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<p>Formas políticas na Antiguidade</p><p>A política como um componente social relacionado a espaços diversos da sociedade e parte do cotidiano,</p><p>como possibilidade de análise de espaços diversos da Antiguidade.</p><p>Prof. Alexandre Moraes</p><p>1. Itens iniciais</p><p>Propósito</p><p>Instrumentalizar profissionais que lidem com o tempo a como investigar e compreender o papel da política em</p><p>sociedades, principalmente as da Antiguidade.</p><p>Objetivos</p><p>Relacionar o conceito de poder às práticas religiosas no mundo antigo.</p><p>Identificar as dinâmicas de conflito e resistência política no mundo antigo.</p><p>Introdução</p><p>Em 1816, foi publicada uma das edições mais famosas de O Príncipe, de Nicolau Maquiavel. Ao original escrito</p><p>em 1513 foram adicionados comentários que o estadista francês Napoleão Bonaparte (1769-1821) escrevera</p><p>em seu exemplar. A relação deste com lideranças da Antiguidade respeitava o preceito maquiaveliano que</p><p>recomenda a importância de ler a história para que os estadistas possam, dentre outras coisas, escolher um</p><p>celebrado modelo de herói do passado antigo.</p><p>Napoleão Bonaparte</p><p>Líder francês após o fim da Revolução Francesa e que se torna Imperador.</p><p>Na página em que o autor fez essa recomendação, Napoleão comentou: "Por que não escolher mais de um,</p><p>que porventura seja superior a todos os outros? Gostei de Carlos Magno (Imperador carolíngio durante os</p><p>séculos VIII e IX), mas César (Cônsul membro do triunvirato romano, muitos creem ter sido de fato o primeiro</p><p>imperador romano, apesar de politicamente não ter sido), Átila (Rei dos hunos e senhor de um grande território</p><p>em uma expansão sino-europeia, atribuído por muitos como um dos que fragilizam Roma para seu fim),</p><p>Tamerlão (Conquistador turco-mongol, fundador de dinastias por toda a Ásia) não são para desprezar". Em</p><p>outra passagem, quando Maquiavel escreveu "Daquilo que não é nosso ou dos nossos súditos, bem podemos</p><p>ser generosos doadores, como eram Ciro (Unificador e líder dos persas), César e Alexandre (Também</p><p>conhecido como Magno, tem origem macedônica, conquistador dos persas, Egito e vai às fronteiras da Índia)",</p><p>Napoleão fez uma anotação simples e emblemática: "E eu".</p><p>Muitos líderes políticos desejaram também se inscrever em uma espécie de “linha de continuidade histórica”,</p><p>como se fossem descendentes – por etnia ou desejo – de algum grande nome do passado mais distante. Até</p><p>hoje algumas pessoas enxergam a Antiguidade como o período de realizações épicas, de criações fantásticas,</p><p>de homens de capacidade militar e sabedoria dignas de cópia, de invenções marcantes e legados</p><p>incontornáveis.</p><p>O próprio Maquiavel entende a importância de emular líderes antigos, mas apenas aqueles cujas “façanhas</p><p>estejam sempre vivas na memória”. Independentemente das virtudes de homens e mulheres da Antiguidade,</p><p>esse valor atribuído a eles foi um elemento ideológico estratégico alimentado ao longo dos séculos, sobretudo</p><p>nos anos imediatamente posteriores a Maquiavel, quando a Europa que então se formava olhou para Grécia e</p><p>Roma em busca de seu passado.</p><p>•</p><p>•</p><p>Busto de Aristóteles em uma escultura da Grécia</p><p>Antiga.</p><p>Bertrand Arthur William Russell um dos mais influentes</p><p>filósofos que viveram no século XX..</p><p>1. Formas de organização política na Antiguidade Oriental</p><p>Onde está a política?</p><p>Os gregos antigos tinham duas palavras para se referirem à vida: biós e zoé. A primeira, de onde surgiram</p><p>nossos “bioma” e “biografia”, era usada para falar da vida de modo qualificado, ou seja, para se referir a uma</p><p>forma ou maneira de viver; a segunda, que está na raiz de palavras como “zoologia” ou “zoológico”, tendia a</p><p>designar o ato de viver ou estar vivo, próprio a todos os seres, humanos ou não.</p><p>Essa distinção é importante para entender uma</p><p>das passagens mais emblemáticas do</p><p>pensamento de Aristóteles, a que ele se refere</p><p>ao homem como um “animal político” (politikòn</p><p>zôon), fazendo-nos pensar que a política está</p><p>incrustada na vida crua, animal, como se dela</p><p>não pudesse se desapegar. A despeito dos</p><p>modos de viver, todos vivem politicamente.</p><p>Aristóteles entende que viver em comunidade é</p><p>uma condição necessária não apenas porque</p><p>vivemos juntos, mas porque precisamos viver</p><p>bem.</p><p>As cidades (pólis) não seriam simples</p><p>ajuntamentos de pessoas, afinal, somos quem</p><p>somos porque vivemos juntos, e não isolados em bosques e ilhas.</p><p>A política, de alguma forma, está nessa dimensão que organiza nossos modos de viver agregados em busca</p><p>de vantagens que não conseguiríamos sozinhos. O governo da cidade teria papel fundamental nesse</p><p>processo, e a influência desse pensamento clássico é uma das razões pelas quais o "político" permanece</p><p>associado ao Estado e às formas de governo.</p><p>A relação da política com o poder, ainda que se consolide na época de Maquiavel, não era</p><p>exatamente estranha aos gregos antigos: homens que assumiram os assuntos da cidade, como</p><p>legisladores e tiranos, eram reconhecidos por sua excepcionalidade e faziam uso desse privilégio.</p><p>No entanto, as definições mais famosas de poder vêm com a modernidade e excedem a dimensão de</p><p>autoridade.</p><p>Na famosa sentença de Bertrand Russell,</p><p>ilustrado na imagem, o poder está associado à</p><p>“produção de efeitos pretendidos” (1985, p. 25):</p><p>ele envolve a relação entre o desejo do agente</p><p>e sua capacidade de conquistar os resultados</p><p>desejados. É também a partir do século XV que</p><p>as relações globais ganham contornos</p><p>diferentes da Idade Média e novas formas de</p><p>poder se consolidam para além dos governos,</p><p>igrejas, senhorios e tradições da nobreza.</p><p>O desdobramento dessa mudança não é muito</p><p>difícil de compreender: como poder e política</p><p>andam de mãos dadas, a noção de política</p><p>também se dilatou fortemente e passou a</p><p>considerar relações interpessoais, entre grupos</p><p>e entre grupos e indivíduos. Fala-se também</p><p>em política da empresa, política da boa vizinhança e outras “políticas” menos amplas do que a tradição</p><p>clássica poderia supor.</p><p>O grande problema que se coloca com essa fragmentação é a perda do sentido de escala: o poder que a mãe</p><p>exerce sobre um filho, que age antecipadamente segundo a vontade dela para evitar prováveis retaliações,</p><p>não pode ser interpretado, por exemplo, como se interpreta o poder de convencimento de um líder autoritário</p><p>que faz um grupo de pessoas aceitar o inaceitável, até mesmo o próprio genocídio. Observe a relação de</p><p>poder na imagem a seguir.</p><p>Vercingetórix joga sua espada aos pés de César, simbolizando sua rendição.</p><p>É difícil definir onde está a política. De alguma forma, não seria errado dizer que mesmo um gato pode fazer</p><p>política quando negocia um carinho em troca de ração. Também não seria de todo incorreto apelar para uma</p><p>afirmação generalista, afinal, se somos animais políticos, toda ação humana seria politicamente orientada.</p><p>Contudo, e apesar da discussão que se pode fazer a partir desses paroxismos, eles não apenas não resolvem</p><p>o problema como não convêm à história: no primeiro caso, porque o gato não é sujeito histórico; no segundo</p><p>caso, porque recorre a uma evasiva que esvazia o próprio problema de sentido.</p><p>E mesmo com tantos sentidos, mudanças, restrições e ampliações, a noção de poder político não se</p><p>desapegou totalmente de sua ligação com formas de governo e personagens históricos como César,</p><p>Alexandre e outros, tão recordados por Maquiavel e admirados por Napoleão Bonaparte.</p><p>É preciso escolher</p><p>A formação política no mundo antigo</p><p>Segundo as evidências, a vida urbana e a escrita foram inventadas por volta de 3500 a.C. no sul do atual</p><p>Iraque. Na região entre os rios Tigres e Eufrates, conhecida como Mesopotâmia (meso = meio; pótamos =</p><p>rios), homens e mulheres reconheceram as vantagens da sedentarização. Os especialistas identificam esse</p><p>fenômeno como modelo paradigmático de formação das cidades. Não menos intrigante é o fato de que isso</p><p>se deu em uma região árida, hostil, escassa em recursos minerais.</p><p>Muitos manuais e currículos ainda tratam esse período como uma espécie de “início da história”, sobretudo</p><p>pela importância atribuída aos documentos escritos. Mas será mesmo que isso procede? Observe as</p><p>ilustrações a seguir</p><p>que</p><p>obliterassem o equilíbrio social necessário para</p><p>a manutenção de seu poder.</p><p>Nesse pequeno documento, somos levados a</p><p>reconhecer que um dos nomes mais famosos</p><p>da Antiguidade não apenas conhecia o</p><p>problema naquele local de que estava distante, mas também sabia como contornar a dificuldade e exigia a</p><p>tomada de soluções nos seus termos.</p><p>A palavra šiknum pode designar uma espécie de “máquina” usada para elevar os níveis da água. A</p><p>manutenção dos canais de irrigação, anteriormente citada, foi fundamental para garantir a legitimidade do</p><p>poder dos reis mesopotâmicos, incluindo o famoso líder da Babilônia, o que mostra que a justificativa do poder</p><p>político também pode ser a fonte de seu colapso.</p><p>Alexandre da Macedônia</p><p>Vamos fechar? O professor Rodrigo Rainha conta sobre Alexandre da Macedônia, desde mitos até o papel de</p><p>suas conquistas.</p><p>Conteúdo interativo</p><p>Acesse a versão digital para assistir ao vídeo.</p><p>Vem que eu te explico!</p><p>Os vídeos a seguir abordam os assuntos mais relevantes do conteúdo que você acabou de estudar.</p><p>Enfrentamentos no Antigo Oriente Próximo</p><p>Conteúdo interativo</p><p>Acesse a versão digital para assistir ao vídeo.</p><p>Atenas e a sua Democracia idealizada</p><p>Conteúdo interativo</p><p>Acesse a versão digital para assistir ao vídeo.</p><p>Guerras, conquistas e poder na Mesopotâmia</p><p>Conteúdo interativo</p><p>Acesse a versão digital para assistir ao vídeo.</p><p>Verificando o aprendizado</p><p>Questão 1</p><p>A democracia ateniense não é um sistema perfeito, tanto assim que foi discutido de diversas formas dentro</p><p>dos modelos políades. A defesa de Aristóteles, por exemplo, era de estabelecer um(a)</p><p>A</p><p>teocracia.</p><p>B</p><p>reinado.</p><p>C</p><p>oligarquia.</p><p>D</p><p>faraonato.</p><p>E</p><p>império.</p><p>A alternativa C está correta.</p><p>A defesa da oligarquia, ou governo dos preparados, é algo recorrente entre as teorias políticas da</p><p>Antiguidade e rompe com nossas idealizações.</p><p>Questão 2</p><p>As cidades antigas tinham crises, disputas de poder, até mesmo graves crises sanitárias. As decisões nesse</p><p>tipo de caso devem ser pensadas como</p><p>A</p><p>decisões religiosas.</p><p>B</p><p>decisões médicas.</p><p>C</p><p>decisões teocráticas.</p><p>D</p><p>decisões coletivas.</p><p>E</p><p>decisões políticas.</p><p>A alternativa E está correta.</p><p>Política está na raiz dos conflitos e suas negociações, mesmo quando estamos lidando com fenômenos</p><p>naturais, como enchentes e epidemias. Não o evento, mas como agir durante e seus resultados posteriores</p><p>sempre dependem da política.</p><p>3. Conclusão</p><p>Considerações finais</p><p>Ainda que formas de organização política possam ser examinadas mesmo em populações da Pré-história, as</p><p>primeiras questões robustamente documentadas chegaram até nós a partir da experiência de povos antigos,</p><p>como gregos, romanos, egípcios e mesopotâmicos. Foi nesse período que surgiram lideranças, os primeiros</p><p>impérios e formas de governo cujos nomes e princípios por vezes coincidem com os nossos, como a República</p><p>em Roma e a Democracia em Atenas.</p><p>Reflexões sobre a própria política formuladas nessa época seguem sendo examinadas por diversos</p><p>especialistas. Autores do passado greco-romano como Cícero e Aristóteles são referências obrigatórias em</p><p>diversas universidades ainda nos dias de hoje e não parecem dar sinais de que deixarão de ser um dia.</p><p>Neste conteúdo, fizemos um passeio sobre as formas de poder, contando a história desses povos. Agora as</p><p>chaves são suas, escolha o caminho que deseja, utilize esses debates e analise seus documentos.</p><p>Podcast</p><p>Para encerrar, ouça as formas de poder na Antiguidade e a dinâmica de exercê-lo.</p><p>Conteúdo interativo</p><p>Acesse a versão digital para ouvir o áudio.</p><p>Explore +</p><p>Para saber mais sobre os assuntos tratados neste conteúdo, leia:</p><p>Epidemia no princípio da História: isolamento social na Mesopotâmia, de Katia Pozzer.</p><p>História de Roma – Ab urbe condita libri, de Tito Lívio.</p><p>Historia de la guerra del Peloponeso, de Tucídides.</p><p>Outra boa escolha sobre poder é assistir a alguns bons filmes:</p><p>Alexandre, de 2004</p><p>O Escorpião Rei, de 2002</p><p>300, de 2006</p><p>Ben-Hur, de 1956, e o remake, de 2016</p><p>Referências</p><p>ARISTÓTELES. La Constitución de Atenas. Edición bilingüe, traducción y estudio preliminar de Antonio Tovar.</p><p>Madrid: Centro de Estudios Políticos y Constitucionales, 2000.</p><p>BOUZON, E. As cartas de Hammurabi. Petrópolis, RJ: Vozes, 1986.</p><p>•</p><p>•</p><p>•</p><p>•</p><p>•</p><p>•</p><p>•</p><p>CARDOSO, C. F. Sociedades do Antigo Oriente Próximo. São Paulo: Ática, 1986.</p><p>CARDOSO, C. Deuses, Múmias e Ziggurats: uma comparação das religiões antigas do Egito e da Mesopotâmia.</p><p>Porto Alegre: EDIPUCS, 1999.</p><p>GRIMAL, N. Historia del Antiguo Egipto. Madrid: Akal, 1996, p. 208.</p><p>HERÔDOTO. História. Tradução de Mário da Gama Kury. Brasília: Universidade de Brasília, 1988.</p><p>LÍVIO, T. História de Roma – Ab urbe condita libri. 6 vols. Tradução de Paulo Matos Peixoto. São Paulo:</p><p>Paumape, 1989.</p><p>LORAUX, N. A cidade grega pensa o um e o dois. In: CASSIN, B.; LORAUX, N.; PECHANSKI, C. Gregos,</p><p>Bárbaros e Estrangeiros: a cidade e seus outros. Rio de Janeiro: Ed. 34, 1993.</p><p>MAQUIAVEL, N. Comentários sobre a primeira década de Tito Lívio. Tradução de Sérgio Bath. Brasília: UnB,</p><p>1994, p. 26.</p><p>MAQUIAVELO, N. El príncipe. España: Ediciones Ibéricas y LCL, 1971.</p><p>POLIGNAC, F. Cults, territory, and the origins of the Greek City-State. Chicago: The University of Chicago</p><p>Press, 1995.</p><p>POZZER, K. M. P. Epidemia no princípio da História: isolamento social na Mesopotâmia. In: VERGARA, F. V.;</p><p>AXT, G.; FERREIRA, R. (Org.). Viver e morrer na peste: epidemia na História. Pelotas, RS: UFPel, 2021.</p><p>TUCÍDIDES. Historia de la guerra del Peloponeso. Tradução de J. J. Torres-Esbarranch. Madrid: Gredos, 2000.</p><p>VERNANT, J-P. Mito e religião na Grécia Antiga. São Paulo: Martins Fontes, 2006.</p><p>WOOLEY, L. The Prehistoric Pottery of Carchenish. Iraq, v. 1, n. 2, p. 146, 1934.</p><p>Formas políticas na Antiguidade</p><p>1. Itens iniciais</p><p>Propósito</p><p>Objetivos</p><p>Introdução</p><p>1. Formas de organização política na Antiguidade Oriental</p><p>Onde está a política?</p><p>É preciso escolher</p><p>A formação política no mundo antigo</p><p>Atenção</p><p>Nasce o rei</p><p>Curiosidade</p><p>Cena inferior</p><p>Faixa central</p><p>Cena superior</p><p>Cena inferior</p><p>Faixa central</p><p>Cena superior</p><p>Saiba mais</p><p>Política e religião: Antiguidade Oriental</p><p>Algumas questões</p><p>O faraó egípcio e a ordem cósmica</p><p>Curiosidade</p><p>Política e religião: sociedades da Antiguidade Ocidental</p><p>Deuses e política em Grécia e Roma</p><p>Conteúdo interativo</p><p>Saiba mais</p><p>Conteúdo interativo</p><p>Atenção</p><p>Curiosidade</p><p>Os persas: entre Ciro e Dário</p><p>Conteúdo interativo</p><p>Vem que eu te explico!</p><p>A formação política no mundo antigo</p><p>Conteúdo interativo</p><p>O faraó egípcio e a ordem cósmica</p><p>Conteúdo interativo</p><p>Os Deuses e a política</p><p>Conteúdo interativo</p><p>Verificando o aprendizado</p><p>2. Resistências e conflitos religiosos na Antiguidade</p><p>Todo poder aos generais?</p><p>Curiosidade</p><p>Relembrando</p><p>Atenas e sua democracia idealizada</p><p>Saiba mais</p><p>Enfrentamentos no Antigo Oriente Próximo</p><p>Reflexão</p><p>Atenção</p><p>Primeiro Período Intermediário</p><p>Baixo Egito</p><p>Egito Central</p><p>Alto Egito</p><p>Segundo Período Intermediário</p><p>Curiosidade</p><p>Exemplo</p><p>Guerras, conquistas e poder na Mesopotâmia</p><p>Saiba mais</p><p>Exemplo</p><p>Alexandre da Macedônia</p><p>Conteúdo interativo</p><p>Vem que eu te explico!</p><p>Enfrentamentos no Antigo Oriente Próximo</p><p>Conteúdo interativo</p><p>Atenas e a sua Democracia idealizada</p><p>Conteúdo interativo</p><p>Guerras, conquistas e poder na Mesopotâmia</p><p>Conteúdo interativo</p><p>Verificando o aprendizado</p><p>3. Conclusão</p><p>Considerações finais</p><p>Podcast</p><p>Conteúdo interativo</p><p>Explore +</p><p>Referências</p><p>e abra espaço para um breve questionamento com os exemplos visuais.</p><p>Escrita Cuneiforme.</p><p>Na cidade de Uruk, fundada por volta de 3100 a.C., a palavra “rei” não foi identificada até o momento em</p><p>nenhuma das milhares de tabuinhas administrativas escavadas, fato bastante curioso, pois já se conhecia uma</p><p>hierarquia social complexa, com agricultores, escribas, sacerdotes e artesãos. Apenas a partir de 2900 a.C. os</p><p>palácios começaram a ser construídos e sujeitos começaram a governar como reis. A ausência da palavra não</p><p>significa necessariamente a ausência do sujeito, mas é provável que a política tenha nascido bem antes dos</p><p>políticos profissionais.</p><p>Atenção</p><p>Essa distinção é importante porque toda escrita da história se baseia em escolhas, e longe de querer</p><p>escrever uma história dos políticos, é preciso reforçar a ênfase de que a historiografia dos últimos anos</p><p>acentuou em uma história (da) política que contemple não apenas as manifestações consagradas de</p><p>poder dos grandes nomes do passado, mas também seus limites, suas negociações, justificativas e as</p><p>formas de resistência.</p><p>Ainda que “poder político” seja um conceito que pode ser dilatado com enorme facilidade, vamos garantir</p><p>maior atenção à dimensão territorial desse poder, exercido em espaços delimitados e que faz uso de diversas</p><p>estratégias – da qual a força é o recurso limite – para garantir a manutenção desse mesmo poder.</p><p>Nasce o rei</p><p>Os primeiros reis conhecidos são do Antigo Oriente Próximo, mas é muito difícil saber como conseguiram</p><p>garantir sua autoridade. Há diversas hipóteses. Alguns acreditam que lideranças guerreiras aproveitavam sua</p><p>posição em momentos de batalha e conseguiram mantê-la em períodos de relativa paz; acredita-se também</p><p>que um conselho de anciãos possa ter defendido uma liderança que oferecesse algum contraponto ao poder</p><p>dos sacerdotes.</p><p>O caráter hereditário das monarquias, talvez tão antigo como os próprios reis, pode ter uma</p><p>explicação “laica”: a tendência de que os filhos seguissem a profissão dos pais – uma vez que</p><p>aprendem o ofício ao acompanhá-los – deve ter sido reivindicada/associada também aos monarcas,</p><p>que ensinavam a arte de governar e garantiam que as estruturas do governo estivessem sob a tutela</p><p>de sua descendência após sua morte.</p><p>Todas essas hipóteses, contudo, podem estar erradas. Até agora, as evidências não permitem afirmações</p><p>mais seguras. No entanto, a autoridade da realeza na Mesopotâmia parece ter sido considerável desde os</p><p>primeiros tempos.</p><p>Ur - uma importante cidade-Estado na antiga Suméria.</p><p>A cidade de Ur, uma das mais antigas e</p><p>populosas cidades-Estado sumérias, oferece</p><p>um exemplo frequentemente recordado por</p><p>especialistas.</p><p>Na década de 1920, as escavações no lugar</p><p>chefiadas por sir Leonard Woolley (1934)</p><p>encontraram um cemitério do período Dinástico</p><p>Arcaico (2900–2350 a.C.) com</p><p>aproximadamente 2000 tumbas, das quais 16</p><p>pareciam atribuídas a pessoas muito ricas,</p><p>como reis, sacerdotes e sacerdotisas. Uma</p><p>delas, no entanto, chamou a atenção dos</p><p>arqueólogos: foram encontradas dezenas de</p><p>corpos em um poço retangular. Os 6 homens e</p><p>as 68 mulheres estavam dispostos lado a lado e</p><p>Woolley considerou que os cadáveres foram oferecidos em sacrifício para o dono dessa tumba real.</p><p>Não eram, portanto, corpos de reis e rainhas, mas de homens e mulheres livres ou escravizados que foram</p><p>mortos, talvez, para continuar servindo sua senhora ou seu senhor no pós-vida. Um dado particular é que só</p><p>alguns poucos morreram de forma traumática, com golpes na cabeça.</p><p>Curiosidade</p><p>Acredita-se que a maioria pode ter sido envenenada ou, talvez, ter aceitado seu destino e entregue a</p><p>vida docilmente. Em qualquer um dos casos, é uma expressão emblemática de poder, inclusive</p><p>econômico: ela mostra a capacidade de sacrificar todas essas pessoas em favor de apenas um.</p><p>Nesse mesmo cemitério foi encontrado um dos artefatos mais conhecidos da Mesopotâmia. O Estandarte de</p><p>Ur, peça que contém narrativas visuais complexas em suas faces, estava na tumba de um rei de nome Ur-</p><p>Pabilsag, que faleceu por volta de 2600 a.C.</p><p>Estandarte de Ur</p><p>É uma caixa de madeira de aproximadamente 22cm x 50cm adornada com conchas, lápis-lazúli, calcário</p><p>e betume.</p><p>Esse artefato sumério escavado foi encontrado ao lado do ombro esquerdo de um homem ritualmente</p><p>sacrificado que talvez tenha sido seu portador. Seu contexto social de uso é enigmático, ainda que seu nome</p><p>indique a possibilidade desse homem carregá-lo acima da cabeça, talvez com o apoio de algum cabo.</p><p>Curiosamente, a tumba PG 779, na qual foi encontrado, havia sido saqueada, mas por alguma razão os ladrões</p><p>optaram por não o carregar, apesar de ser um item aparentemente valioso. As sequências pictóricas narram</p><p>dois momentos possíveis da vida dos sumérios: de um lado, a cidade em paz; do outro, uma cena de guerra.</p><p>As laterais, que também são adornadas com animais, provavelmente destinados a algum sacrifício. Observe</p><p>com calma os detalhes evidenciados no artefato e analise as distintas relações de poder presentes no</p><p>cotidiano relatado nesse valioso registro histórico.</p><p>Estandarte de Ur – Cidade em Guerra. Data: 2500 a.C. Proveniência: Iraque.</p><p>Localização: British Museum (121201).</p><p>A cena da ilustração anterior se desenvolve em três níveis pictóricos, divididos por faixas que apresentam</p><p>momentos diferentes de uma batalha. A ação se desenvolve da esquerda para a direita.</p><p>Para que você consiga compreender cada nível, leia os próximos três tópicos e examine-os juntamente com a</p><p>ilustração. Desfrute de cada conhecimento e perceba as relações de poder nas estruturas evidenciadas no</p><p>Estandarte de Ur.</p><p>Cena inferior</p><p>Notável pela violência, carros com tração animal</p><p>atropelam corpos de inimigos de batalha. Há</p><p>sempre um condutor à frente de um soldado,</p><p>que atacava a partir do próprio carro.</p><p>Faixa central</p><p>A cena parece representar a captura de</p><p>inimigos, com destaque para a figura central,</p><p>que desfere um golpe contra um dos</p><p>capturados (terá sido um insurgente?).</p><p>Cena superior</p><p>No topo há a conclusão da narrativa: o líder</p><p>vitorioso encontra-se de pé, diante de sua</p><p>guarda, recebendo prisioneiros de guerra para</p><p>decidir o que fazer com eles.</p><p>O efeito visual das imagens em conjunto também reforça a hierarquia do sujeito no centro, para o qual</p><p>convergem os olhares dos demais personagens da cena. Ele também é mais alto – não muito, mas o suficiente</p><p>para se destacar dos demais. A cena do lado oposto, a “cidade em paz”, deve representar a celebração da</p><p>vitória nessa batalha, conforme se pode perceber na ilustração seguinte. Examine a imagem Estandarte de Ur</p><p>– Cidade em paz e, seguidamente, compare as ambas ilustrações, destacando as suas diferenças e principais</p><p>particularidades.</p><p>Estandarte de Ur – Cidade em paz. Data: 2500 a.C. Proveniência: Iraque.</p><p>Localização: British Museum (121201).</p><p>A narrativa também se desdobra em três níveis, lidos da esquerda para a direita e de baixo pra cima. Veja a</p><p>seguir.</p><p>Cena inferior</p><p>Ainda que bastante danificada, mostra uma</p><p>sequência de pessoas e animais se deslocando</p><p>na mesma direção, alguns deles (acredita-se</p><p>também que alguns desses personagens</p><p>podem ser prisioneiros da narrativa anterior, o</p><p>que reforçaria a hipótese da continuidade. O</p><p>peso das colheitas é suficiente para fazê-los</p><p>curvar as costas) com recipientes que podem</p><p>representar o resultado de colheitas.</p><p>Faixa central</p><p>Este fragmento da imagem repete essa</p><p>“procissão”, mas dessa vez com homens</p><p>conduzindo animais muito usados na</p><p>alimentação das camadas mais ricas.</p><p>Cena superior</p><p>O banquete que conclui a narrativa sugere que</p><p>as duas cenas anteriores representam</p><p>oferendas para a personagem principal, à</p><p>esquerda, sentado e bem mais alto que os</p><p>demais.</p><p>De todo modo, seu destaque parece justificado não só pela derrota imposta, mas por garantir a fartura</p><p>necessária para que os trabalhadores pudessem se dirigir a ele e entregar parte de sua produção. Mas será</p><p>que apenas os méritos militares justificariam tal deferência?</p><p>É sempre bom insistir: em história, poucas explicações são monocausais. Ainda que a justificativa</p><p>militar possa</p><p>ser considerada um dos fundamentos da autoridade real, há aspectos religiosos que não podem ser ignorados</p><p>ao se tratar dos reis e rainhas da Mesopotâmia. A entrega de vegetais e animais que se vê no Estandarte de</p><p>Ur não deve ter sido a simples participação de trabalhadores na celebração de uma vitória, mas oferendas</p><p>dedicadas ao rei em forma de tributos.</p><p>Mapa da Mesopotâmia.</p><p>Saiba mais</p><p>As abundantes representações da deusa Inana, ligada à fertilidade do solo e às boas colheitas, ajudam a</p><p>compor um cenário que articula política, agricultura e religião: a historiografia, aliás, desde cedo</p><p>percebeu a importância das colheitas e chegou a considerar que os reis ocupavam lugar de destaque</p><p>porque se tornaram responsáveis pela gerência dos canais de irrigação. A chamada “hipótese causal-</p><p>hidráulica” foi uma explicação por muito tempo acolhida entre os estudiosos.</p><p>A região da Baixa Mesopotâmia, ao sul, nas proximidades do Golfo Pérsico, é precisamente onde surgiram as</p><p>primeiras cidades que mencionamos. Exceto pelos rios Tigres e Eufrates, que são perenes, o território possui</p><p>pouquíssimos recursos naturais. A madeira é basicamente da tamareira, pouco adequada para construções, e</p><p>metais e rochas também são escassos.</p><p>Os lençóis freáticos são próximos da superfície</p><p>e altamente salinizados, o que não apenas</p><p>interdita seu uso para a agricultura, como pode</p><p>prejudicar toda a plantação.</p><p>O surgimento do Estado despótico, segundo</p><p>visão que atraiu muitos adeptos, viria da</p><p>necessidade de um governo que tomasse para</p><p>si a responsabilidade de gestão das águas, um</p><p>trabalho que precisaria ser dirigido e</p><p>coordenado por uma autoridade central.</p><p>Essa hipótese não é levada em consideração há</p><p>muito tempo: pesquisas mostraram que o</p><p>controle dos sistemas de irrigação competia às</p><p>comunidades locais e que só muito tardiamente o Estado desenvolveu uma política de grandes obras públicas</p><p>do tipo hidráulico.</p><p>A autoridade dos governos certamente foi reforçada com a responsabilidade de manter os meios de irrigação,</p><p>mas não é necessariamente esta a causa da entrega de víveres que se vê nas imagens, tampouco o principal</p><p>fundamento da realeza no Antigo Oriente Próximo: se considerarmos a política apenas pela via institucional, a</p><p>tratamos de uma forma que seria incompreensível para os povos antigos.</p><p>Política e religião: Antiguidade Oriental</p><p>Algumas questões</p><p>Nesse ponto há um problema que atravessa os estudos sobre a religião: não é possível entendê-la do ponto</p><p>de vista histórico sem laicizá-la, já que os fatos da fé não podem ser assumidos como dados da realidade.</p><p>Os povos antigos, no entanto, não pensavam assim. Diante disso, há sempre o risco de valorizar demais os</p><p>aspectos cósmicos e ignorar a vida política e material. O contrário também é verdadeiro, já que não seria</p><p>razoável inverter a equação e tratar a religião como mero artefato retórico de um sistema de poder que não</p><p>dependeria dela em última instância. Na próxima ilustração, exemplificamos essa questão com os inúmeros</p><p>tributos que, de tempos em tempos, eram realizados para as divindades para que, então, os deuses</p><p>cuidassem dos humanos em todos os aspectos de suas vidas .</p><p>Margem esquerda do rio Nilo.</p><p>Tiamat - uma deusa das mitologias suméria e babilônica associada ao oceano.</p><p>A alternativa óbvia seria equacionar a balança e dar à política e religião o mesmo peso, mas como equilibrar</p><p>dois pesos que estão ligados de modo tão íntimo? Onde uma e outra começa e acaba? Há manifestações</p><p>religiosas sem relações de poder? Há na Antiguidade relações de poder que não sejam religiosamente</p><p>justificadas?</p><p>Não há resposta simples.</p><p>Os antropólogos e historiadores têm considerado razoável, pelas razões acima expostas, entender como</p><p>religião e política se estruturam mutuamente, e não tentar separar os espaços de uma e de outra</p><p>artificialmente.</p><p>O faraó egípcio e a ordem cósmica</p><p>O Egito é comumente considerado uma anomalia: enquanto boa parte das sociedades antigas vivia de forma</p><p>mais nuclear, em aldeias e pequenas cidades, no caso egípcio a unificação do território é um fato observado</p><p>desde cedo.</p><p>A bem da verdade, a região do rio Nilo – o maior</p><p>do mundo em extensão e o único perene da</p><p>região saariana – atraiu populações desde</p><p>muito cedo. Suas cheias, como se pode notar</p><p>na imagem, bem menos violentas e mais</p><p>regulares se comparadas às do Tigres e</p><p>Eufrates, asseguraram a possibilidade de</p><p>sedentarização e organização de</p><p>agrupamentos em comunidades administrativas</p><p>provinciais, os nomos.</p><p>As informações arqueológicas disponíveis não</p><p>permitem uma interpretação muito acurada,</p><p>mas acredita-se que esses nomos foram se</p><p>integrando em dois grandes grupos: o primeiro, ao sul, no Alto Egito, e o segundo ao norte, em direção ao</p><p>Delta do Nilo, o chamado Baixo Egito.</p><p>Essa unificação parcial teria se dado a partir ou em função de conflitos militares, até que forças do sul, sob a</p><p>liderança inicial de um sujeito chamado Escorpião, conquistaram os nomos do norte, mas sem atingir o Delta.</p><p>Seu sucessor, chamado Narmer, teria finalmente reunido todo o território sob seu poder: em uma famosa</p><p>paleta cerimonial ele aparece tanto com a coroa branca, do Vale, como com a coroa vermelha, do Delta.</p><p>A ocupação sedentária do território está bem documentada por volta de 5.000 a.C., mas os próprios</p><p>egípcios antigos entendiam que sua história se confundia com a das dinastias faraônicas.</p><p>Diversas listas reais produziram esse efeito discursivo, já que o retorno ao passado era mediado pelas</p><p>dinastias do período faraônico. A história do Egito, mesmo para a historiografia, se confunde com a história</p><p>dos faraós, mas é preciso entender que os discursos sobre o poder são, também, estratégias que visam à sua</p><p>manutenção.</p><p>Essa força cronológica do período faraônico é tão emblemática que mesmo os historiadores modernos, apesar</p><p>de reconhecerem equívocos e idiossincrasias nas listais reais, seguem adotando as sucessões dinásticas para</p><p>organizar os períodos históricos dos antigos egípcios.</p><p>Para que você consiga ampliar o seu olhar sobre esta temática, observe o exemplo visual seguinte - A Paleta</p><p>de Narmer do Período: Pré-dinástico tardio (3000 a.C.) - com todos os seus detalhes.</p><p>Paleta de Narmer - Face posterior. A mão direita erguida, na iminência de massacrar</p><p>seu adversário, o faraó veste a coroa branca ( ) do Alto Egito;</p><p>Paleta de Narmer - Face frontal. A coroa vermelha (deshret) do Baixo Egito, Narmer</p><p>parece estar em uma procissão que se dirige a uma pilha de cadáveres,</p><p>provavelmente os derrotados.</p><p>As vitórias militares certamente geravam importante capital político, do contrário não seriam tão celebradas</p><p>neste e em outros documentos. A ideia de unificação pode ser enganadora: apesar da conhecida centralidade</p><p>do governo faraônico, os nomos (ou sepat, em egípcio), eram unidades administrativas e seus governadores</p><p>(nomarcas) nem sempre mantinham relações cordiais com o faraó. No entanto, a dimensão religiosa que</p><p>legitimava a posição de prestígio desse último não era partilhada com ninguém. Relacione com o comparativo</p><p>a seguir as estruturas políticas egípicias estabelecidas em cada contexto temporal.</p><p>Apesar desses dados importantes e do fato de que todo exercício de poder presume conflitos, os períodos de</p><p>relativa paz e estabilidade foram francamente associados ao poder faraônico, e o pensamento religioso</p><p>referenda essa lógica, que se tornou consagrada. Há um aspecto interessante no raciocínio egípcio que não</p><p>pode ser ignorado:</p><p>Primeiras dinastias</p><p>A organização política e fiscal egípcia, tal</p><p>como conhecida em boa parte de sua</p><p>história, começou a se desenvolver por</p><p>ocasião das primeiras dinastias (2920-2575</p><p>a.C.), além de técnicas que permitiram</p><p>diversas intervenções na paisagem.</p><p>A partir da VII Dinastia</p><p>Ao longo dos milênios, alguns períodos</p><p>de instabilidade ocorreram. A partir da</p><p>VII Dinastia, por volta de 2181 a.C., os</p><p>nomarcas fracionaram a autoridade do</p><p>faraó e a unidade ficou comprometida,</p><p>só sendo recuperada no início do Reino</p><p>Médio, por volta de 2050 a.C.</p><p>Osíris - um deus da mitologia</p><p>egípcia.</p><p>[...] ao contrário das oposições taxativas cristãs entre, por exemplo, material/espiritual, corpo/espírito</p><p>etc., as oposições binárias egípcias conduzem sempre a uma reconciliação ou síntese unitária.</p><p>(CARDOSO, 1999, p. 25)</p><p>Há, nessa espécie de otimismo, uma importante chave de compreensão para a legitimidade do poder</p><p>faraônico: a tendência do cosmos é caminhar não em direção ao colapso, mas à unidade, fato que se</p><p>materializa na cena política na própria unificação do Baixo e Alto Egito, levando à reconciliação.</p><p>O papel do rei estava inscrito em um circuito ideológico que excede, mais do que o mundo contemporâneo</p><p>poderia supor, a noção de governo como atividade de administração ou gestão prática da vida.</p><p>A religião egípcia sobreviveu por mais de 3000 anos e, de alguma forma, ainda envolve muitas</p><p>pessoas.</p><p>Muitas mudanças ocorreram, razão pela qual é sempre bom falar em “religiões egípcias”, no plural, mas há</p><p>também um núcleo conservador que se manteve estável mesmo antes do período faraônico, o que mostra que</p><p>esse importante fato social tem um valor que não pode ser desprezado; faraós e outros sujeitos das elites</p><p>perceberam isso desde cedo.</p><p>As práticas religiosas afetavam a todos, do</p><p>camponês ao rei, mas a alegada proximidade</p><p>do último com o mundo divino assegurava</p><p>prestígio, recursos materiais e poderes que não</p><p>estavam disponíveis ao primeiro.</p><p>Os mitos associados a Osíris foram, desde o</p><p>Reino Antigo, fundamentais para criar a noção</p><p>de que o faraó era filho do deus-sol Rá.</p><p>Mesmo a possibilidade de sobreviver no pós-</p><p>vida por meio da mumificação foi por séculos</p><p>um privilégio das elites ligadas à estrutura do</p><p>poder faraônico.</p><p>O poder político exige não apenas instrumentos para seu exercício, mas também recursos para assegurar sua</p><p>manutenção.</p><p>As pirâmides são uma faceta bem conhecida do poder político do faraó no Reino Antigo, e não é coincidência</p><p>que o monumento mais conhecido seja atribuído a Quéops (2551-2528 a.C.), o faraó que ajudou a estabelecer</p><p>a centralidade do poder faraônico. Veja na imagem seguinte a representação de Quéops, antigo monarca</p><p>egípcio, o segundo faraó da IV dinastia, na primeira metade do período do Império Antigo (século XXVI a.C.).</p><p>A estátua de Quéops no Museu do Cairo.</p><p>Ainda que haja poucas informações sobre ele, sabe-se que assumiu o controle dos alimentos e grãos, além de</p><p>supervisionar as colheitas e garantir armazenamento da produção. Quéops também foi capaz de controlar</p><p>uma grande rede de funcionários do governo, aparentemente leais a suas exigências. Ele também foi</p><p>responsável pela construção da Pirâmide de Gizé (ou de Quéops). Observe os detalhes na imagem a seguir.</p><p>Panorama da Necrópole de Gizé com destaque para as pirâmides de Quéops,</p><p>Quéfren e Miquerinos, além da Esfinge.</p><p>A Pirâmide de Gizé é a maior conhecida com seus mais de 2 milhões de blocos, tão perfeitamente encaixados</p><p>que as faces eram provavelmente brilhantes, capazes de reluzir com o sol. A documentação sugere também</p><p>que o monumento levou 20 anos para ser construído e que Quéops supervisou atentamente o ofício dos</p><p>milhares de trabalhadores livres envolvidos nesse projeto. Foi a construção mais alta feita pelo homem por</p><p>mais de um milênio e que permanece de pé.</p><p>Destinada a abrigar o corpo mumificado do faraó e sua esposa, tornou-se um elemento da paisagem que</p><p>lembrava, à distância, o poder daquele que ordenou a construção de edifício que nos surpreende até hoje pelo</p><p>efeito imponência.</p><p>Curiosidade</p><p>Embaixo da terra da Pirâmide de Gizé, porém, existia um tesouro riquíssimo que, embora oculto, acresce</p><p>informações para entendermos a relação entre religião e poder faraônico. O artefato mais famoso é,</p><p>provavelmente, a “barca solar de Quéops”. O navio de 43 metros de comprimento por 6 metros de</p><p>largura foi redescoberto em 1954 e surpreendeu a comunidade arqueológica. Ele permaneceu intocado</p><p>por milênios porque foi selado em um poço ao sul da pirâmide.</p><p>A função da barca solar de Quéops é aparentemente ritual, ainda que algumas marcas sugiram que ele de fato</p><p>foi usado na água. Acredita-se que pode ter sido usado como parte dos ritos fúnebres para cortejo do corpo</p><p>do faraó de Mênfis à necrópole, mas continha também uma função no pós-vida: transportar o rei ressuscitado</p><p>nesse novo mundo com o deus Rá. Confira a imagem e examine os elementos presentes na sua construção.</p><p>Barca solar - na mitologia egípcia trata-se de um navio onde viajavam os deuses.</p><p>Como vimos, a distinção entre sagrado e profano não fazia sentido no Egito Antigo. A dimensão cósmica</p><p>estava presente em tudo, de gestos simples a decisões complexas, como a de construir os lados da célebre</p><p>pirâmide perfeitamente orientados para um dos quatro pontos cardeais. Por esse motivo, não é tarefa simples</p><p>dizer que algo é ou não religioso, incluindo o poder político.</p><p>Essa diferença cultural que nos separa, contudo, precisa ser observada com enorme cautela,</p><p>sobretudo porque os historiadores tenderam a observar as sociedades egípcias a partir de uma</p><p>lógica de exotismo e magia que parece justificar tudo, inclusive as famosas construções.</p><p>Em 1968, o escritor suíço Erich von Däniken publicou a ficção Eram os deuses astronautas?, cuidadosamente</p><p>escrita para justificar que tais monumentos dos povos antigos eram, na verdade, resultado de uma</p><p>intervenção alienígena que os inocentes seres humanos identificaram como deuses.</p><p>Eram os Deuses Astronautas? (Capa do livro).</p><p>Apesar de não ser um livro de História e a</p><p>hipótese ser absurda em todos os sentidos,</p><p>muitas pessoas acreditaram. Há, nessa crença,</p><p>também uma questão política: Egito e</p><p>Mesopotâmia eram sociedades do Antigo</p><p>Oriente Próximo, uma região que não era</p><p>exatamente reivindicada pelos europeus como</p><p>parte de seu passado nacional.</p><p>É um excelente território, portanto, para</p><p>mostrar a diferença entre eles e o mundo</p><p>greco-romano, frequentemente associado à</p><p>racionalidade e inteligência que os povos</p><p>colonizadores reivindicaram pra si. Até hoje</p><p>essa narrativa circula, inclusive em programas de televisão produzidos por canais com História no nome, mas</p><p>ela é tão falsa quanto a ideia de que gregos e romanos faziam política apenas com a Razão.</p><p>Política e religião: sociedades da Antiguidade Ocidental</p><p>Deuses e política em Grécia e Roma</p><p>O famoso helenista Jean-Pierre Vernant escreveu certa vez que “o homem grego não separa, como se fossem</p><p>dois domínios opostos, o natural e o sobrenatural” (VERNANT, 2006, p. 5). Essa afirmação poderia ser aplicada</p><p>de forma genérica aos egípcios e mesopotâmicos, mas esconderia diferenças sensíveis entre as sociedades.</p><p>É preciso observar, no entanto, que ao longo dos séculos uma série de discursos transformou os gregos em</p><p>medida de racionalidade política para o Ocidente. Contudo, os gregos jamais se perceberam como sujeitos</p><p>“laicos”, por mais que tenham nutrido alguma desconfiança em relação aos usos políticos da religião.</p><p>Confira um curioso relato de Heródoto de Halicarnasso, que dá uma amostra interessante desse problema.</p><p>Aperte o play e entenda a ênfase da política nesse contexto.</p><p>Conteúdo interativo</p><p>Acesse a versão digital para ouvir o áudio.</p><p>A religiosidade estava tão envolvida com a política nas cidades gregas que, não sem razão, os famosos</p><p>templos começam a ser construídos precisamente na época de formação das pólis (VIII a.C.). A noção de</p><p>“comunidade cívica” não estava distante de uma “comunidade de culto”, inclusive porque tais edifícios se</p><p>tornaram a expressão emblemática de um espaço comum, por princípio partilhado por aqueles que detinham</p><p>os diretos políticos e se sentiam pertencidos às cidades.</p><p>Saiba mais</p><p>A imagem do templo no alto da Acrópole, feito para abrigar a estátua da divindade protetora da cidade e</p><p>que teria sido construído no espaço central de poder da época dos reis, é entendida pelo historiador</p><p>François de Polignac como um indicativo de que “o deus ou deusa se tornou a única autoridade na nova</p><p>comunidade” (POLIGNAC, 1995, p. 2).</p><p>Há outras questões que promovem sentido de unidade política para as cidades gregas, até porque</p><p>não há</p><p>explicação monocausal em História, mas a religiosidade desempenhou papel fundamental para garantir essa</p><p>identidade ligada às pólis. Na imagem seguinte, note o templo dedicado à deusa Atena, localizado no alto da</p><p>Acrópole.</p><p>A Acrópole de Atenas, Grécia, com o Templo Parthenon no topo da colina.</p><p>Roma também não dissociou sua vida política da religião. A cidade foi fundada por volta do século VIII a.C. no</p><p>Lácio, região central da Península Itálica, mas as informações de que dispomos dessa época são muito</p><p>fragmentárias. Apesar disso, os romanos não tinham dúvidas acerca de suas origens, mesmo que tenham</p><p>começado a contar essas histórias muitos séculos após a data de fundação.</p><p>Ouça na íntegra a mais famosa dentre todas as histórias de fundação e fique por dentro da versão mítica do</p><p>povo romano.</p><p>Conteúdo interativo</p><p>Acesse a versão digital para ouvir o áudio.</p><p>Uma leitura rápida poderia sugerir que Roma, pelo menos no séc. I a.C., quando Tito Lívio escreveu,</p><p>transformou a política em um assunto “laico”, dissociando a gestão da coisa pública da ordem religiosa. Nada</p><p>poderia ser mais enganoso, ainda que o historiador evidentemente reconheça os méritos políticos do discurso</p><p>religioso, sobretudo quando inúmeros territórios fora do Lácio já haviam sido conquistados por essa tradição</p><p>militar referenciada no deus Marte.</p><p>Atenção</p><p>Essa provocação, contudo, não pode ignorar que o apelo religioso foi uma variável política de suma</p><p>importância durante a História de Roma. A cidade se consolidou como uma comunidade de homens e</p><p>deuses. Há um fato curioso que mostra a relação íntima entre política e religiosidade em um dos</p><p>momentos mais críticos da crise política do sistema republicano.</p><p>A República, fundada por volta de 509 a.C., dividiu o governo em magistraturas que eram periodicamente</p><p>renovadas. Com isso, buscava-se evitar que o poder ficasse nas mãos de apenas uma pessoa, como no</p><p>tempo da Monarquia que então acabava.</p><p>O Consulado era o cargo mais poderoso, razão pela qual era exercido de forma colegiada por dois cônsules</p><p>que detinham, em igual medida, as principais prerrogativas militares e civis (imperium), e não poderia ser</p><p>exercido por mais de um ano.</p><p>A República também presumiu, em sua organização, espaço para situações excepcionais, como</p><p>guerras e sedições.</p><p>Assassinato de Júlio César.</p><p>Para isso existia uma magistratura específica, a Ditadura, que deveria ser exercida por seis meses. Essa forma</p><p>de governo – que, é preciso destacar, era muito complexa e passou uma série de transformações no decurso</p><p>dos séculos – sofreu fortes abalos ao longo do séc. I a.C., com vários golpes de estado e conspirações. A</p><p>história mais famosa é provavelmente a do general Caio Júlio César, que invadiu a cidade de Roma com suas</p><p>tropas, renovou o Senado com seus aliados e se declarou, de forma inédita, Ditador Perpétuo, assumindo o</p><p>imperium por tempo indeterminado.</p><p>A luta política se tornou extremamente violenta</p><p>em Roma e o assassinato passou a ser a</p><p>principal causa mortis das lideranças políticas,</p><p>incluindo os Imperadores. A morte de César,</p><p>bem conhecida pela expressão “Até tu,</p><p>Brutus?”, é emblemática dessas práticas</p><p>conspiratórias.</p><p>A ilustração seguinte descreve bem o cenário</p><p>emblemático dessas práticas conspiratórias:</p><p>convocado para receber uma homenagem, foi</p><p>surpreendido com 23 golpes de punhal</p><p>desferidos por seus aliados políticos, alguns</p><p>dos quais, como se veio saber mais tarde,</p><p>estavam até mesmo em seu testamento.</p><p>A ideia de libertar Roma não surtiu o efeito esperado, sobretudo porque César era muito popular e seus</p><p>herdeiros políticos foram hábeis em reverter a situação junto ao povo e Senado romanos. O principal artifício</p><p>foi, sem dúvida, a reivindicação do caráter divino do falecido.</p><p>O discurso sobre o caráter divino de Júlio César (Divus Iulius) foi longamente alimentado após sua morte,</p><p>sendo inclusive sancionado por decreto do Senado romano em janeiro de 42 a.C. Muitos outros atos</p><p>laudatórios, inclusive do ponto de vista institucional, colaboraram para esse processo.</p><p>Curiosidade</p><p>Em vida, após a vitória na Batalha de Farsalo (48 a.C.), César instituiu o chamado Ludi Victoriae</p><p>Caesaris, uma celebração com jogos dedicado ao Templo de Vênus, deusa da qual sua família alegava</p><p>descender. No ano de sua morte, o festival não foi interrompido e uma situação insólita aconteceu: um</p><p>cometa (cuja designação numérica é C/−43 K1), que podia ser visto mesmo durante o dia, surgiu durante</p><p>os jogos e logo foi associado a uma aparição do próprio César. Esse astro ficou conhecido como</p><p>Caesaris astrum (Estrela de César) e o populus romano, incluindo adversários políticos, já não era capaz</p><p>de duvidar que o Ditador Perpétuo era, de fato, um deus.</p><p>Até aqui buscamos a política e notamos sua intensa relação com religião partindo de exemplos diversos.</p><p>Vamos conversar um pouco com o professor Rodrigo Rainha e ver como religião e política podem se relacionar</p><p>em outro exemplo: os persas.</p><p>Os persas: entre Ciro e Dário</p><p>Até aqui buscamos a política e notamos sua intensa relação com religião partindo de exemplos diversos. Veja</p><p>agora como religião e política podem se relacionar em outro exemplo: os persas.</p><p>Conteúdo interativo</p><p>Acesse a versão digital para assistir ao vídeo.</p><p>Vem que eu te explico!</p><p>Os vídeos a seguir abordam os assuntos mais relevantes do conteúdo que você acabou de estudar.</p><p>A formação política no mundo antigo</p><p>Conteúdo interativo</p><p>Acesse a versão digital para assistir ao vídeo.</p><p>O faraó egípcio e a ordem cósmica</p><p>Conteúdo interativo</p><p>Acesse a versão digital para assistir ao vídeo.</p><p>Os Deuses e a política</p><p>Conteúdo interativo</p><p>Acesse a versão digital para assistir ao vídeo.</p><p>Verificando o aprendizado</p><p>Questão 1</p><p>A relação entre política e religião pode ser percebida na consolidação do papel do faraó no Egito. Essa</p><p>afirmação pode ser compreendida pela (o)</p><p>A</p><p>divindade absoluta do Faraó, que não podia ser sequer olhado.</p><p>B</p><p>construção de pirâmides como ícone de força política.</p><p>C</p><p>carruagem em forma de barco do céu, que era o transporte dos faraós.</p><p>D</p><p>ideia do surgimento do Escorpião Rei, um ser mitológico que unifica o Egito.</p><p>E</p><p>governo divino e o faraônico, marcando suas proximidades e explicações.</p><p>A alternativa E está correta.</p><p>As imagens que relacionam os faraós aos deuses mostram a proximidade entre os mundos, e, dessa forma,</p><p>religião e política não têm dissociação, mas uma é reflexo direto da outra.</p><p>Questão 2</p><p>Heródoto e Tucídides questionam a tradição grega e a vinculação histórica entre o papel religioso e o papel</p><p>político. Essa crítica não deve representar uma ruptura absoluta entre essas duas dimensões, uma vez que</p><p>A</p><p>a cidade grega não pode ser pensada separada da figura da relação entre religião e política, isso se</p><p>materializa em espaços como o do Parthenon.</p><p>B</p><p>a crença de que Zeus escolheu os líderes e lhes dava suporte era mais forte do que os pretensos ideais</p><p>democráticos.</p><p>C</p><p>a figura de que religião e política devem se separar como defende Heródoto é reforçada por Aristóteles,</p><p>segregando esses valores na Grécia Clássica.</p><p>D</p><p>a religião e a política eram, de fato, a mesma coisa no mundo grego, por isso a disputa dos filhos de Atena e</p><p>dos descendentes de Apolo, a figura dos sacerdotes como portadores das palavras e governantes das</p><p>cidades.</p><p>E</p><p>a religião tem um baque na Grécia com a chegada dos romanos, que impõem um credo cívico e por isso a</p><p>documentação é fragilizada sobre o papel religioso.</p><p>A alternativa A está correta.</p><p>Devemos lembrar que a noção de cidadania não separava os valores políticos da sua vinculação religiosa,</p><p>que nos templos eram guardados tesouros e que os festivais mantinham seus vínculos com a herança</p><p>divina.</p><p>Teatro de Marcelo. Roma. Itália.</p><p>2. Resistências e conflitos religiosos na Antiguidade</p><p>Todo poder aos generais?</p><p>Ao longo dos séculos, diversos ludi se popularizaram em Roma. Quase todos eles – incluindo os em</p><p>homenagem a Júlio César – contavam com espetáculos de sangue apreciados pelo populus romano e contra</p><p>os quais nenhum conseguiu rivalizar em prestígio.</p><p>Os famosos ludi gladiatori (jogos de gladiadores)</p><p>permanecem sendo lembrados, sobretudo em filmes, séries e jogos.</p><p>O espetáculo público ficou conhecido não só</p><p>pela morte na arena, mas por ser símbolo de</p><p>uma prática política muito insistentemente</p><p>discutida, a famosa “política do pão e circo”,</p><p>que associava os combates à distribuição de</p><p>trigo subsidiado como método para ampliar o</p><p>apreço coletivo por alguma liderança.</p><p>No início da República, contudo, a prática</p><p>estava associada a um ritual funerário, o munus</p><p>funebre, uma homenagem inicialmente privada</p><p>promovida em favor de algum falecido. A</p><p>palavra munus significava um tipo de obrigação</p><p>com a cidade (trata-se do termo que dá origem</p><p>a município) e, nesse caso, a proposta dos munera envolvendo gladiadores era, na origem, pacificar os</p><p>espíritos que poderiam causar transtornos ao coletivo: daí colocar pessoas condenadas, proscritas, sem</p><p>dignitas, para lutarem até a morte.</p><p>Curiosidade</p><p>Com o tempo, a prática se ampliou e ganhou novos contornos, mas não deixou de ser uma forma de</p><p>conseguir prestígio político junto ao populus com a oferta de entretenimento. Esse fenômeno de público,</p><p>que lotava os anfiteatros com milhares de pessoas de todas as camadas sociais, foi bem explorado pelas</p><p>elites romanas, mas também precipitou uma das revoltas mais conhecidas de sua história.</p><p>Em Vida de Crasso (p. 8-11), Plutarco recorda a sedição liderada por um escravo de origem trácia chamado</p><p>Espártaco. Conhecido por suas repetidas insurgências, foi escravizado e vendido para o lanista Lêntulo</p><p>Batiato, responsável por uma escola de gladiadores em Cápua, sul da Itália.</p><p>Segundo Plutarco, os maus-tratos e as constantes punições levaram algumas dezenas de gladiadores a se</p><p>revoltarem. Eles se apoderaram de armas, conseguiram repelir as primeiras ofensivas de Roma e deram início</p><p>a uma marcha que agregou milhares de escravizados à sua luta. Era o início da chamada Guerra Servil (73-71</p><p>a.C.). Observe na imagem a seguir a estátua de Euno, chefe dos escravos.</p><p>Estátua de Euno em Enna, na Sicília.</p><p>As tropas impuseram diversas derrotas às legiões romanas enviadas para conter o levante e se tornaram uma</p><p>preocupação real, sobretudo pela ausência de informação sobre os propósitos rebeldes: o principal medo era</p><p>a invasão de Roma. As sucessivas derrotas colocaram em xeque o poder militar romano e produziram</p><p>inúmeras disputas internas. Contê-los era uma necessidade política para não incentivar novas sedições.</p><p>O general Marco Licínio Crasso foi designado pelos cônsules para resolver a questão. Com seu prestígio,</p><p>arregimentou muitos soldados e recursos, suficientes para cercar as tropas de Espártaco (que chegou a</p><p>contar com 40 mil homens), capturar 6 mil revoltosos que sobrevieram ao conflito e celebrar a vitória</p><p>triunfante nas ruas da cidade.</p><p>Aos escravizados que estavam sob domínio romano não foi reservada melhor sorte.</p><p>A lei exigia que todos fossem crucificados ao longo da Via Ápia, a principal entrada de Roma. A morte não</p><p>tardava a chegar e o cheiro dos corpos em decomposição, que persistia por vários quilômetros, era uma forma</p><p>de Roma inspirar o terror da punição a todo aquele que tentasse enfrentá-la. Há muito os estudos sobre</p><p>política exigem analisar vários aspectos. Observe-os a seguir e perceba a correlação entre eles:</p><p>O exercício do poder.</p><p>Os campos e a produção agrícola.</p><p>As interações entre as figuras de poder e os tipos de poder.</p><p>As relações entre diversos agentes envolvidos nos processos.</p><p>Há nesse pressuposto a preocupação de entender o poder sob o ponto de vista relacional, ou seja,</p><p>considerando que o núcleo de preocupação dos estudo sobre a política não está necessariamente na origem</p><p>do poder, mas na forma com que ele é negociado, discutido, ameaçado, fracionado e até mesmo destruído.</p><p>Nenhum cargo ou posição de prestígio público representa uma dominação onipotente. É por isso que ordem/</p><p>conflito figura entre as mais famosas antinomias das Ciências Sociais: um se deduz do outro, como realidade</p><p>ou possibilidade.</p><p>•</p><p>•</p><p>•</p><p>•</p><p>Capacete espartano, escudo romano.</p><p>O já citado Maquiavel, ilustrado na próxima</p><p>imagem, reconhecendo que interesses de</p><p>grupos sociais podem ser divergentes, pensou</p><p>na chamada teoria dos humores para entender</p><p>disputas civis.</p><p>Ávido leitor dos clássicos, utilizou a experiência</p><p>romana para sustentar como o conflito é a</p><p>causa da liberdade: o filósofo florentino</p><p>entendia que, de um lado, estão os grandes</p><p>com desejo de dominar; do outro está o povo,</p><p>com o desejo de não ser dominado.</p><p>Esses lados antagônicos são entendidos como</p><p>potências em pulsão, e o conflito entre esses</p><p>dois humores é condição fundamental para garantir a liberdade.</p><p>A ordem necessária para que todos os homens vivam em liberdade precisa ser permanentemente ajustada à</p><p>diferença de humores, e tais ajustes não se dão a partir de concórdia, mas dos conflitos.</p><p>A estabilidade permanente seria, portanto, mais escassa que os confrontos que podem desembocar, em</p><p>função da virtude dos envolvidos, em uma série de ampliações de direitos, como aqueles assegurados aos</p><p>plebeus durante as lutas contra os patrícios no período republicano. Ainda assim, e por mais que tenha</p><p>existido alguma paridade de direitos com o passar do tempo, a sociedade romana não se viu menos desigual;</p><p>o acesso às riquezas permanecia bastante restrito, ainda que plebeus ricos se tornassem mais comuns.</p><p>Maquiavel ainda percebeu que essa variável se tornou decisiva para entender parte dos conflitos sociais:</p><p>A nobreza romana cedeu à plebe, sem excessiva relutância, uma parte das suas honrarias; mas, quando</p><p>se tratou de ceder-lhe riquezas, defendeu-as com tal determinação que o povo, para satisfazer sua fome</p><p>de ouro, teve de recorrer a meios extraordinários.</p><p>(MAQUIAVEL, 2007, p. 37)</p><p>A teoria social prontamente reconheceu que a diferença de acesso à riqueza é um dos fatores que mais</p><p>influenciam os conflitos, razão pela qual o conceito de classe social, tal como entendido no pensamento</p><p>marxista, se tornou uma espécie de paradigma das teorias conflituais.</p><p>A disfuncionalidade das relações sociais geraria, portanto, um tipo de cisão que não existiria em sociedades</p><p>pouco ou nada desiguais: o conflito seria o meio inevitável, e talvez indispensável, para alterar as relações de</p><p>produção e garantir o fim das divisões de classes. Outros debates se colocaram ao longo dos anos, inclusive</p><p>por força do individualismo metodológico, que presumia no marco da ação não apenas a riqueza, mas também</p><p>o prestígio, a vontade e outros fatores que estimulam o conflito. Nesse caso, ele não seria um estado</p><p>transitório resultado de uma patologia econômica, mas a própria dimensão da vida, uma vez que o poder está</p><p>sempre em disputa por diversas razões concorrentes.</p><p>Relembrando</p><p>A relação entre poder e conflito, por tudo que foi exposto, não pode ser ignorada ou subdimensionada. O</p><p>campo econômico que se formou em torno dos jogos de gladiadores (com mercadores, treinadores,</p><p>ferreiros especializados, médicos etc.) foi decisivo para consolidar essa prática como espaço de</p><p>construção de prestígio e legitimação do poder.</p><p>Essa mesma forma de organização, contudo, desencadeou um conflito com enormes repercussões em Roma,</p><p>até mesmo na paisagem: o Coliseu é o modelo mais conhecido de anfiteatros de alvenaria que foram</p><p>construídos ao longo de todo o Império Romano. Os antigos, de madeira, foram gradualmente substituídos por</p><p>estruturas mais sólidas, capazes de conter insurgências semelhantes à de Espártaco. No exemplo que vem</p><p>logo em seguida você consegue ter a oportunidade de vislumbrar a escultura que retrata este gladiador de</p><p>origem trácia.</p><p>Espártaco, de Denis Foyatier, 1830, Museu do Louvre.</p><p>Apesar dessa relação íntima, os conflitos não podem ser reduzidos ao embate entre classes antagônicas, haja</p><p>vista que no interior da mesma classe podem existir ações de resistência, como o conflito que resultou na</p><p>morte de César.</p><p>Além disso, do ponto de vista da pesquisa histórica, poder e conflito não são anverso e reverso da mesma</p><p>moeda por uma assimetria</p><p>no acesso à documentação: temos mais informações sobre as camadas ricas do</p><p>que sobre as camadas pobres, o que prejudica sobremaneira nossa capacidade de investigar os diferentes</p><p>humores envolvidos. Conhecemos as glórias militares de Crasso por meio de escritos e imagens; de</p><p>Espártaco, só conseguimos saber aquilo que seus inimigos contaram a seu respeito. O poder político também</p><p>está na luta pela memória.</p><p>Atenas e sua democracia idealizada</p><p>A pólis se tornou a organização política mais longeva e conhecida da história grega. Foram centenas de</p><p>cidades-Estado independentes, com leis, práticas de culto e formas de governo particulares. De todas elas, a</p><p>democracia foi uma exceção absoluta: apenas Atenas, e talvez mais duas pólis, tenham sido democráticas por</p><p>algum período. Apesar disso, não são raros os discursos que fazem do modelo ateniense a medida de toda</p><p>vida política da Grécia.</p><p>O tratamento dignificante dado aos atenienses transmite a falsa impressão de acesso isonômico aos direitos e</p><p>à participação em assembleias em todo mundo de língua grega, o que não é verdade nem mesmo para a</p><p>própria Atenas, onde mulheres, estrangeiros domiciliados e escravizados eram excluídos desses espaços. Veja</p><p>a seguir a imagem do Partenon em Atenas - Erechtheion que exemplifica este cenário descrito.</p><p>Busto de Tucídides.</p><p>O Partenon em Atenas - Erechtheion.</p><p>Ocorre que a Antiguidade Clássica não foi tomada como medida para inspirar o Ocidente apenas pelo</p><p>eurocentrismo do Renascimento: mesmo no século XX as repúblicas democráticas insistem em uma visão</p><p>idealizada do passado grego, tanto por conveniência como por relativa inocência acerca do que teria sido a</p><p>experiência ateniense.</p><p>Não seria correto, por óbvio, negar os méritos de uma forma de governo em que o demos (povo) tem o poder</p><p>de influenciar as decisões políticas e ter sua vontade expressa pelo voto direto. Porém, essa democracia era</p><p>bastante diferente da forma com que muitos a idealizaram, inclusive os próprios atenienses, que não deixavam</p><p>de elogiar os méritos de sua forma de governo em comparação com as demais cidades para defender o ideal.</p><p>Segundo Tucídides, conheça-o pela ilustração</p><p>seguinte, reproduzindo um costume ancestral,</p><p>os atenienses fizeram um fausto funeral pago</p><p>com recursos da cidade para homenagear os</p><p>primeiros mortos da Guerra do Peloponeso</p><p>(431-404 a.C.). O escolhido para falar nessa</p><p>ocasião teria sido Péricles, famoso estadista.</p><p>Seu discurso, supostamente registrado pelo</p><p>historiador, faz um longo elogio a Atenas,</p><p>destacando, entre outras coisas, as virtudes da</p><p>política local: "Vivemos sob uma forma de</p><p>governo que não se baseia nas instituições de</p><p>nossos vizinhos; ao contrário, servimos de</p><p>modelo a alguns ao invés de imitar outros. Seu</p><p>nome, como tudo depende não de poucos mas</p><p>da maioria, é democracia" (TUCÍDIDES, 2000, p. 37).</p><p>Esses discursos elogiosos – que coexistiam com várias críticas – persistiram por muito tempo. A imagem que</p><p>Atenas fazia de si era antes uma narrativa para louvar seus próprios feitos diante das demais cidades do que a</p><p>expressão de uma realidade harmônica da vida cotidiana.</p><p>A democracia, longe da presunção da concórdia e harmonia irrestritas, é uma forma de governo que</p><p>presume o dissenso.</p><p>Ou seja, a tomada de posições opostas e a divisão da assembleia como princípio necessário para qualificar as</p><p>votações. Dessas divergências, crivadas por interesses pessoais e conflitos de classes, para confrontos</p><p>intensos, a distância não era muito grande. Assim, a imagem que Atenas faz de suas próprias dificuldades não</p><p>correspondia exatamente às dificuldades vividas.</p><p>Há vários documentos que nos recordam os limites da democracia, de textos consagrados a pequenos</p><p>vestígios arqueológicos, algumas vezes escondidos em territórios bem particulares. Veja a seguir uma dessas</p><p>fontes históricas.</p><p>Representação de Zeus em carruagens de guerra</p><p>contra criaturas malignas.</p><p>Kerameikos - Antigo Cemitério de Atenas, Grécia.</p><p>O cemitério em que os mortos eram enterrados em Atenas era conhecido como Kerameikos (Cerâmico) e</p><p>ficava localizado na parte noroeste da Acrópole. Antes da oração de Péricles, discorrendo a respeito dos ritos</p><p>fúnebres, Tucídides comenta que “os ataúdes são postos no mausoléu oficial, situado no subúrbio mais belo</p><p>da cidade; lá são sempre sepultados os mortos em guerra” (TUCÍDIDES, 2000, p. 34).</p><p>Esse lugar belo era precisamente o Cerâmico, espaço de interação social em que Atenas empenhava os</p><p>corpos mortos de seus cidadãos para mostrar o cuidado que a cidade teria com aqueles que tombaram</p><p>defendendo-a. Aos estrangeiros não era apenas facultada, mas estimulada a participação nesses festivais</p><p>para que pudessem conhecer e testemunhar os alardeados méritos da democracia.</p><p>Acontece, porém, que nesse mesmo cemitério alguns documentos mostram uma Atenas que não era</p><p>vista por estrangeiros ou levada em consideração nos discursos eloquentes de seus políticos.</p><p>Diversas pessoas passaram a pegar pequenas folhas de chumbo e escrever um texto em letras minúsculas</p><p>para enterrar no solo do cemitério. Colocados em sepulturas e túmulos, jogados em poços ou afixados em</p><p>santuários dedicados aos deuses subterrâneos, os katádesmoi eram usados em maldições e muitas vezes</p><p>invocavam divindades ctônicas como Hécate, Perséfone ou Hades. Essas placas de imprecação, muitas vezes,</p><p>eram enterradas por homens e mulheres com finalidade amorosa, visando recuperar um amor perdido ou fazer</p><p>algum casal se separar.</p><p>Em muitos casos, porém, a questão era política no sentido mais casual do termo: buscava-se vencer</p><p>processos judiciais com fórmulas mágicas, estragar o desempenho da parte adversária nos tribunais e até</p><p>mesmo fazer oradores perderem a fala em momentos decisivos de disputa política.</p><p>Existiam até mesmo “feitiços profiláticos”, com</p><p>pessoas enfeitiçando adversários que</p><p>eventualmente tentassem enfeitiçá-los. Apesar</p><p>de amplamente praticada, essa magia é a</p><p>expressão da crise democrática: como a cidade</p><p>mostrava-se incapaz de gerir os conflitos,</p><p>recorria-se aos deuses do submundo para</p><p>buscar os fins desejados. Esse costume não</p><p>estava em acordo com as regras da religião</p><p>cívica.</p><p>Os limites da democracia, no entanto, ficaram</p><p>sob a vista de todos no ano de 411 a.C. Ainda</p><p>durante a Guerra do Peloponeso, a cidade se</p><p>viu diante de uma conjuntura bastante</p><p>complicada. Houve uma expedição fracassada à Sicília que abalou importantes grupos políticos.</p><p>A crise econômica também se agravava e os espartanos, com o apoio dos persas, se fortaleciam no passo em</p><p>que os atenienses se enfraqueciam. Aristocratas que se sentiam prejudicados pela condução dos assuntos da</p><p>cidade se unem, incluindo nomes importantes como Terâmenes e Pisandro, para derrubar a democracia:</p><p>reunidos não na Pnyx, como era de costume, mas na Assembleia em Colono, quatrocentos oligarcas</p><p>comandaram a votação que anulava as instituições democráticas, usando o modus operandi da própria</p><p>democracia para promover o golpe. O clima de conspirações, acusações mútuas e denúncias fez com que o</p><p>governo do povo fosse derrubado pela iniciativa do próprio povo que até então governava. A democracia pode</p><p>ser morta seguindo todos os ritos que ela mesma prescreve.</p><p>Saiba mais</p><p>Terâmenes - Político durante a Guerra do Peloponeso em Atenas. Apesar de negociar a paz com Esparta,</p><p>criticou o regime dos tiranos, e acabou sendo acusado como traidor em Atenas. Pisandro - General</p><p>espartano que atuou em uma missão revolucionária, a fim de derrubar a democracia e estabelecer uma</p><p>oligarquia em Atenas, em 411 EC, mas não foi bem-sucedido.</p><p>Enfrentamentos no Antigo Oriente Próximo</p><p>A concepção religiosa que associava o poder do faraó à ordem e estabilidade participou ativamente da forma</p><p>de periodizar a história egípcia. Além da sucessão de dinastias (seguindo a proposta de Maneton), há três</p><p>grandes épocas intercaladas por três “períodos intermediários”: Reino Antigo (2686-2160 a.C.), Primeiro</p><p>Período Intermediário (2160-2055 a.C.), Reino Médio (2055-1650 a.C.), Segundo Período Intermediário</p><p>(1650-1550 a.C.), Reino Novo (1550-1069</p><p>a.C.) e Terceiro Período Intermediário (1069-664 a.C.).</p><p>Reflexão</p><p>Desses seis períodos, três possuem uma identidade, marcos no tempo e um prenome ligado ao poder</p><p>central; os outros três, intercalados, são quase pleonásticos: que período da história não é, sendo</p><p>antecedido ou sucedido por qualquer outro, intermediário? O nome faz jus à importância dada pelos</p><p>egípcios a esses tempos de entremeio, tratando-os como passageiros, ocasionais, já que a Maat, a</p><p>ordem, só pode ser entendida e qualificada pela via político-religiosa por meio da figura do faraó.</p><p>A documentação antiga foi, em grande parte, escrita por funcionários do governo. O prestígio de quem</p><p>conhecia os códigos e as centenas de símbolos da escrita sagrada, os famosos hieróglifos (hieros, "sagrado"</p><p>e glyphein, "gravar"), situava os escribas em uma posição de privilégio na vida social egípcia.</p><p>A maioria dos textos que sobreviveram, portanto, tendia a expressar não apenas as expectativas do poder</p><p>faraônico, mas uma posição de classe religiosamente sancionada e da qual provavelmente os escribas não</p><p>abdicariam em defesa de alguma demanda popular. Considerado parte da corte real, os escribas não eram</p><p>obrigados a pagar tributos e eram dispensados do trabalho manual pesado exigido às classes baixa, por</p><p>exemplo. Na ilustração seguinte podemos dimensionar um escriba egípico. Observe a riqueza de detalhe</p><p>evidenciado nesta obra e correlacione as relações de poder vívidas neste personagem histórico.</p><p>Escriba egípcio.</p><p>A impressão geral, portanto, é que os reis e rainhas egípcios possuíam um poder irresistível, inconteste,</p><p>protegido sob o reconhecimento público de sua autoridade e pela sanção religiosa. Os períodos intermediários</p><p>são sintomáticos de que nada poderia ser mais enganoso e que o conflito, longe de ser um hiato, era mais</p><p>presente do que aparenta.</p><p>Não é simples precisar os limites cronológicos dos períodos intermediários, sobretudo do primeiro. Considera-</p><p>se que ele terminou por ação de Mentuhotep II Nebhepetre, um príncipe de Tebas que teria garantido a</p><p>reunificação.</p><p>Atenção</p><p>O início é ainda mais difícil de identificar, sobretudo porque não há precisamente um "começo". A noção</p><p>de um Egito unitário conviveu com a divisão de seu território em nomos, como já sinalizamos.</p><p>Essas organizações provinciais possuíam um líder (nomarca), cuja autoridade foi recrudescida no final do</p><p>Reino Antigo com o estabelecimento da transmissão hereditária desses cargos. A tendência que se consolidou</p><p>é que a permanência do poder no interior de uma mesma família fê-la se tornar mais poderosa com o passar</p><p>do tempo.</p><p>Além de serem mais próximos e, por isso, gozarem da lealdade do povo mais que o distante faraó, puderam</p><p>dispor até mesmo forças militares próprias em alguns casos. Com isso, as rivalidades entre nomos vizinhos</p><p>aumentaram e não tardou para que as tensões comprometessem o próprio faraó. Essa é a explicação mais</p><p>bem documentada para o colapso da unidade egípcia. Observe atentamente os dois tópicos a seguir. De um</p><p>modo comparativo, eles evidenciam as duas outras hipóteses, que não são excludentes entre si, mas que</p><p>podem ajudar a compreender o cenário da crise.</p><p>Em primeiro lugar</p><p>Acredita-se que as inundações do Nilo</p><p>estavam mais irregulares e baixas durante</p><p>esse período, o que comprometeu a</p><p>produção agrícola e ampliou a crise política</p><p>que se desdobra a partir de problemas</p><p>econômicos.</p><p>Em segundo lugar</p><p>Há indícios de que o rei da VI Dinastia,</p><p>Pepi II, a última do Reino Antigo, foi</p><p>longevo. Viu muitos de seus potenciais</p><p>herdeiros morrerem, gerando</p><p>problemas na sucessão, instabilidade e</p><p>crise de governabilidade, fragilizando</p><p>ainda mais o poder político tensionado</p><p>pelos nomarcas.</p><p>Essa última hipótese é plausível, ainda que incerta; de todo modo, ela mostra a fragilidade do poder faraônico</p><p>que, dentre outras coisas, ficou suscetível à crise porque Pepi II viveu mais do que seria razoável. Estima-se</p><p>que teria assumido o cargo ainda na infância e governado até a casa dos 90 anos de idade.</p><p>Primeiro Período Intermediário</p><p>Este não foi um processo revolucionário que renovou as formas de governo por considerarem, de alguma</p><p>forma, que o faraonato seria um sistema inadequado à vida egípcia. Pelo contrário, os principais nomarcas</p><p>reivindicaram para si a mesma estrutura de poder. As dinastias disputavam entre si o poder de um Egito</p><p>fracionado. Veja a seguir.</p><p>Baixo Egito</p><p>A região do Delta estava fragilizada também por invasões externas de povos que teriam chegado do</p><p>Oriente pelo Mediterrâneo. Região do eixo do rio e de corredeiras, tendo poderes militares</p><p>estruturados, mas que se reuniam em uma figura política em Tebas, uma microunidade de um Egito</p><p>nomarca.</p><p>Egito Central</p><p>Região que se agrupou em torno dos príncipes de Heracleópolis, capital do 20º nomo egípcio. Grupo</p><p>que não apresentava um centro político, por isso, depois sendo considerada uma das áreas mais</p><p>dispersas, tendo mais de 20 regiões autônomas ou nomos.</p><p>Alto Egito</p><p>Tebas permanecia capital de quatro nomos.</p><p>Ao Sul, Meribre Khety I assume o poder até Assuã. Ainda que esse período, comparado aos demais, tenha</p><p>sido curto (apenas 125 anos), as dificuldades que surgiram com os conflitos foram suficientemente poderosas</p><p>para que muitos desejassem esquecê-lo. Ainda que não tenha sido um movimento revolucionário, uma série</p><p>de transformações importantes é bem observada.</p><p>Os ritos fúnebres, incluindo a mumificação que assegurava a sobrevivência após a morte, deixaram de ser</p><p>exclusivos dos faraós desde que os nomarcas assumiram e reivindicaram pra si esse privilégio (o que é ótimo</p><p>do ponto de vista arqueológico).</p><p>Outro fato importante foi a descoberta do chamado Papiro Ipuwer, um documento escrito em hierático,</p><p>considerado o primeiro registro literário por alguns especialistas. Observe na próxima imagem um papiro</p><p>egípcio.</p><p>Papiro Ipuwer.</p><p>Um homem descrito como "Abisha, o Hyksos", liderando</p><p>um grupo de Aamu. Tumba de Khnumhotep II (por volta</p><p>de 1900 a.C.)</p><p>Esse poema, ainda que incompleto, é protagonizado pelo personagem homônimo que denuncia um mundo</p><p>caótico, onde, entre outras coisas, os pobres enriquecem e os ricos empobrecem. A desordem é cotidiana,</p><p>não há leis e símbolos sagrados são atacados.</p><p>O documento foi escrito no Reino Médio, mas acredita-se que a composição oral seja anterior ou que, no</p><p>limite, o faraó Senusret III tenha estimulado sua produção para reforçar a importância da unidade egípcia sob</p><p>seu comando recordando as dificuldades dessa época.</p><p>Segundo Período Intermediário</p><p>Este período não foi marcado apenas por disputas internas, no qual os faraós viram seu poder político ser</p><p>ameaçado. Mostra uma experiência de conflito bastante diferente. A escassez de documentação é bastante</p><p>sentida pelos analistas e há apenas dois marcos cronológicos bem assentados: ele começa com a morte de</p><p>Nefrusobek (1785 a.C.), da XII dinastia, e termina com a chegada de Amósis ao poder em 1580 a.C., data</p><p>partilhada com o início do Reino Novo, época mais estudada e conhecida do Egito faraônico. Contudo, assim</p><p>como no Primeiro Período Intermediário, essas mudanças não acontecem da noite para o dia.</p><p>Curiosidade</p><p>No final do Reino Médio, uma relativa estabilidade econômica estimulou a migração de povos que os</p><p>egípcios denominavam hicsos. Trata-se de um termo genérico, usado para denominar estrangeiros tanto</p><p>da Núbia como de diversas regiões do Mediterrâneo. Durante algumas décadas, contudo, é provável que</p><p>esses povos tenham vindo do Levante, região que corresponde a um território que ia da atual Palestina à</p><p>Tunísia</p><p>A unidade egípcia que foi assegurada até a XII dinastia se vê comprometida durante o reinado de Sobekhotep</p><p>IV (XIII dinastia), quando hicsos assumem a cidade de Avaris e ampliam sua influência na região do Delta.</p><p>O poder político faraônico, então enfraquecido,</p><p>vê-se incapaz de conter a expansão desses</p><p>chefes estrangeiros (hekau-khasut), que</p><p>ampliaram seus domínios por meio século, até o</p><p>reinado de Dedumesiu I (1650 a.C.), o último rei</p><p>da XIII dinastia. Observe a imagem de "Abisha,</p><p>o Hyksos</p><p>- líder de um grupo de Aamu - e note</p><p>as semelhanças descritas anteriormente.</p><p>A primeira dinastia dos hicsos foi fundada por</p><p>um líder denominado Salitis, que passou a</p><p>governar a região do Baixo Egito. Um aspecto</p><p>importante desse processo, como bem</p><p>observou o historiador Nicolas Grimal (1996, p.</p><p>208), foi que igualmente não se deu um</p><p>movimento revolucionário: os hicsos</p><p>entenderam que a manutenção da estrutura de</p><p>governo herdada dos últimos faraós egípcios</p><p>não deveria ser rompida.</p><p>Os hicsos compreenderam que, caso o contrário acontecesse, a sua própria influência poderia se enfraquecer.</p><p>Essa decisão não os impediu de preservar suas identidades culturais, que eram negociadas com os valores</p><p>tradicionais aceitos pelo povo e elites locais.</p><p>Exemplo</p><p>Os hieróglifos foram adotados para escrever os nomes; as construções resgataram modelos estéticos do</p><p>Reino Médio; o nome do deus Rá continuou a ser incorporado às titulaturas. Em termos religiosos, como</p><p>também recorda Grimal, "procederam tal como na política, instituindo uma religião oficial “à egípcia! em</p><p>torno de Seth de Avaris, o adversário de Osíris" (GRIMAL, 1996).</p><p>Note-se que Osíris, deus ligado à agricultura, morte e renascimento, viu seu culto se popularizar ao longo dos</p><p>últimos faraonatos, fato que ajuda a entender porque Seth, seu rival na narrativa mítica, foi pontual nesse</p><p>movimento.</p><p>Para maior compreensão do dinamismo histórico da corte real na XV Dinastia, convido você a ter um olhar</p><p>especial sobre um dos adornos mais contemplados da época. Trata-se do Diadema de ouro.</p><p>Adornado com cabeças de gazelas e um veado entre estrelas e/ou flores da XV</p><p>Dinastia. Data: 1648-1540 a.C. Proveniência: Egito/Delta Oriental. Esse adorno</p><p>pessoal, produzido durante o Segundo Período Intermediário, mistura estilos</p><p>egípcios e levantinos.</p><p>A forma com que esses períodos são representados na documentação tende a valorizar as ideias de</p><p>perturbação, desordem e caos, como assevera a ideologia faraônica que vai produzir parte importante dessas</p><p>narrativas. Seria possível considerar que alguns fenômenos do Reino Novo estão diretamente relacionados à</p><p>influência dos hicsos, inclusive do ponto de vista religioso que, como vimos, é um aspecto basilar da política</p><p>dos povos antigos, inclusive os egípcios.</p><p>Antigo relevo de assírio.</p><p>Tábua de Zimri-Lim, rei de Mari, sobre a fundação de</p><p>uma casa de gelo em Terqa.</p><p>Guerras, conquistas e poder na Mesopotâmia</p><p>Os povos antigos sabiam que a guerra era o meio mais rápido de aquisição de riquezas. O uso da força tende</p><p>a ser considerado como o último recurso para fazer valer a vontade política, mas talvez essa seja uma</p><p>interpretação excessivamente otimista.</p><p>Seria preciso presumir que a Antiguidade adotava uma orientação pacifista que não condiz com a realidade:</p><p>em grego, a palavra εἰρήνη (eirēnē) era usada para designar paz, trégua e para se referir a aliados. A</p><p>experiência dos mesopotâmicos não foi diferente, mas mesmo que os conflitos violentos tenham dado o tom e</p><p>não sejam, afinal, o último remédio do qual a conversa democrática era a primeira tentativa de solução, o</p><p>investimento na diplomacia foi um fato notável para a administração das cidades.</p><p>Administração das cidades</p><p>A gestão das inundações dos rios Tigres e Eufrates, por mais que não tenha começado por iniciativa de</p><p>um governo central, foi prontamente assumida por este como uma preocupação necessária para a</p><p>manutenção da ordem, afinal, a fome provocada pelas escassezes alimentares é poderoso combustível</p><p>para fragilizar as instituições. O mesmo se aplica a soluções para problemas provocados por</p><p>intempéries, pragas e, como vivemos nesse início de século XXI, por pandemias.</p><p>Um conjunto de sete cartas escritas durante o</p><p>reinado de Zimrî-Lîm (1780 e 1758 a.C.) em</p><p>Mari, traduzidas pela historiadora Katia Paim</p><p>Pozzer, demonstram uma série de ações e</p><p>preocupações para conter o avanço de uma</p><p>epidemia que circulava em algumas regiões.</p><p>Esses textos estão escritos em acadiano e</p><p>trazem diálogos políticos que expõem questões</p><p>práticas discutidas entre governadores.</p><p>Saiba mais</p><p>A cidade de Mari, que se formou por volta de 2900 a.C. e estava localizada no atual território sírio, viveu</p><p>um problema desse tipo. As correspondências administrativas oferecem importantes informações sobre</p><p>como os governos atuaram.</p><p>A preocupação dos envolvidos na comunicação envolvia também uma dimensão religiosa, já que os antigos</p><p>mesopotâmicos creditavam as doenças, assim como a cura, à vontade e ao arbítrio dos deuses, razão pela</p><p>qual o contexto geral da região precisava ser considerado. Observe-se, por exemplo, os termos de uma</p><p>missiva que relatava uma epidemia e foi enviada por La'um, governador de Tuttul:</p><p>Afresco da investidura de Zimrî-Lîm.</p><p>Diga a meu Senhor: assim fala La’um, teu servidor. Sobre a epidemia que meu Senhor havia me falado,</p><p>em Tuttul há muitos casos desta doença, mas os mortos são raros. Em Dunnum, que está adiante de</p><p>Lasqum, seguindo o rio, existe um amontoado de mortos. No intervalo de dois dias, a tropa assistiu a 20</p><p>homens morrerem. A população de Dunnum abandonou a cidade e partiu em direção às montanhas de</p><p>Lasqum. Muban e Manuhatam, as cidades na periferia de Dunnum estão bem. Dunnum, no entanto, está</p><p>muito doente. Mari está bem, o país vai bem.</p><p>(POZZER, 2021)</p><p>Além de indicar os números de mortos e os deslocamentos necessários para fugir da doença, La’um afirma</p><p>que “Mari está bem, o país vai bem”, uma fórmula comum nas epístolas que, segundo Pozzer, costuma sugerir</p><p>“que não havia nenhum distúrbio político maior, nem revolta social (p. 38)”. Em outras cartas há preocupações</p><p>mais dirigidas, mas que não deixam de fazer referência a crises que o governador tinha a exigência de</p><p>enfrentar.</p><p>Em texto enviado por Kibrî-Dagan, lê-se já nas</p><p>primeiras letras que as cidades de Dagan,</p><p>Ikrud-El e Terqa "vão bem", mas informa acerca</p><p>da doença de uma senhora de nome Kunšîm-</p><p>Mâtum, da qual não se conhece quase nada,</p><p>mas que se presume ser parte do harém de</p><p>Zimrî-Lîm. A preocupação se justifica porque</p><p>ela estava doente há mais de quatro dias e,</p><p>segundo o texto, “se tivesse tido uma</p><p>indisposição, seria apenas um mal-estar de um</p><p>ou dois dias que teria lhe acometido” (p. 38).</p><p>Em outra missiva temos notícias de sua</p><p>recuperação. Em alguns casos, porém, a</p><p>situação era calamitosa e a preocupação</p><p>principal era conter os danos.</p><p>Exemplo</p><p>Há o interessante exemplo de uma correspondência feminina enviada por Šibtu, uma das esposas de</p><p>Zimrî-Lîm. Após seguir o protocolo e informar sobre as boas condições do palácio (governo), do templo</p><p>(cultos) e dos ateliês (atividades econômicas), informa acerca dos cuidados com uma mulher de nome</p><p>Aštakka, cuja esperança de sobreviver era pequena por causa de alguma doença contagiosa.</p><p>Percebendo isso, a rainha encaminhou o isolamento da doente e informou o marido acerca de sua</p><p>decisão.</p><p>O tratamento se dá na direção de conter a crise sanitária por meio da oferta de alimentos básicos</p><p>(representados pela cerveja e trigo), pela mudança da enferma para garantir distanciamento social e, por fim,</p><p>com a convocatória para que Zimrî-Lîm se dirija ao local para encaminhar a solução.</p><p>Esse tipo de postura é sintomática de um forma de governar na Mesopotâmia do período: os assuntos que</p><p>estavam ligados a crises graves ou pontuais costumavam ser tratados sem intermediários pelos principais</p><p>líderes políticos.</p><p>Hamurabi cobre a boca com as mãos em sinal de</p><p>oração (relevo na parte superior da estela do código de</p><p>leis de Hamurabi).</p><p>Conhecido pela famosa estela de basalto que</p><p>contém um códice legal a ele atribuído,</p><p>Hammurabi (1728-1686 a.C.) também se</p><p>notabilizou pela atenção que dava a assuntos</p><p>aparentemente ordinários, mas que eram</p><p>entendidos como fundamentais. Em uma carta</p><p>enviada por ele a Šamaš-ḫāzir, por exemplo, um</p><p>de seus funcionários na importante cidade de</p><p>Larsa, ele mostra não apenas sua preocupação</p><p>com a produtividade do Império Babilônio, haja</p><p>vista que a escassez de água poderia</p><p>comprometer os plantios e colheitas e, por</p><p>correspondência, produzir problemas</p>

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