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<p>O Currículo</p><p>Por: Albertino G. D. V. de Minezes</p><p>1</p><p>Currículo (conceitualização)</p><p>Para melhor entender a função do currículo dentro da escola é preciso ter uma ideia sobre sua definição e sobre o que ele representa. Várias são as definições atribuídas a este conceito, ou seja, cada autor adopta uma definição.</p><p>Como afirma (PACHECO, 2007:48) “há diversas concepções de currículo e não existe um consenso acerca de sua definição”. Tal termo já foi “associado a rol de conteúdos escolares, matriz curricular, programas de ensino, acções práticas no contexto escolar e a todos esses factores em conjunto”.</p><p>2</p><p>Cont.</p><p>Ainda, conforme PACHECO (2007:48) “o termo currículo vem do latim curriculum que significa lugar onde se corre ou corrida, derivado do verbo currere que quer dizer percurso a ser seguido ou carreira. Neste sentido, o significado de currículo refere-se “a um curso a ser seguido, a um conteúdo a ser estudado”. Reflete, assim, “uma sequência de conteúdos definidos socialmente, com base em sequências definidas para o processo de aprendizagem”.</p><p>Citando RIBEIRO, GALEÃO (2005) diz que “o currículo é um conjunto organizado de disciplinas distribuídas de forma variada ao longo dos períodos lectivos”.</p><p>3</p><p>Cont.</p><p>Assim, de acordo com o que foi visto pode-se entender que o currículo é o percurso que leva a aprendizagem, mas é importante que o ambiente educacional o formule de acordo com as necessidades dos educandos, levando em consideração suas limitações, por isso o currículo deve ser flexível para atender a todos.</p><p>O currículo é uma acção pedagógica intencional. A escola precisa reflectir como produzirá sentidos e significados para os alunos por meio da selecção de conteúdos e actividades, promovendo o estímulo do pensamento crítico com a articulação dos elementos políticos e culturais.</p><p>4</p><p>HISTÓRIA DO CURRÍCULO</p><p>Em geral, a história do currículo começa a ser contada a partir da democratização do ensino, que nos Estados Unidos se deu no início do século XX. Deste tempo, sobressaem as ideias de John Dewey sobre a educação, expressas num breve ensaio publicado em 1902, intitulado The child and the curriculum, onde lança os fundamentos da escola progressista, que tem na criança o centro das preocupações da construção do currículo.</p><p>No entanto, Franklin Bobbit (1918), com o seu famoso livro The curriculum, que é usualmente reconhecido como o pai do currículo em educação. Este autor apresenta um modelo, com pretensão científica que, segundo ele, dava resposta à preocupação de preparar todos os jovens para sua vida adulta futura.</p><p>5</p><p>Cont.</p><p>Inspirado nas ideias de Taylor, que escreve, em 1911, The principles of scientific management — um manual para a reorganização eficiente da produção industrial em larga escala — Bobbit associa a escola à fábrica, a criança à matéria-prima a ser moldada em adulto, o produto final visado, através da acção do professor, visto como o operário, orientado pelo supervisor com as funções do capataz, obedecendo ao director da escola, o patrão.</p><p>6</p><p>CONTEXTOS /NÍVEIS DE DECISÃO CURRICULAR</p><p>Quem decide o currículo? Quanto há de autonomia do professor e do aluno para realmente construírem o conhecimento?</p><p>O currículo está em constante desenvolvimento. Trata-se de uma construção social que se dá em diversos contextos correspondentes às fases e às etapas diferentes e que envolvem instâncias diferentes.</p><p>De modo geral, segundo PACHECO (1996:68), podem-se considerar três contextos para a decisão curricular:</p><p>7</p><p>Cont.</p><p>Político-administrativo: administração geral ou governo que definem as regras gerais para os currículos em todo o país;</p><p>De gestão: é a escola e a administração regional (delegacias regionais de ensino). São as instâncias que operacionalizam e viabilizam as decisões apresentadas pela instância anterior;</p><p>De realização: sala de aula, instância em que há o trabalho dos conteúdos decididos nos currículos.</p><p>8</p><p>ORGANIZAÇÃO DOS CONTEÚDOS</p><p>O desenvolvimento curricular implica entender sobre o sujeito e como se dá o seu processo de aprendizagem, respeitando e valorizando a sua individualidade, como os alunos pensam a edu­cação e por quais motivos eles aprendem.</p><p>Toda organização curricular deve levar em conta as características dos alunos, sejam elas indi­viduais, sociais ou culturais. Dessa forma, considera-se que o currículo é estruturado para que os alunos possam efectivamente aprender, resguardando seu interesse e não considerando somente interesses políticos ou ideológicos.</p><p>9</p><p>Cont.</p><p>Segundo PACHECO (1996), não é uma tarefa fácil identificar e selecionar os conteúdos curricula­res objectivando o interesse do aluno. Entre as dificuldades que se pode encontrar, destacam-se:</p><p>Como realmente identificar os interesses dos alunos;</p><p>Como identificar que esses interesses são demandas consistentes de trabalho;</p><p>Como chegar a um consenso de currículo diante dos vários interesses;</p><p>Como planificar as actividades diante das demandas identificadas;</p><p>Será que uma criança com um ambiente social mais limitado terá clareza dos seus interesses?</p><p>10</p><p>AS TEORIAS CURRICULARES (CRÍTICA; PRÁTICA E TÉCNICA)</p><p>As três diferentes perspectivas curriculares aqui referidas, a dos tradicionalistas, dos empiristas conceptuais e dos reconceptualistas, estão na base das três principais teorias curriculares sistematizadas por PACHECO (1996), tendo em conta a categorização de KEMMIS (1988). Identifica a teoria técnica, a prática e a crítica, que se distinguem em variados aspectos, que apresento sistematizados no quadro seguinte:</p><p>11</p><p>Cont.</p><p>Técnica	Prática	Crítica</p><p>Legitimidade	Normativa	Processual	Discursiva</p><p>Racionalidade	Técnica	Prática	Comunicativa</p><p>Ideologia	Burocrática	Pragmática	Crítica</p><p>Interesse	Técnico	Prático	Emancipatório</p><p>Discurso	Científico	Humanista	Dialéctico</p><p>Organização	Burocrática	Liberal	Participativa</p><p>Acção	Tecnicista	Racional	Emancipatória</p><p>Relação teoria-prática	Teoria prática	Teoria prática	Teoria prática</p><p>Conceitos de</p><p>Currículo	Produto ou</p><p>conteúdos</p><p>organizados em</p><p>disciplinas;</p><p>Currículo como</p><p>texto a interpretar;</p><p>Currículo como</p><p>Projecto;	Práxis;</p><p>Acção argumentativa.</p><p>12</p><p>Cont.</p><p>Para a teoria técnica, não obstante a pluralidade de visões e variantes sobre o currículo, esta é essencialmente vista como um produto, relativo a uma série de experiências de aprendizagem dos alunos, organizadas pela escola a partir de um plano pré-determinado.</p><p>Para PACHECO (1996), em teoria prática, "o currículo é olhado como um processo, definindo-se como uma proposta que pode ser interpretada pelos professores, de modos distintos, e adequada a diferentes contextos, englobando a interacção didáctica que existe ao nível da sala de aula".</p><p>Para a teoria crítica, o currículo é o resultado da acção colectiva dos professores, portadores de uma consciência crítica e agrupados segundo interesses e experiências desejadas pelos que participam nas actividades escolares.</p><p>13</p><p>TIPOS DE CURRÍCULO</p><p>PLATT & ABRAHÃO (s.d) apontam que no contexto escolar coexistem três tipos de currículo. Assim, na sequência será descrito três faces do currículo: o formal, o informal e o oculto:</p><p>Currículo Formal</p><p>De acordo com LIBÂNEO & OLIVEIRA (2003), o currículo conceituado como formal e que pode ser chamado de oficial, foi estabelecido pelo sistema educacional, expresso em normas curriculares, desde seus objectivos até os conteúdos das áreas ou disciplinas de estudo.</p><p>Neste sentido os autores apontam que o currículo não é estático, pois está em constantes mudanças feitas pelo ambiente educacional.</p><p>14</p><p>Cont.</p><p>Currículo Informal</p><p>Refere-se a todas as actividades estruturadas ou não estruturadas que decorram para além das actividades lectivas dos alunos. Pode considerar-se parte do currículo informal actividades como: visitas de estudo, actividades desportivas, cívicas, culturais que decorrem na escola como actividades extra-lectivas. No sistema educativo actual são exemplo, os clubes, o desporto escolar,</p><p>as associações de estudantes, entre outras.</p><p>No entanto estas actividades informais não devem estar dissociadas das actividades formais, visto que não deverão prejudicar o desenrolar das actividades formais.</p><p>15</p><p>Cont.</p><p>Currículo Oculto</p><p>De acordo com KELLY (1980), "currículo oculto identifica-se com os factos aprendidos pelos estudantes na escola, porque o trabalho escolar é planejado e ordenado, separando-se o aprendizado das funções sociais e sexuais, assim como os papéis e comportamentos relacionados a diferentes aspectos da vida".</p><p>O currículo oculto é assim chamado por não se mostrar de forma clara, não é prescrito, não aparece no planejamento, embora constitua importante factor de aprendizagem.</p><p>16</p><p>Bibliografia</p><p>BOBBITT, F. The curriculum. New York: Houghton Mifflin, 1918.</p><p>FREIRE, P. A educação na Cidade, São Paulo: Cortez, 1993.</p><p>GALEÃO, R. F. B. C. Desenvolvimento curricular: análise de projectos curriculares, Monografia, 2005.</p><p>LEMOS, M. F. Currículo escolar e construção cultural: uma análise, Dialogia, São Paulo, 2006.</p><p>MEDEIROS, A. S. ET AL. Currículo formal: vivencia e experiência no cotidiano escolar, S/D.</p><p>PACHECO, J. A. Currículo: Teoria e Praxis, Porto Editora, 1996.</p><p>PACHECO, M. M. D. R. Currículo, interdisciplinaridade e organização dos processos de ensino, Fundação Hermínio Ometto / Uniararas, 2007.</p><p>PLATT, D. A. & ABRAHÃO, L. T. S. Gestão escolar, currículo e ppp: análise aos eixos filosóficos fundamentais para a construção da rotina escolar, S/D.</p><p>SACRISTÁN, J.G. Currículo e diversidade cultural. In: SILVA, T. T. & MOREIRA, F. (Orgs.) Territórios contestados: o currículo e os novos mapas políticos e culturais. Petrópolis: Vozes, 1995.</p><p>17</p>

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