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S03: TÉTANO 1) Quais as manifestações clínicas do tétano e sua relação com as alterações no Sistema Nervoso? O tétano é uma doença infecciosa não contagiosa, causada pela ação da toxina do Clostridium tetani sobre as células nervosas do Sistema Nervoso Central (SNC). Essa toxina interfere na liberação de neurotransmissores inibitórios, resultando em hiperatividade das células nervosas e levando a uma série de alterações no SNC. As manifestações clínicas incluem a manutenção do nível de consciência, hipertonia muscular, espasmos intensos, insuficiência respiratória aguda e disautonomia, que refletem a disfunção no controle autônomo do organismo causada pela toxina. 2) Qual o mecanismo de ação da toxina tetânica no Sistema Nervoso Central e Sistema Nervoso Periférico? • Sistema Nervoso Central (SNC): O Clostridium tetani pode penetrar na musculatura ou em tecidos moles próximos a lesões. Em condições de anaerobiose, a bactéria produz toxinas, que então se dirigem à junção neuromuscular. A toxina tetânica penetra no axônio dos neurônios motores e utiliza o sistema de transporte axonal retrógrado para se deslocar até o Sistema Nervoso Central. No SNC, a toxina interfere no mecanismo de liberação de neurotransmissores inibitórios, como a glicina e o GABA, comprometendo a função normal dos neurônios inibitórios. • Sistema Nervoso Periférico (SNP): Na região do corno anterior da medula espinhal, a toxina penetra nos axônios dos neurônios inibidores que utilizam glicina ou GABA como mediadores. Ao bloquear a liberação desses neurotransmissores inibitórios, a toxina provoca hiperexcitabilidade dos neurônios motores, levando à contração muscular sustentada e espasmos característicos do tétano. Esse bloqueio na sinalização inibitória é o que resulta nos espasmos musculares involuntários associados à doença. O tétano, causado pelo agente etiológico bacteriano anaeróbio Clostridium tetani, tem grande relevância epidemiológica para a saúde pública. É essencial compreender as principais manifestações clínicas e os efeitos da toxina tetânica a nível sistêmico, com atenção especial aos sistemas muscular e nervoso. Conhecer a história clínica e os mecanismos por trás do acometimento tetânico facilita o raciocínio diagnóstico na prática clínica, tornando-se uma ação fundamental para o manejo adequado do paciente afetado. REFERÊNCIAS: PORTH, C.M.; MATFIN, G. Fisiopatologia. 8ª ed. Guanabara Koogan, 2010.