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<p>2 .1 Os mapas primitivos</p><p>Pode-se afirmar, com muita segurança, que o</p><p>mapa é, de todas as modalidades da comunicação</p><p>gráfica, uma das mais antigas da humanidade, nesta</p><p>premissa: todo povo, sem exceção, nos legou mapas,</p><p>afirmação esta baseada, hoje em dia, e aliment~da</p><p>por abundantes evidências.</p><p>Há provas bem remotas de mapas babilônios,</p><p>egípcios, chineses, etc., provas essas que se vêm</p><p>acumulando até os dias atuais, os quais resultam</p><p>de estudos históricos, geográficos, etnológicos e</p><p>arqueológicos. ·</p><p>É, a propósito, de origem babilônia, o mais</p><p>antigo mapa que o mundo conhece. Trata-se de</p><p>um tablete de argila cozida com a representação</p><p>de duas cadeias de montanhas e, no centro delas,</p><p>um rio, provavelmente o Eufrates (V. a fig. I).</p><p>Não se sabe, ao certo, a sua idade. Calculam os</p><p>entendidos entre 2 400 e 2 200 anos antes da era</p><p>cristã, havendo quem assegure que se origina de</p><p>3 800 anos.</p><p>Fig. I - O mapa mesopotâmico de Ga-Sur.</p><p>Num úmido penhasco do norte da Itália, no</p><p>vale do Pó, foram descobertas, há poucas décadas,</p><p>inúmeras figuras rupestres, sob a forma de mapas,</p><p>sendo delas a mais importante a que proveio da</p><p>2. Esboço histórico</p><p>localidade de Bedolina. É uma enorme gravação, e,</p><p>rica em detalhes de cunho topográfico. Viviam ali,</p><p>há cerca de 2 400 anos a.C., os Camônios, um povo</p><p>de atividades agrícolas. Representa o mapa toda</p><p>uma organização social camponesa (V. a fig. 2) ,</p><p>e constitui, com toda clareza, uma visão cartográfica</p><p>em escala grande, da área em que laboravam, dada</p><p>Fig. 2 - O mapa rupestre de Bedolina (vale do Pó).</p><p>a exuberância de detalhes das atividades agropas­</p><p>toris daquele povo.</p><p>A cartografia que os chineses, outrora, desen­</p><p>volveram é de excelente qualidade, e, sabe-se, este</p><p>desenvolvimento não teve nenhum elo com o mundo</p><p>ocidental.</p><p>Já a invenção da bússola é devida aos chineses</p><p>e aos árabes. Se a atração exercida pelo ímã era</p><p>conhecida pelos egípcios e gregos, foram os chineses</p><p>que descobriram o sentido direcional do ímã, e que</p><p>inventaram o txi-nã (carro indicador do sul), pre­</p><p>cursor da bússola. A figura 3 mostra o "carro". Sabe­</p><p>se também que o mais antigo mapa chinês é de</p><p>227 a.C.</p><p>Mas o fato sobre o qual nos baseamos para</p><p>a afirmação de que o mapa é uma das mais antigas</p><p>formas de comunicação gráfica é insofismável: todos</p><p>os povos primitivos traçar~m e continuam a riscar</p><p>mapas, sem que tenha havido, ou que haja, em</p><p>tais povos, o menor conhecimento da escrita. É</p><p>Raisz 5 quem afirma que a arte de desenhar mapas</p><p>é mais antiga do que a arte de escrever. Indígenas</p><p>5 RAISZ, Erwin. General Cartography.</p><p>17</p><p>Fig. 3 - Representação da antiga bússola chinesa: o carrinho que</p><p>aponta para o sul.</p><p>das ilhas do Pacífico (é ainda Raisz que informa),</p><p>rigorosamente iletrados, compuseram mapas de</p><p>conchas da praia e de hastes de coqueiro; os peles­</p><p>vermelhas traçaram mapas em couro de búfalo. De</p><p>um índio brasileiro, descobriu o sábio alemão Karl</p><p>von den Steinen, no século passado, um mapa em</p><p>que o referido índio esquematizara as cabeceiras do</p><p>rio Xingu, inclusive, com as denominações dos</p><p>afluentes na língua local, como se vê através da</p><p>fig. 4.</p><p>Fig. 4 - As cabeceiras do rio Xingu villtas por um índio da região.</p><p>18</p><p>Exemplos como estes poderiam, aqui, ser cita­</p><p>dos a fim de apoiar a afirmativa em causa. O impor­</p><p>tante é, pois, que qualquer um desses mapas, no</p><p>momento em que foram elaborados, teve o caráter</p><p>da originalidade, uma vez que não houvera ainda</p><p>nenhum contacto de seus idealizadores com quais­</p><p>quer outros povos, e, por outro lado, nenhum deles</p><p>sabia escrever. Eles não copiaram nada de ninguém,</p><p>de ninguém de fora. Não sofreram influências alie­</p><p>nígenas. No momento em que idealizaram os seus</p><p>esquemas, inspiraram-se, provavelmente, em conso­</p><p>nância com a prática da tribo, numa forma de</p><p>retratar um fato local importante.</p><p>2. 2 Os antígos levantamentos</p><p>Ao yue tudo indica, não sú a matemática como</p><p>a geodésia tiveram a sua origem no Egito. Heródoto</p><p>atribuiu aos egípcios a invenção de um método de</p><p>medir os campos (a agrimensura, segundo os gre­</p><p>gos) , por causa da necessidade prática da medição</p><p>de suas terras, a fim de poderem determinar as</p><p>alterações que ocorriam com a inundação anual</p><p>do Nilo. Tão importante e vital eram estes assuntos</p><p>que, no Livro dos Mortos, a alma do defunto, no</p><p>momento em que devia justificar-se perante Osires</p><p>e os quarenta e dois juízes, tinha que jurar, entre</p><p>outras coisas: - Não diminuí a medida do côvado.</p><p>- Não falsifiquei a medida do campo.</p><p>É, como se vê, da mais remota antiguidade, a</p><p>determinação do tamanho dos campos, através do</p><p>cálculo das áreas e a demarcação de limites. ~s</p><p>medidas lineares eram, pois, orientadas pelo côvado</p><p>(a palavra se origina de cúbito, o que equivale,</p><p>entre nós a 0,6849 m). Poucas, entretanto, são as</p><p>informações do instrumental empregado. A fig. 5</p><p>mostra um instrumento egípcio primitivo, com uma</p><p>alidade de pínulas, usado para observações astro­</p><p>nômicas.</p><p>Fig. 5 - A alidade de plnulas do antigo Egito.</p><p>Outra invenção egípcia foi o cadastro 6, em que</p><p>os homens encarregados do registro das proprie­</p><p>dades foram, mais tarde, chamados topogrammateis</p><p>pelos gregos.</p><p>Quanto à astronomia, é certo que veio do Egito,</p><p>conforme os detalhes da orientação da Grande</p><p>Pirâmide, como ilustra a fig. 6.</p><p>Fig. 6 - A Grande Pirâmide, de mais <ic 4000 anos.</p><p>Os gregos, que muito aprenderam com os</p><p>egípcios, organizaram e consolidaram a geodésia.,</p><p>palavra que, pela primeira vez, apareceu na Meta­</p><p>physica de Aristóteles 7 • O famoso astrolábio (me­</p><p>didor de astros) , que era chamado dioptra, foi</p><p>invenção grega. Foram eles, igualmente, que deram</p><p>notável impulso à astronomia e à cosmografia,_ de­</p><p>vido ao alto grau de conhecimentos científicos que</p><p>desenvolveram. Eratóstenes (275-194 a.C.), filósofo,</p><p>astrônomo e matemático grego da escola de Ale­</p><p>xandria, calculou a circunferência terrestre, tendo</p><p>como referência a altura angular do Sol e a distância</p><p>entre Alexandria e Siena. A fig. 7 mostra, esque­</p><p>maticamente, o desenvolvimento dos seus cálculos</p><p>e da operação.</p><p>Hiparco, de Bitínia (190-125 a.C.), o maior</p><p>astrônomo da antiguidade, criou o sistema de coor­</p><p>denadas geográficas e descobriu o movimento de</p><p>precessão dos equinócios.</p><p>Ainda, com referência às atividades científicas</p><p>dos gregos, não se pode deixar de citar Marino de</p><p>Tiro, já ,do primeiro século da era cristã, e Cláudio</p><p>Ptolomeu, da segunda centúria. A obra de ambos</p><p>foi tão marcante que pela primeira vez houve</p><p>autêntica cartografia, cuja perfeição foi tal que, só</p><p>passados quatorze séculos, com a projeção de Mer­</p><p>cátor, preludiada pela descoberta da linha loxodrô­</p><p>mica por Pedro Nunes, apareceu algo de melhor 8 •</p><p>Quanto aos romanos, sabemos que foram notáveis</p><p>cultores da ciência grega. De espírito muito prático,</p><p>porém, realizaram extensos levantamentos do Im­</p><p>pério Romano, por meio da utilização de instru-</p><p>6 CADALSO, A1ejandro Ruiz. História General de las</p><p>Ciencias Geodésicas.</p><p>7 Idem, ibidem.</p><p>8 CORTESÃO, Armando. Cartografia portuguesa an­</p><p>tiga.</p><p>9</p><p>li</p><p>I</p><p>I I I - 1</p><p>o i</p><p>I cn l</p><p>õ I I ~ ~ ~ .., • l o</p><p>o i Estaco</p><p>2 1C.</p><p>O l o</p><p>b J</p><p>I I</p><p>O: j C:</p><p>i I</p><p>,_,</p><p>I I Q,'</p><p>Obaervoçõo I I Oburvoçõo</p><p>em Alexandria em Sleno</p><p>I I</p><p>I I</p><p>Fig. 7 - Eratóstenes calculou a circunferência da Terra mcdiantf</p><p>a altura angular do Sol, que mediu em Alexandria 7°12' (na reali·</p><p>dade, 7•o.:;• ) , e a distância em estádias entre Alexandria e Siena,</p><p>situadas em latitudes diferentes, mas não no mesmo meridiano (como</p><p>supunha), para a qual achou 978 km (na realidade, 886 "m).</p><p>mentos gregos, como a já citada dioptra e o corá­</p><p>bato, tendo sido este instrumento sumamente útil</p><p>no nivelamento de cidades e de edifícios. A groma,</p><p>entretanto, parece ter sido mais romana (V. a</p><p>fig. 8) , uma vez que foi o instrumento responsável</p><p>pelo padrão quadrangular de demarcação das terras</p><p>do Império, até hoje verificado através das modernas</p><p>cartas topográficas da Itália 9.</p><p>2 . 3 Os mapas medievais</p><p>A Idade Média marcou, no que diz respeito à</p><p>concepção cartográfica, uma regressão lamentável</p><p>a todo o progresso anterior, em que os gregos ha­</p><p>viam pontificado. Todas as conquistas científicas,</p><p>no campo da astronomia e da matemática, foram</p><p>postas de lado, em prol de conceitos puramente</p><p>religiosos, sobretudo no período medieval mais</p><p>obscuro, ou seja, dos anos 300 até os . 500.</p><p>Plínio, o Antigo, naturalista romano, do</p><p>I século d.C., escreveu a sua História Natural, em</p><p>37 livros, uma espécie de enciclopédia dos conheci-</p><p>o OLIVEIRA, Cêurio de. :->otas sobre' Cartografia an­</p><p>tiga. Revista Brasileira rle Geografia, v. 33, n. 1, jan.fmar.</p><p>1971.</p><p>19</p><p>I</p><p>I</p><p>I</p><p>I</p><p>!</p><p>~</p><p>I I</p><p>0 I</p><p>r I</p><p>I</p><p>I i</p><p>H I</p><p>I I I i I I</p><p>I I t I I ....___ I I , I I</p><p>c..,Ftõ- 1 -t -o r--.__ I J k '--:-;.r..vs</p><p>1 ~j I oECVIA</p><p>- _,- -V>~P \,I ....._ ..__</p><p>"' ~ -- -</p><p>Fig. 8 - A grama. um dispositi\'O romano de medição topográfica.</p><p>mentos científicos na Antiguidade, inclusive os</p><p>assuntos de natureza geográfica.</p><p>Um contador de histórias do século seguinte,</p><p>Gaius Julius Solinus, conhecido pelos seus inimigos</p><p>como "imitador de Plínio", apropriou-se, quer dire­</p><p>tamente, quer através de Pompônio Meia, geógrafo</p><p>romano, autor do De Situ 01·bis, de preciosa fonte</p><p>de conhecimentos geográficos do litoral da Penín­</p><p>sula Ibérica. Com esse material e as coisas tiradas</p><p>da sua própria cabeça, publicou uma Collectanea</p><p>rerum memorabilium (coleção das coisas que devem</p><p>ser lembradas) , que conseguiu imediato sucesso e</p><p>permaneceu conhecida por mais de mil anos, tendo</p><p>sido revista no século IV, sob o título de Polistória.</p><p>Devido, precisamente, a este livro, vários geógrafos</p><p>e cosmógrafos (cartógrafos), muito tempo depois</p><p>que os seus mitos e prodígios foram refutados,</p><p>difundiram as monstruosidades biológicas nos car­</p><p>tuchos dos seus mapas, "enquanto durou a Idade</p><p>Média, até uns duzentos anos depois" 10•</p><p>E que mapas carrearam aquelas monstruosi­</p><p>dades? Ora, precisamente os da recém-descoberta</p><p>Terra Nova, ou Terra de Brazilia, ou Terra de</p><p>Papagaios, etc., como veremos no tópico 2. 6.</p><p>Cosme Indicopleustes, do século VI, um padre</p><p>possuído de ódio às idéias científicas da cultura</p><p>grega, idealizou o seu mundo, do ano de 548 (ver</p><p>a fig. 9), perfeitamente de acordo com o Taber­</p><p>náculo. Um século depois, outro religioso, lsidoro</p><p>(570-636), bispo de Sevilha, criou, no seu Etimo­</p><p>logias, o famoso mapa conhecido como T-0, cuja</p><p>lO BROWN, Lloyd A. The Story of maps.</p><p>20</p><p>esquematização estava em total desproporção com</p><p>a mentalidade científica de tantos antecessores seus</p><p>(V. a fig. lO).</p><p>Sol</p><p>o~eid.cns</p><p>Fig. 9 - O mundo-tabernáculo de Cosmr lndicopl•mtes.</p><p>Fig. 10 - O mapa T - O de lsidoro, o mais esquemático de todo•</p><p>os que foram concebidos em seu tempo.</p><p>2. 4 A cartografia moderna</p><p>Foi, sem dúvida, o incremento das viagens</p><p>mediterrâneas e, em seguida, as navegações oceâni­</p><p>cas, que tiraram da hibernação medieval a arte e</p><p>a ciência da construção dos mapas. Já viera do ano</p><p>de 1300 o surgimento da famosa Carta Pisana</p><p>(fig. 11 ). Trata-se duma carta portu1ano, de pro­</p><p>vável responsabilidade do almirantado genovês, cuja</p><p>Fig. 11 - A Carta Pisana, um portulano de 1~00.</p><p>elaboração se baseou num levantamento sistemático</p><p>de rumos nos mares Mediterrâneo e Negro. Tão ·</p><p>precisa, para a época, orientou as navegações da­</p><p>queles mares durante três séculos.</p><p>Mas o incompanível impulso ao progresso</p><p>cartográfico partiu do notável empreendimento que</p><p>foi a Escola de Sagres. Ali era formado o piloto,</p><p>e ao lado deste, o cosmógrafo era chamado o cartó­</p><p>grafo daquele tempo 11 . Ao arrojo da navegação</p><p>oceânica eram indispensáveis a segurança da arte</p><p>de navegar e a garantia de roteiros lançados com</p><p>precisão nas "cartas de marear" dos portugueses.</p><p>A cartografia náutica <.la Espanha, Veneza e</p><p>Gênova, da Holanda, França e Inglaterra expan­</p><p>diu-se em segurança, em precisão e em beleza.</p><p>Cabe-nos, porém, o dever de lembrar que o papel</p><p>desempenhado pela escola portuguesa não ficou</p><p>atrás. O adminível Pedro 1\: unes (I 502-1577) ,</p><p>com a invenção do nônio, já cedo se destacara com</p><p>o seu Tratado da Esfera (conforme a fig. 12) e</p><p>outras publicações astronômicas. Cou he à escola</p><p>portuguesa o aperfeiçoamento da caravela. do astro­</p><p>lábio e das cartas de marear.</p><p>Fig. 12 - O Tratado da Esftra, de Pedro Nunes, numa edição</p><p>quinhentista.</p><p>11 Foi um português, o Visconde de Santarém, Quem</p><p>usou. pela primeira vez, o vocábulo cartografia. Conta</p><p>Armando Cortes:! o (op. cit.) o seguinte: " .. . numa carta, em</p><p>8 de dezembro de 1839, escrita de Paris ao célebre historiador</p><p>brasileiro Francisco Adolfo Varnhagem, na qual diz: "invento</p><p>esta palavra já que ai se tem inventado tantas."</p><p>Mas o momento determinante da cartografia</p><p>moderna foi erigido em definitivo por um belga,</p><p>Gerhard Kremer, mais conhecido como Mercátor,</p><p>o qual, em 1569, construiu a famosa projeção que</p><p>conserva o seu nome.</p><p>Que razões induziram Mercátor a conceber</p><p>esta projeção? Os navegadores daquele tempo lamen­</p><p>tavam a falta de cartas exatas para a navegação.</p><p>Outro cartógrafo, igualmente flamengo, Miguel</p><p>Coignet, descobrira que, com as cartas existentes,</p><p>o traçado de um rumo, de acordo com a bússola,</p><p>não fazia nenhum sentido. Irradiando-se de uma</p><p>rosa náutica, as retas da carta, uma vez transferidas</p><p>para a superfície esférica do oceano, produziram</p><p>espirais.</p><p>Constituía, pois, o problema, em achar uma</p><p>projeção em que uma linha reta na carta corres­</p><p>pondesse a uma reta de igual rumo no oceano.</p><p>Na tentativa de resolver o enigma, começou a reti­</p><p>ficar os meridianos do globo, de maneira que, ao</p><p>invés de convergirem para os pólos, seguissem,</p><p>paralelamente entre si. e verticalmente, para o</p><p>infinito. A conseqüência disso foi que provocaram</p><p>uma distorção nas distâncias este-oeste, e cresciam</p><p>cada vez mais, a partir do equador. Demais, reti­</p><p>ficados os meridianos, as direções se distorciam</p><p>obrigatoriamente. Trazendo, entretanto, as direções</p><p>dos seus rumos para a realidade, o fator distância</p><p>era ainda mais retificado por meio da separação</p><p>ou da retificação, ficando cada grau de latitude na</p><p>mesma proporção de seus meridianos, já distorcidos</p><p>pelo paralelismo. Desta maneira, próximo ao equa­</p><p>dor, a distorção de disttmcia era desprezível, ao</p><p>passo que, nas proximidades dos pólos, os paralelos</p><p>e meridianos eram tão distorcidos e alongados que,</p><p>mesmo que uma direção de bússola fosse preser­</p><p>vada, as direções indicadas na carta, em qualquer</p><p>direção, seriam exageradas. A distorção do fator</p><p>distância significava uma dilatação de todas as</p><p>massas continentais nas altas latitudes. Mercátor,</p><p>contudo, fez o que projetava, e construiu em 1569,</p><p>uma carta com rumos e orientados na direção certa,</p><p>já que o que importava eram as direções e não as</p><p>distâncias. A fig. 13 apresenta a concepção de</p><p>Mercátor, para retratar a Terra na forma de um</p><p>cilindro.</p><p>2. 5 Os levantamentos modernos</p><p>Antes que a era dos grandes levantamentos</p><p>tivesse início, extensos esforços, na Europa, já data­</p><p>vam de um passado de atividades no sentido de</p><p>cartografar detalhes topográficos com o auxílio da</p><p>bússola e de um tipo de hodômetro.</p><p>É muito interessante a ilustração representada</p><p>pela fig. 14. Trata-se, como se vê, de um topó­</p><p>grafo do século XVI. Um quadrante registrava as</p><p>voltas executadas pelas rodas do carro, enquanto</p><p>o topógrafo e seu ajudante traçavam o croqui com</p><p>o auxílio da bússola.</p><p>21</p><p>NNE</p><p>NE</p><p>ENE</p><p>ENE</p><p>Fig. 13 - O raciodnio de Mercátor, em achar, numa projeção plana</p><p>quadrada (em ponttlhado), as loxodromas retas (em linhas contínuas) .</p><p>Fig: 14 - llm car~·o topográfico do séc. XVI, em que um mostrador</p><p>reg~stra a_s. re\'oluçoes das r<?das, ao mesmo tempo em que o topó·</p><p>gra.o-at!Xlhar traça o croqu1 da estrada e das imediações. mediante"</p><p>uma bus.wla .</p><p>O século XVII marca o mtciO dos grandes</p><p>levantamentos, em que, sobretudo os franceses, mas</p><p>também os ingleses, logo a seg·uir, c os alemães</p><p>realizaram extraordinários trabalhos geodésicos e</p><p>ca.rtográfi~os:</p><p>ao lon~o dos quais foram sendo aper­</p><p>fetçoados mumeros mstrumentos, como o teodolito</p><p>do inglês Jesse Ramsden (de acordo com a fig. 15)</p><p>construído no ano de 1787.</p><p>Foi sob o governo de Colbert. ministro de</p><p>Luís XIV, que receberam todo apoio brilhantes</p><p>matemáticos e astrônomos, como Jean Dominique</p><p>Cassini ( 1625-1712) , Guilherme Delisle (I 67 5-1726)</p><p>e outros. Achava Colbert que a inexistência de uma</p><p>22</p><p>Fig. 1;, - O teodolito c.lt• jcs~ Ramsdcn tornou possívd a primeira</p><p>trianguJat;ão exata da Inglaterra.</p><p>carta idônea da França constituía uma desgraça</p><p>nacionall2.</p><p>J can Picard ( 1620-1682) , sacerdote católico e</p><p>not~vel astrônomo, usou, em 1669, um quadrante</p><p>eqmpa.do c~m IL.metas, mas Pierre Bouguer, famoso</p><p>geodeSISta, tdeahzou um quadrante melhor, confor­</p><p>me ilustra a fig. 16. Deixou Bouguer admiráveis</p><p>estudos sobre a gravidade, os quais ainda hoje são</p><p>aplicados.</p><p>. O conjunto de ações desenvolvido pelos cien­</p><p>tistas franceses, que, diga-se de passagem, era espo­</p><p>sado pela pr:ópria Académie Royale des Sciences,</p><p>c~~gava ao hnal do século XVII, já com a dispo­</p><p>stçao de ser estabelecida uma linha de meridiano</p><p>no país.</p><p>Mas "nesse tempo o mundo científico começava</p><p>a se preocupar com uma crescente suspeita de que</p><p>12 BROWN. Lloyd A. Op. c:it.</p><p>Fig. 16 .- O quadrante de Bouguer, que trazia o Sol para o hori·</p><p>zonte, a fim de que o observador pudesse observar o Sol e o horizon·</p><p>te, simultaneamente.</p><p>a Terra não era uma esfera perfeita" 13• Muito</p><p>bem. E se a Terra era esferoidal, qual seria o eixo</p><p>maior, o que pass;tva através dos pólos ou o que</p><p>coincidia com o plano do equador? Nesse tempo,</p><p>já sob outro Cassini Oacques, filho de Jean Domi­</p><p>nique), era iniciado o levantamento do meridiano,</p><p>para cuja operação contava J acques com a coope­</p><p>ração de um terceiro Cassini, César François, seu</p><p>filho.</p><p>Na medição de um pequeno triângulo, próximo</p><p>da latitude de Paris, verificaram que um grau de</p><p>longitude, que deveria ter 37 307 toesas 14, se se</p><p>tratasse de uma esfera perfeita, foram encontrados</p><p>36 670 toesas, o que era demonstrado que os graus</p><p>de latitude diminuíam cada vez mais em relação à</p><p>direção do pólo. A solução que se impunha era o</p><p>levantamento de dois arcos de meridiano, um nas</p><p>proximidades do eq~ador e outro não longe de um</p><p>dos pólos. Surgiu, assim, na história da geodésia</p><p>moderna, o grande acontecimento, que foi a medi­</p><p>ção do arco de Quito, de 1735 a 1745, e a do arco</p><p>do Golfo de Bótnia, no Ártico, iniciado em 17 36.</p><p>Como retrata a fig. 17, a triangulação nas proxi­</p><p>midades da linha equatorial estendeu-se numa</p><p>distância de três graus.</p><p>Enquanto do lado francês toda essa admirável</p><p>atividade era desenvolvida, não apenas no sentido</p><p>de dotar o país de estrutura geodésica de alto valor,</p><p>visando a uma carta básica precisa, mas de fornecer</p><p>ao mundo um novo e definitivo padrão geodésico,</p><p>também, no outro lado da Mancha, se corporificava</p><p>13 Ipem, ibidem.</p><p>14 Uma toesa equivale a 1,949 metro.</p><p>Fig. 17 - O arco de meridiano entre Cotchesqui e Tarqui (no</p><p>equador), medido entre os anos de 1735 e 1745, a fim de ser deter­</p><p>minado o tamanho e a forma da Terra.</p><p>uma ação de grande alcance prático. Coincidiu,</p><p>entretanto, uma divergência entre os astrônomos</p><p>franceses e ingleses, traduzida numa diferença de</p><p>quase onze segundos para a longitude e quinze</p><p>segundos para a latitude. Foi quando César François</p><p>Cassini sugeriu o levantamento trigonométrico</p><p>entre Londres e Dover, ou mais precisamente, entre</p><p>o famoso Observatório de Greenwich e a costa, no</p><p>que houve absoluta concordância da parte da Royal</p><p>Society. Foi encarregado da missão o general</p><p>William Roy, que tanto se notabilizaria na Ingla­</p><p>terra por seus trabalhos geodésicos e cartográficos.</p><p>Ver a fig. 18, em que a rede de triângulos cruza o</p><p>Canal da Mancha, amarrando as duas estruturas</p><p>geodésicas.</p><p>Um certo holandês, Snellius, que, no passado,</p><p>havia feito a primeira triangulação com um instru­</p><p>mento, para a medição de ângulos, usou, para tal</p><p>fim, o teodolito, e isso se deu em 1615. Agora, na</p><p>grande triangulação 15 iniciada por Roy, o teodolito</p><p>de Jesse Ramsden, construído pela Royal Society,</p><p>marcou, de fato, a primeira triangulação de alta</p><p>precisão.</p><p>Vale acrescentar que os instrumentos usados</p><p>no século XVIII, além do teodolito, eram a bússola</p><p>portátil com alidade, a prancheta equipada com</p><p>bússola e alidade, o hodômetro para a medição de</p><p>Ui WINTERBOTHAM, H. S. L. A. Key to maps.</p><p>23</p><p>30' o• 30' ,. 30'</p><p>Fig. 18 - O Canal da Mancha, com a rede de triângulo• entre os meridianos de Greenwkh e l'aris.</p><p>linhas irregulares, como as de um rio, e um semi­</p><p>circulo para a medição de ângulos, conforme pode­</p><p>mos apreciar na fig. 19.</p><p>No que diz respeito ao continente sul-ameri­</p><p>cano, o arco de Quito foi, realmente, a primeir<:t</p><p>grande operação geodésica realizada no Novo</p><p>Mundo.</p><p>O globo todo tem, hoje, os mapas mais pre­</p><p>cisos, em todas as escalas e para todos os fins.</p><p>A França, a Inglaterra, a Alemanha, a Suíça, os</p><p>Estados Unidos, o Japão, a União Soviética, etc.</p><p>têm produzido excelente cartografia, de par com</p><p>um inusitado desenvolvimento de instrumentos</p><p>eletrônicos geodésicos, fotogramétricos e cartográ­</p><p>ficos, além de técnicas visando à excelência e à</p><p>precisao, tanto no que toca aos levantamentos,</p><p>quanto à elaboração de mapas e cartas para todas</p><p>as finalidades.</p><p>Não poderíamos, aqui, neste resumido esboço</p><p>histórico, deixar fora de registro a fotogrametria,</p><p>uma revolucionária modalidade de levantamento</p><p>do terreno, baseada nas fotografias aéreas. Decor­</p><p>rente, em grande parte, da invenção do avião, o</p><p>seu desenvolvimento tem sido extraordinário. Mas</p><p>antes do avião, as fotografias terrestres perspectivas</p><p>já eram usadas, em decorrência da invenção da</p><p>máquina fotográfica, à guisa de apoio de alguns</p><p>24</p><p>Fig. 19 - O semicírculo, um aparelho do séc. XVIII, para a me·</p><p>dição de ângulos.</p><p>levantamentos fotográficos. Foi, contudo, o francês</p><p>Aimé Laussedat (1819-1907) quem fundou a foto­</p><p>grametria, em 1851. Mas já em 1838, o físico inglês</p><p>Charles Wheatstone (1802-1875) havia descoberto</p><p>o estereoscópio (alma da fotogrametria, depois que</p><p>o alemão Pulfrich, em 1903, aplicou ao ousado</p><p>processo de levantamento a estereoscopia).</p><p>A primeira vez que o terreno foi fotografado</p><p>do espaço. em 1860, nos Estados Unidos, o veículo</p><p>usado foi o balão. No capítulo 10, este assunto será</p><p>mais bem ilustrado.</p><p>A figura 20 apresenta um instrumento foto­</p><p>gramétrico chamado Multiplex, que foi bastante</p><p>usado na restituição de fotografias aéreas estereos­</p><p>cópicas. O instrumental hoje existente é o mais</p><p>complexo e o mais avançado possível, uma vez qt~e</p><p>a automatização, graças, em grande parte, à elctro­</p><p>nica, vem substituindo, em muitos estágios, a parti·</p><p>cipação humana na maioria das operações geodé­</p><p>sico-fotogramétrico-cartográficas.</p><p>Fig. 20 - O Multiplex. um restituidor de fotografias estereoscópicas.</p><p>Mas os vôos orbitais, sobretudo de satélites</p><p>artificiais não tripulados, estão desempenhando um</p><p>papel fora do comum no mapeamento de extensas</p><p>áreas da Terra, como é o caso do Landsat (land</p><p>satellite) 1a, assunto tratado também mais extensa­</p><p>mente no capítulo 1 O.</p><p>16 OLIVEIRA, Cêurio de. Dicionário Cartográfico.</p><p>2. 6 Os mapas do Brasil nos primeiros</p><p>séculos</p><p>"A história da cartografia brasileira segue de</p><p>muito perto a própria história do Brasil" 17• Mal</p><p>haviam sido enrolados os panos das caravelas anco­</p><p>radas na Terra deVera Cruz, e um certo tripulante.</p><p>João Emenelaus, físico e cirurgião de Sua Majestade</p><p>o Rei Dom Manuel, descia a terra em companhia</p><p>do piloto da nau capitânea e do piloto de Sancho</p><p>de Tovar, e aí, tomou a altura do Sol ao meio-dia,</p><p>e achou 17 graus, por meio do astrolábio. A</p><p>fig. 21 sugere, com essa xilogravura do século XV,</p><p>a ocorrência histórica da primeira operação cosmo­</p><p>gráfica sob os céus da nova terra. Era o dia 27</p><p>de abril de 1500 ts.</p><p>Fig. 21 - .'\ medição da latitude por meio do astrolábio.</p><p>Daí em diante, não tardariam a aparecer os</p><p>delineamentos</p><p>do litoral, com muita pobreza de</p><p>nomes. mas muito índio e florestas de pau-brasil.</p><p>Os primeiros mapas da nova terra variavam, con­</p><p>tudo, quanto à denominação: Terra de Vera Cruz,</p><p>Terra de Santa Cruz, Terra Nova, Terra Incógnita,</p><p>Terra de Papagaios, Terra de Brazília, Terra de</p><p>Antropófagos, etc. Pois que a terra era grande de­</p><p>mais e raros os conhecimentos geográficos a seu</p><p>respeito, propiciando o surgimento de fantasias</p><p>sobre esse mundo desconhecido. Até as "monstruo­</p><p>sidades" de Solinus, aquele "contador de histórias"</p><p>do UI século, autor da "Coleção das coisas que</p><p>devem ser lembradas", viriam a ser enxertadas nos</p><p>mapas dessa terra. A figura 22 apresenta uma das</p><p>17 OLIVEIRA, Cêurio de. A História dos mapas do</p><p>Brasil. In: ENCICLOPÉDIA FATOS & FOTOS. n. 60, 1967.</p><p>18 OLIVEIRA, Cêurio de. Dicionário Cartográfico</p><p>(apêndice I) .</p><p>25</p><p>Fig. 22 - Acima, dois desenhos popularilados por Solinus, no séc. 111</p><p>d. C. e, abai><o, um trecho do rio Amazonas, do cart6gra_f~ flamengo</p><p>Hondiw (1563-1612), em que se pode ob<erYar a rcpeta~:ao de um</p><p>dos desenhos do me•mo Solinus.</p><p>inúmeras "monstruosidades" surgidas em plena</p><p>Idade Média, e a mesma imagem reproduzida (doze</p><p>séculos mais tarde) na margem esquerda do rio</p><p>Amazonas, no mapa do famoso cartógrafo flamengo</p><p>Jodocus Hondius, do século XVI.</p><p>Tantas eram as fantasias, tantos os absurdos,</p><p>cujos ecos dominaram os espíritos europeus, famin­</p><p>tos de histórias fantásticas sobre o resto do mundo,</p><p>sobretudo a África e a América, que um belo mapa</p><p>do mundo, de 1628, viria registrar, abaixo do Medi­</p><p>terrâneo, um continente Antichton, uma espécie de</p><p>antiterra, em que "a vida era impossível" 19 (sic) .</p><p>Diante de tudo isto, não admira, aliás, que</p><p>haja dúvida, hoje em dia, da antropofagia ~o índio</p><p>brasileiro. E assim como em mapas antenores ao</p><p>descobrimento do Brasil, eram representadas ilhas</p><p>ao sul do equador com dizeres co~o "f!ic incole</p><p>anthropophagi sunt" e "H~rum etzam mc?le a::·</p><p>thropophagi sunt" (V. a figura 23), tambem na~</p><p>admira que, depois de descoberto, fosse ? Brasil</p><p>o repositório preferido de semelhantes notícias.</p><p>Ocorre-nos transcrever a quadra de Swift, já</p><p>glosada, várias vezes, por cartógrafos ingleses:</p><p>So geogmphers, _in Afric~ maps~</p><p>With savage pzctures fzll then· gaps,</p><p>And o'er inhabitable downs,</p><p>, f ":!0 Place elephants for :want o towns - .</p><p>19 BROWN, Lloyd A. Op. cit.</p><p>20 Assim, os geógrafos, nos mapa_s da África .. com estra­</p><p>nhos desenhos, preenchem os seus vaZios c, yor cuna t~e pla­</p><p>nJcies desabitadas, colocam elefantes ao mvés de ctdades.</p><p>26</p><p>lus'ln a.:- . - - _ - - -- -- _-;H-Eê</p><p>o ~ I'Y --~' • - ._ - - - - - -</p><p>· SAB~~~Ç~E •. - .. -- -- - : . - .. ---.<~ ~- : ~ -.: ... · ... -_ "'-::.. .. - .. -· ~- -- -· ... _ .... -....... .,..- .. .... ·. --</p><p>: Hi.av.M-· ETJAA:tCOI.AE_· -­</p><p>.- ".ANTiu\oPÓPKAG:l; S~ .: : -- - - .. . . ... - ... - .... -·</p><p>.. -- ~-~ .-.-- ~ .-. .:. . -~~~ · ...... . ::_·'t' -</p><p>f'ig. ~:l - Num mapa anterior ao descobrimento da América, algu­</p><p>mas ilhas atribuída!' ao Novo Mundo traziam a indicação de serem</p><p>habitadas por antropMagos.</p><p>Na Mapoteca do Itamarati (Rio de Janeiro)</p><p>existe, dentre tantos, um mapa bem interessante:</p><p>aparece, em primeiro lugar, o litoral do Brasil,</p><p>e para dentro, árvores c palmeiras, índios amon­</p><p>toando madeira, c uma figura de mulher branca,</p><p>nua, atravessada dos pés aos ombros por um grande</p><p>espeto, a cabe~:a pendente, c um aborígine a giní-la</p><p>sobre a fogueira.</p><p>Podemos apreciar outro mapa, desta feita de</p><p>origem turca, surgido apenas 13 anos após o desco­</p><p>brimento do Brasil. Referimo-nos ao mapa do almi­</p><p>rante turco Piri Re's, no qual, bem em cima do</p><p>Brasil, est;í escrito: Este país tem animais ferozes</p><p>de pêlo branco, tendo a forma de bois de seis</p><p>chifres.</p><p>Os mapas do século XVII, muitos dos quais</p><p>com características náuticas, foram feitos não só</p><p>por portug·uescs, como por holandeses, franceses,</p><p>ingleses, espanhóis etc. Das maiores coleções são,</p><p>por exemplo, as do cartógrafo João Teixeira, de</p><p>1627, 1630, 1631 e 1640, coligidas "das mais sertas</p><p>noticias que pode aiuntar".</p><p>Um belo mapa do final do século é o do famoso</p><p>holandês Ianne Blaeu, com a representação das ca­</p><p>torze capitanias hereditárias, desde a "de Para"</p><p>até a "de Sancto Vicente".</p><p>Com a finalidade de juntar uma documentação</p><p>cartográfica para a questão sobre o Brasil e a</p><p>França, o Barão do Rio Branco publicou uma co­</p><p>letânea, onde se acham praticamente todos os</p><p>mapas do Brasil anteriores ao Tratado de Utrecht</p><p>de 1713.</p><p>Quanto ao século XVIII, a documentação</p><p>cartográfica sobre o Brasil é incomparavelmente</p><p>melhor. Nesse século, Portugal viria dedicar im­</p><p>portantes atenções aos lim!tes do B:asil com a Am~­</p><p>rica Espanhola. Engenheiros, astronomos e carto­</p><p>grafos portugueses e brasileiros levantam e tra~am</p><p>enorme quantidade de documentos cartográficos</p><p>e hidrográficos. São dessa época autores de mapas</p><p>do porte de Azevedo Forte, de Manuel Gonçalves</p><p>de Aguiar, além de outros.</p><p>Naquele século, aqui chegaram os padres je­</p><p>suítas Carbone e Capacci, enviados pelo Rei Dom</p><p>João V, em 1730, com o fim de determinarem a</p><p>latitude e a longitude do país e, em seguida, ela­</p><p>borarem mapas corretos. Além das recomendações</p><p>prescritas, de que os padres eram portadores, pa­</p><p>rece que a intenção abrangia a importância, do</p><p>ponto de vista de Portugal. em "descobrir por</p><p>meio das longitudes observadas a posição exata das</p><p>terras ocupadas pelos portugueses na América, em</p><p>relação ao arquipélago do Cabo Verde, isto é, ao</p><p>meridiano de Tordesilhas, situado 370 léguas a oeste</p><p>da mais ocidental das ilhas, e traçar uma carta</p><p>do Brasil de coordenada!> cientificamente obser­</p><p>vadas, que ocultasse aquela averiguação" :!l . Recor­</p><p>demo-nos de que três lustros mais tarde apareceria</p><p>o Mapa das Cortes (de autor desconhecido), de</p><p>I 749, "dos confins do Brazil com as terras da Coroa</p><p>de Espanha na América Meridional", e que, no ano</p><p>seguinte, iria orientar o Tratado de Madri de 1750.</p><p>2. 7 A cartografia brasileira do século XIX</p><p>Como é sabido, a partir de 1808, com a chegada</p><p>do rei de Portugal Dom João VI, um admirável</p><p>impulso foi dado a todos os empreendimentos ar­</p><p>tísticos e científicos, em cu_jo bojo se situaria, sem</p><p>dúvida, um florescimento de todas as artes grá­</p><p>ficas, em que era propício o aperfeiçoamento e a</p><p>eclosão de novos valores na elaboração das cartas</p><p>geográficas.</p><p>Já em maio de 1808 era criada a Imprensa</p><p>Régia. Nesse mesmo ano foi confeccionada a Planta</p><p>da Cidade do Rio de Janeiro, da autoria de A. J.</p><p>dos Reis, c que passou a ser gravada por Ferreira</p><p>Souto, que a concluiu em 1812. Essa planta foi</p><p>executada no Real Arquivo Militar, que tinha atri­</p><p>buições cartográficas e de mapeamento.</p><p>Outras institmçoes criadas naquela época</p><p>foram a Real Academia Naval e a Academia de</p><p>Artilharia e Fortificação, as quais eram encarre­</p><p>gadas de adestrar engenheiros para as atividades de</p><p>levantamentos e de cartografia.</p><p>Em meados do século, houve tentativas para</p><p>a construção de uma Carta Geral do Império,</p><p>conseguindo os seus idealizadores iniciar a trian­</p><p>gulação do Município Neutro. Não houve, porém,</p><p>prosseguimento algum, até que foi extinto em 1878,</p><p>embora três anos antes tenha sido criada a Comissão</p><p>Astronômica do Observatório Imperial, que teve</p><p>por finalidade a determinação de posições geográ­</p><p>ficas, e a medição de um grande meridiano, não</p><p>tendo havido, igualmente, continuidade prática.</p><p>Os vários estudos visando à criação de um</p><p>órgão encarregado de executar levantamentos geo­</p><p>désicos e topográficos, e construir uma carta exata,</p><p>21 CORTESÃO. Jaime. História do Brasil nos velhos</p><p>mapas.</p><p>toram, assim, mal sucedidos, e só na República é</p><p>que, a partir de I 90 I, viria aparecer um plano</p><p>sério, como iremos ver logo adiante.</p><p>Como o Brasil se comportava como país-ilha,</p><p>apesar das suas dimensões continentais, a carto­</p><p>grafia hidrográfica teve a prevalência nas atividades</p><p>de se dotar o país duma cobertura sistemática de</p><p>mapas para uma nação que começava a organizar-se.</p><p>Assim é que, com a criação da Repartição Hidro­</p><p>gráfica, os esforços náuticos foram de grande valia,</p><p>culminando com a obra do Almirante francês</p><p>Amedée Mouchez, para cá contratado, que exe­</p><p>cutou o levantamento da costa brasileira, entre</p><p>I 856 e I 868, no comando dos navios Le Brisson,</p><p>])'Entrr.rastr~nux c La Motle Piquet 22.</p><p>A figura 24 mostra-nos um detalhe típico</p><p>duma moderna carta náutica da Marinha do Brasil.</p><p>Fig. 24 - Parte' da folha "'Canal de ltacuruçá"", levantada c ela·</p><p>horada pt"!a Marinha do Brasil, à escala original de I :20 000, na</p><p>Projeção de Mercátor. Vêem·se um sem-número de pontos de son·</p><p>dagem, em metros, assim como três curvas batimétricas (5 m, 10 m</p><p>e 20 m) ; um farol na ilha ]uTubaíba, com a indicação da duração</p><p>do lampejo; um fundeadouro na Ponta do BaTTeiTo, à NO da ilha de</p><p>JtacuTuçá; uma rosa náutica (com a divisão de 10 em 10 graus c</p><p>subdivisões de grau em grau), orientada para o N, e indicando a</p><p>· declinação magnttica de 16°15" W. relativa ao ano de 1965, com a</p><p>informação do seu aument.o anual em 8°.</p><p>Observe-se que as informações sobre a terra firme são !_imitadas, c</p><p>o rele vo ai representado t sugerido por cun as de forma e não le·</p><p>vantado em curvas de ni9el; apenas alguns morros mostram as suas</p><p>respectivas cotas.</p><p>Quanto à cartografia terrestre, grandes esforços</p><p>foram verificados no âmbito do Estado-Maior do</p><p>Exército, com vistas à construção de uma carta</p><p>básica. Em conseqüência daquela política cartográ­</p><p>fica militar, era criada, em 1901 a Comissão da</p><p>22 A excelente coleção de cartas de Mouchez pode ser</p><p>apreciada: na Diretoria . de Hidrografia c Navegação; na</p><p>Mapoteca do Itamarati (RJ) ; na Biblioteca do IBGE (Rj) .</p><p>27</p><p>Carta Geral do Brasil, projeto do Estado-Maior. A</p><p>organização da Carta competia à 3.a seção do Estado­</p><p>Maior, e o projeto foi muito bem preparado, com</p><p>detalhes sobre as operações geodésicas e astronô­</p><p>micas, as operações topográficas e as operações car­</p><p>tográficas. Constava do projeto a construção duma</p><p>carta topográfica em 1: I 00 000 e uma carta geo­</p><p>gráfica em I: l 000 000 23, Entretanto, somente após</p><p>a I Guerra Mundial, é que iria ser fundado o</p><p>Serviço Geográfico Militar, denominação que pas­</p><p>saria depois a Serviço Geográfico do Exército.</p><p>2. 8 A moderna cartografia brasileira</p><p>Em decorrência dos estudos executados no</p><p>âmbito do Estado-Maior elo Exército, e consoante o</p><p>grande desenvolvimento cartográfico atingido pelas</p><p>potências européias na Grande Guerra, o Serviço</p><p>Geográfico do Exército contratou, em I920, a fa­</p><p>mosa Missão Austríaca, chefiada pelo engenheiro</p><p>Emílio Wolf, e composta de excelentes profissionais</p><p>austríacos, cujos trabalhos resultaram numa pro­</p><p>dução topográfica de alta qualidade.</p><p>O primeiro resultado prático da obra dirigida</p><p>pelo Exército foi a conclusão, em 1921, do levan­</p><p>tamento do antigo Distrito Federal na escala de</p><p>I :50 000, em que pela primeira vez foi utilizado</p><p>o avião para uma cobertura aerofotogramétrica. 'As</p><p>primeiras fotografias foram tiradas sobre Copaca­</p><p>bana, no morro dos Cabritos, tendo constado o</p><p>levantamento de 22 vôos realizados em 16 dias,</p><p>"num percurso aéreo de 718 km, a uma altura de</p><p>2.500 metros em que foram expostas 948 chapas</p><p>fotográficas tiradas com eixo ótico vertical</p><p>cobrindo uma área de terreno de I .345 km2, apro­</p><p>ximadamente" 24. A figura 25 registra um belo de­</p><p>talhe da carta publicada.</p><p>A Diretoria de Serviço Geográfico, deno­</p><p>minação atual do antigo Serviço Geográfico do</p><p>Exiército, sempre se mostrou, em realização, ou</p><p>produção, à altura dos seus planos. Exemplo disto</p><p>foi o profícuo trabalho geodésico e cartográfico</p><p>levado a efeito no Rio Grande do Sul, com uma</p><p>cobertura topográfica em I: 50 000, I: 100 000 e</p><p>I :250 000. Como se sabe, a rede geodésica do sul,</p><p>seria amarrada, a partir de I945, à estrutura ini­</p><p>ciada pelo IBGE.</p><p>Em 1936, o Governo Federal criou o Instituto</p><p>Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), com</p><p>a finalidade de coordenar as atividades estatísticas,</p><p>censitárias e geográficas do país. Visando de ime­</p><p>diato ao Recenseamento de I940, o IBGE, através de</p><p>um dos seus órgãos, o Conselho N acionai de Geo­</p><p>grafia, iniciou, em 1939, a preparação do projeto</p><p>Carta do Brasil ao Milionésimo, em 46 folhas de</p><p>23 BRASIL, Estado-Maior do Exército. A Carta do</p><p>Brasil.</p><p>24 VIDAL, Alfredo. Cartografia.</p><p>28</p><p>PARTE DA DO</p><p>DISTRICTO FEDERJ</p><p>Rto DE JANEIRo</p><p>19</p><p>16\ ,t c</p><p>}'ig. !15 - Trecho da Cana do Distrito Federal, executada pelo Exér·</p><p>cito brasileiro, em 1922.</p><p>4 X 6 graus, treinando, inicialmente, desenhistas­</p><p>cartógrafos, e promovendo uma coleta de mapas e</p><p>de levantamentos, em todo o território nacional, a</p><p>fim de que a carta fosse compilada da melhor base</p><p>de documentação cartográfica existente. Paralela­</p><p>mente, instituía aquele Conselho a Campanha das</p><p>Coordenadas Geográficas, a qual, até 1945, e sob a</p><p>chefia de engenheiros bem aperfeiçoados em geodé­</p><p>sia, determinou milhares de coordenadas em todos</p><p>os estados do Brasil.</p><p>Um dos elementos básicos de importância para</p><p>a compilação das folhas foi a Carta em I: 1 000 000,</p><p>igualmente em 46 folhas, organizada pelo Clube</p><p>de Engenharia, em I922, comemorativa do 1.0</p><p>Centenário de Independência do Brasil.</p><p>A melhor documentação surgiu, entretanto,</p><p>após 1945. É que os Estados Unidos, à frente de</p><p>operações estratégicas em todo o mundo, visando</p><p>à vitória final contra o eixo Roma-Berlim-Tóquio,</p><p>havia promovido uma extensa cobertura aerofo­</p><p>togramétrica, com o sistema Trimetrogon, sobre­</p><p>tudo em áreas pouco desenvolvidas cartografi­</p><p>camente. Como após o conflito mundial, dois ter­</p><p>ços do espaço territorial brasileiro estavam fot_o­</p><p>grafados, aquela nação nos cedeu todo o volume</p><p>dessa cobertura através dos seus próprios negativos.</p><p>De posse de tal documentação, de precioso valor,</p><p>em áreas como o Norte e o Centro-Oeste, até então</p><p>sem mapeamento regular, pôde o total das 46</p><p>folhas ser, finalmente, editado, o que se deu em</p><p>1960.</p><p>A direção do Conselho N acionai de Geografia,</p><p>ao término da li Guerra Mundial, não descurou</p><p>do aperfeiçoamento do pessoal técnico cartográfico,</p><p>o qual, após um lustro de invejável dedicação a</p><p>uma obra, àquele tempo, de indispensável valor,</p><p>tão a fundo se empenhara. Assim, seguiu para os</p><p>Estados Unidos um grupo de dedicados servidores,</p><p>os quais, após um ano de estágio no Coast and</p><p>Geodetic Survey, regressou com um excelente pa-</p><p>drão de aprendizagem teórico-prática na totalidade</p><p>das operações que conduzem à elaboração de cartas</p><p>c mapas. Não tardaria, igualmente, que outros</p><p>cartógrafos seguissem para o estrangeiro, desta vez,</p><p>além dos Estados Unidos, alguns países europeus de</p><p>tradicional adiantamento cartográfico, como a</p><p>França, a Inglaterra 2~. Alemanha c a Itália.</p><p>Não podemos deixar de mencionar, aqui, a</p><p>participação da geodésia oficial americana no</p><p>Brasil. Acolhemos durante muitos anos o lntn</p><p>American Geodetic Survey (JAGS), que, além de</p><p>proporcionar instruções sobre métodos e técnicas</p><p>relativas ao levantamento geodésico básico do ter­</p><p>ritório brasileiro, forneceu, em várias oportuni­</p><p>dades, inestimável instrumental técnico especifico,</p><p>como torres Rilhy, mart'~grafos, teodolitos, etc. Lem­</p><p>bremos também, que, através do IAGS, dezenas</p><p>de profissionais em geodésia, cartografia e foto­</p><p>grametria, pertencentes a diversos órgãos federais e</p><p>estaduais, puderam estagiar na Escola de Carto­</p><p>grafia da Zona do Canal do Panam;í.</p><p>Após a conclusão da Carta do Brasil ao Milio­</p><p>nésimo, e percebendo a necessidade inadiável de</p><p>poder concorrer também no sentido de preencher</p><p>o imenso vazio territorial brasileiro em escalas topo­</p><p>gráficas básicas ~6, sentiu-se o IBGE no dever de se</p><p>munir, a fim de participar da cobertura sistemática</p><p>de cartas topográficas, indispensáveis ao desenvol­</p><p>vimento econômico e social do País. Como se viu,</p><p>em pouco tempo, com a aquisição de variado</p><p>instrumental fotogramétrico, lançou-se ao lado da</p><p>Diretoria de Serviço Geográfico e de outros órgãos,</p><p>como a Sudene, a Petrobrás etc., numa produção</p><p>que já cobre mais de dois terços da área do país</p><p>em cartas de 1:50 000, 1:100 000 e mais a de</p><p>I :250 000, que é uma carta topográfica derivada</p><p>das duas primeiras. A figura 26 apresenta, esquema­</p><p>ticamente, o desenvolvimento dessa cobertura.</p><p>Quanto aos levantamentos geodésicos de apoio</p><p>básico, que constituem a infra-estrutura do mapea­</p><p>mento das três escalas topográficas, acham-se, atual­</p><p>mente, em pleno desenvolvimento, estendendo-se as</p><p>suas operações pela Amazônia, com a adoção dos</p><p>mais modernos métodos, e com o emprego de téc­</p><p>nicas e instrumental muito avançado. A rede toda,</p><p>de sul a norte, já dispõe duma área de 4,6 milhões</p><p>de quilômetros quadrados. A este propósito, convém</p><p>lembrar ainda que a "rede altimétrica implantada</p><p>coloca o Brasil em terceiro lugar no mundo, ime­</p><p>diatamente após os EUA e o Canadá, e em pri­</p><p>meiro em extensão norte-sul 27".</p><p>2r. O autor "destas mal traçadas linhas" c de inúmeros</p><p>mal rab;scados mapas fez, em 1951 152, um estágio no</p><p>Ordnance Survcy, em Southampton (Inglaterra) c dois es·</p><p>tágios no Institut Géographique National (França) .</p><p>26 Até 1964, a cobertura em cartas topográficas em</p><p>1:50000, 1:100000 e 1:250000 só alcançava cerca de 8%</p><p>do nosso espaço territorial.</p><p>27 TRAilALHOS T~CNICOS, Rio de janeiro, IBGE,</p><p>1979.</p><p>Fig. 2ô - Esquema da cobertura topográfica do território brasileiro</p><p>executada pelo IBGE, DSG e outros órgãos de atividades cartográfica•</p><p>afins.</p><p>A Diretoria de Rotas Aéreas do Ministério</p><p>da Aeronáutica, hoje denominada Diretoria de Ele­</p><p>trônica e- Proteção ao Vôo, que, até há bem pouco</p><p>tempo, vinha utilizando as folhas da Carta Aero­</p><p>náutica editada pelo Army Map Service, com uma</p><p>base cartográfica já em obsolescência 28, tomou a de­</p><p>cisão de se aperceber do melhor suporte cartográfico</p><p>possível, e realizou um convênio com o IBGE, para</p><p>a elaboração da carta, dispondo, atualmente, de</p><p>um conjunto de 46 folhas na escala de I: I 000 000,</p><p>executado de acordo com as especificações da Carta</p><p>Aeronáutica Mundial.</p><p>O presente enfoque, sumamente resumido, do</p><p>que foi feito e do que se realizou no Brasil, no</p><p>tocante às atividades cartográficas, se apresentaria</p><p>falho, e ao mesmo tempo injusto, se não mencio­</p><p>nássemos, embora de passagem, a participação pri­</p><p>vada.</p><p>Está hoje o Brasil perfeitamente equipado,</p><p>além da área governamental (federal, estadual e</p><p>municipal), para qualquer tipo de planejamento</p><p>e de execução de projetos fotogramétricos, desde</p><p>a mais exata carta cadastral até o mais exigente</p><p>projeto de engenharia. Referimo-nos às companhias</p><p>de aerolevantamento, reunidas, quase todas, hoje,</p><p>sob a denominação de Associação N acionai de Em­</p><p>presas de Aerolevantamento (ANEA) , a qual, além</p><p>do padrão técnico, apresenta um apreciável e diver-</p><p>28 Jà se tornara praxe que muitos pilotos, militares</p><p>ou civis, preferiam usar, em vôo, algumas folhas da Carta</p><p>do Brasil ao milionésimo, j<í por si também desatualizadas e,</p><p>sobretudo, inadequadas do ponto de vista técnico aero­</p><p>náutico, menos obsoletas, porém, do que as aeronáuticas</p><p>americanas, àquele tempo, ein uso.</p><p>29</p><p>sificado volume de realizações, não só no Brasil,</p><p>como em alguns países.</p><p>2. 9 O mapa de ontem e o mapa de hoje</p><p>Se o mapa antigo podia, em parte, caracteri­</p><p>zar-se pelo esmero gráfico e muitas vezes artístico</p><p>da sua apresentação, fugindo, não raro, à infor­</p><p>mação precipuamente geográfica, para ceder lugar</p><p>a belos cartuchos ou mesmo interessantes fantasias</p><p>de caráter decorativo 29 em detrimento, muitas</p><p>vezes, do próprio conteúdo geográfico ou toponí- .</p><p>mico, o mapa da hora que passa tem como finali­</p><p>dade primeira a exatidão do detalhe aí represen­</p><p>tado, não só do ponto de vista planimétrico como</p><p>altimétrico.</p><p>Se o cartógrafo do século XIX procurava, es­</p><p>forçando-se ao máximo, no sentido de oferecer ao</p><p>usuário uma forma original de representação do</p><p>relevo, mediante as hachuras, magistralmente ela­</p><p>boradas por italianos, franceses, alemães, etc., mas</p><p>sem dispor de meios para representar esse relevo</p><p>sob forma matemática (referimo-nos ao método das</p><p>curvas de nível) , o cartógrafo de hoje oferece ao</p><p>usuário o mesmo frio delineamento, e vai mais</p><p>longe, complementa-o com outra espécie de relevo,</p><p>o sombreado, cuja máxima expressão realizou-a o</p><p>notável cartógrafo suíço, professor Edouard Imhof.</p><p>Entretanto, a mais admirável forma de expres­</p><p>são cartográfica dos nossos dias é o mapa plástico</p><p>em alto-relevo. Tanto o relevo sombreado, quanto</p><p>o relevo em terceira dimensão, em plástico, uma</p><p>vez executados com precisão técnica, além do efeito</p><p>prático e estético, são capazes, um ou outro, de</p><p>transmitir a uma variedade de profissionais da</p><p>área das geociências, como o geógrafo, o geólogo,</p><p>o geomorfologista, o pedólogo e tantos outros, o</p><p>caráter exato da razão de ser, ou da origem daquele</p><p>modelado.</p><p>29 Consultem-se o nosso Diciondrio Cartogrdfico, abrindo-o no verbete Leão Belga, ou então o Mapa Geográfico de América</p><p>Meridional, de Cruz Cano, existente na Mapoteca do Itamarati, o primeiro. extremamente original, o segundo, de sóbria</p><p>beleza.</p><p>30</p>

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