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<p>Brazilian Journal of Development</p><p>Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 5, n. 10, p. 17481-17507, oct. 2019 ISSN 2525-8761</p><p>17481</p><p>Qualidade e inovação na cooperativa agroindustrial</p><p>no sul da Bahia/</p><p>Quality and innovation in agroindustrial cooperative</p><p>south Bahia</p><p>DOI:10.34117/bjdv5n10-026</p><p>Recebimento dos originais: 10/09/2019</p><p>Aceitação para publicação: 03/10/2019</p><p>Maria Josefina Vervloet Fontes</p><p>Doutorado em Ciências Sociais, Desenvolvimento, Agricultura e Sociedade CPDA/UFRRJ</p><p>Instituição: Universidade Estadual de Santa Cruz</p><p>Endereço: Campus Prof. Soane Nazaré de Andrade, Km 16 Rodovia Jorge Amado - UESC.</p><p>Bairro Salobrinho, Ilhéus - BA, Brasil</p><p>E-mail: mjvfontes@uesc.br</p><p>Helen Morais de Albuquerque</p><p>Graduanda em Engenharia de Produção DCET/UESC</p><p>Instituição: Universidade Estadual de Santa Cruz</p><p>Endereço: Campus Prof. Soane Nazaré de Andrade, Km 16 Rodovia Jorge Amado - UESC.</p><p>Bairro Salobrinho, Ilhéus - BA, Brasil</p><p>E-mail: helenalbu@gmail.com</p><p>Tarik Vervloet Fontes</p><p>Mestrado em Direito Tributário na Escola de Direito FGV/SP</p><p>Instituição: Fundação Getúlio Vargas</p><p>Endereço: Avenida Aziz Maron, 1141.</p><p>Bairro Jardim Vitória, Itabuna – BA, Brasil</p><p>E-mail: tarikfontes@hotmail.com</p><p>RESUMO</p><p>No intuito de contribuir para o debate, o presente estudo teve como objetivo identificar a</p><p>trajetória de uma cooperativa agroindustrial de agricultura familiar com a dinâmica</p><p>socioeconômica de desenvolvimento local, buscando oportunidades na eficiência da gestão e</p><p>na acessibilidade as políticas públicas. Partindo do pressuposto que grande parte da</p><p>agricultura familiar brasileira ainda não consegue se sustentar economicamente torna-se</p><p>fundamental o incremento de novas estratégias calcadas no fortalecimento de ações centradas</p><p>na governança, na definição de seus processos de qualidade, imprescindíveis à participação</p><p>desta em mercados competitivos e exigentes. A análise teve como objeto de estudo a</p><p>Cooperativa da Agricultura Familiar e Economia Solidária da Bacia do Rio Salgado e</p><p>Adjacentes (COOPFESBA) detentora de uma pequena planta de produção de chocolate,</p><p>localizada no município de Ibicaraí, na região produtora de cacau no Sul da Bahia. Para a</p><p>analise a pesquisa contou com as contribuições da Teoria Francesa das Convenções por ter</p><p>relevância na compreensão da atual dinâmica da reestruturação agroalimentar, com destaque</p><p>para a agro industrialização oriunda da produção de agricultura familiar, e por ter o foco</p><p>Brazilian Journal of Development</p><p>Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 5, n. 10, p. 17481-17507, oct. 2019 ISSN 2525-8761</p><p>17482</p><p>privilegiado na qualidade e confiança, com seu efeito diferencial em todos os setores do</p><p>sistema como uma poderosa ferramenta analítica. A trajetória da cooperativa aponta que</p><p>apesar da certa descontinuidade operacional, esta vem alcançado melhores resultados devido</p><p>ao acesso as políticas públicas e a implantação de um modelo de gestão e governança</p><p>relativamente bem estruturado, inovando nos produtos de valor agregado. Foi realizado um</p><p>estudo exploratório-descritivo, com dados bibliográficos e documentais, além de publicações</p><p>online e sites oficiais. Operando com a cadeia do cacau/chocolate, a cooperativa se fortaleceu</p><p>na industrialização como forma de agregar valor à matéria-prima, qualificando a produção dos</p><p>associados e gerando postos de trabalho.</p><p>Palavras-Chaves: Agricultura Familiar, Cooperativa Agroindustrial, Qualidade, Chocolate</p><p>ABSTRACT</p><p>In order to contribute to the debate, the present study aimed to identify the trajectory of an</p><p>agro-industrial cooperative of family agriculture with the socioeconomic dynamics of local</p><p>development, searching for opportunities in the efficiency of management and accessibility to</p><p>public policies. Based on the assumption that a large part of Brazilian family agriculture still</p><p>cannot sustain itself economically, it is fundamental to increase new strategies placed on</p><p>strengthening actions focused on governance, defining its quality processes, which are</p><p>essential for its participation in competitive markets and demanding. The Family Agriculture</p><p>and Solidarity Economy Cooperative of the Salgado River Basin and Adjacent</p><p>(COOPFESBA) was the study object for the analysis. This Cooperative owns a small</p><p>chocolate production plant located in the municipality of Ibicaraí, in the cocoa-producing</p><p>region of southern Bahia. For the analysis the research counted on the contributions of the</p><p>French Theory of Conventions to have relevance in understanding the current dynamics of the</p><p>agrifood restructuring, with emphasis on the agroindustrialization, originated from the</p><p>production of family agriculture and for having the privileged focus on quality and trust, with</p><p>its differential effect across all sectors of the system as a powerful analytical tool. The</p><p>cooperative's trajectory indicates that despite a certain operational discontinuity, it has</p><p>achieved better results due to access to public policies and the implementation of a relatively</p><p>well-structured management and governance model, innovating in value-added products. An</p><p>exploratory-descriptive study was carried out, with bibliographical and documentary data, as</p><p>well as online publications and official websites. Operating with the cocoa/chocolate chain,</p><p>the cooperative strengthened in industrialization as a way of adding value to the raw material,</p><p>qualifying the production of the associates and generating jobs.</p><p>Keywords: Family Agriculture, Agroindustrial Cooperative, Quality, Chocolate</p><p>1 INTRODUÇÃO</p><p>A presente análise pretendeu levantar alternativas que apontem para a elucidação das</p><p>oportunidades tem a pequena produção agroindustrial de cacau/chocolate, oriunda de uma</p><p>cooperativa de agricultura familiar localizada no interior da Bahia, que possam conduzi-la a</p><p>uma maior competitividade e ao aumento de sua capacidade inovativa com foco na qualidade</p><p>Brazilian Journal of Development</p><p>Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 5, n. 10, p. 17481-17507, oct. 2019 ISSN 2525-8761</p><p>17483</p><p>de sua produção. Através da reestruturação produtiva com projetos potencializadores da</p><p>economia regional/local, utilizando princípios de governança e acessibilidade às políticas</p><p>públicas, os atores dessa cadeia têm buscado inserção em mercados nacionais e internacionais</p><p>viabilizando sua sustentabilidade.</p><p>Buscando contribuir para o debate, a análise buscou identificar a trajetória de uma</p><p>cooperativa agroindustrial de agricultura familiar (COOPFESBA) com a dinâmica</p><p>socioeconômica de desenvolvimento local, e a inserção dessa população a mercados</p><p>agroalimentares, com a implantação de uma agroindústria de Chocolate (BAHIA CACAU),</p><p>sua relação com o Estado e acessibilidade às políticas públicas. Partindo do pressuposto que</p><p>parte da agricultura familiar brasileira ainda não consegue se sustentar economicamente torna-</p><p>se fundamental o incremento de novas estratégias calcadas por políticas públicas e parcerias</p><p>para o setor que visem o fortalecimento dos processos de produção e gestão.</p><p>Princípios de governança aliados a criação de estratégias para a melhoria das</p><p>condições de acesso aos mercados e de agregação de valor à produção agroindustrial são</p><p>alguns dos desafios enfrentados pelos agricultores familiares brasileiros. Além das</p><p>transformações da agricultura e dos novos contornos da ruralidade, permeiam o debate do</p><p>desenvolvimento local o alcance da competitividade para a pequena agroindústria no país.</p><p>Desde os anos 90, a perspectiva da emergência de uma nova ruralidade está em curso</p><p>no debate nacional e internacional: pesquisadores vêm estudando elementos que permitam</p><p>repensar a importância, as especificidades e as particularidades do mundo rural. Nesse</p><p>contexto é que se observa o uso de algumas designações, tais como: a emergência de uma nova</p><p>ruralidade, o renascimento do</p><p>Brazilian Journal of Development</p><p>Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 5, n. 10, p. 17481-17507, oct. 2019 ISSN 2525-8761</p><p>17506</p><p>BR&lr=&id=kmgvDwAAQBAJ&oi=fnd&pg=PT2&dq=hist%C3%B3ria+do+cooperativism</p><p>o+brasil&ots=TU9JYq-QnW&sig=Xnlrabdf-</p><p>Z3l94xc_Re53g6l4A0#v=onepage&q=hist%C3%B3ria%20do%20cooperativismo%20brasil</p><p>&f=false> Acesso em: 16 mar. 2019.</p><p>SEI-BA - Superintendência De Estudos Econômicos E Sociais. Obito por municipio,grupo de</p><p>causa e ano. 2019. Disponivel em:</p><p>http://www.sei.ba.gov.br/side/resposta.wsp?tmp.cbmun.mun=2912103 Acessado em 10 de</p><p>fevereiro de 2019</p><p>TCM-BA - Tribunal de Contas dos Municipios do Estado da Bahia. Municipio: Ibicaraí. 2018.</p><p>Disponivel em : https://www.tcm.ba.gov.br/municipio-post/ibicarai/ Acessado em 10 de</p><p>fevereiro de 2019.</p><p>TEIXEIRA, Christian José de CarvalhO. ANÁLISE DAS PRÁTICAS DE GOVERNANÇA</p><p>CORPORATIVA EM UMA ORGANIZAÇÃO DO SETOR ALIMENTÍCIO: um estudo</p><p>da percepção dos Stakeholders. Tese de Mestrado no Programa de Pós-graduação em</p><p>Administração. FACULDADE NOVOS HORIZONTES. Belo Horizonte, 2015. Disponível</p><p>em Acesso em: 17 mar. 2019.</p><p>UNDP - Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento. Ranking IDHM municipios</p><p>2010. 2013. Disponivel em:</p><p>http://www.br.undp.org/content/brazil/pt/home/idh0/rankings/idhm-municipios-2010.html</p><p>Acessado em 20 de dezembro 2018</p><p>WILKINSON, John. Sociologia econômica e agroindústria. Estudos Sociedade e Agricultura,</p><p>Rio de Janeiro, 6 de julho 1996: 81-90. Disponível em:</p><p>http://bibliotecavirtual.clacso.org.ar/ar/libros/brasil/cpda/estudos/seis/john6.htm</p><p>________________ Mercados, redes, e valores: o novo mundo da agricultura familiar. Porto</p><p>Alegre: Editora da UFRGS: Programa de Pós-Graduaçao em Desenvolvimento Rural, 2008.</p><p>https://books.google.com.br/books?hl=pt-BR&lr=&id=kmgvDwAAQBAJ&oi=fnd&pg=PT2&dq=hist%C3%B3ria+do+cooperativismo+brasil&ots=TU9JYq-QnW&sig=Xnlrabdf-Z3l94xc_Re53g6l4A0#v=onepage&q=hist%C3%B3ria%20do%20cooperativismo%20brasil&f=false</p><p>https://books.google.com.br/books?hl=pt-BR&lr=&id=kmgvDwAAQBAJ&oi=fnd&pg=PT2&dq=hist%C3%B3ria+do+cooperativismo+brasil&ots=TU9JYq-QnW&sig=Xnlrabdf-Z3l94xc_Re53g6l4A0#v=onepage&q=hist%C3%B3ria%20do%20cooperativismo%20brasil&f=false</p><p>https://books.google.com.br/books?hl=pt-BR&lr=&id=kmgvDwAAQBAJ&oi=fnd&pg=PT2&dq=hist%C3%B3ria+do+cooperativismo+brasil&ots=TU9JYq-QnW&sig=Xnlrabdf-Z3l94xc_Re53g6l4A0#v=onepage&q=hist%C3%B3ria%20do%20cooperativismo%20brasil&f=false</p><p>https://books.google.com.br/books?hl=pt-BR&lr=&id=kmgvDwAAQBAJ&oi=fnd&pg=PT2&dq=hist%C3%B3ria+do+cooperativismo+brasil&ots=TU9JYq-QnW&sig=Xnlrabdf-Z3l94xc_Re53g6l4A0#v=onepage&q=hist%C3%B3ria%20do%20cooperativismo%20brasil&f=false</p><p>http://www.sei.ba.gov.br/side/resposta.wsp?tmp.cbmun.mun=2912103</p><p>https://www.tcm.ba.gov.br/municipio-post/ibicarai/</p><p>http://www.unihorizontes.br/mestrado2/wp-content/uploads/2016/05/CHRISTIAN-JOSE-DE-CARVALHO-TEIXIERA.pdf</p><p>http://www.unihorizontes.br/mestrado2/wp-content/uploads/2016/05/CHRISTIAN-JOSE-DE-CARVALHO-TEIXIERA.pdf</p><p>http://www.br.undp.org/content/brazil/pt/home/idh0/rankings/idhm-municipios-2010.html</p><p>http://www.br.undp.org/content/brazil/pt/home/idh0/rankings/idhm-municipios-2010.html</p><p>http://bibliotecavirtual.clacso.org.ar/ar/libros/brasil/cpda/estudos/seis/john6.htm</p><p>Brazilian Journal of Development</p><p>Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 5, n. 10, p. 17481-17507, oct. 2019 ISSN 2525-8761</p><p>17507</p><p>rural, a valorização do meio rural, entre outros, criando até</p><p>mesmo novos paradigmas mercadológicos como os conceitos de fair trend, indicação</p><p>geográfica, denominação de origem e produção orgânica.</p><p>No centro desta análise encontra-se a capacidade do meio rural, no contexto de uma</p><p>economia específica da agricultura familiar, na construção de parâmetros próprios de atuação</p><p>e análise para a condução de um desenvolvimento rural sustentável. A proposição de</p><p>concepções inovadoras das atividades produtivas, especialmente daquelas ligadas ao cacau /</p><p>chocolate , remetem a nova percepção do “rural” como patrimônio a ser usufruído e a ser</p><p>preservado. Destaca-se o papel efetivo do setor na economia do país, que conforme dados do</p><p>Ministério do Desenvolvimento Social (MDS), no Brasil, 70% dos alimentos que chegam à</p><p>mesa da população são produzidos pela agricultura familiar. (Ministério da Agricultura,</p><p>Pecuária e Abastecimento, 2017)</p><p>Brazilian Journal of Development</p><p>Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 5, n. 10, p. 17481-17507, oct. 2019 ISSN 2525-8761</p><p>17484</p><p>Os mercados, assim como os territórios, não são entidades constituídas naturalmente.</p><p>Eles são o resultado de formas específicas de interação social, da capacidade dos indivíduos,</p><p>das empresas e das organizações locais em promover ligações dinâmicas, propícias a valorizar</p><p>seus conhecimentos, suas tradições e a confiança que foram capazes, de historicamente,</p><p>construir.</p><p>Diversos estudos convergem no sentido de caracterizar o meio rural de acordo com</p><p>alguns atributos básicos que postulam um valor cada vez mais significativo para as sociedades</p><p>contemporâneas em razão de sua relação com a natureza. A ruralidade supõe o contato muito</p><p>mais imediato dos habitantes locais com o meio natural do que nos centros urbanos e também</p><p>que o próprio crescimento e a interiorização das grandes e médias cidades abrem uma</p><p>oportunidade de novas atividades e da valorização de atributos do meio rural.</p><p>O dinamismo rural depende também da renda urbana, sobretudo da que se volta ao</p><p>aproveitamento das virtudes mais valorizadas no meio rural, como a produção territorializada</p><p>de qualidade, a paisagem, a biodiversidade, a cultura e um certo modo de vida. O pressuposto</p><p>aí é que o meio rural justamente não se “urbanize”, mas que ele tenha, ao mesmo tempo, um</p><p>conjunto de organizações que planejem o aproveitamento econômico de atributos que os</p><p>mercados convencionais dificilmente serão capazes de revelar.</p><p>Nesse contexto, o pequeno produtor rural vive hoje no país uma nova realidade.</p><p>Embalado pelo sucesso do agronegócio brasileiro e por contínuas conquistas sociais, o rural</p><p>brasileiro passa por avanços sócio econômicos impactantes. À aposentadoria rural, que</p><p>garantiu renda aos mais pobres, somaram-se, na última década as transferências do Bolsa</p><p>Família. O aumento do emprego, no campo e na cidade, ampliou-lhes a perspectiva de</p><p>melhoria de vida, conquistada de forma autônoma. Os programas de assentamento de famílias</p><p>campesinas e programas de regularização fundiária iniciados nos governos de Fernando</p><p>Henrique Cardoso e de Luiz Inácio da Silva também contribuíram para construir esta nova</p><p>realidade das populações mais carentes da área rural.</p><p>Assim, surgem oportunidades para as pequenas agroindústrias, que podem se</p><p>aproveitar de todas as especificidades do mundo rural, construindo suas próprias capacidades</p><p>de inovar e competir, possibilitando a promoção de desenvolvimento local através da</p><p>reestruturação produtiva e inserção dos pequenos produtores rurais em mercados nacionais e</p><p>internacionais (FONTES, 2013).</p><p>As pesquisas acadêmicas mais recentes têm apontado para o reconhecimento de que o</p><p>desenvolvimento sustentável nas regiões campesinas poderá ser possível se os pequenos</p><p>Brazilian Journal of Development</p><p>Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 5, n. 10, p. 17481-17507, oct. 2019 ISSN 2525-8761</p><p>17485</p><p>produtores rurais agregarem valor a sua produção introduzindo elementos inovadores. O atual</p><p>desafio para o desenvolvimento das pequenas agroindustriais passa por alternativas</p><p>tecnológicas adaptadas a produção de pequeno porte, à construção de conhecimento necessário</p><p>para a viabilização de processos de gestão e de organização da produção, e da diferenciação</p><p>de produtos e mercados, que possibilitem seus atores a acompanhar o nível de inovação e da</p><p>padronização tecnológica exigidos pelas novas formas de organização dos processos</p><p>produtivos estruturados em padrões de demanda globalizado (FONTES, 2012, LIMA e</p><p>WILKINSON, 2002).</p><p>Nessa perspectiva de necessidade de alternativas inovadoras e competitivas, também</p><p>se inserem as regiões produtoras de cacau no Brasil, principalmente a região Sul da Bahia por</p><p>ter sua economia enormemente vinculada ao cacau, e responsável pela maior parte da</p><p>produção nacional dessas amêndoas, onde 80% das propriedades rurais de cacau são pequenas</p><p>propriedades (CEPLAC, 2010), o que se impõe a necessidade de projetos potencializadores</p><p>da economia local.</p><p>O setor agroindustrial cacau/chocolate no país também passa hoje por uma verdadeira</p><p>revolução inovativa. As diversas crises registradas ao longo da historia da cacauicultura</p><p>contribuíram para que nesta última década, ocorresse uma incessante busca por inovações. O</p><p>desenvolvimento de soluções para a recuperação da economia do agronegócio local tem</p><p>acompanhado o processo de modernização agrícola que vem ocorrendo em todo território</p><p>nacional, demonstrando sua importância e as suas implicações na dinâmica do</p><p>desenvolvimento do setor.</p><p>Nas mudanças e inovações que vêm ocorrendo no âmbito da produção cacau/chocolate,</p><p>alguns indicadores já apontam para novos formatos de parcerias e negócios que conduzem ao</p><p>que Wilkinson (2008, pg.47) chamou de “noção de heterogeneidade da formas organizacionais</p><p>dentro do mesmo espaço econômico como uma alternativa a economias de escala” bem como</p><p>a uma segunda questão que leva aos pequenos produtores a irem em direção a mercados</p><p>baseados na construção de novos valores, padrões de qualidade próprios, redes e instituições.</p><p>Neste contexto a análise buscando a contribuição da Sociologia Econômica, no viés da Teoria</p><p>Francesa das Convenções, analisou conceitos e princípios norteadores para a pesquisa,</p><p>possibilitando a construção de um referencial que postule entendimentos se a pequena</p><p>agroindústria do cacau chocolate de uma cooperativa de economia solidária no interior da</p><p>Bahia tem realmente capacidade de inovação e competição para atender aos novos paradigmas</p><p>do consumo contemporâneo.</p><p>Brazilian Journal of Development</p><p>Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 5, n. 10, p. 17481-17507, oct. 2019 ISSN 2525-8761</p><p>17486</p><p>2 METODOLOGIA</p><p>O presente estudo tem como objeto de estudo a Cooperativa da Agricultura Familiar e</p><p>Economia Solidária da Bacia do Rio Salgado e Adjacentes (COOPFESBA) detentora de uma</p><p>pequena planta de produção de chocolate a BAHIA CACAU, localizada no município de</p><p>Ibicaraí, no Estado da Bahia. A cooperativa envolve agricultores familiares cooperados de 16</p><p>municípios localizados numa região denominada Território de Identidade do Litoral Sul,</p><p>extensão territorial da chamada região cacaueira, no Sul da Bahia. Entretanto, o município</p><p>referência, conforme apontado acima é o Município de Ibicaraí, onde está localizada a</p><p>agroindústria de chocolate BAHIA CACAU.</p><p>Com o propósito de atingir os objetivos da presente análise, foi realizada, inicialmente,</p><p>uma revisão da literatura visando contribuir para o debate teórico em torno da temática da</p><p>inserção da agricultura familiar em mercados cada vez mais exigentes, buscando explicações</p><p>na Teoria Francesa das Convenções e na sociologia econômica. Portanto, a revisão teve como</p><p>propósito aprofundar o conhecimento em torno do papel da verticalização da produção e</p><p>fortalecimento das Cooperativas na mediação, articulação e consolidação</p><p>da agricultura</p><p>familiar buscando melhores desempenhos com o desenvolvimento do seu rural e ao mesmo</p><p>tempo com os mercados.</p><p>A presente análise pode ser caracterizada como um estudo de caráter exploratório,</p><p>descritivo, que segundo Malhotra (2001 apud OLIVEIRA, 2011) “a pesquisa exploratória é</p><p>usada em casos nos quais é necessário definir o problema com maior precisão. O seu objetivo</p><p>é prover critérios e compreensão.” O estudo foi realizado por meio de uma pesquisa</p><p>documental, com dados dos relatórios de atividades da Cooperativa e secundários obtidos no</p><p>IBGE, CEPLAC e outros sites governamentais.</p><p>Em relação a sua natureza de pesquisa a mesma, está pautada em uma pesquisa</p><p>qualitativa, que segundo Oliveira (2011) “a pesquisa qualitativa é entendida, por alguns</p><p>autores, como uma “expressão genérica”. Isso significa, por um lado, que ela compreende</p><p>atividades ou investigação que podem ser denominadas específicas.” E Bogdan e Biklen</p><p>(1994) complementa que “a pesquisa qualitativa envolve a obtenção de dados descritivos</p><p>obtidos no contexto direto do pesquisador com a situação estudada.”</p><p>Para a obtenção e análise dos dados, esta pesquisa se deu por meio de pesquisas</p><p>bibliográficas, procurando uma base de entendimento do tema cooperativismo agroindustrial</p><p>oriunda a agricultura familiar, através dos dados obtidos da COOPFESBA, e seus resultados</p><p>Brazilian Journal of Development</p><p>Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 5, n. 10, p. 17481-17507, oct. 2019 ISSN 2525-8761</p><p>17487</p><p>na esfera social e econômica. Portanto, o estudo se deu por meio de dados obtidos em web</p><p>sites, entrevistas publicadas, publicações avulsas, boletins, jornais, revistas, livros, pesquisas</p><p>e reportagens relacionadas ao entrelace da cooperativa/cooperativados com a produção do</p><p>cacau/chocolate.</p><p>O MUNICÍPIO</p><p>O Município de Ibicaraí onde está localizada a sede da cooperativa objeto do presente</p><p>estudo, tem em sua história uma relação com o cacau assim como a Cooperativa. Segundo</p><p>IBGE (2017) que por meio de relatos do seu fundador, o município se estabeleceu à margem</p><p>esquerda do rio Salgado, onde seu fundador Manoel Marques dos Santos Primo, inicia a</p><p>produção de cacaueiros, por volta de 1916, tornando-se o introdutor dessa cultura na</p><p>localidade. Atualmente, Ibicaraí, segundo dados do último censo do IBGE (2010) apresenta</p><p>uma população estimada de 24.272 habitantes e densidade demográfica de 104,65 hab/Km².</p><p>O PIB per Capita do município é de 7.311,82 reais e conforme TCM (2018) uma receita</p><p>própria de 2.694.841,53 reais. Em relação ao cultivo de cacau, segundo dados mais recentes</p><p>do SEI (2016), estima-se que se tenha um total de 5.023 hectares em área plantada de Cacau,</p><p>com área colhida de 4.980 hectares e uma quantidade produzida de Cacau (amêndoas) de</p><p>aproximadamente 721 toneladas. |q</p><p>Num contexto nacional, o IBGE (2016) apresenta que o PIB per Capita “comparando</p><p>com outros municípios no país, Ibicaraí está na posição no ranking da Bahia de 185º e no</p><p>ranking nacional na posição 2736º, com 173.801, 93 x 1000 R$”. Se comparada à Itabuna e</p><p>Ilhéus, o IBGE (2016) mostra uma diferença discrepante em relação ao PIB per Capita, na</p><p>qual, Ilhéus “está na posição no ranking da Bahia de 9º e no ranking nacional na posição 226º,</p><p>com 3.874.969,51 x 1000 R$” e Itabuna “está na posição no ranking da Bahia de 10º e no</p><p>ranking nacional na posição 227º, com 3.859.881,30 x 1000 R$”. Esses dados expressam a</p><p>fragilidade do município, situação essa encontrada em grande parte dos municípios do Estado</p><p>da Bahia.</p><p>Atualmente Ibicaraí apresenta conforme dados do IBGE (2016) um total de 374</p><p>empresas de diferentes setores atuantes na cidade, o que a coloca em um ranking do estado da</p><p>Bahia na posição de 102º, estando muito abaixo das principais cidades circunvizinhas, como</p><p>no caso de Itabuna, que está no 5º lugar no ranking com um total de 5075 empresas.</p><p>Ao que se refere no IDH – Índice de Desenvolvimento Humano, segundo a PNDU –</p><p>Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (2010) Ibicaraí está na posição “3587º</p><p>Brazilian Journal of Development</p><p>Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 5, n. 10, p. 17481-17507, oct. 2019 ISSN 2525-8761</p><p>17488</p><p>no ranking nacional, com IDHM de 0,625; IDHM Renda de 0,609; IDHM Longevidade de</p><p>0,764; e IDHM Educação de 0,524.”</p><p>Se comparada com a cidade mais próxima certifica-se uma longa distância em relação</p><p>aos parâmetros de IDH, o que coloca o município de Ibicaraí em uma baixa colocação, o que</p><p>pode ser observado conforme a PNDU – Programa das Nações Unidas para o</p><p>Desenvolvimento (2010) o município de Itabuna está na posição “1546º no ranking nacional,</p><p>com IDHM de 0,712; IDHM Renda de 0,695; IDHM Longevidade de 0,807; e IDHM</p><p>Educação de 0,643.”</p><p>Em relação à taxa de escolaridade, o município de Ibicaraí apresenta conforme dados</p><p>do IBGE (2010) uma “taxa de escolarização de 6 á 14 anos de idade de 98%” e com 3.209</p><p>matriculados no ensino fundamental (IBGE, 2017). No entanto, em um comparativo no estado</p><p>da Bahia em quesito educação, Ibicaraí está na posição 279º no ranking e no contexto nacional</p><p>a posição 4391º (IBGE, 2016),</p><p>Os dados acima comprovam a precariedade no município, o que torna ainda mais</p><p>estratégico a consolidação de projetos como o da agroindústria de chocolate, que se estabelece</p><p>como um vetor efetivo de melhoria das condições para o desenvolvimento local, produção esta</p><p>que impõe padrões de qualidade superiores e sofisticados.</p><p>3 REFLEXÕES DA TEORIA DAS CONVENÇÕES NO CONTEXTO DA</p><p>AGROINDÚSTRIA DA AGRICULTURA FAMILIAR</p><p>A Sociologia Econômica que surgiu como uma resposta a expulsão da vida social da</p><p>análise econômica, tanto na visão neoclássica quanto nas formulações da nova economia</p><p>institucional, bem como ao esforço de estender essas abordagens ao conjunto das ciências</p><p>sociais, apresentou-se como o melhor caminho conceitual e teórico para o entendimento da</p><p>construção de conceitos de qualidade no âmbito de uma certificação para a efetividade da</p><p>pequena produção e sua verticalização (FONTES, 2013).</p><p>A contextualização deste enfoque teórico no entendimento da dinâmica das</p><p>agroindústrias propiciou a geração de conhecimento para responder às demandas da presente</p><p>análise, nas formas específicas de desenvolvimento de uma cooperativa e suas implicações de</p><p>melhoria dos serviços e produtos comercializados, indo desde as novas leituras</p><p>Schumpeterianas, ao contexto da Nova Sociologia Econômica, na expressão de Granovetter,</p><p>Brazilian Journal of Development</p><p>Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 5, n. 10, p. 17481-17507, oct. 2019 ISSN 2525-8761</p><p>17489</p><p>na Teoria Francesa das Convenções ajudando decisivamente a compreender o universo de</p><p>mercados diferenciados, objeto deste estudo.</p><p>A abordagem da Teoria das Convenções para a análise do sistema agroalimentar, tem</p><p>relevância na compreensão da atual dinâmica da reestruturação agroalimentar, com destaque</p><p>para a agro industrialização oriunda da produção de agricultura familiar com coordenação</p><p>cooperativista, por ter o foco privilegiado na qualidade e confiança, com seu efeito diferencial</p><p>em todos os setores do sistema como uma poderosa ferramenta analítica. Wilkinson (1999)</p><p>traz para o debate como a noção de qualidade abre uma perspectiva institucional original</p><p>acerca de análise econômica com uma dinâmica intrinsecamente interdisciplinar. O autor</p><p>enfatiza: “um reconhecimento do enraizamento da atividade econômica em mundos</p><p>heterogêneos de ação justificável é um instrumento importante para resistir à ideologia de</p><p>mercado universalizante que domina as atuais propostas de políticas agroalimentares”. Ao</p><p>mesmo tempo, a abordagem das convenções demonstra ser capaz de captar as características</p><p>específicas das estratégias competitivas que dominam a reestruturação agroalimentar</p><p>estabelecendo uma ponte importante para outras correntes de análise nas ciências sociais,</p><p>mais</p><p>notavelmente as abordagens ator-rede e do conceito "enraizamento" (embeddedness) da</p><p>Sociologia Econômica.</p><p>Para a teoria das convenções, as regras não são anteriores à ação e tampouco são</p><p>elaboradas de fora da ação, surgindo no interior do processo de coordenação dos atores. Mais</p><p>especificamente, representam uma resposta a problemas que aparecem no interior de tal</p><p>coordenação e deveriam ser entendidas como mecanismos de clarificação que também estão,</p><p>eles mesmos, abertos a desafios futuros. São, por isso, representações dinâmicas da negociação</p><p>e, com o tais, dependem da existência de pontos em comum entre os atores envolvidos. Esse</p><p>"conhecimento comum", ou essa "identificação intersubjetiva das regras", não existe em</p><p>abstrato, nem pode ser conhecido por um exercício de mera racionalidade. Em vez disso, tem</p><p>que ser recorrentemente interpretado em situações específicas, através do modo como os atores</p><p>se relacionam com um conjunto comum de objetos que são mobilizados por sua ação. A</p><p>qualificação de objetos é por isso, simultaneamente, a qualificação dos atores envolvidos. O</p><p>alcance de tal ação coletiva é dinamicamente determinado por um processo de justificação e</p><p>testagem permanente (LIVET, THÉVENOT, 1994). Por sua vez, pressupõe a qualificação do</p><p>trabalho e das organizações envolvidas em sua produção. Esse processo recíproco está em</p><p>forte contraste com a idéia neoclássica de transparência e autossuficiência do produto, onde o</p><p>mecanismo de preços incorpora toda a informação requerida. Aqui, ao contrário, a qualidade</p><p>Brazilian Journal of Development</p><p>Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 5, n. 10, p. 17481-17507, oct. 2019 ISSN 2525-8761</p><p>17490</p><p>do produto é interpretada à luz de uma avaliação dos produtores e organizações que</p><p>subscrevem o produto. Tal controle de qualidade numa "economia da qualidade" segundo</p><p>Wilkinson (2002), é assegurado preferencialmente pela consolidação de redes e pelo</p><p>desenvolvimento de relacionamentos baseados em confiança.</p><p>No trabalho de L. Boltanski e L. Thévenot (1989), “De La Justification”, ícone da</p><p>teoria francesa das convenções, tem-se o reconhecimento de que não apenas o trabalho, mas</p><p>qualquer mercadoria (entendendo que mercadoria como produtos e ou serviços), é afetada por</p><p>deficiências de "contratos incompletos", precisando, por isso, de regras, normas e convenções</p><p>para sua produção e sua troca. Enquanto o "fordismo" se baseava na "qualificação" do trabalho</p><p>para a maior quantificação da produção, a atual dinâmica econômica baseia-se precisamente</p><p>na qualificação do produto e/ou serviços, capturada pela atual obsessão com a "qualidade".</p><p>Para os autores, toda ação, inclusive a ação supostamente atomística do mercado competitivo,</p><p>justifica-se por referência a princípios comuns ou "bens comuns" de nível mais elevado,</p><p>representados, por exemplo, no último caso, por uma aceitação comum da equivalência de</p><p>preço dos bens negociados (WILKINSON, 1999, FONTES, 2013).</p><p>Enquanto a teoria das convenções insiste na multiplicidade de formas de coordenação</p><p>econômica de ação coletiva justificada, no mundo "doméstico" é sem dúvida particularmente</p><p>relevante e talvez seja onde a teoria das convenções se provou mais forte. O modo doméstico</p><p>partilha com o conceito de "enraizamento" de Granovetter, uma base comum na confiança que</p><p>surge das relações interpessoais. Contudo, torna-se ratificado por decretos e regulações que</p><p>representam o reconhecimento de seus critérios de justificação bem além dos membros da</p><p>comunidade original de atores.</p><p>O ponto subjacente, porém, é provavelmente ainda mais forte, sugerindo uma</p><p>"afinidade eletiva" entre o modo doméstico, com seu componente de confiança interpessoal,</p><p>e a emergente "economia da qualidade". Esse tornou-se, nos últimos anos, um forte tema de</p><p>reflexão. Ele reaparece em todas as principais contribuições da teoria das convenções — nos</p><p>"mundos da produção" de Saiais e Storper, nas tipologias das empresas de Eymard-Duvernay</p><p>e na noção de "aprendizado coletivo" de Favereau.</p><p>A diferenciação via marcas e rótulos introduzem um estágio novo crítico na</p><p>organização do mercado. Ela é com frequência interpretada como uma simples estratégia de</p><p>concorrência pelo mercado, mas Thévenot (WILKINSON, 1999), afirma que, ao deslocar a</p><p>concorrência para fatores extra preço, outros elementos de coordenação são acionados. Em</p><p>suas palavras: "É a coordenação pela opinião, na qual o valor é uma 'notoriedade cujo suporte</p><p>Brazilian Journal of Development</p><p>Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 5, n. 10, p. 17481-17507, oct. 2019 ISSN 2525-8761</p><p>17491</p><p>não é o bem apropriável mas um signo reconhecível, que está em questão". Aqui também há</p><p>uma tendência ao "monismo" no esforço de mobilizar outras formas de coordenação num</p><p>sentido instrumental para apoiar a base de qualificação na notoriedade ou na reputação. No</p><p>caso do agroalimentar, a publicidade baseada na marca tenta situar-se nos valores da tradição</p><p>e na noção de produtos "da fazenda" ou associam seus produtos a valores ecológicos. Os</p><p>produtos tradicionais, contudo, estão enraizados em mecanismos domésticos de coordenação</p><p>e justificação e estão fixos no espaço (um lugar específico) e no tempo (uma tradição</p><p>específica). Lançados com base na confiança interpessoal, na valoração comum de práticas</p><p>particulares, os produtos precisam então ser "traduzidos" com êxito para envolver outros</p><p>atores, caso devam ser ratificados com o produtos de Denominação de Origem Controlada</p><p>(DOC) e ou outras certificações de qualidade. Os procedimentos subjacentes ao modo</p><p>doméstico de coordenação apresentam, com isso, limites para a expansão de modos de</p><p>coordenação pela marca ou pela opinião. De maneira similar, a ocupação de espaços</p><p>ecológicos por estratégias de "marca" é limitada por pressões de modos cívicos de</p><p>coordenação (exigências técnicas apoiadas em leis e regulações), que orientam a atribuição de</p><p>rótulos ecológicos (FONTES, 2013).</p><p>Segundo Toledo (1993), a qualidade do produto e ou serviço não se apresenta de forma</p><p>identificável e nem é observável diretamente, sendo percebida por meio de suas características</p><p>interpretativas, o que introduz uma dimensão subjetiva na sua análise. Neste sentido a</p><p>percepção da qualidade no contexto da produção oriunda da agricultura familiar se expressa</p><p>muito além de padrões e formalidades exigidas legalmente, mas abrange aspectos da economia</p><p>da experiência, da confiança, da força do laços fracos (Granovetter). O conceito de qualidade</p><p>de produto portanto pode aqui significar como uma propriedade de múltiplos atributos do</p><p>produto que determinam o grau de satisfação do cliente, podendo ser avaliada por meio de um</p><p>conjunto de características e parâmetros, específicos a cada caso, que são intrínsecos ou estão</p><p>associados ao produto.</p><p>4 AGRICULTURA FAMILIAR, COOPERATIVA E O DESAFIO DA</p><p>AGROINDUSTRIALIZAÇÃO</p><p>A agricultura familiar vem desempenhando papel estratégico tanto no viés econômico</p><p>como social para o Brasil nas últimas 3 décadas, visto ser responsável por 70% da produção</p><p>de alimentos no país, representando 10% do PIB nacional e 75% da mão de obra trabalhadora</p><p>no campo (Bezerra & Schlindwein, 2017), fato que vem contribuindo para o setor estar</p><p>Brazilian Journal of Development</p><p>Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 5, n. 10, p. 17481-17507, oct. 2019 ISSN 2525-8761</p><p>17492</p><p>permanentemente na agenda pública, propositora e beneficiária de diversas políticas públicas.</p><p>Entretanto, dado a importância sócio econômica devida, novas ações e interferências públicas</p><p>são necessárias para seu fortalecimento.</p><p>Aliada a características de sua identidade regional e cultural, possui uma relação afetiva</p><p>do produtor para com a terra, fato evidenciado pela FAO (2016), na qual, designa que “a</p><p>agricultura familiar tem dinâmica e características distintas em comparação à agricultura não</p><p>familiar. Nela,</p><p>a gestão da propriedade é compartilhada pela família e a atividade produtiva</p><p>agropecuária é a principal fonte geradora de renda. Além disso, o agricultor familiar tem uma</p><p>relação particular com a terra, seu local de trabalho e moradia.”</p><p>Pesquisadores apontam que “os agricultores familiares não se diferenciam apenas em</p><p>relação à disponibilidade de recursos e capacidade de geração de renda e riqueza, mas também</p><p>se diferenciam em relação às potencialidades e restrições associadas tanto à disponibilidade</p><p>de recursos e de capacitação/aprendizado adquirido, como à inserção ambiental e</p><p>socioeconômica.” ( BUAINAIN; SABBATO; GUANZIROLI, 2012)</p><p>Em termos econômicos, o Ministério da Agricultura, Agropecuária e Abastecimento</p><p>(MDA, 2017) salienta que os produtos oriundos da agricultura familiar “representa 84,4% do</p><p>total dos estabelecimentos agropecuários do país.” E segundo a TV NBR (2016) “os produtos</p><p>oriundos da agricultura familiar corresponde a cerca de 70% dos produtos que são consumidos</p><p>no território nacional e empregam em média 77% da mão de obra existente no campo.”</p><p>Ao que se refere na relação e posicionamento de localidade e território, a agricultura familiar</p><p>no contexto nacional, segundo o IBGE (2009) pontua como:</p><p>“No Censo Agropecuário de 2006 foram identificados 4.367.902 estabelecimentos de</p><p>agricultura familiar. Eles representavam 84,4% do total, mas ocupavam apenas 24,3%</p><p>(ou 80,25 milhões de hectares) da área dos estabelecimentos agropecuários</p><p>brasileiros. Já os estabelecimentos não familiares representavam 15,6% do total e</p><p>ocupavam 75,7% da sua área. Dos 80,25 milhões de hectares da agricultura familiar,</p><p>45% eram destinados a pastagens, 28% a florestas e 22% a lavouras. Ainda assim, a</p><p>agricultura familiar mostrou seu peso na cesta básica do brasileiro [...]”(IBGE, 2009).</p><p>Empregando em âmbito regional, a “ agricultura familiar no Nordeste apresenta uma</p><p>diversidade de condições agroecológicas e de relações sociais de produção, que determinaram</p><p>a formação de uma multiplicidade de sistemas agrários e de produção, muitos dos quais em</p><p>acelerado processo de transformação.” ( BUAINAIN; SABBATO; GUANZIROLI, 2012). Na</p><p>Brazilian Journal of Development</p><p>Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 5, n. 10, p. 17481-17507, oct. 2019 ISSN 2525-8761</p><p>17493</p><p>Bahia a agricultura familiar, segundo a CEPLAC (2012) está representada por “mais de 665</p><p>mil unidades produtivas e com mais de 1,8 milhão de pessoas ocupadas no rural.”</p><p>Para a região do Litoral Sul da Bahia, o Ministério da Agricultura, Agropecuária e</p><p>Abastecimento (MDA, 2016) pontua que existe hoje nessa região 13.925 estabelecimentos da</p><p>agricultura familiar, com 32.805 pessoal”. Segundo Buainain; Sabbato; Guanziroli (2012), “no</p><p>Litoral, a monocultura extensiva (cana-de-açúcar e cacau, ambos atravessando forte crise) é</p><p>parte da história do país e formadora da economia e cultura da região.”</p><p>Neste contexto, a produção de cacau oriunda da agricultura familiar tem sua</p><p>representação segundo a CEPLAC (2012) onde “62% dos produtores de cacau são da</p><p>Agricultura Familiar e a elevação nos custos de produção de cacau nos últimos 10 anos fez</p><p>com que houvesse redução em mais de 50% na rentabilidade efetiva da atividade.”</p><p>Diante desse cenário destaca-se o sistema cooperativista, cuja importância estratégica</p><p>para o desenvolvimento da área rural produtora de cacau vem sendo estudado e apontado como</p><p>um dos vetores para a melhoria do desempenho dos agricultores familiares. Rios (2017)</p><p>observa que “O cooperativismo aparece, pois, no Brasil, sob uma dupla e contraditória face.</p><p>Por um lado, é um instrumento rotineiro e eficaz na organização econômica, de agricultura da</p><p>exportação ( café, açúcar, cacau, soja, etc.), da agricultura capitalizada, voltada para o</p><p>abastecimento interno (hortifrutigranjeira) ou da agricultura latifundiária do algodão</p><p>nordestino. Por outro lado o cooperativismo é sistematicamente apresentado como a solução</p><p>para a comercialização agrícola dos produtos de pequenos agricultores, de pescadores e de</p><p>artesãos.”</p><p>Do ponto de vista econômico, o autor complementa que “o cooperativismo brasileiro</p><p>responde por um volume de transações econômicas equivalente a 5% do Produto Interno Bruto</p><p>(PIB) e gera cerca de 150 mil empregos.” (RIOS, 2017). Reisdorfer (2014) complementa que</p><p>o cooperativismo é definido como “o sistema fundamentado na reunião de pessoas e não no</p><p>capital. Visa às necessidades do grupo e não do lucro. Busca prosperidade conjunta e não</p><p>individual. Essas diferenças fazem do cooperativismo a alternativa socioeconômica que leva</p><p>ao sucesso com equilíbrio e justiça entre os participantes.”</p><p>O cooperativismo está assumindo um espaço cada vez mais relevante no âmbito da</p><p>economia social, frente às dinâmicas tradicionais da economia competitiva e de mercado.</p><p>Atuando na economia de mercado, o cooperativismo agrega valor as dinâmicas humanas e</p><p>suas relações com o ambiente do trabalho, da produção e dos serviços. Visando o seu</p><p>fortalecimento como organização e também a ampliação da sua capacidade de contribuição</p><p>Brazilian Journal of Development</p><p>Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 5, n. 10, p. 17481-17507, oct. 2019 ISSN 2525-8761</p><p>17494</p><p>com o desenvolvimento regional e as interfaces com a governança cooperativa e territorial, o</p><p>cooperativismo vem sendo referência de diferentes pesquisas acadêmicas e jornalísticas,</p><p>explorando entre outros interesses, seus modelos de governança e gestão, sua interface com a</p><p>governança territorial e contribuições com o desenvolvimento da localidade onde está inserida.</p><p>Segundo o Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC, 2016) a governança</p><p>“atua no âmbito dos negócios para buscar e garantir a sustentabilidade e a proteção de ativos,</p><p>a imagem da empresa, sua reputação e sua relação com as partes interessadas (stakeholders).”</p><p>A governança no espectro das políticas públicas e da legislação, é apresentada pelo Decreto</p><p>nº 9.203 (2017), na qual, a governança pública é um “conjunto de mecanismos de liderança,</p><p>estratégia e controle postos em prática para avaliar, direcionar e monitorar a gestão, com vistas</p><p>à condução de políticas públicas e à prestação de serviços de interesse da sociedade.”</p><p>As ações da governança no setor público e privado afetam diretamente diferentes</p><p>setores, entre eles o setor agroalimentar no Brasil, na qual, segundo Daher (2015) apud</p><p>Teixeira (2015) “sendo que, no Brasil, o crescimento no agronegócio foi de 3,4%, setor este</p><p>que impulsiona todas as outras áreas, pois é dele que vem a base para a indústria se</p><p>desenvolver.” Essas medidas são formas de fomentar e agregar valor à uma produção, por</p><p>auxiliar expressivamente o setor produtivo agroalimentar e em especial o sistema</p><p>cooperativista, que segundo o Ministério da Agricultura, Agropecuária e Abastecimento</p><p>(MDA, 2017), sua aplicação nas cooperativas busca “melhorar a gestão das cooperativas e de</p><p>associações da agricultura familiar e garantir o assessoramento a esses empreendimentos.”</p><p>Segundo Büttenbender et all (2017) as cooperativas, nos processos de governança</p><p>territorial exercem um aporte decisivo no empoderamento dos processos de desenvolvimento.</p><p>As cooperativas, orientadas por seus princípios e doutrinas, fundamentam o seu</p><p>desenvolvimento através da participação, da autonomia, da democracia, valorização das</p><p>identidades sócio territoriais e a dimensão do pertencimento. Os autores apontam que “este</p><p>posicionamento estratégico se estende para as organizações locais-regionais de governança e</p><p>concertação dos processos de desenvolvimento”. A participação não expressa apenas pela</p><p>participação dos líderes institucionais das cooperativas, mas de seus membros, nos diferentes</p><p>extratos constitutivos, no engajamento, participação e pertencimento nos conselhos, agências,</p><p>e instituições comunitárias.</p><p>Brazilian Journal of Development</p><p>Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 5, n. 10, p. 17481-17507, oct. 2019 ISSN 2525-8761</p><p>17495</p><p>4.1. O IMPACTO DAS POLÍTICAS PÚBLICAS</p><p>Na procura de promover medidas e programas para o bem estar social e o</p><p>desenvolvimento funcional da população, as políticas públicas desenvolvem ferramentas que</p><p>permitem esse processo evolutivo ocorrer. Para Gianezinni et al (2017) a origem e a definição</p><p>de política pública não é algo concreto, vide não existir nenhuma teoria completa e definitiva</p><p>sobre o tema, tais políticas estão associadas estritamente ao estado e compreende os três</p><p>poderes políticos: Executivo, Legislativo e Judiciário. Seguindo como base, Dallari (2013)</p><p>identifica o estado como autor constituinte que visa satisfazer a necessidade dos elementos</p><p>sociais, aspirando o bem comum que lhe é de direito.</p><p>Delgado & Romano(1999) consolidam a definição de políticas públicas explicando:</p><p>"...compreendem tanto as intervenções realizadas pelos governos (em nível federal, estadual</p><p>e/ou municipal) como também pelas ONGS e entidades do setor privado, desde que destinadas</p><p>a atender objetivos que sejam públicos". Esta referência sinaliza a análise dos processos</p><p>envolvidos para implementação das políticas de desenvolvimento rural.</p><p>O Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (PRONAF),</p><p>exemplifica uma das mais impactantes ações governamentais que atendem ao nicho de</p><p>agricultores familiares, assentados da reforma agrária, povos e comunidades tradicionais,</p><p>ofertando financiamentos para o desenvolvimento estrutural, organizacional e econômico.</p><p>Investimentos estes, que proporcionam o beneficiamento dos processos envolvidos na</p><p>produção, comercialização e industrialização do segmento agrícola familiar do país.</p><p>Políticas públicas como o PRONAF surge de uma demanda causada pelas necessidades</p><p>dos agentes do campo, grupos sociais que sinalizavam a necessidade de políticas que</p><p>propiciassem as ferramentas necessárias para o desenvolvimento da produção agrícola familiar</p><p>do Brasil. O PRONAF, atualmente é o maior expoente das políticas públicas de apoio a</p><p>agricultura familiar do Brasil, atuando em todo o território nacional. (IPEA, 2012).</p><p>Traçando uma linha para um segmento agrícola específico, analisando a cadeia de</p><p>produção do cacau, em especial a produção de chocolate e as políticas públicas que permeiam</p><p>esse nicho, vale o destaque para a Lei nº 13.710, sancionada no Diário Oficial da União no dia</p><p>24 de agosto de 2018 sancionou ações que para o fortalecimento da cultura e produção do</p><p>cacau e chocolate através de um conjunto de regulamentações que: “... incentiva a produção</p><p>de qualidade, com o objetivo de elevar o padrão de qualidade do cacau brasileiro por meio do</p><p>estímulo à produção, industrialização e comercialização do produto em categoria superior”.(</p><p>Imprensa Nacional, 2018) Somado a isto, outros investimentos públicos acrescentam na</p><p>Brazilian Journal of Development</p><p>Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 5, n. 10, p. 17481-17507, oct. 2019 ISSN 2525-8761</p><p>17496</p><p>melhoria da cadeia produtiva do cacau, como por exemplo, o recurso superior a R$ 2 bilhões</p><p>em crédito para implantação, melhoramento e manutenção das lavouras, estes recursos, advém</p><p>do Programa Agricultura de Baixa Emissão de Carbono (ABC). (Ministério da Agricultura,</p><p>Pecuária e Abastecimento, 2017)</p><p>A Bahia reúne mais de 700 mil famílias de agricultores familiares, muitas organizadas</p><p>em cooperativas e responsáveis por uma diversidade de produtos que fazem parte da mesa dos</p><p>baianos. O setor congrega 12 cooperativas ligadas ao sistema agroalimentar no estado</p><p>operando no mercado de produtos naturais, probióticos e integrais, fitoterápicos e tratamentos</p><p>complementares, além de sua participação em mercados tradicionais.</p><p>Na esteira das políticas públicas, o governo estadual tem fomentado a participação das</p><p>cooperativas e demais organizações produtivas da agricultura familiar para feiras nacionais e</p><p>internacionais visando posicionar em novos mercados, promover o aumento da</p><p>comercialização e, consequentemente, a renda dos agricultores familiares.</p><p>As cooperativas operantes no Estado são: Agroindustrial de Itaberaba (Coopaita);</p><p>Mista Regional de Irecê (Copirecê); de Canudos, Uauá e Curaçá (Coopercuc); da Agricultura</p><p>Familiar e Economia Solidária da Bacia do Rio Salgado e Adjacências (Coopfesba); de</p><p>Apicultores de Canavieiras (Coaper); de Produtores Orgânicos e Biodinâmicos da Chapada</p><p>Diamantina (Cooperbio); de Produtores Rurais de Presidente Tancredo Neves Coopatan); dos</p><p>Cajucultores Familiares do Nordeste da Bahia (Cooperacaju); dos Produtores de Palmito do</p><p>Baixo Sul da Bahia (Coopalm); Regional de Agricultores Familiares e Extrativistas da</p><p>Economia Popular e Solidária (Coopesabor); dos Produtores de Cana e Seus Derivados da</p><p>Microrregião de Abaíra (Coopama); e de Produção da Região do Piemonte da Diamantina</p><p>(Coopes).</p><p>4.2. CACAU E CHOCOLATE</p><p>Matéria-prima do chocolate, o cacau representa uma cultura que marcou a história do</p><p>Brasil e principalmente a economia e vida social do Estado da Bahia. Foi no sul do Estado,</p><p>que o cacaueiro, árvore também conhecida como “fruto de ouro”, encontrou as melhores</p><p>condições de solo e clima para expandir-se. Assim, por muitos anos, as fazendas cacaueiras</p><p>tiveram uma importante representação na economia nacional.</p><p>Em 1989, a praga vassoura-de-bruxa quase devastou a produção cacaueira, trazendo</p><p>graves efeitos socioeconômicos e ambientais para as regiões de cultivo. Da safra 1990 até a</p><p>de 2000, a produção de cacau na Bahia caiu de 356 para 98 mil toneladas. Foi com a</p><p>Brazilian Journal of Development</p><p>Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 5, n. 10, p. 17481-17507, oct. 2019 ISSN 2525-8761</p><p>17497</p><p>contribuição da tecnologia que o controle da doença da lavoura vem sendo aos poucos</p><p>construído, desenvolvendo variedades tolerantes ao fungo.</p><p>Em 2016, o país produziu 146.998 toneladas de cacau e, desse total, 68,9% foi</p><p>frutificado no sul da Bahia, o que representa 101,308 toneladas, segundo a Comissão</p><p>Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (CEPLAC, 2019). Além do chocolate, outros</p><p>derivados são obtidos a partir do fruto: polpa, manteiga, geléias, licor, entre outros, destacando</p><p>que o aproveitamento é integral, incluindo a própria casca o fruto.</p><p>De acordo com o coordenador de pesquisas da Ceplac, José Marque Pereira, o cacau</p><p>ainda é o principal produto agrícola do sul da Bahia e é muito adequado à agricultura familiar.</p><p>Dos 15.256 produtores assistidos pela instituição, no ano passado, 12.432 foram agricultores</p><p>familiares, atingindo mais de 80% do total. “É um cultivo que ainda dependente muito de mão</p><p>de obra, necessitando ativamente dos produtores rurais.”, explica.(CEPLAC, 2019)</p><p>O cultivo do cacaueiro, em sua maioria, é feito de maneira agroecológica. Além de</p><p>preservar as espécies florestais nativas, a produção contribui para a retenção de água,</p><p>manutenção dos recursos hídricos e até mesmo da fauna original - 70% do cacau plantado na</p><p>Bahia desempenha esses benefícios ecológicos.</p><p>Uma nova dinâmica vem sendo registrada e construída na Região Sul da Bahia: o</p><p>nascimento de quase uma centena de pequenos negócios na produção de chocolate no formato</p><p>tree to bar e bean to bar. A região oferece hoje mais de 70 marcas de chocolate, e quase todas</p><p>oriundos da pequena agricultura ou mesmo da agricultura familiar.</p><p>Nesse contexto encontra-se a Coopfesba e a sua agroindústria de chocolate Bahia Cacau, que</p><p>com loja própria as margens de importante rodovia estadual vem consolidando seu espaço no</p><p>mercado de chocolates especiais.</p><p>4.3 A COOPFESBA</p><p>Com o nome de Bahia Cacau, em 2010 foi instalada a primeira fábrica de chocolate da</p><p>agricultura familiar do país, gerida pela Cooperativa da Agricultura Familiar e Economia</p><p>Solidária da Bacia do Rio Salgado e Adjacências (COOPFESBA). A agroindústria surgiu da</p><p>necessidade de</p><p>fortalecimento da produção cacaueira e de toda cadeia do cacau para</p><p>assentados e pequenos agricultores Os principais produtos lançados são as barras com 35%,</p><p>50%, 60% e 70% cacau, de 20 e 80 gramas, com nibs de cacau além de bombons recheados</p><p>com frutas.</p><p>Brazilian Journal of Development</p><p>Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 5, n. 10, p. 17481-17507, oct. 2019 ISSN 2525-8761</p><p>17498</p><p>A cooperativa representa hoje 120 agricultores familiares cooperados (inicialmente</p><p>eram 200) que cultivam o cacau orgânico para a industrialização do chocolate, além da</p><p>produção e comercialização de achocolatados, polpas de frutas e mingau, produtos que vão</p><p>para 270 escolas estaduais de Salvador, por meio do Programa Nacional de Alimentação</p><p>Escolar (Pnae), além de produzirem bombons com nibs, barras de chocolate e amêndoas. Sua</p><p>comercialização inicialmente ocorria em feiras locais e em estabelecimentos comerciais</p><p>cadastrados.</p><p>A Coopfesba recebe suporte da Subsecretaria do Desenvolvimento Rural (SDR), da</p><p>Secretaria Especial de Agricultura Familiar e do Desenvolvimento Agrário (Sead), por meio</p><p>de acompanhamentos e avaliações das produções; e pela Ceplac, através de Assistência</p><p>Técnica e Extensão Rural (Ater) e capacitação em cultivos, recebe apoio no acesso às políticas</p><p>públicas e na formação de jovens empreendedores rurais.</p><p>Em 2016, foi inaugurada loja própria as margens da Br-415, km 66, frente da agroindústria,</p><p>na entrada do Município de Ibicaraí. Produzindo bombons originais com concentrações de 58</p><p>a 90% de cacau, com recheios de diversas frutas como jaca, maracujá, cupuaçu e abacaxi, além</p><p>de barras de chocolate com concentrações de cacau variadas que representam os produtos mais</p><p>comercializados, a Bahia Cacau vem conquistando o mercado baiano e de outros estados, além</p><p>de algumas incursões de exportação.</p><p>O selo envolve a produção cacaueira de 120 agricultores familiares, entre eles, 58</p><p>assentados baianos. Atualmente, o mix de produtos com o selo Bahia Cacau fatura uma média</p><p>de R$ 150 mil ao mês. A marca, está levando sua produção da cadeia do cacau para serem</p><p>comercializadas em venda direta aos consumidores, em bairros da capital baiana, como</p><p>Ondina, Pituba e Barra, além da Superintendência Regional do Incra na Bahia, que fica no</p><p>Centro Administrativo da Bahia (CAB). Os valores dos produtos variam de R$ 2 a R$ 15.</p><p>Metade dos produtos da marca vem sendo comercializada em Salvador. Há pontos em</p><p>shopping centers e delicatessens que revendem as variações de chocolates e bombons. O</p><p>restante da produção vai para estabelecimentos localizados em Pelotas (RS), Curitiba (PR),</p><p>Brasília (DF) e São Paulo (SP), como também, para outras cidades baianas, entre elas, Vitória</p><p>da Conquista, Itabuna, Ilhéus e Juazeiro.</p><p>O atual presidente da cooperativa é um dos assentados na área de reforma agrária</p><p>Etevaldo Barreto. Em sua dinâmica de comercialização a Bahia Cacau opera hoje</p><p>remunerando a arroba da amêndoa do cacau por R$ 220 de seus cooperados, enquanto no</p><p>Brazilian Journal of Development</p><p>Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 5, n. 10, p. 17481-17507, oct. 2019 ISSN 2525-8761</p><p>17499</p><p>mercado o valor é de R$ 140: “Queremos chegar a R$ 300 por arroba para cooperados</p><p>fidelizados”, declarou o presidente em recente entrevista televisiva.</p><p>Atualmente a agroindústria trabalha com 22 famílias de agricultores familiares que</p><p>efetivamente produzem amêndoas de cacau de qualidade superior essenciais a produção do</p><p>chocolate. A cooperativa vem incentivando e capacitando através de parcerias esses</p><p>cooperados a produzirem um cacau diferenciado, adotando novas técnicas de cultivo e</p><p>cuidados específicos. Essas famílias delimitam dois hectares para a produção de cacau de</p><p>qualidade.</p><p>Já a cooperativa atualmente conta com 60 cooperados, entre 4 municípios (Ibicaraí,</p><p>Floresta Azul, Coaraci e Barro Preto), sendo todas as propriedades associadas.</p><p>Seu modelo de governança tem focado no suprimento de suas deficiências através do</p><p>conhecimento sistemático de oportunidades pautadas no estabelecimento de parcerias e</p><p>políticas públicas.</p><p>Incentivo do governo do Estado, que busca promover não somente a produção de uma</p><p>amêndoa de qualidade, mas também o estímulo para que essa produção se torne vertical,</p><p>processando este cacau, transformando-o em um chocolate considerado de alto valor agregado.</p><p>Os investimentos do governo do estado baiano na cultura cacaueira da região Sul da Bahia,</p><p>vem de ações de :</p><p>- Secretaria de Meio Ambiente (SEMA) em parceria com a Comissão Executiva do Plano</p><p>da Lavoura Cacaueira - CEPLAC/MAPA (Plano Operacional para o Cacau e Chocolate</p><p>da Bahia 2018 – 2022 que gerou assinaturas e convênios no montante superior a R$ 9,3</p><p>milhões de reais, beneficiando cerca de 32 cooperativas e associações de agricultura</p><p>familiar, assentamentos, indígenas e quilombolas. (SEMA)</p><p>- Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional (CAR) do Projeto Alianças Produtiva</p><p>do Governo da Bahia/ CAR, através dos Editais nº 001/2019 e nº 002/2019, de 31 de</p><p>janeiro de 2019, para serviço especializado de assistência técnica para formação de base</p><p>de produção e gestão.</p><p>Essas políticas públicas fomentam a produção, a diversificação, a agroindústria, o</p><p>turismo, e além de aproximar instituições como universidades, bancos e parceiros em um bem</p><p>socioeconômico comum, conjunto de ações que fortalecem a cadeia produtiva do cacau, mas</p><p>também todo entorno das potencialidades que existe junto a cacauicultura.</p><p>A abordagem da Teoria das Convenções para a análise leva à compreensão da atual</p><p>dinâmica da reestruturação agroalimentar, com destaque para a agroindustrialização oriunda</p><p>Brazilian Journal of Development</p><p>Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 5, n. 10, p. 17481-17507, oct. 2019 ISSN 2525-8761</p><p>17500</p><p>da produção de agricultura familiar que ocorre com a Coopfesba, por ter o foco privilegiado</p><p>na qualidade e confiança, com seu efeito diferencial em todos os setores da cadeia</p><p>cacau/chocolate.</p><p>Corroborando sobre a força dessa cadeia produtiva, vale a reflexão de especialistas do</p><p>setor: “é importante investir na verticalização, da amêndoa de cacau ao chocolate, adotando</p><p>práticas que permitam a comercialização com melhores preços. Existe um mercado crescente</p><p>de chocolates premium e a agricultura familiar está inserida nesse contexto”. (Governo do</p><p>Estado da Bahia, 2018)</p><p>A riqueza da Mata Atlântica do cacau dentro da Cabruca dialoga também com a</p><p>fruticultura, atividades produtivas da mandioca, essa diversificação que tem o cacau como</p><p>centro abre possibilidades também para dinamizar outras cadeias produtivas" (SEMA, 2019).</p><p>5 CONSIDERAÇÕES FINAIS</p><p>O principal propósito deste estudo foi abordar alguns aspectos relacionados com o</p><p>fortalecimento das cooperativas da agricultura familiar localizadas em pequenos municípios</p><p>brasileiros com as dinâmicas socioeconômicas de desenvolvimento rural e a necessidade e</p><p>importância de efetivação de sua verticalização. Mais especificamente, teve o propósito de</p><p>aprofundar a discussão em torno do papel das cooperativas na mediação e articulação do</p><p>fortalecimento da agricultura familiar com o desenvolvimento rural e com os mercados</p><p>agrícolas, agroindustriais e, destacadamente, agroalimentares, por meio da verticalização da</p><p>produção mesmo que ainda em pequena escala.</p><p>Nas atuais teorias e políticas de desenvolvimento regional, a premissa tem sido a</p><p>necessidade de pensar o território como um sistema local que sofre influência de variáveis</p><p>internas e tem grande interação com sistemas territoriais de maior escala. Este projeto partiu</p><p>da premissa de que, sob o ponto de vista socioeconômico, as ações deveriam ter como objetivo</p><p>a implantação e gestão de projetos potencializadores da economia regional-local, visando à</p><p>geração de renda e oportunidades de trabalho, o fortalecimento da agricultura familiar e a</p><p>implementação de estratégias</p><p>de integração competitiva desta com os mercados regionais e</p><p>global.</p><p>A importância de um estudo como este está no entendimento de que os seus resultados</p><p>poderão contribuir com subsídios para as ações e políticas que venham a incrementar o</p><p>desenvolvimento dos territórios rurais e da agricultura familiar e a sustentabilidade</p><p>socioeconômica e ambiental da região.</p><p>Brazilian Journal of Development</p><p>Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 5, n. 10, p. 17481-17507, oct. 2019 ISSN 2525-8761</p><p>17501</p><p>O que se verifica quando se estudam os territórios rurais mais dinâmicos é que há um</p><p>ambiente onde são utilizadas algumas potencialidades próprias do território e são aproveitadas</p><p>as oportunidades externas. Nesses territórios há uma dinâmica socioeconômica local</p><p>diferenciada de desenvolvimento regional-rural instrumentalizada e mediada por meio de</p><p>cadeias produtivas, que no caso do território de abrangência da Cooperativa COOPFESBA,</p><p>está centrada na produção de cacau de qualidade, o que cria dinâmica favorável a produção do</p><p>chocolate, produto que se concretiza com qualidades e atributos superiores e desejados na</p><p>atualidade pelo mercado. Nesse caso, as potencialidades estão na presença da agricultura</p><p>familiar e do capital social e da disponibilidade de terras férteis, infraestrutura de transporte</p><p>(estradas asfaltadas) e logística, entre outros.</p><p>As oportunidades externas são representadas de diversas formas, como a proximidade</p><p>com mercados consumidores de alimentos com poder aquisitivo relativamente elevado, a</p><p>exemplo dos municípios turísticos como Itacaré, Barra Grande, Trancoso, ) disponibilidades</p><p>tecnológicas e possibilidade de acesso a grandes mercados consumidores externos de</p><p>alimentos processados, como é o caso da China, Rússia e de alguns países do Oriente Médio</p><p>e da Europa. As ligações e as relações entre o local e o global, dentro dos territórios rurais</p><p>com predominância de agricultores familiares, podem ser facilitadas quando são realizadas</p><p>pelas cooperativas agroalimentares ou agroindustriais incentivadas pelas parcerias, políticas</p><p>públicas e sistema de gestão e governança eficientes. As convenções, como já explorado neste</p><p>estudo, são as regras que coordenam os processos.</p><p>Segundo a NEI, são as “regras do jogo”, as normas que devem ser seguidas pelos</p><p>atores, mas, com a contribuição da TC, essas regras e normas vêm de uma demanda interna,</p><p>com o objetivo de alcançar um bem que irá beneficiar todos os “jogadores”, o atores, e, no</p><p>caso do sistema agroalimentar e deste trabalho, toda a comunidade rural.</p><p>A abordagem da Teoria das Convenções para a análise do sistema agroalimentar, tem</p><p>relevância na compreensão da atual dinâmica da reestruturação agroalimentar, com destaque</p><p>para a agro industrialização oriunda da produção de agricultura familiar com coordenação</p><p>cooperativista, por ter o foco privilegiado na qualidade e confiança, com seu efeito diferencial</p><p>em todos os setores do sistema como uma poderosa ferramenta analítica.</p><p>REFERÊNCIAS</p><p>______. Decreto no 9.203, de 22 de novembro de 2017. Dispõe sobre a política de</p><p>governança da administração pública federal direta, autárquica e fundacional. Diário</p><p>Brazilian Journal of Development</p><p>Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 5, n. 10, p. 17481-17507, oct. 2019 ISSN 2525-8761</p><p>17502</p><p>Oficial da União, Brasília, 2017. Disponível em:</p><p>Acesso</p><p>em: 17 mar. 2019</p><p>______. Lei 5.764| 71, 16 de Dezembro de 1971. Define a política Nacional de</p><p>Cooperativismo, institui o regime jurídico das sociedades cooperativas, e dá outras</p><p>providências. Diário Oficial da União, Brasília, 1971. de Disponível em</p><p>Acesso em 16 mar.</p><p>2019.</p><p>______. LEI Nº 13.710, DE 24 DE AGOSTO DE 2018 - Institui a Política Nacional de</p><p>Incentivo à de Qualidade. Diário Oficial da União - Imprensa Nacional.</p><p>BEZERRA, Gleicy Jardi; SCHLINDWEIN, Madalena Maria. 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