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<p>COISAS QUE É BOM VOCÊ SABER</p><p>A informação é tudo.</p><p>Se você sabe mais que todos, pensou mais a respeito e assimilou o que realmente</p><p>importa no seu negócio, você terá sucesso.</p><p>Mas é preciso encontrar a hora certa para mostrar às pessoas seus conhecimentos.</p><p>Se os demonstrar apenas para impressionar os superiores, não vai funcionar.</p><p>Use seu conhecimento e sua perspicácia apenas para desempenhar bem suas</p><p>funções.</p><p>E não importa o que os outros digam sobre o panorama geral - lembre-se de que</p><p>Deus esrá nos detalhes.</p><p>JEFFREY KLEIN</p><p>PRESIDENTE, LOS ANGELES TIMES</p><p>SÃO FRANCISCO VALLEY & VENTURA</p><p>--APRESENTAÇAO</p><p>São poucos, pouquíssmos, aqueles que fazem do registro escrito dos seus</p><p>conhecimento parte do seu legado. O Prof. Luís Azevedo é um deles.</p><p>O Brasil, por capacidade, aptidão e determinação tem se tornado uma grande</p><p>potência agrícola, aliás a primeira grande potência agrícola tropical, o que significa que</p><p>precisamos construir nossos próprios modelos de produção para garantir a sustentabilidade</p><p>dessa vocação.</p><p>E, em tal ambiente tropical, muito propício à ocorrência de problemas fitossanitários,</p><p>precisamos intensificar de imediato a utilização de práticas de manejo integrado de pragas,</p><p>doenças e plantas daninhas, tendo sempre como objetivos o uso racional de insumos, a</p><p>durabilidade das tecnologias e a eficiência produtiva.</p><p>Dentro de tal realidade este livro tem grande utilidade. A utilização de misturas</p><p>de tanque cem sido cada vez mais necessária em função da ocorrência concomitante de</p><p>múltiplos problemas fitossanitários, do surgimento de novos produtos cada vez mais</p><p>específicos e da necessidade de aumentar a eficiência operacional e reduzir custos.</p><p>Além da regulamentação das misturas de tanque, precisamos eliminar o passivo</p><p>de conhecimento existente sobre a interação entre os diversos produtos hoje no mercado, e</p><p>gerar e difundir recomendações mais seguras e eficientes para nossos agricutores, os quais</p><p>têm utilizado misturas de tanque para o bem da sua atividade, mas sem a devida orientação.</p><p>Boa leitura. E o nosso muito obrigado ao Prof. Luís Azevedo.</p><p>Nestor Gabriel Silva</p><p>Diretor de P&D Syngenta América Latina</p><p>.,</p><p>PREFACIO</p><p>Em primeiro lugar eu gostaria publicamente de agradecer ao Luisão pelo convite</p><p>para escrever o prefácio de um livro com um tema tão atual e tão carente de informações.</p><p>Este é o Luisáo que eu conheço, um apaixonado por temas complexos como fungos</p><p>e por assuntos tão instigantes como adjuvantes e misturas de tanque. Luisão não se contenta</p><p>apenas em comentar o assunto, ele vai mais além procurando transformar o complicado no</p><p>simples , colocando na prática uma teoria que muitas vezes, a grande maioria das pessoas</p><p>que devem lançar mãos dos produtos no campo, não teria condições de entender.</p><p>Neste livro, Luisão trás à tona um assunto controvertido, com diversas opiniões</p><p>favoráveis e contrárias, tendo a coragem de se expor a toda comunidade agronômica ao</p><p>mostrar uma prática que é comum nos campos agrícolas do Brasil, eu diria que no mundo</p><p>todo, porém poucos ousam admitir publicamente que ela existe e mais do que isto, que ela</p><p>é necessária ao bom manejo de pragas, doenças e plantas daninhas.</p><p>Este livro deve servir de base para os profissionais de agronomia, as empresas</p><p>produtores de defensivos agrícolas, as escolas de agronomia e principalmente os órgãos</p><p>reguladores se debruçarem sobre o tema e em definitivo tomarem uma atitude.</p><p>O autor mostra no livro o caminho de como fazer, como recomendar, como orientar</p><p>ao produtor rural, este mesmo produtor rural que vai ao médico e sai de lá com uma receita</p><p>de "mistura de tanque" para seu organismo, receita esta prescrita por um profissional que</p><p>também é regulamentado, pelo mesmo órgão que não permite que o Eng. Agrônomo faça</p><p>a prescrição da mistura de tanque para lavoura deste mesmo produtor.</p><p>Espero que todos gostem do caminho percorrido pelo Luisáo até aqui e, como ele</p><p>mesmo falou no início, há muito a se estudar e testar porém não podemos ficar omissos.</p><p>Parabéns pela coragem Luisão!</p><p>Vicente Gongora</p><p>Diretor de Marketing - UPL Brasil</p><p>,</p><p>SUMARIO</p><p>Capítulo 1 - A Proteção de plantas, a mistura de tanque e a sustentabilidade</p><p>agrícola ........................................................................................................... 1</p><p>1. Introdução ...... .. ....... .. .................. .. ......................................................... ................... 1</p><p>2. Crescimento populacional, produção agrícola e suprimento de alimentos ................... 2</p><p>2.1 Tendências e cenários da agricultura mundial.. ....................... ............................. 2</p><p>2.2 O impacto destrutivo das pragas, plantas invasoras e doenças de plantas nos</p><p>sistemas agrícolas ........... ............ .. ....................... ........................ ................................ 5</p><p>3. Proteção de plantas, agricultura moderna e sustentabilidade ..... .......... ........................ 6</p><p>4. A proteção de plantas e as misturas de tanque .............. ............ .................................. 8</p><p>5. Análise econômica das misturas de tanque ................. .. ................ ............................... 8</p><p>5.1 Análise de custo da mistura em tanque na cultura de tomate ............................... 9</p><p>6. Conclusões ...... .......................................... .. .............. ............................................... 1 O</p><p>Referências Bibliogrdficas ............................................................................. .................... 13</p><p>Capítulo 2 - A importância da água nas misturas de tanque ........................ 15</p><p>1. ln troduçáo ....................... ..................... ................................... ................................ 15</p><p>2. Características desejáveis da água para a aplicação de produtos firossanitário .. .. ........ 15</p><p>2.1 Pureza .............................. ................................... ......................... ..................... 15</p><p>2.2 Temperatura ........... ........................................... ... ............ ..................... ........... 16</p><p>2.3 O pH da água (concentração de íons de hidrogênio) ......................................... 16</p><p>2.4 A água e as soluções .......... .... ............... .. ........................................................... 17</p><p>2.5 A água e as suspensões ................. .. ..................................... ........ ..................... .. 18</p><p>2.6 Dureza da água ............................................................. .............. ................... .. . 18</p><p>3. Influência da água dura na qualidade da calda da mistura de tanque ........................ 19</p><p>3.1 Influência nas formulações ............................. ......................... .. ........................ 20</p><p>3.2 Influência nos ingredientes ativos ................. .. ... .. ........................................ ...... 20</p><p>3.3 Volume de água ....... ................................... .................................... .................. 20</p><p>3.4 Padrões de formulações para dureza da água ............................. .............. .. ......... 20</p><p>4. Correção da dureza da água ..................... ................................................................. 21</p><p>4.1 Quelatizantes .......... .......................................................................................... 21</p><p>5. A importância do pH da água e das caldas de pulverização na eficácia da mistura</p><p>de tanque ........... .. .... ............................... .. ... ...................... ............................... ............ 22</p><p>5.1 Influência na estabilidade do ingrediente ativo ............................................ .. .... 23</p><p>5.2 Influência no nível de dissociação do ingrediente ativo ...................................... 24</p><p>5.3 Influência na estabilidade das caldas ........... ............... ......................... .......</p><p>como a soja, o milho e o algodão. Na cultura da soja</p><p>em aplicações terrestres, o volume de água não tem passado de 60-80 litros por hectare</p><p>(AZEVEDO, 2011).</p><p>3.4 Padrões de formulações para dureza da água</p><p>No Brasil, a ABNT estabelece que as formulações devem ser compatíveis com</p><p>20 ppm de carbonato de cálcio (água extremamente branda). Esse padrão é totalmente</p><p>inadequado, e as indústrias geralmente formulam seus produros para serem compatíveis</p><p>com 20 e com 320 ppm. Excepcionalmente, são apresentadas formulações compatíveis com</p><p>mais de 500 ppm de CaCO</p><p>3</p><p>•</p><p>Luís Antônjo Siqueira de Azevedo</p><p>Misturas de Tanque de Produtos Fitossanitários: Teoria e Prática</p><p>4. Correção da dureza da água</p><p>Há duas formas de se corrigir o problema causado pela dureza da água, para as</p><p>::iiscuras de tanque de produtos fitossanitários: 1) acrescentar um tensoativo não iônico, o</p><p>~ue pode corrigir características físicas da calda; 2) acrescentar um quelatizame na água,</p><p>l-"!tes da preparação da calda.</p><p>4.1 Quelatizantes</p><p>Quelatizantes são compostos que isolam a carga elétrica e suprimem a reatividade</p><p>.:.~ íons. Atuam conforme o desenho abaixo:</p><p>Diversos compostos, naturais ou sintet1cos, apresentam efeito quelatizador.</p><p>?rodutos como o ácido cítrico, o ácido fenólico e o EDTA podem ser usados.</p><p>O EDTA (etilenodiaminotetracetato) tem a seguinte fórmula:</p><p>~0:1 metálico</p><p>d e:ropositivo</p><p>+</p><p>agente</p><p>complexame</p><p>eletronegativo</p><p>--</p><p>complexo solúvel</p><p>neutro</p><p>O EDTA quelatiza cátions, formando complexos solúveis em água, estáveis numa</p><p>a...-npla faixa de pH, estáveis em ampla faixa de temperaturas. Um mol de EDTA quelatiza</p><p>..!1TI mol de metal ionizado (cátion). A quelatizaçáo é instantânea.</p><p>o o</p><p>li li</p><p>H - O - C- CH2 , / CH - C - O - H</p><p>N - CH - CH-N</p><p>/</p><p>2 2</p><p>'-----CH - C - 0 - H H - O- C- CH</p><p>li 2</p><p>li</p><p>o o</p><p>Na operação de campo, é difícil a quelatizaçáo, porque não há como analisar os</p><p>=~ores de cátions da água. Só de maneira muito rudimentar, os agricultores podem fazer</p><p>.a..:guma correção.</p><p>Luís Antônio Siqueira de A.ze\·e-::o</p><p>22</p><p>Misturas de Tanque de Produtos Fitossanitários: Teoria e Prática</p><p>símbolo</p><p>105 cálcio II Ca 6,0 - 13,5</p><p>64</p><p>, .</p><p>magnes10 II Mg 8,0 - 12,5</p><p>230 estrôncio II Sr 8,0 - 13,5</p><p>261 bário II Ba 10,0- 13,0</p><p>144 manganês II Mn 5,0- 11,0</p><p>154 níquel II Ni 1,5 - 13,0</p><p>155 cobalto II Co 4,0 - 12,0</p><p>167 cobre II Cu 5,0 - 13,0</p><p>172 zinco II Zn 4,0 - 13,0</p><p>296 cádmio II Cd 3,5 - 13,0</p><p>545 chumbo II Pb 2,0-13,5</p><p>147 ferro III Fe 1,0-5,5</p><p>71 alumínio III Al 2,5 - 13,5</p><p>138 cromo III Cr 1,5 - 5,0</p><p>550 bismuto III Bi 1,0 - 9,0</p><p>Quelatizadores de alta eficiência também não estão disponíveis a varejo</p><p>no mercado. Na prática, estes dois métodos descritos anteriormente são raramente</p><p>empregados no campo; no máximo, o que se tem feiro, é adição de ácido cítrico às</p><p>caldas para reduzir o pH.</p><p>5. A importância do pH da água e das caldas de pulverização na</p><p>eficácia da mistura de tanque</p><p>Um dos maiores causadores de insucessos no preparo de misturas de formulações</p><p>no campo tem sido o pH. Muitas vezes, ele é alcalino, causando instabilidade na</p><p>formulação nas misturas de tanque e, como consequência, há um controle deficiente</p><p>da praga ou doença. Outro agravante é que a maioria dos produtos fitossanitários se</p><p>Luís Antônio Siqueira de Azevedo</p><p>Misturas de Tanque de Produtos Fitossanitários: Teoria e Prática</p><p>:::ecompõe rapidamente em pH alcalino. Os produtos fitossanitários têm diferentes</p><p>:>Hs de funcionamento.</p><p>O pH define o grau de alcalinidade ou acidez de uma solução, numa escala de</p><p>: a 14, em que 7,0 significa neutralidade. A água pura tem um pH 7,0, mas o normal</p><p>e que, por dissoluções diversas, o pH seja alterado (KISSIMAN, 1997).</p><p>Quando o solo é ácido, a água local também é acidificada. A correção do solo</p><p>ou sua fertilização tende a alterar o valor do pH, frequentemente para a faixa alcalina.</p><p>O acréscimo de produtos fitossanitários na água tende a formar uma calda com</p><p>··alores diversos de pH. A prática normal é de se analisar o valor do pH em caldas a 1%.</p><p>Muito se tem discutido sobre a importância da qualidade da água nas</p><p>?ulverizações, principalmente o pH (RAMOS; ARAÚJO, 2006). Alguns herbicidas</p><p>-êm sua eficiência aumentada com a redução do pH da água para valores próximos</p><p>.1 4,0. A máxima absorção e eficiência de herbicidas com caráter ácido fraco ocorre</p><p>e:n pH em que 50% das moléculas se encontram dissociadas (pKa) (McCORMICK,</p><p>~990) . Além disso, em pH mais baixo, a taxa de hidrólise é recardada, mantendo a</p><p>:olha úmida por mais tempo, pois a superfície das folhas tem um pH neutro, havendo</p><p>uma interação com o pH da calda.</p><p>Esses resultados alertam para os cuidados que devem ser tomados na utilização</p><p>dessas águas para à aplicação de herbicidas, uma vez que a eficiência de alguns desses,</p><p>.:orno é o caso dos grupamentos ácidos do 2,4-D e glifosaco, é dependente do pH da</p><p>.:alda (WANAMARTA; PENNER, 1989).</p><p>O pH da água pode influenciar no resultado da aplicação, pelas seguintes</p><p>:-azóes: quando o pH está alto, pode acelerar a degradação do herbicida por hidrólise</p><p>alcalina, sendo que a cosntante de dissociação de muitas moléculas de herbicidas</p><p>depende do pH, e sua absorção pelos tecidos vegetais varia, dependendo da molécula</p><p>ser íntegra ou dissociada em cátions e ânions (KISSIMAN, 1997).</p><p>O pH das caldas de produtos fitossanitários tem uma tendência de influir na</p><p>es tabilidade e nos resultados dos tratamentos. Isto ocorre devido às seguintes razões</p><p>SH ANE; SCHILDER, 2011).</p><p>5.1 Influência na estabilidade do ingrediente ativo</p><p>Muitos produtos químicos, quando preparados com água, sofrem degradação por</p><p>hidrólise, cuja velocidade depende do pH. A velocidade da hidrólise é retardada quando a</p><p>calda aplicada seca, pois desaparece a água. As superfícies das folhas têm um pH natural,</p><p>havendo uma interação com o pH da calda. Depois de aplicado o produto, diversos fatores</p><p>influem sobre o período de estabilidade do ingrediente ativo.</p><p>Luís Antônio Siqueira de Azeyedo</p><p>23</p><p>24</p><p>Misturas de Tanque de Produtos Fitossanitários: Teoria e Prática</p><p>Nas regiões com águas minerais e alcalinas, o pH pode atingir níveis superiores a 9.</p><p>Muicos produtos fitossanitários reduzem sua meia-vida hidrolítica quando misturados em</p><p>água alcalina (Figura 3) (GASSEN, 2010).</p><p>Estabilidade (horas)</p><p>100</p><p>80</p><p>60</p><p>40 1------</p><p>20 1--- ---+---</p><p>o</p><p>5 6</p><p>__ Fumicf rac</p><p>7 8 9 ph da água</p><p>Figural. Efeito do pH da água sobre a estabilidade do inseticida triclorfon e do herbicida</p><p>flumicorac (Arbore).</p><p>5.2 Influência no nível de dissociação do ingrediente ativo</p><p>Muitas moléculas sofrem dissociação quando em solução. A constante de</p><p>dissociação de cada composto depende do pH. Numa solução, sempre temos: moléculas</p><p>íntegras e moléculas dissociadas, sendo uma parte aniônica e outra catiônica. A absorção</p><p>pelos tecidos vegetais é diferente para moléculas íntegras e para os ânions e cátions</p><p>resultantes da dissociação. Por isso, o grau de dissociação pode influir no grau de eficiência.</p><p>5.3 Influência na estabilidade das caldas</p><p>Os producos são formulados para tolerar alguma variabilidade no pH das caldas.</p><p>Valores extremos, todavia, podem afetar a estabilidade física. De modo geral, os produtos</p><p>fitossanitários apresentam maior eficiência quando as caldas são pouco ácidas, com pH</p><p>entre 6,0 e 6,5.</p><p>5.4 Correção do pfl da calda das misturas de tanque</p><p>A correção que normalmente se busca é de abaixamento do pH, o que pode ser</p><p>conseguido pela adição de um ácido fraco ou diluído. Numa calda, entretanto, existem</p><p>sais com um poder tampão, que em pouco tempo voltam a afetar o pH. Por isso, além de</p><p>Luís Antônio Siqueira de Azevedo</p><p>Misturas de Tanque de Produtos Fitossanitários: Teoria e Prática</p><p>.à..:rescentar um ácido, deve-se acrescentar um sal adequado, que por seu "poder tampão"</p><p>:::antenha o pH dentro de uma faixa desejada. Como acidificante, pode-se recomendar o</p><p>i.:ido fosfórico, e como tamponante, o fosfato ácido de sódio. Alguns agricultores usam</p><p>.:.:ido muriático misturado com água sanitária (SHANE; SCHILDER, 2011).</p><p>6. Conclusões</p><p>A qualidade da água é fator fundamental na eficácia de produtos fi.tossanitários.</p><p>_ fuirns agricultores evitam usar a água de rios por causa dos teores elevados de argila,</p><p>.::e material orgânico ou de sais. Optam pela água de poços artesianos que, em geral, são</p><p>~mpidas. Se a água apresentar quantidade elevada de partículas de terra em suspensão,</p><p>?Ode reduzir a meia-vida (tempo para inativar 50% do produto) de herbicidas, como o</p><p>:'araquate e o glifosato, que são adsorvidos na argila.</p><p>Nas regiões com águas minerais e alcalinas, o pH pode atingir níveis superiores a</p><p>q_ .\11.uitos produros fitossanitários reduzem sua meia-vida hidrolítica quando misturados</p><p>=-m água alcalina. Com relação à acidez, trabalhos recentes mostram que alguns herbicidas</p><p>:: os inseticidas piretroides têm sua eficiência melhorada quando aplicados com água de pH</p><p>?:-Óximo a 4. O herbicida glifosato apresenta melhor eficiência em pH 3,5. Cada produto</p><p>l?resenta características específicas de melhor eficácia, dentre elas o pH. Estas informações</p><p>?Odem ser encontradas no rótulo da embalagem comercial ou obtidas junto ao fabricante.</p><p>· -árias substâncias ácidas (ácido muriático, cítrico, acético-vinagre, sulfatos, etc.) podem</p><p>:er usadas para reduzir o pH de águas de pulverização antes de colocar os produtos</p><p>::mssanitários no tanque de pulverização.</p><p>Luís Antônio Siqueira de Azevedo</p><p>25</p><p>Misturas de Tanque de Produtos Fitossanitários: Teoria e Prática</p><p>A r</p><p>REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS</p><p>-_:_:_:o~, D. Adjuvants and Additivies in Crop Protection. Richmond, UK: PJB</p><p>?:iblications Lcd.: AGROW Repores, 2003, 141 p.</p><p>E\ ""IDO, L. A. S. Fungicidas protetores: fundamentos para o uso racional.</p><p>Campinas-SP: Emopi Gráfica Editora Leda., 2003, 346 p.</p><p>--=\ .:.DO, L. A. S. Adjuvantes agrícolas para a proteção de plantas. Rio de Janeiro</p><p>;ZJ: IMOS Gráfica Editora, 201 l, 218 p.</p><p>- -~~ CROP SCIENCE. Effective escorts into the green tissues: Courier 18, research</p><p>l 10, 2008.</p><p>: CHIERO, M. Uso de adjuvantes em aplicações de defensivos. Reunião de Pesquisa,</p><p>BCS, 2005. (Palestra)</p><p>CZ..-..... ~~OTA, M.; THOMAS, P. Using Surfactants, WettingAgents, andAdjuvants in</p><p>the Greenhouse. University of Georgia College of Agricultural and Environmenral</p><p>Sciences: The Cooperative Extension Service, Bulletin, 1314, 2009.</p><p>-3..RAN, W. S.; McGLAMERY, M. D.; LIEBL, R. A.; LINGENFELTER, D. D.</p><p>Adjuvants for enhancing herbicide performance. Pennsylvania State University.</p><p>PA Coop. Exrension Svc., 1999 Agronomy Facts 37. Disponível em:</p><p>X~IOTO, P. Spray Additives for lmproving Pest Control. Iowa State University,</p><p>Dept. of Horticulture. Iowa Wine Growers Conference January 29, 2005.</p><p>L -~SSEN, F. R. Efeito da acidez sobre os produtos fitossanitários. Cooplantio.</p><p>Informativo 161. 2010, 5p.</p><p>GliEN, J. M. Using adjuvant physicodermical properties to improve berbicide</p><p>performance. Proc. Third Int. Weed Science Congress, june, 2000. Brasil.</p><p>~_.~WITT, J. lhe influence of tank~mix adjuvants on the formation, characteristics</p><p>and drift potencial of agricultura! sprays. Proceedings 6 th ISAA Amsterdam,</p><p>The Netherlands, August, 2001.</p><p>~---:OLLOWAW, P. J.; BUTLER, E. M. C .; WEBB, D. A.; WESTERN, N. M.; TUCK,</p><p>C. R.; HAYES, A. L.; MILLER, P. C. H. Effects of some agricultura! tank</p><p>mix adjuvants on the deposition efficiency of aqueous sprays on foliage: Crop</p><p>Protection, v. 19, nº 1, 2000. p. 27-37. (11).</p><p>~RKWOOD, R. C. Recent development in our understanding of plane cuticle as a barrier</p><p>to the foliar uptake of pesticides. Pesticide Science, v. 55:1, p. 69-77, 1999.</p><p>Luís Antônio Siqueira de Aze\·edo</p><p>28</p><p>Misturas de Tanque de Produtos Fitossanitários: Teoria e Prática</p><p>KISSIMAN, K. G. Adjuvantes para caldas de defensivos agrícolas. BASF: São Paulo</p><p>SP, 1997. 45 p.</p><p>MCCURRY, D. J. Analysis of the active compound in agricultural fungicide</p><p>formulation by liquid chromatography. Agilenr Technologies. Inc. 2010. 4 p.</p><p>MILLER, P. C. H; BUT LER ELLIS, M. C. A reYiew of spray generation, delivery to</p><p>target and how adjuvants inffuence the process. Planr Prorection Quartely, 12 (1).</p><p>1997.</p><p>RHODIA. Surfactants and Specialties for Planr Prorecrion Europe. Agrochemical</p><p>Formulations. Brochure, 8p. 2010.</p><p>ROMAN, E.; BECKIE, H.; VARGAS, L.; H ALL , L. : RIZZA.RDI, M. A.; WOLF, M. T.</p><p>Como funcionam os herbicidas. Passo Fundo-RS: Gráfica Editora Berthier, 2007.</p><p>160 p.</p><p>SHANE, B.; SCHILDER, A. Revised information on spray adjuvants for fruit crops.</p><p>Michigan Fruir Management Guide, Michigan Srare CniYersiry Extension Bulletin</p><p>E-154. April 28, 2011.</p><p>STEURBAUT, H. 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As atividades de pesquisa desenvolvidas no mundo</p><p>oor companhias e universidades consomem muito tempo e investimentos, para descobrir</p><p>n:}··as classes químicas de herbicidas, inseticidas e fungicidas, visando a disponibilizar</p><p>?:-oducos e soluções mais seguras para o agricultor e o meio ambiente.</p><p>A indústria de agroquímicos faz o desenvolvimento para assegurar que cada</p><p>•3z-mulação de um ingrediente ativo contenha inertes suficientes e substâncias para garantir</p><p>es:abilidade e bom desempenho biológico da mistura. Os ingredientes ativos variam</p><p>e::ormemente em suas propriedades químicas, exigindo assim produtos químicos capazes de</p><p>~uilibrar os atributos químicos, físicos e biológicos necessários para uma boa formulação.</p><p>': fabricantes fazem todo o possível para garantir que a formulação seja estável, que se</p><p>:::ísmre com facilidade e tenha um bom desempenho na maioria das condições de campo.</p><p>2. Formulações: conceitos e aplicações</p><p>São as diversas formas pelas quais os produtos químicos são veiculados, sem perda</p><p>-e performance. São diluições do ingrediente ativo, de forma a rorná-lo comercialmente</p><p>ª?licável no campo. A formulação diz respeito à forma física com a qual o ingrediente ativo</p><p>-o defensivo é apresentada ao mercado, em relação à aplicação, ao controle da praga ou</p><p>~aença e ao armazenamento (Figura 1) (MATUO, 199; AZEVEDO, 2001; GALLO et al.,</p><p>_C02; AZEVEDO, 2007; REIS ec al., 2011). A formulação empregada é tão importante</p><p>Luís Antônjo Siqueira de Azevedo</p><p>29</p><p>30</p><p>Misturas de Tanque de Produtos Fitossanitários: Teoria e Prática</p><p>quanto a escolha do agroquímico, quer seja um herbicida, inseticida, quer um fungicida,</p><p>para o controle de determinada praga, planta daninha ou doença. Influencia também na</p><p>escolha do equipamento e no tipo de aplicação do produto. A formulação visa a deixar o</p><p>produto mais adequado para o uso agrícola.</p><p>1-</p><p>c.,.;riôõ se ---</p><p>- -</p><p>E3731rl · ·· li 1:;=~:~=-</p><p>'I{, ... ;:1</p><p>' ... _</p><p>Figura 1. Diferentes tipos de formulação de produtos fitossanicários.</p><p>De acordo com Lyr (1995) e H ewitt (1998), as formulações devem apresentar as</p><p>seguintes características: serem seguras para a cultura, fáceis de manusear, compativíveis</p><p>com a maioria dos produtos, fáceis de serem aplicadas, aceitas pelos órgãos regulatórios de</p><p>registro e adequadas para serem produzidas em escala comercial. O principal</p><p>componente</p><p>de uma formulação é o ingrediente ativo, que pode apresentar-se na forma de um líquido</p><p>viscoso ou na forma de cristais. No desenvolvimento de uma formulação adequada, torna</p><p>se necessário conhecer-se suas principais características físico-químicas (SANTOS, 2002).</p><p>As principais características são: a) solubilidade em água e solventes orgânicos. Em alguns</p><p>casos, o ingrediente ativo pode apresentar solubilidade nula ou ser altamente solúvel em água</p><p>e, em outros casos, é preciso ser diluído em solventes orgânicos biologicamente compatíveis;</p><p>b) ponto de fusão - quando o ingrediente ativo precisa ser moído para formulações pó</p><p>molhável, pó seco ou suspensões concentradas, é essencial conhecer seu ponto de fusão;</p><p>c) estabilidade química - o conhecimento da estabilidade química é fundamental para</p><p>a definição do tipo de formulação que poderá ser desenvolvido. É o caso, por exemplo,</p><p>quando o ingrediente ativo tem facilidade de se hidrolisar; neste caso, não é seguro uma</p><p>formulação do tipo suspensão.</p><p>2.1 Principais componentes de uma formulação</p><p>As formulações químicas utilizadas na agricultura normalmente contêm ingrediente</p><p>ativo e vários componentes inertes, tais como os surfactantes, que melhoram a eficácia do</p><p>produto (MCCURRY, 2010). Um composto químico com atividade biológica raramente</p><p>é aplicado de forma pura. O normal é que os compostos sejam formulados, juntamente ou</p><p>em conjunto com outros componentes, para tornar prática à aplicação e para maximizar a</p><p>eficiência e a segurança no campo.</p><p>Luís Antônio Siqueira de Azevedo</p><p>Misturas de Tanque de Produtos Fitossanitários: Teoria e Prática</p><p>No Brasil, de acordo com a nomenclatura que se encontra na legislação federal sobre</p><p>?rodutos fitossanitários, o composto com atividade biológica é denominado de ingrediente</p><p>ativo, substância química realmente ativa com ação herbicida, inseticida ou fungicida. É</p><p>a substância que confere eficácia ao produto formulado. Os outros componentes de uma</p><p>:ormulação são denominados de ingredientes inertes. Dentre os ingredientes inertes,</p><p>existem dois tipos: os solventes ou diluentes e os coadjuvantes. Os solventes ou diluentes são</p><p>substâncias utilizadas para diluir o ingrediente ativo e com isso reduzir sua concentração</p><p>REIS; FORCELINI, 1994; AZEVEDO, 2003; LIMA, 2006; REIS et al., 2011). Têm</p><p>função também de ajudar na aplicação mecânica, não influem na toxidez e são inertes</p><p>aos alvos biológicos. Os diluentes sólidos mais utilizados são originários da trituração</p><p>de minerais, tais como: gesso (sulfato hidratado de cálcio), talco (silicato hidratado de</p><p>magnésio), caulim (silicato hidratado de alumínio) e caulinita. Os coadjuvantes são</p><p>igualmentes inócuos aos alvos biológicos, e sua finalidade de emprego é melhorar a ação do</p><p>ingrediente ativo.</p><p>3. Principais tipos de formulação</p><p>As formulações de uso na agricultura podem ser classificadas de diversas formas;</p><p>porém, considerando seus estados físicos, dividem-se em líquidas e sólidas. A seguir são</p><p>apresentadas aquelas de uso mais comum, com suas codificações entre parênteses, segundo</p><p>as Normas Brasileiras (ANNT NBR 12679, 2004). As principais formulações líquidas são:</p><p>concentrado emulsionável (EC); concentrado solúvel (SL); eletrodinâmica (ED); emulsão</p><p>de óleo em água (EW); gel emulsionável (GL); suspensão concentrada (SC); suspensão</p><p>concentrada para tratamento de sementes (FS); suspensão de encapasulado (CS) e</p><p>ultrabaixo volume (UBV ou UBL). As principais formulações sólidas são: fibras plásticas</p><p>(FP); gerador de gás (GE); granulado (G ou GR); grânulos dispersíveis em água (WG); isca</p><p>(GB); pasta (PA); pastinha (PT); pó dispersível em água (WS); pó molhável (WP); pó para</p><p>tratamento a seco de sementes (DS); pó seco (DP); pó solúvel (SP) e tablete (TB).</p><p>No entanto, em função da harmonização da terminologia internacional e,</p><p>especificamente na área do MERCOSUL, o Brasil passou a adotar as siglas internacionais</p><p>para essas formulações, siglas derivadas da língua inglesa. A seguir, encontra-se um resumo</p><p>das siglas e seus respectivos significados. As siglas para os ingredientes ativos e concentrados</p><p>são: AI - substância ativa biologicamente; TC - produto técnico, e TK - pré-mistura</p><p>(KISSMANN, 1997; AZEVEDO, 2001; AZEVEDO, 2003; LIMA, 2006).</p><p>3.1 Classificação das formulações quanto à forma de uso</p><p>Dividem-se as formulações em dois tipos. 1) Formulação para pré-mistura: são</p><p>aquelas que necessitam ser diluídas até uma concentração adequada, no ato da aplicação.</p><p>2) Formulação de pronto uso: são aquelas em que a concentração já está adequada para à</p><p>aplicação (MATUO, 1990; AZEVEDO, 2011).</p><p>Luís Antônio Siqueira de Aze\·edo</p><p>32</p><p>Misturas de Tanque de Produtos Fitossanitários: Teoria e Prática</p><p>3.1.1 Formulações para aplicar sem diluição ou de pronto uso</p><p>Os produtos para aplicar sem diluição são: DP - Pó seco; GP - Polvilho fino:</p><p>ED - Líquido para pulverização eletrostática; MG - Microgranulado, SO - Óleo</p><p>para formar película; SU - Solução para aplicar em UBV (ultra baixo volume); GR -</p><p>Granulado; CG - Granulado encapsulado; FG - Granulado fino; GG - Macrogranulado;</p><p>TP - Pó para despistagem e UL - Produto para aplicar em UBV As principais são</p><p>formualações sólidas são o pó seco (DP) e o polvilho fino (GP). São restritas ao controle</p><p>de formigas e de insetos em grãos armazenados. A exposição do aplicador e a deriva</p><p>são acentuadas, a distribuição é heterogênea na área (produto disperso por uma fonte</p><p>de ar), existe certa dificuldade de calibração dos equipamentos de aplicação, que são as</p><p>polvilhadoras. A seguir, são apresentadas as formulações sólidas de uso mais comum entre</p><p>os herbicidas, inseticidas e fungicidas.</p><p>3.1.1.1 Granulados (G, GB ou GR)</p><p>O uso de formulações granuladas tem aumentado nos últimos anos. Devido ao</p><p>tamanho, as partículas não estão sujeitas à deriva observada nas formulações em pó. Outra</p><p>vantagem é que podem ser formuladas de modo a liberar o princípio ativo parceladamente.</p><p>As formulações de agroquímicos granulados são produzidas pela adsorção do defensivo</p><p>na superfície de veículos minerais, como a vermiculita, a sílica, a argila de 0,5 a 1,5 mm</p><p>de diâmetro. Em sua elaboração, as partículas sólidas são impregnadas pelo ingrediente</p><p>ativo, na forma de pequenos grânulos. As formulações granuladas são fáceis de aplicar,</p><p>sendo estáveis aos efeitos do vento, tendo boas características de penetração na cultura.</p><p>São largamente utilizadas no Brasil, na forma de triazois granulados misturados com</p><p>neonicotinoides, para à aplicação no solo, no controle da ferrugem-do-cafeeiro e insetos</p><p>sugadores. As formulações sólidas granuladas podem ser divididas em granulados (GR)</p><p>- partículas de 600 a 5.000 µm; microgranulados (MG) - partículas de 150 a 600 µm,</p><p>e macrogranulados (GG) - partículas maiores que 5.000 µm. A aplicação de granulados</p><p>deve seguir a normativa NBR12937 (1993): A aplicação de granulados é efetuada com</p><p>equipamentos bastante simples, denominados aplicadores de granulados, que constam de</p><p>depósito ou reservatório, mecanismo dosador, sistema de acionamento e tubo condutor. A</p><p>dosagem é em função da área (kg/ha); comprimento (gim de sulco); por planta (g/cova).</p><p>3.1.1.2 Pó seco (DP)</p><p>São partículas sólidas .finamente moídas, de um material adsorvente (mineral de</p><p>argila), impregnadas com o ingrediente ativo. Tais partículas sofrem diluição por meio de</p><p>material inerte (talco), para aumentar o volume e possibilitar a distribuição nas máquinas</p><p>polvilhadoras. Este tipo de formulação geralmente contêm 4 - 10% de ingrediente ativo.</p><p>Os outros componentes são denominados de diluentes ou veículo do ingrediente ativo. Sua</p><p>função é diluir o produto químico de modo a tornar sua aplicação economicamente viável e</p><p>melhorar as propriedades da formulação, visando à aplicação do produto. Uma formulação</p><p>Luís Antônio Siqueira de Azevedo</p><p>Misturas de Tanque de Produtos Fitossanitários: Teoria e Prática</p><p>'!e ?Ó deve fluir facilmente, possuir boa propriedade de cobertura e formar depósito</p><p>adereme</p><p>~ superfície da folha. Além disso, a formulação em pó não deve formar aglomerados no</p><p>~x::azenamento ou durante à aplicação, devendo eliminar possíveis efeitos fitotóxicos do</p><p>·-.-."1gicida (AZEVEDO, 2001). Pode consistir em simples mistura do princípio ativo com</p><p>- ~ediente inerte (por exemplo: produto + caolim). O ingrediente ativo pode revestir as</p><p>~ -1culas do diluente, podendo ocorrer também a formação de conglomerado de fungicida</p><p>e 2luente. As formulações em pó seco são mais utilizadas atualmente no tratamento de</p><p>.=:::entes com fungicidas, sendo restrito o seu uso para a proteção da folhagem, devido à</p><p>6:_:a de adesividade e cobertura no alvo biológico.</p><p>3.2 Formulações para pré-mistura ou para diluição em água</p><p>Os tipos de concentrados para diluir em água, segundo Kissmann, (1997) são:</p><p>DC - Concentrado dispersível</p><p>EC - Concentrado para emulsão</p><p>EO - Emulsão (água em óleo)</p><p>EW - Emulsão (óleo em água)</p><p>PC - Concentrado em pasta</p><p>SC- Suspensão concentrada</p><p>CS - Suspensão de encapsulado</p><p>SE - Emulsão heterogênea</p><p>SG - Granulado solúvel em água</p><p>SL - Concentrado solúvel em água</p><p>SP - Pó solúvel</p><p>TB - Tablete</p><p>WG - Granulado para suspensão aquosa</p><p>WP - Pó molhável</p><p>As formulações de fungicidas mais encontradas no mercado para a diluição</p><p>e:n água são o pó molhável, o concentrado para emulsão, a emulsão de óleo em água, a</p><p>s;.1spensão concentrada, e mais ultimamente, o granulado solúvel ou para suspensão em</p><p>.1gua (KISSMANN, 1997; HEWITT, 1998; LIMA, 2006; REIS et al., 2011).</p><p>3.2.1 Pó molhável (WP)</p><p>As principais características são: custo baixo, mais comum entre fungicidas,</p><p>deixa resíduos visíveis sobre superfícies tratadas, partículas promovem desgaste de peças</p><p>e componentes do circuito hidráulico, entupimento frequente de filtros, necessidade de</p><p>agiração constante, evitando decantação e floculação das partículas (REGITANO, 2014).</p><p>Forma uma suspensão quando diluído em água. Essencialmente, este tipo</p><p>de formulação é composto do produto, do diluente, de um agente que auxilia na</p><p>suspensibilidade e na molhabilidade, e, possivelmente, de um adjuvante capaz de melhorar</p><p>as características de deposição das partículas, principalmente em plantas com a superfície</p><p>-.:erosa. Formulações típicas de defensivos pós molháveis seriam: o defensivo (5-50%); um</p><p>agente molhante iônico, como, por exemplo, o óxido de polietileno (1-10%); um agente</p><p>Luís Antônio Siqueira de Aze\·edo</p><p>34</p><p>Misturas de Tanque de Produtos Fitossanitários: Teoria e Prática</p><p>para aumentar o volume da formulação, como, por exemplo, o carboximetil celulose, e</p><p>um diluente hidrofílico, com a bentonita (AZEVEDO, 2001; AZEVEDO, 2003; LIMA,</p><p>2006; REIS et al., 2011).</p><p>Nas formuláções com pós molháveis, o veículo de aplicação é a água. Porém,</p><p>a formulação apresenta o ingrediente ativo disperso num inerte, capaz de absorver</p><p>água e manter-se em suspensão nela. Os pós molháveis podem conter, com frequência,</p><p>estabilizantes para impedir decomposições na armazenagem, aderentes que lhe conferem</p><p>resistência à lavagem pela chuva, tampões de pH, agentes de suspensão, etc. Estes inertes</p><p>contribuem muito para a obtenção da eficiência máxima do produto fitossanitário.</p><p>A característica mais importante dos pós molháveis é a suspensibilidade ou</p><p>a capacidade de manter-se em suspensão na água durante o maior tempo possível, sem</p><p>depositar-se no fundo do tanque do pulverizador. Outra característica que influencia na</p><p>eficiência dos pós molháveis, é o tamanho das partículas do ingrediente ativo. Quanto</p><p>menor o diâmetro da partícula, tanto maior é a eficiência do produto, melhor e mais</p><p>uniforme é sua cobertura. O tamanho das partículas, em pós molháveis, deve ser menor</p><p>que 10 micra.</p><p>Na prática (AZEVED O, 2003), para se conseguir uma boa efetividade com as</p><p>formulações pós molháveis, deve-se ter certos cuidados no momento da sua aplicação. A</p><p>técnica de se fazer uma pasta prévia com a quantidade necessária de produto e pouca</p><p>água, deve ser sempre seguida, pois, assim, os coadjuvantes se dissolvem bem na água, e o</p><p>produto não forma grumos, assegurando sua perfeita umectação.</p><p>3.2.2 Pó solúvel (PS)</p><p>É uma formulação sólida, destinada à diluição em água e posterior aplicação via</p><p>líquida. As principais características são: é uma formulação pouco comum; resulta em uma</p><p>solução verdadeira e não há necessidade de agitação constante.</p><p>3.2.3 Concentrado para emulsão (EC)</p><p>A diluição em água resulta numa emulsão, ou seja, glóbulos líquidos da formulação</p><p>ficam dispersos na fase aquosa, constituindo uma calda de aspecto leitoso. É formada</p><p>pelo ingrediente ativo solúvel no solvente adequado e pelos coadjuvantes, emulsionantes e</p><p>dispersantes. São muito utilizados os solventes aromáticos por serem menos fitotóxicos e o</p><p>xileno. São utilizados também álcoois e acetona, dependendo da solubilidade do ingrediente</p><p>ativo. O mercado atual tem exigido formulações mais concentradas possíveis, visando ao</p><p>emprego de doses menores; no entanto, essa tendência é limitada pela solubilidade das</p><p>matérias ativas no solvente (AZEVEDO, 2001; LIMA, 2006; REIS et al., 2011).</p><p>Os outros componentes deste tipo de formulação são os agentes emulsificantes e</p><p>os dispersantes. Sua função é proporcionar uma dispersão imediata e estável do produto na</p><p>Luís Antônio Siqueira de Azevedo</p><p>Misturas de Tanque de Produtos Fitossanitários: Teoria e Prática</p><p>água, formando, assim, gotículas finamente divididas e homogeneamente distribuídas na</p><p>massa de água.</p><p>3.2.4 Emulsão (óleo em água) (EW)</p><p>O produto já vem pré-emulsionado e disperso em água; portanto, há uma</p><p>formulação líquida que tem a água como solvente principal e uma pequena quantidade de</p><p>diluente orgânico. A diluição em água resulta numa emulsão opaca ou leitosa (LIMA, 2006).</p><p>Os fungicidas destinados à aplicação foliar raramente são encontrados em formulações</p><p>emulsionáveis. Emulsão formada pela mistura de fungicidas com óleo mineral é largamente</p><p>aplicada no controle do mal-de-sigatoka-da-bananeira. O fungicida é dissolvido em solvente</p><p>com água e com a introdução de um agente dispersante, a mistura é dispersa em água,</p><p>formando emulsão estável. Embora o preparo de emulsão seja relativamente barato, seu uso</p><p>é limitado pela dificuldade de manuseio, pela instabilidade durante a armazenagem e pela</p><p>necessidade de incorporação do agente molhante, devido à baixa propriedade molhante</p><p>dos agentes de estabilização. As emulsões apresentam uso restrito devido à sensibilidade</p><p>das culturas. Os óleos minerais ou vegetais, mesmo em baixas concentrações, podem ser</p><p>fitotóxicos. Além disso, não devem ser aplicados nas horas quentes do dia. Por isso, essas</p><p>formulações estão restritas a determinadas culturas (AZEVEDO, 2011). A microemulsão</p><p>de óleo em água tem as mesmas características da EW.</p><p>3.2.5 Emulsão de água em óleo (EO)</p><p>É um tipo de formulação fluida, heterogênea, que apresenta partículas de solução</p><p>aquosa com ingrediente ativo em fase orgânica contínua, e à aplicação deve ser feita após</p><p>diluição em água, sob a forma de emulsão. Existem ainda a microemulsão de água em óleo</p><p>(MEO), muito semelhante com a EO, porém apresenta finas partículas da solução aquosa,</p><p>formando uma dispersão translúcida.</p><p>3.2.6 Suspensão Concentrada (SC)</p><p>São formulações formadas pelo ingrediente ativo que é dividido em pó fino (</p><p>Neste tipo de formulação, o ingrediente ativo é incorporado dentro de</p><p>Luís Antônio Siqueira de Aze\'edo</p><p>36</p><p>Misturas de Tanque de Produtos Fitossanitários: Teoria e Prática</p><p>polímeros esféricos, microcápsulas de 15 micras de diâmetro, que são permeáveis e capazes</p><p>de controlar a liberação do ingrediente ativo. Elas são flowab!e concentrados compostos por</p><p>microcápsulas e agentes molhantes (HEWITT, 1998; AZEVEDO, 2001; REIS et al., 2011).</p><p>3.2.7 Suspensão/emulsão (SE)</p><p>É uma formulação bastante fluida, heterogênea, apresenta dispersão estável do</p><p>ingrediente ativo(s) na forma de partículas sólidas e de finas partículas, na fase contínua</p><p>aquosa, devendo ser aplicada após diluição em água.</p><p>3.2.8 Suspensão de encapasulado (CS)</p><p>É uma suspensão aquosa em que o ingrediente ativo se encontra revestido por</p><p>rnicrocápsulas (polímeros plásticos de vários tipos e tamanhos), formando minúsculas</p><p>partículas que ficam dispersas homogeneamente na formulação (LIMA, 2006). Este tipo de</p><p>formulação só é encontrado entre os inseticidas e fungicidas para o tratamento de sementes.</p><p>3.2.9 Granulado Solúvel em Água (SG)</p><p>A formulação de um agroquímico sob a forma de solução é relativamente simples,</p><p>a menos que a solubilidade do produto químico seja tão baixa que torne necessário</p><p>solubilizá-lo com agentes dispersantes. Esses agentes também são necessários para melhorar</p><p>as propriedades molhantes e de penetração da formulação.</p><p>Nas formulações sobre forma de soluções, o princípio ativo sob a forma de grânulos</p><p>é misturado a um líquido, na maioria dos casos a água, sendo solubilizado por agitação. Tais</p><p>tipos de formulações, usualmente, possuem alta porcentagem de princípio ativo, como os</p><p>granulados solúveis.</p><p>Existem ainda outros tipos de formulações em pré-mistura para a diluição em</p><p>solventes orgânicos. Os principais tipos são: suspensão concentrada dispersível em óleo (OF)</p><p>- é uma suspensão estável de i. a.(s), para aplicação após dispersão num líquido orgânico;</p><p>solução miscível em óleo (OL) - é uma formulação líquida, homogênea, para aplicação após</p><p>diluição em líquido orgânico, sob a forma de solução verdadeira; pó-dispersível em óleo</p><p>(OP) - é uma formulação sólida, na forma de pó, dispersão em líquido orgânico sob a forma</p><p>de suspensão (REGITANO, 2014).</p><p>3.3 Qualidades de uma formulação para a mistura de tanque</p><p>De acordo com Santos (2002), para que urna formulação seja eficiente no controle</p><p>dos alvos biológicos em uma mistura de tanque, é preciso apresentar algumas qualidades</p><p>físico-químicas, conforme descritas na Tabela 1.</p><p>Luís Antônio Siqueira de Azevedo</p><p>Misturas de Tanque de Produtos Fitossanitários: Teoria e Prática</p><p>Tabela 1. Qualidades de uma formulação a serem consideradas mais adequadas para uso cn~</p><p>culturas agrícolas (SANTOS, 2002).</p><p>Formulação</p><p>Pó molhavel (PM)</p><p>Concentrado emulsionável (CE)</p><p>Pó solúvel (PS)</p><p>Concentrável solúvel (CS)</p><p>Suspençáo concentrada (SC)</p><p>Pós secos (P)</p><p>Grânulos e microgrânulos (GR)</p><p>lJlrrabaixo volume (UBV)</p><p>Boa suspensibilidade</p><p>Boa granulação e partículas muito pequenas</p><p>O pó deve misturar-se rapidamente com a água</p><p>Pequena formação de espuma</p><p>Emulsificaçáo espontânea em água, resultando uma emulsão</p><p>estável e homogênea, com aspecto leitoso</p><p>D issociação rápida e formação de uma solução aquosa sem</p><p>resíduos</p><p>Formação de uma solução límpida em água</p><p>Formação homogênea para à aplicação em diluição em água,</p><p>sob a forma de solução verdadeira dos ingredientes ativos</p><p>Dispersão espontânea em mistura com água</p><p>Suspensão estável do ingrediente ativo</p><p>Boas propriedades para polvilhamento com boa :Auidez e</p><p>sem grumos</p><p>Boa fluidez sem formação de pó</p><p>Liberação rápida do ingrediente ativo em presença de água</p><p>Diâmetro das partículas devem ser mais uniforma possível</p><p>Baixa volatilidade</p><p>Baixa viscosidade</p><p>Não deve conter substâncias sólidas em suspenção</p><p>4. Desenvolvimento de formulações de produtos fitossanitários</p><p>para mistura de tanque</p><p>A formulação de um produto fitossanitário é um processo trabalhoso, porém muito</p><p>;:anejado. É o resultado de uma longa e caríssima pesquisa. Podemos estimar que, desde</p><p>2. rase inicial da pesquisa de uma molécula, passando pelos estudos de desen\-oh-imem:o</p><p>:,iológico, químico e físico, até os estudos toxicológicos, temos em média oito anos e.e</p><p>::abalho e aproximadamente 200 milhões de dólares envolvidos (AZE\'EDO. 2CC- :</p><p>-.ZEVEDO, 2011). Cada empresa desenvolve suas formulações de modo mais com-enier.ce.</p><p>:':-oducos comerciais com o mesmo ingrediente ativo, mesma concemraçáo e mesmo</p><p>c.?O de formulação, apresentados por duas empresas, podem diferir um pou.:o em st:as</p><p>Luís Antônio Si .. !uei:-3 e.e _.\zen~.:io</p><p>37</p><p>38</p><p>Misturas de Tanque de Produtos Fitossanitários: Teoria e Prática</p><p>características físicas se forem formulados com ingredientes inertes diferentes.</p><p>As empresas de agroquímicos geralmente têm apresentado formulações às vezes</p><p>diferentes em diversos mercados, em função da disponibilidade e do custo dos componentes</p><p>nos países onde são formulados. Pelo alto custo dos escudos toxicológicos e de impacto</p><p>ambiental dessas formulações, entretanto, a tendência das empresas é de apresentar</p><p>formulações universais (AZEVEDO, 2011).</p><p>Existe uma variedade muito grande de ingredientes inertes que são utilizados</p><p>nas diversas formulações. Os principais tipos de ingredientes existentes no mercado de</p><p>fungicidas encontram-se na Tabela 2.</p><p>Tabela 2. Principais tipos de ingredientes inertes utilizados em formulações e suas respectivas</p><p>funções.</p><p>Tioos Fun óes</p><p>! . ---,--~--,((---·-----... ---•-'" "'</p><p>Cargas</p><p>Solventes</p><p>Emulsificames</p><p>Molhantes</p><p>Dispersantes</p><p>Espessantes</p><p>Anticompactantes</p><p>Anticongelantes</p><p>Antiespumantes</p><p>Antioxidantes</p><p>Q uelatizantes</p><p>Acidificantes</p><p>Tamponantes</p><p>Bactericidas</p><p>Corantes</p><p>Odorizantes</p><p>Produtos para diluir a formulação</p><p>Dissolvem o ingrediente ativo</p><p>Compatibilizam frações polares e apolares</p><p>Permitem rápida umectaçáo do produto em contato com a água</p><p>Impedem a aglomeração de partículas</p><p>Aumentam a viscosidade</p><p>Impedem a cristalização de componentes, em líquidos, em ambiente de</p><p>baixa temperatura</p><p>Impedem a cristalização de componentes, em líquidos, em ambiente de</p><p>baixa temperatura</p><p>Diminuem a formação rque as empresas têm o conhecimento de que os produtos serão misturados no campo,</p><p>e os adjuvantes podem diminuir eventuais problemas de compatibilidade. A seleção de</p><p>.2.djuvantes deve entregar estes aspectos, sobretudo porque a performance do produto poderá</p><p>-r afetada, além do dano à imagem comercial. Para adjuvantes de interesse, características</p><p>:a.is como a compatibilidade física com produtos específicos são essenciais. Geralmente,</p><p>:escam-se categorias de adjuvantes (exemplos: surfactantes não iônicos, organosilicones,</p><p>!:e.). Devido às mudanças na composição dos adjuvantes, testes com marcas específicas são</p><p>_1-.."Tiitados, porque as empresas priorizam o desenvolvimento de novas moléculas e não de</p><p>~OYOS adjuvantes (TINGLE, 2010).</p><p>A demanda pelo verde e por produtos agroquímicos sustentáveis está em alta. Isto</p><p>:em levado as companhias globais de especialidades, como</p><p>a Clarianc, com mais de 40 anos</p><p>ce experiência em proteção de plantas, a desenvolver soluções globais feitas sob medida com</p><p>.1:::1 amplo portifólio de formulações de inertes, incluindo adjuvantes e agentes dispersantes</p><p>CLARIANT, 2010).</p><p>A indústria agroquímica reconhece esta tendência, e autoridades regulatórias</p><p>=s:áo cada vez mais exercendo uma pressão, não somente sobre os ingredientes ativos, mas</p><p>:ã....nbém sobre inertes da formulação (exemplos REACH, EPA inertes estão sob programa</p><p>.:.e reavaliação). Alguns inertes que vinham sendo usados por décadas são descartados e</p><p>::stáo sob discussão. Alguns exemplos são: nonifenol ecoxilados foram banidos da Europa;</p><p>so~,·entes aromáticos, tais como xileno, ou solventes com alto conteúdo de naftaleno;</p><p>_ucros solventes críticos (NMP, THFA, y-Butryolacton); derivados de TSP: PBT está em</p><p>.:.iscussáo na Europa.</p><p>5. Desenvolvimento de novas tecnologias de formulações</p><p>Os tipos mais comuns de formulações são concentrados emulsionáveis,</p><p>~spensões concentradas ou grânulos dispersíveis em água (AZEVEDO, 2011).</p><p>::>ependendo do modo de ação de um ingrediente ativo específico, por exemplo,</p><p>?::-oreror de contato, ingestão ou sistêmico, o tipo de formulação é selecionado. A</p><p>~aioria dos ingredientes ativos de contato é formulado como suspensão concentrada</p><p>-e) ou grânulos dispersíveis em água (WG), enquanto os compostos sistêmicos são</p><p>::adicionalmente formulados em um dissolvido onde eles estão realmente disponíveis.</p><p>:'" ara o desenvolvimento de tais concentrados emulsionáveis (EC) ou líquido solúvel, a</p><p>cisponibilidade de um bom solvente para o ingrediente ativo é fundamental. Contudo,</p><p>= um dos maiores problemas que a tecnologia de formulação tem tido em anos</p><p>Luís Antônio Siqueira de Azevedo</p><p>1j</p><p>39</p><p>40</p><p>Misturas de Tanque de Produtos Fitossanitários: Teoria e Prática</p><p>recentes. Por outro lado, vários solventes que tinham sido usados nas últimas décadas</p><p>tem tido problemas de toxicologia e sofrem pressão regulatória. Como resultado,</p><p>alguns dos solventes mais comuns não s encontram mais disponíveis. Por outro lado,</p><p>a maioria dos novos ingredientes ativos que têm sido descobertos na última década</p><p>para a proteção de plantas, mostra alto peso molecular, altas proporções aromáticas</p><p>em sua estrutura molecular e menos frações carregadas que os co!Ilpostos anteriores</p><p>(CLARKE; DELANEY, 2002). Consequetemente, estes compostos são menos solúveis</p><p>em água bem como na maioria dos solventes orgânicos. Na ausência de bons solventes,</p><p>muitos produtos sistêmicos não podem ser formulados em um dissolvido, entretanto</p><p>necessitam de outros meios para otimização com o objetivo de explorar todo o seu</p><p>potencial biológico.</p><p>A Bayer Crop Science tem desenvolvido um novo conceito de formulação para</p><p>superar estes problemas, o que é mais bem descrito como in-can oil dispersion (OD) (dispersão</p><p>em óleo) que contêm adjuvantes em combinação com óleo vegetal para aumentar a retenção,</p><p>o espalhamento e a penetração. Adicionalmente, a formulação assegura boa resistência à</p><p>lavagem pela chuva, limitado escorrimento e alta eficácia (VEEMEER; BAUR, 2007).</p><p>A utilização de óleo vegetal é um dos fatores mais importantes desta nova</p><p>tecnologia, porque ele assegura Lima persistente camada líquida no contato da dose</p><p>com a superfície foliar. Devido à baixa volatibilidade do óleo usado, a distribuição</p><p>do ingrediente ativo entre o depósito da pulverização e o tecido foliar pode ser</p><p>otimizada. Contudo, à aplicação de um produto baseado em óleo em uma solução</p><p>de pulverização baseada em água não é muito viável. A dificuldade está relacionada</p><p>em que fase da solução de pulverização - na água ou nas gotas de óleo emulsificador</p><p>deveriam estar suspendidas as partículas do ingrediente ativo. Se as partículas estão</p><p>no óleo, as gotas de óleo seriam relativamente grandes, resultando em coagulação e,</p><p>finalmente, em um creme. Urna aplicação homogênea do produto seria, entretanco,</p><p>difícil de encontrar. Para à aplicação do produto, suspender as partículas em água é</p><p>mais óbvio, porém tecnicamente a mais difícil solução. Para realizar esta opção, as</p><p>partículas necessitariam ser transferidas do concentrado, onde elas estão estabilizadas</p><p>em um ambiente oleaginoso, para dentro da água da solução de pulverização. Fazendo</p><p>isso, a Bayer CropScience tem sido capaz de introduzir uma série de producos com</p><p>alta eficácia, particularmente sob condições desfavoráveis, e um mais baixo risco de</p><p>ficotoxidade para as culturas tratadas. As formulações OD (dispersão em óleo) serão</p><p>reconhecidas pelos fatores descritos acima e comercialmente pertencem à família</p><p>O-TEQ. As formulações OD contêm herbicidas, fungicidas bem como inseticidas que</p><p>estão mais desenvolvidas. Dentre os primeiros produtos O-TEC sendo introduzidos no</p><p>mercado, estão: 1) Biscaya, produto à base de thiacloprid, recomendado para canola,</p><p>batata e cerais (Figuras 3 e 4); 2) Proteus, uma mistura de thiacloprid e deltamethrin,</p><p>que em muitos casos serve para substituir toxicologicamente produtos em hortifrúti;</p><p>3) Confidor, um produco para substituir as formulações SL que recentemente foram</p><p>reclassificadas devido aos problemas do solvente.</p><p>Luís Antônfo Siqueira de Azevedo</p><p>Misturas de Tanque de Produtos Fitossanitários: Teoria e Prática</p><p>!=igura 3. Depósito da pulverização de uma formulação de Biscaya OD 240 na superfície adaxial</p><p>de uma folha de cevada medida no microscópio eletrônico. A) Uma vista mostrando a área</p><p>coberta pela pulverização antes, e o óleo depois da evaporação da água; B) A acumulação visível</p><p>das partículas sólidas de thiacloprid no tecido vegacal associadas com os componentes oleosos da</p><p>:-o rmulação.</p><p>Figura 4. Depósito de pulverização de Calypso SC 480 + 0,1% de Mero na superfície adaxial</p><p>de folha de cevada medida em microscópio eletrônico. A) Uma vista mostrando a borda da</p><p>área coberta pela pulverização e a cobertura do adjuvante depois da evaporação d água; B) A</p><p>acumulação visível das partículas sólidas de thiacloprid no tecido vegetal.</p><p>Outras companhias de agroquímicos também têm investido bastante na tecnologia</p><p>de novas formulações. Um bom exemplo disso é a STICK ANO STAY TECHNOLOGY,</p><p>desenvolvida pela BASF, que permite maior retenção, espalhabilidade e penetração dos</p><p>ingredientes ativos na planta. A Figura 5 ilustra os atriburos dessa tecnologia em cereais.</p><p>Luís Antônio Siqueira de .-.\ze,·edo</p><p>41</p><p>~---- - -</p><p>42</p><p>Misturas de Tanque de Produtos Fitossanitários: Teoria e Prática</p><p>Retenção foliar depende do ângulo de contato</p><p>_!_} ~</p><p>Água pobre</p><p>Padrão</p><p>moderado</p><p>~</p><p>Nova formulação</p><p>excelente</p><p>Figura 5. Nova tecnologia de formulação da BASF (estica e fica)</p><p>6. Conclusões</p><p>Agua</p><p>Nova form ulação</p><p>Os tipos mais comuns de formulações são concentrados emulsionáveis, suspensões</p><p>concentradas ou grânulos dispersíveis em água. Dependendo do modo de ação de um</p><p>ingrediente ativo específico, por exemplo, protetor de contato, ingestão ou sistêmico, o</p><p>tipo de formulação é selecionado. A maioria dos ingredientes ativos de contato é formulada</p><p>como suspensão concentrada (SC) ou grânulos dispersíveis em água (WG), enquanto</p><p>os compostos sistêmicos são tradicionalmente formulados em um dissolvido onde eles</p><p>estão realmente disponíveis. Para o desenvolvimento de tais concentrados emulsionáveis</p><p>(EC) ou líquido solúvel, a disponibilidade de um bom solvente para o ingrediente ativo é</p><p>fundamental. Contudo, é um dos maiores problemas que a tecnologia de formulação tem</p><p>tido em anos recentes. Por outro lado, vários solventes que tinham sido usados nas últimas</p><p>décadas têm tido problemas de coxicologia, sofrem pressão regulatória e não estão mais</p><p>disponíveis para o uso.</p><p>As formulações desempenham um papel fundamental no sucesso da eficácia</p><p>das misturas de tanque, por isso a escolha do tipo de formulação dos produtos a serem</p><p>misturados é o primeiro passo na sequência dos eventos da pulverização. De acordo com o</p><p>tipo de formulação, os produtos serão colocados em uma ordem no tanque de</p><p>pulverização</p><p>para evitar, principalemnte, os problemas de incompatibilidde física e química.</p><p>Luís Antônio Siqueira de Azevedo</p><p>Misturas de Tanque de Produtos Fitossanitários: Teoria e Prática</p><p>A ,</p><p>REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS</p><p>·:)REI Compêndio de defensivos agrícolas. São Paulo-SP: Organização .-\ndrei</p><p>Editora Leda. 2009.</p><p>- G:\.OFIT - Sistemas de Agrotóxicos Fitossanitários. Ministério da _.\ .griculnua</p><p>Pecuária e Abastecimento. Disponível em: . Acesso em: 27 mar. 2012.</p><p>~ê\'EDO, L. A. S. Proteção integrada de plantas com fungicidas . Ca:npinas-SP:</p><p>Emopi Gráfica Editora Leda, 2001. 230 p.</p><p>2EVEDO, L. A. S. Fungicidas protetores: fundamentos para o uso racional.</p><p>Campinas-SP: Emopi Gráfica Editora Leda, 2003. 346 p</p><p>-i...ZEVEDO, L. A. S. Fungicidas Sistêmicos. Teoria e prática. 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Felizmente também, é considerável</p><p>o número de produtos fitossanitários que podemos utilizar para controlar com eficácia</p><p>estes organismos indesejáveis. Constantemente, decobrem-se e são colocados à venda</p><p>:1ovos produtos (inseticidas, fungicias, herbicidas e acaricidas) para diminuir os danos</p><p>causados por estes organismos. São produtos novos, destinados exclusivamente a</p><p>proteção e defesa das plantas, de seu potencial produtivo.</p><p>Essa extraordinária abundância de produtos de que se dispõe na atualidade,</p><p>constitui um avanço na proteção de plantas. Sem dúvida, junto com a vantagem</p><p>que isco representa, traz também um problema: maior complicação no momento de</p><p>escolher o produto mais adequado. Cada produto, além de sua ação firossanicária</p><p>específica, possui algumas características particulares que são necessárias levar-se</p><p>em conca no momento de sua utilização. Assim, por exemplo, é necessário mensurar</p><p>roxidade para o homem, para os animais e para as próprias plantas; o período residual</p><p>na planta, os resíduos, sua ação sobre insetos benéficos; preço de custo, de acordo com</p><p>o valor do ingrediente ativo, e sua facilidade de preparação nas misturas de tanque e</p><p>aplicação.</p><p>2. Universo químico dos produtos fitossanitários</p><p>O usuário final, empresário agrícola ou agricultor, sequer cem uma ideia da</p><p>quantidade de produtos fitossanitários existentes no mercado agrícola. Muito embora as</p><p>misturas de tanque sejam restritas a um determinado número de produtos no campo, o</p><p>Luís Antônio Siqueira de Azevedo</p><p>45</p><p>: ... _.-</p><p>46</p><p>Misturas de Tanque de Produtos Fitossanitários: Teoria e Prática</p><p>universo químico desses produtos é muito extenso. Muitas marcas comerciais de produtos</p><p>estão à disposição do agricultor, porém a escolha deve ser criteriosa.</p><p>Existem mais de mil formulações diferentes de produtos fitossanitários,</p><p>incluindo inseticidas, herbicidas, fungicidas, nematicidas, fumigames e outros</p><p>compostos orgânicos, além de substâncias usadas como reguladores de crescimento,</p><p>desfolhantes e dissecantes (BRAIBANTE; ZAPPE, 2012; AZEVEDO, 2014).</p><p>As formulações de produtos fitossanitários são constituídas de princípios</p><p>ativos, que é o termo usado para descrever os compostos responsáveis pela atividade</p><p>biológica desejada. O mesmo princípio ativo pode ser vendido sob diferentes</p><p>formulações e diversos nomes comerciais, e também podemos encontrar produtos</p><p>com mais de um princípio ativo. Dos 115 elementos químicos conhecidos, 7 deles</p><p>podem estar presentes nas formulações dos produtos, são eles: o bromo, o carbono, o</p><p>cloro, o fósforo, o hidrogênio, o nitrogênio e o oxigênio. A presença desses elemenros</p><p>confere característ icas bem específicas aos produtos fitossanitários, principalmente</p><p>em termos de compatibilidade química e biológica (Azevedo, 2014).</p><p>2.1 Universo químico dos adjuvantes e adubos foliares</p><p>O universo químico destes dois grupos de produtos é bem menor quando</p><p>comparado com o universo dos produtos fitossanitários. Em relação ao número de</p><p>formulações existentes no mercado para os adubos foliares, é difícil um número exaro</p><p>devido ao mercado paralelo desces produtos. Existem no mercado agrícola cerca de 50</p><p>marcas comerciais de adjuvantes agrícolas distribuídas em 10 fomulações, sendo que os</p><p>concentrados emulsionáveis predominam entre os adjuvantes. O óleo vegetal e o óleo</p><p>mineral são os tipos de adjuvantes predominantes no mercado agrícola e também são</p><p>os que apresentam os maiores problemas de mistura com outros produtos, causando</p><p>na maioria das vezes fitotoxidade nas plantas (AZEVEDO, 2014).</p><p>Para exemplificar</p><p>uma situação de campo deste universo químico das misturas</p><p>de tanque, citaremos uma recomendação de rotina que se faz na cultura do tomate,</p><p>sem dúvida uma das campeãs em mistura de produtos fitossanitários. O controle da</p><p>pinta bacteriana, da mosca-minadora e o suprimento de cálcio via foliar, visando a</p><p>diminuir o fundo preto, precisaria ser realizados em conjunto, na mesma época. Para</p><p>isso, é comum a utilização de uma misrura de oxiclorero de cobre + mancozebe +</p><p>acibenzolar + abamectina + nitrato de cálcio (Figura 1). São cinco produtos dentro</p><p>do tanque de pulverização, isso quando não se coloca também um fungicida para</p><p>requeima. O que acontece dentro do tanque de pulverização é a pergunta que rodos</p><p>fazem. É muito difícil de responder; seria necessário analisar as fómulas estruturais</p><p>dessas moléculas para responder corretamente a esta pergunta.</p><p>Luís Antônio Siqueira de Azevedo</p><p>Misturas de Tanque de Produtos Fitossanitários: Teoria e Prática</p><p>OH .••.• ~</p><p>CHjO)O,x,</p><p>CHt~-l0 ) o ..</p><p>(i)R • -CH,CH, (avemcctin 8,.)</p><p>(ii) R • -CH, (avcmcc,in B,.)</p><p>H S</p><p>\ li</p><p>N- C</p><p>/ \</p><p>CH S- Mn </p><p>/ 2</p><p>S CH</p><p>~ / 2</p><p>C-N</p><p>/ \</p><p>- S H X</p><p>Nitrato de cálcio (CaNo3)</p><p>Figura 1. Mistura de fungicidas, inseticidas e adubo foliar na cultura do tomate.</p><p>Fonte: (AZEVEDO, 2014).</p><p>3. Aspectos gerais das interações físico-químicas e biológicas de</p><p>produtos fitossanitários</p><p>As interações físico-químicas e biológicas entre produtos fitossanitários ocorrem</p><p>a partir do momento em que esses componentes químicos são colocados no tanque de</p><p>pulverização, ou nos tanques de pré-mistura, quando é o caso de aplicações aéreas. Quando</p><p>se faz a mistura de tanque com herbicidas, inseticidas, fungicidas, adjuvantes e adubos</p><p>foliares, o usuário deve preocupar-se em manter a estabilidade física e química da mistura.</p><p>Os principais fatores que irão influenciar na estabilidade química da mistura são: a qualidade</p><p>e dureza da água, a solubilidade dos produtos, a hidrólise alcalina, as reações de fotólise, a</p><p>degradação da mistura pelo pH e a carga iônica dos produtos. O fator que mais influencia</p><p>na estabilidade química da mistura é o pH. Pode-se afirmar que o sucesso ou o insucesso de</p><p>uma mistura de tanque, muitas vezes, é fortemente regido pelas medições corretas do pH,</p><p>que se deve fazer nas várias etapas da aplicação. Por sua vez, os fatores que irão influenciar</p><p>na estabilidade física da mistura são: o tipo de formulação dos produtos, a miscibilidade,</p><p>a dispersibilidade, a compatibilidade e a espalhabilidade dos produtos. A formulação é o</p><p>principal fator de sucesso na estabilidade física das misturas. Ela influencia na ordem de</p><p>mistura dos produtos, na ordem de colocação no tanque de pulverização. (ver mais detalhes</p><p>no capítulo 3). O objetivo final da aplicação da mistura de tanque é controlar plantas</p><p>daninhas, pragas e fitopatógenos; para isso, quanto mais quantidade de produto atingir</p><p>os diversos alvos biológicos, melhor será o resultado de campo. Para que isto aconteça de</p><p>Luís Antônio Siqueira de Azevedo</p><p>47</p><p>48</p><p>Misturas de Tanque de Produtos Fitossanitários: Teoria e Prática</p><p>forma eficaz, é necessária a biodisponibilidade dos produtos para as plantas. Não pode</p><p>ocorrer degradação química e física dos componentes da mistura, pois eles têm de estar</p><p>sempre disponíveis para as plantas (AZEVEDO, 2014).</p><p>A estabilidade biológica da mistura de tanque está diretamente relacionada com</p><p>o grau de fitotoxidade dos produtos. O usuário final ou o recomendante responsável pela</p><p>mistura de tanque nas diversas situações de campo em que ela é utilizada, só vai saber se</p><p>existe estabilidade biológica entre os produros da calda, se a mesma não causar qualquer</p><p>tipo de fitoroxidade às plantas. O uso de dosagens superiores às recomendadas, canto para</p><p>produtos isolados como em mistura, pode causar também processos fitotóxicos indesejáveis</p><p>(AZEVEDO, 2001).</p><p>3.1 Estabilidade química das misturas de tanque</p><p>Os principais fatores que irão influenciar na estabilidade química da mistura são: a</p><p>qualidade e dureza da água, a solubilidade dos produtos, a hidrólise alcalina, as reações de fotólise,</p><p>a degradação da mistura pelo pH, a dureza da água e a carga iônica dos produtos. Os fatores que</p><p>mais influenciam na estabilidade química da mistura são a qualidade da água e o pH.</p><p>Na maioria das vezes, em situações de campo, os casos de incompatibilidade</p><p>química na mistura de tanque de produtos fitossanitários são causados pelos seguintes</p><p>fatores: alteração do pH da calda, que provoca uma reação force entre seus componentes,</p><p>decomposição do ingrediente ativo, hidrólise alcalina e formação de outros compostos</p><p>químicos indesejáveis (AZEVEDO, 2014).</p><p>3.1.1 Influência da alcalinidade</p><p>Em um produto fitossanicário, a alcalinidade constitui um dos maiores</p><p>inconvenientes ao ser misturado. São muitos produtos que se decompõem em presença de</p><p>substâncias alcalinas. A hidrólise alcalina é a principal responsável por esta reação química</p><p>no tanque de pulverização. Sem dúvida, é um dos grandes riscos que se corre ao se fazer a</p><p>mistura de tanque, principalmente com fungicidas, inseticidas e herbicidas. Os herbicidas</p><p>em geral são moléculas bem ácidas, enquanto os inseticidas e os fungicidas são levemente</p><p>ácidas, sofrendo em graus variáveis a hidrólise alcalina (AZEVEDO, 2001).</p><p>3.1.2 Influência da acidez_</p><p>Na prática, a acidez tem pouca importância nas misturas, já que a maioria dos</p><p>produtos .fitossanitários é neutra ou ligeiramente ácida. No encanto, cem sido observado,</p><p>devido a utilização crescente de adubos foliares (especialmente micronutrientes) formulados</p><p>em líquido, alguns problemas no campo. Um exemplo é a mistura de metalaxil + ubyfol,</p><p>que causa uma acidez acentuada na calda, precipitando todo o fungicida quando da sua</p><p>utilização para o controle de requeima (AZEVEDO, 2001).</p><p>Luís Antônio Siqueira de Azevedo</p><p>Misturas de Tanque de Produtos Fitossanitários: Teoria e Prática</p><p>3.1.3 Reações com a água ou hidrólise (qualidade da água)</p><p>Independentemente da natureza da água - cuja dureza ou o conteúdo de sais</p><p>deve ser considerado, muitos produtos fitossanitários decompõem-se em sua presença. A</p><p>esce fenômeno denominamos de hidrólise. De forma geral, a decomposição dos produtos</p><p>e lenta; só em alguns casos com as substâncias fosforadas é rápida. Como regra geral a ser</p><p>5eguida no campo, é muito conveniente que o tempo entre a preparação e à aplicação da</p><p>:alda, seja o mínimo possível.</p><p>Segundo Ramos e Araújo (2006), a qualidade da água é importante e deve ser</p><p>encarada de uma forma mais completa e não tão simplista que induza a erros na interpretação</p><p>àe resultados e muitas vezes a perpetuação de falhas na aplicação. Muitos pesquisadores</p><p>acribuem somente a importância do pH como fator principal na qualidade da água.</p><p>Quando se pensa na qualidade da água, um fator muito importante a ser considerado</p><p>e a quaHdade física da mesma, ou seja, a quantidade de sedimentos em suspensão. Sedimentos</p><p>como argila e matéria orgânica, além de obstruírem filtros e pontas, reduzindo a capacidade</p><p>operacional dos pulverizadores, reduzirem a vida útil de bombas, pontas e componentes do</p><p>pulverizador, podem associar-se aos produtos químicos adicionados ao tanque, inativando</p><p>os ou reduzindo sua eficácia. Entretanto, quando se pensa nesta inativação, nem sempre</p><p>as conclusões podem ser baseadas diretamente em trabalhos de pesquisa desenvolvidos</p><p>no exterior. Um exemplo clássico disso é a inativação do glifosato pela argila, no solo ou</p><p>na solução de aplicação. Já em 1974, Rieck et ai. mostraram que a adição de lo/o de argila</p><p>montimorilonita, bastante reativa e encontrada basicamente em países de clima frio, à</p><p>solução de aplicação reduz a ficotoxidade do glifosato em 80 a 90%, mas que esta fitotoxidade</p><p>:1ão é influenciada pela adição de 1 o/o de argila caolinica, menos reativa e encontrada em</p><p>países de clima tropical. Ramos & Duringan (1998), no Brasil, encontraram que soluções</p><p>construídas com até 10 g/L-1 de um solo da região</p><p>de Jaboticabal-SP, contendo 56% de</p><p>argila e 3% de matéria orgânica não interferiram na eficácia de diferentes herbicidas, entre</p><p>eles o glifosato, quando aplicados em pós-emergência das plantas daninhas (40 a 60 cm</p><p>de altura), utilizando-se de 300 L/ha-1 de calda. Assim, a análise de tais interferências</p><p>deve adquirir um caráter até mesmo regional, já que a utilização de águas captadas em</p><p>reservatórios abertos, onde a quantidade de sólidos em suspensão é dependente de fatores</p><p>como chuvas, por exemplo, pode ser possível sem que haja necessariamente interferência</p><p>negativa sobre o produto utilizado, ampliando o período útil de pulverizações.</p><p>Outro fator a ser observado é a qualidade química da água, que pode ser analisada</p><p>de várias formas. Uma delas, e que tem grande interferência sobre a eficácia dos agrotóxicos,</p><p>é a "Dureza". A dureza da água é definida como a concentração de cátions alcalino</p><p>cerrosos (Ca+2, Mg+2, Sr+2 e Ba+2) presentes na água, expressa na forma de ppm de CaCO</p><p>3</p><p>,</p><p>representados normalmente por Ca+2 e Mg+2 originados de carbonatos; bicarbonatos,</p><p>cloretos e sulfatos. A dureza, que pode ser classificada de acordo com a Tabela 1, é capaz</p><p>de interferir negativamente na qualidade de calda de um agrotóxico em função desces, em</p><p>suas formulações, utilizarem adjuvantes que são responsáveis pela sua emulsificação (óleos)</p><p>Luís Antônio Siqueira de Azevedo</p><p>49</p><p>50</p><p>Misturas de Tanque de Produtos Fitossanitários: Teoria e Prática</p><p>ou dispersão (pós) na água, denominados de tensoativos. Tais adjuvantes são sensíveis à</p><p>dureza, pois atuam no equilíbrio de cargas que envolvem o ingrediente ativo, equilíbrio</p><p>este que é alterado pela água dura. Um grupo específico de tenso'ativos, os aniônicos, que</p><p>são geralmente sais orgânicos de Na+ e K+, reage com os cátions Ca+2 e Mg+2 presentes na</p><p>água dura, formando compostos insolúveis, reduzindo assim a quantidade de tensoativo</p><p>na solução e causando grande desequilíbrio de cargas, ocasionando a floculação ou a</p><p>precipitação dos componentes da formulação, podendo causar baixa eficácia e a obstrução</p><p>de filtros e pontas de pulverização. Felizmente, as águas brasileiras, salvo algumas exceções,</p><p>são brandas ou muito brandas, não ocasionando problemas à aplicação de produtos</p><p>fitossanitários.</p><p>Tabela!. Formas de classificação da dureza da água.</p><p>,tlasse</p><p>·Mujtó 13.raJJda.</p><p>Branda</p><p>&ep:ü 534,0</p><p>Graus de Dureza (ºd)</p><p>30</p><p>A qualidade química da água deve também ser analisada em função da quantidade</p><p>de outros íons que a compõem e que não são constituintes da dureza. Íons como Fe+3 e</p><p>Al+3, por exemplo, podem reagir com o agrotóxico reduzindo sua eficácia. No entanto, a tal</p><p>interferência é influenciada pela tecnologia empregada na pulverização, não existindo uma</p><p>concentração alta ou baixa fixa para tais íons. Para a mesma concentração, quanto menor</p><p>for o volume de água utilizado por área para a distribuição da mesma dose do produto,</p><p>menor será a interferência destes sobre o princípio ativo. Assim, na aplicação de 1,0 L/</p><p>ha·1 de um determinado produto, espera-se uma interferência muito menor da qualidade</p><p>da água na aplicação aérea, onde se utilizam 30 L/ha·1 de água, do que na aplicação com</p><p>um pulverizador de barras, utilizando-se de 300 L/ha·1</p><p>• Deve-se sempre consultar o</p><p>representante técnico do produto a ser utilizado ou um Engenheiro Agrônomo competente</p><p>para se certificar da adequação dos níveis destes ao produto e à tecnologia de aplicação a</p><p>serem empregados. Quando forem incompacíveis, agentes sequestrantes, que quelatizam</p><p>e inativam estes íons na água de pulverização, estão disponíveis no mercado e podem ser</p><p>utilizados como forma a tornar a água adequada à aplicação.</p><p>3.1.4 Importância do pH no preparo da mistura de tanque</p><p>O pH define o grau de alcalinidade ou acidez de uma solução, numa escala de</p><p>O a 14, onde 7,0 significa neutralidade. A água pura tem pH, mas o normal é que, por</p><p>dissolução diversa, tenha o p H alterado. A adição de defensivos na água tende a formar</p><p>Luís Antônio Siqueira de Azevedo</p><p>Misturas de Tanque de Produtos Fitossanitários: Teoria e Prática</p><p>uma calda com valores diversos de pH. Os efeitos negativos do pH sobre as misturas de</p><p>ranque ocorrem devido à alteração na mistura da calda, sendo comum a ocorrência de</p><p>quebra da emulsão, dispersibilidade insuficiente dos produtos com a consequente deposição</p><p>dos mesmos no fundo do tanque de pulverização. Devido a estes possíveis efeitos, é sempre</p><p>importante saber se existe alguma incompatibilidade emre os produtos fitossanitários</p><p>que estão sendo misturados. Neste ponto, o pH da calda torna-se um force indicativo</p><p>de incompatibilidade. Por exemplo, se adicionar um produto alcalino, como hidróxido</p><p>de cobre, e logo em seguida um produto que seja passível de sofrer hidrólise alcalina,</p><p>consequentemente a eficácia do segundo produto será afetada, mas não pelo pH inicial</p><p>da água, mas, sim, pela incompatibilidade dos produtos (AZEVEDO, 2001; RAMOS;</p><p>ARAÚJO, 2006).</p><p>O pH da água de aplicação deverá ser analisado na propriedade apenas como</p><p>indicador de possíveis alterações nas características químicas da água. Caso apenas o pH</p><p>esteja alterado, estando as demais características inalteradas, muito raramente se observará</p><p>interferência na eficácia do produto aplicado. Aliás, diversos trabalhos científicos buscando</p><p>se comprovar a interferência do pH sobre formulações de produtos fitossanitários têm-se</p><p>mostrado infrutíferos. O pH importante, e que pode interferir na qualidade dos produtos,</p><p>é o da calda, e via de regra está associado à incompatibilidade entre produtos, como se verá</p><p>mais adiante. Apesar disso, hoje é muito comum ver-se no campo tabelas contendo o pH</p><p>ideal de ação para diferentes princípios ativos, bem como a vida média dos produtos em</p><p>diferentes pHs. O que todas elas têm em comum é: "Ninguém sabe quem as elaborou ou</p><p>a fonte de onde foram tiradas"; assim, quem atesta a confiabilidade das mesmas? Algumas</p><p>até mostram os nomes de algumas universidades ou órgãos de extensão internacionais, sem,</p><p>no entanto, apresentar qualquer referência que permita ao usuário buscar as informações</p><p>originais, não se constituindo, portanto, em referências confiáveis. A baixa interferência do</p><p>pH é até, de certa forma, evidente até mesmo para o próprio agricultor. Um exemplo do</p><p>erro destas tabelas de pH é o dicofol, acaricida ainda hoje comercializado por diferentes</p><p>empresas e também no mercado há mais de 20 anos, que tem uma vida média de 15</p><p>minutos neste mesmo pH? Além disso, a água possui um poder tampão, que é a capacidade</p><p>de manter o pH, muito baixo (AZEVEDO, 2001; RAMOS; ARAÚJO, 2006).</p><p>Considerando-se que as empresas gastam milhões de dólares até a colocação de um</p><p>produto firossanitário no mercado e que o mesmo pode ter de ser retirado rapidamente em</p><p>função de uma degradação indevida em função do pH, proporcionando sérios prejuízos,</p><p>qual a razão lógica para que corram tal risco no lugar de adicionar um tamponance à</p><p>formulação e assim garantir a estabilidade do princípio ativo? Dessa forma, não há razão</p><p>qualquer que sustente a necessidade de uma correção prévia do pH antes de se colocar o</p><p>produto no tanque bem corno para se acreditar que o pH da água foi o principal responsável</p><p>pela ineficácia de um determinado produto. Qualquer necessidade da adição de adjuvantes</p><p>à calda, seja ele um corretor de pH, um sequestrante, seja mesmo um espalhante, deverá</p><p>ser orientado pelo representante técnico do produto a ser utilizado ou por um Engenheiro</p><p>Agrônomo. Ver mais informações sobre o pH no capítulo 2.</p><p>Luis Antônio Siqueira de Azevedo</p><p>51</p><p>iJ</p><p>. _.. ___ _</p><p>52</p><p>Misturas de Tanque de Produtos Fitossanitários: Teoria e Prática</p><p>3.2 Estabilidade física das misturas de tanque</p><p>A estabilidade física das misturas de tanque está muito relacionada com os</p><p>tipos de formulação dos produtos</p><p>que irão faier parte da calda. Se a mistura de tanque</p><p>for constituída por formulações do mesmo tipo, praticamente nenhum problema de</p><p>incompatibilidade física é esperado ao se misturar os produtos. Acontece qüe isso é coisa</p><p>rara de acontecer no campo, pois normalmente a mistura de tanque é constituída por</p><p>produtos com formulações diferentes. Mais adiante, iremos abordar a ordem de colocação</p><p>dos produtos na mistura de tanque, que é baseada no tipo de formulação. É uma das formas</p><p>de diminuir a incompatibilidade física dos produtos füossanitários.</p><p>De acordo com Petter er al. (2012), as interações físicas estão associadas aos</p><p>ingredientes inertes comidos nos defensivos (formulações, solventes), enquanto a interação</p><p>química está associada à molécula dos produtos. No entanto, deve-se ressaltar que, para</p><p>que haja interação dos defensivos, primeiramente, esra se dá de maneira física - em</p><p>sua maioria, governada havendo incompatibilidade física de misturas entre herbicidas e</p><p>inseticidas pelas características físico-químicas (solubilidade, pKa, Kow) dos produtos,</p><p>levando-os, por conseguinte, às interações químicas. Assim, a compatibilidade física dos</p><p>produtos füossanitários é apenas o primeiro dos eventos que governam a estabilidade de</p><p>calda e, consequentemente, os efeitos no alvo biológico.</p><p>3.2.1 Compatibildade de produtos fitossanitários</p><p>Na maioria das vezes em que se faz a mistura de tanque de produtos fitossanitários</p><p>no campo, não se sabe totalmente se os produtos são compatíveis ou não; existem sempre</p><p>dúvidas a respeito da compatibilidade dos produtos. Esse fator de estabilidade física e química</p><p>é fundamental quando se quer fazer a mistura de tanque. Na verdade, as informações</p><p>básicas sobre a compatibilidade de produtos deveriam constar do rótulo, porém estamos</p><p>longe de isso acontecer por uma série de razões. Falta muita pesquisa sobre o assunto, são</p><p>poucos os trabalhos que tratam dos problemas de incompatibilidade química e física de</p><p>produtos ficossanitários.</p><p>Compatibilidade é a propriedade de duas ou mais substâncias qumucas</p><p>serem misturadas, sem sofrerem alterações em suas características físico-químicas. A</p><p>compatibilidade é a arte de misturar fungicidas, inseticidas, herbicidas, adjuvantes e</p><p>adubos foliares sem que a mistura resultante cause qualquer efeito deletério à planta, ou</p><p>seja, fitotoxidade e que, também, não haja perda de eficácia de controle.</p><p>É uma propriedade biológica pouco estudada e conhecida dentro do universo</p><p>químico dos fungicidas, inseticidas, herbicidas, adjuvantes e adubos foliares. Tem levado</p><p>a uma série de reclamações de usuários e, em alguns casos, até à devolução de produtos,</p><p>devido à incompatibilidade dos produtos utilizados, principalmente em misturas no</p><p>momento de preparo e aplicação da calda dos produtos füossanitários .</p><p>Luís Antônio Siqueira de Azevedo</p><p>Misturas de Tanque de Produtos Fitossanitários: Teoria e Prática</p><p>Os principais tipos de incompatibilidade física são: floculação (formação de</p><p>aglomerados) (Figura 2), modificação da viscosidade e a formação de grumos. As</p><p>.:onsequências dessa incompatibilidade física são muito indesejáveis e prejudiciais à</p><p>qualidade da pulverização. Como resultado da incompatibilidade física, normalmente na</p><p>prática temos: depósito no tanque de pulverização, estratificação dos produtos no tanque</p><p>devido à diferença de densidade e entupimentos dos bicos do pulverizador. O resultado</p><p>final da operação é uma pulverização de baixa qualidade e cobertura insuficiente da</p><p>folhagem.</p><p>Figura 2. Formação de precipitados ou grumos dentro do tanque de pulverização.</p><p>Fome: (RAMOS; ARAÚJO, 2006).</p><p>A incompatibilidade física entre produtos fitossanitários de diferentes classes</p><p>aplicados em mistura pode ser uma das causas de menor eficiência do tratamento</p><p>ficossanitário, que é usualmente causada pelos ingredientes inertes contidos nos</p><p>produtos (formulação dos produtos, solventes e suas interações), resultando em</p><p>rormação de precipitados, separação de fase, dentre outros, os quais inviabilizam à</p><p>aplicação de modo simultâneo. Entretanto, reclamações de técnicos e produtores de</p><p>que os tratamentos não apresentam o resultado esperado sobre o organismo-alvo na</p><p>lavoura são muito comuns e, na maioria das vezes, esse problema está relacionado a</p><p>um fator na mistura de produtos na calda de pulverização: a incompatibilidade de</p><p>componentes da calda. Essas misturas podem resultar na ocorrência de interações</p><p>aditivas (quando a eficiência do produto é similar ou igual à aplicação de ambos de</p><p>modo individual), sinérgicas (quando um produto aumenta a eficiência do ourro por</p><p>meio da mistura) e antagônicas (quando um produto interfere, negacframeme, na</p><p>eficiência do outro), podendo prejudicar a eficiência de controle.</p><p>Luís Antônio Siqueira de Aze,·edo</p><p>53</p><p>·,:·----._ ....</p><p>54</p><p>Misturas de Tanque de Produtos Fitossanitários: Teoria e Prática</p><p>Azevedo ec al. (1998) escudaram a compatibilidade físico-química de misturas</p><p>de inseticidas e fungicidas e mediram o pH das misturas após O; 6 e 12 horas de</p><p>repouso em condições de laboratório. Os resultados obtidos mostraram reações de</p><p>imcompatibilidade entre os fungicidas metalaxil + mancozebe, metalax·il + clorotalonil</p><p>com os inseticidas Match, Polo, Polytrin, Nuvacron, Trigard e Vercimec. No caso de</p><p>essas misturas serem realizadas para à aplicação, devem conter a seguinte restrição de</p><p>uso: a calda deverá ser aplicada logo após o preparo, devido à deposição observada</p><p>nas misturas em repouso. A mistura de Score com os inseticidas Match, N uvacron,</p><p>Polo, Polytrin, Trigard e Vercimec pode ser realizada sem quaisquer restrições de</p><p>uso. Não foi observada qualquer floculação ou deposição quando da mistura com</p><p>esses inseticidas. Deve-se tomar muito cuidado ao se recomendar a mistura de Score</p><p>com os seguntes fungicidas: Curzate, Fluazinam, Mercim, Thiovit, Recop. Reconil</p><p>e Unix. Ao ser misturado com esses fungicidas, Score forma imediatamente glumos</p><p>de cor variada. Só deve ser recomendada a mistura com equipamentos de aplicação</p><p>com agitação constante. As misturas de Folio com Mercim, Thiovit, Reconil, Rovral</p><p>e Unix podem ser realizadas, porém com a restrição de as mesmas serem aplicadas</p><p>logo após seu preparo. As misturas de Ridomil com Mercim, Thiovic, Recop e Reconil</p><p>podem ser realizadas com a restrição de serem aplicadas logo após seu preparo. As</p><p>misturas de Flint com Ridomil, Folio, Score, Tilt e Unix podem ser realizadas sem</p><p>qualquer restrição de uso.</p><p>São muito poucos os trabalhos existentes no Brasil, que escudam a</p><p>compatibilidade física de produtos fitossanitários. No entanto, nos últimos quatro</p><p>anos, têm surgido alguns trabalhos sobre o assunto devido ao aumento da utilização</p><p>das misturas de tanques em culturas extensivas, como é o caso da soja.</p><p>Petter et al. (2012) avaliaram a compatibilidade física de seis herbicidas</p><p>(glifosato SC, glifosato WG, linuron CE, famosafen SC, haloxifop-R CE e fluazifop</p><p>pbutil EW) com seis inseticidas (methomyl CS, clorpirifós CE, teflubenzuron SC,</p><p>triflumuron SC, cipermetrina CE e tiametoxam + lambda-cialocrina SC) na ausência</p><p>e na presença de dois redutores de pH (ácido pirolenhoso e ácido bórico) na cultura</p><p>da soja. As maiores incompatibilidades físicas nas misturas de herbicidas e inseticidas</p><p>foram observadas na presença dos herbicidas glifosaco, na formulação WG e linuron</p><p>CE. O ácido pirolenhoso e o ácido bórico demonstraram ser boas alternativas, como</p><p>redutores de pH, no preparo de calda de pulverização com misturas de herbicidas e</p><p>inseticidas. Devem-se evitar misturas em tanque de glifosato na formulação SC +</p><p>clorpirifós CE e linuron CE+ clorpirifós CE (Tabelas 2 e 3).</p><p>Luís Antônio Siqueira de Azevedo</p><p>Misturas de Tanque de Produtos Fitossanitários: Teoria e Prática</p><p>Tabela 2. Estabilidade da calda de pulverização, de misturas do herbicida glifosaco (Glifosaro 480</p><p>CS) com diferences fungicidas, na ausência e na presença de ácido pirolenhoso e ácido bórico, em</p><p>~ova Xavanrina-MT, 2010.</p><p>........ 24</p><p>5.4 Correção do pH da calda das misturas de tanque ........................... ..... .............. 24</p><p>6. Conclusões .................................................................................................. ............. 25</p><p>Referências Bibliográficas ..... ....... ................ .............................. .. ..... ............. ...... ............. 27</p><p>Capítulo 3 - Formulações de produtos fitossanitários para mistura de</p><p>tanque ........................................................................................................... 29</p><p>1. Introdução .................... ....... .......................................................................... .......... 29</p><p>2. Formulações: conceitos e aplicações ................... ....................................................... 29</p><p>2.1 Principais componentes de un1a formulação ......................... ............................. 30</p><p>3. Principais tipos de formulação ............................................... ............. ...................... 31</p><p>3.1 Classificação das formulações quanto à forma de uso ....................................... 31</p><p>3.1.1 Formulações para aplicar sem diluição ou de pronto uso .................. ....... 32</p><p>3.1.1.1 Granulados (G, GB ou GR) .................................. ...... .............. 32</p><p>3.1.1.2 Pó seco (DP) ............................................ .. .................. ............. 32</p><p>3.2. Formulações para pré-mistura ou para diluição em água ............. ....................... 33</p><p>3.2.1 Pó molhável (WP) ................................... .... .. ......................................... 33</p><p>3.2.2 Pó solúvel (PS) ..................................... .......................... ......................... 34</p><p>3.2.3 Concentrado para emulsão (EC) ..................... ........ .......................... ...... 34</p><p>3.2.4 Emulsão (óleo em água) (EW) .... ............................................................ 35</p><p>3.2.5 Emulsão de água em óleo (EO) ........... ....... ............................................. 35</p><p>3.2.6 Suspensão concentrada (SC) .............................................................. ..... 35</p><p>3.2.7 Suspensão/emulsão (SE) ....................... ....... ............ ............. .................. 36</p><p>3.2.8 Suspensão de encapasulado (CS) ............................................................. 36</p><p>3.2.9 Granulado solúvel em água (SG) .......... ................... ..... ..................... ..... 36</p><p>3.3 Qualidades de uma formulação para a mistura de tanque ............................... : .. 36</p><p>4. Desenvolvimento de formulações de produtos fitossanitários para mistura de</p><p>tanque .............. ............. ...................... ................... .................................................. 37</p><p>4.1 Viabilidade comercial de formulações para mistura de tanque ....................... .... 39</p><p>5. Desenvolvimento de novas tecnologias de formulações ............... ...... ..... ......... .......... 39</p><p>6. Conclusões .. ... ........ ...................... ........................................................... ............. .... 42</p><p>Referências Bibliográficas.: ...................................................................................... ......... 43</p><p>Capítulo 4 - Interações físico-químicas e biológicas de misturas de produtos</p><p>fitossanitários ········································································•·e-••··················45</p><p>1. Introdução .................... .. ................ .. .............................................................. .. ....... 45</p><p>2. Universo químico dos produtos fitossanitários .......................................................... 45</p><p>2.1 Universo químico dos adjuvantes e adubos foliares ............................................ 46</p><p>3. Aspectos gerais das interações físico-químicas e biológicas de produtos</p><p>fitossanitários .......... ............. .... ...... .. ...... .................................................................. 47</p><p>3.1 Estabilidade química das misturas de tanque ........................ .. ........................... 48</p><p>3.1.1 Influência da alcalinidade ....... ............................. .................. .... .............. 48</p><p>3.1.2 Influência da acidez ............................................................................... . 48</p><p>3.1.3 Reações com a água ou hidrólise (qualidade da água) .............................. 49</p><p>3.1.4 Importância do pH no preparo da mistura de tanque ............................. 50</p><p>3.2. Estabilidade física das misturas de tanque .......................................................... 52</p><p>3.2.1 Compatibildade de produtos fitossanitários .................. .. ........................ 52</p><p>3.2.2 Como diminuir os problemas de compatibilidade física na mistura de</p><p>tanque? ..................................... ..... ................................................................... 57</p><p>3.2.3 Teste prático de compatibilidade ............................................................. 57</p><p>4. A prática da mistura de tanque: utilização racional de produtos fitossanitários .......... 58</p><p>5. Efeito das misturas de tanque de produtos fitossanitários .......................................... 59</p><p>5.1 Efeito aditivo ................ ........................................ ... .. ............ ................ ........... 60</p><p>5.2 Efeito sinérgico ........... .. .................................................................................... 61</p><p>5.3 Efeito antagônico ........... ......................... ................ ................. ......................... 61</p><p>6. Estabilidade biológica dos produtos fitossanitários .................................................... 63</p><p>6.1 Seletividade e ficoroxidade de produtos firossanitários ...... ...... ........................... 63</p><p>7. Conclusões .. .................. ............. ..... .. ......... .............................................................. 65</p><p>Referências Bibliográficas ................................................................................................. 67</p><p>Capítulo 5 - Adjuvantes agrícolas para misturas de tanque ......................... 69</p><p>1. Introdução ................................................................. .. .. ... .................. ... ......... ..... .. .. 69</p><p>2. Utilização de adjuvantes na agricultura .......... .. ......................................................... 69</p><p>2.1 Papel e função dos adjuvantes agrícolas ........................... .................................. 70</p><p>2.2 Fatores agronômicos e o uso de adjuvantes agrícolas .......................................... 71</p><p>2.3 Principais vantagens da utilização de adjuvantes ................................................ 72</p><p>2.4 Principais desvantagens da utilização de adjuvantes .......... .............. ................... 72</p><p>3. Fatores que influenciam na eficácia dos adjuvantes na mistura de tanque .................. 73</p><p>3.1 Formulação universal ...................... .................. ................................................ 73</p><p>3.2 Qualidade da água ....... ..................................................................................... 73</p><p>3.3 Volumes de pulverização ...... ....... ..... ................ ............. ............... .......... ........... 74</p><p>3.4 Cultura, condições climáticas e tecnologia de aplicação ...... .............................. . 74</p><p>4 . Classificação funcional dos adjuvantes .................... .. ................................................ 75</p><p>4.1 Funcionalidade dos adjuvantes e seus efeitos na mistura de tanque .................... 77</p><p>5. Propriedades físico-químicas dos adjuvantes para mistura de tanque .... .... ..... .. .. '. .. .. .. 78</p><p>5.1 BHL (Balanço Hidrofílico - Lipofílico) ... ......... ..... ... ... ..... .................. .. ............ 79</p><p>5.2 Concentração micelar crítica (CMC) .. .........................</p><p>,~ \~</p><p>Tratamento</p><p>Estabilidade da Çlf.lda (herbicidas + fungicidas)</p><p>o 1 5 1 5 ..</p><p>Glifosaro + Merhomyl 5 5 5 5 5 5 5 5 5</p><p>Glifosato + Clorpirifós 5 2* 2 2 2 2 2* 2 2 2 2 2* 2 2 2</p><p>Glifosato + Cipermetrina 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5</p><p>Glifosato + Tiameroxam + 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 Lambda-cialotr ina</p><p>Glifosato + TeB.ubenzuron 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5</p><p>Glifosato + Triflumuron 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5</p><p>*Precipitação - os valores correspondem aos graus de incompatibilidade descritos na Tabela 2</p><p>Tabela 3 . Estabilidade da calda de pulverização, de misturas do herbicida glifosaro (Roundup WG)</p><p>com diferentes fungicidas, na ausência e na presença de ácido pirolenhoso e ácido bórico, em Nova</p><p>Xavanrina-MT, 2010.</p><p>· do Pirolenh Ácido Bôrico</p><p>Tratamento . . .</p><p>(herbicidas + fungicidas)</p><p>o 30</p><p>Glifosato + Methomyl 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5</p><p>Glifosato + Clorpirifós 5 5 3* 3 3 5 5 3* 3 3 5 5 5 5 5</p><p>Glifosaco + Cipermecrina 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5</p><p>Glifosato + Tiametoxam + l** 1 1 1 1 1** 1 1 1 1 1** 1 1 1 1</p><p>Lambda-cialorrina</p><p>Glifosato -t TeB.ubenzuron 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5</p><p>Glifosato + Triflumuron 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5</p><p>*Precipitação, ** Separação e Aoculação - os valores correspondem aos graus de incompatibilidade descritos</p><p>na tabela 2</p><p>Arrué et al. (2013) avaliaram a influência da mistura em tanque de inseticidas e</p><p>fungicidas, no controle de lagartas-desfolhadoras e ferrugem-asiática na cultura da soja. As</p><p>misturas avaliadas foram: Aproach Prima + Engeo Pleno, Aproach Prima e Engeo Pleno.</p><p>Concluíram que à aplicação dos produtos misturados não resultou em diferença estatística</p><p>na eficiência de controle (Tabelas 4 e 5).</p><p>Luís Antônio Siqueira de Azevedo</p><p>55</p><p>56</p><p>Misturas de Tanque de Produtos Fitossanitários: Teoria e Prática</p><p>Tabela 4. Inseticida, fungicidadose de i11grediente ativo (i.a.) e produto comercial (p.c.) para o</p><p>controle da ferrugem asiática e da lagarta-da-soja, Anticarsia gemmatalis na cultura da soja. Sanca</p><p>Maria-RS, Safra 2010/2011 .</p><p>(Ciproconazol + Picoxistrobina) +</p><p>(Tiamethoxam + Lambda-cialotrina)</p><p>Ciproconazol + Picoxistrobina</p><p>Tiamethoxam + Lambda-cialotrina</p><p>Testemunha</p><p>Nome Comercial</p><p>Aproach Prima +</p><p>Engeo Pleno</p><p>Aproach Prima</p><p>Engeo Pleno</p><p>300 +</p><p>180</p><p>300</p><p>180</p><p>(24 + 60) +</p><p>(25,38 + 19,08)</p><p>(24 + 60)</p><p>25,38 + 19,08</p><p>Tabela 5. Número de lagartas e eficiência agronômica de tratamentos na soja. Santa Maria-RS,</p><p>Safra 2010/2011.</p><p>\ '</p><p>Tratamentos</p><p>(Ciproconazol + Picoxistrobina) +</p><p>(Tiamethoxam + Lambda-cialotrina)</p><p>Ciproconazol + Picoxistrobina</p><p>Tiamethoxam + Lambda-cialotrina</p><p>Testemunha</p><p>CV(%)</p><p>0,0 a 82,6</p><p>0,3 a 69,6</p><p>0,8 a 87,0</p><p>3,8 a</p><p>69,3</p><p>1,5 b 79,3 o,o b ·</p><p>0,8 b 89, 7 0,0 b</p><p>0,8 b 89, 7 0,0 b</p><p>7,3 a 3,3 a</p><p>33,9 6,2</p><p>* Médias não seguidas pela mesma letra da coluna diferem pelo teste de Tukey (5%)</p><p>1 Eficiência de controle (ABBOTT, 1925).</p><p>100,00</p><p>100,00</p><p>100,00</p><p>A Tabela 6, elaborada pelo Prof. Marcos Vilela do Centro Brasileiro de Bioaeronáutica,</p><p>mede os graus de incompatibilidade física entre os componentes da mistura de tanque.</p><p>Tabela 6. Estabilidade das misturas entre diferentes classes de produtos füossanitários.</p><p>1</p><p>2</p><p>3</p><p>4</p><p>5</p><p>Separação imediata</p><p>Separação após 1 minuto</p><p>Separação após 5 minutos</p><p>Separação após 1 O minutos</p><p>Estabilidade Perfeita</p><p>Recomendação</p><p>NÃO APLICAR</p><p>NÃO APLICAR</p><p>AGITAÇÃO CONTÍNUA</p><p>AGITAÇÃO CONTÍNUA</p><p>SEM RESTIÇÔES</p><p>Fome: (CENTRO BRASILEIRO DE BIOAERONÁUTICA, 2010).</p><p>Luís Antônio Siqueira de Azevedo</p><p>Misturas de Tanque de Produtos Fitossanitários: Teoria e Prática</p><p>3.2.2 Como diminuir os problemas de compatibilidade física na</p><p>mistura de tanque?</p><p>É importante também, ao se efetuar as misturas tanque, ter-se em conta a</p><p>constituição física que apresentam os produtos misturados. Não se espera por problemas</p><p>de incompatibilidade ao se misturar produtos que apresentam o mesmo estado físico ou o</p><p>mesmo tipo de formulação (emulsões, concentrados emulsionáveis, soluções concentradas</p><p>e pós molháveis), desde que sejam respeitadas as dosagens. Uma concentração excesiva de</p><p>um dos produtos pode mascarar ou anular a ação do outro. Por isso, é importante seguir</p><p>as instruções contidas na bula do fabricante, especialmente quando se trata de misturar</p><p>emulsões com pós molháveis, que podem resultar em fenômeno de caráter físico, com a</p><p>formação de glumos ou precipitação dos pós. Isso se acentua com a utilização de águas</p><p>de dureza conhecida. No entanto em relação à compatibilidade física, alguns problemas</p><p>podem ser resolvidos. Muitas vezes, a adição de adjuvantes com características específicas</p><p>diminui os problemas de incompatibilidade física da mistura de tanque.</p><p>Quando se trata de misturas de tanque de formulações do mesmo tipo, os</p><p>problemas aparentemente são menores, uma vez que os adjuvantes, solventes orgânicos</p><p>utilizados podem ser de famílias químicas similares. Quando se misturam formulações do</p><p>mesmo tipo, pode ocorrer:</p><p>a) mistura de concentrados emulsionáveis: é provável que a qualidade final</p><p>da emulsão seja inferior a cada formulação isolada; a mistura de propiconazole e</p><p>ciproconazole não mostra este aspecto na prática.</p><p>6) mistura de pós molháveis: é provável que a suspensão da mistura também seja</p><p>inferior a cada formulação isolada e que haja maior formação de espuma.</p><p>c) mistura de suspensão concentrada: o resulcado esperado é similar ao da</p><p>mistura dos pós molháveis; um exemplo é o tratamento de sementes com Tecto +</p><p>Thiram.</p><p>d) mistura de soluções aquosas: não apresentam nenhum problema ao serem</p><p>misturadas.</p><p>3.2.3 Teste prático de compatibilidade</p><p>Existe um pequeno e simples teste (COUTO, 1988), que pode ser realizado antes da</p><p>pulverização. Tem o objetivo de indicar se vai ocorrer algum problema de incompatibilidade.</p><p>Utilizando um recipiente de vidro transparente e limpo, misture as formulações e o volume</p><p>de calda nas mesmas proporções que serão empregadas na pulverização. Deixe em repouso</p><p>por alguns minutos, faça uma observação visual da calda e passe por uma peneira de</p><p>abertura similar à utilizada na parte anterior ao bico de pulverização. Essa é a maneira mais</p><p>segura de verificar se existe uma possível incompatibilidade física.</p><p>Luís Antônio Siqueira de Azevedo</p><p>1t</p><p>57</p><p>. _.:··· .. - - - -</p><p>58</p><p>Mishtras de Tanque de Produtos Fitossanitários: Teoria e Prática</p><p>Outros pontos importantes que devem ser observados são: a qualidade e a origem</p><p>da água utilizada, a data de validade de cada formulação, as condições de embalagem e</p><p>também as condições do pulverizador. Um lembrete importante: na dúvida, não misture</p><p>produtos químicos se não souber informações completas do fabricante, da pesquisa oficial</p><p>e dos órgãos de extensão rural.</p><p>Outra forma de diminuir os problemas de incompatibilidade física dos componentes</p><p>da calda é a ordem de colocação dos mesmos na mistura de tanque. Deve-se seguir a</p><p>seguinte ordem de colocação dos produtos (Tabela 7).</p><p>Tabela 7. Ordem de colocação dos produtos ficossanicários na mistura de tanque.</p><p>I</p><p>2</p><p>3</p><p>4</p><p>5</p><p>6</p><p>7</p><p>8</p><p>9</p><p>10</p><p>11</p><p>12</p><p>13</p><p>Fonte: (AZEVEDO, 2014).</p><p>Agua</p><p>Tamponantes / Acificantes / Compatibilizantes</p><p>Pó molhável</p><p>Grânulos disp. Água</p><p>Dry fiowable</p><p>Suspensão concentrada</p><p>Emulsão em água</p><p>Espalhante adesivo</p><p>Óleo emulsionado</p><p>Concentrado emulsionável</p><p>Concentrado solúvel</p><p>Solução aquosa concentrada</p><p>Macro e micronutrientes</p><p>4. A prática da mistura de tanque: utilização racional de produtos</p><p>fitossanitários</p><p>Na agricultura de resultados praticada no campo, são poucos os tratamentos</p><p>fitossanitáios que são efetuados, utilizando somente um produto. Frequentemente, há</p><p>necessidade de se aplicar herbicidas, fungicidas e inseticidas numa mesma operação.</p><p>Algumas vezes, um mesmo produto serve para controlar vários patógenos. Estes produtos</p><p>são denominados de ação múltipla ou de amplo espectro. São exemplos entre os fungicidas</p><p>siscêmicos os triazois e as estrobilurinas. Porém, não se conhecem entre os fungicidas</p><p>sistêmicos, produtos que tenham alguma ação inseticida e acaricida. Existem algumas</p><p>evidências de que alguns herbicidas possuem uma ação fungicóxica contra alguns patógenos .</p><p>Luís Antônio Siqueira de Azevedo</p><p>Misturas de Tanque de Produtos Fitossanitá1ios: Teoria e Prática</p><p>A mistura de tanque é uma prática muito comum e difundida no meio agrícola.</p><p>Sem dúvida, apresenta uma série de vantagens, sob o ponto de vista do agricultor, da</p><p>indústria e de quem as recomenda. Incluem e representam também muitos riscos, muitas</p><p>vezes desconhecidos pelo usuário. Os rótulos dos produtos químicos poderiam cambém</p><p>trazer mais informações sobre a compatibilidade de producos. As informações comidas</p><p>nos rótulos são vagas e muito gerais. Isso quando não trazem qualquer informação sobre</p><p>compatibilidade. A grande maioria de nossos agricultores poderia ler mais os rótulos e as</p><p>bulas dos produtos. Se o fizessem, poderiam, pelo menos, encontrar algumas informações e</p><p>indicações que, mesmo gerais, são úteis. Se aquele princípio ativo pode ser ou não misturado</p><p>com outros agroquímicos, é um exemplo.</p><p>A mistura de canquc ocorre muito frequentemente naquelas culturas que</p><p>demandam grande quantidade de fungicidas e inseticidas para a proteção da folhagem.</p><p>Exemplos comuns e acuais são as culturas de soja, algodão, cicros, tomate, batata, cebola,</p><p>cenoura, feijão, alho e uva. Junto com as vantagens indiscutíveis que apresentam em</p><p>termos de economia e praticidade no campo, as misturas também apresentam uma série</p><p>de incoveniences. Com frequência, os defensivos, ao serem misturados, reagem entre si</p><p>e neutralizam-se, resultando em compostos de menor eficácia e persistência. Em oucras</p><p>sistuações, estas reações podem originar produtos füotóxicos, que causam injúrias -</p><p>normalmente queimaduras do tecido. Por isso, as misturas devem ser realizadas com</p><p>muita precaução e cuidado. Há necessidade de se seguir exatamente as recomendações do</p><p>fabricante para o uso dos produtos expressas no róculo e folhetos técnicos.</p><p>A mistura de duas formulações já é uma decisão delicada, imaginemos uma mistura</p><p>com quatro ou cinco formulações feitas única e exclusivamente no mais puro empirismo</p><p>do campo. É um verdadeiro caos químico, com consequências indesejáveis não só para o</p><p>agricultor, mas também para todo o sistema como um todo. Poderemos ter como resultado</p><p>dessas misturas: ficotoxidade da cultura, ineficiência do tratamento químico, danos ao</p><p>equipamento de proteção, entupimento de bicos e retrabalho.</p><p>5. Efeito das misturas de tanque de produtos fitossanitários</p><p>As operações agrícolas que envolvem pulverizações para o controle de pragas e</p><p>doenças são complexas e demandam cada vez mais planejamento. Isto envolve também</p><p>conhecimentos de detalhes até então tidos como de pouca importância agronômica. Alguns</p><p>pontos devem ser conhecidos antes da decisão de se misturar fungicidas, inseticidas e adubos</p><p>foliares. É necessário saber, de antemão, algumas características dos produtos tais como:</p><p>pH na calda, decomposição química, vida útil na calda, estabilidade de armazenamento</p><p>e efeitos da luz e da temperatura sobre a mistura .São muito raras informações sobre este</p><p>lado químico dos defensivos agrícolas. Azevedo (2005) observou um efeito antagônico</p><p>da tempetura baixa sobre a mistura de tebuconazole e crifloxistrobina + lanzar, com a</p><p>formação de sedimentos que se formavam após a calda ficar em repouso de um dia para</p><p>Luís Antônio Siqueira de Azeyedo</p><p>59</p><p>60</p><p>Misturas de Tanque de Produtos Fitossanitários: Teoria e Prática</p><p>o outro. Segundo Couto (1988), diversas interações e reações ocorrem entre os princípios</p><p>ativos das diferentes formulações. Os princípios ativos reagem quimicamente uns com</p><p>os outros, provocando efeitos aditivos, sinérgicos e antagônicos. Apesar de a mistura</p><p>de produtos ficossanitários não ser regulamentada por lei no Brasil, cal prática é de uso</p><p>bastante comum por produtores. Deve-se entender, entretamo, que quando se misturam</p><p>pelo menos dois produtos no tanque de pulverização, sejam eles considerados defensivos</p><p>ou não, rrês diferences efeitos podem resultar desta mistura: Aditivo: o efeito da aplicação</p><p>da mistura será semelhante ao da aplicação dos produtos individualmente, ou seja, um</p><p>produto não interfere na eficácia do outro; Sinérgico: o efeito da aplicação da mistura será</p><p>superior ao da aplicação dos produtos individualmente, ou seja, um produto melhora a</p><p>eficácia do outro; Antagônico: o efeito da aplicação da mistura será inferior ao da aplicação</p><p>dos produtos individualmente, ou seja, um produto piora a eficácia do outro (AZEVEDO,</p><p>2001; RAMOS; ARAÚJO, 2006).</p><p>Ames de se realizar qualquer mistura, portanto, é importante saber-se se existe</p><p>algum tipo de incompatibilidade entre eles, e, neste ponto, o pH da calda pode ser um</p><p>indicativo de incompatibilidade. Ao se adicionar um prodmo alcalino, como um hidr6xido</p><p>de cobre, por exemplo, elevando-se o pH da calda, e logo em seguida um produto qualquer</p><p>que seja passível de sofrer hidrólise alcalina, certamente a eficácia deste segundo será</p><p>prejudicada, mas, como já dissemos, isso não cem nada a ver com o pH inicial da água e,</p><p>sim, com a incompatibilidade entre produtos. Neste caso, a correção do pH, desde que não</p><p>incerf1 ra na eficácia de nenhum dos produtos, pode ser recomendável.</p><p>5.1 Efeito Aditivo</p><p>A ação da mistura de produtos é a soma das qualidades individuais de cada</p><p>formulação. Por exemplo: a mistura de fungicidas protetores de contato. A mistura de</p><p>fungicidas cúpricos e ditiocarbamacos (Cuprozeb); a mistura de ditiocarbamacos e</p><p>antibióticos (Maneb e Micoshield); a mistura de clorotalonil mais cobre (Dacobre); a</p><p>mistura de antibióticos e fungicidas cúpricos (Agrimicina e Cuprocarb). Entre os fungicidas</p><p>sistêmicos, iremos encontrar exemplos de efeito aditivo quando da mistura de dois triazois,</p><p>propiconazole + difenoconazole (Taspa) e ciproconazole + propiconazole (Artea). Dentre</p><p>as misturas preconizadas de herbicidas, encontramos vários exemplos de atividade,</p><p>principalmente na cultura da soja. São exemplos clássicos de efeito aditivo dos herbicidas,</p><p>as misturas de atrazina + simazina, arrazina + nicossulfuron, imezechapyr + clhorimuron e</p><p>acifluorfen + bentazon (EMBRAPA, 2008).</p><p>Braga et al. (2010) avaliaram, em casa de vegetação, a mistura de glifosaco com</p><p>diferentes herbicidas, em doses diferences, no controle de Amaranthus. Os tratamentos</p><p>foram compostos pela aplicação isolada e em mistura dos herbicidas pirirhiobac-sódio,</p><p>amônio-glufosinato, glifosato e trifloxisulfuron-sódio em diferentes doses. Foi avaliada</p><p>a porcentagem de controle aos 7 e 28 dias após à aplicação dos tratamentos (DAA). O</p><p>pyrithiobac, em dosagens superiores a 28 g/ha·1</p><p>, foi eficaz sobre estas espécies, em plantas</p><p>Luís Antônio Siqueira de Azevedo</p><p>Misturas de Tanque de Produtos Fitossanitários: Teoria e Prática</p><p>de 2 a 4 folhas. A aplicação isolada de ffufosinato e glifosato apresentou-se como boa</p><p>alternativa para o controle destas plantas daninhas. Em aplicações precoces (2 a 4 folhas),</p><p>a adoção da mistura entre trifloxysulfuron e pyrithiobac é benéfica. O glifosaro aplicado</p><p>em mistura com pyrithiobac não teve seu desempenho comprometido. A associação entre</p><p>pyrithiobac e flufosinato propicia melhoria no controle de A . lividus e hybridus.</p><p>5.2 Efeito Sinérgico</p><p>A ação da mistura é superior à soma das qualidades individuais de cada formulação.</p><p>Os exemplos mais práticos e ilustrativos são as diversas formulações mistas existentes no</p><p>mercado de fungicidas protetores e sistêmicos. Alguns exemplos: metalaxil + mancozebe;</p><p>metalaxil + clorotalonil; oxadixil + mancozebe, propamocarbe + clorotalonil, famoxadona +</p><p>cimoxanil. São específicas para o controle de requeima. Carboxina + tiram, difenoconazole</p><p>+ tiram, específicas para o tratamento de sementes. Misturas de ciproconazole com diversos</p><p>fungicidas mostraram os efeitos de sinergismo e aditivo. Exemplos são: ciproconazole +</p><p>oxicloreto de cobre (ferrugem do cafeeiro), ciproconazole</p><p>+ clorotalonil (cercosporiose do</p><p>amendoim), ciproconazole + procloraz (septoriose e helmintosporiose do trigo) (NOVARTIS,</p><p>1998). Contra Mycosphaerella fijiiensis in vitro, as interações nas misturas de ciproconazole</p><p>com fenbuconazole, difenoconazole e bitertanol foram aditivas. Misturas com mancozebe,</p><p>clorotalonil e azoxistrobina mostraram-se antagônicas (NOVARTIS, 1998).</p><p>Os exemplos mais atuais de sinergismo entre fungicias sistêmicos, iremos encontar</p><p>nas inúmeras misturas de estrobilurinas e triazois registradas para o controle da ferrugem</p><p>da-soja. Misturas como piraclosrrobina + epoxiconazole, azoxistrobina + ciproconazole,</p><p>rrifloxistrobina + propiconazole, trifloxistrobina + tebuconazole são utilizadas para o</p><p>controle desta destrutiva doença. Uma análise mais detalhada destas misturas permite</p><p>algumas conclusões interessantes quando ucilzadas em soja. Em situações de controle</p><p>curativo, a mistura que tiver o componete triazol mais ativo e de transloação mais rápida,</p><p>levará vantagem sobre aquelas em que o componente triazol é menos ativo e mais lento.</p><p>Outro exemplo bem atual é também de misturas de fungicidas sistêmicos para uso em</p><p>soja. Trata-se da mistura de um grupo químico, precursor dos fungicidas sistêmicos -</p><p>os benzimidazois e os triazois. Exemplos são: carbendazim + flutriafol e carbendazim +</p><p>tebuconazole. Nesse caso específico, os alvos biológicos são as doenças de final de ciclo da</p><p>soja. Dentre os herbicidas, as misturas que apresentam efeito sinérgico e são utilizadas pelos</p><p>produrores são: paraquat + diuron e glifosaro + fluroxipir.</p><p>5.3 Efeito Antagônico</p><p>Quando se trata de mistura de tanque de produtos fitossanitários, uma quantidade</p><p>maior de casos de antagonismo tem sido observada nas misturas de herbicidas. O</p><p>antagonismo pode ocorrer quando se misturam herbicidas de modo de ação diferente, um</p><p>herbicida inibidor da fotossíntese misturado com um herbicida cranslocado pelo Roema.</p><p>São bem conhecidos os casos de antagonismo entre as triazinas, benrazon. paraquar</p><p>Luís Antônio Siqueira de Aze\·edo</p><p>61</p><p>......... ___ _</p><p>62</p><p>Misturas de Tanque de Produtos Fitossanitários: Teoria e Prática</p><p>e glifosato, um inibidor de ALS. O antagonismo também pode ocorrer devido</p><p>à incompatibilidade química da mistura. São exemplos as formulações aminas de</p><p>herbicidas versus as formulações oleosas. Pode ocorrer, também, incompatibilidade</p><p>química entre composições salinas de nutrientes e herbicidas reativos. Muitas vezes, o</p><p>antagonismo acontece devido à perda de seletividade do herbicida. Um exemplo típico</p><p>é a mistura de nicossulfuron mais inseticidas fosforados (EMBRAPA, 2008).</p><p>O antagonismo observado nas associações de herbicidas pode ser variável;</p><p>por exemplo, o que ocorre entre a atrazina e o glifosato. O antagonismo na mistura</p><p>destes herbicidas depende das formulações da atrazina, levando à conclusão de que</p><p>os ingredientes inertes influenciam esse processo (STAHLMAN; PHILLIPS, 1979).</p><p>A redução na eficiência do glifosato em associações com atrazina ocorre em função</p><p>da mistura desces produtos na calda de pulverização, e não por interação biológica na</p><p>planta (APPLEBY; SOMABHI, 1978). O antagonismo constatado em ensaios a campo</p><p>nem sempre se repete em experimentos realizados em casa de vegetação, sugerindo</p><p>que esses efeitos antagônicos podem estar relacionados com condições ambientais</p><p>ocorrentes durante à aplicação dos herbicidas no campo (BRADLEY et al., 2000).</p><p>Resultados confirmam a hipótese de que a associação de glifosato com triazinas</p><p>provoca efeitos antagônicos, reduzindo a eficácia do glifosato no controle de sorgo,</p><p>por exemplo. O antagonismo é mais incenso logo após à aplicação, diminuindo com</p><p>o decorrer do tempo ou com o aumento da dose do glifosato (VIDAL et al., 2003).</p><p>O antagonismo tem sido observado principalmente quando se mistura m</p><p>determinados fungicidas e inseticidas ou fungicidas com adubos foliares. Alguns</p><p>exemplos: difenoconazole + metamidofós, difenoconazole + dimilin, metalaxil +</p><p>ubifol. O efeito antagônico ou a instabilidade de misturas ocorre principalmente</p><p>entre inseticidas e adubos foliares. Ribeiro (1999) realizou uma série de estudos com</p><p>as principais misturas de inseticidas utilizadas na cultura do algodão. As misturas</p><p>consideradas estáveis foram: a) água, Nuvacron, Thiodan, Agral, Marschal 200 SC;</p><p>b) água, Polo 500 PM, Thiodan, Pix, Tuval, Marschal 200; e) água, Endolssulfan,</p><p>Marschal 200 SC; d) água, Polo 500 PM, Marshal 200 SC; e) água, Thionex 350</p><p>CE, Pix, Alisystin 250 PM, Marschal 200 CE; f) água, Alsystin 250 PM, Fury</p><p>200 SC, Pix, Marshal 200 SC. As misturas consideradas instáveis foram: a) água,</p><p>ácido bórico, Nomolt, Nuvacron, Azodrin, Thiodan, Endossulfan, Pix, Marshal 200</p><p>SC; b) água, Dissulfan, Nomolt, Polo 500 PM, Pix, Mal óleo, Marshal 200 SC; c)</p><p>água, ácido bórico, Dimetoaco, Nomolt, Agra!, Marshal 200 SC; d) água, Polo 500</p><p>PM, Lannate Br, Pix, ácido bórico, Max óleo, Marshal 200 SC; e) água, Nomolt,</p><p>Nuvacron, Azodrin, Thiodan, Endossulfan, Pix, Natur'oil, Marshal 200 SC; f) água,</p><p>ácido bórico, Pix, Lannate Br, Marshal 200 SC; g) água, ácido bórico, Thionex 350</p><p>CE, Pix, Marshal 200SC e, h) água, ácido bórico, Thionex 350 CE, Marshal 200 SC .</p><p>Pazini et al. (2013) avaliaram a compatibilidade física de herbicidas, herbicidas +</p><p>inseticidas e fungicidas + inseticidas na cultura do arroz irrigado. Para avaliar a estabilidade</p><p>Luís Antônio Siqueira de Azevedo</p><p>Misturas de Tanque de Produtos Fitossanitários: Teoria e Prática</p><p>das misturas, utilizaram a Tabela de estabilidade do Centro Brasileiro de Bioaeronáurica.</p><p>:)e acordo com os resultados obtidos, foi possível concluir que, dentre as miscuras em</p><p>ranque testadas entre herbicidas, herbicidas e fungicidas e fungicidas e inseticidas, aquelas</p><p>que possuíram maior incompatibilidade física, levando rapidamente à formação de</p><p>precipitados, foram Aura (herbicida) + Clincher (herbicida), Aura + Clincher + Karate</p><p>Zeon (inseticida) e Nativo (fungicida) + Imidagold (inseticida).</p><p>6. Estabilidade biológica dos produtos fitossanitários</p><p>A estabilidade biológica de qualquer produto füossanitário diz respeito ao seu grau</p><p>de fitocoxidade que pode provocar nas plantas. É sabido que os herbicidas são produtos</p><p>cm que há probalidade de miores casos de fitotoxidade. Eles foram desenvolvidos para</p><p>.:ontrolar ervas daninhas com poder de matar muitas plantas por ciclo de cultura. São,</p><p>sem dúvida, entre os produtos fitossanitários, os mais fitotóxicos, porém os mais fáceis de</p><p>manejo para finalizar as operações de cultivo.</p><p>6.1 Seletividade e fitotoxidade de produtos fitossanitários</p><p>Qualquer produto fitossanitário sistêmico pode perder sua seletividade, desde que</p><p>sejam alteradas suas características químicas e biológicas. Ocorre devido à interação entre os</p><p>;:omponentes da formulação que alteram o modo de ação dos compostos com consequente</p><p>modificação da seletividade à cultura, isso quer dizer diferentes graus de fitocoxidade.</p><p>A seletividade de um produto fitossanitário pode ser definida como a qualidade</p><p>de ser seletivo para aquelas culturas que têm registro para o controle de plantas daninhas,</p><p>pragas e fitopatógenos (AZEVEDO, 2001). Essa é uma preocupação muito grande das</p><p>empresas de agroquímicos na fase de desenvolvimento do produto. Se nos testes iniciais, a</p><p>molécula apresentar qualquer problema de füotoxidade, a mesma é descontinuada.</p><p>A fitocoxidade é a ação danosa, deletéria, do produto fitossanitário à planta. É a</p><p>capacidade de os produtos fi.tossanitários causarem injúrias às plantas, promovendo clorose,</p><p>distorções, queima e retardamento do crescimento, às vezes com sérios reflexos na produção</p><p>CRUZ FILHO; CHAVES, 1979; AZEVEDO, 2001; AZEVEDO, 2007).</p><p>Determinados produtos fitossanirários podem causar danos e injúrias às plantas se</p><p>urilizados em períodos inadequados dos estádios vegetativos ou em condições climáticas,</p><p>como, por exemplo, temperaturas altas. São bem conhecidos os efeitos dos produtos à base</p><p>de enxofre e de cobre quando</p><p>utilizados em temperaturas altas e em condições de umidade</p><p>excessiva, respectivamente. O uso de dosagens superiores às recomendadas, tanto para</p><p>produtos isolados como em mistura, pode causar também processos fitotóxicos indesejáveis.</p><p>Está cada vez sendo mais comum e crescente na agricultura a utilização de fungicidas</p><p>siscêmicos cuja formulação vem acompanhada de fábrica com coadjuvantes: emulsionantes,</p><p>dissolventes, dispersantes, agentes molhantes, etc. É possível que estes coadjuvantes, por si</p><p>só, modifiquem as condições de compatibildade dos ingredientes ativos. Outro fato muito</p><p>Luís Antônio Siqueira de Azevedo</p><p>63</p><p>,--._. ____ _</p><p>64</p><p>Misturas de Tanque de Produtos Fitossanitários: Teoria e Prática</p><p>comum é a fequência com que os fabricantes trocam os componentes inertes (aditivos) da</p><p>formulação, não raro causando danos às plantas com produtos que em anos anteriores eram</p><p>inofensivos.</p><p>De acordo com Nash (1967), Marking (1985), Calebrese (1991) e Azevedo (2014),</p><p>as interações entre os produtos fi.tossanitários podem classificar-se em: a) efeito aditivo: a</p><p>füotoxidade total resultante da combinação de dois ou mais defensivos é igual à soma dos</p><p>efeitos de fi.totoxidade de cada produto aplicado isoladamente; b) efeito sinergístico: a</p><p>füotoxidade total resultante da combinação de dois ou mais pesticidas é maior do que a soma</p><p>dos efeitos fitotóxicos de cada produto aplicado isoladamente; e c) efeito antagonístico: a</p><p>füotoxidade total resultante da combinação de dois ou mais defensivos é menor do que a</p><p>fi.totoxidade de cada produto aplicado isoladamente.</p><p>As misturas de tanque representam um risco moderado de causar füotoxidade às</p><p>plantas porque, na maioria das vezes, são realizadas sem informações sobre a compatibilidade</p><p>química e física do produto. A perda da seletividade é causada pelas interações entre os</p><p>componentes da formulação, pela alteração no modo de ação dos componentes da mistura</p><p>e, como consequência, poderão ocorrer diferentes graus de fitotoxidez às culturas. A</p><p>ocorrência de toxicidade às culturas e o menor desempenho dos produtos em consequência</p><p>da aplicação de misturas de diferentes classes de defensivos podem estar associados à</p><p>incompatibilidade física dessas misturas.</p><p>Os fungicidas protetores, em geral, são mais fi.totóxicos que os fungicidas</p><p>sistêmicos. São bem ilustrados e conhecidos os efeitos da .fitotoxidade dos fungicidas</p><p>cúpricos (endurecimentos das folhas, queda de flores e de frutos e menor tamanho de</p><p>folhas, flores e frutos). As culturas mais sensíveis ao cobre são as rosáceas, cucurbitáceas</p><p>e umbelfferas. As cucurbitáceas também são sensíveis ao enxofre, principalmente quando</p><p>aplicado nas épocas ou períodos do dia de alta temperatura (AZEVEDO, 2001). Outro</p><p>grupo de fungicidas protetores que apresenta uma footoxidade pronunciada é o do estanho.</p><p>É muito comum observarmos no campo, na cultura da batata e de feijão, folhas e folíolos</p><p>com bordos arroxeados e lesões necróticas de cor marrom.</p><p>A cultura do algodão é muito sensível em certos estádios fenológicos à aplicação</p><p>isolada de herbicidas ou em mistura de tanque, ou seja, apresenta alguns problemas de</p><p>fito toxidade. Por isso, todo cuidado deve ser tomado no momento da preparação e da aplicação</p><p>das misturas. Os principais problemas de fi.totoxidade são com o herbicida pré-emergente</p><p>clomazone, com os herbicidas pós-emergentes pirithiobac-sódio e trifloxysulfuron sodium</p><p>e com o MSMA aplicado em jato dirigido (FOLONI, 2007). Em relação às misturas de</p><p>tanque mais utilizadas atualmente na pré-emergência, a fitotoxidade acontece com mais</p><p>frequência na mistura de domazone (1,6-1,8 L/ha) + diuron 500 (1,6-1,8 L/ha) ou diuron</p><p>800 (1,0-1,125 kg/ha). Os problemas de fitotoxidade acentuam-se nos talhões sujeitos a</p><p>alagamento, nos remontes de barra, locais de elevada precipitação e quando à aplicação é</p><p>feita 24 horas após o plantio com solo úmido (FOLONI, 2007). Em relação aos herbicidas</p><p>aplicados em jato dirigido, os principais problemas de fitotoxidade acontecem nas misturas</p><p>Luís Antônio Siqueira de Azevedo</p><p>Misturas de Tanque de Produtos Fitossanitários: Teoria e Prática</p><p>de Atrazina 500 (2,0-2,5 kg/ha) + Flumioxazim (0,030-0,035 kg/ha) ou .-\urora 0.030-</p><p>0,035 kg/ha) + óleo mineral (0,5 L/ha). A ficotoxidade é mais frequente principalmente :ie</p><p>tiver ventos fortes, bicos altos na barra. Normalmente, causa queda das folhas produ;:i\·as.</p><p>As misturas de herbicidas aplicados em pós-emergência que têm causado ficocoxidade são:</p><p>Staple (0,20-0,30 L/ha) + óleo mineral (0,4 L/ha); Evoke (0,008-0,001 O kg/ ha) + oleo</p><p>mineral (0,5 L/ha). A fitoroxidade dessas misturas é frequente, porém de baixa intensidade.</p><p>as plantas recuperam-se num curto período de tempo, devido a coincidir com as primeiras</p><p>adubações nitrogenadas (FOLONI, 2007).</p><p>7. Conclusões</p><p>A prática da mistura de tanque de produtos firossanirários é uma realidade em todo</p><p>o Brasil. Os aspectos relacionados com sua regulação e legalidade precisam urgentemente</p><p>de uma definição por parte dos órgãos do Governo Federal. A comunidade científica,</p><p>representada pelas instituições de pesquisa e extensão, universidades, fundações de pesquisa</p><p>e indústria química, já fez sua parte, provando de forma sustentável e agronômica aos órgãos</p><p>do Governo Federal responsáveis pelo registro de produtos ficossanitários, a importância de</p><p>sua utilização por parte do agricultor da mistura de tanque. No entanto, este assunto não</p><p>se esgota com a regulamentação por parte das autoridades do governo, vai precisar de muita</p><p>pesquisa e informação, já que são muitos os produtos fitossanitários disponíveis no mercado</p><p>para a mistura de tanque.</p><p>Observando-se rodas as características físicas, químicas e biológicas dos produtos a</p><p>serem misturados, a calda poderá então ser preparada, levando-se em consideração os demais</p><p>parâmetros técnicos previstos pela tecnologia de aplicação de produtos firossanitários para</p><p>esta operação. A mistura de tanque poderá, posteriormente, ser aplicada dentro de uma</p><p>estratégia de que estará proporcionando todas as condições para que expresse sua máxima</p><p>eficácia, que será observada por meio do controle adequado da planta invasora, praga</p><p>ou doença. Minimizar o fator qualidade da aplicação a um ou outro parâmetro induz,</p><p>invariavelmente, a erros que se refletem na elevação do custo do tratamento fitossanitário,</p><p>quer pela utilização de produtos desnecessários, pela ineficácia dos tratamemos, quer pela</p><p>necessidade de maiores volumes de calda. Neste contexto, informação também é parte</p><p>importante da qualidade, e deve ser buscada por meio de técnicos responsáveis ou de</p><p>publicações idôneas nas diferentes áreas para que seja isenta e possa refletir, eficientemente,</p><p>na qualidade da produção, na segurança do aplicador e do ambiente e na qualidade de vida</p><p>do agriculcor.</p><p>Luís Antônio Siqueira de .-\zen?do</p><p>65</p><p>Misturas de Tanque de Produtos Fitossanitários: Teoria e Prática</p><p>A ;</p><p>REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS</p><p>AGROFFICE. Incompatibilidade dos agrot6xicos. Disponível em: Acesso em: 16</p><p>out. 2014.</p><p>ANDRADE, T. L. C. Ação acaricida do hexythiazox, dicofol e óxido de fenbutatin,</p><p>em três níveis de pH da calda, no controle do ácaro Brevipalpus phoenicis Geijskes,</p><p>em condições de laboratório. Jaboticabal-SP, 1997. 71 p. 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Toxicity of chemical mixtures. ln: RAND, G. M.; PETROCELL:</p><p>S. R. Fundamentais of aquatic toxicology. (Eds). Washington DC: Hemisphere</p><p>Publishing, 1985. p. 164-176.</p><p>MONTEIRO, M. V. De, M. Como trabalhar com BVO®. Centro Brasileiro de</p><p>Bioaeronáutica (CBB). Disponível em: . Acesso em: 27 nov. 2014.</p><p>NASH, R . G. Phycocoxic pesticide interactions in soil. Agron. J., v. 59, nº 3, p. 227-230.</p><p>1967.</p><p>PETTER, F. A. 2; SEGATE, D. 3; PACHECO, L. P. 2; ALMEIDA, F. A. 2; ALCÂNTAR..-\</p><p>NETO, F. Incompatibilidade física de misturas entre herbicidas e inseticidas. Planta</p><p>Daninha: Viçosa-MG, v. 30, nº 2, p. 449-457, 2012.</p><p>RAMOS, H.H.; DURIGAN, J. C . Efeitos da qualidade da água de pulverização sobre a</p><p>eficácia de herbicidas aplicados em pós-emergência. Bragantia, Campinas-SP, v. 5-.</p><p>nº 2, p. 313-324, 1998.</p><p>RAMOS. H. H .; BASSANEZI, R. B. 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Introdução</p><p>O mercado de adjuvantes na proteção agrícola tem uma longa história pelo uso</p><p>de uma variedade de substâncias que já foram aplicadas às culturas para manter a eficácia</p><p>dos defensivos agrícolas aplicados naquela época. Os fabricantes de agroquímicos fazem</p><p>o melhor para aprimorar as formulações básicas de ingredientes ativos para que eles não</p><p>só sejam estáveis e misturem bem, mas também, que biologicamente, sejam efetivos no</p><p>;:oncrole das pragas-alvo em uma gama de culturas, condições climáticas e de aplicação.</p><p>~o entanto, normalmente, não é possível aperfeiçoar a quantidade de coingredientes em</p><p>:ormulações básicas, para garantir um ótimo desempenho em todas as situações de campo.</p><p>Consequentemente, tem havido uma crescente consciência do valor dos produtos que</p><p>?Odem ser adicionados ao tanque pulverizador para melhorar o desempenho da mistura</p><p>dos produtos fitossanitários. Alguns dos mais recentes materiais que foram comercializados</p><p>eram de má qualidade e mal caracterizados química e biologicamente, de modo que eram</p><p>descritos como "óleos de cobra". Pesquisas abrangentes, desenvolvimento de campo, muita</p><p>experimentação e comercialização ética têm garantido que os adjuvantes sejam agora</p><p>::-econhecidos como tendo um papel importante na melhoria do desempenho de produtos</p><p>químicos de proteção às culturas.</p><p>2. Utilização de adjuvantes na agricultura</p><p>Os adjuvantes, atualmente, são uma forma de melhorar a performance dos</p><p>produtos fitossanitários nas diferences situações de campo, principalmente quando</p><p>utilizados em mistura de tanque. São compostos sem qualquer atividade biológica sobre</p><p>insetos, plantas invasoras e pacógenos que melhoram de forma geral a eficácia da aplicação</p><p>dos produtos fitossanitários. Qualquer substância adicionada à formulação ou à calda na</p><p>mistura de tanque que modifique a atividade do ingrediente ativo ou as características da</p><p>fo rmulação é um adjuvance. Suas principais funções são: aumentar a eficácia dos produtos,</p><p>Luís Antônio Siqueira de Azevedo</p><p>69</p><p>-.-- ·.:_ .. ____ _</p><p>70</p><p>Misturas de Tanque de Produtos Fitossanitários: Teoria e Prática</p><p>facilitar à aplicação e minimizar possíveis problemas, principalmente aqueles relacionados</p><p>à fitotoxidade e à deriva. Na prática, os modernos adjuvantes melhoram a molhabilidade, a</p><p>espalhabilidade e a penetrabilidade dos defensivos agrícolas no alvo biológico. Na Figura 1,</p><p>encontram-se as principais propriedades dos adjuvantes agrícolas.</p><p>Tensoativos ou hipertensores</p><p>• Dispersão '</p><p>t</p><p>ADJUVANTE</p><p>Molha</p><p>Espalha</p><p>Penetra</p><p>Previnir a cristalização</p><p>✓ • ----.. 9</p><p>Espalhante</p><p>adesivo "" . . . . . . •• . . . .</p><p>OH OH u=ct,nlc OH O/ H</p><p>\ ,~ :::-,.__\</p><p>superfície</p><p>Redução da evaporação</p><p>Figura 1. Principais propriedades de um adjuvante agrícola.</p><p>Absorsão</p><p>2.1 Papel e função dos adjuvantes agrícolas</p><p>Um adjuvante é definido como "um material adicionado ao tanque de mistura</p><p>para auxiliar ou modificar a ação de produtos fitossanitários ou as características</p><p>físicas da mistura de tanque" (AZEVEDO, 2007). Qualquer substância adicionada</p><p>à formulação ou à calda que modifique a atividade do ingrediente ativo ou as</p><p>características da formulação são substâncias que afetam as propriedades de superfície</p><p>dos líquidos, proporcionando um ajustamento mais íntimo de duas substâncias</p><p>(ALLISON, 2003). Substância que, ao ser adicionada a uma solução, é capaz de</p><p>melhorar as características físico-químicas da aplicação (MATTHEUS, 2004). Os</p><p>adjuvantes não apresentam ação biológica direta sobre o alvo (VAN, 2003).</p><p>A atividade dos adjuvantes pode ser convenientemente dividida entre dois tipos:</p><p>adjuvantes que aumentam a atividade biológica e adjuvantes de utilidade. Os primeiros</p><p>aumentam a eficácia biológica, enquanto os últimos modificam as características</p><p>físicas da mistura de tanque utilizada na pulverização. Basicamente, os adjuvantes</p><p>são utilizados na agricultura para aumentar a eficácia do produto, facilitar à aplicação</p><p>e minimizar possíveis problemas de aplicação. Trabalhos de campo e de laboratório,</p><p>Luís Antônio Siqueira de Azevedo</p><p>Misturas de Tanque de Produtos Fitossanitários: Teoria e Prática</p><p>realizados nos últimos dez anos por pesquisadores, empresas de agroquímicos e de</p><p>adj uvantes e associações comerciais, resultaram em uma terminologia comum para a</p><p>grande variedade de funções desempenhadas por adjuvantes. A situação é complicada</p><p>devido à complexidade das interações entre as diferences funções, mas essa maior</p><p>compreensão e categorização permitiu uma rotulagem mais coerente. A ciência busca</p><p>a verdade e tem prevalecido, mas o progresso futuro continuará a depender de ciência</p><p>profunda e completa integridade dos resultados. Em resumo, as principais funções</p><p>dos adjuvantes são o de molhar, espalhar e penetrar mais a calda fungicida, inseticida</p><p>ou herbicida (Figura 2).</p><p>Figura 2 . Superfície foliar com uma gota de água sem e com adjuvante.</p><p>Fonte: (EVONIK, 2010).</p><p>2.2 Fatores agronômicos e o uso de adjuvantes</p><p>agrícolas</p><p>Os agricultores, de forma geral, estão aplicando um volume menor de</p><p>pulverização por unidade de área, exigindo uma boa cobertura. Outra tendência na</p><p>agricultura é a redução nas doses de aplicação. Por meio de práticas gerais, bem como</p><p>por meio de regist ro, o principal objet ivo será a redução do impacto dos agroquímicos</p><p>no ambiente. Os adjuvantes têm uma base histórica na redução de doses, e mu itas</p><p>pesquisas demonstram que a redução tem sido possível, em muitos casos, com a adição</p><p>de adjuvantes.</p><p>A combinação de pulverizações de produtos fi tossanitários e nutrientes</p><p>foliares economiza tempo, mas pode requerer segurança no tanque pulverizador para</p><p>evitar problemas. Dentre os problemas mais comuns na mistura de tanque, destaca</p><p>se a incompatibilidade química e física dos produtos. É comum a mistura de quatro</p><p>e até de nove produtos, visando ao controle de doenças e pragas. Muitas vezes, essa</p><p>operação é realizada sem os mínimos critérios agronômicos, o que se faz no campo é</p><p>com o mais puro empirismo. Aqui, cabe um comentário sobre os rótulos dos produtos.</p><p>As informações sobre a compatibilidade dos produtos são muito poucas, isso</p><p>quando não há qualquer informação. As empresas poderiam preocupar-se mais com</p><p>isso e evitar reclamações desnecessárias sobre a performance de seus produtos. A</p><p>Luís Antônio Siqueira de Azevedo</p><p>71</p><p>72</p><p>Misturas de Tanque de Produtos Fitossanitários: Teoria e Prática</p><p>incompatibilidade entre diferences produtos leva, na maioria das vezes, à perda da</p><p>ação do ingrediente ativo e também a alguns casos de fitotoxidade à cultura.</p><p>2.3 Principais vantagens da utilização de adjuvantes</p><p>As principais vantagens da utilização de adjuvantes na mistura de tanque são: a</p><p>rápida absorção de produtos, com menores perdas ocasionadas por chuvas após à aplicação</p><p>(no caso de produtos sistêmicos); b) permitem que superfícies hidrorrepelentcs, como folhas</p><p>ou frutos com cerosidade, corpos ou coberturas cerosas de pragas, sejam molhadas pela calda</p><p>(efeito molhante); c) o líquido aplicado distribui-se e adere melhor, cobrindo a superfície</p><p>de modo uniforme, o que é particularmente importante para herbicidas, inseticidas e</p><p>fungicidas com ação de contaro (efeito espalhante e aderente); d) em superfícies pilosas.</p><p>com pelos normalmente mantendo gocículas pulverizadas suspensas, o líquido penetra e</p><p>efetivamente atinge a cutícula; e) facilitam a penetração da calda entre as ranhuras diversas,</p><p>hifas de fungos e teias de ácaros.</p><p>2.4 Principais desvantagens da utilização de adjuvantes</p><p>Pouco se sabe sobre as reais desvantagens da utilização desses compostos nas</p><p>principais culturas agronômicas. No encanto, baseando-se nas caraccerísticas químicas</p><p>desses produtos, algumas desvantagens podem ser listadas: diminuem a seletividade de</p><p>alguns fungicidas e, sendo solúveis em água, podem favorecer a lavagem dos produtos</p><p>aplicados, e se chover depois da aplicação, prejudicam o efeito residual e podem</p><p>favorecer o ataque de alguns fungos, por removerem a camada cerosa protetora.</p><p>Na maioria dos países, adjuvantes de mistura de tanque não são regulamentados,</p><p>é o caso do Brasil. Os produtos podem ser comercializados sem ter de passar por</p><p>qualquer processo rigoroso para assegurar que a rotulagem é adequada para garantir</p><p>a segurança do operador e do ambiente.</p><p>Normas de eficácia também não são claras, especialmente tendo em conta</p><p>a ampla gama de funções que podem ser afetadas. Por conseguinte, reclamações</p><p>constantes têm sido feitas para produtos que não ajudam a reputação do mercado.</p><p>Diante desta situação, não é de se estranhar que o termo "óleo de cobra" seja utilizado</p><p>para descrever adjuvantes de tanque de mistura (HAZEN, 2000; BOSCHIEIRO,</p><p>2005).</p><p>O mercado brasileiro de adjuvantes é difícil de entender e quantificar. Não</p><p>existe uma associação ou grupo comercial específico. É questionável a acurácia</p><p>dos escudos de marketing. Uma avaliação verdadeira é difícil devido à natureza</p><p>fragmentada do mercado de misturas de adjuvantes. Existem problemas para definir</p><p>as categorias (com produtos, doses de adjuvantes) consideradas como fertilizantes</p><p>foliares (MATARAZO, 2010).</p><p>Luís Antônio Siqueira de Azevedo</p><p>Misturas de Tanque de Produtos Fitossanitários: Teoria e Prática</p><p>3. Fatores que influenciam na eficácia dos adjuvantes na mistura</p><p>de tanque</p><p>3.1 Formulação universal</p><p>As pressões sobre as grandes empresas agroquímicas internacionais exigem que o</p><p>::umero de formulações deva ser limitado para reduzir a produção, a regulamentação e os</p><p>::..:stos de estoque e permitam que unidades de fabricação possam suprir as necessidades</p><p>z:obais .</p><p>Obviamente, formulações locais são necessárias para atender às necessidades locais</p><p>~ para evitar altas taxas de importação sobre produtos formulados. Por conseguime, as</p><p>·o rmulações devem ser robustas o suficiente para acender a uma ampla faixa de temperatura</p><p>t condições de aplicação para minimizar o volume total, de tal forma que o transporte, a</p><p>~:nbalagem e os custos de armazenamento sejam reduzidos. A adição de um surfactante não</p><p>.onico pode exigir outras cossubstâncias para garantir a estabilidade e poderia contribuir</p><p>.1bscancialmente para o volume e o peso do produto. Este é particularmente o caso dos</p><p>:-:-oducos de baixo valor, quando as vantagens dos preços baixos podem ser desconsideradas</p><p>.., J reduzidas pela adição de quantidades suficientes de surfactanre ou de outros adjuvantes</p><p>~LSIK et al., 2002; ALLISON, 2003; ANDERSON et al., 2002).</p><p>3.2 Qualidade da água</p><p>Um composto químico é formado pela combinação de um ou mais elementos .</p><p>. , água, por exemplo, é composta de dois átomos de hidrogênio e um átomo de oxigênio,</p><p>.:.e modo que sua fórmula química é H</p><p>2</p><p>0, em que o número após o símbolo do elemento</p><p>.:1dica sua quantidade na estrutura de determinado composto. A água é um solvente</p><p>.rniversal para moléculas polarizadas e o veículo mais importante para diluir formulações</p><p>.:e produtos ficossanitários a serem aplicados por imersão ou pulverização. A água é o veículo</p><p>ie aplicação que proporciona uma dispersão mais homogênea dos produtos ficossanitários.</p><p>Q_uando pura, é um eletrólito débil que ioniza como H</p><p>3</p><p>0 + e OH, mantendo-se em</p><p>~quilíbrio com um pH = 7,0 (neutro).</p><p>Essa situação ocorre apenas com água destilada, pois a água normal sempre</p><p>apresenta gases, líquidos ou sólidos dissolvidos, afetando o equil íbrio (KISSIMAN, 1997).</p><p>~xistem diferenças consideráveis na dureza da água e pH de uma região para outra.</p><p>Por exemplo, a água é dura, prevalente em grande parte do centro-oeste e sudoeste</p><p>dos EUA e no sul da Inglaterra. A atividade de vários herbicidas, como o glifosato, pode ser</p><p>:-eduzida pela presença de íons Ca++, Mg++ e Fe++. O pH é conhecido por afetar a estabilidade e a</p><p>solubilidade de alguns herbicidas. Inseticidas carbamaros, como o carbaril, são degradados mais</p><p>:-apidamence em pH mais alcalino, como pH 8. É claro que não faz qualquer sentido adicionar</p><p>~ tabilizadores ou modificadores de pH às formulações básicas, uma vez que só são necessários</p><p>em situações específicas. O cusro adicional não poderia ser justificado (ALLISOI , 2003).</p><p>Luís Antônio Siqueira de Azevedo</p><p>73</p><p>74</p><p>Misturas de Tanque de Produtos Fitossanitários: Teoria e Prática</p><p>3.3 Volumes de pulverização</p><p>Os produtos fitossanitários, de · forma geral, são recomendados com base no peso</p><p>do ingrediente ativo por unidade de área. Em contraste, as recomendações de adjuvantes</p><p>baseiam-se em um percentual do volume da pulverização - geralmente a partir de 0,1%,</p><p>como, por exemplo, para organossilicones, a 1 % para óleos. Há uma ampla gama de</p><p>volumes de pulverização que são usados em diferentes regiões e países do mundo. Volumes</p><p>de aplicação cípicos para lavouras aráveis são 25-500 L/ha, mas estes podem variar de</p><p>1.000 L ou mais na fruticultura para os baixos volumes utilizados em aplicações aéreas.</p><p>Enquanto os altos volumes podem já estar atingindo uma boa cobertura, aplicações de</p><p>baixos volumes requerem</p><p>proteção contra perda por evaporação e para assegurar padrões</p><p>de deposição ideal em ervas daninhas ou na cultura.</p><p>Adjuvantes desempenham um papel crítico, garantindo que a pulverização tenha</p><p>endereço certo e maximizando a retenção e a absorção pela cultura. Por outro lado, não</p><p>é possível ainda aperfeiçoar as doses de adjuvantes, como parte da formulação final, para</p><p>atender a toda a gama de volumes de pulverização aplicados.</p><p>3.4 Cultura, condições climáticas e tecnologia de aplicação</p><p>A tecnologia de aplicação não é somente à aplicação do produto, porém a interação</p><p>entre vários fatores, tais como: a cultura, pragas, doenças, ervas, produto, equipamento e</p><p>meio ambiente. O controle é considerado eficiente quando é possível aliar um baixo custo</p><p>com um mínimo de contaminação ambiental (MATARAZO, 2010).</p><p>A pulverização é um fator limitante e talvez o elo mais fraco na cadeia de eventos</p><p>de um defensivo agrícola, após seu processo de desenvolvimento. Alguns pesquisadores</p><p>afirmam que 70% da eficiência ou do sucesso do uso do defensivo dependerá da efetividade</p><p>da pulverização.</p><p>A qualidade de pulverização é definida como a quantidade certa do produto que</p><p>alcança o alvo, utilizando um número e um tamanho de gotas ótimo, homogeneamente</p><p>pulverizadas, com o mínimo de perdas (deriva, escorrimento e evaporação) (OZEKI;</p><p>KUNZ, 1994; CHRISTOFOLETTI, 2002; CUNHA et al., 2003; MATARAZO, 2010).</p><p>Há uma constante interação em desenvolvimento entre a fase da cultura ou os</p><p>estádios fenológicos e pragas, doenças e a planta daninha-alvo, condições climáticas e</p><p>método de aplicação.</p><p>A seletividade de herbicidas determina as culturas em que pode ser utilizado e</p><p>a lista pode ser limitada a uma única cultura ou a algumas culturas, no máximo. Em</p><p>contrapartida, a gama de plantas daninhas controladas geralmente é bastante longa, e o</p><p>nível de controle das diferentes espécies pode ser influenciado pelo uso de adjuvantes. A</p><p>maioria dos rótulos de herbicidas pós-emergência recomenda diferentes doses, dependendo</p><p>das espécies presentes. Essas doses foram cuidadosamente determinadas com base em</p><p>Luís Antônio Siqueira de Azevedo</p><p>Misturas de Tanque de Produtos Fitossanitários: Teoria e Prática</p><p>,·ários anos de pesquisa de campo sob uma grande variedade de condições. No entanto, em</p><p>última análise, as doses devem ser suficientes para assegurar níveis de controle comercial.</p><p>:\íos EUA, há mais de 200 recomendações de rótulo para a adição de adjuvantes no tanque</p><p>de mistura para garantir ótimos níveis de controle. Vários rótulos de produtos, como o</p><p>Basagran (bencazon) e o Classic (clorimuron etílico), recomendam a adição de sulfaro de</p><p>amônio para o controle de Abutilon theophrasti. Produtores podem aprender a melhor</p><p>forma para alcançar os melhores níveis de controle das plantas daninhas presentes em suas</p><p>propriedades, ajustando os níveis de adjuvante aos tipos de plantas daninhas presentes, à</p><p>sua fase de desenvolvimento e às condições climáticas.</p><p>As condições meteorológicas podem influenciar muito nas condições físicas da</p><p>cultura-alvo e das plantas daninhas. Novamente, as formulações básicas podem não ter</p><p>poder umectante foliar suficiente, componentes de espalhamento ou de penetração para</p><p>garantir um ótimo desempenho em situações em que as plantas daninhas se desenvolvem.</p><p>Soluções de pulverização podem secar rápido demais para permitir a absorção pela folha</p><p>sob condições de alta temperatura e baixa umidade. Assim, enquanto a mesma formulação</p><p>pode promover controle mais adequado sob condições ideais, o nível de controle pode ser</p><p>menor ou inadequado sob estresse de um tipo ou outro. Tem sido reportado que, quanto</p><p>melhores os agricultores, melhor eles usam adjuvantes por entenderem como podem</p><p>melhorar o desempenho em diferentes condições climáticas (BOLLER, 2003).</p><p>4. Classificação funcional dos adjuvantes</p><p>Os adjuvantes constituem uma importante classe de produtos químicos que,</p><p>fundamentalmente, devem ser utilizados para melhorar as funções e as atividades</p><p>biológicas dos produtos füossanitários. Abrangem uma numerosa categoria de substâncias,</p><p>e os principais tipos encontrados no Brasil são: acidificadores, ativadores de superfície,</p><p>agentes antiespumantes, antievaporantes, tamponances, agentes de compatibilidade,</p><p>agentes espumantes, agentes de depósito, agentes antideriva, emulsificantes, espalhantes,</p><p>umectantes, agentes penerrances, espalhantes molhantes, adesivos e agentes supermolhantes</p><p>(VARGAS; ROMAN, 2006; ROMAN et ai., 2007; CZARNOTA; THOMAS, 2009;</p><p>MATARAZO, 2010; SHANE; SCHILDER, 2011).</p><p>Os adjuvantes são definidos como qualquer substância presente numa formulação,</p><p>ou adicionada ao tanque do pulverizador para modificar a atividade biológica ou as</p><p>características da aplicação. Os adjuvantes possuem importante função na aplicação dos</p><p>produtos fitossanitáriows especialmente dos herbicidas, e, segundo Roman et al. (2007),</p><p>podem ser classificados em duas categorias: ativadores e modificadores da pulverização e</p><p>outros modificadores. Os ativadores e os modificadores da pulverização são utilizados com</p><p>o objetivo de melhorar o desempenho biológico e/ou as características físicas e químicas</p><p>da calda. A Tabela 1 ilustra didaticamente a classificação e os tipos de adjuYantes para</p><p>aplicação foliar.</p><p>Luís Antônio Siqueira de Aze\'edo</p><p>75</p><p>· -.. -----</p><p>76</p><p>Misturas de Tanque de Produtos Fitossanitários: Teoria e Prática</p><p>Tabela 1. Classificação e principais tipos de adjuvantes para à aplicação foliar .</p><p>.._ ___ ~~_d_e_ad~j~u_van __ tes_,</p><p>1</p><p>~T_iA ___________ ___,</p><p>1</p><p>Fun~-----------...1</p><p>Ativadores e modificadores</p><p>Outros modificadores</p><p>Surfactantes Reduzir a tensão superficial</p><p>Óleos Melhora a absorção</p><p>Adesivos</p><p>Espalhantes</p><p>Agentes tampões</p><p>Antiespuma</p><p>Agentes compatibilizantes</p><p>Agentes de controle de deriva</p><p>Formacão de filme, aderência,</p><p>resistência à lavagem da chuva</p><p>Melhorar a solubilidade</p><p>Reduzir a formação de espuma</p><p>Melhorar a espuma</p><p>Aumentar o tamanho da gota</p><p>Fonte: (modificado de ROMAN ET AL., 2007).</p><p>Outra classificação adotada principalmente pela indústria americana de</p><p>agroquímicos é aquela que divide os adjuvantes agrícolas em duas classes de produtos: 1)</p><p>adjuvantes de formulação; e 2) adjuvantes para mistura de tanque, essa subdividida em</p><p>adjuvantes para performance e adjuvantes de utilidade. Parece-nos que, simplificadamente,</p><p>esta classificação engloba todos os tipos de adjuvantes existentes no mercado mundial para</p><p>uso com produtos fitossanitários. A Figura 2 ilustra esta classificação de adjuvantes.</p><p>~~~~~~~- ~- .</p><p>CLASSIRICAÇÃO QE ADJUVANTES</p><p>•</p><p>Adjuvantes para</p><p>misturas de tanque</p><p>Figura 2. Classificação de adjuvantes segundo a indústria americana de agroquímicos.</p><p>Fonte: Azevedo (2014).</p><p>Luís Antônio Siqueira de Azevedo</p><p>Misturas de Tanque de Produtos Fitossanitários: Teoria e Prática</p><p>4.1 Funcionalidade dos adjuvantes e seus efeitos na mistura de</p><p>tanque</p><p>As formulações de adjuvantes são manufaturadas para conter certas</p><p>propriedades que afetam a funcionalidade dos mesmos. A funcionalidade pode ser</p><p>especificamente determinada pela: a) composição química dos componentes; b)</p><p>proporção dos componentes, e c) dose ou quantidade usada (ASTM, 1999; HAZEN,</p><p>2000; MATARAZO, 2010).</p><p>Como os adjuvantes são considerados ferramentas de manejo, será importante</p><p>para o usuário conhecer as propriedades que são necessárias num adjuvante e se, em</p><p>particular, aquele adjuvante possui tais propriedades. Os usuários deveriam também</p><p>saber que, em cercas situações, a adição de adjuvantes pode não produzir o efeito</p><p>desejado ou mesmo fazer das aplicações um desperdício.</p><p>Para se obter um efeito positivo com o uso de adjuvantes e defensivos, irá</p><p>depender dos seguintes fatores: a) propriedades dos adjuvantes e sua quantidade;</p><p>b) defensivo usado e sua quantidade; c) alvo biológico; d) eficácia da aplicação; e)</p><p>condições ambientais. Em função da forma específica como os adjuvantes afetam</p><p>a pulverização, a deposição e a absorção, é quase impossível</p><p>prever como um</p><p>determinado adjuvante interagirá com os fatores que regulam o controle de pragas,</p><p>plantas invasoras e doenças, sem que sejam realizados estudos específicos. Em razão</p><p>disso, para se evitar problemas, é importante observar e seguir as instruções de uso</p><p>contidas no rótulo.</p><p>Em função da forma específica como os adjuvantes afetam a pulverização, a</p><p>deposição e a absorção, é quase impossível prever como um determinado adjuvante</p><p>interagirá ·com os fatores que regulam o controle de pragas, plantas invasoras e</p><p>doenças sem que sejam realizados estudos específicos. Em razão disso, para se evitar</p><p>problemas, é importante observar e seguir as instruções de uso contidas no rótulo.</p><p>Por esse motivo, existem no mercado diferences tipos de adjuvantes, cada um</p><p>deles com funções bem específicas e definidas para à aplicação em mistura de tanque</p><p>com produtos fitossanitários. A Figura 3 ilustra os principais tipos de adjuvantes</p><p>existentes no mercado e suas principais atribuições químicas, físicas e biológicas.</p><p>Luís Antônio Siqueira de Azevedo</p><p>ip</p><p>77</p><p>78</p><p>Misturas de Tanque de Produtos Fitossanitários: Teoria e Prática</p><p>Surfactantes</p><p>Cobertura</p><p>, -. . . , , . l</p><p>~ : i ( -1-;, • J</p><p>:· · ~1~ de gotas</p><p>. ·... , / . . ', { ;~: ;l</p><p>Espalhantes</p><p>Deposição</p><p>Reposição</p><p>Angulo de</p><p>contato</p><p>.. -1 ·• 1 ~</p><p>ADJUVANTES</p><p>Acidificantes</p><p>Tamponantcs</p><p>• .,. •• !-</p><p>'. Degradação· :</p><p>···Quh11íca ,·.: ·:, .•. ,.,, ,,,,,,,;.11</p><p>. .. w· > • • , :..,•1t..:.•.t .... ·•Ji.,1,ãú~</p><p>··-</p><p>Correçüo</p><p>do plJ ., ·;</p><p>. ·. • .. ' ... ! •. •, ~ ,..J;.•:ilt' .</p><p>Penetrantes. Outros</p><p>•· . '</p><p>; .. ;_f</p><p>uma das propriedades básicas de um surfactance, e alguns pesquisadores acreditam que</p><p>surfactantes devam estar acima da CMC para funcionar como adjuvantes.</p><p>Para minimizar a tensão superficial, as moléculas de surfactance devem estar</p><p>uniformente dispersas no líquido e ter suas regiões hidrofóbicas e hidrófilas em alinhamento</p><p>adequado com as moléculas da água. A maioria dos dados existentes sobre a tensão</p><p>superficial refere-se a situações estáticas, isto é, para um líquido estático ou em equilíbrio.</p><p>Em condições estáticas, a tensão superficial mínima é obtida na concentração crítica de</p><p>micelas, que geralmente é 0,1% do volume (Figura 3), ou seja, 100 L de água necessitam de</p><p>100 mL de surfactante para diminuir a tensão superficial.</p><p>A CMC mínima exigida é mais visível na função umectante. Se a solução de</p><p>pulverização estiver abaixo da CMC, o surfactance move-se lentamente em direção à</p><p>área úmida, e o surfactante é adsorvido. Acima da CMC, as moléculas de surfactante são</p><p>prontamente liberadas para manter o equilíbrio da solução para que a área úmida possa</p><p>avançar rapidamente. A formação de micelas pelo surfactante é governada pela estrutura,</p><p>concentração, temperatura da água e concentração de eletrólitos. Em concentrações acima</p><p>da CMC, a tensão superficial mantém-se constante, independentemente da concentração</p><p>de surfactance (CURRAN et al., 1999; ALLISON, 2003). A Figura 5 ilustra uma micela</p><p>contendo óleo em seu interior, as linhas vermelhas representam a extremidade apelar</p><p>de caráter hidrofóbico, e as bolas azuis representam a extremidade polar com afinidade</p><p>hidrofílica.</p><p>Luís Antônio Siqueira de Aze\·edo</p><p>81</p><p>82</p><p>Misturas de Tanque de Produtos Fitossanitários: Teoria e Prática</p><p>Água</p><p>Extremidade Apoiar</p><p>1 Extremidade Polar</p><p>Hidrofóbica 1</p><p>Hidrofílica</p><p>Figura 5. Representação esquemática de uma micela com óleo em seu interior.</p><p>5.3 Estrutura química dos adjuvantes</p><p>Existe um número muito grande de adjuvantes com uma grande variedade de</p><p>estruturas químicas. Um segmento importante do mercado de adjuvantes é representado por</p><p>produtos que são agentes que acuam na superfície ou surfaccanres. Eles são anrifílicos com</p><p>uma parte hidrofílica e outra hidrofóbica. A porção hidrofóbica da molécula de surfactante</p><p>é geralmente um lipófilo solvente-solúvel baseado em grupos alifáticos ou aromáticos. A</p><p>parte hidrofílica permite que ele se misture com a água. Grupos negativamente carregados,</p><p>tais como o sulfato ou sulfonato (geralmente sais de sódio), são usados regularmente para</p><p>essa finalidade. O grupo hidrofílico, tais como, sais de amônio quaternário, pode ter carga</p><p>positiva. O número de unidades de óxido de etileno parece aumentar a atividade e aumentar</p><p>ou diminuir o tamanho do hidrófobo (ALLISON, 2003; CZARNOTA; THOMAS,</p><p>2009).</p><p>5.4 Tensão superficial e molhabilidade</p><p>As moléculas dos elementos químicos e das substâncias atraem-se ou repelem-se.</p><p>Num sólido, a atração é force. Num líquido, é mais fraca. Num gás, há repulsão. Num líquido</p><p>de moléculas polarizadas, como a água, a atração é significativa e é exercida igualmente em</p><p>todos os sentidos. Na superfície, pela descontinuidade da fase líquida, a atração é maior, o</p><p>que gera uma tensão superficial. A tensão superficial são as forças que existem na interface</p><p>de líquidos não miscíveis, impedindo que eles se misturem (GOULART, 1991).</p><p>Os líquidos têm tendência a assumir um estado de baixa energia, que acontece</p><p>quando sua área superficial é minimizada. Como exemplo, a gota assume a forma de</p><p>esfera. Para aumentar a área superficial, é necessário aplicar energia; assim, a quantidade de</p><p>energia necessária para aumentar a área superficial de um líquido é conhecida como tensão</p><p>superficial (ROMAN et ai., 2007).</p><p>A tensão superficial é variável de líquido a líquido e depende também dos solutos.</p><p>No caso da água pura e livre, em estado líquido, quando em pequena quantidade, a tensão</p><p>tende a formar gotas esféricas. Pressões externas, como a gravidade, causam deformações</p><p>(KISSIMAN, 1997). A água tem alta tensão superficial porque suas moléculas são atraídas</p><p>Luís Antônio Siqueira de Azevedo</p><p>Misturas de Tanque de Produtos Fitossanitários: Teoria e Prática</p><p>fortemente entre si. No interior da gota, essa force coesão é balanceada em todas as direções.</p><p>A tendência da gota em manter sua forma esférica ocorre devido ao desbalanceamento</p><p>de forças, visto que há mais força puxando em direção ao centro do que para fora. As</p><p>moléculas do surfactante tem propriedades de afinidade tanto com a água como com o</p><p>óleo, porque um lado da molécula tem afinidade com a água (hidrofílica), e o outro, com</p><p>o óleo (hidrofóbica ou lipofílica). No momento em que o surfacrante é adicionado à água,</p><p>suas moléculas substituem as forças coesivas da água por ligações menos fortes entre a água</p><p>e surfaccame. Assim, o desbalanceamento de forças é reduzido, sendo necessária menor</p><p>quantidade de energia para deformar e espalhar a gota (ROMAN ec ai., 2007).</p><p>Quando uma gora de água está sobre uma superfície, o ângulo de contato depende</p><p>das características dessa superfície. Se for hidrorrepelente, o contato será menor, e a gota</p><p>ficará mais esférica. Se a superfície for mais hidrófila, a água da gota espalha-se, podendo</p><p>até formar um filme uniforme (KISSIMAN, 1997; CRUZ FILHO, 1979; HOLLOWAY</p><p>ec al., 2000).</p><p>Numa planta, a molhabilidade de suas folhas depende dos constituintes de sua</p><p>epiderme. A atração pela água precisa ser maior que a tensão superficial desse líquido para</p><p>uma boa molhabilidade. A tensão superficial afeta a formação da pulverização, transporte</p><p>e evaporação. O aumento da tensão superficial tende a causar um aumento no tamanho</p><p>das gotas devido à resistência de tensão superficial da atomização. A adição do surfacrance</p><p>reduz a tensão superficial e influencia no impacto do tamanho da gota, controlando a</p><p>tensão superficial de equilíbrio (TSE) (Figura 4). A TSE refere-se à medição da tensão</p><p>superficial de equilíbrio, enquanto a tensão superficial dinâmica (TSD) mede a tensão</p><p>superficial da gota antes que o equilíbrio seja alcançado.</p><p>Figura 6. Espalhamento de uma gota sobre a superfície foliar com e sem surfactante.</p><p>Gota com</p><p>adjuvante</p><p>Resultados experimentais em um sistema n-propanol/água pulverizado em plantas</p><p>de aveia mostram que, como a tensão superficial do líquido é reduzida, a retenção da</p><p>solução sobre a superfície foliar aumenta. Nenhum aumento na retenção foi observado</p><p>abaixo de uma tensão superficial crítica. Esta tensão superficial crítica parece ser cerca de</p><p>35 mN/m. A redução da retenção é, provavelmente, o resultado do fato de que, como a</p><p>tensão superficial fica menor, o tamanho de gota também é reduzido. Quando uma gota</p><p>impacta sobre a superfície da folha, a expansão da superfície não é instantânea, mas está</p><p>constantemente sendo expandida durante o processo de impactação. Quando o processo</p><p>Luís Antônio Siqueira de Azevedo</p><p>83</p><p>84</p><p>Misturas de Tanque de Produtos Fitossanitários: Teoria e Prática</p><p>de impaccação da gora é visco através de estudos de vídeo rápido, mostra-se claramente que</p><p>a típica escala de tempo para a máxima dispersão em uma superfície foliar é de 2-3 m/s,</p><p>sendo refletido a +/- 10 m/s após o impacto. Assim, o ponto crítico para otimizar a tensão</p><p>superficial é nesta fase crítica - TSE (ALLISON, 2003).</p><p>5.5 Ângulo de contato</p><p>O grau com que a gora se espalha pode ser descrito pelo ângulo de contato entre a</p><p>superfície da folha e a gota (Figura 5). Esse parâmencro varia consideralvelmente de acordo</p><p>com a posição da gora na folha, com a idade e a espécie de planta. O ângulo de contato é</p><p>maior nas espécies de molhamento mais difícil (ROMAN ec al., 2007). O ângulo de contato</p><p>é definido pela Biblioteca Virtual de Surfactances como "O ângulo formado em um ponto</p><p>sobre a linha de contato de três fases, das quais pelo menos duas são fases condensadas,</p><p>pelas tangentes das curvas obtidas pela intersecção de um plano perpendicular à linha de</p><p>contato com cada uma das três fases".</p><p>Steurbaut (2001) constatou que houve clara relação</p><p>entre a diminuição observada da tensão superficial e do ângulo de contato. Em geral, o</p><p>ângulo de contato é reduzido por surfactantes à medida que sua concentração aumenta</p><p>de 0,001% para 0,1% com pouca ou nenhuma redução adicional depois que a CMC seja</p><p>atingida (Figura 7).</p><p>Figura 7. Ângulo de comaro entre a gota e superfície, com e sem surfaccance.</p><p>Fome: (DEVINE ET AL., 1993).</p><p>5.6 Forma física do depósito</p><p>Este termo descreve o estado físico do material das gotas de pulverização retidas</p><p>na superfície do alvo após à aplicação. A condição física do depósito ajuda a determinar o</p><p>quanto pode ser absorvido pelos tecidos da planta. Se o depósito seco se torna cristalino</p><p>(Figura 8), ele não pode ser absorvido. Adjuvantes, como umectantes, podem desempenhar</p><p>um papel importante na determinação do tipo de depósito de pulverização e das atividades</p><p>subsequentes.</p><p>Luís Antônio Siqueira de Azevedo</p><p>Misturas de Tanque de Produtos Fitossanitários: Teoria e Prática</p><p>Figura 8. Tipos de depósito formados pelas gotas de pulverização.</p><p>5.7 Solubilidade</p><p>A permeação de princípios ativos parece ser influenciada por suas características</p><p>de solubilidade, conforme indicado pelos coeficientes de parriçáo octanol/água (log Kow)</p><p>e curícula/água (KCW). A penetração de compostos hidrofílicos (baixo log Kow) pode ser</p><p>melhorada pela hidrataçáo da cutícula, enquanto o transporte transcuticular de solutos não</p><p>polares (alto log Kow) é aumentado por fatores que diminuem a viscosidade da cera. Parece</p><p>que os adjuvantes influenciam nas propriedades da superfície das gotículas, predispondo</p><p>a cutícula para o transporte de soluto, aumentando assim a atividade dos pesticidas</p><p>(KIRKWOOD, 1999; BAYER CROP SCIENCE, 2008).</p><p>6. Conclusões</p><p>A sanidade e a proteção das culturas de importância econômica estão ameaçadas</p><p>por cerca de 26.000 agentes infecciosos, incluindo pragas, plantas invasoras e doenças. A</p><p>proteção de plantas tem feito enormes progressos contra 2.000 plantas daninhas, 14.000</p><p>fungos patogênicos e 10.000 espécies de insetos que causam perdas de produtividade e</p><p>de qualidade. Os investimentos e as inovações em proteção de plantas são marcantes. A</p><p>indústria química, de forma geral, tem desenvolvido novos produtos e soluções sustentáveis,</p><p>que ajudam a garantir as produções, para suprir o crescimento da demanda de alimentos e</p><p>de culturas oleaginosas, fibrosas e energéticas. A indústria de agrotóxicos tem desenvolvido</p><p>produtos mais eficazes que são mais seguros para os operadores, com características mais</p><p>desejáveis para o meio ambiente. No entanto, uma grande proporção (podendo chegar até a</p><p>70%) de qualquer aplicação por meio da pulverização, quer seja para fungicidas, inseticidas,</p><p>quer para herbicidas, pode não atingir seu objetivo e alvo biológico. Essa situação de campo</p><p>Luís Antônio Siqueira de AzeYedo</p><p>85</p><p>-</p><p>86</p><p>Misturas de Tanque de Produtos Fitossanitários: Teoria e Prática</p><p>é indesejável sob todos os aspectos, principalmente em termos de eficácia e economicidade.</p><p>Em termos práticos, a performance de um produto fitossanitário pode ser melhorada pela</p><p>adição de adjuvantes no tanque de pulverização. Esses produtos, quando bem aplicados,</p><p>ajudam a aumentar a eficácia da proteção de plantas com fungicidas, herbicidas e inseticidas.</p><p>Luís Antônio Siqueira de Azevedo</p><p>Misturas de Tanque de Produtos Fitossanitários: Teoria e Prática</p><p>REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS</p><p>AGROW. Trends in pesticide formulations. Agrow Reports DS 215: PJB Publications</p><p>Lcd., Richimond, UK. 2001</p><p>ANDERSON, T. et al. New and improved techniques for micro-emulsifying modified</p><p>seed oils and pesticides, 23 th Symposium on pesticide formulations and application</p><p>systems: ASTM. 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Norfolk, US.</p><p>October, 2002).</p><p>Luís Antônio Siqueira de Azevedo</p><p>87</p><p>88</p><p>Misturas de Tanque de Produtos Fitossanitários: Teoria e Prática</p><p>ELSIK, C. M. et al. Agricultural applications of structured surfactant formulations.</p><p>23 rd. Symposium on pesticide formulations and applications systems. ASTM.</p><p>Norfolk, US. Occober, 2002).</p><p>GREEN, J. M. Using adjuvant physicochemical properties to improve herbicide</p><p>performance. Proc. Tiürd Int. Weed Science Congress June, 2000. Brazil).</p><p>HAZEN, J. L. Adjuvants - Terminology, classification, and chemistry. Weed Technology,</p><p>V. 14, nº 4, 2000, p. 773-784.</p><p>MATARAZO, F. J. Pescicides & Adjuvants. Overview of che markec, legislacion</p><p>and challenges related to illegal use. Crop World South America, 2010 (Oral</p><p>presentation)</p><p>OZEKI, Y.; KUNZ, R. Manual de aplicação aérea. Ciba Agro, 1994. 46 p.</p><p>ROMAN, E.; BECKIE, H.; VARGAS, L.; HALL, L.; RIZZARDI, M. A.; WOLF, M.</p><p>T. Como funcionam os herbicidas. Passo Fundo-RS,: Gráfica e Editora Berthier,</p><p>2007. 160 p.</p><p>Luís Antônio Siqueira de Azevedo</p><p>Misturas de Tanque de Produtos Fitossanitários: Teoria e Prática</p><p>6</p><p>MISTURA DE TANQUE PARA HERBICIDAS</p><p>1. Introdução</p><p>As perdas de produção das culturas de importância econômica causadas pelas</p><p>plantas infestantes, em condições de clima tropical e subtropical, são bastante variáveis,</p><p>podendo ser totais. As plantas daninhas afetam as culturas, principalmente por competição.</p><p>As plantas daninhas apresentam vários aspectos de indesejabilidade, sendo que os principais</p><p>são: competição por luz, nutrientes e água com as plantas cultivadas. Uma cultura com</p><p>qualquer infestação de invasoras, muitas vezes, é sinal de falta de uso de tecnologia adequada</p><p>por parte do produtor.</p><p>O controle de plantas daninhas é urna prática de elevada importância para a</p><p>obtenção de altos rendimentos em qualquer exploração agrícola e cão antiga quanto a</p><p>própria agricultura. As plantas daninhas constituem grande problema para a cultura da</p><p>soja, e a necessidade de controlá-las, um imperativo. Conforme a espécie, a densidade e</p><p>a distribuição da invasora na lavoura, as perdas são significativas. A invasora prejudica a</p><p>cultura, porque com ela compete pela luz solar, pela água e pelos nutrientes, podendo, a</p><p>depender do nível de infestação e da espécie, dificultar a operação de colheita e comprometer</p><p>a qualidade do grão. Os métodos normalmente utilizados para controlar as invasoras são o</p><p>mecânico, o químico e o cultural. Quando possível, é aconselhável utilizar</p><p>................................... .. 81</p><p>5.3 Estrutura química dos adjuvantes ......... .. ...................................... ............... ..... . 82</p><p>5 .4 Tensão superficial e molhabilidade ......... ...................... .. ... ............ ............ .... .... 82</p><p>5.5 Ângulo de contato ...... .. ........ .. ............. ..... .............. ......... ....... ....... ...... .. .. .......... 84</p><p>5 .6 Forma física do depósito .. .. .... ... .. ...... ....... .... ... ......... ......................................... 84</p><p>5.7 Solubilidade .............. ... ............. ........ ............................. ............... ... .. ............... 85</p><p>8. Conclusões .. ... ... ............ ... ... ..... ... ............ ..... ... ... ... ..... ....... ... ..... .................. ...... ..... .. 85</p><p>Referências Bibliográficas ... ... ... ..... ... ......... ... ..... ... .. ............. ...... ........ .. ... .. ...................... .. 87</p><p>Capítulo 6 - Mistura de tanque de herbicidas ............................................... 89</p><p>1. Introdução .......... ....... ........ ...................................................................................... 89</p><p>2. Classificação geral dos herbicidas ......... ....... .. ................... ......... .... ................... ......... 90</p><p>2.1 Quanto ao espectro de ação do produto ..... ......... .. ......... .. ..... .. ................. ........ . 90</p><p>2.2 Quanto à seletividade da cultura .......... .. .. .... ......... .... ............. ...... ..................... 91</p><p>2.3 Quanto à época de aplicação .. .. ... ...... ....... .......... .............. ........................ ......... 92</p><p>2.4 Quanto à translocação na planta ..................... ....................... .. ..... ..... ..... .......... 93</p><p>2.5 Quanto ao caráter iônico ...... .... ..... .......... .. ........ ... .......... ............. ......... ........... .. 93</p><p>3. Classificação dos herbicidas segundo o mecanismo de ação ....... .... ......... .. ................ 94</p><p>4. Propriedades físico-químicas dos herbicidas que influenciam na mistura de</p><p>tanque .......................... .............. .......... .. ........ ...... .................. ................. ...... .. ...... .. . 97</p><p>4.1 Pressão de vapor .......................... .. .............................. ..................... ............ .. .. . 97</p><p>4.2 Solubilidade em água .............................. .............. .. ............. ..... ... ... .................. 97</p><p>4.3 Constante de Henry ........ ............. ............ .. ......... ........... ........... .. ........ .. ... .. ...... . 97</p><p>4.4 Constante de dissociação eletrolítica ...................... .. ... ... .. ............... ................... 98</p><p>4.5 Coeficiente de partição ocranol/água .. ...... .............................................. .... .. ... .. 98</p><p>5. Dinâmica de preparo da calda de mistura de tanque de herbicidas ....................... ..... 98</p><p>5.1 Qualidade da água (ver mais detalhes no Capículo 2) ...... .. ...... ....... ................... 98</p><p>5.1.1 Compostos em suspensão .. ... ... .. .......... .... .. .. .. ......................................... 98</p><p>5.1.2 Dureza da água .................. ... ....................... .. ............ ... ........ ............ ...... 99</p><p>5.1.3 Potencial hidrogeniônico (pH) .. ... ... ........ ............... ... ....................... ...... 99</p><p>5 .2 Formulação (Mais detalhes ver no Capículo 4) ...................................... ......... . 100</p><p>5 .3 Adjuvantes agrícolas .............. ............................................... ........................... 100</p><p>5.4 Incompatibilidade física entre herbicidas ......................................................... 1 O 1</p><p>6. Principais efeitos da mistura de tanque de herbicidas .................. ............ ........... ..... 101</p><p>6.1 A mistura de tanque de herbicidas no manejo da resistência a plantas</p><p>daninhas ............. ................................................................................................... 103</p><p>7. Principais misturas de tanque utilizados no Brasil.. ................................................. 104</p><p>7.1 Mistura de tanque de herbicidas na cultura da soja .......................................... 104</p><p>7.2 Mistura de tanque de herbicidas na cultura do milho ...................................... 107</p><p>7.3 Mistura de tanque de herbicidas na cultura do algodão ................................... 108</p><p>8. Conclusões ............................................................................................................. 112</p><p>Referências Bibliográficas ............................................................................................... 113</p><p>Capítulo 7 - Mistura de tanque de fungicidas ............................................ 119</p><p>1. Introdução .............................................. ............................................................... 119</p><p>2. Classificação moderna dos fungicidas ..................................................................... 120</p><p>2.1 Fungicidas protetores de contato ................................. ........ .. ... ....... .. ............. . 121</p><p>2.2 Fungicidas protetores erradicantes .......... ......... ................................................ 122</p><p>2.3 Fungicidas sistêmicos ..................................... ............. ........ ............................ 123</p><p>2.4 Fungicidas penetrantes ......................... ...................... ........... ...................... .. .. 123</p><p>2. 5 Fungicidas mesostêmicos ......... .......... ............ ............................... .................. 124</p><p>3. Situação das misturas de produtos firossanitários no Brasil ..................................... 124</p><p>3.1 Importância da mistura em tanque de fungicidas ............................................ 124</p><p>3.1.1 Fungicidas agrícolas registrados em 2012 ........... ................................... 125</p><p>3.1.2 Misturas prontas de fungicidas registrados no Brasil.. ............................ 125</p><p>3.1.3 Importância da mistura em tanque no manejo de doenças .................... 126</p><p>4. Seletividade e fitotoxidade de misturas de fungicidas .............................................. 128</p><p>5. Principais tipos de incompatibilidade de misturas de tanque de fungicidas ..... .. .. .... 131</p><p>6. Conclusões .................................... ......................................................................... 133</p><p>Referências Bibliográficas ............................................................................................... 13 5</p><p>Capítulo 8 - Mistura de tanque de adubos foliares e produtos</p><p>fitossanitários ............................................................................................. 139</p><p>1. Introdução .......................................... ................................................................... 139</p><p>2. A importância da adubação foliar ........ ........................ .. .......... ............................... 140</p><p>2.1 Fatores que influenciam na absorção de nutrientes nas plantas ........................ 140</p><p>2.1.1 Fatores inerentes às folhas ....................................... .............................. 141</p><p>2.1.2 Fatores inerentes aos nutrientes ....................... ................................ ...... 142</p><p>2.1.3 Preparo das soluções de nutrientes ... .......................................... ........ ... 143</p><p>2.1.4 Agentes protetores ............ .......... ..... ... ...... ......... ................... ................ 145</p><p>2.1.5 Agentes umectantes e molhantes ........................................................... 145</p><p>2.1.6 pH da solução ...................................................................... ................. 145</p><p>2.1.7 Fatores externos .................................................................................... 146</p><p>2.2 Modos e época da aplicação da adubação</p><p>a combinação</p><p>de dois ou mais métodos (EMBRAPA, 2003).</p><p>O método mais utilizado para controlar as invasoras é o químico, isto é, o uso</p><p>de herbicidas. Suas vantagens são a economia de mão de obra e a rapidez na aplicação.</p><p>Para que à aplicação dos herbicidas seja segura, eficiente e econômica, exigem-se técnicas</p><p>refinadas. O reconhecimento prévio das invasoras predominantes é condição básica para</p><p>a escolha adequada do produto, que resultará em seu controle mais eficiente. A eficiência</p><p>dos herbicidas aumenta quando aplicados em condições favoráveis. É fundamental que se</p><p>conheçam as especificações do produto antes de sua utilização e que se regule corretamente</p><p>o equipamento de pulverização, quando for o caso, para evitar riscos de toxicidade ao</p><p>homem e à cultura (EMBRAPA, 2003).</p><p>Luís Antônio Siqueira de Azevedo</p><p>89</p><p>90</p><p>Misturas de Tanque de Produtos Fitossanitários: Teoria e Prática</p><p>Ultimamente, um dos principais problemas no manejo de plantas daninhas é o</p><p>aparecimento de biótipos resistentes em várias espécies de invasoras. Muitos afirmam que</p><p>esses problemas aumentaram consideravelmente após a introdução das cultivares de soja</p><p>transgênica. Um dos métodos de manejar a resistência a plantas daninhas é a utilização de</p><p>misturas de tanque com herbicidas com diferentes mecanismos de ação (CRIST OFFOLETI,</p><p>2011; FOLONI, 2007).</p><p>2. Classificação geral dos herbicidas</p><p>Existem diversas classificações para os herbicidas utilizados para o manejo de plantas</p><p>daninhas, sendo muito comum a classificação baseada no modo de ação e no mecanismo</p><p>de ação dos produtos. No entanto, alguns autores, dentre eles Marchi et al. (2008),</p><p>Christoffoleti (2011), Foloni (2007) e Carvalho (2013), consideram que a classificação de</p><p>herbicidas deve ser feita de forma mais abrangente. Dessa forma os herbicidas podem ser</p><p>assim classificados:</p><p>2.1 Quanto ao espectro de ação do produto</p><p>Essa classificação refere-se ao grupo de espécies de plantas que o herbicida controla.</p><p>Quando foram desenvolvidos os primeiros herbicidas orgânicos de ação seletiva, esses</p><p>produtos passaram a ser chamados de graminicidas e latifolicidas. Além desses produtos,</p><p>existiam aqueles herbicidas que não eram seletivos, sendo denominados de herbicidas de</p><p>amplo espectro de ação. Esses producos eram assim classificados:</p><p>a) Graminicidas: herbicidas que matam, predominantemente, plantas de</p><p>folhas estreitas (monocotiledôneas), tendo ação sobre algumas folhas largas</p><p>(eudicotiledôneas). São exemplos os herbicidas crifluralina, oryzalin, pendimethalin,</p><p>chlorimuron e DCPA.</p><p>b) Graminicidas exclusivos: herbicidas que matam exclusivamente folhas estreitas</p><p>(monocotiledôneas), sendo, portanto, seletivos para folhas largas (eudicotiledôneas).</p><p>São exemplos os herbicidas sethoxidim, fenoxaprop-eril, dalapon, asulan e</p><p>alloxidim-sodio.</p><p>c) Latifolicidas: herbicidas que matam, predominantemente, plantas de folhas largas</p><p>(eudicotiledôneas), tendo ação sobre algumas folhas estreitas (monocotiledôneas).</p><p>São exemplos os herbicidas simazine, linuron, diuron, bromacil e atrazina;</p><p>d) Latifolicidas exclusivos: herbicidas que matam exclusivamente folhas</p><p>largas (eudicotiledôneas), sendo, portanto, seletivos para folhas estreitas</p><p>(monocociledôneas). São exemplos os herbicidas metribuzin, linuron, famosafen,</p><p>cyanazine e bentazon.</p><p>e) De amplo espectro de ação: herbicidas que matam, indistintamente, plantas</p><p>daninhas de folhas estreitas e de folhas largas. São exemplos os herbicidas</p><p>Luís Antônio Siqueira de Azevedo</p><p>Misturas de Tanque de Produtos Fitossanitários: Teoria e Prática</p><p>tebuthiuron, terbacil, oxifluorfen, paraquat, glifosaro, flufosinato-ammonium,</p><p>diquat, alaclor, hexazinone e ametryne.</p><p>2.2 Quanto à seletividade da cultura</p><p>Por seletividade entende-se a incapacidade do herbicida para matar determinada</p><p>planta daninha, ou seja, por algum motivo, normalmente metabólico, a planta é capaz</p><p>de metabolizar o produto, reduzindo o potencial tóxico ou mesmo inativando o produto.</p><p>Quanto à seletividade (FOLONI, 2007; CHRISTOFFOLETI, 2011), os herbicidas podem</p><p>ser classificados em:</p><p>a) Seletivos: que matam as plantas daninhas e não causam efeitos deletérios</p><p>drásticos a determinada cultura agrícola que esteja sendo cultivada. São herbicidas</p><p>seletivos: 2,4-D para cana-de-açúcar, atrazina e nicossulfuron para milho,</p><p>famosafen para feijão e imazetapir para soja.</p><p>b) Não seletivos: que além de matar as plantas daninhas podem causar efeitos deletérios</p><p>drásticos, podendo causar a mone da cultura agrícola que está sendo cultivada. São</p><p>herbicidas não seletivos: gUfosato, paraquat, flufosinato-amonnium, entre outros.</p><p>A seletividade pode ser dividida em três tipos:</p><p>a) Seletividade fisiológica ou biológica: aquela em que a planta é capaz de</p><p>metabolizar o herbicida a compostos pouco tóxicos ou náo tóxicos, permitindo</p><p>tolerância à exposição ao produto em determinadas condições. Os exemplos do</p><p>item a, descrito anteriormente, são os mesmos para esse caso.</p><p>b) Seletividade adquirida (transgenia): modificação genética nas culturas através</p><p>da introdução de genes que conferem sua tolerância a determinado herbicida. São</p><p>exemplos: o glifosato para soja; o flufosinato-ammonium e o glifosato para milho;</p><p>o flufosinato-ammonium e o glifosato para algodão.</p><p>c) Seletividade toponômica (de posição): embora seja a seletividade relacionada</p><p>à prática agronômica de manejar à aplicação de um produto essencialmente tóxico</p><p>(não seletivo) no tempo e no espaço, considera-se seletividade toponômica aquela</p><p>em que o herbicida não entra em contato com a cultura, apenas com as sementes,</p><p>ou mesmo com as próprias plantas (aplicação dirigida), das plantas daninhas. Nesse</p><p>caso, o herbicida é aplicado após o plantio da cultura, diretamente sobre o solo</p><p>(ou sobre as plantas daninhas em aplicação dirigida), ficando retido nas camadas</p><p>superficiais do solo, onde está a maioria das sementes das plantas daninhas; sendo</p><p>que as sementes da cultura ficam abaixo do perfil de ação do produto. Exemplos</p><p>são: o pendimethalin em milho, diuron em algodão, entre outros. A diferenciação</p><p>morfológica de certas espécies entre a germinação e a emergência é fundamental</p><p>nesse tipo de seletividade. Além disso, a diferenciação da emergência entre</p><p>gramíneas e eudicotiledôneas favorece a seletividade para as primeiras.</p><p>Luís Antônio Siqueira de Azevedo</p><p>91</p><p>92</p><p>Misturas de Tanque de Produtos Fitossanitários: Teoria e Prática</p><p>2.3 Quanto à época de aplicação</p><p>De uma forma simplificada, as épocas de aplicação de herbicidas são em pré e</p><p>pós-emergência. Porém, tecnicamente, deve-se separar mais detalhadamente, pois existem</p><p>diferentes situações para pré-emergência e pós-emergência, além do manejo antes do planeio.</p><p>Dessa forma, é importante dividir os herbicidas sob dois timimgs de aplicação em relação</p><p>à cultura (pré-plantio e pós-plantio) e quatro timings de aplicação em relação à cultura e</p><p>às plantas daninhas (pré-emergência e pós-emergência da cultura e pré-emergência e pós</p><p>emergência das plantas daninhas). Além disso, dependendo da tecnologia utilizada (no</p><p>caso da transgenia), pode-se utilizar a pós-emergência em área total ou, ainda, em pós</p><p>dirigida para culturas não tolerantes. Os herbicidas são usados no solo para aplicações pré</p><p>incorporadas à planta (PPI), na pré-emergência da planta (PRE) e na pós-emergência da</p><p>planta (POST) para plantas daninhas emergidas. Nos EUA, aplicações PPI, PRE e POST</p><p>são divididas uniformemente, e cada uma tem 50% do mercado (UNDERWOOD, 2001).</p><p>Como o uso de glifosaco continua a aumentar, a gama de produtos pós-emergência</p><p>expande-se, e pode-se esperar que tanto nos EUA, como no mundo, o uso de aplicações</p><p>POST irá representar urna porcentagem maior do total de aplicações de herbicidas.</p><p>De acordo com Christoffoleti (2011) e Carvalho (2013), os herbicidas em relação</p><p>às condições agronômicas para à aplicação, podem ser divididos em:</p><p>a) Pré-plantio (PP): são herbicidas usados na dessecaçáo de comunidades</p><p>infestantes ou coberturas</p><p>vegetais antes do plantio da cultura principal. Assim,</p><p>devem ser aplicados após a emergência das plantas daninhas, sendo também</p><p>classificados como pós-emergentes. Portanto, são herbicidas aplicados em pré</p><p>pl_ancio da cultura e pós-emergência das plantas daninhas, geralmente. São</p><p>exemplos paraquat, glifosato, diquat e flufosinaco-amonnium.</p><p>b) Pré-plantio incorporado (PPI): são herbicidas aplicados ao solo que</p><p>necessitam ser incorporados logo após à aplicação. Assim, devem ser aplicados</p><p>ames da emergência das plantas daninhas, sendo também classificados como pré</p><p>emergences. Portanto, são herbicidas aplicados em pré-plantio da cultura e pré</p><p>emergência das plantas daninhas. Normalmente, são produtos voláteis e sujeitos à</p><p>fotólise, por isso necessitam de incorporação. São exemplos vernolate, trifluralina,</p><p>pebulate, pendirnethalin, molinate e chlorimuron.</p><p>c) Pré-emergência (PRE): muitas lavouras ainda contam com aplicações de</p><p>herbicidas no pré-planeio ou na préemergência para garantir um controle eficaz</p><p>ao longo da temporada de plantas daninhas. A utilização posterior de herbicidas</p><p>pré-emergência é para aplicações em pós-emergência para garantir o controle</p><p>residual nas entrelinhas, ou até à copa da cultura. São herbicidas aplicados ao solo</p><p>antes da emergência das plantas daninhas, mas após o planeio da cultura. Portanto,</p><p>são herbicidas aplicados em pós-plantio da cultura e pré-emergência das plantas</p><p>daninhas. Esses produtos requerem bom preparo do solo e médio-bom teor de</p><p>Luís Antônio Siqueira d.e Azevedo</p><p>Misturas de Tanque de Produtos Fitossanitários: Teoria e Prática</p><p>umidade no solo. São exemplos metribuzin, acrazina, diuron, alaclor, acecolaclor,</p><p>li nuron e bromacil.</p><p>d) pós-emergência (POS): são herbicidas aplicados às folhas após a emergência das</p><p>plantas daninhas e após o plantio da cultura. Porcanco, são herbicidas aplicados em</p><p>pós-plantio da cultura e pós-emergência de plantas daninhas. São divididos em:</p><p>I) pós-emergência em área total - são herbicidas seletivos à cultura</p><p>(seletividade genuína ou adquirida) que podem ser aplicados sem proteção</p><p>na barra. São exemplos os herbicidas glifosato e flufosinato-amonnium (em</p><p>culturas cransgênicas) e os herbicidas alloxidim-sodio, cloropropaxidim,</p><p>sethoxidim, fenoxaprop-etil, propanil, asulan, bencazon, entre outros (em</p><p>culturas tolerantes).</p><p>II) pós-emergência dirigida - são herbicidas não-seletivos para a cultura que</p><p>devem ser aplicados na entrelinha, normalmente, com proteção na barra. São</p><p>exemplos os herbicidas glifosaco, paraquat, diquac, dicamba e dalapon.</p><p>III) Pré ou pós- são herbicidas que podem ser aplicados tanto em pré-emergência</p><p>quanto em pós-emergência devido a suas propriedades físico-químicas. São</p><p>exemplos os herbicidas ametryne, diuron, hexazinone, oxadiazon, dinozeb,</p><p>bifenox, chloramben, entre outros. Deve-se ressaltar que a seletividade para a</p><p>cultura é que definirá o momento crítico para a aplicação.</p><p>2.4 Quanto à translocação na planta</p><p>Quanto à cranslocação, os herbicidas podem ser divididos em:</p><p>a) De contato: são herbicidas que, após serem absorvidos, agem próximo ao local de</p><p>contato com a planta devido à falta de mobilidade ou à mobilidade extremamente</p><p>baixa na planta.</p><p>b) Sistêmicos: são herbicidas que, após serem absorvidos, apresentam translocaçáo</p><p>e movimento no interior da planta, até atingir seu local de ação, agindo próximo</p><p>ou longe do local de contato com a planta.</p><p>2.5 Quanto ao caráter iônico</p><p>O caráter iônico dos herbicidas refere-se a sua capacidade de dissociação dos</p><p>herbicidas. Esta característica é muito importante nas reações químicas das moléculas dos</p><p>herbicidas na mistura de tanque. Quanto ao caráter iônico, os herbicidas podem ser:</p><p>a) Ionizáveis: apresentam cargas dependentes de pH . Herbicidas ionizáveis podem ser:</p><p>I) Ácidos - dissociam-se em um ânion (HA), liberando H+. São exemplos</p><p>de herbicidas ácidos: glifosaco, sethoxidim, clethodim, diclofop-mech:d.</p><p>Luís Antônio Siqueira de ,-\ze,·edo</p><p>93</p><p>_ ..... ___ _</p><p>94</p><p>Misturas de Tanque de Produtos Fitossanitários: Teoria e Prática</p><p>chlorimuron-ethyl, nicossulfuron, metsulfuron-metil, imasapir, imazetapir,</p><p>diclosulan, flumetsulan, flufosinato-amonnium, 2,4-D, picloran, quinolina,</p><p>entre outros.</p><p>II) Básicos - dissociam-se em um cátion (HB•), liberando OH·. São exemplos</p><p>de herbicidas básicos: atrazina, ametryne e mecribuzin.</p><p>b) Não ionizáveis: não apresentam cargas dependes de pH. Herbicidas não</p><p>ionizáveis podem ser:</p><p>I) Não iônicos - não apresentam cargas livres (apoiares). São exemplos de</p><p>herbicidas não iônicos: diuron, linuron, tebuthiuron, clomazone, alaclor,</p><p>metolachlor, molinacc, thiobencarbe, entre outros.</p><p>II) Catiônicos - apresentam cargas positivas. São exemplos de herbicidas</p><p>catiônicos: paraquat e diquat.</p><p>3. Classificação dos herbicidas segundo o mecanismo de ação</p><p>Diversas são as classificações de herbicidas com base no mecanismo de ação.</p><p>Aqui será adorada a classificação usada pelo Comitê de Ação à Resistência a Herbicidas</p><p>(HRAC), entidade internacional de escudo da resistência de plantas daninhas a herbicidas</p><p>e seu manejo (HRAC, 2014).</p><p>Muitas pessoas envolvidas com a recomendação de produtos ficossanitários, quer</p><p>sejam herbidas, inseticidas, quer fungicidas, fazem alguma confusão entre os termos modo</p><p>de ação e mecansimo de ação. Por isso, definimos aqui esses termos:</p><p>a) Modo de ação: conjunto de eventos metabólicos que resultam na expressão final</p><p>do herbicida sobre as plantas, incluindo os sintomas visíveis (engloba o mecanismo</p><p>de ação). Portanto, o modo de ação representa todo o comportamento do herbicida,</p><p>desde seu contato com a planta até a expressão final de seu efeito tóxico (morte da</p><p>planta).</p><p>b) Mecanismo de ação: primeiro evento metabólico (sítio de ação) das plantas</p><p>onde o herbicida acua, é o que leva à morre a planta daninha. Assim, o mecanismo</p><p>de ação está inserido no modo de ação do herbicida.</p><p>A atividade do herbicida na planta, seja na cultura, seja na planta daninha, ocorre</p><p>de acordo com a absorção, a translocação, o metabolismo e a sensibilidade da planta a este</p><p>herbicida e/ou a seus metabólicos. Portanto, é preciso que ele penetre na planta, movimente</p><p>se em seu interior e atinja o sítio de ação, onde irá acuar. Um mesmo herbicida pode</p><p>influenciar vários processos metabólicos no vegetal, entretanto a primeira lesão biofísica</p><p>ou bioquímica que ele provoca é conhecida como o seu mecanismo de ação; a sequência de</p><p>todas as reações até a ação final do produto caracteriza seu modo de ação (FERREIRA et</p><p>al., 2005).</p><p>Luís Antônio Siqueira de Azevedo</p><p>Misturas de Tanque de Produtos Fitossanüários: Teoria e Prática</p><p>Quanto ao mecanismo de ação, os herbicidas registrados no Brasil, segundo Marchi</p><p>et al. (2008), Cristoffoleci (2011) e Carvalho (2013) são divididos em:</p><p>1. Inibidores da ACCase (inibidores da síntese de lipídeos): se os lipídeos náo</p><p>são produzidos dentro da planta, não há produção de membranas celulares, e o</p><p>crescimento da planta é paralisado. Os herbicidas capazes de inibir a ACCase são</p><p>comumente referidos como "fops" e "dims" por causa dos finais de seus nomes</p><p>(fluazitop, dicofop, cletodim, sthoxydim) (STEPHENSON et al., 2006). Os</p><p>herbicidas dentro deste grande grupo de graminicidas pós-emergentes, em especial</p><p>o ciclo-hexano dionas, geralmente são aplicados com concentrados de óleos</p><p>agrícolas para a atividade ideal. Surfactances não iônicos ou concentrados de óleos</p><p>agrícolas são recomendados para aumentar a atividade. Atuam inibindo a ação da</p><p>enzima acetil coenzima A carboxilase (ACCase).</p><p>2. Inibidores da ALS ou AHAS (inibidores da síntese de aminoácidos de</p><p>cadeia ramificada): enzima acetolactaco sintecase (ALS) catalisa o primeiro passo</p><p>na síntese de aminoáciodos leucina, isoleucina e valina. Esses aminoácidos são</p><p>componentes principais de proteínas e requeridos para a produção de novas célLJas.</p><p>Os herbicidas dos grupos da sulfunilureia, imidazolinona, criazolpirimidina</p><p>sulfoanilidas inibem a ALS de</p><p>forma irreversível, impedindo a síntese de</p><p>aminoácidos (VIDAL, 1997; ZHOU et al., 1997). Os herbicidas inibidores da</p><p>enzima ALS foram desenvolvidos recentemente, e dentre eles os seguintes grupos</p><p>destacam-se por apresentarem um maior número de herbicidas: as sulfonilureias,</p><p>imidazolinonas e sulfoani lidas. Dentre as sulfonilureias de uso mais intenso no</p><p>Brasil, destacam-se chlorimuron, halosulfuron, metsulfuron, nicossulfuron e</p><p>pirasulfuron. Dentre as imidazolinonas, descobertas mais recentemente e de</p><p>uso bastante intenso na agricultura brasileira, principalmente na cultura da soja,</p><p>destacam-se os herbicidas imasaquir, imazaquin e imazetapir. As sulfoanilidas</p><p>foram as últimas a serem descobertas e, atualmente em uso no Brasil, destaca-se o</p><p>flumetsulan.</p><p>3. Inibidores do FSII (inibidores do fotossistema II): de modo geral, acuam</p><p>inibindo o transporte de elétrons no fotossistema II (não enzimático). Os</p><p>herbicidas que se ligam ao sítio C são usados primariamente em pós-emergência</p><p>para o controle de plântulas de daninhas. São herbicidas de contato que não são</p><p>translocados na planta, devendo, por isso, ser aplicados nas folhas (PETERSO~ ec</p><p>al., 2001). Um exemplo é o bentazon (Basagran).</p><p>4. Inibidores do FSI: os herbicidas paraquat e diquat são realcivameme não</p><p>seletivos usados para o controle de toda a vegetação existente, como dessecar:re5</p><p>aplicados em pré-colheita (OLIVEIRA JÚNIOR; CONSTANTIN, 2001 . ~ e:i~</p><p>como local de ação o fotossiscema I, na fase luminosa da fotossíntese; pona:1.:0.</p><p>na membrana do cloroplasco. Quando o elétron é transferido da ferredoxi:1a para</p><p>o NADP, ocorre a ação dos herbicidas bipiridilos (grupo químico do diquar e</p><p>Luís Antônio Siqueira de . ..\ze,·edo</p><p>95</p><p>_. _, ____ _</p><p>96</p><p>Misturas de Tanque de Produtos Fitossanitários: Teoria e Prática</p><p>paraquac). Estes herbicidas são cátions muito forces, de tal maneira que o elétron</p><p>destinado para o NADP é desviado para a molécula do herbicida, reduzindo o</p><p>mesmo. O herbicida no estado reduzido é extremamente instável, de cal maneira</p><p>que, espontaneamente, volta ao seu estado normal reduzido, cedendo o elétron para</p><p>uma molécula de 0</p><p>2</p><p>• Atuam inibindo o transporte de elétrons no fotossistema I</p><p>(não enzimático).</p><p>5. Inibidores da PROTOX (ou PPO) (inibidores da protoporfirina oxidase):</p><p>os herbicidas inibidores da protox controlam ervas daninhas de folhas largas,</p><p>seletivamente. As folhas das plantas sensíveis, atingidas pelos inibidores da procox,</p><p>comam-se brancas ou cloróticas, murcham e necrosam em até dois dias após à</p><p>aplicação (VIDA, 1997). Acuam inibindo a ação da enzima protoporfirina oxidase</p><p>(PROTOX ou PPO).</p><p>6. Inibidores da biossíntese de carotenoides: Atuam inibindo duas enzimas,</p><p>uma conhecida (4-HPPD) e outra ainda desconhecida, sendo, assim, subdivididos</p><p>em dois grupos: 1) Inibidores da HPPD - atuam inibindo a ação da enzima</p><p>4-hidroxifenil-piruvato dioxigenase (4-HPPD); 2) Inibidores da síntese de</p><p>carotenoides com ação em enzima desconhecida - ação semelhante aos herbicidas</p><p>do item fl.</p><p>7. Inibidores da EPSPs: Acuam inibindo a ação da enzima 5-enolpiruvil</p><p>chiquimato-3-fosfato sintase (EPSPs).</p><p>8. Inibidores da GS: o único herbicida que atua na inibição da enzima glucamina</p><p>sintetase na via de assimilação do nitrogênio é o glufosinato de amônio (Finale)</p><p>(HESS, 2000). Acua inibindo a ação da enzima glutamina sintetase (GS).</p><p>9. Inibidores da divisão celular: alguns herbicidas interferem com a divisão</p><p>mitótica das células. Dentre estes herbicidas destaca-se o grupo das dinicroanilinas,</p><p>sendo a crifl.uralina e pendimethalin os principais herbicidas pertencentes a estes</p><p>grupos. O rrifluralina tem sido intensamente utilizado para o controle de plantas</p><p>daninhas em várias culturas, sendo um dos herbicidas mais usados no Brasil</p><p>(OLIVEIRA JÚNIOR; CONSTANTIN, 2001). Durante o processo da micose,</p><p>principalmente na prófase e na metáfase, existe a formação do fuso de divisão</p><p>cromossômica, para que, na anáfase, ocorra uma separação cromossômica do</p><p>processo de divisão celular. Este fuso de divisão celular é formado de uma proteína</p><p>chamada de tubulina. Atuam inibindo a divisão celular (não enzimáticos), sendo</p><p>divididos em dois grupos: 1) Inibidores do arranjo de microtúbulos - atuam</p><p>inibindo a formação das fibras dos microtúbulos, impedindo a movimentação dos</p><p>cromossomos e causando, assim, a interrupção da divisão celular na Prófase; 2)</p><p>Inibidores da biossíntese de ácidos graxos de cadeia muito longa - o mecanismo</p><p>exato de ação ainda não é conhecido, mas se sabe que afetam a síntese proteica,</p><p>inibindo, assim, a divisão celular.</p><p>Luís Antônio Siqueira de Azevedo</p><p>Misturas de Tanque de Produtos Fitossanitá1ios: Teoria e Prática</p><p>10. Mecanismo desconhecido: o MSMA é um herbicida cujo mecanismo de ação</p><p>ainda não foi descrito, pertence ao grupo dos organanoarseniacais.</p><p>4. Propriedades físico-químicas dos herbicidas que influenciam</p><p>na mistura de tanque</p><p>As propriedades físico-químicas dos herbicidas determinam seu modo de aplicação,</p><p>influenciam o comportamento dos herbicidas no ambiente, nas plantas e principlamente,</p><p>nas misturas de tanque. Sem o prévio conhecimento dessas propriedades, os riscos de</p><p>ocorrer problemas de incompatibilidade física e química na calda dos produtos aumentam;</p><p>por isso, é importante conhecê-las e entender como cada propriedade influencia a reação</p><p>dos herbicidas.</p><p>4.1 Pressão de vapor</p><p>A pressão de vapor (PV) é definida como a pressão do estado de vapor de um composto</p><p>em equilíbrio com sua fase condensada, seja ela líquida, seja sólida (SCHWARZENBACH</p><p>et al., 1993). Em outras palavras, PV indica a capacidade de um composto alterar seu estado</p><p>físico da forma sólida ou líquida para a forma gasosa (CARVALHO, 2013). Herbicidas com</p><p>alto valor de PV apresentam tendência em volatilizar mais facilmente. No entanto, há</p><p>relação estreita da pressão de vapor com a solubilidade em água do herbicida, relacionada</p><p>na constante de Henry.</p><p>4.2 Solubilidade em água</p><p>A solubilidade em água (S) é definida como a abundância do produto químico na</p><p>fase aquosa, quando a solução está em equilíbrio com o composto puro em seu estado de</p><p>agregação a temperatura e pressão específicas (SCHWARZENBACH et al., 1993). Em</p><p>outras palavras, indica a habilidade do composto em se diluir em água (QUEIROZ et al.,</p><p>2008; AZEVEDO, 2011; CARVALHO, 2013).</p><p>Herbicidas com alto valor de S são mais solúveis em água e apresentam menor</p><p>tendência em volatilizar devido ao alto calor específico da água (necessitando de muita</p><p>energia para mudar de estado). No entanto, há relação estreita da solubilidade em água com</p><p>a pressão de vapor do herbicida, relacionada na constante de Henry.</p><p>4.3 Constante de Henry</p><p>A constante de Henry (KH) é definida como a razão em que há divisão do Yolume</p><p>de moléculas de cerco composto, em duas fases, determinando a compatibilidade relatiYa do</p><p>composto para cada meio até o equilíbrio entre vapor e solução (SCHWARZE);'B.-\CH e~</p><p>al., 1993). Pode ser representada pela relação PV/S, sendo a propriedade que melhor explica</p><p>o comportamento do herbicida em relação à volatilização. Desse modo, herbicidas com alro</p><p>valor de KH são mais voláteis que herbicidas com baixo valor de KH (CAR\'_-\LHO. : C3).</p><p>Luís Antônio Siquei,a ..ic . .\zewdo</p><p>97</p><p>~</p><p>98</p><p>Misturas de Tanque de Produtos Fitossanitários: Teoria e Prática</p><p>4.4 Constante de dissociação eletrolítica</p><p>A constante de dissociação eletrolítica (pK) é definida como o</p><p>potencial de dissociação de um ácido (pKa) ou uma base (pKb) em meio líquido</p><p>(SCHWARZENBACH et al., 1993). Essa constante representa o valor de pH em</p><p>que há equilíbrio entre as formas iônicas (polares e mais hidrofílicas) e não iônicas</p><p>(neutras ou apoiares e mais lipofílicas) dos herbicidas ionizáveis (que se dissociam</p><p>em meio líquido). Para herbicidas, usa-se pKa tanto para herbicidas ácidos quanto</p><p>para básicos. Dependendo do pH, herbicidas ácidos dissociam-se em ânions (HA)</p><p>e liberam íons hidrogênio (H•), acidificando o meio;</p><p>no entanto, herbicidas básicos</p><p>dissociam-se em cátions (HB+) e liberam hidroxilas (OH}</p><p>4.5 Coeficiente de partição octanol/água</p><p>O coeficiente de partição octanol/água (Kow ou P) é definido como o coeficiente</p><p>que gera estimativa direta da lipofilicidade, ou seja, da tendência de partição de determinado</p><p>produto de um meio aquoso para um meio orgânico (MACKAY et al., 1997). Em outras</p><p>palavras, indica a habilidade de um composto não se diluir em água ou a tendência em se</p><p>diluir em um solvente orgânico. Normalmente, esse coeficiente é expresso em valores de</p><p>log Kow, sendo que altos valores desse coeficiente indicam que o herbicida é mais lipofílico</p><p>(menor afinidade com a água).</p><p>5. Dinâmica de preparo da calda de mistura de tanque de</p><p>herbicidas</p><p>A dinâmica de preparo da calda das misturas de tanque de herbicidas pode ser</p><p>definida como todas as etapas que envolvem os processos da mistura. Isso vai desde a escolha</p><p>correta dos herbicidas a serem misturados (ingrediente ativo e marca comercial), até as</p><p>informações técnicas sobre os produtos, teste de compatibilidade, medição do pH e ordem</p><p>correra de colocação das formulações no tanque do pulverizador. No momento do preparo da</p><p>calda, vários fatores influenciam na eficácia de controle das plantas daninhas por ação direta</p><p>sobre o comportamento dos herbicidas, principalmente no caso das misturas de tanque.</p><p>5.1 Qualidade da água (ver mais detalhes no Capítulo 2)</p><p>Alguns fatores relacionados à qualidade da água são importantes na dinâmica de</p><p>herbicidas no momento do preparo da calda, podendo inativar o produto antes mesmo de</p><p>ser aplicado.</p><p>5.1.1 Compostos em suspensão</p><p>Compostos em suspensão, como argilas e compostos orgânicos, podem adsorver</p><p>ou mesmo formar precipitados com certos herbicidas, indisponibilizando-os antes mesmo</p><p>Luís Antônio Siqueira de Azevedo</p><p>Misturas de Tanque de Produtos Fitossanitários: Teoria e Prática</p><p>da aplicação; por exemplo, os herbicidas diquat e paraquat, que podem ser inativados</p><p>totalmente. Compostos em suspensão, associados ao pH da água, também podem</p><p>influenciar herbicidas ionizáveis, principalmente os básicos, que se dissociam em cárions</p><p>que podem ligar-se aos grupamentos an iônicos das argilas, como pode ocorrer, por exemplo,</p><p>com acrazina (AZEVEDO, 2001; QUEIROZ ec al., 2008).</p><p>Um exemplo clássico é a inacivação do glifosaco pela argila presente no solo ou na</p><p>solução de aplicação. A adsorção do herbicida às partículas de argila ocorre devido à atração</p><p>entre as cargas da superfície do coloide do solo com as moléculas do herbicida. O tipo de</p><p>mineral de argila, monrmorilota ou caulin ita, o conteúdo, a fração de matéria orgânica,</p><p>o pH e a capacidade de troca de cátions são fatores potenciais que afetam a adsorção do</p><p>herbicida (SPRANKLE; MEGGITT; PENNER, 1975).</p><p>5.1.2 Dureza da água</p><p>A dureza é capaz de interferir negativamente na qualidade da calda de</p><p>agrotóxicos, em função de estes, em suas formulações, utilizarem adjuvantes que são</p><p>responsáveis pela sua emulsificação (óleos) ou dispersão (pós) na água, denominados</p><p>de tensoativos. Tais adjuvantes são sensíveis à dureza, pois atuam no equilíbrio de</p><p>cargas que envolvem o ingrediente ativo, equilíbrio este que é alterado pela água</p><p>dura (AZEVEDO, 2001; QUEIROZ et ai., 2008). A dureza é uma característica</p><p>relacionada à quantidade de íons Ca++ e Mg++ presentes na água. Água muito dura pode</p><p>influenciar as formulações ou os ingredientes ativos . As formulações com adjuvantes</p><p>tensoacivos aniônicos, contendo Na+ e K+, podem ter esses íons substituídos pelo Ca++</p><p>e Mg++, formando compostos insolúveis, causando perda da ação desses adjuvantes .</p><p>Ingredientes ativos à base de ácidos ou sais podem reagir com os íons Ca++ e Mg++</p><p>presentes na água, podendo haver substituições e/ou formação de compostos insolúveis,</p><p>inacivando o herbicida (CARVALHO, 2013).</p><p>5.1.3 Potencial hidrogeniônico (pH)</p><p>O pH da água é importante, tanto para a questão da dissociação dos herbicidas</p><p>ionizáveis quanto para a questão da degradação por hidrólise (cuja velocidade depende</p><p>do pH). Herbicidas ácidos, quando introduzidos em meio mais ácido (pH pKa), esses herbicidas dissociam</p><p>se, portanto há menor porcentagem de herbicida na forma não iônica (HA) e maior</p><p>porcentagem de herbicida na forma iônica (dissociada - HA} Herbicidas básicos, por</p><p>sua vez, quando introduzidos em meio mais ácido (pH pKa), esses herb icidas não se dissociam, porcanro há maior</p><p>Luís Antônio Siqueira de _..\.ze\·edo</p><p>99</p><p>100</p><p>Misturas de Tanque de Produtos Fitossanitários: Teoria e Prática</p><p>porcentagem de herbicida na forma não iônica (HB) e menor porcentagem de</p><p>herbicida na forma iônica (dissociada - HB•) (AZEVEDO, 2001; QUEIROZ et al.,</p><p>2008; CARVALHO, 2013).</p><p>5.2 Formulação (mais detalhes ver no Capítulo 4)</p><p>O tipo de formulação dos herbicidas envolvidos influencia diretamente na</p><p>compatibilidade física e química da mistura de tanque. O ideal é que em uma mistura</p><p>de herbicidas, fossem escolhidas formulações do mesmo tipo, o que diminuiria muito os</p><p>problemas de incompatibilidade. Na prática, porém essa situação é muito difícil de ocorrer,</p><p>sendo comum a mistura de diferentes formulações. O tipo de formulação também pode</p><p>influenciar a dinâmica dos herbicidas no momento do preparo da calda. Há formulações</p><p>mais solúveis em água ou que apresentam adjuvantes que facilitam sua diluição em água e</p><p>que mantêm a estabilidade do produto no tanque, permitindo menor influencia direta da</p><p>formulação, em si, sobre o comportamento do herbicida no tanque. Além disso, há forte</p><p>interação da formulação com a qualidade da água, envolvendo a presença de compostos em</p><p>suspensão e a dureza da água, principalmente (AZEVEDO, 2011).</p><p>5.3 Adjuvantes agrícolas</p><p>A principal forma de manejo das plantas invasoras é o controle químico.</p><p>Entretanto, existem poucos herbicidas cujos mecanismos de ação podem suprimi</p><p>las. A performance dos herbicidas no campo pode ser melhorada por meio da adição</p><p>de adjuvantes, cuja função é aumentar a cobertura, a retenção, a espalhabilidade, o</p><p>molhamenro e a penetração dos produtos na massa foliar. Os adjuvantes influenciam</p><p>nas interações físicas e químicas da calda de aplicação. Entre os adjuvantes, os</p><p>umectantes são capazes de reduzir a tensão superficial das gotas pulverizadas</p><p>(surfactantes), provocando maior espalhamento (espalhante) e praticamente reduzindo</p><p>a ação evaporativa da gota, juncamente com o princípio ativo do produto na solução.</p><p>Dessa forma, há melhor contato do produto com a epiderme foliar, induzindo melhor</p><p>absorção do produto. Eles também aumentam a massa da gota, consequentemente,</p><p>ela ficará mais pesada e sofrerá maior ação das forças da gravidade, reduzindo dessa</p><p>forma as perdas por deriva (SHANE; SCHILDER, 2011; AZEVEDO, 2011).</p><p>Existem adjuvantes específicos para solucionar ou amenizar determinados</p><p>tipos de problemas no momento do preparo da calda. Por exemplo, para corrigir a</p><p>dureza da água, pode-se adicionar um surfactante não iônico (que reduz a tensão</p><p>superficial dos líquidos) ou acrescentar um quelatizante à água (que isola as cargas</p><p>elétricas e suprime a reatividade dos íons). Além disso, há vários outros adjuvantes que</p><p>podem ser adicionados à calda, influenciando o comportamento do herbicida, como:</p><p>dispersantes (impedem a aglomeração de partículas), emulsificantes (compatibilizam</p><p>frações polares e apoiares), espessantes (aumentam a viscosidade), solventes (dissolvem</p><p>o ingrediente ativo), molhantes (permitem rápida umectação do produto em contato</p><p>Luís Antônio Siqueira de Azevedo</p><p>Misturas de</p><p>Tanque de Produtos Fitossanitários: Teoria e Prática</p><p>com a água) e tamponantes (deixam o pH dentro de uma faixa desejada) (AZ EVEDO,</p><p>2001; CARVALHO, 2013).</p><p>5.4 Incompatibilidade física entre herbicidas</p><p>Quando dois ou mais herbicidas são combinados, eles podem ser aplicados</p><p>separadamente (um após o outro), juntos (misturados no tanque) ou ainda podem</p><p>ser formulados juntos (comercializados numa mesma embalagem). Estes herbicidas</p><p>pré-misturados ou em misturas no tanque do pulverizador podem ser mais eficientes ou</p><p>não, dependendo do modo como foi feita a mistura (AZEVEDO, 2011).</p><p>Menor desempenho da mistura pode ser resultado de qualquer incompatibilidade</p><p>física ou biológica. A incompatibilidade física é usualmente causada pela formulação e</p><p>suas interações, resultando em formação de precipitados, separação de fase, etc., levando a</p><p>dificudades na aplicação da mistura de tanque. Fatores como solubilidade, complexaçáo,</p><p>carga iônica e outros parâmetros físicos são responsáveis pela redução do desempenho dos</p><p>produtos, causada pela incompatibilidade. A incompatibilidade denota a inabilidade de</p><p>dois ou mais herbicidas em serem usados simultaneamente.</p><p>A mistura de um herbicida formulado como pó molhável, por exemplo, com</p><p>outro formulado como concentrado emulsionável, tem elevada tendência a apresentar</p><p>incompatibilidade física, que resulta numa rápida sedimentação dos componentes da</p><p>mistura. Por isso, uma das vantagens da mistura formulada, em relação à de tanque, é</p><p>evitar possíveis incompatibilidades dos componentes da formulação.</p><p>6. Principais efeitos da mistura de tanque de herbicidas</p><p>Na combinação de produtos .fitossanitários da mesma classe (herbicidas,</p><p>fungicidas, inseticidas ou acaricidas), podem ocorrer os seguintes efeitos (KISSIMAN,</p><p>1997; AZEVEDO, 2001; QUEIROZ et al., 2008):</p><p>a) Efeito aditivo: soma dos efeitos individuais de cada produto. Se os produtos são</p><p>eficientes contra alvos diversos, obtém-se uma ampliação de espectro e geralmente</p><p>não se podem reduzir as doses. Se os produtos têm eficiência contra os mesmos</p><p>alvos, geralmente pode reduzir-se a dose de um ou todos os componentes da</p><p>combinação. O efeito da aplicação da mistura será semelhante ao da aplicação dos</p><p>produtos individualmente, ou seja, um produto náo interfere na eficácia do oucro.</p><p>b) Efeito sinérgico: o efeito dos produtos combinados é maior que a soma</p><p>dos efeitos individuais de cada um, ou seja, um produto melhora a eficácia do</p><p>outro. No caso, às vezes, pode-se controlar um alvo que não é conrroláYel por</p><p>nenhum dos componentes isoladamente. Efeitos sinérgicos são bem mais raros cio</p><p>que normalmente se considera. Efeitos de sinergismo podem ser obserndos em</p><p>associações de glifosato e imazecapir (STARKE; OLIVER, 1998). Comudo. m:1::.as</p><p>Luís Antônio 5iq:.1c-ir.a .:ie . .\.::e'.·eáo</p><p>101</p><p>~</p><p>102</p><p>Misturas de Tanque de Produtos Fitossanitários: Teoria e Prática</p><p>associações de glifosato com outros herbicidas podem resultar em antagonismo</p><p>entre os produtos. No caso específico de misturas de herbicidas do grupo químico</p><p>das sulfonilureias com inseticidas organofosforados em milho, tem-se observado</p><p>perda da seletividade do herbicida (DIEHL; STOLLER, 1990), e um efeito</p><p>antagônico pode ser observado nessa mistura de tanque.</p><p>c) Efeito antagônico: o efeito da combinação de produtos é menor que a simples</p><p>soma dos efeitos individuais, ou seja, um produto diminui a eficácia do outro. Por</p><p>algum motivo, um produto interfere negativamente na absorção, na translocaçáo</p><p>ou atividade de outro. O antagonismo em misturas de tanque acontece quando</p><p>uma reação adversa ocorre entre os herbicidas na solução. É interessante lembrar</p><p>que esses efeitos podem ser diferentes entre espécies de plantas. Do ponto de</p><p>vista prático, seria ideal que a mistura apresentasse efeicos antagônicos para a</p><p>cultura e sinergísticos para as plantas daninhas. Várias misturas sinergísticas de</p><p>herbicidas têm sido reportadas. As bases para essa interação podem ser: aumento</p><p>da penetração foliar dos herbicidas aplicados em pós-emergência, aumento da</p><p>translocação, inibição do metabolismo, interações dos mecanismos de ação</p><p>dos herbicidas envolvidos, etc. A redução da penetração pela raiz pode resultar</p><p>em antagonismo e aumentar a seletividade da cultura. É o caso do trifluralina</p><p>e diuron em algodão e trifl.uralina e mecribuzin em soja, etc. O antagonismo</p><p>também ocorre quando um herbicida de contato é aplicado com glifosato ou com</p><p>herbicidas auxínicos. A absorção e a translocaçáo do glifosato ficam prejudicadas,</p><p>resultando em menor efeito dos herbicidas sistémicos. O antagonismo observado</p><p>nas associações de herbicidas pode ser variável, por exemplo, o que ocorre entre</p><p>a atrazina e o glifosato. O antagonismo na mistura destes herbicidas depende</p><p>das formulações da acrazina, levando à conclusão de que os ingredientes inertes</p><p>influenciam nesse processo (STAHLMAN; PHILLIPS, 1979). A redução na</p><p>eficiência do glifosaro em associações com acrazina ocorre em função da mistura</p><p>destes produtos na calda de pulverização, e não por interação biológica na planta</p><p>(APPLEBY; SOMABHI, 1978). O antagonismo constatado em ensaios a campo</p><p>nem sempre se repete em experimentos realizados em casa de vegetação, sugerindo</p><p>que esses efeitos antagônicos podem estar relacionados com condições ambientais</p><p>ocorrentes durante à aplicação dos herbicidas no campo (BRADLEY et al., 2000).</p><p>Resultados confirmam a hipótese de que a associação de glifosato com triazinas</p><p>provoca efeitos antagônicos, reduzindo a eficácia do glifosato no controle de sorgo,</p><p>por exemplo. O antagonismo é mais intenso logo após à aplicação, diminuindo</p><p>com o decorrer do tempo ou com o aumento da dose do glifosato (VIDAL et al.,</p><p>2003).</p><p>d) Efeito potencializado: um produro que não apresenta efeito biológico por si,</p><p>quando acrescentado a outro produto de efeito conhecido, potencializa tal efeito.</p><p>Alguns adjuvames têm efeito de potencialização para produtos fitossanitários.</p><p>Luís Antônio Siqueira de Azevedo</p><p>Misturas de Tanque de Produtos Fitossanitários: Teoria e Prática</p><p>6.1 A mistura de tanque de herbicidas no manejo da resistência</p><p>a plantas daninhas</p><p>A introdução de variedades de soja geneticamente modificadas para resistência</p><p>ao glifosato aumentou, de forma considerável, o uso desse herbicida em aplicação de pós</p><p>emergência, gerando profundas modificações no controle químico de plantas daninhas.</p><p>No entanto, à aplicação sucessiva do herbicida glifosato nas áreas agrícolas do cerrado</p><p>tem selecionado algumas espécies daninhas, como erva-quente (Spermacoce latifolia</p><p>Aubl.), trapoeraba ( Commelina benghalensis L.), erva-de-touro (Tridax procumbens L.) e</p><p>agriãozinho (Synedrellopsis grisebachii Hieron. & Kuntze). Procópio et al. (2007) e Santos et</p><p>al. (2001) verificaram que, em áreas de aplicação frequente de glifosato, a população de C.</p><p>benghalensis e C. diffusa Burm. f aumentou em razão da tolerância a esse herbicida. Quase</p><p>a totalidade dos herbicidas tem-se mostrado ineficiente em aplicação única para o controle</p><p>de espécies do gênero Commelina na fase adulta, com exceção do 2,4-D (OLIVEIRA</p><p>JR. et al., 2000; RONCHI et al., 2001). Além disso, o uso de um mesmo herbicida ou</p><p>de herbicidas de mesmo mecanismo de ação pode acarretar problemas, como alta pressão</p><p>de seleção, aumentando a possibilidade de seleção de biótipos resistentes (VARGAS et al.,</p><p>1999), tornando-se de fundamental importância a utilização de misturas de tanque.</p><p>Os herbicidas são os principais meios econômicos para controlar ervas daninhas, e a</p><p>evolução de ervas daninhas resistentes a herbicidas é um problema na agricultura moderna.</p><p>Resistência a um herbicida é a capacidade evolutiva de uma população de plantas daninhas</p><p>suscetíveis àquele ingrediente ativo em tolerar uma aplicação de herbicida e completar seu</p><p>ciclo de vida, quando o herbicida é usado em taxas normais em uma situação agrícola. O</p><p>Comitê de ação de resistência de herbicidas (HRAC) é um organismo internacional</p><p>fundado</p><p>pela indústria de agroquímicos para apoiar uma abordagem cooperativa para a</p><p>gestão de resistência a herbicida. Resistência, muitas vezes, torna-se um problema por causa</p><p>da pressão alta de seleção exercida sobre uma população de ervas daninhas ao longo de vários</p><p>anos. Isto pode ser um resultado de uso repetido do mesmo herbicida, ou vários herbicidas</p><p>com o mesmo sítio de ação, e é frequentemente associado com monocultura de lavoura bem</p><p>como redução das práticas de cultivo. Portanto, a chave para a gestão de resistência é para</p><p>reduzir a pressão de seleção usando uma combinação das seguintes técnicas: misturas ou</p><p>sequências de herbicidas com diferentes locais de ação são importantes, especialmente para</p><p>prevenir ou superar a resistência com base em diferenças de local de destino. Para serem</p><p>eficazes, os herbicidas utilizados em misturas ou sequências devem ter eficácia semelhante</p><p>contra a invasora-alvo. Se a resistência se baseia no maior metabolismo, esta técnica pode</p><p>também ser útil, como os processos metabólicos podem ser específicos para determinados</p><p>tipos de molécula, mas é necessária uma abordagem empírica para determinar as melhores</p><p>combinações de herbicidas.</p><p>Rotações de culturas podem permitir diferentes herbicidas ou técnicas de culciYo</p><p>a ser utilizado e também podem fornecer diferentes ambientes competitivos para deslocar</p><p>Luís Antônio Siqueira de Aze,-edo</p><p>103</p><p>. .</p><p>-··•·,:-----</p><p>104</p><p>Misruras de Tanque de Produtos Fitossanitários: Teoria e Prática</p><p>a flora de ervas daninhas. Programas de retirada de terras também permitem novas</p><p>oportunidades de gerir as populações de plantas daninhas resistentes.</p><p>Práticas de cultivo podem ser ajustadas, se isso se encaixar com gerais necessidades</p><p>agronômicas. Medidas como el iminar sementeiras, aplicar o manejo integrado de ervas</p><p>daninhas, usar herbicidas com múltiplos sítios de ação com sobreposição de espectros de</p><p>erva em rotação, sequências ou misturas. Níveis de controle econômico devem ser o objetivo,</p><p>não mais elevados níveis cosméticos que aumentam a pressão de seleção sem fornecer um</p><p>retorno financeiro ao agricultor.</p><p>Geralmente, a melhor abordagem para gerenciamento de resistência é o manejo</p><p>integrado de ervas daninhas. Isto significa utilizar todos os métodos de controle disponíveis</p><p>de forma econômica e sustentável.</p><p>7. Principais misturas de tanque utilizadas no Brasil</p><p>7.1 Mistura de tanque de herbicidas na cultura da soja</p><p>A cultura da soja é a maior consumidora de herbicidas no Brasil. É praticamente</p><p>impossível cultivar soja sem a utilização de herbicidas. O controle de plantas daninhas</p><p>visa, entre outros aspectos, a reduzir ou a eliminar a competição destas com a cultura. A</p><p>necessidade de reduzir os custos de produção da cultura tem levado os produtores, bem</p><p>como os fabricantes, a preparar misturas de herbicidas com diferentes princípios ativos,</p><p>ou mesmo com outros agroquí micos. H ouve grande expansão no uso de misturas e na</p><p>aplicação sequencial de vários herbicidas em um único ciclo cultural; entretanto, o manejo</p><p>de herbicidas, especialmente as misturas, requer grande cuidado, além do conhecimento a</p><p>respeito das interações entre os produtos, visando a obter o máximo de controle de plantas</p><p>daninhas e a minimizar injúrias às culturas. Deve-se dar preferência às misturas prontas.</p><p>Os herbicidas podem ser aplicados na parte aérea das plantas ou no solo. Aqueles</p><p>aplicados na parte aérea e seletivos à cultura da soja possuem, em geral, efeitos mais</p><p>pronunciados ou eficazes sobre as gramíneas ou sobre as dicotiledôneas. Como as espécies</p><p>de plantas infestantes se apresentam, quase sempre, de maneira muito heterogênea no solo,</p><p>a mistura de graminicidas com latifolicidas faz-se necessária, tornando-se, pois, prática</p><p>comum entre os produtores (ALMEIDA; RODRIGUES, 1988).</p><p>O manejo de entressafra das invasoras requer a utilização de produtos à base de</p><p>paraquac, paraquat + diuron, glifosato, 2,4-D, chlorimuron e carfentrazone. O número</p><p>de aplicações e as doses a serem utilizadas irão variar, em função da comunidade presente</p><p>na área e seu estádio de desenvolvimento. Paraquat requer a mistura com surfactante não</p><p>iônico na base de 0,1% a 0,2% v/v.</p><p>Aplicações sequênciais na entressafra têm proporcionado excelentes resultados,</p><p>principalmente quando se trata de espécies de difícil controle. A primeira aplicação</p><p>Luís Antônio Siqueira de Azevedo</p><p>Misturas de Tanque de Produtos Fitossanitários: Teoria e Prátka</p><p>geralmente ocorre em cerca de 15 a 20 dias após a colheita da cultura comercial ou es!)écie</p><p>cultivada para a cobertura do solo.</p><p>No caso de espécies perenizadas, como o capim-amargoso e o capim-bracr:iJ.r:J.. a</p><p>dose de glifosato poderá chegar a 5 L/ha·1• Nessa situação, recomenda-se, inicialme:!:e. o</p><p>manejo mecânico (roçadeira, triturador), visando a remover a folhagem velha e forçando</p><p>a rebrota intensa, que deverá ter, pelo menos, 30 cm de altura no momento da dessecaçáo</p><p>(EMBRAPA, 2003).</p><p>O 2,4-D, indicado para o controle de folhas largas, deve ser utilizado na</p><p>formulação amina, com intervalo de 1 O dias de carência entre à aplicação e a semeadura da</p><p>soja. Aplicações que não obedeçam às recomendações técnicas podem provocar danos às</p><p>culturas suscetíveis, como videira, algodão, feijão, café e a própria soja (EMBRAPA, 2003).</p><p>A introdução de variedades de soja geneticamente modificada para resistência ao</p><p>glifosato promoveu aumento considerável no uso desse herbicida em aplicação em pós</p><p>emergência, gerando profundas modificações no controle químico de plantas daninhas.</p><p>Entretanto, alguns resultados de pesquisa têm demonstrado que o uso de glifosaco,</p><p>combinado com herbicidas aplicados em soja convencional aumentam o espectro e a</p><p>eficácia de controle de plantas consideradas mais tolerantes à ação do glifosato isolado</p><p>(GONZINI et al., 1999; KRANZ et al., 2001; MONQUERO; CHRISTOFFOLETI,</p><p>2001; VIDRINE et al., 2002; NORSWORTHY; GREY, 2004; PROCÓPIO et al., 2007).</p><p>No entanto, os agricultores devem ficar atentos às interações existentes entre as cultivares</p><p>de soja R e os herbicidas a serem utilizados, uma vez que algumas cultivares são mais</p><p>sensíveis que outras a determinados herbicidas (GAZZIEIRO et al., 2004).</p><p>O uso de misturas em tanque, de glifosaco com outros herbicidas para manejo</p><p>de espécies de plantas daninhas, de difícil controle, tem sido prática comum entre os</p><p>agriculcores na cultura da soja. Maciel et al. (2011) avaliaram a eficácia e a seletividade de</p><p>misturas em tanque, de herbicidas com glifosato, para o controle de trapoeraba ( Commelina</p><p>benghalensis) e erva-de-touro (Tridax procumbens), na cultura da soja RR"'. Os tratamentos</p><p>foram constituídos da aplicação de: glifosato (180); glifosato + imazetapir (360 + 50 g/ha·1);</p><p>glifosato + imazetapir (177,8 + 30 g/ha·1</p><p>) e testemunhas capinadas e sem capina. Apesar da</p><p>similaridade de produtividade entre os tratamentos com glifosato isolado e em sequência,</p><p>nas doses de 540; 720 e 540; 360 g/ha·1</p><p>, as misturas em tanque, com chlorimuron-ethyL</p><p>cloransulam-methyl, linuron e imazetapir, podem favorecer o controle de espécies de plantas</p><p>daninhas tolerantes ao glifosato, reduzindo a possibilidade de aumento de reinfestação para</p><p>cultura de sucessão.</p><p>Oliveira Neto et ai. (2010) avaliaram a mistura de glifosato com diferences</p><p>herbicidas na dessecação de manejo no controle de Conyza spp. em áreas cultivadas com</p><p>trigo, durante o inverno, bem como avaliaram o efeito residual dos herbicidas no comrole</p><p>de plantas daninhas, no início do ciclo da cultura da soja. As misturas de glifosaro co:n</p><p>chlorimuron-echyl + flumioxazin, chlorimuron-ethyl e diclosulam, independenremence</p><p>Luís Antônio Siqueira de .\zc,·edo</p><p>105</p><p>106</p><p>Misturas de Tanque de Produtos Fitossanitários: Teoria e Prática</p><p>das doses, foram eficazes para o controle de Conyza spp. na dessecaçáo. Os tratamentos</p><p>com glifosato + chlorimuron-ethyl + fl.umioxazin foram os únicos tratamentos eficazes na</p><p>supressão do crescimento de novos fluxos de E. heterophy!la.</p><p>Todas as misturas contendo</p><p>chlorimuron-ethyl + flumioxazin, chlorimuron-ethyl ou diclosulam suprimiram o</p><p>desenvolvimento inicial de Digitaria spp., Sida rhombifolia e lpomoea triloba.</p><p>No sistema de plantio direto, é essencial à aplicação de herbicidas para a dessecação</p><p>das plantas presentes na área antes do plantio. É normal que os produtores realizem a</p><p>dessecação em torno de 10 dias antes do plantio, utilizando dessecantes em uma única</p><p>aplicação. Este sistema pode ter problemas, como rebrotes e o surgimento de nova sementeira</p><p>de plantas daninhas que poderiam interferir sobre o estabelecimento, desenvolvimento e</p><p>rendimento final da cultura, pois as infestantes estariam mais desenvolvidas e de mais</p><p>difícil controle (CONSTANTIN, 2006).</p><p>Em muitas situações, as doses dos herbicidas são superestimadas, proporcionando</p><p>período de controle superior ao necessário. A mistura de herbicidas no tanque de pulverização</p><p>- prática comum entre os agricultores - oferece algumas vantagens em relação ao uso de</p><p>um único produto, como aumento do número de espécies controladas, melhor controle de</p><p>determinadas espécies, redução do custo de pulverização e possibilidade de redução da dose</p><p>recomendada. Esta última vantagem tem como consequência a diminuição de resíduos no</p><p>solo e da toxicidade à cultura.</p><p>Apesar do uso da mistura de herbicidas ser uma opção comum que o agricultor</p><p>realiza na busca de melhorar a eficiência no controle de plantas daninhas problemas,</p><p>existe o risco na manipulação dos produros na mistura, que pode provocar intoxicação do</p><p>operador, assim como erros que acarretam quebra de seletividade da cultura. Atualmente, há</p><p>disponibilidade de diversas misturas prontas de herbicidas no mercado, como alternativas</p><p>seguras de aumentar a eficiência do controle químico na pós-emergência e também de</p><p>conferir residualidade à aplicação, o que pode permitir uma redução na presença de</p><p>plantas daninhas, principalmente no início do desenvolvimento da cultura, podendo</p><p>ainda melhorar a eficiência do glifosaro em plantas daninhas tolerantes a este herbicida</p><p>(CARVALHO et al., 2000; PROCÓPIO et al., 2007). Ainda, a prática de inclusão de</p><p>herbicidas residuais junto às aplicações de manejo resulta em menor exposição do aplicador,</p><p>menor compactação dos solos e, possivelmente, melhor controle das plantas daninhas no</p><p>início de seu estabelecimento (VALENTE; CAVAZZANA, 2000).</p><p>A mistura de herbicidas é uma opção comum que o agricultor realiza na busca</p><p>de melhorar a eficiência no controle de plantas daninhas probi'emas. Osipe et al. (2010)</p><p>avaliaram a mistura pronta de glifosato + imazetapir (Alteza 30), aplicada juncamente com</p><p>outros herbicidas no controle de Conyza canadensis, na operação de manejo da cultura da</p><p>soja. Os tratamentos e respectivas doses de produto comercial (p. c. l/kg/ha-1) utilizados</p><p>foram: Alteza 30 + Roundup Original a 3,0 + 1,5; Alteza 30 + Classic + Roundup Original</p><p>a 3,0 + 0,06 + 1,5; Alteza 30 + DMA 806BR + Roundup Original a 3,0 + 1,0 + 2,0;</p><p>Roundup Original + Scepter a 3,0 + 1,0; Spider + Classic a 0,042 + 0,06, comparados</p><p>Luís Antônio Siqueira de Azevedo</p><p>Misturas de Tanque de Produtos Fitossanitários: Teoria e Prática</p><p>com testemunha sem capina. Vale destacar que, em rodas as misturas acima relatadas,</p><p>foi aplicado em conjunto o adjuvante DASH na concentração de 0,5% v/v. As avaliações</p><p>visuais de eficiência foram feitas aos 07; 14 e 28 dias após a aplicação (DAA) dos produtos,</p><p>através da comparação com a testemunha, sendo que ainda aos 45 DAA avaliou-se o</p><p>efeito residual dos tratamentos, através da contagem de plantas daninhas nas parcelas.</p><p>As avaliações visuais de injúrias à cultura foram feitas aos 14 e 28 dias após a emergência.</p><p>Nenhum dos tratamentos causou danos à cultura da soja. Os resultados evidenciaram que</p><p>o uso do herbicida Alteza no controle da Conyza canadensis, nas misturas testadas, é uma</p><p>opção eficiente no controle da invasora, exercendo ação residual, o que permite melhor</p><p>controle das plantas daninhas no início do estabelecimento da cultura da soja.</p><p>A trapoeraba ( Commelina benghalensis) consiste em uma importante planta</p><p>daninha em cultives de algodão, sendo poucas as opções de herbicidas eficazes no controle</p><p>em pós-emergência desta espécie. Braga et al. (2011) avaliaram, em casa de vegetação,</p><p>a eficiência de diferentes alternativas de controle químico de trapoeraba, mediante</p><p>a utilização de herbicidas empregados na cultura do algodoeiro. Foram avaliados 21</p><p>produtos, sendo estes compostos pela aplicação isolada e em mistura dos herbicidas</p><p>pirithiobac-sódio, amônio-glufosinato, glifosato e trifloxysulfuron sodium em diferences</p><p>doses, além de uma testemunha sem herbicida. As variáveis analisadas foram: controle</p><p>aos 7 e 28 dias após à aplicação dos herbicidas (DAA). Os resultados obtidos permitiram</p><p>constatar que a utilização do pirithiobac-sódio não causou antagonismo em nenhum dos</p><p>herbicidas avaliados no controle de trapoeraba. O pirithiobac-sódio, associado ao amônio</p><p>glufosinaco, reduziu a capacidade de rebrota desta espécie. Houve sinergismo na mistura</p><p>entre pirithiobac-sódio e glifosato. A associação entre glifosato e pirithiobac-sódio, aplicado</p><p>sobre plantas de trapoeraba em estádio de duas a quatro folhas, apresenta sinergismo no</p><p>controle desta espécie.</p><p>7.2 Mistura de tanque de herbicidas na cultura do milho</p><p>Atualmente, a maioria dos herbicidas registrados para a cultura do milho é para</p><p>aplicação em pré-emergência. O estudo da eficácia de novas formulações de herbicidas,</p><p>principalmente para aplicação em pós-emergência, é muico importante no sentido de se</p><p>encontrar opções para a agricultura com a vantagem de se aproveitar o período em que</p><p>as ervas são mais sensíveis. O nicossulfuron é uma das poucas opções de herbicida pós</p><p>emergente seletivo para a cultura do milho, com eficácia em plantas daninhas do grupo</p><p>das monocotiledôneas e dicotiledôneas. Por outro lado, a mistura de herbicidas tem sido</p><p>utilizada como uma alternativa visando a aumentar o espectro de controle das plantas</p><p>daninhas e a eficácia dos herbicidas (RODRIGUES; ALMEIDA, 2005).</p><p>Paro e Carvalho (2010) avaliaram a seletividade e a eficácia dos herbicidas</p><p>nicossulfuron, mesocrione e acrazina, em mistura, aplicados em pós-emergência no</p><p>controle de plantas daninhas, em duas cultivares de milho. Concluíram que os rraramemos:</p><p>Herbicrin (1500 mL/ha·1</p><p>) +Accent(28g/ha·1</p><p>) +Callisto(l79 mL/ha·1);Herbirrin 2500 mL</p><p>Luis Antônio Siqueira de Azewdo</p><p>107</p><p>108</p><p>Misturas de Tanque de Produtos Fitossanitários: Teoria e Prática</p><p>ha·1</p><p>) + Sanson (470 mL/ha·1</p><p>); Herbitrin (2500 mL/ha·1</p><p>) + Callisro (250 mL/ha·1); Accent</p><p>(28 g/ha·1</p><p>) + Callisto (179 mL/ha·1</p><p>); Herbitrin (750 mL/ha·1</p><p>) + Accenc (17 g/ha·1</p><p>) +</p><p>Callisto (108 mL/ha·1), seguido de Herbitrin (1250 mL/ha·1) + Accent (17 g.ha·1) +</p><p>Callisto (108 mL/ha·1</p><p>); Herbitrin (1250 mL/ha·1) + Sanson (250 mL/ha·1) seguido</p><p>de Herbitrin (1250 mL/ha·1</p><p>) + Sanson (250 mL/ha·1); Herbitrin (1250 mL/ha·1) +</p><p>Callisto (125 mL/ha·1</p><p>), seguido de Herbitrin (1250 mL/ha·1</p><p>) + Callisto (125 mL/ha·1);</p><p>Accent (17 g/ha·1) + Callisto (108 mL/ha· 1</p><p>), seguido de Accent (17 g/ha·1) + Callisto</p><p>(108 mL/ha·1</p><p>) foram seletivos para os cultivares Agroceres 5020 e Pioneer 30F87,</p><p>podendo ser recomendados para o controle de plantas daninhas na cultura do milho</p><p>foram eficazes (>80%) no controle pós-emergente das espécies daninhas Ipomoea nil,</p><p>Amaranthus deflexus, Commelina benghalensis e Echinochloa colonum e foram eficazes</p><p>(>80%) no controle residual da espécie daninha Panicum maximum.</p><p>Silva et al. (2005) avaliaram o efeito da mistura no tanque entre o herbicida</p><p>nicossulfuron e o inseticida chlorpirifós sobre o milho híbrido P30F80, as plantas</p><p>daninhas e a lagarta-do-cartucho. O primeiro fator foi constituído pelas doses de</p><p>nicossulfuron (O; 10; 20; 30 e 40 g/ha·1</p><p>) + atrazina (1.200 g/ha·1) + óleo (900 g/ha·</p><p>1</p><p>), e o segundo, pelas doses do inseticida chlorpirifós (O e 240 g/ha·1). Não ocorreu</p><p>interação</p><p>significativa entre doses de nicossulfuron e do chlorpirifós no controle da</p><p>lagarta-do-cartucho. A mistura no tanque do chlorpirifós com nicossulfuron tornou</p><p>se não seletiva ao milho híbrido P30F80, acarretando redução do número de espigas e</p><p>do rendimento de grãos de milho. A toxidez causada às plantas de milho pela mistura</p><p>do chlorpirifós ao nicossulfuron contribuiu para a redução do controle cultural das</p><p>espécies daninhas /. grandifolia e B. decumbens pelo milho.</p><p>7.3 Mistura de tanque de herbicidas na cultura do algodão</p><p>O algodoeiro herbáceo ( Gossypium hirsutum L. r. latifolium H71-tch) é muito</p><p>sensível à interferência exercida pelas plantas daninhas. Além de concorrer por luz, água,</p><p>nutrientes e outros fatores de produção, algumas espécies infestantes também podem</p><p>dificultar a colheita do algodão e depreciar a qualidade da fibra colhida (BELTRÃO, 2000;</p><p>CHRISTOFFOLETI et al., 2007; FREITAS et al., 2003; LACA-BUENDIA, 1990).</p><p>Na cotonicultura empresarial praticada no Cerrado brasileiro, que corresponde</p><p>a mais de 90% do algodão produzido no Brasil (CONAB, 2007), o manejo das plantas</p><p>daninhas por meio de herbicidas é o principal método de controle empregado, tanto</p><p>no sistema convencional de manejo do solo como no sistema planeio direto. Entre as</p><p>principais vantagens do uso de herbicidas para o manejo das plantas daninhas, podem ser</p><p>citadas: melhor controle das espécies que se propagam vegetativamente; maior rapidez e</p><p>eficiência de operacionalização; possibilidade de controle em períodos de chuva; redução</p><p>da disseminação de patógenos de solo e de nematoides que, no cultivo mecânico, podem</p><p>ser facilmente disseminados via implemencos contaminados; evitar que as raízes do</p><p>algodoeiro sejam danificadas; permitir que o controle seja executado em diferentes estádios</p><p>Luís Antônio Siqueira de Azevedo</p><p>Misturas de Tanque de Produtos Fitossanitários: Teoria e Prática</p><p>de desenvolvimento do algodoeiro; em suma, o uso de herbicidas confere maior agi lidade</p><p>e eficiência no manejo de plantas daninhas e apresenta melhor relação custo-benefício</p><p>(BELTRÃO; AZEVEDO, 1994; BELTRÃO ec al., 1997).</p><p>Entre os fatores que contribuem negativamente para o rendimento do algodão.</p><p>a interferência imposta pelas plantas daninhas consiste em um dos mais danosos, pois</p><p>acarreta grandes prejuízos à produção quando não manejadas (DAN et al., 2011). As</p><p>reduções de rendimento provocadas pela interferência das plantas daninhas no algodoeiro</p><p>podem variar de 82 a 98% (FREITAS et al., 2003).</p><p>Entre as 26 moléculas herbicidas e as três misturas comerciais de ingredientes</p><p>ativos, registradas para a cultura do algodoeiro (BRASIL, 2007), existem boas opções de</p><p>herbicidas seletivos para o controle de gramíneas. Contudo, em relação às espécies de folhas</p><p>largas, as opções são limitadas, sobretudo quanto aos herbicidas seletivos ao algodoeiro.</p><p>Geralmente, os herbicidas dessecantes usados não são seletivos, não apresentam efeito residual</p><p>e objetivam, principalmente, a dessecação ou o manejo das plantas invasoras ou de outras</p><p>espécies vegetais, como as formadoras de palha para o plantio direto. Entre os herbicidas</p><p>usados, estão o glifosato, a carfentrazona, o paraquac e a flumioxazina (EMBRAPA, 2007).</p><p>O número de herbicidas disponíveis para controle de espécies dicotiledôneas no algodoeiro</p><p>em pós-emergência em área total é restrito, criando uma constante necessidade de pesquisas</p><p>que busquem novas moléculas que sejam seletivas para essa cultura nessa modalidade de</p><p>aplicação (MILLER et al., 2003).</p><p>No manejo de pós-emergência, à aplicação pode ser por meio do uso de herbicidas</p><p>seletivos ou não seletivos à cultura. Os seletivos ao algodoeiro, entre os quais o piritiobaque</p><p>sódico e o trifloxissulfurom sódico, são aplicados em área total, ou seja, o produto pode</p><p>atingir também o algodoeiro. Já as aplicações de herbicidas não seletivos devem ser realizadas</p><p>antes do fechamento das entrelinhas, na forma de jato dirigido, pois se o herbicida atingir as</p><p>folhas do algodoeiro, ou a casca tenra do ramo e do caule, pode ocasionar-lhes intoxicação,</p><p>por isso, é recomendável que a pulverização seja realizada quando as plantas estiverem</p><p>com, pelo menos, 40 cm de altura e que sejam tomadas as devidas providências de proteção</p><p>durante à aplicação. Os herbicidas mais comuns usados em jato dirigido são: o MSMA,</p><p>isolado ou em mistura com o diurom; o paraquace, também isolado ou em mistura com o</p><p>diurom; o glifosato; a carfentrazona; o glufosinato de amônio e a flumioxazina (FREITAS</p><p>et al., 2003; EMBRAPA, 2007).</p><p>Existem também os herbicidas de pré-plantio incorporado (PPI), que exigem</p><p>incorporação ao solo em consequência da suscetibilidade da molécula à fotodegradação</p><p>e/ou volatilização. Assim, o herbicida, que geralmente apresenta ação residual, é apl icado</p><p>antes da semeadura do algodão, em solo previamente preparado por meio de araçáo e</p><p>gradagem, e depois é incorporado. Por conseguinte, essa forma de aplicação não condiz</p><p>com o sistema planeio direto. Entre os herbicidas usados nessa modalidade de aplicação.</p><p>estão a trifluralina e a pendimetalina (FREITAS et al., 2003; EMBRAPA, 2007).</p><p>Luis Antônio Siqueira de .~ze\·~do</p><p>109</p><p>110</p><p>Misturas de Tanque de Produtos Fitossanitários: Teoria e Prática</p><p>A aplicação de herbicidas em pré-emergência é uma das mais usadas na</p><p>cotonicultura. Ela consiste na aplicação de um herbicida de ação residual, imediatamente</p><p>após a semeadura, antes da emissão da radícula do algodão e da emergência das plantas</p><p>daninhas. Entre os herbicidas mais utilizados em pré-emergência do algodoeiro, isolados</p><p>ou em mistura, estão o diuron, a clomazona, o s-metolacloro, o alacloro, o oxifl.uorfen e a</p><p>cianazina. É importante que o solo preparado esteja bem descorroado, com a superfície livre</p><p>de restos de cultura e de plantas daninhas e com umidade suficiente, de forma a favorecer</p><p>a solubilização da molécula herbicida (EMBRAPA, 2007).</p><p>Com o advento do cultivo de algodão em segunda safra, o controle de plantas</p><p>voluntárias de soja RR® tornou-se uma operação indispensável na cotonicultura. Braz et</p><p>al. (2012) avaliaram a eficiência de diferences alternativas de controle químico de plantas</p><p>voluntárias de soja RR®, mediante a avaliação de herbicidas empregados no algodão. Foram</p><p>avaliados 21 tratamentos, sendo que estes compostos pela aplicação isolada e em mistura</p><p>dos herbicidas pirithiobac-sódio, amônio-glufosinato, glifosato e trifl.oxysulfuron sodium</p><p>em diferentes doses. As variáveis analisadas foram: controle aos 7 e 28 DAA dos herbicidas</p><p>(DAA); matéria seca e altura das plantas aos 28 DAA. Os resultados demonstraram que</p><p>nenhuma das misturas entre os herbicidas apresentou antagonismo no controle de soja RR®.</p><p>Diferentes níveis de supressão podem ser obtidos pela aplicação dos herbicidas avaliados,</p><p>porém apenas o amônio-glufosinato isolado ou associado ao pirithiobac-sódio controlou</p><p>todas as plantas voluntárias, independentemente do estádio de aplicação. Em geral, a soja</p><p>apresentou maior tolerância aos herbicidas testados quando em estádio de crescimento mais</p><p>avançado.</p><p>A partir dos anos 90, as pesquisas sobre a seletividade de herbicidas aplicados em</p><p>pós-emergência no algodoeiro se estenderam para algumas variedades transgênicas, as</p><p>quais apresentavam tolerância/resistência a alguns produtos, como glifosaco, bromoximi e</p><p>amônio-glufosinato (TROXLER et al., 2002; THOMAS et al., 2004).</p><p>A introdução de cultivares transgênicas de algodão no mercado brasileiro</p><p>modificou um pouco a recomendação da mistura de tanque de herbicidas para esta cultura,</p><p>principalmente em relação às variedades transgênicas de algodoeiro que apresentam</p><p>resistência ao amônio-glufosinaco (LL®). Existem poucas informações tanto a respeito da</p><p>seletividade de reaplicações desse herbicida, quanto no que se refere a misturas com outros</p><p>herbicidas (CONSTANTIN et al., 2012).</p><p>Braz et al. (2012) avaliaram a seletividade de aplicações sequenciais de</p><p>amônio-fl.ufosinaco isolado e em associação com pirithiobac-sódio</p><p>em algodão</p><p>transgênico LL®. A primeira variável correspondeu à aplicação dos tratamentos amônio</p><p>glufosi nato (500 g/ha·1</p><p>) e amônio-glufosinato + pirithiobac-sódio (500 + 42 g/ha·1 e 500 +</p><p>56 g/ha·1). A segunda variável foi o número de aplicações sequenciais em pós-emergência</p><p>do algodoeiro (uma, duas ou três). A associação do pirithiobac-sódio ao amônio-flufosinaco</p><p>causou maiores níveis de fitointoxicaçáo inicial, porém não houve sintomas duas semanas</p><p>após as aplicações. O amônio-flufosinaco isolado foi seletivo para o algodão LL® em até três</p><p>Luís Antônio Siqueira de Azevedo</p><p>Misturas de Tanque de Produtos Fitossanitários: Teoria e Prática</p><p>aplicações em pós-emergência. O algodoeiro apresentou ainda tolerância a uma aplicação</p><p>da mistura de amônio-glufosinato + pyrithiobacsodium, e não se observou qualquer efeito</p><p>negativo sobre a produtividade de algodão em caroço.</p><p>A cultura do algodão é diference de outras culturas em termos de aplicação de</p><p>herbicidas, quer sejam isolados, quer aplicados em mistura de tanque. Há a necessidade de</p><p>se manrer a cultura no limpo até 60 dias após o plantio e depois continuar com aplicações</p><p>de jato dirigido acé a colheita para evitar a competição das invasoras nas enrrelinhas. As</p><p>aplicações de herbicidas na cultura do algodão podem ser ressumidas em: de manejo,</p><p>muito utilizadas no sistema de plantio direto, de pré e pós-emergência com os herbicidas</p><p>específicos para cada modalidade, em jato dirigido para se evitar casos de fitotoxidade e em</p><p>pré-colheita.</p><p>A seletividade é a capacidade agronômica de um herbicida de matar algumas</p><p>plantas sem injuriar outras (ANDERSON, 1983). É uma medida diferencial entre as</p><p>espécies de plantas a um determinado herbicida (OLIVEIRA JR., 2001). Por sua vez, a</p><p>fitoroxidade são injúrias apresentadas pelas plantas em graus variáveis, em consequência da</p><p>aplicação malfeita de produtos fitossanitários. Os sintomas mais comuns de fitocoxidade na</p><p>cultura do algodão são: albin ismo, clorose, necrose, murcha, epinastia, encarquilhamento</p><p>e morte das plantas.</p><p>A cultura do algodão tem grande importância econômica e social, visto que é a</p><p>fibra mais utilizada no setor têxtil. Contudo, apresenta alta sensibilidade a plantas daninhas</p><p>e há poucos herbicidas seletivos à cultura. Inoue et ai. (2012) avaliaram a seletividade de</p><p>herbicidas aplicados em pré-emergência na cultura do algodão. Os herbicidas alaclor,</p><p>S-metalaclor, d iuron, prometrina, trifluralina e oxifluorfen foram aplicados isoladamente</p><p>e em misturas sobre a variedade FMT-701, nas localidades de Diamantino-MT, e Campos</p><p>de Júlio-MT, Para avaliar a seletividade, foram realizadas avaliações de altura aos 36; 66 e</p><p>150 dias após à aplicação (DAA), ficointoxicaçáo aos 14; 21; 29 e 36 DAA, estande aos 21</p><p>e 49 DAA, número de maçãs aos 141 DAA e produtividade do algodão em caroço aos 193</p><p>DAA. Os resultados indicaram que grande parte dos tratamentos causou injúrias na fase</p><p>inicial da cultura, e alguns tratamentos também proporcionaram menor altura de plantas</p><p>em determinadas avaliações. Verificou-se, ainda, que os tratamentos não proporcionaram</p><p>diferenças significativas no estande de plantas, no número de maçãs nem na produtividade</p><p>de algodão em caroço, evidenciando que todos os tratamentos avaliados podem ser</p><p>utilizados no manejo de plantas daninhas.</p><p>A cultura do algodão é muito sensível, em certos estádios fonológicos, à aplicação</p><p>isolada de herbicidas ou em mistura de tanque, ou seja, apresenta alguns problemas de</p><p>fito toxidade. Por isso, todo cuidado deve ser tomado no momento da preparação e da aplicação</p><p>das misturas. Os principais problemas de ficotoxidade são com o herbicida pré-emergente</p><p>clomazone, com os herbicidas pós-emergentes pirithiobac-sódio e trifloxysulfuron sodium</p><p>e com o MSMA aplicado em jato dirigido (FOLONI, 2007). Em relação às misturas de</p><p>tanque mais utilizadas atualmente na pré-emergência, a fitotoxidade acontece com mais</p><p>Luís Antônio Siqueira de Azeyedo</p><p>111</p><p>_.,..~- - --</p><p>112</p><p>Misturas de Tanque de Produtos Fitossanitários: Teoria e Prática</p><p>frequência na mistura de clomazone (1,6 - 1,8 L/ha) + diuron 500 (1,6 - 1,8 L/ha) ou diuron</p><p>800 (1,0 - 1,125 kg/ha). Os problemas de ficotoxidade acentuam-se nos talhões sujeitos a</p><p>alagamento, nos remontes de barra, locais de elevada precipitação, e quando à aplicação é</p><p>feita 24 horas após o plantio com solo úmido (FOLONI, 2007). Em relação aos herbicidas</p><p>aplicados em jato dirigido, os principais problemas de ficotoxidade acontecem nas misturas</p><p>de Atrazina 500 (2,0 - 2,5 kg/ha) + Flumioxazim (0,030 - 0,035 kg/ha) ou Aurora (0,030</p><p>- 0,035 kg/ha) + óleo mineral (0,5 L/ha). A ficotoxidade é mais frequente principalmente se</p><p>tiver ventos fortes, bicos altos na barra. Normalmente, causa queda das folhas produtivas.</p><p>As misturas de herbicidas aplicados em pós-emergência que têm causado ficotoxidade são:</p><p>Staple (0,20 - 0,30 L/ha) + óleo mineral (0,4 L/ha); Evoke (0,008 - 0,0010 kg/ha) + óleo</p><p>mineral (0,5 L/ha). A fitotoxidade dessas misturas é frequente, porém de baixa intensidade,</p><p>e as plantas recuperam-se num curto período de tempo, devido a coincidir com as primeiras</p><p>adubações nitrogenadas (FOLONI, 2007).</p><p>8. Conclusões</p><p>Os herbicidas são os produtos fitossanitários mais utilizados na agricultura quando</p><p>comparados com outras classes de produtos, tais como: inseticidas e fungicidas. Em torno</p><p>de 80% dos herbicidas recomendados no controle de plantas daninhas, nas mais diversas</p><p>culturas de importância econômica, são aplicados em mistura de tanque. Esse número,</p><p>somado a outras razões de ordem técnica e agronômica reforçam cada vez mais a importância</p><p>da utilização das misturas de tanque de herbicidas. Os diversos trabalhos relatados neste</p><p>capítulo confirmam a praticidade e a eficácia de campo das misturas de herbicidas. No</p><p>entanto, são necessários cada vez mais cuidados e atenção na recomendação das misturas de</p><p>tanque com estes produtos. Os riscos de fitotoxidade e a perda de seletividade dos herbicidas,</p><p>quando aplicados em mistura de tanque aumenta consideravelmente nas culturas, tais</p><p>como: algodão, soja e milho. Por isso, devem-se seguir rigorosamnte as recomendações da</p><p>pesquisa, do fabricante e da assitência técnica. E, por último, não se pode esquecer de um</p><p>aspecto muito importante no manejo de plantas daninhas nas culturas que ocupam grandes</p><p>extensões: a necessidade da utilização da mistura de tanque corno ferramenta estratégica</p><p>no manejo da resistência de plantas daninhas a herbicidas. Cada vez mais, será necessária a</p><p>utilização dessa prática nas operações de campo envolvendo produtos ficossanitários.</p><p>Luís Antônio Siqueira de Azevedo</p><p>Misturas de Tanque de Produtos Fitossanitários: Teoria e Prática</p><p>REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS</p><p>ALMEIDA, S. F.; RODRIGUES, B. N. Guia do herbicida: contribuição para o uso</p><p>adequado e plantio direto e convencional. Londrina-PR: IAPAR, 1985. 482 p.</p><p>APPLEBY, A. P.; SOMABHI, M. Antagonistic effect of atrazine and simazine on glyphosate</p><p>activity. Weed Science, Champaign, v. 26, nº 2, p. 135-139, 1978.</p><p>AZEVEDO, L. A. S. Proteção integrada de plantas com fungicidas. 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Inceraction of glifosaro with chlorimuron, famosafen,</p><p>imazetaphyr, and sulfenrrazone. Weed Science, Champaign, v. 46, n. 6, p. 652-660,</p><p>1998.</p><p>STEPHENSON,</p><p>foliar ............................................... 146</p><p>3. A utilização de quelatos na fertilização com micronutrientes .................................. 147</p><p>3.1 A importância dos quelacos de micronutrientes .. ................ .. ......... .................. 147</p><p>3.2 Principais tipos de quelacos ..................................... ........................................ 147</p><p>3.3 Principais vantagens da utilização de nutrientes quelatizados ........................... 150</p><p>4. Interações físico-químicas entre nutrientes e produtos fitossanitários ...................... 150</p><p>5. Principais problemas em misturas de tanque de adubos foliares e produtos</p><p>fitossanitários ......................................................................................................... 152</p><p>5.1 Preparo de caldas complexas para pulverização ............ .................................... 154</p><p>6. Mistura de tanque de adubos foliares com produtos fitossanitários ..... .................. .. 156</p><p>6.1 Misturas de fungicidas e adubos foliares visando ao controle de doenças ......... 156</p><p>6.2 Misturas de fungicidas e adubos foliares visando ao controle de doenças do</p><p>cafeeiro ........ .... ..... .. ... ........ .... ... ... ........ .......... .... .... ..... .. ... .... ........ ...... ............. ... .. ... 158</p><p>6.3 Misturas de adubos foliares e inseticidas .......................................................... 159</p><p>6.4 Misturas de adubos foliares e herbicidas .............................. .......... .................. 160</p><p>7. Conclusões ..... ..................................... ............................... ........................ ..... ....... 160</p><p>Referências Bibliográficas .................... ........................................................................... 163</p><p>Capítulo 9 - Legislação regulatória brasileira e misturas de tanque ........... 165</p><p>1. Introdução ........................................ .......... ........................................................... 165</p><p>2. Por que a agricultura precisa da mistura de tanque? ............................ ...... .. ............ 165</p><p>3. Situação das misturas de tanque em outros países agrícolas ...... .................. ............. 166</p><p>3 .1 Mistura de tanque na Austrália .... ...................................... .................. ............ 166</p><p>3.2 Misturas de tanque no Canadá ....................................... .. .... ...... .... ................. 167</p><p>3.3 Misturas de tanque na Inglaterra ....... ......................... ............. .. ...................... 167</p><p>3.4 Mistura de tanque nos Estados Unidos ...... ...................................................... 168</p><p>3.5 Situação da mistura de tanque no Brasil. .................................................... ..... 168</p><p>4. Legislação brasileira sobre misturas de tanque ................................................... ...... 169</p><p>4.1 Situação atual da mistura de tanque no Brasil .. ............................. ............ ...... 169</p><p>5. Uso de misturas de tanque de agrotóxicos e avaliação da exposição .......... ............... 170</p><p>6. Análise técnico-funcional da mistura de tanque no Brasil ............................. ........ .. 171</p><p>6.1 Ações da comunidade científica para a regulamentação da mistura</p><p>de tanque ............................................................................................................... 171</p><p>7. Conclusóes ........................................................... ....... ................... ................... ..... 173</p><p>Referências Bibliográficas ....................... ........................................................................ 175</p><p>Capítulo 10 - Tecnologia de aplicafáO para misturas de tanque ................. 177</p><p>1. Introdução ..... ... .............................. ............... ... ..................................................... 177</p><p>2. Importância da tecnologia de aplicação para as misturas de tanque ......................... 177</p><p>3. Qualidade de aplicação de produtos fitossanitários para a mistura de tanque .......... 179</p><p>3.1 A pulverização - o fator limitante para a eficácia das misturas de tanque ......... 179</p><p>3.2 O processo de aplicação de uma mistura de tanque ......................................... 180</p><p>4. Qualidade da tecnologia de aplicação de misturas de inseticidas e fungicidas .......... 183</p><p>4.1 Momento de aplicação (timing) ................................................ ....................... 184</p><p>4.2 Cobertura do alvo biológico .... ........................................................................ 184</p><p>4.2.1 A Importância da densidade e do diâmetro de gotas ............................. 185</p><p>4.2.1.1 Diâmetro das gotas (Qualidade da cobertura) .......................... 187</p><p>4.2.1.2 Volume de calda, densidade das gotas e cobertura dos alvos ... .. 188</p><p>4.2.1.3 Amostragem e observação de gotas .......................................... 192</p><p>4.3 Uso da dosagem correta ................................................................................. . 193</p><p>4.4 Segurança das aplicações .......................................................... ............. ... ....... 194</p><p>) . Influência das condições ambiente no momento das aplicações .............................. 194</p><p>5.1 Temperatura e umidade relativa do ar ............................................................. 194</p><p>5.2 Influência do vento ............................. ............................................................ 196</p><p>6. Tecnologia de aplicação de misturas de tanque e o uso de adjuvantes ...................... 196</p><p>- Conclusões ................................ ... ............... ............. .............. ................................ 198</p><p>R .. ferências Bibliográficas ............................................................................................... 201</p><p>Palavra Final ............................................................................................... 205</p><p>Misturas de Tanque de Produtos Fitossanitários: Teoria e Prática</p><p>1</p><p>A PROTEÇÃO DE PLANTAS,A MISTURA</p><p>DE TANQUE E A SUSTENTABILIDADE</p><p>AGRÍCOLA</p><p>1. Introdução</p><p>Desde os primórdios da agricultura, a produtividade das plantas cultivadas tem</p><p>sido reduzida por pragas, doenças e pela competição com plantas invasoras. A partir daí, os</p><p>agricultores vêm buscando meios e estratégias de diminuir perdas e produzir culturas mais</p><p>sadias e produtos com melhor qualidade para a comercialização. D e modo geral, quanto</p><p>mais intensivo for o sistema de produção, maiores serão os riscos de perdas, pela ação dos</p><p>diversos organismos competidores. Isto porque, por mais que se procure tratar os sistemas</p><p>agrícolas como ecológicos, eles são, por natureza, altamente instáveis. O Agroecossistema</p><p>é relativamente frágil, constituído de muitos indivíduos, porém de poucas espécies. Essa</p><p>característica o faz muito tênue e suscetível ao desequilíbrio, mas indispensável para</p><p>alimentar uma população mundial de oito bilhões de pessoas.</p><p>O questionamento do modelo de produção agrícola, adotado nas mais diversas</p><p>regiões mundiais produtoras de alimentos, não é novo, e há algumas décadas questiona-se</p><p>o mesmo.</p><p>Nos últimos 20-30 anos, a discussão em torno de um sistema de produção para</p><p>a agricultura, em que a visão sistêmica seja privilegiada, vem aumentando, e algumas</p><p>experiências de sucesso têm sido alcançadas com sustentabilidade para o setor. A moderna</p><p>proteção de plantas deve ser implementada e estimulada, tendo como base os sistemas de</p><p>produção integrada para a agricultura. Nesse tipo de modelo, a ênfase é dada ao sistema</p><p>como um todo, em vez das disciplinas isoladas, sempre buscando a sustentabilidade e a</p><p>lucratividade do setor. O sistema de produção integrada é complexo e abrangente, cabendo</p><p>ao mesmo definir as principais variáveis e interações entre os componentes das práticas</p><p>agronômicas que podem ser utilizadas e exploradas para permitir o uso mais eficiente</p><p>G. R.; FERRIS, I. G.; HOLLAND, R. T.; NORDBERG, M. Glossary</p><p>of rerms to pesricides (IUPAC Recommendations, 2006). Pure and applied</p><p>chemistry, v. 78, n. 11, p. 2.075-2.154. 2006.</p><p>QUEIROZ, A. A.; MARTINS, J. A. S.; CUNHA, J. P. A. R. Adjuvantes e qualidade da</p><p>água na aplicação de agrotóxicos. Biosci. j. Uberlândia-MG,: v. 24, nº 4, p. 8-19,</p><p>Oct./Dec. 2008.</p><p>Luís Antônio Siqueira de Azevedo</p><p>Misturas de Tanque de Produtos Fitossanitários: Teoria e Prática</p><p>THOMAS, W. E. et al. Glufosinate does not affect floral morphology and pollen viability</p><p>in flufosinato-resiscant coccon. Weed Technol., v. 18, n. 2, p. 258-262, 2004.</p><p>TROXLER, S. C. et al. Clomazone, famosafen, and bromoximi systems for bromoximi</p><p>resistant cocton (Gossypium hirsutum). Weed Technol., v. 16, n. 4, p. 838-844, 2002.</p><p>VALENT E, T. O .; CAVAZZANA, M. A. Efeito residual de chlorimuron-echyl aplicado</p><p>em mistura com glifosato na dessecaçáo de plantas daninhas. Revista Brasileira de</p><p>Herbicidas, v. 1, p. 173-178, 2000.</p><p>VARGAS, L. Manejo de plantas daninhas antes e depois da semeadura do trigo.</p><p>Disponível em: Acesso em: 15</p><p>abr. 2010.</p><p>VARGAS, L.; SILVA, A. A.; BOREM, A.; FERREIRA, F. A.; SEDIYAMA, T. Resistência</p><p>de plantas daninhas a herbicidas. Viçosa-MG,: Jard Produções Gráficas Leda.</p><p>1999, 131 p.</p><p>VIDAL, R. A.; FLECK, N. G. Absorção e translocaçáo de defensivos agrícolas.</p><p>ln: BORGES, L. D. Tecnologia de aplicação de defensivos agrícolas.</p><p>Passo Fundo-RS: Planeio Direto Eventos, 2007. p. 57-70.</p><p>VIDRINE, R. P.; GRIFFIN, J. L.; BLOUIN, D. C . Evaluation of reduced rates of</p><p>glyphosate and chlorímuron ín glyphosate resistam soybean ( Glycine max). Weed</p><p>Technology, v. 16; 731-736. 2002.</p><p>ZHOU, Q; LIU, W.; ZHANG, Y.; LIU, K. K. Accions mechanisms of acetolacte sunchase</p><p>inhibiting herbicides. Pesticide Biochemistry and Physicology. v. 89. p 89-96,</p><p>2007.</p><p>Luís Antônio Siqueira de Azevedo</p><p>117</p><p>Misturas de Tanque de Produtos Fitossanitários: Teoria e Prática</p><p>7</p><p>MISTURA DE TANQUE DE :FUN GICIDAS</p><p>1. Introdução</p><p>As doenças de plantas reduzem a produção e diminuem a qualidade dos</p><p>produtos agrícolas, exigindo cada vez mais programas químicos estratégicos de</p><p>controle ou tratamentos fitossanicários práticos e eficazes. Quando esses tratamentos</p><p>não são aplicados corretamente, a produção agrícola pode sofrer perdas e danos que</p><p>variam desde porcentagens insignificantes até perda total, dependendo do potencial</p><p>de virulência dos patógenos envolvidos, do ambiente e da resistência apresentada pela</p><p>cultura. Pode-se ainda acrescentar a influência do ser humano, que tem sido grande</p><p>no manejo tecnológico de culturas que ocupam grandes áreas e que demandam a</p><p>observação de detalhes na hora da escolha do programa de pulverização dos produtos.</p><p>Os fungicidas podem acuar tanto sobre a folha (ação protetora) como dentro</p><p>da folha (ação sistêmica). Por isso, é importante entender como o fungicida atua de</p><p>forma a escolher o adjuvante correto em uma mistura de tanque, como vai reagi r com</p><p>o ingrediente ativo, para melhorar a deposição e a retenção na superfície das folhas</p><p>ou facilitar a entrada no tecido foliar. Os adjuvantes podem também desempenhar</p><p>um papel importante na cobertura adequada de esporos e micélio de fungos, e na</p><p>penetração. Vários fungos patogênicos são distintamente hidrofóbicos. Como</p><p>resultados, adjuvantes podem interagir com o fungicida, com o fungo e com a planta</p><p>hospedeira. Eles podem oferecer melhor cobertura do tecido vegetal (espalhantes),</p><p>aumentar a retenção de depósitos de pulverização (adesivos) e facilitar a penetração no</p><p>tecido de fungicidas sistêmicos (penetrantes foliares) (AZEVEDO, 2011).</p><p>Os fungicidas são considerados fatores de produção importantes na cadeia</p><p>produtiva de alimentos. Porém, não devem, em hipótese alguma, ser considerados</p><p>como a única alternativa para o controle de doenças de plantas. Muitas vezes são.</p><p>erroneamente, denominados e classificados como aumentadores da produção. :\.pesar</p><p>de todos os esforços da área de melhoramento genético e da biotecnologia na obtenção</p><p>Luís Antônio Siqueira de . .\zeYedo</p><p>119</p><p>120</p><p>Misturas de Tanque de Produtos Fitossanitários: Teoria e Prática</p><p>de cultivares resistentes às doenças mais destrutivas, muitas culturas, como as de alho.</p><p>amendoim, arroz, banana, batata, café, cebola, cenoura, cevada, citros, feijão, mamão, maçã..</p><p>morango, pêssego, soja, tomate, trigo e uva, ainda não podem abrir mão da proteção química com</p><p>fungicidas. Pois só produzem econômica e estavelmente se forem adequadamente pulverizadas</p><p>com fungicidas (AZEVEDO, 2007).</p><p>2. Classificação moderna dos fungicidas</p><p>Um fungicida, num sentindo amplo, pode ser definido como um composto</p><p>químico que mata ou inibe o crescimento do fungo, muito embora compostos que</p><p>inibem o crescimento fúngico sem matar, sejam denominados de fungistáticos. O s</p><p>fungicidas podem ser classificados de d iversas formas, de acordo com: seus usos mais</p><p>correntes, princípios de controle envolvidos ou, mais simplificadamente, pelos grupos</p><p>químicos aos quais genericamente pertencem.</p><p>Baseando-se no princípio em que se fundamenta sua aplicação, os fungicidas</p><p>podem ser classificados em apenas três classes: protetores de contato ou residuais,</p><p>erradicantes e curativos.</p><p>Esta classificação está baseada principalmente no modo de ação desses</p><p>produtos. A classificação comentada acima é válida, porém antiga. Está baseada no</p><p>modo de ação dos produtos, no timing de aplicação relativo à infecção, absorção,</p><p>translocação e mobilidade dentro dos tecidos da planta.</p><p>Tendo em vista os usos mais correntes e os princípios de controle envolvidos,</p><p>os fungicidas podem ser classificados de forma mais abrangente em: protetores</p><p>convencionais de folhagem, erradicantes para o tratamento de partes aéreas,</p><p>erradicantes para o tratamento do solo, residuais e/ou de contato para o tratamento</p><p>de sementes, residuais e/ou de contato para o tratamento pós-colheita e sistêmicos</p><p>curativos (REIS; FORCELINI, 1994; KIMATI, 1997; GHINI; KIMATI, 2000;</p><p>REIS et al. , 2010).</p><p>Será que com o avanço da pesquisa e o desenvolvimento de novas moléculas</p><p>para a proteção de plantas, não podemos ter outros produtos com diferentes modos</p><p>de ação? Por exemplo: Fungicidas penetrantes com apenas ação de profundidade, sem</p><p>translocação; fungicidas com características de fungicidas protetores, de fungicidas</p><p>penetrantes e de fungicidas sistêmicos, com uma ação totalmente nova - a ação</p><p>mesostêmica. Dessa forma, a classificação anteriormente proposta ficaria assim:</p><p>fungicidas protetores (de ação de contato e de ação erradicante); fungicidas penetrantes</p><p>(de ação de profundidade); fungicidas Mesostêmicos (de ação mesostêmica), e os</p><p>fungicidas Sistêmicos (de ação sistemica) (Tabela 1).</p><p>Luís Antônio Siqueira de Azevedo</p><p>Mis turas de Tanque de Produ tos Fitossanitários: Teoria e Prática</p><p>Tabela 1. Classificação moderna dos fungicidas.</p><p>Protetores</p><p>Protetores</p><p>Penetrantes</p><p>Mesostêmicos</p><p>Sistêmicos</p><p>Fonte: (AZEVEDO, 2007).</p><p>Superfície</p><p>Profundidade</p><p>Profundidade</p><p>Sistêmica</p><p>EFEITO</p><p>Contato</p><p>Erradicante</p><p>Erridicante</p><p>Erradicante</p><p>Erradicante</p><p>A seguir, são apresentados os conceitos de fungicidas protetores de contato,</p><p>fungicidas protetores erradicantes, fungicidas sistêmicos, fungicidas penetrantes e</p><p>fungicidas rnesostêmicos.</p><p>2.1 Fungicidas protetores de contato</p><p>São efetivos em sua totalidade somente se aplicados antes da ocorrência da</p><p>penetração do pacógeno nos tecidos do hospedeiro. Esses produtos, quando aplicados</p><p>às plantas, garantem proteção somente· contra as infecções no local da aplicação. São</p><p>denominados também de protetores de superfície ou residuais, mais modernamente,</p><p>fungicidas convencionais, não sistêmicos e de pouca mobilidade. São aqueles fungicidas</p><p>que, urna vez aplicados nos órgãos aéreos das plantas, formam uma barreira tóxica</p><p>protetora, devido à formação de</p><p>depósitos na superfície foliar. Dessa forma, quando os</p><p>esporos são depositados nos tecidos suscetíveis e germinam, o ingrediente ativo entra em</p><p>contato com o tubo germinativo, e através de inúmeros mecanismos bioquímicos, causa</p><p>a morte do protoplasma (KIMATI, 1997; AZEVED O, 2003; NOVO et al., 2001). Os</p><p>fungicidas protetores agem evitando ou diminuindo a taxa de penetração do patógeno nos</p><p>tecidos do hospedeiro.</p><p>A proteção das partes suscetíveis das plantas com fungicidas só é efetiva quando</p><p>a pulverização permite a deposição de um fungicida de contato em locais ou locais de</p><p>penetração do patógeno (AZEVEDO, 2003). O nível de controle, quando se emprega</p><p>este tipo de fungicida, entre outros fatores, depende: da eficácia do fungicida utilizado, da</p><p>fungicoxidade do princípio ativo; do intervalo de aplicação; do número de aplicações; da</p><p>época de aplicação, e da eficiência do equipamento de aplicação.</p><p>O fungicida protetor deve ser fungitóxico e ter grande estabilidade, mesmo sob</p><p>condições adversas de clima, não ser ficotóxico nem provocar desiquilíbrio biológico. Os</p><p>fungicidas protetores devem ser insolúveis em água ou ter solubilidade lenta. Isco, para que</p><p>o seu princípio ativo seja liberado lemamente, conferindo assim maior período de proceçáo</p><p>à planta. Mesmo entre os fungicidas protetores, existem diferenças de solubilidade.</p><p>Luís Antônio Siqueira de AzeYedo</p><p>121</p><p>122</p><p>Misturas de Tanque de Produtos Fitossanitários: Teoria e Prática</p><p>Os fungicidas pertencentes a este grupo, normalmente, exigem aplicações periódicas</p><p>e cobertura total dos órgãos susceríveis. São lavados pela água da chuva, sofrem hidrólise,</p><p>fotólise e reagem com a atmosfera. Soma-se a isto que, devido ao crescimento vegetal (Figura</p><p>1), surgem áreas desprotegidas; por isso, são aplicados, dependendo da cultura e das condições</p><p>climáticas, em intervalos de 3 a 7 dias. Esta, sem dúvida, é a grande limitação dos fungicidas</p><p>protetores, isto porque outra limitação dos protetores, sua ficotoxidade, tem sido diminuída,</p><p>uma vez que os compostos mais modernos são menos ficotóxicos e raramente causam injúrias</p><p>às plantas. Uma vez ocorrida a penetração do patógeno na planta, esses produtos não têm</p><p>mais condições de impedir a colonização dos tecidos pelo fungo.</p><p>Figura 1. Crescimento de uma planta e a brocação nova não atingida pelo fungicida protetor.</p><p>2.2 Fungicidas protetores erradicantes</p><p>Certos fungicidas protetores atuam também diretamente sobre o patógeno, eliminando-o</p><p>da superfície das partes da planta, sendo denominados erradicantes. Calda Sulfocálcica, Enxofres</p><p>Pós Molháveis e GRDA, Dinocap, Dodine são bons exemplos destes fungicidas.</p><p>Os produtos deste grupo, pelo menos teoricamente, "curam" uma infecção</p><p>estabelecida no local de aplicação. São aqueles fungicidas que, ao entrarem em contato com</p><p>a parede celular dos esporos, causam sua morte (BRAGA, 1993). Quando aplicados sobre</p><p>as plantas, têm por objetivo destruir o inóculo na superfície antes que ocorra a germinação</p><p>do propágulo. São erradicantes porque eliminam o patógeno na fonte de inóculo, mesmo</p><p>aqueles que estão em estado de dormência. Os fungicidas erradicantes devem também ser</p><p>solúveis em água para remover as estruturas do patógeno das partes da planta.</p><p>Um produto químico com ação erradicante pode ser também eficiente no</p><p>tratamento de sementes, do solo, bem como no tratamento de inverno das plantas de clima</p><p>Luís Antônio Siqueira de Azevedo</p><p>Misturas de Tanque de Produtos Fitossanitários: Teoria e Prática</p><p>temperado, na fase de repouso vegetativo. Os fungicidas protetores não podem, de maneira</p><p>alguma, penetrar por meio da cutícula do vegetal, porque vão causar fitotoxidade.</p><p>2.3 Fungicidas sistêmicos</p><p>Os fungicidas sistêmicos apresentam mobilidade na superfície foliar e na planta</p><p>(HEWITT, 1998; AZEVEDO, 2007). Atuam prevenindo o desenvolvimento da doença em</p><p>regiões da planta distante do local de aplicação. Para ser considerado sistêmico, o fungicida</p><p>deve apresentar princípio ativo translocável na planta, capaz de inibir a infecção do patógeno</p><p>distante do local em que foi aplicado. São aqueles que são capazes de paralisar ou diminuir</p><p>o desenvolvimento do processo da doença já iniciado, permicindo a recuperação da planta.</p><p>São aqueles fungicidas que penetram nas folhas, caules e sementes e/ou são</p><p>absorvidos pelas raízes, sendo posteriormente cranslocados pelo sistema vascular da planta</p><p>(xilema, preferencialmente, e floema) (AZEVEDO, 2007). Os fungicidas sistêmicos,</p><p>teoricamente, devem ser recomendados após a penetração do cubo germinativo ou nos</p><p>estádios de infecção seguintes, principalmente a colonização (paradigma), devido à ação</p><p>curativa, que visa a eliminar as estruturas do patógeno no interior dos tecidos da planta.</p><p>Nos estádios de surgimento de sintomas e sinais do patógeno, fungicidas sistêmicos com</p><p>ação antiesporulante deveriam ser recomendados.</p><p>Sob o ponto de vista estritamente epidemiológico, os fungicidas sistêmicos, mesmo</p><p>aqueles com propriedades curativas e erradicantes (a maioria possui pelo menos a ação</p><p>curativa), não deveriam ser recomendados curativamente, porque nas situações práticas de</p><p>controle, é extremamente difícil determinar o limiar de imensidade de doença para a qual a</p><p>"cura e a erradicação" com fungicidas sistêmicos são efetivas. Esta regra prática deveria ser</p><p>adotada principalmente para aquelas doenças que se multiplicam muito rapidamente, como</p><p>é o caso dos Míldios, Ferrugens e Oídios. De modo geral, os produtos sistêmicos não atuam</p><p>como fungicidas protetores, mas podem ser caracterizados como fungicidas erradicantes.</p><p>Entretanto, nem todo fungicida erradicante é sistêmico. Os fungicidas sistêmicos devem</p><p>apresentar alta solubilidade para que o princípio ativo seja liberado prontamente, penetrando</p><p>e cranslocando-se nos tecidos da planta.</p><p>2.4 Fungicidas penetrantes</p><p>Os fungicidas desce grupo penetram o tecido foliar e podem acuar como curativos e</p><p>erradicantes. Possuem ação translaminar ou de profundidade, mas não translocam na planta.</p><p>Um exemplo bem ilustrativo de fungicida penetrante é o cimoxanil, do grupo</p><p>químico das acetamidas. Esse fungicida, devido sua ação de profundidade, tem sido</p><p>utilizado com muito sucesso no controle erradicativo da requeima (P. infestans), nas culturas</p><p>de batata e tomate. Outro exemplo é a azoxistrobina, do grupo químico das estrobilurinas,</p><p>o fungicida mais utilizado no mundo para o controle de doenças de plantas.</p><p>Luís Antônio Siqueira de Azevedo</p><p>123</p><p>124</p><p>Misturas de Tanque de Produtos Fitossanitários: Teoria e Prática</p><p>2.5 Fungicidas mesostêmicos</p><p>Os fungicidas mesostêmicos possuem alta afinidade com a superfície foliar da planta</p><p>e são absorvidos pelas camadas de cera da cutícula. São redistribuídos na superfície da planta</p><p>pelo movimento superficial da fase de vapor e redeposiçáo. Penetram o tecido d.a planta, têm</p><p>atividade translaminar. Não são translocados dentro do sistema vascular (AZEVEDO, 2003).</p><p>3. Situação das misturas de produtos fitossanitários no Brasil</p><p>A mistura de tanque de produtos .fitossanitários, em outros países de agricultura</p><p>cecnificada, é um procedimento de rotina, que reduz o custo das aplicações, aumenta</p><p>a atividade de cercos produtos e amplia a ação do tratamento. Países como a Austrália,</p><p>Canadá, Inglaterra e EUA possuem instruções técnicas e normas regulamentadas sobre</p><p>este assunto. De forma geral, essas instruções alertam para possíveis ocorrências de</p><p>antagonismos e sinergismos entre os produtos, destacam a importância de se fazer o teste</p><p>prévio da jarra, a importância do preparo da calda (ordem de colocação dos produtos) e</p><p>a importância da seleção de bicos e filtros adequados. Outros pontos importantes nessas</p><p>instruções são: autorizam os registrantes a preparar tabelas de compatibilidade e a fornecer</p><p>instruções, verbais e por escrito, sobre misturas em tanque, podendo inclusive promover</p><p>esse procedimento (GUIMARÃES; LIMA, 2011).</p><p>Os manuais tratam também da incompatibilidade biológica</p><p>entre dois ou mais</p><p>produtos que, aplicados em misturas, poderiam provocar efeitos adversos, tais como: redução</p><p>da eficiência ou danos às culturas. Government o/Western Australia. Note: 371, 2009; Health</p><p>Canada. Pest Management Regulatory Agenry, 2009; United IGngdom Government. HSE -</p><p>Health and Safety Executive. PSD - Pesticide Safety Directorate. 18-10-2010; United States</p><p>Environmental Protection Agency- US-EPA. OPPTS 835.6400 EPA 712-C-08-023, 2008;</p><p>University of Florida. Institute of Food and Agricultura! Sciences - IFAS. Pesticide Information</p><p>O.ffice. PI-145, 2010.</p><p>A situação brasileira atual das misturas de produtos fitossanitários é bem diferente</p><p>daquelas existentes em outros países. O principal problema enfrentado por todos os</p><p>segmentos agrícolas é a falta de regulamentação oficial para a recomendação de misturas</p><p>em tanque. Existem 108 formulações de misturas prontas e registradas, envolvendo 68</p><p>diferentes combinações de ingredientes ativos, o que demonstra claramente a necessidade</p><p>de sua utilização. Seria útil se houvesse a possibilidade de utilizar as mesmas combinações</p><p>de produtos, porém, empregando-se formulações à base dos mesmos ingredientes ativos,</p><p>formulados isoladamente e aplicados em mistura em tanque.</p><p>3.1 Importância da mistura em tanque de fungicidas</p><p>É de consenso geral dentro da fitopatologia, que os fungos .fitopacogênicos são</p><p>os principais causadores de doenças de plantas no Brasil. De maneira geral, uma cultura</p><p>de importância econômica pode apresentar, em média, 10 fungos fitopatogênicos que</p><p>Luís Antônio Siqueira de Azevedo</p><p>Misturas de Tanque de Produtos Fitossanitários: Teoria e Prática</p><p>precisam de controle adequado. Outro fato importante é a ocorrência de duas ou mais</p><p>doenças de forma simultânea na cultura, no mesmo estádio fenológico. As culturas de soja,</p><p>algodão e feijão são exemplos dessa situação de campo. Isso tem dificultado a escolha de um</p><p>só fungicida para o controle das doenças. Os fungicidas representam a principal medida</p><p>de manejo para os fungos fitopatogênicos. Nessas situações que ocorrem frequentemente em</p><p>nossa agricultura, a mistura de tanque de fungicidas torna-se uma estratégia fundamental</p><p>para o produtor, principalmente em cultivos de grande extensão de terra (AZEVEDO, 2007).</p><p>Além do que foi citado anteriormente, existem outras razões de natureza</p><p>agronômica que justificam plenamente o uso da mistura de tanque de fungicidas. Dentre elas</p><p>destacam-se: é uma estratégia para reduzir a possibilidade de surgimento e prevalência de</p><p>populações resistentes de fungos a fungicidas; uma razão ambiental com menor utilização</p><p>de água, menor liberação de CO</p><p>2</p><p>e menor compactação do solo; menor exposição do</p><p>aplicador; economia de água, combustível e trabalho; liberdade de prescrição na elaboração</p><p>da receita agronômica e estímulo à pesquisa. Este último item certamente estimulará as</p><p>empresas fabricantes a pesquisa dos perfis de compatibilidade dos produtos recomendados</p><p>(MENTEN et al., 2011).</p><p>3.1.1 Fungicidas agrícolas registrados em 2012</p><p>No Brasil, o mercado de fungicidas, em 2012, atingiu cerca de 2,04 bilhões de</p><p>dólares (SINDAG, 2012). Existem 112 ingredientes ativos registrados e 399 produtos e</p><p>marcas comerciais à disposição do produtor. O número de combinações de ingredientes</p><p>ativos versus culturas registradas chega a 1.391, e o número de espécies cultivadas com</p><p>fungicidas registrados é de 95. O número de produtos comerciais por espécie cultivada</p><p>varia de um a 178. Esses números expressam a importância desse segmento de agroquímicos</p><p>na proteção de plantas e no manejo de fungos fitopatogênicos (AGROFIT, 2012). A</p><p>modalidade de uso e de emprego desses produtos está na Tabela 2.</p><p>Tabela 2. Modalidade de uso e de emprego de fungicidas no Brasil.</p><p>Aplicação Foliar</p><p>Tratamento de Sementes</p><p>Tratamento do Solo</p><p>97</p><p>45</p><p>17</p><p>69</p><p>36</p><p>3.1.2 Misturas prontas de fungicidas registradas no Brasil</p><p>As misturas prontas de fungicidas não são novas; com a descoberta, o</p><p>desenvolvimento e a evolução dos fungicidas tornaram-se uma necessidade, principalmente</p><p>devido à utilização cada vez maior dos fungicidas sistêmicos. É muito comum encontrarmos</p><p>a mistura de um ingrediente ativo com ação sistêmica, com um at:ivo de ação de contato</p><p>e protetora. Esta tendência cada vez maior do mercado de fungicidas tem suas razões na</p><p>Luís Antônio Siqueira de Azevedo</p><p>125</p><p>126</p><p>Misturas de Tanque de Produtos Fitossanitários: Teoria e Prática</p><p>década de oitenta, devido ao insucesso das formulações simples de compostos sistêmicos,</p><p>no controle de patógenos importantes tais como Phythophthora infestam e no surgimento</p><p>de inúmeros casos de resistência. São mais comuns as misturas de dois produtos, porém</p><p>já existem no mercado as misturas de três produtos, principalmente para o tratamento de</p><p>sementes (AZEVEDO, 2007). Na Tabela 3, encontra-se o número de misturas prontas</p><p>existentes no mercado de fungicidas (MENTEM et al., 2011).</p><p>Tabela 3. Número de misturas prontas existentes no mercado de fungicidas.</p><p>Misturas</p><p>Duplas</p><p>Triplas</p><p>ediente Ativo</p><p>"</p><p>69</p><p>02</p><p>Pr dqto Come.rçial ----101</p><p>02</p><p>Esta avaliação das misturas em tanque pelos órgãos reguladores cem sido um dos</p><p>encraves na regulação da prática no campo. A indústria química também não quer infligir</p><p>a lei e não coloca as recomendações técnicas das misturas em tanque nas bulas e rótulos</p><p>dos produtos. O que fazer? Regulamentar? D esregulamentar? Responsabilizar? Esclarecer</p><p>e educar?</p><p>Quais são as principais hipóteses e dúvidas a serem respondidas pelos órgãos</p><p>responsáveis pela pesquisa, desenvolvimento e regulamentação de agrotóxicos?</p><p>Existe sinergismo? Existe antagonismo? Aumenta o potencial toxicológico e do</p><p>risco de intoxicação? Aumento dos casos de fitotoxidez? Entupimento de pontas ou quebra</p><p>de equipamentos? Explosões, mutações, outros? Quais? Existe um processo e documentos</p><p>da mistura em tanque no MAPA com 331 páginas de dossiê desde 1995, tempo bastante</p><p>suficiente para que esta questão fosse resolvida.</p><p>Existe um consenso entre o meio agronômico que esta situação é indesejável por</p><p>vários aspectos. A formação de um grupo de trabalho coordenado pelo governo e envolvendo</p><p>representantes dos três órgãos federais responsáveis pela agricultura, saúde e meio ambiente,</p><p>bem como representantes da indústria e de instituições de pesquisa e ensino, seria uma ação</p><p>a ser implementada para resolver de uma vez a recomendação de misturas em tanque. Esse</p><p>grupo de trabalho poderia também discutir e propor nova lei regulatória com protocolos</p><p>padronizados para a caracterização e registro de misturas em tanque.</p><p>3.1.3 Importância da mistura em tanque no manejo de doenças</p><p>As misturas prontas de fungicidas são utilizadas em várias culturas de importância</p><p>econômica. Os exemplos mais ilustrativos e comerciais das misturas prontas de fungicidas</p><p>são na cultura da soja, algodão, milho, feijão, uva, batata e tomate. Na cultura da soja, as</p><p>misturas de triazois e estrobilurinas são maciçamente utilizadas no controle da ferrugem</p><p>asiática da soja. No algodão e no milho, também são utilizadas estas misturas, da mesma</p><p>forma como no feijão e no café. Porém, as culturas onde existe o maior número de misturas</p><p>Luís Antônio Siqueira de Azevedo</p><p>Misturas de Tanque de Produtos Fitossanitários: Teoria e Prática</p><p>prontas de fungicidas são as do tomate e da batata. O segmento de fungicidas para o</p><p>manejo de requeima pode ser dividido em segmento dos produtos de protetores de contaro,</p><p>segmento dos produtos curativos (sistêmicos) e segmento dos ativadores de plantas. Para o</p><p>manejo de Requeima, existem no mercado cerca de 15 misturas prontas para a utilização,</p><p>sendo que predominam as misturas de um fungicida protetor de contato com um fungicida</p><p>sistêmico curativo. Existem também, nesse mesmo segmento, misturas de dois ingediences</p><p>ativos sistêmicos, porém com mecanismos de ação diferentes, para evitar o surgimento de</p><p>populações resistentes (AZEVEDO, 2014). As principais misturas registradas</p><p>no Brasil</p><p>encontram-se na Tabela 4.</p><p>Tabela 4. Misturas prontas de fungicidas sistêmicos e de fungicidas protetores registradas para o</p><p>controle de requeima do tomate e da batata.</p><p>ln redienre Ativo</p><p>Metalaxil + Mancozebe</p><p>Metalaxil + Clorotalonil</p><p>Cirooxanil + Mancozebe + Zn</p><p>Propamocarbe + Clorocalonil</p><p>Famoxadone + Mancozebe</p><p>Famoxadone + Cimoxanil</p><p>Benalaxil + Mancozebe</p><p>Benalaxil + Clorotalonil</p><p>Iprovalicarbe + Propinebe</p><p>Zoxamide + Cimoxanil</p><p>Dimetomorph + Mancozebe</p><p>Dimetomorph + Clorotalonil</p><p>Piraclostrobina + Metiram</p><p>Fenamidone + Propinebe</p><p>Propamocarbe + Fluopicollide</p><p>Culturas</p><p>Batata / Cebola / Rosa / Tomate / Uva</p><p>Batata/ Cebola/ Melão / Rosa/ Tomate</p><p>Batata/ Tomate/ Uva</p><p>Batata/ Tomate</p><p>Batata/ Tomate</p><p>Batata/ Tomate</p><p>Barata/ Tomate/ Uva</p><p>Batata / Cebola / Tomate</p><p>Batata/ Tomate/ Uva</p><p>Barata /Tomate/ Uva</p><p>Batata / Tomate</p><p>Barata/ Tomate</p><p>Batata/ Tomate</p><p>Batata/ Tomate</p><p>Batata/ Tomate/ Uva</p><p>A culcura da soja representa o principal mercado de fungicidas, por isso foi escolhida</p><p>dentre tantas outras culturas de importância econômica, para ilustrar a importância e a</p><p>necessidade da mistura em tanque de fungicidas no manejo de doenças.</p><p>Os programas de controle de doenças, numa determinada cultura, devem priorizar</p><p>sempre diversos patógenos e nunca especificamente um apenas. D evem visar às principais</p><p>doenças que ocorrem naquela cultura e região, e não podem ser generalizados. Isso,</p><p>aparentemente, parece ser fácil de ser seguido como uma regra básica, mas não é. No dia</p><p>a dia do campo, no aspecto prático, encontramos alguns fatores que têm dificultado a</p><p>amplitude biológica dos programas de controle. Vários deles poderiam ser citados; porém,</p><p>Luís Antônio Siqueira de Azevedo</p><p>127</p><p>····~----</p><p>128</p><p>Misturas de Tanque de Produtos Fitossanitáríos: Teoria e Prática</p><p>dois fatores merecem uma análise mais detalhada: 1) a época de ocorrência diferente das</p><p>doenças devido ao clima e ao estádio fonológico da cultura; 2) o espectro de ação do</p><p>fungicida escolhido para o controle. Vamos dar como exemplo a cultura da soja, porque</p><p>além de ser a cultura de maior mercado de fungicidas, é onde encontramos ainda alguns</p><p>desafios em conciliar melhor época de aplicação, estádio fenológico, melhor fungicida e</p><p>melhor tecnologia de aplicação em grandes áreas (AZEVEDO, 2007).</p><p>Na Figura 2, encontra-se a ocorrência das doenças da soja, de acordo com os</p><p>estádios fenológicos.</p><p>ve Vc</p><p>Podrid. radiculares</p><p>Tombamento</p><p>Vn R 1 R2 R4</p><p>Sepcoriose</p><p>Oídio</p><p>Ferrugem</p><p>Mancha-Alvo</p><p>Antracnose</p><p>Mofo-Branco</p><p>Míldio</p><p>Oídio</p><p>DFC</p><p>Figura 2. Estádios fenológicos da culcura da soja e ocorrência de doenças</p><p>Observa-se que algumas doenças foliares ocorrem simultaneamente no mesmo</p><p>estádio fenológico.</p><p>Dessa forma, remos a ocorrência simultânea nos estádios de Rl até R4 da ferrugem,</p><p>mancha-alvo e antracnose. Para o controle da ferrugem, tem sido a melhor solução as</p><p>formulações mistas de estrobilurinas e rriazois de diferentes marcas comerciais existentes</p><p>no mercado. Para o controle da mancha alvo e da antracnose, os benzimidazois formulados</p><p>isoladamente, constituem-se ainda na melhor medida de controle. O ideal nestes casos</p><p>seria uma m isrura tripla de estrobilurina, triazol e um benzimidazol. Da mesma forma,</p><p>podemos ter outra situação de ferrugem: míldio e mofo-branco ocorrendo nos estádios</p><p>de Rl até R4. Nesse caso, a escolha do fungicida é mais difícil ainda, porque os produtos</p><p>para o controle do míldio e do mofo-branco são bastante específicos. Seria necessária uma</p><p>mistura tripla envolvendo estrobilurina, triazol, procimidona ou fiuaziam.</p><p>4. Seletividade e fitotoxidade de misturas de fungicidas</p><p>A mistura de duas formulações já é uma decisão delicada. Imaginemos uma mistura</p><p>com quatro ou cinco formulações feitas única e exclusivamente no mais puro empirismo do</p><p>campo. Além dessas misturas, adicionar ainda adjuvantes com diferentes propriedades. É</p><p>um verdadeiro caos químico, com consequências indesejáveis não só para o agricultor, mas</p><p>Luís Antônio Siqueira de A:tevedo</p><p>Misturas de Tanque de Produtos Fitossanitários: Teoria e Prática</p><p>para também todo o sistema como um todo. Poderemos ter como resultado dessas misturas:</p><p>a ficotoxidade da cultura, a ineficiência do tratamento químico, danos ao equipamento de</p><p>proteção, entupimento de bicos e retrabalho (AZEVEDO, 2003; AZEVEDO, 2007).</p><p>As operações agrícolas que envolvem pulverizações para o controle de pragas e</p><p>doenças são complexas e demandam cada vez mais planejamento. Isto envolve também</p><p>conhecimentos de detalhes até então tidos como de pouca importância agronômica. Alguns</p><p>pontos devem ser conhecidos antes da decisão de se misturar fungicidas, inseticidas, adubos</p><p>foliares e adjuvantes.</p><p>É necessário saber de antemão algumas características dos produtos, tais como:</p><p>pH na calda, decomposição química, vida útil na calda, estabilidade de armazenamento</p><p>e efeitos da luz e da temperatura sobre a mistura. São muito raras informações sobre este</p><p>lado químico dos defensivos agrícolas. Azevedo (2005) observou um efeito antagônico da</p><p>temperatura baixa sobre a mistura de Tebuconazole e Trifloxisrrobina + Lanzar (óleo), com</p><p>a formação de sedimentos que se formavam após a calda ficar em repouso de um dia para</p><p>outro. Segundo Couto (1988), diversas interações e reações ocorrem entre os princípios</p><p>ativos das diferentes formulações.</p><p>Os princípios ativos reagem quimicamente uns com os outros, provocando efeitos</p><p>aditivos, sinérgicos e antagônicos. Determinados produtos füossanicários podem causar</p><p>danos e injúrias às plantas se utilizados em períodos inadequados dos estádios vegetativos</p><p>ou em condições climáticas, como, por exemplo, temperaturas altas. O uso de dosagens</p><p>superiores às recomendadas, tanto para produtos isolados como em mistura, pode causar</p><p>também processos füocóxicos indesejáveis.</p><p>Está cada vez sendo mais comum e crescente na agricultura a utilização de fungicidas</p><p>sistêmicos cuja formulação vem acompanhada de fábrica com coadjuvantes: emulsionantes,</p><p>dissolventes, dispersantes, agentes molhantes, etc. É possível que estes coadjuvantes, por si</p><p>sós, modifiquem as condições de compatibilidade dos ingredientes ativos. Outro fato muito</p><p>comum é a frequência com que os fabricantes trocam os componentes inertes (aditivos) da</p><p>formulação, não raro causando danos às plantas com produtos que, em anos anteriores, eram</p><p>inofensivos.</p><p>Os fungicidas utilizados para a proteção de plantas podem, em alguns casos, apresentar</p><p>efeitos indesejáveis às plantas, ou seja: podem ser fitotóxicos. A reação de firoroxidade possui</p><p>efeito variável em função da classe química dos produtos, dosagens, número de aplicações,</p><p>condições ambientais, cultivares, estádio fonológico de aplicação e mistura de produtos,</p><p>quer seja com adjuvantes quer com outros fungicidas ou inseticidas (KIMATI et ai.,</p><p>1997; AZEVEDO, 2003; REIS et ai. , 2010). Às vezes, os adjuvantes podem aumentar a</p><p>ficotoxidade, por exemplo, os óleos minerais, os óleos vegetais e os óleos siliconados. Em</p><p>resumo: a fitocoxidade é a capacidade de determinados fungicidas causarem injúrias às plantas.</p><p>A ação füotóxica pode manifestar-se de diversas maneiras, sendo mais comuns os sintomas</p><p>de queda das flores e dos frutos, a queima e o retardamento do crescimento, a redução da</p><p>Ltús Antônio Siqueira de .-\.ze,·edo</p><p>---~ ·--</p><p>129</p><p>130</p><p>Mistu ras de Tanque de Produtos Fitossanitários: Teoria e Prática</p><p>fotossíntese, o enrolamento e o bronzeamento das folhas, a clorose das nervuras, a necrose dos</p><p>bordos e a morte dos órgãos.</p><p>Uma opção economicamente viável encontrada para aumentar a viscosidade do</p><p>líquido, bem como a eficiência das pulverizações, tem sido a adição de óleo vegetal às</p><p>caldas de pulverização de herbicidas, fungicidas e inseticidas. A utilização de óleo vegetal</p><p>como adjuvante tem indicação principal de espalhante adesivo, mas sua característica de</p><p>viscosidade pode alterar, também, o espectro de goras pulverizadas. As especificações</p><p>dos</p><p>bicos de pulverização são definidas em testes com água. O acréscimo de um adjuvante pode</p><p>alterar o padrão de gotas e a vazão (AZEVEDO, 2001). Vários adjuvantes, principalmente</p><p>óleos, são levemente fungitóxicos e podem interagir com fungicidas, aumentando a</p><p>solubilidade ou facilitando a penetração no tecido de modo que os sintomas de fitocoxidade</p><p>possam ser percebidos.</p><p>A fico toxidade de alguns triazois na cultura da soja, em virtude da utilização intensa</p><p>de produtos desse grupo no controle da ferrugem asiática tem ocorrido com frequência</p><p>desde o sul do País até regiões distantes no centro-oeste. Inúmeros casos de ficocoxidade de</p><p>tebuconazole em soja têm sido relatados em algumas cultivares, sendo hoje motivo de grande</p><p>preocupação para técnicos e produtores. É um fenômeno fisiológico (Figura 3) ainda pouco</p><p>entendido e estudado, que ocorre principalmente em condições bem adversas de clima e</p><p>solo, tais como estiagem, estresse hídrico, altas temperaturas, excesso de luminosidade e</p><p>baixa fertilidade do solo. Está também muito relacionado com as cultivares expostas ao</p><p>tratamento químico. Com o ressurgimento da ferrugem asiática, vários fungicidas foram</p><p>disponibilizados no mercado. Entretanto, pouco se sabe a respeito de sua seletividade em</p><p>relação ��s diferences cultivares de soja.</p><p>Figura 3. Folhas de soja da cultivar Monsoy 600l(RR) com sintomas de ficocoxidade causada por</p><p>cebuconazole 20 dias após à aplicação.</p><p>Fonte: (AZEVEDO, 2005).</p><p>Luís Antônio Siqueira de Azevedo</p><p>Misturas de Tanque de Produtos Fitossanitários: Teoria e Prática</p><p>5. Principais tipos de incompatibilidade de misturas de tanque</p><p>de fungicidas</p><p>A mistura de diferentes produtos químicos pode levar a reações entre estes. Sendo</p><p>assim, deve-se sempre avaliar se há possibilidades de compatibilidade, uma vez que as</p><p>reações entre ingredientes ativos podem levar a perdas de atividade e redução da eficiência da</p><p>aplicação. Há ao menos dois tipos de incompatibilidade que podem ocorrer na mistura em</p><p>tanque: 1) incompatibilidade física: corresponde a formação de precipitados ou grânulos.</p><p>Quando isto ocorre, pode ocasionar o entupimento dos bicos de pulverizações e .filtros e,</p><p>consequentemente, a perda na eficácia dos produtos e dificuldades durante à aplicação.;</p><p>2) incompatibilidade química: ocorre quando a mistura em tanque altera a eficiência</p><p>dos ingredientes ativos misturados, podendo gerar um efeito de elevação da fitotoxidade,</p><p>ocasionando danos à cultura e diminuindo o potencial de produtividade (AZEVEDO,</p><p>2011; AGROFFICE, 2013).</p><p>De acordo com a Agroffice (2013), as pesquisas relacionadas à mistura em tanque</p><p>são escassas em todo o Brasil. Esta agência frisa que a prática da mistura em tanque para</p><p>produtos fitossanitários não é regulamentada pelo Ministério da Agricultura, sendo que, no</p><p>Brasil, somente é permitido o uso de misturas prontas que estão disponíveis no mercado,</p><p>estando de acordo com a colocação da Lei nº 7.802/89. Sabendo que a prática da mistura</p><p>em tanque é comum, a Agroffice disponibiliza uma relação de misturas consideradas</p><p>incompatíveis. Na mistura destes produtos, os maiores riscos de incompatibilidade ocorrem</p><p>com produtos de pH alcalino, pelo risco de hidrólise alcalina, ou com produtos oleosos.</p><p>Os problemas de incompatibilidade química, física e biológia de misturas de fungicidas são</p><p>menores quando comparados à mistura de herbicidas e inseticidas. É o segmento de classe</p><p>de produtos onde existe mais pesquisa sobre a mistura de produtos e suas compatibilidades.</p><p>No entanto, existem casos de incompatibilidade comprovada no campo, conforme ilustra</p><p>a Tabela 5.</p><p>Tabela 5. Compacibilidade de diferences fungicidas sistêmicos e protetores.</p><p>Princ io Ativo</p><p>Enxofre</p><p>Captan</p><p>Cimoxanil +</p><p>Famoxadona</p><p>Clorotalonil</p><p>Clorocalonil</p><p>ModQ de Açio Nome Comercial</p><p>Enxofre elementar Contato</p><p>Dicarboximida</p><p>Acecamida +</p><p>Oxazolidinadiona</p><p>Isofcalonitrila</p><p>Isofralonicrila</p><p>Contato</p><p>Contato</p><p>Contaco</p><p>Contato</p><p>Kumulus</p><p>Orthocide 500</p><p>Equation</p><p>Bravonil</p><p>Bravonil 750</p><p>WP</p><p>Caldas oleosas</p><p>Produtos Alcalinos</p><p>Produtos Alcalinos</p><p>Óleos em Geral</p><p>Óleos em Geral</p><p>Bravonil Ulcrex Óleos em Geral</p><p>Daconil 500 Óleo Mineral</p><p>Luís Antônio Siqueira d e Azevedo</p><p>·._____ ., .</p><p>131</p><p>···.-----</p><p>132</p><p>Misturas de Tanque de Produtos Fitossanitários: Teoria e Prática</p><p>Ditianona</p><p>Enxofre</p><p>Famoxadona +</p><p>Mancozebe</p><p>Folpet</p><p>Mancozebe</p><p>Mancozebe +</p><p>Oxicloreto de</p><p>cobre</p><p>Oxicloreto de</p><p>cobre</p><p>Azoxistrobina</p><p>Fosetil</p><p>Cimoxanil +</p><p>Mancozebe</p><p>Ciproconazol</p><p>Fenarimol</p><p>Tiofanato</p><p>metílico</p><p>Quinona</p><p>Inorgânico</p><p>Oxazolidinadiona</p><p>+ Ditiocarbamato</p><p>Dica rboximida</p><p>Diciocarbamato</p><p>Ditiocarbamato +</p><p>Inorgânico</p><p>Inorgânico</p><p>Estrobirulina</p><p>Fosfonato</p><p>Acetamida +</p><p>Ditiocarbamaco</p><p>Triazol</p><p>Pirimidinil</p><p>carbinol</p><p>Benzimidazol</p><p>Luís Antônio Siqueira de Azevedo</p><p>Modo de,Açáo Nome Comercial</p><p>Contato</p><p>Contato</p><p>Contato</p><p>Contato</p><p>Contato</p><p>Contato</p><p>Contato</p><p>Sisrêmico</p><p>Sistêmico</p><p>Sistêmico</p><p>Sistêmico</p><p>Delan</p><p>Cover</p><p>Midas BR</p><p>Folpan Agricur</p><p>500WP</p><p>Mancozebe BR</p><p>Manzate WG</p><p>Persist SC</p><p>Cuprozeb</p><p>Agrinose</p><p>Cupuran 500</p><p>PM</p><p>Ramexame 850</p><p>PM</p><p>AmistarWG</p><p>Vantigo</p><p>Alliete</p><p>Curzate BR</p><p>Alto 100</p><p>Produtos alcalinos e</p><p>6leo mineral</p><p>Produtos à base de</p><p>6leo</p><p>Produtos alcalinos</p><p>Produtos alcalinos</p><p>Produtos alcalinos</p><p>Produtos alcalinos</p><p>Calda sufolcácica e</p><p>carbamatos</p><p>Calda sufolcácica e</p><p>carbamatos</p><p>TMTD, Dicloran,</p><p>carbamacos e</p><p>doropropi</p><p>Óleos em geral</p><p>Óleos em geral</p><p>Óxido cuproso,</p><p>fertilizantes foliares,</p><p>MAPe DAP</p><p>Produto de reação</p><p>alcalina</p><p>Sulfato de zinco e</p><p>Manganês</p><p>Sistêmico Rubigan 120 EC Produtos alcalinos</p><p>Sistêmico</p><p>Cercobin 120</p><p>EC</p><p>Metiltiofan</p><p>Tiofanato</p><p>Sanachen 500</p><p>se</p><p>Cúpricos e produtos</p><p>alcalinos</p><p>Produtos alcalinos</p><p>e cobre</p><p>Produtos de reação</p><p>alcalina e cúpricos</p><p>Misturas de Tanque de Produtos Fitossanitários: Teoria e Prática</p><p>Clorotalonil</p><p>+ Tiofanato</p><p>metílico</p><p>Dimetomorfe</p><p>Isofcalonirrila +</p><p>Benzimidazol</p><p>Morfolina</p><p>Fome: (AGROFFICE, 2013)</p><p>Modo de Aç;\o NQm,e 'Comercial Incom atibilidade</p><p>Sistêmico e</p><p>contato</p><p>Sistêmico e</p><p>contato</p><p>Cerconil WP</p><p>Tiofanil</p><p>Forum</p><p>Óleo mineral</p><p>Óleo mineral</p><p>Produtos alcalinos</p><p>Os fungicidas protetores, em geral, são mais fitotóxicos que os fungicidas</p><p>sistêmicos. São bem ilustrados e conhecidos os efeitos da ficotoxidade dos fungicidas</p><p>cúpricos (endurecimento das folhas, queda de flores e de frutos e menor tamanho de</p><p>folhas, flores e frutos). As culturas mais sensíveis ao cobre são as rosáceas, cucurbitáceas</p><p>e umbelíferas. As cucurbitáceas também são sensíveis ao enxofre, principalmente quando</p><p>aplicado nas épocas ou períodos do dia de alta temperatura (AZEVEDO, 2003). Outro</p><p>grupo de fungicidas protetores que apresenta uma fitocoxidade pronunciada é o do estanho.</p><p>É muito comum observarmos no campo, na cultura da batata e do feijão, folhas e folíolos</p><p>com bordos arroxeados e lesões necróticas de cor marrom.</p><p>6. Conclusões</p><p>Serão cada vez mais raros os lançamentos de novos produtos e novas formulações,</p><p>devido ao alto custo de pesquisa, do desenvolvimento e ao longo tempo necessário para</p><p>as devidas aprovações das agências regulamentadoras. Em algumas situações, aliados às</p><p>ocorrências de casos de resistência, levam ao desuso e, em muitos casos a sua retirada do</p><p>mercado, devido à redução de sua eficácia.</p><p>Nos sistemas agrícolas produtivos, é destacada a importância de se usar a diversidade</p><p>de controle, que passa, invariavelmente, pelo uso de ingredientes ativos com diferentes</p><p>mecanismos de ação, como principal estratratégia de manejar a resistência, especialmente</p><p>de fungos patogênicos a fungicidas.</p><p>O uso da estratégia de misturas em tanque de fungicidas para o controle de</p><p>doenças é umas das ferramentas mais eficientes disponíveis para o uso imediato pela cadeia</p><p>produtiva. Esta é uma prática de uso corrente e regulamentada em vários países, menos</p><p>no Brasil. A falta de regulamentação sobre o uso destas misturas em tanque restringe a</p><p>pesquisa,</p><p>as recomendações técnicas e o uso correto e seguro desces insumos no campo. É</p><p>de conhecimento público que existe o uso de misturas em tanque pelos produtores, sem</p><p>o devido acompanhamento técnico, uma vez que esta prática não pode ser legalmente</p><p>recomendada pelos detentores do conhecimento do uso correco e seguro desces produtos.</p><p>Materiais técnicos, treinamentos e publicações de modo geral não podem recomendar ou</p><p>preconizar o uso de produtos .fitossanitários em misturas em tanque, restringindo também</p><p>a emissão de um receituário agronômico adequado, visco que o engenheiro agrônomo não</p><p>utiliza todo o seu conhecimento técnico.</p><p>Luís Antônio Siqueira de Azevedo</p><p>____ .,-....</p><p>133</p><p>Misturas de Tanque de Produtos Fitossanitários: Teoria e Prática</p><p>REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS</p><p>ANDREI. Compêndio de defensivos agrícolas. São Paulo-SP,: Organização Andrei</p><p>Editora Ltda. (Ed.) (2009).</p><p>AGROFIT - Sistemas de Agrotóxicos Fitossanitários. Ministério da Agricultura</p><p>Pecuária e Abastecimento. Disponível em: . Acesso em: 27 mar. 2012.</p><p>AZEVEDO, L. A. S. Proteção integrada de plantas com fungicidas. Campinas-SP,:</p><p>Emopi Gráfica Editora Ltda. 2001. 230 p.</p><p>AZEVEDO, L. A. S. Fungicidas protetores: fundamentos para o uso racional.</p><p>Campinas-SP,: Emopi Gráfica Editora Ltda. 2003. 346 p.</p><p>AZEVEDO, L. A. S. Fungicidas Sistêmicos. Teoria e prática. Campinas-SP,: Emopi</p><p>Gráfica Editora Ltda. 2007. 346 p.</p><p>AZEVEDO, L. A. S. Adjuvantes agrícolas para a proteção de plantas. Rio de</p><p>Janeiro-RJ,: IMOS Gráfica Editora Leda. 2011, 236 p.</p><p>CLARKE E.O.; DELANEY, J. S. Physical and molecular properties of agrochemicals:</p><p>Bioavailability Guidelines from an analysis of screen inputs, hits, leads and products.</p><p>10th IUPAC International congress on rhe chemiscry of crop prorection, Base!,</p><p>Switzerland. 2002.</p><p>CLARIANT. Product Range Crop Protection. 24p.2010.</p><p>Healrh Canada. Pest Management Regulatory Agency: Use of unlabeled tank mixes</p><p>of commercial class pest control products used for crop production or vegetation</p><p>management. 2009. 24 p.</p><p>HEWIT, H. G. Fungicides in crop protection. Cambridge: CAB Internacional, 1998.</p><p>221 p.</p><p>KISSMAN, K. G. Adjuvantes para caldas de produtos fitossanitários. BASF, 1997. 24p.</p><p>Government of Western Australia. Department of Agriculture and Food. Fannnote</p><p>Guidelines for tankmixing. 2009. Note: 37.</p><p>GREEN, J. M. Using adjuvam physicodermical properties to improve berbicide</p><p>performance. Proc. Third Int. Weed Science Congress, Brasil. 2000.</p><p>GREEN, J. M . Factors rhat influence adjuvant performance. ln: RUITER, H. de</p><p>(Ed.), Proceedings of the Sixth International Symposium on Adjuvants for</p><p>Agrochemicals, Amscerdam, The Netherlands, 2001. p. 179-190.</p><p>Luís Antônio Siqueira de Azevedo</p><p>~</p><p>135</p><p>136</p><p>Misturas de Tanque de Produtos Fitossanitários: Teoria e Prática</p><p>GUIMARÃES, G. L.; LIMA, L. F. Situação da mistura de defensivos agrícolas no</p><p>Brasil. II SIMPÓSIO DE RESISTÊNCIA A PRODUTOS FITOSSANITÁRIOS.</p><p>"Interação de Produtos Fitossanitários: Sustentabilidade da Agricultura", GELQ,</p><p>ESALQ/USP - Piracicaba-SP, 2011.</p><p>LIMA, A. F. Receituário agronômico: pragas e praguicidas: prescrição técnica. 2. ed.</p><p>Seropédica-RJ,: Ed. da UFRRJ, 2006. 508 p.</p><p>LYR, H. Modern selective fungicides: propercies, applications, mechanisrns of action.</p><p>Edr. Guscav Fischer Verlag, Jena. 1995. 595 p.</p><p>MATARAZO, F. J. Pesticides & Adjuvanrs. Overview of rhe market, legislation</p><p>and challenges related to ilegal use. Crop World South América, 2010. (Oral</p><p>presentation).</p><p>MAPA. (2002) Legislação federal de agrot6xicos e afins. Brasília-DF: Ministério da</p><p>Agricultura, Departamento de Defesa e Inspeção Vegetal, 2002. 184 p.</p><p>MCCURRY, D. J. Analysis of rhe active compunde in agricultura! fungicide formulation</p><p>by liquid chromarography. Agilent Technologies. Inc. 2010. 4 p.</p><p>MENTEN, J. O.; FURLAN, S.; DE GASPAR!, I.; MOREIRA, H. Mistura em tanque</p><p>de fungicidas. Eficiência agronômica e manejo de resistência. II SIMPÓSIO DE</p><p>RESISTÊNCIA A PRODUTOS FITOSSANITÁRIOS. "Interação de Produtos</p><p>Fitossanitários: Sustentabilidade da Agricultura" GELQ, ESALQ/USP, Piracicaba</p><p>SP, 2011.</p><p>ODDS, F. C.; BROWN, A. J. P.; GROW, N. A. R. Antifungical agents: mechanisms of</p><p>action. Trends Microbiol. 2003, 11, p. 272-279.</p><p>REIS, E; FORCELINI, C. A. (1994) Manual de fungicidas: Guia para o controle de</p><p>doenças de plantas. Passo Fundo-RS,: Gráfica e Editora Pe. Berthier. 1994. 111 p.</p><p>REIS, E.; REIS, A. C.; CARMONA, M. Manual de fungicidas: Guia para o controle de</p><p>doenças de plantas. Passo Fundo-RS,: UPF Editora. 2011. 226 p.</p><p>RUSSEL, P. E. A century of fungicide evolution. Jornal Agric. Science. 2005. 143,</p><p>p. 11-25.</p><p>TINGLE, C. Spray Additives: Considerations in product development and commercial</p><p>viability. Techinal Information, Syngenta Crop Protection, Greensboro, 2010. NC</p><p>27419. 8p.</p><p>United Kingdom Government. HSE - Health and Safety Executive. PSD- Pesticide</p><p>Safety Directorate Insecticide Mixtures: Justificacion for use and implications for</p><p>resistance management in the United Kingdom. Efficacy Guideline 607 v 2.0.2010.</p><p>Luís Antônio Siqueira de Azevedo</p><p>Misturas de Tanque de Produtos Fitossanitários: Teoria e Prática</p><p>United Kingdom Government. HSE - Health and Safety Executive. PSD- Pescicide</p><p>Safety Directorate The Applicant Guide: Tank-mixes. 18.10.2010.</p><p>United States Environmental Protection Agency - US-EPA. Combination and Tank</p><p>Mixes Field Dissipation. OPPTS 835.6400 EPA 712-C-08-023, 2008.</p><p>University of Florida. Institute of Food and Agriculrural Sciences-IFAS. Pesticide</p><p>Information Office Pesticide lnteractions. PI-145 Revised. 2010</p><p>VOSS, G.; RAMOS, G. Chemistry of Crop Protection, Wiley-VHC, Weinhein,</p><p>Germany. 2003, 495 p.</p><p>Luís Antônio Sique::-a de .-\zen:>do</p><p>137</p><p>Misturas de Tanque de Produtos Fitossanitários: Teoria e Prática</p><p>8</p><p>MISTURA DE TANQUE PARA ADUBOS</p><p>FOLIARES E PRODUTOS FITOSSANIT ÁRIOS</p><p>1. Introdução</p><p>A prática da adubação foliar vem desenvolvendo-se intensamente nos últimos anos,</p><p>como rotina, em várias culturas de interesse econômico. O uso de micronutrientes via foliar</p><p>tem aumentado continuamente em função do maior conhecimento dos macronucrientes e</p><p>micronutrientes presentes no solo e se estão disponíveis para a planta ou não, assim como</p><p>do aumento nos procedimentos de diagnóstico das culturas e suas cultivares.</p><p>A utilização de produtos füossanitários em mistura de tanque é uma prauca</p><p>relativamente comum entre muitos produtores agrícolas, que pulverizam suas lavouras</p><p>para combater doenças, insetos ou plantas daninhas. É comum também a adição</p><p>de micronutrientes à calda, visando a suprir possíveis deficiências nutricionais. Esse</p><p>procedimento encontra-se atualmente em análise pela legislação brasileira, visto que, por</p><p>intermédio da Instrução Normativa SDA, nº 46, de 24 de julho de 2002, foi determinado</p><p>que as empresas titulares de registros de agrotóxicos retirassem as indicações de misturas</p><p>em tanque dos rótulos e bulas de seus agrotóxicos, com o intuito de avaliá-la sob aspectos</p><p>de agricultura, de saúde pública e de meio ambiente (MAPA, 2002).</p><p>Apesar de conhecida sua proibição, a mistura de produtos fitossanitários em tanque</p><p>de pulverização tem sido relatada como vantajosa em comparação a aplicações efetuadas</p><p>com um único produto químico, em razão, principalmente, da redução do número de</p><p>pulverizações na lavoura obtido pelo aumento do espectro de ação e, consequentemente,</p><p>pela redução dos custos de produção. Quando se acrescentam adubos foliares, essa</p><p>vantagem aumenta, porque muitas culturas como a soja, o milho, o café são dependentes</p><p>de adubações realizadas com micronutrientes na parte aérea (MAPA, 2002).</p><p>Entretanto, reclamações de técnicos e produtores de que os cratamenros não</p><p>apresentam o resultado esperado sobre o organismo-alvo na lavoura são muito comuns e.</p><p>na maioria das vezes, esse problema está relacionado a um fator na mistura de produtos</p><p>Luís Antônio Siquei:-a de _-\zen?do</p><p>139</p><p>.. . ........</p><p>140</p><p>Misturas de Tanque de Produtos Fitossanitários: Teoria e Prática</p><p>na calda de pulverização: a incompatibilidade de produtos ficossanitários. Isso se agrava</p><p>quando os adubos foliares e os adjuvantes são adicionados. Essas misturas podem resultar na</p><p>ocorrência de interações aditivas, sinérgicas e antagônicas, podendo prejudicar a eficiência</p><p>de controle (RAMOS; ARAÚJO, 2006).</p><p>2. A importância da adubação foliar</p><p>Os fertilizantes foliares podem corrigir deficiências, aumentar colheitas fracas ou</p><p>danificadas, aumentar a velocidade de crescimento e aumentar a qualidade de crescimento,</p><p>o que é o objetivo principal no uso de fertilizantes. Os fertilizantes foliares usados</p><p>juntamente com fertilizantes sólidos podem ser usados para corrigir rapidamente a balança</p><p>de nutrientes e aumentar a captação das raízes.</p><p>Corno a parte aérea das plantas também possui a capacidade de absorver água e</p><p>nutrientes, diversos escudos têm contribuído para que a prática da adubação foliar possa ser</p><p>mais intensivamente pesquisada. Áreas que vêm sendo continuamente cultivadas, corno, por</p><p>exemplo, com plantas perenes, têm carência de nutrientes e muitas vezes não são corrigidas</p><p>com adubações no solo. Nestes casos, a adubação foliar proporciona melhores resultados. As</p><p>pulverizações foliares com micronutrientes também têm sido satisfatórias com urna única</p><p>aplicação foliar. Para a adubação foliar, podem ser usados os adubos líquidos, que são sais</p><p>minerais solúveis, e os adubos sólidos em solução (MOCELLIN, 2004; PAULETTI, 2012).</p><p>Anteriormente, as aplicacóes só se faziam com micronutrientes quando estes</p><p>faltavam no solo. Entretanto, atualmente, os rnacronutrientes também passaram a ser</p><p>empregados com resultados satisfátorios. Mas isto não quer dizer que as adubacões foliares</p><p>substituem as adubações feitas no solo. Elas suplementam e complementam a adubação do</p><p>solo. Muitas experiências demonstram que a adubação de solo é mais lenta, e a adubação</p><p>foliar, ao contrário, é mais rápida. Os produtos comumente utilizados nas adubações</p><p>foliares podem ser adubos simples ou misturas de diversos compostos e podem fornecer</p><p>tanto macro corno micronutrientes. Os mais comuns são - ureia, nitrato de amônio, MAP,</p><p>DAP, superfosfato, ácido fosfórico, cloreto, sulfato e nitrato de potássio e sulfatos de diversos</p><p>micronutrientes. A absorção dos nutrientes através da adubação foliar é feita em condições</p><p>diversas de pH, como é o caso do fósforo, em que o pH mais indicado está em corno de 3,0,</p><p>já que, para o potássio, o pH mais adequado está ao redor de 7,0. Em geral, os nutrientes</p><p>aplicados às folhas são absorvidos com muita rapidez, como também são translocados para</p><p>todas as partes do vegetal. Mas, apesar desses conhecimentos, aqueles relativos às vias de</p><p>entrada de substâncias nas folhas e seu respectivo mecanismo de absorção são conceicos</p><p>ainda muito discutidos (MOCELLIN, 2004; PAULETTI, 2012).</p><p>2.1 Fatores que influenciam na absorção de nutrientes nas plantas</p><p>São classificados em quatro grandes grupos: fatores inerentes às folhas, aos</p><p>nutrientes, à solução dos nutrientes e aos externos. Um enfoque mais detalhado será dado</p><p>aos fatores que influenciam diretamente na mistura de tanque, na compatibilidade e na</p><p>Luís Antônio Siqueira de Azevedo</p><p>Misturas de Tanque de Produtos Fitossanitários: Teoria e Prática</p><p>estabildade dos componentes da calda. Os fatores inerentes à solução pulverizada são os</p><p>mais importantes. Nesse grupo, destacam-se a solubilidade dos nutrientes, a concemração</p><p>e a composição das soluções, e a presença de surfactantes utilizados na mistura de ranque</p><p>(Figura 1).</p><p>1 - FATORES INERENTES À FOLHA</p><p>A - Estrutura da folha</p><p>B - Composição qímica da cutícula</p><p>C - Idade da folha</p><p>2-FATORESINERENTESAO</p><p>NUTRIENTE</p><p>A - Mobilidade nas folhas</p><p>B - Interações entre nutrientes</p><p>3 - FATORES INERENTES ÀS</p><p>SOLUÇÕES PULVERIZADAS</p><p>A - Solubilidade dos nutrientes</p><p>B - Concentração das soluções</p><p>C - A composição das soluções</p><p>D - Surfactantes</p><p>Figura 1. Fatores que afetam a absorção foliar de micronutrientes fluidos.</p><p>Fonte: (AZEVEDO, 2014).</p><p>2.1.1 Fatores inerentes às folhas</p><p>Entre os fatores inerentes às folhas, podem citar-se a estrutura da folha, sua</p><p>composição química e sua idade (Figura 2). Diversos caracteres estruturais beneficiam a</p><p>absorção foliar. Por exemplo, cutículas delgadas, grande quantidade de estômatos (órgão</p><p>epidérmico formado por partes permeáveis deste tecido e que permite trocas gasosas entre</p><p>o vegetal e o meio externo), paredes das células do tecido de transfusão da bainha dos</p><p>feixes de nervuras. Quanto à composição química da folha, pode-se observar que as ceras</p><p>ricas em compostos triterpenoides (hidrocarbonetos não saturados encontrados nas resinas</p><p>e nos óleos essenciais) são hidrorrepelentes. Já as ricas em ésteres possuem mais afinidade</p><p>com a água, melhorando a mobilidade da cutícula e, consequentemente, facilita a entrada</p><p>dos íons. A riqueza em cêras pode bloquear a entrada dos estômatos, porque dificulta a</p><p>penetração dos nutrientes em solução aquosa. A quantidade de água existente na folha é</p><p>Luís Antônio Siqueira de Azevedo</p><p>141</p><p>142</p><p>Misturas de Tanque de Produtos Filossanilários: Teoria e Prática</p><p>outro fator que influi na absorção foliar, visto que as cutículas com mais água são mais</p><p>permeáveis e, às vezes, até impermeáveis à água quando desidratadas. Por isso, quando uma</p><p>planta se encontra no estado de murchamento, a absorção foliar é reduzida violentamente</p><p>(HENRIQUE, 2005; PAULETTI, 2014).</p><p>Figura 2. Características morfológicas da cutícula de uma folha de café e o depósito de</p><p>micronutrientes.</p><p>Fonte: (AZEVEDO, 2014).</p><p>Outro fator importante que deve ser levado em consideração é a idade da planta.</p><p>Isto porque as folhas novas absorvem mais que as adultas e as mais velhas, com poucas</p><p>exceções, como é o caso da absorção de potássio pelas folhas da videira e as folhas de</p><p>milho (que, quando novas não têm cutícula). Portanto, de forma geral, as folhas novas em</p><p>crescimento são as que mais consomem nutrientes, beneficiando sua translocação quando</p><p>aplicados à cutícula. Mas se à aplicação for de substâncias lipoides, então as folhas mais</p><p>velhas tendem a absorvê-las melhor (HENRIQUE, 2005; PAULETTI, 2014).</p><p>2.1.2 Fatores inerentes aos nutrientes</p><p>Os íons são classificados em: móveis (Rb, Na, K, P, Cl, S), parcialmente móveis</p><p>(Zn, Cu, Mn, Fe, Mo) e imóveis (Ca, Sr, Ba, Mg) (Tabela 1). Os íons móveis são aqueles</p><p>que são rapidamente absorvidos, além de se translocarem para outras áreas da folha e daí</p><p>para outras partes do vegetal, envolvendo-se assim com os compostos do metabolismo. A</p><p>velocidade de absorção foliar de nutrientes é variável de nutriente para nutriente. A ureia é</p><p>um dos nutrientes minerais que a folha absorve mais rápida e intensamente, chegando a ser</p><p>até 20 vezes mais rápida que os outros. Outros fatores inerentes aos nutrientes referem-se</p><p>Luís Antônio Siqueira de Azevedo</p><p>Misturas de Tanque de Produtos Fitossanitários: Teoria e Prática</p><p>ao diâmetro iônico e à hidratabilidade dos íons; a velocidade de difusão dos íons aumenta,</p><p>quando diminui seu raio iônico, e vice-versa. Por isso, os íons maiores difundem-se com</p><p>maior velocidade. Os íons hidratados são mais lentos para se difundirem que os não</p><p>hidratados de mesmo diâmetro. Isto ocorre porque a água que é adsorvida na superfície</p><p>dos íons, forma uma capa relativamente espessa de água imobilizada ao redor desses íons,</p><p>de acordo com seu potencial de hidratação, fazendo aumentar dessa forma o diâmetro do</p><p>conjunto. Por isso, os íons maiores difundem-se com menor velocidade e menos rapidamente</p><p>que os não hidratados, de mesmo diâmetro. Mas quando se trata de velocidade de difusão</p><p>dos sais dissociados, verifica-se que depende da velocidade dos íons de maior diâmetro</p><p>que se incorporam na composição desses sais. Isto ocorre devido à atração eletroquímica</p><p>entre os íons que compõem o sal dissociado. O íon de menor diâmetro carrega o íon de</p><p>maior</p><p>diâmetro, fazendo com que aumente sua velocidade, e o íon de maior diâmetro</p><p>retém o de menor, diminuindo a sua velocidade. Todos estes fatores inerentes aos nutrientes</p><p>terão uma importância muito grande na mistura de tanque com produtos fi.cossanitários,</p><p>pois irão influenciar não somente nas reações químicas, como também em sua velocidade</p><p>(HENRIQUE, 2005; PAULETTI, 2012). Em uma mistura de tanque, é muito difícil</p><p>prever-se rodas as reações que irão ocorrer entre os nutrientes e os produtos firossanitários</p><p>(AZEVEDO, 2014).</p><p>Tabela 1. Mobilidade de nutrientes nas plantas .</p><p>..----------,,------~--,r----------,,.. ... --\.\,\.\'\"'-:,\\"'"'""''""</p><p>Alta nte móvel Môvd Parcialmente móvel Imóvel ..._....,..,...... ...... _,w.,_.. _ _..""'----- ,.......,.....:.:.>.</p><p>muito baixa, isto é, ar muito seco, provoca a evaporação, elevando a concentração da</p><p>solução na superfície da folha. Isto faz com que o tempo de contato da solução com a</p><p>folha provoque o acúmulo dos resíduos dos solutos na superfície foliar (HENRIQUE,</p><p>2005; PAULETTI, 2012).</p><p>2.2 Modos e época da aplicação da adubação foliar</p><p>A época de aplicação foliar ideal é quando a planta demonstra necessida de</p><p>nutrientes, isto é, quando a deficiência se manifesta. Essas épocas encontram-se em</p><p>geral pouco antes do florescimento e o início do florescimento nas culturas anuais e</p><p>no período do crescimento dos frutos . Nas culturas perenes, o melhor período é o da</p><p>vegetação intensa, enquanto os frutos se desenvolvem. Entretanto, essas não são regras</p><p>gerais, pois há exceções, como no caso de adubação foliar de muda de viveiro ou logo</p><p>depois do transplante. As aspersóes foliares devem ser feitas com muito zelo para evitar</p><p>injúrias e para que sejam muito bem aproveitadas pelas plantas. Devem ser evitadas</p><p>as aspersóes grosseiras que formam gotículas grandes, para não haver escorrimento da</p><p>solução, desperdiçando nutrientes e promovendo a lavagem que retira os nutrientes</p><p>das folhas. Portanto, as pulverizações devem ser uniformes, em pequenas gocículas, e</p><p>de acordo com cada recomendação, etc. (HENRIQUE, 2005) .</p><p>Luis Antôrtio Siqueira de Azevedo</p><p>Misturas de Tanque de Produtos Fitossanitários: Teoria e Prática</p><p>3. A utilização de quelatos na fertilização com micronutrientes</p><p>A agricultura está cada vez mais exigente na adoção de tecnologias para a obtenção</p><p>de altos rendimentos e, com certeza, à aplicação de micronutrientes quelatizados é parte deste</p><p>sistema. Para prevenir o aparecimento ou corrigir as deficiências, tem-se frequentemente</p><p>que recorrer ao emprego de micronutrientes na adubação. Uma pergunta que se faz no</p><p>campo com frequência é: por que há necessidade de quelatização em fertilizantes foliares?</p><p>As respostas são inúmeras, e as principais razões são: tornar as formulações estáveis</p><p>(eliminação da reatividade dos nutrientes metálicos em solução); garantir que o ferti lizante</p><p>foliar não interfira na compatibilidade de mistura de tanque e na eficiência de defensivos,</p><p>mesmo em baixas vazões; facilitar a entrada dos nutrientes na cutícula e paredes celulares</p><p>por meio da eliminação da carga elétrica positiva (reatividade); a quelatizaçáo proporciona</p><p>uma maior absorção dos nutrientes e consequentemente, possibilidade de se trabalhar com</p><p>menores quantidades de nutrientes em relação a sais convencionais, além de não provocar</p><p>danos de corrosão em equipamentos de pulverização.</p><p>3.1 A importância dos quelatos de micronutrientes</p><p>Um nutriente é considerado absorvido quando está dentro da célula. A absorção</p><p>foliar compreende uma fase passiva (penetração cuticular) e uma fase ativa (absorção celular).</p><p>Para que se obtenham bons resultados, geralmente, o nutriente precisa ser translocado para</p><p>locais de maior demanda dentro da planta (ROSOLEM, 1992). Normalmente, o transporte</p><p>dos macronutrientes como N, P e K é muito mais intenso que o dos micronutrientes. Desta</p><p>forma, o transporte dos micronutrientes caciônicos geralmente é melhor quando estão em</p><p>formas quelatizadas (ROSOLEM, 1992).</p><p>A palavra quelato é de origem grega que significa garra, proteção. Na agricultura,</p><p>pode ser definida como uma garra que envolve e protege os nutrientes contra as reações</p><p>químicas que ocorrem na água de pulverização, nas folhas, nos ramos das plantas e no solo.</p><p>Na forma quelatizada, os nutrientes permanecem em forma solúvel por longo</p><p>tempo, sendo melhor absorvido pelas folhas, pelos ramos e pelas raízes. É pela proteção</p><p>que o quelato exerce sobre os nutrientes e, pela maior eficiência na absorção pelas plantas,</p><p>que pequenas quantidades de nutrientes são necessárias para a manutenção e correção de</p><p>deficiências nutricionais (SILVA, 2007).</p><p>3.2 Principais tipos de quelatos</p><p>Os principais tipos de quelatos existentes podem ser divididos em três grupos: 1)</p><p>quelatizantes ácidos, que são ácidos orgânicos (ácido cítrico, ácido fenólico, ácido málico,</p><p>ácido glutâmico e ácido glucônico); 2) quelatizantes aminados (NTA, DTPA, EDTA e</p><p>EDDHA); 3) Outros quelatizantes (sulfonatos de lignina (lignossulfato), açúcares e melaço,</p><p>polivanoides modificados e ésteres de acrilossilicatos de sódio).</p><p>Luís Antônio Siqueira de Azevedo</p><p>147</p><p>~</p><p>148</p><p>Misturas de Tanque de Produtos Fitossanitários: Teoria e Prática</p><p>Os principais quelacos utilizados na agricultura são: EDTA; EDDHA; DTPA</p><p>e lignosulfonato natural. Na Figura 3, encontram-se as estruturas químicas de isômeros</p><p>geométricos racêmicos, meso e posicional do íon ferro quelatizado com EDDHA</p><p>(LUCENA, 2009).</p><p>Fe-rac o, oEDDHA Fe-meso o, oEDDHA</p><p>Figura 3. Estrutura química de isômeros geométricos racémico, meso do Fe-o, oEDDHA</p><p>e posicional Fe-o, pEDDHA. Nora-se a proteção do íon férrico central, rodeado de 6 grupos</p><p>doadores no o, oEDDHA e cinco no o, pEDDHA.</p><p>Os quelatos são classificados quanto à sua eficiência, conforme a capacidade de</p><p>quelatizar um determinado nutriente. Desta maneira, alguns quelacos são eficientes para</p><p>quelatizar determinados nutrientes e fracos para outros. Sendo muito importante que</p><p>um quelaco tenha a mesma capacidade de quelatizaçáo para todos os nutrientes. Neste</p><p>aspecto, o EDTA, quelato sintético, apresenta variada capacidade de quelatização, sendo</p><p>estável e eficiente em um amplo espectro de pH de calda, desde ácido até mais elevado. Por</p><p>isso, é uma excelente forma de se utilizar os micronutrientes em aplicações foliares, pois</p><p>apresenta força de ligação de tal sorte que garanta a segurança na aplicação e também, que</p><p>a planta consiga utilizar o nutriente, sendo recomendado por vários pesquisadores em solos</p><p>e nutrição de plantas. Dos complexos orgânicos, o lignosulfonaco, é o mais utilizado, sendo</p><p>de origem dos ácidos fenólicos, apresenta menor força de complexação do que um ligante</p><p>polidencado (quelaco sintético), é estável em uma menor variação de pH de calda, sendo</p><p>eficiente em situação de PH baixo (ácido). ·</p><p>Atualmente, à aplicação de glifosato em mistura com fontes de manganês, tornou</p><p>se uma prática frequente no campo. Sendo comum a incompatibilidade de glifosato com</p><p>este micronutriente, resultando muitas vezes, em entupimento de bicos e redução da</p><p>eficiência do glifosato no controle de ervas daninhas. A Figura 4 ilustra os problemas de</p><p>compatibilidade que podem ocorrer dentro do tanque.</p><p>Luís Antônio Siqueira de Azevedo</p><p>Misturas de Tanque de Produtos Fitossanitários: Teoria e Prática</p><p>7 7</p><p>Glifosato + Cloreto de Mn Glifosato + Mn EDTA (Kellus)</p><p>Figura 4. Compatibilidade de fontes de manganês com glifosato após a adição de quelato de</p><p>manganês e cloreto de manganês misturadas com o glifosato.</p><p>Conforme colocado no item 3, a quelatização significa uma absorção maior</p><p>dos nutrientes pela planta. A Figura 5 ilustra este evento da quelatização e absorção de</p><p>micronutrientes. Observa-se, que a quantidade de micronutrientes quelatizados absorvidos</p><p>e ativos é bem maior que quando não quelatizados.</p><p>Absorção Foliar de Elementos Menores</p><p>-----,f .. . I •• ,c.i ' ;zn· .</p><p>Figura 5. Absorção foliar de micronutrientes não quelatizados e quelatizados</p><p>Para as condições de agricultura tropical, o quelato EDTA tem se mostrado mais</p><p>eficiente para a adubação foliar em relação a outros quelatos sintéticos, isto porque, a maioria</p><p>dos quelatos sintéticos foi desen.volvida para condições de PH elevado, como em países da</p><p>Europa, e em condições de cultivo em hidroponia. Para a realidade de solo, clima e pH de</p><p>calda do Brasil, o EDTA é o quelato que apresenta as características mais condizentes com</p><p>a necessidade da agricultura Brasileira.</p><p>Recentes trabalhos de pesquisa, têm evidenciado a maior eficiência do quelato</p><p>EDTA aliado a aditivos fisiológicos, quando comparado a demais fontes de micronutrientes,</p><p>como sulfatos, cloretos, complexos orgânicos e óxidos microparticulados.</p><p>Luís Antônio Siqueira de Azevedo</p><p>... _.</p><p>149</p><p>150</p><p>Misturas de Tanque de Produtos Fitossanitários: Teoria e Prática</p><p>No contexto atual da agricultura, poder aliar nutnçao foliar de qualidade e</p><p>manejo de doenças cem uma importância estratégica na vida do agricultor, diminui gastos</p><p>desnecessários com fungicidas, além da economia de maquinário e mão-de-obra.</p><p>3.3 Principais vantagens da utilização de nutrientes quelatizados</p><p>Existem inúmeras vantagens para a utilização de nutrientes quelatizados, sendo</p><p>que as principais são: um fertilizante quelatizado pode ser até oito vezes mais eficientes</p><p>para o Mn, e cinco vezes mais eficientes para o Zn em relação aos sais solúveis, isro explica</p><p>porque é possível trabalhar com doses menores do nutriente quando comparado a sais</p><p>convencionais; reduzem as reações químicas que afetam a solubilidade dos nutrientes;</p><p>aumentam a estabilidade e a vida úteis dos defensivos devidas o pH baixo (lignosulfonato);</p><p>são compatíveis com a maioria dos inseticidas e fungicidas, podendo ser aplicados</p><p>conjuntamente (menor custo de aplicação); fácil aplicação, não provocando danos nos</p><p>equipamentos e nas plantas. Estas vantagens e qualidades biológicas dos nutrientes</p><p>quelatizados são de extrema utilidade prática nas misturas de tanque desses produtos com</p><p>fungicidas, inseticidas e herbicidas; diminuindo muito os problemas de compatibilidade</p><p>das misturas no campo (SILVA, 2007).</p><p>Os adubos foliares utilizados em mistura de tanque com produtos fitossanitários</p><p>são compostos principalmente por macronutrientes (nitrogênio, fósforo, potássio, enxofre,</p><p>cálcio e magnésio) e micronutrientes (boro, cobalto, cobre, ferro, manganês, molibdênio</p><p>e zinco). Estes nutrientes, têm características diferentes em termos de alcalinidade e de</p><p>acidez. Dessa forma, são considerados adubos ácidos o nitrato de amônia, a ureia, o sulfato</p><p>de amônia e o fosfato de amônio; são considerados alcalinos o nitrato de sódio, o calcário</p><p>dolomítico e o nitrato de cálcio. Os adubos neutros são o nitrocálcio, o superfosfato e o</p><p>cloreto de potássio (PAULETTI, 2014). A natureza alcalina, ácida ou neutra dos adubos</p><p>foliares tem influência direta no pH da mistura de tanque, que por sua vez cem é o principal</p><p>causador de probemas de incompatibilidade física e química das misturas de tanque.</p><p>4. Interações físico-químicas entre nutrientes e produtos</p><p>fitossanitários</p><p>Quando se pensa em misturar nutrientes com produtos fitossanitários, deve-se em</p><p>primeiro lugar saber de antemão as fontes originárias dos nutrientes. Os adubos podem ser</p><p>simples, misturas de diversos compostos ou cosntituídos por macro e micronutrientes. Os</p><p>principais macronutrientes são: ureia, nitrato de amônio, MAP/DAP, superfosfato, ácido</p><p>fosfórico, sulfato e nitrato de potássio. Os micronutrientes são constituídos principalmente</p><p>por sulfatos diversos (PAULETTI, 2012).</p><p>A Figura 6 ilustra as interações físico-químicas que podem ocorrer quando são</p><p>misturados um adubo foliar e um fungicida. Vale ressaltar que este é um tipo de mistura</p><p>muito comum nas culturas de tomate, soja, milho, algodão, batata e café. Em relação ao</p><p>Luís Antônio Siqueira de Azevedo</p><p>Misturas de Tanque de Produtos Fitossanitários: Teoria e Prática</p><p>adubo foliar, os facores que irão influenciar na compatibilidade física e química da rnisrura</p><p>é: número de nutrientes, forma química dos nutrientes, concentração dos nuuiemes e</p><p>poder acidificante/alcalinizante. Em relação ao fungicida, os fatores mais importantes são:</p><p>estrutura química, formulação, tensoativos, solubilidade e tipo de fungicida (AZEVEDO,</p><p>2014). Existem outros facores que podem também afetar a estabilidade química das misturas,</p><p>que são os próprios fons, porque possuem velocidade de reação e absorção diferentes. Dessa</p><p>forma, ternos em ordem decrescente de absorção os ânions N0-3 > Cl > SO / > H</p><p>2</p><p>P0-4 e</p><p>os cátions NH</p><p>4</p><p>> K >Na> Ma+2 > Ca+2</p><p>. O tipo de íon influencia muito a disponibilidade</p><p>do nutriente na mistura de tanque, devido às reações de sinergismo e antagonismo. Neste</p><p>caso, o antagonismo ocorre quando a presença de um íon diminui a absorção do outro, cuja</p><p>toxidez é eliminada ou diminuída. Um exemplo é o Ca</p><p>2</p><p>+ Cu</p><p>2</p><p>• Pode ocorrer também, o</p><p>fenômeno da inibição, quando a presença de um íon diminui a absorção de outro elemento.</p><p>Um exemplo é na cultura da banana e de algodão. O potássio diminui a absorção de cálcio</p><p>e magnésio. E por último, pode ocorrer o sinergismo, a presença de um íon aumenta a</p><p>absorção do outro, o fósforo aumenta a absorção do rnolibidênio, em geral (PAULETTI,</p><p>2014).</p><p>ADUBO FOLIAR</p><p>Numero de Nutrientes</p><p>Forma Química</p><p>dos nutrientes</p><p>Cone. nutrientes</p><p>Poder Acidificante /</p><p>Alcalinizante</p><p>FUNGICIDAS</p><p>Estrutura Química</p><p>Formulação</p><p>Tensoativos</p><p>Solubilidade</p><p>Tipos de Fungicida</p><p>NATUREZA QUÍMICA DOS COMPOSTOS</p><p>Figura 6. Interações físico-químicas entre a mistura de um adubo foliar e um fungicida.</p><p>Fonte: (AZEVEDO, 2014).</p><p>Os adubos foliares utilizados em mistura de tanque com produtos fitossanitários</p><p>são compostos principalmente por rnacronutrientes (nitrogênio, fósforo, potássio, enxofre,</p><p>Luís Antônio Siqueira de Azevedo</p><p>151</p><p>152</p><p>Misturas de Tanque de Produtos Fitossanitários: Teoria e Prática</p><p>cálcio e magnésio) e micronutrientes (boro, cobalto, cobre, ferro, manganês, molibdênio e</p><p>zinco). Estes nutrientes têm características diferentes em termos de alcalinidade e acidez.</p><p>Dessa forma, são considerados adubos ácidos o nitrato de amônia, a ureia, o sulfato de</p><p>amônia e o fosfato de amónio; são considerados alcalinos o nitrato de sódio, o calcário</p><p>dolomítico e o nitrato de cálcio. Os adubos neutros são o nitrocálcio, o superfosfaro e o</p><p>cloreto de potássio (PAULETTI, 2014). A natureza alcalina, ácida ou neutra dos adubos</p><p>foliares tem influência direta no pH da mistura de tanque, que, por sua vez, é o principal</p><p>causador de probemas de incompatibilidade física e química das misturas de tanque.</p><p>5. Principais problemas em misturas de tanque de adubos</p><p>foliares e produtos fitossanitários</p><p>A incompatibilidade física entre produtos de diferentes classes aplicados em mistura</p><p>pode ser uma das causas de menor eficiência do tratamento fitossanitário, a qual é usualmente</p><p>causada pelos ingredientes inertes contidos nos produtos fitossanitários (formulação dos</p><p>produtos, solventes e suas interações), resultando em formação de precipitados, separação de</p><p>fase, dentre outros, os quais inviabilizam à aplicação de modo simultâneo. As formulações</p><p>dos adubos foliares são mais simples e menos complexas quimicamente quando comparadas</p><p>com as formulações de herbicidas, inseticidas, fungicidas e adjuvantes.</p><p>A legislação federal que trata do registro e da classificação de adubos define apenas</p><p>duas classes de adubos: 1) as formulações sólidas para macronutrientes e micronutrientes; 2)</p><p>as formulações fluidas para macronutrientes e micronutrientes. A totalidade dos nutrientes</p><p>para a adubação foliar é do tipo fluida encontrada em diversas formulações do tipo solução</p><p>ou suspensão concentrada. É de se esperar que os problemas de incompatibilidade de</p><p>mistura de tanque sejam menores, devido à maior simplicidade das formulações.</p><p>As situações indesejáveis ocorrem no campo quando, sem qualquer critério</p><p>agronômico, misturam-se diferentes tipos de formulação. Nesse caso os problemas</p><p>esperados são bem maiores. Na prática, pode-se minimizá-los, desde que observadas as</p><p>seguintes orientações:</p><p>1. Mistura de concentrado emulsionável e pó molhável: normalmente, é onde</p><p>ocorrerão os maiores casos de incompatibilidade. Os adjuvantes utilizados nos</p><p>concentrados emulsionáveis são completamente diferentes dos utilizados nos pós</p><p>molháveis. Nos concentrados emulsionáveis, ainda existe a presença do solvente</p><p>orgânico. Essa diferença de adjuvantes pode provocar um desequilíbrio no balanço</p><p>final, diminuindo a qualidade da calda. Os componentes sólidos dos pós molháveis</p><p>tendem a absorver as gotas da emulsão, comprometendo a uniformidade da calda</p><p>de pulverização. Deve-se seguir esta</p><p>das</p><p>estratégias de manejo de pragas, doenças e plantas daninhas.</p><p>Luís Antônio Siqueira de Azevedo</p><p>1</p><p>2</p><p>Misturas de Tanque de Produtos Fitossanitários: Teoria e Prática</p><p>2. Crescimento populacional, produção agrícola e suprimento de</p><p>alimentos</p><p>À medida que a população humana cresce, aumenta a demanda por alimentos.</p><p>Para satisfazer à necessidade cada vez maior de alimentos, é necessário o aumento não</p><p>apenas da área cultivada, porém, principalmente, da produtividade.</p><p>A população mundial cresceu de aproximadamente 1,7 bilhão de habitantes,</p><p>quando da introdução do primeiro agroquímico, para seis bi lhóes de pessoas hoje. A</p><p>humanidade que, no início de sua história, gastou dois a três milhões de anos para atingir o</p><p>primeiro milhão de habitantes, atingiu o segundo bilhão no intervalo de 130 anos (ZUPPI,</p><p>2000). O terceiro, o quarto e o quinto bilhão foram atingidos com intervalos de 30; 15 e</p><p>12 anos, respectivamente.</p><p>No ano de 4000 a.C., a população da Terra era de 30 milhões de habitantes.</p><p>Naquela época, a população demorava 3.000 anos para duplicar (Tabela 1). Hoje, é como</p><p>uma explosão: a cada segundo, crês pessoas nascem em nosso planeta. Em outras palavras,</p><p>uma nova cidade, com uma população de 250.000 pessoas, é criada a cada dia. No ano</p><p>2000, a população da Terra era de mais ou menos 6,2 bilhões, cada qual tendo suas próprias</p><p>histórias e destinos com necessidades e exigências - incluindo aí a exigência, de faro, por</p><p>sinal - um direito de ter alimento suficiente (ZUPPI, 2000)</p><p>Tabela 1. Taxas de crescimento da população mundial.</p><p>Ano Po ulação Tocai Crescimento Anual(%) Período para Dupl icaçáo (anos)</p><p>1 Milhão a.C. Alguns milhares</p><p>8000 a.e. 8 milhões 0,0007 100.000</p><p>1 300 milhões 0,046 1.500</p><p>1750 800 milhões 0,06 1.200</p><p>1900 1.650 milhões 0,48 150</p><p>1970 3.678 milhões 1,9 36</p><p>2000 6.199 milhões 1,7 41</p><p>2050 9.000 milhões 2,0 21</p><p>Fome: (UNESCO, 2009).</p><p>2.1 Tendências e cenários da agricultura mundial</p><p>As quatro principais tendências da agricultura mundial são, por ordem de</p><p>importância: 1) crescimento da população mundial que interfere d iretamente no aumento</p><p>da demanda por energia e alimentos, e no decréscimo da renda per cápita da terra arável;</p><p>2) crescimento do consumo que impacta no aumento do consumo de alimentos e de</p><p>culturas para o suprimento e no decréscimo nos estoques de uso; 3) necessidade de energia</p><p>alternativa e de estoques que aumenta a demanda por energia renovável e biocombustíveis,</p><p>Luís Antônio Siqueira de Azevedo</p><p>Misturas de Tanque de Produtos Fitossanitários: Teoria e Prática</p><p>e 4) mudanças climáticas que podem provocar perdas na produção devido a condições</p><p>climáticas adversas, aliada a uma necessidade de diminuir a emissão de gases no planeta.</p><p>Imaginando que toda a superfície da terra tenha 50,9 bilhões de hectares, apenas 3% estão</p><p>disponíveis para a agricultura, cerca de 1,5 bilhão de hectares. É pouco para alimentar este</p><p>planeta cada vez mais faminto (Figura 1).</p><p>Figura 1. Superfície aproximada de terra disponível para agricultura.</p><p>Fonte: Ilustração de CropLife America (adaptado por BAYER CROPSCIENCE, 2010).</p><p>Existe um consenso geral entre os especialistas em agricultura de que a terra</p><p>destinada ao cultivo não pode ser mais aumentada à vontade. Em 1950, a população</p><p>mundial era de 2.529.346.000 habitantes. A área arável por pessoa era 0,2 ha. Em 2000, a</p><p>população mundial era de 6.115.367.000. A área arável por pessoa era 0,26 ha. Em 2050,</p><p>segundo as projeções da FAO, a população será de 9.149.984.000, e a área arável por pessoa</p><p>diminuirá para 0,19 ha. Isso quer dizer que a produção de alimentos será cada vez mais</p><p>intensificada em áreas aráveis cada vez menores (Figura 2).</p><p>População Mundial</p><p>área arável por pessoa</p><p>2.529.346.000 6.115.367.000</p><p>• 0.52 ha</p><p>íffl 1950</p><p>Figura 2. Projeção da população mundial e disponibilidade de terra arável por pessoa.</p><p>Fonte: (FAO, 2009).</p><p>Luís Antônio Siqueira de Azevedo</p><p>3</p><p>4</p><p>Misturas de Tanque de Produtos Fitossanitários: Teoria e Prática</p><p>A destruição das florestas tropicais, ainda existentes neste planeta, é o mesmo que</p><p>proclamar a sentença de morte da atmosfera. Cada metro quadrado de floresta é uma parte</p><p>do chamado pulmão verde e importante reserva de água. A eliminação das florestas por</p><p>queimadas, prática muico comum em algumas regiões brasileiras, também intensifica o</p><p>efeito estufa, que poderia acabar, sendo um desastre para o clima; além do que, o dióxido</p><p>de carbono liberado contribui para o aumento de temperatura da atmosfera.</p><p>Independentemente dessas questões filosófico-ambientais, há a necessidade de se</p><p>aumentar a oferta de alimentos para uma população cada vez mais crescente. Existem</p><p>várias formas de se fazer isso, que vão desde o aumento da área cultivada até a utilização</p><p>de variedades melhoradas e mais produtivas, de ciclo mais curto, tolerantes ou resistentes</p><p>à seca, temperatura, pragas e doenças, adaptadas a diferentes condições de cultivo e</p><p>ambiente. A utilização de plantas transgênicas também pode fazer parte dessa tecnologia.</p><p>Finalmente, podemos aumentar a oferta de alimenros evitando as perdas, principalmente</p><p>aquelas causadas por agentes biológicos nocivos. A proteção de plantas envolve a utilização</p><p>racional de defensivos agrícolas dentro de um sistema integrado de controle.</p><p>As perdas causadas por pragas continuam sendo o principal contraste no aumento</p><p>da produção e da produtividade de grãos alimentícios no mundo. Segundo os últimos</p><p>dados da FAO, o aumenco da produção agrícola mundial pode ser alcançado por meio</p><p>da intensificação de cultivo (14%); expansão da área cultivada (26%), e pelos fatores de</p><p>produção (60%). Nesse item estão incluídos a utilização de sementes, de fertilizantes, de</p><p>defensivos agrícolas e o uso da biotecnologia.</p><p>A agricultura no Brasil teve a taxa de aumento de produção de 4,3% por ano, nas</p><p>últimas duas décadas. O aumento da produtividade foi de 3,5%, e o da área cultivada, de</p><p>0,8%. Na Figura 3, pode-se observar o crescimento necessário na produção de grãos até</p><p>2020. Existe um déficit entre a taxa de crescimento da produção necessária e da taxa do que</p><p>vai ser possível ser produzido.</p><p>3,4</p><p>24 ------' ...... ,.--- 2 7</p><p>2,1 ----·-·----2 5 '</p><p>1,9 --~ 2 2- 2,3 '</p><p>=---•-Q-"' '</p><p>2 1,9</p><p>1995 2000 2005 2010 2015 2020</p><p>bilhões</p><p>de toneladas</p><p>Produção necessária: +2,4% ao ano</p><p>Figura 3. Produção necessária de grãos até o ano de 2020.</p><p>Evitar as perdas na agricultura tem sido o grande objetivo da proteção de plantas. A</p><p>Figura 4 mostra as perdas causadas por pragas, ervas daninha e doenças em duas situações</p><p>diferentes. Em uma, existe a proteção dos cultivos com produtos fitossanitários; em outra,</p><p>Luís Antônio Siqueira de Azevedo</p><p>Misturas de Tanque de Produtos Fitossanitários: Teoria e Prática</p><p>essa proteção não existe. Mesmo com a utilização racional de inseticidas, herbicidas e</p><p>fungicidas, ainda ocorrem perdas na produção.</p><p>? igura 4. Perdas evitadas pela proteção de culcivos com produtos fitossanitários.</p><p>:=-ome: (ANDEF, 2010).</p><p>2.2 O impacto destrutivo das pragas, plantas invasoras e doenças</p><p>de plantas nos sistemas agrícolas</p><p>O impacto destrutivo das pragas, ervas daninhas e doenças de plantas nos sistemas</p><p>àe produção agrícola está fartamente ilustrado e documentado nas literaturas nacional e</p><p>:nternacional.</p><p>O poder destrutivo de determinadas pragas, como a mosca-branca, os</p><p>i:ripes, o bicudo-do-algodão, o ácaro-da-leprose, o bicho-furão-do-citros, a traça</p><p>do-tomateiro, mosca-minadora, o bicho-mineiro, o percevejo-castanho-da-soja,</p><p>os pulgões e as cigarrinhas, em diversos cultivos, tem sido motivo de preocupação</p><p>para todos aqueles envolvidos na cadeia produtiva. Doenças de plantas, tais como a</p><p>Requeima, a Pinta-Preta (tomate e batata), a Brusone, a Mancha-de-Grãos (arroz), a</p><p>Sarna (maçã), a Ferrugem-da-Folha, a Helmintosporiose, o Oídio (cereais de inverno),</p><p>as Doenças de Final de Ciclo, o Oídio e Nematoide-do-Cisco (soja) , a Mancha</p><p>A.ngular (feijão), a Vassoura-de-Bruxa</p><p>ordem para a preparação da calda. Neste</p><p>caso, deve-se proceder da seguinte maneira: colocar o volume indicado de água no</p><p>tanque; adicionar o pó molhável; agitar durante cinco minutos; após esse período,</p><p>mantendo a agitação constante, adicionar o concentrado emulsionável.</p><p>Luís Antônio Siqueira de Azevedo</p><p>Misturas de Tanque de Produtos Fitossanitários: Teoria e Prática</p><p>2. Suspensão concentrada e concentrado emulsionável: se os ingredientes ativos</p><p>são compacíveis, nenhum problema é esperado. No entanto, deve-se adicionar</p><p>primeiro na calda a suspensão concentrada. É preciso agitar e, em seguida, colocar</p><p>o concentrado emulsionável;</p><p>3. Solução aquosa e pó molhável: se os ingredientes ativos são compatíveis,</p><p>deve ser adicionado primeiro o pó molhável. Recomenda-se agitar e, em seguida,</p><p>adicionar a solução aquosa;</p><p>4. Óleos emulsionáveis e outras formulações: adicionar na calda, em primeiro</p><p>lugar, o óleo emulsionável ou a suspensão concentrada para, depois, adicionar o</p><p>concentrado emulsionável ou a solução aquosa, mantendo a agitação constante.</p><p>As misturas de tanque com uma gama de produtos químicos, principalmente se</p><p>forem de diferences empresas, é de inteira responsabilidade de quem as recomenda</p><p>ou as manipula no campo. Por isso, é fundamental prestar atenção nos tipos de</p><p>formulações que vão fazer parte da mistura, porque elas é que vão ser responsáveis</p><p>pela ordem de colocação dos produtos no tanque de pulverização.A ordem de</p><p>colocação encontra-se na Tabela 4.</p><p>Tabela 4. Ordem de colocação de produtos de acordo com o tipo de formulação.</p><p>Produtos Específicos</p><p>Sólidos</p><p>Líquidos</p><p>Fonte: (SYNGENTA, 2014).</p><p>1- doses inferiores a 100 g de grânulos (WG)</p><p>2- sacos hidrossolúveis (WSB)</p><p>3- outros grânulos dispersíveis (WG)</p><p>4- pós molháveis (WP)</p><p>5- Adjuvantes de compatibilidade</p><p>6- suspensões concentradas (SC)</p><p>7- suspençáo-emulsões (SE)</p><p>8- emulsão óleo em água (EW)</p><p>9- concentrados para emulsão (EC)</p><p>10- soluções concentradas (SL)</p><p>11- outros adjuvantes (óleos, molhantes ... )</p><p>12- macro e micronutrientes</p><p>Em todos os casos, é indispensável que se tenha atenção a: recomendações específicas</p><p>para cada produto; verificar com os fornecedores ou fabricante a compatibilidade entre os</p><p>produtos; doses preconizadas para cada produto.</p><p>As concentrações e/ou doses indicadas nos rótulos dos produtos são o resultado de</p><p>vários anos de ensaios e escudos profundos, pelo que devem ser integralmente respeitadas.</p><p>Luís Antônio Siqueira de Azevedo</p><p>153</p><p>154</p><p>Mistw·as de Tanque de Produtos Fitossanitários: Teoria e Prática</p><p>5.1 Preparo de caldas complexas para pulverização</p><p>A técnica de aplicação de produtos fitossanitários em BVO (baixo volume de</p><p>óleo) foi desenvolvida pelo Prof. Marco Vilela, do Centro Brasileiro de Bioaeronáutica.</p><p>É utilizada em milhares de hectares de culturas importantes, como a soja, o milho e o</p><p>algodão. O sucesso e a eficácia desta técnica de aplicação dependem da ordem de adição dos</p><p>componentes da mistura. É fundamental para o sucesso da formulação final de uma calda</p><p>de pulverização a observação da ordem de adição dos componentes durante seu preparo sob</p><p>agitação intensa e contínua. As formulações desenvolvidas no Sistema BV011 baseiam-se nos</p><p>seguintes passos:</p><p>O óleo degomado vegetal é misturado com o emulsifi.cante para adquirir a</p><p>habilidade de se misturar com a água. O óleo com emulsificante é misturado com os</p><p>produtos químicos envolvendo-os e evitando a evaporação dos mesmos. Por último.</p><p>mistura-se a água até o volume desejado para a taxa de aplicação que se quer aplicar, a qua'.</p><p>depende do tipo de controle que se quer efetuar. Caso se deseje aplicar micronutrientes OI.!</p><p>nitrato de potássio, deve-se fazer a mistura dos nutrientes na água e depois adicionar os</p><p>defensivos a essa calda.</p><p>A ordem de adição dos componentes é fundamental para o sucesso da formulação.</p><p>devendo ser sempre: óleo + emulsificante +produto+ água (Figura 7) (VILELA, 2010) .</p><p>• ••• • • MM</p><p>•••••• .. ·-·•·- ,. • • • • • • li. - • • • • • • • .. • ••• • .</p><p>~ .. • ...</p><p>o + E + p +</p><p>ÕL O • ULs1, 1c • PRODUTO</p><p>Figura 7. Ordem de adição dos produtos numa preparação de BVO.</p><p>Fonte: (VILELA, 2010).</p><p>ou</p><p>Deve-se manter agitação intensa e contínua durante a mistura e durante à aplicação.</p><p>O óleo adicionado primeiramente no preparo da calda de pulverização envolverá os produtos</p><p>químicos, evitando a evaporação dos mesmos. Em alguns casos é necessária a mistura de</p><p>emulsificante (surfactante) ao óleo para que esse se solubilize. Existem produtos utilizados</p><p>como óleo que já contêm em sua formulação emulsificantes (GADANHA, 2007).</p><p>Formulações tipo concentrado emulsionável (CE) interagem facilmente corr:</p><p>óleo e auxil iam na absorção dos outros produtos mais difíceis de solubilizarem-se como</p><p>as suspensões concentradas (SC), soluções aquosas concentradas (SAC) e pós molháveis</p><p>(PM). Assim, produtos de formulação CE devem ser misturados primeiramente com óleo.</p><p>Luís Antônio Siqueira de Azevedo</p><p>Misturas de Tanque de Produtos Fitossanitários: Teoria e Prática</p><p>Os produtos mais difíceis devem ser colocados no final da mistura e, às vezes,</p><p>floculam, ou ficam em forma de grânulos suspensos na mistura, mas se dissolvem bem</p><p>na mistura final, com adição da água e a agitação provocada pela motobomba. Os</p><p>produtos devem ser adicionados separadamente e incorporaàos ao óleo pela agitação</p><p>da motobomba com cerca de um minuto de agitação cada um.</p><p>Um cuidado especial deve-se ter com os produtos de baixa dosagem (50 mL/</p><p>ha-1 ou 30 g/ha- 1) para que se dissolvam completamente na mistura e não fiquem</p><p>concentrados em algum ponto da misturadora. É raro, mas pode ocorrer a formação</p><p>de gel em. algum ponto da mistura, neste caso, deve-se reduzir a quantidade do</p><p>emulsificante, e usar água como diluente, aumentando o volume da aplicação (litros/</p><p>hectare) na mesma proporção.</p><p>Os produtos com formulação líquida podem ser adicionados diretamente no</p><p>tanque do pulverizador com a quantidade da água desejada após adição de óleo. Os</p><p>produtos em pós molháveis podem ser divididos em duas categorias principais:</p><p>• Produtos de baixa dosagem e fácil suspensão em água: dissolve-se na</p><p>proporção de 1,0 kg de produto em 0,5 a 1,0 L de água, e adiciona-se na</p><p>formulação oleosa;</p><p>• Produtos de alta dosagem e difícil suspensão em água: dissolve-se na</p><p>proporção de 1,0 kg de produto em 2,0 a 3,0 L de água, e adiciona-se na</p><p>formulação oleosa.</p><p>Caso se deseje aplicar nutrientes líquidos ou sólidos à calda de pulverização,</p><p>esses devem ser pré-dissolvidos em água e, em seguida, transferidos ao tanque do</p><p>pulverizador contendo já o óleo e o surfactante diluído em água. Posteriormente,</p><p>adicionar ao tanque do pulverizador os produtos restantes.</p><p>Antes da pré-dissolução e da adição de nutrientes à calda de pulverização</p><p>deve-se observar a existência de incompatibilidade da mistura final. Para tal, realiza</p><p>se um teste com uma garrafa transparente de 2 litros, seguindo a ordem de adição dos</p><p>produtos e suas respectivas dosagens (GADANHA, 2007; MONTEIRO, 2011).</p><p>Durante o teste de incompatibilidade, o pH da solução contendo nutrientes</p><p>deve permanecer entre 4,5 e 6,0 para que esses possam ser misturados ao defensivos</p><p>e formar a calda de pulverização final. Se necessário, fazer uso de produtos corretores</p><p>depH.</p><p>Embora as misturas não sejam regulamentadas por lei importante é bom</p><p>lembrar que as possibilidades de misturas de diversos produtos e suas várias formulações</p><p>no preparo de uma calda de pulverização são finitas. Não se sabe, ou muito pouco se</p><p>sabe, o que poderá acontecer em misturas complexas no tanque do pulverizador, tanto</p><p>às moléculas como às lavouras.</p><p>Luís Antônio Siqueira de Azevedo</p><p>- --- · '</p><p>155</p><p>Th3</p><p>~</p><p>156</p><p>Misturas de Tanque de Produtos Fitossanitários: Teoria e Prática</p><p>6. Mistura de tanque de adubos foliares com produtos</p><p>fitossanitários</p><p>Como foi afirmado no parágrafo anterior, as possibilidades de misturas de tanque</p><p>de produtos firossanitários são finitas,</p><p>(cacau), têm alcançado uma velocidade de</p><p>destruição e de ataque que causa espanto até ao mais experiente fitoparologisca. De</p><p>acordo com Azevedo (2000), se elaborássemos, hoje, uma lista com os dez pacógenos</p><p>mais destrutivos e problemáticos, com ligeiras mudanças de colocação, em função</p><p>da região agrícola, teríamos algo assim: Phytophthora infestans (barara, romace);</p><p>Pyriculararia grisea, Helminthosporium oryzae (arroz de terras altas); D rechslera tritici</p><p>repentis, Helminthosporium sativum, Puccinia recondita (cereais de inverno): H emileia</p><p>z1astatrix (café); Alternaria solani (batata, tomate); Venturia inaequalis (maçã); Septoria</p><p>glycines, Cercospora kikuchii (soja); Mycosphaerela musicola (banana); Phareoisariopsis</p><p>Luís Antônio Siqueira de Azevedo</p><p>5</p><p>6</p><p>Misturas de Tanque de Produtos Fitossanitários: Teoria~ Prática</p><p>griseola (feijão). No caso das plantas daninhas, o principal problema a ser enfrentado</p><p>é a resistência de diversas espécies ocorrentes nas mais diversas regiões agrícolas aos</p><p>herbicidas, principalmente ao glifosato.</p><p>3. Proteção de plantas, agricultura moderna e sustentabilidade</p><p>As plantas cultivadas representam a principal fonte nutricional do homem e dos</p><p>agentes infecciosos. Portanto, quanto maior for a população de uma espécie vegetal e maior</p><p>for sua área cultivada, maior será o risco de ocorrência de epidemias, quer seja de pragas e</p><p>plantas invasoras, quer de doenças de plantas. A diversidade de espécies na população de</p><p>plantas tem sido reduzida para que, em seu lugar, seja cultivada uma só espécie, muitas vezes</p><p>exótica e em grandes áreas. Este tipo de manejo, inadequado, tem contribuído para alterar</p><p>profundamente o equilíbrio ecológico existente - no que diz respeito à baixa intensidade de</p><p>pragas, plantas invasoras e doenças de plantas. Quanto maior for a área cultivada, maiores</p><p>serão a disponibilidade alimentar o potencial de inóculo dos agentes infecciosos daquela</p><p>cultura específica.</p><p>As correntes econômicas, e as pressões políticas e ambientais estão levando ao</p><p>desenvolvimento de uma nova agricultura, mais sustentável e ambientalmente benéfica,</p><p>que começa a ser reconhecida como objetivo maior da produção agrícola (Figura 5). A</p><p>necessidade de ser social, econômica e ecologicamente viável faz com que as práticas</p><p>de agricultura sustentável, relacionadas com a proteção do ambiente, não possam ser</p><p>suportadas pelas medidas seletivas para componentes específicos da produção e proteção</p><p>das culturas. Estes objetivos são alcançados mais facilmente pela exploração das táticas</p><p>do Manejo Integrado de Pragas (MIP) dentro de um Sistema de Produção Integrada</p><p>(ZUPPI, 1998; ZUPPI, 2000; JORDAM, 1999; BERGAMIM, 1998).</p><p>Proteger</p><p>o meio ambiente</p><p>e recursos naturais</p><p>Minimizar o uso</p><p>de recursos naturais</p><p>esgotáveis</p><p>e otimizar o uso</p><p>de recursos</p><p>naturais renováveis</p><p>Meio Ambiente</p><p>Proteger</p><p>a saúde e segurança</p><p>de trabalhadores rurais,</p><p>Comunidades locais</p><p>e a sociedade</p><p>Figura 5. Princípios da agricultura sustentável.</p><p>Fonte: (AZEVEDO, 2010).</p><p>Luís Antônio Siqueira de Azevedo</p><p>Contribuir</p><p>positivamente para a</p><p>qualidade de vida dos</p><p>trabalhadores rurais</p><p>e comunidades locais</p><p>Proteger a viabilidade</p><p>econômica das</p><p>Operações agrícolas</p><p>Produzir</p><p>alimentos seguros</p><p>Suficientes de alta</p><p>Qualidade</p><p>Misturas de Tanque de Produtos Fitossanitários: Teoria e Prática</p><p>Segundo Jordam (1999), os sistemas de produção convencionais e atualmente</p><p>utilizados na agricultura ainda são muito dependentes da utilização maciça de agroquímicos</p><p>sintéticos (fertilizantes e defensivos agrícolas). Enquanto eles permanecerem como uma</p><p>necessidade para manter os níveis de produção, existe o risco de que seu uso inrensivo</p><p>seja sustentavelmente desconhecido. Mais recentemente - o Manejo Integrado de Pragas</p><p>(MIP) - "O uso de todas as técnicas disponíveis de uma maneira compatível para reduzir</p><p>a população de pragas e manter os níveis abaixo daqueles causadores de danos e injurias".</p><p>(FAO) - tem sido promovido e é fortemente suportado pela Organização Internacional</p><p>para o Controle Biológico e Integrado (IOBC).</p><p>Embora o MIP tenha um óbvio apelo entomológico, o termo praga, nesse contexto,</p><p>refere-se a patógenos e ervas daninhas, e integrado refere-se ao uso harmonioso de mérndos</p><p>múltiplos e à exploração de suas interações, para o controle de uma ou mais pragas.</p><p>Adicionalmente, o MIP é um sistema de decisão de suporte para a seleção de táticas de</p><p>opções de manejo ou decisões que têm como regras os princípios ambientais, econômicos</p><p>e ecológicos. O objetivo do manejo de pragas não deve ser de se errad icar ou exterminar,</p><p>porém o de prevenir os danos das pragas.</p><p>Contudo, a implementação prática do MIP na produção de culturas alimentícias</p><p>tem tido um limitado sucesso. O M IP é ainda considerado como um sistema complicado,</p><p>necessitando de muito tempo para a implementação, quando comparado com a proteção</p><p>química das culturas.</p><p>É inquestionável o valor social, agronômico e ambiental das práticas de manejo</p><p>integrado. Porém, devido ao alto poder destrutivo de determinadas pragas agrícolas nas</p><p>regiões de produção, cem sido necessária a utilização de medidas mais rápidas e drásticas</p><p>no controle dessas pragas. A proteção de plantas com agroquímicos tem sido, nesses</p><p>casos, a regra geral (AZEVEDO, 2001; AZEVEDO, 2003). Os defensivos agrícolas são</p><p>considerados fatores de produção importantes na cadeia produtiva de alimentos. Porém,</p><p>não devem, em hipótese alguma, ser considerados como a única alternativa para o conrrole</p><p>de pragas de plantas. O controle mais eficaz, equilibrado e econômico cem sido obtido pela</p><p>utilização de todas as medidas disponíveis de controle, ou seja, a adoção das práticas de</p><p>manejo integrado de pragas (MIP) (ZUPPI, 1998; AZEVEDO, 2001). Apesar de rodos os</p><p>esforços da área de melhoramento genético e de biotecnologia na obtenção de culth·ares</p><p>resistentes para as pragas e doenças mais destrutivas, muitas culturas, como as de alho,</p><p>amendoim, arroz, banana, batata, cebola, cenoura, cevada, feijão, maçã, morango, pêssego,</p><p>soja, tomate, trigo e uva, ainda não podem abrir mão da proteção química com defensi,·os</p><p>agrícolas. Pois só produzem econômica e estavelmente se forem adequadamente protegidas</p><p>com estes compostos químicos.</p><p>Luís Antônío Siqueira de Azevedo</p><p>7</p><p>8</p><p>Misturas de Tanque de Produtos Fitossanitários: Teoria e Prática</p><p>4. A proteção de plantas e as misturas de tanque</p><p>A mistura de tanque de produtos fitossanitários, em outros países de</p><p>agricultura tecnificada, é um procedimento de rotina, que reduz o custo das</p><p>aplicações, aumenta a atividade de certos produtos e amplia a ação do tratamento.</p><p>Países como a Austrália, Canadá, Inglaterra e Estados Unidos da América possuem</p><p>instruções técnicas e normas regulamentadas sobre este assunto. De forma geral, estas</p><p>instruções alertam para possíveis ocorrências de antagonismos e sinergismos entre os</p><p>produtos, destaca a importância de se fazer o teste prévio da jarra, a importância do</p><p>preparo da calda (ordem de colocação dos produtos) e a importância da seleção de</p><p>bicos e filtros adequados. Outros pontos importantes nessas instruções são: autoriza</p><p>os registrantes a preparar tabelas de compatibilidade e a fornecer instruções, verbais e</p><p>por escrito, sobre misturas em tanque, podendo inclusive promover esse procedimento</p><p>(GUIMARÃES; LIMA, 2011) .</p><p>Os manuais tratam também da incompatibilidade biológica entre dois ou</p><p>mais produtos que, aplicados em misturas, poderiam provocar efeitos adversos, tais</p><p>como redução da eficiência ou danos às culturas. Government of Western Australia.</p><p>Note: 371, 2009; Health Canada. Pest Management Regulatory Agency, 2009; United</p><p>Kingdom Government. HSE - Health and Safety Executive. PSD- Pesticide Safety</p><p>Directorate. 18.10.2010; United States Environmental Protection Agency - US-EPA.</p><p>OPPTS 835.6400 EPA 712-C-08-023, 2008; University of Florida. Institute of Food</p><p>and Agricultura! Sciences-IFAS. Pesticide Information Office. PI-145,</p><p>2010.</p><p>A situação brasileira atual das misturas de produtos fitossanitários é bem</p><p>diferente daquelas existentes em outros países. O principal problema enfrentado por</p><p>todos os segmentos agrícolas é a falta de regulamentação oficial para a recomendação</p><p>de misturas em tanque. Existem 108 formulações de misturas prontas registradas,</p><p>envolvendo 68 diferentes combinações de ingredientes ativos, o que demonstra</p><p>claramente a necessidade de sua utilização. Seria út il se houvesse a possibilidade de</p><p>utilizar as mesmas combinações de produtos, porém empregando-se formulações à</p><p>base dos mesmos ingredientes ativos, formulados isoladamente e aplicados em mistura</p><p>em tanque.</p><p>5. Análise econômica das misturas de tanque</p><p>Além dos aspectos técnicos e operacionais que demonstram claramente a</p><p>necessidade da mistura de tanque, existe outro fator muito importante: a economia</p><p>que o produtor faz ao optar pela mistura de tanque. A prática do uso de produtos</p><p>fitossanitários tem como objetivo controlar as pragas, plantas daninhas e fungos da</p><p>lavoura, consequentemente a cultura tende a produzir mais e a ter mais qualidade</p><p>no produto final. O aumento da prática da monocultura e da extensão das áreas</p><p>Luís Antônio Siqueira de Azevedo</p><p>Misturas de Tanque de Produtos Fitossanitários: Teoria e Prática</p><p>agrícolas tem acentuado os problemas fitossanitários. Na busca de maior rendimento</p><p>operacional e menor custo aparente do controle fitossanitário, agricultores têm</p><p>ignorado normas que regulamentam esta prática. Um bom exemplo disto é a mistura</p><p>de diferentes produtos fitossanitários numa mesma aplicação, chamado de mistura em</p><p>tanque. De acordo com a Lei nº. 7.802/89, a prática da mistura em tanque é proibida</p><p>em todo o território brasileiro, porém é inquestionável que o uso dessa prática ocorre</p><p>em maior parte das propriedades agrícolas (ARRUÉ et al., 2011).</p><p>Como comentado anteriormente, a principal razão para essa prática é a economia</p><p>de operações que deverão ser realizadas para aplicar os produtos fitossanitários necessários</p><p>nas culturas. A eficiência aumenta consideravelmente, pois a quantidade de pulverizações a</p><p>serem realizadas é minimizada com esta prática (RONCHI et al., 2002).</p><p>Dentro do contexto de custos do controle fitossanitário, podem-se elencar-se</p><p>os seguintes pontos como justificativas para mistura em tanque: menor quantidade de</p><p>pulverizações na área; menor compactação do solo; maior eficiência de trabalho; menor</p><p>tempo de exposição do aplicador aos agrotóxicos; menor número de máquinas para</p><p>:-ealizarem o mesmo serviço; economia de água; controle fitossanitário em menor tempo, e</p><p>menor gasto com combustível (LEITE; UEMURA, 2014).</p><p>É indiscutível que a mistura em tanque traz vantagens econômicas em curto prazo,</p><p>porém há várias razões para esta prática não ser regulamentada em todo o território nacional,</p><p>razões estas que: ou os agricultores ignoram, ou não têm conhecimento devido à falta de</p><p>:nformação. As principais razões alegadas para a coibição desta prática têm sido o aumento</p><p>do efeito tóxico da calda (podendo aumentar os riscos de intoxicação de pessoas), a perda de</p><p>eficiência biológica do controle fitossanitário (o que ocasionaria um aumento no uso destes</p><p>?rodutos) e prejuízos causados nos equipamentos devido a incompatibilidades físicas da</p><p>:nistura. Desta maneira, com a prática da mistura em tanque, o agricultor, visando a custos</p><p>::nediatos, pode expor-se a maiores perdas a médio e longo prazos (RONCHI et al., 2002).</p><p>5.1 Análise de custo da mistura em tanque na cultura de tomate</p><p>Há uma escassez de estudos que aborda a análise de custos, associados à mistura</p><p>em tanque de produtos fitossanitários. Um dos mais recentes foi desenvolvido por Branco</p><p>2008), que será apresentado a seguir. O autor realizou um estudo sobre o custo-efetividade</p><p>cia mistura em tanque em uma lavoura de 50 hectares de tomate, onde foram analisados</p><p>s_uauo cenários diferentes, para a determinação do melhor custo-efetividade. Os cenários</p><p>1.··aliados foram: 1) aplicação de agrotóxicos com mistura em tanque; 2) aplicação de</p><p>agrotóxicos sem mistura de agrotóxicos; 3) aplicação de agrotóxicos com mistura de</p><p>?:-odmos da mesma indústria; 4) aplicação de agrotóxicos em mistura, com exceção das</p><p>:::isturas que colocam mais riscos à saúde humana.</p><p>Luís Antônio Siqueira de Azevedo</p><p>9</p><p>10</p><p>Misturas de Tanque de Produtos Fitossanitários: Teoria e Prática</p><p>Tabela 1. Custo da aplicação de agrotóxicos durante o ciclo do tomate industrial para quatro</p><p>cenários distintos.</p><p>Descrição dos Cenário 1 Cenário 2 Cenário 3 Cenárfo 4</p><p>Custos Custos (R$) Custos (R$) Custos (R$) Custos (R$)</p><p>Custo Privado</p><p>Pulverização 1.006,74 2.908,36 2.740,57 1.118,60</p><p>Agrotóxicos 52.783,00 52.783,00 52.783,00 52.783,00</p><p>Subtotal 53.789,74 55.691,36 55.523,57 53.901,60</p><p>Custo Social</p><p>Água 4, 12 12,47 11 ,75 4,42</p><p>Emissão de C0</p><p>2</p><p>18,68 53,97 50,86 20,76</p><p>Subtotal 22,80 66,44 62,61 25,18</p><p>Total 53.812,54 55.757,80 55.586,18 53.926,78</p><p>Fonte: (BRANCO, 2008).</p><p>Analisando-se a Tabela 1, onde são colocados os custos para cada cenário, há uma</p><p>grande diferença entre os custos da mistura em tanque (cenário 1) e sem mistura de tanque</p><p>(cenário 2). Comparando-se os dois cenários, pode se concluir que a mistura em tanque</p><p>acarreta um lucro de R$ 1.946,26 ha·1, o que representa uma economia de 3,49% dos</p><p>custos totais de aplicações.</p><p>A prática da mistura em tanque, de faro, possui um custo-efetividade mais baixo,</p><p>e como demonstrado na cultura do tomate, este custo pode manter-se atrativo mesmo</p><p>quando se usam critérios para a mistura de produtos.</p><p>6. Conclusões</p><p>O aumento da demanda de alimentos, de energia, do limite de cerras aráveis ,</p><p>juncamente com as mudanças climáticas que estão ocorrendo no planeta, está levando</p><p>à busca incessante por soluções inovadoras em todos os campos da cadeia produtiva. A</p><p>inovação é essencial para a agricultura, porque permite assegurar e aumentar produções</p><p>em áreas agricultáveis por meio da melhor utilização de recursos, tais como: proteção de</p><p>plantas, tecnologia da irrigação, fertilizantes e cultivares resistentes. A inovação permite,</p><p>ainda, o aumento da produção com tecnologias modernas (hibridação, biotecnologia e</p><p>nanotecnologia). A inovação faz com que haja expansão da produção agrícola em áreas</p><p>marginais, com a utilização de novas cultivares com grande tolerância à seca e a temperaturas</p><p>extremas. Por último, a inovação é uma force estratégia contra as mudanças climáticas, pois</p><p>aumenta a tolerância das plantas a essas mudanças com a introdução de novas cultivares,</p><p>utilizando a tecnologia do estado da arte, ou seja, plantas com maior vigor e com maior</p><p>absorção de nutrientes.</p><p>Luís Antônio Siqueira de Azevedo</p><p>Misturas de Tanque de Produtos Fitossanitários: Teoria e Prática</p><p>É de conhecimento público que existe o uso de misturas em tanque pelos producores,</p><p>sem o devido acompanhamento técnico, uma vez que esta prática não pode ser legalmente</p><p>:-ecomendada pelos detentores do conhecimento do uso correto e seguro destes produros.</p><p>~fareriais técnicos, treinamentos e publicações de modo geral não podem recomendar ou</p><p>?reconizar o uso de produtos ficossanitários em misturas em tanque, restringindo cambém</p><p>a emissão de um receituário agronômico adequado, visto que o engenheiro agrônomo não</p><p>:iciliza todo o seu conhecimento técnico.</p><p>Há urgência em se permitir a mistura de produtos fitossanirários em canque,</p><p>assegurando à agricultura brasileira a possibilidade de usufruir desta escrarégia de manejo</p><p>ce ficopatógenos, plantas daninhas e pragas, assim como dos benefícios decorrentes desta</p><p>::,rácica, como redução da exposição de aplicadores aos produtos, menor emissão de carbono</p><p>e economia de água e combustível, decorrentes da redução de aplicações múltiplas em</p><p>st>quência.</p><p>Luís Antônio Siqueira de Aze,·edo</p><p>11</p><p>Misturas de Tanque de Produtos Fitossanitários: Teoria e Prática</p><p>REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS</p><p>_-\GROFFICE. Incompatibilidade dos agrotóxicos. Disponível</p><p>em: Acesso em: 16</p><p>out. 2013.</p><p>ARRUÉ, A.; GUEDES, J. V. C.; BURRET, L. M.; STURMUER, G. R.; BIGOLIN, M .;</p><p>STEFANELO, L. S.; SARI, B. Influencia da mistura em tanque de inseticidas</p><p>e fungicidas na cultura da soja. Disponível em: . Acesso em: 19 ouc. 2014.</p><p>_~..LEVEDO, L. A. S. Proteção integrada de plantas com fungicidas. 1. ed. Campinas</p><p>SP,: Emopi Gráfica e Editora Leda., 2001. 230 p.</p><p>_-.ZEVEDO, L. A. S. Seletividade de fungicidas a espécies olerícolas. Fitopatologia</p><p>Brasileira, 26 (supl.): 2000 (resumo).</p><p>_-\ZEVEDO, L. A. S. Dez aulas comentadas de fitopatologia especial. Apostila, Imprensa</p><p>Universitária, UFRRJ, 2010. 105 p.</p><p>3_-\.YER. Melody. Active ingredient: Fluopycoran. Product Dossier. A new syscemic</p><p>fungicide. Monheim, Agriculture Centre, PF-Eul/Advercising. Internacional, 2010.</p><p>115 p.</p><p>3ERGAMIM, A. Fº.; AMORIM, L. Manejo integrado: Problemas conceituais para a sua</p><p>aplicação em fitopatologia. ln: ZAMBOLIM, L. (ed.). 1° Encontro sobre Manejo</p><p>Integrado de Doenças e Pragas. Viçosa-MG: UFV, 1999. 147 p.</p><p>3~--\.NCO, M. C. A análise custo-efetividade: sua aplicação como auxílio para a</p><p>definição de políticas de regulamentação do uso de agrotóxicos. Disponível em</p><p>. Acesso em: 8 out. 2014.</p><p>?_.:...O. Recommended methods for the detection and measurement of resistance of</p><p>agricultura! peses to pesticides. FAO Plant Protection Bulletin, v. 30, p. 36-7 1,</p><p>1982.</p><p>_-JRDAN, V W The role of integrated production and integrated pese management for</p><p>crop and environrnental production. ln: TERRY, P. J. (ed.) Internacional Crop</p><p>Procection: Achievements & Ambitions, BCPC SYPOSIUM PROCEDINGS nº</p><p>73, 1999. 150 p.</p><p>=..=.:TE, S. M. M.; UEMURA, F. T. Breve análise econômica da prática de mistura em</p><p>tanque. Fatec Shunji Nishimura, Pompéia-SP, 18 p.</p><p>R:\~10S, H. H.; ARAÚJO, D. Preparo de calda e sua interferência na eficácia de</p><p>agrotóxicos. Disponível em: . Acesso em: 13 out. 2014.</p><p>Luís Antônio Siqueira de AzeYedo</p><p>13</p><p>14</p><p>Misturas de Tanque de Produtos Fitossanitários: Teoria e Prática</p><p>RONCHI, C. P.; SILVA, A. A.; MIRANDA, G. V; FERREIRA, L. R.; TERRA, A.</p><p>A. Misturas de Herbicidas para controle de plantas daninhas do gênero</p><p>Commelina. Disponível em: . Acesso</p><p>em: 27 out. 2014.</p><p>ZAMBOLIM, L.; VALE, F. X. R.; COSTA, H. Controle químico de doenças de hortaliças</p><p>no contexto do manejo integrado de doenças. ln: ZAMBOLIM, L. (ed.) 2° Encontro</p><p>de Manejo Integrado de Doenças, Pragas e Ervas Daninha. v. 1, Viçosa-MG,</p><p>2000, p. 387-415.</p><p>ZUPPI, C. M. A defesa vegetal no Brasil. Módulo 1 - Informações Gerais. ABEAS/</p><p>CAPES/MEC. Brasília-DF. 1999, 64 p.</p><p>ZUPPI, C. M. A defesa vegetal no Brasil - Manejo integrado em defesa vegetal. ln:</p><p>ZAMBOLIM, L. (ed.) 2° Encontro sobre Manejo Integrado de Doenças, Pragas</p><p>e Ervas Daninha. v. 1, Viçosa-MG, 2000, p. 1-79.</p><p>Luís Antônio Siqueira de Azevedo</p><p>Misturas de Tanque de Produtos Fitossanitários: Teoria e Pratica</p><p>2</p><p>~ ,</p><p>A IMPORTANCIA DA AGUA NAS MISTURAS DE</p><p>TANQUE</p><p>1. Introdução</p><p>Um composto químico é formado pela combinação de um ou mais elementos.</p><p>-~ água, por exemplo, é composta de dois átomos de hidrogênio e um átomo de</p><p>cxigênio, de modo que sua fórmula química é H</p><p>2</p><p>O, em que o número após o símbolo</p><p>co elemento indica sua quantidade na estrutura de determinado composto. A água</p><p>e !.!m solvente universal para moléculas polarizadas e o veículo mais importante</p><p>; J.:a diluir formulações de produtos fitossanitários a serem aplicados por imersão</p><p>o ..: pulverização. A água é o veículo de aplicação que proporciona uma dispersão</p><p>-r:ais homogênea dos produtos fitossa nitários. Quando pura, é um eletrólito débil</p><p>~ .!e ioniza como H</p><p>3</p><p>0 • e OH·, mantendo-se em equilíbrio com um pH= 7,0 (neutro).</p><p>~s5a situação ocorre apenas com água destilada, pois a água normal sempre apresenta</p><p>;~ ses. líquidos ou sólidos dissolvidos, afetando o equilíbrio (AZEVEDO , 2001).</p><p>As misturas de tanque são aplicadas com herbicidas, inseticidas e fungicidas,</p><p>;:e::cio a água como veículo líquido para a pulverização das gotas. As propriedades</p><p>- .:-_.:o-químicas dessas substâncias sofrem modificações num meio aquoso e podem</p><p>- .. -=.uenciar na eficácia da mistura de tanque. As características físico-químicas da</p><p>2g~a in fluenciam de forma efetiva a compatibilidade dos produtos na mistura de</p><p>-_::.:;ue.</p><p>2. Características desejáveis da água para à aplicação de produtos</p><p>fitossanitários</p><p>2.1 Pureza</p><p>A qualidade física da água é de extrema importância, principalmente no que</p><p>Y- :-efere à quantidade de sedimentos em suspensão. Sedimentos como argila e matéria</p><p>Luís Antônio Siqueira de Aze\·edo</p><p>15</p><p>. -- - --</p><p>16</p><p>Mish1ras de Tanque de Produtos Fitossanitários: Teoria e Prática</p><p>orgânica, além de obstruírem filtros e pontas, reduzindo a capacidade operacional</p><p>dos pulverizadores, reduzem a vida útil dos equipamentos (bombas, pontas e outros</p><p>componentes do pulverizador), sendo que também podem associar-se aos produtos</p><p>químicos adicionados ao tanque, inativando-os ou reduzindo sua eficácia. Um</p><p>exemplo clássico é a inativação do glifosato pela argila presente no solo ou na solução</p><p>de aplicação. A adsorção do herbicida às partículas de argila ocorre devido à atração</p><p>entre as cargas da superfície do coloide do solo com as moléculas do herbicida. O tipo</p><p>de mineral de argila, montimorilonita ou caulinita, o conteúdo, afração de m atéria</p><p>orgânica, o pH e a capacidade de troca de cátions são fatores potenciais que afetam a</p><p>adsorçáo do herbicida (SPRANKLE; MEGGITT; PENNER, 1975).</p><p>2.2 Temperatura</p><p>As temperaturas muito baixas ou muito altas podem afetar as formulações de</p><p>produtos fitossanitários, surgindo problemas com a estabilidade das caldas. Além da</p><p>temperatura condicionada por condições climáticas, pode ocorrer um abaixamento</p><p>temporário quando se acrescenta ureia na água. Temperaturas muito baixas causam</p><p>a formação de grânulos, especialmente quando se têm formulações tipo concentrado</p><p>emulsionável. Um cuidado especial deve ser observado no preparo da calda nessas</p><p>condições, sendo aconselhável a utilização imediata da calda após o preparo, não</p><p>devendo ser mantida armazenada de um dia para o outro. São bastante conhecidos os</p><p>exemplos de formação de glumos e pasta nas aplicações de determinados triazois na</p><p>cultura do trigo, devido às temperaturas baixas que ocorrem principalmente nas zonas</p><p>tritícolas do Rio Grande do Sul.</p><p>2.3 O pH da água (concentração de íons de hidrogênio)</p><p>O pH mede a concentração de íons de hidrogênio de uma solução para</p><p>indicar a acidez ou a alcalinidade. A fórmula é pH = - log [H+]. O pH pode ser</p><p>um fator decisivo no tanque pulverizador devido à qualidade da água utilizada para</p><p>pulverização e sobre a superfície foliar. A dispersão ou a solubilização dos produtos</p><p>pode ser melhorada, a degradação evitada e a compatibilidade da mistura no tanque,</p><p>facilitada. Acredita-se que o pH ideal para pulverização para herbicidas, inseticidas</p><p>e fungicidas seja ligeiramente ácido (pH 5-7), porém existem variações de faixa de</p><p>acordo com a classe de produtos, o que cria o ambiente mais favorável para a absorção.</p><p>Na Figura 1, encontram-se dois exemplos da influência do pH na meia-vida de um</p><p>acaricida, o dicofol, e de u m herbicida pós-emergente, o chlorimuron-etil.</p><p>Luís Antônio Siqueira de Azevedo</p><p>Misturas de Tanque de Produtos Fitossanitários: Teoria e Pratica</p><p>Influência do pH na meia-vida</p><p>do Dicofol</p><p>85 dlat</p><p>pll9 pll 7 pHS pH</p><p>u,</p><p>e</p><p>Z5</p><p>Influência do pH ·na meia.vida do</p><p>Chlorinnron -Etil</p><p>: .gura 1. Efeito do pH na meia-vida do dicofol e na meia-vida do chlorimuron-etil.</p><p>O pH influencia também na solubilidade de alguns produtos firossanitários. ~a</p><p>-:-abela 1, encontram- se os</p><p>dados do efeito do pH sobre a solubilidade de nicossulfuron,</p><p>.:::! herbicida de pós-emergência. A solubilidade afeta diretamente a absorção do herbicida</p><p>?'ê:a planta.</p><p>-= "leia 1. Solubilidade de nicossulfuron em diferences pH.</p><p>S~lubilidade</p><p>360</p><p>12.200</p><p>29.200</p><p>- ::íe: (GREEN; CAHILL, 2003).</p><p>2.4 A água e as soluções</p><p>'</p><p>6,9</p><p>8,8</p><p>A água pode dissolver gases, líquidos ou sólidos. Cada componente apresenta</p><p>.:,:-.1cceríscicas próprias, mas pode haver interações, como saturação, desequilíbrio eletrolítico</p><p>.! :-eaçóes químicas. Os produtos fitossanitários podem apresentar-se, em solução, como</p><p>e ..:;~éculas íntegras ou dissociadas, na forma de íons. As dissociações são dinâmicas, até um</p><p>p.::::o de equilíbrio, que depende principalmente do pH da solução. A absorção do produto</p><p>,::,.;:-• .1 · rolhas e sua própria atividade dependem do estado das moléculas. Por isso, o pH</p><p>~ so!uçáo cem influência no grau de eficiência. Quando além do agroquímico, a solução</p><p>_ r::im outros elementos, podem ocorrer reações, alterando a estrutura molecular e,</p><p>_ :1sequenremente, a eficiência. Isso é definido como compatibilidade ou incompatibilidade</p><p>-.-m:ca (KISSIMAN, 1997).</p><p>Luís Antônio Siqueira de Aze\·edo</p><p>1;</p><p>18</p><p>Misturas de Tanque de Produtos Fitossanitários: Teoria e Prática</p><p>2.5 A água e as suspensões</p><p>O tamanho das partículas define o tipo de suspensão: 0,1 mícron ou mais =</p><p>suspensão 0,001 a 0,1 mícron = suspensão coloidal. A absorção de suspensões coloidais</p><p>pelas células vegetais depende de pressão osmótica, que é muito influenciada pelo grau de</p><p>hidratação. Emulsões podem ser consideradas como suspensões coloidais, mas a absorção</p><p>também é influenciada pelos solventes e emulsificantes da formulação. Uma suspensão</p><p>simples tende a ser de durabilidade mais curta. A estabilidade depende do tipo de</p><p>formulação e da constituição final da calda. Existem regras definindo os padrões mínimos</p><p>para as formulações comerciais.</p><p>Um pó molhável não se mantém em suspensão por mais de algumas horas.</p><p>Pós molháveis em geral não são formulados para uso em caldas concentradas. Os tipos de</p><p>formulações mais usados para caldas concentradas são o concentrado emulsionável e as</p><p>soluções concentradas.</p><p>Tabela 2 . Classificação da água quanto à dureza.</p><p>Clas'sifidlçãõ· '</p><p>Mole</p><p>Moderadamente dura</p><p>Dura</p><p>Muito dura</p><p>Fome: (KISSIMAN, 1997).</p><p>O- 60</p><p>61 - 120</p><p>121 - 180</p><p>>180</p><p>Uma suspensão concentrada (flowable) é formulada para se manter estável por</p><p>mais tempo. Preparações autodispersíveis (dry flowable) vêm em forma sólida, mas formam</p><p>suspensões concentradas relativamente estáveis na água (AZEVEDO, 2003; RHODIA,</p><p>2010).</p><p>2.6 Dureza da água</p><p>A água captada em zonas rurais quase sempre apresenta uma série de sais em</p><p>dissolução. Esses sais podem ser oriundos de constituintes naturais das rochas e do solo, ou</p><p>de corretivos e fertilizantes aplicados pelos agricultores. Vários fatores podem influenciar a</p><p>qualidade química da água. Um deles e que tem grande influência na eficácia dos produtos,</p><p>é a dureza total da água, que está relacionada com os teores de carbonatos, de sulfatos, de</p><p>cloretos e de nitratos de vários cátions (BUHLER; BURSINDE, 1983). Em solução, certo</p><p>percentual de moléculas solúveis é dissociado em íons. Esses íons livres (Al+3, Zn+2, Ca+2,</p><p>Mg+2</p><p>, H CO·3, NO·3) podem combinar-se com moléculas orgânicas (STUMM; MORGAN,</p><p>1996), como é o caso da reação dos íons de 2,4-D com Ca+2 e Mg+2 (MATYSIAK, 1992) e</p><p>da quelação desses íons pelo glifosato (STHALMAN; PHILLIPIS, 1979). Isso diminui a</p><p>Luís Antônio Siqueira de Azevedo</p><p>Misturas de Tanque de Produtos Fitossanitários: Teoria e Prática</p><p>~:1antidade de ingrediente ativo disponível que, por sua vez, diminui a eficiência biológica</p><p>.:o herbicida (BUHLER; BURSINDE, 1983), além do entupimento das pontas de</p><p>;uh-erização, devido à aglutinação e à precipitação de partículas.</p><p>Os principais causadores de dureza são os cátions Ca++ e Mg-- originados de</p><p>~bonatos, bicarbonatos, cloretos e sulfatos. A dureza da água é frequentemente confundida</p><p>: om pH e alcalinidade/acidez. A dureza da água é definida como a concentração de íons de</p><p>::alcio e magnésio, expressa em termos de carbonato de cálcio. A fórmula é definida como:</p><p>Dureza (mg/L) = 2,5 [cone. de Ca++ (mg/L)]+ 4,1 [cone. de Mg++ (mg/L)]. Foi constatado</p><p>~:1e a dureza da água pode ter um efeito significativo sobre a atividade de herbicidas, como</p><p>o glifosaco ...</p><p>A água dura (rica em Ca e Mg) também interfere na eficiência de alguns herbicidas</p><p>.::as seguintes formas: 1) muitas formulações têm surfactantes aniônicos, que contêm Na+ e</p><p>~-. e, quando o herbicida entra em contato com água dura, Na+ e K+ podem ser substituídos</p><p>~or Ca++ e Mg++, com consequente formação de compostos insolúveis; 2) herbicidas à base de</p><p>~ido ou sal dissolvidos em água dura podem dar origem a compostos insolúveis (CUNHA</p><p>=: al., 2003).</p><p>Na classificação da água quanto à dureza, calcula-se a equivalência em ppm de</p><p>~aC0 3' conforme a Tabela 3.</p><p>-:-abela 3. Classificação da dureza da água.</p><p>Classe</p><p>-\gua muito branda</p><p>.-\gua branda</p><p>.-\gua semidura</p><p>.\.gua dura</p><p>:\gua muito dura</p><p>~ome: (CONCEIÇÃO, 2003).</p><p>71,2</p><p>71,2 - 142,4</p><p>142,4 - 320,4</p><p>320,4- 534</p><p>> 534</p><p>4</p><p>4 -8</p><p>8 - 18</p><p>18-30</p><p>> 30</p><p>Em água dura, íons Ca++ e Mg++ podem combinar-se com moléculas de herbicidas,</p><p>como o glifosato, de forma que o complexo não fique mais ativo. Consequentemente, a</p><p>adição de desulfato de amônio (SAM) tornou-se popular, principalmente em áreas de água</p><p>dura.</p><p>3. Influência da água dura na qualidade da calda da mistura de</p><p>tanque</p><p>As águas duras interferem na qualidade das misturas de tanque de produtos</p><p>iiwssanitários, de duas maneiras: nas formulações e nos ingredientes ativos.</p><p>Luís Antônio Siqueira de Azevedo</p><p>19</p><p>-------</p><p>20</p><p>Misturas de Tanque de Produtos Fitossanitários: Teoria e Prática</p><p>3.1 Influência nas formulações</p><p>As especificações das formulações já consideram certo grau de dureza, conforme</p><p>as condições que podem ocorrer no País. Produtos exportados para um país onde a água</p><p>é muito dura podem encontrar problemas. Muitas formulações contêm tensoativos</p><p>aniônicos, contendo Na+ ou K+. Na presença de Ca++ ou Mg++, pode haver substituições nos</p><p>tensoativos, com a formação de compostos jnsolúveis. Assim, os tensoacivos perdem função,</p><p>e os diversos componentes da formulação podem flocular e precipitar, e os aglomerados</p><p>formados podem entupir os bicos. Isso tem acontecido com frequência em algumas regiões</p><p>do País, onde é necessária a mistura de tanque para o controle de pragas e doenças. As</p><p>situações de campo mais comuns têm ocorrido nas culturas de soja e algodão no Estado</p><p>do Mato Grosso, onde se chega ao exagero de se colocar em um tanque de pulverização de</p><p>8 a 10 produtos. Isto inclui três fungicidas, quatro inseticidas e dois adubos foliares. No</p><p>capítulo 4, abordaremos com mais detalhes esse assunto.</p><p>3.2 Influência nos ingredientes ativos</p><p>Em alguns ingredientes ativos à base de ácidos ou de sais, podem ocorrer reações na</p><p>presença de cátions de águas duras, com substituições que formam compostos insolúveis,</p><p>afetando a atividade biológica. A dureza da água é capaz de interferir negativamente na</p><p>qualidade da mistura de tanque de produtos fitossanitários, em função destes, em suas</p><p>formulações, utilizarem adjuvantes que são responsáveis pela sua emulsificação (óleos)</p><p>ou dispersão (pós) na água, denominados de censoativos. Tais adjuvantes são sensíveis a</p><p>dureza, pois atuam no equilíbrio de cargas que envolvem o ingrediente ativo, sendo o</p><p>mesmo alterado pela água dura (AZEVEDO, 2011).</p><p>3.3 Volume de água</p><p>Em caldas com grande volume de água, o problema de dureza agrava-se, pois</p><p>haverá maior quantidade de cácions acompanhando essa água, para interferir com o</p><p>produto fitossanitário ou com os adjuvantes. Existe atualmente uma diminuição deste</p><p>problema, devido à tendência cada vez maior de se utilizar volumes menores de água nas</p><p>aplicações para culturas extensivas</p>