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<p>1</p><p>ADAPTAÇÕES AMBIENTAIS E DOMÉSTICAS</p><p>2</p><p>NOSSA HISTÓRIA</p><p>A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de</p><p>empresários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de</p><p>Graduação e Pós-Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como</p><p>entidade oferecendo serviços educacionais em nível superior.</p><p>A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de</p><p>conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a</p><p>participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua</p><p>formação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais,</p><p>científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o</p><p>saber através do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação.</p><p>A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma</p><p>confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base</p><p>profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições</p><p>modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica,</p><p>excelência no atendimento e valor do serviço oferecido.</p><p>3</p><p>Sumário</p><p>ADAPTAÇÕES AMBIENTAIS E DOMÉSTICAS ..................................... 1</p><p>NOSSA HISTÓRIA .................................................................................. 2</p><p>INTRODUÇÃO ........................................................................................ 4</p><p>TIPOS DE BARREIRAS .......................................................................... 6</p><p>BARREIRA FÍSICA OU ARQUITETÔNICA: ........................................ 7</p><p>BARREIRA COMUNICACIONAL: ........................................................ 8</p><p>BARREIRA SOCIAL: ............................................................................ 9</p><p>BARREIRA ATITUDINAL: .................................................................. 10</p><p>SÍMBOLO INTERNACIONAL DE ACESSO (SIA) ................................. 11</p><p>LEI N. 8.842/94 ...................................................................................... 12</p><p>ADAPTAÇÕES AMBIENTAIS ............................................................... 13</p><p>O PLANEJAMENTO DA ADEQUAÇÃO AMBIENTAL ....................... 15</p><p>OBJETIVOS ....................................................................................... 17</p><p>AVALIAÇÃO ....................................................................................... 17</p><p>CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................... 18</p><p>ADAPTAÇÕES DOMÉSTICAS ............................................................. 19</p><p>ADAPTAÇÕES DOMÉSTICAS PARA IDOSOS ................................ 20</p><p>ADAPTAÇÃO DOMÉSTICA PARA PESSOA COM DEFICIÊNCIA</p><p>FÍSICA .......................................................................................................... 25</p><p>DEFICIÊNCIAS E TECNOLOGIA ASSISTIVA – CONCEITOS E</p><p>APLICAÇÕES .................................................................................................. 29</p><p>REFERÊNCIAS ..................................................................................... 61</p><p>file:///C:/Users/EDUARDO/Documents/FACUMINAS/TERAPIA%20OCUPACIONAL%20EM%20NEUROLOGIA/ADAPTAÇÕES%20AMBIENTAIS%20E%20DOMÉSTICAS/ADAPTAÇÕES%20AMBIENTAIS%20E%20DOMÉSTICAS.docx%23_Toc59573610</p><p>4</p><p>INTRODUÇÃO</p><p>Na Terapia Ocupacional o termo adaptação refere-se a modificações no</p><p>ambiente, na tarefa ou no método, que objetivam a maximização da</p><p>funcionalidade do indivíduo e o maior grau de independência possível no</p><p>desempenho da atividade (ARAUJO, 2007).</p><p>O emprego de uma adaptação envolve o “ajuste, acomodação e</p><p>adequação do indivíduo a uma nova situação” (TEIXEIRA; OLIVEIRA, 2007). A</p><p>resposta a esta nova situação depende do desempenho ocupacional</p><p>competente, da satisfação e da interação entre o indivíduo e o ambiente. Adaptar</p><p>é a soma da criatividade do terapeuta ocupacional, a eficaz utilidade do produto</p><p>proposto, com a concordância e utilização pela pessoa com deficiência</p><p>(TEIXEIRA et al., 2003).</p><p>As adaptações podem estar enquadradas em duas categorias: baixa</p><p>tecnologia ou baixo custo (Low-Tech), que tratam dos dispositivos destinados a</p><p>auxiliar nas Atividades de Vida Diária; e alta tecnologia ou alto custo (High-Tech),</p><p>como os comandados de computador por voz (TEIXEIRA; OLIVEIRA, 2007).</p><p>Segundo Cavalcanti e Galvão (2007, p. 421) as adaptações têm uma relação</p><p>direta com as ocupações, e, portanto, são aplicáveis para favorecer o</p><p>desempenho independente no vestuário, higiene, alimentação, comunicação e</p><p>gerenciamento de atividades domésticas.</p><p>Se você está disposto(a) a ampliar sua</p><p>qualificação para lidar adequadamente com</p><p>situações desse tipo no ambiente profissional,</p><p>encontrará nesta Unidade conteúdos básicos</p><p>relacionados as adaptações ambientais e</p><p>domésticas que proporcionem uma melhor</p><p>qualidade de vida dos pacientes portadores de</p><p>deficiências e/ou idosos.</p><p>5</p><p>O processo de desenvolvimento de uma adaptação envolve sete</p><p>aspectos: análise da atividade, assimilação do problema, conhecimento dos</p><p>princípios de compensação, sugestões de solução, pesquisa de recursos</p><p>alternativos para a resolução do problema, manutenção periódica da adaptação</p><p>e treino da adaptação na atividade. Há também a necessidade de orientar a</p><p>pessoa com deficiência, sua família e ou cuidador sobre a correta utilização da</p><p>adaptação, sobre os cuidados com o dispositivo e sobre o tempo que este deve</p><p>ser utilizado (ARAUJO, 2007; TEIXEIRA et al., 2003).</p><p>Os fatores a serem considerados na prescrição e/ou confecção de uma</p><p>adaptação são a simplicidade do projeto, a manutenção da integridade dos</p><p>tecidos moles, o ajuste ao usuário, o custo, a estética, o conforto, a facilidade</p><p>para colocação e retirada e a higiene (CAVALCANTI; GALVÃO 2007).</p><p>Outro aspecto importante no processo do emprego das adaptações é a</p><p>avaliação da inclusão destas nas atividades cotidianas, para mensuração do</p><p>grau de independência gerado pela mesma e para orientar as possíveis</p><p>modificações nos diferentes contextos analisados. A visita ao ambiente</p><p>domiciliar é um fator motivacional para a utilização da adaptação (ARAUJO,</p><p>2007).</p><p>Quando há uma restrição de uso do dispositivo imposta pelo fator</p><p>socioeconômico, há possibilidade do uso de adaptações de baixo custo.</p><p>(TEIXEIRA et al., 2003).</p><p>Rodrigues (2008) estimula os profissionais envolvidos na indicação de</p><p>adaptações a observarem os produtos existentes no mercado e refletirem sobre</p><p>possíveis materiais alternativos que diminuiriam o custo na produção.</p><p>Elui e Santana (2008) relatam que estes dispositivos são ensinados de</p><p>terapeuta para terapeuta e de professor para aluno e comumente não</p><p>apresentam moldes, pois são</p><p>confeccionados conforme a</p><p>necessidade do paciente.</p><p>6</p><p>Muitos brasileiros apresentam restrições em relação a sua mobilidade e</p><p>independência.</p><p>Estima-se que no Brasil 23,1% da população seja composta por pessoas</p><p>idosas ou com algum tipo de deficiência. Esta realidade as impede de exercer</p><p>na plenitude sua cidadania por encontrar sérias dificuldades de movimentação</p><p>frente à inadequação dos espaços públicos e das edificações, fato conhecido</p><p>como Barreiras Arquitetônicas.</p><p>TIPOS DE BARREIRAS</p><p>De acordo com a NBR 9050/2004, “acessibilidade” é definido como a</p><p>possibilidade e condição de alcance, percepção e entendimento para a utilização</p><p>com segurança e autonomia de edificações, espaço, mobiliário, equipamento</p><p>urbano e elementos. E conceitua que, para ser “acessível”, o espaço, edificação,</p><p>mobiliário, equipamento urbano ou elemento tem que permitir o alcance,</p><p>acionamento, uso e vivência por qualquer pessoa, inclusive por aquelas com</p><p>mobilidade reduzida. O termo “acessível” implica tanto acessibilidade física como</p><p>de comunicação.</p><p>Ainda</p><p>movimentos das</p><p>pessoas com deficiência, pela defesa de direitos, entre os quais se destacavam</p><p>a acessibilidade, a educação e a inclusão social. Caravanas de pessoas com</p><p>deficiência se deslocaram para Brasília, participando de comícios e passeatas,</p><p>49</p><p>em busca de um diálogo com os legisladores, em particular com aqueles</p><p>responsáveis pela redação da Constituição de 1988.</p><p>Por conta destas ações, foi agregado artigo na Constituição que dá</p><p>sustentação de inserção das pessoas com deficiência na rede regular de ensino</p><p>– complementando o artigo 5º, que garante expressamente o direito de todos</p><p>à educação.</p><p>Art. 208 – O dever do Estado com a educação será efetivado mediante a</p><p>garantia de:</p><p>III – atendimento educacional especializado aos portadores de</p><p>deficiência, preferencialmente, na rede regular de ensino.</p><p>A partir da década de 1990, como resultado da participação do país em</p><p>diversas conferências internacionais, o Brasil assinou vários tratados,</p><p>preconizando os princípios de educação para todos, em particular das pessoas</p><p>com deficiência, num modelo de inclusão escolar, segundo o qual.</p><p>As escolas devem acomodar todas as crianças, independentemente</p><p>de suas condições físicas, intelectuais, sociais, emocionais, linguísticas</p><p>ou outras.</p><p>No modelo de inclusão, todas as pessoas devem ter acesso ao sistema</p><p>de ensino de modo igualitário. Não é tolerado nenhum tipo de discriminação, seja</p><p>de gênero, etnia, religião, classe social, condições físicas e psicológicas etc. A</p><p>filosofia da inclusão reconhece e valoriza a diversidade, considerando que</p><p>através dela a sociedade se enriquece em experiências, e que isso gera</p><p>crescimento de oportunidades – leia-se enriquecimento social.</p><p>A inclusão se tornou um movimento mundial de luta das pessoas com</p><p>deficiências e de seus familiares na busca dos seus direitos e lugar na</p><p>sociedade. No modelo de inclusão escolar existe a integração dos alunos com e</p><p>sem deficiência nas salas de aula regulares, compartilhando as mesmas</p><p>experiências e aprendizados (MANTOAN, 2003).</p><p>Importante: A inclusão escolar não deve ser confundida com</p><p>escolarização especial, que atende aos portadores de deficiência em escolas ou</p><p>salas de aula separadas, formadas apenas por crianças com deficiência. Ela</p><p>50</p><p>prevê a integração desses alunos em classes de aula regulares, compartilhando</p><p>as mesmas experiências e aprendizados com os outros estudantes.</p><p>No Brasil, a inclusão escolar não é decisão da escola ou do professor: é</p><p>lei a ser obedecida. Um gestor ou professor que se recuse a receber uma criança</p><p>com deficiência para inclusão numa classe regular estará cometendo um crime</p><p>punível com 2 a 5 anos de reclusão.</p><p>É lei, mas não é nada fácil de implementar: os alunos com deficiência têm</p><p>necessidades específicas, muitas vezes exclusivas para suas limitações, o que</p><p>implica investimento e remanejamento de atividades, sem contar com o tempo</p><p>adicional a ser gasto, que é necessário para atender convenientemente a cada</p><p>aluno com deficiência.</p><p>Muitos destes problemas são de gestão, mas é ao professor que cabem</p><p>as tarefas mais demandantes: receber o aluno, resolver os problemas</p><p>associados à sua presença e organizar as estratégias diferenciadas de ensino,</p><p>como modificações na forma de apresentação, adaptações no material didático,</p><p>adequação do tempo e critérios diferenciados de avaliação. (SANTOS;</p><p>SANTIAGO; MELO, 2016).</p><p>Existe sempre um custo envolvido nisso, e haverá sempre quem diga que</p><p>“seria melhor usar este dinheiro para privilegiar a maioria do que para atender a</p><p>uns poucos”, uma lógica economicamente justificável, mas do ponto de vista</p><p>humanitário, muito discutível (DIAS et al., 2016).</p><p>Figura 10 – A Tecnologia Assistiva é ensinada no AEE</p><p>Fonte: http://www.escolascreches.com.br</p><p>Não é, portanto, de se espantar, que a escola busque ansiosamente por</p><p>soluções de Tecnologia Assistiva. Do ponto de vista organizacional, com base</p><p>51</p><p>na Lei nº 6.571/08, a viabilização do uso de Tecnologia Assistiva no ambiente</p><p>escolar é uma das funções do que se denomina Atendimento Educacional</p><p>Especializado (AEE). Um serviço da educação especial que identifica, elabora e</p><p>organiza recursos pedagógicos e de acessibilidade, os quais eliminem as</p><p>barreiras para a plena participação dos alunos, considerando suas necessidades</p><p>específicas.</p><p>Dependendo da situação individual, o AEE definirá o tipo de Tecnologia</p><p>Assistiva, o que inclui programas de computador e equipamentos</p><p>especializados.</p><p>Os alunos com deficiência têm aulas complementares em contraturno no</p><p>AEE, em salas especiais, chamadas “Salas de Recurso Multifuncioniais”, que</p><p>são equipadas com diversos itens de Tecnologia Assistiva. Nelas se prepara e</p><p>disponibiliza material pedagógico acessível, se ensinam Braille e a Língua</p><p>Brasileira de Sinais (Libras), se disponibilizam recursos de Tecnologia Assistiva,</p><p>incluindo acessibilidade ao computador, se promovem atividades relativas à</p><p>orientação e mobilidade, se disponibilizam mecanismos para comunicação</p><p>alternativa etc. (DIAS et al., 2015).</p><p>Nota: Dadas as dificuldades que um professor pode ter, quando</p><p>necessário, um mediador poderá ser contratado ou alocado para ajudar o</p><p>professor no atendimento ao aluno com deficiência na sala de aula, mas isso na</p><p>prática não é muito comum.</p><p>8 Principais produtos de Tecnologia Assistiva no Brasil</p><p>Existem muitos produtos de Tecnologia Assistiva sendo distribuídos hoje</p><p>no Brasil, desde pequenos dispositivos mecânicos, aparelhinhos eletrônicos até</p><p>caríssimos equipamentos para uso em escolas, institutos de reabilitações e</p><p>hospitais. Há diversas adaptações para automóveis, ônibus, máquinas e</p><p>equipamentos. E há também softwares, em razoável quantidade, para desktops,</p><p>celulares e tablets.</p><p>Vivemos hoje num momento em que já houve grande evolução no Brasil</p><p>na área do atendimento às pessoas com deficiência por meio da tecnologia.</p><p>Diversos artefatos e softwares foram criados em vários lugares do mundo,</p><p>trazidos para cá e aplicados, com ou sem sucesso.</p><p>52</p><p>Mostraremos a seguir alguns produtos e representantes de Tecnologia</p><p>Assistiva no Brasil. Não são os únicos, mas são os mais conhecidos. Na área de</p><p>produtos para deficiência visual, existe a proeminência da Civiam, da Laratec e</p><p>da TecAssistiva, formando um pequeno corpo de empresas que domina grande</p><p>parte do mercado nacional. Elas estão muito associadas à venda de produtos</p><p>importados.</p><p>Na área de produtos para deficientes físicos a principal fabricante é</p><p>a Polior, que realiza exportações para Espanha e Reino Unido. Outra grande</p><p>produtora é a brasileira Expansão, que produz e comercializa os produtos</p><p>patenteados Tuboform. Na área de cadeiras de rodas e outros dispositivos</p><p>mecânicos, há uma grande quantidade de fabricantes. As maiores são</p><p>a Freedom, a Ortobras, a Jaguaribe e a Ortomix.</p><p>Seria antiético fazer deste texto uma propaganda de produtos de</p><p>empresas comerciais. Optamos, portanto, por sermos o mais genéricos possível,</p><p>mostrando, para diversos tipos de deficiência, um apanhado sobre os principais</p><p>produtos disponíveis e utilizados amplamente no Brasil. Demos ênfase aos</p><p>produtos gratuitos, quase todos originários do trabalho do Laboratório de</p><p>Pesquisa e Desenvolvimento de Tecnologia Assistiva do Instituto Tércio Pacitti</p><p>da UFRJ (Lab. TecnoAssist – NCE/UFRJ).</p><p>Figura 11 – Professores e alunos de cursos do Laboratório</p><p>TecnoAssist</p><p>Fonte: Acervo do Autor</p><p>http://civiam.com.br/</p><p>http://loja.laratec.org.br/</p><p>http://www.tecassistiva.com.br/</p><p>http://www.polior.com.br/</p><p>https://www.expansao.com/site/produtos/tuboform-9</p><p>http://www.freedom.ind.br/</p><p>https://ortobras.com.br/</p><p>http://www.ortomix.com.br/</p><p>53</p><p>8.1 Produtos para deficiência visual</p><p>Figura 12 – Dosvox, um dos programas mais usados no Brasil</p><p>Fonte: Acervo do Autor</p><p>Até a década de 1980, a Tecnologia Assistiva para cegos no Brasil</p><p>era</p><p>restrita a máquinas de grande porte para impressão Braille, presentes no</p><p>Instituto Benjamin Constant (RJ) e na Fundação Dorina Nowill (SP). A partir dos</p><p>anos 1990, entretanto, as pesquisas do NCE/UFRJ geraram a semente para o</p><p>desenvolvimento de diversos itens da tecnologia brasileira para apoio às</p><p>pessoas com deficiência visual. Em sequência diversas empresas se</p><p>estabeleceram, representando no país produtos especialmente dos Estados</p><p>Unidos e do norte europeu.</p><p>Os principais produtos do mercado hoje são:</p><p>A. Dosvox: é um dos sistemas de computação para pessoas com</p><p>deficiência mais utilizado no Brasil. Seu objetivo principal é permitir que pessoas</p><p>cegas usem o computador através de uma interface trivial, cujos comandos são</p><p>feitos por letras do teclado ou pelas setas, e o feedback, dado por síntese de</p><p>voz.</p><p>B. Leitores de tela: são produtos capazes de sintetizar em voz os</p><p>textos escritos na tela. Os softwares realizam a seleção dos elementos a ler</p><p>através de teclas ou do movimento do mouse. Os principais leitores de tela</p><p>usados no Brasil são o NVDA (gratuito), o Virtual Vision (gratuito para pessoas</p><p>físicas) e o Jaws (software comercial para Windows), o Orca (gratuito para</p><p>Linux) e o VoiceOver (gratuito para Mac).</p><p>http://intervox.nce.ufrj.br/dosvox/</p><p>http://www.tecassistiva.com.br/produtos/cegueira-2/softwares/jaws-detail</p><p>https://www.apple.com/br/accessibility/mac/vision/</p><p>54</p><p>C. Leitores de tela para smartphones e tablets: destacam-se</p><p>o TalkBack (embutido no Android) e o VoiceOver (para iPhone). Ambos utilizam-</p><p>se de técnicas de interação através do movimento do dedo sobre a tela de vidro</p><p>do aparelho, com o correspondente feedback auditivo.</p><p>D. Sintetizadores de voz: são dispositivos ou softwares usados para</p><p>traduzir texto em sons aproximados da fala humana. Destacam-se</p><p>o LianeTTS (gratuito, para Dosvox e Linux, desenvolvido em parceria com o</p><p>Serpro) e diversos produtos comerciais produzidos em empresas multinacionais,</p><p>destacando-se o Nuance Raquel e o IBM Eloquence como os sintetizadores</p><p>mais usados pelas pessoas cegas.</p><p>E. Leitores de textos: os dois principais programas para leitura através</p><p>da síntese de voz de textos digitais (formato Daisy e e-pub) para cegos são</p><p>o Dorina Daisy Reader, distribuído pela Fundação Dorina Nowill, e</p><p>o MecDaisy (mais simples), distribuído pelo MEC. Há também equipamentos</p><p>específicos para leitura importados, como o VictorReader, entre outros.</p><p>F. Impressoras Braille: – as impressoras Braille são essenciais para</p><p>a rápida conversão de todo tipo de texto eletrônico para o Braille, o formato de</p><p>escrita e leitura tátil utilizado por cegos e surdocegos. São empregadas para uso</p><p>pessoal, imprensas Braille, escolas, universidades e empresas. São</p><p>equipamentos grandes, barulhentos e muito caros. Os principais produtos</p><p>vendidos no Brasil são produzidos pelas companhias Index e Viewplus (Tiger),</p><p>com diversos representantes no país.</p><p>G. Braille Fácil: –é um programa gratuito que permite que a criação</p><p>de uma impressão em Braille seja realizada com um mínimo de conhecimento</p><p>da codificação braille.</p><p>H. Linha Braille, ou Display Braille: é um hardware que exibe</p><p>dinamicamente em Braille a informação da tela ligada a uma porta de saída do</p><p>computador.</p><p>I. Ampliadores de imagens ou lupas eletrônicas: são dispositivos</p><p>capazes de ampliar textos e imagens em papel para uso por pessoas com baixa</p><p>visão. Existem muitos produtos no mercado com diferentes capacidades e</p><p>potencialidades. Destacamos os produtos brasileiros da Terra Eletrônica e</p><p>diversos produtos importados.</p><p>https://tecnoblog.net/247247/o-que-e-o-talkback/</p><p>https://www.apple.com/br/accessibility/iphone/vision/</p><p>http://www.serpro.gov.br/menu/suporte1/servicos/downloads-e-softwares/lianetts</p><p>http://intervox.nce.ufrj.br/mecdaisy/</p><p>https://viewplus.com/</p><p>55</p><p>J. Óculos com reconhecedor de imagens: o Orcam MyEye é um</p><p>produto que permite o reconhecimento de faces, objetos e textos, reproduzindo</p><p>em síntese de voz a descrição do que a pessoa aponta com o dedo.</p><p>8.2 Produtos para deficiência física</p><p>Figura 13 – Prancha elevatória para pessoa com deficiência motora</p><p>Fonte: Acervo do Autor</p><p>Existem no mercado muitos tipos de adaptações para pessoas com</p><p>deficiência física, que vão desde itens arquitetônicos, acessibilização de</p><p>transporte, rampas e elevadores, complementos para acessibilização de</p><p>ambientes até pequenos artefatos de vida diária. São centenas de empresas</p><p>especializadas em cada tipo de equipamento.</p><p>Destacamos aqui a tecnologia computacional para deficiência motora,</p><p>sendo a maioria produtos gerados no NCE/UFRJ ou baseados em suas</p><p>pesquisas, e que são usados, respectivamente, nas situações de tetraplegia e</p><p>nas situações em que a fala estiver comprometida.</p><p>Figura 14 – Sistema Motrix, acionado pela voz</p><p>Fonte: Acervo do Autor</p><p>https://www.maisautonomia.com.br/</p><p>56</p><p>Alguns destes softwares:</p><p>A. Motrix: é um software que permite a pessoas com deficiências</p><p>motoras graves, em especial tetraplegia e distrofia muscular, terem acesso a</p><p>microcomputadores.</p><p>B. Xulia: é um software de reconhecimento de voz que substitui</p><p>completamente o uso do teclado e do mouse.</p><p>C. MicroFênix: se destina a facilitar o uso do computador pelos</p><p>portadores de deficiência física grave que não usam os membros superiores</p><p>ativamente e também não falam. Estas pessoas controlam o computador através</p><p>de pequenos ruídos ou murmúrios, do uso de acionadores ou do movimento</p><p>ocular (em conjunto com o hardware Tobii).</p><p>8.3 Produtos para Comunicação Alternativa</p><p>Figura 15 – Software Prancha Fácil</p><p>Fonte: Acervo do Autor</p><p>A comunicação alternativa destina-se a pessoas sem fala ou sem escrita</p><p>funcional ou em defasagem entre sua necessidade comunicativa e a habilidade</p><p>de falar e/ou escrever (PELOSI; BORGES, 2015).</p><p>A. Prancha Fácil é um software que pode ser usado como um sistema</p><p>de comunicação alternativa para crianças, jovens e adultos em diferentes</p><p>contextos, como a casa, a escola, o hospital, espaços culturais e muitos outros.</p><p>http://intervox.nce.ufrj.br/motrix/</p><p>http://www.novoser.org.br/projeto_tecnologia.html</p><p>http://intervox.nce.ufrj.br/microfenix/</p><p>http://www.tobiibrasil.com/como-funciona-controle-ocular/</p><p>https://sites.google.com/a/nce.ufrj.br/prancha-facil/</p><p>57</p><p>B. Livox é um software brasileiro para comunicação alternativa em</p><p>tablets. É bastante poderoso, não precisa de Internet e permite a edição e</p><p>execução de pranchas com grande qualidade em várias línguas e diversas</p><p>facilidades de interação. Seu uso é indicado para inúmeras deficiências,</p><p>incluindo paralisia cerebral e autismo severo.</p><p>8.4 Produtos para deficiência auditiva</p><p>A. Dicionários de línguas de sinais: o mais conhecido é o do Instituto</p><p>Nacional de Educação de Surdos (INES), criado pela ONG Acessibilidade Brasil.</p><p>B. Hand Talk e ProDeaf: dispositivo para smartphones e tablets que</p><p>tomam um texto falado ou digitado e produzem sua tradução para Libras, usando</p><p>avatares animados de computação gráfica.</p><p>C. VLibras: uma suíte de ferramentas empregadas na tradução</p><p>automática do Português para a Língua Brasileira de Sinais. É possível utilizar</p><p>essas ferramentas tanto no computador desktop quanto em smartphones e</p><p>tablets.</p><p>8.5 Produtos distribuídos pelo SUS</p><p>O Sistema Único de Saúde oferece gratuitamente equipamentos</p><p>sensoriais e de locomoção ao brasileiro com deficiência. O SUS presta</p><p>atendimento em diversas especialidades, como:</p><p>A. oftalmologia (com a oferta de lupas, lentes e óculos especiais para</p><p>determinadas enfermidades);</p><p>B. otorrinolaringologia (com aparelhos auditivos e de amplificação da</p><p>voz);</p><p>C. ortopedia (com cadeiras de rodas, muletas, palmilhas e próteses</p><p>de membros inferiores e superiores), entre outras.</p><p>Nota: As órteses e as próteses são o maior mercado de Tecnologia</p><p>Assistiva do Brasil.</p><p>http://www.livox.com.br/</p><p>http://www.prodeaf.net/</p><p>http://www.vlibras.gov.br/</p><p>58</p><p>9 Como ter acesso à Tecnologia Assistiva</p><p>Figura 12 – Obter Tecnologia Assistiva não é algo simples</p><p>Fonte: Internet</p><p>Entre as inúmeras possibilidades existentes, é preciso escolher a</p><p>tecnologia mais adequada a cada caso. E, para escolher, é preciso conhecer.</p><p>Mas, como conhecer se são tantos tipos? Primeiro é preciso identificar quais são</p><p>as necessidades relativas à deficiência em questão. O problema inicial é saber</p><p>os detalhes da deficiência para tentar moldar uma solução. E solução não</p><p>significa necessariamente comprar algo. Pode ser algo fácil de criar, uma coisa</p><p>simples, de baixa tecnologia, que é criada pela família, por um amigo, ou pelo</p><p>professor, mas uma solução que pode ser muito criativa e fazer toda diferença.</p><p>Claro que pode ser algo caríssimo, de alta tecnologia, mas aí é preciso pensar</p><p>bem, para não jogar dinheiro no lixo.</p><p>Grosso modo, existem três categorias de implementação de Tecnologia</p><p>Assistiva: adaptações físicas ou órteses, adaptações de hardware e softwares</p><p>especiais de acessibilidade. Em todos os casos encontramos recursos tanto de</p><p>alta tecnologia (high-tech), quanto de baixa tecnologia (low-tech). Dependendo</p><p>do tipo de problema do indivíduo com deficiência, muitas vezes high-tech e low-</p><p>tech se misturam e são usados de forma interdependente.</p><p>A questão é “o que comprar?”. Esse é um imenso problema para a família,</p><p>estrutura fundamental na educação dos filhos, e ainda mais relevante quando se</p><p>trata de filhos com deficiência. A família deve adquirir os conhecimentos</p><p>necessários para definir, junto com uma equipe de profissionais – que pode</p><p>incluir médicos, fisioterapeutas e terapeutas ocupacionais –, a escolha da melhor</p><p>tecnologia que atenderá seu problema específico.</p><p>59</p><p>Tecnologia Assistiva é coisa séria e algo que tem que ser escolhido</p><p>corretamente, na medida em que é uma das principais chaves para a</p><p>amplificação do potencial da pessoa com deficiência. Por outro lado, em geral</p><p>os familiares conhecem profundamente o problema, a organização do ambiente</p><p>e as questões financeiras que se relacionam à tecnologia a ser usada. Então, é</p><p>importante dar à família um papel decisório nestas escolhas.</p><p>Um ponto muito positivo é a existência hoje de uma enorme quantidade</p><p>de tecnologia que pode ser conseguida de forma gratuita. Há muitos produtos</p><p>baseados em tecnologia computacional gerados em universidades e centros de</p><p>pesquisa, com financiamento direto do governo ou como resultado de pesquisas.</p><p>De todo modo, a busca é sempre muito complexa e, por vezes, frustrante</p><p>devido ao tempo gasto para se chegar próximo daquilo que precisamos.</p><p>Resumo</p><p>É indiscutível que a tecnologia traz inúmeros benefícios para pessoa com</p><p>deficiência, proporcionando que seu potencial humano seja aproveitado muito</p><p>melhor. A pessoa com deficiência, por meio do uso da tecnologia, se torna um</p><p>“indivíduo equalizado ou amplificado” e pode ter um desempenho comparável</p><p>(em algumas áreas) ao de uma pessoa sem deficiência.</p><p>Infelizmente, num mundo extremamente demandante e mutável como o</p><p>que vivenciamos hoje, a perspectiva de inclusão das pessoas com deficiência</p><p>não é tão promissora como se deveria supor. Ocorre um fenômeno, que</p><p>poderíamos denominar de “meta móvel”, no qual, na medida em que a pessoa</p><p>com deficiência sobe de patamar na sua eficiência, a sociedade em pouco tempo</p><p>desconsidera a vitória e apresenta novos alvos, num processo contínuo.</p><p>Por exemplo, uma pessoa cega consegue, com o uso do computador, ler</p><p>e escrever de forma compatível com a escrita convencional, mas em pouco</p><p>tempo a sociedade lhe cobra que desenhe. Quando, através de uma nova</p><p>tecnologia, ela consegue desenhar, então é cobrada agora que saiba combinar</p><p>cores… A sociedade não quer equalizar quem tem uma deficiência com quem</p><p>(pretensamente) não a tem. Esse processo pode ser visto como um antimodelo</p><p>social, em que a pessoa passa de novo a ser julgada pelo que não tem, e não</p><p>pelo que é capaz de gerar para a sociedade.</p><p>60</p><p>Este não é um tema para causar desânimo, mas algo verdadeiro que tem</p><p>que ser enfrentado. Não há uma fórmula mágica; para isso existem leis que</p><p>podem defender a pessoa contra um mundo que é selvagem e insensível aos</p><p>problemas individuais. Estas leis de proteção têm que ser baseadas na</p><p>valorização das pessoas com deficiência, defendendo-as e promovendo-as com</p><p>a premissa de que o que é mais importante não é focar no que a pessoa não é</p><p>capaz de fazer, mas sim no que ela tem condição de realizar, com o princípio de</p><p>que é necessário estabelecer condições adequadas de acessibilidade, para que</p><p>seja possível amplificar ao máximo os potenciais de cada indivíduo.</p><p>61</p><p>REFERÊNCIAS</p><p>HOHMANN, P.; CASSAPIAN, M. R. Adaptações de baixo custo. Rev.</p><p>Ter. Ocup. Univ. São Paulo, v. 22, n. 1, p. 10-18, jan./abr. 2011.</p><p>ELALI, A. G.; de ARAÚJO, G. R.; PINHEIRO, Q. J. Acessibilidade Psico-</p><p>lógica: Eliminar barreiras “físicas” não é o suficiente. In: PRADO, de A. R. A.;</p><p>LOPES, E. M.; ORNSTEIN, W. S. (Orgs.). Desenho Universal: Caminhos da</p><p>Acessibilidade no Brasil. São Paulo: Annablume Editora, 2010. p. 117- 127.</p><p>Bogas, J., 2020. Conheça as principais barreiras para a</p><p>acessibilidade e como superá-las!. [online] conversa manual. Disponível em:</p><p><https://blog.handtalk.me/barreiras-para-a-acessibilidade/> [Acessado em 21 de</p><p>dezembro de 2020].</p><p>Furrer, M., 2020. Símbolo Internacional de Acesso (SIA). [online]</p><p>Acessibilidadenapratica.com.br. Disponível em:</p><p><http://www.acessibilidadenapratica.com.br/textos/simbolo-internacional-de-</p><p>acesso-sia/> [Acessado em 21 de dezembro de 2020].</p><p>Rodrigues, A., 2018. A Interface Da Terapia Ocupacional No Contexto</p><p>Multiprofissional Da Educação, Saúde, Previdência e Assistência Social.</p><p>São Paulo.</p><p>BRASÍLIA, Política Nacional do Idoso - Lei 8842/94 | Lei nº 8.842, de 4</p><p>de janeiro de 1994. Disponível em:</p><p>https://presrepublica.jusbrasil.com.br/legislacao/110060/politica-nacional-do-</p><p>idoso-lei-8842-94#art-10--inc-V. Acesso em: 22 de dez. 2020.</p><p>CARVALHO, W. Adaptações domésticas promovem maior bem-estar</p><p>às pessoas com deficiência. Disponível em:</p><p><https://www.boavontade.com/pt/dia-dia/adaptacoes-domesticas-promovem-</p><p>maior-bem-estar-pessoas-com-deficiencia>. Acesso em: 21 dez. 2020.</p><p>Adaptações domésticas para idosos - Redução de até 40% de acidentes</p><p>- Síndico Legal. Disponível em: <https://sindicolegal.com/adaptacoes-</p><p>domesticas-para-idosos-reducao-de-ate-40-acidentes-com-idosos/>. Acesso</p><p>em: 22 dez. 2020.</p><p>SOUZA, R. Dicas para adaptar sua casa e evitar que idosos sofram</p><p>lesões. Disponível em: <https://homefisio.com.br/2019/06/14/dicas-para-</p><p>62</p><p>adaptar-sua-casa-e-evitar-que-idosos-sofram-lesoes/>. Acesso em: 22 dez.</p><p>2020.</p><p>Cuidados para evitar acidentes domésticos com idosos. Disponível em:</p><p><http://unimed.coop.br/portalunimed/cartilhas/cuidados-para-evitar-acidentes-</p><p>domesticos-com-idosos/index.html>. Acesso em: 22 dez. 2020.</p><p>GALVÃO FILHO, Teófilo A. e DAMASCENO, Luciana L. As novas</p><p>tecnologias e a Tecnologia Assistiva: utilizando os recursos de</p><p>acessibilidade na educação especial. Fortaleza, Anais do III Congresso Ibero-</p><p>americano de Informática na Educação Especial, MEC, 2002.</p><p>Adaptações para pessoas com deficiência: veja como preparar sua casa</p><p>- Blog da Liberdade sobre mobilidade, cadeiras de rodas, qualidade de vida e</p><p>patinetes elétricos. Disponível em: <https://blog.freedom.ind.br/adaptacoes-</p><p>para-pessoas-com-deficiencia-veja-como-preparar-sua-casa/>. Acesso em: 22</p><p>dez. 2020.</p><p>conforme as definições da norma técnica, temos as barreiras</p><p>arquitetônica, urbanística ou ambiental, que são qualquer elemento natural,</p><p>instalado ou edificado que impeça a aproximação, transferência ou circulação no</p><p>espaço, mobiliário ou equipamento urbano.</p><p>Pensando nestes conceitos, vamos nos aprofundar nas definições de</p><p>“barreira” utilizando como referência o livro: Desenho Universal – Caminhos da</p><p>Acessibilidade no Brasil.</p><p>O ambiente sócio-físico é o principal gerador das dificuldades que se</p><p>impõem à livre circulação de indivíduos ou grupos. Tais empecilhos podem ser:</p><p>físicos, comunicacionais, sociais e/ou atitudinais.</p><p>7</p><p>BARREIRA FÍSICA OU ARQUITETÔNICA:</p><p>Obstáculos para o uso adequado do meio, geralmente originados pela</p><p>morfologia de edifícios ou áreas urbanas.</p><p>A foto acima registra uma escada não associada a rampa ou algum</p><p>equipamento eletromecânico. Esta barreira arquitetônica impede que o</p><p>cadeirante tenha acesso ao piso superior do estabelecimento.</p><p>Também podemos citar como exemplo calçadas com degraus</p><p>(dificultando a circulação de pedestres), portas estreitas, rampas com inclinação</p><p>exagerada, dentre tantos outros que infelizmente ainda encontramos em nossas</p><p>cidades.</p><p>O que pouca gente repara é que a forma como são feitas as ruas,</p><p>calçadas e faixas de pedestres também é muito importante. Quem depende de</p><p>muletas ou cadeira de rodas, por exemplo, precisa pensar bem no caminho que</p><p>vai fazer antes de sair de casa.</p><p>http://www.acessibilidadenapratica.com.br/wp-content/uploads/2012/09/DSC_0197.jpg</p><p>http://www.acessibilidadenapratica.com.br/wp-content/uploads/2012/09/DSC_0197.jpg</p><p>http://www.acessibilidadenapratica.com.br/wp-content/uploads/2012/09/DSC_0197.jpg</p><p>8</p><p>A locomoção também é importante nos ambientes fechados – como</p><p>shoppings, museus e escolas – onde a disposição dos móveis e objetos pode</p><p>facilitar ou dificultar o deslocamento.</p><p>BARREIRA COMUNICACIONAL:</p><p>Dificuldade gerada pela falta de informações a respeito do local, em</p><p>função dos sistemas de comunicação disponíveis (ou não) em seu entorno, quer</p><p>sejam visuais (inclusive em braille), lumínicos e/ou auditivos.</p><p>Esta foto mostra o corredor de um shopping com uma placa suspensa</p><p>contendo informações apenas visuais (ressaltando que este local não possui</p><p>mapa tátil). Além disso, a placa possui baixo contraste, onde os símbolos e textos</p><p>são de cor branca pintados sobre um fundo imitando madeira clara. Assim, a</p><p>legibilidade fica prejudicada.</p><p>Também são barreiras comunicacionais a falta de sinalização urbana,</p><p>deficiência nas sinalizações internas dos edifícios, ausência de legendas e</p><p>audiodescrição na TV, entre outras.</p><p>As barreiras comunicacionais acontecem basicamente de três formas:</p><p>• Na comunicação interpessoal: quando, por exemplo, você vai</p><p>conversar com um surdo e não sabe Libras, a comunicação fica</p><p>comprometida de uma forma bem óbvia. Além disso, um problema</p><p>frequente são os erros na forma de se dirigir às pessoas com deficiência</p><p>– que são chamadas frequentemente de “deficientes”, por exemplo.</p><p>http://www.acessibilidadenapratica.com.br/wp-content/uploads/2012/09/DSCN3573.jpg</p><p>http://www.acessibilidadenapratica.com.br/wp-content/uploads/2012/09/DSCN3573.jpg</p><p>9</p><p>• Na comunicação escrita: quando informações importantes não estão</p><p>disponíveis em Libras ou em Braile – o que acontece bastante em</p><p>bibliotecas, placas de sinalização e até mesmo em sites!</p><p>• Nos espaços virtuais: quando não há acessibilidade digital, ou seja,</p><p>quando os sites não permitem que certas pessoas acessem suas</p><p>informações. Também entra aqui a falta de tradução automática, de</p><p>audiodescrição e de textos alternativos nas imagens. Muita gente acha</p><p>que deixar um site acessível é um trabalho difícil e que não vale à pena</p><p>de se realizar. Mas, seguindo algumas dicas simples o processo fica fácil</p><p>e traz resultados incríveis – como melhorar o posicionamento da página</p><p>nas buscas do Google!</p><p>BARREIRA SOCIAL:</p><p>Relativa aos processos de inclusão/exclusão social de grupos ou</p><p>categorias de pessoas, especialmente no que se refere às chamadas “minorias”,</p><p>como grupos étnicos, homossexuais, pessoas com deficiência e outros.</p><p>Fonte da foto: Projeto Cisne Negro</p><p>A foto mostra uma criança isolada do grupo principal, demonstrando sua</p><p>exclusão.</p><p>http://www.acessibilidadenapratica.com.br/wp-content/uploads/2012/09/menina.jpg</p><p>http://www.acessibilidadenapratica.com.br/wp-content/uploads/2012/09/menina.jpg</p><p>http://www.acessibilidadenapratica.com.br/wp-content/uploads/2012/09/menina.jpg</p><p>10</p><p>BARREIRA ATITUDINAL:</p><p>Gerada pelas atitudes e comportamento dos indivíduos, impedindo o</p><p>acesso de outras pessoas a algum local, quer isso aconteça de modo intencional</p><p>ou não.</p><p>As barreiras mais difíceis de se perceber são erguidas por nós mesmos.</p><p>Mas, por sorte, elas são as mais fáceis de se derrubar, e as que trazem o</p><p>maior impacto para a vida das pessoas. Algumas das nossas atitudes com as</p><p>pessoas com deficiência podem reforçar as barreiras comunicacionais e</p><p>arquitetônicas. São os nossos preconceitos e os estereótipos. E não se engane,</p><p>todo mundo tem preconceitos, e não tem nada de ruim em querer acabar com</p><p>eles. Mas, para isso, é preciso buscar informação e estar disposto a conhecer</p><p>mais sobre o outro, independentemente de quem seja!</p><p>Esta imagem demonstra uma barreira atitudinal, infelizmente muito</p><p>comum. São carros estacionados na calçada que, além de impedirem a</p><p>passagem dos pedestres, estão bloqueando o piso tátil direcional.</p><p>Outras barreiras atitudinais: uso indevido de vagas reservadas para</p><p>pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida, obstrução de rebaixamentos</p><p>de guia, os diversos tipos de preconceito, desrespeito com os idosos e vários</p><p>outros exemplos.</p><p>http://www.acessibilidadenapratica.com.br/wp-content/uploads/2012/09/foto-1.jpg</p><p>http://www.acessibilidadenapratica.com.br/wp-content/uploads/2012/09/foto-1.jpg</p><p>11</p><p>SÍMBOLO INTERNACIONAL DE ACESSO (SIA)</p><p>Com a atualização da norma técnica de acessibilidade, temos agora duas</p><p>opções de representação do símbolo.</p><p>Antes de qualquer coisa, é preciso entender a verdadeira finalidade do</p><p>símbolo. O Símbolo Internacional de Acesso deve indicar a acessibilidade aos</p><p>serviços e identificar espaços, edificações, mobiliários e equipamentos urbanos</p><p>onde existem elementos acessíveis ou utilizáveis por pessoas com deficiência</p><p>ou com mobilidade reduzida. A aplicação deste símbolo deve ser</p><p>utilizada principalmente nos seguintes locais, quando acessíveis:</p><p>a) entradas;</p><p>b) áreas e vagas de estacionamento de veículos;</p><p>c) áreas de embarque e desembarque de passageiros com deficiência;</p><p>d) sanitários;</p><p>e) áreas de assistência para resgate, áreas de refúgio, saídas de</p><p>emergência;</p><p>f) áreas reservadas para pessoas em cadeira de rodas;</p><p>g) equipamentos e mobiliários preferenciais para o uso de pessoas com</p><p>deficiência.</p><p>É importante ressaltar que, para cada situação, outro símbolo</p><p>complementar pode ser empregado junto ao SIA.</p><p>A representação do Símbolo Internacional de Acesso consiste em um</p><p>pictograma branco sobre fundo azul (referência Munsell 10B5/10 ou Pantone</p><p>2925 C).</p><p>http://www.acessibilidadenapratica.com.br/wp-content/uploads/2015/10/smbolo-internacional-de-acesso-2.gif</p><p>12</p><p>Este símbolo pode, opcionalmente, ser representado em branco e preto</p><p>(pictograma branco sobre fundo preto ou pictograma preto sobre fundo branco),</p><p>e deve estar sempre voltado para o lado direito, permanecendo no padrão</p><p>anterior à atualização da norma.</p><p>Atualmente, após a atualização da NBR 9050, podemos utilizar esta</p><p>segunda forma de representação. A diferença é que o símbolo pode ser mais</p><p>encorpado, porém as outras características devem permanecer as mesmas, não</p><p>devendo haver nenhuma outra modificação, estilização ou adição ao</p><p>pictograma.</p><p>LEI N. 8.842/94</p><p>CAPÍTULO I</p><p>Da Finalidade</p><p>Art. 1º A política nacional do idoso tem por objetivo assegurar os direitos</p><p>sociais do idoso, criando condições para promover sua autonomia, integração e</p><p>participação efetiva na sociedade.</p><p>https://www.jusbrasil.com.br/topicos/11737912/art-1-politica-nacional-do-idoso-lei-8842-94</p><p>http://www.acessibilidadenapratica.com.br/wp-content/uploads/2015/10/smbolo.png</p><p>http://www.acessibilidadenapratica.com.br/wp-content/uploads/2015/10/smbolo2.png</p><p>13</p><p>Inciso V do Artigo 10 da Lei nº 8.842 de 04 de Janeiro de 1994</p><p>Art. 10. Na implementação da política nacional do idoso, são</p><p>competências dos órgãos e entidades públicos:</p><p>V - Na área de habitação e urbanismo:</p><p>a) destinar, nos programas habitacionais, unidades em regime de</p><p>comodato ao idoso, na modalidade de casas-lares;</p><p>b) incluir nos programas de assistência ao idoso formas de melhoria de</p><p>condições de habitabilidade e adaptação de moradia, considerando seu estado</p><p>físico e sua independência de locomoção;</p><p>c) elaborar critérios que garantam o acesso da pessoa idosa à habitação</p><p>popular;</p><p>d) diminuir barreiras arquitetônicas e urbanas;</p><p>ADAPTAÇÕES AMBIENTAIS</p><p>INTRODUÇÃO</p><p>Estudos nacionais mostram que as quedas são prevalentes em idosos e</p><p>que a porcentagem é de 30% entre as pessoas com mais de 65 anos,</p><p>considerando-se o quantitativo de uma queda ao ano.</p><p>O evento da queda pode ser definido como um deslocamento não-</p><p>intencional do corpo para um nível inferior à sua posição inicial, com</p><p>incapacidade de correção em tempo hábil. Nesta perspectiva, até mesmo</p><p>desequilíbrios ou pequenas alterações não-intencionais de postura são</p><p>consideradas quedas, mesmo que o idoso não chegue ao chão.</p><p>14</p><p>A etiologia, que é multifatorial, pode se dar em dois grandes grupos, os</p><p>fatores intrínsecos e os extrínsecos.</p><p>➢ Entre os fatores intrínsecos encontram-se as alterações</p><p>fisiológicas da velhice, o uso de medicamentos e as condições</p><p>patológicas.</p><p>➢ Entre os fatores extrínsecos, destacam-se os perigos</p><p>ambientais e os calçados e roupas inadequados.</p><p>O monitoramento destes fatores pode ser um diferencial nos indicadores</p><p>de quedas ambientais no domicilio e mesmo em instituições de longa</p><p>permanência. No âmbito domiciliar, a manutenção da nova estruturação do</p><p>ambiente é um grande desafio, visto que os arranjos familiares são comumente</p><p>geracionais, somado a questão comportamental e até mesmo cognitiva dos</p><p>idosos.</p><p>O uso de novas tecnologias também pode contribuir para a prevenção ou</p><p>mesmo para a diminuição dos danos recorrentes as quedas.</p><p>Estes dispositivos incluem:</p><p>• sensores de movimento e iluminação,</p><p>• camas baixas,</p><p>• cintos de cama,</p><p>• sistemas de adequação postural,</p><p>• transferência realizada por sistema de elevação, entre outros.</p><p>Vale ressaltar que estes dispositivos devem ser indicados por profissional</p><p>qualificado conforme cada caso ou necessidade. Esta problemática, crescente e</p><p>relevante em domicílios e instituições de longa permanência, se estende também</p><p>em ambientes hospitalares. Para controle dessa situação, atualmente pode-se</p><p>contar com a certificação Selo Hospital Amigos do Idoso, que consiste em uma</p><p>série de ações do governo paulista em benefício da terceira idade, conferida aos</p><p>Municípios/hospitais que cumpram exigências nesse sentido. Para a obtenção</p><p>do Selo, as cidades devem cumprir quatro etapas, nas quais estão contidas 40</p><p>ações entre eletivas e obrigatórias. Dentre elas: assinatura do Termo de Adesão;</p><p>ações obrigatórias para receber o Selo Inicial; ações obrigatórias e eletivas para</p><p>adquirir o selo intermediário e uma ação obrigatória para receber o Selo Pleno.</p><p>15</p><p>Todas as ações estão previstas num plano de ação que contemplam</p><p>esses requisitos e devem ser seguidos minuciosamente.</p><p>O envelhecimento populacional é o fenômeno demográfico observado</p><p>atualmente no Brasil, desde meados do século XX, que tem sido expresso pelo</p><p>crescente aumento da expectativa de vida da população e do contingente de</p><p>idosos. As projeções indicam que até o ano de 2025 a população idosa no Brasil</p><p>corresponderá a mais de 32 milhões de pessoas.</p><p>De acordo com o mencionado por pesquisadores, com o aumento da</p><p>expectativa de vida dos brasileiros e sendo o envelhecimento um processo ativo,</p><p>houve um crescimento das doenças crônico-degenerativas e em decorrência, os</p><p>declínios funcionais. O prejuízo funcional, ou a dificuldade do idoso em</p><p>desempenhar tarefas da vida diária, aumenta o risco de acidentes com</p><p>consequente agravo do processo saúde-doença, altera a qualidade de vida,</p><p>interfere na autonomia e independência e pode levar ao isolamento social e até</p><p>mesmo a institucionalização.</p><p>Neste processo, o ambiente domiciliar e extradomiciliar exercem papel</p><p>fundamental na promoção da autonomia do idoso, como facilitador no exercício</p><p>das funções e na interação com o meio, porém, quando não adaptado às suas</p><p>necessidades, pode funcionar como uma barreira para o desempenho</p><p>satisfatório das atividades.</p><p>O PLANEJAMENTO DA ADEQUAÇÃO AMBIENTAL</p><p>O planejamento da adequação ambiental no domicílio, realizada pelo</p><p>terapeuta ocupacional, fundamenta-se no conhecimento do diagnóstico do</p><p>paciente, suas alterações clínicas e informações em relação à perspectiva de</p><p>evolução do quadro e prognóstico; o histórico de quedas e informações a</p><p>respeito do desempenho ocupacional e rotina. Para tal, é indicado que se aplique</p><p>uma escala de medida funcional para que se possa avaliar o impacto da</p><p>intervenção no ambiente na otimização da capacidade funcional do indivíduo,</p><p>considerando as habilidades que foram perdidas, as habilidades que estão</p><p>prejudicadas e as que se encontram preservadas.</p><p>16</p><p>Em seguida, deve ser realizada uma análise dos ambientes acessados</p><p>pelo idoso para que se mantenha a característica do domicílio e que se modifique</p><p>o menos possível, valorizando a utilização do ambiente a todas as pessoas do</p><p>domicílio. Este processo inclui os locais onde o paciente circula, o mobiliário que</p><p>ele utiliza, as rotas que interligam os ambientes e o planejamento e a viabilização</p><p>do ambiente em casos de emergência.</p><p>Após estes dados, inicia-se o processo de avaliação ambiental, que</p><p>consiste na identificação das barreiras relacionadas aos objetos e dispositivos</p><p>necessários para o desempenho funcional e o nível de alcance; mobiliário;</p><p>segurança / risco de acidentes; circulação / espaço e pistas visuais e auditivas.</p><p>Realizada esta avaliação, obtêm-se dados suficientes para o</p><p>planejamento da adequação do ambiente, a exploração de alternativas de</p><p>facilitadores, o uso provisório das adaptações (caso possível); a aquisição das</p><p>adaptações ou modificações ambientais; o treino da utilização das mesmas e o</p><p>monitoramento das adequações.</p><p>A fundamentação teórica utilizada no processo de adaptação consiste na</p><p>ABNT 9050, os princípios do design universal, os conceitos da Classificação</p><p>Internacional de Funcionalidade (CIF) e a análise da atividade, ferramenta</p><p>utilizada pelo Terapeuta Ocupacional.</p><p>Adaptações estruturais e reformas na casa e/ou ambiente de trabalho,</p><p>com rampas, elevadores, adaptações em banheiros, entre outras, que retiram</p><p>ou reduzem as barreiras físicas, facilitando a locomoção da pessoa com</p><p>deficiência dependem de projetos arquitetônicos, respeito às medidas</p><p>antropométricas, considerações clínicas ou da deficiência da pessoa e</p><p>otimização de espaços e ambientes de interação. Ademais, a adaptação do</p><p>comportamento e do ambiente favorece a função, quer seja de interação com o</p><p>ambiente, quer seja para mobilidade.</p><p>Os termos técnicos mais utilizados na elaboração das adaptações são:</p><p>– Acessibilidade: possibilidade e condição de o portador de deficiência</p><p>alcançar e utilizar, com segurança e autonomia, edificações e equipamentos de</p><p>seu interesse.</p><p>17</p><p>– Barreira arquitetônica ambiental: impedimento da acessibilidade</p><p>ao</p><p>deficiente, representado por obstáculo natural ou resultante de implantações</p><p>arquitetônicas / urbanísticas.</p><p>– Parâmetros antropométricos: medidas referenciais consideradas de</p><p>adoção necessária e indispensáveis nas edificações e equipamentos de</p><p>interesse, para que possam torná-los acessíveis às pessoas deficientes.</p><p>OBJETIVOS</p><p>Quanto aos objetivos, podemos citar:</p><p>- Maior participação / Independência nas atividades cotidianas.</p><p>- Facilitar a relação do indivíduo com o ambiente, permitindo que ele</p><p>realize atividades de seu interesse.</p><p>Envolve barreiras ambientais e suportes ambientais para o desempenho</p><p>ocupacional, sendo influenciado por fatores sociais, culturais, econômicos,</p><p>institucionais, físicos e arquitetônicos. Parte de uma visão sobre a relação entre</p><p>a necessidade populacional e a necessidade individual.</p><p>Pontos importantes:</p><p>- Focos de Atenção da Equipe de Saúde</p><p>- Movimento livre e independente</p><p>- Inclusão social</p><p>- Legislação</p><p>AVALIAÇÃO</p><p>No processo de avaliação, deve-se atentar para:</p><p>- Fatores físicos (ambiente natural e construído)</p><p>- Adaptação</p><p>- Dinâmica de execução da atividade.</p><p>- Fatores sociais (relação familiar, vizinhança, comunidade, grupos</p><p>institucionais ou lideranças)</p><p>18</p><p>- Fatores culturais (influência em atitudes e interesses, normas de</p><p>comportamento, tradições e definições de regras)</p><p>- Fatores de cidadania (aceitação da comunidade para as adaptações</p><p>ambientais)</p><p>- Fatores organizacionais (características ambientais e suas relações com</p><p>organizações e instituições - incluindo regras e leis).</p><p>O estudo de relação entre a habilidade pessoal e o contexto em que o</p><p>indivíduo estará inserido pode envolver:</p><p>– Arquitetos</p><p>– Cientistas sociais</p><p>– Antropólogos</p><p>– Design de interiores</p><p>– Bio-engenheiros</p><p>– Equipes de Saúde</p><p>(Parâmetros Antropométricos para acessibilidade: Medidas e padrões referenciais</p><p>básicos, segundo a Associação Brasileira de Normas e Técnicas – ABNT. Disponível em:</p><p>www.ufpb.br/cia/contents/manuais/ abnt-nbr9050-edicao-2015.pdf)</p><p>CONSIDERAÇÕES FINAIS</p><p>Dessa forma, o Terapeuta Ocupacional na abordagem a diferentes</p><p>saberes, com profissionais em dinâmica de equipe, busca melhorar a</p><p>acessibilidade, prevenindo quedas e incluindo as pessoas em suas atividades</p><p>cotidianas. Isso se dá no princípio do conceito do design universal, onde os</p><p>produtos fabricados e os locais construídos devem ser de uso equitativo, flexível,</p><p>simples e intuitivo, com informações perceptíveis a todos, produtos de baixa</p><p>tolerância ao erro, com o mínimo desgaste físico, e com tamanho e espaço para</p><p>uso e alcance máximo dos usuários; e assim prover que todos os produtos,</p><p>ambientes e meios de comunicação atendam a maioria da população,</p><p>independente de gênero, idade, tamanho, desempenho funcional ou</p><p>incapacidade; esse conceito juntamente com as normas técnicas e uma</p><p>completa análise das atividades, levam a maior autonomia e independência</p><p>funcional, e consequentemente uma sociedade mais inclusiva.</p><p>19</p><p>ADAPTAÇÕES DOMÉSTICAS</p><p>Desfrutar do conforto e do bem-estar da nossa própria casa é muito bom.</p><p>Porém, para as pessoas com deficiência nem sempre é possível usufruir do</p><p>ambiente doméstico, quando vivem em moradias não adaptadas às suas</p><p>necessidades.</p><p>Pensando nisso, a NBR 9050, norma técnica da Associação Brasileira de</p><p>Normas Técnicas (ABNT), foca na acessibilidade de pessoas com deficiência ou</p><p>mobilidade reduzidas — além de idosos, obesos e gestantes — onde todos os</p><p>espaços, construções, mobiliários e equipamentos urbanos devem atender às</p><p>necessidades especiais dos indivíduos.</p><p>Felizmente, as pessoas com deficiência podem encontrar as</p><p>possibilidades de acessórios para as reformas de suas casas, o mercado</p><p>começa a oferecer uma gama de produtos que facilitam a utilização de</p><p>mobiliários e equipamentos fabricados para elas, como os mecanismos de</p><p>acionamento, superfícies texturizadas e dispositivos sonoros. Mas deve-se ter</p><p>atenção na hora de comprar os materiais, percebendo a normatização e as</p><p>certificações pelos órgãos competentes, como a ABNT.</p><p>Adaptar é pensar o espaço, é projetá-lo pensando nas pessoas,</p><p>tenham elas deficiência ou não. Atraente deve ser a relação criada pela</p><p>interação homem-espaço, que garanta a segurança e o conforto,</p><p>proporcionando a liberdade e a independência.</p><p>Uma das principais preocupações para que se garanta o bem-estar e a segurança das</p><p>pessoas com mobilidade reduzida é a aplicação de pisos antiderrapantes que garantam uma</p><p>aderência adequada mesmo no contato com a água.</p><p>20</p><p>ADAPTAÇÕES DOMÉSTICAS PARA IDOSOS</p><p>Redução de até 40% acidentes</p><p>A última estimativa populacional do Brasil,</p><p>realizada no ano passado pelo Instituto Brasileiro</p><p>de Geografia e Estatística (IBGE), apontou que o</p><p>número de pessoas acima de 60 anos subiu cerca</p><p>de 50%. O percentual representa um crescimento de mais de 8,5 milhões de</p><p>pessoas nesta faixa etária. Ante esse aumento, surgem as adaptações em casas</p><p>e apartamentos ou até mesmo a construção de condomínios para atender a</p><p>terceira idade.</p><p>Estudos da Universidade de São Paulo (USP) concluíram que construir</p><p>moradias preparadas para receber e dar o conforto necessário aos idosos reduz</p><p>cerca de 40% dos acidentes domésticos. Dados do Ministério da Saúde mostram</p><p>ainda que 70% dos acidentes envolvendo pessoas acima de 60 anos acontecem</p><p>dentro das residências.</p><p>Ás vezes, basta um piso molhado ou um tapete solto para provocar uma</p><p>queda que causa ferimentos ou, no mínimo, um grande susto. Esse risco é maior</p><p>entre as pessoas idosas, que têm a mobilidade limitada e os reflexos reduzidos</p><p>conforme o avanço da idade, ou que podem sofrer de doenças que as fragilizam</p><p>fisicamente.</p><p>De acordo com a Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia, um</p><p>terço da população acima dos 65 anos sofre pelo menos uma queda por ano,</p><p>proporção que aumenta com o envelhecimento. Tais acidentes podem ocasionar</p><p>lesões leves, contusões, torções ou até fraturas, além de provocar, no idoso, o</p><p>medo de cair novamente.</p><p>Adaptar a casa para essas limitações ou mesmo evitar o uso de objetos</p><p>que possam representar riscos ajuda a reduzir as chances de acidentes</p><p>domésticos envolvendo idosos. Confira algumas orientações para prevenir</p><p>quedas e outros incidentes.</p><p>21</p><p>Sala adequada</p><p>A sala de estar costuma conter muitos móveis e objetos de decoração.</p><p>Um idoso com dificuldade de locomoção ou mesmo uma pessoa distraída</p><p>pode bater ou tropeçar em um desses itens, se ele estiver bloqueando a</p><p>passagem.</p><p>Tapetes irregulares também podem fazer o morador cair, então vale</p><p>minimizar as chances de que isso aconteça.</p><p>• Evite tapetes soltos</p><p>• Não deixe móveis fora do lugar habitual</p><p>• Garanta a área de passagem livre mesas de centro, plantas ou outros</p><p>objetos que possam representar obstáculos</p><p>• Mantenha fios elétricos e extensões bem afixadas, evitando que fiquem</p><p>soltos pelo caminho</p><p>• Prefira cadeiras e poltronas com apoio de braço</p><p>Sala e corredor:</p><p>• Organizar os móveis de maneira a deixar o caminho livre e evitar ter de</p><p>se desviar muito;</p><p>• Instalar interruptores de luz na entrada das dependências, para evitar</p><p>andar no escuro até conseguir ligá-los;</p><p>• Preferir interruptores que brilhem no escuro;</p><p>• Manter corredores, escadas e salas bem iluminados;</p><p>• Deixar sempre o caminho livre</p><p>de obstáculos;</p><p>• Tapetes, só se forem</p><p>antiderrapantes.</p><p>22</p><p>Banheiro seguro</p><p>O banheiro é o local com maior ocorrência de acidentes graves, por causa</p><p>da umidade que torna o ambiente escorregadio.</p><p>Se o idoso puder contar com itens que deem mais aderência aos pés e</p><p>pontos de apoio para se segurar, ele deve se sentir mais confiante.</p><p>• Utilize um tapete antiderrapante na área de banho</p><p>• Instale barras de apoio nas paredes próximas ao sanitário e ao chuveiro</p><p>a sua</p><p>altura totalmente ajustada.</p><p>Para quem precisa de ajuda para se alimentar ou fazer a higiene pessoal,</p><p>a cama também é muito prática para o cuidador.</p><p>Banheiro confortável</p><p>Além de contar com barras junto ao sanitário e no box, e de ter piso</p><p>antiderrapante, o banheiro deve oferecer total comodidade.</p><p>Isso inclui, por exemplo, a instalação de uma pia de altura mais baixa, e</p><p>sem nenhuma mobília embaixo, para que a pessoa possa encaixar-se com a</p><p>cadeira de rodas por baixo dela na hora de usar.</p><p>Para quem sente mais dores devido ao frio, pode-se considerar instalar</p><p>um piso aquecido no banheiro. Embora não seja uma medida muito popular em</p><p>nosso país, pelo seu clima predominantemente quente, essa medida tem um</p><p>grande impacto no conforto.</p><p>Quintal em bom estado</p><p>Para quem mora em casa com quintal, é preciso levar em conta que ele</p><p>também seja seguro e confortável para a locomoção. Deixe bastante espaço</p><p>para circulação e faça reparos no piso ou concreto sempre que houver alguma</p><p>irregularidade.</p><p>29</p><p>Se a casa tiver um jardim, o ideal é que haja espaços sem grama ou raízes</p><p>de árvores aparentes, pois é muito difícil a locomoção com cadeira de rodas</p><p>nesse tipo de solo.</p><p>Aproveite o quintal para criar uma área para hobbies, como jardinagem,</p><p>espaço de leitura etc. Quem tem piscina em casa pode instalar um elevador</p><p>individual ao lado dela; afinal, atividades na água são uma ótima terapia para</p><p>pessoas com deficiência, desde que acompanhadas.</p><p>DEFICIÊNCIAS E TECNOLOGIA ASSISTIVA –</p><p>CONCEITOS E APLICAÇÕES</p><p>1 Evolução tecnológica no mundo moderno</p><p>Analise o ambiente ao seu redor e repare quanta tecnologia espetacular</p><p>existe bem aí perto de você, que está lendo este texto! O primeiro pensamento</p><p>poderia focalizar computadores, tablets, televisões e outros itens caros e de</p><p>extrema sofisticação, mas existe também tecnologia invisível a olho nu: a</p><p>eletricidade, a internet e os circuitos microeletrônicos, tudo isso operando de</p><p>forma sincronizada num filme lindo que você recebeu no celular, onde palavras</p><p>e imagens afagam seus ouvidos e olhos, mesmo que isso tenha acontecido num</p><p>tempo diferente do atual (GALVÃO, 2012). Há outras coisas ainda mais</p><p>estranhas como itens de tecnologia que você nunca parou para pensar: o piso</p><p>sintético, a água filtrada, as suas roupas, tudo isso é tecnologia ou fruto dela.</p><p>Artefatos de tecnologia existem para tornar as coisas mais fáceis, e isso</p><p>não quer dizer que todos eles visem ao bem (uma bomba atômica é um</p><p>exemplo), mas é ótimo pensar que a tecnologia tem sido responsável pelo</p><p>salvamento de muitas vidas, com diagnósticos por aparelhos quase mágicos</p><p>para visualização do interior do corpo, além de remédios e tratamentos que</p><p>curam doenças mortais há bem pouco tempo (BORGES, 2009). Até mesmo as</p><p>relações humanas se modificam quando computadores conectados em rede</p><p>viabilizam novas formas de comunicação, de trabalho e de consumo de bens e</p><p>serviços. Veja a Figura 1.</p><p>30</p><p>Figura 1 – Aluna com deficiência visual usando um computador para</p><p>escrever</p><p>Fonte: Acervo do Autor</p><p>Pela tecnologia talvez seus limites de ser humano desapareçam. Você</p><p>não tem asas, mas consegue voar com um avião ou uma asa delta. Você</p><p>conversa com seu amigo lá do outro lado do mundo, olhando seu rosto e ouvindo</p><p>sua voz, e, quem sabe, daqui a algum tempo, sentindo o perfume que ele está</p><p>usando. O seu sonho de consumo talvez seja um carro que obedece a sua voz</p><p>e estaciona sozinho. Não é preciso grande esforço para tomar consciência das</p><p>enormes influências que a tecnologia tem sobre nossa vida, e como ela se</p><p>amplifica e ganha mais possibilidades.</p><p>A tecnologia também tem o poder de nos equalizar. Por exemplo: em</p><p>termos de uma fábrica, qual a diferença entre um levantador de peso, que é</p><p>capaz de levantar 300 quilos com pequeno esforço, e um sujeito bem franzino,</p><p>exímio motorista de empilhadeira, que levanta o mesmo peso sem nenhum</p><p>esforço? Indo ainda mais longe, se esta pessoa não tiver pernas, ainda poderá</p><p>levantar os tais 300 quilos? Claro que sim, a empilhadeira eventualmente poderia</p><p>sofrer uma adaptação para eliminar os pedais e ser comandada por um joystick,</p><p>podendo assim ser operada por uma pessoa com esta grave deficiência.</p><p>Os limites são inimagináveis. Usando o mesmo raciocínio, torna-se óbvio</p><p>que uma pessoa que consiga controlar um computador só com o olhar (por</p><p>exemplo, usando uma interface Tobii para eyetracking) também conseguiria</p><p>levantar os tais 300 quilos, se este computador estivesse conectado a uma</p><p>http://www.tobii.com/</p><p>31</p><p>empilhadeira adaptada convenientemente para isso. Estes exemplos são</p><p>parecidos, só que o índice de amplificação do potencial humano vai se tornando</p><p>cada vez mais e mais alto!</p><p>Isso me faz lembrar uma frase famosa, criada há muitos anos por Mary</p><p>Pat Radabaugh, antiga diretora do Centro Nacional de Apoio para Pessoas com</p><p>Deficiência da IBM, nos Estados Unidos, que hoje está um tanto desgastada pelo</p><p>uso, mas muito verdadeira:</p><p>“Para as pessoas sem deficiência, a tecnologia torna as coisas mais</p><p>fáceis. Para as pessoas com deficiência, a tecnologia torna as coisas possíveis.”</p><p>Mas será que a tecnologia está ali, disponível para qualquer pessoa usar?</p><p>Esta empilhadeira adaptada existe no mercado? Um empresário compraria esta</p><p>empilhadeira robotizada para dar emprego a uma pessoa sem pernas?</p><p>O tempo vai passando e as tecnologias acabam por permear a vida de</p><p>um número cada vez maior de pessoas. Cada vez mais acesso, mais gente</p><p>usando. Será mesmo? Infelizmente a tecnologia nunca é gratuita e nunca é para</p><p>todos. Assim, a pessoa que não é deficiente mas não tem recursos financeiros</p><p>também não terá acesso às tecnologias.</p><p>Pela lógica vigente no mundo atual, para toda tecnologia que pode ser</p><p>produzida, é preciso que exista alguém que queira (e possa) obtê-la, e este fluxo</p><p>tem que resultar em lucro. Com isso em mente, temos que pensar nas questões</p><p>importantes de subsídios de cunho social e na existência de produtos voltados</p><p>para a distribuição em larga escala para pessoas sem recurso, em particular</p><p>aqueles que tenham deficiência.</p><p>Quando não há um equilíbrio mediado por ações honestas de política</p><p>pública, atrelada a medidas de cunho social, a evolução tecnológica acaba</p><p>contribuindo para o aumento do desequilíbrio econômico, em que os pobres</p><p>empobrecem mais, à medida que os ricos enriquecem mais.</p><p>Em resumo, não é tão importante o que a tecnologia representa, mas o</p><p>uso que fazemos dela.</p><p>Ou, dito de outra forma, e aproveitando as palavras de Melvin Kransberg</p><p>(1986):</p><p>A tecnologia não é boa nem é má, mas também não é neutra.</p><p>32</p><p>2 Conceitos teóricos sobre deficiência</p><p>A palavra “deficiência” foi por muito tempo associada à “enfermidade” e</p><p>“aflição”, bem como fenômenos como pobreza, feiura, fraqueza ou doença. No</p><p>imaginário popular, com frequência “deficiência” também compartilhou terreno</p><p>com termos como “monstruosidade” e “deformidade” – o primeiro possuindo</p><p>toques sobrenaturais e o último representando um tipo particular de feiura moral</p><p>e física.</p><p>Foi muito usada também a palavra “paralisia”, derivada da ideia de</p><p>alguém que se arrasta, numa tentativa de caracterizar várias deficiências físicas</p><p>que impediam ou dificultavam a mobilidade. Do mesmo modo, a</p><p>expressão “inválido” era associada a pessoas com uma ampla gama de doenças</p><p>ou situações físicas debilitantes. Ainda hoje algumas instituições guardam</p><p>resquícios desta época, por exemplo, ao rotular uma criança com deficiência</p><p>como “criança defeituosa”.</p><p>Pessoas com deficiência muitas vezes foram também exploradas como</p><p>“objetos curiosos”, em circos ou freak shows. Mesmo hoje, quando passa uma</p><p>linda mulher numa cadeira de rodas, muitas pessoas ainda olham curiosas,</p><p>como se beleza e deficiência fossem antônimos.</p><p>Figura 2 – Participantes de um Freak Show (Tod Browning e os</p><p>atores</p><p>de Freaks) no início do século XX</p><p>Fonte: http://www.socialistamorena.com.br</p><p>33</p><p>Felizmente estas conotações tão pejorativas vão paulatinamente</p><p>perdendo sua força, e a palavra deficiência vai ganhando aceitação social,</p><p>mesmo que expressões discutíveis, como “criança especial”, ainda sejam</p><p>cunhadas e acabem por virar um modismo politicamente correto.</p><p>Concluindo esta primeira abordagem, é importante observar que a palavra</p><p>“deficiente” é usada de forma diferente:</p><p>• dependendo das diversas finalidades práticas ou teóricas;</p><p>• variando com as diferentes culturas e situações socioeconômicas;</p><p>• podendo se amoldar para ser compatível com a conveniência individual.</p><p>Um exemplo: uma pessoa cega de um olho pode querer que sua visão</p><p>monocular seja considerada legalmente como deficiência, a fim de ser</p><p>contemplada em reserva de vagas para as cotas de emprego; no entanto, a</p><p>mesma pessoa não quer ser considerada da mesma forma, quando almeja tirar</p><p>uma carteira de habilitação para dirigir caminhões.</p><p>Em termos oficiais e aceitos no mundo todo, a Organização Mundial de</p><p>Saúde define deficiência como a ausência ou a disfunção de uma estrutura</p><p>psíquica, fisiológica ou anatômica. Esta definição, portanto, se refere</p><p>exclusivamente à conformação biológica da pessoa, ou seja, algo que deveria</p><p>ser tratado por um médico, no sentido de tentar consertar (tratar, operar, colocar</p><p>uma prótese, etc.). Ela não leva em consideração que nosso valor como seres</p><p>humanos está muito mais relacionado com aquilo que fazemos, que produzimos,</p><p>que deixamos como legado.</p><p>Figura 3 – Beethoven</p><p>Fonte: http://miltonribeiro.sel21.com.br</p><p>34</p><p>O que é mais importante: o fato de Beethoven ter ficado surdo, ou de ter</p><p>composto (quando surdo) melodias de uma beleza transcendental? Quando eu</p><p>agrego a esse raciocínio algumas considerações sobre a origem etimológica da</p><p>palavra “deficiente” – cujas raízes latinas significam “sem eficiência” –, a ideia</p><p>central é que se eu obtiver eficiência, não sou deficiente…</p><p>As palavras importam, quando tentamos explicar o mundo. É preciso usar</p><p>as palavras corretas, escolhidas com muito critério. Nós sugerimos que você leia</p><p>um artigo de Romeu Sassaki que explica o uso correto de termos como “pessoa</p><p>com deficiência”, “necessidades especiais”, “deficientes” e muitas outras.</p><p>https://www.deficienteciente.com.br/necessidades-especiais.html</p><p>Modelos conceituais sobre deficiência</p><p>Até os anos 1940, a visão que se tinha sobre as pessoas com deficiência</p><p>era a menos favorável possível, dependentes da caridade, chegando ao limite</p><p>de exibição em freak shows (Ver Figura 2). Foi mais ou menos nesta época que</p><p>se estabeleceu o “modelo médico”, uma abordagem que define a deficiência</p><p>como “uma propriedade do corpo do indivíduo“. Neste modelo, o centro de</p><p>referência são os médicos, autoridades publicamente reconhecidas que se</p><p>preocupam com assuntos relacionados à etiologia, diagnóstico, prevenção e</p><p>tratamento de doenças físicas, sensoriais e cognitivas. Neste modelo, as</p><p>pessoas com deficiência são pessoas inerentemente inferiores que devem ser</p><p>curadas ou tratadas. Em outras palavras, são elas, e não a sociedade, que</p><p>precisam ser modificadas ou melhoradas.</p><p>A partir dos anos 1960-70, criaram-se novos conceitos sobre deficiência,</p><p>considerando que os indivíduos são extremamente afetados por fatores que não</p><p>estão no corpo, mas no mundo que nos cerca. Um bom ambiente adaptado de</p><p>trabalho, por exemplo, é muito mais importante do que o fato de a pessoa ter ou</p><p>não ter uma perna.</p><p>Esta abordagem recebe o nome de “modelo social” e desafia o modelo</p><p>médico, que é focado exclusivamente em um corpo individual que clama por</p><p>tratamento, correção ou cura. A partir da aceitação do modelo social,</p><p>estabeleceu-se que não é uma deficiência ou necessidade de ajuste do</p><p>indivíduo, mas sim as barreiras socialmente impostas que determinam o sucesso</p><p>https://www.deficienteciente.com.br/necessidades-especiais.html</p><p>35</p><p>ou insucesso da pessoa com deficiência na sociedade. Isso implica a</p><p>disponibilização ampla de locais acessíveis, transporte, meios de comunicação</p><p>adequados etc. O modelo social trata da eliminação de tais barreiras como uma</p><p>questão inalienável de direitos civis.</p><p>Muitos ativistas e ideólogos hoje em dia defendem um outro modelo, que</p><p>poderíamos denominar de “modelo cultural de deficiência”. Ele explora a</p><p>interface do organismo com deficiência com os ambientes em que o corpo está</p><p>situado. No modelo cultural a deficiência serve como uma identidade grupal, em</p><p>que as pessoas são parte do tecido mais amplo da diversidade humana, e como</p><p>um local de resistência cultural a concepções socialmente construídas de</p><p>normalidade. Por exemplo, muitas pessoas surdas se sentem parte de uma</p><p>“comunidade surda” e acham abjeta a hipótese de um implante coclear de</p><p>escutar, na medida em que a situação de surdez é por eles considerada uma</p><p>identidade cultural e linguística.</p><p>Todos estes modelos, que são considerados clássicos e bem</p><p>estabelecidos, hoje são contestados. Surgem novos modelos, como o “modelo</p><p>da interação simbólica”, que tentam contemplar a pessoa como protagonista,</p><p>em que “ao invés de ter um corpo, somos nossos corpos”. O fundamento</p><p>desta visão diferenciada é que há muitas situações de deficiência as quais</p><p>nenhuma mudança ambiental pode eliminar completamente. Por exemplo,</p><p>precisar de cuidados especiais, cuidadores e fisioterapia quando se tem</p><p>tetraplegia ou esclerose lateral amiotrófica é uma situação em que melhorias na</p><p>condição ou relação social nada podem oferecer.</p><p>Afinal, quem é deficiente, do ponto de vista conceitual? Não podemos</p><p>esquecer que “cada pessoa é uma pessoa”, sempre diferente das demais. Como</p><p>consequência, as manifestações de deficiência também são diferentes de</p><p>indivíduo para indivíduo, e o número de gradações da deficiência é infinito. Em</p><p>outras palavras: dependendo da situação, uma pessoa pode ser</p><p>convenientemente considerada ou não como uma pessoa com deficiência, e em</p><p>cada caso a classificação acaba por ser uma mistura de influências envolvendo:</p><p>• condições intrínsecas do corpo físico;</p><p>• designações segundo justificativas sociais ou jurídicas;</p><p>• identificação com aspectos culturais de comunidades;</p><p>• relações de dependência em relação a outras pessoas.</p><p>36</p><p>Figura 4 – Automóvel adaptado para cadeirantes</p><p>Fonte: http://www.portac.com.br</p><p>Hoje, existe um certo consenso de que a deficiência deva ser pensada</p><p>em termos de modificações na funcionalidade: sua presença exige que se</p><p>modifique a maneira de fazer as coisas, mas não impossibilita que sejam feitas.</p><p>Por exemplo, quando agregamos estratégias de acessibilidade ao mundo,</p><p>possivelmente com uso de tecnologia adequada, um cego conseguirá ler, um</p><p>cadeirante conseguirá se locomover e um surdo conseguirá se comunicar.</p><p>3 Uma breve taxonomia sobre as deficiências e suas</p><p>demandas</p><p>Uma classificação (ou mais do que uma) será sempre necessária, porém,</p><p>como existe enorme gradação entre as deficiências individuais, qualquer</p><p>classificação não será mais do que um referencial teórico impreciso! Mesmo</p><p>assim, este tipo de taxonomia, embora não reflita toda a verdade, ajuda a definir</p><p>e compreender que é possível utilizar critérios gerais de caráter mais ou menos</p><p>aproximado, visando obter primeiro uma compreensão global e, a partir dela,</p><p>estabelecer as características individuais, assim como realizar as adaptações</p><p>para suportá-las, seja por ações individuais, seja por políticas públicas.</p><p>Em termos gerais, a deficiência pode ser classificada em:</p><p>A. sensorial – referente aos sentidos como visão e audição;</p><p>B. física – referente aos membros e à mobilidade;</p><p>37</p><p>C. intelectual/mental – referente a efeitos da cognição e</p><p>comportamento.</p><p>Cada uma destas classificações tem subdivisões, como, por exemplo: a</p><p>deficiência sensorial se</p><p>divide em visual e auditiva; por sua vez, deficiência visual</p><p>se divide em cegueira e baixa visão etc. Não é uma classificação perfeita, mas</p><p>tem sido utilizada amplamente em planejamento escolar e em aspectos da</p><p>legislação.</p><p>Nota sobre deficiência sensorial</p><p>Repare que, se pensarmos em “sentidos” usando o senso comum,</p><p>pensaremos em visão, audição, olfato, paladar e tato. Então, em princípio, se</p><p>alguém perde a sensibilidade nas mãos, deveria ser considerada uma “pessoa</p><p>com deficiência tátil”. Mas é raríssimo ver este tipo de situação relacionada nos</p><p>textos, não porque ela não exista, mas porque, estatisticamente, é muito menos</p><p>encontrada do que uma deficiência auditiva e também com impacto muito menor</p><p>sobre os indivíduos em sua vida diária.</p><p>Estabeleceremos a seguir uma breve correlação entre diversos tipos de</p><p>deficiências, suas principais subcategorias e demandas associadas.</p><p>Nota: este é apenas um resumo, veja nas leituras sugeridas como saber</p><p>mais sobre o tema, incluindo as diversas subcategorias, causas, tratamentos e</p><p>detalhes sobre as demandas específicas.</p><p>DEFICIÊNCIA E SUBCATEGORIAS DEMANDAS</p><p>DEFICIÊNCIA VISUAL</p><p>Cegueira</p><p>Baixa visão</p><p>Assistir aulas</p><p>Entender o que o professor está fazendo</p><p>Acessar a leitura e escrita convencional</p><p>Dispor de material em Braille</p><p>Ter ajuda na interpretação de gráficos</p><p>Receber orientação e se mover</p><p>DEFICIÊNCIA AUDITIVA</p><p>Aparelhos de surdez</p><p>Aparelhos de amplificação de som</p><p>(transmissão FM) para a sala de aula</p><p>38</p><p>Surdez profunda</p><p>Deficiência auditiva média</p><p>ou leve</p><p>Necessidade de tradutor-intérprete de Libras</p><p>Alternativas para leitura de textos em</p><p>português* 🡪 ênfase em imagens</p><p>Incentivo ao domínio da leitura labial, mesmo</p><p>sabendo que é método limitado</p><p>*É muito difícil dominar a leitura de</p><p>textos em português, pois o método de</p><p>escrita é fonético (algo que é totalmente</p><p>inacessível para um surdo profundo) e não</p><p>simbólico, como a Língua de Sinais.</p><p>DEFICIÊNCIA FÍSICA</p><p>Paraplegia (mobilidade acima</p><p>da cintura)</p><p>Tetraplegia (mobilidade comprometida</p><p>em todo o corpo)</p><p>Hemiplegia (mobilidade em um lado)</p><p>Mutilação (falta de membro)</p><p>Pessoas com graves deformidades</p><p>físicas</p><p>Acessibilidade física:</p><p>Rampas, banheiros, portas largas etc.</p><p>Mobilidade para ir e vir</p><p>Transporte urbano</p><p>Ajuda na higiene</p><p>Alguns precisam de cateterismo</p><p>Ajuda na alimentação</p><p>DEFICIÊNCIAS ASSOCIADAS</p><p>À DEBILIDADE FÍSICA</p><p>Paralisia cerebral</p><p>Distrofia muscular</p><p>Esclerose lateral amiotrófica</p><p>Síndrome de Rett</p><p>Ajuda com os espasmos e a</p><p>disreflexia</p><p>Cateterismo</p><p>Dificuldade de articular a fala</p><p>Dificuldade na movimentação</p><p>Reconhecimento de que seus aspectos</p><p>cognitivos podem estar totalmente OK</p><p>DEFICIÊNCIA</p><p>INTELECTUAL/COGNITIVA</p><p>DM – deficiência mental</p><p>Psicose</p><p>Esquizofrenia e outros</p><p>Comunicação</p><p>Aprendizagem</p><p>Relacionamento</p><p>39</p><p>Retardo mental</p><p>Síndrome de Down</p><p>Espectro autista</p><p>SUPERDOTAÇÃO</p><p>Indicação de que certa pessoa</p><p>tem “talentos ou habilidades fora de</p><p>série”</p><p>Conflitos sociais</p><p>Bulling</p><p>DEFICIÊNCIAS MÚLTIPLAS</p><p>Surdez – cegueira</p><p>Comunicação</p><p>Relacionamento social</p><p>DISTÚRBIOS DE</p><p>APRENDIZAGEM (que não são</p><p>classificados oficialmente como</p><p>deficiência)</p><p>Dislexia – dificuldade de</p><p>expressar-se oralmente</p><p>Disgrafia – dificuldade de expressar-se</p><p>por escrita</p><p>Gagueira</p><p>Baixo nível de cognição.</p><p>TDAH – Transtorno de déficit de</p><p>atenção e hiperatividade</p><p>Estratégias educacionais específicas</p><p>Alternativas para leitura, escrita e</p><p>comunicação em geral.</p><p>4 Quantas pessoas com deficiência existem no Brasil</p><p>Nos últimos anos muitos números discrepantes têm sido divulgados pelos</p><p>censos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) com relação à</p><p>quantidade de pessoas com deficiência no Brasil. Diferentes metodologias</p><p>utilizadas nas entrevistas para aquisição de dados produziram em 2000 o</p><p>número de 14,5% de pessoas com deficiência e, em 2010, este número saltou</p><p>para quase 24%! Se isso fosse verdade, uma em cada quatro pessoas teria</p><p>deficiência no Brasil! Estes números tão altos e discrepantes criaram distorções</p><p>em projetos políticos, gerando, entre outras coisas, o planejamento de</p><p>investimento muito maior do que deveria ser.</p><p>40</p><p>Entretanto, após ajustes no processo de entrevistas, e mudanças</p><p>metodológicas de avaliação, foram gerados números bem mais conservadores</p><p>na Pesquisa Nacional de Saúde (PNS): 6,2% da população tem algum tipo de</p><p>deficiência. O levantamento foi feito pelo IBGE em 2013 em parceria com o</p><p>Ministério da Saúde, e os resultados, divulgados em 2015.</p><p>Figura 5 – População residente por tipo de deficiência – Brasil – 2010</p><p>Fonte: IBGE, Censo demográfico 2010.</p><p>Nota: Algumas pessoas declararam possuir mais de um tipo de deficiência. Por isso, quando</p><p>somadas as ocorrências de deficiências, o número é maior do que 45,6 milhões que representa</p><p>o número de pessoas, não de ocorrência de deficiência.</p><p>A Pesquisa Nacional de Saúde considerou quatro tipos de deficiências:</p><p>visual, física, auditiva e intelectual. Os principais dados obtidos, que podem ser</p><p>recuperados a partir do site do IBGE, são os seguintes:</p><p>A. Deficiência visual</p><p>A deficiência visual é a mais representativa e atinge 3,6% dos brasileiros,</p><p>sendo mais comum entre as pessoas acima de 60 anos (11,5%). O grau intenso</p><p>ou muito intenso da limitação impossibilita 16% dos deficientes visuais de</p><p>realizarem atividades habituais como ir à escola, trabalhar e brincar.</p><p>O Sul é a região do país com maior proporção de pessoas com deficiência</p><p>visual (5,4%). A pesquisa mostra que 0,4% são deficientes visuais desde o</p><p>nascimento e 6,6% usam algum recurso para auxiliar a locomoção, como</p><p>bengala articulada ou cão-guia. Menos de 5% do grupo frequenta serviços de</p><p>reabilitação.</p><p>41</p><p>B. Deficiência física</p><p>1,3% da população tem algum tipo de deficiência física e quase a metade</p><p>deste total (46,8%) tem grau intenso ou muito intenso de limitações. Somente</p><p>18,4% desse grupo frequenta serviço de reabilitação.</p><p>C. Deficiência intelectual</p><p>0,8% da população brasileira tem algum tipo de deficiência intelectual, e</p><p>a maioria (0,5%) já nasceu com as limitações. Mais da metade (54,8%) tem grau</p><p>intenso ou muito intenso de limitação, e cerca de 30% frequentam algum serviço</p><p>de reabilitação em saúde.</p><p>D. Deficiência auditiva</p><p>1,1% da população brasileira é portadora dessa deficiência. Foi o único</p><p>tipo que apresentou resultados estatisticamente diferenciados por cor ou raça,</p><p>sendo mais comum em pessoas brancas (1,4%) do que em negros (0,9%). Cerca</p><p>de 0,9% dos brasileiros tornaram-se surdos em decorrência de alguma doença</p><p>ou acidente, e 0,2% nasceu surdo. Do total de deficientes auditivos, 21% têm</p><p>grau intenso ou muito intenso de limitações, que compromete atividades</p><p>habituais.</p><p>Os percentuais mais elevados de deficiência intelectual, física e auditiva</p><p>foram encontrados em pessoas sem instrução e em pessoas com o ensino</p><p>fundamental incompleto.</p><p>5 Tecnologia Assistiva</p><p>Sem nos preocuparmos, a princípio, com definições precisas, vamos</p><p>chamar de Tecnologia Assistiva àquela que é destinada a pessoas com</p><p>deficiência. Não há dúvida, Tecnologia Assistiva ajuda muito e se torna</p><p>elemento-chave na vida das pessoas.</p><p>Segundo Rita Bersch (2017), “Tecnologia Assistiva é um termo utilizado</p><p>para identificar todo o arsenal de recursos e serviços que contribuem para</p><p>proporcionar ou ampliar habilidades funcionais de pessoas com deficiência e</p><p>consequentemente promover sua vida independente e inclusão.”</p><p>42</p><p>Para a maioria das pessoas, Tecnologia Assistiva é uma especialidade</p><p>da informática e da engenharia que visa criar produtos com o objetivo de</p><p>melhorar a vida das pessoas com deficiência (como na Figura 3).</p><p>Não está errado totalmente, mas é muito mais que isso. Tecnologia não</p><p>é sinônimo de coisa cara nem de coisa comprada! Pode ser algo</p><p>simples, algo</p><p>que certa mãe, pobre, mas criativa, inventa para seu filho, usando apenas</p><p>objetos reciclados e que funciona perfeitamente!</p><p>Figura 6 – Tecnologia de alta complexidade</p><p>Fonte: http://www.reab.com</p><p>Figura 7 – Tecnologia de baixa complexidade</p><p>Fonte: http://www.reab.com</p><p>Tecnologia Assistiva muda radicalmente a vida das pessoas com</p><p>deficiência. Podemos até dizer, metaforicamente, que um cego deixa de ser cego</p><p>quando a tecnologia invade sua vida. Ele caminha e se localiza com precisão, lê</p><p>com proficiência, reconhece ambientes, escreve sem dificuldade e assim por</p><p>diante. O mesmo raciocínio vale para quem é paraplégico e, através de uma</p><p>tecnologia específica, como uma cadeira de rodas motorizada, deixa de ter as</p><p>limitações de uma pessoa com deficiência física, por não poder andar, e passa</p><p>a poder correr.</p><p>http://www.reab.com/</p><p>http://www.reab.com/</p><p>43</p><p>O conhecimento tecnológico hoje é muito vasto, materiais se tornaram</p><p>mais disponíveis e baratos, e as possibilidades de construção usando motores e</p><p>controles computadorizados tornaram a tecnologia para pessoas com deficiência</p><p>mais fácil de desenvolver e produzir. A tecnologia também passou a ser</p><p>necessariamente adaptável e capaz de absorver as grandes diferenças que</p><p>existem nas pessoas que a utilizarão.</p><p>A quantidade e variedade de itens de Tecnologia Assistiva existentes hoje</p><p>é incomensurável.</p><p>É impossível fazer uma classificação de importância, na medida em que</p><p>uma adaptação criada por uma mãe pode ser tão relevante quanto o produto</p><p>robótico de última geração. Optamos assim por utilizar uma classificação criada</p><p>por Rita Bersch e José Tonoli, baseada em categorias comumente adotadas em</p><p>diversos países.</p><p>Exemplos de tecnologias assistivas</p><p>Auxílios para a vida diária</p><p>Materiais e produtos para auxílio</p><p>em tarefas rotineiras tais como comer,</p><p>cozinhar, vestir-se, tomar banho e</p><p>executar necessidades pessoais,</p><p>manutenção da casa etc.</p><p>Comunicação aumentativa</p><p>(suplementar) e alternativa</p><p>Recursos, eletrônicos ou não, que</p><p>permitem a comunicação expressiva e</p><p>receptiva das pessoas sem a fala ou com</p><p>tal limitação. São muito utilizadas as</p><p>pranchas de comunicação, além de</p><p>dispositivos para fala sintética.</p><p>44</p><p>Recursos de acessibilidade ao</p><p>computador</p><p>Equipamentos de entrada e saída</p><p>(síntese de voz, Braille), auxílios</p><p>alternativos de acesso (ponteiras de</p><p>cabeça, de luz), teclados modificados ou</p><p>alternativos, acionadores, softwares</p><p>especiais (de reconhecimento de voz etc.),</p><p>que permitem às pessoas com deficiência</p><p>usarem o computador.</p><p>Sistemas de controle de</p><p>ambiente</p><p>Sistemas eletrônicos que permitem</p><p>às pessoas com limitações</p><p>motolocomotoras controlar remotamente</p><p>aparelhos eletroeletrônicos e sistemas de</p><p>segurança, entre outros, localizados em</p><p>seu quarto, sala, escritório, casa e</p><p>arredores.</p><p>Projetos arquitetônicos para</p><p>acessibilidade</p><p>Adaptações estruturais e reformas</p><p>na casa e/ou ambiente de trabalho,</p><p>através de rampas, elevadores e</p><p>adaptações em banheiros, entre outras,</p><p>que retiram ou reduzem as barreiras</p><p>físicas, facilitando a locomoção da pessoa</p><p>com deficiência.</p><p>45</p><p>Órteses e próteses</p><p>Troca ou ajuste de partes do corpo,</p><p>faltantes ou de funcionamento</p><p>comprometido, por membros artificiais ou</p><p>outros recursos ortopédicos (talas, apoios</p><p>etc.). Incluem-se os protéticos para</p><p>auxiliar nos déficits ou limitações</p><p>cognitivas, como os gravadores de fita</p><p>magnética ou digital que funcionam como</p><p>lembretes instantâneos.</p><p>Adequação postural</p><p>Adaptações para cadeira de rodas</p><p>ou outro sistema de sentar visando ao</p><p>conforto e à distribuição adequada da</p><p>pressão na superfície da pele (almofadas</p><p>especiais, assentos e encostos</p><p>anatômicos), bem como posicionadores e</p><p>contentores que propiciam maior</p><p>estabilidade e postura apropriada do corpo</p><p>através do suporte e posicionamento de</p><p>tronco/cabeça/membros.</p><p>Auxílios de mobilidade</p><p>Cadeiras de rodas manuais e</p><p>motorizadas, bases móveis, andadores,</p><p>scooters de 3 rodas e qualquer outro</p><p>veículo utilizado na melhoria da</p><p>mobilidade pessoal.</p><p>46</p><p>Auxílios para cegos ou com</p><p>visão subnormal</p><p>Auxílios para grupos específicos</p><p>que incluem lupas e lentes, Braille para</p><p>equipamentos com síntese de voz,</p><p>grandes telas de impressão, sistema de</p><p>TV com aumento para leitura de</p><p>documentos, publicações etc.</p><p>Auxílios para surdos ou com</p><p>déficit auditivo</p><p>Auxílios que incluem vários</p><p>equipamentos (infravermelho, FM),</p><p>aparelhos para surdez, telefones com</p><p>teclado — teletipo (TTY), sistemas com</p><p>alerta táctil-visual, entre outros.</p><p>Adaptações em veículos</p><p>Acessórios e adaptações que</p><p>possibilitam a condução do veículo,</p><p>elevadores para cadeiras de rodas,</p><p>camionetas modificadas e outros veículos</p><p>automotores usados no transporte</p><p>pessoal.</p><p>Para concluir, é importante exibir a definição brasileira oficial de</p><p>Tecnologia Assistiva, emitida pelo Comitê de Ajudas Técnicas (CAT) da Corde</p><p>(Coordenadoria Nacional para Integração da Pessoa com Deficiência):</p><p>Tecnologia Assistiva é uma área do conhecimento, de característica</p><p>interdisciplinar, que engloba produtos, recursos, metodologias, estratégias,</p><p>práticas e serviços que objetivam promover a funcionalidade, relacionada à</p><p>atividade e participação de pessoas com deficiência, incapacidades ou</p><p>47</p><p>mobilidade reduzida, visando sua autonomia, independência, qualidade de vida</p><p>e inclusão social.</p><p>É importante notar que esta definição fala claramente que serviços são</p><p>um tipo de Tecnologia Assistiva. Esta decisão do CAT é coerente com as</p><p>definições utilizadas em outros países e tem como premissa o fato de que os</p><p>equipamentos, por si só, não produzem resultados adequados; só são obtidos</p><p>através dos serviços profissionais especializados, que devem ser colocados</p><p>como parte indissociável dos itens físicos de tecnologia.</p><p>6 Como a Tecnologia Assistiva se aplica ao mundo da</p><p>pessoa com deficiência</p><p>Para cada evolução tecnológica assimilada, a vida da pessoa com</p><p>deficiência muda. A influência é tão grande que é como se os artefatos</p><p>tecnológicos passassem a fazer parte da própria pessoa. O ser “deficiente</p><p>tecnologizado” tem mais poder. E isso faz toda a diferença para ele, para sua</p><p>família e seus amigos, no trabalho, e para toda a sociedade (SONZA et al.,</p><p>2011).</p><p>Está tudo muito melhor hoje para quem tem deficiência. Há alguns anos,</p><p>as perspectivas de vida de alguém nesta situação seriam de grande</p><p>dependência. Sempre era necessário alguém para suprir as dificuldades, e o</p><p>potencial de desenvolvimento da pessoa tornava-se bastante limitado.</p><p>Entretanto, hoje, com a ajuda de um número muito grande de dispositivos</p><p>mecânicos e eletrônicos, de computadores e de muitas invenções, quase todas</p><p>as pessoas com deficiência conseguem superar suas limitações e adquirir certo</p><p>grau de eficiência, como mostrado na Figura 4.</p><p>Quanto mais a Tecnologia Assistiva evolui, maior se torna esta eficiência,</p><p>e a evolução parece não ter fim! Hoje, por exemplo, um cego pode ler através</p><p>de um programa de computador; um tetraplégico pode se locomover sozinho</p><p>com uma cadeira de rodas motorizada; um amputado pode correr com pernas</p><p>metálicas especiais (DIAS et al., 2013).</p><p>48</p><p>Figura 8 – Pessoa amputada correndo</p><p>Fonte: http://passofirme.wordpress.com</p><p>A tecnologia nos faz transcender as nossas limitações. Não temos todos</p><p>os mesmos limites, mas a tecnologia nos equaliza. Ela não vai conseguir</p><p>transformar a pessoa com deficiência em alguém sem deficiência. Mas é quase</p><p>certo que, se ela for dominada e bem utilizada, vai transformá-la em uma pessoa</p><p>eficiente.</p><p>7 A inclusão escolar e o acesso à Tecnologia Assistiva na</p><p>escola pública</p><p>Figura 9 – A escola é para todos</p><p>Fonte: http://www.comunidadeviaduto.com.br</p><p>No Brasil, durante os anos 1980, houve importantes</p>http://www.vlibras.gov.br/ 58 9 Como ter acesso à Tecnologia Assistiva Figura 12 – Obter Tecnologia Assistiva não é algo simples Fonte: Internet Entre as inúmeras possibilidades existentes, é preciso escolher a tecnologia mais adequada a cada caso. E, para escolher, é preciso conhecer. Mas, como conhecer se são tantos tipos? Primeiro é preciso identificar quais são as necessidades relativas à deficiência em questão. O problema inicial é saber os detalhes da deficiência para tentar moldar uma solução. E solução não significa necessariamente comprar algo. Pode ser algo fácil de criar, uma coisa simples, de baixa tecnologia, que é criada pela família, por um amigo, ou pelo professor, mas uma solução que pode ser muito criativa e fazer toda diferença. Claro que pode ser algo caríssimo, de alta tecnologia, mas aí é preciso pensar bem, para não jogar dinheiro no lixo. Grosso modo, existem três categorias de implementação de Tecnologia Assistiva: adaptações físicas ou órteses, adaptações de hardware e softwares especiais de acessibilidade. Em todos os casos encontramos recursos tanto de alta tecnologia (high-tech), quanto de baixa tecnologia (low-tech). Dependendo do tipo de problema do indivíduo com deficiência, muitas vezes high-tech e low- tech se misturam e são usados de forma interdependente. A questão é “o que comprar?”. Esse é um imenso problema para a família, estrutura fundamental na educação dos filhos, e ainda mais relevante quando se trata de filhos com deficiência. A família deve adquirir os conhecimentos necessários para definir, junto com uma equipe de profissionais – que pode incluir médicos, fisioterapeutas e terapeutas ocupacionais –, a escolha da melhor tecnologia que atenderá seu problema específico. 59 Tecnologia Assistiva é coisa séria e algo que tem que ser escolhido corretamente, na medida em que é uma das principais chaves para a amplificação do potencial da pessoa com deficiência. Por outro lado, em geral os familiares conhecem profundamente o problema, a organização do ambiente e as questões financeiras que se relacionam à tecnologia a ser usada. Então, é importante dar à família um papel decisório nestas escolhas. Um ponto muito positivo é a existência hoje de uma enorme quantidade de tecnologia que pode ser conseguida de forma gratuita. Há muitos produtos baseados em tecnologia computacional gerados em universidades e centros de pesquisa, com financiamento direto do governo ou como resultado de pesquisas. De todo modo, a busca é sempre muito complexa e, por vezes, frustrante devido ao tempo gasto para se chegar próximo daquilo que precisamos. Resumo É indiscutível que a tecnologia traz inúmeros benefícios para pessoa com deficiência, proporcionando que seu potencial humano seja aproveitado muito melhor. A pessoa com deficiência, por meio do uso da tecnologia, se torna um “indivíduo equalizado ou amplificado” e pode ter um desempenho comparável (em algumas áreas) ao de uma pessoa sem deficiência. Infelizmente, num mundo extremamente demandante e mutável como o que vivenciamos hoje, a perspectiva de inclusão das pessoas com deficiência não é tão promissora como se deveria supor. Ocorre um fenômeno, que poderíamos denominar de “meta móvel”, no qual, na medida em que a pessoa com deficiência sobe de patamar na sua eficiência, a sociedade em pouco tempo desconsidera a vitória e apresenta novos alvos, num processo contínuo. Por exemplo, uma pessoa cega consegue, com o uso do computador, ler e escrever de forma compatível com a escrita convencional, mas em pouco tempo a sociedade lhe cobra que desenhe. Quando, através de uma nova tecnologia, ela consegue desenhar, então é cobrada agora que saiba combinar cores… A sociedade não quer equalizar quem tem uma deficiência com quem (pretensamente) não a tem. Esse processo pode ser visto como um antimodelo social, em que a pessoa passa de novo a ser julgada pelo que não tem, e não pelo que é capaz de gerar para a sociedade. 60 Este não é um tema para causar desânimo, mas algo verdadeiro que tem que ser enfrentado. Não há uma fórmula mágica; para isso existem leis que podem defender a pessoa contra um mundo que é selvagem e insensível aos problemas individuais. Estas leis de proteção têm que ser baseadas na valorização das pessoas com deficiência, defendendo-as e promovendo-as com a premissa de que o que é mais importante não é focar no que a pessoa não é capaz de fazer, mas sim no que ela tem condição de realizar, com o princípio de que é necessário estabelecer condições adequadas de acessibilidade, para que seja possível amplificar ao máximo os potenciais de cada indivíduo. 61 REFERÊNCIAS HOHMANN, P.; CASSAPIAN, M. R. Adaptações de baixo custo. Rev. Ter. Ocup. Univ. São Paulo, v. 22, n. 1, p. 10-18, jan./abr. 2011. ELALI, A. G.; de ARAÚJO, G. R.; PINHEIRO, Q. J. Acessibilidade Psico- lógica: Eliminar barreiras “físicas” não é o suficiente. In: PRADO, de A. R. A.; LOPES, E. M.; ORNSTEIN, W. S. (Orgs.). Desenho Universal: Caminhos da Acessibilidade no Brasil. São Paulo: Annablume Editora, 2010. p. 117- 127. Bogas, J., 2020. Conheça as principais barreiras para a acessibilidade e como superá-las!. [online] conversa manual. 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Adaptações domésticas para idosos - Redução de até 40% de acidentes - Síndico Legal. Disponível em: <https://sindicolegal.com/adaptacoes- domesticas-para-idosos-reducao-de-ate-40-acidentes-com-idosos/>. Acesso em: 22 dez. 2020. SOUZA, R. Dicas para adaptar sua casa e evitar que idosos sofram lesões. Disponível em: <https://homefisio.com.br/2019/06/14/dicas-para- 62 adaptar-sua-casa-e-evitar-que-idosos-sofram-lesoes/>. Acesso em: 22 dez. 2020. Cuidados para evitar acidentes domésticos com idosos. Disponível em: <http://unimed.coop.br/portalunimed/cartilhas/cuidados-para-evitar-acidentes- domesticos-com-idosos/index.html>. Acesso em: 22 dez. 2020. GALVÃO FILHO, Teófilo A. e DAMASCENO, Luciana L. As novas tecnologias e a Tecnologia Assistiva: utilizando os recursos de acessibilidade na educação especial. Fortaleza, Anais do III Congresso Ibero- americano de Informática na Educação Especial, MEC, 2002. Adaptações para pessoas com deficiência: veja como preparar sua casa - Blog da Liberdade sobre mobilidade, cadeiras de rodas, qualidade de vida e patinetes elétricos. Disponível em: <https://blog.freedom.ind.br/adaptacoes- para-pessoas-com-deficiencia-veja-como-preparar-sua-casa/>. Acesso em: 22 dez. 2020.