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<p>IMPERIALISMO NA AMERICA LATINA</p><p>No início do século XIX o governo dos Estados Unidos da América já havia</p><p>demonstrado intenção de demarcar as áreas onde pudesse exercer sua</p><p>influência econômica. O presidente James Monroe, em 1823 criou a</p><p>Doutrina Monroe, com o lema “a América para os americanos”. A intenção</p><p>era afastar a presença de capitais e produtos europeus, especialmente</p><p>ingleses dos países americanos recém independentes. Era o primeiro</p><p>passo dos EUA para controlar as nações do continente americano. O</p><p>imperialismo foi facilitado pelas condições em que haviam ocorrido os</p><p>processos de independência colonial: fragmentação política, poder local</p><p>nas mãos da aristocracia e permanência de estruturas típicas da</p><p>colonização de exploração. No governo de Theodore Roosevelt, entre 1901</p><p>e 1909, a Doutrina prevaleceu.</p><p>Um exemplo da intervenção imperialista foi o apoio dos EUA na</p><p>consolidação da independência em Cuba, com a Emenda Platt na</p><p>constituição cubana, na qual dizia o direito dos EUA construírem bases</p><p>militares no País.[1]</p><p>Outro exemplo é na intervenção norte-americana na independência do</p><p>Panamá em 1901, em troca de apoio político e militar, o governo norte-</p><p>americano garantiu o controle sobre a passagem que interliga o Oceano</p><p>Atlântico e Pacífico.</p><p>O governo norte-americano tinha interesse sobre Cuba e Panamá Por</p><p>causa da localização estratégica desses países na América Central, são</p><p>pontos de ligação entre o norte e o sul do continente americano e</p><p>passagem do Oceano Atlântico para o Oceano Pacífico.</p><p>A América Latina – com exceção do Caribe e de alguns territórios na</p><p>América do Sul – não sofreu com a ocupação territorial imperialista por</p><p>parte das grandes potências europeias. O fato dos países latino-</p><p>americanos ter conquistado a sua independência era um fator que fazia</p><p>com que as potências imperialistas utilizassem outras estratégias de</p><p>dominação.</p><p>Devemos lembrar que por meio da doutrina do Destino Manifesto os</p><p>Estados Unidos acreditavam que seu modelo político e social era superior</p><p>à maioria dos países absolutistas europeus e que haviam, portanto, sido</p><p>escolhidos por Deus para libertar, comandar e ter um papel de destaque</p><p>no cenário mundial. Tratava-se de uma versão estadunidense da ideia do</p><p>fardo do homem branco. Em sintonia com o Destino Manifesto se</p><p>desenvolveu nos Estados Unidos a Doutrina Monroe que defendia a</p><p>soberania dos países americanos, comumente apresentada na expressão</p><p>“América para os americanos”, onde os norte-americanos se colocavam</p><p>contra qualquer tentativa de recolonização da América pelos europeus.</p><p>Contudo, e tendo em vista o desenvolvimento do imperialismo no século</p><p>XIX e XX, não seria enganosa uma ligeira alteração nessa sentença, dando</p><p>lugar a uma mais exata definição: América para os norte-americanos.</p><p>A Inglaterra procurou atuar em diversos setores da economia dos países</p><p>latinos, emprestando dinheiro, exercendo controle de bancos e levando</p><p>diversos países a um grande endividamento externo. Com os</p><p>investimentos as empresas estrangeiras passavam a controlar boa parte da</p><p>infraestrutura do país, como ferrovias, serviços de bondes, água, esgoto,</p><p>gás, eletricidade, telefonia, etc.</p><p>Os Estados Unidos, por sua vez, procurou dominar setores estratégicos da</p><p>economia de diversos países, ou seja, setores que moviam a economia</p><p>desses países. Assim, controlavam o cobre chileno, o estanho da Bolívia, o</p><p>petróleo do México e da Venezuela, o açúcar em Cuba, etc.</p><p>Um exemplo do imperialismo norte-americano fica evidente na sua</p><p>relação com Cuba. Os norte-americanos, que tinham investimentos na</p><p>produção de açúcar e tabaco em Cuba (que era uma possessão espanhola)</p><p>entraram em atrito com a Espanha e ajudaram indiretamente Cuba a se</p><p>livrar dos espanhóis através da Guerra Hipno-Americana, em 1898. A</p><p>Guerra foi amplamente favorável aos Estados Unidos, que acabaram</p><p>tomando Porto Rico e as Filipinas dos espanhóis, estendendo suas garras</p><p>posteriormente ao Havaí e as ilhas de Guam.</p><p>No caso dos cubanos, contudo, se haviam, por um lado, se livrado dos</p><p>espanhóis, por outro, foram obrigados a assinar a Emenda Platt (1901),</p><p>que dava aos Estados Unidos o direito de intervir na ilha, além da criação</p><p>de uma base militar na região, a famosa base de Guantánamo.</p><p>A partir deste momento os americanos passaram a associar a dominação</p><p>econômica à intervenção militar. Tal política ficou conhecida como a</p><p>política do Big Stick (bastão grosso), tratava-se de expandir o poder e a</p><p>presença norte-americana pelo mundo. Observe o relato do general</p><p>Smedley Butler a respeito dessa política:</p><p>(...) ajudei a transformar o México, especialmente Tampico, em lugar</p><p>seguro para os interesses petrolíferos americanos, em 1914. Ajudei a fazer</p><p>de Cuba e Haiti lugares decentes para que os rapazes do Naional City Bank</p><p>pudessem recolher os lucros. Ajudei a purificar a Nicarágua para os</p><p>interesses de uma casa bancária internacional dos Irmãos Brown, em</p><p>1909-1912. Trouxe a luz à República Dominicana para os interesses</p><p>açucareiros norte-americanos em 1916. Ajudei a fazer de Honduras um</p><p>lugar ‘adequado’ às companhias frutíferas americanas, em 1903. Na China,</p><p>em 1927, ajudei a fazer com que a Standard Oil continuasse a agir sem ser</p><p>molestada.</p><p>Durante todos esses anos eu tinha, como diriam os rapazes do gatilho,</p><p>uma boa quadrilha. (...) Voltando os olhos ao passado, acho que poderia</p><p>dar a Al Capone algumas sugestões. O melhor que ele podia fazer era</p><p>operar em três distritos urbanos. Nós, os fuzileiros, operávamos em três</p><p>continentes.</p><p>O Caribe em especial sofreram com a pressão imperialista dos Estados</p><p>Unidos na região. Por se tratarem de países exportadores de produtos</p><p>primários acabaram nomeadas de bananas republics. Outro exemplo da</p><p>interferência dos Estados Unidos na região ocorreu quando os norte-</p><p>americanos auxiliaram os panamenhos em sua independência frente a</p><p>Colômbia, em 1903. Com a separação do Panamá os Estados Unidos</p><p>garantiram a construção do estratégico Canal do Panamá, que ficaria sob o</p><p>controle dos norte-americanos até 1999.</p>