Prévia do material em texto
<p>CIÊNCIA POLÍTICA E TEORIA DO ESTADO - PROF. Me. GLEYZER ALVES</p><p>OS SISTEMAS DE GOVERNO</p><p>Entender o que é um sistema de governo nos ajuda a conhecer mais sobre nosso passado e</p><p>presente, além de compreender a situação atual dos países do globo. O sistema de governo é a</p><p>maneira como o poder político é dividido e exercido em um país, sendo organizado de acordo</p><p>com as funções dos poderes Executivo e Legislativo. Não deve ser confundido com “formas de</p><p>governo” e “formas de Estado”.</p><p>O primeiro se refere à fonte do poder dos governantes de uma nação, que pode ser divina</p><p>(como no caso das monarquias absolutistas) ou emanar do povo (como em uma República). Já o</p><p>segundo corresponde ao modo usado pelo Estado para organizar e administrar o poder político em um</p><p>determinado território. Um Estado pode ser unitário ou federalista, por exemplo.</p><p>Os conceitos de “sistemas de governo”, “formas de governo” e “formas de Estado” se</p><p>entrelaçam e geram combinações bastante conhecidas entre as nações ocidentais, como por</p><p>exemplo o Reino Unido é uma monarquia parlamentarista constitucional; a Alemanha é uma república</p><p>presidencialista; a França republicana é semipresidencialista, e o Brasil uma República Federativa</p><p>presidencialista.</p><p>O presidencialismo define nosso sistema de governo atual, mas o que poucos sabem é que os</p><p>brasileiros viveram sob o parlamentarismo duas vezes na história: a primeira durante o Segundo</p><p>Reinado (1847 a 1889) e a segunda, entre os anos de 1961 e 1963, no governo de João Goulart.</p><p>Ainda sobre a tentativa de mudança do sistema de governo, no Brasil, em 1993, foi realizado um</p><p>plebiscito para decidir manter o presidencialismo ou acolher o parlamentarismo, por determinação do</p><p>art. 2º do ADCT (Ato das Disposições Constitucionais Transitórias):</p><p>"No dia 7 de setembro de 1993 o eleitorado definirá, através de plebiscito, a forma</p><p>(república ou monarquia constitucional) e o sistema de governo (parlamentarismo ou</p><p>presidencialismo) que devem vigorar no País.</p><p>§ 1º Será assegurada gratuidade na livre divulgação dessas formas e sistemas,</p><p>através dos meios de comunicação de massa cessionários de serviço público.</p><p>§ 2º O Tribunal Superior Eleitoral, promulgada a Constituição, expedirá as normas</p><p>regulamentadoras deste artigo."</p><p>Os brasileiros foram às urnas por determinação constitucional, para escolher entre a forma de governo:</p><p>República ou Monarquia, e entre o sistema de governo: o Presidencialismo ou Parlamentarismo a ser</p><p>adotado no Brasil. E, por força do plebiscito, previsto no art. 2º, ADCT (EC nº 2/1992), concluiu por</p><p>grande maioria de votos pela manutenção da República Presidencialista.</p><p>Tipos de sistema de governo</p><p>1.Parlamentarismo</p><p>No sistema parlamentarista, o Poder Executivo é legitimado pelo Legislativo. O povo escolhe</p><p>os integrantes do parlamento e estes definem quem deve ocupar os cargos executivos. A principal</p><p>característica do parlamentarismo é a diferença entre o “chefe de Estado” e o “chefe de governo”.</p><p>•Chefe de Estado: tem poderes limitados e, muitas vezes, simbólicos. Representa a legitimidade e a</p><p>continuidade do Estado.</p><p>•Chefe de governo: chamado de primeiro-ministro, é o responsável pelas ações do Executivo. É</p><p>indicado pelos parlamentares e não tem um mandato fixo, por isso pode ser dispensado a qualquer</p><p>momento pelo parlamento.</p><p>O sistema parlamentarista distingue os papéis de chefe de Estado e chefe de governo, ao</p><p>contrário do presidencialismo, onde os dois papéis são exercidos pela mesma pessoa. Os chefes de</p><p>Estado desempenham papéis mais simbólicos, os chefes de governo trabalham efetivamente junto</p><p>com o parlamento, executando a administração pública. No parlamentarismo puro, o chefe de Estado</p><p>não detém poderes políticos relevantes, desempenhando um papel principalmente cerimonial como</p><p>símbolo da continuidade do Estado, como ocorre na Inglaterra..</p><p>Nas repúblicas parlamentaristas, o chefe de governo é nomeado pelo parlamento, por prazo</p><p>determinado (geralmente com o título de Primeiro-ministro, chanceler ou presidente do governo).</p><p>Nas monarquias parlamentaristas, o chefe de Estado é o monarca, geralmente um cargo</p><p>hereditário. Já o chefe de governo é o primeiro-ministro, o qual efetivamente conduz os negócios do</p><p>governo, em coordenação com os demais ministros membros do gabinete.</p><p>Alguns países parlamentaristas atribuem ao chefe de Estado certos poderes, como a chefia</p><p>nominal das forças armadas ou a prerrogativa de dissolver o parlamento, caso este não logre formar</p><p>um governo dentro de um prazo determinado, convocando então novas eleições.</p><p>A nação mais conhecida que adota o sistema de governo parlamentarista é o Reino Unido, que</p><p>tem a rainha Elizabeth II como chefe de Estado. Lá o parlamento é dividido em duas câmaras: a</p><p>Câmara dos Comuns, em que os integrantes são escolhidos pelo povo, e a Câmara dos Lordes, que</p><p>reúne membros da nobreza e líderes religiosos. Seguem o mesmo exemplo a Suécia e o Japão, por</p><p>exemplo.</p><p>Interessante destacar que em um mesmo país pode existir um presidente e um primeiro-</p><p>ministro. É o caso da Alemanha, onde o presidente ocupa o papel de chefe de Estado e o chanceler, o</p><p>de chefe de governo. Também seguem esse modelo, dentre outros países, a Irlanda, a Itália e a Índia.</p><p>2. Presidencialismo</p><p>O sistema presidencialista é caracterizado pelo acúmulo das funções de chefe de Estado e</p><p>chefe de governo em um único indivíduo: o presidente. Isso significa que ele é responsável por</p><p>coordenar a execução de políticas públicas, exercer o poder de veto em projetos de lei do Legislativo e</p><p>escolher os ministros para compor o governo. O presidencialismo está atrelado a regimes</p><p>republicanos. Ou seja, o presidente é eleito pela vontade popular. A participação da população na</p><p>escolha do chefe do governo garante legitimidade ao processo e ainda reforça o ideal democrático.</p><p>No caso do Brasil, adotamos o sistema presidencialista e somos uma República federalista,</p><p>que tem por objetivo tratar da relação de independência e harmonia entre os Poderes Legislativo e</p><p>Executivo nas decisões políticas governamentais. O Poder Executivo no Brasil é exercido pelo</p><p>Presidente da República, auxiliado pelos Ministros de Estados, de livre provimento e exoneração (CF,</p><p>art. 76). Assim, os estados têm um Executivo próprio e certa autonomia. Com esse sistema, o</p><p>Presidente acumula às funções de chefe de Estado (representando o Estado, a nação no âmbito</p><p>externo) e chefe de Governo (dirige a vida política nacional, executando as políticas adotadas</p><p>pela Constituição).</p><p>Outro país que tem um sistema de governo semelhante ao brasileiro são os Estados Unidos,</p><p>mas lá o voto é indireto. O presidente é eleito pelo colegiado eleitoral, que reúne delegados escolhidos</p><p>pela população. Importante destacar que esse sistema se originou nos Estados Unidos, com a</p><p>Constituição de 1787, motivado pela ideia da consagração de um Executivo independente do</p><p>Legislativo, tal como teorizado por Montesquieu com o livro "Espirito das Leis".</p><p>No histórico das constituições brasileiras, a Carta Magna de 1937, que foi outorgada, na Era</p><p>Vargas, surge o chamado "Presidencialismo Puro", no Estado Novo, que teve como principais</p><p>preocupações fortalecer o Poder Executivo para atribuir ao Poder Executivo uma intervenção mais</p><p>direta e eficaz na elaboração das leis, cabendo-lhe em princípio, a iniciativa e, em certos casos</p><p>podendo expedir decretos-leis; reduzir o papel do parlamento nacional, em sua função legislativa, não</p><p>somente quanto à sua atividade e funcionamento, mais ainda quanto à própria elaboração da lei.</p><p>Pelo inegável caráter fascista, fechou o Congresso Nacional, extinguiu os partidos políticos e</p><p>concentrou os poderes Executivo e Legislativo nas mãos do Presidente da República. Foi o governo</p><p>mais autoritário de todos,</p><p>denominado de "Polaca", inspirado na Constituição autoritária da Polônia.</p><p>Esse poder autoritário teve eficácia até a Constituição de 1946, que foi promulgada por meio de uma</p><p>Assembleia Nacional Constituinte.</p><p>3.Semipresidencialismo</p><p>Nem presidencialismo, nem parlamentarismo. Esse tipo de sistema de governo une</p><p>características dos dois, como a eleição do presidente pelo povo, um primeiro-ministro como chefe de</p><p>governo e a distinção entre o Executivo e o Legislativo. Daí ser conhecido como sistema executivo</p><p>dual, isto por ser um sistema de governo em que o presidente partilha o poder executivo com um</p><p>primeiro-ministro e um conselho de ministros, conhecido por gabinete, sendo os dois últimos</p><p>responsáveis perante o Poder Legislativo do Estado. Entretanto, o presidente não tem apenas função</p><p>simbólica: ele pode dissolver o parlamento, nomear e demitir o primeiro-ministro e ainda ser</p><p>responsável pela política externa do país.</p><p>França e Portugal têm os sistemas semipresidencialistas mais conhecidos da Europa. Mas</p><p>outros países — como o Egito, a Ucrânia e a Argélia — também o adotaram. Ainda, outra nação que</p><p>optou pelo semipresidencialismo foi a Rússia, após a dissolução da União Soviética.</p><p>Por fim:</p><p>No sistema presidencialista temos a unicidade da chefia, em que o Presidente tem em mãos tanto a</p><p>chefia de Estado (representando o Brasil nas suas relações internacionais) quanto a chefia de Governo</p><p>(trata de negócios internos de natureza política), com mandato mandado por prazo determinado. A</p><p>principal vantagem da adoção do Presidencialismo, além da estabilidade que o Governo adquire em</p><p>decorrência do mandato fixo e certo, é a legitimidade e a independência do chefe do Executivo.</p><p>Importante salientar que, se não houver diálogos entre os poderes e maturidade política do povo, a</p><p>concentração do poder em uma só figura, potencializa o risco de regimes autoritários, instabilidades,</p><p>crises institucionais graves causadas pela falta de apoio da maioria ao governo.</p><p>No parlamentarismo, temos a dualidade de chefia, existe uma pessoa como chefe de Estado</p><p>(Monarca ou Presidente) e outra como chefe de Governo (Primeiro-Ministro), com mandato por prazo</p><p>indeterminado. A principal vantagem no Parlamentarismo é a propensão a construção de uma relação</p><p>harmoniosa e bem articulada entre o Executivo e o Legislativo, bem como na possibilidade de</p><p>substituição simplificada do Governo, o que torna o sistema mais capacitado à superação das</p><p>eventuais crises políticas.</p><p>Referências Bibliográficas</p><p>BARROSO, Luís Roberto.Curso de Direito Constitucional Contemporâneo: os conceitos</p><p>fundamentais e a construção do novo modelo/Luís Roberto Barroso. - 5. Ed. São Paulo: Saraiva, 2015.</p><p>SILVA, José Afonso.Curso de Direito Constitucional Positivo. 36º. Ed. São Paulo: Malheiros</p><p>Editores, 2013.</p><p>https://blog.mackenzie.br/vestibular/materias-vestibular/o-que-sao-sistemas-de-governo-e-em-quais-</p><p>paises-se-aplicam/</p>