ou</p><p>resistência/relutância do abordado em cumpri-la.</p><p>“— Ei! Você! me acompanhe! Preciso que o senhor presencie esta</p><p>situação.”</p><p>Repita a ordem ao abordado diante da testemunha.</p><p>“— Esta é uma ordem legal ou Estou ordenando legalmente a este</p><p>cidadão. Ele se recusa a colaborar / foi advertido de que será usada</p><p>força contra ele / foi alertado de que poderá ser preso por</p><p>desobediência.”</p><p>( - BEPM nº 10, de 05 de outubro de 2020 - ) Página : ( - 50 - )</p><p>50</p><p>Os recursos tecnológicos (aparelhos telefônicos celulares que tiram fotos, filmam, gravam</p><p>áudio, ou outros similares) que estejam acessíveis para comprovar a atuação legítima do</p><p>policial militar e a resistência do abordado, podem ser utilizados. Nesse caso, o policial</p><p>militar deve proceder com especial atenção, com relação a sua postura e segurança, de</p><p>forma que não se torne vulnerável durante este procedimento, e alertar formalmente ao</p><p>interlocutor que estará registrando a intervenção.</p><p>c) Abordado resistente ativo</p><p>Caso a ação por parte do abordado se materialize em algum tipo de agressão,</p><p>caracterizando a resistência ativa, a ação policial-militar deve prosseguir na reação,</p><p>utilizando o nível de força proporcional sem, contudo, interromper a verbalização.</p><p>Nos casos de resistência física, o policial militar deve mensurar e avaliar as atitudes do</p><p>abordado, adaptando a verbalização, sendo mais imperativo e impositivo, alertando</p><p>imediatamente o restante da equipe sobre essa resistência do abordado, com foco na</p><p>segurança dos policiais e de terceiros.</p><p>Diante da agressão, o policial militar deverá repelir a agressão com os meios necessários,</p><p>proporcional a ameaça e reforçará o volume de voz, emitindo ordens diretas, devendo</p><p>advertir o abordado de que tal procedimento implica crime (desacato ou resistência).</p><p>“— Parado! Não se aproxime!</p><p>— Mostre as mãos!</p><p>— Obedeça a ordem policial!</p><p>— Vou empregar a Força!”</p><p>Nesse caso, o abordado já iniciou algum tipo de agressão e o policial militar deve estar</p><p>pronto para repelir a injusta agressão utilizando os meios necessários.</p><p>ATENÇÃO! Cuidado com o uso e a destinação do material</p><p>registrado. O direito à imagem é parte da dignidade humana e cabe</p><p>ao policial militar protegê- la. Esses registros eletrônicos só poderão</p><p>ser utilizados de maneira oficial, sendo vedada a divulgação ou a</p><p>distribuição à imprensa ou a outros órgãos.</p><p>( - BEPM nº 10, de 05 de outubro de 2020 - ) Página : ( - 51 - )</p><p>51</p><p>d) Verbalização no caso de prisão</p><p>Após a constatação de uma situação que se configure em prisão do abordado, são</p><p>adequadas as seguintes frases:</p><p>“— Fulano ... (citar o nome da pessoa presa). Sou o ... (citar o posto</p><p>ou a graduação e o nome do policial condutor da prisão).</p><p>— Você está preso pelo cometimento do crime de (citar o delito).</p><p>— Depois de ser qualificado, você tem o direito de permanecer</p><p>calado, durante seu interrogatório.</p><p>— Você tem o direito a assistência da sua família e de advogado.</p><p>— Você será encaminhado à delegacia... (citar o local onde será feito</p><p>o encerramento do BO/REDS).</p><p>— Na delegacia, sua família ou a pessoa indicada por você poderá</p><p>ser comunicada.”</p><p>É conveniente fazer perguntas à pessoa presa, na presença de</p><p>testemunhas, tais como:</p><p>“ — Você conferiu os seus pertences?</p><p>— Você está machucado?</p><p>— Precisa de atendimento médico?”</p><p>6.2 Considerações finais</p><p>Algumas atitudes por parte do policial militar podem contribuir para tornar a comunicação</p><p>simples, rápida e eficaz, por abrangerem pontos importantes para o sucesso em uma</p><p>abordagem, dentre elas:</p><p>a) saber ouvir e compreender a mensagem do abordado, sendo capaz de responder ao que</p><p>foi perguntado;</p><p>b) adaptar a mensagem a cada tipo de público, sem perder a clareza e a objetividade;</p><p>c) escolher o momento certo para realizar a comunicação;</p><p>d) ser paciente, pois cada pessoa tem um ritmo, um modo e uma capacidade de internalizar</p><p>e compreender a mensagem;</p><p>e) demonstrar segurança e confiança.</p><p>( - BEPM nº 10, de 05 de outubro de 2020 - ) Página : ( - 52 - )</p><p>52</p><p>Uma das principais funções do policial militar moderno é a resolução pacífica de conflitos. A</p><p>verbalização é uma ferramenta fundamental colocada à disposição do policial militar na</p><p>resolução de conflitos.</p><p>O uso correto das técnicas aqui apresentadas aumenta a segurança nas intervenções</p><p>policiais militares e diminui, consideravelmente, a necessidade do uso da força em níveis</p><p>mais elevados.</p><p>( - BEPM nº 10, de 05 de outubro de 2020 - ) Página : ( - 53 - )</p><p>53</p><p>7 USO DA FORÇA</p><p>É necessário ter um conceito claro e objetivo de “força”. A palavra tem significados</p><p>diferentes dependendo do contexto. Geralmente, força representa energia, ação de contato</p><p>físico, vigor, robustez, esforço, intensidade, coercibilidade, dentre outros.</p><p>A força, no âmbito policial, é definida como sendo o meio pelo qual a Polícia Militar controla</p><p>uma situação que ameaça à ordem pública, o cumprimento da lei, a integridade ou a vida</p><p>das pessoas. Sua utilização deve estar condicionada à observância dos limites do</p><p>ordenamento jurídico e ao exame constante das questões de natureza ética. A força, no</p><p>âmbito militar, com possibilidade de emprego em missões extraordinárias pela Polícia Militar,</p><p>será objeto de Instruções específicas, como em caso de perturbação da ordem, ou grave</p><p>perturbação, conflito armado interno ou outras missões.</p><p>O presente conteúdo deverá ser aplicado como referência de doutrina institucional da</p><p>PMMG para todas as intervenções policiais militares que exijam o uso da força no âmbito</p><p>policial. As particularidades referentes ao uso da força pela Polícia Militar de forma coletiva</p><p>(formações de tropa), tais como ações de controle de distúrbio civil, rebeliões em presídio,</p><p>eventos com grandes públicos e outras operações, além do conteúdo desta seção, serão</p><p>complementadas em Manual Técnico-Profissional próprio.</p><p>O uso da força é um tema que engloba muitas variáveis e possibilidades de ação. De acordo</p><p>com as circunstâncias, sua intensidade pode variar desde a simples presença policial-militar</p><p>até o emprego de força potencialmente letal como o disparo da arma de fogo contra pessoa,</p><p>sendo, neste caso, considerado como o único recurso capaz de cessar a ação delituosa e</p><p>de medida extrema de uma intervenção policial.</p><p>O Estado detém o monopólio do uso da força que é exercida por intermédio dos seus</p><p>órgãos de segurança. Assim, o policial militar, no cumprimento de suas atividades, poderá</p><p>usá-la para repelir uma ameaça à sua segurança ou à de terceiros e à estabilidade da</p><p>sociedade como um todo (uma violência contra o policial militar é um atentado contra a</p><p>própria sociedade e pode ser considerado crime hediondo (vide Lei nº 13.142/159).</p><p>9 A Lei nº 13.142/15 define os crimes de homicídio, lesão corporal de natureza gravíssima e lesão corporal</p><p>seguida de morte praticados contra agentes de segurança pública como hediondos, seja no exercício da função</p><p>ou em razão dela.</p><p>( - BEPM nº 10, de 05 de outubro de 2020 - ) Página : ( - 54 - )</p><p>54</p><p>A força aplicada por um policial militar é um ato discricionário, legal, legítimo e profissional.</p><p>Pode e deve ser usada no cotidiano operacional, sem receio das consequências advindas</p><p>de seu emprego, desde que o policial militar cumpra com os princípios éticos e legais que</p><p>regem sua profissão.</p><p>Deve ficar claro para o policial militar que o uso da força não se confunde com violência10,</p><p>haja vista que esta última é uma ação arbitrária, ilegal, ilegítima e não profissional.</p><p>O policial militar poderá usar a força no exercício das suas atividades, não sendo necessário</p><p>que ele ou outrem seja atacado primeiro, ou exponha-se desnecessariamente ao perigo,</p><p>antes que possa empregá-la. O seu emprego eficiente requer uma análise dinâmica e</p><p>contínua sobre as circunstâncias presentes, de forma que a intervenção policial resulte num</p><p>menor dano possível. Para tanto, é essencial que ele se aperfeiçoe, constantemente, em</p><p>procedimentos para a solução pacífica de conflitos, estudos relacionados ao comportamento</p><p>humano, conhecimento de técnicas de persuasão, negociação e mediação, dentre outros</p><p>que contribuam para a sua profissionalização nesse tema.</p><p>7.1 Princípios do uso da força</p><p>O uso da força pelos integrantes da PMMG deve ser norteado pelo cumprimento da lei e da</p><p>ordem, pela preservação da vida, da integridade física das pessoas envolvidas em uma</p><p>intervenção policial-militar e, ainda, pelos princípios relacionados a seguir:</p><p> Legalidade</p><p>Constitui-se na utilização de força para a consecução de um objetivo legal e nos estritos</p><p>limites do ordenamento jurídico.</p><p>Este princípio deve ser compreendido sob os aspectos do:</p><p>Resultado: Considera a motivação ou a justificativa para a intervenção da Polícia Militar. O</p><p>objeto da ação deve ser sempre dirigido a alcançar o objetivo legal. Deste modo, a lei</p><p>protege o resultado da ação policial-militar.</p><p>10 O assunto foi discutido no artigo “Uso de Força e a Ostensividade na Ação Policial”, de Jacqueline Muniz,</p><p>Domício Proença Junior e Eugênio Diniz, publicado no periódico Conjuntura Política. Boletim de Análise -</p><p>Departamento de Ciência Política da UFMG, BELO HORIZONTE, pp:22-26, 20 de abril de 1999.</p><p>( - BEPM nº 10, de 05 de outubro de 2020 - ) Página : ( - 55 - )</p><p>55</p><p>Exemplo: o princípio da legalidade não está presente se o policial militar usa de violência</p><p>para extrair a confissão de uma pessoa. A tortura é vedada em qualquer situação e não</p><p>justifica o objetivo a ser alcançado, por meio de mecanismos que infringem o direito do</p><p>indivíduo de não produzir prova contra si mesmo ou declarar-se culpado.</p><p>Processo: considera que os meios e os métodos utilizados pelo policial militar devem ser</p><p>legais, ou seja, em conformidade com as normas (leis, regulamentos, diretrizes, entre</p><p>outros).</p><p>Exemplo: o policial militar não cumpre o princípio da legalidade se, durante o seu serviço,</p><p>usar arma e munições não autorizadas pela Instituição, tais como armas sem registro, com</p><p>numeração raspada, calibre proibido, munições particulares, dentre outras.</p><p> Necessidade</p><p>O uso da força será empregado quando, devido as circunstâncias apresentadas no cenário</p><p>de atuação, for impossível de se evitar. Guarda relação com a ação que se espera e o meio</p><p>disponível.</p><p>O uso da força num nível mais elevado é considerado necessário quando, após tentar</p><p>outros meios (verbalização, persuasão, entre outros) para solucionar o problema, torna-se</p><p>único recurso capaz de solucionar a crise, a ser utilizado pelo policial militar. Sendo</p><p>necessário utilizar imediatamente um nível de força mais elevado, o policial militar não</p><p>precisa percorrer os demais níveis.</p><p>Exemplo: o policial militar pode utilizar a força potencialmente</p><p>letal (disparo de arma de</p><p>fogo), para defender a sua vida ou de outra pessoa que se encontra em perigo iminente,</p><p>provocado por um infrator, sempre que outros meios não tenham sido suficientes ou</p><p>oportunos para impedir a agressão.</p><p> Proporcionalidade</p><p>O nível de força utilizado pelo policial militar deve ser compatível, adequado e aceitável, ao</p><p>mesmo tempo, com a gravidade da ameaça, representada pela ação do infrator e com o</p><p>objetivo legal pretendido.</p><p>( - BEPM nº 10, de 05 de outubro de 2020 - ) Página : ( - 56 - )</p><p>56</p><p>Um nível maior de força pode ser empregado quando outros de menor intensidade não</p><p>forem suficientes para atingir os objetivos legais pretendidos.</p><p>Gravidade da ameaça: para ser avaliada, deverão ser considerados, entre outros aspectos,</p><p>a intensidade, a periculosidade e a forma de proceder do agressor, a hostilidade do</p><p>ambiente (histórico e fatores que indiquem violência do local de atuação, além de</p><p>experiências e relatos de situações semelhantes conhecidas que resultaram em risco de</p><p>morte para os policiais e envolvidos) e os meios disponíveis ao policial militar (habilidade</p><p>técnica e equipamentos).</p><p>De acordo com a evolução da ameaça (aumento ou redução) o policial militar readequará o</p><p>nível de força a ser utilizado, tornando-o proporcional às ações do infrator, o que confere</p><p>uma característica dinâmica a este princípio.</p><p>Exemplo: não é considerada proporcional a ação policial-militar, com o uso da força</p><p>potencialmente letal (disparando sua arma de fogo) contra um cidadão que resiste</p><p>passivamente, com gestos e questionamentos, a uma ordem de colocar as mãos sobre a</p><p>cabeça, durante a busca pessoal. Neste caso, a verbalização e/ou o controle de contato</p><p>corresponderão ao nível de força indicado (proporcional). Entretanto, é considerado</p><p>proporcional a ação policial-militar, com o uso da força potencialmente letal (disparando sua</p><p>arma de fogo) contra um cidadão que atenta contra a vida do policial utilizando uma arma</p><p>branca com potencial igualmente letal. Isto porque neste caso, a verbalização e ou o</p><p>controle de contato podem não ser suficientes para cessar a ação e resultar em graves</p><p>ferimentos ou mesmo a morte do policial.</p><p>Objetivo legal pretendido: consiste em aferir se o resultado da ação policial-militar está</p><p>pautado na lei. Visa à proteção da vida, da integridade física e do patrimônio das pessoas</p><p>que estejam sofrendo ameaças, além da manutenção da ordem pública e do cumprimento</p><p>da lei. Guarda correlação direta com o princípio da legalidade, no que se refere ao aspecto</p><p>“resultado”.</p><p>O princípio da proporcionalidade não exclui o princípio da supremacia de força que</p><p>deverá imperar sempre que possível, nas ações ou operações policiais militares. A força é</p><p>parte da natureza institucional da Polícia Militar de Minas Gerais.</p><p>( - BEPM nº 10, de 05 de outubro de 2020 - ) Página : ( - 57 - )</p><p>57</p><p>7.1.1 Níveis de comportamento da pessoa abordada</p><p>A pessoa abordada durante a intervenção policial-militar, pode atender ou não às</p><p>determinações dadas pelo policial militar, ou seja, ela poderá colaborar ou resistir à</p><p>abordagem. O seu comportamento é classificado em níveis que devem ser entendidos de</p><p>forma dinâmica, uma vez que podem subir, gradual ou repentinamente, do primeiro nível até</p><p>o último, ou terem início em qualquer nível e subir ou descer.</p><p>Nesse sentido, o abordado pode apresentar os seguintes níveis de comportamento:</p><p>a) Cooperativo</p><p>A pessoa abordada acata todas as determinações do policial militar durante a intervenção,</p><p>sem apresentar resistência.</p><p>Exemplo: o motorista que apresenta, prontamente, toda a documentação solicitada e atende</p><p>as orientações do policial militar durante operação do tipo Blitz.</p><p>b) Resistência passiva</p><p>A pessoa abordada não acata, de imediato, as determinações do policial militar, ou o</p><p>abordado opõe-se a ordens, reagindo com o objetivo de impedir a ação legal. Contudo, não</p><p>agride o policial militar nem lhe direciona ameaças.</p><p>Exemplo 1: o abordado reage de maneira espalhafatosa, acalorada, falando alto,</p><p>procurando chamar a atenção e conseguir a simpatia dos transeuntes, colocando-os contra</p><p>a atuação da Polícia Militar, assumindo assim, a posição de vítima da intervenção policial-</p><p>militar.</p><p>ATENÇÃO! O nível de risco deverá ser reclassificado quando o</p><p>policial militar identificar, pelo menos, uma das seguintes situações:</p><p>- presença da arma;</p><p>- comportamento dissimulado;</p><p>- indicativo de fundada suspeita ou qualquer outra ameaça.</p><p>( - BEPM nº 10, de 05 de outubro de 2020 - ) Página : ( - 58 - )</p><p>58</p><p>Exemplo 2: a pessoa, durante uma abordagem, corre na tentativa de empreender fuga para</p><p>frustrar a ação de busca pessoal.</p><p>c) Resistência ativa</p><p>Apresenta-se nas seguintes modalidades:</p><p> Com agressão não letal:</p><p>O abordado opõe-se à ordem, agredindo os policiais militares ou as pessoas envolvidas na</p><p>intervenção, contudo, tais agressões, aparentemente, não representam risco de morte.</p><p>Exemplo: o agressor que desfere chutes contra o policial militar quando este tenta</p><p>aproximar-se para efetuar a busca pessoal.</p><p> Com agressão Letal:</p><p>O abordado utiliza-se de agressão que põe em perigo de morte o policial militar ou as</p><p>pessoas envolvidas na intervenção.</p><p>Exemplo: o agressor, empunhando uma faca, desloca-se em direção ao policial militar e</p><p>tenta atacá-lo.</p><p>7.1.2 Uso diferenciado da força</p><p>Caracteriza-se pelo uso da força de maneira seletiva. Trata-se de um processo dinâmico,</p><p>no qual o nível de força pode aumentar ou diminuir, em função de uma escolha consciente</p><p>do policial militar, de acordo com as circunstâncias presentes em uma determinada</p><p>intervenção. Este dinamismo denomina-se uso diferenciado da força.</p><p>Não é conveniente utilizar a terminologia “uso progressivo de força”, porque o termo</p><p>progressivo nos remete à ideia somente de elevação (de escalada, de subida, atitude</p><p>ascensional), sendo que, em muitos casos, o uso “regressivo” de força é apropriado, quando</p><p>verificada a diminuição da violência do agressor.</p><p>Todo policial militar deverá utilizar equipamentos de proteção individual (EPI) específicos</p><p>para sua atuação, além de alternativas de armamentos e tecnologias, quando disponíveis e</p><p>se for habilitado para tal uso, para propiciar opções de uso diferenciado de força. Não portar</p><p>tais materiais no momento oportuno, muitas vezes por negligência do policial militar, pode</p><p>( - BEPM nº 10, de 05 de outubro de 2020 - ) Página : ( - 59 - )</p><p>59</p><p>levá-lo a fazer uso de técnicas que contrariam os princípios do uso da força. Exemplo: o</p><p>policial militar que não se equipou com bastão tonfa, em que pese estar disponível, e usa a</p><p>arma de fogo como objeto contundente”.</p><p>Entende-se por uso diferenciado da força o resultado escalonado das possibilidades da</p><p>ação policial militar, diante de uma potencial ameaça a ser controlada. Essas variações de</p><p>níveis podem ser entendidas desde a simples presença e postura correta do policial militar</p><p>(devidamente fardado, armado e equipado) em uma intervenção, bem como o emprego de</p><p>Instrumentos de Menor Potencial Ofensivo (IMPO) e, em casos extremos, o disparo de</p><p>armas de fogo.</p><p>O emprego de todos os níveis de força nem sempre será necessário em uma intervenção.</p><p>Na maioria das vezes, bastará uma verbalização adequada para que o policial militar</p><p>controle a situação. Por outro lado, haverá situações em que, devido à gravidade da ameaça,</p><p>o uso da força potencialmente letal (disparo de arma de fogo) deverá ser imediato, antes</p><p>mesmo de qualquer verbalização.</p><p>É fundamental que o policial militar mantenha-se atento quanto às mudanças dos níveis de</p><p>comportamento do abordado, para que selecione corretamente o nível de força a ser</p><p>empregado.</p><p>A decisão entre as alternativas de força se baseará na avaliação de riscos e, como</p><p>já visto,</p><p>é importante considerar a relevância da formação e do treinamento de cada policial militar.</p><p>Assim, ele observará a seguinte classificação dos níveis para o uso diferenciado de força:</p><p>a) Nível primário</p><p> Presença policial-militar:</p><p>É a demonstração ostensiva de autoridade. O efetivo policial-militar corretamente</p><p>uniformizado, armado, equipado, em postura e atitude diligente, geralmente inibe o</p><p>cometimento de infração ou delito naquele local.</p><p> Verbalização:</p><p>É o uso da comunicação oral (falas e comandos) com a entonação apropriada e o emprego</p><p>de termos adequados que sejam facilmente compreendidos pelo abordado.</p><p>( - BEPM nº 10, de 05 de outubro de 2020 - ) Página : ( - 60 - )</p><p>60</p><p>As variações das posturas e do tom de voz do policial militar dependem da atitude da</p><p>pessoa abordada. Em situações de risco é necessário o emprego de frases curtas e firmes.</p><p>A verbalização pode e deve ser empregada em todos os demais níveis de uso da força. O</p><p>treinamento continuado e as experiências vivenciadas proporcionam melhoria na habilidade</p><p>de verbalização.</p><p>b) Nível secundário (Técnicas de menor potencial ofensivo)</p><p> Controle de contato:</p><p>São técnicas em que o policial militar faz a intervenção sem recorrer a quaisquer</p><p>armamentos, instrumentos ou equipamentos. É realizada por meio de posturas de</p><p>abordagem que orienta a distância e a angulação de aproximação, bem como a posição de</p><p>mãos e braços do policial militar (ver posturas táticas – MTP 02)</p><p> Controle físico:</p><p>É o emprego das técnicas de defesa pessoal policial, com um maior potencial de submissão,</p><p>para controlar o abordado sem o emprego de instrumentos. Visa a sua imobilização e</p><p>condução, evitando, sempre que possível, que resulte lesões do uso da força.</p><p> Controle com instrumentos de menor potencial ofensivo:</p><p>É o emprego de Instrumentos de Menor Potencial Ofensivo (IMPO), para controlar o</p><p>abordado resistente. Visa a sua imobilização e condução, evitando, sempre que possível,</p><p>que resulte em lesões do uso da força. Neste nível, o policial militar recorrerá aos</p><p>instrumentos disponíveis, tais como: bastão tonfa, gás/agentes químicos, algemas,</p><p>elastômeros (munições de impacto controlado), armas de impulso elétrico, emprego de cães,</p><p>entre outros, com o fim de anular ou controlar o nível de resistência.</p><p>A Polícia Militar de Minas Gerais considera o cão policial, devidamente treinado e</p><p>conduzido, como um recurso equiparado a um instrumento de menor potencial ofensivo,</p><p>levando-se em conta as mais diversas situações de emprego tático, as circunstâncias de</p><p>exclusão de antijuridicidade ou crime. No caso de uso diferenciado de força, o emprego do</p><p>cão objetiva menor contundência que a utilização do meio potencialmente letal, isto é, o</p><p>disparo da arma de fogo.</p><p>( - BEPM nº 10, de 05 de outubro de 2020 - ) Página : ( - 61 - )</p><p>61</p><p> Uso dissuasivo de armas de fogo:</p><p>Trata-se de opções de posicionamento que o policial militar poderá adotar com sua arma,</p><p>para criar um efeito que remova qualquer intenção indevida do abordado e, ao mesmo</p><p>tempo, estar em condições de dar uma resposta rápida, caso necessário, sem, contudo,</p><p>dispará-la. As posições adotadas implicam percepções diferentes pelo abordado, quanto ao</p><p>nível de força utilizado pelo policial militar.</p><p>A ostensividade da arma de fogo tem um reflexo sobre o abordado que pode ter sua ação</p><p>cessada pelo seu impacto psicológico, que a arma provocar.</p><p>Exemplo: localizar a arma de fogo no coldre, empunhá-la fora do coldre ou apontá-la na</p><p>direção da pessoa correspondem a uma demonstração direta de níveis diferentes de força</p><p>que tem forte efeito no controle do abordado e, ao mesmo tempo, propicia ao policial militar</p><p>condições de repelir agressões contra a própria segurança.</p><p>As técnicas de menor potencial ofensivo se adequam ao comportamento do abordado</p><p>caracterizado como resistente passivo e resistente ativo (agressor não letal).</p><p>c) Nível terciário (Força potencialmente letal)</p><p> Técnicas de defesa pessoal policial com ou sem o uso de equipamentos,</p><p>direcionados a regiões vitais do corpo do agressor:</p><p>Deverão ser empregados em situações que envolvam risco iminente de morte ou lesões</p><p>graves para o policial militar ou para terceiros, com o objetivo imediato de fazer cessar a</p><p>ameaça ou repelir a injusta agressão.</p><p>Tais técnicas são utilizadas em circunstâncias em que o seu uso for inevitável e a força</p><p>potencialmente letal representada pelo disparo de arma de fogo torna-se inviável. Exemplo:</p><p>agressor atracado ao policial militar, rolando ao solo, tentando tomar-lhe a arma.</p><p>ATENÇÃO! Considere que, quando utilizar o IMPO, o risco de morte</p><p>ou de graves lesões continua existindo, mas em um nível</p><p>significativamente inferior, quando comparado ao emprego de nível</p><p>de força potencialmente letal.</p><p>( - BEPM nº 10, de 05 de outubro de 2020 - ) Página : ( - 62 - )</p><p>62</p><p> Disparo de arma de fogo:</p><p>Consiste também no disparo de arma de fogo efetuado pelo policial militar contra um</p><p>agressor, devendo ocorrer em situações, que envolvam risco iminente de morte ou lesões</p><p>graves, com o objetivo imediato de fazer cessar a ameaça ou repelir a injusta agressão.</p><p>7.1.3 Modelo Gráfico do uso diferenciado da força</p><p>É um recurso visual, destinado a auxiliar na conceituação, no planejamento, no treinamento</p><p>e na comunicação dos critérios sobre o uso da força. A sua utilização aumenta a confiança e</p><p>a competência do policial militar, na organização e na avaliação das respostas práticas</p><p>adequadas.</p><p>Figura 3 - Modelo do uso diferenciado da força</p><p>Fonte: Elaborado pelo autor.</p><p>O modelo apresentado é um quadro dividido em três níveis, que representam os possíveis</p><p>comportamentos do abordado.</p><p>Do lado esquerdo, tem-se a percepção do policial militar em relação à atitude do</p><p>abordado, e, do lado direito, encontram-se os possíveis níveis diferenciados de resposta.</p><p>Cada nível possui intensidades e opções de força que possibilitarão um controle adequado</p><p>do abordado.</p><p>( - BEPM nº 10, de 05 de outubro de 2020 - ) Página : ( - 63 - )</p><p>63</p><p>A seta dupla centralizada (sobe e desce) indica o processo dinâmico de avaliação e de</p><p>seleção das alternativas, bem como reforça o conceito de que o emprego da verbalização e</p><p>da presença policial deve ocorrer em todos os níveis.</p><p>O uso da força depende da compreensão das relações de causa e efeito entre as atitudes</p><p>do abordado e as respostas do policial militar. Isto possibilitará uma avaliação prática e a</p><p>tomada de decisão sobre o nível mais adequado de força.</p><p>Mentalmente, o policial militar percorre toda a escala de força em um tempo curto e escolhe</p><p>a resposta mais adequada ao tipo de ameaça que enfrenta (observar os princípios do uso</p><p>da força).</p><p>Se, ao escolher uma das alternativas contidas em um determinado degrau do modelo do</p><p>uso da força e esta vier a falhar ou as circunstâncias mudarem, ele poderá aumentar ou</p><p>diminuir o nível de força empregado.</p><p>Essa dinâmica, entre os níveis do uso da força, deve ser realizada de um modo consciente,</p><p>com ética e profissionalismo, nunca prevalecendo os sentimentos como a raiva, o</p><p>preconceito ou a retaliação. A avaliação dessas variáveis propiciará, ao policial militar, o</p><p>equilíbrio de suas ações.</p><p>7.1.4 Responsabilidade pelo uso da força</p><p>Os policiais militares devem empregar a força quando estritamente necessária e na medida</p><p>exigida para o cumprimento do seu dever.</p><p>A responsabilidade pelo uso da força será:</p><p>a) do autor: é individual e, portanto, recai sobre o policial militar que a empregou. O</p><p>cumprimento de ordens superiores não será justificado quando os policiais militares tenham</p><p>conhecimento de que uma determinação para usar de força ou armas de fogo, foi</p><p>manifestamente ilegal e que esses policiais militares tenham tido oportunidade</p><p>razoável de</p><p>LEMBRE-SE: apesar da “VERBALIZAÇÃO” constar como um dos níveis de</p><p>intensidade de força, o policial militar deverá, sempre que possível, empregá-la</p><p>durante todo o processo.</p><p>( - BEPM nº 10, de 05 de outubro de 2020 - ) Página : ( - 64 - )</p><p>64</p><p>se recusarem a cumpri-la. Em qualquer caso, a responsabilidade caberá também aos</p><p>superiores que tenham dado ordens ilegais;</p><p>b) dos superiores: os superiores imediatos, igualmente, serão responsabilizados quando</p><p>os policiais militares sob suas ordens tenham recorrido ao uso excessivo de força e esses</p><p>superiores, cientes destas circunstâncias, não adotarem todas as medidas disponíveis para</p><p>impedir, fazer cessar ou comunicar o fato;</p><p>c) da equipe de policiais militares: qualquer policial militar que suspeite que outro policial</p><p>militar esteja fazendo ou tenha feito o uso da violência (ou cometido qualquer crime), deve</p><p>adotar todas as providências ao seu alcance, para prevenir ou opor-se, rigorosamente, a tal</p><p>ato. Na primeira oportunidade que tenha, deve informar o fato aos seus superiores e, se</p><p>necessário, a qualquer outra autoridade com competência para investigar os fatos.</p><p>7.2 Arma de fogo</p><p>7.2.1 Regras gerais de controle</p><p>Os policiais militares em serviço, via de regra, utilizarão armas de fogo e munições</p><p>autorizadas e pertencentes à carga da PMMG, disponíveis nas respectivas intendências</p><p>de material bélico, e definidas no Manual de Armamento Convencional da PMMG.</p><p>As armas de fogo e munições utilizadas não devem causar danos ou lesões desnecessárias.</p><p>Assim, não é permitido alterar as armas e munições com este fim (diminuição do cano</p><p>da arma, corte nas pontas dos projéteis, alteração na carga das munições, entre outras).</p><p>Os policiais militares devem obedecer, rigorosamente, às normas da PMMG sobre o</p><p>controle, o armazenamento e a distribuição de material bélico, podendo utilizar cada tipo</p><p>de arma de fogo somente após a respectiva habilitação.</p><p>Cada policial militar é responsável pela guarda, pelo destino e pela utilização da arma e da</p><p>munição recebidas (ver Manual de Administração do Armamento e Munição da PMMG).</p><p>ATENÇÃO! O chefe direto de qualquer policial militar, dispensado do uso de</p><p>arma de fogo por questões de saúde, deve buscar assessoramento do</p><p>profissional da respectiva área (QOS), quanto às medidas administrativas</p><p>decorrentes.</p><p>( - BEPM nº 10, de 05 de outubro de 2020 - ) Página : ( - 65 - )</p><p>65</p><p>7.2.2 Normas de segurança</p><p>Para garantir a segurança de todos os envolvidos em uma intervenção, onde são utilizadas</p><p>armas de fogo, é importante observar as seguintes recomendações:</p><p> considere e manuseie todas as armas de fogo como se estivessem carregadas;</p><p> leia cuidadosamente todas as instruções e recomendações de segurança de cada</p><p>arma ou munição a ser utilizada;</p><p> na intendência, ao receber uma arma de fogo, verifique se ela está ou não carregada, e</p><p>em perfeitas condições de funcionamento. A manutenção de 1° escalão é de</p><p>responsabilidade do usuário;</p><p> direcione o cano da arma de fogo para a “caixa com areia”, durante o manejo;</p><p> mantenha sempre o controle de cano (arma apontada para uma direção segura) e dedo</p><p>fora do gatilho;</p><p> no interior das viaturas, durante o patrulhamento ordinário, é recomendável que a arma</p><p>de porte fique no coldre, devidamente abotoado ou travado e presa pelo fiel retrátil,</p><p>evitando conduzi-la no colo ou sobre o banco da viatura11;</p><p> as armas portáteis devem ser acondicionadas em suportes ou cabides adaptados. Caso</p><p>estes não existam na viatura, as armas devem ser acondicionadas entre o banco do</p><p>Comandante da guarnição e o console de marcha, travadas, com o cano voltado para baixo</p><p>conforme Figura 4;</p><p>11 Armas sobre o banco ou colo: tudo o que estiver mal acondicionado dentro do veículo, durante uma frenagem</p><p>ou manobra brusca será arremessado para a direção inicial do deslocamento, devido a inércia. Neste caso,</p><p>aumentará o tempo de resposta a uma ameaça, colocando em risco a vida do policial e da guarnição.</p><p>( - BEPM nº 10, de 05 de outubro de 2020 - ) Página : ( - 66 - )</p><p>66</p><p>Figura 4 - Local para transporte da arma portátil em viatura que não possui cabide.</p><p>Fonte: Elaborado pelo autor.</p><p> em casa, procure locais seguros para acondicionar as armas, tipo cofres, armários com</p><p>fundo falso, longe do alcance de pessoas sem autorização para uso.</p><p>7.2.3 Usar ou empregar arma de fogo</p><p>Na atividade operacional, a ação de usar ou empregar armas de fogo tem um entendimento</p><p>prático específico que a diferencia, em termos de nível de força aplicado, da ação de</p><p>disparar ou atirar.</p><p>Os verbos usar ou empregar arma de fogo devem ser entendidos como sinônimos e</p><p>correspondem às ações do policial militar, de empunhar ou apontar sua arma na direção da</p><p>pessoa abordada (com efeito dissuasivo), sem, contudo, dispará-la.</p><p>As ações de empunhar ou apontar a arma durante a intervenção, acompanhada de uma</p><p>verbalização adequada, constitui demonstração de força que implicará forte efeito</p><p>dissuasivo no abordado. Além disso, proporciona ao policial militar condições para</p><p>apresentar uma resposta rápida, caso necessário, servindo como fator de autoproteção,</p><p>uma vez que ele estará com sua arma em condição de disparo.</p><p>As posições adotadas com a arma correspondem a níveis diferentes de percepções de uso</p><p>da força pelo abordado. Exemplo: localizar, empunhar e apontar a arma de fogo.</p><p>O policial militar, no seu cotidiano operacional, poderá empregar a sua arma, com o objetivo</p><p>de preservar a ordem pública e a incolumidade das pessoas e do patrimônio, no exercício</p><p>pleno do seu poder de polícia.</p><p>( - BEPM nº 10, de 05 de outubro de 2020 - ) Página : ( - 67 - )</p><p>67</p><p>A ação do policial militar em levar a mão até a arma (arma localizada) enquanto verbaliza</p><p>demonstra ao abordado um grau de força mais elevado do que se estivesse falando com as</p><p>mãos livres. A posição com a arma de fogo empunhada, como uma demonstração de força,</p><p>permite que o policial militar também esteja pronto para defender-se, caso necessite</p><p>dispará-la contra uma eventual agressão letal. De igual maneira, efeito fortemente</p><p>dissuasivo pode ser obtido quando, durante a intervenção, já com a arma empunhada,</p><p>decide apontá-la na direção do corpo da pessoa abordada.</p><p>7.2.3.1 Possibilidades de uso ou emprego de armas de fogo:</p><p>a) Posição 1 (arma localizada): com a arma ainda no coldre, leva a mão até o punho ou</p><p>cabo, como se estivesse pronto para sacá-la, desabotoando o coldre ou acionando a tecla</p><p>de liberação da arma no coldre. Com armas portáteis, em bandoleira, caracteriza-se por</p><p>colocar as duas mãos no armamento, ainda travado, sendo que a mão forte localiza o punho</p><p>e a mão a fraca é posta no guarda mão, dedo fora do gatilho.</p><p>Figura 5 - Policial militar com a arma na posição 1 (arma localizada) e suas variações</p><p>Fonte: Elaborado pelo autor.</p><p>ATENÇÃO! O fato de o policial militar somente portar a arma no coldre, como</p><p>parte do seu equipamento profissional, não será considerado “uso” ou</p><p>“emprego” de arma de fogo. Do mesmo modo, conduzir armas longas em</p><p>posição de bandoleira não será interpretado como “uso” ou “emprego”.</p><p>( - BEPM nº 10, de 05 de outubro de 2020 - ) Página : ( - 68 - )</p><p>68</p><p>b) Posição 2 (arma em guarda-baixa): com a arma, já empunhada, fora do coldre,</p><p>destravada, posicionada na altura do abdome e num ângulo de 45°, cano voltado para o</p><p>solo e dedo fora do gatilho. Com armas portáteis, em bandoleira, devidamente empunhada</p><p>com as duas mãos, destravada, com a coronha apoiada no ombro, estando a arma</p><p>posicionada, em relação ao operador, num ângulo de 45°, cano voltado para o solo e dedo</p><p>fora do gatilho.</p><p>Figura 6 - Policial militar com a arma na posição 2 (arma em guarda-baixa) e suas</p><p>variações</p><p>Fonte: Elaborado pelo autor.</p><p>c) Posição 3 (arma em guarda-alta): com a arma, já empunhada, fora do coldre,</p><p>destravada, posicionada entre o peito e o queixo, com o cano dirigido para o alvo de forma</p><p>que seja possível manter contato visual total com o alvo; com armas portáteis, em</p><p>bandoleira, devidamente empunhada com as duas mãos, destravada, com a coronha</p><p>apoiada no ombro, estando a arma posicionada entre o peito e o queixo, com o cano dirigido</p><p>para o alvo de forma que seja possível manter contato visual total com o alvo e dedo fora do</p><p>gatilho. Nesta posição é possível verbalizar, monitorar pontos quentes e iniciar os disparos</p><p>de defesa caso seja necessário.</p><p>( - BEPM nº 10, de 05 de outubro de 2020 - ) Página : ( - 69 - )</p><p>69</p><p>Figura 7 - Policial militar com a arma na posição 3 (arma em guarda-alta) e suas variações</p><p>Fonte: Elaborado pelo autor.</p><p>d) Posição 4 (arma em pronta resposta): com a arma destravada, apontada diretamente</p><p>para o abordado, posicionada na linha dos olhos do policial e dedo fora do gatilho. O policial</p><p>está na iminência de se defender da agressão. Esta posição proporciona um alinhamento de</p><p>visada com o alvo.</p><p>Figura 8 - Policial militar com a arma na posição 4 (arma em pronta resposta) e suas</p><p>variações</p><p>Fonte: Elaborado pelo autor.</p><p>( - BEPM nº 10, de 05 de outubro de 2020 - ) Página : ( - 70 - )</p><p>70</p><p>O policial militar deve se preocupar em não banalizar o uso da posição 4 (arma em pronta</p><p>resposta) durante a abordagem e, logo que possível, conforme a evolução da situação,</p><p>podendo variar as posições de acordo com a circunstância, mantendo ativa a verbalização e</p><p>o controle do abordado.</p><p>Deve-se evitar iniciar a abordagem com a arma na posição 4, porque além de demonstrar</p><p>agressividade, não há flexibilidade de evolução para um nível superior de força que não seja</p><p>efetuar o disparo, correndo ainda o risco de disparo acidental com graves consequências.</p><p>7.2.4 Atirar ou disparar arma de fogo</p><p>Os verbos atirar ou disparar arma de fogo devem ser entendidos como sinônimos e</p><p>correspondem ao efetivo disparo feito pelo policial militar na direção da pessoa abordada.</p><p>Ele disparará (atirará) contra essa pessoa, como último recurso da ação policial, em caso</p><p>de legítima defesa própria ou de terceiros, contra perigo iminente de morte ou lesões graves.</p><p>O disparo da arma por policiais militares contra uma pessoa constitui a expressão máxima</p><p>de uso da força, devido ao efeito potencialmente letal que representa, devendo ser</p><p>considerada uma medida extrema no âmbito policial do emprego da força.</p><p>7.2.4.1 Objetivo do disparo</p><p>O dever funcional do policial militar é garantir o cumprimento da lei, preservar a ordem</p><p>pública e a incolumidade das pessoas e do patrimônio, garantindo a vida e a integridade de</p><p>todos.</p><p>Quando um policial militar dispara sua arma de fogo no exercício das suas atividades, como</p><p>último recurso na escala de uso diferenciado da força, não o faz para advertir, assustar,</p><p>intimidar ou ferir um agressor. Ele o faz para interromper, de imediato, uma ação que atente</p><p>contra a vida ou ameace uma pessoa de ferimento grave.</p><p>Desta forma, a intenção do policial militar não é matar o agressor, o que afasta de</p><p>pronto o conceito de uso da força letal. Se o disparo de sua arma de fogo for o meio</p><p>necessário empreendido contra uma agressão injusta atual ou iminente, que atente contra a</p><p>sua própria vida ou a de terceiros, o comportamento do policial militar não será de ação e</p><p>sim, como regra, de reação para repelir uma injusta agressão, o que evidencia o propósito</p><p>de defesa, consolidando como lícita a sua conduta. O policial militar não busca o resultado</p><p>( - BEPM nº 10, de 05 de outubro de 2020 - ) Página : ( - 71 - )</p><p>71</p><p>morte, o que caracteriza a adequação da terminologia uso da força potencialmente letal.</p><p>O disparo da sua arma de fogo tem por fim a defesa da vida ameaçada.</p><p>Ao repelir a agressão, de modo a fazer cessar a ameaça à vida ou à integridade física</p><p>(ferimentos graves), o policial militar deverá se preocupar para que não ocorra excesso na</p><p>sua conduta. Assim, o resultado advindo do disparo de sua arma de fogo não tem por fim</p><p>causar ao agressor, propositadamente, maior lesão do que seria necessário para a defesa</p><p>pretendida. Nesse sentido, atenção especial deve ser dada para evitar o emprego</p><p>exagerado da força potencialmente letal, decorrente da inobservância do dever de cuidado12.</p><p>Assim, o policial militar preparado técnica e mentalmente não excede na sua reação, mesmo</p><p>sob a influência do medo, da pressão ou da fadiga.</p><p>Portanto, quando o policial militar atira contra um agressor está fazendo uso da força</p><p>potencialmente letal (e não o uso da força letal), reafirmando sua intenção de controlar a</p><p>ameaça e não a de produzir um resultado morte.</p><p>O policial militar não deve atirar quando as consequências decorrentes do disparo de sua</p><p>arma de fogo forem mais graves do que as ameaças sofridas pelas pessoas que estão</p><p>sendo defendidas (objetivo legal pretendido).</p><p>Os agressores, ao contrário dos policiais militares, quando disparam suas armas de fogo,</p><p>não levam em consideração o número de pessoas que podem resultar feridas, nem se dão</p><p>conta de alguma limitação técnica (“balas perdidas”). Eles, inclusive, se aproveitam do fato</p><p>da Polícia Militar ter que prestar atendimento às pessoas atingidas, para facilitar a sua fuga.</p><p>O fiel cumprimento do ordenamento jurídico e dos preceitos da ética profissional policial-</p><p>militar é a diferença entre o disparo de arma de fogo efetuado por um policial militar e o</p><p>disparo desferido por um agressor.</p><p>12 A inobservância do dever de cuidado existe quando, mesmo o policial militar não querendo, o resultado ocorre</p><p>por imprudência, negligência ou imperícia, podendo ser punido pelo excesso culposo.</p><p>LEMBRE-SE! Imediatamente após efetuar o disparo, restando pessoa ferida,</p><p>o policial militar, obrigatoriamente, providenciará todo o socorro necessário</p><p>para minimizar os efeitos dos ferimentos, visando resguardar-lhe a vida.</p><p>( - BEPM nº 10, de 05 de outubro de 2020 - ) Página : ( - 72 - )</p><p>72</p><p>Os policiais militares devem dominar as normas de segurança, os fundamentos de tiro e os</p><p>aspectos éticos e legais para que possam utilizar adequadamente o armamento, com</p><p>segurança e precisão. Para tanto, deverão treinar, regularmente, as técnicas que melhorem</p><p>o manejo das diversas armas de fogo disponíveis para o serviço operacional.</p><p>Algumas variáveis que estão presentes na intervenção policial-militar onde o confronto</p><p>armado pode resultar em morte do agressor:</p><p>a) variáveis controladas pelo policial militar: características balísticas da arma utilizada,</p><p>distância e quantidade dos disparos, tipo de munição (calibre, potência, alcance);</p><p>b) variáveis parcialmente controladas pelo policial: direcionamento do disparo, ou seja,</p><p>local do corpo do agressor em que se dará o impacto. Em situação de ambiência</p><p>operacional (“teatro de operações”), a precisão da pontaria pode sofrer graves reduções,</p><p>mesmo para atiradores experientes, devido a situações diversas, tais como fatores</p><p>ambientais (periculosidade do local, luminosidade, chuva, entre outros), condições</p><p>psicomotoras do policial militar (cansaço, agitação, nervosismo, frequência cardíaca,</p><p>tremores, entre outros) e o próprio dinamismo do alvo (movimentação do agressor);</p><p>c) variáveis não controladas pelo policial militar: compleição física, estado emocional e</p><p>resistência orgânica da pessoa atingida.</p><p>Nos casos em que o policial militar dispara sua arma de fogo contra uma pessoa, é</p><p>importante considerar as diversas circunstâncias que poderão interferir na precisão do tiro,</p><p>conforme descrição contida nas “variáveis parcialmente controladas pelo policial militar”.</p><p>Tomando-se em conta essas variáveis</p><p>e, para assegurar que este disparo seja efetivo</p><p>(atinja seu objetivo de interromper imediatamente o ataque), o policial militar apontará sua</p><p>arma para a parte central do corpo (região torácica) do agressor e efetuará os disparos</p><p>necessários para cessar a agressão letal.</p><p>Em regra, os disparos devem ser direcionados para a “grande massa”, parte central do</p><p>corpo (região torácica) do agressor. Entretanto, podem existir situações em que o agressor</p><p>esteja utilizando proteções balísticas e os disparos nesta região se tornem ineficientes ou</p><p>ineficazes; Para tanto, o policial deverá adotar a técnica de alteração de nível, buscando</p><p>ATENÇÃO! Durante a capacitação com armas de fogo, os policiais militares</p><p>deverão ser treinados a verbalizar, antes de efetuar os disparos nos alvos.</p><p>( - BEPM nº 10, de 05 de outubro de 2020 - ) Página : ( - 73 - )</p><p>73</p><p>áreas que não estejam protegidas, tais como, junção do peito com o pescoço, fossa jugular,</p><p>queixo, boca, nariz ou cabeça.</p><p>A capacitação para realizar esses disparos com efetividade deverá fazer parte do</p><p>Treinamento com Armas de Fogo (TCAF), aplicado aos policiais militares que já superaram</p><p>o nível básico de treinamento.</p><p>A letalidade (morte do agressor) nunca será entendida como o objetivo finalístico do policial</p><p>militar ao disparar sua arma de fogo em uma ação operacional. Contudo, o resultado “morte”</p><p>poderá ser decorrente dos efeitos lesivos, próprios do instrumento utilizado (arma de fogo).</p><p>Esses efeitos estão sujeitos ainda às diversas variáveis descritas, as quais não são</p><p>plenamente controladas pelo policial militar.</p><p>7.2.4.2 Procedimentos para o disparo da arma de fogo</p><p>O policial militar, antes de disparar sua arma de fogo, deve, sempre que possível, abrigar-</p><p>se imediatamente, e seguir o protocolo:</p><p>a) Identificar-se como policial militar, mesmo estando fardado;</p><p>“ —Polícia!</p><p>— Largue a arma!”</p><p>b) Advertir o abordado sobre a possibilidade de disparar sua arma de fogo, proporcionando-</p><p>lhe tempo suficiente para que entenda e desista da agressão, acatando as ordens do policial</p><p>militar.</p><p>“— Se você reagir, vou disparar !”</p><p>Este procedimento não deverá ser executado quando:</p><p> o fator tempo (ameaça iminente) colocar os policiais ou outras pessoas em risco de morte</p><p>ou puder causar-lhes ferimentos graves;</p><p> a advertência for, evidentemente, inadequada ou inútil, dadas as circunstâncias dos fatos.</p><p>Exemplo: agressor, aparentemente sob efeito de drogas, está atirando ininterruptamente</p><p>contra várias pessoas.</p><p>O disparo de arma de fogo contra a pessoa é um procedimento excepcional. Constitui a</p><p>única opção capaz de cessar uma iminente agressão letal e ocorrerá quando os outros</p><p>( - BEPM nº 10, de 05 de outubro de 2020 - ) Página : ( - 74 - )</p><p>74</p><p>meios se mostrem ineficazes e não garantirem, de nenhuma maneira, que a vida em risco</p><p>possa ser preservada.</p><p>O perigo de morte a que se refere a regra deve ser iminente, atual, imperioso e urgente,</p><p>portanto, não corresponde a uma ameaça remota, potencial, distante, presumida ou futura.</p><p>Exemplos: o policial militar não pode disparar contra um agressor, simplesmente baseado</p><p>no seu histórico criminal (“delinquente perigoso”). Também não é justificável disparar arma</p><p>de fogo contra uma pessoa em fuga, que esteja desarmada ou que, mesmo possuindo</p><p>algum tipo de arma, não a utilize de forma a representar um risco iminente ou atual de morte</p><p>ou de grave ferimento aos policiais ou a terceiros.</p><p>c) Havendo feridos (inclusive policiais militares), em consequência do disparo de arma de</p><p>fogo, proceder-se-á ao socorro imediato. O comandante responsável pela ação/operação,</p><p>onde servem os policiais militares, deverá empregar todos os esforços para comunicar o fato</p><p>aos familiares dos feridos ou mortos (inclusive policiais), no menor tempo possível.</p><p>d) O policial militar que disparou sua arma de fogo deverá comunicar o fato verbalmente e</p><p>imediatamente aos seus superiores (comandante responsável pela Unidade ou Fração) e</p><p>confeccionará o Boletim de Ocorrência (BO) e o respectivo Auto de Resistência (AR),</p><p>detalhando todos os motivos de sua intervenção e suas consequências, assim como as</p><p>medidas decorrentes adotadas.</p><p>Esse protocolo será aplicado quando:</p><p> disparar munição de impacto controlado;</p><p> disparar arma de emissão de impulso elétrico;</p><p> disparar arma de fogo (força potencialmente letal).</p><p>ATENÇÃO! O policial militar está autorizado a disparar sua arma de fogo</p><p>contra pessoas, em caso de legítima defesa própria ou de terceiros, contra</p><p>ameaça iminente de morte ou ferimento grave.</p><p>( - BEPM nº 10, de 05 de outubro de 2020 - ) Página : ( - 75 - )</p><p>75</p><p>7.2.4.3 Circunstâncias especiais para o disparo de arma de fogo</p><p>Existem algumas situações típicas do serviço operacional, em que existe a possibilidade do</p><p>policial militar disparar sua arma de fogo:</p><p>a) Controle de distúrbio civil: a regra geral é não disparar a arma de fogo nesses tipos de</p><p>intervenção. Excepcionalmente, o policial militar que estiver encarregado da segurança da</p><p>equipe (grupo ou pelotão) poderá disparar sua arma de fogo, nos casos de legítima defesa</p><p>própria ou de terceiros, contra ameaça iminente de morte ou ferimento grave. Esses</p><p>disparos devem ser dirigidos a um alvo específico (agente causador da ameaça) e na</p><p>quantidade minimamente necessária para fazer cessar a agressão. Somente serão</p><p>utilizados quando não for possível empregar outros meios menos lesivos. Antes de atirar,</p><p>deverá dedicar especial atenção à segurança do público e empregar munições ou armas</p><p>adequadas (tipo, potência e alcance).</p><p>b) Pessoas em fuga: a regra geral é não disparar a arma de fogo. Todavia, seu emprego</p><p>está autorizado, quando outros meios menos lesivos se mostrem ineficazes e seja</p><p>estritamente necessário o disparo, nos casos de legítima defesa própria ou de outrem,</p><p>quando o indivíduo, durante a fuga, provocar ameaça iminente de morte ou ferimento grave.</p><p>Exemplo: indivíduo que para fugir, utiliza veículo como arma, e dirige em alta velocidade, na</p><p>contramão direcional, conduzindo-o de forma perigosa, na direção de pessoas ou dos</p><p>policiais.</p><p>Não é justificável disparar arma de fogo contra uma pessoa em fuga, que esteja desarmada</p><p>ou que não represente um risco iminente ou atual de morte ou de grave ferimento aos</p><p>policiais militares ou a terceiros.</p><p>ATENÇÃO! O policial militar poderá disparar sua arma quando for</p><p>estritamente necessário para proteger vidas e, sob nenhuma circunstância,</p><p>será aceitável atirar indiscriminadamente contra uma multidão, como recurso</p><p>para dispersá-la.</p><p>( - BEPM nº 10, de 05 de outubro de 2020 - ) Página : ( - 76 - )</p><p>76</p><p>c) Disparos com munições de menor potencial ofensivo: são disparos com equipamento</p><p>apropriado ou arma de fogo, em que se utiliza munição especial (elastômero - projétil de</p><p>látex macio ou similar). Normalmente, é empregada em operações de manutenção da</p><p>ordem pública e controle de distúrbios. Suas características e finalidades permitem seu</p><p>emprego em situações como as mencionadas, quando o nível de força a ser aplicado for</p><p>menor ao que se aplicaria nos disparos de armas de fogo com munições convencionais (ver</p><p>Manual de Tecnologia de Menor Potencial Ofensivo).</p><p>Nessas situações, o policial militar deve considerar as possíveis consequências (riscos) de</p><p>atirar e sua responsabilidade na proteção da vida de outras pessoas, devendo observar:</p><p> as especificações técnicas para seu uso, sistemas de disparos, em que podem atirar com</p><p>segurança, alcance e trajetória de projéteis, entre outros;</p><p> que os disparos com este tipo de munição tem pouca precisão;</p><p> que devem ser evitados disparos para as partes mais sensíveis do corpo, principalmente</p><p>locais de risco de lesões graves: cabeça, olhos, ouvidos, entre outros. Os disparos</p><p>devem</p><p>ser dirigidos para a musculatura dos membros inferiores (direcionar disparos com</p><p>elastômero para as pernas, mais precisamente região da coxa);</p><p> mesmo quando utilizada dentro das regras citadas, o risco de um possível efeito letal ou</p><p>de graves lesões continua existindo, mas em um nível bastante inferior, quando comparado</p><p>ao uso de munições convencionais para arma de fogo;</p><p> os disparos devem ser seletivos e realizados, especificamente, contra pessoas que</p><p>estejam causando as ameaças.</p><p>ATENÇÃO! Policiais militares não deverão disparar contra veículos que</p><p>desrespeitem um bloqueio de via pública, a não ser que ele represente um</p><p>risco imediato à vida ou à integridade dos policiais militares ou de terceiros,</p><p>por meio de atropelamentos ou acidentes intencionais (o motorista utiliza o</p><p>veículo como “arma”).</p><p>( - BEPM nº 10, de 05 de outubro de 2020 - ) Página : ( - 77 - )</p><p>77</p><p>d) Disparos táticos: são realizados para obter uma vantagem tática, para dar mais</p><p>segurança ao reposicionamento da equipe de policiais militares no terreno.</p><p>São aqueles normalmente efetuados pelo policial militar, para dar cobertura a companheiros</p><p>durante confrontos armados (técnica de “fogo e movimento”, tiros de contenção para</p><p>resgates de feridos), também, para diminuir a luminosidade de um ambiente, romper a</p><p>fechadura de uma porta ou outros obstáculos.</p><p>O policial militar que o realiza deve estar devidamente treinado, para não colocar em risco a</p><p>sua integridade física e a de outras pessoas.</p><p>e) Disparos de dentro da viatura policial-militar em movimento: a regra é não atirar.</p><p>Nessas situações, ele deve considerar as possíveis consequências (riscos) de disparar, e</p><p>sua responsabilidade na proteção da vida de outras pessoas. Para isso observará que:</p><p>Esses disparos têm pouca eficácia para fazer parar um veículo e os projéteis podem</p><p>ricochetear (no motor ou nos pneus) ou atravessar o veículo ou, até mesmo, não atingi-lo,</p><p>convertendo-se em “balas perdidas;</p><p>Se o condutor for atingido, existe a possibilidade de que ele perca o controle do veículo;</p><p>Estes disparos tem pouca precisão. A pontaria fica prejudicada pelo movimento do veículo e</p><p>pelo balanço provocado por ele, inclusive quando efetuados por atiradores experientes;</p><p>Existe a possibilidade que existam vítimas (reféns) estejam no interior do veículo perseguido,</p><p>inclusive dentro do porta-malas;</p><p>O mais recomendável é distanciar-se do veículo em fuga e, sem perdê-lo de vista, adotar</p><p>medidas operacionais para efetuar o cerco e o bloqueio. E ainda, solicitar reforço policial-</p><p>militar para que a intervenção possa ser realizada com mais segurança.</p><p>f) Disparo contra animais: poderá ocorrer, após serem tentados outros meios de</p><p>contenção, e quando o animal:</p><p> encontra-se fora de controle, agressivo ou representar grave e iminente perigo</p><p>contra as pessoas ou ao patrimônio;</p><p>( - BEPM nº 10, de 05 de outubro de 2020 - ) Página : ( - 78 - )</p><p>78</p><p> encontra-se agonizante em situação de ferimentos ou enfermidade na qual necessite ser</p><p>sacrificado para evitar sofrimento desnecessário e não estiver próximo a veterinário que</p><p>possa realizar esta tarefa e não houver condições de atendimento por outros órgãos</p><p>responsáveis. Exemplo: animal atropelado, ferido, agonizante e caído em rodovia deserta</p><p>em situação de penúria.</p><p>É importante considerar que quaisquer tratamentos cruéis cometidos contra animais</p><p>poderão constituir em crime previsto na legislação brasileira. Sobre isso existem dispositivos</p><p>legais13 que estabelecem a proteção deles. Caberá, portanto, ao policial militar, antes de</p><p>disparar, avaliar os possíveis resultados desta ação, seus reflexos na segurança do público</p><p>em geral e dos prejuízos ou danos materiais ao proprietário do animal.</p><p>O disparo de advertência não é previsto como procedimento policial-militar, pois</p><p>quando o policial militar atira com sua arma, não o faz para advertir ou assustar, o faz para</p><p>interromper, de imediato, uma agressão contra a sua vida ou a de terceiros.</p><p>Considerando as possíveis consequências desse tipo de ação, os policiais militar não</p><p>devem atirar para fazer valer suas advertências.</p><p>Nos disparos feitos para cima, o projétil retorna com força suficiente para provocar lesões ou</p><p>morte. Nos disparos feitos contra o solo ou paredes, ele pode ricochetear e também</p><p>provocar lesões ou morte;</p><p>Estes disparos podem fazer com que outros policiais que estejam atuando nas proximidades</p><p>pensem, de maneira equivocada, que estão sendo alvos de tiros de agressores, provocando</p><p>neles uma reação indevida;</p><p>13 Constituição Federal art. 225, § 1º, inciso VII; Lei nº 9.605/98 que trata dos crimes ambientais, em especial o</p><p>que dispõe o seu art. 32, caput; Decreto Federal nº 24.645/34; Contravenção penal (art. 64 da LCP).</p><p>LEMBRE-SE: o treinamento e a avaliação constante do uso da arma de fogo</p><p>propiciarão melhor capacidade técnica ao policial militar, resultando em</p><p>credibilidade e legitimidade junto à população.</p><p>( - BEPM nº 10, de 05 de outubro de 2020 - ) Página : ( - 79 - )</p><p>79</p><p>7.2.4.4 Procedimentos após o disparo de arma de fogo</p><p>O policial militar que disparou sua arma de fogo no serviço operacional, intencionalmente ou</p><p>não, deverá reportar tal fato ao seu superior imediato (coordenador de policiamento,</p><p>comandante de unidade ou subunidade).</p><p>Este superior determinará adoção das seguintes providências:</p><p> promover a preservação do local;</p><p> acionar a perícia;</p><p> recolher todas as armas e munições dos policiais militares envolvidos;</p><p> relatar formalmente o fato à autoridade judicial competente conforme a respectiva esfera</p><p>de atuação (Inquérito Policial Militar - IPM, Auto de Prisão em Flagrante - APF);</p><p> determinar uma imediata investigação dos fatos ou circunstâncias, por meio de um</p><p>encarregado para proceder à apuração, preferencialmente que não seja membro da equipe</p><p>envolvida no disparo da arma;</p><p> promover assistência médica e psicológica em atenção às possíveis sequelas que os</p><p>policiais possam sofrer em consequência da intervenção, para que superem possíveis</p><p>efeitos traumáticos decorrentes do fato vivenciado no incidente;</p><p> designar um policial militar para contatar com as famílias das pessoas atingidas, inclusive</p><p>com a dos policiais, se for o caso. Preferencialmente, tal atribuição dever recair em pessoa</p><p>que não seja membro da equipe envolvida no incidente;</p><p> atenuar a tensão da comunidade onde se deu o fato, mantendo contato permanente e</p><p>esclarecedor com os familiares das pessoas envolvidas e com a mídia local;</p><p> providenciar relatório logístico especifico para descarga de munições (ver Manual de</p><p>Administração de Armamento e Munições da PMMG).</p><p>(a) RODRIGO SOUSA RODRIGUES, CORONEL PM</p><p>COMANDANTE-GERAL</p><p>( - BEPM nº 10, de 05 de outubro de 2020 - ) Página : ( - 80 - )</p><p>80</p><p>REFERÊNCIAS</p><p>BRASIL. Congresso Nacional. Constituição da República Federativa do Brasil 1988.</p><p>Brasília. (DF), 1988.</p><p>EQUADOR. Polícia Nacional do Equador. Manual de Derechos Humanos Aplicados a la</p><p>Función Polícial. 2007.</p><p>FERMA. Federation of European Risk Management Association. Norma de Gestão de</p><p>Riscos. Bruxelas. 2003.</p><p>FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Minidicionário da Língua Portuguesa. Rio de</p><p>Janeiro: Nova Fronteira, 1993.</p><p>GIRALDI, Nilson. Tiro Defensivo na preservação da vida (apostila).</p><p>MINAS GERAIS. Polícia Militar. Manual de Prática Policial Nº 1: Abordagem, Busca e</p><p>Identificação. Belo Horizonte: Imprensa Oficial, 1984.</p><p>MINAS GERAIS. Polícia Militar. Manual de Básico de Policiamento Ostensivo. Belo</p><p>Horizonte: Imprensa Oficial, 1987. 114p.</p><p>MINAS GERAIS. Polícia Militar. Comando-Geral. Nota Instrutiva Nº 19/93 – CG: Trata do</p><p>isolamento e da preservação de locais de crime pela Polícia Militar. Belo Horizonte, 1993.</p><p>MINAS GERAIS. Lei Nº 14.310, de 19 de</p><p>69</p><p>Figura 8 - Policial militar com a arma na posição 4 (arma em pronta resposta) e suas</p><p>variações ............................................................................................................................. 69</p><p>( - BEPM nº 10, de 05 de outubro de 2020 - ) Página : ( - 9 - )</p><p>SUMÁRIO</p><p>1 APRESENTAÇÃO ............................................................................................................ 11</p><p>2 PREPARO MENTAL ......................................................................................................... 14</p><p>2.1 Estados de prontidão .................................................................................................. 15</p><p>2.1.1 Classificação dos estados de prontidão ...................................................................... 15</p><p>2.2 Estados de prontidão e a atuação policial-militar ..................................................... 18</p><p>3 AVALIAÇÃO DE RISCOS ................................................................................................. 21</p><p>3.1 Metodologia de avaliação de riscos ........................................................................... 21</p><p>3.2 Aplicação ...................................................................................................................... 23</p><p>4 PENSAMENTO TÁTICO .................................................................................................. 24</p><p>4.1 Quarteto do pensamento tático .................................................................................. 24</p><p>4.1.1 Leitura do ambiente .................................................................................................... 27</p><p>4.1.2 Alinhamento com os estados de prontidão .................................................................. 28</p><p>4.2 Processo mental da agressão ..................................................................................... 30</p><p>5 INTERVENÇÃO POLICIAL .............................................................................................. 33</p><p>5.1 Níveis de intervenção .................................................................................................. 33</p><p>5.2 Etapas da intervenção ................................................................................................. 34</p><p>5.3 Abordagem policial ...................................................................................................... 36</p><p>5.3.1 Fundamentos da abordagem policial a pessoa em atitude suspeita ............................ 37</p><p>5.4 Requisitos básicos para intervenção policial-militar ................................................ 39</p><p>6 PROCESSO DE COMUNICAÇÃO ................................................................................... 40</p><p>6.1 Comunicação na intervenção policial ........................................................................ 41</p><p>6.1.1 Verbalização durante a abordagem policial ................................................................. 44</p><p>6.2 Considerações finais ................................................................................................... 51</p><p>7 USO DA FORÇA .............................................................................................................. 53</p><p>7.1 Princípios do uso da força .......................................................................................... 54</p><p>7.1.1 Níveis de comportamento da pessoa abordada .......................................................... 57</p><p>7.1.2 Uso diferenciado da força ........................................................................................... 58</p><p>7.1.3 Modelo Gráfico do uso diferenciado da força .............................................................. 62</p><p>7.1.4 Responsabilidade pelo uso da força ........................................................................... 63</p><p>7.2 Arma de fogo ................................................................................................................ 64</p><p>7.2.1 Regras gerais de controle ........................................................................................... 64</p><p>7.2.2 Normas de segurança ................................................................................................. 65</p><p>7.2.3 Usar ou empregar arma de fogo ................................................................................. 66</p><p>7.2.3.1 Possibilidades de uso ou emprego de armas de fogo: ............................................. 67</p><p>7.2.4 Atirar ou disparar arma de fogo ................................................................................... 70</p><p>7.2.4.1 Objetivo do disparo .................................................................................................. 70</p><p>( - BEPM nº 10, de 05 de outubro de 2020 - ) Página : ( - 10 - )</p><p>7.2.4.2 Procedimentos para o disparo da arma de fogo ....................................................... 73</p><p>7.2.4.3 Circunstâncias especiais para o disparo de arma de fogo........................................ 75</p><p>7.2.4.4 Procedimentos após o disparo de arma de fogo ...................................................... 79</p><p>REFERÊNCIAS ................................................................................................................... 80</p><p>( - BEPM nº 10, de 05 de outubro de 2020 - ) Página : ( - 11 - )</p><p>11</p><p>MANUAL TÉCNICO PROFISSIONAL Nº 3.04.01/2020 – CG</p><p>Intervenção Policial, Processo de Comunicação e Uso da</p><p>Força</p><p>1 APRESENTAÇÃO</p><p>Os fundamentos aplicados neste “Manual Técnico-Profissional” estão em conformidade com</p><p>a legislação brasileira e com os documentos oriundos da Organização das Nações Unidas</p><p>(ONU), aplicáveis à função policial, quais sejam: Princípios Básicos sobre a Utilização da</p><p>Força e de Armas de Fogo pelos Funcionários Responsáveis pela Aplicação da Lei</p><p>(PBUFAF), o Código de Conduta para os Encarregados pela Aplicação da Lei (CCEAL), o</p><p>Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos (PIDCP), o Pacto Internacional dos</p><p>Direitos Sociais, Econômicos e Culturais (PIDSEC) e a Convenção Contra a Tortura e</p><p>outros Tratamentos ou Penas Cruéis, Desumanas ou Degradantes.</p><p>Expressar toda a complexidade da atividade policial-militar em um conjunto de textos é</p><p>desafiador. Cada intervenção é singular e exige flexibilidade do profissional. Mas é</p><p>necessário ter parâmetros bem definidos que deem sustentação às ações policiais militares,</p><p>mesmo considerando essa versatilidade. Diante dessa realidade, caracterizada por tantas</p><p>variáveis, é imprescindível respeitar os princípios legais e éticos que conferem identidade e</p><p>legitimidade à profissão policial-militar e aplicar técnicas e procedimentos consolidados pela</p><p>experiência de seus integrantes. A construção do escopo doutrinário declara o que esta</p><p>atividade tem de essencial, constante e estável; uma estrutura sólida que servirá de guia</p><p>sobre a atividade operacional da Polícia Militar do Estado de Minas Gerais (PMMG).</p><p>Registra-se ainda que o vigor operacional da Corporação, sua força e eficiência devem se</p><p>mostrar no esforço e energia diária desprendidos por todos os policiais militares na garantia</p><p>da lei e da ordem no Estado de Minas Gerais. Este exercício profissional deve traduzir-se</p><p>também, individualmente, na disciplina militar, lealdade, honestidade, espírito de corpo,</p><p>iniciativa, dedicação, equilíbrio emocional, coragem, abnegação, vigor físico, civismo e</p><p>patriotismo.</p><p>A PMMG apresenta um conjunto de Manuais Técnicos-Profissionais que estabelecem</p><p>métodos, técnicas e parâmetros que propiciam suporte à sua prática profissional e, por isso,</p><p>consistem em instrumentos educativos e de proteção, tanto para o policial quanto para o</p><p>cidadão.</p><p>( - BEPM nº 10, de 05 de outubro de 2020 - ) Página : ( - 12 - )</p><p>12</p><p>Este Manual Técnico-Profissional nº 3.04.01 (MTP 01) – Intervenção Policial, Processo</p><p>de Comunicação e Uso da</p><p>junho de 2002. Aprova o Código de Ética e</p><p>Disciplina dos Militares de Minas Gerais. Belo Horizonte, 2002.</p><p>MINAS GERAIS. Polícia Militar. Comando-Geral. Resolução Nº 3.664, de 10 de junho de</p><p>2002. Aprova o Manual de Prática Policial – Vol. 1, de autoria do Maj PM Cícero Nunes e</p><p>Cap PM Marcelo Vladmir Corrêa, e o reconhece como Trabalho Técnico-Profissional. Belo</p><p>Horizonte: Centro de Pesquisa e Pós-Graduação da PMMG, 2002a.</p><p>MINAS GERAIS. Polícia Militar. Estado-Maior. Memorando Circular Nº 31.687.6/08-EMPM,</p><p>de 10 de outubro de 2008. Uso de algemas – recomendações. Ref.: Súmula Vinculante nº</p><p>11, do Supremo Tribunal Federal. Belo Horizonte, 2008.</p><p>MINAS GERAIS. Polícia Militar. Comando-Geral. Resolução Nº 4.148, de 09 de junho de</p><p>2011. Aprova o Manual de Armamento Convencional. Belo Horizonte, 2011.</p><p>MINAS GERAIS. Polícia Militar. Comando-Geral. Diretriz de Direitos Humanos Nº</p><p>3.01.09/18-CG: Regula a atuação da Polícia Militar de Minas Gerais segundo a Filosofia de</p><p>Direitos Humanos. Belo Horizonte: Comando-Geral, Assessoria Estratégica de Emprego</p><p>Operacional (AE/3), 2018.</p><p>MINAS GERAIS. Polícia Militar. Comando-Geral. Resolução Nº 4.827, de 26 de agosto de</p><p>2019. Dispõe sobre o Portfolio de Serviços da Polícia Militar de Minas Gerais. Belo</p><p>Horizonte, 2019.</p><p>MINAS GERAIS. Polícia Militar. Diretriz Geral para Emprego Operacional Nº 3.01.01/2019:</p><p>Regula o emprego operacional da Polícia Militar de Minas Gerais. Belo Horizonte: Comando-</p><p>Geral, Assessoria Estratégica de Emprego Operacional (PM3), 2019a.</p><p>( - BEPM nº 10, de 05 de outubro de 2020 - ) Página : ( - 81 - )</p><p>81</p><p>MINAS GERAIS. Polícia Militar. Comando-Geral. Plano Estratégico: 2020–2023/</p><p>Comando-Geral. Belo Horizonte: Assessoria de Desenvolvimento Organizacional, 2020.</p><p>MUNIZ, Jacqueline; PROENÇA JR., Domício; DINIZ, Eugênio. Uso da força e</p><p>ostensividade na ação policial. Conjuntura Política - Boletim de Análise. Belo Horizonte:</p><p>Departamento de Ciência Política/UFMG, n. 6, abril de 1999, pp. 22-26.</p><p>ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS. Declaração Universal dos Direitos Humanos.</p><p>Assembleia Geral das Nações Unidas, 1948.</p><p>ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS. Resolução Nº 34/169, de 17 de Dezembro de</p><p>1979. Código de Conduta para os Funcionários Responsáveis pela Aplicação da Lei</p><p>(CCEAL). Assembleia Geral das Nações Unidas, 1979.</p><p>ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS. Resolução Nº 35/177, de 15 de Dezembro de</p><p>1980. Conjunto de Princípios para Proteção de Todas as Pessoas sob Qualquer Forma de</p><p>Detenção ou Prisão. Assembleia Geral das Nações Unidas, 1980.</p><p>ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS. Resolução Nº 39/4, de 10 de Dezembro de 1984.</p><p>Convenção Contra a Tortura e outras penas ou tratamentos crués, desumanos ou</p><p>degradantes. Assembleia Geral das Nações Unidas, 1984.</p><p>ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS. Princípios Básicos sobre a utilização da Força</p><p>e de Armas de Fogo pelos Funcionários Responsáveis pela Aplicação da Lei</p><p>(PBUFAF). 8º Congresso das Nações Unidas. Cuba, 1990.</p><p>ROVER, Cees de. Para Servir e Proteger. Direitos Humanos e Direito Internacional</p><p>Humanitário para Forças Policiais e de Segurança: manual para instrutor. Genebra. Comitê</p><p>Internacional da Cruz Vermelha, 1998, p. 70, 141-152.</p><p>SANTOS, Antonio Norberto dos. Policiamento. Belo Horizonte,1969.</p><p>TUELLER, Dennis. "Quão perto é muito perto?" . Revista SWAT, 1983</p><p>( - BEPM nº 10, de 05 de outubro de 2020 - ) Página : ( - 82 - )</p><p>http://www.theppsc.org/Staff_Views/Tueller/How.Close.htm</p><p>82</p><p>( - BEPM nº 10, de 05 de outubro de 2020 - ) Página : ( - 83 - )</p><p>Força tem como finalidade apresentar orientações básicas para</p><p>a efetividade das intervenções policiais e deve ser tomado como referencial obrigatório para</p><p>os demais Manuais Técnicos-Profissionais.</p><p>A Seção 2 deste manual, trata do Preparo Mental e dos Estados de Prontidão,</p><p>ressaltando a importância de o policial militar ensaiar possibilidades para antecipar</p><p>respostas e observar sua capacidade de reação para as diferentes situações do cotidiano</p><p>operacional.</p><p>A Seção 3 traz a metodologia para proceder à Avaliação de Riscos, ferramenta necessária</p><p>para diagnosticar as diversas situações de ameaça e as condições de segurança para uma</p><p>intervenção.</p><p>O Pensamento Tático é outro recurso importante para o diagnóstico de cada ocorrência.</p><p>Ele fornece elementos para analisar e controlar as diferentes áreas do “teatro de operações”</p><p>e buscar interferir no processo mental do agressor, subsidiando o planejamento da</p><p>intervenção. Será desenvolvido na Seção 4, em complemento à seção anterior.</p><p>A Seção 5 aborda o tema Intervenção Policial-Militar, suas etapas e classificação em três</p><p>níveis diferentes, em função dos objetivos e riscos avaliados. A Abordagem Policial, como</p><p>exteriorização da intervenção, também é tratada nesta seção, contudo, de forma introdutória,</p><p>pois será retomada mais detalhadamente nos outros Manuais Técnicos, devido à sua</p><p>importância na atividade policial-militar.</p><p>O Processo de Comunicação é tema da Seção 6, destacando a importância dos</p><p>elementos verbais e não verbais do processo de comunicação, como instrumento facilitador</p><p>em qualquer intervenção, aplicável em todos os níveis de uso da força pela Polícia Militar.</p><p>Finalizando, a Seção 7 dispõe sobre o Uso da Força, seus diferentes níveis, além de trazer</p><p>considerações e orientações sobre o Uso da Arma de Fogo e de Força Potencialmente</p><p>Letal, consistindo num referencial para que o policial militar tenha segurança em utilizá-la,</p><p>desde que em conformidade com os princípios éticos e legais que regem seu emprego.</p><p>( - BEPM nº 10, de 05 de outubro de 2020 - ) Página : ( - 13 - )</p><p>13</p><p>Este conjunto de Manuais Técnicos-Profissionais operacionais denomina-se Prática</p><p>Policial-Militar Básica e será composto pelos seguintes documentos:</p><p>a) Manual Técnico-Profissional nº 3.04.01 – Intervenção Policial, Processo de Comunicação</p><p>e Uso da Força (MTP 01);</p><p>b) Manual Técnico-Profissional nº 3.04.02 – Abordagem a Pessoas (MTP 02);</p><p>c) Manual Técnico-Profissional nº 3.04.03 – Blitz Policial (MTP 03);</p><p>d) Manual Técnico-Profissional nº 3.04.04 – Abordagem a Veículos (MTP 04);</p><p>e) Manual Técnico-Profissional nº 3.04.05 – Escoltas Policiais e Conduções Diversas (MTP</p><p>05).</p><p>( - BEPM nº 10, de 05 de outubro de 2020 - ) Página : ( - 14 - )</p><p>14</p><p>2 PREPARO MENTAL</p><p>É fato que cada ocorrência policial possui um conjunto de variáveis que a torna única. Cada</p><p>intervenção é singular, exigindo que o policial militar seja versátil e capaz de adaptar-se às</p><p>peculiaridades de cada situação do cotidiano operacional. Nesse contexto, a segurança do</p><p>policial militar, na execução das suas tarefas, está diretamente relacionada ao seu preparo</p><p>mental.</p><p>Considera-se preparo mental o processo de pré-visualizar os prováveis problemas a serem</p><p>encontrados em cada tipo de intervenção policial-militar e ensaiar mentalmente as</p><p>possibilidades de respostas. Essa antecipação desencadeia um conjunto de alterações</p><p>fisiológicas e psicológicas, colocando o policial militar num estado de prontidão que</p><p>ampliará sua capacidade de resposta a cada situação.</p><p>A falta do preparo mental do policial militar durante uma intervenção prejudicará o seu</p><p>desempenho, levando a um aumento de seu tempo de resposta à agressão e, assim, o uso</p><p>da força poderá ser inadequado (excessivo ou aquém do necessário para contê-la). Num</p><p>cenário mais grave, o policial militar pode ser levado a uma paralisia ou a um bloqueio na</p><p>sua capacidade de reagir, comprometendo, consequentemente, a segurança e o resultado</p><p>da ocorrência.</p><p>Visualizar as situações e respostas possíveis prepara o policial militar para a tomada de</p><p>decisões. Mesmo em circunstâncias adversas (por exemplo, ferido ou sob estresse), o</p><p>policial militar bem treinado terá como responder, adequadamente, dentro dos padrões</p><p>técnicos, legais e éticos.</p><p>O treinamento policial-militar baseado em situações práticas que se aproximam do cotidiano</p><p>profissional, somado à análise crítica de erros e acertos vivenciados na experiência real,</p><p>contribuem para o desenvolvimento da habilidade do policial militar pensar sobre como ele</p><p>agiria nas diversas situações, visualizando mentalmente suas respostas e definindo</p><p>previamente o seu procedimento básico. Dessa forma, ele criará rotinas seguras para sua</p><p>atuação.</p><p>Por isso, o treinamento policial-militar deve ser contínuo, valorizando o preparo mental,</p><p>tanto quanto todas as atividades da capacitação profissional.</p><p>( - BEPM nº 10, de 05 de outubro de 2020 - ) Página : ( - 15 - )</p><p>15</p><p>2.1 Estados de prontidão</p><p>Na atividade profissional, o policial militar lida com diversas situações caracterizadas por</p><p>diferentes níveis de risco e complexidade. Cada momento exigirá dele uma habilidade de</p><p>antecipar e reagir ao perigo e atuar em um estado de prontidão diferente.</p><p>Os estados de prontidão são definidos por um conjunto de alterações fisiológicas</p><p>(frequência cardíaca, ritmo respiratório, dentre outros) e das funções mentais (concentração,</p><p>atenção, pensamento, percepção, emotividade) que influenciam na capacidade de reagir às</p><p>situações de perigo. É importante destacar que os estados de prontidão dependem de</p><p>fatores subjetivos, tais como experiências anteriores, domínio técnico e relacionamento com</p><p>a equipe de trabalho, que influenciam no modo como cada policial militar percebe e</p><p>responde a um mesmo estímulo.</p><p>2.1.1 Classificação dos estados de prontidão</p><p>Os diferentes estados de prontidão são classificados da seguinte forma:</p><p>a) Estado Relaxado</p><p>É caracterizado pela distração em relação ao que está acontecendo ao redor, pelo</p><p>pensamento disperso e pelo relaxamento psíquico do policial militar. Pode ser ocasionado</p><p>por uma percepção errônea da ausência de perigo ou mesmo por cansaço. É representado</p><p>pela cor branca.</p><p>O policial militar encontra-se despreparado para um eventual confronto e, caso uma</p><p>intervenção seja necessária, aumentará consideravelmente os riscos e comprometerá a sua</p><p>segurança individual e a de sua guarnição.</p><p>Exemplo: o policial militar de folga, em casa, almoçando com sua família, pode se encontrar</p><p>no estado relaxado. Por outro lado, em patrulhamento, escutar uma música com fone de</p><p>ouvido ou usar o celular para assuntos diversos que desviem sua atenção do policiamento</p><p>LEMBRE-SE: Ao desenvolver o preparo mental, o policial militar</p><p>antecipa-se, fazendo uma avaliação preliminar das ameaças e</p><p>considera as possibilidades de atuação.</p><p>( - BEPM nº 10, de 05 de outubro de 2020 - ) Página : ( - 16 - )</p><p>16</p><p>executado, colocará a sua segurança e a de seu grupo em risco, caso tenha que fazer uma</p><p>intervenção inesperada.</p><p>b) Estado de Atenção</p><p>Neste estado de prontidão, o policial militar está atento, precavido, mas não está tenso.</p><p>Apresenta calma, porém, mantém constante vigilância das pessoas, dos lugares, das coisas</p><p>e ações ao seu redor por meio de uma observação multidirecional e da atenção difusa (em</p><p>360º). É representado pela cor amarela.</p><p>No Estado de Atenção, o policial militar estará preparado para empregar ações de</p><p>respostas adequadas às situações de normalidade. Não há identificação de um ato hostil e,</p><p>embora não haja um confronto iminente, o policial militar está ciente de que uma agressão é</p><p>possível. Percebe e avalia constantemente o ambiente, atento a qualquer sinal que possa</p><p>indicar uma ameaça em potencial e a necessidade</p><p>de intervenção.</p><p>Exemplos: o policial militar, realizando patrulhamento em sua área de responsabilidade e</p><p>interagindo com comerciantes, orientando-os quanto a dicas de segurança e, ao mesmo</p><p>tempo, estando atento a toda a movimentação de pessoas dentro e fora do estabelecimento</p><p>comercial. Qualquer deslocamento do policial militar fardado ou à paisana durante sua folga.</p><p>c) Estado de Alerta</p><p>Neste estado de prontidão, o policial militar detecta um problema e está ciente de que um</p><p>confronto é provável. Embora ainda não haja necessidade imediata de reação, o policial</p><p>militar se mantém vigilante, identifica prováveis riscos que exijam uso da força e calcula o</p><p>nível de resposta adequado. É representado pela cor laranja.</p><p>Manter-se no estado de alerta diminui os riscos do policial militar ser surpreendido,</p><p>propiciando a adoção de ações de resposta, conforme a situação exigir. Deve-se avaliar a</p><p>necessidade de pedir apoio de outros policiais militares e, concomitantemente, identificar</p><p>prováveis abrigos (proteções) que possam ser utilizados.</p><p>ATENÇÃO! Na atividade operacional ou em deslocamento fardado</p><p>ou à paisana, em ambientes não controlados, o policial militar NÃO</p><p>deve estar no estado relaxado (branco).</p><p>( - BEPM nº 10, de 05 de outubro de 2020 - ) Página : ( - 17 - )</p><p>17</p><p>Exemplos: o policial militar acionado pelo rádio por meio do Centro de Operações Policiais</p><p>Militares (COPOM) para atender a uma ocorrência em um local considerado zona quente de</p><p>criminalidade ou a um chamado de um roubo à mão armada ocorrido na sua região de</p><p>patrulhamento, desloca-se a fim de tentar realizar a prisão dos agentes e durante o</p><p>deslocamento verbaliza com os demais integrantes da guarnição sobre o local do chamado,</p><p>possíveis ações e prováveis abrigos.</p><p>d) Estado de Alarme</p><p>Neste estado de prontidão, o risco é real e uma resposta do policial militar é necessária. É</p><p>importante focalizar a ameaça (atenção concentrada no problema) e ter em mente a ação</p><p>adequada para controlá-la, aliando a intervenção verbal ao uso das demais técnicas</p><p>(inclusive de menor potencial ofensivo), ou da força potencialmente letal, conforme as</p><p>circunstâncias exigirem. É representado pela cor vermelha.</p><p>O preparo mental e o treinamento técnico recebido possibilitarão ao policial militar condições</p><p>de realizar sua defesa e a de terceiros e, mesmo em situações de emergência, decidir</p><p>adequadamente.</p><p>Exemplos: o policial militar intervindo no atendimento de uma ocorrência, como num conflito</p><p>entre vizinhos, e um deles ameaça o outro com uma arma de fogo; ou quando se depara</p><p>com um veículo que acaba de ser tomado de assalto, iniciando-se uma perseguição ao</p><p>veículo em fuga.</p><p>e) Estado de Pânico</p><p>Quando o policial militar se depara com uma ameaça para a qual não está preparado ou</p><p>quando se mantém num estado de tensão por um período de tempo muito prolongado, seu</p><p>organismo entra num processo de sobrecarga física e emocional. É representado pela cor</p><p>preta.</p><p>Nesse caso, podem ocorrer falhas na percepção da situação, comprometendo sua</p><p>capacidade de reagir adequadamente à ameaça enfrentada. Isso caracteriza o estado de</p><p>pânico .</p><p>O pânico é o descontrole total que produz paralisia ou uma reação desproporcional,</p><p>portanto ineficaz. É chamado assim porque a mente entra em uma espécie de “apagão”, o</p><p>( - BEPM nº 10, de 05 de outubro de 2020 - ) Página : ( - 18 - )</p><p>18</p><p>que impossibilita ao policial militar dar respostas apropriadas ao nível da ameaça sob a qual</p><p>estaria exposto.</p><p>Durante o estado de pânico, poderá ocorrer o retorno parcial e momentâneo ao estado de</p><p>alarme, o que até poderá propiciar alguma capacidade de reação. Contudo, é importante</p><p>interpretar essas oscilações dos estímulos mentais (percepção, atenção ou pensamento)</p><p>como um grave sinal de perigo e esgotamento mental, e não como indicativos de que o</p><p>policial militar suporta bem o estresse oferecido pela situação.</p><p>Exemplos: o policial militar que abandona um abrigo e atraca-se fisicamente com um</p><p>agressor ou que utiliza a arma de fogo sem controle, atirando de maneira instintiva; quando</p><p>o policial militar visualiza seu companheiro de equipe em luta corporal com determinado</p><p>indivíduo e não consegue esboçar reação, no sentido de apoiar ou solicitar reforço; ou, até</p><p>mesmo, a situação em que o policial militar atinge estado de letargia física ou paralisia</p><p>momentânea, deixando de acompanhar sua guarnição, quando em deslocamento no local</p><p>da ocorrência.</p><p>2.2 Estados de prontidão e a atuação policial-militar</p><p>O estado de atenção (amarelo) é o estado de prontidão no qual o policial militar deve</p><p>operar durante uma situação de normalidade (exemplo: patrulhamento ordinário), dando</p><p>prioridade para a identificação de possíveis riscos.</p><p>Durante uma intervenção, policiais militares podem ser feridos em decorrência de situações</p><p>de risco que não anteciparam, não viram ou não estavam mentalmente preparados para</p><p>enfrentar. No transcorrer da ação, quando uma mudança de estado de prontidão é exigida,</p><p>aumentando o nível de concentração do policial militar (para o estado de alerta - laranja</p><p>ou alarme - vermelho), a partida do estado de atenção (amarelo) é muito mais fácil do que</p><p>um salto do estado relaxado (branco).</p><p>Como já foi dito anteriormente, nesse último caso, partindo do estado relaxado (branco), o</p><p>policial militar estaria tão despreparado que poderia até entrar numa situação de pânico</p><p>(preto).</p><p>Ressalta-se que o estado de atenção (amarelo) pode ser mantido por um período mais</p><p>prolongado sem sobrecarregar as funções físicas e mentais. Contudo, o estado de alerta</p><p>(laranja) e o estado de alarme (vermelho) podem ser mantidos pelo organismo e pela mente</p><p>( - BEPM nº 10, de 05 de outubro de 2020 - ) Página : ( - 19 - )</p><p>19</p><p>apenas por períodos de tempo relativamente curtos, pois exigem um dispêndio maior de</p><p>energia. Operar continuamente nesses avançados níveis de prontidão pode desencadear</p><p>reações adversas, tanto no âmbito físico quanto psicológico, levando a síndromes de</p><p>esgotamento (estresse crônico).</p><p>Caso a ocorrência tenha exigido atuação no estado de alarme (vermelho), quando cessada</p><p>a situação de ameaça, é importante incentivar o policial militar a retornar ao estado de</p><p>atenção (amarelo), se as condições de segurança do ambiente assim permitirem. Essa</p><p>medida favorece o retorno do organismo às condições de funcionamento normal, sem muito</p><p>desgaste.</p><p>Esse processo pode ser conduzido, logo após o desfecho da ocorrência, pelo próprio</p><p>comandante da guarnição ou pelo comandante do turno, incentivando o grupo a conversar</p><p>sobre a experiência vivida. A manutenção do espírito de equipe e da confiança entre líder e</p><p>liderados são fatores importantes para minimizar o desgaste do profissional.</p><p>Posteriormente, durante os horários de folga, em ambientes controlados, os policiais</p><p>militares devem ser incentivados a buscar um repouso (estado relaxado – branco). A</p><p>participação em atividades junto à família ou amigos, a prática de esportes, atividades</p><p>culturais, ou outros hábitos de vida mais saudáveis devem fazer parte da rotina durante as</p><p>folgas.</p><p>Caso o policial militar sinta os efeitos do estado de pânico, mesmo durante as folgas, é</p><p>extremamente recomendado buscar apoio na sua unidade e incentivado o contato com</p><p>profissionais da área de saúde, (psicólogos, terapeutas, etc) seja nos Núcleos de Atenção</p><p>Integral à Saúde (NAIS), diretamente no Hospital da Polícia Militar (HPM) ou profissionais de</p><p>saúde da rede de conveniados.</p><p>Caso não haja preocupação com essas medidas, o policial militar estará mais propenso a</p><p>desenvolver um quadro de estresse crônico. Comportamentos de irritabilidade, intolerância e</p><p>impaciência são sintomas comuns e, agindo sobre os efeitos deste quadro, o policial militar</p><p>poderá responder de forma impulsiva quando se deparar com situações</p><p>de ameaça e perigo,</p><p>ou ainda, com reações exageradas mesmo em ocorrências com baixo nível de risco e</p><p>complexidade (nível de força incompatível com a análise de risco e reação do abordado).</p><p>Tudo isso pode favorecer o surgimento do estado de pânico (preto) durante o serviço</p><p>operacional. Medidas que incentivam o retorno ao estado relaxado (branco) são, portanto,</p><p>( - BEPM nº 10, de 05 de outubro de 2020 - ) Página : ( - 20 - )</p><p>20</p><p>estratégias que contribuem tanto para a prevenção da saúde mental do profissional de</p><p>segurança pública quanto para evitar a banalização de atos de violência nas intervenções</p><p>policiais militares.</p><p>O acompanhamento com o profissional de saúde promoverá uma melhora na qualidade de</p><p>vida do policial militar, e permitirá um resultado positivo na atividade profissional, além de</p><p>evitar atingir graus de estresse mais elevados que o serviço exige.</p><p>Assim, o estado de prontidão do policial militar é considerado tão fundamental quanto os</p><p>equipamentos e armamentos colocados à sua disposição no serviço ou patrulhamento, pois,</p><p>juntamente com o domínio técnico e o condicionamento físico, é ele que determinará sua</p><p>condição de resposta à situação apresentada.</p><p>Quanto melhor preparado mentalmente, melhor condição o policial militar terá para:</p><p>a) detectar sinais de riscos e de ameaças;</p><p>b) colocar-se no estado de prontidão apropriado para cada situação;</p><p>c) ter autodomínio para passar para um nível mais alto ou mais baixo de prontidão, de</p><p>acordo com a evolução da intervenção.</p><p>( - BEPM nº 10, de 05 de outubro de 2020 - ) Página : ( - 21 - )</p><p>21</p><p>3 AVALIAÇÃO DE RISCOS</p><p>Toda intervenção envolve algum tipo de risco potencial que deverá ser considerado pelo</p><p>policial militar. O risco é a probabilidade de concretização de uma ameaça contra pessoa e</p><p>bens.</p><p>Cada situação exigirá que ele se mantenha no estado de prontidão compatível com a</p><p>gravidade dos riscos que identificar, podendo migrar de um estado de prontidão para outro</p><p>que a situação exigir. Uma ponderação prévia irá orientar o policial militar sobre a</p><p>necessidade e o momento de iniciar a intervenção, escolhendo a melhor maneira para fazê-</p><p>lo.</p><p>Toda ação policial-militar deverá ser precedida de uma avaliação dos riscos envolvidos, que</p><p>consiste na análise da probabilidade da concretização do dano e de todos os aspectos de</p><p>segurança que subsidiarão o processo de tomada de decisão em uma intervenção,</p><p>formando um componente importante do diagnóstico provável da intervenção.</p><p>O risco é incerto, mas é previsível e em sua avaliação o policial militar deverá ter em mente</p><p>que, em qualquer processo de tomada de decisão em ambiente operacional, a Polícia Militar</p><p>tem o dever funcional de preservar vidas, de servir e proteger a sociedade, preservar a</p><p>ordem pública e a incolumidade das pessoas e do patrimônio, garantindo o cumprimento da</p><p>lei1.</p><p>3.1 Metodologia de avaliação de riscos</p><p>Esta metodologia compreende cinco etapas, sendo elas:</p><p>a) Etapa 1 - identificação de direitos e garantias2 sob ameaça: consiste em identificar</p><p>qual direito ou garantia está exposto ao risco, os bens móveis e imóveis sujeitos a algum</p><p>tipo de dano, as circunstâncias e o histórico dos fatos, o comportamento das possíveis</p><p>vítimas envolvidas, o tipo de delito e a possibilidade de evolução do problema.</p><p>b) Etapa 2 - avaliação das ameaças: consiste em avaliar as características dos fatores que</p><p>ameaçam direitos e garantias. Para tanto, o policial militar deve obter informações do infrator</p><p>em potencial (idade, sexo, compleição física, estado emocional e psicológico, motivação</p><p>1 Inciso V do art. 144 da Constituição Federal Brasileira.</p><p>2 Os direitos e garantias são os previstos na Constituição Federal de 1988.</p><p>( - BEPM nº 10, de 05 de outubro de 2020 - ) Página : ( - 22 - )</p><p>22</p><p>para o ato, armas empregadas, trajetória criminal, registro anterior de agressão ou da ação</p><p>contra policiais, entre outros);</p><p>c) Etapa 3 – classificação de risco: a classificação de risco permite ao policial militar agir</p><p>dentro de padrões de segurança, auxilia na escolha do comportamento tático mais</p><p>adequado, além de lhe propiciar melhores condições para assegurar os direitos e proteger</p><p>todos os envolvidos. A classificação de risco está estruturada em 3 níveis:</p><p> Risco nível I - caracterizado pela reduzida possibilidade de ocorrerem ameaças que</p><p>comprometam a segurança. Este nível de risco está presente em situações rotineiras do</p><p>patrulhamento e intervenções de caráter preventivo, educativo e assistencial. O estado de</p><p>prontidão coerente com o risco de nível I é o estado de atenção (amarelo);</p><p> Risco nível II - caracterizado pela real possibilidade de ocorrerem ameaças que</p><p>comprometam a segurança. São situações nas quais existe fundada suspeita, mas que a</p><p>intervenção policial-militar consiste numa averiguação preventiva. O estado de prontidão</p><p>coerente com o risco de nível II é o estado de alerta (laranja);</p><p> Risco nível III - caracterizado pela concretização do dano ou pelo risco real e iminente.</p><p>São situações nas quais a intervenção policial-militar é de caráter repressivo3. O estado de</p><p>prontidão coerente com o risco de nível III é o estado de alarme (vermelho).</p><p>d) Etapa 4 – análise das vulnerabilidades: consiste em analisar os recursos que existem</p><p>para responder à ameaça, dentre eles:</p><p> Competências profissionais dos policiais militares para agir no cenário em função das</p><p>técnicas e táticas adequadas aos tipos de ameaças;</p><p> Efetivo policial-militar suficiente para atuar com supremacia de força;</p><p> Meios que o policial militar dispõe para intervir de forma efetiva e segura (armamento,</p><p>colete balístico, equipamento para comunicação, veículos, entre outros).</p><p>3 A palavra “repressivo” admite conotação depreciativa relacionada, principalmente, a fatores históricos, políticos,</p><p>culturais e ideológicos referentes à tríade classe, raça e gênero. Contudo, no âmbito da atividade policial-militar,</p><p>o termo é empregado para caracterizar ações de cunho técnico e profissional voltadas a coibir atos ilícitos que</p><p>ameaçam direitos fundamentais.</p><p>( - BEPM nº 10, de 05 de outubro de 2020 - ) Página : ( - 23 - )</p><p>23</p><p>e) Etapa 5 – avaliação dos possíveis resultados: é a análise da relação custo-benefício</p><p>da intervenção policial-militar diante de cada situação de risco. Cabe ao policial militar</p><p>estimar quais serão os resultados de suas ações e seus reflexos na defesa da vida e das</p><p>pessoas, no reforço de um cenário de paz social e na imagem da PMMG.</p><p>3.2 Aplicação</p><p>A Avaliação de Riscos possibilita o uso de técnicas e táticas adequadas às diversas formas</p><p>de intervenção policial (ver Intervenção Policial – Seção 5).</p><p>Para cada nível de risco determinado, haverá condutas operacionais pré-estabelecidas</p><p>como referência para a ação policial-militar, cabendo-lhe selecionar os procedimentos mais</p><p>adequados a cada situação.</p><p>Cada atuação da Polícia Militar é cercada de particularidades. Não existem ocorrências</p><p>iguais, contudo é possível desenhar um conjunto de “situações básicas” que podem servir</p><p>de modelos aplicáveis ao treinamento.</p><p>A sistematização das respostas esperadas a partir da identificação e classificação de riscos</p><p>em uma intervenção policial-militar viabiliza a seleção e a aplicação de procedimentos</p><p>adequados à solução de problemas, como será visto na seção seguinte.</p><p>LEMBRE-SE: não é possível afastar completamente o risco em uma</p><p>intervenção policial militar, mas o preparo mental, o treinamento e a</p><p>obediência às normas técnicas garantem uma probabilidade maior</p><p>de sucesso.</p><p>( - BEPM nº 10, de 05 de outubro de 2020 - ) Página : ( - 24 - )</p><p>24</p><p>4 PENSAMENTO TÁTICO</p><p>Pensamento tático é o processo de análise do cenário da intervenção policial-militar (leitura</p><p>do ambiente). Consiste em mapear as diferentes áreas do “teatro de operações”</p><p>em função</p><p>dos riscos avaliados, identificar perímetros de segurança para atuação, priorizar os pontos</p><p>que exijam maior atenção e tentar interferir no processo mental do agressor, limitando sua</p><p>ação.</p><p>Enquanto o preparo mental ocorre antes da intervenção, o pensamento tático ocorre</p><p>concomitantemente com a avaliação de riscos, sendo importantes componentes do</p><p>diagnóstico provável da intervenção. Num processo dinâmico, atualiza-se em função da</p><p>evolução da ocorrência.</p><p>4.1 Quarteto do pensamento tático</p><p>O pensamento tático é norteado pelo quarteto: área de segurança, área de risco, ponto</p><p>de foco e ponto quente.</p><p>Figura 1 - Quarteto do pensamento tático</p><p>Fonte: Elaborado pelo autor.</p><p>AVALIAÇÃO DE RISCOS + PENSAMENTO TÁTICO =</p><p>DIAGNÓSTICO PROVÁVEL DA INTERVENÇÃO</p><p>( - BEPM nº 10, de 05 de outubro de 2020 - ) Página : ( - 25 - )</p><p>25</p><p>Ao aplicar esses conceitos, o policial militar terá melhores condições para avaliar e reagir</p><p>adequadamente aos riscos que possa vir a enfrentar, mesmo sob estresse.</p><p>O emprego do pensamento tático permite ao policial militar:</p><p> dividir em diferentes níveis de perigo o local onde se encontra ou para onde se dirige</p><p>(“teatro de operações”);</p><p> formular um plano de ação;</p><p> estabelecer prioridade para dirigir a atenção e determinar pontos que devam ser</p><p>controlados;</p><p> manter segurança individual e da equipe no desenrolar da ocorrência;</p><p> controlar ameaças que possam surgir.</p><p>Os conceitos que se seguem devem ser entendidos de maneira ampla e sistêmica, sendo</p><p>adaptáveis às diversas situações operacionais:</p><p>a) Área de segurança</p><p>É a área na qual a Polícia Militar tem o domínio da situação, não havendo, presumidamente,</p><p>riscos à integridade física e à segurança dos envolvidos. É o espaço onde o policial militar</p><p>deve, primeiramente, se colocar durante a intervenção, evitando se expor a perigos</p><p>desnecessários.</p><p>Exemplo: Manter-se abrigado nos arredores de uma residência já cercada por policiais</p><p>militares, devidamente protegidos onde, no interior da edificação, se encontra o suspeito da</p><p>prática de um delito, armado.</p><p>b) Área de risco</p><p>Consiste num espaço físico delimitado, no “teatro de operações”, onde há maior</p><p>probabilidade de existir ameaças, potenciais ou reais, que ponham em perigo a integridade</p><p>física e a segurança dos envolvidos. Via de regra, o policial militar não deve estar neste</p><p>espaço sem controlá-lo. É a área na qual o policial militar não detém o domínio da situação,</p><p>( - BEPM nº 10, de 05 de outubro de 2020 - ) Página : ( - 26 - )</p><p>26</p><p>por ainda não ter realizado buscas, torna-se, uma fonte de perigo para ele ou terceiros, e</p><p>por isso requer que os riscos envolvidos sejam rigorosamente avaliados (ver Avaliação de</p><p>Riscos – seção 3).</p><p>Exemplo: o interior de uma residência onde se encontram suspeitos da prática de um delito,</p><p>considerando que os policiais militares já dominaram os arredores da edificação.</p><p>c) Ponto de foco</p><p>Os pontos de foco são partes dentro da área de risco que requerem monitoramento</p><p>específico e demandam imediata atenção do policial militar, uma vez que deles podem</p><p>surgir ameaças que representem risco à segurança dos envolvidos, ou seja, elementos no</p><p>ambiente para os quais há a convergência do pensamento, acerca do risco real ou potencial</p><p>que representa para a atuação policial, e que demandam cautela na conduta operacional.</p><p>Portas, janelas, escadas, corredores, partes dos veículos, obstáculos físicos, escavações,</p><p>uma pessoa, ou qualquer outro elemento no local de atuação que possa oferecer ameaça,</p><p>mesmo que não imediatamente visível ou conhecida.</p><p>Exemplo: Uma porta que dá acesso a um dos cômodos do interior da residência,</p><p>considerando que os policiais encontram-se no interior da residência executando um</p><p>adentramento tático.</p><p>d) Ponto quente</p><p>Os pontos quentes são partes do ponto de foco que possuem um maior potencial de se</p><p>tornarem fontes reais de agressão e que, por isso, devem ser cautelosamente monitorados</p><p>para garantir a segurança de todos os envolvidos. O policial militar direcionará sua atenção,</p><p>energia e habilidade para essas fontes a fim de responder adequadamente, considerando os</p><p>princípios e as regras para o uso da força.</p><p>Seguindo o exemplo da alínea “c) Ponto de foco”, o ponto quente será o suspeito da prática</p><p>de um delito, que está posicionado na porta que dá acesso a um dos cômodos.</p><p>É necessário compreender que a definição do que será ponto de foco e ponto quente ocorre</p><p>de maneira contínua e dinâmica, decorrente da avaliação de riscos. Isso permite ao policial</p><p>ATENÇÃO! O policial militar para adentrar a área de risco deve</p><p>considerar os perigos que ali se encontram.</p><p>( - BEPM nº 10, de 05 de outubro de 2020 - ) Página : ( - 27 - )</p><p>27</p><p>militar reclassificá-los à medida que os locais de onde podem partir as ameaças vão sendo</p><p>identificados e/ou controlados, mais especificamente.</p><p>No exemplo anterior, no primeiro momento, o suspeito na porta foi definido como um ponto</p><p>quente. Contudo, quando o policial militar identifica que ele está com uma arma de fogo, a</p><p>partir de então, o abordado será considerado como um ponto de foco e suas mãos passam</p><p>a ser o ponto quente.</p><p>Outro exemplo: um veículo suspeito será considerado ponto de foco e um indivíduo que está</p><p>em seu interior o ponto quente. Esse mesmo indivíduo poderá tornar-se o ponto de foco e</p><p>suas mãos serão definidas como o ponto quente. Igual atenção deverá ser dada às janelas,</p><p>portas e porta-malas, pois são locais prováveis para o surgimento de ameaças (pontos</p><p>quentes).</p><p>4.1.1 Leitura do ambiente</p><p>Existem três questões chaves para uma correta leitura do ambiente, que levam à</p><p>identificação dos riscos presentes numa intervenção policial:</p><p> Onde estão os riscos potenciais nesta situação?</p><p>Ao se aproximar de uma residência para atendimento de uma ocorrência, uma mulher sai</p><p>correndo de dentro da casa na direção ao policial militar. Considere, a mulher, em si mesma,</p><p>é uma ameaça?</p><p>Onde estão as portas e janelas das quais o policial militar pode ser visto ou atingido por</p><p>alguém que se encontre dentro da residência? Que outros locais podem abrigar um</p><p>agressor que não foi visto?</p><p> Esses riscos estão controlados?</p><p>Na cena descrita, existem locais de ameaça que o policial militar ainda não controla.</p><p>Qualquer foco de ameaça que não esteja sob o controle visual de pelo menos um policial</p><p>militar é um risco que não se controla. No exemplo, o policial militar não deve se colocar</p><p>parado no passeio em frente à residência, exposto a tais pontos de foco, pois aumenta o</p><p>perigo potencial de sofrer um ataque.</p><p>( - BEPM nº 10, de 05 de outubro de 2020 - ) Página : ( - 28 - )</p><p>28</p><p> Se esses riscos não estão controlados, como fazer para controlá-los?</p><p>Nesse exemplo, o policial militar pode considerar os possíveis abrigos próximos: uma</p><p>grande árvore, uma coluna de varanda, um carro estacionado, uma caçamba ou outro meio</p><p>de proteção. Abrigado numa área de segurança, o policial militar utiliza a verbalização para</p><p>identificar e direcionar a mulher para uma posição segura e, simultaneamente, checa,</p><p>periodicamente, o ambiente em sua volta, avalia a área de risco, identifica os pontos de foco</p><p>e visualiza os pontos quentes.</p><p>4.1.2 Alinhamento com os estados de prontidão</p><p>É possível alinhar os conceitos do pensamento tático com o estado de prontidão. Quando o</p><p>policial militar se aproxima da área de risco e começa a analisá-la, o seu estado de</p><p>prontidão deve ser o de alerta (laranja), precavendo-se contra situações adversas e estando</p><p>consciente de que o perigo pode estar presente.</p><p>Ao chegar ao local de intervenção, é necessário avaliar a área de risco, procedendo à</p><p>identificação dos pontos de foco e seus pontos quentes. O policial militar deve questionar</p><p>se</p><p>é possível controlar todos os pontos (todas as pessoas e suas mãos, casas e suas janelas e</p><p>portas, dentre outros).</p><p>Ao identificar um ponto de foco, o policial militar deverá esforçar-se ainda mais para manter</p><p>o controle visual da situação. O estado de prontidão poderá subir para o estado de alarme</p><p>(vermelho), conforme o caso. O policial militar deverá estar atento e preparado para fazer</p><p>uso da força diante de uma possível agressão.</p><p>Quando o policial militar localiza um risco real no ponto quente, o estado de prontidão</p><p>deverá atingir, definitivamente, o estado de alarme (vermelho), contribuindo para que o</p><p>policial militar esteja em condições de controlar a ameaça.</p><p>LEMBRE-SE: ao se colocar num estado de prontidão adequado,</p><p>passando do estado de atenção (amarelo) para o estado de alerta</p><p>(laranja) ou para o estado de alarme (vermelho), quando necessário,</p><p>o policial militar estará melhor preparado para identificar os pontos</p><p>de foco e seus pontos quentes.</p><p>( - BEPM nº 10, de 05 de outubro de 2020 - ) Página : ( - 29 - )</p><p>29</p><p>Em algumas situações, a avaliação de riscos leva o policial militar à conclusão de que não</p><p>possui condições suficientes (efetivo de policiais, armamento, treinamento, entre outros)</p><p>para agir imediatamente (etapa 4 da avaliação de riscos). Nesse caso, recomenda-se ao</p><p>policial militar algumas ações de primeiro interventor4:</p><p>a) não adentrar a área de risco;</p><p>b) conter a crise, ou seja, impedir que outras pessoas ou áreas sejam envolvidas;</p><p>c) isolar o local;</p><p>d) solicitar apoio via rede de rádio;</p><p>e) iniciar a verbalização.</p><p>O objetivo do policial militar em uma ocorrência é, de modo geral, impedir o agravamento de</p><p>qualquer situação e solucionar os problemas. Quando o policial militar não se expõe a</p><p>perigos desnecessários e trabalha sem invadir a área de risco, identificando e controlando</p><p>os pontos de foco, ele possui mais chances de evitar confronto direto e terá mais tempo e</p><p>maior segurança para decidir quando e como agir.</p><p>Em situações em que há mais de um policial militar, é possível dividir os pontos de foco de</p><p>uma área de risco. O número de policiais militares empregados em uma intervenção deve</p><p>ser, sempre que possível, capaz de proporcionar o controle de todos os pontos de foco e</p><p>seus pontos quentes.</p><p>Algumas vezes, policiais militares se concentram em um mesmo ponto de foco deixando</p><p>outros sem controle. Todos os pontos de foco devem estar sob vigilância e, para isso,</p><p>deverá ocorrer uma ação coordenada por parte dos policiais. Jamais um ponto de foco pode</p><p>ser desconsiderado.</p><p>O policial militar que verbaliza manterá contato visual com o abordado, sempre olhando para</p><p>ele. Isso interferirá no processo mental do agressor, reduzindo sua capacidade de reação.</p><p>Se uma ameaça real surge de um ponto de foco, a habilidade e o preparo mental para</p><p>entender e controlar os seus pontos quentes serão os suportes para a resposta correta do</p><p>policial militar. Nesse sentido, duas considerações são importantes:</p><p>4 Primeiro Interventor: Denominação utilizada em Instrução específica, que o define como sendo o profissional de</p><p>segurança que se depara inicialmente com a situação de incidente crítico, cabendo ao militar interventor</p><p>identificar o tipo de incidente bem como seu perpetrador.</p><p>( - BEPM nº 10, de 05 de outubro de 2020 - ) Página : ( - 30 - )</p><p>30</p><p> Não dispersar e não dividir a atenção!</p><p>Pode ser possível monitorar mais de um ponto de foco, ao mesmo tempo, pelo policial</p><p>militar, dependendo da situação, da distância em que se encontram e do tempo necessário</p><p>para a reação. Mas ele não conseguirá controlar, plenamente, mais de um ponto quente por</p><p>vez. O estado de alarme (vermelho) demanda muita atenção quando um ponto quente é</p><p>identificado, sendo necessário avaliar qual ameaça é a mais séria e imediata e nela</p><p>concentrar esforços. Estando ela dominada, a probabilidade de agressão diminui.</p><p> Não confundir atenção concentrada com visão em Túnel;</p><p>Em uma situação de risco iminente, o policial militar deve concentrar toda a sua força e</p><p>energia para controlar a ameaça o mais rápido possível. Por outro lado, a “visão em túnel”</p><p>ocorre quando o policial militar fixa seu olhar e sua atenção em apenas um ponto, perdendo</p><p>a capacidade de percepção do que se encontra à sua volta. Como consequência, poderá</p><p>eleger um objetivo incorreto ou um conjunto de ações inadequadas para atingi-lo.</p><p>O policial militar, na sua prática operacional diária, deve lidar com a probabilidade de riscos,</p><p>preparando-se para enfrentar ameaças onde quer que elas possam ocorrer. Não é possível</p><p>eliminar todos os riscos da sua atividade, mas, usando corretamente os princípios do</p><p>pensamento tático, haverá uma redução substancial do perigo.</p><p>4.2 Processo mental da agressão</p><p>Consiste nas etapas percorridas por uma pessoa que intenciona agredir o policial militar, da</p><p>seguinte maneira:</p><p> Identificar: captar o estímulo por meio da visão, dos sons ou de outra forma de</p><p>percepção;</p><p> Decidir: definir o que fazer, isto é, preparar-se para a ação;</p><p> Agir: colocar em prática aquilo que decidiu.</p><p>Conhecer esse processo é identificar os estágios de pensamento que uma pessoa seguirá</p><p>para agredir o policial militar. Utilizar essa informação no contexto das ações e operações</p><p>possibilita minimizar ou evitar uma ameaça direta.</p><p>( - BEPM nº 10, de 05 de outubro de 2020 - ) Página : ( - 31 - )</p><p>31</p><p>Usualmente, as etapas do processo mental da agressão percorridas pelo suspeito ocorrem</p><p>nesta sequência (IDENTIFICAR, DECIDIR E AGIR), porém, ocasionalmente, podem não</p><p>ocorrer nesta ordem. Exemplo: o suspeito pode estar com a arma pronta para disparar,</p><p>apontada para a esquina de um beco em um aglomerado urbano, antes mesmo de</p><p>identificar um alvo.</p><p>Qualquer que seja a ordem, um provável agressor tem apenas esse processo de</p><p>pensamento para percorrer. Isso coloca o policial militar em desvantagem, pois, enquanto o</p><p>agressor passa por TRÊS fases para executar o ataque, o policial militar passa por</p><p>QUATRO fases, a fim de responder a ameaça.</p><p>Destarte, além das outras etapas citadas, o policial militar também deve perpassar pela</p><p>seguinte etapa após identificar uma ameaça:</p><p> Certificar: confirmar que a situação de risco está realmente ocorrendo.</p><p>Ou seja, identificada a provável agressão, o policial militar deve se certificar para depois</p><p>decidir e agir em consonância com os princípios do uso da força (legalidade, necessidade,</p><p>proporcionalidade) e com os parâmetros éticos. A interpretação da execução do ato policial</p><p>varia de acordo com a situação fática.</p><p>O conhecimento do processo mental do agressor propicia a construção de ideias em um</p><p>pequeno espaço de tempo para antecipar o perigo, identificar e entender o ato de agressão</p><p>que está ocorrendo. Sabendo que o tempo para reagir é curto, a melhor maneira de</p><p>trabalhar com essa desvantagem é alongar e manipular o processo mental do agressor.</p><p>Cinco fatores são úteis na tentativa de compensar as possíveis desvantagens entre os</p><p>processos mentais do agressor e do policial militar:</p><p>a) ocultação: se o agressor não sabe exatamente onde o policial militar está, ele terá</p><p>dificuldades em IDENTIFICÁ-LO para um ataque. Assim, poderá atirar ou atacá-lo a esmo,</p><p>em um “esforço cego” para atingi-lo, mas, muito provavelmente, sua tentativa será inútil,</p><p>caso o policial militar se encontre devidamente coberto (oculto) na área de segurança.</p><p>IDENTIFICAR – CERTIFICAR – DECIDIR – AGIR</p><p>( - BEPM nº 10, de 05 de outubro de 2020 - ) Página : ( - 32 - )</p><p>32</p><p>b) surpresa: caracteriza-se por medidas que dificultam a percepção do abordado em</p><p>relação ao policial militar, ou seja, é uma ação inesperada para o suspeito, surpreendendo-o</p><p>e reduzindo seu tempo de reação.</p><p>c) distância: de uma maneira geral, o policial militar deverá manter- se a uma</p><p>distância que</p><p>dificulte qualquer tipo de ação por parte do abordado. Certamente, se um ataque físico é a</p><p>preocupação, quanto maior a distância a ser percorrida pelo agressor para atacar, mais</p><p>tempo ele demorará para atingir o policial militar que, por sua vez, terá mais tempo para</p><p>identificar, certificar, decidir e repelir a ameaça.</p><p>Quanto mais próximo de um agressor, maiores são as chances do policial militar ser atingido.</p><p>O policial militar estará mais seguro, quando permanecer a uma distância adequada e sob a</p><p>proteção de um abrigo. Principalmente considerando se tratar de infratores com armas</p><p>brancas, onde o policial poderá usar a Regra de Tueller5 ou Regra dos 21 Pés (6,4</p><p>metros).</p><p>d) autocontrole: na ânsia de ver o êxito de suas atuações, os policiais militares,</p><p>frequentemente, abreviam boas táticas ou se lançam dentro da área de risco na presença</p><p>de um suspeito potencialmente hostil. Por outro lado, se o policial militar faz com que ele</p><p>venha até a área de segurança, que está sob seu controle, estará provavelmente</p><p>interferindo em todo o processo de pensamento do agressor, desarticulando, desse modo,</p><p>suas ações.</p><p>e) proteção: este princípio é, sem dúvida, o mais importante entre todos. Se o policial militar</p><p>pode posicionar-se atrás de algo que verdadeiramente o proteja dos tiros e, ao movimentar-</p><p>se, utiliza abrigos, um agressor terá muita dificuldade em atacá-lo com sucesso. O abrigo</p><p>também lhe dará mais tempo para identificar qualquer outra ameaça que se apresente.</p><p>Em resumo, o policial militar deve procurar aumentar o tempo de decisão do agressor,</p><p>enquanto simplifica e encurta o seu próprio processo mental. Entender este processo</p><p>ajudará a avaliar as áreas de risco, estabelecendo perímetros de segurança e determinando</p><p>corretamente as prioridades, segundo os respectivos pontos de foco que se apresentarem.</p><p>5 Sargento Dennis Tueller, do Departamento de polícia de Utah (Estados Unidos) criou a Regra de Tueller ou</p><p>Regra dos 21 Pés (6,4 metros). A regra estabelece que esta distância é a mínima para ter possibilidades de se</p><p>defender com uma arma de fogo, diante de uma agressão com arma branca, considerando a arma no coldre em</p><p>condições de disparo.</p><p>( - BEPM nº 10, de 05 de outubro de 2020 - ) Página : ( - 33 - )</p><p>33</p><p>5 INTERVENÇÃO POLICIAL</p><p>Entende-se por intervenção policial, a ação ou a operação que empregam técnicas e táticas</p><p>policiais, em eventos de defesa social, tendo como objetivo prioritário a promoção e a</p><p>defesa dos direitos fundamentais da pessoa. Toda intervenção policial deve ser</p><p>transformadora da realidade, objetivando, de modo geral, a prevenção e a resolução de</p><p>conflitos, o combate ao crime e à violência, a preservação da ordem e a garantia do</p><p>cumprimento da lei.</p><p>Uma intervenção da Polícia Militar pode ter como objetivos: o esclarecimento de dúvidas ou</p><p>o fornecimento de informações junto a um transeunte; a realização de uma busca pessoal,</p><p>em um veículo ou em uma edificação; uma ação de auxílio a uma pessoa acidentada ou</p><p>perdida; o cumprimento de mandado de prisão; a imobilização, a algemação e a condução</p><p>de pessoas; disparar arma de fogo de acordo com os princípios do uso da força e outras</p><p>formas de contato do policial militar com a sociedade.</p><p>Ao iniciar uma intervenção, o policial militar deve observar os aspectos éticos, normativos e</p><p>técnicos que regulam e orientam a sua execução. O conhecimento do conjunto normativo,</p><p>somado ao treinamento diuturno, garantirá o sucesso dessas ações.</p><p>5.1 Níveis de intervenção</p><p>Os Níveis de intervenção são classificações em função da respectiva avaliação de risco</p><p>(ver Avaliação de Riscos – seção 3), que podem ser adotadas como referência para a</p><p>atuação policial-militar. Estão estruturados em três níveis:</p><p>a) Intervenção nível I: adotada nas situações de caráter preventivo, educativo e</p><p>assistencial. A finalidade das ações policiais militares neste nível é promover um ambiente</p><p>seguro por meio de patrulhamento ordinário e contatos com a comunidade, para prevenir,</p><p>educar e assistir (risco de nível I). No entanto, é sempre necessário lembrar que as</p><p>situações rotineiras não podem provocar diminuição no nível de atenção do policial militar. O</p><p>estado de prontidão, neste tipo de intervenção, deverá iniciar no estado de atenção</p><p>(amarelo). O policial militar deve estar preparado para o caso da situação evoluir e ser</p><p>necessário fazer o uso da força.</p><p>b) Intervenção nível II - adotada nas situações em que haja a necessidade de</p><p>verificação preventiva. Neste caso, a avaliação de riscos indica que existe indício de</p><p>( - BEPM nº 10, de 05 de outubro de 2020 - ) Página : ( - 34 - )</p><p>34</p><p>ameaça à segurança (do policial militar ou de terceiros). Assim, o policial militar deverá</p><p>manter-se em condições de respondê-la. (Risco nível II e estado de alerta - laranja). Neste</p><p>tipo de intervenção, além das ações descritas no nível 1, podem ser realizadas buscas em</p><p>pessoas, veículos ou edificações, pois as equipes envolvidas iniciam suas ações com algum</p><p>risco já conhecido (indício) e o policial militar deverá estar pronto para enfrentá-lo.</p><p>Exemplo: abordagem a pessoa ou veículo com características semelhantes às de</p><p>envolvidos em delitos; execução de patrulhamento e verificações em locais com histórico de</p><p>violência.</p><p>c) Intervenção nível III: adotada nas situações em que há certeza do cometimento da</p><p>infração, caracterizando ações repressivas. Neste caso, a avaliação de riscos indica a</p><p>iminência de algum tipo de agressão (Risco de nível III e estado de alarme - Vermelho). Os</p><p>policiais militares deverão estar prontos para o emprego de força, quando assim a situação</p><p>exigir, sempre com segurança, e observando os princípios da legalidade, necessidade e</p><p>proporcionalidade. (ver Uso da força - Seção 7).</p><p>Exemplo: um infrator avistado no momento de uma ameaça direta à vítima ou que, logo</p><p>após, empreende fuga e é perseguido pela polícia; um agente de crimes procurado pela</p><p>Justiça e que é identificado pelo policial militar.</p><p>5.2 Etapas da intervenção</p><p>Uma intervenção policial-militar deve ser dividida em etapas para garantir o seu sucesso:</p><p>a) Etapa 1 - DIAGNÓSTICO: elaborado a partir das informações sobre o motivo, o abordado</p><p>e o ambiente, obtidas por meio da avaliação de risco e do pensamento tático.</p><p>b) Etapa 2 - PLANO DE AÇÃO: consiste na decisão, acerca das atribuições de cada policial</p><p>militar, dos métodos e procedimentos para alcançar objetivos da intervenção. Os policiais</p><p>militares, trabalhando em equipe, devem ter atitudes coerentes entre si, fruto de uma</p><p>mesma avaliação de risco e um consequente escalonamento da força. É imprescindível</p><p>considerar os dados que subsidiaram o diagnóstico, os fundamentos da abordagem, os</p><p>princípios do uso da força e os recursos disponíveis (pessoas e equipamentos). O plano de</p><p>ação pode ser elaborado de forma simples e verbal, ou exigir maior estruturação, conforme</p><p>a avaliação da complexidade.</p><p>( - BEPM nº 10, de 05 de outubro de 2020 - ) Página : ( - 35 - )</p><p>35</p><p>O policial militar precisa responder às seguintes perguntas:</p><p> Porque estamos intervindo?</p><p> Quem ou o quê iremos abordar?</p><p> Onde se dará a intervenção?</p><p> O que fazer?</p><p> Como atuar?</p><p> Qual a função e a posição de cada policial militar?</p><p> Quando intervir?</p><p>c) Etapa 3 - EXECUÇÃO: é a ação propriamente dita, resultante das fases anteriores.</p><p>Consiste na aplicação prática do plano de ação, bem como da adoção de medidas</p><p>decorrentes da própria intervenção (prestação de auxílio ou orientação, busca pessoal,</p><p>prisão e/ou condução do agente e o registro do fato em Boletim de Ocorrência/Registro de</p><p>Evento de Defesa Social(BO/REDS).</p><p>d) Etapa 4 - AVALIAÇÃO: as condutas individuais e do grupo, os resultados alcançados e</p><p>as falhas notadas em cada intervenção devem ser, posteriormente, discutidas e analisadas,</p><p>e possíveis</p><p>correções devem ser apresentadas, visando aperfeiçoar as competências</p><p>profissionais.</p><p>Figura 2 - Etapas da intervenção policial</p><p>Fonte: Elaborado pelo autor.</p><p>( - BEPM nº 10, de 05 de outubro de 2020 - ) Página : ( - 36 - )</p><p>36</p><p>5.3 Abordagem policial</p><p>Na relação cotidiana entre a Polícia Militar e a comunidade, a abordagem policial é a forma</p><p>de intervenção policial mais comum, sendo executada em todos os níveis, como veremos a</p><p>seguir.</p><p>Trata-se de um conjunto de ações policiais militares ordenadas e qualificadas para que o</p><p>policial militar possa se aproximar de pessoas, veículos ou edificações com o intuito de</p><p>orientar, identificar, advertir, realizar buscas e efetuar detenções. Para tanto, utiliza-se de</p><p>técnicas, táticas e meios apropriados que irão variar de acordo com as circunstâncias e com</p><p>a avaliação de risco.</p><p>Qualquer contato do policial militar com as pessoas, decorrente da atividade profissional, é</p><p>considerada abordagem. Exemplos: orientações diversas, coleta de informações, contatos</p><p>comunitários, medidas assistenciais, buscas pessoais, imobilizações físicas, prisão e</p><p>condução.</p><p>O contato físico, necessário e inevitável em alguns tipos de abordagem (aquelas que geram</p><p>busca pessoal, principalmente), se torna um momento crítico, tanto para os policiais</p><p>militares quanto para os envolvidos. Por um lado, o abordado pode se sentir constrangido</p><p>pela intervenção à qual foi submetido e, por outro, pode oferecer riscos ao policial militar.</p><p>Por isso, ao realizar este procedimento, deve-se atuar, respeitando a dignidade e os direitos</p><p>fundamentais, sem descuidar-se das medidas de segurança.</p><p>Na abordagem policial, a busca pessoal, prevista e fundamentada no art 244 do Código de</p><p>Processo Penal, é realizada de ofício a partir de circunstâncias de fundada suspeita e que</p><p>se impõe, independentemente, de concordância da pessoa (ver MTP 02).</p><p>A posição em que o policial militar sustenta sua arma durante a abordagem dependerá da</p><p>avaliação de riscos da intervenção. O policial militar deve manter-se sempre atento ao</p><p>comportamento do abordado e não descuidar da sua segurança.</p><p>Quando, inicialmente, o abordado não apresentar indícios de suspeição, como nos casos de</p><p>orientação ou assistência, a abordagem poderá ser iniciada com a arma no coldre ou</p><p>localizada.</p><p>( - BEPM nº 10, de 05 de outubro de 2020 - ) Página : ( - 37 - )</p><p>37</p><p>5.3.1 Fundamentos da abordagem policial a pessoa em atitude suspeita</p><p>Ao realizar este tipo de abordagem, o policial militar deverá observar a sigla SSRAU6,</p><p>indicativa dos fundamentos da abordagem elencados abaixo, para potencializar suas ações</p><p>e assegurar que o objetivo proposto seja alcançado:</p><p>a) Segurança: caracteriza-se por um conjunto de medidas adotadas pelo policial militar para</p><p>controlar e mitigar os riscos da intervenção policial. Antes de agir, o policial militar deverá</p><p>identificar a área de segurança e a área de risco, monitorar os pontos de foco, controlar os</p><p>pontos quentes e certificar-se de que o perímetro está seguro. Sempre que possível, o</p><p>policial militar deverá agir com supremacia de força;</p><p>6 SSRAU é um processo mnemônico utilizado para representar as palavras Segurança, Surpresa, Rapidez, ação</p><p>Vigorosa e Unidade de Comando.</p><p>ATENÇÃO! Em relação às posições das armas 1, 2, 3 e 4, descritas na</p><p>seção 7.2.3 sobre o uso de arma de fogo, LEMBRE-SE SEMPRE:</p><p>ARMA LOCALIZADA: Adotada em casos de possibilidade de ruptura da</p><p>normalidade com a percepção de que a situação pode agravar-se – RISCO</p><p>NÍVEL I ou II;</p><p>ARMA EM GUARDA-BAIXA: Adotada em deslocamentos táticos e</p><p>situações nas quais existem fundada suspeita, mas que a intervenção</p><p>policial-militar consiste numa averiguação preventiva (análise subjetiva) –</p><p>RISCO NÍVEL II;</p><p>ARMA EM GUARDA-ALTA: Adotada em deslocamentos táticos e situações</p><p>onde há risco potencial ou real à segurança do policial militar e terceiros</p><p>(análise subjetiva) – RISCO NÍVEL II ou III de acordo com a avaliação de</p><p>risco;</p><p>ARMA EM PRONTA RESPOSTA: Adotada em situações onde está</p><p>ocorrendo risco real à segurança do policial militar e terceiros (percepção</p><p>objetiva) – RISCO NÍVEL III.</p><p>( - BEPM nº 10, de 05 de outubro de 2020 - ) Página : ( - 38 - )</p><p>38</p><p>b) Surpresa: caracteriza-se por medidas que dificultam a percepção do abordado em</p><p>relação ao policial militar, ou seja, é uma ação inesperada para o suspeito, surpreendendo-o</p><p>e reduzindo seu tempo de reação.</p><p>c) Rapidez: é a velocidade com que a ação policial-militar é processada, o que contribui</p><p>substancialmente para a efetivação da “surpresa”. Não se pode confundir rapidez com</p><p>afobamento ou falta de planejamento. Em uma abordagem que resulta em busca pessoal, o</p><p>policial militar deve usar todo o tempo necessário para uma verificação exaustiva por objetos</p><p>ilícitos ou indícios de crime;</p><p>d) Ação vigorosa: é a atitude firme e resoluta do policial militar na ação, por meio de uma</p><p>postura imperativa, com ordens claras e precisas. Não se confunde com truculência. O</p><p>policial militar deve ser firme e direto, porém cortês, sereno, demonstrando segurança,</p><p>educação e bom senso adequado às circunstâncias da intervenção;</p><p>e) Unidade de comando: é a coordenação centralizada da intervenção policial-militar que</p><p>garante o melhor planejamento, fiscalização e controle. Da mesma forma, cada policial</p><p>militar envolvido na abordagem deve conhecer sua tarefa e qual a sua função específica</p><p>naquela intervenção, interagindo de forma harmônica, sabendo a quem recorrer,</p><p>respeitando a cadeia de comando.</p><p>A aplicação dos conceitos apresentados nesta seção e a observação das etapas da</p><p>intervenção e dos fundamentos da abordagem são essenciais para o resultado satisfatório</p><p>das intervenções policiais.</p><p>A educação e a polidez devem sempre ser observadas nas abordagens, uma vez que</p><p>alguns desfechos são agravados pela postura inadequada adotada pelo policial militar.</p><p>LEMBRE-SE: O treinamento constante propicia condições ao policial</p><p>militar para agir com rapidez, sem descuidar dos princípios da</p><p>segurança.</p><p>( - BEPM nº 10, de 05 de outubro de 2020 - ) Página : ( - 39 - )</p><p>39</p><p>5.4 Requisitos básicos para intervenção policial-militar7</p><p>a) Conhecimento da missão: o desempenho das funções de Policiamento Ostensivo</p><p>impõe, como condição essencial para eficiência operacional, o completo conhecimento da</p><p>missão, que tem origem no prévio preparo técnico-profissional, decorre da qualificação geral</p><p>e específica e se completa com o interesse do indivíduo.</p><p>b) Conhecimento do local de atuação: compreende o conhecimento dos aspectos físicos</p><p>do terreno, do interesse policial-militar, assegurando a familiarização indispensável ao</p><p>melhor desempenho operacional.</p><p>c) Relacionamento: compreende o estabelecimento de contatos com os integrantes da</p><p>comunidade, proporcionando a familiarização com seus hábitos, costumes e rotinas, de</p><p>forma a assegurar o desejável nível de controle policial-militar, para detectar e eliminar as</p><p>situações de risco, que alterem ou possam alterar o ambiente de tranquilidade pública.</p><p>d) Postura e compostura: a atitude, compondo a apresentação pessoal, bem como, a</p><p>correção de maneiras no encaminhamento de qualquer ocorrência influem decisivamente no</p><p>grau de confiabilidade do público em relação à Corporação e mantém elevado o grau de</p><p>autoridade do policial militar, facilitando-lhe o desempenho operacional.</p><p>e) Comportamento na ocorrência: o caráter impessoal e imparcial da ação policial-militar</p><p>revela a natureza eminentemente profissional da atuação, em qualquer ocorrência, requer</p><p>que seja revestida de urbanidade, energia serena, brevidade compatível e, sobretudo,</p><p>isenção.</p><p>7 Conforme "Procedimentos Básicos" do Manual Básico de Policiamento Ostensivo.</p>