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<p>DIREITO</p><p>CONSTITUCIONAL</p><p>Processo Constitucional</p><p>Prof. Caroline Müller Bitencourt</p><p>Prof. Janriê Reck</p><p>Prof. Mateus Silveira</p><p>2</p><p>Caros estudantes,</p><p>A preparação para a OAB pode ser uma jornada desafiadora,</p><p>mas também é uma oportunidade emocionante para aprender,</p><p>crescer e se preparar para a carreira jurídica. É importante lembrar</p><p>que cada um de vocês tem o potencial de se tornar um grande</p><p>advogado, e a chave para isso é o estudo constante com muito foco.</p><p>Estudar para a OAB não é apenas memorizar leis e teorias, é</p><p>também entender a prática jurídica e desenvolver habilidades</p><p>importantes, como a argumentação e a resolução de problemas. É</p><p>por isso que é tão importante se dedicar a essa preparação e</p><p>aproveitar ao máximo as oportunidades que ela oferece.</p><p>O Time CEISC está aqui para ajudá-los nessa jornada,</p><p>fornecendo materiais de estudo de qualidade, dicas valiosas e</p><p>orientação especializada. Acreditamos em vocês e estamos muito</p><p>gratos por confiarem em nós para essa preparação. Sabemos que</p><p>juntos podemos alcançar grandes objetivos e transformar nossos</p><p>sonhos em realidade.</p><p>Então, lembrem-se de manter o foco, a determinação e a</p><p>disciplina durante todo o processo de estudo. Não desistam e não</p><p>se intimidem diante dos desafios, pois eles são oportunidades para</p><p>SUPERAÇÃO e fortalecimento. O sucesso na OAB é possível, e</p><p>estamos aqui para ajudá-los a alcançá-lo.</p><p>Profª. Caroline Bitencout | @carolinemullerbitencourt</p><p>Profª. Nathalie Kuczura | @nathaliekuczura</p><p>Prof. Janriê Reck | @janrie_reck</p><p>Prof. Mateus Silveira | @professormateussilveira</p><p>3</p><p>2ª FASE OAB | CONSTITUCIONAL | 39º EXAME</p><p>SUMÁRIO</p><p>NOÇÕES GERAIS DE PROCESSO E DA ESTRUTURA DE PEÇAS DA OAB ...................... 5</p><p>REMÉDIOS CONSTITUCIONAIS .......................................................................................... 37</p><p>1. HABEAS DATA ........................................................................................................... 37</p><p>2. HABEAS CORPUS ..................................................................................................... 50</p><p>3. MANDADO DE SEGURANÇA.................................................................................... 62</p><p>4. MANDADO DE INJUNÇÃO ........................................................................................ 80</p><p>5. AÇÃO POPULAR ....................................................................................................... 91</p><p>6. AÇÃO CIVIL PÚBLICA .............................................................................................. 105</p><p>AÇÕES DO CONTROLE CONCENTRADO DE CONSTITUCIONALIDADE ....................... 118</p><p>1. CONCEITOS IMPORTANTES À MATÉRIA DO CONTROLE DE</p><p>CONSTITUCIONALIDADE ............................................................................................ 118</p><p>2. NOÇÕES GERAIS DA DISTINÇÃO ENTRE CONTROLE DIFUSO E CONTROLE</p><p>CONCENTRADO DE CONSTITUCIONALIDADE ......................................................... 131</p><p>3. CARACTERIZAÇÕES COMUNS E PARTICULARIDADES DAS AÇÕES DO</p><p>CONTROLE CONCENTRADO DE CONSTITUCIONALIDADE .................................... 138</p><p>4. AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE POR AÇÃO E POR OMISSÃO ... 146</p><p>5. AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE POR OMISSÃO .......................... 157</p><p>6. AÇÃO DECLARATÓRIA DE CONSTITUCIONALIDADE ......................................... 166</p><p>7. ARGUIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL – ADPF ... 175</p><p>RECURSOS PARA A PROVA DE CONSTITUCIONAL ...................................................... 190</p><p>1. RECURSO EXTRAORDINÁRIO .............................................................................. 190</p><p>4</p><p>2. RECURSO ORDINÁRIO CONSTITUCIONAL PARA O STF E RECURSO ORDINÁRIO</p><p>CONSTITUCIONAL PARA O STJ ....................................................................................... 205</p><p>RECURSO ESPECIAL ........................................................................................................ 215</p><p>RECLAMAÇÃO .................................................................................................................... 222</p><p>PEÇAS INUSITADAS OAB .................................................................................................. 230</p><p>1. APELAÇÃO ............................................................................................................... 230</p><p>2. AÇÃO DE IMPUGNAÇÃO DE MANDATO ............................................................... 234</p><p>3. PETIÇÃO INICIAL .................................................................................................... 237</p><p>4. CONTESTAÇÃO ...................................................................................................... 238</p><p>5. PARECER JURÍDICO .............................................................................................. 240</p><p>SÚMULAS VINCULANTES DO STF ................................................................................... 243</p><p>Olá, Ceisquer!</p><p>Este material de apoio foi organizado com base nas aulas do curso para a 2ª Fase do 39º</p><p>Exame da OAB e deve ser utilizado como um roteiro para as respectivas aulas. Além disso,</p><p>recomenda-se que o aluno assista as aulas acompanhado da legislação pertinente.</p><p>Bons estudos, Equipe Ceisc.</p><p>Atualizado em novembro de 2023.</p><p>2ª Fase Constitucional l 39º Exame de Ordem</p><p>E-book de Processo Constitucional</p><p>5</p><p>NOÇÕES GERAIS DE PROCESSO</p><p>E DA ESTRUTURA DE PEÇAS DA OAB</p><p>1. DOCUMENTOS JURÍDICOS</p><p>Exige-se do candidato à aprovação no certame da OAB conhecimento sobre a Ciência</p><p>jurídica, suas técnicas, categorias e principalmente corpo de normas do ordenamento. Todo o</p><p>conhecimento do candidato vai estar plasmado em um documento jurídico, e esta será a</p><p>exigência na elaboração da prova prático-processual, ao lado das questões de Direito</p><p>Constitucional. Este documento jurídico pode ser um parecer ou uma petição. O primeiro</p><p>documento (parecer) serve para que o advogado esclareça situações jurídicas a um interessado.</p><p>Ele estará em forma de consulta, sendo que o advogado em nada pedirá ao juiz ou decidirá,</p><p>resumindo-se a responder, de forma fundamentada, o que lhe fora perguntado. Para além dos</p><p>pareceres, o advogado elaborará também petições, sendo estas a sua atividade principal.</p><p>• Há dois tipos de petições:</p><p>a) As petições não judiciais, direcionadas à Administração Pública em geral, ao</p><p>Poder Legislativo e até mesmo ao próprio Poder Judiciário, porém fora de um contexto de</p><p>uma demanda judicial (SILVA, 2020). Trata-se, aqui, de exercício do direito fundamental</p><p>de petição previsto no art. 5º, XXXIV – “são a todos assegurados, independentemente do</p><p>pagamento de taxas: a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de direitos</p><p>ou contra ilegalidade ou abuso de poder”. Estas petições serão elaboradas nos termos da</p><p>lei geral do processo administrativo, Lei 9.784:</p><p>Art. 6º O requerimento inicial do interessado, salvo casos em que for admitida solicitação</p><p>oral, deve ser formulado por escrito e conter os seguintes dados:</p><p>I – órgão ou autoridade administrativa a que se dirige;</p><p>II – identificação do interessado ou de quem o represente;</p><p>III – domicílio do requerente ou local para recebimento de comunicações;</p><p>IV – formulação do pedido, com exposição dos fatos e de seus fundamentos;</p><p>V – data e assinatura do requerente ou de seu representante.</p><p>Parágrafo único. É vedada à Administração a recusa imotivada de recebimento de</p><p>documentos, devendo o servidor orientar o interessado quanto ao suprimento de eventuais</p><p>falhas.</p><p>2ª Fase Constitucional l 39º Exame de Ordem</p><p>E-book de Processo Constitucional</p><p>6</p><p>Note-se, assim, que o direito de petição serve para qualquer situação que não seja um</p><p>processo judicial, como por exemplo requerimento para que determinada autoridade lhe ouça</p><p>presencialmente, ou que</p><p>da causa só vai em petições iniciais, e não</p><p>em petições de recurso.</p><p>É muito comum os advogados terminarem a peça com alguma frase do tipo: “Termos em</p><p>que pede deferimento”, “O que seja feita a justiça”. Estas frases são estéticas e não fazem parte</p><p>nem da técnica processual e tampouco pontuam.</p><p>Por outro lado, a data, local e assinatura pontuam.</p><p>Com base na observação de gabaritos passados, formou-se um padrão de fechamento</p><p>das peças. Este padrão é muito simples e pode ser facilmente memorizado.</p><p>Preferiu-se padronizar a partir do uso dos …. Assim, sempre utilize esta fórmula para</p><p>fechar a peça.</p><p>Valor da causa R$ ..., para efeitos procedimentais, nos termos dos artigos 291 e 319, inciso V,</p><p>do Código de Processo Civil.</p><p>Local… Data…</p><p>Advogado… OAB ….</p><p>2ª Fase Constitucional l 39º Exame de Ordem</p><p>E-book de Processo Constitucional</p><p>37</p><p>REMÉDIOS CONSTITUCIONAIS</p><p>Os remédios constitucionais estão dispostos no art. 5º da Constituição Federal (CF) como</p><p>forma de proteção e tutela dos direitos fundamentais (exceto a ação civil pública, mas esta</p><p>também é interpretada nesse sentido).</p><p>1. HABEAS DATA</p><p>1.1. Fundamento legal</p><p>Previsão no art. 5º, LXXII, da Constituição Federal, com a seguinte redação:</p><p>Art. 5º, LXXII: conceder-se-á habeas data:</p><p>a) para assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante,</p><p>constantes de registros ou bancos de dados de entidades governamentais ou de caráter</p><p>público;</p><p>b) para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial</p><p>ou administrativo.</p><p>A Lei n. 9.507/97 regula o writ e disciplina seu rito processual:</p><p>Art. 7° da Lei 9507/97: Conceder-se-á habeas data:</p><p>I – para assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante,</p><p>constantes de registro ou banco de dados de entidades governamentais ou de caráter</p><p>público;</p><p>2ª Fase Constitucional l 39º Exame de Ordem</p><p>E-book de Processo Constitucional</p><p>38</p><p>II – para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial</p><p>ou administrativo;</p><p>III – para a anotação nos assentamentos do interessado, de contestação ou explicação</p><p>sobre dado verdadeiro mas justificável e que esteja sob pendência judicial ou amigável.</p><p>1.2. Conceito</p><p>O habeas data é uma novidade entre os writs e é uma tutela específica dos direitos e</p><p>garantias fundamentais que visa a assegurar ao cidadão interessado a exibição de informações</p><p>constantes nos registros públicos ou privados, nos quais estejam incluídos seus dados pessoais,</p><p>para que tome conhecimento e, se for o caso, retifique ou complemente eventuais erros.</p><p>É remédio constitucional, de natureza civil, submetido a rito sumário, que se destina a</p><p>garantir, em favor da pessoa interessada, o exercício de pretensão jurídica discernível em seu</p><p>tríplice aspecto: banco de dados de caráter público, recusa ou transcurso de prazo sem prestar</p><p>à informação após requerido na via administrativa e caráter personalíssimo da informação!</p><p>Ainda, o instrumento deve ser lido à luz dos demais princípios constitucionais, como art.</p><p>5º, X, XII, XXXIII, XXXIV da CF:</p><p>Destaque ao acesso à informação:</p><p>Art. 5º (...)</p><p>XIV – é assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o sigilo da fonte, quando</p><p>necessário ao exercício profissional;</p><p>XXXIII – todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse</p><p>particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena</p><p>de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da</p><p>sociedade e do Estado;</p><p>Art. 1º da Lei 9.507/97 (VETADO)</p><p>Parágrafo único. Considera-se de caráter público todo registro ou banco de dados</p><p>contendo informações que sejam ou que possam ser transmitidas a terceiros ou que não</p><p>sejam de uso privativo do órgão ou entidade produtora ou depositária das informações.</p><p>1.3. Cabimento</p><p>Na linha de especialização dos instrumentos de defesa de direitos individuais, a</p><p>Constituição de 1988 tratou o habeas data como instituto destinado a assegurar o conhecimento</p><p>de informações relativas à pessoa do impetrante constantes de registros ou bancos de dados de</p><p>Destaque:</p><p>Se for órgão ou instituição privada que detenha banco de DADOS DE CARÁTER PÚBLICO,</p><p>estará sujeito a impetração de habeas data.</p><p>2ª Fase Constitucional l 39º Exame de Ordem</p><p>E-book de Processo Constitucional</p><p>39</p><p>entidades governamentais ou de caráter público e para permitir a retificação de dados, quando</p><p>não se prefira fazê-lo de modo sigiloso.</p><p>Art. 1º (VETADO) da Lei 9.507</p><p>Parágrafo único. Considera-se de caráter público todo registro ou banco de dados</p><p>contendo informações que sejam ou que possam ser transmitidas a terceiros ou que não</p><p>sejam de uso privativo do órgão ou entidade produtora ou depositária das informações.</p><p>Em busca de mais transparência nos três poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário), os</p><p>brasileiros passaram a ter acesso a informações públicas de qualquer órgão público. A Lei de</p><p>Acesso a Informações Públicas – LAI (Lei nº 12.527/2011), aprovada em novembro de 2011, foi</p><p>sancionada pela presidente Dilma Rousseff no dia 16 de maio de 2012, e passou a valer para</p><p>todo o país. Contudo, nem todas as solicitações de informações são liberadas dentro do prazo.</p><p>Para o fim de impetrar habeas data, é imprescindível que tenha havido o</p><p>requerimento administrativo e a negativa pela autoridade administrativa de</p><p>atendê-lo, devendo tal negativa ou omissão da autoridade administrativa vir</p><p>comprovada na petição inicial (art. 8º, parágrafo único, da Lei nº 9.507/97).</p><p>O silêncio da autoridade no prazo de 10 dias é suficiente!</p><p>Aspecto importante do cabimento do Habeas Data diz respeito à exigência</p><p>legal de que a ação somente poderá ser impetrada em Juízo diante da</p><p>prévia negativa da autoridade administrativa de fornecimento (ou de</p><p>retificação ou de anotação da contestação ou explicação) das informações</p><p>solicitadas. Trata-se de uma das exceções constitucionais ao princípio do</p><p>controle jurisdicional imediato (art. 5º, XXXV), configurando hipótese de</p><p>instância administrativa de curso forçado (a outra hipótese de curso forçado</p><p>está prevista pelo art. 217, par. 1º da CF).</p><p>1.4. Espécies. Habeas data e acesso à informação. Habeas data e direito de petição</p><p>Em busca de mais transparência nos três poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário), os</p><p>brasileiros passaram a ter acesso a informações públicas de qualquer órgão público. A Lei de</p><p>Muito Importante!</p><p>2ª Fase Constitucional l 39º Exame de Ordem</p><p>E-book de Processo Constitucional</p><p>40</p><p>Acesso a Informações Públicas – LAI (Lei nº 12.527/2011), aprovada em novembro de 2011, foi</p><p>sancionada pela presidente Dilma Rousseff no dia 16 de maio de 2012, e passou a valer para</p><p>todo o país. Contudo, nem todas as solicitações de informações são liberadas dentro do prazo.</p><p>Essa garantia do Habeas Data não se confunde com o direito de obter certidões (art. 5º,</p><p>XXXIV, b, CF) ou informações de interesse particular, coletivo ou geral (art. 5º, XXXIII). Havendo</p><p>recusa no fornecimento de certidões (para a defesa de direitos ou esclarecimento de situações</p><p>de interesse pessoal, próprio ou de terceiros), ou informações de terceiros, o remédio apropriado</p><p>é o mandado de segurança, e não o habeas data. Se o pedido for para conhecimento de</p><p>informações relativas à pessoa do impetrante, como visto, o remédio será o habeas data.</p><p>É importante que se lembre que o habeas data como remédio constitucional destinado a</p><p>assegurar o acesso à informação deve também ser lido à luz da Lei de Acesso à Informação e</p><p>suas possibilidades de restrições. Daí toda a atenção quando se falar em sigilo imprescindível</p><p>à segurança do estado. Contudo, é oportuno</p><p>lembrar que o sigilo é exceção, logo, se a</p><p>informação da pessoa por si só não tem como representar risco à segurança, não há justificativa</p><p>para não conceder o acesso.</p><p>Vide os artigos mais importantes da Lei de Acesso à Informação – LAI nesse sentido:</p><p>Art. 21 da Lei 12.527/11: Não poderá ser negado acesso à informação necessária à tutela</p><p>judicial ou administrativa de direitos fundamentais.</p><p>Parágrafo único. As informações ou documentos que versem sobre condutas que</p><p>impliquem violação dos direitos humanos praticada por agentes públicos ou a mando de</p><p>autoridades públicas não poderão ser objeto de restrição de acesso.</p><p>Art. 22 da Lei 12.527/11: O disposto nesta Lei não exclui as demais hipóteses legais de</p><p>sigilo e de segredo de justiça nem as hipóteses de segredo industrial decorrentes da</p><p>exploração direta de atividade econômica pelo Estado ou por pessoa física ou entidade</p><p>privada que tenha qualquer vínculo com o poder público.</p><p>Classificação da Informação quanto ao Grau e Prazos de Sigilo:</p><p>Art. 23 da Lei 12.527/11: São consideradas imprescindíveis à segurança da sociedade ou</p><p>do Estado e, portanto, passíveis de classificação as informações cuja divulgação ou</p><p>acesso irrestrito possam:</p><p>I – pôr em risco a defesa e a soberania nacionais ou a integridade do território nacional;</p><p>II – prejudicar ou pôr em risco a condução de negociações ou as relações internacionais</p><p>do País, ou as que tenham sido fornecidas em caráter sigiloso por outros Estados e</p><p>organismos internacionais;</p><p>III – pôr em risco a vida, a segurança ou a saúde da população;</p><p>IV – oferecer elevado risco à estabilidade financeira, econômica ou monetária do País;</p><p>V – prejudicar ou causar risco a planos ou operações estratégicos das Forças Armadas;</p><p>VI – prejudicar ou causar risco a projetos de pesquisa e desenvolvimento científico ou</p><p>tecnológico, assim como a sistemas, bens, instalações ou áreas de interesse estratégico</p><p>nacional;</p><p>2ª Fase Constitucional l 39º Exame de Ordem</p><p>E-book de Processo Constitucional</p><p>41</p><p>VII – pôr em risco a segurança de instituições ou de altas autoridades nacionais ou</p><p>estrangeiras e seus familiares; ou</p><p>VIII – comprometer atividades de inteligência, bem como de investigação ou fiscalização</p><p>em andamento, relacionadas com a prevenção ou repressão de infrações.</p><p>Art. 24 da Lei 12.527/11: A informação em poder dos órgãos e entidades públicas,</p><p>observado o seu teor e em razão de sua imprescindibilidade à segurança da sociedade ou</p><p>do Estado, poderá ser classificada como ultrassecreta, secreta ou reservada.</p><p>§ 1º Os prazos máximos de restrição de acesso à informação, conforme a classificação</p><p>prevista no caput, vigoram a partir da data de sua produção e são os seguintes:</p><p>I – ultrassecreta: 25 (vinte e cinco) anos;</p><p>II – secreta: 15 (quinze) anos; e</p><p>III – reservada: 5 (cinco) anos.</p><p>1.5. Titularidade: legitimidade ativa e passiva</p><p>O habeas data só é cabível se a informação for da pessoa do impetrante.</p><p>→ Legitimado ativo: impetrante. Brasileiro ou estrangeiro, residente ou não</p><p>residente, pessoa física ou jurídica.</p><p>→ Legitimado passivo: impetrado ou autoridade coatora. Pessoa jurídica ou</p><p>física, pública ou privada, detentora do banco de dados de acesso público.</p><p>Legitimidade Ativa Legitimidade Passiva</p><p>O HD poderá ser ajuizado por qualquer pessoa</p><p>física, brasileira ou estrangeira, bem como por</p><p>pessoa jurídica, entes despersonalizados</p><p>(massa falida, herança jacente, espólio,</p><p>sociedade de fato, condomínio).</p><p>Saliente-se, porém, que a ação é</p><p>personalíssima, vale dizer, somente poderá ser</p><p>impetrada pelo titular das informações.</p><p>O STF já se manifestou que estrangeiro não</p><p>residente também poderá adentrar com habeas</p><p>data.</p><p>No polo passivo, podem figurar entidades</p><p>governamentais, da Administração Pública Direta</p><p>(União, Estados, DF e Municípios) e Indireta (as</p><p>autarquias, as Fundações instituídas e mantidas</p><p>pelo Poder Público, as Empresas Públicas e as</p><p>Sociedades de Economia Mista), bem como as</p><p>instituições, entidades e pessoas jurídicas privadas</p><p>detentoras de banco de dados contendo</p><p>informações que sejam ou possam ser transmitidas</p><p>a terceiros ou que não sejam de uso privativo do</p><p>órgão ou entidade produtora ou depositária das</p><p>informações (ex: as entidades de proteção ao</p><p>crédito, como o SPC, o SERASA, entre outras).</p><p>Privada. O aspecto que determinará o cabimento da</p><p>ação será o fato de o banco de dados ser de</p><p>caráter público, a exemplo do SPC.</p><p>1.6. Competência</p><p>Previsão de algumas autoridades pela CF/88:</p><p>→ STF – Art. 102, I, d, da CF</p><p>2ª Fase Constitucional l 39º Exame de Ordem</p><p>E-book de Processo Constitucional</p><p>42</p><p>d) o habeas corpus, sendo paciente qualquer das pessoas referidas nas alíneas anteriores; o mandado de</p><p>segurança e o habeas data contra atos do Presidente da República, das Mesas da Câmara dos Deputados e do</p><p>Senado Federal, do Tribunal de Contas da União, do Procurador-Geral da República e do próprio Supremo Tribunal</p><p>Federal;</p><p>→ STJ – Art. 105, I, b, da CF</p><p>b) os mandados de segurança e os habeas data contra ato de Ministro de Estado, dos</p><p>Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica ou do próprio Tribunal;</p><p>→ TRF Art. 108, I, c, da CF</p><p>c) os mandados de segurança e os habeas data contra ato do próprio Tribunal ou de juiz</p><p>federal;</p><p>→ Justiça Federal – Art. 109, VIII, da CF;</p><p>VIII – os mandados de segurança e os habeas data contra ato de autoridade federal,</p><p>excetuados os casos de competência dos tribunais federais;</p><p>→ Justiça Estadual – 25 e 125 da CF;</p><p>§ 1º A competência dos tribunais será definida na Constituição do Estado, sendo a lei de</p><p>organização judiciária de iniciativa do Tribunal de Justiça.</p><p>Ou seja, autoridades municipais e estaduais estão submetidas à competência da justiça</p><p>estadual, a depender da autoridade em questão que negou o pedido de acesso à informação</p><p>→ Art. 20 da Lei nº 9.507/97: O julgamento do habeas data compete:</p><p>Originariamente Em Grau de Recurso</p><p>a) ao Supremo Tribunal Federal, contra</p><p>atos do Presidente da República, das</p><p>Mesas da Câmara dos Deputados e do</p><p>Senado Federal, do Tribunal de Contas da</p><p>União, do Procurador-Geral da República e</p><p>do próprio Supremo Tribunal Federal;</p><p>b) ao Superior Tribunal de Justiça, contra</p><p>atos de Ministro de Estado ou do próprio</p><p>Tribunal;</p><p>a) ao Supremo Tribunal Federal, quando a</p><p>decisão denegatória for proferida em única</p><p>instância pelos Tribunais Superiores;</p><p>b) ao Superior Tribunal de Justiça, quando</p><p>a decisão for proferida em única instância</p><p>pelos Tribunais Regionais Federais;</p><p>c) aos Tribunais Regionais Federais,</p><p>quando a decisão for proferida por juiz</p><p>federal;</p><p>2ª Fase Constitucional l 39º Exame de Ordem</p><p>E-book de Processo Constitucional</p><p>43</p><p>c) aos Tribunais Regionais Federais contra</p><p>atos do próprio Tribunal ou de juiz federal;</p><p>d) a juiz federal, contra ato de autoridade</p><p>federal, excetuados os casos de</p><p>competência dos tribunais federais;</p><p>e) a tribunais estaduais, segundo o</p><p>disposto na Constituição do Estado;</p><p>f) a juiz estadual, nos demais casos.</p><p>d) aos Tribunais Estaduais e ao do Distrito</p><p>Federal e Territórios, conforme dispuserem</p><p>a respectiva Constituição e a lei que</p><p>organizar a Justiça do Distrito Federal;</p><p>III – mediante recurso extraordinário ao</p><p>Supremo Tribunal Federal, nos casos</p><p>previstos na Constituição.</p><p>1.7. Tutela de urgência</p><p>A lei silencia quanto à possibilidade ou não da concessão de liminar, mas a doutrina</p><p>entende que excepcionalmente essa medida poderá ser possível ante a demora do processo por</p><p>não ser considerada uma ação de caráter sumaríssimo. Praticamente não há decisões</p><p>jurisprudenciais, contudo, o que impede uma posição segura sobre o tema.</p><p>1.8. Particularidades importantes da peça e do processo</p><p>→ Os processos de habeas data terão prioridade sobre todos os atos judiciais,</p><p>exceto habeas corpus e mandado de segurança. Na instância superior, deverão ser</p><p>levados a julgamento na</p><p>primeira sessão que se seguir à data em que, feita a distribuição,</p><p>forem conclusos ao relator. Para o ajuizamento da ação, porém, exige-se advogado.</p><p>→ A impetração do Habeas Data não está sujeita a prazo prescricional ou</p><p>decadencial, podendo a ação ser proposta a qualquer tempo.</p><p>→ Caso tenha havido recusa, esta deve acompanhar a inicial</p><p>→ Art. 8º da Lei 9.507/97: A petição inicial deverá ser instruída com prova: I – da</p><p>recusa ao acesso às informações ou do decurso de mais de dez dias sem decisão; II – da</p><p>recusa em fazer-se a retificação ou do decurso de mais de quinze dias, sem decisão; ou</p><p>III – da recusa em fazer-se a anotação a que se refere o § 2° do art. 4° ou do decurso de</p><p>mais de quinze dias sem decisão.</p><p>→ Necessário conforme art. 9º a notificação da autoridade coatora e pedir a oitiva</p><p>do Ministério Público como fiscal da Lei (arts. 9º a 12).</p><p>→ No Habeas Data, o sujeito ativo da ação pode ser uma pessoa jurídica, ao</p><p>contrário do Habeas Corpus.</p><p>→ STF já considerou possível Habeas Data para a obtenção de informações</p><p>fiscais.</p><p>2ª Fase Constitucional l 39º Exame de Ordem</p><p>E-book de Processo Constitucional</p><p>44</p><p>→ No Habeas Data, não há necessidade de que o impetrante revele as causas do</p><p>requerimento ou demonstre que as informações são imprescindíveis à defesa de eventual</p><p>direito seu, pois o direito de acesso lhe é garantido, independentemente de motivação, até</p><p>porque o acesso aos próprios dados constitui, na visão da melhor doutrina, uma</p><p>materialização dos direitos de personalidade.</p><p>→ Tanto o procedimento administrativo quanto a ação judicial de HD são gratuitos.</p><p>→ Estão vedadas pela Lei quaisquer cobranças de custas ou taxas judiciais dos</p><p>litigantes, bem como de quaisquer valores para o atendimento do requerimento</p><p>administrativo.</p><p>→ Ademais, não há ônus de sucumbência (honorários advocatícios) em Habeas</p><p>Data.</p><p>→ A autoridade judicial tem o prazo de 30 dias para prolatar a sentença em se</p><p>tratando de habeas data.</p><p>→ A ação de habeas data visa à proteção da privacidade do indivíduo contra</p><p>abuso no registro e/ou revelação de dados pessoais falsos ou equivocados. O habeas</p><p>data não se revela meio idôneo para se obter vista de processo administrativo. [HD 90</p><p>AgR, rel. min. Ellen Gracie, j. 1822010, P, DJE de 1932010.] = HD 92 AgR, rel. min. Gilmar</p><p>Mendes, j. 1882010, P, DJE de 392010.</p><p>→ O habeas data tem finalidade específica: assegurar o conhecimento de</p><p>informações relativas à pessoa do impetrante, constantes de registros ou bancos de dados</p><p>de entidades governamentais ou de caráter público, ou para a retificação de dados,</p><p>quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou administrativo (CF, art. 5º,</p><p>LXXII, a e b). No caso, visa à segurança ao fornecimento ao impetrante da identidade dos</p><p>autores de agressões e denúncias que lhe foram feitas. A segurança, em tal caso, é meio</p><p>adequado. Precedente do STF: MS 24.405/DF, Ministro Carlos Velloso, Plenário,</p><p>3122003, DJ de 2342004. [RMS 24.617, rel. min. Carlos Velloso, j. 1752005, 2ª T, DJ de</p><p>1062005.]</p><p>→ Decisão do STF em plenário: Habeas data é adequado para obtenção de</p><p>informações fiscais. O Supremo Tribunal Federal (STF) reconheceu hoje a possibilidade</p><p>do uso do habeas data como meio de os contribuintes obterem informações suas em</p><p>poder dos órgãos de arrecadação federal ou da administração local. A decisão foi proferida</p><p>no julgamento do Recurso Extraordinário (RE) 673707, com repercussão geral</p><p>2ª Fase Constitucional l 39º Exame de Ordem</p><p>E-book de Processo Constitucional</p><p>45</p><p>reconhecida, no qual uma empresa buscava acesso a informações do Sistema de Conta</p><p>Corrente de Pessoa Jurídica (Sincor), mantido pela Secretaria da Receita Federal. A Corte</p><p>deu provimento ao recurso por unanimidade, entendendo ser cabível o habeas data na</p><p>hipótese, e reconhecendo o direito de o contribuinte ter acesso aos dados solicitados.</p><p>Com isso, contrariou os argumentos da União de que os dados não teriam utilidade para</p><p>o contribuinte, e que o efeito multiplicador da decisão poderia tumultuar a administração</p><p>fiscal. Com a decisão foi também fixada a tese para fins de repercussão geral: “O habeas</p><p>data é a garantia constitucional adequada para a obtenção, pelo próprio contribuinte, dos</p><p>dados concernentes ao pagamento de tributos constantes de sistemas informatizados de</p><p>apoio à arrecadação dos órgãos administração fazendária dos entes estatais”.</p><p>1.9. Formulação do pedido</p><p>Esqueleto da peça</p><p>Competência Conforme a autoridade que negar a informação ou a retificação desta</p><p>Endereçamento Conforme a autoridade que negar a informação ou a retificação desta.</p><p>Partes</p><p>(ativa e passiva)</p><p>Legitimidade ativa – qualquer indivíduo – informações da pessoa do</p><p>impetrante.</p><p>Legitimidade passiva – instituição pública/órgão desde que caráter público.</p><p>O que devo</p><p>suscitar? (Constituir</p><p>a causa de pedir)</p><p>Tratar da negativa de acesso e da pretensão de acesso, retificação ou</p><p>complementação de dados.</p><p>Pedido</p><p>do habeas data</p><p>− Notificar o órgão coator a fim de prestar informações;</p><p>− Juntar documentação que demonstre o pedido na via administrativa;</p><p>− Julgar procedente o pedido de acesso (retificação ou complementação),</p><p>determinando o acesso à ficha de informações que indica os dados</p><p>pessoais do impetrante;</p><p>Observações processuais:</p><p>Art. 13. Na decisão, se julgar procedente o pedido, o juiz marcará data e</p><p>horário para que o coator: I – apresente ao impetrante as informações a seu</p><p>respeito, constantes de registros ou bancos de dadas; ou II – apresente em</p><p>juízo a prova da retificação ou da anotação feita nos assentamentos do</p><p>impetrante.</p><p>Art. 15. Da sentença que conceder ou negar o habeas data cabe apelação</p><p>2ª Fase Constitucional l 39º Exame de Ordem</p><p>E-book de Processo Constitucional</p><p>46</p><p>Art. 18. O pedido de habeas data poderá ser renovado se a decisão</p><p>denegatória não lhe houver apreciado o mérito.</p><p>Caso hipotético e modelo OAB</p><p>Exame de Ordem Unificado 2010.3 - Peça Prático-Profissional</p><p>Enunciado:</p><p>Tício, brasileiro, casado, engenheiro, na década de setenta, participou de movimentos</p><p>políticos que faziam oposição ao Governo então instituído. Por força de tais atividades, foi</p><p>vigiado pelos agentes estatais e, em diversas ocasiões, preso para averiguações. Seus</p><p>movimentos foram monitorados pelos órgãos de inteligência vinculados aos órgãos de</p><p>Segurança do Estado, organizados por agentes federais. Após longos anos, no ano de</p><p>2010, Tício requereu acesso à sua ficha de informações pessoais, tendo o seu pedido</p><p>indeferido, em todas as instâncias administrativas. Esse foi o último ato praticado pelo</p><p>Ministro de Estado da Defesa, que lastreou seu ato decisório, na necessidade de</p><p>preservação do sigilo das atividades do Estado, uma vez que os arquivos públicos do</p><p>período desejado estão indisponíveis para todos os cidadãos. Tício, inconformado,</p><p>procura aconselhamentos com seu sobrinho Caio, advogado, que propõe apresentar ação</p><p>judicial para acessar os dados do seu tio.</p><p>Na qualidade de advogado contratado por Tício, redija a peça cabível ao tema,</p><p>observando: a) competência do Juízo; b) legitimidade ativa e passiva; c) fundamentos de</p><p>mérito constitucionais e legais vinculados; d) os requisitos formais da peça inaugural.</p><p>Gabarito:</p><p>Segue modelo de estruturação da peça de Habeas Data cobrada no Exame de</p><p>Ordem Unificado 2010.3:</p><p>2ª Fase Constitucional l 39º Exame de Ordem</p><p>E-book de Processo Constitucional</p><p>47</p><p>EXCELENTÍSSIMO MINISTRO PRESIDENTE DO SUPERIOR TRIBUNAL DE</p><p>JUSTIÇA</p><p>TÍCIO, casado, engenheiro, inscrito no CPF sob o n° ..., endereço eletrônico...,</p><p>residente e domiciliado Rua..., n°..., Bairro..., Cidade..., Estado..., CEP..., vem, por</p><p>seu procurador signatário, inscrito na OAB n°..., impetrar HABEAS DATA, com base</p><p>no artigo 5º, inciso LXXII, alínea “a”, da Constituição Federal, e artigo 7º, da Lei nº</p><p>9.507/97, contra</p><p>MINISTRO DE ESTADO DA DEFESA, autoridade pública..., estado</p><p>civil..., inscrito no CPF sob o n° ..., endereço eletrônico..., residente e domiciliado na</p><p>Rua..., n°..., Bairro..., Cidade..., Estado..., CEP..., pelos fatos e fundamentos a seguir</p><p>expostos:</p><p>1) DOS FATOS</p><p>Tício solicitou informações de cunho pessoal junto ao Ministério da Defesa,</p><p>todavia teve seu pedido indeferido, sob a alegação preservação do sigilo das</p><p>atividades do Estado, estando os arquivos públicos inacessíveis para todos os</p><p>cidadãos.</p><p>2) DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS</p><p>2.1) Da Competência</p><p>O Superior Tribunal de Justiça é competente para processar e julgar habeas</p><p>data contra ato de autoridade federal, conforme artigo 105, inciso I, alínea “b”, da</p><p>Constituição Federal, e artigo 20, inciso I, alínea “b”, da Lei nº 9.507/97.</p><p>2.2) Da Legitimidade</p><p>O impetrante Tício é legitimado ativo para propor Ação de Habeas Data,</p><p>pois teve seu direito personalíssimo ao acesso à informação negado, conforme artigo</p><p>7º, inciso I, da Lei nº 9.507/97.</p><p>2ª Fase Constitucional l 39º Exame de Ordem</p><p>E-book de Processo Constitucional</p><p>48</p><p>Ministro da Defesa do Estado é legitimado passivo, em razão de ter sido ele</p><p>a autoridade que negou acesso as informações solicitadas administrativamente pelo</p><p>impetrante, conforme artigo 105, inciso I, alínea “b”, da Constituição Federal, e artigo</p><p>20, inciso I, alínea “b”, da Lei nº 9.507/97.</p><p>2.3) Do Cabimento</p><p>Cabe Habeas Data para assegurar informações relativas à pessoa do</p><p>impetrante, constantes de registros ou bancos de dados de entidades</p><p>governamentais ou de caráter público, que já tenham sido solicitados pela via</p><p>administrativa competente, conforme artigo 5º, inciso LXXII, alínea “a”, da</p><p>Constituição Federal e artigo 7°, inciso I, da Lei nº 9.507/97.</p><p>2.4) Do Direito</p><p>O instrumento deve ser lido à luz dos princípios constitucionais de</p><p>inviolabilidade da intimidade vida privada, honra e imagem, conforme artigo 5°, inciso</p><p>X, da Constituição Federal, bem como de acordo com a inviolabilidade do sigilo da</p><p>correspondência e comunicações, consoante artigo 5°, inciso XII, da Constituição</p><p>Federal.</p><p>A Constituição Federal garante ao cidadão o direito de receber dos órgãos</p><p>públicos informações de interesse pessoal, que deverão ser serão prestadas no</p><p>prazo da lei, sob pena de responsabilização, salvo as de cunho sigiloso sejam</p><p>imprescindíveis à segurança da sociedade e do Estado, conforme artigo 5°, inciso</p><p>XXXIII, da Constituição Federal.</p><p>O artigo 5°, inciso XXXIV, da Constituição Federal, em suas alíneas “a” e “b”,</p><p>também assegura ao cidadão, independentemente do pagamento de taxas, o direito</p><p>de peticionar perante os Poderes Públicos em defesa de direitos, contra ilegalidade</p><p>e abuso de poder, bem como da obtenção de certidões em repartições públicas, para</p><p>defesa de direitos e esclarecimento de situações de interesse pessoal.</p><p>2ª Fase Constitucional l 39º Exame de Ordem</p><p>E-book de Processo Constitucional</p><p>49</p><p>A Lei nº 12.527/11, que trata sobre o Acesso à Informação, em seu artigo 21,</p><p>também aduz que não poderá ser negado acesso à informação na via judicial ou</p><p>administrativa de direitos fundamentais.</p><p>Autoridade X informou o impetrante que os dados solicitados estavam</p><p>inacessíveis por tempo indeterminado. Todavia, a Lei nº 12.527/11 prevê, em seu</p><p>artigo 24, parágrafo 1°, o prazo máximo de 25 (vinte e cinco) anos para restrição ao</p><p>acesso à informação, sobre assuntos que representem risco ao Estado, o que não é</p><p>o caso.</p><p>Não há que se falar em sigilo imprescindível à segurança do estado, pois sigilo</p><p>é exceção, logo, se a informação é da pessoa, por si só não tem como representar</p><p>risco à segurança, não há justificativa para não conceder o acesso.</p><p>2.4.1) Da Comprovação do pedido na via administrativa</p><p>O impetrante fez pedido de informações administrativamente junto ao</p><p>Ministério da Defesa do Estado, mas teve seu pedido negado, conforme cópias</p><p>anexas, atendendo, assim, ao requisito do artigo 8°, parágrafo único, da Lei nº</p><p>9.507/97.</p><p>3) DOS PEDIDOS</p><p>a) A juntada da documentação essencial que comprove o indeferimento do</p><p>pedido na via administrativa, conforme artigo 8º, parágrafo único, da Lei nº 9.507/97;</p><p>b) A notificação da Autoridade para que preste informações que julgar</p><p>necessária, conforme artigo 9º, da Lei nº 9.507/97;</p><p>c) O julgamento de mérito da ordem, com a procedência do Habeas Data para</p><p>determinar à autoridade coatora que apresente ao Impetrante as informações</p><p>requeridas constantes de registros ou bancos de dados.</p><p>Valor da causa R$..., para efeitos meramente procedimentais.</p><p>Local..., data...</p><p>Advogado...OAB...</p><p>2ª Fase Constitucional l 39º Exame de Ordem</p><p>E-book de Processo Constitucional</p><p>50</p><p>2. HABEAS CORPUS</p><p>2.1. Fundamento legal</p><p>Os fundamentos legais do habeas corpus encontram-se nos artigos, do CPP, que seguem:</p><p>Art. 5º, LXVIII – conceder-se-á "habeas-corpus" sempre que alguém sofrer ou se achar</p><p>ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade</p><p>ou abuso de poder; Proteção à liberdade de locomoção e arts. 647 a 667 do CPP.</p><p>Art. 647. Dar-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar na iminência de</p><p>sofrer violência ou coação ilegal na sua liberdade de ir e vir, salvo nos casos de punição</p><p>disciplinar.</p><p>Art. 648. A coação considerar-se-á ilegal:</p><p>I – quando não houver justa causa;</p><p>II – quando alguém estiver preso por mais tempo do que determina a lei;</p><p>III – quando quem ordenar a coação não tiver competência para fazê-lo ;</p><p>IV – quando houver cessado o motivo que autorizou a coação;</p><p>V – quando não for alguém admitido a prestar fiança, nos casos em que a lei a autoriza;</p><p>VI – quando o processo for manifestamente nulo;</p><p>VII – quando extinta a punibilidade. art. 647 A 667 do CPP.</p><p>2.2. Conceito</p><p>Conceito Proteção à liberdade de locomoção “...garantia individual ao direito de</p><p>locomoção, consubstanciada em uma ordem dada pelo Juiz ou Tribunal ao coator, fazendo</p><p>cessar a ameaça à liberdade de locomoção em sentido amplo – ir, vir e ficar... Ainda, pode ser</p><p>concedido para o processamento do acusado perante o juiz competente” (MORAES, Alexandre.</p><p>Curso de direito constitu-cional).</p><p>Assim, a finalidade será sempre a proteção do direito constitucional de locomoção da</p><p>pessoa humana em face de constrangimento ilegal ou abusivo, garantindo-se ao destinatário da</p><p>aludida proteção uma situação de tranquilidade e paz individual e de certeza de que não sofrerá</p><p>coação ilegal ou ilegítima na sua liberdade de ir, vir e ficar. Ação constitucional de caráter</p><p>sumaríssimo e gratuito.</p><p>2.3. Cabimento</p><p>Cabe contra ato de agente ou órgão estatal ou que age com atribuição pública</p><p>constrangedor da liberdade de locomoção do indivíduo. É o ato inviabilizador do direito de ir, vir</p><p>e ficar sem constrangimentos ilícitos ou abusivos. É o direito de acesso, ingresso, saída,</p><p>permanência e deslocamento dentro do território nacional.</p><p>2ª Fase Constitucional l 39º Exame de Ordem</p><p>E-book de Processo Constitucional</p><p>51</p><p>• Caberá Habeas Corpus quando:</p><p>→ não houver justa causa;</p><p>→ alguém estiver preso por mais tempo do que determina a lei;</p><p>→ quem ordenar a coação não tiver competência para o fazê-lo;</p><p>→ houver cessado o motivo que autorizou a coação;</p><p>→ não for alguém admitido a prestar fiança;</p><p>→ o processo for manifestamente nulo;</p><p>→ for extinta punibilidade.</p><p>• Então, quando não é passível Habeas Corpus?</p><p>O habeas corpus não cabe:</p><p>IMOPOTANTE</p><p>O Habeas Corpus pode também ser utilizado para a prisão civil advinda de dívida de</p><p>alimentos, desde que não exija dilação probatória acerca da situação econômica da parte</p><p>autora.</p><p>Habeas corpus e a razoável duração do processo:</p><p>"Habeas corpus. Writ impetrado no STJ. Demora no julgamento. Direito à razoável</p><p>duração do processo.</p><p>Natureza mesma do habeas corpus. Primazia sobre qualquer outra</p><p>ação. Ordem concedida. O habeas corpus é a via processual que tutela especificamente</p><p>a liberdade de locomoção, bem jurídico mais fortemente protegido por uma dada ação</p><p>constitucional. O direito a razoável duração do processo, do ângulo do indivíduo,</p><p>transmuta-se em tradicional garantia de acesso eficaz ao Poder Judiciário. Direito, esse,</p><p>a que corresponde o dever estatal de julgar. No habeas corpus, o dever de decidir se</p><p>marca por um tônus de presteza máxima. Assiste ao STF determinar aos Tribunais</p><p>Superiores o julgamento de mérito de habeas corpus, se entender irrazoável a demora</p><p>no julgamento. Isso, é claro, sempre que o impetrante se desincumbir do seu dever</p><p>processual de pré-constituir a prova de que se encontra padecente de ‘violência ou</p><p>coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder’ (inciso LXVIII</p><p>do art. 5º da CF). Ordem concedida para que a autoridade impetrada apresente em</p><p>mesa, na primeira sessão da Turma em que oficia, o writ ali ajuizado." (HC 102.897, Rel.</p><p>Min. Ricardo Lewandowski, julgamento em 2962010, Primeira Turma, DJE de 2782010).</p><p>“Estando o habeas corpus pronto para julgamento há cinco meses, sem inclusão em</p><p>mesa, resta configurada a lesão à garantia à duração razoável do processo.” (HC 88.610,</p><p>Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgamento em 562007, Segunda Turma, DJ de</p><p>2262007).</p><p>2ª Fase Constitucional l 39º Exame de Ordem</p><p>E-book de Processo Constitucional</p><p>52</p><p>→ Se não houver ilegalidade ou abuso de poder na ameaça ou na privação da</p><p>liberdade de locomoção do indivíduo;</p><p>→ Quando se constata "violência legal e válida" (nessa situação, não será atacada</p><p>via Habeas corpus);</p><p>→ Se houver a necessidade de dilação probatória, ante seu caráter sumaríssimo;</p><p>→ Em relação a punições disciplinas militares, nos termos do §2º do art. 142 do</p><p>texto constitucional. ATENÇÃO! Se houver ilegalidade na forma ou nos meios ou</p><p>abusividade (desproporcionalidade ou irrazoabilidade) na aplicação da punição, será</p><p>cabível o remédio contra as punições militares. Assim, nessas hipóteses, há de se perquirir</p><p>se houve respeito à autoridade hierárquica, ao poder disciplinar em si, o ato disciplinar</p><p>ligado à função e a punição disciplinar cabível.</p><p>HC 70.648. RECURSO EXTRAORDINÁRIO. MATÉRIA CRIMINAL. PUNIÇÃO</p><p>DISCIPLINAR MILITAR. Não há que se falar em violação ao art. 142, §2°, da CF, se a</p><p>concessão de habeas corpus, impetrado contra punição disciplinar militar, volta-se tão</p><p>somente para os pressupostos de sua legalidade, excluindo a apreciação de questões</p><p>referentes ao mérito. Concessão de ordem que se pautou pela apreciação dos aspectos</p><p>fáticos da medida punitiva militar, invadindo seu mérito. A punição disciplinar militar</p><p>atendeu aos pressupostos de legalidade, quais sejam, a hierarquia, o poder disciplinar, o</p><p>ato ligado à função e a pena susceptível de ser aplicada disciplinarmente, tornando,</p><p>portanto, incabível a apreciação do habeas corpus. Recurso conhecido e provido (RE</p><p>338.8401/RS – Ministra Ellen Gracie, D.J. 12.09.03);</p><p>→ Não cabe habeas corpus para penas de multa.</p><p>2.4. Espécies</p><p>• Repressivo:</p><p>Quando de fato a violação a liberdade de locomoção já se concretizou:</p><p>Art. 660 do CPP: Efetuadas as diligências, e interrogado o paciente, o juiz decidirá,</p><p>fundamentadamente, dentro de 24 (vinte e quatro) horas.</p><p>§ 1º Se a decisão for favorável ao paciente, será logo posto em liberdade, salvo se por</p><p>outro motivo dever ser mantido na prisão.</p><p>• Preventivo:</p><p>Quando está em iminência de ocorrer a violação:</p><p>Art. 660 do CPP:</p><p>§ 4º Se a ordem de habeas corpus for concedida para evitar ameaça de violência ou</p><p>coação ilegal, dar-se-á ao paciente salvo-conduto assinado pelo juiz.</p><p>2ª Fase Constitucional l 39º Exame de Ordem</p><p>E-book de Processo Constitucional</p><p>53</p><p>Exemplo:</p><p>Há um mandado de prisão expedido, mas tem alguma ilegalidade em relação a ordem</p><p>emanada da autoridade pública.</p><p>Para Trancamento da ação penal e inquérito: causa extintiva da punibilidade, atipicidade,</p><p>absoluta falta de provas.</p><p>→ Habeas corpus preventivo e a CPI</p><p>“Habeas corpus. 2. Intimação de investigado para comparecimento compulsório à</p><p>Comissão Parlamentar de Inquérito, sob pena de condução coercitiva e crime de</p><p>desobediência. 3. Direito ao silêncio e de ser acompanhado por advogado. Precedentes</p><p>(HC 79.812/SP, Rel. Min. Celso de Mello, DJ 16.2.2001). 4. Direito à não autoincriminação</p><p>abrange a faculdade de comparecer ao ato, ou seja, inexiste obrigatoriedade ou sanção</p><p>pelo não comparecimento. Inteligência do direito ao silêncio. 5. Precedente assentado pelo</p><p>Plenário na proibição de conduções coercitivas de investigados (ADPF 395 e 444). 6.</p><p>Ordem concedida para convolar a compulsoriedade de comparecimento em</p><p>facultatividade.” (HC 171.438/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes, Segunda Turma, DJe</p><p>17.8.2020)</p><p>→ Decisão peculiar, Habeas Corpus coletivo:</p><p>A Segunda Turma, por maioria, concedeu a ordem em “habeas corpus” coletivo, impetrado</p><p>em favor de todas as mulheres presas preventivamente que ostentem a condição de</p><p>gestantes, de puérperas ou de mães de crianças sob sua responsabilidade. Determinou a</p><p>substituição da prisão preventiva pela domiciliar – sem prejuízo da aplicação concomitante</p><p>das medidas alternativas previstas no art. 319 do CPP (1) – de todas as mulheres presas,</p><p>gestantes, puérperas, ou mães de crianças e deficientes sob sua guarda, nos termos do</p><p>art. 2º do ECA (2) e da Convenção sobre Direitos das Pessoas com Deficiência (Decreto</p><p>Legislativo 186/2008 e Lei 13.146/2015), relacionadas nesse processo pelo DEPEN e</p><p>outras autoridades estaduais, enquanto perdurar tal condição, excetuados os casos de</p><p>crimes praticados por elas mediante violência ou grave ameaça, contra seus</p><p>descendentes ou, ainda, em situações excepcionalíssimas, as quais deverão ser</p><p>devidamente fundamentadas pelos juízes que denegarem o benefício. Estendeu a ordem,</p><p>de ofício, às demais mulheres presas, gestantes, puérperas ou mães de crianças e de</p><p>pessoas com deficiência, bem assim às adolescentes sujeitas a medidas socioeducativas</p><p>em idêntica situação no território nacional, observadas as restrições previstas acima.</p><p>Quando a detida for tecnicamente reincidente, o juiz deverá proceder em atenção às</p><p>circunstâncias do caso concreto, mas sempre tendo por norte os princípios e as regras</p><p>acima enunciadas, observando, ademais, a diretriz de excepcionalidade da prisão. [...]</p><p>HC143641/SP. Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgamento em 20.2.2018. (HC143641)</p><p>Sessões Ordinárias Extraordinárias Julgamentos por meio eletrônico* Em curso</p><p>Finalizados Pleno 21.2.2018 22.2.2018 4 0 197.</p><p>2.5. Titularidade: legitimidade ativa e passiva</p><p>2ª Fase Constitucional l 39º Exame de Ordem</p><p>E-book de Processo Constitucional</p><p>54</p><p>Ativa Passiva</p><p>Art. 654. O habeas corpus poderá ser impetrado</p><p>por qualquer pessoa, em seu favor ou de outrem,</p><p>bem como pelo Ministério Público.</p><p>Cuidados:</p><p>a) Não confundir o impetrante com o paciente, pois</p><p>o paciente é aquele que se beneficiará com o</p><p>remédio constitucional. Lembrar que o paciente</p><p>poderá impetrar em nome próprio.</p><p>Ato de autoridade pública</p><p>Como é atributo da personalidade, poderá ser</p><p>impetrado por qualquer pessoa.</p><p>Pessoa jurídica pode impetrar em favor de um</p><p>paciente que é pessoa física.</p><p>Importante!</p><p>Não é exigida capacidade de estar em juízo,</p><p>podendo haver impetração em favor de terceiro,</p><p>caso de verdadeira substituição processual. Ou</p><p>seja, qualquer pessoa, em benefício próprio ou</p><p>alheio, independente de capacidade política,</p><p>processual, idade, profissão, nacionalidade ou</p><p>estado mental pode ter legitimidade.</p><p>Não necessita representação de advogado e pode</p><p>ser impetrado pelo Ministério Público.</p><p>Algumas observações:</p><p>a) Para os analfabetos: há a exigência de</p><p>assinatura a – alguém a seu rogo –</p><p>preferencialmente por 2 testemunhas;</p><p>b) Para estrangeiro: não há restrição,</p><p>mas</p><p>jurisprudência do STF já manifestou que a petição</p><p>deverá ser em língua portuguesa;</p><p>c) Para Pessoa jurídica: peticionar em favor de</p><p>terceiro;</p><p>d) Magistrado somente poderá estar no polo ativo,</p><p>se for paciente. (Tourinho Filho).</p><p>Será impetrado contra o agente ou órgão com</p><p>poder de decisão (liberdade de escolha) que</p><p>ameaça ou coage ou viola ilegal ou abusivamente</p><p>o direito de locomoção do paciente.</p><p>ATO DE PARTICULAR CONSTITUI CRIME OU É</p><p>PASSÍVEL DE HABEAS CORPUS?</p><p>ATO DE PARTICULAR</p><p>É quase pacífico na doutrina a impetração contra</p><p>ato particular, dada a redação do texto: “...tanto</p><p>por abuso de poder como por ilegalidade...”.</p><p>Assim, a doutrina entende que, quando for difícil</p><p>ou impossível a intervenção da polícia para fazer</p><p>cessar a coação ilegal (ex. retenção de paciente</p><p>em hospital, internação compulsório por parentes</p><p>de pessoa não interditada), caberá habeas corpus.</p><p>2ª Fase Constitucional l 39º Exame de Ordem</p><p>E-book de Processo Constitucional</p><p>55</p><p>2.6. Competência</p><p>É importante que se destaque que a autoridade coatora é quem determina o juízo</p><p>competente para sua apreciação. Contudo, há competências originárias do STF e STJ para</p><p>apreciar ação de habeas corpus:</p><p>→ STF: Art. 102, I da CF:</p><p>Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da</p><p>Constituição, cabendo-lhe:</p><p>I – processar e julgar, originariamente:</p><p>d) o habeas corpus, sendo paciente qualquer das pessoas referidas nas alíneas</p><p>anteriores; o mandado de segurança e o habeas data contra atos do Presidente da</p><p>República, das Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, do Tribunal de</p><p>Contas da União, do Procurador-Geral da República e do próprio Supremo Tribunal</p><p>Federal;</p><p>(...)</p><p>i) o habeas corpus, quando o coator for Tribunal Superior ou quando o coator ou o paciente</p><p>for autoridade ou funcionário cujos atos estejam sujeitos diretamente à jurisdição do</p><p>Supremo Tribunal Federal, ou se trate de crime sujeito à mesma jurisdição em uma única</p><p>instância;</p><p>→ STJ: Art. 105, I da CF:</p><p>Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça:</p><p>I – processar e julgar, originariamente:</p><p>(...)</p><p>c) os habeas corpus, quando o coator ou paciente for qualquer das pessoas mencionadas</p><p>na alínea "a", ou quando o coator for tribunal sujeito à sua jurisdição, Ministro de Estado</p><p>ou Comandante da Marinha, do Exército ou da Aeronáutica, ressalvada a competência da</p><p>Justiça Eleitoral</p><p>→ TRF: Art. 108, I da CF:</p><p>Art. 108. Compete aos Tribunais Regionais Federais:</p><p>I – processar e julgar, originariamente:</p><p>(...)</p><p>d) os habeas corpus, quando a autoridade coatora for juiz federal;</p><p>→ Juízes federais: Art. 109, VII da CF:</p><p>Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar:</p><p>VII – os habeas corpus, em matéria criminal de sua competência ou quando o</p><p>constrangimento provier de autoridade cujos atos não estejam diretamente sujeitos a outra</p><p>jurisdição;</p><p>→ Posições do STF:</p><p>2ª Fase Constitucional l 39º Exame de Ordem</p><p>E-book de Processo Constitucional</p><p>56</p><p> Moreira Alves em HC n. 69.1382 MG: O STF entende que não é cabível</p><p>o habeas corpus nas decisões proferidas por qualquer uma de suas</p><p>turmas, tendo em vista que elas representam o próprio pretório Excelso.</p><p> Súmula 691 do STF – Não compete ao supremo tribunal federal</p><p>conhecer de habeas corpus impetrado contra decisão do relator que, em</p><p>habeas corpus requerido a tribunal superior, indefere a liminar.</p><p>Em regra, não cabe habeas corpus para o STF contra decisão monocrática do Ministro do</p><p>STJ que não conhece ou denega habeas corpus que havia sido interposto naquele Tribunal. É</p><p>necessário que primeiro o impetrante exaure (esgote), no tribunal a quo (no caso, o STJ), as vias</p><p>recursais ainda cabíveis (no caso, o agravo regimental).</p><p>→ Exceção: essa regra pode ser afastada em casos excepcionais, quando a</p><p>decisão atacada se mostrar teratológica, flagrantemente ilegal, abusiva ou</p><p>manifestamente contrária à jurisprudência do STF, situações nas quais o STF poderia</p><p>conceder de ofício o habeas corpus. STF. 1ª Turma. HC 139612/MG, Rel. Min. Alexandre</p><p>de Moraes, julgado em 25/4/2017 (Info 862).</p><p>2.7. Tutela de urgência</p><p>Em ambas as espécies de habeas corpus, nas hipóteses de perigo na demora (periculum</p><p>in mora) e de "fumaça do bom direito" (fumus boni juris), ou seja, de que haja uma densa</p><p>plausibilidade jurídica do pedido com o risco de sua ineficácia, se houver demora na prestação</p><p>jurisdicional, o habeas corpus pode ser concedido liminarmente, inclusive sem a audiência prévia</p><p>do agente ou órgão constrangedor.</p><p>2.8. Particularidades importantes da peça e do processo</p><p>→ Não há balizas rígidas para a apreciação do habeas corpus por parte do</p><p>julgador.</p><p>→ O Julgador poderá analisar aspectos nele não ressaltados pelo impetrante, pois</p><p>não está vinculado à causa de pedir e ao pedido formulado.</p><p>→ Poderão o juiz e o tribunal conceder ordem de ofício, quando, no curso de</p><p>qualquer processo, for verificado que alguém sofre ou está em iminente ameaça de sofrer</p><p>coação ilegal. Veja:</p><p>2ª Fase Constitucional l 39º Exame de Ordem</p><p>E-book de Processo Constitucional</p><p>57</p><p>O habeas corpus não tem o limite normativos dos recursos. Outro é o pressuposto. Pouco</p><p>importa a preclusão, ou a coisa julgada; garantia constitucional, posta acima dos</p><p>procedimentos em homenagem ao direito de liberdade. A carta política é categórica</p><p>destinando-o sempre que sofrer ou estiver ameaçado de sofrer violência ou coação à sua</p><p>liberdade de locomoção por ilegalidade ou abuso de poder. (STJ 6ª turma –RHC 7553).</p><p>→ Art. 654. O § 2º do aludido artigo enuncia que "os juízes e os tribunais têm</p><p>competência para expedir de ofício ordem de habeas corpus, quando no curso de</p><p>processo verificarem que alguém sofre ou está na iminência de sofrer coação ilegal".</p><p>→ O art. 656 do CPP prescreve que "recebida a petição de habeas corpus, o juiz,</p><p>se julgar necessário, e estiver preso o paciente, mandará que este lhe seja imediatamente</p><p>apresentado em dia e hora que designar".</p><p>→ Perda de objeto e prazo: Cessada a violência ou a coação ilegal, o magistrado</p><p>julgará prejudicado o HC, na linha do art. 659 do CPP. O art. 660 do CPP prescreve que</p><p>"efetuadas as diligências, e interrogado o paciente, o juiz decidirá, fundamentadamente,</p><p>dentro de 24 (vinte e quatro) horas".</p><p>STF. Habeas Corpus exige a demonstração de constrangimento ilegal que implique</p><p>coação ou iminência direta de coação à liberdade de ir e vir, não podendo ser utilizado</p><p>como substituto de ação direta de inconstitucionalidade ou arguição de descumprimento</p><p>de preceito fundamental em que se pretende conceder uma verdadeira interpretação</p><p>conforme a Constituição em relação à Lei 11.671/2008, independentemente da motivação</p><p>da decisão judicial em cada um dos casos concretos que ensejou a transferência e</p><p>manutenção dos presos nos presídios federais de segurança máxima. (…)” (HC</p><p>148.459AgR/DF, Rel. Min. ALEXANDRE DE MORAES, Primeira Turma, DJe 26.3.2019).</p><p>2.9. Formulação do pedido</p><p>→ Alvará de soltura (paciente preso);</p><p>→ Salvo conduto (se for preventivo);</p><p>→ Contramandado de prisão se o caso for expedido mandado de prisão;</p><p>→ Trancamento de ação.</p><p>Art. 654 § 1º, do CPP A petição de habeas corpus conterá:</p><p>a) o nome da pessoa que sofre ou está ameaçada de sofrer violência ou coação e o de</p><p>quem exercer a violência, coação ou ameaça;</p><p>b) a declaração da espécie de constrangimento ou, em caso de simples ameaça de</p><p>coação, as razões em que funda o seu temor;</p><p>c) a assinatura do impetrante, ou de alguém a seu rogo, quando não souber ou não puder</p><p>escrever, e a designação das respectivas residências.</p><p>2ª Fase Constitucional l 39º Exame de Ordem</p><p>E-book de Processo Constitucional</p><p>58</p><p>No Habeas Corpus, não esqueçam de registrar sempre os pedidos de: 1) A intimação da</p><p>autoridade coatora para que preste informações; 2) Vista ao Ministério Público.</p><p>Esqueleto da peça</p><p>Competência Será determinado pela autoridade coatora; verificar os arts. 102, 105, 108 e</p><p>109 da Constituição Federal.</p><p>Endereçamento Depende da autoridade.</p><p>Partes</p><p>(ativa e passiva)</p><p>Legitimidade ativa (impetrante): qualquer indivíduo (mesmo o estrangeiro não</p><p>residente), pode figurar como impetrante, não necessitando de advogado,</p><p>podendo fazer em nome próprio ou mesmo de terceiro, até mesmo pessoa</p><p>jurídica.</p><p>Paciente: Indicar a pessoa que tem sua liberdade ou abuso de poder de ir e</p><p>vir – liberdade de locomoção violada ou ameaçada. O paciente poderá ser o</p><p>impetrante.</p><p>Legitimidade passiva AUTORIDADE COATORA (pública ou privada de caráter</p><p>público), RESPONSÁVEL PELA ilegalidade ou abuso de poder violador da</p><p>liberdade de locomoção do paciente.</p><p>Suscitar Indicar quais são motivos da violação ou ameaçada a violação ao direito de</p><p>locomoção.</p><p>Pedido dependerá</p><p>da coação</p><p>Alvará de soltura (paciente preso);</p><p>Salvo conduto (se for preventivo);</p><p>Contramandado de prisão se o caso for expedido mandado de prisão;</p><p>Trancamento de ação.</p><p>IMPORTANTE</p><p>Atenção ao caso de liminar, cabe tanto na modalidade preventiva quanto repressiva.</p><p>O nome da pessoa que sofre ou está ameaçada de sofrer violência ou coação e o de quem</p><p>exercer a violência, coação ou ameaça;</p><p>A declaração da espécie de constrangimento ou, em caso de simples ameaça de coação,</p><p>as razões em que se funda seu temor;</p><p>A assinatura do impetrante, ou de alguém a seu rogo, quando não souber ou não puder</p><p>escrever, e a designação das respectivas residências.</p><p>2ª Fase Constitucional l 39º Exame de Ordem</p><p>E-book de Processo Constitucional</p><p>59</p><p>Modelo para prova OAB</p><p>→ Atenção! Modelo em que a autoridade coatora é o Juiz Estadual:</p><p>EXCELENTÍSSIMO DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO TRIBUNAL DE</p><p>JUSTIÇA DO ESTADO...</p><p>NOME DO IMPETRANTE, estado civil..., profissão..., inscrito no CPF sob o n°</p><p>..., endereço eletrônico..., residente e domiciliado na Rua..., n°..., Bairro..., Cidade...,</p><p>Estado..., CEP..., vem, por seu procurador signatário, inscrito na OAB n°..., impetrar</p><p>HABEAS CORPUS, com base no artigo 5º, inciso LXVIII, da Constituição Federal,</p><p>em benefício do PACIENTE, estado civil..., profissão..., inscrito no CPF sob o n° ...,</p><p>endereço eletrônico..., residente e domiciliado na Rua..., n°..., Bairro..., Cidade...,</p><p>Estado..., CEP..., que está sendo violado em sua liberdade de locomoção, por atos</p><p>praticados pelo NOME DA AUTORIDADE COATORA..., Excelentíssimo Senhor Juiz</p><p>de Direito, da ... ª Vara Criminal da Comarca de ..., com sede na Rua..., n°..., Bairro...,</p><p>Cidade..., Estado..., CEP..., figurando como autoridade coatora nesse habeas</p><p>corpus, pelos fatos e fundamentos a seguir expostos:</p><p>1) DOS FATOS</p><p>O paciente teve sua liberdade de locomoção violada pela autoridade coatora,</p><p>uma vez que está há mais de ano em prisão cautelar, sem fundamento ou</p><p>argumentação razoável.</p><p>2) DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS</p><p>2.1) Da Competência</p><p>Compete ao Tribunal de Justiça do Estado..., processar e julgar Habeas</p><p>Corpus contra autoridade coatora..., nos termos do artigo 125, combinado com 25,</p><p>parágrafo 1º, da Constituição Federal. Já que se trata de ato emanado de juiz de</p><p>2ª Fase Constitucional l 39º Exame de Ordem</p><p>E-book de Processo Constitucional</p><p>60</p><p>primeiro grau, o Habeas Corpus deverá ser julgado pela autoridade superior, o</p><p>Tribunal de Justiça.</p><p>2.2) Da legitimidade</p><p>O impetrante é legitimado ativo, pois qualquer indivíduo pode impetrar em</p><p>benefício próprio ou de terceiro que esteja sofrendo ou na iminência de sofrer</p><p>violação de liberdade, conforme artigo 654, do Código de Processo Penal.</p><p>Legitimado passivo é a autoridade coatora por ter cometido a ilegalidade ou abuso</p><p>de poder violador da liberdade de locomoção do paciente, já que possuía a</p><p>competência de decidir sobre a liberdade. A legitimidade do paciente decorre do risco</p><p>de ter o direito constitucional de liberdade de locomoção ferido pela autoridade</p><p>coatora, conforme o artigo 654, parágrafo 1º, alínea “a”, do Código de Processo</p><p>Penal.</p><p>2.3) Do Cabimento</p><p>Cabe Habeas Corpus com base no artigo 5º, inciso LXVIII, da Constituição</p><p>Federal, e artigo 647 e seguintes, do Código de Processo Penal, pois o paciente teve</p><p>sua liberdade de locomoção violada pela autoridade coatora, tendo em vista que está</p><p>preso por mais tempo do que determina a lei.</p><p>2.4) Do Direito</p><p>O Paciente possui direito à liberdade, conforme artigo 5°, caput, da</p><p>Constituição Federal.</p><p>A Constituição Federal garante ao cidadão o direito à liberdade de locomoção,</p><p>prevista no artigo 5°, inciso XV, da Constituição. Ainda, não pode ser preso antes do</p><p>trânsito em Julgado do processo, nos termos do artigo 5°, inciso LVII, da Constituição</p><p>Federal.</p><p>2ª Fase Constitucional l 39º Exame de Ordem</p><p>E-book de Processo Constitucional</p><p>61</p><p>2.5) Da Medida Liminar</p><p>É possível conceder a liminar, pois estão presentes os pressupostos de</p><p>periculum in mora e fumus bonis juris. Trata-se de direito líquido e certo,</p><p>representando um risco irreparável à impetrante em decorrência da demora no</p><p>pedido da concessão da liberdade.</p><p>3) DOS PEDIDOS</p><p>a) A concessão da medida liminar em face do periculum in mora e fumus boni</p><p>iuris demonstrado, com a expedição de alvará de soltura, nos termos do artigo 654,</p><p>parágrafo 2º, do Código de Processo Penal;</p><p>b) A intimação da autoridade coatora para que prestes às informações</p><p>necessárias, nos termos do artigo 662, do Código de Processo Penal;</p><p>c) Vista ao Ministério Público, como fiscal da lei;</p><p>d) Procedência total do pedido, confirmando-se no julgamento de mérito,</p><p>expedindo-se ordem de soltura, diante a ilegalidade da prisão, consoante artigo 648,</p><p>inciso I e II, do Código de Processo Penal, com sua imediata soltura, nos termos do</p><p>artigo 660, parágrafo 1º do Código de Processo Penal.</p><p>Valor da causa R$ ..., para efeitos meramente procedimentais, já que se trata</p><p>de ação gratuita.</p><p>Nestes termos, pede deferimento.</p><p>Local..., data...Advogado...OAB…</p><p>2ª Fase Constitucional l 39º Exame de Ordem</p><p>E-book de Processo Constitucional</p><p>62</p><p>3. MANDADO DE SEGURANÇA</p><p>3.1. Fundamento legal</p><p>Art. 5º, CF (...)</p><p>LXIX – conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não</p><p>amparado por "habeascorpus" ou "habeasdata", quando o responsável pela ilegalidade ou</p><p>abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de</p><p>atribuições do Poder Público;</p><p>LXX – o mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por:</p><p>a) partido político com representação no Congresso Nacional;</p><p>b) organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em</p><p>funcionamento há pelo menos um ano, em defesa dos interesses de seus membros ou</p><p>associados;</p><p>Lei 12016: Art. 1º Conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e</p><p>certo, não amparado por habeas corpus ou habeas data, sempre que, ilegalmente ou com</p><p>abuso de poder, qualquer pessoa física ou jurídica sofrer violação ou houver justo receio</p><p>de sofrêla por parte de autoridade, seja de que categoria for e sejam quais forem as</p><p>funções que exerça.</p><p>3.2. Conceito</p><p>O Mandado de Segurança é ação de natureza residual, subsidiária, pois somente é cabível</p><p>quando o direito líquido e certo a ser protegido não for amparado por outros remédios judiciais</p><p>(habeas corpus ou habeas data).</p><p>• Direito líquido e certo para fins de Mandado de Segurança:</p><p>O direito líquido e certo será aquele apto a realizar-se no momento da impetração, ou seja,</p><p>a liquidez e certeza não residem na vontade normativa e sim na materialidade ou existência fática</p><p>da situação jurídica. A liquidez é imprescindível para admissibilidade do conhecimento do</p><p>mandado de segurança. Por isso, todas as provas que demonstrem a certeza e a liquidez</p><p>deverão acompanhar a inicial.</p><p>Nem todo o direito é amparado pela</p><p>via do mandado de segurança: a Constituição exige</p><p>que o direito invocado seja líquido e certo.</p><p>Para Mendes:</p><p>Direito líquido e certo é aquele demonstrado de plano através de prova documental, e sem</p><p>incertezas, a respeito dos fatos narrados pelo declarante. É o que se apresenta manifesto</p><p>na sua existência, delimitado na sua extensão e apto a ser exercitado no momento da</p><p>impetração (MENDES, Gilmar, Curso de Direito Constitucional).</p><p>Se a existência do direito for duvidosa, se a sua extensão ainda não estiver delimitada, se</p><p>o seu exercício depender de situações e fatos ainda indeterminados, não será cabível o mandado</p><p>2ª Fase Constitucional l 39º Exame de Ordem</p><p>E-book de Processo Constitucional</p><p>63</p><p>de segurança. Esse direito incerto, indeterminado, poderá ser defendido por outras vias, mas</p><p>não em sede de Mandado de Segurança.</p><p>Por essa razão, não há dilação probatória – nem espaço para produção de prova</p><p>complexa no mandado de segurança. As provas devem ser pré-constituídas, documentais,</p><p>levadas aos autos do processo no momento da impetração.</p><p>Isso significa que a matéria de direito, por mais complexa e difícil que se apresente, pode</p><p>ser apreciada em mandado de segurança (STF). A alegação de grande complexidade jurídica</p><p>do direito invocado não é motivo para obstar a utilização do MS. A propósito, vide súmula 625</p><p>do STF, “Controvérsia sobre matéria de direito não impede concessão de mandado de</p><p>segurança”.</p><p>3.3. Cabimento</p><p>Ato de qualquer autoridade do poder público ou por particular decorrente de delegação</p><p>(comissivo ou omissivo): contudo, a lei excepciona que seja contra os que comportem recurso</p><p>administrativo com efeito suspensivo independente de caução;</p><p>→ Ilegalidade ou abuso de poder;</p><p>→ Lesão ou ameaça de lesão;</p><p>→ Contra lei ou ato administrativo se produzirem efeitos concretos e</p><p>individualizados;</p><p>→ Contra ato que caiba recurso administrativo com efeito suspensivo (em caso de</p><p>omissão da autoridade);</p><p>→ Contra ato judicial de qualquer instância e natureza, desde que ilegal e violador</p><p>de direito líquido e certo do impetrante e que não possa ser coibido por recursos comuns</p><p>(por exemplo recurso que não enseja efeito suspensivo).</p><p>É cabível contra o chamado “ato de autoridade”, entendido como qualquer manifestação</p><p>ou omissão do Poder Público ou de seus delegados no desempenho de atribuições públicas.</p><p>Logo, de plano, algumas situações podem ser afastadas:</p><p>Lei nº 12.016/09: Art. 5º Não se concederá mandado de segurança quando se tratar:</p><p>I – de ato do qual caiba recurso administrativo com efeito suspensivo, independentemente</p><p>de caução;</p><p>II – de decisão judicial da qual caiba recurso com efeito suspensivo;</p><p>III – de decisão judicial transitada em julgado.</p><p>2ª Fase Constitucional l 39º Exame de Ordem</p><p>E-book de Processo Constitucional</p><p>64</p><p>Súmulas do STF relacionadas ao Mandado de Segurança</p><p>Súmula STF 266 Não cabe Mandado de Segurança contra lei em tese.</p><p>Súmula STF 267 Não cabe Mandado de Segurança contra ato judicial passível de recurso ou</p><p>correição.</p><p>Súmula STF 268 Não cabe Mandado de Segurança contra decisão judicial com trânsito em</p><p>julgado.</p><p>Súmula STF 269 Mandado de Segurança não é substitutivo de ação de cobrança.</p><p>Súmula STF 270 Não cabe Mandado de Segurança para impugnar enquadramento da lei 3780,</p><p>de 12/7/1960, que envolva exame de prova ou de situação funcional complexa.</p><p>Súmula STF 429 A existência de recurso administrativo com efeito suspensivo não impede o</p><p>uso do Mandado de Segurança contra omissão da autoridade.</p><p>Súmula STF 430 Pedido de reconsideração na via administrativa não interrompe o prazo para o</p><p>mandado de segurança.</p><p>Súmula STF 625</p><p>Controvérsia sobre matéria de direito não impede concessão de mandado de</p><p>segurança.</p><p>Lei nº 12.016: Art. 5° Não se concederá mandado de segurança quando se</p><p>tratar:</p><p>I – de ato do qual caiba recurso administrativo com efeito suspensivo,</p><p>independentemente de caução;</p><p>II – de decisão judicial da qual caiba recurso com efeito suspensivo;</p><p>III – de decisão judicial transitada em julgado.</p><p>Súmula STF 630</p><p>A entidade de classe tem legitimação para o Mandado de Segurança ainda</p><p>quando a pretensão veiculada interessa apenas a uma parte da respectiva</p><p>categoria.</p><p>Súmula STF 629 A impetração de Mandado de Segurança coletivo por entidade de classe em</p><p>favor dos associados independe da autorização destes.</p><p>Súmula STF 632 É constitucional lei que fixa o prazo de decadência para impetração de</p><p>mandado de segurança.</p><p>Súmulas do STJ relacionadas ao Mandado de Segurança</p><p>Súmula 604 O mandado de segurança não se presta para atribuir efeito suspensivo a</p><p>recurso criminal interposto pelo Ministério Público.</p><p>2ª Fase Constitucional l 39º Exame de Ordem</p><p>E-book de Processo Constitucional</p><p>65</p><p>Súmula 628</p><p>A teoria da encampação é aplicada no mandado de segurança quando</p><p>presentes, cumulativamente, os seguintes requisitos: a) existência de vínculo</p><p>hierárquico entre a autoridade que prestou informações e a que ordenou a</p><p>prática do ato impugnado; b) manifestação a respeito do mérito nas</p><p>informações prestadas; e c) ausência de modificação de competência</p><p>estabelecida na Constituição Federal.</p><p>3.4. Espécies</p><p>• Individual:</p><p>CF: Art. 5º (...)</p><p>LXIX – conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não</p><p>amparado por "habeas corpus" ou "habeas data", quando o responsável pela ilegalidade</p><p>ou abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de</p><p>atribuições do Poder Público;</p><p>• Coletivo:</p><p>CF: Art. 5º (...)</p><p>LXX – o mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por:</p><p>a) partido político com representação no Congresso Nacional;</p><p>b) organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em</p><p>funcionamento há pelo menos um ano, em defesa dos interesses de seus membros ou</p><p>associados;</p><p>• Mandado de segurança preventivo:</p><p>Lei 12.016/09: Art. 1º Conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido</p><p>e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas data, sempre que, ilegalmente ou</p><p>com abuso de poder, qualquer pessoa física ou jurídica sofrer violação ou houver justo</p><p>receio de sofrê-la por parte de autoridade, seja de que categoria for e sejam quais forem</p><p>as funções que exerça.</p><p>Importante lembrar alguns pontos sobre o mandado de segurança coletivo:</p><p>Os direitos protegidos pelo mandado de segurança coletivo podem ser:</p><p>I – coletivos, assim entendidos, para efeito desta Lei, os transindividuais, de natureza</p><p>indivisível, de que seja titular grupo ou categoria de pessoas ligadas entre si ou com a</p><p>parte contrária por uma relação jurídica básica;</p><p>II – individuais homogêneos, assim entendidos, para efeito desta Lei, os decorrentes de</p><p>origem comum e da atividade ou situação específica da totalidade ou de parte dos</p><p>associados ou membros do impetrante.</p><p>2ª Fase Constitucional l 39º Exame de Ordem</p><p>E-book de Processo Constitucional</p><p>66</p><p>• Mandado de segurança repressivo:</p><p>Lei 12.016/09: Art. 1º Conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido</p><p>e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas data, sempre que, ilegalmente ou</p><p>com abuso de poder, qualquer pessoa física ou jurídica sofrer violação ou houver justo</p><p>receio de sofrê-la por parte de autoridade, seja de que categoria for e sejam quais forem</p><p>as funções que exerça.</p><p>3.5. Titularidade: legitimidade ativa e passiva</p><p>Ativo individual Ativo coletivo Passivo</p><p>Pessoa física ou jurídica, órgão</p><p>público ou universalidade</p><p>patrimonial (ex: condomínio,</p><p>espólio, massa falida).</p><p>Em se tratando de particular, não</p><p>há limitação a legitimidade ativa.</p><p>Art. 21- O mandado de</p><p>segurança coletivo pode ser</p><p>impetrado por partido político</p><p>com representação no</p><p>Congresso Nacional, na defesa</p><p>de seus interesses legítimos</p><p>relativos a seus integrantes ou à</p><p>finalidade partidária, ou por</p><p>organização</p><p>sindical, entidade</p><p>de classe ou associação</p><p>legalmente constituída e em</p><p>funcionamento há, pelo menos,</p><p>1 (um) ano, em defesa de</p><p>direitos líquidos e certos da</p><p>totalidade, ou de parte, dos seus</p><p>membros ou associados, na</p><p>forma dos seus estatutos e</p><p>desde que pertinentes às suas</p><p>finalidades, dispensada, para</p><p>tanto, autorização especial.</p><p>Súmula 630 do STF (“A entidade</p><p>de classe tem legitimação para o</p><p>mandado de segurança, ainda</p><p>quando a pretensão veiculada</p><p>interesse apenas a uma parte da</p><p>respectiva categoria”).</p><p>a) Autoridade pública de</p><p>qualquer dos poderes da União,</p><p>dos Estados, do DF e dos</p><p>Municípios, bem como de suas</p><p>autarquias, fundações públicas,</p><p>empresas públicas e sociedades</p><p>de economia mista;</p><p>b) agente de pessoa jurídica</p><p>privada, desde que no exercício</p><p>de atribuições do Poder Público</p><p>(só responderão se estiverem,</p><p>por delegação, no exercício de</p><p>atribuições do Poder Público).</p><p>Importante:</p><p>A autoridade coatora será o</p><p>agente delegado (que recebeu a</p><p>atribuição) e não a autoridade</p><p>delegante (que efetivou a</p><p>delegação). Esse é o teor da</p><p>Súmula 510 do STF.</p><p>→ Ministério Público</p><p>O Ministério Público sempre atua como parte autônoma, com intuito de zelar pela</p><p>aplicação da lei e regularidade do processo. A falta de intimação do Ministério Público</p><p>2ª Fase Constitucional l 39º Exame de Ordem</p><p>E-book de Processo Constitucional</p><p>67</p><p>pode ser matéria de nulidade. Agora, poderá ele tutelar em nome próprio ou em nome</p><p>daqueles pelos quais é designado a representar e defender segundo a lei.</p><p>3.6. Competência</p><p>Define-se a competência para julgar mandado de segurança pela categoria da autoridade</p><p>coatora e pela sua sede funcional, não interessando a natureza do ato impugnado para fins de</p><p>competência.</p><p>Tem-se que aqui trabalhar por exclusão, ou seja, primeiro busca-se identificar se não é o</p><p>caso de competência enumerada na Constituição:</p><p>Art. 102 da CF. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da</p><p>Constituição, cabendo-lhe:</p><p>I – processar e julgar, originariamente: (...) d) o habeas corpus, sendo paciente qualquer</p><p>das pessoas referidas nas alíneas anteriores; o mandado de segurança e o habeas data</p><p>contra atos do Presidente da República, das Mesas da Câmara dos Deputados e do</p><p>Senado Federal, do Tribunal de Contas da União, do Procurador-Geral da República e do</p><p>próprio Supremo Tribunal Federal;</p><p>(...)</p><p>II – julgar, em recurso ordinário: a) o habeas corpus, o mandado de segurança, o habeas</p><p>data e o mandado de injunção decididos em única instância pelos Tribunais Superiores,</p><p>se denegatória a decisão.</p><p>Art. 105 da CF. Compete ao Superior Tribunal de Justiça:</p><p>I – processar e julgar, originariamente: (...) b) os mandados de segurança e os habeas</p><p>data contra ato de Ministro de Estado, dos Comandantes da Marinha, do Exército e da</p><p>Aeronáutica ou do próprio Tribunal;</p><p>II – julgar, em recurso ordinário: b) os mandados de segurança decididos em única</p><p>instância pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos tribunais dos Estados, do Distrito</p><p>Federal e Territórios, quando denegatória a decisão;</p><p>Art. 108 da CF. Compete aos Tribunais Regionais Federais:</p><p>I – processar e julgar, originariamente: c) os mandados de segurança e os habeas data</p><p>contra ato do próprio Tribunal ou de juiz federal;</p><p>II – julgar, em grau de recurso, as causas decididas pelos juízes federais e pelos juízes</p><p>estaduais no exercício da competência federal da área de sua jurisdição.</p><p>Art. 109 da CF. Aos juízes federais compete processar e julgar:</p><p>VIII – Os mandados de segurança e os habeas data contra ato de autoridade federal,</p><p>excetuados os casos de competência dos tribunais federais;</p><p>Caso a impetração ocorra em juízo incompetente, ou no decorrer do processo situação</p><p>jurídica ou algum fato que altere a competência julgadora, o Magistrado ou Tribunal deverá</p><p>remeter a juízo competente.</p><p>Havendo intervenção da União, Estado ou de suas autarquias, desloca-se a competência</p><p>primeiramente para a Justiça Federal ou para a Vara privativa estadual.</p><p>2ª Fase Constitucional l 39º Exame de Ordem</p><p>E-book de Processo Constitucional</p><p>68</p><p>Nas comarcas em que houver Varas privativas da Fazenda Pública, o juízo competente</p><p>será sempre o dessas Varas, conforme ato impugnado provenha de autoridade federal, estadual</p><p>e municipal, ou de seus delegados, por outorga legal concessão ou permissão administrativa.</p><p>• Exemplos:</p><p>→ Autoridade estadual, serventuários e dirigentes estaduais ou municipais –</p><p>competência da Justiça Estadual (juiz de primeiro grau)</p><p>→ Autoridade Federal – Justiça Federal</p><p>→ Juiz de Direito – Tribunal de Justiça</p><p>→ Juiz Federal – Tribunal Regional Federal</p><p>→ TJ, TRF, STJ OU STF – o pleno ou o órgão especial dos tribunais</p><p>Regra geral</p><p>Juiz de 1° grau</p><p>1) Autoridades Municipais de qualquer órgão (Executivo, Legislativo, Administração Indireta), salvo se</p><p>a Constituição estadual dispuser de maneira diversa, o que é incomum.</p><p>2) Autoridades estaduais (Executivo, Legislativo e Judiciário).</p><p>Exceções</p><p>1) Quanto a autoridade coatora é Juiz, Mesa da Assembleia Legislativa, Tribunal de Contas,</p><p>Secretários de Estado e Membros do MP, a CF não especifica expressamente, mas geralmente é o</p><p>TJ local.</p><p>2) Se for juiz de JEC: Câmara Recursal Súmula 376 do STJ.</p><p>Observação importante para provas:</p><p>Segundo o STF, todos os Tribunais têm competência para julgar, originariamente, os MS</p><p>contra os seus próprios atos, os dos respectivos presidentes e os de suas câmaras, turmas</p><p>ou seções. Assim, MS contra ato do STJ, do Presidente do STJ ou de uma turma do STJ,</p><p>será julgado pelo próprio STJ e assim sucessivamente. No âmbito da Justiça Estadual,</p><p>caberá aos próprios estados membros cuidar da competência para a apreciação do MS</p><p>contra atos de suas autoridades, por força do art. 125 da CF.</p><p>2ª Fase Constitucional l 39º Exame de Ordem</p><p>E-book de Processo Constitucional</p><p>69</p><p>3.7. Tutela de urgência</p><p>Caberá liminar em se tratando de tutela de urgência, atenção ao que diz a Lei no caso de</p><p>liminares:</p><p>Art. 7º da Lei nº 12.016/09: (...)</p><p>III – que se suspenda o ato que deu motivo ao pedido, quando houver fundamento</p><p>relevante e do ato impugnado puder resultar a ineficácia da medida, caso seja finalmente</p><p>deferida, sendo facultado exigir do impetrante, caução, fiança ou depósito, com o objetivo</p><p>de assegurar o ressarcimento à pessoa jurídica.</p><p>Deve-se atentar aos requisitos do art. 300, §3º, do CPC.</p><p>3.8. Particularidades importantes da peça e do processo</p><p>→ A complexidade jurídica da questão, não impede a impetração de mandado de</p><p>segurança.</p><p>→ Admite-se desistência, independentemente do consentimento do impetrado.</p><p>Porém, segundo a jurisprudência do STF, essa faculdade de desistência encontra limite</p><p>no julgamento de mérito da causa. Assim, uma vez julgado o mérito do Mandado de</p><p>Segurança, o demandante pode até desistir de recurso eventualmente interposto, mas a</p><p>decisão recorrida será mantida intacta, pois não lhe será permitido desistir do processo,</p><p>sobretudo quando a decisão lhe for desfavorável.</p><p>→ Prazo para impetrar é decadencial de 120 dias a contar da ciência do ato: Art.</p><p>23 da Lei nº 12.016/09: O direito de requerer mandado de segurança extinguir-se-á</p><p>decorridos 120 (cento e vinte) dias, contados da ciência, pelo interessado, do ato</p><p>impugnado.</p><p>→ Jurisprudência posterior ao enunciado:</p><p>Não interrupção do prazo decadencial pelo pedido de reconsideração. "Alega a recorrente,</p><p>em síntese, que: (a) não se consumou, no caso, a decadência para a impetração do</p><p>presente mandado de segurança; e (b) o termo inicial do prazo decadencial de 120 dias</p><p>corresponderia à data da ciência da decisão que indeferiu pedido de reconsideração. (...)</p><p>Ademais, segundo entendimento pacífico da Corte, 'pedido de reconsideração na esfera</p><p>administrativa não interrompe o prazo para o mandado de segurança' (Súmula 430 do</p><p>STF). (MS 28793 AgR, Relator</p><p>Ministro Teori Zavascki, Tribunal Pleno, julgamento em</p><p>30.4.2014, DJe de 19.5.2014)</p><p>→ Súmula 512 do STF e 105 do STJ:</p><p>2ª Fase Constitucional l 39º Exame de Ordem</p><p>E-book de Processo Constitucional</p><p>70</p><p>Art. 25 da Lei nº 12.016/09: Não cabem, no processo de mandado de segurança, a</p><p>interposição de embargos infringentes e a condenação ao pagamento dos honorários</p><p>advocatícios, sem prejuízo da aplicação de sanções no caso de litigância de má-fé.</p><p>3.9. Formulação do pedido</p><p>Esqueleto da peça</p><p>Competência Variável</p><p>Endereçamento Depende da competência</p><p>Partes</p><p>(ativa e passiva)</p><p>INDIVIDUAL – Legitimidade ativa – poder de qualquer pessoa física ou jurídica</p><p>nacional ou estrangeira, ou órgão público com capacidade processual desde</p><p>que comprove violação a direito líquido e certo seu que não fira a liberdade de</p><p>locomoção ou o direito de informação de caráter personalíssimo.</p><p>COLETIVO – partido político ou organização sindical.</p><p>Legitimidade passiva – da autoridade coatora responsável pela prática de ação</p><p>ou omissão que ameaça ou efetivamente líquido e certo.</p><p>O que devo</p><p>suscitar?</p><p>Violação do direito líquido e certo, por coação ou ameaça, indicando a</p><p>autoridade coatora.</p><p>Pedido</p><p>Liminar (se for o caso);</p><p>Notificação da autoridade coatora;</p><p>Ciência ao representante judicial da autoridade coatora;</p><p>Intimação do Ministério Público;</p><p>Acatar a prova da liquidez;</p><p>Ao final, a procedência do pedido, para evitar ou reparar lesão ao direito</p><p>líquido e certo do impetrante.</p><p>Caso hipotético e modelo OAB</p><p>Exame de Ordem XXIX - Peça Prático-Profissional</p><p>Enunciado:</p><p>João, cidadão politicamente atuante e plenamente consciente dos deveres a serem</p><p>cumpridos pelos poderes constituídos em suas relações com a população, decidiu</p><p>2ª Fase Constitucional l 39º Exame de Ordem</p><p>E-book de Processo Constitucional</p><p>71</p><p>fiscalizar a forma de distribuição dos recursos aplicados na área de educação no Município</p><p>Alfa, sede da Comarca X e vizinho àquele em que residia, considerando as dificuldades</p><p>enfrentadas pelos moradores do local. Para tanto, compareceu à respectiva Secretaria</p><p>Municipal de Educação e requereu o fornecimento de informações detalhadas a respeito</p><p>das despesas com educação no exercício anterior, a discriminação dos valores gastos</p><p>com pessoal e custeio em geral e os montantes direcionados a cada unidade escolar, já</p><p>que as contratações eram descentralizadas.</p><p>O requerimento formulado foi indeferido por escrito, pelo Secretário Municipal de</p><p>Educação, sob o argumento de que João não residia no Município Alfa; os gastos com</p><p>pessoal eram sigilosos, por dizerem respeito à intimidade dos servidores; as demais</p><p>informações seriam disponibilizadas para o requerente e para o público em geral, via</p><p>Internet, quando estivesse concluída a estruturação do “portal da transparência”, o</p><p>que estava previsto para ocorrer em 2 (dois) anos. João não informou de que modo</p><p>usaria as informações.</p><p>Inconformado com o indeferimento do requerimento que formulara, João contratou os</p><p>seus serviços como advogado(a) poucos dias após a prolação da decisão e solicitou</p><p>o ajuizamento da medida cabível, de modo que pudesse obter, com celeridade, as</p><p>informações almejadas, o que permitiria sua divulgação à população interessada,</p><p>permitindo-lhe avaliar a conduta do Prefeito Municipal, candidato à reeleição no</p><p>processo eleitoral em curso.</p><p>Elabore a petição da medida judicial adequada, considerando-se como tal aquela que</p><p>não exija instrução probatória. (Valor: 5,00)</p><p>Obs.: a peça deve abranger todos os fundamentos de Direito que possam ser</p><p>utilizados para dar respaldo à pretensão. A simples menção ou transcrição do</p><p>dispositivo legal não confere pontuação.</p><p>Gabarito:</p><p>Segue modelo de estruturação da peça de Mandado de Segurança cobrado no</p><p>EXAME DE ORDEM XXIX:</p><p>2ª Fase Constitucional l 39º Exame de Ordem</p><p>E-book de Processo Constitucional</p><p>72</p><p>JUÍZO DA ... VARA CÍVEL DA COMARCA X, ESTADO...</p><p>JOÃO, estado civil..., aposentado, inscrito no CPF sob o n° ..., endereço</p><p>eletrônico..., residente e domiciliado na Rua..., n°..., Bairro..., Cidade..., Estado...,</p><p>CEP..., vem, por seu procurador signatário, inscrito na OAB n°..., impetrar</p><p>MANDADO DE SEGURANÇA COM PEDIDO DE LIMINAR, com base no artigo 5º,</p><p>inciso LXIX, da Constituição Federal, e artigo 1°, da Lei nº 12.016/2009, contra o</p><p>SECRETÁRIO MUNICIPAL DA EDUCAÇÃO DO MUNICÍPIO ALFA, autoridade</p><p>pública..., estado civil..., inscrito no CPF sob o n° ..., endereço eletrônico..., residente</p><p>e domiciliado na Rua..., n°..., Bairro..., Cidade..., Estado..., CEP...; vinculado ao</p><p>MUNICÍPIO ALFA, pessoa jurídica de Direito Público, inscrito no CNPJ sob o n°...,</p><p>endereço eletrônico..., com sede na Rua..., n°..., Bairro..., Cidade..., Estado...,</p><p>CEP..., pelos fatos e fundamentos a seguir expostos.</p><p>1) DOS FATOS</p><p>O impetrante requereu informações acerca das despesas com educação no</p><p>Município Alfa, tendo, no entanto, seu pedido negado pelo Secretário de Educação</p><p>do Município Alfa.</p><p>2) DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS</p><p>2.1) Da Competência</p><p>Trata-se de competência da Justiça Estadual, fixada pelo critério residual,</p><p>previsto no artigo 25, parágrafo 1º e 125, da Constituição Federal, uma vez que os</p><p>atos de secretários municipais não estão albergados pela competência de qualquer</p><p>outra justiça. Ressalte-se que não há previsão de foro por prerrogativa igualmente,</p><p>de modo que o processo deve ser iniciado na Justiça de Primeiro Grau.</p><p>A Comarca X é a competente, diante da inexistência de sede da justiça no</p><p>Município Alfa.</p><p>2ª Fase Constitucional l 39º Exame de Ordem</p><p>E-book de Processo Constitucional</p><p>73</p><p>2.2) Da Legitimidade</p><p>A legitimidade ativa de João decorre da sua titularidade pessoal do direito de</p><p>acesso à informação, sendo titular do direito que postula, nos termos do artigo 1º, da</p><p>Lei nº 12.016/09.</p><p>A legitimidade passiva do Secretário Municipal de Educação do Município</p><p>Alfa, por sua vez justificada pelo fato de ser o responsável pela educação na</p><p>localidade e por terem indeferido o requerimento formulado por João, nos termos do</p><p>artigo 6°, parágrafo 3°, da Lei nº 12.016/09. O Município Alfa deverá ser cientificado,</p><p>já que a autoridade coatora está vinculada a esta pessoa jurídica.</p><p>2.3) Do Cabimento</p><p>Cabe Mandado de Segurança, uma vez que se trata de ação fundamentada</p><p>em direito líquido e certo, conforme artigo 5º, inciso LXIX, da Constituição Federal, e</p><p>artigo 1°, caput, da Lei nº 12.016/09, contra ato de autoridade pública que praticou</p><p>ilegalidade.</p><p>De fato, o direito líquido e certo consiste na absoluta certeza da existência</p><p>jurídica do direito de acesso à informação, consagrado na Constituição Federal em</p><p>norma de eficácia plena, mas mesmo assim regulamentado na Lei nº 12.527/11.</p><p>O conjunto probatório indica que não há necessidade de produção de provas,</p><p>pois a prova já está pré-constituída com a negativa de acesso à informação, o que é</p><p>fundamental para o Mandado de Segurança.</p><p>Ressalte-se que não ocorreu a decadência do Mandado de Segurança, pois</p><p>não decorreram mais de 120 (centro e vinte) dias da negativa, conforme artigo 23,</p><p>da Lei nº 12.016/09.</p><p>2.5) Do Direito</p><p>É as segurado a todos o acesso à informação, nos termos do artigo 5º, inciso</p><p>XIV, da CRFB/88 e o direito de receber dos órgãos públicos as informações de</p><p>interesse coletivo ou geral, conforme dispõe o artigo 5º, inciso XXXIII, da CRFB/88.</p><p>Os usuários, ademais, têm assegurado o seu acesso ao teor dos atos de governo,</p><p>2ª Fase Constitucional l 39º Exame de Ordem</p><p>E-book de Processo Constitucional</p><p>74</p><p>nos termos do artigo 37, parágrafo 3º, inciso II, da CRFB/88, informação que deve</p><p>ser fornecida no prazo estabelecido pelo artigo 11, da Lei nº 12.527/11,</p><p>independentemente de qualquer esclarecimento a respeito dos motivos</p><p>determinantes da solicitação, nos termos do artigo 10, parágrafo 3º,</p><p>tome determinada providência, como reparar equipamentos públicos,</p><p>tais como uma rua.</p><p>b) O advogado elaborará também petições judiciais, as quais são direcionadas</p><p>aos magistrados. As petições direcionadas aos magistrados serão anexadas ao processo,</p><p>e servem tanto para que o processo seja impulsionado como também de resposta aos</p><p>pedidos da outra parte ou determinações judiciais (MITIDIERO; SARLET; MARINONI,</p><p>2018). De petição em petição o processo acaba sendo montado e, finalmente, finalizado,</p><p>com uma sentença ou acórdão. As petições judiciais podem ser: 1) de mero</p><p>prosseguimento, quando o advogado impulsiona o processo sem postular, como por</p><p>exemplo arrolando testemunhas, manifestando-se sobre a perícia, etc.; 2) petições</p><p>iniciais; 3) petições de recurso (MITIDIERO; MARINONI; ARENHART, 2017).</p><p>As petições de prosseguimento dificilmente serão objeto de avaliação na prova da OAB,</p><p>uma vez que exigem pouco conhecimento técnico. Tanto a lógica como a experiência com provas</p><p>anteriores demonstram que a banca avaliadora buscará testar o conhecimento do candidato com</p><p>petições complexas, que exijam conhecimento do Direito Constitucional e/ou Processual. Deste</p><p>modo, parece claro que serão exigidas na prova em Direito Constitucional petições que exijam</p><p>conhecimento técnico, como são as petições iniciais e os recursos. Conclui-se que dificilmente</p><p>será objeto de avaliação petições de prosseguimento, de modo que este livro tem ênfase nas</p><p>petições iniciais e nas petições de recurso.</p><p>Ainda, dado o fato de que se trata de uma segunda fase em Direito Constitucional, pode-</p><p>se dizer também, com altíssimo grau de probabilidade, que o conteúdo da petição exigida versará</p><p>sobre matéria constitucional. Isto faz com que sejam excluídas, como improváveis, várias</p><p>petições, tais como Recurso Especial (matéria de Direito infraconstitucional) e agravo de</p><p>instrumento.</p><p>A seguir são elencadas as petições com maior probabilidade de serem exigidas, no</p><p>entender dos autores deste Ebook.</p><p>No campo do controle concentrado, há probabilidade de serem exigidas as seguintes</p><p>petições iniciais: Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI), Ação Direta de Inconstitucionalidade</p><p>2ª Fase Constitucional l 39º Exame de Ordem</p><p>E-book de Processo Constitucional</p><p>7</p><p>por Omissão (ADO), Ação Declaratória de Constitucionalidade (ADC) e Arguição de</p><p>Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF). Na dimensão dos remédios constitucionais,</p><p>são possíveis de serem exigidas: Habeas Data (HD), Mandado de Segurança (MS), Mandado</p><p>de Injunção (MI), Ação Popular (AP) e Ação Civil Pública (ACP). A reclamação sempre tem uma</p><p>grande chance de ser a peça escolhida para fins de OAB. Em sede de recursos as maiores</p><p>probabilidades recaem sobre o Recurso Ordinário (RO) e o Recurso Extraordinário (RE).</p><p>É evidente que se trata de probabilidades. Em potencial, todas as ações previstas neste</p><p>livro podem ser exigidas, de modo que um estudo sobre elas se faz necessário para se ter a</p><p>segurança necessária para o enfrentamento da prova da OAB. Este livro, assim, traz</p><p>praticamente todas as petições possíveis no campo do processo constitucional.</p><p>2. ESQUEMA DE ESTRUTURA DO PODER JUDICIÁRIO E SUAS FUNÇÕES</p><p>As petições e recursos são exemplos de postulação. Eles servem para serem julgados e,</p><p>portanto, são direcionados a magistrados. Entretanto, não é possível que as petições sejam</p><p>direcionadas a qualquer juiz ou magistrado. A justiça brasileira está organizada em diferentes</p><p>ramos, especializados em diferentes tipos de matérias e autoridades. Além disto, há de se notar</p><p>a hierarquia dos juízes e tribunais, já que os tribunais existem para revisar as decisões dos juízes</p><p>e, portanto, são relevantes para o entendimento do sistema judiciário do Brasil.</p><p>A pergunta sobre quem irá julgar é a pergunta sobre a competência. A CRFB/88 distribui</p><p>competências, isto é, distribui competências para julgamento de determinadas matérias. A</p><p>competência para julgamento, assim como a estrutura básica da Justiça brasileira é questão para</p><p>a Constituição dispor, o que ela faz a partir do art. 92 em diante. É de suma importância entender</p><p>qual tribunal ou qual juiz irá julgar determinada matéria – ou seja, a competência – já que isto</p><p>determinará o endereçamento. A petição deve ser endereçada, direcionada, a quem vai julgar,</p><p>isto é, a quem é competente para julgar a causa ou recurso.</p><p>A competência que está na CRFB/88 é do tipo absoluta, gerando nulidade absoluta</p><p>qualquer julgamento em outro órgão que não o indicado na Constituição, sendo um tipo de</p><p>competência indisponível para as partes.</p><p>A partir do art. 92 é possível entender a estrutura básica do Poder Judiciário Brasileiro.</p><p>2ª Fase Constitucional l 39º Exame de Ordem</p><p>E-book de Processo Constitucional</p><p>8</p><p>Art. 92. São órgãos do Poder Judiciário:</p><p>I - o Supremo Tribunal Federal;</p><p>I-A o Conselho Nacional de Justiça;</p><p>II - o Superior Tribunal de Justiça;</p><p>II-A - o Tribunal Superior do Trabalho;</p><p>III - os Tribunais Regionais Federais e Juízes Federais;</p><p>IV - os Tribunais e Juízes do Trabalho;</p><p>V - os Tribunais e Juízes Eleitorais;</p><p>VI - os Tribunais e Juízes Militares;</p><p>VII - os Tribunais e Juízes dos Estados e do Distrito Federal e Territórios.</p><p>§ 1º O Supremo Tribunal Federal, o Conselho Nacional de Justiça e os Tribunais</p><p>Superiores têm sede na Capital Federal.</p><p>§ 2º O Supremo Tribunal Federal e os Tribunais Superiores têm jurisdição em todo o</p><p>território nacional.</p><p>O candidato deve dominar a competência de cada um dos tribunais e de cada uma das</p><p>justiças especializadas. O foco maior, contudo, é no STF, STJ, Justiça Federal e Justiça</p><p>Estadual. Não que não seja possível a exigência de peças nas demais justiças, mas por uma</p><p>questão de tradição dos gabaritos anteriores, combinado com a lógica, tem-se a maior</p><p>probabilidade nestes órgãos aí indicados. Como forma de entender a competência, sugere-se</p><p>2ª Fase Constitucional l 39º Exame de Ordem</p><p>E-book de Processo Constitucional</p><p>9</p><p>iniciar o raciocínio pelos tribunais superiores (STF e STJ), passa pelas justiças especializadas,</p><p>depois pela Justiça Federal e finalmente termina na Justiça Estadual.</p><p>→ O STF possui sua competência determinada no art. 102 da Constituição</p><p>Federal. Este artigo 102 é composto pelo inciso I, o qual contém as competências</p><p>originárias (processos que iniciam no STF), inciso II, que é a previsão de recurso ordinário</p><p>e finalmente inciso III, recurso extraordinário. Se a situação que está narrada na questão</p><p>não se amolda a nenhum dos incisos do art. 102, então é o caso de se analisar a</p><p>competência do STJ.</p><p>→ A competência do STJ está no art. 105 da Constituição. Este artigo tem uma</p><p>estrutura parecida com aquela do art. 102. Há também um inciso I, o qual contém as</p><p>competências originárias (processos que iniciam no STJ), o inciso II, que é a previsão</p><p>também de recurso ordinário, assim como o inciso III, o qual traz o recurso especial. Se o</p><p>que está contido no enunciado não se amoldar ao 102 e ao 105, é o momento de se</p><p>analisar se a questão não reside nas justiças especializadas.</p><p>→ A Justiça militar federal só julga crimes militares (art. 124).</p><p>→ A Justiça eleitoral julga matéria contida em lei complementar (art. 121), ou seja,</p><p>a Constituição não diz expressamente o que compete à justiça eleitoral. Entretanto, sua</p><p>competência abrange crimes eleitorais, a organização administrativa da eleição, matéria</p><p>de registro e prestação de contas partidárias, além de processos relacionados ao</p><p>processo eleitoral.</p><p>→ A Justiça do Trabalho tem sua competência enumerada no art. 114 da</p><p>CRFB/88.</p><p>→ Se a questão narrada na prova da OAB não se amolda à competência do STF,</p><p>do STJ e à nenhuma das Justiças Especializadas, então o próximo passo é analisar a</p><p>competência da Justiça Federal, geralmente vinculada a causas que envolvam</p><p>autoridades</p><p>da Lei nº</p><p>12.527/11. As informações relativas aos gastos com pessoal não dizem respeito à</p><p>intimidade dos servidores, pois refletem a maneira de gasto do dinheiro público,</p><p>apresentando indiscutível interesse público. O fato de João não residir no Município</p><p>é irrelevante, pois os entes federados não podem criar distinções entre brasileiros,</p><p>nos termos do artigo 19, inciso III, da CRFB/88.</p><p>2.6) Da medida liminar</p><p>O juiz poderá conceder a liminar, pois estão presentes os pressupostos de</p><p>periculum in mora e fumus bonis juris, conforme artigo 7, inciso III, da Lei nº</p><p>12.016/09, ou, em outras palavras, existe probabilidade do direito e perigo de dano,</p><p>nos termos do art. 300 do CPC.</p><p>Trata-se de direito líquido e certo de acesso à informação, restando</p><p>demonstrada a relevância dos fundamentos da impetração, conforme as razões de</p><p>mérito.</p><p>Há risco de ineficácia da medida final se a liminar não for deferida, tendo em</p><p>vista a urgência da situação, já que as informações servirão para que a população</p><p>interessada avalie o desempenho do Prefeito Municipal, candidato à reeleição.</p><p>3) DOS PEDIDOS</p><p>a) A concessão da medida liminar para determinar que a autoridade coatora</p><p>forneça os dados solicitados por João, com expedição de ofício para a autoridade</p><p>coatora, assegurado o direito do impetrante até o julgamento do mérito da ordem,</p><p>conforme 7º, inciso III, da Lei nº 12.016/09, e 300, do Código de Processo Civil;</p><p>2ª Fase Constitucional l 39º Exame de Ordem</p><p>E-book de Processo Constitucional</p><p>75</p><p>b) A notificação da Autoridade Coatora para prestar informações no prazo</p><p>legal de 10 (dez) dias, entregando-lhe a segunda via da petição, conforme artigo 7º,</p><p>inciso I, da Lei nº 12.016/09;</p><p>c) Dar ciência do feito ao órgão de representação judicial da pessoa jurídica</p><p>interessada, conforme artigo 7º, inciso II, da Lei nº 12.016/09;</p><p>d) Acatar as provas que demostrem a liquidez do direito em questão,</p><p>confirmando a prova pré-constituída;</p><p>e) Requerer, ao final, seja julgado procedente o pedido, para a concessão da</p><p>ordem do Mandado de Segurança, tornando definitiva a liminar, assegurando o</p><p>direito líquido e certo do Impetrante ao conhecimento das informações;</p><p>Valor da causa R$ ..., para efeitos procedimentais.</p><p>Local..., data...</p><p>Advogado...OAB</p><p>2ª Fase Constitucional l 39º Exame de Ordem</p><p>E-book de Processo Constitucional</p><p>76</p><p>Exame de Ordem XXIV - Peça Prático-Profissional</p><p>Enunciado:</p><p>Após anos de defasagem salarial, milhares de trabalhadores que integravam o mesmo</p><p>segmento profissional reuniram-se na sede do Sindicato W, legalmente constituído e em</p><p>funcionamento há vinte anos, que representava os interesses da categoria, em</p><p>assembleia geral convocada especialmente para deliberar a respeito das medidas a</p><p>serem adotadas pelos sindicalizados.</p><p>Ao fim de ampla discussão, decidiram que, em vez da greve, que causaria grande prejuízo</p><p>à população e à economia do país, iriam se encontrar nas praças da capital do Estado</p><p>Alfa, com o objetivo de debater publicamente os interesses da categoria de forma</p><p>organizada e ordeira, e ainda fariam passeatas semanais pelas principais ruas da capital.</p><p>Em situações dessa natureza, a lei dispõe que seria necessária a prévia comunicação ao</p><p>comandante da Polícia Militar.</p><p>No mesmo dia em que recebeu a comunicação dos encontros e das passeatas semanais,</p><p>que teriam início em dez dias, o comandante da Polícia Militar, em decisão formalmente</p><p>comunicada ao Sindicato W, decidiu indeferi-los, sob o argumento de que atrapalhariam</p><p>o direito ao lazer nas praças e a tranquilidade das pessoas, os quais são protegidos pela</p><p>ordem jurídica.</p><p>Inconformado com a decisão do comandante da Polícia Militar, o Sindicato W procurou</p><p>um advogado e solicitou o manejo da ação judicial cabível, que dispensasse instrução</p><p>probatória, considerando a farta prova documental existente, para que os trabalhadores</p><p>pudessem cumprir o que foi deliberado na assembleia da categoria, no prazo inicialmente</p><p>fixado, sob pena de esvaziamento da força do movimento. (Valor: 5,00)</p><p>Obs.: a peça deve abranger todos os fundamentos de Direito que possam ser utilizados</p><p>para dar respaldo à pretensão. A simples menção ou transcrição do dispositivo legal não</p><p>confere pontuação.</p><p>Gabarito:</p><p>Segue modelo de estruturação da peça de Mandado de Segurança Coletivo cobrado no</p><p>EXAME DE ORDEM XXIV:</p><p>2ª Fase Constitucional l 39º Exame de Ordem</p><p>E-book de Processo Constitucional</p><p>77</p><p>JUÍZO DA VARA CÍVEL DA COMARCA DO MUNICÍPIO ...</p><p>SINDICATO W, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ sob o n°</p><p>..., endereço eletrônico..., com sede na Rua..., n°..., Bairro..., Cidade..., Estado...,</p><p>CEP..., representado por seu PRESIDENTE..., vem, por seu procurador signatário,</p><p>inscrito na OAB n°..., impetrar MANDADO DE SEGURANÇA COLETIVO, com base</p><p>no artigo 5º, incisos LXIX e LXX, alínea “b”, da Constituição Federal e artigo 21 da</p><p>Lei nº 12.016/2009, contra o COMANDANTE DA POLÍCIA MILITAR, autoridade</p><p>pública..., estado civil..., inscrito no CPF sob o n° ..., endereço eletrônico..., residente</p><p>e domiciliado na Rua..., n°..., Bairro..., Cidade..., Estado..., CEP..., vinculado ao</p><p>ESTADO ALFA, pessoa jurídica de Direito Público inscrito no CNPJ sob o n°...,</p><p>endereço eletrônico..., com sede na Rua..., n°..., Bairro..., Cidade..., Estado...,</p><p>CEP..., pelos fatos e fundamentos a seguir expostos:</p><p>1) DOS FATOS</p><p>O Impetrante teve seu direito líquido e certo negado pela autoridade coatora,</p><p>ao não permitir a manifestação pública legítima nas praças da capital do Estado Alfa.</p><p>2) DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS</p><p>2.1) Da Competência</p><p>Compete a justiça estadual, de forma residual, processar e julgar Mandado de</p><p>Segurança Coletivo, nos termos dos artigos 25 e 125, da Constituição Federal.</p><p>2.2) Da Legitimidade</p><p>A legitimidade ativa do impetrante decorre do fato de ele ser uma organização</p><p>sindical legalmente constituída e em funcionalmente há mais de 1 (um) ano, estando</p><p>em defesa de direitos líquidos e certos de parte dos trabalhadores da categoria, tal</p><p>qual autorizado pelo artigo 21, da Lei nº 12.016/2009, e artigo 5º, inciso LXX, alínea</p><p>“b”, da Constituição Federal.</p><p>2ª Fase Constitucional l 39º Exame de Ordem</p><p>E-book de Processo Constitucional</p><p>78</p><p>Legitimidade passiva é do Comandante da Polícia Militar do Estado Alfa e do</p><p>Estado Alfa, tendo em vista serem as autoridades que emanaram a decisão que feriu</p><p>direito líquido e certo dos trabalhadores, impedindo a realização das reuniões e das</p><p>passeatas, nos termos do artigo 6°, parágrafo 3°, da Lei nº 12.016/09.</p><p>2.3) Do cabimento</p><p>Cabe mandado de segurança coletivo, uma vez que se trata de ação</p><p>fundamentada em violação de direitos líquidos e certos coletivos, conforme artigo 5º,</p><p>incisos LXIX e LXX, da Constituição Federal e artigo 1°, caput, e artigo 21, parágrafo</p><p>único, ambos da Lei nº 12.016/2009.</p><p>De fato, a prova já está totalmente pré-constituída, consistente na decisão</p><p>proferida pela autoridade coatora e formalmente comunicada ao Sindicato W e</p><p>dispensa instrução probatória, logo cabendo o Mandado de Segurança Coletivo.</p><p>Impende esclarece que não houve decadência do mandado de segurança,</p><p>pois não decorreram de 120 (centro e vinte) dias, conforme artigo 23, da Lei nº</p><p>12.016/09.</p><p>2.4) Do Direito</p><p>Os trabalhadores têm direito fundamental à livre manifestação do</p><p>pensamento, conforme artigo 5º, inciso IV, da Constituição Federal, bem como à</p><p>liberdade de expressão, conforme artigo 5º, inciso IX, da Constituição Federal e</p><p>reunião pacífica, conforme artigo 5º, inciso XVI, Constituição Federal.</p><p>A conduta do comandante ofendeu o direito líquido e certo à manifestação, a</p><p>qual não estabelece à autoridade pública o direito de obstruir a manifestação.</p><p>São direitos de eficácia plena, não podendo ser limitados administrativamente.</p><p>Assim, a medida se mostra</p><p>pouco razoável e desproporcional, não cabendo, por isto,</p><p>a obstrução.</p><p>2.5) Da Medida Liminar</p><p>2ª Fase Constitucional l 39º Exame de Ordem</p><p>E-book de Processo Constitucional</p><p>79</p><p>Nos termos do artigo 7, inciso III, da Lei nº 12.016/09, é possível o deferimento</p><p>de medida liminar, tendo em vista ser absolutamente necessária no presente caso,</p><p>uma vez que estão ameaçados direitos fundamentais da parte, ou, em outras</p><p>palavras, existe probabilidade do direito e perigo de dano, nos termos do art. 300 do</p><p>CPC.</p><p>Há o risco de ineficácia da medida final se a liminar não for deferida, tendo em</p><p>vista a urgência da situação, já que as reuniões nas praças e as passeatas</p><p>começariam em poucos dias. Assim, restou demonstrado o fumus boni iuris e</p><p>periculum in mora.</p><p>3) DOS PEDIDOS</p><p>a) A concessão da medida liminar, com base no artigo 7º, inciso III, da Lei nº</p><p>12.016/2009 e art. 300 do CPC, para que a autoridade coatora se abstenha de adotar</p><p>qualquer medida que impeça a realização das reuniões e das passeatas;</p><p>b) A notificação da Autoridade Coatora para prestar informações, conforme</p><p>artigo 7º, inciso I, da Lei nº 12.016/2009;</p><p>c) A ciência do feito ao órgão de representação judicial da pessoa jurídica</p><p>interessada, Estado Alfa, conforme artigo 7º, inciso II, da Lei nº 12.016/2009;</p><p>d) Acatar as provas que demostrem a liquidez do direito em questão,</p><p>confirmando prova pré-constituída;</p><p>e) Requerer, ao final, seja julgado procedente o pedido para conceder o</p><p>Mandado de Segurança, tornando definitiva a liminar, a fim de assegurar o direito</p><p>líquido e certo do Impetrante.</p><p>Valor da causa R$ ..., para efeitos procedimentais.</p><p>Local..., data...</p><p>Advogado...OAB...</p><p>2ª Fase Constitucional l 39º Exame de Ordem</p><p>E-book de Processo Constitucional</p><p>80</p><p>4. MANDADO DE INJUNÇÃO</p><p>4.1. Fundamento legal</p><p>Conforme o art. 5º, inciso LXXI, da Constituição Federal, com a seguinte redação:</p><p>Conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta de norma regulamentadora torne</p><p>inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes</p><p>à nacionalidade, à soberania e à cidadania;</p><p>Fundamento legal:</p><p>Art. 1º da Lei 13.300/2016: Esta Lei disciplina o processo e o julgamento dos mandados</p><p>de injunção individual e coletivo, nos termos do inciso LXXI do art. 5º da Constituição</p><p>Federal.</p><p>Subsidiariamente:</p><p>Art. 14 da Lei nº 13.300/16. Aplicam-se subsidiariamente ao mandado de injunção as</p><p>normas do mandado de segurança, disciplinado pela Lei nº 12.016, de 7 de agosto de</p><p>2009, e do Código de Processo Civil, instituído pela Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973,</p><p>e pela Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015, observado o disposto em seus arts. 1.045</p><p>e 1.046.</p><p>4.2. Conceito</p><p>Remédio constitucional apto a sanar a ausência, total ou parcial, de norma</p><p>regulamentadora que impossibilite o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das</p><p>prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania. Em termos práticos, não se</p><p>trata apenas de atacar omissão total ou parcial, mas sim de atacar omissão total ou imparcial,</p><p>que em razão da mesma, não é possível a realização de direito fundamentais, em sentido ainda</p><p>mais amplo.</p><p>Norma de eficácia limitada e o Mandado de Injunção: Entende-se que o mandado de</p><p>injunção não terá cabimento nas hipóteses de normas constitucionais de eficácia plena e de</p><p>eficácia contida, pois ele visa justamente à regulamentação de normas constitucionais de eficácia</p><p>limitada (de princípio institutivo e de norma programática), que, em regra, exigem legislação</p><p>posterior para sua aplicação.</p><p>4.3. Cabimento</p><p>2ª Fase Constitucional l 39º Exame de Ordem</p><p>E-book de Processo Constitucional</p><p>81</p><p>Para André Ramos Tavares (Curso de direito constitucional), há condições constitucionais</p><p>para o cabimento da ação: 1º) previsão de um direito pela Constituição; 2º) necessidade de uma</p><p>regulamentação que torne esse direito exercitável; 3º) falta de norma que implemente tal</p><p>regulamentação; 4º) inviabilização referente aos direitos e liberdades constitucionais e</p><p>prerrogativas inerentes à nacionalidade, cidadania e soberania; 5º) nexo de causalidade entre a</p><p>omissão e a inviabilização.</p><p>Ainda, não caberá quando a norma se encontra em fase final do processo legislativo,</p><p>aguardando para logo sua promulgação e sanção – a norma está em iminência de ser editada</p><p>pelo órgão competente. Ademias, em se tratando de normas de eficácia plena e contida, em</p><p>tese, não caberia mandado de injunção, uma vez que, nesses casos, a inexistência da norma</p><p>regulamentadora que produz a omissão constitucional, não inviabiliza o exercício do direito</p><p>fundamental (prerrogativas de nacionalidade, soberania e cidadania).</p><p>Logo, a presente ação é utilizada a suprimir omissões legislativas capazes de obstar</p><p>direitos e liberdades dos cidadãos, para os quais o exercício pleno dos direitos nelas previstos</p><p>depende necessariamente de edição normativa posterior.</p><p>• A omissão total ou parcial:</p><p>Art. 2º da Lei nº 13.300/16: Conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta total</p><p>ou parcial de norma regulamentadora torne inviável o exercício dos direitos e liberdades</p><p>constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania.</p><p>Parágrafo único. Considera-se parcial a regulamentação quando forem insuficientes as</p><p>normas editadas pelo órgão legislador competente.</p><p>4.4. Espécies</p><p>• Individual:</p><p>Qualquer pessoa, física ou jurídica, que tem inviabilizado seu direito subjetivo, exercício</p><p>de liberdades individuais e prorrogativas de nacionalidade, soberania e cidadania, em face de</p><p>falta de norma que configure omissão parcial ou total. Vide artigo da Lei nº 13.300/2016: Art. 3º</p><p>São legitimados para o mandado de injunção, como impetrantes, as pessoas naturais ou jurídicas</p><p>EM RESUMO:</p><p>Direito foi garantido pela Constituição, mas o seu exercício encontra-se condicionado à</p><p>edição de lei regulamentadora ulterior.</p><p>2ª Fase Constitucional l 39º Exame de Ordem</p><p>E-book de Processo Constitucional</p><p>82</p><p>que se afirmam titulares dos direitos, das liberdades ou das prerrogativas referidos no art. 2º e,</p><p>como impetrado, o Poder, o órgão ou a autoridade com atribuição para editar a norma</p><p>regulamentadora.</p><p>• Coletivo:</p><p>Sendo o mandado de injunção coletivo destinado à tutela de direitos coletivos em sentido</p><p>lato, que decorrem de uma omissão parcial ou total. Conforme o art. 12, parágrafo único, da Lei</p><p>nº 13.300/2016: “Os direitos, as liberdades e as prerrogativas protegidos por mandado de</p><p>injunção coletivo são os pertencentes, indistintamente, a uma coletividade indeterminada de</p><p>pessoas ou determinada por grupo, classe ou categoria”.</p><p>→ Não cabe modalidade preventiva</p><p>4.5. Titularidade: legitimidade ativa e passiva</p><p>Lei 13.300/2016:</p><p>Ativo individual Ativo coletivo Passivo</p><p>Art. 3º São legitimados para o</p><p>mandado de injunção, como</p><p>impetrantes, as pessoas naturais</p><p>ou jurídicas que se afirmam</p><p>titulares dos direitos, das</p><p>liberdades ou das prerrogativas</p><p>referidos no art. 2º.</p><p>Art. 12. O mandado de injunção</p><p>coletivo pode ser promovido:</p><p>I – pelo Ministério Público,</p><p>II – por partido político com</p><p>representação no Congresso</p><p>Nacional,</p><p>III – por organização sindical,</p><p>dispensada, para tanto,</p><p>autorização especial;</p><p>IV – pela Defensoria Pública,</p><p>Parágrafo único. Os direitos, as</p><p>liberdades e as prerrogativas</p><p>protegidos por mandado de</p><p>injunção coletivo são os</p><p>pertencentes, indistintamente, a</p><p>uma coletividade indeterminada</p><p>de pessoas ou determinada por</p><p>grupo, classe ou categoria.</p><p>O Poder, o órgão ou a</p><p>autoridade com atribuição para</p><p>editar a norma regulamentadora.</p><p>STF: O STF firmou o</p><p>entendimento de que os</p><p>particulares não se revestem de</p><p>legitimidade passiva ad causam</p><p>para o processo do MI, pois</p><p>somente ao Poder Público é</p><p>imputável o dever constitucional</p><p>de produção legislativa.</p><p>Dessa forma, só podem ser</p><p>sujeitos passivos do MI entes</p><p>públicos, não admitindo o STF a</p><p>formação de litisconsórcio</p><p>passivo, necessário ou</p><p>facultativo, entre autoridades</p><p>públicas e pessoas privadas.</p><p>2ª Fase Constitucional l 39º Exame de Ordem</p><p>E-book de Processo Constitucional</p><p>83</p><p>4.6. Competência</p><p>Dependerá de quem deveria ter aditado a regulamentação.</p><p>Leis e artigos</p><p>Art. 102 da CF: Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição,</p><p>cabendo-lhe:</p><p>I – processar e julgar, originariamente:</p><p>(...)</p><p>q) o mandado de injunção, quando a elaboração da norma regulamentadora for atribuição do</p><p>Presidente da República, do Congresso Nacional, da Câmara dos Deputados, do Senado Federal,</p><p>das Mesas de uma dessas Casas Legislativas, do Tribunal de Contas da União, de um dos Tribunais</p><p>Superiores, ou do próprio Supremo Tribunal Federal;</p><p>Art. 105 da CF: Compete ao Superior Tribunal de Justiça:</p><p>I – processar e julgar, originariamente: (...)</p><p>h) o mandado de injunção, quando a elaboração da norma regulamentadora for atribuição de órgão,</p><p>entidade ou autoridade federal, da administração direta ou indireta, excetuados os casos de</p><p>competência do Supremo Tribunal Federal e dos órgãos da Justiça Militar, da Justiça Eleitoral, da</p><p>Justiça do Trabalho e da Justiça Federal;</p><p>Art. 125 da CF: Compete ao Tribunal de Justiça:</p><p>• a competência da Justiça Estadual é residual, nos termos do art. 25, combinado com 125 da</p><p>Constituição Federal.</p><p>Art. 125. Os Estados organizarão sua Justiça, observados os princípios estabelecidos nesta</p><p>Constituição.</p><p>§ 1º A competência dos tribunais será definida na Constituição do Estado, sendo a lei de organização</p><p>judiciária de iniciativa do Tribunal de Justiça.</p><p>Ex.: se a omissão fosse decorrente de uma Lei Estadual, a competência para</p><p>apreciar o mandado de injunção seria do Tribunal de Justiça.</p><p>Se a omissão foi decorrente de um dever de regulamentação de Lei Municipal, a competência seria</p><p>do Juízo da Comarca.</p><p>Salvo se a iniciativa para a lei for privativa de</p><p>outro órgão ou autoridade, hipótese em que o</p><p>mandado de injunção deverá ser ajuizado em</p><p>face do detentor da iniciativa privativa (Ex.:</p><p>Presidente da República, nas situações do</p><p>art. 61, § 1º, da CF, por exemplo).</p><p>Atenção!</p><p>2ª Fase Constitucional l 39º Exame de Ordem</p><p>E-book de Processo Constitucional</p><p>84</p><p>4.7. Tutela de urgência</p><p>O Supremo Tribunal tem afirmado reiteradamente na jurisprudência da Corte, que não</p><p>cabe liminar em Mandado de injunção, apesar das inúmeras vezes que tem se formulado assim</p><p>o pedido. Precedentes que podem ser mencionados: MI 4060/DF, MI 283/DF, MI 542/SP, MI</p><p>650/SP, dentre tantos outros.</p><p>4.8. Particularidades importantes da peça e do processo</p><p>→ Não basta a falta de norma regulamentadora, a questão tem de deixar claro a</p><p>inviabilidade do exercício do direito.</p><p>→ Recebida a petição inicial, será ordenada a notificação do impetrado sobre o</p><p>seu conteúdo, a fim de que, no prazo de 10 (dez) dias, preste informações. (Art. 5º, I)</p><p>→ Deverá ser dado ciência ao órgão de representação judicial da pessoa jurídica</p><p>interessada deverá ter ciência do ajuizamento da ação para ingressar no feito, caso queira.</p><p>(Art. 5º, II)</p><p>→ Se os documentos necessários à comprovação do direito do autor estiverem</p><p>em poder da autoridade ou de terceiros que se negarem a fornecer certidão ou cópia, a</p><p>pedido do impetrante, será ordenada pelo Juiz a exibição do documento no prazo de 10</p><p>(dez) dias (Art. 4º, §2º).</p><p>→ Caberá agravo, em 05 (cinco) dias, da decisão que indeferir a petição inicial. A</p><p>competência para o seu julgamento é do órgão colegiado competente para o julgamento</p><p>da impetração nos moldes do que preconiza o parágrafo único do art. 6º.</p><p>→ Deverá ainda ser ouvido o Ministério Público, que disporá de 10 (dez) dias para</p><p>opinar. Nas hipóteses em que o M.P verificar a existência de interesses unicamente de</p><p>cunho individual na demanda, a sua manifestação pode ser dispensada. Concluído o</p><p>prazo para manifestação do parquet, os autos serão conclusos para decisão.</p><p>→ Na sentença, o magistrado se pronunciará apenas e tão somente sobre o</p><p>reconhecimento (ou não) de mora legislativa. Caso se convença do atraso, concede-se a</p><p>injunção, fixando-se prazo razoável para que o impetrado promova a edição da norma</p><p>regulamentadora (Art. 5º, I).</p><p>→ Segundo o art. 8º da Lei 13.300/2016, além de reconhecer a mora legislativa,</p><p>o poder judiciário está autorizado, no caso concreto, de decidir como viabilizar o direito</p><p>que está impedido de ser exercido pela mora. Isso é chamado de postura concretista.</p><p>2ª Fase Constitucional l 39º Exame de Ordem</p><p>E-book de Processo Constitucional</p><p>85</p><p>Sobre a evolução da posição do STF: “A questão não é nova e tem sido objeto de</p><p>intensos debates jurídicos na Corte. A origem da orientação jurisprudencial hoje</p><p>prevalecente no Supremo remonta ao julgamento do MI 107 (1990), em que a Corte</p><p>apreciou, em caráter inaugural, questões relacionadas ao controle das omissões</p><p>constitucionais. Na ocasião, deparando-se com a total ausência de regras processuais</p><p>específicas, o Tribunal admitiu o cabimento do mandado de injunção, concebendo-o como</p><p>ação constitucional vocacionada à certificação da mora legislativa. Perfilhou, contudo, a</p><p>corrente não concretista, ao decidir que caberia ao Poder Judiciário a simples declaração</p><p>da omissão estatal, a ser comunicada ao órgão legislativo em mora para que promovesse</p><p>a integração do preceito constitucional invocado. Já no julgamento do MI 283 (1991), o</p><p>Tribunal avançou em direção à posição concretista individual e, pela primeira vez,</p><p>assinalou prazo razoável para que o legislador colmatasse a lacuna normativa, alertando</p><p>que, se persistisse a omissão, a satisfação dos direitos constitucionais negligenciados</p><p>seria assegurada judicialmente. No mesmo sentido o MI 232 (1992), em que o Tribunal</p><p>fixou prazo de seis meses para edição da lei regulamentadora e, desde logo, estabeleceu</p><p>as bases jurídicas para que o requerente desfrutasse da imunidade tributária prevista no</p><p>artigo 195, § 7º, da Constituição Federal. Idêntica providência foi assegurada no MI 284</p><p>(1992). A jurisprudência evoluiu e, no célebre julgamento dos MIs 670, 708 e 712, o</p><p>Tribunal conferiu perfil concretista geral ao writ, engendrando solução normativa ampla</p><p>para a omissão legislativa.” vale o artigo de MENDES, Gilmar. MI e seus respectivos limites</p><p>constitucionais: análise do julgamento da renda básica. [Conjur: 01 de maio de 2021.</p><p>Disponível em: https://www.conjur.com.br/2021-mai-01/observatorio-constitucional-</p><p>mandado-injuncao-respectivos-limites-constitucionais. Acesso em 29 de outubro de 2021].</p><p>• Extensão dos efeitos da decisão:</p><p>Art. 9º da Lei 13.300/16: A decisão terá eficácia subjetiva limitada às partes e produzirá</p><p>efeitos até o advento da norma regulamentadora.</p><p>§ 1° Poderá ser conferida eficácia ultra partes ou erga omnes à decisão, quando isso for</p><p>inerente ou indispensável ao exercício do direito, da liberdade ou da prerrogativa objeto</p><p>da impetração.</p><p>§ 2º Transitada em julgado a decisão, seus efeitos poderão ser estendidos aos casos</p><p>análogos por decisão monocrática do relator.</p><p>§ 3º O indeferimento do pedido por insuficiência de prova não impede a renovação da</p><p>impetração fundada em outros elementos probatórios.</p><p>• Limites da decisão do mandado de injunção coletivo:</p><p>Art. 13 da Lei nº 13.300/16: No mandado de injunção coletivo, a sentença fará coisa</p><p>julgada limitadamente às pessoas integrantes da coletividade, do grupo, da classe ou da</p><p>categoria substituídos pelo impetrante, sem prejuízo do disposto nos §§ 1º e 2º do art. 9º.</p><p>• Indeferimento por falta de provas:</p><p>Se a decisão se der pelo indeferimento por falta de provas, mediante novos elementos</p><p>probatórios, não haverá litispendência.</p><p>Nesse caso, poder-se-á interpor novamente o Mandado</p><p>de Injunção.</p><p>2ª Fase Constitucional l 39º Exame de Ordem</p><p>E-book de Processo Constitucional</p><p>86</p><p>Art. 10 da Lei nº 13.300/16: Sem prejuízo dos efeitos já produzidos, a decisão poderá ser</p><p>revista, a pedido de qualquer interessado, quando sobrevierem relevantes modificações</p><p>das circunstâncias de fato ou de direito.</p><p>Parágrafo único. A ação de revisão observará, no que couber, o procedimento</p><p>estabelecido nesta Lei.</p><p>• O que ocorre se, após a decisão em Mandado de Injunção, vier edição normativa</p><p>sobre o que foi objeto do Mandado de Injunção?</p><p>Art. 11 da Lei nº 13.300/16: A norma regulamentadora superveniente produzirá efeitos ex</p><p>nunc em relação aos beneficiados por decisão transitada em julgado, salvo se a aplicação</p><p>da norma editada lhes for mais favorável.</p><p>• Regra geral:</p><p>É ex nunc, contudo, se for favorável ao atingido em decisão anterior à produção normativa,</p><p>os efeitos passam a ser ex tunc (retroativos).</p><p>4.9. Formulação do pedido</p><p>Art. 8° da Lei nº 13.300/16: Reconhecido o estado de mora legislativa, será deferida a</p><p>injunção para:</p><p>I – determinar prazo razoável para que o impetrado promova a edição da norma</p><p>regulamentadora;</p><p>II – estabelecer as condições em que se dará o exercício dos direitos, das liberdades ou</p><p>das prerrogativas reclamados ou, se for o caso, as condições em que poderá o interessado</p><p>promover ação própria visando a exercêlos, caso não seja suprida a mora legislativa no</p><p>prazo determinado.</p><p>Parágrafo único. Será dispensada a determinação a que se refere o inciso I do caput</p><p>quando comprovado que o impetrado deixou de atender, em mandado de injunção</p><p>anterior, ao prazo estabelecido para a edição da norma.</p><p>Esqueleto da peça</p><p>Competência Depende do tipo de omissão (atenção aos arts. 102, 105 e 125 CF)</p><p>Endereçamento Depende do ato</p><p>Partes</p><p>(ativa e passiva)</p><p>Legitimidade</p><p>Legitimidade ativa:</p><p>INDIVIDUAL: qualquer pessoa que tenha o exercício de direitos e liberdades</p><p>constitucionais ou de prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à</p><p>cidadania, inviabilizado por falta de norma regulamentadora; e</p><p>COLETIVA: Ministério público, partido político, organização sindical,</p><p>defensoria pública.</p><p>Legitimidade passiva:</p><p>Aquele que tinha o dever de editar as normas regulamentadoras. Sempre será</p><p>órgão ou autoridade pública que recebeu o dever de legislar.</p><p>2ª Fase Constitucional l 39º Exame de Ordem</p><p>E-book de Processo Constitucional</p><p>87</p><p>O que devo</p><p>suscitar? (constituir</p><p>a causa de pedir)</p><p>Demonstrar a inviabilidade do direito em questão por causa da falta de norma</p><p>regulamentadora, estabelecendo um nexo entre as duas situações.</p><p>Pedido</p><p>Intimação do impetrado para prestar informações;</p><p>Fixação das condições para o exercício do direito inviabilizado;</p><p>Determine prazo para promover a edição legislativa;</p><p>Caso hipotético e modelo OAB</p><p>Exame de Ordem XXII - Peça Prático-Profissional</p><p>Enunciado:</p><p>Servidores públicos do Estado Beta, que trabalham no período da noite, procuram o</p><p>Sindicato ao qual são filiados, inconformados por não receberem adicional noturno do</p><p>Estado, que se recusa a pagar o referido benefício em razão da inexistência de lei estadual</p><p>que regulamente as normas constitucionais que asseguram o seu pagamento.</p><p>O Sindicato resolve, então, contratar escritório de advocacia para ingressar com o</p><p>adequado remédio judicial, a fim de viabilizar o exercício em concreto, por seus filiados,</p><p>da supramencionada prerrogativa constitucional, sabendo que há a previsão do valor de</p><p>vinte por cento, a título de adicional noturno, no Art. 73 da Consolidação das Leis do</p><p>Trabalho.</p><p>Considerando os dados acima, na condição de advogado(a) contratado(a) pelo Sindicato,</p><p>utilizando o instrumento constitucional adequado, elabore a medida judicial cabível. (Valor:</p><p>5,00)</p><p>Obs.: a peça deve abranger todos os fundamentos de Direito que possam ser utilizados para dar</p><p>respaldo à pretensão. A simples menção ou transcrição do dispositivo legal não confere pontuação.</p><p>Gabarito Comentado:</p><p>Segue modelo de estruturação da peça de Mandado de Injunção Coletivo cobrado no</p><p>EXAME DE ORDEM XXII:</p><p>2ª Fase Constitucional l 39º Exame de Ordem</p><p>E-book de Processo Constitucional</p><p>88</p><p>EXCELENTÍSSIMO DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO TRIBUNAL DE</p><p>JUSTIÇA DO ESTADO BETA</p><p>SINDICATO DOS SERVIDORES DO ESTADO BETA, pessoa jurídica de</p><p>direito privado, inscrita no CNPJ sob o n° ..., endereço eletrônico..., com sede Rua...,</p><p>n°..., Bairro..., Cidade..., Estado, CEP..., representado por seu PRESIDENTE..., vem,</p><p>por seu procurador signatário, inscrito na OAB n°..., impetrar MANDADO DE</p><p>INJUNÇÃO COLETIVO, com base no artigo 5º, inciso LXXI, da Constituição Federal</p><p>de 1988, e no artigo 12 da Lei nº 13.300/16, em face do GOVERNADOR DO</p><p>ESTADO BETA, autoridade pública..., estado civil ..., inscrito no CPF sob o n°...,</p><p>endereço eletrônico..., residente e domiciliado na Rua..., n°..., Bairro..., Cidade...,</p><p>Estado, CEP..., ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO BETA, órgão vinculado</p><p>ao Estado Beta, pessoa jurídica de direito público, inscrita no CNPJ sob o n° ...,</p><p>endereço eletrônico..., com sede Rua..., n°..., Bairro..., Cidade..., Estado, CEP...,</p><p>pelos fatos e fundamentos a seguir expostos.</p><p>1) DOS FATOS</p><p>O Sindicato foi procurado por seus filiados, sob a alegação que não recebem</p><p>adicional noturno do Estado Beta, contrariando o estabelecido no artigo 73, da</p><p>Consolidação das Leis do Trabalho, artigo 7º, inciso IX, da Constituição Federal e</p><p>artigo 39, parágrafo 3º, da Constituição Federal.</p><p>2) DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS</p><p>2.1) Da Competência</p><p>Compete ao Tribunal de Justiça do Estado Beta processar e julgar Mandado</p><p>de Injunção Coletivo, frente à omissão legislativa estadual, observando-se o princípio</p><p>da simetria entre os entes federativos, conforme artigo 125, parágrafo 1º, da</p><p>Constituição Federal.</p><p>2.2) Da Legitimidade</p><p>2ª Fase Constitucional l 39º Exame de Ordem</p><p>E-book de Processo Constitucional</p><p>89</p><p>O Sindicato possui legitimidade ativa para defender os interesses da</p><p>categoria, dispensada autorização especial dos filiados, na forma do artigo 12, inciso</p><p>III, da Lei nº 13.300/16.</p><p>Governador e o Estado Beta possuem legitimidade passiva na medida em que</p><p>as regras constitucionais estaduais de competência devem observar, por simetria, o</p><p>que determina o artigo 61, parágrafo 1º, inciso II, alínea ´a´, da Constituição Federal</p><p>de 1988.</p><p>Assembleia Legislativa também possui legitimidade passiva, visto ser a</p><p>responsável pela aprovação da Lei.</p><p>2.3) Do Cabimento</p><p>Cabe mandado de injunção coletivo, pois a ação visa à defesa dos interesses</p><p>dos filiados ao Sindicato, na proteção de direito fundamental inviabilizado em razão</p><p>de omissão legislativa, conforme o disposto no artigo 5º, inciso LXXI, da Constituição</p><p>Federal de 1988, e na Lei nº 13.300/16.</p><p>2.4) Da mora legislativa e da inviabilidade do exercício do direito</p><p>O direito ao benefício de adicional noturno é concedido aos servidores</p><p>públicos que exercem atividade laboral noturna e é garantido em razão da previsão</p><p>constitucional contida no artigo 7º, inciso IX, e artigo 39, parágrafo 3º, ambos da</p><p>Constituição Federal de 1988. Como a Constituição garante este direito, é necessário</p><p>que ele seja concretizado, e, para tanto, deverá ser declarada a mora legislativa,</p><p>notificado ao Poder Executivo para que supra a omissão e finalmente, para a</p><p>satisfação imediata do direito, que seja aplicado o artigo 73, da Consolidação das</p><p>Leis do Trabalho, analogicamente à categoria dos servidores públicos do Estado</p><p>Beta.</p><p>2.5) Do Direito</p><p>2ª Fase Constitucional l 39º Exame de Ordem</p><p>E-book de Processo Constitucional</p><p>90</p><p>Uma vez que artigo 7º, inciso IX, da Constituição Federal, combinado com</p><p>artigo 39, parágrafo 3º, da Constituição Federal, atribui aos servidores públicos</p><p>direito à remuneração do</p><p>trabalho noturno superior ao diurno e que existe omissão</p><p>legislativa com relação a tanto, torna-se claro o direito de os servidores obterem</p><p>provimento judicial favorável ao exercício de seu direito, sanando-se a omissão</p><p>legislativa com atribuição de prazo para tal providência, conforme artigo 8º, da Lei nº</p><p>13.300/16, e, em caso de não satisfação de tal providência, a aplicação do artigo 73,</p><p>da Consolidação da Legislação do Trabalho, por analogia.</p><p>3) DOS PEDIDOS</p><p>a) a notificação do Governador do Estado Beta e do Presidente da Assembleia</p><p>Legislativa para prestarem informações, nos termos do artigo 5º, inciso I e II, da Lei</p><p>nº 13.300/16;</p><p>b) notificação ao órgão de representação judicial da pessoa jurídica</p><p>interessada, conforme artigo 5º, inciso II, da Lei nº 13.300/16;</p><p>c) procedência para reconhecimento da omissão e do estado de mora</p><p>legislativa, para que seja concedida a ordem de injunção coletiva para fins de ser</p><p>determinado prazo razoável para que o Governador promova a edição da norma</p><p>regulamentadora;</p><p>d) seja suprida a omissão normativa, garantindo-se a efetividade do direito à</p><p>percepção do adicional noturno, no percentual de 20% conforme disposições</p><p>contidas no artigo 73, da Consolidação das Leis do Trabalho, nos termos do artigo</p><p>8º, incisos II, da Lei nº 13.300/16.</p><p>Valor da causa R$ ..., para efeitos procedimentais.</p><p>Local..., data...</p><p>Advogado... OAB...</p><p>2ª Fase Constitucional l 39º Exame de Ordem</p><p>E-book de Processo Constitucional</p><p>91</p><p>5. AÇÃO POPULAR</p><p>5.1. Fundamento legal</p><p>→ Art. 5º, inciso LXXIII, da Constituição Federal.</p><p>→ Lei nº 4.717/1965.</p><p>→ Rito ordinário.</p><p>5.2. Conceito</p><p>Segundo Maria Silvia Zanella Di Pietro (Curso de Direito Administrativo): “a ação popular</p><p>é ação civil pela qual todo cidadão pode pleitear a invalidação de atos praticados pelo poder</p><p>público ou entidades de que participe, lesivos ao patrimônio público, ao meio ambiente, à</p><p>moralidade administrativa ou patrimônio histórico e cultural, bem como a condenação por perdas</p><p>e danos dos responsáveis pela lesão”.</p><p>Trata-se de um remédio constitucional pelo qual qualquer cidadão fica investido de</p><p>legitimidade para o exercício de um poder de natureza essencialmente política e constitui</p><p>manifestação direta da soberania popular consubstanciada no art. 1º, parágrafo único, da</p><p>Constituição: todo poder emana do povo, que o exerce por meio de seus representantes eleitos</p><p>ou diretamente. Sob esse aspecto, é uma garantia constitucional política. [...] Ela dá a</p><p>oportunidade de o cidadão exercer diretamente a função fiscalizadora, que, por regra, é feita por</p><p>seus representantes nas Casas Legislativas. Mas ela é também uma ação judicial porquanto</p><p>consiste num meio de invocar a atividade jurisdicional visando a correção de nulidade de ato</p><p>lesivo; (a) ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe; (b)à moralidade</p><p>administrativa; (c) ao meio ambiente; e (d) ao patrimônio histórico e cultural. Sua finalidade é,</p><p>pois, corretiva, não propriamente preventiva, mas a lei pode dar, como deu, a possibilidade de</p><p>suspensão liminar do ato impugnado para prevenir a lesão. (SILVA, José Afonso. Curso de</p><p>Direito Constitucional Positivo)</p><p>A ação popular é um instrumento processual de controle objetivo da regularidade da</p><p>atividade administrativa. Sua existência deriva da concepção de que todo e qualquer cidadão é</p><p>investido do dever-poder de participar do processo de fiscalização da regularidade dos atos</p><p>administrativos. Sua existência está prevista no art. 5°, LXXIII, da Constituição e disciplinada na</p><p>Lei n. 4.717/65, com inúmeras alterações posteriores. (JUSTEN FILHO, Marçal. Curso de Direito</p><p>Administrativo. São Paulo: Editora Saraiva, 2005. p. 776)</p><p>2ª Fase Constitucional l 39º Exame de Ordem</p><p>E-book de Processo Constitucional</p><p>92</p><p>5.3. Cabimento</p><p>Caberá ação popular toda vez que houver ameaça ou lesão ao patrimônio público. O</p><p>objeto da ação popular é anular atos comissivos ou omissivos que sejam lesivos ao patrimônio</p><p>público e condenar os responsáveis pelo dano a restituir o bem ou indenizar por perdas e danos.</p><p>Na ação popular, pede-se a anulação do ato lesivo e a condenação dos responsáveis ao</p><p>pagamento de perdas e danos ou à restituição de bens e valores, conforme a letra da lei.</p><p>Assim, pode-se extrair a própria finalidade da ação, o direito de fiscalizar a coisa</p><p>pública, um importante instrumento posto à disposição do cidadão para a proteção do patrimônio</p><p>da comunidade.</p><p>• Atos atacáveis via ação popular</p><p>Quais são os atos nulos e quais são anuláveis por meio de ação popular?</p><p>A Lei n° 4.717/65, embora definindo os atos nulos (art. 2°) e os atos anuláveis (art. 3°),</p><p>dando a impressão de que exige demonstração de ilegalidade, no artigo 4° faz uma</p><p>indicação casuística de hipóteses em que considera nulos determinados atos e contratos,</p><p>sem que haja qualquer ilegalidade, como, por exemplo, no caso de compra de bens por</p><p>valor superior ao corrente no mercado, ou a venda por preço inferior ao corrente no</p><p>mercado. Trata-se de hipóteses em que pode haver imoralidade, mas não ilegalidade</p><p>propriamente dita. PIETRO, Maria Sylvia Zanella di. Direito Administrativo. São Paulo:</p><p>Editora Atlas S.A., 2012. p. 864.</p><p>Diga-se que o ato inválido não precisa ser ilícito na sua origem, mas deve ser ilegal na</p><p>sua formação ou no seu objeto, logo, a ação destina-se a invalidar atos praticados com</p><p>ilegalidade de que lesou o patrimônio público, podendo ser proveniente de vício formal ou</p><p>substancial ou até mesmo de vício de desvio de finalidade. (art. 2º “a” e “e”).</p><p>Ato lesivo é todo ato ou omissão administrativa que desfalca o erário ou prejudica a</p><p>Administração, da mesma forma como o que ofende bens ou valores artísticos, cívicos, culturais,</p><p>ambientais e históricos. Pode esta ser presumida, em conformidade com o que dispõe o art. 4º,</p><p>bastando a prova do ato naquelas circunstâncias elencadas para considerar o ato lesivo e nulo</p><p>de pleno direito.</p><p>→ STF e repercussão geral:</p><p>(...) Não é condição para o cabimento da ação popular a demonstração de prejuízo</p><p>material aos cofres públicos, dado que o art. 5º, inciso LXXIII, da Constituição Federal</p><p>estabelece que “qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular e impugnar,</p><p>ainda que Separadamente, ato lesivo ao patrimônio material, moral, cultural ou histórico</p><p>do Estado ou de entidade de que ele participe.” (...) (RE 824781).</p><p>2ª Fase Constitucional l 39º Exame de Ordem</p><p>E-book de Processo Constitucional</p><p>93</p><p>• Conceito de patrimônio público:</p><p>Quanto ao patrimônio público, abrange, nos termos do artigo 1° da Lei n° 4.717/65, o da</p><p>União, Distrito Federal, Estados, Municípios, entidades autárquicas, sociedades de</p><p>economia mista, sociedades mútuas de seguro nas quais a União represente os</p><p>segurados ausentes, empresas públicas, serviços sociais autônomos, instituições ou</p><p>fundações para cuja criação ou custeio o tesouro público haja concorrido ou concorra com</p><p>mais de 50% do patrimônio da União, Distrito Federal, Estados, Municípios, e de quaisquer</p><p>pessoas jurídicas ou entidades subvencionadas pelos cofres públicos”. PIETRO, Maria</p><p>Sylvia Zanella di. Direito Administrativo. São Paulo: Editora Atlas S.A., 2012. p. 865.</p><p>É o mais amplo possível, abrange coisas corpóreas ou incorpóreas, móveis ou imóveis,</p><p>créditos, direitos, ações que pertençam a qualquer ente administrativo, bem como sua</p><p>administração indireta.</p><p>Art. 1º, § 1º da Lei nº 4.717/65: “bens e direitos de valor econômico, artístico, estético,</p><p>histórico e turístico.”</p><p>5.4. Espécies</p><p>• Modalidade preventiva:</p><p>Visa evitar a ocorrência da lesão ao patrimônio público. Portanto, é comum que busque</p><p>anulação do possível ato lesivo.</p><p>• Modalidade repressiva:</p><p>Visa cessar a violação ao patrimônio público, é comum que busque anulação do possível</p><p>ato lesivo e a reparação pelos danos causados.</p><p>5.5. Titularidade: legitimidade</p><p>ativa e passiva</p><p>Ativa Passiva</p><p>Cidadão (todo aquele que estiver no gozo dos</p><p>direitos políticos e fizer prova com título de eleitor).</p><p>Neste caso, trata-se sempre de pessoa física.</p><p>Serão réus na ação popular simultaneamente a</p><p>pessoa jurídica da qual se emanou o ato</p><p>contestado, os seus respectivos agentes</p><p>responsáveis pelo mesmo ou os omissos, no caso</p><p>em que o dano já ter acontecido e os beneficiários</p><p>do ato.</p><p>2ª Fase Constitucional l 39º Exame de Ordem</p><p>E-book de Processo Constitucional</p><p>94</p><p>Falta legitimidade ativa:</p><p>a) quem teve cancelada a naturalização por</p><p>sentença transitada em julgado;</p><p>b) quem teve sua nacionalidade cancelada</p><p>administrativamente;</p><p>c) suspensão dos direitos civis por incapacidade</p><p>absoluta;</p><p>d) suspensão dos direitos políticos por</p><p>condenação criminal transitada em julgado;</p><p>e) perda do direito político por recusa de</p><p>cumprimento de obrigação a todos impostas sem</p><p>o cumprimento de prestação alternativa;</p><p>f) suspensão dos direitos políticos por condenação</p><p>em ato de improbidade.</p><p>Obs.: ter-se-á quase sempre no polo passivo</p><p>quase sempre a pluralidade de sujeitos, invocando</p><p>também aqueles que de alguma forma tenham</p><p>contribuído para ação ou omissão e, até mesmo,</p><p>terceiros beneficiados.</p><p>→ Os beneficiários que devem figurar no polo passivo são aqueles que se</p><p>favorecem diretamente do ato ou da omissão lesiva, os beneficiários indiretos, via de</p><p>regra, não precisam integrar a lide.</p><p>→ É um litisconsorte simples, pois a decisão não precisa ter o mesmo conteúdo</p><p>para todos os réus.</p><p>→ O ato legislativo de efeito concreto é passível de impugnação através de ação</p><p>popular, e o legitimado nesse caso passivo será a pessoa jurídica a qual integra a casa</p><p>legislativa. Ex: se for ato do Congresso Nacional, figura no polo passivo a União.</p><p>→ Atentar para a peculiar situação da fazenda pública – vide art. 6º parágrafo 3º:</p><p>Art. 6º da Lei nº 4.717/1965: (...)</p><p>§ 3º A pessoas jurídica de direito público ou de direito privado, cujo ato seja objeto de</p><p>impugnação, poderá abster-se de contestar o pedido, ou poderá atuar ao lado do autor,</p><p>desde que isso se afigure útil ao interesse público, a juízo do respectivo representante</p><p>legal ou dirigente.</p><p>→ Logo, admitem-se não só a inércia da pessoa jurídica, bem como sua posição</p><p>ativa ao lado do cidadão.</p><p>→ Não há preclusão no deslocamento da pessoa jurídica do polo passivo para o</p><p>polo ativo, desde que útil ao interesse público. Logo, poderá fazer a qualquer tempo,</p><p>mesmo após a contestação.</p><p>2ª Fase Constitucional l 39º Exame de Ordem</p><p>E-book de Processo Constitucional</p><p>95</p><p>Atenção!</p><p>Ministério público não é parte autônoma,</p><p>mas tem função singular, devendo agir com</p><p>total independência funcional.</p><p>5.6. Competência</p><p>A Constituição Federal não prevê competência originária do STF e do STJ como nos</p><p>demais remédios constitucionais, assim a competência é indicada conforme a origem do ato</p><p>impugnado. Além disso, a competência será determinada pela lei judiciária de cada Estado</p><p>segundo o interesse político e a origem do ato impugnado.</p><p>• Exemplo:</p><p>Se a ação popular versar sobre bem público pertencente a União, a competência será da</p><p>justiça Federal; havendo interesse do Estado ou do município, o juízo competente será a vara</p><p>da Fazenda Pública.</p><p>Origem do ato</p><p>Art. 5º da Lei nº 4.717/65: Conforme a origem do ato impugnado, é competente para conhecer</p><p>da ação, processá-la e julgá-la o juiz que, de acordo com a organização judiciária de cada</p><p>Estado, o for para as causas que interessem à União, ao Distrito Federal, ao Estado ou ao</p><p>Município.</p><p>§ 1º Para fins de competência, equiparam-se atos da União, do Distrito Federal, do Estado ou dos</p><p>Municípios os atos das pessoas criadas ou mantidas por essas pessoas jurídicas de direito público,</p><p>bem como os atos das sociedades de que elas sejam acionistas e os das pessoas ou entidades por</p><p>elas subvencionadas ou em relação às quais tenham interesse patrimonial.</p><p>§ 2º Quando o pleito interessar simultaneamente à União e a qualquer outra pessoa ou entidade, será</p><p>competente o juiz das causas da União, se houver; quando interessar simultaneamente ao Estado e</p><p>ao Município, será competente o juiz das causas do Estado, se houver.</p><p>→ SÚMULA 508 STF: Compete à Justiça Estadual, em ambas as instâncias,</p><p>processar e julgar as causas em que for parte o Banco do Brasil S. A.</p><p>→ SÚMULA 556 STF: É competente a Justiça comum para julgar as causas em</p><p>que é parte sociedade de economia mista.</p><p>2ª Fase Constitucional l 39º Exame de Ordem</p><p>E-book de Processo Constitucional</p><p>96</p><p>• Como observar a competência?</p><p>Olhar o critério conforme a origem do ato. Ex: ato emanado por autoridade federal – justiça</p><p>federal, autoridade Estadual e Municipal – Justiça estadual.</p><p>Definida a Justiça, precisa-se identificar qual a competência territorial que depende da</p><p>autoridade que emanou o ato. Vide a importante regra do art. 109, parágrafo 2º, da CF:</p><p>Art. 109 da CF: Aos juízes federais compete processar e julgar:</p><p>(...)</p><p>§ 2º As causas intentadas contra a União poderão ser aforadas na seção judiciária em que</p><p>for domiciliado o autor, naquela onde houver ocorrido o ato ou fato que deu origem à</p><p>demanda ou onde esteja situada a coisa, ou, ainda, no Distrito Federal. No caso de</p><p>autoridade Estadual e Municipal as organizações judiciárias fixam o foro.</p><p>Competência por equiparação é o que se encontra no art. 5º, parágrafo 1º, da Lei 4.717/65.</p><p>No âmbito estadual e municipal, essa equiparação notadamente para pessoas jurídicas de direito</p><p>privado (uma vez que autarquias e fundações já se inserem no conceito de Fazenda Pública por</p><p>terem personalidade jurídica). Assim, atos e omissões de empresas públicas estaduais e</p><p>municipais, instituições privadas que recebam recursos estaduais e municipais, serão julgadas.</p><p>5.7. Tutela de urgência</p><p>Instrumentos de tutela antecipada no CPC:</p><p>Art. 5º, § 4º da Lei nº 4.717/65: “Na defesa do patrimônio público caberá a suspensão</p><p>liminar do ato lesivo impugnado.”</p><p>Art. 14, § 4º, da Lei nº 4.717/65: “A parte condenada a restituir bens ou valores ficará</p><p>sujeita a sequestro e penhora, desde a prolação da sentença condenatória.”</p><p>5.8. Particularidades importantes da peça e do processo</p><p>→ O Juiz despacha a inicial e ordena a citação dos réus, a intimação do Ministério</p><p>Público e requisita documentos e informações a serem prestadas pelos réus que sejam</p><p>importantes para a elucidação dos fatos.</p><p>→ Para isso, tem-se o prazo de quinze a trinta dias.</p><p>→ A citação será feita no modo comum do CPC.</p><p>→ O prazo para a contestação é de 20 (vinte) dias para todos os réus, prorrogável</p><p>por mais vinte dias caso necessário para a produção da defesa, contados da juntada do</p><p>último mandado de citação ou do transcurso do prazo do edital.</p><p>→ Caso não exista requerimento de produção de provas até o despacho</p><p>saneador, o juiz abrirá vista aos interessados por dez dias para as alegações finais. Logo</p><p>2ª Fase Constitucional l 39º Exame de Ordem</p><p>E-book de Processo Constitucional</p><p>97</p><p>após, os autos irão para conclusão, devendo o juiz proferir sentença em 48 horas. No caso</p><p>de requerimento de produção probatória, o rito será o ordinário, sendo então de quinze</p><p>dias o prazo para a prolatação de sentença.</p><p>→ Não se admite desistência. A partir desse momento, serão publicados editais</p><p>e, no prazo de noventa dias da sua última publicação, qualquer cidadão ou o Ministério</p><p>Público poderá dar prosseguimento à ação.</p><p>• Procedência e improcedência e seus efeitos:</p><p>→ Procedência:</p><p>Na demanda, o juiz invalidará os atos ilegais e condenará os responsáveis e os</p><p>beneficiários dos mesmos a indenizarem em perdas e danos os prejudicados, não se</p><p>esquecendo de que, quando proclamada a responsabilidade da administração pública e</p><p>tendo a mesma que arcar com os prejuízos causados dolosa ou culposamente por seus</p><p>funcionários, terá ela ação</p><p>de regresso contra o agente causador do dano a ressarcir</p><p>integralmente erário público. A decisão definitiva é pela procedência da ação e, assim,</p><p>produzirá os efeitos ordinários da coisa julgada material.</p><p>→ Efeito secundário:</p><p>Se, no curso da ação ficar provada a infringência da lei ou a falta disciplinar a que</p><p>a lei comine a pena de demissão o juiz remeterá ex officio, cópia as autoridades e gestores</p><p>para aplicar a sanção.</p><p>ATENÇÃO!</p><p>Embora a sentença de procedência da ação ter efeitos erga omnes, ou seja, contra todos,</p><p>não cabe a declaração de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo em sede de ação</p><p>popular, visto que o controle concentrado de constitucionalidade é de competência</p><p>exclusiva do Supremo Tribunal Federal, conforme art. 102, I, “a”, da Constituição Federal,</p><p>vez que figuraria uma usurpação de competência do Tribunal. (MEIRELLES).</p><p>2ª Fase Constitucional l 39º Exame de Ordem</p><p>E-book de Processo Constitucional</p><p>98</p><p>→ Improcedente:</p><p>Já na improcedência do pedido popular, o responsável pela ação só arcará com as</p><p>custas processuais e honorários advocatícios se for comprovada a sua má-fé ao intentá-</p><p>la. Aqui, duas serão as hipóteses cabíveis (André Ramos Tavares, Curso de direito</p><p>constitucional): 1) a improcedência ocorreu em virtude da deficiência probatória. Neste</p><p>único caso, não se formará a coisa julgada, e, pois, qualquer cidadão, inclusive o mesmo</p><p>que já perdera a ação, poderá renová-la, desde que fundamentado em novas provas; 2)</p><p>a improcedência ocorreu porque infundada a ação, tendo sido suficiente a prova</p><p>produzida. Aqui, a decisão se reveste de autoridade da coisa julgada material, e nenhum</p><p>outro cidadão poderá propor idêntica ação. (TAVARES)</p><p>5.9. Formulação do pedido</p><p>→ Invalidação do ato impugnado;</p><p>→ Condenação dos responsáveis e beneficiários em perdas e danos;</p><p>→ Condenação dos réus às custas, despesas e honorários;</p><p>→ Coisa julgada erga omnes;</p><p>→ Possibilidade de ação regressiva.</p><p>Esqueleto da peça</p><p>Competência</p><p>Conforme a origem do ato impugnado – local da prática do ato lesivo ao</p><p>patrimônio público.</p><p>Será sempre ajuizada em 1ª instancia (estadual ou federal).</p><p>Endereçamento Juízo Cível da ... Vara da Comarca ...</p><p>Partes</p><p>(ativa e passiva)</p><p>Legitimidade</p><p>Legitimidade ativa: apenas cidadão.</p><p>Legitimidade passiva: pessoas públicas ou privadas e as entidades referidas</p><p>no art. 1º, contra as autoridades, funcionários ou administradores que</p><p>houverem autorizado, aprovado, ratificado ou praticado o ato impugnado, ou</p><p>que, por omissas, tiverem dado oportunidade à lesão, e contra os beneficiários</p><p>diretos do mesmo.</p><p>O que devo</p><p>suscitar? Lesão ao patrimônio público descrito na Lei Ação Popular.</p><p>2ª Fase Constitucional l 39º Exame de Ordem</p><p>E-book de Processo Constitucional</p><p>99</p><p>Pedido</p><p>Evitar ou reparar o ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o</p><p>estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao</p><p>patrimônio histórico e cultural.</p><p>Demais questões</p><p>Obrigatoriedade de citação pessoal de todos os réus, a intimação do MP, a</p><p>decisão sobre a concessão ou não de medida liminar, quando solicitada,</p><p>requisição dos documentos indicados pelo autor na inicial, além de outros que</p><p>lhe pareçam necessários, a possibilidade de o processo ser feito sob segredo</p><p>de justiça quando da ameaça à segurança nacional e sujeição, salvo</p><p>justificativa comprovada, da autoridade que se negar a restar as informações</p><p>requeridas à pena de desobediência.</p><p>Valor da Causa Valor da causa R$ ..., para efeitos procedimentais.</p><p>Caso hipotético e modelo OAB</p><p>Exame de Ordem XXVIII - Peça Prático-Profissional</p><p>Enunciado:</p><p>A sociedade empresária K, concessionária do serviço de manutenção de uma estrada</p><p>municipal, na qual deveria realizar investimentos sendo remunerada com o valor do</p><p>pedágio pago pelos usuários do serviço, decidiu ampliar suas instalações de apoio. Após</p><p>amplos estudos, foi identificado o local que melhor atenderia às suas necessidades. Ato</p><p>contínuo, os equipamentos foram alugados e foi providenciado o cerco do local com</p><p>tapumes. De imediato, foi fixada a placa, assinada por engenheiro responsável, indicando</p><p>a natureza da obra a ser realizada e a data do seu início, o que ocorreria trinta dias depois,</p><p>prazo necessário para a conclusão dos preparativos.</p><p>João da Silva, usuário da rodovia e candidato ao cargo de deputado estadual no processo</p><p>eleitoral que estava em curso, ficou surpreso com a iniciativa da sociedade empresária K,</p><p>pois era público e notório que o local escolhido era uma área de preservação ambiental</p><p>permanente do Município Alfa. Considerando esse dado, formulou requerimento, dirigido</p><p>à concessionária, solicitando que a obra não fosse realizada. A sociedade empresária K</p><p>2ª Fase Constitucional l 39º Exame de Ordem</p><p>E-book de Processo Constitucional</p><p>100</p><p>indeferiu o requerimento, sob o argumento de que o local escolhido fora aprovado pelo</p><p>Município, que concedeu a respectiva licença, assinada pelo prefeito Pedro dos Santos,</p><p>permitindo o início das obras. O local, ademais, era o que traria maiores benefícios aos</p><p>usuários.</p><p>João da Silva, irresignado com esse estado de coisas, contratou seus serviços, como</p><p>advogado(a). Ele afirmou que quer propor uma ação judicial para que seja declarada a</p><p>nulidade da licença concedida e impedida a iminente realização das obras no local</p><p>escolhido, que abriga diversas espécies raras da flora e da fauna silvestre.</p><p>Levando em consideração as informações expostas, elabore a medida judicial adequada,</p><p>com todos os fundamentos jurídicos que confiram sustentação à pretensão. (Valor: 5,00)</p><p>Obs.: a peça deve abranger todos os fundamentos de Direito que possam ser utilizados</p><p>para dar respaldo à pretensão. A simples menção ou transcrição do dispositivo legal não</p><p>confere pontuação.</p><p>Gabarito:</p><p>Abaixo segue modelo de estruturação da peça de Ação Popular cobrada no EXAME DE</p><p>ORDEM XXVIII:</p><p>2ª Fase Constitucional l 39º Exame de Ordem</p><p>E-book de Processo Constitucional</p><p>101</p><p>AO JUÍZO CÍVEL DA ... VARA DA COMARCA DO MUNICÍPIO...</p><p>JOÃO DA SILVA, estado civil..., profissão..., inscrito no CPF sob o n° ...,</p><p>endereço eletrônico..., residente e domiciliado na Rua..., n°..., Bairro..., Cidade...,</p><p>Estado..., CEP..., título de eleitor..., vem, por seu procurador signatário, inscrito na</p><p>OAB propor AÇÃO POPULAR, baseado no artigo 5º, inciso LXXIII, da Constituição</p><p>Federal de 1988 e artigo 1°, da Lei nº 4.717/65, contra PEDRO DOS SANTOS,</p><p>PREFEITO DO MUNICÍPIO ALFA, autoridade pública..., estado civil..., inscrito no</p><p>CPF sob o n° ..., endereço eletrônico..., residente e domiciliado na Rua..., n°...,</p><p>Bairro..., Cidade..., Estado..., CEP..., MUNICÍPIO ALFA, pessoa jurídica de direito</p><p>público, inscrito no CNJP sob o n° ..., endereço eletrônico..., com sede na Rua...,</p><p>n°..., Bairro..., Cidade..., Estado..., CEP..., e SOCIEDADE EMPRESÁRIA K, pessoa</p><p>jurídica de direito privado, inscrita no CNJP sob o n° ..., endereço eletrônico..., com</p><p>sede na Rua..., n°..., Bairro..., Cidade..., Estado..., CEP...pelos fatos e fundamentos</p><p>a seguir expostos:</p><p>1) DOS FATOS</p><p>Pedro dos Santos, Prefeito do Município Alfa, concedeu licença à Sociedade</p><p>Empresária K, permitindo obras em área de preservação ambiental permanente, que</p><p>abriga diversas espécies raras da flora e da fauna silvestre.</p><p>2) DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS</p><p>2.1) Competência</p><p>Compete ao Juízo Cível da Comarca do Município Alfa, processar e julgar</p><p>Ação Popular com pedido liminar/tutela de urgência na medida em que estão</p><p>presentes o Prefeito Municipal. A ação deve ser ajuizada perante a Justiça Estadual</p><p>pelo critério de competência reservada ou remanescente, artigo 125 da Constituição</p><p>2ª Fase Constitucional l 39º Exame de Ordem</p><p>E-book de Processo Constitucional</p><p>102</p><p>Federal. É necessário lembrar que a competência territorial se firma</p><p>pelo local do</p><p>ato, artigo 5º, caput, da Lei nº 4.717/1965.</p><p>2.2) Legitimidade</p><p>A legitimidade ativa de João da Silva decorre do fato de ser cidadão, conforme</p><p>dispõe o artigo 5º, inciso LXXIII, da CRFB/88 e artigo 1º, caput e parágrafo 3º, da Lei</p><p>nº 4.717/65, qualidade intrínseca à sua condição de candidato ao cargo de Deputado</p><p>Estadual.</p><p>A legitimada passiva do prefeito Pedro dos Santos decorre do fato de ter</p><p>concedido a licença de construção, nos termos do artigo 6º, caput, da Lei nº 4.717/65.</p><p>O Município Beta é legitimado passivo por se almejar obstar os efeitos de uma</p><p>licença que concedeu por intermédio do prefeito, nos termos do artigo 6º, parágrafo</p><p>3º, da Lei nº 4.717/65. A da sociedade empresária K é legitimada passiva pelo fato</p><p>de ser a beneficiária da licença concedida, nos termos do artigo 6º, caput, da Lei nº</p><p>4.717/65.</p><p>2.3) Cabimento da Ação Popular</p><p>Cabe Ação Popular com Pedido Liminar como medida hábil a declarar a</p><p>nulidade de ato ilegal lesivo ao meio ambiente, conforme artigo 5º, inciso LXXIII, da</p><p>Constituição Federal de 1988 e artigo 1º, caput, da Lei nº 4.717/65.</p><p>2.4) Medida Liminar/Tutela de urgência</p><p>Estão presentes os requisitos autorizadores para a concessão da medida</p><p>liminar, fumus boni iuris, decorre da flagrante ilegalidade da licença de construção e</p><p>periculum in mora, decorre da iminência de serem causados danos irreversíveis ao</p><p>meio ambiente, ou, em outras palavras, a probabilidade do direito e o perigo de dano,</p><p>considerando as raras espécies da fauna e da flora silvestre existentes no local,</p><p>conforme artigo 5°, parágrafo 4°, da Lei nº 4.717/65 e artigo 300, do Código de</p><p>Processo Civil.</p><p>2ª Fase Constitucional l 39º Exame de Ordem</p><p>E-book de Processo Constitucional</p><p>103</p><p>2.5) Direito</p><p>A licença concedida pelo Prefeito Pedro dos Santos é atentatória ou lesiva ao</p><p>meio ambiente, porque o local abriga uma área de preservação ambiental</p><p>permanente do Município Alfa, sendo cabível a sua anulação conforme o artigo 5º,</p><p>inciso LXXIII, da CRFB/88 e artigo 2º, parágrafo único, alínea “c” da Lei nº 4.717/65.</p><p>Não merece ser acolhido o argumento de que o possível benefício dos</p><p>usuários justifica a lesão ao meio ambiente, pois os atos do poder concedente e do</p><p>concessionário devem ser praticados em harmonia com a sua proteção, nos termos</p><p>do artigo 225, caput, da CRFB/88.</p><p>A proteção ao meio ambiente deve ser observada no âmbito da atividade</p><p>econômica, conforme dispõe o artigo 170, inciso VI, da CRFB/88.</p><p>A licença concedida afrontou a concepção mais ampla de legalidade, prevista</p><p>no artigo 37, caput, da CRFB/88.</p><p>A sociedade empresária K, enquanto concessionária do serviço público, não</p><p>deve causar danos ao meio ambiente, ainda que amparada por um ato estatal que</p><p>nitidamente o permita.</p><p>3) DOS PEDIDOS</p><p>a) A juntada de cópia do título de eleitor;</p><p>b) Concessão de medida liminar para impedir que a sociedade empresária K</p><p>inicie as obras no local o artigo 5º, parágrafo 4º, da Lei nº 4.717/1965 e art. 300 do</p><p>CPC;</p><p>c) A citação da parte ré para contestar, no prazo de 20 (vinte) dias, sob pena</p><p>de revelia, conforme artigo 7º, inciso I, alínea “a”, e inciso IV, da Lei nº 4.717/1965;</p><p>d) A produção de todos os meios de prova em direito admitidos;</p><p>i) Julgar a procedência do pedido, dando efeitos definitivos à liminar, com a</p><p>decretação de nulidade da licença concedida pelo Município Alfa e a proibição de</p><p>realização de obras na área de preservação ambiental permanente, com a</p><p>2ª Fase Constitucional l 39º Exame de Ordem</p><p>E-book de Processo Constitucional</p><p>104</p><p>condenação dos réus ao ressarcimento financeiro ao erário, conforme o artigo 11,</p><p>da Lei nº 4.717/1965;</p><p>Valor da causa R$ ..., para efeitos procedimentais.</p><p>Local..., data...</p><p>Advogado...OAB...</p><p>2ª Fase Constitucional l 39º Exame de Ordem</p><p>E-book de Processo Constitucional</p><p>105</p><p>6. AÇÃO CIVIL PÚBLICA</p><p>6.1. Fundamento legal</p><p>→ Lei nº 7.347/85, (rito ordinário);</p><p>→ Art. 129 da Constituição Federal;</p><p>→ Código de Defesa do Consumidor, Lei 8.078/1990 – art. 81º.</p><p>6.2. Conceito</p><p>A ação civil pública, disciplinada pela Lei nº 7.347 de 24/07/1985, é um instrumento</p><p>processual que reprime ou impede atos lesivos ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e</p><p>direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico e por infrações da ordem</p><p>econômica, conforme seu art. 1º, protegendo assim os interesses difusos da sociedade.</p><p>(MEIRELLES)</p><p>Note-se que ela não está prevista no rol de garantias de direitos fundamentais do art. 5º,</p><p>o que não impede que não o seja por equiparação, dado o conteúdo de direitos que esta visa a</p><p>tutela. Para Sarlet, isso ocorre porque é um instrumento destinado a tutela dos novos direitos.</p><p>Direitos difusos: É importante destacar que os interesses difusos são aqueles de que</p><p>sejam titulares pessoas indeterminadas, mas que se demonstrem vínculo jurídico ou fático</p><p>definido. Atualmente, esses direitos estão estritamente associados com a relação de consumo e</p><p>direitos ao meio ambiente, o que significa dizer que a Ação Civil Pública não é destinada a</p><p>garantia de direitos individuais. (DIDIER JR. Curso de Processo Constitucional)</p><p>6.3. Cabimento</p><p>Buscar a efetiva responsabilização por danos causados ao meio ambiente, aos</p><p>consumidores a ao patrimônio cultural e natural do País ou por qualquer ato ilegal, através de</p><p>prestação pecuniária de quem causou o dano ou através do estabelecimento de obrigações de</p><p>fazer ou não fazer. Logo, trata-se de lesão ou ameaça ao meio ambiente, ao consumidor, à</p><p>ordem econômica, à livre concorrência, ao patrimônio histórico, ao patrimônio turístico, ao</p><p>patrimônio artístico, ao patrimônio paisagístico, ao patrimônio estético, bem como a qualquer</p><p>outro interesse difuso ou direito coletivo.</p><p>Art. 1º, da Lei 7.347/85 – Regem-se pelas disposições desta Lei, sem prejuízo da ação</p><p>popular, as ações de responsabilidade por danos morais e patrimoniais causados</p><p>l – ao meio-ambiente;</p><p>2ª Fase Constitucional l 39º Exame de Ordem</p><p>E-book de Processo Constitucional</p><p>106</p><p>ll – ao consumidor;</p><p>III – a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico;</p><p>IV – a qualquer outro interesse difuso ou coletivo;</p><p>V – por infração da ordem econômica;</p><p>VI – à ordem urbanística.</p><p>VII – à honra e à dignidade de grupos raciais, étnicos ou religiosos</p><p>VIII – ao patrimônio público e social.</p><p>6.4. Espécies</p><p>• Modalidade preventiva:</p><p>Visa evitar a ocorrência da lesão a qualquer dos interesses e bens protegidos pela Ação</p><p>civil pública.</p><p>• Modalidade repressiva:</p><p>Visa cessar a violação do bem protegido, garantir obrigação de fazer ou não fazer, restituir,</p><p>arcar com perdas e danos.</p><p>6.5. Titularidade: legitimidade ativa e passiva</p><p>Ativa Passiva</p><p>O Ministério Público, a Defensoria Pública, a</p><p>União, os Estados, o Distrito Federal, Municípios,</p><p>autarquias, empresas públicas, Fundações</p><p>sociedade de economia mista, Associação que</p><p>esteja constituída há pelo menos um ano.</p><p>Atenção: A legitimação ativa para a ação civil</p><p>pública ou coletiva é concorrente, autônoma e</p><p>disjuntiva. Vale dizer: cada um dos legitimados</p><p>pode propor a ação isoladamente ou se</p><p>litisconsorciando facultativamente aos demais.</p><p>Neste ponto, a Constituição Federal, a despeito de</p><p>enquadrar a ação civil pública como função</p><p>institucional do Ministério Público (artigo 129, III),</p><p>não conferiu a este a exclusividade em sua</p><p>promoção (129, § 1º da CF), no que andou bem,</p><p>dando ênfase à amplitude do acesso à justiça.</p><p>(BARROSO, Luiz. Roberto. Curso de Direito</p><p>constitucional)</p><p>Atenção: O art. 81 do CDC permite a propositura</p><p>da ação em nome próprio ou em nome coletivo</p><p>(das vítimas ou de seus sucessores), a fim de</p><p>Em se tratando de polo passivo, qualquer pessoa</p><p>que tenha causado lesão ou ameaça de lesão aos</p><p>bens jurídicos</p><p>por ela tutelados, pode figurar como</p><p>ré na ação civil pública, incluindo-se pessoas</p><p>físicas ou jurídicas, privadas ou públicas, entes</p><p>federados e entidades da administração pública</p><p>indireta.</p><p>Possibilidade de migrar de polo passivo para o</p><p>polo ativo: Lei 4.717/65, em seu artigo 6º,</p><p>parágrafo 3º, possibilitou às pessoas jurídica de</p><p>direito público ou de direito privado, dentre</p><p>diversas ações, atuar ao lado do autor da ação,</p><p>desde que haja decisão do representante legal da</p><p>pessoa jurídica e seja útil ao interesse público.</p><p>2ª Fase Constitucional l 39º Exame de Ordem</p><p>E-book de Processo Constitucional</p><p>107</p><p>peticionar a responsabilização dos causadores</p><p>dos danos que sofreram individualmente.</p><p>Poderá ainda haver litisconsórcio ativo entre os</p><p>legitimados e entre os Ministérios Públicos dos</p><p>Estados e da União, que será inicial, ativo, unitário</p><p>e facultativo.</p><p>A par do contido no artigo 5º, § 2º, da Lei n.</p><p>7.347/85, que lhe faculta o ingresso como</p><p>litisconsorte, e por possuir legitimidade para</p><p>propor a demanda, o Poder Público não pode</p><p>figurar no processo apenas como assistente. A</p><p>situação não se enquadra na hipótese de</p><p>assistência simples, nem na de assistência</p><p>litisconsorcial, de modo que lhe cabe assumir</p><p>posição, na ação civil pública proposta por outro</p><p>colegitimado, como litisconsorte.</p><p>• Uma atenção especial ao Ministério Público na Ação Civil Pública:</p><p>Ainda que haja outros legitimados, para o Ministério Público, é um dever agir quando</p><p>estiverem presentes as condições ensejadoras da ação, enquanto para os demais é uma</p><p>faculdade, podendo inclusive, atuar de ofício, sem necessidade de provocação.</p><p>O Ministério Público é o legitimado para propor o inquérito civil que antecede à ação civil</p><p>pública. Este é um procedimento administrativo de natureza inquisitiva que visa a recolher</p><p>elementos de prova que ensejam o ajuizamento da ação civil pública.</p><p>O inquérito é peça instrutória da Ação Civil Pública, contudo, não é pela indispensável,</p><p>significando dizer que a Ação Civil Pública pode ou não ser precedida do inquérito.</p><p>Em verdade, torna-se dispensável o inquérito civil, quando as provas existentes do ato</p><p>lesivo já sejam por si só capazes de prover a ação civil pública.</p><p>Quando a ação for proposta por algum dos outros legitimados e houver desistência</p><p>infundada ou abandono da ação, o Ministério Público ou outro legitimado assumirá a titularidade</p><p>ativa, isso, pois, trata-se da indisponibilidade do interesse.</p><p>Importante mencionar que, quando o Ministério Público não figurar como parte, deverá,</p><p>obrigatoriamente, intervir como fiscal da lei.</p><p>O Ministério Público é parte legítima para o ajuizamento de ação coletiva que visa anular</p><p>ato administrativo de aposentadoria que importe em lesão ao patrimônio público. (RE</p><p>409356)</p><p>2ª Fase Constitucional l 39º Exame de Ordem</p><p>E-book de Processo Constitucional</p><p>108</p><p>6.6. Competência</p><p>Art. 2º da Lei nº 7.347/85: A propositura da ação prevenirá a jurisdição para o juízo de</p><p>todas as ações posteriormente intentadas que possuam a mesma causa de pedir ou o</p><p>mesmo objeto. Parágrafo único. A propositura da ação prevenirá a jurisdição do juízo para</p><p>todas as ações posteriormente intentadas que possuam a mesma causa de pedir ou o</p><p>mesmo objeto.</p><p>Na Ação Civil Pública não existe foro por prerrogativa de função, sendo que a competência</p><p>para processo e julgamento desta ação é determinada pelo local onde ocorreu o dano. Salvo</p><p>quando o ato lesivo é imputado à pessoa jurídica que tenha foro na Justiça Federal, a Ação Civil</p><p>Pública deverá ser ajuizada e julgada originariamente por juízes ordinários estaduais.</p><p>(ALEXANDRINO).</p><p>De acordo com Siqueira Junior:</p><p>A regra de competência prevista na lei n. 7.347/85 deve ser interpretada em consonância</p><p>com o Código de Defesa do Consumidor, nos termos do art. 21 da Lei de Ação Civil</p><p>Pública, que dita: “Aplica-se à defesa dos direitos difusos, coletivos e individuais, no que</p><p>for cabível, os dispositivos do Título III da Lei 8.078 de 11 de setembro de 1990, que</p><p>instituiu o Código de Defesa do Consumidor.</p><p>6.7. Tutela de urgência</p><p>Pode-se admitir ação cautelar quando ocorrerem o fumus boni juris e o periculum in mora.</p><p>Art. 12, da Lei 7.347/85 – Poderá o juiz conceder mandado liminar, com ou sem justificação</p><p>prévia, em decisão sujeita a agravo. § 1º A requerimento de pessoa jurídica de direito</p><p>público interessada, e para evitar grave lesão à ordem, à saúde, à segurança e à economia</p><p>pública, poderá o Presidente do Tribunal a que competir o conhecimento do respectivo</p><p>recurso suspender a execução da liminar, em decisão fundamentada, da qual caberá</p><p>agravo para uma das turmas julgadoras, no prazo de 5 (cinco) dias a partir da publicação</p><p>do ato.</p><p>6.8. Particularidades importantes da peça e do processo</p><p>→ Não caberá desistência. Art. 5º – § 3° Em caso de desistência infundada ou</p><p>abandono da ação por associação legitimada, o Ministério Público ou outro legitimado</p><p>assumirá a titularidade ativa.</p><p>→ A ação pública só faz coisa julgada erga omnes nos limites da competência</p><p>territorial do órgão prolator. Art. 16. A sentença civil fará coisa julgada erga omnes, nos</p><p>limites da competência territorial do órgão prolator, exceto se o pedido for julgado</p><p>improcedente por insuficiência de provas, hipótese em que qualquer legitimado poderá</p><p>intentar outra ação com idêntico fundamento, valendo-se de nova prova.</p><p>2ª Fase Constitucional l 39º Exame de Ordem</p><p>E-book de Processo Constitucional</p><p>109</p><p>→ Em recente julgado o STF entendeu que a eficácia subjetiva da coisa julgada</p><p>formada a partir de ação coletiva, de rito ordinário, ajuizada por associação civil na defesa</p><p>de interesses dos associados, somente alcança os filiados, residentes no âmbito da</p><p>jurisdição do órgão julgador, que o fossem em momento anterior ou até a data da</p><p>propositura da demanda, constantes da relação jurídica juntada à inicial do processo de</p><p>conhecimento.</p><p>Só será cabível o controle difuso, em sede de ação civil pública ... como instrumento</p><p>idôneo de fiscalização incidental de constitucionalidade, pela via difusa, de quaisquer leis</p><p>ou atos do Poder Público, mesmo quando contestados em face da Constituição da</p><p>República, desde que, nesse processo coletivo, a controvérsia constitucional, longe de</p><p>identificar-se como objeto único da demanda, qualifique-se com simples questão</p><p>prejudicial, indispensável à resolução do litígio principal. (CELSO MELLO, STF).</p><p>É ultra partes, no caso de direitos coletivos (art. 103, II, da Lei 8.078/1990) e erga omnes,</p><p>no caso de direitos difusos (art. 103, I, da Lei 8.078/1990) e no caso de direitos individuais</p><p>homogêneos, com extensão secundum eventum litis (art. 103, III, da Lei 8.078/1990). A</p><p>extensão subjetiva da coisa julgada é secundum eventum litis – e não a sua formação”.</p><p>(SARLET; MITIDIEIRO. Curso de direito constitucional)</p><p>• Sentença:</p><p>Na Ação Civil Pública, a sentença é preponderantemente condenatória ou mandamental,</p><p>podendo impor condenação em dinheiro, obrigação de fazer ou não fazer; em regra, tal sentença</p><p>não tem natureza desconstitutiva, pois na maioria das vezes o dano é irrecuperável.</p><p>→ A ação civil pública objetiva a condenação pelos danos causados ao direito</p><p>coletivo/difuso, sendo que os valores serão destinados à reconstituição dos bens lesados</p><p>e/ou à preservação e promoção dos direitos. Pode também ter por objeto o cumprimento</p><p>da obrigação de fazer ou de não fazer, cumprimento este que será determinado pelo juiz,</p><p>sob pena de multa diária, independentemente de requerimento do autor.</p><p>→ A ação civil pública fará coisa julgada sendo procedente ou improcedente, no</p><p>entanto, caso a ação termine por falta de provas não fará coisa julgada material.</p><p>• Custas:</p><p>Os pagamentos de custas, emolumentos e quaisquer outras despesas estão vedados,</p><p>exceto nos casos de litigância de má-fé.</p><p>6.9. Formulação do pedido</p><p>2ª Fase Constitucional l</p><p>39º Exame de Ordem</p><p>E-book de Processo Constitucional</p><p>110</p><p>Esqueleto da peça</p><p>Competência</p><p>Foro do local onde ocorre o dano, cujo juízo terá competência funcional para</p><p>processar e julgar a causa.</p><p>Será sempre ajuizada em 1ª instância (estadual ou federal).</p><p>Endereçamento Juízo Cível da ... Vara da Comarca de ...</p><p>Partes</p><p>(ativa e passiva)</p><p>Legitimidade</p><p>Legitimidade ativa: artigo 5º, caput, I a V, da Lei nº 7.347/1985: o ministério</p><p>público; defensoria pública; a união os estados, o direito federal e os</p><p>municípios a autarquia, empresa pública fundação ou sociedade de economia</p><p>mista; a associação que, concomitantemente: esteja constituída há pelo</p><p>menos 1 (um) ano termos da lei civil e inclua , entre suas finalidades</p><p>institucionais , a proteção ao meio ambiente, ao consumidor, à ordem</p><p>econômica, a livre concorrência ou ao patrimônio artístico estético, histórico,</p><p>turístico e paisagístico.</p><p>Legitimidade passiva: responsável pela lesão ao interesse difuso ou coletivo,</p><p>podendo ser particular ou ente público.</p><p>O que devo</p><p>suscitar? Demonstrar o ato lesivo ao interesse difuso e coletivo</p><p>Pedido</p><p>Condenação do réu do ato lesivo ao interesse difuso e coletivo (condenação</p><p>em dinheiro ou ao cumprimento de obrigação de fazer ou não fazer), artigo 3º,</p><p>caput, da Lei nº 7.347/1985.</p><p>Valor da Causa Valor da causa R$ ..., para efeitos procedimentais.</p><p>Caso hipotético e modelo OAB</p><p>Exame de Ordem XXI - Peça Prático-Profissional</p><p>Enunciado:</p><p>A Associação Alfa, constituída há 3 (três) anos, cujo objetivo é a defesa do patrimônio</p><p>social e, particularmente, do direito à saúde de todos, mostrou-se inconformada com a</p><p>negativa do Posto de Saúde Gama, gerido pelo Município Beta, de oferecer atendimento</p><p>laboratorial adequado aos idosos que procuram esse serviço. O argumento das</p><p>2ª Fase Constitucional l 39º Exame de Ordem</p><p>E-book de Processo Constitucional</p><p>111</p><p>autoridades era o de que não havia profissionais capacitados e medicamentos disponíveis</p><p>em quantitativo suficiente. Em razão desse estado de coisas e do elevado número de</p><p>idosos correndo risco de morte, a Associação resolveu peticionar ao Secretário municipal</p><p>de Saúde, requerendo providências imediatas para a regularização do serviço público de</p><p>Saúde.</p><p>O Secretário respondeu que a situação da Saúde é realmente precária e que a</p><p>comunidade precisa ter paciência e esperar a disponibilização de repasse dos recursos</p><p>públicos federais, já que a receita prevista no orçamento municipal não fora integralmente</p><p>realizada. Reiterou, ao final e pelas razões já aventadas, a negativa de atendimento</p><p>laboratorial aos idosos. Apesar disso, as obras públicas da área de lazer do bairro em que</p><p>estava situado o Posto de Saúde Gama, nos quais eram utilizados exclusivamente</p><p>recursos públicos municipais, continuaram a ser realizadas.</p><p>Considerando os dados acima, na condição de advogado(a) contratado(a) pela</p><p>Associação Alfa, elabore a medida judicial cabível para o enfrentamento do problema,</p><p>inclusive com providências imediatas, de modo que seja oferecido atendimento adequado</p><p>a todos os idosos que venham a utilizar os serviços do Posto de Saúde. A demanda exigirá</p><p>dilação probatória. (Valor: 5,00)</p><p>Obs.: a peça deve abranger todos os fundamentos de Direito que possam ser utilizados</p><p>para dar respaldo à pretensão. A simples menção ou transcrição do dispositivo legal não</p><p>confere pontuação.</p><p>Gabarito:</p><p>Abaixo segue modelo de estruturação da peça de Ação Civil Pública cobrada no EXAME</p><p>DE ORDEM XXI:</p><p>2ª Fase Constitucional l 39º Exame de Ordem</p><p>E-book de Processo Constitucional</p><p>112</p><p>AO JUÍZO DA VARA CÍVEL DA COMARCA DO MUNICÍPIO BETA.</p><p>ASSOCIAÇÃO ALFA, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ sob</p><p>o n° ..., endereço eletrônico..., com sede na Rua..., n°..., Bairro..., Cidade..., Estado...,</p><p>CEP..., representado por seu PRESIDENTE..., por seu procurador signatário, inscrito</p><p>na OAB n°..., propor AÇÃO CIVIL PÚBLICA com fundamento nos artigos 129, inciso</p><p>III, da Constituição Federal, e artigo 1°, incisos IV e VIII, da Lei nº 7.347/85, em face</p><p>do MUNICÍPIO BETA, pessoa jurídica de direito público, inscrita no CNPJ sob o n°...,</p><p>endereço eletrônico..., com sede na Rua..., n°..., Bairro..., Cidade..., Estado...,</p><p>CEP..., representado por seu PREFEITO..., autoridade pública..., estado civil...,</p><p>inscrito no CPF sob o n° ..., endereço eletrônico..., residente e domiciliado na Rua...,</p><p>n°..., Bairro..., Cidade..., Estado..., CEP..., pelos fatos e fundamentos a seguir</p><p>expostos:</p><p>1) DOS FATOS</p><p>O Posto de Saúde Gama, administrado pelo Município Beta, nega</p><p>atendimento laboratorial aos idosos, sob alegação de que não há profissionais</p><p>capacitados nem medicamentos suficientes.</p><p>2) DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS</p><p>2.1) Competência</p><p>A Vara Cível da Comarca X é competente para processar e julgar Ação Civil,</p><p>uma vez que a matéria é de competência da Justiça Estadual, de forma residual,</p><p>conforme artigo 25, parágrafo 1º e 125 da Constituição Federal. É, também, o local</p><p>onde o dano foi praticado, consoante artigo 2°, da Lei nº 7.347/85.</p><p>2ª Fase Constitucional l 39º Exame de Ordem</p><p>E-book de Processo Constitucional</p><p>113</p><p>2.2) Legitimidade</p><p>A legitimidade ativa da Associação Alfa decorre do fato de ter sido constituída</p><p>há mais de 1 (um) ano, conforme documentação anexa, destinar-se à defesa do</p><p>patrimônio social e do direito à saúde de todos, atendendo ao disposto no artigo 5º,</p><p>inciso V, alíneas “a” e “b”, da Lei nº 7.347/85.</p><p>A legitimidade passiva do Município Beta é justificada por ser o responsável</p><p>pela gestão do Posto de Saúde Gama, com a obrigação de gerir o sistema de saúde</p><p>local, conforme artigo 23, inciso II, e 196, ambos da Constituição Federal.</p><p>2.3) Cabimento</p><p>O cabimento exclusivo da ação civil pública decorre do fato de o objetivo da</p><p>demanda judicial ser a defesa de todos os idosos que procuram o atendimento do</p><p>Posto de Saúde Gama, nos termos das finalidades estatutárias de defesa do</p><p>patrimônio social, particularmente, direito à saúde de todos e não eventual defesa de</p><p>direito ou interesse individual. Como se discute a qualidade do serviço público</p><p>oferecido à população e esses idosos não podem ser individualizados, trata-se de</p><p>interesse difuso, amoldando-se ao artigo 129, inciso III, da Constituição Federal, e</p><p>artigo 1°, incisos IV e VIII, da Lei nº 7.347/85.</p><p>2.4) Do Direito</p><p>O que se verifica, na hipótese, é a necessidade de defesa do direito</p><p>fundamental à vida e à saúde dos idosos que procuram os serviços do Posto de</p><p>Saúde Gama, bem como da dignidade da pessoa humana, amparados pelo artigo</p><p>1º, inciso III, artigo 5º, caput, artigo 6º e artigo 196, todos da Constituição Federal.</p><p>Esses direitos estão sendo preteridos para a realização de obras públicas na área</p><p>de lazer, o que é constitucionalmente inadequado em razão da maior importância</p><p>dos referidos direitos. Afinal, sem vida e saúde, não há possibilidade de lazer.</p><p>Ademais, o Município tem o dever de assegurar o direito à saúde dos idosos e de</p><p>cumprir a competência constitucional conferida para fins de prestação do serviço</p><p>2ª Fase Constitucional l 39º Exame de Ordem</p><p>E-book de Processo Constitucional</p><p>114</p><p>público de saúde, consoante artigo 23, inciso II, artigo 30, inciso VII, artigo 196 e</p><p>artigo 230, todos da Constituição Federal e, ainda, Lei nº 10.741/03.</p><p>2.5) Da medida liminar</p><p>Requer-se, em sede de medida liminar e/ou tutela de urgência, o deferimento</p><p>da ordem para determinar que o Município, através do Posto de Saúde Gama,</p><p>preste, de forma adequada, o serviço público de saúde, pois os idosos do Município</p><p>X estão sem atendimento no Posto de Saúde, podendo acarretar consequências</p><p>irreversíveis à saúde e vida dos idosos. Desta forma, restou demonstrada a presença</p><p>do fumus boni iuris e do periculum in mora, ou,</p><p>e órgãos federais. Há uma lista de competências no art. 109, e elas devem</p><p>ser analisadas cuidadosamente. Há se lembrar, também, no campo da Justiça Federal, o</p><p>art. 108, o qual prevê a competência do Tribunal Regional Federal.</p><p>→ Novamente, se a questão narrada na prova não se amolda à competência do</p><p>STF, STJ, às Justiças Especializadas e ao art. 109 e ao art. 108, adota-se o critério da</p><p>competência reservada ou remanescente para a Justiça Estadual. Significa dizer que a</p><p>Justiça Estadual julga tudo aquilo que não está previsto para as demais justiças. De forma</p><p>2ª Fase Constitucional l 39º Exame de Ordem</p><p>E-book de Processo Constitucional</p><p>10</p><p>mais simples, a Justiça Estadual fica com o que “sobra”. Isto implica questões estaduais,</p><p>municipais e relacionadas a particulares. Esta competência decorre de uma leitura</p><p>conjunta do art. 125 combinado com 25, § 1º, da Constituição.</p><p>→ O art. 125 prevê a possibilidade da criação de uma justiça militar estadual e um</p><p>Tribunal de Justiça Militar. Neste caso, a competência disciplinará crimes militares</p><p>cometidos por militares e para ações judiciais contra atos disciplinares, nos termos do art.</p><p>125, §§ 4º e 5º. Há, também, no art. 125, previsão de representação por</p><p>inconstitucionalidade perante a Constituição estadual, a ser julgado pelo Tribunal de</p><p>Justiça local.</p><p>→ Finalmente, como grande regra, as ações de competência da Justiça Estadual</p><p>terão seu início no primeiro grau, a não ser que, por simetria, devam iniciar no Tribunal de</p><p>Justiça, como são os casos de MI, MS e HD contra Governador, Assembleia Legislativa,</p><p>secretários e contra o próprio Tribunal de Justiça. Por simetria entenda-se a imitação</p><p>necessária em nível estadual do que acontece em nível de STF e STJ.</p><p>3. TIPOS DE PROCEDIMENTO: COMUM E ESPECIAIS, ORDINÁRIOS E SUMÁRIOS</p><p>O Código de Processo Civil de 2015 prevê um procedimento completo, com plena fase</p><p>postulatória e probatória, visando a que o processo se aproxime o máximo possível da verdade.</p><p>Este processo, ao mesmo tempo que dá muitas oportunidades para as partes postularem e</p><p>provarem, também acaba sendo mais lento. O atual CPC acabou com a divisão que existia no</p><p>CPC anterior, o qual dividia entre procedimento ordinário e sumário. Ocorre que o uso destes</p><p>termos permaneceu na prática e na doutrina. Assim, quando se quer referir a um processo</p><p>completo, com todas as suas fases, mas que, por conta disso, acaba por demorar mais, chama-</p><p>se este procedimento de ordinário. É o caso da AP, ACP, a Reclamação e ações de controle</p><p>concentrado. Os procedimentos ainda chamados de sumários são procedimentos mais rápidos,</p><p>geralmente com fase probatória (de produção de provas) abreviada ou mesmo suprimida (ou</p><p>seja, não se produzem provas). É o caso do MI, do MS, do HD e do Habeas Corpus (HC).</p><p>O procedimento previsto a partir do art. 318 do CPC é chamado de procedimento comum.</p><p>Ele é a grande regra, já que o padrão são os pedidos não terem nome específico e, portanto, as</p><p>ações também não possuírem nome. Precisamente isto: apesar de em um passado distante a</p><p>2ª Fase Constitucional l 39º Exame de Ordem</p><p>E-book de Processo Constitucional</p><p>11</p><p>prática de dar nome a diferentes pedidos tenha sido comum e, por isso, existirem diferentes</p><p>ações, com diferentes nomes, o que ocorreu é que o processo se simplificou. Assim, a grande</p><p>maioria das causas vai se amoldar ao chamado procedimento comum, previsto no art. 318 e</p><p>seguintes do CPC, sendo que o nome da ação que caracteriza este procedimento é o de ação</p><p>de conhecimento pelo rito comum. O fundamento legal é o art. 318 do CPC. Este procedimento</p><p>comum também tem uma outra função no ordenamento jurídico processual brasileiro: ele serve</p><p>de norma subsidiária. Assim, quando o procedimento de uma ação específica, como por exemplo</p><p>o mandado de segurança, não dispuser de forma diferente, será aplicado o procedimento</p><p>comum. Como exemplo, a contagem dos prazos, as formas de comunicação, as naturezas das</p><p>sentenças e assim sucessivamente.</p><p>Apesar de o procedimento comum (Ação de Conhecimento pelo rito comum) ser a grande</p><p>regra, isto não vale para o Processo Constitucional, caracterizado que está pelos procedimentos</p><p>especiais. O processo constitucional está cheio de ações específicas, as quais levam a</p><p>procedimentos específicos, previstos em leis específicas. Dito em outras palavras, as ações são</p><p>nominadas, isto é, as ações possuem nomes. Para cada tipo de problema, uma ação específica,</p><p>com um nome específico. Caso se trate de omissão que inviabiliza direito fundamental, tem-se a</p><p>ação de MI, se for o caso de violação de direito líquido e certo, o MS, se for necessário declarar</p><p>a constitucionalidade de uma Lei Federal, é o caso de uma ADC. O candidato tem de conhecer</p><p>muito bem os objetos das respectivas ações, os problemas que as ações resolvem, para daí</p><p>identificar a ação correspondente.</p><p>Quando é identificada a ação, é necessário apontar o nome dela. Significa dizer que na</p><p>peça tem de aparecer expressamente o chamado nomem juris, ou nome jurídico da peça. Será</p><p>imperioso, assim, dizer expressamente que aquela petição inicial é uma petição inicial de uma</p><p>ADI, de uma ADC, de um HD e assim sucessivamente. A colocação do nome da ação na peça</p><p>provoca a imediata ligação com o rito específico previsto em lei. Assim, não é possível dar o</p><p>nome de mandado de segurança para a peça, mas querer aplicar as regras do CPC. A colocação</p><p>do nomem juris vincula todo o procedimento a partir de então. Conforme as regras do edital da</p><p>OAB, a peça será corrigida caso exista a correta indicação do nome da peça (recebendo zero,</p><p>por outro lado, se a peça indicada for diversa da do gabarito).</p><p>O candidato também deve conhecer os conceitos de tutela de urgência de caráter</p><p>antecipatório e de caráter cautelar. Para tanto, ver o ponto específico, infra.</p><p>2ª Fase Constitucional l 39º Exame de Ordem</p><p>E-book de Processo Constitucional</p><p>12</p><p>4. ESTRUTURAÇÃO DE UMA PEÇA PROCESSUAL PARA OAB (PETIÇÃO INICIAL E</p><p>PETIÇÃO DE RECURSOS)</p><p>As petições possuem uma estrutura padrão, a qual pode ser adaptada para a petição</p><p>inicial de qualquer ação ou recurso, com as devidas cautelas. A estrutura utilizada neste livro</p><p>baseia-se na aprendizagem a partir dos gabaritos de provas antigas, na redação dos artigos do</p><p>CPC, em uma proposta que conjuga tanto a facilidade de memorização como a leitura por parte</p><p>do avaliador como, finalmente, a tradição forense. O ponto de partida é o art. 319 do CPC. Ali se</p><p>encontram os dados básicos que ajudarão na formulação de uma petição inicial (e também da</p><p>petição de recurso). Observemos o referido dispositivo:</p><p>Art. 319. A petição inicial indicará:</p><p>I – o juízo a que é dirigida;</p><p>II – os nomes, os prenomes, o estado civil, a existência de união estável, a profissão, o</p><p>número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas ou no Cadastro Nacional da Pessoa</p><p>Jurídica, o endereço eletrônico, o domicílio e a residência do autor e do réu;</p><p>III – o fato e os fundamentos jurídicos do pedido;</p><p>IV – o pedido com as suas especificações;</p><p>V – o valor da causa;</p><p>VI – as provas com que o autor pretende demonstrar a verdade dos fatos alegados;</p><p>VII – a opção do autor pela realização ou não de audiência de conciliação ou de mediação.</p><p>Detalhes tais como endereçamento, introdução, etc., são vistos mais adiante. A</p><p>preocupação deste tópico é a apresentação de uma estrutura básica, que seja utilizável em todas</p><p>as situações. Abaixo, segue um esquema simples, para uma primeira memorização da matéria:</p><p>Endereçamento (para quem é direcionada a petição)</p><p>Introdução (qualificação das partes, nome da ação e fundamentos jurídicos)</p><p>1. Dos Fatos</p><p>2. Dos Fundamentos Jurídicos</p><p>3. Dos Pedidos</p><p>Fechamento da peça</p><p>2ª Fase Constitucional l 39º Exame de Ordem</p><p>E-book de Processo Constitucional</p><p>13</p><p>Como é possível notar,</p><p>em outras palavras, a probabilidade</p><p>do direito e o perigo de dano, conforme artigo 12, da Lei nº 7.347/85, e/ou 300, do</p><p>Código de Processo Civil, sob pena de multa, nos termos do artigo 11, da Lei nº</p><p>7.347/85.</p><p>3) DOS PEDIDOS</p><p>a) O deferimento da liminar para determinar que o Município, através do Posto</p><p>de Saúde Gama, preste, de forma adequada, o serviço público de saúde, em</p><p>conformidade com o artigo 12, da Lei nº 7.347/85, e/ou artigo 300, do Código de</p><p>Processo Civil, sob pena de multa, nos termos do artigo 11, da Lei nº 7.347/85;</p><p>b) A citação do réu para contestar, sob pena de revelia;</p><p>c) A produção de todos os meios de prova em direito admitidas;</p><p>d) A procedência da presente ação, com a determinação de que o Município,</p><p>através do Posto de Saúde Gama, preste, de forma adequada, o serviço público de</p><p>saúde, conforme artigo 3º, caput, da Lei nº 7.347/1985, tornando definitiva a liminar;</p><p>e) A condenação do réu ao pagamento das custas e demais despesas</p><p>judiciais, bem como dos honorários de advogado.</p><p>Valor da causa R$ ..., para efeitos procedimentais.</p><p>Local..., data...</p><p>Advogado... OAB...</p><p>2ª Fase Constitucional l 39º Exame de Ordem</p><p>E-book de Processo Constitucional</p><p>115</p><p>Exame de Ordem XXVI - ÁREA ADMINISTRATIVA - Peça Prático-Profissional</p><p>Enunciado:</p><p>A sociedade empresária Leva e Traz explora, via concessão, o serviço público de</p><p>transporte de passageiros no município Sigma, conhecido pelos altos índices de</p><p>criminalidade; por isso, a referida concessionária encontra grande dificuldade em contratar</p><p>motoristas para seus veículos. A solução, para não interromper a prestação dos serviços,</p><p>foi contratar profissionais sem habilitação para a direção de ônibus. Em paralelo, a</p><p>empresa, que utiliza ônibus antigos (mais poluentes) e em péssimo estado de</p><p>conservação, acertou informalmente com todos os funcionários que os veículos não</p><p>deveriam circular após as 18 horas, dado que, estatisticamente, a partir desse horário, os</p><p>índices de criminalidade são maiores. Antes, por exigência do poder concedente, os</p><p>ônibus circulavam até meia-noite. Os jornais da cidade noticiaram amplamente a precária</p><p>condição dos ônibus, a redução do horário de circulação e a utilização de motoristas não</p><p>habilitados para a condução dos veículos. Seis meses após a concretização da</p><p>mencionada situação e da divulgação das respectivas notícias, a associação municipal de</p><p>moradores, entidade constituída e em funcionamento há dois anos e que tem por</p><p>finalidade institucional, dentre outras, a proteção dos usuários de transporte público,</p><p>contrata você, jovem advogado(a), para adotar as providências cabíveis perante o Poder</p><p>Judiciário para compelir o poder concedente e a concessionária a regularizarem a</p><p>atividade em questão. Há certa urgência, pois no último semestre a qualidade do serviço</p><p>público caiu drasticamente e será necessária a produção de provas no curso do processo.</p><p>Considerando essas informações, redija a peça cabível para a defesa dos interesses dos</p><p>usuários do referido serviço público. (Valor: 5,00)</p><p>Obs.: a peça deve abranger todos os fundamentos de Direito que possam ser utilizados</p><p>para dar respaldo à pretensão. A simples menção ou transcrição do dispositivo legal não</p><p>confere pontuação.</p><p>Gabarito comentado:</p><p>Considerando tratar-se de direitos coletivos, a medida judicial adequada é o ajuizamento</p><p>de Ação Civil Pública (ACP).</p><p>2ª Fase Constitucional l 39º Exame de Ordem</p><p>E-book de Processo Constitucional</p><p>116</p><p>A ACP deve ser dirigida ao Juízo de Fazenda Pública ou à Vara Cível competente. O</p><p>examinando deve indicar, como autora, a associação municipal de moradores e, como</p><p>réus, o município Sigma e a sociedade empresária Leva e Traz.</p><p>O examinando deve demonstrar, em preliminar, a legitimidade ativa da associação. Assim,</p><p>cabe citar que a entidade está constituída há mais de um ano (Art. 5º, inciso V, alínea a,</p><p>da Lei nº 7.347/85) e sua finalidade institucional está alinhada com o tema da ação</p><p>(pertinência temática – Art. 5º, inciso V, alínea b, da Lei nº 7.347/85).</p><p>No mérito, o examinando deve apontar, genericamente, a violação ao dever de adequação</p><p>na prestação do serviço público, conforme previsto pelos artigos 6º, § 1º, da Lei nº</p><p>8.987/95 OU do Art. 22 da Lei nº 8.078/90 (Código de Defesa do Consumidor – CDC) OU</p><p>do Art. 4º, da Lei nº 13.460/17, e, de forma específica, com base nos seguintes</p><p>fundamentos: I. a concessão pressupõe a prestação de serviço público em condição</p><p>segura para os usuários, o que não está sendo feito, pois os motoristas dos ônibus não</p><p>têm habilitação para direção e os veículos apresentam péssimo estado de conservação,</p><p>o que viola o princípio da segurança dos serviços públicos; II. a concessão pressupõe a</p><p>prestação de serviço público regular e contínuo, requisitos que não estão sendo</p><p>observados, dada a interrupção da circulação dos ônibus a partir das dezoito horas,</p><p>deixando a população desprovida do serviço, o que implica violação dos princípios da</p><p>regularidade e continuidade dos serviços públicos; III. a utilização de veículos antigos e</p><p>mais poluentes viola o princípio da atualidade do serviço, que pressupõe a modernidade</p><p>dos equipamentos postos à disposição dos usuários.</p><p>Deve ser requerida e fundamentada medida liminar para impedir a designação de</p><p>motoristas sem habilitação (obrigação de não fazer) e para obrigar os réus à renovação</p><p>da frota e à circulação dos ônibus até meia-noite (obrigações de fazer). A probabilidade</p><p>do direito está caracterizada pelos fundamentos já expostos nos itens I, II e III do parágrafo</p><p>anterior. O perigo de dano também está caracterizado, pois cidadãos deixam de ser</p><p>atendidos pelo transporte público.</p><p>Em relação àqueles que utilizam os ônibus, eles estão expostos a riscos de acidentes,</p><p>tendo em vista a inabilitação dos condutores e a precária condição dos veículos.</p><p>Quanto aos pedidos, o examinando deve requerer:</p><p>2ª Fase Constitucional l 39º Exame de Ordem</p><p>E-book de Processo Constitucional</p><p>117</p><p>a) a concessão da liminar para impedir a designação de motoristas sem habilitação</p><p>(obrigação de não fazer) e para obrigar à renovação da frota e à circulação dos ônibus</p><p>novos até meia-noite (obrigações de fazer);</p><p>b) a procedência do pedido, obrigando-se o réu ao cumprimento das obrigações de fazer</p><p>e de não fazer indicadas na alínea “a”;</p><p>c) a condenação do réu ao pagamento de custas e honorários;</p><p>d) a produção de provas.</p><p>e) A condenação dos réus ao pagamento de custas e honorários advocatícios.</p><p>f) Indicação do valor da causa.</p><p>2ª Fase Constitucional l 39º Exame de Ordem</p><p>E-book de Processo Constitucional</p><p>118</p><p>AÇÕES DO CONTROLE CONCENTRADO</p><p>DE CONSTITUCIONALIDADE</p><p>1. CONCEITOS IMPORTANTES À MATÉRIA DO CONTROLE DE</p><p>CONSTITUCIONALIDADE</p><p>Algumas formas de diferenciar violações à Constituição, proposta por André Ramos</p><p>Tavares, no Curso de direito constitucional.</p><p>a) A violação das normas constitucionais para fins de recurso extraordinário: a</p><p>Constituição, nesse caso, refere-se a “contrariar dispositivo desta Constituição”</p><p>(art. 102, III, a) e não à “inconstitucionalidade”;</p><p>b) A violação da Constituição para fins de cabimento da ação direta de intervenção: o</p><p>Texto Magno traz, por ocasião do tratamento da representação interventiva, a noção</p><p>de “não observância” dos princípios constitucionais sensíveis, no sentido inverso</p><p>da expressão do art. 34.: “A União não intervirá nos Estados nem no Distrito Federal,</p><p>exceto para: [...] VII – assegurar a observância dos seguintes princípios</p><p>constitucionais[...]”;</p><p>c) A violação da Constituição para fins de cabimento das ações do controle abstrato:</p><p>a Constituição brasileira refere-se à inconstitucionalidade apenas quando trata da</p><p>ação direta genérica, da ação direta por omissão e da ação declaratória. É por isso</p><p>que a inconstitucionalidade</p><p>tem sido associada aos atos normativos ou omissões,</p><p>como os únicos comportamentos capazes de desencadeá-la;</p><p>Em nosso ordenamento jurídico, não se admite a figura da constitucionalidade</p><p>superveniente. Mais relevante do que a atualidade do parâmetro de controle é a</p><p>constatação de que a inconstitucionalidade persiste e é atual, ainda que se refira a</p><p>dispositivos da CF que não se encontram mais em vigor. Caso contrário, ficaria</p><p>sensivelmente enfraquecida a própria regra que proíbe a convalidação. A jurisdição</p><p>constitucional brasileira não deve deixar às instâncias ordinárias a solução de problemas</p><p>que podem, de maneira mais eficiente, eficaz e segura, ser resolvidos em sede de controle</p><p>concentrado de normas. A Lei estadual 12.398/1998, que criou a contribuição dos inativos</p><p>no Estado do Paraná, por ser inconstitucional ao tempo de sua edição, não poderia ser</p><p>convalidada pela EC 41/2003. E, se a norma não foi convalidada, isso significa que a sua</p><p>inconstitucionalidade persiste e é atual, ainda que se refira a dispositivos da CF que não</p><p>se encontram mais em vigor, alterados que foram pela EC 41/2003. Superada a preliminar</p><p>2ª Fase Constitucional l 39º Exame de Ordem</p><p>E-book de Processo Constitucional</p><p>119</p><p>de prejudicialidade da ação, fixando o entendimento de, analisada a situação concreta,</p><p>não se assentar o prejuízo das ações em curso, para evitar situações em que uma lei que</p><p>nasceu claramente inconstitucional volte a produzir, em tese, seus efeitos, uma vez</p><p>revogada as medidas cautelares concedidas já há dez anos. [ADI 2.158 e ADI 2.189, rel.</p><p>min. Dias Toffoli, j. 15-9-2010, P, DJE de 16-12-2010.]</p><p>d) A violação da Constituição para fins de cabimento de ADPF: a Constituição</p><p>(combinada com a Lei de Regência) alude a descumprimento de preceito</p><p>fundamental por ato do Poder Público.</p><p>• Conceitualmente:</p><p>Trata-se da verificação de constitucionalidade de todo ato estatal, normativo ou concreto</p><p>e, também, dos atos jurídicos emanados da sociedade, em conformidade com a Constituição</p><p>vigente. Logo, é uma tarefa atribuída ao órgão controlador, no sentido de impedir ou corrigir</p><p>quaisquer máculas produzida contra aquelas normas que são consideradas as principais do</p><p>ordenamento jurídico.</p><p>• Logo, está presumida a ideia de:</p><p>→ Sistema piramidal;</p><p>→ Aspectos formal e material da Constituição;</p><p>→ Filtro de constitucionalidade.</p><p>O reconhecimento da Supremacia Constituição e de sua força vinculante em relação aos</p><p>Poderes Públicos torna inevitável a discussão sobre formas e modos de defesa da</p><p>Constituição e sobre a necessidade de controle de constitucionalidade dos atos do Poder</p><p>Público, especialmente das leis e atos normativos. (MENDES, 2011)</p><p>Rigidez porque o processo de alteração constitucional é mais complexo que a alteração</p><p>das demais espécies normativas, ou seja, somente se altera mediante as emendas</p><p>constitucionais, que são a forma mais complexa de votação constitucional.</p><p>2ª Fase Constitucional l 39º Exame de Ordem</p><p>E-book de Processo Constitucional</p><p>120</p><p>Pela sua própria localização, na base da pirâmide normativa, é a Constituição a instância</p><p>de transformação da normatividade, puramente hipotética, da norma fundamental, em</p><p>normatividade concreta, dos preceitos de direito positivo – comandos postos em vigor –</p><p>cuja forma e conteúdo, por isso mesmo, subordinam-se aos ditames constitucionais. Daí</p><p>se falar em supremacia constitucional formal e material, no sentido de que qualquer ato</p><p>jurídico – seja ele normativo ou de efeito concreto –, para ingressar ou permanecer,</p><p>validamente, no ordenamento, há que se mostrar conforme os preceitos da Constituição”.</p><p>(MENDES)</p><p>• Você sabe o que é bloco de constitucionalidade?</p><p>Bloco de constitucionalidade é o conjunto de normas constitucionais, tratados</p><p>internacionais e princípios que fundamentam as normas constitucionais, além da própria</p><p>interpretação do STF sobre o conteúdo da Constituição, que servem de parâmetro para o</p><p>controle de constitucionalidade de todas as normas do ordenamento. Ou seja, com a adoção do</p><p>bloco, permite-se ao intérprete ampliar o conceito de normas constitucionais para além daquelas</p><p>previstas expressamente na Constituição, não se restringindo mais àquelas prescritas no</p><p>ordenamento jurídico.</p><p>• Quanto ao momento:</p><p>→ O controle pode-se efetivar preventiva ou repressivamente.</p><p>Via de regra, o controle judicial de constitucionalidade ocorre de maneira</p><p>repressiva, caso em que o ato normativo confrontado com Texto Maior já se encontra</p><p>formalmente perfectibilizado, isto é, já ingressou no ordenamento jurídico e, por isso,</p><p>2ª Fase Constitucional l 39º Exame de Ordem</p><p>E-book de Processo Constitucional</p><p>121</p><p>irradia seus efeitos às relações intersubjetivas públicas e privadas havidas no mundo dos</p><p>fatos, de modo que se trata de efetivo controle de constitucionalidade de leis ou emendas</p><p>à Constituição. Por outro lado, o controle preventivo de constitucionalidade se realiza em</p><p>momento anterior à completa formação do ato normativo controlado, ou seja, antes de sua</p><p>entrada em vigor, ainda em âmbito de deliberação. Não é por outra razão que se fala em</p><p>controle de constitucionalidade de projetos de lei e propostas de emendas à Constituição.</p><p>Desta forma, verifica-se que a índole repressiva ou preventiva do controle de</p><p>constitucionalidade funda-se no caráter do próprio ato controlado. Enquanto que o</p><p>primeiro visa a expurgar a ordem jurídica das normas inconstitucionais, subversoras do</p><p>sistema hierárquico-normativo, o segundo tenciona proteger ou prevenir a ordem jurídica</p><p>de proposições normativas inconstitucionais, as quais poderão adquirir efetiva vigência e</p><p>ingressarem no sistema jurídico, possibilitando a subsunção.</p><p>Dito isso, pode-se observar que jaz no direito brasileiro a tese da presunção de</p><p>constitucionalidade, haja vista existir um controle preventivo, fazendo com que as normas</p><p>do direito brasileiro gozem dessa presunção iuris tantum. Por esse motivo, o controle</p><p>repressivo terá, na realidade, a função de tornar uma presunção que até então é relativa</p><p>em uma presunção absoluta. Eis a verdadeira combinação do sistema de controle de</p><p>constitucionalidade.</p><p>1.1. Controle Preventivo:</p><p>A função do controle preventivo é impedir que uma norma inconstitucional ingresse no</p><p>ordenamento jurídico, portanto, trata-se do processo de elaboração legislativa. Assim, esse</p><p>controle acontece em dois momentos distintos e fora da via judiciária:</p><p>→ Comissão de Constituição e Justiça - Cuja função é analisar os aspectos</p><p>constitucionais do projeto de lei ou de emenda constitucional no seu aspecto formal e</p><p>material.</p><p>Mas o que é uma Comissão de Constituição e Justiça?</p><p>Entre as comissões existentes em ambas as Casas Legislativas do Congresso</p><p>Nacional, destacam-se, na Câmara dos Deputados, a Comissão de Constituição,</p><p>Justiça e Redação – Regimento Interno, art. 32, inciso III –, e, no Senado</p><p>Federal, a Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania – Regimento Interno,</p><p>art. 101 –, as quais têm a função precípua de verificar a (in)constitucionalidade</p><p>2ª Fase Constitucional l 39º Exame de Ordem</p><p>E-book de Processo Constitucional</p><p>122</p><p>de proposições legislativas postas a deliberação, para que, só então, possam</p><p>(ou não) ser submetidas à votação parlamentar. Ressalva-se que às Comissões</p><p>de Constituição e Justiça não compete adentrar no mérito da proposta discutida,</p><p>ou seja, se é oportuna ou conveniente, porquanto será enfrentado pelas</p><p>comissões temáticas e, também, em Plenário. É formada por integrantes do</p><p>próprio poder legislativo (nos âmbitos federal, estadual e municipal), devendo</p><p>sempre privilegiar a formação plural em sua composição. (BULOS e TAVARES).</p><p>→ Veto do presidente da república</p><p>Poderá vetar projeto por entendê-lo inconstitucional, mas, em relação à emenda,</p><p>não há participação do executivo.</p><p>Quanto ao veto, este poderá ser por questões de</p><p>conveniência política ou por razões jurídicas, sendo que, nesse caso nos interessa a veto</p><p>em que as razões jurídicas versam sobre a possível inconstitucionalidade da norma. O</p><p>veto, contudo, seja ele jurídico ou político, não é absoluto, de maneira que retornará ao</p><p>Congresso Nacional para apreciação no prazo de trinta dias, sendo que poderá ser</p><p>rejeitado pelo voto da maioria absoluta dos Deputados e Senadores, em escrutínio secreto</p><p>(inteligência do art. 66, § 4º, da Constituição). Rejeitado o veto presidencial, prevalecerá</p><p>a manifestação do Poder Legislativo, seguindo o projeto de lei à promulgação (art. 66, §</p><p>5º, da Constituição), ato a partir do qual tornar-se-á lei.</p><p>→ É possível haver controle de constitucionalidade pela via judicial ainda</p><p>durante o processo legislativo?</p><p>Quando for controle do processo formal legislativo, ou seja, verificado que não se</p><p>respeitou o trâmite determinado na Constituição para edição normativa. Ex: uma lei</p><p>complementar em eminência de ser votada por maioria simples (o que corresponde a uma</p><p>lei ordinária ou uma emenda à Constituição que não é votada em duas casas).</p><p>A outra possibilidade reconhecida na doutrina é do controle jurisdicional de</p><p>constitucionalidade do processo legislativo de propostas de emendas constitucionais</p><p>tendentes a abolir as cláusulas de garantia da constituição (artigo 60, § 4º, da Constituição</p><p>Federal).</p><p>2ª Fase Constitucional l 39º Exame de Ordem</p><p>E-book de Processo Constitucional</p><p>123</p><p>→ Qual o instrumento?</p><p>Pode-se provocar o controle de constitucionalidade durante o processo de edição</p><p>normativa através de Mandado de Segurança impetrado por parlamentar.</p><p>→ Decisão do STF:</p><p>O Mandado de Segurança nº 20.257DF, impetrado pelos então senadores da República</p><p>Itamar Augusto Cautiero Franco e Antônio Mendes Canale, dirigia-se contra ato da Mesa</p><p>do Congresso Nacional que admitiu a deliberação de propostas de emendas</p><p>constitucionais que, segundo alegado na impetração, seriam tendentes à abolição da</p><p>República, contrariando o disposto no art. 47, § 1º, da então vigente Constituição Federal</p><p>de 1967/69, in verbis: "não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a</p><p>abolir a Federação e a República". Tencionavam os ilustres parlamentares, através da</p><p>impetração do mandamus, fosse impedida a tramitação das propostas de emendas</p><p>constitucionais nº 51 e 52, ambas de 1980, bem como da emenda nº 03 às referidas</p><p>propostas. Tais proposições legislativas, por visarem à prorrogação dos mandatos de</p><p>prefeitos, viceprefeitos e vereadores de dois para quatro anos, caso aprovadas, segundo</p><p>entendiam os impetrantes, ocasionariam a abolição da República, razão por que</p><p>inconstitucional sua deliberação legislativa (STF, MS 20.257DF, Rel. Min. Décio Miranda,</p><p>Rel. p/ Acórdão Min. Moreira Alves, j. 08.10.1980). (TRINDADE, 2014)</p><p>1.2. Controle Repressivo:</p><p>Este será exercido por via jurisdicional ante o papel de guardião da Constituição. Essa</p><p>espécie de controle se dará pela via difusa ou pela via do controle concentrado.</p><p>2ª Fase Constitucional l 39º Exame de Ordem</p><p>E-book de Processo Constitucional</p><p>124</p><p>→ Poderá o controle repressivo ser exercido pela via do legislativo? Ou seja,</p><p>depois que a norma já está surtindo efeitos?</p><p>Dois casos:</p><p> Art. 49, V – que trata da competência do Congresso Nacional sustar os</p><p>atos normativos do Poder Executivo que exorbitem do poder</p><p>regulamentar ou dos limites de delegação legislativa.</p><p> Medida provisória (art. 62) que poderá ser editada com força de lei, em</p><p>caso de relevância, mas deve ser submetida ao Congresso Nacional.</p><p>Sendo assim, o controle político e repressivo de constitucionalidade no direito brasileiro</p><p>ocorre nas excepcionais hipóteses do artigo 49, inciso V, e do artigo 62, ambos da Constituição</p><p>Federal de 1988 (BULOS, 2012, p. 200), quando o Poder Legislativo realiza juízo de</p><p>conformidade constitucional de atos normativos já consolidados e vigentes.</p><p>• Você sabe qual a diferença entre atos concretos e atos normativos?</p><p>→ Exemplos e atos NORMATIVOS:</p><p>Art. 59 da CF: O processo legislativo compreende a elaboração de:</p><p>I – emendas à Constituição;</p><p>II – leis complementares;</p><p>2ª Fase Constitucional l 39º Exame de Ordem</p><p>E-book de Processo Constitucional</p><p>125</p><p>III – leis ordinárias;</p><p>IV – leis delegadas;</p><p>V – medidas provisórias;</p><p>VI – decretos legislativos;</p><p>VII – resoluções.</p><p>Parágrafo único. Lei complementar disporá sobre a elaboração, redação, alteração e</p><p>consolidação das leis.</p><p>1.3. Espécies de vício de inconstitucionalidade</p><p>1) Formais: (art. 5º, II e arts. 59 a 69 da CF)</p><p>A inconstitucionalidade formal pode dar-se:</p><p>a) Pelo descumprimento de norma</p><p>constitucional sobre o processo</p><p>legislativo próprio e adequado à</p><p>espécie;</p><p>b) Pela desobediência a circunstância</p><p>impeditiva de atuação do órgão</p><p>legislativo, como no caso de</p><p>emenda constitucional aprovada</p><p>durante o estado de sítio (CF, art.</p><p>60, § 1º).</p><p>Por sua vez, a inconstitucionalidade formal pelo descumprimento de norma constitucional</p><p>sobre o processo legislativo próprio e adequado ocorre em três situações:</p><p>c) Quando são desobedecidas normas</p><p>constitucionais relativas à</p><p>competência para iniciar o processo</p><p>legislativo;</p><p>d) Pela contrariedade a normas</p><p>constitucionais concernentes à</p><p>competência para elaborar o ato</p><p>normativo, hipótese também</p><p>chamada por parte da doutrina</p><p>como inconstitucionalidade</p><p>orgânica; ou</p><p>2ª Fase Constitucional l 39º Exame de Ordem</p><p>E-book de Processo Constitucional</p><p>126</p><p>e) Pelo desacato a normas</p><p>constitucionais referentes às</p><p>formalidades ou à tramitação do</p><p>processo legislativo no órgão</p><p>competente. (ROCHA, 2003).</p><p>→ Podem ser:</p><p> Subjetivos: relacionam-se com a iniciativa do processo legislativo, ou</p><p>seja, com a conduta dos seus agentes constitucionalmente responsáveis</p><p>pela propositura. Art. 61, parágrafo 1º, II, c;</p><p> Objetivos: relacionados com as demais fases do processo legislativo,</p><p>que será determinado pela Constituição para cada espécie de ato</p><p>normativo.</p><p>2) Materiais:</p><p>Voltados à ação do legislador, bem como relacionados aos seus valores, que são</p><p>denominados aspectos materiais, ou seja, os interesses e direitos eleitos pela sociedade, bem</p><p>como os aspectos relativos à distribuição de poderes e estrutura do Estado Democrático de</p><p>Direito.</p><p>Pode ser decorrente de vício de constitucionalidade expresso.</p><p>Outro seria o excesso de poder legislativo, violador do princípio constitucional implícito da</p><p>proporcionalidade/razoabilidade.</p><p>Assim, lei materialmente inconstitucional é a que possui conteúdo incompatível com o</p><p>sistema constitucional utilizado como respectivo parâmetro de validade.</p><p>1.4. Formas de inconstitucionalidades</p><p>2ª Fase Constitucional l 39º Exame de Ordem</p><p>E-book de Processo Constitucional</p><p>127</p><p>• Ação/Comissão:</p><p>Edição de um ato estatal que não se coaduna com a Carta Magna.</p><p>• Omissão:</p><p>Ocorre quando o agente responsável pela integração concretizadora dos interesses,</p><p>valores e direitos inscritos nas normas constitucionais mantém-se inerte. Atentar que a omissão</p><p>pode ser legislativa ou administrativa.</p><p>→ Duas formas de atacar as omissões:</p><p>→ Inconstitucionalidade por omissão e constituição dirigente</p><p>A Constituição brasileira se integra ao modelo do dirigismo constitucional, cujas origens</p><p>remontam ao constitucionalismo social, que promoveu a integração dos direitos sociais</p><p>aos textos constitucionais e obrigou explicitamente uma constituição econômica</p><p>determinante da intervenção do Estado sobre a ordem econômica, fundando-se no</p><p>princípio da dignidade da pessoa humana, da isonomia material e da solidariedade.</p><p>(DANTAS, 2014).</p><p>O dirigismo estatal refere-se</p><p>à Constituição como uma Lei Maior, que obriga e</p><p>vincula todos os poderes à sua concretização, impondo-se um dever/agir estatal, do</p><p>contrário, os direitos fundamentais restariam letras mortas na Constituição de 1988.</p><p>Uma lei fundamental não reduzida a um simples instrumento de governo, ou seja, um texto</p><p>constitucional limitado à individualização dos órgãos e à definição de competências e</p><p>procedimentos da ação dos poderes públicos. A ideia de “programa” associava-se ao</p><p>caráter dirigente da Constituição. A Constituição comandaria a ação do Estado e imporia</p><p>aos órgãos competentes a realização das metas programáticas nela estabelecidas” (J.J</p><p>CANOTILHO, 2003)</p><p>2ª Fase Constitucional l 39º Exame de Ordem</p><p>E-book de Processo Constitucional</p><p>128</p><p>• Quanto à declaração de inconstitucionalidade, o que podemos ter enquanto</p><p>decisão?</p><p>→ Total:</p><p>Declaração de inconstitucionalidade de todo o diploma legal questionado.</p><p>→ Parcial:</p><p>Nesta hipótese em que somente os dispositivos inconstitucionais serão declarados</p><p>nulos e não a totalidade da lei. Observação: No entanto, caso as normas subsistentes não</p><p>possam existir de forma autônoma, ou caso elas não correspondam à vontade do</p><p>legislador, não será possível a manutenção dessa lei no ordenamento.</p><p>Declaração de inconstitucionalidade sem redução de texto: Técnica realizada</p><p>através da Interpretação conforme a Constituição ou da nulidade parcial sem redução de</p><p>texto (ambas técnicas de hermenêutica). O Tribunal poderá, portanto, considerar</p><p>inconstitucional uma hipótese de aplicação da lei, sem que haja alteração alguma no texto</p><p>normativo. Na Interpretação conforme a constituição, por sua vez, o juiz ou Tribunal, no</p><p>caso de haver duas interpretações possíveis de uma lei, deverá optar por aquela que se</p><p>mostre compatível com a constituição. Portanto, o Tribunal declarará a legitimidade do ato</p><p>questionado desde que interpretado em conformidade com o texto constitucional.</p><p>Interpretação conforme a Constituição:</p><p>Destina-se ela à preservação da validade de determinadas normas, suspeitas de</p><p>inconstitucionalidades, assim como à atribuição de sentido às normas infraconstitucionais.</p><p>Como se depreende da assertiva precedente, o princípio abriga, simultaneamente, uma</p><p>técnica de interpretação e um mecanismo de controle de constitucionalidade. (BARROSO,</p><p>2019).</p><p>→ Também poderá ocorrer outra técnica que chamamos de nulidade parcial</p><p>sem redução de texto:</p><p>A nulidade parcial sem redução de texto seria uma “exclusão expressa de algum sentido</p><p>eventualmente atribuível a determinada palavra ou expressão contida na norma cuja</p><p>constitucionalidade ou compatibilidade com o texto da norma fundamental encontra-se em</p><p>apreço pela Corte. (LEAL, 2014)</p><p>→ Quando há uma declaração de inconstitucionalidade ou o</p><p>reconhecimento de uma inconstitucionalidade tanto em abstrato quanto em</p><p>concreto, quais os possíveis efeitos?</p><p>2ª Fase Constitucional l 39º Exame de Ordem</p><p>E-book de Processo Constitucional</p><p>129</p><p>Essa previsão está no art. 27 da Lei 9.868/99 e no art. 11 da Lei 9.882/99, mas o</p><p>STF entendeu que esses efeitos podem também ser aplicados ao controle difuso de</p><p>constitucionalidade.</p><p>Chamado de possibilidade de modulação temporal de efeitos – aspecto temporal-,</p><p>o artigo 27 da Lei de nº 9.868/99 valerá tanto para o controle difuso quanto concentrado.</p><p>O Supremo Tribunal Federal terá a opção de declarar a inconstitucionalidade</p><p>apenas a partir do trânsito em julgado da decisão (declaração de Inconstitucionalidade ex</p><p>nunc).</p><p>Poderá, ainda, declarar a inconstitucionalidade, com a suspensão dos efeitos por</p><p>algum tempo a ser fixado na sentença (declaração de inconstitucionalidade com efeito</p><p>pró-futuro). Nessa hipótese, por motivo de segurança jurídica ou de interesse social, a lei</p><p>continuará sendo aplicada por um determinado prazo, a ser determinado pelo próprio</p><p>Tribunal.</p><p>Aqui seria ainda mais uma opção: o Supremo Tribunal Federal poderá, também,</p><p>declarar a inconstitucionalidade sem a pronúncia da nulidade, permitindo que se operem</p><p>a suspensão de aplicação da lei e dos processos em curso até que o legislador, dentro de</p><p>prazo razoável, venha a se manifestar sobre a situação inconstitucional (declaração de</p><p>Inconstitucionalidade sem pronúncia da nulidade/restrição de efeitos).</p><p>→ Caberá a utilização da modulação temporal no controle difuso de</p><p>constitucionalidade? O STF disse que é possível.</p><p>2ª Fase Constitucional l 39º Exame de Ordem</p><p>E-book de Processo Constitucional</p><p>130</p><p>RESUMO:</p><p> Declarar a inconstitucionalidade a partir do trânsito em julgado da decisão – o que</p><p>denominamos ex nunc;</p><p> Declarar a inconstitucionalidade com suspensão dos efeitos a algum tempo que deverá</p><p>ser proferido na decisão (no caso sentença) – o que denominamos como feitos pró-</p><p>futuro;</p><p> Declarar a inconstitucionalidade sem pronúncia de nulidade, permitindo que se opere</p><p>a suspensão da aplicação da lei e dos processos em curso, para que tal pronúncia se</p><p>dê em prazo razoável – o que na prática nada mais é do que uma restrição de efeitos.</p><p> A regra geral é quanto ao controle difuso e concentrado à eficácia ex tunc do</p><p>proferimento acerca da constitucionalidade ou inconstitucionalidade da lei, contudo,</p><p>em caso de existirem razões de segurança jurídica e relevante interesse público,</p><p>poder-se-á, então, aplicar a modulação temporal dos efeitos (art. 27), para atribuir a</p><p>decisão os efeitos anteriormente citados. Também, ressalta-se que é posição</p><p>doutrinária consolidada a aplicação, em se tratando de controle difuso de</p><p>constitucionalidade (o que significa sua possibilidade de aplicação no caso concreto).</p><p>2ª Fase Constitucional l 39º Exame de Ordem</p><p>E-book de Processo Constitucional</p><p>131</p><p>2. NOÇÕES GERAIS DA DISTINÇÃO ENTRE CONTROLE DIFUSO E CONTROLE</p><p>CONCENTRADO DE CONSTITUCIONALIDADE</p><p>Difuso Concentrado</p><p>1803 – Caso Marbury X Madisson – Constituição</p><p>dos Estados Unidos:</p><p>Teve como marco famoso julgamento do caso</p><p>Marbury x Madisson, em um julgamento conduzido</p><p>pelo então Juiz-Presidente Marschall, que, por sua</p><p>vez, entendeu que deveria haver, nos casos</p><p>concretos, o respeito da Constituição do Estado:</p><p>“Juiz Marschall da Suprema Corte Americana</p><p>afirmou que é próprio da atividade jurisdicional</p><p>interpretar e aplicar a lei. E ao fazê-lo , em caso de</p><p>contradição entre a legislação e a Constituição, o</p><p>tribunal deve aplicar esta última por ser superior a</p><p>qualquer lei ordinária do Poder Legislativo”.</p><p>(MORAIS, Dalton. Controle de</p><p>constitucionalidade)</p><p>Nesse caso, possibilitou-se a qualquer instância</p><p>judicial com a incumbência de julgar um caso em</p><p>concreto, o poder-dever de decidir a respeito da</p><p>aplicação de determinada lei se a entender</p><p>divergente da ordem constitucional em vigor.</p><p>Debate Kelsen x Schmidt 1932 quem é o guardião</p><p>da constituição?</p><p>O cenário é o século XIX e XX e sua gritante</p><p>diferença da realidade política social da realidade</p><p>constitucional da época, quando duas propostas</p><p>surgem sobre a quem incumbiria o papel de</p><p>guardar a Constituição:</p><p>Kelsen propõe um Tribunal Constitucional</p><p>buscando preservar um sistema de liberdades</p><p>bem como o cumprimento do estabelecido na</p><p>constituição, objetivando garantir sua função de lei</p><p>maior no ordenamento jurídico.</p><p>Schmidt em oposição a proposta de Kelsen,</p><p>defende que a função judicial seria tão somente a</p><p>decisão de casos em razão das leis e não a</p><p>discussão de seu conteúdo, devendo limitar a</p><p>subsumir os fatos a norma, e não se aventurar na</p><p>atividade criativa de interpretação constitucional.</p><p>2.1. Compreendendo o significado de controle difuso e concentrado:</p><p>O que devo lembrar quando tratar de controle difuso?</p><p>2ª Fase Constitucional l 39º Exame de Ordem</p><p>E-book de Processo Constitucional</p><p>132</p><p>2.2. Conceito</p><p>de controle difuso</p><p>O controle difuso é caracterizado por permitir que todo e qualquer juiz ou tribunal possa</p><p>realizar no caso concreto a análise sobre a compatibilidade da norma infraconstitucional com a</p><p>Constituição Federal.</p><p>O controle de constitucionalidade difuso caracteriza-se pela possibilidade de qualquer juiz</p><p>ou Tribunal, ao analisar um caso concreto, verificar a inconstitucionalidade da norma,</p><p>arguida pela parte como meio de defesa. Nesse caso, o objeto principal da ação não é a</p><p>inconstitucionalidade de lei ou ato normativo, sendo a mesma analisada incidentalmente</p><p>ao julgamento de mérito. A declaração de inconstitucionalidade torna-se necessária para</p><p>a solução do caso concreto em questão, ou seja, a apreciação de inconstitucionalidade</p><p>tem o condão de decidir determinada relação jurídica, objeto principal da ação. [...] A</p><p>questão prejudicial, então, é relativa à aplicabilidade da norma, com efeito interpartes.</p><p>(JUNIOR)</p><p>Na via de exceção, a pronúncia do Judiciário, sobre a inconstitucionalidade, não é feita</p><p>enquanto manifestação sobre o objeto principal da lide, mas sim, sobre questão prévia,</p><p>indispensável ao julgamento do mérito. Nesta via, o que é outorgado ao interessado é</p><p>obter a declaração de inconstitucionalidade somente para efeito de isentá-lo, no caso</p><p>concreto, do cumprimento da lei ou ato, produzidos em desacordo com a Lei maior.</p><p>Entretanto, este ato ou lei permanecem válidos no que se refere à sua força obrigatória</p><p>com relação a terceiros. (MORAES, 2009, p.709)</p><p>Resumindo</p><p>Não é objeto central da lide, logo, a inconstitucionalidade é o aspecto secundário da</p><p>demanda.</p><p>Nesse sentido, a alegação de (in)constitucionalidade da norma dar-se-ia de forma</p><p>incidental ou prejudicial, pois a centralidade da demanda é o que ensejou o pedido no</p><p>caso concreto (seja como inicial, como contestação, como recurso, etc.), sendo a</p><p>discussão sobre a declaração de (in)constitucionalidade apenas um elemento para</p><p>apreciação do caso concreto – fundamental para a decisão da lide.</p><p>Em havendo declaração de inconstitucionalidade da norma a ser aplicada no caso</p><p>concreto pela via difusa, a norma contestada não será excluída do sistema jurídico,</p><p>surtindo seus efeitos apenas às partes envolvidas na lide em questão.</p><p>A inconstitucionalidade não é feita enquanto manifestação sobre o objeto principal da</p><p>lide, mas sim sobre a questão prévia, indispensável ao julgamento do mérito “(...) Nesse</p><p>sistema, é outorgado ao interessado obter a declaração de inconstitucionalidade somente</p><p>para o efeito de isentá-lo, no caso concreto, do cumprimento da lei ou ato, produzido em</p><p>desacordo com a Lei maior. (MORAIS)”</p><p>Regra geral DOS EFEITOS DAS DECISÕES: interpartes. A decisão que afasta o ato</p><p>inconstitucional não beneficia a quem não for parte da demanda em que se reconhecer</p><p>a inconstitucionalidade.</p><p>Obs.: discutiremos com atenção o caso do recurso extraordinário diante da repercussão</p><p>geral.</p><p>2ª Fase Constitucional l 39º Exame de Ordem</p><p>E-book de Processo Constitucional</p><p>133</p><p>O que é abstrativização do controle difuso?</p><p>O fundamento é a busca de que as decisões do plenário do STF venham a ter eficácia</p><p>geral, sob o argumento de aprimorar a concretização da Constituição e garantir que a efetivação</p><p>de decisão judicial realize os valores de segurança jurídica e da razoável duração do processo</p><p>declarados pela própria Constituição Federal.</p><p>Esse movimento teve início com o recurso extraordinário e atualmente engloba todas as</p><p>ações julgadas pelo Pleno do STF em que se analisa a constitucionalidade de algum ato</p><p>normativo.</p><p>O processo de abstrativização do controle difuso, à luz da nova orientação consolidada</p><p>no sistema de Corte Constitucional, evidencia uma mudança paradigmática, abrangente e efetiva</p><p>no que tange a atuação jurisdicional e legislativa, corolário lógico do processo de uniformização</p><p>e objetivação da Ordem Normativa Constitucional. A mudança da acepção constitucional implica,</p><p>sobretudo, a redefinição do papel constitucional do STF em sede de controle difuso de</p><p>constitucionalidade, assumindo feição de estabilizador definitivo da Ordem Constitucional</p><p>Brasileira.</p><p>→ Crítica de parte da doutrina:</p><p>“Ao abstrativizar o controle concreto, este perde sua principal característica, qual</p><p>seja, a análise do caso concreto que, em sua essência é único e irrepetível”.</p><p>→ Observação: Decisão proferida pelo STF no RE nº 197917 – cláusula da</p><p>proporcionalidade – atribuiu-se efeito erga omnes.</p><p>Importante:</p><p>Esta construção parece estar relacionada com a caracterização da natureza objetiva ao</p><p>recurso extraordinário, para que o mesmo não fique adstrito a perseguição de direitos</p><p>subjetivos, mas como um meio de constitucionalidade estipulado para a preservação</p><p>objetiva da própria Constituição.</p><p>2ª Fase Constitucional l 39º Exame de Ordem</p><p>E-book de Processo Constitucional</p><p>134</p><p>• Discussão da matéria:</p><p>Início sob o argumento de que estes não poderiam ser os efeitos da via difusa realizada</p><p>pelo recurso extraordinário, ajuizou-se ação direta de inconstitucionalidade contra a resolução</p><p>do TSE n. 21702/04, que normatizou o entendimento do referido recurso. O julgado entendeu</p><p>que não haveria óbice, pois mesmo quando atuando em via difusa, está o STF fazendo o papel</p><p>de guardião da Constituição.</p><p>Conforme já visto, vale lembrar o poder de que dispõe, no controle difuso, qualquer juiz</p><p>ou Tribunal para deixar de aplicar a lei inconstitucional a um determinado processo (CF, arts. 97</p><p>e 102, III, a, b e c) pressupõe a invalidade da lei e, com isso, a sua nulidade.</p><p>A faculdade de negar aplicação à lei inconstitucional corresponde ao direito do indivíduo</p><p>de recusar-se a cumprir a lei inconstitucional, assegurando-lhe, em última instância, a</p><p>possibilidade de interpor recurso extraordinário ao Supremo Tribunal Federal contra decisão</p><p>judicial que se apresente, de alguma forma, em contradição com a Constituição (art. 102, III, a).</p><p>Tanto o poder do juiz de negar aplicação à lei inconstitucional quanto a faculdade</p><p>assegurada ao indivíduo de negar observância à lei inconstitucional demonstram que o</p><p>constituinte pressupôs a nulidade da lei inconstitucional. Daí se segue que a sentença que</p><p>declara a inconstitucionalidade tem eficácia ex tunc. Porém, a Lei nº 9.868/99 contém disposição</p><p>(art. 27) que autoriza o Supremo Tribunal Federal, tendo em vista razões de segurança jurídica</p><p>ou de excepcional interesse social, a restringir os efeitos da declaração de inconstitucionalidade</p><p>ou a estabelecer que ela tenha eficácia a partir de seu trânsito em julgado ou de outro momento</p><p>que venha a ser fixado, desde que tal deliberação seja tomada pela maioria de dois terços de</p><p>seus membros.</p><p>Existindo razões de ordem pública ou sociais, é possível, desde que de maneira</p><p>excepcional, no caso concreto, a declaração de inconstitucionalidade incidental com efeitos ex</p><p>nunc, com base nos princípios da segurança jurídica e da boa-fé.</p><p>A Lei nº 9.868/99 trouxe inovações, permitindo ao Supremo Tribunal Federal a limitação</p><p>dos efeitos da declaração de inconstitucionalidade. O seu art. 27 prevê que, ao declarar a</p><p>2ª Fase Constitucional l 39º Exame de Ordem</p><p>E-book de Processo Constitucional</p><p>135</p><p>inconstitucionalidade da lei ou ato normativo, e tendo em vista razões de segurança jurídica ou</p><p>de excepcional interesse social, poderá o STF, por maioria de dois terços de seus membros,</p><p>restringir os efeitos daquela declaração ou decidir que ela só tenha eficácia a partir de seu</p><p>trânsito em julgado ou de outro momento que venha a ser fixado. Dessa forma, permitiu-se ao</p><p>STF a manipulação dos efeitos da declaração de inconstitucionalidade denominada de</p><p>modulação, ou limitação temporal pela Corte, seja em relação à sua amplitude, seja em relação</p><p>aos seus efeitos temporais.</p><p>2.2.1. Cláusula de reserva de</p><p>plenário – relação com a Súmula Vinculante nº 10</p><p>Art. 97 da CF: Somente pelo voto da maioria absoluta de seus membros ou dos membros</p><p>do respectivo órgão especial poderão os tribunais declarar a inconstitucionalidade de lei</p><p>ou ato normativo do Poder Público.</p><p>A regra da full bench, também conhecida como cláusula de reserva de plenário, é, por</p><p>assim dizer, um requisito para que lei ou ato normativo do Poder Público seja declarado</p><p>inconstitucional, qual seja o voto da maioria dos membros do tribunal.</p><p>→ Súmula Vinculante nº 10:</p><p>Viola a cláusula de reserva de plenário (CF, artigo 97) a decisão de órgão fracionário de</p><p>Tribunal que embora não declare expressamente a inconstitucionalidade de lei ou ato</p><p>normativo do poder público, afasta sua incidência, no todo ou em parte.</p><p>→ Importante decisão do STF sobre art. 97 da CF</p><p>Princípio da reserva de plenário: aplicabilidade somente à declaração de</p><p>inconstitucionalidade de lei ou ato normativo:</p><p>Realmente, conforme exaustivamente explicitado na decisão agravada, o princípio da</p><p>reserva de plenário previsto no art. 97 da Constituição e a que se refere a Súmula</p><p>Vinculante 10 diz respeito à declaração de 'inconstitucionalidade de lei ou ato normativo</p><p>do Poder Público'.</p><p>Ora, os atos normativos têm como características essenciais a abstração, a generalidade</p><p>e a impessoalidade dos comandos neles contidos.</p><p>São, portanto, expedidos sem destinatários determinados e com finalidade normativa,</p><p>alcançando todos os sujeitos que se encontram na mesma situação de fato abrangida por</p><p>seus preceitos.</p><p>Sendo assim, não possui qualquer predicado de ato normativo o decreto legislativo que</p><p>estabelece a suspensão do andamento de uma certa ação penal movida contra</p><p>determinado deputado estadual.</p><p>O que se tem, nesse caso, é ato individual e concreto, com todas as características de ato</p><p>administrativo de efeitos subjetivos limitados a um destinatário determinado.</p><p>2ª Fase Constitucional l 39º Exame de Ordem</p><p>E-book de Processo Constitucional</p><p>136</p><p>(Rcl 18165 AgR, Relator Ministro Teori Zavascki, Segunda Turma, julgamento em</p><p>18.10.2016, DJe de 10.5.2017</p><p>→ Veja o que diz o Código de Processo Civil:</p><p>Art. 948. Arguida, em controle difuso, a inconstitucionalidade de lei ou de ato normativo do</p><p>poder público, o relator, após ouvir o Ministério Público e as partes, submeterá a questão</p><p>à turma ou à câmara à qual competir o conhecimento do processo.</p><p>Art. 949. Se a arguição for:</p><p>I – rejeitada, prosseguirá o julgamento;</p><p>II – acolhida, a questão será submetida ao plenário do tribunal ou ao seu órgão especial,</p><p>onde houver.</p><p>→ Quando estaria dispensado remeter a questão ao plenário ou órgão</p><p>especial?</p><p>Parágrafo único. Os órgãos fracionários dos tribunais não submeterão ao plenário ou 2qao</p><p>órgão especial a arguição de inconstitucionalidade quando já houver pronunciamento</p><p>destes ou do plenário do Supremo Tribunal Federal sobre a questão.</p><p>Logo, se houver pronunciamento do STF ou já fora apreciada a matéria pelo pleno</p><p>ou órgão especial, as turmas ou mesmo em decisão monocrática, não será necessário</p><p>remeter ao pleno ou órgão especial.</p><p>→ Atenção as manifestações do Supremo acerca da matéria:</p><p>(...) A exigência, conhecida como cláusula de reserva de plenário, deve ser observada não</p><p>apenas no controle difuso, mas também no concentrado, sendo que neste a Lei n. 9.868/99</p><p>exigiu o quorum de maioria absoluta também para a hipótese de declaração de</p><p>constitucionalidade(...)</p><p>A observância da cláusula da reserva de plenário não é necessária na hipótese de</p><p>reconhecimento da constitucionalidade (princípio da presunção de constitucionalidade das</p><p>leis), inclusive em se tratando de interpretação conforme e não se aplica às decisões de</p><p>juízes singulares, das turmas recursais dos juizados especiais, nem ao caso de não-</p><p>recepção de normas anteriores à Constituição.</p><p>A inobservância desta cláusula, salvo no caso das exceções supramencionadas, acarreta</p><p>a nulidade absoluta da decisão proferida pelo órgão fracionário.</p><p>→ Participação no processo e a figura do amicus curiae:</p><p>O amicus curiae (amigo da Corte) é uma figura muito conhecida no âmbito do</p><p>controle concentrado de constitucionalidade, desde a edição da Lei nº 9.868/99. Contudo,</p><p>a nova regulação do Código de Processo Civil, ao tratar dessa figura em tópico próprio,</p><p>também mantém tradição já exposta na legislação anterior, a qual previa a participação</p><p>de entidades, pessoas jurídicas de direito público, nos incidentes de constitucionalidade.</p><p>2ª Fase Constitucional l 39º Exame de Ordem</p><p>E-book de Processo Constitucional</p><p>137</p><p>A partir do disposto, relevância da matéria + representatividade dos</p><p>postulantes, o relator poderá admitir a participação de órgãos e entidades.</p><p>Art. 950 do CPC: (...)</p><p>§ 1º As pessoas jurídicas de direito público responsáveis pela edição do ato questionado</p><p>poderão manifestar-se no incidente de inconstitucionalidade se assim o requererem,</p><p>observados os prazos e as condições previstos no regimento interno do tribunal.</p><p>§ 2º A parte legitimada à propositura das ações previstas no art. 103 da Constituição</p><p>Federal poderá manifestar-se, por escrito, sobre a questão constitucional objeto de</p><p>apreciação, no prazo previsto pelo regimento interno, sendo-lhe assegurado o direito de</p><p>apresentar memoriais ou de requerer a juntada de documentos.</p><p>§ 3º Considerando a relevância da matéria e a representatividade dos postulantes, o</p><p>relator poderá admitir, por despacho irrecorrível, a manifestação de outros órgãos ou</p><p>entidades.</p><p>→ Ao tratar em título próprio a figura do amicus curiae, ressaltam-se alguns</p><p>fatores:</p><p> Quem poderá admitir? Juiz ou relator;</p><p> Como? A pedido das partes ou mesmo agindo de ofício;</p><p> Quem poderá participar? Pessoa natural ou jurídica, órgão ou entidade,</p><p>considerando obviamente a representatividade adequada em relação à</p><p>causa;</p><p> Prazo de 15 dias da intimação.</p><p>Art. 138 do CPC: O juiz ou o relator, considerando a relevância da matéria, a</p><p>especificidade do tema objeto da demanda ou a repercussão social da</p><p>controvérsia, poderá, por decisão irrecorrível, de ofício ou a requerimento das</p><p>partes ou de quem pretenda manifestarse, solicitar ou admitir a participação de</p><p>pessoa natural ou jurídica, órgão ou entidade especializada, com</p><p>representatividade adequada, no prazo de 15 (quinze) dias de sua intimação.</p><p>§ 1º A intervenção de que trata o caput não implica alteração de competência nem</p><p>autoriza a interposição de recursos, ressalvadas a oposição de embargos de</p><p>declaração e a hipótese do § 3º.</p><p>§ 2º Caberá ao juiz ou ao relator, na decisão que solicitar ou admitir a intervenção,</p><p>definir os poderes do amicus curiae.</p><p>§ 3º O amicus curiae pode recorrer da decisão que julgar o incidente de resolução</p><p>de demandas repetitivas.</p><p>→ Qual a competência do STF no controle difuso?</p><p>Obs.: será estudado nessa obra no capítulo destinado aos recursos.</p><p>Conforme art. 102, III, sua competência será recursal, através do chamado recurso</p><p>extraordinário:</p><p>III – julgar, mediante recurso extraordinário, as causas decididas em única ou última</p><p>instância, quando a decisão recorrida:</p><p>2ª Fase Constitucional l 39º Exame de Ordem</p><p>E-book de Processo Constitucional</p><p>138</p><p>a) contrariar dispositivo desta Constituição;</p><p>b) declarar a inconstitucionalidade de tratado ou lei federal;</p><p>c) julgar válida lei ou ato de governo local contestado em face desta Constituição.</p><p>d) julgar válida lei local contestada em face de lei federal.</p><p>3. CARACTERIZAÇÕES COMUNS E PARTICULARIDADES DAS AÇÕES DO</p><p>CONTROLE CONCENTRADO DE CONSTITUCIONALIDADE</p><p>Espécies de ações do controle concentrado:</p><p>O fundamento dessa inconstitucionalidade está no fato de que o princípio da supremacia</p><p>da Constituição resulta no da compatibilidade vertical das normas de ordenação jurídica de um</p><p>país, só sentido de que as normas de grau inferior somente valerão se forem compatíveis com</p><p>as normas</p><p>de grau superior, que é a Constituição. As que não forem compatíveis com ela são</p><p>invalidadas, pois a incompatibilidade vertical resolve-se em favor das normas de grau mais</p><p>elevado, que funcionam como fundamento de validade das inferiores. Essa incompatibilidade</p><p>vertical de normas inferiores (leis e decretos) com a Constituição é o que, tecnicamente, chama-</p><p>se de inconstitucionalidade das leis ou dos atos do Poder Público, e que se manifesta sob dois</p><p>aspectos: formal e material. (BARROSO)</p><p>2ª Fase Constitucional l 39º Exame de Ordem</p><p>E-book de Processo Constitucional</p><p>139</p><p>3.1. Características:</p><p> O controle concentrado caracteriza-se pela competência exclusiva (originária) do</p><p>STF em apreciar a questão constitucional.</p><p> Tem por objetivo expelir do ordenamento jurídico a lei ou ato normativo</p><p>inconstitucionais.</p><p> Regulação: Constituição de 1988 trouxe a ADI 1993, emenda Constitucional</p><p>acrescentou a possibilidade de ADC e ADPF; A ADPF foi considerada norma de</p><p>eficácia limitada, logo, dependia de regulamentação. Lei nº 9.868/99 –</p><p>regulamenta ADI e ADC Lei nº 9.882/99 – regulamente a ADPF.</p><p> Uma característica do controle concentrado é ser um controle por via principal,</p><p>pois, ao contrário do que acontece no controle incidental, as questões de</p><p>inconstitucionalidade são o objeto central da demanda, levadas através de um</p><p>processo constitucional autônomo, a algum Tribunal com competência para</p><p>julgá-las.</p><p> O controle concentrado também é chamado de controle abstrato, pois a</p><p>apreciação da inconstitucionalidade de uma norma independentemente de</p><p>qualquer litígio, inexistindo um caso concreto.</p><p> No controle abstrato, não existem partes, e o objetivo é a defesa da constituição</p><p>através da eliminação de normas contrárias à Constituição. Por se tratar de um</p><p>processo objetivo, os legitimados para solicitar esse controle formam um rol</p><p>restrito.</p><p> Atuação do tribunal como legislador negativo, ou seja, retira do sistema a norma</p><p>que considerar inconstitucional.</p><p> Natureza objetiva: o processo não tem partes, e, exatamente por isso, não está</p><p>sujeito a princípios constitucionais como ampla defesa e contraditório.</p><p> Seus efeitos são peculiares, quais sejam: eficácia erga omnes, efeito ex tunc e</p><p>vinculantes das decisões proferidas pelo STF, ou seja, são contra todos e não</p><p>retroagem, considerando-se nulo o ato normativo desde a origem.</p><p> A decisão ainda vincula os órgãos do Poder Judiciário e a Administração Pública</p><p>em todas as esferas, conforme parágrafo 2º, do artigo 102, da Constituição</p><p>Federal.</p><p>2ª Fase Constitucional l 39º Exame de Ordem</p><p>E-book de Processo Constitucional</p><p>140</p><p>• Quem não estaria vinculado aos efeitos vinculantes das decisões do STF?</p><p> Poder legislativo e a função legislativa</p><p> O pleno do próprio STF</p><p>→ Exemplo do STF:</p><p>Na ADI 4430 e na ADI 4795, o plenário do STF declarou inconstitucionais</p><p>disposições da chamada Lei das eleições (n. 9504/97). No ano seguinte, o Congresso</p><p>Nacional aprovou a Lei 12875/13, e ao que parece “contrariando” a posição do STF, previu</p><p>regras muita parecidas com aquela declarada inconstitucional. Novamente, propôs ADI no</p><p>STF em relação ao conteúdo da nova Lei.</p><p>• O STF está vinculado aquilo que ele mesmo decidiu?</p><p>Também não, poderá rever seu posicionamento no plenário.</p><p>Art. 28 da Lei nº 9.868/99: Dentro do prazo de dez dias após o trânsito em julgado da</p><p>decisão, o Supremo Tribunal Federal fará publicar em seção especial do Diário da Justiça</p><p>e do Diário Oficial da União a parte dispositiva do acórdão.</p><p>Parágrafo único. A declaração de constitucionalidade ou de inconstitucionalidade,</p><p>inclusive a interpretação conforme a Constituição e a declaração parcial de</p><p>inconstitucionalidade sem redução de texto, têm eficácia contra todos e efeito vinculante</p><p>em relação aos órgãos do Poder Judiciário e à Administração Pública federal, estadual e</p><p>municipal.</p><p>3.2. Efeitos no tempo:</p><p>A regra geral é quanto ao controle concentrado a eficácia ex tunc do proferimento acerca</p><p>da constitucionalidade ou inconstitucionalidade da lei, contudo, em caso de existirem razões de</p><p>segurança jurídica e relevante interesse público, poder-se-á, então, aplicar a modulação</p><p>Atenção!</p><p>Efeitos da decisão serão erga omnes e vinculante:</p><p> Poder judiciário (em todas as instâncias). Administração Pública federal, estadual e</p><p>municipal (direta e indireta).</p><p> O STF somente estará vinculado a decisões futuras nos casos de decisão monocrática</p><p>ou das turmas do STF, mas em se tratando de plenário do STF, não há vinculação!</p><p> Poder legislativo na sua função de legislar não está vinculado, pois causaria um</p><p>engessamento de sua atuação, podendo gerar uma violação ao princípio da</p><p>independência dos poderes.</p><p>2ª Fase Constitucional l 39º Exame de Ordem</p><p>E-book de Processo Constitucional</p><p>141</p><p>temporal dos efeitos (art. 27), para atribuir a decisão os efeitos anteriormente citados. Também,</p><p>ressalta-se que é posição doutrinária consolidada a aplicação, em se tratando de controle difuso</p><p>de constitucionalidade (o que significa sua possibilidade de aplicação no caso concreto).</p><p> Declarar a inconstitucionalidade a partir do trânsito em julgado da decisão – o</p><p>que denominamos ex nunc;</p><p> Declarar a inconstitucionalidade com suspensão dos efeitos a algum tempo que</p><p>deverá ser proferido na decisão (no caso sentença) – o que denominamos como</p><p>feitos pró-futuro;</p><p>Declarar a inconstitucionalidade sem pronúncia de nulidade, permitindo que se opere a</p><p>suspensão da aplicação da lei e dos processos em curso, para que tal pronúncia se dê em prazo</p><p>razoável – o que na prática nada mais é do que uma restrição de efeitos.</p><p>NOVA POSIÇÃO DO STF QUANDO INCIDIR MODULAÇÃO DE EFEITOS SEM</p><p>DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE DE ATO NORMATIVO – em decisão de</p><p>recursos repetitivos com repercussão geral – MAIORIA ABSOLUTA: quórum e modulação</p><p>dos efeitos de decisão sem declaração de inconstitucionalidade de ato normativo O</p><p>Plenário, por maioria, resolveu questão de ordem suscitada pelo ministro Dias Toffoli</p><p>(Presidente) e fixou o quórum de maioria absoluta dos membros da Corte para modular os</p><p>efeitos de decisão em julgamento de recursos extraordinários repetitivos, com repercussão</p><p>geral, nos quais não tenha havido declaração de inconstitucionalidade de ato normativo.</p><p>Vencido, o ministro Marco Aurélio, que divergiu da formulação e do mérito da questão.</p><p>Entendeu não ser possível a mesclagem de julgamento da sessão virtual com a presencial.</p><p>Além disso, não admitiu a reabertura de julgamento concluído. RE 638115 EDED/CE, rel.</p><p>Min. Gilmar Mendes, julgamento em 18.12.2019. (RE638115) (Informativo 964, Plenário)</p><p>2ª Fase Constitucional l 39º Exame de Ordem</p><p>E-book de Processo Constitucional</p><p>142</p><p>3.3. Legitimados para propositura da ADI, ADC E ADPF</p><p>O rol taxativo de legitimados ativos consta do art. 103 da CF:</p><p>Art. 103 da CF (...)</p><p>I – O Presidente da República;</p><p>II – A Mesa do Senado Federal;</p><p>III – A Mesa da Câmara dos Deputados;</p><p>IV – A Mesa de Assembleia Legislativa ou da Câmara Legislativa do Distrito Federal;</p><p>V – O Governador de Estado ou do Distrito Federal;</p><p>VI – O Procurador-Geral da República;</p><p>VII – O Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil;</p><p>VIII Partido político com representação no Congresso Nacional;</p><p>IX – Confederação sindical ou entidade de classe de âmbito nacional</p><p>• Legitimados universais x pertinência temática:</p><p>Alguns autores deverão demonstrar o interesse no tema da discussão, o que ficou</p><p>conhecido como pertinência temática. Essa pertinência – relação com a matéria objeto de</p><p>questionamento – deverá ser demonstrada pela Mesa da Assembleia legislativa; pelos</p><p>governadores de Estado, pela confederação sindical ou entidade de classe no âmbito nacional.</p><p>Os demais autores não precisam demonstrar interesse nas discussões</p><p>de</p><p>constitucionalidade da lei ou ato normativo, pois possuem legitimidade ativa universal.</p><p>Legitimados Universais Pertinência temática</p><p> I - o Presidente da República;</p><p> II - a Mesa do Senado Federal;</p><p> III - a Mesa da Câmara dos Deputados;</p><p> VI - o Procurador-Geral da República;</p><p> VII - o Conselho Federal da Ordem dos</p><p>Advogados do Brasil;</p><p> VIII - partido político com representação no</p><p>Congresso Nacional;</p><p> IV - a Mesa de Assembleia Legislativa ou da</p><p>Câmara Legislativa do Distrito Federal;</p><p> V - o Governador de Estado ou do Distrito</p><p>Federal;</p><p> IX - confederação sindical ou entidade de</p><p>classe de âmbito nacional.</p><p>Observação:</p><p>Quanto à entidade de classe de representação no âmbito nacional, há necessidade de</p><p>representação pelo menos em 9 unidades da federação, constituída pelo menos há 1 ano.</p><p>Partido político no Congresso Nacional, significa que precisa ter um Deputado Federal ou</p><p>um Senador, não há necessidade de estar presente um representante em cada casa do</p><p>Congresso.</p><p>2ª Fase Constitucional l 39º Exame de Ordem</p><p>E-book de Processo Constitucional</p><p>143</p><p>→ Decisões do STF</p><p> A exigência de pertinência temática não impede, quando o vício de</p><p>inconstitucionalidade for idêntico para todos os seus destinatários, o amplo</p><p>conhecimento da ação nem a declaração de inconstitucionalidade da norma para além</p><p>do âmbito dos indivíduos representados pela entidade requerente. [ADI 4.364, rel. min.</p><p>Dias Toffoli, j. 232011, P, DJE de 1652011.]</p><p> A legitimidade ativa da confederação sindical, entidade de classe de âmbito nacional,</p><p>Mesas das Assembleias Legislativas e governadores, para a ação direta de</p><p>inconstitucionalidade, vincula-se ao objeto da ação, pelo que deve haver pertinência da</p><p>norma impugnada com os objetivos do autor da ação. Precedentes do STF: ADI</p><p>305/RN (RTJ 153/428); ADI 1.151/MG (DJ de 1951995); ADI 1.096/RS (LexJSTF,</p><p>211/54); ADI 1.519/AL, julgamento em 6111996; ADI 1.464/RJ, DJ de 13121996.</p><p>Inocorrência, no caso, de pertinência das normas impugnadas com os objetivos da</p><p>entidade de classe autora da ação direta).</p><p> Carece de legitimação para propor ação direta de inconstitucionalidade, a entidade de</p><p>classe que, embora de âmbito estatutário nacional, não tenha representação em, pelo</p><p>menos, nove Estados da federação, nem represente toda a categorial profissional, cujos</p><p>interesses pretenda tutelar. [ADI 3.617 AgR, rel. min. Cezar Peluso, j. 2552011, P, DJE</p><p>de 1º72011.]= ADI 4.230 AgR, rel. min. Dias Toffoli, j. 1º82011, P, DJE de 1492011.</p><p>3.4. Figuras importantes no controle concentrado</p><p>→ Observação: Importante lembrar que tais figuras poderão ocorrer em se tratando</p><p>de ADI, ADC E ADPF.</p><p>• Amicus curiae x intervenção de terceiros:</p><p>Art. 7º da Lei 9.868/99: Não se admitirá intervenção de terceiros no processo de ação</p><p>direta de inconstitucionalidade. (...)</p><p>§ 2º O relator, considerando a relevância da matéria e a representatividade dos</p><p>postulantes, poderá, por despacho irrecorrível, admitir, observado o prazo fixado no</p><p>parágrafo anterior, a manifestação de outros órgãos ou entidades.</p><p>→ Observação: O terceiro é aquele que tem interesse direto na causa e aparece</p><p>no processo brasileiro em diferentes modalidades.</p><p>→ STF Celso Mello:</p><p>A admissão de terceiro, na condição de amicus curiae, no processo objetivo de controle</p><p>normativo abstrato, qualifica-se como fator de legitimação social das decisões da Suprema</p><p>Corte, enquanto Tribunal Constitucional, pois viabiliza, em obséquio ao postulado</p><p>democrático, a abertura do processo de fiscalização concentrada de constitucionalidade,</p><p>em ordem a permitir que nele se realize, sempre sob uma perspectiva eminentemente</p><p>pluralística, a possibilidade de participação formal de entidades e de instituições que</p><p>2ª Fase Constitucional l 39º Exame de Ordem</p><p>E-book de Processo Constitucional</p><p>144</p><p>efetivamente representem os interesses gerais da coletividade ou que expressem os</p><p>valores essenciais e relevantes de grupos, classes ou estratos sociais.</p><p>Em suma: a regra inscrita no art. 7º, § 2º, da Lei nº 9.868/99 – que contém a base</p><p>normativa legitimadora da intervenção processual do amicus curiae – tem por precípua finalidade</p><p>pluralizar o debate constitucional.</p><p>→ STF Joaquim Barbosa:</p><p>[...] a admissão de terceiros na qualidade de amicus curiae traz ínsita a necessidade de</p><p>que o interessado pluralize o debate constitucional, apresentando informações,</p><p>documentos ou quaisquer elementos importantes para o julgamento da ação direta de</p><p>inconstitucionalidade. Amicus curiae, termo latino que significa "amigo da corte", refere-se</p><p>a uma pessoa, entidade ou órgão, com profundo interesse em uma questão jurídica, na</p><p>qual se envolve como um terceiro, que não os litigantes, movido por um interesse maior</p><p>que o das partes envolvidas no processo. O amicus é amigo da corte e não das partes.</p><p>• Inconstitucionalidade por “arrastamento” ou sequencial:</p><p>Também existe a figura da chamada inconstitucionalidade por arrastamento – conhecida</p><p>também por inconstitucionalidade sequencial ou por atração, nos casos em que a</p><p>inconstitucionalidade de outro dispositivo legal com estrita relação de dependência com o</p><p>preceito impugnado e declarado como inconstitucional, sem que haja requerimento nesse</p><p>sentido na petição inicial.</p><p>Essa teoria excepciona a regra pela qual o STF somente aprecia a validade dos</p><p>dispositivos legais indicados na inicial em controle direto. Isso, pois, quando as normas</p><p>legais, impugnadas ou não, possuem entre si um vínculo de dependência, de razão lógica,</p><p>e, assim, a declaração de inconstitucionalidade de uma delas tornaria as demais sem</p><p>qualquer sentido e aplicação.</p><p>Assim, o STF passou a reconhecer a desnecessidade de impugnação específica pelo</p><p>autor dos dispositivos legais eivados de incompatibilidade com a Constituição e,</p><p>reconhecido o vício em relação ao que foi indicado na peça, por arrastamento será inviável</p><p>o aproveitamento daqueles com ele intimamente relacionados. Mais uma vez percebe-se</p><p>que o STF vem rompendo com a tradição existente no ordenamento jurídico, visto que</p><p>nessa hipótese relatada excepciona-se o princípio da correlação entre o pedido e a</p><p>sentença, permitindo que se realize um julgamento extra petita. (ALEXANDRINO).</p><p>Trata-se de questão de relevante interesse público.</p><p>• Teoria da transcendência dos motivos determinantes não se aplica:</p><p>Basicamente, todos os órgãos do Poder Judiciário, administração direta e indireta, devem</p><p>observar não apenas a conclusão da decisão, mas igualmente as razões de decidir, cabendo</p><p>2ª Fase Constitucional l 39º Exame de Ordem</p><p>E-book de Processo Constitucional</p><p>145</p><p>Reclamação para o STF contra qualquer ato, administrativo ou judicial, que seja contrário a</p><p>interpretação constitucional.</p><p>A decisão é composta por três partes: relatório, fundamentação e dispositivo. Em regra, a</p><p>parte da decisão que é atingida pela autoridade da coisa julgada é a dispositiva. Nos processos</p><p>de natureza subjetiva é a parte dispositiva que vincula os litigantes. Sempre foi esse o</p><p>entendimento também em sede de controle concentrado. Entretanto, o STF vem atribuindo efeito</p><p>vinculante não somente a parte dispositiva, mas também aos fundamentos determinantes da</p><p>decisão. O STF vem vinculando a ratio decidendi, ou seja, a fundamentação essencial que</p><p>determinou o resultado da demanda e não a obter dictum, comentários laterais que não possuem</p><p>o condão de influenciar a decisão. (MORAES, 2021)</p><p>No recente julgamento do STF da 2ª Turma na Rcl 22012/RS, o STF firmou</p><p>posicionamento no sentido de afirmar que o STF não aplica a teoria da transcendência dos</p><p>motivos determinantes, haja vista que somente tem efeito vinculante a parte dispositiva da</p><p>decisão e não os seus fundamentos, conforme pode se extrair da leitura do Informativo 887 do</p><p>STF.</p><p>3.5. Efeitos dúplices ou ambivalentes (art. 24 da Lei nº 9.868/99):</p><p>Deve-se lembrar</p><p>que será aplicado em se tratando de ADI e ADC.</p><p>O caráter dúplice ou ambivalente dessa modalidade de controle abstrato restou</p><p>inequivocamente demonstrado neste dispositivo. Convém notar que a jurisprudência do STF já</p><p>acenava essa possibilidade. Logo, possuem a chamada natureza dúplice ou equivalente, pois</p><p>tanto podem declarar a inconstitucionalidade, retirando-a do ordenamento, como podem torná-</p><p>la absoluta, juris et de jure – a presunção que antes era relativa de constitucionalidade.</p><p>Art. 24 da Lei nº 9.868/99: Proclamada a constitucionalidade, julgar-se-á improcedente a</p><p>ação direta ou procedente eventual ação declaratória; e, proclamada a</p><p>inconstitucionalidade, julgar-se-á procedente a ação direta ou improcedente eventual ação</p><p>declaratória.</p><p>2ª Fase Constitucional l 39º Exame de Ordem</p><p>E-book de Processo Constitucional</p><p>146</p><p>4. AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE POR AÇÃO E POR OMISSÃO</p><p>4.1. Fundamento legal</p><p> Constituição Federal: art. 102, I, a, art. 103, parágrafo 2º</p><p> Lei 9.868/99</p><p>A inconstitucionalidade por ação não recai somente sobre a lei stricto sensu, podendo ser</p><p>objeto qualquer ato normativo que tenha as características de abstração e generalidade. Essa</p><p>ação é destinada a retirar qualquer ato legislativo (primário) federal ou estadual, que seja violador</p><p>da ordem constitucional.</p><p>4.2. Conceito</p><p>Ação que busca preservar a constitucionalidade das normas, ou seja, o objeto da ação</p><p>direta de inconstitucionalidade não recai somente sobre a lei stricto sensu, podendo ser objeto</p><p>qualquer ato normativo que tenha as características de abstração e generalidade, buscando</p><p>assegurar a segurança das relações jurídicas buscando retirar qualquer lei ou ato normativo</p><p>federal ou estadual que seja violador da ordem constitucional. Assim, trata-se das espécies</p><p>descritas no art. 59 da Constituição, bem como atos normativos, a exemplo dos regimentos</p><p>internos dos Tribunais.</p><p>4.3. Cabimento</p><p>Lembrar:</p><p>As ações do controle concentrado não admitem desistência, pois vigora o princípio da</p><p>indisponibilidade.</p><p> Foro competente é o STF (originária);</p><p> Autores legitimados estão previstos taxativamente na Constituição;</p><p> Não existe lide no caso concreto;</p><p> Não se admite intervenção de terceiros;</p><p> Efeito erga omnes;</p><p> Eficácia imediata da decisão;</p><p> Inexiste prescrição ou decadência.</p><p>2ª Fase Constitucional l 39º Exame de Ordem</p><p>E-book de Processo Constitucional</p><p>147</p><p> Caberá ADI contra Lei ou ato normativo Estaduais ou Federais do Poder público</p><p>que viole a Constituição;</p><p> A ADI 02 julgou, com votos divergentes, a impossibilidade de apreciação de</p><p>inconstitucionalidade de norma anterior a constituição de 1988;</p><p> Atos normativos primários.</p><p>→ Atenção a jurisprudência do STF:</p><p>POSIÇÃO DO STF QUE ADMITE A EXCEPCIONALIDADE DE ADI NO CASO DE UM</p><p>DECRETO REGULAMENTAR: Sabe-se que os decretos regulamentares, como regra, são</p><p>atos normativos secundários, e, portanto, não são eivados de inconstitucionalidade e sim</p><p>de ilegalidades. Contudo, o STF no caso “paradigma” da ADI 6.675, entendeu que se os</p><p>decretos regulamentares, apesar de constituírem atos normativos secundários,</p><p>comportarem-se como atos primários, ou seja, criando direitos e novas situações jurídicas</p><p>típicas dos atos primários, estrão sujeitos a ser combatidos via ação direta de</p><p>inconstitucionalidade. (obs: no caso em tela, tratava-se dos Decretos Regulamentares</p><p>10.627, 10.628, 10.629 e 10.630.</p><p>• Importante postura do STF e já cobrada na OAB sobre o decreto:</p><p>Uma questão apontada na correção da OAB refere-se justamente à possibilidade de ADI</p><p>apenas se se tratar de decreto autônomo e não de decreto regulamentar, justamente porque</p><p>se discute seus efeitos. Veja a própria correção da prova: “De início, deve-se destacar que os</p><p>decretos do Chefe do Poder Executivo podem ser regulamentares ou autônomos. Na</p><p>jurisprudência do STF, somente se admite a propositura de ação direta tendo por objeto decreto</p><p>autônomo, aquele que inova autonomamente na ordem jurídica, e não o decreto que tenha por</p><p>escopo regulamentar a lei. Isso porque o decreto regulamentar não possui autonomia</p><p>normativa. Se o decreto apenas fere a lei, ou desborda dos limites regulamentares, abrir-se-á</p><p>a via do controle de legalidade, e não do controle de constitucionalidade” (FGV).</p><p>→ Atenção ao não cabimento:</p><p> Não cabe ADI ao STF de lei municipal;</p><p> Não caberá ADI de súmulas vinculantes;</p><p> De atos (inclusive os legislativos) com efeitos concretos;</p><p> Normas revogadas ou que já tenham perdido a eficácia;</p><p> A ação direta de inconstitucionalidade não terá cabimento no tocante à</p><p>eventual ilegalidade da norma, cabendo apenas quando houver</p><p>2ª Fase Constitucional l 39º Exame de Ordem</p><p>E-book de Processo Constitucional</p><p>148</p><p>VIOLAÇÃO de atos diretamente reportados à Constituição, seja o ato</p><p>normativo ou não normativo.</p><p>STF se posiciona em relação ao controle de constitucionalidade de normas de reprodução</p><p>obrigatória, mesmo nos casos que não expressamente previstas nas Constituições Estaduais:</p><p>Controle concentrado de constitucionalidade de norma municipal por Tribunal de Justiça</p><p>em face da CF/1988 ADI 5647/AP Resumo: É constitucional o dispositivo de constituição</p><p>estadual que confere ao tribunal de justiça local a prerrogativa de processar e julgar ação</p><p>direta de constitucionalidade contra leis e atos normativos municipais tendo como</p><p>parâmetro a Constituição Federal, desde que se trate de normas de reprodução obrigatória</p><p>pelos estados (1). As normas constitucionais de reprodução obrigatória, por possuírem</p><p>validade nacional, integram a ordem jurídica dos estados-membros ainda quando omissas</p><p>em suas Constituições estaduais, inexistindo qualquer discricionariedade em sua</p><p>incorporação pelo ordenamento local. Com base nesse entendimento, o Plenário, por</p><p>unanimidade, julgou parcialmente procedente o pedido formulado em ação direta para dar</p><p>interpretação conforme à CF ao art. 133, II, m, da Constituição do Estado do Amapá. (1)</p><p>Precedentes: ARE 1.130.609 AgR, Pet 2.788 AgR, Rcl 2.130 AgR, Rcl 6.344ED, Rcl</p><p>10.500 AgR, Rcl 12.653 AgR, Rcl 17.954 AgR, RE 598.016 AgR, RE 840.423 AgR, RE</p><p>918.333 AgR, RE 1.158.273 AgR, Rcl 38.712, RE 650.898 e ADI 5.646.</p><p>4.4. Espécies</p><p>• Ação direta de inconstitucionalidade por ação:</p><p>Contra quaisquer violações de leis ou atos do poder público.</p><p>• Ação direta de inconstitucionalidade por omissão:</p><p>Contra omissões legislativas e administrativas que violem à Constituição. A presente ação</p><p>será tratada em ponto específico.</p><p>4.5. Titularidade: legitimidade ativa e passiva</p><p>Os legitimados serão do art. 103 da Constituição Federal, e sempre se tem que ter o</p><p>cuidado de identificar os legitimados universais e aqueles que deverão demonstrar pertinência</p><p>Fique atento!</p><p>Lembre-se que a competência para apreciação de inconstitucionalidades tendo como</p><p>parâmetro a Constituição Estadual (tanto de leis ou atos normativos estaduais ou</p><p>municipais), a competência é do Tribunal de Justiça, conforme previsto no art. 125</p><p>parágrafo 2º.</p><p>2ª Fase Constitucional l 39º Exame de Ordem</p><p>E-book de Processo Constitucional</p><p>149</p><p>temática. Lembrar que, como se trata de processo objetivo de controle de lei em tese, não se</p><p>fala em sujeitos passivos.</p><p>O rol taxativo de legitimados ativos consta do art. 103 da CF:</p><p>Art. 103 da CF (...)</p><p>I – O Presidente da República;</p><p>II – A Mesa do Senado Federal;</p><p>III – A Mesa da Câmara dos Deputados;</p><p>IV – A Mesa de Assembleia Legislativa ou da Câmara Legislativa do Distrito Federal;</p><p>V – O Governador de Estado ou do Distrito Federal;</p><p>VI – O Procurador-Geral da República;</p><p>VII – O Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil;</p><p>VIII Partido político com representação no Congresso Nacional;</p><p>IX – Confederação sindical ou entidade de classe de âmbito nacional</p><p>• Legitimados universais x pertinência temática:</p><p>Alguns autores deverão demonstrar o interesse no tema da discussão, o que ficou</p><p>conhecido como pertinência temática. Essa pertinência – relação com a matéria objeto de</p><p>questionamento – deverá ser demonstrada pela Mesa da Assembleia legislativa; pelos</p><p>governadores de Estado, pela confederação sindical ou entidade de classe no âmbito nacional.</p><p>Os demais autores não precisam demonstrar interesse nas discussões de</p><p>constitucionalidade da lei ou ato normativo, pois possuem legitimidade ativa universal.</p><p>4.6. Competência</p><p>Lembrar que se trata de competência originária no Supremo Tribunal Federal, em</p><p>conformidade com art. 102, I, a, da CF.</p><p>- Art. 1º da Lei 9.868/99.</p><p>Observação:</p><p>Quanto à entidade de classe de representação no âmbito nacional, há necessidade de</p><p>representação pelo menos em 9 unidades da federação, constituída pelo menos há 1 ano.</p><p>Partido político no Congresso Nacional, significa que precisa ter um Deputado Federal ou</p><p>um Senador, não há necessidade de estar presente um representante em cada casa do</p><p>Congresso.</p><p>2ª Fase Constitucional l 39º Exame de Ordem</p><p>E-book de Processo Constitucional</p><p>150</p><p>4.7. Tutela de urgência</p><p>A função da medida de urgência, cautelar (utilizando-se os termos próprios da Lei), em</p><p>uma ação direta de inconstitucionalidade não tem por finalidade assegurar um determinado</p><p>direito subjetivo à efetividade do processo ou à antecipação dos efeitos da tutela, mas sim, a</p><p>suspensão da eficácia da Lei.</p><p>Em relação a cautelar, como regra, possui ex nunc (não retroativo). Contudo, a Lei prevê</p><p>que se o STF desejar atribuir efeitos ex tunc, deverá fazê-lo mediante manifestação expressa,</p><p>conforme art. 11, § 1º.</p><p>• Lei 9.868/99:</p><p>Art. 10. Salvo no período de recesso, a medida cautelar na ação direta será concedida por</p><p>decisão da maioria absoluta dos membros do Tribunal, observado o disposto no art. 22,</p><p>após a audiência dos órgãos ou autoridades dos quais emanou a lei ou ato normativo</p><p>impugnado, que deverão pronunciar-se no prazo de cinco dias.</p><p>§ 1º O relator, julgando indispensável, ouvirá o Advogado-Geral da União e o Procurador-</p><p>Geral da República, no prazo de três dias.</p><p>§ 2º No julgamento do pedido de medida cautelar, será facultada sustentação oral aos</p><p>representantes judiciais do requerente e das autoridades ou órgãos responsáveis pela</p><p>expedição do ato, na forma estabelecida no Regimento do Tribunal.</p><p>§ 3º Em caso de excepcional urgência, o Tribunal poderá deferir a medida cautelar sem a</p><p>audiência dos órgãos ou das autoridades das quais emanou a lei ou o ato normativo</p><p>impugnado.</p><p>Art. 11. Concedida a medida cautelar, o Supremo Tribunal Federal fará publicar em seção</p><p>especial do Diário Oficial da União e do Diário da Justiça da União a parte dispositiva da</p><p>decisão, no prazo de dez dias, devendo solicitar as informações à autoridade da qual tiver</p><p>emanado o ato, observando-se, no que couber, o procedimento estabelecido na Seção I</p><p>deste Capítulo.</p><p>§ 1º A medida cautelar, dotada de eficácia contra todos, será concedida com efeito ex</p><p>nunc, salvo se o Tribunal entender que deva conceder-lhe eficácia retroativa.</p><p>§ 2º A concessão da medida cautelar torna aplicável a legislação anterior acaso existente,</p><p>salvo expressa manifestação em sentido contrário.</p><p>→ Possibilidade de procedimento sumário:</p><p>Art. 12. Havendo pedido de medida cautelar, o relator, em face da relevância da matéria e</p><p>de seu especial significado para a ordem social e a segurança jurídica, poderá, após a</p><p>prestação das informações, no prazo de dez dias, e a manifestação do Advogado-Geral</p><p>da União e do Procurador-Geral da República, sucessivamente, no prazo de cinco dias,</p><p>submeter o processo diretamente ao Tribunal, que terá a faculdade de julgar</p><p>definitivamente a ação.</p><p>Observação:</p><p>Se o enunciado da peça mencionar a urgência, estando presentes os “periculum in mora”</p><p>e o “fumus boni iuris”, o pedido de medida cautelar para suspender da vigência da norma</p><p>questionada deverá ser redigido na inicial, tendo seus efeitos como regra ex nunc.</p><p>2ª Fase Constitucional l 39º Exame de Ordem</p><p>E-book de Processo Constitucional</p><p>151</p><p>4.8. Particularidades importantes da peça e do processo</p><p>→ Art. 4º da Lei nº 9.868/99: A petição inicial inepta, não fundamentada e a</p><p>manifestamente improcedente serão liminarmente indeferidas pelo relator. Parágrafo</p><p>único. Cabe agravo da decisão que indeferir a petição inicial.</p><p>→ A petição inicial é apresentada em duas vias.</p><p>→ Atenção a possibilidade de modulação temporal, conforme art. 27 da Lei</p><p>9.868/99.</p><p>→ Atenção especial a participação do Procurador Geral e do Advogado Geral da</p><p>União conforme art. 8º: Decorrido o prazo das informações, serão ouvidos,</p><p>sucessivamente, o Advogado-Geral da União e o Procurador-Geral da República, que</p><p>deverão manifestar-se, cada qual, no prazo de quinze dias.</p><p>→ Art. 5º. Proposta a ação direta, não se admitirá desistência.</p><p>→ Art. 7º. Não se admitirá intervenção de terceiros no processo de ação direta de</p><p>inconstitucionalidade, apenas a figura do amicus curiae.</p><p>→ Art. 22. A decisão sobre a constitucionalidade ou a inconstitucionalidade da lei</p><p>ou do ato normativo somente será tomada se presentes na sessão pelo menos oito</p><p>Ministros.</p><p>→ Art. 26. A decisão que declara a constitucionalidade ou a inconstitucionalidade</p><p>da lei ou do ato normativo em ação direta ou em ação declaratória é irrecorrível,</p><p>Importante:</p><p>O caso de repristinação tácita: sem dúvida, é o segundo parágrafo que mais estranheza</p><p>causa. Tradicionalmente o Direito brasileiro admite a repristinação apenas quando</p><p>expressamente determinada, pelo texto legal passa-se a presumir os efeitos</p><p>repristinatórios, é sabido que a repristinação em nosso sistema, por ser excepcional,</p><p>dependia até então de expressa referência do Supremo Tribunal Federal. Inegável o</p><p>caráter de praticidade do dispositivo analisado vez que pretende, com a reentrada em</p><p>vigor da norma revogada, evitar um vácuo jurídico que, eventualmente, prejudicaria as</p><p>relações jurídicas concretas mais do que a existência de uma regulamentação</p><p>inconstitucional.</p><p>Portanto, a suspensão da lei por medida cautelar implica, sempre que possível, a</p><p>restauração da vigência da lei anterior se acaso existir. Seria mesmo tormentoso se a</p><p>cautelar criasse uma espécie de vácuo jurídico.</p><p>2ª Fase Constitucional l 39º Exame de Ordem</p><p>E-book de Processo Constitucional</p><p>152</p><p>ressalvada a interposição de embargos declaratórios, não podendo, igualmente, ser objeto</p><p>de ação rescisória.</p><p>→ Art. 28 (...). A declaração de constitucionalidade ou de inconstitucionalidade,</p><p>inclusive a interpretação conforme a Constituição e a declaração parcial de</p><p>inconstitucionalidade sem redução de texto, têm eficácia contra todos e efeito vinculante</p><p>em relação aos órgãos do Poder Judiciário e à Administração Pública federal, estadual e</p><p>municipal.</p><p>4.9. Formulação do pedido</p><p>Esqueleto da peça</p><p>Competência</p><p>Fundamento legal</p><p>Originária - STF Artigo 102, I, “a’’, CF/88.</p><p>Originária - Tribunal de Justiça de cada Estado – quando se tratar de afronta</p><p>à Constituição Estadual Art. 125, § 2º, CF/88.</p><p>Endereçamento</p><p>Constituição Federal: Excelentíssimo Ministro Presidente do Supremo</p><p>Tribunal Federal.</p><p>Constituição Estadual: Excelentíssimo Desembargador Presidente do</p><p>Tribunal de Justiça do Estado...(completar)</p><p>Partes</p><p>(ativa e passiva)</p><p>Legitimidade ativa: artigo 103, CF/88 e art. 2º da Lei nº 9.868/1999 – não se</p><p>pode esquecer de justificar o caso da pertinência temática;</p><p>Legitimidade passiva: Órgão ou autoridade que editou a lei/ ato normativa</p><p>do que se pretende declarar inconstitucional.</p><p>O que devo indicar?</p><p>(Constituir a causa</p><p>de pedir da ação)</p><p>Apontar os motivos da inconstitucionalidade da norma, lembrando que poderá</p><p>se tratar de inconstitucionalidade formal e material, não há óbice em estar</p><p>presente as duas</p><p>é recomendado a criação de três títulos, numerados de 1 a 3. O</p><p>primeiro tem por função discorrer sobre os fatos (art. 319, III, CPC), o segundo os fundamentos</p><p>jurídicos e o terceiro o pedido. Recomenda-se a subdivisão do título 2, conforme abaixo</p><p>fundamentado, sendo certo que é nos fundamentos jurídicos que a parte apresentará a maior</p><p>parte de seus conhecimentos jurídicos. Todas as seções da petição pontuam, por outro lado.</p><p>Agora será apresentado exatamente o mesmo esquema, porém de forma mais detalhada. É o</p><p>esquema universal de petição:</p><p>Endereçamento</p><p>Nome da pessoa ou entidade ativa, com a respectiva qualificação, representado por seu</p><p>advogado, com qualificação e menção do art. 287 do CPC, vem ajuizar/impetrar o presente</p><p>nome da ação, fundamento legal, em face do cargo ou entidade passiva, com a respectiva</p><p>qualificação.</p><p>1. Dos Fatos</p><p>Expor os fatos.</p><p>2. Dos Fundamentos Jurídicos</p><p>2.1 Da competência</p><p>Explicar a competência para julgamento.</p><p>2.2 Da Legitimidade</p><p>Definir a legitimidade ativa e passiva.</p><p>2.3 Do Cabimento</p><p>Fundamentar as razões pelas quais a ação escolhida é a adequada.</p><p>2.4 Da Medida liminar ou Cautelar.</p><p>Detalhar a necessidade de medida liminar ou cautelar.</p><p>2.5 Do Direito</p><p>Trazer as razões pelas quais a parte está com a melhor razão jurídica.</p><p>3. Do Pedido</p><p>Discriminar os diferentes pedidos</p><p>Valor da causa</p><p>Local, data,</p><p>advogado, OAB</p><p>2ª Fase Constitucional l 39º Exame de Ordem</p><p>E-book de Processo Constitucional</p><p>14</p><p>Este modelo, com esta divisão, pode ser utilizado em qualquer peça, devendo</p><p>evidentemente ser adaptado para a situação. Sobre as subdivisões do título 2, ver os tópicos</p><p>abaixo, onde tudo está trabalhado. Agora um exemplo com os dados preenchidos:</p><p>AO JUÍZO DA ... VARA CÍVEL DA COMARCA DO MUNICÍPIO..., ESTADO ...</p><p>ASSOCIAÇÃO ALFA, pessoa jurídica de direito privado, estado civil....., inscrita no</p><p>CNPJ sob o n° ..., endereço eletrônico..., com sede na Rua..., n°..., Bairro...,</p><p>Cidade..., Estado..., CEP..., representado por seu PRESIDENTE..., por seu</p><p>procurador signatário, inscrito na OAB n°..., vem propor AÇÃO CIVIL PÚBLICA com</p><p>fundamento nos artigos 129, inciso III, e § 1º, da Constituição Federal, e artigo 1°,</p><p>da Lei nº 7.347/85, em face do MUNICÍPIO BETA, pessoa jurídica de direito público,</p><p>inscrita no CNPJ sob o n°..., endereço eletrônico..., com sede na Rua..., n°...,</p><p>Bairro..., Cidade..., Estado..., CEP..., representado por seu PREFEITO...,</p><p>autoridade pública..., estado civil..., inscrito no CPF sob o n° ..., endereço</p><p>eletrônico..., residente e domiciliado na Rua..., n°..., Bairro..., Cidade..., Estado...,</p><p>CEP..., pelos fatos e fundamentos a seguir expostos:</p><p>1. Dos Fatos</p><p>Expor os fatos.</p><p>2. Dos Fundamentos Jurídicos</p><p>2.1 Da competência</p><p>Explicar a competência para julgamento.</p><p>2.2 Da Legitimidade</p><p>Definir a legitimidade ativa e passiva.</p><p>2ª Fase Constitucional l 39º Exame de Ordem</p><p>E-book de Processo Constitucional</p><p>15</p><p>2.3 Do Cabimento</p><p>Fundamentar as razões pelas quais a ação escolhida é a adequada.</p><p>2.4 Da Medida liminar ou Cautelar</p><p>Detalhar a necessidade de medida liminar ou cautelar.</p><p>2.5 Do Direito</p><p>Trazer as razões pelas quais a parte está com a melhor razão jurídica.</p><p>3. Do Pedido</p><p>Discriminar os diferentes pedidos.</p><p>Valor da causa R$ ..., para efeitos procedimentais.</p><p>Nestes termos, pede deferimento.</p><p>Local..., data...</p><p>Advogado… OAB...</p><p>2ª Fase Constitucional l 39º Exame de Ordem</p><p>E-book de Processo Constitucional</p><p>16</p><p>O recurso possui uma estrutura semelhante, porém com peculiaridades. O recurso estará</p><p>dividido em duas partes, que constituem peças separadas. A primeira será chamada petição de</p><p>interposição, e tem por função a comunicação de que a parte está recorrendo. Ela é direcionada</p><p>ao juízo ou tribunal que proferiu a decisão (decisão atacada), o qual é chamado de tribunal</p><p>recorrido ou tribunal ad quo. Em seguida, em outra folha, será redigida a petição de razões,</p><p>direcionada ao tribunal que irá julgar o recurso, chamado tribunal julgador ou ad quem. O art.</p><p>1.029 do CPC é demonstração desta prática:</p><p>Art. 1.029. O recurso extraordinário e o recurso especial, nos casos previstos na</p><p>Constituição Federal, serão interpostos perante o presidente ou o vice-presidente do</p><p>tribunal recorrido, em petições distintas que conterão:</p><p>I – a exposição do fato e do direito;</p><p>II – a demonstração do cabimento do recurso interposto;</p><p>III – as razões do pedido de reforma ou de invalidação da decisão recorrida.</p><p>Evidentemente, não se escreve nas petições as palavras petição de interposição e petição</p><p>de razões. Será apresentado agora um esquema simples para recurso, o qual pode ser utilizado,</p><p>com as devidas adaptações, para a apelação, o recurso ordinário e o recurso extraordinário. Este</p><p>modelo não prescinde do cuidado exame do ponto específico sobre estes recursos no ebook.</p><p>Petição de interposição:</p><p>Endereçamento da petição de interposição</p><p>Introdução (qualificação das partes, nome do recurso e fundamentos jurídicos e requerimento</p><p>introdutórios típicos de recurso)</p><p>Fechamento da peça</p><p>Petição de razões:</p><p>Endereçamento da petição de razões</p><p>Menção às partes</p><p>1. Dos Fatos</p><p>2. Dos Fundamentos Jurídicos</p><p>3. Do Pedido</p><p>Fechamento da peça</p><p>2ª Fase Constitucional l 39º Exame de Ordem</p><p>E-book de Processo Constitucional</p><p>17</p><p>Agora de forma mais minudenciada:</p><p>Endereçamento da petição de interposição</p><p>Nome da pessoa ou entidade ativa, com a respectiva qualificação,</p><p>representado por seu advogado, insatisfeito com a decisão recorrida, vem interpor</p><p>o presente NOME DO RECURSO, fundamento legal, em face do cargo ou entidade</p><p>passiva, com a respectiva qualificação.</p><p>Menção da tempestividade (prazo para recorrer), das contrarrazões, do</p><p>preparo e o requerimento de subida do recurso.</p><p>Local…, data…,</p><p>advogado…, OAB…</p><p>Endereçamento da petição de razões</p><p>Nome do recorrente</p><p>Nome do Recorrido:</p><p>Processo nº</p><p>Razões de Recurso</p><p>1. Dos Fatos</p><p>Expor os fatos.</p><p>2. Dos Fundamentos Jurídicos</p><p>2ª Fase Constitucional l 39º Exame de Ordem</p><p>E-book de Processo Constitucional</p><p>18</p><p>2.1 Da competência</p><p>Explicar a competência para julgamento.</p><p>2.2 Da Legitimidade</p><p>Definir a legitimidade ativa e passiva.</p><p>2.3 Do Cabimento</p><p>Fundamentar as razões pelas quais o recurso escolhido é o adequado.</p><p>2.4 Da Medida liminar ou efeito suspensivo</p><p>Detalhar a necessidade de medida liminar ou efeito suspensivo.</p><p>2.5 Do Direito</p><p>Trazer as razões pelas quais a parte está com a melhor razão jurídica.</p><p>3. Do Pedido</p><p>Discriminar os diferentes pedidos.</p><p>Local…, data…,</p><p>advogado…, OAB…</p><p>2ª Fase Constitucional l 39º Exame de Ordem</p><p>E-book de Processo Constitucional</p><p>19</p><p>Esta é a estrutura básica dos recursos, portanto, sendo que os subtítulos estão</p><p>fundamentados abaixo.</p><p>4.1. Endereçamento (de quem é a competência para apreciar a ação)</p><p>Conforme observado anteriormente, a petição, seja de recursos, seja a petição inicial,</p><p>iniciará com o endereçamento. Endereçar a peça significa direcioná-la a algum órgão</p><p>jurisdicional. Não se pode, contudo, direcionar a petição para qualquer órgão: a peça há de ser</p><p>direcionada ao órgão competente para julgar, sendo esta a razão das reflexões anteriores. Há</p><p>uma ligação essencial, assim, entre competência e endereçamento (MITIDIERO; MARINONI;</p><p>ARENHART, 2017). Repita-se: a petição é endereçada a quem irá julgar. Foi guardado um</p><p>espaço para maiores reflexões sobre a competência em um tópico adiante mencionado.</p><p>Existem fórmulas de linguagem para o endereçamento. O que segue advém da leitura dos</p><p>formas de inconstitucionalidade.</p><p>Requerimentos e</p><p>Pedido</p><p>Intimação do órgão/autoridade responsável pela lei/ato normativo, intimação</p><p>do Advogado-Geral da União e do Procurador-Geral da República;</p><p>Ver se é o caso de medida cautelar para suspender os efeitos da norma</p><p>impugnada;</p><p>Procedência da ação para dar declaração de inconstitucionalidade a norma</p><p>impugnada.</p><p>2ª Fase Constitucional l 39º Exame de Ordem</p><p>E-book de Processo Constitucional</p><p>153</p><p>Outras observações Observar se o legitimado ativo tem pertinência temática ou legitimidade</p><p>universal.</p><p>Caso hipotético e modelo OAB</p><p>Exame de Ordem XXVII - Peça Prático-Profissional</p><p>Enunciado:</p><p>O crescimento da exploração de diamantes no território do Estado Alfa ampliou a</p><p>circulação de riquezas e fez com que a densidade demográfica aumentasse</p><p>consideravelmente, juntamente com os riscos ao meio ambiente. Esse estado de coisas</p><p>mobilizou a população local, o que levou um grupo de Deputados Estaduais a apresentar</p><p>proposta de emenda à Constituição Estadual disciplinando, detalhadamente, a forma de</p><p>exploração de diamantes no território em questão. A proposta incluía os requisitos formais</p><p>a serem cumpridos junto às autoridades estaduais e os limites quantitativos a serem</p><p>observados na extração, no armazenamento e no transporte de cargas.</p><p>Após regular aprovação na Assembleia Legislativa, a Emenda à Constituição Estadual nº</p><p>5/2018 foi sancionada pelo Governador do Estado, sendo isso imediatamente comunicado</p><p>às autoridades estaduais competentes para que exigissem o seu cumprimento.</p><p>Preocupada com a situação no Estado Alfa e temendo o risco de desemprego dos seus</p><p>associados, isso em razão dos severos requisitos estabelecidos para a exploração de</p><p>diamantes, a Associação Nacional dos Geólogos, que há décadas luta pelos direitos da</p><p>categoria, contratou os seus serviços como advogado(a) para que elabore a petição inicial</p><p>da medida judicial cabível, de modo que o Tribunal Superior competente reconheça a</p><p>incompatibilidade do referido ato normativo com a Constituição da República Federativa</p><p>do Brasil. (Valor: 5,00)</p><p>Obs.: a peça deve abranger todos os fundamentos de Direito que possam ser utilizados</p><p>para dar respaldo à pretensão. A simples menção ou transcrição do dispositivo legal não</p><p>confere pontuação.</p><p>2ª Fase Constitucional l 39º Exame de Ordem</p><p>E-book de Processo Constitucional</p><p>154</p><p>Gabarito:</p><p>Abaixo segue modelo de estruturação da peça de ADI cobrada no EXAME DE ORDEM</p><p>XXVII:</p><p>EXCELENTÍSSIMO MINISTRO PRESIDENTE DO SUPREMO TRIBUNAL</p><p>FEDERAL</p><p>ASSOCIAÇÃO NACIONAL DOS GEÓLOGOS, pessoa jurídica de direito</p><p>privado, inscrito no CNPJ sob o n°..., endereço eletrônico..., com sede na Rua...,</p><p>n°..., Bairro..., Cidade..., Estado..., CEP..., por seu procurador inscrito na OAB n° ...,</p><p>vem propor AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE, com fundamento no</p><p>artigo 102, inciso I, alínea “a”, da Constituição Federal e artigo 1º da Lei nº 9.868/99,</p><p>em face da ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO ALFA, órgão vinculado à</p><p>pessoa jurídica de direito público Estado Alfa, inscrita no CNPJ sob o n°..., com sede</p><p>na Rua..., n°..., Bairro..., Cidade..., Estado..., CEP..., e GOVERNADOR DO ESTADO</p><p>ALFA, autoridade pública..., estado civil..., inscrito no CPF sob o n°..., endereço</p><p>eletrônico..., residente e domiciliado na Rua..., n°..., Bairro..., Cidade..., Estado...,</p><p>CEP..., pelos fatos e fundamentos a seguir expostos:</p><p>1) DOS FATOS</p><p>A Assembleia Legislativa do Estado Alfa elaborou Emenda à Constituição</p><p>Estadual nº 5/2018, cujo texto violou a Constituição Federal.</p><p>2) DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS</p><p>2.1) Competência</p><p>Compete ao Supremo Tribunal Federal processar e julgar Ação Direta de</p><p>Inconstitucionalidade de lei ou ato normativo estadual que viole a Carta Magna,</p><p>conforme artigo 102, inciso I, alínea “a”, da Constituição Federal e artigo 1º, da Lei</p><p>nº 9.868/99.</p><p>2ª Fase Constitucional l 39º Exame de Ordem</p><p>E-book de Processo Constitucional</p><p>155</p><p>2.2) Legitimidade</p><p>A Associação Nacional dos Geólogos possui legitimidade ativa para</p><p>propositura de Ação Direta de Inconstitucionalidade no Supremo Tribunal Federal,</p><p>conforme se extrai do artigo 103, inciso VIII, da Constituição Federal e artigo 2º,</p><p>inciso VIII, da Lei nº 9.868/99. A Associação preenche o requisito de pertinência</p><p>temática, pois há décadas luta pelos direitos da categoria.</p><p>A legitimidade passiva da presente ação é da Assembleia Legislativa do</p><p>Estado Alfa, que editou e do Governado do Estado Alfa que sancionou a Emenda à</p><p>Constituição Estadual nº 5/2018 que viola dispositivos da Constituição Federal, o que</p><p>justifica a propositura da presente ação.</p><p>2.3) Cabimento</p><p>Cabe Ação Direta de Inconstitucionalidade de lei ou ato normativo estadual</p><p>posterior à Constituição de 1988 que viole a Constituição, com fundamento no artigo</p><p>102, inciso I, alínea “a” da Constituição Federal e artigo 1º, da Lei nº9.868/99.</p><p>2.4) Do Direito</p><p>A Emenda Constitucional nº 5/2018 violou a competência privativa da União</p><p>para legislar sobre jazidas, minas, outros recursos minerais, Mineração e transporte,</p><p>conforme dispõe o Artigo 22, incisos XI e XII, da CRFB/88.</p><p>Também não observou as normas sobre processo legislativo, obrigatórias por</p><p>força da simetria, prevista no Artigo 25, caput, da CRFB/88.</p><p>Ainda, não há previsão de participação do Chefe do Poder Executivo ao fim</p><p>do processo de reforma constitucional, conforme o Artigo 60 da CRFB/88.</p><p>Por fim, conclui-se que a Emenda Constitucional nº 5/2018 padece de vício</p><p>de inconstitucionalidade formal.</p><p>2.5) Medida cautelar</p><p>É incontroverso que a tutela jurisdicional cautelar se faz necessária, pois estão</p><p>presentes os requisitos do fumus boni iuris e do periculum in mora.</p><p>2ª Fase Constitucional l 39º Exame de Ordem</p><p>E-book de Processo Constitucional</p><p>156</p><p>Além da patente inconstitucionalidade demonstrada nos fundamentos de</p><p>mérito, também há risco na demora, pois os novos requisitos criados podem</p><p>inviabilizar a continuidade da atividade de exploração de diamantes, assim como</p><p>colocar em risco de desemprego dos associados da autora.</p><p>Desta forma, é imperioso o deferimento da medida, suspendendo a eficácia</p><p>da Emenda Constitucional nº 5/2018 até que seja definitivamente julgada a presente</p><p>Ação Direta de Inconstitucionalidade, conforme artigo 102, inciso I, alínea “p”, da</p><p>Constituição Federal e artigo 10, da Lei 9.869/99.</p><p>3) DO PEDIDO</p><p>a) A concessão da medida cautelar para suspender a eficácia da norma</p><p>inconstitucional impugnada, Emenda Constitucional nº 5/2018, pois restou</p><p>demonstrado o “fumus boni iuris” e “periculum in mora”, conforme requer o artigo 10,</p><p>da Lei nº 9.868/1999;</p><p>b) Intimação do representante legal do estado para prestar informações,</p><p>conforme artigo 6º, da Lei nº 9.868/99;</p><p>c)A intimação do Advogado-Geral da União para que se manifeste, consoante</p><p>nos moldes do artigo 8º, da Lei nº 9.868/99;</p><p>d) A intimação do Procurador-Geral da República, consoante nos moldes do</p><p>artigo 8º, da Lei nº 9.868/99;</p><p>e) Requer a procedência para que no mérito seja declarada a</p><p>inconstitucionalidade da Emenda Constitucional nº 5/2018, nos termos do artigo 28,</p><p>parágrafo único, da Lei nº 9.869/99.</p><p>Valor da causa R$ ..., para efeitos procedimentais.</p><p>Local..., data...</p><p>Advogado...OAB...</p><p>2ª Fase Constitucional l 39º Exame de Ordem</p><p>E-book de Processo Constitucional</p><p>157</p><p>5. AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE POR OMISSÃO</p><p>5.1. Fundamento legal</p><p> O art. 103, § 2º, da CF, prevê que:</p><p>Art. 103 (...)</p><p>§ 2º declarada a inconstitucionalidade por omissão de medida para tornar efetiva norma</p><p>constitucional, será dada ciência ao poder competente para adoção de providências</p><p>necessárias e, em se tratando de órgão administrativo, para fazê-lo em trinta dias.</p><p> Art. 12A – Lei 9.868/99</p><p>5.2. Conceito</p><p>Ação constitucional que visa combater a</p><p>inércia ou mora, legislativa ou administrativa, que</p><p>em razão desta, afronte a Constituição Federal. “Só se deve falar propriamente em</p><p>inconstitucionalidade nos casos em que essa violação omissiva é diretamente reportada à</p><p>Constituição, sem ato ou omissão interposta (atribuível a outro ‘Poder’). Em outras palavras, não</p><p>se pode transformar a ação direta de inconstitucionalidade por omissão em ação direta de</p><p>ilegalidade por omissão”. (TAVARES, 2020)</p><p>5.3. Cabimento</p><p>Caberá de omissão constitucional, parcial ou total, legislativa ou administrativa.</p><p> Art. 12A da Lei 9.868/99:</p><p>I – a omissão inconstitucional total ou parcial quanto ao cumprimento de dever</p><p>constitucional de legislar ou quanto à adoção de providência de índole administrativa;</p><p> 103, da CF:</p><p>§ 2º Declarada a inconstitucionalidade por omissão de medida para tornar efetiva norma</p><p>constitucional, será dada ciência ao Poder competente para a adoção das providências</p><p>necessárias e, em se tratando de órgão administrativo, para fazê-lo em trinta dias.</p><p>5.4. Espécies</p><p>• Omissão legislativa:</p><p>A concretização da ordem constitucional com toda a sua força normativa, necessita em</p><p>alguns casos, de uma norma integralizadora e, portanto, exige o compromisso do</p><p>2ª Fase Constitucional l 39º Exame de Ordem</p><p>E-book de Processo Constitucional</p><p>158</p><p>legislador a tarefa de construção do Estado Constitucional. É compromisso dos órgãos</p><p>legislativos o poder e o dever de emprestar conformação à realidade social e, em caso de</p><p>não atuação, é que se tem o objeto da ação direta de inconstitucionalidade. (MENDES,</p><p>Gilmar. Curso de Direito Constitucional)</p><p>• Omissão administrativa:</p><p>A omissão inconstitucional, objeto da ação, não decorre, necessariamente, de previsão de</p><p>legislar contida em norma constitucional, mas pode advir da falta ou da insuficiência de</p><p>norma ou de prestação fático administrativa, para proteger ou viabilizar a realização de um</p><p>direito fundamental. Evidencia-se, neste momento, que o legislador não tem dever apenas</p><p>quando a norma constitucional expressamente lhe impõe a edição de lei, mas também</p><p>quando um direito fundamental carece, em vista de sua natureza e estrutura, de norma</p><p>infraconstitucional, especialmente para lhe outorgar tutela de proteção. (SARLET;</p><p>MITIDIEIRO, Curso de Direito Constitucional).</p><p>5.5. Titularidade: legitimidade ativa e passiva</p><p>Os legitimados serão do art. 103 da Constituição Federal, e sempre se tem que ter o</p><p>cuidado de identificar os legitimados universais e aqueles que deverão demonstrar pertinência</p><p>temática. Lembrar que, como se trata de processo objetivo de controle de lei em tese, não se</p><p>fala em sujeitos passivos. O rol taxativo de legitimados ativos consta do art. 103 da CF:</p><p>Art. 103 da CF (...)</p><p>I – O Presidente da República;</p><p>II – A Mesa do Senado Federal;</p><p>III – A Mesa da Câmara dos Deputados;</p><p>IV – A Mesa de Assembleia Legislativa ou da Câmara Legislativa do Distrito Federal;</p><p>V – O Governador de Estado ou do Distrito Federal;</p><p>VI – O Procurador-Geral da República;</p><p>VII – O Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil;</p><p>VIII - Partido político com representação no Congresso Nacional;</p><p>IX – Confederação sindical ou entidade de classe de âmbito nacional</p><p>• Legitimados universais x pertinência temática:</p><p>Alguns autores deverão demonstrar o interesse no tema da discussão, o que ficou</p><p>conhecido como pertinência temática. Essa pertinência – relação com a matéria objeto de</p><p>Observação:</p><p>Quanto à entidade de classe de representação no âmbito nacional, há necessidade de</p><p>representação pelo menos em 9 unidades da federação, constituída pelo menos há 1 ano.</p><p>Partido político no Congresso Nacional, significa que precisa ter um Deputado Federal ou</p><p>um Senador, não há necessidade de estar presente um representante em cada casa do</p><p>Congresso.</p><p>2ª Fase Constitucional l 39º Exame de Ordem</p><p>E-book de Processo Constitucional</p><p>159</p><p>questionamento – deverá ser demonstrada pela Mesa da Assembleia legislativa; pelos</p><p>governadores de Estado, pela confederação sindical ou entidade de classe no âmbito nacional.</p><p>Os demais autores não precisam demonstrar interesse nas discussões de</p><p>constitucionalidade da lei ou ato normativo, pois possuem legitimidade ativa universal.</p><p>5.6. Competência</p><p>Lembrar que se trata de competência originária no Supremo Tribunal Federal, em</p><p>conformidade com art. 102, I, a, da CF.</p><p>- Art. 1º da Lei 9.868/99.</p><p>5.7. Tutela de urgência</p><p>Cautelar para a suspensão da lei ou ato impugnado, apenas no caso de suspensão</p><p>parcial, poder-se-á suspender processos judiciais, procedimentos administrativos ou quaisquer</p><p>outras providências a serem fixadas pelo STF.</p><p>Art. 12F da Lei nº 9.868/99: Em caso de excepcional urgência e relevância da matéria, o</p><p>Tribunal, por decisão da maioria absoluta de seus membros, observado o disposto no art.</p><p>22, poderá conceder medida cautelar, após a audiência dos órgãos ou autoridades</p><p>responsáveis pela omissão inconstitucional, que deverão pronunciar-se no prazo de 5</p><p>(cinco) dias.</p><p>§ 1º A medida cautelar poderá consistir na suspensão da aplicação da lei ou do ato</p><p>normativo questionado, no caso de omissão parcial, bem como na suspensão de</p><p>processos judiciais ou de procedimentos administrativos, ou ainda em outra providência a</p><p>ser fixada pelo Tribunal.</p><p>§ 2º O relator, julgando indispensável, ouvirá o Procurador-Geral da República, no prazo</p><p>de 3 (três) dias.</p><p>§ 3º No julgamento do pedido de medida cautelar, será facultada sustentação oral aos</p><p>representantes judiciais do requerente e das autoridades ou órgãos responsáveis pela</p><p>omissão inconstitucional, na forma estabelecida no Regimento do Tribunal.</p><p>Art. 12G da Lei 9.868/99: Concedida a medida cautelar, o Supremo Tribunal Federal fará</p><p>publicar, em seção especial do Diário Oficial da União e do Diário da Justiça da União, a</p><p>parte dispositiva da decisão no prazo de 10 (dez) dias, devendo solicitar as informações à</p><p>autoridade ou ao órgão responsável pela omissão inconstitucional, observando-se, no que</p><p>couber, o procedimento estabelecido na Seção I do Capítulo II desta Lei.</p><p>5.8. Particularidades importantes da peça</p><p>→ Aplicam-se no que couber as regras da ADI.</p><p>→ A participação do Advogado Federal da União não é obrigatória, pois não há</p><p>ato normativo a ser defendido.</p><p>→ A petição inicial é apresentada em duas vias.</p><p>2ª Fase Constitucional l 39º Exame de Ordem</p><p>E-book de Processo Constitucional</p><p>160</p><p>→ Atenção a possibilidade de modulação temporal, conforme art. 27 da Lei</p><p>9.868/99.</p><p>→ Art. 5º. Proposta a ação direta, não se admitirá desistência.</p><p>→ Art. 7º. Não se admitirá intervenção de terceiros no processo de ação direta de</p><p>inconstitucionalidade, apenas a figura do amicus curiae.</p><p>→ Art. 22. A decisão sobre a constitucionalidade ou a inconstitucionalidade da lei</p><p>ou do ato normativo somente será tomada se presentes na sessão pelo menos oito</p><p>Ministros.</p><p>→ Art. 26. A decisão que declara a constitucionalidade ou a inconstitucionalidade</p><p>da lei ou do ato normativo em ação direta ou em ação declaratória é irrecorrível,</p><p>ressalvada a interposição de embargos declaratórios, não podendo, igualmente, ser objeto</p><p>de ação rescisória.</p><p>→ Art. 28 (...). A declaração de constitucionalidade ou de inconstitucionalidade,</p><p>inclusive a interpretação conforme a Constituição e a declaração parcial de</p><p>inconstitucionalidade sem redução de texto, têm eficácia contra todos e efeito vinculante</p><p>em relação aos órgãos do Poder Judiciário e à Administração Pública federal, estadual e</p><p>municipal.</p><p>André Ramos Tavares (Curso de Direito Constitucional, 2012) esclarece os efeitos da</p><p>procedência da ação direta de inconstitucionalidade ante as possibilidades de responsáveis pela</p><p>omissão. Assim, explica que, quando a inconstitucionalidade for do Legislativo, caberá ao</p><p>Supremo Tribunal Federal apenas certificar a existência da omissão a ser combatida, vez que,</p><p>ante o princípio constitucional que cuida da separação de poderes, não poderá impor ao</p><p>legislador a elaboração da norma. O mesmo ocorre quando o Executivo não cumprir com sua</p><p>responsabilidade no tocante ao processo legislativo, como nas situações nas quais possui</p><p>iniciativa privativa para elaboração de projeto de lei e não o instrua. De outra banda, quando a</p><p>omissão inconstitucional não for de nenhum dos Três Poderes, mas sim da Administração</p><p>Pública, a Constituição determina que o Supremo Tribunal Federal imponha o prazo máximo de</p><p>trinta dias para sanar a omissão, sob pena de responsabilidade daquele que não o fizer. Este</p><p>prazo, de acordo com a nova disciplina legal, poderá ser dilatado por estipulação excepcional do</p><p>Tribunal, considerando as circunstâncias específicas e o interesse público no caso.</p><p>2ª Fase Constitucional l 39º Exame de Ordem</p><p>E-book de Processo Constitucional</p><p>161</p><p>5.9. Formulação do pedido</p><p>Esqueleto da peça</p><p>Competência</p><p>Fundamento legal</p><p>Originária - STF</p><p>Artigo 102, I, “a”, CF/88</p><p>Endereçamento Constituição Federal: Excelentíssimo Ministro Presidente do Supremo</p><p>Tribunal Federal.</p><p>Partes</p><p>(ativa e passiva)</p><p>Legitimidade ativa: artigo 103, CF/88 e art. 2º da Lei nº 9.868/1999 – não se</p><p>pode esquecer de justificar o caso da pertinência temática.</p><p>Legitimidade passiva: Órgão ou autoridade que editou a lei/ato normativa do</p><p>que se pretende declarar inconstitucional.</p><p>O que devo indicar?</p><p>(Constituir a causa</p><p>de pedir da ação)</p><p>Indicar os motivos da mora legislativa ou administrativa (que não permitem a</p><p>concretização da norma constitucional).</p><p>Requerimentos e</p><p>Pedido</p><p>Intimação do órgão/autoridade responsável pela lei/ato normativo, intimação</p><p>do Advogado-Geral da União e do Procurador-Geral da República;</p><p>Citação é dispensável – do Advogado–Geral, mas pode ser feita;</p><p>Ver se é o caso de medida cautelar para suspender os efeitos da norma</p><p>impugnada. Se parcial ou suspensão de processos judiciais ou procedimentos</p><p>administrativos;</p><p>Procedência da ação para declarar a mora do poder competente que</p><p>inviabiliza a aplicação da norma constitucional OU em se tratando de órgão</p><p>administrativo, para fazê-lo em 30 dias, sob pena de responsabilidade.</p><p>Outras observações Lembrar que se trata de norma de eficácia limitada ou programática.</p><p>Caso hipotético e modelo OAB</p><p>2ª Fase Constitucional l 39º Exame de Ordem</p><p>E-book de Processo Constitucional</p><p>162</p><p>Exame de Ordem XIX - Peça Prático-Profissional</p><p>Enunciado:</p><p>Determinado partido político, que possui dois deputados federais e dois senadores em</p><p>seus quadros, preocupado com a efetiva regulamentação das normas constitucionais,</p><p>com a morosidade do Congresso Nacional e com a adequada proteção à saúde do</p><p>trabalhador, pretende ajuizar, em nome do partido, a medida judicial objetiva apropriada,</p><p>visando à regulamentação do Art. 7º, inciso XXIII, da Constituição da República Federativa</p><p>do Brasil de 1988.</p><p>O partido informa, por fim, que não se pode compactuar com desrespeito à Constituição</p><p>da República por mais de 28 anos.</p><p>Considerando a narrativa acima descrita, elabore a peça processual judicial objetiva</p><p>adequada. (Valor: 5,00)</p><p>Obs.: o examinando deve fundamentar suas respostas. A mera citação do dispositivo legal</p><p>não confere pontuação.</p><p>Gabarito:</p><p>Abaixo segue modelo de estruturação da peça de ADIO cobrada no EXAME DE ORDEM</p><p>XIX:</p><p>2ª Fase Constitucional l 39º Exame de Ordem</p><p>E-book de Processo Constitucional</p><p>163</p><p>EXCELENTÍSSIMO MINISTRO PRESIDENTE DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL</p><p>PARTIDO POLÍTICO, pessoa jurídica de direito privado, inscrito no CNPJ sob</p><p>o n°..., com sede na Rua..., n°..., Bairro..., Cidade..., Estado..., CEP..., neste ato</p><p>representado por seu PRESIDENTE..., por seu procurador inscrito na OAB n° ..., vem</p><p>propor AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE POR OMISSÃO, com</p><p>fundamento artigo 103, parágrafo 2º, da Constituição Federal, e artigo 1º, da Lei nº</p><p>9.868/99, propor AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE POR OMISSÃO,</p><p>em face do CONGRESSO NACIONAL, vinculado à pessoa jurídica de Direito Público</p><p>União, inscrita no CPNJ sob o n°..., endereço eletrônico..., com sede na Rua..., n°...,</p><p>Bairro..., Cidade..., CEP..., e do PRESIDENTE DA REPÚBLICA, autoridade pública...,</p><p>pelos fatos e fundamentos a seguir expostos:</p><p>1) DOS FATOS</p><p>Inconformado com os 28 (vinte e oito) anos de falta de regulamentação do</p><p>artigo 7°, inciso XXIII, da Constituição Federal, o Partido Político, visando à proteção</p><p>aos direitos do trabalhador, ajuíza a presente Ação Direta de Inconstitucionalidade por</p><p>Omissão, haja vista que a omissão constitucional por falta da norma regulamentadora</p><p>impediu a sua plena produção de efeitos, uma vez que se trata de norma de eficácia</p><p>limitada.</p><p>2) DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS</p><p>2.1) Da competência</p><p>Compete ao Supremo Tribunal Federal a guarda da Constituição, cabendo-lhe</p><p>processar e julgar as ações diretas de inconstitucionalidade por omissão legislativa</p><p>Federal, conforme artigo 103, parágrafo 2º, da Constituição Federal, combinado com</p><p>o artigo 1º, da Lei nº 9.868/99.</p><p>2.2) Da legitimidade</p><p>2ª Fase Constitucional l 39º Exame de Ordem</p><p>E-book de Processo Constitucional</p><p>164</p><p>A legitimidade ativa é do partido político que possui legitimidade universal,</p><p>conforme no artigo 103, inciso VIII, da Constituição Federal, e artigo 12-A, da Lei nº</p><p>9.868/99.</p><p>No caso, a legitimidade passiva é do Congresso Nacional por ser aquele que</p><p>teria a competência para regulamentar através da legislação federal o disposto no</p><p>artigo 7º, inciso XXIII, da Constituição Federal, incorrendo em mora legislativa após</p><p>28 (vinte e oito) anos sem viabilizar a concretização do direito constitucional.</p><p>Também é legitimidade ativo o Presidente da República por participar no</p><p>processo legislativo.</p><p>2.3) Do Cabimento</p><p>Cabe Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão, perante o Supremo</p><p>Tribunal Federal, nos casos de falta de norma regulamentadora, com base nos artigos</p><p>102, inciso I, alínea “a”, da Constituição Federal, e 12A, da Lei nº 9.868/1999.</p><p>O artigo 7º, inciso XXIII, estabelece adicional de remuneração para as</p><p>atividades penosas, insalubres ou perigosas. Tal dispositivo exige norma</p><p>regulamentadora, agindo o Congresso Nacional em inconstitucionalidade por omissão</p><p>diante de sua inércia legislativa.</p><p>Em face a inércia legislativa é necessário que haja regulamentação legislativo.</p><p>2.4) Do Direito</p><p>Verifica-se, no caso em tela, uma verdadeira omissão constitucional em razão</p><p>na inexistência da norma regulamentadora que deveria ter sido editada pelo</p><p>Congresso Nacional, ocasionando um prejuízo à efetividade da regulação de adicional</p><p>dos casos aludidos pela norma do artigo 7°, inciso XXIII, da Constituição Federal,</p><p>cabendo ao Supremo Tribunal Federal suprir a referida omissão, conforme o artigo</p><p>103, parágrafo 2º, da Constituição Federal, e artigo 1º, da Lei nº 9.868/99.</p><p>2ª Fase Constitucional l 39º Exame de Ordem</p><p>E-book de Processo Constitucional</p><p>165</p><p>3) DOS PEDIDOS</p><p>a) A juntada dos documentos necessários para comprovar a alegação de</p><p>omissão, na forma do artigo 12B, parágrafo único, da Lei nº 9.868/99;</p><p>b) A intimação dos órgãos ou autoridades responsáveis pela omissão</p><p>inconstitucional para manifestar-se, nos termos do artigo 6º, parágrafo único, da Lei</p><p>nº 9.868/99;</p><p>c) A intimação do Excelentíssimo Advogado-Geral da União, para que se</p><p>manifeste, conforme artigo 12E, parágrafo 2º, da Lei nº 9.868/99;</p><p>d) A intimação do Excelentíssimo Procurador-Geral da República, para que se</p><p>manifeste, consoante artigo 12E, parágrafo 3º, da Lei nº 9.868/99;</p><p>e) A procedência do pedido de declaração de inconstitucionalidade por omissão</p><p>do órgão/poder responsável pela regulamentação da norma constitucional, dando</p><p>ciência ao poder inerte, nos termos do</p><p>12H, da Lei nº 9.868/99, para suprir a omissão</p><p>do artigo 7°, inciso XXIII, da Constituição Federal.</p><p>Valor da causa R$ ..., para efeitos procedimentais.</p><p>Local..., data...</p><p>Advogado...OAB...</p><p>2ª Fase Constitucional l 39º Exame de Ordem</p><p>E-book de Processo Constitucional</p><p>166</p><p>6. AÇÃO DECLARATÓRIA DE CONSTITUCIONALIDADE</p><p>6.1. Fundamento legal</p><p>Introduzida pela EC 03/93 e aperfeiçoada pela EC 45/04 – com a finalidade declarar a</p><p>constitucionalidade de atos normativos federais em face da Constituição –, tornando caso julgado</p><p>procedente.</p><p> Art. 102, I, a.</p><p>6.2. Conceito</p><p>Ação constitucional que busca conformar a constitucionalidade em tese, ante a possível</p><p>controvérsia constitucional estabelecida acerca de uma Lei ou ato normativa federal.</p><p>6.3. Cabimento</p><p>Caberá ADC toda vez que tiver uma controvérsia judicial relevante, acerca da aplicação</p><p>de uma Lei ou ato normativo federal. Assim, caberá justamente para pacificar conflitos de</p><p>interpretações judiciais relativas à matéria, com intuito de tornar o que era uma presunção relativa</p><p>em uma presunção absoluta de constitucionalidade.</p><p>É a necessidade de que haja divergência judicial prévia (segundo o art. 14, III, da Lei nº</p><p>9.868/99, “controvérsia judicial relevante”).</p><p>6.4. Espécies</p><p>Não há diferentes espécies e ou modalidades.</p><p>6.5. Titularidade: legitimidade ativa e passiva</p><p>Os legitimados serão do art. 103 da Constituição Federal– e sempre se tem que ter o cuido</p><p>de identificar os legitimados universais e aqueles que deverão demonstrar pertinência temática.</p><p>Lembrar que, como se trata de processo objetivo de controle de lei em tese, não se fala em</p><p>sujeitos passivos.</p><p>O rol taxativo de legitimados ativos consta do art. 103 da CF:</p><p>Art. 103 da CF (...)</p><p>I – O Presidente da República;</p><p>II – A Mesa do Senado Federal;</p><p>III – A Mesa da Câmara dos Deputados;</p><p>IV – A Mesa de Assembleia Legislativa ou da Câmara Legislativa do Distrito Federal;</p><p>2ª Fase Constitucional l 39º Exame de Ordem</p><p>E-book de Processo Constitucional</p><p>167</p><p>V – O Governador de Estado ou do Distrito Federal;</p><p>VI – O Procurador-Geral da República;</p><p>VII – O Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil;</p><p>VIII – Partido político com representação no Congresso Nacional;</p><p>IX – Confederação sindical ou entidade de classe de âmbito nacional</p><p>• Legitimados universais x pertinência temática:</p><p>Alguns autores deverão demonstrar o interesse no tema da discussão, o que ficou</p><p>conhecido como pertinência temática. Essa pertinência – relação com a matéria objeto de</p><p>questionamento – deverá ser demonstrada pela Mesa da Assembleia legislativa; pelos</p><p>governadores de Estado, pela confederação sindical ou entidade de classe no âmbito nacional.</p><p>Os demais autores não precisam demonstrar interesse nas discussões de</p><p>constitucionalidade da lei ou ato normativo, pois possuem legitimidade ativa universal.</p><p>6.6. Competência</p><p>Lembrar que se trata de competência originária no Supremo Tribunal Federal, em</p><p>conformidade com art. 102, I, a, da CF.</p><p>- Art. 1º da Lei 9.868/99.</p><p>6.7. Tutela de urgência</p><p>Efeitos do pedido de cautelar – por decisão da maioria absoluta de seus membros, poderá</p><p>deferir-se pedido de medida cautelar na ação declaratória de constitucionalidade, consistente na</p><p>determinação de que os juízes e os Tribunais suspendam o julgamento dos processos que</p><p>envolvam a aplicação da lei ou do ato normativo objeto da ação até seu julgamento definitivo.</p><p>Art. 21. O Supremo Tribunal Federal, por decisão da maioria absoluta de seus membros,</p><p>poderá deferir pedido de medida cautelar na ação declaratória de constitucionalidade,</p><p>consistente na determinação de que os juízes e os Tribunais suspendam o julgamento dos</p><p>Observação:</p><p>Quanto à entidade de classe de representação no âmbito nacional, há necessidade de</p><p>representação pelo menos em 9 unidades da federação, constituída pelo menos há 1 ano.</p><p>Partido político no Congresso Nacional, significa que precisa ter um Deputado Federal ou</p><p>um Senador, não há necessidade de estar presente um representante em cada casa do</p><p>Congresso.</p><p>2ª Fase Constitucional l 39º Exame de Ordem</p><p>E-book de Processo Constitucional</p><p>168</p><p>processos que envolvam a aplicação da lei ou do ato normativo objeto da ação até seu</p><p>julgamento definitivo. Parágrafo único. Concedida a medida cautelar, o Supremo Tribunal</p><p>Federal fará publicar em seção especial do Diário Oficial da União a parte dispositiva da decisão,</p><p>no prazo de dez dias, devendo o Tribunal proceder ao julgamento da ação no prazo de cento e</p><p>oitenta dias, sob pena de perda de sua eficácia.</p><p>6.8. Particularidades importantes da peça e do processo</p><p>→ Somente caberá em se tratando de Lei Federal: Art. 20 da Lei nº 9.868/99 (...)</p><p>§ 2º O relator poderá solicitar, ainda, informações aos Tribunais Superiores, aos Tribunais</p><p>federais e aos Tribunais estaduais acerca da aplicação da norma questionada no âmbito</p><p>de sua jurisdição.</p><p>→ Não há participação do Advogado-Geral da União.</p><p>→ Efeitos do pedido de cautelar – por decisão da maioria absoluta de seus</p><p>membros, poderá deferir pedido de medida cautelar na ação declaratória de</p><p>constitucionalidade, consistente na determinação de que os juízes e os Tribunais</p><p>suspendam o julgamento dos processos que envolvam a aplicação da lei ou do ato</p><p>normativo objeto da ação até seu julgamento definitivo.</p><p>→ A petição inicial é apresentada em duas vias.</p><p>→ Atenção a possibilidade de modulação temporal, conforme art. 27 da Lei</p><p>9.868/99.</p><p>→ Art. 5º Proposta a ação direta, não se admitirá desistência.</p><p>→ Art. 7º Não se admitirá intervenção de terceiros no processo de ação direta de</p><p>inconstitucionalidade, apenas a figura do amicus curiae.</p><p>→ Art. 22. A decisão sobre a constitucionalidade ou a inconstitucionalidade da lei</p><p>ou do ato normativo somente será tomada se presentes na sessão pelo menos oito</p><p>Ministros.</p><p>→ Art. 26. A decisão que declara a constitucionalidade ou a inconstitucionalidade</p><p>da lei ou do ato normativo em ação direta ou em ação declaratória é irrecorrível,</p><p>ressalvada a interposição de embargos declaratórios, não podendo, igualmente, ser objeto</p><p>de ação rescisória.</p><p>→ Art. 28 (...). A declaração de constitucionalidade ou de inconstitucionalidade,</p><p>inclusive a interpretação conforme a Constituição e a declaração parcial de</p><p>2ª Fase Constitucional l 39º Exame de Ordem</p><p>E-book de Processo Constitucional</p><p>169</p><p>inconstitucionalidade sem redução de texto, têm eficácia contra todos e efeito vinculante</p><p>em relação aos órgãos do Poder Judiciário e à Administração Pública federal, estadual e</p><p>municipal.</p><p>6.9. Formulação do pedido</p><p>Esqueleto da peça</p><p>Competência</p><p>Fundamento legal</p><p>Originária do Supremo Tribunal Federal (artigo 102, I, “a”, da Constituição</p><p>Federal).</p><p>Endereçamento Ministro Presidente do Supremo Tribunal Federal.</p><p>Partes</p><p>(ativa e passiva)</p><p>Legitimidade Ativa: artigo 103 da Constituição Federal;</p><p>Legitimidade Passiva: não há parte, não há contra quem demandar.</p><p>O que devo indicar?</p><p>(Constituir a causa</p><p>de pedir da ação)</p><p>Deve-se indicar expressamente qual o dispositivo da Lei Federal ou ato</p><p>normativo Federal da lei do ato normativo questionado e os fundamentos</p><p>jurídicos do pedido – demonstrando a controvérsia judicial;</p><p>Relatar os motivos da constitucionalidade da norma atacada por juízes e</p><p>tribunais, destacando a divergência.</p><p>Pedido</p><p>Pedido Declaração de constitucionalidade;</p><p>Intimação do Procurador-Geral da União (lembrar que não cabe do Advogado-</p><p>Geral);</p><p>Ver se é o caso de pedido cautelar determinando a suspensão de julgamentos</p><p>por juízes e tribunais sobre o objeto da controvérsia.</p><p>Outras exigências Comprovação da controvérsia judicial relevante, conforme artigo 14, § 3º, da</p><p>Constituição Federal.</p><p>2ª Fase Constitucional l 39º Exame de Ordem</p><p>E-book de Processo Constitucional</p><p>170</p><p>Caso hipotético e modelo OAB</p><p>Modelo hipotético com base na ADC 41</p><p>Essa ação ainda não foi objeto de cobrança, por isso trazemos um modelo hipotético com</p><p>base na ADC 41 que julgou constitucional a Lei 12.990 sobre cotas raciais em concursos</p><p>públicos.</p><p>Resumo:</p><p>A Lei nº 12.990/2014 determinou que deveria haver cotas para negros nos concursos</p><p>públicos federais no percentual de 20% vagas oferecidas (art. 1º da Lei). Ou seja, Órgãos,</p><p>autarquias, fundações, empresas públicas e sociedades de economia mista federais,</p><p>ligadas ao Poder Executivo, mas não abrange Estados e Municípios. Contudo, a Lei</p><p>estabelece que, para contabilizar as vagas para cotas, o número mínimo deve ser igual</p><p>ou superior a três vagas.</p><p>A OAB, legitimada Universal para o controle concentrado de constitucionalidade, adentrou</p><p>com uma Ação declaratória de constitucionalidade (ADC n. 41) e o STF julgou procedente</p><p>a ADC, declarando a constitucionalidade da Lei nº 12.990/2014, firmando o entendimento</p><p>que: “É constitucional a reserva de 20% das vagas oferecidas nos concursos públicos para</p><p>provimento de cargos efetivos e empregos públicos no âmbito da administração pública</p><p>direta e indireta”.</p><p>O art. 2º trata do critério de autodeclaração e heterodeclaração. O STF afirmou que o</p><p>critério da autodeclaração é constitucional, pois deve-se respeitar as pessoas tal como</p><p>elas se percebem. O que não impede que a Administração Pública adote um controle</p><p>heterônomo, sobretudo quando existirem fundadas razões para acreditar que houve</p><p>abuso na autodeclaração, podendo, por exemplo, constituir uma banca presencial, ou</p><p>mesmo fazer a avaliação por fotos. Fundamental é que se realize de uma forma que</p><p>respeite a dignidade humana, preservando o candidato.</p><p>2ª Fase Constitucional l 39º Exame de Ordem</p><p>E-book de Processo Constitucional</p><p>171</p><p>→ STF informativo:</p><p>Assim, acrescentou que é legítima a utilização de critérios subsidiários de</p><p>heteroidentificação para concorrência às vagas reservadas. A finalidade é combater</p><p>condutas fraudulentas e garantir que os objetivos da política de cotas sejam</p><p>efetivamente alcançados, desde que respeitada a dignidade da pessoa humana e</p><p>assegurados o contraditório e a ampla defesa. Citou, como exemplos desses</p><p>mecanismos, a exigência de autodeclaração presencial perante a comissão do</p><p>concurso, a apresentação de fotos e a formação de comissões com composição</p><p>plural para entrevista dos candidatos em momento posterior à autodeclaração. A</p><p>reserva de vagas vale para todos os órgãos e, portanto, para todos os Poderes da</p><p>União. Os Estados e os Municípios não estão obrigados por essa lei, mas serão</p><p>consideradas constitucionais as leis estaduais e municipais que adotarem essa</p><p>mesma linha. Quanto aos critérios de alternância e proporcionalidade na nomeação</p><p>dos candidatos, o Plenário exemplificou a forma correta de interpretar a lei. No caso</p><p>de haver vinte vagas, quatro seriam reservadas a negros, obedecida a seguinte</p><p>sequência de ingresso: primeiro colocado geral, segundo colocado geral, terceiro</p><p>colocado geral, quarto colocado geral, até que o quinto convocado seria o primeiro</p><p>colocado entre os negros, e assim sucessivamente. Dessa forma, evita-se colocar</p><p>os aprovados da lista geral primeiro e somente depois os aprovados por cotas.</p><p>Abaixo segue modelo de estruturação da peça de ADC com base na ADC 41 que julgou</p><p>constitucional a Lei 12.990 sobre cotas raciais em concursos públicos:</p><p>Importante:</p><p>O candidato que concorrer a vaga por cotas também poderá concorrer à vaga geral,</p><p>e, caso não obtenha a aprovação por cotas e sim pela vaga geral, sua vaga de</p><p>cotas será destinada a outro candidato, assumindo ele a vaga geral. Caso algum</p><p>candidato que passou por cotas desista da vaga, essa deverá ser destinada ao</p><p>preenchimento novamente pelas cotas.</p><p>2ª Fase Constitucional l 39º Exame de Ordem</p><p>E-book de Processo Constitucional</p><p>172</p><p>EXCELENTÍSSIMO MINISTRO PRESIDENTE DO SUPREMO TRIBUNAL</p><p>FEDERAL</p><p>PARTIDO POLÍTICO..., pessoa jurídica de direito privado, inscrito no CNPJ sob</p><p>o nº ..., endereço eletrônico ..., com sede na Rua ..., Cidade..., Estado..., CEP..., por</p><p>seu PRESIDENTE..., vem respeitosamente a este Tribunal, por intermédio de seu</p><p>procurador signatário, OAB nº..., ajuizar a presente AÇÃO DECLARATÓRIA DE</p><p>CONSTITUCIONALIDADE, com fulcro no artigo 102, inciso I, alínea “a”, da</p><p>Constituição Federal, artigo 13, da Lei nº 9.868/99, pelos fatos e fundamentos a seguir</p><p>expostos:</p><p>1) DOS FATOS</p><p>Tendo em vista a existência de julgamentos controvertidos entre tribunais sobre</p><p>a validade constitucional no que tange à aplicação, vigência e validade da lei federal</p><p>nº..., a qual versa sobre o estabelecimento de 20% de vagas de cargos públicos a</p><p>serem providos em concursos públicos para negros, pardos e indígenas, editada e</p><p>aprovada pelo Congresso Nacional, há grave insegurança jurídica, a qual deve ser</p><p>debelada por esta Ação Declaratória de Constitucionalidade.</p><p>2) DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS</p><p>2.1) Da competência</p><p>Compete ao Supremo Tribunal Federal processar e julgar Ação Declaratória de</p><p>Constitucionalidade de lei ou ato normativo federal que tenha sido objeto de</p><p>divergência judicial, exercendo, nesse caso, seu papel de guardião da Constituição,</p><p>conforme o artigo 102, inciso I, alínea “a”, da Constituição Federal.</p><p>2.2) Da Legitimidade</p><p>2ª Fase Constitucional l 39º Exame de Ordem</p><p>E-book de Processo Constitucional</p><p>173</p><p>O Partido Político ..., com representação no Congresso Nacional, é legitimado</p><p>universal, conforme artigo 103, inciso VIII, da Constituição Federal, para propositura</p><p>de Ação Declaratória de Constitucionalidade.</p><p>2.3) Do Cabimento</p><p>Trata-se de controvérsia sobre a Lei Federal X, cabendo Ação Direta de</p><p>Constitucionalidade diante de relevante controvérsia judicial sobre lei ou ato normativo</p><p>federal, fundamentada no artigo 102, inciso I, alínea “a”, da Constituição Federal e a</p><p>artigo 13 da Lei nº 9.868/99.</p><p>Os tribunais têm decidido controversamente sobre a Lei Federal X, que</p><p>estabeleceu cotas para provimentos de cargos via concurso público, atendendo,</p><p>assim, ao disposto no artigo 14, inciso III, da Lei nº 9.868/99. Alguns tribunais têm</p><p>entendido que a referida lei é constitucional, enquanto outros rejeitam a aplicação da</p><p>lei, todos com diferentes interpretações do significado de igualdade presente na</p><p>Constituição Federal.</p><p>Juntam-se decisões de diferentes tribunais, demonstrando a divergência de</p><p>interpretações, além de cópia do ato normativo questionado, nos termos do artigo 14,</p><p>parágrafo único, da Lei nº 9.868/99.</p><p>2.5) Do Direito</p><p>A Lei Federal X é considerada constitucional, porque a igualdade deve ser</p><p>entendida em conjunto com a dignidade humana presente no artigo 1º, da Constituição</p><p>Federal, bem como com as condições materiais de acesso à igualdade perante a lei</p><p>– sendo que tal ideal só pode ser alcançado de discriminação positiva conforme</p><p>inúmeros precedentes do Supremo Tribunal Federal.</p><p>Logo, pode-se perceber que a Lei X não constitui violação de conteúdo</p><p>constitucional, devendo ser declarada constitucional por este egrégio Tribunal.</p><p>2.6) Da Medida Cautelar</p><p>2ª Fase Constitucional l 39º Exame de Ordem</p><p>E-book de Processo Constitucional</p><p>174</p><p>É cabível deferimento de medida cautelar, tendo em vista presentes os</p><p>requisitos de fumus boni iuris e periculum in mora, do artigo 21, da Lei nº 9.868/99,</p><p>para fins de suspensão dos processos, em razão do julgamento uniforme no futuro e</p><p>para evitar prejuízos tanto aos candidatos como ao erário na organização dos</p><p>concursos.</p><p>3) DOS PEDIDOS</p><p>a) A juntada dos documentos comprobatórios da controvérsia judicial e do ato</p><p>normativo controverso, nos termos do artigo 14, parágrafo único, da Lei nº 9.868/99;</p><p>b) Seja deferida medida cautelar solicitada, uma vez presentes</p><p>os requisitos da</p><p>fumaça do bom direito e do perigo de demora, consoante artigo 21, da Lei nº 9.868/99;</p><p>c) Seja realizada a intimação do Procuradoria-Geral da República, nos termos</p><p>do artigo 19, da Lei nº 9.868/99 e artigo 103, parágrafo 1º, da Constituição Federal;</p><p>e) A procedência da presente ação para seja declarada constitucional.</p><p>Valor da causa R$ ..., para efeitos procedimentais.</p><p>Local ..., Data ...</p><p>Advogado ...OAB ...</p><p>2ª Fase Constitucional l 39º Exame de Ordem</p><p>E-book de Processo Constitucional</p><p>175</p><p>7. ARGUIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL – ADPF</p><p>7.1. Fundamento legal</p><p>A ADPF na Constituição Federal de 1988 está prevista no art. 102 §1º: “A arguição de</p><p>descumprimento de preceito fundamental, decorrente desta Constituição, será apreciada pelo</p><p>Supremo Tribunal Federal, na forma da lei”. É também regulada pela Lei nº 9.882/99.</p><p>Foi considerada norma de eficácia limitada do art. 102, §1º, CF/88 – até sua</p><p>regulamentação pela Lei nº 9.882/99:</p><p>[...] o Tribunal, resolvendo questão de ordem suscitada pelo Min. Néri da Silveira, relator,</p><p>negou trânsito à petição em que se postula seu conhecimento como arguição, prevista no</p><p>art. 102, §1º, da CF (‘A arguição de descumprimento de preceito fundamental, decorrente</p><p>desta Constituição, será apreciada pelo Supremo Tribunal Federal, na forma da lei’),</p><p>adotando-se para tanto, o rito da ação cível originária, ou seu conhecimento e procedência</p><p>como revisão criminal, com vistas à declaração, em qualquer das hipóteses, de nulidade</p><p>da pena imposta ao arguente pelo Senado – perda do cargo de Presidente da República</p><p>–, como órgão judiciário, em razão de sua prévia renúncia ao mandato de Presidente.</p><p>Fundou-se a decisão no fato de não ser autoaplicável o disposto no §1º do art. 102 da CF.</p><p>O preceito demanda lei regulamentadora. AgRgMS 22.427PA, DJU de 15.03.1996 e</p><p>AgRGPET 1.140, DJU de 31.05.1960.</p><p>7.2. Conceito</p><p>Ação do controle concentrado de constitucionalidade que visa combater violação de</p><p>preceito fundamental, violado por ato do poder público. Nesse sentido, para fins de ADPF, atos</p><p>do poder público incluem atos concretos e atos normativos, desde que seja observada a</p><p>característica de subsidiariedade da arguição.</p><p>• Mas o que é um preceito fundamental?</p><p>Sarlet e Mitidieiro:</p><p>Não há definição precisa do que seja preceito fundamental, porém a doutrina entende que</p><p>o conteúdo de certas normas da Constituição Federal, como as que consagram os</p><p>princípios fundamentais (arts. 1º a 4º), direitos fundamentais (art. 5º), cláusulas pétreas</p><p>(art. 60, 4º) e os princípios constitucionais sensíveis (art. 34, VIII) merecem proteção o</p><p>rótulo de preceito fundamental. (SARLET; MITIDIEIRO, Curso de Direito Constitucional)</p><p>Gilmar Mendes:</p><p>2ª Fase Constitucional l 39º Exame de Ordem</p><p>E-book de Processo Constitucional</p><p>176</p><p>O objeto da arguição de descumprimento de preceito fundamental é amplo, pois ela vem</p><p>completar o sistema de controle concentrado de constitucionalidade no STF, uma vez que</p><p>questões até então não apreciadas no âmbito concentrado, poderão ser objeto da ADPF.</p><p>Dessa forma, poderão ser objetos da ADPF os atos do poder público (art. 1º, caput),</p><p>controvérsias constitucionais com relevante fundamento sobre lei e ato normativo federal,</p><p>estadual e municipal, inclusive se anteriores à Constituição. (MENDES, Gilmar, Curso de</p><p>Direito Constitucional)</p><p>7.3. Cabimento</p><p>• Campo de atuação da ADPF:</p><p>Completude do sistema de controle de constitucionalidade brasileiro. Distinção proposta</p><p>por André Ramos Tavares em Curso de direito constitucional:</p><p>Exemplo de alguns objetos que passaram a ser sindicáveis no âmbito do controle abstrato</p><p>de constitucionalidade perante o STF:</p><p>→ Atos não normativos do Poder Público: Atos de efeito concreto; Atos</p><p>políticos; Atos normativos secundários (só cabe ADIN de atos normativos primários, ou</p><p>seja, aqueles que retiram seu fundamento de validade diretamente da CF).</p><p>→ Leis ou atos normativos municipais: (1) a ADIN só cabe para atos</p><p>normativos estaduais e federais em face da CF, (2) somente existia controle abstrato em</p><p>face da Constituição Estadual – art. 125, §2º, CF/88, (3) ou controle difuso.</p><p>→ Leis ou atos normativos anteriores à Constituição: (no caso da ADIn, o STF</p><p>entende, desde a ADIN02, rel. Paulo Brossard, que não haveria inconstitucionalidade</p><p>superveniente).</p><p>• Não é objeto de ADPF:</p><p>→ A ADPF 1/RJ “veto” não é ato do Poder Público:</p><p>No processo legislativo, o ato de vetar, por motivo de inconstitucionalidade ou de</p><p>contrariedade ao interesse público, e a deliberação legislativa de manter ou recusar o veto,</p><p>qualquer seja o motivo desse juízo, compõem procedimentos que se hão de reservar à</p><p>esfera de independência dos Poderes Políticos em apreço. 9. Não é, assim, enquadrável,</p><p>em princípio, o veto, devidamente fundamentado, pendente de deliberação política do</p><p>Poder Legislativo – que pode, sempre, mantê-lo ou recusá-lo, – no conceito de "ato do</p><p>Poder Público", para os fins do art. 1º, da Lei nº 9882/1999. Impossibilidade de intervenção</p><p>antecipada do Judiciário, – eis que o projeto de lei, na parte vetada, não é lei, nem ato</p><p>normativo, – poder que a ordem jurídica, na espécie, não confere ao Supremo Tribunal</p><p>Federal, em via de controle concentrado. 10. Arguição de descumprimento de preceito</p><p>2ª Fase Constitucional l 39º Exame de Ordem</p><p>E-book de Processo Constitucional</p><p>177</p><p>fundamental não conhecida, porque não admissível, no caso concreto, em face da</p><p>natureza do ato do Poder Público impugnado.</p><p>→ A ADPF 43/DF “projeto de emenda constitucional” não é ato do Poder</p><p>Público (relator Min. Carlos Britto):</p><p>É de se reconhecer, contudo, que a proposta de emenda constitucional não se insere na</p><p>qualidade de ato do Poder Público, porquanto este pressupõe algo já definido (pronto e</p><p>acabado, portanto), enquanto que aquela se revela como um ato normativo in fieri. Logo,</p><p>suscetível de alterações.</p><p>→ Súmulas vinculantes: também existem meios próprios para revisar ou</p><p>cancelar, portanto, não serão objeto de ADPF.</p><p>→ Quanto as divergências entre doutrina e Jurisprudência do STF em</p><p>relação a possibilidade de ADPF em se tratando de atos normativos secundários:</p><p>O STF tem reiterado sua jurisprudência que não reconhece a possibilidade de</p><p>controle concentrado de atos que consubstanciam mera ofensa reflexa à Constituição, tais</p><p>como o ato regulamentar, por entender que a ofensa a constitucionalidade seria</p><p>meramente reflexa.</p><p>A resolução e o regulamento constituem exemplos de atos normativos secundários que</p><p>não criam direitos , os quais, assim, devem corresponder à lei. Bem por isso, caso não</p><p>estejam de acordo com a lei a que devem respeito, antes de abrirem ensejo ao controle</p><p>de constitucionalidade, instauram conflito de legalidade. Como consequência prática</p><p>inviabilizam a ação direta de inconstitucionalidade. SARLET, I. W.; MARINONI, L. G.;</p><p>MITIDIERO, D. Curso de Direito Constitucional. Ed. 10. São Paulo: Saraiva, 2021. p. 466.</p><p>Na obra de Sarlet e Mitidieiro (2021), através da posição de Clémerson Clève,</p><p>deveria se questionar essa impossibilidade de utilização da ADPF para atos normativos</p><p>secundários, pois também é possível que um decreto regulamentar viole a Constituição,</p><p>a exemplo quando deixar de observar os princípios da reserva legal, da supremacia da lei</p><p>e da separação dos Poderes. Apesar de concordarmos com essa posição, a</p><p>jurisprudência do STF tem reafirmado a impossibilidade de controle de atos normativos</p><p>secundários via ADPF.</p><p>No mesmo sentido, André Ramos Tavares (2021) entende que o ato do Poder</p><p>Público, descrito no art. 1 da Lei 9.882/99, abrange os atos normativos secundários,</p><p>2ª Fase Constitucional l 39º Exame de Ordem</p><p>E-book de Processo Constitucional</p><p>178</p><p>portanto, não há justificativa plausível, cumprido o requisito da subsidiariedade, para não</p><p>de admitir uma ADPF:</p><p>Decisão bastante controvertida do STF de cabimento de ADPF:</p><p>Posição do STF em relação a uma Lei Estadual que confrontou uma emenda</p><p>Constitucional – no caso em tela – o STF admitiu uma ADPF para declarar não</p><p>recepcionada uma Lei de 1994 que era incompatível com a Emenda Constitucional de</p><p>1998.</p><p>No caso da ADPF 97 PA STF julgou parcialmente procedente a ação para declarar não</p><p>recepcionado, pela Emenda Constitucional nº 19/1998, o art. 65 da Lei Complementar nº</p><p>22/1999, do Estado do Pará, em sua segunda parte, onde estabelece a vinculação</p><p>remuneratória vedada por meio da expressão “correspondendo a de maior nível ao</p><p>vencimento de Procurador do Estado de último nível.” Ausentes, justificadamente, os</p><p>Ministros Celso de Mello e Cármen Lúcia."</p><p>• Subsidiariedade:</p><p>Art. 4º da Lei 9.882/99 (...)</p><p>§ 1º Não será admitida arguição de descumprimento de preceito fundamental quando</p><p>houver qualquer outro meio eficaz de sanar a lesividade.</p><p>→ Doutrina contempla duas possibilidades interpretativas:</p><p>1) Eficácia no sentido amplo: o “outro meio eficaz” incluiria todas as vias</p><p>processuais (qualquer ação individual ou coletiva);</p><p>2) Eficácia no sentido estrito: busca-se a equivalência somente no âmbito do</p><p>controle abstrato-concentrado de constitucionalidade. Prevalece: caberá ADPF</p><p>quando não for caso de ADI e ADC.</p><p>→ Princípio da Subsidiariedade – mudança efetiva de orientação ADPF</p><p>33/PA, relator Min. Gilmar Mendes:</p><p>De uma perspectiva estritamente subjetiva, a ação somente poderia ser proposta se já se</p><p>tivesse verificado a exaustão de todos os meios eficazes de afastar a lesão no âmbito</p><p>judicial. Uma leitura mais cuidadosa há de revelar, porém, que na análise sobre a eficácia</p><p>da proteção de preceito fundamental nesse processo deve predominar um enfoque</p><p>objetivo ou de proteção da ordem constitucional objetiva. Em outros termos, o princípio da</p><p>subsidiariedade – inexistência de outro meio eficaz de sanar a lesão –, contido no § 1º do</p><p>art. 4º da Lei nº 9.882, de 1999, há de ser compreendido no contexto da ordem</p><p>constitucional global.</p><p>2ª Fase Constitucional l 39º Exame de Ordem</p><p>E-book de Processo Constitucional</p><p>179</p><p>7.4. Espécies. As modalidades de ADPF e suas polêmicas</p><p>1) Autônoma:</p><p>Qualquer ato normativo ou outros atos do poder público que não sejam normativos, como</p><p>atos administrativos, e até mesmo atos praticados por particulares que sejam comparados por</p><p>atos praticados por autoridades públicas, que descumprirem preceito fundamental,</p><p>demonstrando a tentativa de maior abrangência dessa ação do controle concentrado de</p><p>constitucionalidade.</p><p>2) Incidental:</p><p>O STF limita-se a apreciar a questão constitucional, dando-lhe solução adequada sem se</p><p>manifestar sobre objeto principal relativo ao caso concreto e pendente de julgamento pelos</p><p>órgãos judiciários. Teria seu fundamento na Lei nº 9.882/99: Parágrafo único. Caberá também</p><p>arguição de descumprimento de preceito fundamental: I – quando for relevante o fundamento da</p><p>controvérsia constitucional sobre lei ou ato normativo federal, estadual ou municipal, incluídos os</p><p>anteriores à Constituição. (SARLET; MITIDIEIRO)</p><p>Destaca-se, na ADPF incidental, a conotação acerca da aplicação de lei ou ato de poder</p><p>público em face de um preceito constitucional fundamental. Para boa parte da doutrina, seriam</p><p>aplicadas as mesmas regras destinadas à ADPF autônoma no que toca a legitimidade,</p><p>competência, procedimento, medida liminar, objeto, decisão e seus efeitos, com algumas</p><p>observações. Então, poder-se-ia perguntar: qual o fundamento de se falar em ADPF incidental?</p><p>Defendem que nessa modalidade torna-se possível o trânsito direto e imediato ao STF de uma</p><p>questão constitucional relevante que está sendo objeto de análise e discussão ainda em</p><p>instâncias judiciais ordinárias sobre interpretação e aplicação de um preceito constitucional</p><p>fundamental. A postura do STF nesse caso, estaria limitada a análise do descumprimento em</p><p>sede de incidente e não sobre objeto principal relativo e ao caso concreto no qual fica a cargo</p><p>das instâncias ordinárias seu julgamento. A questão chave para permitir essa passagem de certa</p><p>forma do controle difuso ao controle concentrado é da "relevância" da controvérsia</p><p>constitucional”, seja pela existência de uma repercussão geral, ou pela existência de um grande</p><p>número de processos a serem julgados ou pelo apelo político, jurídico e mesmo social da questão</p><p>envolvida. (TAVARES)</p><p>Parte da doutrina se divide no sentido de que veto do Presidente ao art. 2º, II teria ou não</p><p>“ferido de morte” a ADPF incidental, em relação aos legitimados de sua propositura: Corrente 1</p><p>2ª Fase Constitucional l 39º Exame de Ordem</p><p>E-book de Processo Constitucional</p><p>180</p><p>– majoritária: aplica-se os mesmos legitimados. Essa tem sido a postura do STF. Corrente 2:</p><p>como não vetou o art. 1º parágrafo único, caberia a qualquer parte do processo ingressar com a</p><p>ação perante o STF.</p><p>7.5. Titularidade: legitimidade ativa e passiva</p><p>Logo acima foi tratado que os legitimados serão do art. 103 da Constituição, e sempre se</p><p>tem que ter o cuidado de identificar os legitimados universais e aqueles que deverão demonstrar</p><p>pertinência temática!</p><p>Legitimidade passiva é do poder público causador da lesão a preceito fundamental da</p><p>Constituição Federal.</p><p>[...] a Lei nº 9.882/99 não conferiu legitimidade aos Prefeitos Municipais, nem tampouco</p><p>às Mesas de Câmaras Municipais ou qualquer entidade pública ou privada de âmbito</p><p>municipal, para manejarem o novo instrumento. Resta saber a quem interessará deflagrar,</p><p>via arguição de descumprimento de preceito fundamental, a jurisdição da Suprema Corte</p><p>para o exercício do controle de constitucionalidade de leis e atos normativos municipais.</p><p>Espera-se que a Lei nº 9.882/99 não tenha criado – como diria Barbosa Moreira – um sino</p><p>sem badalo. BINENBOJM, Gustavo. (A nova jurisdição constitucional brasileira, p.</p><p>213214.)</p><p>Os legitimados para propor a ADPF estão descritos também no art. 103 da Constituição</p><p>Federal e art. 2º da Lei 9.882/99. Importante que na peça sempre seja descrito se se trata de um</p><p>legitimado universal ou de um legitimado que deva demostrar pertinência temática. Lembrar que,</p><p>como se trata de processo objetivo de controle de lei em tese, não se fala em sujeitos passivos.</p><p>Também se destaca o art. 2º da Lei 9.882/99.</p><p>O rol taxativo de legitimados ativos consta do art. 103 da CF:</p><p>Art. 103 da CF (...)</p><p>I – O Presidente da República;</p><p>II – A Mesa do Senado Federal;</p><p>III – A Mesa da Câmara dos Deputados;</p><p>IV – A Mesa de Assembleia Legislativa ou da Câmara Legislativa do Distrito Federal;</p><p>V – O Governador de Estado ou do Distrito Federal;</p><p>VI – O Procurador-Geral da República;</p><p>VII – O Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil;</p><p>VIII – Partido político com representação no Congresso Nacional;</p><p>IX – Confederação sindical ou entidade de classe de âmbito nacional</p><p>2ª Fase Constitucional l 39º Exame de Ordem</p><p>E-book de Processo Constitucional</p><p>181</p><p>• Legitimados universais x pertinência temática:</p><p>Alguns autores deverão demonstrar o interesse no tema da discussão, o que ficou</p><p>conhecido como pertinência temática. Essa pertinência – relação com a matéria objeto de</p><p>questionamento – deverá ser demonstrada pela Mesa da Assembleia legislativa; pelos</p><p>governadores de Estado, pela confederação sindical ou entidade de classe no âmbito nacional.</p><p>Os demais autores não precisam demonstrar interesse nas discussões de</p><p>constitucionalidade da lei ou ato normativo, pois possuem legitimidade ativa universal.</p><p>7.6. Competência</p><p>Lembrar que se trata de competência originária no Supremo Tribunal Federal, em</p><p>conformidade com artigo 102, inciso I, alínea “a”, da Constituição Federal.</p><p>- Art. 1º da Lei 9.882/99.</p><p>7.7. Tutela de urgência</p><p>Caberá pedido de liminar presentes os requisitos do periculum in mora e</p><p>fumus boni iuris,</p><p>podendo consistir na suspensão dos processos, suspensão das decisões judiciais, ou mesmo</p><p>do ato que esteja violando o preceito fundamental.</p><p>Art. 5º O Supremo Tribunal Federal, por decisão da maioria absoluta de seus membros,</p><p>poderá deferir pedido de medida liminar na argüição de descumprimento de preceito</p><p>fundamental. § 1º Em caso de extrema urgência ou perigo de lesão grave, ou ainda, em</p><p>período de recesso, poderá o relator conceder a liminar, ad referendum do Tribunal Pleno.</p><p>§ 2º O relator poderá ouvir os órgãos ou autoridades responsáveis pelo ato questionado,</p><p>bem como o Advogado-Geral da União ou o Procurador-Geral da República, no prazo</p><p>comum de cinco dias. § 3º A liminar poderá consistir na determinação de que juízes e</p><p>tribunais suspendam o andamento de processo ou os efeitos de decisões judiciais, ou de</p><p>qualquer outra medida que apresente relação com a matéria objeto da arguição de</p><p>descumprimento de preceito fundamental, salvo se decorrentes da coisa julgada.</p><p>Observação:</p><p>Quanto à entidade de classe de representação no âmbito nacional, há necessidade de</p><p>representação pelo menos em 9 unidades da federação, constituída pelo menos há 1 ano.</p><p>Partido político no Congresso Nacional, significa que precisa ter um Deputado Federal ou</p><p>um Senador, não há necessidade de estar presente um representante em cada casa do</p><p>Congresso.</p><p>2ª Fase Constitucional l 39º Exame de Ordem</p><p>E-book de Processo Constitucional</p><p>182</p><p>7.8. Particularidades da peça e do processo</p><p>→ Pedido de medida liminar na arguição de descumprimento de preceito</p><p>fundamental, no caso de extrema urgência ou perigo de lesão grave, ou ainda, em período</p><p>de recesso, poderá o relator conceder a liminar, ad referendum do Tribunal Pleno.</p><p>→ Fungibilidade: A questão da fungibilidade aplicada ao controle concentrado é</p><p>possível de ocorrer, com base em precedentes como ADPF 72 e 78. O caso trata de ADPF</p><p>irregularmente proposta pudesse ser recebida (reaproveitada) para tramitar na condição</p><p>de uma ADI. Da mesma forma, uma ADI também proposta irregularmente poderia ser</p><p>reaproveitada como uma ADPF, desde que fundado em dúvida razoável, superando o</p><p>arquivamento imediato. Diferente será a postura do STF se o erro for grosseiro.</p><p>AÇÕES DO CONTROLE CONCENTRADO DE CONSTITUCIONALIDADE STF.</p><p>ADPF: fungibilidade e erro grosseiro VEJA ADPF 314 DO STF: O Plenário</p><p>desproveu agravo regimental em arguição de descumprimento de preceito</p><p>fundamental, na qual se discutia a inconstitucionalidade por omissão relativa à Lei</p><p>12.865/2013. ADPF 314 AgR/DF, rel. Min. Marco Aurélio, 11.12.2014. (ADPF314)</p><p>→ Art. 8º A decisão sobre a arguição de descumprimento de preceito fundamental</p><p>somente será tomada se presentes na sessão pelo menos dois terços dos Ministros.</p><p>Atenção:</p><p>Resultado liminar na ADI 2231 suspendeu (não revogou) o parágrafo 3º do art. 5º da Lei</p><p>9882/99 Aguardando Julgamento Decisão Plenária da Liminar Depois do voto do Senhor</p><p>Ministro Néri da Silveira, Relator, deferindo, em parte, a medida liminar, com relação ao</p><p>inciso 00I do parágrafo único do artigo 001 º da Lei nº 9882, de 03 de dezembro de 1999,</p><p>para excluir, de sua aplicação, controvérsia constitucional concretamente já posta em</p><p>juízo, bem como deferindo, na totalidade, a liminar, para suspender o § 003 º do artigo</p><p>005 º da mesma lei, sendo em ambos os casos o deferimento com eficácia ex nunc e até</p><p>final julgamento da ação direta, pediu vista o Senhor Ministro Sepúlveda Pertence.</p><p>Ausentes, justificadamente, neste julgamento, os Senhores Ministros Nelson Jobim, Ilmar</p><p>Galvão e Marco Aurélio, Presidente. Falou, pela Advocacia-Geral da União, o Dr. Gilmar</p><p>Ferreira Mendes. Presidiu o julgamento o Senhor Ministro Moreira Alves. – Plenário,</p><p>05.12.2001.</p><p>2ª Fase Constitucional l 39º Exame de Ordem</p><p>E-book de Processo Constitucional</p><p>183</p><p>→ Art. 10. Julgada a ação, far-se-á comunicação às autoridades ou órgãos</p><p>responsáveis pela prática dos atos questionados, fixando-se as condições e o modo de</p><p>interpretação e aplicação do preceito fundamental.</p><p>→ § 1º O presidente do Tribunal determinará o imediato cumprimento da decisão,</p><p>lavrando-se o acórdão posteriormente. (...)</p><p>→ § 3º A decisão terá eficácia contra todos e efeito vinculante relativamente aos</p><p>demais órgãos do Poder Público.</p><p>→ Art. 11. Ao declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo, no processo</p><p>de arguição de descumprimento de preceito fundamental, e tendo em vista razões de</p><p>segurança jurídica ou de excepcional interesse social, poderá o Supremo Tribunal</p><p>Federal, por maioria de dois terços de seus membros, restringir os efeitos daquela</p><p>declaração ou decidir que ela só tenha eficácia a partir de seu trânsito em julgado ou de</p><p>outro momento que venha a ser fixado.</p><p>→ Art. 12. A decisão que julgar procedente ou improcedente o pedido em arguição</p><p>de descumprimento de preceito fundamental é irrecorrível, não podendo ser objeto de</p><p>ação rescisória.</p><p>→ Art. 13. Caberá reclamação contra o descumprimento da decisão proferida pelo</p><p>Supremo Tribunal Federal, na forma do seu Regimento Interno.</p><p>7.9. Formulação do pedido</p><p>Esqueleto da peça</p><p>Competência</p><p>Fundamento legal</p><p>Originária do Supremo Tribunal Federal (artigo 102, § 1.º, Constituição</p><p>Federal).</p><p>Endereçamento Ministro Presidente do Colendo Supremo Tribunal Federal.</p><p>Partes</p><p>(ativa e passiva)</p><p>Legitimidade ativa: (art. 103, Constituição Federal e artigo 2º, I, da Lei nº</p><p>9.868/99 – cuidar a pertinência temática);</p><p>Legitimidade passiva: poder público causador da lesão a preceito</p><p>fundamental da Constituição Federal.</p><p>2ª Fase Constitucional l 39º Exame de Ordem</p><p>E-book de Processo Constitucional</p><p>184</p><p>O que devo indicar?</p><p>(Constituir a causa</p><p>de pedir da ação)</p><p>Demonstrar a violação à preceito fundamental e que cumpre a exigência da</p><p>subsidiariedade, explanando que não é causa de ADI e ADC.</p><p>Requerimentos</p><p>e Pedido</p><p>Intimação do Advogado-Geral da União e do Procurador-Geral da República;</p><p>Intimação do órgão/autoridade responsável pela lei/ato normativo;</p><p>Pedido de liminar se for o caso;</p><p>Declarar o descumprimento de preceito fundamental violador da Constituição.</p><p>Outras informações Trata-se de ação do controle concentrada residual/subsidiária.</p><p>Caso hipotético e modelo OAB</p><p>Exame de Ordem XXV (Porto Alegre/RS) - Peça Prático-Profissional</p><p>Enunciado:</p><p>O Município Alfa, situado na área de fronteira do território brasileiro, passou a receber</p><p>intenso fluxo de imigrantes, fruto de graves complicações políticas e humanitárias</p><p>ocorridas em país vizinho. Em razão desse fluxo, ocorreu um aumento exponencial da</p><p>população em situação de rua, os serviços públicos básicos tiveram a sua capacidade</p><p>operacional saturada e verificou-se um grande aumento nos índices de criminalidade.</p><p>Para evitar o agravamento desse quadro, a Câmara Municipal aprovou e o Prefeito</p><p>Municipal sancionou a Lei nº 123/2018, que vedou o ingresso de novos imigrantes, no</p><p>território do Município, pelo período de 12 (doze) meses, e fixou o limite máximo para a</p><p>população flutuante, de modo que o referido ingresso seria obstado sempre que alcançado</p><p>esse limite. Além disso, foi previsto que a contratação de imigrantes estaria condicionada</p><p>à prévia aprovação da Secretaria Municipal do Trabalho, que avaliaria a proporção entre</p><p>o quantitativo de trabalhadores nacionais e estrangeiros, podendo autorizá-la, ou não.</p><p>2ª Fase Constitucional l 39º Exame de Ordem</p><p>E-book de Processo Constitucional</p><p>185</p><p>Ao tomar conhecimento da entrada em vigor da Lei nº 123/2018, o Partido Político Beta,</p><p>que somente conta com representantes na Câmara dos Deputados, entendeu que ela</p><p>seria dissonante de comandos estruturais da Constituição da República Federativa do</p><p>Brasil, submetendo os imigrantes a uma situação vexatória. Não bastasse isso, a</p><p>aplicação da Lei nº 123/2018, ao conferir prioridade para os nacionais</p><p>nas relações de</p><p>trabalho, acirrara os ânimos no Município Alfa, que passou a ser palco de conflitos diários.</p><p>À luz desse quadro, o Partido Político Beta contratou os seus serviços como advogado,</p><p>para que ingressasse com a medida judicial cabível, perante o Tribunal Superior</p><p>competente, de modo a obstar a aplicação da Lei nº 123/2018 do Município Alfa. (Valor:</p><p>5,00)</p><p>Obs.: a peça deve abranger todos os fundamentos de Direito que possam ser utilizados</p><p>para dar respaldo à pretensão. A simples menção ou transcrição do dispositivo legal não</p><p>confere pontuação.</p><p>Gabarito:</p><p>Abaixo segue modelo de estruturação da peça de ADPF cobrada no EXAME DE ORDEM</p><p>XXV PORTO ALEGRE / RS</p><p>2ª Fase Constitucional l 39º Exame de Ordem</p><p>E-book de Processo Constitucional</p><p>186</p><p>EXCELENTÍSSIMO MINISTRO PRESIDENTE DO SUPREMO TRIBUNAL</p><p>FEDERAL</p><p>PARTIDO POLÍTICO BETA, com representação no Congresso Nacional,</p><p>legitimado universal para a propositura a presente ação, pessoa jurídica de direito</p><p>privado, inscrito no CNPJ sob o n°..., com sede na Rua..., n°..., Bairro..., Cidade...,</p><p>Estado..., CEP..., representado por seu PRESIDENTE..., vem respeitosamente a</p><p>este Tribunal, por intermédio de seu procurador signatário, OAB nº..., ajuizar a</p><p>presente, ARGUIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL,</p><p>com base no artigo 102, parágrafo 1º, da Constituição Federal, artigo 1°, parágrafo</p><p>único, inciso I, e artigo 5°, parágrafo 1º, ambos da Lei nº 9.882/99, em face da</p><p>CÂMARA MUNICIPAL DO MUNICÍPIO ALFA, pessoa jurídica de direito público,</p><p>inscrito no CNPJ sob o n°..., com sede na Rua..., n°..., Bairro..., Cidade..., Estado...,</p><p>CEP..., PREFEITO DO MUNICÍPIO ALFA, autoridade pública..., inscrito no CPF sob</p><p>o n°..., endereço eletrônico..., residente e domiciliado na Rua..., n°..., Bairro...,</p><p>Cidade..., Estado..., CEP..., ambos vinculados ao MUNICÍPIO ALFA, pessoa jurídica</p><p>de direito público, inscrito no CNPJ sob o n°..., endereço eletrônico..., com sede na</p><p>Rua..., n°..., Bairro..., Cidade..., Estado..., CEP..., pelos fatos e fundamentos a seguir</p><p>expostos.</p><p>1) DOS FATOS</p><p>A Câmara Municipal aprovou e o Prefeito Municipal Alfa sancionou a Lei</p><p>123/2018 que vedou o ingresso de novos imigrantes, no território do Município, fixou</p><p>o limite máximo para a população; além disso, foi previsto que a contratação de</p><p>imigrantes estaria condicionada à prévia aprovação da Secretaria Municipal do</p><p>Trabalho. O Partido Político Beta, irresignado com a dissonância da referida lei com</p><p>a Constituição Federal, ajuizou a presente demanda para obstar a aplicação da Lei</p><p>nº 123/2018.</p><p>2ª Fase Constitucional l 39º Exame de Ordem</p><p>E-book de Processo Constitucional</p><p>187</p><p>2) DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS</p><p>2.1) Da Competência</p><p>Compete ao Supremo Tribunal Federal exercer seu papel de guardião da</p><p>Constituição, ao processar e julgar Lei Municipal que descumpriu preceito</p><p>fundamental, afrontando diretamente conteúdo constitucional, conforme determina</p><p>artigo 102, parágrafo 1º, da Constituição Federal e artigo 1°, caput, da Lei nº</p><p>9.882/99.</p><p>2.2) Da Legitimidade</p><p>Partido Político Beta com representação no Congresso nacional é legitimado</p><p>ativo e goza de legitimidade universal para a propositura de Ação de Arguição de</p><p>Descumprimento de Preceito Fundamental, consoante artigo 103, inciso VIII, da</p><p>Constituição Federal e artigo 2º, inciso I, da Lei nº 9.882/99.</p><p>A Câmara de Vereadores do Município Alfa, o Prefeito do Município Alfa e o</p><p>Município Alfa são legitimados passivos, pois são os responsáveis pela norma</p><p>violadora que confronta a Constituição Federal, conforme artigo 1º, da Lei nº</p><p>9.882/99, por tratar-se de ato do poder público.</p><p>2.3) Do Cabimento</p><p>Cabe Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental como única</p><p>ação de controle concentrado de constitucionalidade cabível contra norma municipal</p><p>que fere dispositivos da Constituição Federal, nos termos do artigo 102, parágrafo</p><p>1º, da Constituição Federal, artigo 1°, parágrafo único, inciso I, da Lei nº 9.882/99.</p><p>Para cabimento da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental, é</p><p>necessário que não exista outro meio devidamente eficaz para sanar a lesividade.</p><p>No caso em tela, não cabe ação direta de inconstitucionalidade de lei municipal frente</p><p>à Constituição Federal com competência no Supremo Tribunal Federal. Desta forma,</p><p>tem-se demonstrado o requisito de subsidiariedade, conforme dispõe artigo 4º,</p><p>parágrafo 1º, da Lei nº 9.882/99.</p><p>2ª Fase Constitucional l 39º Exame de Ordem</p><p>E-book de Processo Constitucional</p><p>188</p><p>2.5) Do Direito</p><p>A Lei Municipal 123/2018 violou a competência legislativa privativa da União</p><p>para legislar sobre emigração e imigração, entrada, extradição e expulsão de</p><p>estrangeiros, nos termos do artigo 22, inciso XV, da Constituição Federal, e a</p><p>competência legislativa privativa da União para legislar sobre Direito do Trabalho,</p><p>nos termos do artigo 22, inciso I, da Constituição Federal. Violou também o direito</p><p>social ao trabalho, previsto no artigo 6º, da Constituição Federal, que foi restringido</p><p>aos estrangeiros e a dignidade da pessoa humana, prevista no artigo 1º, inciso III,</p><p>da Lei nº 9.882/99, pois, ao serem impedidos de trabalhar, os estrangeiros não</p><p>poderão garantir sua subsistência. Assim, restou evidenciada a violação da Lei</p><p>Municipal 123/2018 a diversos preceitos fundamentais descritos na Constituição</p><p>Federal, conforme exigência do artigo 3º, inciso I e II, da Lei nº 9.882/99.</p><p>2.6) Da Medida Liminar</p><p>Estão presentes os requisitos necessários à concessão da medida Liminar, o</p><p>fumus bonis iuris, pela afronta aos preceitos fundamentais, e a plausibilidade do</p><p>direito e o periculum in mora, pois há urgência devido ao perigo de lesão grave, caso</p><p>a Lei nº 123/2018 permaneça em vigor em razão da submissão dos imigrantes a</p><p>situação vexatória e a ocorrência de conflitos diários no Município Alfa, conforme</p><p>previsão legal do artigo 5°, parágrafo 3°, da Lei nº 9.882/99.</p><p>3) DOS PEDIDOS</p><p>a) A juntada da documentação que prova a violação do preceito fundamental,</p><p>conforme artigo 3º, inciso III, da Lei nº 9.882/99;</p><p>b) A concessão da medida liminar para determinar a suspensão dos efeitos</p><p>da Lei nº 123/2018, nos moldes do artigo 5º, parágrafo 3°, da Lei nº 9.882/99;</p><p>c) Intimação do Advogado-Geral da União para se manifestar, consoante</p><p>artigo 5º, parágrafo 2º, da Lei nº 9.882/99;</p><p>2ª Fase Constitucional l 39º Exame de Ordem</p><p>E-book de Processo Constitucional</p><p>189</p><p>d) Intimação do Procurador-Geral da República, consoante artigo 5º,</p><p>parágrafo 2º, da Lei nº 9.882/99;</p><p>e) A notificação da Câmara Municipal e do Prefeito Municipal, para se</p><p>manifestarem no processo, nos termos do artigo 5º, parágrafo 2º, da Lei nº 9.882/99;</p><p>f) A procedência da arguição de descumprimento de preceito fundamental</p><p>para que seja reconhecida a inconstitucionalidade da Lei nº 123/2018, nos termos</p><p>do artigo 10, da Lei nº 9.882/99.</p><p>Valor da causa R$ ..., para efeitos procedimentais.</p><p>Local..., data...</p><p>Advogado... OAB...</p><p>2ª Fase Constitucional l 39º Exame de Ordem</p><p>E-book de Processo Constitucional</p><p>190</p><p>RECURSOS PARA A PROVA DE CONSTITUCIONAL</p><p>1. RECURSO EXTRAORDINÁRIO</p><p>1.1. Fundamentação legal</p><p> Artigo 102, inciso III, da CF:</p><p>III – julgar, mediante recurso extraordinário, as causas decididas em única ou última</p><p>instância, quando a decisão recorrida:</p><p>a) contrariar dispositivo desta Constituição;</p><p>b) declarar a inconstitucionalidade de tratado ou lei federal;</p><p>c) julgar válida lei ou ato de governo local contestado em face desta Constituição.</p><p>d) julgar válida lei local contestada em face de lei federal.</p><p>• Vejamos:</p><p>→ A alínea "a" é a reserva: Use para quando a situação não se amoldar a</p><p>nenhuma das outras alíneas.</p><p>→ Alínea "b": Quando se declara a inconstitucionalidade de tratado ou lei federal.</p><p>→ Alínea "c": Quando a discussão</p><p>é sobre lei municipal ou estadual.</p><p>→ Alínea "d": Quando a discussão é sobre a competência constitucional do</p><p>Estado ou Município para editar determinada Lei, a qual afastaria lei federal.</p><p> Art. 1.029 do Código de Processo Civil.</p><p>1.2. Hipóteses de cabimento</p><p>Além de ser um tribunal constitucional e político, o STF é um tribunal voltado à</p><p>preservação supremacia da Constituição. Analisa, além disso, ações originárias e recursos com</p><p>discussão de fato. O caráter de preservador da supremacia constitucional é encontrado no</p><p>Recurso Extraordinário.</p><p>Trata-se de um recurso cuja finalidade é, precisamente, a manutenção da supremacia</p><p>constitucional. O STF não funciona nesse sentido, como uma terceira ou quarta instância</p><p>eventualmente, antes pelo contrário, exerce o papel de guarda da Constituição, manifestando-</p><p>se soberanamente sobre ela. Motivo pelo qual, não se pode dizer que os recursos extraordinários</p><p>2ª Fase Constitucional l 39º Exame de Ordem</p><p>E-book de Processo Constitucional</p><p>191</p><p>são meios de reforma e conserto dos julgados pelas instâncias inferiores, em verdade, sua</p><p>preocupação deve ser com questões objetivas, extraídas da subjetividade da causa. (TAVARES,</p><p>André Ramos. Curso de Direito Constitucional)</p><p>• Vejamos o significado das hipóteses previstas no art. 102, III da CF:</p><p>→ A alínea "a" é a reserva: Use para quando a situação não se amoldar a</p><p>nenhuma das outras alíneas. Todas as situações poderiam ser resumidas como violação</p><p>à Constituição. (lembrando que não pode ser violação indireta, como ofensa à legalidade).</p><p>→ Alínea "b": Quando se declara a inconstitucionalidade de tratado ou lei federal.</p><p>No primeiro caso, a decisão contraria literalmente dispositivo na CF. No segundo caso,</p><p>algum tribunal inferior declarou a inconstitucionalidade de tratado ou lei federal (via</p><p>concreta e difusa) – declaração esta que deverá ser confirmada pelo tribunal.</p><p>→ Alínea "c": Quando a discussão é sobre lei municipal ou estadual. A terceira</p><p>hipótese envolve situação na qual o tribunal de origem julga válida lei local, isto é, lei</p><p>estadual ou municipal, a qual tem sua constitucionalidade contestada. Finalmente, a última</p><p>hipótese tem a ver com a competência para edição de determinados atos: o tribunal</p><p>verificará qual norma, se local ou federal, é constitucional observando as regras de</p><p>competência.</p><p>→ Alínea "d": Quando a discussão é sobre a competência constitucional do</p><p>Estado ou Município para editar determinada Lei, a qual afastaria lei federal.</p><p>Também é imprescindível a observância da Súmula 279 do STF: Para simples reexame</p><p>de prova não cabe recurso extraordinário.</p><p>Atenção!</p><p>A contrariedade a Constituição para fins de recurso extraordinário deverá ser direta, não</p><p>cabendo na hipótese de contrariedade reflexa ou indireta: “Art. 1.033. Se o Supremo</p><p>Tribunal Federal considerar como reflexa a ofensa à Constituição afirmada no recurso</p><p>extraordinário, por pressupor a revisão da interpretação de lei federal ou de tratado,</p><p>remetê-lo-á ao Superior Tribunal de Justiça para julgamento como recurso especial”.</p><p>2ª Fase Constitucional l 39º Exame de Ordem</p><p>E-book de Processo Constitucional</p><p>192</p><p>1.3. Recorrente e recorrido</p><p>→ Recorrente: qualquer demandante que verificar que a decisão judicial da sua</p><p>decidida em única ou última instancia, contraria um ou vários dispositivos do artigo 102,</p><p>III, “a” e “d”, da Constituição Federal.</p><p>→ Recorrido: da parte oposta na causa que se benefício da decisão.</p><p>1.4. Competência</p><p>Compete ao Supremo Tribunal Federal, apreciação do recurso extraordinário, em</p><p>conformidade com art.102, III da CF. Deve-se direcionar ao Ministro Presidente do Supremo</p><p>Tribunal Federal.</p><p>Ainda: “Art. 1.029 do CPC: O recurso extraordinário e o recurso especial, nos casos</p><p>previstos na Constituição Federal, serão interpostos perante o presidente ou o vice-presidente</p><p>do tribunal recorrido, em petições distintas que conterão:” (...)</p><p>1.5. Particularidades da peça recursal e do processo: especial atenção à</p><p>repercussão geral no recurso extraordinário</p><p>• O que deve conter na petição?</p><p>São requisitos usuais de qualquer recurso:</p><p>Art. 1.029 do CPC: O recurso extraordinário e o recurso especial, nos casos previstos na</p><p>Constituição Federal, serão interpostos perante o presidente ou o vice-presidente do</p><p>tribunal recorrido, em petições distintas que conterão:</p><p>I – a exposição do fato e do direito;</p><p>II – a demonstração do cabimento do recurso interposto;</p><p>III – as razões do pedido de reforma ou de invalidação da decisão recorrida.</p><p>O STF poderá desconsiderar certos vícios considerados leves nos recursos:</p><p>Art. 1.029 do CPC: O recurso extraordinário e o recurso especial, nos casos previstos na</p><p>Constituição Federal, serão interpostos perante o presidente ou o vice-presidente do</p><p>tribunal recorrido, em petições distintas que conterão:</p><p>(...)</p><p>2ª Fase Constitucional l 39º Exame de Ordem</p><p>E-book de Processo Constitucional</p><p>193</p><p>3º O Supremo Tribunal Federal ou o Superior Tribunal de Justiça poderá desconsiderar</p><p>vício formal de recurso tempestivo ou determinar sua correção, desde que não o repute</p><p>grave.</p><p>Quando existir controvérsia unicamente de direito e possibilidade de tratamento não</p><p>isonômico pela variedade de decisões, será possível suscitar o incidente de resolução de</p><p>demandas repetitivas, sendo que o STF poderá estender a decisão a todo território nacional.</p><p>Art. 1.029 do CPC: O recurso extraordinário e o recurso especial, nos casos previstos na</p><p>Constituição Federal, serão interpostos perante o presidente ou o vice-presidente do</p><p>tribunal recorrido, em petições distintas que conterão:</p><p>(...)</p><p>§ 4º Quando, por ocasião do processamento do incidente de resolução de demandas</p><p>repetitivas, o presidente do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça</p><p>receber requerimento de suspensão de processos em que se discuta questão federal</p><p>constitucional ou infraconstitucional, poderá, considerando razões de segurança jurídica</p><p>ou de excepcional interesse social, estender a suspensão a todo o território nacional, até</p><p>ulterior decisão do recurso extraordinário ou do recurso especial a ser interposto.</p><p>• Possibilidade de efeito suspensivo:</p><p>Será possível efeito suspensivo (isto é, obter o resultado do recurso ao evitar que a</p><p>decisão recorrida produza efeitos) requerendo-se tanto ao tribunal a quo como ao STF, a</p><p>depender do momento.</p><p>Art. 1.029 do CPC (...)</p><p>§ 5º O pedido de concessão de efeito suspensivo a recurso extraordinário ou a recurso</p><p>especial poderá ser formulado por requerimento dirigido:</p><p>I – ao tribunal superior respectivo, no período compreendido entre a publicação da decisão</p><p>de admissão do recurso e sua distribuição, ficando o relator designado para seu exame</p><p>prevento para julgá-lo;</p><p>II – ao relator, se já distribuído o recurso;</p><p>III – ao presidente ou ao vice-presidente do tribunal recorrido, no período compreendido</p><p>entre a interposição do recurso e a publicação da decisão de admissão do recurso, assim</p><p>como no caso de o recurso ter sido sobrestado, nos termos do art. 1.037.</p><p>Atenção à não suspensão ou interrupção do prazo do artigo 1.030, inciso I e V, do Código</p><p>de Processo Civil.</p><p>Informativo 886 do STF: “Os embargos de declaração opostos contra a decisão de</p><p>presidente do tribunal que não admite recurso extraordinário não suspendem ou</p><p>interrompem o prazo para interposição de agravo, por serem incabíveis”. STF. 1ª Turma.</p><p>ARE 688776 ED/RS e ARE 685997 ED/RS, Rel. Min. Dias Toffoli, julgados em 28/11/2017.</p><p>2ª Fase Constitucional l 39º Exame de Ordem</p><p>E-book de Processo Constitucional</p><p>194</p><p>• Procedimentos:</p><p>Recebida a petição de recurso no Tribunal a quo, o recorrido será intimado para</p><p>apresentar contrarrazões, no mesmo prazo para a interposição do recurso. O Presidente ou Vice</p><p>do Tribunal a quo terá poderes para negar seguimento a recurso,</p><p>gabaritos anteriores, sendo que estes gabaritos estão embasados na lei, a saber, o CPC. O leitor</p><p>há de ser tranquilizado no sentido de que não é necessário que o endereçamento seja</p><p>exatamente como está presente neste texto. Fórmulas aproximadas, desde que contenham o</p><p>mesmo conteúdo, são também aceitas.</p><p>Para petições direcionadas ao primeiro grau, deve-se utilizar o termo “juízo”. Não se</p><p>utilizam mais os antigos termos “Excelentíssimo Juiz”. Isto é assim devido à redação do art. 319,</p><p>I, do CPC: “A petição inicial indicará: I – o juízo a que é dirigida;”. Como não se sabe qual será a</p><p>Vara Julgadora, utiliza se o expediente previsto no edital do exame da OAB, com o uso das</p><p>reticências (...). Ainda, prefere-se uniformizar o termo “Vara Cível”, já que nem sempre será uma</p><p>vara da fazenda pública a competente, ainda mais sabendo-se que nem toda comarca ou</p><p>subseção conterá a referida vara da fazenda pública. Quando se tratar de Justiça estadual de</p><p>primeiro grau, acrescentam-se os termos “Comarca do Município …”, já que a justiça estadual é</p><p>dividida em comarcas.</p><p>Assim, o enunciado completo, para a Justiça Estadual de primeiro grau, é:</p><p>Juízo da … Vara Cível da Comarca do Município …</p><p>2ª Fase Constitucional l 39º Exame de Ordem</p><p>E-book de Processo Constitucional</p><p>20</p><p>Caso, facultativamente, mas por cautela, o candidato resolva deixar o seu endereçamento</p><p>para a justiça estadual de primeiro grau mais completa, é possível usar a seguinte fórmula: Ao</p><p>Juízo da … Vara Cível da Comarca do Município …, Estado …</p><p>Quando for necessário endereçar à Justiça Federal de primeiro grau, é necessário</p><p>acrescentar a palavra “Federal” à fórmula, via de regra após o termo “Vara”. Não será</p><p>considerado errado, contudo, se o candidato utilizar a palavra federal após a palavra “Juízo”.</p><p>Ainda, a Justiça Federal é dividida em seções e subseções – não podendo, assim, ser utilizada</p><p>a palavra “Comarca”.</p><p>A fórmula mais simples é:</p><p>Facultativamente, mas com base na cautela, o candidato pode utilizar:</p><p>O endereçamento aos tribunais ainda é vinculado à autoridade do presidente do Tribunal</p><p>(SILVA, 2020), de modo que ainda se usa o termo “Excelentíssimo”. As petições de recurso e</p><p>iniciais são dirigidas ao Presidente do Tribunal, que depois as redistribuirá ao competente relator.</p><p>As petições de prosseguimento – que não são exigidas na OAB – são direcionadas diretamente</p><p>ao relator. Chega-se a esta conclusão não só por conta dos gabaritos antigos, mas também pela</p><p>expressa disposição em diversos artigos do CPC, como os arts. 988, § 2º, 1027, § 2º e 1029.</p><p>Pode-se chegar, assim, às seguintes conclusões:</p><p> Petições endereçadas ao Tribunal de Justiça: Excelentíssimo Desembargador</p><p>Presidente do Tribunal de Justiça do Estado …;</p><p> Petições endereçadas ao Tribunal Regional Federal: Excelentíssimo</p><p>Desembargador Federal Presidente do Tribunal Regional Federal da … Região;</p><p> Petições endereçadas ao Superior Tribunal de Justiça: Excelentíssimo Ministro</p><p>Presidente do Superior Tribunal de Justiça;</p><p>Juízo da … Vara Federal da subseção do Município …</p><p>Ao Juízo da … Vara Federal da subseção do Município …, Tribunal Regional Federal da …</p><p>Região.</p><p>2ª Fase Constitucional l 39º Exame de Ordem</p><p>E-book de Processo Constitucional</p><p>21</p><p> Petições endereçadas ao Supremo Tribunal Federal: Excelentíssimo Ministro</p><p>Presidente do Supremo Tribunal Federal.</p><p>Por enquanto não há debate na OAB sobre pronomes neutros.</p><p>Expressões de enaltecimento tais como “doutor, egrégio” e assemelhados são</p><p>desnecessárias e desvalorizam a peça.</p><p>Observe-se que nas petições de recursos, como existem, de fato, duas petições, serão</p><p>necessários dois endereçamentos. O primeiro endereçamento estará na petição de interposição</p><p>será para o tribunal recorrido, isto é, aquele tribunal cuja decisão está sendo atacada (tribunal</p><p>recorrido, de origem ou ad quo) (MITIDIERO; MARINONI; ARENHART, 2017). O segundo</p><p>endereçamento estará na petição de razões e será direcionado para o tribunal que irá julgar o</p><p>recurso, chamado de tribunal julgador ou ad quem (OLIVEIRA, 2017).</p><p>4.2. Introdução completa na peça (qualificação, nome da peça e fundamento legal)</p><p>Como já foi demonstrado, há uma ordem na formação de uma petição, notadamente no</p><p>caso de uma petição inicial. Ela inicia com o endereçamento. Entretanto, será necessário</p><p>qualificar as partes, dar nome à peça e indicar o fundamento legal da peça. São elementos</p><p>importantes da peça e geram uma boa pontuação. O nomem juris da peça, especialmente, é</p><p>essencial, já que ele determina se a peça será corrigida ou não. Reforçando, então: abaixo do</p><p>endereçamento virá a introdução. Ele é composto de:</p><p> Legitimado ativo e sua qualificação;</p><p> Nome da peça;</p><p> Fundamentação legal da peça;</p><p> Legitimado passivo e sua qualificação.</p><p>Estes são os elementos básicos. Tornando um pouco mais complexo:</p><p> Legitimado ativo, sua qualificação, seu advogado;</p><p> Diretor da associação, se for o caso;</p><p> Um verbo de ligação com o nome da peça, que será ajuizar (ação popular, ação</p><p>civil pública, reclamação e ações diretas no STF), impetrar (MS, MI, HC e HD)</p><p>ou interpor para os recursos;</p><p> O nome da peça;</p><p>2ª Fase Constitucional l 39º Exame de Ordem</p><p>E-book de Processo Constitucional</p><p>22</p><p> O fundamento legal da peça;</p><p> O legitimado passivo e sua qualificação.</p><p>O nomem juris da peça determina a ação e, consequentemente, o procedimento, como</p><p>visto anteriormente. Se o candidato errar o nome da peça, esta sequer será corrigida, de modo</p><p>que uma boa reflexão sobre a ação cabível é fundamental.</p><p>É necessário dissertar brevemente sobre a qualificação e sobre o fundamento legal.</p><p>Finalmente, mais adiante, algumas noções adicionais sobre recursos.</p><p>O fundamento legal da peça é a previsão em abstrato da peça. Ele se encontra na</p><p>Constituição e em leis esparsas. Note-se: aqui é o fundamento legal da ação, e não do direito</p><p>controvertido. Supondo-se, como exemplo, que se trate de uma ação civil pública versando sobre</p><p>a direito à saúde. Fundamento legal, aqui, é o art. 129, § 1º da Constituição Federal, e não o</p><p>direito à saúde previsto no art. 6º e no art. 196 da CRFB/88. Assim, o candidato deve conhecer</p><p>tanto as previsões de ação na Constituição como as leis esparsas, e elas estão indicadas nos</p><p>modelos abaixo.</p><p>A qualificação deve seguir o que está previsto no CPC, art. 319, II: “II – os nomes, os</p><p>prenomes, o estado civil, a existência de união estável, a profissão, o número de inscrição no</p><p>Cadastro de Pessoas Físicas ou no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica, o endereço</p><p>eletrônico, o domicílio e a residência do autor e do réu”. O candidato não precisa decorar estes</p><p>dados, já que a legislação estará disponível para consulta. Ressalta-se que, quando se tratar de</p><p>ação popular, deve ser mencionado que a parte autora é brasileira e na fruição dos direitos</p><p>políticos.</p><p>Sobre recursos é necessário aprofundar algumas questões.</p><p>A introdução da petição de interposição será um pouco mais longa. Neste caso, repete-se</p><p>os passos anteriores. Ao invés do nome da petição inicial, deverá ser colocado o nome do</p><p>recurso. Entretanto, a introdução deve conter algumas informações, a saber:</p><p> Frase comunicando a insatisfação com a decisão recorrida (pode ser</p><p>comunicado junto a interposição, antes do nome do recurso);</p><p> Indicação de que o recurso foi apresentado dentro do prazo, que é de 15 dias</p><p>úteis, salvo os embargos de declaração, nos termos do art. 1.003, § 5º do CPC,</p><p>combinado com o art. 219 do CPC;</p><p>2ª Fase Constitucional l 39º Exame de Ordem</p><p>E-book de Processo Constitucional</p><p>23</p><p> Requerimento para a apresentação de contrarrazões, a qual será apresentada</p><p>já na origem, e, por isso, deve ser requerida na petição de interposição (art.</p><p>1.027, § 2º e art. 1.030 do CPC);</p><p> Comunicação de preparo, ou seja, de foram pagas as</p><p>nas hipóteses das alíneas a e</p><p>b do inciso I. Desta decisão cabe agravo.</p><p>Caso o Presidente ou Vice note que a decisão recorrida contraria entendimento do STF,</p><p>fará o processo voltar ao órgão julgador (turma ou câmara). Desta decisão cabe agravo interno.</p><p>Art. 1.030 do CPC (...)</p><p>II – encaminhar o processo ao órgão julgador para realização do juízo de retratação, se o</p><p>acórdão recorrido divergir do entendimento do Supremo Tribunal Federal ou do Superior</p><p>Tribunal de Justiça exarado, conforme o caso, nos regimes de repercussão geral ou de</p><p>recursos repetitivos;</p><p>Poderá, finalmente, sobrestar o recurso. Desta decisão também cabe agravo.</p><p>Art. 1.030 do CPC (...)</p><p>III – sobrestar o recurso que versar sobre controvérsia de caráter repetitivo ainda não</p><p>decidida pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de Justiça, conforme se</p><p>trate de matéria constitucional ou infraconstitucional; (Incluído pela Lei nº 13.256, de 2016)</p><p>(Vigência)</p><p>Finalmente, o Presidente ou Vice despachará o recurso nas seguintes situações:</p><p>Art. 1.030 do CPC (...)</p><p>IV – selecionar o recurso como representativo de controvérsia constitucional ou</p><p>infraconstitucional, nos termos do § 6º do art. 1.036;</p><p>V – realizar o juízo de admissibilidade e, se positivo, remeter o feito ao Supremo Tribunal</p><p>Federal ou ao Superior Tribunal de Justiça, desde que:</p><p>a) o recurso ainda não tenha sido submetido ao regime de repercussão geral ou de</p><p>julgamento de recursos repetitivos;</p><p>b) o recurso tenha sido selecionado como representativo da controvérsia; ou</p><p>c) o tribunal recorrido tenha refutado o juízo de retratação.</p><p>§ 1º Da decisão de inadmissibilidade proferida com fundamento no inciso V caberá agravo</p><p>ao tribunal superior, nos termos do art. 1.042</p><p>§ 2º Da decisão proferida com fundamento nos incisos I e III caberá agravo interno, nos</p><p>termos do art. 1.021.</p><p>→ A possibilidade de interposição conjunta:</p><p>Ao contrário da regra da unirrecorribilidade das decisões, no caso dos recursos</p><p>especial e extraordinário, é possível a interposição conjunta quando a decisão recorrida</p><p>emanada advier de tribunal de segundo grau. Neste caso, obedecerá ao seguinte regime</p><p>jurídico:</p><p>2ª Fase Constitucional l 39º Exame de Ordem</p><p>E-book de Processo Constitucional</p><p>195</p><p>Art. 1.031 do CPC: Na hipótese de interposição conjunta de recurso extraordinário e</p><p>recurso especial, os autos serão remetidos ao Superior Tribunal de Justiça.</p><p>§ 1º Concluído o julgamento do recurso especial, os autos serão remetidos ao Supremo</p><p>Tribunal Federal para apreciação do recurso extraordinário, se este não estiver</p><p>prejudicado.</p><p>§ 2º Se o relator do recurso especial considerar prejudicial o recurso extraordinário, em</p><p>decisão irrecorrível, sobrestará o julgamento e remeterá os autos ao Supremo Tribunal</p><p>Federal.</p><p>§ 3º Na hipótese do § 2º, se o relator do recurso extraordinário, em decisão irrecorrível,</p><p>rejeitar a prejudicialidade, devolverá os autos ao Superior Tribunal de Justiça para o</p><p>julgamento do recurso especial.</p><p>Art. 1.032 do CPC: Se o relator, no Superior Tribunal de Justiça, entender que o recurso</p><p>especial versa sobre questão constitucional, deverá conceder prazo de 15 (quinze) dias</p><p>para que o recorrente demonstre a existência de repercussão geral e se manifeste sobre</p><p>a questão constitucional.</p><p>Parágrafo único. Cumprida a diligência de que trata o caput, o relator remeterá o recurso</p><p>ao Supremo Tribunal Federal, que, em juízo de admissibilidade, poderá devolvê-lo ao</p><p>Superior Tribunal de Justiça.</p><p>→ Hipótese de ofensa reflexa, ou seja, quando pressupor revisão da</p><p>interpretação do tratado ou lei federal:</p><p>Como mencionado anteriormente, não cabe RE por ofensa reflexa à CF. Em tais</p><p>casos, o STF remeterá o RE como REsp ao STJ.</p><p>Art. 1.033 do CPC: Se o Supremo Tribunal Federal considerar como reflexa a ofensa à</p><p>Constituição afirmada no recurso extraordinário, por pressupor a revisão da interpretação</p><p>de lei federal ou de tratado, remetê-lo-á ao Superior Tribunal de Justiça para julgamento</p><p>como recurso especial.</p><p>• Repercussão geral:</p><p>Na petição de razões e não na de interposição, o recorrente deverá demonstrar a</p><p>repercussão geral, ou seja, porque o julgamento daquele recurso é importante não só para as</p><p>partes, mas também para a sociedade, com base em argumentos jurídicos, econômicos, políticos</p><p>ou sociais. A decisão que não conhece recurso no que toca à repercussão geral é irrecorrível.</p><p>A repercussão geral é um dos requisitos de admissibilidade do recurso extraordinário,</p><p>fazendo uma espécie de filtro, uma vez que, o STF restringe a analisar casos de flagrante cunho</p><p>inconstitucional e que tenham a relevância econômica, jurídica e social.</p><p>Por sua vez, para Sarlet, Marinoni e Mitidiero (2012), o conceito de repercussão foca-se</p><p>no binômio relevância da controvérsia constitucional e transcendência da questão debatida.</p><p>Assim, a questão constitucional levada a julgamento por meio do recurso extraordinário terá seu</p><p>conhecimento subordinado à alegação de questões relevantes sob o ponto de vista econômico,</p><p>2ª Fase Constitucional l 39º Exame de Ordem</p><p>E-book de Processo Constitucional</p><p>196</p><p>social, político ou jurídico. Além disso, a questão deve ultrapassar o âmbito do interesse subjetivo</p><p>das partes, ou seja, deve ser transcendente.</p><p>Para Morais (MORAIS, Dalton Santos. Controle de constitucionalidade):</p><p>A maior discricionariedade concedida ao STF para análise dos recursos extraordinários</p><p>com repercussão geral no interesse público assemelha-se aos mecanismos do Direito</p><p>comparado, que visam permitir uma maior seleção, por parte da Corte Suprema ou do</p><p>Tribunal Constitucional, dos recursos a serem julgados, pela importância da matéria e</p><p>repercussão da decisão no interesse geral da sociedade, impedindo que o excesso de</p><p>demandas atrapalhe o Supremo Tribunal Federal no cumprimento de sua grave missão</p><p>de intérprete e guardião maior da Constituição.</p><p>“Trata-se de requisito intrínseco de admissibilidade recursal: não havendo</p><p>repercussão geral, não existe poder de recorrer ao Supremo Tribunal Federal”.</p><p>→ Objetivos:</p><p> Diminuição dos números de recurso extraordinário;</p><p> Ampliar seus efeitos em nome da concretização constitucional;</p><p> Reservar a atuação da Corte apenas para os casos detenham relevância</p><p>para a ordem constitucional.</p><p>→ Críticas:</p><p>Não há critérios e nem controle do que é declarado como repercussão geral.</p><p>O recurso extraordinário tem gerado a chamada jurisprudência defensiva, que</p><p>visando a diminuir o número de demandas, tem-se fixado em aspectos formais:</p><p>Art. 1.035 do CPC: O Supremo Tribunal Federal, em decisão irrecorrível, não conhecerá</p><p>do recurso extraordinário quando a questão constitucional nele versada não tiver</p><p>repercussão geral, nos termos deste artigo.</p><p>§ 1º Para efeito de repercussão geral, será considerada a existência ou não de questões</p><p>relevantes do ponto de vista econômico, político, social ou jurídico que ultrapassem os</p><p>interesses subjetivos do processo.</p><p>§ 2º O recorrente deverá demonstrar a existência de repercussão geral para apreciação</p><p>exclusiva pelo Supremo Tribunal Federal.</p><p>→ Os casos em que a repercussão geral já é pressuposta (§ 3º)</p><p>São casos que contrariam súmula ou jurisprudência dominante do Supremo Tribunal</p><p>Federal; tenham reconhecido a inconstitucionalidade de tratado ou de Lei Federal, nos termos</p><p>do art. 97, da Constituição Federal.</p><p>2ª Fase Constitucional l 39º Exame de Ordem</p><p>E-book de Processo Constitucional</p><p>197</p><p>§ 3º Haverá repercussão geral sempre que o recurso impugnar acórdão que:</p><p>I - contrarie súmula ou jurisprudência dominante do Supremo Tribunal Federal;</p><p>III - tenha reconhecido a inconstitucionalidade de tratado ou de lei federal, nos termos do</p><p>art. 97 da Constituição Federal.</p><p>→ Quanto ao quórum da repercussão geral:</p><p>Somente poderá ser recusada por 2/3 dos ministros, ou seja, oito (8) votos</p><p>contrários à repercussão geral.</p><p>No caso de apreciação</p><p>custas e despesas para</p><p>a subida do recurso, ou lembrança do pedido de justiça gratuita;</p><p> Uma frase pedindo a subida do recurso para o tribunal superior ou ad quem,</p><p>como, por exemplo: “requer, ao final, a subida do presente recurso ordinário ao</p><p>Superior Tribunal de Justiça”;</p><p> Finalmente, o fechamento da peça, conforme exposto abaixo.</p><p>Importante relembrar que não há valor da causa nos recursos, já que este dado é privativo</p><p>da petição inicial.</p><p>4.3. Descrição dos fatos</p><p>Na descrição dos fatos o candidato deve fazer um breve resumo dos fatos como se</p><p>estivesse narrando uma causa. Esta narrativa, contudo, irá utilizar única e estritamente os dados</p><p>contidos no enunciado da questão (MIES, 2015). Isto significa: não pode o candidato inventar</p><p>elementos, em hipótese alguma. A invenção de elementos é perigosa porque pode tanto</p><p>identificar o aluno como também fazer o candidato se confundir, já que a peça deve ser elaborada</p><p>unicamente a partir dos dados do enunciado, não podendo o candidato pressupor elementos que</p><p>não estejam no enunciado. Muito embora a descrição dos fatos, em si, não seja avaliada, de</p><p>modo que não importa ter sido feito uma boa ou ruim descrição, a sua escorreita presença</p><p>demonstra conhecimento do candidato.</p><p>4.4. Fundamentação da competência</p><p>Conforme foi observado anteriormente, há uma ligação entre endereçamento e</p><p>competência. O candidato deve ter domínio sobre qual é o órgão competente para endereçar a</p><p>petição a ele.</p><p>A Constituição traz as regras de distribuição de competências a partir do art. 102. Já foram</p><p>objeto de exposição anterior as regras de distribuição de competência, de modo que não se vai</p><p>repetir aqui a argumentação. Entretanto, o candidato deve saber como argumentar dentro da</p><p>prova da OAB.</p><p>2ª Fase Constitucional l 39º Exame de Ordem</p><p>E-book de Processo Constitucional</p><p>24</p><p>A argumentação sobre a competência é simples e, às vezes, é truísta. Por exemplo, o</p><p>único órgão que julga uma ADC é o STF. Mesmo assim, recomenda-se abrir um subtítulo</p><p>específico sobre a competência. Outras vezes, vai demandar algum raciocínio. A forma do</p><p>raciocínio, e como a argumentação deve ser exposta, é simples: basta descrever a hipótese e</p><p>citar a regra de competência. Por exemplo, o art. 105, I, b, da CRFB/88 dispõe que habeas data</p><p>contra ministro de Estado será julgado pelo STJ (SILVA, 2020). Assim, a fórmula de linguagem,</p><p>para este caso específico, será: “Uma vez que se trata de habeas data contra ministro de Estado,</p><p>a competência para julgamento competirá ao STJ”. Se se trata-se de autoridade federal</p><p>infraministerial, seria “O habeas data contra autoridade federal atrai a competência da Justiça</p><p>Federal, nos termos do art. 109, VIII, da CRFB/88”.</p><p>Quando a competência for residual da Justiça Estadual, é necessário invocar o art. 25, §</p><p>1º, combinado com o art. 125 da Constituição Federal (SILVA, 2020). Então, como exemplo: “A</p><p>competência para julgar mandados de segurança contra prefeitos é residual/reservada, nos</p><p>termos do art. 25, § 1º, da Constituição Federal, combinado com o art. 125 da Constituição</p><p>Federal”.</p><p>Finalmente, algumas situações exigem a aplicação do princípio da simetria, com</p><p>processos sendo julgados originariamente no TJ (HD, MS, MI) quando se tratar de determinadas</p><p>autoridades estaduais, como governadores e mesa da Assembleia Legislativa (OLIVEIRA, 2017).</p><p>Neste caso, além de fundamentar nos artigos da Constituição relacionados à competência</p><p>residual/reservada, o candidato deverá mencionar que se trata de uma competência por simetria.</p><p>4.5. Legitimados: polo ativo e polo passivo – dicas de nomenclatura para peça da</p><p>OAB</p><p>Por legitimado entenda-se aquele que estará tanto no polo ativo como no polo passivo da</p><p>ação. Neste campo, o Processo Constitucional é rico em possibilidades, de modo que o</p><p>candidato deverá prestar especial atenção.</p><p>A fundamentação da legitimidade implica em dizer por que determinada pessoa ou</p><p>entidade pode estar no polo passivo e por que determinada pessoa ou entidade deve estar no</p><p>polo passivo (RODRIGUES, 2015). É necessário apontar as razões para os dois polos.</p><p>Geralmente há artigos nas leis específicas trazendo dados tanto para o polo ativo como para o</p><p>polo passivo. Por exemplo, o art. 103 da Constituição Federal menciona os legitimados ativos</p><p>para o controle de constitucionalidade concentrado (SILVA, 2020), o art. 6º da Lei 4.717/1954</p><p>2ª Fase Constitucional l 39º Exame de Ordem</p><p>E-book de Processo Constitucional</p><p>25</p><p>menciona quem serão os possíveis réus em uma ação popular (“A ação será proposta contra as</p><p>pessoas públicas ou privadas e as entidades referidas no art. 1º, contra as autoridades,</p><p>funcionários ou administradores que houverem autorizado, aprovado, ratificado ou praticado o</p><p>ato impugnado, ou que, por omissas, tiverem dado oportunidade à lesão, e contra os</p><p>beneficiários diretos do mesmo”) e o art. 5º da Lei 7.347/1985 indica os autores da ação civil</p><p>pública (“Têm legitimidade para propor a ação principal e a ação cautelar [...]”). Há leis, contudo,</p><p>que não indicam o polo passivo. O candidato deve fundamentar, de todo modo, mesmo que não</p><p>exista artigo específico.</p><p>Como regra geral, a parte alega o seu próprio direito. Entretanto, o Processo</p><p>Constitucional é rico em possibilidades de substituição, onde alguém tutela o direito de outrem.</p><p>Tal é o caso do habeas corpus e das ações que possuem tutela transindividual, como o mandado</p><p>de segurança coletivo, o mandado de injunção coletivo, ação popular e a ação civil pública, além</p><p>da substituição individual do art. 3º da lei do mandado de segurança (MITIDIERO; SARLET;</p><p>MARINONI, 2018). Nestes casos, geralmente a substituição implica tutela de direitos difusos e</p><p>coletivos. Deve ser objeto de atenção, portanto, se se trata de um caso de tutela coletiva, como</p><p>ela vai se dar. Para tanto, remete-se à leitura dos capítulos específicos das ações mencionadas</p><p>aqui.</p><p>Como regra geral, pessoas físicas, pessoas jurídicas e algumas poucas entidades</p><p>despersonalizadas, como o espólio e a massa falida podem ajuizar qualquer ação sobre qualquer</p><p>tema (RODRIGUES, 2015). Deve-se sempre partir desta regra geral e mantê-la em mente:</p><p>qualquer pessoa física ou pessoa jurídica, nacional ou estrangeira, pode ser parte ativa, desde</p><p>que tenha interesse em tutelar um direito próprio.</p><p>Entretanto, o processo constitucional é prenhe de exceções e particularidades, onde</p><p>deverão ser observadas algumas regras especiais. Aqui são colocadas peculiaridades, o que</p><p>não elimina a necessidade de leitura dos próximos capítulos:</p><p>→ Nas ações de controle concentrado, há de ser observar que somente poderão</p><p>legitimados ativos as entidades indicadas no art. 103 da constituição federal, lembrando</p><p>que pode ou não ser exigida a pertinência temática;</p><p>→ Somente pessoa física pode ser impetrante de HC;</p><p>→ Somente as entidades indicadas no art. 5º da lei da acp podem ser autoras (o</p><p>que não inclui pessoas físicas);</p><p>2ª Fase Constitucional l 39º Exame de Ordem</p><p>E-book de Processo Constitucional</p><p>26</p><p>→ A pessoa física autora de ação popular tem de demonstrar ser titular de direitos</p><p>políticos;</p><p>→ É comum entidades despersonalizadas terem a possibilidade de ajuizarem</p><p>ações, como órgãos públicos.</p><p>Como terminologia, ter-se-á:</p><p>→ Nas ações de controle concentrado: legitimado ativo;</p><p>→ Nas ações com procedimento ordinário (acp e ap): autor;</p><p>→ Na reclamação; reclamante;</p><p>→ No HC, HD, MI e MS a parte ativa é chamada de impetrante.</p><p>Necessário apontar que, salvo o habeas corpus, as partes precisam ser representadas</p><p>por advogado, razão pela qual recomendamos que seja feita menção à presença de procuração</p><p>no processo, com indicação do art. 287 do CPC (MINES, 2015). Relevante a colocação da</p><p>qualificação do advogado, com endereço físico e eletrônico. Estas preocupações valem para a</p><p>parte ativa. Irrelevante como a parte passiva</p><p>será representada, salvo nos casos de cientificação</p><p>da pessoa jurídica de Direito Público no mandado de segurança e no mandado de injunção, onde</p><p>há previsão expressa de ciências às procuradorias jurídicas destes órgãos (SILVA, 2020).</p><p>Quando se tratar de associação, calha lembrar que ela está representada pelo seu diretor,</p><p>o qual deve ser qualificado. Este último elemento é um elemento de cautela, não tendo sido ainda</p><p>cobrado nos gabaritos.</p><p>Agora considerações sobre a parte passiva. Se no caso do campo da legitimidade ativa</p><p>existia pluralidade, na parte passiva há mais ainda. Além disto, a boa delimitação da parte</p><p>passiva é importantíssima para a verificação da competência. Mantém, contudo, a regra: pessoas</p><p>físicas e pessoas jurídicas estarão na parte passiva das ações relacionadas ao processo</p><p>constitucional (DANTAS, 2021). Via de regra, evita-se colocar órgãos como parte passiva de</p><p>processos, uma vez que são entidades despersonalizadas. Supondo-se que o Ministério da</p><p>Justiça esteja cometendo um ato ilegal, não se coloca o referido ministério no polo passivo, mas</p><p>sim a pessoa jurídica, que no caso é a União, já que as pessoas jurídicas personalidade jurídica</p><p>e, portanto, possuem direitos e obrigações (e os órgãos não). Ocorre que no campo do Processo</p><p>Constitucional são muitas as exceções (DANTAS, 2021). São algumas considerações</p><p>importantes:</p><p>2ª Fase Constitucional l 39º Exame de Ordem</p><p>E-book de Processo Constitucional</p><p>27</p><p>→ As partes passivas na ação civil pública e na ação popular serão chamadas de</p><p>réus (já que se trata de um procedimento do tipo ordinário), as quais citadas a contestar,</p><p>sendo que se deve evitar colocar órgãos no polo passivo (e apontando pessoas jurídicas);</p><p>→ Na ação popular pode-se ter um cargo público, a pessoa jurídica de direito e</p><p>pessoas privadas físicas e jurídicas como rés, desde que tenham participado do ato ilícito;</p><p>→ Na ação civil pública é possível que somente pessoas físicas e jurídicas</p><p>privadas sejam rés;</p><p>→ As partes passivas no HD, MS e MI serão chamadas de autoridades, as quais</p><p>serão notificadas a apresentar informações;</p><p>→ No caso do HC a parte passiva também será uma autoridade coatora – uma</p><p>pessoa física que determinou a restrição da liberdade de locomoção do impetrante;</p><p>→ Do caso do HD e MI entidades e órgãos poderão ser consideradas coatoras,</p><p>de modo que há se atentar para as peculiaridades do caso concreto;</p><p>→ Quando existe uma autoridade coatora, qualifica-se o seu cargo, e não uma</p><p>pessoa concreta (até porque isto implicaria em identificação da peça da OAB);</p><p>→ Na ADI, o órgão responsável pela lei ataca como inconstitucional prestará</p><p>informações;</p><p>→ Na ADO os órgãos responsáveis pela omissão também prestarão informações;</p><p>→ Na ADC não existirá manifestação dos órgãos responsáveis pela edição da</p><p>norma controvertida;</p><p>→ Sobre reclamação, ver consideração infra;</p><p>→ Sobre recursos, ver consideração infra.</p><p>Imperiosa a nota sobre o processo de ações de controle concentrado, isto é, ADIN, ADC,</p><p>ADO e ADPF: são processos objetivos e, portanto, as partes não são litigantes, não sendo,</p><p>tecnicamente, “partes” de um processo, razão pela qual se prefere o termo legitimidade ativa</p><p>(SILVA, 2020). Elas não são litigantes uma vez que não há litígio, já que não há bem da vida</p><p>disputado, mas todos perseguem (normativamente falando) a melhor interpretação das leis e da</p><p>Constituição.</p><p>Como regra geral, no campo passivo, se o candidato tiver dúvidas sobre a colocação de</p><p>mais de uma parte passiva, é melhor optar pela abundância que pela lacuna. Assim, supondo-</p><p>se que o enunciado de uma peça liste prefeito, Município, secretários e empresários como</p><p>2ª Fase Constitucional l 39º Exame de Ordem</p><p>E-book de Processo Constitucional</p><p>28</p><p>envolvidos em um ato que gera prejuízo a direito coletivo, convém colocar todos no polo passivo</p><p>como cautela. Se há excesso, provavelmente o avaliador não descontará pontos (até porque não</p><p>existe a previsão de desconto de pontos no edital), o contrário, contudo, é verdadeiro: se há falta</p><p>de réus, comparando-se com o gabarito definitivo, existirá prejuízo na pontuação.</p><p>No caso do MS e do MI, além de indicação das autoridades, deverá aparecer também a</p><p>pessoa jurídica vinculada à autoridade (SILVA, 2020). Toda autoridade está vinculada a alguma</p><p>entidade, a uma pessoa jurídica. É a pessoa jurídica que deve ser chamada, não o órgão. O</p><p>nome da parte é pessoa jurídica vinculada, e ela será cientificada para comparecer ao processo,</p><p>se assim entender seu corpo jurídico (MITIDIERO; SARLET; MARINONI, 2018). Por exemplo, o</p><p>Presidente de uma autarquia pertence ao órgão “Presidência da Autarquia”, mas não é o órgão</p><p>que é cientificado, mas sim a autarquia. Do mesmo modo, supondo-se um mandado de</p><p>segurança contra o Procurador Geral da República não será o Ministério Público da União o</p><p>cientificado, mas sim a União. Em breve resumo, o Prefeito e a Câmara de Vereadores estão</p><p>vinculados ao Município, o Governador e a Assembleia ao Estado-membro e o Presidente e</p><p>Congresso à União.</p><p>No caso da ADI o Advogado Geral da União será chamado a defender o texto legal,</p><p>estando dispensado se já o tiver feito em processo de igual objeto. Ele não é, contudo, parte do</p><p>processo.</p><p>Existe a situação anômala da reclamação, a qual terá três partes: 1. o autor ou reclamante,</p><p>que é o que ajuíza a ação; 2. a autoridade reclamada, que é quem ofendeu a competência de</p><p>tribunal e; 3. a parte beneficiária, que é quem se beneficiou do ato ilegal da autoridade reclamada</p><p>(MITIDIERO; SARLET; MARINONI, 2018).</p><p>Finalmente, é importante lembrar que nos recursos as partes serão recorrente e recorrido.</p><p>Recorrente é quem foi prejudicado pela decisão do tribunal originário, e agora busca revisar sua</p><p>situação. Recorrido é parte contrária (que pode ou não ser a parte ré). É muito importante lembrar</p><p>que parte recorrida é diferente de tribunal recorrido. As partes do recurso são aquelas partes do</p><p>processo original. Assim, se o autor ganhou a ação, e réu quiser recorrer (DANTAS, 2021), então</p><p>o recorrente será o antigo réu, enquanto que o recorrido será o antigo autor da ação. Em hipótese</p><p>alguma o tribunal recorrido será parte do recurso, sendo erro crasso a colocação de tal</p><p>insinuação na peça.</p><p>2ª Fase Constitucional l 39º Exame de Ordem</p><p>E-book de Processo Constitucional</p><p>29</p><p>4.6. Cabimento da ação/recurso (por que essa ação e não outra?)</p><p>No subtítulo “Do Cabimento” o candidato deve escrever um texto fundamentando as</p><p>razões pelas quais aquela ação é a adequada para a resolução do problema. Isto implica em</p><p>conhecer os objetos de cada ação e ligar o objeto da ação com o caso concreto ou discussão, e</p><p>sempre mencionando o fundamento legal, isto é, o art. de lei que fundamenta a ação.</p><p>Novamente, há de existir uma ligação entre fatos narrados no enunciado na questão > objeto da</p><p>ação > artigo mencionado.</p><p>O candidato deve explicar por que “cabe” aquela ação, isto é, por que ela é a adequada</p><p>para resolver o problema específico narrado.</p><p>O art. que fundamenta o cabimento não é o artigo do direito de fundo, mas sim o artigo</p><p>que menciona a ação. Suponha-se, como exemplo, uma lei estadual que viole a iniciativa</p><p>privativa do Governador e este queira ajuizar uma ADI. O cabimento da ADI reside no art. 102,</p><p>I, a, da Constituição Federal combinado com o art. 1º da Lei 9.968/1999, e não, como no exemplo,</p><p>o art. 61, § 1º da Constituição Federal (SILVA, 2020).</p><p>A argumentação no cabimento é uma argumentação “em tese”, onde o candidato</p><p>fundamentará, continuando no exemplo, que para situações que exijam a declaração de</p><p>inconstitucionalidade de lei estadual, a ação adequada é uma ADI, ou então, para a proteção de</p><p>direito líquido e certo, o mandado de segurança, ou, para a declaração de constitucionalidade de</p><p>lei federal, a ação adequada será uma ADC.</p><p>No caso dos recursos, o candidato deverá explicar</p><p>por que na situação cabe o referido</p><p>recurso, geralmente o recurso ordinário ou o recurso extraordinário. Significa elaborar um texto</p><p>onde será mencionado o art. da Constituição e do CPC que prevê o recurso, explicitando a</p><p>conexão da questão com o art. respectivo (MITIDIERO, MARINONI, ARENHART, 2017). Assim,</p><p>se se tratar de um habeas data denegado no STJ o candidato explicará que caberá recurso</p><p>ordinário ao STF de habeas data denegado originariamente no STJ, nos termos do art. 102, II,</p><p>a, da Constituição Federal (MITIDIERO, MARINONI, ARENHART, 2017).</p><p>Este é realmente um ponto importante que merece toda a atenção do candidato.</p><p>Entretanto, não é necessário que a fundamentação seja grande, mas sim que seja precisa.</p><p>4.7. Fundamentação da Liminar/cautelar</p><p>Recomenda-se ao candidato que abra um subtítulo, “Da Medida Liminar”. Neste subtítulo,</p><p>o candidato irá trazer as razões pelas quais o juiz irá deferir a medida liminar ou a medida</p><p>2ª Fase Constitucional l 39º Exame de Ordem</p><p>E-book de Processo Constitucional</p><p>30</p><p>cautelar. Sabe-se que a liminar e a cautelar envolvem situações de pressa, de urgência. A</p><p>questão dá a entender quando existirá a urgência, mencionando perigo de destruição do meio</p><p>ambiente, ou à saúde das pessoas, ou ao patrimônio cultural.</p><p>É importante mencionar que o CPC alterou de forma bem substancial o regime de</p><p>liminar/cautelar que antes existia, padronizando terminologias e esclarecendo diversas situações</p><p>que, até então, apareciam nebulosas. De fato, sempre reinou uma grande confusão no</p><p>significado de cautelar e liminar, bem como o seu significado.</p><p>Dada a confusão que sempre reinou no significado de liminar e cautelar, recomenda-se</p><p>seguir estritamente as normas de regência específica. Assim, na ADIN recomenda-se a utilização</p><p>da Lei 9.868/1999 ao invés do CPC, sobre a liminar do mandado de segurança recomenda-se a</p><p>aplicação da Lei 12.016/2009, e assim sucessivamente. É aceitável a utilização conjunta da lei</p><p>específica e do CPC, quando possível.</p><p>Um típico exemplo é o que reina no campo das cautelares. As cautelares, sabe-se, não</p><p>antecipa a utilidade almejada com o processo, mas sim preserva o objeto do processo. Nas</p><p>ações de controle concentrado há o uso da palavra “cautelar”, mas com antecipação do objeto</p><p>do processo. De todo modo, no campo das ações de controle concentrado recomenda-se</p><p>fortemente o uso da palavra cautelar para aquelas situações em que a parte legitimada ativa</p><p>quer antecipar o provimento final ou acautelar o objeto do processo. Isto está nos arts. 10 e 12F</p><p>da Lei 9.868, a ADI e a ADO respectivamente. Já o art. 21F fala da cautelar em ADC, neste caso</p><p>para suspender processos que envolvam a aplicação da referida lei. Há de se fundamentar</p><p>nestes casos a “excepcional urgência e relevância da matéria”.</p><p>Ressalte-se que na ADPF utiliza-se o termo liminar (Lei 9.882/1999, art. 5º).</p><p>Apesar da palavra “liminar” ser comumente entendida como o ato do juiz que antecipa a</p><p>tutela pretendida pelo juízo, a rigor liminar significa tudo aquilo que é o início. Então pode existir,</p><p>por exemplo, rejeição liminar da inicial, significando não uma tutela de caráter antecipado, mas</p><p>sim simplesmente a rejeição da inicial antes da contestação. O estudante há de se atentar para</p><p>o contexto em que a palavra liminar foi utilizada.</p><p>Entretanto, geralmente a palavra liminar está conectada efetivamente com o provimento</p><p>do juiz que antecipa o mérito – que concede o bem da vida que a parte está buscando – antes</p><p>da sentença ou acórdão. Note-se que existe liminar também na órbita dos recursos, podendo ser</p><p>pedida a tutela provisória ao relator do recurso (art. 932, II, do CPC), neste caso sendo entendido</p><p>como efeito suspensivo ativo.</p><p>2ª Fase Constitucional l 39º Exame de Ordem</p><p>E-book de Processo Constitucional</p><p>31</p><p>Voltando às liminares, recomenda-se o uso deste termo, dado que as ações</p><p>constitucionais em leis esparsas são de um período anterior à uniformização de terminologia</p><p>trazida pelo CPC. Ainda, recomenda-se fortemente que o candidato utilize os artigos</p><p>correspondentes à liminar nas leis específicas.</p><p>Sabe-se muito bem que o CPC alterou o regime dos pressupostos para a concessão da</p><p>tutela provisória. As recomendações trazidas neste livro servem para buscar a aprovação no</p><p>exame da OAB, e não para que estejam em consonância e uniformização com a última doutrina</p><p>sobre o assunto.</p><p>Deste modo, ainda que os antigos termos estejam superados pelo CPC, a saber, a fumaça</p><p>de bom direito e o perigo da demora (fumus bonis juris e periculum in mora) é recomendável a</p><p>sua adoção, em conjunto com a terminologia mais moderna adotada pelo CPC, até que se torne</p><p>seguro que os gabaritos da OAB não mais utilizarão a terminologia antiga.</p><p>Assim, a resposta mais completa é a que utiliza tanto a terminologia antiga como a nova,</p><p>devendo o aluno fundamentar que está presente a “fumaça do bom direito, ou, mais</p><p>modernamente, a probabilidade do Direito, em conjunto com o perigo na demora, ou, mais</p><p>modernamente, o perigo de dano ou risco ao resultado útil do processo, nos termos do art… da</p><p>Lei … (colocar a Lei específica do remédio constitucional) e do art. 294 combinado com o art.</p><p>300 do CPC, sem perigo de irreversibilidade do provimento”. Esta é a forma mais segura, que</p><p>contempla tanto o CPC como a lei específica.</p><p>Ainda, voltando ao próprio termo liminar. Sabe-se que atualmente o CPC criou o regime</p><p>das tutelas de urgência e de evidência, sendo que precisamente a tutela de urgência, que é aqui</p><p>o centro das nossas preocupações, poderá se dividir em tutela de urgência de natureza cautelar</p><p>e tutela de urgência de natureza antecipada. É esta última tutela que é a antiga tutela antecipada</p><p>e é a liminar que as leis específicas mencionam.</p><p>Na tutela de urgência busca resolver, precisamente, uma situação urgente, onde há</p><p>probabilidade de direito. Esta urgência pode se relevar tanto na preservação do objeto do</p><p>processo (cautelar) como na antecipação de seus efeitos (antecipada), sendo precisamente esta</p><p>última situação que será buscada na maioria das peças cobradas na segunda fase da OAB.</p><p>Assim, a forma mais segura do candidato se manifestar será, novamente, fundamentando e</p><p>requerendo nas duas terminologias, preferindo ainda a antiga, nos seguintes termos, os quais</p><p>evidentemente são uma aproximação, e não uma obrigação “assim, estão preenchidos os</p><p>pressupostos para a concessão liminar da tutela de urgência de caráter antecipado”.</p><p>2ª Fase Constitucional l 39º Exame de Ordem</p><p>E-book de Processo Constitucional</p><p>32</p><p>Também é possível tutela de urgência dos recursos, no caso da regra geral presente no</p><p>art. 932, II, do CPC. Entretanto, no regramento do recurso extraordinário há regra específica, no</p><p>art. 1029, § 5º, utilizando o termo efeito suspensivo ao invés de liminar. Neste caso, a parte</p><p>buscará o efeito suspensivo clássico (evitar que a decisão ad quo produza efeitos) ou o efeito</p><p>suspensivo ativo (o bem da vida almejado antes do acórdão).</p><p>4.8. Do Direito (das teses sobre o direito constitucional violado)</p><p>A tese de Direito é a essência da peça. Ali serão encontrados os argumentos que irão</p><p>convencer o juiz de que a parte possui razão. Na maior parte das vezes, a argumentação ficará</p><p>centralizada em teses de direito material, razão pela qual é tão importante conhecer esta parte</p><p>do Direito Constitucional, e não só as ações (MINES, 2015).</p><p>São algumas diretrizes para a elaboração de uma boa redação no campo das teses (isto</p><p>é, no subtítulo “Do Direito”):</p><p> Invocar pluralidade de teses e artigos, pois, se estes estiverem de forma</p><p>excedente, podem até pontuar, mas não irão prejudicar o candidato;</p><p> Sempre conectar os fatos do enunciado com as normas, de novo,</p><p>preferencialmente mais de uma;</p><p> Princípios tais como a legalidade, dignidade da pessoa humana, razoabilidade</p><p>e proporcionalidade são pontos importantes de argumentação;</p><p> Lembrar de invocar objetivos e princípios da constituição federal (arts. 1º a 4º</p><p>da constituição federal);</p><p> Sempre ou quase há um direito fundamental envolvido; os direitos</p><p>fundamentais estão espalhados pela constituição federal, mas de forma</p><p>concentrada nos arts. 5º e 6º;</p><p> Os direitos fundamentais podem ser avaliados em sua eficácia plena/limitada,</p><p>com a argumentação correspondente;</p><p> Os direitos fundamentais, às vezes, estão detalhados em capítulos específicos</p><p>da CF – por exemplo, o direito à saúde está previsto no art. 6º e no art. 196, já</p><p>a educação no art. 6º e art. 205, todos da Constituição Federal;</p><p> Enriquece a redação uma avaliação sobre a competência federativa, com a</p><p>explicação de por que o direito controvertido (ex.: saúde) deve solucionado pelo</p><p>réu município, por exemplo;</p><p>2ª Fase Constitucional l 39º Exame de Ordem</p><p>E-book de Processo Constitucional</p><p>33</p><p> Às vezes, não só as normas constitucionais ou legais trazem a solução do</p><p>problema, de modo que pesquisar as súmulas, principalmente as súmulas</p><p>vinculantes, é muito útil para a solução da fundamentação.</p><p>Finalmente, recomenda-se que o candidato realize um julgamento geral sobre a</p><p>constitucionalidade/inconstitucionalidade da situação, indicando o que deve ser modificado.</p><p>4.9. Dos pedidos e suas particularidades</p><p>O pedido é uma parte nobre da peça, tanto na prática da advocacia como também na</p><p>OAB, significando que no bloco dos pedidos é possível obter uma boa pontuação.</p><p>Recomenda-se seguir uma ordem cronológica-processual nos pedidos, isto é, dos eventos</p><p>que ocorrerão do início ao fim do processo (DANTAS, 2021). Não seguir esta ordem, contudo,</p><p>não gera nenhum prejuízo ao candidato.</p><p>Não é possível fazer um único pedido que valha para todas as peças. Os pedidos,</p><p>contudo, são muito parecidos. A estrutura básica é sempre a mesma, mas suas nuances, como</p><p>por exemplo os artigos a serem citados, variam de peça para peça (OLIVEIRA, 2017).</p><p>Analisando-se os gabaritos anteriores, percebe-se que as bancas valorizam muito um</p><p>pedido completo, com prazos e artigos. Assim, quando, por exemplo, for elaborado um</p><p>requerimento para que a parte adversa se defenda, ela deverá colocar a forma de chamamento</p><p>(citação, notificação, etc.), a forma de defesa (contestação, informações, etc.), o prazo e o artigo</p><p>que fundamenta aquela defesa. Esquecer algum destes quatro elementos não significa erro, mas</p><p>sim perda da possibilidade de ganhar a totalidade de preciosos pontos. Isto vai valer para todos</p><p>os elementos do pedido, até mesmo a intimação ao MP (OLIVEIRA, 2017). Ressalta-se que nem</p><p>sempre existe um artigo específico para o pedido em questão, contudo.</p><p>Geralmente inicia-se com uma frase: isto posto, pede. Essa frase, contudo, não é</p><p>necessária, já podendo o candidato ir direto aos pedidos.</p><p>É a estrutura básica do pedido das petições iniciais (ver, mais adiante, estrutura básica do</p><p>pedido nos recursos):</p><p> Pedido de liminar ou cautelar;</p><p> Defesa;</p><p> Intimação ao MP;</p><p> Pedido principal;</p><p>2ª Fase Constitucional l 39º Exame de Ordem</p><p>E-book de Processo Constitucional</p><p>34</p><p>É o caso de abordar brevemente cada um destes pontos. Importante ressalvar,</p><p>novamente, que esta é uma estrutura geral, que vai variar de peça para peça.</p><p>• Pedido de liminar ou cautelar:</p><p>Ex.: a concessão da medida liminar para fins de suspensão das atividades de desmatando</p><p>na região, com base no art. 12. da Lei 7.347/1985.</p><p>O candidato pedirá, neste tópico, que seja concedida a medida liminar ou a cautelar,</p><p>conforme anteriormente exposto. A preferência é a que seja invocado a lei específica que</p><p>fundamenta a liminar. Por exemplo, o art. 7º, III, da Lei 12.016/2009, que trata da liminar em</p><p>mandado de segurança. Fica mais completo e seguro, se, além da citação do referido artigo, o</p><p>aluno acrescente os arts. 294 e 300 do CPC.</p><p>• Defesa:</p><p>Ex.: a citação do réu para contestar no prazo de 20 dias, com base no art. 7º, IV, da Lei</p><p>4.717/1965.</p><p>Aqui, o candidato provocará o chamamento à defesa da parte adversa. O Processo</p><p>Constitucional costuma ter uma maior complexidade no campo da defesa, conforme foi visto</p><p>anteriormente, já que são vários os legitimados possíveis. Sempre há de se lembrar que é</p><p>necessário colocar a forma de chamamento, o tipo de chamamento (notificação, contestação,</p><p>etc.), o tipo de defesa (informações, contestação), o prazo de defesa (10 dias, 15 dias) e</p><p>finalmente o artigo de lei que fundamenta a referida defesa (OLIVEIRA, 2017).</p><p>É importante lembrar também que, em determinadas ações, como o mandado de</p><p>segurança e o mandado de injunção, além da notificação à autoridade coatora, será dada ciência</p><p>ao órgão de representação da pessoa jurídica interessada.</p><p>• Intimação ao MP:</p><p>Ex.: A Intimação do Ministério Público, para apresentar seu parecer no prazo de 10 (dez)</p><p>dias, conforme artigo 12, da Lei nº 12.016/2009.</p><p>A maior parte das leis processuais no campo do processo constitucional trazem em algum</p><p>momento a intimação ao Ministério Público. Assim, pode-se dizer que este é um elemento</p><p>padrão.</p><p>2ª Fase Constitucional l 39º Exame de Ordem</p><p>E-book de Processo Constitucional</p><p>35</p><p>O candidato deve cuidar, por outro lado, que cada lei possui artigos e prazos específicos</p><p>de manifestação do Ministério Público, e que geralmente estas informações são valorizadas com</p><p>pontuação.</p><p>Quando o processo ocorrer no STF, o membro do MP será o Procurador Geral da</p><p>República.</p><p>• Pedido principal:</p><p>Ex.: requerer, ao final, seja julgado procedente o pedido para conceder o Mandado de</p><p>Segurança, tornando definitiva a liminar, a fim de assegurar o direito líquido e certo do</p><p>Impetrante.</p><p>O pedido principal está muito conectado com a natureza da ação e vai variar conforme a</p><p>ação, daí a razão pela qual se remete ao leitor para as digressões sobre as ações específicas.</p><p>O pedido principal é o bem da vida almejado (RODRIGUES, 2015).</p><p>Aquilo que se pede no pedido principal transformar-se-á, posteriormente, na sentença,</p><p>dado o princípio da correlação entre pedido e sentença. Pelo caminho inverso, entende-se,</p><p>muitas vezes, o que pedir, pela normatização que a lei faz da sentença. Se a lei diz, por exemplo,</p><p>no caso do Mandado de Injunção, que o juiz declarará a demora do poder público, sabe-se,</p><p>assim, que um dos pedidos deverá ser precisamente o de que o juiz declare a referida demora.</p><p>O termo utilizado é a da “procedência” da ação para … (o bem da vida buscado, no caso).</p><p>• Pedidos nos recursos:</p><p>Vem a calhar falar neste momento sobre os pedidos nos recursos.</p><p>Se se estiver falando em recursos, o termo é o “provimento” do recurso, seja para anular,</p><p>seja para “reformar” a sentença, que é o que vai nos interessar mais.</p><p>Sobre os pedidos nos recursos, a petição será mais simples, abrangendo apenas:</p><p>a) recebimento e conhecimento do recurso;</p><p>b) pedido de efeito suspensivo/tutela ao relator;</p><p>c) pedido principal (Provimento do recurso para fins de reformar a sentença ad</p><p>quo para conferir à parte o direito de ...</p><p>2ª Fase Constitucional l 39º Exame de Ordem</p><p>E-book de Processo Constitucional</p><p>36</p><p>Como as contrarrazões são pedidas na petição de interposição, elas não irão no pedido</p><p>final (a não ser naqueles recursos que não tem petição de interposição, como o agravo de</p><p>instrumento).</p><p>4.10. Fechamento padrão da peça</p><p>A peça é fechada com o valor da causa e com o endereço. O valor da causa é exigido</p><p>pelos arts. 291 e 319, inciso V, do CPC – sendo, portanto, necessária sua presença nas petições</p><p>iniciais. Note-se que, no Direito Constitucional, não é exigido cálculo do valor da causa. Deste</p><p>modo, bastará o uso de … para fins de preenchimento do ponto específico. A fórmula linguística</p><p>que recomendamos é:</p><p>O valor da causa deverá sempre ser utilizado nas petições iniciais, por cautela, mesmo</p><p>nas ações gratuitas. É necessário repetir que o valor</p>

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