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<p>Unidade 2</p><p>Direito Constitucional e</p><p>a Organização do Estado</p><p>Noções de Direito</p><p>Diretor Executivo</p><p>DAVID LIRA STEPHEN BARROS</p><p>Gerente Editorial</p><p>CRISTIANE SILVEIRA CESAR DE OLIVEIRA</p><p>Projeto Gráfico</p><p>TIAGO DA ROCHA</p><p>Autoria</p><p>CAMILA COELHO MOREIRA</p><p>AUTORIA</p><p>Camila Coelho Moreira</p><p>Sou formada, pós-graduada e mestre em Direito, com experiência</p><p>técnico-profissional na área. Atualmente sou diretora da área de</p><p>contencioso civil de um escritório de advocacia no qual eu sou sócia na</p><p>cidade de Vitória/ES. Sou apaixonada pelo que faço e adoro transmitir</p><p>minha experiência de vida àqueles que estão iniciando em suas profissões.</p><p>Por isso fui convidada pela Editora Telesapiens a integrar seu elenco de</p><p>autores independentes. Estou muito feliz em poder ajudar você nesta fase</p><p>de muito estudo e trabalho. Conte comigo!</p><p>ICONOGRÁFICOS</p><p>Olá. Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem toda vez</p><p>que:</p><p>OBJETIVO:</p><p>para o início do</p><p>desenvolvimento de</p><p>uma nova compe-</p><p>tência;</p><p>DEFINIÇÃO:</p><p>houver necessidade</p><p>de se apresentar um</p><p>novo conceito;</p><p>NOTA:</p><p>quando forem</p><p>necessários obser-</p><p>vações ou comple-</p><p>mentações para o</p><p>seu conhecimento;</p><p>IMPORTANTE:</p><p>as observações</p><p>escritas tiveram que</p><p>ser priorizadas para</p><p>você;</p><p>EXPLICANDO</p><p>MELHOR:</p><p>algo precisa ser</p><p>melhor explicado ou</p><p>detalhado;</p><p>VOCÊ SABIA?</p><p>curiosidades e</p><p>indagações lúdicas</p><p>sobre o tema em</p><p>estudo, se forem</p><p>necessárias;</p><p>SAIBA MAIS:</p><p>textos, referências</p><p>bibliográficas e links</p><p>para aprofundamen-</p><p>to do seu conheci-</p><p>mento;</p><p>REFLITA:</p><p>se houver a neces-</p><p>sidade de chamar a</p><p>atenção sobre algo</p><p>a ser refletido ou dis-</p><p>cutido sobre;</p><p>ACESSE:</p><p>se for preciso aces-</p><p>sar um ou mais sites</p><p>para fazer download,</p><p>assistir vídeos, ler</p><p>textos, ouvir podcast;</p><p>RESUMINDO:</p><p>quando for preciso</p><p>se fazer um resumo</p><p>acumulativo das últi-</p><p>mas abordagens;</p><p>ATIVIDADES:</p><p>quando alguma</p><p>atividade de au-</p><p>toaprendizagem for</p><p>aplicada;</p><p>TESTANDO:</p><p>quando o desen-</p><p>volvimento de uma</p><p>competência for</p><p>concluído e questões</p><p>forem explicadas;</p><p>SUMÁRIO</p><p>A Constituição: Conceitos, classificações e histórico .................10</p><p>Constitucionalismo .......................................................................................................................10</p><p>Conceito e classificações ......................................................................................................... 13</p><p>A Constituição de 1988 ...............................................................................................................16</p><p>Princípios constitucionais, direitos e garantias fundamentais . 19</p><p>Princípios Constitucionais ........................................................................................................ 19</p><p>Direitos e garantias fundamentais ...................................................................................... 21</p><p>Organização do Estado: A União, os Estados, o Distrito Federal e</p><p>os Municípios ............................................................................................... 28</p><p>União ...................................................................................................................................................... 30</p><p>Estados-membros ..........................................................................................................................32</p><p>Municípios .............................................................................................................................................33</p><p>Distrito Federal .................................................................................................................................35</p><p>A organização e a separação dos poderes na Constituição de</p><p>1988 ....................................................................................................................37</p><p>Poder Legislativo ............................................................................................................................ 38</p><p>Poder Executivo ............................................................................................................................. 40</p><p>Poder Judiciário ................................................................................................................................42</p><p>7</p><p>UNIDADE</p><p>02</p><p>Noções de Direito</p><p>8</p><p>INTRODUÇÃO</p><p>O direito é uma área do conhecimento de extrema relevância, a qual</p><p>todos estamos sujeitos até o fim de nossas vidas. Além de sua importância</p><p>no mercado de trabalho, atos cotidianos, como atravessar a rua, pegar um</p><p>ônibus ou fazer um lanche, estão sujeitos a normas jurídicas que devem</p><p>ser observadas e respeitadas, sob pena de sanções. Meu objetivo nessa</p><p>unidade é proporcionar conhecimentos jurídicos básicos para que você</p><p>possa se destacar como profissional e enfrentar situações do dia a dia que</p><p>envolvam essa temática. Isso significa que, ao longo desta unidade letiva,</p><p>você vai mergulhar neste universo de leis, doutrinas, jurisprudências...</p><p>vamos nessa comigo?</p><p>Noções de Direito</p><p>9</p><p>OBJETIVOS</p><p>Olá. Seja muito bem-vinda (o). Nosso propósito é auxiliar você no</p><p>desenvolvimento das seguintes objetivos de aprendizagem até o término</p><p>desta etapa de estudos:</p><p>1. Explicar o que é o direito e sua relação com a moral e com a justiça.</p><p>2. Explicar sobre as áreas, os ramos e as fontes do direito.</p><p>3. Identificar as espécies normativas e a diferença entre processo e</p><p>procedimento</p><p>4. Interpretar a teoria geral do Estado e os regimes políticos.</p><p>Então? Preparado para uma viagem sem volta rumo ao conhecimento?</p><p>Ao trabalho!</p><p>Noções de Direito</p><p>10</p><p>A Constituição: Conceitos, classificações</p><p>e histórico</p><p>OBJETIVO:</p><p>Ao término deste capítulo, você será capaz de entender</p><p>de que modo se encontra estruturada a nossa atual</p><p>Constituição, fundamentada na evolução histórica do</p><p>constitucionalismo e das classificações das constituições</p><p>ao longo dos tempos. Isto será fundamental para que você</p><p>possa aprender os próximos conteúdos, considerando</p><p>ser a Constituição a lei suprema de um Estado. E então?</p><p>Motivado para desenvolver esta competência? Então</p><p>vamos lá. Avante!</p><p>Constitucionalismo</p><p>Antes de iniciarmos o estudo do Direito Constitucional e seus</p><p>desdobramentos, é interessante que você saiba sobre o Constitucionalismo.</p><p>Definido por alguns como um movimento social, por outros como</p><p>uma técnica de limitação de poder, trata-se de um meio de limitar poder</p><p>do Estado e assegurar os direitos fundamentais do povo por meio do texto</p><p>Constitucional.</p><p>O constitucionalismo, ao longo da história, é fruto da luta do</p><p>povo contra regimes autoritários que vigoraram desde a Idade Antiga.</p><p>Destacamos aqui que na Antiguidade (século V até a tomada do império</p><p>Romano pelos bárbaros) surge o marco do Constitucionalismo, por meio</p><p>dos hebreus e da limitação imposta aos estados teocráticos da época.</p><p>Já na Idade Média (Século V – Século XV) um grande marco do</p><p>Constitucionalismo foi a Magna Carta de 1215, redigida pelos nobres</p><p>ingleses da época que estabelecia, mesmo diante dos regimes</p><p>monarquistas da época, a proteção de alguns direitos do povo (SILVA,</p><p>2019). A Magna Carta exigia ao Rei João sem Terra os direitos dos barões,</p><p>como eram conhecidos os nobres da época, bem como concedeu à</p><p>Noções de Direito</p><p>11</p><p>mulheres e crianças o direito de herdar propriedades. Além disso, o</p><p>referido documento conferiu aos barões o direito de declarar guerra ao</p><p>Rei caso ele não cumprisse as disposições presentes no documento.</p><p>Figura 1 – Rei João sem Terra assinando a Magna Carta</p><p>Fonte: Wikimedia</p><p>É na Idade Moderna (1453- 1789) que o movimento ganha forças no</p><p>que diz respeito à proteção de direitos individuais da população. Foram</p><p>destaques nessa época o Petition of Rights (1628), o Habeas Corpus Act</p><p>(1679), o Bill of Rights (1689) e o Act of Settlement (1701) (LENZA, 2018).</p><p>ACESSE:</p><p>O Bill of Rights foi um grande marco para os direitos</p><p>humanos, a partir da Revolução Gloriosa. Para relembrar</p><p>alguns conceitos históricos, sugerimos a leitura do texto</p><p>a</p><p>seguir, da historiadora Camila Caldas Petroni, disponível aqui.</p><p>Ainda sobre a evolução do constitucionalismo na história, o</p><p>constitucionalismo norte-americano possui grande relevância ao ter</p><p>estabelecido os contratos de colonização, criados pelos peregrinos que,</p><p>Noções de Direito</p><p>https://bit.ly/3a7NS9b</p><p>12</p><p>ao chegarem nas terras norte-americanas e não encontrarem nenhum</p><p>poder, firmaram contratos de mútuo consenso quanto às regras que</p><p>prevaleceriam naquelas regiões, que mais tarde seriam incorporadas</p><p>pelos chefes de Estado da época, surgindo daí um dos pilares da</p><p>constituição, que consiste em estabelecer e organizar o governo pelos</p><p>próprios governados (SILVA, 2019).</p><p>Por fim, o constitucionalismo contemporâneo (1789 até os dias</p><p>atuais) é marcado pelas constituições escritas como forma soberana</p><p>de limitação do poder e com o povo como titular desse poder legítimo.</p><p>Os textos constitucionais dessa era marcam um conjunto de direito</p><p>sociais traduzidos em palavras, o que se vê presente na Constituição</p><p>de 1988, período em que prevalece a soberania constitucional, cujo</p><p>constitucionalismo é globalizado, estando presente em quase todos os</p><p>Estados do mundo.</p><p>Ainda sob a perspectiva evolutiva, doutrinadores e estudiosos</p><p>da ciência do Direito desenvolveram uma nova relação com o</p><p>constitucionalismo, o denominado neoconstitucionalismo. Estudiosos</p><p>integrantes desse movimento acreditam que o constitucionalismo não</p><p>está relacionado somente à limitação do poder pela constituição de</p><p>um Estado, mas sim com a concretização de direitos fundamentais, de</p><p>modo a acreditar em um caráter mais efetivo do texto constitucional e não</p><p>meramente retórico. São pontos marcantes do neoconstitucionalismo:</p><p>a. Estado Constitucional de Direito – a constituição não é considerada</p><p>somente o conjunto das leis de um Estado, mas sim o centro do</p><p>sistema estatal cujos valores encontram-se ali reunidos, de modo</p><p>que a lei deve ser aplicada e interpretada conforme esses valores.</p><p>b. Contexto axiológico – necessidade de se fazer uma leitura moral</p><p>do direito com base nos direitos fundamentais e na dignidade</p><p>humana e de diferenciar as normas a partir da moral.</p><p>Noções de Direito</p><p>13</p><p>ACESSE:</p><p>Para aprender um pouco mais sobre o neoconstitucionalismo,</p><p>sugerimos que você assista esse vídeo: AGU Explica –</p><p>Neoconstitucionalismo, disponível clicando aqui.</p><p>Agora que você já sabe o que é o Constitucionalismo, vamos</p><p>aprender um pouco mais sobre a Constituição? Vem comigo!</p><p>Conceito e classificações</p><p>Acho que você já percebeu como que estabelecer um conceito no</p><p>que diz respeito às questões jurídicas é algo delicado e com a Constituição</p><p>isso não seria diferente.</p><p>Isso se dá, pois o direito como um todo não é uma ciência exata.</p><p>Trata-se de um fenômeno multifacetado e cada face desse fenômeno</p><p>contribui para uma classificação. Feitas essas considerações, traremos</p><p>algumas definições do direito sob as perspectivas sociológica, política,</p><p>jurídica e cultural, para que você possa entender bem no que consiste</p><p>esse termo.</p><p>Sob a perspectiva social, a Constituição, para ser considerada</p><p>legítima, deve traduzir o poder de um povo. Segundo Lassale apud Lenza,</p><p>a Constituição seria “a somatória dos fatores reais do poder dentro de uma</p><p>sociedade” (LENZA, 2018, p. 93).</p><p>No sentido político, a constituição difere-se de lei constitucional, de</p><p>modo que a Constituição consiste em uma decisão política fundamental,</p><p>na qual se estabelecem a estrutura e órgãos do Estado, os direitos</p><p>individuais de cada um, o regime democrático e as leis constitucionais</p><p>seriam derivadas dessa decisão.</p><p>Quanto à definição jurídica da Constituição, pode-se dizer que é um</p><p>dever-ser, uma norma de conduta a ser seguida por todos. A Constituição</p><p>ocupa posição de destaque na soberania das normas, pois sua criação</p><p>não foi sujeita à uma edição do Estado, mas sim como tradução de uma</p><p>vontade popular.</p><p>Noções de Direito</p><p>https://bit.ly/2WuHiW2</p><p>14</p><p>No sentido cultural, a constituição é definida como o produto dos</p><p>aspectos econômicos, sociológicos, jurídicos e filosóficos de um povo,</p><p>que regulam a existência deste e estrutura o Estado.</p><p>Agora que você já aprendeu o que é a constituição, partiremos para</p><p>a classificação constitucional sob os seguintes aspectos: origem, forma,</p><p>extensão, elaboração, alterabilidade, sistemática e função. Vamos comigo</p><p>nessa?</p><p>A primeira classificação que vamos fazer será em relação à origem</p><p>da Constituição, que se divide em outorgada e promulgada. A constituição</p><p>outorgada é autoritária, imposta por um agente revolucionário que</p><p>não é legitimado pelo povo para atuar. Já a constituição promulgada é</p><p>democrática, votada e possui a iniciativa popular, através da Assembleia</p><p>Constituinte, que é eleita pelo povo e em nome dele deve atuar.</p><p>Quanto à forma, a constituição pode ser escrita ou costumeira</p><p>(consuetudinária). Escrita é a constituição formada por um conjunto de</p><p>regras que estão organizadas em um documento único, cujo conteúdo</p><p>estabelece as normas de conduta e organização de um Estado. Já a</p><p>constituição costumeira é aquela contrária à constituição escrita em</p><p>um único texto. Suas previsões encontram-se em textos esparsos que</p><p>são baseados no uso, costumes, jurisprudências e convenções. Ex.:</p><p>constituição da Inglaterra.</p><p>Quanto à extensão, a Constituição pode ser sintética ou analítica.</p><p>Sintética é a constituição que carrega somente os princípios fundamentais</p><p>de um Estado. Esse modelo constitucional tende a ser mais duradouro,</p><p>pois abriga normas mais genéricas que devem nortear as demais normas.</p><p>Além de tenderem a ser mais duradouras, essas constituições também</p><p>costumam ser mais estáveis, uma vez que, por não estabelecer minúcias,</p><p>seu poder de flexibilização e adaptação a casos concretos.</p><p>EXEMPLO:</p><p>Um exemplo de constituição sintética é a dos Estados Unidos da</p><p>América, com sete artigos e vinte e sete emendas constitucionais. A</p><p>constituição original possui, ao todo, cinco páginas.</p><p>Noções de Direito</p><p>15</p><p>Já as constituições analíticas são aquelas que abordam de</p><p>forma mais completa os assuntos que os constituintes entendem por</p><p>fundamentais, estabelecendo detalhes, procedimentos e buscam</p><p>englobar em si a maior quantidade de situações possíveis.</p><p>Quanto à forma de elaboração, as constituições dividem-se em</p><p>dogmáticas ou históricas. Dogmáticas são aquelas que são sempre</p><p>escritas e refletem os dogmas estruturais do Estado, elaboradas de uma</p><p>só vez, através da Assembleia Constituinte. Já as históricas são aquelas</p><p>que são formadas de forma lenta e contínua, ao longo do passar do</p><p>tempo, considerando as histórias e as tradições de um povo.</p><p>As constituições quanto à alterabilidade classificam-se em rígidas,</p><p>flexíveis ou semiflexíveis. A alterabilidade consiste na possibilidade de</p><p>alteração de seu texto, de seu conteúdo. As constituições classificadas</p><p>como rígidas são aquelas que exigem um processo legislativo mais</p><p>complexo e solene em relação à alteração das demais normas. Já as</p><p>flexíveis são aquelas que ao contrário das rígidas, não possuem um</p><p>processo legislativo rigoroso para sua alteração em relação às normas</p><p>infraconstitucionais. É considerada semiflexível a constituição que une as</p><p>características das duas classificações anteriores, pois sua rigidez varia de</p><p>acordo com o tema a ser abordado.</p><p>Além dessas classificações, também existem as constituições que</p><p>são imutáveis, ou seja, que pretendem ser eternas.</p><p>VOCÊ SABIA?</p><p>A nossa atual Constituição é considerada rígida. Tal</p><p>determinação encontra-se em seu artigo 60, que estabelece</p><p>um quórum específico para sua votação, 3/5 de cada casa</p><p>do Congresso, além de exigir dois turnos de votação para</p><p>aprovação de qualquer Emenda Constitucional.</p><p>Quanto à sistemática, as constituições podem ser reduzidas ou</p><p>variadas. Reduzidas são aquelas que se materializam em um só código,</p><p>enquanto as variadas estão espalhadas em vários textos e documentos.</p><p>Noções de Direito</p><p>16</p><p>Em relação à função, ela pode se dividir em provisórias ou definitivas.</p><p>Provisórias dizem respeito ao período em que a constituição está sendo</p><p>elaborada e encontra-se sujeita a modificações, enquanto a constituição</p><p>definitiva é definida como aquela que possui uma duração indefinida.</p><p>Agora que você já aprendeu que existem diversas formas de</p><p>constituição, que tal aprendermos um pouco mais sobre a nossa querida</p><p>Constituição que se encontra em vigor no Brasil?</p><p>A Constituição de 1988</p><p>A partir da classificação que acabamos de aprender, a Constituição</p><p>da República Federativa do Brasil de 1988 (CRFB/88) pode ser classificada</p><p>como promulgada, escrita, analítica, dogmática, rígida, reduzida, eclética</p><p>e definitiva.</p><p>A CRFB/88 é fruto da evolução histórica do Brasil, sendo a sétima</p><p>Constituição da história do país. Denominada por Ulysses Guimarães</p><p>como constituição cidadã, um ponto marcante foi a grande participação</p><p>popular durante sua elaboração. A Assembleia Constituinte, que deu</p><p>origem à nossa querida Constituição, foi integrada por 559 pessoas, teve</p><p>duração de dezenove meses e foi promulgada com 245 artigos, sendo</p><p>considerada uma das Constituições mais extensas da história.</p><p>ACESSE:</p><p>Para entender um pouco mais sobre o que foi a assembleia</p><p>constituinte, acesse este link.</p><p>Uma das principais inovações trazidas foi o sistema presidencialista,</p><p>com eleição direta em dois turnos, a assistência social, a viabilização</p><p>das Medidas Provisórias, o direito de voto universal, internacionalismo</p><p>estatal e nacionalismo econômico e a ampla gama de garantias e direitos</p><p>fundamentais (PAULO; ALEXANDRINO, 2018).</p><p>Como um todo, uma das características da Constituição de 1988 são</p><p>seus aspectos democráticos e liberais, que se destacaram principalmente</p><p>Noções de Direito</p><p>https://bit.ly/2IRwFVp</p><p>17</p><p>pelo fato de que a Constituição fora promulgada após um período</p><p>marcante da história do Brasil, o Golpe Militar de 1964, em que vários dos</p><p>direitos e deveres dos cidadãos foram suprimidos pela força do Estado.</p><p>Tais características estão presentes na forma de governo escolhida,</p><p>que é a república e no sistema presidencialista e a forma de Federação do</p><p>Estado, na instituição da capital Brasília, da inexistência de religião oficial,</p><p>na organização dos poderes e na declaração dos direitos.</p><p>Atualmente a Constituição conta com nove títulos: princípios</p><p>fundamentais, direitos e garantias fundamentais, organização do Estado,</p><p>organização dos poderes, defesa do Estado e instituições democráticas,</p><p>tributação e orçamento, da ordem econômica e financeira, da ordem social</p><p>e das disposições constitucionais gerais. Ao todo, integram a Constituição</p><p>250 (duzentos e cinquenta) artigos.</p><p>Figura 2 – Constituição de 1988</p><p>Fonte: Wikipedia.</p><p>Até o mês de dezembro de 2019 foram acrescentadas 112 (cento</p><p>e doze) emendas, sendo que 104 (cento e quatro) foram emendas</p><p>constitucionais ordinárias, 6 (seis) emendas constitucionais de revisão e 2</p><p>(dois) tratados internacionais.</p><p>Noções de Direito</p><p>18</p><p>SAIBA MAIS:</p><p>Que tal se aprofundar nesse tema? Acesse a Constituição</p><p>e veja tudo o que comentamos neste capítulo. O conteúdo</p><p>encontra-se disponível clicando aqui.</p><p>RESUMINDO:</p><p>E então? Gostou de tudo até aqui? Agora, só para termos</p><p>certeza de que você realmente entendeu o tema de estudo</p><p>deste capítulo, vamos resumir tudo o que vimos. Você iniciou</p><p>esse capítulo aprendendo o que o constitucionalismo</p><p>é porque ele é classificado por uns como um momento</p><p>social e por outros como uma técnica de limitação de</p><p>poder. Aprendemos sobre a origem do Constitucionalismo,</p><p>como fruto da luta do povo contra as desigualdades que se</p><p>iniciou desde a Idade Média, passando pela Idade Moderna,</p><p>o exemplo do Constitucionalismo Norte-americano até</p><p>chegarmos no Constitucionalismo Contemporâneo e o</p><p>Neoconstitucionalismo. Aprendemos também o conceito</p><p>de constituição sob as perspectivas social, política, jurídica</p><p>e cultural, além das classificações quanto à origem, forma,</p><p>extensão, elaboração, alterabilidade, sistemática e função.</p><p>Por fim, você pode conhecer um pouco mais sobre a nossa</p><p>atual (e querida) Constituição de 1988 e um pouco do seu</p><p>conteúdo dissolvido em seus nove títulos e duzentos e</p><p>cinquenta artigos, que aprenderemos um pouco mais</p><p>sobre eles a seguir. Vamos continuar nessa jornada incrível</p><p>em busca do conhecimento junto comigo?</p><p>Noções de Direito</p><p>https://bit.ly/2wf8Xzz</p><p>19</p><p>Princípios constitucionais, direitos e</p><p>garantias fundamentais</p><p>OBJETIVO:</p><p>Ao término deste capítulo, você conhecerá os direitos e</p><p>garantias fundamentais presentes na Constituição. Isto</p><p>será fundamental para o seu aprendizado nessa disciplina.</p><p>E então? Motivado para desenvolver esta competência?</p><p>Então vamos lá. Avante!</p><p>Princípios Constitucionais</p><p>Os princípios consistem em uma espécie de norma jurídica e</p><p>servem como apoio ao operador do direito no sentido de nortear a</p><p>interpretação da regra, bem como de limite para o poder do jurista. Os</p><p>princípios constitucionais encontram-se elencados nos artigos 1º ao 4º da</p><p>Constituição.</p><p>Os princípios fundamentais são aqueles que estão presentes no</p><p>artigo 1º da CRFB/88, que consistem nos fundamentos da República</p><p>Federativa do Brasil. São eles a soberania, a cidadania, a dignidade da</p><p>pessoa humana, os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa e o</p><p>pluralismo político.</p><p>Entre os princípios acima elencados, destacamos o da dignidade</p><p>da pessoa humana, muito utilizado para a argumentação, implementação</p><p>e efetivação de políticas públicas que visem a salvaguarda dos direitos</p><p>humanos. O princípio da dignidade da pessoa humana consiste em</p><p>resguardar de forma intrínseca a cada ser o humano seu respeito e a</p><p>consideração do Estado e da sociedade em relação à personalidade de</p><p>cada indivíduo, no fim de reconhecer cada indivíduo como sujeito de</p><p>direitos e deveres fundamentais atribuídos pelo Estado, sem distinção de</p><p>qualquer natureza.</p><p>Noções de Direito</p><p>20</p><p>Além disso, o mesmo artigo elenca, em seu parágrafo único, o</p><p>seu caráter democrático, o que chamamos de Estado Democrático</p><p>de Direito, ao aduzir que “todo o poder emana do povo, que o exerce</p><p>por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta</p><p>Constituição” (BRASIL, 1988).</p><p>Seguindo o texto Constitucional, no artigo 2º da Carta Magna</p><p>encontra-se a tripartição dos poderes “são Poderes da União,</p><p>independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o</p><p>Judiciário” (BRASIL, 1988).</p><p>Integrando os princípios constitucionais, o artigo 3º da Carta Magna</p><p>elenca os objetivos da República Federativa do Brasil, que são eles:</p><p>construir uma sociedade livre, justa e solidária; garantir o desenvolvimento</p><p>nacional; erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades</p><p>sociais e regionais; promover o bem de todos, sem preconceitos de</p><p>origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação</p><p>(BRASIL, 1988).</p><p>Por fim, sob a ótica principiológica, o artigo 4º da Carta Magna</p><p>elenca os princípios que regem as relações internacionais do Brasil,</p><p>sendo elas: independência nacional; prevalência dos direitos humanos;</p><p>autodeterminação dos povos; não intervenção; igualdade entre os Estados;</p><p>defesa da paz; solução pacífica dos conflitos; repúdio ao terrorismo e ao</p><p>racismo; cooperação entre os povos para o progresso da humanidade e</p><p>concessão de asilo político. Vale ressaltar que muitos desses princípios</p><p>são fruto de tratados e convenções coletivas assinados pelo Brasil.</p><p>Noções de Direito</p><p>21</p><p>Figura 3 – Princípios básicos das relações internacionais do Brasil</p><p>Fonte: Freepik</p><p>VOCÊ SABIA?</p><p>Que existem temas que jamais poderão ser alterados na</p><p>Constituição? Dispostos no art. 60 §4 e denominados de</p><p>cláusulas pétreas, são eles: a forma federativa de Estado, o</p><p>voto direto, secreto, universal e periódico; a separação dos</p><p>Poderes e os direitos e garantias individuais.</p><p>Direitos e garantias fundamentais</p><p>Os direitos e garantias fundamentais do indivíduo são classificados</p><p>pela doutrina conforme sua geração ou dimensão. A primeira ideia de</p><p>direitos e garantias fundamentais surgiram na Europa, no século XVIII,</p><p>com a passagem do estado autoritário para o estado de direito.</p><p>Marcada pela Revolução Industrial e Independência dos Estados</p><p>Unidos, a primeira dimensão de direitos a ser protegida foi a liberdade do</p><p>indivíduo voltada para proteção de direitos políticos e civis. Esses direitos</p><p>só puderam ser conquistados a partir de uma abstenção do Estado, no</p><p>sentido de não mais exercer um controle sobre os indivíduos e permitir</p><p>Noções de Direito</p><p>22</p><p>que, através da liberdade de expressão, questionassem ou discordassem</p><p>da forma de governo (ALEXY, 2008).</p><p>EXEMPLOS:</p><p>São marcos dessa geração a Magna Carta de 1215 assinada pelo Rei</p><p>João Sem Terra, a Paz de Westfalia, o Habeas Corpus Act, o Bill of</p><p>Rights e as Declarações de Direito Americana (1776) e Francesa (1789).</p><p>Figura 4 – Revolução Industrial e os direitos da primeira dimensão</p><p>Fonte: Pixabay</p><p>A segunda dimensão dos direitos humanos é marcada pela</p><p>igualdade, por meio da fixação dos direitos sociais, culturais, econômicos</p><p>e coletivos. Essa fase surge após a Primeira Guerra Mundial, quando</p><p>ocorre uma concepção mundial de Estado de Bem-Estar Social. Essa</p><p>segunda dimensão de direitos impõe ao Estado obrigações que devem</p><p>ser materializadas por meio das normas constitucionais no sentido de</p><p>assegurar aos indivíduos, sob a tutela do Estado, apoio econômico por</p><p>meio dos setores públicos.</p><p>Noções de Direito</p><p>23</p><p>VOCÊ SABIA?</p><p>No Brasil, os direitos sociais característicos da segunda</p><p>dimensão aparecem no artigo 6º da Constituição e são</p><p>eles: “a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a</p><p>moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência</p><p>social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência</p><p>aos desamparados, na forma desta Constituição” (BRASIL,</p><p>1988, art. 6).</p><p>A terceira dimensão dos direitos fundamentais é marcada pela</p><p>alteração da sociedade internacional, pelo desenvolvimento da tecnologia</p><p>e da ciência e pela mudança das relações econômico-sociais, marcadas</p><p>pela desigualdade, consumo, mudanças climáticas e aquecimento global.</p><p>A terceira fase é marcada pelas novas preocupações e problemas</p><p>que surgiram a partir do crescimento das cidades e da globalização,</p><p>como, por exemplo, a preservação ambiental e a proteção do direito</p><p>do consumidor. Nesse sentido, essa fase diz respeito à fraternidade</p><p>e se traduz por meio dos direitos ao desenvolvimento, à paz, ao meio</p><p>ambiente, a propriedade (na ideia de patrimônio comum da humanidade)</p><p>e na comunicação (LENZA, 2018; ALEXY 2008).</p><p>Figura 5 – Terceira dimensão dos direitos humanos: fraternidade</p><p>Fonte: Pixabay</p><p>Noções de Direito</p><p>24</p><p>Há ainda quem acredite que existem direitos de quarta geração,</p><p>mas isso ainda não representa a grande maioria da doutrina. Para quem</p><p>acredita nos direitos fundamentais da quarta geração, eles seriam</p><p>direitos relacionados à bioética e informática, visando proteger assuntos</p><p>relacionados a suicídio, aborto, eutanásia, transexualidade, reprodução</p><p>artificial e manipulação de DNA – no campo da bioética – e a proteção</p><p>de dados, direitos relacionado à comunicação, privacidade, propriedade</p><p>intelectual e industrial – no campo da informática.</p><p>Os direitos fundamentais não se confundem com as garantias</p><p>fundamentais. Apesar de ambos os conceitos estarem relacionados, os</p><p>direitos fundamentais consistem em bens e vantagens presentes nas</p><p>normas constitucionais na medida que as garantias fundamentais dizem</p><p>respeito à proteção desses direitos ou formas de reparação quando da</p><p>violação de um direito (LENZA, 2018).</p><p>Não há o que se confundir, porém, garantias fundamentais com</p><p>remédios constitucionais. Os remédios constitucionais consistem em</p><p>uma espécie do gênero garantias, mas, para além dos remédios, as</p><p>garantias podem estar presentes na mesma norma que assegura o direito</p><p>(LENZA, 2018).</p><p>Os remédios constitucionais são os mecanismos garantidos pela</p><p>própria Constituição para serem utilizados nos casos em que o Estado</p><p>não cumpre na sua função de salvaguardar os direitos fundamentais do</p><p>cidadão. São espécies de remédios constitucionais o Habeas corpus,</p><p>Habeas data, o Mandado de Segurança, o Mandado de Injunção e a Ação</p><p>Popular.</p><p>O Habeas corpus, apesar do nome em latim, possui origem na</p><p>Inglaterra e pode ser utilizado por qualquer pessoa para garantir seu</p><p>direito de liberdade e locomoção, com o fim de evitar qualquer tipo de</p><p>prisão ilegal ou arbitrária e abuso de poder.</p><p>Noções de Direito</p><p>25</p><p>Figura 6 – Habeas corpus e o direito de liberdade</p><p>Fonte: Pixabay</p><p>O Habeas data, por sua vez, consiste em um remédio constitucional</p><p>que garante ao cidadão o direito de acesso a informações pessoas, bem</p><p>como a retificação, ou seja, a alteração de seus dados. O Habeas corpus</p><p>tem base no direito constitucional à inviolabilidade do sigilo de dados,</p><p>presente no artigo 5º inciso XII da Constituição Federal.</p><p>O Mandado de Segurança consiste em uma espécie de remédio</p><p>constitucional que visa resguardar direito líquido e certo de alguém,</p><p>violado pelo Estado. Um exemplo de aplicação do Mandado de Segurança</p><p>é nos casos de concurso público, no qual são previstas cinco vagas e o</p><p>ocupante de quarta vaga não é chamado, por razão única e arbitrária do</p><p>Estado. Nesse sentido, considerando o direito líquido e certo do cidadão</p><p>de ser nomeado, caberá apelar para o remédio constitucional do Mandado</p><p>de Segurança.</p><p>O Mandado de Injunção consiste no remédio constitucional utilizado</p><p>nos casos em que há necessidade de que o Poder Judiciário leve ao Poder</p><p>Legislativo a ciência sobre a ausência de norma regulamentadora sobre</p><p>determinado tema capaz de inviabilizar o exercício dos direitos e garantias</p><p>fundamentais previstos na Constituição.</p><p>Por fim, a Ação Popular consiste em uma espécie de remédio</p><p>constitucional que garante ao cidadão o poder de fiscalização de um bem</p><p>comum do povo.</p><p>Noções de Direito</p><p>26</p><p>Além dos direitos fundamentais, é importante que você saiba que</p><p>existem deveres fundamentais, pois muitas vezes o direito de alguém</p><p>depende do dever do outro e, nessa estrutura, os deveres fundamentais</p><p>são oponíveis ao Estado e aos indivíduos. Entre esses deveres, destacam-</p><p>se o dever de realizar os direitos pelo Estado, do Estado indenizar o</p><p>indivíduo por erro do judiciário, o serviço militar obrigatório, entre outros.</p><p>Nesse momento é comum que você esteja se perguntando: quem</p><p>faz jus a esses direitos e garantias fundamentais? Qualquer pessoa?</p><p>Mesmo quem cometeu um crime? E quem não mora no Brasil?</p><p>Para responder sua pergunta, usaremos o que se encontra tipificado</p><p>no artigo 5º caput da Constituição, que diz que “todos são iguais perante</p><p>a lei, sem distinção de qualquer natureza”. Desse modo, independente de</p><p>classe social, religião, sexo ou do comportamento moral, todos devem ter</p><p>seus direitos e suas garantias asseguradas (BRASIL, 1988).</p><p>Ainda no artigo 5º, o legislador vai além e no próprio texto</p><p>constitucional elenca espécies de direitos invioláveis “garantindo-se aos</p><p>brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito</p><p>à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade” (BRASIL,</p><p>1988).</p><p>Em síntese, com base na CRFB/88, podemos classificar os direitos</p><p>fundamentais em cinco grupos: direitos individuais (art. 5º); direitos coletivos</p><p>(art. 5º); direitos sociais (arts. 6º e 193 e ss.); direitos à nacionalidade (art. 12)</p><p>e direitos políticos (arts. 14 a 17).</p><p>Ainda sobre o artigo 5º da Constituição, ele divide-se em setenta e</p><p>oito incisos, o que não nos permite aqui citar um por um, mas destacam-</p><p>se a igualdade entre homens e mulheres; a vedação da tortura; a livre</p><p>manifestação do pensamento e expressão; a liberdade religiosa; o acesso</p><p>à informação; a função social da propriedade; a defesa</p><p>do consumidor; o</p><p>acesso à justiça; a irretroatividade das decisões; a presunção de inocência;</p><p>a proibição de penas cruéis e penas de morte; a integridade física e moral</p><p>dos presos; a assistência social do Estado; a gratuidade da justiça para os</p><p>pobres na forma da lei (BRASIL, 1988).</p><p>Noções de Direito</p><p>27</p><p>SAIBA MAIS:</p><p>Para aprender um pouco mais sobre a dignidade da pessoa</p><p>humana, sugerimos o vídeo que traz a fala do Ministro Luiz Fux,</p><p>durante uma sessão, disponível aqui.</p><p>Caso deseje aprender um pouco mais sobre os remédios</p><p>constitucionais, sugerimos que você assista um vídeo sobre</p><p>esse tema, disponibilizado pelo portal da Advocacia Geral da</p><p>União, disponível aqui.</p><p>Após o acesso desses materiais, caso você se interesse muito</p><p>sobre esses assuntos, sugiro que você leia um pouco mais</p><p>sobre o ativismo judicial, você sabe o que é? Acesse o artigo a</p><p>seguir para entender um pouco mais. BARROSO, Luís Roberto.</p><p>Judicialização, ativismo judicial e legitimidade democrática,</p><p>disponível aqui.</p><p>RESUMINDO:</p><p>E então? Gostou de tudo até aqui? Agora, só para termos</p><p>certeza de que você realmente entendeu o tema de estudo</p><p>deste capítulo, vamos resumir tudo o que vimos. Você iniciou</p><p>esse capítulo aprendendo que os princípios constitucionais são</p><p>normas jurídicas e servem como apoio na interpretação das leis.</p><p>Além disso, vimos que os princípios da Constituição de 1988</p><p>encontram-se tipificados no artigo 1º e são eles a soberania,</p><p>a cidadania, a dignidade da pessoa humana, os valores</p><p>sociais do trabalho e da livre iniciativa e o pluralismo político.</p><p>Aprendemos também que o Brasil é um Estado Democrático</p><p>de Direito pois o poder emana do povo. Além disso, vimos que</p><p>os objetivos da república se encontram tipificados no artigo 3o</p><p>e no artigo 4o aprendemos sobre os princípios que regem as</p><p>relações internacionais do Brasil. Juntos, vimos nesse capítulo</p><p>o que são os direitos e garantias fundamentais, bem como</p><p>acompanhamos o desenvolvimento dos direitos de primeira,</p><p>segunda e terceira geração, além de comentarmos sobre</p><p>uma quarta dimensão dos direitos humanos citada por alguns</p><p>doutrinadores. Tivemos ainda a possibilidade de conhecer o</p><p>artigo 5o da Constituição, um dos artigos mais importantes em</p><p>vigor hoje no Brasil.</p><p>Noções de Direito</p><p>https://www.youtube.com/watch?v=Y bT9iaEJJbE</p><p>https://www.youtube.com/watch?v=rdG2QuH_jgw</p><p>https://bit.ly/2QjKPTg</p><p>28</p><p>Organização do Estado: A União, os</p><p>Estados, o Distrito Federal e os Municípios</p><p>OBJETIVO:</p><p>Ao término deste capítulo, você entenderá como o Estado</p><p>se organiza, bem como terá a oportunidade de conhecer</p><p>um pouco mais sobre os entes federativos que compõem</p><p>a República Federativa do Brasil. E então? Motivado para</p><p>desenvolver esta competência? Então vamos lá. Avante!</p><p>São componentes constitutivos de um Estado a soberania, o</p><p>povo e o território, sendo que a soberania consiste em um poder único</p><p>concentrado, o povo, que representa sua politicidade, e o território, que</p><p>consiste na área limitada de atuação desse Estado.</p><p>No Brasil, tais requisitos encontram-se presentes na própria</p><p>Constituição, além da organização e estrutura da forma de Estado, que</p><p>analisaremos a partir de três perspectivas, a forma de Governo, o sistema</p><p>de Governo e a forma de Estado. A forma de Governo que vigora no Brasil</p><p>é a república, o sistema de governo é o presidencialismo e a forma de</p><p>Estado é a Federação.</p><p>A previsão da forma federativa de Estado pela CRFB/88 encontra-</p><p>se prevista no artigo 1º, “A República Federativa do Brasil, formada pela</p><p>união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-</p><p>se em Estado Democrático de Direito” (BRASIL, 1988). Nesse sentido,</p><p>podemos concluir que são componentes da República Federativa do</p><p>Brasil a União, os Estados e o Distrito Federal e Territórios.</p><p>Além de determinar os componentes do Estado, o artigo 1º da Carta</p><p>Magna traz, em seus incisos, os fundamentos da República, que são eles:</p><p>a soberania, a cidadania, a dignidade da pessoa humana, os valores sociais</p><p>do trabalho e da livre iniciativa e o pluralismo político (BRASIL, 1988).</p><p>O texto constitucional, de forma muito acertada, ocupou-se de</p><p>estabelecer objetivos fundamentais a serem perseguidos pela República</p><p>Noções de Direito</p><p>29</p><p>Federativa do Brasil. Tais objetivos não devem ser confundidos com os</p><p>fundamentos, pois os fundamentos fazem parte do Estado, enquanto os</p><p>objetivos consistem um algo a ser perseguido, alcançado. São objetivos</p><p>da República Federativa do Brasil: construir uma sociedade livre, justa e</p><p>solidária, garantir o desenvolvimento nacional; erradicar a pobreza e a</p><p>marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais; promover</p><p>o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e</p><p>quaisquer outras formas de discriminação (BRASIL, 1998).</p><p>A Constituição prevê ainda que o idioma oficial do Brasil é a Língua</p><p>Portuguesa, mas permite a utilização de línguas maternas indígenas no</p><p>processo de aprendizagem dessas comunidades (art. 13, caput, c/c art.</p><p>210 CRFB/88). Os símbolos da república são a bandeira, o hino, as armas</p><p>e os selos nacionais e há previsão constitucional para que os estados,</p><p>distrito e municípios tenham seus próprios símbolos.</p><p>VOCÊ SABIA?</p><p>Os símbolos brasileiros são tão importantes que existe</p><p>uma contravenção penal para quem violá-los, bem como</p><p>constitui infração aos militares que o fizerem, por força do</p><p>artigo 161 do Código Penal Militar.</p><p>O artigo 18 §1º da CRFB/88 estabelece que Brasília é a capital federal</p><p>do Brasil e o artigo 19 também da Constituição estabelece vedações, ou</p><p>seja, proibições aos integrantes da República. Segundo esse artigo, é</p><p>vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:</p><p>I – estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvencioná-</p><p>los, embaraçar-lhes o funcionamento ou manter com</p><p>eles ou seus representantes relações de dependência</p><p>ou aliança, ressalvada, na forma da lei, a colaboração de</p><p>interesse público;</p><p>II – recusar fé aos documentos públicos;</p><p>III – criar distinções entre brasileiros ou preferências entre</p><p>si (BRASIL, 1988).</p><p>Noções de Direito</p><p>30</p><p>É importante destacarmos que a Constituição não estabelece</p><p>qualquer hierarquia entre os entes federativos, de modo que todos são</p><p>autônomos e regidos pela Carta Magna. A repartição da competência de</p><p>cada ente encontra-se tipificada no capítulo II da Constituição, entre os</p><p>artigos 22 e 24. A seguir, trataremos de forma mais individualizada sobre</p><p>cada integrante da República bem como suas funções.</p><p>União</p><p>Os estados-membros reunidos compõem a Federação. Esse</p><p>conjunto é denominado de União Federal. A União, portanto, consiste na</p><p>união federativa de partes do Estado (os estados-membros), por meio do</p><p>pacto federativo. Tal conceito não deve ser confundido com o conceito</p><p>de República Federativa do Brasil, que é formada pelo conjunto da União,</p><p>Estados-membros, Distritos e Municípios.</p><p>IMPORTANTE:</p><p>A República Federativa do Brasil possui soberania no plano</p><p>internacional, conforme previsão do art. 1º, I da Constituição,</p><p>porém os entes federativos são autônomos entre si,</p><p>respeitada a competência de cada um determinada pela</p><p>Carta Magna.</p><p>A União possui dupla personalidade, uma vez que suas funções</p><p>internas e externas se distinguem. Internamente podemos classificar a</p><p>União como pessoa jurídica de direito público interno autônoma, capaz</p><p>de se auto organizar, autogovernar, auto legislar e auto administrar, de</p><p>modo que a União internamente possui autonomia financeira, jurídica e</p><p>administrativa (LENZA, 2018).</p><p>Já externamente, ou seja, internacionalmente, a União representa a</p><p>República Federativa perante os outros Estados do mundo, representado</p><p>o Brasil como um todo. Dessa forma, a União pode, ao mesmo tempo, agir</p><p>para si em prol de si mesma e em nome de toda a República.</p><p>Noções de Direito</p><p>31</p><p>A Constituição estabelece, em seu conteúdo, a competência</p><p>legislativa e não legislativa de cada ente</p><p>federativo ao longo de seus</p><p>artigos. Quanto à União, as competências extralegislativas estão</p><p>relacionadas com as funções governamentais, que podem ser exclusivas</p><p>ou compartilhadas com outros entes federativos, que é o que chamamos</p><p>de competências concorrentes.</p><p>As competências exclusivas da União encontram-se tipificadas no</p><p>artigo 21 da CRFB/88 e as competências concorrentes encontram-se</p><p>tipificadas no artigo 23 também do texto constitucional.</p><p>Sobre a competência concorrente, ressaltamos que se a Federação</p><p>é a união dos entes federativos, cabe a eles colaborarem e agirem entre</p><p>si para alcançar os objetivos da República.</p><p>Quanto às competências concorrentes, ressaltamos algumas delas</p><p>como a proteção das paisagens naturais, proteção do meio ambiente,</p><p>combate à poluição e preservação das florestas, fauna e flora.</p><p>ACESSE:</p><p>Para conhecer os assuntos de competência privativa da</p><p>União, acesse o conteúdo do artigo 21 por meio deste link.</p><p>Quanto à competência legislativa da União, ela também se divide</p><p>em privativa e concorrente. As competências privativas estão descritas</p><p>no artigo 22 da Constituição. O parágrafo primeiro do mesmo dispositivo</p><p>legal permite que a União, por meio de Lei Complementar, autorize os</p><p>Estados-membros legislarem sobre questões específicas.</p><p>Já em relação à competência legislativa concorrente, encontra-</p><p>se especificada no artigo 24 da Constituição Federal. É importante</p><p>ressaltarmos que, nesse caso, cabe à União estabelecer normas gerais</p><p>e a cada estado-membro legislar de acordo com suas particularidades.</p><p>Noções de Direito</p><p>https://bit.ly/2ITZ11j</p><p>32</p><p>IMPORTANTE:</p><p>Caso a União seja inerte e não dite normas gerais sobre</p><p>determinado assunto de sua competência, poderá o estado</p><p>fazê-la. Se, porém, a União crie essas normas gerais, a lei</p><p>elaborada pelo Estado terá sua eficácia suspensa no que</p><p>for contrária à Lei Federal.</p><p>Estados-membros</p><p>Os Estados-membros federados constituem pessoa jurídica de</p><p>direito público autônoma, com capacidade de autogestão, autogoverno</p><p>e autoadministração interna. Os estados-membros deverão se organizar e</p><p>serem regidos pelas leis e constituições que adotarem, dentro da permissão</p><p>constitucional. Atualmente o Brasil possui 26 (vinte e seis) estados.</p><p>De um modo geral, os estados contarão com um poder legislativo,</p><p>por meio das Assembleias Legislativas, um poder executivo, por meio do</p><p>Governador do estado e com um poder Judiciário, por meio dos Tribunais</p><p>e juízes.</p><p>Assim como a União, os estados possuem competências legislativas</p><p>e não legislativas. As competências não legislativas podem ser comuns</p><p>aos quatro entes ou residuais, ou seja, de competência somente dos</p><p>estados-membro.</p><p>Já a competência legislativa dos estados divide-se em expressa,</p><p>residual, delegada pela União, concorrente e suplementar. Expressa</p><p>é a competência legislativa que a Constituição estabelece que seja do</p><p>estado, sendo as constantes do artigo 25 da Constituição. A competência</p><p>legislativa residual é aquela que não é de competência nem da União e</p><p>nem dos Municípios, de modo que resta aos estados-membros legislar</p><p>sobre elas.</p><p>Quanto à competência legislativa concorrente ocorre nos casos em</p><p>que cabe à União legislar sobre as normas gerais e aos estados redigirem</p><p>normas específicas. A competência suplementar, por sua vez, ocorre nos</p><p>Noções de Direito</p><p>33</p><p>casos em que cabe à União legislar sobre determinado assunto e ela se</p><p>mostra inerte, cabendo aos estados suplementarem a lacuna deixada</p><p>pela União.</p><p>Ainda sobre a competência legislativa dos estados-membros,</p><p>é importante mencionar as regiões metropolitanas. As regiões</p><p>metropolitanas consistem em um conjunto de municípios distintos que</p><p>possuem uma continuidade urbana em torno de um município polo. A</p><p>Constituição determina ser de competência dos Estados a instituição</p><p>das regiões metropolitanas, por meio de lei complementar que deve ser</p><p>aprovada pela Assembleia Legislativa (art. 25§3º da CRFB/88).</p><p>VOCÊ SABIA?</p><p>Vitória, capital do Espírito Santo, é um município polo</p><p>integrante da Região Metropolitana da Grande Vitória,</p><p>juntamente com os municípios de Cariacica, Serra, Vila</p><p>Velha, Fundão, Guarapari e Viana.</p><p>Municípios</p><p>Os municípios constituem entes federativos classificados como</p><p>pessoas jurídicas de direito público, com autonomia interna. Antes da</p><p>promulgação da Constituição de 1988, muito se questionava se os</p><p>municípios poderiam ser considerados ou não entes federados, mas tal</p><p>controvérsia restou esclarecida pelo conteúdo dos artigos constitucionais</p><p>que garantem a autonomia desses entes.</p><p>Os municípios, ao contrário da União e dos Estados-membros,</p><p>não possuem Constituição própria, mas organizam-se por meio de</p><p>suas Leis-orgânicas, que exercem basicamente a mesma função. Tal lei</p><p>deve ser aprovada em dois turnos por dois terços da Câmara Municipal</p><p>e devem seguir as regras estabelecidas no artigo 29 da Constituição,</p><p>especificamente dos incisos I a XIV. O município é administrado pelos</p><p>Prefeitos e Vice-Prefeitos e Vereadores.</p><p>Noções de Direito</p><p>34</p><p>Atualmente no Brasil existem 5.470 (cinco mil quatrocentos e</p><p>setenta) municípios, divididos nos 26 estados. A competência legislativa</p><p>dos municípios segue a mesma ordem dos demais entes federativos,</p><p>dividindo-se em não legislativas e legislativas.</p><p>As competências não legislativas dividem-se em comum e</p><p>privativa. As competências não legislativas comuns são aquelas que</p><p>são concorrentes, compartilhadas com os demais entes federativos</p><p>e encontram-se previstas no artigo 23 da Constituição Federal. Já as</p><p>competências não legislativas privativas estão previstas no artigo 30 do</p><p>Texto Constitucional e são elas:</p><p>I – legislar sobre assuntos de interesse local;</p><p>II – suplementar a legislação federal e a estadual no que</p><p>couber;</p><p>III – instituir e arrecadar os tributos de sua competência,</p><p>bem como aplicar suas rendas, sem prejuízo da</p><p>obrigatoriedade de prestar contas e publicar balancetes</p><p>nos prazos fixados em lei;</p><p>IV – criar, organizar e suprimir distritos, observada a</p><p>legislação estadual;</p><p>V – organizar e prestar, diretamente ou sob regime de</p><p>concessão ou permissão, os serviços públicos de interesse</p><p>local, incluído o de transporte coletivo, que tem caráter</p><p>essencial;</p><p>VI – manter, com a cooperação técnica e financeira da</p><p>União e do Estado, programas de educação pré-escolar e</p><p>de ensino fundamental;</p><p>VI – manter, com a cooperação técnica e financeira da</p><p>União e do Estado, programas de educação infantil e</p><p>de ensino fundamental; (Redação dada pela Emenda</p><p>Constitucional nº 53, de 2006)</p><p>VII – prestar, com a cooperação técnica e financeira da</p><p>União e do Estado, serviços de atendimento à saúde da</p><p>população;</p><p>VIII – promover, no que couber, adequado ordenamento</p><p>territorial, mediante planejamento e controle do uso, do</p><p>parcelamento e da ocupação do solo urbano;</p><p>Noções de Direito</p><p>35</p><p>IX – promover a proteção do patrimônio histórico-cultural</p><p>local, observada a legislação e a ação fiscalizadora federal</p><p>e estadual. (BRASIL, 1988)</p><p>Distrito Federal</p><p>O Distrito Federal, antes de receber essa classificação, era</p><p>denominado de Município Neutro, capital da União, cuja sede ficava</p><p>localizada no Rio de Janeiro. Com a entrada em vigor da Constituição</p><p>de 1988, o Distrito Federal passou a ser em Brasília, deixando de ser</p><p>uma autarquia do governo e tornando-se um ente federativo com</p><p>personalidade jurídica de direito público.</p><p>O Distrito Federal foi construído no Centro-Oeste brasileiro com a</p><p>finalidade de ocupar as terras despovoadas daquela região. Brasília foi</p><p>construída em 41 meses, durante o governo de Juscelino Kubitsheck. A</p><p>capital federal foi inaugurada no dia 21 de abril de 1960.</p><p>Atualmente o Distrito Federal é uma unidade federativa autônoma,</p><p>com capacidade de auto-organização, autogoverno, autoadministração e</p><p>auto legislação, assim como os demais entes federativos.</p><p>O artigo 32, caput da Constituição, veda a divisão</p><p>do Distrito Federal</p><p>em municípios, ao contrário do que acontece com os Estados-membros</p><p>e territórios, de modo que o Distrito Federal é dividido em 31 (trinta e</p><p>uma) microrregiões administrativas. O mesmo dispositivo constitucional,</p><p>em seu parágrafo 4º, declara não existir polícia civil, militar e corpo de</p><p>bombeiros pertencentes ao Distrito Federal, pois tais instituições, embora</p><p>subordinadas ao Governador Distrital, são organizadas e mantidas pela</p><p>União. O mesmo se aplica ao Poder Judiciário, Ministério Público e</p><p>Defensoria Pública.</p><p>A competência do Distrito Federal divide-se em não legislativa</p><p>e legislativa. Na categoria não legislativa, ao contrário dos demais</p><p>entes, o Distrito Federal possui somente a competência comum, ou</p><p>seja, compartilhada com os demais entes federativos. Já em relação</p><p>às competências legislativas, essas se dividem em expressa, residual,</p><p>delegada, concorrente e suplementar, assim como as dos municípios e</p><p>estados.</p><p>Noções de Direito</p><p>36</p><p>Um dos símbolos de Brasília é a praça dos três poderes, sendo esse</p><p>inclusive o assunto do nosso próximo capítulo! Continua aqui comigo!</p><p>SAIBA MAIS:</p><p>Que tal se aprofundar nesse tema? Acesse o vídeo a seguir</p><p>e confira uma explicação sobre o assunto abordado nesse</p><p>capítulo. O conteúdo encontra-se disponível aqui.</p><p>RESUMINDO:</p><p>E então? Gostou de tudo até aqui? Agora, só para termos</p><p>certeza de que você realmente entendeu o tema de</p><p>estudo deste capítulo, vamos resumir tudo o que vimos.</p><p>Você iniciou esse capítulo aprendendo conhecendo os</p><p>entes federativos que compõem a República Federativa do</p><p>Brasil. Começamos entendendo em que consiste o pacto</p><p>federativo e os objetivos da República Federativa do Brasil,</p><p>que são construir uma sociedade livre, justa e solidária,</p><p>garantir o desenvolvimento nacional; erradicar a pobreza</p><p>e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e</p><p>regionais; promover o bem de todos, sem preconceitos de</p><p>origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas</p><p>de discriminação. Além disso, aprendemos sobre a língua</p><p>oficial, os símbolos, bandeira e armas do Brasil previstos no</p><p>texto constitucional. Conhecemos também os três entes</p><p>federativos mais a fundo, a União, os Estados e o Distrito</p><p>Federal, suas competências legislativas e não legislativas e</p><p>sua autonomia perante os demais entes.</p><p>Noções de Direito</p><p>https://bit.ly/2TWQroA</p><p>37</p><p>A organização e a separação dos poderes</p><p>na Constituição de 1988</p><p>OBJETIVO:</p><p>Ao término deste capítulo, você aprenderá sobre a</p><p>organização e separação dos poderes, incluindo a</p><p>organização e finalidade dos poderes Legislativo, Executivo</p><p>e Judiciário dentro da estrutura do Estado. E então?</p><p>Motivado para desenvolver esta competência? Então</p><p>vamos lá. Avante!</p><p>Proposta por Montesquieu, a denominada teoria da tripartição dos</p><p>poderes, ou como utilizada por alguns autores como tripartição de órgãos,</p><p>consiste na separação das funções executivas, legislativas e judiciárias de</p><p>um Estado.</p><p>Essa separação tem o objetivo de impor uma colaboração e bom</p><p>senso entre os órgãos na tomada de decisões, estabelecendo mecanismos</p><p>de fiscalização e responsabilidade recíprocas, de uns para com os outros,</p><p>a partir do sistema de freios e contrapesos. De forma ilustrada, funcionaria</p><p>como se todos os poderes estivessem sob uma balança e devessem</p><p>juntos buscar o equilíbrio.</p><p>As funções exercidas pelos órgãos, via de regra, funcionam da</p><p>seguinte forma:</p><p>a. Função legislativa – está relacionada com a edição de leis.</p><p>b. Função executiva – está relacionada com a execução das leis</p><p>editadas pelo legislativo.</p><p>c. Função jurisdicional – relacionada à aplicação das leis ao caso</p><p>concreto.</p><p>Nesse sentido, quero que você tenha em mente que ao mesmo</p><p>tempo que esses três poderes possuem funções típicas, eles possuem</p><p>funções atípicas. As funções típicas são aquelas que são inerentes a</p><p>própria função, de modo que cabe ao legislativo, legislar; ao executivo,</p><p>Noções de Direito</p><p>38</p><p>executar; e ao judiciário, julgar. Já as funções atípicas são aquelas que</p><p>não são inerentes a sua função, mas que são exercidas dentro de suas</p><p>atribuições.</p><p>EXPLICANDO MELHOR:</p><p>É atividade típica do judiciário a função jurisdicional, ou</p><p>seja, julgar. Ocorre que cabe ao judiciário, como atividade</p><p>atípica, legislar sobre o regimento interno dos tribunais (art.</p><p>96, I, “a” da CRFB/88).</p><p>Apesar desse sistema ser chamado de tripartição dos poderes, é</p><p>importante que você tenha em mente que tais poderes são indivisíveis,</p><p>indelegáveis e unos.</p><p>Portanto, mesmo que no exercício de suas funções atípicas,</p><p>um poder jamais poderá interferir ou substituir o outro sem que</p><p>haja uma determinação constitucional que permita, sob pena de</p><p>inconstitucionalidade.</p><p>EXEMPLO:</p><p>O Presidente da República não pode criar uma lei ordinária (que</p><p>é atribuição do legislativo), pois a única função atípica que lhe é</p><p>permitida é a criação de Medidas Provisórias (art. 62 da CRFB/88).</p><p>Bom, agora que você já sabe em que consiste a tripartição dos</p><p>poderes, que tal conhecer cada um deles mais de perto? Vamos nessa?</p><p>Poder Legislativo</p><p>Até esse ponto, você aprendeu que o Poder Legislativo é o</p><p>responsável pela elaboração das leis, mas a partir de agora veremos que</p><p>não somente por isso.</p><p>A primeira coisa que é importante que você saiba é que o Legislativo</p><p>está presente em todas as esferas, ou seja, no âmbito federal, estadual,</p><p>municipal e distrital.</p><p>Noções de Direito</p><p>39</p><p>No Brasil, atualmente, vigora o bicameralismo federativo</p><p>somente no âmbito federal, ou seja, nessa esfera federativa existem</p><p>duas casas, a Câmara e o Senado, de modo que a primeira é formada</p><p>pelos representantes eleitos pelo povo (deputados) e a segunda pelos</p><p>representantes dos estados-membros e Distrito Federal (senadores), de</p><p>modo que juntas integram o Congresso Nacional. Já no âmbito estadual,</p><p>municipal e distrital vigora o unicameralismo, ou seja, o Poder Legislativo</p><p>é composto por uma única casa.</p><p>O poder legislativo estadual é composto pela Assembleia</p><p>Legislativa, integrada pelos Deputados Estaduais. O mandato dos</p><p>Deputados Estaduais é de 4 (quatro) anos e a quantidade de deputados</p><p>corresponderá ao triplo da representação de Deputados Estaduais na</p><p>Câmara.</p><p>O poder legislativo municipal, por sua vez, é composto pela Câmara</p><p>Municipal, integrada pelos Vereadores. A quantidade de vereadores é</p><p>proporcional ao quantitativo populacional do estado e o mandato dos</p><p>vereadores é de 4 (quatro) anos. A competência legislativa dos vereadores</p><p>municipais é residual, ou seja, via de regra cabe à Câmara Municipal</p><p>legislar sobre o que não é de competência federal ou estadual.</p><p>Já o Poder Legislativo Federal é dividido em Senado e Câmara dos</p><p>Deputados, que juntas integram o Congresso Nacional.</p><p>A Câmara dos Deputados é composta pelo povo, por meio dos</p><p>seus representantes, os Deputados Federais, eleitos para defenderem os</p><p>interesses dos cidadãos. O número de Deputados Federais é proporcional</p><p>ao quantitativo populacional de cada estado, de modo que não pode haver</p><p>na Câmara menos de sete e mais de setenta Deputados representando</p><p>um mesmo estado (BRASIL, 1988).</p><p>O mandato dos Deputados Federais é de 4 (quatro) anos, permitida</p><p>a reeleição. A competência da Câmara dos Deputados encontra-se no</p><p>artigo 51 da CRFB/88, que além de estarem relacionadas com a criação</p><p>de leis, envolvem a instauração de processo contra o Presidente, seu Vice</p><p>ou Ministros de Estados, além de fiscalizar suas contas.</p><p>Noções de Direito</p><p>40</p><p>O Senado Federal é composto por representantes dos estados e do</p><p>Distrito Federal. Ao contrário dos Deputados, o quantitativo de Senadores</p><p>não está proporcionalmente relacionado com a quantitativo populacional</p><p>de cada estado e a regra para todos os estados brasileiros é a mesma:</p><p>devem ser eleitos três senadores fixos e dois senadores suplentes.</p><p>O mandato de um Senador tem duração de oito anos e as eleições</p><p>para renovação serão feitas sempre de quatro</p><p>em quatro anos. A</p><p>competência do Senado encontra-se prevista no art. 52 da CRFB.</p><p>VOCÊ SABIA?</p><p>A renovação dos Senadores é sempre dada na proporção</p><p>de 1/3 e 2/3. Por exemplo: existem três cargos no Senado, A,</p><p>B e C. Digamos que houveram eleições no ano 2000, essas</p><p>eleições serão para substituir os ocupantes dos cargos A</p><p>e B e na eleição seguinte, ou seja, em 2004, será apenas</p><p>para o cargo C, de modo que sempre há três senadores e</p><p>eleições de quatro em quatro anos.</p><p>Tanto Deputados Federais quanto Senadores, para se elegerem,</p><p>não precisam necessariamente serem brasileiros natos, ou seja, terem</p><p>nascido no Brasil, sendo tal condição indispensável para ocupar a</p><p>presidência de uma das casas (Câmara ou Senado).</p><p>A idade mínima para ser Deputado Federal é de 21 (vinte e um) anos,</p><p>sendo que só poderá assumir a presidência da casa aquele que for maior</p><p>de 35 (trinta e cinco anos). Já em relação aos Senadores, existe previsão</p><p>constitucional que determina que para serem eleitos, precisam contar</p><p>com mais de 35 (trinta e cinco) anos.</p><p>Poder Executivo</p><p>Em suas funções típicas, o Poder Executivo é o responsável pelos</p><p>atos de chefia do Estado, do governo e atos da administração. O sistema</p><p>legislativo adotado pelo Brasil é o presidencialista e por esse motivo</p><p>as funções de Chefe de Estado e Chefe de Governo. A Constituição</p><p>Noções de Direito</p><p>41</p><p>estabelece, em seu artigo 76, que o Poder Executivo no Brasil é exercido</p><p>pelo Presidente da República auxiliado pelos Ministros de Estado.</p><p>O Poder Executivo em âmbito estadual é exercido pelo Governador</p><p>de Estado e Vice-Governador e auxiliado pelos Secretários de Estado.</p><p>O Governador é escolhido por meio de eleições diretas e o mandato do</p><p>governador é de quatro anos. A mesma regra vale para o Governador</p><p>Distrital.</p><p>No âmbito municipal, o Poder Executivo é exercido por meio</p><p>dos Prefeitos e Vice-Prefeitos. Os Prefeitos são escolhidos por meio de</p><p>eleições diretas e o mandato dos prefeitos também é de quatro anos.</p><p>Sobre o Executivo Federal, o art. 84 da CRFB/88 estabelece as</p><p>competências privativas do Presidente da República, tanto as de natureza</p><p>de Chefe de Estado (representação nas relações internacionais) quanto as</p><p>de natureza de Chefe de Governo (atos de administração e política interna).</p><p>O rol de atribuições do art. 84 é meramente exemplificativo e é possível</p><p>que o Presidente da República delegue algumas de suas funções para os</p><p>Ministros de Estado, o Procurador Geral ou ao Advogado-Geral da União.</p><p>Para ser eleito presidente hoje no Brasil, é necessário que o</p><p>candidato reúna as seguintes características: ser brasileiro nato, estar no</p><p>pleno exercício de seus direitos políticos, alistamento eleitoral, domicílio</p><p>eleitoral no Brasil, filiação partidária, idade mínima de 35 anos, não ser</p><p>analfabeto e não ser inelegível.</p><p>Como Chefe de Governo e Estado, é possível que em determinadas</p><p>situações haja impedimentos do Presidente e do Vice na hipótese de</p><p>se ausentarem do país. Neste caso, conforme do art. 80 da CRFB/88,</p><p>caberá a representação na seguinte ordem: Presidente da Câmara dos</p><p>Deputados, seguido do Presidente do Senado Federal e, em último caso,</p><p>o Presidente do Supremo Tribunal Federal (STF).</p><p>EXEMPLO:</p><p>Em setembro de 2018, o Presidente do Brasil à época Michel Temer</p><p>precisou viajar para Nova York, para a abertura da 73ª Assembleia</p><p>Geral das Nações Unidas e os Presidentes da Câmara e Senado</p><p>Noções de Direito</p><p>42</p><p>estavam concorrendo às eleições da época, de modo que o</p><p>Presidente do Supremo Tribunal Federal, Dias Toffoli, assumiu, de</p><p>forma provisória, a Presidência do Brasil.</p><p>Em âmbito estadual e municipal, na ausência do Governador e</p><p>Vice, deve assumir o Presidente da Assembleia Legislativa e o Presidente</p><p>do Tribunal de Justiça. Já no âmbito municipal, na ausência do Prefeito,</p><p>deverá assumir o Presidente da câmara municipal.</p><p>Os Ministros do Estado, que integram o Poder Executivo, possuem</p><p>função de auxiliar o Presidente no exercício do Poder Executivo, por meio</p><p>da direção dos ministérios. Os Ministros do Estado são escolhidos pelo</p><p>Presidente da República que os nomeia e pode os exonerar, não havendo</p><p>qualquer tipo de estabilidade. Para ser um Ministro de Estado é necessário</p><p>apenas ser brasileiro nato ou naturalizado (o cargo de Ministro da Defesa</p><p>exige somente brasileiros natos), ser maior de 21 (vinte e um anos) e estar</p><p>no exercício dos direitos políticos.</p><p>Poder Judiciário</p><p>O Poder Judiciário tem como função típica o exercício da atividade</p><p>jurisdicional do Estado. Já a função atípica desse poder (ou órgão) está</p><p>relacionada com as atividades executivas e legislativas internas, dentro</p><p>das atribuições estabelecidas pela própria Constituição Federal, como a</p><p>elaboração do regimento interno dos tribunais (legislativo) ou até mesmo</p><p>a organização das secretarias, concessão de licenças e férias a seus</p><p>servidores (executivo).</p><p>A Emenda Constitucional 45/2004 (EC 45/2004) é um importante</p><p>marco na história do Judiciário, pois se trata da aprovação de uma</p><p>importante Reforma. Algumas significativas alterações foram trazidas pela</p><p>Reforma através da EC 45/2004, abaixo elencaremos algumas:</p><p>a. Razoável duração do processo e meios que garantam a celeridade</p><p>de tramitação.</p><p>b. Cumprimento do acesso à justiça, com a justiça itinerante e</p><p>autonomia da Defensoria Pública.</p><p>Noções de Direito</p><p>43</p><p>c. A constitucionalização dos Tratados sobre Direitos Humanos.</p><p>d. A criação do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e do Conselho</p><p>Nacional do Ministério Público (CNMP).</p><p>e. Ampliação da garantia de imparcialidade dos magistrados e</p><p>promotores de justiça.</p><p>f. Extinção dos Tribunais de Alçada.</p><p>g. Criação da Súmula Vinculante.</p><p>ACESSE:</p><p>A partir da entrada em vigor da Emenda Constitucional</p><p>45/2004, os órgãos do Poder Judiciário passaram a</p><p>catalogar o quantitativo de processos que tramitam no</p><p>poder judiciário brasileiro. Ficou curioso? Acesse aqui por</p><p>esse link.</p><p>O Poder Judiciário possui garantias que asseguram sua</p><p>independência, de modo que permite a seus operadores agirem de forma</p><p>imparcial, sem sofrer pressões ou serem coagidos por outros poderes.</p><p>Essas garantias são classificadas como institucionais e funcionais.</p><p>As garantias institucionais são aquelas relacionadas à autonomia</p><p>orçamentária e administrativa do órgão e as garantias funcionais estão</p><p>relacionadas com a independência e imparcialidade dos membros do</p><p>Poder Judiciário. As garantias de independência dos órgãos do Poder</p><p>Judiciário estão relacionadas com os membros e os magistrados e</p><p>dividem-se em três: vitaliciedade, inamovibilidade e irredutibilidade</p><p>salarial.</p><p>Prevista no art. 95, I da CRFB/88, a vitaliciedade garante ao</p><p>magistrado a permanência contínua no cargo, que será perdido somente</p><p>com sentença judicial transitada em julgado, ou seja, se o magistrado</p><p>nunca cometer alguma infração grave, passível de uma ação judicial,</p><p>ele permanecerá no cargo até o fim de sua vida. Aos demais servidores</p><p>do Poder Judiciário não se aplica essa regra e seus cargos são estáveis,</p><p>Noções de Direito</p><p>https://bit.ly/2UgJCgC</p><p>44</p><p>mas não vitalícios, de modo que é possível que percam seus cargos por</p><p>processo administrativo.</p><p>Já a inamovibilidade consiste na garantia constitucional prevista</p><p>pelo art. 95, II que garante aos magistrados a impossibilidade de remoção</p><p>de um local para o outro sem o seu consentimento. Essa garantia não é</p><p>absoluta, pois a própria constituição prevê a possibilidade de remoção por</p><p>conta do interesse público (art. 93, VIII) (BRASIL, 1988).</p><p>Quanto à irredutibilidade de subsídios consiste em uma garantia que</p><p>impede que a remuneração dos magistrados seja reduzida. Tal garantia</p><p>não impede que os magistrados e membros do Poder Judiciário sofram</p><p>com questões inflacionárias (PAULO; ALEXANDRINO, 2018).</p><p>As garantias de imparcialidade dos órgãos judiciários estão</p><p>relacionadas com as vedações presentes no art. 95 da CRFB/1988, ou</p><p>seja, atos</p><p>que os membros do judiciário estão impedidos de praticarem,</p><p>entre elas:</p><p>a. Exercer outro cargo ou função, exceto de magistério.</p><p>b. Receber a qualquer título custas ou participação em processo.</p><p>c. Dedicar-se à vida político-partidária.</p><p>d. Receber auxílios ou contribuições de pessoas físicas, entidades</p><p>públicas ou privadas, ressalvadas exceções.</p><p>e. Exercer advocacia no juízo ou tribunal do qual se afastou antes de</p><p>decorridos três anos no cargo, por aposentadoria ou exoneração.</p><p>O artigo 94 da CRFB/1988 estabelece que 1/5 (20%) dos lugares nos</p><p>Tribunais Regionais Federais, Tribunais dos Estados e do Distrito Federal,</p><p>deve ser composto de membros do Ministério Público e Advogados,</p><p>além dos magistrados. Os membros do Ministério Público e da Advocacia</p><p>devem ter mais dez anos de atuação e em especial os advogados devem</p><p>possuir efetividade profissional e notório saber jurídico, além de reputação</p><p>ilibada. Essa destinação é denominada de quinto constitucional (BRASIL,</p><p>1988). Em sede de estrutura, poderemos observar na figura a seguir a</p><p>organização do Poder Judiciário.</p><p>Noções de Direito</p><p>45</p><p>Figura 7 – Organização do Poder Judiciário</p><p>SUPREMO TRIBUNAL</p><p>FEDERAL</p><p>STJ</p><p>TJ</p><p>Juízes de</p><p>direito</p><p>TRF</p><p>Juízes</p><p>federais</p><p>TST</p><p>TRT</p><p>Juízes do</p><p>trabalho</p><p>Juízes</p><p>eleitorais</p><p>TSE</p><p>TRE</p><p>STM</p><p>Juízes</p><p>militares</p><p>Fonte: Elaborada pela autora (2021).</p><p>Buscando viabilizar a atividade jurisdicional do Estado, a Constituição</p><p>institucionalizou atividades consideradas essenciais ao exercício da justiça,</p><p>que são elas: o Ministério Público, a Advocacia Pública, a Advocacia e a</p><p>Defensoria Pública, estabelecendo suas regras nos artigos 127 a 135 da</p><p>CRFB/88.</p><p>O Ministério Público é o órgão que não faz parte de nenhum dos</p><p>três poderes (legislativo, executivo e judiciário), mas está relacionado com</p><p>todos eles. O Ministério Público consiste em uma instituição do Estado</p><p>cujo fim é manter a ordem jurídica e fiscalizar o poder público, a partir de</p><p>todas as suas esferas.</p><p>A Constituição possui um importante papel na história do Ministério</p><p>Público ao consolidar a atuação de controle dos atos do Estado. Uma das</p><p>características do Ministério Público é sua independência. O Ministério</p><p>Público divide-se em:</p><p>Noções de Direito</p><p>46</p><p>a. Ministério Público Federal.</p><p>b. Ministério Público do Trabalho.</p><p>c. Ministério Público Militar.</p><p>d. Ministério Público do Distrito Federal e Territórios.</p><p>A Advocacia Geral da União consiste no órgão responsável por</p><p>representar, fiscalizar e controlar os atos da União, bem como por zelar</p><p>pelos bens da União em relação a terceiros. Além de ter essas funções</p><p>internas, cabe à advocacia geral a função de representar o Brasil</p><p>internacionalmente, perante a justiça de outros países, na atuação da</p><p>jurisdição internacional. A instituição é chefiada pelo Advogado Geral da</p><p>União, nomeado pelo Presidente da República, e seu ocupante possui o</p><p>mesmo status que um ministro de Estado.</p><p>A advocacia por sua vez, regulamentada pelo artigo 133 da Constituição,</p><p>estipula que “O advogado é indispensável à administração da justiça, sendo</p><p>inviolável por seus atos e manifestações no exercício da profissão, nos limites</p><p>da lei”. Nesse sentido, cabe ao advogado defender o interesse de uma das</p><p>partes e sua ausência acarreta em nulidade processual.</p><p>A Defensoria Pública, por sua vez, visa garantir o acesso à justiça</p><p>as pessoas que não possuem condições de arcar com o custo de um</p><p>advogado. Para que você possa entender a função da Defensoria Pública,</p><p>basta pensar: se o advogado é essencial ao acesso à justiça, conforme</p><p>tratamos no parágrafo anterior, como que devem proceder as pessoas</p><p>que não possuem condições financeiras de arcar com os honorários de</p><p>um advogado? Deverão seguir sem defesa? Pensando nessas e outras</p><p>questões que a Constituição Cidadã previu a existência de um órgão</p><p>composto por advogados, custeado pelo Estado, para atender a população</p><p>desfavorável economicamente. O Defensor Público é advogado aprovado</p><p>no concurso público para a defensoria.</p><p>Atualmente, tendo em vista o aumento da população</p><p>economicamente pobre, a Defensoria Pública trabalha com um número</p><p>reduzido de servidores e muitos municípios do país não possuem acesso</p><p>ao Defensor Público, ficando tal função encarregada a advogados</p><p>nomeados pelo juiz da comarca, os denominados advogados dativos.</p><p>Noções de Direito</p><p>47</p><p>SAIBA MAIS:</p><p>Que tal se aprofundar sobre a separação dos poderes</p><p>na Constituição? Acesse o vídeo a seguir e confira uma</p><p>explicação sobre o assunto abordado nesse capítulo. O</p><p>conteúdo encontra-se disponível aqui.</p><p>RESUMINDO:</p><p>E então? Gostou de tudo até aqui? Agora, só para termos</p><p>certeza de que você realmente entendeu o tema de</p><p>estudo deste capítulo, vamos resumir tudo o que vimos.</p><p>Aprendemos sobre a teoria da separação dos poderes</p><p>de Montesquieu e o sistema de freios e contrapesos</p><p>que integram a tripartição dos poderes, adotada pela</p><p>Constituição de 1988, através dos poderes Legislativo,</p><p>Executivo e Judiciário, os quais analisamos suas funções</p><p>separadamente. Você pode aprender que o poder</p><p>legislativo não se resume em criar leis, você pode aprender</p><p>sobre sua atuação em cada esfera da federação, além</p><p>de aprender sobre a diferença entre o unicameralismo</p><p>e bicameralismo federativo, que acontece somente em</p><p>relação ao poder legislativo federal. Vimos também quem</p><p>compõe o executivo no âmbito municipal, estadual e</p><p>federal, suas funções e atribuições. Por fim, detalhamos a</p><p>atuação do poder judiciário e as garantias constitucionais</p><p>que os representantes desse poder possuem.</p><p>Noções de Direito</p><p>https://bit.ly/3d4Pz9i</p><p>48</p><p>REFERÊNCIAS</p><p>ALEXY, R. Teoria dos direitos fundamentais. São Paulo: Malheiros,</p><p>2008.</p><p>BRASIL. [Constituição (1988)]. Constituição da República</p><p>Federativa do Brasil de 1988. Brasília, DF: Presidência da República,</p><p>[1988]. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/</p><p>constituicao.htm Acesso em: 20 jan. 2021.</p><p>LENZA, P. Direito Constitucional Esquematizado. São Paulo:</p><p>Editora Saraiva, 2018.</p><p>PAULO, V.; ALEXANDRINO, M. Direito Constitucional Descomplicado.</p><p>São Paulo: Método, 2018.</p><p>SILVA, J.A. da. Curso de Direito Constitucional Positivo. São Paulo:</p><p>Malheiros, 2019.</p><p>Noções de Direito</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm</p><p>A Constituição: Conceitos, classificações e histórico</p><p>Constitucionalismo</p><p>Conceito e classificações</p><p>A Constituição de 1988</p><p>Princípios constitucionais, direitos e garantias fundamentais</p><p>Princípios Constitucionais</p><p>Direitos e garantias fundamentais</p><p>Organização do Estado: A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios</p><p>União</p><p>Estados-membros</p><p>Municípios</p><p>Distrito Federal</p><p>A organização e a separação dos poderes na Constituição de 1988</p><p>Poder Legislativo</p><p>Poder Executivo</p><p>Poder Judiciário</p>