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<p>1.2 Estado do Brasil pau-brasil e início da exploração o escambo do território o relato a seguir é do via- jante francês Jean de Léry Os portugueses já tinham iniciado a ocupação de ilhas do Atlântico havia (c. 1536-c. 1613) a respei- mais de oitenta anos quando a expedição comandada por Pedro Álvares to do uso da mão de obra Cabral aportou, em abril de 1500, no local correspondente ao atual sul da indígena na exploração do pau-brasil. Bahia. Mesmo havendo a possibilidade de render benefícios ao reino por- tuguês, nem de longe a nova terra despertou o entusiasmo causado pelo lucrativo comércio das "Os selvagens, em troca de algumas roupas, cami- As primeiras tentativas de exploração do novo território seguiram o sas de linho, chapéus, fa- modelo de sistema de feitorias adotado no litoral africano. Em 1503, cas, machados, cunhas de o rei Dom Manuel arrendou as terras portuguesas na América a um grupo ferro e demais ferramentas de comerciantes liderado por Fernão de Noronha, que obteve o monopólio trazidas por franceses e da exploração das riquezas do território. outros europeus, cortam, Nesses anos iniciais, a principal riqueza de valor comercial para os euro- serram [...] o pau-brasil, transportando-o nos om- peus foi o pau-brasil, explorado em regime de escambo com os bros nus às vezes de duas ou As madeiras, das quais se obtinha um corante vermelho, eram repassadas três léguas de distância, por às feitorias portuguesas sediadas em Flandres, região da atual Bélgica. montes e sítios escabrosos Nos primeiros anos após a conquista, a costa da América portuguesa até a costa junto aos navios foi igualmente frequentada por mercadores e marinheiros franceses, ancorados, onde os mari- os recebem. [...]" com o mesmo objetivo de obter matéria-prima para as manufatu- ras têxteis do norte da Europa. Diante das ameaças desses mercadores, LÉRY, Jean de. Viagem à terra do São Paulo: Edusp: Belo mas também entusiasmado pelas descobertas de ouro e prata nas colônias Horizonte: 1980. p. 168. espanholas da América, Dom João III adotou diversas medidas para garantir a posse do território. Escambo: troca de mercadorias ou serviços sem uso de moeda DA Detalhe de Terra Brasilis (1519), mapa de Lopo Homem, Pedro e Jorge Reinel, ilustrado por António de Holanda. Biblioteca Nacional da França, Paris. A obra representa trabalhando na exploração do 16</p><p>As capitanias hereditárias Os indesejáveis do reino A saída encontrada pelo rei português para manter o controle do terri- tório foi implementar o sistema de capitanias hereditárias, ou donatarias, "As capitanias também recebiam degredados, testado anteriormente em possessões portuguesas na No Brasil, esse alguns condenados pela sistema começou a ser implementado na década de 1530. justiça secular, outros pela Pelo sistema de capitanias, o rei doava uma faixa de terra a um súdito, Inquisição. [...] Eram os que recebia o título de capitão donatário. Com o falecimento do donatá- do reino', rio, a terra era transferida a um herdeiro dele. A terra doada, em tese, era sobretudo, bígamos e feiti- ceiras. Vir sentenciado para propriedade do rei, pois todos os territórios do Império Português eram a América portuguesa era considerados domínios da Coroa. Sendo assim, o capitão donatário tinha a considerado pena árdua, posse da terra e dispunha de amplos poderes políticos e judiciais sobre ela. era destino malfadado. 'Ora Em contrapartida, o donatário devia garantir a defesa militar da capitania assim me salve Deus e me contra invasões estrangeiras e ataques indígenas, organizar e desenvolver a livre do Brasil', esconjura produção local de gêneros economicamente rentáveis, montar um aparato uma das personagens de Gil administrativo e jurídico e, finalmente, estimular o povoamento da capitania Vicente no Auto da Barca do Purgatório." e sua comunicação com as vizinhas. o capitão donatário devia dispor de capital suficiente para investir na DEL PRIORI, Renato livro de ouro da terra, pois o grosso desses investimentos tinha de partir dos cofres pri- História do Brasil. Rio de Ediouro, 2001. p. 32. vados, e não reais. Ele precisava, portanto, ter posses para poder instalar engenhos, construir fortificações e realizar outras tarefas do projeto de colonização. Além disso, suas atribuições pressupunham uma capacidade administrativa complexa, pois, se os colonos e os povos indígenas não colaborassem, a capitania jamais prosperaria. A maioria dos donatários, entretanto, praticamente nada sabia sobre os recursos naturais, a to- pografia, as distâncias, os limites e o perfil demográfico e cultural dos povos nativos. As capitanias hereditárias começaram CAPITANIAS HEREDITÁRIAS a ser fundadas no Brasil com a expedição de Martim Afonso de Souza (1530-1532). Entre 1534 e 1536, foram criadas catorze Cabo de Todos-os-Santos capitanias em quinze quinhões de terra, MARANHÃO CEARÁ CAP. DA ILHA DE SÃO JOÃO doados a doze donatários, divisão (FERNANDO DE NORONHA) que logo sofreria vários ajustes. Cada qui- RIO GRANDE nhão deveria uma faixa litorânea de 30 léguas de norte a sul, bem como 100 Conceição Olinda léguas em direção ao interior, de leste a PERNAMBUCO oeste. No entanto, era muito difícil deli- mitar tais faixas e definir o local onde ter- minava uma capitania e começava outra. BAHIA DE TODOS-OS-SANTOS Em pouco tempo, o sistema de capita- DE Baia de Todos-os-Santos ILHÉUS nias mostrou-se insuficiente para fomen- São Jorge dos tar a colonização do território e garanti-lo PORTO Porto Seguro como parte do Império Português. Com SEGURO OCEANO exceção das capitanias de São Vicente e de Pernambuco, nenhuma outra pros- SANTO Santo perou, e alguns capitães donatários não SÃO TOMÉ Cabo de São Tomé chegaram sequer a conhecer suas terras, Santo Andre SÃO VICENTE optando por permanecer em Portugal. SANTO AMARO Cabo Frio N São Vicente TROPICO DE CAPRICORNIO SÃO VICENTE Cananeia Fonte: ALBUQUERQUE, Manoel Maurício SANTANA de e outros. Atlas histórico de Santa Catarina Rio de Janeiro: FAE, 1991. p. 16. 17</p><p>A criação do governo-geral direções; apresentava um porto de águas profundas, no qual era possível ancorar embarcações de vários Por causa da falta de das capitanias here- tamanhos; contava com uma baía segura entre Sal- ditárias, no final da década de 1540 a Coroa decidiu vador e Itaparica, a partir da qual se podia chegar a combinar o sistema vigente com uma administração diversas regiões. centralizada. Apesar das mudanças, o sistema de o governo-geral do Estado do Brasil devia cen- capitanias manteve-se até o século XVIII, quando foi extinto. tralizar e coordenar as ações antes atribuídas aos donatários. Estes, por sua vez, não desa- Além do fracasso da maioria das capitanias, o pareceram, mas passaram a integrar um sistema crescimento das incursões estrangeiras no Brasil, político-administrativo muito mais complexo. o aumento das guerras contra as populações nas, o sucesso da conquista pela Espanha do territó- Tomé de Souza, o primeiro governador-geral, rio que hoje corresponde ao Peru e a descoberta, em com vasta experiência ultramarina, adquirida nos 1545, de vastos depósitos de prata nesse território anos em que serviu ao Estado da Índia, chegou ao impulsionaram a centralização administrativa. Brasil em 1549 [doc. 1]. Com ele vieram os primeiros Assim, em 1548, foi criado o governo-geral, sedia- missionários chefiados pelo padre Manuel do na Bahia de Todos-os-Santos, que, para tanto, foi da Nóbrega. convertida em capitania da Coroa, ou seja, em uma es- Durante o governo de Tomé de Souza, foi criado o pécie de capitania especial, sem um capitão donatário. primeiro bispado do Brasil (1551) e, na mesma época, A capitania da Bahia era estratégica por diversos começaram a ser trazidos regularmente escravos motivos: sua topografia possibilitava edificações africanos para trabalhar na produção de açúcar, que em acrópole, ou seja, num plano mais alto, do qual crescia cada vez mais. Com o governo-geral, a coloni- se tinha ampla visão do mar e da terra em várias zação portuguesa na América começava a prosperar. DOC. 1 Salvador, a capital da colônia Salvador foi fundada por Tomé de Souza em 1549 taipa com seus baluartes e as que estavam arredadas para ser a sede do governo-geral do Estado do no mar fiz chegar ao mar e lhes dei toda a artilharia o texto a seguir é um trecho de uma carta do gover- que me pareceu necessária, a qual está entregue aos nador-geral, escrita em junho de 1553, sobre suas vossos almoxarifes porque os [donatários] não primeiras medidas. querem ter senão a que são obrigados a ter, nem têm fazendas [recursos] por onde os obrigue a isso [...]." "Eu cheguei a esta cidade de Salvador depois de Tomé de Souza [1553]. In: Terezinha. correr a costa como tinha escrito a V.A. Todas as vilas História documental do Rio de Janeiro: e povoações de engenhos desta costa fiz cercar de Biblioteca do Exército, 1995. p. 71-72. Questão DE Registre em seu caderno. Relacione as características da topografia e da hidrografia de Salvador com a carta de Tomé de Souza e explique as princi- pais preocupações da Coroa portuguesa com sua colônia americana. Dialogando com a GEOGRAFIA Planta da restituição da Bahia (1631), de João Teixeira Albernaz. Fundação Biblioteca Nacional, Rio de Janeiro (RJ). 18</p><p>Parcerias produtivas Os costumes dos A ação coordenada entre governador-geral e donatários se mos- traria fundamental em alguns momentos cruciais. Exemplo do êxito dessa Sobre a convivência com atuação ocorreu durante as incursões francesas. Em 1555, uma expedição os nativos, leia as impres- militar, chefiada pelo francês Nicolas Durand de Villegaignon, instalou-se na do franciscano fran- Baía da Guanabara (na atual cidade do Rio de Janeiro), fundando a França cês Thevet (1502- Antártica. Os franceses aliaram-se às populações nativas e começaram a -1590), que esteve na Baía de Guanabara entre comercializar gêneros da terra com a Europa. Após alguns anos de comba- os anos de 1555 e 1556. tes, os franceses foram definitivamente expulsos pelos portugueses, que fundaram, em 1565, São Sebastião do Rio de Janeiro. Posteriormente, em "Os indígenas guardam 1612, os franceses criaram uma colônia no Maranhão, chamada França ainda o seguinte e honesto Equinocial, sendo expulsos três anos depois. costume: se alguém apa- Na maioria das vezes, porém, apesar das viagens de inspeção feitas nha uma grande presa, em periodicamente pelos governadores-gerais às capitanias, os donatários terra ou na água, a carne mantiveram relativa autonomia diante do líder do Estado do Brasil na logo é distribuída aos pre- Bahia, subordinando-se diretamente ao poder central em Lisboa. Essa sentes, principalmente aos estrangeiros (se os houver). autonomia era ainda maior nas capitanias do sul, como na de São Vicente. Todos são assim convida- No século XVI, havia, portanto, duas diferenças importantes entre os dos, liberalmente, a provar Estados portugueses da Índia (Oriente) e do Brasil (Ocidente): os recur- da vianda, que Deus lhes propiciados pelo primeiro ainda eram muito maiores que os obtidos proporcionou. E é injurio- do segundo fato que só mudaria no século XVII -, e os agentes que ad- recusar o convite. Logo ministravam os empreendimentos coloniais no Oceano Índico gozavam de que algum visitante en- tra em qualquer uma das maior autonomia em relação aos seus pares no Oceano Atlântico. suas cabanas, indagam os selvagens o nome do visi- tante Marabissere, isto é, Como te chamas? E podeis ficar certo de que, assim que os indígenas ouvem o nome, não o esquecem jamais [...]." DA THEVET, Singularidades da França Antártica: a que outros chamam de São Paulo: Nacional, 1944. p. 190. DE Grafia dos nomes dos povos indígenas Nos livros desta coleção, os nomes dos povos nas do Brasil foram escri- tos de acordo com a Con- venção para a grafia dos nomes tribais, aprovada na Reunião Brasileira de Antropologia, em 1953: com inicial maiúscula, quando usados como substantivos, sendo op- cional quando usados como adjetivos; Combate entre portugueses e franceses na costa do Brasil, representado na gravura sem flexão de número de Theodore de Bry, da obra Americae Tertia Pars (1592). Serviço Histórico da Marinha, ou gênero. Vincennes, França. 19</p>

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