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<p>Introdução à</p><p>Terapia de Aceitação</p><p>e Compromisso</p><p>INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!</p><p>INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!</p><p>Michaele Terena Saban</p><p>Introdução à</p><p>Terapia de Aceitação</p><p>e Compromisso</p><p>PREFÁCIO</p><p>Steven C. Hayes</p><p>Jacqueline Pistorello</p><p>firtesõ</p><p>INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!</p><p>INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!</p><p>Introdução à Terapia de Aceitação e Compromisso</p><p>2a edição</p><p>Copyright © 2015 Artesã Editora</p><p>É proibida a reprodução total ou parcial desta publicação,</p><p>para qualquer finalidade, sem autorização por escrito dos editores.</p><p>Todos os direitos desta edição são reservados à Artesã Editora.</p><p>COORDENAÇÃO EDITORIAL</p><p>Karol Oliveira</p><p>DIREÇÃO DE ARTE</p><p>Tiago Rabello</p><p>REVISÃO</p><p>Maggy de Matos</p><p>CAPA</p><p>Karol Oliveira</p><p>PROJETO GRÁFICO E DIAGRAMAÇÃO</p><p>Conrado Esteves</p><p>S113 Saban, MichaeleTerena.</p><p>Introdução à terapia de aceitação e compromisso / Michaele</p><p>Terena Saban. 2. ed. - Belo Horizonte: Ed. Artesã, 2015.</p><p>104 p .; 21 cm.</p><p>ISBN: 978-85-88009-45-5</p><p>1. Psicologia do comportamento - pesquisa, aplicações.</p><p>2, Behaviorísrno. 3. Análise do comportamento. I. Título.</p><p>CDU 159.9.019</p><p>, ___ . __________)</p><p>Catalogação: Aline M. Sima CRB-6/2645</p><p>IMPRESSO NO BRASIL</p><p>Printed in Brazil</p><p>ARTESÃ EDITORA LTDA.</p><p>Site: www.artesaeditora.corri.br</p><p>E-mail: contato@artesaeditora.co m. br</p><p>Belo Horizonte/MG</p><p>INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!</p><p>INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!</p><p>http://www.artesaeditora.corri.br</p><p>mailto:contato@artesaeditora.co</p><p>Agradecimentos</p><p>Obrigada...</p><p>A minha família, à qual nem tenho palavras para agradecer</p><p>todo o apoio que sempre me deram. Obrigada por tudo.</p><p>Às minhas amigas e amigos, que conversaram, incentivaram,</p><p>me fizeram rir inúmeras vezes, me acolheram e tornaram a</p><p>vida muito mais divertida. Obrigada por todos os momentos;</p><p>como sempre, é um prazer conviver com vocês.</p><p>Aos professores, principalmente por me ensinarem o entu­</p><p>siasmo frente ao conhecimento, por respeitarem meu modo</p><p>de trabalhar e me ajudarem em minhas dificuldades.</p><p>Obrigada, Denize Rubano, você foi uma excelente orientadora.</p><p>Obrigada, Sérgio Wajman, por, mesmo não sendo adepto</p><p>da teoria behaviorista, ter respeitado e mostrado interesse</p><p>pelo meu trabalho.</p><p>Obrigada, Ziza (Maria Luisa Guedes), pois sem nem me</p><p>conhecer, você me recebeu e ajudou muito, discutindo</p><p>comigo e me instigando a pesquisar e me aprofundar neste</p><p>trabalho. Sem dúvida foi um desafio, e você, Ziza, contri­</p><p>buiu fortemente para que eu pudesse realizá-lo, obrigada.</p><p>INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!</p><p>INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!</p><p>Paula Goia, obrigada pelo apoio, carinho e pelo exemplo</p><p>de profissional que você é.</p><p>Nilza Micheletto, por acreditar e incentivar meu trabalho,</p><p>muito obrigada.</p><p>Obrigada, Roberto Banaco, sempre aprendo e me surpre­</p><p>endo muito com você.</p><p>Ao Francisco Lotufo Neto, cuja ética e comprometimento</p><p>com o conhecimento são indiscutíveis e inspiradores. Muito</p><p>obrigada.</p><p>À Jacqueline Pistorello, que foi extremamente receptiva nos</p><p>congressos da ACT e me auxiliou a entender esta terapia.</p><p>Obrigada por sua gentileza.</p><p>Ao Steven Hayes, pela Terapia de Aceitação e Compromisso</p><p>e suas contribuições para o Behaviorismo.</p><p>E obrigada, Steven, por responder às minhas perguntas.</p><p>E às demais pessoas maravilhosas que tive o prazer de co­</p><p>nhecer ao estudar a Terapia de Aceitação e Compromisso,</p><p>obrigada.</p><p>INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!</p><p>INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!</p><p>Prefácio</p><p>ACT, Análise do Comportamento</p><p>e Psicologia Brasileira</p><p>A terapia comportamental surgiu nos anos 60 como</p><p>um campo que estava comprometido com intervenções</p><p>cuidadosamente definidas e empiricamente testadas, ba­</p><p>seado nos princípios básicos de comportamento. Rejei­</p><p>tou as teorias e tecnologias que foram mal especificadas,</p><p>vagamente discutidas, e pouco pesquisadas e trouxe os</p><p>benefícios dos princípios de aprendizagem para a in ter­</p><p>venção clínica.</p><p>A psicologia no Brasil foi parte deste movimento. Há</p><p>um bom tempo, o Brasil tem tido um papel muito importan­</p><p>te na terapia comportamental e no movimento behaviorista,</p><p>estimulados por líderes como Fred Keller em Brasília.</p><p>Ainda assim, havia um problema. A terapia com­</p><p>portamental, a principio, simplesmente não tinha uma</p><p>maneira de lidar adequadamente e coerentemente com a</p><p>cognição humana.</p><p>Não levou muito para os conceitos cognitivos serem</p><p>trazidos para o centro da terapia comportamental. Porque</p><p>não havia uma teoria básica da cognição humana, que pa­</p><p>recesse adequada para orientar as intervenções cognitivas da</p><p>mesma maneira que os princípios comportamentais haviam</p><p>INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!</p><p>INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!</p><p>Bruno miguel</p><p>Bruno miguel</p><p>guiado intervenções comportamentais; muitas teorias cogni­</p><p>tivas com base na área clínica se proliferaram em seu lugar.</p><p>O Brasil foi um participante ativo nesta segunda geração de</p><p>Terapias Comportamentais e Cognitivas também, mas du­</p><p>rante esta fase muitos nas áreas de terapias comportamentais</p><p>e análise do comportamento aprenderam a falar de questões</p><p>cognitivas usando termos behavioristas imprecisos. Isso é</p><p>compreensível, mas diminui um dos benefícios principais</p><p>dos princípios comportamentais: a sua grande precisão. Ainda</p><p>hoje essas duas asas da terapia comportamental e cognitiva</p><p>existem no Brasil, seguindo ainda um tanto afastadas uma</p><p>da outra, às vezes.</p><p>A nosso saber, o livro que você está lendo é o primeiro</p><p>(mas não o último) a apresentar a Terapia de Aceitação e</p><p>Compromisso (ACT, Acceptance and Commitment The-</p><p>rapy, dito como uma palavra, não A-C-T; Hayes, Strosahl,</p><p>& Wilson, 1999) para uma escuta brasileira. A ACT é uma</p><p>terapia de liderança no movimento chamado de “terceira</p><p>geração” ou forma contextuai das Terapias Comportamentais</p><p>e Cognitivas.</p><p>A ideia central deste novo grupo de abordagens ba­</p><p>seadas na aceitação e no contato com o momento presente</p><p>(;mindfulness em inglês) é a função dos sentimentos e pensa­</p><p>mentos, e não sua forma, que são mais importantes. Baseia-se</p><p>no melhor dos dois campos: Terapia Comportamental/Análise</p><p>do Comportamento e Terapia Comportamental e Cognitiva.</p><p>Embora seja parte da tradição das Terapias Compor­</p><p>tamentais e Cognitivas, ACT difere das Terapias Compor­</p><p>tamentais e Cognitivas tradicionais nas áreas de filosofia</p><p>da ciência, ciência básica, teoria aplicada, os processos que</p><p>são o alvo de mudança, e muitas das técnicas de interven­</p><p>ção. Essa é uma lista muito comprida e que necessitaria</p><p>diversos volumes para explicá-las completamente, mas o</p><p>INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!</p><p>INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!</p><p>Bruno miguel</p><p>presente livro começa esse processo dentro da com uni­</p><p>dade brasileira.</p><p>AA ACT tem várias características únicas. E baseada em</p><p>uma variedade de pragmatismo filosófico: contextual!smo</p><p>funcional. Isso ajuda a explicar a disposição de pesquisadores</p><p>e clínicos da ACT para usar a linguagem de várias maneiras</p><p>e explorar valores tão profundamente. Usando o utilitário</p><p>como um critério de verdade requer clareza sobre os obje­</p><p>tivos analíticos e permite maior flexibilidade nas formas de</p><p>falar que sejam mais úteis.</p><p>A ACT é o único tipo atual das Terapias Compor­</p><p>tamentais e Cognitivas que está ligada ao seu próprio, e</p><p>vigoroso, programa de pesquisa básica em linguagem e</p><p>cognição humana: a Teoria dos Quadros Relacionais (Hayes,</p><p>Barnes-Holmes, & Roche, 2001), que é descrita neste livro</p><p>brevemente. Isso permite que terapeutas e pesquisadores da</p><p>ACT sejam mais precisos em suas pesquisas com relação ao</p><p>desenvolvimento tecnológico e aos processos de mudança.</p><p>O movimento das Terapias Comportamentais e Cognitivas</p><p>nunca teve uma teoria contextual básica da cognição para</p><p>explorar. Agora tem.</p><p>A ACT é tecnologicamente inovadora, com dezenas</p><p>de novos procedimentos nas áreas de aceitação, desfusao,</p><p>contato com o momento presente, o senso de self, valores, e</p><p>ação com compromisso, e este livro introduz o leitor a todos</p><p>estes processos. Na</p><p>que você era mau quando você</p><p>ficou irritado, você muito provavelmente está carre­</p><p>gando um pouco do funcionamento que está dizendo-</p><p>lhe a mesma coisa. O fato de que você está levando</p><p>isto consigo não é o problema. O complicado é que</p><p>nós tendemos a perder a perspectiva e nos tornarmos</p><p>“fundidos” com estes funcionamentos históricos. Cren­</p><p>ças automáticas que nosso modo de funcionar nos diz,</p><p>faz com que percamos a identificação com nós mesmos,</p><p>como o contexto no qual estes eventos históricos todos</p><p>ocorreram. A natureza histórica destas experiências não</p><p>faz delas mais verdadeiras, ou as avaliações em que nós</p><p>nos baseamos através delas não as fazem mais “corretas”</p><p>do que qualquer outro tipo de experiência. Elas são</p><p>conteúdos acumulados, c como todo conteúdo, podem</p><p>ser úteis em algumas situações e não em outras. A fim</p><p>de determinar sua utilidade, entretanto, é necessário</p><p>ampliar nossa perspectiva sobre elas.</p><p>Exercício:</p><p>1. Pense sobre um evento significativo emocionalmente</p><p>difícil em sua infância. Escreva-o abaixo.</p><p>2. Agora veja se você pode identificar algum funciona­</p><p>mento na sua vida atual que esteja relacionado com</p><p>este evento. O que você concluiu sobre como o mundo</p><p>funcionava? O que você concluiu sobre si mesmo? Você</p><p>formulou alguma outra regra baseada nesta experiência?</p><p>Escreva abaixo tudo que pode identificar.</p><p>3. Repita o exercício com no mínimo mais um evento.</p><p>4. Traga à terapia na próxima sessão.</p><p>(H ayes; Strosahl; W ilson, 1999, p. 144)</p><p>INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!</p><p>INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!</p><p>Bruno miguel</p><p>Bruno miguel</p><p>Exercício de sentir-se bem</p><p>Instrução: aqui estão listadas crenças sobre momentos</p><p>ruins da vida, por exemplo: sentir-se mal, ter pensa­</p><p>mentos c memórias indesejáveis, sensações físicas de­</p><p>sagradáveis. Para cada par de crenças, assinale aquele</p><p>que é mais próximo de como você vê hoje em dia os</p><p>momentos de sua vida.</p><p>______la. Experiências negativas farão você sofrer se</p><p>não se livrar delas em algum momento.</p><p>______lb. Experiências negativas nao irão fazer você</p><p>sofrer, mesmo sc elas o fizerem se sentir mal.</p><p>______2a. Quando experiências negativas ocorrem, o</p><p>objetivo é fazer algo para controlá-las para elas prejudi­</p><p>carem menos você.</p><p>_____ 2b. A tentativa de controlar experiências negativas</p><p>cria problemas; o objetivo é deixar elas como estão, e</p><p>elas mudarão como parte natural da vida.</p><p>______3a. O modo de lidar com experiências negativas</p><p>é entender porque eu as tenho, e usar este conhecimento</p><p>para eliminá-las.</p><p>_____ 3b. O modo de lidar com as experiências negati­</p><p>vas é reparar que elas estão presentes sem necessariamente</p><p>analisá-las ou julgá-las.</p><p>______4a. O modo de ser saudável é aprender cada vez</p><p>mais a controlar e eliminar momentos negativos.</p><p>______4b. O modo de ser saudável ê aprender a ter</p><p>momentos negativos e viver de forma eficaz.</p><p>_____ 5a. A inabilidade de controlar ou eliminar reações</p><p>negativas é um sinal de fraqueza.</p><p>______5b. A necessidade de controlar experiências ne­</p><p>gativas é um problema.</p><p>INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!</p><p>INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!</p><p>______6a. A ocorrência de experiências negativas é um</p><p>sinal claro de problemas pessoais.</p><p>_____ 6b. A ocorrência de experiências negativas é uma</p><p>parte inevitável de estar vivo.</p><p>_____ 7a. Pessoas que estão em controle de suas vidas</p><p>conseguem geralmente controlar como reagem e se</p><p>sentem.</p><p>______7b. Pessoas que estão em controle de suas</p><p>vidas não precisam tentar controlar suas reações e</p><p>sentimentos.</p><p>(H ayes; Strosahl; W ilson, 1999, p. 145)</p><p>Exercício das regras do jogo</p><p>Cada um de nós usa certas regras básicas sobre como</p><p>a vida é para nos ajudar a guiar nosso modo de</p><p>funcionar. Porém estas regras são amplamente arbi­</p><p>trárias, e nós tendemos a vê-las como absolutamente</p><p>verdadeiras. Dizer coisas como, “sem sofrimento não</p><p>há ganho”, ou “querer é poder”, tem um impacto</p><p>profundo no modo como nos vemos e vemos a pró­</p><p>pria vida.</p><p>Neste exercício, por favor, despenda algum tempo para</p><p>identificar as regras básicas (talvez a forma de dizer) as</p><p>quais você usa em cada área abaixo:</p><p>1. Regras sobre relacionamentos com outras pessoas (por</p><p>exemplo, confiança, lealdade, competição).</p><p>2. Regras sobre sentir-se mal.</p><p>3. Regras sobre superar obstáculos na vida.</p><p>4. Regras sobre “justiça” na vida.</p><p>5. Regras sobre o seu relacionamento com você mesmo.</p><p>(Hayes; Strosahl; W ilson, 1999, p. 146)</p><p>INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!</p><p>INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!</p><p>Instruções: todas as vezes que você estiver numa situação em que se sinta</p><p>estagnado ou que esteja lutando com seus sentimentos ou pensamentos,</p><p>por favor preencha as seguintes colunas:</p><p>Situação (Desconforto</p><p>limpo)</p><p>Minhas</p><p>primeiras</p><p>reações</p><p>Nível de</p><p>sofrimento</p><p>(Desconforto</p><p>sujo)</p><p>O que eu fiz</p><p>com minhas</p><p>reações</p><p>Novo</p><p>sofrimento</p><p>O que O que Dê uma nota Eu lutei Dê uma</p><p>aconteceu imediatamente para o seu contra as nota para</p><p>para que isto apareceu de sofrimento coisas que não o seu novo</p><p>começasse? sentimentos, imediato gosto? Eu me sofrimento</p><p>pensamentos numa escala critiquei? numa</p><p>memórias de 1 a 100 Eu tentei escala de 1</p><p>e sensações</p><p>corporais?</p><p>(1= nada de</p><p>sofrimento,</p><p>e 100=</p><p>sofrimento</p><p>extremo).</p><p>resolver</p><p>minhas reações</p><p>ou fingi</p><p>que elas não</p><p>existiam?</p><p>a 100.</p><p>(H ayes; Strosahl; W ilson , 1999, p. 147)</p><p>Desfusão</p><p>Nesta fase serão tratados alguns pontos que se referem</p><p>também à próxima fase - Aceitação — por serem assuntos</p><p>interligados.</p><p>O objetivo desta fase é criar contextos para experiên­</p><p>cias em que as funções diretas e indiretas dos estímulos sejam</p><p>evidentes. Todos os exercícios, metáforas e discussões têm</p><p>como propósito distanciar o indivíduo dos conteúdos dos</p><p>seus eventos encobertos. Este distanciamento ajuda a perceber</p><p>INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!</p><p>INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!</p><p>Bruno miguel</p><p>Bruno miguel</p><p>os eventos encobertos como eles de fato são: pensamentos,</p><p>sentimentos, memórias e sensações corporais, e não como</p><p>determinantes de uma condição de sofrimento insolúvel.</p><p>Tal impressão advém de práticas culturais e verbais. Ten­</p><p>demos a pensar e a falar de um determinado modo que</p><p>implica nas tentativas de controle dos eventos encobertos,</p><p>gerando o desconforto sujo, isto é, o sofrimento adicio­</p><p>nal que pode chegar às patologias psiquiátricas. Estas</p><p>formas de pensar e falar serão discutidas nesta fase e se</p><p>resumem à adoção dos eventos encobertos como causas</p><p>do sofrimento (contexto de dar razão), concepção que</p><p>necessita ser eliminada. A necessidade do controle dos</p><p>eventos encobertos se deve à fusão com o conteúdo do</p><p>evento, fusão esta entre aquilo que o indivíduo considera</p><p>como identidade com o conteúdo de seus pensamentos,</p><p>sentimentos, memórias e sensações corporais. A fusão</p><p>ocorre novamente entre o fato (a experiência) e o relato</p><p>deste (as palavras como pensamento ou ditas). Esta fusão</p><p>é o processo de transformação de função entre estímulos</p><p>(da experiência para a palavra, e da palavra para o status</p><p>de característica da personalidade).</p><p>O foco desta fase é então a linguagem. Como esta</p><p>proporciona fusão com os conteúdos verbais e é limitada</p><p>para a compreensão de si mesmo e de nossa história. Di­</p><p>ficulta, através das avaliações, vivenciar de forma direta as</p><p>experiências, e como produto da comunidade verbal e em</p><p>função do tipo de autoconhecimento que gera, tende a</p><p>conduzir ao controle emocional e à atribuição de causa aos</p><p>eventos encobertos.</p><p>O distanciamento buscado nesta fase não significa</p><p>deixar de lado os eventos encobertos ou desconsiderá-los,</p><p>e sim entendê-los como são, vivenciá-los como tais, para</p><p>assim aceitá-los na fase seguinte (Aceitação).</p><p>INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!</p><p>INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!</p><p>Bruno miguel</p><p>Bruno miguel</p><p>Bruno miguel</p><p>Bruno miguel</p><p>Bruno miguel</p><p>O terapeuta não precisa discorrer sobre todas as discus­</p><p>sões sobre fusão com o cliente. Seguem abaixo os temas que</p><p>podem ser utilizados dependendo da necessidade do cliente,</p><p>com seus</p><p>respectivos exercícios e metáforas principais:</p><p>Atacando a confiança do ciiente na linguagem</p><p>A linguagem, assim como nossos pensamentos em</p><p>forma de palavras, são limitados tanto na apreensão do</p><p>mundo, como no modo como são processados. Tendemos</p><p>naturalmente a pensar, perceber e considerar mais os eventos</p><p>negativos. Não porque somos pessimistas, mas por motivos</p><p>de sobrevivência esta característica foi importante para nossa</p><p>espécie estar aqui hoje. Hayes e seus colaboradores propõem</p><p>esta discussão com a intervenção “Sua mente não é sua amiga”.</p><p>Sua mente não é sua amiga</p><p>Você provavelmente já deve ter percebido que eu não</p><p>sou um grande fa da mente. Não é que eu pense que</p><p>a mente não é útil, é só que você não pode realmente</p><p>viver sua vida efetivamente entre suas orelhas. Estou</p><p>certo de que a mente evoluiu para nos fornecer uma</p><p>forma mais elaborada de detectar ameaças para a nossa</p><p>sobrevivência, e ela provavelmente ajudou a organi­</p><p>zar grupos de pré-humanos de modo a conduzi-los a</p><p>menos matanças, roubos, incestos, e assim por diante.</p><p>Para uma coisa que a mente não evoluiu foi para aju­</p><p>dar os pré-humanos a se sentirem bem a respeito deles</p><p>mesmos. Você sabe, é difícil imaginá-los sentados em</p><p>volta do fogo, olhando para seus botões, se abraçando</p><p>e se unindo. E se você olhar para estudos recentes dos</p><p>processos do pensamento, o que você consistentemente</p><p>vê é que uma grande porcentagem do conteúdo mental</p><p>é negativo de alguma forma. Nós temos mentes que são</p><p>construídas para produzirem conteúdos negativos a fim</p><p>de nos avisar das ameaças. Nós teremos que considerar</p><p>INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!</p><p>INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!</p><p>este paradoxo: sua mente nao é sua amiga, e você não</p><p>pode viver sem ela.</p><p>(H ayes; Strosahl; W ilson, 1999, p. 151-152)</p><p>Considerando a arbitrariedade da linguagem</p><p>Já se iniciou a discussão deste tema com a metáfora</p><p>“Quais são os números”. Neste momento vale acrescentar</p><p>que o modo como aprendemos verbalmente, as regras, tende</p><p>a produzir uma insensibilidade às contingências não descritas</p><p>na regra. No caso de pessoas que foram fortemente reforçadas</p><p>por seguirem regras, isto implica em comportamentos com</p><p>fatores aversivos pela desadaptação em função do nao contato</p><p>com as contingências vigentes. As relações verbais ocorrem</p><p>com o mínimo de suporte do ambiente, favorecendo que</p><p>regras equívocas ou não aplicáveis no contexto se mantenham</p><p>facilmente. O aprendizado por contingência, pela experi­</p><p>ência, embora nao recomendado em todos os casos (quando</p><p>demora muito tempo para chegar ao resultado da regra,</p><p>quando as consequências podem ser letais, temporariamente</p><p>remotas, acumulativas ou probabilísticas), proporciona uma</p><p>forma de conhecimento mais genuína, que é impossível pela</p><p>regra. Tal forma é exemplificada na metáfora “Achando um</p><p>lugar para sentar”.</p><p>Achando um lugar para sentar</p><p>Terapeuta: É como se você precisasse de um lugar para</p><p>se sentar, e então você começa a descrever uma cadeira.</p><p>Vamos dizer que você tem uma descrição realmente</p><p>detalhada de uma cadeira. É uma cadeira cinza, tem</p><p>partes de metal, e é coberta de tecido, uma cadeira</p><p>muito resistente. Está bem. Agora você pode se sentar</p><p>nessa descrição?</p><p>Cliente: Bem, não.</p><p>INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!</p><p>INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!</p><p>Terapeuta: Hummm. Talvez a descrição não seja de­</p><p>talhada o bastante. E se eu puder descrever a cadeira</p><p>até o nível atômico. Então você poderia sentar-se na</p><p>descrição?</p><p>Cliente: Não.</p><p>Terapeuta: Eis a questão, e verifique sua própria experi­</p><p>ência: a sua mente tem lhe dito coisas corno “o mundo</p><p>é dessa maneira, e daquela maneira e seu problema é</p><p>este e aquele, etc.”? Descreve, descreve. Avalia, avalia,</p><p>avalia. E enquanto isto você está ficando cansado. Você</p><p>precisa de um lugar para se sentar. E sua mente con­</p><p>tinua mantendo descrições sempre mais elaboradas de</p><p>cadeiras. Então ela diz a você, “sente-se.” Descrições</p><p>são boas, mas o que nós estamos procurando aqui é</p><p>uma experiência, não uma descrição de uma experiên­</p><p>cia. A mente não é capaz de oferecer experiência, ela</p><p>somente fala a nós sobre nossa experiência em outra</p><p>parte. Então nós deixaremos sua mente descrever por</p><p>ai, e neste meio tempo você e eu procuraremos um</p><p>lugar para sentar.</p><p>(H ayf.s; Strosahl; W i i .so n , 1999, p. 153)</p><p>Removendo a função simbólica da linguagem</p><p>A função simbólica da linguagem é a função trans­</p><p>formada pelo evento vivido da palavra correspondente. Esta</p><p>função pode ser aversiva, e quanto mais fundido o estímulo</p><p>com seu correspondente verbal, mais aversiva será a palavra,</p><p>e consequentemente maior será a tentativa de fuga e esqui­</p><p>va desta. Para modificar a função do estímulo verbal, ou</p><p>pelo menos enfraquecê-la, modifica-se o contexto em que</p><p>está inserido, em outras palavras, cria-se outra experiência</p><p>com este estímulo que seja incompatível com a aversiva. O</p><p>exercício utilizado com este intuito é o “Leite, leite, leite.”</p><p>INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!</p><p>INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!</p><p>Leite, leite, leite</p><p>Terapeuta: Vamos fazer um pequeno exercício. É um</p><p>de olhos abertos. Eu pedirei que você diga uma palavra.</p><p>Então você me diz o que vem na sua cabeça. Eu quero</p><p>que você diga a palavra “leite.” Diga-a uma vez.</p><p>Cliente: Leite.</p><p>Terapeuta: Bom. O que veio na sua mente quando você</p><p>disse isto?</p><p>Cliente: Eu tenho leite em casa no refrigerador.</p><p>Terapeuta: Ok. O que mais? O que aparece quando nós</p><p>dizemos “leite”?</p><p>Cliente: Eu o imagino — branco, num copo.</p><p>Terapeuta: Bom. O que mais?</p><p>Cliente: Eu posso sentir o gosto, em parte.</p><p>Terapeuta: Exatamente. E você pode perceber que se</p><p>parece como estar bebendo um copo? Frio. Leitoso.</p><p>Dentro da sua boca. Soa como “glug, glug” quando</p><p>você bebe. Não é?</p><p>Cliente: É.</p><p>Terapeuta: Certo, vamos ver se isto se encaixa. O que</p><p>apareceu na sua mente eram coisas sobre o leite real e sua</p><p>experiência com ele. Tudo o que aconteceu é que nós</p><p>fizemos um som estranho - leite — e muitas destas coisas</p><p>surgiram. Observe que nao há nenhum leite nesta sala.</p><p>Nenhum. Mas o leite estava na sala psicologicamente.</p><p>Você e eu o estávamos vendo, provando, sentindo - con­</p><p>tudo somente a palavra estava realmente aqui. Agora,</p><p>este é o exercício, se você estiver disposto a tentar. O</p><p>exercício é um pouco bobo, então você pôde se sentir</p><p>um pouco embaraçado ao fazê-lo, mas eu pedirei a você</p><p>que diga a palavra “leite,” em voz alta, rapidamente,</p><p>repetidamente, e então observe o que acontece. Você</p><p>está disposto a tentar?</p><p>INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!</p><p>INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!</p><p>Cliente: Eu acho que sim.</p><p>Terapeuta: Está bem. Vamos fazer. Diga “leite” várias</p><p>vezes. (Terapeuta e cliente dizem a palavra por 1 a 2</p><p>minutos, com o terapeuta incentivando periodicamente</p><p>o cliente a continuar, a se manter dizendo a palavra em</p><p>voz alta ou a ir mais rapidamente).</p><p>Terapeuta: Ok. Agora pare. Onde está o leite?</p><p>Cliente: Foi embora (risos).</p><p>Terapeuta: Você observou o que aconteceu aos as­</p><p>pectos psicológicos do leite que estavam aqui alguns</p><p>minutos atrás?</p><p>Cliente: Após aproximadamente 40 vezes eles desapare­</p><p>ceram. Tudo que eu pude ouvir era o som. Soou muito</p><p>estranho — na verdade, eu tive uma sensação engraçada</p><p>de que eu nem sabia qual palavra eu estava falando por</p><p>alguns momentos. Soou inais como um som de pássaro</p><p>do que uma palavra.</p><p>Terapeuta: Certo. O leitoso e frio simplesmente se fo­</p><p>ram. Da primeira vez que você disse esta palavra, era</p><p>como se o leite estivesse realmente aqui, na sala. Mas</p><p>tudo que realmente aconteceu foi que você disse uma</p><p>palavra. Da primeira vez que você disse, foi realmente</p><p>significativo, ela era quase sólido. Mas quando você a</p><p>disse várias vezes, você começou a perder o significado</p><p>dela e as palavras começaram a ser somente um som.</p><p>Cliente: E isto que aconteceu.</p><p>Terapeuta: Bem, quando você diz coisas para você</p><p>mesmo, além de qualquer significado que tenham</p><p>pela relação entre as palavras e outras coisas, não</p><p>é também</p><p>verdadeiro que estas palavras são apenas</p><p>palavras? As palavras são somente fumaça. Não há</p><p>nada de sólido nelas.</p><p>(H ayes; Strosahl; W ilson, 1999, p. 154-155)</p><p>INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!</p><p>INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!</p><p>Este exercício pode ser feito também com palavras</p><p>com que o cliente esteja se fundindo para diminuir a função</p><p>aversiva do estímulo verbal.</p><p>Objetivando os estímulos</p><p>Uma outra estratégia para aumentar a distância entre</p><p>o estímulo verbal e a concepção de si mesmo do indivíduo</p><p>é tornando como objetos o que é pensado e sentido. Isto</p><p>aumenta a probabilidade de que o cliente se desvincule de</p><p>características e acontecimentos que esteja incorporou como</p><p>seus. A própria mente pode ser objetivada e tratada como</p><p>uma entidade para realçar a separação entre o que é pensado</p><p>e a individualidade. A metáfora “Passageiros no ônibus”</p><p>ilustra este tipo de estratégia.</p><p>Passageiros no ônibus</p><p>Suponha que hã um ônibus e você é o motorista. Neste</p><p>ônibus nós temos um grupo de passageiros. Os passa­</p><p>geiros são pensamentos, sentimentos, estados corporais,</p><p>memórias e outros aspectos da experiência. Alguns deles</p><p>são assustadores, e estão vestidos com jaquetas de couro</p><p>preto e possuem facas. O que acontece é que você está</p><p>dirigindo e os passageiros começam a ameaçá-lo, dizen­</p><p>do-lhe o que você tem que fazer, para onde tem que ir.</p><p>“Você tem que virar à esquerda,” “você tem que ir para a</p><p>direita” e assim por diante. A ameaça que eles têm sobre</p><p>você é que se você não fizer o que eles dizem, eles virão</p><p>da parte traseira do ônibus para a frente.</p><p>É como se você tivesse feito acordos com estes passa­</p><p>geiros, e o acordo é, “você senta-se na parte traseira do</p><p>ônibus e fica lá de modo que eu não possa vê-lo muito</p><p>frequentemente, e eu farei o que você disser.” Agora, se</p><p>um dia você ficar cansado disso e disser, “eu não gosto</p><p>disto! Eu vou jogar estas pessoas para fora do ônibus!”</p><p>Você para o ônibus, e você vai para trás encarar os</p><p>INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!</p><p>INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!</p><p>passageiros. Mas percebe que a primeira coisa que você</p><p>tem que fazer é parar. Observe agora, você não está</p><p>dirigindo para lugar algum, você somente está lidando</p><p>com estes passageiros. E eles sao muito fortes. Eles não</p><p>pretendem sair, e você lida com eles, mas acaba sempre</p><p>sem muito sucesso.</p><p>Eventualmente, você vai para trás com os passageiros,</p><p>tentando fazer com que eles se sentem outra vez atrás</p><p>onde você não pode vê-los. O problema com este acordo</p><p>é que você faz o que eles mandam em troca de tê-los</p><p>fora de sua vida. Muito em breve eles nem precisam te</p><p>dizer, “vire à esquerda” - você sabe assim que você chega</p><p>perto de uma curva à esquerda que os passageiros irão</p><p>ficar em cima de você. Com o tempo você ficará bom</p><p>o bastante até poder quase fingir que eles não estão no</p><p>ônibus. Você apenas diz para si mesmo que à esquerda</p><p>é a única direção que você quer ir. Entretanto, quando</p><p>eventualmente eles aparecem, é com poder adicional</p><p>em função do acordo que você fez com eles no passado.</p><p>Agora, a armadilha sobre tudo isto é que o poder que</p><p>os passageiros têm sobre você é 100% baseado nisto: “Se</p><p>você não fizer o que dizemos, nós aparecemos c faremos</p><p>você olhar para nós.” É isto. E verdade que quando eles</p><p>aparecem é como se pudessem fazer muito mais. Eles têm</p><p>facas, correntes, e assim por diante. Dá a impressão de que</p><p>você poderia ser destruído. O acordo que você fez é para</p><p>você fazer o que dizem, assim eles não virão para o seu</p><p>lado e nem o faraó olhar para eles. O motorista (você) tem</p><p>o controle do ônibus, mas você perde este controle nesse</p><p>acordo secreto com os passageiros. Em outras palavras,</p><p>na tentativa de ter controle, você na verdade abriu mão</p><p>do controle! Observe que embora os passageiros afirmem</p><p>que podem destruí-lo se você não virar à esquerda, isto</p><p>nunca aconteceu real mente. Estes passageiros não podem</p><p>obrigá-lo a fazer algo contra a sua vontade.</p><p>(Hayes; Strosahl; W ilson, 1999, p. 157-158)</p><p>INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!</p><p>INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!</p><p>Uma derivação deste exercício é a sua utilização em</p><p>grupo, com outras pessoas representando os pensamentos e</p><p>sentimentos perturbadores. O motorista é incentivado a ir</p><p>na direção desejada mesmo tendo que ouvir os conteúdos</p><p>anteriormente evitados.</p><p>Diferenciando Avaliação de Descrição</p><p>A descrição das contingências c muito útil para en­</p><p>tendê-las, porém o julgamento destas, a avaliação, produz</p><p>fusão cognitiva. Quando avaliamos, estamos na verdade adi­</p><p>cionando uma função a um estímulo, transferindo-a de um</p><p>evento agradável ou desagradável com o qual se compara o</p><p>estímulo avaliado. O problema é quando a associação é aver-</p><p>siva e gera respostas de fuga e esquiva. Porém independente</p><p>de qual seja a relação entre os estímulos, é aconselhável que</p><p>estes sejam experienciados com a mesma disponibilidade.</p><p>A descrição, neste sentido, colabora demonstrando que as</p><p>características valorativas não fazem parte de estímulo apriori,</p><p>(com exceção de estímulos filogeneticamente aversivos, por</p><p>exemplo, condições de temperatura discrepantes, privações,</p><p>etc.). A metáfora “Copo mau” é uma maneira de conduzir</p><p>esta discussão.</p><p>Copo mau</p><p>Há coisas em nossa linguagem que nos conduzem a bata­</p><p>lhas psicológicas desnecessárias, e é bom perceber como</p><p>isto acontece para que possamos aprender a evitá-las. Um</p><p>dos piores truques que a linguagem nos apronta está na</p><p>área das avaliações. Para que a linguagem funcione, as</p><p>coisas têm que ser o que nós dizemos que são quando nós</p><p>estamos no tipo de conversa em que se nomeia e descre­</p><p>ve. De outra forma, não poderíamos nos comunicar. Se</p><p>nós descrevermos algo especificamente, as nomeações</p><p>não podem mudar até a forma do evento mudar. Se</p><p>INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!</p><p>INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!</p><p>eu disser, “aqui está um copo,” eu não posso então me</p><p>voltar e afirmar que não é um copo mas sim é um carro</p><p>de corrida, a menos que eu, de algum modo, mude o</p><p>copo. Por exemplo, eu poderia amassar os materiais e</p><p>usá-los como parte de um carro esportivo. Mas sem uma</p><p>mudança na forma, isto é um copo {ou qualquer nome</p><p>com que nós concordemos em chamá-lo) - a nomeação</p><p>não muda ao acaso.</p><p>Considere agora o que acontece com conversas avalia-</p><p>tivas. Suponha que uma pessoa diga, “este é um copo</p><p>bom,” ou “este é um copo bonito.” Soa o mesmo como</p><p>se essa pessoa estivesse dizendo, “este é um copo de cerâ­</p><p>mica,” ou “este é um copo de 8 reais.” Mas é realmente</p><p>a mesma coisa? Suponha que todas as criaturas vivas no</p><p>planeta morram amanhã. Este copo é ainda um copo de</p><p>cerâmica. Mas é ainda um copo bom ou um copo bonito?</p><p>Sem alguém para ter tais opiniões, as opiniões se vão,</p><p>porque bom ou bonito nunca estiveram no copo, mas</p><p>sim na interação entre a pessoa e o copo. Mas observe</p><p>como a estrutura da linguagem esconde esta diferença.</p><p>Parece o mesmo, como se “bom” fosse o mesmo tipo</p><p>da descrição que “cerâmica”. Ambos parecem adicionar</p><p>informação sobre o copo. O problema é que se você</p><p>deixar “bom” ser esse tipo de descrição, significa que</p><p>“bom” tem que ser o que o copo é, da mesma manei­</p><p>ra que “cerâmica” é. Esse tipo de descrição não pode</p><p>mudar até que a forma do copo mude. E se alguma</p><p>outra pessoa disser, “Não, aquele é um copo terrível!”</p><p>Se eu disse que é bom e você diz que é mau, há uma</p><p>discordância que aparentemente tem que ser resolvida.</p><p>Por outro lado, se “bom” for somente uma avaliação</p><p>ou um julgamento, alguma coisa que você está fazendo</p><p>com o copo em vez de algo que está no copo, faz uma</p><p>grande diferença. Duas avaliações opostas podem facil­</p><p>mente coexistir. Não refletem algum estado da matéria</p><p>impossível no mundo, tal como o copo ser ao mesmo</p><p>INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!</p><p>INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!</p><p>tempo de cerâmica e metálico. Ao contrário, refletem</p><p>o simples fato de que os eventos podem ser avaliados</p><p>como bons ou maus, dependendo</p><p>da perspectiva. E, é</p><p>claro, não é nenhum absurdo que uma pessoa possa ter</p><p>mais de uma perspectiva. Nenhuma avaliação necessita</p><p>prevalecer como no caso de um fato concreto.</p><p>(H ayes; Strosahl; W ilson, 1999, p. 169)</p><p>Após esta metáfora, o terapeuta pode discutir os aspec­</p><p>tos avaliativos que o cliente atribui aos eventos e a si mesmo,</p><p>e como lida com eles: como descrições ou como avaliações.</p><p>Algumas ressalvas são necessárias nesta fase. A Desfu-</p><p>sâo deve ocorrer por parte do cliente, o terapeuta não deve</p><p>convencê-lo a nada, apenas apontar as questões relevantes.</p><p>O terapeuta não pode se fundir ao conteúdo do discurso do</p><p>cliente. Caso isto aconteça, deve ser sincero com o cliente, e</p><p>não usar de raciocínios lógicos com ele, mas apenas utilizar</p><p>como exemplo a situação se contribuir para a sessão. Esta</p><p>fase costuma evocar conteúdos aos quais o cliente pode</p><p>ser bastante sensível. O tema é escolhido com cuidado e, a</p><p>depender do cliente, evita-se o uso de várias metáforas, so­</p><p>mente uma ou duas que o indivíduo melhor compreenda (é</p><p>aconselhável a utilização de metáforas usadas anteriormente</p><p>seguindo o intuito do tema). A(s) metáfora(s) escolhida(s)</p><p>permeia(m) inclusive a discussão dos exercícios.</p><p>Os indícios de que o cliente está pronto para prosseguir</p><p>na terapia é quando este relata antigos eventos encobertos</p><p>aversivos como não tão aversivos, e quando se torna capaz</p><p>de observar suas reações sem se fundir a elas.</p><p>Aceitação</p><p>A Aceitação é uma postura, uma ação, um modo de</p><p>se relacionar com os eventos. Ela é vantajosa em situações</p><p>INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!</p><p>INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!</p><p>Bruno miguel</p><p>Bruno miguel</p><p>Bruno miguel</p><p>Bruno miguel</p><p>em que o controle não é efetivo e que não podemos mudar.</p><p>Este é o caso dos eventos encobertos e de nossa história de</p><p>vida. Quanto às situações cotidianas mais práticas (abertas),</p><p>a aceitação não é necessária uma vez que temos a possibili­</p><p>dade de controle.</p><p>Aceitar um evento encoberto é estar disposto a tê</p><p>-lo, é possibilitar sua manifestação e não evitar entrar em</p><p>contato com ele. Não é o mesmo que resignação, tomá-lo</p><p>como uma certeza ou com tolerância, mas perceber o que</p><p>está acontecendo com seus pensamentos e sentimentos sem</p><p>perder de vista que são apenas pensamentos e sentimentos,</p><p>sem se fundir a eles.</p><p>Aceitar os eventos encobertos tem duas grandes van­</p><p>tagens: o autoconhecimento — saber o que se passa consigo</p><p>mesmo e como os acontecimentos repercutem nos pensa­</p><p>mentos e sentimentos, possibilitando o acesso à experiência e</p><p>consequentemente aprendendo através dela; e a neutralização</p><p>da necessidade de fugir ou evitar estes eventos. Assim, em</p><p>vez de se engajar numa atividade que desvie a atenção dos</p><p>eventos encobertos, podemos direcionar nossas ações para</p><p>algo almejado.</p><p>Na fase de Desfusâo, os eventos encobertos diminuem</p><p>suas dimensões de importância, de determinação, por serem</p><p>considerados como o que de fato são: pensamentos, senti­</p><p>mentos e estados corporais. Na fase de aceitação, é treinada</p><p>a convivência com estes eventos.</p><p>Estas duas fases, Desfusâo e Aceitação, são partes fun­</p><p>damentais da ACT e constituem a filosofia, a proposta de</p><p>solução de problemas subjacentes às técnicas. Trata-se de</p><p>incentivar a convivência, sem defesas, com eventos encober­</p><p>tos, com o que se passa por dentro de nossa pele. O cliente</p><p>chega à terapia em geral por ter passado por contingências</p><p>que o afetaram alterando sua probabilidade de se comportar</p><p>INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!</p><p>INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!</p><p>Bruno miguel</p><p>Bruno miguel</p><p>Bruno miguel</p><p>Bruno miguel</p><p>Bruno miguel</p><p>no futuro; quando as contingências são aversivas, ou o foram</p><p>em algum momento no passado, ocorrem os efeitos já dis­</p><p>cutidos de evitar os eventos aversivos, eventos relacionados</p><p>aos aversivos, agressividade, contracontrole e respondentes</p><p>desagradáveis. Pela capacidade do ser humano conseguir fazer</p><p>relações arbitrárias entre estímulos, desenvolveu a linguagem</p><p>e com ela a possibilidade de relembrar eventos (inclusive os</p><p>aversivos) e comparar estímulos (avaliar), ampliando con­</p><p>sideravelmente a gama de eventos aversivos e seus efeitos.</p><p>Consequentemente, a partir de uma história com compo­</p><p>nentes aversivos significativos, o indivíduo os amplifica e</p><p>cria outros através da avaliação / comparação, ocasionando</p><p>uma diminuição do repertório e uma prevalência de con­</p><p>tingência de reforçamento negativo, isto é, o indivíduo se</p><p>comporta para evitar ou fugir dos eventos desagradáveis.</p><p>Quando os eventos desagradáveis estão fora da pele, estes</p><p>comportamentos muitas vezes são considerados adaptativos,</p><p>porém nos encobertos este controle não é efetivo, gerando</p><p>mais limitações. A proposta da ACT é então quebrar este</p><p>curso de acontecimentos quando o efeito da aversividade</p><p>repercute nos eventos encobertos e na linguagem. Em vez</p><p>de evitá-los ou tentar mudá-los (os eventos encobertos),</p><p>podemos vivenciá-los, sem atribuir uma importância de</p><p>“realidade”, no sentido deles não serem os comportamentos</p><p>punidos do passado, mas comportamentos de pensar e sen­</p><p>tir, e com isto quebra-se também o curso de ação de fuga e</p><p>esquiva destes. Assim o indivíduo pode escolher suas ações</p><p>na direção de seus valores, daquilo que ele quer em vez de</p><p>se comportar para fugir do que não quer.</p><p>Os exercícios desta fase têm o intuito de praticar com</p><p>intencionalidade este modo de se relacionar com os eventos</p><p>encobertos desagradáveis — a aceitação. A meditação é uma</p><p>ótima estratégia para o cliente entrar em contato com seus</p><p>INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!</p><p>INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!</p><p>Bruno miguel</p><p>Bruno miguel</p><p>Bruno miguel</p><p>Bruno miguel</p><p>Bruno miguel</p><p>Bruno miguel</p><p>Bruno miguel</p><p>Bruno miguel</p><p>pensamentos e sentimentos, apenas os percebendo e ob­</p><p>servando quando ocorrem, sem desviar a atenção e nem se</p><p>engajar neles. Seguem abaixo alguns exercícios e discussões</p><p>sobre a aceitação e a linguagem:</p><p>Utilizando objetos para representar</p><p>pensamentos e sentimentos</p><p>A utilização de objetos que representem pensamentos</p><p>e sentimentos perturbadores é útil para exemplificar a relação</p><p>que o cliente estabelece com eles e constatar que mesmo</p><p>evitando-os, o cliente ainda está em contato com eles.</p><p>O terapeuta pode escrever pensamentos e sentimentos</p><p>perturbadores em cartões, segurá-los na mão, aproximá-los</p><p>do cliente e pedir para que ele os segure ou os afaste de acor­</p><p>do com sua vontade. O cliente provavelmente irá afastá-los</p><p>empurrando-os com sua mão. O terapeuta discute com o</p><p>cliente como é fazer este esforço e constata que mesmo afas­</p><p>tando os cartões o cliente ainda está em contato com eles.</p><p>Outra variação deste exercício é perguntar se o cliente</p><p>está disposto a segurar os cartões. Conversar a respeito de</p><p>seus sentimentos enquanto os segura, e se necessário incluir</p><p>novos cartões com estes sentimentos. Conforme a aceitação</p><p>do cliente, o terapeuta pode fazer exercícios de desfusão se este</p><p>mostrar-se receoso ao segurar os cartões, ou pedir para que</p><p>o cliente carregue consigo os cartões até a próxima sessão,</p><p>caso este estiver disposto.</p><p>"E" em vez de "MAS"</p><p>No decorrer das conversas, o cliente provavelmente</p><p>se referirá à sentimentos ou pensamentos ambivalentes, isto</p><p>é, contraditórios ou opostos entre si. Como por exemplo:</p><p>“eu gosto do meu marido, mas ele me irrita às vezes.”</p><p>Este tipo de formulação Índica que ambos os sentimentos</p><p>INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!</p><p>INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!</p><p>Bruno miguel</p><p>Bruno miguel</p><p>Bruno miguel</p><p>Bruno miguel</p><p>(de apreciação e irritabilidade) são vistos como excluden-</p><p>tes — se há um, não há o outro ou não deveria haver. Isto</p><p>resulta numa necessidade de eliminar o sentimento (ou</p><p>pensamento) negativo, passando do desconforto limpo</p><p>para o sujo. Nesta situação é sugerido que em vez de usar</p><p>a palavra “mas”, seja usado o “e”, seguindo o exemplo: “eu</p><p>gosto do meu marido e ele me irrita às vezes”. A conjun­</p><p>ção “e” propicia uma sensação</p><p>de integridade maior e cria</p><p>uma flexibilidade psicológica no sentido de que indica que</p><p>sentimentos e pensamentos podem aparecer, mesmo que</p><p>contrários, com certa naturalidade.</p><p>Referindo-se a pensamentos e sentimentos como tais</p><p>No decorrer dos exercícios e discussões, o cliente ge­</p><p>ralmente recorre a explicações para sua história de vida e</p><p>justificativas decorrentes do modo como costuma pensar.</p><p>Nestas situações e em outras que o cliente esteja avaliando</p><p>algo ou a si mesmo, cabe lembrá-lo de que isto é apenas</p><p>um pensamento, e não necessariamente corresponde a</p><p>fatos. Igualmente quando há a manifestação de emoções</p><p>ou sentimentos, é interessante lembrá-lo de que estes são</p><p>comportamentos do indivíduo, e não um fato. O terapeu­</p><p>ta pode reformular a colocação do cliente começando a</p><p>frase do seguinte modo: “você está me dizendo que está</p><p>tendo um pensamento / sentimento...”, ou simplesmen­</p><p>te apontar o comportamento: “ isto é um pensamento /</p><p>sentim ento”. Uma vez estabelecida esta discriminação,</p><p>o terapeuta realça também a relação do cliente com o</p><p>conteúdo do pensamento ou sentimento, perguntando se</p><p>o cliente esta se fundindo a ele: “você está ‘comprando’</p><p>este pensamento / sentimento?”.</p><p>Este tipo de intervenção facilita que o indivíduo dis­</p><p>crimine seus pensamentos e sentimentos, não se fundindo</p><p>INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!</p><p>INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!</p><p>Bruno miguel</p><p>Bruno miguel</p><p>Bruno miguel</p><p>Bruno miguel</p><p>a eles, e possa conviver abertamente com seus eventos en­</p><p>cobertos, aceitando-os.</p><p>O m eio do hexágono</p><p>O meio do hexágono de flexibilidade psicológica</p><p>é composto pelo Contato com o Momento Presente e o Self</p><p>como Contexto. Estas duas fases são pré-requisitos para o</p><p>trabalho das demais fases. Tanto para que o cliente con­</p><p>siga se “desfundir” de seus pensamentos e sentimentos,</p><p>como para ele aceitá-los, identificar seus valores e agir de</p><p>acordo com eles, ele precisa estar presente na sessão e ter</p><p>uma perspectiva de si mesmo como um contexto em que</p><p>ocorrem os pensamentos e sentimentos. Caso isto não</p><p>aconteça naturalmente, o terapeuta deve dispor de um</p><p>tempo para alcançar estes pré-requisitos com o cliente.</p><p>As fases de Contato com o Momento Presente e do Self como</p><p>Contexto oferecem discussão, exercícios e metáforas para</p><p>chegar a estes objetivos.</p><p>Contato com o momento presente</p><p>O contato com o momento presente é fundamental</p><p>para que qualquer técnica seja usada. O indivíduo precisa</p><p>estar presente na situação para que possa vivenciar os exer­</p><p>cícios ou compreender as metáforas. Para além da terapia</p><p>também é vantajoso que o cliente saiba estar atento para os</p><p>eventos que estejam acontecendo no momento. Estar no</p><p>presente nos torna mais sensíveis às contingências vigentes,</p><p>promove mais discriminações e nos torna mais hábeis para</p><p>nos comportarmos de forma eficiente. Porém estamos acos­</p><p>tumados a nos preocupar com o futuro ou remoer o passado,</p><p>e são poucas as ocasiões em que estamos completamente no</p><p>INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!</p><p>INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!</p><p>Bruno miguel</p><p>Bruno miguel</p><p>presente, o que é uma ironia uma vez que vivencialmente</p><p>só existe o presente.</p><p>Entrar em contato com o momento presente é uma</p><p>forma de voltar-se para a experiência, de estar sob controle</p><p>das contingências, das funções diretas dos estímulos. Para</p><p>explicar ao cliente como fazer isto, pode-se usar situações</p><p>relatadas por ele em que estava em contato com o momento</p><p>presente, ou referir-se às situações que costumam evocar</p><p>este tipo de presença, como admirar um por do sol ou olhar</p><p>para uma paisagem. Exercícios de meditação auxiliam o</p><p>indivíduo a estar no presente, pois direcionam sua atenção</p><p>para o ambiente (incluindo seu próprio corpo).</p><p>O contato com o momento presente envolve uma</p><p>noção de si mesmo (self) como um contexto; o indivíduo</p><p>é alguém que passa pelas experiências e é a constante na</p><p>linha do tempo. Estas duas noções (estar em contato com o</p><p>momento presente e o self como contexto) são intimamente</p><p>ligadas e os exercícios e metáforas que os abordam são geral­</p><p>mente os mesmos. Para melhor compreendê-los, eles serão</p><p>apresentados na fase Self como Contexto em que esta noção é</p><p>colocada mais detalhadamente.</p><p>Self como contexto</p><p>Através da nossa capacidade humana de relacionar</p><p>estímulos arbitrariamente, nós não só aprendemos a abstrair</p><p>e avaliar o inundo, mas nós aprendemos a fazer isto com nós</p><p>mesmos. A capacidade autorreflexiva gera uma concepção</p><p>conceituai de si mesmo, isto é, nos autodefmimos como</p><p>individualidade por conceitos, adjetivos valorativos como</p><p>“sou simpática, chata, extrovertida, desajeitada, teimosa, etc.”</p><p>Pense em todos os aspectos que o definem como tal; todos</p><p>eles são construções verbais de comparação entre estímulos,</p><p>INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!</p><p>INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!</p><p>Bruno miguel</p><p>Bruno miguel</p><p>Bruno miguel</p><p>comparação esta entre os mais diversos estímulos e o estímulo</p><p>que chamamos de “eu”. A implicação deste self conceituai é</p><p>que ele limita o repertório, a possibilidade de ação. Quando</p><p>alguém diz ser introvertido, está indicando que há maior</p><p>probabilidade de agir como tal. Estas formulações são au-</p><p>torregras que podem tornar a pessoa muito insensível às</p><p>contingências. Assim, a situação muda e o indivíduo con­</p><p>tinua a se comportar como antes, sem se adaptar, pois este</p><p>é quem ele “é” Na verdade nosso comportamento tende</p><p>a mudar constantemente, somos seres mutáveis e graças a</p><p>isto sobrevivemos.</p><p>A noção de self mais saudável é a de contexto, de</p><p>perspectiva, é conceber a si mesmo como um observador</p><p>dos eventos, o contexto no qual as experiências ocorrem.</p><p>E o mesmo que dizer que o indivíduo passa pelas experi­</p><p>ências e sua essência é justamente esta de expectador, e não</p><p>as experiências. A perspectiva / expectador não envolve</p><p>uma postura passiva, mas sim constitui a unidade de ação</p><p>permanente através dos acontecimentos. Esta noção é po­</p><p>sitiva porque propicia a mudança por não estar relacionada</p><p>a algum aspecto específico dc personalidade, c por dar a</p><p>segurança de que o indivíduo provê de um lado permanente,</p><p>contínuo no tempo. Outra vantagem da concepção de self</p><p>como contexto é a ênfase do indivíduo em contato com a</p><p>experiência, com as funções diretas dos estímulos e não com</p><p>formulações verbais destes (funções derivadas).</p><p>O foco clínico desta fase é explicitar que a concepção</p><p>conceituai de si mesmo é inerentemente advinda de julga­</p><p>mentos, que conceber a si mesmo como um observador /</p><p>expectador facilita o contato com os eventos encobertos de­</p><p>sagradáveis, além de ir além das avaliações. Outro foco desta</p><p>fase é demonstrar que o self como contexto é reconhecido</p><p>na experiência e não através da lógica.</p><p>INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!</p><p>INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!</p><p>Bruno miguel</p><p>A metáfora mais utilizada nesta fase é a do “Tabuleiro</p><p>de xadrez”. Ela propicia que o cliente comece a entender do</p><p>que se trata a concepção de self como contexto.</p><p>O tabuleiro de xadrez</p><p>Terapeuta: Imagine um tabuleiro de xadrez que vá infi­</p><p>nitamente em todos as direções. É coberto com as peças</p><p>pretas e as peças brancas. Elas trabalham juntas em times,</p><p>como no xadrez — as peças brancas lutam contra as peças</p><p>pretas. Você pode pensar que seus pensamentos, senti­</p><p>mentos e crenças são como estas peças; eles se agrupam</p><p>em times também. Por exemplo, os sentimentos “maus”</p><p>(como a ansiedade, depressão, ressentimento) se agrupam</p><p>com pensamentos “maus” e memórias “más”. A mesma</p><p>coisa com os “bons”. Então parece que a maneira com</p><p>que o jogo acontece é que nós selecionamos o lado que</p><p>nós queremos que ganhe. Nós colocamos as peças “boas”</p><p>(como os pensamentos que são de autoconfiança, senti­</p><p>mentos de estar no controle, etc.) em um lado, e as peças</p><p>“más” do outro. Então nós montamos no cavalo preto</p><p>e vamos para a batalha, lutando para ganhar a guerra</p><p>contra a ansiedade, depressão, pensamentos sobre usar</p><p>drogas, o que quer</p><p>que seja. E um jogo de guerra. Mas</p><p>há um problema lógico aqui, e é nesta postura que uma</p><p>parte enorme de você mesmo é seu próprio inimigo. Ou</p><p>seja, se você precisa estar nesta guerra, há algo errado</p><p>com você. E porque você parece que está no mesmo</p><p>nível que estas peças, elas podem ser tão grandes ou</p><p>maiores do que você é — mesmo que estas peças estejam</p><p>cm você. Assim, de algum modo, mesmo não sendo</p><p>lógico, quanto mais você luta, maiores elas ficam. Se</p><p>for verdade que “se você não estiver disposto a ter, você</p><p>tem,” então quanto mais você luta com estas peças, mais</p><p>centrais elas se tornam na sua vida, mais habituais, mais</p><p>dominadoras e mais conectadas com todas as áreas da</p><p>sua vida. A ideia lógica é que você as tirará do tabuleiro</p><p>INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!</p><p>INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!</p><p>o bastante para que eventualmente as domine — a não</p><p>ser que sua experiência lhe diga que é exatamente o</p><p>oposto o que acontece. Aparentemente, as peças brancas</p><p>nao podem ser deliberadamente retiradas do tabuleiro.</p><p>Então a batalha continua. Você se sente sem esperança,</p><p>você tem uma sensação de que você não pode ganhar,</p><p>e mesmo assim você não pode parar de lutar. Se você</p><p>estiver montado no cavalo preto, lutar é a única escolha</p><p>que você tem, porque as peças brancas parecem ter sua</p><p>vida ameaçada. Contudo, viver em uma zona de guerra</p><p>nao é uma maneira viver.</p><p>Enquanto o cliente se conecta a esta metáfora, ela pode</p><p>ser dirigida/traduzida para a questão do self.</p><p>Cliente: ... Eu sou o tabuleiro?</p><p>Terapeuta: E útil olhar dessa maneira. Sem um tabu­</p><p>leiro, estas peças não têm nenhum lugar para ficar. O</p><p>tabuleiro as sustenta. Por exemplo, o que aconteceria aos</p><p>seus pensamentos se você não estivesse lá para perceber</p><p>que você os pensou? As peças precisam de você. Elas</p><p>não existem sem você — mas você as contém, elas não</p><p>contêm você. Observe que se você for as peças, o jogo é</p><p>muito importante; você tem de ganhar, sua vida depen­</p><p>de disso. Mas se você for o tabuleiro, não importa se a</p><p>guerra pare ou não. O jogo pode continuar, mas não faz</p><p>nenhuma diferença para o tabuleiro. Como o tabuleiro,</p><p>você pode ver todas as peças, você pode sustentá-las,</p><p>você está intimamente em contato com elas; você pode</p><p>ver a guerra começando da sua consciência, mas isto não</p><p>importa. Não requer nenhum esforço.</p><p>(Hayls; Strosahl; W ilson, 1999, p. 190-191)</p><p>Esta metáfora demonstra a diferença do conteúdo e</p><p>do contexto em termos de self. Quando o indivíduo está</p><p>fundido com o conteúdo de seus pensamentos e sentimentos,</p><p>normalmente tem uma concepção de si mesmo conceituai;</p><p>INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!</p><p>INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!</p><p>na medida em que ele adota uma concepção de self como</p><p>contexto, sua individualidade está na perspectiva dos eventos,</p><p>e não dentro deles. No decorrer das sessões, quando o cliente</p><p>estiver se fundindo com seus pensamentos e sentimentos, o</p><p>terapeuta pode referir-se a esta metáfora, perguntando se ele</p><p>está no nível das peças ou no do tabuleiro. Outra caracte­</p><p>rística fundamental demonstrada nesta metáfora é que não é</p><p>possível paz de espírito no nível das peças, de fusão com os</p><p>eventos encobertos. As peças, os eventos verbais são ineren-</p><p>teniente relacionados a outros e se avaliados / comparados,</p><p>sempre haverá conflitos entre eles, pois sempre que houver</p><p>um bom, é porque o outro é pior. Então somente há paz no</p><p>nível do tabuleiro, do contexto.</p><p>Embora as metáforas ajudem, o self como contexto</p><p>deve ser vivenciado para ser compreendido inteiramente.</p><p>Para isto há o exercício “O observador”:</p><p>O Observador</p><p>Nós iremos fazer agora um exercício que é uma maneira</p><p>de começar a tentar experimentar esse lugar onde você</p><p>não é sua programação. Não há como alguém falhar</p><p>neste exercício; nós somente iremos olhar para qualquer</p><p>coisa que você esteja sentindo ou pensando, então o que</p><p>aparecer está certo. Feche os olhos, permaneça sentado</p><p>na sua cadeira, e siga a minha voz. Se você sc encontrar</p><p>vagueando, apenas volte-se gentilmente para o som da</p><p>minha voz. Por um momento agora, volte a sua atenção</p><p>para você nesta sala. Imagine a sala. Imagine você nesta</p><p>sala exatamente onde você está. Agora comece a ir para</p><p>dentro de sua pele e a entrar em contato com seu corpo.</p><p>Note como você está sentando na cadeira. Veja se você</p><p>pode observar exatamente a forma que tomam as partes</p><p>de sua pele que tocam a cadeira. Observe as sensações</p><p>corporais que estão presentes. Enquanto você vê cada</p><p>urna delas, somente tome conhecimento da sensação e</p><p>INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!</p><p>INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!</p><p>permita que sua consciência continue (pausa). Observe</p><p>agora qualquer emoção que você tiver, c se você tiver</p><p>alguma, apenas a reconheça (pausa). Agora entre em</p><p>contato com seus pensamentos e apenas assista-os si­</p><p>lenciosamente por alguns momentos (pausa). Agora eu</p><p>quero que você observe que enquanto você observou</p><p>estas coisas, uma parte de você as observou. Você ob­</p><p>servou aquelas sensações... aquelas emoções... aqueles</p><p>pensamentos. E essa parte de você nós chamaremos de</p><p>“você observador”. Há uma pessoa lá dentro, atrás desses</p><p>olhos, que está ciente do que eu estou dizendo agora. E</p><p>é a mesma pessoa que você tem sido a sua vida inteira.</p><p>Num sentido profundo, este observador é o você que</p><p>você chama de você.</p><p>Eu quero que você se lembre de algo que aconteceu no</p><p>último verão. Levante o seu dedo quando você tiver uma</p><p>imagem em mente. Bom. Agora apenas olhe ao redor.</p><p>Recorde de todas as coisas que estavam acontecendo</p><p>lá. Lembre-se da vista... os sons... seus sentimentos...</p><p>e em quanto você faz isto, veja se você pode observar</p><p>que você estava lá, observando o que você está obser­</p><p>vando. Veja se você pode perceber a pessoa atrás dos</p><p>seus olhos que viu, e ouviu, e sentiu. Você estava lá, e</p><p>você está aqui agora. Eu não estou pedindo que você</p><p>acredite nisto. Eu não estou provando um ponto lógico.</p><p>Eu apenas estou pedindo que você note a experiência de</p><p>estar ciente e verifique, e veja se não é deste modo que</p><p>em algum sentido profundo você que está aqui agora,</p><p>estava lá. A pessoa ciente de que você está ciente está</p><p>aqui agora e estava lá também. Veja se você consegue</p><p>perceber a continuidade essencial — em algum sentido</p><p>profundo, no nível da experiência, não da crença, você</p><p>tem sido você sua vida inteira.</p><p>Eu quero que você se lembre de algo que aconteceu</p><p>quando você era um adolescente. Levante seu dedo</p><p>INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!</p><p>INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!</p><p>Bruno miguel</p><p>quando você tiver uma imagem na mente. Bom. Agora</p><p>apenas olhe ao seu redor. Recorde todas as coisas que</p><p>estavam acontecendo. Lembre-se da vista... os sons...</p><p>seus sentimentos... demore o tempo que for. E quando</p><p>estiver claro o que tinha lá, veja se você pode, apenas</p><p>por um segundo, perceber que lá havia uma pessoa por</p><p>trás de seus olhos que via, e ouvia, e sentia tudo isso.</p><p>Você estava lá também, e veja se não é verdade — como</p><p>uma experiência, não uma crença — que há como uma</p><p>continuidade essencial entre a pessoa ciente de que você</p><p>está ciente agora e a pessoa que estava ciente de que</p><p>você estava ciente como um adolescente nessa situação</p><p>específica. Você tem sido você sua vida inteira.</p><p>Finalmente, recorde algo que aconteceu quando você</p><p>era uma criança razoavelmente nova, por exemplo,</p><p>em torno de 6 ou 7 anos de idade. Levante seu dedo</p><p>quando você tiver uma imagem na mente. Bom. Ago­</p><p>ra apenas olhe ao redor outra vez. Veja o que estava</p><p>acontecendo. Olhe a vista... ouça os sons... sinta seus</p><p>sentimentos... c então perceba o fato de que você</p><p>estava lá, vendo, ouvindo, e sentindo. Observe que</p><p>você estava lá de atrás de seus olhos. Você estava lá,</p><p>c você está aqui agora. Repare e veja se em algum</p><p>sentido profundo você que está aqui agora estava lá. A</p><p>pessoa ciente de que você está ciente está aqui agora</p><p>e estava lá também.</p><p>Você tem sido você sua vida inteira. Em toda parte você</p><p>esteve,</p><p>você esteve lá observado. Isto é o que eu quero</p><p>dizer por “você observador”. E desta perspectiva ou</p><p>ponto da vista, eu quero que você olhe para algumas</p><p>áreas de sua vida. Vamos começar com seu corpo. Ob­</p><p>serve como seu corpo muda constantemente. As vezes</p><p>está doente, e às vezes está bem. Pode estar descansado</p><p>ou cansado. Pode estar forte ou fraco. Você uma vez foi</p><p>um bebê pequenino, mas seu corpo cresceu. Você pode</p><p>até mesmo ter tido partes de seu corpo removidas, como</p><p>INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!</p><p>INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!</p><p>numa operação. Suas células morreram, e nem todas as</p><p>células do seu corpo estavam lá quando você era um</p><p>adolescente, ou mesmo no último verão. As sensações</p><p>corporais vêm e vão. Mesmo enquanto estamos falando,</p><p>elas mudam. Então se tudo isto está mudando e no en­</p><p>tanto você que você chama por você tem estado aí sua</p><p>vida inteira, isso deve significar que embora você tenha</p><p>um corpo, tratando-se de uma experiência e não de</p><p>uma crença, você nào tem a experiência de ser somente</p><p>o seu corpo. Então apenas observe seu corpo agora por</p><p>alguns momentos, e enquanto você faz isto, de vez em</p><p>quando observe que você é aquele que observa (dê ao</p><p>cliente tempo para fazer isto).</p><p>Agora vamos para uma outra área: seus papéis. Observe</p><p>quantos papéis você tem ou teve. As vezes você está no</p><p>papel de (exemplifique com papéis que o cliente tenha;</p><p>por exemplo, “mae... ou um amigo... ou uma filha...</p><p>ou uma esposa... às vezes você é um trabalhador res­</p><p>peitado... outras vezes que você é um líder... ou um</p><p>seguidor,” etc.). No mundo de formatos, você está em</p><p>algum papel toda hora. Se você tentar não estar, então</p><p>você estará no papel de não estar num papel. Mesmo</p><p>agora parte de você está num papel... o papel do clien­</p><p>te. Contudo, neste meio tempo, observe que você está</p><p>também presente. A parte de você que você chama de</p><p>você está prestando atenção e ciente de que você está</p><p>ciente. E cm algum sentido profundo, esta parte de você</p><p>não muda. Então seus papéis estão mudando constante­</p><p>mente, no entanto você que você chama por você tem</p><p>estado presente na sua vida inteira, embora você tenha</p><p>papéis, você não experiencia ser seus papéis. Não acredite</p><p>nisto. Isto não é uma questão de crença. Somente veja</p><p>e observe a distinção entre o que você está olhando e</p><p>você que está olhando.</p><p>Agora vamos para uma outra área: emoções. Observe</p><p>como suas emoções estão mudando constantemente. As</p><p>INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!</p><p>INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!</p><p>vezes você sente amor e às vezes ódio, às vezes calma</p><p>e então tensão, alegria - aborrecimento, felicidade —</p><p>tristeza. Mesmo agora você pode estar experimentando</p><p>emoções - interesse, tédio, relaxamento. Pense nas coisas</p><p>de que você já gostou e de que não gosta mais; medos</p><p>que uma vez você teve e que agora estão resolvidos. A</p><p>única coisa de que você pode ter certeza em relação às</p><p>emoções é que elas mudarão. Embora uma onda de emo­</p><p>ção venha, ela passará com o tempo. Mesmo que estas</p><p>emoções venham e vão, observe que em algum sentido</p><p>profundo aquele “você” não muda. Ocorre que embora</p><p>você tenha emoções, você não vivência você mesmo</p><p>sendo somente suas emoções. Permita-se perceber isto</p><p>como um evento da experiência, não como uma crença.</p><p>De alguma maneira muito importante e profunda você</p><p>vivência você mesmo como uma constante. Você é você</p><p>através disso tudo. Então apenas observe suas emoções</p><p>por um momento e enquanto você o faz, observe tam­</p><p>bém que você as está observando (permita um período</p><p>breve de silêncio).</p><p>Agora vamos para a área mais difícil. Seus próprios pen­</p><p>samentos. Os pensamentos são difíceis porque tendem</p><p>a nos enganchar e nos puxar fora de nosso papel como</p><p>observador. Se isto acontecer, apenas se volte para o som</p><p>da minha voz. Observe como seus pensamentos estão</p><p>mudando constantemente. Você costumava ser ignorante</p><p>- então você foi à escola e aprendeu pensamentos novos.</p><p>Você ganhou novas ideias e conhecimentos. As vezes</p><p>você pensa sobre as coisas dc uma maneira e às vezes de</p><p>outra. Às vezes seus pensamentos podem fazer um pouco</p><p>de sentido. Às vezes eles parecem vir automaticamente,</p><p>do nada. Eles estão mudando constantemente. Olhe para</p><p>os seus pensamentos desde que você veio para cá hoje,</p><p>e observe quantos pensamentos diferentes você teve.</p><p>Mesmo assim, num sentido profundo você que sabe que</p><p>você pensa não está mudando. Isto deve significar que</p><p>INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!</p><p>INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!</p><p>embora você tenha pensamentos, você não experiência</p><p>você mesmo como sendo apenas os seus pensamentos.</p><p>Não acredite nisso. Apenas repare. E observe, mesmo</p><p>enquanto você repara isto, que seu curso de pensamentos</p><p>continua. E você mesmo assim pode se pegar neles. No</p><p>entanto, no instante que você perceber isto, você também</p><p>percebe que uma parte de você está atrás deles, prestando</p><p>atenção neles todos. Então agora preste atenção nos seus</p><p>pensamentos por alguns momentos — e enquanto você</p><p>faz isto, observe também que você os está observando</p><p>(permita um breve momento de silêncio).</p><p>Assim, como uma experiência e não uma crença, você</p><p>não é somente o seu corpo... seus papéis... suas emo­</p><p>ções... seus pensamentos. Estas coisas são o conteúdo</p><p>da sua vida, visto que você 6 a arena... o contexto...</p><p>o espaço que eles preenchem. Enquanto você vê isso,</p><p>observe que as coisas contra as quais você vem lutando e</p><p>tentando mudar não são você de qualquer maneira. Não</p><p>importa como esta guerra esteja, você estará lá, imutável.</p><p>Veja se você pode tomar vantagem desta conexão para</p><p>abrir mão apenas um pouco, seguro no conhecimento</p><p>de que você tem sido você durante tudo isto e que você</p><p>não precisa investir em todo este conteúdo psicológi­</p><p>co como uma medida de sua vida. Apenas observe as</p><p>experiências em todos os domínios em que aparecem,</p><p>e enquanto você faz isto, observe que você ainda está</p><p>aqui, estando ciente de que você está ciente (permita</p><p>um breve período de silêncio). Agora imagine outra vez</p><p>você nesta sala. E imagine agora a sala. Imagine (descreva</p><p>a sala). E quando você estiver pronto para voltar para a</p><p>sala, abra seus olhos.</p><p>(H ayes; Strosahl; W ilson, 1999, p. 193-195)</p><p>Após o exercício, o terapeuta conversa sobre a expe­</p><p>riência do cliente, porém sem analisá-la ou interpretá-la.</p><p>INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!</p><p>INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!</p><p>O importante desta fase é focar-se na experiência do</p><p>cliente. Evita-se a lógica e procura-se não reforçar a con­</p><p>cepção conceituai do cliente, o que ele afirma ser. Temas</p><p>como a espiritualidade podem ser abordados pelo cliente</p><p>pela natureza polêmica da questão de quem somos nós, o</p><p>que nos define. Cabe lembrar que a dita espiritualidade aqui</p><p>tratada é uma perspectiva, e não uma crença.</p><p>Os indícios de que o cliente está pronto para a pró­</p><p>xima fase é quando este se percebe olhando para eventos</p><p>encobertos e não dos eventos encobertos. Ele também passa</p><p>a “não se levar muito a sério” e a praticar atos de aceitação</p><p>espontaneamente.</p><p>0 lado d ire ito do hexág ono</p><p>O lado direito do hexágono de flexibilidade psico­</p><p>lógica é composto pelas fases dos Valores e das Ações com</p><p>Compromisso. Ambas referem-se à construção de um padrão</p><p>comportamental flexível que permita ao indivíduo mudar ou</p><p>manter comportamentos a serviço de seus valores de vida.</p><p>Valores</p><p>Os valores são construções verbais globais de conse­</p><p>quências desejadas na vida, direcionamentos de ações. O</p><p>cliente já possui seus valores, mas provavelmente não os têm</p><p>claros devido a fusões com conteúdos verbais perturbadores.</p><p>O foco teórico desta fase baseia-se no comportamento</p><p>operante que é selecionado pelas consequências. As conse­</p><p>quências passadas que aumentaram a frequência das respostas</p><p>que as produziram são os reforços, que popularmente são</p><p>identificados como os propósitos de nossas ações, as finali­</p><p>dades. Normalmente os reforços positivos generalizados de</p><p>INDEX BOOKS GROUPS:</p><p>Perpetuando impressões!</p><p>INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!</p><p>Bruno miguel</p><p>Bruno miguel</p><p>Bruno miguel</p><p>grande magnitude que não têm consequências indesejáveis</p><p>a médio e longo prazo são considerados, em formulações</p><p>verbais, como valores. O comportamento verbal permite</p><p>que as consequências sejam relacionadas às respostas mesmo</p><p>quando apresentadas posteriormente, o que possibilita a</p><p>formulação de valores.</p><p>Os valores são diferentes dos objetivos, pois se apre­</p><p>sentam de formas mais gerais, abstratas e não podem ser</p><p>completamente satisfeitos, são como qualidades da ação; já</p><p>os objetivos são as próprias ações, mais concretos e susce­</p><p>tíveis à saciação. Os valores são direções que organizam os</p><p>objetivos de forma coerente.</p><p>A falta de valores é ocasionada por uma história da</p><p>vida muito aversiva, na qual o indivíduo não faz construções</p><p>futuras por defesa, por temer que sua história de punição</p><p>ou ausência de reforçadores positivos se repita. Quando há</p><p>sofrimento, indica algo com que o indivíduo se importa e</p><p>que não tem. E por isto que os assuntos tratados na fase de</p><p>Desfusão são fundamentais nesta fase.</p><p>As características dos valores são: abertura para a</p><p>vulnerabilidade, vitalidade, escolha e orientação pelo mo­</p><p>mento presente.</p><p>O foco clínico desta fase é explicar o caráter signifi­</p><p>cativo que os valores acrescentam à vida, definir os valores</p><p>pessoais do cliente; identificar os objetivos específicos e ações</p><p>que seus valores indicam; diferenciar valor de objetivo, de</p><p>julgamento e de pressão social; esclarecer que os valores</p><p>são definidos em parte por comportamentos e não eventos</p><p>encobertos; e atentar para as armadilhas que desviam o</p><p>cliente de seus valores.</p><p>O cliente tem que entender exatamente o que é um</p><p>valor para que consiga definir os seus próprios. Para isto</p><p>necessita-se fazer algumas distinções:</p><p>INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!</p><p>INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!</p><p>Bruno miguel</p><p>Bruno miguel</p><p>Bruno miguel</p><p>Valor como direção de ação X sentimento</p><p>Ter um valor é ter uma direção de ação na vida. Não</p><p>é um sentimento de valorizar algo, pois os sentimentos são</p><p>facilmente mutáveis e os valores não dependem de como a</p><p>pessoa está se sentindo no momento; eles são mais perma­</p><p>nentes, embora possam mudar em virtude da história do</p><p>indivíduo. Um exemplo desta diferença pode ser explicado</p><p>pela metáfora “Tabuleiro de xadrez”:</p><p>O Tabuleiro de Xadrez</p><p>E como a metáfora do tabuleiro de xadrez. Há somente</p><p>duas coisas que o tabuleiro pode fazer: conter as peças</p><p>e movê-las. Para mover as peças, nós temos que ir de</p><p>onde estamos para onde não estamos, e então tentar</p><p>movê-las por ai. Uma decisão lógica é um movimento</p><p>do tabuleiro ativamente ligado às peças. Mas porque nós</p><p>não controlamos as peças, os movimentos deste tipo são</p><p>movimentos que nós não controlamos. Uma escolha é</p><p>mover o tabuleiro para um sentido com as peças, não para</p><p>as peças. A escolha é como dizer às peças, “nós estamos</p><p>nos movendo,” por nenhuma outra razão se não o fato</p><p>de que você escolheu fazer assim. Para fazer isto, todas</p><p>as peças devem ser bem-vindas para virem juntas e, no</p><p>entanto, não estarem no comando. Então estar disposto</p><p>a ’ter o que você tem’ é o que faz a escolha possível.</p><p>(Hayes; Strosahl; W ilson, 1999, p. 219)</p><p>Escolha Xjulgamento</p><p>Os valores são escolhas feitas com razões históricas.</p><p>Já o julgamento é uma seleção avaliativa entre opções pelas</p><p>razões. Por exemplo, os animais fazem escolhas, mas não</p><p>avaliam, pois não possuem um julgamento moral. O ju l­</p><p>gamento c definido por convenções sociais sobre o que é</p><p>INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!</p><p>INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!</p><p>Bruno miguel</p><p>Bruno miguel</p><p>certo e o que é errado, e não sobre o que as pessoas almejam,</p><p>como é o caso dos valores.</p><p>Escolha X ações derivadas da lógica</p><p>As ações derivadas da lógica baseiam-se em constru­</p><p>ções racionais, e a escolha promove ações selecionadas his­</p><p>toricamente. Por exemplo, a escolha de um tipo de comida</p><p>favorita é algo que jamais será definido pela lógica, mas será</p><p>por uma história de ter provado diferentes comidas e selecio­</p><p>nado a que mais apeteceu. Os valores promovem vitalidade</p><p>justamente por serem direções escolhidas com base no que</p><p>na história do indivíduo foi mais almejado.</p><p>Valores Xpressões sociais</p><p>As pressões sociais estão relacionadas com o julga­</p><p>mento e a moral. Não é o que o indivíduo quer e sim o que</p><p>é melhor para a sociedade vigente. Alguns clientes podem</p><p>apresentar pressões sociais como valores e não saber diferen­</p><p>ciá-los. Neste caso o terapeuta leva-o a imaginar situações</p><p>em que a sociedade não está presente, como se o cliente</p><p>estivesse numa ilha deserta, por exemplo.</p><p>Valores / processo X objetivos / resultados</p><p>Os valores são qualidades de ação, são o “como”,</p><p>o processo, e os objetivos sao os resultados, o fim. Um</p><p>exemplo desta distinção é a prática de esqui. O objetivo, o</p><p>fim é chegar à parte inferior da montanha, porém o valor</p><p>da atividade, o processo, é deslizar até lá. Caso alguém o</p><p>leve de teleférico até a base da montanha, não haverá graça</p><p>para quem quer esquiar. Uma confusão deste tipo bastante</p><p>comum é a felicidade. Ser feliz é um objetivo; a questão é</p><p>“fazendo o quê”? O valor é a qualidade da ação que estará</p><p>proporcionando a felicidade como objetivo.</p><p>INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!</p><p>INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!</p><p>Bruno miguel</p><p>Uma vez esclarecido o que é um valor, o terapeuta</p><p>conduz o cliente a identificar os seus próprios. Os clien­</p><p>tes com histórias muito aversivas serão mais resistentes em</p><p>identificar seus valores porque isto evocará respondentes</p><p>desagradáveis, relacionados em sua história de vida deri­</p><p>vados de quando agiram em direção a coisas almejadas e</p><p>foram punidos ou passaram por processos de extinção. É</p><p>nesta situação que as fases de Desfusão e dos Valores são</p><p>intimamente conectadas. É nos aspectos em que o cliente</p><p>está mais fundido que se encontra aquilo que ele valoriza;</p><p>afinal é necessário se importar, ser vulnerável para que algo</p><p>o afete. Caso o cliente tenha dificuldade de identificar seus</p><p>valores por causa disso, volta-se aos exercícios e metáforas</p><p>da Desfusão e pergunta-se por que tal pensamento ou sen­</p><p>timento é tão doloroso. A resposta conduzirá ao valor, ao</p><p>que a pessoa quer e que não teve.</p><p>Algumas metáforas podem ser usadas para facilitar</p><p>a identificação dos valores, como propor que o cliente se</p><p>imagine em seu velório, e o que ele gostaria que as pessoas</p><p>falassem dele; ou pedir que ele suponha que irá morrer em</p><p>um mês, e o que ele faria; ou perguntar quais seriam os três</p><p>desejos que ele faria caso achasse uma lâmpada mágica.</p><p>A investigação dos valores deve envolver todas as</p><p>áreas da vida do cliente. Pode-se usar inclusive uma ta­</p><p>bela para facilitar o processo e pedir para que o cliente</p><p>descreva como ele gostaria de ser em cada âmbito de</p><p>sua vida. Depois é pedido que ele enumere o grau de</p><p>importância de cada modo de ser (valor), o sucesso que</p><p>vem tendo em ser desta forma e a prioridade que tem</p><p>em sua vida. Posteriormente também são identificados</p><p>os objetivos específicos orientados pelos valores, as ações</p><p>para se alcançar tais objetivos e as barreiras que o cliente</p><p>enfrentará ao executá-las.</p><p>INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!</p><p>INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!</p><p>INTRO</p><p>DUÇÃO</p><p>À TERAPIA DF ACEITAÇÃO</p><p>E CO</p><p>M</p><p>PRO</p><p>M</p><p>ISSO</p><p>89</p><p>Tabela dos Valores</p><p>Área da vida Descrição de como</p><p>desejaria ser (valores)</p><p>Importância</p><p>na vida</p><p>Sucesso</p><p>que vem</p><p>tendo</p><p>Prioridade Objetivos</p><p>específicos Ações Barreiras</p><p>Relacionamentos</p><p>íntimos / de casal</p><p>Relacionamentos</p><p>familiares</p><p>Relacionamentos</p><p>sociais</p><p>Trabalho</p><p>Estudos</p><p>Lazer</p><p>Espiritualidade</p><p>Cidadania</p><p>Saúde</p><p>Outros</p><p>(Hayes; Strosahl; Wilson, 1999, p. 226-227)5</p><p>5 Agrupamento de três tabelas apresentadas no livro “Acceptance and Com mitment Therapy".</p><p>INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!</p><p>INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!</p><p>Os cuidados que o terapeuta</p><p>deve ter nesta fase é</p><p>certificar-se de que o cliente entendeu exatamente o que é</p><p>um valor e sua diferenciação dos objetivos.</p><p>O cliente está pronto para a próxima fase quando</p><p>consegue estabelecer seus valores, os objetivos específicos e</p><p>ações necessárias para alcançá-los.</p><p>Ação com compromisso</p><p>O objetivo desta fase é criar e manter mudanças com-</p><p>portamentais a serviço dos valores do cliente. Uma vez</p><p>estabelecidos os valores, objetivos específicos e as ações</p><p>para alcançar estes objetivos, o terapeuta propõe um novo</p><p>contrato de trabalho: fazer da terapia um lugar que promova</p><p>mudanças para se alcançar os valores do cliente.</p><p>Uma das principais características da ação com com­</p><p>promisso guiada por valores é que ela elicia vários eventos</p><p>encobertos desagradáveis, como se elucidará a seguir. O</p><p>cliente precisa estar ciente disto e disposto a encarar as con­</p><p>sequências das mudanças comportamentais.</p><p>O foco clínico desta fase envolve estabelecer a acei­</p><p>tação como principal condição para as ações com compro­</p><p>misso; cabe relembrar que a aceitação é uma escolha, não</p><p>uma vontade, e que não é possível aceitar parcialmente</p><p>algo. As ações com compromisso são guiadas pelos valores e</p><p>normalmente acarretam em barreiras por eliciarem eventos</p><p>encobertos desagradáveis. As barreiras podem advir de pres­</p><p>sões externas ou psicológicas, que são definidas a partir do</p><p>modelo de psicopatologia da ACT: FEAR (“Fusion” - fusão,</p><p>“Evaluation” — avaliação, “Avoidance” — evitar, e “Reason</p><p>giving” — dar razão). Dentre estas barreiras, as principais são</p><p>a dor, o trauma e a vkimização. Em contrapartida, o perdão</p><p>e a autoaceitaçao colaboram para a permanência nas ações</p><p>INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!</p><p>INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!</p><p>Bruno miguel</p><p>Bruno miguel</p><p>Bruno miguel</p><p>com compromisso e o abandono das tentativas de controle</p><p>dos eventos encobertos.</p><p>As ações com compromisso acarretam eventos enco­</p><p>bertos desagradáveis porque remetem a tentativas passadas</p><p>que fracassaram e produziram respostas emocionais intensas,</p><p>as quais o cliente provavelmente tem medo de rever. Caso</p><p>necessário, o terapeuta pode provocar tais respostas emocio­</p><p>nais na sessão, identificar com o cliente qual processo está</p><p>ocorrendo (fusão com conteúdos verbais, avaliações, tentativa</p><p>de evitar eventos encobertos ou atribuições de causas a even­</p><p>tos encobertos), e fazer alguns exercícios da fase de Desfusão</p><p>ou Aceitação. Um exemplo de intervenção nesta situação é</p><p>perguntar ao cliente se no passado, não estar disposto a ter</p><p>os eventos encobertos desagradáveis o impediram de entrar</p><p>em contato com eles, ou fazer um exercício de meditação</p><p>em que o indivíduo seja levado a ficar de olhos fechados</p><p>e perceber seu incômodo, seus pensamentos, sentimentos,</p><p>estados corporais etc., e se ele consegue permitir que estes</p><p>pensamentos e sentimentos desagradáveis permaneçam onde</p><p>estão sem precisar se esquivar deles.</p><p>Às vezes o cliente está parcialmente disposto a per­</p><p>manecer com seus eventos encobertos desagradáveis, porém</p><p>para a aceitação isto não funciona. Uma metáfora usada para</p><p>esclarecer este aspecto é a “Joe-Bum”:</p><p>Joe-Bum</p><p>Imagine que você comprou uma casa nova e convidou</p><p>todos os vizinhos para uma festa lá. Todos na vizinhança</p><p>inteira foram convidados — você pôs até um aviso no</p><p>supermercado. Assim todos os vizinhos apareceram, a</p><p>festa estava sendo ótima, e ai chegou Joe-Bum, que vive</p><p>atrás do supermercado, junto ao lixo. Ele é fedorento, e</p><p>você pensa, “Oh não, porque ele apareceu?” Mas você</p><p>disse no aviso, “todos são bem vindos.” Você acha que</p><p>INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!</p><p>INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!</p><p>Bruno miguel</p><p>é possível para você recebê-lo com boas-vindas, e re­</p><p>almente, inteiramente, sem gostar que ele esteja aqui?</p><p>Você pode dar-lhe boas-vindas mesmo que você não</p><p>pense bem dele, Você não tem que gostar dele. Você</p><p>não tem que gostar de como ele cheira, ou de seu estilo</p><p>de vida, ou de sua roupa. Você pode ficar embaraçado</p><p>com o modo como ele mergulha no ponche ou fica</p><p>colocando os dedos nos sanduíches. Sua opinião sobre</p><p>ele, sua avaliação sobre ele, é absolutamente distinta de</p><p>sua disposição de tê-lo como um convidado em sua casa.</p><p>Você poderia também decidir que mesmo que você</p><p>dissesse que todos eram bem-vindos, na realidade Joe</p><p>não é bem-vindo. Mas assim que você fizer isto, a festa</p><p>muda. Agora você tem que ficar na porta da casa, fazendo</p><p>guarda para que ele não possa voltar para dentro da festa.</p><p>Ou se você disser, “Tudo bem, você é bem-vindo”, mas</p><p>você não acha isso na verdade, você quer dizer somente</p><p>que ele é bem-vindo contanto que permaneça na cozinha</p><p>e não se misture com os outros convidados, então você</p><p>terá que constantemente ficar de olho nele e sua festa</p><p>inteira será a respeito disso. Neste meio tempo, a vida</p><p>continua, a festa continua, e você está fazendo guarda</p><p>para o desagradável. Isto não é estar vivendo. Não é</p><p>bem como uma festa. E muito trabalho. A metáfora é,</p><p>naturalmente, sobre os sentimentos, memórias e pen­</p><p>samentos que aparecem e que você não gosta; eles são</p><p>apenas mais Joes na porta. A questão é a postura que</p><p>você toma a respeito de seus próprios conteúdos. Os</p><p>Joes são bem-vindos? Você pode escolher dar-lhes boas-</p><p>vindas, mesmo que você não goste do fato de que eles</p><p>apareceram? Se não, como a festa irá ficar?</p><p>(H ayes; Strosahl; W ilson, 1999, p. 240)</p><p>Um outro modo de colocar esta característica de tudo</p><p>ou nada da aceitação é o ditado zen: “você não consegue</p><p>pular um canyon em dois passos.”</p><p>INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!</p><p>INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!</p><p>Estas metáforas e exercícios sobre aceitação promovem</p><p>uma experiência que facilita que o cliente permaneça em</p><p>suas ações compromissadamente mesmo quando os eventos</p><p>encobertos desagradáveis aparecerem em sua vida fora da</p><p>terapia, pois não se trata apenas de tomar uma direção, mas</p><p>sim de persistir nela mesmo frente a obstáculos.</p><p>Quando as barreiras para as ações com compromisso</p><p>envolvem dor, trauma ou vitimização, os clientes costumam</p><p>ter autorregras de que se eles não entrarem em contato com o</p><p>sofrimento, entlo ele diminui, o que é exatamente o oposto.</p><p>A experiência dolorosa causa sofrimento, mas quando este</p><p>sofrimento é evitado, ele se transforma no desconforto sujo,</p><p>que causa danos e constitui o trauma. Uma metáfora apro­</p><p>priada para demonstrar este processo é o “Amor de colegial”:</p><p>Amor de colegial</p><p>Lembre-se da época em que você estava no colegial</p><p>e estava apaixonado por alguém que o rejeitou. Você</p><p>consegue recordar quão terrível a dor parecia ser naquela</p><p>época? Para algumas pessoas, esta dor deixa cicatrizes</p><p>pelo resto da vida, gera um padrão de não confiar nos</p><p>outros e de evitar oportunidades de real intimidade.</p><p>Olhe para a dor de sua primeira rejeição e se pergunte:</p><p>Como seria se fosse realmente tudo bem apenas sofrer</p><p>quando você perdesse algo? Você tem pouco controle</p><p>sobre a dor em sua vida - as pessoas irão rejeitá-lo, e as</p><p>pessoas morrem, coisas ruins acontecem. A dor faz parte</p><p>de estar vivo e nenhum de nós pode evitar. Mas aquilo</p><p>sobre o que você tem controle é se a dor se transforma</p><p>ou não em um trauma. Se você não estiver disposto a</p><p>sofrer, você tem que evitar a dor. Lembre-se de como</p><p>foi difícil para você, como um adolescente, se abrir após</p><p>sua primeira real rejeição. Mas se você não se abrir, os</p><p>danos continuam e continuam.</p><p>(H ayes; Strosahl; W ilson, 1999, p. 252)</p><p>INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!</p><p>INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!</p><p>Uma das formas mais elegantes de aceitação é o perdão</p><p>e a autoaceitação, que devem ser o objetivo das intervenções</p><p>em desfusão e aceitação.</p><p>Quanto às técnicas para engajar o indivíduo nas ações</p><p>com compromisso, uma vez trabalhada a aceitação, todos</p><p>os procedimentos disponíveis na análise do comportamento</p><p>podem ser utilizadas de acordo com o caso.</p><p>Este processo de mudança comportamental em direção</p><p>aos valores do cliente não precisa terminar</p><p>na terapia. As</p><p>sessões vão sendo espaçadas à medida que o cliente apresenta</p><p>abertura para a mudança, até que este consiga continuar a</p><p>transformar seus comportamentos em direção aos seus valores</p><p>e se manter neles por si mesmo.</p><p>Os cuidados requeridos nesta fase são garantir que os</p><p>valores sejam genuinamente do cliente e atentar para perda</p><p>de foco nas ações com compromisso. Se isto ocorrer, ou</p><p>as ações não estão correspondendo aos valores, ou há mais</p><p>barreiras que devem ser trabalhadas, ou as mudanças com-</p><p>portamentais foram muito abruptas.</p><p>Processo te rap êu tico e o terap eu ta</p><p>Embora as fases do processo terapêutico tenham sido</p><p>descritas separadamente e seguindo uma ordem para fins</p><p>didáticos, estas fases correspondem a processos compor-</p><p>tamentais que podem ser arranjados de diferentes formas</p><p>conforme cada caso. Do mesmo modo que as metáforas e</p><p>exercícios muitas vezes englobam mais de um conceito ou</p><p>processo que podem ser trabalhados conjuntamente, eles</p><p>também podem ser transformados ou poderão ser criados</p><p>novos que mantenham o mesmo intuito, contanto que sejam</p><p>mais apropriados para o indivíduo em questão. É justamente</p><p>isto que significam as linhas do hexágono de flexibilidade</p><p>INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!</p><p>INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!</p><p>psicológica — uma maior dinâmica entre cada processo / fase</p><p>— processos que não precisam ser realizados nem na ordem</p><p>apresentada, nem por inteiro; pode-se ir e vir em cada fase /</p><p>processo de acordo com a necessidade de cada cliente.</p><p>O terapeuta que conduz uma ACT tem que estar de</p><p>acordo com os pressupostos teóricos e passar por um ques­</p><p>tionamento similar ao do cliente. Ele deve rever sua vida</p><p>segundo o modelo da ACT. isto envolve:</p><p>• identificar os problemas de sua vida;</p><p>• quais são as estratégias que utiliza para lidar com eles;</p><p>• para cada estratégia, analisar sua efetividade a curto,</p><p>médio e longo prazo;</p><p>• identificar similaridades entre as estratégias;</p><p>• classificar cada estratégia como de controle ou acei­</p><p>tação;</p><p>• perceber o principal tipo de estratégia utilizada em</p><p>sua vida;</p><p>• para cada estratégia de controle, identificar o que está</p><p>tentando controlar, o que está sendo evitado e o que</p><p>está sendo eliminado;</p><p>• autodefinir-se, como você é, melhores e piores aspec­</p><p>tos de sua pessoa;</p><p>• realçar os traços positivos e negativos mais fortes de</p><p>personalidade;</p><p>• perguntar-se se estes traços influenciam em sua habi­</p><p>lidade de achar soluções criativas para seus problemas;</p><p>• para cada problema principal de sua vida, identificar</p><p>as emoções, os pensamentos, as memórias e as partes</p><p>da sua história de vida que eles envolvem que são mais</p><p>difíceis de se lidar;</p><p>INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!</p><p>INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!</p><p>Bruno miguel</p><p>Bruno miguel</p><p>• observar quais destes conteúdos encobertos considera</p><p>incompatível com uma vida significativa;</p><p>• se estiver disposto a entrar em contato com estes con­</p><p>teúdos encobertos, praticar permanecer com eles em</p><p>diferentes contextos, podendo ser utilizados exercícios</p><p>da fase de Desfusão para isto, e perceber a parte de si</p><p>que está percebendo estes conteúdos;</p><p>• identificar valores em cada área da vida, os obstáculos</p><p>para alcançá-los, e quais conteúdos encobertos que</p><p>terá que estar disposto a ter para realizar os valores;</p><p>• escolher um valor central da vida, um objetivo de­</p><p>rivado dele, e suas respectivas ações, considerando a</p><p>necessidade ou nâo de estar disposto a ter conteúdos</p><p>encobertos desagradáveis como consequência de re­</p><p>alizar tais ações (pode ser que seja necessário perdoar</p><p>alguém ou a si mesmo).</p><p>Este trabalho pessoal do clínico, além de colaborar</p><p>com sua própria vida, facilita entender os processos que</p><p>os clientes apresentam e possibilita formas de melhor lidar</p><p>com eles.</p><p>Co n clu são</p><p>A ACT é uma proposta terapêutica baseada em princí­</p><p>pios do Behaviorismo, que se utiliza de estratégias interes­</p><p>santes como metáforas e exercícios que remetem o cliente</p><p>à sua própria experiência como referencial da efetividade</p><p>de suas ações, proporciona mudança de função de estímu­</p><p>los aversivos, estimula o contato com as contingências e</p><p>a mudança comportamental, estabelece contingências de</p><p>reforçamento positivo potenciais, e promove o controle</p><p>INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!</p><p>INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!</p><p>Bruno miguel</p><p>Bruno miguel</p><p>de respostas por reforço positivo mesmo na presença de</p><p>estimulação aversiva encoberta.</p><p>A principal particularidade da ACT é a teoria dos</p><p>quadros relacionais, que institui a linguagem, a capacidade</p><p>de relacionar estímulos arbitrariamente, como o principal</p><p>processo que leva as pessoas a desenvolverem psicopatologias.</p><p>A teoria dos quadros relacionais define na ACT uma diretriz</p><p>de intervenções terapêuticas voltadas para o comportamento</p><p>verbal e os eventos encobertos.</p><p>O arranjo de intervenções da ACT serve aos seus dois</p><p>propósitos principais: abandonar a tentativa de controle dos</p><p>eventos encobertos e responder sob controle de reforçadores</p><p>positivos mesmo na presença de estimulação aversiva enco­</p><p>berta. Estes propósitos, além de permearem as intervenções,</p><p>trazem consigo uma postura frente à vida, um modo de ser</p><p>humano, que implica essencialmente em autoaceitação e</p><p>integridade nas ações em direção aos valores pessoais.</p><p>INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!</p><p>INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!</p><p>Bruno miguel</p><p>INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!</p><p>INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!</p><p>Referências</p><p>INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!</p><p>INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!</p><p>INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!</p><p>INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!</p><p>BROWN, R. A., PALM, K. M., STRONG, D. R., LEJUEZ,</p><p>C. W., KAHLER, C. W., ZVOLENSKY, M. J., HAYES, S. C.,</p><p>WILSON, K. G., GIFFORD, F. V. Distress tolerance treatment for</p><p>early-lapse smokers: Rationale, program description, and preliminary</p><p>findings. Behavior Modification. Vol 32(3), May 2008, 302-332.</p><p>FLESSNER, C. A., BUSCH, A. M., HEIDEMAN, P. W.,</p><p>WOODS, D. W. Acceptance-enhanced behavior therapy (A EBT)</p><p>for trichotillomania and chronic skin picking: Exploring the effects of</p><p>component sequencing. Behavior Modification. Vol 32(5), Sep</p><p>2008, 579-594.</p><p>HAYES, S. C., STROSAHL, K. D., e WILSON, K. G. Accep­</p><p>tance and Commitment Therapy: an experiential approach to behavior</p><p>change. Estados Unidos, Nova York: The Guilford Press, 1999.</p><p>LUNDGREN, T., DAHL, J., HAYES, S. C. Evaluation of</p><p>mediators of change in the treatment of epilepsy with acceptance and</p><p>commitment therapy. Journal of Behavioral Medicine. Vol 31(3),</p><p>Jun 2008, 225-235.</p><p>LUNDGREN, T., DAHL, J., YARDI, N., MELIN, L. Accep­</p><p>tance and commitment therapy and yoga for drug-refractory epilepsy:</p><p>A randomized controlled trial. Epilepsy & Behavior. Vol 13(1),</p><p>Jul 2008, 102-108.</p><p>LUOMA, J. B., KOHLENBERG, B. S., HAYES, S. C.; BUN­</p><p>TING, K., RYE, A. K. Reducing self-stigma in substance abuse</p><p>through acceptance and commitment therapy: Model, manual develo­</p><p>INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!</p><p>INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!</p><p>pment, and pilot outcomes. Addiction Research & Theory. Vol</p><p>16(2), Apr 2008, 149-165.</p><p>PÁEZ-BLARRINA, M., LUCIANO, C., GUTIÉRRES</p><p>-MARTÍNEZ, O., VALDIVIA, S., ORTEGA, J., RODRÍ-</p><p>GUEZ-VALVERDE , M. The role of values with personal examples</p><p>in altering the functions of pain: Comparison between acceptance-based</p><p>and cognitive-control-based. Behaviour Research and Therapy.</p><p>Vol 46(1), Jan 2008, 84-97.</p><p>SÉRIO, T. M. A. R, ANDERY, M. A., GIOIA, P. S., e MI-</p><p>CHELETTO, N. Controle de estímulos e comportamento operante:</p><p>uma (nova) introdução. São Paulo, Brasil: EDUC, 2004.</p><p>SIDMAN, M-, (1989). Coerção e suas Implicações. São Paulo,</p><p>Brasil: Editora Livro Pleno, 2003.</p><p>SKINNER, B. F., (1953). Ciência e comportamento humano. São</p><p>Paulo, Brasil: Livraria Martins Fontes Editora Ltda., 2007.</p><p>VARRA, A. A., HAYES, S. C., ROGET, N., FISHER, G.</p><p>A randomized control trial</p><p>ACT, um pensamento incômodo pode</p><p>ser visto sem paixão, repetido em voz alta até que apenas</p><p>o seu som continue a existir, ou tratado como um objeto</p><p>exterior, dando-lhe uma forma, tamanho, cor, velocidade,</p><p>ou textura. Um sentimento difícil pode ser explorado como</p><p>se exploraria um objeto nunca visto antes. A mudança de</p><p>comportamento da pessoa está ligada às escolhas baseadas</p><p>em valores pessoais e métodos são utilizados para facilitar</p><p>INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!</p><p>INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!</p><p>Bruno miguel</p><p>Bruno miguel</p><p>a habilidade da pessoa de ver as coisas a partir de muitas</p><p>perspectivas e de se manter em contato flexível com o mo­</p><p>mento presente.</p><p>A ACT não é nem uma Terapia Comportamental</p><p>tradicional nem uma Terapia Comportamental e Cogniti­</p><p>va clássica. Ela representa um passo à frente na tradição do</p><p>movimento behaviorista com uma análise nova e precisa da</p><p>cognição. Ela representa uma mudança filosófica das Tera­</p><p>pias Comportamentais e Cognitivas, com sua ênfase sobre</p><p>a função e contexto. Achamos que fornece uma maneira de</p><p>combinar algumas das melhores ideias de ambas tradições.</p><p>Devido ao papel importante do Brasil na comuni­</p><p>dade mundial de terapia comportamental e cognitiva, vai</p><p>ser interessante ver o que acontece quando entra a ACT no</p><p>Brasil e o Brasil na ACT. É nossa esperança que, devido</p><p>às suas raízes profundas nestas duas asas das nossas maiores</p><p>tradições, o Brasil venha a perceber a oportunidade que a</p><p>ACT representa para consolidação e progresso, e rapidamente</p><p>assuma a liderança na comunidade mundial que procura</p><p>desenvolver esta abordagem.</p><p>Queremos também dizer uma palavra sobre a autora</p><p>deste livro, Michaele Terena Saban. Formada recentemente</p><p>em Psicologia na Pontifícia Universidade Católica de São</p><p>Paulo, Michaele tem sido muito dedicada e diligente em</p><p>aprender ACT, Teoria dos Quadros Relacionais, e suas</p><p>raízes comportamentais contextuais. Ela havia frequentado</p><p>várias conferências e fizera muitas, muitas perguntas (oh,</p><p>quantas perguntas!). Nós dois com alegria nos dispomos a</p><p>lhe ajudar, porque ela estava obviamente muita empenhada</p><p>em compreender esta terapia de forma responsável, em vez</p><p>de forma passiva. O resultado de toda esta dedicação, por</p><p>tantos anos, está mais do que evidente neste livro. Terapeutas</p><p>brasileiros interessados em aprender sobre ACT, vão achar</p><p>INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!</p><p>INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!</p><p>Bruno miguel</p><p>neste livro uma ótima introdução a este tipo de terapia, com</p><p>uma discussão da teoria mas também uma boa apresentação</p><p>de diversas técnicas clínicas. Michaele não vai ser a última</p><p>pessoa a fazê-lo, mas temos o maior prazer de vê-la entre</p><p>os primeiros a trazer ACT para a comunidade brasileira.</p><p>Steven C. Hayes</p><p>Jacqueline Pistorello</p><p>University of Nevada, Reno</p><p>August, 2011; Reno, Nevada</p><p>Referencias</p><p>HAYES, S. C.; BARNES-HOLM ES, D.; R O C H E , B.</p><p>(2001) (Eds.), Relational Frame Theory: A Post-Skinnerian accou­</p><p>nt of human language and cognition. New York: Plenum Press.</p><p>HAYES, S. C.; STROSAHL, K. D.; Wilson, K. G. (1999).</p><p>Acceptance and Commitment Therapy: An experiential approach to</p><p>behavior change. New York: Guilford Press.</p><p>INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!</p><p>INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!</p><p>></p><p>INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!</p><p>INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!</p><p>Apresentação</p><p>Esse livro é inspirado c contém partes do trabalho</p><p>desenvolvido no curso de Psicologia da Pontifícia Univer­</p><p>sidade Católica de São Paulo, sob orientação da ProP. Dra</p><p>Denize Rosana Rubano, intitulado “Uma Leitura Beha-</p><p>viorista Radical da Terapia de Aceitação e Compromisso”,</p><p>de minha autoria.</p><p>No decorrer do presente texto, encontram-se termos</p><p>e conceitos do Behaviorismo Radical em virtude da origem</p><p>Behaviorista da Terapia de Aceitação e Compromisso (ACT).</p><p>O intuito deste livro é apresentar a ACT de acordo</p><p>com o manual de 1999 - Acceptance and Commitment Therapy:</p><p>an experiential approach to hehavior change (Terapia de Aceitação</p><p>e Compromisso: uma abordagem experiencial para a mudança</p><p>comportamental), de Hayes, Strosahl e Wilson, incluindo os</p><p>principais exercícios traduzidos.</p><p>Este livro também sofreu influência das conferências</p><p>internacionais da ACT e da Association for Contextuai</p><p>Behavioral Science das quais tive o imenso prazer de partici­</p><p>par (Associação de Ciências Comportamentais Contextuais),</p><p>de 2007 em Houston, USA, 2008 cm Chicago, USA, 2009</p><p>na Holanda e 2010 em Reno, USA.</p><p>INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!</p><p>INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!</p><p>k</p><p>INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!</p><p>INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!</p><p>Sumário</p><p>PARTE I - INTRODUÇÃO.......................................................... 17</p><p>Teorias dos Quadros Relacionais............................................ 20</p><p>Modeio de psicopatologia da ACT,........................................ 23</p><p>Fusão Cognitiva........................................................................ 25</p><p>Evitar....................................................................................... 25</p><p>Avaliar............................................ ..........................................26</p><p>Dar Razão.................................................................................26</p><p>Modelo geral de ações para lidar com a psicopatologia..........26</p><p>Aceitação..................................................................................26</p><p>Escolha.....................................................................................27</p><p>Ação.........................................................................................27</p><p>Ferram entas........................................................................... 27</p><p>PARTE II-MÉTODOSCLÍNICOS............................................29</p><p>Hexágono de Flexibilidade Psicológica...............................33</p><p>O lado esquerdo do hexágono.............................................33</p><p>Desesperança criativa............................................................. 34</p><p>O controle é o problema, não a solução................................44</p><p>Desfusão..................................................................................57</p><p>Atacando a confiança do cliente na linguagem........................ 59</p><p>Considerando a arbitrariedade da linguagem........................... 60</p><p>Removendo a função simbólica da linguagem.........................61</p><p>INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!</p><p>INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!</p><p>Objetificando os estímulos.........................................................64</p><p>Diferenciando Avaliação de Descrição.......................................66</p><p>Aceitação................................................................................. 68</p><p>Utilizando objetos para representar pensamentos e sentimentos.....71</p><p>*E* em vezde*M AS‘................................................................... 71</p><p>Referindo-se a pensamentos e sentimentos como tais................ 72</p><p>O meio do hexágono..............................................................73</p><p>Contato com o momento presente........................................73</p><p>Self corno contexto.................................................................. 74</p><p>O lado direito do hexágono.................................................. 84</p><p>Valores..................................................................................... 84</p><p>Valor como direção de ação Xsentimento...................................86</p><p>Escolha Xjulgamento................................................................ 86</p><p>Escolha X ações derivadas da lógica........................................... 87</p><p>Valores Xpressões sociais........................................................... 87</p><p>Valores /processo X objetivos / resultados................................... 87</p><p>Ação com compromisso..........................................................90</p><p>Processo terapêutico e o terapeuta......................................94</p><p>examining the effect of acceptance and</p><p>commitment training on clinician willingness to use evidence-based</p><p>pharmacotherapy. Journal of Consulting and Clinical Psychology.</p><p>Vol 76(3), Jun 2008, 449-458.</p><p>VEIGA-MARTÍNEZ, C., PÉREZ-ÁLVARES, M., GAR-</p><p>CÍ A-MONTES, J. M. Acceptance and commitment therapy applied</p><p>to treatment of auditory hallucinations. Clinical Case Studies. Vol</p><p>7(2), Apr 2008, 118-135.</p><p>VOWLES, K. E., MCCRACKEN, L. M. Acceptance and values</p><p>-based action in chronic pain: A study of treatment effectiveness and</p><p>process. Journal of Consulting and Clinical Psychology. Vol</p><p>76(3), Jun 2008, 397-407.</p><p>WICKSELL, R. K., AHLQVIST, J., BRING, A., MELIN,</p><p>L., OLSSON, G. L. Can exposure and acceptance strategies im­</p><p>provefunctioning and life satisfaction in people with chronic pain and</p><p>whiplash-associated disorders (WAD)? A randomized controlled trial.</p><p>Cognitive Behaviour Therapy. Vol 37(3), Sep 2008, 1-14.</p><p>INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!</p><p>INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!</p><p>I</p><p>INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!</p><p>INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!</p><p>Este livro foi composto com tipografia Bembo e impresso</p><p>em papel Off-Set 90g. na Gráfica e Editora O Lutador.</p><p>INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!</p><p>INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!</p><p>Introdução à Terapia de Aceitação e Compromisso</p><p>Este livro é uma introdução à Terapia de Aceitação e Compromisso</p><p>(Acceptance and Commitmente Therapy, ACT) criada por Steven</p><p>Hayes e colaboradores em 1987. São apresentados inicialmente os</p><p>pressupostos teóricos e o modelo de psicopatologia, seguindo</p><p>com as práticas clínicas.</p><p>A ACT é uma terapia comportamental que tem como objetivo</p><p>aproximar o indivíduo de sua experiência. Propõe uma mudança</p><p>na forma de se relacionar com o sofrimento advindo dos</p><p>pensamentos, sentimentos, sensações e memórias que julgamos</p><p>negativos ou ruins. Em vez de tentar controlar esses eventos,</p><p>evitá-los ou mudar seus conteúdos, a ACT promove a observação</p><p>e aceitação deles, aproximando o indivíduo de seus eventos</p><p>internos também. Esta mudança liberta o indivíduo para agir rumo</p><p>ao que é importante para ele.</p><p>INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!</p><p>INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!</p><p>A primeira vez que entrei em</p><p>contato com a ACT foi em uma</p><p>palestra do Steven Hayes</p><p>no XV Encontro Brasileiro</p><p>de Psicoterapia e Medicina</p><p>Comportamental (setembro</p><p>de 2006 em Brasilia/DF). Fiquei</p><p>especialmente intrigada a</p><p>conhecer mais essa terapia</p><p>pelos seus métodos pouco</p><p>usuais e exercícios de atenção</p><p>dirigida (mindfulness). Menos</p><p>de um ano depois estava eu</p><p>em Houston/USA, no ACT</p><p>Summer Institute III,congresso</p><p>da ACT na época. Foi uma</p><p>experiência incrível, tanto</p><p>pelos vários treinamentos com</p><p>os criadores da ACT, como</p><p>pelas pessoas maravilhosas</p><p>que tive o imenso prazer em</p><p>conhecer. Hoje, depois de oito</p><p>anos participando anualmente</p><p>de congressos e treinamentos</p><p>de ACT, FAP e RFT com seus</p><p>criadores, estudando essa</p><p>terapia por meio de pesquisas</p><p>na minha formação de</p><p>especialista em clínica</p><p>comportamental e mestre em</p><p>Análise do Comportamento,</p><p>só posso dizer que o</p><p>vislumbre somente aumentou.</p><p>A ACT é um caminho para</p><p>aprender a viver - vivenciar</p><p>todas as inúmeras sensações e</p><p>experiências que passamos</p><p>em nosso interior, que nos</p><p>libertam para vivermos</p><p>completamente nossas vidas</p><p>no exterior. Eu passei a sentir</p><p>o vento em meu rosto e a</p><p>sensação do ar em meus</p><p>pulmões. E a ACT possibilitou</p><p>que eu ajudasse as pessoas</p><p>com quem trabalho a</p><p>despertar para suas vidas</p><p>também.</p><p>INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!</p><p>INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!</p><p>Introdução à Terapia de Aceitação e Compromisso</p><p>Agradecimentos</p><p>Prefácio</p><p>Apresentação</p><p>Sumário</p><p>PARTE I - Introdução</p><p>Teoria dos quadros relacionais</p><p>Modelo de psicopatologia do ACT</p><p>Fusão Cognitiva</p><p>Evitar</p><p>Avaliar</p><p>Dar Razão</p><p>Modelo geral de ações para lidar com a psicopatologia</p><p>Aceitação</p><p>Escolha</p><p>Ação</p><p>Ferramentas</p><p>PARTE II - Métodos clínicos</p><p>Hexágono de Flexibilidade Psicológica</p><p>O lado esquerdo do hexágono</p><p>Desesperança criativa</p><p>O controle é o problema, nâo a solução</p><p>Desfusão</p><p>Atacando a confiança do ciiente na linguagem</p><p>Considerando a arbitrariedade da linguagem</p><p>Removendo a função simbólica da linguagem</p><p>Objetivando os estímulos</p><p>Diferenciando Avaliação de Descrição</p><p>Aceitação</p><p>Utilizando objetos para representar pensamentos e sentimentos</p><p>"E" em vez de "MAS"</p><p>Referindo-se a pensamentos e sentimentos como tais</p><p>O meio do hexágono</p><p>Contato com o momento presente</p><p>Self como contexto</p><p>O lado direito do hexágono</p><p>Valores</p><p>Valor como direção de ação X sentimento</p><p>Escolha Xjulgamento</p><p>Escolha X ações derivadas da lógica</p><p>Valores Xpressões sociais</p><p>Valores / processo X objetivos / resultados</p><p>Ação com compromisso</p><p>Processo terapêutico e o terapeuta</p><p>Conclusão</p><p>Referências</p><p>Sinopse</p><p>Conclusão............................................................................... 96</p><p>Referências. .99</p><p>INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!</p><p>INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!</p><p>PARTE I</p><p>Introdução</p><p>INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!</p><p>INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!</p><p>INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!</p><p>INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!</p><p>A Terapia de Aceitação e Compromisso (ACT - Ac­</p><p>ceptance and Commitment Therapy) é uma psicoterapia</p><p>comportamental criada por Steven Hayes e colaboradores</p><p>em 1987, baseada na teoria dos Quadros Relacionais, que</p><p>propõe uma análise da linguagem humana.</p><p>O objetivo geral da ACT é proporcionar flexibilida­</p><p>de psicológica, que significa aceitar os eventos encobertos1</p><p>desagradáveis, como sentimentos, pensamentos, memórias e</p><p>sensações julgadas ruins ou negativas a serviço de manter ou</p><p>modificar ações que são importantes para o indivíduo. Ge­</p><p>ralmente quando temos tais eventos encobertos “negativos”,</p><p>tendemos a fugir ou nos esquivar deles, assim como fazemos</p><p>com os demais estímulos2 aversivos (abertos ou encobertos3).</p><p>Porém isto implica numa restrição de nossas ações, em vez de</p><p>fazermos o que é importante ou o que valorizamos, passamos</p><p>grande parte do tempo evitando tais eventos encobertos. A</p><p>proposta da ACT é justamente aceitar estes eventos encober­</p><p>tos e concentrar as ações do indivíduo a serviço de uma vida</p><p>mais significativa — nisto consiste a flexibilidade psicológica.</p><p>1 Eventos que ocorrem dentro da pele do indivíduo.</p><p>2 Eventos, partes do ambiente.</p><p>3 Eventos fora e dentro da pele.</p><p>INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!</p><p>INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!</p><p>Bruno miguel</p><p>Bruno miguel</p><p>Bruno miguel</p><p>Bruno miguel</p><p>Este objetivo é fundamentado pela concepção de psi-</p><p>copatologia da ACT e pela teoria dos quadros relacionais, que</p><p>atribui os problemas psicopatológicos à linguagem humana</p><p>e nossa capacidade de relacionar estímulos.</p><p>Teoria dos quadros relacionais</p><p>A teoria dos quadros relacionais diz respeito às relações</p><p>entre os estímulos. Por exemplo, a palavra dita “cachorro”</p><p>tem uma relação de equivalência com o cachorro objeto;</p><p>assim, quando vemos um cachorro, pensamos “cachorro”.</p><p>Mas a palavra dita “cachorro” também tem uma relação de</p><p>equivalência com a palavra escrita “C A C H O R R O ”; uma</p><p>vez que essas duas relações são aprendidas, surgem outras</p><p>relações, que nao foram treinadas pela comunidade verbal:</p><p>uma delas é a relação de equivalência entre o cachorro</p><p>como objeto e a palavra escrita “C A C H O R R O ”. Uma vez</p><p>treinada/estabelecida a relação entre um estímulo A com</p><p>um estímulo B, e entre um estímulo A com um estímulo</p><p>C, surgem as relações de simetria de B para A e C para A, e</p><p>as relações de transitividade de B para C e de equivalência</p><p>de C para B, além das relações de reflexibilídade A é igual</p><p>a A, B é igual a B, e C é igual a C, como exemplificado</p><p>na figura 1. Resumindo, ao estabelecer duas relações entre</p><p>três estímulos (A-B e A-C), gera-se mais sete relações (A-A,</p><p>B-B, C -C , B-A, C-A, B -C e C-B).</p><p>Estas relações que surgem sem treinamento são típicas</p><p>dos humanos e é o que torna o aprendizado mais acelerado.</p><p>O que Hayes, Strosahl e Wilson (1999) acrescentam neste</p><p>esquema é outros tipos de relações que são treinadas de</p><p>forma não sistemática no decorrer da vida, como relações</p><p>de oposição (A é oposto de B), temporais (A vem antes que</p><p>B), distinção (A é diferente de B), comparação (A é melhor</p><p>INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!</p><p>INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!</p><p>Bruno miguel</p><p>Figura 1. Relação de equivalência de estímulos.</p><p>O traço contínuo refere-se às relações treinadas e</p><p>o traço pontilhado às resultantes que não foram treinadas.</p><p>que B), etc. Nessas relações também ocorre a transformação</p><p>de função entre os estímulos. Por transformação de função</p><p>entende-se que as reações emocionais (inclusive os respon­</p><p>dent es4) e a função da relação contingencial produzidas</p><p>por um dado evento são transformadas para os estímulos</p><p>relacionados a este evento. Assim, nós interagimos com o</p><p>ambiente e nesta interação constroem-se relações entre os</p><p>estímulos e ampliam-se suas funções numa rede de relações</p><p>que é nomeada de quadros relacionais. Sao nesses quadros</p><p>relacionais que os estímulos ganham significados, isto é,</p><p>estímulos e nossa história com o ambiente sao articulados.</p><p>Um exemplo dessa leitura é quando uma criança passa</p><p>por uma situação aversiva com um cachorro, leva uma mor­</p><p>dida e a dor é correlacionada com o animal. Essa criança</p><p>apresentará reações emocionais de medo ao ver novamente</p><p>o cachorro que a mordera, mas não somente, essas reações</p><p>emocionais poderão ser generalizadas para outros cachorros</p><p>(generalização), e ao ouvir a palavra cachorro (transferência</p><p>4 Reflexos.</p><p>INTRODUÇÃO À TERAPIA DE ACEITAÇÃO E COMPROMISSO 21</p><p>INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!</p><p>INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!</p><p>Bruno miguel</p><p>de função numa relação de equivalência). Até este ponto jus-</p><p>tifica-se pelas explicações skinnerianas e de Sidman, porém</p><p>a criança também pode, por exemplo, sentir muito medo</p><p>ao ver um lobo, caso tenha sido treinada em sua história de</p><p>vida que o lobo é pior que um cachorro, ou apresente uma</p><p>reação indefinida quanto a gato, pois aprendera que gato</p><p>é diferente de cachorro, ou até mesmo demonstre pouco</p><p>medo de uni filhote de cachorro, pois foi treinado a rela­</p><p>ção de que filhote é mais fraco que um cachorro adulto.</p><p>Observe que uma experiência transforma as funções dos</p><p>estímulos a ela relacionados, seja por condicionamento ou</p><p>pelas relações que emergiram dela. Assim a linguagem, que</p><p>é a capacidade de relacionar estímulos de forma arbitrária,</p><p>isto é, sem propriedades físicas em comum, transforma</p><p>significativamente as funções de uma contingência para</p><p>outros estímulos relacionados a ela. No caso de contin­</p><p>gências aversivas, esta função amplifica-se para diversos</p><p>estímulos (a criança passa a ter medo de diversos animais</p><p>ou palavras que os representem), torna-se constante no</p><p>tempo (o medo não passa ao finalizar a experiência, ele é</p><p>eliciado pelas palavras ao relatar o evento, por exemplo) e</p><p>outros estímulos aversivos são criados sem uma experiência</p><p>direta com eles (o lobo passa a ser temido também). Esta</p><p>nossa capacidade de relacionar estímulos e transformar</p><p>funções nos possibilita reagir ao nosso mundo de forma</p><p>efetiva (é bom, de certa forma, a criança temer um lobo</p><p>sem ter que passar por uma experiência com ele), porém</p><p>aumenta, torna mais constante e cria-se novos estímulos</p><p>aversivos, principalmente verbais que podem, em circuns­</p><p>tancias em que a história de vida teve um treinamento</p><p>muito extensivo de comparar estímulos e ou uma história</p><p>muito aversiva, ampliar tal aversividade transformando o</p><p>repertório do indivíduo muito restrito para respostas de</p><p>INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!</p><p>INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!</p><p>Bruno miguel</p><p>Bruno miguel</p><p>Bruno miguel</p><p>Bruno miguel</p><p>Bruno miguel</p><p>fuga e esquiva dessa grande massa de estímulos aversivos.</p><p>Considerando que grande parte desses estímulos são verbais</p><p>(a criança está em contato com o estímulo verbal “lobo” de</p><p>forma muito mais constante do que com o lobo em si), eles</p><p>são geralmente pensamentos, memórias e sentimentos que</p><p>são evocados pela gama de estímulos ambientais relacionados</p><p>ao evento aversivo. Desta forma são interpretados os diversos</p><p>problemas patológicos como um repertório de fuga e esquiva</p><p>de eventos encobertos aversivos.</p><p>Modelo de psicopatologia do ACT</p><p>De acordo com a ACT, a psicopatologia diz respeito</p><p>a processos comportamentais normais que, devido a si­</p><p>tuações adversas, tornaram-se problemáticos, isto é, com</p><p>componentes aversivos, com exceção de patologias orgânicas</p><p>importantes como, por exemplo, lesões cerebrais.</p><p>A origem principal dessas situações adversas reside em</p><p>crenças e práticas de nossa cultura e sociedade. Nos é ensina­</p><p>do que a felicidade é algo cotidiano</p><p>e almejado, enquanto a</p><p>tristeza deve ser evitada, como se ambas não fizessem parte da</p><p>nossa história de vida. Também nos é ensinado que quando</p><p>estamos tristes é porque temos algum problema, cuja causa</p><p>deve ser encontrada para que possa ser eliminado (repertório</p><p>de fuga e esquiva). E isto vale para a ansiedade, o medo, a</p><p>agressividade, e todos os inúmeros sentimentos e sensações</p><p>que julgamos negativos. A implicação deste tipo de prática é</p><p>que o problema e a causa são concebidos como sentimentos,</p><p>pensamentos, sensações corporais e memórias negativas. E</p><p>esta é uma justificativa socialmente muito aceitável para</p><p>outros comportamentos abertos. E isto que nos faz evitar e</p><p>negar os eventos encobertos negativos. Porém pensamentos,</p><p>sentimentos, sensações e memórias não são passíveis de tal</p><p>INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!</p><p>INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!</p><p>Bruno miguel</p><p>Bruno miguel</p><p>Bruno miguel</p><p>Bruno miguel</p><p>controle de forma eficiente, e é justamente esta tentativa</p><p>que leva aos distúrbios mentais.</p><p>A tentativa de controle dos eventos encobertos julga­</p><p>dos negativos também se deve ao comportamento verbal.</p><p>Por causa do contexto da literalidade (em que os estímulos</p><p>estão numa relação de coordenação), quando pensamos em</p><p>algo aversivo, nosso pensamento passa a ser aversivo, e como</p><p>ocorre com outros eventos aversivos, nós reagimos por fuga</p><p>e esquiva, isto é, os evitamos. Tendemos a formular regra</p><p>de não pensar (ou sentir, ou lembrar) no evento aversivo,</p><p>mas na própria regra: “não vou pensar em x”; o “x” está</p><p>presente e transformará a aversividade do evento para a</p><p>palavra, tornando aquilo que se quer evitar, presente. E</p><p>por esta razão que o controle dos eventos encobertos não</p><p>funciona efetivamente, pois não se trata de uma pedra que</p><p>se esconde num lugar distante e não se vê mais; o com­</p><p>portamento verbal faz da simples pedra aquela que sempre</p><p>volta no meio do caminho.</p><p>Assim, as pessoas se “embaralham” com seus eventos</p><p>encobertos e deixam de resolver as situações concretas que</p><p>geram os problemas, os eventos aversivos primordiais, que</p><p>estão na interação entre os indivíduos e seus ambientes.</p><p>A ACT não pretende eliminar nenhum evento enco­</p><p>bertos, mas, em vez disso, propiciar que sejam vivenciados</p><p>como o que de fato eles são: sentimentos, pensamentos,</p><p>sensações e memórias. Treinar a capacidade de vivenciar</p><p>um evento encoberto negativo tão bem quanto um posi­</p><p>tivo, por meio da mudança de contexto (desliteralização) é</p><p>um de seus objetivos, juntamente com o esclarecimento de</p><p>valores e o planejamento e execução de comportamento</p><p>em direção a eles.</p><p>Dentre os problemas clínicos, os quatro principais são:</p><p>fusão cognitiva — contexto da literalidade, evitar - contexto</p><p>INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!</p><p>INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!</p><p>Bruno miguel</p><p>Bruno miguel</p><p>Bruno miguel</p><p>Bruno miguel</p><p>do controle, avaliar — contexto de avaliação e dar razão —</p><p>contexto de dar razão.</p><p>Fusão Cognitiva</p><p>Ocorre quando um símbolo equivale a um evento e ao</p><p>indivíduo. Trata-se do contexto da literalidade e é conhecido</p><p>como a identificação com a mente. Quando um indivíduo se</p><p>identifica com seus eventos encobertos, estes passam a ter</p><p>um status de identidade, como algo inerente ao indivíduo,</p><p>e nlo como reações emocionais que surgem e passam. Em</p><p>outras palavras, quando há uma identificação com a mente,</p><p>as pessoas levam seus eventos encobertos muito a sério e,</p><p>consequentemente, sofrem além do necessário.</p><p>A intervenção, no modelo do ACT para a fuslo cog­</p><p>nitiva, é a desliteralização, isto é, a dessensibilização dos</p><p>estímulos relacionados.</p><p>Evitar</p><p>Evitar os eventos aversivos é uma habilidade filoge-</p><p>neticamente selecionada, assim como evitar os estímulos</p><p>que o acompanham (estímulos condicionados). Devido a</p><p>esta habilidade, nossos ancestrais conseguiram fugir dos</p><p>leões e dos seus rugidos; porém quando esta habilidade</p><p>é utilizada num âmbito em que o controle não é efetivo</p><p>(diferente do controle sobre as pernas para correr dos le­</p><p>ões), evitar causa prejuízo em nossa inteligência experimental,</p><p>porque se bloqueamos o nosso acesso à nossa própria his­</p><p>tória, como poderemos aprender com ela? Além do fato</p><p>de isto não ser possível por completo intencionalmente,</p><p>como visto na Teoria dos Quadros Relacionais. Entretanto</p><p>inúmeras pessoas continuam evitando seus eventos enco­</p><p>bertos aversivos, pois a consequência imediata de se livrar</p><p>deles é muito reforçadora apesar de, com o tempo, eles</p><p>INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!</p><p>INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!</p><p>Bruno miguel</p><p>Bruno miguel</p><p>Bruno miguel</p><p>Bruno miguel</p><p>Bruno miguel</p><p>Bruno miguel</p><p>Bruno miguel</p><p>Bruno miguel</p><p>Bruno miguel</p><p>tenderem a aumentar suas intensidades, suas frequências</p><p>e durarem mais.</p><p>Avaliar</p><p>A avaliação é possível por causa da linguagem que nos</p><p>possibilita a abstração dos eventos e o trato com eles como se</p><p>fossem objetos. Assim, conseguimos discriminar diferentes</p><p>eventos encobertos, mas passamos também a atribuir valores</p><p>a eles, julgando-os bons ou ruins. £ neste momento que</p><p>nos damos conta do que “queremos” evitar e, quanto mais</p><p>vasta a fusão cognitiva, mais forte será a nossa tentativa de</p><p>evitar os eventos aversivos, gerando mais sofrimento e menos</p><p>inteligência experimental.</p><p>Dar Razão</p><p>Dar razão refere-se à explicação que damos para nossos</p><p>comportamentos. As razões que são dadas para os problemas</p><p>que servem como justificativas sociais são os sentimentos,</p><p>pensamentos, sensações e memórias. Mas justamente estes</p><p>não podem ser as causas, pois são parte constituinte do</p><p>problema e não algo separado que o causou. Esta atribuição</p><p>de razão acaba por gerar sofrimento adicional e empecilhos</p><p>para a resolução do problema concreto.</p><p>Modelo geral de ações para</p><p>lidar com a psicopatologia</p><p>Para respondera estas demandas, a ACT utiliza-se da</p><p>aceitação, da escolha e da ação.</p><p>Aceitação</p><p>A aceitação é a resposta para a questão relativa ao que</p><p>fazer com os eventos encobertos aversivos. Fazem parte da</p><p>INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!</p><p>INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!</p><p>Bruno miguel</p><p>Bruno miguel</p><p>Bruno miguel</p><p>Bruno miguel</p><p>Bruno miguel</p><p>Bruno miguel</p><p>Bruno miguel</p><p>Bruno miguel</p><p>Bruno miguel</p><p>Bruno miguel</p><p>Bruno miguel</p><p>vida eventos desagradáveis e, quanto aos eventos encobertos</p><p>em que não há possibilidade eficaz de controle, a solução é</p><p>não apresentar resistência para que eles venham e vão sem</p><p>sofrimento adicional.</p><p>Para desenvolver a aceitação, são utilizados exercícios</p><p>e metáforas com o fim de conduzir o cliente a enxergar os</p><p>eventos encobertos sem se identificar e se apegar a eles.</p><p>Escolha</p><p>A aceitação serve para os eventos encobertos e para</p><p>a história de vida, pois esta última não pode ser mudada,</p><p>devendo estar acessível para o nosso aprendizado, para que,</p><p>baseados em nossa experiência, possamos fazer escolhas mais</p><p>consistentes, sem ficar repetindo os erros anteriores.</p><p>Ação</p><p>Quanto ao futuro e aos comportamentos abertos temos</p><p>a possibilidade de controle, não sendo necessária a aceitação</p><p>para aquilo que podemos mudar. Assim se a aceitação dos even­</p><p>tos encobertos e da história de vida foi bem sucedida, o cliente</p><p>terá condições de fazer escolhas de acordo com seus valores e</p><p>colocá-las em prática em ações coerentes com seus objetivos.</p><p>Ferramentas</p><p>Como esta terapia se propõe a reduzir as formas da­</p><p>nosas de controle verbal, a prática clínica é permeada por</p><p>uma linguagem pouco literal, para quebrar o domínio do</p><p>comportamento verbal e fazer da experiência o foco. São</p><p>utilizadas para isto metáforas, paradoxos inerentes e exercícios.</p><p>As metáforas têm um caráter menos específico e, por</p><p>isso, o cliente tem maior dificuldade de vê-la como uma</p><p>regra. Elas não têm uma lógica racional, pois são mais como</p><p>INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!</p><p>INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!</p><p>Bruno miguel</p><p>Bruno miguel</p><p>Bruno miguel</p><p>Bruno miguel</p><p>Bruno miguel</p><p>Bruno miguel</p><p>Bruno miguel</p><p>Bruno miguel</p><p>Bruno miguel</p><p>Bruno</p><p>miguel</p><p>Bruno miguel</p><p>Bruno miguel</p><p>Bruno miguel</p><p>uma imagem, além de serem mais fáceis de lembrar e de</p><p>aplicar a outras situações.</p><p>O paradoxo inerente é uma contradição entre proprie­</p><p>dades literais e funcionais de um evento verbal. Trata-se de</p><p>uma construção verbal sobre eventos parcialmente verbais e</p><p>não verbais que evidenciam a diferença de qualidade entre eles.</p><p>Os exercícios proporcionam uma experiência com</p><p>eventos encobertos em um ambiente seguro e sem julga­</p><p>mento, o que promove uma mudança de contexto destes,</p><p>enfraquecendo suas funções esquivas.</p><p>INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!</p><p>INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!</p><p>Bruno miguel</p><p>Bruno miguel</p><p>PARTE II</p><p>Métodos clínicos</p><p>INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!</p><p>INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!</p><p>INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!</p><p>INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!</p><p>Para alcançar os objetivos terapêuticos (aceitação, es­</p><p>colha e ação), e ensinar o cliente a aprender com sua própria</p><p>história, tornando-se autônomo, a Terapia de Aceitação e</p><p>Compromisso percorre seis fases, cujas durações dependem</p><p>da evolução e necessidade do cliente.</p><p>Estas fases são:</p><p>1. Determinação dos hábitos e comportamentos ine­</p><p>ficazes do cliente (sua demanda e o que o cliente</p><p>já tentou fazer para resolvê-la).</p><p>2. Mostrar como os comportamentos ineficazes são</p><p>baseados no controle emocional e em estratégias</p><p>de evitar os eventos encobertos aversivos.</p><p>3. Ajudar o cliente a detectar e diminuir a fusão cognitiva.</p><p>4. Incentivar o cliente a entrar em contato com uma</p><p>percepção de si distinta das reações automáticas e</p><p>das crenças literais.</p><p>5. Ajudar o cliente a identificar direções de valores de</p><p>vida, objetivos e ações necessárias para atingi-los.</p><p>6. Apoiar o cliente em engajar-se em ações com­</p><p>promissadas com seus valores, perm itindo que</p><p>pensamentos, sentimentos, sensações e memórias</p><p>INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!</p><p>INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!</p><p>Bruno miguel</p><p>Bruno miguel</p><p>Bruno miguel</p><p>funcionem não como obstáculos, mas como uma</p><p>parte esperada da vida.</p><p>O processo terapêutico é expresso no modelo do he­</p><p>xágono de flexibilidade psicológica, que contém as fases divi­</p><p>didas diferentemente e proporciona uma melhor forma de</p><p>demonstrar as relações entre elas. Este é o modelo mais atual</p><p>e o que será considerado neste livro.</p><p>Tanto o modelo das seis fases como os hexágonos</p><p>são formas de auxiliar o terapeuta segundo as propostas</p><p>da ACT. Não são fixos, nem é preciso que se siga a ordem</p><p>indicada, e assim como o tempo de cada fase, devem ser</p><p>guiados pelas necessidades e características do cliente. As</p><p>32 MICHAELE TERENA SABAN</p><p>INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!</p><p>INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!</p><p>Bruno miguel</p><p>Bruno miguel</p><p>metáforas e exercícios que serão apresentados no decorrer</p><p>das fases seguem a mesma regra, podendo ser adaptados e</p><p>criados outros novos com o mesmo intuito e com elementos</p><p>da vida do cliente, para melhorar a sua compreensão.</p><p>H exág ono de F lex ib ilid ad e Psico lóg ica</p><p>Geralmente a terapia começa com o que é indicado</p><p>no lado esquerdo do hexágono — a Aceitação e a Desfusão —</p><p>para depois avançar para o lado direito, os Valores e as Ações</p><p>com Compromisso. As fases do meio são inclusas em ambos</p><p>os lados e servem de passagem entre eles. O lado esquerdo</p><p>está relacionado com os eventos aversivos e as condições</p><p>que levaram o cliente à terapia; já o direito diz respeito</p><p>à construção de novos repertórios e valores pessoais, que</p><p>possibilitam o cliente encerrar a terapia. O meio indica</p><p>condições necessárias para os dois lados.</p><p>O lado esq u erd o do hexág ono</p><p>O lado esquerdo do hexágono explicita o objetivo de</p><p>levar o cliente a entrar em contato com suas experiências</p><p>dolorosas e aceitá-las, sendo elas eventos passados e imutáveis,</p><p>e desenvolver uma nova forma mais flexível de conceber os</p><p>pensamentos, sentimentos, sensações corporais e memórias,</p><p>encarando-os apenas como são, isto é, sem se fundir à eles.</p><p>Para alcançar estes objetivos é necessário rever com o</p><p>cliente o que o levou à terapia e o que ele já fez para tentar</p><p>resolver a situação. Esta parte é a primeira no modelo das</p><p>seis fases — a determinação dos hábitos e comportamentos</p><p>ineficazes do cliente — e é chamada de Desesperança criativa.</p><p>Esta e O controle é o problema, não a solução não são denomi­</p><p>nadas como fases no modelo do hexágono de flexibilidade</p><p>INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!</p><p>INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!</p><p>Bruno miguel</p><p>Bruno miguel</p><p>Bruno miguel</p><p>Bruno miguel</p><p>Bruno miguel</p><p>Bruno miguel</p><p>Bruno miguel</p><p>Bruno miguel</p><p>Bruno miguel</p><p>Bruno miguel</p><p>Bruno miguel</p><p>psicológica, mas constituem passos importantes e mais co-</p><p>mumente introdutórios no processo terapêutico.</p><p>Desesperança criativa</p><p>A desesperança criativa é uma postura de desistir do</p><p>controle sobre os eventos encobertos. De acordo com o mo­</p><p>delo de psicopatologia da ACT, o controle sobre os eventos</p><p>encobertos não é eficaz, pois funciona apenas a curto pra­</p><p>zo, enquanto a médio e longo prazo é o responsável pelos</p><p>problemas psíquicos. Esta postura 6 chamada de Desespe­</p><p>rança Criativa porque diz respeito à perda da esperança nas</p><p>estratégias, hábitos e comportamentos que não funcionam</p><p>como deviam para o cliente, e da criação de uma abertura</p><p>para construir uma nova forma de lidar com os problemas.</p><p>Todo o comportamento é funcional, isto é, tem uma</p><p>função, serve a algo. E todo o comportamento que se man­</p><p>tém produz algum reforço, alguma vantagem. Porém um</p><p>comportamento pode ter, e é mais provável que tenha,</p><p>várias consequências, e mesmo que seja reforçado, pode ter</p><p>consequências aversivas significativas para constituir aquilo</p><p>que o cliente chama de problema. Assim, quando se diz</p><p>que o comportamento é ineficaz, ou nao funcional, está-se</p><p>referindo ao pacote de consequências que envolvem even­</p><p>tos aversivos, e/ou que o comportamento não está tendo as</p><p>consequências que foram previstas. Este é o caso do controle</p><p>sobre os eventos encobertos; socialmente somos ensinados a</p><p>lidar com os problemas identificando e alterando suas causas,</p><p>mas os eventos encobertos não são passiveis deste controle</p><p>pelo contexto da literalidade propiciada pela linguagem.</p><p>Assim, este tipo de controle não produz as consequências</p><p>desejadas porque o evento aversivo não é eliminado, mas</p><p>mesmo assim há uma tendência a agir desta forma porque</p><p>INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!</p><p>INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!</p><p>Bruno miguel</p><p>Bruno miguel</p><p>Bruno miguel</p><p>Bruno miguel</p><p>Bruno miguel</p><p>Bruno miguel</p><p>Bruno miguel</p><p>Bruno miguel</p><p>Bruno miguel</p><p>Bruno miguel</p><p>a resposta se mantém através da consequência imediata da</p><p>aparente remoção do estímulo.</p><p>Para o cliente desistir do controle dos eventos enco­</p><p>bertos, ele precisa primeiro ÍdentÍficá-lo em suas diversas for­</p><p>mas (as estratégias que o cliente usa para resolver problemas),</p><p>reconhecer seu caráter ineficiente e perceber o padrão de</p><p>controle. Este processo é permeado por três perguntas chave:</p><p>- O que o cliente quer?</p><p>- O que ele já tentou?</p><p>- Como funcionou?</p><p>A terapia com o cliente começa com o contrato de</p><p>trabalho. Além do enquadre prático (hora e local), o cliente</p><p>deve ser informado de que este tipo de terapia é intenso,</p><p>de que é de se esperar altos e baixos, para que o cliente não</p><p>meça o progresso impulsivamente; o terapeuta deve também</p><p>fazer uma descrição breve de como será o trabalho.</p><p>Em seguida, passa-se para a primeira pergunta: o que o</p><p>cliente quer? Esta pergunta pode ser feita de várias formas, como:</p><p>- O que o trouxe para a terapia?</p><p>- O que você quer da terapia?</p><p>- Se você pudesse mudar algo na sua vida, o que seria?</p><p>- O que você acha que é na verdade o problema?</p><p>- Do que você pensa que isto se trata?</p><p>Estas perguntas ajudam a esclarecer o que o cliente</p><p>vem evitando, o que tem sido difícil para ele, os compor­</p><p>tamentos alvos que estão produzindo também consequên­</p><p>cias aversivas. Uma vez identificados, perguntar</p><p>a respeito</p><p>das circunstâncias nas quais os comportamentos ocorrem,</p><p>como ocorrem e suas consequências. O que leva à próxima</p><p>pergunta: o que o cliente já tentou fazer para resolver seu</p><p>INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!</p><p>INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!</p><p>Bruno miguel</p><p>Bruno miguel</p><p>Bruno miguel</p><p>Bruno miguel</p><p>Bruno miguel</p><p>Bruno miguel</p><p>problema? Normalmente a terapia é uma das últimas estra­</p><p>tégias para resolver problemas. O cliente, quando chega à</p><p>terapia, já tentou várias alternativas, como analisar, evitar,</p><p>negar, tolerar, etc. E o fato dele buscar terapia indica que estas</p><p>formas nào funcionaram, pelo menos não como desejado.</p><p>As perguntas ao cliente seguem na direção de examinar as</p><p>diversas formas com que ele tentou resolver seu problema,</p><p>pedindo uma descrição detalhada e contextualizando destas</p><p>estratégias no sistema mais amplo da sua forma de resolver</p><p>problemas. É importante neste momento validar as experi­</p><p>ências do cliente, legitimando seu esforço para se resolver</p><p>como algo compreensível e normal.</p><p>Estas perguntas sobre a queixa e sobre o que o cliente</p><p>já fez para tentar resolvê-la servem também para a avaliação</p><p>funcional das contingências descritas, o que estava aconte­</p><p>cendo quando foi emitida a resposta, a resposta e sua con­</p><p>sequência, sempre contextualizando na história de vida do</p><p>cliente e seu repertório. Isto ajuda tanto o clínico como o</p><p>cliente a entenderem com mais clareza as relações de controle</p><p>que geraram e mantém os comportamentos do cliente. Passa-</p><p>se, então, para a terceira pergunta: como funcionou? Como</p><p>as diversas formas de lidar com o problema resultaram? Estas</p><p>perguntas devem examinar a efetividade das estratégias de</p><p>resolver problemas em dois sentidos:</p><p>* os resultados a curto e longo prazo na diminuição de</p><p>sofrimento, na resolução do problema, e</p><p>• como a vida do cliente tem se transformado em virtude</p><p>dessas estratégias, se ocorrem limitações ou restrições.</p><p>O que o clínico procura identificar são as estratégias</p><p>de controle sobre os eventos encobertos. Estas têm a carac­</p><p>terística de serem efetivas em curto prazo; normalmente o</p><p>indivíduo quando tenta parar de pensar em algo, por exemplo,</p><p>INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!</p><p>INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!</p><p>Bruno miguel</p><p>Bruno miguel</p><p>Bruno miguel</p><p>consegue fazê-lo no momento, mas o pensamento tende a</p><p>voltar, tornando estas estratégias ineficazes à longo prazo e</p><p>gerando a necessidade de mais controle, resultando em mais</p><p>limitações na vida do cliente. Por exemplo, o indivíduo pode</p><p>pensar em outra coisa para se desviar do problema, porém</p><p>na tentativa de “não pensar em X ”, “X ” está presente e,</p><p>por coordenação, as funções aversivas passam para a palavra</p><p>pensada. Este é o motivo pelo qual o indivíduo tenta se</p><p>livrar do pensamento em primeiro lugar. No momento em</p><p>que o indivíduo pensa em outra coisa, a aversividade passa e</p><p>esta estratégia de evitar é reforçada negativamente. Porém o</p><p>problema não se resolve ao fingir que ele não existe, e algo</p><p>que o lembre facilmente surge. Quanto pior o problema,</p><p>mais ele ocupa elementos da vida cotidiana, mais facilmente</p><p>ele será lembrado, e ao se lembrar através de algo, este algo</p><p>passa a ser aversivo também e necessita ser evitado. Assim o</p><p>indivíduo passa a evitar cada vez mais “coisas” em sua vida,</p><p>limitando-a.</p><p>É importante que o cliente constate a ineficácia das</p><p>suas estratégias e comece a se acostumar a olhar para a sua</p><p>experiência como referencial. O contraponto da experiência</p><p>são as estratégias “pensadas”, dentre as quais a da tentativa</p><p>de controle dos eventos encobertos. Para fins práticos na</p><p>terapia pode-se usar o conceito de “mente” para nomear</p><p>tais estratégias. Este uso serve ao propósito de identificação</p><p>para ajudar o cliente a criar uma distância de seus eventos</p><p>encobertos no sentido de não se identificar com eles.</p><p>Outras perguntas que podem ser úteis para constatar</p><p>a eficácia das estratégias são se elas funcionaram como o</p><p>cliente havia previsto, e se a própria análise que ele vem</p><p>fazendo funciona para ele.</p><p>As perguntas sobre a eficácia têm como finalidade</p><p>confrontar o sistema de resolução de problemas do cliente.</p><p>in t r o d u ç ã o a t e r a p ia d e a c e it a ç ã o e c o m p r o m is s o 17</p><p>INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!</p><p>INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!</p><p>Bruno miguel</p><p>O confronto não é entre o clínico e o cliente, mas sim entre</p><p>o sistema de resolução de problemas e a própria experiên­</p><p>cia do cliente. Nisto consiste a desesperança criativa: fazer o</p><p>cliente perder a esperança no antigo sistema para que algo</p><p>diferente possa surgir. É por isto que a validação de suas</p><p>experiências é necessária, para que ele reconheça o intuito</p><p>e possa direcioná-lo para algo que funcione. O terapeuta</p><p>também valida a percepção do cliente de que suas estratégias</p><p>de controle dos eventos encobertos sao ineficazes. Isto pode</p><p>ser feito com frase deste tipo:</p><p>- Realmente parece que não tem jeito.</p><p>- Pelo que está me dizendo, o que você vem fazendo</p><p>não funciona.</p><p>- Deste jeito eu também não vejo esperança.</p><p>O efeito destes comentários é um certo espanto do</p><p>cliente pelo terapeuta responder diferentemente do que o</p><p>resto do seu ambiente. Normalmente o cliente reclama, re­</p><p>cebe atenção por isto e é de uma forma consolado na medida</p><p>que as pessoas dizem que seu problema não é tão ruim assim</p><p>ou que ele irá resolver. Quando o terapeuta concorda que o</p><p>que o cliente faz não funciona, ele quebra com a função de</p><p>receber consolo ou amenização da reclamação, e proporciona</p><p>uma necessidade de mudança mais “radicar’, no sentido de</p><p>que o cliente precisará realmente fazer algo de diferente</p><p>para resolver seu problema, além de validar sua experiência.</p><p>Lembre-se que a desesperança é unia postura, não um</p><p>sentimento ou uma crença, e que o cliente tem responsabi­</p><p>lidade por ter estratégias ineficazes, no sentido de ser hábil</p><p>para se comportar de uma forma ou de outra, mas não é</p><p>por isto que deva se sentir culpado por ter falhado, pois de</p><p>nada adiantaria do ponto de vista terapêutico. A alternativa</p><p>INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!</p><p>INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!</p><p>Bruno miguel</p><p>Bruno miguel</p><p>Bruno miguel</p><p>para o antigo sistema é desistir dele, da luta que ele promove</p><p>com os eventos encobertos aversivos.</p><p>Para que o cliente possa confrontar seu sistema é ne­</p><p>cessário que ele de fato vivencie a constatação da ineficácia,</p><p>não somente intelectualmente. As metáforas têm este papel</p><p>de trazer o entendimento à experiência e afastá-lo de ra­</p><p>cionalizações. A mais usada nesta situação é a do “homem</p><p>no buraco”.</p><p>O Homem no Buraco</p><p>A situação em que você está se parece um pouco com</p><p>isto. Imagine que você está num campo, usando uma</p><p>venda, e lhe foi dada uma pequena mala de ferramentas</p><p>para carregar. Disseram-lhe que a sua tarefa era correr</p><p>por este campo sem enxergar nada. Assim supõe-se que</p><p>você viva a vida. Então você faz o que lhe disseram.</p><p>Mas, sem que você saiba, há vários amplos espaços</p><p>neste campo, buracos muito profundos. A principio</p><p>você não sabe disso, você é ingênuo. Então você co­</p><p>meça a correr e mais cedo ou mais tarde você cai num</p><p>grande buraco. Você percebe ao seu redor e, você está</p><p>convencido, não há como escalá-lo nem rotas alterna­</p><p>tivas. Provavelmente o que você faria em tal situação</p><p>é pegar a mala de ferramentas e ver o que tem dentro</p><p>dela; talvez tenha algo que você possa usar para sair do</p><p>buraco. Suponha que a única ferramenta da mala seja</p><p>uma pá. Então você obedientemente começa a cavar,</p><p>mas rapidamente descobre que não está fora do buraco.</p><p>Então você tenta cavar cada vez mais rápido. Mas você</p><p>ainda está no buraco. Então você tenta dar grandes</p><p>cavadas, ou pequenas, ou jogar a terra para longe, ou</p><p>não. Mas mesmo assim você está no buraco. Todo este</p><p>esforço e trabalho e o buraco só fica maior e maior.</p><p>Não é esta a sua experiência? Então você veio me ver,</p><p>“talvez ele tenha uma enorme pá, uma pá especial.”</p><p>Bem, eu</p><p>não tenho. E mesmo que eu tivesse, eu não</p><p>INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!</p><p>INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!</p><p>usaria, porque cavar não é uma saída do buraco, cavar</p><p>é o que faz os buracos. Então talvez todo o programa</p><p>de trabalho seja desesperançoso. Você não pode cavar a</p><p>sua saída, isto só aumenta o buraco.</p><p>(H ayes; Strosahl; W ilson, 1999, p. 101)</p><p>Esta metáfora traduz o esforço do cliente em achar</p><p>uma solução para os seus problemas, evidenciando que suas</p><p>estratégias, embora pareçam diferentes, encaixam-se numa</p><p>mesma categoria - controle dos eventos encobertos, ou cavar.</p><p>A utilidade de formar uma grande classe de respostas, na</p><p>qual são incluídas as aparentemente diferentes estratégias, é</p><p>facilitar sua extinção. Outro ponto central da metáfora é o</p><p>panorama da condição que a linguagem promove, por causa</p><p>do aspecto do contexto da literalidade: uma emboscada na</p><p>tentativa de controle dos eventos encobertos, no sentido de</p><p>que parece que é possível, mas acaba piorando a situação.</p><p>No final, o clínico indica que a solução efetiva não é o que</p><p>o cliente acha e vem tentando, inclusive que suas estratégias</p><p>são as produtoras de seus problemas.</p><p>Diante desta metáfora, provavelmente o cliente comece</p><p>a indagar sobre qual seria a saída do buraco, de seu problema,</p><p>mas neste momento a resposta deve direcioná-lo a identificar</p><p>o que não está funcionando, o que não é a saída, e que cola­</p><p>bora para intensificar o controle da grande classe dos eventos</p><p>encobertos. O clínico pode responder da seguinte forma:</p><p>- Eu não sei, mas sei que isto que você vem fazendo não</p><p>é, porque você me disse que não está funcionando.</p><p>A própria interrogação do cliente pode ser posta à</p><p>prova perguntando se esta estratégia de pedir uma solução</p><p>para os seus problemas para outras pessoas funciona ou não.</p><p>O cliente pode também adotar uma postura de desis­</p><p>tência generalizada. Neste caso deve-se discutir a eficácia</p><p>INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!</p><p>INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!</p><p>disto e os comprometimentos de “viver no buraco”. Outras</p><p>respostas como a necessidade de rever o passado, culpar-se,</p><p>ou responsabilizar-se como se a situação fosse um castigo</p><p>são tratadas do mesmo modo, recorrendo à discussão da efi­</p><p>cácia da postura através da própria linguagem da metáfora,</p><p>incentivando a desistência do padrão de controle dos eventos</p><p>encobertos, fazendo-o “largar a pá”</p><p>Todas essas reações indicam barreiras do cliente para</p><p>desistir do sistema de resolução de seus problemas. Estas são</p><p>tratadas através da metáfora, sempre focalizando a eficácia e</p><p>em suas desistências caso não estejam funcionando. O cliente</p><p>pode, por sua história de coerção, apresentar a crença de que</p><p>ele não é hábil para responder diferentemente, isto é, sem</p><p>evitar os eventos encobertos aversivos, de que nada mais</p><p>funcionará, situação na qual deve voltar-se para a metáfora</p><p>que o conduz a “largar a pá”.</p><p>A metáfora utilizada para exemplificar as barreiras do</p><p>cliente, sua luta em ceder, é a do “Ruído do Microfone”.</p><p>Ruído do Microfone</p><p>Você sabe aquele som horrível que os microfones às</p><p>vezes fazem? Isto acontece quando o microfone está</p><p>posicionado muito perto do falante. Então quando a</p><p>pessoa no palco faz apenas um sonzinho, ele vai para</p><p>o microfone; o som vem do amplificador do falante e</p><p>volta para o microfone, um pouco mais alto do que da</p><p>primeira vez, e com a velocidade do som e da eletricidade</p><p>ele se torna cada vez mais alto até que em um segundo</p><p>ele fica insuportavelmente alto. A sua luta com os seus</p><p>pensamentos e sentimentos é parecida com este ruído.</p><p>Então o que você faz? Você faz o que qualquer um de</p><p>nós faria. Você tenta viver a sua vida (fale sussurrando)</p><p>bem quieto, sempre sussurrando, andando nas pontas dos</p><p>pés pelo palco, esperando que se você for muito, mas</p><p>INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!</p><p>INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!</p><p>muito quieto mesmo não haverá o ruído. (Falando nor-</p><p>malmente) Você mantêm o volume baixo de inúmeras</p><p>formas: drogas, álcool, evitando, se afastando, e assim</p><p>por diante. [Use itens que se encaixam na situação do</p><p>cliente.] O problema é que esta é uma horrível forma de</p><p>se viver, sempre nas pontas dos pés. Você não pode de</p><p>fato viver sem fazer barulho. Mas note que nesta metá­</p><p>fora, o problema não é a quantidade de barulho que você</p><p>faz. O problema é o amplificador. Nosso trabalho aqui</p><p>não é ajudá-lo a viver a sua vida quieto, livre de todo o</p><p>desconforto emocional e dos pensamentos perturbadores.</p><p>Nosso trabalho é achar o amplificador e tirá-lo de circuito.</p><p>(H ayes; Strosahl; W ilson, 1999, p. 108)</p><p>Esta metáfora demonstra como o evitar sentimentos</p><p>e pensamentos funciona. Eles ocorrem e eventualmente</p><p>algo desagradável surge, um evento aversivo, e mais uma</p><p>vez é apresentada a condição da linguagem que nos faz</p><p>evitá-los, gerando o problema (o amplificador). Nesta</p><p>metáfora, a ênfase é na limitação gerada pela tentativa de</p><p>evitar os eventos encobertos, e é dado o primeiro indício</p><p>de solução, de objetivo terapêutico: tirar o amplificador</p><p>de circuito, isto é, a desistência da lutar com os eventos</p><p>encobertos aversivos.</p><p>Nesta etapa da desesperança criativa não é esperada</p><p>nenhuma mudança por parte do cliente. Este tem apenas que</p><p>perceber o seu sistema de resolução de problemas ineficaz.</p><p>O confronto deste sistema deve se dar com a experiência do</p><p>cliente, e nunca entre o cliente e o clínico. Para o cliente é</p><p>normalmente um alívio identificar a sua luta e reconhecer</p><p>o padrão comportamental gerador de seus problemas; o</p><p>clínico não precisa ficar receoso com esta constatação, ou</p><p>por estimular o confronto; não se trata de algo artificial e</p><p>sim de um esclarecimento.</p><p>INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!</p><p>INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!</p><p>Bruno miguel</p><p>De acordo com o caso, é aconselhável o uso de “lições</p><p>de casa”, quando o cliente mostra-se disponível a isto. A lição</p><p>não tem como objetivo provocar mudanças, mas promover</p><p>um automonitoramento que dê suporte às conversas da ses­</p><p>são. Segue abaixo um exemplo de “lição de casa”:</p><p>Uma coisa que você pode fazer até a próxima sessão é</p><p>prestar atenção em corno você vem levando esta luta no</p><p>dia a dia. Veja se você pode apenas perceber as coisas</p><p>que você normalmente faz; todas as formas como você</p><p>cava. Tendo uma noção do que é cavar, para que cavar</p><p>e porque isto é importante para você. Mesmo se você</p><p>largar a pá, você provavelmente irá descobrir que certos</p><p>velhos hábitos são tão fortes, que a pá volta para a sua</p><p>mão em instantes. Então nós teremos que largar a pá</p><p>várias e várias vezes. Você pode até fazer uma lista para</p><p>nós vermos na próxima sessão, com todas as coisas que</p><p>você vem fazendo para moderar, regular, e resolver seus</p><p>problemas. Distrações, se culpar, se convencer a sair da</p><p>situação, evitar situações, e assim por diante. Eu não</p><p>estou pedindo para você mudar as suas ações, somente</p><p>tente observar como e quando elas aparecem.</p><p>(Hayes; Strosahl; W ilson, 1999, p. 112)</p><p>Esta lição de casa propicia a auto-observação e a iden­</p><p>tificação das situações cm que o cliente utiliza-se de controle</p><p>dos eventos encobertos, além de coletar informações úteis</p><p>para as conversas na sessão seguinte.</p><p>A etapa da Desesperança criativa continua até que o</p><p>cliente perceba que o seu sistema de resolução de problemas</p><p>o move em círculos, quando ele percebe que está acionando</p><p>este sistema e quando apresenta uma abertura para soluções</p><p>alternativas. Este sistema de resolução de problemas deno­</p><p>mina-se controle, ou de forma mais específica, controle dos</p><p>eventos encobertos aversivos.</p><p>INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!</p><p>INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!</p><p>Bruno miguel</p><p>Bruno miguel</p><p>O controle é o problema, nâo a solução</p><p>O motivo pelo qual a maioria das pessoas utiliza con­</p><p>trole sobre os eventos encobertos é que ele costuma funcionar</p><p>muito bem nos eventos abertos. A cultura nos ensina que</p><p>esta é uma prática eficaz, que parece funcionar para as</p><p>outras pessoas e até mesmo com alguns eventos encobertos,</p><p>(os que não têm relevância para a pessoa). O utro motivo é</p><p>o fato do controle funcionar em curto prazo, sendo assim</p><p>um reforço negativo significativo. Porém esta estratégia</p><p>de resolução de problemas resulta em condições piores</p><p>do que aquelas que a originam. Por isto o objetivo deste</p><p>estágio é nomear as estratégias de controle dos eventos</p><p>encobertos, criando uma grande classe de respostas, e</p><p>modificar o contexto em que estas regras culturais sobre</p><p>o controle encontram-se, para proporcionar uma nova</p><p>relação com os eventos encobertos.</p><p>O foco clínico neste estágio é ajudar o cliente, que</p><p>neste ponto normalmente está confuso em relação a como</p><p>“sair do buraco” e “desconectar o amplificador”, a iden­</p><p>tificar o controle nas suas estratégias, a perceber como a</p><p>cultura colabora através da linguagem com as estratégias</p><p>de controle, relembrá-lo de que estas estratégias funcionam</p><p>apenas a curto prazo, alcrtá-lo para o fato de que evitar e</p><p>escapar de emoções são as principais formas de controle</p><p>dos eventos encobertos, e que a saída é aceitar estes mes­</p><p>mos eventos dos quais tendemos a fugir, pois quanto mais</p><p>exercemos controle sobre os eventos encobertos, menos o</p><p>temos sobre nossas vidas.</p><p>Esta etapa é marcada pela característica do contexto</p><p>de literalidade dos estímulos verbais que aparece no con­</p><p>trole sobre os eventos encobertos, podendo ser resumida na</p><p>seguinte frase: quanto menos se está disposto a ter, mais se</p><p>INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!</p><p>INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!</p><p>tem, isto é, quanto mais se quer evitá-lo, negá-lo, se esqui­</p><p>var ou fugir dele, mais presente este assunto estará na vida</p><p>do indivíduo. A metáfora do detector de mentiras é a mais</p><p>utilizada para explicar esta característica.</p><p>Detector de Mentiras</p><p>Suponha que eu tenha arranjado o melhor detector de</p><p>mentiras que já inventaram. Esta é uma máquina perfeita,</p><p>a mais sensível de todas. Quando você estiver conectado</p><p>a ela, não há como ficar agitado ou ansioso sem que a</p><p>máquina não detecte. Então eu te digo que você tem</p><p>uma tarefa muito simples aqui: tudo que tem que fazer</p><p>é se manter relaxado. Se você ficar somente um pouqui­</p><p>nho ansioso, contudo, eu vou saber. Eu sei que você vai</p><p>se esforçar, mas quero te dar um incentivo extra, então</p><p>eu também tenho uma arma que vou apontar para a sua</p><p>cabeça. Se você ficar relaxado eu não vou estourar seus</p><p>miolos, mas se você ficar nervoso, (e saberei, pois você</p><p>está conectado a esta máquina perfeita), eu terei que te</p><p>matar. Então apenas relaxe!... O que acha que vai acon­</p><p>tecer?... Adivinha como você vai estar?... Um pinguinho</p><p>de ansiedade será horripilante. Você naturalmente diria,</p><p>“Meu Deus, estou ficando ansioso! Agora vem!” Bumm!</p><p>Como poderia ser de outra maneira?</p><p>(H ayes; Strosahl; W ilson, 1999, p. 123)</p><p>Embora esta metáfora retrate uma situação “esdrúxu­</p><p>la”, evidencia que o controle dos eventos encobertos só é</p><p>eficaz em situações irrelevantes. Quando o assunto ganha</p><p>maiores proporções, as estratégias de controle tendem a</p><p>aumentar, entrando num ciclo vicioso que pode chegar a</p><p>restringir consideravelmente a vida do indivíduo.</p><p>Outro exercício utilizado nesta etapa é o do “Bolo</p><p>de Chocolate”:</p><p>INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!</p><p>INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!</p><p>Bolo de Chocolate</p><p>Suponha que eu te diga agora para não pensar em algo.</p><p>Eu vou te dizer daqui a pouco, e quando o fizer, não</p><p>pense nisso nem por um segundo. E agora. Lembre-se,</p><p>não pense nisso. Não pense em... bolo de chocolate</p><p>quentinho! Sabe aquele cheiro quando ele sai do forno...</p><p>Não pense nisso! O gosto da calda de chocolate quando</p><p>você dá a primeira mordida... Não pense nisso! E aquela</p><p>fatia fofinha, quente e levemente úmida colocada no</p><p>prato... Não pense nisso! É muito importante que você</p><p>não pense em nada disso!</p><p>(Hayes; Strosahl; W ilson, 1999, p. 124 )</p><p>Outra noção que se pretende que o cliente perceba</p><p>nesta fase é que estímulos encobertos inicialmente irrelevan­</p><p>tes são facilmente relacionados, e passam a constituir arbitra­</p><p>riamente nossa história de vida. Tal noção é especialmente</p><p>útil para clientes que corriqueiramente remetem-se a suas</p><p>histórias de vida para justificar seus problemas e estratégias</p><p>de resolução. Segue um trecho de sessão com um exercício</p><p>interessante para este tipo de situação de racionalização:</p><p>Quais são os números?</p><p>Terapeuta: Suponha que eu vá até você e diga, “eu lhe</p><p>darei três números para que você os lembre. É muito</p><p>importante que você os lembre, porque daqui a vários</p><p>anos eu irei chamá-lo e perguntar ‘quais são os núme­</p><p>ros?” Se você souber responder, eu irei lhe darei um</p><p>milhão de dólares. Então, lembre-se, isto é importante.</p><p>Você não pode se esquecer. Isto vale um milhão. OK.</p><p>Aqui estão os números: preparado? Um,... dois,... três.</p><p>Então quais são os números?</p><p>Cliente: Um, dois, três.</p><p>Terapeuta: Bom. Agora não os esqueça. Se você se es­</p><p>quecer, irá lhe custar muito. Quais são eles?</p><p>INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!</p><p>INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!</p><p>Cliente: (risadas) De novo, um, dois, três.</p><p>Terapeuta: Ótimo. Você acha que você conseguirá se</p><p>lembrar deles?</p><p>Cliente: Eu acho que sim. Se eu realmente acreditar em</p><p>você, eu irei.</p><p>Terapeuta: Então acredite em mim. Um milhão de dó­</p><p>lares. Quais são os números?</p><p>Cliente: um, dois, três.</p><p>Terapeuta: Certo. Agora se você realmente acredita em</p><p>mim (na verdade eu menti) é bem provável que você</p><p>lembre destes números bobos por muito tempo.</p><p>Cliente: Claro.</p><p>Terapeuta: Mas isto não é ridículo? Quero dizer, só</p><p>porque alguém quer provar algo, você pode passar o</p><p>resto da sua vida com “um, dois, três.” Por causa de</p><p>nada que tenha a ver com você. Somente um acidente.</p><p>E porventura, você me tem como terapeuta, e a próxima</p><p>coisa que você tem são números rodando na sua cabeça</p><p>por sabe lá quanto tempo. Quais são os números?</p><p>Cliente: Um, dois, três.</p><p>Terapeuta: Certo. E uma vez que eles estão na sua cabeça,</p><p>eles não irão embora. Nosso sistema nervoso funciona</p><p>por adição, não por subtração. Uma vez que as coisas</p><p>entram, estão dentro. Dê uma olhada. Se eu te dissesse</p><p>que c muito importante que você tivesse a experiência</p><p>de que os números não são um, dois, três. Tudo bem?</p><p>Então eu irei te perguntar sobre os números, e eu quero</p><p>que responda de uma forma que não tenha absoluta­</p><p>mente nada a ver com um, dois, três. Ok? Agora, quais</p><p>são os números?</p><p>Cliente: Quatro, cinco, seis.</p><p>Terapeuta: E você fez o que lhe pedi?</p><p>Cliente: Eu pensei “quatro, cinco, seis,” e disse.</p><p>INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!</p><p>INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!</p><p>Terapeuta: E você cumpriu com o que eu disse? Deixe-</p><p>me perguntar desta forma: como você sabe que quatro,</p><p>cinco, seis é uma boa resposta?</p><p>Cliente: (risadas) Porque não é um, dois, três.</p><p>Terapeuta: Exato! Então quatro, cinco, seis ainda têm</p><p>relação com um, dois, três, e eu te pedi para não fazer</p><p>isto. Então vamos tentar novamente. Pense em qualquer</p><p>coisa, exceto um, dois, três — tenha certeza de que sua</p><p>resposta não se relaciona de forma alguma com um,</p><p>dois, três.</p><p>Cliente: Eu não consigo.</p><p>Terapeuta: Eu também não. Nosso sistema nervoso</p><p>funciona apenas por adição — a nao ser que você faça</p><p>uma lobotomia ou algo do gênero; quatro, cinco, seis</p><p>é só uma adição a um, dois, três; um, dois, três está ai,</p><p>e estes números não irão embora. Quando você tiver</p><p>oitenta anos eu irei até você e direi, “quais são os nú­</p><p>meros?” E você muito provavelmente dirá, “um, dois,</p><p>três”, simplesmente porque algum tonto te disse para se</p><p>lembrar! Mas não é somente um, dois, três. Você tem</p><p>todo tipo de pessoas te dizendo todo tipo de coisas. Sua</p><p>mente funciona através de todos os tipos de experiência,</p><p>(inclua assuntos relevantes para o cliente, como “então</p><p>você pensa, ‘eu sou ruim’, ou, ‘eu não me encaixo aqui’.</p><p>Mas como você sabe que isto não é mais um exemplo</p><p>de um, dois, três? Algumas vezes você nota que estes</p><p>pensamentos estão com a</p><p>voz dos seus pais ou estão</p><p>conectados com coisas que as pessoas te falam?”) Se</p><p>você não é nada mais do que suas reações, você está</p><p>em apuros. Porque você não escolhe quais serão suas</p><p>reações, você não controla o que aparece, e você tem</p><p>todos os tipos de reações que são idiotas, depreciativas,</p><p>maldosas, assustadoras, e assim por diante. Você jamais</p><p>conseguirá ganhar este jogo.</p><p>(H ayes; Strosahl; W ilson, 1999, p. 126-127)</p><p>INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!</p><p>INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!</p><p>Este trecho mostra como o nosso sistema nervoso opera</p><p>apenas por adição, isto é, uma vez que os eventos encobertos</p><p>desagradáveis estejam presentes, não há controle que os eli­</p><p>mine efetivamente. Uma vez compreendida esta situação: de</p><p>certa arbitrariedade na história de vida, da impossibilidade de</p><p>controle efetivo dos eventos encobertos e que quanto mais es­</p><p>forço para não tê-los, mais eles irão persistir; resta somente uma</p><p>alternativa — a aceitação dos eventos encobertos desagradáveis.</p><p>O cliente deve ser conduzido a olhar para a sua ex­</p><p>periência e, em conjunto com os exercícios e metáforas,</p><p>constatar o fracasso de suas estratégias de controle dos eventos</p><p>encobertos. A alternativa às estratégias é se permitir viver,</p><p>não passivamente, nem de forma tolerante, mas realmente</p><p>vivenciar os eventos encobertos, quaisquer que eles sejam.</p><p>Para que o cliente consiga estabelecer este novo tipo de relação</p><p>com seus eventos encobertos, existem exercícios, metáforas</p><p>e discussões nas fases da Aceitação e Desfusão que constituem</p><p>o lado esquerdo do hexágono de flexibilidade psicológica.</p><p>Cabe lembrar que o indivíduo, ao entrar em contato</p><p>com os eventos encobertos desagradáveis, sentirá desconfor­</p><p>to. Antes de seguir para as próximas fases, faz-se necessário</p><p>uma discussão sobre o que é este desconforto. Hayes, Strosahl</p><p>e Wilson (1999) definiram dois tipos de desconforto:</p><p>• desconforto limpo, quando é proveniente das experi­</p><p>ências da vida do indivíduo e tendem a ir e vir com</p><p>o tempo;</p><p>• desconforto sujo, que é o desconforto emocional ge­</p><p>rado por evitar eventos encobertos desagradáveis.</p><p>O cliente precisa estar ciente de que ao vivenciar os</p><p>eventos encobertos desagradáveis terá o desconforto limpo, co­</p><p>mum na condição humana. Uma conversa com o cliente a este</p><p>respeito mostra-se necessária para a continuidade do tratamento.</p><p>INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!</p><p>INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!</p><p>Bruno miguel</p><p>Bruno miguel</p><p>Caixa Cheia de Coisas</p><p>Terapeuta: Suponha que nós temos esta lata de lixo aqui</p><p>(pegue uma caixa ou lata de lixo). Este (ponha pequenos</p><p>itens dentro da caixa, alguns legais e outros repulsivos) é</p><p>o conteúdo da sua vida. Todas as suas programações. Há</p><p>algumas coisas úteis aqui. Mas também há caixas velhas</p><p>de cigarro e lixo. Agora vamos dizer que há algumas</p><p>coisas aqui que são realmente asquerosas. Como seu</p><p>primeiro divórcio (use especificidades do cliente). Isso</p><p>seria como isto (assoe seu nariz num lenço e ponha na</p><p>caixa). O que apareceria?</p><p>Cliente: Eu pensaria em outra coisa.</p><p>Terapeuta: Está bem. Então é isso (pegue um item e</p><p>ponha dentro da caixa). O que apareceria?</p><p>Cliente: Eu odeio isto.</p><p>Terapeuta: Ok, então é isso (pegue um item e ponha</p><p>dentro da caixa). O que mais?</p><p>Cliente: Eu tenho que me livrar disso.</p><p>Terapeuta: Está bem, então é isto (pegue um item e</p><p>ponha dentro da caixa. Dependendo do cliente, esta</p><p>sequência pode continuar por um tempo). Você vê o que</p><p>está acontecendo? Esta caixa está ficando bem cheia, e</p><p>perceba que vários destes itens estão relacionados com</p><p>aquele primeiro asqueroso. Repare que a primeira peça</p><p>não está ficando menos importante, está ficando cada</p><p>vez mais importante. Porque nós nao funcionamos por</p><p>subtração, quanto mais você tenta subtrair um item, você</p><p>acaba adicionando mais itens relacionados ao item antigo.</p><p>Mas uma coisa é verdade, alguns destes itens você pode</p><p>deixar de lado e praticamente nao os ver mais, porém</p><p>está tudo dentro da caixa. Deixar algumas coisas de</p><p>lado parece algo lógico a se fazer. Todos nós fazemos.</p><p>O problema é que, devido à caixa ser você, em algum</p><p>nível a caixa sabe, está em contato, literalmente perto</p><p>das coisas ruins que você deixou de lado. Mas se as coisas</p><p>INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!</p><p>INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!</p><p>que você deixou por ai são realmente ruins, é realmente</p><p>importante que não sejam vistas. Todavia isto significa</p><p>que quaisquer coisas que tenham a ver com elas não</p><p>podem ser vistas e, então, também têm que ficar de lado.</p><p>Logo você tem que evitar situações que o levem a estas</p><p>coisas. Gradualmente a sua vida vai ficando cada vez mais</p><p>restrita, sem poder olhar para os lados. E repare que isto</p><p>não muda o modo corno funcionamos, somente adiciona</p><p>a isto. Você somente está deixando mais uma coisa por ai.</p><p>Há cada vez mais coisas que você nao pode fazer. Você</p><p>vê o custo disso? Isto distorce sua vida. Agora a questão</p><p>não é que você precise recolher deliberadamente todas</p><p>as coisas de volta, a questão é que viver saudavelmente</p><p>irá natural mente agregar algumas coisas, e você tem a</p><p>escolha de deixá-las de lado novamente ou seguir em</p><p>frente com sua vida estando aberto para isto.</p><p>(H ayks; Strosahl; W ilson, 1999, p. 136-137)</p><p>Durante toda esta fase, o terapeuta deve tratar o clien­</p><p>te com respeito, dignidade e cautela, aceitando que este</p><p>provavelmente estará estagnado em sua situação. Apesar do</p><p>controle dos eventos encobertos desagradáveis ser um pro­</p><p>blema real na vida do cliente, na terapia não é uma questão</p><p>de quem está certo (terapeuta) ou errado (cliente), mas de</p><p>permitir que a própria experiência do cliente seja a guia de</p><p>suas conclusões, evitando assim intelectualizações.</p><p>Os indícios de que o cliente está pronto para a próxima</p><p>fase são: quando este demonstra aceitar situações (eventos en­</p><p>cobertos) que antes controlava, quando fica mais atento para</p><p>eventos internos que ocorrem nas situações, se mantém no</p><p>momento presente e não se perde nas respostas condicionadas, e</p><p>quando relata viver sentimentos como tais. Esta fase dura cerca</p><p>de meia a duas sessões. Caso necessário, o terapeuta pode indicar</p><p>‘lições de casa” a serem feitas entre as sessões, de acordo com as</p><p>dificuldades do cliente de observar e descrever sua experiência:</p><p>INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!</p><p>INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!</p><p>Diário das vivências cotidianas</p><p>Dia</p><p>Qual</p><p>foi a</p><p>vivência?</p><p>O que</p><p>você estava</p><p>sentindo no</p><p>momento?</p><p>Quais</p><p>eram seus</p><p>pensamentos</p><p>no momento?</p><p>Quais eram</p><p>suas sensações</p><p>corporais no</p><p>momento?</p><p>O que você fez</p><p>para lidar com</p><p>seus sentimentos,</p><p>pensamentos</p><p>c sensações</p><p>corporais?</p><p>Segunda-feira</p><p>Terça-feira</p><p>Quarta-feira</p><p>Quinta-feira</p><p>Sexta-feira</p><p>Sábado</p><p>Domingo</p><p>(H ayes; Strosahl; W ilson , 1999, p. 143)</p><p>INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!</p><p>INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!</p><p>No final de cada dia, dê uma nota para os seguintes aspectos do seu dia:</p><p>Chateações - (por exemplo, ansiedade, depressão, preocupação)</p><p>1 = nada até 10 = extremamente........................</p><p>Luta — Quanto você se esforçou para se livrar (de sentimentos, pensa­</p><p>mentos ou sensações corporais)</p><p>1 = nada até 10 = extremamente........................</p><p>Como funcionou - Se a vida fosse sempre como este dia,</p><p>quanto você faria o que fez hoje.</p><p>Faz parte de uma forma de viver vívida e funcional?</p><p>1 = não funcionou nada até 10 = funcionou perfeitamente</p><p>Comentários:</p><p>(H ayes; Strosahl; W ilson , 1999, p. 143)</p><p>Exercício de identificação de funcionamento</p><p>Nós não podemos voltar para trás e reescrever nosso</p><p>passado. A história, como pensamentos e sentimentos</p><p>automáticos, é uma questão que requer aceitação e não</p><p>controle. Através do funcionamento que nós acumu­</p><p>lamos cm nossa vida, entretanto, podemos amplificar</p><p>INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!</p><p>INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!</p><p>Bruno miguel</p><p>muito a relevância da história no presente. Por exemplo,</p><p>se sua mãe disse-lhe</p>

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