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<p>João Vitor Aguera Silveira - R.A 7453999</p><p>APS – Teoria Constitucional do Processo</p><p>Atividade Prática Supervisionada</p><p>Tema: Formas de Modificação de Competência</p><p>São Paulo</p><p>2020</p><p>II</p><p>SUMÁRIO</p><p>INTRODUÇÃO ................................................................................................ 3</p><p>RELATÓRIO FÁTICO DE CADA INTITUTO............................................... 5</p><p>FUNDAMENTOS LEGAIS DE CADA INSTITUTO..................................... 7</p><p>ENTENDIMENTO DOUTRINÁRIO DE CADA INSTITUTO.......................8</p><p>III</p><p>Introdução</p><p>A jurisdição deve ser relacionada ao sentido do exercício da função jurisdicional, a função típica</p><p>do Poder Judiciário, que a caracteriza como tal. A atividade da função jurisdicional pelo Estado,</p><p>é direcionada à resolução de conflitos intersubjetivos toda vez que outros meios não estatais ou</p><p>não jurisdicionais para aquele mesmo fim não forem praticados, não forem possíveis, ou ainda,</p><p>quando os interessados assim compreendam ser necessário, independentemente de qualquer</p><p>outra providência. O art. 16 do Código de Processo Civil de 2015 [1], prescreve, de forma</p><p>menos ampla, que “A jurisdição civil é exercida pelos juízes e pelos tribunais em todo o</p><p>território nacional, conforme as disposições deste Código”, dessa maneira, ele sugere muito</p><p>mais as questões referentes à competência e, por conseguinte, à distribuição de</p><p>responsabilidades por toda a organização judiciária nacional do que da jurisdição, propriamente</p><p>dita. Mais do que isso, ao prever que o desempenho da jurisdição (leia-se: competência) sucede-</p><p>se “conforme as disposições deste Código”, passa a impressão errônea de que o tema referente</p><p>à competência está esgotado no Código de Processo Civil. Primordialmente, é necessário o</p><p>entendimento de que a jurisdição é uma função exercida pelo Poder Judiciário, que objetiva a</p><p>efetivação da aplicação do Direito nos litígios colocados à discussão mediante o exercício do</p><p>direito de ação. Para que ocorra o bom funcionamento da jurisdição, é imprescindível a</p><p>distribuição das atribuições aos órgãos jurisdicionais, determinando critérios e limites para</p><p>tanto, nesse sentido, a competência é a consequência de critérios para distribuir, dentre os vários</p><p>órgãos, as responsabilidades referentes ao desempenho da jurisdição, isto é, cada órgão</p><p>jurisdicional praticará suas atribuições dentro das fronteiras estabelecidas pela legislação.</p><p>Para ocorrer a real compreensão a respeito do sistema de competência instituído pela</p><p>Constituição Federal de 1988, pelas Leis de Organização Judiciária e pelo CPC, é necessário:</p><p>apurar o momento em que são definidas as normas; compreender as concepções de foro e juízo,</p><p>as quais são empregadas pelo legislador; apurar os critérios utilizados pelas leis, na sua fixação</p><p>e entender as diferenças entre as regras de competência relativa e absoluta. De modo geral, o</p><p>foro designa a base territorial sobre a qual o órgão judiciário executa a sua competência, assim,</p><p>todos os Tribunais Superiores, o Superior Tribunal de Justiça e o Supremo Tribunal Federal,</p><p>têm foro sobre todo o território nacional; os Tribunais Regionais Federais, sobre toda a região</p><p>que lhes é afeta, o que costumeiramente engloba mais de um Estado da Federação; e os</p><p>Tribunais de Justiça, sobre os Estados em que estão instalados. O conceito de juízo coincide</p><p>IV</p><p>com o das varas, dessa forma, uma comarca pode ter diversas varas, isto é, diversos juízos.</p><p>Assim, aquilo que a Lei de Organização Judiciária Paulista [2] nomeia como foro central e foros</p><p>regionais não constitui, para o CPC, verdadeiros foros (uma vez que foro, para o CPC, abrange</p><p>toda a Comarca), mas sim ajuntamentos de juízos, que se fracionam nas regiões integrantes da</p><p>Comarca.</p><p>As regras de competência podem ser segmentadas em absolutas e relativas. As primeiras estão</p><p>sujeitas à alteração, diferentemente das absolutas, as quais são estabelecidas visando o melhor</p><p>funcionamento do Poder Judiciário, e não a comodidade dos litigantes. Só sucederá alteração</p><p>de competência no momento em que as regras de competência relativa indicarem a competência</p><p>de um determinado foro, mas determinadas circunstâncias transformarem competente para a</p><p>causa um foro distinto, diferente daquele previsto originalmente em lei. Vale destacar, que só</p><p>pode haver alteração de competência de foro nos casos em que esta for relativa; nunca de juízo,</p><p>uma vez que é sempre absoluta. Entre as causas de modificação de competência temos: a</p><p>prorrogação, a derrogação, a conexão e a continência.</p><p>V</p><p>Relatório Fático de cada Instituto</p><p>A prorrogação é o resultado natural do fato da incompetência relativa não poder ser conhecida</p><p>de ofício (Súmula 33, do STJ), restando ao réu argumentá-la como preliminar de contestação,</p><p>sob pena de haver preclusão. Caso o réu não se manifeste, aquele foro, o qual era originalmente</p><p>incompetente (mas de incompetência relativa), torna-se plenamente competente, não sendo</p><p>mais possível a nenhum dos litigantes, ou mesmo ao juiz, tornar ao assunto. Ao elencar os</p><p>parâmetros determinativos da competência territorial, o Código de Processo Civil o faz</p><p>abstratamente, ou seja, prevê critérios para o ajuizamento, em tese, de uma determinada</p><p>demanda. Dessa forma, exemplificativamente, atuam como parâmetros determinativos, entre</p><p>eles: o local do domicílio do réu (CPC, art. 94), o da situação do imóvel (CPC, art. 95), do</p><p>último domicílio do autor da herança (CPC, art. 96), do domicílio da pessoa jurídica de direito</p><p>público (CPC, art. 99) ou do evento (CPC, art. 100, inciso V, alínea a).</p><p>A derrogação dá-se no momento em que há eleição de foro, ou seja, quando, por força de acordo</p><p>de vontades (contrato), dois ou mais indivíduos decidem qual será o foro competente para</p><p>processar e julgar quaisquer futuras demandas, referentes ao contrato celebrado. O CPC, em</p><p>seu art. 63, prevê que a eleição de foro só concerne em ações provenientes de direitos e</p><p>obrigações, isto é, fundadas no direito das obrigações, o § 1º explicita que a cláusula deve</p><p>remeter expressamente a definido negócio jurídico e constar em contrato escrito. Não é</p><p>autorizada a eleição de foro nos casos de competência absoluta, como os que abrangem</p><p>competência funcional, nas ações reais sobre bens imóveis ou de juízo. As normas de eleição</p><p>de foro não sobrepujam às da conexão, ou seja, a presença de foro de eleição não impossibilitará</p><p>o agrupamento de ações conexas, para julgamento conjunto.</p><p>A conexão é um mecanismo processual que autoriza a união de duas ou mais ações em</p><p>andamento, para que ocorra um julgamento conjunto, a principal função deste mecanismo é a</p><p>ação para que não haja decisões incompatíveis. Para que duas ações sejam reunidas, é</p><p>necessário que comportem elementos em comum, dessa maneira, seria arriscado que fossem</p><p>julgadas por juízes distintos, cuja convicção não se associasse, caso isso ocorresse, poderiam</p><p>surgir resultados conflitantes, situação que o legislador quis distanciar. A reunião ainda é</p><p>justificada por razões de economia processual, já que, com ela, poderá ser elaborada uma única</p><p>instrução e prolatada uma sentença conjunta.</p><p>VI</p><p>A continência é a última forma de modificação de competência, que a estabelece como uma</p><p>conexão entre duas ou mais ações quando houver identidade de partes e de causa de pedir, sendo</p><p>que o objeto de uma, por ser mais abrangente, engloba o das outras. Assim como a conexão,</p><p>objetiva a reunião de ações, para desviar de decisões conflitantes, havendo nesta um risco ainda</p><p>maior, uma vez que requer dois elementos comuns (causa de pedir e partes) e a ligação entre os</p><p>pedidos, entretanto, a reunião só ocorrerá se a ação mais ampla, for proposta posteriormente à</p><p>ação contida. Ocorrendo a continência, as ações serão indispensavelmente reunidas, e, diante</p><p>dos termos da lei, no caso de continência, não existirá nenhuma avaliação pelo juiz a respeito</p><p>da necessidade, ou não, de reunião.</p><p>VII</p><p>Fundamentos Legais de cada Instituto</p><p>A prorrogação pode ser legal, isto é, explícita em lei, como é visto nos casos onde existe ligação</p><p>ou continência entre duas ações (arts. 102 e 104 do CPC), como também pode ser voluntária,</p><p>ou seja, subsequente à vontade das partes. A prorrogação voluntária da competência, divide-se</p><p>em tácita e expressa, a tácita quando a parte ré deixa de opor exceção de incompetência relativa</p><p>no prazo legal (art. 114 do CPC) e a expressa dá-se nas hipóteses de eleição de foro (art. 111</p><p>do CPC).</p><p>Na derrogação as partes são capazes de nomear o foro competente para o julgamento da causa</p><p>(art. 78 do CC c/c art. 111 do CPC), porém o que se escolhe é o foro, não o juízo, e ainda, é</p><p>necessário, no contrato, constar escrito e referido o negócio jurídico. Após a alteração do art.</p><p>112, é possível, ao Magistrado, desconsiderar a cláusula de eleição de foro de contrato de adesão</p><p>cuja cláusula seja excessiva.</p><p>A conexão é prevista no art. 55, caput, do CPC, onde é alegado que são conexas duas ações em</p><p>que lhes for comum a causa de pedir ou o pedido, assim, desde que possuam um elemento</p><p>comum. Não é justificada a reunião de ações se não houver qualquer risco de sentenças</p><p>conflitantes, ou no caso de a reunião não levar nenhum provento em termos de economia</p><p>processual. Diante disso, o Código de Processo Civil estabelece, em seu art. 55, § 3º [3], que</p><p>“serão reunidos para julgamento conjunto os processos que possam gerar risco de prolação de</p><p>decisões conflitantes ou contraditórias, caso decididos separadamente, mesmo sem conexão</p><p>entre eles”.</p><p>A continência, de acordo com o art. 56, diferentemente da conexão, presume não só a identidade</p><p>da causa de pedir, mas também das partes de duas ou mais “ações”. Conforme o art. 57, é</p><p>preciso distinguir duas situações: uma onde o processo no qual está veiculada a “ação</p><p>continente” tiver sido ajuizado previamente, no processo no qual está veiculada a “ação</p><p>contida” deverá ser proferida sentença sem resolução de mérito (CPC, art. 485). Se, entretanto,</p><p>o processo que possui a “ação contida” for anterior ao que contém a “ação continente”, ambos</p><p>devem, indispensavelmente, ser unidos para julgamento conjunto perante o juízo prevento (arts.</p><p>58 e 59).</p><p>VIII</p><p>Entendimento Doutrinário de cada Instituto</p><p>De acordo com Cândido Rangel Dinamarco, a "prorrogação da competência é modificação</p><p>desta: o órgão judiciário, ordinariamente incompetente para determinado processo, passa a sê-</p><p>lo em virtude de algum fenômeno a que o direito dá essa eficácia. Ordinariamente, pertencem-</p><p>lhe os processos que se situam dentro de determinada esfera (que é a sua competência), mas</p><p>quando ocorre um desses fenômenos essa esfera se alarga (prorroga-se), para abranger um</p><p>processo que estava fora. A prorrogação não é, assim, mais um critério para a determinação da</p><p>esfera de competência dos juízes -, mas um motivo de alteração, em casos concretos, dessa</p><p>esfera." (BUSHATSKY, 1975)</p><p>Segundo o entendimento de Antonio Carlos de Araújo Cintra, Ada Pellegrini Grinover e</p><p>Cândido Rangel Dinamarco, “As locuções da jurisdição superior e jurisdição inferior indicam</p><p>apenas a competência da primeira para julgar novamente as causas já decididas em primeiro</p><p>grau – competência de derrogação, pois, sem qualquer possibilidade de prévia interferência</p><p>sobre o modo como o juiz decidirá.” (CINTRA, GRINOVER e DINAMARCO, 2011).</p><p>De acordo com Cassio Scarpinella Bueno, “A conexão, consoante o caput do art. 55, dá-se</p><p>quando duas ou mais “ações” (ou mais precisamente, postulações) tiverem comuns entre si o</p><p>pedido (o bem da vida pretendido) ou a causa de pedir (os fundamentos fáticos e os jurídicos</p><p>que justificam o pedido).” (BUENO, 2013).</p><p>Conforme Marcus Vinicius Rios Gonçalves, continência é “a relação entre duas ou mais ações</p><p>quando houver identidade de partes e de causa de pedir, sendo que o objeto de uma, por ser</p><p>mais amplo, abrange o das outras.” (GONÇALVES, 2017)</p><p>IX</p><p>Referências Bibliográficas:</p><p>BUSHATSKY, José. Direito processual civil. São Paulo, Ed., 1975, nº 77, pp. 129 e 130.</p><p>CINTRA, GRINOVER e DINAMARCO. Teoria Geral do Processo. 27° Ed. São Paulo: Saraiva, 2011.</p><p>.</p><p>BUENO, Cassio Scarpinella. Manual de Direito Processual Civil: Volume Único. 4° Ed. São Paulo:</p><p>Saraiva Educação, 2018.</p><p>GONÇALVES, Marcus Vinicius Rios. Direito Processual Civil Esquematizado. 8° Ed. São Paulo:</p><p>Saraiva, 2017.</p><p>[1] BRASIL. Código de Processo Civil (2015), Artigo 16, Caput. Disponível em:</p><p>https://www.jusbrasil.com.br/topicos/28896427/artigo-16-da-lei-n-13105-de-16-de-marco-de-</p><p>2015</p><p>[2] BRASIL. Decreto-lei Nº 158, de 28 de outubro de 1969. Disponível em:</p><p>https://www.al.sp.gov.br/repositorio/legislacao/decreto.lei/1969/decreto.lei-158-</p><p>28.10.1969.html</p><p>[3] BRASIL. Código de Processo Civil (2015), Artigo 55, parágrafo 3°. Disponível em:</p><p>https://www.jusbrasil.com.br/topicos/28896057/paragrafo-3-artigo-55-da-lei-n-13105-de-16-</p><p>de-marco-de-2015</p><p>Fontes:</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l5869impressao.htm</p><p>https://masterjuris.com.br/conheca-as-hipoteses-de-modificacao-da-competencia-no-direito-</p><p>processual-civil/</p><p>https://ambitojuridico.com.br/cadernos/direito-processual-civil/modificacoes-da-competencia/</p><p>https://www.jusbrasil.com.br/topicos/28896427/artigo-16-da-lei-n-13105-de-16-de-marco-de-2015</p><p>https://www.jusbrasil.com.br/topicos/28896427/artigo-16-da-lei-n-13105-de-16-de-marco-de-2015</p><p>https://www.al.sp.gov.br/repositorio/legislacao/decreto.lei/1969/decreto.lei-158-28.10.1969.html</p><p>https://www.al.sp.gov.br/repositorio/legislacao/decreto.lei/1969/decreto.lei-158-28.10.1969.html</p><p>https://www.jusbrasil.com.br/topicos/28896057/paragrafo-3-artigo-55-da-lei-n-13105-de-16-de-marco-de-2015</p><p>https://www.jusbrasil.com.br/topicos/28896057/paragrafo-3-artigo-55-da-lei-n-13105-de-16-de-marco-de-2015</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l5869impressao.htm</p><p>https://masterjuris.com.br/conheca-as-hipoteses-de-modificacao-da-competencia-no-direito-processual-civil/</p><p>https://masterjuris.com.br/conheca-as-hipoteses-de-modificacao-da-competencia-no-direito-processual-civil/</p><p>https://ambitojuridico.com.br/cadernos/direito-processual-civil/modificacoes-da-competencia/</p>

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