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<p>Relação sobre ENDO-PERIO</p><p>JAYENNE ANJOS</p><p>THAÍS MARTINS</p><p>12 de setembro de 2024</p><p>1</p><p>As doenças endodôntico-periodontais, geralmente, apresentam desafios para o</p><p>clínico em relação ao seu diagnóstico, tratamento e avaliação do prognóstico. Para o</p><p>diagnóstico diferencial e para fins de tratamento, as chamadas “lesões endo-perio” são</p><p>mais bem classificadas como doenças endodôntico primárias, doenças periodontais</p><p>primárias e doenças combinadas. As doenças combinadas incluem: doença endodôntico</p><p>primária com envolvimento periodontal secundário, doença periodontal primária com</p><p>envolvimento endodôntico secundário e doenças verdadeiras combinadas (Lopes e</p><p>Siqueira, 2015).</p><p>• OBJETIVOS</p><p>A inter-relação dos tecidos periodontais e pulpar facilita o surgimento de</p><p>lesões endo-pério, provocando, assim, uma resposta inflamatória. O que</p><p>determinará o sucesso do tratamento dessas lesões está ligado,</p><p>obrigatoriamente, à definição da via de infecção (endodôntica ou</p><p>periodontal).</p><p>• METODOLOGIA</p><p>O presente trabalho fez uso da metodologia proposta por Souza et al.</p><p>(2010), a qual é composta pelas seguintes etapas de pesquisa: elaboração da</p><p>pergunta norteadora, busca ou amostragem na literatura, coleta de dados,</p><p>2</p><p>análise crítica dos estudos incluídos, discussão dos resultados e apresentação</p><p>da revisão integrativa.</p><p>Como estratégia de busca, foram utilizadas as seguintes palavras-chave:</p><p>“lesão endo-periodontal”, “doença endo- periodontal” e “diagnóstico e tratamento</p><p>de lesão endo-periodontal”. Entre os critérios de inclusão, estão estudos</p><p>publicados em língua portuguesa e inglesa, selecionados entre os anos de 2003</p><p>a 2021. A seleção dos estudos foi feita da leitura e análise dos resultados e</p><p>discussões obtidos em cada um.</p><p>• REVISÃO DE LITERATURA</p><p>- ENDODONTIA:</p><p>Clinicamente, a endodontia é o procedimento do tratamento dos canais radiculares</p><p>do dente em conjunto com a obturação dos mesmos. A endodontia é responsável em</p><p>tratar diferentes patologias pulpares a fim de reparar o dano endodôntico e o dano com</p><p>possível reflexo no periodonto.</p><p>- DOENÇA PERIODONTAL</p><p>A doença periodontal descreve uma diversidade de entidades clínicas distintas que</p><p>afetam o periodonto, incluindo tecido gengival, ligamento periodontal, cemento radicular</p><p>e o osso alveolar de suporte.</p><p>Pode-se dividi-lo em periodonto de proteção (gengiva) e periodonto de sustentação</p><p>(ligamento periodontal, cemento radicular e osso alveolar.</p><p>3</p><p>- DOENÇA ENDO-PERIODONTAL</p><p>A relação entre doenças endodônticas e periodontais foi descrita pela primeira vez</p><p>por Simring e Goldberg em 1964. Atualmente, há um consenso comum entre os clínicos</p><p>de que as infecções bacterianas são a principal etiologia da doença endodôntico-</p><p>periodontal. As bactérias podem penetrar no tecido periodontal e no sistema de canais</p><p>radiculares de diferentes maneiras. A principal via de acesso entre os tecidos pulpar e</p><p>periodontal para o microrganismo é o forame radicular.</p><p>- MICROBIOLOGIA DA POLPA E DO PERIODONTO</p><p>Kereks e Olsen (1990) [13] mostraram que determinadas espécies de bactérias ou</p><p>combinações de espécies, destacando-se as bactérias anaeróbicas, estão diretamente</p><p>relacionadas tanto com a lesão periapical quanto com a periodontal. Para esses autores,</p><p>a similaridade na microbiota endodôntica e periodontal em dentes hígidos e sem lesão</p><p>periapical indica que pode ocorrer infecção cruzada entre o canal radicular e a bolsa</p><p>periodontal.</p><p>A maioria das infecções endodônticas é mista e polimicrobiana, com predomínio de</p><p>microrganismos anaeróbios restritos. Algumas espécies do gênero Porphyromonas e</p><p>Prevotella têm sido relacionadas à presença de sinais e sintomas das patologias</p><p>endodônticas. As espécies mais freqüentemente isoladas em canais infectados são</p><p>similares às encontradas em bolsas periodontais profundas. Comumente P. gingivalis é</p><p>isolada tanto de canais radiculares quanto de bolsas periodontais</p><p>-CLASSIFICAÇÕES DE LESÕES ENDOPERIODONTAIS</p><p>Lesão endodôntica primária – Em um dente com a polpa necrosada, a</p><p>exacerbação aguda de uma lesão perirradicular crônica pode drenar exsudato</p><p>inflamatório do ápice radicular para o ligamento periodontal até o sulco gengival. (</p><p>Lesão periodontal primária – A doença periodontal é causada</p><p>primeiramente por patógenos periodontais e é caracterizada pela</p><p>presença de placa e cálculo na superfície radicular externa dente, com progressão</p><p>da lesão em direção apical.</p><p>4</p><p>Lesão endodôntica primária com envolvimento periodontal</p><p>secundário – Surge devido ao extravasamento crônico de drenagem periapical</p><p>ocorre sobreposição de placa e cálculo na região cervical do dente, originando a</p><p>periodontite. Também pode ocorrer como resultado da perfuração radicular durante a</p><p>terapia endodôntica, ou durante a colocação de pinos, ou por fraturas radiculares</p><p>Lesão periodontal primária com envolvimento endodôntico</p><p>secundário - Surge quando a doença periodontal progride apicalmente e leva</p><p>patógenos periodontais para o forame apical ou canais laterais, resultando em necrose</p><p>pulpar. A raspagem e alisamento radicular, a curetagem ou procedimentos de retalho</p><p>cirúrgico também pode levar ao envolvimento endodôntico secundário. Este</p><p>envolvimento depende da quantidade de cemento e dentina removida da superfície</p><p>externa da raiz e da capacidade da polpa em responder aos irritantes.</p><p>Lesão de Endopério Verdadeira – A lesão de endopério verdadeira é rara, ocorre</p><p>com menos freqüência do que as outras doenças endoperiodontais, ela é formada por</p><p>uma lesão endodôntica e periodontal combinadas em um único dente, que pode ou não</p><p>se comunicar.</p><p>• RELATO DE CASO ( https://ojs.brazilianjournals.com.br/ojs/</p><p>index.php/BRJD/article/view/50090)</p><p>5</p><p>https://ojs.brazilianjournals.com.br/ojs/index.php/BRJD/article/view/50090</p><p>https://ojs.brazilianjournals.com.br/ojs/index.php/BRJD/article/view/50090</p><p>https://ojs.brazilianjournals.com.br/ojs/index.php/BRJD/article/view/50090</p><p>Paciente, gênero masculino, 18 anos de idade compareceu ao consultório</p><p>para avaliação do primeiro molar inferior esquerdo (elemento 36). O mesmo</p><p>informou que ao procurar outros colegas recebeu indicação de extração.</p><p>Clinicamente o dente apresentava mobilidade grau II, presença de cálculo</p><p>dentário, e sem presença de fístula. No exame radiográfico foi observado</p><p>extensa lesão circunscrita (Figura 1).</p><p>Inicialmente foi realizado uma sondagem (Tabela 1). Paciente ainda</p><p>relatou estar em tratamento ortodôntico. Com os achados clínicos e</p><p>radiográficos, confirmou-se a presença de uma lesão endodôntica primária</p><p>com envolvimento periodontal secundário, conforme a classificação de</p><p>Simon et al.</p><p>6</p><p>Ao finalizar o exame intra-oral, foi confirmada a necessidade de iniciar</p><p>uma terapia básica periodontal, visto que o mesmo apresentava cálculo</p><p>dentário. Sendo então realizado uma raspagem supragengival e alisamento</p><p>radicular no elemento 36 (Figura 2).</p><p>Em seguida foi realizada a cirurgia de acesso e localização dos canais</p><p>radiculares, instrumentação com as limas Hyflex e irrigação abundante com</p><p>hipoclorito de sódio a 2%, e medicação intracanal de escolha foi a pasta</p><p>Callen com PMCC.</p><p>Após três trocas da MIC com intervalo de 30 dias, os canais radiculares</p><p>foram obturados</p><p>Transcorridos 90 dias foi realizado nova radiografia, sendo possível</p><p>visualizar a regressão da lesão e uma neoformação óssea.</p><p>7</p><p>-CONCLUSÃO</p><p>A endodontia e a periodontia são especialidades separadas, no entanto,</p><p>clinicamente estão diretamente relacionadas. As etiologias das lesões endo-periodontais</p><p>são originadas por diversas patogêneses que se relacionam com sua origem. Portanto,</p><p>o presente relato de caso juntamente com a revisão de literatura reforça a necessidade</p><p>de constante estudo do cirurgião-dentista para realizar corretos protocolos em cada caso</p><p>clínico, porém, estar preparado para utilizar protocolos alternativos em casos de</p><p>insucesso.</p><p>Ao obter um diagnóstico clinico correto e o tratamento adequado</p><p>resulta em</p><p>maiores chances de sucesso no tratamento das lesões endo-periodontais e</p><p>consequentemente um melhor prognóstico.</p><p>8</p>