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<p>ESTADO</p><p>CONSTITUCIONAL</p><p>COOPERATIVO</p><p>Peter Haberle</p><p>ESTADO</p><p>CONSTITUCIONAL</p><p>COOPERATIVO</p><p>Tradução do original em alemão por</p><p>Marcos Augusto Maliska e</p><p>Elisete Antoniuk</p><p>RENOVAR</p><p>Rio de Janeiro • São Paulo • Recife</p><p>2007</p><p>RESPEITCOA\lTOR</p><p>NAO FAÇA COPIA</p><p>Cttpj' I!!!W</p><p>Todos os direitos reservados à</p><p>LIVRARIA E EDITORA RENOVAR LTDA.</p><p>MATRIZ: Rua da Assembléia, 10/2.421 -Centro- RJ</p><p>CEP: 20011-901 - Tel.: (21) 2531-2205 - Fax: (21) 2531-2135</p><p>FILIAL RJ: Tels.: (21) 2589-1863/2580-8596 - Fax: (21) 2589-1962</p><p>FILIAL SP: Tel.: ( 11) 3104-9951 - Fax: ( 11) 3105-0359</p><p>FILIAL PE: Tel.: (81) 3223-4988 - Fax: (81) 3223-1176</p><p>LIVRARIA CENTRO (RJ): Tels.: (21) 2531-1316/2531-1338 - Fax: (21) 2531-1873</p><p>LIVRARIA IPANEMA (RJ): Tel: (21) 2287-4080 - Fax: (21) 2287-4888</p><p>www.editorarenovar.com.br renovar@ editorarenovar.com.br</p><p>SAC: 0800-221863</p><p>© 2007 by Livraria Editora Renovar Ltda.</p><p>Conselho Editorial:</p><p>Arnaldo Lopes Süssekind - Presidente</p><p>Carlos Alberto Menezes Direito</p><p>Caio Tácito (in memoriam)</p><p>Luiz Emygdio F. da Rosa Jr.</p><p>Celso de Albuquerque Mello (in memoriam)</p><p>Ricardo Lobo Torres</p><p>Ricardo Pereira Lira</p><p>Revisão Tipográfica: Maria Cristina Lopes</p><p>Capa: Raphael Stoker</p><p>Editoração Eletrônica: TopTextos Edições Gráficas Ltda.</p><p>N(} 0972</p><p>CIP-Brasil. Catalogação-na-fonte</p><p>Sindicato Nacional dos Editores de Livros, RJ.</p><p>Hãberle, Peter</p><p>Hl01e Estado constitucional cooperativo I Peter Hãberle. -Rio de Janeiro:</p><p>Renovar, 2007.</p><p>78p.; 21cm.</p><p>Inclui bibliografia.</p><p>ISBN 978857147-624-0</p><p>1. Direito constitucional - Brasil. I. Título.</p><p>Proibida a reprodução (Lei 9.610/98)</p><p>Impresso no Brasil</p><p>Printed in Brazil</p><p>CDD 346.81015</p><p>Nota introdutória</p><p>Com grande satisfação disponibilizamos ao leitor brasi</p><p>leiro o ensaio do Prof. Peter Haberle Der Kooperative Ver</p><p>fassungsstaat. A tradução se deu do original alemão publi</p><p>cado no Festschrift para Helmut Schelsky (Recht und Ge</p><p>sellschaft. Orgs. Friedrich Kaulbach e Werner Krawietz,</p><p>Berlin: Duncker & Humblot) e também na coletânea Ver</p><p>fassung ais offentlicher Prozess (Berlin: Duncker & Hum</p><p>blot). A pedido do autor foram inseridos comentários às</p><p>novas Constituições de alguns países da África, Ásia e do</p><p>leste Europeu.</p><p>Peter Haberle tem um lugar assegurado na galeria dos</p><p>grandes juristas alemães. Membro de uma geração que re</p><p>novou o direito constitucional alemão no segundo pós</p><p>guerra, os textos do Prof. Haberle são hoje conhecidos em</p><p>diversos países do mundo. Para nós é uma honra poder</p><p>manter um diálogo acadêmico com tão ilustre pensador e</p><p>poder contar com sua atenção, disponibilidade, interesse e</p><p>apoio na realização de novas pesquisas em torno do chama</p><p>do Estado Constitucional Cooperativo.</p><p>O título desse livro é instigante. Ele remete o leitor</p><p>para uma reflexão sobre o Estado Constitucional em outras</p><p>bases. Ao escrever que "o Estado constitucional cooperati</p><p>vo se coloca no lugar do Estado constitucional nacional",</p><p>Haberle nos faz pensar que o direito constitucional deve se</p><p>debruçar sobre esse novo fenômeno político-jurídico, con</p><p>sistente, não mais, em um Estado fechado, como outrora</p><p>foi o Estado constitucional nacional, mas em um Estado</p><p>"aberto", ou "pós-nacional", que caracteriza o Estado cons</p><p>titucional cooperativo.</p><p>São muitas as implicações desse novo entendimento. O</p><p>direito constitucional de um Estado constitucional coope</p><p>rativo não trabalha mais sob o pressuposto do dogma da</p><p>soberania nacional, entendida como elemento absoluto da</p><p>ordem jurídica válida. Essa relativização, promovida pela</p><p>própria Constituição, desloca a interpretação do texto</p><p>constitucional, pois o passa compreender não mais como</p><p>um texto isolado e total, mas aberto, cooperante e integra</p><p>do em uma rede de outros textos constitucionais que tam</p><p>bém, com o mesmo propósito, não se compreendem mais</p><p>como isolados e absolutos.</p><p>No caso do direito constitucional brasileiro, o conceito</p><p>de Estado constitucional cooperativo altera a nossa com</p><p>preensão não só sob a perspectiva das relações que o país</p><p>mantém com outros países, mas também da composição da</p><p>estrutura interna da nossa sociedade. Definida como plu</p><p>ral, pois constituída por diversos grupos sociais e raciais, a</p><p>não realização do Estado Nacional, entendido como meca</p><p>nismo de homogeneização das condições de vida, faz com</p><p>que hoje ele nem mesmo seja bem vindo pelos grupos que</p><p>lutam por espaços de cidadania. A cidadania que se quer</p><p>não é mais aquela constituída nos moldes do tradicional Es</p><p>tado Nacional homogeneizante e negador das diferenças. A</p><p>cidadania do Século XXI irá procurar combinar igualdade</p><p>de oportunidade com respeito à diferença. A tarefa é difí</p><p>cil, mas esse é o desafio do direito constitucional do Estado</p><p>constitucional cooperativo.</p><p>Por fim, gostaríamos de registrar que essa tradução e as</p><p>pesquisas em torno do Direito constitucional do Estado</p><p>constitucional cooperativo estão vinculadas ao Núcleo de</p><p>Pesquisa em Direito Constitucional - NUPECONST, da</p><p>UniBrasil, em Curitiba.</p><p>Curitiba, 13 de Setembro de 2006.</p><p>Prof. Dr. Marcos Augusto Maliska</p><p>Adjunto de Direito Constitucional da UniBrasil</p><p>Prefácio à edição brasileira</p><p>I</p><p>A iniciativa da publicação em português deste ensaio</p><p>partiu, generosamente, do Prof. Dr. Marcos Augusto Ma</p><p>liska, Adjunto de Direito Constitucional da UniBrasil, em</p><p>Curitiba, a quem tive a oportunidade de conhecer pessoal</p><p>mente quando da minha viagem ao Brasil (Porto Alegre e</p><p>Florianópolis, respectivamente), no outono de 2005. Até</p><p>então eu apenas o conhecia por meio de seus escritos (MA</p><p>LISKA, Marcos Augusto. O Direito à Educação e a Consti</p><p>tuição. Porto Alegre: Fabris, 200 l), uma monografia publi</p><p>cada em forma de livro, na qual os fundamentos também</p><p>recebem atenção na Alemanha e, mais recentemente, sua</p><p>tese de doutorado, em parte publicada em forma de livro</p><p>sob o título Estado e Século XXI. A integração supranacio</p><p>nal sob a ótica do direito constitucional (Rio de Janeiro: Re</p><p>novar, 2006), que enfrenta temas relacionados com o con</p><p>ceito "Estado Constitucional Cooperativo".</p><p>O autor agradece profundamente ao Prof. Maliska pela</p><p>propositura e, juntamente com a Sra. Elisete Antoniuk,</p><p>pela realização da tradução, que é, para ele, uma grande</p><p>honra, pois após inúmeras publicações em outros países da</p><p>América Latina, a saber, México, Peru e Colômbia, surge</p><p>também agora no Brasil interesse por suas investigações</p><p>científicas. Anteriormente, foi publicada no Brasil a tradu</p><p>ção do ensaio Die offene Gesellschaft der Verfassungsinter</p><p>preten (HÂBERLE, Peter. Hermenêutica Constitucional. A</p><p>sociedade aberta dos intérpretes da Constituição. Porto</p><p>Alegre:Fabris, 1997) organizada e orientada pelo Ministro</p><p>Vice-Presidente do Supremo Tribunal Federal Prof. Dr.</p><p>Gilmar Ferreira Mendes. Estão previstas traduções junto a</p><p>Editora Fabris, de Porto Alegre, de Wahrheitsprobleme im</p><p>Verfassungsstaat (1993), edição mexicana de 2006: Ver</p><p>dad y Estado Constitucional, assim como o volume Der</p><p>Verfassungsstaat, (Cidade do México, 2001), orientada</p><p>pelos Professores D. Valadés e H. Fix-Ferro da UNAM</p><p>(Universidade Nacional Autônoma de México), respecti</p><p>vamente, e pelo Professor G. Belaunde (Lima, 2003).</p><p>Tem crescido, nos últimos anos, na Alemanha o interes</p><p>se pela América Latina. De igual modo são muitos os inter</p><p>câmbios entre professores de Direito Público alemães e la</p><p>tino-americanos, não sem antes, por fim, com o apoio da</p><p>Fundação Konrad Adenauer, de Montevidéu. O Princípio</p><p>da especificidade cultural (Der kulturwissenschaftliche An</p><p>satz), que desde 1979 é encampado pelo autor, tem ajuda</p><p>do as nações latino-americanas, apesar de todas as recep</p><p>ções criativas de standards comuns europeus, a manter, em</p><p>seus textos constitucionais, de forma autônoma, os seus</p><p>contextos culturais. As recepções dizem respeito à Tríade:</p><p>textos constitucionais, jurisprudência e doutrinas científi</p><p>cas, que cooperam em complexos processos. A Constitui</p><p>ção Brasileira de 1988, sempre exemplar em muitos aspec</p><p>tos, - eu a homenageei quando,</p><p>trabalhar juntas para apoiar, com os melho</p><p>res esforços, as nações subdesenvolvidas"79 .</p><p>Os relatórios finais da Conferência sobre segurança</p><p>e cooperação na Europa (KSZE) , de 1 975 , assumem</p><p>uma posição especial entre as formas de cooperação</p><p>reforçada, mas regionalmente delimitada80 . Decisiva,</p><p>aqui, não é tanto a forma jurídica e possível vinculação</p><p>jurídica internacional das declarações8 1 , e sim, a rela</p><p>ção interna, visível através desses relatórios, entre se</p><p>gurança geral e militar e cooperação reforçada a nível</p><p>econômico, social, científico, técnico, cultural, etc . Os</p><p>relatórios finais, dos quais os Estados do leste europeu</p><p>também participaram com suas declarações de princí</p><p>pio e intenção, documentam uma consciência essen</p><p>cial de cooperação para o desenvolvimento continuado</p><p>do Direito Internacional e da proteção internacional</p><p>dos direitos humanos82 _</p><p>79 Organization of Economic Cooperation and Development, em:</p><p>Berber (nota-de-rodapé 48) , p. 659 seg. (ênfase do autor) .</p><p>80 Citado em: Archiv des Võlkerrechts 1 977, p. 84 seg.</p><p>8 1 Vide sobre isso: Schweisfurth, Zur Frage der Rechtsnatur, Ver</p><p>bindlichkeit und volkerrechtlichen Relevanz der KSZE-Schluâakte,</p><p>em: ZaõRV 36 ( 1 976) , p. 68 1 seg. ; Delbrück, Die volkerrechtliche</p><p>Bedeutung der Schluâakte der Konferenz über Sicherheit und Zusam</p><p>menarbeit in Europa, em: Bernhardt I v. Münch I Rudolf ( ed.) , Drit</p><p>tes deutsch-polnisches Juristen-Kolloquium, 1 977, p. 3 1 seg . Por</p><p>fim, Blumenwitz, em: Die KSZE und die Menschenrechte, 1 977 , p . 5 3</p><p>seg.</p><p>82 Cf. a sugestão dos Estados da Comunidade Européia e dos cinco</p><p>outros países na Conferência da KSZE em Belgrad, para realização</p><p>dos direitos humanos, SZ de 5 e 6 . 1 1 . 1 977, p. 2: "Ocidente exige</p><p>proteção dos cidadãos civis . "</p><p>3 4</p><p>Em solo americano, deve ser citado, especialmen</p><p>te, a "Organization of American States" (OAS) , cuja</p><p>carta revisada, de 1 9 70, contém princípios para um</p><p>sistema semelhante à proteção dos direitos humanos</p><p>pelo Conselho Europeu83 . Em parte, configuradas se</p><p>gundo as comunidades européias, em parte segundo a</p><p>EFTA, as organizações fundadas fora da Europa tam</p><p>bém contribuem - preponderantemente - para a coo</p><p>peração econômica entre os Estados para a dissemina</p><p>ção do pensamento de cooperação . O mercado co</p><p>mum da América Central ( 1 960) , fundado pelo Trata</p><p>do de Manágua, a área de livre comércio latino-ameri</p><p>cana ( 1 960) , o mercado comum dos países andinos</p><p>acordado no Tratado de Bogotá, a área de livre comér</p><p>cio do Caribe, o mercado comum do Caribe oriental, o</p><p>conselho da Ásia e do Pacífico, fundado em 1 966, bem</p><p>como a "Regional Cooperation for Development" , de</p><p>1 964, entre Irã, Paquistão e a Turquia servem, aqui, de</p><p>exemplos84 •</p><p>c) Pontos de partida de um Direito Internacional hu</p><p>manitário e social</p><p>A proteção dos direitos humanos, um dos princi</p><p>pais objetivos das Nações Unidas, foi corroborada e</p><p>83 Cf. sobre isso : Buergenthal, The revised OAS Charter and the</p><p>protection of human rights, em: AJIL 69 ( 1 975) , p. 828 seg. ; Tardu,</p><p>The protocol to the United Nation Covenant on civil and política[</p><p>rights and the inter-American system: A study o f co-existing petition</p><p>procedures, em: AJIL 70 ( 1 976) , p. 778 seg .</p><p>84 Cf. sobre essas organizações o panorama em Petersmann, Wirts</p><p>chaftsintegrationsrecht und Investitionsgesetzgebung der Entwick</p><p>lungsliinder, 1 974, p. 5 5-87.</p><p>3 5</p><p>concretizada, j á em 1 948, pela Declaração Universal</p><p>dos Direitos Humanos85 . O art . 22 da Declaração dis</p><p>põe que a realização dos direitos humanos depende</p><p>das condições econômicas e sociais e, com isso, da coo</p><p>peração internacional :</p><p>11Toda pessoa, como membro da sociedade, tem di</p><p>reito à segurança social e à satisfação dos direitos</p><p>econômicos, sociais e culturais indispensáveis à sua</p><p>dignidade e ao livre desenvolvimento de sua perso </p><p>nalidade, graças ao esforço nacional e à cooperação</p><p>internacional, de acordo com a organização e os re</p><p>cursos de cada país".</p><p>A proteção internacional dos direitos humanos ob</p><p>teve vinculação jurídica contudo apenas quando, em</p><p>1 976, entrou em vigor o pacto internacional sobre di</p><p>reitos civis e políticos e sobre direitos econômicos, so</p><p>ciais e culturais das Nações Unidas, de 1 96686 . Uma</p><p>junta internacionalmente constituída para os direitos</p><p>humanos, bem como, também, uma comissão para isso</p><p>determinada, devem analisar, anualmente, os relató</p><p>rios apresentados pelos Estados signatários e, até onde</p><p>85 Texto em: Berber (nota-de-rodapé 48), p . 9 1 7 seg . ; cf. também</p><p>Schaumann, Der volkerrechtliche Schutz der Menschen- und Freiheits</p><p>rechte in seiner Verwirklichung durch die Vereinten Nationen, JIR 1 3</p><p>( 1 967) , p . 1 3 3 seg. Sobre a "intervention d'humanité" vide Perez</p><p>Vera, em: La protection internationale des droits de l 'homme, 1 977 ,</p><p>p . 7 seg .</p><p>86 Ambos os pactos, inclusive o protocolo facultativo segundo o</p><p>qual são possíveis recursos judiciais individuais e por parte do Estado,</p><p>entraram em vigor em 1 976, cf. Bartsch, NJW 1 977, p. 474 seg.</p><p>36</p><p>elas se sujeitem, devem receber recursos judiciais dos</p><p>Estados e de indivíduos87 .</p><p>Esse deslocamento do ponto principal de trabalho da</p><p>ONU, da manutenção de uma mera "paz negativa" (no</p><p>sentido da ausência de poder militar) para a criação de</p><p>uma infra-estrutura econômica, social e cultural com</p><p>fins de implantação de uma "paz positiva " através de</p><p>maior justiça social88, conduz o desenvolvimento do di</p><p>reito internacional a um direito de cooperação em sen</p><p>tido material89 . Assim reza a Declaração dos princípios</p><p>fundamentais do Direito Internacional, aprovada pela</p><p>Assembléia Geral em 24 de Outubro de 1 970, sobre as</p><p>relações amigáveis e a cooperação entre os Estados, em</p><p>que estes, a despeito de suas diferenças no sistema polí</p><p>tico, econômico e social, se obrigam a uma cooperação</p><p>em diferentes níveis no plano das relações internacio</p><p>nais, com o objetivo de garantir a paz e a segurança inter-</p><p>87 Sobre isso, em pormenores: Mei�ner, Díe Menschenrechtsbes</p><p>chwerde vor den Vereínten Natíonen, 1 976; Eissen, Conventíon euro</p><p>péenne des Droíts de l 'Homme et Pacte des Natíons Unís relatíf aux</p><p>droíts cívíls et polítíques: problemes de "coexístence " , ZaoRV 30</p><p>( 1 970) , p. 236 seg. e 646 seg . ; Tardu, The protocol to the United</p><p>Nations Covenant on civil and political rights and the inter-American</p><p>System: A study of co-existing petition-procedures, AJIL 70 ( 1 976) ,</p><p>p. 778 seg .</p><p>88 Cf. Tomuschat, ZaoRV 36 ( 1 976) , p. 459 seg . ; Petersmann, Die</p><p>Friedenswarte 59 ( 1 976) , p . 30 seg . ; Kimminich, Einführung in das</p><p>Volkerrecht, 1 975 , p. 1 96 seg.</p><p>89 Cf. Scheuner (nota-de-rodapé 9) , p . 5 5; para ele, os acordos nos</p><p>quais os Estado se comprometem à cooperação econômica parecem,</p><p>"no todo, como uma expressão de mentalidade e atividade internacio</p><p>nal cooperativa em que o isolamento nacional é superado a favor de</p><p>uma cooperação interestatal " .</p><p>3 7</p><p>nacionais, levar adiante a estabilidade e o progresso eco</p><p>nômicos, assim como o bem-estar geral dos Estados e a</p><p>cooperação internacional, livre de toda forma de discri</p><p>minação que repousa em tais diferenças90.</p><p>Se a ordem econômica internacional era, em princí</p><p>pio, marcada por idéias liberais clássicas de ordem e a</p><p>cooperação dos Estados em instituições e organizações</p><p>como o Banco Mundial9 1 , que representava o Fundo</p><p>Monetário Internacional92 assim como o GATT93, com</p><p>os relatórios finais da primeira Conferência de Desenvol</p><p>vimento e Comércio Internacional das Nações Unidas</p><p>(UNCTAD I) 94, em Genebra, mostra-se uma mudan-</p><p>90 Declaration on principies of international law concerning frien</p><p>dly relations and co-operation among States in accordance with the</p><p>Charter of the United Nations, texto em: Graf zu Dohna, Die</p><p>Grundprinzipien des Volkerrechts über die freundschaftlichen Bezie</p><p>hungen und die Zusammenarbeit zwischen den Staaten, 1 973, p. 267</p><p>seg. (273) .</p><p>91 Cf. o Tratado</p><p>sobre o Banco Internacional para reconstrução e</p><p>desenvolvimento de 27 . 1 2 . 1 945 (BGBI. 1 952, I I , 664) , em: Berber</p><p>(nota-de-rodapé) , p. 1 32 seg.</p><p>92 Tratado sobre o Fundo Monetário Internacional de 27. 1 2 . 1 945</p><p>(BGBI. 1 952 , I I , 638) , em: Berber (nota-de-rodapé 48) , p. 1 6 1 seg . ,</p><p>cujo objetivo, segundo o art. 1 ° (i) é, entre outros, "fomentar a coope</p><p>ração internacional (!) no âmbito da política monetária através de uma</p><p>instituição estável que se coloque à disposição para conselhos e coo</p><p>peração em problemas monetários internacionais " .</p><p>93 Acordo Geral sobre Comércio e Aduana (GA TT) de 30. 1 0 . 1 94 7</p><p>(BGBI. Anlage I , 1 95 1 , p. 4) , em: Berber (nota-de-rodapé 48) , p .</p><p>1 1 82 seg .</p><p>94 Relatórios finais da 1 a Conferência de Desenvolvimento e Co</p><p>mércio Internacional das Nações Unidas (UNCT AO I) em Genebra,</p><p>de 1 6 .6 . 1 964, em: Die Friedenswarte 59 ( 1 976) , p. 65 seg. (extra</p><p>tos) .</p><p>3 8</p><p>ça fundamental de uma ordem liberal para uma ordem</p><p>social de relações econômicas internacionais95 . As rei</p><p>vindicações, aqui levantadas, dos países em desenvol</p><p>vimento aos países desenvolvidos são precisadas e for</p><p>talecidas na Declaração sobre a construção de uma</p><p>nova ordem econômica mundial96, no programa de</p><p>ação sobre a construção de uma nova ordem econômica</p><p>mundial97 e na Carta de Direitos Econômicos e Obriga</p><p>ções dos Estados, aprovadas pela Assembléia Geral das</p><p>Nações Unidas em 1 2 . 1 2 . 1 974.98 Com as palavras de</p><p>Scheuner, acentua-se "o esforço de se fazer valer, na co</p><p>munidade de Estados, o pensamento de uma solidarieda</p><p>de internacional entre as nações, da qual se pode deduzir</p><p>a conseqüência de uma atuação voltada à equiparação da</p><p>situação e, até mesmo, obrigações dos Estados Industria</p><p>lizados de contribuírem financeiramente, através da ga</p><p>rantia de preferências, para a estabilização dos preços das</p><p>matérias-primas e outros meios para o bem-estar mais</p><p>95 Vide Ruge, Der Beitrag von UNCTAD zur Herausbildung des</p><p>Entwicklungsvolkerrechts, 1 976.</p><p>96 Cf. lpsen (Anm. 6 1 ) , p. 1 2-20, sobre a "Declaration of a New</p><p>International Economic Order" de 1 ° de maio de 1 974 (GA Res .</p><p>3201 (S-VI) , tradução alemã em: Deutsche Au�enpolitik 1 974, p .</p><p>1 25 5 5 seg.) aclamada no 6° Congresso especial da Assembléia Geral</p><p>(Conferência sobre matéria-prima mundial) bem como sobre o rela</p><p>tório do Secretário Geral das Nações Unidas sobre "Collective econo</p><p>mic security" de 5 de junho de 1 974 (UN Doc. E/5529) .</p><p>97 GA Res. 3202 (S - VI) de 1 . 5 . 1 974, tradução alemã em: Deuts</p><p>che Au�enpolitik 1 974, p. 1 238 seg.</p><p>98 Cf. Tomuschat, Die Charta der wirtschaftlichen Rechte und</p><p>Pflichten der Staaten, ZaõRV 36 ( 1 976) , p. 460: "A carta deveria</p><p>constituir, como ato jurídico complementar, definitivamente a comu</p><p>nidade de Direito Internacional como comunidade solidária. "</p><p>3 9</p><p>amplo de todos os povôs . Em prinCipi01 esta concep</p><p>ção procura transferir1 ao nível internacionaC pensa</p><p>mentos de justiça social1 como são eles hoje realizados</p><p>nos limites das comunidades nacionais no moderno Es</p><p>tado de bem-estar social"99 .</p><p>A qualidade jurídica formal dessas Declarações das</p><p>Nações Unidas que1 em regra1 não são apoiadas pelos</p><p>países industrializados 1 001 a inda não está e sc lareci</p><p>da 1 0 1 . Independente de se partir de um "pré-droit" 1 02</p><p>ou de um " soft law" 1 031 de deduzir-se a sua vinculação</p><p>a partir do princípio geral de confiança no Direito In-</p><p>99 Scheuner, Aufgaben und Strukturwandlungen ím Aufbau der Ve</p><p>reínten Natíonen, em: Kewenig (ed.) , Die Vereinten Nationen im</p><p>Wandel, 1975, p. 189 seg. (210 s .) ; de forma semelhante, Diskus</p><p>sionsbeitrag, op. cit . , p. 48 : "Em verdade, é o princípio social que</p><p>avança, a nível mundial, para o primeiro plano"; do mesmo, ZaoRV 36</p><p>(1 976), p . 460.</p><p>1 00 Sobre a atitude de consentimento, cf. Tomuschat, ZaoRV 36</p><p>(1 976), p. 444 s . ; vide também a concisa opinião em Hett, Die Frie</p><p>denswarte 59 (1976), p. 63 seg . ; Frowein, ZaõRV 36 (1976), p. 1 62</p><p>S .</p><p>1 01 Cf. em geral sobre isso: Petersmann, Die Friedenswarte 59</p><p>(1976) , p . 7 s . com ref. ; em pormenores: Tomuschat, ZaõRV 36</p><p>(1976), p. 460 seg. ; Frowein, ZaoRV 36 (1 976), p. 149 seg . , 161 seg .</p><p>1 02 Assim Virally, em: Pays en vaie de développement et transfor</p><p>mation du droit intemational, Société Française pour !e Droit Inter</p><p>national, Colloque d'Aix en Provence, 1 974; vide também do mes</p><p>mo, Résolutions et recommendations dans !e processus décisionnel</p><p>de l 'Assemblée Générale et du Conseil économique et social, em: Les</p><p>resolutions dans la formation du droit intemational du développe</p><p>ment, 1971, p. 59 seg. ; assim também: Colliard, lnstítutíons et rela</p><p>tíons ínternatíonales (6" . ed.) , 1974, p. 276.</p><p>1 03 R. Schmidt, VVDStRL 36 ( 1 978), LS 18; em relação aos relató</p><p>rios finais KSZE vide também Tomuschat, op. cit . , LS 8 a) aa) .</p><p>40</p><p>ternacionaP04, ou negá-la totalmente 1 05, nada pode</p><p>mudar a sua função de modelo ou seu caráter de apelo</p><p>para o futuro desenvolvimento do Direito Internacio</p><p>nal, em especial do Direito Internacional contratual</p><p>como "veículo de cooperação" 1 06 . O fato de elas, como</p><p>declaração de princípios de uma maioria esmagadora</p><p>dos Estados representados nas Nações Unidas , terem</p><p>s ido trabalhadas e aprovadas , conjuntamente , não</p><p>pode ser considerado juridicamente irrelevante pelos</p><p>países industrializados, ainda que esses tenham apre</p><p>sentado reservas . Já a parcialidade dos interesses aqui</p><p>proclamados 1 07, o desequilíbrio dos designados direi</p><p>tos e obrigações dos Estados, a falta de "conhecimento</p><p>da necessária contraposição de uma solidariedade exi</p><p>gida" (Scheuner) 1 08 impede que se caracterize a Carta</p><p>dos Direitos Econômicos e Obrigações dos Estados</p><p>como "constituição de uma 'nova ' economia global " :</p><p>" a situação atual de desigualdade fática não deve ser</p><p>1 04 Na seqüência aos resultados da investigação de J .P . Müller, Ver</p><p>trauensschutz im Volkerrecht, 1 97 1 , nesse sentido Frowein, ZaoRV</p><p>36 ( 1 976) , p . 1 54 seg . ; vide também Tomuschat (nota-de-rodapé</p><p>1 00) , p. 479 com outras ref.</p><p>1 05 Assim Kimminich, Einführung in das Volkerrecht, 1 975 , p. 1 72</p><p>seg. ; Verdross I Simma, Universelles Volkerrecht, 1 976 , p. 329 seg. ;</p><p>Scheuner, Aufgaben- und Strukturwandlungen in den UN, em: Kewe</p><p>nig (ed.) , Die Vereinten Nationen im Wandel, 1 975 , p. 2 1 1 .</p><p>1 06 Sobre isso há ampla unanimidade nos autores acima citados ( cf.</p><p>nota-de-rodapé 1 00- 1 04) .</p><p>1 07 Sobre isso, em pormenores: Petersmann, Die Dritte Welt und</p><p>das Wirtschaftsvolkerrecht, "Entwicklungsland " als privilegierter</p><p>Rechtsstatus, ZaoRV 36 ( 1 976) , p. 492 seg . (536 seg . ) .</p><p>1 08 Scheuner (nota-de-rodapé 98) , p. 2 1 1 .</p><p>4 1</p><p>pretexto . . . . para desenvolver um novo Direito Inter</p><p>nacional da desigualdade, exclusivamente às custas</p><p>dos países industrializados " (Tomuschat) 1 09 . Também</p><p>permanece incerto como o apelo à solidariedade e</p><p>"responsabilidade social " 1 1 0 dos países industrializados</p><p>pode se coadunar com o princípio de " igualdade sobe</p><p>rana dos Estados" 1 1 1 reforçado, também, pelos países</p><p>em desenvolvimento. Essa responsabilidade sem com</p><p>petência excede às funções do tesoureiro cego e pouco</p><p>tem a ver com os fins humanitários da cooperação so</p><p>ciaP 1 2 .</p><p>Apesar dessas reservas, as referidas Declarações e</p><p>Resoluções colocam acentos essenciais para o desen</p><p>volvimento de um direito internacional social de coo-</p><p>1 09 Tomuschat, ZaõRV ( 1 976) , p. 490.</p><p>1 1 O C f. os arts. 6°, alínea 2 e 7° alínea 1 , 2 bem como art. 9° da Carta</p><p>dos direitos e obrigações econômicas dos Estados, impresso em: Die</p><p>Friedenswarte 59 ( 1 9 76) , p . 76 seg.; art. 9° reza: "Ali States have the</p><p>responsibility to cooperate in the economic, social, cultural, scientific</p><p>and technological fields for the promption of economic and social</p><p>progress throughout the world, especially that of the developing</p><p>countries. "</p><p>1 1 1 Segundo</p><p>a visão de Petersmann, ZaõRV 36 ( 1 976) , p. 537 , "os</p><p>países em desenvolvimento exigem um preenchimento material dos</p><p>princípios de soberania e igualdade, ancorados no Direito Internacio</p><p>nal , nas relações norte-sul e interpretam o princípio da soberania, ge</p><p>ralmente, não somente como fundamento jurídico para direitos de</p><p>liberdade, proteção e defesa, mas sim, também, para direitos de par</p><p>ticipação (por exemplo, na ajuda multilateral ao desenvolvimento por</p><p>parte da ONU) e para um droit au développement e Direito Interna</p><p>cional preferencial ao desenvolvimento ( droit du développement) " .</p><p>1 1 2 Sobre o problema: Flory, Souveraineté des Etats et cooperation</p><p>pour le développement, RdC 1 974, p. 255 seg.</p><p>42</p><p>peração, no qual o princípio da "segurança econômica</p><p>coletiva " 1 1 3 é tanto norma de ação como meio para a</p><p>realização dos direitos humanos de toda a população</p><p>mundial . A transição de ajuda bilateral ao desenvolvi</p><p>mento para ajuda multilateral, sej a por parte de orga</p><p>nizações regionais, como a Comunidade Européia 1 1 4,</p><p>ou por meio do fundo de desenvolvimento das Nações</p><p>Unidas 1 1 5 , possibilita uma distribuição das prestações</p><p>de ajuda mais independente dos interesses econômi</p><p>cos dos Estados isoladamente e, com isso, mais justa</p><p>entre os diferentes grupos e países em desenvolvimen</p><p>to, em especial então, se os países destinatários parti-</p><p>1 1 3 Pensamento levantado e introduzido pelo Brasil e para o princí</p><p>pio diretivo da Carta dos direitos e obrigações econômicas dos Esta</p><p>dos (cf. Tomuschat, ZaõRV 36 ( 1 976) , p. 456 com ref.) . Cf. sobre</p><p>isso o relatório do secretário geral da ONU diante do Conselho Eco</p><p>nômico e Social na sua 573 • assembléia em 6.6 . 1 974 (UN Doc. 5 529)</p><p>e K. lpsen (nota-de-rodapé 6 1 ) , p . 1 1 seg .</p><p>1 1 4 Cf. sobre isso recentemente: Grabitz, Die Entwicklungspolitik</p><p>der Europiiischen Gemeinschaften. Ziele und Kompetenzen, EuR</p><p>1 977 , p . 2 1 7 seg. ; vide também: Schiffler, Das Abkommen von Lomé</p><p>zwischen der Europiiischen Wirtschaftsgemeinschaft und 46 Staaten</p><p>Afrikas, des karibischen und des pazifischen Raumes, JIR 1 8 ( 1 976) ,</p><p>p . 320 seg. bem como as publicações da Comissão d a Comunidade</p><p>Européia: Entwicklungshilfe , Skizze der Gemeinschaftsaktion von</p><p>morgen, em: Buli . EG Beil . 8/74; e do mesmo: Entwicklung und</p><p>Rohstoffe - Aktuelle Probleme, Buli. EG Beil . 6/75 .</p><p>1 1 5 Sobre o "United Nations Development Program" (UNDP) e so</p><p>bre a "United Nations Industrial Development Organization" (UNI</p><p>DO) cf. as referências em Kimminich, Einführung in das Võlkerrecht,</p><p>p. 1 97 seg . ; vide também Morse, sobre o papel do programa de desen</p><p>volvimento das Nações Unidas - Sieben Charakteristika der multila</p><p>teralen Hilfe, em: Vereinten Nationen 1 977, p. 1 04 seg.</p><p>43</p><p>ciparem da formulação dos programas de desenvolvi</p><p>mento.</p><p>d) Cooperação privada além dos Estados : A sociedade</p><p>internacional</p><p>A cooperação internacional não se limita apenas à</p><p>cooperação entre Estados . A modernização dos veícu</p><p>los e meios de comunicação é, também, a nível socie</p><p>tário, motivo de uma superação das fronteiras nacio</p><p>nais e da construção da sociedade internacionaP 1 6 . O</p><p>Estado Constitucional cooperativo se colocou o desa</p><p>fio da cooperação internacional também no plano "so</p><p>cial " privado. A transferência (e, ocasionalmente, tam</p><p>bém, o comprometimento) de políticas estatais econô</p><p>micas e de desenvolvimento para outras políticas vol</p><p>tadas para o comércio de empresas multinacionais 1 1 7</p><p>1 1 6 Sobre o conceito de "sociedade internacional " cf. P. Hiiberle,</p><p>VVDStRL 30 ( 1 972) , p. 43 (63) ; J . H. Kaiser, Art. "Staatslehre" ,</p><p>Staatslexikon, 6 . Aufl. VII ( 1 962) , Sp. 589 (595) .</p><p>1 1 7 Cf. sobre isso: United Nations, Multinational Corporations in</p><p>World Development, Report by the Dep. o f Economic and Social Af</p><p>fairs of the U .N . Secretariat, New York, 1 973 , STIECN1 90. Cf.</p><p>também a comunicação da Comunidade, Buli. EG Beil . 1 5/73; Felt</p><p>ham I Rauenbusch, Canada and the Multinational Enterprise, em:</p><p>Hahlo I Smith l Wright ( ed.) , Nationalism and the Multinational En</p><p>terprise , 1 974, p. 4 5 : "The particular characteristic of the multinatio</p><p>nal enterprise in this world of economic integration is that many such</p><p>enterprises have achieved transnational integration and coordination</p><p>in much higher degree than any of the political organizations . " Sobre</p><p>o tema "Direito Internacional e empresas multinacionais" vide tam</p><p>bém Petersmann, Di e Friedenswarte 59 ( 1 976) , p. 1 6-23; sobre o</p><p>aspecto da concorrência: Meessen, Volkerrechtliche Grundsiitze des</p><p>internationalen Kartellrechts , 1 975 , vide também a OECD-Declara-</p><p>44</p><p>somente pode ser vinculada, socialmente, pela coope</p><p>ração internacional dos Estados e ser obrigada ao cum</p><p>primento do objetivo da segurança econômica coleti</p><p>va . Os esforços por um "Código de comportamento</p><p>para empresas multinacionais " no âmbito da OECD</p><p>são um primeiro passo para a realização desse postula</p><p>do. Desde que estejam preparados a assumir sua res</p><p>ponsabilidade social correspondente à sua influência</p><p>no plano internacional, elas deveriam, como fatores da</p><p>integração econômica privada, não mais ser combati</p><p>das como fatores prejudiciais da vida econômica inter</p><p>nacional, e sim, serem promovidas como complemen</p><p>to de cooperação estatal no plano societário .</p><p>Nesse contexto, merece especial menção a Organi</p><p>zação da Cruz Vermelha, cujo comitê internacional</p><p>possui até mesmo condição de sujeito de Direito In</p><p>ternacional1 1 8 .</p><p>Entre as demais (cerca de 20001 1 9) "organizações</p><p>internacionais não estatais " atuantes praticamente em</p><p>tion on International lnvestment and Multinational Enterprises-Gui</p><p>delines for Multinationals, in the OECD-Observer N° 82 I July I Au</p><p>gust 1 9 76 , p. 9 seg.</p><p>1 1 8 Cf. : W. v. Starck, Internationale und nationale Rechtsstellung des</p><p>Roten Kreuzes, JIR 1 3 ( 1 967) , p. 2 1 0 seg. ; Verdross I Simma, Univer</p><p>selles Volkerrecht, 1 976, p. 2 1 9; Knitel, Le rôle de la Croix-Rouge</p><p>dans la protection internationale des droits de l 'homme, em: La pro</p><p>tection internationale des droits de l'homme, Bruxelles 1 977 , p. 1 3 7</p><p>seg.</p><p>1 1 9 Assim K.imminich, Einführung in das Volkerrecht, 1 975 , p. 1 25</p><p>seg. ; Scheuner, Nichtstaatliche Organisationen und Gruppen im so</p><p>ziologischen und rechtlichen Aufbau der heutigen internationalen Ord</p><p>nung, Jahrbuch des Landesamts für Forschung des Landes Nordrhein</p><p>Westfalen 1 966, p. 584 seg.</p><p>4 5</p><p>todos os campos da vida social, cultural e econômica,</p><p>deve-se ressaltar, especialmente, a organização da</p><p>Anistia Internacional distinguida com o prêmio Nobel</p><p>da Paz de 1 977 1 20 . O seu trabalho torna claro, assim</p><p>como o da Cruz Vermelha Internacional, que as ações</p><p>humanitárias e a efetiva proteção dos direitos huma</p><p>nos não são somente tarefas estatais, nem podem ser</p><p>transferidas à cooperação entre Estados, e sim, care</p><p>cem do complemento, da co-participação e, geralmen</p><p>te, também das iniciativas - privadas - da sociedade</p><p>internacional : através de pessoas por causa de pes</p><p>soas 1 2 1 .</p><p>Organizações internacionais não estatais também</p><p>encontraram reconhecimento na Carta das Nações</p><p>Unidas . Segundo o art . 7 1 , o conselho econômico e so</p><p>cial pode1 22 :</p><p>11fazer adequados acordos com o fim de consulta a</p><p>organizações não governamentais que se ocupam</p><p>com questões de sua competência. Tais acordos com</p><p>organizações internacionais, desde que favoráveis,</p><p>também podem ser firmados com organizações . na</p><p>cionais após consulta ao respectivo membro das</p><p>Nações Unidas ".</p><p>1 20 Cf. sobre isso a documentação de Claudius I Stepham, Arnnesty</p><p>lnternational - Portrait einer Organisation, 1 976; M . Frisé, Die</p><p>machtlose Schutzmacht der Menschenrechte, FAZ de 22 . 1 0 . 1 977 .</p><p>1 2 1 Vide principalmente: H. Lauterpacht, International Law and</p><p>Human Rights, 1 973, p. 27 seg . , 69 seg .; Verdross I Simma, Univer</p><p>selles Võlkerrecht, 1 076, p. 583 seg.</p><p>1 22 Cf. H. Lauterpacht,</p><p>International Law and Human Rights, 1 973 ,</p><p>p. 23 seg.</p><p>46</p><p>O reconhecimento e o fomento do trabalho dessas</p><p>organizações fazem parte das tarefas principais do Es</p><p>tado Constitucional cooperativo, mesmo que ou justa</p><p>mente porque, com isso, se coloca em questão a intro</p><p>versão do pensamento nacional de soberania .</p><p>2. Do Estado Nacional Soberano ao Estado Constitu</p><p>cional Cooperativo</p><p>Como, na perspectiva jurídico-internacional , a</p><p>cooperação entre os Estados se coloca no lugar da mera</p><p>coordenação e da mera ordem da coexistência pacífi</p><p>ca 1 23 (ou sej a, da delimitação dos âmbitos nacionais de</p><p>soberania entre si) , são reconhecíveis tendências no</p><p>campo do Direito Constitucional nacional que indi</p><p>cam a diluição do esquema estrito interno/ externo a</p><p>favor de uma abertura ou amabilidade do Direito In</p><p>ternacional.</p><p>a) Abertura do Direito Internacional nos textos cons</p><p>titucionais</p><p>Como Constituição escrita mais antiga vigente ain</p><p>da atualmente, a dos Estados Unidos da América de</p><p>1 7 de setembro de 1 787, excluindo algumas determi</p><p>nações sobre o poder das relações exteriores (art . 1 °,</p><p>1 23 Sobre a mudança de conteúdo desse princípio desenvolvido pela</p><p>doutrina socialista do Direito Internacional, vide as referências em</p><p>Kimminich, Einführung in das Volkerrecht, 1 975 , p. 87 seg. (espe</p><p>cialmente nota-de-rodapé 1 2}.</p><p>47</p><p>seção 8 , alíneas 3 e 1 0, bem como art. 2°, seção 2, alí</p><p>nea 2) 1 24, não contém nenhuma declaração sobre a re</p><p>lação dos Estados Unidos com outras nações . Outras</p><p>Constituições mais antigas como a da Noruega, de</p><p>1 8 1 41 25 da Holanda de 1 8 1 5 1 26 da Bélgica de 1 83 1 1 27</p><p>I I</p><p>e de Luxemburgo de 1 868 1 28, abriram-se para o Direi-</p><p>to Internacional, em oposição à sua introversão inicial,</p><p>somente através de recentes reformas constitucionais .</p><p>À medida que os novos artigos constitucionais inseri</p><p>dos, em vista à integração européia, permitem a trans</p><p>ferência de poder soberano a organizações e instituiçõ</p><p>es · supranacionais ou de Direito Internacional 1 29, eles</p><p>documentam a disposição para uma renúncia à sobera</p><p>nia que era, até então, estranha ao Direito Internacio</p><p>nal tradicional. Pela primeira vez foram ancorados tais</p><p>dispositivos na Constituição da Itália, de 1 94 7 (art.</p><p>1 1 ) 1 30, a na Lei Fundamental da República Federal da</p><p>Alemanha de 1 949 (art. 24 alínea 2) . A Constituição</p><p>grega, de 1 975 , a contém no art. 28 , alínea 2 1 3 1 . Que</p><p>1 24 Texto em: Franz, Staatsverfassungen, 1 964, p . lO seg.</p><p>1 25 Texto em: Mayer-Tasch, Die Verfassungen der nicht-kommunis</p><p>tischen Staaten Europas, 2. Aufl. 1 975, p. 404 seg.</p><p>1 26 Op. cit. , p. 367 seg.</p><p>1 27 Op. cit. , p. 40 seg.</p><p>1 28 Op. cit. , p. 348 seg.</p><p>1 29 Cf. § 93, alínea l, Constituição da Noruega; art. 67, alínea l , GG</p><p>da Holanda; art. 25 Constituição da Bélgica; art. 49 Constituição de</p><p>Luxemburgo.</p><p>1 30 Texto em: Mayer-Tasch (nota-de-rodapé 1 24) , p. 3 1 4 seg.</p><p>1 3 1 "To serve an important national interest and to promote coope</p><p>ration with other States, competences under the Constitution may be</p><p>granted by treaty or agreements to organs of intemational organiza-</p><p>48</p><p>aqui acena, possivelmente, uma transição geral funda</p><p>mental no auto-entendimento de Estados soberanos,</p><p>pode ser presumido na Constituição do reino da Sué</p><p>cia, de 1 975 1 32, que, em oposição à Constituição de</p><p>1 809 1 33, apesar da inalterada neutralidade da Suécia,</p><p>no capítulo 1 0, § 5, alínea 2, determina que tarefas da</p><p>jurisprudência e da administração podem ser transfe</p><p>ridas "a um outro Estado, a uma organização interesta</p><p>tal ou a uma instituição ou comunidade estrangeira ou</p><p>internacional " .</p><p>A Constituição da antiga DDR previu, no art. 6°,</p><p>alínea 4, e o art. 24, alínea 2 GG prevê a possibilidade</p><p>de aderir a um sistema de segurança coletiva. Adesões</p><p>à cooperação internacional amigável estão contidas,</p><p>principalmente, nas Constituições mais jovens . Assim,</p><p>a Irlanda reforça, no art . 29 de sua Constituição de</p><p>1 93 7, " sua afeição ao ideal da paz e da cooperação ami</p><p>gável entre os povos sob a base da justiça e moral inter</p><p>nacionais " . O povo j aponês declara-se , segundo o</p><p>preâmbulo de sua Constituição de 1 94 7, decidido a</p><p>"manter os frutos de cooperação pacífica com todos os</p><p>povos . . . " 1 34 • D e forma s emelhante , a centuou o</p><p>preâmbulo da Constituição da Polônia, de 1 95 2 1 35, a</p><p>vontade de reforçar a amizade e a cooperação entre os</p><p>tions . . . " cf. sobre isso: Fatouros, lntemational law in the Greek cons</p><p>titution, em: AJIL 70 ( 1 976), p. 492 seg.</p><p>1 32 Mayer-Tasch (nota-de-rodapé 1 24) , p. 580 seg.</p><p>1 33 Op. cit. , p . 554 seg.</p><p>1 34 Texto em: Franz, Staatsverfassungen, 1 964, p. 542 seg.</p><p>1 35 Texto em: Peaslee, Constitutions of Nations, vol . I I I-Europe, 3 .</p><p>Aufl. 1 968, p . 7 1 0 (preâmbulo, último parágrafo) .</p><p>49</p><p>Estados. De forma especialmente detalhada, a Consti</p><p>tuição da antiga Iugoslávia, de 1 9 74 1 36, tratou da coo</p><p>peração internacional no seu princípio fundamental</p><p>VII :</p><p>Partindo da convicção de que coexistência pacífica</p><p>e cooperação ativa entre os Estados e povos, a des</p><p>peito de suas diferenças no sistema social, são con</p><p>dições indispensáveis para a paz e avanço social no</p><p>mundo, a República Federalista Socialista da Iu</p><p>goslávia deve basear suas relações internacionais</p><p>sobre o fundamento dos princípios do respeito pela</p><p>soberania e igualdade nacional, e não ingerência</p><p>nas questões internas . . .</p><p>No esforço pela ampla cooperação política, econô</p><p>mica e cultural com outras nações e Estados, a Re</p><p>pública Federalista Socialista da Iugoslávia, como</p><p>comunidade socialista das nações, não pode perder</p><p>de vista que a cooperação deveria contribuir para a</p><p>criação de tais formas democráticas de uma vincu</p><p>lação entre Estados, nações e povos, de acordo com</p><p>os interesses das nações e do desenvolvimento social</p><p>e, com isso, com o respeito a uma sociedade aberta .</p><p>Segundo o art . 28 1 , alínea 7, a União deveria, atra</p><p>vés de seus órgãos, continuar a realizar e a estimular " a</p><p>cooperação com países subdesenvolvidos, bem como</p><p>1 36 Texto em inglês em: Blaustein I Flanz, Constitutions of the</p><p>Countries of the World, vol . XIV, cf. D. Kulic, JOR NF 25 ( 1 976) , p.</p><p>21 1 (2 1 6 seg.) .</p><p>50</p><p>assegurar as possibilidades do desenvolvimento conti</p><p>nuado de cooperação econômica com estes países " .</p><p>Como na Constituição da antiga Iugoslávia são</p><p>transferidas, por força constitucional, experiências po</p><p>sitivas na cooperação entre os Estados-membros de</p><p>uma federação aos princípios da política externa, a</p><p>idéia do Estado constitucional cooperativo encontra</p><p>expressão textual exemplar na Constituição do Can</p><p>tão suíço, e na República do Jura ( 1 9 7 7) . Seu art. 4°</p><p>prescreve :</p><p>1 . A república e o Cantão Jura trabalham junta</p><p>mente com os outros cantões da Confederação Eu</p><p>vética.</p><p>2. Ela aplicará seus esforços no estreito trabalho</p><p>conjunto com seus vizinhos.</p><p>3 . Ela está aberta ao mundo e coopera, estreitamen</p><p>te, com os povos que se esforçam pela solidariedade.</p><p>O momento ativo já é reconhecível lingüisticamen</p><p>te: no verbo "trabalhar" . O momento de cooperação se</p><p>acentua, nos Estados-membros, na alínea 1 - trabalho</p><p>conjunto com outros Cantões -, mas, também, além</p><p>disso: em relação à cooperação com os "vizinhos" e</p><p>" com os povos que se esforçam pela solidariedade " .</p><p>Abertura ao mundo e solidariedade são palavras-chave</p><p>do Estado constitucional cooperativo - alínea 3 formu</p><p>la até mesmo expressamente que sua realização de</p><p>pende de um esforço correspondente; a graduação da</p><p>5 1</p><p>cooperação do nível estatal-federal ao nível jurídico</p><p>internacional não poderia ser mais evidente . .</p><p>Uma rápida incursão pelas Constituições européias</p><p>e além da Europa permite reconhecer uma mudança</p><p>de tendência de muitos Estados (constitucionais) para</p><p>a cooperação internacional, em que, nos antigos Esta</p><p>dos socialistas, o elemento cooperativo precede, em</p><p>parte, o estatal-constitucional . A</p><p>análise de mais de</p><p>I 00 Constituições hoje vigentes, também dos países</p><p>subdesenvolvidos, somente irá confirmar essa tendên</p><p>ciai 37 .</p><p>Novos acentos em matéria de "Estado Constitucio</p><p>nal Cooperativo" são colocados em Constituições mais</p><p>recentes . Nesse sentido, a força normativa da práxis</p><p>determinada em textos proporcionou, em parte, o</p><p>permanente aumento da cooperação regional e global .</p><p>Perceptível</p><p>.</p><p>também é o co-apoio de um idealismo</p><p>acerca de uma " Comunidade mundial de Estados</p><p>Constitucionais " , atrás do qual com certeza oculta-se</p><p>uma realidade que não está livre, nem mesmo na Euro</p><p>pa, de uma tendência de re-nacionalização . Os recen-</p><p>1 37 Cf. por exemplo: Constituição da República da Nigéria ( 1 960) ,</p><p>preâmbulo, alínea 2: "They affírm their determination to coopera te in</p><p>peace and friendship with ali peoples who share this ideal of Justice,</p><p>Liberty, Equality, Fraternity and Human Solidarity" (em: Blaustein I</p><p>Flanz: Constitutions o f the Countries o f the World, v oi. IX) ; op. cit . ,</p><p>vol . XIV: Const. da Rep. do Zaire de 24.6. 1 967, art. 69: "For the</p><p>purpose of promoting African Unity, the Republic may conclude</p><p>treaties and Agreements of affiliatión involving partia! abandonment</p><p>of sovereignty " ; Constituição da República de Bangladesh de</p><p>4 . 1 1 . 1 972, preâmbulo, alínea 4: " . . . make our full contribution to</p><p>wards international peace and cooperation in keeping with the pro</p><p>gressive aspirations of manking", op. cit . , vol . I l .</p><p>52</p><p>tes artigos de cooperação, bem como o conjunto de</p><p>textos correspondentes, são tratados detalhadamente</p><p>no contexto do "quadro global dos Estados Constitu</p><p>cionais " . 1 38 A seguir alguns exemplos .</p><p>Assim, na África, a nova Constituição da África do</p><p>Sul ( 1 996/97) já, em seu preâmbulo, encontra uma fe</p><p>liz mudança "sovereign state in the family of nations" .</p><p>Este "Grundton" encontra-se no plano interno do Es</p><p>tado no capítulo 3 "Cooperative Government" o que,</p><p>por exemplo, obriga as nove províncias à fidelidade fe</p><p>deral e regional, todos os órgãos constitucionais à " fi</p><p>delidade à Constituição" : a saber, também, como re</p><p>sultado da recepção da teoria do Estado e da jurispru</p><p>dência alemãs correspondentes . 1 39</p><p>1 38 Z. Brzezinski sustentou, em seu discurso de 25 de Outubro de</p><p>1977, perante a comissão trilateral, uma destacada defesa da necessi</p><p>dade e limites da cooperação (FAZ de 1 7 de Novembro de 1 977, p.</p><p>1 1 e seg.) : Prioridades fundamentais: "contribuir para a formação de</p><p>um amplo e cooperativo sistema internacional", ver também: "Uma</p><p>comunidade segura e cooperativa dos modernos estados industriais</p><p>democráticos é uma fonte necessária de estabilidade para um alargado</p><p>sistema de cooperação internacional ( . . . ) o amplo e cooperativo siste</p><p>ma internacional precisa integrar todas as partes do mundo que estão</p><p>dominadas pelos regimes comunistas e esses Estados precisam ( . . . ) se</p><p>incorporar em uma grande rede de cooperação. O objetivo ( . . . ), o qual</p><p>compreende a relação leste/ocidente em um ampliado quadro de coo</p><p>peração ( . . . ) faz parte da relação leste/ocidente elementos tanto de</p><p>divergência como também de cooperação" . Ver também o conceito</p><p>"Comunidade Global " . Desde " 1 989" sente-se a premência deste</p><p>texto.</p><p>1 39 Bibliografia: H . Bauer, Die Bundestreue, 1 992; A. Alen/P. Pee</p><p>ters/W. Pás, "Bundestreue" im belgischen Verfassungsrecht, JõR 42</p><p>( 1 994) , S. 439 e seg . Jurisprudência: BVerfGE 1 2, 205 (254 e seg.) ;</p><p>8 1 , 3 1 0 (337) - M. Lück, Die Gemeinschaftstreue als allgemeines</p><p>53</p><p>A estatalidade constitucional sul-africana também</p><p>sofre uma "abertura" por meio do art . 233 :</p><p>11When interpreting any iegisiation, every court</p><p>must prefer any reasonabie Interpretation of the ie</p><p>gisiation that is consistent with internationai iaw</p><p>over any aiternative Interpretation that is inconsis</p><p>tent with internationai iaw". I 40</p><p>A "perspectiva" mais ousada e , com isso, também,</p><p>uma ponte cooperativa no âmbito da cultura intelec</p><p>tual é lançada pela Constituição de Kwazulu Natal</p><p>( 1 996) . Em seu capítulo 1 4, número 3 , parágrafo 1 lê</p><p>se :</p><p>11The ianguage of this Constitution shall be interpre</p><p>ted as a whoie, on the basis of the meaning of i ts</p><p>text, and, when necessary or appropriate, in the</p><p>context of the principies and vaiues expressed by</p><p>this Constitution as well as domestic and broadiy</p><p>recognized principies o f the constitutionaiism in de-</p><p>Rechtsprinzip im Recht der Europiiischen Gemeinschaft, 1 992; A. An</p><p>zon, La "Bundestreue"e il sistema federale Tedesco, 1 995 .</p><p>1 40 A Constituição da Namíbia ( 1 990) , citada em JõR ( 1 99 1 /92) , p.</p><p>691 e seg . , dispõe já em seu preâmbulo que a Nação Namíbia está</p><p>"among and in association with other nations o f the world". Nas dis</p><p>posições finais (art. 1 44) é regulamentada a relação com o "Interna</p><p>tional Law". Para um artigo exemplar de interpretação ou de fonte</p><p>jurídica da Constituição da Província sul-africana de Kwazulu Natal</p><p>( 1 996) a parte VII I número 1 5 (Palavra chave: Positivação do direito</p><p>comparado como método de interpretação�) .</p><p>54</p><p>mocratic countries in which a constitution is the su</p><p>preme law of the land".</p><p>· Nesse sentido surge uma "liga de interpretação da</p><p>C o n s ti tu i ç ã o " (Verfassungsinterpretationsverbund)</p><p>exemplar.</p><p>Em análise do recente estágio de desenvolvimento</p><p>na Ásia e no leste europeu conclui-se o seguinte : a</p><p>Constituição do Azerbaijão ( 1 995) dispõe, já em seu</p><p>preâmbulo, que "vivre dans les conditions d 'amitié, de</p><p>paix et de securité avec les autres peuples et à cette fin</p><p>realiser une coopération mutuellement avantageuse " .</p><p>Esse pensamento d e " cooperação mutuamente</p><p>vantaj os a " (gegensei tig vortei lhafter Kooperation)</p><p>apresenta-se também em outros momento s : por</p><p>exemplo à referência ao "reconhecimento universal de</p><p>normas do direito internacional" (art . 10) ou na conso</p><p>lidação da primazia do direito internacional dos trata</p><p>dos em face a normas internas quando em casos de</p><p>conflito (art. 1 5 1 ) . Restritivo aqui é o art. 9°, alínea 4°</p><p>da Constituição da Ucrânia ( 1 996) : "The conclusion</p><p>of international treaties which contravene the Consti</p><p>tution of Ukraine is possible only following the intro</p><p>duction of requisite changes to the Constitution of</p><p>Ukraine" . Uma cláusula limitada de abertura que lem</p><p>bra, em parte, artigos em Estados europeus ocidentais</p><p>da União Européia (talvez o art. 24 da GG, art . 1 1 da</p><p>Constituição da Itália) encontra-se no art . 79 da Cons</p><p>tituição da Federação Russa ( 1 993) 1 4 1 :</p><p>1 4 1 Citado em J. C. Traut (Org.) Verfassungsentwürfe der Russis</p><p>chen Foderation, 1 994, p. 38 1 e seg .</p><p>5 5</p><p>"A Federação Russa pode participar, conforme tra</p><p>tados correspondentes, de Uniões intra-estatais e</p><p>transferir-lhes parte de sua soberania, quando isso</p><p>não implicar uma limitação dos direitos e liberda</p><p>des dos Homens e cidadãos e não · contradizer os</p><p>fundamentos da construção constitucional da Fede</p><p>ração Russa ". 1 42</p><p>É necessário se observar, cntiCamente, ainda na</p><p>fase inicial do processo constituinte no leste europeu,</p><p>que a idéia de uma estatalidade ou cooperação aberta</p><p>nos textos - ainda - não se manifestou. 1 43 Assim, gra</p><p>ças ao art. 79 da Federação Russa, observa-se positiva</p><p>mente o progresso textual (considerável são as cláusu</p><p>las de direitos fundamentais e segurança estrutural1) .</p><p>Na Constituição da Lituânia ( 1 992) 1 44 chama a aten</p><p>ção a referência aos tratados internacionais de "coope</p><p>ração política"com Estados estrangeiros (art . 1 38, pa</p><p>rágrafo 1 °, número 2 ) , assim como a integração dos</p><p>1 42 O projeto constitucional original da Rússia, elaborado pela Co</p><p>missão Constitucional (Março 1 992, citado em lo R 45 (1 997) , p. 3 1 O</p><p>(3 12) , ousou ainda, no artigo 1 1 , alínea 1 , "aberto" ou "cooperante":</p><p>"La Féderation de Russie est membre de plein droit de la communauté</p><p>mondiale, elle observe les príncipes universellement</p><p>admis er les nor</p><p>mes du droit international et les traités internationaux qu 'elle a con</p><p>clus; elle tend à une paix universelle et juste, à la cooperation mutuel</p><p>lement avantageuse, à la solution des problemes globeaux". A fórmula</p><p>"problemes globeuax" documenta um novo desenvolvimento textual so</p><p>bre o tema "Visão do mundo do Estado Constitucional" (Weltbild des</p><p>Verfassungsstaates) .</p><p>1 43 Para isso minha contribuição em JõR 43 ( 1 995) , p. 1 70 ( 1 8 1</p><p>seg.)</p><p>1 44 Citado em J õR 44 ( 1 996) , p. 360 e seg.</p><p>5 6</p><p>acordos internacionais ratificados ao sistema jurídico</p><p>da República da Lituânia (parágrafo 3°, acima) . Aqui</p><p>avança , em especia l , a Constituição da Bulgár ia</p><p>( 1 99 1 ) , 1 45 pois ela dispõe sobre uma cláusula de coli</p><p>são ou de primazia em suas determinações fundamen</p><p>tais no primeiro capítulo (art . 5°, alínea 4, frase 2 : " I ls</p><p>(se . les accords internationaux) ont la priorité sur les</p><p>normes de la législation interne qui sont em contradic</p><p>tion ave c eux") .</p><p>O proj eto constitucional da Bielo-Rússia ( 1 994)</p><p>dispõe, em seu preâmbulo, sobre "subject, with full</p><p>rights, of the world community" und "adherence to</p><p>values common to ali mankind" . E exige no art . 8°, alí</p><p>nea 1 :</p><p>"The Repubiic of Beiarus shall recognize the supre</p><p>macy of the universally acknowiedged principies of</p><p>internationai iaw and ensure that its iaws compiy</p><p>with such principies ".</p><p>No geral, pode-se esboçar a seguinte tipologia acer</p><p>ca da cooperação intensiva e extensiva ante a inclusão</p><p>dos recentes desenvolvimentos textuais :</p><p>- Artigo preambular que reconhece a inclusão na</p><p>comunidade ou família de povos (também via fina</p><p>lidades educacionais) ;</p><p>- Artigo que reconhece a (tarefa de) cooperação,</p><p>inovado por meio do aditamento "vantagem mú-</p><p>1 45 Citado em JõR 44 ( 1 996) , p. 497 e seg.</p><p>57</p><p>tua" (gegenseitig vorteilhaft) , ocasionalmente con</p><p>centrado no âmbito regional;</p><p>- Artigo de parceria (Wahlverwandtschaft) ou so</p><p>lidariedade;</p><p>- Recepção de pactos de direitos humanos regio</p><p>nais ou e universais;</p><p>- Integração de normas de direito internacional</p><p>universalmente reconhecidas;</p><p>- Artigo de Primazia ou colisão em favor do direito</p><p>internacional, por exemplo, dos direitos humanos;</p><p>- Normas de interpretação conforme ·o direito in</p><p>ternacional ou, também, favorável a esse, mas não</p><p>somente de direitos humanos;</p><p>- Artigo de fontes do direito aberto ao direito in</p><p>ternacional;</p><p>- Cláusulas de interpretação abertas ao direito es</p><p>trangeiro .</p><p>Após essa análise dos últimos processos culturais</p><p>de cooperação na família internacional dos Estados</p><p>Constitucionais torna-se necessária uma consideração</p><p>concreta, "material " : o conteúdo da cultura dos Esta</p><p>dos Constitucionais necessita de fundamentação.</p><p>58</p><p>b) O Direito Internacional Privado como expressão de</p><p>estruturas jurídicas abertas</p><p>O Direito Internacional Privado também deve ser,</p><p>aqui, considerado, de forma teórico-estatal e - consti</p><p>tucional -, como expressão e meio de entrelaçamento</p><p>dos Estados ou de suas "sociedades " , nos seus questio-.</p><p>namentos e nas suas tendências de desenvolvimento .</p><p>Por um lado se pergunta, de forma teórico-consti</p><p>tucional, qual a melhor solução para a configuração do</p><p>DIP. De forma impressionante, o Estado alemão pode</p><p>e quer - sobretudo, após o desenvolvimento paulatino</p><p>de normas unilaterais de colisão para normas gerais 1 46</p><p>- promover a aplicação de Direito estrangeiro por seus</p><p>próprios juízes estatais . Não é coincidência o fato de</p><p>que o juiz alemão aplique o Direito estrangeiro como</p><p>"Direito" , enquanto que a teoria francesa parte, timi</p><p>damente, de "fatos " 1 47 - de que isso deveria ser uma</p><p>conseqüência do dogma da soberania, em que se deve</p><p>ria remeter· à teoria de Batiffol 1 48 como autocrítica</p><p>francesa. A aplicação de Direito (privado) estrangeiro</p><p>por juízes alemães é o melhor sinal de cooperação dos</p><p>Estados e particulares. (Pense-se, também, no Direito</p><p>comercial internacional fomentador de cooperação ju-</p><p>1 46 Sobre isso Kegel, lnternationales Privatrecht, 4" ed. , 1 977 , p.</p><p>1 25 seg.</p><p>1 47 Cf. Makarov, Der allgemeine Teil des internationalen Priva</p><p>trechts im neuen franzosischen Kodifikationsentwurf, em: Multitudo</p><p>legum jus unum, Wilhelm Wengler no seu 65° aniversário, 1 973 , vol .</p><p>I I , p. 505 (5 1 0 seg.) .</p><p>1 48 Sobre isso Kegel (nota-de-rodapé 1 37) , p. 90 seg.</p><p>59</p><p>rídico-privada) . O respeito à identidade da cultura</p><p>constitucional e jurídica estrangeira permanece um</p><p>princípio para o Estado constitucional cooperativo.</p><p>Por outro lado1 trata-se da questão sobre até que</p><p>ponto a GG1 491 especialmente os direitos fundamen</p><p>tais 1 501 têm validade no DIP e como fica com a "ordre</p><p>public " . Um Estado constitucional que se vê1 cons</p><p>cientemente1 no entrelaçamento internacionaC irá</p><p>abrir-se mais fortemente ao Direito estrangeiro que o</p><p>Estado " autocrático" .</p><p>1 49 Assim Sonnenberg, Die Bedeutung des Grundgesetzes /ür das</p><p>deutsche internationale Privatrecht, Diss. Munique 1 962.</p><p>1 50 Cf. BGHZ 4 1 , 1 36 ( 1 50 seg . ) : Não celebração de casamento de</p><p>espanhol católico com alemães divorciados, apesar do art. 6°, I, GG:</p><p>"O direito fundamental de liberdade de celebração de casamento so</p><p>mente pode ser exercido no âmbito das leis das quais faz parte a or</p><p>dem jurídica caracterizada de estrangeira por nosso direito de coli</p><p>são . " Segundo BGHZ 42, 7 ( 1 3 seg.) , "aplica-se o princípio funda</p><p>mental do Direito Internacional geral de que todo membro da comu</p><p>nidade do Direito Internacional deve reconhecer os ordenamentos ju</p><p>rídicos dos outros membros . . . Haveria contradição a isso se a aplica</p><p>ção dos princípios jurídicos de ordenamentos jurídicos estrangeiros,</p><p>coerentes com o Direito Internacional, fossem, de início, depen</p><p>dentes de sua compatibilidade com os dispositivos da Lei Fundamen</p><p>tal da República Federal da Alemanha" (com outras referências, ao</p><p>contrário, com razão BVerfGE 3 1 , 58 (70 seg . , 72 seg.) : "Essa con</p><p>cepção não faz jus à primazia da Constituição e do significado central</p><p>dos Direitos Fundamentais " . Vide também Dõlle, lnternationales</p><p>Privatrecht, 23• Ed. 1 972, p. 20 seg.; Kegel (nota-de-rodapé 1 37) , p.</p><p>240 seg. ; Jayme I Meessen, Staatsvertriige zum lnternationalen Pri</p><p>vatrecht, 1 975, p. 1 3 seg . , 58 seg.</p><p>60</p><p>Capítulo 1 1 1</p><p>Conseqüências teórico-constitucionais</p><p>l . Redefinição das fontes do Direito e da teoria da in</p><p>terpretação</p><p>No âmbito dessa visão "conjuntamente pensada"</p><p>pelos Estados constitucionais e relações internacio</p><p>nais, Estado constitucional e Estados (constitucionais)</p><p>vizinhos, deve-se, na dúvida, apelar para a doutrina co</p><p>mum das fontes jurídicas . A ideologia do monopólio</p><p>estatal das fontes jurídicas 1 5 1 torna-se estranha ao Es</p><p>tado constitucional quando ele muda para o Estado</p><p>constitucional cooperativo . Ele não mais exige mono</p><p>pólio na legislação e interpretação: ele se abre - de for</p><p>ma escalonada - a procedimentos internacionais ou de</p><p>Direito Internacional de legislação, e a processos de in</p><p>terpretação. Certamente, do ponto-de-vista formal,</p><p>ainda se poderia fundamentar seu monopólio de legis</p><p>lação e interpretação, ou seja, remeter à decisão "sobe</p><p>rana" para uma cooperação internacional. Objetiva-</p><p>1 5 1 Sobre isso minha crítica, AõR 92 ( 1 967) , p. 259 (27 1 ) .</p><p>6 1</p><p>mente e de forma realista, trata-se de processos com</p><p>plexos de legislação e interpretação com muitos partí</p><p>cipes: a determinação unilateral desenvolve-se em di</p><p>reção a ações uníssonas e cooperantes .</p><p>A cooperação dos Estados constitucionais nas orga</p><p>nizações internacionais, o desenvolvimento conjunto</p><p>de obras amplas de codificação que regulam forma e</p><p>procedimento de sua cooperação1 s2, e a extensão de</p><p>sua jurisdição internacional de cujo material jurídico</p><p>fazem parte, entre outros, "os princípios jurídicos ge</p><p>rais reconhecidos pelos Estados civilizados " 1 S3, for</p><p>mam o fundamento de uma influência recíproca da or</p><p>dem jurídica nacional</p><p>e internacional : estruturas jurí</p><p>dicas e idéias de justiça dos diversos Estados da comu-</p><p>. �idade jurídica internacional influem no processo de</p><p>- formação do Direito InternacionaP S4; princípios e re</p><p>gras isoladas do Direito Internacional colocam, por sua</p><p>vez, medidas para o desenvolvimento jurídico interno</p><p>do Estado. O direito comparado é, aqui, o meio típi</p><p>coi ss . O Direito do estrangeiro, tanto no direito inter-</p><p>I S2 Cf. a Convenção de Viena sobre o Direito dos acordos de</p><p>22 .5 . 1 969, sobre isso Verdross I Simma, Universelles Volkerrecht,</p><p>1 976, p. 345 seg.</p><p>I S3 Art. 38 c IGH-Statut; cf. sobre isso Verdross, Die Quellen des</p><p>universellen Volkerrechts, 1 973, p. 1 20 seg. ( 1 26 seg.) ; Hailbronner,</p><p>Ziele und Methoden volkerrechtlich relevanter Rechtsvergleichung,</p><p>em: ZaõRV 36 ( 1 976) , p. 205 seg.</p><p>I S4 C f. Strebel, Einwirkungen nationalen Rechts auf das Volkerrecht,</p><p>em: ZaõRV 36 ( 1 976) , p. 1 68 seg.</p><p>I SS Sobre isso Bothe, Die Bedeutung der Rechtsvergleichung in der</p><p>Práxis internationaler Gerichte, em: ZaõRV 36 ( 1 976) , p. 280 seg.</p><p>62</p><p>nacional quanto interno1 e o desenvolvimento da pro</p><p>teção dos direitos humanos1 1 56 servem de exemplo.</p><p>Ao lado dessa penetração das diversas ordens jurí</p><p>dicas1 em sentido substancial! o elemento pessoal1 a</p><p>"questão dos partícipes" tem importância decisiva . A</p><p>composição internacional dos grêmios 1 57 competentes</p><p>para a redação dos projetos de codificação1 declaração</p><p>e resolução1 bem como do IGH1 garante que se consi</p><p>dere as diversas concepções jurídicas também em sen</p><p>tido institucionaL A forma intensificada de coopera</p><p>ção internacional quando da criação e interpretação ju</p><p>rídicas na Comunidade Européia1 58 indica a direção de</p><p>um possível avanço continuado1 também a nível global .</p><p>A " sociedade abe rta dos intérpretes constituc io</p><p>nais " 1 59 torna-se internacional .</p><p>2. "Direito comum de cooperação" : Integração entre</p><p>Direito Constitucional e Direito Internacional</p><p>Expressão1 pressuposto e conseqüência da coope</p><p>ração entre os Estados (constitucionais) é o desenvol</p><p>vimento do Direito comum1 que deve chamar-se "Di-</p><p>1 56 Cf. Strebel, ZaõRV 36 ( 1 976) , p. 1 76 seg. ; em geral : Verdross I</p><p>S imma, Universelles Volkerrecht, 1 976, p. 583 seg .</p><p>1 57 Assim o grupo de trabalho para a redação da "Carta dos direitos</p><p>e obrigações econômicas dos Estados" , de 1 974, era composto por</p><p>representantes de 3 1 a 40 Estados; cf. Tomuschat, ZaõRV 36 ( 1 9 76) ,</p><p>p. 444 (446) .</p><p>1 58 Sobre isso cf. o artigo em BayVBl. 1 977, p. 745 (75 1 ) .</p><p>1 59 Sobre isso P . Hãberle, J Z 1 975, p . 297 seg.</p><p>63</p><p>rei to de cooperação" . Tal Direito comum de coopera</p><p>ção é reconhecível entre os Estados constitucionais . O</p><p>panorama tipológico mostra isso. Normas, processos e</p><p>competências, objetivos e conteúdos típicos afeitos ao</p><p>Direito Internacional j á se adensaram aqui, ampla</p><p>mente, e de forma considerável : surge um efetivo "co</p><p>mum" em formas e normas de Direito cooperativo que</p><p>a comparação constitucional deve continuar a especifi</p><p>car. Tal Direito comum de cooperação entre os Esta</p><p>dos constitucionais deve desenvolver-se tanto quanto</p><p>a competência jurisdicional constitucional avançar.</p><p>Esta pode atuar, especialmente, como "veículo de coo</p><p>peração" - assim como o EuGH é ativo como fator de</p><p>integração no âmbito da Comunidade Européia. " Coo</p><p>peração" é, assim, uma pré-forma, um pré-nível de tais</p><p>direitos de integração (europeus) . Razão pela qual</p><p>deve ser levada em conta a experiência da Comunida</p><p>de Européia para a construção e desenvolvimento do</p><p>Direito supra-regional de cooperação entre os Estados</p><p>constitucionais . (Pense-se nos direitos fundamentais,</p><p>princípios gerais do Direito, a competência jurisdicio</p><p>nal como motor de integraçãoi 60 . )</p><p>Direito de cooperação também deve ser desenvol</p><p>vido entre tais Estados ou Estados constitucionais não</p><p>relacionados regionalmente : os que, por exemplo, se</p><p>localizam em diversos continentes; ou seja : A "unidade</p><p>1 60 Cf. sobre o papel correspondente do EuGH: H. P. lpsen, Euro</p><p>paisches Gemeinschaftsrecht, 1 972, p. 374; Lecourt, L'Europe des</p><p>Juges, p. 2 1 9, 309; Schlochauer, Der Gerichsthof der Europaischen</p><p>Gemeinschaften als lntegrationsfaktor, em: Festschrift für Walter</p><p>Hallstein, 1 966, p. 43 1 seg.</p><p>64</p><p>da comunidade do Direito Internacional " não pode ser</p><p>rompida pela diferente rapidez do crescimento do Di</p><p>reito regional de cooperação. Direito de cooperação,</p><p>no sentido aqui entendido, sempre terá densidade di</p><p>ferente e também se desenvolverá diferentemente . Da</p><p>mesma forma, os elementos e institutos desse Direito</p><p>de cooperação deveriam ser "comuns " : para reforçar</p><p>um desenvolvimento geral paulatino de todos os Esta</p><p>dos em direção ao Direito de cooperação que promova</p><p>a "superestrutura" e " infraestrutura" do Direito Inter</p><p>nacional e Direito estatal comuns, que se esquive da</p><p>alternativa "Direito Internacional ou Direito estatal " e</p><p>integre ambos1 6 1 •</p><p>"Direito comum de cooperação" é a tentativa, não</p><p>somente terminológica, de " ir além" dessa alternativa</p><p>bem como da discussão do dualismo e monismo.</p><p>3 . Realização cooperativa dos Direitos Fundamentais</p><p>A realização cooperativa dos direitos fundamentais</p><p>é uma outra conseqüência do Estado constitucional</p><p>cooperativo e " de seu " Direito geral de cooperação</p><p>bem como do Direito de cooperação do Direito Inter</p><p>nacional. O conceito advém do potencial de inovação</p><p>da jurisprudência do Tribunal Constitucional F e de-</p><p>1 6 1 Diferente do Direito Internacional de cooperação ou do "Direito</p><p>de cooperação jurídico-internacional " (cf. Petersmann, ZaõRV 36</p><p>( 1 976) , p . 5 1 7) , o "Direito comum de cooperação" compreende, per</p><p>se, também partes do direito constitucional dos Estados .</p><p>65</p><p>raP 62; ele encontra - para além do âmbito do federalis</p><p>mo cooperativo - expressão crescente e diversificada:</p><p>da forma de cooperação comparativamente "firme" e</p><p>intensiva (também de realização estatal) no Estado fe</p><p>derativo, passando por convenções regionais dos direi</p><p>tos humanos como a MRK até os pactos universais de</p><p>direitos humanos de 1 966 ou 1 976 pouco densos ou o</p><p>"Korb1 63 3 " da KSZE.</p><p>Realização cooperativa dos direitos fundamentais é a</p><p>tarefa do Estado constitucional (cooperativo) nas suas</p><p>relações "externas" de criar, na comunidade jurídica in</p><p>ternacional, uma medida mínima de realidade material</p><p>e processual dos direitos fundamentais para "estrangei</p><p>ros" e apátridas "entre si" . Isso também se aplica ao seu</p><p>poder externo1 64 e tem conseqüências para o Direito In</p><p>ternacional privado. Naturalmente, não há receitas e</p><p>fórmulas de patente, nem para os direitos fundamentais</p><p>isoladamente, nem para os meios e processos de sua</p><p>aplicação. De forma que art. 1 °, al . 2 GG é competência</p><p>e encargo para a realização cooperativa dos direitos fun</p><p>damentais, bem como para a configuração, conforme os</p><p>direitos humanos, de direitos fundamentais isolados no</p><p>Direito dos estrangeiros 1 65 .</p><p>1 62 Cf. a decisão "numerus-clausus" do BVerfG em E 33, 303 (357)</p><p>sobre "co-participação" dos Estados-membros "na realização coopera</p><p>tiva da proteção dos direitos fundamentais" , e P. Hãberle, DÓV</p><p>1 972, p. 729 (739 seg.) .</p><p>1 63 Korb = cesto em alemão.</p><p>1 64 Sobre isso a controvérsia na Basiléia entre Geck e Grabitz:</p><p>WDStRL 36 ( 1 978) , p . 1 42 seg. , 1 59 seg.</p><p>1 65 Para a efetivação, pelo BVerfG, do art. 9° al . 4 GG para estran-</p><p>66</p><p>M esmo o " comércio humano" (mais ou menos</p><p>oculto) da República Federal da Alemanha com a anti</p><p>ga DDR (livre comércio de presos políticos) fez parte</p><p>da realização cooperativa dos direitos fundamentais, a</p><p>bem dizer, através das fronteiras "mais fechadas" .</p><p>A realização cooperativa dos direitos humanos não</p><p>se limita a uma dogmática dos direitos fundamentais:</p><p>ou seja, a defesa jurídica dos direitos humanos é um</p><p>lado, mas não o "único" da liberdade do direito funda</p><p>mental que o Estado constitucional cooperativo deve</p><p>tomar por base para</p><p>a diretriz de sua atuação. A esta</p><p>acrescem-se outros " lados " do direito fundamentaP66 .</p><p>Atividades dos direitos humanos realizadas estatal</p><p>mente não são formas menos importantes de coopera</p><p>ção efetivas dos direitos fundamentais . In nuce, elas já</p><p>se encontram na interpretação, favorável ao direito do</p><p>estrangeiro, do art. 1 9, al. 4 GG pelo BVerfG; nisso</p><p>pense-se, também, em conseqüências "jurídicas para</p><p>os hiposuficientes"; a " integration by Jurisprudence"</p><p>no âmbito da Comunidade Européia C direitos funda</p><p>mentais como "princípios jurídicos gerais") 1 67 é um ní-</p><p>geiros que não dominam a língua vide minhas referências em: Schrnitt</p><p>Glaeser (ed.) , Verwaltungsverfahren, 1 977, p. 47 (6 1 seg.) .</p><p>1 66 Para a combinação - variável - de outros direitos fundamentais</p><p>vide meu relatório, VVDSrRL 30 ( 1 972) , p. 43 bem como, por exem</p><p>plo, em DOV 1 976, p. 538 (colóquio Krebs) , JZ 1 978, p. 79 (coló</p><p>quio Willke) .</p><p>1 67 Jurisp. do EuGH desde a decisão de 1 2 . 1 1 . 1 969, Rs . 29/69</p><p>(Stauder) , Slg. 1 969, 4 1 9 (425 , Rn. 7) ; vide também decisão de</p><p>1 4 . 5 . 1 974, Rs. 4/73 (Nold) , Slg . 1 974, 491 (507) . Sobre o conceito</p><p>de " lntegration by Jurisprudence" cf. Deringer/Sedemund, NJW</p><p>1 977, p. 1 997 .</p><p>67</p><p>vel seguinte desde que contenha perspectivas jurídicas</p><p>de efetivação1 68 .</p><p>Mas o pacto internacional sobre direitos econômi</p><p>cos, sociais e culturais indica "obrigações de direitos</p><p>fundamentais a serem realizadas estatalmente " 1 69 e</p><p>"política dos direitos fundamentais " . Justamente estes</p><p>conferem uma nova posição à estatalidade hoje . Tam</p><p>bém em outros materiais jurídicos sobre a " internacio</p><p>nalização" dos direitos fundamentais são comprová</p><p>veis momentos de realização estatal . Isso não significa</p><p>uma extensão precipitada de dogmáticas nacionais dos</p><p>direitos fundamentais (aqui, introvertidas na GG) à</p><p>" família internacional dos Estados constitucionais " .</p><p>Certamente há que s e ser cauteloso ao remeter, "para</p><p>fora" , controvérsias teóricas dos direitos fundamentais</p><p>do âmbito interno alemão - por mais que a doutrina</p><p>francesa discuta a problemática dos "direitos funda</p><p>mentais de prestação" 1 70 . Entretanto, podem ser evi</p><p>denciados os contornos de uma concordância dos Esta</p><p>dos constitucionais em relação a um mínimo de "mul</p><p>tifuncionalidade " dos direitos fundamentais para além</p><p>do efeito "clássico" dos direitos fundamentais . Deve</p><p>riam haver, também, âmbitos nos quais a dogmática</p><p>alemã (em verdade, não subdesenvolvida) com relação</p><p>1 68 Sobre isso I . Pernice, JZ 1 977, p. 777 (779 seg.) .</p><p>1 69 · Sobre a terminologia vide meu relatório, WDStRL 30 ( 1 972) ,</p><p>p. 1 03 seg.</p><p>1 70 Compare : Rivero, Les libertés publiques, 1 973 , p. 1 00 seg . :</p><p>"droits à des prestations"; Burdeau, Les libertés publiques, 1 96 1 , p .</p><p>2 1 : "droits-créances"; vide também Stahl, Die Sicherung der Grund</p><p>freiheiten im õffentlichen Recht der 5. franzõsischen Republik, 1 9 70,</p><p>p. 1 7 , 22 seg . , 35 seg.</p><p>68</p><p>aos direitos fundamentais possa aprender com outros</p><p>países .</p><p>" Real ização cooperativa dos direitos humanos "</p><p>compreende a dogmática dos direi tos humanos, mas</p><p>vai além desta . Um exemplo disso é a extensão coope</p><p>rativa dos direitos humanos relativa a direitos civis a</p><p>cidadãos dos Estados (constitucionais) vizinhos; assim,</p><p>certas liberdades da MRK e direitos fundamentais dos</p><p>cidadãos da Comunidade Européia vão além do míni</p><p>mo dos direitos humanos 1 7 1 .</p><p>A "força motriz" do tipo Estado constitucional não</p><p>se mostra tão grande em outro âmbito quanto na reali</p><p>zação cooperativa dos direitos fundamentais . Seus ca</p><p>tálogos dos direitos fundamentais tornam-se exemplo</p><p>no âmbito público mundial de duas maneiras : como</p><p>esperança dos "cidadãos estatais " de terceiros Estados</p><p>por direitos fundamentais para si mesmos 1 72 e como</p><p>esperança por melhoria, em nível de direitos funda</p><p>mentais, das pessoas como "estrangeiros " nesses Esta-</p><p>1 7 1 Cf. as liberdades de mercado configuradas como "base da comu</p><p>nidade " no acordo EWG : livre circulação de mercadorias (art . 9°</p><p>seg.) , liberdade de circulação de pessoas (art. 48 seg.) , liberdade de</p><p>domicílio (art. 52 seg.) , livre prestação de serviços (art. 59 seg.) e</p><p>circulação de capital (art. 67 seg.) . Exemplar é também a configura</p><p>ção do princípio da igualdade salarial para homens e mulheres, anco</p><p>rado no art. 1 1 9 EWGV, como direito fundamental com efeito sobre</p><p>terceiro, decidido pelo EuGH na decisão de 8 .4 . 1 976, Rz. 43/75</p><p>(Défrenne) , Slg . 1 976, 455 (472-476) . Sobre MRK vide também:</p><p>Robertson, Die Menschenrechte in der Praxis des Europarats, 1 972 .</p><p>1 72 O conceito de "cidadão estatal" é questionável sob a perspectiva</p><p>do Estado constitucional, pois os cidadãos não pertencem ao seu Esta</p><p>do, e sim, ao contrário, o Estado democrático lhe pertence.</p><p>69</p><p>dos . O prestígio do Estado constitucional cresce com</p><p>sua força para a realização cooperativa dos direitos</p><p>fundamentais . A estatalidade ganha, aqui, um novo pa</p><p>tamar de legitimação. O "direito comum de coopera</p><p>ção" recebe dos direitos fundamentais os mais fortes</p><p>impulsos, integra-os para "tarefas da comunidade " e</p><p>tem neles um garante confiável .</p><p>4. Conclusão - Resumo - Perspectiva</p><p>O Estado constitucional cooperativo ainda não é</p><p>um objetivo alcançado, ele se encontra " a caminho" .</p><p>Objetivo dessas l inhas é conduzí- lo (e mantê- lo)</p><p>adiante no caminho, torná-lo "possibilidade " para a</p><p>"realidade" .</p><p>O que é "próprio" do "Estado constitucional coo</p><p>perativo"? Aqui um resumo:</p><p>7 0</p><p>- Abertura para relações internacionais com efeito</p><p>de impor medidas eficientes no âmbito interno</p><p>(permeabilidade) , também no acento da abertura</p><p>global dos direitos humanos (não mais cerrados no</p><p>domínio reservado) e de sua realização "coopera</p><p>tiva" .</p><p>- Potencial constitucional ativo, voltado ao objetivo</p><p>(e elementos isolados nivelados) de realização inter</p><p>nacional "conjunta" das tarefas como sendo da co</p><p>munidade dos Estados, de forma processual e ma</p><p>terial .</p><p>- Solidariedade estatal de prestação, disposição de</p><p>cooperação para além das fronteiras : assistência ao</p><p>desenvolvimento, proteção ao meio ambiente,</p><p>combate aos terroristas, fomento à cooperação in</p><p>ternacional também a nível jurídico privado (Cruz</p><p>Vermelha, Anistia Internacional) .</p><p>O Estado constitucional cooperativo se coloca no</p><p>lugar do Estado constitucional nacional. Ele é a respos</p><p>ta jurídico-constitucional à mudança do Direito Inter</p><p>nacional de direito de coexistência para o direito de</p><p>cooperação na comunidade (não mais sociedade) 1 73 de</p><p>Estados, cada vez mais imbricada e constituída, e de</p><p>senvolve com ela e nela o "direito comum de coopera</p><p>ção" . A sociedade aberta dos intérpretes da Constitui</p><p>ção torna-se internacionaH</p><p>No Estado constitucional cooperativo, o elemento</p><p>nacional-estatal é relativizado e a pessoa ("idem civis</p><p>et homo mundi") avança - para além das fronteiras es</p><p>tatais - para o ponto central (comum) da atuação esta</p><p>tal (e inter- ou supra-estatal) , da "realização coopera</p><p>tiva dos direitos fundamentais" (art . 1 ° GG) .</p><p>Hoje acumulam-se, mundialmente, "tarefas de co</p><p>munidade " da humanidade do planeta azul, que vão</p><p>além dos Estados como unidades autônomas . Pode ser</p><p>que muitos Estados, no seu auto-entendimento, em</p><p>sua literatura política e científica (dogmático-jurídica)</p><p>e nos seus "textos constitucionais" , apresentem, em</p><p>parte, somente confissões superficiais de cooperação -</p><p>I 73 C f. Kimminich, Vokerrecht, 1 9 7 5 , p. 83 seg. na sequência à dis</p><p>tinção sociológica em e desde F. Tõnnies.</p><p>7 1</p><p>mas, em geral, reportam-se à "soberania" e "assuntos</p><p>internos ", ao domaine réservé1 74 para desviar da res</p><p>ponsabilidade comum. Isso é - politicamente - seu</p><p>problema. A ciência do Estado constitucional livre e</p><p>democrático tem sua própria tarefa: Ela somente pode</p><p>subsistir se perceber, de forma conceitual-dogmática,</p><p>responsabilidade regional e global para além do Estado</p><p>- esta é</p><p>sua missão ético-constitucional1 A idéia do</p><p>"Estado constitucional cooperativo" e do "direito co</p><p>mum de cooperação" procuram lhe fazer jusl 75 .</p><p>1 74 Sobre isso P. Hãberle, AõR ( 1 967) , p. 2S9 (286 seg.) com outras</p><p>referências; Verdross I Simma, Universelles Volkerrecht, 1 976, p .</p><p>I SS seg. ; Ch. Rousseau, Droit international public, 73 • ed . , 1 973 , p.</p><p>297 com ref. ; Delbez, Les principies généraux du droit international</p><p>public, 33• ed., 1 964, p. 1 80 seg.</p><p>I 75 Uma defesa primorosa da necessidade e limites de cooperação</p><p>g lobal fo i apresentada por Z . Brzezinski no seu discurso de</p><p>2S . I O. l 977 diante da Trilateral Commission (FAZ de 1 7 . 1 1 . 1 977 , p.</p><p>l i seg.) : prioridade fundamental: "ajudar na configuração de .um sis</p><p>tema global cooperativo amplo", vide também: "Uma comunidade se</p><p>gura e cooperativa dos Estados industriais democráticos modernos é a</p><p>fonte necessária da estabilidade para um amplo sistema de coopera</p><p>ção internacional" . . . "um sistema global cooperativo amplo também</p><p>deve considerar aquela parte do mundo dominada por governos co</p><p>munistas . . . e estes Estados devem . . . ser integrados na grande rede de</p><p>cooperação global . O objetivo . . . , considerar as relações leste-oeste em</p><p>um âmbito ampliado da cooperação . . . Das relações leste-oeste fazem</p><p>parte elementos da concorrência bem como, também, de coopera</p><p>ção" . Vide também o conceito da "comunidade global" .</p><p>7 2</p><p>Sobre o autor:</p><p>Peter Hãberle nasceu em 1 934 em Gõppingen,</p><p>Alemanha. Estudou nas Universidades de Tübingen,</p><p>Bonn, Montpellier (França) e Freiburg . Em 1 96 1 obte</p><p>ve o título de Doutor na Universidade de Freiburg,</p><p>com uma tese sobre a garantia do conteúdo essencial</p><p>do art. 1 9, parágrafo segundo, da Lei Fundamental ale</p><p>mã. Em 1 969 foi habilitado como catedrático da Uni</p><p>versidade de Freiburg e designado catedrático de Di</p><p>reito Público da Universidade de Marburg. Ocupou</p><p>posteriormente diversas cátedras em outras universi</p><p>dades e desde 1 98 1 ocupa a de Direito Público na Uni</p><p>versidade de Bayreuth, que compatibiliza com a Uni</p><p>versidade de St. Gallen, na Suíça. Em 1 994 recebeu o</p><p>título de Doutor Honorís Causa da Universidade de</p><p>Tesalónica, na Grécia. Em 1 995 foi publicado na Suíça</p><p>um livro em sua homenagem: Díe multikulturelle und</p><p>multí -ethnísche Gesellschaft, que contou com a cola</p><p>boração de alguns de seus discípulos e amigos, dentre</p><p>eles, do seu antigo Professor e mestre, Konrad Hesse .</p><p>O livro foi o resultado de um colóquio celebrado no</p><p>ano anterior por ocasião dos seus sessenta anos . Em</p><p>1 996 Hãberle foi condecorado pelo Presidente da Re</p><p>pública Italiana . Professor visitante em diversas uni</p><p>versidades e conferencista em diversos países, a sua</p><p>obra tem uma difusão universal . São diversos os idio</p><p>mas em que se encontram as obras de Hãberle, como,</p><p>além de outros, o grego, o polaco, o j aponês e o corea</p><p>no. Atualmente Peter Hãberle dirige o Instituto de Di</p><p>reito Europeu e Cultura Jurídica Européia da Univer</p><p>s idade de Bayreuth, é professor deste centro, assim</p><p>como da Faculdade de D ireito de St. G allen, na Suíça.</p><p>73</p><p>Sobre os tradutores:</p><p>Marcos Augusto Maliska é bacharel em Direito</p><p>pe la U F S C ( 1 9 9 7 ) , Procurador Federa l (desde</p><p>1 998) , Mestre (2000) e Doutor em Direito Consti</p><p>tucional pela UFPR (2003) com estudos de Doutora</p><p>mento na Ludwig Maximilians Universitiit de Muni</p><p>que, Alemanha (200 1 -2003) . Atualmente é Procura</p><p>dor Federal Chefe da Procuradoria Federal na Uni</p><p>versidade Federal do Paraná (PF-UFPR) . Professor</p><p>Pesquisador de Direito Constitucional dos Cursos de</p><p>Graduação e Pós-Graduação em Direito e Relações</p><p>Internacionais da UniBrasil, em Curitiba . Professor</p><p>Visitante de Direito Constitucional da Faculdade de</p><p>Direito de Francisco Beltrão - Cesul e dos Cursos de</p><p>Especialização da Academia Brasileira de Direito</p><p>Constitucional (ABDCONST) . Ex-Bolsista do Deuts</p><p>cher Akademischer Austauschdíenst - D AAD , do</p><p>CNPq e da CAPES . Membro da Associação dos ex</p><p>Bolsistas da Alemanha (AEBA-PR-SC) , da Associa</p><p>ção Brasileira de Constitucionalistas Democratas</p><p>(ABCD) e da Comissão de Defesa da República e da</p><p>Democracia da OAB/PR. É autor dos seguintes livros:</p><p>Estado e Século XXI. A integração supranacional sob</p><p>a ótica do Direito Constitucional (Rio de Janeiro: Re</p><p>novar, 2006) , O Direi to à Educação e a Constituição</p><p>(Porto Alegre : Fabris, 200 1 ) , Pluralismo Jurídico e</p><p>Direito Moderno. Notas para pensar a racionalidade</p><p>jurídica na modernidade (Curitiba: Juruá, 2000} e</p><p>Introdução à Sociologia do Direito de Eugen Ehrlich</p><p>(Curitiba : Juruá, 200 1 ) . Possui diversos artigos publi-</p><p>74</p><p>cados em revistas especializadas . marcosmaliska@ya</p><p>hoo.com.br</p><p>Elisete Antoniuk é bacharel em Direito pela UFPR</p><p>( 1 992) , licenciada especial para ensino de LEM pela</p><p>UFPR e Mestre em Direito Comparado na U niversi</p><p>dade de Bonn, Alemanha, com dissertação sobre o</p><p>tema: "Os motivos do divórcio no Direito Alemão e</p><p>Brasileiro vigentes sob o ponto de vista do D ireito</p><p>Comparado" . Atualmente realiza curso de licenciatura</p><p>plena na UFPR. Estagiou em escritórios de advocacia</p><p>no Brasil, Alemanha e como voluntária, atuou em au</p><p>diências no Tribunal de Bellville, Austin County, Tx,</p><p>USA. Desde 1 998 realizou tradução das s eguintes</p><p>obras jurídicas do alemão para o português : S ENTIDO</p><p>E LIMITES DA COMPENSAÇÃO DE AQÜESTOS,</p><p>Um estudo com base no Direito Alemão e Compara</p><p>do, Robert Battes, Porto Alegre : Ed. Fabris, 2000; FI</p><p>LOSOFIA DO DIREITO E DO ESTADO, Vol . I , Fi</p><p>lósofos da Antigüidade, Klaus Adomeit, Porto Alegre :</p><p>Ed. Fabris, 2000; FILOSOFIA DO DIREITO E DO</p><p>ESTADO, Vol . I I , Filósofos da Modernidade, Klaus</p><p>Adomeit, Porto Alegre : Ed. Fabris, 200 1 ; PRINCÍ</p><p>PIOS FUNDAMENTAIS DA FILOSOFIA DO DI</p><p>REITO, He lmut Coing . Porto Alegre : Ed . F abris ,</p><p>2002; DIREITO DE FAMÍLIA, Wilfried Schlüter, 9a</p><p>edição . Porto Alegre : Ed. Fabris, 2002; INTRODU</p><p>ÇÃO À CIÊNCIA JURÍDICA E FILOSOFIA JURÍ</p><p>DICA, Norbert Horn. Porto Alegre : Ed. Fabris , 2005;</p><p>O DIREITO À VIDA NA MEDICINA, de Heinrich</p><p>Ganthaler. Pela Editora Del Rey, ainda a serem publi</p><p>cados : Carl Schmitt: Teologia Política I e II e Günter</p><p>7 5</p><p>Frankenberg: Autoridade e Integração. Tem as seguin</p><p>tes publicações próprias : CLONAGEM HUMANA,</p><p>Revista do IBDFAM, n° 1 0/200 1 e Revista de Direito</p><p>Constitucional e Internacional, Ed. RT, outubro-de</p><p>zembro 200 1 , n° 3 7; A PROTEÇÃO DO BEM DE</p><p>FAMÍLIA. Porto Alegre : Ed. Fabris, 2003 .</p><p>76</p><p>Impresso em offset nas oficinas da</p><p>FOLHA CARIOCA EDITORA LTDA.</p><p>Rua João Cardoso, 23 - Tel . : 2253-2073</p><p>Fax. : 2233-5306 - Rio de Janeiro - RJ - CEP 20220-060</p><p>HistoryItem_V1</p><p>PageSizes</p><p>Action: Make all pages the same size</p><p>Scale: Scale width and height equally</p><p>Rotate: Clockwise if needed</p><p>Size: 4.843 x 7.638 inches / 123.0 x 194.0 mm</p><p>AllSame</p><p>0</p><p>D:20130417161702</p><p>549.9213</p><p>Blank</p><p>348.6614</p><p>Tall</p><p>1</p><p>0</p><p>0</p><p>440</p><p>535</p><p>qi3alphabase[QI 3.0/QHI 3.0 alpha]</p><p>None</p><p>Uniform</p><p>3</p><p>AllDoc</p><p>454</p><p>CurrentAVDoc</p><p>QITE_QuiteImposingPlus3</p><p>Quite Imposing Plus 3.0c</p><p>Quite Imposing Plus 3</p><p>1</p><p>4</p><p>97</p><p>96</p><p>97</p><p>1</p><p>HistoryList_V1</p><p>qi2base</p><p>como convidado da Asso</p><p>ciação portuguesa de Professores de Direito Público, reali</p><p>zei a Conferência de Abertura em comemoração aos trinta</p><p>anos da Constituição portuguesa de 1976, ocorrida em Lis</p><p>boa em abril de 2006 (ver: EuGRZ 2006 p . .. , no prelo)-</p><p>pode aprender com os paradigmas científicos da "antiga</p><p>Europa" sem perder sua autonomia constitucional e sua</p><p>identidade cultural. Isso pode valer, em especial, para a</p><p>idéia de "Estado Constitucional Cooperativo", pois ela vin</p><p>cula o país, não apenas no sentido de um "Direito Consti</p><p>tucional comum americano" (Gemeinamerikanisches Ver</p><p>fassungsrecht), desenvolvido por mim, (ver: JoR 52</p><p>(2004), p. 581 e seg.) a outras nações do continente, mas</p><p>também a outros Estados Constitucionais do mundo como</p><p>um todo.</p><p>11</p><p>O paradigma do "Estado Constitucional Cooperativo"</p><p>foi desenvolvido primeiramente pelo autor, entre 1977 e</p><p>1978, por ocasião da publicação do ensaio com o mesmo</p><p>nome no Festschrift para Schelsky (1978, p. 141 e seg. ; tam</p><p>bém em Verfassung als offentlicher Prozess, 3a ed., 1998, p.</p><p>407 e seg.) e da contribuição para discussão no Simpósio</p><p>dos Professores alemães de Direito Público, ocorrido na</p><p>Basiléia em 1977 (VVDStRL 36, 1978, p. 129 e seg.). O</p><p>paradigma proposto tem angariado atenção junto à literatu</p><p>ra científica na Alemanha e, também, na Suíça e entremen</p><p>tes, talvez, tenha maturado para uma nova "palavra chave"</p><p>(Schlüsselwort) (ver, mais recentemente, M. Kotzur,</p><p>Grenznachbarschaftliche Zusammenarbeit in Europa,</p><p>2004; L. Michael, Rechtsetzende Gewalt im kooperierenden</p><p>Verfassungsstaat, 2002; H.-R. Horn, Generationen von</p><p>Grundrechten in Kooperativen Verfassungsstaat, foR 51</p><p>(2003), p. 663 e seg.). Novos paradigmas científicos sem</p><p>pre são, na perspectiva da ciência uma "eterna procura pela</p><p>verdade" (ewiger Wahrheitsuche), como propugna W. von</p><p>Hurnboldt, apenas de natureza provisória. Propostas teóri</p><p>cas precisam submeter-se a constantes críticas. Aqui se</p><p>aplica o racionalismo crítico de Sir Popper. Todavia, um</p><p>paradigma científico também pode manter-se válido por</p><p>longo tempo. Um exemplo disso é a conhecida Teoria dos</p><p>Elementos do Estado (Staatselementelehre) de G. Jellinek,</p><p>que hoje precisa se submeter a uma revisão- nota: Cultura</p><p>como "quarto" elemento do Estado, relativização dos con</p><p>ceitos "soberania", "povo" e "território" nos limites da</p><p>União Européia: cidadania européia, Protocolo-Schengen,</p><p>isto é, fim do controle de pessoas nas fronteiras bem como</p><p>o surgimento de uma importante jurisdição constitucional</p><p>européia em Luxemburgo e Strassburgo.</p><p>O conceito "Estado Constitucional Cooperativo" pode</p><p>"sobreviver" também, por muito tempo, no discurso cien</p><p>tífico, pois ele ainda hoje enseja desenvolvimentos que ca</p><p>racterizam mundialmente os Estados Constitucionais do</p><p>nosso tempo. Isto se mostra em novos textos constitucio</p><p>nais correspondentes como, por exemplo, da Suíça e da</p><p>América do Sul. Cite-se a Constituição Federal Suíça de</p><p>1998: "Independência e Paz em solidariedade e abertura</p><p>para o mundo" (preâmbulo), "Convivência pacífica entre</p><p>os povos" (art. 54, parágrafo 2). Na América Latina, pionei</p><p>ro é o art. 151 da Constituição da Guatemala de 1985, que</p><p>dispõe:</p><p>"O Estado da Guatemala mantém relações de amizade,</p><p>solidariedade e cooperação com outros Estados, que de</p><p>senvolvam programas ecológicos, sociais e culturais</p><p>análogos aos da Guatemala, com a finalidade de encon</p><p>trar soluções para problemas comuns e políticas comuns</p><p>para o bem dos Estados".</p><p>Elementos de cooperação encontram-se, também, na</p><p>realidade constitucional e no dia-a-dia da política. Assim</p><p>advertiu o Presidente da Costa Rica Oscar Arias em sua</p><p>visita a Alemanha, em junho de 2006, em face de um isola</p><p>mento da América Latina com as seguintes palavras: "Para</p><p>o resto da América Latina seria um erro seguir o isolamento</p><p>(como a Venezuela), ao invés de se integrar à comunidade</p><p>internacional" (FAZ de 10 de junho de 2006, p. 4).</p><p>Desta forma, a publicação em português deste pequeno</p><p>estudo do ano de 1978 pode trazer novas perspectivas e</p><p>alcançar dois objetivos: talvez estimular a discussão pro</p><p>priamente no Brasil e produzir maior cooperação científica</p><p>entre os Professores de Direito Público brasileiros e ale</p><p>mães. Entrevistas científicas, como a que está sendo plane</p><p>jada pelo colega brasileiro Prof. Dr. I. W. Sarlet com o au</p><p>tor nessas semanas, são especialmente propícias, pois se</p><p>constituem em um fórum aberto (ver: D. Valadés (Org.)</p><p>Conversaciones Acadêmicas com Peter Hãberle, UNAM,</p><p>2006).</p><p>Confirmo e renovo os meus agradecimentos ao Prof.</p><p>Maliska e, igualmente, agradeço à Editora Renovar que ou</p><p>sará na publicação deste estudo.</p><p>Bayreuth/St. Gallen, em Junho de 2006.</p><p>Prof. Dr. Dr. Honoris Causa Peter Hãberle</p><p>Sumário</p><p>Capítulo I</p><p>Problema, conceito, pontos de partida</p><p>1. Possibilidades, realidade e necessidades de estruturas</p><p>cooperativas nas "Teorias do Estado" ...................................... 1</p><p>2. Estado Constitucional e "Estado Constitucional</p><p>Cooperativo" ......................................................... ...... . ......... . 5</p><p>a) Conceituação ............................... . ............................ . . . ..... 5</p><p>b) A mudança do Direito Internacional e do Estado</p><p>Constitucional no quadro da Cooperação .................. . ...... 8</p><p>c) Formas de manifestação e vinculação constitucional ....... 1 3</p><p>3 . Motivos e pressupostos .................... . .................................... 18</p><p>4. Limites e perigos .................... . ..... . . ... . .. . . ............................... 20</p><p>Capítulo 11</p><p>Elementos de uma comprovação</p><p>1. Direito Internacional de coordenação, coexistência e</p><p>cooperação: elementos constitutivos de um Direito</p><p>Internacional comunitário ...... . . . ... . . . .... . ..................... . .......... 2 4</p><p>a) A organização da comunidade de Estados ........................ 24</p><p>b) Formas regionais de cooperação intensiva ....................... 29</p><p>c) Pontos de partida de um Direito Internacional</p><p>"humanitário" e "social" ... . . . . . . . . . . . . . . ......... .................. . .... . 3 5</p><p>d) Cooperação privada além dos Estados: A sociedade</p><p>internacional . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . · . .. . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44</p><p>2. Do Estado Nacional Soberano ao Estado Constitucional</p><p>Cooperativo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4 7</p><p>a) Abertura do Direito Internacional nos textos</p><p>constitucionais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . 4 7</p><p>b) O Direito Internacional Privado como expressão de</p><p>estruturas jurídicas abertas ............................................. 59</p><p>Capítulo 111</p><p>Conseqüências teórico-constitucionais</p><p>1. Redefinição das fontes do Direito e da teoria da</p><p>interpretação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . .. . . . .. . . .. ... . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6 1</p><p>2. Direito comum d e cooperação: Integração entre Direito</p><p>Constitucional e Direito Internacional . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63</p><p>3. Realização cooperativa dos Direitos Fundamentais . . . . . . . . . . . . . . . 65</p><p>4. Conclusão- Resumo- Perspectiva .. .. . . . .. . . . .. . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . 70</p><p>AJI L</p><p>Anm.</p><p>AõR</p><p>BayVBL</p><p>BGBL</p><p>BGHZ</p><p>BVerfG E</p><p>DOR</p><p>DIP</p><p>DOV</p><p>DVB</p><p>EFTA</p><p>EG</p><p>Lista de abreviaturas</p><p>= The American Journal of international Law</p><p>= Anmerkung (observação)</p><p>= Archiv des õffentlichen Rechts (Arquivo de Direito</p><p>Público)</p><p>= Bayerisches Verwaltungsblatt (Periódico bávaro de</p><p>Direito Administrativo)</p><p>= Bundesgesetzblatt (Coletânea oficial de leis federais</p><p>alemãs)</p><p>= Entscheidungen des Bundesgerichtshof in Zivilsachen</p><p>(Decisões</p><p>do Tribunal Federal alemão no âmbito civil)</p><p>= Entscheidungen des Bundesverfassungsgerichts</p><p>(Decisões do Tribunal Constitucional Federal alemão)</p><p>= Deutsche Demokratische Republik (República</p><p>Democrática Alemã - antiga Alemanha Oriental)</p><p>= Direito Internacional Público</p><p>= Die Offentliche Verwaltung Zeitschrift (Periódico da</p><p>administração pública)</p><p>= Deutsches Verwaltungsblatt (Periódico alemão de</p><p>Direito Administrativo)</p><p>= European Free Trade Association</p><p>= Europeische Gemeinschaft (Comunidade Européia)</p><p>EGKS</p><p>EMRK</p><p>EuGH</p><p>EuGRZ</p><p>EWGV</p><p>FAZ</p><p>GATI</p><p>GG</p><p>IGH</p><p>I LO</p><p>JOR NF</p><p>JZ</p><p>KSZE</p><p>M RK</p><p>NJW</p><p>OAS</p><p>OECD</p><p>UNO</p><p>OTAN</p><p>= Europiiische Gemeinschaft fur Kohle und Stahl</p><p>(Comunidade Européia de aço e carvão)</p><p>= Europiiische Menschenrechtskonvention (Convenção</p><p>Européia de Direitos Humanos)</p><p>= Europiiische Gerichtshof (Tribunal Europeu)</p><p>= Europiiische Grundrechte Zeitschrift (Periódico sobre</p><p>Direitos Fundamentais europeus)</p><p>= Europiiischer Wirtschaftsgemeinschaftsvertrag</p><p>(Tratado Europeu da Comunidade Econômica)</p><p>= Frankfurter Allgemeiner Zeitung (Jornal de Frankfurt)</p><p>= Allgemeines Zoll- und Handelsabkommen (Acordo</p><p>sobre comércio e aduana)</p><p>= Grundgesetz (Lei Fundamental alemã)</p><p>= Internationaler Gerichtshof (Corte Internacional)</p><p>= lnternational Labour Organization (Organização</p><p>Internacional do Trabalho- OIT)</p><p>= Jahrbuch des õffentlichen Rechts der Gegenwart.</p><p>Neue Folge . (Anuário de Direito Público da</p><p>Atualidade . Nova Série . )</p><p>= Juristenzeitung (Periódico dos Juristas)</p><p>= Konferenz über S icherheit und Zusammenarbeit in</p><p>Europa (Conferência sobre a segurança e colaboração</p><p>internacional na Europa)</p><p>= Menschenrechtskonvention (Convenção sobre os</p><p>Direitos Humanos)</p><p>= Neue Juristische Wochenschrift (Revista jurídica</p><p>semanal)</p><p>= Organization of American States</p><p>= Organization for Economic co-operation and</p><p>development</p><p>=Organização das Nações Unidas</p><p>= Organização do Tratado do Atlântico Norte</p><p>SZ = Süddeutsche Zeitung (Jornal alemão)</p><p>UNCTAD =Conferência de Desenvolvimento e Comércio</p><p>Internacional das Nações Unidas</p><p>UNDP = United Nations Development Program</p><p>UNIDO = United Nations Industrial Development Organization</p><p>VerwArch = Verwaltungsarchiv (Arquivo de Direito</p><p>Administrativo)</p><p>VVDStRL = Veroffentlichungen der Vereinigung der Deutschen</p><p>Staatsrechtslehrer (Publicações da União dos</p><p>Professores de Direito Publico alemães) .</p><p>WEU</p><p>WIB</p><p>ZaoRV</p><p>= Westerns European Union</p><p>= Woche im Bundestag (A Semana no Parlamento)</p><p>= Zeitschrift für Auslandisches offentliches Recht und</p><p>Volkerrecht (Revista de Direito Público e</p><p>Internacional estrangeiros) .</p><p>Capítulo I</p><p>Problema, conceito,</p><p>pontos de partida</p><p>I. Possibilidades, realidade e necessidades de estrutu</p><p>ras cooperativas nas "Teorias do Estado"</p><p>O tipo do Estado Constitucional ocidental livre e</p><p>democrático 1 não é, como tal, imutável. Séculos fo</p><p>ram necessários para se moldar o " conjunto" dos ele</p><p>mentos estatal e democrático, de direitos fundamen</p><p>tais individuais e , por fim, sociais e culturais, e o fu</p><p>turo continuará a desenvolvê-los . Suas características</p><p>singulares são concebidas pela Teoria Constitucional</p><p>em uma aproximação dos conceitos com a realidade2;</p><p>I Para uma compreensão de suas características estruturais, ver:</p><p>Badura, Evang. Staatslexikon, 2• ed., 1 975 , p . 2708 e seg . ; K. Hesse,</p><p>Grundzüge des Verfassungsrechts der Bundesrepublik Deutschland,</p><p>1 0• ed. , 1 977, p. 5 e seg . , 85 e seg.</p><p>2 Sobre isso ver P. Haberle, AoR 99 ( 1 974) , p. 437 e seg. (em</p><p>especial p . 442 e seg . ) ; 1 00 ( 1 975) , p. 333 (33 7 e seg.) ; 1 02 ( 1 9 7 7) ,</p><p>p. 27 e seg .</p><p>outras ciências têm realizado o trabalho de ligação,</p><p>como a Economia Política e a Teoria Econômica In</p><p>ternacional, e também a Teoria das Relações Interna</p><p>cionais . Há uma percepção de que o Estado Consti</p><p>tucional do Direito Internacional entrou em uma</p><p>nova fase : o entrelaçamento das relações internacio</p><p>nais, objeto do S impósio de Direito Constitucional</p><p>realizado na Basiléia em 1 9 7 73, ganhou intensidade,</p><p>extensão e profundidade, de forma que o Estado</p><p>Constitucional ocidental precisa reagir adequada</p><p>mente. Nesse sentido é proposto o conceito Estado</p><p>Constitucional Cooperativo .</p><p>O Estado Constitucional ocidental é concebido</p><p>como tipo atual, e a sua existência como tal é que</p><p>permite, nesse quadro, modificações em uma exten</p><p>são consideravelmente variável : decisiva é sua estru</p><p>tura constituída, ou seja, juridicamente delimitada, e</p><p>decisiva é sua estrutura aberta - tanto para dentro</p><p>como para fora4 • Ela é garantida pela democracia plu</p><p>ralista, por direitos fundamentais, por elementos da</p><p>divisão dos poderes que devem ser ampliados no âm</p><p>bito da sociedade5 , e por um Poder Judiciário inde</p><p>pendente.</p><p>3 Relatório de Tomuschat e R. Schmidt, WDStRL 36 (1 978) , p.</p><p>7 e seg . ; ver também Bernhardt und Zuleeg, DOV 1 977, p. 457 e</p><p>seg . , 462 e seg . ; Grabitz, DVBl . 1 977, p. 786 e seg .</p><p>4 Princípio constitucional da abertura estatal: Klaus Vogel , Die</p><p>Verfassungsentscheidung des Grundgesetzes für eine internationale</p><p>Zusammenarbeit, 1967, p . 36 e seg; Zuleeg, DOV, 1 977 , p. 462</p><p>(465) . Ver também Isensee, WDStRL 32 ( 1 974) , p. 49 (57 e seg . )</p><p>5 Sobre isso o festejado Schelsky, Systemüberwindung, Demokra-</p><p>2</p><p>O aspecto ideal-moral (expresso por meio de dis</p><p>posições constitucionais como "cooperação interna</p><p>cional " ou "responsabilidade " , "paz no mundo" , "Di</p><p>reitos Fundamentais como fundamento de toda socie</p><p>dade humana" , Art . l 01 § 2° GG, Declaração Univer</p><p>sal Cn dos Direitos Humanos etc . ) , que deve ser com</p><p>preendido juntamente com o aspecto sociológico-eco</p><p>nômico, de forma "teórico-estatal "6, vincula-se a mui</p><p>tos outros aspectos : o fundo dos mares como "bem co</p><p>mum da humanidade " 7, a escassez dos substratos eco</p><p>nômicos (matéria-prima, energia, gêneros alimentí</p><p>cios) , dos recursos e a situação social das pessoas dos</p><p>países em desenvolvimento, obrigam os Estados a uma</p><p>responsabilidade comum. O Estado Constitucional se</p><p>depara com ela, "interna como externamente " , com</p><p>uma crescente cooperação que se amplia e se intensi</p><p>fica .</p><p>Cooperação s erá, para o Estado Constitucional,</p><p>uma parte de sua identidade que ele, no interesse da</p><p>"transparência constitucional " , não apenas deveria</p><p>praticar como, também, documentar em seus textos</p><p>jurídicos, em especial nos documentos constitucio</p><p>nais . Uma comparação entre os Estados Constitucio-</p><p>tisierung und Gewaltenteilung, 1 973 , p. 55 e seg . ; e minha Conferên</p><p>cia em AoR 1 00 ( 1 9 75) , p . 645 (648 e seg.).</p><p>6 Ver abaixo a nota de ropadé n° 42 .</p><p>7 Para uma problematização, comparar Graf Vitzthum, Der</p><p>Rechtsstatus des Meeresbodens, 1 972; J. Westphal , Neues Seerecht</p><p>nicht ohne Schlagseite? em: FAZ, de 3 1 de Outubro de 1 977 , p . 9;</p><p>Dicke, em: Ged. Schrift f. Klein, 1 977, p. 65 e seg.</p><p>3</p><p>nais mostra que, nesse sentido, eles são ainda bem di</p><p>ferentes "no aspecto cooperativo"8.</p><p>" Estado Constitucional Cooperativo" é o Estado</p><p>que justamente encontra a sua identidade também no</p><p>Direito Internacional, no entrelaçamento das rela</p><p>ções internacionais e supranacionais, na percepção da</p><p>cooperação e responsabilidade internacional, assim</p><p>como no campo da solidariedade9. Ele corresponde,</p><p>com isso, à necessidade internacional de políticas de</p><p>paz.</p><p>8 Comparar a enumeração das constituições cooperativamente</p><p>abertas abaixo, na nota de rodapé n° 1 23 e seg .</p><p>9 Sobre isso se encontram princípios sob a perspectiva do Direito</p><p>Internacional na qualificação da Carta de Direitos Econômicos e Obri</p><p>gações dos Estados de 1 974, em que Tomuschat, ZaoRV 36 ( 1 976) ,</p><p>p. 44, constata que a Carta reconhece "um princípio de solidariedade</p><p>internacional, no qual ela confere aos países desenvolvidos uma res</p><p>ponsabilidade geral perante os países em desenvolvimento"; sobre</p><p>isso também Petersmann, ZaoRV 36 (1976) , p. 492 (496) : "O Direi</p><p>to Internacional Econômico</p><p>neoliberal deve ser completado com um</p><p>Direito Comunitário redistributivo e solidário (por exemplo, também</p><p>segurança econômica internacional para assegurar a economia coletiva</p><p>no fornecimento de energia e alimentação) e deve ser introduzido um</p><p>desenvolvimento político do Direito Internacional , que ocorra com</p><p>plementarmente ao desenvolvimento antes iniciado do Estado liberal</p><p>do tipo "guarda noturno" para atingir um Estado de bem estar social ,</p><p>bem como à complementação dos direitos humanos civis e políticos</p><p>através dos direitos humanos econômicos e soci�is e que, em parte, é</p><p>uma dependência necessária do Direito Econômico Internacional do</p><p>Direito Nacional de Condução da Economia" . Scheuner, 50 Jahre</p><p>Volkerrecht, em: Fünfzig Jahre lnstitut für internationales Recht an</p><p>der Universitiit Kiel, 1 965, p. 53 e seg . , mostra que pensamento de</p><p>uma solidariedade internacional não é novo.</p><p>4</p><p>2. Estado Constitucional e Estado Constitucional</p><p>Cooperativo</p><p>O ponto de partida das considerações seguintes é a</p><p>apresentação do Estado Constitucional Cooperativo10</p><p>como uma forma do Estado Constitucional ocidental,</p><p>que integra este como tipo e como ideal relativo no Di</p><p>reito Internacional Comunitário, de maneira que cum</p><p>pra, de forma elástica, suas tarefas atuais e futuras .</p><p>a) Conceituação</p><p>As formações conceituais de uma Teoria Constitu</p><p>cional devem refletir não apenas o real, o j á segura</p><p>mente alcançado. Elas devem estar em condições,</p><p>como pré e pós-forma de desenvolvimentos políticos</p><p>(no sentido da Política científica de reservas) , a aco</p><p>lher e processar possíveis desdobramentos futuros . O</p><p>Estado Constitucional Cooperativo não é apenas uma</p><p>possível forma (futura) de desenvolvimento do tipo</p><p>"Estado Constitucional"; ele já assumiu conformação,</p><p>hoje, claramente, na realidade e é, necessariamente,</p><p>uma forma necessária de estatalidade legítima do ama</p><p>nhã1 1 .</p><p>lO Para este conceito ver a minha contribuição para a discussão em</p><p>VVDStRL 36 ( 1 9 78 ) , p. 1 29 e seg . , 1 63; Concordando, entre outros:</p><p>Kopp, H.-P . S chneider, acima; Tomuschat entende o conceito na dis</p><p>cussão acima como "ponderável" .</p><p>li Para o concurso de pensamentos sobre possibilidade, realidade e</p><p>necessidade ver a minha contribuição: Demokratische Verfassungs</p><p>theorie im Lichte des Moglichkeitsdenkens, AoR 102 ( 1 977 ) , p. 2 7 e</p><p>seg.</p><p>5</p><p>O conceito "Estado Constitucional" somente pode</p><p>ser esboçado aqui como o Estado em que o poder pú</p><p>blico é juridicamente constituído e limitado através de</p><p>princípios constitucionais materiais e formais : Direi</p><p>tos Fundamentais, Estado Social de Direito, Divisão</p><p>de Poderes, independência dos Tribunais, - em que</p><p>ele é controlado de forma pluralista e legitimado de</p><p>mocraticamente . É o Estado no qual o (crescente) po</p><p>der social também é limitado12 através da "política de</p><p>D ireitos Fundamentais " e da separação social (por</p><p>exemplo, "publicista ") de poderes13. O Estado Consti</p><p>tucional é o tipo ideal de Estado da "sociedade aber</p><p>ta" 1 4 . Abertura tem, também, uma crescente dimen</p><p>são internacional ou "supranacional "- dela faz parte a</p><p>responsabilidade .</p><p>O Estado Constitucional cooperativo trata, ativa</p><p>mente, da questão de outros Estados, de instituições</p><p>internacionais e supranacionais e dos cidadãos "estran</p><p>geiros " : sua " abertura ao meio" é uma "abertura ao</p><p>mundo" ( cf. art . 4° da Constituição do Jura) 1 5 . A coo</p><p>peração realiza-se política e juridicamente . Ela é, so</p><p>bretudo, um momento de configuração . O Estado</p><p>Constitu cional Cooperativo " corre s ponde " a de-</p><p>1 2 Ver meu colóquio Loewenstein , JZ 1970, p . 196 e seg . e</p><p>VVDStRL 30 (1972), p . 43 (56).</p><p>1 3 Ver Schelsky (Nota rodapé n° 5), p. 84 e seg . , e minha Conferên</p><p>cia Ao R 100 (1975), P. 645 (648 e seg .) .</p><p>1 4 Além disso, em conexão com Popper, minha contribuição, JZ</p><p>1975, p. 297 e seg . , DOV 1976, p. 73 e seg .</p><p>1 5 Comparar abaixo a nota de n° 136. (Trata-se da Constituição da</p><p>República e do Cantão Jura, pertencente à Confederação Suíça .</p><p>N.T.)</p><p>6</p><p>senvolvimentos de um "Direito Internacional coopera</p><p>tivo" 1 6 .</p><p>O oposto típico ideal (em part e , a inda "típico</p><p>real"n ao Estado Constitucional Cooperativo é - den</p><p>tro do espectro do tipo Estado Constitucional - o Es</p><p>tado Constitucional "egoísta" , individualista e, para</p><p>fora, "agressivo"; externamente a esse espectro, o Es</p><p>tado Totalitário com "sociedade fechada" (ex-União</p><p>Soviética) e/ou o Estado "selvagem" (países em desen</p><p>volvimento como U ganda) .</p><p>Contendo o modelo elementos exemplares (aqui:</p><p>de cooperação) , ele desempenha, através de sua con</p><p>cepção ideal, um efeito (exemplar) positivo direta</p><p>mente na realidade, ainda que esta esteja "por vir" .</p><p>Esse processo "modestamente" otimista1 7 é , também,</p><p>legítimo sob pontos de vista teórico-científicos, con</p><p>tanto que ele se racionalize e não ceda a um "otimismo</p><p>eufórico" - que, geralmente, como se sabe, ameaça em</p><p>se transformar no oposto a "bons " modelos diretrizes e</p><p>institutos .</p><p>1 6 Sobre isso Kimminich, Einführung in das Volkerrecht, 1975, p.</p><p>83 seg.; Verdross/Simma, Universelles Volkerrecht, 1976, p. 59 e</p><p>seg. , 251 e seg.</p><p>1 7 De outra forma, ver Schelsky, citado na nota de rodapé n° 5, p.</p><p>17 e seg. ; também as minhas reservas, AOR 100 (1975), p. 645</p><p>(650); para a problemática também Stolleis, VerwArch 1974, p.1 (15</p><p>com a nota de rodapé n° 69).- Assim como se precisou do "pensa</p><p>mento utópico" para a superação do Estado "selvagem" (wilden) para</p><p>o Estado Constitucional (Th. Morus), a sua tese também o necessita</p><p>para a relativização do Estado Constitucional como Estado Constitu</p><p>cional nacional: ver Grabitz, DVBl, 1977, p. 786 (794).</p><p>7</p><p>Em muitos aspectos, o Estado Constitucional coo</p><p>perativo " ainda" não chegou a uma realidade comple</p><p>ta. Principalmente na estrutura, processos, tarefas e</p><p>competências cooperativas, são reconhecidas apenas</p><p>nuances, formações fragmentárias ou arriscadas e pre</p><p>cárias. Entretanto, essa constatação não se revela em</p><p>obstáculo, e sim, puro estímulo para futuros trabalhos</p><p>no "modelo" de um Estado Constitucional cooperativo</p><p>- um modelo livre que também está exposto a perigos</p><p>por parte dos indomáveis Estados ("selvagens ") , auto</p><p>ritários e antidemocráticos, que revelam uma ambiva</p><p>lência na relação entre Estado Constitucional e rela</p><p>ções internacionais 1 8.</p><p>b) A mudança do Direito Internacional e do Estado</p><p>Constitucional no quadro da Cooperação</p><p>O momento participativo da e na cooperação pos</p><p>sui um lado processual jurídico-formal: o Procedere</p><p>(disposição para uma ação comum, para " ajuste s " ,</p><p>acordos e até para Tratados e Instituições sólidas) , e</p><p>também um lado Qurídico-) material: objetivos solidá</p><p>rios realistas como "Friede in der Welt" (Paz no Mun</p><p>do) , "justiça social" , desenvolvimento de outros paí</p><p>ses, direitos humanos 1 9.</p><p>1 8 S obre o perigo desse "declive" (Gefãlles) apontou Zacher na dis</p><p>cussão na Basiléia: WDStRL 36 (1978), p. 134 e seg .; ver também a</p><p>saída dos Estados Unidos da ILO (FAZ de 01!12/1977).</p><p>1 9 A União S oviética, como cooperante de forma limitada, faz-se</p><p>desacreditar como limitadamente cooperativa ao se excluir de proje</p><p>tos internacionais de desenvolvimento em prol do terceiro mundo.</p><p>8</p><p>Ambos os lados andam juntos. Geralmente o pro</p><p>cesso cooperativo precisa preceder ao outro, pois é o</p><p>único denominador sobre o qual se coopera e é possí</p><p>vel uma unidade: o dissenso sobre objetivos práticos é</p><p>(ainda) muito grande. Em razão disso, valoriza-se o as</p><p>pecto "formal". Cooperação começa por contatos pon</p><p>tuais como, por exemplo, diálogo, passa pela negocia</p><p>ção e termina com "um estar à disposição do outro"</p><p>(em contrato).</p><p>É de se supor o limitado "recurso" ao conceito de</p><p>"Federalismo Cooperativo"20. Em certo sentido, o Es</p><p>tado Constitucional Cooperativo indica pré-formas de</p><p>estruturas federais, processos, competências e tarefas.</p><p>Mas tais analogias devem ser cuidadosamente conside</p><p>radas em face do caráter</p><p>utópico de um "Estado Fede</p><p>ral mundial". O Estado Constitucional cooperativo</p><p>vive da cooperação com outros Estados, comunidades</p><p>de Estados e organizações internacionais. Ele conserva</p><p>e afirma isso a despeito de sua identidade, mesmo</p><p>frente a essas confirmações. Ele toma para si as estru</p><p>turas constitucionais do direito internacional comuni</p><p>tário sem perder ou deixar esvair, completamente,</p><p>seus próprios contornos. Ele dá continuidade à "cons</p><p>tituição" do Direito Internacional Comunitário sem</p><p>supervalorizar as possibilidades deste. Ele assume res-</p><p>20 Para isso talvez Kisker, Kooperation im Bundesstaat, 1971; do</p><p>mesmo, Kooperation zwischen Bund und Liindern in der Bundesre</p><p>publik Deutschland, DOV 1977, p. 689 e seg; K. Hesse (Nota de</p><p>rodapé n° 1 ), p. 90 e seg. (95 e seg.); minha conferência em DVBl.</p><p>1977, p. 869 (870); Esterbauer, Kriterien joderativer und Konfodera</p><p>tiver Systeme, 1976 , p. 41 e seg., 97 e seg.</p><p>9</p><p>ponsabilidades com outros Estados como, por exem</p><p>plo, no "diálogo entre Norte-Sul", para uma ação glo</p><p>bal, sem querer ou deixar ocultar sua responsabilidade</p><p>individual. Ele desenvolve, antes de tudo,- já textual</p><p>mente -processos, competências e estruturas "inter</p><p>nas" e se impõe tarefas que fazem jus à cooperação</p><p>com "forças externas", e ele se abre a elas de tal manei</p><p>ra que se põe em questão a distinção entre "externo" e</p><p>"interno", a ideologia da impermeabilidade e o mono</p><p>pólio das fontes do direito21. Ele trabalha no desenvol</p><p>vimento de um "Direito Internacional cooperativo"22:</p><p>a caminho de um "Direito Comum de Cooperação".</p><p>O Estado Constitucional Cooperativo é a resposta</p><p>interna do Estado Constitucional ocidental livre e de</p><p>mocrático à mudança no Direito Internacional e ao seu</p><p>desafio que levou a formas de cooperação. Ele consti</p><p>tuiria uma mudança constitucional "de fora", se essa</p><p>idéia não fosse duvidosa em razão de seu esquema in</p><p>terno/externo. Estados Constitucionais e Direito In</p><p>ternacional ou relações internacionais influenciam-se</p><p>21 Para uma análise crítica ver P. Hiiberle, Zur gegenwartigen Dis</p><p>kussion um das Problem der Souveranitat, AoR 92 (1967), p. 259 e</p><p>seg. (271, 283).</p><p>22 Kimminich, Einführung in das Volkerrecht, 1975, p. 83 e seg.</p><p>(Funktion und Zielsetzung des gegenwiirtigen Volkerrechts: Frieden</p><p>und Zusammenarbeit), p. 88: "Assim, por fim, deságua o direito de</p><p>coexistência em um direito de cooperação harmônico"- com referên</p><p>cia (p. 86) a W. Friedmann, The Changing Structure of lnternational</p><p>Law, London, 1964, p. 60 e seg. e o conceito desse "Volkerrecht der</p><p>Zusammenarbeit" (Direito Internacional da Cooperação); ver tam</p><p>bém Krieles, Votum für ein "System globaler Kooperation" (Einfüh</p><p>rung in dieStaatslehre, 1 975, p. 1 3).</p><p>!O</p><p>hoje, também, mutuamente, em suas mudanças - a</p><p>doutrina dos "dois mundos" ou dos "dois reinos" tor</p><p>na-se questionáveF3- e ambos são, simultaneamente,</p><p>sujeito e objeto dessa mudança. O Estado Constitucio</p><p>nal aberto somente pode existir, a longo prazo, como</p><p>Estado cooperativo, ou não é um Estado "Constitucio</p><p>nal"� Abertura para fora se chama cooperação. Ao con</p><p>trário, essa combinação leva a que, no melhor dos ca</p><p>sos, os Estados cada vez mais se constituam: pois os</p><p>mesmos colocam-se sob pressão do constituído- e ain</p><p>da constituinte - Direito Internacional comunitário e</p><p>da "engajada" força do Estado ConstitucionaF4, sem</p><p>prejuízo da mencionada - negativa- "situação de de</p><p>clive".</p><p>Nesse ponto, hoje o Estado Constitucional e o Di</p><p>reito Internacional transformam-se em conjunto. O</p><p>Direito Constitucional não começa onde cessa o Direi</p><p>to Internacional. Também é válido o contrário, ou seja,</p><p>23 Ver Scheuner, WDStRL 19 (1961), p. 152 (Discussão): Direito</p><p>Internacional como "direito comum válido entre os Estados" (em</p><p>contrário à teoria dualista, para a qual o Direito Internacional e o Di</p><p>reito Constitucional são "dois mundos separados"); ver também J.H.</p><p>Kaiser, citado acima, p. 151: "terreno jurídico comum", que se esten</p><p>de além das fronteiras do Direito Internacional e do Direito Nacio</p><p>nal".</p><p>24 Para isso R. Schmidt, WDStRL 36 (1 978), p. 67; ver também</p><p>Scheuner (Nota de rodapé n° 9), p. 53: "A ordem jurídica internacio</p><p>nal produz efeitos mais intensos sobre os Estados individuais, até mes</p><p>mo sobre o círculo da ordem jurídica interna. Além disso, porém, dis</p><p>põem também as forças de domínio interno, hoje, em extensa medi</p><p>da, ligadas entre si para além das fronteiras nacionais, de condições</p><p>para influenciar as questões dos direitos internacionais."</p><p>ll</p><p>o Direito Internacional não termina onde começa o</p><p>Direito Constitucional. Os cruzamentos e as ações re</p><p>cíprocas são por demais intensivas para que se dê a esta</p><p>forma externa de complementariedade uma idéia exa</p><p>ta. O resultado é o "Direito comum de cooperação".</p><p>O Estado Constitucional Cooperativo não conhece</p><p>alternativas de uma "primazia" do Direito Constitu</p><p>cional ou do Direito InternacionaF5; ele considera tão</p><p>seriamente o observado efeito recíproco entre as rela</p><p>ções externas ou Direito Internacional, e a ordem</p><p>constitucional interna (nacional)26, que partes do Di</p><p>reito Internacional e do direito constitucional interno</p><p>crescem juntas num todo. Assim, também não é com</p><p>pletamente bem lograda a idéia de caracterizar trata</p><p>dos internacionais de direitos humanos em relação à</p><p>Lei Fundamental como direito internacional para</p><p>constitucional ( volkerrechtliche N ebenverfassung) 27.</p><p>A rigor, essa Constituição paralela (Neben-Verfas</p><p>sung) é parte integrante da Constituição estatal da Lei</p><p>Fundamental e, portanto, não se encontra apenas "ao</p><p>lado" da Constituição.</p><p>Desde o princípio, o Estado Constitucional Coope</p><p>rativo, de características ocidentais, adotou a coopera</p><p>ção no campo das relações internacionais. O art. 24 da</p><p>GG28, como sua expressão adequada, imanente, não</p><p>25 Para isso, minha contribuição à discussão, WDStRL 36 (1978),</p><p>p. 129 e seg.</p><p>26 Para isso Tomuschat, WDStRL 36 (1978), p. 7 e seg., LS, V,</p><p>VI.</p><p>27 Assim, porém, Tomuschat, citado acima, LS 13 a.</p><p>28 Artigo 24 (Organizações supranacionais) (I) A Federação pode</p><p>1 2</p><p>deve ser entendido como exceção, e sim, como re</p><p>gra29_</p><p>c) Formas de manifestação e vinculação constitucional</p><p>As formas de manifestação de cooperação são múl</p><p>tiplas. Elas alcançam desde formas " frouxas " (por</p><p>exemplo " relações coordenadas " ) até formas "mais</p><p>densas ": da concepção e da realização cooperativa de</p><p>"tarefas comunitárias " em processos e instituições co</p><p>muns ou da fundação de composições supranacionais</p><p>etc . Várias formas de cooperação se encontram ainda</p><p>na forma evidentemente imprecisa do "soft law"30 ou</p><p>nas suas pré-formas não vinculantes. A rica progressão</p><p>de possíveis instrumentos de ligação - com diferentes</p><p>transferir direitos de soberania para organizações supranacionais. (la)</p><p>Até onde os Estados Membros sejam competentes para o exercíCio de</p><p>competência estatal e para a realização de tarefas estatais, eles po</p><p>dem, com o consentimento do Governo Federal, transferir direitos de</p><p>soberania para instituições regionais (grenznachbarschaftliche Ein</p><p>richtungen). (2) Com o fim de manter a paz a Federação pode aderir</p><p>a um sistema de segurança coletiva recíproca; aceitará restrições dos</p><p>seus direitos de soberania que promovam e assegurem uma ordem</p><p>pacífica e duradoura na Europa e entre os povos do mundo. (3) Para</p><p>solucionar litígios internacionais, a Federação aderirá a acordos de ar</p><p>bitragem de âmbito geral, amplo, obrigatório, internacional.</p><p>29 Para o significado do art. 24 da Lei Fundamental: Bleckmann,</p><p>Europarecht, 1976, p. 170 e seg. Como guia: K. Vogel, (Nota de roda</p><p>pé 4) ; lpsen, Europiiisches Gemeinschaftsrecht, 1 972, p. 52 e seg: " ...</p><p>fundamental.. . elemento da decisão constitucional fundamental para</p><p>a abertura da estatalidade alemã".</p><p>30 Para isso, os relatórios e discussões da Basiléia: VVDStRL 36</p><p>(1978), p. 7 e seg.; Tomuschat, LS 8; R. Schmidt; críticas por K. Vo</p><p>gel, acima.</p><p>13</p><p>intensidades - que ligam</p><p>o Direito Internacional ao</p><p>Direito interno está relacionada a essa questão.</p><p>Os textos constitucionais somente oferecem pri</p><p>meiros pontos de referência: ainda que eles estejam,</p><p>geralmente, aquém do desenvolvimento, e a práxis</p><p>constitucional ou estatal e a cooperação prática inter</p><p>nacional (não apenas Tratados) estão gera lmente</p><p>"mais adiante" , eles precisam se inserir na diagnose</p><p>como "nível textual " .</p><p>Constitucionalmente, Estado Constitucional coo</p><p>perativo deveria ser trazido para o conceito e a lingua</p><p>gem jurídicos, como a seguir:</p><p>14</p><p>I. através do reconhecimento geral sobre "abertura</p><p>ao mundo" , "solidariedade ", cooperação interna</p><p>cional e co-responsabilidade: ver art . 4° da Consti</p><p>tuição do Jura (I977) , arts . 24 e 26 da GG, assim</p><p>como o "serviço" à paz (Preâmbulo da GG) e o</p><p>entendimento entre os povos (art . 9°, alínea 2 da</p><p>GG);</p><p>2 . através de formas especiais e graduais de coope</p><p>ração, como o art . 24, alíneas I, 2, e 3 da GG;</p><p>3 . através de declarações gerais e universais de di</p><p>reitos fundamentais e direitos humanos: art. I 0, alí</p><p>nea 2 da GG: "Fundamento de toda Cn comunida</p><p>de humana, da paz e da justiça no mundo";</p><p>4 . através de determinações especiais de direitos</p><p>fundamentais e direitos humanos com "efeito ex</p><p>terno" (por exemplo, art. 2°, alínea 1 da GG) ;</p><p>5 . através - da gradual - inclusão do direito inter</p><p>nacional (do "modelo da Holanda"31 até o "modelo</p><p>da Áustria"32) : Teoria da ratificação ou da transfor</p><p>mação com a forma intermediária do art . 2 5 da</p><p>GGi</p><p>6 . em gerat através da tematização de "tarefas co</p><p>munitárias " (de um lado, os Direitos Humanos e,</p><p>de outro, ajuda ao desenvolvimento, proteção do</p><p>meio ambiente, garantia de matéria-prima, comba</p><p>te ao terrorismo33, segurança da paz mundial) .</p><p>Decis iva é a diferenciação : Cooperação deve ser</p><p>entendida e textualmente formulada, conforme a ta</p><p>refa, o âmbito técnico considerado e a "situação" (ex</p><p>terna) do Estado Constitucional .</p><p>A "cooperação" no Estado Constitucional não pode</p><p>ser descrita definitivamente ou até mesmo "cataloga</p><p>da" : isso iria contrariar sua abertura e a espontaneida</p><p>de das formas isoladas de cooperação. Intensidade e</p><p>grau, matérias, processos e instrumentos de coopera</p><p>ção ocupam uma considerável amplitude de variação.</p><p>A rigor, há Estados Constitucionais que também j á se</p><p>encontram, textualmente, adiantados como a Lei Fun-</p><p>3 1 Ver o art. 66, 58 alínea 2, 60 da Lei Fundamental Holandesa.</p><p>32 Art. 50 alínea 3 em conexão com o Art. 44 alínea l Lei do Tribu</p><p>nal Constitucional austríaco: Tratados internacionais com hierarquia</p><p>constitucional .</p><p>33 Ver Bartsch, NJW 1 977 , p. 1 98 5 e seg. (sobre o acordo europeu</p><p>para o combate ao terrorismo) ; ver também: WIB de 2 de Nov. l 977 ,</p><p>p . 3; SZ de 5/6 de Nov. 1 977 : "ONU condena a pirataria aérea" .</p><p>1 5</p><p>damentaP4; mas também há Estados que são concebi</p><p>dos "de forma mais soberana" e voltados para si1 e as</p><p>sim1 entendidos1 praticamente1 como "egocêntricos " 1</p><p>pouco voltados ao Direito Internacional e que agem</p><p>abertamente (como a França) 35 . Em todos os casos1</p><p>depara-se com diferentes níveis e graus de estatalida</p><p>de cooperativa que estão vinculados1 conseqüente-</p><p>·</p><p>mente1 a razões históricas específicas .</p><p>A questão decisiva é que a tendência1 como taC tor</p><p>na-se consciente e a dogmática constitucional está pre</p><p>parada para formas intensivas e diferenciadas de coo</p><p>peração: Ela dispõe de aparatos conceituais - já por ela</p><p>delineados - que podem controlar1 até mesmo acele</p><p>rar1 o longo caminho para a cooperação.</p><p>Uma palavra sobre a questão do "desajuste e ajuste</p><p>de precisão" ("Grob- und Feineinstellung") do Estado</p><p>Constitucional cooperativo nas relações internacio</p><p>nais . Aqui1 institutos e instrumentos devem ser avalia</p><p>dos1 aperfeiçoados e novos desenvolvidos ou conheci</p><p>dos . Conceitos como "soberania"361 impermeabilida</p><p>de1 esquemas internos e externos371 o antigo cânone</p><p>34 Ver a apresentação de princípios "externos" de Constituições na</p><p>cionais nas notas de rodapé n° 1 23 e seg . Sobre a Suíça, ver o relatório</p><p>final da "comissão eleitoral " VI 1 973, p . 63 7 e seg.</p><p>35 Cf. o art. 52 e seg. da Constituição francesa de 1 958, ver, porém,</p><p>o art . 55 ; também o francês IPR: O direito estrangeiro não é aplicado</p><p>como direito, mas como fato (Tatsache) . Para isso Kegel, Internatio</p><p>nales Privatrecht, 4• ed. , 1 977, p. 9 1 e seg . , 228 .</p><p>36 Ver Grabitz, DVBI . 1 977 , p . 786 (790) : Direitos Humanos</p><p>como dispositivos negativos de competência no Estado Constitucio</p><p>nal; abandono da Teoria da "Competência da competência" estatal!</p><p>37 Ver P. Hiiberle, AõR 92 ( 1 967) , p. 259 (268 e seg.) - "Política</p><p>1 6</p><p>das fontes de direito (o entendimento do Direito In</p><p>ternacional) deveriam ser questionados . As relações</p><p>econômicas internacionais do Estado Constitucional</p><p>tornaram-se uma parte de suas relações internas1 Há</p><p>que se refletir sobre como o Estado Constitucion;1l</p><p>(cooperativo) pode se desenvolver para além das for</p><p>mas já conhecidas de interdependência38, através, em</p><p>parte , de novos conteúdos, novos processos (por</p><p>exemplo, opinião pública) e novos órgãos, como no</p><p>campo das questões comerciais39, para compensar a</p><p>perda de competência do parlamento (como por meio</p><p>de obrigações de informação ) 40 • Além disso, seria de</p><p>se examinar como o Estado Constitucional ( cooperati</p><p>vo) irá se adequar, textualmente, nas futuras Consti</p><p>tuições, ao tema das relações internacionais de forma</p><p>aprofundada, ampla, precisa e elástica, também nos</p><p>métodos de interpretação constitucional; aqui há, cer-</p><p>externa" como "política interna global" (Weltinnenpolitik) : Comuni</p><p>dade de Estados no sentido de uma unidade constituída como tarefa</p><p>(integração!) .</p><p>38 Ver, por exemplo, o bem logrado conceito de R. Schmidt de "go-</p><p>. verno parlamentar" (VVDStRL 36 ( 1 978) , LS 23) que, com vista às .</p><p>relações internacionais, salienta o sentimento de solidariedade do par</p><p>lamento e do governo, bem como sublinha a legitimação democrática</p><p>parlamentar do governo.</p><p>39 · Para isso R. Schmidt, WDStRL 36 ( 1 978) , p . 1 00 e seg .</p><p>40 Ver, para isso, o art. 2° da Lei alemã de adesão ao Tratado da</p><p>Comunidade Econômica Européia, segundo a qual o Parlamento Na</p><p>cional alemão precisa ser informado de todo ato legislativo europeu.</p><p>S obre isso lpsen, Europiiísches Gemeínschaftsrecht, 1 972 , p. 2 76,</p><p>com fontes . Em geral, apresenta-se aqui a questão da legitimação nas</p><p>decisões das organizações internacionais, desde que tenham caráter</p><p>vinculante.</p><p>1 7</p><p>tamente, limitações da juridificação. É preciso realizar</p><p>o trabalho político-constitucional nas bases das "pres</p><p>tações antecipadas " (Vorleistungen) teórico-constitu</p><p>cionais . Devem servir de comparação as Constituições</p><p>de tipo ocidental, de Estados abertos com claros "en</p><p>trelaçamentos " (verflochtenen) , como da H olanda ,</p><p>com Estados nacionais aqui ainda mais " fortemente</p><p>voltados para si" (in sich gekehrten) . Talvez as estrutu</p><p>ras e processos europeus possam dar indicações . Hic et</p><p>nunc devem ser, em todo caso, traçadas as conseqüên</p><p>cias isoladas, no sentido de um Estado Constitucional</p><p>cooperativo (responsável) no caminho para " relações</p><p>externas " .</p><p>3 . Motivos e pressupostos</p><p>Os motivos e pressupostos do desenvolvimento do</p><p>Estado Constitucional cooperativo são complexos .</p><p>Nomeadamente dois fatores encontram-se em primei</p><p>ro plano: o sociológico-econômico e o ideal-moral .</p><p>Fator desafiante e motor da tendência para a coo</p><p>peração são as inter-relações econômicas dos Estados</p><p>(Constitucionais ) 4 1 . Falando-se do "Estado europeu"</p><p>no sentido de que ele seria proveniente da economia42,</p><p>isso vale justamente para o Estado Constitucional coo-</p><p>4 1 Sobre isso a análise de R. Schmidt, WDStRL 36 ( 1 978) , p . 68 e</p><p>seg. - ver também Oppermann, WDStRL 27 ( 1 969) , p. 95 e seg .</p><p>(discussão) .</p><p>42 Assim, Dagtoglou, WDStRL 23 ( 1 966) , p. 1 27 (discussão) ; ver</p><p>também R.</p><p>Schmidt, WDStRL 36 ( 1 978) , p. 65 (67) .</p><p>1 8</p><p>perativo . Ele se realiza através das inter-relações eco</p><p>nômicas e as efetiva conjuntamente .</p><p>O conhecimento das formas econômicas de coope</p><p>ração e sua "aplicação" em conceitos, processos e com</p><p>petências jurídicas adequadas exige a interligação a</p><p>métodos e objeto da "Teoria do Estado"43 .</p><p>Os pressupostos ideais-morais do desenvolvimen</p><p>to do Estado Constitucional cooperativo somente po</p><p>dem ser apontados : Eles são, por um lado, resultado de</p><p>sua construção por meio dos direitos fundamentais e</p><p>dos direitos humanos . A " sociedade aberta " adquire</p><p>esse predicado somente quando também for uma so</p><p>ciedade aberta internacionalmente . Direitos Funda</p><p>mentais e Humanos remetem o Estado e "seus " cida</p><p>dãos ao "outro" , ao chamado "estrangeiro" , ou sej a, a</p><p>outros Estados com suas sociedades ou cidadãos "es</p><p>trangeiros"44 . O Estado Constitucional Cooperativo</p><p>vive de necessidades de cooperação no plano econômi</p><p>co, social e humanitário, assim como - falando antro</p><p>pologicamente - da consciência de cooperação (inter</p><p>nacionalização da sociedade, da rede de dados, opinião</p><p>pública mundial, das demonstrações com temas de po</p><p>lítica externa, legitimação externa) .</p><p>43 Sobre isso Friauf, WDStRL 27 ( 1 969) , p. 1 1 1 ; H. Wagner, cita</p><p>do acima, p. 9 1 e seg . ; lpsen, AõR 97 ( 1 972) , p. 375 (409) ; P. Hãber</p><p>le, WDStRL 36 ( 1 978) , p. 1 29 e seg . (discussão) . - Ver também</p><p>ainda Scheuner, WDStRL 3 1 ( 1 97 1 ) , p . 7 ( 1 0 e seg.) : Oppermann,</p><p>JZ 1 967, p. 725 e seg.</p><p>44 Sobre a problemática: Doehring/Isensee, WDStRL 32 ( 1 974) ,</p><p>p. 1 e seg. e a discussão, citada acima, p. 1 07 e seg.</p><p>1 9</p><p>4. Limites e perigos</p><p>O Estado Constitucional ocidental é, quantitativa</p><p>mente, somente um tipo relativamente raro de Esta</p><p>do . De um lado, ele concorre com os chamados Esta</p><p>dos "socialistas " e, de outro, com Estados autori tários</p><p>ou totali tários na Europa, África, América Latina e</p><p>Ásia. Seria de pouca visão, até mesmo perigoso, se a</p><p>dogmática constitucional não visse esse conjunto dos</p><p>fatos, se ela construísse - entusiasmada pelo seu pró</p><p>prio "modelo" - formas européias de cooperação que</p><p>abrissem os Estados de tal forma que estes ficassem</p><p>expostos a perigos pelos Estados "selvagens" (que são,</p><p>por sua vez, sujeitos de Direito Internacional) . Certa</p><p>mente, a "força engajada" (e a valiosa experiência em</p><p>pírica) do Estado Constitucional ocidental45 é grande e</p><p>ela deveria aumentar na opinião pública mundial de tal</p><p>maneira, como se faz ainda mais seriamente com a</p><p>cooperação. Mas há que se atentar para o fato de que</p><p>as conquistas constitucional-estatais, assim como ele</p><p>mentos formais jurídico-estatais ou o conceito jurídi</p><p>co46 estão ameaçados, e a outra estrutura, parcialmen</p><p>te bem diferente, de valor (e identidade) de terceiros</p><p>45 Para isso R. Schmidt, WDStRL 36 ( 1 978) , LS 32 .</p><p>46 Aqui se encontra a problemática do "soft law"; sobre isso Tomus</p><p>chat e R. Schmidt, citados acima; deve-se "compreender" com cuida</p><p>do (da discussão K. Vogel, citado acima) , é um tipo de criação de</p><p>direito costumeiro "pré-formador" e "pré-formulado", um determi</p><p>nado estilo de argumentação e processo, próximo ao aspecto fático,</p><p>que, por meio de sua falta de delineamento e imprevisibilidade, põe</p><p>em perigo os elementos jurídico-estatais do Estado Constitucional</p><p>(sobre os perigos R. Schmidt, citado acima LS 24) .</p><p>20</p><p>Estados não pode nem quer adaptar-se ao modelo</p><p>constitucional-estatal . Mas, também com eles deve ser</p><p>possível cooperação (limitada) .</p><p>Portanto, há uma ambivalência no tema "Estado</p><p>Constitucional e relações internacionais " . De um lado,</p><p>a possibilidade de cooperação apresenta grandes chan</p><p>ces e desafios : os elementos constitutivos do Estado</p><p>Constitucional (como processos democráticos de Es</p><p>tado de Direito, Jurisdição, Direitos humanos) podem</p><p>ser "exportados" para constituir a comunidade de Es</p><p>tados . Por outro lado, os perigos dessa " importação"</p><p>são evidentes . Podem haver efeitos regressos e coações</p><p>pragmáticas : o Estado Constitucional como tipo,</p><p>ameaça, em seus elementos dogmáticos e de Estado de</p><p>Direito, como em questões monetárias, cair em uma</p><p>zona de perigo para sua identidade - naturalmente</p><p>aberta a mudanças : o entrelaçamento com Estados não</p><p>constitucionais, como com alguns países em desenvol</p><p>vimento, e também com organizações multinacionais e</p><p>privadas, não governamentais, pode levar a uma nega</p><p>tiva aspiração. Podem ocorrer atritos entre o Estado</p><p>Constitucional e o conceito de Estado47 do Direito In</p><p>ternacional, entre diferentes modelos econômicos</p><p>constitucionais, com efeitos regressos nas Constitui</p><p>ções nacionais de economia. Podem ocorrer erosões do</p><p>Estado Constitucional, para o que a dogmática e a po</p><p>lítica do Estado Constitucional devem apresentar al</p><p>guma solução . Mas, também, ainda é possível um "ba-</p><p>4 7 Sobre o conceito ver Kriele, Einführung in die Staatslehre, 1975,</p><p>p. 81 e seg. Sobre esse dilema, ver minha conferência em Ao R 102</p><p>(1977), p. 284 (288, 296, nota de rodapé 54).</p><p>2 1</p><p>lanço positivo" : no sentido de uma concorrência entre</p><p>Estados em relação aos elementos transmissíveis e</p><p>condicionalmente substituíveis de sua estatalidade</p><p>constitucional a caminho de um "modelo" apropriado</p><p>de estatalidade constitucional cooperativa.</p><p>22</p><p>Capítulo 1 1</p><p>Elementos de uma comprovação</p><p>Com o desenvolvimento e o aperfeiçoamento dos</p><p>veículos e meios de comunicação ao redor do globo ou</p><p>a " aproximação" de Estados (e pessoas) entre si, tor</p><p>nam-se cada vez mais visíveis, especialmente, as desi</p><p>gualdades econômicas entre eles . À distância, de fato</p><p>cada vez mais crescente, entre países ricos e pobres</p><p>( "widening gap") 48 se opõe a exigência, sempre repre</p><p>sentada incondicionalmente por parte dos países em</p><p>desenvolvimento, de uma igualdade econômica inter</p><p>nacional em uma nova economia mundial . Intensiva</p><p>cooperação entre os Estados, no sentido descrito, é a</p><p>única alternativa para se evitar uma inevitável confron</p><p>tação face a esse conflito. Tendências que justificam</p><p>essa necessidade são comprováveis tanto no desenvol</p><p>vimento do Direito Internacional como, também, no</p><p>desenvolvimento do Direito Constitucional em vários</p><p>48 Cf. sobre isso Petersmann, Zur Inkongruenz zwischen volkerrech</p><p>tlicher und tatsiichlicher Weltwirtschaftsordnung, Die Friedenswarte</p><p>59 ( 1 976) , p. 5 seg.</p><p>23</p><p>Estados . O reconhecimento da responsabilidade social</p><p>dos Estados, interna e externamente, se encontra no</p><p>ponto central de um dos princípios de mudança funda</p><p>mental já realizado nas relações Qurídicas) entre os Es</p><p>tados .</p><p>1 . Direito Internacional de coordenação, coexistência</p><p>e cooperação: elementos constitutivos de um Direito</p><p>Internacional comunitário</p><p>a) A organização da comunidade de Estados</p><p>N o Estatuto da Liga das Nações ( 1 9 1 9) 49, d a</p><p>"Constituição" da primeira organização política ampla</p><p>da comunidade de Estados50, já se fala do "fomento à</p><p>cooperação entre as nações " . Ao lado da "garantia da</p><p>paz internacional e da segurança internacional " , ele se</p><p>apresenta corno objetivo da Liga das Nações·. Mas os</p><p>meios para realização desse objetivo de paz, indicados</p><p>no preâmbulo desse Estatuto bem corno nos seus 26</p><p>artigos, são a s típicas obrigações de urna ordem do Di-</p><p>49 I mpresso em: Berber, Volkerrecht, Dokummentensammlung</p><p>vol . I, Friedensrecht, 1 967, p. 1 seg.</p><p>50 Cf. Verdross / Simma, Universelles Volkerrecht, 1 976, p . 77 seg . ;</p><p>vide também Verdross, Die Verfassung der Volkerrechtsgemeinschaft,</p><p>1 926, e do mesmo, Die Quellen des universellen Volkerrechts, 1 973 ,</p><p>p . Z 1 : "Um documento constitucional de Direito Internacional for</p><p>ma, primeiramente, o estatuto da Liga das Nações que foi substituída,</p><p>após a Segunda Guerra Mundial, pelo Estatuto das Nações Unidas . "</p><p>Sobre o tema "Elementos constitucionais d a comunidade d o Direito</p><p>Internacional" vide também Mosler, ZaõRV 36 ( 1 976) , p. 3 1 seg.</p><p>24</p><p>reito Internacional entendida como direito de coorde</p><p>nação (desarmamento, proteção de bens, proibição de</p><p>guerra e resolução pacífica dos conflitos ) 5 1 . Assim</p><p>como a fundação da Liga das Nações, também a das</p><p>Nações Unidas ( 1 945) foi uma reação às comoções e</p><p>sofrimentos da última guerra. Ao contrário do Estatu</p><p>to da Liga das Nações, a cooperação entre povos, pre</p><p>vista na Carta das Nações Unidas, não é colocada</p><p>como objetivo e sim como meio "para resolver proble</p><p>mas internacionais de natureza social, cultural e huma</p><p>nitária, e para fomentar e sedimentar o respeito aos</p><p>direitos humanos e liberdades fundamentais para to</p><p>dos, sem distinção de raça, sexo, língua ou religião "</p><p>(art . 1 ° al. 3 Carta da ONU) 52 . De forma que o preâm</p><p>bulo da Carta também reforça a determinação dos Es</p><p>tados fundadores das Nações Unidas em "recorrer a</p><p>organizações internacionais para fomentar o desenvol</p><p>vimento econômico e social de todos os povos " . No</p><p>art. 1 3 a Assembléia Geral, com a realização de inves</p><p>tigações e a distribuição de recomendações, coloca-se ,</p><p>expressamente, as incumbências :</p><p>S I Kimminich, Einführung in das Volkerrecht , 1 975 , p. 68 seg . j á</p><p>fala aqui de uma mudança épica: "Com isso, rompeu-se com o marco</p><p>inicial do Direito Internacional clássico, ou seja, a soberania e o direi</p><p>to, que dela flui, dos Estados soberanos à guerra. " A transição da proi</p><p>bição bélica parcial para a total ocorreu através do "pacto Briand-Kel</p><p>logg" de 27 de agosto de 1 928, Anm. 48, vol . 2, p. 1 674 seg . .</p><p>52 Impresso em Berber (Anm. 48) , p . 1 3 seg . Sobre a importância</p><p>da proteção dos direitos humanos e da cooperação como meio para</p><p>assegurar a paz cf. Verdross I Simma, Universelles Volkerrecht, 1 976,</p><p>p. 83 S .</p><p>2 5</p><p>" a) de fomentar a cooperação internacional no âm</p><p>bito político e de favorecer o desenvolvimento pro</p><p>gressivo do Direito Internacional bem como sua</p><p>codificação;</p><p>b) de fomentar a cooperação internacional nos âm</p><p>bitos da economia, do setor social, da cultura, da</p><p>educação e da saúde e contribuir para a efetivação</p><p>dos direitos humanos e liberdades fundamentais</p><p>para todos sem distinção de raça, de sexo, de língua</p><p>e de religião" .</p><p>Pode-se deduzir, sobretudo, do art. 5 5 , que a carta</p><p>das Nações Unidas , diferentemente do Estatuto da</p><p>Liga das Nações, vê a cooperação no âmbito econômi</p><p>co e social entre os Estados como um elemento princi</p><p>pal da garantia de paz53 :</p><p>"Para manter toda situação de estabilidade e bem</p><p>estar necessária para que entre as nações liderem</p><p>as relações pacíficas e amigáveis ancoradas no res</p><p>peito ao princípio da igualdade e autodeterminação</p><p>dos povos, as Nações Unidas fomentam:</p><p>a) a melhoria do nível de vida, a ocupação plena e</p><p>os pressupostos para o desenvolvimento e ascensão</p><p>econômicos e soczats;</p><p>53 Sobre a mudança do conceito de paz nas Nações Unidas compa</p><p>rativamente à Ligas das Nações cf. também Petersmann, Die Frie</p><p>denswarte 59 ( 1 976) , p. 30 seg.</p><p>26</p><p>b) a solução de problemas internacionais de natu</p><p>reza econômica, social, de saúde e similares, bem</p><p>como a cooperação internacional nos âmbitos da</p><p>cultura e da educação;</p><p>c) o respeito geral e realização dos direi tos humanos</p><p>e liberdades fundamentais para todos, sem distin</p><p>ção de raça, sexo, língua ou religião. "</p><p>O fomento da cooperação econômica e social entre</p><p>os Estados vem ganhando crescente interesse no traba</p><p>lho das Nações U nidas54 •</p><p>Analisando o Estatuto da Liga das Nações, assim</p><p>como a Carta das Nações U nidas , s eguindo Ver</p><p>dross5 5, como documentos constitucionais de Direito</p><p>Internacional, o deslocamento de importância é des</p><p>crito corretamente por Mosler, no sentido de que à</p><p>"obrigação geral pela paz" , como elemento constitu</p><p>cional material da ordem jurídica internacional, deve</p><p>ria ser acrescida a "obrigação de cooperação" 56 . A am</p><p>pla atividade legislativa das Nações Unidas por meio</p><p>54 Cf. Scheuner, Tarefas e mudanças de estrutura nas Nações Uni</p><p>das, em: Kewenig (ed.) , Die Vereinten Nationen im Wandel, 1 975 ,</p><p>p. 209 .</p><p>55 Verdross, Die Quellen des universellen Volkerrechts, 1 973 , p. 2 1 .</p><p>56 Mosler, Volkerrecht als Rechtsordnung, ZaõRV 36 ( 1 9 76) , p. 33 ;</p><p>de forma semelhante Kimminich, Einführung in das Volkerrecht,</p><p>1 975 , p. 1 96 : "Ao lado da proibição da violência, hã a obrigação dos</p><p>Estados de cooperação internacional, que caracteriza o 'novo Direito</p><p>Internacional ' e se destaca do Direito Internacional clássico. " Por fim:</p><p>Mosler, Festrede, em: Heidelberger Akad. d. Wiss . 1 976 ( 1 9 77) , p .</p><p>77 seg.</p><p>27</p><p>de codificações5 7, declarações e resoluções58 para cria</p><p>ção de pressupostos formais (Convenção de Viena so</p><p>bre os Tratados em 1 969, e a Convenção diplomática</p><p>de Viena em 1 96 1 ) 59 bem como para determinação de</p><p>obrigações de atitude e disposições dos objetivos ma</p><p>teriais da cooperação internacional60 mostram que elas</p><p>consideram seriamente suas obrigações definidas na</p><p>Carta . A determinação dos Estados, proclamada no</p><p>preâmbulo da Carta das Nações Unidas, de que as</p><p>"nossas crenças nos direitos fundamentais da pessoa,</p><p>57 Cf. especialmente sobre o processo de codificação: Geck, Vol</p><p>kerrechtliche Vertriige und Kodifikation, ZaõRV 36 (1976) , p. 96</p><p>(108 seg.) com referências.</p><p>58 Cf. os exemplos em Verdross I Simma, Universelles Volkerrecht,</p><p>1976, p. 329 seg. (com referências) sob o questionamento de sua qua</p><p>lidade de fonte jurídica no Direito Internacional; vide também Fro</p><p>wein, Der Beitrag der internationalen Organisationen zur Entwick</p><p>lung des Võlkerrechts, ZaõRV 36 (1976) , p. 147 (149 seg.) .</p><p>59 Convenção de Viena sobre o direito dos acordos de 23 de maio</p><p>de 1969, sobre isso : Verdross I Simma (nota-de-rodapé 5 7) , p. 345</p><p>seg. - O acordo de Viena sobre relações internacionais de 18 de abril</p><p>de 1961 (BGBI. 1964 11 958 , impresso em: Berber, Võlkerrecht, Do</p><p>kumentsammlung, vol . I, p. 865 seg.) entrou em vigor em 24 de abril</p><p>de 1964 .</p><p>60 Cf. a Declaração dos princípios fundamentais do Direito Inter</p><p>nacional sobre as relações amigas e a cooperação entre os Estados</p><p>( "Declaration on principies of internacional law concerning friendly</p><p>relations and cooperation among States in accordance with the Char</p><p>ter of the United States") de 24 .10.1970, sobre isso: Frowein, p. 70</p><p>seg.; Graf zu Dohna, Die Grundprinzipien des Võlkerrechts über die</p><p>freundschaftlichen Beziehungen und die Zusammenarbeit zwischen</p><p>den Staaten, 1973 . Vide também a Carta dos direitos e obrigações</p><p>econômicos dos Estados de 12.12 .1974, novamente citada em: Die</p><p>Friedenswarte 59 (1976), p. 71 seg. , sobre isso: Tomuschat, ZaõRV</p><p>36 (1976) , p. 444 seg.</p><p>28</p><p>na dign idade e valor da personalidade humana, na</p><p>igualdade de tratamento entre homem e mulher, as</p><p>sim como entre todas as nações, ainda que grande ou</p><p>pequena, devem ser novamente fortalecidas " , adquire</p><p>claros contornos com as declarações e pactos para a se</p><p>gurança coletiva dos direitos humanos61 , assim como</p><p>com os esforços pela solidariedade econômica e social</p><p>internacional 52 . A questão dos direitos humanos torna</p><p>se assunto internacional.</p><p>b) Formas regionais de cooperação intensiva</p><p>Além do plano universal do direito internacionat a</p><p>constitucionalização do direito comunitário interna</p><p>cional avançou no plano regional . Exceto as organiza</p><p>ções regionais e o sistema coletivo de segurança, se</p><p>gundo o capítulo VII I da Carta das Nações Unidas,</p><p>como a OAS , o WEU, a OTAN ou o Pacto de Varsó-</p><p>6 1 Declaração Universal dos· Direitos Humanos de 1 0 . 1 2 . 1 948</p><p>(em: Berber (nota-de-rodapé 58) , p. 9 1 7 seg.) ; Pacto internacional</p><p>sobre os direitos civis e políticos, vigente desde 23 .3 . 1 976, inclusive</p><p>do Protocolo Facultativo, BGBI . 1 973 l i , p. 1 534; cf. sobre isso :</p><p>Meiâner, Die Menschenrechtsbeschwerde vor den Vereinten Nationen,</p><p>1976; Tomuschat, Vereinte Nationen 1 976, p. 1 66 seg . ; Bartsch, Die</p><p>Entwicklung des inÚrnationalen Menschenrechtsschutzes, NJW 1 977,</p><p>p . 474 seg. ; H . Lauterpacht, International Law and Human Rights,</p><p>1973 . Ceticamente Geck, em: FAZ de 2 1 . 1 1 . 1 977 , p. 9 seg.</p><p>62 Cf. a Declaração sobre a instituição de uma nova ordem econô</p><p>mica de valor de 1.5 .1974, Doc. Da ONU GA Res . 3201 (S-VI) de</p><p>9.5 .1974; cf. sobre isso K. lpsen, Entwicklung zur "Collective econo</p><p>mic security " im Rahmen der Vereinten Nationen? Em: Kewenig</p><p>(ed. ) : Die Vereinten Nationen im Wandel, 1 975 , p . I 1 seg . , bem</p><p>como adiante nota-de-rodapé 87 seg.</p><p>29</p><p>via63, isso vale especialmente para a Comunidade Eu</p><p>ropéia, cuja "Constituição"64 são os Tratados de Paris</p><p>e Roma65 . Uma abdicação parcial de soberania66 a fa</p><p>vor do "poder comunitário" da Comunidade Européia,</p><p>em conexão com a obrigação fundamental de solida</p><p>riedade dos Estados membros ancorada no art . 5° do</p><p>Trat a d o da C omunidade E c onôm i c a E u r o p é i a</p><p>(EWGV) , foi e é pressuposto para a realização dos ob</p><p>jetivos do Tratado, em especial da integração econô</p><p>mica, da política social e regional67 por meio de órgãos</p><p>legislativos e jurisprudenciais independentes . A cons</p><p>trução da legitimação direta dos órgãos da comunida</p><p>de, por meio de um parlamento68 europeu eleito dire-</p><p>63 Cf. R. Pernice, Die Sicherung des Weltfriedens durch Regionale</p><p>Organisationen und die Vereinten Nationen, 1 972, especialmente p.</p><p>42 seg .</p><p>64 H . P . lpsen, Europiiisches Gemeinschaftsrecht, 1 972, p. 64 seg . ;</p><p>cf. BVerfGE 22 . 296: "O acordo da Comunidade Européia repre</p><p>senta, de certa forma, a Constituição dessa comunidade. "</p><p>65 Tratado EGKS de 1 8 .4 . 1 95 1 , em: Berber (nota-de-rodapé 48),</p><p>p. 39 1 seg . ; Tratado da Comunidade Européia de 2 5 .3 . 1 957 , op. cit . ,</p><p>p . 44 1 ; Tratado da Comunidade Européia sobre questões atômicas de</p><p>25 .3 . 1 9 5 7 .</p><p>66 S obre a s determinações constitucionais dos Estados membros</p><p>vide abaixo na nota-de-rodapé 1 2 5 seg . ; vide também Wildhaber,</p><p>Treaty-Making-Power and Constitution, 1 97 1 , p. 284 seg.</p><p>67 Cf. sobre isso o relatório anual do Fond Europeu para desenvol</p><p>vimento regional (1 975), Buli. EG Beil. 7/76.</p><p>68 Sobre isso vide: Bangemann I Bieber, Die Direktwahl - Sackgas</p><p>se oder Chance für Europa? Analysen und Dokumente, 1 9 76; Müller</p><p>Graff, Die Direktwahl des Europiiischen Parlaments (Recht und</p><p>Staat, H . 468/469), 1 977; Oppermann, Juristische Fortschritte durch</p><p>die europiiische lntegration, em: Tradition und Fortschritt, Fes-</p><p>30</p><p>tamente1 deveria abrir mão do dogma da soberania na</p><p>cional em prol de uma fundamentada divisão de com</p><p>petências entre Estado e organizações supranacionais .</p><p>A adoção de uma nova identidade "européia"69 aplana</p><p>o caminho para o exercício da " responsabilidade so</p><p>cial " das regiões ricas em face das pobres e do aumento</p><p>geral do nível de vida70 . Integração como forma de in</p><p>cremento da cooperação pode1 com isso1 ser vista tam</p><p>bém como perspectiva de esforços internacionais de</p><p>cooperação7 1 .</p><p>tschrift zum 500-jiihrigen Bestehen der Tübinger Juristenfakultiit,</p><p>1 977, p. 426 seg .</p><p>69 Cf. a declaração da presidência ao final da Conferência da Co</p><p>munidade Européia de Copenhagen (dez. de 1 973) , Buli . EG Beil .</p><p>1 2/ 1 973 , p . 9 seg . : "Os nove países reforçam sua vontade conjunta de</p><p>preocupar-se com que a Europa fale com uma voz nas importantes</p><p>questões mundiais. Eles aprovaram a declaração sobre a identidade</p><p>européia que determina, em perspectiva dinâmica, mais precisamen</p><p>te, os princípios para sua atuação . " Vide também Grabitz, DVBI.</p><p>1 977, p . 786 (79 1 ) : "A eleição direta do parlamento europeu irá pro</p><p>mover as condições essenciais de constituição para o que ainda não</p><p>existe nas comunidades européias - uma Nação européia . " Relatório</p><p>de Leo Tindemans para a União Européia, Buli. EG Beil. 1 /76, p. 1 1</p><p>seg.</p><p>70 Cf. art. 2° do Tratado da Comunidade Européia bem como alí</p><p>nea 5 do preâmbulo: "No esforço de fomentar suas economias para</p><p>um desenvolvimento único e harmônico, à medida que diminue a dis</p><p>tância entre as regiões isoladas e o atraso de regiões menos favorecidas</p><p>"</p><p>7 1 Cf. sobre isso também a citação em Oppermann (nota-de-roda</p><p>pé 67) , p. 4 1 7 : "Sobre as Nações Unidas da Europa a caminho do</p><p>futuro Estado mundial das Nações Unidas ", e sua referência a uma</p><p>possível transferência do princípio do Tribunal Europeu sobre a pro</p><p>teção européia dos direitos fundamentais, a uma proteção internado-</p><p>3 1</p><p>A integração européia iniciou-se ainda com a fun</p><p>dação do Conselho Europeu ( I 949) . Seu Estatuto72 in</p><p>corporou a convicção de que a "garantia da paz sobre</p><p>os fundamentos da justiça e da cooperação internacio</p><p>nal é de interesse vital para a conservação da sociedade</p><p>humana e da civilização" . Ao lado da realização dos va</p><p>lores da liberdade pessoal e política da democracia, en</p><p>contra-se em primeiro plano, no preâmbulo assim</p><p>como no art . I 0 do Estatuto do Conselho Europeu, o</p><p>fomento do desenvolvimento econômico e social . Se</p><p>gundo o art. I o B, o Conselho preenche suas funções</p><p>"por meio de aconselhamento sobre questões de inte</p><p>resse geral, através da assinatura de convênios e atra</p><p>vés de procedimentos comunitários nos campos eco</p><p>nômico, social, cultural e científico, e nos âmbitos do</p><p>direito e da administração, assim como através da pro</p><p>teção e do desenvolvimento continuado dos direitos</p><p>humanos e das liberdades fundamentais73 . C o m a</p><p>Convenção para a proteção dos Direi tos Humanos e</p><p>das liberdades fundamentais, de I 95074, e com a insti-</p><p>nal dos direitos humanos através do art. 38 c do Estatuto do Tribunal</p><p>Internacional (p . 43 1 ) .</p><p>72 Citado novamente em: Berber (nota-de-rodapé 48) , p. 3 5 7 seg.</p><p>73 Sobre os inúmeros acordos e convenções, surgidos da atividade</p><p>do Conselho Europeu, vide Council of Europe: Conventions and</p><p>agreements concluded within the Council of Europe and which con</p><p>cern the European Committee on Legal cooperation, 1 97 4; vide tam</p><p>bém Lenz, Die unmittelbare innerstaatliche Anwendbarkeit der Euro</p><p>paratskonventionen unter besonderer Berücksichtigung des deutschen</p><p>Rechts, 1 971.</p><p>74 Citado em: Berber (nota-de-rodapé 48) , p. 955 . Sobre a situação</p><p>da ratificação e sobre o sistema de proteção jurídica em geral, vide</p><p>3 2</p><p>tuição da Comissão Européia 75 e do Tribunal Europeu</p><p>dos Direitos Humanos76 é conferido aos membros dos</p><p>Estados signatários proteção direta dos direitos funda</p><p>mentais através de uma instância supranacionaF7 . Para</p><p>a codificação de direitos sociais, a Carta Social Euro</p><p>péia é orientadora com seu especial processo coopera</p><p>tivo de controle78 •</p><p>O Tratado sobre a organização para cooperação</p><p>econômica e desenvolvimento (OECD) , de 1 960, de</p><p>dica-se especialmente à cooperação econômica entre</p><p>os Estados europeus incluindo, também, alguns Esta</p><p>dos fora da Europa . Essa organização foi fundada, se</p><p>gundo o preâmbulo, "na convicção de que uma ampla</p><p>cooperação será decisiva para o fomento de relações</p><p>pacíficas e harmônicas entre os povos do mundo" e</p><p>Bartsch, NJW 1977, p. 477 seg . ; vide em geral : Partsch, Die Rechte</p><p>und Freiheiten der europiiischen Menschenrechtskonvention, em: Bet</p><p>termann I Neumann I Nipperdey (ed.) , Die Grundrechte, vol . I, 1</p><p>(1966), p. 235 seg.</p><p>75 Ordenamento sobre procedimento da Comissão Européia para</p><p>os direitos humanos de 1°15 .8 .1960, em: Berber (nota-de-rodapé) , p.</p><p>975 seg.</p><p>76 Ordenamento procedimental do Tribunal Europeu dos Direitos</p><p>Humanos de 1°151811960, em: Berber (nota-de-rodapé 48), p. 993</p><p>seg.</p><p>77 Vide Rogge, Der Rechtsschutz der Europãischen Menschen</p><p>rechtskonvention, EuGRZ 1975, p. 117 seg . e o panorama de Robert</p><p>son, Die Menschenrechte in der Praxis des Europarats, 1972 .</p><p>78 Carta Social Européia de 18 .10.1961, em: Berber (nota-de-roda</p><p>pé 48), p. 1270 seg . ; vide também a contribuição à d iscussão de Za</p><p>cher, WDStRL 30 (1972), p. 151 (153) bem como da Constituição</p><p>citada, p. 187.</p><p>3 3</p><p>"que as nações mais desenvolvidas economicamente</p><p>precisam</p>