Apostila - Comportamento Respondente

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<p>CBI of Miami</p><p>Av. Nossa Senhora de Copacabana, 1059 – Rio de Janeiro/RJ</p><p>2</p><p>DIREITOS AUTORAIS</p><p>Esse material está protegido por leis de direitos autorais. Todos os direitos</p><p>sobre o mesmo estão reservados.</p><p>Você não tem permissão para vender, distribuir gratuitamente, ou copiar</p><p>e reproduzir integral ou parcialmente esse conteúdo em sites, blogs, jornais ou</p><p>quaisquer veículos de distribuição e mídia.</p><p>Qualquer tipo de violação dos direitos autorais estará sujeito a ações</p><p>legais.</p><p>CBI of Miami</p><p>Av. Nossa Senhora de Copacabana, 1059 – Rio de Janeiro/RJ</p><p>3</p><p>Comportamento Respondente</p><p>Prof. Lucelmo Lacerda</p><p>Existem basicamente 3 tipos de comportamentos, Respondente,</p><p>Operante e Adjuntivo (este último é mais polêmico e não iremos estudar neste</p><p>curso). O operante é nosso foco central, e iremos vê-lo mais à frente, mas o</p><p>primeiro comportamento a ser bem estudado é o respondente, cujo</p><p>conhecimento é importantíssimo em uma intervenção baseada em ABA.</p><p>Este tipo de comportamento é bastante bem definido, isso porque se trata</p><p>de um tipo de comportamento que não precisa ser ensinado, ele é naturalmente</p><p>instalado em nossa biologia. Digo “nosso” porque estamos falando em</p><p>intervenção em sujeitos humanos, mas os comportamentos respondentes se</p><p>encontram na maior parte das espécies, muito embora diferentes espécies</p><p>tenham diferentes respondentes.</p><p>Você, quando disse às pessoas que iria estudar Análise do</p><p>Comportamento, muito provavelmente escutou alguém dizer, talvez com</p><p>expressão de desagrado, algo como “Não gosto disso de psicologia estímulo-</p><p>resposta”. Se você ouviu isso, fique tranquilo, na verdade não passa de um</p><p>equívoco, o trabalho do Analista do Comportamento é, sobretudo, atuando sobre</p><p>o comportamento operante e não o respondente, mas eles estão comumente</p><p>articulados e precisamos conhecer a ambos.</p><p>O comportamento respondente é definido por uma relação de dois termos,</p><p>estímulo-resposta. Estímulo, em inglês, Stimulus e resposta, response, de modo</p><p>que a relação é representada pelo esquema assim:</p><p>S-R</p><p>Os estímulos são todos os eventos, no ambiente, que nos afetam os</p><p>sentidos, enquanto resposta é toda ação do organismo (mas as respostas</p><p>respondentes são minoria) e o conjunto desses dois é o comportamento</p><p>respondente. Esses estímulos, muitas vezes, produzem certas respostas em</p><p>nosso organismo, naturalmente instaladas.</p><p>Por exemplo, se estamos no escuro e um estímulo luminoso é adicionado</p><p>no ambiente, nossas pupilas irão se contrair, adequando a quantidade de luz em</p><p>CBI of Miami</p><p>Av. Nossa Senhora de Copacabana, 1059 – Rio de Janeiro/RJ</p><p>4</p><p>nosso olho. Se algo relativamente pesado bater em um certo ponto de nosso</p><p>joelho, nossa perna irá esticar, se algo cair em nosso olho, piscaremos. Enfim,</p><p>são muitos os exemplos de comportamento automaticamente gerado em nosso</p><p>organismo a partir de um certo estímulo.</p><p>Quando nosso organismo recebe a estimulação da luz, ou a pancada no</p><p>joelho, ou qualquer desses estímulos, não existe a hipótese de não nos</p><p>comportarmos (se o estímulo ocorrer na magnitude correta), de modo que a</p><p>relação entre estímulo e resposta é direta, ao que chamamos de eliciação. O</p><p>estímulo ELICIA a resposta.</p><p>Muita atenção para este termo, porque ele é específico deste tipo de</p><p>comportamento, o que é muito diferente de um estímulo em um comportamento</p><p>operante. No comportamento operante não há ELICIAÇÃO, isso só ocorre no</p><p>comportamento respondente.</p><p>S (estímulo que afeta o organismo) – (eliciação) R (ação do organismo)</p><p>Algumas informações a mais sobre o comportamento reflexo:</p><p>Não é qualquer magnitude do estímulo que produz a resposta. Se o</p><p>estímulo for muito fraco, a resposta não ocorre. Se ele for um pouco mais forte,</p><p>entra na chamada “região de penumbra”, onde pode ou não eliciar a resposta.</p><p>Se ele for um pouco mais forte, ultrapassa o “limiar” e daí por diante, sempre que</p><p>o estímulo ocorrer, a resposta também ocorre;</p><p>Após o limiar, quanto maior a magnitude do estímulo, maior a magnitude</p><p>do próprio comportamento (por exemplo, maior o ângulo de abertura da perna</p><p>no reflexo patelar quanto mais forte o estímulo da batida no joelho).</p><p>Após o limiar, quanto maior a magnitude do estímulo, menor é a latência</p><p>para o comportamento ocorrer, isto é, o tempo entre o estímulo e a resposta (isto</p><p>é a latência) fica menor.</p><p>Ocorre que o estímulo que produz a resposta no comportamento</p><p>respondente é um estímulo que NATURALMENTE foi selecionado para isso.</p><p>Quando uma relação é estabelecida sem necessidade de aprendizagem, pois já</p><p>está inscrita em nossa biologia, chamamos isso de INCONDICIONADO. Então,</p><p>por exemplo, a luz que faz minha pupila se contrair é um ESTÍMULO</p><p>INCONDICIONADO que produz uma RESPOSTA INCONDICIONADA.</p><p>CBI of Miami</p><p>Av. Nossa Senhora de Copacabana, 1059 – Rio de Janeiro/RJ</p><p>5</p><p>Ocorre que os estudos de um russo, no começo do século XX,</p><p>revolucionaram esta relação quando descobriram que é possível fazer com que</p><p>podemos ensinar animais (e depois descobriu-se que pessoas também)</p><p>respostas de comportamento respondente a partir de novos estímulos, que não</p><p>estão cravados em nossa biologia, isto é, são ESTÍMULOS CONDICIONADOS,</p><p>o que é sinônimo de “estímulos aprendidos”.</p><p>Assim, quando dois estímulos aparecem juntos e um produz o</p><p>comportamento respondente e outro não (a esse chamamos de neutro), depois</p><p>de um tempo (o tempo é variável), este estímulo que antes era neutro deixa de</p><p>sê-lo e passa a eliciar a mesma resposta.</p><p>Veja o caso dos cães de Pavlov, o sino não provocava nada neles,</p><p>portanto:</p><p>Sino (estímulo neutro) – Resposta inexistente</p><p>Por outro lado, carne era um estímulo que provocava a resposta de</p><p>salivação</p><p>Carne (estímulo eliciador - incondicionado) – Salivação (resposta eliciada)</p><p>Daí Pavlov fez o seguinte, dava a carne, tocando o sino:</p><p>Sino (estímulo neutro, que não eliciava nada) + carne (estímulo eliciador</p><p>incondicionado) – salivação (resposta eliciada pela carne)</p><p>Depois de um tempo (60 seções), os cães mudaram, aprenderam algo</p><p>novo. Veja como eles passaram a se comportar:</p><p>Sino (estímulo eliciador CONDICIONADO, isto é, aprendido) – salivação</p><p>Incrível!</p><p>Você irá utilizar isso muitas vezes em seu trabalho, por exemplo, quando</p><p>para uma criança o elogio não é reforçador, nós entregamos o que é reforçador</p><p>CBI of Miami</p><p>Av. Nossa Senhora de Copacabana, 1059 – Rio de Janeiro/RJ</p><p>6</p><p>junto com o elogio (que é neutro), mas no decorrer do tempo o próprio elogio</p><p>ganha as propriedades reforçadoras e conseguem manter o comportamento.</p><p>Entendeu a importância de dominar bem esses conceitos?</p>