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<p>1</p><p>TEXTO COMPLEMENTAR</p><p>Disciplina: Marketing Internacional</p><p>Professor: Everton R. Leal</p><p>Globalização, comércio mundial e formação de blocos econômicos</p><p>“As transformações econômicas mundiais ocorridas nas últimas décadas, sobretudo no</p><p>Pós-Segunda Guerra Mundial, são fundamentais para entendermos as dinâmicas de poder</p><p>estabelecidas pelo grande capital e, também, pelas grandes corporações transnacionais.</p><p>Além delas, não podemos deixar de mencionar a importância crescente das instituições</p><p>supranacionais, que atuam como verdadeiros agentes nesse jogo de interesses, como, por</p><p>exemplo, o Fundo Monetário Internacional (FMI), o Banco Mundial, entre outros.</p><p>O cenário que se afigura com a chegada desses novos agentes econômicos é</p><p>imprescindível para compreendermos o significado da chamada globalização econômica.</p><p>Esta tem como características:</p><p>- A ruptura de fronteiras, ou seja, tal ruptura é atribuída à dinâmica do capital, que circula</p><p>livremente pelo globo, sem respeitar a delimitação de fronteiras territoriais;</p><p>- A perda da soberania local, ou seja, países, estados e cidades tem que se submeter à</p><p>lógica do capital para conseguir gerar lucro em seus orçamentos;</p><p>- A expansão da dinâmica do capital, fato que se relaciona à ruptura de fronteiras, ou seja,</p><p>o capital se dirige agora, também, à periferia do capitalismo, uma vez que as transnacionais</p><p>compreenderam que a exploração (no sentido de explorar a força de trabalho, diretamente)</p><p>dos países subdesenvolvidos promoveria grandes lucros para estes.</p><p>Com o crescimento expressivo da atuação do capital em nível mundial, chegou-se a</p><p>questionar o papel do Estado, isto é, o Estado seria, de fato, um agente importante nesse</p><p>processo ou atuaria como um impeditivo para a livre-circulação do capital, uma vez que</p><p>poderia criar as regras ou leis que inviabilizariam a livre-circulação do capital? Segundo</p><p>esse raciocínio, as transnacionais estariam comandando a dinâmica econômica mundial</p><p>em detrimento dos Estados. Vale destacar que muitas empresas transnacionais passaram</p><p>a desempenhar os papéis que, antes, eram oferecidos pelo Estado, como os serviços</p><p>ligados à infraestrutura básica (exemplos: transporte e saneamento básico).</p><p>2</p><p>No entanto, as sucessivas crises geradas pelo capitalismo mostraram que o papel do</p><p>Estado não se apagou, como pensavam alguns; pelo contrário, em momentos de crise</p><p>financeira, o Estado é chamado a ajudar as empresas em dificuldade econômica. Portanto,</p><p>o papel do Estado no contexto de globalização reestruturou-se, passando este a atuar como</p><p>um salvador dos excessos econômicos promovidos pelas empresas nacionais ou</p><p>internacionais, controlando as taxas de juros, os câmbios, a manutenção de subsídios em</p><p>setores estratégicos, bem como fiscalizando, direta e indiretamente, os recursos</p><p>energéticos.</p><p>A formação dos blocos econômicos</p><p>O surgimento dos blocos econômicos coincide com a mudança exercida pelo Estado.</p><p>Em um primeiro momento, a ideia dos blocos econômicos era de diminuir a influência</p><p>do Estado na economia e comércio mundiais. Mas a formação dessas organizações</p><p>supranacionais fez com que o Estado passasse a garantir a paz e o crescimento em</p><p>períodos de grave crise econômica. Assim, a iniciativa de maior sucesso, até hoje, foi</p><p>a experiência vivida pelos europeus.</p><p>A União Europeia iniciou-se como uma simples entidade econômica setorial, a</p><p>chamada Ceca (Comunidade Europeia do Carvão e do Aço, surgida em 1951) e,</p><p>depois, expandiu-se por toda a economia como Comunidade Econômica Europeia,</p><p>até atingir a conformação atual, que extrapola as questões econômicas perpassando</p><p>por aspectos políticos e culturais.</p><p>Além da União Europeia, podemos citar o Nafta (North American Free Trade</p><p>Agreement, surgido em 1994); o Mercosul (Mercado Comum do Sul, surgido em</p><p>1991); o Pacto Andino; a SADC (Comunidade de Desenvolvimento da África Austral,</p><p>surgida em 1992), entre outros. A busca pela ampliação desses blocos econômicos</p><p>mostra que o jogo de poder exercido pelas nações tenta garantir as áreas de</p><p>influência delas, controlando os mercados e estabelecendo parcerias com as nações</p><p>que despertem o interesse dos blocos econômicos.</p><p>Além disso, o jogo de poder também está presente internamente nos blocos, ou seja,</p><p>existem países líderes dentro do bloco, que acabam submetendo os outros países</p><p>do acordo aos seus interesses. Assim, nem sempre, a constituição de um bloco</p><p>econômico é benéfica a todos os membros. Por exemplo, a constituição do Nafta</p><p>(México, Canadá e EUA) fez com que a frágil economia mexicana aumentasse, ainda</p><p>3</p><p>mais, a sua dependência em relação aos EUA. O Canadá, por sua vez, passou a ser</p><p>considerado uma extensão dos EUA, dada a sua subordinação à economia de seu</p><p>vizinho.1”</p><p>O papel do comércio mundial</p><p>“A expressão ‘globalização’ surgiu na década de 1980 e se refere ao processo da</p><p>intensificação de trocas de mercadorias, serviços, capitais etc., ao redor do</p><p>mundo; porém, os sociólogos afirmam que o processo é mais antigo. Ele começa</p><p>no período das grandes navegações e vai se intensificando, cada vez mais, até</p><p>a globalização total que temos nos dias de hoje, em que, praticamente, todas as</p><p>regiões do mundo estão interligadas por intermédio dos meios de comunicação,</p><p>de transporte e dos fluxos de mercadorias e de pessoas.</p><p>Quanto aos fluxos de serviços, existem dois tipos: os fluxos materiais e os</p><p>imateriais. O primeiro se trata da troca de produtos, mercadorias, capitais ou</p><p>pessoas. Já o segundo, refere-se ao fluxo de serviços como os de seguro de</p><p>automóveis, as redes de informação e de comunicação.</p><p>A charge a seguir mostra as desigualdades trazidas pelo processo de</p><p>globalização:2”</p><p>Figura I – Desigualdades sociais causadas pela globalização.</p><p>Almeida (2010).</p><p>Reflexos da globalização no mundo</p><p>4</p><p>“Atualmente, vivemos em um mundo globalizado; tal realidade tem interferido,</p><p>diretamente, em nossas vidas; mesmo que não percebamos, diversas mudanças</p><p>acontecem. Sem dúvida, as tecnologias com as quais contamos, hoje, geram</p><p>muitos benefícios para o cotidiano das pessoas, uma vez que a sociedade atual</p><p>tem acesso a uma série de produtos e serviços que facilitam a sua vida. Além</p><p>disso, a todo instante, novos produtos são criados para satisfazer às</p><p>necessidades que vão surgindo.</p><p>Diante do conforto e das facilidades que desfrutamos, que são provocados pela</p><p>globalização, fica claro que esse processo é irreversível, uma vez que o homem</p><p>não vai regredir. Mas o modelo de globalização que vigora tem desencadeado</p><p>resultados trágicos para a maioria da população mundial.</p><p>Uma das principais consequências desse processo são as desigualdades entre</p><p>os países, visto que as diferenças vêm crescendo de forma significativa. Há</p><p>grande disparidade econômica, tecnológica e social entre os países do planeta.</p><p>Ao longo do tempo, o processo de globalização tem contribuído de maneira direta</p><p>para o aumento em massa da pobreza, excluindo um número cada vez maior de</p><p>pessoas. Estima-se que, atualmente, cerca de 1,5 bilhão de pessoas no mundo</p><p>vivem, ou melhor, sobrevivem com uma renda diária que não ultrapassa 1 dólar.</p><p>Outro problema provocado pela globalização é o aumento acelerado do índice de</p><p>desemprego em todo o mundo, resultado dos avanços tecnológicos que tiram</p><p>inúmeros postos de trabalho.</p><p>Apesar do crescimento mundial na produção, o mesmo não acontece com o</p><p>consumo, uma vez que esse cresce, somente, em países desenvolvidos ou em</p><p>populações elitizadas de países subdesenvolvidos ou em desenvolvimento, ou</p><p>seja, em uma restrita parcela dos habitantes do planeta.</p><p>O grupo de países mais ricos do mundo detém, juntos, aproximadamente, 25%</p><p>da população mundial, porém, são responsáveis por cerca de 80% dos recursos</p><p>extraídos da natureza.3”</p><p>“Globalização econômica vincula-se à exclusão social, a partir do momento em</p><p>que a expansão</p><p>massiva dos meios tecnológicos e de informação não atinge, de</p><p>forma democrática, toda a população do planeta, favorecendo o acúmulo de</p><p>riqueza para os mais ricos e dificultando, assim, a emancipação social dos mais</p><p>pobres.</p><p>5</p><p>A globalização econômica consolidou-se no mundo a partir de meados do século</p><p>XX com a III Revolução Industrial, também chamada de Revolução Técnico-</p><p>Científica. Entretanto, o seu surgimento está vinculado ao período das grandes</p><p>navegações europeias do final do século XV e início do século XVI.</p><p>Durante esse período, intensificou-se o processo de colonização. Desse modo,</p><p>as nações colonizadoras impuseram sobre os povos colonizados a sua cultura e</p><p>o seu modo de ver o mundo. Além disso, esses países foram responsáveis pela</p><p>exploração maciça das riquezas naturais e sociais daquilo que viria a ser, mais</p><p>tarde, chamado de ‘mundo subdesenvolvido’. Como produto, emergiu a exclusão</p><p>social predominante nos países mais pobres.</p><p>A globalização, nos moldes atuais, é comandada pelas grandes multinacionais e</p><p>pelo neoliberalismo. Assim, grandes corporações se instalam em muitos países</p><p>subdesenvolvidos em busca de matéria-prima abundante e mão de obra barata.</p><p>Essa mão de obra barata não encontra alternativa a não ser a de se sujeitar a</p><p>receber baixos salários, o que, em termos gerais, acaba configurando a origem</p><p>da miséria em todo o mundo.</p><p>Outro problema que se configura nesse processo é a grande dependência</p><p>econômica dos países mais pobres para com os mais ricos, ocasionada não só</p><p>pela colonização, mas, também, pelo imperialismo. Isso acontece, justamente,</p><p>por conta da integração econômica mundial, que sempre acompanhou a</p><p>globalização. Sendo assim, essas nações não apresentam as condições de</p><p>oferecer a infraestrutura, moradia e educação para a maioria da população, o que</p><p>também contribui para a intensificação da exclusão social.</p><p>Por conta dessa realidade, existem muitos movimentos antiglobalização que,</p><p>apesar do nome, não lutam, necessariamente, pelo fim da globalização, mas, sim,</p><p>para que ela ocorra de uma forma diferente, em que haja a inclusão das classes</p><p>sociais menos favorecidas, e que o conhecimento e os bens de consumo não</p><p>sejam privilégio de poucos. O principal movimento de contestação da</p><p>globalização é o Fórum Social Mundial.4”</p><p>Desigualdade social no Brasil: reflexo da globalização</p><p>6</p><p>“Apesar de estar sempre entre os dez melhores PIB (Produto Interno Bruto) do</p><p>mundo, o Brasil também figura entre os dez com maior desigualdade social,</p><p>segundo dados divulgados em março deste ano, no Relatório de Desenvolvimento</p><p>Humano (RDH), elaborado pelas Nações Unidas. O ranking, que é liderado pela</p><p>África do Sul, calcula a diferença de renda entre os habitantes, que varia de 0 a 1.</p><p>Quanto menor for o número, mais igualitária é a nação.</p><p>Figura II – PIB no mundo. Andrade (2013).</p><p>De acordo com os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)</p><p>de 2016, considera-se ‘‘extrema pobreza’’ as pessoas que vivem com, até, R$</p><p>234,25.5”</p><p>Andrade (2013), estudioso do assunto, analisou os dados fornecidos pela</p><p>Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH) e concluiu que,</p><p>ainda, existem mais de 20 milhões de brasileiros nessa situação.</p><p>Assim, infere-se que a globalização é muito importante para o desenvolvimento</p><p>das nações, porém, acaba por privilegiar os países mais ricos e,</p><p>consequentemente, aumenta a desigualdade social do planeta.</p><p>7</p><p>Notas</p><p>1 Disponível em: http://educacao.globo.com/artigo/globalizacao-comercio-mundial-formacao-de-</p><p>blocos-economicos.html. Acesso em: 29 jun. 2022.</p><p>2 Disponível em:</p><p>https://www.policiamilitar.mg.gov.br/conteudoportal/uploadFCK/ctpmbarbacena/0406201307325</p><p>3705.pdf. Acesso em: 29 jun. 2022.</p><p>3 Disponível em: https://mundoeducacao.uol.com.br/geografia/reflexos-globalizacao-no-</p><p>mundo.htm#:~:text=O%20processo%20de%20globaliza%C3%A7%C3%A3o%20tem,n%C3%A3</p><p>o%20percebamos%2C%20diversas%20mudan%C3%A7as%20acontecem. Acesso em: 29 jun.</p><p>2022.</p><p>4 Disponível em: https://mundoeducacao.uol.com.br/geografia/globalizacao-economica-exclusao-</p><p>social.htm#:~:text=Globaliza%C3%A7%C3%A3o%20econ%C3%B4mica%20vincula%2Dse%20</p><p>%C3%A0,emancipa%C3%A7%C3%A3o%20social%20dos%20mais%20pobres. Acesso em: 29</p><p>jun. 2022.</p><p>5 Disponível em: https://medium.com/@gabsjahn/desigualdade-social-reflexo-da-</p><p>globaliza%C3%A7%C3%A3o-</p><p>164e697da188#:~:text=Apesar%20de%20estar%20sempre%20entre,)%2C%20elaborado%20p</p><p>elas%20Na%C3%A7%C3%B5es%20Unidas. Acesso em: 29 jun. 2022.</p><p>Referências</p><p>ALMEIDA, L. M. A. de; RIGOLIN, T. B. Fronteiras da globalização. São Paulo:</p><p>Ática, 2010.</p><p>ANDRADE, A. T. de et al. A unificação da cultura e comportamentos do processo</p><p>de migração dos bancos Real/Santander. Fórum de Administração, v. 4, n. 1,</p><p>2013.</p><p>KOTABE, M. H.; HELSEN, K. Administração de marketing global. São Paulo:</p><p>Atlas, 2000.</p><p>MIGLIOLI, J. A globalização em uma visão histórica. Estudos de Sociologia, v. 4,</p><p>n. 6, 2008.</p><p>http://educacao.globo.com/artigo/globalizacao-comercio-mundial-formacao-de-blocos-economicos.html</p><p>http://educacao.globo.com/artigo/globalizacao-comercio-mundial-formacao-de-blocos-economicos.html</p><p>https://www.policiamilitar.mg.gov.br/conteudoportal/uploadFCK/ctpmbarbacena/04062013073253705.pdf</p><p>https://www.policiamilitar.mg.gov.br/conteudoportal/uploadFCK/ctpmbarbacena/04062013073253705.pdf</p><p>https://mundoeducacao.uol.com.br/geografia/reflexos-globalizacao-no-mundo.htm#:~:text=O%20processo%20de%20globaliza%C3%A7%C3%A3o%20tem,n%C3%A3o%20percebamos%2C%20diversas%20mudan%C3%A7as%20acontecem</p><p>https://mundoeducacao.uol.com.br/geografia/reflexos-globalizacao-no-mundo.htm#:~:text=O%20processo%20de%20globaliza%C3%A7%C3%A3o%20tem,n%C3%A3o%20percebamos%2C%20diversas%20mudan%C3%A7as%20acontecem</p><p>https://mundoeducacao.uol.com.br/geografia/reflexos-globalizacao-no-mundo.htm#:~:text=O%20processo%20de%20globaliza%C3%A7%C3%A3o%20tem,n%C3%A3o%20percebamos%2C%20diversas%20mudan%C3%A7as%20acontecem</p><p>https://mundoeducacao.uol.com.br/geografia/globalizacao-economica-exclusao-social.htm#:~:text=Globaliza%C3%A7%C3%A3o%20econ%C3%B4mica%20vincula%2Dse%20%C3%A0,emancipa%C3%A7%C3%A3o%20social%20dos%20mais%20pobres</p><p>https://mundoeducacao.uol.com.br/geografia/globalizacao-economica-exclusao-social.htm#:~:text=Globaliza%C3%A7%C3%A3o%20econ%C3%B4mica%20vincula%2Dse%20%C3%A0,emancipa%C3%A7%C3%A3o%20social%20dos%20mais%20pobres</p><p>https://mundoeducacao.uol.com.br/geografia/globalizacao-economica-exclusao-social.htm#:~:text=Globaliza%C3%A7%C3%A3o%20econ%C3%B4mica%20vincula%2Dse%20%C3%A0,emancipa%C3%A7%C3%A3o%20social%20dos%20mais%20pobres</p><p>https://medium.com/@gabsjahn/desigualdade-social-reflexo-da-globaliza%C3%A7%C3%A3o-164e697da188#:~:text=Apesar%20de%20estar%20sempre%20entre,)%2C%20elaborado%20pelas%20Na%C3%A7%C3%B5es%20Unidas</p><p>https://medium.com/@gabsjahn/desigualdade-social-reflexo-da-globaliza%C3%A7%C3%A3o-164e697da188#:~:text=Apesar%20de%20estar%20sempre%20entre,)%2C%20elaborado%20pelas%20Na%C3%A7%C3%B5es%20Unidas</p><p>https://medium.com/@gabsjahn/desigualdade-social-reflexo-da-globaliza%C3%A7%C3%A3o-164e697da188#:~:text=Apesar%20de%20estar%20sempre%20entre,)%2C%20elaborado%20pelas%20Na%C3%A7%C3%B5es%20Unidas</p><p>https://medium.com/@gabsjahn/desigualdade-social-reflexo-da-globaliza%C3%A7%C3%A3o-164e697da188#:~:text=Apesar%20de%20estar%20sempre%20entre,)%2C%20elaborado%20pelas%20Na%C3%A7%C3%B5es%20Unidas</p>

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