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CADERNO DOUTRINÁRIO 2 TÁTICA POLICIAL, ABORDAGEM A PESSOAS E TRATAMENTO ÀS VÍTIMAS MANUAL TÉCNICO-PROFISSIONAL nº 3.04.02/2013-CG CADERNO DOUTRINÁRIO 2 TÁTICA POLICIAL, ABORDAGEM A PESSOAS E TRATAMENTO ÀS VÍTIMAS MANUAL TÉCNICO-PROFISSIONAL nº 3.04.02/2013-CG Belo Horizonte - MG Academia de Polícia Militar 2ª Edição revisada 2013 Direitos exclusivos da Polícia Militar do Estado de Minas Gerais (PMMG). Reprodução condicionada à autorização expressa do Comandante-Geral da PMMG. Circulação restrita Governador do Estado: Antonio Augusto Junho Anastasia Comandante-Geral da PMMG: Cel. PM Márcio Martins Sant´ana Chefe do Estado-Maior: Cel. PM Divino Pereira de Brito Chefe do Gabinete Militar do Governador: Cel. PM Luis Carlos Dias Martins Comandante da Academia de Polícia Militar: Cel. PM Sérgio Augusto Veloso Brasil Chefe do Centro de Pesquisa e Pós-Graduação: Ten.-Cel. PM Sílvio José de Sousa Filho Tiragem: 3.000 exemplares MINAS GERAIS. Polícia Militar. Tática Policial, Abordagem a Pessoas e tratamento às Vítimas - Belo Horizonte: Academia de Polícia Militar, 2013. 148 p.: il. (Manual Técnico-Profi ssional MTP 02.) ISBN 978-85-64764-02-6 Abordagem policial. 2. Busca Pessoal. 3.Uso de Algemas. 4. Tática Policial. I. Título. II. Série. CDU 351.75 CDD 352.2 Ficha catalográfi ca: Rita Lúcia de Almeida Costa – CRB – 6ª Reg. n.1730 ADMINISTRAÇÃO: Centro de Pesquisa e Pós Graduação Rua Diábase 320 – Prado Belo Horizonte – MG CEP 30410-440 Tel.: (0xx31)2123-9513 E-mail: cpp@pmmg.mg.gov.br SUPORTE METODOLÓGICO E TÉCNICO - Seção de Planejamento do Emprego Operacional (EMPM/3) Quartel do Comando-Geral da PMMG Cidade Administrativa/Edifício Minas, Rodovia Prefeito Américo Gianetti, s/n – 6º andar - Bairro Serra Verde – Belo Horizonte – MG – Brasil - CEP 31.630-900 Telefone: (31) 3915-7799. M663t RESOLUÇÃO N° 4151, DE 09 DE JUNHO DE 2011. Aprova o Caderno Doutrinário 2 – Tática Policial, Abordagem a Pessoas e Tratamento às Vítima. O COMANDANTE-GERAL DA POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS, no uso das atribuições que lhe são conferidas pelo inciso I, alínea I do artigo 6°, item V, do Regulamento aprovado pelo Decreto n° 18.445, de 15Abr77 – (R-100), e à vista do estabelecido na Lei Estadual 6.260, de 13Dez73, e no Decreto n° 43.718, de 15Jan04, RESOLVE: Art. 1° Aprovar o Caderno Doutrinário 2 – Tática Policial, Abordagem a Pessoas e Tratamento às Vítimas. Art. 2° Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação. Art. 3° Revogam-se as disposições em contrário. QCG em Belo Horizonte, 09 de junho de 2011. (a) RENATO VIEIRA DE SOUZA, CORONEL PM COMANDANTE-GERAL Colaboradores 1ª Edição 2010 Coronel PM Fábio Manhães Xavier Coronel PM Antônio Leandro Bettoni da Silva Tenente-Coronel PM Marcelo Vladimir Corrêa Major PM Alfredo José Alves Veloso Major PM Wágner Eustáquio das Silva Almeida Major PM Eduardo Domingues Barbosa Capitão PM Renato Salgado Cintra Gil Capitão PM Wanderson Garcia Costa Neves Capitão PM Arnaldo Affonso Capitão PM Marco Aurélio Zancanela do Carmo Capitão QOS Fabrízia Lopes Brandão Pereira Capitão PM Rodolfo César Morotti Fernandes 1º Tenente PM Rodrigo Saldanha 1º Tenente PM Édson Henrique Rabello de S. Mendes 1º Tenente PM Ricardo Luiz Amorim Gontijo Foureaux 1º Tenente PM Molise Zimmermann Fonseca de Souza 1º Tenente PM Polyana Cristina Barbalho 1º Tenente PM Antônio Hot Pereira de Faria 1º Tenente PM Luciana do Carmo Socorro Nominato 2º Tenente PM Anderson Pereira de Sousa 1º Sargento PM Antônio Geraldo Alves Siqueira 3º Sargento PM Ricardo Martins Lopes 3º Sargento PM Márcia Daniela Bandeira Silva 3º Sargento PM Nadja Alves de Sousa Cabo PM Elias Sabino Soares Soldado PM Leonardo Giori de Oliveira Soldado PM Aline Vanessa Alves Professor Hugo de Moura Professora Maria Sílvia Santos Fiúza Colaboradores 2ª Edição 2013 Tenente-Coronel PM Sílvio José de Sousa Filho Major PM Eugênio Pascoal da Cunha Valadares Major PM Cleverson Natal de Oliveira Capitão PM Ricardo Luiz Amorim Gontijo Foureaux 1º Tenente PM Rodrigo Saldanha Subtenente PM Antônio Geraldo Alves Siqueira 2º Sargento PM Danilo Teixeira Alcântara 2º Sargento PM César Augusto Vilaça Júnior 2º Sargento PM Luiz Henrique de Moraes Firmino Cabo PM Elias Sabino Soares FIGURA 1 – Coberta (Perspectiva do policial militar)............................................................ 22 FIGURA 2 – Coberta (Perspectiva do abordado ......................................................................23 FIGURA 3 – Abrigo .............................................................................................................................23 FIGURA 4 - Rastejo 1º processo (arma de porte) e (arma portátil)..................... 25 FIGURA 5 - 2º processo (arma de porte) e (arma portátil)....................................... 26 FIGURA 6 – Uso de Escudo Balístico (Segurança Mínima) ................................................. 27 FIGURA 7 - Uso de Escudo Balístico (Segurança Máxima) ...................................................28 FIGURA 8 – Uso de Escudo Balístico (Segurança Mínima com arma na lateral) ......... 29 FIGURA 9 – Uso de Escudo Balístico (Segurança Mínima com arma à frente do visor) ......30 FIGURA 10 – Comunicação por gestos ......................................................................................32 FIGURA 11 – Técnica de Uso da Lanterna “Posição 1” .........................................................34 FIGURA 12 – Técnica de Uso Utilização da lanterna “Posição 2” ........................................34 FIGURA 13 – Tomada de ângulo ou “fatiamento” (visão do policial militar) ................35 FIGURA 14 – Tomada de ângulo ou “fatiamento” - (Visão do abordado) .......................36 FIGURA 15 – Olhada rápida (visão do policial militar) ..........................................................36 FIGURA 16 - Olhada rápida (visão do abordado) ................................................................... 37 FIGURA 17 – Uso do espelho .........................................................................................................38 FIGURA 18 – Ângulos de aproximação ......................................................................................39 FIGURA 19 – Postura Aberta - mãos livres ................................................................................41 FIGURA 20 – Postura de Prontidão ..............................................................................................41 FIGURA 21 - Postura Defensiva .....................................................................................................42 FIGURA 22 – Posição 1: Arma localizada coldre desabotoado.......................................... 44 FIGURA 23 – Posição 2: Guarda baixa .........................................................................................44 FIGURA 24 – Posição 3: Guarda alta ............................................................................................45 LISTA DE FIGURAS FIGURA 25 – Posição 4: Pronta-resposta ....................................................................................46 FIGURA 26 – Técnica de Aproximação Triangular e Área de Contenção ........................48 FIGURA 27 – Esquema tático de aproximação com 2 policiais e 1 abordado ..............50 FIGURA 28 – Esquema tático de aproximação com 2 policiais e 2 abordados ............50 FIGURA 29 – Esquema tático de aproximação com 2 policiais e 3 abordados ............51 FIGURA 30 – Esquema tático de aproximação com 3 policiais e 1 abordado ..............51 FIGURA 31 – Esquema tático de aproximação com 3 policiais e 4 abordados ............52 FIGURA 32 - Esquema tático de aproximação com 4 policiaise 4 abordados ............52 FIGURA 33 - Composição da patrulha com 6(seis ) PMs (vista pela retaguarda).........55 FIGURA 34 - Deslocamento ponto a ponto..............................................................................57 FIGURA 35 - Postura de combate- (vista lateral)....................................................................58 FIGURA 36 - Postura torre................................................................................................................58 FIGURA 37 - Postura Tática Siamesa Sequencia V L T Y..........................................................59 FIGURA 38 - Postura Hi-Low............................................................................................................60 FIGURA 39 - Resgate de feridos(posição dos braços) ........................................................... 61 FIGURA 40 – Busca minuciosa na posição de contenção em pé, sem apoio ...............85 FIGURA 41 – Busca minuciosa na posição de contenção em pé, com apoio............... 86 FIGURA 42 – Busca minuciosa na posição de contenção ajoelhado............................... 88 FIGURA 43 – Busca minuciosa na posição de contenção deitado ...................................89 FIGURA 44 – Sistema de trava de algemas ...............................................................................94 FIGURA 45 – Verificação da vítima .............................................................................................139 FIGURA 46 – Isolamento do local ..............................................................................................140 FIGURA 47 – Pessoas alterando local de crime .....................................................................141 FIGURA 48 – Tratamento com a imprensa ..............................................................................142 1 APRESENTAÇÃO ............................................................................................................15 2 TÉCNICA E TÁTICA POLICIAL BÁSICA ...................................................................21 2.1 Deslocamentos Táticos ..............................................................................................21 2.1.1 Uso de cobertas e abrigos ....................................................................................22 2.1.2 Tipos de deslocamentos a pé ..............................................................................24 2.1.3 Deslocamentos por rastejo ..................................................................................25 2.1.4 Técnicas de uso do escudo balístico .................................................................27 2.2 Disciplina de luz e som ..............................................................................................31 2.3 Comunicação por gestos ..........................................................................................31 2.4 Técnicas de uso de lanterna .....................................................................................32 2.5 Técnicas de varredura ................................................................................................35 2.6 Posições/posturas adotadas pelo policial militar na abordagem a pessoas .................................................................................................................................38 2.6.1 Ângulos de aproximação ......................................................................................39 2.6.2 Posturas de abordagem com as mãos livres ..................................................40 2.6.3 Posições de emprego de arma de fogo ...........................................................43 2.7 Técnica de Aproximação Triangular (TAT)........................................................... 47 2.7.1 Patrulha Policial Militar ...........................................................................................53 2.7.2 Tipos de Patrulha Policial Militar .........................................................................53 2.7.3 Fomação Básica da Patrulha ...............................................................................54 2.7.4 Deslocamentos da Patrulha ................................................................................56 2.7.4.1 Tipos de Deslocamentos ....................................................................................56 2.7.5 Posturas Táticas ........................................................................................................58 2.7.6 Resgate de Feridos .................................................................................................. 60 3 ABORDAGEM A PESSOAS ..........................................................................................65 3.1 Uso diferenciado de força nas intervenções policiais ....................................66 3.2 Níveis de Intervenção ................................................................................................66 3.3 Técnicas e táticas de abordagem a pessoas ......................................................70 3.4 Modelos de abordagem ............................................................................................71 SUMÁRIO 3.4.1Intervenção nível 1 (assistência e orientação) ................................................71 3.4.2 Intervenção nível 2 (verificação preventiva) ..................................................72 3.4.3 Intervenção nível 3 (verificação repressiva) ...................................................74 4 BUSCA PESSOAL ............................................................................................................79 4.1 Aspectos legais da busca pessoal ..........................................................................79 4.2 Tipos de Busca Pessoal ..............................................................................................82 4.2.1 Busca Ligeira ..............................................................................................................82 4.2.2 Busca Minuciosa .......................................................................................................83 4.2.3 Busca Completa ........................................................................................................90 4.3 Uso de algemas ............................................................................................................90 4.3.1 Recomendações Gerais do Uso de Algemas ................................................. 95 5 PROCEDIMENTOS POLICIAIS ESPECÍFICOS ......................................................99 5.1 Procedimentos Policiais em Ocorrências Envolvendo Autoridades.......... 99 5.1.1 Membros do Poder Executivo ...........................................................................100 5.1.2 Membros do Poder Legislativo .........................................................................101 5.1.3 Membros do Poder Judiciário ...........................................................................102 5.1.4 Membros do Ministério Público .......................................................................102 5.1.5 Membros de Órgãos Policiais ........................................................................... 103 5.1.6 Membros das Forças Armadas ......................................................................... 103 5.1.7 Membros da Advocacia ...................................................................................... 103 5.1.8 Outras Instituições ............................................................................................... 104 5.2 Abordagens policiais a grupos vulneráveis .....................................................106 5.3 Atuação policial frente às minorias ....................................................................117 5.4 Abordagem a pessoas em surto de drogas .....................................................120 6 TRATAMENTO ÀS VÍTIMAS.....................................................................................125 6.1 Procedimentos com vítimas em locais de ocorrência .................................127 7 LOCAL DE CRIME .........................................................................................................133 7.1 Classificação do Local de Crime e Conceitos Correlatos .............................133 7.2 Prova ..............................................................................................................................134 7.3 Procedimentos no local de crime ........................................................................136 7.4 Cadeia de Custódia de Vestígios ..........................................................................143 REFERÊNCIAS ...................................................................................................................145 REFERÊNCIAS SEÇÃO 1 APRESENTAÇÃO 15 Manual Técnico-Profissional 3.04.02 1 APRESENTAÇÃO O Manual Técnico-Profissional 3.04.02 (MTP 2) – Tática Policial, Abordagem a Pessoas e Tratamento às Vítimas está em conformidade com a legislação brasileira, em especial à Portaria Interministerial do Uso da Força1, e com as normas internacionais de Direitos Humanos, oriundas das Organização das Nações Unidas (ONU), aos quais são aplicadas à função policial. Este documento tem como referência os fundamentos da abordagem policial do Manual Técnico-Profissional 3.04.01 (MTP 1) – Intervenção Policial, Processo de Comunicação e Uso de Força e trata da aplicação da técnica e tática policial à atividade-fim. A construção das técnicas e táticas descritas neste Caderno é fruto de experiências positivas vivenciadas no cotidiano operacional, de pesquisa e da análise de simulações de ações policiais em âmbito acadêmico. Este volume enfatizará a abordagem a pessoas, bem como as ações que devem ser realizadas de forma preparatória e posteriores a esta intervenção. Logo, a leitura do MTP 2 deve, obrigatoriamente, ser precedida da leitura do MTP 1. A seção 2 do Caderno é dedicada à apresentação de técnicas e táticas policiais que antecederão a abordagem policial, como deslocamentos táticos, uso de equipamentos como escudos balísticos e lanternas, técnicas de varredura e de aproximação, bem como posturas de abordagem com as mãos livres e posições de emprego de arma de fogo. A abordagem policial2 é tratada na seção 3, onde é feita uma exposição transversal com os princípios de uso de força e a classificação de risco, estudados no CD 1. São descritas técnicas e táticas de abordagem a pessoas, e traçado um modelo policial de referência para as abordagens nos diversos níveis de intervenção. A abordagem a pessoas envolve um conjunto ordenado de ações policiais para se aproximar de um ou mais indivíduos, com o intuito de resolver demandas do policiamento ostensivo. Este conceito possui um sentido amplo, ou seja, abrange a todos os cidadãos, não se restringindo às pessoas em situação de suspeição. 1 Portaria Interministerial 4226/10. 2 Ver MTP 1 16 PRÁTICA POLICIAL BÁSICA Na seção 4 são descritos os procedimentos relacionados à busca pessoal, bem como seu embasamento legal. Esta etapa da intervenção policial será realizada desde que haja fundada suspeita em relação à pessoa. Procedimentos policiais para o tratamento de públicos específicos (minorias, grupos vulneráveis, entre outros) são temas presentes na seção 5, demonstrando o compromisso institucional no alinhamento desta doutrina às normas internacionais de direitos humanos. No cumprimento da visão institucional da Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG), de atingir excelência na promoção das liberdades e dos direitos fundamentais, este Caderno traz na seção 6 um enfoque de atenção do policial militar à vítima de crime, tema pouco explorado nos documentos normativos das polícias brasileiras e no ordenamento jurídico nacional. A seção 7 é dedicada ao procedimento operacional em locais de crime, por meio da classificação e conceitos dos locais de crime, bem como na descrição de procedimentos específicos a serem adotados no local onde ocorreu um delito e a cadeia de custódia de vestígios. Diante desses conhecimentos, o policial militar deve refletir sobre seu papel na sociedade e a melhor maneira de executar o seu trabalho. Ele deve se reconhecer como integrante da comunidade que exerce um papel diferenciado por sua qualificação profissionalização e atributos policiais militares continuamente desenvolvidos a pautar sua conduta operacional. Assim, o vigor operacional da Corporação, sua força e eficiência devem se mostrar no esforço e energia diária desprendidos por todos militares na garantia da lei e da ordem no Estado de Minas Gerais. Este exercício profissional deve traduzir-se individualmente em disciplina, lealdade, honestidade, espírito de corpo, iniciativa, dedicação, equilíbrio emocional, coragem, abnegação, vigor físico, civismo e patriotismo. 17 Manual Técnico-Profissional 3.04.02 Este documento faz parte de um conjunto de Manuais Técnicos-Profissionais denominados Prática Policial Básica, a saber: Manual Técnico-Profissional 3.04.01 (MTP 1) – Intervenção Policial, Processo de Comunicação e Uso de Força Manual Técnico-Profissional 3.04.02 (MTP 2) – Tática Policial, Abordagem a Pessoas e Tratamento às Vítimas Manual Técnico-Profissional 3.04.03 (MTP 3) – Blitz Policial Manual Técnico-Profissional 3.04.04 (MTP 4) – Abordagem a Veículos Manual Técnico-Profissional 3.04.05 (MTP 5) – Escoltas Policiais e Conduções Diversas. SEÇÃO 2 TÉCNICA E TÁTICA POLICIAL BÁSICA 21 Manual Técnico-Profissional 3.04.02 2 TÉCNICA E TÁTICA POLICIAL BÁSICA Entende-se por técnica policial o conjunto dos métodos e procedimentos utilizados na execução da atividade policial. O estabelecimento de técnicas visa alcançar os princípios da eficiência, segurança e legalidade. Para cada recurso utilizado no serviço policial, seja humano ou material, existem técnicas pré-estabelecidas. O emprego correto da técnica exige treinamento permanente, e cabe ao policial militar conhecer e empregar as técnicas apresentadas neste caderno. O treinamento policial deve estar alinhado com a identidade organizacional e ser realizado de forma contínua, sendo o policial militar protagonista neste processo de auto-aprimoramento profissional. Essas técnicas foram selecionadas e aperfeiçoadas a partir de diversas experiências vivenciadas no cotidiano operacional e acadêmico, levando- se em conta a segurança nas abordagens, a coerência com os fundamentos legais e éticos presentes nas normas internacionais e nacionais de direitos humanos. Além do domínio das técnicas (como fazer?), outro fator importante para o sucesso das intervenções é a disciplina tática. Entende-se por tática policial a forma de se aplicar com eficácia os recursos técnicos que se dispõe, ou de se explorar as condições favoráveis para se atingir os objetivos desejados. A disciplina tática consiste na obediência de todos os policiais militares, quando atuando em grupo, ao exercer suas ações (o que e quando fazer?), no exato local (onde fazer?) definido no planejamento de cada atividade. Isso propicia uma melhor coordenação das ações e dos procedimentos de cada policial militar na sua respectiva responsabilidade de atuação e, consequentemente, aumenta a segurança dos envolvidos. Para garantir a disciplina tática, todos os policiais militares devem conhecer sua função no ambiente de intervenção e conscientizar-se que cada atribuição, por mais simples que pareça, é imprescindível para que o caso tenha uma solução satisfatória (por que fazer?). 2.1 Deslocamentos Táticos Correspondem às movimentações, realizadas por policiais militares, com o objetivo de progredir, aproximar e abordar pessoas, adotando técnicas 22 PRÁTICA POLICIAL BÁSICA específicas que permitam agir com rapidez, surpresae segurança. A observância desses fundamentos da abordagem policial potencializa ações e asseguram que o objetivo proposto seja alcançado com mais eficácia. Abaixo, estudaremos as técnicas a serem empregadas nos deslocamentos: 2.1.1 Uso de cobertas e abrigos Nos deslocamentos táticos, os policiais militares deverão identificar locais no ambiente que permitam proteção e ocultação. A ocultação visa possibilitar que os policiais militares desloquem até o local determinado, sem serem vistos pelos suspeitos até o momento da abordagem, ou seja, conseguindo assim o fundamento da surpresa. A proteção visa diminuir o risco do policial militar ser agredido ou alvejado pelo suspeito. Portanto, nos deslocamentos, os policiais militares deverão buscar cobertas e abrigos para proteção e ocultação. As cobertas e os abrigos são anteparos existentes na natureza ou produzidos pelo homem, encontrados ao longo do deslocamento ou no cenário onde ocorre a intervenção policial, sabendo que: a) as cobertas são usadas como ocultação. Não têm a capacidade de deter projéteis disparados contra o militar. Exemplos: portas em madeira, arbustos, fumaça, neblina, um local escuro ou outro fator que dificulte a visualização e os movimentos do policial ( figuras 1 e 2). Figura 1 – Coberta (Perspectiva do policial militar) 23 Manual Técnico-Profissional 3.04.02 Figura 2 – Coberta (Perspectiva do abordado) b) os abrigos são usados como proteções, e são anteparos que, por suas características e dimensões, são capazes de proteger o policial militar contra disparos de arma de fogo e arremesso de objetos. Exemplos: postes, muros, paredes, parte frontal de veículos (compartimento do motor), caçambas metálicas, tronco de árvores, dentre outros (Figura 3). Figura 3 – Abrigo 24 PRÁTICA POLICIAL BÁSICA Para maximizar a proteção nos deslocamentos e nas abordagens, deve-se, sempre que possível, conjugar a coberta com o abrigo. O deslocamento tático em áreas amplas, abertas e sem proteção, podem comprometer a segurança do policial militar. Todavia, sendo necessária a movimentação nessas áreas, deverá ser realizada de forma rápida com silhueta reduzida ou lenta através dos procedimentos de rastejo, se as circunstâncias exigirem, e sempre com a cobertura da equipe. 2.1.2 Tipos de deslocamentos a pé Existem três tipos principais de deslocamento tático de policiais no processo a pé, variando de acordo com o objetivo a ser alcançado: a) Deslocamento Lento: é o passo com velocidade moderada, que permita ao policial militar observar todos os pontos de foco e pontos quentes antes de progredir. O policial militar deverá estar de silhueta reduzida, com a arma nas posições de guarda baixa ou guarda alta. Deverá ser empregado, preferencialmente, nas intervenções de risco nível II e III, em que há necessidade de aproximação mais segura do objetivo a pé, mantendo a ocultação dos policiais militares até o momento da abordagem. Exige disciplina de luz e som, que será apresentada no item 2.2. Exemplos: abordagens a edificações; b) Deslocamento Normal: é o passo natural, com compostura, em que o policial militar deverá estar no estado de atenção ou de alerta, com a arma localizada no coldre, observando o que acontece à sua volta. Este deslocamento, devido ao pouco desgaste físico, permite percorrer grandes distâncias e empenho em jornadas prolongadas. Deverá ser empregado em rastreamentos e deslocamentos longos até a aproximação mediata do alvo principal da intervenção. Exemplo: deslocamentos para diligência de captura de presos em fuga em área rural; c) Deslocamento rápido: é o passo com velocidade acelerada que permite ao policial militar alcançar o objetivo com rapidez. Este tipo de deslocamento deverá ser empregado mediante prévia avaliação dos riscos, nos seguintes casos, entre outros: I- Perseguição de suspeito enquanto estiver à vista. O policial militar deve alterar o tipo de deslocamento conforme a avaliação das áreas de risco ou segurança; II- Progressão em áreas amplas, carentes de cobertas e abrigos. Nestes casos, o policial militar poderá empregar técnica de deslocamento com mudança brusca de direção “ziguezague”; III- Intervenções com objetivo de salvar vidas. 25 Manual Técnico-Profi ssional 3.04.02 2.1.3 Deslocamentos por rastejo Existem três processos de deslocamento de policiais militares por rastejo, variando de acordo com o objetivo a ser alcançado e a necessidade. Mostraremos a seguir apenas dois processos que são mais aplicáveis a atividade Policial Militar. a) 1º Processo: o policial militar apoiará seu corpo ao solo em decúbito ventral, mantendo seu corpo o mais próximo possível do chão. O PM se locomoverá por meio da tração alternada de cotovelos e joelhos, ou seja, o joelho esquerdo move-se junto com o cotovelo direito, e vice-versa, de forma sucessiva. Durante o deslocamento, os joelhos fl exionarão até o limite do quadril. Caso o policial militar esteja portando arma longa, ela deverá ser transportada nos braços, perpendicularmente ao corpo, para que não entre sujeiras em seu cano. Caso esteja empunhando arma de porte, esta fi cará na mão forte, com dedo fora do gatilho. Figura 4 - Rastejo 1º processo (arma de porte) e (arma portátil) ATENÇÂO! Perseguição policial é o procedimento adotado pelas forças policiais para acompanhar visualmente ou seguir um suspeito da prática de um delito, que se encontra em fuga, com objetivo de capturá-lo para adoção das medidas legais cabíveis. (O tema de perseguição policial a veículos é tratado no Caderno Doutrinário 4). 26 PRÁTICA POLICIAL BÁSICA b) 2º Processo: o policial militar apoiará seu corpo ao solo em decúbito ventral. Manterá seus cotovelos e antebraços no chão. Flexionará apenas uma perna, e a utilizará para impulsionar o corpo para frente, juntamente com a ajuda das mãos e antebraços. Caso o policial militar esteja portando arma longa, ela poderá ser conduzida por uma das mãos à frente do corpo segura pela bandoleira, cano da arma voltado para frente, elevando o armamento o mínimo necessário a cada impulsão. Caso esteja empunhando arma de porte, esta ficará na mão forte, com dedo fora do gatilho. Este processo faz com que a movimentação seja mais lenta e cansativa em relação ao primeiro, mas melhora as condições de ocultação e proteção. figura 5 - Rastejo 2º processo (arma de porte) e (arma portátil) 27 Manual Técnico-Profissional 3.04.02 2.1.4 Técnicas de uso do escudo balístico Para maior segurança nos deslocamentos, o policial militar poderá, ainda, recorrer ao escudo balístico. O escudo balístico é um equipamento que visa proteger a pessoa que o conduz. Contudo, com a técnica adequada, sua capacidade de proteção poderá se estender aos demais policiais militares da equipe durante o processo de deslocamento. As progressões utilizando escudos balísticos podem ser feitas de duas formas principais, variando de acordo com o nível de segurança: a) Segurança Mínima: o escudo será conduzido pelo 1° policial militar, na posição de pé (Figura 6). Figura 6 – Uso de Escudo Balístico (Segurança Mínima) a) Segurança Máxima: o escudo será utilizado pelo 1° policial militar, que deslocará com a silhueta reduzida, com o escudo bem próximo ao solo. Em casos de disparo contra a guarnição, ou para conceder mais segurança em uma abordagem, o 1º 28 PRÁTICA POLICIAL BÁSICA policial militar interromperá o deslocamento e ficará na posição de joelhos (escudo no chão) (Figura 7). Figura 7 - Uso de Escudo Balístico (Segurança Máxima) Em ambos os casos, o armamento será conduzido lateralmente ao escudo, de modo que a armação encoste no equipamento e apenas o cano fique exposto. Havendo necessidade extrema de disparo, o policial militar levará o 29 Manual Técnico-Profissional 3.04.02 armamento para frente do visor do escudo, para melhor controle da visada, fazendo a empunhadura lateral (figuras 7 e 8). Todavia,o mais recomendado é que outro policial militar com melhor posicionamento tático realize os disparos para neutralizar o agressor. Figura 8 – Uso de Escudo Balístico (Segurança Mínima e Máxima com arma na lateral) 30 PRÁTICA POLICIAL BÁSICA Figura 9 – Uso de Escudo Balístico (Segurança Mínima e Máxima com arma à frente do visor) 31 Manual Técnico-Profissional 3.04.02 2.2 Disciplina de luz e som A disciplina de luz e som é o conjunto de recomendações que pode ser empregado para reduzir ou eliminar a emissão de ruídos e de luminosidade que possam denunciar o posicionamento do policial militar. Para manutenção da disciplina de luz, os policiais militares deverão ocultar o visor do celular, caso seja necessário seu uso como instrumento de comunicação. Além disso, jamais acender cigarro e evitar expor objetos cromados com capacidade de reflexão de luz direta. Os policiais militares deverão fazer o uso da lanterna de acordo com as técnicas de emprego deste equipamento, conforme seção 2.4. Simples medidas podem preservar a vantagem tática durante a abordagem. Para manutenção da disciplina de som: ��realizar a auto-inspeção (bater nos bolsos, efetuar pequenos saltos) antes de iniciar o deslocamento, retirando materiais que façam barulho; ��manter no modo silencioso ou desligado os telefones celulares, alarmes de relógio e similares; ��certificar-se de que os metais do cinturão ou de qualquer objeto conduzido estejam realmente presos, como as algemas, apitos, tonfa, outros; ��ajustar o volume do rádio HT ou, quando possível, usar fones de ouvido para comunicação. Iniciada a progressão, deve-se observar a presença de objetos espalhados pelo solo (copos plásticos, garrafas, folhas secas, outros) que possam provocar ruídos. 2.3 Comunicação por gestos A comunicação por gestos é uma técnica utilizada nos deslocamentos. Trata-se de comunicação não verbal, executada por intermédio de sinais convencionados, que objetivam intermediar mensagens entre os policiais militares de forma silenciosa. Propicia a aproximação cautelosa e discreta. Os gestos mais utilizados nas intervenções são os demonstrados na figura 10. 32 PRÁTICA POLICIAL BÁSICA Figura 10 – Comunicação por gestos Além dos gestos apresentados, a equipe poderá convencionar outros, de acordo com a necessidade. Para maior efetividade da comunicação, antes da entrada em operação, as equipes deverão checar a compreensão dos gestos a serem utilizados. 2.4 Técnicas de uso de lanterna O olho humano não tem capacidade para se adaptar de forma rápida e efetiva às variações da luminosidade dos ambientes. 33 Manual Técnico-Profissional 3.04.02 Ao passar de um ambiente iluminado para um de baixa luminosidade, ou vice-versa, é preciso que o policial militar aguarde alguns segundos, para que sua visão se adapte às novas condições do ambiente, antes de iniciar o deslocamento. No cotidiano operacional, o policial militar se depara com ambientes de baixa luminosidade, mesmo durante o dia. Nessas circunstâncias, a visão em profundidade e a percepção de detalhes ficam prejudicadas e os objetos, em geral, adquirem uma tonalidade cinza ou parda. A lanterna é um recurso eficaz para ambientes de baixa luminosidade. Suas principais utilidades são: ��iluminação do ambiente; ��identificação de pessoas ou objetos; ��auxílio na realização da pontaria; ��ofuscamento da visão do abordado; ��sinalização. A lanterna deve ser utilizada com acionamentos intermitentes, para que a posição do policial militar e dos demais integrantes da equipe não seja denunciada. Além disso, o acionamento de lanterna, atrás de outro policial militar deve ser evitado. Se, durante o deslocamento, o policial militar deparar com um suspeito, poderá focalizar o feixe de luz nos olhos do abordado, com o objetivo de ofuscar-lhe a visão, procurando abrigo para realização de uma verbalização segura. O feixe de luz deverá permanecer sobre os olhos do abordado o tempo necessário para averiguar se ele está armado ou enquanto apresentar perigo. A lanterna será conduzida pela mão que não estiver empunhando a arma de fogo e sempre acompanhará a direção do cano. Desta forma, o foco de visão do policial militar, o cano da sua arma e o feixe de luz deverão estar voltados para a mesma direção. 34 PRÁTICA POLICIAL BÁSICA As posições de empunhadura da lanterna são as seguintes: a) posição 1: o policial militar apoiará a lanterna lateralmente na armação da arma, segurando-a com o dedo polegar e o indicador. É apropriada para lanternas com botão de acionamento lateral (Figura 11). Figura 11 – Técnica de Uso da Lanterna “Posição 1” b) posição 2: o policial militar coloca a mão que está com a lanterna abaixo da mão que segura a arma. As costas das mãos se apóiam para dar estabilidade ao conjunto, conforme ilustra a (Figura 10). É importante frisar que, nesta posição, o armamento está em empunhadura simples com apoio, o que poderia dificultar uma boa sustentação e estabilidade após o recuo da arma entre um disparo e outro. Figura 12 – Técnica de Uso Utilização da lanterna “Posição 2”. 35 Manual Técnico-Profissional 3.04.02 2.5 Técnicas de varredura A varredura consiste na verificação visual feita pelo policial militar, de um determinado espaço físico localizado em uma área de risco. Para realizá-la, os policiais militares poderão utilizar três técnicas básicas denominadas: tomada de ângulo, olhada rápida e uso do espelho. a) Tomada de ângulo Conhecida também como fatiamento permite checar o ambiente por segmentos. Seu objetivo é propiciar a visualização total ou parcial de uma pessoa ou de um objeto (pés, mãos, roupas, armamento, dentre outros), antes que o policial militar seja visto pelo abordado. A varredura será feita de maneira lenta e gradual, frente a locais com ângulos desconhecidos (esquina de becos, portas, corredores, escadas, dentre outros). O policial militar se moverá lateralmente, sem a exposição do corpo e sem cruzar as pernas, tendo como referência o obstáculo (parede, muro, por exemplo), que lhe servirá de abrigo. A tomada de ângulo será feita até que se tenha o controle visual total do ambiente ou visualize partes do corpo do abordado, momento em que recorrerá à verbalização e às técnicas de abordagem. Com a arma na posição 3 – guarda alta, o policial militar manterá os cotovelos recolhidos, para evitar a visualização de sua sombra e de peças do fardamento (Figura 13 e 14). Figura 13 – Tomada de ângulo ou “fatiamento” (visão do policial militar) 36 PRÁTICA POLICIAL BÁSICA Figura 14 – Tomada de ângulo ou “fatiamento” - (visão do abordado) A verbalização deverá iniciar-se tão logo o policial militar localize um suspeito, procurando manter o controle visual. b) Olhada rápida Esta técnica tem por objetivo propiciar a visualização instantânea de um suspeito, sem ser visto por ele. Para realizá-la, o policial militar deve expor a cabeça lateralmente, observar a área de risco, e retornar à posição abrigada, o mais rápido possível. Se a repetição do movimento for necessária, o policial militar deverá alternar o ponto de observação, como se vê na figura 15 e 16. Figura 15 – Olhada rápida (visão do policial militar) 37 Manual Técnico-Profissional 3.04.02 Figura 16 - Olhada rápida (visão do abordado) Durante sua execução, a arma deverá estar no coldre ou em uma das mãos, devendo o policial militar atentar para o controle da direção do cano. Antes de empregar a técnica, o policial militar deverá ter próximo à sua retaguarda, em cobertura, outro policial militar, que deverá estar em pé, com a arma na posição 2 – guarda baixa, sem apontá-la em direção ao executor e expô-lo ao perigo. Ao avistar a área de risco e identificar o(s) suspeito(s) com a olhada rápida, o policial militar executor sinalizará para os outros policiais militares o número e localização dos suspeitos, bem como se estão armados. Casotenham supremacia de força3, deverão usar, após a olhada rápida, a técnica de tomada de ângulo, com o objetivo de se posicionarem seguramente para emprego da verbalização e abordagem. c) Uso do espelho O uso do espelho é uma técnica que contribui para aumentar a segurança do policial militar. A varredura será realizada com o espelho de baixo para cima ou vice-versa, cautelosamente e devagar, observando todos os ângulos. É conveniente que o espelho a ser utilizado seja convexo e sustentado por uma haste, para facilitar o manuseio e permitir uma maior amplitude visual. Ao conhecer a posição do suspeito, o policial militar deverá recorrer à tomada de ângulo a fim de 3 Ver seção 3 deste Caderno. 38 PRÁTICA POLICIAL BÁSICA manter o controle sobre os pontos de foco e pontos quentes4 e empregar a verbalização. Figura 17 – Uso do espelho Embora apresentadas isoladamente, o policial militar deve dominar as três técnicas descritas, para que as utilize segundo a conveniência e a necessidade. Simultaneamente, poderá realizar o fatiamento, com olhadas rápidas ou com o recurso do espelho, aumentando ainda mais o seu campo visual. 2.6 Posições/posturas adotadas pelo policial na abordagem a pessoas Posições/posturas de abordagem, também conhecidas como “posturas táticas”, são técnicas que definem o posicionamento do corpo e da arma do policial militar, que o possibilitam aproximar-se e verbalizar com o abordado de maneira segura, potencializando sua capacidade de autodefesa e viabilizando o uso diferenciado de força. As posturas referem-se ao posicionamento corporal do policial militar com as mãos livres, enquanto posições referem-se a empunhadura de armas ou equipamentos. A posição/postura do policial militar durante uma abordagem influencia diretamente no processo mental de agressão5 do abordado retardando a etapa de decisão. Uma atitude relapsa transmite despreparo profissional e expõe a segurança do policial militar, enquanto outra, demasiadamente 4 Ver Seção 4 do MTP 1. 5 Ver Seção 4 do MTP 1. 39 Manual Técnico-Profissional 3.04.02 rígida ou desrespeitosa, poderia causar indignação. A posição/postura do policial militar durante a abordagem deve estar diretamente vinculada ao risco com o qual ele pode se deparar. Por isso, em toda abordagem, este deve empregar a metodologia de avaliação de risco6 para decidir a melhor técnica a ser utilizada. Antes de estabelecer as posições/posturas, é necessário definir os ângulos de aproximação entre o policial militar e o abordado. A aplicação do conhecimento sobre estes ângulos proporcionará maior segurança na abordagem. 2.6.1 Ângulos de aproximação Nas abordagens7e buscas pessoais8, os policiais militares deverão atentar pela segurança. Para tanto, foram estabelecidos ângulos de aproximação ao abordado, conforme figura 18. Figura 18 – Ângulos de aproximação O policial militar procurará não se aproximar do espaço compreendido entre os braços do abordado, porque poderá ser atingido com maior facilidade em caso de uma possível agressão física. Os demais ângulos descritos na (Figura 18) acima permitem uma aproximação segura, sendo que o ângulo 3 oferece maior segurança e o ângulo 1, menor. 6 Ver Seção 3 do MTP 1. 7 Ver Seção 3 deste Manual. 8 Ver Seção 4 deste Manual. 40 PRÁTICA POLICIAL BÁSICA Uma aproximação, observando-se os ângulos de segurança, aumenta o tempo do processo mental da agressão do abordado. Assim, ele terá que se virar para atingir o policial militar que, por sua vez, terá melhor condição de se esquivar. 2.6.2 Posturas de abordagem com as mãos livres São técnicas em que o policial militar faz a intervenção sem recorrer a quaisquer armamentos, instrumentos ou equipamentos. São estabelecidas para cada nível de risco9, orientando a distância e a angulação de aproximação, bem como a posição de mãos e braços do policial militar. Estando preliminarmente com as mãos livres e visíveis, o policial militar transmitirá ao abordado a mensagem10 de que deseja dialogar ou resolver pacificamente o conflito. Para todas as posturas a mãos livres, o policial militar deverá adotar a posição de “base”, utilizada nas artes marciais, variando-se apenas a posição das mãos e braços. Esta posição permite ao policial militar equilíbrio e melhores possibilidades de defesa e contra-ataque. Também permite maior proteção da arma de fogo do policial militar, haja vista que os braços e pernas mais fortes e, consequentemente, o coldre (geralmente colocado do lado da mão mais forte) ficam ligeiramente projetados para a retaguarda. Logo, mais distantes do raio de ação do abordado. Aposição de base está representada nas figuras 19,20, 21. a) Postura Aberta Deverá ser empregada nas intervenções em que o abordado não estiver aparentemente portando armas e apresentar comportamento cooperativo. Nesta postura, o policial militar se aproximará do abordado, preferencialmente, pela angulação 1, conforme figura 16, e permanecerá a uma distância de aproximadamente 3 metros, o que permitirá ao policial militar agir em autodefesa e monitorar os pontos quentes (cabeça, mãos e pernas). Na postura aberta, os braços do policial militar permanecerão naturalmente abaixados, com as palmas das mãos voltadas para frente, manifestando gestualmente uma mensagem de receptividade, conforme ilustra a figura 19. 9 Ver Seção 3 do MTP 1. 10 Ver Seção 6 do MTP 1 41 Manual Técnico-Profissional 3.04.02 Figura 19 – Postura Aberta - mãos livres b) Postura de Prontidão Deverá ser utilizada nas intervenções em que o abordado não estiver aparentemente portando armas e apresentar comportamento de resistência passiva. Esta postura com um dos braços elevados e mãos abertas (conforme figura 20) permite ao policial militar o emprego mais eficiente das técnicas de controle de contato, além de transmitir uma mensagem gestual de contenção do conflito, não agressividade e intenção de resolução pacífica. Figura 20 – Postura de Prontidão 42 PRÁTICA POLICIAL BÁSICA Sempre que o abordado tentar reduzir a distância de segurança, o policial militar deverá ordenar que ele pare imediatamente e, concomitantemente, dele se afastará. Esse procedimento retardará o tempo decorrente do processo mental da agressão. c) Postura Defensiva Deverá manter a cabeça ereta na posição natural, com as mãos abertas próximas ao rosto, e os cotovelos projetados na linha das costelas, a fim de protegê-las, permanecendo assim em melhores condições de emprego das técnicas de controle físico e com maiores chances de defesa contra golpes. As mãos permanecerão abertas por assim representarem um gesto universal de defesa, as pernas deverão estar formando uma base equilibrada, os joelhos semifexionados e o corpo projetado à frente (figura 21). Jamais deverá ser usado com punho cerrado, pois este gesto denota agressão. Figura 21 - Postura Defensiva A postura defensiva com as mãos livres deverá ser utilizada nos seguintes casos: a) abordado aparentemente desarmado que apresenta resistência passiva continuada: após esgotada a tentativa de convencimento do abordado ao acatamento das ordens, o policial militar deverá mudar a 43 Manual Técnico-Profi ssional 3.04.02 postura de prontidão para postura defensiva, e realizar a aproximação para emprego inicial de técnicas de controle de contato para prisão do abordado. b) abordado aparentemente desarmado que apresenta resistência ativa: neste caso, o abordado não obedece às ordens do policial militar e tenta atingir o policial militar com socos e chutes. O policial militar deverá adotar a postura defensiva para realizar o controle físico através do emprego e técnicas de defesa pessoal policial. Se o policial militar entender que não será possível dominar um abordado com o emprego de técnicas de defesa pessoal policial com as mãos livres (controle de contato e controle físico), desde que não exista risco iminente de morte, deveráacionar reforço e avaliar a oportunidade e conveniência para empregar instrumentos de menor potencial ofensivo (controle com IMPO) ou até mesmo uso dissuasivo de arma de fogo11 . A adoção de uma postura correta, somada a uma verbalização adequada, poderão levar o abordado a cooperar com a abordagem policial, prevenindo uma provável resistência, ainda na fase embrionária. 2.6.3 Posições de emprego de arma de fogo São técnicas que objetivam garantir a segurança do policial militar e causar impacto psicológico no abordado, proporcional ao nível de risco oferecido, de forma dissuasiva. Existem quatro posições básicas para se utilizar o armamento de porte durante as intervenções policiais. a) Posição 1 - arma localizada O policial militar levará a mão até o punho da arma, e a manterá no coldre desabotoado, conforme fi gura 22. Tal posição tem o objetivo de reduzir o tempo de reação do policial militar e passar ao abordado a possível intenção de usar a arma. 11 Conforme disposto no item 7.2.3 do MTP 1 e orientação do item 6 da Portaria Interministerial 4.226/10. ATENÇÂO! Os procedimentos para o emprego de instrumentos de menor potencial ofensivo serão tratados em manual específi co. 44 PRÁTICA POLICIAL BÁSICA Figura 22 – Posição 1: Arma localizada coldre desabotoado b) Posição 2 – guarda baixa O policial militar manterá os braços ligeiramente flexionados, à frente e próximos ao corpo; estará com a arma empunhada destravada (fora do coldre), posicionada na altura do abdômen com o cano voltado para baixo e, como medida de segurança, manterá o dedo indicador fora do gatilho, na mesma direção do cano, conforme figura 23. Figura 23 – Posição 2: Guarda baixa 45 Manual Técnico-Profissional 3.04.02 Esta posição é indicada para deslocamentos longos, pois minimiza o cansaço físico causado pelo peso da arma, proporciona ao policial militar condição para se defender de uma possível agressão, sem aumentar muito o tempo de reação. Ao se deslocar em grupo, o policial militar deverá manter o controle do cano da arma e, em hipótese alguma, a apontará na direção dos integrantes do grupamento. c) Posição 3 – guarda alta O policial militar manterá os braços à frente do corpo, ligeiramente flexionados. A arma estará empunhada abaixo da linha dos ombros (altura do tórax), e o cano ficará voltado pra frente, como mostra a figura 24. Esta posição é indicada para deslocamentos curtos. O policial militar se mantém em condições de responder rapidamente a uma possível agressão. Figura 24 – Posição 3: Guarda alta 46 PRÁTICA POLICIAL BÁSICA d) Posição 4 – pronta-resposta A arma será apontada diretamente para o abordado, conforme fi gura 25. Figura 25 – Posição 4: Pronta-resposta Será empregada nas situações em que exista potencialidade real e imediata de agressão letal, ou nas situações que ofereçam risco de morte ou ferimentos graves ao policial militar ou a terceiros. Ao visualizar um agressor armado, o policial militar apontará rapidamente a arma para a sua massa central (tronco) e manterá, ao mesmo tempo, o controle dos pontos quentes. O policial militar somente deverá acionar a tecla do gatilho após identifi car, certifi car e decidir para agir, ou seja, disparar a arma de fogo. LEMBRE-SE: Recomenda-se evitar iniciar as abordagens na posição de pronta-resposta, pois isso limita a alternância dos níveis de força, e ainda acarreta o risco de disparo acidental. O policial militar, ao verbalizar com um abordado cooperativo, por exemplo, estando ainda com a arma no coldre, disporá de outros níveis de força, sem que recorra, necessariamente, ao disparo. Ver quadros 3, 4 e 5 na Seção 3. 47 Manual Técnico-Profissional 3.04.02 2.7 Técnica de Aproximação Triangular (TAT) Nesta técnica, dois policiais militares e o abordado dispostos de maneira que formem um triângulo. É considerada a forma mais segura e eficiente de aproximação policial militar. A distância recomendada entre os policiais militares será de aproximadamente 4 metros, o que dificulta o controle visual simultâneo de ação dos dois policiais militares por parte do abordado. A distância dos policiais militares em relação ao suspeito será de aproximadamente 3 metros, para proporcionar segurança à guarnição em caso de repentina agressão (Figura 26). A postura ou posição de emprego de arma a ser utilizada pelos policiais militares na realização da TAT deverá ser definida pelo policial militar de acordo com o nível de risco e a evolução dos fatos durante a intervenção12. A TAT poderá ser empregada em esquemas táticos variados, em função da quantidade e comportamento dos abordados e do número de policiais militares. A área de contenção corresponderá ao espaço de abrangência da ocorrência, em que os policiais militares manterão monitoramento mais constante, com objetivo de conter os abordados e isolar o local de interferência de terceiros. O setor de busca corresponde ao local onde se realizará a busca pessoal e será definido pelos policiais militares após análise da área e da avaliação de risco. Se possível, possuirá características que privilegiem a segurança tanto dos policiais militares quanto dos abordados. Tais características são o relevo adequado e se situar fora da área de tráfego de veículos e de locais onde os policiais militares não tenham pleno controle no que se refere à segurança. O setor de custódia corresponderá a um local dentro da área de contenção, com as mesmas características do setor de busca, definido pela guarnição, onde os demais suspeitos aguardam a busca pessoal e outros procedimentos necessários (consulta de dados, checagem de objetos, outros). Recomenda-se que estes locais não possuam pontos de escape, que permitam uma possível evasão dos abordados. 12 Conforme posturas e posições de emprego de arma sugeridas na seção 3 deste Caderno 48 PRÁTICA POLICIAL BÁSICA Figura 26 – Técnica de Aproximação Triangular e Área de Contenção Numa abordagem a pessoas, os policiais militares exercerão as seguintes funções: ��PM Verbalizador/Comandante: aquele que verbaliza com o abordado; ��PM Segurança/Comandante: responsável pela segurança da equipe; ��PM Revistador: encarregado de revistar o abordado e seus pertences (busca). Um único policial militar poderá exercer mais de uma função. É importante lembrar que estas funções deverão ser previamente definidas pelo comandante da abordagem, a fim de garantir a disciplina tática entre os integrantes. Para a realização da abordagem de um ou dois suspeitos, a equipe de policiais militares adotará as seguintes providências: �� O PM Verbalizador determinará ao abordado todos os procedimentos para a adoção de uma das posições de contenção (definidas no item 4.2.2) que o policial militar julgar mais adequada. Para tal, o PM Verbalizador deverá dar ordens claras e precisas para o abordado até que este adote a posição determinada. �� Havendo mais de um suspeito, a equipe fará a busca pessoal em um de cada vez. 49 Manual Técnico-Profissional 3.04.02 �� A equipe cuidará para que não se perca a triangulação necessária; Para a realização da abordagem a três ou mais suspeitos, a equipe de policiais militares adotará as seguintes providências: �� Dentre os suspeitos abordados posicionados no setor de custódia, o PM Verbalizador determinará a um deles que se poste em local distinto dos demais (setor de busca), tomando a posição de contenção mais adequada, conforme sua avaliação, para que seja procedida a busca pessoal. �� A pessoa a ser abordada ficará afastada a uma distância aproximada de 3 metros do grupo, na lateral, conforme se observa nas Figuras 31 e 32. �� O detalhamento das ações de Abordagem a Pessoa e Busca Pessoal será feito nas seções 3 e 4, respectivamente. �� O abordado terá seus dados anotados para que seja averiguado seu prontuário criminal e/ou para pesquisas de qualidade do serviço operacionalpós-atendimento. Após, o policial militar informará ao suspeito o motivo do procedimento e agradecerá a colaboração. �� Caso o cidadão, após terminado o procedimento policial, deseje esperar por outro abordado, o PM Verbalizador determinará que ele aguarde fora da área de contenção. Entretanto, atenção ainda deverá ser dada a ele, através do monitoramento pelo PM Segurança. As funções policiais poderão variar no decorrer da abordagem, de acordo com o local, número de abordados, grau de risco, e de informações obtidas sobre os suspeitos. Observe nos esquemas sugeridos a seguir, que o policial militar responsável pela segurança da abordagem também se encarregará da segurança periférica. 50 PRÁTICA POLICIAL BÁSICA a) dois policiais militares e um abordado Figura 27 – Esquema tático de aproximação com 2 policiais militares e 1 abordado b) dois policiais militares e dois ou três abordados O esquema tático sugerido aplica-se à abordagem a duas ou três pessoas. No caso de três, o esquema dependerá da avaliação de riscos feita pelos policiais militares. Figura 28 – Esquema tático de aproximação com 2 policiais militares e 2 abordados 51 Manual Técnico-Profissional 3.04.02 Figura 29 – Esquema tático de aproximação com 2 policiais militares e 3 abordados c) três policiais militares e um abordado Figura 30 – Esquema tático de aproximação com 3 policiais militares e 1 abordado 52 PRÁTICA POLICIAL BÁSICA d) três policiais militares e vários abordados Figura 31 – Esquema tático de aproximação com 3 policiais militares e 4 abordados e) quatro policiais militares e quatro abordados Figura 32 – Esquema tático de aproximação com 4 policiais e 4 abordados 53 Manual Técnico-Profi ssional 3.04.02 Em seguida, na seção 3, serão discutidas técnicas e táticas de abordagem a pessoas, e será traçado um modelo policial de referência para as ações nos diversos níveis de intervenção. 2.7.1 Patrulha Policial Militar É um Grupamento de policiais militares com composição variada que atuará temporariamente como uma força de pequeno efetivo, sendo empregado no serviço operacional, empenhado em ambiente rural ou urbano com o objetivo de incursionar, reconhecer e resgatar. No cumprimento de uma missão de patrulha deve-se levar em consideração a necessidade de um ponto de reunião próximo ao objetivo, local em que se fará a checagem fi nal de equipamentos, armamentos e se fará o último briefi ng antes da execução da missão. 2.7.2 Tipos de Patrulha Policial Militar a) Patrulha de incursão – tem por fi nalidade realizar deslocamentos no interior de aglomerados urbanos. Utiliza das técnicas policiais com objetivo de realizar operações, efetuar prisões, cumprir mandados, ocupar determinadas áreas e restaurar a ordem ou garantir a lei. b) Patrulha de reconhecimento – Tem por fi nalidade confi rmar ou buscar informações, denúncias, reconhecimento de áreas ou edifi cações. c) Patrulha de resgate - É a Patrulha que utiliza das técnicas policiais a fi m de prestar apoio e socorro a outras patrulhas PM. ATENÇÂO! Em abordagens com buscas pessoais a grandes grupos, mesmo não havendo um número superior de policiais militares em relação aos abordados, desde que se mantenha a segurança requerida para os militares, poderá ser designado mais de um militar para realizar a busca pessoal de forma concomitante, conforme Seção 5. 54 PRÁTICA POLICIAL BÁSICA 2.7.3 Formação Básica de Patrulha Com seis policiais militares, as funções são, Ponta de vaguarda 1, Ponta de vaguarda 2, Comandante, Ala/equipamento (operador de fuzil), Retaguarda 2 e Retaguarda 1. O Quadro 1 retrata a composição de uma patrulha com 6 (seis) policiais militares. QUADRO 1 - Formação Básica de uma Patrulha Urbana 6 (seis) Policiais Militares ÁREA DE OBSERVAÇÃO NOMENCLATURA FUNÇÃO CARACTERÍSTICAS Ponta de Vanguarda 01 ou Ponta 1 - Primeiro homem a incursionar; - Verbalizar Experiência, higidez física, conhecimento do terreno, concatenação de ideias. Ponta de Vanguarda 02 ou Ponta 02 - Segundo homem a incursionar; - Verbalizar; - Dar segurança do ponta 1 Experiência, higidez física, conhecimento do terreno, concatenação de ideias. Comandante - Coordenar a equipe. Mais antigo e experiente Ala, operador fuzil e Equipamento - Monitorar as partes altas como janelas, lajes, etc.; -Proteger as laterais da patrulha; - Efetuar buscas pes- soai; - Transportar rádio, bornais, escudos, kits 1º socorros, etc. Credenciado em operar fuzil Ponta de Retaguarda 02 ou retaguarda 2 - Verbalizar; - Dar cobertura ao retaguarda 1, Experiência, higidez física, conhecimento do terreno, concatenação de ideias Ponta de Retaguarda 01 ou retaguarda 1 - Verbalizar; - Dar segurança à retaguarda da equipe. Experiência, higidez física, conhecimento do terreno, concatenação de ideias. 55 Manual Técnico-Profissional 3.04.02 Figura 33 composição da patrulha com 6(seis ) PMs (vista de frente e retaguarda) A composição da patrulha pode variar de acordo com o efetivo, mantendo-se constante as funções de Ponta de vangarda 1, Comandante, Retaguarda 2 e Retaguarda 1, quando composta por 4 (quatro) policiais militares; Das funções acumuladas, o Ala (operador do fuzil) é quem transporta o que for necessário à execução da operação (escudo, rádio HT, bornais, kit emergência ou outro equipamento/armamento que a missão demandar), além de realizar buscas pessoais, bem como transporte de feridos. O comandante da patrulha observará os fatores que influenciam na organização e atuação da patrulha e juntamente com seu grupo decidirá qual será o deslocamento mais seguro e efetivo para a equipe. São os fatores que podem interferir na organização e atuação de patrulha: - Segurança; - Objetivo da ação; - Formações; - Disciplina de luz e som; - Possibilidades de contato; 56 PRÁTICA POLICIAL BÁSICA - Velocidade de deslocamento; - Manutenção da integridade tática; - Condições do terreno - Sigilo das operações; - Controle da equipe. 2.7.4 Deslocamentos da Patrulha Utiliza-se dois tipos básicos de deslocamento quando em patrulha, de forma a otimizar, agilizar, previnir e assegurar a integridade física do policial militar. 2.7.4.1 Tipos de Deslocamentos a) por Lanço – Deslocamento curto e rápido realizado entre duas posições abrigadas ou cobertas. Será realizado em um movimento decidido. Antes de iniciar um lanço o policial militar avaliará o risco para evitar uma indecisão no decorrer do deslocamento. Para uma decisão fi rme e acertada o PM, ao preparar um lanço, responderá a si próprio as perguntas que se seguem: para onde vou?, como?, por onde? e quando? b) Tomada ponto a ponto – O deslocamento é feito sempre com, no máximo, 3 policiais militares por abrigo, de acordo com a necessidade de cobertura, becos em “T ou Y” que necessitam de uma cobertura maior. Posição de arma ideal é a guarda alta. O deslocamento ponto a ponto é caracterizado pela cobertura ininterrupta do policial militar que vai a frente e pelo policial miltar que vem logo em seguida assumir o ponto. Sempre que chegar a cobertura, após ser observado o ambiente pelos dois policiais militares, o primeiro efetua o lanço para o próximo ponto ou abrigo ATENÇÂO! A posição de arma ideal para este tipo deslocamento é a guarda baixa. 57 Manual Técnico-Profissional 3.04.02 e aguarda o deslocamento de sua cobertura para poder progredir, sendo todo o tempo coberto pelos companheiros que estão abrigados, inclusive após sua chegada no abrigo. Somente o Retaguarda 2 que antes de deslocar até o Ala, voltará sua frente para a retaguarda da patrulha, abrigará e apontará sua arma para o ponto de foco que o Retaguarda 1 guarnece. Feito isto, chamará o Retaguarda 1. Este por sua vez, olhará para o Retaguarda 2 preocupando-se primeiramentecom a direção do cano da arma do Retaguarda 2 e após confirmar esta posição, deslocará de frente até o local de abrigo do retaguarda 2, assumindo este ponto voltando sua frente novamente para a Retaguarda. Assim que recolher o Retaguarda 1 até seu abrigo, o Retaguarda 2 desloca para o proximo ponto. Este recuo do Retaguarda 1 até o local onde o Retaguarda 2 está é chamado de curto recuo ou recuo lento. Caso o Retaguarda 1 tenha espaço suficiente e seguro para deslocamento, poderá deslocar até o Ala e procederá da mesma forma para recolher o Retaguarda 2. Eeste recuo do Retaguarda 1 até o Ala é chamando de recuo longo ou rápido. Figura 34 deslocamento ponto a ponto 58 PRÁTICA POLICIAL BÁSICA 2.7.5 Posturas Táticas São posturas que reforçam o domínio sobre determinados pontos de forma que os policiais militares se adaptem para cobrir todas as áreas; a) Combate: policial militar de pé, com os pés paralelos, empunhando sua arma na posição de guarda alta ou pronta resposta, corpo ligeiramente flexionado para frente, a fim de absorver melhor o recuo da arma. Figura 35 Postura de combate- (vista lateral) b) Torre: postura em que um policial militar guarnece um ponto do deslocamento. Consiste na colocação do joelho da perna forte apoiado no chão e a perna fraca realiza um apoio em 90º. Deve-se observar que a perna forte permanece com o pé ereto, apoiando o bico do coturno ao solo. Arma estará em guarda alta ou pronta resposta, conforme o caso. Figura 36 Postura torre 59 Manual Técnico-Profissional 3.04.02 c) Siamesa: policial militar de pé, estaciona ou desloca ombro a ombro com outro policial militar de forma que cada um cubra determinado ponto formando um ângulo que pode ser em L, V, T ou Y de acordo com a direção do cano da arma dos primeiros policiais militares da equipe. Figura 37 Postura Tática Siamesa Sequencia V L T Y L V YT 60 PRÁTICA POLICIAL BÁSICA d) Hi-Low: é a soma da Postura de Combate (“Hi”) e da Postura Torre (“Low”). É utilizada para cobertura, onde o emprego de um homem naquela postura é insuficiente para responder a disparos realizados contra a equipe. O policial militar que realizar a Postura “Hi” deverá permanecer nas costas do policial militar que fizer a Postura “Low” e posicionar-se paralelamente, oferecendo o apoio das pernas e do tronco para apoio do “Low”, do mesmo modo que sua posição deve impossibilitar qualquer ação do “Low” que possa levá-lo á cruzar a linha de tiro. Figura 38 Postura Hi-Low 2.7.6 Resgate de Feridos Trata-se de um tópico que merece atenção por se tratar de uma situação que foge a normalidade, quando um ou mais militares forem feridos ou incapacitados para o combate. Cabe agora, a esta mesma patrulha, ou outra realizar uma retirada da equipe incluindo o ferido. Para melhor entendimento, ver o QUADRO 2 com a situação hipotética onde uma patrulha composta por 6 (seis) policiais militares, tem um de seus 61 Manual Técnico-Profissional 3.04.02 componentes ferido. A atuação a seguir será adapatada de acordo com o efetivo da patrulha. Figura 39 resgate de feridos(posição dos braços) 62 PRÁTICA POLICIAL BÁSICA QUADRO 2 - Situação 6 (seis) Policiais militares - Ponta 1 Ferido Função Ação pós ferimento do policial militar Função posterior Ponta 2 Utilizando das técnicas policiais militares, identifica o infrator e realiza disparos táticos enquanto progride até um abrigo, mantendo o ferido entre a patrulha. Assume a função de Retaguarda 1, e mantém atenção nos pontos de foco e quentes. Comandante Assume o abrigo do Ponta 2 e dá cobertura de fogo para que o Ala desloque até o ferido. Acumula a função de CMT e Retaguarda 2, responsável por retirar o Retaguarda 1 do ambiente hostil. Ala Coldreia a arma, após ser garantida sua segurança pelo Ponta 2 e o CMT desloca até o ferido. Remove o ferido o mais rápido possível até a área de segurança, protegida pelos pontas. Comunica pedindo prioridade, passando localização. Inicia procedimentos de emergência. Retaguarda 2 Após verificar não ser necessário apoio ao CMT, volta-se para a retaguarda e desloca até o Retaguarda 1, dando suporte para este abrir caminho para o socorro do Ponta 1. Assume a função de Ponta 2, dá segurança ao ponta um e apoia o Ala no socorro. Retaguarda 1 Após cobertura do Retaguarda 2, avança abrindo caminho, buscando uma área segurança para a patrulha comunicar. Assume a função de Ponta 1 e desloca com segurança exfiltrando a patrulha tão logo o CMT retire o Retaguarda 1 da área de risco ABORDAGEM A PESSOAS SEÇÃO 3 65 Manual Técnico-Profissional 3.04.02 3 ABORDAGEM APESSOAS A abordagem policial é o conjunto ordenado de ações policiais para aproximar-se de uma ou mais pessoas, veículos ou edificações. Tem por objetivo resolver demandas do policiamento ostensivo, como orientações, assistências, identificações, advertências de pessoas, verificações, realização de buscas e detenções. Já a abordagem a pessoas se refere apenas às ações policiais para se aproximar de um ou mais indivíduos. Este conceito possui um sentido amplo, ou seja, abrange a todos os cidadãos, não se restringindo às pessoas em situação de suspeição. Os procedimentos adotados pela guarnição variam de acordo com os fatos motivadores da abordagem e com o ambiente. Além disso, o policial militar deve compreender as peculiaridades daquele com quem interage e não vincular essa interação, necessariamente, a ações delituosas. Em cada abordagem realizada, o policial militar deverá utilizar técnicas, táticas e recursos apropriados ao público-alvo desta intervenção policial, esteja a pessoa em atitude suspeita ou não. O poder de polícia, deve ser entendido como um conjunto de ações que limitam e sancionam o direito individual e autorizam a intervenção do Estado, executada por intermédio de seus agentes, em qualquer matéria de interesse da coletividade. A ação de abordar uma pessoa é um ato administrativo, discricionário, autoexecutório e coercitivo. Significa dizer que a abordagem policial é realizada de ofício. O ato de abordar é discricionário, e jamais poderá ser ilegal, sob pena de não atingir sua finalidade precípua, que é o bem comum. É imprescindível também que, durante as abordagens, a pessoa receba um tratamento respeitoso. A doutrina sobre Intervenção Policial estabelece etapas que sistematizam o processo de solução de problemas, objetivando estruturar ações de resposta adequadas durante a abordagem. Nesse enfoque, recomenda-se a leitura dos seguintes tópicos, constantes no MTP 1: 66 PRÁTICA POLICIAL BÁSICA �� etapas da intervenção: seção 5; �� fundamentos da abordagem policial à pessoa em atitude suspeita: seção 5; �� verbalização do policial militar face ao comportamento do abordado: seção 6; �� uso diferenciado de força: seção 7. Como explorado no MTP 1, a abordagem é uma intervenção policial, rotineira, que se procede por meio de técnicas, táticas e uso de equipamentos proporcionais aos níveis de riscos. 3.1 Uso diferenciado de força nas intervenções policiais Durante a atuação policial, caso haja resistências e agressões em variadas formas e graus de intensidade, o policial militar terá que adequar sua reação a essas circunstâncias, estabelecendo formas de controlar e direcionar o abordado, a fim de dominá-lo. Para lidar com esses diversos graus de intensidade, foram definidos os níveis do Uso de Força. Verifica-se, então, que a compreensão das atitudes do abordado, no que diz respeito à relação de causa e efeito, será determinante para a avaliação de riscos e a tomada de decisões seguras sobre o nível de força mais adequado para fazer cessar a agressão. 3.2 Níveis de Intervenção A abordagem policial à pessoa também é classificada emtrês níveis (1, 2 e 3) tendo como referência os níveis de intervenção policial, conforme definidos pelo MTP 1. Os quadros 2, 3 e 4, a seguir, sugerem táticas a serem empregadas na abordagem a pessoas, em três variáveis principais: ��abordado aparentemente desarmado; ��abordado visivelmente portando arma branca; ��abordado visivelmente portando arma de fogo. 67 Manual Técnico-Profissional 3.04.02 As variáveis principais, por conseguinte, estão divididas em tópicos estabelecidos de acordo com a animosidade do abordado: ��abordado cooperativo; ��abordado resistente passivo; ��abordado resistente ativo. QUADRO 3 – Tática de Abordagem a Pessoas - “abordado aparentemente desarmado” Comportamento do Abordado Verbalizador Revistador/Segurança Cooperativo Iniciar a abordagem adotando a postura aberta (mãos livres); Uso da técnica de verbalização. Iniciar a abordagem na posição de arma localizada; Adotar a postura de prontidão (mãos livres) quando for se aproximar para realizar a busca pessoal. Resistente Passivo Iniciar na postura de prontidão; Manter constante verbalização, buscando convencer o abordado a acatar as ordens; Caso o abordado não ceda à verbalização, o policial deverá atrair sua atenção para que o PM Segurança consiga se aproximar para dominá-lo. Iniciar a abordagem na posição de arma localizada; Caso o abordado não ceda à verbalização, o policial deverá retirar a mão do punho da arma e adotar a postura defensiva quando for se aproximar do abordado para aplicar a técnica de controle de contato específica. Resistente Ativo Iniciar a abordagem na postura defensiva; Manter constante verbalização; Caso o abordado não ceda, deverá aplicar técnica de controle físico, podendo ainda fazer uso de IMPO. Iniciar a abordagem na posição de arma localizada; Será o responsável por imobilizar e conduzir o abordado caso não acate às ordens do PM Verbalizador. 68 PRÁTICA POLICIAL BÁSICA QUADRO 4 – Tática de Abordagem a Pessoas - “abordado visivelmente portando arma branca” Comportamento do Abordado Verbalizador Revistador/Segurança Cooperativo Manter distância de segurança; Iniciar na posição de arma localizada ou guarda baixa; Manter constante verbalização, determinando ao autor que coloque a arma branca no chão e acate as ordens de busca. Será responsável pela segurança do PM Verbalizador; Resistente Passivo Manter distância de segurança; Emprego da arma na posição de guarda baixa; Manter constante verbalização, tentando convencer o autor a colocar a arma branca no chão e acatar às ordens de busca. Caso, após tentativa de verbalização, o abordado não ceda às ordens de largar a arma branca, deverá ser empregado IMPO para imobilização e prisão do autor. A escolha do tipo de IMPO que será empregado ficará a cargo dos policiais, de acordo com os instrumentos disponíveis, com as informações do fato e com a análise de risco. Será responsável pela segurança do PM Verbalizador; Fará a aproximação para a imobilização e prisão do autor somente após ter sido cessado seu poder de resistência face aos efeitos do emprego do IMPO. Resistente Ativo Manter distância de segurança; Verbalizar após estar abrigado (proteção física); Iniciar a abordagem na posição de guarda baixa (arma de fogo); Caso, após tentativa de verbalização, o abordado continue tentando usar a arma branca contra os policiais ou contra terceiros, deverá ser empregado IMPO para imobilização e prisão do autor; A escolha do tipo de IMPO que será empregado ficará a cargo dos policiais, de acordo com os meios disponíveis, o fato e a análise de risco; Iniciar a abordagem na posição de guarda baixa ou de guarda alta; Será responsável pela segurança do PM Verbalizador; Fará a aproximação para a imobilização e prisão do autor somente após ter sido cessado sua força de resistência face aos efeitos do emprego do IMPO; Caso a tentativa de agressão do autor acarrete em risco real e imediato à vida dos policiais e de terceiros, e o uso dos IMPO se mostrarem ineficazes para o caso concreto, poderá ser efetuado disparo com a arma de fogo. 69 Manual Técnico-Profissional 3.04.02 QUADRO 5 – Tática de Abordagem a Pessoas - “abordado visivelmente portando arma de fogo Comportamento do Abordado Verbalizador Revistador/Segurança Cooperativo (Ex.: policial aborda cidadão que se identifica como policial, pessoa com arma na cintura e aparentemente disposição a acatar as ordens policiais) Deverá estar coberto e abrigado; Iniciar a abordagem na posição de guarda baixa ou guarda alta; Manter constante verbalização, devendo determinar ao autor que largue a arma de fogo e aca- te às ordens de busca. Será o responsável pela segurança do PM Verbalizador durante o processo de verbalização; Iniciar a abordagem na posição de guarda alta (arma de fogo). Resistente Passivo (Ex.: Arma de fogo na cintura ou na mão com o cano voltado para baixo, porém, não acatando as determinações do PM Verbalizador) Deverá estar coberto e abrigado; Iniciar abordagem na posição de guarda alta; Manter constante verbalização, tentando convencer o autor a largar a arma de fogo no chão e acatar as ordens. Caso, após tentativa de verbalização não acate as ordens, deverá ser empregado IMPO para imobilização e prisão do autor. A escolha do tipo de IMPO que será empregado ficará a cargo dos policiais de acordo com os meios disponíveis, com o fato e com a análise de risco. Iniciar abordagem na posição de guarda alta ou pronta-resposta; Será responsável pela segurança do PM Verbalizador; Fará a aproximação para a imobilização e prisão do autor somente após certificar-se de que o autor largou a arma de fogo e não oferece poder de reação face aos efeitos do emprego do IMPO; Resistente Ativo autor apontando arma em direção aos policiais ou a terceiros; porém sem atirar. Poderá efetuar disparo com a arma de fogo caso a ação do autor configure risco real e imediato à vida dos policiais e de terceiros. Deverá estar coberto e abrigado; Iniciar abordagem na posição de pronta resposta; O policial deverá fazer uma análise do risco e verificar se o autor tem intenção de atirar e se o disparo tem probabilidade de atingir aos policiais e a terceiros: a) caso o policial avalie que o autor não tem intenção de atirar E se caso vier a atirar o disparo não tem condições de atingir os policiais e terceiros, face à coberta e abrigo, deverá optar pelo emprego de IMPO capazes de retirar, momentaneamente a capacidade de reação do autor. Sugerimos o uso do I.M.P.O e da “munição de impacto controlado” para o caso em análise; Será responsável pela segurança do PM Verbalizador; Fará a aproximação para a imobilização e prisão do autor somente após ter sido cessado sua força de resistência face aos efeitos do emprego do IMPO; Fará uso da arma de fogo caso a ação do autor acarrete em risco real e imediato à vida. 70 PRÁTICA POLICIAL BÁSICA Comportamento do Abordado Verbalizador Revistador/Segurança b) caso o policial avalie que o autor vai atirar (ex.: pelo grau de animosidade, pelos antecedentes, dentre outros) e que o disparo tem condições de atingir os policiais e/ou terceiros, deverá disparar a arma de fogo contra o autor. Resistente Ativo autor atirando contra os policiais. Deverá estar coberto e abrigado; Iniciar abordagem na posição de pronta resposta; Caso o policial avalie que os disparos estão colocando em perigo a vida dos policiais e de terceiros, deverá ser efetuado disparo de arma de fogo contra o autor dos disparos. 3.3 Técnicas e táticas de abordagem a pessoas Ao iniciar uma abordagem, a guarnição militar deverá realizá-la com segurança. Se for realizada especifi camente a uma pessoa em atitude suspeita, é necessário que haja supremacia de força. Neste caso, a técnica policial será fundamental para seu sucesso. Quando a guarnição entender que necessitará de outros recursos
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