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<p>38</p><p>2</p><p>CONTROLE BIOLÓGICO DE INSETOS-PRAGA NA AGRICULTURA</p><p>Deixar o verso da capa em branco</p><p>SUMÁRIO</p><p>1 INTRODUÇÃO	3</p><p>2 REVISÃO DE LITERATURA	3</p><p>2.1 Inseto-praga	3</p><p>2.2 Controle Biológico	4</p><p>2.3 Vantagens e Desvantagens	5</p><p>2.3.1 Vantagens	5</p><p>2.3.2 Limitações	5</p><p>2.4 Histórico do Controle Biológico	6</p><p>2.5 Tipos de Controle Biológico	8</p><p>2.5.1 Controle Biológico Natural	8</p><p>2.5.2 Controle Biológico Clássico	8</p><p>2.5.3 Controle Biológico Aplicado	9</p><p>2.6 Tipos de agentes de controle biológico	9</p><p>2.6.1 Predadores	10</p><p>2.6.2 Parasitoide	12</p><p>2.6.3 Entomopatógenos	13</p><p>3 CONCLUSÃO	15</p><p>REFERÊNCIAS	16</p><p>1 INTRODUÇÃO</p><p>A agricultura enfrenta constantes desafios decorrentes da presença de insetos-praga, que representam uma ameaça significativa para a produção de alimentos. Tradicionalmente, o controle desses insetos tem sido realizado predominantemente através do uso de pesticidas químicos. No entanto, a crescente demanda por práticas agrícolas mais sustentáveis tem impulsionado a adoção de métodos alternativos de controle, destacando-se o controle biológico. Este método é reconhecido por sua viabilidade, capacidade de preservar o ambiente, redução de custos, especificidade e prevenção da resistência dos insetos-praga (Della Libera, 2022).</p><p>2 REVISÃO DE LITERATURA</p><p>2.1 Inseto-praga</p><p>Pragas são insetos e outros organismos que são capazes de provocar prejuízos a plantas, tanto em aspectos ecológicos, sociais e econômicos. Este prejuízo pode afetar a fisiologia das plantas, interferindo diretamente no rendimento do produto ou na qualidade, por meio do consumo de tecido ou órgãos das plantas, frutas e/ou semente, sucção da seiva, ou indiretamente, por meio da transmissão de patógenos, principalmente o vírus, que facilita a entrada e proliferação de bactérias e fungos e injetando substâncias toxicas durante a sua alimentação (Coulson; Witter, 1984). Já a entomologia, considera que os insetos-praga, são aqueles que provocam prejuízos econômicos em culturas agrícolas, florestais e urbanas, além de atuarem como vetores de doenças em plantas (Berti Filho et al., 2011).</p><p>Os insetos-pragas dependem de uma variedade de fatores ambientais para seu desenvolvimento, incluindo fatores bióticos, como a presença ou ausência de predadores, parasitas, parasitoides e patógenos, bem como fatores abióticos, como temperatura, umidade e luminosidade. Além disso, apresentam alta e rápida taxa de reprodução e hábitos polífagos e verocidade alimentar para completar seu ciclo (Azevedo, 2003).</p><p>Os insetos-pragas pode ser classificados de acordo com sua importância e o nível de dano econômico podendo ser pragas primarias e secundarias. As pragas primarias, são também conhecidas como, pragas chaves, ou seja, são organismos que atingem o nível de dano econômico frequentemente ou sempre, já as secundarias, são conhecidas como ocasionais, pois raramente atingem o nível de dano econômico (Picanço, 2010).</p><p>2.2 Controle Biológico</p><p>O termo “Controle Biológico” foi usado pela primeira vez em 1919, por Harry Scott Smith, tendo como definição o uso de inimigos naturais para o controle de insetos-pragas (Wilson; Huffaker, 1976). Ao longo do tempo, outras interpretações foram atribuídas a expressão, incluindo abordagens que visam substituir o uso de produtos químicos por métodos biológicos de controle. Tais métodos englobam o emprego de variedades de plantas resistentes, rotação de cultura, ajustes nos períodos de plantio e colheita, liberação de machos estéreis, cultivo de plantas atrativas ou repelentes, utilização de feromônios, armadilhas e microrganismos (Filho; Macedo, 2010).</p><p>No entanto, algumas correntes da comunidade científica discordam dessas definições, argumentando que o controle biológico é mais adequadamente compreendido como a regulação das populações de organismos vivos por meio da interação entre ações parasitárias, predatórias e competitivas (Caltagirone, 1988).</p><p>O controle biológico é um componente fundamental no equilíbrio da natureza, pois baseasse no mecanismo de densidade recíproca, ou seja, o aumento populacional de insetos-pragas está atrelado ao aumento da disponibilidade de alimento e consequentemente ao aumento de inimigos naturais, provocando assim uma redução na densidade de pragas e no alimento, que leva a morte dos inimigos</p><p>naturais, onde a praga poderá se recuperar e voltar a causar danos (Crocomo, 1990).</p><p>2.3 Vantagens e Desvantagens</p><p>O Controle Biológico é um método importante para o controle de plantas aos ataques de insetos-praga, por ser efetivo, econômico e ecológico. Porém, como em qualquer outro sistema, existe limitações.</p><p>2.3.1 Vantagens</p><p>I - Inexistência de efeitos colaterais adversos, especialmente quando comparado ao controle químico; II - Elevado nível de controle a um custo acessível;</p><p>III - Após a implementação, a um determinado custo, mantém-se de forma permanente sem ou com custo muito reduzido; IV - Ausência de efeitos prejudiciais para os seres humanos, plantas cultivadas, animais domésticos e selvagens, e outros organismos benéficos, como as abelhas; V - Capacidade do inimigo natural de se reproduzir rapidamente e buscar seus hospedeiros ou presas, sobrevivendo em densidades populacionais relativamente baixas destes; VI - Resistência mínima ou inexistente desenvolvida pelos inimigos naturais (Filho, 1990).</p><p>2.3.2 Limitações</p><p>I - A população dos hospedeiros ou presas continuará a existir em um nível determinado pelas características do hospedeiro ou da presa, bem como pelos seus inimigos naturais e pelas condições do habitat. Se este nível ainda for economicamente significativo após a reintrodução do inimigo natural, será necessário reduzi-lo por meio de alguma forma de controle integrado, ou então manipular o habitat ou o inimigo natural para torná-los mais eficazes, até que inimigos naturais mais eficientes sejam descobertos e estudados. II - A pesquisa necessária para encontrar uma solução de Controle Biológico é geralmente exigente em termos de pessoal, científico e técnico, assim como em recursos financeiros, e não pode garantir antecipadamente uma solução (Filho, 1990).</p><p>2.4 Histórico do Controle Biológico</p><p>O registro mais antigo de controle biológico é datado em 2700-2220 a.C, pelos chineses e os egípcios com a utilização de formigas da espécie Oecophylla smaragdina para controle de citros.</p><p>Em 1726, Réaumur, um cientista francês, realizou uma observação notável ao identificar um fungo do gênero Cordyceps atacando um lepidóptero. Este foi um marco importante na história da entomologia e da micologia, pois representou a primeira classificação documentada de um entomopatógeno. O trabalho de Réaumur lançou as bases para o estudo posterior e sua aplicação no controle de pragas.</p><p>Em 1878 a 1879, Metchnikoff, um renomado cientista russo, pioneiramente elaborou os primeiros trabalhos significativos relacionados ao controle biológico. Ele realizou experimentos inovadores nos quais empregou o fungo Metarhizium anisopliae como agente de controle para combater o besouro Anisoplia austriaca.</p><p>No ano de 1888, na Califórnia, obteve-se o primeiro caso de sucesso de controle biológico clássico, com a liberação de joaninhas (Rodolia cardinalis) advindas da Austrália para o controle de cochonilhas (Icerya purchasi) que estravam destruindo os pomares citrícolas.</p><p>Um exemplo adicional de sucesso no controle biológico inundativo é a introdução de parasitoides de ovos do gênero Trichogramma para combater lepidópteros que afetam diversas culturas (Smith, 1996).</p><p>No Brasil, os estudos do controle biológico, são mais recentes, quando comparado a outros países. Eles tiveram início em 1921 com a importação dos Estados Unidos de Encarsia berlesei (Prospaltella berlesei) para controlar a cochonilha-branca-do pessegueiro (Pseudaulacaspis pentagona) (Parra, 2014).</p><p>Os estudos e as importações de agentes de controle tiveram continuidade, alguns com mais sucessos que outros, o que foi desanimador para a comunidade cientifica, devido a falta de um programa para a criação massal dos insetos</p><p>(Parra, 2014).</p><p>Embora naquela época a introdução de agentes macro fosse desafiadora, a utilização de agentes microscópicos estava progredindo positivamente. Com relatos de fungos do gênero Botrytis stephanoderes atacando a broca do café e os gêneros Acrostalagmus albus, Myriangium duriaei e Aschersonia aleyrodis controlando naturalmente as cochinilhas e afídeos no citrus (Berti Filho; Macedo, 2011).</p><p>Sendo apenas em 1944, por Gomes e Gonçalves, o começo das multiplicações em laboratório de Trichogramma minutum, um parasitoide que controla ovos da broca da cana de açúcar. Além disso, Gallo, liberou por meio da criação massal, espécies de mosca do amazonas (Metagonistylum minense) em canaviais (Berti Filho; Macedo, 2011).</p><p>Em 1969, o professor Domingos Gallo, da Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz" (ESALQ) da Universidade de São Paulo (USP), começou a implementar dietas artificiais para a praga Diatraea saccharalis (F.). Em 1972, ocorreu a fundação da Sociedade Brasileira Entomologica do Brasil, que realizou diversos congressos e o simpósio de controle biológico.</p><p>Dessa forma, pelo passar dos anos as pesquisas sobre o controle biológico foram sendo aperfeiçoadas e difundidas cada vez mais no Brasil, e a partir dessas melhorias que na década de 70, foi possível visualizar as melhorias em campo, como a utilização da Cotesia flavippes para o controle da D. saccharalis na cana de açúcar, que é considerado um marco no programa de controle biológico brasileiro, devido seu ótimo desempenho (Parra, 2014).</p><p>Ao longo da história, o controle biológico evoluiu desde suas primeiras formas rudimentares até se tornar uma disciplina científica estabelecida e amplamente aplicada. Desde os registros antigos de sua prática por chineses e egípcios até os avanços pioneiros de cientistas como Réaumur e Metchnikoff, cada descoberta e sucesso representou um passo crucial no desenvolvimento dessa abordagem.</p><p>No Brasil, embora os estudos tenham começado mais tarde em comparação com outros países, houve um progresso notável, especialmente a partir da década de 1970, com a fundação de instituições e sociedades dedicadas à entomologia e ao controle biológico. Esses avanços refletem não apenas o comprometimento da comunidade científica, mas também a importância crescente do controle biológico na agricultura sustentável e na preservação do meio ambiente.</p><p>2.5 Tipos de Controle Biológico</p><p>Conforme discutido anteriormente, o controle biológico desempenha um papel crucial na regulação das populações de insetos-praga, utilizando uma variedade de métodos bióticos e abióticos para reduzir sua densidade. Portanto, o controle biológico pode ser implementado por meio de três estratégias distintas. No entanto, é importante observar que um único agente de controle biológico pode ser empregado em múltiplas estratégias, variando conforme sua aplicação específica.</p><p>2.5.1 Controle Biológico Natural</p><p>Consiste em preservar a densidade populacional dos predadores naturais já existentes no ecossistema ao longo do tempo, utilizando ações tanto bióticas quanto abióticas. Isso é feito para conservar esses predadores, através de práticas culturais específicas, como o uso criterioso de inseticidas em momentos apropriados, redução das doses desses produtos químicos, e garantindo a manutenção do equilíbrio do ecossistema e das fontes de alimento para os predadores naturais (Huffaker, 1971).</p><p>Nesse contexto, enquanto o controle químico é temporário, já que apenas reduz a população por um período limitado, o controle biológico natural é essencialmente permanente. Isso ocorre porque o controle químico requer aplicação contínua para manter sua eficácia, enquanto o controle biológico se baseia na manutenção/conservação dos predadores naturais ao longo do tempo.</p><p>2.5.2 Controle Biológico Clássico</p><p>Envolve a importação de agentes de controle, como parasitoides e parasitas, de uma região ou país para outra, visando o controle de insetos-praga. Após a importação, os insetos passam por um período de quarentena e, posteriormente, por avaliação, para então serem multiplicados em laboratórios e liberados em pequenas quantidades de maneira inoculativa (Parra et al., 2021).</p><p>No Brasil, a entrada desses agentes de controle exóticos é estritamente regulada e cuidadosamente monitorada. Esses organismos são submetidos a uma série de procedimentos, desde a quarentena inicial até a adaptação às condições climáticas locais e avaliações de seu potencial invasor. Essas medidas visam evitar que esses agentes se tornem novas pragas ou causem a extinção de espécies nativas. O laboratório o de Quarentena “Costa Lima” , da Embrapa Meio Ambiente, em Jaguariúna, no estado de São Paulo, é o único credenciado pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa).</p><p>Um exemplo emblemático de sucesso ocorreu com a introdução da joaninha australiana (Rodolia cardinalis) na Califórnia, nos Estados Unidos, visando controlar o pulgão-branco dos citros (Icerya purchasi). Esta iniciativa foi um marco no campo do controle biológico, pois, após dois anos, o pulgão-branco foi efetivamente controlado, não atingindo mais níveis populacionais elevados (Gallo, 1978).</p><p>2.5.3 Controle Biológico Aplicado</p><p>É caracterizado como a liberação de grande volume de parasitas e parasitoides, após a criação massal em laboratório, com o objetivo de uma rápida redução da população de insetos-alvo para seu nível de equilíbrio. É o controle biológico, mais aceito pelos produtores, pois possuía ação rápida similar ao uso de pesticidas (Parra et al., 2021).</p><p>2.6 Tipos de agentes de controle biológico</p><p>Os agentes de controle biológico são inimigos naturais que apresentam diferentes modo de ação sobre as insetos-praga. Sendo estes predadores, parasitoides e os entomopatógenos.</p><p>Os predadores são denominados como entomófagos, ou seja, consomem outros insetos presente no agrossistema. Os parasitoides também são entomófagos, porém conseguem parasitar ovos, larvas, pupas, ninfas e adultos, ocasionando a morte. Já os entomopatógenos, são microrganismos como bactérias, fungos e vírus, causando doenças nos insetos-praga.</p><p>2.6.1 Predadores</p><p>Os predadores são insetos que atacam suas presas e as consomem. Estes são maiores que suas presas e para completar seu ciclo de desenvolvimento (Parra et al., 2002).</p><p>I – Podisus nigrispinus: Conhecido como Percevejo Predador, apresenta hábitos alimentar generalista, sendo registrado em diversas culturas, principalmente espécies de lagartas de lepidópteros (Oliveira et al., 2011). É uma espécie com maior ocorrência no Brasil, sendo encontradas nos sistemas agrícolas e florestais, predando espécies de lagartas desfolhadoras, larvas e pupas de coleópteros e ninfas e adultos de percevejos fitógrafos (Oliveira et al., 2008; Moura; Crazia, 2011).</p><p>Apresenta cinco estágios ninfais e o adulto, tem um período entre a oviposição e a emergência dos adultos de 18 a 30 dias (Torres et al., 2006). Tanto as ninfas como os adultos são predadores. As fêmeas realizam a oviposição em pequenas massas, podendo a chegar a 40 ovos por massa. Durante seu ciclo, a fêmea oviposita cerca de 81 a 300 ovos (Torres et al., 2006).</p><p>Vacari et al., (2022), demostrou que que a D. saccharalis é nutricionalmente adequada para o desenvolvimento do P. nigrispinus. Parra et al., (2021), relata a produção mensal de 20.000 indivíduos de predadores e realização de liberação de 2.000 indivíduos por talhão de eucalipto e a distribuição dos indivíduos é realizada da borda para o centro do talhão.</p><p>II – Geocoris spp.: São insetos de hábito alimentar generalista, o que lhes permite sobreviver na cultura mesma na ausência de presas especificas, como Mosca-branca, lavras e ovos de lepidópteros, larvas de coleópteros, além de se alimentar de pólen e sementes por longos períodos. Sendo encontrado na cultura da soja em todas as regiões do brasil, devido sua boa adaptação a diferentes temperaturas. Corrêa-Ferreira e Moscardi (1984) demonstraram que Geocoris spp. tem a capacidade de consumir até nove ovos de</p><p>Anticarsia gemmatalis por dia, sublinhando sua importância e potencial na cultura da soja. Porém, sua aplicação na cultura é limitada, pois pouco se sabe sobre as espécies especificas desse gênero. Os estudos realizados limitam-se a identificação apenas ao nível de gênero (Bueno et al., 2012). Embora esta espécie não seja mais produzida comercialmente, constitui importantes predadores em diversos agrossistemas, desempenhando um papel relevante no controle de pragas e se mostrando eficientes como agentes de controle (Kobor, 2020).</p><p>III – Orius insidiosus: Conhecido como percevejo pirata, é um predador de hábito generalista, que se alimenta de várias pragas, com preferência por tripes, lamê de ácaros, mosca-branca, cigarrinhas, ovos de lepidópteros, como Tuta absoluta e outras espécies de lagartas pequenas. No Brasil, a espécie é registrada desde 2017 como um produto biológico para o controle de tripes em cultivo de soja, tomate e pimentão. Possui grande potencial na agricultura, devido sua alta capacidade de busca e predação e sua habilidade de sobreviver na ausência de presas, se alimentando de pólen e seiva. Em laboratório, ovos de Anagasta kuehniella são utilizados como alimento de alto valor nutricional (Calixto et al., 2013) e podem ser armazenados por are 10 dias a 8 °C (Parra et al., 2021).</p><p>IV – Ácaros predadores: A maioria dos ácaros predadores possui quelíceras em forma de tesoura ou alicate, usadas para agarrar suas presas. As principais espécies de ácaros comercializados incluem 16 espécies de Pytoseiidae, 5 de Laelapidae, 1 de Macrochelidae e 1 de Cheyletidae, criadas em massa para o controle de ácaros tetraniquídeos e outros insetos praga, como mosca-branca e tripes. A primeira empresa a produzir ácaros predadores no Brasil foi a Promip, fundada em 2006 e incubada na USP. Em 2012, a Promip transferiu sua biofábrica para Engenheiro Coelho e atualmente comercializa os fitoseídeos Neoseiulus californicus e Phytoseiulus macropilis para o controle do ácaro-rajado, além do lelapídeo Stratiolaelaps scimitus para o controle de "fungus gnats". Em 2012, a Koppert Brasil iniciou suas atividades e, em 2016, começou a comercializar N. californicus. Além dessas, duas outras empresas estão em fase inicial no uso de ácaros predadores: Econtrole Pesquisa e Consultoria (Minas Gerais) e Topbio Insumos Biológicos (Ceará) (Parra et al., 2021).</p><p>2.6.2 Parasitoide</p><p>São agentes que se desenvolvem em um único individuo, podendo parasitar, ovos, pupas, lagartas e adultos, normalmente possuem tamanho reduzido em comparação ao seu hospedeiro e são específicos de uma determinada espécie.</p><p>I - Trichogramma pretiosum: Pertence ao grupo de inimigos naturais mais abundante e estudado do mundo. Esses parasitoides de ovos tem ampla distribuição e grande número de hospedeiros, podendo ser criado em hospedeiros alternativos (Parra et al., 2002). Essas vespas parasitam ovos de várias espécies-praga que causam prejuízos às lavouras, como a Chrysodeixis includens (falsa medideira), A. gemmatalis (lagarta-da-soja) e a lagarta Helicoverpa armigera. Após a oviposição no interior dos ovos das pragas, as larvas eclodem e se alimentam do conteúdo dos ovos. Em aproximadamente oito dias, o novo parasitoide emerge, evitando a eclosão de um novo inseto-praga e contribuindo para a manutenção dos inimigos naturais na área. Os estudos com parasitoides deste gênero começaram em 1940 para controlar a broca-pequena-do-fruto, Neoleucinodes elegantalis, no tomateiro (Gomes, 1963). Em 2001, foi criada a primeira empresa de comercialização desses parasitoides com o incentivo da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) (PARRA et al., 2021). A liberação do Trichogramma pode ser feita de várias formas, desde ovo até adulto, em cápsulas de papelão, em cartelas de papel ou por meio de drones. Em 2013, empresas no Brasil utilizavam motocicletas para a liberação de T. pretiosum nas culturas de soja, algodão, milho e feijão. Hoje, as liberações são mais concentradas e realizadas a granel em grandes áreas com o uso de drones. A quantidade de parasitoides a ser liberada pode ser definida em testes de laboratório, semicampo e campo. Goulart et al., (2019). relata que o T. pretiosum apresenta eficiência de parasitismo em H. armigera, sendo considerado uma ferramenta de manejo para essa praga.</p><p>II - Telenomus podisi: É uma vespa de coloração preta que oviposita no interior dos ovos de percevejos. Após o parasitismo, os ovos mudam de cor conforme o desenvolvimento, tornando-se pretos próximo à emergência do adulto. Esta espécie prefere parasitar ovos do percevejo-marrom, mas também parasita ovos do percevejo barriga-verde. O momento ideal para a liberação de T. podisi é quando os percevejos migradores chegam às plantas de soja e realizam a oviposição (Parra et al., 2021). Liberações em campo de pupas encapsuladas e desprotegidas resultaram em aumentos significativos no parasitismo de ovos de percevejo nas safras de 2017/2018 e 2018/2019 (Bueno et al., 2020).</p><p>III - Telenomus remus: É um parasitoide de ovos de Spodoptera frugiperda, eficiente em posturas sobrepostas de ovos. Com alta capacidade de dispersão e busca por hospedeiros, além de elevada fecundidade, o parasitismo é influenciado por temperatura, umidade e condições climáticas. A liberação pode ser feita na forma de pupas dentro de ovos parasitados ou como adultos, sendo a preferência da indústria a liberação de pupas devido à facilidade de manejo com drones. Deve-se ter cautela com a exposição das pupas, pois os machos emergem 24 horas antes das fêmeas, aumentando o risco de predação (Parra, 2014). Segundo Colmenarez et al. (2022), T. remus tem sido amplamente utilizado para o controle de S. frugiperda nas Américas, oferecendo boa oportunidade para programas de controle biológico aumentativo.</p><p>IV - Cotesia flavipes: É um endoparasitoide larval utilizado no controle da broca-da-cana-de-açúcar (D. saccharalis). Este parasitoide deposita ovos dentro das lagartas, que emergem após um a dois dias, afetando a alimentação do hospedeiro e reduzindo sua taxa metabólica e de crescimento (Mahmound et al.,</p><p>2012). É amplamente utilizado no Brasil e no mundo, com liberações inundativas em grandes quantidades para controlar a população da praga, cobrindo mais de 3,5 milhões de hectares em 2018 (Cherubin, 2018; Pinto el al., 2019). A liberação deve iniciar na bordadura dos canaviais e seguir para o interior, onde as pragas tendem a se concentrar. Recomenda-se a liberação de 900 vespas em áreas com infestações de 1000 a 1500 brocas grandes, aumentando a quantidade proporcionalmente à severidade da infestação (Parra et al., 2021).</p><p>2.6.3 Entomopatógenos</p><p>Microrganismos entomopatogênicos são altamente eficazes no controle de pragas, devido à facilidade de multiplicação, dispersão e produção em laboratório, além da aplicação em campo. Esses entomopatógenos são fundamentais para o Manejo Integrado de Pragas (MIP), pois ajudam a reduzir a população de pragas e diminuem a necessidade de inseticidas químicos.</p><p>I – Baculovirus: É usado para controlar a lagarta da soja, Anticarsia gemmatalis, sem representar riscos para humanos ou o ambiente. Este vírus evita a aplicação de cerca de 1,2 milhão de litros de inseticidas nas lavouras brasileiras anualmente (Souza, 2001). No entanto, sua utilização é restrita, pois é específico para A. gemmatalis e não afeta outras espécies de lagartas importantes, como C. includens, o que leva ao uso de inseticidas para controlar ambas as pragas (Bueno et al., 2012). A infecção pelo Baculovirus começa quando os insetos ingerem poliedros presentes nas folhas. A lagarta infectada fica debilitada, perde a capacidade motora e de alimentação, movendo-se para as partes superiores da planta. Após a morte, o corpo da lagarta muda de cor para amarelo-esbranquiçado e, eventualmente, para preto, liberando poliedros que infectam outras lagartas (Moscardi et al., 2002). A Embrapa realiza um rigoroso controle de qualidade deste produto, que é formulado em pó. Após a aplicação,</p><p>o inseticida leva de 7 a 9 dias para matar as lagartas (Giani, 2011).</p><p>II - Metarhizium anisopliae: É o principal agente de controle dos fungos entompatogênicos, sendo capaz de afetar mais de 300 espécies de pragas pelo tegumento (St. Leger, 2008). No brasil, está bem estabelecida, especialmente nas regiões Sudeste e Nordeste, para o controle de cigarrinhas que atacam a cana-de-açúcar, como Mahanarva fimbriolata e Mahanarva posticata (Loureiro et al., 2012; Parra, 2014).</p><p>III - Beauveria bassiana: É um fungo entomopatogênico que infecta insetos por penetração direta na cutícula, utilizando pressão e degradação enzimática. Após atravessar o tegumento, o fungo prolifera internamente até causar a morte do inseto em 3 a 7 dias, dependendo das condições ambientais (Xiao, 2012; Hajek e St. Leger, 1994). As formulações comerciais de B. bassiana estão disponíveis em formas líquidas ou em pó. As condições ideais para sua eficácia incluem temperaturas entre 25 e 28°C e umidade relativa de 75 a 100% (Fargues, 1997; Sosa-Gómez, 2000).</p><p>IV - Nematoides: Gêneros como Steinernema e Heterorhabditis, são pequenos e quase transparentes, sendo impossíveis de serem vistos a olho nu. Eles entram no corpo dos insetos por aberturas naturais ou através da cutícula, liberando bactérias que causam a morte do hospedeiro em 48 horas. Esses nematoides se alimentam do conteúdo do cadáver do inseto, desenvolvendo-se e multiplicando-se para continuar o ciclo de infecção no campo (Macedo et al., 2022). No Brasil, os nematoides são usados no controle do gorgulho-da-cana, (Sphenophorus levis), mas ainda não existem produtos comerciais formulados. Nos Estados Unidos e na Europa, há produtos à base de nematoides disponíveis comercialmente (Macedo et al., 2022).</p><p>3 CONCLUSÃO</p><p>O controle biológico é uma alternativa eficaz, econômica e ecológica ao controle químico de insetos-praga, embora possua suas limitações. Ao longo da história, desde as práticas rudimentares dos chineses e egípcios até os avanços modernos, essa abordagem evoluiu significativamente. No Brasil, o desenvolvimento do controle biológico se intensificou a partir da década de 1970, com a fundação de instituições dedicadas à entomologia. A implementação de estratégias como o controle biológico natural, clássico e aplicado, e a utilização de predadores, parasitoides e entomopatógenos demonstram a importância crescente dessa prática na agricultura sustentável. Apesar dos desafios, o controle biológico continua a ser uma ferramenta essencial para o manejo integrado de pragas, contribuindo para a preservação do meio ambiente e a produção agrícola sustentável.</p><p>REFERÊNCIAS</p><p>AZEVÊDO C. L. L. Sistema de Produção de Citros para o Nordeste. Embrapa Mandioca e Fruticultura, 2003. Disponível em: Pragas (embrapa.br).</p><p>BERTI FILHO, E; MACEDO, M. L. P. Fundamentos de controle biológico de insetos-praga. Natal : IFRN Editora, p.108, 2011.</p><p>BUENO, A. F. BRAZ, É. C.; FAVETTI, B. M.; FRANÇA-NETO, J. B.; SILVA, G. V. 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