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<p>2. A CENTRALIDADEDA LEI DEDEUS</p><p>A centralidade da Lei de Deus na ética e moral cristã é um aspecto fundamental da teologia</p><p>bíblica, especialmente dentro da tradição protestante. A Lei de Deus não apenas orienta o</p><p>comportamentomoral dos crentes, mas também revela o caráter de Deus e a necessidade da graça.</p><p>Dentro da ética cristã, a Lei não é vista como um conjunto de regras arbitrárias, mas como</p><p>uma expressão do amor de Deus e um guia para viver em conformidade com Sua vontade. A Lei, no</p><p>entanto, é entendida à luz da obra de Cristo, que cumpre e aperfeiçoa seu propósito.</p><p>Abaixo, vamos aprofundar a compreensão da Lei de Deus em seu papel central na</p><p>moralidade cristã.</p><p>2.1 A Lei de Deus: Reflexo do Caráter Divino</p><p>A Lei de Deus, conforme revelada nas Escrituras, é vista como uma expressão direta do</p><p>caráter de Deus. Ela reflete a santidade, justiça e bondade de Deus. A ética cristã, portanto, tem</p><p>como base o caráter de Deus, que é imutável e perfeito.</p><p>Pois eu sou o Senhor Deus de vocês; consagrem-se e sejam santos, porque eu sou santo.</p><p>(Levítico 11:44 A)</p><p>Essa santidade Divina serve como um padrão para a vida moral dos crentes. A Lei moral de</p><p>Deus, expressa nos Dez Mandamentos e outros preceitos, revela como Deus deseja que Seu povo</p><p>viva, refletindo Sua santidade e justiça em todas as esferas da vida.</p><p>A moralidade protestante está profundamente conectada com os Dez Mandamentos, que</p><p>são vistos como um reflexo do caráter santo de Deus. No entanto, no protestantismo, há uma</p><p>distinção clara entre a Lei e o Evangelho, sendo que a Lei revela o padrão de Deus, enquanto o</p><p>Evangelho oferece a solução para o pecado pormeio da graça de Cristo.</p><p>Essa Lei não é abolida com a chegada de Cristo, mas cumprida Nele (Mateus 5:17). O cristão</p><p>é chamado a obedecer aos mandamentos de Deus, não como um meio de salvação, mas como uma</p><p>expressão de gratidão e obediência a Deus após ter recebido a graça da salvação.</p><p>2.2Os dezmandamentos: O resumo da Lei moral</p><p>Os Dez Mandamentos (Êxodo 20:1-17 e Deuteronômio 5:6-21) são uma expressão central</p><p>da Lei de Deus e constituem a base da moralidade cristã. Eles são divididos em duas partes</p><p>principais:</p><p>● Primeira Tábua: Mandamentos que tratam do relacionamento do ser humano com Deus</p><p>(mandamentos 1 a 4).</p><p>● Segunda Tábua: Mandamentos que tratam do relacionamento com o próximo (mandamentos</p><p>5 a 10).</p><p>Essesmandamentos servem como princípios universais para a condutamoral e fornecem um</p><p>guia claro para o comportamento ético.</p><p>A centralidade dos Dez Mandamentos na ética cristã é fundamentada em sua abrangência,</p><p>pois tratam tanto das obrigações para comDeus quanto das obrigações para com o próximo.</p><p>Exemplos deMandamentos:</p><p>● Primeiro Mandamento: "Não terás outros deuses diante de mim" (Êxodo 20:3) — Reflete a</p><p>exclusividade da adoração a Deus e a rejeição da idolatria.</p><p>● Sexto Mandamento: "Não matarás" (Êxodo 20:13) — Reflete o valor da vida humana e o</p><p>respeito pela dignidade dos outros.</p><p>● Oitavo Mandamento: "Não furtarás" (Êxodo 20:15) — Reflete o respeito pela propriedade e o</p><p>direito dos outros.</p><p>Os Dez Mandamentos não são apenas proibições, mas também instruções positivas para</p><p>viver demaneira que promova a justiça, a paz e o respeito pela criação de Deus.</p><p>2.3 A Lei de Deus no Antigo Testamento e Sua Continuidade</p><p>A Lei de Deus, conforme revelada no Antigo Testamento, não foi apenas um código para o</p><p>povo de Israel. No contexto cristão, a Lei tem aplicação contínua, pois revela os padrões morais de</p><p>Deus para toda a humanidade.</p><p>A lei do Senhor é perfeita, e revigora a alma. Os testemunhos do Senhor são dignos de confiança, e tornam</p><p>sábios os inexperientes. Os preceitos do Senhor são justos, e dão alegria ao coração. Os mandamentos do</p><p>Senhor são límpidos, e trazem luz aos olhos. (Salmos 19:7-8)</p><p>Esse salmo reflete a beleza e a perfeição da Lei de Deus, que tem o poder de transformar o</p><p>coração humano.</p><p>A Lei é uma luz que guia o crente no caminho da justiça e da santidade, proporcionando</p><p>sabedoria e discernimentomoral.</p><p>Embora a Lei contenha aspectos cerimoniais e civis que se aplicavam especificamente à</p><p>nação de Israel, o aspecto moral da Lei é visto como universal e permanente, pois reflete o caráter</p><p>imutável de Deus.</p><p>2.4 Jesus é o cumprimento da lei</p><p>No Novo Testamento, Jesus afirma a centralidade da Lei de Deus, mas ao mesmo tempo</p><p>expande e aprofunda seu significado. Ele não veio para abolir a Lei, mas para cumpri-la e revelar seu</p><p>pleno significado.</p><p>Não pensem que vim abolir a Lei ou os Profetas; não vim abolir, mas cumprir. Digo-lhes a verdade: Enquanto</p><p>existirem céus e terra, de forma alguma desaparecerá da Lei a menor letra ou o menor traço, até que tudo se</p><p>cumpra. (Mateus 5:17-18)</p><p>A palavra “cumprir” aqui significa que Jesus completou o propósito da Lei. Ele obedeceu</p><p>perfeitamente à Lei em todos os aspectos, e Seu ensino vai além da mera observância externa,</p><p>chegando à transformação interior do coração.</p><p>Por exemplo, no Sermão doMonte (Mateus 5-7), Jesus aprofunda o entendimento da Lei. Ele</p><p>ensina que a obediência verdadeira à Lei não se limita à conformidade externa, mas envolve o</p><p>coração e as intenções.</p><p>"Vocês ouviram o que foi dito aos seus antepassados: ‘Nãomatarás’, e ‘quemmatar estará sujeito a</p><p>julgamento’. Mas eu lhes digo que qualquer que se irar contra seu irmão estará sujeito a julgamento.</p><p>Também, qualquer que disser a seu irmão: ‘Racá’, será levado ao tribunal. E qualquer que disser:</p><p>‘Louco!’, corre o risco de ir para o fogo do inferno. (Mateus 5:21-22)</p><p>Aqui, Jesus mostra que a obediência à Lei de Deus deve incluir pureza interior, e não apenas</p><p>conformidade externa. Assim, a Lei de Deus continua central na ética cristã, mas agora é entendida e</p><p>aplicada por meio da obra redentora de Cristo, que nos capacita a viver de acordo com seus padrões</p><p>pormeio da graça.</p><p>2.5 A lei e a graça na ética Cristã</p><p>Uma questão importante na teologia protestante é a relação entre a Lei e a graça. Embora a</p><p>Lei de Deus seja um guia moral essencial, o cristão não depende da Lei para alcançar a salvação. Em</p><p>vez disso, a salvação é pela graça mediante a fé em Cristo (Efésios 2:8-9), e as boas obras são o</p><p>resultado dessa fé.</p><p>Portanto, ninguém será declarado justo diante dele baseando-se na obediência à lei, pois é mediante a lei</p><p>que nos tornamos plenamente conscientes do pecado. (Romanos 3:20)</p><p>A Lei tem a função de revelar o pecado e a necessidade da graça redentora de Cristo. O</p><p>crente, justificado pela fé, não está mais debaixo da condenação da Lei, mas é chamado a viver de</p><p>maneira moral e justa como uma resposta de gratidão à graça de Deus.</p><p>Pois o pecado não os dominará, porque vocês não estão debaixo da lei, mas debaixo da graça. (Romanos</p><p>6:14)</p><p>A graça de Deus, no entanto, não anula a necessidade de obedecer à Lei moral. Pelo</p><p>contrário, a graça capacita o crente a viver de acordo com a Lei de Deus, não por medo da</p><p>condenação, mas por amor e gratidão a Deus.</p><p>2.6O Espírito Santo e a lei no coração</p><p>No contexto da Nova Aliança, a Lei de Deus é escrita no coração dos crentes por meio da</p><p>ação do Espírito Santo. Essa promessa, encontrada no Antigo Testamento, é cumprida no Novo</p><p>Testamento pela obra regeneradora do Espírito.</p><p>"Esta é a aliança que farei com a comunidade de Israel depois daqueles dias", declara o Senhor: "Porei a</p><p>minha lei no íntimo deles e a escreverei nos seus corações. Serei o Deus deles, e eles serão o meu povo.</p><p>(Jeremias 31:33)</p><p>Essa internalização da Lei de Deus pelo Espírito Santo significa que a obediência moral não é</p><p>mais um fardo imposto de fora, mas um desejo nascido do coração regenerado. O Espírito Santo</p><p>capacita o crente a viver de acordo com os padrões de Deus, trazendo uma transformação profunda</p><p>e duradoura.</p><p>Mas o fruto do Espírito é amor, alegria, paz, paciência, amabilidade, bondade, fidelidade, mansidão e</p><p>domínio próprio. Contra essas coisas não há lei. (Gálatas 5:22-23)</p><p>Aqui, Paulo mostra que o fruto do Espírito é a manifestação do caráter de Deus na vida do</p><p>crente. Quando o Espírito está</p><p>presente, o crente vive em conformidade com a Lei moral de Deus de</p><p>maneira espontânea e genuína.</p><p>2.7A centralidade da lei no amor</p><p>Toda a Lei de Deus, tanto no Antigo quanto noNovo Testamento, é resumida no amor a Deus</p><p>e ao próximo. Essa é a essência da Lei moral e o coração da ética cristã.</p><p>Respondeu Jesus: " ‘Ame o Senhor, o seu Deus de todo o seu coração, de toda a sua alma e de todo o seu</p><p>entendimento’. Este é o primeiro e maior mandamento. E o segundo é semelhante a ele: ‘Ame o seu próximo</p><p>como a si mesmo’. Destes dois mandamentos dependem toda a Lei e os Profetas". (Mateus 22:37-40)</p><p>A moralidade cristã é, portanto, uma expressão do amor a Deus e ao próximo. O amor não</p><p>anula a Lei, mas cumpre seu verdadeiro propósito. Quem ama verdadeiramente a Deus e ao próximo</p><p>estará vivendo de acordo com a Lei de Deus.</p><p>Conclusão</p><p>A Lei de Deus ocupa um lugar central na ética emoral cristã. Ela é uma revelação do caráter</p><p>santo e justo de Deus e serve como um guia para a vidamoral.</p><p>No entanto, no contexto cristão, a Lei é compreendida à luz da graça de Deus emCristo, que</p><p>cumpre a Lei e capacita os crentes a vivê-la. A obediência à Lei de Deus, agora escrita no coração dos</p><p>crentes pelo Espírito Santo, é uma expressão de amor a Deus e ao próximo, é um reflexo da</p><p>transformação interna operada pela graça.</p><p>A Lei de Deus não é apenas uma série de regras, mas umamaneira de viver em conformidade</p><p>com o caráter e os propósitos de Deus para omundo.</p>