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<p>Conceitos básicos de Economia</p><p>Você vai aprender os fundamentos e as contribuições mais recentes da ciência econômica, bem como a</p><p>história do pensamento econômico, para ter uma compreensão contextualizada da economia moderna.</p><p>Prof.ª Maria Eduarda Barroso Perpétuo</p><p>1. Itens iniciais</p><p>Propósito</p><p>Entender os conceitos fundamentais e a história do pensamento econômico é importante para compreender o</p><p>que é a ciência econômica e como a pesquisa econômica evoluiu até os dias atuais.</p><p>Objetivos</p><p>Definir conceitos fundamentais para compreensão das análises econômicas.</p><p>Descrever uma breve história do pensamento econômico.</p><p>Descrever a agenda de pesquisa econômica atual.</p><p>Introdução</p><p>O estudo de qualquer ciência começa com uma série de conceitos básicos. Em economia, iniciaremos falando</p><p>sobre as escolhas das pessoas sobre como alocar recursos, dado que há limites no que podem fazer.</p><p>Apresentaremos também a evolução da ciência econômica ao longo do tempo e descreveremos os caminhos</p><p>que estão sendo desenvolvidos.</p><p>•</p><p>•</p><p>•</p><p>1. Primeiros conceitos econômicos</p><p>Uma digressão sobre economia e ciência</p><p>Economia vem do grego e significa casa e lei. Mas também gerir ou administrar. Daí entendemos o sentido de</p><p>regras da casa ou administração doméstica.</p><p>Mas o que é, de fato, economia?</p><p>Economia é uma ciência social que estuda a produção, a distribuição, a acumulação e o consumo de</p><p>bens e serviços.</p><p>Ela busca entender como indivíduos, empresas, governos e nações fazem escolhas sobre como alocar</p><p>recursos para satisfazerem suas necessidades e como podem se organizar e coordenar esforços para</p><p>alcançar o melhor resultado possível.</p><p>Mas o que é uma ciência?</p><p>Ciência é uma forma de compreender o mundo, assim como a religião, a intuição e o senso comum.</p><p>Porém, a ciência produz conhecimento por meio de experimentos e teorias.</p><p>Por exemplo, por meio da teoria geocêntrica, a astronomia estudou a Terra como fixa no centro do universo, e</p><p>todos os outros corpos celestes orbitavam ao seu redor. Essa teoria foi substituída no século XVI pelo</p><p>Heliocentrismo (ou seja, o Sol está no centro e todos os demais astros celestes orbitam ao seu redor),</p><p>sistematizado por Nicolau Copérnico, após observações e aprofundamentos de estudos que existiam desde a</p><p>Grécia Antiga.</p><p>Portanto, existem diversas teorias nas quais não é necessário acreditar, porque já foram substituídas ou até</p><p>desacreditadas. Em contrapartida, outras foram reforçadas e aprimoradas, como a cartografia. Por exemplo, o</p><p>mapa de Çatal Huyuk, elaborado provavelmente em 6.200 AEC, é uma prova de que a humanidade sempre</p><p>utilizou meios para se guiar. Com a evolução da humanidade e dos mapas, você acreditaria que o mundo é</p><p>bidimensional ao olhar um aplicativo de mapas em seu celular? Certamente, não!</p><p>A teoria nada mais é do que uma ferramenta imperfeita. Baseada na realidade observada (natural, social,</p><p>econômica etc.), seu o objetivo é ser útil para explicar o fenômeno estudado. Assim, muitas vezes, ela pode</p><p>ser reduzida a simplificações grosseiras.</p><p>AEC</p><p>O uso das siglas AEC (antes da Era Comum) e EC (Era Comum) tem como objetivo uma escrita inclusiva,</p><p>sem distinção de crença ou cultura. São equivalentes aos termos antes de Cristo (a.C.) e depois de</p><p>Cristo (d.C.).</p><p>O precursor da ciência moderna é Francis</p><p>Bacon, que, no século XVI, deixou registrado</p><p>que “saber é poder”. A partir dele e da</p><p>Revolução Científica Moderna, começa a busca</p><p>pelo desenvolvimento de um compreensão</p><p>sistemática da natureza que permita atingir</p><p>objetivos concretos.</p><p>Exemplo</p><p>Se chove, nós nos molhamos. Se determinado medicamento for utilizado, a mortalidade de certa doença</p><p>será reduzida. Assim, há a tentativa de compreender o mundo por meio da relação de causalidade. Mas</p><p>como sabemos se uma teoria é útil? Geralmente, submetemos a teoria ao teste empírico, ou seja, ela</p><p>deve explicar determinado conjunto de dados. Por exemplo, se a teoria diz que “se chove, algo se</p><p>molha”, buscamos uma série de dados sobre “chuva ou sol” e sobre “objeto molhado ou seco”, e vemos</p><p>se a teoria explica a relação empírica observada.</p><p>O teste empírico deve sempre ser construído de modo que isole as variáveis relevantes do problema. Em</p><p>outras palavras, ele deve tomar “tudo mais como constante” para não comprometer o resultado da avaliação.</p><p>Afinal, é comum haver outras variáveis que afetem as observações, por exemplo, uma superfície pode estar</p><p>molhada porque alguém a lavou com água encanada.</p><p>Embora um teste empírico possa ser bem-sucedido, devemos dizer que não rejeitamos a teoria. Não podemos</p><p>aceitá-la absolutamente porque, desde o princípio, sabemos que ela é imperfeita, mas seguimos com ela</p><p>enquanto não for rejeitada nem surgir outra mais aperfeiçoada (isto é, que explique melhor os dados).</p><p>Escolha individual</p><p>Acompanhe, neste vídeo, como as escolhas individuais ― guiadas pelos princípios da escassez de recursos,</p><p>custo real, decisão marginal e oportunidades de melhoria ― são fundamentais em todas as atividades</p><p>econômicas.</p><p>Conteúdo interativo</p><p>Acesse a versão digital para assistir ao vídeo.</p><p>Vamos entender primeiro que a ciência econômica é tipicamente dividida em:</p><p>Em todos os casos, precisamos analisar a escolha individual dos agentes envolvidos.</p><p>Qualquer questão em economia envolve escolha individual, independentemente de estarmos no campo da</p><p>micro ou da macroeconomia. Em última instância, até decisões macroeconômicas são baseadas em uma série</p><p>de decisões individuais sobre o que fazer ou não. Portanto, podemos dizer que economia é sobre escolhas.</p><p>Microeconomia</p><p>Estuda o comportamento de agentes</p><p>individuais. Exemplo: Qual deve ser a</p><p>regulação do setor de telefonia para garantir</p><p>cobertura adequada à população?</p><p>Macroeconomia</p><p>Analisa a economia de maneira</p><p>agregada. Exemplo: Por que a inflação</p><p>aumentou?</p><p>Quando vamos à feira, há diversos produtos em</p><p>inúmeras barracas. É pouco provável que</p><p>tenhamos dinheiro para comprar tudo o que</p><p>desejamos e, mesmo que tenhamos, é possível</p><p>que não haja espaço suficiente na geladeira</p><p>para guardar todos os produtos.</p><p>Alguém pode argumentar que basta comprar</p><p>outra geladeira. Contudo, o espaço em sua</p><p>casa é limitado, de forma que precisamos</p><p>escolher qual alimento comprar e qual colocar</p><p>na geladeira.</p><p>O fato de alguns produtos estarem à venda na feira já envolve uma escolha. O feirante escolheu quais itens</p><p>levar para a feira, e os produtores agrícolas também escolheram quais cultivariam.</p><p>Notamos, então, que todas as atividades econômicas passam por escolhas.</p><p>Existem quatro princípios econômicos contidos na escolha individual:</p><p>Escassez de recursos</p><p>Custo real</p><p>Decisão marginal</p><p>Oportunidades de melhoria</p><p>A seguir, conheceremos melhor cada um deles.</p><p>Escassez de recursos</p><p>No geral, não podemos ter tudo o que queremos. Nossa renda é limitada, o que restringe o que podemos</p><p>adquirir. A renda que escolhemos gastar indo ao cinema, por exemplo, equivale à que deixamos de gastar com</p><p>algum outro bem ou serviço.</p><p>Todavia, existem alguns indivíduos muito ricos, e você deve estar pensando que eles podem ter tudo. Até eles</p><p>não podem fazer tudo o que querem, porque há a limitação de tempo: o dia possui apenas 24 horas.</p><p>Assim, o tempo que escolheremos dedicar a determinada atividade não poderá ser usado a outra. Por</p><p>exemplo, o tempo que dedicamos ao nosso sono é um momento em que deixamos de trabalhar.</p><p>Fazer escolhas apenas reflete o fato de que os recursos são escassos.</p><p>Recurso é qualquer elemento que pode ser usado na produção de um bem. Em economia,</p><p>geralmente consideramos o trabalho, a terra, o capital físico e o humano (conquistas educacionais e</p><p>habilidades individuais) como recursos.</p><p>Podemos afirmar que:</p><p>•</p><p>•</p><p>•</p><p>•</p><p>Um recurso é escasso quando sua quantidade disponível é insuficiente para satisfazer todos os usos</p><p>que uma sociedade quer fazer dele.</p><p>(Krugman; Wells, 2001)</p><p>Há diversas formas de tomar decisões. Uma delas é permitir que elas surjam como o resultado de escolhas</p><p>individuais, o que acontece, normalmente, em economias de mercado.</p><p>Há também</p><p>campos que economistas pode estudar e nos quais podem atuar, o que é</p><p>uma das grandes vantagens da profissão. Além disso, campos mais clássicos, como macroeconomia e</p><p>microeconomia, seguem igualmente trazendo novidades.</p><p>Economia do trabalho</p><p>Procura entender o funcionamento e a dinâmica dos mercados de trabalho assalariado.</p><p>Economia ambiental</p><p>Dedica-se a estudar a escassez dos recursos ambientais, propondo minimizar o impacto causado no</p><p>meio ambiente.</p><p>Economia do crime</p><p>É uma área relativamente nova. Usa o raciocínio econômico para explicar a tomada de decisões em</p><p>condutas ilícitas.</p><p>Econometria</p><p>Desenvolve um ferramental mais aplicado do que outras áreas e pesquisas citadas aqui e possui uma</p><p>gama de possibilidades praticamente infinita.</p><p>Economias que descrevem e transformam sociedades</p><p>Assista, neste vídeo, às nuances da economia política, desde os ciclos eleitorais até a influência da cultura nas</p><p>escolhas políticas, e à economia da pobreza, revelando como estudos experimentais estão transformando a</p><p>luta contra a pobreza global.</p><p>Conteúdo interativo</p><p>Acesse a versão digital para assistir ao vídeo.</p><p>Verificando o aprendizado</p><p>Questão 1</p><p>Sobre a área de desenvolvimento econômico, o que não podemos afirmar?</p><p>A Os modelos econômicos de desenvolvimento modernos incorporam variáveis como crescimento</p><p>populacional, progresso tecnológico e capital humano.</p><p>B Não há evidências empíricas de que instituições afetam o desenvolvimento econômico, pois é o</p><p>crescimento econômico que determina boas instituições.</p><p>CA forma de organização dos sistemas financeiros nacionais, o desenho de constituições, o tipo de regime</p><p>de um país e seu grau de liberalização comercial influenciam no desenvolvimento econômico dos países.</p><p>DUm dos obstáculos para determinar se cultura e crenças afetam o crescimento econômico é o fato de</p><p>essas variáveis serem difíceis de serem mensuradas e capturadas pelos dados.</p><p>E O grau de liberalização comercial de um país e a garantia dos direitos de propriedade impactam no</p><p>desenvolvimento econômico.</p><p>A alternativa B está correta.</p><p>Embora exista um problema de dupla causalidade que dificulte determinar se instituições afetam o</p><p>crescimento econômico, Daron Acemoglu e James A. Robinson apresentaram evidências empíricas de que</p><p>as instituições desempenham importante função no desenvolvimento econômico.</p><p>Vamos analisar as alternativas:</p><p>A) Verdadeira. A preocupação com que os parâmetros e os dados inseridos no modelo explicassem a</p><p>realidade levou os economistas a elaborarem modelos de desenvolvimento cada vez mais sofisticados.</p><p>C) Verdadeira. Economistas contemporâneos desenvolveram trabalhos apontando para evidências</p><p>empíricas nesse sentido.</p><p>D) Verdadeira. A literatura econômica tem apresentado importantes contribuições na área nas últimas</p><p>décadas.</p><p>E) Verdadeira. Direitos de propriedade e abertura comercial estão entre os principais determinantes do</p><p>desenvolvimento econômico. Direitos de propriedade bem definidos geram incentivos ao investimento, e a</p><p>abertura comercial permite acesso a bens e tecnologias por menor preço, entre diversos outros efeitos.</p><p>Questão 2</p><p>Segundo a economia comportamental, podemos afirmar que</p><p>A a racionalidade humana está sempre acima de questões subjetivas e culturais.</p><p>B ela não faz distinção entre os comportamentos presente e futuro.</p><p>C ela postula que não há custos psicológicos na escolha.</p><p>D unindo economia e psicologia, ela busca explicar por que os indivíduos tomam decisões</p><p>aparentemente irracionais.</p><p>E as pessoas tendem a escolher a melhor opção independentemente do que seja oferecido como opção</p><p>padrão.</p><p>A alternativa D está correta.</p><p>A premissa básica da economia comportamental é que os seres humanos nem sempre são racionais.</p><p>Vamos analisar as alternativas:</p><p>A) A alternativa está incorreta. Às vezes, escolhas podem ser baseadas em questões subjetivas que pesam</p><p>mais que a racionalidade econômica.</p><p>B) A alternativa está incorreta. Em determinadas situações, sentir-se bem no presente é melhor do que</p><p>sofrer no futuro.</p><p>C) A alternativa está incorreta. A economia comportamental supõe que as pessoas tendem a aceitar a</p><p>opção que lhes é dada, e não arcar com os custos psicológicos da escolha.</p><p>E) A alternativa está incorreta. A escolha das pessoas depende da opção padrão em relação a que elas irão</p><p>comparar às alternativas.</p><p>4. Conclusão</p><p>Considerações finais</p><p>Estudamos alguns conceitos básicos de ciências econômicas. Vimos como ela evoluiu ao longo do tempo e</p><p>que caminhos está trilhando no presente.</p><p>Vimos também os diversos objetos de estudo da Economia, que busca responder como alocar recursos da</p><p>melhor forma possível. Essa é a régua para determinar se a profissão é bem-sucedida: devemos contribuir</p><p>para o melhor destino possível dos recursos que temos à nossa disposição. Assim, teremos mais</p><p>desenvolvimento, menos pobreza e desigualdade e melhores políticas públicas para a sociedade.</p><p>Podcast</p><p>Ouça o podcast para recapitualr os principais pontos estudados.</p><p>Conteúdo interativo</p><p>Acesse a versão digital para ouvir o áudio.</p><p>Explore +</p><p>Para saber mais sobre os assuntos estudados, sugerimos as seguintes leituras:</p><p>ACEMOGLU, D.; ROBINSON, J. Por que as nações fracassam? Nova York: Crown Publishing Group, 2012.</p><p>BANERJEE, A.; DUFLO, E. Good economics for hard times. Nova York: Public Affairs, 2019.</p><p>BANERJEE, A.; DUFLO, E. Poor economics. Nova York: PublicAffairs, 2011.</p><p>FERGUSON, N. A ascensão do dinheiro: uma história financeira do mundo. São Paulo: Planeta do Brasil, 2009.</p><p>TELLES, A.; TIROLE, J. Economia do bem comum. São Paulo: Companhia das Letras, 2020.</p><p>Referências</p><p>CAMPANTE, F. A ciência da economia política: o legado de Alberto Alesina. Nexo Jornal, 2020.</p><p>GOVERNO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO. Renda Melhor Jovem. 2014.</p><p>KRUGMAN, P.; WELLS, R. Introdução à economia. 2. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2011.</p><p>HAYES, A. Game theory. Investopedia, 2019.</p><p>MANKIW, N. G. Macroeconomia. 7. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2011.</p><p>MEHARI, T. Y. A short history of economic thought. Groningen: University of Groningen, 2002.</p><p>PERSSON, T.; TABELLINI, G. Political economics: explaining economic policy. The MIT Press, 2002.</p><p>ROLL, E. A history of economic thought. Londres: Faber & Faber, 1992.</p><p>SCREPANTI, E.; ZAMAGNI, S. An outline history of the economic thought. 2. ed. Oxford: Oxford University</p><p>Press, 2005.</p><p>THE ECONOMIST. The legacy of Alberto Alesina. 2020.</p><p>VARIAN, H. R. Microeconomia: uma abordagem moderna. 8. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2012.</p><p>Conceitos básicos de Economia</p><p>1. Itens iniciais</p><p>Propósito</p><p>Objetivos</p><p>Introdução</p><p>1. Primeiros conceitos econômicos</p><p>Uma digressão sobre economia e ciência</p><p>Exemplo</p><p>Escolha individual</p><p>Conteúdo interativo</p><p>Escassez de recursos</p><p>Custo real</p><p>Exemplo</p><p>Decisão marginal</p><p>Oportunidades de melhoria</p><p>Exemplo</p><p>Exemplo</p><p>Os quatro princípios da escolha individual para análise econômica</p><p>Conteúdo interativo</p><p>Mercados: interações entre indivíduos</p><p>Conteúdo interativo</p><p>Ganhos de mercado</p><p>Exemplo</p><p>Meio de troca</p><p>Reserva de valor</p><p>Unidade de conta</p><p>Movimentação dos mercados em direção ao equilíbrio</p><p>Uso eficiente dos recursos para o alcance dos objetivos da sociedade</p><p>Exemplo</p><p>Mercados rumo à eficiência</p><p>Exemplo</p><p>Ação governamental em prol do aumento de bem-estar</p><p>Exemplo</p><p>Variáveis endógenas e exógenas</p><p>Verificando o aprendizado</p><p>2. História do pensamento econômico</p><p>Pensamento econômico</p><p>Origem da ciência econômica</p><p>Surgimento da economia política</p><p>Mercantilistas</p><p>Bulionistas (metalistas)</p><p>Mercantilistas</p><p>Atenção</p><p>Precursores da economia política clássica</p><p>Economia política clássica</p><p>Evoluções no pensamento econômico clássico</p><p>A mão invisível e a harmonia do mercado</p><p>Rupturas com o mercantilismo</p><p>Teóricos da economia política clássica</p><p>Adam Smith</p><p>Thomas Malthus</p><p>David Ricardo e John Stuart Mill</p><p>Evolução do pensamento econômico clássico</p><p>Conteúdo interativo</p><p>Revolução marginalista e ortodoxia</p><p>Revolução marginalista ou utilitarista</p><p>Conteúdo interativo</p><p>Saiba mais</p><p>Ortodoxia neoclássica</p><p>Curiosidade</p><p>As transformações da revolução marginalista e da ortodoxia neoclássica para a economia</p><p>Conteúdo interativo</p><p>Keynes em diante</p><p>Economia keynesiana</p><p>Comentário</p><p>Economia depois de Keynes</p><p>Keynes em diante</p><p>Conteúdo interativo</p><p>Verificando o aprendizado</p><p>3. Pesquisa econômica atual</p><p>Pesquisa econômica</p><p>Teoria dos jogos</p><p>Exemplo</p><p>Economia política</p><p>Macroeconomia moderna</p><p>Escolha pública</p><p>Escolha racional</p><p>Economia comportamental</p><p>Exemplo</p><p>Economia política</p><p>Conteúdo interativo</p><p>Desenvolvimento econômico</p><p>Conteúdo interativo</p><p>Saiba mais</p><p>Economia da pobreza</p><p>Economia da desigualdade</p><p>Outras áreas voltadas à economia</p><p>Economia da saúde e da educação</p><p>Economia da saúde</p><p>Economia da educação</p><p>Outras áreas voltadas à economia</p><p>Economia do trabalho</p><p>Economia ambiental</p><p>Economia do crime</p><p>Econometria</p><p>Economias que descrevem e transformam sociedades</p><p>Conteúdo interativo</p><p>Verificando o aprendizado</p><p>4. Conclusão</p><p>Considerações finais</p><p>Podcast</p><p>Conteúdo interativo</p><p>Explore +</p><p>Referências</p><p>decisões que a sociedade considera que é melhor não serem fruto do resultado de escolhas</p><p>individuais, porque são prejudiciais na maioria dos casos. Por exemplo, consumir bebida alcoólica e dirigir.</p><p>Custo real</p><p>O gasto de adquirir algo envolve também o que dispensamos para realizar a aquisição.</p><p>Imagine que você prestou vestibular para uma universidade privada e conquistou a aprovação para o curso</p><p>integral em ciências econômicas. O custo monetário de estudar em uma universidade privada é o valor da</p><p>mensalidade mais o gasto com passagem, alimentação e material. Mas isso não inclui tudo: esse não é custo</p><p>real de estar em uma universidade privada.</p><p>Estudar em tempo integral significa que você está abrindo mão de fazer um curso de inglês pela tarde ou de</p><p>trabalhar em algum estabelecimento. O custo de desistir de outra atividade se chama custo de oportunidade.</p><p>Esse é um conceito essencial em economia e se trata do que abdicamos ao deixar de escolher nossa segunda</p><p>melhor alternativa.</p><p>O custo real de algo é a soma de seus custos monetário e de oportunidade. Portanto, todo gasto é</p><p>um custo de oportunidade.</p><p>Observe o caso a seguir para entender melhor:</p><p>Exemplo</p><p>Programas sociais e custo de oportunidadeEm 2011, a Secretaria Estadual de Educação do Rio de</p><p>Janeiro formulou o programa Renda Melhor Jovem, que consistia em depósitos na poupança de jovens</p><p>que cursavam o ensino médio em escolas públicas e eram beneficiados pelo programa e pelo Cartão</p><p>Família Carioca. Após a conclusão do ensino médio, os jovens poderiam usar essa poupança. A ideia de</p><p>pagar um valor para eles estudarem tem como base o conceito de custo de oportunidade, pois muitos</p><p>jovens pobres abandonam a escola para trabalhar e ajudar suas famílias.</p><p>Decisão marginal</p><p>Diversas escolhas importantes em nossas vidas começam com a pergunta: “Quanto?”. Não só com relação ao</p><p>dinheiro, pois essa pergunta se refere também à quantidade.</p><p>Ou seja, se você está cursando duas disciplinas ― microeconomia e macroeconomia ―, precisa escolher</p><p>quanto tempo vai dedicar para estudar cada uma delas.</p><p>Em economia, entendemos escolhas de “quanto?” como uma decisão marginal.</p><p>Gastar mais tempo estudando microeconomia significa que você possivelmente terá um benefício nessa</p><p>matéria: tirar uma nota mais alta. Porém, isso também implica menos tempo estudando macroeconomia.</p><p>Sua decisão envolverá um trade-off, ou seja, comparar entre o custo e o benefício. Essa comparação faz parte</p><p>da escolha.</p><p>Como decidir, então, quanto tempo dedicar a cada uma das disciplinas? Você pode não perceber, mas, no</p><p>geral, decisões desse tipo são tomadas a cada momento.</p><p>Imagine que as provas de microeconomia e macroeconomia sejam na mesma data. No dia anterior, você</p><p>decide dedicar metade do tempo à macroeconomia e, a outra metade, para a outra disciplina.</p><p>Porém, antes de chegar ao fim do tempo destinado à macroeconomia, você nota que é melhor dedicar mais</p><p>tempo do que o que tinha pensado. À noite, já com sono, você percebe que ainda faltou conteúdo da</p><p>disciplina, mas ainda está finalizando o de microeconomia. O que fazer? Se você teve nota melhor em uma</p><p>prova anterior de microeconomia, possivelmente optará por dedicar o tempo disponível restante à</p><p>macroeconomia.</p><p>Trata-se de um exemplo de decisões marginais. Elas envolvem um trade-off na margem, isto é, a análise do</p><p>custo-benefício de um pouco mais de uma atividade e um pouco menos de outra.</p><p>Trade-off</p><p>Trata-se de um dilema, isto é, uma situação em que comparamos o custo e o benefício e realizamos uma</p><p>escolha que envolve também renúncias.</p><p>Muitas decisões no nosso dia a dia são tomadas com base em análises marginais, que</p><p>desempenham papel fundamental na economia.</p><p>Se alguém está com sede, decide se vai tomar um copo de água ou não. Após o primeiro copo, ele avalia se</p><p>ainda quer tomar o segundo, e assim por diante. Não tomamos uma decisão apenas entre não beber água ou</p><p>tomar toda a água da casa, mas também entre um copo ou um gole a mais. A decisão sobre um gole adicional</p><p>é uma decisão na margem.</p><p>Oportunidades de melhoria</p><p>Para começar, observe este caso:</p><p>Exemplo</p><p>Todo mês de outubro, os supermercados Guanabara realizam uma promoção de aniversário, que é</p><p>bastante famosa no Rio de Janeiro. Diversas propagandas passam na televisão, e alguns jornais enviam</p><p>repórteres para cobrir o evento.Sempre que vemos as notícias, reparamos que há enorme quantidade de</p><p>pessoas nas lojas. Mas por que, se esses produtos são vendidos normalmente no dia a dia? Segundo os</p><p>consumidores, os preços durante as promoções são melhores que em qualquer outra época do ano.</p><p>Assim, quando as pessoas veem uma oportunidade de melhorar sua situação ― nesse caso, por meio da</p><p>compra de produtos mais baratos ― elas aproveitam.</p><p>Em geral, ao tentarem prever como os indivíduos se comportarão em alguma situação econômica,</p><p>profissionais economistas consideram que as pessoas aproveitarão a oportunidade de melhorar suas</p><p>situações. Assim, elas são exploradas até que se esgotem, isto é, até que tenham sido plenamente</p><p>aproveitadas pelas pessoas.</p><p>De modo amplo, o fato de que as pessoas exploram oportunidades de melhorar sua própria situação</p><p>é uma hipótese largamente adotada em modelos econômicos.</p><p>Quando houver redução do preço do chocolate, mais consumidores irão comprá-lo. Se o salário de</p><p>profissionais de engenharia diminuir muito e o dos médicos aumente mais, é provável que alguns alunos do</p><p>ensino médio deixem de prestar vestibular para engenharia e mudem para medicina.</p><p>Quando há mudanças nas oportunidades disponíveis e, consequentemente, de comportamento, afirmamos</p><p>que as pessoas se deparam com novos incentivos.</p><p>Para economistas, qualquer tentativa de alteração de atitude é fruto de mudanças de incentivos. Portanto,</p><p>uma política que peça às indústrias que poluam menos só será eficaz se gerar uma mudança de incentivos</p><p>condizente com o objetivo de redução da poluição.</p><p>Exemplo</p><p>Política econômica e mudança de incentivosDurante a pandemia da covid-19, diversas medidas foram</p><p>tomadas para seu enfrentamento, como a proibição de frequentar praias e a de sair sem o uso de</p><p>máscaras.Para que essas medidas tivessem resultado, não bastou pedir à população para mudar de</p><p>comportamento. Os governos instituíram multas caso as obrigações não fossem cumpridas. Dessa</p><p>forma, a população teve uma mudança de incentivos.</p><p>Para reforçar seu aprendizado, assista ao vídeo com uma breve contextualização sobre os princípios</p><p>econômicos contidos na escolha individual.</p><p>Os quatro princípios da escolha individual para análise econômica</p><p>Acompanhe neste vídeo os quatro princípios fundamentais que guiam as escolhas individuais na análise</p><p>econômica. Assista!</p><p>Conteúdo interativo</p><p>Acesse a versão digital para assistir ao vídeo.</p><p>Mercados: interações entre indivíduos</p><p>Neste vídeo, veremos como a economia de mercado coordena a produção por meio da interação das decisões</p><p>individuais, destacando a importância do comércio, da moeda, da busca pelo equilíbrio e da eficiência versus</p><p>equidade. Abordaremos também falhas de mercado e a necessidade de intervenções governamentais quando</p><p>necessário.</p><p>Conteúdo interativo</p><p>Acesse a versão digital para assistir ao vídeo.</p><p>Uma economia é o sistema que coordena a produção de muitos agentes. Em uma economia de mercado, isso</p><p>ocorre sem centralização: cada indivíduo toma sua própria decisão.</p><p>Todavia, as decisões individuais dependem das decisões dos demais. Portanto, para compreendermos como</p><p>funciona uma economia de mercado, precisamos entender a interação entre as escolhas individuais.</p><p>O resultado da escolha de diversas pessoas pode ser bem diferente daquilo que os indivíduos esperariam. O</p><p>uso de novas técnicas agrícolas é um exemplo.</p><p>Quando agricultores adotam novas tecnologias, há uma produção tão grande que o resultado é a redução do</p><p>valor do produto, levando diversos produtores a saírem do mercado.</p><p>A interação entre indivíduos em uma economia de mercado possui cinco princípios:</p><p>Ganhos de mercado.</p><p>Movimentação dos mercados em direção</p><p>ao equilíbrio.</p><p>Uso eficiente dos recursos para o alcance dos objetivos da sociedade.</p><p>Mercados rumo à eficiência.</p><p>Ação governamental em prol do aumento de bem-estar.</p><p>Vamos entender cada uma!</p><p>Ganhos de mercado</p><p>São oriundos da divisão de tarefas, conhecida como especialização, ou seja, cada indivíduo se ocupa de</p><p>poucas atividades. Os mercados permitem que as pessoas se especializem, pois sabem que podem encontrar</p><p>os bens e serviços que desejam e trocar com outros indivíduos.</p><p>Imagine que uma pessoa tente suprir sozinha todas as suas necessidades. Ela produz seus tecidos, costura</p><p>suas roupas, planta seu alimento, pinta seus próprios quadros e constrói sua própria casa. Deve ser possível</p><p>viver dessa forma, mas parece uma vida bastante dura.</p><p>1.</p><p>2.</p><p>3.</p><p>4.</p><p>5.</p><p>A existência do comércio torna possível que os</p><p>indivíduos dividam tarefas entre si e ofertem</p><p>bens ou serviços demandados por outras</p><p>pessoas em troca dos bens e serviços que</p><p>desejam. Na maioria das sociedades, há poucos</p><p>indivíduos tentando viver de forma</p><p>autossuficiente, porque existem ganhos de</p><p>comércio.</p><p>Exemplo</p><p>Duas pessoas, ao trocarem e dividirem, podem obter aquilo que mais desejam. Pode ser que Gabriel seja</p><p>melhor que Rafael cozinhando, e que esse seja melhor na faxina. Isso permite que Gabriel seja o</p><p>responsável pela comida e a troque com Rafael por faxina.</p><p>Moeda costuma ser definida como qualquer ativo que pode ser utilizado facilmente para comprar bens e</p><p>serviços.</p><p>Um ativo é líquido quando pode ser convertido em dinheiro vivo de forma simples. Portanto, moeda</p><p>consiste no próprio dinheiro vivo, que é, por definição, líquido, embora ela também possa ser</p><p>convertida em outros ativos altamente líquidos.</p><p>A moeda tem papel fundamental em uma economia, pois gera ganhos de comércio. Isso é possível porque ela</p><p>permite que trocas indiretas sejam realizadas, acabando com o problema da dupla coincidência de</p><p>necessidades, que ocorria em um sistema de escambos.</p><p>Além disso, a moeda tem três funções:</p><p>Meio de troca</p><p>Cumpre o papel de um ativo que as pessoas utilizam para trocar bens e serviços.</p><p>Reserva de valor</p><p>É uma forma de guardar poder de compra ao longo do tempo.</p><p>Unidade de conta</p><p>Representa uma medida que as pessoas utilizam para fixar preços e fazer cálculos econômicos.</p><p>Movimentação dos mercados em direção ao equilíbrio</p><p>Aprendemos o princípio que afirma que as pessoas aproveitam oportunidades de melhorar sua situação.</p><p>Por exemplo, em geral, quando vamos à praia,</p><p>buscamos um espaço na areia que tenha</p><p>menos gente para nos instalarmos. No verão,</p><p>não restam muitos espaços vazios. Isso</p><p>acontece porque os indivíduos buscam explorar</p><p>as oportunidades para melhorar de situação.</p><p>Conforme as pessoas chegam à praia, elas</p><p>buscam o local mais vazio, até não haver mais nenhum. Todas as oportunidades de melhoria acabaram, pois já</p><p>foram exploradas.</p><p>Economistas chamam de equilíbrio a situação em que as pessoas não podem melhorar, fazendo,</p><p>individualmente, algo diferente.</p><p>Uma economia está em equilíbrio quando nenhum indivíduo pode melhorar sua situação adotando uma ação</p><p>diferente.</p><p>Os mercados, normalmente, alcançam o equilíbrio por meio da mudança de preços, que aumentam ou</p><p>diminuem, até que todas as oportunidades para melhorar a situação individual tenham se esgotado. Portanto,</p><p>cada vez que houver uma mudança, a economia se moverá em direção a um novo equilíbrio.</p><p>Uso eficiente dos recursos para o alcance dos objetivos da sociedade</p><p>O que importa para economistas não é o dinheiro, mas o bem-estar das pessoas em uma sociedade. Assim,</p><p>os recursos de uma economia são usados de forma eficiente quando todas as oportunidades de melhorar a</p><p>situação de cada um são exploradas por completo. Entendemos que uma economia é eficiente quando utiliza</p><p>todas as oportunidades de melhorar a situação de uma pessoa sem piorar a de outras.</p><p>Exemplo</p><p>Mariana mora na zona rural e planta hortaliças. Sua terra é pequena e sua plantação está morrendo por</p><p>falta de espaço. Pedro, vizinho de Mariana, é proprietário de um latifúndio, e não usa a terra para nada.</p><p>Claramente, a terra dessa economia está sendo usada de forma ineficiente. Há uma maneira de melhorar</p><p>a situação de todos: transferindo a plantação de hortaliças de Mariana para as terras de Pedro. Embora</p><p>essa situação ocorra na vida real, não é simples resolver ineficiências dessa forma, pois essa solução</p><p>demanda uma reforma agrária, que deveria ser realizada pelo estado.</p><p>Quando uma economia opera de forma eficiente, os ganhos oriundos do comércio são maximizados, dados os</p><p>recursos disponíveis. Quando ela é eficiente, a única maneira de melhorar a situação de uma pessoa é</p><p>piorando a de outra, ou seja, já esgotamos os ganhos de troca.</p><p>Dado que eficiência é algo ótimo, ela deveria ser o único objetivo em uma economia? A resposta é não.</p><p>Eficiência não é o único critério que importa. Equidade e justiça também são relevantes. Em geral, há trade-off</p><p>entre eficiência e equidade, uma vez que políticas que almejam a equidade, muitas vezes, alcançam-na às</p><p>custas da eficiência.</p><p>Considere, por exemplo, a política de assentos</p><p>preferenciais em transportes públicos. Para</p><p>assegurar que sempre haja assento disponível</p><p>para grávidas, pessoas com deficiência, idosos</p><p>e pessoas com crianças de colo, normalmente,</p><p>há um número reservado de vagas. Muitas</p><p>vezes, esses assentos ficam vagos, enquanto</p><p>algumas pessoas ficam em pé. Isso gera</p><p>ineficiência, mas será que gostaríamos de</p><p>resolver essa ineficiência deixando as pessoas do grupo preferencial sem assento? Essa situação envolve um</p><p>trade-off entre eficiência e justiça.</p><p>Mercados rumo à eficiência</p><p>Frequentemente, os mercados levam à eficiência ― embora não tenhamos um “planejador central” que se</p><p>certifique de que a economia esteja operando de forma eficiente. O Estado não precisa gerar eficiência,</p><p>porque os mercados já cumprem essa função razoavelmente bem.</p><p>Adam Smith chama isso de mão invisível do mercado. Assim, os incentivos presentes em uma economia de</p><p>mercado já garantem que os recursos sejam utilizados da melhor maneira possível, sem que haja desperdício</p><p>de oportunidades. Contudo, há exceções para esse princípio.</p><p>Quando temos falhas de mercado, a busca individual a partir do interesse próprio piora a situação da</p><p>sociedade, e o resultado é ineficiente. Isso acontece, em geral, quando a ação individual de uma pessoa tem</p><p>efeitos colaterais sobre as demais, o que economistas chamam de externalidade.</p><p>Exemplo</p><p>Poluição é um exemplo clássico de externalidade negativa.</p><p>Ação governamental em prol do aumento de bem-estar</p><p>Quando há falhas de mercado, é possível que</p><p>ações governamentais melhorem o bem-estar</p><p>da sociedade.</p><p>Considere uma indústria que produz algo</p><p>importante, mas gera poluição (por exemplo,</p><p>usinas termoelétricas que geram energia, mas</p><p>são muito poluentes). Ela não tem incentivo</p><p>para levar em conta o custo de sua ação para a sociedade e deixar de poluir.</p><p>Há duas possíveis respostas para essa situação:</p><p>A sociedade pode subsidiar a adoção de uma nova tecnologia que gere menos poluição.</p><p>O governo pode multar a indústria.</p><p>•</p><p>•</p><p>Essas alternativas mudam os incentivos da indústria, dando a ela motivos para poluir menos. No entanto, as</p><p>possíveis soluções vão depender da intervenção do estado.</p><p>Assim, quando os mercados não funcionam corretamente, a ação do governo pode tornar o resultado mais</p><p>próximo de algo eficiente, mudando a forma de alocar recursos na sociedade.</p><p>Em geral, o mercado não funciona corretamente quando há externalidades. Também há falha quando o bem</p><p>em questão não consegue ser eficientemente administrado pelo mercado.</p><p>Exemplo</p><p>Vamos pensar na iluminação pública. Não precisamos pagar para passar sob um poste de luz na rua, o</p><p>que diminui o incentivo a contribuir para a provisão do serviço. Esse último caso é conhecido como bem</p><p>público.</p><p>Alguns agentes econômicos podem ter poder de mercado, como uma empresa monopolista, que poderá</p><p>restringir o uso de recursos por outros indivíduos para maximizar</p><p>seu lucro individual.</p><p>Variáveis endógenas e exógenas</p><p>O objetivo de um modelo econômico é demonstrar como as variáveis exógenas afetam as endógenas.</p><p>Vamos primeiro entender o que são e quais as diferenças entre elas. As variáveis endógenas são aquelas que</p><p>o modelo tenta explicar. Já as exógenas são as que o modelo toma como dadas.</p><p>A imagem a seguir representa um esquema mais intuitivo para as variáveis:</p><p>De acordo com a imagem, as variáveis exógenas são determinadas fora do modelo, servindo como insumo,</p><p>enquanto as endógenas são estipuladas dentro do modelo, sendo o seu resultado.</p><p>Considere um produtor de cogumelos. A demanda por seu produto vai depender de seu preço e da renda dos</p><p>consumidores. A oferta, por sua vez, vai depender dos preços do cogumelo e dos insumos utilizados na</p><p>produção.</p><p>O equilíbrio acontece quando oferta e demanda se igualam. Nesse caso, as variáveis exógenas são a renda</p><p>individual e o preço dos insumos, e a variável endógena será o preço do cogumelo.</p><p>Verificando o aprendizado</p><p>Questão 1</p><p>Marcela pode viajar do Rio de Janeiro para São Paulo de ônibus ou de avião. A viagem de ônibus custa</p><p>R$100,00 e dura seis horas, e a de avião custa R$200,00 e dura uma hora. Enquanto está viajando ― de</p><p>ônibus ou de avião ―, Marcela não pode trabalhar e deixa de ganhar R$30,00 por hora.</p><p>Faça uma análise econômica da situação e assinale a alternativa incorreta.</p><p>A A viagem de ônibus é mais barata. Portanto, Marcela deve utilizar esse meio de transporte.</p><p>B O custo total da viagem de avião é menor do que o da viagem de ônibus.</p><p>C O custo total da viagem de avião é de R$230,00.</p><p>D O custo total da viagem de ônibus é de R$280,00.</p><p>E A redução da renda de Marcela é maior quando ela viaja de ônibus.</p><p>A alternativa A está correta.</p><p>Viajar de ônibus tem um custo monetário menor do que de avião, mas devemos levar em conta o custo de</p><p>oportunidade. Ao optar pelo ônibus, Marcela gastará R$100,00 e perderá R$180,00 (= R$30,00 x 6 horas).</p><p>Dessa forma, o custo real para Marcela ir de ônibus é de R$280,00. Ao optar por viajar de avião, ela pagará</p><p>R$200,00 pela passagem e perderá R$30,00 pela hora de viagem. Assim, o custo real para a viagem de</p><p>avião é de R$230,00.</p><p>Em outras palavras, o custo real da viagem de ônibus é maior do que da viagem de avião.</p><p>Questão 2</p><p>Sobre a economia de mercado, assinale a resposta correta.</p><p>A Os mercados são sempre eficientes.</p><p>B Os recursos de uma economia são usados de forma eficiente, ainda que haja oportunidade de melhorar</p><p>a situação de cada indivíduo.</p><p>C Há um dilema entre eficiência e equidade.</p><p>D Um mercado está em equilíbrio quando os agentes econômicos querem mudar de comportamento.</p><p>E Os mercados são eficientes na presença de externalidades.</p><p>A alternativa C está correta.</p><p>Embora a eficiência seja um conceito com o qual os economistas se preocupam, existem outros</p><p>extremamente relevantes, como justiça e equidade. No geral, há um dilema entre justiça e eficiência, uma</p><p>vez que diversas situações justas podem ser ineficientes, como o exemplo do assento preferencial em</p><p>transportes públicos.</p><p>Vamos analisar as demais alternativas:</p><p>A) A alternativa está incorreta. Embora os mercados sejam frequentemente eficientes, na presença de</p><p>externalidades, bens públicos ou poder de mercado, eles falham.</p><p>B) A alternativa está incorreta. Por definição, eficiência é uma situação em que não há possibilidade de</p><p>melhorar a situação de uma pessoa sem piorar a de outra.</p><p>D) A alternativa está incorreta. Por definição, um mercado está em equilíbrio quando os seus participantes</p><p>não podem melhorar mudando individualmente suas ações.</p><p>E) A alternativa está incorreta. Externalidades podem gerar alocações de mercado ineficientes porque</p><p>alguns agentes econômicos não levam em consideração todos os impactos de suas ações.</p><p>2. História do pensamento econômico</p><p>Pensamento econômico</p><p>Origem da ciência econômica</p><p>Até a economia se tornar o que é atualmente, a ciência econômica passou por diversas transformações. Além</p><p>disso, hão há consenso a respeito de quando o pensamento econômico começou.</p><p>Embora a maior parte das pessoas só tenha</p><p>ouvido falar de economia como ciência a partir</p><p>de Adam Smith, pode-se argumentar que nas</p><p>formas mais rudimentares de civilização já</p><p>existia algum tipo de pensamento econômico,</p><p>principalmente se partirmos do pressuposto de</p><p>que seres racionais já se preocupavam com seu</p><p>sustento.</p><p>Assim, é ingênuo pensar que uma civilização</p><p>antiga como a egípcia, que era caracterizada</p><p>pela produção e distribuição de parte dos</p><p>recursos, não tenha desenvolvido algum tipo de ideias econômicas, especialmente quando se considera a</p><p>existência de comércio (em forma de troca) com outras nações e a propensão egípcia a manter registros</p><p>escritos.</p><p>Na Grécia Antiga, Platão já contribuía para o pensamento econômico ao abordar alguns conceitos, como a</p><p>divisão do trabalho, a teoria da moeda, a produção como base da riqueza do estado (na época, cidade-</p><p>estado) e até a propriedade comum. Seu discípulo, Aristóteles, também contribuiu para o campo</p><p>sistematizando sua teoria, mas se opunha a seu mestre quanto à propriedade comum.</p><p>A Idade Média representa um período de transformações na estrutura da sociedade, e grandes mudanças</p><p>costumam vir acompanhadas de novas ideias.</p><p>Seguindo a queda do Império Romano, que era caracterizado por ser escravocrata e ter como base econômica</p><p>o latifúndio, o período deu origem à forma de organização econômica conhecida como feudalismo. Trabalho e</p><p>terra passaram a ser transferidos, e não mais vendidos.</p><p>O feudalismo sofreu muitas transformações ao longo da Idade Média, atingindo seu auge por volta do século X</p><p>EC.</p><p>O desenvolvimento de novas técnicas agrícolas aumentou a produtividade das terras, e a Europa</p><p>vivenciou um período de estabilidade que permitiu o crescimento populacional e a formação de</p><p>cidades. Essa combinação de fatores deu origem ao mercador independente.</p><p>A Igreja Católica se tornou a instituição dominante na Europa e, por isso, quase todos os acadêmicos e</p><p>escritores ocidentais do período eram clérigos.</p><p>Surgimento da economia política</p><p>As bases para o capitalismo industrial moderno também foram estabelecidas. A classe mercantil enriqueceu, a</p><p>aristocracia e o clero começaram a perder influência e a expansão do comércio proporcionou o surgimento de</p><p>centros comerciais e industriais. Além disso, as universidades foram criadas.</p><p>A esfera de produção se transformou, pois os comerciantes deixaram de ser apenas fornecedores de</p><p>matérias-primas e se tornaram detentores de meios de produção e empregadores de mão de obra. A alta</p><p>inflação vigente na Europa no período também influenciou o pensamento econômico.</p><p>O período é conhecido como pré-mercantilismo, e Jean Bodin esboçou a primeira teoria quantitativa da</p><p>moeda, em Resposta aos paradoxos de Malestroit (1568), afirmando que a principal causa do aumento dos</p><p>preços era o aumento do ouro e da prata em circulação.</p><p>A revolução cultural e científica proporcionou a ascensão do pensamento secular no lugar do religioso. No</p><p>campo da economia, não foi diferente, pois ela se emancipou da ética e da filosofia política.</p><p>Influenciado pelo crescimento dos estados-nação e pelos trabalhos de pensadores como Maquiavel, Hobbes</p><p>e Locke, o pensamento econômico deixou de se preocupar apenas com o comportamento de agentes</p><p>econômicos individuais e passou a examinar também o estado. Assim, foram estabelecidos os pilares para o</p><p>pensamento econômico moderno.</p><p>A economia política emergiu como ciência, e seu objeto de estudo era a atividade pública, tratando da</p><p>acumulação e do gerenciamento da riqueza, a fim de aumentar a eficiência do estado.</p><p>O conhecimento passava a ser baseado nos aspectos individuais e empíricos dos objetos.</p><p>Sir William Petty é considerado um dos pais da economia política moderna, pois foi um defensor e expoente</p><p>do método empírico e quantitativo.</p><p>Mercantilistas</p><p>Outra fase de transformações ocorreu durante o Mercantilismo. No campo do pensamento econômico, foram</p><p>propostas ideias de um sistema comercial</p><p>restritivo com o objetivo de aumentar a prosperidade econômica de</p><p>uma nação.</p><p>Os pensadores do período podem ser divididos entre: bulionistas (metalistas) e mercantilistas. Confira mais</p><p>detalhes:</p><p>Bulionistas (metalistas)</p><p>Defendiam a regulamentação do câmbio. Por não entenderem a teoria do comércio internacional,</p><p>enxergavam qualquer saída de metais preciosos como uma desvantagem. Desse modo, advogaram</p><p>pela proibição da exportação de qualquer espécie que tivesse como consequência a saída de ouro e</p><p>prata da nação, assim como de importações, especialmente de mercadorias de luxo, que</p><p>envolvessem pagamentos na forma de metais preciosos. Em contrapartida, defendiam a exportação</p><p>de mercadorias, como bens manufaturados, que propiciavam a entrada de metais preciosos em seus</p><p>países como forma de pagamento.</p><p>Mercantilistas</p><p>Acreditavam que havia a necessidade de incentivar a troca de mercadorias, buscando alcançar uma</p><p>balança comercial favorável, isto é, o país deveria exportar mais do que importar.</p><p>A economia passara a ser política, influenciada pelo maior envolvimento do estado. A nação passou a ser vista</p><p>como uma grande empresa comercial, o que acarretou a defesa e a adoção de políticas protecionistas.</p><p>Em geral, o pensamento mercantilista dialogava com o poder do estado ― por exemplo, com ideias de</p><p>unidade nacional ―, e seus objetivos eram identificados com a riqueza de uma nação.</p><p>Atenção</p><p>Teorias sobre a conceituação do valor e monetárias sobre o papel dos juros na economia também foram</p><p>esboçadas no período estudado. Os principais contribuintes para o pensamento econômico da época</p><p>foram: Thomas Mun, Antonio Serra e Edward Misselden. A posição teórica mercantilista foi se tornando</p><p>inadequada frente à acumulação capitalista e ao seu controle sobre a produção, além da difusão do</p><p>comércio e da competição. Tudo isso resultou na queda dos lucros.</p><p>Nasceu uma classe capitalista de mestres artesãos que controlava a produção, que conflitava com os</p><p>interesses dos comerciantes. Essas transformações foram acompanhadas por uma mudança radical na</p><p>maneira de conceber os fatos econômicos.</p><p>A intervenção do estado na economia passou a ser vista com suspeita, e a ideia de que o lucro se originava na</p><p>esfera de produção começou a se disseminar. Além disso, para prosperar, a nova classe de empresários</p><p>capitalistas precisava abrir mão dos laços morais e ideológicos tradicionais.</p><p>A partir do final do século XVII, a celebração do individualismo, em conjunto com o desenvolvimento</p><p>da ética protestante, legitimou a usura e a atividade econômica.</p><p>Entre os economistas da época, começou a se disseminar a noção de que restrições administrativas na</p><p>produção criavam mais desvantagens do que vantagens para a coletividade. Eles passaram a defender a</p><p>intervenção do Estado apenas no reconhecimento e na proteção ao direito de propriedade.</p><p>Precursores da economia política clássica</p><p>A política aritmética de sir William Petty,</p><p>publicada em 1690, marcou o início da</p><p>economia política clássica, iniciando a crítica ao</p><p>pensamento mercantilista prévio. Dudley North</p><p>e Mandeville, influenciados por esse</p><p>pensamento, atacaram o protecionismo do</p><p>estado e defenderam o livre comércio.</p><p>A ênfase mercantilista em uma balança</p><p>comercial positiva também foi criticada: o</p><p>comércio internacional não poderia ser uma</p><p>fonte de perda para nenhuma das partes, uma</p><p>vez que, sendo uma atividade voluntária, não</p><p>ocorreria em primeiro lugar se não gerasse ganhos para todos.</p><p>A teoria também avançou em outros aspectos. Richard Cantillon propôs que a terra era a principal fonte de</p><p>riqueza, a qual seria produzida com o poder do trabalho empregado. Além disso, ele distinguiu o valor</p><p>intrínseco do valor de mercado dos bens, o que foi considerado um esboço da teoria de preço e custo.</p><p>Na França, no final do século XVIII, os conceitos pós-mercantilistas foram aprimorados por um grupo de</p><p>pensadores, que ficou conhecido como fisiocratas, encabeçados por François Quesnay.</p><p>As principais contribuições da escola fisiocrata</p><p>para o pensamento econômico moderno</p><p>consistem na rejeição do conceito mercantilista</p><p>de riqueza por meio da troca e no</p><p>reconhecimento da produção como fonte de</p><p>riqueza. A invenção do termo e da política do</p><p>laissez faire e laissez passer também forma</p><p>duas contribuições significativas, além do</p><p>Tableau economique (1759), principal obra de</p><p>Quesnay.</p><p>Interessado em transformar o setor agrícola em</p><p>indústria capitalista eficiente, o autor</p><p>apresentou um modelo quantitativo da produção de mercadorias. Ao distinguir entre trabalho produtivo e</p><p>improdutivo, ele identificou uma fonte de riqueza no excedente que a terra é capaz de produzir, oriunda do</p><p>fato de que nela se produz mais do que se consome.</p><p>Quesnay foi o precursor da acumulação de capital. Seu trabalho também traz a ideia de interdependência</p><p>entre os setores da economia e a inovadora representação de trocas como um fluxo circular de dinheiro e</p><p>bens. Desse modo, os fisiocratas foram os primeiros a tentar analisar, de maneira sistemática, a circulação da</p><p>riqueza na economia.</p><p>O filósofo David Hume também fez valiosas contribuições ao pensamento econômico. Embora não tenha</p><p>estruturado suas ideias de maneira sistemática, como os pensadores que viriam depois, suas obras tiveram</p><p>grande influência na filosofia geral encontrada posteriormente no trabalho de Adam Smith. Suas principais</p><p>ideias econômicas destacavam o trabalho e a atenção a oscilações e mudanças na economia e apontaram a</p><p>inter-relação dos fatos econômicos com outras forças sociais.</p><p>Na parte monetária, Hume descreveu o mecanismo pelo qual uma mudança na quantidade de moeda em</p><p>circulação alteraria o valor do dinheiro na economia ― assunto debatido até hoje.</p><p>Economia política clássica</p><p>Economia clássica é o nome dado ao sistema de teoria econômica desenvolvido a partir do final do século</p><p>XVIII. Ele foi iniciado com a publicação do livro Uma investigação sobre a natureza e as causas da riqueza das</p><p>nações, mais conhecido simplesmente por A riqueza das nações, de Adam Smith, em 1776. Ele lançou as</p><p>bases da teoria econômica clássica de livre mercado.</p><p>Acompanhe, a seguir, o que torna essa obra tão importante!</p><p>Evoluções no pensamento econômico clássico</p><p>A teoria clássica proposta nesse período contrastou fortemente com as tendências anteriores do</p><p>pensamento econômico. Embora tenham assimilado diversos conceitos estabelecidos por seus</p><p>antecessores, os economistas clássicos identificaram falhas em todas as soluções propostas</p><p>previamente para os problemas econômicos.</p><p>A mão invisível e a harmonia do mercado</p><p>Os clássicos viam como positivos os resultados que decorriam naturalmente das forças econômicas.</p><p>Nesse período, surgiu a noção de uma “mão invisível do mercado”, ou seja, forças que naturalmente</p><p>convergiriam para um equilíbrio eficiente sem precisar de intervenção estatal.</p><p>Rupturas com o mercantilismo</p><p>A visão clássica de um sistema econômico harmonioso destoava das crenças mercantilistas e</p><p>escolásticas de que o mercado era caracterizado por desequilíbrios que exigiam intervenções e</p><p>restrições. Essa visão otimista do funcionamento dos mercados é um dos principais traços do</p><p>pensamento clássico.</p><p>Outra característica do pensamento clássico é seu interesse no crescimento econômico. Essa preocupação</p><p>levou seus teóricos a estudarem os mercados e o sistema de preços sob a ótica da alocação de recursos. Os</p><p>economistas clássicos compreenderam a formação de mercados e preços relativos para entenderem seu</p><p>impacto no crescimento econômico.</p><p>Teóricos da economia política clássica</p><p>Conheça um pouco mais das contribuições dos principais teóricos da economia política clássica:</p><p>Adam Smith</p><p>Um dos principais diferenciais de Adam Smith em relação aos autores que lhe antecederam foi seu</p><p>empenhou em construir sua teoria de forma sistemática, como fez em A riqueza das nações.</p><p>Suas principais contribuições para o campo do pensamento econômico envolvem o desenvolvimento</p><p>do conceito de divisão do trabalho e a exposição de que o interesse individual</p><p>racional e a</p><p>concorrência podem conduzir ao desenvolvimento econômico. Além disso, suas obras também</p><p>abordaram temas como teoria do valor, conceitos de excedente, teoria dos salários e distribuição.</p><p>Os escritos de Smith exploraram uma infinidade de temas, uma vez que a macroeconomia da época</p><p>se preocupava com um escopo mais amplo dos determinantes do crescimento, que não abarcavam</p><p>apenas fatores econômicos, mas também culturais, políticos, sociológicos e históricos.</p><p>Thomas Malthus</p><p>O pensamento clássico também ganhou contribuições suas, embora ele seja mais conhecido por sua</p><p>teoria da população. Em suas obras, Malthus discorreu sobre distribuição de renda e consumo</p><p>improdutivo e apontou os riscos de uma crise de superprodução frente à falta de demanda ― ideia</p><p>que foi retomada por Keynes quase um século depois.</p><p>David Ricardo e John Stuart Mill</p><p>O economista David Ricardo era contemporâneo de Malthus e acrescentou à teoria econômica a</p><p>seguinte noção: há ganhos na troca internacional para as duas partes que comercializam, mesmo que</p><p>uma seja mais competitiva que a outra.</p><p>Em outras palavras: é economicamente vantajoso para as duas partes comercializarem bens, mesmo</p><p>que uma delas consiga produzir mais de todos os bens com a mesma quantidade de recursos. Essa</p><p>ideia foi aprimorada posteriormente por John Stuart Mill sob a forma de vantagens comparativas.</p><p>Os escritos de Ricardo trataram de muitos outros tópicos, como as teorias do valor, dos salários, de</p><p>lucros e aluguel, da acumulação, do desenvolvimento econômico e de moeda e bancos. Ricardo</p><p>também levantou a questão sobre as leis naturais que determinariam a distribuição do produto entre</p><p>as classes da sociedade.</p><p>As noções de utilitarismo começaram a ser desenvolvidas, sendo posteriormente incorporadas à teoria</p><p>econômica. De maneira geral, a teoria afirma que ações que maximizam a felicidade e o bem-estar são boas, e</p><p>que a utilidade é uma propriedade de um bem ou objeto capaz de produzir um benefício ou prazer.</p><p>Jeremy Bentham e John Stuart Mill foram alguns dos filósofos a desenvolver o conceito do utilitarismo. Mill é</p><p>considerado o último dos grandes economistas clássicos do período.</p><p>Evolução do pensamento econômico clássico</p><p>Para reforçar seu aprendizado nesta etapa de estudos, ouça o podcast a seguir.</p><p>Conteúdo interativo</p><p>Acesse a versão digital para ouvir o áudio.</p><p>Revolução marginalista e ortodoxia</p><p>Revolução marginalista ou utilitarista</p><p>Acompanhe, neste vídeo, a revolução marginalista do final do século XIX, destacando de que maneira</p><p>economistas como Jevons, Menger e Walras transformaram a economia clássica em neoclássica ao</p><p>introduzirem a análise marginal e enfocarem a alocação de recursos e a maximização da utilidade individual.</p><p>Conteúdo interativo</p><p>Acesse a versão digital para assistir ao vídeo.</p><p>O final do século XIX testemunhou o nascimento da teoria microeconômica moderna. Essa época foi marcada</p><p>pela elaboração de um conjunto de ferramentas analíticas que transformou a economia clássica em</p><p>neoclássica.</p><p>A análise marginal, atualmente presente nos livros de microeconomia, pode ser considerada uma</p><p>ferramenta muito importante. Além disso, a matemática foi incorporada de maneira definitiva na</p><p>análise econômica.</p><p>Jevons, Menger e Walras são alguns dos principais nomes associados a essa mudança radical na forma de</p><p>conceber a teoria econômica.</p><p>À medida que a teoria marginalista se desenvolveu, a estrutura da teoria econômica se modificou, de modo a</p><p>elaborar um sistema muito diferente do exposto pela economia clássica.</p><p>O interesse dos economistas clássicos no crescimento econômico deu lugar à alocação de recursos. O centro</p><p>do sistema neoclássico girava em torno do problema da alocação de recursos escassos, dados os seus</p><p>possíveis usos alternativos.</p><p>Os marginalistas aceitavam a abordagem utilitarista e, a partir dela, reformularam a análise do comportamento</p><p>humano, que foi construído a partir de cálculos racionais, visando à maximização da utilidade individual.</p><p>Saiba mais</p><p>A compreensão marginalista revela outra face distinta da abordagem neoclássica: a mudança no agente</p><p>econômico como objeto de análise.</p><p>Os clássicos tinham como objeto principal agentes econômicos coletivos, como as classes sociais e o</p><p>governo. Os marginalistas se concentravam em agregados sociais mínimos: a unidade tomadora de decisão,</p><p>como consumidores, famílias ou firmas.</p><p>Ortodoxia neoclássica</p><p>A revolução marginalista se espalhou pelo mundo ocidental, impactando significativamente o pensamento</p><p>econômico. No contexto político-econômico, a Europa Ocidental experimentava um momento de</p><p>desenvolvimento industrial e capitalista. Em conjunto, esses fatores estabeleceram as bases para a economia</p><p>neoclássica.</p><p>Alfred Marshall foi um matemático que ofereceu</p><p>enorme contribuição ao pensamento</p><p>econômico com a publicação de seu livro</p><p>Princípios de economia (1890). Sua obra pode</p><p>ser entendida como uma reformulação geral da</p><p>teoria econômica produzida até então, pois</p><p>sintetizou a análise clássica e a abordagem</p><p>marginalista de custo e utilidade e elaborou um</p><p>mecanismo de análise econômica.</p><p>Uma de suas principais contribuições para o</p><p>campo foi sua análise de equilíbrio parcial, que</p><p>conseguiu unir várias partes da teoria</p><p>econômica até então analisadas separadamente. Ele fez a importante distinção entre os períodos da</p><p>economia, diferenciando o curto do longo prazo.</p><p>Por último, ele introduziu e aprimorou uma série de conceitos que são utilizados na análise econômica, como</p><p>propriedades da curva de demanda, distinção de retornos crescentes e decrescentes e maximização do bem-</p><p>estar ― temas abordados até hoje em cursos de economia.</p><p>Curiosidade</p><p>O americano Irving Fisher também utilizou a matemática de forma extensiva em sua análise econômica.</p><p>No entanto, seu trabalho estava voltado para a macroeconomia. Ele propôs a versão mais conhecida da</p><p>equação quantitativa da moeda, e sua contribuição central para a teoria econômica foi a teoria sobre</p><p>juros. Há até a equação de Fisher, batizada em sua homenagem.</p><p>As transformações da revolução marginalista e da ortodoxia neoclássica para</p><p>a economia</p><p>Confira, neste vídeo, a transformação ocorrida na economia do século XIX com a introdução da análise</p><p>marginal e a matematização, culminando na síntese de Marshall, que moldou a teoria econômica</p><p>contemporânea.</p><p>Conteúdo interativo</p><p>Acesse a versão digital para assistir ao vídeo.</p><p>Keynes em diante</p><p>Economia keynesiana</p><p>A Primeira Guerra Mundial foi um conflito de dimensões até então desconhecidas pela humanidade. Na esfera</p><p>econômica, seus impactos envolveram a interrupção do comércio e de pagamentos internacionais, e levaram</p><p>governos a realizar intervenções econômicas até então inimagináveis. Uma produção de larga escala foi</p><p>realizada para atender às necessidades de guerra, gerando enormes dívidas nacionais.</p><p>A profundidade das crises vivenciadas no período entre guerras não tinha precedentes. A crise econômica de</p><p>1929 eclodiu nos Estados Unidos. O desemprego atingiu níveis recordes e se tornou persistente. O</p><p>descontentamento social não tardou a aparecer, e a tradição clássica ortodoxa de pensamento econômico</p><p>não estava preparada para lidar com essa situação.</p><p>O pensamento neoclássico havia se estruturado em torno da Lei de Say, que previa que o pleno emprego era</p><p>o estado normal de funcionamento da economia. Se houvesse afastamento do nível de emprego considerado</p><p>normal, não seria de grande magnitude, e o próprio sistema econômico providenciaria uma resposta que faria</p><p>o emprego retornar ao seu nível normal.</p><p>No entanto, a realidade parecia bastante distante do que previa o pensamento econômico. A ociosidade na</p><p>força de trabalho e na capacidade da indústria alcançaram proporções incomuns e havia poucos indícios de</p><p>que a situação estava caminhando para se corrigir.</p><p>Comentário</p><p>Apesar da enorme distância entre as premissas neoclássicas e os eventos do mundo real, os</p><p>economistas neoclássicos ofereciam uma justificativa para essas supostas anormalidades no</p><p>funcionamento da economia. A</p><p>persistência dos altos níveis de desemprego poderia ser explicada pela</p><p>rigidez no sistema econômico, que paralisava o mecanismo de ajuste natural.Segundo eles, a</p><p>inflexibilidade dos salários, causada, principalmente, pela estrita adesão ao salário mínimo por influência</p><p>dos sindicatos, não permitia que a economia seguisse sua trajetória natural. Assim, se os salários</p><p>baixassem, empregadores contratariam mais trabalhadores, e a economia voltaria ao nível de pleno</p><p>emprego.</p><p>No início do século XX, a análise econômica retomou o interesse dos economistas clássicos em economia</p><p>agregada, ou seja, nas teorias macroeconômica e monetária.</p><p>John Maynard Keynes, um economista britânico, revolucionou as esferas acadêmica e política com as ideias</p><p>que propôs em seu livro A teoria geral do emprego, do juro e da moeda. O pensamento keynesiano, com</p><p>ênfase na política fiscal, foi tão influente que dominou a política econômica dos EUA e de diversas outras</p><p>nações ocidentais no período.</p><p>De certa forma, as ideias de Keynes se</p><p>assemelham em vários aspectos às escolas que</p><p>antecederam os economistas clássicos ― a</p><p>mercantilista e a fisiocrata. A ideia de que a</p><p>poupança tende a causar baixo consumo e</p><p>depressão econômica, interrompendo o fluxo</p><p>circular da renda, já havia sido apontada por</p><p>economistas anteriores a Adam Smith e seus</p><p>seguidores.</p><p>Keynes também rompeu com a escola clássica</p><p>em sua descrença na Lei de Say:</p><p>diferentemente dos clássicos, ele não</p><p>acreditava que a oferta cria sua própria demanda.</p><p>Entre as principais ideias expressas em sua teoria geral, estão:</p><p>A teoria da preferência pela liquidez: ofereceu uma explicação para os determinantes da taxa de juros</p><p>sob a ótica do mercado de moeda.</p><p>A teoria da demanda efetiva.</p><p>A noção de um efeito multiplicador na economia: é devida ao componente do consumo na renda.</p><p>A relação entre poupança e investimento.</p><p>Boa parte desses conceitos está presente nos cursos contemporâneos de macroeconomia.</p><p>As ideias desenvolvidas por Keynes representaram uma mudança na meta da política pública: estabilização</p><p>dos preços altos para manutenção do nível de renda e emprego.</p><p>Economia depois de Keynes</p><p>•</p><p>•</p><p>•</p><p>•</p><p>Entre as décadas de 1940 e 1970, muitos economistas aprimoraram as ideias de Keynes, enquanto alguns se</p><p>opuseram a elas.</p><p>A influência mais importante do trabalho de Keynes foi sua incorporação em forma de síntese na estrutura</p><p>geral de princípios econômicos aceitos. Uma das maiores contribuições nesse aspecto foi o livro Fundamentos</p><p>da análise econômica (1947), de Paul Samuelson. Essa obra explicava as ideias e os princípios do pensamento</p><p>econômico em conjunto com os princípios ortodoxos dos economistas neoclássicos.</p><p>Outros, no entanto, discordavam de Keynes, como Milton Friedman, um grande defensor da eficiência dos</p><p>mercados e da interferência mínima dos governos. Uma de suas maiores contribuições para a economia foi</p><p>sua teoria da renda permanente.</p><p>No período subsequente, durante as décadas de 1970 e 1980, outras teorias ganharam força: a teoria das</p><p>expectativas racionais, de Robert Lucas, e as ideias da economia pelo lado da oferta. Ambas as teorias se</p><p>utilizam das premissas neoclássicas básicas e desafiam as proposições teóricas da economia keynesiana.</p><p>Keynes em diante</p><p>Veja, neste vídeo, como as ideias de Keynes moldaram a política econômica global e enfrentaram desafios de</p><p>pensadores como Milton Friedman e Robert Lucas.</p><p>Conteúdo interativo</p><p>Acesse a versão digital para assistir ao vídeo.</p><p>Verificando o aprendizado</p><p>Questão 1</p><p>Sobre a economia política clássica, é falso afirmar que</p><p>A a teoria clássica contrasta fortemente com as tendências anteriores do pensamento econômico.</p><p>B Adam Smith foi o primeiro a escrever um livro sobre teoria econômica.</p><p>CDavid Ricardo acrescentou à teoria econômica a noção de que há ganhos na troca internacional para as</p><p>duas partes que estão comercializando, mesmo que uma seja mais competitiva que a outra.</p><p>D foi nesse período que as noções de utilitarismo começaram a ser desenvolvidas.</p><p>E Thomas Malthus contribuiu para o pensamento clássico com a teoria da população.</p><p>A alternativa B está correta.</p><p>Outros antes de Adam Smith desenvolveram ideias econômicas em forma de livro, como Quesnay com seu</p><p>Tableau economique. O diferencial de Smith em relação aos demais autores que lhe antecederam, e que o</p><p>faz ser considerado o pai da economia moderna, foi o fato de que ele se empenhou em construir sua teoria</p><p>de forma sistemática.</p><p>Vamos analisar as alternativas:</p><p>A) Verdadeira, porque a visão clássica de um sistema econômico harmonioso destoa das crenças</p><p>mercantilistas e escolásticas de que o mercado é caracterizado por desequilíbrios que exigem intervenções</p><p>e restrições. Essa visão otimista é um dos principais traços do pensamento clássico.</p><p>C) Verdadeira, porque essa ideia foi aprimorada posteriormente por John Stuart Mill sob a forma de</p><p>vantagens comparativas.</p><p>D) Verdadeira, porque Jeremy Bentham e John Stuart Mill foram alguns dos filósofos a desenvolver esse</p><p>conceito, posteriormente incorporado à microeconomia pelos marginalistas.</p><p>E) Verdadeira. Malthus estudou a relação entre o crescimento populacional e a capacidade produtiva da</p><p>economia.</p><p>Questão 2</p><p>O que podemos afirmar sobre a economia keynesiana?</p><p>A As ideias de Keynes se assemelham às dos economistas clássicos.</p><p>B Keynes concordava com a Lei de Say.</p><p>CAs ideias de Keynes, com ênfase em política fiscal, surgiram em um contexto no qual a realidade parecia</p><p>bastante distante do que previa o pensamento econômico.</p><p>D O pensamento de Keynes representou uma mudança na meta da política pública de estabilização do</p><p>emprego para uma política de estabilização dos preços.</p><p>E Keynes entendia que apenas aumentando a oferta de bens e serviços a economia poderia crescer.</p><p>A alternativa C está correta.</p><p>O pensamento de Keynes foi tão influente no contexto entre guerras que dominou a política econômica dos</p><p>EUA e de diversas outras nações ocidentais do período.</p><p>Vamos analisar as alternativas:</p><p>A) A alternativa está incorreta. As ideias de Keynes rejeitavam a economia política clássica de não</p><p>intervenção do Estado na economia e se assemelhavam em vários aspectos às escolas que o antecederam.</p><p>B) A alternativa está incorreta. O economista britânico rejeitava a ideia de que a oferta cria sua própria</p><p>demanda.</p><p>D) A alternativa está incorreta. Suas ideias representaram justamente uma mudança no sentido contrário: a</p><p>meta da política pública mudou de estabilização dos preços para estabilização do nível de renda e emprego</p><p>em valores altos.</p><p>E) A alternativa está incorreta. Keynes entendia que uma expansão da demanda alcança o crescimento</p><p>econômico.</p><p>3. Pesquisa econômica atual</p><p>Pesquisa econômica</p><p>A pergunta que você deve estar se fazendo neste momento é:</p><p>Para onde vamos: o que tem sido feito na pesquisa econômica?</p><p>A economia como ciência teve sua origem há muitos séculos. Ao longo de sua trajetória, seu objeto de análise</p><p>passou por transformações, bem como seu método e sua abordagem teórica, sendo diretamente influenciada</p><p>pelos contextos sociais e políticos da época em que seus teóricos viveram.</p><p>Mais recentemente, no século XX, a economia consolidou o ferramental matemático como instrumento de</p><p>análise. Isso a distingue das demais ciências sociais, subdividindo-a em duas grandes áreas: macroeconomia</p><p>e microeconomia.</p><p>De forma mais específica, você deve estar se perguntando:</p><p>Mas e atualmente, como está a ciência econômica?</p><p>Ela tem o mesmo enfoque e os mesmos métodos de antigamente?</p><p>Quais campos têm sido estudados pela economia, e o que tem sido pesquisado?</p><p>Pensando em todas essas questões, vamos apresentar algumas áreas da economia que não são muito</p><p>conhecidas fora da profissão. Citaremos também alguns grandes economistas dos últimos tempos.</p><p>Ao longo dos anos, conforme a ciência econômica foi se desenvolvendo, novas áreas foram surgindo,</p><p>principalmente na área da economia aplicada.</p><p>Os economistas, em vez de focarem as relações econômicas tradicionais como objeto de estudo,</p><p>passaram a</p><p>aplicar as teorias desenvolvidas e o ferramental econômico em outras áreas, como educação, saúde,</p><p>desenvolvimento, política e meio ambiente.</p><p>Essas novas áreas de pesquisa, muitas vezes, deixam de fazer a clara distinção entre macro e microeconomia,</p><p>juntando, inclusive, algumas das áreas citadas, como veremos.</p><p>Teoria dos jogos</p><p>A ciência econômica busca analisar as decisões individuais e como os indivíduos tomam ótimas decisões.</p><p>O campo da teoria dos jogos tem como interesse situações em que os indivíduos se comportam</p><p>estrategicamente, isto é, como as pessoas vão decidir quando as escolhas dos outros interferem no resultado.</p><p>•</p><p>•</p><p>•</p><p>Exemplo</p><p>O dilema dos prisioneiros. Dois criminosos foram presos pela polícia, que os interroga em salas</p><p>separadas. Caso apenas um deles confesse individualmente, esse será libertado logo pela sua</p><p>colaboração, e o outro terá uma pena maior (três anos de prisão). Caso ambos confessem, eles serão</p><p>condenados a uma pena igual: dois anos de prisão. Se nenhum dos dois confessar, eles receberão</p><p>apenas a pena por um crime menor (um ano de prisão). Qual será a decisão individual? Qual será o</p><p>resultado? Claramente, a ação de um dos criminosos influenciará o resultado do outro.</p><p>Os pioneiros da área são os matemáticos John Von Neumann, John Nash e o economista Oskar Morgenstern.</p><p>Embora a área seja considerada nova, o desenvolvimento da teoria dos jogos foi uma revolução na economia</p><p>ao abordar problemas cruciais por meio de modelos matemáticos.</p><p>Por exemplo, a economia neoclássica tinha grande dificuldade em lidar com a competição imperfeita, como</p><p>oligopólios. Com o crescimento da teoria dos jogos, foi possível modelar o comportamento competitivo dos</p><p>agentes. Além disso, a teoria tem uma gama de aplicações, sendo usada em economia, psicologia, biologia</p><p>evolucionária, guerras e política.</p><p>John Nash</p><p>Viveu entre 1928 e 2015. Foi ganhador do Prêmio Nobel de Economia em 1994 pelo que ficou conhecido</p><p>como Equilíbrio de Nash: uma situação que, se alcançada, faz com que nenhum agente veja vantagem</p><p>em alterar individualmente seu comportamento.</p><p>Economia política</p><p>Apesar de a economia política como campo de estudo ser uma área antiga, sua vertente contemporânea é</p><p>bem distinta da anterior. Hoje, a pesquisa estuda como as escolhas de políticas públicas são realizadas por</p><p>políticos escolhidos por eleitores que compõem uma sociedade (democrática ou não).</p><p>Uma de suas grandes contribuições foi mostrar que, para explicar resultados econômicos, é preciso olhar</p><p>além de preços e renda, analisando também a história e a sociologia.</p><p>Resultados econômicos</p><p>Refere-se ao grau de pobreza ou riqueza dos países ou ao sucesso de imigrantes em alguns lugares, e</p><p>não em outros.</p><p>Um dos fundadores da área ― como a</p><p>conhecemos atualmente ― é o italiano Alberto</p><p>Alesina. Em seus trabalhos, ele atentou para os</p><p>seguintes aspectos:</p><p>Períodos eleitorais podem gerar</p><p>comportamento cíclico na atividade</p><p>econômica.</p><p>Fatores políticos levam ao acúmulo de</p><p>dívida pública maior do que o</p><p>socialmente desejável.</p><p>A independência dos bancos centrais,</p><p>em relação a pressões políticas, era um</p><p>fator preponderante para a estabilidade macroeconômica.</p><p>Alesina estabeleceu como a desigualdade de renda poderia ser prejudicial ao crescimento econômico, pois</p><p>desencadeava conflitos políticos redistributivos. Ele e trouxe o estudo da cultura como um grande</p><p>determinante de resultados políticos e econômicos.</p><p>Segundo ele, as mesmas variáveis culturais, sociológicas e históricas que influenciam as escolhas de</p><p>determinadas formas de instituições podem estar correlacionadas à política fiscal. Perguntas como o motivo</p><p>de os EUA gastarem pouco com bem-estar em comparação à Europa podem ter suas respostas em questões</p><p>culturais.</p><p>Assim como Alesina, outros dois italianos, Persson e Tabellini, contribuíram consideravelmente para a área.</p><p>Eles combinaram o melhor de três diferentes áreas para sugerir uma abordagem unificada em economia</p><p>política. Veja:</p><p>Macroeconomia moderna</p><p>Indivíduos se comportam de forma racional, e suas preferências sobre os resultados econômicos</p><p>induzem suas preferências sobre políticas.</p><p>•</p><p>•</p><p>•</p><p>Escolha pública</p><p>A delegação de decisões políticas para representantes políticos pode resultar em problemas de</p><p>agência entre políticos e eleitores, que são situações em que uma ação é delegada de um agente</p><p>para o outro. Em geral, eles possuem objetivos conflitantes, de forma que o resultado ótimo para um</p><p>não é desejável para outro.</p><p>Por exemplo, existe um fazendeiro e um agricultor que trabalham em uma fazenda. O objetivo do</p><p>fazendeiro é maximizar seu lucro, enquanto o do agricultor é maximizar seu bem-estar. No cenário em</p><p>que o fazendeiro delega o cuidado da plantação para o agricultor, o resultado do lucro dependerá do</p><p>esforço do agricultor.</p><p>Na ausência de mecanismos que incentivem o agricultor a se esforçar, buscando a maximização de</p><p>lucro, o resultado não será o esperado pelo fazendeiro. Na política, isso também ocorre, uma vez que</p><p>o incentivo dos políticos difere do incentivo dos eleitores.</p><p>Escolha racional</p><p>As instituições políticas moldam os processos pelos quais os políticos são eleitos e as políticas</p><p>públicas são executadas.</p><p>Economia comportamental</p><p>Economistas clássicos introduziram a noção de que interesses individuais racionais importam.</p><p>A teoria contemporânea pressupõe que indivíduos são racionais e tomam decisões com base nas</p><p>informações disponíveis, fazendo as escolhas que geram maiores ganhos com base em alguma</p><p>medida de benefício.</p><p>Partindo do entendimento de escolhas racionais, um consumidor não vai comprar dois pares de sapatos</p><p>quando precisa apenas de um. Também é razoável supor que as pessoas vão economizar ao longo de suas</p><p>vidas para garantir uma aposentadoria, e pessoas endividadas cortariam seus gastos em vez de parcelar uma</p><p>nova televisão no cartão de crédito.</p><p>Se somos realmente racionais, por que tantas pessoas fazem o oposto do que a teoria supõe?</p><p>Richard Thaler, um economista norte-americano, e Daniel Kahneman, psicólogo israelense, foram pioneiros em</p><p>unir economia e psicologia, criando e desenvolvendo o campo da economia comportamental. Ambos foram</p><p>premiados com o Nobel pelas suas contribuições.</p><p>A premissa básica é que os seres humanos nem sempre são racionais. Muitas vezes suas escolhas podem ser</p><p>baseadas em questões subjetivas e culturais, que, em alguns momentos, pesam mais que a racionalidade. Isso</p><p>não significa que a economia comportamental abandone por completo a noção de racionalidade, mas ela</p><p>apenas incorpora ao processo de tomada de decisão outros fatores antes desconsiderados.</p><p>A economia comportamental tenta explicar por</p><p>que as pessoas não economizam para a</p><p>aposentadoria, priorizando o consumo no</p><p>presente. Isso ocorre porque o prazer atual é</p><p>mais próximo e mais palpável do que o possível</p><p>sofrimento em um tempo futuro e distante.</p><p>Thaler explica também o comportamento de</p><p>manada nos mercados financeiros: quando o</p><p>mercado está em alta, mais pessoas decidem</p><p>investir nas ações, o que decorre de um pensamento irracional de que os preços vão subir amanhã porque</p><p>estão subindo hoje.</p><p>Outro aspecto da economia comportamental é o nudge, uma espécie de "empurrãozinho" que pode influenciar</p><p>o processo de tomada de decisão de um indivíduo. Ou seja: é mais provável que as pessoas escolham uma</p><p>opção específica se ela for a padrão.</p><p>Exemplo</p><p>No preenchimento de cadastros, as pessoas estão mais inclinadas a receber e-mails de promoções se</p><p>essa for a opção padrão, devendo clicar no botão de que não desejam estar na lista desses e-mails para</p><p>desativar o recebimento, do que se necessitarem clicar em um botão afirmando que desejam estar na</p><p>lista. Em outras palavras, as pessoas tendem a aceitar a opção que lhes é oferecida, e não arcar com os</p><p>custos psicológicos da escolha.</p><p>Economia política</p><p>Confira, neste vídeo, análises sobre ciclos eleitorais, dívida pública e influência cultural nas decisões políticas,</p><p>além de uma abordagem unificada em economia política,</p><p>revelando como as instituições políticas moldam os</p><p>processos de tomada de decisão.</p><p>Conteúdo interativo</p><p>Acesse a versão digital para assistir ao vídeo.</p><p>Desenvolvimento econômico</p><p>Acompanhe este vídeo, que aborda desde os métodos para promover o crescimento até a análise de variáveis</p><p>sociais, educacionais e de saúde, destacando a evolução dos modelos e a crescente incorporação de fatores,</p><p>como progresso tecnológico e qualidade das instituições, enquanto o desenvolvimento econômico enfrenta</p><p>desafios, como a dupla causalidade e o impacto das culturas e crenças.</p><p>Conteúdo interativo</p><p>Acesse a versão digital para assistir ao vídeo.</p><p>A economia do desenvolvimento se volta para os países de baixa renda, estudando seu processo de</p><p>desenvolvimento. Essa área cobre diversos outros campos que afetam o crescimento social e econômico dos</p><p>países, pois o processo de desenvolvimento econômico é amplo e complexo.</p><p>Nesse sentido, a economia do desenvolvimento enfoca métodos que promovem o crescimento econômico, as</p><p>mudanças estruturais e a melhora de aspectos que englobam a população, como condições de saúde,</p><p>educação e trabalho.</p><p>O crescimento econômico, em particular, é investigado há muitos anos por economistas da história do</p><p>pensamento econômico. Como a economia, essa área passou por diversas transformações até se tornar o que</p><p>é atualmente.</p><p>Os neoclássicos propuseram alguns modelos de desenvolvimento econômico que frequentemente são vistos</p><p>nos cursos de macroeconomia e desenvolvimento de um currículo de graduação em economia.</p><p>Com o passar dos anos, esses modelos foram ficando cada vez mais sofisticados, incorporando mais</p><p>elementos e variáveis determinantes do crescimento econômico, visando torná-los mais próximos da</p><p>realidade.</p><p>Características como crescimento populacional, progresso tecnológico, capital humano e até o papel e a</p><p>qualidade das instituições foram, pouco a pouco, sendo incorporadas nas equações.</p><p>Saiba mais</p><p>Alguns dos economistas mais importantes a elaborar modelos de desenvolvimento são: Roy Harrod,</p><p>Evsey Domar, Robert Solow e Paul Romer.</p><p>Algumas características que foram incorporadas aos poucos às equações são:</p><p>Crescimento populacional</p><p>Progresso tecnológico</p><p>Capital humano</p><p>Papel e qualidade das instituições</p><p>Daron Acemoglu e James A. Robinson são dois economistas contemporâneos que mostraram evidências</p><p>empíricas robustas sustentando a tese do papel desempenhado pelas instituições no desenvolvimento</p><p>econômico, com ênfase nos direitos de propriedade.</p><p>Outros economistas apontam, entre outros tantos fatores institucionais que impactam o crescimento, para:</p><p>A importância da organização dos sistemas financeiros nacionais.</p><p>O desenho de constituições.</p><p>O tipo de regime de um país (democrático ou autoritário).</p><p>O grau de liberalização comercial de um país.</p><p>O grande desafio da área é a dupla causalidade que esses fatores costumam apresentar com o crescimento</p><p>econômico.</p><p>Instituições melhores levam ao maior crescimento econômico ou países que têm maior crescimento</p><p>econômico estabelecem melhores instituições?</p><p>Outra camada do desenvolvimento econômico ― talvez a mais desafiadora ― é a do impacto das culturas e</p><p>das crenças no crescimento. Nesse caso, o obstáculo é que crenças e costumes são elementos muito difíceis</p><p>de serem medidos e capturados pelos dados, mas isso não significa que devam ser ignorados.</p><p>Na última década, a literatura econômica vem desenvolvendo muitos estudos nessa área mostrando como</p><p>normas sociais, crenças individuais e coletivas influenciam as preferências dos indivíduos, e que as diretrizes</p><p>variam lentamente ao longo do tempo.</p><p>Economia da pobreza</p><p>É outro campo que se propôs a investigar a economia de baixa renda.</p><p>•</p><p>•</p><p>•</p><p>•</p><p>•</p><p>•</p><p>•</p><p>•</p><p>Os laureados com o Prêmio Nobel de Economia de 2019, Michael Kremer, Esther Duflo e Abhijit Banerjee,</p><p>fizeram contribuições com uma abordagem experimental para aliviar a pobreza global.</p><p>Os três economistas publicaram uma série de artigos, muitas vezes em conjunto, utilizando um método</p><p>bastante empregado na medicina: randomized controled trials (RCTs), ou estudos aleatorizados controlados.</p><p>De forma resumida, essa abordagem experimental consiste em dividir a população de um estudo em grupos</p><p>aleatorizados de controle e tratamento para testar a efetividade de determinada política.</p><p>Os autores realizaram uma série de estudos desse tipo, desenvolvendo uma ferramenta muito poderosa para</p><p>testar intervenções que podem reduzir a pobreza. Elas variam desde a realização de tutorias corretivas nas</p><p>escolas, passando pelo fornecimento de redes contra mosquitos para famílias (para prevenir doenças), até</p><p>políticas de microcrédito.</p><p>O sucesso dessa abordagem influenciou consideravelmente a forma de avaliar políticas de nossa geração.</p><p>Embora não apontem um amplo conjunto de conclusões, esses estudos permitem tirar lições simples, mas</p><p>valiosas, com grandes efeitos para a erradicação da pobreza.</p><p>Outra vantagem é que, pelo fato de serem estudos controlados, há a possibilidade de verificar possíveis</p><p>efeitos colaterais não antecipados, colocando na balança, ao final dos experimentos, os benefícios e os</p><p>custos não antecipados das intervenções.</p><p>Economia da desigualdade</p><p>Vamos iniciar entendendo que a desigualdade econômica é um tópico de interesse e uma preocupação de</p><p>cientistas sociais. Existe uma grande variedade de tipos de desigualdade econômica, muitas vezes medida na</p><p>forma de distribuição de renda ou riqueza. Ela também pode ser avaliada como desigualdade entre países,</p><p>regiões ou grupos de pessoas.</p><p>A lista de pessoas que já estudou esse tópico é extensa.</p><p>O economista francês Thomas Piketty escreveu</p><p>o livro O Capital no Século XXI (2013), que</p><p>aborda o crescimento da desigualdade da</p><p>riqueza mundial. A obra causou rebuliço no</p><p>meio acadêmico ao trazer à tona o debate</p><p>sobre taxação progressiva e tributação da</p><p>riqueza global como único caminho eficiente</p><p>para combater a concentração da renda, que,</p><p>segundo o autor, seria consequência inevitável</p><p>do capitalismo.</p><p>Documentando com dados detalhados a</p><p>evolução histórica da concentração da renda e</p><p>da riqueza, Piketty desenvolveu uma grande teoria do capital e da desigualdade. Alguns autores já elaboraram</p><p>estudos rebatendo suas conclusões, mas o debate ainda está em desenvolvimento.</p><p>Outras áreas voltadas à economia</p><p>Economia da saúde e da educação</p><p>São campos da economia que aplicam princípios e métodos econômicos para analisar e compreender os</p><p>sistemas de saúde e educação. Conheça a seguir suas principais características.</p><p>Economia da saúde</p><p>É a área de estudo aplicado que permite uma análise rigorosa e</p><p>sistemática dos problemas enfrentados na promoção da saúde para</p><p>todos. Economistas da saúde utilizam as teorias do consumidor, do</p><p>produtor e da escolha social como ferramental para entenderem o</p><p>comportamento dos indivíduos, dos provedores de saúde e de</p><p>organizações públicas e privadas.</p><p>Um dos muitos exemplos estudados por economistas da saúde envolve</p><p>perguntas como: transferências governamentais durante a gravidez</p><p>melhoram a saúde da criança ao nascer?</p><p>Economia da educação</p><p>É a área que estuda questões relacionadas à educação, sejam elas de</p><p>demanda própria, seu financiamento e sua provisão, ou relacionadas à</p><p>eficiência comparativa entre diferentes programas e políticas.</p><p>Uma pergunta que economistas da educação se preocupam em</p><p>responder é: há uma relação entre escolaridade e resultados no mercado</p><p>de trabalho?</p><p>O programa Renda Melhor Jovem, elaborado pelo governo do estado do Rio de Janeiro, era um exemplo de</p><p>política pública que aplicava o conceito de custo de oportunidade. Será que essa política foi eficaz,</p><p>possibilitando jovens permanecessem mais tempo na escola para, no futuro, terem um salário melhor no</p><p>mercado de trabalho? Questões assim também fazem parte das preocupações da área.</p><p>Outras áreas voltadas à economia</p><p>Listamos aqui uma série de áreas nas quais a literatura econômica encontra terreno fértil e campo nas últimas</p><p>décadas.</p><p>Entretanto, existem muitos outros</p>