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<p>CENTRO UNIVERSITÁRIO FACVEST</p><p>MESTRADO EM PRÁTICAS TRANSCULTURAIS</p><p>SULAMITA DOS SANTOS GODINHO</p><p>DIREITOS HUMANOS: CAPTAÇÃO DE RECURSOS PARA ONG’S</p><p>EDUCACIONAIS</p><p>Lages</p><p>2020</p><p>DIREITOS HUMANOS: CAPTAÇÃO DE RECURSOS PARA ONG’S</p><p>EDUCACIONAIS</p><p>Resumo</p><p>O presente estudo de caso, tem como objetivo apresentar o modelo de gestão, a</p><p>diferença entre eles e como um tipo de modelo de gestão costuma ser utilizado no</p><p>terceiro setor, para ter respostas mais eficientes, eficazes e com o foco no resultado</p><p>e celeridade nas decisões, para que elas sejam mais assertivas possível. Trata-se</p><p>também de como o modelo de gestão do terceiro setor, mais propriamente da ONG</p><p>Solidariedade e paz, pode auxiliar na captação de recursos financeiros, materiais e de</p><p>capital intelectual para suas devidas ações sociais, e de que maneira as mesmas são</p><p>executadas, para que deem um resultado positivo com um planejamento a curto,</p><p>médio e longo prazo, desde pequenas ações, como visitas a hospitais, assim como</p><p>no caso da criação da futura casa apoio, onde serão feitos atendimentos em diversas</p><p>áreas para pessoas menos favorecidas financeiramente, o que já é uma meta da</p><p>mesma. Será apresentado também como funciona o organograma e como são</p><p>delegadas as funções aos voluntários, desde a idéia inicial até a execução de um</p><p>projeto. Todavia, será feita também uma pesquisa in loco com os colabores para que</p><p>se tenha uma noção clara de quem são as pessoas voluntárias, assim como será</p><p>apresentado o número de pessoas atingidas pelas ações, suas respectivas</p><p>necessidades, o que almejam e o impacto positivo que ONG causou na vida dos</p><p>voluntários e dos beneficiados com diversos programas e atendimentos. Após a</p><p>análise dos dados, irá ser apresentado todas as conclusões no pesquisa feita através</p><p>de autores renomados sobre modelos de gestão e coleta de informações in loco.</p><p>Palavras - Chave: ONG; modelo de gestão; voluntariado; terceiro setor</p><p>Abstract</p><p>The present case study aims to present the management model, the difference</p><p>between them and how a type of management model is usually used in the third sector,</p><p>in order to have more efficient, effective answers and with a focus on results and speed</p><p>in the decisions, so that they are as assertive as possible. It is also a question of how</p><p>the management model of the third sector, rather the NGO Solidarity and Peace, can</p><p>help in the collection of financial, material and intellectual capital resources for their</p><p>due social actions and in what way they are implemented, to give a positive result with</p><p>a short, medium and long term planning, from small actions, such as visits to hospitals,</p><p>as well as in the case of the creation of the future home support, where care will be</p><p>taken in several areas for people less favored financially, which is already a goal of it.</p><p>It will also be presented how the organization chart works and how the functions are</p><p>delegated to the volunteers, from the initial idea to the execution of a project. However,</p><p>an on-the-spot survey will also be carried out with the collaborators so as to have a</p><p>clear idea of who the volunteers are, as well as the number of people affected by the</p><p>actions, their respective needs, what they aim for and the positive impact they have.</p><p>NGO has caused in the lives of volunteers and beneficiaries with various programs</p><p>and services. After analyzing the data, all the conclusions will be presented in the</p><p>research done through renowned authors on management models and information</p><p>gathering in loco.</p><p>Keywords: NGO; management model; volunteering; third secto</p><p>1. INTRODUÇÃO</p><p>O terceiro setor, na maioria das vezes, trabalha oferecendo benefícios a</p><p>população em geral, em locais nos quais o estado se torna cada vez mais ineficiente</p><p>e o serviço público não chega. Devido aos acelerados problemas sociais, e por</p><p>consequência a exploração do trabalho e devido a concentração de riquezas para a</p><p>minoria da população, enquanto a maioria sofre as mazelas e misérias de uma</p><p>sociedade contemporânea. A partir dessa observação, surgiram as Ong´s</p><p>(Organizações não governamentais), com o intuito de garantir direitos aos mais</p><p>necessitados, como o acesso a educação, esporte, lazer, saúde e inclusão de modo</p><p>geral na sociedade.</p><p>Deste modo, surgiu a necessidade de fomentar a solidariedade de maneira</p><p>mais organizada Existe a necessidade de uma celeridade na otimização do tempo,</p><p>para que os empreendedores sociais consigam ter uma gestão profissionalizada, já</p><p>que trata-se de um modelo de atividade contemporânea, onde não estão ainda</p><p>alinhados afundo os processos, metodologia, gestão com planejamento e avaliação</p><p>de resultados efetivos como em uma organização de outro setor.</p><p>Diante do exposto acima, criou-se um projeto onde a solidariedade fica em</p><p>primeiro lugar. São projetos elaborados desde a ideia até a execução por pessoas</p><p>físicas e às vezes com a ajuda de algumas empresas parceiras que se dispõem a</p><p>abraçar ao projeto, doando o que for necessário para a realização das ações, porém</p><p>sem apoio de governo em nenhuma das esferas; o que acaba terceirizando o que</p><p>deveria ser feito pelo estado. Sendo assim, as Ong´s tornam-se relevantes a</p><p>verdadeira mudança da sociedade. São ações que trazem reais e concretos</p><p>benefícios às populações menos privilegiadas, onde ocorre uma transformação não</p><p>somente em suas vidas, como também na vida do voluntário, que passa então a</p><p>enxergar o mundo de outra forma, com mais empatia aos demais membros da</p><p>sociedade.</p><p>Diante disso, serão apresentados os modelos de gestão das empresas</p><p>convencionais e como alguns dos modelos existentes serão mais eficazes inseridos</p><p>nos empreendimentos sociais (terceiro setor).</p><p>A linha a ser aqui seguida buscará muito mais levantar e avaliar as</p><p>características às práticas de gestão do empreendedorismo social, a origem dos</p><p>modelos de gestão, justificando-se em que as empresas de sucesso, não utilizam</p><p>somente um modelo exclusivo de gestão e sim de uma combinação de fatores, afim</p><p>de encontrar nessas práticas, o modelo ideal e quiçá personalizado para sua empresa</p><p>de modo a se melhorar e crescer, buscando a qualidade total numa parceria entre a</p><p>Ong´s, fornecedores, voluntários e empresas parceiras e instituições que trabalham</p><p>com pessoas menos favorecidas financeiramente.</p><p>Considerando-se a relevância do tema abordado por este trabalho, o presente</p><p>artigo tem como problema de pesquisa: De que forma se efetiva a captação de</p><p>recursos no terceiro setor? Tal questionamento há de requerer tanto, uma revisão</p><p>bibliográfica quanto, a utilização de mecanismos de observação ou coleta de</p><p>informações capazes de permitirem que, a temática investigada atinja o objetivo geral</p><p>da pesquisa que é: Analisar o processo de captação de recursos no terceiro setor.</p><p>2 ONG</p><p>O conceito de Organização Não Governamental – ONG foi formulado em</p><p>1940, pela Organização das Nações Unidas – ONU, para caracterizar as entidades</p><p>da sociedade que atuavam em projetos humanitários ou de interesse público. A</p><p>expansão dessas organizações ocorreu nas décadas de 1960 e 1970, na América</p><p>Latina, onde se começou a perceber o importante papel na luta contra Estado bem</p><p>como a importância das mesmas, na construção de políticas públicas e na</p><p>implementação de mudanças (DIAS, 2003, p.15).</p><p>As ONGs são relacionadas ao chamado “terceiro setor”, contemplando</p><p>agentes privados que atuam com fins públicos, elas desenvolvem ações para um bem</p><p>comum. Dessa forma, percebe-se a abrangência das ONGs, que podem ter como</p><p>norteadores temas diversos, como sociedade, meio ambiente, entre outros.</p><p>A sociedade poder ser dividida, não de uma forma hierárquica, mas sim de</p><p>uma forma setorial, tendo-se como base um modelo de organização de cada grupo</p><p>de atores. Esses atores são divididos em setores, onde o primeiro é composto</p><p>pelo</p><p>governo, responsável pelas questões que envolvem a população como um todo, ou</p><p>seja, possui fins públicos; o Segundo Setor é o privado, o qual é miscigenado pelas</p><p>questões individuais; já o Terceiro é constituído pelo segundo setor – pessoas</p><p>privadas, porém com as características de ações voltadas às destinadas pelo</p><p>Governo: a população.</p><p>A partir dessas afirmações percebe-se que esse setor não é só benéfico em</p><p>termos de responsabilidade e sustentabilidade social, mas também na vertente</p><p>econômica, já que representa um valor significativo no Produto Interno Bruto</p><p>brasileiro. Destaca-se que o Terceiro Setor surgiu com intuito de melhorias às falhas</p><p>admitidas pelo Governo. Dentro disso, este setor abrange entidades mantidas pelo</p><p>capital privado, com destinação dessas ao público de interesse de cada uma das</p><p>organizações, como ONGs, fundações, associações civis e religiosas e unidades</p><p>assistenciais. Fernandes (1994, p.27) define o terceiro setor como:</p><p>[...] um composto de organizações sem fins lucrativas, criadas e mantidas</p><p>pela ênfase na participação da ação voluntária, num âmbito não</p><p>governamental, dando continuidade às práticas tradicionais de caridade, da</p><p>filantropia e do mecenato e expandido o seu sentimento para outros</p><p>domínios, graças, sobretudo à incorporação da cidadania e da suas múltiplas</p><p>manifestações na sociedade civil.</p><p>Dias (2003) pontua que as ONG’s são organizações que executam as mais</p><p>diversas ações, que têm em comum as questões pontuais ou envolvidas a grupos</p><p>sociais específicos. Essas atuações podem ser consideradas complementares</p><p>àquelas efetuadas pelo Estado, como por exemplo, os projetos que o Ministério do</p><p>Meio Ambiente executa em prol da biodiversidade tanto da fauna, quanto da flora, e</p><p>como complemento a essas, têm-se as organizações sem fins lucrativos, como é o</p><p>caso do Greenpeace , o qual atua com propostas de prevenção e correção ao meio</p><p>ambiente, bem como, campanhas publicitárias para a conscientização da população.</p><p>As ONGs brasileiras têm como característica principal as atividades coletivas</p><p>organizadas. Nessa perspectiva o Instituto de Pesquisa e Economia Aplicada – IPEA</p><p>realizou uma pesquisa com 780 mil organizações privadas, onde constatou-se que</p><p>59% dessas tem investimentos voltados a comunidades carentes, como em saúde,</p><p>educação, alimentação, esporte e cidadania (TACHIZAWA, 2004). Então, evidencia-</p><p>se a atual posição da maioria dos brasileiros, os quais buscam investir parte de sua</p><p>renda e/ou conhecimento ao equilíbrio da palavra “cidadania”, que tem como propósito</p><p>tornar todos os cidadãos com os mesmo direitos e oportunidades.</p><p>2.1 Gestão do Terceiro Setor</p><p>A expressão terceiro setor é uma tradução de third sector, que nos EUA é</p><p>usada junto com expressões como organizações sem fins lucrativos (nonprofit</p><p>organizations) ou setor voluntário (voluntary sector). Na Europa continental predomina</p><p>a expressão organizações não-governamentais. Sua origem vem do sistema de</p><p>representações da Organização das Nações Unidas (ONU), que assim denomina as</p><p>organizações internacionais representativas, para justificar sua presença oficial na</p><p>ONU (ALBUQUERQUE, 2006, p.17 ).</p><p>O crescente aumento das organizações do terceiro setor, principalmente em</p><p>função da demanda social e do afastamento gradual do Estado, tem influenciado na</p><p>participação destas na gestão pública, e contribuído para a consolidação do setor na</p><p>administração pública em um contexto mundial.</p><p>Com relação aos aspectos acima mencionados, Drucker (1994) ressalta que:</p><p>“É enorme o vazio causado pelo número reduzido de teorias, modelos e</p><p>mecanismos específicos para as organizações do terceiro setor - sejam eles</p><p>administrativos, organizacionais ou gerenciais. Os modelos utilizados "não</p><p>foram criados para atender organizações com a lógica de atuação do terceiro</p><p>setor" (DRUCKER, 1994, p.15).</p><p>Sendo assim, fica evidente que, para não perder a coerência com a sua</p><p>identidade, seus valores e sua missão, o Terceiro Setor depende do desenvolvimento</p><p>de uma lógica própria, diferente das lógicas dos setores público e empresarial.</p><p>Nesse sentido, compreende-se que o caráter e os objetivos das instituições</p><p>do Terceiro Setor são bem distintos das instituições do primeiro e do segundo setor,</p><p>uma vez que elas são orientadas por valores e não tem o lucro como objetivo. Assim,</p><p>para poderem atuar de forma eficiente e satisfatória para a sociedade em geral, as</p><p>empresas do Terceiro Setor devem compreender a complexidade dos problemas</p><p>sociais, sendo necessário integrar os diversos atores sociais e organizacionais na</p><p>gestão das políticas sociais.</p><p>Segundo Drucker (1994), é preciso deixar de olhar as organizações sem fins</p><p>lucrativos apenas pelo que elas não são, passando a valorizá-las pela sua atuação na</p><p>sociedade, como agentes de mudança individual e social. Objetivando a eficiência e</p><p>eficácia na gestão das políticas sociais, estas exigem mudanças significativas na</p><p>lógica da gestão tanto das organizações públicas estatais como das organizações</p><p>sem fins lucrativos, integrando-as para atender os interesses coletivos (JUNQUEIRA,</p><p>2001)</p><p>Com relação à gestão do terceiro setor e sua relação com os recursos</p><p>públicos, e portanto, à essa forma de administrar o negócio público, Vieira (1999, p.</p><p>24) estabeleceu uma crítica contundente, afirmando que o “terceiro setor</p><p>organizacional, é apenas terceiro setor do ponto de vista organizativo, ele não é uma</p><p>propriedade. Afinal, os recursos públicos são recursos vindos de taxas e impostos,</p><p>que vêm daquilo que chamamos de subsídios e, portanto, eles saem do tesouro e do</p><p>orçamento da nação. Então não é um terceiro setor não- estatal, é um “terceiro setor</p><p>público organizacional, já que os subsídios são públicos, é o setor incentivado”</p><p>(VIEIRA, 1990 p. 17).</p><p>O grande problema reside na administração dessas organizações, já que,</p><p>como não operam com lucros convencionais e dependem de doações, elas precisam</p><p>determinar exatamente a sua missão e atuação, de forma a não despender esforços</p><p>nem capital que não produzam o retorno esperado. Tenório (1998) aborda a diferença</p><p>entre gestão social e gestão estratégica, caracterizado a primeira "por um</p><p>gerenciamento mais participativo, dialógico, no qual o processo decisório é exercido</p><p>por meio de diferentes sujeitos sociais", enquanto que a gestão estratégica "é um tipo</p><p>de ação social utilitarista, fundada no cálculo de meios e fins e implementada através</p><p>da interação de duas ou mais pessoas, na qual uma delas tem autoridade formal sobre</p><p>outras.</p><p>Diante da heterogeneidade e da complexidade do Terceiro Setor, parece não</p><p>haver a possibilidade de se definir um sistema único de gestão para o segmento,</p><p>devido às diferenças em sua composição, porte, organização, finalidade e forma de</p><p>funcionamento.</p><p>Levando em conta essa complexidade e a diversidade das organizações sem</p><p>fins lucrativos, Jadon (2005)PG cita dois fatores fundamentais que justificam a</p><p>necessidade de se profissionalizar a gestão social, afirmando que a expansão do</p><p>Terceiro Setor é a explicação do surgimento desses fatores. Um deles é o</p><p>engajamento do setor privado nas questões sociais, por meio do qual, empresas</p><p>multinacionais atuam nas áreas sociais em parceria com a sociedade civil. O outro</p><p>fator importante para a gestão social efetiva é sua manutenção e a efetividade de suas</p><p>ações ao longo dos anos, assim como o fim do processo da dependência, indicando</p><p>a necessidade de diversificar fontes de financiamento; desenvolver projetos de</p><p>geração de receitas; profissionalizar recursos humanos e voluntariado; atrair</p><p>membros/sócios das organizações e estratégias de comunicação; buscar paradigmas</p><p>de avaliação de resultados sociais; e desenvolver uma estrutura gerencial (JADON,</p><p>2005).</p><p>O autor cita, ainda, que, independentemente da ferramenta de gestão</p><p>empresarial que se pretenda utilizar na gestão social, torna-se</p><p>imprescindível uma</p><p>adaptação da linguagem, dos conceitos e por meio de metodologia específica aplicada</p><p>à gestão de uma organização sem fins lucrativos, através das relações com diversos</p><p>campos no sentido de oferecer à organização a motivação, direcionamento,</p><p>capacidade, viabilidade e legitimidade de que ela precise para garantir a efetividade</p><p>da gestão.</p><p>2.2 O Terceiro Setor e a captação de recursos</p><p>O Terceiro Setor, conforme esclarece Xavier (2012), corresponde a práticas</p><p>exclusivamente sociais, atividades sem fins lucrativos e a geração de bens e serviços</p><p>de caráter público. Complementando essa concepção, PRATA (2003) afirma que o</p><p>Terceiro Setor é constituído por organizações privadas, sem fins lucrativos, que se</p><p>voltam a atender as demandas coletivas da sociedade, com vistas ao seu</p><p>desenvolvimento social, político e econômico. (PRATA, 2003, p.74).</p><p>Dentre as organizações que compõem o Terceiro Setor estão as ONGs</p><p>(Organizações Não Governamentais), as instituições religiosas, as entidades</p><p>beneficentes, os centros sociais, os clubes, serviços etc. Uma característica</p><p>importante dessas organizações é que elas contam com uma grande</p><p>quantidade de voluntários e atuam prestando serviços para a sociedade</p><p>menos favorecida, que não consegue receber os serviços do poder público</p><p>(Primeiro Setor), nem contratar os serviços do setor privado (Segundo Setor).</p><p>(XAVIER, 2012, p.13)</p><p>Segundo Silva (2012, p. 04):</p><p>Vale salientar que benefícios sociais e coletivos não contemplam</p><p>necessariamente o setor público, ou seja, algumas organizações atuam com</p><p>o objetivo de trazer benefícios coletivos internos, dentro da própria</p><p>organização, sem a intenção de buscar ações sociais externas. Partindo</p><p>desse princípio, aparentemente, temos um divisor que o autor destaca como</p><p>sendo uma das principais diferenças na conceituação, isto é, o terceiro setor</p><p>é aquela organização que não é pública nem privada.</p><p>Toda organização que tem uma finalidade específica de atuação, utiliza-se de</p><p>recursos financeiros para manter suas atividades em funcionamento. O terceiro setor,</p><p>com objetivo social, não está fora de tal contexto: necessita ter recursos para suas</p><p>operações.</p><p>Algumas organizações não governamentais têm explorado formas inovadoras</p><p>de captação de recursos via comercialização de produtos e serviços, associação com</p><p>administradoras de cartões de crédito para emissão de cartões de afinidade e</p><p>campanhas de arrecadação de recursos junto ao público em geral. É importante</p><p>ressaltar que a captação de recursos não se resume a auxílios financeiros, mas</p><p>abrange pessoal, infraestrutura e materiais necessários para o bom funcionamento da</p><p>organização.</p><p>Existe uma gama de fontes onde as organizações do Terceiro Setor podem</p><p>captar recursos, cada uma dependendo da quantidade de energia ou criatividade que</p><p>ela pretenda dispender.</p><p>Dentre as diversas fontes de onde podem advir recursos para o terceiro setor,</p><p>as três principais são: o Estado que atua como financiador de certas atividades</p><p>principalmente as de cunho social; as empresas privadas que atuam através de suas</p><p>ações de Responsabilidade social; e a fonte de recursos mais comum que é a</p><p>sociedade civil que promove doações filantrópicas (financeiras) e voluntárias (mão de</p><p>obra). (BITTENCOURT; FEUERSCHUTTE, 2009).</p><p>Com uma definição simplificada, Brigo (2006, pg.10) contribui:</p><p>“Captar recursos está diretamente relacionado ao sucesso de bem</p><p>administrar a organização, inclusive do ponto de vista da boa gestão</p><p>financeira, uma vez que as pessoas e/ou organizações estão dispostas a</p><p>contribuir, confiantes que sua doação será bem gerida. Quando a</p><p>organização é bem gerenciada, ela passa a deter maior credibilidade junto</p><p>aos demais atores sociais (governo, sociedade, agentes financiadores, entre</p><p>outros), o que contribui para o bom desempenho financeiro da organização”.</p><p>Gets (2002, p. 14 apud SILVA; VASCONCELOS; NORMANHA FILHO, 2012,</p><p>pg. 07) expõe um raciocínio semelhante e acrescenta maiores evidências.</p><p>“Nos últimos anos, vem ganhando força a expressão ‘’mobilização de</p><p>recursos’’, que tem um sentido mais amplo do que ‘’captação de recursos’’.</p><p>‘’Mobilizar recursos não diz respeito apenas assegurar recursos novos ou</p><p>adicionais, mas também a otimização (como fazer melhor uso) dos recursos</p><p>existentes (aumento da eficácia e eficiência dos planos); à conquista de</p><p>novas parcerias e à obtenção de fontes alternativas de recursos financeiros”.</p><p>A autora comenta que a participação da comunidade fortalece a causa</p><p>defendida e ganha apoio constante na busca por novos recursos, voluntários,</p><p>benfeitores e aliados que, paulatinamente, vão levar a organização a uma legitimação.</p><p>São os requisitos internos e externos, que podem variar de acordo com a organização,</p><p>mas em geral, respondem aos seguintes requisitos: missão, visão, o foco de atuação</p><p>da organização, a comunicação com a comunidade, a boa gestão da organização e</p><p>dos recursos doados, a sustentabilidade da organização, buscando uma redução da</p><p>dependência de terceiros, onde se gera todo o orçamento necessário para a ação da</p><p>organização, parcerias com compatibilidade de interesses, ou seja, a busca de</p><p>parceiros com interesses e motivações comuns à da sua organização.</p><p>Com relação aos aspectos citados acima, é importante ressaltar o que os</p><p>referidos autores comentam a respeito da missão da organização</p><p>:</p><p>"A missão de uma organização sem fins lucrativos é o que esta instituição</p><p>pretende fazer no âmbito de uma causa. É, sem dúvida, uma das razões que</p><p>mais motiva pessoas a trabalharem ou contribuírem com ela." (CRUZ &</p><p>ESTRAVIZ, 2003, p.19).</p><p>Cruz & Estraviz (2003) ainda citam outros motivos que influenciam a doação:</p><p>obrigação moral de ajudar, satisfação pessoal em ajudar os outros; livrar-se da culpa</p><p>de não ajudar; manter ou melhorar o status social; prestígio, respeito, admiração na</p><p>comunidade; compaixão ou empatia; identificação pessoal com a causa ou o benfeitor;</p><p>influência religiosa; substituição à participação ativa em trabalhos sociais; apoio á</p><p>missão e à proposta da organização.</p><p>Captar recursos vai muito além conquistar donativos de pessoas que se</p><p>sensibilizem com a missão da organização, é um assunto que precisa de</p><p>atenção especial, pois como as entidades são diferentes, as formas de</p><p>captação, bem como o plano estratégico para coletar recursos são diferentes.</p><p>GETS (2002 p. 14)</p><p>Esta idéia é reforçada por DRUCKER (2002, p.33) ao indicar que "A missão</p><p>vem em primeiro lugar. As instituições sem fins lucrativos existem por causa da sua</p><p>missão. Elas existem para fazer uma diferença na sociedade e na vida dos indivíduos.</p><p>Elas existem por causa de sua missão e isto nunca deve ser esquecido".</p><p>Portanto, de maneira geral, os autores ratificam que as possibilidades de</p><p>obtenção de recursos são várias, porém as organizações precisam trabalhar a</p><p>arrecadação de fundos, baseada na sua missão e valores de forma que os objetivos</p><p>sejam atingíveis e agradável aos olhos de quem está doando. No que tange à</p><p>captação de recursos, apesar de alguns autores citarem certos modelos, não há um</p><p>manual a seguir, não existe estratégia única, pois para realizar essa atividade é</p><p>necessário efetuar um plano específico para cada entidade. O recurso financeiro é</p><p>essencial, sua ausência compromete não só a execução das atividades</p><p>desenvolvidas, mas também a própria manutenção dos projetos sociais.</p><p>3 METODOLOGIA</p><p>A metodologia utilizada tratar-se-á de uma revisão de literatura, partindo de</p><p>um processo de levantamento de publicações pertinentes, onde irá requerer a</p><p>utilização de dados obtidos por meio eletrônico e material impresso, envolvendo</p><p>artigos, teses, dissertações, livros e outras fontes de confiança científica. A</p><p>investigação do tema será feita em material impresso e sites.</p><p>A pesquisa exploratória e descritiva por identificar a natureza do fenômeno e</p><p>apontar</p><p>as características principais a ser estudadas nas variáveis. A pesquisa</p><p>descritiva investiga os fenômenos de modo a procurar descobrir com qual frequência</p><p>ele acontece e sua relação ou conexão com outros fenômenos, características ou</p><p>natureza (SILVA; MENEZES, 2005).</p><p>Na pesquisa explicativa, os pesquisadores não se limitam apenas em</p><p>descrever fatos de modo detalhado, mas procuram encontrar as causas, suas</p><p>relações com outros fatos e suas relações internas. O principal objetivo da pesquisa</p><p>explicativa seria responder alguns questionamentos inerentes a problemática</p><p>proposta, ou seja, responder o problema da pesquisa. Anteriormente era comum</p><p>haver o pensamento de que a ciência deveria apenas colocar em exposição as causas</p><p>da ocorrência dos fatos. Atualmente, sabe-se que este ponto é apenas um dos motivos</p><p>da explicação científica (SILVA; MENEZES, 2005).</p><p>CONSIDERAÇÕES FINAIS</p><p>Como apresentado no decorrer deste trabalho o Terceiro Setor é a junção do</p><p>primeiro e do segundo setor, para cobrir setores em que o Estado não consegue</p><p>atender. Essas instituições atuam com projetos nas áreas: social, de educação,</p><p>saúde, cultura e lazer. Conceituar os três setores existentes nos possibilita saber quais</p><p>as suas áreas de abrangências e suas especificidades.</p><p>O papel fundamental de cada um, suas responsabilidades, suas formas de</p><p>captação de recursos, suas distribuições e os resultados financeiros gerados são</p><p>processos existentes nos três, mas as suas finalidades diferentes. Visar o lucro para</p><p>a população no geral ou simplesmente para si próprio ou ainda para terceiros que</p><p>representam uma parte da sociedade menos favorecida socioeconomicamente</p><p>falando, cuja responsabilidade social é voltada para o bem comum e o</p><p>desenvolvimento e capacitação de cada pessoa.</p><p>Falar sobre a estrutura de uma fundação e a sua forma de atuação é fácil</p><p>depois dela já montada e instalada, difícil mesmo é a falta de apoio que essas pessoas</p><p>têm, os recursos que nem sempre são de facilidade conseguir para que invista e</p><p>desenvolva, uma vez que lidar com uma parte menos favorecida da sociedade</p><p>(infelizmente) algumas vezes são mal vistas.</p><p>REFERENCIAS</p><p>ABONG. Associação Brasileira de Organizações Não Governamentais.</p><p>Disponível em: Acesso em 31 out. 2018.</p><p>BAHL, Miguel (Org.). Turismo com responsabilidade Social. São Paulo:Roca,</p><p>2004.</p><p>BENI, Mário Carlos. Análise Estrutural do Turismo. 12 ed. São Paulo: SENAC,</p><p>2007</p><p>BITTENCOURT, João Paulo; FEUERSCHUTTE, Simone Ghisi. Parcerias e</p><p>Alianças Intersetoriais: Oportunidades e desafios as organizações de Terceiro</p><p>Setor. In: SIMPOI, 12., 2009, São Paulo. Anais... . São Paulo: Fgv, 2009. p. 1 - 13.</p><p>Disponível em: . Acesso em: 16 jun. 2018.</p><p>CRUZ, Célia Meirelles. ESTRAVIZ, Marcelo. Captação de diferentes recursos</p><p>para organizações sem fins lucrativos. 2 ed. São Paulo: Global, 2003.</p><p>DEMO, Pedro. Metodologia Científica em Ciências Sociais. São Paulo: Atlas,</p><p>1995</p><p>DEMO, Pedro. Pesquisa e construção do conhecimento: metodologia científica</p><p>no caminho de Habermas. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1994</p><p>DIAS, Reinaldo. Planejamento do turismo no Brasil. São Paulo: Atlas, 2003</p><p>DRUCKER, Peter F. Administração de Organizações Sem Fins Lucrativos: princípios</p><p>e práticas. São Paulo: Pioneira, 2002</p><p>FERNANDES, Rubem César. Privado, porém público: o terceiro setor na</p><p>América Latina. 3 ed. Rio de Janeiro: Relume – Dumará, 1994</p><p>GREENPEACE. Quem somos. Disponível em: Acesso em 30 out. 2018</p><p>OLIVEIRA, Silvio Luiz de. Tratado de Metodologia Científica: projetos de pesquisas,</p><p>TGI, TCC, monografias, dissertações e teses. Revisão Maria Aparecida Bessana.</p><p>São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2002.</p><p>PIRES, Mário Jorge. Lazer e Turismo Cultural. São Paulo: Malone, 2001</p><p>RAMPAZZO, Lino. Metodologia Científica. 3 ed. São Paulo: Loyola, 2005</p><p>SÁ, Rosana Bignami Viana. A imagem do Brasil no turismo: construções,</p><p>desafios e vantagem competitiva. São Paulo: Aleph, 2002.</p><p>SILVA, Edna Lúcia da; MENEZES, Estera Muszkat. Metodologia da pesquisa. 4. ed.</p><p>Florianópolis: UFSC, 2005.</p><p>TACHIZAWA, Takeshy. Organizações não governamentais e Terceiro setor:</p><p>criação de ONGs e estratégias de atuação. 2 ed. São Paulo: Atlas, 2004</p><p>WÖLKE, Marina. A atuação do terceiro setor no turismo alternativo – Análise do</p><p>desempenho das ONGs ambientalistas no Brasil. Balneário Camboriú: Universidade</p><p>do Vale do Itajaí, 2005.</p>