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<p>USO, MANEJO E</p><p>CONSERVAÇÃO DO</p><p>SOLO</p><p>OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM</p><p>> Descrever a avaliação de capacidade de uso do solo.</p><p>> Definir as classes de capacidade de uso das terras.</p><p>> Explicar o uso e o manejo da capacidade de uso do solo.</p><p>Introdução</p><p>O sistema de capacidade de uso do solo utiliza informações a respeito do solo,</p><p>do clima, do relevo e do atual uso que se faz da área e as reúne em grupos e</p><p>subgrupos a fim de categorizar o solo de acordo com suas limitações, indicando</p><p>de que forma ele pode ser utilizado para fins agrícolas. De fato, o referido sistema</p><p>sugere a adoção de práticas de manejo que devem ser utilizadas para a conser-</p><p>vação dos solos. Portanto, trata-se de um sistema de fundamental importância</p><p>ao agrônomo, sobretudo pela necessária preservação das áreas.</p><p>Para classificar um solo quanto a seu uso, é necessário caracterizar sua es-</p><p>trutura física e identificar suas limitações de acordo com sua posição no relevo,</p><p>a drenagem do solo e as características dos horizontes superficiais e subsuperfi-</p><p>ciais. Ao reconhecer essas limitações, podem ser planejadas formas de explorar</p><p>a área de forma sustentável.</p><p>Neste capítulo, vamos explicar como funciona o sistema de capacidade de uso</p><p>do solo e apresentar os tipos de levantamentos existentes e para que servem.</p><p>Sistema de</p><p>capacidade de</p><p>uso do solo</p><p>Camila Schwartz Dias</p><p>Além disso, mostraremos como se dá a classificação do solo, identificando cada</p><p>uma das oito classificações e as relacionando com o uso agrícola indicado para</p><p>cada área. Por fim, vamos aplicar a teoria descrita por meio de um exemplo de</p><p>classificação de solo.</p><p>Avaliação da capacidade de uso do solo</p><p>O Brasil possui dimensões continentais e, há alguns anos, desponta como</p><p>grande produtor de commodities no mundo. O país se destaca em diversos</p><p>setores da agricultura, seja na produção animal, seja na produção vegetal,</p><p>a exemplo da soja, da cana-de-açúcar e da laranja. Independentemente do</p><p>produto agrícola, todos dependem de um recurso em comum: o solo (LEPSCH</p><p>et al., 2015).</p><p>O solo, originado por meio do processo de intemperismo químico e físico,</p><p>é lentamente renovável e, por isso, um recurso finito. As atividades agrícolas,</p><p>a partir da Revolução Verde, trouxeram modernização ao campo e transfor-</p><p>mação nas propriedades rurais. Com os chamados “pacotes tecnológicos”,</p><p>a adoção de grandes maquinários agrícolas e de altas cargas de fertilizantes</p><p>minerais e pesticidas geraram inúmeros problemas ambientais e sociais</p><p>(QUARTAROLI et al., 2006).</p><p>A preocupação com a degradação ambiental chamou a atenção da comuni-</p><p>dade científica e da sociedade como um todo. A expansão das áreas agrícolas</p><p>causou uma série de mudanças na localização dos cultivos e intensificou o</p><p>uso das terras, ocasionando prejuízos ao meio ambiente, sobretudo por não</p><p>serem respeitadas as características de cada solo (QUARTAROLI et al., 2006).</p><p>No Brasil, existem dois métodos para estimar a capacidade de utilização</p><p>dos solos: o sistema de avaliação da aptidão agrícola das terras (RAMALHO</p><p>FILHO; BEEK, 1995) e o sistema de capacidade de uso, o qual nos interessa</p><p>aqui (LEPSCH et al., 1991). O sistema de capacidade de uso do solo, um sistema</p><p>generalista e qualitativo, foi desenvolvido pelo Serviço de Conservação do</p><p>Solo dos Estados Unidos. O sistema considera a interferência do clima nas</p><p>características químicas e físicas do solo, bem como aspectos relacionados ao</p><p>relevo. A combinação dessas observações pode limitar a exploração da terra</p><p>e/ou indicar os riscos de degradação (GARCIA; ANTONELLO; MAGALHÃES, 2005).</p><p>O levantamento dos solos é uma ferramenta utilizada na classificação e</p><p>envolve pesquisa em materiais teóricos, de campo e de laboratório. Para a</p><p>construção do mapa, é necessária a realização de um exame detalhado das</p><p>características do meio físico e das características morfológicas, físicas,</p><p>químicas e mineralógicas e biológicas dos solos, cujo principal objetivo é</p><p>Sistema de capacidade de uso do solo2</p><p>a cartografia (INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, 2015).</p><p>O levantamento pedológico, por sua vez, busca identificar os solos, ao serem</p><p>reconhecidos como unidades naturais, delineando sua área em mapas/cartas,</p><p>que caracterizam as classes de solos.</p><p>Dessa forma, a ligação entre a classificação dos solos e o levantamento</p><p>fica estabelecida quando os solos com propriedades similares são reunidos</p><p>em classes que surgem das informações e das relações que os solos possuem</p><p>com o meio ambiente, formando, portanto, as unidades de mapeamento</p><p>(INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, 2015).</p><p>Os níveis de levantamentos de solos são definidos de acordo com o tipo de</p><p>levantamento e podem variar conforme o objetivo; porém, sempre preveem um</p><p>bom custo-benefício e a precisão das informações (quantidade e qualidade).</p><p>A escolha da escala é definida de acordo com o objetivo do levantamento.</p><p>É necessário esclarecer que a escala altera apenas a forma como o mapa é</p><p>apresentado, mas as informações serão as mesmas. Portanto, a elaboração</p><p>de um mapa com mais informações e com informações de qualidade demanda</p><p>um intensivo trabalho de campo, de acordo com o nível de exigência do levan-</p><p>tamento adotado (INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, 2015).</p><p>De acordo com as informações do Instituto Brasileiro de Geografia e</p><p>Estatística (2015), os tipos de levantamento se diferem por seu objetivo e</p><p>pela extensão de área a ser identificada. Veja cada um a seguir.</p><p>� Exploratório: é executado quando informações qualitativas do solo</p><p>são necessárias e tem, como finalidade, a identificação de áreas com</p><p>maior ou menor potencial para o desenvolvimento regional. Como</p><p>característica, é apropriado para áreas de grande extensão, podendo</p><p>ser realizado em escalas menores para a elaboração das maiores</p><p>escalas. Esse tipo de levantamento pode ser utilizado para subsidiar</p><p>políticas administrativas e foi realizado, no Brasil, por meio do projeto</p><p>RadamBrasil, utilizando a escala 1:1 000 000. Para sua confecção, são</p><p>utilizadas cartas planialtimétricas e imagens de satélites, com área</p><p>mínima mapeável de 22,5 km² e máxima de 250 km².</p><p>� De reconhecimento: são utilizados para avaliações qualitativas e se-</p><p>miquantitativas de solos, com a finalidade de conhecer seu poten-</p><p>cial de uso agrícola e não agrícola. Deve-se estabelecer os objetivos,</p><p>a precisão que se deseja obter e a escala de apresentação do mapa/</p><p>carta, e, com isso, planejar o uso de recursos como mapas/carta e</p><p>sensores remotos, métodos de coleta e grau de detalhes cartográficos.</p><p>As classes são subdividas de acordo com o grupamento textural e em</p><p>Sistema de capacidade de uso do solo 3</p><p>fases de relevo, vegetação, rochosidade e pedregosidade. Para isso,</p><p>é necessário coletar amostras de perfil completo e amostras extras,</p><p>a fim de realizar as caracterizações química, física e mineralógica do</p><p>solo e, assim, definir as unidades de mapeamento. Os levantamentos</p><p>do tipo reconhecimento podem ser subdivididos, conforme o nível de</p><p>execução, em alta, média e baixa intensidade, e diferenciam-se por seu</p><p>objetivo, pelos métodos que são empregados na etapa de prospecção,</p><p>pelos tipos de unidades de mapeamento e pela área mínima para o</p><p>mapeamento, pelo material cartográfico e pelos tipos de sensores</p><p>utilizados para esse fim, bem como pela escala de publicação. Essa</p><p>variação entre os níveis possui um intervalo de 0,04 a 2,0 observações</p><p>por km².</p><p>■ Baixa intensidade: o objetivo desse levantamento é avaliar os solos</p><p>potenciais, identificando áreas de solos com baixo e alto potencial,</p><p>e pode ser realizado em grandes áreas. É utilizado em regiões, pelos</p><p>estados e/ou municípios, para subsidiar o desenvolvimento regional</p><p>ou com o objetivo de estudos ambientais. As bases cartográficas e os</p><p>sensores remotos mais utilizados são os mapas/cartas planialtimé-</p><p>tricos, cuja escala pode variar entre 1:100 000 e 1:500 000, de radar</p><p>(1:250 000), de satélite (1:100 000 e 1:500 000) e as cartas-imagens</p><p>obtidas por sensores orbitais</p><p>(1:100 000 e 1:250 000). Os mapas/</p><p>cartas devem apresentar escala de 1:250 000 e 1:750 000, e sua área</p><p>mínima é de 1,5 km² a 22,5 km². As amostras de solo devem ser do</p><p>tipo perfil completo, para cada componente de associação. A coleta</p><p>de amostras extras deve ser realizada nos horizontes superficiais</p><p>e subsuperficiais, delimitando e caracterizando as unidades de</p><p>mapeamento. Nesse nível, a precisão das informações das unidades</p><p>de mapeamento é de 50 a 70% de confiabilidade. O levantamento</p><p>de baixa intensidade é generalista em virtude do uso de escalas</p><p>utilizadas no trabalho de escritório e na representação gráfica do</p><p>mapa, e, também, pela frequência de amostragem e densidade de</p><p>observação no campo.</p><p>■ Média intensidade: nesse nível, o interesse é por informações qua-</p><p>litativas e semiquantitativas do solo, com a finalidade de elaborar</p><p>projetos de uso e planejamento para colonização, construção de</p><p>estradas, zoneamento agroecológico e seleção de áreas para execu-</p><p>ção de levantamentos mais detalhados. O foco desse levantamento</p><p>é regional e ele é utilizado para trabalhos de menor área, como</p><p>municípios, bacias hidrográficas e fazendas. O objetivo é auxiliar</p><p>Sistema de capacidade de uso do solo4</p><p>na tomada de decisão corretiva ou preventiva para a preservação</p><p>ambiental e, por isso, é bastante utilizado em estudos ambientais.</p><p>O material cartográfico utilizado e os sensores remotos são as</p><p>imagens de satélite (1:100 000 e 1:125 000), mapas/cartas planialti-</p><p>métricos (1:25 000 e 1:250 000), fotografias aéreas (1:60 000 e 1:120</p><p>000), imagens de radar (1:250 000) e carta-imagem dos sensores</p><p>orbitais (1:100 00 e 1:250 000). A escala de representação é de 1:100</p><p>000 e 1:250 000, e sua área mínima é de 40 ha e 2,5 Km².</p><p>■ Alta intensidade: o objetivo desse levantamento é obter informações</p><p>qualitativas e semiquantitativas do solo, visando ao desenvolvi-</p><p>mento de projetos agrícolas, pastoris e florestais, à instalação de</p><p>núcleos de colonização e à localização de estações experimentais.</p><p>Normalmente, é utilizado para áreas de pequenas dimensões e em</p><p>estudos de caráter ambiental para grandes empreendimentos, com</p><p>a finalidade de subsidiar as medidas corretivas e compensatórias.</p><p>O nível de informações é preciso e utilizado para programas de con-</p><p>servação e manejo dos solos, podendo substituir os levantamentos</p><p>semidetalhados em áreas que requerem estudos preliminares de</p><p>planejamento regional de uso e conservação dos solos. O material</p><p>básico utilizado são mapas/cartas planialtimétricos (1:20 000 e 1:100</p><p>000) e carta-imagem (maior que 1: 100 000). Sua representação é</p><p>dada em escala situada entre 1:50 000 e 1:100 000, sendo a área</p><p>mínima de 10 a 40 ha.</p><p>� Semidetalhado: a finalidade desse levantamento é a obtenção de</p><p>informações para serem utilizadas na implantação de projetos de</p><p>colonização, loteamentos rurais, estudos integrados de microbacias</p><p>e planejamento local de uso e conservação de solos para o desenvol-</p><p>vimento de projetos agrícolas, pastoris e florestais. São realizados em</p><p>locais de menor área, como fazendas ou parte delas, onde se deseja</p><p>implementar alguma atividade agrícola. Os trabalhos de campo são de-</p><p>terminantes nesse levantamento e a caracterização dos solos deve ser</p><p>minuciosa, pois, a partir dela, será definido o manejo a ser utilizado na</p><p>área. Pode ser utilizado em estudos ambientais para o estabelecimento</p><p>de medidas compensatórias e corretivas. O material cartográfico e os</p><p>tipos de sensores remotos utilizados são mapas/cartas planialtimétri-</p><p>cos (maior ou igual 1:50 000), levantamentos topográficos (1:10 000 a</p><p>1:50 000), com curva de nível de 10 a 20 m, e fotografias aéreas (maior</p><p>ou igual a 1:60 000). A escala pode ser igual ou maior que 1:50 000.</p><p>Sistema de capacidade de uso do solo 5</p><p>� Detalhado: seu objetivo é buscar informações a respeito dos solos</p><p>de áreas com tamanho menor a fim de embasar tomadas de decisão</p><p>mais precisas a respeito do uso intensivo do solo. Esse levantamento</p><p>objetiva atender aos projetos conservacionistas na fase de execução,</p><p>então é fundamental o delineamento preciso dos solos de estações</p><p>experimentais, visando a indicar recomendações práticas do uso e</p><p>do manejo de solos para as atividades agrícolas, a produção agrope-</p><p>cuária e o cultivo florestal, além de servir de base para projetos de</p><p>irrigação e drenagem. O tamanho das áreas é pequeno, definido ou</p><p>selecionado por meio dos levantamentos generalizados. Utiliza-se,</p><p>como material, os mapas/cartas planialtimétricos, levantamentos</p><p>topográficos convencionais, curvas de nível a pequenos intervalos</p><p>(5–10 m) e fotografias aéreas (maior ou igual 1:20 000). As represen-</p><p>tações gráficas utilizam escalas maiores ou iguais a 1:20 000, e sua</p><p>escolha deve ser baseada no objetivo do levantamento, no tamanho da</p><p>área e no grau de detalhamento que se deseja, sendo a área mínima de</p><p>1,6 ha. A densidade das observações deve ser de 0,20 a 4,0 por hectare,</p><p>e a frequência deve detectar as modificações da área por menores</p><p>que sejam, no mínimo um perfil completo e dois complementares para</p><p>classificar os solos.</p><p>� Ultradetalhado: é utilizado com o objetivo de atender a um problema</p><p>específico e localizado, por isso é realizado em áreas pequenas,</p><p>em nível de parcelas experimentais. Apresenta a mesma estrutura</p><p>do levantamento detalhado, mas se diferencia em relação ao método</p><p>de prospecção, de maior detalhamento cartográfico. É realizado em</p><p>escalas grandes (1:5 000, 1:2 000, 1:1 000 e 1:500), que permitem veri-</p><p>ficar detalhes com um objetivo específico, a exemplo da oscilação do</p><p>lençol freático. Como material básico, são utilizados levantamentos</p><p>topográficos convencionais, com curvas de nível de 1 m ou menos. A área</p><p>mínima mapeável compreende 0,1 ha, e a densidade de observações</p><p>deve atender às exigências cartográficas de detalhes, normalmente</p><p>quatro observações por hectare.</p><p>Sistema de capacidade de uso do solo6</p><p>� Utilitário do meio físico: é utilizado quando não se tem, em nível re-</p><p>gional, um levantamento de solo do tipo detalhado ou ultradetalhado.</p><p>Nesse caso, são buscadas, a campo, as informações que o sistema de</p><p>capacidade determina, utilizando, como ferramentas, análises de solo,</p><p>dados climáticos, etc., com o objetivo de confeccionar um mapa e um</p><p>memorial descritivo no sistema de capacidade de uso. No levantamento</p><p>utilitário do meio físico, as características físicas do solo, como a pro-</p><p>fundidade efetiva, a textura e a permeabilidade do solo, junto com as</p><p>propriedades químicas, relacionadas à acidez, à saturação por bases</p><p>e à capacidade de troca de cátions, são fundamentais para estimar a</p><p>capacidade de uso do solo (LEPSCH et al., 1991).</p><p>Um solo ideal é aquele que apresenta características físicas e químicas</p><p>que se adéquam à maioria dos cultivos. Para classificar um solo quanto a seu</p><p>grau de limitação, é necessário ter um padrão chamado de solo ideal. Esse</p><p>solo deve (LEPSCH et al., 1991):</p><p>1. ter profundidade efetiva adequada para o pleno desenvolvimento do</p><p>sistema radicular das plantas, que atingem cerca de 150 cm;</p><p>2. apresentar fertilidade natural relativamente alta, assegurando boas</p><p>colheitas, ou propriedades físico-químicas que facilitem sua correção;</p><p>3. ter boa capacidade de armazenamento de água;</p><p>4. ter propriedades físicas que propiciem uma boa drenagem interna</p><p>e/ou situação topográfica que facilite a remoção do excesso de água,</p><p>para uma boa aeração, ou permitir a construção de drenos artificiais;</p><p>5. ter baixa erodibilidade, situar-se em locais de baixo risco ou de fácil</p><p>controle de erosão;</p><p>6. estar localizada em relevo favorável ao uso de implementos;</p><p>7. estar localizado em local com condições ambientais (temperatura e</p><p>volume de precipitação) que proporcionem um bom desenvolvimento</p><p>para as culturas.</p><p>Os fatores limitantes do sistema de capacidade de uso do solo estão</p><p>relacionados a suas características físicas e a sua interação com o clima</p><p>de uma região. Eles são alocados em grupos, classes e subclasses, e serão</p><p>detalhadamente</p><p>analisados na seção a seguir.</p><p>Sistema de capacidade de uso do solo 7</p><p>Ao buscar, por meio do levantamento utilitário, os fatores que o sistema</p><p>de capacidade de uso do solo preconiza, o profissional faz uso da fórmula</p><p>mínima obrigatória, em que fatores como profundidade efetiva, textura,</p><p>permeabilidade, declividade, erosão, limitantes e uso atual estão agrupados</p><p>(ALVARENGA; PAULA, 2000):</p><p>�</p><p>�Profundidade efetiva – Textura – Permeabilidade</p><p>Declividade – Erosão</p><p>= Fatores limitantes – Uso atual</p><p>A exploração de uma área deve ter, como base, a capacidade de uso de</p><p>um solo, ou seja, sua maior ou menor mobilização, que estão intrinsicamente</p><p>relacionadas ao risco de erosão e/ou perda de produtividade em decorrência</p><p>do uso. Dessa forma, a exploração de um solo por culturas anuais é mais</p><p>intensiva que a exploração por culturas perenes, e estas, por sua vez, mais</p><p>intensivas que o uso para pastagem. Portanto, identificar as características</p><p>químicas e físicas do solo é fundamental para reconhecer suas limitações e</p><p>propor formas mais adequadas e sustentáveis de uso do solo (ALVARENGA;</p><p>PAULA, 2000).</p><p>Classes de capacidade de uso das terras</p><p>O sistema de capacidade uso do solo é uma avaliação realizada para de-</p><p>terminar o grau de risco de degradação dos solos e, dessa forma, indicar</p><p>o melhor uso para as atividades agrícolas. Para reconhecer as limitações</p><p>do solo, é necessário identificar suas características (textura, porosidade,</p><p>estrutura, pedregosidade, rochosidade, etc.), sua posição no relevo e o clima</p><p>a que pertence. O objetivo é indicar opções para seu melhor uso, tendo em</p><p>vista a conservação desse recurso ao recomendar práticas para melhor</p><p>controlar a degradação do solo por erosão e garantir uma boa produção na</p><p>área (LEPSCH, 2011).</p><p>O sistema de classificação de uso, ilustrado na Figura 1a, está dividido em</p><p>grandes grupos de capacidade de uso que definem seu tipo de uso agrícola</p><p>(A, B e C). Dentro dos grupos, estão as classes de capacidade de uso, as quais</p><p>definem o grau de limitação do solo (I, II, III, IV, V, VI, VII e VIII), e as subclasses</p><p>de capacidade de uso, que se referem à natureza da limitação do uso do solo</p><p>(“e”, “s”, “a” e “c”). De forma complementar, veja, na Figura 1b, a classificação</p><p>da capacidade de uso das terras segundo o aumento da intensidade do uso.</p><p>Sistema de capacidade de uso do solo8</p><p>Figura 1. (a) Esquema das classes, subclasses e fatores de limitação mais comuns das sub-</p><p>classes e (b) classificação da capacidade de uso das terras em relação ao aumento da</p><p>intensidade do uso.</p><p>Fonte: Adaptada de Lepsch et al. (2015).</p><p>Sistema de capacidade de uso do solo 9</p><p>No grupo A, encontram-se as terras próprias para todos os usos. Nesse</p><p>grupo, as terras podem ser utilizadas para cultivo com culturas anuais,</p><p>perenes, pastagens, reflorestamento ou proteção da vida silvestre. Dentro</p><p>dessa classificação, as áreas podem apresentar características que podem</p><p>limitar seu uso e, por isso, de acordo com Lepsch (2011), são subdividas nas</p><p>três classes a seguir.</p><p>� Classe I: as terras que são alocadas nessa classe têm limitações muito</p><p>pequenas, relacionadas à erosão do solo, e, por isso, são indicadas</p><p>para agricultura em geral. Para pertencerem a essa classe, os solos</p><p>devem ser profundos, quase planos, produtivos e fáceis de lavrar.</p><p>Não são suscetíveis a inundações e não têm lençol freático elevado,</p><p>mas podem estar sujeitos à erosão do solo por lixiviação e à deterio-</p><p>ração de sua estrutura original, caso não sejam adotadas medidas de</p><p>conservação. Esses solos podem perder sua fertilidade natural, caso</p><p>sejam intensamente cultivados, e práticas agrícolas como a calagem</p><p>e a adubação podem ser necessárias para assegurar a produtividade.</p><p>� Classe II: as terras têm limitações por apresentarem riscos moderados</p><p>de degradação. As terras desse grupo estão localizadas em relevos</p><p>planos ou suavemente ondulados, sujeitos à erosão, ou por terem</p><p>algum excesso de água no solo e pequena probabilidade de salini-</p><p>zação. Se forem utilizados para agricultura intensiva, necessitam de</p><p>práticas conservacionistas, a exemplo do cultivo em curvas de nível</p><p>e do plantio direto.</p><p>� Classe III: as terras são próprias para todos os cultivos, mas necessi-</p><p>tam de maior atenção às práticas de conservação, já que os solos se</p><p>localizam em relevo suave ondulado e/ou ondulado e, por isso, são</p><p>bastante suscetíveis à erosão acelerada. Dessa forma, as limitações</p><p>edáficas e de risco de erosão exigem que sejam tomadas medidas de</p><p>conservação mais complexas, a exemplo da construção de terraços.</p><p>As terras podem apresentar baixa fertilidade, limitadas em profundi-</p><p>dade, drenagem ou pedregosidade superficial.</p><p>� Classe IV: o cultivo é limitado devido às características dos solos,</p><p>já que estão localizados em áreas com maior declividade (10–15%)</p><p>e sua superfície pode apresentar pedregosidade em sua superfície</p><p>(30–50%), com baixa retenção de água e baixa fertilidade natural. Inclui,</p><p>também, solos com risco de inundação e restrições climáticas, seca</p><p>ou geada. O cultivo de espécies anuais pode ser realizado de forma</p><p>Sistema de capacidade de uso do solo10</p><p>ocasional ou quando se realiza uma rotação de culturas com longo</p><p>período para retornar à cultura anual. Devido às características do</p><p>solo, deve haver constante manutenção da cobertura do solo e, por</p><p>isso, é recomendado que se tenha pastagem ou uma cultura perene,</p><p>como o cultivo de laranjas ou café.</p><p>No grupo B, encontram-se as terras impróprias para cultivos intensivos.</p><p>Nessa divisão, as terras são indicadas para o cultivo de pastagens, o uso</p><p>para reflorestamento ou a manutenção da vegetação natural. As terras desse</p><p>grupo dividem-se da seguinte forma (LEPSCH, 2011).</p><p>� Classe V: terras com características limitantes ao cultivo, principal-</p><p>mente por apresentarem pedregosidade e encharcamento pronun-</p><p>ciado, ou seja, não é possível realizar a drenagem artificial. As terras</p><p>pertencentes a essa classe podem ser utilizadas apenas para o cultivo</p><p>de pastagens e o reflorestamento, ou mantidas com vegetação natural.</p><p>� Classe VI: terras indicadas apenas para pastagens e reflorestamento.</p><p>Em condições excepcionais, podem ser cultivadas com espécies que</p><p>protejam os solos, a exemplo dos seringais. Esse solo apresenta risco</p><p>elevado de erosão e, por isso, se for cultivado com pastagens, é neces-</p><p>sária enorme atenção. Os solos têm restrições, como drenagem rápida</p><p>ou pequena profundidade efetiva, e rochosidade ou pedregosidade</p><p>intensas. As terras que se localizam em áreas planas são limitadas pelo</p><p>excesso de água ou pelo risco de inundação eminente, bem como pela</p><p>restrição climática, quando em longos períodos de seca.</p><p>� Classe VII: as terras dessa classe têm limitações permanentes e severas.</p><p>Estão localizadas em terrenos muito inclinados, erodidos, ressecados</p><p>ou pantanosos, e, devido a essas circunstâncias, é necessário cuidado</p><p>extremo. De acordo com o clima do local onde o solo está localizado,</p><p>seu melhor uso será com reflorestamento, sobretudo em áreas onde a</p><p>mata nativa foi retirada e o clima é úmido. Para regiões de clima seco,</p><p>o melhor uso será dado com o cultivo de pastagens. Os solos podem ser</p><p>rasos ou com forte pedregosidade, com lençol freático muito elevado</p><p>e de difícil drenagem artificial.</p><p>As terras do grupo C, por sua vez, são impróprias para o cultivo. Devido</p><p>às limitações, são remendadas apenas para a proteção da flora e da fauna,</p><p>ou para o ecoturismo. As terras do grupo C são classificadas na classe VIII.</p><p>Sistema de capacidade de uso do solo 11</p><p>� Classe VIII: nessa classe, as terras não podem ser utilizadas para o</p><p>cultivo anual, perene ou floresta. Devido às limitações físicas, por</p><p>estarem localizadas em terrenos com elevada declividade (40%), mon-</p><p>tanhosos, com pedregosidade excessiva (50%) e com afloramento de</p><p>rochas, ou ainda dunas e mangues, não podem ser cultivadas. Assim,</p><p>devem ser obrigatoriamente destinadas à proteção da flora e da fauna,</p><p>ou à recreação controlada (LEPSCH, 2011).</p><p>As subclasses da capacidade de uso do solo, por sua vez, referem-se</p><p>à natureza da limitação e possibilitam o planejamento de uso de técnicas</p><p>conservacionistas mais adequadas à área. A limitação do uso do solo pode ser</p><p>identificada pela letra minúscula “e”, quando a erosão é aparente ou quando</p><p>há risco de erosão, e permite uma avaliação do risco de erosão de um solo</p><p>quando cultivado. A letra “s” representa a limitação relativa ao solo, enquanto</p><p>a letra “a”, a limitação por excesso de água, a qual é prejudicial à respiração e</p><p>ao crescimento radicular. A letra “c”, por fim, refere-se a limitações climáticas</p><p>(ALVARENGA; PAULA, 2000).</p><p>Para diagnosticar as limitações do uso agrícola do solo, é necessário</p><p>fazer um mapa detalhado dos solos pertencentes ao lugar de observação.</p><p>O mapa abordará, em detalhes, os diferentes tipos de solo e as classificações</p><p>pedológicas a que pertencem. Além disso, vai demonstrar a topografia do</p><p>terreno, onde será possível verificar classes de declive e aspectos físicos da</p><p>terra, bem como possíveis danos por erosão (LEPSCH, 2011).</p><p>Como manejar o solo em função da</p><p>sua capacidade de uso?</p><p>A caracterização dos solos é uma ferramenta fundamental na elaboração dos</p><p>mapas de capacidade de uso do solo, que, por sua vez, procede a limitação</p><p>de ocorrência de áreas distintas em uma área de observação. A construção</p><p>desses mapas permite que o homem consiga planejar, promover adequações</p><p>e conservar a exploração desse recurso (INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA</p><p>E ESTATÍSTICA, 2015).</p><p>A classificação do solo, obedecendo às normas do Sistema Brasileiro de</p><p>Classificação de Solos, é um meio de divulgação científica que permite, aos</p><p>pesquisadores, caracterizar solos de diferentes locais do mundo. No entanto,</p><p>a interpretação correta de sua capacidade e a recomendação de uso só podem</p><p>ser realizadas com o mapa de solo. Ou seja, somente a classificação de um</p><p>Sistema de capacidade de uso do solo12</p><p>solo não é efetiva: ela deve vir acompanhada de sua localização no relevo e da</p><p>caracterização ambiental climática do local observado (OLIVEIRA et al., 2019).</p><p>Para a classificação de um solo segundo sua capacidade de uso, deve-se</p><p>combinar o efeito das características identificadas em relação ao manejo e</p><p>à produtividade do solo. Para isso, pode-se utilizar dois processos, os quais</p><p>são empregados no enquadramento das terras em classes: o método para-</p><p>métrico e o método sintético. O processo paramétrico considera os efeitos</p><p>de características individuais da terra, fornecendo os parâmetros, e combina</p><p>os efeitos para obter a capacidade de uso. Já no processo sintético, tanto as</p><p>características quanto as qualidades de uma gleba são consideradas como</p><p>um todo e utilizadas para avaliar a adaptabilidade para uso intensivo em</p><p>cultivos, pastagem e reflorestamento, relacionando-as com as definições</p><p>das classes de capacidade de uso a fim de encontrar a classe e a subclasse</p><p>em que o local melhor se enquadre (LEPSCH et al., 2015).</p><p>Os fatores condicionadores da capacidade de uso da terra podem ser</p><p>encontrados em cada classe no que diz respeito ao processo paramétrico,</p><p>conforme o Quadro 1. Nele, encontram-se as diferentes características da terra</p><p>avaliadas durante o levantamento do meio físico (textura, permeabilidade,</p><p>profundidade, classe de declive, erosão, etc.), com seus diferentes graus de</p><p>limitação (LEPSCH et al., 2015).</p><p>Quadro 1. Fatores condicionantes da capacidade de uso da terra</p><p>Fator Classes</p><p>Profundidade efetiva (0,50 a 0,25 m) IV a VIII (exceto V)</p><p>Pedregosidade (1 a 10%) III a VIII</p><p>Classes de declive (10 a 20%) IV a VIII (exceto V)</p><p>Erosão laminar moderada III a VIII (exceto V)</p><p>Erosão em sulcos rasa muito frequente VI a VIII</p><p>Fonte: Adaptado de Lepsch et al. (2015).</p><p>Diversos instrumentos práticos, como réguas, já foram propostos para</p><p>classificar terras com base no critério paramétrico. A vantagem desse pro-</p><p>cesso é que, uma vez estabelecido o quadro, ele pode ser aplicado de forma</p><p>generalizada, e diferentes operadores podem obter resultados consistentes</p><p>em um mesmo trato de terra. Porém, a desvantagem é não permitir levar</p><p>Sistema de capacidade de uso do solo 13</p><p>em conta as interações entre fatores quando os critérios diagnósticos são</p><p>vistos isolados durante a determinação das classes. Portanto, como exemplo,</p><p>um declive de 10% (ou uma classe de declive C) não deve ser considerado</p><p>com o mesmo grau de limitação para solo podzólico com mudança textural</p><p>abrupta, altamente suscetível a erosão, e para um latossolo de erodibilidade</p><p>bem menor (LEPSCH et al., 2015).</p><p>No método sintético, a análise das informações é realizada sobre a natu-</p><p>reza em conjunto do grau das limitações existentes em uma gleba, então se</p><p>determina a capacidade de uso, indicando, entre as oito classes, a que melhor</p><p>se adéqua aos atributos da análise. Portanto, a caracterização das classes de</p><p>capacidade de uso deve ser acuradamente elaborada e detalhada, e deve ser</p><p>específica para cada região e adaptada em função das condições e práticas</p><p>locais. Desse modo, os critérios para o diagnóstico de classes de capacidade</p><p>de uso variam de uma região para outra por não serem comparativamente</p><p>exatos, mas precisam estar em conformidade com os princípios estabelecidos</p><p>pelas definições gerais e os pressupostos da classificação (LEPSCH et al., 2015).</p><p>Para entender melhor como funciona o sistema de capacidade de uso do</p><p>solo, acompanhe a seguinte aplicação em uma classificação.</p><p>Exemplo de aplicação do sistema de capacidade</p><p>de uso do solo</p><p>Capacidade de uso da terra em uma propriedade representativa na bacia</p><p>hidrográfica do rio do Atalho, Cruz Machado (PR) (MARINHESKI, 2017). As ca-</p><p>racterísticas do local são listadas a seguir.</p><p>� Regime climático Cfb, subtropical úmido, médias de temperaturas</p><p>anuais em torno dos 10°C nos meses frios e de 22°C nos meses quentes,</p><p>com índices pluviométricos próximo dos 1.800 a 2.000 mm anuais.</p><p>� A vegetação da Bacia Hidrográfica do Rio do Atalho é a Floresta Om-</p><p>brófila Mista. Entre as remanescentes de florestas frias, destacam-se</p><p>o pinheiro do Paraná (Araucaria angustifolia), a imbuia (Ocotea porosa)</p><p>e a erva-mate (Ilex paraguarienses).</p><p>� A propriedade se situa na vertente do lado direito da Bacia do Rio do</p><p>Atalho, a 2,25 km da foz do rio. Possui área de 13,5 ha, distribuídos em</p><p>diferentes usos: 23,5% agricultura, 26% pastagem, 5,0% erva mate,</p><p>41% floresta e cerca de 4,5% em estradas, quintal e recursos hídricos</p><p>(Figura 2).</p><p>Sistema de capacidade de uso do solo14</p><p>� O relevo é ondulado e forte ondulado, e o solo possui afloramento de</p><p>rochas ígneas e várias nascentes, que não permitem uma mecanização</p><p>intensiva. Por isso, são utilizados apenas animais (cavalos e muares)</p><p>como força de trabalho para revolver o solo e mover os “carroções”.</p><p>O “carroção” também foi considerado um agente erosivo na área de</p><p>estudo, devido às características de suas rodas.</p><p>Figura 2. Exemplo de mapa de capacidade de uso do solo.</p><p>Fonte: Adaptada de Marinheski (2017).</p><p>Resultado</p><p>As classes de capacidade de uso da terra na propriedade variaram de III à</p><p>VIII. Na classe III, as terras podem ser utilizadas para qualquer tipo de cultivo,</p><p>precisando de técnicas de conservação do solo por apresentarem grande risco</p><p>de erosão (por declividades moderadas, presença de materiais rochosos,</p><p>solos de média fertilidade e com pequena espessura, etc.).</p><p>As glebas de classe III compreendem 2,22 ha ou 16,44% do total da área</p><p>da propriedade rural. As glebas da classe IV, com 3,02 ha ou 22,44% da pro-</p><p>priedade, apresentam riscos intensos de erosão devido às declividades</p><p>acentuadas, aos solos rasos e à baixa fertilidade, com predomínio do Neos-</p><p>solo Litólico com blocos e matacões de rochas. A agricultura, nessa classe,</p><p>somente deve ser praticada em casos excepcionais e com a associação de</p><p>técnicas para controlar a erosão.</p><p>Sistema de capacidade de uso do solo 15</p><p>A classe V ocupa 0,07 ha ou 0,55% do total da área da propriedade e tem</p><p>restrições para cultivos por apresentar</p><p>solos encharcados. Ainda, as glebas</p><p>da classe VI, com 4,43 ha ou 32,86% de representação da área da propriedade,</p><p>são impróprias para o cultivo por apresentarem terras com declividades acen-</p><p>tuadas, solos rasos e baixa fertilidade, com predomínio de Neossolo Litólico,</p><p>presença de materiais rochosos e riscos severos de erosão. Entretanto, são</p><p>indicadas para cultivos permanentes (pastagem, reflorestamento ou culturas</p><p>comerciais, como a erva-mate).</p><p>Terras de classe VII, limitadas para qualquer tipo de uso devido a declivi-</p><p>dades acentuadas, finas camadas de Neossolo Litólico, associação de rochas</p><p>junto ao solo em mais de 50% entre blocos, matacões ou afloramento da</p><p>camada de rocha ainda não transformada em solo, podem ser ocupadas com</p><p>culturas permanentes ou pastagem, em casos excepcionais.</p><p>Por fim, as glebas de classe VIII constituem 2,68 ha ou 19,91% do total</p><p>da área da propriedade e são impróprias para qualquer uso comercial por</p><p>estarem em áreas de preservação permanente ou apresentarem relevos</p><p>com declividades muito acentuadas, com riscos severos de erosão. Devem,</p><p>portanto, ser utilizadas para a preservação da flora e fauna (Figura 3).</p><p>Figura 3. Classificação da área quanto às classes de capacidade de uso.</p><p>Fonte: Adaptada de Marinheski (2017).</p><p>Neste capítulo, vimos que a utilização do levantamento de solo é de suma</p><p>importância para o enquadramento dentro das classes de capacidade de uso.</p><p>A classificação pode ser realizada em tamanhos de área variável, caracteri-</p><p>Sistema de capacidade de uso do solo16</p><p>zando o tipo de levantamento que deve ser utilizado. A capacidade de uso</p><p>de um solo permite a utilização desse recurso de forma racional, dentro de</p><p>suas limitações de exploração, além de permitir uma melhor gestão da área</p><p>que será destinada à produção agrícola ou à preservação, respeitando seus</p><p>limites físicos.</p><p>Referências</p><p>ALVARENGA, I. N.; PAULA, M. B. Planejamento conservacionista em microbacias. Informe</p><p>Agropecuário, v. 21, nº 207, p. 55-64, 2000.</p><p>GARCIA, G. J.; ANTONELLO, S. L.; MAGALHÃES, M. G. Nova versão do sistema de avaliação</p><p>de terras-SIAT. Engenharia Agrícola, v. 25, nº 2, p. 516-529, 2005.</p><p>INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Manual técnico de uso da terra.</p><p>4. ed. Rio de Janeiro: IBGE, 2015.</p><p>LEPSCH, I. F. 19 lições de pedologia. São Paulo: Oficina de textos, 2011.</p><p>LEPSCH, I. F. et al. Manual para levantamento utilitário do meio físico e classificação</p><p>de terras no sistema de capacidade de uso. Campinas: SBCS, 1991.</p><p>LEPSCH, I. F. et al. Manual para levantamento utilitário do meio físico e classificação</p><p>de terras no sistema de capacidade de uso. Viçosa: SBCS, 2015.</p><p>MARINHESKI, V. Capacidade de uso da terra e perda de solo em uma propriedade</p><p>representativa na bacia hidrográfica do Rio do Atalho, Cruz Machado–PR. 2011. 137 f.</p><p>Dissertação (Mestrado em Geografia) — Setor de Ciências Exatas e Naturais, Univer-</p><p>sidade Estadual de Ponta Grossa, Ponta Grossa, 2011.</p><p>OLIVEIRA, V. A. et al. Recomendações práticas para levantamentos de reconhecimento</p><p>a detalhado de solos. Rio de Janeiro: Embrapa Solos, 2019.</p><p>QUARTAROLI, C. F. et al. Avaliação da adequação do uso das terras agrícolas 70 no</p><p>Nordeste do Estado de São Paulo em 1988 e 2003. Campinas: Embrapa Monitoramento</p><p>por Satélite, 2006. (Documentos, 57).</p><p>RAMALHO FILHO, A.; BEEK, K. J. Sistema de avaliação da aptidão agrícola das terras.</p><p>3. ed. Rio de Janeiro: Embrapa, 1995.</p><p>Os links para sites da web fornecidos neste capítulo foram todos</p><p>testados, e seu funcionamento foi comprovado no momento da</p><p>publicação do material. No entanto, a rede é extremamente dinâmica; suas</p><p>páginas estão constantemente mudando de local e conteúdo. Assim, os editores</p><p>declaram não ter qualquer responsabilidade sobre qualidade, precisão ou</p><p>integralidade das informações referidas em tais links.</p><p>Sistema de capacidade de uso do solo 17</p>