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Assistência Técnica e Gerencial - Pecuária 1 Gerencial II da Assistência Técnica e Gerencial Assistência Técnica e Gerencial - Pecuária Este curso tem 30 horas ©2017. FATECNA - Faculdade CNA a Distância Todos os direitos reservados. A reprodução não autorizada desta publicação, no todo ou em parte, constitui violação dos direitos autorais (Lei Nº 9.610). Informações e Contato SBN – Quadra 1, Bloco FEdifício Palácio da Agricultura – 1º e 2º andar Asa Norte - Brasília – CEP 70.040-908 Telefone: 061 - 3878 - 9500 Site: www.faculdadecna.com.br/ead/ Presidente do Conselho Deliberativo João Martins da Silva Júnior Entidades integrantes do Conselho Deliberativo Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil - CNA Confederação dos Trabalhadores na Agricultura - CONTAG Ministério do Trabalho e Emprego - MTE Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento - MAPA Ministério da Educação - MEC Organização das Cooperativas Brasileiras - OCB Agroindústrias / indicação da Confederação Nacional da Indústria - CNI Diretor Geral Daniel Klüppel Carrara Coordenação de Assistência Técnica e Gerencial Matheus Ferreira Pinto da Silva Gerencial II da Assistência Técnica e Gerencial Curso da Faculdade de Tecnologia CNA Sumário Ponto de Partida! .............................................................................................................. 5 Introdução do módulo ..................................................................................................... 10 Tema 1 | Cálculo de custo de produção I .......................................................................... 13 Encerramento do tema .................................................................................... 65 Atividade de aprendizagem ............................................................................. 66 Tema 2 | Cálculo de custo de produção II.......................................................................... 68 Encerramento do tema .................................................................................. 126 Atividade de aprendizagem ........................................................................... 127 Tema 3 | Cálculo de Indicadores ..................................................................................... 130 Encerramento do tema .................................................................................. 169 Atividade de aprendizagem ........................................................................... 170 Linha de Chegada .......................................................................................................... 172 Gabarito ..................................................................................................................... 174 Assistência Técnica e Gerencial - Pecuária 5 Fonte: Banco de imagens do SENAR Ponto de Partida! Olá! Bem-vindo(a) ao terceiro módulo do curso Assistência Técnica e Gerencial – Pecuária, da Faculdade CNA a distância. Esse curso tem como objetivo principal abordar a dinâmica no campo e o dia a dia de um Técnico de Campo, capacitando-o para as diferentes situações que envolvem a Assistência Técnica e Gerencial da propriedade rural. Vamos relembrar os objetivos de cada um dos módulos que compõem o curso? Assistência Técnica e Gerencial - Pecuária 6 M1 - Metodologia de Assistência Técnica e Gerencial Dispor conhecimentos metodológicos para o desem- penho necessário de ações de Assistência Técnica e Gerencial, destacando as competências requeridas ao exercício da atividade. M2 - Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial Compreender de forma ampla os conceitos geren- ciais que envolvem a Assistência Técnica e Gerencial. M3 - Gerencial II da Assistência Técnica e Gerencial Contextualizar os conceitos gerenciais da Metodolo- gia de Assistência Técnica e Gerencial. M4 - Gerencial III da Assistência Técnica e Gerencial Contextualizar os conceitos gerenciais da Metodolo- gia de Assistência Técnica e Gerencial. M5 – Planejamento de propriedade rural Definir em que consiste o planejamento estratégico da propriedade rural assistida pela metodologia de ATeG, facilitando sua compreensão e aplicabilidade. Perceba que os conteúdos a serem trabalhados em cada módulo são interligados e complementares entre si. Ao final do curso, sua formação na Assistência Técnica e Gerencial será completa. Fonte: Banco de imagens do SENAR Assistência Técnica e Gerencial - Pecuária 7 Para ter um melhor aproveitamento do curso e utilizar com qualidade todos os re- cursos disponíveis, confira se as configurações do computador atendem as especi- ficações mínimas para acesso: • computador com acesso à internet (é recomendado o uso de banda larga); • navegador Internet Explorer 9, Firefox versão 45 ou Chrome versão 50 (ou superiores); • cookies liberados no navegador; • plug-in do Flash 10 (ou superior) instalado; • JavaScript liberado no navegador; • caixa de som (para ouvir os vídeos ao longo do conteúdo); • configuração mínima necessária do monitor: 1024 x 768. Atividades A navegação pelo conteúdo de cada módulo será linear, ou seja, você deverá aces- sar o primeiro tema, conferir todos os tópicos e realizar a atividade de passagem para, depois, acessar o tema seguinte. Veja os tipos de atividades que teremos ao longo dos módulos: Atividade de passagem A atividade de passagem será composta por uma questão com o ob- jetivo de verificar se você teve um bom aproveitamento em relação ao conteúdo do tema correspondente. É importante responder à ativida- de para poder acessar o tema seguinte. Fórum O fórum proporciona o debate e a troca de conhecimento entre você e o tutor. Haverá um fórum por módulo, que ficará aberto durante todo o seu período de estudos nesse módulo, permitindo que você faça a postagem de novas percepções, enquanto trilha seu processo de aprendizagem. Assistência Técnica e Gerencial - Pecuária 8 Simulado Ao finalizar o conteúdo, isto é, quando você tiver passado por todos os temas do módulo e respondido à última atividade, deverá se pre- parar para responder ao simulado, que será composto por 17 ques- tões de múltipla escolha. Você pode respondê-lo de uma a três vezes, para se preparar adequadamente para a avaliação. Avaliação A Avaliação é obrigatória e tem caráter avaliativo, tendo como objeti- vo verificar o seu desempenho em cada módulo. Ela é composta por 17 questões objetivas, assim como o simulado. Você poderá respon- dê-la apenas uma vez, depois da conclusão dos 3 temas de estudo e após realizar o simulado. Estudo de caso É obrigatório, com caráter avaliativo. O estudo de caso consiste em uma questão reflexiva, relacionada aos temas estudados. No primei- ro módulo, como resposta para a questão, você deverá gravar um ví- deo respondendo oralmente à pergunta lançada no estudo de caso. A partir do segundo módulo ela será discursiva. Outra atividade importante para realizar no Ambiente de Estudos é a pesquisa de satisfação. Com essa pesquisa, poderemos analisar a qualidade do curso por meio das suas respostas e, assim, melhorá-lo cada vez mais. Composição da nota de cada módulo A nota do módulo é composta por uma média simples entre a nota da Avaliação e o Estudo de caso. A nota pode variar de 0 a 10, sendo que na Avaliação a correção é automática e no Estudo de caso você receberá a nota junto com o feedback do tutor. Para ser considerado aprovado no curso, você precisa alcançar a média final igual ou su- perior a 6. Ela é obtida por meio de uma média simples de suas notas em cada módulo. Certificado Ao final do percurso, com o desempenho esperado, você terá seu certificado de con- clusão do curso. Para obtê-lo, você deverá: Assistência Técnica e Gerencial - Pecuária 9 • percorrer o conteúdo dos módulos e seus temas; • realizar a atividade de passagem de cada tema; • realizar o simulado de cada módulo; • realizar a avaliação de cada módulo; • responderao estudo de caso em cada módulo; • alcançar um desempenho de 60% na média final do curso. Agora que você está bem informado, poderá dar início ao seu curso e realizar o acesso ao conteúdo. Conte sempre com a ajuda da tutoria e da monitoria caso tenha alguma dúvida quanto ao curso ou Ambiente de Estudos. Aproveite a oportunidade para participar das atividades propostas, como os fóruns e enquetes. Lembre-se de que você terá sucesso garantido na busca por crescimento pessoal e profissional se mantiver a organização e a dedicação durante esse processo. Siga em frente e bons estudos! Assistência Técnica e Gerencial - Pecuária 10 Neste módulo, iniciaremos o estudo de cálculo de custo de produção e também algumas análises econômicas da empresa rural. O primeiro, por ser um assunto bastante extenso, está dividido entre os temas 1 e 2 deste módulo. Os principais conceitos que serão explanados nesses temas foram previamente introduzidos no Módulo 2, ao tratarmos da “Teoria Geral de Custos”. Iremos nos aprofundar em cada uma daquelas estruturas de custos previamente citadas com vários exemplos prá- ticos e em diversas cadeias produtivas. Fique atento! Objetivos O objetivo geral deste terceiro módulo é proporcionar uma ampla apresentação e discussão das diversas peculiaridades que envolvem a identificação dos custos na agropecuária, permitindo que o aluno desenvolva uma visão mais crítica para o momento da aplicação em seu trabalho prático, devidamente embasado em critérios técnicos, de acordo a Metodologia de Assistência Técnica e Gerencial. Dese- ja-se que, ao final, este estudo proporcione uma análise econômica mais fidedigna da empresa rural. Introdução do módulo Fonte: Banco de imagens do SENAR 11Assistência Técnica e Gerencial - Pecuária Adentrando os custos, o primeiro contato do aluno será com o Custo Operacional Efetivo (COE), pois esse é o mais facilmente enxergado pelos empresários rurais de- vido à necessidade de desembolsos financeiros, conforme será visto. Ao final desse tópico, o aluno deverá compreender a correta alocação dessas despesas, dedican- do-se a investigar o que foi gasto de insumos para a produção de determinado item, assim como diferenciar uma simples manutenção de equipamento, maquinário ou benfeitoria de uma reforma. Em seguida, serão abordados itens considerados como custos fixos em nossa me- todologia. Espera-se que, ao final das duas primeiras etapas deste módulo, o alu- no seja capaz de estratificar custos operacionais e custo total, alocando apropria- damente cada elemento de custo, tendo como foco desse trabalho a identificação dos fatores de maior impacto e também aqueles limitantes de desenvolvimento da atividade, para que possa ser elaborado um planejamento adequado ao final do processo. Na última etapa deste módulo, espera-se que o aluno defina os conceitos de mar- gem bruta e lucro, que se fazem muito importantes devido ao fácil entendimento de que, via de regra, os produtores têm a margem bruta como sendo o “lucro líquido da atividade”. Nesse entremeio, também será vista a conceituação de margem líquida, que fornecerá dados essenciais para que o aluno aplique e compreenda a taxa de retorno de um investimento. Para atingir esses objetivos, o módulo está estruturado em três temas: • Tema 1: Cálculo de custos de produção I • Tema 2: Cálculo de custos de produção II • Tema 3: Cálculo de indicadores Mantenha-se focado no estudo deste módulo, que é o cerne da metodologia de cál- culo de custos de produção, aproveitando ao máximo as explanações. Não deixe de realizar e conferir os exercícios propostos. Boa aula! Assistência Técnica e Gerencial - Pecuária 12 Vídeos Antes de avançar, lembre-se do Marcelo, Técnico de Campo, e do Sr. Ariovaldo. Nós os acompanhamos desde o início, construindo jun- to deles nosso aprendizado. O Marcelo vem trabalhando na Fazenda Santa Felicidade, que também já apresentamos a você. O Sr. Ario- valdo procura aprender ainda mais com a ajuda do Marcelo, fazendo diversos questionamentos a ele. Ultimamente, o produtor tem se interessado mais em aprofundar seus conhecimentos em gestão e gerenciamento rural. E, claro, sem- pre surgem novas questões, como: “Cálculo de Custos de produção? Como fazer? O que é?”; “E esses tais de indicadores?”; Será que Mar- celo conseguirá responder e auxiliar o Sr. Ariovaldo a ter ainda mais sucesso na Fazenda?” Saiba mais vendo o vídeo na íntegra, no ambiente de estudos. Mas antes de prosseguir, pare e reflita por um instante. Tome nota Você chegou ao terceiro módulo do curso de Assistência Técnica e Gerencial. Até aqui, aprendeu muitas coisas novas e garantimos que irá continuar se aprimorando ainda mais. Porém, também gostaría- mos de saber sua opinião sobre o curso e quais assuntos você acre- dita que deverá aprender para auxiliá-lo em seu trabalho. Escreva aqui: Assistência Técnica e Gerencial - Pecuária 13 Conforme visto no módulo 2, quando foi trabalhado o tópico “Teoria Geral de Cus- tos”, os custos são divididos em dois grandes grupos, de acordo com sua natureza: Não apresentam desembolso de capital finan- ceiro, ou seja, são custos indiretos.Fixos Tema 1 Cálculo de custo de produção I Fonte: Banco de imagens do SENAR Assistência Técnica e Gerencial - Pecuária 14 Apresentam desembolso de capital financeiro, ou seja, são custos diretos. Variáveis Estudando com dedicação, você compreenderá todas as possibilidades de aplica- ção dos custos variáveis, sua dinâmica e a correta apropriação de acordo com os diversos cenários e exemplos. Também serão vistos dois, dos três, componentes dos custos fixos: a mão de obra familiar e a depreciação. Ao final deste tema, você será capaz de aplicar corretamente os conceitos que com- põem o Custo Operacional Efetivo (COE) e o Custo Operacional Total (COT), assim como estratificar cada elemento de composição deles, com o objetivo de realizar propostas de intervenções tecnológicas ou administrativas. Para atingir o objetivo, este tema está estruturado em cinco tópicos: Tópico 1: Custo operacional efetivo Neste tópico, você compreenderá melhor o conceito de “centro de custos” da metododologia de Assistência Técnica e Gerencial, com a devida alocação dos custos variáveis sob diversos aspectos e com as peculiarida- des de diversas cadeias produtivas exemplificadas. Tópico 2: Mão de obra familiar Neste tópico, você estudará os conceitos que funda- mentam a determinação dos valores deste que é um dos mais subjetivos e controversos componentes dos custos de produção. Tópico 3: Depreciação Neste tópico, você poderá ampliar seus conhecimentos acerca da conceituação, da aplicação e da importância de se calcular a depreciação como parte relevante dos custos de produção. Assistência Técnica e Gerencial - Pecuária 15 Tópico 4: Custo operacional total Neste tópico, você estudará a composição do custo operacional total, negligenciado em algumas análises por não ter grande aplicação em campo, mas que é de grande importância na avaliação técnico-econômica da propriedade rural. Tópico 5: Aplicação dos conceitos Neste tópico, que encerra o tema, você verá a aplicação prática dos conceitos estudados, de forma detalhada. Pronto para começar? Então, siga em frente para adquirir todo esse conhecimento. Assistência Técnica e Gerencial - Pecuária 16 Tópico 1: Custo operacional efetivo O Custo Operacional Efetivo (COE) diz respeito a todas as despesas diretas, ou seja, desembolsos financeiros, realizadas pelo produtor rural (ou seu administrador) para que se possa iniciar, conduzir e concluir o ciclo de produção animal e/ou vegetal. Fonte: Banco de imagens do SENAR Objetivos Neste tópico, você compreenderá melhor o conceito de “centro de custos” com a devida alocação dos custos variáveis, sob diversos aspectos e com as peculiaridades de diversas cadeias produtivas exemplificadas. Assim, o que basicamente determina um item de custo como COE é a geração de um desembolsoefetivo (que pode ou não ser financeiro). A duração do COE será sempre menor ou igual ao ciclo produtivo. De acordo com sua definição conceitual, a fórmula matemática para a obtenção do COE é a seguinte: COE = somatório de todas as despesas diretas Assistência Técnica e Gerencial - Pecuária 17 Dessa forma, tem-se os seguintes exemplos: o imposto sobre o valor da terra (ITR) pode não ser variável, pois é cobrado todo ano, mas gera desembolso, então é COE; o aleita- mento artificial não gera desembolso financeiro, mas é efetivamente um gasto realizado na amamentação dos bezerros, de um produto que poderia ser vendido, então é COE. Como exemplos de despesas diretas, é possível citar: • Aquisição de sementes, fertilizantes e corretivos • Medicamentos • Aluguel e/ou manutenção de máquinas e equipamentos • Materiais de ordenha • Rações • Pagamento de mão de obra avulsa (diaristas) • Pagamento de mão de obra contratada (CLT) • Pagamento de impostos e taxas • Arrendamento de terras • Pagamento de energia elétrica CLT A Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) é uma norma legislativa de regulamentação das leis referentes ao Direito do Trabalho e ao Direito Processual do Trabalho no Brasil, aprovada pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943. Constitui o principal instrumento de regula- mentação das relações individuais e coletivas do trabalho. Desde a sua criação, sofreu várias alterações no sentido de criar uma legislação. Assistência Técnica e Gerencial - Pecuária 18 Gastos pessoais (dentista, médico, escola etc.) não são itens de despesa da ativi- dade, portanto não compõem o COE. Quando a energia elétrica, ou qualquer outro insumo, for compartilhada entre uso para atividade e pessoal, seu custo deverá ser computado separadamente, na proporção das aplicações realizadas. Em comum, todos esses elementos listados como exemplos de despesa geram um pagamento sistematizado, que irá variar de acordo com o volume e a tecnologia de produção que o administrador adotar, estando, portanto, sob o domínio da autono- mia decisória do produtor, que pode variar suas quantidades usadas. Essa afirmação é possível pela seguinte lógica: caso o produtor rural deseje aumen- tar a área de cultivo, terá de preparar um espaço maior de solo, seja para a implanta- ção de lavoura, fruticultura, olericultura, ou mesmo de pastagens para seus animais. Consequentemente, acarretará necessidade de aquisição de corretivos, sementes, fertilizantes, água, defensivos, trabalhadores etc. Isso também é válido para o caso de incremento de tecnologias, melhorando a produtividade sem aumentar a área destinada à atividade, em um processo chamado de intensificação do cultivo. Por outro lado, caso o produtor decida que não irá produzir, ele sequer terá a neces- sidade de adquirir insumos. Logo, pode-se observar que o COE está diretamente li- gado à produção desejada, na qual cada acréscimo almejado implicará, geralmente, aumentos desse custo ou até poderá ser nulo, caso não haja produção. Projeção do COE Note que o gráfico possui dois eixos: o de produção e o de custos, sendo uma função direta do outro, cuja resposta é traduzida pela linha que representa o COE. Observa-se que o COE parte da in- terseção dos eixos, cujo valor é zero, ou seja, caso não haja produção, não ha- verá despesas diretas, chamadas COE. Por outro lado, conforme se aumenta a produção, aumenta-se também o custo. Anteriormente, foi dito que “geralmente” há uma relação direta entre aumento da produção e incremento de custo. Contudo, pode ser que haja ampliação da quanti- dade produzida sem que haja, necessariamente, um aumento do COE. Tal possibi- lidade se apoiará no diagnóstico realizado pelo Técnico de Campo na propriedade, que poderá identificar algum desperdício de recursos ou má aplicação destes, sendo que sua correção/racionalização poderá elevar o patamar produtivo sem alterar as estruturas de custos, ou mesmo poderá resultar até mesmo em sua redução. Assistência Técnica e Gerencial - Pecuária 19 Ao se analisar a elevação de custos variáveis em função do aumento da produção, é fundamental relembrar os conceitos estabelecidos anteriormente no tópico “econo- mia de escala”. Essa análise é importante para que não se tenha a ideia equivocada de que o COE apenas sofrerá aumentos, transmitindo a impressão de que a amplia- ção do volume produzido - e portanto, do COE - é sinônimo de maiores despesas e menores lucros. Essa elevação de custos é observada somente no COE Total da atividade. Quando se analisa o COE por unidade produzida, consegue-se observar sua redução paulatina. Isto é possível por meio da obtenção de descontos nos insumos adquiridos devido ao volume (compra programada ou coletiva), ou até mesmo à forma de pagamento/ faturamento (faturamento direto na fábrica do insumo em questão) e à diluição dos valores de serviços contratados em um maior volume produzido. Acompanhe: Fonte: Banco de imagens do SENAR Um produtor que comprar ração ou adubo terá preços diferenciados ao adquirir apenas uma unidade do produto comparativamente à aquisição de um volume maior. Suponha que o custo para uma unidade seja de R$ 70,00/saca, mas que poderá ser reduzido para R$ 60,00/saca quando se adquirir maior quantidade. Assim, o custo total estará sempre se elevando, pois estarão sendo incrementados mais insumos ao sistema. Assistência Técnica e Gerencial - Pecuária 20 Porém, ao se analisarem o valor unitário dos produtos adquiridos e seu reflexo nos custos uni- tários dos itens produzidos a partir deles, será observada uma redução gradual. Este tópico ainda não se refere à redução de custos totais por meio da diluição dos custos fixos, obtidos com o aumento da escala de produção. Esse assunto será tra- tado mais adiante. É comum o Técnico de Campo observar que nem sempre quem possui a maior renda bruta é quem possui o maior lucro proporcional, da mesma forma que não é válido dizer que um COE elevado é sinônimo de prejuízo. Em relação ao pagamento de impostos e taxas, ao arrendamento de terras e ao gas- to com energia elétrica, citados anteriormente como exemplos de despesas diretas, consideramos que tais itens estão estreitamente ligados ao ciclo produtivo e que, portanto, sua duração será sempre menor ou igual ao ciclo produtivo. Mesmo que essas despesas sejam esperadas em intervalos, e até mesmo em valores regulares, elas não se configuram como um elemento de custo fixo, mas sim como parte do COE. Veja o exemplo: Em determinada proprie- dade rural arrendada, o produtor possui um fun- cionário contratado e um diarista eventual, ambos exclusivos para a pro- dução. Então, ele resolve iniciar um projeto de ir- rigação com a finalidade de melhorar sua produ- tividade. Isso acarretará maior gasto de energia elétrica e água, ou seja, os custos serão elevados. Por outro lado, caso o produtor deseje encerrar por completo a ativida- de, não haverá motivação para despesas elétricas, com água e com pessoal, podendo dispensá-los no momento de sua tomada de decisão. Já no caso do arrenda- mento, mesmo que este seja regido por um con- trato com prazos estabe- lecidos, o administrador também realiza um de- sembolso físico de recur- sos financeiros e detém controle absoluto e ime- diato sobre essa despe- sa, podendo extingui-la a qualquer tempo, mesmo que para isso suporte o pagamento de eventuais multas rescisórias, algo também observado na si- tuação laboral legalmen- te estabelecida. Assistência Técnica e Gerencial - Pecuária 21 Planejado versus realizado É fundamental para os Técnicos de Campo e administradores rurais o entendimento da conceituação exata do COE, conforme foi tratado. O COE é tão somente um cus- to de produção. Logo, apenas podem-se considerar como custo de produção itens que foram efetivamente utilizados para a confecção de determinado produto em um ciclo produtivo específico, independentemente do volume de insumos queforam adquiridos inicialmente. É o que se chama de relação “planejado versus realizado”. Veja na tabela a seguir a exemplificação disso: Item Unidade Quantidade adquirida Valor unitário Valor Total Quantidade utilizada no ciclo COE da atividade Fertilizante ureia agrícola Saco 50 kg 20 R$ 120,00 R$ 2.400,00 16 R$ 1.920,00 Em culturas de produção permanente, como as de leite e de leguminosas, essa de- finição de ciclo de produção por período determinado geralmente não é aplicável. Nesse caso, adota-se um período de referência igual a um ano para poder realizar a análise dos indicadores dessas atividades e ter seus comparativos em relação a seus próprios exercícios anteriores, ano a ano, assim como compará-las a outras propriedades que utilizam a mesma metodologia de cálculo de custos de produção. No caso descrito na tabela, é possível observar que o produtor, de fato, desembolsou a quantia de R$ 2.400,00 para a aquisição do insumo. Porém, esse desembolso é anotado em nossa meto- dologia como fluxo de caixa, e não como custo de produção — afinal, nem todo insumo adquirido foi utilizado. Outra separação importante para se fazer em relação aos desembolsos e ao COE é se ater ao conceito de que os itens inseridos no COE possuem duração menor ou igual ao ciclo produtivo da cultura. Caso o produtor adquira um item que irá perdurar mais do que um ciclo produtivo, esse desembolso será classificado como investi- mento, pois seu uso se dará por tanto tempo quanto sua vida útil permitir. Exemplos de investimentos: Aquisição de um macacão para apicultura, um balde para bovinocultura de leite ou um regador para olericultura. Esses itens possuem um custo relativamente barato, o que leva alguns administradores à tendência de o classificarem como COE. No entanto, se durarem mais de um ciclo produtivo, devem ser classificados como investimento. Veja mais uma diferença entre COE e investimento: arraste o cursor sobre a imagem para a esquerda e para a direita para descobrir essas diferenças. Assistência Técnica e Gerencial - Pecuária 22 COE Investimento Deve ser reembolsado ao pagador (produtor rural) ao final de cada ciclo, para que ele volte a ter capacidade de comprar novamente os insumos. Deve-se iniciar a cada ciclo. Não deve ser reembolsado logo no primeiro ciclo de sua utilização. O retorno será dado com a utilização do bem adquirido ao longo do tempo. Para o caso de investimento, a metodologia utilizada pela ATeG dá outro tratamento, conforme será visto mais adiante. Manutenção versus investimento A manutenção de máquinas, equipamentos, ferramentas e benfeitorias que são utili- zadas para a atividade que analisada, seja ela preventiva ou corretiva, é considerada COE. É caracterizada como uma despesa que gera desembolso direto e tem sua existência atrelada ao ciclo produtivo. Entretanto, com o passar do tempo, esses itens tendem a se aproximar do suca- teamento, necessitando de manutenções mais complexas (caso o proprietário de- seje permanecer com o bem em pleno estado de utilização), que são chamadas de “reforma”. Na metodologia de ATeG, manutenções serão classificadas como investimento sempre que atingirem a representatividade de 30% do valor de mercado atualizado do bem que está sendo reformado. Veja o exemplo a seguir: Assistência Técnica e Gerencial - Pecuária 23 Quando novo, um trator custou R$ 180 mil ao produtor, mas atualmente está com 12 anos de uso, e seu valor atual de mercado é de R$ 70 mil. Infortunadamente, o trator quebrou. Se o produtor resolver realizar uma manutenção, que custa R$ 23 mil, ela deverá ser classifica- da como reforma, portanto um investimento, já que R$ 23 mil representa 32,88% do valor de mercado do trator. Fonte: Shutterstock Aplicando o cálculo para entender se é uma manutenção ou reforma, tem-se o seguinte: Representatividade do valor da manutenção = (valor da manutenção ÷ valor de mercado) x 100% = (R$ 23.000,00 ÷ R$70.000,00) x 100% = 32,86% Assim, pode-se concluir que houve um investimento, pois o valor da reforma (R$ 23 mil) superou o percentual de 30% do valor de mercado atualizado do bem em ques- tão (R$ 70 mil), devendo a despesa ser alocada no fluxo de caixa e integrar o total de capital imobilizado (empatado) para a atividade, não no COE. Observe que o exemplo apresenta uma decisão puramente administrativa, pois o proprietário optou por reformar um bem já existente em detrimento de adquirir um novo. Com um investimento tão vultoso quanto esse, é justo reavaliar esse bem sob dois pontos de vista: Financeiro Seu valor é atualizado. Para isso, basta somar o valor inves- tido na reforma àquele pelo qual o bem foi previamente avaliado para se obter sua nova cotação. É realizada a soma porque o administrador já tem a oportu- nidade de capital imobilizado ou empatado no equipamento antes da reforma e, mesmo assim, decide empatar mais essa quantia financeira. Mesmo que a máquina ou equipamento não valha esse mesmo valor atualizado no mercado, o admi- nistrador possui esse montante imobilizado no bem. Assistência Técnica e Gerencial - Pecuária 24 Vida útil Devido a esse investimento, o bem avaliado poderá ser utilizado por mais tempo. Re- comenda-se bastante critério no momento de realizar essa avaliação, pois irá influen- ciar diretamente nos custos de produção. Como exemplo, pode-se supor que o trator do caso terá um adicional de 5 anos de trabalho, ou seja, a vida útil residual será alterada de 3 para 8 anos (5 + 3), distribuindo ou diluindo o custo fixo do bem (depreciação) por um período mais prolongado. Este é o final do primeiro tópico. No seguinte, você verá o custo de oportunidade e a mão de obra familiar. Até lá! Assistência Técnica e Gerencial - Pecuária 25 Tópico 2: Mão de obra familiar O custo da mão de obra familiar é fixo e indireto, diferentemente de quando ocorre o pagamento de funcionários contratados, que representam um custo direto. Confor- me visto anteriormente, o custo com a mão de obra familiar nada mais é do que a análise de custo de oportunidade. Fonte: Banco de imagens do Senar Objetivos O objetivo deste tópico é compreender os conceitos que fundamen- tam a determinação dos valores de custo com mão de obra familiar. É importante que o Técnico de Campo faça uma avaliação muito cuidadosa desse item, uma vez que é um elemento de custo fixo e bastante subjetivo, ou seja, não irá se alterar no curto prazo. Além disso, a mão de obra familiar tem participação importante no custo de produção das atividades agropecuárias, especialmente em pequenas propriedades rurais. O procedimento usual para valorar essa mão de obra é considerar o salário de mer- cado como referência de custo de oportunidade. Sendo assim, é preciso avaliar a ati- vidade exercida pelos membros da família na propriedade, assim como a disponibili- dade e as especialidades. Diante disso, as perguntas que devem ser realizadas são: Assistência Técnica e Gerencial - Pecuária 26 Quanto receberiam em outra propriedade para exercer as mesmas atividades? Quanto pagariam para que alguém exercesse as atividades em seu lugar? Ambos os questionamentos são importantes para chegar a um balizamento mais justo de valores, pois sempre haverá uma tendência de supervalorização de sua própria mão de obra. Em geral, isso não é correto e superestima o custo da atividade, que indica o uso alternativo do fator de produção — ele poderia ganhar mais ven- dendo sua capacidade de trabalho para terceiros do que produzindo para si mesmo. Às vezes, o produtor só sabe fazer o que está fazendo; nesse caso, seu custo de oportunidade é muito baixo. Assistência Técnica e Gerencial - Pecuária 27 Veja o exemplo: Fonte: Banco de imagens do Senar Em uma propriedade que desenvolve as atividades de fruticultura e piscicultura, o produtor rural possui formação superior com doutorado, mas trabalha em sua propriedade com ativida- des básicas, que não necessitam de suaformação acadêmica. Assim, sua mão de obra deverá ser valorada pelo trabalho que realiza, e não por sua formação ou capacidade intelectual. O que deve ser avaliado é a atividade exercida. Na contabilização do impacto que a mão de obra familiar tem no custo de produção, o técnico deverá sempre ter em mente que o produtor rural é um empresário, um empreendedor, e não um funcionário. Nessa condição de empreendedor, seus recebimentos não englobam custos labo- rais legais, como contribuições compulsórias, pagamento de férias e 13º salário. Dessa forma, deve-se calcular apenas a estimativa de renda pelo período analisado, sem acréscimos, ou seja, os 12 meses do ano, ciclo produtivo, ou ainda com base no valor da diária paga na região para a atividade exercida. Caso o produtor conte com a colaboração de mais algum membro da família, o técnico deverá contabilizar como mão de obra familiar apenas os que não pos- suírem retirada de valores sistemáticos da atividade, seja em capital financeiro ou em produtos. Caso contrário, deverá ser contabilizado como um funcionário. Assistência Técnica e Gerencial - Pecuária 28 Na prática O Sr. Manoel, produtor de leite, paga a seu filho, Zezinho, a quantia de R$ 100,00 por semana para que ele vá à cidade se divertir aos domin- gos, pois ele o ajuda diariamente na atividade e merece uma folga. Nesse caso, há uma grande tendência de elencarmos “Zezinho” como mão de obra familiar, pois ele é filho do proprietário, além de também anotarmos na saída de fluxo de caixa e nos custos de produção o pagamento semanal de R$ 100,00. Na verdade, o correto é contabilizar Zezinho apenas com o custo se- manal igual a R$ 100,00 e retirá-lo da caracterização de mão de obra familiar, pois ele recebe pagamentos financeiros por seus serviços, ou seja, Zezinho possui características de um funcionário comum, contratado e pago por semana, mesmo que sua mão de obra esteja sendo avaliada de forma modesta pelo Sr. Manoel. Caso não haja essa observância no momento de lançamento de dados, Zezinho poderá ser contabilizado de forma duplicada nos custos de produção: uma como pagamento a terceiros (R$ 400,00/mês) e outra como familiar (considerando um salário-mínimo de R$ 880,00/mês). Assim, o custo no sistema será praticamente triplicado em relação ao custo real que deveria ser contabilizado, passando de R$ 400,00 para um superestimado de R$ 1.280,00 (400 + 880). Esse tipo de avalia- ção errônea pode comprometer a viabilidade do negócio analisado. Fica nítido, a partir de agora, que o termo “mão de obra familiar” não deve ser atre- lado exclusivamente ao fator parentesco, mas assimilado juntamente ao contex- to de desembolsos, pois também é conhecido como pró-labore do administrador (pagamento realizado aos sócios pelos serviços prestados à empresa). Assim, é necessário ser um administrador da empresa rural para justificar o recebimento de pró-labore, apresentando grau de parentesco ou não, desde que não seja sistemati- camente remunerado, causando desembolso físico de capital ou produtos. Sempre que houver essa situação de pagamentos regulares de familiares ou administra- dores, eles deverão ser desqualificados dos custos fixos e alocados no COE, pois passaram a ser uma despesa direta. Assistência Técnica e Gerencial - Pecuária 29 Tome nota É muito importante destacar que a mão de obra familiar, em alguns casos, dedica um esforço maior que a mão de obra contratada, além de trabalhar por um período superior à jornada legal de um funcio- nário. Logo, para dimensionar o valor do trabalho da mão de obra familiar, não se deve apenas contar o número de pessoas envolvidas, mas sim qual seria o custo para substituí-las, dadas as atividades executadas por elas. Para complementar esse raciocínio, veja mais dois exemplos: Pai e filho Um pai e seu filho trabalham sozinhos na propriedade rural. Acordam diariamente às 5 h da manhã e encer- ram sua jornada de trabalho às 19 h, perfazendo 11 horas de trabalho, descontando-se 3 horas de almo- ço e descanso. Muito dedicados e concentrados nas atividades, são eficientes nas operações que exercem. Certa vez, resolveram tirar uma semana de férias com toda a família e, para isso, contrataram duas pessoas para substituí-los. Porém, já no primeiro dia, notaram que os dois contratados, em suas 8 horas de trabalho diário, não executaram sequer 50% das tarefas que pai e filho realizavam. Dessa forma, tiveram de contratar mais duas pessoas para executar o serviço, perfazen- do quatro contratados. Assim, qual seria a atribuição correta de custo dessa mão de obra familiar: o salário de mercado de duas ou quatro pessoas? A resposta, nesse caso, é a alocação de quatro salários para pai e filho como custo fixo de mão de obra familiar, pois eles realizam atividades que somente a contratação dessa quantidade de funcionários atenderia à demanda. Assistência Técnica e Gerencial - Pecuária 30 Caso de família Um pai, a esposa e seus cinco filhos trabalham na propriedade rural. De todos os filhos, o mais velho já encerrou os estudos e os restantes fazem cursos técnicos no período da manhã. Ao chegarem dos cursos, o pai fala sobre a importância da lida do sítio, porém a cada dia eles estão menos interessados nas atividades rurais, pois acreditam que pequenas pro- priedades não apresentam perspectivas de melhoria, fato corroborado por seus pais ao não deixarem seus filhos participarem da administração da propriedade, ocultando os resultados alcançados pela família. Dessa forma, a participação desses filhos no traba- lho da propriedade existe, mas está cada vez menor. Assim, qual o custo da mão de obra familiar nesse caso? Um salário de mercado para cada filho, esposa e marido, ou seja, sete pessoas? Não. Nesse caso, o custo da mão de obra familiar deveria ser dimensio- nado com o mesmo critério do exemplo anterior: para substituir o trabalho dessa família, quantas pessoas seriam necessárias no salário de mercado? Ao avaliar o trabalho, concluiu-se que as atividades realiza- das por essa família seriam substituídas por quatro pessoas, por exemplo. Logo, o custo da mão de obra familiar seria o valor de quatro salários de mercado para essa função, e não de sete. Remuneração do empreendedor Caso se tenha em mente que a única fonte de renda para a mão de obra familiar, ou administrador/empreendedor, seja seus custos de oportunidade, ou seja, o produtor tem acesso somente aos valores discutidos no tópico acima, realiza-se uma análise errada e pouquíssimo atrativa ao produtor. Deve-se ter em mente que a remuneração do empreendedor acontece em três momentos: Assistência Técnica e Gerencial - Pecuária 31 Custo de mão de obra familiar Conforme visto no tópico anterior, relembre o conteú- do do tópico “Custo Operacional”, caso haja dúvidas. Custo de oportunidade do capital O custo de oportunidade será tratado de manei- ra mais aprofundada quando forem discutidos os custos totais, no Tópico 1 do Tema 2. De uma forma geral, esse item é um componente dos custos fixos, pois não há desembolso, e representa também um custo de oportunidade de investimento. Nesse caso, será avaliado, por exemplo, se compensaria mais o empreendedor ter investido R$ 1 milhão de capital médio na infraestrutura da atividade ou se teria uma melhor remuneração investindo esse mesmo capi- tal na poupança, um investimento tradicional e com rendimento histórico médio de 6% ao ano, e que é adotado na Metodologia de Assistência Técnica e Gerencial como parâmetro de comparação. Assim, esse R$ 1 milhão renderia, na poupança a 6%a.a., a quantia de R$ 60 mil/ano. Obrigatoriamente, para ser minimamente atrativa, a atividade deveria render a partir desse valor. Lucro que a atividade proporciona ao empreendedor Será tratado de maneira mais aprofundada no Tópico 1 do Tema 2. De forma conceitual, para entender sua alocação nessa etapa de cálculos, basta compre- ender que o lucro, na verdade, não é diretamentedo empreendedor, mas sim do negócio — os custos com seu trabalho já foram remunerados. Em muitas em- presas, o lucro é destinado a diversas finalidades, de acordo com o planejamento estratégico da empresa. Por exemplo: 10% do lucro destinado para ações de marketing; 2% para doações; 20% para investimentos em pesquisa; 50% para aquisição de novos negó- cios e 18% para distribuição de dividendos entre os sócios do negócio. Assim, caso não haja destinação para investimentos em novas áreas ou destinação de recursos para outros setores, o lucro deverá ser destinado do negócio ao empreendedor. Assistência Técnica e Gerencial - Pecuária 32 Assim, a fórmula para cálculo dessa remuneração do produtor rural/empreendedor será: CO custo de oportunidade Veja o exemplo: Fonte: Banco de imagens do Senar Ao final da apuração anual dos resultados obtidos por uma propriedade rural, o Técnico de Campo do empreendimento encontrou os seguintes valores: - remuneração mensal do empreendedor igual a R$ 1 mil; - custos de oportunidade do capital iguais a R$ 60 mil; - lucro anual igual a R$ 20 mil. Dessa maneira, qual foi a remuneração total do empreendedor no ano analisado pela consultoria? Aplicando a fórmula, tem-se: REMUNERAÇÃO = MDOF + CO + LUCRO REMUNERAÇÃO = (R$ 1.000,00/mês x 12 meses) + R$ 60.000,00 + R$ 20.000,00 REMUNERAÇÃO = R$ 92.000,00 Portanto, a remuneração total do empreendedor será igual a R$ 92 mil ao ano. Avance para o próximo tópico! Assistência Técnica e Gerencial - Pecuária 33 Tópico 3: Depreciação A depreciação é uma reserva monetária destinada a gerar fundos necessários para a substituição de bens ao final de sua vida útil — com o intuito de o produtor rual/ empreendedor se preparar para o momento da troca de bens de produção - equi- pamentos, máquinas, benfeitorias, forrageiras não anuais (capineira, canavial etc.), reprodutores e animais de serviço — quando necessário para manter a capacidade produtiva da empresa. A depreciação é um custo fixo que não representa desembol- so, sendo, portanto, um custo indireto. Fonte: Banco de imagens do Senar Objetivos O objetivo a ser alcançado neste tópico será reconhecer a importância de calcular a depreciação como parte relevante dos custos de produção. Assistência Técnica e Gerencial - Pecuária 34 Na metodologia de cálculo de custo de depreciação de ATeG, consideram-se o mé- todo linear e o valor de sucata dos bens sempre iguais a zero. Esse método tem por finalidade minimizar a subjetividade do cálculo de custo da agropecuária. Ao optar pelo método linear, também ocorre uma estabilização da depreciação ao longo de toda a vida útil do bem, necessitando que se realize seu cálculo apenas uma única vez, até que ela se encerre. Assim, depreciação é igual a: Será necessário que o Técnico de Campo resgate o valor de novo do bem (mesmo valor da nota fiscal de compra), independentemente de quantos anos de uso possua ou seu estado de conservação, desde que esteja dentro de seu prazo de vida útil. Na prática Veja o exemplo: Para um trator no valor de novo de R$ 150 mil, com vida útil de 15 anos, qual será sua depreciação? d = VN – S VU R$ 150.000,00 – 0 = R$ 10.000,00/ano 15 anos Nesse caso, o custo anual de depreciação do trator é igual a R$ 10 mil/ano. Sempre que o bem for adquirido novo e estiver dentro de seu prazo de vida útil, a fórmula para calcular a depreciação será igual à do exemplo. Para os casos em que o produtor não for o primeiro dono do bem, será visto adiante como deve ser realizado o cálculo. Assistência Técnica e Gerencial - Pecuária 35 A vida útil se refere ao tempo que o bem pode ser usado para desempenhar sua função tendo utilidade econômica na empresa rural. Na metodologia utilizada pela ATeG, ela é contabilizada em anos, podendo ser subdividida pelo intervalo de tempo que o administrador desejar para suas análises pessoais, até mesmo em horas. Devido ao Brasil ser um país de dimensões continentais, apresentando um grande mix de produtos agropecuários, com características edafoclimáticas diversas, e os bens sofrerem intensidades de uso e desgaste diferentes, não é possível tabelar essa informação de modo que seja aplicável em todo o território nacional. Porém, os valores de vida útil podem ser encontrados em tabelas disponíveis em obras espe- cializadas para agropecuária, que servem de base para o Técnico de Campo realizar sua avaliação, de acordo com a realidade local (exemplos: zona litorânea; trabalho em solos arenosos em oposição ao trabalho em solos argilosos; regime de chuvas na região etc.). É preciso ter muito critério ao realizar tal avaliação, pois os custos com depreciação geralmente são “mascarados” ou não “enxergados” pelo produtor rural, uma vez que não se realizam desembolsos para seu pagamento. Itens que sofrem depreciação: Benfeitorias (casas do proprietário e dos funcioná- rios, aprisco, galpão, depósito, caixa de abelha, cer- cas etc.) Máquinas e equipamentos (veículos, tratores, balan- ça, roçadeira, misturador de ração, ferramentas etc.) edafoclimáticas Edafoclimáticas são características definidas por fatores do meio, tais como o clima, o relevo, a litologia, a temperatu- ra, a humidade do ar, a radiação, o tipo de solo, o vento, a composição atmosférica e a precipi- tação pluvial. Assistência Técnica e Gerencial - Pecuária 36 Semoventes (animais de serviço, rebanhos não es- tabilizados etc.) Forrageiras não anuais Quando o produtor não realiza cálculo de custos de produção, há a tendência de se considerar a depreciação como parte de seus lucros, uma vez que a “reserva” finan- ceira é algo raro no hábito dos brasileiros. Uma opção viável é realizá-la em investi- mentos de longo prazo, chamados no mercado financeiro de “renda fixa”. Sempre que a vida útil do bem for esgotada, o cálculo da depreciação não será mais neces- sário, pois ela será sempre igual a zero, uma vez que toda a depreciação já foi paga. Casos especiais A) Bens adquiridos usados Na aquisição de bens já utilizados, porém dentro do prazo de vida útil, o Técnico de Campo deverá utilizar como base de cálculo o valor desembolsado pelo produtor para adquiri-lo, independentemente de seu valor de mercado. O que está sendo ava- liado é o custo real, e não a oportunidade, conforme a fórmula a seguir: Assistência Técnica e Gerencial - Pecuária 37 A vida útil residual é obtida a partir da subtração da vida útil total estipulada para o bem pelo tempo efetivo de seu uso. Na prática Veja o exemplo: Uma bomba d’água elétrica, com valor de nova igual a R$ 18 mil e 15 anos de vida útil. O produtor a comprou por R$ 8 mil e com 11 anos de uso. Qual será a depreciação desse bem? d = VC – S VR d = R$ 8.000,00 - 0 (15 - 11) anos d = R$ 8.000,00 = R$ 2.000,00 4 anos Nesse caso, o custo anual de depreciação é igual a R$ 2 mil/ano. B) Animais de rebanho e animais de serviço Animais de rebanho e animais de serviço também podem sofrer depreciação. Quan- do, no cálculo do custo, considera-se todo o rebanho e ele está estabilizado, não é feita a depreciação das matrizes, uma vez que as fêmeas mais jovens substituem as mais velhas, mantendo-se a mesma idade média da categoria matrizes. O custo dessa recria corresponde à depreciação dessas matrizes. Essa situação de estabilidade é bem comum em rebanhos de corte de qualquer espécie. Assistência Técnica e Gerencial - Pecuária 38 Conheça muito mais Em um rebanho estável, não há mais modificações numéricas nas diversas categorias animais do sistema de produção, embora esse rebanho não esteja estático, e sim passando por uma renovação anual — reposição. Entretanto, existem propriedades de produção leiteira que não realizam recria de fê- meas para reposição, logo serão obrigadas a adquirir novas matrizes. Nesses casos, considerando os animais de produção como um bem, o produtor deverá reservar a depreciação para que possa substituí-los, de acordo com os índices de descarte adotados peloprodutor. A mesma analogia deverá ser feita para a depreciação de animais de serviço (equinos, muares, asininos, cães de pastoreio, rufiões, reprodutores ou do- adoras e fêmeas receptoras). Quando não houver um semovente de igual ca- tegoria apreciado para substituí-lo, será preciso realizar a reserva monetá- ria para tal. Em rebanhos de caprinos e ovinos, é bastante comum que o produtor possua em seu inventário os reprodutores mais jovens, justamente para realizar essa substitui- ção dos reprodutores adultos, seja por questões de idade (depreciação física), seja por questões de consanguinidade genética. Nesses casos, o técnico deverá realizar a estabilização da categoria sob a mesma justificativa da realizada na estabilização de matrizes. Depreciação da lavoura Toda cultura permanente que produzir frutos será alvo de depreciação. Com o de- correr dos anos, a lavoura vai perdendo seu potencial produtivo, sofrendo então de- preciação, sendo preciso receber, em determinados momentos, intervenções, como a poda drástica ou, até mesmo, o novo plantio. A metodologia utilizada para a formação dos custos de depreciação de lavouras consiste em dividir o investimento realizado para sua formação pelo número de anos de vida útil média de produção, com algumas particularidades a serem descri- tas a seguir. Conheça a fórmula: Assistência Técnica e Gerencial - Pecuária 39 A fórmula é aplicável devido à expectativa de vida útil produtiva que o produtor esti- ma para sua lavoura, cuja duração deverá ser avaliada caso a caso pelo Técnico de Campo, fornecendo a ele a quantificação exata da reserva contábil que deverá reali- zar em sua propriedade, por hectare, por talhão e até mesmo por planta, para que se proceda às intervenções naturalmente necessárias. Também é possível encontrar casos em que as intervenções irão ocorrer antes mes- mo do encerramento da vida útil produtiva esperada para a lavoura em questão. Estes serão tratados pela metodologia da seguinte maneira: A depreciação incide sobre a cultura formada, ou seja, as lavouras em formação e em renovação são consideradas investimentos, e, portanto, a depreciação será zero durante esse período de análise. Fonte: Banco de imagens do Senar Assistência Técnica e Gerencial - Pecuária 40 Na prática Um talhão de 1 ha foi implantado e apresentou gastos com o plantio de R$ 5 mil/ha no primeiro ano e R$ 6 mil/ha no segundo ano de for- mação, com expectativa de 10 anos de vida útil produtiva. Porém, o produtor optou por realizar uma intervenção/reforma em sua lavoura na oitava safra, com um custo de renovação de R$ 6 mil. Com a inter- venção/reforma, qual será a depreciação dessa lavoura ao longo do período analisado? Para chegar à resposta, é necessário dividir essa análise em dois mo- mentos — antes e após a poda. Análise até o momento da reforma: d = VI VU d = R$ 5.000,00 + R$ 6.000,00 = R$ 1.375,00 8 Análise após a reforma: d = VR VU d = R$ 6.000,00 = R$ 600,00/ano 10 Do primeiro ao oitavo ano produtivo, o valor de depreciação que de- verá ser reservado será de R$ 1.375,00 por ano. No entanto, a partir da retomada da produção após a reforma, e considerando que não mais sofrerá intervenções antecipadas pelo período de 10 anos, a nova reserva de depreciação deverá ser de R$ 600,00 por ano. Observe que, no exemplo, o fato de a intervenção/reforma ter sido realizada antes do período previamente programado não alivia os custos com a depreciação; pelo contrário, os pressiona, causando uma elevação em sua análise anual. Assistência Técnica e Gerencial - Pecuária 41 D) Exaustão da floresta O conceito de depreciação é aceitável contabilmente para a análise de flores- tas plantadas. Porém, gramaticalmen- te, na língua portuguesa, utilizar tal ter- minologia para essa cadeia produtiva não faz o menor sentido, uma vez que um bem depreciado é aquele que foi perdendo sua capacidade produtiva (tornou-se obsoleto) ao longo dos anos. Nas florestas, o que ocorre é jus- tamente o contrário. Fonte: Banco de imagens do Senar. Com o passar dos anos, a floresta vai se tornando cada vez mais valiosa, ganhando mais e mais metros cúbicos para extração. A essa extração dá-se o nome de exaus- tão da floresta, que é como deve-se chamar a depreciação nesse caso. A exaustão é o custo de cada período do valor referente à parcela consumida da floresta, ou seja, representa a porcentagem que foi remo- vida da floresta para que se possa calcular proporcionalmente o investimento realizado na implantação e na condução da floresta. Para isso, primeiramente aplica-se esta fórmula: % de árvores extraídas: (árvores extraídas ÷ total de árvores) x 100% Após encontrar essa porcentagem representativa, aplica-se esta outra fórmula para realizar a proporcionalização da exaustão: Exaustão: investimentos x % de árvores extraídas Assistência Técnica e Gerencial - Pecuária 42 Veja o exemplo a seguir: Na prática Em um florestamento que envolve 10 mil pés de eucaliptos, cujo cus- to de formação foi de R$ 56.300,00, foram cortadas 4.800 árvores. Calcule sua exaustão. Para o cálculo do valor da exaustão, será observado o seguinte cri- tério: descobrir o percentual de árvores exauridas e aplicá-lo sobre o valor investido na formação. Cálculo percentual das árvores extraídas: Assim, o custo com a exaustão da floresta será 48% de R$ 56.300,00 investidos, ou seja, R$ 27.024,00. Isso significa que, do valor da venda das árvores extraídas, R$ 27.024,00 deve ser direcionado para cobrir o investimento realizado na formação da floresta. A depreciação é um fator que precisa ser levado em consideração na administração do negócio rural, e as únicas formas de amenizar os impactos desse custo são o uso adequado e a conservação pelo devido tempo de qualquer bem ou infraestrutura. Chegou ao final mais um tópico deste módulo. Siga em frente! Assistência Técnica e Gerencial - Pecuária 43 Tópico 4: Custo operacional total O Custo Operacional Total (COT) é uma forma de avaliar se uma atividade é susten- tável no médio prazo. Fonte: Banco de imagens do Senar. Objetivos Ao final deste tópico você será capaz de entender a composição do custo operacional total, que é de grande importância na avaliação técnico-econômica da propriedade rural. O COT inclui o Custo Operacional Efetivo (COE), o pagamento da mão de obra fami- liar (pró-labore) e, também, as depreciações de benfeitorias, máquinas, animais de serviço e forrageiras perenes. Dessa forma, o COT é calculado da seguinte maneira: Assistência Técnica e Gerencial - Pecuária 44 No caso de análise de florestas plantadas, o fator depreciação deve ser trocado pela exaustão da floresta, de maneira que a fórmula aplicada fica um pouco diferente, como você pode ver a seguir: exaustão da floresta No cálculo do COT, também se deve considerar apenas a atividade analisada, e, por- tanto, todos os demais custos envolvidos em seu cálculo deverão ser rateados pro- porcionalmente caso haja necessidade. Tome nota Esse conceito de rateio dos custos também se aplica à mão de obra familiar e à depreciação, porém estas devem ser rateadas proporcionalmente, de acordo com a relação de uso, ou o tempo empregado para a atividade, ou ainda com a relação de composi- ção da renda quando couber. Veja o exemplo a seguir: Fonte: Banco de imagens do Senar Um produtor divide seu tempo entre a apicultura (30%) e a criação de caprinos (70%), sendo justo que o técnico atribua o pagamento do de custo da mão de obra familiar proporcionalmen- te à cada cadeia produtiva analisada. Assistência Técnica e Gerencial - Pecuária 45 Portanto, não é tão simples quanto parece identificar corretamente o COT, pois se devem consi- derar diversas variáveis dentro de cada item de sua composição. Devido à grande diversidade de cadeias produtivas atendidas pela metodologia de ATeG, à flexibilidade de sistemas de produção e às especificidades de cada uma de- las, é natural que se tenha que ajustar algunsconceitos para que se possa atender de forma satisfatória a todas elas e, assim, se aproximar do custo real das ativida- des agropecuárias. Tome nota Essa tentativa de “aproximação” com o custo real se dá pela impos- sibilidade de se controlar totalmente, fora do ambiente experimental e laboratorial, as transformações e as inter-relações biológicas ocor- ridas no campo, que por si sós comprometem a análise econômica fidedigna, diferentemente do que acontece em um ambiente indus- trial, por exemplo. Como visto, além do COE existem dois outros custos da propriedade rural que são importantes para a identificação do custo operacional total de produção: a mão de obra familiar e a depreciação. Avance em seus estudos e conheça cada um deles com mais detalhes. Para iniciar essa discussão, além das características já elencadas sobre o COE, veja agora alguns casos especiais para esse item que impactam diretamente o COT. Particularidades do cálculo do COE para ativida- des pecuárias A complexidade do cálculo do custo de produção da atividade pecuária recomen- da forte interação do técnico, que está de- terminando o custo, e o produtor, na bus- ca de uma interpretação dos resultados que mais se aproximem da realidade. Muitas das atividades pecuárias pos- suem produção conjunta, gerando um produto principal e outros que podem, ou não, ser considerados como subprodutos ou atividades secundárias, conforme es- tudado no tema “composição da renda”. Fonte: Banco de imagens do Senar. Assistência Técnica e Gerencial - Pecuária 46 Saber operacionalizar corretamente as ferramentas de controle é muito importante, porém ainda esbarra-se em subjetividades. Por isso, o mais importante em um diagnóstico é ter um critério de jul- gamento justo com as atividades analisadas. Vamos ver um exemplo onde a propriedade tem como foco a bovinocultura leiteira, e é somente essa a atividade a ser analisada nessa propriedade: Na prática Se, por exemplo, o técnico resgatar a nota fiscal de rações que o pro- dutor adquiriu e observar apenas o valor total do documento, sem verificar que no meio do faturamento estavam elencadas rações para seu cão doméstico e também para os porcos cevados, a análise es- tará errada, pois estariam sendo elencadas despesas que não são de competência da atividade leiteira. O critério é simples: utilizo cães e suínos para produção de leite? Em geral, não, a não ser que seja um cão treinado para o pastoreio do gado, que então irá compor o rebanho da propriedade na categoria “animais de serviço”. Salvo essa exceção, esses animais não têm ab- solutamente nada a ver com a atividade estudada. Portanto, as des- pesas relativas a eles não devem ser consideradas no custo do leite. Agora que o conceito está mais claro, transporte-o para a prática da atividade leitei- ra, que é uma operação complexa. Dentro da atividade leiteira, há um subproduto intrínseco e inevitável, que é a produ- ção de bezerros e bezerras. Considerando que o rebanho estudado está estabiliza- do, esse produtor terá de fazer retenções para a reposição de matrizes, ou mesmo aumento do rebanho, mas apenas uma parte desses animais nascidos na proprie- dade de fato permanecerão para compor o estoque de rebanho, e todo o restante será comercializado. Essa peculiaridade de venda de animais já foi explicada no tópico “variação do inventário animal”. Você sabia? A reposição de matrizes consiste na substituição de fêmeas em final de fase reprodutiva ou que apresentaram problemas, como infertili- dade, más-formações congênitas, danos sanitários — a exemplo da mastite —, ou mesmo que vieram a óbito. Essa seleção de animais que irão repor o estoque de fêmeas é baseada em genótipo, fenóti- po, idade e condição corporal. Geralmente, ocorre de forma anual em uma taxa entre 5% a 20%, a depender dos objetivos da empresa rural. Assistência Técnica e Gerencial - Pecuária 47 A venda de animais descartados muitas vezes representa um volume considerável de entrada de recursos na propriedade, mas é considerada uma subatividade da produção leiteira. Assim, é justo que ela também seja onerada com os custos de sua produção. Então, é necessário fazer o rateio proporcional do COE no que compete exclusivamente à atividade leiteira, assim como de todos os demais custos de uso em comum, seguindo a mesma proporção encontrada na relação renda do leite/ renda da atividade. A análise a ser realizada é: a atividade necessita da cria para que seja iniciada a produção do leite, porém, após o parto, este animal é totalmente desnecessário para a produção desse mesmo leite. Portanto, o item “aleitamento artificial” é um custo totalmente referente à criação desses animais, e não um custo para a atividade lei- teira arcar sozinha. Da mesma forma que, para produzir animais para venda, não é necessário que esta atividade seja onerada com materiais para ordenha, hormônios ou transporte do leite. A aplicação de uma fórmula matemática específica nos permite descobrir o COE do leite de forma bem detalhada, diferen- temente de outras metodologias que não trabalham com centro de custos, nas quais o custo é total e a atividade leiteira tem de arcar com todas as despesas. Fonte: Banco de imagens do Senar Inicialmente, removem-se os elementos que não são de uso comum para ambas as atividades (material de ordenha, hormônios, transporte do leite e aleitamento arti- ficial), pois as três primeiras são exclusivas do leite, e a última, da venda das crias. Então, todo o resto de despesas comuns é rateado proporcionalmente de acordo com a relação entre a renda da atividade e a renda total. Ao final, serão integralmen- te somados os valores que pertencem ao leite, pois o que se pretende descobrir é apenas o COE do leite. Assim, tem-se a seguinte fórmula para balizar esses custos: Clique nos itens para ver o significado das siglas. Assistência Técnica e Gerencial - Pecuária 48 Onde: COE do leite: custo operacional efetivo do leite COE da atividade: custo operacional efetivo da atividade leiteira MTO: material de ordenha HORM: hormônios (somente aqueles ligados diretamente à produção de leite. Exemplo: ocitocina e BST) TRANSP: transporte do leite (quando houver) AL: aleitamento artificial RL renda do leite/renda da atividade: proporção da renda bruta do leite sobre a renda bruta da ativi- dade leiteira Em outras cadeias da pecuária, geralmente o raciocínio é menos complexo. Nas cadeias produtivas de aquicultura, avicultura, ovinocaprinocultura, suinocultura e bovinocultura de corte para confinamento (ou terminação), encontra-se a seme- lhança de que todos os animais pertencem ao COE, uma vez que são tratados como insumos. Eles são assim considerados pois se faz necessária sua aquisição sempre que um ciclo se encerra e para que se possa iniciar o subsequente. Tome nota Nesses casos, os animais criados serão ao mesmo tempo itens que necessitam ser adquiridos no início da criação, como também o pró- prio produto a ser comercializado. Como geram desembolso direto e se encerram ao final do ciclo produtivo, compõem o COE. O critério é válido mesmo para aqueles animais que apresentam ciclos com duração maior que um ano, como a compra de bezerros de desmama para engorda ou a criação de pirarucu (Arapaima gigas) em cativeiro, uma vez que o termo “ciclo” não é específico ao tempo fixo de um ano, mas sim ao período para o desenvolvimento da criação. Em todos os exemplos de cadeias citadas neste tópico, não será raro o Técnico de Campo encontrar situações em que os insumos sejam produzidos no próprio local. A metodologia de ATeG considera sempre o centro de custos, ou seja, a separação total dos itens para cada seguimento da criação. Assistência Técnica e Gerencial - Pecuária 49 No caso de a propriedade ter mais de uma atividade, será sempre como se o produtor estivesse vendendo o insumo para ele mesmo pelo preço de mercado. Isso se chama “custo de oportunidade”, que representa o que o produtorreceberia caso decidisse vender seu produto no mercado, ao invés de usá-lo em outra atividade na propriedade. Tal balizamento serve para o administrador avaliar qual decisão será financeiramente mais vantajosa para sua empresa. Já os rebanhos de matrizes, reprodutores e animais de serviço utilizados para a obtenção desses insumos continuarão alocados em outro centro de custo, sempre rateando proporcionalmente os custos que eventual- mente sejam de uso comum a ambas as atividades. Este é o final do tópico 4. Siga em frente para aplicar os conceitos aprendidos até aqui. Avance! Tópico 5: Aplicando os conceitos Chegou a hora de conhecer a aplicação prática dos conceitos estudados de for- ma detalhada! Fonte: Banco de Imagens do Senar Objetivos Neste tópico, serão aplicados os conceitos aprendidos, a fim de melhorar o entendimento sobre os indicadores de custos e a forma como podem ser calculados. Para começar, pense no custo operacional efetivo.Nele, contabilizam-se apenas as Assistência Técnica e Gerencial - Pecuária 50 despesas de custeio, que envolvem desembolsos inerentes à atividade. Ele está re- lacionado aos desembolsos do produtor, tais como mão de obra contratada, con- centrados, fertilizantes, sementes, medicamentos, sais minerais, reparos de benfei- torias, consertos de máquinas, impostos e taxas, energia elétrica, combustível, inseminação artificial e outros dessa natureza. No estudo de caso, será analisada a atividade leiteira. Veja, a seguir, a planilha de despesas apresentada pelo produtor. Despesas de custeio Valor anual Mão de obra temporária R$ 3.000,00 Manutenção de pastagens R$ 5.750,00 Manutenção de canavial R$ 2.000,00 Manutenção de capineira R$ 200,00 Silagem R$ 14.000,00 Concentrado R$ 42.705,00 Gastos com alimentação da família R$ 11.543,00 Aleitamento artificial R$ 6.086,90 Minerais R$ 3.950,00 Despesas com vestuário da família R$ 500,00 Medicamentos R$ 6.000,00 Hormônios (ocitocina + BST) R$ 800,00 Aquisição de conjunto de ordenha R$ 27.000,00 Material de ordenha R$ 2.300,00 Energia e combustível R$ 2.400,00 Inseminação artificial R$ 2.115,00 Assistência Técnica e Gerencial - Pecuária 51 INSS + Impostos + Contribuição Sindical R$ 4.350,00 Reparos de benfeitorias R$ 1.870,00 Reparos de máquinas e equipamentos R$ 2.350,00 Outros gastos de custeio R$ 1.535,00 Total R$ 139.654,90 Tome nota O item Aquisição de conjunto de ordenha nada mais é que um con- junto de equipamentos destinados a realizar a ordenha mecanizada, cada vez mais comum na bovinocultura leiteira. Essa aquisição é tra- tada como um investimento e, portanto, não é um item a ser incluído na somatória do COE, assim como o item Despesas com vestuário da família. Apenas os gastos com atividades inerentes à atividade serão utilizados para uma avaliação econômica. COE de um produto da atividade O COE permite ao administrador avaliar, em separado, cada um dos produtos de uma atividade e, com isso, tomar as decisões adequadas na gestão de cada produto ou subproduto. Nas atividades agropecuárias, alguns itens de custo são difíceis de ratear para cada produto da atividade. Por exemplo: quanto do mineral utilizado na atividade foi para as vacas gerarem um novo bezerro e quanto foi para produzir leite? Ao mesmo tempo, alguns itens de custos são específicos de um produto. Por exem- plo: para produzir animais para venda, não é necessário material para ordenha. Com essas informações, veja como vamos calcular o COE do leite no estudo de caso. O primeiro passo é definir quais itens não serão rateados. Assistência Técnica e Gerencial - Pecuária 52 Itens que são COE apenas do leite • Material de ordenha: • pré e pós-dipping; • produtos de limpeza; • papel toalha; • outros itens vinculados à ordenha. • Transporte do leite. • Hormônios (ocitocina + BST). Itens que não participam do COE do leite • Aleitamento das crias. Os demais itens são rateados em proporção da renda obtida pelo produto do qual se deseja separar o custo, ou seja, assume-se que o custo do produto dividido pelo custo da atividade é igual à renda do produto dividida pela renda da atividade. Considera-se a correspondência a seguir: L A = Logo, para se definir o COE do leite, parte-se do princípio de que: Para corrigir essa conta, é necessário subtrair do COE da atividade aqueles itens que não são proporcionais e adicionar ao final apenas os que são 100% do leite. Veja como fica a conta considerando os seguintes valores: Assistência Técnica e Gerencial - Pecuária 53 Na prática Material de ordenha = MO = R$ 2.300,00 Aleitamento = A = R$ 6.086,90 Transporte do leite = TL = 0 Hormônios (ocitocina + BST) = H = 800,00 Renda do leite: R$ 148.807,23 Renda da atividade: R$ 170.807,23 COE da atividade: R$ 101.411,90 (COEA) Assim, tem-se: Renda do leite = R$ 148.807,23 = 87,11% Renda da atividade R$ 170.807,23 COEL = { ( COEA – MO – AA – TL- H x ) RL } + MO + TL + HRA COEL =((R$ 101.411,90 - R$ 2.300,00 - R$ 6.086,90 - 800,000) x 87,11%) + R$ 2.300,00 + 0 + R$ 800,00 COEL = R$ 80.337,20 Com base nos resultados, observe a grande diferença encontrada (R$ 21.074,70) entre o COE total da atividade e o COE específico do leite. Viu como não é justo que uma atividade arque sozinha com as despesas de outras? Tal erro poderá compro- meter a análise de viabilidade da atividade. O mesmo raciocínio pode ser adotado em qualquer atividade. Por exemplo: a emba- lagem do mel é custo só do mel, logo não deve ser rateado com o do própolis. Assistência Técnica e Gerencial - Pecuária 54 COEL / litro Para obter esse indicador, basta dividir o COEL pela produção obtida nos últimos 12 meses. Veja: COE do leite (COEL) = R$ 80.337,20 Produção = 114.545 litros Logo: COEL / litro = R$ 80.337,20 = 0,70 reais 114.545 litros Assim, para a produção total de leite, foi dispendido R$ 0,70 para cada litro de leite. COEL / preço médio A renda do leite representa a receita obtida com a venda de leite ao longo do período analisado. Sabendo que a ati- vidade leiteira, quando executada de forma racional, é ininterrupta e também que, ao longo do ano, devido a diferen- tes fatores mercadológicos (disponibi- lidade do produto, demanda, região analisada, época do ano etc.), os pre- ços sofrem diversas alterações, é ne- cessário investigar o valor médio rece- bido ao longo do período analisado, que será chamado de preço médio. A forma correta de encontrar esse indicador será demonstrada a seguir, na qual se divide o valor total obtido com a venda de leite (exclusivamente) pelo volume to- tal produzido durante o período compreendido pela análise, independentemente de quantas alterações o preço tenha sofrido. Veja: Assistência Técnica e Gerencial - Pecuária 55 Preço médio = Renda do leite Produção Preço médio = R$ 148.807,23 = R$ 1,30/litro 114.545 litros Assim, pode-se assumir que o produtor, ao longo do período analisado, recebeu em média o valor de R$ 1,30 por cada um dos 114.545 litros que comercializou. Note que o destacado é o valor e as quantidades comercializadas, não o produzido (outra parte pode ter sido destinada para consumo interno da propriedade ou mesmo ou- tras atividades, como produção de queijos, iogurtes etc.). Tendo o COE do leite por litro, é interessante descobrir, também, quanto representa o COE em relação à renda (pode-se assumir que a renda bruta unitária é igual ao preço unitário) obtida na comercialização. COEL/Preço médio = 0,70/1,30 = 53,85% De acordo com o resultado obtido, sabe-se que 53,85% do que o produtor recebe (R$ 1,30) já está comprometido com o pagamento do COE (R$ 0,70/litro). Depreciações Conforme visto, a depreciação consiste em uma reserva monetária contábil, anual, para a substituição de um bem ao final de sua vida útil. Ela é calculada de forma linear dividindo o valor de novo pela vida útil, conforme a fórmula a seguir: Sendo que o valor de sucata recomendado pela metodologia de ATeG é igual a R$ 0,00. Issovisa minimizar subjetividades. Ao final da vida útil do bem, ele é considerado sucata, logo não serão mais contabi- lizadas depreciações, mesmo que ele ainda possua utilidade. Você se lembra do inventário de recursos do estudo de caso da Fazenda Santa Fe- licidade, visto no Módulo 2? Agora é a hora de estudá-lo para compreender melhor os conceitos. Assistência Técnica e Gerencial - Pecuária 56 As tabelas a seguir mostram uma série de inventários: Inventário de benfeitorias Conforme já visto no módulo anterior, a tabela a seguir mostra o inventário das benfeitorias: Item Quant. utilização no leite Valor unitário novo (R$) Valor total (R$) Vida útil (anos) Idade Pista de alimentação 1 100% R$ 30.000,00 R$ 30.000,00 40 10 Curral de manejo 1 50% R$ 8.000,00 R$ 4.000,00 40 15 Sala de ordenha 1 100% R$ 30.000,00 R$ 30.000,00 40 43 Cercas perimetrais 1.000 50% R$ 12,00 R$ 6.000,00 15 20 Cercas internas 1.000 100% R$ 0,00 R$ 10.000,00 10 8 Bebedouros 4 100% R$ 500,00 R$ 2.000,00 20 5 Bezerreiro 1 100% R$ 2.000,00 R$ 2.000,00 20 21 Depósito de ração 1 80% R$ 80.000,00 R$ 64.000,00 40 15 Cochos de sal mineral 12 100% R$ 500,00 R$ 6.000,00 15 10 TOTAL R$ 154.000,00 Inventário de máquinas e equipamentos Item Quant. Utilização no Leite Valor unitário novo (R$) Valor total (R$) Vida útil (anos) Idade Ordenhadeira mecânica 1 100% R$ 8.000,00 R$ 8.000,00 15 5 Irrigação 1 100% R$ 23.000,00 R$ 23.000,00 15 3 Aparelho de cerca elétrica 1 100% R$ 200,00 R$ 200,00 5 4 Carroça 1 80% R$ 2.300,00 R$ 1.840,00 10 12 Picadeira 1 80% R$ 2.500,00 R$ 2.000,00 15 16 Bomba de água 1 100% R$ 500,00 R$ 500,00 10 11 Roçadeira costal 2 100% R$ 2.000,00 R$ 4.000,00 5 4 Latões 3 100% R$ 200,00 R$ 600,00 15 20 Tanque de resfriamento 1 100% R$ 12.000,00 R$ 12.000,00 15 8 TOTAL R$ 52.140,00 Assistência Técnica e Gerencial - Pecuária 57 Inventário de forrageiras Especificação Área (ha) Custo de formação (R$/ha) Valor total (R$) Vida útil (anos) Idade Canavial 1 R$ 5.000,00 R$ 5.000,00 5 6 Pasto intensivo de mumbaca 2,3 R$ 3.000,00 R$ 6.900,00 20 5 Área de milho silagem 4 - Pasto extensivo de braquiária 6 R$ 2.500,00 R$ 15.000,00 15 20 Construções e estradas 1,2 - Reservas e APP 5,5 - TOTAL 20 R$ 26.900,00 Considerando que o rebanho da Fazenda Santa Felicidade se encontra estabilizado, e conforme os conceitos trabalhados anteriormente, não haverá cálculo de depre- ciação para os animais que compõem o rebanho, conforme a tabela a seguir. Inventário de animal Categoria Un. Valor médio Valor total Vida útil (anos) Tempo de serviço Vacas em lactação 20 R$ 3.200,00 R$ 64.000,00 Vacas secas 4 R$ 2.500,00 R$ 10.000,00 Bezerras em aleitamento 3 R$ 800,00 R$ 2.400,00 Novilhas em recria 10 R$ 1.500,00 R$ 15.000,00 Novilhas em reprodução 12 R$ 2.500,00 R$ 30.000,00 Reprodutor 1 R$ 6.000,00 R$ 6.000,00 4 3 Animais de serviço 1 R$ 1.500,00 R$ 1.500,00 10 15 TOTAL 49 R$ 128.900,00 Agora, identifique nas tabelas anteriores os itens que possuem idade superior à vida útil. Assistência Técnica e Gerencial - Pecuária 58 Informação extra Agora, vamos descobrir quais os itens que, nas tabelas anteriores, possuem idade superior à vida útil: • Inventário de Benfeitorias • Sala de ordenha • Cercas perimetrais • Bezerreiro • Inventário de máquinas e equipamentos • Carroça • Bomba de água • Picadeira • Latões • Inventário de forrageiras • Canavial • Pasto extensivo de braquiária • Inventário animal • Animal de serviço Mesmo que bens tenham funcionalidade devido às manutenções realizadas, ao final da vida útil eles são considerados sucata, ou seja, vida útil é igual a zero. Ma- tematicamente, a depreciação passa a não existir, pois qualquer valor atribuído ao bem, dividido por zero, possui resultado matemático zero. Quanto às benfeitorias, é difícil atribuir um valor comercial, logo, para efeito de cálculos, deve-se manter o valor de novo, para calcular a depreciação. Confira: Depreciação da sala de ordenha = 30.000,00 = 0 0 Assistência Técnica e Gerencial - Pecuária 59 Calculando a depreciação Antes de partir para os cálculos, veja os valores de depreciação de acordo com os inventários da Fazenda Santa Felicidade: Inventário de benfeitorias Item Un. Utilização no leite Valor unitário novo Valor total Vida útil (anos) Idade Depreciação Pista de alimentação 1 100% R$ 30.000,00 R$ 30.000,00 40 10 R$ 750,00 Curral de manejo 1 50% R$ 8.000,00 R$ 4.000,00 40 15 R$ 100,00 Sala de ordenha 1 100% R$ 30.000,00 R$ 30.000,00 40 43 Não existe Cercas perimetrais 1.000 50% R$ 12,00 R$ 6.000,00 15 20 Não existe Cercas internas 1.000 100% R$ 10,00 R$ 10.000,00 10 8 R$ 1.000,00 Bebedouros 4 100% R$ 500,00 R$ 2.000,00 20 5 R$ 100,00 Bezerreiro 1 100% R$ 2.000,00 R$ 2.000,00 20 21 Não existe Depósito de ração 1 80% R$ 80.000,00 R$ 64.000,00 40 15 R$ 1.600,00 Cochos de sal mineral 12 100% R$ 500,00 R$ 6.000,00 15 10 R$ 400,00 TOTAL R$ 154.000,00 R$ 3.950,00 Inventário de máquinas e equipamentos Item Un. Utilização no leite Valor unitário novo Valor total Vida útil (anos) Idade Depreciação Ordenhadeira mecânica 1 100% R$ 8.000,00 R$ 8.000,00 15 5 R$ 533,33 Irrigação 1 100% R$ 23.000,00 R$ 23.000,00 15 3 R$ 1.533,33 Aparelho de cerca elétrica 1 100% R$ 200,00 R$ 200,00 5 4 R$ 40,00 Carroça 1 80% R$ 2.300,00 R$ 1.840,00 10 12 Não existe Picadeira 1 80% R$ 2.500,00 R$ 2.000,00 15 16 Não existe Bomba de água 1 100% R$ 500,00 R$ 500,00 10 11 Não existe Assistência Técnica e Gerencial - Pecuária 60 Roçadeira costal 2 100% R$ 2.000,00 R$ 4.000,00 5 4 R$ 800,00 Latões 3 100% R$ 200,00 R$ 600,00 15 20 Não existe Tanque de resfriamento 1 100% R$ 12.000,00 R$ 12.000,00 15 8 R$ 800,00 TOTAL R$ 52.140,00 R$ 3.706,67 Inventário de forrageiras Especificação Área (ha) Custo de formação (R$/ ha) Valor total Vida útil (anos) Idade Depreciação Canavial 1 R$ 5.000,00 R$ 5.000,00 5 6 Não existe Pasto intensivo de mumbaca 2,3 R$ 3.000,00 R$ 6.900,00 20 5 R$ 345,00 Área de milho silagem 4 R$ - Não se aplica Pasto extensivo de braquiária 6 R$ 2.500,00 R$ 15.000,00 15 20 Não existe Construções e estradas 1,2 R$ - Não se aplica Reservas e APP 5,5 R$ - Não se aplica TOTAL 20 R$ 26.900,00 Inventário de animal Categoria Un. Preço médio Valor total Vida útil (anos) Tempo de serviço Depreciação Vacas em lactação 20 R$ 3.200,00 R$ 64.000,00 Não se aplica Vacas secas 4 R$ 2.500,00 R$ 10.000,00 Não se aplica Bezerras em aleitamento 3 R$ 800,00 R$ 2.400,00 Não se aplica Novilhas em recria 10 R$ 1.500,00 R$ 15.000,00 Não se aplica Novilhas em reprodução 12 R$ 2.500,00 R$ 30.000,00 Não se aplica Reprodutor 1 R$ 6.000,00 R$ 6.000,00 4 3 R$ 1.500,00 Animais de serviço 1 R$ 1.500,00 R$ 1.500,00 10 15 Não existe TOTAL 50 R$ 128.900,00 R$ 1.500,00 Assistência Técnica e Gerencial - Pecuária 61 Tome nota Veja como foram realizados alguns dos cálculos da depreciação: 1) Para começar, aplicamos a fórmula: Depreciação = valor de compra - valor de sucata vida útil 2) Assim, partimos para o cálculo da depreciação do inventário de benfeitorias: Depreciação da pista de alimentação = R$ 30.000,00 - 0 = R$ 750,00 40 Depreciação da pista de alimentação = R$ 8.000,00 - 0 = R$ 533,33 15 3) No inventário de forrageiras, vamos calcular apenas a depreciação do pasto intensivo de mumbaca: Depreciação do mumbaca = $ 6.900,00 - 0 = R$ 345,00 20 4) Quando falamos de inventário animal, é importante lembrar que atividades que fazem a recria do reprodutor também não depreciam. Essa é uma situação pouco comum na bovinocultura de leite mais especializada, visando evitar consanguinidade. Considerando que essa propriedade compra o touro, a deprecia- ção seria: Depreciação do mumbaca = R$ 6.000,00 - 0 = R$ 345,004 Assistência Técnica e Gerencial - Pecuária 62 Total das depreciações Após aplicar a fórmula com os dados fornecidos na planilha, confira o resultado da somatória do total das depreciações. Inventário Total de depreciações Benfeitorias R$ 3.950,00 Máquinas R$ 3.706,67 Forrageiras R$ 345,00 Animais R$ 1.500,00 Total R$ 9.501,67 Custo da mão de obra familiar O custo da mão de obra familiar repre- senta o quanto o empresário rural de- veria pagar no mercado em que ele atua para substituir o trabalho realiza- do por ele e sua família. Vale lembrar que isso não tem nada a ver com os gastos pessoais do produtor — é sim- plesmente o valor de mercado das ta- refas realizadas pela família. Fonte: Banco de imagens do Senar. Assistência Técnica e Gerencial - Pecuária 63 Fazenda Santa Felicidade No estudo de caso da Fazenda Santa Felicidade, o produtor também possui um funcioná- rio, contratado em carteira, e os dois trabalham juntos, de forma que seus desempenhos são muito semelhantes. Ao funcionário, desconsiderando encargos sociais, férias e 13º salário, ele paga um salário-mínimo de R$ 937,00/mês. Porém, além dessas atividades, ele também realizada a administração de sua empresa e negocia ativamente com seus fornecedores e clientes. Portanto, foi avaliada como um valor justo a remuneração dessa mão de obra familiar (ou pró-labore do administrador) igual a R$ 1.600,00 por mês. Logo o custo da mão de obra familiar foi: R$ 1.600,00/mês x 12 meses = R$ 19.200,00 Custo operacional total da atividade (COTA) Conforme visto, o custo operacional total da atividade é obtido pela adição da de- preciação e do custo da mão de obra familiar ao COE. Total de depreciações = R$ 9.501,67 Custo da mão de obra familiar (MOF) = R$ 19.200,00 COEA = R$ 101.411,90 custo da mão de obra Na verdade, esse é um custo anual que não irá se distanciar muito do valor real de custo de um funcionário, contratado em carteira, quando se consideram todas as obrigações patronais (pagamento de encar- gos, férias e 13º salário). Assistência Técnica e Gerencial - Pecuária 64 COTA = COEA + Depreciações + MOF COTA = R$ 101.411,90 + R$ 9.501,67 + R$ 19.200,00 = R$ 130.113,57 Este tópico termina aqui. Avance para a parte final deste tema. Até lá! Assistência Técnica e Gerencial - Pecuária 65 Encerramento do tema Tema 1: Cálculo de custo de produção I Neste tema, você pôde conhecer o conceito e comportamento de um dos principais custos de produção da metodologia de ATeG, os custos variáveis. Também foi pos- sível diferenciar outros elemento de custo fixo e uma despesa de valor fixo, como, por exemplo, arrendamentos, aluguéis, mão de obra contratada e energia elétrica. Decompondo os custos fixos com exemplos práticos, a de- preciação e a contabilização dos valores de mão de obra familiar foram estudadas detalhadamente. Assim, foi possível ver que qualquer empresa rural precisa otimizar seus recursos para obter melhores resultados. Para isso, é importante conhecer profundamente os custos, ou seja, ter uma anotação detalhada das despesas como uma ferramenta de controle dos processos produtivo e administrativo. Vídeos O Sr. Ariovaldo, como já sabemos, é um homem curioso, gosta de aprender. Sabe que, se houver dedicação e empenho, ele terá tudo para continuar a trabalhar em sua empresa rural. Ele preza pelo bom crescimento da produção de sua propriedade e, com a ajuda do Mar- celo, quer aprender a fazer todos os cálculos necessários para o bom gerenciamento de sua produção. Agora que você já estudou o primei- ro tema, conseguiria realizar alguns cálculos mais complexos? As- sista o vídeo completo em seu ambiente de estudos e descubra mais! No próximo tema, você estudará mais sobre custos de produção. Até breve! Assistência Técnica e Gerencial - Pecuária 66 Atividade de passagem Chegamos ao final do primeiro tema. A seguir, você responderá a uma questão rela- cionada ao conteúdo estudado até aqui. Preparado? Se você estiver com alguma dúvida quanto ao assunto, retorne ao conteúdo do mó- dulo ou, se preferir, entre em contato com o tutor. Questão Antes de avançarmos no conteúdo, vamos verificar se você compreendeu todos os temas e reforçar os conceitos? Leia os itens a seguir e relacione-os com os seguintes elementos: (COE) Custo Operacional Efetivo; (COT) Custo Operacional Total; (d) Depreciação; (MDOF) Mão de obra Familiar. ( ) Despesas diretas ( ) Reserva contábil ( ) Exige desembolso de capital ( ) Ocorrendo retiradas na forma de “salário fixo”, deixa de ser um Custo Fixo, tornando-se COE. ( ) Serve como parâmetro de análise de viabilidade da empresa no curto e médio prazos Atenção! Você terá três tentativas para realizar a atividade. Assistência Técnica e Gerencial - Pecuária 67 Assinale a alternativa que contém a ordem correta: 1. COE / d / COE/ COT / MDOF 2. COE / d / COE/ COE / MDOF 3. COE / d / COT / MDOF / COE 4. COE / d / COT / COE / MDOF 5. COE / d / COE / MDOF / COT Assistência Técnica e Gerencial - Pecuária 68 Dando continuidade aos estudos, no primeiro tópico trataremos dos custos fixos, destacando sua importância no planejamento das atividades agropecuárias. Os custos fixos merecem atenção, já que, uma vez gerados, não são diluídos ou re- duzidos com facilidade. Porém, se evitados, podemos estar limitando a capacida- de produtiva. Dentro do tópico dos custos fixos, daremos maior ênfase ao custo de oportunidade sobre o capital, pelo fato de os outros dois componentes - mão de obra familiar e depreciações - já terem sido detalhados dentro do tópico Custo Operacional Total, no tema 1. Na sequência estudaremos os custos totais, estes que quando conhecidos nos darão condições de analisar com maior precisão a real situação econômica da propriedade, nos encaminhando para a tomada de decisões mais assertivas. Após encerrarmos a análise dos Custos Totais, faremos a avaliação de alguns indica- dores econômicos, que são a margem bruta e a margem líquida. Aqui começaremos a estudar a viabilidade financeira do negócio. Tema 2 Cálculo de custo de produção II Fonte: Banco de imagens do SENAR Assistência Técnica e Gerencial - Pecuária 69 Objetivos Ao final, espera-se que o aluno seja capaz de realizar a análise com- pleta do panorama de custos de uma empresa, o que lhe permitirá compreender que poucos são os negócios verdadeiramente inviáveis, mas que são muitos os negócios mal dimensionados para o mercado em que atuam e para a infraestrutura que possuem. Para atingir esses objetivos, o tema está estruturado em 5 tópicos: Tópico 1: Custos fixos Nesse tópico você terá o dimensionamento total do custo fixo, assim como diversas análises que podem ser feitas a partir de sua identificação. Tópico 2: Custo total Nesse tópico você aprenderá sobre a determina- ção do custo total de uma produção agropecuária, respeitando as peculiaridades de cada cadeia pro- dutiva, quando houver. Tópico 3: Margem bruta Nesse tópico você estudará a margem bruta. Verá como calcular, interpretar os resultados e tomar decisões. A análise de viabilidade de um negócio se inicia por ela. Tópico 4: Margem líquida Nesse tópico você estudará a margem líquida. Verá como calcular, interpretar os resultados e to- mar decisões com base nela. Essa análise é fun- damental para checar a capacidade do negócio de se manter no longo prazo, possibilitando verificar a coerência entre a estrutura de custos do negócio e sua escala de produção. Tópico 5: Aplicando os conceitos Nesse tópico que encerra o tema, você verá a aplicação prática dos conceitos estudados, de forma detalhada. Agora que você já sabe como será sua trajetória pelo tema 2, siga em frente e sucesso! Assistência Técnica e Gerencial - Pecuária 70 Tópico 1: Custos fixos Vamos iniciar o tema com os custos fixos. A depreciação e a mão de obra familiar já foram estudadas no tema 1, portanto, daremos maior ênfase ao terceiro componen- te - o custo de oportunidadedo capital. Fonte: Banco de imagens do Senar. Objetivos Nesse tópico você irá compreender a formação dos custos fixos, além de algumas análises que são possíveis a partir da sua identificação. Tome nota A clássica divisão dos custos em variáveis e fixos muitas vezes é ar- bitrária e difícil de ser operacionalizada, já que um fator de produção pode ser classificado como fixo ou variável, dependendo do tempo considerado. O mesmo fator pode ser fixo no curto prazo e variável, em longo prazo. Em razão dessas dificuldades, existem outros critérios para se classificar os custos, que se ajustam melhor às necessidades do empresário rural, tais como despesas diretas e indiretas e custos operacionais. Assistência Técnica e Gerencial - Pecuária 71 Na metodologia da Assistência Técnica e Gerencial, são considerados custos fixos aqueles em que não incorrem em despesas diretas, ou seja, não possuem desembolso físico de capital para sua remuneração. Outras características importantes do custo fixo é que eles tendem a se manter inalteráveis em curto e médio prazos (mantendo-se as mesmas estruturas produ- tivas), que seu valor independe do volume produzido e que jamais será igual a zero. Conforme visto, são elementos do custo fixo: Mão de obra familiar Depreciação Custo de oportunidade do capital empatado 1 2 3 Temos a seguinte fórmula: custo fixo custo de oportunidade mão de obra depreciação CF MOF CO Observe que a fórmula do CF (Custo Fixo) engloba todos os elementos de custos, exceto os variáveis (COE). Podemos afirmar também que a somatória de ambos elementos resultará no CT (Custo Total). Assistência Técnica e Gerencial - Pecuária 72 Na prática Vamos calcular o custo fixo de um galpão de máquinas no valor de R$ 36.000,00, com vida útil de 30 anos. CF = MDOF + d + CO 1° Passo: calcula-se a depreciação d = VN – S VU d = R$ 36.000,00 – 0 30 d = R$ 1.200,00 2° Passo: calcula-se o custo de oportunidade: CO = ( VN - S ) x i2 CO = ( R$ 36.000,00 - 0 ) x 6% = R$ 1.080,00/ano2 E então, o custo fixo: CF = MDOF + d + CO CF = 0 + R$ 1.200,00 + R$ 1.080,00 CF = R$ 2.280,00 Note que, no exercício, a mão de obra familiar foi considerada igual a zero, pois es- tamos avaliando o custo fixo de um bem - nesse caso, não envolvendo o item mão de obra familiar. A mão de obra familiar, a depreciação e o custo de oportunidade do capital empatado são custos que não geram desembolsos diretos ao produtor rural. Na análise da propriedade, você deverá prestar atenção nesses três elementos de custos, uma vez que podem informar quanto à capacidade produtiva da em- presa rural. Ao mesmo tempo em que limita a capacidade produtiva pela falta, pode inviabilizar a atividade por ter uma estrutura muito pesada. Assistência Técnica e Gerencial - Pecuária 73 Outra observação importante é que deve se realizar o inventário somente de bens que compõem a atividade e considerando seu uso efetivo na atividade rural, como por exemplo: Em uma atividade de piscicultura, não deverá ser alocado um curral de ordenha para essa atividade, mesmo que a propriedade desenvolva ambas. Quando uma infraestrutura é compartilhada entre duas ou mais atividades, seu custo deverá ser ratea- do proporcionalmente. Se um mesmo galpão é utili- zado para guardar rações do gado leiteiro e também dos peixes, a atividade que for mais representativa em uso deverá arcar com uma maior porcentagem dos custos fixos desse galpão. Outra situação a se observar é o inventário das terras. Quando a propriedade traba- lha exclusivamente com uma atividade, toda a área deverá ser lançada como sendo da atividade. Porém, quando se desenvolve mais do que uma atividade, considera-se área da atividade o espaço diretamente utilizado e é feito o rateio das áreas conside- radas de uso comum, como pátios, estradas, app, reservas etc. Uma propriedade com valores de de- preciação e custo de oportunidade mui- to elevados nos faz pensar que possui uma vasta infraestrutura (benfeitorias, máquinas, equipamentos e ferramen- tas), ou seja, que há uma grande capa- cidade produtiva instalada. Fonte: Banco de imagens do Senar Assistência Técnica e Gerencial - Pecuária 74 De outra maneira, quando encontramos propriedades com esses mesmos custos muito baixos, podemos supor que têm pouca capacidade produtiva, ou que estão operando abaixo da capacidade. Em ambos os cenários, a empresa poderá operar em situação de ociosidade, normalidade ou até mesmo abaixo da necessidade. Tudo isso só será possível de ser analisado quando avaliarmos o negócio como um todo, com a obtenção de mais dados, conforme veremos abaixo. Mão de obra familiar Como vimos no tema 1, a mão de obra familiar é contabilizada no custo fixo porque geralmente não há um pagamento efetivo – o produtor não paga a si mesmo. Assim, esse custo se configura como um custo indireto, não havendo desembolso. Além disso, é um custo que sempre existirá, a não ser que se interrompa a atividade e não haja mais possibilidade de executá-la. Via de regra, as retiradas não são siste- matizadas, nem uniformes. Durante todo o ciclo produtivo, o produtor realiza diversas pequenas retiradas de va- lores para honrar compromissos pessoais geralmente não uniformes, mas de acor- do com suas necessidades. Essas retiradas devem sair dos ganhos da atividade leiteira e não devem ser consideradas como remuneração da mão de obra familiar. O valor atribuído à mão de obra familiar deve ter como base os valores praticados na região, ou seja, caso o produtor contrate alguém em seu lugar, quanto pagaria pelo mesmo serviço. Utiliza-se o mesmo critério para todos os membros da família envolvidos na atividade. Dois pontos críticos devem ser observados, pois são facilmente solucionados quan- do se atêm a realidades distintas, mas que podem ocorrer na propriedade: Assistência Técnica e Gerencial - Pecuária 75 Incapacidade de trabalho do produtor O produtor não possui mais condições físicas e/ou mentais de realizar trabalho algum, muitas vezes já recebendo benefícios de aposentado rural. Nessa si- tuação, por não haver a oportunidade de venda da sua mão de obra, esse custo não deverá ser computado. Retirada sistemática de valores pelo administrador Onde o(s) administrador(es) realiza(m) retiradas sistemáticas e padronizadas, caracterizando salá- rio. Sendo assim, este irá compor o COE (pagamento da administração), e não o custo fixo. Tal situação é mais comum em grandes propriedades rurais, onde pode haver até mesmo a existência de vários pro- prietários (grupos empresariais). A mão de obra familiar é tratada como custo fixo também pelo fato de não responder, de forma imediata, às variações de escala de produção. Note que não estamos dizendo que a aposentadoria rece- bida anula a contabilização na mão de obra familiar. Renda pessoal não possui nexo algum com a renda oriunda da atividade rural. Em muitos casos, o produtor é aposentado por idade ou tempo de contribuição, mas ainda se encontra em pleno gozo de suas faculdades físicas e mentais, ge- rando uma oportunidade e, portanto, um custo de mão de obra familiar. Depreciação Como vimos no tema 1, a depreciação é um custo fixo e consiste em uma reserva Assistência Técnica e Gerencial - Pecuária 76 monetária para que a propriedade tenha condições de substituir os bens duráveis no final de sua vida útil, mantendo a capacidade produtiva da empresa. Os principais itens geradores desse custo são equipamentos, máquinas, veículos, forrageiras e outra culturas não anuais, benfeitorias, animais de serviço e reprodutores. Na metodologia de cálculo de custos de produção utilizada pela ATeG, aplica-se o método linear, ou seja, o valor da depreciação anual é igual em todos os anos du- rante sua vida útil. Para minimizar a subjetividade, a mesma metodologia considera o valor de su- cata sempre igual a zero. Veja a fórmula: d = VN – S VU d = depreciação VN = valor de novo S = sucata (sempre iguala 0) VU = vida útil Na prática Veja, a seguir, um exemplo do cálculo de depreciação anual de um tanque de resfriamento de leite. Valor de novo do tanque (VN) = R$ 12.000,00 Vida útil (VU) = 15 anos Valor de Sucata (S) = 0 d = R$ 12.000,00 – 0 15 d = R$ 800,00/ano A depreciação anual do bem seria de R$ 800,00, valor que o produtor deverá reservar para a reposição do bem ao final de sua vida útil. Assistência Técnica e Gerencial - Pecuária 77 Para situações em que se adquire máquinas, equipamentos e veículos usados, po- rém, dentro da vida útil, a metodologia prevê um tratamento diferenciado. Para cal- cular a depreciação nesses casos, utiliza-se o valor pago pelo bem denominado na fórmula chamada (VC) valor de compra. o valor atribuído à sucata será sempre zero, e a vida útil, considera-se a residual (VR). d = VC – S VR D = depreciação VC = Valor de compra S = Sucata Agora, veja um exemplo do cálculo de depreciação de um bem adquirido usado. Na prática Supondo que o produtor adquiriu um tanque de resfriamento que vi- nha sendo utilizado há cinco anos em uma propriedade vizinha, pa- gou R$ 7.000,00 e a vida total do bem é de 15 anos. Valor de compra (VC) = R$ 7.000,00 Valor de sucata (S) = R$ 0 Vida útil residual (VR) = 10 anos d = R$ 7.000,00 – 0 10 d = R$ 700,00/ano Nesse caso, o produtor deverá fazer uma reserva de R$ 700,00 por ano para que, ao final da vida útil do bem, tenha condições de fazer sua reposição. Custo de oportunidade do capital O custo de oportunidade sobre o capital empatado consiste na remuneração anual esperada pelo dono do capital por emprestá-lo à atividade. Se o valor dos bens (in- vestimento do dono do capital em toda a propriedade) estivesse aplicado na poupan- ça, por exemplo, daria ao capitalista um retorno de aproximadamente 6% de juros Assistência Técnica e Gerencial - Pecuária 78 ao ano. É o mínimo que se espera que a atividade seja capaz de remunerar pela oportunidade de uso do capital. Conforme já introduzido no conteúdo do tema 1, para calcular o custo de oportunidade do capital investido sobre bens dentro do prazo de vida útil, utiliza-se a fórmula abaixo: VN S custo de oportunidade sucata (sempre igual a “0”) valor de novo taxa de juros (6%a.a.) CO i 2 O cálculo do custo de oportunidade sobre o capital empatado se apoia no ideal de capital médio (divisão do valor de novo por 2), enquanto o bem avaliado ainda está dentro do prazo de vida útil. A lógica de se utilizar o capital médio é para que os juros sobre esse capital sejam estabilizados (linear) ao longo de toda a vida útil desse bem, uma vez que, durante parte desse tempo, a avaliação será mais próxima do valor de novo e no restante do período ela se aproximará do valor totalmente depreciado. A utilização do capital médio também é justificada por minimizar a subjetividade no mo- mento do levantamento do valor dos bens, já que para apurar o valor de novo existem parâmetros, diferente de estimar o valor atual de um bem usado. A avaliação dos itens do inventário deverá ser realizada individual- mente, item a item, e não uma avaliação genérica de todos os itens conjuntamente. O cálculo precisa ser realizado uma única vez, enquanto o item estiver dentro de seu prazo de vida útil. Assistência Técnica e Gerencial - Pecuária 79 Na prática Exemplo: Para um trator com valor de novo igual a R$ 150.000,00 e dentro do prazo de vida útil, qual será o valor do custo de oportunidade sobre o capital empatado? CO = ( VN - S ) x i2 CO = ( R$ 150.000,00 + 0 ) x 6%a.a 2 CO = R$ 4.500,00/ano Nesse caso, o custo de oportunidade desse trator será de R$ 4.500,00 por ano. A metodologia não considera o cálculo de juros sobre o capital empatado em terras, somente sobre benfeitorias, máquinas, equipamentos, ferramentas, pastagens, cul- turas não anuais e rebanho. Informação extra A metodologia também não considera o cálculo de juros sobre o ca- pital de giro, pois devem ser observadas, em cada caso, a dimensão e a necessidade desse item. A metodologia atende, sob a mesma ótica, diversas cadeias produtivas com características individuais diversas, o que a torna pouco prática para a realização de uma análise de ca- pital de giro caso a caso. Custo de oportunidade de bens depreciados Após o encerramento da vida útil dos bens, a forma de se calcular os juros sobre o capital empatado é alterada. A justificativa é de que não haverá mais tempo de uso desse bem para estabilizarmos o cálculo desses juros no decorrer do período ana- lisado. Porém, o administrador (produtor rural) ainda detém o bem em sua posse, portanto, tem oportunidade de capital implícito, mesmo que esse já não valha mais o que valia no início de sua vida útil. Assistência Técnica e Gerencial - Pecuária 80 A metodologia prevê particularidades no cálculo do custo de oportunidade dos bens depreciados, conforme a categoria a que pertencem: animais, benfeitorias e plantações, máquinas, veículos e equipamentos. Particularidades no cálculo do custo de oportunidade sobre o capital empatado em máquinas, veículos e equipamentos já depreciados Nesses casos, deverá ser considerado o valor atual de mercado do bem, a fim de valorar quanto se poderia obter de capital ao comercializá-lo. Entretanto, este já não será capital médio, e sim integral, de acordo com a fórmula a seguir: VM S custo de oportunidade sucata (sempre igual a “0”) valor de mercado taxa de juros (6%a.a.) CO i Uma vez que, ano a ano, todos os bens reduzem paulatinamente seu valor de mer- cado, será necessária a realização de uma atualização do inventário de bens depre- ciados anualmente, a fim de se aproximar o máximo possível do custo real. Na prática Uma propriedade rural possui em seu inventário um trator, já deprecia- do, cujo valor era de R$ 120.000,00 quando novo. Atualmente, o valor de mercado é R$ 30.000,00. Considerando a taxa de juros médio de 6% a.a., vamos calcular o custo de oportunidade do capital investido. Veja: CO = (VM - S) x i CO = (R$30.000,00 - 0) x 6%a.a. CO = R$ 1.800,00 /a.a Assim, observamos que o custo de oportunidade desse trator é de R$ 1800,00 ao ano. Assistência Técnica e Gerencial - Pecuária 81 Custo de oportunidade sobre benfeitorias e lavouras não anu- ais já depreciadas No caso de benfeitorias e lavouras com a vida útil esgotada, o custo de oportunidade do capital investido continua sendo calculado com base no capital médio. Na prática Uma sala de ordenha com a vida útil já esgotada, com valor de nova de R$ 50.000,00 e juros médio de 6% a.a, terá o custo de oportunidade do capital calculado da seguinte maneira: CO = ( VN - S ) x i2 VN = Valor de novo S = Valor de sucata (sempre igual a zero) i = Taxa de juros Assim, temos: CO = ( R$ 50.000,00 – 0 ) x 6%2 CO = R$ 1.500,00/ ano Assistência Técnica e Gerencial - Pecuária 82 Custo de oportunidade sobre rebanho e animais de serviço Fonte: Banco de imagens do Senar O rebanho, como visto anteriormente, é um dos componentes para mensuração da riqueza do produtor rural, pois possui valor de mercado. Isso se mostra totalmente verdadeiro quando o produtor decide paralisar sua atividade pecuária e se desfazer do rebanho. Logo, o mesmo converteria seu inventário de semoventes (animais, re- banhos) em capital corrente (dinheiro). A forma de mensuração desse capital empatado em semoventes se dará pela quan- tificação do estoque por categoria (inventário de rebanho), multiplicado pelo valor médio de mercado local para cada uma das categorias. Note que destacamos que o valor considerado deverá ser uma média dos pre- ços pagos na região, para não corrermos o risco de mascarar os resultados, superdimensionando esse capital, ao considerarmos o valor máximo, ou sub- dimensionando, considerando o valor mínimo. Uma vez estabelecido o critério de avaliação pelo valor médio, utilizamos a mesma base da fórmula de juros anuais sobre bens depreciados: VM SCO i Assistência Técnica e Gerencial- Pecuária 83 Veja o exemplo a seguir: Fonte: Banco de imagens do Senar Em uma propriedade rural que desenvolve a atividade de bovinocultura de corte, e cujo inven- tário total do rebanho esteja avaliado em R$ 3.850.000,00, qual será o valor dos juros anuais sobre capital empatado em rebanho? CO = (VM + S) x i CO = R$ 3.850.000,00 + 0 x 6% = R$ 231.000,00 Conforme observado no exemplo, geralmente será encontrado um grande impac- to do custo de oportunidade nos rebanhos analisados. Por isso, é fundamental ter muito critério no momento dessa análise, pois corre-se o risco de distorcer o custo total de produção. Pare para pensar Em alguns casos, o capital empatado em animais pode ser elevado, impactando os custos fixos na forma de custo de oportunidade sobre o capital. O que precisa ser investigado é se o rebanho está desestru- turado e os motivos dessa desestruturação. Pode ser que a atividade esteja sendo ineficiente, com muitos animais improdutivos no reba- nho, ou os animais podem estar sendo retidos com o propósito de aumentar o rebanho e a produção. Assistência Técnica e Gerencial - Pecuária 84 É fundamental entender as motivações do elevado estoque de capital empatado em animais, para que se tenha condições de fazer uma boa leitura da situação e, junto com o produtor, tomar as decisões mais coerentes. Também para o caso de animais de serviço, utiliza-se o valor médio de mercado. Uma propriedade conta com 10 equinos para manejo do rebanho bovino, que conta com 5 reprodutores. Nenhum desses animais é utilizado para lazer ou como animal doméstico, apenas para trabalho. Para o cálculo do custo de oportunidade (juros) sobre o capital empatado em animais de serviço, estando dentro ou fora da vida útil, utiliza-se a seguinte fórmula. CO= (VM – S) x i Dessa forma, chegamos à seguinte tabela: Descrição Qnt. Valor unitário Vida útil (anos) Idade Juros anuais Equinos 1 1 R$ 600,00 7 9 R$ 36,00 Equinos 2 4 R$ 1.350,00 7 5 R$ 324,00 Reprodutores 5 R$ 4.500,00 6 3 R$ 1.350,00 TOTAL R$ 1.710,00 Juros de financiamento x custos de produção É importante que o Técnico de Campo e o produtor tenham plena consciência de que a atividade em si não necessita de financiamento, apenas de recursos, para que pos- sa ser executada, não importando a fonte ou as taxas envolvidas em cada uma delas. Na prática Uma produtora de suínos adquiriu um trator financiado com valor de novo igual a R$ 120.000,00 e vida útil de 15 anos. A taxa de juros anu- ais contratada foi definida pela instituição financeira em 8% ao ano, que também determinou 3 anos de carência e mais 7 parcelas anuais para que seja realizada a quitação do bem, totalizando 10 anos. De que maneira deveremos contabilizar a entrada desse bem no sistema produtivo, no custo de produção da atividade? A aquisição dessa máquina resultará em três alterações financeiras na propriedade: custo de oportunidade sobre capital empatado, deprecia- ção do bem e fluxo de caixa. As duas primeiras dizem respeito ao custo de produção; a última, apenas ao próprio fluxo de caixa. Vejamos: Assistência Técnica e Gerencial - Pecuária 85 Cálculo de depreciação: d = VN - S VU d = R$120.000,00 – 0 = R$ 8.000,00/ano 15 Cálculo do custo de oportunidade: CO = ( VN - S ) x i2 CO = ( R$120.000,00 - 0 ) x 6%2 CO = R$ 3.600,00/ano Em relação ao fluxo de caixa, temos: Valor de novo = R$ 120.000,00 Valor total dos juros contratados = R$ 96.000,00 (R$120.000,00 x 8%a.a. x 10 anos) Custo total do bem à produtora = R$ 216.000,00 Valor da parcela anual = R$ 30.857,14 (em 7 parcelas, após 3 anos de carência). Este será o valor (R$ 30.257,14) que irá compor o fluxo de caixa; é um pagamento, uma saída de capital da empresa. Não há nenhuma relação com o custo de produção. De acordo com a análise acima, essa máquina irá compor o custo de produção da atividade suinocultura da seguinte maneira: depreciação e custo de oportunidade do capital empatado. Observe que o valor do equipamento foi aportado no inventário de recursos da propriedade, totalmente no início do primeiro ciclo, não tendo ligação al- guma com seu parcelamento e prazo de carência. O que contabilizamos é seu custo (depreciação e custo de oportunidade) durante sua vida útil produtiva. Custo fixo médio O custo fixo médio nos remete ao custo fixo por unidade produzida em determinado período analisado, sendo assim calculado: Assistência Técnica e Gerencial - Pecuária 86 CFtotal Produção CFM CFM CF total Título Custo fixo médio Custo fixo total Produção total no período analisado (ano, mês etc.) É importante o Técnico de Campo realizar o cálculo do custo fixo médio por unidade, para que possa fazer a análise da eficiência dessa empresa em ofertar seus produtos ao mercado. O aumento do custo fixo unitário pode ser um indicativo de ineficiência da atividade, porém, isso não é regra, pois é possível que a aquisição dos bens, que geram aumento no custo fixo, causem redução no COE. Por exemplo, o produtor adquire um novo equipamento e a produção se mantém no mesmo patamar, ou seja, ocorre aumento no custo fixo unitário, porém, a máquina adquirida permite dispensar um funcionário, reduzindo mais o COE do que aumen- tou o custo fixo gerado pela aquisição. Referente ao uso dos recursos, devemos ter cuidado ao realizar observações, levando em conta o momento que a propriedade está atravessando. Veja: Fonte: Banco de imagens do Senar Uma fazenda de produção leiteira realizou, de uma só vez, todo o investimento necessário em infraestrutura de pastagens, irrigação, currais de ordenha, ordenhadeiras, casa de funcionários etc., mas ainda está em fase de formação de rebanho. Logo, sua análise de custo fixo unitário será altamente prejudicada, uma vez que o cenário aponta alto custo fixo, com pouca produção. Assistência Técnica e Gerencial - Pecuária 87 Assim como no exemplo, temos ainda o comportamento do Custo Fixo Médio (CFM), que, frente a diferentes volumes anuais de produção de leite (aumen- tados em uma escala de 200L/dia em cada simulação), mantém inalterada a estrutura de Custo Fixo Total (CFT). Veja na tabela: Simulação Volume (L) CFT CFM 1 73.000 R$ 190.000,00 R$ 2,60 2 146.000 R$ 1,30 3 219.000 R$ 0,87 4 292.000 R$ 0,65 A partir dos dados apresentados, teremos diferentes impactos dos custos fixos totais sobre a unidade produzida, de acordo com a escala de produção estabelecida. No gráfico a seguir podemos observar que o custo fixo total mantém-se estável ao longo de todo o período analisado, independentemente do volume de produção, desde que se mantenham estáveis as variáveis que o compõem (mão de obra familiar, de- preciação e custo de oportunidade). Também podemos observar o comportamento do custo fixo médio, que tem tendência de redução por unidade produzida quando a pro- dução aumenta, podendo chegar a valores irrisórios, porém, jamais será igual a zero. Produção Custo Fixo Médio Custo Fixo Total R $ Assistência Técnica e Gerencial - Pecuária 88 A terra como fator de custo fixo Fonte: Banco de imagens do Senar. A metodologia de cálculo do custo de produção utilizada não considera o va- lor da terra como componente do custo de produção. São avaliadas todas as benfeitorias úteis que estão sobre ela (incluindo poço artesiano, se houver). Pare para pensar Se tivéssemos propriedades com a mesma atividade, porém, em re- giões onde há grande variação no valor da terra, perderíamos a opor- tunidade de comparação. Isso acontece porque, dessa forma, esta- ríamos atribuindo menores custos da atividade a quem tem a terra com valor menor e maiores custos da atividade a quem tem a terra com valor maior. Os bens são inventariados à parte, onde se apura o estoque de capital médio. Para obtermos o valor da terra nua, desconsideraremos todo o inventário realizado, conta- bilizando somente o tamanho da área multiplicado pelo valor de mercado do hectare naquela região. Utilizamos a seguinte fórmula: Área Valor do HaValor da TerraNua Na metodologia utilizada, não é contabilizada a remuneração do capital empatado, nem a depreciação sobre o valor da terra nua. O capital empatado em terras será levado em consideração apenas quando calcularmos a taxa de remuneração do ca- pital com terra, conforme veremos no tema 3, sobre indicadores. Você chegou ao final do tópico 1, onde pôde ver mais detalhadamente os conceitos e as definições sobre custo fixo. Assistência Técnica e Gerencial - Pecuária 89 Tópico 2: Custo total Já entendemos os tipos de custos fixos que podem surgir, certo? Vamos entender melhor como determinar o custo total, pois não basta apenas somar todos os de- mais para obtê-lo. Precisamos considerar muitos pontos particulares entre as va- riadas cadeias produtivas. Fonte: Banco de imagens do Senar. Objetivos Nesse tópico, você aprenderá a determinar o custo total de uma produção agropecuária, compreendendo as peculiaridades de cada cadeia produtiva. A partir do momento em que conhecemos os custos totais de uma atividade, pode- mos analisar com maior profundidade a situação em que se encontra, com reais con- dições de projetar o futuro. Seremos capazes de interpretar questões relacionadas à estrutura de produção e à eficiência no uso dos recursos, buscando o equilíbrio de todos elementos formadores do custo total. O custo total engloba todos os custos, tanto variáveis quanto fixos, sendo a soma do Custo Operacional Total (COT) com o Custo de Oportunidade (CO) do capital empa- tado em benfeitorias, máquinas, forrageiras não anuais e animais de rebanho. Sua fórmula é a seguinte: Assistência Técnica e Gerencial - Pecuária 90 custo total Custo de oportunidade custo operacional total CT COT CO Além da depreciação e da mão de obra familiar, deve-se contabilizar o custo de opor- tunidade do capital investido na atividade, que corresponde à remuneração, pelo uso do capital, no processo produtivo analisado. É como se todo o dinheiro aplicado na atividade estivesse alocado em outro tipo de investimento, sendo que nossa base de comparação é a taxa de remuneração da poupança, que paga juros reais de 6% ao ano, em média. O custo de oportunidade do capital investido corresponde, em média, a 6% ao ano sobre o somatório dos valores investidos na atividade rural avaliada. Nesse ponto, é importante dividir o produtor em duas figuras distintas: o empreende- dor e o capitalista. Empreendedor Capitalista O empreendedor é quem realiza o processo produtivo. Para tal, necessita de recursos financeiros para executar a atividade de sua opção. Porém, o empreendedor é tão somente um executor, que não detém re- cursos financeiros e deve recorrer ao capi- talista para tomar emprestado os recursos necessários. Capitalista é o dono do capital. Ocorre que, na maioria das vezes, o empreendedor e o capitalista são a mesma pessoa, ou seja, o produtor rural tem recursos próprios, que serão empregados na execução da produ- ção. Em caso de tomada de crédito de cus- teio e/ou investimentos, ou seja, aquisição de dívidas, o dono do capital (capitalista) deverá arcar com as parcelas e os juros do financiamento. A atividade, representada pelo empreendedor, remunera o capitalista (dono do capital) pela oportunidade de uso do capital, o que na metodologia de ATeG chamamos de custo de oportunidade sobre o capital empatado. Assistência Técnica e Gerencial - Pecuária 91 Quando assumimos que o produtor é, ao mesmo tempo, empreendedor e capitalista, nada mais natural do que o capital aplicado/emprestado ser remunerado, que na configuração apresentada não irá gerar desembolsos diretos, pois será pago a ele mesmo. Além disso, não irá compor o fluxo de caixa, apenas o custo de produção. Veja o exemplo Um produtor de aves financiou a quantia de R$ 50.000,00 junto a uma instituição de crédito para compra de rações. A taxa cobrada para esse capital de giro financiado foi de 25% a.a., com prazo de pagamento em seis meses. Qual será o valor atribuído ao COE dessa atividade e qual será o valor de juros pago pelo mesmo? Resposta: o valor a ser atribuído ao COE será apenas a quantia de R$ 50.000,00. Isso se dá pelo fato de que a atividade necessitava da ração (comprada por esse valor no mercado), e não do capital, muito menos dos juros. Devido à metodologia de ATeG não considerar juros sobre capital de giro, não incidirão juros sobre o mesmo, portanto, não há inserção no custo de produção. Como observado, o produtor contratou tal crédito com a taxa de 25% a.a., ou seja, pagará o equivalente a 12,5% no período correspondente ao prazo de pagamento (6 meses). Calculando o novo valor a ser pago pelo produtor: R$ 6.250,00 = R$ 50.000,00 x 12,5/100 Assistência Técnica e Gerencial - Pecuária 92 Ou seja, apenas a título de juros à instituição credora, o produtor tomador pagará a quantia de R$ 6.250,00. Essa quantia não irá compor o custo de produção, somente o fluxo de caixa, uma vez que irá, de fato, “sair do caixa”. Esse custo, apesar de efetivo, é debitado ao empreendedor, e não à atividade. Custo total médio O custo total médio é o resultado da divisão do custo total da atividade pelo volume produzido, sendo assim calculado: Custo total Produção Custo total Médio É fundamental conhecer e analisar o custo total por unidade produzida. Ele nos dará condições de analisar a eficiência da empresa, se seus custos e receitas estão equi- librados e se a escala de produção está adequada em relação à estrutura envolvida. O gráfico a seguir nos ajuda a compreender a tendência de comportamento do cus- to total médio em função da escala de produção. Quando a escala de produção é pequena, o custo total médio tende a ser alto por ter poucas unidades produzidas para diluir o custo fixo, diluição que vai acontecendo com o aumento da escala de produção. Porém, para fazer com que a produção aumente, geralmente elevamos os custos variáveis com insumos, mão de obra, serviços de máquinas etc., fazendo com que o custo total médio volte a subir. Produção0 q* Cu st o To ta l M éd io Assistência Técnica e Gerencial - Pecuária 93 O custo total médio pode ser utilizado para diversas unidades comerciais. Informação extra Veja exemplos de unidades comerciais: • Dúzia de ovos • Animal abatido • Arroba de boi • Litro de leite • Quilo da carne • Sacas de milho (ou de café, feijão, arroz, trigo, soja) • Caixa de tomate (ou de laranja, uva, maçã etc) Custo total por área O custo total por área é resultado da divisão do custo total da atividade pela área utilizada. O cálculo é realizado da seguinte forma: Custo total Área da atividade/ha Custo total por área A análise do custo total por área nos dá elementos para compreender a eficiência do uso dos recursos, especialmente da terra, nos permitindo ainda fazer comparações entre áreas da propriedade e outras propriedades. Muitos são os empresários rurais que se preocupam com os preços dos produtos e poucos são os que gastam tempo e energia para conhecer e controlar os custos de produção. Detalhe: são os custos que estão sob nosso controle, e não os preços. Todos os fatores formadores de custos de uma atividade precisam ser conhecidos e, a partir daí, administrados. Só dessa forma seremos bem-sucedidos em nossas atividades. Encerramos nesse tópico a análise dos custos totais. Nos vemos no próximo tópico, onde saberemos mais sobre margem bruta! Até mais! Assistência Técnica e Gerencial - Pecuária 94 Tópico 3: Margem bruta Estamos iniciando o tópico 3, onde você conhecerá melhor a margem bruta. Esse indicador é muito utilizado de forma empírica pelos produtores. Muitas vezes é in- terpretado erroneamente como lucro (cujo conceito ainda será estudado nesse módulo). Fonte: Banco de imagens do Senar. Objetivos Nesse tópico, você aprenderá a definir o conceito de margem bruta considerando as variáveis de uma atividade rural. A margem bruta (MB) é obtida pela subtração dos custos operacionais efetivos da renda brutade uma determinada atividade ou de toda a propriedade. RB COEMB Em um reflexo natural, o produtor, ao vender a produção, paga as despesas, analisa quanto sobrou e chama de lucro, o que não passa de margem bruta. Foram pagos apenas os custos operacionais efetivos, sem considerar a mão de obra familiar, a depreciação e o custo de oportunidade do capital. Assistência Técnica e Gerencial - Pecuária 95 Tome nota A margem bruta permite ao gestor analisar aspectos fundamentais de sua produção e do seu negócio. A partir da sua apuração é pos- sível identificar se é suficiente para cobrir os custos fixos, além de permitir a análise do quanto essa unidade produtiva é capaz de su- portar oscilações de mercado, tanto nos preços dos insumos quanto no preço de venda dos produtos. Para que uma propriedade continue produzindo, precisa de fluxo de caixa positivo, o que somente será possível se tivermos margem bruta positiva. Trata-se, portanto, de um indicador que nos permite analisar a capacidade operacional da empresa a curto prazo. Para se calcular a margem bruta corretamente, o gestor precisa realizar os seguin- tes passos: 1 Levar em consideração a receita produzida pela venda dos produtos e subprodutos da atividade. Também é convertida em renda a riqueza que foi produzida no período analisado, porém, ainda não foi realizada a venda. Isso é usado especialmente nas atividades de criação animal onde ocorreu uma variação no inventário, pois dessa forma o produtor aumentou seu patrimônio (rever conceito de variação do inventário animal). 1 Retirar os itens de investimento. Verificar se atendem a mais de um ciclo produtivo. Logo, não fazem parte do custo operacional efetivo. O gestor deve fazer esse filtro antes da análise, pois é muito comum considerar um item que foi pago à vista como despesa, mesmo que ele possa ser utilizado por mais de um ciclo produtivo. Como exemplo, é possível destacar latões de leite, roçadeira costal, aparelho de cerca elétrica, entre outros. 2 Retirar os pagamentos ou recebimentos de empréstimos. Estes não são componentes da renda. São apenas componentes do fluxo de caixa. Se o dinheiro for utilizado como capital de giro, os insumos adquiridos entrarão no custo operacional efetivo do produto. Assistência Técnica e Gerencial - Pecuária 96 Fazer com que o empreendimento tenha margem bruta positiva e sustentável é a pri- meira tarefa do gestor, pois qualquer empreendimento com margem bruta negativa, se não rever sua estrutura de custos, estará à beira do fechamento. Análise da margem bruta Veja os tipos de margem bruta: MB < 0 Em uma empresa em situação de margem bruta negativa, a renda obtida com a venda da produção não cobre os custos operacionais efetivos (desembolsos), criando dificuldades operacionais que comprometem o fluxo de caixa, chegando a inviabilizar comple- tamente a atividade. É preciso muita cautela ao interpretar indica- dores, que nos dão informações sobre o momento da análise, não significando que a situação apresentada seja definitiva. É necessá- rio um constante acompanhamento de sua evolução. MB = 0 A empresa que apresentar resultados de margem bruta iguais a zero, a renda obtida com a venda da produção é suficiente apenas para cobrir os custos operacionais efetivos. Não consegue pagar mão de obra familiar, depreciação e custo de oportunidade do ca- pital empatado. Caso a situação não seja revertida, a tendência é de que seus bens venham a se exaurir, já que a empresa não terá condições de mantê-los, tampouco substitui-los. A empresa que apresentar resultados de margem bruta iguais a zero, a renda ob- tida com a venda da produção é suficiente apenas para cobrir os custos operacionais efetivos. Não consegue pagar mão de obra fa- miliar, depreciação e custo de oportunidade do capital empatado. Caso a situação não seja revertida, a tendência é de que seus bens venham a se exaurir, já que a empresa não terá condições de man- tê-los, tampouco substitui-los. MB > 0 Quando a margem bruta for maior do que zero, significa que a pro- priedade é viável no curto prazo, em função de pagar todos os cus- tos operacionais efetivos, sobrando recursos para pagar toda ou parte da mão de obra familiar, da depreciação e custo de oportuni- dade do capital. A empresa que apresenta uma situação de margem bruta positiva, porém, com margem líquida negativa, carece de um acompanha- mento da evolução de seus indicadores, a fim de que se identifique os principais gargalos e se realize os ajustes necessários. Assistência Técnica e Gerencial - Pecuária 97 Veja o caso a seguir: Fazenda Jussara A Fazenda Jussara é uma propriedade de médio porte destinada à produção de bovinocultura de corte. O Sr. Claudiomar, seu proprietário, está analisando a viabilidade de sua fazenda a curto prazo e quer saber se o negócio é sustentável pelo cálculo da margem bruta. Para isso, conta com a ajuda de Joel, o Técnico de Campo. Ao analisar os dados da Fazenda Jussara, temos o seguinte quadro: Renda bruta da produção de bovinos de corte: Mês Quantidade em arrobas Valor unitário Valor total Janeiro Fevereiro Março 686 R$ 143,00 R$ 98.098,00 Abril Maio 114 R$ 146,00 R$ 16.644,00 Junho Julho Agosto 1015 R$ 152,00 R$ 154.280,00 Setembro Outubro 622 R$ 149,00 R$ 92.678,00 Novembro Dezembro 563 R$ 150,00 R$ 84.450,00 Renda bruta total 3000 R$ 446.150,00 Assistência Técnica e Gerencial - Pecuária 98 Planilha de custo operacional efetivo (COE) da produção de bovinos de corte Item Valor (R$) Mão de obra para manejo do rebanho 43.200,00 Manutenção de pastagens 120.000,00 Silagem 45.000,00 Concentrado 53.000,00 Minerais 35.200,00 Medicamentos 6.500,00 Energia e combustível 10.300,00 Inseminação artificial 3.000,00 Impostos, taxas e serviços 6.200,00 Reparos de benfeitorias 3.450,00 Reparos de máquinas 3.500,00 Outros gastos de custeio 9.580,00 COE TOTAL 338.930,00 Analisando os dados fornecidos nas planilhas, temos: RB = R$ 446.150,00 COE = R$ 338.930,00 MB = RB – COE MB = R$ 446.150,00 - R$ 338.930,00 MB = R$ 107.220,00 Assim, chegamos à conclusão de que, na propriedade, a atividade proporcio- nou uma margem bruta positiva no valor de R$ 107.220,00/ano. Dessa forma, o Sr. Claudiomar pode ficar tranquilo, já que a atividade é viável a curto prazo, pois cobre os custos operacionais. Mas o Joel já avisou que não podemos estender essas informações para longo prazo, já que não há dados sobre os custos fixos, podendo ser maiores do que a margem bruta. Tome nota Apenas conhecendo a margem bruta da atividade, não podemos con- cluir a respeito da viabilidade da atividade a médio e longo prazos. Assistência Técnica e Gerencial - Pecuária 99 Margem bruta/área Fonte: Banco de imagens do Senar. Considerando a manutenção das estruturas de custos fixos, esse indicador pode ser utilizado para comparar diversas atividades agropecuárias e decidir qual explorar. Vamos voltar no exemplo da Fazenda Jussara. O Sr. Claudiomar viu que ocupa uma área de 300 hectares da propriedade para a produção de bovino de corte. Mais uma vez, com a ajuda do Técnico de Campo Joel, realizou o seguinte cálculo: Atividade: bovinocultura de corte Margem bruta: R$ 107.220,00 MB/ha = 107.220,00/300 = R$ 357,40/ha Assim, eles identificaram que, com a mecanização que tinha disponível e com as ca- racterísticas de clima e topografia, o Sr. Claudiomar poderia explorar milho na mes- ma área. Para definir se manteria o gado de corte ou exploraria milho, ele calculou a margem bruta/ha projetada para o milho naquele ano agrícola. Assistência Técnica e Gerencial - Pecuária 100 Planilha de custo operacional efetivo (COE) da produção de milho, por hectare: Item Valor (R$) Semente de milho 461 Corretivo de solo 93 Macronutrientes 899 Micronutrientes 217 Fungicida 85 Inseticida 223 Adjuvante 31 Herbicida 263 Operações mecanizadas 165 Reparos de benfeitorias 124 Reparosde máquinas 161 Operações e aéreas 92 Transporte da produção 240 Beneficiamento 191 Assistência técnica 15 Armazenagem 70 Impostos e taxas 42 Despesas administração 128 COE TOTAL 3.500 Atividade principal: agricultura COE : R$ 3.500,00/ha Renda bruta: Produção = 120 sacas/ha Produção = 120 x 300ha = 36.000 Preço = R$ 33,00/saca Renda bruta = 36.000 x R$ 33,00 = R$ 1.188.000,00 COE da Atividade = R$ 3.500 x 300ha = R$ 1.050.000 MB = R$ 1.188.000,00 – R$ 1.050.000 = R$ 138.000,00 MB/ha = 138.000,00/300 = R$ 460,00/ha Por fim, eles compararam os resultados: Assistência Técnica e Gerencial - Pecuária 101 MB/ha – Bovinocultura de corte: R$ 357,40/ha MB/ha – Cultura de milho: R$ 460,00/ha Diante desse cenário, o empresário pode tomar a decisão de explorar a atividade de produção de milho. Margem bruta por unidade produzida A margem bruta por unidade produzida, ou margem bruta unitária, é obtida da divisão da MB pela quantidade de unidades produzidas. Logo, nesse indicador devemos utilizar as unidades comerciais. No exemplo da Fazenda Jussara, a margem bruta unitária seria: MB unitária = MB total Produção MB unitária = R$ 107.220,00 = R$ 35,74/arroba 3.000 arrobas A margem bruta unitária é utilizada para identificar: Assistência Técnica e Gerencial - Pecuária 102 Rendimentos Quanto do preço do produto sobra ao produtor para pagar seus custos fixos e dimensionar seu lucro. Sustentabilidade Capacidade daquele negócio de suportar oscilações de preço no mercado. Uso da margem bruta como ferramenta para di- mensionar o sistema produtivo Esse indicador pode ser utilizado para projetar quantas unidades devem ser produzi- das para alcançar determinada meta financeira. Pensando ainda na Fazenda Jussara, onde a margem bruta anual foi de R$ 107.220,00 e foram abatidos 200 animais no período, vamos verificar a margem bru- ta da atividade. MB/cab = R$ 107.220,00/200 cabeças MB/cab = R$ 536,10 por animal abatido. Vamos supor que esse produtor solicita que façamos uma estimativa de quantos animais precisa terminar para o abate anualmente para cobrir os custos fixos, que somam um montante de R$ 45.000,00, e deseja ainda fazer uma retirada de R$ 85.00,00. Meta para margem bruta = Custos fixos de R$ 45.000,00 + retirada de R$ 85.000,00 Meta para a margem bruta anual = R$ 130.000,00 O número de animais a ser vendido é igual à meta financeira/MB por animal. Número de animais a serem abatidos = R$ 130.000,00 = 243 bois R$ 536,10 Isso significa que o Sr. Claudiomar precisa elevar sua margem bruta anual de R$ 107.220,00 para R$ 130.000,00, para cobrir um custo fixo de R$ 45.000,00 e fa- zer uma retirada anual de R$ 85.000,00. Para isso, deverá vender pelo menos 243 animais/ano. Nesse caso, ele chegou ao resultado de quantos animais deve vender. A dimensão do rebanho, no entanto, dependerá de quanto ele intensificar o sistema. Assistência Técnica e Gerencial - Pecuária 103 Tome nota Nas outras cadeias, o mesmo raciocínio pode ser utilizado para: • Número de matrizes • Número de vacas em lactação • Número de vacas no rebanho • Número de poedeiras • Número de peixes Margem bruta em equivalentes unidades produzidas É a conversão do valor financeiro da margem bruta em unidades produzidas. Isso é obtido pela margem bruta dividida pelo preço médio de venda. Veja o cálculo da Fazenda Jussara, de bovinocultura de corte: MB em equivalentes unidades produzidas = Margem bruta Preço médio MBeq = R$ 107.220,00 = 720,96 arrobas R$ 148,72 A margem bruta em equivalentes unidades produzidas permite ao gestor: Comparar sua eficiência com outras regiões onde o preço de mercado é diferente, pois a unidade comercializada é a mesma nas regiões.1 Conhecer sua margem bruta convertida na unidade de comercialização. 2 Assistência Técnica e Gerencial - Pecuária 104 Analisar os resultados obtidos em safras ou ciclos produti- vos diferentes.3 No próximo tópico será trabalhado o cálculo da margem líquida, que permite ao ad- ministrador saber se a atividade é viável em médio prazo. Siga adiante e bons estudos! Assistência Técnica e Gerencial - Pecuária 105 Tópico 4: Margem líquida Você sabe a importância de analisar o resultado do cálculo da margem líquida? Fonte: Banco de imagens do Senar Objetivos Nesse tópico você estudará a margem líquida. Verá como calcular, interpretar os resultados e tomar decisões com base nela. Essa aná- lise é fundamental para checar a capacidade do negócio de se man- ter no longo prazo, verificando a coerência entre a estrutura de custos do negócio e sua escala de produção. A margem líquida (ML) é o resultado da subtração do custo operacional efetivo, da depreciação e da mão de obra familiar da renda bruta da atividade (RB), ou seja, é a renda bruta menos o custo operacional total. RB COE Depreciação Mão de obra familiarML RB COTML Assistência Técnica e Gerencial - Pecuária 106 A análise da margem líquida permite ao administrador identificar se a atividade está sendo viável em curto e médio prazos: Se positiva, sinaliza ao empresário que a estrutura empregada na atividade está compatível com a escala de produção. Se negativa, indica desequilíbrio na estrutura de custos e, muitas vezes, elevado estoque de capital empatado na atividade, sem uma escala de produção que a justifique. Análise da margem líquida Ao analisar a margem líquida e identificar que a mesma é menor que zero, ou seja, negativa, devemos investigar em qual das duas situações ela se enquadra: ML nega- tiva com MB negativa ou ML negativa com MB positiva. Veja as diferenças a seguir: ML < 0 ML com margem bruta negativa: Essa atividade não é sustentável nem mesmo no curto prazo, sen- do recomendada uma revisão minuciosa na estrutura de custos e no sistema de produção. Vale destacar que alguns itens do COE, em situações de baixa escala de produção, podem comprometer gran- de parte da renda, podendo ser diluídos com a escala de produção. Ex.: energia elétrica, mão de obra contratada e medicamentos. ML com margem bruta positiva: Significa que a atividade está cobrindo os custos operacionais efe- tivos, mas não consegue cobrir todas as depreciações e o custo da mão de obra do produtor, além de não pagar o custo de oportunida- de sobre o capital investido. Analisando economicamente, podemos dizer que a atividade é viável apenas no curto prazo. Caso a situação de margem líquida negativa persista, levará ao empobrecimento da empresa, inviabilizando a atividade, pois a atividade não consegue recursos suficientes para renovar seus bens duráveis. ML = 0 Assistência Técnica e Gerencial - Pecuária 107 Em situação de margem líquida igual a 0, essa atividade é considerada viável no mé- dio prazo, porém, muito sensível às oscilações de mercado e de tecnologia. Pode-se dizer também que o negócio não é atrativo, pois não paga o custo de oportunidade do capital empatado, com taxa de 6% ao ano, também conhecido como taxa de atra- tividade mínima. ML > 0 Quando a margem líquida é maior que 0, significa que essa atividade é viável em médio prazo, pois é capaz de cobrir o custo operacional efetivo, as depreciações, o custo da mão de obra familiar e ainda sobram recursos para pagar pelo menos parte do custo de oportunidade sobre o capital empatado. Porém, não podemos definir se esse negócio é atrativo antes de avançarmos para análises econômicas vinculadas ao lucro. Tome nota No meio rural, a margem líquida, apesar de importante, é pouco ana- lisada pelos produtores e gestores de fazendas, não havendo a de- vida preocupação com as estruturas geradoras de custos fixos que, superdimensionadas e com baixa escala de produção, acabam por inviabilizar as propriedades. De maneira geral, é possível afirmar que o crédito facilitado é algo positivo, capaz de proporcionar incremen- to de produção e desenvolvimento das unidades produtivas. Porém, infelizmente, muitos produtores têm inviabilizado suas propriedades ao buscar crédito einvestir em estrutura sem analisar o impacto des- sa ação, tendo dificuldades de arcar com seus compromissos diante das instituições financeiras. É muito comum encontrarmos no mercado produto- res insatisfeitos com os preços dos produtos, porém, no período de alta nos preços, também é muito co- mum identificar os superinvestimentos. Os produto- res, movidos pela empolgação com períodos de valo- rização, usam uma sobra de dinheiro e investem em bens depreciáveis, sem prever o custo da reposição desses itens para manter a eficiência do sistema. A margem líquida, assim como os outros indicadores de análise de rentabi- lidade, é calculada com base em um realizado, ou seja, com dados passados. No entanto, se o produtor tem uma margem líquida restrita em sua atividade Assistência Técnica e Gerencial - Pecuária 108 e aumenta seus custos de depreciação sem aumento da renda ou redução do COE, corre o risco de inviabilizar sua atividade ou diminuir a eficiência até então alcançada. Em outras palavras, se um produtor adquire um bem qualquer, que possui depre- ciação anual superior à sua margem líquida, e esse bem não promoveu redução no COE, nem aumento de produção, o produtor pode concluir que, a princípio, esse investimento é inviável ou incompatível com suas projeções atuais. Fonte: Shutterstock Uma determinada atividade, nos últimos 12 meses, contabilizou uma margem líquida de R$ 10.000,00. Ao visitar uma feira agropecuária, ofereceram ao produtor rural um trator e imple- mentos que, juntos, contabilizam uma depreciação de R$ 12.000,00 ao ano. Em um primeiro momento, quando o produtor consultou a margem bruta da atividade, de R$ 35.000,00 nos últimos 12 meses, e viu um programa de financiamento com carências e pres- tações de R$ 8.000,00, a conclusão foi: “Eu consigo adquirir esse trator”. De fato, no curto prazo estava tudo certo. Ele conseguiria pagar as prestações, porém, não so- brariam recursos para pagar o custo extra de depreciação do novo trator. Assistência Técnica e Gerencial - Pecuária 109 Ao avaliar que não aumentaria sua produção, pois não tem mercado para isso, o produtor calculou qual seria sua nova margem líquida ao adquirir o trator: Margem líquida anterior depreciação dos novos bens adquiridos ML ML = R$ 10.000,00 – R$ 12.000,00 ML = - R$ 2.000,00 Dessa forma, no longo prazo, esse seria um investimento inviável para sua atividade. A margem líquida também é avaliada por unidade e por equivalência em unidades produzidas. Na prática Agora, vamos aplicar os conceitos com esse exemplo de dados de uma propriedade: Depreciação anual de R$ 12.000,00 Mão de obra familiar de R$ 15.000,00. COE da atividade de R$ 338.930,00 Renda bruta de R$ 446.150,00 Qual a margem líquida? COT = COE + Depreciação + Mão de obra familiar COT = R$ 338.930,00 + R$ 12.000,00 + R$ 15.000,00 COT= R$ 365.930,00 ML = RB – COT ML = R$ 446.150,00 – R$ 365.930,00 ML= R$ 80.220,00 Assistência Técnica e Gerencial - Pecuária 110 Margem líquida unitária A margem líquida unitária é representada pela relação entre a margem líquida e a quantidade produzida. ML Produção ML unitária A margem líquida unitária é utilizada para verificar quanto está sobrando de cada unidade por unidade produzida, após pagar COE, depreciação e mão de obra familiar. Caso seja positiva, o capital começa a ser remunerado, a essa remuneração chama- mos de custo de oportunidade do capital investido. Na prática Veja o cálculo aplicado ao exemplo do gado de corte que estamos trabalhando: ML= R$ 80.220,00 Produção em arrobas = 3.000 Margem líquida/arroba = R$ 80.220,00 3000 Margem líquida/arroba = R$ 26,74/arroba, Significa que esse é o valor que sobra após o pagamento dos custos operacionais efetivos, depreciações e custo da mão de obra fami- liar, ou seja, é o valor que sobra, por arroba vendida, para remunerar o capital empatado. Essa mesma análise pode ser feita para qualquer atividade. Veja: Pecuária • ML/kg de carne • ML/litro de leite • ML/dúzia de ovos • ML/kg mel Assistência Técnica e Gerencial - Pecuária 111 Agricultura • ML/saca (café, milho e soja) • ML/tonelada (cana, silagem) • ML/arroba de fumo • ML/caixa (hortaliças e frutas) Margem líquida em equivalentes unidades produzidas É a conversão do resultado financeiro da margem líquida em unidades produzidas. Esse valor é obtido da divisão da margem líquida pelo preço de uma unidade do produto em questão. ML Preço unitário ML em equivalentes unidades produzidas Veja o resultado na apuração da margem líquida equivalente em uma atividade de gado de corte: Produtor A Produtor B ML da atividade = R$ 80.220,00 Preço = 148,72 R$/arroba ML equivalente = ML da atividade Preço unitário ML equivalente arrobas = R$ 80.220,00 R$ 148,72 ML equivalente arrobas = 539,4 arrobas Para que possamos analisar a eficiência produtiva e econômica pela ótica desse indicador, vamos comparar os resultados do produtor A desse exemplo, com o que chamaremos de produtor B, que hipoteti- camente utilizam áreas equivalentes. Veja a aba a seguir. ML da atividade = R$ 75.900,00 Preço = 130,00 R$/arroba ML equivalente = ML da atividade Preço unitário ML equivalente = R$ 75.900,00 R$ 130,00 ML em equivalente = R$ 583,84 arrobas Assistência Técnica e Gerencial - Pecuária 112 Qual dos dois ganhou mais dinheiro? Sem dúvida, foi o produtor A, cuja margem líquida foi de R$ 80.200,00 para a mesma área. Qual dos dois foi mais eficiente tecnicamente? O produtor A obteve uma margem líquida da atividade equivalente a 539,4 arrobas. Já o produtor B obteve uma margem líquida da atividade equivalente a 583,84 arrobas. Produtor B/583,84 arrobas – Produtor A/539,4 arrobas = diferença de 44,44 arro- bas a mais para o produtor B. Assim, observamos que o resultado produtivo do produtor B, explorando uma mesma área, foi melhor que o do produtor A em 44,44 arrobas, porém, ele não foi economicamente melhor devido ao preço pelo qual comercializou. Essa informação é rica para os dois produtores, mostrando que um pode comerciali- zar seu produto melhor e o outro consegue ser mais eficiente tecnicamente. Pare para pensar Ao converter o resultado financeiro em unidades produzidas, o pro- dutor também consegue comparar seus resultados ao longo dos anos, podendo avaliar o resultado da aplicação de tecnologias em diferentes safras. Esse comparativo anual de resultados é muito im- portante para visualizar a interação do sistema de produção que o produtor tem com o que acontece no mercado. Usando do mesmo exemplo, o produtor A de gado de corte obteve, nos últimos 12 me- ses, sua margem líquida de 539,4 arrobas. Ao buscar em seus registros, no ano 2000, antes de implementar diversas tecnologias, sua margem líquida era de 700 arrobas. Essa análise permite ao produtor concluir que, para justificar as tecnologias implemen- tadas, ele precisaria aumentar sua eficiência técnica e sua escala de produção. Assistência Técnica e Gerencial - Pecuária 113 Na prática Veja outro exemplo: Caso estivéssemos apurando a margem líquida equivalente na cultu- ra do milho e hipoteticamente a margem líquida da atividade fosse R$ 80.220,00, a mesma do exemplo da bovinocultura de corte, no caso do produtor B e o preço do milho R$ 33,00/saca. Qual seria a margem líquida da atividade equivalente em sacas de milho? ML da atividade= R$ 80.220,00 Preço da saca = R$ 33,00 ML equivalente sacas = R$ 80.220,00 R$ 33,00 ML equivalente sacas= 2.430 sacas O resultado visto no exemplo acima permite comparar a margem líquida com ou- tros produtores que vendem a preços diferentes, e também comparar a margem líquida em épocas diferentes. Dessa forma, a moeda é convertida em produto. A margem líquida pode ser usada na equivalência com qualquer unidade produzida. Veja os exemplos a seguir: Pecuária • Equivalente kg de carne • Equivalente litros de leite • Equivalente dúzia ou caixa de ovos • Equivalente kg mel Agricultura • Equivalentesacas (café, milho e soja) • Equivalente toneladas (cana, silagem) • Equivalente arrobas de fumo • Equivalente caixas (hortaliças e frutas) Chegamos ao final desse tópico! Assistência Técnica e Gerencial - Pecuária 114 Tópico 5: Aplicando os conceitos Para fixarmos melhor os conceitos trabalhados nesse tema, iremos finalizá-lo com sua aplicação na análise de propriedades rurais. Fonte: Banco de imagens do Senar Objetivos Nesse tópico, vamos aplicar o conceito de custos fixos, custo total, margem bruta e líquida nas cadeias produtivas do agronegócio. É importante manter o foco, pois, ao finalizarmos todas as contabilizações de cus- tos de produção, faremos a análise dos dois principais indicadores econômicos apresentados nesse tema: margem bruta e margem líquida. Estudo de caso da Fazenda Santa Felicidade Custo Fixo O custo fixo (CF) é o somatório dos custos da mão de obra familiar (MDOF), depre- ciação (DEP) e custo de oportunidade (CO). Para o estudo de caso da Fazenda Santa Felicidade, veja os dados para calcular o custo fixo: CO = R$ 13.919,04 MDOF = R$ 19.200,00 DEP = R$ 9.501,67 Assistência Técnica e Gerencial - Pecuária 115 Aplicando a fórmula: MDOF DEP COCF Chegamos ao seguinte resultado: CF = R$ 19.200,00 + R$ 9.501,67 + R$ 13.919,04 CF = R$ 42.620,71 Custo de oportunidade do capital empatado Vamos utilizar os dados da Fazenda Santa Felicidade vistos em tópicos anteriores para ilustrar os conceitos de custos e margens, iniciando pelo custo de oportunidade. No caso da ordenhadeira, por exemplo, o custo de oportunidade seria calculado da seguinte forma. Observe os dados: Valor de novo = R$ 8.000,00 Vida útil = 15 anos Idade = 5 anos Veja que idade é menor do que vida útil, logo: CO = ( VN - S ) x 6%2 CO = ( R$ 8.000,00 - 0 ) x 6%2 CO = R$ 240,00 Custo de oportunidade do capital = R$ 240,00 Para o cálculo do custo de oportunidade do capital dos bens da atividade leiteira nas tabelas abaixo, seguiu-se o mesmo padrão e fórmula do exemplo da ordenhadeira acima apresentado. Veja as tabelas a seguir: Assistência Técnica e Gerencial - Pecuária 116 Forrageiras no período da vida útil Especificação Área (ha) Custo de formação (R$/ha) Valor total Vida útil Idade Custo de oportunidade Pasto Mombaça intensivo 2,3 R$ 3.000,00 R$ 6.900,00 20 5 R$ 207,00 Benfeitorias no período da vida útil Item Unid Utilização na atividade leiteira Valor unitário novo Valor total Vida útil Idade Custo de oportunidade Pista de alimentação 1 100% R$ 30.000,00 R$ 30.000,00 40 10 R$ 900,00 Curral de manejo 1 50% R$ 8.000,00 R$ 4.000,00 40 15 R$ 120,00 Cercas internas 1000 100% R$ 10,00 R$ 10.000,00 10 8 R$ 300,00 Bebedouros 4 100% R$ 500,00 R$ 2.000,00 20 5 R$ 60,00 Depósito de ração 1 80% R$ 80.000,00 R$ 64.000,00 40 15 R$ 1.920,00 Cochos de sal mineral 12 100% R$ 500,00 R$ 6.000,00 15 10 R$ 180,00 TOTAL R$ 3.480,00 Máquinas e equipamentos no período da vida útil Item unid Utilização na atividade leiteira Valor unitário novo Valor total Vida útil Idade Custo de oportunidade Ordenhadeira mecânica 1 100% R$ 8.000,00 R$ 8.000,00 15 5 R$ 240,00 Irrigação 1 100% R$ 23.000,00 R$ 23.000,00 15 3 R$ 690,00 Aparelho de cerca elétrica 1 100% R$ 200,00 R$ 200,00 5 4 R$ 6,00 Roçadeira costal 2 100% R$ 2.000,00 R$ 4.000,00 5 4 R$ 120,00 Tanque de resfriamento 1 100% R$ 12.000,00 R$ 12.000,00 15 8 R$ 360,00 TOTAL R$ 1.416,00 No quadro a seguir são apresentados os equipamentos já depreciados. Nesse caso, recorremos às particularidades previstas na metodologia, onde, para o cálculo do custo de oportunidade do capital, ao invés de capital médio (valor de novo/2), utili- za-se o valor de mercado do bem. Assistência Técnica e Gerencial - Pecuária 117 Tome nota Veja o exemplo: Valor de novo da bomba de água = R$ 500,00 Valor de mercado da bomba de água = R$ 50,00 Vida útil = 10 anos Idade = 11 anos CO = (VM + VS) x i CO = (R$ 50,00 + 0) x 6% CO = R$ 3,00 O custo de oportunidade anual da bomba de água é igual a R$ 3,00 Considerando o valor atualizado de mercado dos bens já depreciados, de acordo com o que vimos no exemplo da bomba de água, veja como ficou o custo de oportu- nidade sobre o capital empatado (juros anuais) da Fazenda Santa Felicidade: Equipamentos já depreciados Item Unid Utilização na atividade leiteira Valor unitário atualizado de mercado Valor total para a atividade Vida útil Idade Custo de oportunidade Carroça 1 80% R$ 230,00 R$ 184,00 10 12 R$ 11,04 Picadeira 1 80% R$ 250,00 R$ 200,00 15 16 R$ 12,00 Bomba de água 1 100% R$ 500,00 R$ 50,00 10 11 R$ 3,00 Latões 3 100% R$ 200,00 R$ 600,00 15 20 R$ 36,00 TOTAL R$ 62,04 Com base nas particularidades previstas na metodologia, calculamos o custo de oportunidade das benfeitorias, tanto as que estão no período de vida útil quanto as já depreciadas com base no capital médio (valor de novo/2). Confira no quadro abaixo os resultados do custo de oportunidade do capital sobre as benfeitorias já depreciadas: Assistência Técnica e Gerencial - Pecuária 118 Benfeitorias já depreciadas Item Unid Utilização na atividade leiteira Valor de novo Valor total Vida útil Idade Custo de oportunidade Sala de ordenha 1 100% R$ 30.000,00 R$ 30.000,00 40 43 R$ 900,00 Cercas perimetrais 1000 50% R$ 12,00 R$ 6.000,00 15 20 R$ 180,00 Bezerreiro 1 100% R$ 2.000,00 R$ 2.000,00 20 21 R$ 60,00 TOTAL R$ 1.140,00 Valor do inventário animal No cálculo do custo de oportunidade do capital empatado em animais, não se utiliza o capital médio, como no caso de benfeitorias, máquinas, equipamentos e lavouras. Ao realizar o inventário do rebanho, já se estabelece o valor médio de cada categoria. Tome nota Veja o exemplo a seguir: Capital empatado em vacas secas = 10.000,00 CO = (VN + VS) x i CO = (R$ 10.000,00 + 0 ) x 6% CO = R$ 600,00 O quadro abaixo apresenta os resultados do custo de oportunidade apurado em cada categoria animal. Observe: Categoria Unid Preço médio Valor total Vida útil Tempo de serviço Custo de oportunidade Vacas em lactação 20 R$ 3.200,00 R$ 64.000,00 R$ 3.840,00 Vacas secas 4 R$ 2.500,00 R$ 10.000,00 R$ 600,00 Bezerras em aleitamento 3 R$ 800,00 R$ 2.400,00 R$ 144,00 Novilhas em recria 10 R$ 1.500,00 R$ 15.000,00 R$ 900,00 Novilhas em reprodução 12 R$ 2.500,00 R$ 30.000,00 R$ 1.800,00 Reprodutor 1 R$ 6.000,00 R$ 6.000,00 4 3 R$ 360,00 Animais de serviço 1 R$ 1.500,00 R$ 1.500,00 10 15 R$ 90,00 TOTAL 49 R$ 7.744,00 Assistência Técnica e Gerencial - Pecuária 119 Somatório do custo de oportunidade anual Inventário Custo de oportunidade Animais R$ 7.734,00 Máquinas e equipamentos R$ 1.478,04 Benfeitorias R$ 4.620,00 Forrageiras não anuais R$ 807,00 TOTAL R$ 14.639,04 Custo total (CT) O custo total pode ser obtido pela soma do Custo Operacional Efetivo (COE) ao custo fixo ou pela soma do Custo Operacional Total (COT) ao custo de oportunidade sobre o capital próprio. Veja a fórmula abaixo: COT COCT No estudo de caso da Fazenda Santa Felicidade, veja os dados para calcular o CT: COT = R$ 130.113,57 CO = R$ 13.919,04 Veja o cálculo: CT = COT + CO CT = R$ 130.113,57 + R$ 13.919,04 = CT = R$ 144.032,61 Custo total proporcional de um produto O custo total de um produto pode ser obtido pela soma do COT desse produto com o custo de oportunidade proporcional à renda gerada por ele em relação à renda bruta da atividade (RA), conforme estudamos no Módulo II. Fazenda Santa Felicidade Assistência Técnica e Gerencial - Pecuária 120 Veja no estudo de caso da Fazenda Santa Felicidade: COTL = R$ 108.336,09 CO = R$ 13.919,04 CT leite = COT do produto + CO CT leite= R$ 108.336,09 + (R$ 13.919,04 x 87,11 %) CT leite = R$ 120.460,97 Atenção: o custo de oportunidade de R$ 13.919,04 é o total referente aos juros de todos os itens que a atividade possui em uso compartilhado por uma ou mais atividades, devendo, por- tanto, serrateado. Assistência Técnica e Gerencial - Pecuária 121 Agora você consegue perceber que não é tão complicado determinar um custo de produção de forma correta? No en- tanto, esse conhecimento exige uma constante visão sistê- mica do processo, sabendo reconhecer o que pertence ou não à atividade, proporcionalizando quando for o caso. Por isso é que dissemos logo no começo: ninguém melhor para definir os custos de produção do que quem trabalha direta- mente na atividade (produtores e técnicos). Pare para pensar Com base no que você estudou até aqui, quais dados você precisa ter para calcular os custos de oportunidade de uma propriedade? Anote sua resposta no campo a seguir: Margem bruta da atividade A margem bruta da atividade (MB) é obtida pela diferença entre a Renda Bruta (RB) e o Custo Operacional Efetivo (COE), conforme a fórmula abaixo: RB COEMB No nosso estudo de caso da Fazenda Santa Felicidade, a renda obtida pelo somató- rio da venda de leite e dos animais, da variação do inventário animal, do leite utilizado para consumo, do aleitamento e da produção de lácteos foi de R$ 170.807,23. O custo operacional efetivo foi de R$ 101.411,90. Assistência Técnica e Gerencial - Pecuária 122 Os dados podem ser observados mais detalhadamente na tabela: Produto Valor Renda do leite R$ 94.757,45 Leite processado na fazenda R$ 47.488,00 Leite utilizado no aleitamento R$ 6.086,90 Leite consumido pela família R$ 474,88 Venda de animais R$ 12.000,00 Variação do inventário animal R$ 10.000,00 TOTAL R$ 170.807,23 A partir da apuração da renda bruta e do COE, podemos calcular a margem bruta: MB = RB - COE MB = R$ 170.807,23 – R$ 101.411,90 MB = R$ 69.395,33 Variações na análise da margem bruta da atividade Fonte: Banco de imagens do Senar A) Margem bruta unitária É a margem bruta por unidade produzida. É calculada pela divisão da margem bruta pela pro- dução. Veja a fórmula abaixo: MB unitária = Margem bruta Produção Na Fazenda Santa Felicidade, veja os dados: Assistência Técnica e Gerencial - Pecuária 123 Produção = 114.545 litros Margem bruta = R$ 69.395,33 MB unitária = R$ 69.395,33 = R$ 0,61 114.545 A margem bruta por unidade produzida na Fazenda Santa Felicidade é de R$ 0,61. B) Margem bruta em equivalentes unidades produzidas Consiste em converter o valor da margem bruta em litros de leite, dividindo a margem bruta pelo preço do leite. Isso permite comparar o resultado de margem bruta entre as propriedades, sem o efeito do preço. Veja a fórmula abaixo: MB equivalente = Margem bruta Preço Veja o resultado no estudo de caso da Fazenda Santa Felicidade: MB equivalente = R$ 69.395,33 = 53.794,83 litros R$ 1,29 No período analisado, a margem bruta da atividade é de R$ 69.395,33, que equivale a 53.794,83 litros de leite. C) Margem bruta por área É a margem bruta dividida pela área utilizada para a produção. Veja a fórmula abaixo: Assistência Técnica e Gerencial - Pecuária 124 MB/área = MB A No estudo de caso da Fazenda Santa Felicidade, seguem os dados: MB/área = R$ 69.395,33 = R$ 3.469,77 20 A margem bruta por hectare utilizado para produção foi de R$ 3.469,77. D) Margem bruta por animal de produção A margem bruta por animal é utilizada no gerenciamento de uma propriedade para dimensio- nar o rebanho necessário para atingir uma meta financeira. Na fazenda de leite, é feita por vaca em lactação (VL). Veja no estudo de caso da Fazenda Santa Felicidade: Vacas em lactação = 20 MB/VL = R$ 69.395,33 = R$ 3.469,77 20 Neste caso, a margem bruta da atividade corresponde a R$ 3.469,77 por vaca em lactação. Margem líquida da atividade Margem Líquida da atividade (ML) é obtida pela diferença entre a Renda Bruta (RB) e o Custo Operacional Total (COT), conforme a fórmula abaixo: RB COTML No estudo de caso da Fazenda Santa Felicidade, temos: RB = R$ 170.807,23 COT = R$ 130.113,57 ML = R$ 170.807,23 - R$ 130.113,57 = R$ 40.693,66 Variações na análise da margem líquida da atividade Veja as variações na análise da margem líquida da atividade: Margem bruta por Animal Esse indicador não tem uma referência padrão, pois depende muito do sistema de produção em que a vaca está inserida. Por exemplo, uma vaca de alta produção inserida em um sistema intensivo de larga escala e alta tecnificação, tende a ge- rar uma maior margem bruta por animal, porém, vacas de produção de intermediária a baixa, em sistemas intensivos de pastagem ou com forrageiras que possuam alta lotação animal, po- dem gerar uma margem bruta por animal inferior ao primeiro caso, porém, em sistemas altamente viáveis, devido à alta lotação animal. Assistência Técnica e Gerencial - Pecuária 125 Margem líquida unitária Margem líquida equivalente É a margem líquida por unidade produzida. É calculada pela divisão da margem líquida pela produção. Veja a fórmula abaixo: Margem líquida Produção MB unitária Na Fazenda Santa Felicidade, veja os dados: Produção = 114.545 litros Margem líquida = R$ 40.693,66 ML unitária = R$ 40.693,66 20 ML unitária = R$ 0,36 Consiste em converter o valor da mar- gem líquida em litros de leite, dividindo a margem líquida pelo preço do leite. Isso permite comparar o resultado de margem líquida entre as propriedades, sem o efeito do preço. Veja a fórmula abaixo: Margem líquida Preço MB equivalente Veja o resultado no estudo de caso da Fazenda Santa Felicidade: ML equivalente = R$ 40.693,66 R$ 1,29 ML equivalente= 31.545 litros Nesse tópico você pôde ver como aplicar todos os conceitos aprendidos, tanto no tema 1 quanto no tema 2. Falta muito pouco para concluir esse tema. Nos vemos no próximo tema. Sucesso! Assistência Técnica e Gerencial - Pecuária 126 Nesse tema você pôde conhecer os conceitos e aplicações dos principais custos de produção por meio da Metodologia de Assistência Técnica e Gerencial tanto os fixos quanto os variáveis, além de avaliar o resultado econômico da propriedade por meio das margens bruta e líquida. Os dados de produção, custos, além das receitas, quando devidamente processa- dos, tornam-se valiosas informações para a administração, possibilitando a avaliação econômica do negócio e o planejamento da empresa. Pudemos elaborar unidades de medida de custos mais claras para o produtor, onde os números foram “traduzidos” em produtos. Assim, aprendemos também sobre a “visualização” de quanto esforço físico e financeiro está sendo direcionado apenas para pagar custos, e não para gerar lucro. Que tal relembrar os conceitos desse tema? Aperte o play e assista ao vídeo. Ah, e não esqueça de fazer as atividades de passagem! Vídeos No início deste Módulo, vimos que um dos questionamentos do Sr. Ariovaldo era sobre o cálculo dos custos de produção, pois são mui- tos fatores a se considerar (e a calcular). Agora, passa a analisar as relações entre a renda e os custos, obtendo indicadores como a mar- gem bruta e a líquida. Tendo em vista que você concluiu os estudos do segundo tema, vamos relembrar o que são estes custos e como calculá-los? Veja mais no vídeo que preparamos pra você, em seu ambiente de estudos! Agora que finalizamos o estudo dos custos de produção e iniciamos a análise de alguns indicadores financeiros, está na hora de nos aprofundarmos em ou- tros indicadores, pois são eles que nos proporcionam ferramentas para a ges- tão mais eficiente da empresa rural. Parabéns! Siga em frente! Encerramento do tema Cálculo de custo de produção II Assistência Técnica e Gerencial - Pecuária 127 Atividade de passagem Chegamos ao final do primeiro tema. A seguir, você responderá a uma questão rela- cionada ao conteúdo estudado até aqui. Preparado? Se você estiver com alguma dúvida quanto ao assunto, retorne ao conteúdo do mó- dulo ou, se preferir, entre em contato com o tutor. Questão A partir do que estudamos no Tema 2, analise a resolução do problema abaixo, onde são identificados o Custo Fixo Médio (CFM) e o Custo Total (CT) da atividade: • 01 tratornovo financiado, com valor de R$ 150.000,00 e 15 anos de vida útil. Pagamento em 8 parcelas, anuais. Juros e taxas à instituição financeira iguais a R$ 45.000,00. • 01 carretinha de arrasto com valor de novo igual a R$ 14.000,00 e 10 anos de vida útil. Atualmente, está com 11 anos de uso e valor de sucata igual a R$ 5.000,00. • Rebanho estabilizado no valor de R$ 223.500,00. • 01 mão de obra familiar no valor de R$ 1.034,00 ao mês, com um dia de fol ga na semana. • Construções (casa e curral) erguidas na mesma época, 11 anos atrás, e dentro da vida útil de 40 anos, totalizando R$ 230.000,00. • Produção leiteira: 260L/dia, com preço médio de R$ 1,00/L. • COE total: R$ 37.230,00. Atenção! Você terá três tentativas para realizar a atividade. Assistência Técnica e Gerencial - Pecuária 128 Assistência Técnica e Gerencial - Pecuária 129 A partir dos dados apresentados, analise as afirmativas abaixo e as classifique em verdadeiro (V) ou falso (F): ( ) A mão de obra familiar, por ter um dia de folga na semana, deveria ter sido reduzida. ( ) O custo de bens financiados será integralmente apropriado ao custo de produção no momento da disponibilização para uso, sem considerar o tipo ou os valores de parcelamento. ( ) Os custos com juros de financiamento deverão ser adicionados ao bem, pois, se não houvesse necessidade do bem para produção, não haveria o financiamento. ( ) Itens que chegaram ao final de sua vida útil não precisarão mais reservar valores relativos à sua depreciação, porém, continuarão a contabilizar cus- to de oportunidade. ( ) O custo de oportunidade sobre o capital empatado em rebanho é o mais representativo dos custos fixos por ser calculado sobre o valor integral, porém, é um item indispensável à produção. 1. F, V, F, V, V. 2. V, V, F, V, V. 3. F, F, V, V, V. 4. F, F, V, V, F. 5. V, F, V, F, F. 130Assistência Técnica e Gerencial - Pecuária Tema 3 Cálculo de Indicadores Fonte: Banco de imagens do SENAR Os cálculos dos custos e da renda são necessários para a análise da rentabilidade, que consiste em apurar a margem bruta, a margem líquida e o lucro. Esses dados, puros e simples, poucos ajudam o empresário rural. Para uma tomada de decisão assertiva, é necessária a interpretação de cada um deles. Objetivos Ao final deste tema, espera-se que você saiba calcular e interpretar os resultados inerentes ao lucro, verificando a capacidade de um negócio se manter no longo prazo. Na sequência, aprenderá sobre a equiva- lência de produção, assim como o ponto de cobertura total. Por fim, entenderá como calcular a taxa de retorno sobre o capital investido, indicador importante para o empresário definir a atratividade do negó- cio e comparar com as opções que ele tem no mercado. Assistência Técnica e Gerencial - Pecuária 131 Para atingir o objetivo, este tema está estruturado em 5 tópicos: Tópico 1: Lucro Nesse tópico você verá como calcular, interpretar os resultados e tomar decisões com o lucro. Ele possibi- lita a análise de atratividade do negócio, pois leva em conta o custo de oportunidade do capital empatado no empreendimento. Tópico 2: Ponto de cobertura (PCOE – PCOT) Nesse tópico você aprenderá a apurar os indicadores PCOE e PCOT em unidades produzidas. Tópico 3: Ponto de cobertura total Nesse tópico você compreenderá como apurar um dos indicadores mais importantes para saber quanto do que foi produzido foi comprometido para o pagamento do custo total. Tópico 4: Taxa de retorno do capital Nesse tópico você estudará a taxa de retorno do capi- tal, verá como calcular essa taxa e seus componentes levando em conta o estoque de capital com e sem a terra. Esse indicador é muito importante para o em- presário rural comparar os resultados do seu negócio dentro da cadeia em que atua e com outras ativida- des do mercado. Tópico 5: Aplicando os conceitos Nesse tópico, que encerra o tema, utilizaremos o estu- do de caso da Fazenda Santa Felicidade para aplicar os conceitos obtidos neste tema. Preparado? Vamos em frente, bons estudos! Assistência Técnica e Gerencial - Pecuária 132 Tópico 1: Lucro O lucro (L) é um indicador de atratividade do negócio. No meio rural ele é pouco uti- lizado, pois muitas vezes os produtores tomam suas decisões de investimento com base no lado técnico. Isso ocorre por falha técnica, por impulso de vendedores ou simplesmente pela facilidade de acesso ao crédito subsidiado. Fonte: Banco de imagens do SENAR Objetivos Nesse tópico você verá como calcular, interpretar os resultados e to- mar decisões com o lucro. O lucro é obtido pela diferença entre a Renda Bruta (RB) e o Custo Total (CT), confor- me a fórmula abaixo: Assistência Técnica e Gerencial - Pecuária 133 Pare para pensar O Técnico de Campo e/ou empresário rural, quando inicia um traba- lho de viabilização da propriedade, começa seu desafio aplicando na atividade a margem bruta positiva. A partir disso, ele busca atingir também a margem líquida positiva, trabalhando a produtividade e o aumento da produção para chegar ao lucro naquele negócio. Na sua opinião, é realmente necessário seguir esse passo a passo ou alguma etapa poderia ser diferente? Escreva aqui. Se sua resposta anterior foi sim, você está certíssimo! Esse entendimento escalona- do é fundamental, especialmente para que o desafio de viabilidade de uma proprie- dade seja suportado pelo empresário rural. Análise do lucro Lucro menor que zero Lucro menor que zero significa que o negócio não é atrativo economicamen- te. Também mostra que se o empresá- rio, em vez de aplicar o capital que em- pregou nessa atividade, investisse numa poupança ou em aplicações al- ternativas, obteria um retorno sobre o capital empatado maior do que o valor do lucro do negócio. Vale destacar que, se uma propriedade tem lucro negativo, não significa que ela não seja atrativa, mas sim que a for- ma com que o negócio foi dimensiona- do não está atendendo às expectativas para geração de lucro. Assistência Técnica e Gerencial - Pecuária 134 Pare para pensar Uma propriedade produtora de leite apresenta lucro negativo. Isso não significa que a atividade de produção de leite não seja lucrativa. Como mudar esse cenário? O que você sugeriria para o proprietário da fazenda? Lucro igual a zero Na economia, o lucro zero também é chamado de lucro normal. Muitos ana- listas do meio agropecuário, apesar de tratarem o negócio que obteve lucro zero como pouco atrativo, acreditam que pode ser feita uma análise mais profunda para verificar se o produtor deve abandonar ou não a atividade. Muitas vezes, o produtor consegue em- pregar sua família e aumentar o capital empatado, remunerando, em média, o capital inicialmente investido a 6% ao ano. Ou seja, ele consegue se manter estável e, em alguns casos, em cresci- mento, mesmo com lucro zero. Assistência Técnica e Gerencial - Pecuária 135 Na prática Dentro da atividade, um produtor com lucro igual a zero conseguiu promover uma grande variação patrimonial que, fora da atividade, tal- vez não conseguiria. Automaticamente, a mesma taxa de 6% de remu- neração média, quando submetida a um capital maior, resultará em maior retorno ao empresário. Fonte: Shutterstock Isso acontece porque a atividade consegue retornar os investimentos realizados, muitos deles feitos por meio de crédito subsidiado. Há também o fator de produção, com itens como tratores, implementos, ordenha mecânica etc., que ao entrarem no sistema passam a contribuir para a geração de renda, ainda que não tenham sido pagos. Com isso, surge uma oportunidade que o produtor não teria, caso o capital estivesse na poupança, por exemplo. Atuando nesse negócio, o produtor pode planejar seu sistema de produção para um maior retorno, porém também está submetido a riscos. Cabe ao produtor, com apoio do técnico, definir os melhores caminhos para obter lucro. Assistência Técnica e Gerencial - Pecuária 136 Lucro maior que zero L>0Um resultado de lucro maior que zero também é chamado de lucro supranor- mal. Isso significa que o negócio ava- liado remunera todos os custos e ainda sobra dinheiro ao empresário para reti- rada, ou aplicação, no próprio negócio ou em outros investimentos. No meio agropecuário, buscar o lu- cro maior que zero é o refinamento da gestão. Isso ocorre quando o produ- tor atinge a maturidade gerencial e se torna um empresário rural. Enquanto o objetivo for puramente produzir, ra- ramente o produtor conseguirá essa margem de lucro. Quando o produtor atinge maturidade empresarial, o lucro passa a ser uma constante. Isso se dá quando ele, com sua gestão, consegue dimensionar os investimentos, especialmente os que se referem ao capital próprio, de forma mais coesa. Ele também passa a visar redução dos custos e aumento da ren- da, ou aumento no custo total que seja justificado pelo aumento da renda su- perior ao impacto no custo. Variações do lucro A) Lucro unitário É o lucro por unidade produzida. É calculado pela divisão do lucro pela produção. Veja a fórmula abaixo: Assistência Técnica e Gerencial - Pecuária 137 Tal indicador pode ser utilizado para verificar se o negócio avaliado tem capacidade para suportar variações no preço de venda sem que tome prejuízo. Essa análise pode ser feita em qualquer cultura. Veja os exemplos abaixo: Pecuária: ● Lucro/kg de carne ● Lucro/litro de leite ● Lucro/dúzia de ovos ● Lucro/kg mel Agricultura: ● Lucro/saca (café, milho e soja) ● Lucro/tonelada (cana, silagem) ● Lucro/arroba de fumo ● Lucro/caixa (hortaliças e frutas) B) Lucro em equivalentes unidades produzidas Consiste em converter o valor do lucro pelo preço médio da unidade produzida. Isso permite comparar o resultado do lucro entre as propriedades, sem o efeito do preço. Veja a fórmula abaixo: sem o efeito do preço Logicamente, o preço recebido vai interferir no resultado desse in- dicador. De acordo com a fórmula, se o mesmo valor for apurado como lucro em duas proprie- dades e elas receberam preços diferentes pelo produto, o lucro equiva- lente será diferente. Assistência Técnica e Gerencial - Pecuária 138 O lucro equivalente a unidades produzidas é utilizado para comparação entre pro- priedades diferentes do mesmo negócio, podendo ser usado para comparar períodos diferentes. Veja um exemplo: Uma propriedade A, produtora de suínos, obteve lucro de R$ 100.000,00 no ano, comercializando a carne por R$ 4,00/kg. Uma propriedade B, corrigida para o mesmo número de matrizes, obteve lucro de R$ 110.000,00 e comercializou a carne a R$ 4,50/kg. Economicamente, a pro- priedade B foi a mais eficiente. Qual das propriedades acima obteve maior lucro equivalente a quilos de carne? Va- mos calcular! Assistência Técnica e Gerencial - Pecuária 139 Conclui-se que a propriedade A, ainda que com um resultado econômico me- nor, foi mais eficiente tecnicamente que a propriedade B. Assim, podemos di- zer que a propriedade A precisa melhorar a qualidade de seu produto ou as formas de comercialização para conseguir mais lucros. Ainda pensando no exemplo apresentado, o gestor da propriedade B, ao ver o re- sultado da propriedade A, deve analisar as potencialidades de aumentar a produti- vidade do seu sistema, desde que isso não comprometa a qualidade do produto e, consequentemente, os preços de venda. A propriedade B, ao fazer uma análise histórica, identificou que já conseguiu, em ou- tros períodos, maior lucro equivalente a quilos de carne. Dessa forma, ela validou que pode melhorar sua produtividade. Chegamos ao final desse tópico! Assistência Técnica e Gerencial - Pecuária 140 Tópico 2: Ponto de cobertura PCOE - Ponto de cobertura operacional efetivo e PCOT - Pon- to de cobertura operacional total Esta forma de analisar o custo consiste em converter custos em unidades produ- zidas. Assim, o empresário e a assistência técnica conseguem definir a parcela da produção necessária para cobrir os custos de uma propriedade. Um jeito bem fácil de calcular o custo equivalente é dividindo o custo que se deseja analisar pelo preço de comercialização do produto, para verificar sua conversão. Fonte: Banco de imagens do SENAR Objetivos Neste tópico você aprenderá mais sobre o cálculo do ponto de cober- tura, que ajudará a comparar os resultados de uma propriedade em diferentes períodos. Dessa forma, é possível pensar em estratégias de gerenciamento e gestão mais assertivas, visando o crescimento e o lucro da propriedade. A conversão do custo em unidades produzidas também permite ao gestor comparar seus resultados em diferentes períodos. Essa análise ajuda a avaliar o negócio numa série histórica, guiando tomadas de decisão. Assistência Técnica e Gerencial - Pecuária 141 Veja um exemplo: Foi realizada uma análise comparativa do Custo Operacional Efetivo (COE) por meio do custo equivalente a unidades produzidas da Fazenda Esperança, pro- dutora de leite, num período de 2 anos. Observe os resultados: A propriedade gastou 100 litros de leite por dia para pagar o COE. A propriedade gastou 120 litros de leite por dia para pagar o COE. Isso significa que, no segundo ano, foi comprometida uma maior parte da produção para pagar o COE. Podemos dizer, então, que no ano 2 a propriedade foi menos eficiente? Não! É necessário que o empresário, antes de concluir, associe a análise com a renda gerada por essa variação de custo. Veja, por exemplo, as hipóteses que podem justi- ficar essa variação: Assistência Técnica e Gerencial - Pecuária 142 Ponto de cobertura operacional efetivo O resultado do PCOE representa o volume da produção necessária para pagar o COE. Podemos calculá-lo pela fórmula: Ponto de cobertura operacional efetivo = COE Preço médio O resultado do PCOE é obtido em unidades produzidas, dependendo da unidade que é comercializada o produto, por exemplo: • litros de leite por dia; • arrobas por ano; • quilos de carne por ano; • toneladas por ano; • sacas por ano. Veja um exemplo na atividade leiteira: Assistência Técnica e Gerencial - Pecuária 143 Fazenda Cambirela A Fazenda Cambirela, produtora de leite, produz por dia 500 litros. Essa propriedade comerciali- za o leite em média a R$ 1,20 o litro. Se foram gastos R$ 120.000,00 no ano em COE, qual seria o PCOE dessa propriedade? Ponto de cobertura operacional efetivo = COE Preço médio PCOE = R$ 120.000,00 = 100.000 litros/ano R$ 1,20 No caso específico do leite, cuja produção é diária, para que o número fique mais claro para o produtor, dividimos o valor do PCOE anual por 365 dias. PCOE = 100.000 litros ÷ 365 dias = 273,97 litros/dia Isso significa que, dos 500 litros de leite produzidos, essa propriedade compromete 273,97 litros para pagar o COE. Esse custo é muito analisado pelos produtores, mesmo de forma empírica, sem con- siderar alguns pagamentos, como impostos e taxas, entre outros. Muitas vezes, o produtor contabiliza apenas as despesas diretamente ligadas à produção. No entan- to, a interpretação correta desse indicador é o ponto de cobertura operacional efetivo. Assistência Técnica e Gerencial - Pecuária 144 Na prática Uma propriedade produtora de gado de corte teve as seguintes des- pesas no seu COE: Item Valor (R$) Mão de obra para manejo do rebanho 43.200,00 Manutenção de pastagens 120.000,00 Silagem 45.000,00 Concentrado 53.000,00 Minerais 35.200,00 Medicamentos 6.500,00 Energia e combustível 10.300,00 Inseminação artificial 3.000,00 Impostos, taxas e serviços 6.200,00 Reparos de benfeitorias 3.450,00 Reparos de máquinas 3.500,00 Outros gastos de custeio 9.580,00 COE TOTAL 338.930,00 Nesse período, a comercialização por arroba de boi estava avaliada em R$ 148,72. Vamos calcular seu ponto de cobertura operacional efetivo em arrobas? Ponto de cobertura operacional efetivo = COE Preço médio PCOE = R$ 338.930,00 R$ 148,72 Ponto de cobertura operacional efetivo equivalente a arrobas = 2.278,98 arrobas. Portanto, paracobrir o COE, essa propriedade precisa ter comerciali- zado pelo menos 2.278,98 arrobas a um preço médio de R$ 148,72. Análise do ponto de cobertura operacional efetivo Ponto de cobertura operacional efetivo maior que a produção Quando o PCOE supera a produção, vemos que a empresa rural precisa rever a efici- ência na utilização dos itens do COE. Assistência Técnica e Gerencial - Pecuária 145 Na prática Quando o PCOE supera a produção obtida, temos problemas geren- ciais graves, pois o empresário precisará buscar recursos próprios ou de terceiros para manter o sistema funcionando. Popularmente, dize- mos que o dinheiro da produção não deu para pagar as contas. Isso pode ocorrer por diversos motivos. Vejamos os mais comuns: • mão de obra contratada operando em sistemas de baixa es- cala de produção e participando excessivamente do custo; • catástrofes naturais que limitam a produção; • erros graves de técnica de produção que comprometem a produtividade (por exemplo, dieta mal balanceada); • problemas sanitários que podem causar alta mortalidade. Ponto de cobertura operacional efetivo menor que a produção Com um PCOE menor que a produção, podemos dizer que, pelo menos em curto prazo, a propriedade se mantém. Isso porque, ao vender sua produção, ela consegue pagar todas as despesas de custeio e ainda sobra dinheiro. Na prática Se um produtor de gado de corte produziu 1.000 arrobas no ano e seu PCOE equivalente foi de 400 arrobas, significa que ele será capaz de pagar todas as despesas e ainda sobrarão 600 arrobas. Esse produtor pode comparar, também, quantas arrobas gastou para produzir as mesmas 1.000 arrobas no ano anterior. Se ele gastou 500 arrobas no ano anterior e apenas 400 neste ano, é possível concluir que, economicamente, ele foi mais eficiente. Como isso se justifica? Por uma melhoria na eficiência técnica ou por variações no mercado. O produtor que pretende obter o máximo da produção deve trabalhar o manejo e as tecnologias de forma a comprometer o mínimo possível da produção para pagar o COE. Assistência Técnica e Gerencial - Pecuária 146 Ponto de cobertura operacional total O ponto de cobertura operacional total (PCOT) é o resultado da divisão do COT pelo preço médio de venda de um produto. O resultado expressa o COT convertido em unidades produzidas, ou seja, quantas unidades foram produzidas para pagar o COT. Análise do ponto de cobertura operacional total Ponto de cobertura operacional total maior que a produção Esse indicador significa que a produção obtida pelo sistema não foi capaz de pagar o COE, mão de obra familiar e depreciações. Nesse cenário, o produtor deve fazer algumas verificações: Verificar se o COE da propriedade é coerente com a produção. É interessante revisar os conceitos de PCOE. Checar se a estrutura da propriedade é compatível com a escala de produção. Os produtores rurais, muitas vezes impulsionados pelo fácil acesso ao crédito, ou mesmo pelo dinheiro em caixa, superdi- mensionam seus sistemas de produção, comprando máquinas e construindo benfeitorias. Dessa forma, para ajustar esse indica- dor é necessário reduzir bens ociosos ou aumentar a escala de produção. Assistência Técnica e Gerencial - Pecuária 147 Checar se o fluxo de produção no qual a mão de obra familiar está inserida pode ser melhorado. Se o fluxo for adaptado, o recurso humano passaria a produzir mais, diluindo esse custo. Análise do ponto de cobertura operacional total Ponto de cobertura operacional total menor que a produção Na situação em que a produção supera o PCOT, dizemos que esse negócio é susten- tável no médio e no longo prazo, pois além de cobrir o COT, sobram recursos para novos investimentos e para compor o lucro do empresário. Assistência Técnica e Gerencial - Pecuária 148 Na prática Vamos relembrar a propriedade de gado de corte que conhecemos no estudo do COE equivalente a unidades produzidas. Veja seus dados: • COE = R$ 338.930,00. • Total de depreciações anuais = R$ 30.000,00. • Nessa propriedade o pai e o filho trabalham, com a somatória de suas atividades anuais avaliadas em R$ 36.000,00. • O preço da arroba comercializada no período foi de R$ 148,72. Vamos calcular? COT = COE + DEPRECIAÇÃO ANUAL + MÃO DE OBRA FAMILIAR COT = R$ 338.930,00 + R$ 30.000,00 + R$ 36.000,00 = R$ 404.930,00 PCOT = COT Preço médio PCOT = R$ 404.930,00 R$ 148,72 PCOT = 2.722,77 arrobas Isso significa que essa empresa comprometeu 2.722,77 arrobas de sua produção para pagar o COT. Agora você está entendendo ainda mais sobre os custos, mas ainda temos muito a mostrar. Até o próximo tópico! Assistência Técnica e Gerencial - Pecuária 149 Tópico 3: Ponto de cobertura total Esse é um indicador muito importante! O PCT é obtido ao se converter o custo total em unidades produzidas, ou seja, quanto da produção a empresa comprometeu para pagar o custo total. Fonte: Banco de imagens do SENAR Objetivos Você aprenderá como calcular o ponto de cobertura total e sua impor- tância para a gestão da propriedade rural. Para calcular o PCT é muito simples: basta dividir o custo total pelo preço: Bem fácil, não é mesmo? Sabemos que você quer muito aprender ainda mais e apli- car seu conhecimento, então vamos em frente! Assistência Técnica e Gerencial - Pecuária 150 Análise do ponto de cobertura total Ponto de cobertura total maior que produção Quando o resultado do cálculo do ponto de cobertura total é maior que a produção, vemos que a produção não foi suficiente para pagar o custo total. Isso se dá em algumas situações, como: Catástrofes naturais que comprometeram a produção Dessa forma, o produtor tem o custo integral e apenas parte da produção. Má aplicação da técnica de produção Muitas vezes, o produtor reduz a utilização de recursos que in- fluenciam nos custos de produção. Outras situações podem levar o produtor a não atingir o ponto de cobertura total, espe- cialmente a falta de gestão e a ineficiência no uso dos recursos. Pare para pensar Uma propriedade produtora de leite apresenta lucro negativo. Isso não significa que a atividade de produção de leite não seja lucrativa. Como mudar esse cenário? O que você sugeriria para o proprietário da fazenda? A curto prazo, atitudes como essa produzem redução das despesas e um ajuste de fluxo de caixa momentâneo, porém esse tipo de comportamento pode promover uma redução da produção, que acaba inviabilizando o negócio. Assistência Técnica e Gerencial - Pecuária 151 Assim, para que o produtor eleve a pro- dução novamente, terá que reinserir na atividade aqueles insumos que retirou, o que causará uma mudança no custo utilizado para obter o PCT. Isso explica porque o PCT não é o indica- dor da produção que representa o lucro, mas se trata da parcela da produção uti- lizada para cobrir o custo total. Sistema de produção com baixa escala de produção Muitos sistemas de produção têm alto custo fixo, porém operam em baixa escala de produção. O curioso é que, nesses casos, quando calculado o PCT, vemos que o resultado apresentado é de alto valor, mesmo com um alto custo fixo e operação em baixa escala. Fonte: Banco de imagens do SENAR Fonte: Shutterstock Assistência Técnica e Gerencial - Pecuária 152 O que fazer nesse caso? Para aumentar a produção, seria necessário um aumento em toda a parcela variável do COE, o que resultaria num CT maior do que o que foi usado para o cálculo do PCT. Mais uma vez, vemos que não se pode dizer que o PCT indica se a produção terá lucro, mas sim qual a parcela da produção que seria necessária para cobrir o custo total obtido pelo produtor. Tome nota O produtor precisa analisar em qual cenário ele se enquadra, tomando as decisões administrativas mais assertivas para que não continue produzindo sem lucro. Especialmente nos casos de produção animal, em rebanhos de ciclo completo, ao se aumentar o rebanho haverá um aumento no estoque de capital, sem existir aumentonas depreciações, uma vez que animais nesses sistemas de criação não depreciam. Logo, isso causaria um aumento no custo de oportunidade do capital empatado. Esse aumento pode ser justificado pelo crescimento da produção. Ponto de cobertura total menor que a produção Nesse caso, a interpretação é bem simples. O PCT representa a parcela da produção comprometida para pagar o custo total. A análise do PCT se fundamenta em compre- ender se o produtor está alcançando o nível mínimo de produção para pagar todos os custos; caso não esteja, devemos procurar saber o que se pode fazer para que ele alcance tal patamar de produção. Esse indicador se torna mais visível quando o produtor usa o valor para comparar seus resultados com outros produtores que recebem preços diferentes, podendo di- zer quem foi mais eficiente em unidades produzidas. Outra forma de usar esse indi- cador é comparando os resultados da própria empresa rural em períodos diferentes. Assistência Técnica e Gerencial - Pecuária 153 Fazenda Morada dos Ipês Vamos conhecer a Fazenda Morada dos Ipês, produtora de gado para corte. Ela pertence ao Sr. Antonio, que vem contando com a ajuda da Renata, Técnica de Campo. A propriedade conta com um número expressivo de animais e Renata tem aplicado vários co- nhecimentos da metodologia ATeG para ajudar a propriedade a crescer. Vamos acompanhar o cálculo do PCT nessa fazenda? Primeiro, veja os dados: • COT = R$ 404.930,00. • Preço médio da arroba = R$ 148,72. • Estoque de capital em animais de R$ 1.000.000,00. • Estoque de capital em forrageiras não anuais, benfeitorias, máquinas e equipamentos de R$ 350.000,00. Assim, temos: Remuneração do capital = (1.000.000 x 6%) + (350.000/2 x 6%) Remuneração do capital = R$ 70.500,00 CT = R$ 404.930,00 + R$ 70.500,00 = R$ 475.430,00 PCT = CT/preço médio Assistência Técnica e Gerencial - Pecuária 154 PCOT = R$ 475.430,00 R$ 148,72 PCT = 3.196,81 arrobas Veja que os cálculos aprendidos até aqui apresentam suas particularidades, mas são simples e fáceis de memorizar. Lembre-se da importância e da forma correta de aplicar cada um deles. Ainda temos muito o que mostrar. Até o próximo tópico! Assistência Técnica e Gerencial - Pecuária 155 Tópico 4: Taxa de retorno de capital Como já vimos, temos uma série de fatores a considerar no momento de realizar os cálculos de indicadores. Um deles é a taxa de retorno sobre o capital empatado, conhecida como TRC. Fonte: Banco de imagens do SENAR Objetivos Neste tópico vamos apresentar a taxa de retorno sobre o capital em- patado (TRC), calculando novamente a margem líquida e consideran- do os tipos de estoques e demais fatores que contribuem para o cál- culo correto desse indicador. A taxa de retorno sobre o capital empatado (TRC) corresponde, em termos percen- tuais, à capacidade da atividade de remunerar o capital médio que foi aplicado na produção. Ela é calculada considerando o estoque de capital com e sem a terra. O Técnico de Campo deverá realizar ambas as análises, com e sem terra, para que o efeito do “valor da terra” seja posto à parte, conseguindo avaliar apenas a atividade em si. Isso é importante especialmente quando o empresário rural não cogita a hipó- tese de vender a terra, o que é muito comum nesse meio. Assistência Técnica e Gerencial - Pecuária 156 A taxa de retorno do capital é calculada com a fórmula abaixo: Margem líquida A margem líquida é o resultado da dife- rença entre a renda bruta e o custo operacional total, ou seja, o que sobra da renda bruta quando abatido o COE, depreciações e custo da mão de obra familiar. Esses custos são inerentes à operação e são reais. Por mais que a depreciação e a mão de obra familiar não resultem em desembolso sistemático, elas são custos do sistema que não retornam ao empresário. Tome nota Com relação à mão de obra familiar, por mais que o desembolso não seja sistemático, o trabalho por ela realizado precisa ser valorizado e custeado pelo sistema de produção. A depreciação ocorre ao longo do tempo e, mais cedo ou mais tarde, haverá neces- sidade de substituição do bem e o consequente desembolso, ou seja, a estrutura do negócio, se não monetizada, não é uma riqueza, e sim um custo. Assistência Técnica e Gerencial - Pecuária 157 Uma propriedade de bovinocultura de leite necessita de uma ordenhadeira mecânica no valor de R$ 30.000,00, com vida útil de 15 anos. Durante o tempo de utilização do equipamento o sistema terá apenas gastos com manutenções, porém, ao final da vida útil, precisará dos R$ 30.000,00 para adquirir uma nova ordenhadeira. Podemos concluir, considerando a depreciação linear, que essa propriedade terá um custo de depreciação da ordenhadeira mecânica de R$ 2.000,00/ano. Não se usa o lucro para calcular a taxa de retorno, porque dele são contabilizados os custos de oportunidade sobre o capital empatado e esse custo não se incorpora ao produto, sendo apenas analítico. Assim, esse valor também retorna ao empresário. O objetivo principal, ao se calcular a taxa de retorno, é justamente identificar se o negócio avaliado possui retorno superior a 6%, que constitui a taxa média de remune- ração do capital, balizada na poupança. Assistência Técnica e Gerencial - Pecuária 158 Estoque de capital médio em benfeitorias, forra- geiras, máquinas e equipamentos (ECM) O estoque de capital médio consiste em calcular a média do capital empatado, considerando um determinado bem ao longo de sua vida útil. Como na meto- dologia da ATeG considera-se valor de sucata igual a zero, um bem emprega- do na atividade passará toda a sua vida útil nela. Dessa forma, o bem irá de 100% a 0% do capital nele empatado dentro da ati- vidade. Em média, ao longo da vida útil o bem tem 50% do capital investido na atividade. Logo, para máquinas, forrageiras não anuais, equipamentos e benfeito- rias, o capital médio é calculado usando a fórmula abaixo: Estoque de capital em animais (ECA) O estoque de capital em animais é tam- bém chamado de inventário animal, ou seja, é o valor do rebanho. Vale desta- car que, para fazer esse levantamento, deve-se definir um valor médio do ani- mal para cada categoria (e não o valor do melhor animal). Em outras palavras, se esse rebanho fosse vendido, quanto ele valeria no mercado atual? Assistência Técnica e Gerencial - Pecuária 159 Estoque de capital em terra (ECT) O estoque de capital em terra é o valor da terra nua no mercado em que a proprieda- de está inserida, multiplicado pela área da propriedade. Estoque de capital em terra = Valor da terra nua (R$) x Área (ha) Vale destacar que, se na propriedade houver mais de uma atividade, devemos ratear as áreas de construções, estradas, reservas e outras áreas improdutivas. Esse rateio pode ser feito em proporção à área útil utilizada em cada atividade. Na prática Uma propriedade de 100 hectares produz café e leite. Do espaço total, temos 30 ha destinados a reservas e áreas construídas e 70 ha úteis, sendo 28 para leite e 42 para café. Participação do leite na área útil = 28/70 = 40%. O café, por sua vez, participa com 42/70 = 60%. Logo: Área de reservas e construções destinadas ao leite = 30 ha x 40% = 12 ha. Área de reservas e construções destinadas ao café = 30 ha x 60% = 18 ha. Se o valor da terra nua na região for de R$ 10.000,00/ha, o estoque de capital em terra destinado para cada atividade será: ECT para o leite = (28 ha + 12 ha) x R$ 10.000,00 = R$ 400.000,00. ECT para o café = (42 ha + 18 ha) x R$ 10.000,00 = R$ 600.000,00. Simples de calcular! Taxa de retorno do capital sem a terra (TRCST) A taxa de retorno do capital sem a terra é utilizada para comparar diferentes sistemas de produção. Trata-se de um importante indicador para que o empresário rural, deten- tor da terra, possa definir qual atividade explorar. terra nua Consideramos o valor da terra nua, pois as benfei- torias já estão contabi- lizadas no inventário de recursos. Assistência Técnica e Gerencial- Pecuária 160 Uma questão importante é que a maio- ria dos proprietários de terra não estão dispostos a vendê-la, portanto, é im- portante saber o que dá maior retorno sobre a terra para a tomada de decisão. Além disso, esse indicador é utilizado também para casos de arrendatários. A taxa de retorno do capital sem terra é calculada segundo a fórmula abaixo: TRCST = Margem líquida x 100 ECST Onde: TRCST = Taxa de retorno do capital sem terra. ECST = Estoque de capital sem terra, que corresponde à soma do estoque de ca- pital médio de máquinas, benfeitorias e forrageiras não anuais com o estoque de capital em animais. Vamos entender melhor esse cálculo, aplicado num exemplo prático: Na prática Numa fazenda de gado de corte, foi calculada a taxa de retorno do capital sem a terra: Estoque de capital médio em máquinas, equipamentos, benfeitorias e forrageiras não anuais = R$ 350.000,00. Estoque de capital em animais = 400.000,00. Margem líquida = R$ 80.220,00. TRCST = Margem líquida x 100 ECST TRCST = R$ 80.220,00 x 100 = 10,69% R$ 750.000 Fonte: Shutterstock Assistência Técnica e Gerencial - Pecuária 161 Taxa de retorno do capital com terra (TRCCT) A taxa de retorno do capital com a terra permite ao empresário analisar a capacidade que o sistema de produção integrado à terra tem de remunerar o capital. Seu cálculo é feito através da seguinte fórmula: TRCCT = Margem líquida x 100 ECCT Onde: TRCCT = Taxa de retorno do capital com terra. ECCT = Estoque de capital com terra, que é a soma do estoque de capital sem terra com o estoque de capital em terra. Interpretação da TRCCT Veja o que os valores encontrados nesse indicador podem apontar: Fonte: Banco de imagens do SENAR Para definir se a taxa de retorno do capital é atrativa, cada gestor precisa adotar sua re- ferência. A mais comum é a poupança e outros investimentos de renda fixa assegurada, porém cada empresário pode adotar uma taxa mínima de atratividade de acordo com as oportunidades que ele tem para o capital. Assistência Técnica e Gerencial - Pecuária 162 Vale destacar que a metodologia não calcula a variação do patrimônio em terra, pois con- sidera a decisão de ter a terra como outra atividade. A especulação imobiliária, ou seja, a decisão de ter a terra contando com uma valorização desse patrimônio, aceita uma menor taxa de retorno, pois o risco dessa decisão é menor, quando comparado a montar um sis- tema de produção em qualquer cadeia. Taxa de retorno do capital inferior a 6%: considera-se que esse negócio não é atrativo. O empresário deve revisar o sistema, avaliando se há ganho imobiliário da propriedade ou se é possível maior intensificação do sistema de produção, visando maior margem líquida. Em algumas atividades, como a bovinocultura de corte trabalhada extensivamente, o estoque de capital em benfeitorias, máquinas e equipamentos é muito baixo. Isso pode causar uma alta TRCST. Esse tipo de sistema demanda grandes extensões de terra, pois opera normalmente em baixa lotação animal. Dependendo do valor da terra na região, isso resulta em baixas taxas de retorno do capital investido. Dessa forma, podemos afirmar que, em regiões de terra de alto valor, para via- bilizar e manter a terra é necessário ter uma produção intensiva em qualquer atividade agropecuária. Na prática Considerando, ainda, uma propriedade produtora de gado para corte com as informações abaixo, veja o cálculo da TRCCT. Valor da terra: R$ 10.000,00/ha. Área = 300 ha. Estoque de capital com terra = R$ 10.000,00/ha x 300 ha = R$ 3.000.000,00. Estoque de capital médio em máquinas, equipamentos, benfeitorias e forrageiras não anuais = R$ 350.000,00. Estoque de capital em animais = 400.000,00. TRCCT = R$ 80.220,00 x 100 = 2,13% R$ 3.750.000,00 Logo, podemos concluir que é necessário ter uma produção intensi- va para viabilizar e manter a terra. Chegamos ao final desse tópico! Assistência Técnica e Gerencial - Pecuária 163 Tópico 5: Aplicando os conceitos Agora vamos aplicar ao estudo de caso da Fazenda Santa Felicidade os conceitos aprendidos neste módulo! Fonte: Banco de imagens do SENAR Usaremos todos os valores de custo e renda que foram apresentados no tópico 5 do tema 2, no Módulo Gerencial 1. Objetivos Neste tópico vamos aplicar o que aprendemos ao longo do módulo no estudo de caso da Fazenda Santa Felicidade. Também vamos relem- brar alguns conceitos já aprendidos e que o ajudarão a construir seu conhecimento. Assistência Técnica e Gerencial - Pecuária 164 Vamos refrescar a memória, lembrando o que já aprendemos sobre a Fazenda Santa Felicidade? A renda bruta da fazenda foi de R$ 170.807,23 O custo operacional efetivo foi de R$ 101.411,90 O custo operacional total foi de R$ 130.113,57 Assistência Técnica e Gerencial - Pecuária 165 O custo total foi de R$ 144.032,61 A produção de leite obtida pela fazenda foi de 114.545 litros por ano. A produção foi comercializada a um preço médio de R$ 1,29 por litro de leite. Com base nesses dados, a seguir vamos calcular o lucro e os indicadores relaciona- dos ao lucro, destacando o PCT. Assistência Técnica e Gerencial - Pecuária 166 Lucro (L) O lucro é obtido pela diferença entre a Renda Bruta (RB) e o Custo Total (CT), confor- me a fórmula abaixo: Com os dados apresentados, vamos realizar o cálculo do lucro da Fazenda Santa Felicidade: L = RB – CT L = R$ 170.807,23 – R$144.032,61 L = R$ 26.774,60 Variações do lucro Lucro unitário O lucro unitário é aquele obtido por unidade produzida. Conseguimos o seu valor calculando a divisão do lucro pela produção. Veja a fórmula abaixo: Com os dados apresentados, vamos realizar o cálculo do lucro unitário da Fazenda Santa Felicidade: Lucro unitário = R$ 26.774,60 = R$ 0,23 114.545 Fonte: Shutterstock Assistência Técnica e Gerencial - Pecuária 167 Lucro equivalente a unidades produzidas Consiste em converter o valor do lucro em litros de leite, dividindo esse valor encontrado pelo preço do leite. Isso permite comparar o resultado de lucro entre as propriedades, sem o efeito do preço. Veja a fórmula abaixo: Veja o resultado no estudo de caso da Fazenda Santa Felicidade: Lucro equivalente = R$ 26.774,60 = 20.775,5 litros R$ 1,29 Veja as fórmulas e sua aplicação no estudo de caso da Fazenda Santa Felicidade, convertendo os valores dos custos em litros de leite, ou seja, quantos litros de leite são necessários para cobrir COE, COT e CT. COE PCOE equivalente a litros de leite Nos dados da Fazenda Santa Felicidade, temos: COE = R$ 101.411,90. Preço médio ponderado do leite = R$ 1,29. PCOE equivalente a litros de leite = R$ 101.411,90 = 78.613,87 litros/ano R$ 1,29 Para entender melhor esses resultados, dividimos esse valor em litros por dia, pois, na prática, o que o produtor planeja é sua produção diária. 78.613,87 litros/365 dias = 215,38 litros por dia Assim, a quantidade da produção diária comprometida para pa- gar o COE foi de 215,38 litros. efeito do preço Logicamente, o preço recebido vai interferir no resultado desse indica- dor. De acordo com a fór- mula, se o mesmo valor for apurado como lucro em duas propriedades e estas receberam preços diferentes pelo produto, o lucro equivalente será diferente. Fonte: Shutterstock Assistência Técnica e Gerencial - Pecuária 168 COT PCOT equivalente a litros de leite Considere: COT = R$ 130.113,57. Preço médio ponderado do leite = R$ 1,29. PCOT = R$ 130.113,57 = 100.863,23 litros/ano R$ 1,29 No PCOT faremos a conversão em litros por dia, dividindo o volu- me anual por 365 dias. 100.863,23 litros/365 dias = 276,34 litros por dia Portanto, 276,34 litros do leite da produção diária são compro- metidos para pagar o COT. CT Ponto de Cobertura Total (CT equivalente a litros de leite) Veja agora o custo total: CT = R$ 144.032,61. Preço médio ponderado do leite = R$ 1,29. Para calcular o ponto de cobertura total, temos: PCT = R$ 144.032,61 = 111.653,19 litros/ano R$ 1,29111.653,19 litros/365 = 305,90 litros por dia. Concluindo: a produção diária necessária para pagar todos os custos é de 305,9 litros. Viu só como é simples fazer os cálculos e ter uma visão mais ampla dos custos e lucros de uma empresa rural? Assistência Técnica e Gerencial - Pecuária 169 Neste tema, você pôde conhecer como calcular os principais indicadores de rentabilidade. Ao avançar nos estudos sobre o lucro, vimos que ele ajuda a medir a atratividade do negócio. O lucro é também um refinamento da gestão por parte do empresário rural; ao analisá-lo, o produtor passa a avaliar também o custo de oportunidade do seu capital. Esse indicador é ainda mais evidente quando calculamos a taxa de retorno do capi- tal, em que o produtor passa a comparar as oportunidades do mercado, entendendo quais são os pontos fortes de sua gestão ou onde deverá mudar, para melhorá-la. No próximo módulo, estudaremos mais profundamente os indicadores que nos aju- dam a medir o desempenho da empresa rural e, assim, tomar decisões mais precisas rumo ao sucesso. Antes de prosseguir, veja mais um vídeo que preparamos especialmente para você e realize as atividades de passagem. Vídeos No início deste Módulo, vimos que um dos questionamentos do Sr. Ariovaldo era sobre o cálculo dos custos de produção, pois são mui- tos fatores a se considerar (e a calcular). Agora, passa a analisar as relações entre a renda e os custos, obtendo indicadores como a mar- gem bruta e a líquida. Tendo em vista que você concluiu os estudos do segundo tema, vamos relembrar o que são estes custos e como calculá-los? Veja mais no vídeo que preparamos para você, em seu ambiente de estudos! Parabéns por chegar até aqui! Sucesso! Encerramento do tema Tema 3: Cálculo de Indicadores Assistência Técnica e Gerencial - Pecuária 170 Atividade de passagem Chegamos ao final do primeiro tema. A seguir, você responderá a uma questão rela- cionada ao conteúdo estudado até aqui. Preparado? Se você estiver com alguma dúvida quanto ao assunto, retorne ao conteúdo do mó- dulo ou, se preferir, entre em contato com o tutor. Questão Leia o trecho a seguir, retirado do portal da Universidade Federal de Minas Gerais: “Atualmente, a cadeia da bovinocultura de corte consiste num segmento do agronegócio de elevada concorrência, incertezas e redução continuada das margens de ganho. Os sistemas de produção são complexos e diversifica- dos. Cada produtor deve desenvolver seu sistema de produção, combinando suas metas às condições ambientais e mercadológicas, devendo aliar às suas capacidades financeiras e recursos humanos, tendo como base as responsa- bilidades social e ambiental. A capacidade gerencial do administrador, envol- vendo o planejamento, a direção e o controle dos processos da atividade, bem como a alocação dos recursos produtivos de maneira racional, são fundamen- tais para a eficiência técnica e econômica. A gerência não deve permitir que o aumento de custo unitário diminua sua vantagem competitiva. Quando se au- menta a produtividade, aumenta-se o custo total (principalmente o variável). Devido à maior quantidade de produtos gerados (bezerros, kg de peso vivo ou carcaça), o custo unitário diminui. Com menor custo unitário de produção e mesmo preço médio de venda, ocorre maior receita total, além de aumento do lucro total e da rentabilidade do sistema. A produtividade deve ser analisada de acordo com a disponibilidade dos fatores de produção (terra, trabalho e ca- pital), que, sendo mais escassos, tornam-se mais caros. Quando se aumenta a produtividade do rebanho, observa-se também o aumento da produtividade da terra, do trabalho e do capital. O uso de tecnologias permite aumentar pro- dutividade e, consequentemente, reduzir o custo médio unitário. É por esse motivo que as propriedades mais tecnificadas são mais competitivas.” Atenção! Você terá três tentativas para realizar a atividade. Fonte: adaptado de http://csr.ufmg.br/pecuaria/portfolio-item/rentabilidade/ Assistência Técnica e Gerencial - Pecuária 171 Com base no que você aprendeu nesse Tema do curso, analisando o texto acima, classifique as seguintes afirmações como verdadeiras (V) ou falsas (F): A. O lucro de uma atividade é produto da diferença entre custos e receitas. Quanto maior a eficiência produtiva, melhor é a diluição dos Custos Fixos, aumentando o Lucro Unitário. B. O Ponto de Cobertura Operacional Efetivo (PCOE) representa um nível de produção necessário para cobrir o COE. Portanto, é variável de acordo com a produtividade. C. Uma maior infraestrutura produtiva impacta diretamente no Estoque de Capital Médio. Assim, o equivalente em produção do lucro obtido será maior quanto maior for este estoque. D. A diferença entre a quantidade total de unidades de produtos agropecuá- rios produzidos e o Ponto de Cobertura Total permite ao produtor conhecer seu lucro em equivalente produtos. E. Uma maior eficiência produtiva melhora as perspectivas de lucro e de Taxa de Retorno do Capital. Porém, para encontrarmos a TRC, utilizamos a Mar- gem Líquida, e não o lucro - este já contabiliza o Custo de Oportunidade do Capital Empatado (CO). 1. F, F, V, F, F 2. V, F, V, V, V 3. V, V, F, V, V 4. V, F, F, V, V 5. V, F, V, F, F Desejamos ótimos estudos. Voltaremos a nos ver em breve. Até mais! Assistência Técnica e Gerencial - Pecuária 172 Parabéns pelo seu percurso até aqui! Bom, chegamos em mais um momento para você aplicar seus conhecimentos! Para finalizar o módulo, você deverá realizar três atividades: Simulado São 17 questões objetivas sobre os três temas deste módulo. Você pode respondê-lo até três vezes. O objetivo é que você se prepare bem para a avaliação. A realização dessa atividade é obrigatória, porém, não afere nota. Essa é uma ótima oportuni- dade para verificar o seu conhecimento, estudar e ter uma prévia de como será a avaliação. Avaliação Realizado o simulado, você terá acesso à avaliação. Ela também é composta por 17 questões objetivas e contempla todo o con- teúdo estudado no módulo. Essa atividade é obrigatória e vale nota. O seu desempenho nessa atividade será contabilizado na sua média. A correção é automática, ou seja, é o LMS que fará a correção da atividade. Linha de Chegada Fonte: Banco de Imagens do SENAR Assistência Técnica e Gerencial - Pecuária 173 Estudo de caso Será apresentada uma situação problema (relacionada aos te- mas estudados no módulo) e você deverá respondê-la fazendo uma análise da situação. No Módulo 1, você deverá gravar um vídeo de até 3 minutos respondendo à pergunta lançada no es- tudo de caso. O upload do vídeo deverá ser feito no LMS, dentro da atividade estudo de caso. Essa atividade será corrigida pelo tutor, que atribuirá uma nota e um feedback. Nos módulos 2, 3, 4 e 5 você deverá responder ao estudo de caso em forma de texto. Tanto o simulado quanto a prova são compostos por 17 questões de múltipla escolha, que têm como objetivo verificar o seu conhecimen- to com base no que você estudou durante o curso. Para acessar essas atividades, clique no menu do seu ambiente de estudos e clique em Minhas avaliações. Como informamos no início do curso, o tempo total para encerra- mento do módulo é 45 dias. Veja no seu planejamento quantos dias ainda faltam para encerrar o prazo e aproveite para estudar e se prepa- rar para a avaliação do módulo. Fonte: Shutterstock A avaliação estará disponível somente depois que você passar pelo simulado. Co- mece quando se sentir seguro e confiante em seu aprendizado, pois aqui você terá somente uma tentativa de acerto. Não se preocupe se houver uma queda de energia, pois você não perderá o que já respondeu! O sistema de avaliações, incluindo o simulado, salva automaticamente as suas respostas. Para obter informações mais detalhadas sobre como acessá-lo ou se tiver qualquer dúvida, entre em contato pelo Tira-Dúvidas ou pelo e-mail faleconoscoead@faculda- decna.com.br, ou ainda via telefone, pelo0800 006 4849, de segunda a sexta-feira, das 8h às 12h e das 14h às 18h, no horário de Brasília. Assistência Técnica e Gerencial - Pecuária 174 Gabarito Questão 1 Resposta correta: COE / d / COE / MDOF / COT Feedback: O Custo Operacional Efetivo é variável e exige desembolsos financeiros para que a produção ocorra. A Depreciação representa a reserva de capital destinada à substituição de itens ao final de sua vida útil, desprezando-se os valores de sucata. Já a mão de obra familiar representa uma despesa de natureza fixa, que não exige desembolso de capital financeiro para seu pagamento, pois apenas é um levantamento da oportunidade implícita em se vender o trabalho, ao invés de trabalhar para si próprio. Ou seja, a atividade se torna obrigada a remunerar esse fator de produção, caso contrário, será melhor aplicá-la em outra atividade ou lugar. Porém, quando há pagamento sistemático desse trabalho executado para si mesmo, a terminologia mais adequada é pró-labore. Ao ser identificada essa ocorrência, o aconselhável é remover esse item dos custos fixos da propriedade e alocá-lo nos variáveis, pois há, de fato, saída de capital. Por fim, o Custo Operacional Total representa uma somatória do COE, depre- ciação e MDOF. Caso seja negativo com COE positivo, significa que a atividade se mantém no curto prazo. Caso o COT seja nulo, significa que ela poderá se manter no médio prazo. Em caso de COT positivo, é necessário dar sequência aos estudos e analisar se houve ou não lucro na empresa. Diante do exposto, a resposta que melhor completa as informações elencadas é “E”. Assistência Técnica e Gerencial - Pecuária 175 Questão 2 Resposta correta: F, V, F, V, V Feedback: Analisando item a item das informações fornecidas: • Trator: o valor total do bem para o sistema produtivo será seu valor de novo, sem taxas ou juros bancários. Portanto, R$ 150mil. Sua vida útil será igual a 15 anos, independentemente do número de parcelas do financiamento. • Carretinha de arrasto: é um bem depreciado, ou seja, não possui mais vida útil. Porém, ainda possui valor de mercado, atualmente avaliado em R$ 5.000,00. • Rebanho estabilizado: não sofre depreciação. Seu valor é contabilizado integral- mente para cálculo de Custo de Oportunidade. • A mão de obra familiar não possui acréscimos de obrigações trabalhistas, sen- do considerado apenas o salário mensal estabelecido, multiplicado pelos 12 me- ses do ano. • Foi informado que as construções custaram R$ 230mil quando novas, e este será o valor a ser considerado. O fato de já estarem sendo utilizadas há 11 anos, frente aos 40 de vida útil total, não irá alterar a forma de se calcular a deprecia- ção, pois a metodologia utiliza a depreciação linear. O Custo de Oportunidade também não será afetado por este uso, uma vez que o importante é saber apenas se o bem analisado está ou não dentro do prazo de vida útil. • Produção leiteira: foi fornecido o volume de produção diária (260L), devendo ser encontrado o volume anual. • Preço do leite: essa informação não será usada para responder ao exercício, mas é sempre bom termos em mente o valor recebido por cada unidade co- mercializada, a fim de agilizarmos diversas análises, como o lucro ou o prejuízo unitário. • COE: esse é valor deverá ser utilizado como referência do COE, sem rateios. Identificação dos indicadores de custos: Para determinarmos o Custo Fixo Médio, ou seja, o Custo Fixo por litro de leite produzido, é necessário que encontremos o Custo Fixo Total, para então dividi-lo pelo volume total da produção anual dessa propriedade. Custo Fixo será igual à somatória da mão de obra familiar, depreciação e custo Assistência Técnica e Gerencial - Pecuária 176 de oportunidade. CF = MDOF + d + CO CF = 12.408,00 + 15.750,00 + 25.110,00 CF = R$ 53.268,00/ano Isso significa que a cada R$ 1 ganho na venda de cada litro de leite, esse produtor possui R$ 0,56 comprometidos somente em custo fixo. Uma vez conhecidos os valores do COE e CF, fica mais fácil determinar o CT. Veja: CT = COE + CF CT = 37.230,00 + 53.268,00 CT = R$ 90.498,00/ano Isso significa que o custo total suportado por esse produtor, para que ele oferte seus produtos no mercado, é de R$ 90.498,00 ao ano. CFM CF Produção Total CFM R$ 53.268,00/ano 94.900 L/ano CFM = R$ 0,56/L Assistência Técnica e Gerencial - Pecuária 177 Questão 3 Resposta correta: V, V, F, V, V Feedback: A afirmativa A é verdadeira, pois lucro é função de renda bruta menos custos totais. Relembre a fórmula: L = RB – CT. Nos custos totais, estão inclusos tan- to os variáveis quanto os fixos. Os primeiros têm por característica aumentar conforme se aumenta a produção, sendo pequena sua redução por unidade produzida. Já os segundos se mantêm constantes, sendo mais impactante sua amortiza- ção quando se tem maior eficiência produtiva, pelo simples processo da dilui- ção (distribuição). Corroborando com a essa explicação, temos a afirmativa B, que também é ver- dadeira. Afinal, o COE tanto poderá não existir quanto poderá não ter limite para chegar ao seu máximo, sendo dinâmico, em conformidade com a produção alcançada ou desejada. Para respondermos à afirmativa C, vamos relembrar que o CF é composto pela somatória da Depreciação, Custo de Oportunidade do capital empatado na ati- vidade e Mão de Obra Familiar. Sendo o CF um componente do CT e, confor- me vimos, a margem de lucro é dependente dos custos, podemos afirmar que quanto maior o Estoque de Capital Médio, maior será seu impacto no CF da atividade (e CT), podendo comprometer o lucro, reduzindo-o conforme se au- menta esse estoque e mantendo-se as mesmas expectativas de Renda Bruta. Portanto, essa afirmativa é falsa. A afirmativa D é verdadeira, pois, ao assumirmos que o PCT representa a quan- tidade de produtos necessários para se cobrir os custos totais de produção, e conhecendo o volume total produzido, podemos afirmar que a diferença entre eles representa o lucro do produtor em equivalente produto. A afirmativa E necessita de uma análise mais profunda. Relembre a fórmula da TRC: (Margem Líquida/Estoque de Capital) x 100. De fato, utiliza-se a ML para cálculo de TRC, ao invés do lucro. O motivo, con- forme visto no conteúdo que você estudou, é que o Custo de Oportunidade, já embutido na análise do lucro, não se configura um custo operacional, sendo apenas analítico. Inserir o lucro nessa fórmula exigiria que a atividade pagasse em duplicidade o Custo de Oportunidade. Assim, essa afirmativa também é verdadeira. Assistência Técnica e Gerencial - Pecuária 178 Referências ARAÚJO, A. J. Fundamentos do Agronegócio. 2ª edição. São Paulo: Atlas S. A. 2007. ASSIS, L. P. de. 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Introdução do módulo Cálculo de custo de produção I Encerramento do tema Cálculo de custo de produção II Encerramento do tema Cálculo de Indicadores Encerramento do tema Linha de Chegada _Hlk481073585 _1y810tw Botão 178: Page 1: Page 51: Page 62: Page 73: Page 84: Page 95: Page 106: Page 127: Page 138: Page 149: Page 1510: Page 1611: Page 1712: Page 1813: Page 1914: Page 2015: Page 2116: Page 2217: Page 2318: Page 2419: Page 2520: Page 2621: Page 2722: Page 2823: Page 2924: Page 3025: Page 3126: Page 3227: Page 3328: Page 3429: Page 3530: Page 3631: Page 3732: Page 3833: Page 3934: Page 4035: Page 4136: Page 4237: Page 4338: Page 4439: Page 4540: Page 4641: Page 4742: Page 4843: Page 4944: Page 5045: Page 5146: Page 5247: Page 5348: Page 5449: Page 5550: Page 5651: Page 5752: Page 5853: Page 5954: Page 6055: Page 6156: Page 6257: Page 6358: Page 6459: Page 6560: Page 6661: Page 6762: Page 6863: Page 6964: Page 7065: Page 7166: Page 7267: Page 7368: Page 7469: Page 7570: Page 7671: Page 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