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<p>RELIGIOSIDADE</p><p>E COMPETÊNCIA</p><p>PROFISSIONAL</p><p>Alysson Huf de Oliveira</p><p>1ª Edição, 2021</p><p>Reitor e Diretor Campus Engenheiro Coelho: Martin Kuhn</p><p>Vice-reitor para a Educação Básica e Diretor Campus Hortolândia: Douglas Jefferson Menslin</p><p>Vice-reitor para a Educação Superior e Diretor Campus São Paulo: Afonso Cardoso Ligório</p><p>Vice-reitor administrativo: Telson Bombassaro Vargas</p><p>Pró-reitor de graduação: Afonso Cardoso Ligório</p><p>Pró-reitor de pesquisa e desenvolvimento institucional: Allan Macedo de Novaes</p><p>Pró-reitor de educação à distância: Fabiano Leichsenring Silva</p><p>Pró-reitor de desenvolvimento espiritual e comunitário: Henrique Melo Gonçalves</p><p>Pró-reitor de Desenvolvimento Estudantil: Carlos Alberto Ferri</p><p>Pró-reitor de Gestão Integrada: Claudio Knoener</p><p>Educação Adventista a Distância</p><p>Conselho editorial e artístico: Dr. Adolfo Suárez; Dr. Afonso Cardoso; Dr. Allan Novaes;</p><p>Me. Diogo Cavalcanti; Dr. Douglas Menslin; Pr. Eber Liesse; Me. Edilson Valiante;</p><p>Dr. Fabiano Leichsenring, Dr. Fabio Alfieri; Pr. Gilberto Damasceno; Dra. Gildene Silva;</p><p>Pr. Henrique Gonçalves; Pr. José Prudêncio Júnior; Pr. Luis Strumiello; Dr. Martin Kuhn;</p><p>Dr. Reinaldo Siqueira; Dr. Rodrigo Follis; Esp. Telson Vargas</p><p>Editor-chefe: Rodrigo Follis</p><p>Gerente administrativo: Bruno Sales Ferreira</p><p>Editor associado: Werter Gouveia</p><p>Responsável editorial pelo EaD: Luiza Simões</p><p>Editora Universitária Adventista</p><p>Presidente Divisão Sul-Americana: Stanley Arco</p><p>Diretor do Departamento de Educação para a Divisão Sul-Americana: Antônio Marcos</p><p>Presidente Mantenedora Unasp (IAE): Maurício Lima</p><p>1ª Edição, 2021</p><p>Editora Universitária Adventista</p><p>Engenheiro Coelho, SP</p><p>RELIGIOSIDADE</p><p>E COMPETÊNCIA</p><p>PROFISSIONAL</p><p>Alysson Huf de Oliveira</p><p>MBA em Book Publishing pelo</p><p>Instituto Singularidades</p><p>Campagnoni, Mariana / dos Santos, Diego Henrique Moreira</p><p>Formação da identidade profissional do contador [livro eletrônico] / Mariana Campagnoni. -- 1.</p><p>ed. -- Engenheiro Coelho, SP : Unaspress, 2020.</p><p>1 Mb ; PDF</p><p>ISBN 978-85-8463-172-8</p><p>1. Carreira profissional 2. Contabilidade 3. Contabilidade como profissão 4. Contabilidade como</p><p>profissão - Leis e legislação 5. Formação profissional 6. Negócios I. Título.</p><p>20-33026 CDD-370.113</p><p>Dados Internacionais da Catalogação na Publicação (CIP)</p><p>(Ficha catalográfica elaborada por Hermenérico Siqueira de Morais Netto – CRB 7370)</p><p>Regiliosidade e competência profissional</p><p>1ª edição – 2021</p><p>e-book (pdf)</p><p>OP 00123_125</p><p>Coordenação editorial: Perez Sales</p><p>Preparador: Alysson Huf</p><p>Projeto gráfico: Ana Paula Pirani</p><p>Capa e Diagramação: Felipe Rocha</p><p>Caixa Postal 88 – Reitoria Unasp</p><p>Engenheiro Coelho, SP – CEP 13448-900</p><p>Tel.: (19) 3858-5171 / 3858-5172</p><p>www.unaspress.com.br</p><p>Editora Universitária Adventista</p><p>Validação editorial científica ad hoc:</p><p>Silvano Barbosa dos Santos</p><p>Doutor em Religião pela Andrews University</p><p>Conselho editorial e artístico: Martin Kuhn, Telson</p><p>Vargas, Rodrigo Follis, Adolfo Suárez, Afonso Cardoso,</p><p>Allan Novaes, Antônio Marcos Alves, Diogo Cavalcanti,</p><p>Douglas Menslin, Eber Liesse, Edilson Valiante, Fabiano</p><p>Leichsenring, Fabio Alfieri, Gilberto Damasceno, Gildene</p><p>Silva, Henrique Gonçalves, José Prudêncio Júnior, Luis</p><p>Strumiello, Reinaldo Siqueira</p><p>Editora associada:</p><p>Todos os direitos reservados à Unaspress - Editora Universitária Adventista. Proibida</p><p>a reprodução por quaisquer meios, sem prévia autorização escrita da editora, salvo</p><p>em breves citações, com indicação da fonte.</p><p>SUMÁRIO</p><p>RELIGIOSIDADE E PERSPECTIVA</p><p>BÍBLICA DO TRABALHO .......................................... 9</p><p>Introdução ........................................................................................10</p><p>Breve história do trabalho ...............................................................11</p><p>O trabalho na antiguidade ......................................................15</p><p>O trabalho na idade média .....................................................17</p><p>O trabalho no renascimento e na revolução industrial ..........19</p><p>O trabalho no presente e no futuro ........................................24</p><p>Perspectiva bíblica do trabalho .......................................................26</p><p>A dignidade do trabalho .........................................................27</p><p>O trabalho como serviço .........................................................38</p><p>Considerações finais.........................................................................46</p><p>Referências .......................................................................................50</p><p>VALORES RELIGIOSOS E O TRABALHO ................... 57</p><p>Introdução ........................................................................................58</p><p>Honestidade .....................................................................................60</p><p>Diligência ........................................................................................71</p><p>Organização .....................................................................................77</p><p>Humildade .......................................................................................83</p><p>Descanso ..........................................................................................90</p><p>Serviço a Deus ..................................................................................97</p><p>Considerações finais.........................................................................98</p><p>Referências ......................................................................................102</p><p>VO</p><p>CÊ</p><p>ES</p><p>TÁ</p><p>A</p><p>QU</p><p>I</p><p>EMENTA</p><p>Estudo dos valores religiosos e sua</p><p>necessidade e aplicabilidade à vida pessoal e</p><p>profissional.</p><p>- Investigar a aplicabilidade dos valores bíblico-cristãos à vida</p><p>profissional e pessoal;</p><p>- Desenvolver a percepção de que é possível servir a Deus por meio</p><p>da carreira profissional.</p><p>VALORES RELIGIOSOS E O</p><p>TRABALHO</p><p>UNIDADE 2</p><p>OB</p><p>JE</p><p>TI</p><p>VO</p><p>S</p><p>58</p><p>RELIGIOSIDADE E COMPETÊNCIA PROFISSIONAL</p><p>INTRODUÇÃO</p><p>A Bíblia é uma fonte milenar de sabedoria. Escrita ao</p><p>longo de 1.400 anos pelos mais variados autores, contém</p><p>verdades e conselhos que atravessam as fronteiras do tempo</p><p>e da cultura, chegando ainda vivos e relevantes para nós do</p><p>século 21. Entre os preciosos princípios de vida espalhados</p><p>pelas Escrituras Sagradas, encontramos muito o que aplicar</p><p>ao nosso ambiente profissional.</p><p>Um dos objetivos da Palavra de Deus é nos tornar seres</p><p>humanos melhores, mais semelhantes a ele. Na pessoa de</p><p>Jesus, encontramos aquele que é a representação exata do</p><p>caráter divino e nosso exemplo em palavras e ações. Ao longo</p><p>do estudo, veremos alguns princípios bíblicos que nos foram</p><p>legados para que sejamos profissionais e pessoas melhores.</p><p>Começaremos nosso estudo explorando a importância da</p><p>honestidade na narrativa bíblica e a ligação dela com o caráter</p><p>de Deus. Também veremos como a diligência e a organização</p><p>são preceitos não apenas recomendados na Bíblia, mas</p><p>exemplificados por Deus em suas ações.</p><p>Do mesmo modo, a humildade, uma das mais marcantes</p><p>características de Cristo, é uma atitude de resistência à lógica</p><p>59</p><p>VAlORES RElIgIOSOS E O TRABAlHO</p><p>do mundo contemporâneo, mergulhado em individualismo</p><p>e fomento de ambições egoístas. Adiante, nos debruçaremos</p><p>sobre a importância do descanso para o trabalhador, bem como</p><p>de entendermos que tudo quanto fizermos, fazemos para Deus.</p><p>Ao fim desta unidade, esperamos que você:</p><p>• Compreenda a perspectiva bíblica</p><p>a respeito da humildade;</p><p>• Examine a visão bíblica sobre diligência e indolência;</p><p>• Demonstre domínio da visão cristã de</p><p>organização e planejamento;</p><p>• Demonstre humildade em seu cotidiano profissional;</p><p>• Valorize o descanso como apresentado</p><p>por Deus na Bíblia;</p><p>• Construa uma carreira de serviço a Deus.</p><p>Bom estudo!</p><p>60</p><p>RELIGIOSIDADE E COMPETÊNCIA PROFISSIONAL</p><p>HONESTIDADE</p><p>Na narrativa bíblica, Davi foi o maior dos reis de Israel.</p><p>Pode não ter sido tão rico e reinado em tempos</p><p>de tanta paz e</p><p>prosperidade quanto seu filho Salomão, mas é ele a referência de</p><p>rei nos escritos judaicos. Sempre que a Bíblia lista um rei que foi</p><p>temente a Deus e fez o que era bom, esse rei é comparado a Davi.</p><p>Mesmo Jesus, o Messias bíblico, é chamado de “filho de Davi”.</p><p>Além de rei, Davi foi um grande teólogo, músico e poeta.</p><p>No livro dos salmos, Davi é o autor mais recorrente, e a</p><p>narrativa a respeito dele dá destaque a sua relação com a harpa</p><p>e as canções. Suas composições são profundas, com grandes</p><p>reflexões acerca de Deus. São muitos os salmos hoje usados</p><p>para sustentar teologias cristãs e judaicas, sendo relevantes</p><p>tanto de uma perspectiva acadêmica quanto cotidiana.</p><p>IMPORTANTE</p><p>Um salmo nada mais é do que um cântico sagrado do povo hebreu. São,</p><p>em sua maioria, orações “musicadas”, recitadas e cantadas com acompa-</p><p>nhamento de instrumentos de corda e de sopro, como saltério, harpa e</p><p>flauta. Apesar de um dos livros do Antigo Testamento ser completamen-</p><p>te composto por salmos (150 deles), há vários outros espalhados pelos</p><p>demais livros da Bíblia hebraica.</p><p>61</p><p>VAlORES RElIgIOSOS E O TRABAlHO</p><p>Em uma de suas mais famosas composições, Davi questiona-</p><p>se a respeito de quem pode ser digno de habitar no monte de</p><p>Deus, isto é, junto ao Criador, na casa do Todo-poderoso de Israel.</p><p>A resposta a essa reflexão é encontrada no salmo 15:</p><p>Quem poderá morar no teu santo monte? Aquele que vive</p><p>com integridade, que pratica a justiça, e, de coração, fala a</p><p>verdade; aquele que não difama com sua língua, não faz mal</p><p>ao próximo, nem lança injúria contra o seu vizinho; aquele que,</p><p>a seus olhos, tem por desprezível ao que merece reprovação,</p><p>mas honra os que temem o Senhor; aquele que jura e cumpre</p><p>o que prometeu, mesmo com prejuízo próprio; aquele que não</p><p>empresta o seu dinheiro com usura, nem aceita suborno contra</p><p>o inocente. Quem age assim não será jamais abalado (Sl 15:1-5).</p><p>Há algumas qualidades que são destacadas pelo autor</p><p>nesses versos. A principal, porém, é a honestidade. Veja que são</p><p>mencionadas a integridade, a prática da justiça, falar a verdade</p><p>com o coração, não fazer mal ao próximo (nem verbalmente),</p><p>que cumpre o que promete e não aceita suborno. Todas essas</p><p>virtudes estão relacionadas a uma só: a honestidade.</p><p>Por causa disso, está sempre em busca de praticar a justiça</p><p>e fazer apenas o bem ao seu semelhante, mesmo que isso resulte</p><p>em prejuízo a si mesmo. São seres humanos assim que, de</p><p>62</p><p>RELIGIOSIDADE E COMPETÊNCIA PROFISSIONAL</p><p>acordo com a poesia de Davi, poderão habitar com o Criador</p><p>por toda a eternidade.</p><p>Honestidade é uma virtude ligada à verdade. Qualificamos</p><p>como honesta a pessoa que não mente, não furta, não desvia</p><p>dinheiro, não tira vantagem dos outros por algum meio</p><p>questionável. É alguém transparente, que faz o que diz e</p><p>que honra a confiança dos outros. Qualquer um que não aja</p><p>em conformidade com a verdade se torna um desonesto,</p><p>principalmente se isso trouxer prejuízo para os outros.</p><p>Na Bíblia, falar a verdade é um dos fundamentos do</p><p>Reino de Deus. Tanto que o nono mandamento é uma ordem</p><p>expressa para não mentir (Ex 20:16) — lembrando que os</p><p>10 mandamentos são os pilares da ética judaico-cristã. Essa</p><p>preocupação com a verdade e com o agir em conformidade com</p><p>ela está presente na Bíblia desde o relato da Criação.</p><p>Como você deve se lembrar, Adão e Eva, o primeiro casal,</p><p>foram expulsos do Jardim do Éden após pecarem. De acordo</p><p>com o relato de Gênesis 3, eles deram mais importância para</p><p>uma mentira sutil proferida pela serpente do que à orientação-</p><p>verdade estabelecida pelo Criador. Assim, enquanto Deus</p><p>ordenou que não comessem de um determinado fruto para</p><p>que não conhecessem o mal e não viessem a morrer, o tentador</p><p>63</p><p>VAlORES RElIgIOSOS E O TRABAlHO</p><p>insinuou, ardilosamente, que o fruto faria o casal ser como</p><p>Deus, e que a proibição de comer o fruto era uma limitação</p><p>instigada pelo egoísmo do Criador.</p><p>Isso não era verdade, uma vez que Adão e Eva já eram</p><p>semelhantes a Deus (Gn 1:26-27). Contudo, o casal preferiu</p><p>atender à voz da serpente e acabaram por condenar o mundo e</p><p>a humanidade à ruína. Foi preciso que o próprio Criador viesse</p><p>ao mundo em forma humana a fim de morrer para que Adão,</p><p>Eva e seus descendentes pudesse ter alguma esperança de</p><p>recuperar a vida eterna (Jo 1). Portanto, a mentira, assim como</p><p>o orgulho e a inveja, está na base de tudo o que é considerado</p><p>“mal” na narrativa bíblica.</p><p>O “bem” ou o “bom”, no texto bíblico, está sempre ligado</p><p>à verdade, à justiça e à misericórdia. Esses são os alicerces do</p><p>Reino de Deus. Sendo Deus o criador de todas as coisas, ele</p><p>é, por essência, a verdade, pois tudo é proveniente dele. A</p><p>verdade última é o ser divino. Portanto, toda a mentira é vista</p><p>como ofensa pessoal ao Criador. Em vista disso, a honestidade</p><p>é uma virtude recorrentemente enfatizada na Bíblia. Veja mais</p><p>alguns textos sobre o assunto:</p><p>Melhor é o pobre que anda na sua integridade do que</p><p>o perverso de lábios, que é um tolo (Pv 19:1).</p><p>64</p><p>RELIGIOSIDADE E COMPETÊNCIA PROFISSIONAL</p><p>Os lábios que falam a verdade permanecem para sempre,</p><p>mas a língua mentirosa desaparece num instante (Pv 12:19).</p><p>O amor não se alegra com a injustiça, mas</p><p>se alegra com a verdade (1Co 13:6).</p><p>Não mintam uns aos outros, uma vez que vocês se despiram</p><p>da velha natureza com as suas práticas (Co 3:9).</p><p>Por ser uma virtude tão ampla, a honestidade</p><p>abrange todos os aspectos da vida, em todos os níveis de</p><p>relacionamento. Ela é requisito indispensável na escola, no</p><p>matrimônio, nas finanças, nas amizades e, como não poderia</p><p>deixar de ser, no trabalho. Outro salmo, esse de autoria</p><p>desconhecida, deixa isso bem claro:</p><p>Feliz é o homem que empresta com generosidade e que</p><p>com honestidade conduz os seus negócios (Sl 112:5)</p><p>Importante salientarmos que honestidade no trabalho não</p><p>se limita a não desviar o dinheiro da empresa para fins pessoais.</p><p>Isso é o básico. Até por haver uma legislação que condene</p><p>duramente esse tipo de prática, enquadrando-a como crime</p><p>de peculato — no caso de funcionário público (BRASIL, 1940)</p><p>— ou de apropriação indébita — no caso de empresa privada</p><p>(BRASIL, 1940) —, essa forma de desonestidade é amplamente</p><p>condenada pela sociedade.</p><p>65</p><p>VAlORES RElIgIOSOS E O TRABAlHO</p><p>Contudo, há outras formas de desonestidade no ambiente</p><p>de trabalho, em diferentes esferas. Por exemplo, o mau uso do</p><p>tempo. Não estamos nos referindo aqui a não dar conta de uma</p><p>demanda excessiva ou de não conseguir atender exigências</p><p>desmedidas de patrões abusivos, mas do mau uso deliberado</p><p>do tempo. Quando alguém, propositalmente, gasta tempo</p><p>demais em redes sociais ou torna demorada uma atividade que</p><p>poderia ser feita em menos tempo, ela age com desonestidade.</p><p>Isso porque o contrato de trabalho prevê que a pessoa</p><p>se dedique, naquele horário específico, a realizar os serviços</p><p>requeridos pela empresa. Se esse tempo é intencionalmente</p><p>desperdiçado, o funcionário acaba por desonrar o compromisso</p><p>firmado, comportando-se de maneira não alinhada com a</p><p>verdade, ou seja, com o combinado no acordo. Da mesma</p><p>forma, se a empresa não valoriza o tempo e o esforço do</p><p>funcionário, oferecendo um salário injusto e um ambiente</p><p>nocivo ao trabalhador, ela age de má-fé.</p><p>Outro ponto em que podemos ser desonestos em nossas</p><p>atividades é divulgando informações sigilosas a respeito da</p><p>empresa, dos fornecedores e/ou dos clientes. É comum que os</p><p>negócios possuam informações confidenciais de importância</p><p>estratégica. Espalhar esse tipo de informação, sem autorização,</p><p>é uma forma de faltar com a honestidade no trabalho.</p><p>66</p><p>RELIGIOSIDADE E COMPETÊNCIA PROFISSIONAL</p><p>SAIBA MAIS</p><p>Você sabia que alguns estudos apontam que o Brasil é</p><p>um dos países mais desonestos do mundo. De acordo</p><p>com uma pesquisa realizada em 40 países e publicada</p><p>na revista Science, o Brasil ficou em 26º lugar no ranking</p><p>da honestidade. O estudo envolveu deixar carteiras “per-</p><p>didas” (com e sem dinheiro) em alguns lugares e analisar</p><p>quantas eram</p><p>devolvidas.</p><p>Disponível em: https://tinyurl.com/jbb8x5kt. Acesso em: 20 out. 2021.</p><p>Nem preciso falar, mas práticas corruptas também são</p><p>uma forma de faltar com a honestidade no trabalho. No livro</p><p>Como integrar fé e trabalho, Keller e Alsdorf (2014) contam uma</p><p>história relatada por Catherwood (2007). Nela, um jovem médico</p><p>promissor atuava em um país que oferecia atendimento em saúde</p><p>gratuitamente à população. Contudo, o profissional em início de</p><p>carreira se deparou com um cenário de corrupção generalizada.</p><p>Naquele lugar, apesar de o serviço médico ser gratuito,</p><p>médicos e enfermeiros aceitavam suborno cotidianamente.</p><p>Então só era atendido quem pagava. Quanto melhor o</p><p>pagamento, melhor o atendimento. Pacientes morriam à espera</p><p>de atendimento por não possuírem dinheiro para subornar os</p><p>profissionais de saúde.</p><p>67</p><p>VAlORES RElIgIOSOS E O TRABAlHO</p><p>Buscando não ferir sua consciência, o jovem médico se</p><p>recusou a entrar no esquema. Acabou ficando de fora dos</p><p>programas sociais da comunidade. Ao buscar apoio na igreja,</p><p>percebeu que ela era conivente com a situação, temendo se opor</p><p>aos interesses do governo e dos envolvidos no esquema. Com</p><p>pesar, ele acabou se mudando para outro país.</p><p>Esse triste cenário é mais comum do que pensamento,</p><p>não sendo restrito ao campo da saúde. Ainda que,</p><p>estatisticamente, a corrupção seja mais frequente em países</p><p>com economias frágeis (BATCHELOR, 2012), não se limita</p><p>a esses lugares. Volta e meia somos noticiados de algum</p><p>escândalo de corrupção em locais desenvolvidos, com</p><p>economias fortes e populações bem servidas de educação,</p><p>saúde e cultura — uma mostra de que a corrupção é mais um</p><p>problema moral do que um problema de acesso a recursos.</p><p>A escritora cristã Ellen G. White assim fala sobra a</p><p>honestidades, especialmente no ambiente de trabalho:</p><p>O desvio da perfeita honestidade nos negócios pode, na estima</p><p>de alguns, ser coisa de pouca monta, mas não a considerava</p><p>assim o nosso Salvador. Suas palavras, nesta questão, são</p><p>claras e explícitas: “Quem é fiel no pouco, também é fiel no</p><p>muito.” Lucas 16:10. O homem que assim lograr o próximo,</p><p>68</p><p>RELIGIOSIDADE E COMPETÊNCIA PROFISSIONAL</p><p>em pequena escala, logrará em escala maior se a tentação lhe</p><p>vier. […] Um homem pode não ter um exterior agradável, pode</p><p>ser deficiente em muitos respeitos, mas se tem a reputação</p><p>de ser honesto, íntegro, ele será respeitado. […] O homem</p><p>verdadeiramente honesto jamais se prevalecerá da fraqueza ou</p><p>incompetência alheia para rechear os bolsos. Ele aceita o justo</p><p>equivalente daquilo que vende. Se há defeitos nos artigos que</p><p>vende, ele o diz francamente ao irmão ou próximo, embora</p><p>assim agindo possa estar procedendo contrariamente aos</p><p>próprios interesses pecuniários (WHITE, 2007b, p. cviii-cix)</p><p>Keller e Alsdorf (2014) alertam para a instrumentalização</p><p>do discurso ético no mundo dos negócios. Eles alertam para</p><p>a adoção de práticas de fomento à honestidade e punição</p><p>da desonestidade não porque isso seja moralmente correto,</p><p>mas porque isso faz bem para os negócios. Um ambiente</p><p>transparente e que incentiva a integridade dos funcionários é</p><p>mais produtivo e gera mais lucro para a empresa.</p><p>Ou seja, adota-se um comportamento ético pensando</p><p>na relação custo-benefício — honestidade a serviço do lucro.</p><p>Apenas isso. Mas e se em uma determinada situação o ganho</p><p>com a prática de ações eticamente questionáveis for maior</p><p>do que os danos infligidos a sua reputação ou ao bem-estar</p><p>de pessoas próximas? Como uma empresa ou trabalhador</p><p>deveriam agir adotando essa lógica do custo-benefício?</p><p>69</p><p>VAlORES RElIgIOSOS E O TRABAlHO</p><p>A honestidade, ao menos na perspectiva bíblica, está</p><p>ligada a um dever moral com a verdade, a um alinhamento</p><p>da existência do indivíduo com a existência do divino. Se isso</p><p>resultar em dano ao indivíduo, ainda assim não se justifica a</p><p>prática desonesta, o desalinhamento com a verdade. Citando</p><p>mais uma vez White (2007b, p. cccix):</p><p>Se todos os cristãos professos usassem suas faculdades</p><p>investigadoras para ver quais os males que neles mesmos</p><p>carecem de correção, em vez de falar nos erros alheios,</p><p>existiria na igreja hoje uma condição mais saudável. Há</p><p>os que são honestos quando isso nada lhes custa, mas</p><p>quando a astúcia dá melhores dividendos, esquecem-se da</p><p>honestidade. A honestidade e a astúcia não atuam juntas</p><p>na mesma mente. A seu tempo, ou a astúcia será expelida</p><p>dominando então supremas a verdade e a honestidade, ou, se</p><p>a astúcia for nutrida, jazerá esquecida a honestidade. Jamais</p><p>ambas se acham em harmonia; nada têm em comum.</p><p>Num mundo em que tudo é mercadoria (até o tempo), em</p><p>que tudo se torna negociável ou comercializável, abrir mão de</p><p>lucros e vantagens em nome de uma ética é cada vez menos</p><p>comum. Em nome do ganho, criam-se malabarismos retóricos</p><p>que justificam quase qualquer prática desonesta. Há até quem</p><p>admire pessoas “espertas” que saibam “passar a perna” com</p><p>naturalidade, sem chamar a atenção.</p><p>70</p><p>RELIGIOSIDADE E COMPETÊNCIA PROFISSIONAL</p><p>AGORA É COM VOCÊ</p><p>Reflita por alguns minutos a respeito da honestidade no trabalho e nos estudos. Em sua</p><p>jornada acadêmica, você já foi desonesto? Se sim, acha que valeu a pena? Haveria outra</p><p>forma de agir? E no trabalho, você já presenciou alguma prática desonesta? De que</p><p>maneira você acha que pode contribuir para um ambiente de trabalho e de estudos mais</p><p>éticos e que valorize mais a honestidade?</p><p>Ser honesto é um compromisso de vida com a verdade, com</p><p>a coerência. Por isso mesmo, deveria ser algo tão valorizado</p><p>quanto a capacidade técnica no mundo nos negócios.</p><p>Ao se terem de confiar responsabilidades a um indivíduo,</p><p>não se indague se ele é eloquente ou rico, mas se é honesto,</p><p>fiel e operoso; pois sejam quais forem suas realizações, sem</p><p>estas qualidades ele se acha inteiramente inabilitado para</p><p>qualquer cargo de confiança (WHITE, 2007a, p. 223).</p><p>Homens e mulheres mal têm começado a compreender</p><p>o verdadeiro objetivo da vida. São atraídos pelo brilho e</p><p>a ostentação. São ambiciosos de preeminência mundana.</p><p>A esta se sacrificam os verdadeiros objetivos da vida. As</p><p>melhores coisas da existência — a simplicidade, a honestidade,</p><p>a veracidade, a pureza e a integridade — não se podem</p><p>vender nem comprar (WHITE, 2013, p. 134, ênfase nossa).</p><p>71</p><p>VAlORES RElIgIOSOS E O TRABAlHO</p><p>DILIGÊNCIA</p><p>“Pouca disposição para o trabalho; aversão ao</p><p>trabalho; inação, inércia, mandriice. Demora ou lentidão</p><p>em fazer qualquer coisa; indolência, moleza, morosidade,</p><p>negligência.” Assim define “preguiça” o dicionário</p><p>Michaelis (PREGUIÇA, 2021). Amplamente criticada, essa</p><p>é uma das ações humanas mais impopulares, apesar de ser</p><p>recorrentemente praticada. Que atire a primeira pedra quem</p><p>nunca ativou o modo soneca do celular nem jamais cedeu à</p><p>preguiça por um minuto.</p><p>A Bíblia guarda uma série de textos que condenam com</p><p>veemência a preguiça e os preguiçosos. Escrita num contexto em</p><p>que a maior parte da economia dependia da agropecuária e de</p><p>pequenos comércios, a Bíblia valoriza as mãos diligentes, que se</p><p>dedicam dia após dia aos labores — especialmente num mundo</p><p>em que o pão de cada dia era literalmente conquistado a cada dia.</p><p>Nesse cenário, não trabalhar era uma ofensa a toda</p><p>a comunidade, pois todos eram interdependentes nos</p><p>esforços em busca de segurança e desenvolvimento. Ser</p><p>sustentado pelos outros era uma vergonha para o indivíduo</p><p>e uma desonra à família. O valor social era, ainda que não</p><p>72</p><p>RELIGIOSIDADE E COMPETÊNCIA PROFISSIONAL</p><p>completamente, muito ligado à capacidade da pessoa de</p><p>contribuir para o sustento da família.</p><p>O mundo mudou muito de lá para cá e, mesmo que o</p><p>descanso hoje seja mais valorizado (em reação ao grande</p><p>número de workaholics, principalmente), a preguiça continua</p><p>sendo — corretamente — condenada. As escrituras sagradas</p><p>judaico-cristãs apresentam uma série de textos sobre indolência</p><p>e indolentes. Veja alguns deles:</p><p>Figura X – Textos bíblicos sobre indolência.</p><p>PROVÉRBIOS</p><p>20: 13</p><p>Não ame o sono, para</p><p>que você não empobreça; abra os olhos e você</p><p>terá pão de sobra.</p><p>2 TESSALONICENSES</p><p>3: 10</p><p>Porque, quando ainda estávamos com vocês, ordenamos isto: “Se</p><p>alguém não quer trabalhar, também não coma”.</p><p>PROVÉRBIOS</p><p>10: 4-5</p><p>Quem trabalha com a mão ociosa fica pobre, mas o que trabalha com</p><p>diligência enriquece. Quem ajunta no verão é filho sábio, mas o que</p><p>dorme no tempo da colheita é filho que envergonha.</p><p>ECLESIASTES</p><p>10: 18</p><p>Por causa da preguiça o teto desaba, e por causa dos braços cruzados a</p><p>casa tem goteiras.</p><p>PROVÉRBIOS</p><p>6: 6-8</p><p>Vá ter com a formiga, ó preguiçoso! Observe os caminhos dela e seja</p><p>sábio. Não tendo ela chefe, nem oficial, nem comandante, no verão</p><p>prepara a sua comida, no tempo da colheita ajunta o seu mantimento.</p><p>73</p><p>VAlORES RElIgIOSOS E O TRABAlHO</p><p>2 TESSALONICENSES</p><p>3: 11-12</p><p>Pois, de fato, ouvimos que há entre vocês algumas pessoas que vivem</p><p>de forma desordenada. Não trabalham, mas se intrometem na vida dos</p><p>outros. A essas pessoas determinamos e exortamos, no Senhor Jesus</p><p>Cristo, que, trabalhando tranquilamente, comam o seu próprio pão</p><p>Fonte: elaborado pelo autor</p><p>Existem outros textos que afirmam coisas semelhantes,</p><p>mas com esses já é possível ter uma noção clara da perspectiva</p><p>bíblica a respeito da falta de diligência. É um assunto tão</p><p>importante que os cristãos do século 13 incluíram a preguiça na</p><p>lista dos sete pecados capitais, ou seja, aqueles pecados que dão</p><p>origem aos demais vícios da raça humana.</p><p>SAIBA MAIS</p><p>É importante fazer uma distinção entre preguiça comum</p><p>e preguiça patológica. Muitas vezes, a ausência de âni-</p><p>mo e vontade excessiva de dormir ou ficar deitado são</p><p>indícios de distúrbios mentais como a depressão. Não é</p><p>sobre isso que estamos falando aqui, mas, nesses casos,</p><p>é necessário procurar ajuda médica para que o quadro</p><p>não se agrave. Para entender melhor esse ponto, reco-</p><p>mendo a leitura do artigo “Preguiça”, escrito por Marcela</p><p>Donini para a Revista Superinteressante.</p><p>Disponível em: https://super.abril.com.br/comportamento/preguica/.</p><p>Acesso em: 20 out. 2021.</p><p>74</p><p>RELIGIOSIDADE E COMPETÊNCIA PROFISSIONAL</p><p>Para os autores bíblicos, a preguiça é uma forma de</p><p>negligenciar a vida e a força concedidas pelo criador. É o mesmo</p><p>que rejeitar um presente, deixando-o de lado, sem ser usado, até</p><p>que se estrague com o tempo. A atitude correta diante da vida,</p><p>nesse caso, é empregar as forças da maneira mais inteligente e</p><p>diligente possível. Como bem orientou Salomão,</p><p>Tudo o que vier às suas mãos para fazer, faça-o</p><p>conforme as suas forças, porque na sepultura, que é</p><p>para onde você vai, não há obra, nem projetos, nem</p><p>conhecimento, nem sabedoria alguma (Ec 9:10).</p><p>Ellen G. White desdobra essa ideia ao escrever que</p><p>Na formação do nosso caráter, a integridade é necessária ao</p><p>êxito. Importa haver sincero desejo de executar os planos do</p><p>Construtor-Mestre. As vigas empregadas precisam ser sólidas:</p><p>nenhuma obra descuidosa, que não seja digna de confiança,</p><p>pode ser aceita; isto arruinaria o edifício. Todo o ser deve</p><p>ser posto nesta obra. Ela requer resistência e energia; não há</p><p>reserva para ser gasta em assuntos sem importância. Importa</p><p>pôr na obra determinada força humana, em cooperação com o</p><p>Obreiro divino. Importa esforço perseverante para romper com</p><p>os costumes e máximas e companhias do mundo. Princípios</p><p>no estudo e aprendizado. São essenciais profundeza de</p><p>pensamento, sinceridade de propósito, firme integridade. Não</p><p>75</p><p>VAlORES RElIgIOSOS E O TRABAlHO</p><p>deve haver preguiça. A vida é um depósito sagrado; e cada</p><p>momento deve ser sabiamente empregado (2005, p. 377).</p><p>No Novo Testamento, os discípulos de Cristo apresentam</p><p>incontáveis conselhos e ordens a respeito do estilo de vida</p><p>daqueles que aceitam a Jesus como Senhor e Salvador.</p><p>Ainda que não contenha listas de regras tão contundentes e</p><p>abundantes quanto o Antigo Testamento, a Bíblia cristã ecoa</p><p>essas orientações milenares e apresenta-as com nova roupagem,</p><p>com um olhar renovado.</p><p>Paulo de Tarso, um dos mais famosos apóstolos e o</p><p>escritor bíblico mais proeminente do primeiro século de nossa</p><p>era, condenava a preguiça com afinco. Como você pôde ler</p><p>há algumas páginas, ele defendia que quem não trabalhava</p><p>também não deveria comer. Ele deu o exemplo, trabalhando</p><p>como fabricante de tendas para se sustentar enquanto</p><p>evangelizava Europa e Ásia.</p><p>São também dele as seguintes palavras:</p><p>Servos, obedeçam em tudo a seus senhores aqui na terra,</p><p>não servindo apenas quando estão sendo vigiados, visando</p><p>somente agradar pessoas, mas com sinceridade de coração,</p><p>temendo o Senhor. Tudo o que fizerem, façam de todo o</p><p>coração, como para o Senhor e não para as pessoas, sabendo</p><p>76</p><p>RELIGIOSIDADE E COMPETÊNCIA PROFISSIONAL</p><p>que receberão do Senhor a recompensa da herança. É a</p><p>Cristo, o Senhor, que vocês estão servindo (Co 3:22-24).</p><p>Em resumo, a Bíblia não apenas condena quem faz corpo</p><p>mole para trabalhar, ela enfatiza que todo trabalho que fazemos</p><p>é feito para Deus. Ecoando Provérbios e Eclesiastes, a carta de</p><p>Paulo aos colossenses nos convoca a empregar todas as forças</p><p>na vida, sendo dedicados em todo trabalhando, sabendo que, ao</p><p>servirmos a nossos semelhantes, servimos ao próprio criador.</p><p>Como escreveu White:</p><p>Jamais poderemos ser salvos na indolência e inatividade.</p><p>Não há pessoa verdadeiramente convertida que viva vida</p><p>inútil e ociosa. Não nos é possível deslizar para dentro do</p><p>Céu. Nenhum preguiçoso pode lá entrar. […] Quem recusa</p><p>cooperar com Deus na Terra, não cooperaria com Ele no Céu.</p><p>Não seria seguro levá-los para lá (WHITE, 2007a, p. 207).</p><p>É na aparência e não na realidade que o mal é bem-sucedido.</p><p>O menino vadio que foge da escola, o jovem preguiçoso</p><p>em seus estudos, o caixeiro ou aprendiz que deixa de servir</p><p>aos interesses de seu patrão, o homem que em qualquer</p><p>negócio ou profissão é infiel para com as suas mais altas</p><p>responsabilidades, pode lisonjear-se de que esteja a adquirir</p><p>vantagens enquanto o mal estiver oculto. De fato, nada ganha</p><p>com isto, antes se está defraudando a si próprio. A ceifa da</p><p>vida é o caráter, e é este que determina o destino tanto para</p><p>esta como para a vida futura (WHITE, 2007b, p. lxxxviii)</p><p>77</p><p>VAlORES RElIgIOSOS E O TRABAlHO</p><p>AGORA É COM VOCÊ</p><p>leia o evangelho segundo Mateus, capítulo 25, versos 14 a 30. O que essa história</p><p>contada por Jesus fala a você a respeito de preguiça e diligência? Elenque três lições que</p><p>você pode tirar da história para sua vida profissional. Você pode acessar essa passagem</p><p>através do link: https://www.bibliaonline.com.br/acf/mt/25. Acesso em: 20 out. 2021.</p><p>ORGANIZAÇÃO</p><p>Outra virtude que podemos aprender com a Bíblia e que é</p><p>útil ao cotidiano do trabalhador é a organização — que também</p><p>chamaremos aqui de planejamento. Você já viu alguma empresa</p><p>ou negócio funcionar sem algum tipo de planejamento? Sem</p><p>organização, não é possível trabalhar nem empreender. É</p><p>necessário saber onde se está, para onde se está indo e qual o</p><p>caminho mais vantajoso até lá.</p><p>Na Bíblia, temos Deus como modelo de organização.</p><p>Voltemos a Gênesis 1 para exemplificar isso. Nos dois primeiros</p><p>versos da Escritura, lemos que o mundo não tinha forma, não</p><p>tinha habitantes e não tinha luz. A partir do terceiro verso</p><p>do capítulo, testemunhamos Deus mudando esse cenário,</p><p>transformando aquela escura e desforme massa de água que</p><p>flutuava pelo universo em um planeta belo e habitável.</p><p>78</p><p>RELIGIOSIDADE E COMPETÊNCIA PROFISSIONAL</p><p>No primeiro dia da criação, bem como no quarto, Deus</p><p>resolve o problema da falta de luz: em um dia, cria a luz — uma</p><p>luz que ninguém sabe ao certo do que se trata — e separa o dia</p><p>da noite, enquanto no outro cria os luzeiros celestes — sol, lua</p><p>e estrelas. Depois, no segundo dia, cria o firmamento, ou seja,</p><p>a atmosfera, separando o ar e a água. Em seguida, faz surgir a</p><p>porção seca (terra) e enche-a de plantas.</p><p>Dessa forma, nos três primeiros dias, o problema da</p><p>ausência de forma é resolvido. Agora, na metade da primeira</p><p>semana, o planeta já é um lugar lindo, cheio de cores</p><p>e pronto</p><p>para receber a vida — o que ocorre no quinto e sexto dia,</p><p>quando aves, animais marinhos, animais terrestres e o ser</p><p>humano são criados.</p><p>Vemos ainda que, assim como o primeiro e o quarto dia</p><p>estão em paralelo (luz — luzeiros celestes), o segundo e o quinto</p><p>também estão (separação de água e ar — criação de animais</p><p>marinhos e aves), bem como o terceiro e o sexto (surgimento da</p><p>terra e da vegetação — criação de animais terrestres e ser humano).</p><p>O único dia sem um paralelo é o sábado, que celebra todos os</p><p>demais seis dias de trabalho de Deus.</p><p>79</p><p>VAlORES RElIgIOSOS E O TRABAlHO</p><p>A relação entre os dias da semana da criação, conforme</p><p>Gênesis 1, fica mais ou menos como ilustrado na Figura 1:</p><p>Figura 1 — Relação entre os dias da criação</p><p>DIA 1</p><p>• Criação da luz</p><p>• Separação entre dia e noite</p><p>DIA 4</p><p>• Criação dos luzeiros: sol, lua e estrelas</p><p>DIA 5</p><p>• Criação de animais marinhos e aves (para</p><p>habitar água e ar)</p><p>DIA 6</p><p>• Criação dos animais terrestres e do ser humano</p><p>(para habitar a porção seca com vegetação)</p><p>DIA 2</p><p>• Criação do �rmamento</p><p>• Separação entre água e ar</p><p>DIA 3</p><p>• Surgimento da porção seca</p><p>• Criação da vegetação</p><p>DIA 7</p><p>• Descanso e celebração dos outros dias</p><p>Fonte: elaborado pelo autor.</p><p>Além disso, podemos ver a importância que Deus dá à</p><p>organização quando lemos, por exemplo, os cinco primeiros</p><p>livros da Bíblia. Perceba como o sistema simbólico do santuário</p><p>é estabelecido. Todos os utensílios do tabernáculo possuem</p><p>80</p><p>RELIGIOSIDADE E COMPETÊNCIA PROFISSIONAL</p><p>materiais específicos, formas específicas, utilidades específicas. Há</p><p>hora para tudo e pessoas definidas para cada atribuição e serviço.</p><p>Todos os rituais são organizados de forma a simbolizarem</p><p>diferentes aspectos do plano da salvação. Há beleza e propósito</p><p>nas ações divinas. O próprio acampamento dos israelitas no</p><p>deserto é disposto de forma a dar testemunho da fé do povo judeu.</p><p>O governo de Israel caracterizou-se pela organização mais</p><p>completa, maravilhosa tanto pelo seu acabamento como pela</p><p>sua simplicidade. […] O arraial dos hebreus estava arranjado</p><p>em ordem exata. Estava dividido em três grandes partes, tendo</p><p>cada uma a sua posição designada no acampamento. No centro</p><p>estava o tabernáculo, a morada do Rei invisível. Em redor</p><p>estavam estacionados os sacerdotes e levitas. Além destes estavam</p><p>acampadas todas as outras tribos. Aos levitas foi confiado o</p><p>cuidado do tabernáculo e de tudo que ao mesmo se referia,</p><p>tanto no acampamento como em viagem. Quando o arraial</p><p>se punha em marcha, deveriam desarmar a tenda sagrada; ao</p><p>chegarem a um ponto de parada, deveriam armá-la. A pessoa</p><p>alguma de outra tribo se permitia aproximar-se, sob pena de</p><p>morte. […] Especificou-se também a posição de cada tribo.</p><p>Cada uma deveria marchar e acampar-se ao lado de sua própria</p><p>bandeira, conforme o Senhor havia ordenado […]. Foi ordenada</p><p>uma limpeza escrupulosa bem como uma ordem estrita por</p><p>todo o arraial e arredores. Pôs-se em execução um regulamento</p><p>81</p><p>VAlORES RElIgIOSOS E O TRABAlHO</p><p>sanitário completo. A toda pessoa que estivesse imunda por</p><p>qualquer motivo, era vedado entrar no acampamento. […]</p><p>Deus é um Deus de ordem. Tudo que se acha em conexão com</p><p>o Céu, está em perfeita ordem; a sujeição e a perfeita disciplina</p><p>assinalam os movimentos da hoste angélica. O êxito apenas</p><p>pode acompanhar a ordem e a ação harmoniosa. Deus requer</p><p>ordem e método em Sua obra hoje, não menos do que nos dias</p><p>de Israel. Todos os que estão a trabalhar para Ele devem fazê-lo</p><p>inteligentemente, não de maneira descuidada, casual. Ele quer</p><p>que Sua obra seja feita com fé e exatidão, para que sobre ela</p><p>ponha o sinal de Sua aprovação (WHITE, 2007c, p. 332-334).</p><p>Essa mesma organização foi requerida por Deus em outros</p><p>momentos da história bíblica. Na organização da igreja não foi</p><p>diferente. O cristianismo começou com 12 apóstolos e algumas</p><p>centenas de discípulos, como pode-se ler no relato de Atos 1 e 2.</p><p>À medida que o número de crentes aumentava, novas funções</p><p>e encarregados foram necessários, ampliando a organização do</p><p>corpo de seguidores de Cristo. Assim, surgiram os diáconos,</p><p>por exemplo (At 6), e a igreja possuía pessoas atuando em</p><p>diferentes frentes, de acordo com seus dons (1Co 12).</p><p>É desígnio de Deus que aprendamos lições de ordem e</p><p>organização, da perfeita ordem instituída nos dias de Moisés,</p><p>para benefício dos filhos de Israel. […] A organização da</p><p>igreja em Jerusalém deveria servir como modelo para</p><p>a organização de igrejas em todos os outros lugares em</p><p>82</p><p>RELIGIOSIDADE E COMPETÊNCIA PROFISSIONAL</p><p>que mensageiros da verdade conquistassem conversos ao</p><p>evangelho. […] Mais tarde, na história da igreja primitiva,</p><p>quando nas várias partes do mundo muitos grupos de crentes</p><p>se constituíram em igrejas, a organização da mesma foi mais</p><p>aperfeiçoada, de modo que a ordem e a ação harmoniosa</p><p>se pudessem manter. Todo membro era exortado a bem</p><p>desempenhar sua parte. Cada qual devia fazer sábio uso</p><p>dos talentos a ele confiados (WHITE, 2007a, p. 69).</p><p>Da mesma forma, ao trabalharmos e/ou conduzirmos</p><p>negócios, organização e planejamento são elementos essenciais.</p><p>Não existe sucesso sem isso. Afinal, como o próprio Jesus falou:</p><p>Pois qual de vocês, pretendendo construir uma torre, não se</p><p>assenta primeiro para calcular a despesa e verificar se tem</p><p>os meios para a concluir? Para não acontecer que, tendo</p><p>lançado os alicerces e não podendo terminar a construção,</p><p>todos os que a virem zombem dele, dizendo: “Este homem</p><p>começou a construir e não pôde acabar.” Ou qual é o rei que,</p><p>indo para combater outro rei, não se assenta primeiro para</p><p>calcular se com dez mil homens poderá enfrentar o que vem</p><p>contra ele com vinte mil? Caso contrário, estando o outro</p><p>ainda longe, envia-lhe uma embaixada, pedindo condições</p><p>de paz. Assim, pois, qualquer um de vocês que não renuncia</p><p>a tudo o que tem não pode ser meu discípulo (Lc 14:28-32).</p><p>83</p><p>VAlORES RElIgIOSOS E O TRABAlHO</p><p>HUMILDADE</p><p>Na Bíblia, o Senhor é o Deus dos humildes. A lista de</p><p>versos em que a humildade é exaltada é enorme. Veja apenas</p><p>alguns dos exemplos na Figura X:</p><p>Figura x – Humildade na Bíblia</p><p>SALMO 25: 9 guia os humildes na justiça e ensina aos mansos o seu caminho</p><p>SALMO 138: 6</p><p>O Senhor é excelso, contudo, atenta para os humildes; os soberbos, ele</p><p>os conhece de longe</p><p>PROVÉRBIOS 11: 2</p><p>Quando vem a soberba, a desgraça não tarda, mas com os humildes</p><p>está a sabedoria</p><p>PROVÉRBIOS 15: 33</p><p>O temor do Senhor é instrução na sabedoria, e a humildade precede a</p><p>honra</p><p>PROVÉRBIOS 16: 19</p><p>Melhor é ser humilde de espírito com os humildes do que repartir o</p><p>despojo com os orgulhosos</p><p>ISAÍAS 57: 15</p><p>Porque assim diz o Alto, o Sublime, que habita a eternidade e cujo</p><p>nome é Santo: “Habito no alto e santo lugar, mas habito também com</p><p>o contrito e abatido de espírito, para vivificar o espírito dos abatidos e</p><p>vivificar o coração dos contritos</p><p>84</p><p>RELIGIOSIDADE E COMPETÊNCIA PROFISSIONAL</p><p>SOFONIAS 2: 3</p><p>Busquem o Senhor, todos vocês, os humildes da terra, que cumprem os</p><p>seus mandamentos. Busquem a justiça, busquem a humildade. Talvez</p><p>assim vocês sejam poupados no dia da ira do Senhor</p><p>Fonte: elaborado pelo autor</p><p>Ao lançar as bases do seu reino, Jesus evocou novamente a</p><p>humildade como característica essencial daqueles que afirmam</p><p>servir a Deus. No famoso sermão do monte, no qual apresentou</p><p>à multidão os princípios que regem o governo divino, Cristo</p><p>destacou a humildade da seguinte maneira.</p><p>Bem-aventurados os pobres em espírito, porque</p><p>deles é o Reino dos Céus (Mt 5:3).</p><p>A pobreza de espírito nas Escrituras nada mais é do que</p><p>a humildade, ou seja, um espírito leve, vazio de si mesmo. A</p><p>riqueza de espírito aqui é a soberba, a vaidade, o orgulho. Jesus</p><p>começa seu sermão deixando claro que status, dinheiro, poder,</p><p>inteligência, talentos, conhecimentos e linhagem sanguínea</p><p>significam absolutamente nada para o reino eterno. Podem</p><p>ser ferramentas úteis, mas têm valor zero na qualificação de</p><p>alguém que deseja ser cidadão do céu.</p><p>Ao longo de</p><p>todo o sermão, que vai até o capítulo 7 de</p><p>Mateus, a humildade é aprofundada e alargada. Jesus mostra</p><p>que muito da religião daquela época (assim como hoje) é</p><p>85</p><p>VAlORES RElIgIOSOS E O TRABAlHO</p><p>ritual vazio. Aquilo que Deus valoriza se revela na forma</p><p>como agimos com nossos semelhantes e como nos colocamos</p><p>em submissão a Deus. Orar pelos inimigos, andar a segunda</p><p>milha e dar a outra face quando agredido. Essa mensagem de</p><p>humildade foi tão escandalosa no século 1 quanto é no 21.</p><p>Assim como nas demais virtudes que estudamos até aqui,</p><p>a humildade encontra seu referencial em Deus. Neste caso, em</p><p>Cristo. De acordo com a narrativa bíblica, Jesus, sendo Deus,</p><p>abriu mão de sua posição eterna, de sua glória e poder para se</p><p>transformar num ser humano pobre, com um trabalho simples,</p><p>num lugar sem qualquer boa fama (Jo 1:46).</p><p>Como se não bastasse, submeteu-se a uma vida de</p><p>sofrimentos e a uma morte humilhante. Tudo porque tinha um</p><p>objetivo muito claro e um desprendimento imensurável. Por</p><p>conta disso, tornou-se o modelo de humildade e amor em todo</p><p>o Novo Testamento.</p><p>Porque Cristo, quando nós ainda éramos fracos, morreu a</p><p>seu tempo pelos ímpios. Dificilmente alguém morreria por</p><p>um justo, embora por uma pessoa boa alguém talvez tenha</p><p>coragem para morrer. Mas Deus prova o seu próprio amor para</p><p>conosco pelo fato de Cristo ter morrido por nós quando ainda</p><p>86</p><p>RELIGIOSIDADE E COMPETÊNCIA PROFISSIONAL</p><p>éramos pecadores. Logo, muito mais agora, sendo justificados</p><p>pelo seu sangue, seremos por ele salvos da ira (Rm 5:6-9).</p><p>Tenham entre vocês o mesmo modo de pensar de Cristo Jesus,</p><p>que, mesmo existindo na forma de Deus, não considerou</p><p>o ser igual a Deus algo que deveria ser retido a qualquer</p><p>custo. Pelo contrário, ele se esvaziou, assumindo a forma</p><p>de servo, tornando-se semelhante aos seres humanos. E,</p><p>reconhecido em figura humana, ele se humilhou, tornando-</p><p>se obediente até a morte, e morte de cruz (Fp 2:5-8).</p><p>Sendo ele mesmo exemplo de humildade, seus convites</p><p>para uma vida de desprendimento e abnegação soam com</p><p>muito mais força. Esses convites, aliás, são bastante frequentes</p><p>nos evangelhos. Para Jesus, o primeiro no Reino de Deus não</p><p>é o mais sábio ou mais poderoso, mas o que mais serve (Lc</p><p>22:26). Em mais de uma ocasião, Cristo enfatizou que os últimos</p><p>serão os primeiros e que a atmosfera do mundo porvir é uma</p><p>atmosfera de incondicional amor ao próximo.</p><p>Nas cartas que compõem a maior parte do Novo</p><p>Testamento, Paulo e os demais autores repetidamente apelam</p><p>aos leitores para que se mantenham humildes, considerando</p><p>os outros mais importantes do que a si mesmos, jamais agindo</p><p>por ambição e egoísmo (Rm 12:16; Ef 4:2; Fp 2:3; Cl 3:12; Tg 4:6).</p><p>Como Ellen G. White explica:</p><p>87</p><p>VAlORES RElIgIOSOS E O TRABAlHO</p><p>Não é pelas riquezas, educação ou posição que Deus avalia os</p><p>homens. Avalia-os pela sua pureza de intenção e formosura</p><p>de caráter. Olha para averiguar em que medida possuem</p><p>o Seu Espírito, e até que ponto sua vida revela semelhança</p><p>com a Sua. Para ser grande no reino de Deus, é preciso</p><p>ser como a criancinha, em humildade, simplicidade de fé</p><p>e pureza de amor. “Bem sabeis”, disse Cristo, “que pelos</p><p>príncipes dos gentios são estes dominados e que os grandes</p><p>exercem autoridade sobre eles. Não será assim entre vós;</p><p>mas todo aquele que quiser, entre vós, fazer-se grande, seja</p><p>vosso serviçal.” Mateus 20:25-26 (WHITE, 2013, p. 350)</p><p>O amor não se vangloria. É elemento humilde; nunca</p><p>estimula o homem a jactar-se, a exaltar-se. O amor a Deus</p><p>e aos semelhantes não se manifestará em atos precipitados,</p><p>nem nos levará a ser despóticos, críticos ou ditatoriais. O</p><p>amor não se envaidece. O coração em que reina o amor, será</p><p>levado a um procedimento delicado, cortês, compassivo para</p><p>com os outros, quer satisfaçam ou não nossa fantasia, quer</p><p>nos respeitem ou nos tratem mal (WHITE, 2005, p. 267).</p><p>Agora que vimos esse panorama a respeito da humildade</p><p>na Bíblia, como podemos exercer essa virtude em nosso</p><p>ambiente de trabalho? Vamos refletir um pouco sobre isso.</p><p>Pense, primeiro, na lógica que rege o mundo dos negócios:</p><p>competição e lucro. Algumas pessoas podem ter uma atitude</p><p>mais colaboradora, mas o que dita o ritmo do mercado é o</p><p>espírito competitivo e a busca por maiores lucros. É preciso</p><p>88</p><p>RELIGIOSIDADE E COMPETÊNCIA PROFISSIONAL</p><p>estar sempre em movimento, sempre crescendo, para não</p><p>perder a relevância e não vir a falir.</p><p>Essa lógica perpassa todos os níveis do mercado de</p><p>trabalho. A competição existe entre empresas concorrentes,</p><p>empresas do mesmo grupo e funcionários da mesma empresa.</p><p>Há um funcionário do mês, há alguns cargos de chefia</p><p>disponíveis, há promoções e aumentos de salário para os que</p><p>apresentarem melhor desempenho. Se essas são as regras do</p><p>jogo, como exercer a humildade em nossos empregos?</p><p>Não pretendo dar uma resposta definitiva aqui. Aliás, não</p><p>sei se há uma resposta definitiva a isso. Como envolve uma</p><p>questão dentro da ética, há variáveis a levar em conta. Por</p><p>isso, o que proponho é uma reflexão. Pense em sua experiência</p><p>acadêmica e/ou profissional. A humildade exemplificada por</p><p>Cristo tem lugar nesses ambientes? É possível colocar os demais</p><p>como iguais ou superiores dentro desse contexto de competição</p><p>e acirrada busca por lucros?</p><p>Cristo diz que o maior no Reino dos Céus é aquele que serve,</p><p>que se coloca em último lugar. Como viver isso num mundo em</p><p>que todos buscam ser o primeiro, o maior? Seria isso um ideal</p><p>anacrônico, ou seja, que já não tem lugar em nossos dias? Você</p><p>conhece alguém que seja um exemplo de humildade nesse meio?</p><p>89</p><p>VAlORES RElIgIOSOS E O TRABAlHO</p><p>Particularmente, acredito que o caminho da humildade,</p><p>no conceito bíblico, envolve ter uma mentalidade aberta a</p><p>conhecer a perspectiva dos outros e se colocar no lugar dos</p><p>outros na lida diária. Envolve também conhecer a si mesmo e</p><p>desenvolvimento de uma inteligência emocional. Não creio que</p><p>iremos alcançar uma humildade prática ao nível que Jesus nos</p><p>mostrou, mas podemos amadurecer nesse caminho desde que o</p><p>busquemos intencionalmente, conscientemente.</p><p>Sendo assim, de que maneira você pode ser humilde no</p><p>trabalho? Reflita sobre como você trata os seus colegas. Em</p><p>seus relacionamentos profissionais, seu primeiro pensamento é</p><p>como tirar vantagem sobre eles ou você procura descobrir como</p><p>colaborar com os demais?</p><p>Outro ponto a ser considerado nesse sentido é o “limite” da</p><p>humildade. Às vezes, a pessoa parece ser muito humilde, mas, na</p><p>verdade, ela apenas tem uma autoestima baixa. Ela não busca o</p><p>interesse e o bem dos outros por princípio, mas por não se julgar</p><p>merecedora ou tão merecedora quanto os colegas. Quando isso</p><p>ocorre, a pessoa costuma deixar de fazer o que acredita ser correto</p><p>para atender as vontades e caprichos dos outros (MÜLLER, 2017).</p><p>Note que humildade não tem a ver com abrir mão do</p><p>próprio bem-estar para atender os caprichos dos outros.</p><p>90</p><p>RELIGIOSIDADE E COMPETÊNCIA PROFISSIONAL</p><p>Também não é ferir a consciência e deixar de se manifestar pelo</p><p>que acha correto apenas para agradar alguém. Não. Humildade</p><p>está ligada a suprir a necessidade das pessoas, buscar o bem de</p><p>um sem fazer mal a outros. Tem a ver com coisas relevantes e</p><p>essenciais, não com desejos e ambições efêmeras.</p><p>Humildade é falar a verdade e reconhecer quando aquela</p><p>ideia que todos adoraram não é sua, mas do colega. É ajudar</p><p>um companheiro que está tendo dificuldade com as tarefas por</p><p>conta de algum problema ou limitação pessoal. É torcer pelo</p><p>sucesso do time e não assumir para si o mérito dos outros. É</p><p>pedir ajuda e não fingir que sabe, colocando em risco o trabalho</p><p>realizado. É respeitar e incentivar as pessoas pelo simples fato</p><p>de elas serem pessoas, serem humanas, e não porque o mundo</p><p>dá voltas e você possa vir a precisar delas no futuro.</p><p>DESCANSO</p><p>No século 21, estamos acostumados a glorificar os</p><p>workaholics. Enaltecemos aqueles que deixam de dormir e</p><p>sacrificam saúde e família em nome do trabalho, da empresa,</p><p>do produto.</p><p>Parece que trabalhar se tornou um modo de vida,</p><p>uma religião, já que, para muitas e muitas pessoas, é isso que</p><p>dá sentido e propósito à vida. Apesar de esse pensamento ter se</p><p>91</p><p>VAlORES RElIgIOSOS E O TRABAlHO</p><p>tornado comum no século 16, com os protestantes, se acentuou</p><p>dramaticamente nas últimas décadas — especialmente durante</p><p>a pandemia da covid-19 (LUFKIN, 2021).</p><p>A conta disso, porém, é alta. Pessoas que trabalham demais,</p><p>que são viciadas em suas demandas profissionais, estão muito</p><p>mais sujeitas a distúrbios mentais como depressão e ansiedade</p><p>(ESTUDO, 2016). O burnout é frequente nesse grupo de</p><p>pessoas, levando a um esgotamento em que é necessária a ajuda</p><p>médica para recuperação.</p><p>Como já vimos, a Bíblia incentiva e enaltece o trabalho.</p><p>Preguiçosos são exemplos de falta de inteligência, enquanto</p><p>os diligentes são tidos como sábios e propícios a receber</p><p>as bençãos divinas. Na narrativa das Escrituras, Deus é o</p><p>trabalhador-mor, aquele que trabalha o tempo todo para dar</p><p>vida à criação e salvar os seres humanos.</p><p>Contudo, Deus também é o exemplo do descanso. Em</p><p>Gênesis 1, o criador atua ativamente durante seis dias. Ao</p><p>sétimo, porém, ele descansa.</p><p>Assim, pois, foram acabados os céus e a terra e tudo</p><p>o que neles há. E, havendo Deus terminado no sétimo</p><p>dia a sua obra, que tinha feito, descansou nesse dia de</p><p>92</p><p>RELIGIOSIDADE E COMPETÊNCIA PROFISSIONAL</p><p>toda a obra que tinha feito. E Deus abençoou o sétimo</p><p>dia e o santificou; porque nele descansou de toda a</p><p>obra que, como Criador, tinha feito (Gn 2:1-3).</p><p>Perceba que Deus não encerrou a criação no sexto dia. Após</p><p>o sexto dia não veio novamente o primeiro, veio o sétimo. A</p><p>semana, assim como a obra divina, só estaria completa quando</p><p>houvesse o sábado, o dia do descanso e da celebração das obras</p><p>de Deus. Nada foi criado no sétimo dia. Todo o tempo daquele</p><p>dia foi dedicado ao relacionamento entre Deus, seres humanos e</p><p>todo o restante da criação.</p><p>Tendo criado homem e mulher a sua imagem (Gn 1:26),</p><p>Deus é o modelo humano de autoridade, trabalho e descanso.</p><p>Por todos os séculos seguintes, era intenção do criador que seus</p><p>filhos se dedicassem ao trabalho por seis dias e descansassem</p><p>no sétimo, um dia dedicado ao contato com o criador. Isso fica</p><p>evidentemente claro no Decálogo, os 10 mandamentos dados</p><p>por Deus a seu povo. Assim está escrito o quarto mandamento:</p><p>Lembre-se do dia de sábado, para o santificar. Seis dias</p><p>você trabalhará e fará toda a sua obra, mas o sétimo dia é</p><p>o sábado dedicado ao Senhor, seu Deus. Não faça nenhum</p><p>trabalho nesse dia, nem você, nem o seu filho, nem a sua</p><p>filha, nem o seu servo, nem a sua serva, nem o seu animal,</p><p>93</p><p>VAlORES RElIgIOSOS E O TRABAlHO</p><p>nem o estrangeiro das suas portas para dentro. Porque</p><p>em seis dias o Senhor fez os céus e a terra, o mar e tudo o</p><p>que neles há e, ao sétimo dia, descansou; por isso o Senhor</p><p>abençoou o dia de sábado e o santificou (Ex 20:8-11).</p><p>Perceba que o motivo, o porquê, de o povo ter que</p><p>descansar é o fato de Deus ter descansado. Deus convoca</p><p>seus filhos a o imitarem, a separarem um dia na semana para</p><p>descanso e adoração — um descanso, vale salientar, que se</p><p>estende a servos e animais, ou seja, a toda a comunidade. Para o</p><p>povo de Israel, que fora escravo por 400 anos no Egito, receber</p><p>novamente essa dádiva divina foi um refrigério para a alma.</p><p>A importância do descanso era tão grande que havia</p><p>severas punições para quem o descumprisse (Ex. 31:14). Além</p><p>disso, a guarda do dia foi colocado como um sinal, uma marca</p><p>do povo de Deus na Bíblia:</p><p>Fale aos filhos de Israel e diga-lhes o seguinte: “Certamente</p><p>vocês guardarão os meus sábados, pois é sinal entre mim</p><p>e vocês de geração em geração, para que vocês saibam</p><p>que eu sou o Senhor, que os santifica (Ex 31:13).</p><p>Também lhes dei os meus sábados, para servirem</p><p>de sinal entre mim e eles, para que soubessem que</p><p>eu sou o Senhor que os santifica (Ez 20:12).</p><p>94</p><p>RELIGIOSIDADE E COMPETÊNCIA PROFISSIONAL</p><p>O tempo de descanso era também uma prova de fidelidade</p><p>a Deus. Mais do que uma regra a ser seguida, era um desafio à</p><p>confiança no criador. Imagine, num contexto em que as pessoas</p><p>trabalhavam pela comida todo dia, parar um dia inteiro era</p><p>entregar a Deus a providência do alimento — confiar que ele</p><p>os supriria. Também era uma forma de ensinar os israelitas a se</p><p>planejarem, para que nada faltasse naquele dia.</p><p>Isso ganha contornos ainda mais grandiosos ao lermos</p><p>Levítico 25. Nesse capítulo, Deus ordenas que seu povo não</p><p>apenas guardasse o sétimo dia, mas o sétimo ano. Por seis anos,</p><p>todos trabalhariam no campo, na agricultura, mas por um</p><p>ano inteiro, o sétimo, nada deveria ser plantado. As pessoas</p><p>consumiriam apenas o que a terra provesse naturalmente.</p><p>Fale aos filhos de Israel e diga-lhes: Quando entrarem na</p><p>terra que eu lhes dou, a própria terra guardará um sábado</p><p>dedicado ao Senhor. Durante seis anos vocês semearão os seus</p><p>campos, e durante seis anos vocês podarão as suas vinhas e</p><p>colherão os frutos delas. Porém, no sétimo ano, haverá um</p><p>sábado de descanso solene para a terra, um sábado dedicado</p><p>ao Senhor; não semeiem os seus campos, nem façam a poda</p><p>de suas vinhas. Não façam a colheita do que nascer por si</p><p>mesmo nos seus campos, nem colham as uvas de suas vinhas</p><p>que não foram podadas; será um ano de descanso solene</p><p>para a terra. Mas vocês poderão comer os frutos da terra</p><p>95</p><p>VAlORES RElIgIOSOS E O TRABAlHO</p><p>em descanso — vocês, os seus escravos, as suas escravas, os</p><p>seus trabalhadores diaristas e os estrangeiros que moram</p><p>com vocês. Também o seu gado e os animais que estão na</p><p>sua terra comerão tudo o que a terra produzir (Lv 25:2-7).</p><p>No mesmo capítulo, lemos sobre o Ano do Jubileu. A</p><p>cada ciclo de sete semanas de anos, ou seja, a cada 49 anos, o</p><p>povo deveria separar o quinquagésimo para descanso solene</p><p>também. Também não deveria haver trabalho no campo, e todas</p><p>as dívidas deveriam ser perdoadas. As terras que haviam sido</p><p>vendidas deveriam ser devolvidas aos donos originais, e todos</p><p>os escravos deveriam ser libertados.</p><p>Se vocês perguntarem: “Que comeremos no sétimo ano, se não</p><p>podemos semear nem fazer a colheita?”, saibam que eu lhes</p><p>darei a minha bênção no sexto ano, para que a terra produza</p><p>o suficiente para três anos. No oitavo ano, vocês semearão e</p><p>comerão da colheita anterior até o nono ano; até que venha a</p><p>colheita do nono ano, vocês comerão da antiga )Lv 25:20-22).</p><p>Como o próprio Jesus afirmou séculos mais tarde, o sábado</p><p>foi feito para o bem do ser humano (Mc 2:27-28). Ellen G. White</p><p>assim fala sobre o sábado:</p><p>Deus viu que um repouso era essencial para o homem,</p><p>mesmo no Paraíso. Ele necessitava pôr de lado seus próprios</p><p>96</p><p>RELIGIOSIDADE E COMPETÊNCIA PROFISSIONAL</p><p>interesses e ocupações durante um dia dos sete, para que</p><p>pudesse de maneira mais ampla contemplar as obras de</p><p>Deus, e meditar em Seu poder e bondade. Necessitava de</p><p>um sábado para, de maneira mais vívida, o fazer lembrar</p><p>de Deus, e para despertar-lhe gratidão, visto que tudo</p><p>quanto desfrutava e possuía viera das benignas mãos do</p><p>Criador. […] A instituição do sábado, que se originou no</p><p>Éden, é tão antiga como o próprio mundo. Foi observado</p><p>por todos os patriarcas, desde a criação. Durante o cativeiro</p><p>no Egito, os israelitas foram obrigados por seus maiorais</p><p>de tarefas a violar o sábado; e em grande parte perderam o</p><p>conhecimento de sua santidade. Quando a lei foi proclamada</p><p>no Sinai, as primeiras palavras do quarto mandamento foram:</p><p>“Lembra-te do dia do sábado, para o santificar” (Êxodo 20:8),</p><p>mostrando que o sábado não foi instituído então; aponta-se-</p><p>nos a sua origem na criação (WHITE, 2007c, p. 22 e 295).</p><p>SAIBA MAIS</p><p>Apesar de a Bíblia designar o sétimo dia como o sábado,</p><p>ou seja, o dia de descanso, a esmagadora maioria dos</p><p>cristãos observa (ou diz observar) o domingo como dia</p><p>de repouso. Existem razões diversas para essa troca, e</p><p>você pode entender melhor o assunto no artigo “Do sá-</p><p>bado para o domingo”.</p><p>Disponível em: https://biblia.com.br/perguntas-biblicas/do-sabado-para-o-domingo/.</p><p>Acesso em: 20 out. 2021.</p><p>97</p><p>VAlORES RElIgIOSOS E O TRABAlHO</p><p>Com isso, percebemos que o descanso é algo valorizado</p><p>na Bíblia. Ter tempo para relaxar, curtir a família, se divertir</p><p>com amigos, conectar-se com a criação e até consigo mesmo é</p><p>necessário. A ciência, cada vez mais, tem enfatizado a importância</p><p>do repouso para a saúde e bem-estar das pessoas (PERES, 2018).</p><p>SERVIÇO A DEUS</p><p>Por fim, outro princípio bíblico que devemos ter em mente</p><p>ao encaramos nossa profissão e/ou carreira é que tudo o que</p><p>fazemos, fazemos para Deus. Leia os seguintes textos:</p><p>Vivam entre os pagãos de maneira exemplar para que,</p><p>mesmo que eles os acusem de praticar o mal, observem</p><p>as boas obras que vocês praticam e glorifiquem a</p><p>Deus no dia da intervenção dele (1Pe 2:12).</p><p>Portanto, se vocês comem, ou bebem ou fazem qualquer</p><p>outra coisa, façam tudo para a glória de Deus (1Co 10:31).</p><p>Tudo o que fizerem, façam de todo o coração, como para</p><p>o Senhor e não para as pessoas, sabendo que receberão</p><p>do Senhor a recompensa da herança. É a Cristo, o</p><p>Senhor, que vocês estão servindo (Co 3:23-24).</p><p>98</p><p>RELIGIOSIDADE E COMPETÊNCIA PROFISSIONAL</p><p>Na perspectiva bíblica, a vida é um dom de Deus. O Senhor</p><p>é a fonte da vida e doador da mesma. É o fôlego dele, soprado</p><p>no ser humano, que nos vivifica (Gn 2:7). É uma fração dele</p><p>em nós. Portanto, absolutamente tudo o que fazemos tem</p><p>relação direta com ele. Comida, bebida, lazer, relacionamentos,</p><p>empreendimentos, objetivos, tempo, recursos, tudo — tudo</p><p>nos é dado graças a Ele, e o que fazemos com o que nos é dado</p><p>revela o tipo de relacionamento que temos com o criador.</p><p>Portanto, ao trabalharmos, ao escolhermos uma carreira,</p><p>ao tocarmos nossos negócios, ao cumprirmos nossas</p><p>responsabilidades, devemos ter em mente que a vida que</p><p>dedicamos a isso é emprestada a nós por Deus. Somos</p><p>mordomos do criador.</p><p>Agora pense: como essa perspectiva afeta a forma como</p><p>você tem lidado com seu trabalho? O que muda em sua vida ao</p><p>assimilar que tudo vem dEle e é para Ele?</p><p>CONSIDERAÇÕES FINAIS</p><p>O trabalho foi criado por Deus como uma benção ao ser</p><p>humano. Deveria ser uma forma de nos conectarmos com a</p><p>natureza, com nossos semelhante e com o criador, além de</p><p>99</p><p>VAlORES RElIgIOSOS E O TRABAlHO</p><p>manter nossa mente e nosso corpo sempre ativos e saudáveis. O</p><p>pecado mudou isso, jogando um pesado fardo de sofrimento e</p><p>dor sobre os labores necessários para nosso sustento.</p><p>A palavra de Deus, recheada de lições para nossa vida</p><p>hoje, apresenta princípios de vida que podem e devem ser</p><p>aplicados ao contexto do trabalho — especialmente no século</p><p>21. Antes de sermos trabalhadores, somos humanos. Nosso</p><p>caráter afeta nossa personalidade, nossos relacionamentos e</p><p>nossas carreiras profissionais. Investir nele é investir no bem-</p><p>estar em todos os âmbitos.</p><p>Vimos que honestidade, diligência, organização,</p><p>humildade, descanso e serviço a Deus são princípios que</p><p>podem ser especialmente aplicados ao contexto profissional.</p><p>A prática deles nos ajuda a encarar o trabalho com equilíbrio e</p><p>maturidade, tornando-o menos um fardo e mais uma benção</p><p>para nós e para a sociedade — o que nos aproxima do plano</p><p>original de Deus para este mundo.</p><p>Muito mais poderia ser dito. Há vários outros princípios</p><p>que a Bíblia nos ensina e que podem nos abençoar no ambiente</p><p>profissional. Os acima citados, porém, parecem dar uma</p><p>perspectiva mais abrangente da importância do trabalho e do</p><p>lugar nele no plano de salvação da humanidade.</p><p>100</p><p>RELIGIOSIDADE E COMPETÊNCIA PROFISSIONAL</p><p>Podemos resumir todo o conteúdo dessa unidade a imitar o</p><p>criador. Ao abraçarmos a honestidade, a diligência, a organização,</p><p>a humildade e o descanso, servimos a Deus. Seguimos o exemplo</p><p>que o próprio Cristo deu na criação e no ministério aqui na terra.</p><p>Esperamos que esse conteúdo te motive a conhecer ainda mais a</p><p>Deus e a se empenhar por ser um profissional exemplar — não</p><p>segundo o exemplo de nosso mundo egoísta e individualista, mas</p><p>segundo o exemplo de Deus.</p><p>Que Deus te abençoe, e bom trabalho!</p><p>RESUMO</p><p>Nesta unidade aprendemos que:</p><p>• Há honestidade (também chamada na Bíblia de</p><p>integridade) é uma das qualidade mais apreciadas pelo</p><p>Eterno. É uma virtude ligada à verdade, à coerência</p><p>com a verdade, envolvendo palavras e ações. A falta</p><p>de honestidade, ligada ao orgulho e ganância, foram</p><p>responsáveis por levar a humanidade à ruína (Gn. 3).</p><p>• A Bíblia valoriza as mãos diligentes e condena os</p><p>preguiçosos. A preguiça é considerada pelo cristianismo</p><p>101</p><p>VAlORES RElIgIOSOS E O TRABAlHO</p><p>medieval um dos sete pecados capitais. É uma forma de</p><p>negligenciar a vida e a força concedidas pelo criador.</p><p>• A narrativa bíblica também endossa a organização e o</p><p>planejamento. Eles são essenciais para a vida e especialmente</p><p>necessários no contexto profissional. Deus se revelou um ser</p><p>de ordem e planejamento desde a criação (Gn. 1) e espera</p><p>o mesmo daqueles que afirmam ser seus seguidores.</p><p>• O Senhor é o Deus dos humildes. Ele mesmo, encarnando e</p><p>morrendo, deu o exemplo maior de humildade e abnegação.</p><p>Por isso, convoca seus discípulos a agirem do mesmo modo em</p><p>todos os âmbitos da vida, inclusive no profissional — por mais</p><p>incoerente que seja com a lógica do mundo contemporâneo.</p><p>• Desde a criação, o descanso é algo requisitado por</p><p>Deus. Ao descasarmos no sábado, por exemplo,</p><p>honramos a Deus seguindo o exemplo dado por ele</p><p>desde a fundação do mundo. Numa sociedade que</p><p>enaltece workaholics e padece com burnout, o descanso</p><p>é um presente divino ainda mais necessário.</p><p>• Tudo o que fazemos é para Deus. Sendo ele o doador da</p><p>vida, tudo o que fazemos com esse dom tem relação com</p><p>102</p><p>RELIGIOSIDADE E COMPETÊNCIA PROFISSIONAL</p><p>Ele. Portanto, nosso trabalho e o que fazemos durante</p><p>o horário de expediente são do interesse divino.</p><p>REFERÊNCIAS</p><p>BRASIL. Decreto-Lei 2.848, de 07 de dezembro de 1940. Código</p><p>Penal. Diário Oficial da União, Rio de Janeiro, 31 dez.</p><p>BATCHELOR, P. Foreword. In: CARTHERWOOD, F. Light,</p><p>salt and the world of business: why we must stand agains</p><p>corruption. Peabody, Ma: Hendrickson Pub, 2012.</p><p>CARTHERWOOD, F. Light, salt and the world of business:</p><p>why we must stand agains corruption. Peabody, Ma:</p><p>Hendrickson Pub, 2012.</p><p>KELLER, T.; ALSDORF, K. L. Como integrar fé e trabalho:</p><p>nossa profissão a serviço do reino de Deus. São Paulo: Vida</p><p>Nova, 2014.</p><p>LUFKIN, B. Por que enaltecemos os workaholics? BBC</p><p>Worklife. 2021. Disponível em: https://www.bbc.com/</p><p>portuguese/vert-cap-57314657. Acesso em: 20 out. 2021.</p><p>103</p><p>VAlORES RElIgIOSOS E O TRABAlHO</p><p>ESTUDO mostra que workaholics têm mais problemas</p><p>psiquiátricos. Forbes. 2021. Disponível em: https://forbes.</p><p>com.br/outros_destaques/2016/06/estudo-mostra-que-</p><p>workaholics-tem-mais-problemas-psiquiatricos/. Acesso em: 20</p><p>out. 2021.</p><p>PREGUIÇA. In: Michaelis, Dicionário brasileiro da língua</p><p>portuguesa. São Paulo: Editora Melhoramentos, 2021.</p><p>Disponível em: https://michaelis.uol.com.br/moderno-</p><p>portugues/busca/portugues-brasileiro/pregui%C3%A7a/.</p><p>Acesso em: 20 out. 2021.</p><p>MÜLLER, N. Humildade no ambiente de trabalho:</p><p>oportunidade ou freio na carreira?. Administradores.com.</p><p>2017. Disponível em: https://administradores.com.br/artigos/</p><p>humildade-no-ambiente-de-trabalho-oportunidade-ou-freio-na-</p><p>carreira. Acesso em: 20 out. 2021.</p><p>PERES, P. Por que o cérebro precisa de descanso? Nova</p><p>Escola. 2018. Disponível em: https://novaescola.org.br/</p><p>conteudo/12194/por-que-o-cerebro-precisa-de-descanso.</p><p>Acesso em: 20 out. 2021.</p><p>WHITE, E. G. Serviço cristão. [S.l.]: Ellen G. White State, Inc,</p><p>2007a. Disponível em: http://www.centrowhite.org.br/files/</p><p>104</p><p>RELIGIOSIDADE E COMPETÊNCIA PROFISSIONAL</p><p>ebooks/egw/Servi%C3%A7o%20Crist%C3%A3o.pdf. Acesso</p><p>em: 20 out. 2021.</p><p>WHITE, E. G. A ciência do bom viver. [S.l.]: Ellen G. White</p><p>State, Inc, 2013. Disponível em: http://centrowhite.org.br/</p><p>files/ebooks/egw/A%20Ci%C3%AAncia%20do%20Bom%20</p><p>Viver.pdf. Acesso em: 20 out. 2021.</p><p>WHITE, E. G. Mente, caráter e personalidade 1. [S.l.]: Ellen G.</p><p>White State, Inc, 2005. Disponível em: http://centrowhite.org.</p><p>br/files/ebooks/egw/Mente,%20Car%C3%A1ter%20e%20</p><p>Personalidade%201.pdf. Acesso em: 20 out. 2021.</p><p>WHITE, E. G. Patriarcas e profetas. [S.l.]: Ellen G. White State,</p><p>Inc, 2007c. Disponível em: http://www.centrowhite.org.br/</p><p>files/ebooks/egw/Mensagens%20aos%20Jovens.pdf. Acesso</p><p>em: 20 out. 2021.</p><p>WHITE, E. G. Mente, caráter e personalidade 2. [S.l.]: Ellen G.</p><p>White State, Inc, 2007b. Disponível em: http://centrowhite.</p><p>org.br/files/ebooks/egw/Mente,%20Car%C3%A1ter%20e%20</p><p>Personalidade%202.pdf. Acesso em: 20 out. 2021.</p>

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