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<p>UNIVERSIDADE VEIGA DE ALMEIDA</p><p>CURSO DE GRADUAÇÃO EAD: CIÊNCIAS CONTÁBEIS</p><p>Análise Econômica de Mercado</p><p>Trabalho da Disciplina [AVA 2]</p><p>RIO DE JANEIRO</p><p>2024</p><p>a) Descreva o contexto de cada crise da economia mundial, identificando as principais causas e os desdobramentos para a geopolítica mundial.</p><p>Crise de 1929 - A grande Depressão (1929 - 1933)</p><p>No período precedente à Crise de 1929, os Estados Unidos desempenharam um papel crucial na Primeira Guerra Mundial (1914-1918), auxiliando significativamente na vitória dos países da Tríplice Entente - França, Rússia e Grã-Bretanha - e consequentemente fortalecendo sua própria economia. Este tempo de prosperidade e otimismo ficou conhecido como os “Loucos Anos Vinte”, caracterizado por uma expansão industrial robusta e um acesso facilitado ao crédito, o que estimulou o consumo doméstico e reforçou o estilo de vida americano, além de contribuir para a recuperação econômica europeia por meio de empréstimos e exportações.</p><p>Contudo, a especulação financeira exacerbada, aliada à ausência de regulamentação adequada, culminou na formação de uma bolha econômica insustentável. Charles P. Kindleberger, em sua obra “Manias, Pânico e Crises” (1978), define as manias como um padrão frenético de aquisição de ativos que resulta em inflação dos preços e do volume de transações comerciais, levando à criação e eventual estouro de bolhas econômicas. O colapso dessa bolha se manifestou em 24 de outubro de 1929, conhecido como Quinta-Feira Negra, quando o mercado acionário de Nova York sofreu um “Crash”, com mais de 12 milhões de ações vendidas em pânico, desencadeando uma crise que se estendeu até o final da década de 1930.</p><p>Em resposta à crise econômica, o presidente Franklin Roosevelt implementou em 1932 o programa “New Deal”, fundamentado em princípios keynesianos que promoviam a intervenção estatal na economia. Entre as medidas adotadas estavam a construção de obras públicas para estimular o emprego, o controle da emissão monetária e a redução da jornada laboral para oito horas diárias. Apesar dessas iniciativas terem gerado melhorias econômicas, foi somente com o início da Segunda Guerra Mundial (1939-1945) que a economia americana conseguiu se recuperar completamente, em parte devido ao recrutamento militar massivo que reduziu significativamente as taxas de desemprego.</p><p>Crise de 2008 - Crise do Subprime (2007 - 2009)</p><p>A crise financeira de 2008, que teve um impacto significativo no setor imobiliário, foi precedida por um período de excessiva confiança seguido por instabilidade econômica. Durante a presidência de Bill Clinton nos Estados Unidos (1993-2000), houve um esforço para estimular o mercado imobiliário, incentivando famílias tradicionais a adquirir suas próprias residências por meio de empréstimos bancários, que eram concedidos apenas àqueles que demonstrassem capacidade de pagamento. Embora essa fosse uma prática comum, o retorno financeiro para os bancos era prolongado. Lewis Ranieri, considerado o pai do sistema de crédito hipotecário, propôs a solução de securitizar esses empréstimos, transformando-os em títulos de investimento conhecidos como Obrigações de Dívida Colateralizada (CDOs), que eram negociados no mercado financeiro. A inovação foi bem-sucedida e houve um aumento na demanda por esses títulos, atraindo o interesse de grandes bancos e investidores internacionais.</p><p>Eventos subsequentes como a crise da internet em 1995 e os ataques de 11 de setembro de 2001 paralisaram temporariamente a economia, levando os bancos a adotarem medidas imediatas. Uma dessas medidas foi a flexibilização dos critérios para concessão de crédito, resultando na aprovação de empréstimos até mesmo para compradores sem comprovação de capacidade de pagamento futuro. Esses empréstimos ficaram conhecidos como Empréstimos Subprime e os solicitantes eram frequentemente referidos pela sigla NINJA - Sem Renda, Sem Emprego, Sem Ativos. As agências de classificação de risco não diferenciavam os títulos subprime dos títulos prime (com capacidade de pagamento comprovada) e classificavam todos os CDOs como ativos seguros e de baixo risco (AAA ou AA), independentemente do conhecimento da qualidade real dos ativos subjacentes.</p><p>A crise se intensificou em 2006 quando os tomadores de empréstimos subprime começaram a inadimplir suas hipotecas em massa, abandonando suas propriedades e forçando os bancos a vendê-las rapidamente. O excesso de oferta imobiliária resultou em uma queda drástica nos preços dos imóveis, afetando diretamente o valor dos CDOs lastreados nesses ativos. A venda massiva desses títulos no mercado acionário precipitou o colapso do mercado imobiliário e o estouro da bolha imobiliária. Muitos bancos privados faliram, sendo o Lehman Brothers, um dos mais renomados e tradicionais bancos dos Estados Unidos, um marco dessa crise.</p><p>A crise do subprime, embora tenha se originado nos Estados Unidos, rapidamente se espalhou para além de suas fronteiras, afetando economias em todo o mundo. Países que haviam investido pesadamente em CDOs e outros produtos financeiros relacionados ao mercado imobiliário americano encontraram-se em situações precárias à medida que o valor desses ativos despencava. Além disso, nações com fortes laços comerciais com os Estados Unidos enfrentaram retração econômica devido à diminuição da demanda por exportações e ao enfraquecimento das relações comerciais.</p><p>Bancos e instituições financeiras ao redor do globo sofreram perdas significativas, levando a uma crise de liquidez e a falências. Isso resultou em uma contração do crédito, dificultando o financiamento para empresas e consumidores. Governos nacionais foram forçados a intervir, implementando pacotes de estímulo econômico e resgates financeiros para evitar um colapso total do sistema bancário.</p><p>A crise também exacerbou problemas econômicos preexistentes em várias economias, como bolhas imobiliárias locais, dívidas soberanas elevadas e desequilíbrios comerciais. O impacto foi sentido em diversas formas, desde o aumento do desemprego até a instabilidade política, contribuindo para recessões em várias partes do mundo e uma desaceleração geral da economia global.</p><p>b) Disserte sobre as políticas implementadas no Brasil para a superação de cada crise.</p><p>No Brasil, a crise econômica de 1929 teve um impacto significativo, especialmente no setor cafeeiro, que representava o principal produto de exportação do país, correspondendo a 70% do comércio mundial da commodity. Com os Estados Unidos, o maior importador do café brasileiro, cessando suas compras devido à crise, houve uma abrupta queda nos preços resultante do excesso de oferta. O presidente da época, Getúlio Vargas, adotou medidas intervencionistas para mitigar a situação. Uma das ações foi a compra e subsequente queima de milhões de sacas de café para reduzir a oferta e elevar o preço de mercado. Essa medida resultou na destruição de aproximadamente 78,2 milhões de sacas de café. Paradoxalmente, essa intervenção contribuiu para o desenvolvimento industrial do Brasil, pois muitos produtores rurais migraram para o setor industrial em resposta à desvalorização do café.</p><p>A crise financeira global de 2008 também afetou o Brasil, particularmente em 2009, quando o país experimentou um crescimento negativo e um déficit de 10% no Produto Interno Bruto (PIB). O país enfrentou a pior queda na Bolsa desde a década de 70 e uma significativa redução na capacidade e atividade industrial local, fenômeno conhecido como desindustrialização. Para combater os efeitos adversos da crise, o governo implementou várias medidas fiscais e monetárias. Entre elas estavam a redução de impostos como o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) e o IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) para automóveis, eletrodomésticos e materiais de construção; além da diminuição da Taxa Selic de 13,7% para 8,75% com o objetivo de estimular o consumo e a circulação monetária. Adicionalmente, foram congelados os preços do petróleo e criado o Programa de Sustentação</p><p>do Investimento (PSI), visando estimular as exportações e inovações tecnológicas. Em ambas as crises econômicas mencionadas, as intervenções estatais foram fundamentais para possibilitar a recuperação e desenvolvimento subsequente do Brasil.</p><p>Referências:</p><p>ALIBER, R. Z.; KINDLEBERGER, C. P. Manias, Pânicos e Crises: Uma história</p><p>das crises financeiras. 6ª ed. São Paulo: Saraiva, 2014.</p><p>DAMAS, R. D. Crises econômicas internacionais. 1ª ed. São Paulo: Saraiva, 2017.</p><p>KOBORI, J. Entenda a crise do Subprime! Disponível em: . Acesso em: 15/06/2024</p><p>AMOS, J. E. M. A crise de 1929 e a Quebra da Bolsa de Valores de Nova York.</p><p>Disponível em: . Acesso em: 15/06/2024</p><p>Escola Educação. Crise financeira de 2008 - O que foi, causas, consequências, Brasil. Disponível em: https://escolaeducacao.com.br/crise-financeira-de-2008/. Acesso em: 15/06/2024</p><p>Politize. Crise financeira de 2008: você sabe o que aconteceu?. Disponível em: https://www.politize.com.br/crise-financeira-de-2008/. Acesso em: 15/06/2024</p>

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