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<p>Direito</p><p>Processual</p><p>Penal II</p><p>Prof. Tássio Baliza</p><p>PRISÃO TEMPORÁRIA</p><p>CONCEITO:</p><p>• É uma medida privativa da liberdade de locomoção, decretada por tempo determinado, destinada a possibilitar as</p><p>investigações de crimes considerados graves, durante o inquérito policial. Sua disciplina encontra-se na Lei n.</p><p>7.960/89.</p><p>HIPÓTESES DE CABIMENTO:</p><p>• Artigo 1º da Lei n. 7.960/89.</p><p>I — Quando for imprescindível para as investigações durante o inquérito policial, ou seja, quando houver indícios de</p><p>que, sem a prisão, as diligências serão malsucedidas.</p><p>II — Quando o indiciado não tiver residência fixa ou não fornecer elementos necessários ao esclarecimento de sua</p><p>identidade.</p><p>III — Quando houver indícios de autoria ou de participação em um dos seguintes crimes: homicídio doloso, sequestro</p><p>ou cárcere privado, roubo, extorsão ou extorsão mediante sequestro, estupro, epidemia ou envenenamento de água</p><p>ou alimento, quadrilha, genocídio, tráfico de entorpecentes, crime contra o sistema financeiro ou crimes previstos na</p><p>Lei de Terrorismo.</p><p>Direito</p><p>Processual</p><p>Penal II</p><p>Prof. Tássio Baliza</p><p>PRISÃO TEMPORÁRIA</p><p>HIPÓTESES DE CABIMENTO:</p><p>• Artigo 1º da Lei n. 7.960/89.</p><p>• O artigo 2º, § 4º, da Lei n. 8.072/90 possibilita também a decretação da prisão temporária nos</p><p>crimes de terrorismo, tortura e em todos os crimes hediondos — ainda que não constem do rol</p><p>supracitado, como o crime de estupro de vulnerável (art. 217-A), criado pela Lei n. 12.015/2009.</p><p>• Apesar de divergências a respeito, prevalece o entendimento de que a prisão temporária só é</p><p>cabível nos crimes mencionados no inciso III e desde que também presente a hipótese do inciso I</p><p>ou do inciso II.</p><p>• A prisão temporária só pode ser decretada durante o inquérito policial, nunca durante o tramitar</p><p>da ação.</p><p>Direito</p><p>Processual</p><p>Penal II</p><p>Prof. Tássio Baliza</p><p>PRISÃO TEMPORÁRIA</p><p>PROCEDIMENTO:</p><p>• A prisão temporária só pode ser decretada pelo juiz, que, entretanto, não pode fazê-lo de ofício,</p><p>dependendo de requerimento do Ministério Público ou representação da autoridade policial. No</p><p>último caso, antes de decidir, o juiz deve dar oportunidade para o Ministério Público se manifestar</p><p>(art. 2º, caput, e § 1º).</p><p>• Feito os autos conclusos ao juiz, ele terá vinte e quatro horas para proferir sua decisão,</p><p>decretando, de forma fundamentada, a prisão temporária ou indeferindo-a (art. 2º, § 2º).</p><p>• O Juiz poderá, de ofício, ou em razão de pedido do Ministério Público ou do Advogado,</p><p>determinar que o preso lhe seja apresentado, solicitar informações e esclarecimentos da</p><p>autoridade policial e submetê-lo a exame de corpo de delito (art. 2º, § 3º).</p><p>• Após audiência de custódia, nos termos do art. 3º da Lei n. 7.960/89, os presos temporários</p><p>devem permanecer, obrigatoriamente, separados dos demais detentos (provisórios ou</p><p>condenados).</p><p>Direito</p><p>Processual</p><p>Penal II</p><p>Prof. Tássio Baliza</p><p>PRISÃO TEMPORÁRIA</p><p>PRAZOS:</p><p>• De acordo com art. 2º, caput, da Lei n. 7.960/89, a duração da prisão temporária é de cinco dias,</p><p>prorrogável por mais cinco em caso de extrema e comprovada necessidade. Somente o juiz de</p><p>direito poderá prorrogar a prisão.</p><p>• O art. 2º, § 4º, da Lei n. 8.072/90 (Lei dos Crimes Hediondos) permite que a prisão temporária</p><p>seja decretada por prazo de trinta dias, prorrogável por igual período, quando se trate de crime</p><p>hediondo, tráfico de drogas, terrorismo ou tortura.</p><p>• O juiz pode decretar a prisão temporária por tempo inferior ao máximo estabelecido no texto legal</p><p>ou prorrogá-la por tempo menor, mencionando expressamente o tempo de duração da prisão no</p><p>despacho decisório.</p><p>• A não libertação do preso após o exaurimento do prazo constitui modalidade específica do crime</p><p>de abuso de autoridade (art. 4º, i, da Lei n. 4.898/65)</p><p>Direito</p><p>Processual</p><p>Penal II</p><p>Prof. Tássio Baliza</p><p>LIBERDADE PROVISÓRIA</p><p>• Nos termos do art. 5º, LXVI, da Constituição, ninguém será levado à prisão ou nela mantido quando a lei admitir a</p><p>liberdade provisória, com ou sem fiança.</p><p>• Três hipóteses: (1) infrações de menor potencial ofensivo; (2) crimes definidos em lei como inafiançáveis; (3) e</p><p>crimes considerados afiançáveis.</p><p>INFRAÇÕES DE MENOR POTENCIAL OFENSIVO:</p><p>• Nos termos do art. 61 da Lei n. 9.099/99, são todos os crimes com pena máxima não superior a 2 anos e todas as</p><p>contravenções penais.</p><p>• O ato da prisão em flagrante é possível; porém, de acordo com o art. 69, parágrafo único, da Lei n. 9.099/95, quando</p><p>o preso for apresentado à autoridade policial, esta não lavrará o auto de prisão nem exigirá fiança se o autor do fato</p><p>for imediatamente encaminhado ao Juizado Especial Criminal ou assumir o compromisso de lá comparecer quando</p><p>intimado para tanto.</p><p>• A autoridade policial se limita a lavrar termo circunstanciado do qual deve constar um resumo das circunstâncias do</p><p>fato criminoso e, em seguida, deve libertar o autor da infração — sem lhe exigir fiança</p><p>Direito</p><p>Processual</p><p>Penal II</p><p>Prof. Tássio Baliza</p><p>LIBERDADE PROVISÓRIA</p><p>CRIMES INAFIANÇÁVEIS:</p><p>• A Constituição Federal, o Código de Processo Penal e algumas leis especiais vedam expressamente a possibilidade</p><p>de concessão de fiança aos indiciados ou acusados a quem se atribui a prática de determinados crimes:</p><p>○ racismo (art. 5º, XLII, da CF; e 323, I, do CPP);</p><p>○ crimes hediondos, tráfico de entorpecentes, terrorismo e tortura (art. 5º, XLIII, da CF; art. 2º, II, da Lei n.</p><p>8.072/90; e art. 323, II, do CPP);</p><p>○ delitos ligados à ação de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o Estado</p><p>Democrático (art. 5º, XLIV, da CF; e art. 323, III, do CPP).</p><p>• Além disso, também é vedada a concessão de fiança em leis especiais:</p><p>○ nos crimes contra o sistema financeiro, punidos com reclusão (art. 31 da Lei n. 7.492/86);</p><p>○ nos crimes de “lavagem de dinheiro” (art. 3º da Lei n. 9.613/98).</p><p>Direito</p><p>Processual</p><p>Penal II</p><p>Prof. Tássio Baliza</p><p>LIBERDADE PROVISÓRIA</p><p>CRIMES AFIANÇÁVEIS:</p><p>• Todos os crimes que não forem expressamente declarados inafiançáveis pela legislação serão considerados</p><p>afiançáveis, independentemente da quantidade de pena cominada.</p><p>• Tal circunstância, entretanto, não garante, necessariamente, a libertação de pessoas presas em flagrante por estes</p><p>tipos de crime, pois o art. 324 do Código de Processo Penal veda a concessão da fiança e, portanto, da liberdade</p><p>provisória, em algumas hipóteses:</p><p>○ Se o réu, no mesmo processo, tiver quebrado a fiança anteriormente concedida ou infringido, sem justo</p><p>motivo, as obrigações dos arts. 327 e 328 do Código;</p><p>○ Quando se tratar de prisão civil ou militar;</p><p>○ Quando presentes os requisitos que autorizam a prisão preventiva.</p><p>• FIANÇA: direito do réu que lhe permite, mediante caução e cumprimento de certas obrigações, ficar em liberdade</p><p>durante o processo, desde que preenchidos determinados requisitos.</p><p>• O valor será fixado conforme artigo 326 do Código de Processo Penal.</p><p>•</p><p>Direito</p><p>Processual</p><p>Penal II</p><p>Prof. Tássio Baliza</p><p>LIBERDADE PROVISÓRIA</p><p>CRIMES AFIANÇÁVEIS:</p><p>• De acordo com o art. 322 do Código de Processo Penal, a própria autoridade policial pode conceder fiança nas infrações que</p><p>tenham pena privativa de liberdade máxima não superior a 4 anos.</p><p>• Caso o grau máximo cominado à pena privativa de liberdade seja superior a 4 anos, apenas o juiz de direito pode conceder a</p><p>fiança.</p><p>• A fiança poderá ser cumulada com outras medidas cautelares nos termos do art. 319, § 4º, do CPP. O descumprimento da</p><p>cautelar imposta cumulativamente possibilitará ao juiz julgar quebrada a fiança e decretar a prisão preventiva, nos termos do</p><p>art. 341, III, do CPP.</p><p>• Se o juiz verificar que o acusado não tem condições financeiras de arcar com o pagamento da fiança, pode libertá-lo,</p><p>dispensando-o de prestá-la (art. 350 do CPP). Terá, entretanto, as mesmas obrigações das pessoas afiançadas (comparecer</p><p>aos atos do processo etc.).</p><p>• Nos termos do art. 329, parágrafo único, do CPP, a fiança pode ser prestada pelo próprio preso ou por terceiro em seu favor.</p><p>• A fiança será devolvida em sua integralidade se o réu for</p><p>absolvido em definitivo ou se for declarada extinta a ação penal —</p><p>extinção da pretensão punitiva — (art. 337). Tais valores devem ainda ser corrigidos monetariamente.</p><p>• Nos termos do art. 344 do CPP haverá perda do valor da fiança se o réu for condenado irrecorrivelmente e não se apresentar</p><p>à prisão.</p><p>Direito</p><p>Processual</p><p>Penal II</p><p>Prof. Tássio Baliza</p>