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<p>UNIVERSIDADE FEDERAL DA INTEGRAÇÃO LATINO AMERICANA</p><p>Resumo: Hooks, bell. Ensinando a transgredir: a educação como prática de liberdade. São Paulo: Editora Martins Fontes, 2013.</p><p>Docente: Profa. Lorena Freitas</p><p>Discente: Sthephanne Amaral</p><p>Disciplina: Antropologia das Emoções</p><p>bell hoocks é uma escritora americana. Seus principais estudos estão dirigidos à discussão sobre raça, gênero e classe e às relações sociais opressivas, com ênfase em temas como arte, história, feminismo, educação e mídia de massas.</p><p>Em sua introdução hoocks descreve como foi estudar primeiro nos níveis fundamentais em escolas frequentadas somente por negros e posteriormente em escolas dessegregadas. A grande diferença de estar em um local em que se sente pertencente e como seus professores os motivavam a gostarem do conhecimento como uma prática libertadora e de espaço a crítica, e ao longo do tempo como era difícil manter este entusiasmo pelo ensino e o aprender nas escolas dessegregadas, onde o que imperava muitas vezes era a forte prática da separação entre negros e brancos e a falta de professores que motivassem os alunos a buscarem o conhecimento e não o reconhecimento de que os negros também poderiam aprender como os brancos, sempre pondo em xeque essa supervalorização do branco e o empenho em que o negro devia ter em se alcançar o prestigio e se parecer um pouco com o branco, branquear seus conhecimentos.</p><p>hoocks nos fala sobre sua decepção ao chegar na graduação, onde a prática de estudar se tornou ainda mais difícil ao passo que as salas de aulas eram tediosas e pouco instigadora do conhecimento. Para hoocks muitos professores não tinham prazer pelo ensinamento, muitas vezes praticando o conhecimento transmissional, onde o educador transmite uma informação sem que haja abertura para questionamentos, problematização ou diálogo a respeito, e o educando apenas recebe esta informação e a concebe em conhecimento, ou seja, uma informação a ser decorada e processada em nosso interior a ser utilizada em algum momento pré-estabelecido em nossa vida para utilizado. Para Hoocks a falta de espaço na graduação e pós-graduação para a formação de alunos que criassem a partir de suas construções diálogos próprios e novos sobre temas de sua respectivamente vida, como pode utilizar dos espaços acadêmicos para criar conteúdo da vida real, levando em conta aspectos culturais, sociais fez com que ela buscasse ser uma profissional diferente daqueles aos quais educaram ela, e conhecendo autores como Paulo Freire que trabalha muito a desconstrução do poder na educação e conhecendo espaços na universidade para discutirem temas como feminismo ela pode se incorporar da libertação da educação e criar novos diálogos que se interessem e se importem pelo ensino.</p><p>hoocks sita em vários momentos o que ela chama de educação bancária e o quanto Paulo Freire e Thich Nhat Hanh, um autor budista, a ajudou entender que esta educação é fadada ao fracasso quando vamos questionar a capacidade crítica de um indivíduo. A educação bancaria não permite ao indivíduo aqui enxergado como estudante ter a liberdade de criar diálogos e discussões sobre o ensinamento que se é passado a ele, este tipo de educação só fortalece a pratica da repetição e decoração de conteúdo, sem que haja o exercício do pleno entendimento, que é tão singular e necessário em cada indivíduo. Para a autora isso foi muito importante para quando ela voltou a sala de aula como educadora disposta a não repetir os mesmos atos e discursos que ela na posição de estudante já identificada como ferramenta errada de produção de conhecimento, e neste caminho optou por práticas em sala de aula mais envolventes que hoje é muito utilizada e chamada de metodologias ativas, em que não só o professor é peça única e importante a ser ouvida, mas que toda a sala participe ativamente na construção do conhecimento, participando e tendo abertura para discutir os temas de sala e que haja liberdade para a construção de conhecimentos coletivos que partem de cada aluno, ou seja, uma construção coletiva a partir do individual e que a soma de cada particularidade se transforme em um conhecimento que seja entendedor e construtor coletivo, sem a exclusão de pensamentos e ideias.</p><p>Tudo isso nos faz enxergar com muito mais clareza hoje o “poder” que os professores exercem sobre os estudantes e colegas de trabalho que apoiam a educação como ferramenta libertadora. Não é necessário ir muito longe para encontrar professores assim, porque a academia está impregnada desse perfil, que exerce sobre o outro seu poder para calar ou domesticar o outro para que exerça seu discurso, não dando abertura para o debate crítico dentro do que hoocks chama de “reininho”, ou seja a sala de aula, o seu espaço de maior poder e dominação do outro.</p><p>A partir de uma lógica libertadora hoocks nos mostra que o educador preocupado em transmitir um conhecimento e não apenas reproduzir uma informação tem que estar aberto a uma autoatualização de sua prática, pois o educador tem que estar a vontade em um ambiente que produza a ele e ao alunos um bem-estar e prazer mental e espiritual, onde haja de fato o interesse pelo conhecimento. Trabalhar fatores que afetam a todos, fora da esfera acadêmica fortalece o interesse pelo estudo com base em sua construção e preceitos da vida cotidiana.</p><p>No capítulo 7 no livro de Hoocks ela traz a abordagem feminista com raízes lá em sua infância quando ainda havias políticas de segregação racial e como mulheres negras e brancas tinham um abismo a enfrentar com base em uma história cheia de preconceitos e aspectos dolorosos a serem enfrentados pelas mulher negras que mais uma vez estava um degrau a menos na hierarquia de sua cor, sendo duplamente excluída e condicionada a um lugar de obediência, humilhação e ridicularização perpetuado pelas senhoras e patroas brancas. Fica claro que muito desses relatos de injúria e sofrimento se deve ao que hoocks chamou de competição das mulheres brancas para com as negras que mesmo que através de ações violentas eram desejadas pelos senhores brancos, trazendo o ciúme um dos sentimentos sentidos pelas senhoras brancas dando poder a elas a perpetuarem seu ódio as mulheres negras que naquele momento ainda eram escravas também.</p><p>Hoocks discute após essa passagem, o momento em que a abolição escravocrata acontece, e agora a mulher negra passa a viver em bairros segregados, atravessando-o para trabalhar em casa de famílias brancas, não mais na posição de escrava sendo diferenciado somente pelo direito nesse momento de retornar a sua casa. Essa esfera também nos dá muitos indícios de competição e superproteção de seu status pela mulher branca, que agora não é mais a dona de uma escrava branca e sim a patroa. Hoocks demonstra que neste momento há várias leituras em que escritas pelas mulheres brancas ela ainda citam o surgimento de um sentimento de empatia agora pela mulher negra, descrevendo muitas vezes a mulher negra como parte da família de sua patroa, incitando muito aspectos como amor e carinho por sua empregadas, e neste ponto Hoocks traz novamente uma abordagem critica em que relembra o leitor de que este discurso também é utilizado hoje em relacionamentos heterossexuais onde o fator carinho existe, porem acompanhado de muita violência e imposição de poder e dominação.</p><p>Novamente em outro contexto onde as mulheres brancas e negras formam uma irmandade para discutir assuntos feministas, as negras se sentem traídas novamente em volta de um discurso acolhedor mais cheio de raízes ainda competitivos entre mulheres brancas. Mais uma vez a mulher negra se sente em posição de serva-senhora, onde a participação em discussões críticas sobre questões de gênero ainda são desenvolvidas em seu todo pela mulher branca. A maioria das brancas escrevem sobre temas de diferença e diversidade, mas ainda escrevendo sobre a mulher negra, sem estudar sua própria história e sua cor, se mantendo sem saber o que é ser branca querendo escrever como a mulher negra se sente sendo negra.</p><p>Hoocks demonstra preocupação</p><p>quando fala sobre a retirada das mulheres negras dos debates feministas e dos movimentos, pois elas se sentem sem prestigio apagadas pelas brancas e com medo de serem roubadas no seu mais profundo conhecimento pelas mãos e escritas brancas, mas que isto só reforça uma hegemonia da produção de conhecimento sobre raça serem feitos por brancas, e neste sentido a mulher negra não pode reclamar já que se exclui desse círculo onde tem de estar para se fazer presente sua cor, sua história, para hoocks: “Bater em retirada não é a solução”.</p><p>Por outro lado, hoocks tenta criar um espaço onde as mulheres negra e de cor e as brancas, após identificarem seus privilégios e sua dor e raiva e sejam exteriorizados no sentido se admitir esses laços que a impedem de compreender a real importância da construção feminista, só neste momento em que todos os medos e verdades forem escancaradas todas as mulheres conseguirão trabalhar em coletivo, criar espaço de diálogo em que haja abordagem sinceras.</p>

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