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<p>87</p><p>GESTÃO DE RECURSOS NATURAIS</p><p>Unidade III</p><p>5 GESTÃO DE RECURSOS NATURAIS NÃO RENOVÁVEIS</p><p>Os problemas do atual sistema energético se resumem na exaustão das reservas de petróleo, gás</p><p>natural e carvão, que são finitas. Devem se esgotar, respectivamente, dentro de 41, 64 e 241 anos. Muito</p><p>antes disso, contudo, a produção mundial dessas fontes de energia vai apresentar alguns sinais de</p><p>exaustão.</p><p>Parte dos recursos são as reservas, quantidades determinadas ou estimadas para os depósitos</p><p>naturais de energéticos em um dado local, com base em prospecções (geológicas, hidrológicas, de regime</p><p>de ventos) e dados de engenharia ao alcance das tecnologias comerciais de extração e produção. Em</p><p>função da viabilidade e da certeza de obtenção, as reservas podem ser:</p><p>• provadas: aquelas que podem ser exploradas economicamente com razoável certeza (cerca de</p><p>90%);</p><p>• prováveis: exploráveis com probabilidade de 50%, com tecnologias comerciais atuais ou em</p><p>avançado estágio de desenvolvimento pré-comercial;</p><p>• possíveis: reservas que têm probabilidade de cerca de 10% de exploração, sob circunstâncias</p><p>favoráveis.</p><p>A definição exata de reservas provadas varia entre os países e entre as diferentes empresas que</p><p>exploram os recursos, já que o anúncio de uma descoberta ou as especulações feitas sobre ela podem ter</p><p>grande repercussão nos preços de ações e na situação estratégica e geopolítica.</p><p>Por ser extremamente versátil e facilmente transportável e estocável, o petróleo é atualmente o</p><p>recurso energético mais importante e estratégico do planeta. Contudo, a maioria das reservas de petróleo</p><p>está concentrada em poucos países.</p><p>Como a segurança no fornecimento de energia é um aspecto vital na geopolítica dos países, as</p><p>reservas internas determinam fortemente suas posições em negociações internacionais, tanto comerciais</p><p>quanto ambientais. A Organização dos Países Produtores de Petróleo (Opep) foi fundada na década de</p><p>1970, com a finalidade de obter melhores condições comerciais. O Oriente Médio é uma região de muita</p><p>importância estratégica. Muitas nações possuem vastas reservas de carvão pouco exploradas, o que lhes</p><p>garante o suprimento por mais dois ou três séculos, mas gera altos níveis de poluição. A relação feita</p><p>entre reserva e produção de petróleo é bem menor, um assunto de poucas décadas, o que leva muitos</p><p>países a prospectar e desenvolver outras opções energéticas.</p><p>88</p><p>Unidade III</p><p>O aumento da dependência de importações de petróleo dos países do Oriente assinala os principais</p><p>fluxos aos países consumidores (Europa, Ásia e Estados Unidos). Essa dependência não é vista com</p><p>tranquilidade pelos países consumidores, uma vez que não assegura um desenvolvimento sustentável.</p><p>O meio ambiente muda constantemente, e isso ocorre devido a causas naturais. Hoje ainda temos</p><p>pouco ou nenhum controle sobre elas. As estações do ano são as mais evidentes dessas mudanças,</p><p>principalmente nas regiões de grandes latitudes (Norte ou Sul). Há muitas outras variações naturais</p><p>que afetam o meio ambiente, como alterações das manchas solares na superfície do Sol, erupções</p><p>vulcânicas, terremotos, furacões, inundações e queimadas em florestas.</p><p>O consumo de energia pelo homem é, porém, a principal origem de grande parte dos impactos</p><p>ambientais, em todos os níveis. Em uma microescala, desencadeou, por exemplo, doenças respiratórias</p><p>com o uso primitivo de lenha. Em um nível mais abrangente, é a principal fonte das emissões de gases</p><p>de efeito estufa, que intensifica as mudanças climáticas e causa perda de biodiversidade. Em algumas</p><p>situações, a energia não tem um papel dominante, mas ainda assim é importante: é o caso, por exemplo,</p><p>da degradação costeira e marinha, devida, em parte, a vazamentos de petróleo e a outros desastres</p><p>ambientais.</p><p>A vida sobre a Terra tem apresentado uma resistência surpreendente em suportar essas variações</p><p>no meio ambiente, e a humanidade, em particular, tem se adaptado bem às mudanças do clima após a</p><p>última glaciação, ocorrida há aproximadamente 10 mil anos. Contudo, a maioria das mudanças naturais</p><p>em nosso meio ambiente ocorreu lentamente, ou seja, durante séculos e milênios. Há pouco tempo elas</p><p>se tornaram comparáveis às alterações causadas por efeitos naturais, e o que as caracteriza é o fato de</p><p>ocorrerem num curto período de tempo (décadas).</p><p>De modo geral, todos esses problemas têm várias origens, tais como o aumento populacional, a</p><p>indústria, os transportes, a agricultura e até mesmo o turismo, além das mudanças dos padrões de</p><p>consumo. A forma como a energia é produzida e utilizada, contudo, está na raiz de muitas dessas causas.</p><p>Exemplo de aplicação</p><p>Diante da iminente crise do esgotamento das reservas mundiais de petróleo, o Brasil anuncia</p><p>possuir uma imensa reserva, a qual recebeu o nome de pré-sal. Realize uma resenha, explicando onde se</p><p>encontra este reservatório e comparando dois pontos de vista: um a favor da exploração desse petróleo</p><p>e outro contra.</p><p>___________________________________________________________________________</p><p>___________________________________________________________________________</p><p>___________________________________________________________________________</p><p>___________________________________________________________________________</p><p>___________________________________________________________________________</p><p>___________________________________________________________________________</p><p>89</p><p>GESTÃO DE RECURSOS NATURAIS</p><p>5.1 Minerais e minérios</p><p>É possível descobrir a estrutura interna de um planeta utilizando-se a transmissão de ondas sísmicas,</p><p>que podem ser produzidas por terremotos naturais ou impactos artificiais. Até hoje, os geólogos</p><p>conseguiram investigar a estrutura interna da Terra e da Lua, revelando a existência de um núcleo</p><p>metálico na Terra.</p><p>O núcleo de nosso planeta, com temperaturas que ultrapassam os 5.000 ºC, é formado por ferro e</p><p>níquel, e divide-se em uma parte sólida (interna) e uma líquida (externa). O manto ou astenosfera é a</p><p>camada intermediária, de constituição pastosa devido ao magma. A espessura de 4.600 km supera a do</p><p>núcleo (1.700 km). Alguns cientistas consideram como astenosfera apenas a parte superior do manto.</p><p>A litosfera ou crosta é a camada externa e consolidada, com espessura média de 50 km, e dividida em</p><p>parte superior, com solo e subsolo, elementos como silício e alumínio, e parte inferior, com predomínio</p><p>de silício e magnésio.</p><p>As grandes teorias da origem e disposição da crosta terrestre começaram a ser elaboradas a partir</p><p>do século XVI, quando surgiram os primeiros mapas-múndi, época em que se notava uma grande</p><p>coincidência entre os contornos de alguns continentes. A partir daí, a hipótese de que os continentes</p><p>se movimentavam começaram a ganhar força. No início do século XX, mais precisamente em 1912,</p><p>surgiu a teoria da deriva continental. Ela propunha que, há cerca de 250 milhões de anos, existia apenas</p><p>um único continente, chamado de Pangeia, que, em um determinado momento, começou a se dividir.</p><p>Inicialmente, essa região teria se dividido em dois grandes blocos, e que posteriormente continuariam a</p><p>se fragmentar, dando origem aos atuais continentes.</p><p>A falta de explicações para o movimento dos continentes deixou a hipótese incompleta. A teoria</p><p>da tectônica de placas relatava que os continentes e o assoalho submarino estão assentados sobre</p><p>grandes massas sólidas, chamados de placas tectônicas. Mais tarde, algumas atividades humanas como</p><p>a exploração de petróleo em alto mar confirmou tanto a deriva continental como a tectônica de placas.</p><p>Há aproximadamente 3,8 bilhões de anos, o material incandescente da superfície terrestre começou a</p><p>se resfriar e se solidificar, dando origem à crosta terrestre. Esses primeiros materiais sólidos originaram as</p><p>rochas magmáticas ou ígneas. Existem diferentes tipos de rochas ígneas, dependendo da sua constituição</p><p>química e sua origem. Quando temos um resfriamento lento do magma terrestre, em camadas mais</p><p>profundas da crosta, temos a formação das rochas</p><p>os quais</p><p>são capazes de contaminar água, solo e ar, mas não são produzidos exclusivamente pelas indústrias ou</p><p>clínicas médicas.</p><p>Alguns resíduos sólidos perigosos também são descartados em domicílios e comércios. Os metais</p><p>pesados estão associados à poluição e toxicidade e são utilizados na indústria eletrônica, maquinários</p><p>e em utensílios da vida cotidiana, como pilhas, baterias, equipamentos eletrônicos em geral, lâmpadas</p><p>fluorescentes, pigmentos e tintas, medicamentos, dentre outros. Já os biológicos são aqueles pertencentes</p><p>à microbiota natural do corpo humano, como a Escherichia coli, que pode estar presente nos resíduos</p><p>sólidos urbanos.</p><p>O contato com os agentes contaminantes presentes nos resíduos sólidos podem contaminar os</p><p>seres vivos por inalação, por contato direto da pele e mucosas e por ingestão. Portanto, é imprescindível</p><p>que haja um sistema público de limpeza urbana, que inclui a coleta, tratamento e disposição final dos</p><p>resíduos sólidos de forma adequada, pois uma vez que todas as práticas humanas criam resíduos, a</p><p>gestão e o planejamento do descarte desses materiais é um grande desafio para as políticas públicas.</p><p>Contudo, é possível diminuir os impactos dessas substâncias para o meio ambiente e para a saúde</p><p>humana utilizando um adequado plano de gerenciamento de resíduos, que será discutido em detalhes</p><p>mais adiante.</p><p>O gerenciamento de resíduos sólidos objetiva assegurar que todos os resíduos sejam gerados e</p><p>destinados de forma segura e apropriada. Para tal, existem diversas etapas que devem ser seguidas,</p><p>como redução, reutilização e reciclagem. Destacam-se, em ordem, cada uma delas:</p><p>• geração dos resíduos – saber onde são gerados os resíduos (1);</p><p>• caracterização dos resíduos – que engloba a classificação e quantificação dos resíduos (2);</p><p>• manuseio – a forma como esses resíduos devem ser manipulados (3);</p><p>• acondicionamento – como esses resíduos devem ser estocados (4);</p><p>• armazenamento – como e onde esses resíduos são guardados (5);</p><p>112</p><p>Unidade III</p><p>• coleta – como esses resíduos devem ser apanhados (6);</p><p>• transporte – como esses resíduos devem ser deslocados (7);</p><p>• reúso/reciclagem – destinar quais resíduos podem ser reutilizados (8);</p><p>• tratamento – determinar quais resíduos podem ser tratados e qual o tipo de tratamento (9);</p><p>• destinação final – como e onde esses resíduos são destinados (10).</p><p>Além das etapas para o gerenciamento seguro dos resíduos sólidos, ele também é sustentado por</p><p>uma teoria, denominada teoria dos três Rs (3Rs). São esses:</p><p>1) Redução da geração de fonte – essa ação visa à diminuição da produção desses resíduos,</p><p>mediante procedimentos que podem ser implantados tanto em residências quanto em empresas.</p><p>Eles podem ser simplesmente operacionais ou serem ajustados a tecnologias de ponta para</p><p>melhorar a fabricação dos produtos.</p><p>2) Reutilização dos resíduos – esse tipo de teoria almeja a reutilização do produto sem alterar sua</p><p>estrutura. Exemplo: utilizar os dois lados da folha de papel.</p><p>3) Reciclagem dos resíduos – nessa aplicação, os resíduos são utilizados para criar outros tipos de</p><p>materiais. Exemplo: reciclagem das latas de alumínio para bebidas, as quais podem ser reutilizadas</p><p>no processo para a criação de novas latas.</p><p>O aproveitamento dos resíduos e reciclagem são extremamente importantes, pois são capazes de</p><p>gerar benefícios para o meio ambiente e, consequentemente, para a saúde humana. Além disso, essas</p><p>ações realizadas para os resíduos sólidos criam vantagens para a redução da utilização dos aterros</p><p>sanitários, diminuição dos gastos com transporte dessas substâncias, redução da utilização dos recursos</p><p>naturais e diminuição dos riscos ao meio ambiente provocado pelo acondicionamento de tais materiais.</p><p>Os resíduos sólidos que passam por tratamento térmico sofrem processos de incineração (por</p><p>combustão), coprocessamento (reutilização em outros processos), pirólise (decomposição química por</p><p>calor) e plasma (gás ionizado por temperatura acima de 3.000 °C). São exemplos de resíduos que passam</p><p>por esse processo: óleo usado, plástico e borracha, tintas e solventes e cinzas de fornos, dentre outros.</p><p>Já os resíduos sólidos que recebem tratamento químico sofrem centrifugação, separação gravitacional</p><p>e redução de partículas.</p><p>Além dessas medidas relatadas anteriormente, o Conama, na resolução 275/01, a fim de facilitar e</p><p>padronizar a identificação e segregação dos resíduos sólidos, orientou as seguintes cores-padrão:</p><p>• amarelo – para resíduos de metal;</p><p>• azul – para resíduos de papel;</p><p>113</p><p>GESTÃO DE RECURSOS NATURAIS</p><p>• branco – para resíduos de serviço de saúde;</p><p>• cinza – para resíduos em geral e não recicláveis;</p><p>• laranja – para resíduos perigosos;</p><p>• marrom – para resíduos orgânicos;</p><p>• preto – para resíduos de madeira;</p><p>• roxo – para resíduos radioativos;</p><p>• verde – para resíduos de vidro;</p><p>• vermelho – para resíduos de plástico.</p><p>Para que ocorra o aproveitamento e a reciclagem dos resíduos, é preciso que exista um tipo de coleta</p><p>especial, denominado coleta seletiva, a qual tem como função separar o lixo para que ele seja enviado</p><p>para reciclagem, ou seja, não misturar materiais recicláveis com o restante do lixo. Essa ação pode ser</p><p>realizada por um cidadão ou organizada em comunidades: condomínios, empresas, escolas, clubes e</p><p>cidades, dentre outros.</p><p>Os resíduos de serviços de saúde possuem uma classificação de acordo com as suas características</p><p>físicas, químicas e biológicas e seu estado de matéria e origem, para o manejo e acondicionamento</p><p>adequado desses materiais. De acordo com essas peculiaridades, os resíduos de serviços de saúde são</p><p>considerados perigosos. Antes de qualquer ação em relação aos resíduos de saúde, é necessário que seja</p><p>feito o cadastramento da unidade de saúde na prefeitura. Após esse procedimento, todos os órgãos</p><p>de saúde devem elaborar e implantar um Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde,</p><p>atendendo a todos os requisitos legais e critérios técnicos para o planejamento, desde o manejo até a</p><p>segregação e disposição final desses resíduos.</p><p>Essa ação visa ao gerenciamento intra e extra-instituição de saúde, incluindo as etapas de:</p><p>classificação, segregação, embalagem, identificação, coleta e transporte interno, armazenamento interno</p><p>(temporário), transporte interno para o armazenamento externo, armazenamento externo (temporário),</p><p>transporte externo, tratamento e disposição final.</p><p>A segregação inclui a separação dos resíduos no momento e local da sua geração, de acordo com</p><p>suas características, já o acondicionamento inclui o embalo conforme sua segregação.</p><p>Para tais processos, há denominações de cinco grupos desses resíduos: A, B, C, D e E.</p><p>O acondicionamento dos resíduos do grupo A deve ser realizado em sacos plásticos com descrição</p><p>de contaminante, os quais devem estar dentro de recipientes com cantos vivos, com tampa articulada,</p><p>com acondicionamento por pedal, feito de material liso, resistente, lavável e impermeável e serem</p><p>114</p><p>Unidade III</p><p>identificados como substância infectante com fundo branco. O grupo B requer que esses recursos sejam</p><p>isolados em recipientes próprios para a atividade química/física do resíduo. Para os do grupo C, devem</p><p>ser acondicionados de acordo com as exigências do Conselho Nacional de Energia Nuclear, sendo que</p><p>o saco plástico específico deve conter a cor roxa, com o símbolo de radiação. Os resíduos do grupo D</p><p>devem ser acondicionados de acordo com os resíduos de limpeza urbana e precisam ser identificados de</p><p>acordo com o símbolo da substância. Já os resíduos de grupo E devem ser acondicionados em recipientes</p><p>rígidos, resistentes à punctura, ruptura e vazamento, com tampa, e também exigem ser devidamente</p><p>identificados com o símbolo de infectante e perfuro cortante.</p><p>Em relação aos resíduos químicos, também considerados perigosos, estes não podem ser desprezados</p><p>no lixo comum e devem ter um tratamento prévio antes do destino final. São exemplos: hidrocarboneto</p><p>halogenado; composto inflamável em água; explosivos,</p><p>como azidas e peróxidos; polímeros que se</p><p>solubilizam em água, formando gel; materiais que possuem reatividade com a água; substâncias</p><p>químicas malcheirosas; nitrocompostos; brometo de etídio; formol; e resíduos contaminados com</p><p>produtos químicos perigosos, como materiais de vidro, papel de filtro e luvas e outros descartáveis.</p><p>Já os rejeitos radiativos precisam ter um controle preciso do tipo de material, quantidade, planejamento</p><p>de uso e conhecimento do tipo de rejeito radioativo que será produzido, tudo antes mesmo de serem</p><p>utilizados. Assim, é necessário conhecer o material, sua meia-vida, a atividade inicial da substância</p><p>radioativa e a estimativa de atividade radioativa, organizar o local de uso e de armazenamento e ter um</p><p>controle diário da quantidade de uso e de rejeito.</p><p>Os locais de destinação final para os resíduos sólidos são os aterros de diferentes tipos, como o aterro</p><p>controlado, local onde se despeja o lixo coletado pelo serviço de limpeza urbana e, após essa jornada</p><p>de trabalho, todos os resíduos são cobertos com camadas de terra, evitando danos ao meio ambiente, à</p><p>saúde pública e à segurança das pessoas.</p><p>Há também o aterro de resíduos da construção civil e de resíduos inertes, que são instalações em que</p><p>se aplicam técnicas e princípios de engenharia para a disposição de resíduos de construção civil e inertes</p><p>no solo. Essa disposição não permite danos ao ambiente e à saúde humana, pois todas essas substâncias</p><p>são confinadas e reduzidas ao menor volume possível. Todo esse procedimento visa à segregação (ato</p><p>de separar ou isolar contato, de algo ou alguém) dos materiais, possibilitando que estes sejam utilizados</p><p>no futuro e também que a área aterrada seja explorada para outros objetivos.</p><p>Citam-se, ainda, os aterros sanitários, que são locais que recebem resíduos sólidos urbanos que</p><p>são depositados no solo (sob controle técnico e operacional permanente), garantindo que tanto os</p><p>resíduos como os seus líquidos e gases não causem danos à saúde e ao meio ambiente. Dessa forma,</p><p>esse tipo de instalação deve ser localizado, projetado, instalado, operado e monitorado de acordo com</p><p>a legislação ambiental.</p><p>Por fim, destacamos os aterros sanitários industriais, instalações de destinação final ou transitória</p><p>de resíduos industriais por meio de sua adequada disposição, evitando o contato tanto dos resíduos</p><p>quanto dos seus líquidos e gases no solo, diminuindo os riscos ao meio ambiente e à saúde humana.</p><p>Uma vez que o potencial de agressão ambiental e à saúde dos resíduos de origem industrial depende</p><p>115</p><p>GESTÃO DE RECURSOS NATURAIS</p><p>de suas características, dos processos industriais e do estado físico em que se apresentam, cada aterro</p><p>sanitário industrial deverá ser projetado, operado e monitorado de acordo com os tipos de materiais.</p><p>Além disso, tais aterros precisam ser credenciados para receber, processar e estocar os resíduos tanto de</p><p>forma provisória como definitiva sobre o solo ou em estanques distintos entre si, prevenindo a interação</p><p>ou reação entre as substâncias.</p><p>Contudo, ainda existem maneiras incorretas de acondicionamento dos resíduos sólidos, como os</p><p>vazadouros a céu aberto, locais de disposição do lixo que o colocam sobre o terreno sem qualquer</p><p>cuidado ou técnica especial e, portanto, não têm proteção ao meio ambiente e à saúde da população.</p><p>Observação</p><p>O gerenciamento de resíduos sólidos pretende garantir que todos esses</p><p>materiais sejam gerados e destinados de forma segura e apropriada, sendo</p><p>sustentado pela teoria dos três Rs (3Rs): redução da geração de fonte,</p><p>reutilização dos resíduos e reciclagem dos resíduos.</p><p>Resumo</p><p>A litosfera é uma das principais fontes de recursos naturais para a</p><p>sociedade. Os minérios extraídos tornaram-se imprescindíveis para a</p><p>manutenção das atividades agrícolas, industriais e de construção civil, além</p><p>de constituírem matéria-prima para diversos produtos que utilizamos no</p><p>cotidiano.</p><p>Algumas dessas rochas são de grande valor econômico, pois apresentam</p><p>minerais de grande aplicabilidade para atividades industriais, como a</p><p>fabricação de fertilizantes, a extração de minerais metálicos, a exploração</p><p>de metais preciosos, a produção de pedras ornamentais etc.</p><p>O relevo terrestre é constituído por variados tipos de rochas, com</p><p>origens e idades geológicas diferentes, permitindo sua subdivisão em</p><p>grandes estruturas: as províncias geológicas.</p><p>Litosfera ou crosta terrestre corresponde a toda superfície sólida que</p><p>envolve o globo terrestre. A porção desta crosta submersa pelas águas</p><p>marítimas é chamada de crosta oceânica ou submarina, e a porção emersa</p><p>que forma os continentes é chamada crosta continental.</p><p>Durante a história geológica da Terra, algumas porções da litosfera foram</p><p>soerguidas e outras rebaixadas sucessivas vezes, dependendo das forças que</p><p>atuavam sobre o modelado. Foi assim que se formaram áreas rebaixadas</p><p>116</p><p>Unidade III</p><p>como as bacias sedimentares, depressões da crosta terrestre que foram</p><p>gradativamente sendo preenchidas por sedimentos de várias origens e idades.</p><p>Os geólogos classificam as rochas de acordo com aspectos como a</p><p>composição química e mineralógica e o processo de origem ou formação.</p><p>Esses pesquisadores levam em conta o fenômeno de origem das rochas,</p><p>classificando-as em três grupos diferentes: ígneas ou magmáticas,</p><p>sedimentares e metamórficas.</p><p>Desde a primeira Revolução Industrial, a exploração do subsolo passou</p><p>a ser um sustentáculo para o crescimento industrial e, à medida que o</p><p>processo de industrialização difundia-se pelo mundo, intensificava-se a</p><p>exploração dos recursos minerais. Antes desse processo, os únicos minerais</p><p>que interessavam eram os metais preciosos como o ouro, a prata, o</p><p>diamante etc.</p><p>Os minerais apresentam-se na natureza de diferentes maneiras.</p><p>Alguns são encontrados isoladamente, outros fazem parte da composição</p><p>de rochas. Alguns dos metais, de grande aplicação no mundo moderno,</p><p>não são encontrados no estado puro no subsolo. Muitos precisam ser</p><p>industrializados para se transformar em metais, como o alumínio, o qual é</p><p>extraído da bauxita.</p><p>O Brasil se destaca na extração de ferro, bauxita, estanho, petróleo e</p><p>gemas.</p><p>Os problemas do atual sistema energético se resumem na exaustão das</p><p>reservas de petróleo, gás natural e carvão, que são finitas, pois demoram</p><p>milhões de anos para se formarem sob condições especiais.</p><p>A energia nuclear é uma maneira dispendiosa de obter energia. Ela</p><p>tem um agravante ambiental, pois seus rejeitos ficam ativos, emitindo</p><p>radiação ionizante por tempos muito longos, e também porque seu</p><p>acondicionamento requer cuidados especiais. É utilizada por muitos países</p><p>para geração de energia elétrica, mas tem um enorme potencial bélico.</p><p>As radiações são ondas eletromagnéticas que se propagam com a</p><p>velocidade da luz (variações de ondas eletromagnéticas). As radiações possuem</p><p>a característica de transferir energia. Ao interagir com a matéria, a radiação</p><p>pode produzir efeitos biológicos, conforme a dosagem e o tempo de exposição.</p><p>Normalmente, é possível identificar alguns estágios dos efeitos</p><p>biológicos da radiação: o biológico, o dos efeitos estocásticos, o dos efeitos</p><p>tardios e o dos efeitos genéticos.</p><p>117</p><p>GESTÃO DE RECURSOS NATURAIS</p><p>A energia disponível ao homem na superfície da Terra tem sua origem</p><p>em quatro fontes distintas: a solar, a geotérmica, a proveniente das</p><p>interações gravitacionais e a nuclear. A utilização de energias alternativas</p><p>representam fontes inesgotáveis de energia.</p><p>As fontes renováveis de energia provêm da energia solar: a geotérmica,</p><p>as gravitacionais e a nuclear. As energias renováveis são: a biomassa, a</p><p>geotérmica, a eólica, a solar, incluindo térmica e fotovoltaica, a hidrelétrica,</p><p>e as oceânicas. Entretanto, novas tecnologias já estão em uso, como o</p><p>hidrogênio comprimido, células de combustível, veículos híbridos, veículos</p><p>elétricos, biocombustíveis, painéis fotovoltaicos e a energia eólica.</p><p>Toda ação humana produz resíduos de suas atividades, que designamos</p><p>como resíduos</p><p>sólidos. Atualmente, eles geram problemas de poluição</p><p>do solo, do ar e da água, que são agravados quando a disposição se dá</p><p>a céu aberto. A deposição dos materiais em aterros sanitários, associada</p><p>à segregação para substâncias recicladas, diminui o volume e melhora as</p><p>condições ambientais.</p><p>Um dos objetivos do gerenciamento de resíduos sólidos é garantir que</p><p>todos os resíduos sejam gerados e destinados de forma segura e apropriada.</p><p>Este processo é a primeira opção para diminuir os danos ao meio ambiente</p><p>e à saúde da população. O gerenciamento é sustentado pela teoria dos</p><p>três Rs (3Rs): redução da geração de fonte, reutilização dos resíduos e</p><p>reciclagem dos resíduos.</p><p>Exercícios</p><p>Questão 1. (Enade 2008, adaptada) Embora a desertificação seja concebida como um fenômeno</p><p>climático, pode-se distinguir outro tipo desse mesmo fenômeno, o ecológico,</p><p>porque</p><p>a desertificação, do ponto de vista ecológico, pode desenvolver-se até mesmo em ambiente úmido,</p><p>podendo o elemento clima não sofrer variação tão perceptível quanto aquela do manto vegetal e do</p><p>solo.</p><p>De acordo com essas afirmações, assinale a alternativa correta:</p><p>A) As duas afirmativas são corretas, e a segunda justifica corretamente a primeira.</p><p>B) As duas afirmativas são corretas, mas a segunda não justifica corretamente a primeira.</p><p>118</p><p>Unidade III</p><p>C) A primeira afirmativa é correta, mas a segunda está incorreta.</p><p>D) A primeira afirmativa é correta, e a segunda também é uma proposição correta.</p><p>E) As duas afirmativas são incorretas.</p><p>Resposta: alternativa A.</p><p>Análise das alternativas</p><p>A) Alternativa correta.</p><p>Justificativa: ambas as afirmativas são verdadeiras e consequentes, pois é possível encontrarmos</p><p>desertos frios ou quentes do ponto de vista climático, porém é na análise biológica que se pode perceber</p><p>e aferir o processo de desertificação, o que remete às dificuldades de manutenção da vida, sendo este</p><p>o maior indicador.</p><p>B) Alternativa incorreta.</p><p>Justificativa: como já destacado sobre a alternativa A, a vegetação e o solo são mais sensíveis e</p><p>dependentes dos elementos locais que a circulação atmosférica, manifestando as demais condições</p><p>ambientais.</p><p>C) Alternativa incorreta.</p><p>Justificativa: desertificação implica um sistema desequilibrado, em que a vida nesses locais seja</p><p>difícil, sendo o fator de desequilíbrio a falta ou o excesso de energia (sol ou frio demais), por exemplo.</p><p>D) alternativa incorreta.</p><p>Justificativa: trata-se de um fenômeno corroborado pelo clima, normalmente a ele associado.</p><p>E) Alternativa incorreta.</p><p>Justificativa: pelas razões expostas anteriormente, ambas são corretas.</p><p>Questão 2. (Enem 2012, adaptada) A maior parte dos veículos de transporte atualmente é movida</p><p>por motores a combustão que utilizam derivados de petróleo. Por causa disso, esse ramo é o maior</p><p>consumidor de petróleo do mundo, com altas taxas de crescimento ao longo do tempo. Enquanto</p><p>outros setores têm obtido bons resultados na redução do consumo, os transportes tendem a concentrar</p><p>ainda mais o uso de derivados do óleo.</p><p>O impacto ambiental da tecnologia mais empregada pelo setor de transportes, segundo a interpretação</p><p>do IPCC, é uma medida para promover a redução do seu uso, o que é indicado, respectivamente, por:</p><p>119</p><p>GESTÃO DE RECURSOS NATURAIS</p><p>A) Aumento da poluição sonora – construção de barreiras acústicas.</p><p>B) Incidência da chuva ácida – estatização da indústria automobilística.</p><p>C) Efeito estufa – incentivo aos transportes de massa.</p><p>D) Propagação de doenças respiratórias – distribuição automática de medicamentos gratuitos.</p><p>E) Elevação das temperaturas médias – criminalização da emissão de gás carbônico.</p><p>Resolução desta questão na plataforma.</p><p>intrusivas ou plutônicas – por exemplo, o granito.</p><p>Quando o resfriamento ocorre rapidamente, em contato com a superfície, temos as rochas</p><p>magmáticas extrusivas ou vulcânicas – por exemplo, o basalto. Essa variação pode ser provocada por</p><p>pressão e temperaturas elevadas ou alterações químicas dos minerais que compõem uma rocha. São os</p><p>exemplos das rochas metamórficas o mármore, a ardósia e o gnaisse.</p><p>Essas rochas formam o grupo mais antigo da crosta terrestre. Além delas, à medida que a atmosfera</p><p>terrestre se formava, surgiam os processos de intemperismo químico e físico, provocando desagregação</p><p>dos minerais, que, com a ação do vento, das enxurradas e de outros fatores naturais, foram propiciando</p><p>90</p><p>Unidade III</p><p>o acúmulo do material erodido e formando outro tipo de rocha, chamada de sedimentar, como o arenito,</p><p>o calcário e a argila.</p><p>Algumas dessas rochas são de grande valor econômico, pois apresentam minerais de grande</p><p>aplicabilidade para atividades industriais, como a fabricação de fertilizantes, a extração de minerais</p><p>metálicos, a exploração de metais preciosos, a produção de pedras ornamentais etc.</p><p>O relevo terrestre é constituído por variados tipos de rochas, com origens e idades geológicas</p><p>diferentes, permitindo sua subdivisão em grandes estruturas: as províncias geológicas.</p><p>Litosfera ou crosta terrestre corresponde a toda superfície sólida que envolve o globo terrestre. A</p><p>porção dessa crosta submersa pelas águas marítimas é chamada de crosta oceânica ou submarina, e a</p><p>porção emersa que forma os continentes é chamada crosta continental.</p><p>As plataformas são as porções mais antigas da crosta continental. Estão associadas a áreas de</p><p>formação pré-cambriana, o que significa que datam das primeiras eras geológicas da formação da</p><p>Terra. Como são áreas muito antigas, atualmente se encontram trabalhadas pelos processos erosivos,</p><p>apresentam modestas altitudes e, por serem as mais velhas, constituem o embasamento cristalino dos</p><p>continentes. Quando ocorre a presença de escudos antigos em determinada região, dizemos que há um</p><p>afloramento cristalino.</p><p>As plataformas ou os maciços antigos são formados por grande variedade de rochas, mas</p><p>prevalecem as de origem metamórfica e magmática (rochas que se formaram pelo resfriamento</p><p>do magma). Sua idade geológica pode variar entre 1 e 4,5 bilhões de anos. A antiguidade dessas</p><p>áreas permitiu a formação de uma enorme gama de recursos minerais metálicos, como o ferro, o</p><p>manganês, o estanho, entre outros. Os escudos são os que apresentam grande potencialidade na</p><p>formação desses recursos.</p><p>Durante a história geológica da Terra, algumas porções da litosfera foram soerguidas e outras</p><p>rebaixadas sucessivas vezes, dependendo das forças que atuavam sobre o modelado. Foi assim que se</p><p>formaram áreas rebaixadas como as bacias sedimentares e as depressões da crosta terrestre, que foram</p><p>sendo preenchidas de forma gradativa por sedimentos de várias origens e idades.</p><p>Em algumas áreas do planeta, esses depósitos sedimentares chegam a espessuras de até 5 mil</p><p>metros de profundidade. Como essas áreas foram formadas sobre o embasamento cristalino, estima-se</p><p>que esses depósitos ocupem aproximadamente 75% da superfície da crosta continental. Os depósitos</p><p>sedimentares podem ser de origem fluvial, marinha, glacial, vulcânica, eólica, lacustre e orgânica. Esses</p><p>locais existem em função do intenso processo de erosão e acumulação a que a crosta é submetida pelos</p><p>agentes externos (exógenos) do relevo, erodindo, transportando e acumulando sedimentos. Pela sua</p><p>transformação sedimentar, as bacias podem ser ricas em combustíveis fósseis como o gás natural, o</p><p>petróleo, o carvão mineral e o xisto betuminoso.</p><p>Na crosta terrestre, podemos encontrar uma infinidade de tipos de rocha. De maneira geral, os</p><p>geólogos as classificam de acordo com aspectos como a composição química e mineralógica e o processo</p><p>91</p><p>GESTÃO DE RECURSOS NATURAIS</p><p>de origem ou formação. Levando em conta o fenômeno de origem das rochas, as classificamos em três</p><p>grupos diferentes: ígneas ou magmáticas, sedimentares e metamórficas.</p><p>Embora sejam classificadas de modo distinto, todas as rochas e os minerais que as compõem</p><p>encontram-se em um constante processo de transformação, criando uma espécie de ciclo.</p><p>As rochas ígneas ou magmáticas originam-se da solidificação do magma no interior da crosta ou de</p><p>lavas que extravasam para a superfície terrestre por meio das erupções vulcânicas. O basalto é uma das</p><p>rochas magmáticas mais conhecidas. Algumas delas, como o granito, também são denominadas como</p><p>rochas cristalinas.</p><p>As rochas sedimentares são formadas por sedimentos desagregados, isto é, partículas fragmentadas</p><p>de outras rochas ou de matéria orgânica, que, transportadas pelo vento ou pela água, depositam-se</p><p>nas partes mais baixas do relevo de uma região, acumulando-se. Após alguns milhares de anos, os</p><p>minerais das camadas mais profundas desses depósitos de sedimentos e que são submetidos à intensa</p><p>pressão das camadas mais superficiais unem-se, formando aglomerados rochosos. São exemplos de</p><p>rochas sedimentares a ardósia, o arenito e a argila.</p><p>As rochas metamórficas originam-se de outros tipos de rocha. Quando rochas magmáticas</p><p>e sedimentares são expostas a níveis mais elevados de temperatura e pressão, elas perdem suas</p><p>características originais, transformando-se nas chamadas rochas metamórficas. O mármore é um</p><p>exemplo desse tipo.</p><p>No relevo submarino, as placas tectônicas, grandes blocos que compõem a crosta terrestre, formam</p><p>tanto os continentes quanto o fundo dos oceanos. Portanto, a porção submersa da litosfera é chamada de</p><p>crosta oceânica, na qual existem, também, formas de relevos típicas, denominadas de relevo submarino.</p><p>O avanço da oceanografia física e da geologia permitiu, com o uso das técnicas modernas, mapear e</p><p>estudar o relevo do fundo do mar.</p><p>É possível classificar o relevo oceânico levando-se em conta a profundidade e a sua morfologia.</p><p>A parte mais rasa é a plataforma marítima ou continental: sua profundidade pode variar até 500 m</p><p>e constitui hoje uma área muito importante para alguns países como o Brasil, pois é onde podem ser</p><p>encontradas grandes reservas petrolíferas.</p><p>A região da plataforma continental é extremamente importante para algumas atividades humanas</p><p>como a pesca, o turismo e a extração de gás e do petróleo.</p><p>A dinâmica formadora e transformadora da litosfera é composta de forças de origens distintas,</p><p>as endógenas, que interferem diretamente na fisionomia das paisagens do planeta. Essas forças</p><p>e todos os processos e fenômenos desencadeados por elas, ao longo de bilhões de anos, são</p><p>responsáveis pela composição litológica atual da crosta terrestre, marcada pela existência de vários</p><p>tipos de rochas, solos, estruturas geológicas e formas de relevo que podemos observar atualmente</p><p>na superfície da Terra.</p><p>92</p><p>Unidade III</p><p>A exploração do subsolo, desde a primeira Revolução Industrial, passou a ser um sustentáculo</p><p>para o crescimento industrial e, à medida que o processo de industrialização difundia-se pelo mundo,</p><p>intensificava-se a exploração dos recursos minerais. Antes desse processo, os únicos minerais que</p><p>interessavam eram os metais preciosos como o ouro, a prata, o diamante etc.</p><p>De modo geral, a litosfera é uma das principais fontes de recursos naturais para a sociedade. Os</p><p>minérios extraídos, por exemplo, tornaram-se imprescindíveis para a manutenção das atividades</p><p>agrícolas, industriais e de construção civil, além de constituírem matéria-prima para diversos produtos</p><p>que utilizamos no cotidiano, como a grafite, o giz do professor, o sal de cozinha, as baterias do relógio</p><p>e as joias.</p><p>Os minerais apresentam-se na natureza de diversas maneiras. Alguns são encontrados isoladamente,</p><p>outros fazem parte da composição de rochas. Rochas exploradas comercialmente, como o basalto, o</p><p>mármore e a argila, são retiradas da natureza em estado bruto e posteriormente tratadas conforme</p><p>a finalidade de uso. A exploração de jazidas minerais</p><p>provoca o desmantelamento de morros e serras</p><p>inteiras e, algumas vezes, resulta na abertura de gigantescas crateras nas formações rochosas.</p><p>As principais características de alguns tipos de rocha agregam valor comercial, dependendo de sua</p><p>composição mineralógica e de sua utilização econômica.</p><p>O basalto é uma rocha composta de diferentes minerais, como a magnetita, a hematita, a apatita</p><p>e o quartzo. É muito conhecido e utilizado no mundo todo. No Brasil, ele é usado principalmente na</p><p>pavimentação de estradas e na construção civil.</p><p>O mármore é composto basicamente por calcita (mineral bastante comum na superfície da Terra) e</p><p>dolomita. Trata-se de uma rocha muito utilizada na construção civil, especialmente como ornamento.</p><p>Em nosso país, há diferentes tipos de mármores, e estes são identificados pela cor.</p><p>A argila é constituída de minerais como a caulinita, a ilita, os quartzos e os feldspatos. É formada por</p><p>sedimentos muito finos. Quando misturada com água, torna-se uma massa maleável, muito utilizada na</p><p>fabricação de utensílios como vasos, azulejos, pisos etc.</p><p>É importante lembrar que alguns dos metais de grande aplicação no mundo moderno não são</p><p>encontrados no estado puro no subsolo. Muitos precisam ser industrializados para se transformarem em</p><p>metais. O alumínio é um metal não encontrado na crosta da Terra, e é preciso industrializar a bauxita</p><p>para produzi-lo.</p><p>Dessa forma, considera-se que mineral é toda substância natural presente na litosfera. No exemplo</p><p>anterior, o elemento químico alumínio é formador de certos minerais, que formam alguns tipos de</p><p>rochas. Então, explorando essas rochas, pode-se obter o mineral que contenha alumínio, para que então</p><p>possamos transformá-lo em metal. Quando temos um mineral de grande aproveitamento econômico,</p><p>do qual podem ser extraídos produtos em escala industrial, dizemos que ele é um minério, como os</p><p>exemplos a seguir:</p><p>93</p><p>GESTÃO DE RECURSOS NATURAIS</p><p>• metal cobre = minérios: cuprita, calcopirita, malaquita;</p><p>• metal chumbo = minério galena;</p><p>• metal alumínio = minério bauxita;</p><p>• metal ferro = minérios: hematita, magnetita, siderita, limonita;</p><p>• metal manganês = minério pirolusita;</p><p>• metal estanho = minério cassiterita.</p><p>A antiguidade geológica e a construção rochosa do território brasileiro possibilitaram a formação de</p><p>uma grande reserva mineralógica no subsolo, apesar de o país não ser autossuficiente em alguns tipos</p><p>de minérios.</p><p>Em escala geológica, temos uma das eras mais longas, que foi a Proteozoica, época em que tivemos</p><p>a formação dos continentes. No Brasil, as áreas de escudos proterozoicos (4% da superfície) são as mais</p><p>propensas à ocorrência de minerais metálicos. As regiões de exploração de destaque estão na Amazônia</p><p>e no Centro-Sul.</p><p>Nosso país apresenta uma das mais variadas reservas de minérios do mundo, fato que se deve à</p><p>extensão e à composição litológica do território nacional. Podemos destacar dois grupos principais de</p><p>reservas ou jazidas: aquelas localizadas em terrenos antigos – por exemplo, os escudos cristalinos, em</p><p>que há abundância de minerais metálicos, como ferro, manganês e bauxita –; e aquelas situadas em</p><p>terrenos sedimentares, geologicamente mais recentes, compostas por minérios como o calcário e por</p><p>recursos fósseis como o carvão e o petróleo.</p><p>Atualmente, o Brasil se destaca na extração de ferro (2º produtor mundial), estanho (5º produtor</p><p>mundial), bauxita (2º produtor mundial), petróleo (autossuficiente na produção) e gemas. No entanto, a</p><p>nação possui reservas insuficientes para consumo interno do minério, como enxofre, potássio, mercúrio</p><p>e prata, que são importados de outros países.</p><p>Essas atividades necessitam de grandes investimentos em infraestrutura como ferrovias, geração</p><p>de energia e portos especializados. O preço do minério bruto no mercado interno é baixo, com exceção</p><p>dos combustíveis, por isso a atividade para exportação só é compensadora quando feita em proporções</p><p>expressivas, o que justifica os altos investimentos.</p><p>O Brasil hoje é um grande produtor de minério de ferro, e o Japão e o mercado europeu são seus</p><p>principais compradores. As áreas mais importantes de extração são: Quadrilátero Ferrífero ou Central</p><p>(MG) – área situada no centro de Minas Gerais, produção de hematita e magnetita –; e Serra dos Carajás</p><p>(PA) – situada no sudoeste do Pará, considerada a maior reserva mineralógica do país. Além do minério</p><p>de ferro, possui reservas de bauxita, manganês, cobre e ouro.</p><p>94</p><p>Unidade III</p><p>Observação</p><p>Mineral é toda substância natural presente na litosfera. Entretanto, quando</p><p>temos um mineral de grande aproveitamento econômico, do qual podem ser</p><p>extraídos produtos em escala industrial, dizemos que ele é um minério.</p><p>5.2 Combustíveis fósseis</p><p>Os depósitos de petróleo e gás natural são de origem marinha. Nos oceanos, estima-se que a</p><p>fotossíntese produza anualmente de 25 a 50 bilhões de toneladas de carbono reduzido. A maior parte</p><p>disso é reciclada para a atmosfera como dióxido de carbono, mas uma fração mínima assenta no fundo</p><p>do mar, onde não há acesso a oxigênio.</p><p>Esse entulho biológico é coberto por argila e partículas de areia, formando uma camada orgânica</p><p>compactada em uma matriz porosa de argila e arenito. Bactérias anaeróbias digerem a matéria,</p><p>liberando a maior parte de oxigênio e nitrogênio. As moléculas mais resistentes à digestão são os lipídios</p><p>à base de hidrocarbonetos saturados encontrados no petróleo. Essas substâncias possuem estrutura e</p><p>distribuição de número de carbono semelhante aos encontrados nos lipídios de organismos vivos. Todas</p><p>as reservas de petróleo contêm derivados de hidrocarboneto hopano (C30H52), atestando a importância do</p><p>processamento bacteriano, uma vez que as bactérias possuem derivados de hopano em suas membranas.</p><p>À medida que o sedimento enterrado se aprofunda, a temperatura e a pressão aumentam. Então,</p><p>a ação bacteriana diminui e ocorrem as reações de recombinação orgânica, que liberam grandes</p><p>quantidades de metano e hidrocarbonetos leves na forma de gases; esses gases se acumulam em bolsas</p><p>que se formam sob rochas impermeáveis.</p><p>O petróleo é produzido com origem nos compostos orgânicos pesados remanescentes, que migram</p><p>como uma emulsão aquosa, da qual a água é removida quando o sedimento é compactado. O petróleo</p><p>fica aprisionado nas camadas porosas da rocha. O processo de formação de gás e de petróleo estende-se</p><p>por centenas de milhões de anos. Contudo, é provável que entre o período de uso e o esgotamento desse</p><p>recurso seja de aproximadamente um século e meio.</p><p>Mais metano está contido em depósitos submarinos sob a forma de hidratos de gás ou clatratos. Estes</p><p>são estruturas de moléculas de água unidas por ligações de hidrogênio que circundam as moléculas de</p><p>metano e formam materiais sólidos que são estáveis em temperaturas suficientemente baixas e em altas</p><p>pressões. Os hidratos de gás são encontrados em sedimentos oceânicos a profundidades de 300 m ou mais.</p><p>O metano, derivado da decomposição microbiana de matérias orgânicas no sedimento, é aprisionado</p><p>nessas profundezas nas estruturas de hidrato. Estima-se que a quantidade de metano existente nesses</p><p>depósitos seja enorme, podendo chegar ao dobro da energia combustível somada das reservas de</p><p>petróleo, gás e carvão da Terra. Porém, não existe, atualmente, qualquer método prático de extração</p><p>desse metano, embora uma série de projetos esteja em desenvolvimento. No entanto, as tentativas</p><p>95</p><p>GESTÃO DE RECURSOS NATURAIS</p><p>de extração terão de prosseguir com muita cautela, em razão da possibilidade de liberação de grande</p><p>quantidade de metano, um potente gás causador do efeito estufa.</p><p>Diferentemente do petróleo e do gás, o carvão é de origem terrestre. As reservas de carvão se compõem</p><p>de vestígios de matéria vegetal proveniente de grandes extensões de pântano, o qual é densamente coberto</p><p>por florestas que cresceram há 250 milhões de anos durante um período de clima ameno e úmido. As</p><p>plantas lenhosas são essencialmente compostas de lignina e celulose.</p><p>Se, por um lado, as bactérias aeróbias</p><p>oxidam rapidamente a celulose (um carboidrato), transformando-a em dióxido de carbono e água quando</p><p>a planta morre, por outro lado, a lignina é muito mais resistente à ação bacteriana.</p><p>Em pântanos, a lignina se acumula sob a água, compactando-se em forma de turfa. No decorrer</p><p>das eras geológicas, as camadas de turfa dos pântanos primitivos se metamorfosearam em carvão. A</p><p>depressão e o soerguimento da crosta terrestre soterraram os depósitos, sujeitando-os a altas pressões e</p><p>temperaturas por longos períodos. Sob essas condições, a lignina gradualmente perdeu seus átomos de</p><p>oxigênio, por causa da expulsão de água e dióxido de carbono, e ligações adicionais se formaram entre</p><p>os grupos aromáticos, produzindo um material duro, negro e rico em carbono, que extraímos na forma</p><p>de carvão. Quando essa metamorfose vai além, o produto resulta em grafite, uma forma pura de carvão</p><p>em que os átomos de carbono são dispostos em camadas de anéis de benzeno condensado.</p><p>O petróleo é uma mistura complexa de hidrocarbonetos, moléculas que contêm principalmente</p><p>carbono e hidrogênio. Há também pequenas quantidades de enxofre (até 10%), oxigênio (até 5%) e</p><p>nitrogênio (até 1%), ligados a moléculas orgânicas complexas. Diversos metais, como V, Ni, Fe, Al, Na,</p><p>Ca, Cu e U são considerados elementos-traço. A maioria das moléculas de hidrocarbonetos é saturada</p><p>(sem ligações múltiplas), mas uma fração significativa, em torno de 10%, é aromática (contém anéis de</p><p>benzeno). As moléculas variam muito de tamanho e são separadas nas refinarias de acordo com seus</p><p>pontos de ebulição.</p><p>Além das torres de destilação, as refinarias são equipadas com reatores que transformam quimicamente</p><p>as moléculas, a fim de conciliar as quantidades de várias frações às necessidades do mercado. Como a</p><p>gasolina é a parte mais valiosa, várias reações aumentam a porcentagem da fração de gasolina.</p><p>Uma transformação química especialmente importante é o craqueamento, procedimento por meio</p><p>do qual um hidrocarboneto maior, na faixa que fica entre o querosene e o gasóleo, é quebrado em dois</p><p>hidrocarbonetos menores, na faixa da gasolina. Isso se dá a altas temperaturas (entre 400 e 600 ºC), com</p><p>o auxílio de um catalisador, um material de aluminossilicato impregnado com potássio.</p><p>A química do refino de petróleo está mudando rapidamente, devido à pressão das regulamentações</p><p>da gasolina. Assim, o benzeno está sendo eliminado da gasolina, em razão de seu caráter carcinogênico.</p><p>O petróleo detém a grande vantagem de ser um líquido, portanto tem fácil transporte. Os combustíveis</p><p>líquidos da era do petróleo possibilitam o desenvolvimento de meios eficazes de transporte, do avião ao</p><p>automóvel e das locomotivas a diesel. Os combustíveis à base de petróleo são relativamente limpos, já</p><p>que a refinaria produz frações de hidrocarboneto, deixando a maior parte dos compostos com enxofre</p><p>e metal no resíduo. Todo o sistema de extração do petróleo, transporte, refino e distribuição tem sido</p><p>96</p><p>Unidade III</p><p>desenvolvido de acordo com um alto nível de integração e eficiência, tornando a busca por combustíveis</p><p>alternativos um extraordinário desafio.</p><p>Depois de extraído, o petróleo cru é transportado para refinarias por meio de oleodutos, por</p><p>caminhões ou navios (tanques de petróleo). Na refinaria, é aquecido e destilado para que seja separado</p><p>em componentes com pontos de ebulição diferentes, um impressionante processo tecnológico que se</p><p>baseia em química e engenharia complexa.</p><p>Alguns dos produtos obtidos da destilação do petróleo, denominados petroquímicos, são utilizados</p><p>como matéria-prima em produção de compostos orgânicos industriais, pesticidas, plásticos, fibras</p><p>sintéticas, tintas, medicamentos e em uma série de outros produtos.</p><p>O mundo ainda não está sofrendo com a escassez de petróleo. Contudo, como todos os recursos não são</p><p>renováveis, espera-se que os suprimentos petrolíferos diminuam. Em dado momento, os preços aumentarão</p><p>na medida em que os consumidores começarem a competir pela reduzidas reservas petrolíferas mundiais.</p><p>Em geral, podemos dizer que há três opções para tal situação: procurar mais petróleo, consumir</p><p>e desperdiçar menos esse recurso ou utilizar outro. Alguns analistas e economistas argumentam que</p><p>aumentar os preços do petróleo vai estimular a exploração, e isso resultará em um número suficiente</p><p>de novas reservas para atender à demanda futura, no decorrer do próximo século ou por mais tempo, e</p><p>que a nova tecnologia permitirá recuperar mais petróleo dos poços já existentes.</p><p>As vantagens do uso do petróleo são: vasto suprimento, entre 42 e 93 anos, alto rendimento de</p><p>energia líquida, transporte fácil dentro dos países e entre eles, pouca utilização da terra, tecnologia bem</p><p>desenvolvida e sistema de distribuição eficiente.</p><p>E as desvantagens são: a necessidade de se encontrar substituto dentro de 50 anos, preços</p><p>artificialmente baixos, o que desestimula a busca por alternativas, e o fato de sua queima poluir o ar,</p><p>liberar CO2 e causar poluição moderada da água.</p><p>Um grave problema associado ao uso desse recurso é que a queima do petróleo ou de qualquer</p><p>combustível fóssil libera CO2 na atmosfera e, portanto, pode ajudar a promover mudança climática em</p><p>decorrência do aquecimento global. Hoje, a queima do petróleo, principalmente na forma de gasolina e</p><p>diesel para o transporte, é responsável por 43% das emissões de CO2.</p><p>O gás natural, embora represente um recurso energético tão grande como o petróleo, tem sido</p><p>historicamente considerado um subproduto da exploração e produção do petróleo. De fato, apenas</p><p>recentemente a magnitude do potencial de suprimento de gás foi reconhecida, graças a mais informações</p><p>sobre as formações portadoras de gás e à melhoria nas técnicas de recuperação. Originando-se do</p><p>desenvolvimento dos avançados motores para aviação, a turbina de combustão a gás é um motor</p><p>térmico capaz de funcionar com temperatura muito alta e, portanto, capaz de alta eficácia.</p><p>O gás natural é um combustível limpo que exige muito pouco processamento. Possui fácil transporte,</p><p>que ocorre por dutos terrestres. Sua taxa de emissão de CO2 por unidade é inferior à de outros combustíveis</p><p>97</p><p>GESTÃO DE RECURSOS NATURAIS</p><p>fósseis, principalmente o carvão, como já observado. Além disso, o gás contribui menos para a formação</p><p>de smog do que a gasolina, porque as moléculas não queimadas de CH4 são consideravelmente menos</p><p>reativas à química de radicais livres responsáveis pelo smog do que as moléculas de hidrocarboneto com</p><p>mais de um átomo de carbono.</p><p>No entanto, o gás natural é muito mais difícil de se transportar do que os hidrocarbonetos líquidos.</p><p>Para acomodar quantidade suficiente dele em um espaço razoável para fontes de energia móveis,</p><p>precisa-se de alta pressão ou baixa temperatura, ou ambos. Compressões e/ou refrigeradores se fazem</p><p>necessários, e o tanque de armazenamento deve ter paredes espessas ou isolamento.</p><p>Além disso, requer um sistema de distribuição capaz de transferir o gás sob pressão. Esses requisitos</p><p>constituem obstáculos significativos à substituição do petróleo pelo gás natural no transporte automotivo.</p><p>Os problemas são mais gerenciáveis para frotas de caminhões ou ônibus, que podem carregar tanques</p><p>grandes e são abastecidos em um deposito central.</p><p>Atualmente, há várias frotas circulando com gás natural. Os países abundantes em reservas de gás,</p><p>como Nova Zelândia, Canadá e Rússia, incentivam ativamente seu uso nos veículos.</p><p>Embora o gás natural produza menos CO2 do que combustíveis fósseis, também pode causar o efeito</p><p>estufa. Uma molécula adicional de metano contribui aproximadamente 20 vezes mais para o efeito estufa</p><p>do que uma molécula adicional de CO2. Consequentemente, os vazamentos de metano representam</p><p>uma grave preocupação ambiental. Eles podem ocorrer nos poços de gás durante as transferências e no</p><p>uso final. O escape de metano em veículos movidos a gás em marcha lenta, por exemplo, pode anular</p><p>sua vantagem em relação à menor</p><p>produção de CO2 durante a combustão.</p><p>O gás natural convencional está acima dos reservatórios de petróleo cru. No entanto, a menos que</p><p>um gasoduto de gás natural seja construído, esses depósitos não podem ser utilizados. O gás natural</p><p>encontrado sob os reservatórios de petróleo no fundo do mar e em áreas de terras distantes é geralmente</p><p>visto como um derivado indesejável e então é queimado. Esse procedimento desperdiça um valioso</p><p>recurso energético e libera dióxido de carbono na atmosfera.</p><p>E o gás natural não convencional é encontrado isoladamente em outras fontes subterrâneas.</p><p>Por enquanto, o custo para retirá-lo dessas fontes não convencionais ainda é alto, mas a tecnologia</p><p>extrativista está evoluindo com rapidez.</p><p>O carvão inicia como turfa, que é um material do solo constituído de matéria orgânica úmida e</p><p>parcialmente decomposta. A lignita e o carvão betuminoso são rochas sedimentárias, ao passo que o</p><p>antracito é uma rocha metamórfica.</p><p>O carvão pode ser convertido em combustíveis gasosos e líquidos, e a queima é mais limpa que a</p><p>do carvão sólido, porém os custos são altos e sua produção e queima libera mais dióxido de carbono na</p><p>atmosfera. O carvão sólido pode ser convertido em gás natural sintético (GNS) por meio da gaseificação</p><p>do carvão, ou em um combustível líquido, como o metanol ou gasolina sintética, por meio da liquefação</p><p>do carvão.</p><p>98</p><p>Unidade III</p><p>Como vantagens desse processo, temos o grande suprimento potencial, que serve como combustível</p><p>automotivo, possui custo moderado, recebe muitos subsídios governamentais e cuja queima polui</p><p>menos o ar que o carvão.</p><p>As desvantagens que podemos destacar são: o rendimento da energia líquida baixa ou moderada,</p><p>com custo maior que o do carvão, o alto impacto ambiental, a maior mineração superficial do carvão, a</p><p>elevada utilização de água e o fato de apresentar emissões de CO2 maiores que as de carvão.</p><p>Os depósitos de carvão variam expressivamente em relação à extensão da metamorfose sofrida</p><p>pelo tecido vegetal lenhoso original. Os carvões duros passaram por mais transformação do que os</p><p>macios. O lignito (ou linhito) é o carvão mais macio; seu nome reconhece a próxima similaridade</p><p>com o componente original da madeira, a lignina. Mais de um terço da massa de lignito se constitui</p><p>de teor de umidade, enquanto o restante do material carbonáceo é quase uniformemente dividido</p><p>entre “matéria volátil”, hidrocarbonetos liberados sob aquecimento, e “carbono fixo”, a fração não</p><p>volátil do carbono.</p><p>O carvão sub-betuminoso é mais duro que o lingnito, contendo cerca de 20% de umidade e 40%</p><p>de carbono fixo, mas é mais macio do que o carvão betuminoso, que contém baixo teor de umidade. O</p><p>carvão mais duro é o antracito, constituído de cerca de 80% de carbono fixo. O valor térmico do carbono</p><p>varia conforme a fração de carbono reduzido e de hidrogênio, e é bem mais baixo para o carvão macio</p><p>do que para o duro, por causa de seu alto teor de umidade.</p><p>Os diferentes tipos de carvão apresentam variação na quantidade de cinza, o resíduo mineral</p><p>deixado pela combustão completa, refletindo diferentes quantidades de minerais incorporados durante</p><p>os processos metamórficos. Um exemplo desses minerais é a pirita, FeS2. Além disso, há um pouco de</p><p>enxofre nas complexas moléculas orgânicas de carvão. Quando este é queimado, tanto o enxofre ligado</p><p>organicamente quanto o inorgânico se oxidam para SO2, que é um grande poluente do ar.</p><p>As reservas de carvão são muito grandes, e tanto sua extração quanto o transporte ferroviário são</p><p>relativamente baratos. Essa é a principal vantagem que possui. Obviamente, seu deslocamento e manuseio</p><p>são muito menos convenientes que o petróleo. Esse recurso não é mais utilizado nos transportes, pois o</p><p>diesel substituiu a locomotiva a vapor.</p><p>Em países tecnologicamente avançados, o carvão não é mais diretamente usado para aquecimento</p><p>de ambientes, mas no restante do mundo a queima de carvão em fogões e fornalhas impregnam o ar de</p><p>fuligem e SO2, contribuindo expressivamente para a manifestação de doenças respiratórias. O principal</p><p>uso do carvão ocorre em grandes usinas geradoras de eletricidade, onde ele é queimado de forma</p><p>eficiente e relativamente completa.</p><p>Altas chaminés dispersam as emissões de modo amplo, amenizando a poluição local do ar. Entretanto,</p><p>o SO2 e o NO emitidos pela queima de carvão em usinas termoelétricas são as principais fontes de chuva</p><p>ácida e de partículas de aerossóis, que desempenham um papel importante na regulação do clima</p><p>global, além de causarem impactos significativos à saúde humana.</p><p>99</p><p>GESTÃO DE RECURSOS NATURAIS</p><p>A extração do carvão também aumenta significativamente os custos ao meio ambiente e à saúde</p><p>humana. As minas tradicionais, que exploram os veios de carvão até as profundezes do solo, são locais</p><p>de trabalho de alto risco, e o pó desse material provoca a doença do pulmão negro nos mineiros.</p><p>Esses problemas têm sido em parte aliviados por melhorias nas medidas de segurança e de ventilação,</p><p>além da borrifação de água para reduzir o pó durante as operações de perfuração. Agora, a coleta</p><p>da drenagem em tanques de assentamento e tratamento é uma exigência. A mineração a céu aberto</p><p>permite a extração de veios superficiais de carvão à custa de grandes talhos no solo, geralmente em</p><p>encostas íngremes e passiveis de erosão.</p><p>As rochas betuminosas representam outro suprimento potencial de óleo pesado. Tais rochas,</p><p>conhecidas como xisto betuminoso, contêm uma sólida mistura inflamável de hidrocarbonetos, chamada</p><p>cerogênio. Ela pode ser extraída de xistos betuminosos prensados, que são aquecidos em um grande</p><p>contêiner, um processo que produz um destilado chamado óleo de xisto. Antes que este possa ser</p><p>enviado por oleoduto para uma refinaria, ele deve ser aquecido para elevar sua taxa de fluxo, e também</p><p>precisa ser processado para remover o enxofre, o nitrogênio e outras impurezas.</p><p>Os suprimentos globais calculados de óleo de xisto são cerca de 240 vezes maiores que as estimativas</p><p>de suprimentos mundiais de petróleo convencional. Entretanto, a maioria dos depósitos encontra-se a</p><p>uma taxa tão baixa que, com preço e tecnologia atuais relativos ao petróleo, é preciso mais energia</p><p>e dinheiro para minerar e converter o cerogênio em petróleo cru que o oferecido pelo combustível</p><p>resultante. A produção e utilizarão do óleo de xisto acarretam impactos ambientais muito maiores que</p><p>a exploração do petróleo convencional.</p><p>Saiba mais</p><p>Amplie seu aprendizado integrando conceitos ao conhecimento da</p><p>“química verde”. CENTRO DE GESTÃO E ESTUDOS ESTRATÉGICOS. Química Verde</p><p>no Brasil: 2010-2030. Brasília: CGEE, 2010. Disponível em: <http://www.cgee.</p><p>org.br/atividades/redirect.php?idProduto=6528>. Acesso em: 5 fev. 2015.</p><p>Exemplo de aplicação</p><p>Elabore uma tabela com possíveis vantagens e desvantagens do uso do hidrato de metano, com base</p><p>nas seguintes fontes: “GELO de fogo” escondido em permafrost é fonte de energia do futuro? Agência</p><p>BBC Brasil. 21 abr. 2014. Disponível em: <http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2014/04/140421_</p><p>energia_metano_ms.shtml>. Acesso em: 23 out. 2014.; CONNOR, S. A bomba-relógio do metano. Revista</p><p>Eco 21, Edição 144. Disponível em: <http://www.eco21.com.br/textos/textos.asp?ID=1871>. Acesso em:</p><p>28 out. 2014.</p><p>___________________________________________________________________________</p><p>___________________________________________________________________________</p><p>100</p><p>Unidade III</p><p>6 ENERGIA NUCLEAR</p><p>A energia nuclear é uma maneira dispendiosa de se obter energia, e ainda possui um agravante</p><p>ambiental: seus rejeitos ficam ativos, emitindo radiação ionizante por tempos muito longos, e seu</p><p>acondicionamento requer cuidados especiais. É utilizada por muitos países para geração de energia</p><p>elétrica, mas tem um enorme potencial militar, como material bélico.</p><p>Em geral, existem duas classes de combustíveis para a energia nuclear. Uma é composta de átomos</p><p>pesados, tais como os do urânio 235 (U-235), sendo que a energia é liberada quando o átomo se</p><p>divide em átomos menores (em geral criptônio e bário). Como minério natural, o U-235 existe em</p><p>pequena proporção, e é preciso utilizar uma técnica suplementar para manter a reação em cadeia.</p><p>Esse procedimento baseia-se em transformar os nêutrons rápidos em lentos, aumentar a proporção</p><p>de átomos físseis, mediante aumento do U-235, com adição de plutônio 239 (Pu-239) ou tório 232 à</p><p>composição do combustível.</p><p>O outro tipo de combustível consiste em átomos rápidos, tais como o hidrogênio, que, por meio de</p><p>certos mecanismos, pode se fundir (combinar) com outro átomo para formar novos átomos. No primeiro</p><p>caso, temos um processo de fissão e, no segundo, de fusão, ambos constituindo processos nucleares.</p><p>O maior desenvolvimento de energia nuclear, tanto para fins pacíficos como para finalidades bélicas,</p><p>foi obtido por meio da utilização da fissão. Assim, o Pu-239 e o U-235 são os combustíveis básicos desse</p><p>processo. Este é obtido naturalmente; aquele é obtido artificialmente, por meio de bombardeamento</p><p>do U-238. Isso significa que o U-238 não é um combustível atômico, porém pode converter-se em</p><p>combustível por meio desse recurso.</p><p>Pode-se ter uma reação de U-235 ou Pu-239 controlada ou não controlada. O primeiro caso ocorre</p><p>em um reator nuclear, e o segundo, numa bomba nuclear.</p><p>No caso de um reator, depois que uma carga de urânio tenha permanecido tempo suficiente para</p><p>converter a quantidade pretendida de U-238 em Pu-239, deve-se separar o urânio não afetado e o</p><p>plutônio dos resíduos (produtos de fissão). Estes resíduos são altamente radioativos, constituindo-se no</p><p>lixo atômico.</p><p>6.1 Efeitos biológicos das radiações</p><p>As radiações são ondas eletromagnéticas que se propagam com a velocidade da luz. Elas possuem</p><p>a característica de transferir energia. Ao interagir com a matéria, há a transferência de energia para os</p><p>átomos e moléculas que estejam em sua trajetória; quanto mais curta for a onda eletromagnética, mais</p><p>rápida e mais energia terá, portanto será mais nociva.</p><p>Quando tratamos de radiação, utilizamos o Sistema Internacional de Medidas, que define que</p><p>os níveis de radiação são medidos em Sievert (Sv). E a quantidade de energia de radiação ionizante</p><p>absorvida (ou dose) por unidade de massa é representada por Gray (Gy). Na prática, estas duas unidades</p><p>são equivalentes, 1 Gy é igual a 1 Sv (1Gy = 1Sv).</p><p>101</p><p>GESTÃO DE RECURSOS NATURAIS</p><p>Para analisar os sintomas de cada dosagem de radiação, é importante observar um valor limite</p><p>de dosagem definido. Este limite é bem difícil de se estipular, pois cada organismo pode responder</p><p>com maior ou menor intensidade às aplicações recebidas. O que já foi observado é que a maioria dos</p><p>organismos que recebem dosagens menores dificilmente morre no primeiro ano, e para dosagem pouco</p><p>maiores, as chances de ocorrer morte aumentam de forma exponencial.</p><p>Não podemos esquecer de que a radiação nuclear é ionizante, e que a exposição a ela para o ser</p><p>humano é acumulativa.</p><p>Os efeitos biológicos das radiações dependem do tipo de radiação a que se teve contato, bem</p><p>como a profundidade de penetração (energia recebida da radiação) e a área ou volume do corpo que</p><p>sofreu exposição a tal radiação. Esta é um tipo de onda eletromagnética que perde energia para o meio</p><p>provocando ionizações.</p><p>Em um organismo vivo, os átomos estão unidos formando as moléculas, e essa união ocorre pela</p><p>ação de forças elétricas. Quando entramos em contato com a radiação, recebemos uma quantidade de</p><p>energia e, dependendo dessa quantidade, a radiação consegue alterar as forças elétricas que mantêm a</p><p>união dos átomos, causando um desequilíbrio que pode quebrar as moléculas.</p><p>Os átomos ionizados podem gerar alterações moleculares, danos em órgãos e tecidos e podem</p><p>também provocar efeitos biológicos que se agravam conforme a dose total recebida e o tempo de</p><p>exposição à radiação. As alterações de nível celular se iniciam com o aumento do núcleo da célula e</p><p>extensão da viscosidade citoplasma e o congestionamento dos capilares sanguíneos.</p><p>Normalmente, é possível identificar alguns estágios dos efeitos biológicos da radiação, como o</p><p>estágio biológico, o dos efeitos estocásticos, o dos efeitos tardios e o dos efeitos genéticos.</p><p>Vejamos a seguir algumas características de cada um deles.</p><p>Estágio biológico: ocorre para tempos de exposição de 10 segundos a 10 horas. Esta exposição pode</p><p>diminuir a mitose das células irradiadas, bloquear reações bioquímicas dentro do organismo e romper</p><p>membranas celulares.</p><p>Estágio dos efeitos estocásticos: sucede com doses pequenas de radiação, não apresenta um limiar</p><p>de dose para sua ocorrência, mas com o aumento da dose recebida os efeitos se agravam. Por menor que</p><p>seja a dose, está sempre associada uma probabilidade diferente de zero para a sua ocorrência. Este tipo</p><p>de efeito pode ser causado até por radiação natural.</p><p>Efeitos tardios: são característicos de exposições a pequenas doses, e manifestam-se em anos ou</p><p>dezenas de anos em seres humanos, podendo causar neoplasias diversas. Quando há uma superexposição,</p><p>causa grande morte celular, afetando órgãos inteiros e prejudicando gravemente o organismo. Nesta</p><p>fase são comuns o aparecimento de doenças vasculares, cardíacas e cerebrais e também danos aos olhos</p><p>– por exemplo, opacificação do cristalino e catarata.</p><p>102</p><p>Unidade III</p><p>Efeitos genéticos: também chamados de hereditários, eles são alterações provocadas pela interação</p><p>da radiação ionizante com as células reprodutivas do organismo. Manifestam-se nos descendentes do</p><p>indivíduo irradiado, causando mutações genéticas que podem levar à morte.</p><p>A medicina considera como síndrome aguda da radiação alguns sintomas baseados em resposta à</p><p>dosagem de radiação recebida. Em 2012, a Comissão Internacional de Proteção Radiológica definiu o</p><p>limiar (valor crítico) para o aparecimento de efeitos biológicos:</p><p>• para a indução de catarata – exposição à dose de 0,5 Gy;</p><p>• para a ocorrência de complicações cardiovasculares – exposição de 0,5 Gy;</p><p>• para náuseas, vômitos, diarreia e depressão dos sistemas sanguíneos – exposição de 1 a 3 Gy;</p><p>• para hemorragias, perda de pelos, esterilidade temporária ou definitiva – exposição de 3 a 5 Gy;</p><p>• para danos no sistema nervoso, cardiovascular e poucos dias de vida – exposição de 10 Gy.</p><p>No entanto, ressalta-se que, com uma exposição de 4 Gy, metade das pessoas que sofrem radiações</p><p>no corpo inteiro morrem.</p><p>Lembrete</p><p>Conforme a composição química e a origem, as rochas são classificadas</p><p>em: rochas ígneas ou magmáticas, que se originaram da solidificação do</p><p>magma; rochas sedimentares, que são oriundas de sedimentos de outras</p><p>rochas e matéria orgânica; e rochas metamórficas, que se originam da</p><p>transformação de rochas magmáticas e sedimentares expostas a níveis</p><p>elevados de temperatura e pressão.</p><p>6.1.1 Resíduos radioativos e contaminação do ambiente</p><p>A atividade nuclear vem produzindo quantidades crescentes de resíduos radiativos e os métodos de</p><p>disposição, embora considerados seguros, não eliminam a possibilidade de acidentes.</p><p>Não devemos nos esquecer das consequências das explosões nucleares que causaram e continuaram</p><p>causando sérios problemas para o ambiente e para a humanidade. Há vários relatos sobre as primeiras</p><p>explosões nucleares, como no Atol de Bikini, contaminando algas que têm predileção por alguns</p><p>elementos radioativos formados durante essas manifestações, o mesmo ocorrendo com determinados</p><p>peixes, que concentram no corpo e nas vísceras resíduos das precipitações radioativas.</p><p>O lançamento de radioisótopos no ambiente causa uma série de fenômenos físicos e biológicos. Isso</p><p>ocorre devido ao movimento realizado por esses materiais na atmosfera, encaminhando-se para a água</p><p>103</p><p>GESTÃO DE RECURSOS NATURAIS</p><p>e podendo ser retidos pelo solo e por certos organismos vivos. Mesmo quando são lançados diluídos,</p><p>podem se concentrar em tecidos de peixes (fósforo-32), ostras (zinco-65) etc.</p><p>Isótopos problemáticos são os de meia-vida longa, como o estrôncio-90, Césio-137 e outros. O iodo-</p><p>131, por exemplo, passa eficientemente pela cadeia alimentar, do ar para o capim, para o gado e via leite</p><p>para o homem, sendo concentrado na glândula tireóide.</p><p>Esses fatos indicam a necessidade de se conhecer as concentrações e as quantidades de matérias</p><p>que são lançadas no ambiente, atentando-se para que não seja excedida a sua capacidade.</p><p>A maior fonte de resíduos radioativos é o ciclo do combustível nuclear, que inclui exploração,</p><p>moagem e preparação do combustível para os reatores e armas nucleares (produzem resíduos contendo</p><p>radioisótopos naturais) e o combustível irradiado e processado (produz resíduos ricos em produtos de</p><p>fissão). São também produzidos outros resíduos de materiais não combustíveis, e estes se formam em</p><p>torno dos reatores. Cada tonelada de urânio processada produz cerca de 4 mil litros de resíduos líquidos.</p><p>A exploração, moagem, preparação e atividade de manufatura do combustível nuclear, em geral</p><p>U-235, apresenta a ocorrência de radioisótopos naturais, que são resíduos de baixo nível, pois os</p><p>materiais mais fortemente radioativos como o tório e o rádio são retirados por precipitação química.</p><p>A irradiação e processamento do combustível nuclear envolvendo radioisótopos nos produtos de</p><p>fissão são resíduos de alto nível de radioatividade e de meia-vida muito longa. E a irradiação de materiais</p><p>não combustíveis envolvendo radioisótopos, produtos de ativação nos reatores e que são produzidos</p><p>para uma finalidade, devem ser descartados após o uso, pois em geral são resíduos de vida longa ou</p><p>curta, dependendo do material irradiado.</p><p>Os resíduos com alto nível de radioatividade são constituídos por combustíveis nucleares</p><p>processados e são os que oferecem maiores problemas quanto à disposição. Eles têm meia-vida longa</p><p>e produzem grandes quantidades de calor por muitos anos. Por tal característica, exigem que tais</p><p>resíduos sejam armazenados por centenas de anos (cerca de 600 anos), em locais distantes do homem</p><p>e do seu ambiente.</p><p>É possível utilizar vários processos para que isso ocorra. Destacam-se, a seguir, alguns deles: o uso</p><p>de tanques subterrâneos forrados com aço, envoltos em concreto, cuja capacidade pode atingir a 5.000</p><p>m³, sendo projetados para 600 anos de estocagem; Pode-se empregar o uso de recipientes especiais</p><p>de chumbo e aço, pois eles costumam reduzir o volume do resíduos utilizando o calor desprendido</p><p>no processo. Nessas condições, formam-se duas frações, e estas são separadas. A primeira contém</p><p>radioisótopos de vida longa, que é feita para passar por leitos de resina trocadora, locais onde estes</p><p>radioisótopos são retirados. E a segunda, com a resina contaminada, é estocada em cilindros especiais,</p><p>que são enterrados. Então, o restante do material é solidificado nos tanques enterrados.</p><p>Como o lançamento de resíduos radioativos é efetuado sob várias formas, o controle torna-se</p><p>indisponível. No caso de descarte em cursos de água, é interessante conhecer o mecanismo de dispersão,</p><p>os riscos associados com as práticas de disposição e a utilização do rio para fazer isso. Em geral, o que</p><p>104</p><p>Unidade III</p><p>se recomenda para tais processos são os estudos das avaliações físicas, químicas e biológicas dos efeitos</p><p>causados pela disposição dos resíduos de baixo nível. Para as estações de amostragem, é preciso efetuar</p><p>testes de dispersão com traçadores e estudos da distribuição de radioatividade nos sedimentos de fundo,</p><p>bem como a distribuição do radioisótopo lançado e a dosagem do radioisótopo em seres humanos e</p><p>animais na área.</p><p>Lembrete</p><p>As radiações são ondas eletromagnéticas que se propagam com a</p><p>velocidade da luz.</p><p>Os átomos que recebem radiação ionizante podem gerar alterações</p><p>moleculares.</p><p>Os efeitos biológicos da radiação ionizante se agravam conforme a dose</p><p>total recebida e o tempo de exposição à radiação.</p><p>6.2 Utilização de energias alternativas</p><p>As energias alternativas representam fontes inesgotáveis de energia. A energia disponível ao homem</p><p>na superfície da Terra tem sua origem em quatro fontes distintas:</p><p>• energia radiante: emitida pelo Sol, dá origem aos combustíveis fósseis, à biomassa, aos ventos e a</p><p>potenciais hidráulicos;</p><p>• energia geotérmica: origina-se do interior do planeta;</p><p>• energia proveniente das interações gravitacionais com a Lua e com o Sol;</p><p>• energia nuclear: cujos recursos são abundantes, porém exauríveis.</p><p>Após passar por várias transformações como atrito, degradação térmica etc., a energia dessas fontes</p><p>acaba por se transformar em calor na temperatura ambiente, e então é enviada de volta ao espaço</p><p>sob a forma de radiação térmica. É por essa razão que a temperatura da superfície da Terra se mantém</p><p>constante.</p><p>Perturbações mais sérias nesse delicado equilíbrio, por exemplo, como a produção de enormes</p><p>quantidades adicionais de calor, por meio de reatores nucleares, introduziriam uma nova fonte de calor,</p><p>a qual poderia perturbar o equilíbrio e fazer que a temperatura do ambiente aumentasse.</p><p>Outra perturbação possível é a introdução de poluentes ou gases na atmosfera que alteram a sua</p><p>composição, impedindo a saída de radiação térmica para o espaço. Se a atmosfera se tornasse totalmente</p><p>opaca à radiação térmica, a água dos oceanos atingiria a temperatura de ebulição em 150 anos.</p><p>105</p><p>GESTÃO DE RECURSOS NATURAIS</p><p>As fontes mencionadas aqui são renováveis, isto é, disponíveis continuamente, exceto pelas oscilações</p><p>astronômicas regulares, como o ciclo entre noite e dia, e as fases de Lua, no caso das marés.</p><p>6.2.1 Energia solar</p><p>A energia solar é totalmente dominante na superfície da Terra, sendo 5 mil vezes superior à que é</p><p>combinada das outras duas, a geotérmica e a das marés.</p><p>Cerca de 29% da energia solar é diretamente refletida e reemitida ao espaço como radiação</p><p>de comprimento de onda curta visível; é por essa razão que as fotografias da Terra tiradas da Lua</p><p>apresentam-na como levemente azulada. Os outros 71% são responsáveis pelo clima e pelas demais</p><p>condições físicas da superfície do planeta.</p><p>Uma parte desta energia é consumida na evaporação, precipitação e circulação de água no ciclo</p><p>hidrológico. Parte se transforma em energia de potência da água contida na atmosfera ou nos lagos e rios</p><p>situados acima do nível do mar. Essa energia se dissipa em calor quando a água se precipita sob a forma de</p><p>chuva ou neve sobre a superfície da Terra ou sobre os oceanos. Dessa forma, se a região da Terra em que a</p><p>precipitação ocorre está acima do nível do mar, ela pode ser convertida em energia hidrelétrica.</p><p>E o restante dessa energia é absorvido pela atmosfera, pelos oceanos e pela própria superfície da</p><p>Terra sob a forma de calor. Essa fração determina a temperatura do ambiente em que vivemos.</p><p>A radiação solar incidente, após passar por vários processos de dissipação, tem seus raios reemitidos</p><p>como ondas longas (térmicas), enquanto as ondas incidentes (e as refletidas) são curtas (luz visível).</p><p>Uma pequena parte é dissipada na produção de ventos, correntes oceânicas e ondas, isto é, na</p><p>circulação do ar e das águas. Uma ínfima fração incidente é captada pela fotossíntese.</p><p>A energia geotérmica é a que atinge a superfície do planeta pela condução de calor proveniente do</p><p>seu interior ou pela convecção de massas de matéria aquecida por meio de vulcões e vapor.</p><p>A Terra é um enorme reservatório de energia térmica; parte considerável dessa energia, contudo,</p><p>está distribuída de maneira muito difusa ou em profundidades muito grandes e, por conseguinte, não</p><p>podem ser consideradas como uma fonte prática de energia.</p><p>A energia primária é submetida a transformações e gera a energia secundária, que é efetivamente</p><p>consumida pelo homem, satisfazendo às suas necessidades.</p><p>A eletricidade é produzida a partir de: hidrelétricas movidas à energia hidráulica, termelétricas</p><p>movidas a combustíveis fósseis, calor geotermal, biomassa ou fissão nuclear, usinas eólicas e painéis</p><p>fotovoltaicos; derivados de petróleo como o óleo diesel, óleo combustível, gasolina, querosene e gás</p><p>liquefeito de petróleo; biomassa</p><p>“moderna” (como o biogás de aterros e os biocombustíveis), que</p><p>discutimos anterioremente; e, ainda, por meio do calor de processo e de aquecimento distrital, obtido</p><p>por combustão em caldeiras.</p><p>106</p><p>Unidade III</p><p>Entre a produção de energia primária, como carvão, gás, petróleo, urânio etc., até seu uso final</p><p>na iluminação ou na refrigeração, existem diversas etapas nas quais ocorrem perdas. A análise do</p><p>“ciclo de vida”, que vai do uso final até a energia primária, é importante para calcular a eficiência</p><p>total do sistema.</p><p>Os seres humanos têm necessidade de serviços energéticos como transporte, aquecimento e</p><p>refrigeração, que podem ser supridos a partir de diferentes fontes com maior ou menor eficiência. É</p><p>incorreto, portanto, pensar que essa é a única forma de resolver os problemas energéticos e o aumento</p><p>das fontes primárias. A eficiência de sua transformação em serviços energéticos é o que realmente</p><p>importa. O atual sistema energético mundial é muito dependente de combustíveis fósseis.</p><p>Se as atuais tendências continuarem, teremos em 2030 um consumo de quase duas vezes comparado</p><p>ao consumo de 2004. Esse sistema energético baseado essencialmente em combustíveis fósseis, que</p><p>representavam mais de 80% da energia primária em 2008, é responsável pelo enorme progresso</p><p>material da humanidade no século XX, permitindo que cerca de um quarto da população mundial,</p><p>que é concentrada nos países da Europa, Estados Unidos e Japão, atingisse um nível de conforto sem</p><p>precedentes na história.</p><p>As energias renováveis, como a biomassa e as energias geotérmica, eólica, solar, térmica, fotovoltaica</p><p>e hidrelétrica representam apenas 13% da energia primária. A energia nuclear contribui com 6%.</p><p>Contudo, ainda persistem consideráveis diferenças no consumo per capita. Este é um dos principais</p><p>problemas que o mundo enfrenta hoje.</p><p>Há uma ampla variedade de tecnologias para produzir eletricidade a partir de fontes renováveis.</p><p>Pela biomassa, ela pode ser explorada a partir dos rejeitos agrícolas, cogeração com bagaço, “fazendas”</p><p>energéticas, incineração do lixo urbano, biogás de esgotos domésticos, biogás de efluentes industriais e</p><p>biogás de aterro.</p><p>A energia geotérmica pode ser obtida por meio da tecnologia hidrotérmica, geopressurizada, de</p><p>rochas secas quentes e do magma.</p><p>A energia hidrelétrica pode ser explorada em pequena e em grande escala.</p><p>A energia oceânica pode ser extraída a partir das marés, correntes de maré, ondas costeiras, ondas</p><p>do mar, térmica oceânica (OTEC) e gradiente de salinidade.</p><p>A energia solar pode ser explorada em: termelétrica solar, térmica solar, arquitetura solar, fotovoltaica,</p><p>termoquímica e fotoquímica.</p><p>A energia eólica pode ser obtida em terra firme, no mar e por meio de bombas de ar.</p><p>Há muitas vantagens no uso de recursos renováveis em relação a combustíveis fósseis. Vejamos as</p><p>principais:</p><p>107</p><p>GESTÃO DE RECURSOS NATURAIS</p><p>• saúde e meio ambiente: as fontes de energias renováveis emitem muito menos gases de efeito</p><p>estufa e poluentes convencionais (como óxidos de enxofre e particulados) do que fontes de</p><p>energias fósseis;</p><p>• segurança energética: as energias renováveis reduzem a possibilidade de falhas no suprimento,</p><p>volatilidade nos preços e aumentam a diversidade de fontes de energia;</p><p>• desenvolvimento e benefícios econômicos: as energias renováveis são menos dependentes de</p><p>importação, geram mais empregos locais e promovem o desenvolvimento rural.</p><p>Uma das novas tecnologias em destaque é o hidrogênio, que é um importante vetor energético e</p><p>que pode também ser usado como combustível para veículos com emissões ultrabaixas. Armazená-lo</p><p>é um problema, devido à sua baixa densidade energética. O uso de hidrogênio comprimido é a forma</p><p>mais viável, embora também seja possível estocá-lo em forma líquida ou como hidretos metálicos.</p><p>Considerando sua compatibilidade com a infraestrutura existente (produção, estocagem e distribuição),</p><p>o hidrogênio exigia mudanças muito significativas para ser usado. Atualmente, sua fonte mais provável</p><p>é o gás natural e o carvão, que não são fontes de energia renovável. No futuro, ele poderia ser produzido</p><p>a partir da biomassa, que é uma fonte renovável de energia.</p><p>As pilhas ou células de combustível produzem eletricidade por meios eletroquímicos, em contraposição</p><p>aos processos de combustão nos motores convencionais. Há diversos tipos delas. A célula à base de</p><p>membrana de troca de prótons (também chamado de polímero sólido) é a principal candidata para o uso</p><p>em automóveis, em virtude de custo mais baixo, do tamanho mais adequado, da simplicidade do projeto</p><p>e da possibilidade de serem operadas em baixas temperaturas, inferiores a 120 ºC.</p><p>As células de combustíveis são de duas a três vezes mais eficientes do que os motores a combustão</p><p>interna e, como o combustível é eletroquimicamente convertido, não emitem gases poluentes. Muito</p><p>utilizadas nos programas espaciais dos Estados Unidos, até recentemente seu alto custo e volume</p><p>dificultou o seu uso em automóveis.</p><p>Destaca-se, contudo, que importantes inovações nos últimos dez anos vêm modificando essa</p><p>situação, tornando as células uma das tecnologias mais promissoras. Ainda não se definiu se a produção</p><p>de hidrogênio deverá ocorrer no próprio veículo a partir do etanol ou metanol ou se ela será centralizada.</p><p>Os automóveis elétricos, utilizando baterias, são de grande interesse atualmente, em especial</p><p>como veículos urbanos. Se a eletricidade que os move provém de uma fonte não fóssil, eles podem</p><p>representar uma redução significativa na emissão de gases responsáveis pelo efeito estufa. Com</p><p>a tecnologia atual, a principal bateria para sua implementação é a química, porém apresenta alto</p><p>custo, automóveis mais pesados e com alcance limitado. Além disso, enquanto o veículo a gasolina</p><p>pode ser abastecido em poucos minutos, a recarga das baterias normalmente requer várias horas. A</p><p>introdução em grande escala de carros elétricos exigiria grandes mudanças, não apenas no sistema</p><p>de distribuição de energia e no próprio automóvel, mas também na infraestrutura na indústria de</p><p>geração de energia elétrica.</p><p>108</p><p>Unidade III</p><p>A tecnologia de veículos híbridos consiste na utilização de dois diferentes motores responsáveis</p><p>por sua propulsão, e estes devem trabalhar na sua faixa máxima de eficiência. Um deles é o motor a</p><p>gasolina, e o outro é o elétrico.</p><p>O motor primário pode ser a gasolina, etanol, diesel ou gás natural, com menor potência que um</p><p>motor convencional. E o motor elétrico aproveita a energia excedente para carregar a bateria do motor</p><p>elétrico. Com a configuração dos veículos híbridos, pode-se atingir uma economia de combustível</p><p>de até 50% e uma redução de aproximadamente 70% na emissão de poluentes. A grande vantagem</p><p>dessa tecnologia é que o motor movido a gasolina trabalha a uma rotação e velocidade constantes,</p><p>economizando combustível e reduzindo os níveis de poluição e ruído.</p><p>A biomassa tem um enorme potencial para contribuir para o suprimento da energia nas próximas</p><p>décadas, como já fez no passado, quando era a principal fonte de energia.</p><p>No que se refere à biomassa gasosa, ela pode ser utilizada em sistemas estacionários, alimentando</p><p>diretamente motores e/ou turbinas, ou em caldeiras, para gerar vapor. Pode-se também empregá-la no</p><p>transporte, em motores modificados, sob a forma de hidrogênio reformado, ou ainda em células de combustível.</p><p>A biomassa com altos níveis de umidade em esterco, esgotos e lixo pode ser convertida por meio</p><p>da digestão anaeróbia por bactérias metanofílicas em presença de pouco oxigênio, e em biogás, que</p><p>contém cerca de 75% de metano, e o restante em CO2 e impurezas. Essas impurezas contêm ácido</p><p>sulfídrico (HS) e, em alguns casos como em motores de combustão interna, é necessária uma operação</p><p>de neutralização química (dessulfurização) para seu uso.</p><p>A energia da biomassa traz inúmeros benefícios ambientais, econômicos e sociais em comparação</p><p>com os combustíveis fósseis quando produzida de forma eficiente e sustentável.</p><p>Essas vantagens</p><p>incluem o melhor manejo da terra, a criação de empregos, o uso de áreas agrícolas excedentes</p><p>rurais nos países industrializados, o fornecimento de energia às comunidades rurais nos países em</p><p>desenvolvimento, a redução nos níveis de emissões de CO2, o controle de resíduos e a reciclagem</p><p>de nutrientes.</p><p>Os ganhos econômicos da biomassa, principalmente para os países em desenvolvimento, se baseiam</p><p>no fato de ela ser uma fonte de energia produzida regionalmente, o que contribui para a independência</p><p>energética. Como a maior parte da biomassa é produzida na zona rural, há uma importante fixação e</p><p>geração de empregos nessas regiões, principalmente para pessoas de baixa escolaridade. As formas mais</p><p>importantes de uso desse recurso no presente são: o etanol, o biodiesel, o biogás, o carvão vegetal e a</p><p>lenha, discutidos anteriormente como biocombustíveis.</p><p>Energia solar fotovoltaica é obtida pela ação das células fotovoltaicas, que convertem a energia do</p><p>sol diretamente em eletricidade: os fótons absorvidos deslocam elétrons livres do material semicondutor.</p><p>Quando esses elétrons livres saem de suas posições, o desequilíbrio de cargas da célula cria uma diferença</p><p>de potencial como os terminais de uma bateria. Assim, conectadas as extremidades de um circuito, a</p><p>eletricidade flui.</p><p>109</p><p>GESTÃO DE RECURSOS NATURAIS</p><p>As principais aplicações terrestres da tecnologia fotovoltaica ocorrem principalmente com sistemas</p><p>isolados, capazes de abastecer cargas distantes da rede convencional de distribuição de eletricidade.</p><p>A maior parte da produção de módulos fotovoltaicos vem sendo integrada a telhados e fachadas de</p><p>edificações de zonas urbanas. Assim, as edificações passam a produzir parte da energia necessária,</p><p>podendo verter o excedente à rede de distribuição de eletricidade.</p><p>A tecnologia fotovoltaica não gera nenhum tipo de efluente sólido, líquido ou gasoso durante a</p><p>produção de eletricidade. Há, porém, no momento do processo de fabricação dos módulos, a emissão de</p><p>poluentes e gastos energéticos, ocasionando problemas ligados à reciclagem dos equipamentos depois</p><p>de terminada a sua vida útil.</p><p>A indústria fotovoltaica utiliza alguns gases tóxicos e explosivos e líquidos corrosivos na sua</p><p>linha de produção, como cádmio, cobre, prata e níquel. A presença e a quantidade desses produtos</p><p>dependem muito do tipo de célula que está sendo produzida. A reciclagem de material utilizado nos</p><p>módulos fotovoltaicos já é economicamente viável, principalmente para aplicações concentradas em</p><p>grande escala.</p><p>Energia eólica é obtida pela ação dos ventos e, apesar de estes parecerem muito erráticos, possuem</p><p>valores médios mensais e anuais bastante regulares. A velocidade média mensal não se desvia mais de</p><p>10 a 15%. A aplicação comercial da energia eólica para a geração de eletricidade começou na década de</p><p>1980, com aerogeradores de 50 a 100 kW (quilowatts), e, a partir de 1990, devido à crescente preocupação</p><p>ambiental e aos choques no preço do petróleo, sua utilização aumentou de forma considerável.</p><p>Das máquinas de 50 kW, com rotores de até 15 m de diâmetro, desenvolveram-se máquinas com</p><p>capacidade cada vez maiores, atingindo, atualmente, rotores de até 150 m de diâmetro. No Brasil, a</p><p>energia eólica para a geração de energia começou a despontar de forma apreciável somente a partir</p><p>de 2004, com o Programa de Incentivos às Fontes Alternativas de Energia (Proinfa), representando o</p><p>primeiro passo para agregá-la ao sistema Integrado Nacional (SIN).</p><p>Saiba mais</p><p>Você sabe como surgiu o Símbolo Internacional da Reciclagem?</p><p>Descubra em: QUATRO décadas do símbolo da reciclagem. 2010. Disponível</p><p>em: <http://www.mdig.com.br/?itemid=13650>. Acesso em: 5 fev. 2015.</p><p>6.3 Reduzir, reciclar, reutilizar</p><p>Toda ação humana produz resíduos de suas atividades, que designamos como resíduos sólidos.</p><p>Atualmente, eles geram problemas de poluição do solo, do ar e da água, e isso ainda é mais agravado</p><p>quando a disposição se dá a céu aberto. A deposição dos resíduos em aterros sanitários, associada à</p><p>segregação para materiais reciclados, diminui o volume e melhora as condições ambientais. Isso ocorre</p><p>porque o chorume gerado é recolhido e tratado, e o material em decomposição, como está aterrado,</p><p>110</p><p>Unidade III</p><p>não facilita a presença de vetores de doenças; ainda, o gás metano produzido pela atividade dos</p><p>microrganismos decompositores pode ser recolhido e direcionado para a geração de energia.</p><p>O aproveitamento e reciclagem dos resíduos são extremamente importantes, pois são capazes de</p><p>gerar benefícios para o meio ambiente e, consequentemente, para a saúde humana. Além disso, essas</p><p>ações realizadas para os resíduos sólidos criam vantagens para a redução da utilização dos aterros</p><p>sanitários e do uso dos recursos naturais, e da diminuição dos gastos com transporte dos resíduos e dos</p><p>riscos ao meio ambiente gerados pelo acondicionamento desses resíduos.</p><p>A NBR 10004 define resíduos sólidos como:</p><p>resíduos nos estados sólido e semissólido, que resultam de atividades de</p><p>origem industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e de</p><p>varrição. Ficam incluídos nesta definição os lodos provenientes de sistemas</p><p>de tratamento de água, aqueles gerados em equipamentos e instalações de</p><p>controle de poluição, bem como determinados líquidos cujas particularidades</p><p>tornem inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos ou corpos de</p><p>água, ou exijam para isso soluções técnica e economicamente inviáveis em</p><p>face da melhor tecnologia disponível (ABNT, 2004).</p><p>Já a Política Nacional de Resíduos Sólidos, criada em 2010, define-os como:</p><p>material, substância, objeto ou bem descartado resultante de atividades</p><p>humanas em sociedade, a cuja destinação final se procede, se propõe</p><p>proceder ou se está obrigado a proceder, nos estados sólido ou semissólido,</p><p>bem como gases contidos em recipientes e líquidos cujas particularidades</p><p>tornem inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos ou em corpos</p><p>d’água, ou exijam para isso soluções técnica ou economicamente inviáveis</p><p>em face da melhor tecnologia disponível (BRASIL, 2010).</p><p>Esses resíduos podem ser divididos em perigosos ou não perigosos, e os não perigosos podem ser</p><p>inertes e não inertes.</p><p>Em relação aos resíduos da Classe I, considerados perigosos, podemos acrescentar que são os</p><p>resíduos de ordem física, química ou infectocontagiosa que podem causar danos à saúde das pessoas</p><p>e prejuízos graves ao meio ambiente quando não são manipulados da forma adequada ou dentro dos</p><p>preceitos legais.</p><p>Assim, para que um resíduo seja classificado como perigoso, ou seja, componha a classe I, ele precisa</p><p>ser inflamável, corrosivo, reativo, tóxico, patogênico, carcinogênico, teratogênico e/ou mutagênico. São</p><p>exemplos de resíduos perigosos: óleo lubrificante usado ou contaminado, óleo de corte e usinagem</p><p>usado, equipamentos descartados e contaminados com óleo, lodos de galvanoplastia (tratamento</p><p>superficial em metais), lodos gerados no tratamento de efluentes líquidos de pintura industrial, efluentes</p><p>líquidos ou resíduos originados do processo de preservação da madeira, acumuladores elétricos a base</p><p>111</p><p>GESTÃO DE RECURSOS NATURAIS</p><p>de chumbo (baterias), lâmpada com vapor de mercúrio (lâmpadas fluorescentes) e todos os resíduos</p><p>provenientes dos serviços de saúde.</p><p>Os resíduos da Classe II são considerados não perigosos e podem ser divididos em não inertes (Classe</p><p>II A) ou inertes (Classe II B). Os resíduos não inertes são aqueles capazes de se biodegradar, serem</p><p>combustíveis ou solúveis em água. O lixo comum (proveniente de restaurantes, banheiros, escritórios,</p><p>dentre outros) é um dos exemplos desse tipo de resíduo. Já os resíduos inertes são aqueles que não</p><p>podem se solubilizar em água, ou seja, não sofrem transformações de qualquer tipo (física, química ou</p><p>biológica). Os resíduos obtidos de obra civil (entulho) é um dos exemplos de resíduo inerte.</p><p>Entre os resíduos perigosos, destacam-se os metais pesados e os biológicos infectantes,</p>