Logo Passei Direto
Buscar
Material
páginas com resultados encontrados.
páginas com resultados encontrados.

Prévia do material em texto

<p>1. Constitucionalismo</p><p>1.1. Origem e Contexto</p><p>● Origem da Criação do Estado: A necessidade de um poder centralizado para</p><p>garantir a paz e a segurança levou à criação do Estado, inicialmente visto como a</p><p>solução para conflitos e inseguranças entre grupos.</p><p>● Visão de Thomas Hobbes: Hobbes comparou o Estado ao Leviatã, um monstro</p><p>bíblico, enfatizando a necessidade de um contrato social para garantir a paz e evitar</p><p>o caos e a guerra.</p><p>1.2. Surgimento do Constitucionalismo</p><p>● Rejeição ao Absolutismo: O constitucionalismo surgiu como uma resposta ao</p><p>abuso de poder por parte dos Estados absolutistas. Os pensadores iluministas,</p><p>como Montesquieu, Rousseau e Voltaire, defenderam a limitação do poder estatal e</p><p>a proteção dos direitos individuais.</p><p>● Iluminismo: Movimento do Século XVIII que valorizou a razão e a liberdade</p><p>individual, influenciando a concepção de constituições que limitam o poder do</p><p>Estado e garantem direitos fundamentais.</p><p>1.3. Conceitos de Constitucionalismo</p><p>● Definição de Canotilho: O constitucionalismo é uma teoria que defende a limitação</p><p>do poder do governo para garantir direitos e é uma teoria normativa da política.</p><p>● Definição de Carvalho: O constitucionalismo é um sistema normativo que limita o</p><p>poder dos governantes, garantindo a proteção dos direitos e evitando abusos.</p><p>● Definição de Tavares: O constitucionalismo pode ser entendido de várias maneiras,</p><p>incluindo como um movimento político-social, uma imposição de cartas</p><p>constitucionais escritas e uma evolução histórica específica de um Estado.</p><p>1.4. Evolução Histórica</p><p>● Constitucionalismo Antigo: Caracterizado por regulamentações e normas que</p><p>limitavam o poder em sociedades antigas, como nas cidades-Estados gregas e na</p><p>sociedade hebraica.</p><p>● Constitucionalismo Medieval: Marcado pela Magna Carta de 1215, que impôs</p><p>limites ao poder do Rei João Sem-Terra na Inglaterra.</p><p>● Constitucionalismo Moderno: Iniciado com as constituições dos Estados Unidos</p><p>(1787) e da França (1791), influenciado pelo Iluminismo e liberalismo. Estabeleceu a</p><p>Constituição como norma superior, com divisão de poderes e garantia de direitos.</p><p>● Constitucionalismo Contemporâneo: Também conhecido como</p><p>neoconstitucionalismo, destaca-se pela valorização das constituições, que passaram</p><p>a ser mais detalhadas e exigem ações do Estado. Esta fase reflete uma maior</p><p>ênfase nos princípios constitucionais e na interpretação ativa pelo Judiciário.</p><p>Neoconstitucionalismo</p><p>O neoconstitucionalismo emerge como um movimento pós-2ª Guerra Mundial, voltado para</p><p>uma concepção mais abrangente das constituições, ampliando sua jurisdição e promovendo</p><p>a inclusão de normas programáticas de cunho social. Esse movimento reflete uma evolução</p><p>do constitucionalismo, destacando a Constituição não apenas como um documento de</p><p>organização estatal, mas como uma ferramenta ativa de transformação social e garantia de</p><p>direitos.</p><p>Contexto Histórico e Evolução</p><p>Historicamente, as constituições eram muitas vezes sintéticas, focadas em aspectos</p><p>fundamentais como a divisão do poder e direitos individuais, sendo um reflexo da revolução</p><p>e do sentimento social do momento. Com as calamidades da 2ª Guerra Mundial, a</p><p>necessidade de uma proteção robusta contra abusos estatais levou a uma reavaliação do</p><p>papel das constituições.</p><p>O marco do neoconstitucionalismo é exemplificado pela Lei Fundamental de Bonn</p><p>(Constituição Alemã de 1949) e pela Constituição da Itália de 1947, ambas acompanhadas</p><p>pela criação de tribunais constitucionais. Esses exemplos ilustram a expansão da jurisdição</p><p>constitucional e a criação de mecanismos judiciais para garantir a efetividade das normas</p><p>constitucionais.</p><p>Características do Neoconstitucionalismo</p><p>O neoconstitucionalismo é frequentemente associado ao pós-positivismo, que busca uma</p><p>síntese entre o jusnaturalismo e o positivismo:</p><p>1. Jusnaturalismo: Foca na aproximação entre lei e razão, baseando-se em princípios</p><p>universalmente aceitos, mas com tendência a subjetividade e insegurança.</p><p>2. Positivismo: Destaca a objetividade científica e a estrita legalidade, mas pode levar</p><p>a injustiças e autoritarismo, como observado em regimes totalitários.</p><p>O pós-positivismo busca superar os defeitos de ambos, valorizando a interpretação da</p><p>Constituição com base em justiça e ética, sem cair no autoritarismo ou excessiva</p><p>subjetividade.</p><p>Objetivos do Neoconstitucionalismo</p><p>Os principais objetivos do neoconstitucionalismo são:</p><p>1. Reconhecer a Força Normativa da Constituição: A Constituição não é mais um</p><p>documento meramente político, mas uma norma com aplicabilidade direta e</p><p>mecanismos de coação.</p><p>2. Expandir a Jurisdição Constitucional: Criação de cortes constitucionais e</p><p>ampliação da jurisdição para garantir o cumprimento das normas constitucionais.</p><p>3. Forçar Novas Elaborações de Interpretação Constitucional: A interpretação das</p><p>normas constitucionais vai além do modelo tradicional, incorporando princípios e</p><p>técnicas como ponderação e argumentação para resolver conflitos entre normas e</p><p>princípios.</p><p>Consequências e Impactos</p><p>1. Constitucionalização dos Direitos: As constituições se tornam mais analíticas,</p><p>incorporando direitos e garantias de forma detalhada.</p><p>2. Irradiação da Constituição para Todos os Poderes: A Constituição influencia</p><p>todas as esferas do governo e das relações de poder.</p><p>3. Valorização do Judiciário: O Judiciário tem um papel crucial na adequação das</p><p>relações de poder e na interpretação das normas constitucionais.</p><p>4. Aplicabilidade Direta da Constituição: A Constituição se aplica diretamente a</p><p>diversas situações, influenciando tanto o Direito Público quanto o Privado.</p><p>5. Intensificação da Interpretação Conforme a Constituição: A interpretação deve</p><p>estar alinhada com os princípios e valores constitucionais.</p><p>Desafios e Críticas</p><p>1. Banalização e Descrédito da Constituição: A inclusão de muitos assuntos na</p><p>Constituição pode levar a promessas não cumpridas e à diminuição de sua força e</p><p>utilidade.</p><p>2. Falta de Flexibilização: A rigidez da Constituição pode dificultar a adaptação a</p><p>mudanças rápidas na sociedade e limitar a capacidade de modificar temas que</p><p>requerem ajustes urgentes.</p><p>O neoconstitucionalismo representa um avanço na forma como entendemos e aplicamos as</p><p>constituições, refletindo uma abordagem mais dinâmica e inclusiva do Direito. No entanto, é</p><p>essencial equilibrar a carga de conteúdos constitucionais com a necessidade de</p><p>flexibilidade e eficácia para garantir a justiça e a adaptação às mudanças sociais.</p>

Mais conteúdos dessa disciplina