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<p>EDUCAÇÃO EM E</p><p>PARA DIREITOS HUMANOS</p><p>VOLUME 01</p><p>EDUCAÇÃO EM E</p><p>PARA DIREITOS HUMANOS</p><p>VOLUME 01</p><p>Barra do Garças - MT</p><p>Faculdade Cathedral</p><p>2020</p><p>Produzido por</p><p>DELÍNEA</p><p>Revisão Gramatical do Texto</p><p>Ângela Cristina de Melo</p><p>Projeto Gráfico</p><p>Atila Cezar Rodrigues Lima e Coelho</p><p>Georgya Politowski Teixeira</p><p>Matheus Antônio dos Santos Abreu</p><p>BARRA DO GARÇAS - MT</p><p>JULHO 2020</p><p>Copyright © by UniCathedral, 2020</p><p>Nenhuma parte desta publicação pode ser gravada,</p><p>armazenada em sistemas eletrônicos, fotocopiada,</p><p>reproduzida por meios mecânicos ou outros quaisquer</p><p>sem autorização prévia do(s) autor(es).</p><p>UniCathedral – Centro Universitário</p><p>Av. Antônio Francisco Cortes, 2501</p><p>Cidade Universitária - Barra do Garças / MT</p><p>www.unicathedral.edu.br</p><p>E24 Educação em e para os direitos humanos, volume 1 / Produzido por</p><p>Delinea. Barra do Garças: UniCathedral – Centro Universitário</p><p>(Educação a Distância), 2020.</p><p>72 p. ; il., color.</p><p>ISBN:</p><p>Conteúdo de disciplina EaD do Núcleo de Ensino a Distância</p><p>(NEaD) do UniCathedral – Centro Universitário.</p><p>.</p><p>1. Direitos humanos. 2. Educação em direitos humanos. 3. Educa-</p><p>ção para os direitos humanos. 4. Políticas públicas. 5. Direitos hu-</p><p>manos – Tratados internacionais. I. Título. II. UniCathedral - Centro</p><p>Universitário.</p><p>CDU 342.7</p><p>Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) – Catalogação na Fonte</p><p>Ficha catalográfica elaborada pela Bibliotecária Roberta M. M. Caetano – CRB-1/2914</p><p>7</p><p>UNIDADE I .......................................................................................................................................... 12</p><p>Introdução à temática da Educação em e para os Direitos Humanos ................................................... 12</p><p>Direitos humanos: senso comum e conceituação .............................................................................. 12</p><p>Origem dos direitos humanos ............................................................................................................ 13</p><p>A declaração universal dos direitos humanos .................................................................................... 15</p><p>Os princípios doutrinais da Declaração Universal dos Direitos Humanos ............................................. 17</p><p>A promulgação da declaração universal dos direitos humanos ......................................................... 17</p><p>Princípios doutrinais da declaração universal dos direitos humanos ................................................ 19</p><p>Organização das Nações Unidas – ONU – contextualização acerca de suas finalidades e funções ....... 21</p><p>Criação da Organização das Nações Unidas ....................................................................................... 21</p><p>Organização administrativa da ONU .................................................................................................. 23</p><p>UNIDADE II ......................................................................................................................................... 31</p><p>A evolução dos direitos .......................................................................................................................... 31</p><p>Os direitos individuais ........................................................................................................................ 31</p><p>Eventos históricos .............................................................................................................................. 32</p><p>Caraterísticas dos direitos humanos ...................................................................................................... 35</p><p>Direito natural e direito positivo ........................................................................................................ 35</p><p>Educação em direitos humanos ......................................................................................................... 36</p><p>Desafios da educação em e para os direitos humanos ...................................................................... 38</p><p>As dimensões de liberdade, igualdade e fraternidade nos direitos humanos ....................................... 39</p><p>História dos direitos humanos ........................................................................................................... 39</p><p>Direitos humanos no Brasil ................................................................................................................ 42</p><p>Eventos históricos no Brasil ................................................................................................................ 43</p><p>UNIDADE III ........................................................................................................................................ 52</p><p>A Constituição da República Federativa do Brasil e a positivação dos Direitos Humanos no país ........ 52</p><p>Direitos Humanos, Direitos Fundamentais e Direitos do Cidadão ......................................................... 58</p><p>O Estatuto da Pessoa com Deficiência – Lei Federal n. 13.146/2015 .................................................... 63</p><p>SUMÁRIO</p><p>8</p><p>Olá, caro(a) estudante!</p><p>Seja bem-vindo(a) ao primeiro volume da disciplina “Educação em e para os Direitos Humanos”. Ao longo</p><p>deste material, você estudará os conteúdos das unidades 1, 2 e 3.</p><p>Na unidade 1, abordaremos temas sobre os direitos humanos, a Declaração Universal dos Direitos</p><p>Humanos (DUDH) de 1948 e a Organização das Nações Unidas (ONU).</p><p>Na unidade 2, trataremos de assuntos sobre a evolução histórica dos direitos humanos, de sua origem a</p><p>suas principais características consolidadas atualmente, perpassando por cada uma de suas dimensões (ou</p><p>gerações).</p><p>Na unidade 3, aprenderemos sobre a legislação e os principais instrumentos normativos que tratam dos</p><p>direitos humanos no Brasil. A Constituição Federal de 1988 e a Lei n° 13.146/2015 (Estatuto da Pessoa com</p><p>Deficiência) terão destaque em razão de sua essencialidade. Além disso, estudaremos também os aspectos</p><p>filosóficos relacionados aos conceitos de direitos humanos, direitos fundamentais e direitos do cidadão.</p><p>Esperamos que este material contribua para sua aprendizagem acadêmica e profissional.</p><p>Bons estudos!</p><p>INTRODUÇÃO</p><p>29</p><p>U</p><p>N</p><p>ID</p><p>A</p><p>D</p><p>E</p><p>II</p><p>30</p><p>Autor(a) da Unidade</p><p>Luiz Felipe Petusk Corona</p><p>Ao final da unidade, esperamos que você seja capaz de:</p><p>• Compreender a importância histórica dos movimentos e documentos internacionais que</p><p>contribuíram para a criação da Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH);</p><p>• Inferir sobre os aspectos filosóficos dos direitos humanos (direito natural) e dos direitos do</p><p>cidadão (direito positivo) relativos a educação, saúde, moradia, lazer, transporte, entre outros</p><p>(direitos fundamentais);</p><p>• Identificar as características fundamentais que devem ser respeitadas na educação em e para os</p><p>direitos humanos;</p><p>• Conhecer as dimensões de liberdade, igualdade e fraternidade que norteiam a concepção de</p><p>direitos humanos no cotidiano.</p><p>31</p><p>UNIDADE II</p><p>A EVOLUÇÃO DOS DIREITOS</p><p>OS DIREITOS INDIVIDUAIS</p><p>Em primeiro lugar, vamos buscar um dos principais autores que trata da evolução dos direitos individuais,</p><p>antes mesmo de falarmos sobre os direitos humanos modernos. Para Thomas</p><p>Humphrey Marshall (1893-</p><p>1981), sociólogo inglês, a trajetória da construção da cidadania, ou do exercício dos direitos individuais,</p><p>apresenta-se na divisão do direito em três partes: civil, política e social. Para Marshall (1967), os direitos civis</p><p>são compostos pelos direitos necessários à liberdade individual:</p><p>• liberdade de ir e vir;</p><p>• liberdade de imprensa,</p><p>• liberdade de pensamento e fé;</p><p>• direito à propriedade;</p><p>• direito de concluir contratos válidos;</p><p>• direito à justiça.</p><p>Por direito político, Marshall (1967) entende o direito de participar do exercício do poder político como</p><p>membro ou como eleitor. Já o elemento social refere-se a tudo que vai desde o direito a um mínimo de bem-</p><p>estar econômico e segurança até o direito de participar, por completo, da herança social e levar a vida de um</p><p>ser civilizado, de acordo com os padrões que prevalecem na sociedade.</p><p>A guilhotina utilizada na França a partir de março de</p><p>1792 representou uma luta por direitos humanos, pois</p><p>seu inventor, o médico francês Joseph-Ignace Guillotin,</p><p>propôs o uso de um dispositivo mecânico para realizar</p><p>as penas de morte na França, evitando maior</p><p>sofrimento dos condenados. Antes eram utilizados</p><p>machados manuseados por carrascos (Ver: FOUCALT,</p><p>M. Vigiar e punir. 16. ed. Petrópolis: Vozes, 1997).</p><p>32</p><p>Vale lembrar também a obra-prima “Leviatã”, de Thomas Hobbes (1651), conhecida por ser uma das</p><p>primeiras reflexões sobre indivíduos e sua relação com o Estado (aqui entendido como o poder oficial</p><p>exercido por lideranças que comandam a sociedade). Hobbes (1983) considera o “Estado absoluto” como o</p><p>resultado do estabelecimento de um “contrato social” entre indivíduos que viviam em “estado de natureza”</p><p>e que, por diversas razões, decidiram abandoná-lo em prol da entrada em um corpo político e social. Segundo</p><p>Hobbes, a existência de homens livres e iguais impede que eles tenham freios em suas ações, o que</p><p>acarretaria conflitos ou “uma guerra de todos</p><p>os homens contra todos os homens”. É de</p><p>Hobbes a famosa frase “o homem é um lobo</p><p>do outro”. Assim, compreendemos que os</p><p>direitos individuais se relacionam diretamente</p><p>com os direitos civis e políticos que são</p><p>garantidos pelo Estado.</p><p>Em resumo, para Hobbes (1983), o Estado</p><p>absoluto era necessário para a existência</p><p>harmoniosa do indivíduo. A imagem</p><p>construída do Leviatã (na capa do livro)</p><p>representa um grande monstro formado por</p><p>centenas de pequenos homens se amontando</p><p>uns com os outros. Essa imagem quer dar</p><p>sentido à reflexão do autor: o Estado é um</p><p>monstro necessário para a garantia dos</p><p>direitos individuais.</p><p>O filósofo John Locke (1632-1704), também inglês e contemporâneo de Hobbes, discordava dele:</p><p>Se para Hobbes o poder é absoluto, indivisível e irresistível, para Locke, ao</p><p>contrário, é limitado, divisível e resistível. Foi precisamente na ultrapassagem dessa</p><p>fronteira que se constituíram os primeiros passos daquilo que chamamos</p><p>comumente hoje de “direitos humanos”. (PINSK; PINSK, 2008, p. 129)</p><p>Foi John Locke que deu a importante contribuição ao processo de conquista de direitos individuais. Para</p><p>Locke (1983), o poder político estatal (poder do Estado) deve ser fragmentado em poder legislativo, poder</p><p>executivo e poder federativo, todos eles orientados pelo “princípio das maiorias” e “respeito às minorias”.</p><p>A forma como ele pensou a organização do Estado e a distribuição dos poderes possibilita a defesa dos</p><p>direitos, pois, se o poder deixa de ser único e absoluto, os indivíduos podem recorrer de suas condenações.</p><p>Além dos autores que nos ajudam a compreender a evolução das reflexões sobre os direitos, as lutas reais</p><p>e concretas que foram empreendidas pela conquista dos direitos individuais, civis e políticos, ao longo da</p><p>história, nos alertam para o entendimento de que os direitos humanos não vieram como presente de</p><p>nenhum governo, mas a partir de lutas, muitas vezes sangrentas, de nossos antepassados.</p><p>EVENTOS HISTÓRICOS</p><p>Vamos relembrar apenas dois eventos históricos importantes e inspiradores para toda a humanidade para</p><p>ilustrar o que estamos falando. Os dois eventos ocorreram no século XVIII, e devemos lembrar que “é no</p><p>século XVIII que a ideia da felicidade nasce, não como uma conquista individual, mas como uma meta a ser</p><p>alcançada pela humanidade” (PINSKY; PINSKY, 2008, p. 160). Falaremos da Revolução Americana, entre 1776</p><p>e 1783, e da Revolução Francesa, de 1789.</p><p>33</p><p>A REVOLUÇÃO AMERICANA</p><p>As treze colônias instituídas pela coroa britânica revoltaram-se com a cobrança excessiva de impostos e,</p><p>desejando autonomia da Inglaterra, declararam independência em 4 de julho de 1776. Isso deu início à</p><p>Revolução Americana, terminada em 1783, dando origem aos Estados Unidos da América.</p><p>Fruto dessa revolução, os intelectuais americanos escreveram seus princípios fundamentais de liberdade</p><p>e igualdade em dois documentos: a “Declaração de Independência”, de 1776, e a Constituição de 1787. Na</p><p>declaração, por exemplo, afirma-se que “todos os homens foram criados iguais, dotados pelo Criador de</p><p>direitos inalienáveis, […] a vida, a liberdade e a procura da felicidade” (EUA, [2014b]). Na Constituição, a</p><p>concepção de coletividade está explicitada na primeira frase: “Nós, o povo dos Estados Unidos” (EUA,</p><p>[2014a]). Não há como negar a unidade que se estabelece na luta comum por direitos, do mesmo modo que</p><p>não é possível negar as dificuldades enfrentadas para alcançá-los.</p><p>Devemos lembrar que o ideal democrático almejado pelas colônias ainda passaria por inúmeros acordos</p><p>para que se tivesse a garantia de que seriam consolidados. Assim, preocupados com os direitos individuais e</p><p>com a eventual tirania do Estado que poderia se constituir após a unificação das colônias, os americanos</p><p>decidiram aprovar, em 1791, um pacote com 10 emendas constitucionais, tão importantes quanto a própria</p><p>Constituição. “As emendas estabelecem uma quase absoluta liberdade de expressão, o direito do cidadão</p><p>comum de portar armas, a necessidade de julgamentos abertos e com júri, proibição de penas cruéis e outras</p><p>liberdades” (PINSK; PINSK, 2008, p. 142).</p><p>A REVOLUÇÃO FRANCESA</p><p>Do outro lado do oceano, na Europa, os pensamentos que imperavam eram o Iluminismo e a Ilustração,</p><p>adquiridos por meio da razão e da ciência. Um conceito forte desse período é o de direito natural, “uma</p><p>sociedade justa, para os intelectuais do século XVIII, é aquela em que as leis e o direito sejam naturais, ou</p><p>seja, nasçam com o próprio homem” (PINSK; PINSK, 2008, p. 161). Precisamente por essa razão, os franceses</p><p>também declaram seu desejo de liberdade, igualdade e fraternidade.</p><p>A Revolução Francesa tem importante relevância na luta</p><p>universal por direitos humanos. Não confundir com a</p><p>Revolução Industrial, que nada tem de expressão de luta das</p><p>pessoas por melhores condições de liberdade e igualdade. A</p><p>Revolução Industrial, embora representasse um ganho inicial</p><p>para os indivíduos (pelo conforto de produzir mais em menos</p><p>tempo), provocou um processo que desencadeia hoje as</p><p>grandes desigualdades sociais.</p><p>Para Tocqueville (1805-1859), a Revolução Francesa foi a culminância de séculos de descontentamento</p><p>de várias gerações que sobreviveram às servidões dos tempos feudais e que, no século XVIII, ainda viviam</p><p>miseravelmente e famintas. Segundo Tocqueville (apud PINSK; PINSK, 2008), as mudanças teriam que</p><p>acontecer e aconteceriam pacificamente, mas a revolução fez o papel de acelerar o processo.</p><p>Talvez isso possa ser considerado, entretanto, foi a luta do povo, o enfrentamento do poder do Estado –</p><p>representado pelo rei Luiz XVI –, a tomada da Bastilha (lugar onde eram presos os inimigos do rei), com a</p><p>libertação dos presos, e a exigência de uma nova constituição que garantiram uma nova sociedade francesa,</p><p>com novos padrões e direitos dos cidadãos.</p><p>O rei Luiz XVI teve que aceitar as imposições dos revolucionários e convocou uma Assembleia Constituinte,</p><p>mas, antes disso, o Terceiro Estado (formado por plebeus</p><p>e pessoas de origens diversas) proclamou, em 26</p><p>de agosto de 1789, a “Declaração dos Direitos do Homem”. O artigo primeiro desse documento estabelece</p><p>34</p><p>que “os homens nascem e permanecem livres e iguais em direitos” (USP, [2020?]). Esses direitos são naturais</p><p>e devem ser defendidos por toda e qualquer associação política.</p><p>Vale a pena ler o livro “História da cidadania”, organizado pelo casal Jaime e Carla Pinsk (4. ed. São Paulo:</p><p>Contexto, 2008). Contém vários artigos que narram os processos históricos que nos fazem compreender a</p><p>cidadania e os direitos humanos hoje.</p><p>Tanto a Revolução Francesa quanto a Revolução Americana culminam com declarações de garantias de</p><p>direitos aos homens, individualmente, e aspirações de um bem coletivo. Embora sem a pretensão de serem</p><p>universais, elas se tornaram a gênese do que viria a ser a “Declaração Universal dos Direitos Humanos”, de</p><p>1948.</p><p>35</p><p>CARATERÍSTICAS DOS DIREITOS HUMANOS</p><p>DIREITO NATURAL E DIREITO POSITIVO</p><p>Os direitos humanos estão relacionados, conforme vimos brevemente na primeira parte desta unidade,</p><p>com os direitos naturais. Pelos direitos naturais, todos os homens nascem iguais e deveriam viver em</p><p>harmonia como respeito dessa premissa básica. Ocorre que nem todas as sociedades são regidas pelas</p><p>mesmas regras e leis, daí temos o conceito de direito positivo, que é definido como um conjunto de leis e</p><p>normas jurídicas estabelecidas de forma cultural em cada sociedade. É dever do Estado que elas sejam</p><p>garantidas, mas só existem a partir da manifestação da vontade de um grupo de autoridades que exercem a</p><p>função de definir essas leis.</p><p>O direito natural vem das reflexões filosóficas, especialmente de Aristóteles, cujas afirmações são: há uma</p><p>ordem natural para todas as coisas; e todos nascem iguais, com características e capacidades de se</p><p>transformarem em seres que andam, pensam, agem e vivem, mas essencialmente nascem livres e iguais.</p><p>O direito natural mantém-se imutável e universal e, se há problemas</p><p>quanto a aplicações da lei natural, isso ocorre acidentalmente, o</p><p>homem comete injustiças, mas a lei natural continua presente na</p><p>consciência dele, mesmo quando faz mau uso da razão.</p><p>Confira - Tomás de Aquino – Suma Teológica I. Questão 93. Art 6:</p><p>36</p><p>Para o direito positivo, somente pode ser considerado direito aquilo que seria emanado das decisões do</p><p>Estado. Direitos garantidos por leis e normas. Cria-se aí um conflito de interesses entre indivíduo e Estado e,</p><p>por outro lado, uma reinvindicação de que o Estado, com o direito positivo, estabeleça regras que respeitem</p><p>os direitos naturais dos indivíduos.</p><p>A UNIVERSALIDADE DOS DIREITOS HUMANOS</p><p>Os direitos humanos têm caráter universal e devem ser respeitados por todas as nações do mundo. A</p><p>“Declaração Universal dos Direitos Humanos” foi assinada por representantes de 57 países que faziam parte</p><p>da Organização das Nações Unidas (ONU), em 1948. Atualmente, 193 países, reconhecidos pela ONU, são</p><p>signatários dessa declaração e comprometem-se em obedecê-la.</p><p>A ONU estabelece projetos, planos e comissões internacionais que buscam garantir a eliminação de toda</p><p>e qualquer forma de discriminação, seja de gênero, cor, religião, nacionalidade, orientação sexual, status</p><p>social, geracional e toda uma série de diferenças que podem ser mecanismos de desrespeito, discriminação</p><p>ou violência.</p><p>No Brasil, a Constituição Federal do Brasil de 1988 (BRASIL, [2019]) inseriu uma série de artigos que</p><p>garantem os direitos humanos universais. O que ocorreu de diferente no processo de elaboração dessa</p><p>Constituição, especificamente, foi que ela ouviu a manifestação da população sobre reivindicações de</p><p>direitos. Para além dos direitos civis e políticos básicos e de responsabilidade do Estado, os direitos sociais</p><p>como saúde, educação, transporte e outros, representados pelos anseios da população, foram inseridos na</p><p>Constituição. Desse modo, a Constituição brasileira possui artigos próprios em defesa do direito das minorias,</p><p>como indígenas, pessoas com deficiência, idosos, crianças e adolescentes.</p><p>A “Lei Maria da Penha” [Lei n. 11.340, de 7 de agosto de</p><p>2006], que garante a coibição da violência familiar e</p><p>doméstica, resultou de uma sanção imposta ao Brasil</p><p>pela OEA [Organização dos Estados Americanos]. Caso</p><p>contrário, embora prevista na Constituição Federal (CF)</p><p>de 1988, essa lei não teria sido proposta e aprovada.</p><p>Apesar de representar os anseios da população, atualmente, apenas 46,2% dos brasileiros declaram ter</p><p>um bom conhecimento da Constituição Federal (SASSE, 2013). Uma pesquisa do Senado Federal, realizada</p><p>em 2013, 25 anos, portanto, após a promulgação da Constituição, afirma isso. Significa que mais da metade</p><p>da população não conhece seus direitos e deveres; a pergunta que se faz é: “Como mudar essa situação?”.</p><p>Precisamos falar em educação em e para os direitos humanos.</p><p>EDUCAÇÃO EM DIREITOS HUMANOS</p><p>Os direitos humanos representam processos que duraram séculos de reflexões, estudos e lutas, como já</p><p>verificamos anteriormente, não surgem aleatoriamente e significam conquistas importantes da humanidade.</p><p>Para não caírem no esquecimento e terem suas práticas abandonadas, precisam ser ensinados.</p><p>37</p><p>Recomendamos assistir ao vídeo “Educação infantil em direitos</p><p>humanos”.</p><p>Esse vídeo do Observatório de Educação em Direitos Humanos da</p><p>UNESP traz depoimentos e atividades-piloto desenvolvidas na EMEI</p><p>pela professora Márcia de Almeida Biguetti (da Rede Municipal de</p><p>Ensino de Bauru). No horizonte, almeja-se uma sociedade com</p><p>estrutura e cultura igualitárias, pluralistas e humanizadas.</p><p>Assim como a história da humanidade tem sido ensinada e até mesmo ampliada a partir de novas óticas</p><p>menos excludentes, a história dos direitos humanos precisa ser ensinada. As barbáries que existiram na Idade</p><p>Média, com execuções sem julgamento justo, foram superadas já no início da Idade Moderna (século XVI),</p><p>com o Renascimento e a Reforma Protestante, por exemplo, que afirmaram a dignidade humana em</p><p>detrimento às arbitrariedades realizadas anteriormente. Mas a plenitude dos direitos humanos só foi</p><p>garantida em documentos dos séculos XVIII e especialmente do XX, após a humanidade assistir à crueldade</p><p>de duas guerras mundiais.</p><p>O que fica como característica principal dos direitos humanos é que, por serem universais, eles não</p><p>podem retroceder. Uma vez conquistados, não se permite voltar atrás. Não é possível alegar</p><p>desconhecimento, pois eles tratam de valores humanitários indiscutíveis: vida, liberdade, igualdade.</p><p>Os direitos humanos também não podem ser revogados, uma vez que, para adquiri-los, o único requisito</p><p>é ser um humano e, desse modo, ninguém será rebaixado à condição diferente desta.</p><p>O Instituto Interamericano de Direitos Humanos (IIDH), com suas pesquisas e informações sobre educação</p><p>em direitos Humanos, elaboradas por pesquisadores de vários países, indicou a necessidade de três</p><p>dimensões importantes para a educação em direitos humanos, a partir dos anos 2000. São elas:</p><p>1. A formação de sujeitos de direito, pois a maior parte dos cidadãos/ãs latino-</p><p>americanos tem pouca consciência de que são sujeitos de direito. É importante</p><p>educar sobre os direitos.</p><p>2. Favorecer o processo de “empoderamento” (“empowerment”). A potencialidade</p><p>de cada um de tornar-se um ator social. Na perspectiva de buscar o</p><p>reconhecimento e a valorização dos grupos socioculturais excluídos e</p><p>discriminados, favorecendo sua efetiva participação na sociedade civil.</p><p>3. A proposta de transformação e mudança, ou “educar para o nunca mais”.</p><p>Resgatar a memória histórica, romper a cultura do silêncio e da impunidade. (IIDH,</p><p>2012, p. 78-79)</p><p>De fato, são dimensões que precisam ser integradas à educação em e para os direitos humanos, inseridas em</p><p>currículos específicos, especialmente no que diz respeito ao conhecimento dos direitos. Os esforços precisam</p><p>caminhar em conjunto no sentido de educação</p><p>sobre os direitos humanos ou, como comumente se diz: educar</p><p>em direitos humanos – orientando historicamente esse caminho da humanidade – e educar para os direitos</p><p>humanos – no sentido de fazer com que os direitos sejam valorizados e praticados pelas pessoas.</p><p>Os projetos de educação para os direitos humanos incluem a vivência de experiências de empatia e</p><p>encontro com as pessoas desprovidas de seus direitos, como pessoas com deficiência, idosos, moradores de</p><p>rua. Conhecer a realidade do outro, tornar-se próximo, criar empatia, tudo isso desvela o medo, elimina a</p><p>38</p><p>ignorância e promove a alteridade, ou seja, você sabe que existe uma diferença entre você e a outra pessoa,</p><p>mas isso permite que você respeite essa pessoa e aprenda com as diferenças.</p><p>Compreendamos com um exemplo.</p><p>O relato de um projeto realizado com crianças de classe média de uma escola particular em São Paulo</p><p>exemplifica esse caminho educativo: foi feito o convite a uma pessoa com deficiência para dar uma palestra</p><p>sobre o movimento do qual fazia parte. A aparência dele era muito diferente, ele tinha atrofia muscular e</p><p>falava com dificuldade, mas isso não impediu a sociabilidade e a reciprocidade entre as crianças de 10 anos</p><p>de idade, em média, e o palestrante. Certamente essa experiência promoveu empatia e alteridade nas</p><p>crianças (SILVA, 2018, p. 7-9).</p><p>DESAFIOS DA EDUCAÇÃO EM E PARA OS DIREITOS HUMANOS</p><p>Um dos desafios da educação em e para os direitos humanos relaciona-se com a educação para a</p><p>memória. Os autores citados a seguir comentam a importância do educar para o nunca mais.</p><p>A educação para o “nunca mais” promove o sentido histórico, a importância da memória em lugar do</p><p>esquecimento. Supõe quebrar a “cultura do silêncio” e da invisibilidade e da impunidade presente na maioria</p><p>dos países latino-americanos, aspecto fundamental para a educação, a participação, a transformação e a</p><p>construção de sociedades democráticas. Exige manter sempre viva a memória dos horrores das dominações,</p><p>colonizações, ditaduras, autoritarismos, perseguições políticas, torturas, escravidões, genocídios,</p><p>desaparecimentos. Implica saber reler a história com outras chaves e olhares capazes de mobilizar energias</p><p>de coragem, justiça, esperança e compromisso que favoreçam a construção e exercício da cidadania.</p><p>(CANDAU; SACAVINO, 2013, p. 63)</p><p>Há um desafio educativo que diz respeito ao enfrentamento do grave problema do descumprimento das</p><p>leis. Sabemos que a reincidência de atos criminosos é grande no país. Há uma sensação de impunidade que</p><p>incentiva as pessoas a não se preocuparem com o fato de violar a lei. O Brasil tem índices altíssimos de</p><p>homicídios. Nessa categoria, listam-se o feminicídio e as violências contra a juventude negra e contra as</p><p>pessoas mais vulneráveis. O “Atlas da Violência” (IPEA, 2019, p. 5) informa que:</p><p>Segundo os dados oficiais do Sistema de Informações sobre Mortalidade, do Ministério</p><p>da Saúde (SIM/MS), em 2017 houve 65.602 homicídios no Brasil, o que equivale a uma</p><p>taxa de aproximadamente 31,6 mortes para cada cem mil habitantes. Trata-se do</p><p>maior nível histórico de letalidade violenta intencional no país.</p><p>As pessoas deveriam conhecer e cumprir as leis, mas, infelizmente, na realidade, as diversas leis que visam</p><p>coibir a violência contra idosos, mulheres, crianças, homossexuais e pessoas com deficiência, dentre outros,</p><p>são ignoradas facilmente todos os dias.</p><p>Hoje, possuímos um significativo conjunto de leis e políticas públicas centradas na proteção e promoção</p><p>dos direitos humanos. A Constituição Federal incorporou a afirmação dos direitos humanos, e o Estado</p><p>brasileiro tem feito um grande esforço orientado à defesa e à proteção dos direitos fundamentais,</p><p>respondendo, em muitas ocasiões, às demandas de diferentes movimentos sociais.</p><p>No entanto, essa realidade convive com violações sistemáticas, e em muitos casos dramáticas, desses</p><p>direitos. Basta ler os jornais diários ou assistir aos informativos televisivos para que sejamos expostos às</p><p>múltiplas e diversificadas violações dos direitos humanos e ao contínuo desrespeito às normativas</p><p>internacionais relativas à proteção e à defesa da dignidade humana.</p><p>39</p><p>AS DIMENSÕES DE LIBERDADE, IGUALDADE E</p><p>FRATERNIDADE NOS DIREITOS HUMANOS</p><p>HISTÓRIA DOS DIREITOS HUMANOS</p><p>Nesta terceira parte do texto, retomamos a história dos direitos humanos de uma forma mais didática,</p><p>como foi pensada por vários autores, inclusive o referencial presente no Plano Nacional de Educação em</p><p>direitos Humanos (PNEDH), Karel Vasak. Costuma-se organizar os direitos humanos, na sequência de suas</p><p>conquistas, nas palavras-chaves da Revolução Francesa: liberdade, igualdade e fraternidade.</p><p>– Primeira geração</p><p>Considera-se que a primeira geração de direitos humanos se refere ao contexto do fim do século XVIII,</p><p>seu elemento principal traz a ideia de liberdade individual, concentrada nos direitos civis e políticos. Vale</p><p>lembrar que os direitos civis, ou individuais, visam proteger a integridade humana (proteção à integridade</p><p>física, psíquica e moral), e os direitos políticos asseguram a participação popular na administração do Estado.</p><p>O núcleo desse direito envolve o direito de votar e ser votado. São direitos de cidadania, que asseguram,</p><p>sobretudo, o direito à participação política. A diferença entre os direitos civis e políticos é que o primeiro é</p><p>universal, serve para todas as pessoas, sem distinção. Já os direitos políticos são direitos de participação</p><p>restritos aos eleitores (de acordo com as regras oficiais do país) (ROMANO, 2018).</p><p>– Segunda geração</p><p>Os direitos humanos de segunda geração surgem após a Primeira Guerra Mundial, para garantir direitos</p><p>de oportunidade iguais a todos os cidadãos, por meio de políticas públicas como acesso básico a saúde,</p><p>educação, habitação, trabalho, lazer, entre outros. A segunda geração está ligada ao conceito de igualdade.</p><p>Esstes direitos também são denominados direitos fundamentais, como imprescindíveis à possibilidade de</p><p>uma vida digna. Eles representam também um conjunto de obrigações do Estado que se materializam em</p><p>normas constitucionais, execução de políticas públicas, programas sociais e ações afirmativas (ROMANO, 2018).</p><p>40</p><p>– Terceira geração</p><p>Os direitos humanos de terceira geração aparecem a partir dos anos 1960, e são norteados pelo ideal de</p><p>fraternidade ou solidariedade. Eles decorrem da cooperação internacional de diversas organizações e</p><p>representam direitos coletivos como a preservação do meio ambiente. (ROMANO, 2018).</p><p>IGUALDADE</p><p>Na origem da experiência de busca por direitos, o grupo vencedor na Revolução Francesa, o Terceiro</p><p>Estado francês, que era formado, em sua maioria, por plebeus e desvalidos de uma sociedade que recém</p><p>havia saído do feudalismo e experimentava a ascensão da burguesia, estava massacrado por desigualdades</p><p>sociais e econômicas. Ou seja, as desigualdades motivaram a busca por igualdade.</p><p>Partimos do conceito de desigualdade como sendo a diferença de recursos entre grupos e pessoas.</p><p>Existem desigualdades de renda, de prestígio e de poder. Essas desigualdades são marcantes na sociedade</p><p>em geral e geram consequências.</p><p>Precisamos compreender que as desigualdades têm um caminho histórico e existe uma razão para sua</p><p>persistência. No caso da desigualdade de renda, gerando desigualdade de classe ou posição social e status,</p><p>verificamos que está relacionada ao início da modernidade, à formação da classe burguesa. Mais que isso, à</p><p>ascensão da burguesia no século XVIII e à oposição entre capitalistas e proletários. Suas consequências são</p><p>observadas na diferença entre níveis de escolaridade e educação, moradia e acesso ao trabalho.</p><p>Embora prevaleçam na questão de renda, prestígio e poder, as desigualdades são multidimensionais e se</p><p>agravam em decorrência de outros aspectos: desigualdade de gênero, desigualdade étnica e racial,</p><p>desigualdade geracional e regional. Portanto, precisa ser analisada a partir de outras perspectivas.</p><p>• As mulheres têm desigualdade de salários em relação aos homens.</p><p>• Os negros ocupam posição de trabalho inferior à dos brancos.</p><p>• Os jovens têm posições políticas diferentes dos mais velhos e são criticados por isso.</p><p>As desigualdades são múltiplas, de diferentes dimensões e, por muitas vezes, se sobrepõem.</p><p>Vale lembrar que os ideais da Revolução Francesa enfatizavam algo novo para a nova sociedade. Além da</p><p>igualdade e liberdade, os dois conceitos como resultados das convicções do direito natural, a bandeira</p><p>também falava de fraternidade. Segundo Pinsk e Pinsk (2008, p. 162):</p><p>Se a igualdade torna-se uma possibilidade real como consequência da nova</p><p>sociedade, que se estrutura rapidamente, nada impede que um passo mais largo</p><p>ainda seja dado, ou seja, é necessário concretizar e tornar pública essa possibilidade</p><p>pela declaração de que ‘os homens nascem iguais’. É uma declaração de caráter</p><p>universal, valendo para todos os homens, sejam quem forem, venham de onde</p><p>vierem. Não existe exceção. Uma comunidade é, portanto, formada pelo Eu e os</p><p>Outros, e o que se deseja é que vivam em paz e harmonia, a fim de que os</p><p>tormentos, a miséria e a crueldade dos conflitos e da guerra desapareçam pelos</p><p>laços da fraternidade que deve unir e sustentar pacificamente os homens.</p><p>LIBERDADE</p><p>A ausência de liberdade também decorre da questão econômica. As famílias que ainda praticam a</p><p>agricultura de subsistência ou a agricultura familiar, que efetivamente produzem alimentos, vão perdendo</p><p>seus espaços e suas forças para seguir no espaço rural. O ciclo da violência no campo está relacionado ao</p><p>conceito de definir o campo como um lugar atrasado e sem opções de trabalho. Já o êxodo rural se dá por</p><p>falta de alternativas econômicas e sociais.</p><p>De fato, os ideais da Revolução Francesa (“liberdade, igualdade e fraternidade”) são bem mais atrativos</p><p>como modelo utópico do que como realidade de alguma sociedade temporal. Logo após a Revolução, os</p><p>41</p><p>jacobinos (que assumiram o poder) consideraram o confisco de emergência das propriedades dos nobres da</p><p>França, mas foram derrotados e tiveram consequências terríveis.</p><p>Os “iguais” (movimento revolucionário) tentaram reagir ao curso desenfreado que ofuscava o projeto de</p><p>sociedade nova e socialista, mas perderam para os liberais que consideraram “os riscos da igualdade</p><p>democrática”.</p><p>O liberal francês Alexis de Tocqueville (1805-1859) fez uma viagem aos Estados Unidos e voltou</p><p>impressionado com o que viu em termos de livre economia de mercado:</p><p>Para ele, a experiência da sociedade norte-americana era muito significativa e</p><p>deixava claros os riscos da igualdade democrática e do individualismo exacerbado.</p><p>Um conformismo generalizado poderia gerar indivíduos parecidos, voltados para a</p><p>vida privada, desinteressados da política. E isso abriria caminho para uma tirania da</p><p>maioria. (PINSKY; PINSKY, 2008, p. 174)</p><p>A igualdade e a liberdade se esbarram frontalmente com o modelo de política econômica de acumulação</p><p>de capital, de propriedade privada.</p><p>FRATERNIDADE</p><p>A fraternidade, e em especial os direitos humanos de terceira geração, que envolvem a cooperação mútua</p><p>e a solidariedade, fica muito relativa diante da pressão econômica. Os interesses internacionais fizeram com</p><p>que alguns países, como os Estados Unidos, não assinassem o Tratado de Kyoto, que estabelece compromisso</p><p>e responsabilidade com o meio ambiente. Talvez seja por isso que os direitos humanos ainda sejam um tema</p><p>tão urgente.</p><p>A Conferência Internacional sobre Direitos Humanos, em Teerão, realizada em 13 de maio de 1968, publicou</p><p>um texto denominado “Proclamação de Teerão”, no qual se reafirmam os compromissos com a “Declaração</p><p>Universal dos Direitos Humanos” e se demonstra grande preocupação com a questão dos direitos</p><p>econômicos, no artigo 13, que define:</p><p>Uma vez que os direitos humanos e liberdades fundamentais são indivisíveis, é impossível a plena realização</p><p>dos direitos civis e políticos sem o gozo dos direitos econômicos, sociais e culturais. O alcançar de um</p><p>progresso duradouro na realização dos direitos humanos depende de políticas de desenvolvimento</p><p>econômico e social acertadas e eficazes, a nível nacional e internacional. (PORTUGAL, 1968, art. 13)</p><p>Disponível em: http://gddc.ministeriopublico.pt/sites/default/files/proclamacao_de_teerao.pdf.</p><p>Acesso em: 3 mar. 2020.</p><p>No Brasil, alguns autores (CARVALHO, 2005; CANDAU; SACAVINO, 2013) afirmam que a pirâmide dos</p><p>direitos está invertida, fazendo com que os pressupostos dos direitos humanos também se desloquem.</p><p>42</p><p>Carvalho (2005), por exemplo, ao analisar a tipologia de Marshall (já mencionamos na primeira parte do</p><p>texto) com a cronologia lógica que foi desenvolvida na Inglaterra, observa que os direitos civis, políticos e</p><p>sociais no Brasil tiveram uma ordem totalmente inversa.</p><p>Os direitos sociais foram implantados em período de supressão dos direitos políticos e de redução dos</p><p>direitos civis; os direitos políticos ocorreram depois de longo período ditatorial, e somente depois de luta</p><p>popular. Por fim, os direitos civis, a base da sequência de Marshall, continuam inacessíveis à maioria da</p><p>população brasileira.</p><p>Os elementos que dificultam a evolução dos direitos humanos no Brasil estão ligados ao “peso do</p><p>passado”: a invasão portuguesa, com a violência da escravidão e o extermínio dos indígenas; a manutenção</p><p>do analfabetismo; a economia de monocultura e latifúndios e o Estado absolutista são todos fatores que</p><p>negam direitos fundamentais e foram perpetuados no Brasil colônia, Império e primeira República. Apenas</p><p>nos anos iniciais do século XX, o Brasil começa a dar sinais de alguma transformação social.</p><p>A teoria de Marshall leva à reflexão sobre a igualdade como um produto da universalização da cidadania</p><p>dentro de um sistema causador de desigualdades, ou seja, dentro da economia de mercado. Sua tese é que,</p><p>nos quadros do capitalismo, essa convivência não só é tensa, mas também possível, desejável e necessária.</p><p>DIREITOS HUMANOS NO BRASIL</p><p>O Brasil é hoje detentor de uma desonrosa segunda posição de concentração de renda no mundo. O</p><p>percentual de 1% mais rico dos brasileiros concentra 28,3% da renda total do país, conforme ranking sobre</p><p>o desenvolvimento humano. O Brasil perde apenas para o Catar em desigualdade de renda, local em que 1%</p><p>mais rico concentra 29% da renda (BRASIL, 2019). Podemos perceber que essa concentração dificulta</p><p>qualquer tentativa de pregar a liberdade, a igualdade e a fraternidade. São incompatíveis.</p><p>O “Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos” afirma em sua introdução a preocupação em</p><p>relação à implementação dos Direitos Humanos em uma sociedade tão desigual como a nossa:</p><p>O contexto nacional, historicamente, tem se caracterizado por desigualdades e pela</p><p>exclusão econômica, social, racial e cultural, decorrentes de um modelo de Estado</p><p>fundamentado na concepção neoliberal, no qual as políticas públicas priorizaram</p><p>os direitos civis e políticos, em detrimento dos direitos econômicos, sociais e</p><p>coletivos. (BRASIL, 2007, p. 9)</p><p>Vemos, por exemplo, que os movimentos sociais que lutam por reforma agrária são hostilizados pelos</p><p>grandes empresários do agronegócio e as corporações que adquirem terras no Brasil. Entretanto, conscientes</p><p>das razões que geram a violência no campo, todos nós deveríamos lutar por reforma agrária, validação do</p><p>estatuto da terra e considerar a própria Constituição que define o uso social da terra.</p><p>“Selma: a marcha para a liberdade”</p><p>Esse filme, de 2014, narra a história da luta de Martin Luther King Jr. para garantir o direito de voto dos</p><p>afrodescendentes, cujo resultado foi a implementação da Lei dos Direitos de Voto em 1965, momento crucial</p><p>no Movimento dos Direitos Civis.</p><p>43</p><p>Assim como é importante conhecer a história dos movimentos internacionais que deram origem aos</p><p>direitos humanos, faz toda diferença conhecer movimentos brasileiros de lutas por direitos. Muitas das</p><p>nossas lutas nacionais indicam o esforço por eliminar as desigualdades e discriminações.</p><p>EVENTOS HISTÓRICOS NO BRASIL</p><p>QUILOMBOS</p><p>Sabemos que a escravidão no Brasil durou mais de três séculos, talvez não saibamos que foram séculos</p><p>de resistência. Por exemplo, os quilombos reuniam negros livres, alforriados e fugitivos, concentrando</p><p>pessoas que resistiam à escravização e buscavam alternativas de liberdade. O mais conhecido dos quilombos</p><p>foi o de Palmares (Alagoas-CE), liderado por Canga Zumba e, depois de sua morte, por Zumbi (1655-1695).</p><p>Zumbi foi traído, emboscado e morto em 20 de novembro de 1695. O movimento negro em sua luta por</p><p>reconhecimento de seus antepassados e de suas lutas conquistou várias vitórias:</p><p>• a Lei n. 11.645, de 10 de março de 2008, que torna obrigatório o ensino da história e cultura afro-</p><p>brasileira e africana em todas as escolas, públicas e particulares, do ensino fundamental até o ensino</p><p>médio (BRASIL, 2008);</p><p>• a Lei n. 12.519, de 10 de novembro de 2011, que instituiu o Dia Nacional de Zumbi e da Consciência</p><p>Negra, celebrado em 20 de novembro (BRASIL, 2011).</p><p>REVOLTA DOS MALÊS</p><p>Em 1835, na cidade de Salvador, na Bahia, ocorreu a Revolta dos Malês. Cerca de 600 escravos</p><p>muçulmanos (conhecidos como malês) tomaram pontos estratégicos da cidade a fim de libertar outros</p><p>escravos muçulmanos. A revolta foi duramente reprimida, mas abalou a estrutura escravista brasileira.</p><p>Houve repercussão nacional e internacional. A dureza das repressões sofridas praticamente fez a cultura</p><p>malê desaparecer.</p><p>CANUDOS</p><p>Durante a crise do Nordeste, no fim do século XIX, com as secas, a queda da produção de açúcar e de</p><p>alimentos básicos, a população mais pobre vivia com fome e na miséria. Nesse contexto, o beato Antônio</p><p>Conselheiro reuniu sertanejos, indígenas e ex-escravos em uma peregrinação em busca de melhores</p><p>condições de vida. Em 1893, eles chegaram a uma fazenda abandonada chamada Canudos, lá se instalaram</p><p>e passaram a produzir alimentos em regime de trabalho coletivo, trocando o excedente em povoados</p><p>próximos. O povoado chegou a concentrar 25 mil pessoas. A comunidade de Canudos tornou-se uma ameaça</p><p>aos fazendeiros que perdiam trabalhadores para o movimento de Antônio Conselheiro. Por isso, foi alvo de</p><p>ataques militares e, no ano de 1896, foi exterminada por um exército de seis mil homens com armamento</p><p>pesado. Essa comunidade duramente dizimada ficou conhecida, ao longo da história, como hostil.</p><p>Entretanto, eles se manifestavam pelo direito à vida digna.</p><p>Direitos humanos e políticas públicas. As políticas públicas nascem da identificação de um problema</p><p>que precisa ser solucionado pelo Estado.</p><p>Por exemplo: o Programa de Cisternas do Governo Federal.</p><p>É de conhecimento de grande parte da sociedade brasileira que a região árida e semiárida do nordeste</p><p>brasileiro sofre com a falta de água nos longos períodos sem chuva. A partir de 2003, diante de todos os</p><p>estudos e da forte demanda social para que esse problema fosse acolhido, o Ministério do Desenvolvimento</p><p>Social e Combate à Fome em parceria com a ASA (Articulação no Semiárido Brasileiro) selecionou um dos</p><p>44</p><p>aspectos desse grave problema para que se desenhasse uma política pública que atendesse às demandas da</p><p>população local. (ENTENDENDO, 2019)</p><p>Disponível em: https://www.clp.org.br/entendendo-os-conceitos-basicos-mlg2-de-politicas-publicas-mlg2/.</p><p>Acesso em: 24 mar. 2020.</p><p>As mobilizações sociais, em especial nos últimos 40 anos, alcançaram avanços nos direitos de vários grupos.</p><p>MULHERES</p><p>Direito das mulheres, com leis específicas que garantem acesso a instituições antes não permitidas, como</p><p>a esfera política; leis de garantias de direitos no casamento, coibição de violência doméstica e outras que</p><p>garantem uma qualidade de vida melhor para elas.</p><p>CRIANÇAS E ADOLESCENTES</p><p>No Estatuto da Criança e do Adolescente de 1990 (Lei n. 8.069, de 13 de julho de 1990) (BRASIL, [2019]),</p><p>foram garantidos os direitos à proteção, ao cuidado, à educação, ao reconhecimento de paternidade, à</p><p>coibição do trabalho infantil e tantos outros que marcam uma melhor qualidade de vida e direitos humanos</p><p>desse grupo de pessoas na sociedade.</p><p>IDOSOS</p><p>O Estatuto do Idoso de 2003 (Lei n. 10.741, de 1º de outubro de 2003) (BRASIL, [2017]) traz vários</p><p>mecanismos que garantem os direitos fundamentais de ir e vir, por exemplo:</p><p>Art. 39. Aos maiores de 65 (sessenta e cinco) anos fica assegurada a gratuidade dos</p><p>transportes coletivos públicos urbanos e semiurbanos, exceto nos serviços seletivos e</p><p>especiais, quando prestados paralelamente aos serviços regulares. (BRASIL, [2017])</p><p>Em complemento aos avanços citados, convém acrescentar que o PNEDH afirma os seus objetivos de</p><p>forma a garantir que todos os conhecimentos sirvam ao propósito de criar consciência da importância de</p><p>viver os direitos humanos no cotidiano.</p><p>A educação em direitos humanos é compreendida como um processo sistemático e multidimensional que</p><p>orienta a formação do sujeito de direitos, articulando as seguintes dimensões:</p><p>a) apreensão de conhecimentos historicamente construídos sobre direitos</p><p>humanos e a sua relação com os contextos internacional, nacional e local;</p><p>b) afirmação de valores, atitudes e práticas sociais que expressem a cultura dos</p><p>direitos humanos em todos os espaços da sociedade;</p><p>c) formação de uma consciência cidadã capaz de se fazer presente em níveis</p><p>cognitivo, social, ético e político;</p><p>d) desenvolvimento de processos metodológicos participativos e de construção</p><p>coletiva, utilizando linguagens e materiais didáticos contextualizados;</p><p>e) fortalecimento de práticas individuais e sociais que gerem ações e instrumentos</p><p>em favor da promoção, da proteção e da defesa dos direitos humanos, bem como</p><p>da reparação das violações. (BRASIL, 2007, p. 25)</p><p>Aprendemos, ao longo desta unidade, que é fundamental conhecer a história dos direitos humanos, os</p><p>avanços, as características e também os impasses.</p><p>45</p><p>Os direitos humanos são dinâmicos, estão ligados diretamente aos processos que a humanidade vem</p><p>experimentando ao longo de sua trajetória histórica. Nunca param de surgir e de se aprimorar. As tipologias,</p><p>as gerações de direitos e as nomenclaturas estarão sempre se atualizando. Nesse sentido, ainda teremos,</p><p>talvez, quarta, quinta e sexta gerações de direitos e faremos parte da história viva dos direitos humanos.</p><p>46</p><p>REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS</p><p>AQUINO, T. Suma teológica I. Livros católicos para download. [2020?]. Disponível em:</p><p>https://sumateologica.files.wordpress.com/2017/04/suma-teolc3b3gica.pdf. Acesso em: 24 mar. 2020.</p><p>BRASIL. Comitê Nacional de Educação em Direitos Humanos. Plano Nacional de Educação em Diretos</p><p>Humanos. Brasília: Secretaria Especial de Direitos Humanos. MEC, Ministério da Justiça, UNESCO, 2007.</p><p>Disponível em: http://portal.mec.gov.br/docman/2191-plano-nacional-pdf/file. Acesso em: 29 fev. 2020.</p><p>______. Constituição [(1988)]. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Presidência da</p><p>República, [2019]. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm.</p><p>Acesso em: 24 mar. 2020.</p><p>______. Lei n. 8.069, de 13 de julho de 1990. Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e dá</p><p>outras providências. Brasília, DF: Presidência da República, [2019]. Disponível em:</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8069.htm. Acesso em: 29 fev. 2020.</p><p>______. Lei n. 10.741, de 1º de outubro de 2003. Dispõe sobre o Estatuto do Idoso e dá outras</p><p>providências. Brasília, DF: Presidência da República, [2017]. Disponível em:</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/l10.741.htm. Acesso em: 29 fev. 2020.</p><p>______. Lei n. 11.340, de 7 de agosto de 2006. Cria mecanismos para coibir a violência doméstica e familiar</p><p>contra a mulher […]. Brasília, DF: Presidência da República, [2019]. Disponível em:</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2006/lei/l11340.htm. Acesso em: 29 fev. 2020.</p><p>______.</p><p>Lei n. 11.645, de 10 de março de 2008. Altera a Lei n. 9.394, de 20 de dezembro de 1996,</p><p>modificada pela Lei n. 10.639, de 9 de janeiro de 2003, que estabelece as diretrizes e bases da educação</p><p>nacional, para incluir no currículo oficial da rede de ensino a obrigatoriedade da temática “História e</p><p>Cultura Afro-Brasileira e Indígena”. Brasília, DF: Presidência da República, 2008. Disponível em:</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2008/Lei/L11645.htm. Acesso em: 29 fev. 2020.</p><p>______. Lei n. 12.519, de 10 de novembro de 2011. Institui o Dia Nacional de Zumbi e da Consciência</p><p>Negra. Brasília, DF: Presidência da República, 2011. Disponível em:</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2011/Lei/L12519.htm. Acesso em: 29 fev. 2020.</p><p>BRASIL tem a 2ª maior concentração de renda do mundo, diz relatório da ONU. G1, 9 dez. 2019. Disponível</p><p>em: https://g1.globo.com/mundo/noticia/2019/12/09/brasil-tem-segunda-maior-concentracao-de-renda-</p><p>do-mundo-diz-relatorio-da-onu.ghtml. Acesso em: 24 mar. 2020.</p><p>CANDAU, V. M. F.; SACAVINO, S. B. Educação em direitos humanos e formação de educadores. Educação,</p><p>Porto Alegre, v. 36, n. 1, p. 59-66, jan./abr. 2013.</p><p>CARVALHO, J. M. de Cidadania no Brasil: o longo caminho. 7. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2005.</p><p>EDUCAÇÃO infantil em Direitos Humanos. [S. l.: s. n.], 2013. Publicado pelo canal OEDH Unesp. Disponível</p><p>em: https://www.youtube.com/watch?v=-u7uoMcE3sE. Acesso em: 29 fev. 2020.</p><p>47</p><p>ENTENDENDO os conceitos básicos de políticas públicas. CLP – Liderança Pública, 6 fev. 2019. Disponível</p><p>em: https://www.clp.org.br/entendendo-os-conceitos-basicos-mlg2-de-politicas-publicas-mlg2/. Acesso</p><p>em: 24 mar. 2020.</p><p>ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA. Constituição dos Estados Unidos da América [(1787)]. In: NETO, J. M. A.</p><p>Recursos didáticos – História. Londrina, PR: Universidade Estadual de Londrina, [2014b]. Disponível em:</p><p>http://www.uel.br/pessoal/jneto/gradua/historia/recdida/ConstituicaoEUARecDidaPESSOALJNETO.pdf.</p><p>Acesso em: 24 mar. 2020.</p><p>______. Declaração de Independência [(1776)]. In: NETO, J. M. A. Recursos didáticos – História. Londrina,</p><p>PR: Universidade Estadual de Londrina, [2014b]. Disponível em:</p><p>http://www.uel.br/pessoal/jneto/gradua/historia/recdida/declaraindepeEUAHISJNeto.pdf. Acesso em: 24</p><p>mar. 2020.</p><p>FOUCALT, M. Vigiar e punir. 16. ed. Petrópolis: Vozes, 1997.</p><p>HOBBES, T. Leviatã. Tuck, R. (ed.). Trad. 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Intérpretes: David Oyelowo, Carmen Ejogo, Tim</p><p>Roth, Lorraine Toussaint. Roteiro: Paul Webb. EUA; França; Reino Unido: Pathé; Harpo Films; Plan B</p><p>Entertainment; Cloud Eight Films; Ingenious Media; Celador Films; Pathe UK, 2014. (128min), son., color.</p><p>https://www.iidh.ed.cr/IIDH/media/1526/x-informe-portugues-2011.pdf</p><p>https://www.iidh.ed.cr/IIDH/media/1526/x-informe-portugues-2011.pdf</p><p>48</p><p>SILVA, E. A. Educação em Direitos Humanos: a experiência militante da FCD2. Contemporâneos – Revista de</p><p>Arte e Humanidades, Santo André, SP, esp. n. 1, p. 7-9 set./fev. 2018. Disponível em:</p><p>https://www.revistacontemporaneos.com.br/wp-content/uploads/2018/10/edhdossie.pdf. Acesso em: 24</p><p>mar. 2020.</p><p>UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO (USP). Declaração de direitos do homem e do cidadão – 1789. Biblioteca</p><p>Virtual de Direitos Humanos, [2020?]. Disponível em:</p><p>http://www.direitoshumanos.usp.br/index.php/Documentos-anteriores-%C3%A0-cria%C3%A7%C3%A3o-</p><p>da-Sociedade-das-Na%C3%A7%C3%B5es-at%C3%A9-1919/declaracao-de-direitos-do-homem-e-do-</p><p>cidadao-1789.html. Acesso em: 24 mar. 2020.</p><p>Páginas de EDDH - Educação em e para os direitos humanos - Volume 01.pdf</p><p>Páginas de EDDH - Educação em e para os direitos humanos - Volume 013.pdf</p>