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@odonto_miga 1 TUTORIA 8 MVI 1) Identificar a microbiota das lesões endoperiodontais. Lesões endoperiodontais – considerações clínicas e microbiológicas- Revista Sul-brasileira de Odontologia, 2007 Microbiota de infecção periodontal Teoria da especificidade microbiana Porphyromonas gengivalis Treponema denticola Bacterioides forsythus Actinobcillus actinomycetemcomitans Prevotella intermedia Microbiota de infecção pulpar Mista e polimicrobiana: predomínio de anaeróbios estritos Fusobacterium nucleatum Peptostreptococcus micros Eubacterium alactolyticum Peptostreptococcus anaeróbios Gênero Actinomyces Microrganismos das lesões endodônticas e periodontais combinadas: Peptoestreptococcus; Eubacterium; Fusobacterium; Prevotella 2) Identificar vias de contaminação. Vias ANATÔMICAS: Canais laterais e acessórios. Foraminas apicais. Canalículos ou túbulos dentários. Forame apical. - Vias PATOLÓGICAS Sulcos congênitos. Perfurações radiculares. Fraturas. Reabsorções. LOPES E SIQUEIRA A polpa dental e o periodonto formam um continuum, sendo conectados por três vias de comunicação: (1) túbulos dentinários expostos; (2) portais menores de saída; e (3) forame apical. Túbulos dentinários expostos Túbulos dentinários expostos em áreas desprovidas de cemento podem servir como vias de comunicação entre a polpa dental e o ligamento periodontal. A exposição dos túbulos dentinários pode ocorrer em virtude de defeitos do desenvolvimento, doença ou procedimentos periodontais ou cirúrgicos. Na região coronária, os túbulos dentinários se estendem da junção amelodentinária (JAD) à polpa e mudam de orientação significativamente na zona de aproximadamente 0,5 mm abaixo da JAD. Os túbulos dentinários radiculares se estendem da polpa para a junção cemento-dentina (JCD). Eles seguem um curso relativamente retilíneo e variam de 1 a 3 µm de diâmetro. O diâmetro dos túbulos diminui com a idade ou em resposta a um estímulo crônico de baixa intensidade que causa aposição de dentina peritubular altamente mineralizada. O número de túbulos dentinários varia de aproximadamente 8.000 na JCD a 57.000 por milímetro quadrado na porção terminal da polpa. Existem cerca de 15.000 túbulos dentinários/mm2 na área cervical da raiz. Quando o cemento e o esmalte não se encontram na junção cemento-esmalte (JCE), estes túbulos ficam expostos, criando, assim, vias de comunicação entre a polpa e o ligamento periodontal. Os pacientes que apresentam hipersensibilidade dentinária cervical são um exemplo deste fenômeno. Fluidos e agentes irritantes podem escoar através dos túbulos dentinários patentes e, na ausência de um esmalte intacto ou de um revestimento cementário, a polpa pode ser considerada exposta ao meio oral através do sulco gengival ou bolsa periodontal. Estudos experimentais demonstram que o material solúvel da placa bacteriana aplicado sobre a dentina exposta pode causar inflamação pulpar, @odonto_miga 2 indicando que os túbulos dentinários podem proporcionar acesso imediato entre o periodonto e a polpa. Estudos de investigação por microscopia eletrônica de varredura demonstraram que a exposição dentinária na JCE ocorreu em cerca de 18% dos dentes em geral e em 25% dos dentes anteriores em particular. Além disso, o mesmo dente pode apresentar diferentes características na JCE, mostrando exposição dentinária em uma superfície, enquanto as outras superfícies estão recobertas por cemento. Essa área torna-se importante na avaliação da progressão dos patógenos endodônticos, bem como no resultado da raspagem radicular e no planejamento da integridade cementária, traumatismo e alteração patológica induzida por clareamento. Pode haver outras áreas de comunicação dentinária através de sulcos de desenvolvimento gengivopalatinos ou apicais. Outros portais de saída Canais acessórios e laterais podem estar presentes em qualquer lugar ao longo do comprimento da raiz. Sua incidência e localização têm sido bem documentadas tanto em dentes de animais quanto em dentes humanos, utilizando vários métodos. Esses métodos incluem perfusão de corantes, injeção de materiais de impressão, microrradiografia, microscopia óptica e microscopia eletrônica de varredura. Estima-se que 30 a 40% desses dentes possuam ramificações e que a maioria delas seja encontrada no terço apical da raiz. No entanto, parece que a incidência da doença periodontal associada a esses tipos de canais é relativamente baixa. Em um estudo com 1.000 dentes humanos com doença periodontal extensa, constatou-se que apenas 2% desses canais estavam associados à bolsa periodontal envolvida. Ramificações na região de furca de molares também podem ser uma via direta de comunicação entre a polpa e o periodonto. A incidência de canais acessórios pode variar de 23 a 79%.12,13,17 Esses canais acessórios contêm tecido conjuntivo e vasos sanguíneos que conectam o sistema circulatório da polpa com o periodonto. Entretanto, nem todos esses canais estão presentes em toda a extensão da câmara pulpar ao assoalho da furca. Seltzer et al. relataram que a inflamação pulpar pode causar uma reação inflamatória nos tecidos periodontais inter-radiculares. A presença desses canais menores abertos é uma via potencial para a disseminação de microrganismos e seus produtos da polpa para o ligamento periodontal e vice-versa, resultando em um processo inflamatório nos tecidos envolvidos. Forame apical O forame apical é a principal via de comunicação entre a polpa e o periodonto. Produtos microbianos e inflamatórios podem sair (porta de saída) prontamente através do forame apical, causando doença perirradicular. Ou então, porta de entrada de produtos inflamatórios de bolsas periodontais profundas para a polpa. A inflamação ou a necrose pulpar se estendem para os tecidos perirradiculares, causando uma resposta inflamatória local geralmente associada à reabsorção óssea e radicular. O tratamento endodôntico visa eliminar os fatores etiológicos intrarradiculares, levando, assim, ao reparo dos tecidos perirradiculares afetados. Microbiologia das Infecções Endodônticas, 2014 – UFMG Simara Passos Via Anacorética Desde os estudos clássicos de Sundqvist (1976), a presença de microrganismos tem sido relatada no SCR de dentes hígidos. A via anacorética tem sido proposta para explicar o desenvolvimento de infecções endodônticas em dentes hígidos. Proposta por Grossman (1967) esta via se baseia na atração de microrganismos presentes na circulação durante uma bacteremia transitória pelo tecido pulpar necrosado ou isquêmico devido à ruptura do feixe vascular. Esta via foi demonstrada em estudos experimentais (Gier e Mitchell, 1968; Delivanis et al,1981) mas não pode ser comprovada no estudo realizado por Möller et al (1981), no qual polpas de macacos induzidas à necrose asséptica permaneceram isentas de germes após um período de 6 a 7 meses, o que depõe contra a teoria da via anacorética. Outra hipótese para @odonto_miga 3 explicar a infecção endodôntica em dentes traumatizados sem exposição pulpar seria a presença de trincas no esmalte que, mesmo imperceptíveis clinicamente, permitem o acesso de bactérias aos túbulos dentinários. Na ausência do fluido dentinário, os túbulos representam uma via de acesso direto até o tecido pulpar necrosado que não oferece resistência à invasão bacteriana que se dá por meio de proliferação celular . 3) Descrever os mecanismos de endo-pério. LESÃO DE ENDO-PÉRIO: uma revisão, UFMG, Viviane Procópio, 2014. Patógenos vivos da polpa, assim como patógenos não vivos, podem se mover e causar processo inflamatório por meio da via de intercomunicação entre o tecido pulpar e o tecido periodontal.Quando resíduos necróticos, subprodutos bacterianos e outras toxinas irritantes transitam em direção ao forame apical para o periodonto podem provocar uma lesão periapical. Esses produtos bacterianos que afetam as estruturas de inserção periodontal induzem reações inflamatórias que resultam na destruição do ligamento periodontal, reabsorção do osso alveolar e do cemento, e a própria estrutura dentária. A natureza e a extensão da destruição é resultante da virulência do estímulo irritante presente no SCR, duração da doença e do mecanismo de defesa do hospedeiro. A infiltração coronária, assim como o tratamento endodôntico insatisfatório podem permitir a reinfecção dos SCR e levar a inflamação periodontal. Outros fatores como perfurações, reabsorções, presença de corpo estranho, fraturas verticais radiculares e malformações de desenvolvimento também podem gerar alterações no periodonto. As perfurações radiculares podem ocorrer devido às lesões cariosas extensa, reabsorção ou por erro do operador durante a instrumentação do canal radicular ou inserção de pinos intra-canais. Elas traumatizam e inflamam o ligamento periodontal e levam ao desenvolvimento de bolsa periodontal se a perfuração ocorrer próxima à margem gengival. Essa comunicação entre o SCR, tecidos perirradiculares e/ou a cavidade bucal pode dificultar o prognóstico do tratamento. As reabsorções radiculares é uma condição associada aos tecidos de granulação e resultante de traumas. Destrói cemento, dentina da porção apical e osso. Podem iniciar no periodonto e afetar inicialmente as superfícies externa do dente, denominada reabsorção externa, ou pode começar dentro do espaço pulpar afetando principalmente as superfícies internas da dentina, chamada de reabsorção interna. Se não diagnosticadas e tratadas, as reabsorções externas podem invadir o espaço da polpa e as internas podem progredir e perfurar a superfície externa da raiz. Essas reabsorções são geralmente assintomáticas e diagnosticadas durante um exame radiográfico de rotina. O diagnostico precoce é essencial para um prognóstico mais favorável. A presença de corpo estranho tais como materiais obturadores, fragmento de instrumentos, amálgama, entre outros, decorrente do tratamento endodôntico nos tecidos periodontais estão associados à inflamação dos tecidos perirradiculares. Histologicamente essas lesões demonstram a presença de células gigantes multinucleadas que cercam o corpo estranho em um infiltrado inflamatório crônico. O tratamento de escolha é a remoção mecânica ou cirúrgica desses corpos estranhos. Outra porta de entrada de irritantes do SCR para o ligamento periodontal adjacente são as fraturas longitudinais radiculares. Elas podem contribuir para a progressão da destruição periodontal mesmo com a realização do tratamento endodôntico satisfatório e sítios periodontais estáveis. Dentes com malformações do desenvolvimento normalmente não respondem a terapia endodôntica se apresentarem invaginações ou rachaduras no desenvolvimento radicular vertical. Geralmente os sulcos começam na fossa central, atravessam o cíngulo e se estendem apicalmente. Se esse sulco se contaminar uma bolsa infra-óssea autossustentável pode ser formada ao longo de toda extensão da raiz, o que proporciona um foco para acúmulo de biofilme bacteriano e uma via de progressão da doença periodontal que também pode atingir a polpa. Essas @odonto_miga 4 condições dentárias dificultam a cicatrização do tecido periodontal inflamado. 4) Caracterizar lesões pério-endo. A doença periodontal raramente coloca em risco a vitalidade pulpar. Porém, canais acessórios e túbulos dentinários são capazes de disseminar produtos e toxinas bacterianas do periodonto para a polpa, na presença de dentina radicular exposta ou cárie radicular e em perdas de inserção periodontal avançada. A infecção oriunda da bolsa periodontal que é conduzida para a polpa ocorre mais frequentemente na região de furca e próximo ao ápice dos dentes. Estudos indicam que a polpa dos dentes com doença periodontal crônica desenvolve fibrose pulpar e calcificações distróficas. Quando as alterações patológicas ocorrem na polpa como conseqüência de uma doença periodontal a polpa geralmente não se tornará completamente necr ótica enquanto o canal principal não for envolvido. Há relatos que se o suprimento vascular através do forame apical permanecer intacto, a polpa é capaz de resistir às alterações fisiológicas provocadas pela doença periodontal. 5) Caracterizar lesões endoperiodontais. LESÃO ENDOPÉRIO: RELATO DE CASO, 2016, Brazilian Journal of Surgery and Clinical Research – BJSCR, Larissa Souza. A lesão endopério é identificada pela junção da doença pulpar e periodontal em um mesmo dente, tendo como consequência a inflamação ou degeneração de ambos os tecidos. Ela pode ser causada por inúmeras comunicações que a polpa tem com o periodonto, como exemplo, as ramificações do canal principal, canais laterais, canal cavo-interadicular, forame apical, foraminas e túbulos dentinários desprovidos de cemento radicular. Entretanto, o correto diagnóstico de lesões endodônticoperiodontais é muito importante, identificando os efeitos da lesão endodôntica sobre o periodonto e da lesão periodontal sobre a polpa. Um fator muito importante no tratamento da lesão endoperiodontal é o correto diagnóstico. Deve ser feito a partir da anamnese e de técnicas que são geralmente utilizadas, como: exame clínico, exame radiográfico, sondagem diagnóstica, teste de vitalidade e exposição cirúrgica, se necessário. Existem também outras técnicas como: palpação, percussão, exame visual, mobilidade e transluminação de fibra óptica. Apenas um teste não é o suficiente para obter-se um diagnóstico preciso e conclusivo. Com intuito de simplificar e ajudar em um diagnóstico mais preciso, vários autores propuseram classificações para a lesão endopério. Simon et al. classificaram a lesão e tratamento como: periodontal, endodôntica e combinada. Isto engloba: 1. Lesão endodôntica primária 2. Lesão periodontal primária 3. Lesão combinada: a) Lesão endodôntica primária com envolvimento periodontal secundário b) Lesão periodontal primária com envolvimento endodôntico secundário c) Lesões combinadas verdadeiras 1-Lesão endodôntica primária: Esta lesão pode estar associada a uma drenagem e/ou edema. A necrose pulpar pode causar uma fístula, e um mapeamento com cone de guta-percha através o exame radiográfico irá mostrar o trajeto desta fístula, identificando a origem da lesão. O tratamento será apenas endodôntico. 2-Lesão periodontal primária: Neste caso, a periodontite crônica avança para apical pela superfície radicular até chegar ao ápice. O dente apresenta bolsa periodontal e vitalidade pulpar. O tratamento é feito através da terapia periodontal e depende também da cooperação do paciente, ajudando com uma higienização excelente. 3-Lesão combinada: a) Lesão endodôntica primária com envolvimento periodontal secundário: quando tem-se uma lesão endodôntica e se a mesma não for tratada, com o @odonto_miga 5 passar do tempo, há um comprometimento periodontal. Neste caso, faz-se necessário o tratamento de ambas as lesões. b) Lesão periodontal primária com envolvimento endodôntico secundário: a bolsa periodontal quando não tratada, pode progredir apicalmente, envolvendo os tecidos pulpares. O tratamento envolve a terapia periodontal e endodôntica. c) Lesões combinadas verdadeira: essas lesões são as que menos ocorrem. Nelas, há envolvimento periodontal e endodôntico, acontecendo concomitantemente. Mutsdhelknauss e Guldener classificam as lesões endopério como: 1-Lesão de origem Endodôntica com Envolvimento Periodontal: a) a lesão dapolpa expande pelo forame apical, ou, pelos canais acessórios ou laterais. b) iatrogênica: por perfuração. 2-Lesão de origem Periodontal com Envolvimento Endodôntico: a) iatrogênica: quando a terapia periodontal solicitar de hemissecção /apicetomia. b) infecção pulpar via retrógrada. 3-Lesões combinadas Endo-Perio: os dois problemas começaram independentemente . Geurtsen et al. classificam de acordo com prognóstico: 1-Lesões combinadas que requerem somente tratamento endodôntico: prognóstico favorável. 2-Lesões combinadas que requerem ambos os tratamentos endodôntico e periodontal: prognóstico menos favorável. Rateitschak et al. classificam o tratamento clínico junto com emprego de membrana: Classe I: lesão com defeito ósseo no ápice, podendo invadir a córtex vestibular e ou lingual. Portanto, não pode ser medida a lesão periapical através do sulco gengival do dente afetado. Onde a bolsa periodontal não atinge o ápice. Classe II: lesão apical com envolvimento marginal simultâneo, também conhecido como lesão endodônticoperiodontal combinada. Ampla profundidade de bolsa periodontal ao redor do dente afetado. O tratamento contempla o uso de membrana para a regeneração tecidual guiada. Classe III: lesão lateral ou de furca, que tem origem de canais acessórios ou de perfuração iatrogênica. Em casos onde acontecer a lesão marginal, poderá ser usada a membrana tecidual guiada para regeneração. Alguns estudiosos preconizam que a endodontia deva ser feita antes do tratamento periodontal, para benefício da cicatrização. Após a verificação dos resultados clínicos convenientes (redução da profundidade à sondagem e acréscimo da inserção clínica), deve-se iniciar a terapêutica periodontal básica (raspagem supra e subgengival). Outros tratamentos são propostos na literatura associando procedimentos básicos periodontais, tratamento endodôntico e nos casos indicados, complementar com cirurgia periodontal. Porém, essa indicação de tratamento pode ser modificada, em caso de dor, onde se inicia com a terapia endodôntica para remissão da dor e a partir daí, a terapia periodontal. Em outros casos, quando sobrecarrega a condição periodontal, pospõe-se a obturação do canal radicular, fazendo trocas de medicação intracanal. Alcançando o reparo periodontal, e finalizado o tratamento endodôntico. Nos casos de terapia periodontal e endodôntica concomitantemente, a terapêutica periodontal será feita por sessões de raspagem supragengival, polimento coronário e subgengival com alisamento radicular. Já na terapia endodôntica (o preparo biomecânico apresenta-se como uma das fases mais essenciais no controle dessa infecção) será realizada trocas periódicas de HPG (Hidróxido de Cálcio P.A, Paramonoclorofenol e Glicerina). O HPG é uma pasta de medicação intracanal com amplo espectro de atividade antimicrobiana, maior atuação e rapidez, quando comparado às pastas de hidróxido de cálcio em veículos inertes. O grande raio @odonto_miga 6 de ação pode ser consequência de pouca tensão superficial do Paramonoclorofenol e da solubilidade de lipídios, o que possibilita sua difusibilidade pelo sistema de canais radiculares. Após término da terapia periodontal, a endodôntica será também finalizada. Geralmente, aguardando o resultado, se espera que a parte da lesão causada pela infecção do canal radicular se resolva depois do tratamento endodôntico e a outra parte causada por infecção periodontal seja solucionada após terapêutica periodontal.
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