Prévia do material em texto
<p>DOS CRIMES CONTRA A INCOLUMIDADE PÚBLICA: DOS CRIMES CONTRA A INCOLUMIDADE PÚBLICA:</p><p>DOS CRIMES DE PERIGO COMUM: DOS CRIMES DE PERIGO COMUM:</p><p>INCÊNDIO (ART. 250); EXPLOSÃO (ART. 251) INCÊNDIO (ART. 250); EXPLOSÃO (ART. 251)</p><p>Matheus NascimentoMatheus Nascimento</p><p>Servidor Público Federal e AdvogadoServidor Público Federal e Advogado</p><p>Pós Graduado em Direito Penal e Processo PenalPós Graduado em Direito Penal e Processo Penal</p><p>Ex-assessor de Procurador da República - MPF/RSEx-assessor de Procurador da República - MPF/RS</p><p>INTRODUÇÃO</p><p>● Tutela-se a incolumidade pública, abalada pela conduta do agente</p><p>(causar incêndio). É a necessidade de preservar a sociedade civil do</p><p>perigo de fogo, independentemente do dano que se possa seguir. É,</p><p>em síntese, a ameaça, o risco que representa para a segurança</p><p>coletiva por causa da possibilidade de sua propagação.</p><p>Incêndio</p><p>Art. 250 - Causar incêndio, expondo a perigo a vida, a integridade física ou o patrimônio</p><p>de outrem:</p><p>Pena - reclusão, de três a seis anos, e multa.</p><p>Sujeitos do crime</p><p>Qualquer pessoa pode praticar o delito em análise</p><p>(crime comum), inclusive o proprietário da coisa</p><p>incendiada, pois a lei mostra-se indiferente se o</p><p>incêndio ocorre em coisa própria ou alheia.</p><p>Sujeito passivo será o Estado, a coletividade, bem</p><p>como aqueles que, eventualmente, são atingidos (em</p><p>sua vida, integridade pessoal ou patrimonial) pela</p><p>prática incendiária.</p><p>Conduta</p><p>● Pune-se a conduta daquele que causar (provocar) incêndio, expondo a</p><p>perigo a vida, a integridade física ou o patrimônio de outrem.</p><p>● Incêndio é a voluntária comunicação de fogo a alguma coisa com a</p><p>consciência de, assim agindo, acarretar perigo para a vida, integridade</p><p>pessoal ou patrimônio alheios ou apenas provocando tal perigo de</p><p>maneira imprevista em decorrência de imprudência, negligência ou</p><p>imperícia.</p><p>● Trata-se de crime de perigo comum, isto é, "perigo dirigido contra</p><p>um círculo, previamente incalculável na sua extensão, de pessoas</p><p>ou coisas não individualmente determinadas" e essa</p><p>indeterminação é o caráter que diferencia este crime daqueles</p><p>previstos no capítulo da periclitação da vida e da saúde das pessoas.</p><p>Voluntariedade</p><p>● É o dolo, consubstanciado na vontade consciente de causar incêndio,</p><p>sabendo que de tal ato resultará perigo comum.</p><p>● Não se exige finalidade especial por parte do incendiário (podendo servir, no</p><p>entanto, como causa de aumento de pena, art. 250, § 1 °, I, do CP).</p><p>● Complementando a lição de HUNGRIA, cometido o incêndio com o propósito</p><p>de danificar coisa alheia, é possível, se o alastramento do fogo acaba por expor</p><p>a perigo a vida, a integridade física ou o patrimônio de indeterminadas pessoas,</p><p>o concurso formal de crimes.</p><p>● De igual forma, caso alguém provoque incêndio para receber indenização ou</p><p>valor de seguro, nada impede o concurso formal entre o crime de perigo</p><p>comum e o estelionato, observando-se, no entanto, que, punido</p><p>autonomamente o propósito de obter a vantagem, o incêndio não será majorado</p><p>nos moldes do § 1 °, inciso I, de forma a que se evite o bis in idem.</p><p>Consumação e tentativa</p><p>Consuma-se o crime no momento em que o fogo se propala, gerando</p><p>efetivo, concreto perigo comum, pela sua capacidade de subsistência,</p><p>expansão e resistência à debelação (dificuldade de extermínio),</p><p>questão de fato a ser resolvida em cada caso concreto.</p><p>É pacífica a admissibilidade da tentativa de incêndio doloso. Alguns</p><p>exemplos elucidam bem a questão: a mecha acesa é atirada para dentro de</p><p>uma casa, mas não se comunica o fogo a objeto algum, porque os</p><p>moradores conseguiram retirá-la a tempo; o fogo da mecha comunica-se a</p><p>um móvel da casa, mas, antes de atingir a construção, é apagado por</p><p>outrem; já predisposto o meio de eclosão do incêndio, é descoberto e</p><p>inutilizado por terceiros (NÉLSON HUNGRIA).</p><p>Majorantes de pena</p><p>O § 1 ° do art. 250 traz inúmeras circunstâncias em que</p><p>a pena é aumentada de um terço, atentando-se para a</p><p>ganância do agente ou a maior dificuldade na</p><p>debelação do fogo e, consequentemente, de maior</p><p>perigo.</p><p>O inciso I determina a majoração nos casos em que o</p><p>crime é praticado com intuito de obter vantagem</p><p>pecuniária em proveito próprio ou alheio.</p><p>O inciso II prevê o aumento da pena quando o incêndio é praticado</p><p>em determinados locais, que, por sua natureza, podem servir como</p><p>meios mais favoráveis à causação de perigo comum. São eles:</p><p>a) em casa habitada ou destinada a habitação: casa habitada é o</p><p>edifício onde alguém mora ou exerce habitualmente alguma atividade,</p><p>ainda que ali não resida (conceituada pelo uso).</p><p>Casa destinada a habitação é o edifício construído para o fim de</p><p>moradia (conceituada pela destinação). Pode ser permanente,</p><p>temporária, provisória, precária, intermitente ou descontínua. Não se</p><p>tratando de circunstância objetiva, deve o agente ter consciência de que</p><p>pratica o delito em casa habitada ou destinada a tanto;</p><p>b) em edifício público ou destinado a uso público ou a obra de</p><p>assistência social ou de cultura: edifício público é o pertencente</p><p>ou utilizado pela União, Estados, Distrito Federal ou Municípios</p><p>(se o edifício estiver locado a particular, não incide majorante).</p><p>Já o destinado a uso público é aquele que, embora particular, é</p><p>permitido o acesso, condicionado ou não, ao público em geral</p><p>(cinemas, teatro, igreja etc.). Não se exige que estejam abertos</p><p>no momento do incêndio, bastando que se destinem à frequência</p><p>pública. Edifício destinado a obra de assistência social ou de</p><p>cultura abrange institutos de beneficência, hospitais, asilos,</p><p>creches, bibliotecas etc., ainda que de propriedade privada e de</p><p>ingresso condicionado;</p><p>e) em embarcação, aeronave, comboio ou veículo de transporte</p><p>coletivo: aqui o incêndio é causado em meio de transporte de pessoas,</p><p>público ou privado. Não tem relevância o fato de o veículo se</p><p>encontrar, no momento da ação, sem utilização pelo público;</p><p>d) em estação ferroviária ou aeródromo: estação ferroviária ou</p><p>aeródromo são os lugares destinados chegada e partida, carga e</p><p>descarga, de trens ou aeronaves. Não majora a pena o fato de o incêndio</p><p>ter sido praticado em estação rodoviária ou em instalações portuárias;</p><p>e) em estaleiro, fábrica ou oficina: no estaleiro são construídas</p><p>embarcações. Fábrica é o estabelecimento de fins industriais. Oficina é</p><p>o lugar (que não chega a ser fábrica) em que se realizam trabalhos</p><p>manuais, sendo dispensável a presença de pessoas no interior desses</p><p>locais no momento do incêndio;</p><p>f) em depósito de explosivo, combustível ou inflamável: explosivo é</p><p>toda substância que, em determinadas condições, produz, rapidamente,</p><p>grande quantidade de gases e calor assim exercendo pressão violenta</p><p>sobre as coisas adjacentes (dinamite, pólvora negra, cordite etc.). Por</p><p>inflamável entende-se toda substância que, em determinadas condições,</p><p>produz chamas (hidrogênio, petróleo, álcool etc.). Considera-se</p><p>combustível toda substancia que em determinadas condições arde (lenha,</p><p>carvão, palha etc.). A majoração é justificada em razão da maior (e</p><p>evidente) periculosidade a que a ação expõe a incolumidade pública;</p><p>g) em poço petrolífero ou galeria de mineração: o mesmo fundamento</p><p>que justifica o aumento de pena na alínea anterior pode ser aqui aplicado,</p><p>já que um incêndio em campo petrolífero ou de mineração pode tomar</p><p>proporções catastróficas com possibilidade exígua de controle;</p><p>h) em lavoura, pastagem, mata ou floresta: a Lei 9.605/98, em seu art. 41, prevê</p><p>a conduta criminosa de provocar incêndio em mata ou floresta, cominando pena</p><p>de dois a quatro anos de reclusão, e multa, se dolosa, e de seis meses a um ano, e</p><p>multa, se culposa. Todavia, a ação somente irá se subsumir ao previsto na lei</p><p>especial se do fato não decorrer perigo comum, pois, do contrário, será mais</p><p>grave, submetendo-se o agente às penas do art. 250 do CP, na forma</p><p>majorada.</p><p>No que tange ao incêndio de lavoura ou pastagem, o agente responderá sempre</p><p>pelo delito em estudo,</p><p>pois o mencionado diploma ambiental não trata dessa</p><p>conduta.</p><p>Forma culposa</p><p>O § 2° prevê pena menor (de seis meses a dois anos de detenção) se o incêndio é</p><p>provocado culposamente, e o agente não tem condições de evitar que seu ato</p><p>acarrete perigo comum, pois, do contrário, podendo impedir a propagação, não o</p><p>fazendo responderá pelo incêndio na forma comissiva por omissão. Também se faz</p><p>necessário esclarecer que as figuras majoradas do§ 1 ° não têm aplicação neste</p><p>caso.</p><p>Forma majorada pelo resultado</p><p>O art. 258 trata do crime de perigo comum qualificado pelo resultado, com a seguinte</p><p>redação: "Se do crime doloso de perigo comum resulta lesão corporal de natureza</p><p>grave, a pena privativa de liberdade é aumentada de metade; se resulta morte, é</p><p>aplicada em dobro.</p><p>No caso de culpa, se do fato resulta lesão corporal, a pena aumenta-se de metade; se</p><p>resulta morte, aplica-se a pena cominada ao homicídio culposo, aumentada de um</p><p>terço". A primeira parte trata de crime preterdoloso, pois considera o incêndio querido</p><p>pelo agente e o resultado morte ou lesão corporal advindo de forma culposa, ante a</p><p>previsibilidade de que ocorresse. Note-se que esse resultado mais grave não poderá ser</p><p>desejado pelo agente, sob pena de responder pelos crimes de homicídio qualificado ou</p><p>de lesão corporal grave em concurso formal com o delito de incêndio (neste sentido, é</p><p>a lição de HuNGRIA11 ). A segunda parte do dispositivo prevê um aumento de pena para</p><p>os casos em que do incêndio culposo resulta lesão corporal na vítima, que, obviamente,</p><p>também será culposa. Se esse fato ocasionar a morte de alguém, aplicar-se-á a pena do</p><p>homicídio culposo, aumentada de um terço.</p><p>Ação penal: A ação penal será pública incondicionada.</p><p>EXPLOSÃO</p><p>Considerações iniciais</p><p>Tutela-se, mais uma vez, a incolumidade pública que é colocada</p><p>em risco diante da utilização de substâncias que podem provocar</p><p>danos à integridade das pessoas e do patrimônio alheio.</p><p>Sujeitos do crime Qualquer pessoa pode praticar o delito ( o</p><p>tipo não exige nenhuma qualidade especial do agente).</p><p>Sujeito passivo será o Estado, representado pela coletividade</p><p>(corpo social), bem como pessoas eventualmente atingidas pela</p><p>prática criminosa.</p><p>Conduta</p><p>Consiste o crime em expor a perigo a vida, a integridade física ou o patrimônio de outrem,</p><p>mediante explosão, arremesso ou simples colocação de engenho de dinamite ou de</p><p>substância de efeitos análogos.</p><p>São três as formas de praticar o crime:</p><p>a) na primeira, o agente provoca diretamente a explosão, que é a arrebentação</p><p>repentina, violenta e ruidosa, causada pela libertação de um gás ou pela expansão abrupta</p><p>de um corpo sólido, que, no processo, parte-se em pedaços;</p><p>b) na segunda, o agente, por meios próprios ou de aparelhos, arremessa o engenho</p><p>explosivo;</p><p>c) por fim, o sujeito coloca (põe, prepara, arruma) o explosivo em determinado local</p><p>(por exemplo, comete o crime aquele que enterra no chão bombas de dinamite, expondo a</p><p>perigo evidente a vida, a integridade física e o patrimônio de outrem - RT 393/243).</p><p>Como se pode observar, é dispensável a efetiva explosão, bastando que da ação do</p><p>agente ocorra perigo concreto à incolumidade pública.</p><p>Voluntariedade</p><p>É o dolo, consistente na vontade consciente de praticar uma das</p><p>condutas previstas no tipo. Não se exige finalidade especial por</p><p>parte do agente (havendo fim específico animando a sua conduta</p><p>- como, por exemplo, matar alguém -, diverge a doutrina se</p><p>ocorrerá ou não concurso formal de crimes, discussão esta já</p><p>analisada no delito anterior, aqui aplicável no todo).</p><p>Consumação e tentativa</p><p>O crime se consuma no momento em que a ação criminosa</p><p>causa o perigo à coletividade (nesse sentido RT382/87). A</p><p>tentativa, por se tratar de conduta fracionável em todas as</p><p>modalidades, é perfeitamente admissível.</p><p>Forma privilegiada</p><p>O § 1 ° reduz a pena para reclusão de um a quatro anos se a substância</p><p>utilizada não é dinamite ou explosivo de efeitos análogos. Obviamente, a</p><p>constatação do crime na forma privilegiada dependerá de análise pericial,</p><p>imprescindível na determinação se a substância utilizada pelo agente era ou</p><p>não de potencialidade lesiva própria ou análoga à dinamite.</p><p>Majorantes de pena</p><p>O § 2° majora a pena de um terço, se houver constatação da ocorrência de</p><p>qualquer das hipóteses previstas no § 1 °, I, do art. 250, ou é visada ou</p><p>atingida qualquer das coisas enumeradas no n. II do mesmo dispositivo (art.</p><p>250, § 1 °). Sendo as mesmas causas majorantes do crime de incêndio,</p><p>aplicam-se aqui os mesmos comentários já dispensados lá.</p><p>Aplicam-se também ao tipo em estudo as hipóteses previstas no art. 258</p><p>do Código Penal, que aumentam a pena do crime, doloso ou culposo,</p><p>quando ocorrer o resultado morte ou lesão corporal, sempre a título de culpa.</p><p>Forma culposa: § 3º - No caso de culpa, se a explosão é de dinamite</p><p>ou substância de efeitos análogos, a pena é de detenção, de seis</p><p>meses a dois anos; nos demais casos, é de detenção, de três meses a</p><p>um ano.</p><p>Finalmente, o § 3° diminui a pena pela prática do crime na forma</p><p>culposa, variando a sanção conforme a natureza da substância que</p><p>causou a explosão: se for dinamite ou substância de efeitos análogos, a</p><p>reprimenda é de detenção, de seis meses a dois anos; nos demais casos,</p><p>detenção, de três meses a um ano (deve ser observado que a forma</p><p>culposa somente será típica em relação à explosão, já que a lei não prevê</p><p>punição para aquele que, por imprudência, negligência ou imperícia,</p><p>arremessa ou promove a colocação de substância explosiva).</p><p>Ação penal: A ação penal será pública incondicionada.</p><p>FALSIFICAÇÃO, CORRUPÇÃO, ADULTERAÇÃO OU</p><p>ALTERAÇÃO DE PRODUTO DESTINADO A FINS</p><p>TERAPÊUTICOS OU MEDICINAIS</p><p>Considerações iniciais</p><p>A incolumidade pública ainda é o bem jurídico protegido neste dispositivo.</p><p>Art. 273. Falsificar, corromper, adulterar ou alterar produto destinado a fins terapêuticos ou</p><p>medicinais: Pena - reclusão, de 10 (dez) a 15 (quinze) anos, e multa.</p><p>§ 1 Nas mesmas penas incorre quem importa, vende, expõe à venda, tem em depósito para vender</p><p>ou, de qualquer forma, distribui ou entrega a consumo o produto falsificado, corrompido, adulterado</p><p>ou alterado.</p><p>§ 1-A. Incluem-se entre os produtos a que se refere este artigo os medicamentos, as matérias primas,</p><p>os insumos farmacêuticos, os cosméticos, os saneantes e os de uso em diagnóstico.</p><p>§ 1º-B. Está sujeito às penas deste artigo quem pratica as ações previstas no § 1º</p><p>em relação a produtos em qualquer das seguintes condições:</p><p>I - sem registro, quando exigível, no órgão de vigilância sanitária competente;</p><p>lI - em desacordo com a fórmula constante do registro previsto no inciso anterior;</p><p>Ili - sem as características de identidade e qualidade admitidas para a sua</p><p>comercialização;</p><p>IV - com redução de seu valor terapêutico ou de sua atividade;</p><p>V - de procedência ignorada;</p><p>VI - adquiridos de estabelecimento sem licença da autoridade sanitária</p><p>competente.</p><p>Modalidade culposa</p><p>§ 2 Se o crime é culposo: Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa.</p><p>Sujeitos do crime</p><p>● Qualquer pessoa pode praticar o delito em estudo</p><p>(não necessariamente o produtor ou comerciante do</p><p>produto).</p><p>● Sujeito passivo será a coletividade e,</p><p>secundariamente, eventuais lesados pela ação</p><p>delituosa</p><p>Conduta</p><p>● Pune-se quem falsificar, corromper, adulterar ou alterar produto destinado a</p><p>fins terapêuticos ou medicinais. São quatro as ações nucleares típicas:</p><p>falsificar (conferir aparência enganadora), corromper (deteriorar,</p><p>adulterar), adulterar (modificar para pior, defraudar) ou alterar</p><p>(modificar de qualquer forma).</p><p>● Como objeto material temos o produto destinado a fins terapêuticos ou</p><p>medicinais.</p><p>● De acordo com o§ 1 °-A, incluem-se entre os produtos a que se refere o caput.</p><p>os medicamentos (substância utilizada no tratamento de enfermidade), as</p><p>matérias-primas (substâncias a partir das quais são fabricados os</p><p>medicamentos), os insumos farmacêuticos</p><p>(outros componentes da produção</p><p>dos medicamentos), os cosméticos (produtos que se destinam a manter ou</p><p>melhorar a aparência), os saneantes (produtos purificadores, desinfetantes) e</p><p>os de uso em diagnóstico (usados para a busca da cura e da causa da</p><p>afecção).</p><p>Voluntariedade</p><p>● É o dolo, consistente na vontade consciente de praticar uma das</p><p>condutas previstas no tipo, utilizando os produtos elencados no caput e</p><p>no § 1°-A. Não se exige finalidade especial por parte do agente.</p><p>Consumação e tentativa</p><p>● O crime se consuma com a prática de qualquer das ações típicas,</p><p>independentemente de eventual disposição a consumo, pois, de</p><p>acordo com a maioria, estamos diante de um delito de perigo abstrato.</p><p>● A tentativa é possível (delito crime plurissubsistente). Deve-se ressaltar</p><p>que se o agente tem em depósito substância destinada à falsificação de</p><p>produtos terapêuticos ou medicinais, o que normalmente seria</p><p>caracterizado como simples atos preparatórios do delito em estudo é</p><p>punido na forma do are. 277 do Código Penal.</p><p>Forma equiparada</p><p>● O § 1 ° do art. 273 traz diversas ações em que o agente incorre nas mesmas penas</p><p>do caput. São elas: importar, vender, expor à venda, ter em depósito para vender ou,</p><p>de qualquer forma, distribuir ou entregar a consumo o produto falsificado,</p><p>corrompido, adulterado ou alterado.</p><p>● Figura como sujeito ativo pessoa diversa do falsificador (se praticadas pelo próprio</p><p>falsificador, estas condutas serão mero post foctum impunível).</p><p>● O elemento subjetivo do tipo é o dolo, consistente na vontade consciente de</p><p>praticar uma das condutas. No que tange à manutenção em depósito, deve haver</p><p>a finalidade específica de destinação à venda. Essa modalidade se consuma com</p><p>a prática de qualquer um dos núcleos (a importação, venda, exposição à venda,</p><p>depósito ou com a distribuição ou entrega do produto), independentemente da</p><p>ocorrência de dano efetivo. Aliás, a exposição à venda e o depósito constituem</p><p>modalidade de crime permanente. A tentativa, embora possível, é de difícil</p><p>configuração, já que a mera manutenção em depósito configura o crime</p><p>consumado. Somente na modalidade de importar é que se afigura mais provável a</p><p>possibilidade do conatus.</p><p>● O § 1 °-B determina que se sujeita às mesmas penas do caput quem importa,</p><p>vende, expõe à venda, tem em depósito para vender ou, de qualquer forma,</p><p>distribui ou entrega a consumo produtos que, apesar de não falsificados,</p><p>corrompidos, alterados ou adulterados, encontram-se numa das seguintes</p><p>condições:</p><p>● I - sem registro, quando exigível no órgão de vigilância sanitária competente: é o</p><p>produto que, embora não corrompido, não foi devidamente registrado no órgão</p><p>sanitário. Trata-se, pois, de norma penal em branco, já que a exigência de registro</p><p>é determinada pelo poder público, por meio de normas próprias;</p><p>● II - em desacordo com a fórmula constante do registro previsto no inciso</p><p>anterior. aqui também não ocorre falsificação, porém o agente importa, vende,</p><p>expõe à venda, tem em depósito para vender ou, de qualquer forma, distribui ou</p><p>entrega a consumo produto cuja composição é diversa daquela que consta do</p><p>registro no órgão sanitário;</p><p>● III - sem as características de identidade e qualidade admitidas para a sua</p><p>comercialização: é o produto que não conta com as características admitidas pelo</p><p>poder público para ser comercializado;</p><p>IV - com redução de seu valor terapêutico ou de sua atividade: é o</p><p>produto que deixa de apresentar a eficácia necessária ao combate de</p><p>determinada doença;</p><p>V - de procedência ignorada: é o que dificulta a fiscalização pelo órgão</p><p>sanitário em razão da inexistência de dados acerca de sua origem;</p><p>VI - adquiridos de estabelecimento sem licença da autoridade</p><p>sanitária competente: é o produto originário do comércio clandestino,</p><p>não necessariamente corrompido, que também dificulta a fiscalização pela</p><p>autoridade sanitária.</p><p>Forma culposa</p><p>O§ 2° traz modalidade culposa do crime. Assim como no delito anterior</p><p>(art. 272), há divergência se o comportamento falsificar pode ser</p><p>praticado mediante imprudência, negligência ou imperícia.</p><p>Majorantes de pena</p><p>Por fim, o art. 285 determina que se aplique a esse delito o que previsto</p><p>no art. 258 do Código Penal.</p><p>Ação penal A ação penal será pública incondicionada.</p><p>INCONSTITUCIONALIDADE DO PRECEITO SECUNDÁRIO -</p><p>STF</p><p>● "É inconstitucional a aplicação do preceito secundário do art. 273</p><p>do Código Penal, com redação dada pela Lei nº 9.677/98</p><p>(reclusão, de 10 a 15 anos, e multa), à hipótese prevista no seu §</p><p>1º-B, I, que versa sobre importar, vender, expor à venda, ter em</p><p>depósito para vender ou, de qualquer forma, distribuir ou entregar</p><p>produto sem registro no órgão de vigilância sanitária. Para estas</p><p>situações específicas, fica repristinado o preceito secundário do</p><p>artigo 273, na sua redação originária (reclusão, de 1 a 3 anos, e</p><p>multa)."</p><p>Referência bibliográfica</p><p>Manual de direito penal / Guilherme de Souza Nucci. – 16. ed. – Rio de Janeiro:</p><p>Forensse, 2020.</p><p>CUNHA, Rogério Sanches. Manual de direito penal: parte geral (arts. 1° ao 120)</p><p>/Rogério Sanches Cunha. - 8. ed. rev., ampl. e atual. - Salvador: JusPODIVM, 2020. 720</p><p>p.</p><p>GRECO, Rogério. Código Penal: comentado / Rogério Greco. – 11. ed. – Niterói, RJ:</p><p>Impetus, 2017.</p><p>Slide 1</p><p>Slide 2</p><p>Slide 3</p><p>Slide 4</p><p>Slide 5</p><p>Slide 6</p><p>Slide 7</p><p>Slide 8</p><p>Slide 9</p><p>Slide 10</p><p>Slide 11</p><p>Slide 12</p><p>Slide 13</p><p>Slide 14</p><p>Slide 15</p><p>Slide 16</p><p>Slide 17</p><p>Slide 18</p><p>Slide 19</p><p>Slide 20</p><p>Slide 21</p><p>Slide 22</p><p>Slide 23</p><p>Slide 24</p><p>Slide 25</p><p>Slide 26</p><p>Slide 27</p><p>Slide 28</p><p>Slide 29</p>