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<p>CENTRO UNIVERSITÁRIO DAS FACULDADES ASSOCIADAS DE</p><p>ENSINO - FAE</p><p>SANDRA REGINA TREVISAN GONÇALVES DOS SANTOS</p><p>READAPTAÇÃO AO TRABALHO: PERCEPÇÃO DE</p><p>GESTORES E REABILITADOS REINTEGRADOS À</p><p>EMPRESA</p><p>SÃO JOÃO DA BOA VISTA - SP</p><p>2017</p><p>CENTRO UNIVERSITÁRIO DAS FACULDADES ASSOCIADAS DE</p><p>ENSINO - FAE</p><p>SANDRA REGINA TREVISAN GONÇALVES DOS SANTOS</p><p>READAPTAÇÃO AO TRABALHO: PERCEPÇÃO DE</p><p>GESTORES E REABILITADOS REINTEGRADOS À</p><p>EMPRESA</p><p>Dissertação apresentada ao Programa de Pós-</p><p>Graduação Interdisciplinar do Centro</p><p>Universitário das Faculdades Associadas de</p><p>Ensino - FAE, como parte dos requisitos exigidos</p><p>para obtenção do título de Mestre em Educação,</p><p>Ambiente e Sociedade.</p><p>Área de concentração: Desenvolvimento</p><p>Humano em Sociedades Complexas</p><p>Linha de pesquisa: Desenvolvimento</p><p>Sustentável</p><p>ORIENTADOR: PROF.º DR.º LUCIEL HENRIQUE DE OLIVEIRA</p><p>SÃO JOÃO DA BOA VISTA - SP</p><p>2017</p><p>CENTRO UNIVERSITÁRIO DAS FACULDADES ASSOCIADAS DE</p><p>ENSINO - FAE</p><p>SANDRA REGINA TREVISAN GONÇALVES DOS SANTOS</p><p>READAPTAÇÃO AO TRABALHO: PERCEPÇÃO DE</p><p>GESTORES E REABILITADOS REINTEGRADOS À</p><p>EMPRESA</p><p>DATA DA APROVAÇÃO:</p><p>__________________________________________________________________________</p><p>PROF.º DR.º LUCIEL HENRIQUE DE OLIVEIRA</p><p>UNIFAE</p><p>__________________________________________________________________________</p><p>PROF.ª DR.ª ANA CRISTINA LIMONGI-FRANÇA</p><p>FEA/USP</p><p>__________________________________________________________________________</p><p>PROF.ª DR.ª LAURA FERREIRA DE REZENDE FRANCO</p><p>UNIFAE</p><p>SÃO JOÃO DA BOA VISTA - SP</p><p>2017</p><p>AGRADECIMENTOS</p><p>A Deus por sempre iluminar meu caminho, me dar força nos momentos</p><p>difíceis, fazer das dores e angústias passageiras e as alegrias permanentes. Por</p><p>ser tudo em minha vida.</p><p>Aos meus queridos pais, Antônio e Cecília, exemplos de vida e de</p><p>superação, sempre me mostrando que preciso seguir em frente independente de</p><p>quantas pedras poderei encontrar pelo caminho. Vocês jamais deixaram de</p><p>acreditar, incondicionalmente, em mim.</p><p>Ao meu marido Carlos Eduardo por todo carinho, apoio e compreensão.</p><p>Obrigada por sempre estar presente, me apoiar, me cuidar e acreditar em meus</p><p>sonhos.</p><p>Ao querido orientador Prof.º Dr.º Luciel Henrique de Oliveira, essencial para</p><p>a realização deste trabalho. Obrigada pela confiança, paciência e incentivo. Um</p><p>exemplo de ser humano que me ensinou que com dedicação, foco e força de</p><p>vontade se chega a qualquer lugar. Obrigada por compartilhar de forma tão</p><p>generosa o seu conhecimento. Minha eterna gratidão.</p><p>Meus agradecimentos a todos os funcionários, docentes, coordenadores,</p><p>pró-reitores e reitor da UNIFAE, pela amizade e apoio.</p><p>Agradeço à Gerência Executiva do INSS e sua equipe que permitiu a</p><p>realização desta pesquisa, aos trabalhadores reabilitados e aos gestores que</p><p>participaram desta pesquisa, demonstrando que, com um pouco de sensibilidade</p><p>e boa vontade, o ambiente de trabalho pode ser um lugar transformador.</p><p>Aos professores membros da banca de qualificação, Dr.ª Carmen Beatriz</p><p>Rodrigues Fabriani e Dr.ª Laura Ferreira de Rezende Franco pelos pertinentes</p><p>apontamentos que engrandeceram este estudo, e aos membros da banca de</p><p>defesa, em especial à Dr.ª Ana Cristina Limongi-França, por ter gentilmente</p><p>aceitado participar da minha banca, contribuindo imensamente com seu</p><p>conhecimento e preciosas orientações, frutos de suas valiosas pesquisas e</p><p>estudos na área da Qualidade de Vida no Trabalho.</p><p>A todos os meus colegas do Programa de Pós-Graduação Interdisciplinar</p><p>em Educação, Ambiente e Sociedade, que lado a lado me acompanharam,</p><p>contribuíram e me fortaleceram nessa caminhada e, de modo especial, a amiga</p><p>Maria Auxiliadora de Oliveira, Rebeca Ferreira, Cleida Vital, Romilson Lima, Edson</p><p>Elídio, Fábio Vilela e aos professores Dr.º Lucas Vieira Dutra e Dr.ª Betânia Alves</p><p>Veiga Dell´Agli.</p><p>E, especialmente aos meus amigos, aqueles que estiveram em todos os</p><p>momentos comigo, sendo estes alegres e engraçados, e também em situações</p><p>difíceis, em especial a Ana Paula Martins, Sandra Ferreira, Juliana Venâncio e</p><p>Fabiana Fantini. São mais que amigas, são irmãs muito especiais e que levarei</p><p>para sempre comigo.</p><p>Por fim, deixo o meu muito obrigada a todos que torceram e acreditaram na</p><p>pesquisa, em meu futuro e na realização desse sonho!</p><p>A vocês dedico este trabalho!</p><p>“O mais valioso dos capitais é aquele investido em seres humanos.”</p><p>(Alfred Marshall)</p><p>BIOGRAFIA DA AUTORA</p><p>SANDRA REGINA TREVISAN GONÇALVES DOS SANTOS</p><p>Mestre em Educação, Ambiente e Sociedade (UNIFAE); Especialista em Educação</p><p>Empreendedora (UFSJ); Graduada em Comunicação Social/Jornalismo (UNIFAE);</p><p>Graduada em Letras/Licenciatura plena em Português/Inglês (UNIFEOB). De 2009 a</p><p>2015 pelo SENAI/SP atuou como Professora de Formação Inicial e Qualificação</p><p>Profissional em diversos cursos e treinamentos. Responsável pela capacitação e</p><p>reinserção de trabalhadores reabilitados após afastamento do trabalho em postos</p><p>compatíveis em diversas empresas da região. Atuou numa multinacional de grande</p><p>porte como Consultora em Desenvolvimento do Potencial Humano, Relacionamento</p><p>Interpessoal e Humanização, inserindo sensibilização e motivação dentro da empresa,</p><p>capacitando 195 preparadores. Atuou como Assessora de Comunicação da</p><p>Associação dos Engenheiros, Arquitetos e Agrônomos - AEA (gestão 2009/2011),</p><p>sendo responsável pela criação e implantação da Revista de Engenharia Civil - "Planta</p><p>News". Jornalista responsável pela Assessoria de Comunicação da Prefeitura</p><p>Municipal da Estância Hidromineral de Águas da Prata (gestão 2004/ 2008), atuando</p><p>também na criação e implantação do jornal "O Pratense" para a comunidade local.</p><p>Possui mais de 15 anos de experiência em Educação e Comunicação. É palestrante</p><p>motivacional e atualmente desenvolve oficinas e treinamentos voltados para</p><p>Educação, Comunicação, Motivação, Humanização, Liderança e Desenvolvimento</p><p>Humano no ambiente de trabalho.</p><p>E-mail para contato: sandracomunicacao@gmail.com</p><p>RESUMO</p><p>A reintegração dos trabalhadores afastados pelo Instituto Nacional do Seguro Social</p><p>(INSS) é um processo moroso. Melhorar a qualidade de vida e a produtividade no</p><p>ambiente de trabalho são fatores primordiais para a empresa. De um lado, empresas</p><p>com sistemas que buscam resultados sem interesse pelo ser humano. Do outro,</p><p>desmotivação e humilhação dos colaboradores que procuram reconhecimento e</p><p>valorização. Adoecer vai além da condição humana, compromete saúde e dignidade.</p><p>Diante desta realidade do mundo do trabalho, este estudo objetivou verificar a</p><p>percepção de gestores e reabilitados reintegrados após afastamento do trabalho à</p><p>empresa, identificando os pontos mais críticos e que devem ser priorizados na busca</p><p>de uma melhor qualidade de vida para os reabilitados. Foi realizado um estudo</p><p>qualitativo com a realização de entrevistas semiestruturadas, da qual participaram dez</p><p>trabalhadores que estiveram afastados em virtude do trabalho, por um período</p><p>superior a 30 dias, no intervalo de 10/09/2016 a 10/04/2017 e seus gestores que estão</p><p>atualmente liderando ou que já lideraram esses trabalhadores. A pesquisa teve como</p><p>parâmetro a realidade de municípios pertencentes à Gerência Executiva do INSS de</p><p>São João da Boa Vista - SP. A coleta de dados foi feita utilizando gravação em áudio,</p><p>ficha de identificação e roteiro de entrevistas, mediante autorização dos participantes</p><p>e submetidos à análise de conteúdo, de acordo com Bardin (2002), a partir da seleção</p><p>de categorias de análise, onde focalizou duas categorias principais: o acidente de</p><p>trabalho e/ou doença e o retorno</p><p>CRUZ, 2013).</p><p>Segundo Bachmann et al (2010), a reabilitação pode ser entendida como uma</p><p>entre quatro estratégias de saúde que incluem também a prevenção, a cura e suporte.</p><p>Quando o grau de incapacidade laborativa é parcial e permite o retorno ao trabalho</p><p>sem risco de vida ou agravamento, a situação não se configura em aposentadoria,</p><p>podendo o trabalhador ser readaptado/reabilitado na mesma função/cargo ou em</p><p>atividades diferentes das que lhe cabe. Nessas situações, a experiência em</p><p>abordagem disciplinar evidencia os esforços no sentido de unir concepções para</p><p>visualizar o indivíduo como um todo, assegurando por meio de seus métodos e</p><p>conceitos técnicos a concepção integral do trabalhador.</p><p>Se por um lado o trabalho é reconhecido como uma das fontes de satisfação</p><p>de diversas necessidades humanas, como auto realização, manutenção de relações</p><p>39</p><p>interpessoais e sobrevivência, por outro, pode-se observar condições de trabalho que</p><p>pouco têm favorecido a preservação e promoção da saúde do trabalhador, como</p><p>problemas emocionais que acarretam acidentes ou doenças relacionadas ao trabalho</p><p>que podem agravar ainda mais se, no trabalho, antes do agravo, no processo de</p><p>reinserção, houver fator de sofrimento, um novo ou outro processo de depressão e</p><p>isolamento (CESTARI e CARLOTTO, 2012).</p><p>Apesar de tentar a reintegração dos reabilitados com os demais funcionários</p><p>da empresa e com seus gestores, existe uma lacuna para que se consiga manter o</p><p>relacionamento. Não é apenas contratar pessoas reabilitadas, mas oferecer novas</p><p>possibilidades para que possam desenvolver seus talentos e permanecer na empresa,</p><p>atendendo aos critérios de desempenho previamente estabelecidos (GILMORE,</p><p>2002).</p><p>O Programa de Reabilitação Profissional ainda hoje encontra dificuldades em</p><p>superar o preconceito sofrido pelos reabilitados no seu retorno devido à desconfiança</p><p>em relação a real capacidade contributiva do trabalhador, num conceito de</p><p>globalização em um mundo competitivo e empresarial (BRASIL. 2005).</p><p>De um lado a falta de verba disponibilizada para programas de reabilitação nas</p><p>Agências de Previdências Social (APS) compromete e fragiliza o sistema</p><p>previdenciário como um todo. Além disso, o atual sistema tende a ser falho, pois o</p><p>modelo que fundamenta o programa de reabilitação profissional possui lacunas nas</p><p>políticas de prevenção de acidentes e doenças no trabalho vinculado às ações de</p><p>reabilitação e retorno ao trabalho nas empresas de vínculos, favorecendo</p><p>afastamentos prolongados e inviabilizando o retorno ao trabalho em postos</p><p>compatíveis de maneira sustentável (BRASIL. 2005).</p><p>Do outro lado, na maioria das vezes as empresas estão despreparadas para</p><p>enfrentar o adoecimento de seus trabalhadores. Essas organizações tratam seus</p><p>trabalhadores de maneira fragmentada, na qual o ambiente de trabalho e os valores</p><p>do indivíduo muitas vezes, são ignorados e desrespeitados, ameaçando seus direitos</p><p>sociais e tornando-os refém do sistema. Trabalhadores que foram afastados pelo</p><p>INSS e que recebem alta, quando reinseridos em suas empresas de vínculos são</p><p>colocados à mercê de sua própria sorte e devolvidos para o mercado de trabalho sem</p><p>preparo e requalificação (BRASIL. 2005).</p><p>40</p><p>O Conselho Nacional de Previdência Social (2005:251-283 apud PEREIRA,</p><p>2013) descreve sobre a preocupação do Estado e os objetivos a serem alcançados</p><p>na Reabilitação Profissional:</p><p>(...) a reabilitação profissional, durante muito tempo, foi relegada ao segundo</p><p>plano por desconhecimento da Casa e do próprio segurado, mas que com a</p><p>nova proposta foi ressaltada a sua importância e obrigatoriedade (...) [se]</p><p>Apresentou o impacto econômico da Reabilitação Profissional no ano de</p><p>2003, informando que 14.909 segurados retornaram ao trabalho; que,</p><p>considerando o valor médio do benefício, de R$416,16, o valor total que foi</p><p>pago pelo INSS durante treze meses, acrescidos do décimo terceiro salário,</p><p>seria de R$80.658.882,72; que, com o retorno desses contribuintes ao</p><p>trabalho, pagando uma contribuição 275 de cerca de R$104,00, arrecadou-</p><p>se o total de R$20.164.720,78, totalizando, portanto, a diminuição das</p><p>despesas e o retorno da contribuição em R$100.823.603,40, dos quais,</p><p>subtraindo-se as despesas com a Reabilitação profissional, correspondentes</p><p>a R$3.510.297,66, haveria como resultado líquido o valor de</p><p>R$97.313.305,74 em recursos que o INSS teria deixado de gastar. Quanto</p><p>ao impacto econômico da Reabilitação Profissional no ano de 2004, informou</p><p>que, apesar da greve dos funcionários do INSS em 2003 e do</p><p>contingenciamento de verbas da área, ainda houve uma significativa</p><p>economia para o INSS, com o retorno de 14.912 profissionais ao trabalho.</p><p>1.1.5 OUTROS PROGRAMAS DE REABILITAÇÃO PROFISSIONAL</p><p>A primeira legislação brasileira para acidentes de trabalho data de 1919 e</p><p>baseava-se no conceito de risco profissional, ou seja, considerava-o como risco</p><p>próprio da profissão e sustentava-se no princípio da uni causalidade – somente era</p><p>reconhecido como acidente de trabalho ou doença de trabalho aquilo que se</p><p>relacionava exclusivamente com a atividade exercida. Até hoje, em muitos casos, as</p><p>leis trabalhistas continuam não sendo cumpridas, sendo comum burlar tal direito por</p><p>parte das empresas. Existem notificações de acidentes e doenças na qual o médico,</p><p>“mediador do acesso do trabalhador aos direitos sociais a que faz jus” (CARMO et al,</p><p>1995), nega-se a reconhecer ou até mesmo emitir a CAT – Comunicação de Acidente</p><p>de Trabalho.</p><p>Rossi et al (2007) diz que a reabilitação profissional é um direito previsto em lei</p><p>ao trabalhador, mas o aparato oferecido ainda é limitante.</p><p>No Brasil, o Modelo Sherbrooke serviu de base para a apresentação de uma</p><p>nova proposta de Reabilitação Profissional. O projeto teve como objetivo promover,</p><p>em conjunto com as áreas da saúde, trabalho e previdência social, a reinserção de</p><p>trabalhadores com restrições físicas e psíquicas nos ambientes de trabalho (BRASIL,</p><p>41</p><p>2010); Takahashi et al (2010) realizaram um estudo sobre o relato de experiência do</p><p>Programa de Reabilitação Profissional para trabalhadores com incapacidades por</p><p>LER/DORT do CEREST - Piracicaba, SP.</p><p>Os autores concluíram que a divergência entre a lógica do cuidado do SUS</p><p>(assistência e prevenção) e a do INSS (agência seguradora) reflete-se em</p><p>contradições e conflitos cotidianos, que aparecem na condução dos casos e podem</p><p>comprometer o tratamento, a prevenção secundária precoce e a reabilitação</p><p>profissional.</p><p>Até 1990 não havia boa estrutura na Previdência Social, mas ainda assim</p><p>contava com a avaliação multiprofissional. Em 2000 houve a descentralização da</p><p>reabilitação profissional das agências do INSS, mas não houve adequada estrutura</p><p>técnica administrativa, nem espaço físico, formação de equipe e as ferramentas</p><p>adequadas par acolher os trabalhadores (ROSSI et al, 2007).</p><p>Sendo assim, a parceria institucional entre o CEREST - Piracicaba e a</p><p>implantação do Programa Reabilita em 2000, que desde a sua implantação tem a</p><p>previsão de que suas ações ocorram no âmbito das Agências da Previdência Social –</p><p>APS em integração com a perícia médica e articulada com os demais serviços do</p><p>INSS, foi uma saída coletiva estratégica e permitiu a construção de um fluxo facilitador</p><p>em reabilitação profissional, minimizando as dificuldades na execução dos programas</p><p>e na intervenção nas empresas por ocasião do retorno ao trabalho dos reabilitados.</p><p>Além do programa CEREST – Piracicaba, outras medidas devem ser tomadas,</p><p>como a implantação dos conceitos teóricos da Classificação de Incapacidade e</p><p>Funcionalidade (CIF) na avaliação de incapacidade dos médicos-peritos do INSS e a</p><p>capacitação em Ergonomia, pela abordagem da AET, de médicos-peritos do INSS que</p><p>contribuiria potencialmente para a desconstrução da ideologia do trabalho</p><p>“ominiprofissional”.</p><p>No Programa de Reabilitação do CEREST – Piracicaba,</p><p>que foi idealizado</p><p>sobre os conceitos de reabilitação precoce preditos pelo Modelo Sherbrooke, outro</p><p>programa já havia sido idealizado, o Programa de Reabilitação Amplificado (PRA):</p><p>uma abordagem multidisciplinar do processo de reabilitação profissional (BARTILOTTI</p><p>et al, 2009). Tal programa foi desenvolvido a partir de uma demanda do Ministério</p><p>Público do Trabalho (MPT) 12ª Região, mediante denuncia de uma alta prevalência</p><p>(10%) de doenças ocupacionais; em especial LER/DORT e transtornos mentais, em</p><p>42</p><p>uma empresa do ramo de produção e abate de aves e suínos do meio oeste de Santa</p><p>Catarina. A partir do estabelecimento de parcerias entre o INSS, Centro de Referência</p><p>Estadual em Saúde do Trabalhador (CEREST/SC), Universidade Federal de Santa</p><p>Catarina (UFSC) e MPT 12ª Região, o PRA foi desenvolvido como uma proposta de</p><p>Termo de Ajuste de Conduta (TAC), sendo um projeto único no Brasil e constituído de</p><p>três pilares: assistencial, vigilância e requalificação.</p><p>Segundo os autores, um grande número de trabalhadores apresentou melhoras</p><p>significativas nos indicadores qualidade de vida, saúde global, capacidade funcional,</p><p>depressão e aumento da amplitude de movimento, onde 64% dos 271 trabalhadores</p><p>atendidos retornaram ou estão retornando ao trabalho, o que pode concluir que a partir</p><p>desta experiência é que o processo de reabilitação profissional deve abordar esta</p><p>problemática a partir de um enfoque biopsicossocial. O foco principal da equipe de</p><p>reabilitação não é na patologia instalada e sim o restabelecimento das capacidades</p><p>funcionais e desenvolvimento de novas possibilidades, a partir do grau de</p><p>funcionalidade e escolaridade do trabalhador (BARTILOTTI et al, 2009).</p><p>Takahashi (2000) abordou a avaliação dos resultados de um modelo</p><p>assistencial inovador para adoecidos por LER/DORT (Modelo Assistencial de</p><p>LER/DORT do CRP-Campinas), desenvolvido no Centro de Reabilitação Profissional</p><p>de Campinas do Instituto Nacional de Seguro Social. Dois objetivos foram propostos</p><p>pelo estudo: o de reconstituir o programa como precondição da avaliação e o de</p><p>avaliar a efetividade do modelo assistencial adotado quanto ao objetivo de resgatar a</p><p>autonomia dos adoecidos. Neste sentido, resultou-se uma elevada efetividade do</p><p>modelo adotado, comportando variações nas diferentes dimensões examinadas.</p><p>De acordo com Rosin-Pinola et al (2004), a reabilitação deve ser entendida</p><p>como uma readaptação profissional na qual deve fornecer meios adequados para o</p><p>reingresso do segurado no mercado de trabalho e em seu contexto social.</p><p>O Brasil é apontado como um dos piores países em distribuições de renda, e</p><p>dessa forma a Previdência Social tem sido vista como um instrumento de combate à</p><p>pobreza e de garantia de renda às pessoas em idade avançada, resgatando dessa</p><p>forma a dignidade do ser humano (ZANGHELINI, 2006).</p><p>O Programa de Reabilitação Profissional do INSS consiste no</p><p>acompanhamento dos segurados afastados por motivo de doença ou acidente através</p><p>de tratamento e avaliação sócio profissional para melhoria de escolaridade e de</p><p>43</p><p>habilitação a cursos afins, necessários à sua reabilitação e reinserção ao mercado de</p><p>trabalho (MAYWALD e RODRIGUES, 2010).</p><p>O trabalhador acidentado, que está afastado do seu ambiente de trabalho sofre</p><p>dupla exclusão: a primeira, econômica, onde perde o cargo de trabalhador e passa a</p><p>se tornar um cidadão de segunda classe; e a segunda no quesito social, pois deixa de</p><p>ser um profissional produtivo para ser tornar um encostado, inválido e vítima de</p><p>preconceitos (MATSUO, 1999).</p><p>Para Matsuo (1999), o trabalhador que está encostado por acidente de trabalho</p><p>ou doença não deve ser considerado uma vítima, mas um trabalhador produtivo,</p><p>porém diferenciado. A falta de verba disponibilizada para o programa de reabilitação</p><p>nas APS (Agências da Previdência Social) compromete e fragiliza o sistema,</p><p>tornando-se diante dos seus segurados um programa falho, na qual a sua</p><p>credibilidade é questionada.</p><p>Segundo Souza (2008), os serviços de reabilitação profissional como são hoje</p><p>não suprem as necessidades do segurado que, mesmo aptos para voltar ao trabalho,</p><p>não se consideram capazes de realizar a função e, ainda assim, perdem o direito de</p><p>usufruir dos benefícios da Previdência Social.</p><p>De acordo com Barreto (2013), existem relatos de empresas multinacionais</p><p>como Nitroquímica e Avon onde, quando os adoecidos retornam após afastamento</p><p>para a empresa são separados dos outros considerados normais e são colocados à</p><p>parte. Reabilitados ou trabalhadores que mudam de função são transferidos para</p><p>setores denominados “dos compatíveis” ou de “retrabalho”, setores conhecidos como</p><p>INPS, setor dos inválidos, dos pobres ou dos inúteis. São atitudes discriminatórias que</p><p>provocam tristeza, sofrimento e muito medo. Muitos desses trabalhadores sentem-se</p><p>desvalorizados por serem ignorados e identificam essa ação como um castigo.</p><p>É consensual que as pessoas afastadas têm direito a uma vida digna e</p><p>produtiva. Os estudos de casos de trabalhadores afastados por doenças que passam</p><p>pela reabilitação profissional do INSS, descortinam uma importante janela para</p><p>demonstrar a possibilidade efetiva da inclusão social ou reinclusão de pessoas</p><p>socialmente discriminadas, tornando-as habilitadas em condições de produtividade no</p><p>novo mercado de trabalho (BERNARDO, 2006).</p><p>Ainda segundo o autor, o indivíduo que necessita da inclusão após a</p><p>reabilitação profissional, encontra diversos obstáculos como problemas de</p><p>44</p><p>qualificação, dificuldades pessoais para resolver problemas, despreparo para a vida</p><p>em geral e domínio relativo de normas de convivência, dentre outros, que provocam</p><p>condições adversas para garantir seu lugar na sociedade.</p><p>O Sistema de Cotas no Brasil foi introduzido em 1960, pela Lei nº 3.807, em</p><p>seu artigo 55, e posteriormente foi modificado pelo artigo 93 da Lei 8.213 de</p><p>24/07/1991, ambos da Previdência Social, e o Decreto 3.048/99 (BRASIL, 1991)</p><p>dispõe sobre a reserva de cotas obrigatórias de emprego para a pessoa com</p><p>deficiência ou reabilitada.</p><p>Art.93: A empresa com 100 (cem) ou mais empregados está obrigada a</p><p>preencher de 2% (dois por cento) a 5% (cinco por cento) dos seus cargos com</p><p>beneficiários reabilitados ou pessoas portadoras de deficiência habilitadas, na</p><p>seguinte proporção:</p><p>I – até 200 empregados – 2%</p><p>II – de 201 a 500 empregados – 3%</p><p>III – de 501 a 1000 empregados – 4%</p><p>IV – de 1001 em diante – 5%</p><p>§ 1º A dispensa de trabalhador reabilitado ou de deficiente reabilitado ao final</p><p>do contrato por prazo determinado de mais de 90 (noventa) dias, e a imotivada, no</p><p>contrato por prazo indeterminado, só poderá ocorrer após a contratação de substituto</p><p>de condição semelhante.</p><p>§ 2º O Ministério do Trabalho e da Previdência Social deverá gerar estatísticas</p><p>sobre o total de empregados e as vagas preenchidas por reabilitados e deficientes</p><p>reabilitados, fornecendo-as quando solicitadas, aos sindicatos ou entidades</p><p>representativas dos empregados.</p><p>À empresa que reabilita o empregado, abre-se inclusive a perspectiva de</p><p>cumprir a quota de portadores de deficiência e reabilitados de que trata o Art. 93, da</p><p>Lei nº 8.213/91, ou de obter economia de até 50% do valor pago a título de seguro de</p><p>acidente de trabalho (SAT), incidente sobre a folha de pagamento, nos moldes do Art.</p><p>10 da Lei nº 10.666/2003.</p><p>Lima (2008) cita o Decreto nº 5.296, de 2 de dezembro de 2004, que dispõe</p><p>sobre a regulamentação da Lei nº 10.048, de 8 de novembro de 2000, dando</p><p>prioridade de atendimento às pessoas, onde especifica que os tipos de deficiência</p><p>estão divididos em deficiência visual, deficiência auditiva, deficiência física, deficiência</p><p>45</p><p>múltipla, deficiência intelectual e Reabilitado Profissional, e da Lei nº 10.098, de</p><p>dezembro de 2000, que estabelece normas gerais e critérios básicos para promoção</p><p>da acessibilidade das pessoas</p><p>portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida,</p><p>e dá outros providências.</p><p>De acordo com a Resolução nº 118 de 4 de novembro de 2010 (Clientela a ser</p><p>encaminhada à RP por ordem de prioridade):</p><p>- Segurado em gozo do auxílio-doença acidentário ou previdenciário;</p><p>- Segurado sem carência para auxílio-doença previdenciário, portador de</p><p>incapacidade;</p><p>- Segurado em gozo de aposentadoria por invalidez;</p><p>- Segurado em gozo de aposentadoria especial, por tempo de contribuição ou</p><p>idade que, em atividade laborativa tenha reduzido sua capacidade funcional, em</p><p>decorrência de doença, ou acidente de qualquer natureza e causa;</p><p>- Dependente do segurado maior de 14 anos, portador de deficiência (de acordo</p><p>com as possibilidades administrativas, técnicas e financeiras e das condições locais</p><p>do órgão previdenciário);</p><p>- Pessoas com deficiência – PcD (mediante prévia celebração de Convênio de</p><p>Cooperação Técnico-Financeira entre o INSS e as instituições de assistência).</p><p>Art.62: O segurado em gozo de auxílio-doença, insusceptível de recuperação</p><p>para sua atividade habitual, deverá submeter-se a processo de reabilitação</p><p>profissional para o exercício de outra atividade. Não cessará o benefício até que seja</p><p>dado como habilitado para o desempenho de nova atividade que lhe garanta a</p><p>subsistência ou, quando considerado não recuperável, for aposentado por invalidez.</p><p>O Decreto 3.298/99 considera deficiência “tosa perda de anormalidade de uma</p><p>estrutura ou função psicológica, fisiológica ou anatômica que gere incapacidade para</p><p>o desempenho de atividade, dentro do padrão considerado normal para o ser</p><p>humano”. Descreve, ainda, incapacidade como redução na capacidade de integração</p><p>social tanto no recebimento quanto na transmissão de informações relacionadas ao</p><p>desempenho e bem-estar pessoal. Assim, o programa se dá por um conjunto de</p><p>processos e procedimentos (ROSSI et al, 2007).</p><p>A Instrução Normativa TEM/SIT nº 98, de 15 de agosto de 2012, é referente ao</p><p>cumprimento da fiscalização dos empregadores frente às normas destinadas à</p><p>46</p><p>inclusão no trabalho das pessoas com deficiência e beneficiários da Previdência</p><p>Social (ROSSI et al, 2007).</p><p>Por outro lado, a proteção social está, neste momento histórico de crise, tanto</p><p>no espaço geopolítico onde mais se desenvolveu, a Europa, como também no Brasil</p><p>e demais países da América Latina. No velho continente, a crise se manifesta hoje de</p><p>forma contundente por meio de dívida, ilegítima e odiosa, e dependendo da história</p><p>dos países, vem tendo programas de austeridade, o que inclui cortes ou</p><p>redimensionamentos dos gastos públicos, com destaque para os sociais, processos</p><p>de mercantilização e privatização nesse campo, sendo estes últimos uma espécie de</p><p>marca do período (BEHRING, 2013).</p><p>1.1.6 CLASSIFICAÇÃO INTERNACIONAL DE FUNCIONALIDADE, INCAPACIDADE</p><p>E SAÚDE (CIF)</p><p>Em 2001, a Organização Mundial da Saúde (OMS) propôs a Classificação</p><p>Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (CIF), que tem por objetivo</p><p>retratar aspectos sobre saúde e cuidados com a mesma, adquirindo um caráter</p><p>multidisciplinar com aplicabilidade em todas as culturas (NUBILA e BUCHALLA,</p><p>2008).</p><p>Ainda segundo as autoras, a Classificação Internacional de Doenças (CID), foi</p><p>sendo estruturada há mais de um século, a fim de entender as causas da morte e seu</p><p>estudo foi ampliado levando em consideração pacientes hospitalizados, consultas em</p><p>laboratório e atenção primária, e a Classificação Internacional de Funcionalidade,</p><p>Incapacidade e Saúde (CIF) é complementar.</p><p>A CIF está organizada em três componentes: (1) corpo, que compreende suas</p><p>funções e estruturas; (2) atividade e participação, que representam aspectos da</p><p>funcionalidade incluindo as perspectivas social e individual englobando todas as áreas</p><p>vitais, e (3) contexto, que inclui fatores ambientais, físicos, sociais e de atitudes, ou</p><p>seja, como o indivíduo realiza suas atividades e participação (NUBILA e BUCHALLA,</p><p>2008). As autoras complementam e descrevem a diferença entre deficiência e</p><p>incapacidade descrita na CIF: deficiência corresponde a alterações apenas no nível</p><p>47</p><p>do corpo, já incapacidade indica aspectos negativos entre o indivíduo e as interações</p><p>contextuais.</p><p>Figura 3: Interações entre os componentes da CIF</p><p>Fonte: OMS, CIF, 2003</p><p>A incapacidade pode ser considerada parcial quando permite a permanência</p><p>do trabalhador em atividade, e total quando gera a impossibilidade de permanecer no</p><p>trabalho. Já em sua duração pode ser temporária, quando há um prazo previsível para</p><p>recuperação, e permanente quando for insusceptível de alteração em prazo previsível</p><p>(GONÇALVES, 2010).</p><p>A utilização da CIF pelo médico do trabalho é muito importante, uma vez que</p><p>permite descrever a capacidade laborativa do indivíduo de forma assertiva,</p><p>principalmente de pessoas com deficiência, esclarecendo dessa forma a capacidade</p><p>do ser humano, permitindo direcioná-lo corretamente nos diferentes aspectos de sua</p><p>vida proporcionando dessa forma melhor bem-estar individual e social. A identificação</p><p>da incapacidade x possiblidade de adaptação na prática médica torna-se mais clara,</p><p>o que favorece o entendimento das condições das pessoas em todos os aspectos da</p><p>vida e permite direcioná-las corretamente, além de proporcionar melhor bem-estar</p><p>(GONÇALVES, 2010).</p><p>1.2 AMBIENTE</p><p>1.2.1 UM POUCO DE SUSTENTABILIDADE</p><p>48</p><p>Estender e Pitta (2008) entendem o conceito de sustentabilidade como a forma</p><p>com que as gerações atuais satisfazem suas necessidades sem comprometer as</p><p>gerações futuras. A ideia inicial a respeito de desenvolvimento sustentável era a</p><p>harmonia entre a questão financeira e ambiental, e dessa forma muitas empresas</p><p>aderiram a esse conceito a fim de tornar seus negócios mais eficientes e diminuir os</p><p>custos.</p><p>Ainda segundo os autores, percebeu-se então que a questão não era apenas</p><p>ambiental e econômica, mas sim social.</p><p>O conceito Triple Bottom Line surgiu em 1994 e significa o tripé: pessoas,</p><p>planeta e lucro. Analisados separadamente, tem-se: econômico - empreendimentos</p><p>atraentes para investidores; ambiental - interação de processos e meio ambiente sem</p><p>causar danos permanentes; e social - que está voltado para ações justas aos</p><p>trabalhadores e sociedade (OLIVEIRA et al, 2007).</p><p>Ainda segundo os autores, devido à globalização as organizações passaram</p><p>de uma ótica de planejamento a uma ótica estratégica, criando o Balanced Scorecard,</p><p>um instrumento de planejamento e gestão de empresas possibilitando a avaliação de</p><p>desempenho. Esse modelo mensura então a inter-relação dos seus pilares.</p><p>Serafim et al (2010), apontam as mudanças ocorridas nas empresas</p><p>atualmente, onde elas vem se preocupando com boas práticas de governança</p><p>corporativa e dessa forma alcançando a responsabilidade social.</p><p>Os autores explicam:</p><p>A responsabilidade social é definida, de acordo com a futura norma</p><p>internacional de responsabilidade social, a ISO 260004, com a norma</p><p>brasileira de responsabilidade social, a NBR 16001, e com os Indicadores</p><p>Ethos, como uma conjunção de quatro temas estruturantes que se inter-</p><p>relacionam: a ética, a transparência, o desenvolvimento sustentável e as</p><p>partes interessadas. (SERAFIM et al, 2010:13)</p><p>A responsabilidade social que busca a inclusão tem como objetivo diminuir a</p><p>desigualdade social, implementando princípios constitucionais, na dignidade da</p><p>pessoa humana, na cidadania, na igualdade e no bem-estar de todos e nos valores</p><p>sociais do trabalho (REGINA et al, 2012).</p><p>Oliveira et al (2007) complementam que esse tipo de visão promove melhorias</p><p>no processo e no relacionamento, promovendo a sustentabilidade financeira.</p><p>49</p><p>A empresa não é apenas um instrumento gerador de riquezas, mas também</p><p>deve ser vista pela capacidade que tem de prosperar a longo tempo, considerando</p><p>seus impactos junto à sociedade com a qual se relaciona,</p><p>investindo no</p><p>empoderamento de seus funcionários e respeitando os direitos humanos (REGINA et</p><p>al, 2012).</p><p>Ainda segundo os autores, o investimento no lado humano das organizações</p><p>contribui para a construção de uma empresa mais sustentável, que irá gerar também</p><p>retorno financeiro.</p><p>Sabe-se que que essas transformações são necessárias para que ocorra um</p><p>melhor desenvolvimento organizacional, mas se a forma como tais transformações</p><p>são realizadas não considerarem a questão dos profissionais com deficiência ou</p><p>reabilitados, teremos apenas crescimento das mesmas e não uma conscientização da</p><p>verdadeira inclusão de seus funcionários, pois estarão apenas preocupadas em seguir</p><p>a legislação (REGINA et al, 2012).</p><p>1.2.2 QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO</p><p>Compondo um quadro do passado e falido, organizações davam espaço a</p><p>relações autoritárias e frias, acreditando que somente máquinas e equipamentos</p><p>seriam suficientes para manter a qualidade e a produtividade esperada. Com o passar</p><p>do tempo, as empresas, percebendo que colaboradores motivados e felizes trabalham</p><p>mais e trazem melhores resultados, estão investindo em profissionais dedicados a</p><p>melhorar a Qualidade de Vida no Trabalho de seus colaboradores.</p><p>O tema vem se tornando cada vez mais uma preocupação para a</p><p>Administração Pública e empresas, devido à ligação que existe entre condições</p><p>adequadas para realização de um trabalho e produtividade, podendo se destacar por</p><p>vários itens que formam um conjunto de fatores que interferem no desempenho do</p><p>funcionário.</p><p>Na busca de dar critério ao potencial humano e de gerenciar o trabalho, surgiu</p><p>a qualidade de vida no trabalho. QVT assimila duas posições antagônicas: a</p><p>reivindicação dos empregados quanto ao bem-estar e satisfação no trabalho, e de</p><p>50</p><p>interesse das organizações quanto aos seus efeitos potenciais sobre a produtividade</p><p>e a qualidade.</p><p>Segundo a Organização Mundial da Saúde, Qualidade de Vida é um conjunto</p><p>de percepções individuais de vida no contexto dos sistemas de cultura e de valores</p><p>em que vivem, e em relação a suas metas, expectativas, padrões e preocupações.</p><p>Sobre a conceituação de Qualidade de Vida no Trabalho, Limongi-França</p><p>(2010:149) afirma se tratar de “um conjunto de ações, programas e atitudes que</p><p>interferem em toda organização, independentemente das funções de seus</p><p>colaboradores”.</p><p>A autora propõe agrupar as dimensões sobre o tema QVT em Escolas do</p><p>Pensamento: Socioeconômicas, Organizacional e Condição Humana no Trabalho.</p><p>Com relação a Escola Socioeconômica destaca-se a análise nas relações de</p><p>trabalho no mundo globalizado, onde passam a fazer parte do contexto da empresa</p><p>temas como cidadania, responsabilidade social, igualdade, preservação do meio</p><p>ambiente e desenvolvimento sustentável. A Escola Organizacional é composta por um</p><p>extenso conjunto de contribuições referentes à competência, estratégia, cultura e</p><p>talento, onde destaca-se como fatores de motivação e comprometimento assuntos</p><p>como valorização e capacitação, política de gestão de pessoas, marketing, imagem</p><p>corporativa, tempo livre, hábitos de lazer e esporte, risco e desafios entre outros. Por</p><p>último, a Escola Condição Humana no Trabalho mostra que uma pessoa é um ser</p><p>humano biopsicossocial, com potencialidades biológicas, psicológicas e sociais,</p><p>condições fundamentais para a explicação da saúde e da doença da sociedade</p><p>moderna (LIMONGI-FRANÇA, 2010)</p><p>A visão biopsicossocial está assim fundamentada:</p><p>- dimensão biológica refere-se a características físicas que o indivíduo herda</p><p>ou adquire ao nascer e durante toda sua vida. Inclui metabolismo, resistência e</p><p>vulnerabilidade de seus órgãos e sistemas;</p><p>- dimensão psicológica diz respeito aos processos afetivos, emocionais e de</p><p>raciocínio, conscientes e inconscientes, que formam a personalidade de cada pessoa</p><p>e seu modo de perceber e de posicionar-se diante das demais pessoas e das</p><p>circunstancias que vivencia;</p><p>- dimensão social revela os valores socioeconômicos, a cultura e as crenças, o</p><p>papel da família e as outras formas de organizações da comunidade a que cada</p><p>51</p><p>pessoa pertence e da qual participa. O meio ambiente e a localização geográfica</p><p>também formam a dimensão social.</p><p>Limongi-França (2010) enfatiza que as escolas de pensamento possam vir a</p><p>ser um grande avanço em direção a novas competências gerenciais identificadas em</p><p>QVT nas empresas.</p><p>De acordo com a Associação Brasileira de Qualidade de Vida (ABQV, 2014), a</p><p>qualidade de vida no trabalho é definida como nível de felicidade e prazer ou</p><p>insatisfação com a própria carreira de cada pessoa.</p><p>Pilatti e Bejarano (2005) consideram Walton como uma referência que também</p><p>deve ser destacada nos estudos de QVT. Trata-se de um conceito relacionado à</p><p>satisfação dos colaboradores quanto à sua capacidade produtiva em um ambiente de</p><p>trabalho seguro, de respeito mútuo, com oportunidade de aprendizagens e condições</p><p>adequadas para o desempenho de suas funções.</p><p>O modelo proposto por Walton é dividido em oito dimensões de QVT e cada</p><p>uma delas com suas respectivas variáveis. São elas: compensação justa e adequada,</p><p>condições de trabalho seguras e saudáveis, oportunidade imediatas para desenvolver</p><p>e usar capacidades humanas, oportunidades futuras para o crescimento contínuo e</p><p>garantia de emprego, integração social e constitucionalismo na organização, trabalho</p><p>e espaço total na vida do indivíduo e relevância social do trabalho.</p><p>A gestão da qualidade total nas organizações depende fundamentalmente da</p><p>otimização do potencial humano, isto é, depende de quão bem as pessoas se sentem</p><p>trabalhando na organização. A Qualidade de Vida no Trabalho representa em que</p><p>grau os membros da organização são capazes de satisfazer suas necessidades</p><p>pessoais através do seu trabalho na organização.</p><p>Segundo Manes (2014), há vários fatores envolvidos, como a satisfação com o</p><p>trabalho executado, as possibilidades de futuro na organização, o reconhecimento</p><p>pelos resultados alcançados, o salário percebido, os benefícios auferidos, o</p><p>relacionamento humano dentro do grupo e da organização, o ambiente psicológico e</p><p>físico de trabalho, a liberdade e responsabilidade de decidir e as possibilidades de</p><p>participar.</p><p>A Qualidade de Vida no Trabalho envolve os aspectos intrínsecos (conteúdo) e</p><p>extrínsecos (contextos) do cargo. Ela afeta atitudes pessoais e comportamentos</p><p>relevantes para a produtividade individual e grupal, tais como motivação para o</p><p>52</p><p>trabalho, adaptabilidade a mudanças no ambiente de trabalho, criatividade e vontade</p><p>de inovar ou aceitar mudança.</p><p>A importância das necessidades humanas varia conforme a cultura de cada</p><p>indivíduo e cada organização. Portanto, a Qualidade de Vida no Trabalho não é</p><p>determinada apenas pelas características individuais (necessidades, valores,</p><p>expectativas) ou situacionais (estrutura organizacional, tecnologia, sistemas de</p><p>recompensas, políticas internas), mas, sobretudo, pela atuação sistêmica dessas</p><p>características individuais e organizacionais.</p><p>1.2.3 QUALIDADE DE VIDA NO CONTEXTO DA SUSTENTABILIDADE</p><p>O processo de globalização da economia mundial tem levado a reflexões sobre</p><p>os possíveis impactos indesejáveis que poderão vir a ocorrer no âmbito das</p><p>organizações. Em decorrência disto, questionamentos têm sido feitos sobre a</p><p>concepção da atual forma de crescimento econômico e seus efeitos a longo prazo na</p><p>qualidade de vida sustentável (DERVITSIOTIS, 2001).</p><p>Na tentativa de esclarecimento da expressão qualidade de vida sustentável</p><p>apresentada pelo autor, torna-se necessário o entendimento do conceito de</p><p>sustentabilidade. Esse surgiu nos anos 80, a partir do conceito de Desenvolvimento</p><p>Sustentável – DS, apresentado pela UICN – International Union for the Conservation</p><p>of Nature and Natural Resources e pelo relatório Nosso Futuro Comum ou relatório de</p><p>Brundtland, no qual o desenvolvimento</p><p>deve “garantir as necessidades do presente</p><p>sem comprometer as necessidades das gerações futuras de alcançar as suas”.</p><p>A partir dessa definição, várias outras definições têm surgido, como a de</p><p>Zidansek (2007), afirmando que a sustentabilidade implica em um desenvolvimento</p><p>equilibrado da economia, sociedade e meio ambiente de tal forma que o</p><p>desenvolvimento das gerações presentes deixa pelo menos as mesmas ou melhores</p><p>oportunidades para o das gerações futuras. Esses dois conceitos apresentam o</p><p>princípio ético de alcançar a igualdade entre as gerações atuais e futuras</p><p>(DIESENDORF, 2000).</p><p>No contexto organizacional, ao se tratar de um programa, plano e projeto, a</p><p>sustentabilidade pode ser considerada como o objetivo, e o desenvolvimento</p><p>53</p><p>sustentável como processo para se alcançá-lo (DIESENDORF, 2000; CLIFT, 2000), e</p><p>uma restrição que deve ser considerada como um critério ao se avaliar as alternativas</p><p>dentro de um processo quando se busca um objetivo desejado.</p><p>O Conceito de DS ou Sustentabilidade pode ser aplicado às empresas e</p><p>organizações (ZAPF, 2000), e é estabelecido como Sustentabilidade Corporativa,</p><p>baseado nas três dimensões: econômica, ambiental e social.</p><p>Essa última é denominada Responsabilidade Social Empresarial ou</p><p>Corporativa – RSC (EBNER e BAUMGARTNER, 2006), de sorte que o Conselho</p><p>Mundial de Negócios para o Desenvolvimento Sustentável – WBCSD define RSC</p><p>como o compromisso contínuo das organizações em manter uma conduta ética e</p><p>contribuir para o desenvolvimento econômico, melhorando a QV da força de trabalho</p><p>e de seus familiares, assim como da comunidade local e sociedade em geral (HOLME</p><p>e WATTS, 2000). Corroborando com esta definição, De Vries e Petersen (2009)</p><p>pondera que o desenvolvimento sustentável é a busca do desenvolvimento e</p><p>sustentação da QV.</p><p>A sustentabilidade social de acordo com Ballet et al (2003), se torna sustentável</p><p>quando o acervo de capital humano disponível é acrescido e resguardado. Apoiando</p><p>estes autores, Costanza et al (2007) acredita que enquanto não se pode investir</p><p>inteiramente nas necessidades humanas, é possível investir no capital social,</p><p>humano, natural e construído, de maneira a criar situações para que os indivíduos</p><p>atendam as suas próprias necessidades.</p><p>Robeyns e Van Der Veen (2007) destacam que na literatura há muito pouco</p><p>estudo sobre QV enfatizando sustentabilidade, provavelmente devido ao não</p><p>interesse e preocupação com relação a este tema. Eles corroboram com os autores</p><p>citados anteriormente, ao recomendar que se ajuste a sustentabilidade como um</p><p>conjunto de objetivos e restrições na sua busca da QV em uma sociedade.</p><p>Um estudo realizado por Poortinga et al (2004) sobre sustentabilidade dos</p><p>padrões de consumo de energia sugeriu uma lista de necessidades e valores que</p><p>podem ser medidos por aspectos, os quais as pessoas consideram ser fundamentais</p><p>em sua vida.</p><p>A qualidade de vida sustentável – QVS de uma sociedade, no contexto da</p><p>sustentabilidade a nível global, é definida como a QV da população viavelmente</p><p>reprodutível para a geração atual, dado os recursos sociais e naturais da nação, e</p><p>54</p><p>àquela não obtida à custa de uma QV aceitável para os membros da geração presente</p><p>de outras nações, nem daqueles membros das próximas gerações, seja no país ou</p><p>em qualquer outro local (ROBEYNS e VAN DER VEEN, 2007).</p><p>A relação entre sustentabilidade e QV, segundo De Vries e Petersen (2009),</p><p>está na condição em desenvolver e/ou manter a QV de um determinado grupo de</p><p>pessoas sem prejudicar as opções de desenvolvimento e/ou manutenção de uma QV</p><p>desejada, mais tarde e/ou em outro lugar. Embora a condição de QV desejada no</p><p>futuro possa ser controversa, o que todos concordam é que neste momento as</p><p>pessoas devem atuar de tal forma que as condições de QV não sejam comprometidas</p><p>mais tarde.</p><p>Como na prática os problemas relacionados à sustentabilidade são problemas</p><p>multidimensionais, caracterizados pelos impactos e suas causas, dentro de processos</p><p>econômicos, sociais e ambientais, Vlek (2003) se refere à QVS como qualidade futura</p><p>de vida humana sustentável à nível de segurança econômica, bem-estar social e</p><p>qualidade ambiental.</p><p>Nas organizações, a gestão da QVT é importante (PILATTI e BEJARANO,</p><p>2005) para a sua sobrevivência ou sustentabilidade, de modo que, ao se considerar</p><p>também que há poucos estudos sobre QV abordando sustentabilidade na literatura e</p><p>a definição de QVS proposta por Vlek (2003), este estudo propõe uma definição para</p><p>a qualidade de vida sustentável no trabalho – QVST como sendo a condição de</p><p>trabalho que fornece qualidade de vida sustentável, considerando os aspectos</p><p>relacionados à segurança econômica, ao bem-estar social e à qualidade ambiental,</p><p>definidos pelos valores das pessoas envolvidas ou afetadas.</p><p>Desta forma, coloca-se o tema em discussão, esperando-se que a partir de</p><p>então possam surgir contribuições para um maior entendimento e uma outra visão de</p><p>se avaliar a QVST nas organizações.</p><p>1.3 EDUCAÇÃO</p><p>1.3.1 DESENVOLVIMENTO COMPORTAMENTAL</p><p>55</p><p>Ao referir-se a uma cultura de segurança total, Geller (1994 apud BLEY,</p><p>2006:16)</p><p>destaca três domínios que requerem atenção para que a segurança seja um</p><p>valor em uma organização: fatores ambientais (equipamentos, ferramentas,</p><p>temperatura), fatores pessoais (atitudes, crenças e traços de personalidade)</p><p>e fatores comportamentais (práticas de segurança e de risco de trabalho).</p><p>O autor ainda diz que “fatores pessoais e comportamentais representam a</p><p>dinâmica da segurança ocupacional, somada e inter-relacionada com os situações</p><p>ambientais”.</p><p>Segundo Bley (2004), o comportamento seguro pode ser determinado por meio</p><p>de adaptar e controlar os riscos da atividade atual com o objetivo de diminuir a</p><p>probabilidade de consequências indesejáveis no futuro. Essas definições podem ser</p><p>aplicadas no sentido de entender e atuar sobre o comportamento humano e suas</p><p>interfaces sobre os aspectos de segurança no trabalho.</p><p>Para Geller (2005), quando algumas condutas ocorrem repetidamente durante</p><p>um período de tempo, eles se tornam automáticas e um hábito é formado. Alguns</p><p>costumes são desejáveis e outros não, dependendo das suas consequências a curto</p><p>ou a longo prazo. Ou seja, se comportamentos seguros são praticados corretamente</p><p>com recompensas, reconhecimento e outras consequências positivas, poderá facilitar</p><p>a mudança de comportamento dirigido ao estado de hábito.</p><p>Ainda segundo Geller (2008), alguns temas norteariam essa análise, como</p><p>definir os comportamentos alvo, desenvolvimento de listas de verificação para as</p><p>ocorrências de registro de comportamentos alvo, projetar intervenções para melhorar</p><p>a segurança de comportamentos, montar gráficos de progresso em um formato de</p><p>séries temporais e dar feedback comportamental eficaz. Comprometido em segurança</p><p>beneficiaria os empregados, bem como a organização.</p><p>De fato, estudos reconhecem que, empregando o esforço organizacional para</p><p>cultivar uma cultura de envolvimento e participação, zero acidentes é possível. Porém,</p><p>a segurança deve se tornar um processo cooperativo, onde todos participam para</p><p>tornar o ambiente de trabalho mais seguro. Cada trabalhador tem algo significativo</p><p>para colaborar, e as pessoas irão cooperar se o clima estiver apropriado. Quando os</p><p>funcionários acreditam que segurança é de fato um valor organizacional</p><p>56</p><p>compartilhado, colaboram com esforço extra para iniciativa de melhoria de segurança,</p><p>sendo menos predispostos a ceder à pressão natural e imposta para contornar as</p><p>práticas de trabalho seguro.</p><p>Ainda abordando a questão de que zero acidentes é possível, Meliá (1999 apud</p><p>BLEY, 2006:7), tem uma posição diferenciada pautada na Psicologia do Trabalho:</p><p>aquela parte da Psicologia que se ocupa do componente de segurança da</p><p>conduta humana. Pode ser vista, inicialmente, como o resultado da</p><p>impossibilidade</p><p>de se criar ambientes plenamente seguros. É utilizada em</p><p>diferentes contextos como no trânsito, no cuidado com crianças, na</p><p>prevenção de diferentes tipos de males e perdas, entre eles os relacionados</p><p>às situações de trabalho.</p><p>Meliá (1999 apud Bley, 2006:7), ainda reforça que “assim como o</p><p>comportamento humano, o acidente de trabalho é um fenômeno multideterminado”.</p><p>Nessa linha de raciocínio é essencial que as intervenções de mudança de</p><p>comportamento devem ser introduzidas de uma forma que tenham um impulso</p><p>positivo na cultura de segurança da organização. Os processos de segurança</p><p>comportamentais bem idealizados e implementados podem ajudar a mover a empresa</p><p>para a realização de uma cultura de segurança, porém diversas outras variáveis</p><p>podem ser determinantes na ocorrência de um acontecimento.</p><p>Para Gilmore e Perdue (2002), uma cultura de segurança total é determinada</p><p>como uma cultura em que os sujeitos mantenham a segurança como um valor, um</p><p>sentimento de responsabilidade pela segurança de seus companheiros de trabalho,</p><p>bem como si mesmos e estão dispostos e capazes de ir além da chamada do dever</p><p>para a segurança dos outros. Ou seja, as pessoas têm as aptidões e ferramentas</p><p>necessárias para intervir em nome da segurança dos outros.</p><p>Krause (1994) analisa que em uma cultura de segurança todos se sentem</p><p>responsáveis pela segurança e a buscam a todo o momento. Os funcionários vão além</p><p>de suas obrigações para identificar comportamentos e condições de risco para</p><p>interferir e corrigi-los. Em uma cultura de segurança, a segurança não é uma</p><p>prioridade que pode ser mudada dependendo das exigências da situação. Ao</p><p>contrário, a segurança é um valor que está ligado a todas as outras prioridades.</p><p>57</p><p>Várias são as performances que buscam a melhoria do comportamento</p><p>individual do funcionário, porém segundo Llory (1999), ainda se vê na prática grandes</p><p>deformidades referentes às maneiras que elas são adquiridas:</p><p>- mudar os homens, isto é, selecionar melhor os operantes. Este objetivo é</p><p>regularmente formulado em artigos especializados;</p><p>- transformar os homens, através da formação profissional e reciclagem, isto é,</p><p>transformar suas práticas e hábitos de trabalho: o objetivo formulado é profissionalizar</p><p>os agentes, os operadores, ou seja, melhorar o seu profissionalismo. Em geral, é</p><p>evidente constatar que não se define com clareza o perfil do bom profissional, pois ele</p><p>aparece de maneira subentendida. É, na verdade, um executante que aplica os</p><p>processos estrita e rigorosamente; em decorrência, da maneira ideal ao cronograma</p><p>prescrito;</p><p>- exercer pressão sobre os homens: apesar de raras vezes estabelecer esse</p><p>objetivo em termos explícitos, ele se encontra bem presente nas empresas, em</p><p>particular nas que geram sistemas de risco. Tratam-se dos avisos frequentes,</p><p>campanhas regulares de segurança, obrigações, palavras de ordem como todos</p><p>juntos ao acidente zero, e às vezes sanções e ameaças (em sua contrapartida,</p><p>recompensas em forma de competições de segurança, e de uma pressão moral mais</p><p>ou menos constante sobre os trabalhadores).</p><p>Para Hilion (2011) é necessário analisar as maneiras de pensar (percepções)</p><p>e de agir dos trabalhadores (comportamentos), de forma a compreender a relação</p><p>entre a realidade e as construções simbólicas feitas por cada indivíduo. Esta análise,</p><p>conjuntamente com a observação dos níveis motivacionais, dá-nos a informação de</p><p>que o estímulo motivacional está interligado à forma de pensar e de agir.</p><p>Segundo Perdue (2000), o processo de observação e feedback</p><p>comportamental é um meio muito eficaz de reduzir acidentes no ambiente de trabalho.</p><p>Ao observar e fornecer feedback, pares incentivam segurança ao invés de práticas de</p><p>trabalho em risco um do outro. No entanto, um processo de observação e feedback</p><p>comportamental é apenas uma instrumento que utiliza os princípios da psicologia para</p><p>incentivar uma cultura de segurança melhorada. Na verdade, na ausência de uma</p><p>cultura de segurança implementada, se for usar somente o processo de observação</p><p>e feedback, é provável que a empresa irá encontrar apenas sucesso restrito.</p><p>58</p><p>O que se observa na literatura é que para provocar transformações em uma</p><p>empresa é necessário começar pelas pessoas que nela trabalham, sabendo-se que o</p><p>homem é o grande diferencial neste ambiente, por ser ele o idealizador e o profissional</p><p>realizador de todas as atividades que nela ocorrem. Dentro desse conceito verifica-se</p><p>que o comportamento prevencionista e a melhoria contínua são as bases de um</p><p>processo que depende efetivamente da participação e do comprometimento de todos</p><p>dentro de uma empresa.</p><p>1.3.2 PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM</p><p>Conforme o discurso de Bley (2004), se prevenir acidentes pode ser</p><p>considerado como um processo comportamental e aprender representa a</p><p>possibilidade de ocorrerem comportamentos significativos para a segurança dos</p><p>trabalhadores, parece importante examinar a importância do processo de ensino-</p><p>aprendizagem para a prevenção dos acidentes de trabalho. O conhecimento que pode</p><p>ser produzido por meio da análise de processos de ensino de comportamentos</p><p>seguros pode subsidiar o aperfeiçoamento dos programas de educação, de</p><p>conscientização e de mudança de atitudes frente aos riscos das atividades de trabalho</p><p>e também dos profissionais envolvidos na sua realização. Conhecer como acontece o</p><p>ensino da prevenção é importante para que as organizações possam desenvolver</p><p>estratégias que contribuam para aumentar a efetividade das intervenções</p><p>educacionais que, se forem somadas às mudanças organizacionais e até</p><p>governamentais, podem favorecer a transformação de um discurso sobre prevenção</p><p>em uma realidade, contribuindo para a construção de padrões comportamentais de</p><p>alto nível no que diz respeito à segurança e para uma humanização das condições de</p><p>trabalho oferecidas.</p><p>Entretanto, é possível imaginar que existam dificuldades na aplicação dos</p><p>conceitos de ensino-aprendizagem nas empresas, visto a falta de ferramentas e</p><p>conhecimento para tal, como matrizes de treinamento alinhadas com as necessidades</p><p>de aprendizado dos diferentes tipos de pessoas existentes, profissionais efetivamente</p><p>59</p><p>capacitados para a identificação de tais fatores e até mesmo como avaliar o grau de</p><p>eficácia da aprendizagem dos participantes deste processo.</p><p>No livro A Quinta Disciplina (SENGE, 1990), o autor explica que o ser humano</p><p>aprende desde cedo a separar e dividir os problemas para facilitar a execução de</p><p>tarefas e o tratamento de assuntos complexos. Desta forma ele acaba perdendo</p><p>também a conectividade com o todo. Se uma organização de aprendizagem fosse</p><p>uma inovação no campo da Engenharia, os seus componentes seriam chamados de</p><p>tecnologias, mas como é uma inovação no campo do comportamento humano, seus</p><p>componentes devem ser vistos como disciplinas. Disciplina, nesse contexto, significa</p><p>um conjunto de técnicas que devem ser estudadas e dominadas para serem postas</p><p>em prática.</p><p>Segundo Senge (1990), são cinco as disciplinas e elas são desenvolvidas</p><p>separadamente, sendo que cada uma delas é crucial para o sucesso das outras:</p><p>domínio pessoal, modelos mentais, objetivo comum, aprendizado em grupo e a que</p><p>ele considera o alicerce da organização que aprende - o raciocínio sistêmico (A Quinta</p><p>Disciplina). A essência do raciocínio sistêmico está na mudança de mentalidade, que</p><p>significa:</p><p>- ver inter-relações, ao invés de cadeias lineares de causa-efeito;</p><p>- ver processos de mudança, ao invés de instantâneos.</p><p>A literatura sugere que as pessoas tendem a reagir às mudanças, pois quando</p><p>certos conceitos estão enraizados, é mais fácil absorver o que está sendo passado e</p><p>adaptá-lo à sua realidade. Para Senge (1990:46), isso pode ter outro enfoque, “pois</p><p>aprender não significa adquirir mais informações, mas sim expandir a capacidade de</p><p>produzir os resultados que queremos</p><p>na vida”. No seu livro ele comenta que certa vez</p><p>um experiente consultor da área de mudança organizacional disse: “As pessoas não</p><p>resistem a mudanças. Elas resistem a serem mudadas”.</p><p>Para que isso seja possível, Senge (1990:169) esclarece que</p><p>No coração da organização que aprende encontra-se uma mudança de</p><p>mentalidade. Em vez de nos vermos como algo separado do mundo,</p><p>passamos a nos ver conectados ao mundo. No lugar de considerar os</p><p>problemas como causados por algo ou alguém “lá fora”, enxergamos como</p><p>nossas próprias ações criam os problemas pelos quais passamos.</p><p>60</p><p>É por isso que esse conceito deve ser internalizado, pois as pessoas aprendem</p><p>mais rapidamente quando tem uma verdadeira noção de responsabilidade por suas</p><p>ações.</p><p>Atualmente encontram-se na literatura diversas fontes de consultas</p><p>relacionadas às mais variadas práticas pedagógicas voltadas para a aprendizagem e</p><p>cognição. Segundo Rachid (2012), elas são as novas formas de conhecer, objetivando</p><p>a fundamentação teórica e servindo de referencial para a contextualização do</p><p>funcionamento do ciclo do aprendizado onde acontece o entender, o aprender e o</p><p>fixar. Neste contexto, vários são os fatores que influenciam a aprendizagem: a atenção</p><p>e a prática, pois a atenção é a grande porta de entrada, sendo o filtro que o cérebro</p><p>utiliza para decidir qual informação será processada; o método, que faz a diferença</p><p>entre o aprender e o não aprender; e a motivação, que faz com o indivíduo se</p><p>empenhe nesse processo, e as oportunidades, pois são um dos maiores incentivos</p><p>ao aprendizado.</p><p>Segundo Bley (2006:10-11) a educação para saúde e segurança no trabalho é</p><p>de extrema importância e “coloca-a num nível maior de coerência com aquilo que hoje</p><p>se entende por segurança comportamental, que é a dimensão humana da prevenção</p><p>de doenças e acidentes”.</p><p>Junto a tudo isso, há também a necessidade do comprometimento das partes</p><p>interessadas nesse processo, que é definido por Ferraz (1999) como uma atitude ou</p><p>forma de agir ou se comportar de pessoas em contexto de trabalho, ou seja, as</p><p>pessoas podem ter diversos tipos de atitudes em relação aos elementos contextuais</p><p>do seu trabalho (colegas, empresa, setor, supervisor, tarefa, carreira, etc).</p><p>“Dessa forma o comprometimento é uma atitude de vínculo, adesão, lealdade</p><p>a ou engajamento em relação a algo objetivo (pessoa ou grupo) ou simbólico (uma</p><p>causa, uma carreira, uma profissão etc.)” (FERRAZ, 1999:27).</p><p>61</p><p>2. MÉTODO</p><p>Trata-se de um estudo qualitativo, por meio de entrevistas semiestruturadas,</p><p>visto que busca conhecer, compreender e analisar alguns aspectos que permeiam a</p><p>vivência de um grupo de pessoas específico.</p><p>Segundo Yin (2010), estudos de casos múltiplos ocorrem quando vários estudos</p><p>são conduzidos simultaneamente. Nesta pesquisa foram estudados vários indivíduos</p><p>entre reabilitados e gestores.</p><p>Destaca-se a importância de levantar informações acerca do histórico de</p><p>adoecimento do reabilitado e o possível nexo com a atividade, as repercussões da</p><p>interrupção do trabalho para as diferentes esferas da vida do trabalhador, suas dores</p><p>físicas e emocionais, suas experiências relacionadas à vida profissional, suas</p><p>expectativas em relação à vida e ao mundo. Por outro lado, observar a percepção do</p><p>gestor, suas dificuldades, anseios e fatores que interferem nessa produtividade em</p><p>busca de resultados em relação à reinserção do trabalhador reabilitado, ambos tema</p><p>deste estudo.</p><p>2.1 PARTICIPANTES</p><p>Participaram da pesquisa dez trabalhadores reabilitados reintegrados após</p><p>afastamento por motivo de doença e/ou acidente de trabalho ocorrido em virtude do</p><p>trabalho, por um período superior a 30 dias, no intervalo de 10/09/2016 a 10/04/2017,</p><p>de ambos os sexos, que trabalham ou trabalharam em empresas que possuem como</p><p>62</p><p>parâmetro a realidade de municípios pertencentes a Gerência Executiva do INSS de</p><p>São João da Boa Vista/SP. Esses sujeitos da pesquisa foram indicados pela Gerência</p><p>do INSS de São Joao da Boa Vista/SP. De uma lista de 30 pessoas, todas foram</p><p>contatadas mas 10 apenas aceitaram participar da pesquisa.</p><p>Participaram também da pesquisa dez gestores e/ou chefes responsáveis pelos</p><p>trabalhadores reabilitados, que já tenham liderado ou ainda liderem esses</p><p>trabalhadores na empresa. Os gestores foram selecionados a partir de indicações do</p><p>INSS de São João da Boa Vista/SP e do contato da pesquisadora. Sobre os gestores</p><p>a pesquisadora possuía uma lista de 35 empresas sendo que, apenas 10 aceitaram</p><p>participar do estudo. Muitas se recusavam dizendo que não havia tempo hábil para a</p><p>entrevista, outras ficavam muito temorosas em relação a responder perguntas sobre</p><p>o Programa do INSS ou em relação aos reabilitados.</p><p>Foi observado como critério de inclusão da pesquisa:</p><p>- Ser trabalhador(a) reabilitado(a) reintegrado(a) após afastamento do trabalho</p><p>por um período superior a 30 dias;</p><p>- Estar com idade entre 18 e 60 anos.</p><p>Os critérios de exclusão foram:</p><p>- Ser trabalhador(a) sem afastamento do trabalho;</p><p>- Afastamento por um período inferior a 30 dias</p><p>O contato com os reabilitados e os gestores ocorreu por meio de visitas</p><p>agendadas nas residências dos reabilitados e nas empresas, realizadas entre</p><p>10/09/2016 e 10/04/2017. Foram entrevistas individuais, em situação face a face, ao</p><p>longo de um único encontro.</p><p>Para a realização das entrevistas buscou-se a concordância de todos os</p><p>envolvidos através do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), conforme</p><p>Apêndice A.</p><p>As entrevistas foram baseadas em roteiro contendo questões abertas sobre a</p><p>reinserção destes trabalhadores, condutas e expectativas em relação à volta ao</p><p>trabalho após afastamento.</p><p>Os participantes responderam a ficha de caracterização dos participantes e o</p><p>roteiro de entrevista sobre a percepção dos reabilitados e gestores reintegrados após</p><p>afastamento por doença e/ou acidente de trabalho de maneira e produtiva.</p><p>63</p><p>2.2 INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS</p><p>O instrumento utilizado foi a ficha de categorização dos participantes conforme</p><p>Apêndice B e C, previamente elaborado pela própria pesquisadora e composto por</p><p>dados pessoais e profissionais do entrevistado (reabilitado ou gestor) a saber: gênero,</p><p>idade, estado civil, escolaridade, tipo de moradia, religião, formação, função na</p><p>empresa e tempo de afastamento e atuação na função; é seguido pelo roteiro de</p><p>entrevista conforme Apêndice D e E, composto por 13 questões para o reabilitado,</p><p>sendo a 1 e a 5 sobre o papel da reabilitação profissional, cinco questões (2, 6, 7, 8,</p><p>9 ) sobre os dados reais vividos na empresa, questões 3,4 e 11 destinadas a investigar</p><p>o significado do trabalho e do afastamento e as demais questões a analisar a</p><p>percepção do reabilitado sobre sua reinserção à empresa e as mudanças provocadas</p><p>após a reintegração à empresa; e para o gestor também 13 questões, sendo cinco</p><p>questões (2, 7, 8, 11, 12) abordando como a empresa lida com o reabilitado e as</p><p>mudanças provocadas após a reintegração à empresa, duas questões (3 e 5) sobre o</p><p>significado e o papel da reabilitação profissional, a questão 4 destinada à liderança do</p><p>gestor em relação ao reabilitado após afastamento, e as demais questões analisam a</p><p>percepção do gestor, as consequências e perspectivas futuras em relação ao</p><p>reabilitado após o retorno ao trabalho.</p><p>2.3 PROCEDIMENTO</p><p>A fim de se obter autorização do INSS para a realização da pesquisa com os</p><p>trabalhadores reabilitados e os gestores, foi inicialmente solicitada autorização formal</p><p>à Gerencia Executiva do INSS de São João da Boa Vista/SP. Obtida a autorização, o</p><p>projeto de pesquisa foi submetido para apreciação do Comitê de Ética em Pesquisa</p><p>(CEP) do Centro Universitário UNIFAE, de acordo com as exigências da Resolução</p><p>466/2012, Norma Operacional CNS/MS 001/2013 e suas</p><p>complementares (BRASIL,</p><p>2012; BRASIL, 2013). A autorização do CEP foi obtida em 22/09/2015, sob o registro</p><p>de número CAAE: 49023015.3.0000.5382 conforme anexo B.</p><p>64</p><p>Os potenciais participantes receberam informações a respeito da pesquisa e</p><p>seus objetivos em local escolhido pelo próprio entrevistado, conforme a</p><p>disponibilidade de tempo e espaço de cada um, sendo convidado a dela participar de</p><p>forma voluntária e anônima.</p><p>A metodologia de análise de dados se pautou na pesquisa qualitativa como</p><p>caminho para se compreender as percepções dos trabalhadores e dos gestores em</p><p>relação à reinserção na empresa de maneira produtiva e sustentável.</p><p>Dessa maneira, as primeiras ações após a entrevista foram a transcrição, a</p><p>leitura e a análise do material das gravações a fim de se organizarem os dados</p><p>obtidos. Nessa etapa, foram observados dois núcleos de assuntos centrais: o acidente</p><p>de trabalho e/ou doença e o retorno ao trabalho. Diante dessas informações, foram</p><p>organizadas as informações mais relevantes a cada uma das categorias para análise</p><p>do material coletado. As entrevistas com os reabilitados e com o gestor da empresa</p><p>foram analisadas por meio de análise de conteúdo, de acordo com Bardin (2002), a</p><p>partir da seleção a posteriori das categorias de análise. Como técnica de análise de</p><p>dados, a análise de conteúdo é uma ferramenta para compreensão da construção de</p><p>significado que os atores sociais exteriorizam no discurso. É analisada sob o enfoque</p><p>da Teoria das Representações Sociais e da Teoria da Ação na perspectiva</p><p>fenomenológica.</p><p>Bardin (2002) apresenta a utilização da análise de conteúdo em três fases</p><p>fundamentais: a pré-análise, exploração do material e tratamento de resultados</p><p>obtidos e interpretação. Na primeira fase é estabelecido um esquema de trabalho que</p><p>deve ser preciso, com procedimentos bem definidos, embora flexíveis, onde as</p><p>entrevistas foram transcritas com exploração das mesmas de maneira exaustiva. A</p><p>segunda fase consiste no cumprimento das decisões tomadas anteriormente. A</p><p>categorização é um processo no qual o conteúdo das falas é reduzido a palavras ou</p><p>expressões significativas e, finalmente na terceira etapa, o pesquisador, apoiado nos</p><p>resultados brutos, procura torná-los significativos e válidos, propondo inferências,</p><p>realizando interpretações e relações.</p><p>Diante da análise comparativa das entrevistas dos dois grupos, reabilitados e</p><p>gestores, foram compreendidas as experiências vivenciadas por eles direta e</p><p>indiretamente em suas representações.</p><p>65</p><p>3. RESULTADOS</p><p>3.1 ARTIGO 1</p><p>Artigo de Revisão Bibliográfica, submetido à Revista de Políticas Públicas</p><p>(ISSN 2178-2865) para publicação.</p><p>SANTOS, S.R.T.G; OLIVEIRA, L.H. A história da Reabilitação Profissional no</p><p>Brasil.</p><p>66</p><p>A HISTÓRIA DA REABILITAÇÃO PROFISSIONAL NO BRASIL: uma</p><p>revisão de literatura</p><p>THE HISTORY OF PROFESSIONAL REHABILITATION IN BRAZIL: a</p><p>literature review</p><p>Sandra Regina Trevisan Gonçalves dos Santos1</p><p>Luciel Henrique de Oliveira2</p><p>1 Acadêmica do Mestrado Interdisciplinar em Educação, Ambiente e Sociedade – Centro Universitário</p><p>das Faculdades Associadas de Ensino – FAE – São João da Boa Vista, SP</p><p>E-mail: sandracomunicacao@gmail.com</p><p>2 Doutor em Administração, Professor do Mestrado em Educação, Ambiente e Sociedade do Centro</p><p>Universitário das Faculdades Associadas de Ensino - FAE - São Joao da Boa Vista, SP. E-mail:</p><p>luciel@fae.br</p><p>RESUMO</p><p>O artigo de revisão faz uma breve análise dos aspectos históricos da reabilitação profissional no Brasil,</p><p>com o propósito de que a reabilitação profissional venha ser um processo de reinclusão social dos</p><p>trabalhadores acidentados e adoecidos e não apenas um mecanismo que vise desfechos financeiros e</p><p>administrativos. Neste contexto realizou-se um estudo de revisão disponível na literatura, com consultas</p><p>nas seguintes bases de dados: LILACS, BIREME, MEDLINE, DEDALUS e SciELO. As concepções</p><p>encontradas referem-se ao conceito de reabilitação profissional, qualidade de vida, humanização e</p><p>inserção no mercado de trabalho. Dos 20 estudos analisados, a Reabilitação Profissional foi objeto em</p><p>16 do total. Como o objetivo é compreender os fatores que podem facilitar ou dificultar a reinserção</p><p>destes trabalhadores no retorno à empresa, verifica-se uma lacuna na utilização dos conceitos nas</p><p>áreas de Qualidade de Vida e Políticas Públicas, fato que agrega valor ao estudo, contribuindo para</p><p>um redimensionamento do cotidiano profissional.</p><p>PALAVRAS-CHAVE</p><p>Reabilitação profissional, qualidade de vida, mercado de trabalho.</p><p>ABSTRACT</p><p>The review article makes a brief analysis of the historical aspects of vocational rehabilitation in Brazil,</p><p>in order to the vocational rehabilitation will be a social reinsertion process of injured and diseased</p><p>workers and not just a mechanism aimed at financial outcomes and administrative. In this context, we</p><p>performed a review of studies available in the literature, with queries in the following databases: LILACS,</p><p>BIREME, MEDLINE, DEDALUS and SciELO. The conceptions found refers to the concept of vocational</p><p>rehabilitation, quality of life, humanization and integration into the labor market. From 20 analyzed</p><p>67</p><p>studies, the Vocational Rehabilitation was object 16 of the total. Since the goal is to understand the</p><p>factors that can facilitate or hinder the reintegration of these workers on return to the company, there is</p><p>a gap in the use of the concept in the areas of Quality of Life and Public Policy, a fact that adds value</p><p>to the study, contributing to a resizing the daily work.</p><p>KEYWORDS</p><p>vocational rehabilitation, quality of life, labor market.</p><p>INTRODUÇÃO</p><p>Para as pessoas que sofrem algum tipo de acidente de trabalho existe o Serviço da</p><p>Previdência Social, que tem como objetivo oferecer aos segurados incapacitados para</p><p>o trabalho, meios de reeducação e readaptação profissional através de um programa</p><p>de reabilitação profissional (INSS, 2014).</p><p>Segundo estimativas da Organização Internacional do Trabalho (OIT, 2014), o Brasil</p><p>registra mais de 700 mil acidentes de trabalho por ano, o que coloca o país em quarto</p><p>lugar no mundo nesse aspecto, segundo a Organização Internacional do Trabalho</p><p>(OIT), atrás apenas de China, Índia e Indonésia</p><p>As condições perigosas continuam a ser uma ameaça diária para dezenas de milhões</p><p>de trabalhadores em todo o mundo. Mais de 313 milhões de trabalhadores sofrem</p><p>acidentes de trabalho não fatais a cada ano, o que equivale a 860 mil pessoas feridas</p><p>no trabalho diariamente. Enquanto isso, a cada dia, 6.400 pessoas morrem em</p><p>acidentes ou doença profissional, resultando em 2,3 milhões de mortes a cada ano</p><p>(OIT, 2014).</p><p>A reabilitação profissional tramita nas esferas técnica, jurídica e social, sem contar</p><p>que muitas vezes, esbarra nas dificuldades de ambiente físico e processos de</p><p>recolocação em um determinado posto de trabalho.</p><p>A reabilitação pode também ser entendida por um processo global e dinâmico</p><p>direcionado para a recuperação física e psíquica da pessoa portadora de deficiência,</p><p>tendo em vista a sua reintegração social. Sua razão decorre de um conceito amplo de</p><p>saúde, que incorpora o bem‐estar físico, social e psíquico que todas as pessoas têm</p><p>direito (PRADO FILHO, 2017).</p><p>A inaptidão laborativa produz dificuldades ao trabalhador de desempenhar suas</p><p>funções de vida laboral, em decorrência de doenças ou acidentes, cujo dano não se</p><p>traduz apenas às alterações funcionais, mas impactos psicológicos, mentais e físicos.</p><p>68</p><p>O programa tem papel fundamental no desenvolvimento de ações que valorizem o</p><p>readaptado e o reabilitado, garantindo sua integração em suas atividades profissional,</p><p>com foco na Qualidade de Vida no Trabalho (BRASIL, 2014).</p><p>Considerada uma questão ética que deve ser analisada a partir da percepção</p><p>individual de cada um, o conceito QVT está ligada as ciências humanas e biológicas</p><p>no sentido de controle de sintomas, diminuição da mortalidade ou da expectativa de</p><p>vida. Dessa forma é abordada por muitos autores como sinônimo de saúde, felicidade,</p><p>satisfação pessoal assim como, condições e estilos de vida. (PEREIRA, 2012).</p><p>Segundo Vergara e Branco (2001), se por um lado convive-se com um alto</p><p>desenvolvimento tecnológico dentro das empresas, por outro, encontra-se um baixo</p><p>desenvolvimento pessoal e interpessoal, onde é preciso criar uma sociedade que alie</p><p>tecnologia e humanização a fim de atingir a auto realização individual e social.</p><p>Esta lacuna motivou a autora deste trabalho a realizar um levantamento bibliográfico</p><p>com o propósito de discorrer sobre a história da reabilitação profissional e</p><p>compreender os fatores diferenciais que podem facilitar ou dificultar a reinserção</p><p>destes trabalhadores no retorno à empresa.</p><p>DESENVOLVIMENTO</p><p>Este estudo consistiu em uma revisão da literatura sobre a história da Reabilitação</p><p>Profissional no mundo e no Brasil.</p><p>A pesquisa foi realizada nas bases de dados eletrônicas, nacionais e Internacionais</p><p>com consulta as seguintes bases de dados: LILACS, MEDLINE, PUBMED, DEDALUS</p><p>e Scielo, através da consulta pelos seguintes descritores: Reabilitação Profissional,</p><p>QVT, Mercado de Trabalho junto de suas combinações.</p><p>ESTRATÉGIA DE BUSCA</p><p>Os artigos identificados pela estratégia de busca foram avaliados, obedecendo</p><p>rigorosamente aos critérios de inclusão: texto na íntegra, tempo de busca, população-</p><p>alvo (trabalhadores reabilitados), tipo de estudo (sem delimitação) e idioma</p><p>(português, inglês e espanhol). Tais estratégias foram tomadas com o intuito de</p><p>69</p><p>maximizar os resultados da pesquisa, uma vez que foi constatada escassez de</p><p>literatura.</p><p>CRITÉRIOS DE INCLUSÃO E EXCLUSÃO</p><p>Para a pesquisa, foram considerados artigos elegíveis a partidos seguintes aspectos:</p><p>publicados no período de 1998 a 2017, explorando a problemática da reabilitação</p><p>profissional no Brasil e no Mundo.</p><p>RESULTADOS</p><p>Analisando os 18 artigos que se adequaram aos critérios de inclusão deste estudo,</p><p>percebeu-se que 9 foram baseados em pesquisas bibliográficas, 9 foram realizados</p><p>de forma quantitativa de acordo com quadro 1.</p><p>Dos 9 estudos de revisão bibliográfica, 1 foi a respeito de reabilitação profissional e</p><p>seus aspectos psicológicos, no período de julho de 2009 a julho de 2010. Outra</p><p>revisão bibliográfica falou a respeito de reabilitação profissional e os desafios da</p><p>construção de uma política pública para a reinserção dos trabalhadores no mercado</p><p>de trabalho. A próxima foi a respeito da saúde pública e os movimentos no campo</p><p>social da saúde. Outra mostrou conceitos, abordagens e avaliação da qualidade de</p><p>vida.</p><p>Tivemos também, uma revisão bibliográfica sobre reabilitação profissional</p><p>previdenciária, sendo fruto da pesquisa realizada junto ao programa de pós-</p><p>graduação em Serviço Social da Universidade Federal de Santa Catarina. Além de</p><p>outra buscando relacionar as diversas áreas que integram a equipe de reabilitação.</p><p>Em outro estudo, iniciou-se com uma revisão bibliográfica e documental sobre a</p><p>questão da Reabilitação Profissional e desta no INSS. Após o recorte empírico para a</p><p>coleta de dados nos levou à elaboração e aplicação de um questionário junto às</p><p>terapeutas ocupacionais do Serviço de Reabilitação do INSS no estado de São Paulo</p><p>que, à época, representavam um universo de 45 pessoas.</p><p>70</p><p>Utilizada uma abordagem qualitativa valendo-se da técnica de análise de conteúdo</p><p>para o tratamento dos dados, que foram coletados por meio do auto relato dos</p><p>funcionários acometidos pelo transtorno. Esclarecimentos sobre os processos</p><p>relacionados aos programas de reabilitação profissional da Previdência Social.</p><p>DISCUSSÃO</p><p>A percepção do reabilitado frente a inserção no mercado de trabalho após participar</p><p>do programa de reabilitação profissional foi discutido por vários autores. Destes, todos</p><p>apontaram que a perda ou rompimento com o vínculo de trabalho pode ser uma</p><p>experiência negativa, não somente do ponto de vista econômico, mas pode afetar o</p><p>físico, psicológico e social do indivíduo, porém, estudos comprovam um bom trabalho</p><p>multidisciplinar pode exercer sobre o reabilitado e sua reinserção no mercado de</p><p>trabalho efeitos positivos, ocasionando assim melhora na qualidade de vida e inclusão</p><p>social através da ampliação de sua comunicação, mobilidade, controle de seu</p><p>ambiente, habilidades de seu aprendizado e trabalho.</p><p>Os resultados do presente estudo fornecem uma breve explicação sobre o surgimento</p><p>da reabilitação profissional e seus envolvidos e esclarecer possíveis dúvidas sobre os</p><p>benefícios desse programa.</p><p>As condições do Brasil enfrentar seus dilemas estruturais estão diretamente</p><p>relacionadas às pressões dos trabalhadores por medidas de expansão dos direitos e</p><p>dos gastos sociais, sem o que eles permanecerão parcos, administrando ou gerindo</p><p>a pobreza, contentando-se com resultados pífios e de largo prazo quanto à</p><p>desigualdade profunda que marca este país (DELFINO; MORAES, 2015).</p><p>Parece-nos que as condições na França têm sido maiores e melhores para defender</p><p>suas conquistas, mesmo com anos de um governo de direita, apesar do ambiente</p><p>neoliberal das últimas décadas e da crise. Os direitos estão enraizados na cultura</p><p>política e no cotidiano francês como exigíveis do Estado. Isso faz e fará toda a</p><p>diferença, especialmente se a classe trabalhadora francesa encontrar formas de</p><p>unificar as lutas ainda mais fortes que as disponíveis hoje e para além dos organismos</p><p>tradicionais e institucionais da luta política francesa (MAENO; VILELA, 2010).</p><p>A abordagem dos programas de benefícios da previdência social brasileira da</p><p>perspectiva dos trabalhadores que experimentam o fenômeno do afastamento por</p><p>71</p><p>doença desvenda o constrangimento imposto aos contribuintes pelas políticas de</p><p>proteção social. Dessa forma, o programa merece ser repensado e modernizado para</p><p>atender às exigências das mudanças na esfera produtiva, aumentando assim a</p><p>qualidade.</p><p>Os estudos em reabilitação profissional e saúde mental são recentes. Assim, aponta-</p><p>se a necessidade da comunidade científica realizar mais estudos nessa área,</p><p>ampliando a produção sobre os aspectos da saúde mental em reabilitação</p><p>profissional.</p><p>OS trabalhadores retornaram ao mesmo local de trabalho e para a mesma função,</p><p>com restrição de tarefas ou para outra atividade. Observou-se a falta de integração</p><p>entre os objetivos do Programa de Reabilitação Profissional – por parte do INSS – e</p><p>entre as Empresas. Dessa forma, vê-se a necessidade de tomar medidas para</p><p>qualificar a reabilitação profissional.</p><p>A reabilitação profissional é o caminho para que o reabilitado tenha conquistas durante</p><p>a construção do estado de bem-estar social. Mas é necessário que a Previdência</p><p>Social demonstre seguridade e transparência institucional afim de permitir uma ampla</p><p>participação da sociedade nas decisões referentes aos seus rumos.</p><p>Pode-se afirmar que o WoDDI está adaptado para a realidade brasileira, podendo ser</p><p>utilizado por profissionais e serviços interessados nos assuntos de incapacidade</p><p>relacionada ao trabalho (MININEL, 2010).</p><p>Um mesmo fator estressor é interpretado de diferentes formas, e que afetam</p><p>diretamente as questões de ordem afetiva, fisiológicas e as reações comportamentais.</p><p>Sugere-se a realização de novas pesquisas, incluindo a percepção de gestores de</p><p>recursos humanos a respeito do retorno dos trabalhadores afastados por transtornos</p><p>mentais e de comportamento e as possibilidades de intervenção no ambiente, de</p><p>forma a colher profissionais em recuperação emocional.</p><p>A saúde coletiva se consolida como campo científico e âmbito de práticas aberto à</p><p>incorporação de propostas inovadoras, muito mais do que qualquer outro movimento</p><p>equivalente na esfera pública mundial.</p><p>Os estudos apontam grande relevância social e científica da qualidade de vida, mas</p><p>sugerem que novos estudos surjam para que haja melhorias e novas propostas de</p><p>intervenção.</p><p>72</p><p>O que está em questão não é a penas a reabilitação profissional, mas sim a saúde</p><p>dos trabalhadores. É notório que o adoecimento e/ou acidentes que acometem</p><p>trabalhadores não são apenas problemas biológicos. Assim é necessário novas</p><p>propostas e implementações para o Programa Nacional de Reabilitação Profissional.</p><p>Deve-se deixar claros os caminhos a percorrer para utilizar os serviços de reabilitação</p><p>profissional de órgãos públicos.</p><p>Para o sucesso no tratamento, o profissional deve ser capaz de se mostrar receptivo</p><p>aos esforços de seu paciente. Assim, faz-se importante a abordagem dos aspectos</p><p>motivacionais e de humanização na formação dos profissionais da área.</p><p>A reabilitação profissional, por ser essencial à dignidade humana, atua como</p><p>instrumento de realização dos direitos fundamentais, e a discriminação positiva,</p><p>relativa à inclusão social das pessoas com deficiência, e um mecanismo de</p><p>compensação, não só por dar efetividade ao princípio da igualdade, mas também por</p><p>tornar o indivíduo respeitável perante a sociedade, e principalmente, incluí-lo no seio</p><p>desta, como cidadão, possuidor de direitos e obrigações (PRADO FILHO, 2017).</p><p>Conclui-se que diante da realidade, a principal questão averiguada consiste no fato</p><p>de que as leis vigentes não são suficientes para garantir o acesso dos trabalhadores</p><p>portadores de necessidades especiais ao mercado de trabalho e, para o sucesso</p><p>dessa política, faz-se necessária, além da mudança legal, do investimento em</p><p>educação, em habilitação e reabilitação, em infraestrutura, etc., uma verdadeira</p><p>mudança cultural, para que se entenda e aceite a inclusão de tal grupo social.</p><p>A crença em sua potência profissional no sentido de auxiliar os indivíduos a olhar,</p><p>significar, atribuir valor ao seu processo de afastamento, ao seu histórico de vida e</p><p>profissional; de auxiliá-los na construção de estratégias de enfrentamento dessas</p><p>condições e de novas ações no mundo; de acolher os segurados; de investigar e</p><p>identificar os sentidos que atribuem as suas novas condições e ao redimensionamento</p><p>ocorrido em suas vidas, após a redução da capacidade do exercício de seu trabalho</p><p>habitual, impulsiona e alimenta, ao mesmo tempo em que as torna mais críticas com</p><p>os limites inerentes às contradições desse campo, limites estes que as convocam,</p><p>também, a se reconstituírem profissionalmente, a se reinventarem enquanto</p><p>profissionais diante de uma nova demanda e de uma nova prática e a reconhecer,</p><p>nesse processo, uma identidade que lhes cabe.</p><p>73</p><p>CONCLUSÃO</p><p>A dificuldade de encontrar informações a respeito de reabilitação social indica que</p><p>existe ainda uma grande lacuna entre as diretrizes legais existentes e a efetivação e</p><p>manuseio desses recursos para esses indivíduos.</p><p>A reabilitação profissional se mostrou importante frente ao suporte que oferece ao</p><p>reabilitado que necessita voltar ao mercado de trabalho e desenvolver em algumas</p><p>vezes novas atividades, pois por meio dos recursos oferecidos a pessoa pode</p><p>vivenciar o mundo que a cerca, minimizando os efeitos físicos e psíquicos, interagindo</p><p>e construindo conhecimentos e habilidades, favorecendo sua inclusão social e</p><p>melhorando sua qualidade de vida.</p><p>Existem ainda dificuldades relacionadas ao sistema responsável por esse serviço,</p><p>mas que podem ser superadas com a reforma das políticas públicas que o cercam.</p><p>Diante disso, é preciso promover o questionamento para uma nova visão, buscando</p><p>maior incentivo por parte do poder público, que esteja não só preocupado com a</p><p>produtividade, mas também desperte uma convivência harmoniosa nas relações</p><p>patrão/empregado e a recolocação destes funcionários afastados no mercado de</p><p>trabalho, levando em conta seu potencial humano e produtivo; buscando assim</p><p>atender as inquietações com a sustentabilidade social, que tem entre outros, garantir</p><p>a melhoria da qualidade da população e das gerações futuras. O artigo atingiu seus</p><p>objetivos, apresentando um panorama sobre a pesquisa em Reabilitação Profissional</p><p>nos principais periódicos brasileiros, nos últimos 10 anos. Espera-se com os</p><p>resultados, contribuir e fomentar novas pesquisas sobre Reabilitação Profissional</p><p>utilizando outras técnicas e metodologias de analise ainda pouco exploradas. Como</p><p>sugestão para outros estudos fica a inclusão de outras palavras de busca relacionadas</p><p>ao tema, dado que a literatura não apresenta um consenso em relação aos termos</p><p>utilizados e a utilização de outras revistas que abordem o tema, nacionais e</p><p>internacionais.</p><p>74</p><p>REFERÊNCIAS</p><p>ARAÚJO, D.P. História da Reabilitação Profissional. Setembro, 2008. Disponível</p><p>em: http://www.proreabilitacao.com.br/papo-cafezinho/demetrio-praxedes-</p><p>araujo/historia-da-reabilitacao-profissional-sintese</p><p>BEHRING, E. R. França e Brasil: realidades distintas da proteção social, entrelaçadas</p><p>no fluxo da história; France and Brazil: different social security realities interwoven in</p><p>the historical flow. Serviço Social & Sociedade, n. 113, pp. 7-52, 2013.</p><p>BERNARDO, L.D. Os significados do trabalho e a reabilitação profissional para</p><p>o trabalhador incapacitado para o exercício da profissão habitual. Belo Horizonte-</p><p>MG, 2006.</p><p>BREGALDA, M.M.; LOPES, R.E. A reabilitação profissional no INSS: caminhos da</p><p>terapia ocupacional. Saúde Soc. São Paulo, v.25, n.2, p.479-493, 2016.</p><p>CANAL, P.; CRUZ, R. M. Aspectos psicológicos e reabilitação profissional: revisão de</p><p>literatura. Estudos de Psicologia. Campinas, 2013, vol. 30, n. 4, out./dez.</p><p>CESTARI, E.; CARLOTTO, M. S. Reabilitação profissional: o que pensa o trabalhador</p><p>sobre sua reinserção.IN: Estudos e pesquisas em psicologia. Reabilitação</p><p>Profissional. Rio de Janeiro, 2012, vol. 12, n. 01, pp. 93-115.</p><p>DELFINO, L.G.; MORAES, T.D. Percepções sobre adoecimento para caminhoneiros</p><p>afastados pelo sistema de previdência social. Estudos Interdisciplinares em</p><p>Psicologia. Londrina, v. 6, n. 2, p. 113-137, dez. 2015.</p><p>DINIZ, K. T. et al. Capacidade laboral dos segurados do INSS portadores de</p><p>LER/DORT que retornaram ao trabalho. ConScientiae saúde (Impr.), v. 9, n. 4, 2010.</p><p>FONSECA, F. V. da et al. Modelo de reabilitação profissional. 2011.</p><p>INSS – Instituto Nacional do Seguro Social. Reabilitação Profissional: articulando</p><p>ações em saúde do trabalhador e construindo a reabilitação integral. Brasília-DF, 2016</p><p>MAENO, M; VILELA, R de G. Reabilitação profissional no Brasil: elementos para a</p><p>construção de uma política pública. Revista Brasileira de Saúde Ocupacional, v. 35,</p><p>n. 121, pp. 87-99, 2010.</p><p>MININEL, V. A. Adaptação transcultural do Work Desability Diagnosis Interview</p><p>(WoDDI) para o contexto brasileiro. Tese (doutorado). São Paulo: Escola de</p><p>Enfermagem. Universidade de São Paulo, 2010.</p><p>PAIM, J. S.; ALMEIDA FILHO, N. Saúde coletiva: uma “nova saúde pública” ou campo</p><p>aberto a novos paradigmas? Revista Saúde Pública, v. 32, n. 4, pp. 299-316, 1998.</p><p>75</p><p>PEREIRA E.F. Qualidade de Vida: abordagens, conceitos e avaliação.</p><p>Rev.Bras.Educ.Fís.Esporte, São Paulo, v.26, n2, p.241-50, Abr/Jun, 2012.</p><p>PEREIRA, M.C.C. Reabilitação Profissional Previdenciária: questões candentes</p><p>na atualidade. Congresso Catarinense de Assistentes Sociais – Florianópolis, 2013.</p><p>PRADO FILHO, J.M. A reabilitação profissional no regime geral de previdência social.</p><p>Âmbito Jurídico, Rio Grande, XVII, n. 121, março, 2017.</p><p>RAMAZINI, RAMAZZINI, Bernardino. As doenças dos trabalhadores. 2. ed. São</p><p>Paulo: FUNDACENTRO, 1999. Tradução brasileira do De Morbis Artificum Diatriba</p><p>pelo Dr. Raimundo Estrêla.</p><p>ROCHA, E F; DE PAULA, A. R; KRETZER, M R. O estudo de prevalência de</p><p>deficiências e incapacidades como instrumento de planejamento das atividades de</p><p>atenção à saúde</p><p>ao trabalho. Os resultados foram apresentados em</p><p>artigo cientifico. Foram feitos dois artigos, o primeiro a respeito da história da</p><p>reintegração de reabilitados às empresas e o outro resumindo esse estudo com</p><p>resultados integrados a pesquisa. Pode-se observar que a maior parte dos reabilitados</p><p>não participaram do Programa de Reabilitação Profissional, e, mesmo entre os que</p><p>participaram, não houve acompanhamento, nem procedimento adequado para uma</p><p>recuperação eficaz. A maioria dos reabilitados não retornou às suas atividades, e</p><p>quando retornou não tinham a mesma eficiência produtiva. Quantos aos gestores,</p><p>todos que responderam sem exceção, acreditam que o processo de reinserção do</p><p>reabilitado deveria ser uma oportunidade para o trabalhador e não um obstáculo,</p><p>como a maioria dos reabilitados enxergam. Espera-se que os resultados em termos</p><p>de sentimentos e comportamentos despertados nesta pesquisa possam subsidiar um</p><p>novo olhar do gestor para o reabilitado, levando-o a tratá-lo de maneira mais humana</p><p>e respeitosa, esperando-se também que o retorno do reabilitado para a empresa nem</p><p>sempre configure apenas em permanecer numa mesma função, em ter o risco de</p><p>experienciar novos acidentes ou ser desligado da empresa.</p><p>Palavras-chave: reabilitação profissional; qualidade de vida no trabalho; políticas</p><p>públicas.</p><p>ABSTRACT</p><p>The reintegration of the workers removed by the National Institute of Social Security</p><p>(INSS) is a lengthy process. Improving quality of life and productivity in the workplace</p><p>are key factors for the company. On the one hand, companies with systems that seek</p><p>results without interest by the human being. On the other, demotivation and humiliation</p><p>of employees seeking recognition and appreciation. Becoming goes beyond the</p><p>human condition, compromising health and dignity. Given this reality of the world of</p><p>work, this study aimed to verify the perception of managers and rehabilitated</p><p>reintegrated after leaving the work to the company, identifying the most critical points</p><p>and that should be prioritized in the search for a better quality of life for the</p><p>rehabilitated. A qualitative study was carried out with the performance of semi-</p><p>structured interviews, in which ten workers who had been separated by work for a</p><p>period of more than 30 days were interviewed in the period from 09/10/2016 to</p><p>04/10/2017 and their managers who are currently leading or who have already led</p><p>these workers. The research had as a parameter the reality of municipalities belonging</p><p>to the Executive Management of the INSS of São João da Boa Vista - SP. The data</p><p>collection was done using audio recording, identification card and interview script, with</p><p>the authorization of the participants and submitted to content analysis, according to</p><p>Bardin (2002), from the selection of analysis categories, where he focused two main</p><p>categories: the accident at work and / or illness and the return to work. The results</p><p>were presented in a scientific article. Two articles were made, the first on the history of</p><p>reintegration of rehabilitated companies and the other summarizing this study with</p><p>results integrated into the research. It can be seen that most of the rehabilitated</p><p>persons did not participate in the Professional Rehabilitation Program, and even</p><p>among those who participated, there was no follow-up or adequate procedure for an</p><p>effective recovery. Most of the rehabilitated did not return to their activities, and when</p><p>it returned they did not have the same productive efficiency. How many managers, all</p><p>who responded without exception, believe that the process of reinsertion of the</p><p>rehabilitated should be an opportunity for the worker and not an obstacle, as most of</p><p>the rehabilitated see. It is hoped that the results in terms of feelings and behaviors</p><p>aroused in this research can subsidize a new look from the manager to the</p><p>rehabilitated, leading him to treat him in a more humane and respectful way, and also</p><p>expects the return of the rehabilitated to The company does not always only have to</p><p>remain in the same role, risk having to experience new accidents or being</p><p>disconnected from the company.</p><p>Keywords: professional rehabilitation; quality of life at work; public policy.</p><p>LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS</p><p>AEPS – Anuário Estatístico da Previdência Social</p><p>APS – Agências da Previdência Social</p><p>CAPS – Caixas de Aposentadorias de Pensões</p><p>CAT – Comunicação de Acidente de Trabalho</p><p>CEP – Comitê de Ética em Pesquisa</p><p>CEREST – Centro de Referência em Saúde do Trabalhador</p><p>CID – Classificação Internacional de Doenças</p><p>CIF – Classificação de Incapacidade e Funcionalidade</p><p>CNS – Conselho Nacional de Saúde</p><p>CRP – Centro de Reabilitação Profissional do INPS</p><p>IAPS – Institutos de Aposentadorias e Pensões</p><p>INPS – Instituto Nacional de Previdência Social</p><p>INSS – Instituto Nacional do Seguro Social</p><p>ISO – International Organization for Standardization</p><p>MPAS – Ministério da Previdência e Assistência Social</p><p>MPT – Ministério Público do Trabalho</p><p>NRP – Núcleo de Reabilitação Profissional do INPS</p><p>OIT – Organização Internacional do trabalho</p><p>OMS – Organização Mundial da Saúde</p><p>PRA – Programa de Reabilitação Amplificado</p><p>PST – Programa de Saúde do Trabalhador</p><p>QV – Qualidade de Vida</p><p>QVS – Qualidade de Vida Sustentável</p><p>QVST – Qualidade de Vida Sustentável no Trabalho</p><p>QVT – Qualidade de Vida no Trabalho</p><p>RENAST – Rede Nacional de Atenção Integral à Saúde do Trabalhador</p><p>RSC – Responsabilidade Social Corporativa</p><p>SENAC – Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial</p><p>SENAI – Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial</p><p>SUS – Sistema Único de Saúde</p><p>TAC – Termo de Ajuste de Conduta</p><p>TST – Tribunal Superior do Trabalho</p><p>UFSC – Universidade Federal de Santa Catarina</p><p>UICN – International Union for the Conservation of Nature and Natural Resources</p><p>WBCSD – Conselho Mundial de Negócios para o Desenvolvimento Sustentável</p><p>LISTA DE FIGURAS</p><p>Figura 1: Número de acidentes de trabalho registrados no Brasil – 2010/2014 ........ 21</p><p>Figura 2: Processo de reabilitação profissional ......................................................... 28</p><p>Figura 3: Interações entre os componentes da CIF .................................................. 47</p><p>LISTA DE QUADROS</p><p>Quadro 1: Dados pessoais dos reabilitados .............................................................. 90</p><p>Quadro 2: Dados profissionais e de afastamento ...................................................... 91</p><p>Quadro 3: Dados pessoais dos gestores ................................................................ 100</p><p>Quadro 4: Dados profissionais dos gestores ........................................................... 101</p><p>Quadro 5: Síntese da percepção entre os gestores e reabilitados .......................... 110</p><p>Quadro 6: Sintetização dos resultados observados na pesquisa - Reabilitados ..... 116</p><p>Quadro 7: Sintetização dos resultados observados na pesquisa - Gestores .......... 117</p><p>SUMÁRIO</p><p>Introdução ....................................................................................................... 15</p><p>1. Referencial Teórico .................................................................................... 20</p><p>1.1 Sociedade .............................................................................................. 20</p><p>1.1.1 O trabalho, o trabalhador e a empresa ............................................... 20</p><p>1.1.2 O INSS e o processo de reabilitação profissional ............................... 25</p><p>1.1.3 A história da reabilitação profissional no mundo ................................. 31</p><p>1.1.4 Reabilitação profissional no Brasil: um direito do trabalhador .............</p><p>e reabilitação no Programa Saúde da Família. Revista de Terapia</p><p>Ocupacional da Universidade de São Paulo, v. 15, n. 1, pp. 1-10, 2004.</p><p>SCLIAR, M. et al. Saúde pública: histórias, políticas e revolta. Scipione, 2002.</p><p>SCHUBERT, B. "Reabilitação profissional no mundo." Revista da Associação</p><p>Nacional dos Médicos Peritos da Previdência Social (2009): 29-31.</p><p>SOLER, A. P. S. C. et al. Motivação e humanização: fatores de relevância no</p><p>tratamento terapêutico e na formação do profissional em reabilitação. Cadernos de</p><p>Pós-Graduação em Distúrbios do Desenvolvimento, São Paulo, 2004, v. 4, n. 1,</p><p>pp. 13-24.</p><p>Takahashi, Mara Alice Batista Conti, and Aparecida Mari Iguti. "As mudanças nas</p><p>práticas de reabilitação profissional da Previdência Social no Brasil: modernização ou</p><p>enfraquecimento da proteção social?." Cadernos de Saúde Pública (2008).</p><p>TAKAHASHI, M. A. B. C et al. Programa de Reabilitação Profissional para</p><p>Trabalhadores com Incapacidades por LER/DORT: relato de experiência do Cerest-</p><p>Piracicaba. Revista Brasileira Saúde Ocupacional, São Paulo, 2010, pp. 100-111.</p><p>TAKAHASHI, M. A. B. C. et al. "Agir articulado entre atenção, reabilitação e prevenção</p><p>em Saúde do Trabalhador: a experiência do CEREST-Piracicaba." Revista da RET 9</p><p>(2011): 117-38.</p><p>TEIXEIRA JUNIOR, G. J. A. Análise de encaminhamentos à unidade técnica de</p><p>reabilitação. Revista da Associação Nacional dos Médicos Peritos da Previdência</p><p>Social , Brasília, n . 10, p. 33, abr./Maio 2009.</p><p>ANEXO</p><p>76</p><p>Quadro 1: Artigos selecionados de acordo com o tema de pesquisa Reabilitação Profissional</p><p>Autor Objetivos Método Resultados Conclusão</p><p>ARAÚJO,</p><p>D.P. 2008</p><p>Discute a</p><p>necessidade da</p><p>política, educação</p><p>e cultura nos</p><p>programas de</p><p>reabilitação</p><p>profissional.</p><p>Fornecer informações a</p><p>respeito das pessoas</p><p>envolvidas no surgimento</p><p>dos programas de</p><p>reabilitação profissional e</p><p>as leis que as cercam.</p><p>Fornecer uma breve explicação</p><p>sobre o surgimento da</p><p>reabilitação profissional e seus</p><p>envolvidos e esclarecer</p><p>possíveis dúvidas sobre os</p><p>benefícios desse programa.</p><p>BEHRING,</p><p>E.R. 2013.</p><p>Analisa a</p><p>destinação de</p><p>recursos dos</p><p>orçamentos</p><p>nacionais do</p><p>Brasil e da França</p><p>no ano de 2010,</p><p>com destaque</p><p>para a seguridade</p><p>social, mostrando</p><p>tendências da</p><p>alocação do fundo</p><p>público, o impacto</p><p>da dinâmica da</p><p>dívida pública e da</p><p>financeirização no</p><p>conjunto das</p><p>despesas e,</p><p>sobretudo, as</p><p>semelhanças e</p><p>diferenças entre</p><p>as experiências e</p><p>condições</p><p>históricas distintas</p><p>de um país</p><p>capitalista</p><p>periférico e outro</p><p>central, mas que</p><p>se entrelaçam na</p><p>totalidade.</p><p>Síntese dos principais</p><p>resultados de estudos</p><p>quando da realização do</p><p>pós-doutorado na</p><p>Universidade de Paris VIII,</p><p>Cresppa-CSU - prof. Yves</p><p>Sintomer e suporte da</p><p>Capes - Brasil,</p><p>desenvolvendo projeto</p><p>intitulado Fundo Público,</p><p>Orçamento e Seguridade</p><p>Social: um estudo</p><p>comparado Brasil -</p><p>França.</p><p>Os direitos estão enraizados na</p><p>cultura política e no cotidiano</p><p>francês como exigíveis do</p><p>Estado. Isso faz e fará toda a</p><p>diferença, especialmente se a</p><p>classe trabalhadora francesa</p><p>encontrar formas de unificar as</p><p>lutas ainda mais fortes que as</p><p>disponíveis hoje e para além</p><p>dos organismos tradicionais e</p><p>institucionais da luta política</p><p>francesa.</p><p>As condições de o Brasil</p><p>enfrentar seus dilemas</p><p>estruturais estão diretamente</p><p>relacionadas às pressões dos</p><p>trabalhadores por medidas de</p><p>expansão dos direitos e dos</p><p>gastos sociais, sem o que eles</p><p>permanecerão parcos,</p><p>administrando ou gerindo a</p><p>pobreza, contentando-se com</p><p>resultados pífios e de largo</p><p>prazo quanto à desigualdade</p><p>profunda que marca este país.</p><p>Parece-nos que as condições</p><p>na França têm sido maiores e</p><p>melhores para defender suas</p><p>conquistas, mesmo com anos</p><p>de um governo de direita,</p><p>apesar do ambiente neoliberal</p><p>das últimas décadas e da crise.</p><p>BERNARD</p><p>O, L.D.</p><p>2006.</p><p>Compreender a</p><p>vivência dos</p><p>trabalhadores</p><p>afastados do</p><p>trabalho por</p><p>doença que estão</p><p>no Programa de</p><p>Reabilitação</p><p>Profissional da</p><p>Agência da</p><p>Previdência Social</p><p>de Belo Horizonte,</p><p>em relação à</p><p>perda do vínculo</p><p>social do trabalho,</p><p>ao afastamento e</p><p>à reabilitação</p><p>profissional.</p><p>Pesquisa qualitativa</p><p>exploratória com 20</p><p>segurados do Instituto</p><p>Nacional do Seguro Social</p><p>(INSS) da regional de Belo</p><p>Horizonte, inseridos no</p><p>Programa de Reabilitação</p><p>Profissional, onde 08 não</p><p>quiseram participar.</p><p>O programa merece ser</p><p>repensado e modernizado para</p><p>atender às exigências das</p><p>mudanças na esfera produtiva,</p><p>aumentando assim a qualidade.</p><p>A abordagem dos programas de</p><p>benefícios da previdência social</p><p>brasileira da perspectiva dos</p><p>trabalhadores que</p><p>experimentam o fenômeno do</p><p>afastamento por doença</p><p>desvenda o constrangimento</p><p>imposto aos contribuintes pelas</p><p>políticas de proteção social.</p><p>CANAL, P.,</p><p>CRUZ R.M.</p><p>2013.</p><p>Realizar</p><p>levantamento</p><p>bibliográfico a</p><p>respeito da</p><p>reabilitação</p><p>profissional e dos</p><p>aspectos</p><p>psicológicos</p><p>relacionados.</p><p>Levantamento</p><p>bibliográfico a respeito de</p><p>reabilitação profissional e</p><p>seus aspectos</p><p>psicológicos, no período</p><p>de julho de 2009 a julho de</p><p>2010</p><p>Os estudos em reabilitação</p><p>profissional e saúde mental são</p><p>recentes. Assim, aponta-se a</p><p>necessidade da comunidade</p><p>científica realizar mais estudos</p><p>nessa área, ampliando a</p><p>produção sobre os aspectos da</p><p>saúde mental em reabilitação</p><p>profissional.</p><p>77</p><p>CESTARI,E</p><p>.;CARLOTT</p><p>0, M. S.</p><p>2012.</p><p>Conhecer a</p><p>vivência do</p><p>trabalhador</p><p>segurado em seu</p><p>processo de</p><p>reinserção laboral</p><p>na empresa de</p><p>vínculo,</p><p>procurando</p><p>avaliar aspectos</p><p>do trabalhador e</p><p>do Programa de</p><p>Reabilitação</p><p>Profissional que</p><p>contribui em</p><p>efetivamente para</p><p>uma adequada</p><p>readaptação no</p><p>mercado de</p><p>trabalho e em seu</p><p>contexto familiar e</p><p>social.</p><p>Foram realizadas</p><p>entrevistas semi-</p><p>estruturadas com 05</p><p>trabalhadores.</p><p>Verificou-se, por meio deste</p><p>estudo, que os trabalhadores</p><p>retornaram ao mesmo local de</p><p>trabalho e para a mesma</p><p>função, com restrição de tarefas</p><p>ou para outra atividade.</p><p>Observou-se a falta de</p><p>integração entre os objetivos</p><p>do Programa de Reabilitação</p><p>Profissional – por parte do INSS</p><p>– e entre as</p><p>Empresas.</p><p>DINIZ, K.T.</p><p>et all. 2010.</p><p>Avaliar a</p><p>capacidade</p><p>laboral de</p><p>segurados do</p><p>INSS por DORT</p><p>que retornaram ao</p><p>trabalho.</p><p>Estudo observacional e</p><p>transversal, realizado com</p><p>trabalhadores do setor</p><p>produtivo de uma unidade</p><p>fabril na cidade de</p><p>Campina Grande, PB com</p><p>diagnóstico de</p><p>LER/DORT. Afastamento</p><p>de 80 indivíduos , porém</p><p>apenas 22 retornaram às</p><p>atividades. Foi utilizado o</p><p>Índice de Capacidade para</p><p>o Trabalho (ICT).</p><p>O que foi percebido é que ao</p><p>retornarem para o trabalho, os</p><p>reabilitados continuam</p><p>exercendo a mesma função que</p><p>ocasionou a licença.</p><p>O estudo foi realizado com</p><p>ambos os sexos, onde existe</p><p>uma proporção majoritária em</p><p>mulheres, devido a dupla</p><p>jornada decorrente das divisões</p><p>sexuais do trabalho na família e</p><p>na sociedade. Dessa forma, vê-</p><p>se a necessidade de tomar</p><p>medidas para qualificar a</p><p>reabilitação profissional.</p><p>FONSECA,</p><p>F. V. da et.,</p><p>2012</p><p>Desenvolver uma</p><p>proposta de</p><p>modelo de</p><p>avaliação da</p><p>eficácia para o</p><p>Programa de</p><p>Reabilitação</p><p>Profissional (PRP)</p><p>da Previdência</p><p>Social do Brasil</p><p>Pesquisa avaliativa. O</p><p>modelo proposto tem</p><p>como unidades de análise</p><p>o PRP desenvolvido nas</p><p>Unidades Federativas</p><p>(UF) do Brasil. O</p><p>desenvolvimento do</p><p>modelo de avaliação</p><p>contou com as etapas de:</p><p>identificação do Modelo</p><p>Teórico, elaboração do</p><p>Modelo Lógico, e</p><p>construção e validação da</p><p>Matriz Avaliativa do PRP.</p><p>O cumprimento das</p><p>etapas compreendeu a</p><p>revisão da literatura e da</p><p>legislação, e a busca da</p><p>opinião de especialistas</p><p>no tema. Em relação aos</p><p>especialistas, houve</p><p>contribuições em dois</p><p>momentos: para o</p><p>desenvolvimento das</p><p>etapas, foram utilizadas as</p><p>reuniões do Núcleo de</p><p>Extensão e Pesquisa em</p><p>Avaliação em Saúde</p><p>(NEPAS); e para a</p><p>validação do modelo, uma</p><p>oficina de consenso, que</p><p>contou com a participação</p><p>de especialistas</p><p>convidados com a</p><p>aplicação do Método</p><p>Delfos.</p><p>O instrumento proposto busca</p><p>contribuir para a melhoria da</p><p>prestação dos serviços do PRP,</p><p>a partir de sua aplicação nas</p><p>UFs do país. Trata-se de uma</p><p>autoavaliação de fácil</p><p>aplicabilidade, que permite</p><p>adequações a especificidades</p><p>locais. Propomos o</p><p>desenvolvimento de novos</p><p>estudos avaliativos sob outros</p><p>enfoques, além do caráter</p><p>normativo, que ampliem o</p><p>conhecimento científico sobre o</p><p>tema.</p><p>MAENO,</p><p>M., VILELA,</p><p>Descrever a</p><p>retrospectiva</p><p>Revisão bibliográfica a</p><p>respeito de reabilitação</p><p>A reabilitação profissional é o</p><p>caminho para que o reabilitado</p><p>78</p><p>R.A.G.</p><p>2010.</p><p>histórica da</p><p>reabilitação</p><p>profissional e</p><p>refletir sobre as</p><p>possibilidades de</p><p>se construir uma</p><p>política pública</p><p>visando a real</p><p>inclusão social</p><p>dos reabilitados.</p><p>profissional e os desafios</p><p>da construção de uma</p><p>política pública para a</p><p>reinserção dos</p><p>trabalhadores no mercado</p><p>de trabalho.</p><p>tenha conquistas durante a</p><p>construção do estado de bem-</p><p>estar social. Mas é necessário</p><p>que a Previdência Social</p><p>demonstre seguridade e</p><p>transparência institucional afim</p><p>de permitir uma ampla</p><p>participação da sociedade nas</p><p>decisões referentes aos seus</p><p>rumos.</p><p>MININEL,</p><p>V. 2010.</p><p>Adaptação</p><p>transcultural do</p><p>Work Disability</p><p>Diagnosis</p><p>Interview (WoDDI)</p><p>para o contexto</p><p>brasileiro. Este</p><p>guia de entrevista</p><p>estruturada foi</p><p>desenvolvido pela</p><p>Universidade de</p><p>Sherbrooke</p><p>(Canadá) para</p><p>ajudar os</p><p>profissionais de</p><p>saúde a</p><p>detectarem os</p><p>fatores preditivos</p><p>de maior</p><p>importância para</p><p>incapacidades</p><p>relacionadas ao</p><p>trabalho e a</p><p>identificarem uma</p><p>ou mais causas de</p><p>absenteísmo</p><p>prolongado do</p><p>trabalho.</p><p>Foi realizado obedecendo-</p><p>se às recomendações</p><p>internacionais e princípios</p><p>éticos para pesquisas com</p><p>seres humanos. Foram</p><p>observadas as seguintes</p><p>fases: tradução inicial,</p><p>síntese das traduções,</p><p>retrotradução, avaliação</p><p>por Comitê de</p><p>Especialistas e teste da</p><p>versão pré-final. Após as</p><p>fases de tradução inicial e</p><p>retrotradução, o WoDDI foi</p><p>submetido ao Comitê de</p><p>Especialistas para</p><p>validação das</p><p>equivalências conceitual,</p><p>semântica, idiomática,</p><p>experencial e operacional,</p><p>além da Validação de</p><p>Conteúdo. Esta análise</p><p>desencadeou em</p><p>adaptações dos termos</p><p>que apresentaram</p><p>percentual de Validade de</p><p>Conteúdo inferior a 90%</p><p>entre os especialistas. A</p><p>amostra da população-</p><p>alvo para aplicação em</p><p>pré-teste contou com a</p><p>participação de 30</p><p>trabalhadores do Hospital</p><p>Universitário da</p><p>Universidade de São</p><p>Paulo, afastados devido a</p><p>problemas de saúde</p><p>relacionados ao trabalho.</p><p>A coleta de dados foi</p><p>realizada por um médico</p><p>ortopedista e pela</p><p>pesquisadora, que</p><p>aplicaram o guia de</p><p>entrevista em duas partes,</p><p>sequencialmente.</p><p>Os resultados foram obtidos por</p><p>meio da análise da</p><p>compreensibilidade dos itens</p><p>pelos entrevistadores e pela</p><p>população de estudo. Para os</p><p>entrevistadores, que avaliaram</p><p>as seções referentes ao exame</p><p>físico, o WoDDI foi considerado</p><p>bastante completo e fácil de</p><p>aplicar. Pequenas alterações</p><p>operacionais foram propostas,</p><p>com o intuito de facilitar o</p><p>entendimento dos</p><p>entrevistadores. A explicação</p><p>detalhada dos testes, manobras</p><p>e demais exames foi construída</p><p>com este mesmo objetivo. Os</p><p>termos que apresentaram</p><p>dificuldade de compreensão</p><p>em, pelo menos, 15% da</p><p>população do pré-teste, foram</p><p>passíveis de alteração. Para</p><p>facilitar o uso do WoDDI, foi</p><p>elaborado um manual de</p><p>orientações para sua aplicação,</p><p>contemplando a explicação de</p><p>todas as seções, itens,</p><p>questões e indicadores</p><p>presentes no guia de entrevista</p><p>Estas orientações auxiliam os</p><p>entrevistadores na</p><p>interpretação dos itens, nas</p><p>formas de questionamento e no</p><p>modo de realização dos testes,</p><p>manobras e demais exames.</p><p>Por tratar-se de um guia de</p><p>entrevista qualitativo, que</p><p>confere certa flexibilidade</p><p>àqueles que o utilizam, além de</p><p>facilitar o entendimento, tais</p><p>orientações também ratificam</p><p>os conceitos abordados e a</p><p>forma correta para condução da</p><p>entrevista, conferindo maior</p><p>credibilidade durante o</p><p>processo. A conclusão deste</p><p>estudo demonstra que o WoDDI</p><p>está adaptado para a realidade</p><p>brasileira, podendo ser utilizado</p><p>por profissionais e serviços</p><p>interessados nos assuntos de</p><p>incapacidade relacionada ao</p><p>trabalho.</p><p>OLIVIER,</p><p>M. et all.</p><p>RAC, 2011.</p><p>Fazer um estudo</p><p>de como passou a</p><p>ser o cotidiano</p><p>dos trabalhadores</p><p>do banco, após</p><p>gozarem licença</p><p>médica, devido a</p><p>transtornos</p><p>mentais e</p><p>comportamentais,</p><p>tanto no seu</p><p>aspecto laboral</p><p>quanto pessoal.</p><p>Utilizada uma abordagem</p><p>qualitativa valendo-se da</p><p>técnica de análise de</p><p>conteúdo para o</p><p>tratamento dos dados, que</p><p>foram coletados por meio</p><p>do auto relato dos</p><p>funcionários acometidos</p><p>pelo transtorno.</p><p>O objetivo foi atingido, foi</p><p>descoberto que um mesmo fator</p><p>estressor é interpretado de</p><p>diferentes formas, e que afetam</p><p>diretamente as questões de</p><p>ordem afetiva, fisiológicas e as</p><p>reações comportamentais.</p><p>Sugere-se a realização de</p><p>novas pesquisas, incluindo a</p><p>percepção de gestores de</p><p>recursos humanos a respeito do</p><p>retorno dos trabalhadores</p><p>afastados por transtornos</p><p>mentais e de comportamento e</p><p>as possibilidades de</p><p>intervenção no ambiente, de</p><p>forma a colher profissionais em</p><p>recuperação emocional.</p><p>79</p><p>PAIM, J.S,</p><p>FILHO,</p><p>N.A. 1998.</p><p>Analisar os</p><p>principais</p><p>elementos de</p><p>discurso dos</p><p>movimentos</p><p>ideológicos que</p><p>historicamente</p><p>construíram o</p><p>campo social da</p><p>saúde.</p><p>Revisão bibliográfica a</p><p>respeito da saúde pública</p><p>e os movimentos no</p><p>campo social da saúde.</p><p>A saúde coletiva se consolida</p><p>como campo científico e âmbito</p><p>de práticas aberto à</p><p>incorporação de propostas</p><p>inovadoras, muito mais do que</p><p>qualquer outro movimento</p><p>equivalente na esfera pública</p><p>mundial.</p><p>PEREIRA,</p><p>E.F.et all.</p><p>2012.</p><p>Discutir e analisar</p><p>a literatura</p><p>especializada,</p><p>apresentar as</p><p>principais</p><p>abordagens,</p><p>conceitos e</p><p>propostas de</p><p>classificação e</p><p>avaliação da</p><p>qualidade de vida.</p><p>Revisão bibliográfica</p><p>sobre conceitos,</p><p>abordagens e avaliação</p><p>da qualidade de vida.</p><p>Os estudos apontam grande</p><p>relevância social e científica da</p><p>qualidade de vida, mas sugerem</p><p>que novos estudos surjam para</p><p>que haja melhorias e novas</p><p>propostas de intervenção.</p><p>PEREIRA,</p><p>M.C.C.</p><p>2013.</p><p>Funcionamento</p><p>do serviço de</p><p>Reabilitação</p><p>Profissional</p><p>previdenciário</p><p>desde 1990 ao</p><p>século XXI.</p><p>Revisão bibliográfica</p><p>sobre reabilitação</p><p>profissional previdenciária,</p><p>sendo fruto da pesquisa</p><p>realizada junto ao</p><p>programa de pós-</p><p>graduação em Serviço</p><p>Social da Universidade</p><p>Federal de Santa</p><p>Catarina.</p><p>O que está em questão não é a</p><p>penas a reabilitação</p><p>profissional, mas sim a saúde</p><p>dos trabalhadores. É notório</p><p>que o adoecimento e/ou</p><p>acidentes que acometem</p><p>trabalhadores não são apenas</p><p>problemas biológicos. Assim é</p><p>necessário novas propostas e</p><p>implementações para o</p><p>Programa Nacional de</p><p>Reabilitação Profissional.</p><p>Previdência</p><p>Social –</p><p>Instituto</p><p>Nacional do</p><p>Seguro</p><p>Social.</p><p>Brasília-DF,</p><p>2013.</p><p>Promover ações</p><p>de Reabilitação</p><p>Profissional</p><p>integradas às</p><p>políticas de</p><p>Seguridade</p><p>Social, visando a</p><p>inclusão na</p><p>sociedade por</p><p>meio de ingresso</p><p>ou reingresso no</p><p>mundo do</p><p>trabalho.</p><p>Esclarecimentos sobre os</p><p>processos relacionados</p><p>aos programas de</p><p>reabilitação profissional da</p><p>Previdência Social.</p><p>Deixar claros os caminhos a</p><p>percorrer para utilizar os</p><p>serviços de reabilitação</p><p>profissional de órgãos públicos.</p><p>ROCHA,</p><p>E.F;</p><p>PAULA, A.</p><p>R;</p><p>KRETZER,</p><p>M.R. 2004.</p><p>Pretende</p><p>estabelecer um</p><p>Diagnóstico</p><p>complexo,</p><p>relacionando</p><p>dados de</p><p>prevalência, da</p><p>caracterização do</p><p>território e dados</p><p>referentes à</p><p>exclusão social</p><p>dessa população</p><p>visando o</p><p>planejamento de</p><p>ações de</p><p>intervenção</p><p>A coleta foi realizada por</p><p>agentes comunitários de</p><p>saúde das equipes de</p><p>família (médico,</p><p>enfermeiro, auxiliar de</p><p>enfermagem) e equipe de</p><p>reabilitação</p><p>(fisioterapeuta,</p><p>fonoaudiólogo e terapeuta</p><p>ocupacional) do território</p><p>estudado, buscando-se</p><p>dessa forma, uma relação</p><p>íntima dos pesquisadores</p><p>com a realidade retratada.</p><p>A própria enquete está</p><p>sendo utilizada como um</p><p>instrumento dos</p><p>profissionais</p><p>no</p><p>planejamento das ações</p><p>preventivas e na</p><p>assistência à população</p><p>em saúde e reabilitação.</p><p>Apresenta dificuldades na sua</p><p>aplicação e no planejamento de</p><p>ações em territórios adscritos,</p><p>pois são realizados por</p><p>amostragem. O atual artigo</p><p>apresenta dados da experiência</p><p>do estudo de prevalência do</p><p>PSF/Fundação Zerbini, na</p><p>região Sudeste do município de</p><p>São Paulo, com coleta</p><p>censitária nas famílias</p><p>cadastradas.</p><p>80</p><p>SOLER,</p><p>A.P.S.C. et</p><p>all. 2004.</p><p>Discutir a</p><p>importância da</p><p>motivação e</p><p>humanização no</p><p>processo de</p><p>reabilitação.</p><p>Revisão Bibliográfica</p><p>buscando relacionar as</p><p>diversas áreas que</p><p>integram a equipe de</p><p>reabilitação.</p><p>Para o sucesso no tratamento, o</p><p>profissional deve ser capaz de</p><p>se mostrar receptivo aos</p><p>esforços de seu paciente.</p><p>Assim, faz-se importante a</p><p>abordagem dos aspectos</p><p>motivacionais e de</p><p>humanização na formação dos</p><p>profissionais da área.</p><p>TAKAHAS</p><p>HI,</p><p>M.A.B.C. et</p><p>all. 2010.</p><p>Relata a</p><p>experiência de um</p><p>projeto-piloto em</p><p>reabilitação</p><p>profissional para</p><p>adoecidos de</p><p>LER/DORT no</p><p>Centro de</p><p>Referência em</p><p>Saúde do</p><p>Trabalhador de</p><p>Piracicaba.</p><p>Revisão bibliográfica e</p><p>reuniões semanais com a</p><p>equipe responsável pela</p><p>reabilitação profissional.</p><p>176 indivíduos passaram</p><p>pelo programa, onde 84</p><p>recusaram-se a participar.</p><p>Desses 22 retornaram ao</p><p>trabalho.</p><p>Os relatos dos pacientes são</p><p>carregados de emoções e</p><p>afetividade. As reuniões</p><p>técnicas possibilitam o acúmulo</p><p>e o compartilhamento de</p><p>saberes.</p><p>Sugerem-se propostas mais</p><p>eficazes na reabilitação</p><p>profissional como políticas</p><p>públicas: implantação de</p><p>conceitos teóricos sobre</p><p>incapacidade e funcionalidade e</p><p>capacitação em ergonomia.</p><p>PRADO</p><p>FILHO, J.M.</p><p>2017.</p><p>Apresenta um</p><p>estudo</p><p>aprofundado da</p><p>Reabilitação no</p><p>seio da sociedade</p><p>brasileira,</p><p>analisando sua</p><p>importância, e o</p><p>papel de todas as</p><p>pessoas</p><p>envolvidas, dentre</p><p>o Poder Público e</p><p>a sociedade, na</p><p>efetivação deste</p><p>trabalho.</p><p>Revisão bibliográfica para</p><p>apresentar uma pesquisa</p><p>panorâmica de todos os</p><p>elementos sociais</p><p>referentes ao</p><p>desenvolvimento da</p><p>reabilitação profissional às</p><p>pessoas portadoras de</p><p>necessidades especiais,</p><p>decorrentes de acidente</p><p>ou enfermidade</p><p>A reabilitação profissional, por</p><p>ser essencial à dignidade</p><p>humana, atua como instrumento</p><p>de realização dos direitos</p><p>fundamentais, e a discriminação</p><p>positiva, relativa à inclusão</p><p>social das pessoas com</p><p>deficiência, e um mecanismo de</p><p>compensação, não só por dar</p><p>efetividade ao princípio da</p><p>igualdade, mas também por</p><p>tornar o indivíduo respeitável</p><p>perante a sociedade, e</p><p>principalmente, incluí‐lo no seio</p><p>desta, como cidadão, possuidor</p><p>de direitos e obrigações.</p><p>Conclui‐se que diante da</p><p>realidade, a principal questão</p><p>averiguada consiste no fato de</p><p>que as leis vigentes não são</p><p>suficientes para garantir o</p><p>acesso dos trabalhadores</p><p>portadores de necessidades</p><p>especiais ao mercado de</p><p>trabalho e, para o sucesso</p><p>dessa política, faz‐se</p><p>necessária, além da mudança</p><p>legal, do investimento em</p><p>educação, em habilitação e</p><p>reabilitação, em infraestrutura,</p><p>etc., uma verdadeira mudança</p><p>cultural, para que se entenda e</p><p>aceite a inclusão de tal grupo</p><p>social.</p><p>BREGALD</p><p>A, M.M.;</p><p>LOPES,</p><p>R.E.</p><p>2016</p><p>Identificar e</p><p>compreender</p><p>práticas e</p><p>concepções</p><p>delineadas pela</p><p>terapia</p><p>ocupacional no</p><p>Serviço de</p><p>Reabilitação</p><p>Profissional no</p><p>Instituto Nacional</p><p>do Seguro Social</p><p>(INSS), no estado</p><p>de São Paulo.</p><p>Iniciou-se com uma</p><p>revisão bibliográfica e</p><p>documental sobre a</p><p>questão da Reabilitação</p><p>Profissional e desta no</p><p>INSS. Após o recorte</p><p>empírico para a coleta de</p><p>dados nos levou à</p><p>elaboração e aplicação de</p><p>um questionário junto às</p><p>terapeutas ocupacionais5</p><p>do Serviço de Reabilitação</p><p>do INSS no estado de São</p><p>Paulo que, à época,</p><p>representavam um</p><p>universo de 45 pessoas.</p><p>A crença em sua potência</p><p>profissional no sentido de</p><p>auxiliar os indivíduos a olhar,</p><p>significar, atribuir valor ao seu</p><p>processo de afastamento, ao</p><p>seu histórico de vida e</p><p>profissional; de auxiliá-los na</p><p>construção de estratégias de</p><p>enfrentamento dessas</p><p>condições e de novas ações no</p><p>mundo; de acolher os</p><p>segurados; de investigar e</p><p>identificar os sentidos que</p><p>atribuem as suas novas</p><p>condições e ao</p><p>redimensionamento ocorrido</p><p>em suas vidas, após a redução</p><p>da capacidade do exercício de</p><p>seu trabalho habitual,</p><p>impulsiona e alimenta</p><p>Ao mesmo tempo em que as</p><p>torna mais críticas com os</p><p>limites inerentes às</p><p>contradições desse campo,</p><p>limites estes que as convocam,</p><p>também, a se reconstituírem</p><p>profissionalmente, a se</p><p>reinventarem enquanto</p><p>profissionais diante de uma</p><p>nova demanda e de uma nova</p><p>prática e a reconhecer, nesse</p><p>processo, uma identidade que</p><p>lhes cabe.</p><p>DELFINO,</p><p>L.G.;</p><p>MORAES,</p><p>T.D.</p><p>2015</p><p>Compreender o</p><p>afastamento do</p><p>trabalho de</p><p>caminhoneiros de</p><p>rota longa em</p><p>benefício</p><p>previdenciário e</p><p>com indicação de</p><p>reabilitação</p><p>profissional pelo</p><p>Instituto Nacional</p><p>Pesquisa de abordagem</p><p>qualitativa, entrevistou-se</p><p>individualmente 13</p><p>caminhoneiros, homens,</p><p>com idades entre 30 e 58</p><p>anos. Dos relatos</p><p>identificaram-se</p><p>categorias como</p><p>características e</p><p>condições do trabalho,</p><p>expectativas e ganhos</p><p>Os dados demonstram</p><p>percepção do afastamento por</p><p>doenças relacionado à atual</p><p>organização do transporte</p><p>rodoviário de cargas e que esse</p><p>afastamento tem ocorrido</p><p>tardiamente com o</p><p>agravamento das morbidades,</p><p>ficando evidente a influência</p><p>dos modos de lidar com o</p><p>adoecer destes trabalhadores.</p><p>81</p><p>do Seguro Social</p><p>(INSS) visando</p><p>conhecer como</p><p>percebiam seu</p><p>trabalho e os</p><p>fatores ligados a</p><p>seu processo de</p><p>adoecimento.</p><p>profissionais e adiamento</p><p>do cuidado.</p><p>O estudo demonstra</p><p>necessidade de aprimoramento</p><p>constante das ações da</p><p>Previdência Social</p><p>principalmente no que se refere</p><p>às especificidades de</p><p>determinados grupos</p><p>profissionais no serviço de</p><p>reabilitação profissional do</p><p>INSS.</p><p>82</p><p>4.2 ARTIGO 2</p><p>Artigo original, submetido à Latin American Journal of Business Management Revista</p><p>(ISSN:2178-4833) para publicação.</p><p>SANTOS, S.R.T.G; OLIVEIRA, L. H. Afastamento do trabalho: análise da</p><p>percepção de gestores e reabilitados reintegrados à empresa de maneira</p><p>sustentável.</p><p>83</p><p>READAPTAÇÃO AO TRABALHO: PERCEPÇÃO DE GESTORES E</p><p>REABILITADOS REINTEGRADOS À EMPRESA</p><p>READING TO WORK: ANALYSIS OF PERCEPTION OF MANAGERS AND</p><p>REHABILITATED REINTEGRATED</p><p>Resumo</p><p>A reintegração dos trabalhadores afastados pelo Instituto Nacional do Seguro Social</p><p>(INSS) é um processo moroso. Melhorar a qualidade de vida e a produtividade no</p><p>ambiente de trabalho são fatores primordiais para a empresa. De um lado, empresas</p><p>com sistemas que buscam resultados sem interesse pelo ser humano. Do outro,</p><p>desmotivação e humilhação dos colaboradores que procuram reconhecimento e</p><p>valorização. Adoecer vai além da condição humana, compromete saúde e dignidade.</p><p>Diante desta realidade do mundo do trabalho, este estudo objetivou verificar a</p><p>percepção de gestores e reabilitados reintegrados após afastamento do trabalho à</p><p>empresa, identificando os pontos mais críticos e que devem ser priorizados na busca</p><p>de uma melhor qualidade de vida para os reabilitados. Foi realizado um estudo</p><p>qualitativo com a realização de entrevistas semiestruturadas, da qual participaram dez</p><p>trabalhadores que estiveram afastados em virtude do trabalho, por um período</p><p>superior a 30 dias, no intervalo de 10/09/2016 a 10/04/2017 e seus gestores que estão</p><p>atualmente liderando ou que já lideraram esses trabalhadores. A pesquisa teve como</p><p>parâmetro a realidade de municípios pertencentes à Gerência Executiva do INSS de</p><p>São João da Boa Vista - SP. A coleta de dados foi feita utilizando gravação em áudio,</p><p>ficha de identificação e roteiro de entrevistas, mediante autorização dos participantes</p><p>e submetidos à análise de conteúdo, de acordo com Bardin (2002), a partir da seleção</p><p>de categorias de análise, onde focalizou duas categorias principais: o acidente de</p><p>trabalho e/ou doença</p><p>e o retorno ao trabalho. Os resultados foram apresentados em</p><p>artigo cientifico. Foram feitos dois artigos, o primeiro a respeito da história da</p><p>reintegração de reabilitados às empresas e o outro resumindo esse estudo com</p><p>resultados integrados a pesquisa. Pode-se observar que a maior parte dos reabilitados</p><p>não participaram do Programa de Reabilitação Profissional, e, mesmo entre os que</p><p>participaram, não houve acompanhamento, nem procedimento adequado para uma</p><p>recuperação eficaz. A maioria dos reabilitados não retornou às suas atividades, e</p><p>quando retornou não tinham a mesma eficiência produtiva. Quantos aos gestores,</p><p>todos que responderam sem exceção, acreditam que o processo de reinserção do</p><p>reabilitado deveria ser uma oportunidade para o trabalhador e não um obstáculo,</p><p>como a maioria dos reabilitados enxergam. Espera-se que os resultados em termos</p><p>de sentimentos e comportamentos despertados nesta pesquisa possam subsidiar um</p><p>novo olhar do gestor para o reabilitado, levando-o a tratá-lo de maneira mais humana</p><p>e respeitosa, esperando-se também que o retorno do reabilitado para a empresa nem</p><p>sempre configure apenas em permanecer numa mesma função, em ter o risco de</p><p>experienciar novos acidentes ou ser desligado da empresa.</p><p>84</p><p>Palavras-chave: reabilitação profissional; qualidade de vida no trabalho; políticas públicas.</p><p>ABSTRACT</p><p>The reintegration of the workers removed by the National Institute of Social Security</p><p>(INSS) is a lengthy process. Improving quality of life and productivity in the workplace</p><p>are key factors for the company. On the one hand, companies with systems that seek</p><p>results without interest by the human being. On the other, demotivation and humiliation</p><p>of employees seeking recognition and appreciation. Becoming goes beyond the</p><p>human condition, compromising health and dignity. Given this reality of the world of</p><p>work, this study aimed to verify the perception of managers and rehabilitated</p><p>reintegrated after leaving the work to the company, identifying the most critical points</p><p>and that should be prioritized in the search for a better quality of life for the</p><p>rehabilitated. A qualitative study was carried out with the performance of semi-</p><p>structured interviews, in which ten workers who had been separated by work for a</p><p>period of more than 30 days were interviewed in the period from 09/10/2016 to</p><p>04/10/2017 and their managers who are currently leading or who have already led</p><p>these workers. The research had as a parameter the reality of municipalities belonging</p><p>to the Executive Management of the INSS of São João da Boa Vista - SP. The data</p><p>collection was done using audio recording, identification card and interview script, with</p><p>the authorization of the participants and submitted to content analysis, according to</p><p>Bardin (2002), from the selection of analysis categories, where he focused two main</p><p>categories: the accident at work and / or illness and the return to work. The results</p><p>were presented in a scientific article. Two articles were made, the first on the history of</p><p>reintegration of rehabilitated companies and the other summarizing this study with</p><p>results integrated into the research. It can be seen that most of the rehabilitated</p><p>persons did not participate in the Professional Rehabilitation Program, and even</p><p>among those who participated, there was no follow-up or adequate procedure for an</p><p>effective recovery. Most of the rehabilitated did not return to their activities, and when</p><p>it returned they did not have the same productive efficiency. How many managers, all</p><p>who responded without exception, believe that the process of reinsertion of the</p><p>rehabilitated should be an opportunity for the worker and not an obstacle, as most of</p><p>the rehabilitated see. It is hoped that the results in terms of feelings and behaviors</p><p>aroused in this research can subsidize a new look from the manager to the</p><p>rehabilitated, leading him to treat him in a more humane and respectful way, and also</p><p>expects the return of the rehabilitated to The company does not always only have to</p><p>remain in the same role, risk having to experience new accidents or being</p><p>disconnected from the company.</p><p>Keywords: professional rehabilitation; quality of life at work; public policy.</p><p>1. Introdução</p><p>85</p><p>A construção deste estudo partiu da problematização de trabalhadores que se</p><p>adoentaram ou se machucaram no ambiente de trabalho e que precisaram se afastar</p><p>da empresa, recorrendo ao INSS, durante todo esse processo de transição, muitos</p><p>foram marcados por transformações e humilhações, seguidas de dores físicas,</p><p>emocionais, muitas vezes, para a vida toda.</p><p>A inaptidão laborativa produz dificuldades ao trabalhador de desempenhar suas</p><p>funções de vida laboral, muitas vezes, esbarra nas dificuldades de ambiente físico e</p><p>processos de recolocação em um determinado posto de trabalho, em decorrência de</p><p>doenças ou acidentes, cujo dano não se traduz apenas às alterações funcionais, mas</p><p>impactos psicológicos, mentais e físicos (MASSONI, 2012).</p><p>De acordo com a Organização Internacional do Trabalho (OIT, 2014), cerca de</p><p>321 mil pessoas morrem a cada ano como consequência de acidentes no trabalho,</p><p>160 milhões de pessoas sofrem de doenças não letais relacionadas com o trabalho e</p><p>317 milhões de acidentes laborais não mortais ocorrem a cada ano. Isto significada</p><p>que: a cada 15 segundos, um trabalhador morre de acidentes ou doenças</p><p>relacionadas com o trabalho e a cada 15 segundos, 115 trabalhadores sofrem um</p><p>acidente laboral.</p><p>O avanço da tecnologia, a globalização e automação redefiniram a divisão de</p><p>trabalho, impondo uma nova visão e novas formas de gerenciamentos onde se busca</p><p>produtividade e qualidade do produto. Diante disso, cresce a terceirização e o contrato</p><p>temporário em busca de uma maior flexibilização no uso do trabalho. A flexibilização</p><p>acarreta diminuição de postos de trabalho, baixos salários, jornadas prolongadas,</p><p>eclosão de novas doenças e mortes, desempregos e criação de subempregos</p><p>(BARRETO, 2013).</p><p>Considerada como princípio básico da cidadania, na medida em que todos os</p><p>cidadãos devem ter o direito à dignidade de desenvolver suas potencialidades, a</p><p>reabilitação profissional é um serviço da Previdência Social, que tem por objetivo</p><p>proporcionar os meios de reeducação ou readaptação profissional para o retorno ao</p><p>mercado de trabalho dos segurados incapacitados por doença ou acidente (INSS,</p><p>2014).</p><p>Embora a reabilitação profissional seja um direito preconizado pela Convenção</p><p>nº 159 da Organização Internacional do Trabalho – OIT, pela Lei 8.213/91 e clamada</p><p>pela 3ª Conferência Nacional de Saúde do Trabalhador, efetivamente, o aparato</p><p>86</p><p>estatal oferece possibilidades limitadas para que esse processo ocorra (ROSSI et al.,</p><p>2007).</p><p>Apesar de mais de 20 anos em que essa lei está em vigência, empresas ainda</p><p>encontram dificuldades no cumprimento da mesma, por diversos motivos: falta de</p><p>pessoas com deficiência interessadas nas vagas ofertadas, baixa escolaridade da</p><p>pessoa com deficiência, ausência de políticas públicas adequadas (ROSSI et al.,</p><p>2007).</p><p>A reabilitação profissional como é feita hoje apresenta limitações para todos os</p><p>envolvidos, ou seja: reabilitados, INSS e empresa (SANTOS, 2009).</p><p>De um lado, trabalhadores desmotivados e inseguros em busca de</p><p>consideração e valorização profissional. Reabilitados, muitas vezes, não querem</p><p>voltar para empresa, resistentes a mudanças em relação à humilhação, desprezo e</p><p>ódio da empresa. Do outro, empresas desgastadas, competitividade cada vez mais</p><p>acirrada, desajuste em termos de clima organizacional; organizações que só buscam</p><p>resultados e produtividade sem interesse pelo ser humano como um todo (CESTARI;</p><p>CARLOTTO, 2012).</p><p>Trabalhadores brasileiros que por algum motivo passam a apresentar</p><p>limitações físicas ou psíquicas para continuar a exercer a sua atividade de trabalho,</p><p>são condenados a permanecerem</p><p>em auxílio-doença por tempo prolongado ou</p><p>mesmo de forma definitiva, ou são devolvidos para o mercado de trabalho desprovidos</p><p>de qualquer possibilidade de se manterem (ROSSI et al., 2007).</p><p>Trabalhar com qualidade de vida passou a ser um dos resultados esperados</p><p>tanto nas práticas assistenciais quanto nas políticas públicas, nos campos da</p><p>promoção da saúde e da prevenção de doenças. Assim, saúde e doenças configuram</p><p>processos relacionados a aspectos econômicos, socioculturais e experiências,</p><p>promovendo uma atenção à saúde integral do trabalhador com maior possibilidade de</p><p>um retorno ao trabalho sustentável, permanência e crescimento na atividade</p><p>laborativa com a devida satisfação dos vários atores sociais (SEIDL; ZANNON, 2004).</p><p>É preciso promover uma reflexão em relação à importância de políticas públicas</p><p>e uma melhor qualidade de vida para as pessoas que participam dos programas de</p><p>reabilitação profissional, que esteja não só preocupada com a produtividade, mas que</p><p>também desperte para a prática de valores nobres e uma convivência harmoniosa nas</p><p>87</p><p>relações patrão/empregado e a reinserção destes funcionários afastados do mercado</p><p>de trabalho, levando em conta seu potencial humano e produtivo.</p><p>Nota-se a insuficiência de literaturas e estudos sobre o tema em questão,</p><p>evidenciando a necessidade de estudos mais aprofundados, o que justifica o presente</p><p>estudo, o qual não pretende esgotar a discussão, mas contribuir para suscitar</p><p>interesses voltados para essa temática.</p><p>Este trabalho teve como objetivos verificar qual é a percepção dos participantes</p><p>frente: a) à história de vida dos trabalhadores reabilitados após afastamento do</p><p>trabalho; b) verificar como os reabilitados e gestores percebem essa reinserção ao</p><p>ambiente laboral; c) relacionar a percepção dos gestores e reabilitados com a</p><p>melhoria da qualidade de vida no trabalho.</p><p>2. Métodos</p><p>Trata-se de um estudo qualitativo, por meio de entrevistas semiestruturadas,</p><p>visto que busca conhecer, compreender e analisar alguns aspectos que permeiam a</p><p>vivência de um grupo de pessoas especifico.</p><p>Participaram do estudo dez trabalhadores reabilitados reintegrados após</p><p>afastamento do trabalho, por um período superior a 30 dias, no intervalo de</p><p>10/09/2016 a 10/04/2017, de ambos os sexos, que trabalham ou trabalharam em</p><p>empresas que possuem como parâmetro a realidade de municípios pertencentes a</p><p>Gerência Executiva do INSS de São Joao da Boa Vista/SP.</p><p>Participaram também dez gestores e/ou chefes responsáveis pelos</p><p>trabalhadores reabilitados, que já tenham liderado ou ainda liderem esses</p><p>trabalhadores na empresa.</p><p>A coleta de dados ocorreu por meio de visitas nas residências e nas empresas</p><p>sempre realizadas em local escolhido pelo próprio entrevistado, conforme a</p><p>disponibilidade de tempo e espaço de cada um. Após a leitura e posterior assinatura</p><p>do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido daqueles que concordaram em</p><p>participar voluntariamente, deu-se sequência à aplicação do questionário de</p><p>caracterização dos participantes (gênero, idade, grau de escolaridade, função na</p><p>empresa e tempo de atuação na função) e as entrevistas foram baseadas em roteiro</p><p>contendo 13 questões abertas sobre a reinserção destes trabalhadores, condutas e</p><p>88</p><p>expectativas desses participantes em relação à volta ao trabalho após afastamento</p><p>de maneira sustentável.</p><p>3. Resultados</p><p>Os quadros 1 e 2 sintetizam os resultados da análise em relação aos</p><p>reabilitados e os quadros 3 e 4 sintetizam os resultados da análise em relação os</p><p>gestores.</p><p>Nos quadros 1 e 2 participaram da pesquisa 10 pessoas, sendo 8 homens e 2</p><p>mulheres, com idade entre 26 e 47 anos, com nível de instrução desde analfabetos a</p><p>superior completo, pertencentes aos meios socioeconômicos de A à D.</p><p>A seguir, são descritas as questões apresentadas aos reabilitados. Com o</p><p>objetivo de preservar a identidade dos participantes da pesquisa, serão utilizados</p><p>códigos de S1 à S10.</p><p>89</p><p>3.1 Percepção dos reabilitados</p><p>Quadro 1: Dados pessoais dos reabilitados</p><p>Sujeito S1 S2 S3 S4 S5 S6 S7 S8 S9 S10</p><p>Sexo M F M M M M M M F M</p><p>Idade 47 35 28 44 28 30 26 43 37 47</p><p>Estado</p><p>Civil</p><p>Casado Solteiro Divorciado Solteiro Casado Casado Solteiro Casado Solteiro Casado</p><p>Filhos 3 2 1 1 1 0 0 0 0 1</p><p>Tipo de</p><p>moradia</p><p>Financiada Própria Alugada Própria Alugada Própria Financiada Própria Própria Financiada</p><p>Mora com</p><p>quem</p><p>Esposa e</p><p>filhos</p><p>Sozinha Mãe Pais Esposa e</p><p>filho</p><p>Esposa Mãe Esposa Sozinha Esposa e</p><p>filho</p><p>Religião Católica Católica Evangélica Evangélica Católica Espírita Cristão Espírita Espírita Católica</p><p>Escolarida</p><p>de</p><p>Analfabeto Médio</p><p>completo</p><p>Fundamental</p><p>completo</p><p>Médio</p><p>completo</p><p>Fundament</p><p>al completo</p><p>Médio</p><p>completo</p><p>Superior</p><p>incompleto</p><p>Médio completo Superior</p><p>completo</p><p>Fundament</p><p>al completo</p><p>Curso de</p><p>qualificaç</p><p>ão na</p><p>época do</p><p>afastamen</p><p>to</p><p>Não, nada</p><p>foi</p><p>oferecido</p><p>Sim,</p><p>Técnico em</p><p>Informática</p><p>Não, nada foi</p><p>oferecido</p><p>Sim, Hab.</p><p>Gerais e</p><p>Técnico em</p><p>açúcar e</p><p>álcool</p><p>Não, nada</p><p>foi</p><p>oferecido</p><p>Sim, Hab.</p><p>Gerais e</p><p>Técnico em</p><p>RH</p><p>Não, faz por</p><p>conta um</p><p>tecnólogo. O</p><p>INSS ajuda</p><p>com</p><p>transporte</p><p>Sim, Hab.</p><p>Gerais e Técnico</p><p>em</p><p>Administração</p><p>Não, nada</p><p>foi</p><p>oferecido</p><p>Sim, Hab.</p><p>Gerais</p><p>Fonte: Elaborado pela autora, com base na pesquisa, 2017</p><p>90</p><p>Quadro 2: Dados profissionais e de afastamento</p><p>Sujeito Trabalho executado</p><p>antes do</p><p>afastamento</p><p>Trabalho executado</p><p>após reintegração</p><p>Tempo de</p><p>afastamento</p><p>Motivo do</p><p>afastamento</p><p>Situação</p><p>empregatícia atual</p><p>S1 Serviços gerais Não há posto</p><p>compatível</p><p>5 anos Doença – Osteoartrite Afastado</p><p>S2 Formação de muda de</p><p>laranja</p><p>Mesma função de</p><p>antes</p><p>4 anos Acidente de moto, fez</p><p>cirurgia no braço e</p><p>ficou imobilizada por 5</p><p>meses</p><p>Empregada</p><p>S3 Trabalho braçal na</p><p>dobradeira</p><p>Mesma função de</p><p>antes</p><p>2 anos Acidente – esforço</p><p>demasiado causou</p><p>hérnia de disco</p><p>Empregado</p><p>S4 Mecânico de</p><p>manutenção</p><p>Não teve oportunidade</p><p>de reintegração,</p><p>trabalha em outro local</p><p>12 anos e 6 meses Acidente – caiu de uma</p><p>altura de 5 mts, em pé.</p><p>Demitido (Justiça)</p><p>S5 Carregava sacos de</p><p>cimento</p><p>Não há posto</p><p>compatível</p><p>3 anos Acidente – esforço</p><p>demasiado causou</p><p>hérnia de disco</p><p>Afastado</p><p>S6 Operador de Produção</p><p>Qualificado</p><p>Nova função -</p><p>Operador de Produção</p><p>Comum</p><p>6 anos Já tinha doença</p><p>Osteossarcoma, mas o</p><p>esforço demasiado</p><p>causou hérnia de disco</p><p>Pediu demissão</p><p>S7 Repositor de</p><p>mercadorias</p><p>Não há posto</p><p>compatível</p><p>6 anos Acidente de moto, fez</p><p>cirurgia no braço e</p><p>perna</p><p>Afastado</p><p>S8 Operador Industrial Não foi reintegrado 4 anos Acidente – esforço</p><p>demasiado causou 3</p><p>hérnias de disco</p><p>Demitido</p><p>S9 Arrecadador Não foi reintegrado 90 dias Doença - tenossinovite</p><p>- inflamação da bolsa</p><p>sinovial que contorna o</p><p>tendão, esp. dos dedos</p><p>e artelhos</p><p>Pediu demissão</p><p>S10 Ajudante Geral e</p><p>Empilhadeira</p><p>Mesma função 4 anos Doença – problema no</p><p>braço</p><p>Demitido</p><p>Fonte: Elaborado pela autora, com base na pesquisa, 2017</p><p>91</p><p>Ao ser questionado sobre o que entende reabilitação profissional, o S1 alega</p><p>não saber como funciona, nem como é, já que não houve reintegração na empresa.</p><p>Afirma que ao se afastar, há mais ou menos 5 anos atrás, a empresa o procurou e</p><p>emprestou R$ 750,00 para fazer uma ressonância magnética, e, após isso não</p><p>apareceram mais.</p><p>No período de afastamento, o mesmo alega ter sentido tristeza, ficou revoltado,</p><p>pois estava acostumado a trabalhar. E, além disso, sem dinheiro tudo é mais difícil,</p><p>restando apenas a se apegar a Deus. Sobre o significado da palavra trabalho, o S1</p><p>disse que apesar de não ter estudo, sempre faz tudo com amor e sem o trabalho não</p><p>se vive. Mostra esperança em sarar e conseguir voltar a trabalhar novamente, porém</p><p>como não sabe ler nem escrever relata que tudo fica bem mais difícil em relação a</p><p>encontrar uma nova chance no mercado de trabalho.</p><p>Afirma</p><p>que a cirurgia feita na coluna, no tornozelo e na virilha foi um sucesso,</p><p>mas ainda está em tratamento e usa medicamento diariamente para hipertensão. Não</p><p>passou por constrangimento nenhum, pelo contrário, as pessoas com quem conversa,</p><p>o admiram pelos problemas que passou e, mesmo assim, ainda querer voltar a</p><p>trabalhar. Conta com o apoio da esposa que o ajuda e o estimula muito. Após o</p><p>afastamento, afirma que a pior parte foi perder o carro que comprou com tanto</p><p>sacrifício, já que não recebia para pagar o financiamento.</p><p>Ao ser questionado sobre o futuro, responde:</p><p>“Quero fazer o que sei fazer, eu sou assim, faço tudo com muito amor e</p><p>carinho. Mas eu não tenho escolha, porque não tenho estudo nenhum, então</p><p>o que me mandar fazer, eu aceito. Aí eu vou em frente, aceito o que for e</p><p>vou”. (S1, set/2016)</p><p>O S2 entende por reabilitação profissional que teria que ser enquadrado em</p><p>uma área onde caberia suas limitações após o acidente, conforme previsto na</p><p>legislação.</p><p>Após o afastamento, a empresa questionou se estava preparada para o retorno</p><p>ao trabalho. Alega que o afastamento foi muito deprimente, chorava muito, perdeu os</p><p>sonhos, já que após a cirurgia, ficou limitada até para levantar o braço para trás.</p><p>Estava aguardando a nova cirurgia pelo SUS, quando foi liberada pelo INSS para</p><p>voltar a trabalhar.</p><p>92</p><p>A respeito de trabalho, S2 diz que significa autoestima, sempre foi</p><p>independente, sempre dirigiu e foi assim que construiu o que ela tem hoje. Após</p><p>passar pelo Programa de Reabilitação Profissional do INSS, S2 diz que voltou a</p><p>mesma função de antes do acidente, porém trabalha de acordo com seus limites, não</p><p>pode elevar muito o braço e é necessário evitar o levantamento de peso.</p><p>Sofreu alguns constrangimentos, como:</p><p>“Agora você tá boa prá trabalhar, já deu de descanso. Já tá na hora de voltar</p><p>mesmo. Você é apenas aleijadinha, não é deficiente. Não me vejo como</p><p>profissional. Não me vejo encaixada em nenhum lugar. O governo tá difícil.</p><p>Agora não tenho mais saúde. Sobre o futuro, não sei, não tenho esperança,</p><p>eu perdi, me sinto assim. É muito difícil pensar no futuro, sendo que no</p><p>presente eu estou sofrendo demais”. (S2, set/2016)</p><p>A saúde está comprometida, toma medicamento para infecção de urina e rim,</p><p>devido a estufa ser um lugar muito quente. A empresa oferece água e soro neste caso.</p><p>Sofre de hipertensão arterial também.</p><p>Diz que não saberia o que seria se não fosse a família. Os pais moram na roça,</p><p>mas a traziam todos os dias na fisioterapia. Teve apoio dos amigos no começo,</p><p>quando aconteceu o acidente, hoje não mais.</p><p>Ao ser questionada sobre as mudanças ocorridas em sua vida após o acidente,</p><p>S2 alega que mudou seu emocional, que saía muito, e depois do acidente precisou</p><p>ficar 1 ano e ½ se cuidando para voltar o movimento do braço, muito repouso. Além</p><p>disso, precisou vender o carro, pois não tinha como manter e está cheia de dívidas</p><p>até hoje.</p><p>Sobre reabilitação profissional, S3 entende ser para se adaptar em outra função</p><p>que consiga trabalhar. A empresa não fez nada pós seu afastamento, só questionou</p><p>se estava preparado para voltar, dizendo “vai lá que o serviço é seu”. Afirma que no</p><p>período de afastamento perdeu tudo, a família, casa, filha. Entrou em depressão,</p><p>chegou a pesar 122 kg, e tinha muita briga. Acabou por sair de casa com a TV e o</p><p>videogame.</p><p>Alega que o trabalho significa tudo, é a sobrevivência para manter a vida, é a</p><p>dignidade. E como não pode fazer mais nada, se sair da empresa não sabe o que</p><p>acontecerá. Não foi chamado pelo INSS para o Programa de Reabilitação Profissional.</p><p>93</p><p>Ao voltar do afastamento, não houve nenhum tipo de reintegração, simplesmente</p><p>chegou e foi fazer seu trabalho.</p><p>A reintegração dos trabalhadores que se encontram parcialmente</p><p>incapacitados, por motivo de doença ou acidente, é um processo complexo que</p><p>depende do padrão de interação entre as várias instâncias: trabalhador, INSS,</p><p>empresa de vínculo e família (CESTARI; CARLOTTO, 2012).</p><p>A principal barreira enfrentada é a incapacidade. De 130 kg que levantava, hoje</p><p>só pode trabalhar com 5 kg. Se sente totalmente incapaz. Mas está desempenhando</p><p>bem a função, desde que não se agache e não levante peso.</p><p>Não toma nenhuma medicação. Perdeu tudo e voltou a morar com a mãe que</p><p>é quem o apoia em tudo. Agora começou a reconstruir sua vida “tenho até uma</p><p>namorada”.</p><p>Sobre as mudanças ocorridas após o acidente, diz que tudo que faz tem que</p><p>ser devagar, sem muito esforço e, principalmente, sem movimentos bruscos.</p><p>“Me vejo como alguém incapaz, não posso fazer mais nada. Meu futuro está</p><p>nas mãos de Deus, porque como não tenho estudo, não sei o que vou</p><p>arrumar. É muito triste. Mas de uma coisa tenho certeza: trabalhar sempre!”.</p><p>(S3, out/2016)</p><p>S4 afirma que a reabilitação profissional é um incentivo para acreditar que se é</p><p>capaz de exercer outra função, na qual você ficou incapacitado de trabalhar, trazendo</p><p>nova oportunidade no mercado de trabalho. Teve depressão, se sentia inútil,</p><p>discriminado. Sem dignidade, já que este é o significado da palavra trabalho a seu ver.</p><p>O Programa de Reabilitação Profissional e sua ação de auxiliar o retorno ao</p><p>trabalho estão assegurados através da Constituição Federal. O Ministério da</p><p>Previdência e Assistência Social administra essa ação por meio do INSS. Trata-se de</p><p>um serviço que tem como objetivo proporcionar aos segurados e dependentes</p><p>incapacitados (parcial ou totalmente) os meios indicados para a (re) educação e (re)</p><p>adaptação profissional e social, de modo que possam voltar a participar do mercado</p><p>de trabalho, (MPAS, 2001).</p><p>S4 diz que não teve novas oportunidades, após a reabilitação profissional de</p><p>reintegração na empresa, local em que sofreu o acidente. A empresa simplesmente</p><p>se negou, não o incentivando a fazer nenhum curso que poderia reabilitá-lo. Sendo</p><p>94</p><p>assim precisou se submeter a trabalhar como entregador de leite, serviço pesado, que</p><p>exigia muito esforço da coluna. Mas não podia ter outro serviço com carteira</p><p>registrada, pois a empresa não deu baixa em sua carteira profissional. Hoje em dia</p><p>trabalha como monitor em uma creche de idosos.</p><p>“Após passar pelo Programa de Reabilitação Profissional do INSS, não voltei</p><p>a exercer a atividade de antes, pois as portas se fecharam, já que não posso</p><p>ser registrado por conta que a empresa na qual eu trabalhava não me</p><p>reabilitou, não me mandou embora e não deu baixa na minha carteira, sendo</p><p>eu obrigado a entrar com ação judicial trabalhista. Essa ação já julgada e com</p><p>sentença a meu favor”. (S4, out/2016)</p><p>Encontrou várias barreiras desde fazer um curso que não tem nada a ver com</p><p>o que a empresa produz, diminuir salario até ter negada a vaga de deficiente, com a</p><p>desculpa que já estavam com o quadro de funcionários completo e que já haviam</p><p>contratado além dos 3% que é cobrado por lei.</p><p>S4 toma medicamento para hipertensão arterial, e afirma que uma mudança</p><p>boa ocorrida foi parar com o álcool e o fumo. Mas também passou por dificuldade</p><p>financeira, as constantes dores, as perdas de oportunidades de empregos melhores.</p><p>“Eu me vejo como um profissional perseverante, capaz, responsável e</p><p>dedicado, e, para meu futuro, espero o melhor. Um emprego melhor, com</p><p>melhor remuneração, ser reconhecido e valorizado”. (S4, out/2016)</p><p>Sobre a reabilitação profissional, S5 diz que acha que é um curso que é</p><p>ministrado para aprender novas funções após o acidente. Afirma sentir muita dor</p><p>física, além da dor emocional, desespero, muita raiva. Ao ser questionado sobre o que</p><p>significa o trabalho, responde somente “dignidade”.</p><p>Em geral, muitas organizações não consideram outras habilidades e aptidões</p><p>para a pessoa exercer uma nova função, que agora é outra, compatível com a sua</p><p>realidade e situação. Neste sentido, é imprescindível que se estabeleça uma parceria</p><p>produtiva entre trabalhador, INSS e empresas vinculadas (CESTARI;</p><p>CARLOTTO,</p><p>2012).</p><p>“Continuo afastado. Não houve reintegração na empresa e eu nunca recebi</p><p>nem um telefonema. Acho que nunca mais vou arrumar um emprego decente.</p><p>95</p><p>Não posso ficar muito tempo nem sentado e nem deitado que trava tudo”.</p><p>(S5, nov/2016)</p><p>Já passou por alguns constrangimentos. As pessoas dizem querer ter a vida</p><p>que S5 tem, mas ele diz que queriam que tivessem na pele dele. Sente muita dor,</p><p>toma medicamento, ou tem que ir para o hospital tomar soro. Não pode nem pegar a</p><p>filha nos braços. Não pode levantar mais que 20 kg.</p><p>“É uma limitação. Não me sinto a pessoa que nasci. Não foi minha culpa,</p><p>faltou apoio da empresa”. (S5, nov/2016)</p><p>Sobre reabilitação profissional S6 diz que deveria ser requalificado a ponto de</p><p>continuar sendo útil e eficaz para a empresa, de modo que possa exercer determinada</p><p>função igual a qualquer outro funcionário.</p><p>Após seu retorno, a empresa não fez o combinado. Ao visitar a empresa a</p><p>procura de um novo posto devido as suas limitações na perna, por não poder ficar em</p><p>pé por muito tempo, a empresa, diante de um médico do INSS, determinou um</p><p>trabalho onde ficava sentado e a produção era somente manual. Porém quando voltou</p><p>ao trabalho, não foi assim que aconteceu.</p><p>Uma avaliação criteriosa sobre a atividade a ser realizada pelo trabalhador,</p><p>análise que deve avaliar não somente suas condições físicas, técnicas e operacionais,</p><p>mas também suas condições emocionais. As ações devem contemplar uma retomada</p><p>na trajetória profissional do trabalhador segurado, considerando que sua incapacidade</p><p>laboral não envolve somente um recomeço a partir de uma sequela física, um retorno</p><p>à possibilidade de sustento, significa, ademais, a retomada de sua autoestima,</p><p>identidade, autonomia e inclusão social, (CESTARI; CARLOTO, 2012).</p><p>No período de afastamento, S6 diz que sentiu medo de não poder voltar a fazer</p><p>o que sempre fez, medo de precisar depender sempre de outras pessoas. Afirma que</p><p>trabalho é como uma arte para ele, onde através da habilidade que tem consegue</p><p>fazer com que outras pessoas fiquem felizes por estarem usufruindo daquilo que se</p><p>fez com tanto carinho.</p><p>Após ter passado pelo Programa de Reabilitação Profissional do INSS, S6 não</p><p>está exercendo a atividade para a qual foi reabilitado. Também não houve qualquer</p><p>tipo de reintegração ou orientação específica da empresa após seu retorno.</p><p>96</p><p>“Eu sempre fui um funcionário exemplar, portanto na segunda semana de</p><p>trabalho naquele posto onde era para eu ficar fixo, fui retirado para ajudar na</p><p>produção de linha comum (em pé) mesmo contra a minha vontade e aptidão</p><p>física. Aceitei, pois me disseram que eu não era nenhum queridinho e que</p><p>era uma funcionário normal, concordei imediatamente com a afirmação e fui</p><p>para o posto que mandaram, fiquei lá por cerca de 1 ano (em pé), onde o</p><p>mesmo alegou que eu não poderia ficar sentado, pois ele me pagava para</p><p>produzir”. (S6, nov/2016)</p><p>S6 viu o descaso como a maior barreira encontrada após seu retorno. Nem</p><p>mesmo seus superiores o tratavam como um funcionário comum, fazendo-o se sentir</p><p>inferior. Ele necessitava de um posto que tivesse uma cadeira por causa da limitação</p><p>e sua perna (ficou com 5 cm de diferença entre uma e outra). Seu desempenho era o</p><p>mesmo de outros operadores daquele setor, porém só ficou duas semanas neste</p><p>setor.</p><p>Sentiu muito constrangimento, dizendo que todo dia era motivo de uma nova</p><p>piada por precisar trabalhar sentado. Hoje em dia, a saúde está boa, faz</p><p>acompanhamento preventivo anualmente e não precisa mais de medicamentos.</p><p>A respeito de seus relacionamentos com familiares e amigos, é muito bom,</p><p>apesar que sempre acham que ele precisa de “ajuda”. A doença mudou em 100% sua</p><p>vida, por causa das limitações, não consegue fazer coisas simples, como correr,</p><p>caminhar por longos períodos, etc.</p><p>“Mas me vejo como um ótimo profissional, por isso, saí da empresa onde</p><p>trabalhava e montei meu próprio negócio, e tenho total certeza que, se um</p><p>dia, um funcionário meu for reabilitado, ele terá toda atenção que merece!”.</p><p>(S6, nov/2016)</p><p>Reabilitação profissional é engajar o indivíduo no mercado de trabalho de</p><p>acordo com suas limitações após o acidente ou doença. S7 não voltou a empresa que</p><p>trabalhava antes do acidente de moto, que atrasou seus sonhos, as coisas que queira</p><p>fazer.</p><p>Para S7, trabalho significa algo que se faz em troca de remuneração, e, que se</p><p>gostar de fazer, acaba virando lazer. Afirma não ter sentido constrangimento e não</p><p>estar passando por tratamento nem tomando medicamentos atualmente e que o</p><p>97</p><p>afastamento atrasou seus sonhos e todas as coisas que gostaria de fazer na vida</p><p>como frequentar academia, praticar esporte e crescer profissionalmente</p><p>“Estou buscando aperfeiçoar meus conhecimentos para ter uma vida melhor.</p><p>Eu preciso melhorar de vida”. (S7, nov/2016)</p><p>S8 foi bem enfático ao dizer que o programa de reabilitação profissional não</p><p>funciona bem e que a empresa, na maioria das vezes, espera vencer 1 ano de</p><p>estabilidade e depois dispensa o funcionário que passou por acidente de trabalho.</p><p>Afirma sentir muita frustação e desesperança.</p><p>Diz que trabalho significa dignidade, e que atualmente não está exercendo a</p><p>atividade para qual foi reabilitado pelo Programa de Reabilitação Profissional do INSS.</p><p>A ligação entre o mercado de trabalho e o trabalhador terá como significado a</p><p>igualdade de direitos, a capacidade de gerar resultados e, acima de tudo, mostrar que</p><p>suas restrições não representam obstáculos para a execução de determinadas tarefas</p><p>(OLIVEIRA; SILVA; PALAZI, 2007).</p><p>A empresa simplesmente não sabia o que fazer com ele. Ficou 3 dias</p><p>esperando por uma posição. Sentiu descaso total da empresa. Hoje em dia não está</p><p>mais na empresa, foi demitido. Continua o tratamento até hoje. As mudanças</p><p>ocorridas foram todas inimagináveis</p><p>“A gente nasceu pobre, não tem muita opção, tem que continuar a luta de um</p><p>jeito ou de outro. É muito duro não ser respeitado, humilhado e até mesmo</p><p>visto como alguém que não deu certo”. (S8,dez/2016)</p><p>De acordo com S9:</p><p>“Reabilitação profissional é um programa criado pela empresa com</p><p>profissionais qualificados, para preparar tanto psicologicamente, quanto</p><p>fisicamente o reabilitado para a nova função”. (S9, dez/2016)</p><p>A empresa manteve S9 no mesmo posto de trabalho, porém em uma nova</p><p>função, desta maneira houve reintegração ou orientação específica após seu retorno.</p><p>Houve rejeição dos colegas de trabalho e sentiu muito preconceito, apesar disso,</p><p>98</p><p>nunca se sentiu constrangida. Não toma medicamentos e nem faz tratamento</p><p>atualmente.</p><p>As principais mudanças foram as restrições para algumas atividades, mas</p><p>essas mudanças colaboraram para um futuro profissional melhor. S9 se vê como uma</p><p>ótima profissional em tudo que se propõe a fazer e no futuro espera ter muito</p><p>crescimento profissional.</p><p>O S10 entende reabilitação profissional como uma oportunidade para ser uma</p><p>pessoa melhor em uma outra função compatível com cada caso.</p><p>Diz que o tipo de trabalho que exercia acabou por agravar a doença que já</p><p>existia, visto que na empresa exercia multi-funções, e era conhecido como “o faz tudo”.</p><p>Se afastou por 3 vezes e quando retornava, o RH da empresa o colocava no mesmo</p><p>lugar, mesmo sendo aconselhado pelo médico a não fazer esforço. Não houve</p><p>nenhum tipo de reintegração por parte da empresa após o retorno do afastamento.</p><p>Houve preconceito por parte dos colegas de trabalho, como se ele não</p><p>prestasse mais para a empresa, como se não tivesse valor nenhum. A empresa</p><p>deveria enxergar o trabalhador como um ser que precisa ter qualidade de vida, e isso</p><p>não acontece.</p><p>Como barreiras enfrentadas, foi o trabalho com dor. Tinha que voltar a</p><p>trabalhar, mas sentia muita dor. E não existia um posto de trabalho compatível com a</p><p>sua doença. S10 era uma pessoa muito dinâmica, alegre, extrovertida e após o</p><p>problema enfrentado, foi se fechando e quase acabou entrando em depressão.</p><p>“Como eu ficava pulando de função em função, ficava excedente e mesmo</p><p>assim, eu trabalhava mais que os outros. A empresa me dispensou após</p><p>fechamento da mesma. Hoje trabalho como autônomo. Mas não posso</p><p>carregar peso e nem com movimentos repetitivos. Meu conselho para quem</p><p>passar pelo mesmo é: procure seus direitos. Você tem direitos. Procure um</p><p>bom advogado. Para a empresa o que posso dizer é dê oportunidades para</p><p>o reabilitado, ele não é um aleijado, um incapaz. Falta alguém que apresente</p><p>essas oportunidades na empresa”. (S10, 2017)</p><p>99</p><p>3.2 Percepção dos gestores</p><p>Os quadros 3 e 4 sintetizam os resultados da análise. Participaram da pesquisa 10 gestores, sendo 9 homens e 1 mulher,</p><p>com idade entre 39 e 55 anos, com nível de instrução superior completo, pertencentes aos meios socioeconômicos A e B.</p><p>A seguir, são descritas as questões apresentadas aos gestores. Com o objetivo de preservar a identidade dos participantes</p><p>da pesquisa, serão utilizados códigos de G1 à G10.</p><p>Quadro 3: Dados pessoais dos gestores</p><p>Gestor G1 G2 G3 G4 G5 G6 G7 G8 G9 G10</p><p>Sexo M M M M M M M M M F</p><p>Idade 45 51 55 39 49 45 40</p><p>N</p><p>ã</p><p>o</p><p>fo</p><p>rn</p><p>e</p><p>ce</p><p>u</p><p>d</p><p>a</p><p>d</p><p>os</p><p>N</p><p>ã</p><p>o</p><p>fo</p><p>rn</p><p>e</p><p>ce</p><p>u</p><p>d</p><p>a</p><p>d</p><p>os</p><p>N</p><p>ã</p><p>o</p><p>fo</p><p>rn</p><p>e</p><p>ce</p><p>u</p><p>d</p><p>a</p><p>d</p><p>os</p><p>Estado</p><p>Civil</p><p>Divorciad</p><p>o</p><p>Casado Casado Casado Casado Casado Casado</p><p>Filhos 2 1 2 1 2 3 0</p><p>Mora com</p><p>quem</p><p>Filhos Esposa e</p><p>filhos</p><p>Esposa e</p><p>filhos</p><p>Esposa e</p><p>filhos</p><p>Esposa Esposa e</p><p>filhos</p><p>Esposa</p><p>Religião Católica Católica Testemunh</p><p>a de Jeová</p><p>Católica Católica Católica Cristão</p><p>Escolarida</p><p>de</p><p>Superior</p><p>completo</p><p>Superior</p><p>completo</p><p>Superior</p><p>completo</p><p>Superior</p><p>completo</p><p>Superior</p><p>completo</p><p>Superior</p><p>completo</p><p>Superior</p><p>completo</p><p>Curso</p><p>relacionad</p><p>o à área de</p><p>atuação</p><p>Não Sim,</p><p>Gestão de</p><p>Qualidade</p><p>Sim,</p><p>Medicina e</p><p>Segurança</p><p>do Trabalho</p><p>Sim,</p><p>Gestão de</p><p>Qualidade</p><p>Sim,</p><p>Engenharia</p><p>Ambiental,</p><p>Engenharia e</p><p>Segurança do</p><p>Trabalho e</p><p>Higiene</p><p>Organizacional</p><p>Sim,</p><p>Gestão de</p><p>Produção</p><p>Sim,</p><p>Automação</p><p>Industrial</p><p>Fonte: Elaborado pela autora, com base na pesquisa, 2017</p><p>100</p><p>Quadro 4: Dados profissionais dos gestores</p><p>Gestor Função que exerce Quanto tempo na</p><p>empresa</p><p>Já exerceu outra</p><p>função que não a de</p><p>gestor</p><p>Porte da Empresa Setor de Atuação</p><p>G1 Líder de Produção 10 anos Não Médio Indústria</p><p>G2 Coordenador de</p><p>Produção</p><p>10 anos Sim, Analista de</p><p>Processo</p><p>Médio Indústria</p><p>G3 Segurança e medicina</p><p>do trabalho</p><p>11 anos Não Grande Indústria</p><p>G4 Coordenador de</p><p>Produção</p><p>15 anos Sim, Analista de PCP</p><p>Médio Indústria</p><p>G5 Analista de Segurança</p><p>do Trabalho</p><p>6 anos Não Grande Indústria</p><p>G6 Líder de Produção 10 anos Sim, Coordenador de</p><p>PCP</p><p>Grande Indústria</p><p>G7 Líder de Produção 13 anos Não Grande Indústria</p><p>G8 Não forneceu Não forneceu Não forneceu Médio Indústria</p><p>G9 Não forneceu Não forneceu Não forneceu Médio Indústria</p><p>G10 Diretora Não forneceu Não forneceu Médio Indústria</p><p>Fonte: Elaborado pela autora, com base na pesquisa, 2017</p><p>101</p><p>Para a G1, reabilitação profissional é um recomeço, uma nova oportunidade de</p><p>trabalho. Neste sentindo, a reabilitação profissional é um serviço da Previdência</p><p>Social, prestado pelo Instituto Nacional da Seguridade Social - INSS, que tem por</p><p>objetivo proporcionar os meios de reeducação ou readaptação profissional para o</p><p>retorno ao mercado de trabalho dos segurados e seguradas incapacitados por doença</p><p>ou acidente, em caráter obrigatório, meios indicados para a reinserção no mercado de</p><p>trabalho, segundo a lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991 (BRASIL, 2014).</p><p>Quando questionado sobre a preparação dos gestores para lidar com os</p><p>reabilitados, G1 diz que ainda faltam treinamentos, tanto para o gestor quanto para a</p><p>empresa. E que o Programa de Reabilitação Profissional, infelizmente, muitas vezes</p><p>não prepara o reabilitado para seu retorno à empresa.</p><p>O processo de reinserção do reabilitado deveria ser como uma oportunidade</p><p>para que volte a ter seu trabalho e sua dignidade. Dentre as dificuldades em lidar com</p><p>o reabilitado, a G1 citou descobrir a real limitação do mesmo, entender o que ele</p><p>precisa e como reagirá junto aos colegas de trabalho.</p><p>Afirmou ainda, que, alguns reabilitados continuam tão produtivos quanto os</p><p>demais trabalhadores. Já outros não respondem de acordo com o que se pede,</p><p>mesmo existindo amizade e camaradagem entre eles.</p><p>“Após a reinserção de trabalhadores reabilitados, aconteceram algumas</p><p>mudanças, tanto boas quanto ruins. Alguns reabilitados usaram suas</p><p>limitações para não ter que trabalhar. Enquanto existem outros que são</p><p>exemplos de esforço e responsabilidade, até para outros colegas de</p><p>trabalho”. (G1, jan/2017)</p><p>G1 se enxerga como um gestor que gosta muito do seu trabalho e que busca</p><p>sempre ser cada vez melhor.</p><p>Segundo G2, nunca teve um caso de má conduta por parte de um reabilitado</p><p>na empresa.</p><p>“Reabilitação profissional quer dizer criar condições para o reabilitado voltar</p><p>a ser uma pessoa com suas habilidades de desempenho plenamente</p><p>desenvolvidas”. (G2, jan/2017)</p><p>Afirma que os gestores estão preparados para lidar com o trabalhador</p><p>reabilitado e que o Programa de Reabilitação Profissional foi muito favorável no caso</p><p>que teve, para preparar o reabilitado para seu retorno à empresa. O processo de</p><p>102</p><p>reinserção do reabilitado é visto por G2 como correto, procurando adequar o</p><p>funcionário em atividades que o mesmo possa exercer.</p><p>No contexto organizacional, ao se tratar de um programa, plano e projeto, a</p><p>sustentabilidade pode ser considerada como o objetivo e o desenvolvimento</p><p>sustentável como o processo para se alcançá-lo (DIESENDORF, 2000; CLIFT, 2000),</p><p>e uma restrição que deve ser considerada como um critério ao se avaliar as</p><p>alternativas dentro de um processo quando se busca um objetivo desejado.</p><p>Afirmou que na empresa, os gestores recebem treinamento em relação a</p><p>reintegração dos reabilitados, inclusive com supervisão do médico do trabalho no</p><p>setor onde haverá a reintegração.</p><p>“Não vejo dificuldade em lidar com o trabalhador reabilitado. Vejo eles como</p><p>trabalhadores normais, respeitando, claro, suas limitações”. (G2, jan/2017)</p><p>G2 diz que alguns reabilitados são bastante esforçados e querem trabalhar,</p><p>tanto quanto os demais trabalhadores. Existe, geralmente, uma boa convivência entre</p><p>todos.</p><p>Afirma ainda que não ocorreram mudanças dentro da empresa depois da</p><p>reinserção do reabilitado. O processo de reintegração é prática normal para ele. Além</p><p>disso, se vê como um gestor justo, sem discriminar nenhum colaborador, seja</p><p>reabilitado ou não. Quer ser lembrado como um bom gestor.</p><p>O relato do G2 é condizente com o tratamento que a empresa oferece para os</p><p>reabilitados.</p><p>G3 acha que o reabilitado enxerga o gestor como um ponto de apoio, onde</p><p>encontra força para sanar suas limitações. Alguns reabilitados, devido suas limitações,</p><p>sentindo-se incapaz, acabaram por exercer má conduta na empresa, por exemplo,</p><p>sair para fumar e demorar demais, fofocas, coisas que envenenam os demais</p><p>colaboradores, etc.</p><p>Reabilitação profissional, para G3, é a oportunidade para que a pessoa consiga</p><p>provar sua capacidade profissional. Diz ainda que nem todos os gestores estão</p><p>preparados para lidar com um reabilitado. É necessário ter em mente que um</p><p>reabilitado tem seus limites, e talvez não atenda o que um setor espera para um</p><p>trabalho produtivo.</p><p>103</p><p>G3 afirma que o Programa de Reabilitação Profissional prepara sim os</p><p>reabilitados para o retorno a empresa, porém, na reabilitação deve-se também</p><p>preparar quem lidera para que saiba lidar com a situação, e assim, não trate um</p><p>reabilitado coo um incapaz.</p><p>O processo de reinserção do reabilitado é visto por G3 como uma quase</p><p>obrigação, pois na maioria das empresas, sempre esperam alguém que proceda</p><p>normalmente. Porém, na maioria das vezes os gestores não</p><p>recebem treinamento</p><p>para lidar com um reabilitado. Somente falam que é um reabilitado e que não pode</p><p>efetuar certas atividades, ou seja, limitam mais ainda o funcionário.</p><p>“A maior dificuldade em lidar com o reabilitado é descobrir, em pouco tempo,</p><p>o temperamento, a maneira de ver, pensar e sentir do mesmo perante os</p><p>demais funcionários. E todos os reabilitados, dentro de seus limites, são tão</p><p>produtivos quanto os demais”. (G3, jan/2017)</p><p>G3 consegue identificar uma grande dificuldade na convivência dos reabilitados</p><p>com os demais funcionários, pois os colegas pensam que fazem demais enquanto um</p><p>reabilitado não consegue produzir o mesmo, e o ganho mensal é o mesmo. Dentro da</p><p>empresa houveram mudanças após a reinserção de um reabilitado como a</p><p>sensibilidade de alguns, a maneira de tratar o reabilitado, valorizando mais a vida.</p><p>G3 se vê como um gestor normal, esperando que mudanças de</p><p>relacionamentos em aceitação a um reabilitado melhore, e através de treinamentos</p><p>sobre o assunto, os gestores e chefes estarão mais preparados.</p><p>O G4 acredita que o reabilitado o enxerga como um requisito para a Legislação</p><p>vigente, e que muitos alegam que não estão em condição de trabalhar, mesmo que</p><p>seja em outra atividade.</p><p>“Reabilitação profissional é a recuperação física e psíquica de uma pessoa</p><p>para facilitar sua reintegração em sua atividade laboral, seja ela por acidente</p><p>ou não, podendo desempenhar determinada função”. (G4, fev/2017)</p><p>Afirma que os gestores não estão preparados para lidar com a reinserção do</p><p>reabilitado, e que os reabilitados sem sempre dão seu máximo em sua atividade</p><p>laboral. Afirma que o trabalhador reabilitado, muitas vezes, não se sente mais parte</p><p>104</p><p>do todo da empresa e acha que a culpa é da empresa, visto que foi dentro da mesma</p><p>que ele se acidentou e se machucou.</p><p>Diz ainda que o Programa de Reabilitação Profissional prepara o reabilitado</p><p>para a reinserção, porém é necessário que haja um acompanhamento constante. O</p><p>programa é satisfatório, porém muitas vezes existe rejeição por parte do reabilitado.</p><p>Um exemplo é o caso de um trabalhador que retorna à empresa e é designado</p><p>para permanecer em um local ou sala atendendo telefone ou acompanhando o</p><p>movimento de entrada e saída de funcionários, quando não permanece totalmente</p><p>ociosos sem nenhuma tarefa para realizar.</p><p>.Na empresa de G4, existe um treinamento para os gestores, onde passam</p><p>todo o processo do reabilitado, o porquê da reabilitação e como será feita a reinserção.</p><p>A maior dificuldade é lidar com a auto estima do reabilitado.</p><p>Para o gestor, os reabilitados são tão produtivos quanto os demais</p><p>trabalhadores, dentro das funções estabelecidas, conseguindo desempenhar suas</p><p>funções, não afetando o sistema produtivo. Porém a convivência entre os reabilitados</p><p>e demais trabalhadores apresenta algumas dificuldades, devido aos tipos de trabalho</p><p>e salário, causando conflitos, uma vez que pela legislação vigente não se pode reduzir</p><p>o salário, e por outro, o reabilitado trabalha proporcionalmente menos que os demais.</p><p>O G5 afirma que o reabilitado enxerga o gestor como um tirano, que sempre</p><p>vai tirá-lo da sua zona de conforto, trazendo-o para a empresa.</p><p>Disse que existe sim má conduta de reabilitados na empresa, principalmente</p><p>por ter estabilidade e principalmente por não concordar com a função que estava</p><p>exercendo. Citou um caso onde o reabilitado reclamou “que não havia uma cama para</p><p>ele repousar” ou “que não era obrigado a fazer o que a empresa quisesse”.</p><p>“Reabilitação profissional consiste em resgatar o funcionário que está</p><p>afastado do posto de trabalho na tentativa de aproveitar a mão de obra,</p><p>trazendo o reabilitado para o convívio social”. (G5, fev/2017)</p><p>Afirma ainda que o Programa do INSS é muito distante da realidade. O INSS</p><p>propõe uma ação mas não entrega. O discurso do INSS é um e no relatório vem outro.</p><p>O acompanhamento também é falho.</p><p>“Só tenho presenciado má vontade do reabilitado, eles já vêm rotulados e no</p><p>modelo que é não funciona. A empresa dá treinamentos aos gestores, de</p><p>como proceder no dia a dia com os reabilitados. Porém sente como</p><p>105</p><p>dificuldade a resistência do reabilitado para aprender o novo, falta de</p><p>disposição para aprender o que está sendo proposto”. (G5, fev/2017)</p><p>G5 afirma que os reabilitados não são produtivos como os demais</p><p>trabalhadores, pois colocam objeção em tudo que é proposto. Além disso, existem</p><p>dificuldades na convivência entre eles, porque quem está em rotina normal acaba</p><p>tendo “medo” de manter uma aproximação do reabilitado, e em função dos que as</p><p>outras pessoas vão falar.</p><p>De acordo com o gestor, houveram mudanças na empresa após a reinserção</p><p>dos reabilitados. Os demais trabalhadores ficaram preocupados, meio ressabiados</p><p>com atitudes e comportamentos da pessoa reabilitada.</p><p>Como gestor, ele pretende conseguir desenvolver essa pessoa para colocar</p><p>em vida ativa, que volte a ser produtivo. Pretende ser um bom gestor, ser lembrado</p><p>assim.</p><p>Para G6, o trabalhador reabilitado vê o gestor como alguém que terá que</p><p>prestar contas sobre sua produção. Já passou por situações onde existiram má</p><p>conduta dos reabilitados, por exemplo, tem os reabilitados que passam horas fumando</p><p>no banheiro, contaminando outros colegas com fofocas, etc.</p><p>Reabilitação profissional, para o gestor, é a oportunidade que o funcionário tem</p><p>de exercer funções compatíveis com suas limitações e condições individuais.</p><p>Dependendo do reabilitado, os gestores não estão preparados para lidar com a</p><p>reinserção do mesmo, pois existem aqueles que o convívio é bem difícil.</p><p>“Sinceramente, para mim o Programa do INSS não funciona. Pois muitas</p><p>vezes o trabalhador é empurrado de volta para a empresa sem condição de</p><p>se adequar ao trabalho. O processo de reinserção do reabilitado deveria ser</p><p>uma oportunidade e um recomeço para o mesmo. Mas não acontece assim”.</p><p>(G6, fev/2017)</p><p>Quanto a treinamentos para o gestor receber o reabilitado, G6 diz que a</p><p>empresa passa o que houve e como o trabalho agora precisa ser feito, frente as</p><p>limitações do funcionário. É necessário que haja muito jogo de cintura para lidar com</p><p>os reabilitados, pois eles voltam de um processo difícil em suas vidas.</p><p>Quando questionado sobre a produtividade dos reabilitados, G6 afirma que</p><p>muitos são tão produtivos quantos os demais trabalhadores, são responsáveis e</p><p>dedicados. Porém existem ainda dificuldades no relacionamento dos reabilitados com</p><p>106</p><p>os demais trabalhadores. Na maioria das vezes preconceito devido as suas restrições</p><p>laborais e salários.</p><p>Para a empresa as mudanças ocorridas com a reinserção dos reabilitados são</p><p>boas, pois cumpre a legislação. E para o reabilitado a auto estima fica melhor. G6 se</p><p>vê como alguém normal, que procura se colocar no lugar do outro, porém, sem</p><p>esquecer de sua função dentro da empresa, que é liderar a produção, mas sempre</p><p>tentando criar uma energia boa para o ambiente de trabalho.</p><p>De acordo com o G7, o reabilitado vê o chefe como alguém que pode ajudar ou</p><p>prejudicar ele. Existem casos, sim, em que o reabilitado mostra má conduta, como</p><p>exemplo, não ficar em seus postos de trabalho, conturbando o ambiente, não</p><p>acatando as ordens, enfim, são colaboradores que não podem contar.</p><p>“Mesmo que todos tenham limitações, não são incapacitados de fazer, se</p><p>houve um acidente/doença, e, não é tão grave, eles deveriam pensar que</p><p>estão tendo uma nova chance de reconquistar ser espaço no ambiente de</p><p>trabalho, e isso é reabilitação profissional”. (G7, mar/2017)</p><p>Quando questionado se os gestores se encontram preparados para a</p><p>reinserção do reabilitado, G7 diz que na maioria das vezes, sim, pelo menos tentam,</p><p>porém que o Programa do INSS é insuficiente. Segundo o gestor, INSS não avalia</p><p>corretamente se o reabilitado consegue realizar o que a empresa necessita, ocorrendo</p><p>cobranças por resultados como se o reabilitado fosse uma</p><p>pessoa com problemas</p><p>físicos.</p><p>G7 diz ainda que o processo de reinserção de um reabilitado é complicado.</p><p>Enquanto a pessoa está “boa”, é útil, maravilha. A partir do momento em que adquire</p><p>um problema, passa a ser “uma peça que tem que ser substituída”, pois já não está</p><p>apta a trabalhar. São dois lados da moeda.</p><p>Quanto aos treinamentos que os gestores recebem, G7 afirma que somente</p><p>sabe o que devem cobrar do reabilitado. É necessário saber o que podemos e não</p><p>podemos fazer. Porém só nos avisam que o reabilitado voltará e onde ele deverá</p><p>trabalhar.</p><p>Como dificuldades em lidar com o reabilitado, G7 pontua que quando é</p><p>necessário intervir e cobrar disciplina, conduta ou postura, o reabilitado alega</p><p>107</p><p>desrespeito, agride com palavras e ainda responde que faz além de suas limitações.</p><p>Usa suas limitações como desculpa para não trabalhar normalmente.</p><p>“Há muito reabilitados que são participativos e esforçados, mesmo não</p><p>podendo exercer as antigas funções. Ajudam de alguma forma o processo</p><p>produtivo. Na minha opinião, o reabilitado cria uma barreira para ele mesmo,</p><p>o que dificulta a comunicação e a interação entre os demais colegas”. (G7,</p><p>mar/2017)</p><p>G7 se vê como um líder que pode ajudar a fazer o ambiente de trabalho um</p><p>lugar bom para se viver e se realizar. Muito focado para atingir as metas estipuladas</p><p>por ele, precisa trabalhar o lado emocional e parar de levar os problemas da empresa</p><p>para casa.</p><p>O G8 não respondeu o questionário, mas disse que afastou apenas um</p><p>reabilitado por acidente e infelizmente não teve postos compatíveis para ele dentro da</p><p>empresa. O programa do INSS nesse caso não funcionou porque o reabilitado fez um</p><p>curso de qualificação para sucro alcooleiro e não tem como manter ele, já que a</p><p>empresa não trabalha com isso, uma vez que seu setor de atuação era embalagem</p><p>de vidro.</p><p>O G9 também não respondeu o questionário e diz não ter nenhum reabilitado</p><p>na empresa que tenha essas condições, doença ou acidente de trabalho. Só</p><p>trabalham com deficientes e aprendizes. Assim, infelizmente, não pode nos ajudar na</p><p>pesquisa.</p><p>A G10 afirmou não haver disponibilidade em nenhum desses casos (nem</p><p>entrevista ao vivo, nem por telefone e nem por e-mail) de participar da pesquisa. A</p><p>Diretora, deixou claro que não há nenhum caso de reabilitado na empresa e nem</p><p>disponibilidade de tempo para colaborar com a pesquisa.</p><p>4. Discussão</p><p>Esta pesquisa analisou a reintegração de funcionários no ambiente de trabalho,</p><p>que passaram pelo programa de Reabilitação Profissional. Pode-se observar que a</p><p>maior parte dos reabilitados não participaram do Programa de Reabilitação, e, mesmo</p><p>entre os que participaram, não houve acompanhamento, nem procedimento adequado</p><p>108</p><p>para uma recuperação eficaz. A maioria dos reabilitados não retornou às suas</p><p>atividades, e quando retornou não tinham a mesma eficiência produtiva.</p><p>De 10 trabalhadores entrevistados, 2 foram reinseridos na empresa de vínculo,</p><p>exercem as mesmas funções de antes do acidente e/ou doença, porém apenas 1</p><p>deles foi reinserido após ter participado do programa de reabilitação profissional do</p><p>INSS; 3 ainda estão afastados pelo INSS, sendo que para apenas 1 deles foi</p><p>oferecido ajuda no programa de reabilitação profissional, onde o INSS participa</p><p>ajudando com o transporte; 3 foram desligados das empresas onde trabalhavam, os</p><p>3 participaram do programa de reabilitação profissional do INSS, sendo que 1 não</p><p>conseguiu que a empresa desse baixa em sua carteira e hoje brigam na justiça, e 2</p><p>pediram demissão não aguentando mais tanta pressão e descaso e partiram em</p><p>busca de novas possibilidades.</p><p>Segundo Ramos et al (2008), o trabalho como uma temática relacionada à</p><p>inclusão e/ou exclusão social está associada às condições fornecidas pelo ambiente</p><p>e como essas potencializam e possibilitam espaços de produção e invenção nos</p><p>ambientes de trabalho. Com tudo, a saúde está relacionada também com a tolerância</p><p>as infidelidades do meio. Essas intolerâncias podem vir a gerar diminuição na</p><p>produtividade do indivíduo bem como acidentes e afastamentos do trabalho.</p><p>De acordo com o motivo do afastamento, em primeiro lugar verificou-se vários</p><p>acidentes de trabalho seguido de doenças causadas por esforço demasiado. Este fato</p><p>acontece devido à falta de prevenção no ambiente laboral, incluindo falta de material</p><p>pessoal e profissional.</p><p>Além disso, através do Programa de Reabilitação Profissional, a pesquisa</p><p>mostrou a necessidade de uma reforma no Programa de Reabilitação como melhores</p><p>treinamentos e intervenções por parte das empresas, agindo, assim, na causa e não</p><p>no efeito, melhorando a qualidade de vida desses atores sociais através de uma</p><p>melhor política pública.</p><p>Quantos aos gestores, todos que responderam sem exceção dizem que o</p><p>processo de reinserção do reabilitado deveria ser uma oportunidade para o</p><p>trabalhador e não um obstáculo, como a maioria dos reabilitados enxergam. Porém,</p><p>quando perguntado sobre sua percepção sobre o se o programa de reabilitação</p><p>profissional atual funciona apenas 3 deles disseram estar satisfeitos com os</p><p>resultados do programa.</p><p>109</p><p>Através da reabilitação é possível enxergar o trabalhador, dar empoderamento,</p><p>dar voz ativa a ele, devolver a tomada de consciência, diminuir suas angústias e</p><p>incapacidades, acabando com a opressão, assédio moral, oferecendo bem-estar e</p><p>qualidade de vida. Neste aspecto da reabilitação profissional, cuidar é considerar a</p><p>importância da construção de projetos de vida, significativos para cada reabilitado,</p><p>como eixo central do tratamento.</p><p>Nos casos analisados percebe-se que não existiu acompanhamento por parte</p><p>do INSS ou das empresas no período de afastamento dos funcionários. De acordo</p><p>com a legislação, deve haver acompanhamento de um médico, fisioterapeuta,</p><p>psicólogo e assistente social.</p><p>Infelizmente o que acontece na prática é que o trabalhador reabilitado, por</p><p>imposição do INSS que cessa seu auxílio-doença, precisa voltar para a empresa,</p><p>mesmo sem ter condições clinicas de realizar qualquer atividade laboral. A</p><p>consequência é o agravamento da doença, sem contar as sequelas físicas e</p><p>emocionais.</p><p>Quadro 5: Síntese da percepção entre os gestores e reabilitados</p><p>Fonte: Elaborado pela autora com base na pesquisa, 2017</p><p>Em alguns casos tratam o reabilitado como um funcionário normal e até mesmo</p><p>produtivo igual aos demais. Em outros casos, o gestor afirma que o reabilitado</p><p>Categorias Reabilitados Gestores</p><p>Motivo do</p><p>afastamento</p><p>- Doença por esforço demasiado</p><p>- Acidente de trabalho</p><p>- Doença por esforço demasiado</p><p>- Acidente de trabalho</p><p>Programa de</p><p>Reabilitação</p><p>-Treinamento mais humanizado</p><p>- Intervenção por das empresas</p><p>Processo de reinserção do</p><p>trabalhador deveria ser uma</p><p>oportunidade e não um obstáculo</p><p>Reabilitação</p><p>Profissional</p><p>Considerar a importância da</p><p>construção de projetos de vida</p><p>Capacidade que trabalhadores</p><p>apresentam exercendo suas</p><p>funções e sendo tão produtivos</p><p>quanto os demais colaboradores</p><p>Significado do</p><p>trabalho</p><p>Dignidade Visto como uma obrigação,</p><p>competitividade e compromisso</p><p>Maiores barreiras</p><p>enfrentadas</p><p>Dores físicas, emocional abalado e</p><p>sentimento de injustiça</p><p>Má conduta, corpo mole, falta de</p><p>compromisso com o trabalho e</p><p>fofocas</p><p>110</p><p>aproveita essa estabilidade e começa a fazer corpo mole dentro da empresa, a</p><p>contaminar seus colegas com fofocas, etc., ou então, não há postos compatíveis para</p><p>o reabilitado e ele tem que voltar para a mesma função.</p><p>As empresas, por seu lado, percebem as dificuldades que os sujeitos têm para</p><p>o retorno ao trabalho, pois é a organização quem determina o grau de participação</p><p>dos trabalhadores na realização das atividades. O que ocorre, muitas vezes é que não</p><p>há uma preocupação em definir um novo posto de trabalho ou fazer alguns reajustes</p><p>no trabalho a estes reabilitados, que haviam sido antes</p><p>35</p><p>1.1.5 Outros programas de reabilitação profissional .................................... 40</p><p>1.1.6 Classificação internacional de funcionalidade, incapacidade e saúde</p><p>(CIF) ............................................................................................................. 47</p><p>1.2 Ambiente ................................................................................................ 47</p><p>1.2.1 Um pouco de sustentabilidade ............................................................ 48</p><p>1.2.2 Qualidade de vida no trabalho ............................................................ 50</p><p>1.2.3 Qualidade de vida no contexto da sustentabilidade ............................ 52</p><p>1.3 Educação ............................................................................................... 55</p><p>1.3.1 Desenvolvimento comportamental ...................................................... 55</p><p>1.3.2 Processo de ensino-aprendizagem ..................................................... 59</p><p>2. Método......................................................................................................... 62</p><p>2.1 Participantes .......................................................................................... 62</p><p>2.2 Instrumento de coleta de dados ............................................................. 63</p><p>2.3 Procedimento ......................................................................................... 64</p><p>3. Resultados .................................................................................................. 66</p><p>3.1 Artigo 1 ................................................................................................... 66</p><p>3.2 Artigo 2 ................................................................................................... 83</p><p>4. Discussão ................................................................................................. 115</p><p>5. Considerações Finais .............................................................................. 121</p><p>Referências ................................................................................................... 127</p><p>Apêndice A - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido .................... 137</p><p>Apêndice B - Ficha de caracterização do reabilitado ................................ 140</p><p>Apêndice C - Ficha de caracterização do gestor ....................................... 141</p><p>Apêndice D - Roteiro de entrevista para o reabilitado .............................. 142</p><p>Apêndice E - Roteiro de entrevista para o gestor ..................................... 143</p><p>Anexo A - Resposta ao pedido de autorização ao INSS para a utilização dos</p><p>dados para a pesquisa ................................................................................. 144</p><p>Anexo B - Comprovante da aprovação do Comitê de Ética .................... 145</p><p>Anexo C - Comprovante da submissão do Artigo 1 ................................. 146</p><p>Anexo D - Comprovante da submissão do Artigo 2 ................................. 147</p><p>15</p><p>INTRODUÇÃO</p><p>Este estudo apresenta as particularidades que envolvem a reabilitação</p><p>profissional e as repercussões entre trabalhadores reabilitados e gestores após</p><p>afastamento por doença e/ou acidente de trabalho, problemas vivenciados</p><p>mundialmente na atualidade. Inclui, especificamente, o retorno ao trabalho e os</p><p>aspectos referentes à qualidade de vida e sustentabilidade.</p><p>A construção deste estudo partiu da problematização de trabalhadores que se</p><p>adoentaram ou se machucaram no ambiente de trabalho e que precisaram se afastar</p><p>da empresa, recorrendo ao INSS; durante todo esse processo de transição, muitos</p><p>foram marcados por transformações e humilhações, seguidas de dores físicas e</p><p>emocionais, muitas vezes para a vida toda.</p><p>A incapacidade para o trabalho tornou-se um dos maiores problemas sociais</p><p>na maioria dos países, resultando assim em aumento dos gastos sociais com</p><p>programas de atenção à doença, à incapacidade e invalidez, e numa diminuição das</p><p>taxas de participação da força de trabalho (FINKLER e DUTRA, 2009).</p><p>A inaptidão laborativa produz dificuldades ao trabalhador de desempenhar suas</p><p>funções de vida laboral, muitas vezes esbarrando nas dificuldades do ambiente físico</p><p>e processos de recolocação em um determinado posto de trabalho, em decorrência</p><p>de doenças ou acidentes, cujo dano não se traduz apenas às alterações funcionais,</p><p>mas impactos psicológicos, mentais e físicos (MASSONI, 2012).</p><p>De acordo com a Organização Internacional do Trabalho (OIT, 2014), cerca de</p><p>321 mil pessoas morrem a cada ano como consequência de acidentes no trabalho,</p><p>160 milhões de pessoas sofrem de doenças não letais relacionadas com o trabalho e</p><p>317 milhões de acidentes laborais não mortais ocorrem a cada ano. Isto significa que,</p><p>a cada 15 segundos, um trabalhador morre de acidentes ou doenças relacionadas</p><p>com o trabalho, e a cada 15 segundos, 115 trabalhadores sofrem um acidente laboral.</p><p>O avanço da tecnologia, a globalização e automação redefiniram a divisão de</p><p>trabalho, impondo uma nova visão e novas formas de gerenciamentos na qual se</p><p>busca produtividade e qualidade do produto. Diante disso, cresce a terceirização e o</p><p>contrato temporário em busca de uma maior flexibilização no uso do trabalho. A</p><p>flexibilização acarreta diminuição de postos de trabalho, baixos salários, jornadas</p><p>16</p><p>prolongadas, eclosão de novas doenças e mortes, desempregos e criação de</p><p>subempregos (BARRETO, 2013).</p><p>Considerada como princípio básico da cidadania, na medida em que todos os</p><p>cidadãos devem ter o direito e a dignidade de desenvolver suas potencialidades, a</p><p>reabilitação profissional é um serviço da Previdência Social, que tem por objetivo</p><p>proporcionar os meios de reeducação ou readaptação profissional para o retorno ao</p><p>mercado de trabalho dos segurados incapacitados por doença ou acidente (INSS,</p><p>2014).</p><p>Embora a reabilitação profissional seja um direito preconizado pela Convenção</p><p>nº 159 da Organização Internacional do Trabalho – OIT, pela Lei 8.213/91 e clamada</p><p>pela 3ª Conferência Nacional de Saúde do Trabalhador, efetivamente, o aparato</p><p>estatal oferece possibilidades limitadas para que esse processo ocorra (ROSSI et al,</p><p>2007).</p><p>Apesar dos mais de 20 anos da vigência dessa lei, empresas ainda encontram</p><p>dificuldades no cumprimento da mesma, por diversos motivos: falta de pessoas com</p><p>deficiência interessadas nas vagas ofertadas, baixa escolaridade da pessoa com</p><p>deficiência e ausência de políticas públicas adequadas (ROSSI et al, 2007).</p><p>A reabilitação profissional como é feita hoje apresenta limitações para todos os</p><p>envolvidos, ou seja, reabilitados, INSS e empresa (SANTOS, 2009).</p><p>De um lado, trabalhadores desmotivados e inseguros em busca de</p><p>consideração e valorização profissional. Os reabilitados, muitas vezes, não querem</p><p>voltar para a empresa, resistentes à mudanças em relação à humilhação, desprezo e</p><p>insatisfação em relação a empresa. Do outro, empresas desgastadas, competitividade</p><p>cada vez mais acirrada e desajuste em termos de clima organizacional, organizações</p><p>que só buscam resultados e produtividade sem interesse pelo ser humano como um</p><p>todo (CESTARI e CARLOTTO, 2012).</p><p>O programa do INSS tem como prioridade o desenvolvimento de ações</p><p>voltadas para reduzir o impacto das doenças na vida do trabalhador e não apenas</p><p>para a cura da doença em si como tem sugerido o modelo da Organização Mundial</p><p>da Saúde, voltado para ajudar o segurado a atingir seu potencial profissional,</p><p>atingindo seu potencial pessoal (PSIQWEB, 2014).</p><p>17</p><p>Trabalhadores brasileiros que por algum motivo passam a apresentar</p><p>limitações físicas ou psíquicas para continuar a exercer a sua atividade de trabalho,</p><p>são condenados a permanecer em auxílio-doença por tempo prolongado ou mesmo</p><p>de forma definitiva, ou são devolvidos para o mercado de trabalho desprovidos de</p><p>qualquer possibilidade de</p><p>realizados anteriormente</p><p>(CESTARI; CARLOTTO, 2012).</p><p>Muitas vezes a empresa prefere deixar o reabilitado afastado por anos e anos</p><p>ao invés de colocá-lo novamente dentro da empresa em um posto compatível,</p><p>alegando não haver espaço em postos compatíveis.</p><p>Assim foi possível detectar a existência de um desacordo desses atores sociais</p><p>do estudo com o programa de reabilitação profissional.</p><p>Para que ocorra uma efetiva reabilitação, é importante a reinserção da pessoa</p><p>na sociedade. Quando a própria pessoa acredita que é incapaz ou impotente frente à</p><p>dinâmica de sua vida, há o surgimento de um estado de inércia e diminuição de sua</p><p>condição para o enfrentamento das dificuldades vividas, situação que pode ser</p><p>modificada à medida que o apoio da rede social se amplia.</p><p>A dor, a falta de um posto de trabalho compatível com as doenças, o emocional</p><p>abalado e o sentimento de incapacidade profissional são as maiores barreiras</p><p>enfrentadas por esses reabilitados. Enquanto que os gestores, todos sem exceção,</p><p>mostraram que se veem como bons profissionais e almejam para o futuro uma vida</p><p>estabilizada e tranquila, com grande crescimento profissional.</p><p>Considerações Finais</p><p>No Brasil, há necessidade de implantação de uma política de prevenção de</p><p>acidente de trabalho e uma fiscalização efetiva das empresas para com o trabalhador</p><p>que chegue numa situação de doença ou acidente de trabalho, para que não</p><p>permaneça incapacitado e que depois consiga voltar para a mesma empresa ou para</p><p>o mercado de trabalho. Se houvesse uma fiscalização preventiva todos poderiam ficar</p><p>satisfeitos. O trabalhador seria cuidado preventivamente, o setor público ganharia</p><p>111</p><p>porque o INSS poderia economizar o benefício gasto por incapacidade desse</p><p>segurado e a empresa também ganharia porque permaneceria com o mesmo</p><p>funcionário e não precisaria repor mão de obra.</p><p>A reabilitação profissional é um serviço onde o objetivo é recuperar a condição</p><p>de trabalho desse segurado a fim de exercer uma nova atividade profissional,</p><p>garantindo assim o bem-estar físico, mental e social. Além disso, o reabilitado se torna</p><p>satisfeito, mantém o emprego, alimenta a autoestima, a criatividade e o conhecimento.</p><p>Porém os trabalhadores reabilitados desconhecem para que serve o programa</p><p>de reabilitação profissional do INSS.</p><p>Embora a ideia do programa seja boa, infelizmente não existe uma efetividade</p><p>nesse processo de reabilitação profissional, pois, o reabilitado ao ser submetido ao</p><p>programa ele não encontra no mercado de trabalho uma nova oportunidade de</p><p>emprego, visto que, a atividade que ele exerce não consegue encontrar muitas opções</p><p>que estejam de acordo com sua condição atual.</p><p>Quanto às empresas, os discursos entre os gestores, muitas vezes, são</p><p>camuflados os conflitos vividos, nos quais inclui a diferença e a indiferença ao</p><p>sofrimento do outro e um tratamento digno na empresa, sendo o principal a</p><p>produtividade</p><p>As organizações por obrigação do INSS recebem esse trabalhador que é</p><p>submetido a um “subemprego” ficando muitas vezes ocioso apenas para cumprir a</p><p>legislação. Apesar de existir no Brasil a garantia constitucional de bem-estar aos</p><p>trabalhadores, a realidade ainda é muito distante, uma vez que o sistema</p><p>previdenciário atual tem por objetivo a obtenção de renda e capital e não a aplicação</p><p>ou construção de um programa social efetivo.</p><p>Na verdade, observou-se que a realidade vivida por esses reabilitados não é</p><p>condizente com a legislação.</p><p>Como alternativa resta garantir a sobrevivência por meio de trabalho informal,</p><p>a esperança da prorrogação do benefício previdenciário ou quem sabe conseguir a</p><p>invalidez pelo INSS, o que não soa como um algo injusto e sim como um direito à</p><p>cidadania, fato que mostra uma enorme distância entre o sugerido por lei e sua</p><p>realização.</p><p>112</p><p>Referências</p><p>BARRETO, M. M. S. Violência, saúde e trabalho: uma jornada de humilhações. PUC</p><p>São Paulo Educacional: São Paulo, 2013.</p><p>BRASIL. Ministério da Previdência e Assistência Social. Previdência Social, 2001.</p><p>Disponível em: <http://www.previdenciasocial.gov.br> Acesso em: 15 out 2015.</p><p>BRASIL. Ministério da Previdência Social. Estatísticas. Anuário Estatístico da</p><p>Previdência Social – AEPS. Disponível em: <</p><p>http://www.previdencia.gov.br/estatisticas/ >. Acesso em: 24 nov. 2015.</p><p>CESTARI, E.; CARLOTTO, M. S. Reabilitação profissional: o que pensa o trabalhador</p><p>sobre sua reinserção.IN: Estudos e pesquisas em psicologia. Reabilitação</p><p>Profissional. Rio de Janeiro, 2012, vol. 12, n. 01, pp. 93-115.</p><p>JACQUES, M. G. C.; CODO, W. Saúde mental & trabalho. 2.ed. Petrópolis: Vozes</p><p>Leituras, 2002.</p><p>MASSONI, T. O. Os desafios do trabalhador em face da (indevida) alta previdenciária.</p><p>Revista Brasileira De Previdência (Atuária, Contabilidade e Direito</p><p>Previdenciário) – Universidade Federal de São Paulo, 2012, nov.</p><p>OLIVEIRA, L. H.; SILVA, P. M. B.; PALAZI, E. J. Inserção de portadores de</p><p>deficiências nas empresas: um estudo exploratório em Minas Gerais. In: Seminários</p><p>em administração FEA USP, 10, 2007, São Paulo. Anais do IV Seminário</p><p>Internacional. Sociedade Inclusiva. São Paulo: USP, 2007, pp. 1-14.</p><p>OIT– Organização Internacional do Trabalho. Portal Corporativo. Escritório no Brasil.</p><p>Disponível em http://www.oitbrasil.org.br. Acesso em: 08/10/2014.</p><p>RAMOS, M. Z.; TITTONI, J.; NARDI, H. C. A experiência de afastamento do trabalho</p><p>por adoecimento vivenciada como processo de ruptura ou continuidade nos modos de</p><p>viver. Caderno de Psicologia Social do Trabalho, 2008.</p><p>ROSSI, D. et al. Reabilitação profissional pública: um direito do cidadão. São Paulo,</p><p>2007.</p><p>SANTOS, V. S. Reabilitação Profissional X Empresa: corresponsabilidade</p><p>necessária. Disponível em: http://www.ieprev.com.br/conteudo/id/15908/t/direito-</p><p>previdenciario-reabilitacao-profissional-x-empresa-co-responsabilidade-necessaria.</p><p>Acessado em: 01 ago 2015.</p><p>113</p><p>SEIDL, E. M.; ZANNON, C. M. C. Qualidade de vida e saúde: aspectos conceituais e</p><p>metodológicos. Cadernos de Saúde Pública, Rio de Janeiro, 2004, v. 20, n. 2,</p><p>jan./mar./abr.</p><p>114</p><p>4. DISCUSSÃO</p><p>Esta pesquisa analisou a reintegração de funcionários no ambiente de trabalho</p><p>que passaram pelo programa de Reabilitação Profissional. Pode-se observar que a</p><p>maior parte dos reabilitados não participaram do Programa de Reabilitação e, mesmo</p><p>entre os que participaram, não houve acompanhamento, nem procedimento adequado</p><p>para uma recuperação eficaz. A maioria dos reabilitados não retornou às suas</p><p>atividades, e quando retornou não tinham a mesma eficiência produtiva.</p><p>De 10 trabalhadores entrevistados, 2 foram reinseridos na empresa de vínculo,</p><p>exercem as mesmas funções de antes do acidente e/ou doença, porém apenas 1</p><p>deles foi reinserido após ter participado do programa de Reabilitação Profissional do</p><p>INSS; 3 ainda estão afastados pelo INSS, sendo que para apenas 1 deles foi</p><p>oferecido ajuda no programa de Reabilitação Profissional, onde o INSS participa</p><p>ajudando com o transporte; 3 foram desligados das empresas onde trabalhavam, e os</p><p>3 participaram do programa de Reabilitação Profissional do INSS, sendo que 1 não</p><p>conseguiu que a empresa desse baixa em sua carteira e hoje brigam na justiça, e 2</p><p>pediram demissão, não aguentando mais tanta pressão e descaso e partiram em</p><p>busca de novas possibilidades.</p><p>O comprometimento com a segurança no trabalho é um assunto que tem sido</p><p>muito discutido nas empresas, principalmente aquelas em que o trabalho executado</p><p>oferece risco a saúde ou até mesmo à sua vida.</p><p>Pode-se afirmar que a prevenção de acidentes é um programa que procura</p><p>conscientizar o funcionário a proteger sua própria vida, através de ações seguras que</p><p>possam evitar eventuais acidentes em decorrência do trabalho.</p><p>Jacques e Codo (2002) afirmam que algumas pessoas ao longo de suas vidas,</p><p>naturalmente conseguem conquistar competências para vivenciar</p><p>suas próprias</p><p>histórias profissionais. Outras, por meio das características e circunstâncias de seus</p><p>trabalhos, não conseguem dar continuidade aos seus projetos de vida, onde para</p><p>essas pessoas que sofrem algum tipo de acidente ou adoecimento no trabalho existe</p><p>o Serviço da Previdência Social.</p><p>A reabilitação profissional é um serviço da Previdência Social, prestado pelo</p><p>Instituto Nacional da Seguridade Social - INSS, que tem por objetivo proporcionar os</p><p>meios de reeducação ou readaptação profissional para o retorno ao mercado de</p><p>115</p><p>trabalho dos segurados e seguradas incapacitados por doença ou acidente, em</p><p>caráter obrigatório, meios indicados para a reinserção no mercado de trabalho,</p><p>segundo a lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991 (BRASIL, 2014).</p><p>Através do programa de Reabilitação Profissional, a pesquisa mostrou a</p><p>necessidade de uma reforma no Programa de Reabilitação com um treinamento</p><p>melhor e intervenção por parte das empresas, agindo, assim, na causa e não no efeito,</p><p>melhorando a qualidade de vida desses atores sociais através de uma melhor política</p><p>pública.</p><p>Pode-se afirmar que o modelo de reabilitação profissional no Brasil passa por</p><p>processo de carência de credibilidade e de sustentabilidade, contrastando com a</p><p>situação vigente no Canadá (Modelo de Sherbrooke), onde existe a intervenção nas</p><p>empresas para melhores condições de trabalho (FREITAS, 2014).</p><p>Quantos aos gestores, todos que responderam sem exceção dizem que o</p><p>processo de reinserção do reabilitado deveria ser uma oportunidade para o</p><p>trabalhador e não um obstáculo, como a maioria dos reabilitados enxergam. Porém,</p><p>quando perguntado sobre sua percepção sobre se o programa de reabilitação</p><p>profissional atual funciona, apenas 3 deles disseram estar satisfeitos com os</p><p>resultados do programa.</p><p>O fator mais importante na reabilitação profissional é a capacitação do</p><p>trabalhador em alguma atividade em que possa lhe assegurar seu bem-estar e a sua</p><p>sobrevivência.</p><p>Quadro 6: Sintetização dos resultados observados na pesquisa - Reabilitados</p><p>Categoria de Análise Percepção dos entrevistados - Reabilitados</p><p>Motivo do afastamento Doença por esforço demasiado</p><p>Acidente de trabalho</p><p>Programa de Reabilitação do INSS Treinamento mais humanizado e intervenção por parte</p><p>das empresas</p><p>Reabilitação Profissional Considerar a importância da construção de projetos de</p><p>vida</p><p>Condições de trabalho após reabilitação Não conseguiram voltar as suas atividades anteriores,</p><p>não conseguiram ser “encaixados” novamente no</p><p>trabalho, incapacidade, limitação</p><p>Significado de Trabalho Dignidade. Vida</p><p>Maiores barreiras enfrentadas Dores físicas, emocional abalado, sentimento de</p><p>injustiça</p><p>Fonte: Elaborado pela autora com base na pesquisa, 2017</p><p>Quadro 7: Sintetização dos resultados observados na pesquisa - Gestores</p><p>Categoria de Análise Percepção dos entrevistados - Gestores</p><p>Motivo do afastamento Doenças causadas por esforço demasiado</p><p>116</p><p>Acidente de trabalho</p><p>Programa de Reabilitação do INSS Processo de reinserção do reabilitado deveria ser uma</p><p>oportunidade para o trabalhador e não um obstáculo</p><p>Reabilitação Profissional Mostra a capacidade que esses trabalhadores</p><p>apresentam exercendo suas funções e sendo tão</p><p>produtivos quanto os demais colaboradores</p><p>Condições de trabalho após reabilitação Melhoria nas condições oferecidas</p><p>Como são como gestores</p><p>Sem exceção, se veem como bons profissionais</p><p>Fonte: Elaborado pela autora com base na pesquisa, 2017</p><p>Nos casos analisados percebe-se que não existiu acompanhamento por parte</p><p>do INSS ou das empresas no período de afastamento dos funcionários. De acordo</p><p>com a legislação, deve haver acompanhamento de um médico, fisioterapeuta,</p><p>psicólogo e assistente social.</p><p>Através da reabilitação é possível pegar o lado humano do trabalhador, o</p><p>empoderamento, dar voz ativa a ele, devolver a tomada de consciência, diminuir suas</p><p>angústias e incapacidades, acabando com a opressão, assédio moral, oferecendo</p><p>bem-estar e qualidade de vida.</p><p>Infelizmente, o que acontece na prática é que o trabalhador reabilitado, por</p><p>imposição do INSS que cessa seu auxílio-doença, precisa voltar para a empresa,</p><p>mesmo sem ter condições clínicas de realizar qualquer atividade laboral. A</p><p>consequência é o agravamento da doença, sem contar as sequelas físicas e</p><p>emocionais, na qual se encontram mais vulneráveis, pois ainda estão se recuperando</p><p>e se adaptando à nova realidade.</p><p>Os reabilitados são reinseridos em seu posto de trabalho para cumprir a</p><p>obrigatoriedade da legislação. Porém, os gestores afirmam não ser só esse o motivo,</p><p>e sim a capacidade que esses trabalhadores apresentam exercendo suas funções e</p><p>sendo tão produtivos quanto os demais colaboradores.</p><p>Quanto às condições de trabalho após a reabilitação do funcionário afastado,</p><p>são as mesmas do período que antecedeu o afastamento. Desta maneira, existe a</p><p>necessidade de uma melhoria nas condições oferecidas. A reabilitação deveria ser</p><p>compreendida pelo conjunto de ações que se destinam a aumentar as habilidades do</p><p>indivíduo, diminuindo, consequentemente, suas desabilitações e a deficiência</p><p>(BARROS e CLARO, 2011).</p><p>117</p><p>Os funcionários reabilitados disseram, em sua maioria, que não conseguiram</p><p>voltar às suas atividades anteriores, não conseguiram ser “encaixados” novamente no</p><p>trabalho. Os que voltaram não têm a mesma eficiência produtiva.</p><p>Alguns são designados a locais em que não desempenhavam nenhuma</p><p>atribuição ou ainda nos mesmos postos, o que causava duas situações: ou ficava</p><p>taxado como aquele que não faz nada ou acabava ficando mais doente, pois para não</p><p>ficar com fama de preguiçoso excedia seus limites de saúde e tentava realizar suas</p><p>funções normalmente.</p><p>Segundo Cestari e Carlotto (2012) a experiência do afastamento do trabalho</p><p>vem a ser marcado pela incapacidade e insegurança, mas outros fatores como a</p><p>flexibilização do trabalho, o risco de desemprego e as dificuldades encontradas dentro</p><p>do ambiente organizacional e a busca pelos seus direitos acarretam também</p><p>complicações psicológicas.</p><p>De acordo com os gestores, normalmente tratam o reabilitado como um</p><p>funcionário normal e até mesmo produtivo igual aos demais. Em outros casos, o gestor</p><p>afirma que o reabilitado aproveita essa “estabilidade” e começa a fazer “corpo mole”</p><p>dentro da empresa, a contaminar seus colegas com fofocas, saem com frequência de</p><p>seus postos de trabalho, só fazem o que querem e se sentem poderosos devido à</p><p>estabilidade.</p><p>Muitas vezes a empresa prefere deixar o reabilitado afastado por anos e anos</p><p>ao invés de colocá-lo novamente dentro da empresa em um posto compatível,</p><p>alegando não haver espaço em postos compatíveis.</p><p>De acordo com Takahaschi (2008) as empresas dentro deste cenário ainda se</p><p>sentem despreparadas para enfrentar o adoecimento de seus funcionários e de inseri-</p><p>los dentro da empresa através de programas de reabilitação e dessa forma mantêm</p><p>uma postura omissa e pouco contribuem para o processo de reinserção profissional.</p><p>Portanto se faz necessário uma nova leitura do programa de reabilitação profissional.</p><p>É preciso que a sociedade, os governos as entidades públicas e privadas assumam</p><p>verdadeiramente suas responsabilidades e que através da coparticipação possam</p><p>buscar um modelo “ideal” de Reabilitação Profissional, no qual prevaleça o sujeito</p><p>enquanto cidadão e lhe são assegurados o direito a eles inerente.</p><p>Infelizmente os gestores não estão preparados para lidar com os reabilitados,</p><p>até mesmo por falta de informações, pelo achismo que ele é “aproveitador da</p><p>118</p><p>situação”, concordando com Poersch e Merlo (2017) que dizem que o retorno ao</p><p>trabalho se faz, então, atravessado por estas vivências, particularizadas, confrontadas</p><p>com os arranjos da organização que já não são mais os mesmos. Compondo equipes</p><p>que não mais se constituem do mesmo modo e em relações e vínculos de trabalho</p><p>que se</p><p>fragilizaram face ao fomento dos modelos individualistas de gestão no trabalho,</p><p>somados ainda ao longo período de afastamento do universo laboral.</p><p>Assim foi possível detectar a existência de um desacordo desses atores sociais</p><p>do estudo com o programa de Reabilitação Profissional.</p><p>Quanto ao relacionamento, percebe-se que a maioria dos gestores diz existir</p><p>um bom relacionamento entre os reabilitados e os demais funcionários e todos, sem</p><p>exceção, mostraram que se veem como bons profissionais e almejam para o futuro</p><p>uma vida tranquila, com crescimento profissional.</p><p>Apesar dos reabilitados receberem acompanhamento médico, apoio e/ou</p><p>acolhimento por parte de familiares e amigos, na maioria dos casos estudados os</p><p>sujeitos ainda não retornaram ao ambiente de trabalho devido à persistência da</p><p>doença a que foram acometidos, ou desenvolveram alguma outra manifestação</p><p>fisiopatológica que os impedem de retornar à empresa, ou até mesmo por não existir</p><p>um posto de trabalho compatível às suas limitações.</p><p>Quanto ao significado de trabalho, percebe-se, sem exceção, que representa</p><p>dignidade para os reabilitados. Com o problema de não conseguirem a reintegração</p><p>nas atividades, eles se sentem sem dignidade.</p><p>Para que ocorra uma efetiva reabilitação, é importante a reinserção da pessoa</p><p>na sociedade. Quando a própria pessoa acredita que é incapaz ou impotente frente à</p><p>dinâmica de sua vida, há o surgimento de um estado de inércia e diminuição de sua</p><p>condição para o enfrentamento das dificuldades vividas, situação que pode ser</p><p>modificada à medida que o apoio da rede social se amplia (BARROS e CLARO, 2011).</p><p>Essa situação citada está de acordo com Ramos Junior (2016) dizendo que</p><p>entende-se que o programa de reabilitação profissional atualmente disponibilizado</p><p>pela Previdência Social necessita com urgência ser modernizado e reestruturado para</p><p>atender às exigências das mudanças na esfera produtiva, o que representaria um</p><p>enorme ganho para toda a sociedade, pois não podemos deixar a cargo exclusivo do</p><p>empregador essa função, assim como também não podemos tomar com premissa que</p><p>119</p><p>o empregado pretende burlar o sistema previdenciário para fazer jus a um beneficio</p><p>permanente.</p><p>Verifica-se que os resultados deste trabalho estão em conformidade com o que</p><p>foi verificado por Freitas (2014).</p><p>A dor, a falta de um posto de trabalho compatível com as doenças, o emocional</p><p>abalado e o sentimento de incapacidade profissional são as maiores barreiras</p><p>enfrentadas por esses reabilitados.</p><p>5. CONSIDERAÇÕES FINAIS</p><p>120</p><p>A presente pesquisa teve como objetivo verificar qual a percepção de gestores</p><p>e reabilitados reintegrados após afastamento do trabalho à empresa de maneira</p><p>sustentável (respeitado e com produtividade).</p><p>É possível responder que o afastamento por acidente de trabalho ou doença</p><p>pode ser considerado um estímulo estressor, pois trazem enormes prejuízos como</p><p>transtornos físicos, psíquicos e alterações orgânicas, conforme observado nesta</p><p>pesquisa.</p><p>Pode-se afirmar também que a história de vida dos trabalhadores afastados do</p><p>trabalho foi analisada, verificando como o trabalhador reabilitado e o gestor da</p><p>empresa percebem essa reinserção ao trabalho. Além disso, relacionou-se a</p><p>percepção de gestores e trabalhadores reabilitados com a melhoria da qualidade de</p><p>vida e com os pilares da sustentabilidade.</p><p>Nas entrevistas concedidas, os trabalhadores acidentados até entendem que o</p><p>programa de Reabilitação Profissional do INSS sob a responsabilidade desse órgão</p><p>público condiz com a integralidade de um atendimento à saúde, assegurado por uma</p><p>equipe interdisciplinar que possa dar a assistência devida ao trabalhador, prevista pela</p><p>Constituição.</p><p>A reabilitação profissional é um serviço onde o objetivo é recuperar a condição</p><p>de trabalho desse segurado a fim de exercer uma nova atividade profissional,</p><p>garantindo assim o bem-estar físico, mental e social. Além disso, o reabilitado se torna</p><p>satisfeito, mantém o emprego, aumenta a autoestima, a criatividade e o conhecimento.</p><p>Pode ser considerada um suporte oferecido pela organização, pois existe a</p><p>vantagem de já se conhecerem evitando, assim, contratações desnecessárias,</p><p>diminuindo custos com inadequação produtiva, adoecimento, absenteísmo e licenças.</p><p>Porém observou-se que os trabalhadores reabilitados afastados do trabalho,</p><p>muitas vezes, desconhecem para que serve o programa de Reabilitação Profissional</p><p>do INSS.</p><p>Embora a ideia do programa seja boa, infelizmente não existe uma efetividade</p><p>nesse processo de reabilitação profissional, pois o reabilitado ao ser submetido ao</p><p>programa não encontra no mercado de trabalho uma nova oportunidade de emprego,</p><p>visto que a atividade que ele exerce não consegue encontrar muitas opções que</p><p>estejam de acordo com sua condição atual. Por outro lado, a empresa por obrigação</p><p>121</p><p>do INSS recebe esse trabalhador, que é submetido a um “subemprego”, ficando</p><p>muitas vezes ocioso apenas para cumprir a legislação.</p><p>Apesar de existir no Brasil a garantia constitucional de bem-estar aos</p><p>trabalhadores, a realidade ainda é muito distante, uma vez que o sistema</p><p>previdenciário atual tem por objetivo a obtenção de renda e capital e não a aplicação</p><p>ou construção de um programa social efetivo.</p><p>Na verdade, observou-se que a realidade vivida por esses reabilitados não é</p><p>condizente com a legislação. Existe ainda o fato de algumas empresas não mostrarem</p><p>boa vontade em receber os reabilitados em seus postos de trabalho.</p><p>Quanto às empresas, os discursos entre os gestores e conflitos vividos, muitas</p><p>vezes, são camuflados, nos quais inclui a diferença e a indiferença ao sofrimento do</p><p>outro e um tratamento digno na empresa, sendo o principal a produtividade.</p><p>O que acontece é que a empresa, às vezes, não aceita a reintegração desse</p><p>trabalhador ainda que readaptado com receio de que possa agravar ainda mais a</p><p>incapacidade, responsabilizando-se assim pelo agravamento e acarretando</p><p>reclamação trabalhista ou indenização contra a empresa.</p><p>Humilhar e caluniar esses reabilitados são instrumentos de poder e controle por</p><p>parte dos gestores. Por outro lado, nenhum trabalhador quer ser alvo de ironias e</p><p>ridicularização, o que muitas vezes causa medo, gera mágoas e desesperança. O</p><p>reabilitado sofre uma série de agravos que interfere na sua identidade pessoal e</p><p>social, que o desqualifica ainda mais, além da sua doença, para um valor negativo de</p><p>exclusão social. As pessoas precisam estar em atividade, contribuindo, incluídas no</p><p>trabalho ao invés de ficarem afastadas num processo que só fomenta a exclusão</p><p>social.</p><p>Atitudes como reintegrar esse trabalhador daria valor a esse funcionário,</p><p>dignidade para esse empregado e demonstraria que a empresa se importa com sua</p><p>recuperação e que ele faz parte do quadro de funcionários da empresa.</p><p>O apoio familiar também é um fator importante durante o processo da doença,</p><p>já que exerce um papel fundamental ao dar suporte e força para o afastado, para que</p><p>volte mais confiante para o trabalho.</p><p>Como alternativa, alguns, para garantir a sobrevivência, optam pelo trabalho</p><p>informal, alimentam a esperança da prorrogação do benefício previdenciário ou quem</p><p>sabe conseguir a invalidez pelo INSS, o que não soa como algo injusto e sim como</p><p>122</p><p>um direito à cidadania, fato que mostra uma enorme distância entre o sugerido por lei</p><p>e sua realização.</p><p>Em relação a seus direitos, os reabilitados se dizem desacreditados e</p><p>humilhados, o que muitas vezes se transforma em dores físicas e emocionais.</p><p>Analisando o ambiente empresarial, observa-se uma situação desfavorável</p><p>para a inclusão desses trabalhadores, algo impactante para qualquer pessoa que</p><p>possua algum tipo de limitação atuar, obrigando a se manter fora da sociedade.</p><p>O gestor por outro lado, com o ritmo acelerado e</p><p>as exigências da empresa,</p><p>precisa saber comandar e tentar retirar de cada colaborador e do coletivo a maior</p><p>produtividade possível, altos desempenhos e atingimentos de metas. No lado da</p><p>empresa, esta parece não estar preparada para receber os profissionais afastados no</p><p>momento de seu retorno. Gestores respeitam ordens e tem um cargo a zelar, cuja</p><p>função é oferecer produtividade.</p><p>Observa-se que por parte de algumas empresas é clara a falta de interesse em</p><p>tornar um ambiente propício a receber pessoas com essas limitações. Muitas se</p><p>mantem irredutíveis em adaptar-se às necessidades dos mesmos, mantendo sua</p><p>política de contratação que gira em torno de dispensas, punições e penalidades.</p><p>O que também se observa é que existem dois lados do reabilitado. O lado de</p><p>vítima, aquele em que o mundo o odeia, que ele não serve mais para nada e o lado</p><p>do homem que precisa sarar e voltar a trabalhar porque tem filhos e família para cuidar</p><p>e não pode perder o emprego.</p><p>Os afastamentos de longos períodos representam para esse trabalhador</p><p>quase a ruptura definitiva em relação ao futuro diante a possibilidade da reinserção</p><p>no mercado de trabalho.</p><p>Adequar o ambiente para esses trabalhadores são medidas que precisam ser,</p><p>urgentemente, revistas pelas empresas a fim de garantir os direitos existentes a eles</p><p>e com isso transformar-se num ambiente de igualdade para todos.</p><p>Neste aspecto da reabilitação profissional, cuidar é considerar a importância da</p><p>construção de projetos de vida, significativos para cada reabilitado, como eixo central</p><p>do tratamento.</p><p>O que se percebe é que as empresas não incluem os acidentes de trabalho</p><p>e/ou doenças em seus balanços anuais. Pelo contrário, ela espera que apenas o INSS</p><p>123</p><p>e o trabalhador reabilitado sejam responsabilizados por isso. O que se precisa deixar</p><p>claro é que o acidente de trabalho e/ou a doença são responsabilidades da empresa.</p><p>O que se verifica é que deve haver um esforço conjunto da empresa e do</p><p>trabalhador em relação a respeitar as Normas Técnicas de Saúde e Segurança no</p><p>trabalho, visto que em sua maioria o trabalhador não possui informações mínimas</p><p>sobre os riscos reais que poderá encontrar no exercício de suas funções. A empresa,</p><p>por sua vez, precisa desenvolver ações educativas estimulando uma cultura de saúde</p><p>e segurança no ambiente laboral e os órgãos governamentais, desenvolvendo ações</p><p>não só de assistência, mas de promoção e prevenção na saúde do trabalhador,</p><p>enquanto o programa do INSS necessita ser repensado com urgência a fim de atender</p><p>as exigências da mudança na esfera produtiva, o que representaria um avanço</p><p>enorme em relação à qualidade; deveria se alterar a interpretação do que seja</p><p>reabilitação profissional para uma importante formação profissional.</p><p>O que acontece é que os cursos são escolhidos pela equipe multidisciplinar, e</p><p>geralmente os segurados não gostam ou não tem aptidão para aquela determinada</p><p>função. Mas não há escolha, o programa é obrigatório e são convocados sob pena do</p><p>cancelamento do benefício previdenciário. Muitos vão obrigados apenas para garantir</p><p>a presença, sendo que o curso deveria ser um estimulante para esse trabalhador, um</p><p>incentivo para uma nova oportunidade e até uma nova profissão.</p><p>Um outro fator que atravanca o programa é a pouca escolaridade e a idade</p><p>desses trabalhadores. Trabalhadores de baixa renda geralmente possuem pouca</p><p>escolaridade e isso impede que eles façam cursos de maior importância, que exige</p><p>que tenham pelo menos concluído o ensino fundamental. Barreiras que cada vez mais</p><p>deixam o reabilitado desanimado e indisposto para querer se reabilitar.</p><p>Deveria se criar entre o segurado e a reabilitação uma relação de confiança, de</p><p>credibilidade, para que o mesmo pudesse expor sua real situação, realizar trabalhos</p><p>na área afetivo-emocional na busca de maior maturidade pessoal e consciência para</p><p>se obter qualidade de vida, com negociações entre a empresa, o segurado e o INSS.</p><p>Acredita-se também que uma escuta dos sujeitos por parte dos gestores possa</p><p>trazer modos de intervenção que venham a minimizar os danos emocionais causados</p><p>aos trabalhadores que retornam as atividades laborais, sempre tentando estimular a</p><p>capacitação e a escolaridade, a fim de fazer com que cada trabalhador vá se</p><p>descobrindo, se empoderando e assim construindo novos caminhos laborais; porém,</p><p>124</p><p>no momento, o programa passa por um período de carência de credibilidade e de</p><p>sustentabilidade em relação à reabilitação profissional.</p><p>Do outro lado é preciso existir uma política de prevenção de acidente de</p><p>trabalho e uma fiscalização efetiva das empresas para com o trabalhador que chegue</p><p>numa situação de doença ou acidente de trabalho, para que não permaneça</p><p>incapacitado e que consiga voltar para a mesma empresa ou para o mercado de</p><p>trabalho. Se houvesse uma fiscalização preventiva todos poderiam ficar satisfeitos.</p><p>O trabalhador seria cuidado preventivamente, o setor público ganharia porque o INSS</p><p>poderia economizar o benefício gasto por incapacidade desse segurado e a empresa</p><p>também ganharia porque permaneceria com o mesmo funcionário e não precisaria</p><p>repor mão-de-obra.</p><p>Pode-se afirmar que essa pesquisa trouxe contribuições, pois seus resultados</p><p>poderão despertar a atenção dos gestores, pelo menos na forma de reintroduzir o</p><p>reabilitado no ambiente laboral.</p><p>Infelizmente, existiram algumas limitações na pesquisa, o que dificultou um</p><p>pouco o trabalho, já que três empresas em que os reabilitados trabalham ou</p><p>trabalhavam, se recusaram a dar entrevistas. Seja pelo desinteresse em relação ao</p><p>segurado ou pelo temor do INSS, não quiseram responder aos e-mails enviados,</p><p>ofícios e nem telefonemas, alegando não ter tempo disponível para a colaboração da</p><p>pesquisa.</p><p>Como ações para se melhorar a convivência com os reabilitados, sugere-se:</p><p> Oferecer postos compatíveis (leve ou administrativo);</p><p> Trabalhar em área não produtiva;</p><p> Documentar a real capacidade e as limitações de cada reabilitado;</p><p> Dar treinamentos específicos e motivacionais;</p><p> Demitir os reabilitados que demonstram não querer trabalhar;</p><p> Criar uma área só para os reabilitados;</p><p> Reintegração conjunta entre INSS, empresa e sindicato;</p><p> Mudança de cultura organizacional e mentalidade (novo pensar) de</p><p>todas as pessoas da organização.</p><p>Para futuros estudos, sugere-se trabalhos a respeito da criação de Políticas</p><p>Públicas mais comprometidas com o desenvolvimento humano e empresas com</p><p>programas de saúde e qualidade de vida.</p><p>125</p><p>Verifica-se que as dores físicas e as humilhações na avalição de condições de</p><p>trabalho e saúde desses trabalhadores são evidentes, demonstrando sofrimento e</p><p>insegurança nas relações organizacionais de trabalho, sem contar o medo e o risco</p><p>de ser acometido novamente por um novo acidente de trabalho e até mesmo ser</p><p>desligado e esquecido pela empresa.</p><p>O trabalho, além de garantir os meios básicos para a sobrevivência do</p><p>trabalhador, como moradia, educação, alimentação, possibilita a sua inclusão em um</p><p>contexto social que estimula a construção de um conhecimento que lhe permite tanto</p><p>a realização profissional como pessoal. É preciso trabalhar mais a funcionalidade e</p><p>menos a doença, parar de olhar as barreiras e obstáculos e enfatizar mais as aptidões</p><p>e competências desses trabalhadores.</p><p>Não se pode ter qualidade de vida quando o medo é quem domina e aprisiona.</p><p>Assim, a reabilitação profissional e a reinserção profissional após um acidente de</p><p>trabalho é um direito básico do trabalhador no sentido de pertencimento, dignidade e</p><p>de valor, visto que o capital mais importante é o capital humano e precisa ser</p><p>cumprido, compreendido e respeitado.</p><p>REFERÊNCIAS</p><p>ABQV. Associação brasileira de qualidade de vida. Portal corporativo. Disponível</p><p>em <http://www.abqv.com.br/portal/Content.aspx?id=384>. Acesso em 20 out 2014.</p><p>AEPS.</p><p>Anuário estatístico da Previdência Social. Estatísticas. Seção I –</p><p>Benefícios. Disponível em: http://www.previdencia.gov.br/aeps-2013-secao-</p><p>ibeneficios/. Acesso em: 25 dez 2014.</p><p>ARAÚJO, E. S. 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Em</p><p>relação ao gestor, observar a percepção, dificuldades, anseios e os fatores que</p><p>interferem nessa produtividade em busca de resultados positivos em relação a</p><p>reinserção do trabalhador reabilitado reintegrado a empresa.</p><p>A pesquisa justifica-se pela importância de se atender às inquietações com a</p><p>sustentabilidade</p><p>social e garantir a melhoria da qualidade de vida dessa população e</p><p>das gerações futuras.</p><p>A minha participação no referido estudo será no sentido de que a coleta de</p><p>dados ocorrerá com reabilitados e gestores, onde serão realizadas entrevistas</p><p>individuais, em situação face a face, ao longo de um único encontro com tópicos sobre</p><p>diversos aspectos que envolvem a percepção de gestores e trabalhadores após</p><p>afastamento a empresa de maneira sustentável.</p><p>137</p><p>Eu me comprometo a responder uma ficha de identificação e um roteiro de</p><p>entrevistas semiestruturadas com 13 perguntas, a fim de retratar melhor a realidade</p><p>do reabilitado e do gestor e/ou chefe dentro da empresa.</p><p>Os dados serão coletados a partir dos registros gravados com minha</p><p>autorização. Após a coleta de dados, o conteúdo audiogravado será transcrito</p><p>literalmente e na íntegra. Por meio deste, dou permissão para cumprir as etapas da</p><p>pesquisa e para gravar as sessões em áudio da entrevista.</p><p>Estou ciente de que, ao termino da pesquisa, o áudio será apagado e que os</p><p>resultados serão divulgados, porém sem que meu nome apareça associado à</p><p>pesquisa.</p><p>Estou ciente de que a pesquisadora fará a transcrição da fala gravada para um</p><p>texto em computador e que alguns colegas pesquisadores poderão conhecer o</p><p>conteúdo, tal como foi falado, para discutir os resultados, mas estas pessoas estarão</p><p>sempre submetidas às normas do sigilo profissional.</p><p>Fui alertado de que, na pesquisa a se realizar, posso esperar alguns benefícios,</p><p>tais como: a oportunidade de contribuir para a discussão acerca da reintegração de</p><p>trabalhadores reabilitados a empresa - presente inquietação em relação a</p><p>sustentabilidade social, políticas públicas e melhoria da qualidade de vida no contexto</p><p>emergente.</p><p>Recebi por outro lado, os esclarecimentos necessários sobre os possíveis</p><p>desconfortos e riscos recorrentes do estudo, levando-se em conta que é uma</p><p>investigação científica e os resultados positivos e negativos somente serão obtidos</p><p>após a sua realização. Assim, a realização desta entrevista apresenta possibilidade</p><p>de cansaço ou desconforto perante alguma questão.</p><p>Estou ciente de que minha privacidade será respeitada, ou seja, meu nome ou</p><p>qualquer outro dado, ou elemento que possa, de qualquer forma, me identificar, será</p><p>mantido em sigilo.</p><p>Também fui informado de que posso me recusar a participar do estudo, ou</p><p>retirar meu consentimento a qualquer momento, sem precisar justificar.</p><p>Os pesquisadores envolvidos com o referido projeto são: Sandra Regina</p><p>Trevisan Gonçalves dos Santos, aluna do Curso de Mestrado Acadêmico em</p><p>Educação, Ambiente e Sociedade no Centro Universitário das Faculdades Associadas</p><p>de Ensino de São João da Boa Vista (Pesquisadora responsável) e Luciel Henrique</p><p>138</p><p>de Oliveira, docente do referido curso (Pesquisador Orientador). Com eles, poderei</p><p>manter contato pelos telefones: (19) 98172 2611.</p><p>É assegurada a assistência durante toda a pesquisa, bem como me é garantido</p><p>o livre acesso a todas as informações e esclarecimentos adicionais sobre o estudo e</p><p>suas consequências, enfim, tudo o que eu queria saber antes, durante e depois de</p><p>minha participação.</p><p>Enfim, tendo sido orientado quanto ao teor de tudo aqui mencionado e</p><p>compreendido a natureza e o objetivo do referido estúdio, manifesto meu livre</p><p>consentimento em participar, estando totalmente ciente de que não há nenhum valor</p><p>econômico, a receber ou pagar, por minha participação.</p><p>No entanto, caso eu tenha qualquer despesa decorrente da participação na</p><p>pesquisa, haverá ressarcimento mediante deposito em conta corrente. De igual</p><p>maneira, caso ocorra algum dano decorrente da minha participação no estudo, estarei</p><p>devidamente indenizando, conforme determina a Lei.</p><p>Em caso de reclamação ou qualquer tipo de denúncia sobre este estudo devo</p><p>ligar para o CEP UNIFAE (19) 3638-0240 Ramal 228, ou mandar um e-mail para</p><p>comite_etica@unifae.br</p><p>Declaro nesta oportunidade estar recebendo uma via deste documento, com</p><p>t0das as assinaturas.</p><p>São João da Boa Vista , ........ de ...................... de 2017</p><p>Nome e assinatura do sujeito da pesquisa</p><p>Nome(s) e assinatura(s) do(s) pesquisador(es) responsável(responsáveis)</p><p>139</p><p>APÊNDICE B</p><p>Ficha de caracterização do Trabalhador Reabilitado</p><p>Entrevistado nº:</p><p>DADOS PESSOAIS</p><p>Sexo: ( ) masculino ( ) feminino</p><p>Idade:</p><p>Estado civil: Número de filhos:</p><p>Tipo de moradia: ( ) própria ( ) alugada ( ) outros Mora com quem:</p><p>Possui religião? ( ) Sim ( ) Não Qual?</p><p>ESCOLARIDADE</p><p>( ) analfabeto ( ) alfabetizado ( ) fundamental incompleto</p><p>( ) fundamental completo ( ) médio incompleto ( ) médio completo</p><p>( ) superior incompleto ( ) superior completo ( ) pós-graduação</p><p>Fez cursos de qualificação enquanto estava afastado da empresa? ( ) Sim (</p><p>) Não</p><p>Quais:</p><p>DADOS PROFISSIONAIS</p><p>Que tipo de trabalho executava antes do seu afastamento por doença e/ou</p><p>acidente de trabalho?</p><p>Qual o tipo de trabalho executado após a sua reintegração por doença e/ou</p><p>acidente de trabalho?</p><p>( ) exerço mesma função de antes do meu afastamento;</p><p>( ) exerço outra função após minha reintegração. Qual:</p><p>Quanto tempo ficou afastado do trabalho? ______________________ dias</p><p>Qual foi o motivo do seu afastamento?</p><p>( ) doença. Qual?</p><p>( ) acidente. Qual?</p><p>Qual sua situação empregatícia atual:</p><p>( ) empregado ( ) desempregado ( ) aposentado ( ) afastado</p><p>( ) estudante ( ) autônomo ( ) outras situações</p><p>140</p><p>APÊNDICE C</p><p>Ficha de caracterização do Gestor</p><p>Entrevistado nº:</p><p>DADOS PESSOAIS</p><p>Sexo: ( ) masculino ( ) feminino</p><p>Idade:</p><p>Estado civil: Número de filhos:</p><p>Tipo de moradia: ( ) própria ( ) alugada ( ) outros</p><p>Mora com quem?</p><p>Possui religião? ( ) Sim ( ) Não</p><p>Qual?</p><p>FORMAÇÃO ACADÊMICA</p><p>( ) analfabeto ( ) alfabetizado ( ) fundamental</p><p>incompleto</p><p>( ) fundamental completo ( ) médio incompleto ( ) médio completo</p><p>( ) superior incompleto ( ) superior completo ( ) pós-graduação</p><p>Fez cursos relacionados à área de atuação? ( ) Sim ( ) Não</p><p>Quais?</p><p>DADOS PROFISSIONAIS</p><p>Função que exerce dentro da empresa:</p><p>Trabalha nesta empresa há quanto tempo:</p><p>Exerceu outra função dentro da empresa sem ser gerente e/ou chefe?</p><p>Qual?</p><p>141</p><p>APÊNDICE D</p><p>Roteiro de entrevistas para os Trabalhadores Reabilitados</p><p>Instrução: Vou lhe fazer algumas perguntas para saber como você pensa sobre</p><p>você, como se vê como trabalhador reabilitado, barreiras enfrentadas em relação ao</p><p>afastamento e reinserção ao mercado de trabalho após o afastamento. Lembre-se</p><p>que não existem respostas certas ou erradas. O que interessa é a sua opinião sobre</p><p>o assunto, mas peço que reflita bem para respondê-las. Vou começar pelas perguntas</p><p>sobre:</p><p>1. O que você entende por reabilitação profissional?</p><p>2. O que a empresa fez após o seu retorno?</p><p>3. Quais os sentimentos vivenciados durante o período de afastamento?</p><p>4. O que a palavra “trabalho” significa para você?</p><p>5. Após ter passado pelo Programa de Reabilitação Profissional do INSS, você</p><p>está exercendo a atividade para qual foi reabilitado?</p><p>6. Houve algum tipo de reintegração ou orientação da empresa após seu</p><p>retorno?</p><p>7. Quais foram as principais barreiras encontradas em relação ao seu retorno</p><p>ao trabalho?</p><p>8. Como está sendo seu desempenho em relação ao posto atual? Houve</p><p>necessidade de adaptações de cadeira, mesa, etc?</p><p>9. Você já se sentiu constrangido em público por causa de ser considerado um</p><p>trabalhador reabilitado?</p><p>10. Como anda sua saúde. Tem necessidade de tratamentos contínuos? Toma</p><p>medicamentos com frequência?</p><p>11. Como tem sido seu relacionamento com familiares e amigos após o</p><p>afastamento?</p><p>12. Quais foram as principais mudanças que ocorreram em sua vida após ter</p><p>sofrido a doença ou o acidente de trabalho?</p><p>13. Como você se vê como profissional. O que você quer para seu futuro?</p><p>142</p><p>APÊNDICE E</p><p>Roteiro de entrevista para o Gestor</p><p>Instrução: Vou lhe fazer algumas perguntas para saber o que pensa sobre a</p><p>reinserção de trabalhadores reabilitados, principais dificuldades e desafios em relação</p><p>ao retorno desses trabalhadores a empresa. Lembre-se que o que interessa é sua</p><p>opinião sobre o assunto enquanto gerente e/ou chefe.</p><p>1- Como você acha que o trabalhador reabilitado enxerga o gestor?</p><p>2- Houve casos em que o trabalhador reabilitado tenha apresentado má</p><p>conduta dentro da empresa?</p><p>3- O que a palavra “reabilitação profissional” significa para você como</p><p>gestor?</p><p>4- Os gestores e/ou chefes estão preparados para lidar com os reabilitados?</p><p>5- Em sua opinião você acha que o Programa de Reabilitação Profissional</p><p>prepara os reabilitados para o retorno à empresa de maneira satisfatória?</p><p>6- Como o gestor vê o processo de reinserção do reabilitado à empresa?</p><p>7- Os gestores recebem algum tipo de treinamento ou orientação especifica</p><p>em relação à reintegração dos reabilitados antes de seu retorno a empresa?</p><p>8- Quais são suas principais dificuldades em lidar com o trabalhador</p><p>reabilitado?</p><p>9- Como anda a saúde do gestor? Toma algum tipo de medicamento?</p><p>10- Você considera os trabalhadores reabilitados tão produtivos quanto os</p><p>demais trabalhadores?</p><p>11- A convivência entre as pessoas sem deficiência e os trabalhadores</p><p>reabilitados no ambiente de trabalho apresenta dificuldade?</p><p>12- Quais foram as principais mudanças que ocorreram dentro da empresa</p><p>após a reinserção de trabalhadores reabilitados?</p><p>13- Como você se vê como gestor? O que você quer para seu futuro?</p><p>ANEXO A</p><p>143</p><p>Resposta ao pedido de autorização ao INSS para a utilização dos dados para a</p><p>pesquisa.</p><p>ANEXO B</p><p>Comprovante da aprovação do Comitê de Ética</p><p>144</p><p>ANEXO C</p><p>Comprovante da submissão do Artigo 1</p><p>145</p><p>ANEXO D</p><p>146</p><p>Comprovante da submissão do Artigo 2</p><p>se manterem (ROSSI et al, 2007).</p><p>Trabalhar com qualidade de vida passou a ser um dos resultados esperados</p><p>tanto nas práticas assistenciais quanto nas políticas públicas, nos campos da</p><p>promoção da saúde e da prevenção de doenças. Assim, saúde e doenças configuram</p><p>processos relacionados a aspectos econômicos, socioculturais e experiências,</p><p>promovendo uma atenção à saúde integral do trabalhador com maior possibilidade de</p><p>um retorno ao trabalho sustentável, permanência e crescimento na atividade</p><p>laborativa com a devida satisfação dos vários atores sociais (SEIDL e ZANNON,</p><p>2004).</p><p>A qualidade de vida no trabalho visa à compreensão do ser humano, uma vez</p><p>que a saúde não se baseia apenas na ausência de doença, mas o bem-estar</p><p>psicológico, biológico e social. A compreensão de todos os fatores interfere</p><p>significativamente no desempenho e na cultura organizacional da saúde do trabalho</p><p>(DE ALBUQUERQUE e FRANÇA, 1998).</p><p>É preciso promover uma reflexão em relação à importância de políticas públicas</p><p>e uma melhor qualidade de vida para as pessoas que participam dos programas de</p><p>reabilitação profissional, que esteja não só preocupada com a produtividade, mas que</p><p>também desperte para a prática de valores nobres e uma convivência harmoniosa nas</p><p>relações patrão/empregado e a reinserção destes funcionários afastados do mercado</p><p>de trabalho, levando em conta seu potencial humano e produtivo.</p><p>O que levaria uma pessoa em processo de reabilitação profissional a temer sua</p><p>reinserção e consequente permanência no mercado de trabalho? Qual a insegurança</p><p>perante sua capacidade laboral e a perda do benefício cessado?</p><p>Nota-se a insuficiência de literaturas e estudos sobre o tema em questão,</p><p>evidenciando a necessidade de estudos mais aprofundados, o que justifica o presente</p><p>estudo, o qual não pretende esgotar a discussão, mas contribuir para suscitar</p><p>interesses voltados para essa temática.</p><p>Considerando-se todo o quadro apresentado, a pergunta-problema que</p><p>norteou a presente dissertação foi: gestores e reabilitados tem a mesma percepção</p><p>18</p><p>em relação a reintegração após afastamento por doença e/ou acidente de trabalho à</p><p>empresa?</p><p>Objetivos</p><p>Seu objetivo geral foi verificar a percepção de gestores e reabilitados</p><p>reintegrados após afastamento do trabalho à empresa e, para tanto, seus objetivos</p><p>específicos foram:</p><p>a) Analisar a história de vida na empresa dos trabalhadores afastados por</p><p>doença e/ou acidente de trabalho;</p><p>b) Verificar como o trabalhador reabilitado e o gestor da empresa percebem</p><p>essa reinserção ao trabalho;</p><p>c) Relacionar a percepção de gestores e trabalhadores reabilitados com a</p><p>melhoria da qualidade de vida no trabalho</p><p>Durante a revisão bibliográfica baseada em obras, livros, periódicos e artigos</p><p>já publicados associados ao tema apontado, realizou-se um refinamento teórico cuja</p><p>bagagem pudesse fomentar a construção do ideário aqui apresentado.</p><p>Num primeiro momento, como o retorno do trabalho é o foco da nossa pesquisa</p><p>em relação ao trabalhador e a empresa, discorre-se sobre sua temática relacionada à</p><p>inclusão e/ou exclusão social como um momento difícil a ser enfrentado, necessitando</p><p>de acolhimento por aqueles que o recebem em seu ambiente de trabalho. Mencionou-</p><p>se também sobre o significado do INSS, a importância do processo e os diferentes</p><p>programas de reabilitação no Brasil e no mundo, onde as soluções tomadas trouxeram</p><p>algumas melhoras, mas não inverteram o cenário da necessidade de fomentos de</p><p>políticas públicas e de empresas adotarem ações socialmente responsáveis e</p><p>sustentáveis. Este capítulo também enfatizou a importância e a necessidade da</p><p>Classificação Internacional de Funcionalidade no processo de reabilitação na qual é</p><p>permitido descrever a capacidade laborativa do indivíduo de forma assertiva,</p><p>proporcionando melhor bem-estar individual e social ao trabalhador.</p><p>O segundo capítulo aborda a sustentabilidade e a importância da qualidade de</p><p>vida no trabalho e a qualidade de vida sustentável nos dias de hoje diante da</p><p>globalização e do mercado competitivo; questionamentos tem sido levantados sobre</p><p>19</p><p>os efeitos do crescimento econômico e seus resultados a longo prazo na qualidade</p><p>de vida sustentável.</p><p>No terceiro e último capítulo, abordou-se sobre a importância da educação,</p><p>concentrando um esforço sobre o desenvolvimento comportamental humano e os</p><p>processos de ensino-aprendizagem, a fim de cultivar uma cultura de envolvimento e</p><p>participação com o objetivo de prevenir acidentes e de mudanças de atitudes frente</p><p>aos riscos das atividades de trabalho.</p><p>Diante de todo exposto, o presente estudo é de grande importância, uma vez</p><p>que poderá contribuir com novos e importantes resultados sobre essa temática para</p><p>a área cientifica, buscando atender às inquietações com a Sustentabilidade Social,</p><p>que, segundo Sachs (1993) tem, entre outras, garantir a melhoria da qualidade de vida</p><p>desta população e das gerações futuras.</p><p>20</p><p>1. REFERENCIAL TEÓRICO</p><p>1.1 SOCIEDADE</p><p>1.1.1 O TRABALHO, O TRABALHADOR E A EMPRESA</p><p>Para viver em sociedade, em geral, a pessoa adulta necessita obter sentidos</p><p>para sua vida como, por exemplo, o exercício de uma profissão. Considerada como</p><p>trabalho ou atividade especializada, a profissão num sentindo mais amplo pode ser</p><p>definida como ofício ou meio de subsistência executado pela pessoa na sociedade</p><p>onde está inserida (CESTARI e CARLOTTO, 2012).</p><p>Se por um lado o trabalho é reconhecido como uma das fontes de satisfação</p><p>de diversas necessidades humanas, como auto realização, manutenção de relações</p><p>interpessoais e sobrevivência, por outro, pode-se observar condições de trabalho que</p><p>pouco têm favorecido a preservação e promoção da saúde do trabalhador, como</p><p>problemas emocionais que acarretam acidentes ou doenças relacionadas ao trabalho</p><p>que podem agravar ainda mais se, no trabalho, antes do agravo, no processo de</p><p>reinserção, houver fator de sofrimento, um novo ou outro processo de adoecimento,</p><p>como quadros de depressão e isolamento (CESTARI e CARLOTTO, 2012).</p><p>O trabalho que no início era visto como meio de suprir suas necessidades</p><p>básicas, passa a ser o ponto central da vida do ser humano. A pressão por resultado,</p><p>a complexidade e concorrência do mercado torna o trabalho papel constante na vida</p><p>do homem. Assim, com a necessidade de aumentar a produtividade, surge a questão</p><p>a respeito da força de trabalho. Dessa forma, trabalhar com melhor qualidade de vida</p><p>passou a ser de extrema importância, uma vez que abrange o chamado enfoque</p><p>biopsicossocial que propõe a visão integrada do ser humano. Percebeu-se que a</p><p>saúde e as doenças configuram processos relacionados a aspectos econômicos e</p><p>socioculturais em busca de melhor atenção à saúde integral do trabalhador com</p><p>possibilidade de retorno ao trabalho sustentável (CAVASSANI et al, 2006).</p><p>O trabalho como uma temática relacionada à inclusão e/ou exclusão social está</p><p>associada às condições fornecidas pelo ambiente e como essas potencializam e</p><p>possibilitam espaços de produção e invenção nos ambientes de trabalho. Contudo, a</p><p>saúde está relacionada também com a tolerância às infidelidades do meio. Essas</p><p>21</p><p>intolerâncias podem vir a gerar diminuição na produtividade do indivíduo bem como</p><p>acidentes e afastamentos do trabalho (RAMOS et al, 2008).</p><p>Na década de 1970, o Brasil foi classificado como o primeiro país no mundo a</p><p>ter as maiores ocorrências de acidentes. Este número teve um decréscimo, mas isso</p><p>não significou progresso e melhoria, pois continua sendo o quarto (4º) colocado no</p><p>ranking mundial, ficando atrás da China, Estados Unidos e Rússia (PAIM, 2007).</p><p>Dados estatísticos de acidentes de trabalho divulgados pelo Ministério da</p><p>Previdência Social, do Tribunal Superior do Trabalho – TST (2014) indicam, em</p><p>comparação com os anos anteriores, um pequeno aumento no número</p><p>de acidentes</p><p>de trabalho.</p><p>O número de acidentes de trabalho registrado no Brasil aumentou de 709.474</p><p>casos em 2010 para 711.164 em 2011, como mostra a figura 1 do Ministério da</p><p>Previdência e Assistência Social – MPAS, com índices de 2010 a 2014.</p><p>Figura 1: Número de acidentes de trabalho registrados no Brasil – 2010/2014</p><p>Fonte: Ministério da Previdência e Assistência Social, MPAS, 2016</p><p>Somente no ano de 2013, segundo o Anuário Estatístico da Previdência Social,</p><p>ocorreram no Brasil 725.664 acidentes de trabalho. Desses, 2.797 resultaram na</p><p>morte de trabalhadores e 14.837 causaram invalidez permanente. Comparado com</p><p>2012, o número de acidentes de trabalho teve aumento de 0,55%. Segundo o AEPS,</p><p>709.474</p><p>711.164</p><p>713.984</p><p>725.664</p><p>704.136</p><p>Acidentes de Trabalho Registrados de 2011-2014</p><p>2010 2011 2012 2013 2014</p><p>22</p><p>em 2011, 2.938 trabalhadores perderam suas vidas durante o exercício de suas</p><p>atividades profissionais, enquanto em 2010 foram registradas 2.753 mortes no</p><p>trabalho. O total de acidentes registrados com a Comunicação de Acidentes de</p><p>Trabalho – CAT aumentou em 2.30% de 2012 para 2013.</p><p>Do total de acidentes registrados com CAT, os acidentes típicos representaram</p><p>77,32%, os de trajeto 19,96% e as doenças de trabalho 2.72%. As pessoas do sexo</p><p>masculino participaram com 73,01% e as pessoas do sexo feminino com 26,99% nos</p><p>acidentes típicos; 62,21% e 37,79% nos de trajeto e 58,38% e 41,62% nas doenças</p><p>do trabalho (AEPS, 2013).</p><p>Nos acidentes típicos e nos de trajeto, a faixa etária decenal com maior</p><p>incidência de acidentes foi a constituída por pessoas de 20 a 29 anos com,</p><p>respectivamente, 34,11% e 37,50% do total de acidentes registrados. Nas doenças</p><p>de trabalho a faixa de maior incidência foi a de 30 a 39 anos, com 33,52% do total de</p><p>acidentes registrados (AEPS, 2013).</p><p>Jacques e Codo (2002) afirmam que algumas pessoas ao longo de suas vidas,</p><p>naturalmente conseguem conquistar competências para vivenciar suas próprias</p><p>histórias profissionais. Outras, por meio das características e circunstâncias de seus</p><p>trabalhos, não conseguem dar continuidade aos seus projetos de vida, onde para</p><p>essas pessoas que sofrem algum tipo de acidente ou adoecimento no trabalho, existe</p><p>o Serviço da Previdência Social.</p><p>A Previdência Social tem por objetivo oferecer aos segurados incapacitados</p><p>para o trabalho meios de reeducação ou readaptação profissional através de um</p><p>Programa de Reabilitação Profissional (INSS, 2014).</p><p>Discorrem Cestari e Carlotto (2012) a respeito desta situação no Brasil, entre</p><p>as empresas e o INSS, onde o segundo é o elo que sustenta os trabalhadores no</p><p>caminho de volta ao trabalho.</p><p>A reintegração dos trabalhadores que se encontram parcialmente</p><p>incapacitados, por motivo de doença ou acidente, é um processo complexo que</p><p>depende do padrão de interação entre as várias instâncias: trabalhador, INSS,</p><p>empresa de vínculo e família (CESTARI e CARLOTTO, 2012).</p><p>As empresas, por seu lado, percebem as dificuldades que os sujeitos têm para</p><p>o retorno ao trabalho, pois é a organização quem determina o grau de participação</p><p>dos trabalhadores na realização das atividades. O que ocorre, muitas vezes, é que</p><p>23</p><p>não há uma preocupação em definir um novo posto de trabalho ou fazer alguns</p><p>reajustes no trabalho a estes reabilitados, que deveriam ter sido realizados</p><p>anteriormente (CESTARI e CARLOTTO, 2012).</p><p>Émile Durkheim em sua obra “Da divisão do trabalho social”, aborda que</p><p>atividades repetitivas e pouco racionais, diminuem o empenho e a produção do</p><p>trabalhador. Com a divisão do trabalho, os indivíduos passaram a perceber a</p><p>dependência que existe entre eles e seus setores. Vários modelos como o taylorismo</p><p>e o fordismo impuseram ao trabalhador a visão apenas da lucratividade da empresa,</p><p>mas não levando em consideração a saúde física e mental dos mesmos, expondo-os</p><p>dessa forma a riscos acidentais (PRAVATO et al, 2011).</p><p>Empresas buscam sempre eficiência, resultados e produtividade. Com a</p><p>implantação das normas ISO (International Organization for Standardization) 9001 e</p><p>14001, as empresas precisam cumprir metas para o bom rendimento e maior</p><p>satisfação dos clientes. Uma empresa que trabalhe segundo os parâmetros da ISO</p><p>9001 reduz falhas e desperdícios, diminui perdas de matérias-primas e de tempo, o</p><p>que gera eficiência e reduz tempo despendido aumentando a produtividade</p><p>(MARTINS, 2006).</p><p>Já a ISO 14001 proporciona diversos ganhos econômicos para a empresa que</p><p>trabalhem a promoção do desenvolvimento sustentável; com isso a empresa que tem</p><p>a ISO 9001 e 14001 passa a ideia de confiança, de capacidade de atender as</p><p>demandas de clientes e de produtividade, porém para isso é preciso investir na</p><p>valorização do capital humano, organização do ambiente interno da empresa,</p><p>avaliação da produção, analise crítica do sistema de qualidade e ações preventivas e</p><p>corretivas em todo o processo (MARTINS, 2006).</p><p>De acordo com o Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social</p><p>(2004), as empresas preocupadas com a competição de mercado querem, por vezes,</p><p>convencer seus clientes que são socialmente responsáveis em suas atitudes tanto</p><p>com funcionários quanto com o meio ambiente, mostrando então sua ética. Com a</p><p>globalização é visível que a cada dia surjam novas exigências tanto por parte do</p><p>mercado, quanto por parte de seus consumidores, fazendo com que as mesmas</p><p>adotem novas medidas.</p><p>Ainda segundo o autor, as organizações passaram a atribuir mais</p><p>responsabilidade aos funcionários, a fim de alcançar posições cada vez mais</p><p>24</p><p>significativas no mercado, gerando dessa forma melhores resultados econômicos</p><p>(INSTITUTO ETHOS, 2004).</p><p>Em geral, muitas organizações não consideram outras habilidades e aptidões</p><p>para a pessoa exercer uma nova função, que agora é outra, compatível com a sua</p><p>realidade e situação. Neste sentido, é imprescindível que se estabeleça uma parceria</p><p>produtiva entre trabalhador, INSS e empresas vinculadas (CESTARI e CARLOTTO,</p><p>2012).</p><p>Uma avaliação criteriosa sobre a atividade deve ser realizada pelo trabalhador,</p><p>análise que deve avaliar não somente suas condições físicas, técnicas e operacionais,</p><p>mas também suas condições emocionais. As ações devem contemplar uma retomada</p><p>na trajetória profissional do trabalhador segurado, considerando que sua incapacidade</p><p>laboral não envolve somente um recomeço a partir de uma sequela física, um retorno</p><p>à possibilidade de sustento; significa, ademais, a retomada de sua autoestima,</p><p>identidade, autonomia e inclusão social (CESTARI e CARLOTTO, 2012).</p><p>Segundo os autores, a experiência do afastamento do trabalho vem a ser</p><p>marcado pela incapacidade e insegurança, mas outros fatores como a flexibilização</p><p>do trabalho, o risco de desemprego e as dificuldades encontradas dentro do ambiente</p><p>organizacional e a busca pelos seus direitos acarretam também complicações</p><p>psicológicas.</p><p>Ao relembrar o acidente, o trabalhador reconhece os riscos no ambiente de</p><p>trabalho, admite que o local de trabalho não oferece as mínimas condições de</p><p>prevenção nem segurança, e fica ciente dos perigos que raramente serão eliminados</p><p>pela empresa, que na maioria das vezes são as causas de maior número de acidentes</p><p>de trabalho (GARBIN, 2012).</p><p>De acordo com Barreto (2013), omitir a doença é pratica comum entre</p><p>trabalhadores, sendo só manifestada quando a dor é insuportável e já não se</p><p>consegue cumprir as metas preestabelecidas pela empresa.</p><p>Prefere-se que o trabalhador retorne a sua empresa de vínculo. Em almejo a</p><p>tal objetivo, é considerável avaliar as reais condições pessoais e de ambiente de</p><p>trabalho. No entanto, muitas vezes, torna-se necessário a mudança de cargo para que</p><p>o indivíduo possa exercer uma ocupação que proporcione bem-estar e que não</p><p>prejudique sua recuperação. Esta, se realizada de forma planejada e adequada,</p><p>provoca resultados positivos tanto para o empregado quanto para</p><p>o empregador</p><p>25</p><p>(ROSIN-PINOLA et al, 2004). A ligação entre o mercado de trabalho e o trabalhador</p><p>terá como significado a igualdade de direitos, a capacidade de gerar resultados e,</p><p>acima de tudo, mostrar que suas restrições não representam obstáculos para a</p><p>execução de determinadas tarefas (OLIVEIRA et al, 2007).</p><p>1.1.2 O INSS E O PROCESSO DE REABILITAÇÃO PROFISSIONAL</p><p>De acordo com site Certificard (2013), INSS é uma autarquia do Governo</p><p>Federal do Brasil que recebe as contribuições para a manutenção do Regime Geral</p><p>da Previdência Social, sendo responsável pelo pagamento da aposentadoria, pensão</p><p>por morte, auxílio-doença, auxílio-acidente, entre outros benefícios previstos em lei.</p><p>Preconizada na Constituição Federal Brasileira (1988), a área de saúde do</p><p>trabalhador apoia-se nas bases jurídico-legais, sendo suas ações desenvolvidas pelos</p><p>Ministérios da Previdência Social, Saúde e do Trabalho e Emprego e na Consolidação</p><p>das Leis do Trabalho (Decreto-Lei nº 5.452 de 01/05/1943), assim como na área da</p><p>Previdência Social nas Leis nº 8.212/91 e nº 213/91 e na área da Saúde nas Leis nº</p><p>8.080/90, Política Nacional de Segurança e Saúde do Trabalhador (21/12/2004),</p><p>Renast – Rede Nacional de Atenção Integra à Saúde do Trabalhador (Portarias nº</p><p>1.679, de 19/09/2002, nº 2.437, de 07/12/2005 e nº 2.728, de 11/11/2009),</p><p>concretizada através do Centro de Referência em Saúde do Trabalhador - CEREST.</p><p>A Constituição de 1988 adotou esse termo para se referir a um conjunto de</p><p>ações e serviços, de responsabilidade dos poderes públicos, em busca de garantir</p><p>bem-estar e justiça social. O Sistema de Seguridade Social é formado por um tripé</p><p>constituído pela Saúde, Assistência Social e Previdência Social.</p><p>Rossi et al (2007) complementa, em seu artigo, que na Constituição Federal de</p><p>1988 a questão da seguridade social está relacionada às iniciativas dos poderes</p><p>públicos e da sociedade referente aos direitos à saúde, previdência e à assistência</p><p>social, enquanto que o Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e</p><p>Medicina do Trabalho compõe-se de uma equipe interdisciplinar composta por</p><p>Técnico de Segurança do Trabalho, Engenheiro de Segurança do Trabalho, Médico</p><p>do Trabalho e Enfermeiro do Trabalho. As ações desenvolvidas estão pautadas na</p><p>Legislação de Segurança do Trabalho que se compõe de Normas Regulamentadoras</p><p>26</p><p>e leis complementares como portarias e decretos, e também de Convenções</p><p>Internacionais da Organização Internacional do Trabalho sancionado pelo Brasil.</p><p>No Sistema Único de Saúde (SUS) a assistência, a reabilitação, a vigilância, a</p><p>prevenção e a promoção à saúde fazem parte do conjunto de práticas sanitárias que,</p><p>articuladas de maneira eficaz, podem resultar em atenção integral e intervenção no</p><p>processo saúde-doença dos trabalhadores. Seu funcionamento se dá por meio do</p><p>Programa de Saúde do Trabalhador (PST) e Centros de Referência em Saúde do</p><p>Trabalhador (CEREST). Organizados na forma de Rede Nacional de Atenção Integral</p><p>em Saúde do Trabalhador (RENAST), tem também o apoio técnico, legal e financeiro</p><p>do Ministério da Saúde (BRASIL, 2011).</p><p>Considerando que a Previdência Social é um seguro que as pessoas</p><p>contribuem durante o período trabalhado, e é o INSS que repassa a renda às pessoas</p><p>que não têm outras fontes de renda no momento, independente do motivo, é o</p><p>responsável pelos pagamentos das aposentadorias e demais benefícios dos</p><p>trabalhadores brasileiros, com exceção dos servidores públicos.</p><p>Cabe ao INSS promover a habilitação e reabilitação profissional aos segurados,</p><p>inclusive aposentados e, de acordo com as possibilidades administrativas, técnicas,</p><p>financeiras e as condições locais do órgão, aos seus dependentes, preferencialmente</p><p>mediante a contratação de serviços especializados. Será concedido, no caso de</p><p>habilitação e reabilitação profissional, auxílio para tratamento ou exame fora do</p><p>domicílio do beneficiário.</p><p>A reabilitação profissional é um serviço da Previdência Social, prestado pelo</p><p>Instituto Nacional do Seguro Social - INSS, que tem por objetivo proporcionar os meios</p><p>de reeducação ou readaptação profissional para o retorno ao mercado de trabalho</p><p>dos segurados e seguradas incapacitados por doença ou acidente, em caráter</p><p>obrigatório, meios indicados para a reinserção no mercado de trabalho, segundo a lei</p><p>nº 8.213, de 24 de julho de 1991 (BRASIL, 2014).</p><p>O Programa de Reabilitação Profissional e sua ação de auxiliar o retorno ao</p><p>trabalho estão assegurados através da Constituição Federal. O Ministério da</p><p>Previdência e Assistência Social administra essa ação por meio do INSS. Trata-se de</p><p>um serviço que tem como objetivo proporcionar aos segurados e dependentes</p><p>incapacitados (parcial ou totalmente) os meios indicados para a (re) educação e (re)</p><p>27</p><p>adaptação profissional e social, de modo que possam voltar a participar do mercado</p><p>de trabalho (MPAS, 2001).</p><p>O programa tem papel fundamental no desenvolvimento de ações que</p><p>valorizem o readaptado e o reabilitado, garantindo a integração em suas atividades</p><p>profissionais, com foco na Qualidade de Vida no Trabalho (BRASIL, 2014).</p><p>A principal vantagem da contribuição para o INSS é garantir o recebimento de</p><p>um benefício mensal durante a aposentadoria. Outra vantagem é que o trabalhador</p><p>que contribui para a Previdência tem direito de receber auxílio-doença em caso de</p><p>afastamento do serviço por motivo de saúde ou acidente de trabalho.</p><p>A capacidade do Potencial Laborativo é a expressão usada para avaliar se o</p><p>servidor está apto ou não para o desempenho de suas funções e consiste na análise</p><p>global dos seguintes aspectos: perdas funcionais; funções que se mantiveram</p><p>conservadas; potencialidades e prognósticos para o retorno ao trabalho; habilidades</p><p>e aptidões; potencial para aprendizagem; experiências profissionais e situação</p><p>empregatícia; nível de escolaridade, faixa etária e mercado de trabalho. É realizada</p><p>mediante documentação encaminhada pela Unidade para o INSS (JUSBRASIL,</p><p>2014).</p><p>A seguir, é encaminhado para um dos orientadores profissionais (assistente</p><p>social, terapeuta ocupacional, estagiárias de serviço social ou de psicologia), que</p><p>avalia aspectos como nível de escolaridade, faixa etária, perdas funcionais,</p><p>contraindicações ocupacionais, aptidões e habilidades, experiências profissionais,</p><p>prognóstico de retorno ao trabalho considerando o atual mercado de trabalho e</p><p>motivação do segurado, de acordo com o Manual Técnico de Atendimento na Área de</p><p>Reabilitação Profissional (BRASIL, 2005).</p><p>As entrevistas são realizadas pelos profissionais do INSS em conjunto com o</p><p>médico perito para definir a elegibilidade do segurado ao programa. No prazo máximo</p><p>de quinze dias, a empresa deve posicionar-se e encaminhar o cadastro de funções</p><p>disponível para que sejam avaliadas as possibilidades da nova função (BRASIL,</p><p>2005).</p><p>Essa avaliação é efetuada pelo responsável de orientação profissional</p><p>juntamente com o médico perito. Sendo a função compatível, o segurado é</p><p>encaminhado para treinamento na empresa por um período de quinze ou trinta dias,</p><p>conforme recomendação do médico perito. O orientador procederá à solicitação de</p><p>28</p><p>recursos necessários, tais como o auxílio-alimentação e vale-transporte (BRASIL,</p><p>2005).</p><p>O segurado encaminhado ao Programa de Reabilitação Profissional, após</p><p>avaliação médico-pericial, está obrigado, independentemente de sua idade e sob pena</p><p>de suspensão do benefício a submeter-se ao programa prescrito e custeado pela</p><p>Previdência Social Brasileira. Além dos direitos já assegurados pelo trabalhador em</p><p>reabilitação (auxílio-doença, aposentadoria especial, salário mensal, assistência</p><p>médica), o INSS disponibiliza atividades de requalificação profissional oferecidos pelo</p><p>Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial - SENAI, e pelo Serviço Nacional de</p><p>Aprendizagem Comercial - SENAC (INSS, 2014), conforme retrata</p><p>a figura 2:</p><p>.</p><p>A Previdência Social fornece aos segurados recursos materiais necessários à</p><p>reabilitação profissional, quando indispensáveis ao desenvolvimento do respectivo</p><p>programa, incluindo aparelho de prótese, órtese, instrumentos de trabalho,</p><p>implementos profissionais, auxílio-transporte e auxílio-alimentação (BRASIL, 2014).</p><p>Rossi et al (2007) citam a Lei 8.213 de 1991 que fala a respeito dos planos de</p><p>benefícios da Previdência Social, onde o segurado em gozo de auxílio-doença deverá</p><p>submeter-se a reabilitação social a fim de que possa exercer outra atividade ou ser</p><p>considerado não recuperável e for aposentado por invalidez.</p><p>O trabalhador em gozo de auxílio-doença tem prioridade de atendimento no</p><p>programa de reabilitação profissional. Concluído o processo de reabilitação</p><p>profissional, o INSS emitirá certificado individual, não constituindo obrigação do INSS</p><p>Figura 2: Processo de reabilitação profissional</p><p>Fonte: FROÉS, 2013</p><p>29</p><p>a manutenção do segurado no mesmo emprego ou colocação profissional no mercado</p><p>de trabalho (BRASIL, 2014).</p><p>Se constatado que o beneficiário do auxílio-doença não poderá retornar para</p><p>sua atividade habitual, deverá participar do programa de reabilitação profissional para</p><p>o exercício de outra atividade, prescrito e custeado pela Previdência Social, sob pena</p><p>de ter o benefício suspenso. Depois de concluído o processo de reabilitação social e</p><p>profissional, a Previdência Social emitirá certificado indicando a atividade para a qual</p><p>o trabalhador foi capacitado profissionalmente (BRASIL, 2014).</p><p>De acordo com Pereira (2013), a reabilitação profissional é conflitante; de um</p><p>lado, o sistema arrecada contribuições para quando houver algum tipo de incidente</p><p>que o trabalhador tenha onde recorrer; porém, o mesmo é questionado em relação ao</p><p>número de concessões de benefícios que ao aumentar onerará o sistema. Nesse</p><p>impasse a reabilitação profissional tem sido mais utilizada para que não onere o</p><p>sistema e o trabalhador afastado possa retornar o mais breve possível para o trabalho,</p><p>voltando assim a contribuir para a Previdência.</p><p>Segundo Bartilotti et al (2009), o principal deste trabalho não é a patologia</p><p>instalada e sim o desenvolvimento de novas possibilidades, a partir do grau de</p><p>funcionalidade e escolaridade do trabalhador. Não basta conduzir a pessoa reabilitada</p><p>para o serviço. É necessário prepará-la e dar-lhe condições de mostrar suas</p><p>potencialidades. Para tal objetivo, será necessário driblar diversas barreiras, como o</p><p>preconceito da sociedade e das empresas diante do que se desconhece, a</p><p>insegurança da família do reabilitado em permitir que ele conduza sua vida e a falta</p><p>de confiança neles mesmos, que são alguns dos empecilhos mais comuns durante o</p><p>processo.</p><p>Privilegia-se, no entanto, que o trabalhador retorne à sua empresa de vínculo.</p><p>Em anseio a tal objetivo, é importante avaliar as reais condições pessoais e de</p><p>ambiente de trabalho. No entanto, muitas vezes torna-se necessário a mudança de</p><p>cargo para que o indivíduo possa desempenhar uma ocupação saudável que não</p><p>prejudique sua recuperação. Esta, se realizada de forma planejada e adequada, gera</p><p>bons resultados para o empregado e empregador (ROSIN-PINOLA et al, 2004).</p><p>Não há prazo mínimo de contribuição para que o segurado tenha direito à</p><p>reabilitação profissional. Muitas vezes trabalhadores afastados por doença ou</p><p>30</p><p>acidente são submetidos a perícias periódicas e uma boa parcela desse pessoal</p><p>recebe “alta médica”, ficando apta para retornar às suas funções (BRASIL, 2013).</p><p>A relação entre o mercado de trabalho e o trabalhador terá como significado a</p><p>igualdade de direitos, a capacidade de gerar resultados e, acima de tudo, mostrar que</p><p>suas limitações não representam obstáculos para a execução de determinadas tarefas</p><p>(OLIVEIRA et al, 2007).</p><p>Ao ser inserido em um programa de reabilitação, o trabalhador sente-se</p><p>esperançoso em aprender uma nova atividade, e busca nesta oportunidade a chance</p><p>de regressar ao mercado de trabalho e/ou de retornar para empresa no qual trabalhou.</p><p>No entanto, fica aguardando em casa para iniciar a nova capacitação. E muitas vezes,</p><p>recebe como resposta de sua agência que deverá aguardar verba do governo para</p><p>iniciar o programa de reabilitação. Não obstante, muitas vezes são surpreendidos,</p><p>quando recebem a notícia repentina que irão receber alta e que deverão regressar à</p><p>sua empresa de origem e buscar dentro dela uma nova função (BRASIL, 2005).</p><p>Vale ressaltar que depois do afastamento, seja por doença ou acidente, muitos</p><p>dos casos envolvem novo modo de operar decorrente de atuação em outro papel</p><p>profissional, adaptações a novas atribuições limites a serem incorporados e aceitos,</p><p>novas relações interpessoais que se estabeleçam a partir da formação de novos</p><p>colegas de trabalho, equipe e organização. Ao final do treinamento, é realizada uma</p><p>nova análise conjunta para encerrar o programa profissional, elaborar laudo</p><p>conclusivo e emitir Certificado de Reabilitação Profissional. É solicitado, ainda, o</p><p>agendamento de exame médico-pericial para o encerramento do Benefício por</p><p>Incapacidade (BI) e retorno ao trabalho (BRASIL, 2005).</p><p>Para Souza (2008), a responsabilidade dos serviços de reabilitação deveria</p><p>continuar mesmo após o término do processo de reabilitação, porém, na prática, a</p><p>responsabilidade do programa acaba na alta do trabalhador considerado pelo</p><p>programa como reabilitado.</p><p>1.1.3 A HISTÓRIA DA REABILITAÇÃO PROFISSIONAL NO MUNDO</p><p>A preocupação com a saúde e doenças do ser humano são preocupações</p><p>desde a Idade Contemporânea, como consequência da Revolução Industrial, séculos</p><p>31</p><p>XIX e XX, que se iniciou na Inglaterra e espalhou-se pela Europa. Nesse período</p><p>houve o desenvolvimento de novos recursos tecnológicos para a ciência,</p><p>possibilitando dessa forma uma expansão dos conhecimentos médicos, estimulando</p><p>assim o estudo dos problemas de saúde pública e das doenças ocupacionais.</p><p>Ramazzini foi o médico percursor na abordagem das doenças ocupacionais, tendo</p><p>relacionado os riscos à saúde experimentados por trabalhadores em cinquenta e duas</p><p>ocupações no livro De Morbis Artificium Diatriba (SCLIAR, 2002).</p><p>Paim e Almeida Filho (1998) apontam que na segunda metade do século XX, a</p><p>humanidade experimentou rápidas transformações nos aspectos econômico, cultural,</p><p>social e político. Na área da saúde foi visível constatar uma crise no que diz respeito</p><p>ao setor público.</p><p>O mesmo período também foi marcado pelas grandes guerras e epidemias. E</p><p>foi justamente na Primeira Guerra Mundial (1914-1918), por intermédio do governo</p><p>norte-americano, que surgiram os primeiros centros de reabilitação para os soldados</p><p>amputados. De acordo com Farrel (2003), totalizou-se cerca de 300.000 pessoas</p><p>amputadas em toda a Europa neste período, aliado à pressão social exercida pelas</p><p>reinvindicações de operações de maior proteção frente aos acidentes de trabalho.</p><p>Como consequência, pela primeira vez, surgia o conceito de suporte público à</p><p>incapacidade. Aliado a isso, a classe operária exercia crescente pressão social frente</p><p>aos acidentes de trabalho, que resultaria no desenvolvimento de programas de</p><p>indenização e benefícios previdenciários (ROCHA et al, 2004).</p><p>Na Segunda Guerra Mundial (1939-1945), os serviços de reabilitação</p><p>assumiram um papel ainda mais importante, que resultou na contratação de parte dos</p><p>indivíduos reabilitados pelo mercado de trabalho no pós-guerra (MATSUO, 2002).</p><p>Nos anos 1950 e 1960 surgiram demandas crescentes por serviços de</p><p>reabilitação voltados para veteranos de guerra e acidentados do trabalho, sendo</p><p>criados em departamentos estatais de vários países, e estendidos aos demais setores</p><p>da comunidade (MATSUO, 2002).</p><p>De acordo com Grahame (2002), foram obtidos resultados surpreendentes com</p><p>os 20.000 combatentes admitidos no serviço de ortopedia</p><p>da Royal Air Force, no</p><p>período de 1941 a 1945, quando foram atingidos 77% de retorno a atividades plenas,</p><p>18% a atividades modificadas e 5% de inválidos.</p><p>32</p><p>Durante a década de 1970, se desenvolveu em países como o Reino Unido e</p><p>Canadá uma nova concepção denominada modelo social de incapacidade, que</p><p>identificava o papel dos determinantes sociais no seu estabelecimento, ao mesmo</p><p>tempo em que buscava associar outros elementos ao tratamento terapêutico</p><p>tradicional (MATSUO, 2002).</p><p>Desta forma, houve o reconhecimento da importância do empenho político nas</p><p>alterações ambientais e sociais, e não apenas as medidas tradicionais voltadas para</p><p>o indivíduo, como fator fundamental para a plena integração da pessoa com</p><p>incapacidade na sociedade (JONGBLOED e CRICHTON, 1990; OLIVER, 1990;</p><p>TAKAHASHI, 2003; FONSECA et al, 2011).</p><p>De acordo com Behring (2013), a transferência de renda submetida a tetos,</p><p>critérios de renda e contrapartidas "ativas" tornou-se carro-chefe, em detrimento do</p><p>emprego e da universalização do acesso a serviços gratuitos, embora essa direção</p><p>seja disputada em cada espaço nacional e mediada pela história de cada país. Assim,</p><p>produziram-se múltiplas realidades e cenários da proteção social, ou seja, há um</p><p>efeito de heterogenização da proteção social, numa direção geral de menos proteção</p><p>social universal, em vez do sentido socialdemocrata clássico dos anos áureos de</p><p>crescimento europeu.</p><p>Se na Europa a política de proteção social perdeu força devido à crise, nas</p><p>Américas pode-se descrever padrão diferente: no Canadá, por exemplo, há o modelo</p><p>de Sherbrooke. Este modelo baseia-se numa força-tarefa que propõe uma grade de</p><p>diagnóstico e um organograma de intervenções desejáveis para ser implementado em</p><p>horários específicos. Além disso, inclui o conselho de um médico especialista depois</p><p>de sete semanas de ausência do trabalho, ativos após oito semanas de tratamento, e</p><p>quando nenhuma melhora ocorre propõe-se uma reabilitação profissional precoce</p><p>(BEHRING, 2013).</p><p>A necessidade de uma intervenção ergonômica também foi sugerida nos</p><p>estudos de Behring (2013), alegando que os programas de reabilitação multidisciplinar</p><p>que empregam programas de condicionamento físico de fitness e de trabalho</p><p>juntamente com uma abordagem cognitivo-comportamental são efetivos.</p><p>Wiesel apud Behring (2013) mostrou que uma adequada gestão, em</p><p>colaboração com a prática dos médicos foi eficaz, reduzindo drasticamente a duração</p><p>da ausência no trabalho e o número de intervenções cirúrgicas. Recentes estudos</p><p>33</p><p>têm-se centrado sobre a estreita relação entre dor nas costas e a satisfação no</p><p>trabalho. Embora os problemas do local de trabalho tenham sido associados com dor</p><p>nas costas, não existem estudos de intervenção visando aumentar o retorno de</p><p>trabalhadores feridos antes da cronicidade se constatar.</p><p>O Work Disability Diagnosis Interview (WoDDI), mais conhecido como Modelo</p><p>de Sherbrooke (Quebec, Canadá), é um guia de entrevista estruturada, com questões</p><p>abertas sobre os fatores físicos, psicossociais, ocupacionais e administrativos,</p><p>distribuídos em dez dimensões, totalizando 28 páginas onde propõe associar</p><p>diferentes abordagens para fornecer intervenções integradas, dirigidas para ambos,</p><p>trabalhador e o local de trabalho.</p><p>A equipe especializada multidisciplinar compreende uma clínica e uma equipe</p><p>de ergonomia, com o objetivo principal de intervir para reduzir a cronicidade como o</p><p>principal objetivo. Acordos formais foram negociados entre a clínica e as indústrias</p><p>parceiras. Para evitar esforços e custos desnecessários para os 70% de trabalhadores</p><p>que voltam ao trabalho antes de quatro semanas, o recrutamento na clínica começa</p><p>na quarta semana de ausência ao trabalho. Recorrências são quantificadas pela soma</p><p>dos dias de ausência do trabalho devido a dores nas costas durante o ano. Todos os</p><p>casos com um ou mais dias de faltas ao trabalho por dor nas costas são declarados à</p><p>equipe de pesquisa. As indústrias parceiras encaminham os casos diretamente para</p><p>a clínica de dor nas costas. Ou seja, não reabilitar pessoas com a finalidade de fazê-</p><p>las retornar ao trabalho, mas fazê-las voltar ao trabalho para reabilitá-las, reforçando</p><p>que a intervenção quanto mais precoce é essencial para o sucesso. Enquanto o efeito</p><p>dos cuidados com a saúde na reintegração no trabalho é muito limitado, geralmente a</p><p>melhor terapia é o antecipado retorno ao trabalho, ainda segundo Wiesel apud Behring</p><p>(2013).</p><p>Mininel (2010) e Silva (2012) também citam o modelo de Sherbrooke,</p><p>ressaltando a importância do envolvimento de diversos agentes por meio de</p><p>abordagem interdisciplinar como ação indispensável para prevenção e recuperação</p><p>do trabalhador incapacitado.</p><p>Segundo Silva (2012), o modelo de Sherbrooke propõe intervenções</p><p>integradas, direcionadas ao trabalhador e ao ambiente de trabalho, ao invés de focar</p><p>apenas e exclusivamente o tratamento da doença.</p><p>34</p><p>Mininel (2010), em sua pesquisa, objetivou a adaptação transcultural do WoDDI</p><p>para o contexto brasileiro. O método obedeceu às recomendações internacionais para</p><p>esse tipo de estudo, contemplando as seguintes fases: tradução inicial, síntese das</p><p>traduções, retro tradução, avaliação por comitê de especialistas e teste da versão pré-</p><p>final. Tais etapas permitiram o alcance das equivalências conceitual, semântica,</p><p>idiomática, experimental e operacional, além da validação do conteúdo. Os resultados</p><p>demonstraram que o WoDDI traduzido está adaptado para a realidade brasileira e</p><p>pode ser utilizado após treinamento prévio.</p><p>Tal metodologia descrita no Canadá, segundo Maeno et al (2009), sugerem que</p><p>as demandas das diferentes peças do processo de reabilitação profissional são</p><p>algumas vezes complementares e muitas vezes divergentes, o que gera situações de</p><p>tensão e conflitos e exige uma abordagem integrada. Fatores sócios demográficos,</p><p>crenças e atitudes, além da motivação na relação com o trabalho são aspectos que</p><p>têm forte influência na efetividade da reabilitação profissional, motivação esta</p><p>condicionada a vários elementos, entre os quais a cultura do local de trabalho na</p><p>relação com o trabalhador reabilitado e o grau de bem-estar deste trabalhador em seu</p><p>local de trabalho.</p><p>Discorre Mininel (2010) que não somente no Brasil, mas também em outros</p><p>países como a França, Canadá e Holanda, o modelo de Sherbrooke tem sido utilizado</p><p>por apresentar satisfatórios resultados concernentes ao contexto das incapacidades,</p><p>trazendo benefícios reais ao trabalhador incapacitado.</p><p>1.1.4 REABILITAÇÃO PROFISSIONAL NO BRASIL: UM DIREITO DO</p><p>TRABALHADOR</p><p>A reabilitação profissional precisa existir e funcionar devido ao mundo das</p><p>organizações e a preocupação com a qualidade do trabalho e do trabalhador. No</p><p>Brasil, ela existe desde a década de 50, eclodindo na década de 60 por determinação</p><p>do governo (ARAÚJO, 2008).</p><p>Considerada como princípio básico da cidadania, na medida em que todos os</p><p>cidadãos devem ter o direito e a dignidade de desenvolver suas potencialidades, o</p><p>tema reabilitação tramita nas esferas técnica, jurídica e social, sem contar que, muitas</p><p>35</p><p>vezes, esbarra nas dificuldades de ambiente físico e processos para recolocação em</p><p>um determinado posto de trabalho.</p><p>Presente no processo histórico do Brasil, o programa de reabilitação</p><p>profissional surge com a proposta de promoção da dignidade humana: permitir</p><p>restabelecer a inclusão ou reinclusão profissional de pessoas incapacitadas no</p><p>mercado de trabalho, em busca de reconhecimento e valorização enquanto indivíduos</p><p>providos de direitos e igualdade de oportunidades e chance.</p><p>A Lei 3.724, de 15 de janeiro de 1919, foi a 1ª Lei Brasileira sobre Acidente de</p><p>Trabalho. Em 1930, com o movimento militar, foi reformulada a Lei sobre Acidente de</p><p>Trabalho através do Decreto 24.637, de 10 de julho de 1934, que vigorou até 1944. O</p><p>grande avanço</p><p>aconteceu com a promulgação do Decreto Lei 7.036 de 1944, que</p><p>distinguiu a Doença Profissional, inerente ao exercício de condições especiais ou</p><p>excepcionais em Readaptação Profissional e Reabilitação do empregado acidentado,</p><p>tornando obrigatório o Seguro de AT como garantia de pagamentos de indenizações.</p><p>Os serviços de reabilitação profissional da Previdência Social tiveram a sua</p><p>prática instituída nas CAPS (Caixas de Aposentadorias de Pensões) e IAPS (Institutos</p><p>de Aposentadorias e Pensões) que, posteriormente unificados no INPS (Instituto</p><p>Nacional de Previdência Social) a partir de 1947, tornou-se legalmente uma obrigação</p><p>(BRASIL. 2005).</p><p>Ao instituir as NRPs (Núcleos de Reabilitação Profissional do INPS) e as CRPs</p><p>(Centro de Reabilitação Profissional do INPS), o programa de reabilitação</p><p>fundamentou-se na premissa de se tornar uma excelência em atendimento e o de</p><p>disponibilizar recursos a todos os trabalhadores em processo de reabilitação (BRASIL,</p><p>2005).</p><p>O amparo previdenciário está dividido em benefícios compensatórios:</p><p>aposentadoria por invalidez, aposentadoria por idade, auxílio-doença, salário</p><p>maternidade, pensão por morte e auxilio-reclusão; benefícios indenizatórios: auxílio-</p><p>acidente e prestação de serviços, serviço social e reabilitação profissional (BRASIL,</p><p>2005).</p><p>Paim e Almeida Filho (1998) citam a necessidade de uma nova formulação</p><p>relacionada aos serviços do campo da saúde e a implantação de melhorias na política</p><p>global da mesma.</p><p>36</p><p>Araújo (2008) complementa que trabalho, doença, cura, incapacidade,</p><p>convalescença, reabilitação e invalidade existem desde os primórdios da espécie</p><p>humana. Para que se mantenham condições e programas relacionados à saúde são</p><p>indispensáveis boas políticas, educação e cultura. Durante três décadas a reabilitação</p><p>profissional do Brasil foi considerada a melhor do mundo devido às estratégias</p><p>utilizadas e serviços oferecidos.</p><p>Maeno e Vilela (2010) relatam que a reabilitação da capacidade funcional do</p><p>trabalhador prevista na legislação previdenciária era inicialmente chamada de</p><p>readaptação profissional e reaproveitamento do empregado acidentado, tendo como</p><p>objetivo restituir a capacidade da profissão ou outra compatível com as novas</p><p>condições físicas do indivíduo através de fisioterapia e cirurgia reparadora.</p><p>A prática da reabilitação profissional está diretamente ligada aos sistemas</p><p>previdenciários de ordem pública em resposta a incapacidade. Os programas têm</p><p>como objetivo restabelecer as condições do contribuinte e eliminar ou reduzir as</p><p>desvantagens das pessoas incapacitadas, possibilitando assim o retorno ao trabalho</p><p>(TAKAHASHI et al, 2010).</p><p>Devido a situações de desemprego e à exclusão do mercado de trabalho devido</p><p>a afastamentos, é notável um grave problema socioeconômico, uma vez que há o</p><p>descompasso entre o perfil de trabalhador requerido e as exigências existentes nas</p><p>ofertas de trabalho (BERNARDO, 2006).</p><p>Canal e Cruz (2013) abordam que a reabilitação é realizada com foco nos</p><p>aspectos clínicos e na recuperação da capacidade física do reabilitado, mas deve-se</p><p>ter uma visão mais abrangente e total do ser humano, ou seja, analisar também os</p><p>aspectos sociais e psíquicos uma vez que a incapacidade do indivíduo pode, por</p><p>muitas vezes, estar relacionada aos fatores externos.</p><p>Olivier et al (2011) explica que o indivíduo pode desencadear transtornos, ou</p><p>seja, conjunto de sintomas ou comportamentos associados a sofrimento ou</p><p>interferência com funções pessoais. As organizações das sociedades</p><p>contemporâneas podem contribuir para o desenvolvimento de doenças</p><p>psicossomáticas e biológicas. Isso ocorre devidos às forças de mercado, ocasionando</p><p>pressão em termos psicológicos nos trabalhadores.</p><p>Os autores ainda descrevem os tipos de transtornos mais comuns, sendo</p><p>transtorno de humor (manias, bipolaridade, depressão); transtornos neuróticos</p><p>37</p><p>(relacionados ao estresse) e síndromes comportamentais associadas a perturbações</p><p>fisiológicas e fatores físicos.</p><p>Diniz et al (2010) define capacidade laboral como o quanto o indivíduo está</p><p>bem agora e num futuro próximo, e o quanto está apto para realizar suas atividades</p><p>com relação à saúde emocional, assim como seu bem-estar físico e mental ligado ao</p><p>como o mesmo pode desenvolver sua tarefa da melhor maneira. O estilo de vida e o</p><p>ambiente de trabalho são fatores cruciais na capacidade laboral.</p><p>A reabilitação profissional então se dá por meio de avaliação do potencial</p><p>laborativo, orientação e acompanhamento da programação profissional, articulação</p><p>com a comunidade, acompanhamento e pesquisa da fixação de mercado. Mas</p><p>percebe-se que essas diretrizes não são suficientes para a contemplação do</p><p>tratamento; dessa forma é necessário pensar em novos modelos de intervenção</p><p>(OLIVIER et al, 2011).</p><p>“Quando o trabalhador vivencia uma situação desgastante, podem apresentar</p><p>reações associadas a diversos mecanismos patogênicos, cognitivos, afetivos, de</p><p>conduta ou fisiológicos, destacando-se o estresse” (OLIVIER et al, 2011).</p><p>De acordo com a Previdência Social (2013), o trabalho de reabilitação</p><p>profissional se dá por intermédio de equipes multiprofissionais, a fim de ampliar a</p><p>percepção individual e a dimensão coletiva; valorização da escuta, empatia e apoio</p><p>pelo outro e auxiliar o sujeito a encontrar soluções para suas circunstâncias e na</p><p>ressignificação do trabalho. Afirma ainda que o contexto sócio emocional deve ter</p><p>maior consideração do que a capacidade funcional.</p><p>Atualmente são utilizadas três abordagens nas ações de reabilitação</p><p>profissional, sendo elas: trabalho apoiado onde indivíduos com transtornos mentais</p><p>graves são recolocados no mercado de trabalho, mas em conjunto com a equipe de</p><p>saúde mental intensiva; programas centrados na hospitalização onde psiquiatras e</p><p>psicólogos promovem o fortalecimento de algumas habilidades ocupacionais básicas;</p><p>oficinas protegidas que oferecem treinamento pré-profissional, onde os pacientes tem</p><p>como obrigação manter e administrar o lar e preparar refeições, e após certo período</p><p>são recolocados em empregos temporários; por último a reabilitação psicossocial,</p><p>onde são oferecidos tratamentos psiquiátricos e terapia ocupacional onde se utilizam</p><p>de técnicas para os pacientes encontrarem um emprego (CANAL e CRUZ, 2013).</p><p>38</p><p>Pereira (2013) acrescenta que durante o processo de reabilitação, é de</p><p>responsabilidade da Previdência Social fornecer aos indivíduos recursos materiais</p><p>como órteses/próteses, pagamento de taxas de inscrição e mensalidade dos cursos</p><p>oferecidos, implementos profissionais, instrumentos de trabalho, auxílio transporte e</p><p>alimentação, bem como ao término do programa emitir um certificado de reabilitação</p><p>profissional contendo o período de cumprimento, especificar os cursos e/ou</p><p>treinamentos realizados e também qual função o reabilitado foi considerado apto,</p><p>conforme artigo 92 da Lei nº 8.213/1991 e artigo 140 do Decreto nº 3.048, de 6 de</p><p>maio de 1999, que dispõe sobre o Regulamento da Previdência Social.</p><p>A autora complementa que é visível que a Previdência não tem seguido o</p><p>considerado ideal em casos de afastamento, uma vez que o trabalhador contribui com</p><p>a mesma e quando vai requerer benefícios encontra grandes dificuldades, o famoso</p><p>‘jogo de empurra’ entre a empresa e o órgão público.</p><p>Soler et al (2004) discorre sobre a importância da humanização quando se diz</p><p>respeito à reabilitação a fim de resgatar a visão integral do homem, considerando o</p><p>ser biopsicossocio-espiritual e sua relação com o ambiente, proporcionando bem-</p><p>estar aos indivíduos e desenvolvendo capacidades específicas de maneira</p><p>descontraída.</p><p>O maior desafio encontrado pelos profissionais envolvidos nas intervenções</p><p>relacionadas à reabilitação profissional tem sido a contradição entre a necessidade de</p><p>colocação das pessoas com incapacidade e as demandas das organizações</p><p>empregadoras (CANAL e</p>