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CURSO DE EXTENSÃO
Introdução SAFs em Regiões Semiáridas
Histórico, abrangência e características gerais
em Regiões 
Semiáridas
Daniel Duarte Pereira
2
CURSO DE EXTENSÃO – SISTEMAS AGROFLORESTAIS EM REGIÕES SEMIÁRIDAS
FICHA TÉCNICA
Realização: Projeto AKSAAM – Adaptando Conhecimento para a Agricultura 
Sustentável e o Acesso a Mercados, Instituto de Políticas Públicas e Desenvol-
vimento Sustentável - IPPDS/UFV, Fundação Arthur Bernardes - FUNARBE e 
Universidade Federal de Viçosa - UFV.
Financiamento: Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola - FIDA 
Coordenador projeto AKSAAM: Marcelo José Braga 
Coordenadores curso: Ricardo Henrique Silva Santos e Alex Carlos Silva Pi-
mentel 
Autor: Daniel Duarte Pereira
Layout: Adriana Helena de Almeida Freitas
Diagramação: Bárbara Elen Sampaio
Revisão linguística: Cinthia Maritz dos Santos Ferraz Machado
3
Fauno, Flora, Hidra e Terro são jovens que moram em uma 
comunidade rural do Semiárido Brasileiro.
Eles têm uma professora muito aplicada e muito preocupada em 
explicar a origem de tudo!!! O nome dela é Dona Fida.
Capítulo 01 - Semiárido Região 
Certa vez, Dona Fida apresentou para eles um mapa que eles 
acharam estranho, pois só conheciam além do Mapa Mundial, o Mapa 
do Brasil e das suas regiões geográficas.
Fonte: Adaptado de IBGE (2002a) Fonte: Adaptado de IBGE (2022b)
SAFs no Semiárido: Histórico, abrangência e características gerais
1 Conferir: IBGE (2022a). Atlas Escolar. Planisfério Político. https://atlasescolar.ibge.gov.br/images/atlas/
mapas_mundo/mundo_planisferio_politico_a3.pdf;
2 Conferi: IBGE (2022b). Atlas Escolar. Mapas do Brasil. Político. https://atlasescolar.ibge.gov.br/images/
atlas/mapas_brasil/brasil_politico.pdf;
4
Ela disse que era o Mapa da Região Semiárida – 
RSA ou do Semiárido Brasileiro – SAB. E que o SAB não 
era uma região geográfica, mas, sim, mais uma região 
administrativa e de planejamento. 
No Passado foi conhecido como Polígono das Secas, que surgiu em 
1936, depois do grande episódio da Seca de 1930/32, também conhecido 
como a “Fome de 30”.
Foram tantas perdas de vidas de pessoas e animais, tantos prejuízos 
para as zonas rurais e urbanas, que o Governo Federal, através do 
Ministério de Viação e Obras Públicas – MVOP e da Inspetoria Federal de 
Obras Contra as Secas – IFOCS, teve que tomar uma iniciativa para que as 
pessoas continuassem vivendo na região e não procurassem as grandes 
cidades ou emigrassem caso existissem outras secas posteriormente. 
Eram tantos flagelados que se criaram até Campos de Concentração para 
abrigar as pessoas – o que nem sempre deu certo…
Fonte: Sudene (2021) 
3 Conferir: Sudene (2021). DELIMITAÇÃO DO SEMIÁRIDO - 2021 RELATÓRIO FINAL.. https://www.gov.br/
sudene/pt-br/centrais-de-conteudo/02semiaridorelatorionv.pdf.
O Polígono das Secas abrangia, a princípio, parte dos 
estados do Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, 
Pernambuco, Alagoas, Sergipe e Bahia. O nome Polígono 
se deveu ao fato de a delimitação lembrar uma figura 
geométrica, quase um retângulo, com 672.281,98 km².
5
Então, Dona Fida aproveitou para perguntar às crianças se lembravam 
das aulas e lições de Geometria. 
Elas responderam: – Sim, Professora!!!
 Regiões Secas do Nordeste do Engenheiro Saturnino de Britto Junior. 1936
Fonte: Ferreira et al (2012)4 
4Conferir: FERREIRA, Angela Lúcia; DANTAS, George Alexandre Ferreira; SIMONINI, Yuri. Cartografi a 
do (De) Sertão do Brasil: Notas sobre uma imagem em formação Séculos XIX e XX. Scripta Nova, 
Barcelona, v. 16, n. 418, p. 69, 2012. http://www.ub.edu/geocrit/coloquio2012/actas/16-A-Ferreira.pdf.
– E de Matemática, se lembram dos cálculos de medidas? – Perguntou 
Dona Fida. 
– Lembro sim, Professora!!! –Respondeu Flora. 
Então a Professora perguntou mais uma vez: 
– Flora, quantos hectares (ha) tem 1,0 km²?
– Professora, nas lições eu aprendi que 1,0 km² tem 1.000 m de cada 
lado. E 1,0 ha tem 100,0 m de cada lado. Logo 1,0 km tem dez divisões de 
100,0 m de cada lado. E 1,0 km² vai ter estas divisões de cada lado, o que 
significa 10 divisões de 100,0 m por lado que multiplicados vai ser 10 x 10 
= 100. Então, 1,0 km² tem 100,0 ha. – Respondeu Flora.
6
– Muito bem, Flora!!!
A professora prosseguiu, perguntando a Terro: 
– Quantos hectares tinha então o Polígono das Secas em 1936?
Terro respondeu: 
– Professora, se o Polígono tinha 672.281,98 km², a conta pode ser 
feita assim:
1,0 km² = 100,0 ha
672.281,98 km². = X ha
Logo: X = 672.281,98 x 100/1,0 
Onde:
X= 67.228. 198,0 ha.
Dona Fida continuou: 
– É muita terra, não é Fauno?
Fauno aproveitou e disse: 
– Sim!!! Por exemplo, a nossa a Comunidade toda só tem 500,0 ha...
Na sequência, Dona Fida disse que depois, em 1946, o Polígono das 
Secas mudou com a inclusão de parte do estado de Minas Gerais e que, 
em 1951, já apresentava novo formato.
Fonte: Dantas (2019)5
Hidra, que é muito curiosa e passou a gostar dos mapas, perguntou:
– Professora, como era que os estados, ou parte deles, eram incluídos 
no Polígono das Secas?
Dona Fida respondeu: 
– Hidra, não havia um processo muito claro. Geralmente, eram 
relatos periódicos de áreas fortemente atingidas pelas secas, o que fazia 
com que elas fossem incluídas, ou mesmo critérios políticos...
5Conferir: DANTAS, Eustogio Wanderley Correia. O Nordeste desconstruído ou reconstruído?. Confi ns. 
Revue franco-brésilienne de géographie/Revista franco-brasilera de geografi a, n. 501, 2019. https://
journals.openedition.org/confi ns/21089.
7
Fonte: Carvalho e Egler (2002)7 
A Professora explicou que, em 1988, com a nova 
Constituição Federal – CF, é que a palavra Semiárido, 
hoje com a grafia Semiárido, passou a ser mais utilizada 
e em 1989 realmente ocorreu uma delimitação técnica
considerando incluído na Região todo e qualquer 
município onde a precipitação média fosse igual 
ou inferior a 800 mm nos últimos 30 anos. Daí foram 
incluídos 1.033 municípios, desde o Piauí até Minas 
Gerais. O Semiárido tinha, então, 1.085.187 km²6 ou 
108.518.700,0 ha.
Hidra perguntou: 
– Professora, o que é precipitação? E o que é 800 mm?
Dona Fida respondeu: 
– Mas logo você perguntando, Hidra? Vamos lá!!! Precipitação é a 
mesma coisa que chuva. Pode ser entendida também como a quantidade 
de chuva que cai em um determinado local durante um certo tempo. 
Geralmente, se usa um tempo de 30 anos para se ter a certeza de que a 
média de precipitação daquele local realmente é aquela.
6Conferir: CARVALHO, Luzineide Dourado. Um sentido de pertencimento ao território semiárido brasileiro: 
a ressignifi cação da territorialidade sertaneja pela convivência. Revista de Geografi a (Recife), v. 28, n. 2, 
p. 60-76, 2011. https://periodicos.ufpe.br/revistas/revistageografi a/article/viewFile/228949/23359;
7Conferir: DE CARVALHO, Otamar. Alternativas de desenvolvimento para o Nordeste semi-árido. Banco 
do Nordeste do Brasil, 2003. https://www.academia.edu/26832552/Alternativas_de_Desenvolvimento_
para_o_Nordeste_Semiarido.
8
Fonte: IRPAA (2010) 8
8Conferir: Cardoso, W. IRPAA. IRPAA. Laboratórios preveem chuvas próximas da média para o Semiárido 
em 2020 https://irpaa.org/noticias/2156/laboratorios-preveem-chuvas-proximas-da-media-para-o-
semiarido-em-2020.
E perguntou: 
– Vocês lembram do que é média, não é?
As crianças responderam: 
– Sim!!! 
Fauno disse: 
– Se eu tenho, por exemplo, em 30 anos anotados 10.000 mm de 
chuvas, isto significa que em cada ano existe uma possibilidade de chover 
em média 333,33 mm. 
Dona Fida respondeu: 
– Muito bem, Fauno! Embora para precipitações o cálculo seja mais 
complexo, é mais ou menos por aí.
Pois bem, disse a Professora. Vamos tentar continuar respondendo à 
Hidra. Entendido o que é precipitação, e como se faz, mais ou menos, o 
cálculo da média, vamos chegar aos 800 mm.
Para isto, ela pegou um quadradocom 1,0 m de cada lado e o colocou 
no chão.
Aí ela perguntou: 
– Quantos metros quadrados há aqui?
Desta vez foi Flora que respondeu: 
– 1,0 m², pois é só multiplicar a base pela 
altura. Logo, 1,0 m de base vezes 1,0 m de 
altura vai ser igual a 1,0 m x 1,0 m ou 1,0 m². 
– Muito bem, Flora! – Respondeu Dona 
Fida.
9
– Ah! É isto mesmo! – Lembrou Fauno.
Mas Flora perguntou: 
– E como eu sei que tem 800,0 litros em cada m²?
– Simples! – Disse Terro: – Considere que um recipiente tem 1,0 m, 
ou 100,0 cm de comprimento de um lado da base, 1,0 m de largura do 
outro lado da base e que tem 80,0 cm ou 0,80 m de altura. A fórmula 
para calcular o volume de um recipiente como este é Volume = Largura x 
Comprimento x Altura. Logo, vamos ter V = 1,0 x 1,0 x 0,80 = 0,80 m³.
– Agora, prestem bastante atenção!!! Quando se diz que choveu 
800 mm, significa que, ao longo do ano cada metro quadrado de solo do 
Semiárido recebeu em cima dele 800 litros de água.
Hidra disse: 
– Professora, disto aí eu entendo, pois ajudei a fazer a uma cisterna 
na minha casa e a calcular o volume de água. Eu aprendi que, em cada 
metro quadrado, cada centímetro de altura de água é igual a 100,0 litros 
(l) de água. Logo 10,0 cm é igual a 100,0 litros; 50,0 cm é igual a 500 
litros e, portanto, 80,0 cm é igual a 800 litros.
Mas Fauno ficou meio sem entender e perguntou: 
– Mas o que tem a ver 80,0 cm com 800,0 mm?
Hidra respondeu: 
– É fácil!!! Se lembra daquelas réguas que nós usamos? Elas 
são divididas em centímetros (cm) que, por sua vez, são divididos em 
milímetros (mm), onde 1,0 cm tem 10,0 mm. Logo 80,0 cm tem 800,0 m.
10
– Sabemos, pelas lições dadas por Dona Fida, que 1,0 m³ tem 1.000 
litros. Logo, 0,80 m³ terão 800 litros.
Dona Fida, muito orgulhosa, disse: 
– Muito bem, crianças!!! Como vocês aprendem corretamente e já 
estão usando o aprendizado em casa e em várias situações! Isso se chama 
Educação Contextualizada!!!
Continuando, ela disse: 
– Pois é, crianças! Já aprenderam, ou lembraram, o que significa 800 
mm de chuva e o quanto isto significa em m³ ou litros de água em cada m² 
do Semiárido. Diga-se, de passagem, que 800,0 mm não é pouca água!!! 
Se bem que em toda a Região, e nem em todos os lugares, chove tanto 
assim. Existem alguns lugares onde chove 500,00 mm por ano; 300,0 mm 
por ano ou mesmo 250,0 mm por ano, o que matematicamente não é 
pouco. Imaginem 250 litros de água em cada m²!!! Daria para as plantas 
nativas, animais, pessoas e lavouras.
Flora disse: 
– Professora, se eu dividir, por exemplo, 800 mm pelos 12 meses do 
ano, eu vou ter 66,66 mm/mês ou 66,66 litros em cada m².
Paisagem do Semiárido/Caatinga. 
Camalaú. Cariri Paraibano.
Fonte: Acervo do autor
Dona Fida disse: 
– A conta ainda é melhor 
do que esta, Flora, pois em 
muitas regiões do Semiárido 
as chuvas se concentram
praticamente em quatro meses 
ou “quadra invernosa”. Portanto, 
se dividíssemos 800 mm por 4 
meses, teríamos 200 mm por mês 
ou 200 litros de água em cada 
m². E, melhor ainda, teríamos 
200 mm divididos por 30 dias e 
6,6 litros por m² todo dia, o que é 
uma boa quantidade de água.
Mas aí Hidra disse: 
– Professora, mas por qual motivo somos tão secos como se diz por 
aí?
Terro disse: 
– Ouvi dizer que é pelo fato de que as nossas terras/solos são jovens 
e rasas...
11
Paisagem do Semiárido/Caatinga. Sumé. 
Cariri Paraibano.
Fonte: Acervo do autor
– Por isso que, sabiamente, aqui na Comunidade muitos proprietários 
deixam a mata nativa para fornecer madeira, forragem, produtos 
medicinais, mel, lenha… Tem alguns até que estão replantando árvores 
nativas misturadas com espécies de fora (exóticas) produtoras de 
alimentos e forragem, ou utilizando a própria mata nativa para fazer o 
enriquecimento dela com espécies nativas ou de fora.
Flora disse: 
– Também ouvi dizer que em muitos locais já não temos tantas matas 
para funcionarem como “esponjas” para ajudar a água a entrar na terra 
e a permanecer mais tempo lá.
Dona Fida disse: 
– É um pouco de tudo isso!!! Primeiro, é fato que as precipitações 
do Semiárido não são muito bem distribuídas ao longo dos dias, meses e 
anos. Há locais em que a precipitação média anual é de 500,0 mm ano 
e só em um dia podem ser precipitados cerca de 100,0m. Ou seja, 20% da 
precipitação de um ano cai em um só dia!!! 
A Professora continua:
– O que é um verdadeiro desastre, pois, como disse Flora, em muitos 
lugares, a vegetação nativa, mesmo não mexida, não oferece tanta 
proteção e, em outros, ela já foi muito explorada ou nem existe mais. Isto 
faz com que os solos jovens, como disse Terro, não possam absorver e 
guardar tanta água.
12
Mata de Caatinga
SAF produzindo com frutas nativas, Cajá, na 
caatinga sergipana
Fonte: SBF (2012)9
Fonte: Instituto Paêbiru (s.d.)10
9Conferir: SBF. 2012. Fundos ambientais fomentam uso sustentável para conservar caatinga https://www.
fl orestal.gov.br/ultimas-noticias/933-fundos-ambientais-fomentam-uso-sustentavel-para-conservar-
caatinga;
10Conferir: Instituto Paêbirú. Agrofl oresta Experimental Paêbirú. SAF produzindo frutas na caatinga 
sergipana.https://institutopaebiru.wordpress.com/2014/12/16/saf-produzindo-frutas-na-caatinga-
sergipana/.
– Assim, quando a chuva vem, ela encontra o solo protegido pelas 
copas das árvores, pelas folhas caídas no solo e, assim, ela tem tempo 
de se infiltrar e, graças à cobertura das folhas e das copas, permanecer 
mais tempo “guardada” no solo.
– E muitos já estão usando uma técnica chamada Sistemas 
Agroflorestais – SAFs, por meio da qual recuperam áreas que foram de 
agricultura e de pastagem plantando árvores nativas e de fora, misturadas 
com frutíferas, capins e cactos para que os locais que estavam quase 
virando “desertos” possam voltar a produzir com maior diversidade de 
plantas e de funções, como alimentar, forrageira, medicinal, energética, 
conservação do solo e da água. E tantas outras coisas mais.
13
– Mas quero dizer que moramos em um local onde existe muita 
insolação e ventos rápidos e quentes. Isto significa que o sol, “trabalhando” 
12 horas por dia, e os ventos, 24 horas por dia, carregam boa parte 
da umidade do solo e fazem com que as plantas nativas e as de fora 
transpirem mais e percam mais água.
E concluiu: 
– Isto se chama Evapotranspiração!!!
Hidra perguntou: 
– Evapotranspiração? O que é isso?
Então, Dona Fida explicou: 
– Vamos imaginar que, em um determinado local, sejam precipitados 
500 mm. E que neste mesmo local o vento e sol poderiam, se tivesse 
chovido, “carregar” 1.500 mm.
Hidra disse: 
– E pode? Chover 500 mm e “perder” 1.500 mm?
Dona Fida disse – Gostei do “perder”!!! Isto significa que 
potencialmente, se tivesse chovido 1.500 mm, isto seria perdido pela ação 
do sol e dos ventos. Claro que parte ficaria no solo, nos reservatórios e nas 
plantas e animais. Mas, potencialmente, isto poderia acontecer.
– A isto nós chamamos de Evapotranspiração em potencial. Ou seja, 
caso chovesse 1.500 mm, potencialmente poderíamos perdê-los quase 
que totalmente. Entenderam?
Ciclo da água no mundo e os seus estoques
Fonte: Aduan et al. (2004)11
11Conferir: ADUAN, R. Engel; VILELA, M. de F.; DOS REIS JÚNIOR, F. B. Os grandes ciclos biogeoquímicos do 
planeta. Embrapa Cerrados-Documentos (INFOTECA-E), 2004.https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/
infoteca/handle/doc/569371.
14
Fonte: Conama (1997)12
12Conferir. CONAMA.RESOLUÇÃO nº 238, de 22 de dezembro de 1997. Dispõe sobre a aprovação da 
Política Nacional de Controle da Desertifi cação. http://extwprlegs1.fao.org/docs/pdf/bra173490.pdf.
– Entendi! – Respondeu Hidra.
– Mas o que isso tem a ver com a nossa aula, Professora? – Perguntou 
Terro.
– Tudo!!! Para entender o Semiárido Região, primeiro é preciso 
entender que existe um limite de 800 mm de Precipitação Média Anual 
para um município ser enquadrado nele. Este é o Primeiro Critério e que 
existe desde 1989. O Segundo critério é o Índice de Aridez (IA)!!!
– Índice de Aridez? – Perguntou Fauno, queestava muito caladinho.
– Sim!!! O Índice de Aridez é muito utilizado para classificar 
determinadas regiões com relação à Aridez ou ao potencial da mesma 
ser mais seca ou não. É mais ou menos isto! – Disse Dona Fida.
– O IA pode variar de ≤ 0,05 a > 1,00. E assim escreveu no quadro:
– Como vocês podem ver, para sermos Semiárido, o IA tem que estar 
entre > 0,2 e ≤ 0,5. 
– E como se calcula isto, Professora? – Perguntou Fauno.
– Um dos cálculos mais simples é dividir a Precipitação pela 
Evapotranspiração em Potencial de cada local. Assim, se em um local 
chove 500 mm e evapotranspira 1.500 mm, o IA vai ser igual a 0,33. 
Portanto, este local está em uma classificação climática de Semiárido.
– Não é simples?! – Comentou Dona Fida.
– Sim!!! Responderam as crianças.
Dona Fida, então, disse: 
– Resumindo até agora, se um município, por exemplo, apresentar 500 
mm de Precipitação Média Anual e um IA de 0,33, ele será considerado 
como pertencente à Região Semiárida. Mas, vejam bem, em alguns 
casos, o município pode estar enquadrado em um ou outro critério e não 
necessariamente nos dois. Mas, continuando, ainda tem outro critério!!!
– Qual? – Perguntou Flora.
15
– Trata-se do Percentual Diário de Déficit Hídrico Igual ou Superior 
a 60%, considerando todos os dias do ano!!! 
– Eita!!! Desta vez não entendemos, Professora!!! – Assim disseram 
Flora, Fauno, Terro e Hidra de uma vez só!
– Calma!!! Não é tão difícil! – Tranquilizou Dona Fida, que continuou 
explicando: 
– Quantos dias tem um ano? Perguntou.
– 365, se não for bissexto!!! – Responderam.
– Pois bem! Lembram dos cálculos de regra de três e de percentagem?
– Lembramos sim! Inclusive, já utilizamos em alguns exemplos nesta 
aula! –Responderam.
– Vamos fazer a seguinte conta:
365 dias = 100% dos dias do ano
X dias = 60% dos dias do ano
Logo X dias = 365 x 60/100, que é igual a 219 dias.
– Isto quer dizer que, se for provado que, dos 365 dias do ano, 219 dias 
foram secos, então o município está enquadrado no critério Percentual 
Diário de Déficit Hídrico Igual ou Superior a 60%, considerando todos 
os dias do ano. Claro que também isto tem que ser observado ao longo 
de vários anos para se ter uma média. Esta é a melhor forma para se 
entender, embora existam cálculos mais complicados.
Hidra então perguntou: – Tem que ser os 219 dias seguidos, Professora? 
– Não! – Respondeu Dona Fida. – Podem ser dias ou meses alternados 
ou não.
Flora então perguntou: 
– Quer dizer, Professora, que todo e qualquer município do Brasil 
que se enquadrar em um ou mais dos critérios Precipitação Anual Média 
≤ 800 mm; IA ≤ 0,50 e ≥ 60% dos dias do ano secos será considerado da 
Região Semiárida?
– Isto mesmo, Flora! – Respondeu Dona Fida. – E digo mais!!! De 
1989 até 2005, o critério único era o da Precipitação. Em 2005 foram 
acrescentados o IA e os 60%. Daí, o Semiárido, que tinha 1.033 municípios 
e 1.085.187 km², passou a ter 1.135 municípios e 980.133,079 km², incluindo 
partes dos estados do Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, 
Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia e Minas Gerais. 
16
Fonte: Instituto Humanitas Unisinos (2019)13
Portanto, partes de estados e de duas Regiões Geográficas Nordeste
e Sudeste. Aí o mapa passou a ser este:
– Ficou decidido, também, que a cada 10 anos, mais ou menos, haveria 
uma revisão sobre a Região, pois, em 2005, se trabalhava principalmente 
com dados de 1975 para Precipitação e de 1985 para Evapotranspiração 
e Dias Secos. E que, em 2015, deveria se trabalhar com dados a partir de 
1985 e assim sucessivamente.
Terro então perguntou: 
– Quer dizer, professora, que a Região Semiárida vai mudar sempre? 
– Sim! – Respondeu Dona Fida. – A partir do Polígono das Secas de 
1936 tivemos mudanças em 1946, 1951, 1989, 2005 e, mais recentemente, 
em 2017, pois não deu para fazer a atualização em 2015.
13Conferir: Instituto Humanitas Unisinos. 2019. O ainda desconhecido Semiárido brasileiro. https://www.
ihu.unisinos.br/78-noticias/592171-o-ainda-desconhecido-semiarido-brasileiro.
17
– Em 2017 a Região Semiárida além de incluir parte do estado do 
Maranhão continuou a incluir partes dos estados do Piauí, Ceará, Rio 
Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia e Minas 
Gerais e parte das Regiões Nordeste e Sudeste. Isto fez com que houvesse 
1.262 municípios e a área passasse a ser de 1.128.697,40 km². Conforme 
consta no mapa abaixo.
Fonte: Sudene (2017)14
14Conferir: Sudene. 2017. DELIMITAÇÃO DO SEMIÁRIDO. http://antigo.sudene.gov.br/images/arquivos/
semiarido/arquivos/mapa-semiarido-1262municipios-Sudene.pdf.
– Puxa, Professora...! Que viagem no tempo e na História!!! – Disse 
Fauno.
– Com certeza, Fauno. Muita gente acha que o Semiárido é mais 
uma Região Geográfica do Brasil e que é apenas no Nordeste. E o pior: 
acham que todo o Nordeste é Semiárido. 
– Mas vocês já viram que o Semiárido está no Nordeste e no Sudeste, 
e que só ocupa parte dos estados e nunca toda a área destes estados.
18
Fonte: Sudene (2017)15
15Conferir: Sudene. 2021. Sudene (2021). DELIMITAÇÃO DO SEMIÁRIDO - 2021 RELATÓRIO FINAL. https://
www.gov.br/sudene/pt-br/centrais-de-conteudo/02semiaridorelatorionv.pdf.
– Recentemente, em dezembro de 2021, houve nova delimitação. A 
Região Semiárida passou a ter 1.322.680,27 km² e 1.427 municípios. Além 
de incluir partes dos estados do Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do 
Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia e Minas Gerais e 
parte das Regiões Nordeste e Sudeste, a grande novidade foi a inserção 
de parte do estado do Espírito Santo.
– Sim, Professora! – Responderam todos. 
– Pois na próxima aula continuaremos com o Semiárido Clima. Até 
mais!!!
19
Capítulo 02 - Semiárido e o Clima para Sistemas Agrofl orestais I
Estava um dia muito “abafado” e Fauno, Flora, Hidra e Terro 
reclamavam como o tempo estava quente.
Aí Dona Fida aproveitou para começar com o tema do dia: O 
Semiárido Clima! 
Primeiro, ela disse que existia uma diferença entre Tempo e Clima.
Aí Terro disse: – Pois eu pensava que 
era a mesma coisa!
– Não, não é! – disse Dona Fida.
– Quando se diz Tempo, na verdade, 
está se referindo a uma situação de 
momento: “O tempo está quente!”. “O tempo 
está frio!” Isto pode durar minutos, horas ou 
alguns dias.
– Mas quando se diz Clima significa 
que é mais duradouro. Décadas, séculos, 
milênios!!! Por exemplo, temos o Clima 
Semiárido, que é muito antigo!!!
– Antigo como, Professora? – Perguntou Fauno.
– Ah! Para entender o Clima Semiárido, temos que fazer uma viagem 
no tempo!!!
– Oba! Viagem no tempo!!! Vai ser legal!!! Responderam as crianças.
– Pois bem, disse Dona Fida, lembram-se daquela figura que eu 
mostrei para vocês? Aquela em que os continentes da Terra nem sempre 
foram os mesmos?
– Lembramos!!!
– Vou mostrar de novo. Vejam como nós éramos há cerca de 280 
milhões de anos (280 Ma).
– Eita, Professora! Então, nós éramos “irmãos” da África? – Perguntou 
Terro.
SAFs no Semiárido: Histórico, abrangência e características gerais
20
Fonte: Vilallonga (2013)¹
– Mais ou menos isto, Terro. Na verdade, nos mapas atuais dá para 
ver que a costa do Brasil se encaixava perfeitamente na costa africana. 
Naquela época, havia apenas um Supercontinente denominado Pangea/
Pangeia, que vem do grego e significa Pan = Todo; e Geia = Terra. Ou seja, 
Toda a Terra.
Fonte: Vilallonga (2013)²
– Eu já expliquei também que a Terra é formada por placas tectônicas 
e que elas, vez por outra, “acordam” e provocam terremotos, erupções 
vulcânicas, maremotos etc.
 1Conferir: VILALLONGA, Filipa Andrade Santos Robalo. Análise de proveniência sedimentar das bacias 
de carbónico e do triásico do SW de Portugal (Alentejo e Algarve): contributo para o conhecimento dos 
processos de formação e fragmentação do supercontinente Pangeia. 2013. https://dspace.uevora.pt/
rdpc/handle/10174/16319
 2Conferir: VILALLONGA, Filipa Andrade Santos Robalo. Análise de proveniência sedimentar das bacias 
de carbónico e do triásico do SWde Portugal (Alentejo e Algarve): contributo para o conhecimento dos 
processos de formação e fragmentação do supercontinente Pangeia. 2013. https://dspace.uevora.pt/
rdpc/handle/10174/16319
21
Fonte: IBGE (2022)³ 
3Conferir: IBGE (2022). Atlas Escolar. A Terra. Formação dos Continentes. https://atlasescolar.ibge.gov.
br/a-terra/formacao-dos-continentes;
4Conferir: IBGE (2022). Atlas Escolar. A Terra. Formação dos Continentes. https://atlasescolar.ibge.gov.
br/a-terra/formacao-dos-continentes
– Pois não é que mais ou menos entre 145 e 135 milhões de anos 
algumas delas, ou todas, “acordaram” e aí houve uma das muitas grandes 
modificações da Terra!
Fonte: IBGE (2022)4
– Certo, Professora, mas onde está o clima nesta história? – Perguntou 
Hidra.
– Muito bem, Hidra! Nesta história nos interessa justamente este 
período entre 145 e 135 milhões de anos. Foi aí que começou a Semiaridez. 
Foi quando a América do Sul se separou da África e quando se começou a 
formar o Oceano Atlântico Sul. Isto se chamou Deriva Continental.
22
Fonte: Souza et al (2001 )5
Esta Deriva Continental fez com que parte do Brasil, e consequente-
mente o que hoje denominamos de Região Semiárida, ficasse próxima à 
linha do Equador, que é uma das áreas que recebe mais luminosidade no 
mundo e, portanto, tende a ser mais quente. É a chamada Zona Tropical 
ou Intertropical.
Fonte: IBGE (2022)6 
– Mas isto só justifica a Semi, Semu... como é mesmo o nome? – 
Perguntou Flora.
– É Semiaridez, Flora! Disse Dona Fida. Não! Não justifica. É preciso 
que se entenda que foi aí que começou parte da Semiaridez.
– Por exemplo, além de se situar nesta área mais iluminada e mais 
quente, a futura Região Semiárida também ficou quase toda “cercada”
de elevações do tipo serras, serrotes, chapadas, planaltos… Vejam na 
imagem abaixo para o Semiárido de 2017. Quanto mais escuro, mais alto. 
Quanto mais claro, mais baixo.
5Conferir: SOUZA, G. C.; OLIVEIRA, K. C.; CERQUEIRA, Mílvia Oliveira. Inselbergs e sua gênese no semi-
árido Baiano. VIII Encontro Baiano de Geografi a. Bahia, Brasil: Vitória da Conquista, p. 1-15, 2011. https://
docplayer.com.br/1385208-Inselbergs-e-sua-genese-no-semi-arido-baiano.html;
6Conferir: IBGE (2022). Atlas Escolar. Mapas. Temperatura. https://atlasescolar.ibge.gov.br/images/atlas/
mapas_mundo/mundo_temperatura.pdf
23
– Isto faz com que os ventos e as nuvens carregadas de umidade, 
vindos do Oceano Atlântico e mesmo do Continente, como da Região 
Amazônica, passassem a encontrar barreiras… São conhecidas pelo 
menos três mecanismos destes “barramentos” e destas chuvas chamadas 
orográficas, de montanhas ou de elevações.
Fonte: Alves (2019) 7
Mecanismo de 
Autoconversão 
Mecanismo Seeder-Feeder Mecanismo de Convecção 
Disparada 
Fonte: Cândido e Nunes (2008)8
 – Vocês já notaram como por detrás daquela serra chove mais e a 
vegetação é mais verde e mais diferente?
– Sim! –Responderam Hidra e Flora. – Inclusive a parte que mais 
chove está virada para o mar...
– E até os solos são mais profundos...? 
⁷Conferir: ALVES, Grace Bungenstab (2019) A formação das paisagens sertanejas no tempo e no 
espaço.https://www.researchgate.net/profi le/Grace-Alves/publication/334045556_A_formacao_das_
paisagens_Sertanejas_no_tempo_e_no_espaco/links/5ef52d24a6fdcc4ca431004e/A-formacao-das-
paisagens-Sertanejas-no-tempo-e-no-espaco.pdf;
8Conferir:CÂNDIDO, Daniel Henrique; NUNES, Lucí Hidalgo. Infl uência da orografi a na precipitação da 
área entre o vale do rio Tietê e a Serra da Mantiqueira. GEOUSP Espaço e Tempo (Online), v. 12, n. 1, p. 
08-27, 2008. https://www.revistas.usp.br/geousp/article/view/74094
24
 ⁹Conferir: PELEJA, José Reinaldo Pacheco; MOURA, José Mauro Sousa. A FORMAÇÃO GEOLÓGICA DA 
AMAZÔNIA: UMA VISÃO ELEMENTAR. ESTUDOS INTEGRATIVOS DA AMAZÔNIA-EIA, p. 57.http://rosepepe.
com.br/acquerello/wp-content/uploads/2016/02/Livro_EIA_1.pdf#page=58
10Conferir:BORSATO, Victor da Assunção; MASSOQUIM, Nair Glória. Os movimentos, as áreas de 
atuação e as propriedades das massas de ar no Brasil. Revista de Geografia, Meio Ambiente e Ensino, 
v. 11, n. 1, p. 27-56, 2020. http://www.fecilcam.br/revista/index.php/geomae/article/viewFile/2201/pdf_377
– Sim! – Respondeu Terro.
– Agora vamos somar! Insolação Maior + Orografia + Ventos Secos = 
Semiaridez?
– Parece que sim! – Responderam todos.
– É... nem tudo que parece é!!! – Disse Dona Fida. – Vejam: apenas 
isto não é suficiente para explicar a Semiaridez.
– E agora Professora? – Perguntou Fauno.
– E agora é que, para entendê-la, temos que incluir mais informações 
nesta soma. Por exemplo, já se sabe que há cerca de 50 milhões de anos 
se formou a Cordilheira dos Andes, que atualmente tem fortes influências 
na Região Amazônica Brasileira, a qual, por sua vez, influencia parte do 
Semiárido com as chuvas vindas de lá e chamadas Massa Equatorial 
Continental - mEc.
Encontro entre a placa da América do Sul e a placa Nazca 
(oceano Pacífi co). Press et al. (2006).
Fonte: Peleja e Moura (2012)9
Variações da Massa Equatorial Continental ao longo do ano de 2010
Fonte: Borsato e Massoquim (2020)10 
25
 11Conferir: BERLATO, Moacir A.; FONTANA, Denise Cybis. El niño e a agricultura da região Sul do Brasil. 
Passo Fundo: Embrapa, 2011.
– Portanto, a nossa conta agora será Semiaridez = Insolação Maior + 
Orografia + Ventos Secos + Massa Equatorial Continental. Mas não para 
por aí. Sabe-se também da influência do El Niño e da La Niña (ENOS – 
El Niño Oscilação Sul) que, para alguns estudiosos, existe há 1 milhão de 
anos, e para outros, há 130 mil anos. Para outros, o efeito maior seria de 
7.000 anos para cá... No El Niño chove menos no Semiárido e no La Niña
chove mais no Semiárido. Vejam nas figuras abaixo como isto acontece.
Fonte Berlato e Fontana (2011)11
– Agora a conta será Semiaridez = Insolação Maior + Orografia + 
Ventos Secos + Massa Equatorial Continental + El Niño + El Niña (Enos). 
– Eita, que a conta está ficando grande! – Disse Flora.
– E vai aumentar mais ainda!!! Vamos acrescentar a esta conta a 
Zona de Convergência Intertropical – ZCIT. Ela, mais do que a mEc e o 
Enos, influencia, e muito, as chuvas no Semiárido. Mas, primeiro, precisam 
lembrar das famosas Calmarias. Lembram?
– Sim, Professora! – Disse Hidra. – Era um período que “faltava” vento 
para que as caravelas pudessem se deslocar nos Oceanos.
– Muito bem, Hidra! – Disse a Professora. Pois estas calmarias eram 
(e são) provocadas pelo “descanso” dos ventos alísios úmidos, que vêm, 
principalmente, dos polos Norte e Sul e seguem também em direção de 
Leste a Oeste. E estes ventos “terminam” numa área chamada de Zona de 
Convergência, que por estar entre os Trópicos de Câncer e de Capricórnio, 
passou a ser chamada de Zona de Convergência Intertropical ou ZCIT. 
Estes ventos, quando chegam nesta Zona, podem causar calmarias, 
chuvas ou secas.
26
– E tem mais!!! – Disse Dona Fida. Dependendo destes “humores” da 
ZCIT, podemos ter anos de maiores precipitações ou não no Semiárido. 
Normalmente, no mês de janeiro em diante, ela ocupa parte desta região 
e, de julho em diante, “sobe” um pouco mais. Isto é normal.
Fonte: Haldin (2006)12 
Como as nuvens se comportam próximo ao Semiárido
Fonte: FUNCEME (2014)13 
– Agora, basta que ela esteja mais acima da sua localização, que 
teremos um ano com menor quantidade de chuvas, ou mesmo praticamente 
sem chuvas. Observem na figura abaixo a posição da ZCIT e quando os 
anos são mais chuvosos ou secos.
Fonte: Ferreira e Melo (2005)14 
 12Conferir:Haldin, M.ITCZ https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/d/d7/ITCZ_january-july.png;
13Conferir: Funceme (2014). Sistemas Atmosféricos Atuantes Sobre o Nordeste. http://www.funceme.
br/?p=967;
14Conferir:FERREIRA, Antonio Geraldo; DA SILVA MELLO, Namir Giovanni. Principais sistemas atmosféricos 
atuantes sobre a região Nordeste do Brasil e a infl uência dos oceanos Pacífi co e Atlântico no clima da 
região. Revista brasileirade climatologia, v. 1, n. 1, 2005.https://revistas.ufpr.br/revistaabclima/article/
download/25215/16909 
27
- Quando se junta com a Massa Polar Atlântica – mPa, que também 
vem do Oceano Atlântico abaixo da Argentina, ela provoca as famosas 
chuvas do mês de julho no litoral e em parte do Semiárido.
Variações da Massa Polar Atlântica ao longo do ano de 2010
Fonte: Borsato e Massoquim (2020)
 15Conferir:BORSATO, Victor da Assunção; MASSOQUIM, Nair Glória. Os movimentos, as áreas de 
atuação e as propriedades das massas de ar no Brasil. Revista de Geografi a, Meio Ambiente e Ensino, 
v. 11, n. 1, p. 27-56, 2020. http://www.fecilcam.br/revista/index.php/geomae/article/viewFile/2201/
pdf_377;
Variações da Massa Tropical Atlântica ao longo do ano de 2010
Fonte: Borsato e Massoquim (2020)15 
– Agora, vamos atualizar a nossa conta? Semiaridez = Insolação 
Maior + Orografia + Ventos Secos + mEc + Enos + ZCIT. Só que tem mais 
coisa!!! – Disse Dona Fida.
– E não termina, não? – Perguntou Terro.
– Termina sim! Isto é o que se conseguiu estudar até hoje, Terro. Pode 
ser que futuramente possam existir mais informações.
– No estudo do Clima do Semiárido, nós não podemos nos esquecer 
de incluir as influências da Massa Tropical Atlântica - mTa. Ela vem do 
Oceano Atlântico Sul e depende também dos “humores” deste. Mas, 
geralmente, ela é constante o ano todo e atua mais junto à parte litorânea 
do Semiárido ou com reflexos neste.
28
Variações da Massa Equatorial Atlântica ao longo do ano de 2010
Fonte: Borsato e Massoquim (2020)16 
Fonte: Jorge (2015) 17 
– E não podemos nos esquecer da Massa de Ar Kalahariana – mAk, 
que é mais seca e é originada principalmente no Deserto de Kalahari, na 
África, a qual exerce sua influência em parte do Semiárido. Ela é a letra B 
pontilhada na imagem abaixo.
Temos, também, a Massa Equatorial Atlântica – mEa, que vem 
também do Oceano Atlântico Sul, principalmente da região dos Açores, e 
atua mais no litoral com participação nas chuvas do Semiárido.
16Conferir:BORSATO, Victor da Assunção; MASSOQUIM, Nair Glória. Os movimentos, as áreas de atuação 
e as propriedades das massas de ar no Brasil. Revista de Geografi a, Meio Ambiente e Ensino, v. 11, n. 1, 
p. 27-56, 2020. http://www.fecilcam.br/revista/index.php/geomae/article/viewFile/2201/pdf_377;
17Conferir: Jorge Felipe Vanhoni. A dinâmica pluvial do Clima Subtropical: variabilidade e tendência no Sul 
do Brasil. 2015. https://www.acervodigital.ufpr.br/handle/1884/45152
29
Fonte: Jatobá et al (2017)18 
– Professora, eu não entendi aqueles “A”, “B” “C” e “E” na figura! – 
Disse Flora.
– Daqui a pouco falamos sobre esta “sopa de letrinhas” que existe 
em muitos mapas e figuras sobre o Clima, Flora. Pode ser?
– Sim, Professora!
– Bem, agora vocês viram que a conta vai aumentando: Semiaridez 
= Insolação maior + Orografia + Ventos secos + mEc + Enos + ZCIT + mTa 
+ mPa + mEa + mAk. E tenho que dizer a vocês que ainda não terminou!!!
– Eita! – Disseram todos eles.
– Existem ainda os Vórtices Ciclônicos de Alto Nível – VCAN, as Ondas 
de Leste, os Complexos Convectivos de Mesoescala – CCM e as Linhas de 
Instabilidade – LI.
Fonte: FUNCEME (2014)19
18Conferir:JATOBÁ, Lucivânio; SILVA, Alineaurea Florentino; GALVÍNCIO, Josiclêda Domiciano. A dinâmica 
climática do Semiárido em Petrolina-PE. Embrapa Semiárido-Artigo em periódico indexado (ALICE), 
2017. https://www.alice.cnptia.embrapa.br/handle/doc/1090601;
19Conferir:Funceme (2014). Sistemas Atmosféricos Atuantes Sobre o Nordeste. http://www.funceme.
br/?p=967
30
- Insolação Maior + Orografia + Ventos secos + mEc + Enos + ZCIT + 
mTa + mPa + mEa + mAk + VCAN + Ondas de Leste + CCM + LI. Acrescentando 
ainda a Evapotranspiração vamos tentar finalizar com: Semiaridez = 
Insolação maior + Orografi a + Ventos secos + mEc + Enos + ZCIT + mTa + mPa + 
mEa + mAk + VCAN + Ondas de Leste + CCM + LI + Evapotranspiração.
– Dá pra tentar finalizar, Professora? – Disse Fauno.
– Sim, Fauno, sim! Os estudos do clima ainda são grandes enigmas 
para a humanidade.
– Mas, o mais importante disto tudo, é que qualquer decisão que for 
feita com relação à produção de alimentos e pastagens no Semiárido 
tem que ser muito afinada com o conhecimento do seu clima que, na 
maioria das vezes, pode apresentar instabilidades dentro do ano ou entre 
anos. Por exemplo: todos os anos, nós sabemos que em muitas partes do 
Semiárido os meses de “BRO” são os mais temidos por estarem associados 
aos períodos secos existentes dentro de todo ano. Os meses de “BRO” 
são: SetemBRO, OutuBRO, NovemBRO e DezemBRO. Embora não seja a 
realidade para todo o Semiárido, é para boa parte dele.
E Professora Fida continuou:
– Isto significa que existe apenas um Semiárido Região (mesmo que 
seja atualizado periodicamente), mas existem vários Semiáridos Clima, 
que têm que ser compreendidos e, principalmente, respeitados!!!
– Por exemplo, poucos sabem que a Zona de Convergência 
Intertropical passou a interferir mais entre 12.000 e 8.000 anos, que este 
clima do Semiárido que nós conhecemos passou a existir há cerca de 
4.240 anos20 , e que a caatinga que os indígenas e os nossos ancestrais 
conheceram, da qual resta muito pouco, tem cerca de 4.535 anos21 . 
Contudo, alguns pesquisadores já afirmaram que a caatinga se instalou 
desde cerca de 65 a 2,5 milhões de anos (AB’SABER,1994; FERNANDES 1990; 
ANDRADE-LIMA, 1982)22 , e que algumas plantas que hoje nós conhecemos 
já existiam cerca de 15 milhões de anos (com comprovação de cerca de 
5,5 milhões de anos)23 , como a nossa tão conhecida Palmatória de Pelo, 
Pelo, Cumbeba, Quipá, Gogóia...
20Conferir:BARRETO, Alcina Magnolia Franca. Interpretação paleoambiental do sistema de dunas 
fi xadas do médio Rio São Francisco, Bahia. 1997. Tese de Doutorado. Universidade de São Paulo.https://
www.teses.usp.br/teses/disponiveis/44/44136/tde-24092015-160224/publico/Barreto_Doutorado.pdf;
21Conferir:Oliveira et al (2005). PALEOVEGETAÇÃO E PALEOCLIMAS DO QUATERNÁRIO DO BRASIL. 
Quaternário do Brasil. https://www.researchgate.net/publication/326518956_Quaternario_do_
Brasil_2Ed.
 22Conferir: GUERRA, MDF; DO ARARIPE, Veredas da Chapada. contexto ecogeográfi co de subespaços 
de exceção no semiárido do estado do Ceará, Brasil. 2019. 2019. Tese de Doutorado. Tese (Doutorado 
em Geografi a)–Programa de Pós-Graduação em Geografi a, Universidade Estadual do Ceará. 
Fortaleza.http://www.uece.br/wp-content/uploads/sites/60/2020/02/maria_daniely_freire_guerra.pdf
 23Conferir: LEAL,D.Y.B; MANFRIN, M.H.; Reconstrução da história evolutiva de Tacinga inamoena 
(K. Schum) N. P. Taylor & Stuppy (CACTACEAE) no bioma Caatinga (2017). https://repositorio.usp.br/
item/002941258
31
Fonte:UNIVASF/NEMA (2020)24
– Puxa, Professora, isso é bonito!!! – Disse Flora.
– Sim, Flora! É uma história que deve ser conhecida e respeitada!!!
– Na verdade, é toda uma construção! Vejam que lá atrás: eu falei 
principalmente de massas de ar, correntes atmosféricas... Mas houve, e 
ainda há, a influência das correntes oceânicas que, mesmo assim, tem 
seus efeitos nos continentes. Vou lembrar uma coisa para vocês. É sobre 
as glaciações.
– Espere Professora, deixa eu falar! – Disse Terro. – As glaciações 
ocorreram com “muita força” no passado da Terra. Houve época até que 
a Terra era praticamente uma “bola de gelo”. Com o tempo, as glaciações 
foram ficando “menos fortes” e, praticamente, a última que tivemos, foi 
entre de 21.000 a 10.000 anos. 
Hidra acrescentou: – Também, toda vez que tinha uma glaciação, 
o nível do mar diminuía, pois boa parte da água se transformava em 
gelo. Tempo mais frio e menos água no mar significa menor evaporação 
e, portanto, menos nuvens e menos chuvas nos continentes.
– Flora finalizou dizendo que: – Isto significava que, nos continentes, 
havia uma tendência de ser mais frio e mais seco, e a vegetação e a 
fauna tinham que se adaptar. Isto também não acontecia de uma hora 
para outra. Eram necessários milênios...
– Muito Bem! Nota dez!!! –Disse Dona Fida. E completou: 
– Isto quer dizer que aqui, no que hoje chamamos Semiárido, não foi 
diferente. Tivemos períodos frios e secos (glaciações) e tivemos períodos 
mais quentes e úmidos (interglaciações).
24Conferir:UNIVASF. Núcleo de Ecologia e Monitoramento Ambiental. Espécie do mês. Quipá. https://
nema.univasf.edu.br/site/index.php?page=newspaper&record_id=67
32
- Mas é bom lembrar que, mesmo nos longos períodos de glaciação, 
tivemos dentro deles alguns períodos mais quentes e úmidos, enquanto 
que, nos períodos das interglaciações, tivemos períodos mais frios e secos. 
O Clima é assim. Não tem ainda quem possa explicar!!! Vejam na figura 
abaixo como isto está claro.
Fonte: Nunes et al (2012)25
Professora Fida emenda:
– Por exemplo: tem quem acredite que nós estamos em um período 
mais quente e úmido desde há mais de 4.000 anos? Tem quem acredite 
que o Semiárido já foi Para Árido e que parte da Região Amazônica e 
do Pantanal foi Semiárida há cerca de 11.000 anos? E que, além das 
influências das massas de ar já citadas, também tivemos, e temos, muita 
influência das correntes oceânicas?
- Vejam na figura abaixo. Do lado direito é uma datação de 10 a 
13.000 anos e do lado esquerdo é a situação atual em que vivemos. 
Observem que algumas correntes mudaram o sentido ou reduziram a sua 
ação e outras até mesmo desapareceram. O mesmo aconteceu com os 
ventos.
 25Conferir: NUNES, F. C.; BOAS, G. da SV; DA SILVA, E. F. Mudanças climáticas e seus refl exos na 
paisagem do quaternário: primeiras Refl exões. Embrapa Solos-Documentos (INFOTECA-E), 2012.https://
www.infoteca.cnptia.embrapa.br/bitstream/doc/950779/1/Doc157MudancasQuaternario.pdf
33
– Professora, é muita informação e muita coisa, mas deu para 
entender sim!!! –Disseram Fauno, Flora, Hidra e Terro.
– O mais importante que vocês devem entender é que, ao chegarem 
perto de qualquer planta ou animal nativos do Semiárido, assim como de 
um tipo de solo, ou mesmo de um rio ou riacho, lembrem-se de que ali 
existem milênios e milhares de anos de construções pelo clima.
Fonte: Nunes et al (2012)26
Fonte: Birolo (2014)27 
 26Conferir: NUNES, F. C.; BOAS, G. da SV; DA SILVA, E. F. Mudanças climáticas e seus refl exos na 
paisagem do quaternário: primeiras Refl exões. Embrapa Solos-Documentos (INFOTECA-E), 2012.https://
www.infoteca.cnptia.embrapa.br/bitstream/doc/950779/1/Doc157MudancasQuaternario.pdf
27Conferir:Birolo, F.M.B. Embrapa.Multimédia. Image Bank. https://www.embrapa.br/en/busca-de-
imagens/-/midia/1465001/caatinga
34
– Assim, antes de desmatar ou desflorestar qualquer área, e 
principalmente onde está a vegetação de caatinga, perguntem se aquilo 
é realmente necessário. Se vocês não estão reproduzindo erroneamente
o que os nossos ancestrais acharam que era o melhor.
E Professora Fida continua:
– E mais!!! Que quando vocês forem trabalhar, ou orientar trabalhos 
em terras já desflorestadas e que foram usadas para agricultura 
(agriculturização) ou pastagem (pecuarização), e que estejam muito 
“cansadas”, que se espelhem sempre na vegetação nativa! Vejam como ela 
é formada por várias espécies com raízes mais rasas ou mais profundas, 
copas mais altas ou mais baixas, ou mais fechadas ou mais abertas. Umas 
com espinhos, outras sem. Umas frutíferas, outras não... Tentem reproduzir 
parte do que viram nas matas nestas áreas. Misturar árvores, arbustos, 
culturas alimentares, culturais de pastagem ou frutas. Isto se chama 
Sistemas Agroflorestais - SAFs. 
A Professora ainda pontua, encerrando: 
– A catingueira pode se dar bem com o milho. O pereiro pode se dar 
bem com a palma forrageira. O jucá pode se dar bem com o feijão. O 
angico pode se dar bem com o capim Buffel. A gliricídia pode se dar bem 
com o jerimum. E, no meio de tudo isso, ainda podemos ter o umbuzeiro!!!
Mas tudo tem que ser plantado de acordo com o clima!!! 
– Na próxima aula a gente continua!!!
35
Dona Fida começou perguntando: 
– Vocês lembram como eu terminei a aula de ontem?
Flora respondeu: 
– Sim, Professora! Depois de fazer a gente viajar no tempo, a senhora 
disse que, para plantar espécies nativas ou de fora (exóticas), é preciso 
sempre observar o clima.
– Isto mesmo, Flora!!! Vejam só! Primeiro, é preciso que vocês 
entendam que não existe Clima Semiárido só no Brasil. Existe em muitos 
países do mundo. E uma surpresa: para ser Clima Semiárido não precisa 
ser quente!!!
– Não entendi Professora! – Disse Terro. – Quer dizer que tem Clima 
Semiárido Frio?
– Sim!!! Existem muitas classificações de clima no mundo. Mas uma 
das mais usadas mostra duas variações de clima para o Semiárido. Vejam 
que nela o clima semiárido é identificado por três letrinhas BSh.
Clima Semiárido Quente
Fonte: Peel et al (2011)1
1Conferir: Peel, M.C.; Finlayson, B.L.; McMahon, T.A. Koppen Word Map. https://commons.wikimedia.org/
wiki/File:Koppen_World_Map_BSh.png. 
Capítulo 03 - Semiárido e o Clima para Sistemas Agrofl orestais II
SAFs no Semiárido: Histórico, abrangência e características gerais
36
– Ah! A “Sopa de Letrinhas”! – Lembrou Flora.
– Isto mesmo. Lembrando que o Clima Semiárido que interessa para 
a gente é o quente. Logo é o BSh, em que o “B” significa o Grupo Climático 
Seco (Áridos a Semiáridos) com baixo nível de precipitação durante o ano, 
o “S” significa o Tipo Semiárido e o “h” significa o Subtipo Quente.
– Explicado isto, vamos agora para um assunto mais detalhado. Hoje 
em dia é possível não mais perder plantio, quer seja por meio dos sistemas 
tradicionais, quer seja por meio dos Sistemas Agroflorestais. Além dos 
avisos dados a, pelo menos, um mês antes da “quadra invernosa” pelos 
órgãos ligados ao Clima, pelos “Profetas e Profetisas das Chuvas”, pelas 
plantas e animais e pelo firmamento, as pessoas que plantam no Semiárido 
podem, e muito, consultar os Bancos de Dados, sites ou plataformas.
Fonte: Inmet Clima (2022)3 Fonte: Secult (2022)4
2Conferir: Peel, M.C.; Finlayson, B.L.; McMahon, T.A. Koppen Word Map. https://commons.wikimedia.
org/wiki/File:Koppen_World_Map_BSh.png. 
3Conferir: Inmet Clima. Abril de 2022. https://clima.inmet.gov.br/progp/0; 
4Conferir: Secult. CE. 2022. 26º Encontro dos Profetas das Chuva. https://www.secult.ce.gov.
br/2022/01/03/26o-encontro-dos-profetas-das-chuva/.
Clima Semiárido Frio
Fonte: Peel et al (2011)2
E na outra pelas letrinhas BSk.
37
Fonte: MAPA (s.d.)5
5Conferir: MAPA. Zoneamento Agrícola de Risco Climático.(s.d.) https://indicadores.agricultura.gov.br/
zarc/index.htm.
– Banco de Dados? – Perguntou Fauno.
– Sim! Hoje existem muitos Bancos de Dados que ajudam quem vive 
no Semiárido a “prever” se o que vai plantar dará certo. Vou dar um 
exemplo: Flora, escolha uma planta de alimento, uma de forragem e uma 
frutífera plantadas aqui na nossa região.
– Milho, palma forrageira e goiaba! – Escolheu Flora.
– Pois bem, se a gente organizar direitinho, podemos misturar 
estas três plantas numa mesma área formando o início de um Sistema 
Agroflorestal. Agora,Terro, você que é bom de desenho, faça este esquema 
aqui no quadro, por favor!
– Estão vendo como é mais ou menos fácil criar um Sistema 
Agroflorestal? Este é do tipo Agrossilvipastoril, em que o Agro é o Milho, 
o Silvo é a Goiaba e o Pastoril é a Palma Forrageira.
– Agora procurem nos seus computadores, celulares ou tablets uma 
sigla chamada ZARC Zoneamento. O que ela significa?
– Zoneamento Agrícola de Risco Climático! – Disse Hidra.
38
– Isto! Vejam que é uma espécie de pesquisa para saber se a cultura 
que você quer plantar na sua região é recomendada ou não recomendada. 
E, se recomendada, quais os riscos que existem em função do ano, estado, 
se é perene ou não, tipo de solo e município. Mas não esqueçam que, ao 
escolher o ano diretamente, vocês estão trabalhando com as previsões 
climáticas históricas para o local da sua escolha.
– Agora procurem em Safra, à esquerda, e coloquem 2021/2022. Em 
Cultura, escolham Feijão 1ª Safra. Em Unidade da Federação, escolhamParaíba. Em Grupo, escolham o I, pois o Feijão é uma variedade de ciclo 
curto. Em município, escolham Cabaceiras, que é o município que menos 
chove no Semiárido e no Brasil. 
Fonte: MAPA (s.d.)6
– Vejam que vai aparecer uma figura onde existe um risco de 30% 
para o plantio do Feijão neste município e que, nesta figura, há uma 
numeração que vai de 1 a 36. Nela, 1,2,3 = janeiro; 4,5,6 fevereiro; 7, 8, 9 = 
março; 10, 11, 12 = abril; 13, 14, 15 = maio e assim sucessivamente. Logo, do 
meio do mês de março (8,9) a início de abril (10) o risco é de 40%. Mas do 
meio do mês de abril (11,12) a início de maio (13,14) o risco passa a ser de 
30%, o que, mesmo assim, não é um bom valor. O ideal seria, no máximo, 
20%.
6Conferir: MAPA. Zoneamento Agrícola de Risco Climático.(s.d.) https://indicadores.agricultura.gov.br/
zarc/index.htm.
39
– Vamos agora para a Palma Forrageira, repetindo praticamente o 
que fizemos com Feijão. Só que a Palma é considerada Perene. Vejam 
que o risco principal agora é de apenas 20% e que mudaram também os 
períodos de plantio.
40
– Com relação à Goiaba, o procedimento é o mesmo. Só que na 
escolha para a Goiaba não Irrigada ou de Sequeiro, o sistema não aceita 
para o estado da Paraíba. Logo, o risco é muito grande. O mesmo acontece 
se escolher a Goiaba Irrigada.
– Então, o que viria a ser um Sistema Agroflorestal ficou reduzido 
a apenas duas culturas: Feijão e Palma forrageira. Ou seja, apenas um 
Consórcio, pois para ser um SAF teria que ter o componente lenhoso.
– Se a gente trocar a Goiaba pelo Caju, dá tudo certo, pois o risco é 
de apenas 20%.
– Mas prestem atenção para as épocas de plantio no caso do Caju, 
da Palma Forrageira e do Feijão. Elas não são iguais e isto tem que ser 
respeitado.
Então, Fauno comentou: 
Professora, tanto conhecimento, tanta tecnologia e as pessoas 
continuam errando?
– Isto mesmo, Fauno. Erram por não saberem. Erram por saberem e 
não usarem. E o pior: erram porque querem, muitas vezes.
41
– Por que querem? – Perguntou Terro.
– Sim. Muitas vezes ficam presos a motivos religiosos de só plantar 
aquela cultura e no dia de determinado santo ou santa. Como, por 
exemplo, plantar milho e feijão no Dia de São José, que é 19 de março. 
Vocês viram que para o Feijão em Cabaceiras o risco é de 40% nesta data 
para a safra 2021/2022!!! Sobre esse aspecto cultural de influência tem 
até música interpretada por Luiz Gonzaga sobre isto!!! 
São João do Carneirinho
“Eu plantei meu milho todo no dia de 
São José.
Se me ajuda a providência, vamos ter 
milho à grané.
Vou "coiê" pelos meus "caico"
20 espiga em cada pé.
Fonte: Arquivo Nacional (s.d.)7
7Conferir: Arquivo Nacional. https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Luiz_Gonzaga_(1957).tif
8Conferir: ANA. 2019. Monitor de Secas. TABELA DE CLASSIFICAÇÃO DE SEVERIDADE DA SECA. https://
monitordesecas.ana.gov.br/tabela-de-classifi cacao
– E vocês querem saber? Tem mais onde buscar informações!!!
– Onde, Professora? – Perguntou Hidra.
– Ah! No Monitor de Secas do Brasil!!! Ele não é utilizado para prever 
as secas, mas para informar, entre outras coisas, o que ocorreu naquele 
determinado mês de um determinado ano. Por exemplo, vejam o que 
ocorreu nos meses de janeiro de 2022 a 2015. Em 2015 se analisava apenas 
a Região Nordeste e, consequentemente, boa parte do Semiárido, mas a 
partir de 2019 foi inserida parte da Região Sudeste, com ampliações para 
outras regiões entre 2021 e 2022. 
A professora continua: 
– Vocês devem ter observado as diferentes Classificações de Secas
existentes: Seca Fraca, Seca Moderada, Seca Grave, Seca Extrema e 
Seca Excepcional8. Eu tentei colocar uma estrelinha mais ou menos onde 
fica o município de Cabaceiras, no estado da Paraíba. Vejam que em oito 
anos de estudos, ele teve dois de Seca Moderada, dois de Seca Grave, 
dois de Seca Extrema e dois de Seca Excepcional. Ou seja, 75% de anos
com secas mais intensas. Contudo, há certa previsão para 2022 de uma 
situação mais moderada.
42
Fonte: ANA (s.d.)9
9Conferir: Ana. Monitor de Secas. https://monitordesecas.ana.gov.br/o-monitor-de-secas
E Professora Fida vai concluindo: 
– Resumindo: Consultando as previsões climáticas, o ZARC e o 
Monitor de Secas dificilmente vocês irão errar na época de plantio e sobre 
quais as culturas mais indicadas tanto para monoculturas quanto para 
consórcios e SAFs. Inclusive, dentro dos padrões do Seguro Safra.
- Qualquer dúvida, tiraremos na próxima aula!
43
Capítulo 04 - Semiárido e os Solos para SAFs
Fauno, Flora, Hidra e Terro são jovens que moram em uma 
comunidade rural do Semiárido Brasileiro.
Eles têm uma professora muito aplicada e muito preocupada em 
explicar a origem de tudo!!! O nome dela é Dona Fida.
A aula deste dia começou com Terro 
perguntando:
– Professora eu ouvi um dia destes 
alguém comentar que as terras da nossa 
região eram rasas e fracas. Isto é verdade? 
– Muito bem Terro, vamos tentar 
responder! É comum as pessoas usarem estas 
referências. É bem verdade que algumas 
“terras” (na verdade solos) do Semiárido são 
jovens e, portanto, com pouca profundidade. 
Mas dizer que todas elas são fracas, ou 
poucos férteis, aí já é querer generalizar.
1Conferir: Jarbas et al (s.d.) Embrapa. Ageitec. Litólicos. https://www.agencia.cnptia.embrapa.br/gestor/
bioma_caatinga/arvore/CONT000gdhgdwhv02wx5ok0rofsmqv90tsmc.html 
 
Fonte: Jarbas et al (s.d.)1
SAFs no Semiárido: Histórico, abrangência e características gerais
44
– Para entender os solos do Semiárido é preciso, mais uma vez, 
voltar no tempo...
– Oba! Vamos viajar de novo na máquina do tempo da Professora 
Fida!!! – Disse Fauno.
– Mais ou menos crianças! Mais ou menos!!! – Sorriu a Professora 
Fida. – Vamos voltar para mais ou menos 64 milhões de anos até 1,6 
milhões de anos. Estamos, portanto, saindo do Cretáceo e entrando 
no Terciário e depois no Quaternário. Pois, nestes 64 milhões de anos, 
ocorreram grandes mudanças planetárias, atingindo também o que hoje 
é o Semiárido2 . 
Fonte: IBGE (2022)3
– Puxa, Professora!!! Que história!!! – Disse Hidra.
– Pois é!!! Por esta época ocorreram muitos períodos secos e 
muitos períodos com chuvas muito intensas. Estas chuvas praticamente 
“lavaram” as superfícies e fizeram com que muito solo fosse carregado 
(carreado) das áreas mais altas para as áreas mais baixas. Chama-se a 
isto arrasamento do relevo e também de Pediplanação, onde Pedo é solo 
e Planação é aplainamento. Mas isso não se deu de um dia para outro. 
Foram processos que duraram séculos e talvez milênios dentro destes 64 
milhões de anos.
– Interessante, Professora! Por isso eu li um dia destes que existe, por 
exemplo, o Pediplano Sertanejo. – Disse Terro.
 2Conferir:CUNHA, Tony Jarbas Ferreira et al. Principais solos do semiárido tropical brasileiro: 
caracterização, potencialidades, limitações, fertilidade e manejo. Embrapa Semiárido-Capítulo em livro 
científi co (ALICE), 2010. https://www.embrapa.br/busca-de-publicacoes/-/publicacao/861913/principais-
solos-do-semiarido-tropical-brasileiro-caracterizacao-potencialidades-limitacoes-fertilidade-e-
manejo;
3Conferir: IBGE (2022). Atlas Escolar. A Terra. Formação dos Continentes. https://atlasescolar.ibge.gov.
br/a-terra/formacao-dos-continentes
45
Limite do Pediplano Sertanejo com o Planalto da Borborema
Fonte: Vasconcelos et al (2019)⁴
– Sim, Terro! Neste processo de construção foram criadas muitas 
áreas “aterradas”, os Pediplanos, mas, por sua vez, muitas áreas, devido 
à dureza das rochas ou à redução das chuvas, conseguiram permanecer. 
São estas elevações que conhecemos como serras, serrotes, picotes, 
picoites e picoitos. Isto se chama relevo residual. Alguns têm até nomes 
interessantes como Inselbergs ou Morros Testemunhos, pois eles ajudam 
a entender até que, alguns deles, há milhões de anos, poderiam até estar 
embaixo da terra e foram aos poucos sendo “descobertos” pelas chuvas.
 InselbergFonte: Vasconcelos et al (2019)⁵
 4Conferir:VASCONCELOS, Paulo Roberto Medeiros et al. Caracterização Geomorfológica da Carta 
Jardim do Seridó (SB. 24-ZBV), Nordeste do Brasil. Caderno de Geografi a, v. 29, n. 59, p. 1182-1200, 2019. 
http://periodicos.pucminas.br/index.php/geografi a/article/view/21058
 5Conferir:VASCONCELOS, Paulo Roberto Medeiros et al. Caracterização Geomorfológica da Carta 
Jardim do Seridó (SB. 24-ZBV), Nordeste do Brasil. Caderno de Geografi a, v. 29, n. 59, p. 1182-1200, 2019. 
http://periodicos.pucminas.br/index.php/geografi a/article/view/21058
46
– Puxa, professora... quer 
dizer que este Picote que nós temos 
aqui perto poderia, no passado, 
estar coberto de solo? – Perguntou 
Flora.
– Sim!!! E antes que vocês me 
perguntem para onde foi este solo, 
eu digo que existiram também 
“rios” ou drenagens muito largas e 
extensas que, por milhões de anos, 
levaram parte destes solos para 
criar as plataformas continentais
ou áreas de grande aterros ou 
sedimentação no Semiárido. Estes 
grandes rios ou drenagens foram 
chamados de Paleocorrentes.
Paleocorrentes em parte do atual 
Semiárido Brasileiro
Fonte: Custódio (2017)6
– Inclusive, algumas destas 
paleocorrentes originaram 
as “Linhas de Pedras” ou 
Cascalheiras, que são muito 
encontradas em alguns solos e 
mostram o poder das chuvas por 
aquelas épocas, visto que muitas 
destas pedras foram arredondadas 
pela constante fricção. São os 
“xêxos” (seixos) rolados, que 
podem estar aterrados ou, muitas 
vezes, na superfície.
Solo do Semiárido com Linha de Pedra 
ou Cascalheira
Fonte: Amorim (2015)⁷
 6Conferir: CUSTÓDIO, Michele Andriolli. Arquitetura estratigráfi ca da formação Romualdo, pós-rifte da 
Bacia do Araripe, Brasil. 2017.
 7Conferi: AMORIM, Rodrigo de Freitas. Integração entre dinâmicas geomorfológicas multitemporais no 
planalto da Borborema, semiárido do NE do Brasil. 2015.
– Por isso é que o Semiárido 
é mais ou menos dividido em 
áreas sedimentares (aterros) e 
áreas do cristalino (rochosas). 
Nos sedimentos, os solos são mais 
profundos, enquanto que nos 
cristalinos eles são mais rasos ou 
jovens, pois foram muito “lavados” 
no passado.
47
– Isto, Terro! Quando a chuva 
carregava o solo e encontrava uma 
área mais baixa (depressão) aí o solo 
ficava acumulado. Muitos conhecem 
estas áreas como Depressões ou 
Depressões Sertanejas, que são 
espécies de Pediplanos.
Depressão Sertaneja entre Quixadá e 
Banabuiú. CE
 Fonte: Dantas et al (2014)9
Fonte: Alves (2019)8
 8Conferir:ALVES, Grace Bungenstab. A formação das paisagens sertanejas no tempo e no espaço. 
2019. https://www.researchgate.net/profi le/Grace-Alves/publication/334045556_A_formacao_das_
paisagens_Sertanejas_no_tempo_e_no_espaco/links/5ef52d24a6fdcc4ca431004e/A-formacao-das-
paisagens-Sertanejas-no-tempo-e-no-espaco.pdf
 9Conferir:DANTAS, Marcelo Eduardo et al. Origem das paisagens. Embrapa Solos-Capítulo 
em livro científi co (ALICE), 2014.https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/113296/1/
Geodiversidade-p37.pdf
– Agora eu entendi!!! Perto do 
Picote, Professora, tem uma área 
de solo muito profundo que a gente 
chama de baixio!!! – Disse Terro.
– Bem...parte deste solo conseguiu “ficar” e resistir às chuvas muitos 
fortes. Outra parte foi se formando ao longo de milênios, ou séculos, 
quando a chuva não era tão forte e era mais bem distribuída. E se lembre 
Vejam a riqueza de 
representações no mapa ao lado, do 
Semiárido de 2017.
– Mas, Professora, como é que a gente encontra algumas áreas de 
solos mais profundos em cima de algumas serras, tabuleiros ou chãs? – 
Perguntou Fauno.
48
Fonte: Santos e Reichert (2010)10
10Conferir: SANTOS, Danilo Reinheimer dos; REICHERT, José Miguel. Gênese e propriedades do solo. 
2010.https://www.researchgate.net/publication/344493599_Genese_e_Propriedades_do_Solo
 11Conferir:CUNHA, Tony Jarbas Ferreira et al. Principais solos do semiárido tropical brasileiro: 
caracterização, potencialidades, limitações, fertilidade e manejo. Embrapa Semiárido-Capítulo em livro 
científi co (ALICE), 2010. https://www.embrapa.br/busca-de-publicacoes/-/publicacao/861913/principais-
solos-do-semiarido-tropical-brasileiro-caracterizacao-potencialidades-limitacoes-fertilidade-e-manejo
12Conferir:DA SILVA, Flávio Hugo Barreto Batista et al. Principais solos do semi-árido do Nordeste do 
Brasil:" Dia de Campo". In: Embrapa Semiárido-Artigo em anais de congresso (ALICE). In: CURSO 
[SOBRE] MANEJO E CONSERVAÇÃO DO SOLO E DA ÁGUA, 2., 2006, Juazeiro. Palestras... Juazeiro: MAPA; 
SFA-BA; Embrapa Semi-Árido; Embrapa Solos, 2006., 2006. https://www.alice.cnptia.embrapa.br/
bitstream/doc/157855/1/OPB1114.pdf
– Isto quer dizer que 
nós podemos encontrar 
no Semiárido solos 
resultados de “aterros”
e solos formados 
da rocha mãe, que 
geralmente são os mais 
jovens ou rasos. Para 
vocês terem uma ideia, 
existem solos formados
entre 443 e 416 milhões 
de anos (Siluriano); solos 
formados entre 416 e 
359 milhões de anos 
(Devoniano); solos formados entre 145 e 65 milhões de anos (Cretáceo); 
solos formados de 65 a 2,6 milhões de anos (Terciário) e solos formados
de 12.000 anos para cá (Holoceno)11 . Inclusive, muitas destas paisagens 
que nós conhecemos hoje foram formadas há 65.000.00 de anos12 .
– Puxa vida, como é interessante!!! Quer dizer que, quando um 
agricultor vai cultivar um solo, ele deveria se ajoelhar e agradecer por 
todo este tempo de formação, né?! – Disse Terro.
– Deveria ser assim, Terro. Mas muitos desconhecem isto. E o que a 
natureza levou milhares de anos para construir, o homem pode destruir 
com uma simples e rápida passagem de um trator. Em questão de 
minutos. Mas, mesmo usando uma simples enxada, se ele plantar de 
“ladeira abaixo” também pode haver destruição do solo. Chama-se a isto 
de Erosão!!!
– Seguindo na explicação, acredita-se que só no ambiente de 
Caatinga no Semiárido existam mais de 15 tipos de solos. Cerca de 66% 
desta área seria ocupada, principalmente, por Latossolos (19%); Neossolos 
Litólicos (19%), Argissolos (15%) e Luvissolos (13%). 
que estes locais, por serem mais altos, também são mais úmidos, pois a 
chuva, juntamente com microrganismos, temperatura, vegetação e outros 
fatores, contribui para formar o solo a partir da pedra, rocha matriz ou 
rocha mãe.
49
– Mas, no Semiárido, há muitos outros tipos de solos, como na figura 
abaixo.
Fonte:Cunha et al (2010)14 
 13Conferir:Embrapa. Publications. 2018.Sistema Brasileiro de Classifi cação de Solos.
 https://www.embrapa.br/busca-de-publicacoes/-/publicacao/1094003/sistema-brasileiro-de-
classifi cacao-de-solos;
14CUNHA, Tony Jarbas Ferreira et al. Principais solos do semiárido tropical brasileiro: caracterização, 
potencialidades, limitações, fertilidade e manejo. Embrapa Semiárido-Capítulo em livro científi co 
(ALICE), 2010. https://www.embrapa.br/busca-de-publicacoes/-/publicacao/861913/principais-solos-
do-semiarido-tropical-brasileiro-caracterizacao-potencialidades-limitacoes-fertilidade-e-manejo
15Conferir:GAMA, Dráuzio Correia; DE JESUS, Janisson Batista. Principais solos da região semiárida do 
Brasil favoráveis ao cultivo do Eucalyptus L’Heritier. BIOFIX Scientifi c Journal, v. 5, n. 2, p. 214-221, 2020.
https://revistas.ufpr.br/biofi x/article/view/70968
Classes de Solos no Semiárido de 2005.
Fonte: Gama e Jesus (2020)15
– Que nomes complicados! – Disse Terro.
– São nomes técnicos, Terro. Obedecem ao Sistema Brasileiro de 
Classificação de Solos13.
50
– Mas o mais importante, além 
de saber a origem dos solos, é saber 
das texturas deles. Lembram do 
exercício que fizemos no ZARC, em 
que era necessário saber da textura 
do solo?
– Lembramos!!! – Responderam 
todos.
– Pois é... os solos são formados 
por muitos materiais, mas, 
– Sim, Hidra! Embora eles passem muito tempo “secos”, existe 
toda uma vida adaptada a eles. São bactérias, fungos, actinomicetos e 
muitos outros microrganismos adaptados às condições de semiaridez. 
Portanto, muito particulares doSemiárido! Não é à toa que estão fazendo 
tantas pesquisas sobre os Microbiomas18 de solos do Semiárido. Estes 
Microbiomas têm formas de vida que estão ajudando, por exemplo, 
outras plantas mais exigentes em água a se adaptarem melhor quando, 
por exemplo, falta água.
 16Conferir: IBGE/BDIA. Pedologia. https://bdiaweb.ibge.gov.br/#/consulta/pedologia
 17Conferir:Embrapa. Publications. 2018.Sistema Brasileiro de Classifi cação de Solos.https://www.
embrapa.br/busca-de-publicacoes/-/publicacao/1094003/sistema-brasileiro-de-classifi cacao-de-
solos 
18Conferir: http://gmicsesalq.com.br/o-microbioma-do-solo-e-a-interacao-planta-microbioma/
 semiárida do Brasil favoráveis ao cultivo do Eucalyptus L’Heritier. BIOFIX Scientifi c Journal, v. 5, n. 2, p. 
214-221, 2020.https://revistas.ufpr.br/biofi x/article/view/70968
Fonte: IBGE/BDIA (2021)16
 Fonte: Embrapa (2018)17
– E é possível saber o tipo de 
solo para cada município do Brasil. 
Por exemplo, vejam os tipos de solos 
do município de Cabaceiras na 
Paraíba (imagem ao lado).
principalmente, por Argila, Areia e
Silte. A maior ou menor quantidade 
de um destes materiais é que 
interfere na sua textura. Além disso, 
o solo é formado por nutrientes, 
poros, microrganismos, matéria 
orgânica, água... Ele é vivo! Ele tem 
vida!!!
– Eita!!! – Disse Terro.
– Mas existe tanta vida nos 
solos do Semiárido, Professora? – 
Perguntou Hidra.
51
– Acontece que, quando você “broca” (corta) toda a vegetação nativa 
ou destoca e queima (coivaras), você mexe em toda esta organização do 
solo. A vegetação nativa, embora passe boa parte do tempo sem folhas, 
diminui a velocidade do vento, faz um pouco de sombra, “abre” o solo 
com as suas raízes, cobre o solo de folhas (manta, liteira, serapilheira), 
torna o solo poroso (flocula o solo com matéria orgânica) e, quer queira, 
quer não, fornece nutrientes ao solo, mesmo tendo pouca umidade para 
os microrganismos mineralizarem estas folhas, ou seja, transformarem 
efetivamente em nutrientes pela decomposição (humificação).
Fonte: Medeiros e Vicente (2019)19 Fonte: Associação Caatinga (s.d..)20
– Estudos na caatinga21 mostram que podem ser depositados cerca 
de 2.068,55 kg/ha de serapilheira distribuída em folhas, galhos e cascas, 
miscelânea e material reprodutivo.
Fonte: Santana e Souto (2011)22
 19Conferir:Medeiros, M.; Vicente, M. Embrapa.Brazil participates in unprecedented discovery on plant 
defense mechanism.https://www.embrapa.br/en/busca-de-noticias?p_p_id=buscanoticia_WAR_
pcebusca6_1portlet&p_p_lifecycle=0&p_p_state=pop_up&p_p_mode=view&p_p_col_id=column-
1&p_p_col_count=1&_buscanoticia_WAR_pcebusca6_1portlet_groupId=1355145&_buscanoticia_WAR_
pcebusca6_1portlet_articleId=47867285&_buscanoticia_WAR_pcebusca6_1portlet_viewMode=print
 20Associação Caatinga. (s.d.).Bioma Caatinga. https://www.acaatinga.org.br/sobre-a-caatinga/
21Conferir:DA SILVA SANTANA, José Augusto; SILVA SOUTO, Jacob. Produção de serapilheira na Caatinga 
da região semi-árida do Rio Grande do Norte, Brasil. Idesia (Arica), v. 29, n. 2, p. 87-94, 2011. https://
scielo.conicyt.cl/scielo.php?pid=S0718-34292011000200011&script=sci_arttext&tlng=p
 22DA SILVA SANTANA, José Augusto; SILVA SOUTO, Jacob. Produção de serapilheira na Caatinga da 
região semi-árida do Rio Grande do Norte, Brasil. Idesia (Arica), v. 29, n. 2, p. 87-94, 2011. https://scielo.
conicyt.cl/scielo.php?pid=S0718-34292011000200011&script=sci_arttext&tlng=p
52
– Primeiro, ele fica exposto às gotas da chuva. Uma gota de chuva, 
tão querida pelos povos do Semiárido, é quase uma pequena bomba 
atômica. Quando “bate” em um solo desnudo, cria uma microcratera, 
destrói a estabilidade e faz com que os macroporos e microporos do solo 
comecem a ficar entupidos na superfície. Chama-se Erosão de Embate ou 
“Splash”. Assim, ela cria uma camada dura que muitos chamam “capa” 
ou “beiju”, mas que, tecnicamente, chama-se Selamento ou Colmatação
(entupimento) dos poros.
Fonte: Holanda (2017)24
Broca e coivaras
Fonte: Arquivo do autor
 23Conferir:HOLANDA, Alan Cauê de et al. Aporte de serapilheira e nutrientes em uma 
área de caatinga. Ciência Florestal, v. 27, p. 621-633, 2017. https://www.scielo.br/j/cfl o/a/
GJDksfHHPFyPdZ3TgYRqYLr/?format=pdf&lang=pt
 24Conferir:HOLANDA, Alan Cauê de et al. Aporte de serapilheira e nutrientes em uma 
área de caatinga. Ciência Florestal, v. 27, p. 621-633, 2017. https://www.scielo.br/j/cfl o/a/
GJDksfHHPFyPdZ3TgYRqYLr/?format=pdf&lang=pt
- E que esta serapilheira pode acrescentar muitos nutrientes23 ao 
solo.
– Quer dizer, Professora, que quando se tira a vegetação de cima do 
solo, ele sofre muito? – Perguntou Flora.
– Sim, Flora, e muito!!!
53
Fonte: Brizzi et al (2018)25
– Puxa!!! Uma gota de chuva faz tudo isto? – Perguntou Hidra.
– Sim! E muito mais!!! Um solo desnudo de vegetação e da camada 
protetora de folhas, além de estar selado, passa pelo segundo processo, 
que é o arraste sucessivo, pelas chuvas, das suas camadas, milímetro por 
milímetro, centímetro por centímetro, todos os anos. Chama-se Erosão 
Laminar! Muitas vezes, os proprietários dizem que nas suas áreas estão 
“nascendo pedras”. Isto se chama pavimento detrítico. É, mais ou menos, 
como uma pessoa ficando careca. Perdendo fios de cabelo todos os dias 
sem notar...
Solo com erosão laminar onde “nascem” as pedras.
Fonte: Acervo do autor
 25Conferir:BRIZZI, Raphael Rodrigues; DE SOUZA, Andréa Paula; DA COSTA, Alexander Josef Sá Tobias. 
2018.RELAÇÃO ENTRE A INFILTRAÇÃO DA ÁGUA NOS SOLOS E A ESTABILIDADE DOS AGREGADOS EM 
SISTEMAS DE MANEJOS DIFERENTES NA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO SÃO ROMÃO–NOVA FRIBURGO/
RJ.https://www.researchgate.net/fi gure/Figura-1-Efeito-splash-provocando-o-inicio-do-processo-
erosivo-nas-encostas_fi g1_328436756
54
– Eita! Meu pai está assim... Ficando careca aos poucos! – Disse 
Fauno.
– Pois é... os solos também podem ficar “carecas”. Pois, a Erosão 
Laminar vai progredir para a Erosão em Sulcos. Aí é como se estivessem 
surgindo “rugas” no solo... Estas rugas, por enquanto, podem ter poucos 
centímetros de profundidade. Mas vão aumentando com o tempo. 
Erosão em sulcos progredindo para voçorocas
Fonte: Acervo do autor
– Se não cuidarmos, a erosão em sulcos vai progredindo e as rugas 
se transformam em valas profundas. Algumas com muitos metros de 
profundidade e largura. É a Erosão em Valas ou Voçoroca. 
- Voçoroca, Professora? – Perguntou Terro.
– Sim, Terro! Alguns escrevem também vossoroca. Mas vem da língua 
Tupi Guarani = Ibi-coroca ou terra rasgada. Ela pode ser originada pelas 
chuvas ou por desmoronamentos por águas subterrâneas26 .
Voçoroca/Vossoroca
Fonte: Augustin e Aranha (2006)27
26Conferir:Dicionário Ilustrado TupiGuarani. Voçoroca. https://www.dicionariotupiguarani.com.br/
dicionario/vocoroca/
 27AUGUSTIN, Cristina Helena Ribeiro Rocha; ARANHA, Paulo Roberto Antunes. A OCORRÊNCIA DE 
VOÇOROCAS EM GOUVEIA, MG: CARACTERÍSTICAS E PROCESSOS ASSOCIADOS. Geonomos, 2006. 
Conferir:https://periodicos.ufmg.br/index.php/revistageonomos/article/view/11541
55
– Puxa... Como as matas são importantes!!! – Disse Flora.
– Sim, Flora! Não só por funcionarem como “esponjas” por absorverem 
as águas das chuvas e serem “fazedoras” de água, principalmente as 
de encostas, como também por reduzirem os impactos dos ventos e 
da insolação, e por “doarem” as suas folhas para cobrirem os solos e 
fornecerem matéria orgânica.
– Mas, Professora, o que fazer com estas áreas com erosão? – 
Perguntou Fauno.
– Bem... Existem muitas técnicas. A primeira delas seria evitar a 
erosão plantando em curva de nível ou, no mínimo, “cortando” as águas. 
Por vezes, se faz necessário também utilizar o terraceamento, patamares, 
banquetas individuais etc.
Plantio em Curva de Nível
Fonte: Capeche (2012)28
– É importante também fazer o uso da cobertura morta, da rotação 
de cultura, do cultivo mínimo, do cultivo em faixas, do pousio, dos cordões 
de pedra e do uso adequado de tratores e arados de acordo com a textura 
e a umidade do solo.Cobertura Morta
 28Conferir:Capeche, C.L. 2012. Embrapa. Multimedia: Image bank. https://www.embrapa.br/en/busca-
de-imagens/-/midia/189001/plantio-em-curva-de-nivel
29Conferir:Capeche, C.L. 2012. Embrapa Soils. Multimedia Image Banks. Cobertura Morta. Palhada.
https://www.embrapa.br/en/solos/busca-de-imagens/-/midia/193001/cobertura-morta---palhada
Fonte: Capeche (2012)29
56
Rotação de Culturas
Fonte: Altman et al (s.d.)30
Cordões de Pedra
Fonte:Silva (1995)31
 Sempre lembrar que as plantas exportam nutrientes e que eles 
devem ser repostos. Neste caso, pode ser usado o fertilizante químico, o 
fertilizante organoquímico ou, o mais indicado, o adubo orgânico. Este, 
representado pela incorporação dos restos de cultura no solo, pela 
adição de estercos e compostos, pelo uso de biofertilizante e até mesmo 
de produtos como ácidos fúlvicos e húmicos.
– Puxa, Professora, como é complexo e, ao mesmo tempo, interessante! 
– Disse Terro.
30Altman, N.; Pavinato, A.; Penteado, M.; Richetti, A.; Hernani, L.C. .Características do Sistema Santanna. 
s.d. Embrapa. Ageitec. https://www.agencia.cnptia.embrapa.br/gestor/sistema_plantio_direto/arvore/
CONT000fx4zsnbz02wyiv80u5vcsv2uytj5w.html 
31Conferir:SILVA, Francisco José da. Efeitos de cordões de pedra em contorno na produtividade de solo 
litólico. 1995. https://repositorio.ufc.br/handle/riufc/43494 
57
– Isto quer dizer que, 
para recuperar uma área, 
você pode “misturar” espécies 
nativas, exóticas, frutíferas, 
energéticas, medicinais, 
hortaliças, tintoriais, 
forrageiras e alimentícias. 
E mais! Tudo isto na forma 
de árvores, arbustos, ervas, 
lenhosas ou herbáceas.Cordões de pedra em um sistema agrofl orestal na 
caatinga.
Fonte:Farias (2021)32
32Conferir: FARIAS, Ezequiel Sóstenes Bezerra et al. Manejo e conservação dos solos na recuperação 
de área degradada em APP pluvial na bacia do Paraíba do Norte. Água: uso racional e sustentável, 
p. 38.https://www.researchgate.net/profi le/Paulo-Roberto-Francisco/publication/353550097_Agua_
uso_racional_e_sustentavel/links/61029d051e95fe241a96a3f6/Agua-uso-racional-e-sustentavel.
pdf#page=39
– Mais complexo é para recuperar as áreas quando estão erodidas!!! 
Muitas vezes, é muito caro e difícil, e pode levar muito tempo. Mas uma 
das técnicas ou ações mais eficientes trata-se dos Sistemas Agroflorestais 
- SAFs. Quer sejam ecológicos ou de produção, eles têm a função de 
tentarem “reproduzir” uma mata com todas as suas “arquiteturas” e 
diversidade.
- Assim, os SAFs podem simplesmente ser feitos a partir de uma mata 
nativa, onde se faz um raleamento e se plantam espécies econômicas 
dentro. Foi o caso, por exemplo, dos plantios do Cacau. Neste caso, se 
mantém a diversidade ecológica da mata, a função protetora da mesma 
e se adiciona uma espécie econômica. Isto aconteceu muito na Mata 
Atlântica. Na Caatinga, por exemplo, existem algumas iniciativas com o 
enriquecimento da mesma com Palma Forrageira, Capim Buffel, Sisal/
Agave etc. Assim, se conserva a mata, a diversidade de fauna e flora, a 
água e, principalmente, o solo.
– Mas existem os casos em que o solo foi muito utilizado por 
agricultura ou pastagem e foi abandonado por não produzir mais. Neste 
caso, a função dos SAFs é extraordinária!!! 
– O primeiro passo é fazer curvas de nível e, depois, fazer cordões 
com pedras ou com vegetação para conter o solo e a água. Depois, 
se procura, através do ZARC, quais espécies econômicas são as mais 
indicadas. E se procura, em remanescentes de matas nativas próximas, 
que espécies podem ser plantadas. Ademais, deve-se buscar espécies de 
fora (exóticas) e que historicamente tenham uso adequado para a região.
58
– Além de “cobrirem” os solos de diversas formas, os SAFs também 
usam a profundidade (horizonte) dos solos. As plantas têm diversos tipos 
de raízes. Mais rasas, mais profundas, mais largas, mais estreitas... Estas 
raízes trazem nutrientes mais profundos para as folhas, caules, flores, 
frutos, ramos, os quais, quando caem no solo, enriquecem-no na parte 
mais superior.
Fonte: Cordeiro (2018)33
– Professora, e sobre os solos “salgados”? – Perguntou Terro.
– Boa pergunta, Terro! Na verdade, são solos salinos. Esta é uma das 
grandes preocupações no Semiárido, pois existem os solos naturalmente 
salinos e os que foram salinizados pela ação do homem.
Ciclo e ciclagem do Carbono
Fonte: Aduan et al (2003)34
33Conferir: CORDEIRO, Max Sheldon et al. Sistema agrofl orestal do sítio Paêbirú: contribuições do alto 
sertão sergipano para áreas de caatinga. 2018.http://www.repositorio.ufal.br/handle/riufal/5185
34Conferir: ADUAN, Roberto Engel; VILELA, M. de F.; KLINK, Carlos Augusto. Ciclagem de carbono em 
ecossistemas terrestres: o caso do cerrado brasileiro. Embrapa Cerrados-Documentos (INFOTECA-E), 
2003 .https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/40543/1/Ciclagem-de-Carbono-em-
Ecossistemas-Terrestres-O-Caso-do-Cerra do-Brasileiro-.pdf
59
35Conferir: LIMA, Paulo César Fernandes. Manejo de áreas individuais de algaroba: plano de manejo. 
Embrapa Semiárido-Outras publicações científi cas (ALICE), 2006. http://www.cpatsa.embrapa.br/
public_eletronica/downloads/OPB892.pdf 
– Para as duas situações, os SAFs também são muito indicados. Muitas 
vezes, não precisa nem fazer drenagem, nem o uso do gesso ou outras 
substâncias. A vegetação dos SAFs pode ser resistente à salinidade, ou 
ela pode ajudar a reduzi-la. Quanto mais matéria orgânica entra no SAF, 
mais “flocula” ou abre o solo e os sais, que são mais prejudiciais quando 
estão na superfície, voltam para dentro do solo, assim causando menos 
danos. Por outro lado, a sombra feita pelas árvores diminui a evaporação 
e a nova adição de sais na superfície. A redução do vento também ajuda 
muito na redução da evaporação.
– Existem, também, plantas que retiram os sais do solo, como 
o Coqueiro, a Cana de Açúcar, a Atriplex e o Capim Elefante. Outras, 
como a Algaroba e a Jurema Preta “gostam” destas áreas e, muitas vezes, 
ocupam-nas sem serem plantadas. 
Algarobal não manejado (esquerda). Algarobal manejado (direita)
Fonte: Lima (2006)35
– Estas plantas, entretanto, devem ser manejadas depois, de modo 
que possam haver outras plantas econômicas entre elas formando um 
SAF a partir de uma área salinizada colonizada naturalmente. 
– Pois bem... na próxima aula continuamos!!! Até logo!!!
60
Capítulo 05 - Semiárido Vegetação e a Vegetação para SAF’s
1Conferir: IBGE. 2022. CONCLA. Biomas Brasileiros. https://cnae.ibge.gov.br/en/component/content/
article.html?catid=0&id=1465
Fauno, Flora, Hidra e Terro são jovens que moram em uma 
comunidade rural do Semiárido Brasileiro.
Eles têm uma professora muito aplicada e muito preocupada em 
explicar a origem de tudo!!! O nome dela é Dona Fida.
Flora, no início da aula, perguntou: 
– Professora, eu ouvi dizer que não existe só um Semiárido, mas 
vários Semiáridos. É verdade?
– É verdade Flora!!! Por exemplo, vocês já viram que existe o 
Semiárido Região, o Semiárido Clima, o Semiárido Solos e hoje vamos ver 
o Semiárido Vegetação. Para entender o Semiárido Vegetação, primeiro é 
preciso entender que ele é parte de três biomas e que três biomas fazem 
parte dele. 
– Professora, o que é bioma? – Perguntou Hidra.
– Bem, Hidra, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística 
- IBGE1 “Bioma é um conjunto de vida vegetal e animal, constituído pelo 
agrupamento de tipos de vegetação que são próximos e que podem 
ser identificados em nível regional, com condições de geologia e clima 
semelhantes e que, historicamente, sofreram os mesmos processos de 
SAFs no Semiárido: Histórico, abrangência e características gerais
61
2IBGE. 2022. Educa Jovens. Biomas Brasileiros. https://educa.ibge.gov.br/jovens/conheca-o-brasil/
territorio/18307-biomas-brasileiros.html;
3Imagem oriunda do SIGSAB/INSA/MCTIC não mais existente.
formação da paisagem, resultando em uma diversidade de flora e fauna 
própria”.
E Dona Fida continuou:
– Desta forma, o IBGE dividiuo Brasil nos Biomas Caatinga, Mata 
Atlântica, Cerrado, Amazônia, Pantanal e Pampa. Destes, interessam ao 
estudo do Semiárido os Biomas Caatinga, Mata Atlântica e Cerrado.
– Mas é preciso lembrar o seguinte: parte do Bioma Caatinga, parte
do Bioma Mata Atlântica e parte do Bioma Cerrado formam o Semiárido.
Fonte: IBGE (2022)2
Fonte: Acervo do autor3
– Observem a figura do 
Semiárido do IBGE, de 2005. 
Naquela época, o Semiárido tinha 
uma área de 980.133,079 km². 
Destes, 751.063,270 km² (76,63%) 
eram Bioma Caatinga; 141.195, 320 
km² (14,40%) eram Bioma Cerrado 
e 87.874,487 km² (8,96 %) eram 
Bioma Mata Atlântica. Na imagem 
abaixo, isto está mais detalhado 
para vocês:
– Por outro lado, naquela 
época, o Bioma Caatinga tinha uma 
área de 844.453,000 km², sendo que 
88,95% estavam no Semiárido. O 
Bioma Cerrado tinha 2.036.448,000 
km² e 6,93% estavam no Semiárido, 
enquanto que o Bioma Mata 
Atlântica tinha 1.300.000,000 
km², dos quais 6,75% estavam no 
Semiárido.
62
– O Bioma Caatinga, que atualmente apresenta 862.639,5284 km², 
por sua vez se divide em vários tipos de vegetação que representam 
532.388,23 km² ou 61,72% dele. Ou seja, 38,28% já foi destruído.
Fonte: BDIA (2021)4
Fonte: Acervo do autor.
– Mas não se enganem!!! Dos 61,72% que restaram de vegetação, 
boa parte não apresenta a mesma diversidade e fisionomia de 350 anos 
atrás, ou mais, de quando começaram a explorar a Caatinga. Em muitos 
lugares havia uma vegetação de caatinga bem fechada e com muitas 
árvores, mas hoje praticamente só encontramos exemplares de jurema 
preta, marmeleiro, mofumbo, faveleira... Isso mostra que houve uma 
exploração intensa e que a vegetação está querendo “voltar”...
4Conferir: BDIA. Banco de de Informações Ambientais. 2021. Vegetação.https://bdiaweb.ibge.gov.br/#/
consulta/vegetacao
Área de caatinga com marmeleiro (esquerda) e jurema preta (direita)
63
Fonte: IBGE (2012)6
Fonte: IBGE (2012)7
5Conferir: MARTINS, L.; CAVARARO, R. Manual técnico da vegetação brasileira: sistema fi togeográfi co, 
inventário das formações fl orestais e campestres, técnicas e manejo de coleções botânicas, 
procedimentos para mapeamentos. Rio de Janeiro: IBGE, 2012. 
https://biblioteca.ibge.gov.br/index.php/biblioteca-catalogo?view=detalhes&id=263011;
6Conferir: MARTINS, L.; CAVARARO, R. Manual técnico da vegetação brasileira: sistema fi togeográfi co, 
inventário das formações fl orestais e campestres, técnicas e manejo de coleções botânicas, 
procedimentos para mapeamentos. Rio de Janeiro: IBGE, 2012. 
https://biblioteca.ibge.gov.br/index.php/biblioteca-catalogo?view=detalhes&id=263011;
7Conferir: MARTINS, L.; CAVARARO, R. Manual técnico da vegetação brasileira: sistema fi togeográfi co, 
inventário das formações fl orestais e campestres, técnicas e manejo de coleções botânicas, 
procedimentos para mapeamentos. Rio de Janeiro: IBGE, 2012. 
https://biblioteca.ibge.gov.br/index.php/biblioteca-catalogo?view=detalhes&id=263011
– Professora, por qual motivo a vegetação do Bioma Caatinga não é 
denominada de caatinga? – Perguntou Flora. 
– Boa pergunta, Flora! Na verdade, esta é uma classificação adotada 
pelo Ministério do Meio Ambiente – MMA e pelo Instituto Brasileiro de 
Geografia e Estatística – IBGE, a partir de uma publicação denominada 
Manual Técnico da Vegetação Brasileira5, que classifica a nossa vegetação 
de caatinga em Savana Estépica e a divide em: 
Perfi s Esquemáticos da Savana-Estépica
1 2 3 4
"Core" da Savana-Estépica (Caatinga)
1 - Florestada 2 - Arborizada 3 - Parque 4 - Gramíneo-Lenhosa
Savana Estépica Florestada Savana Estépica Arborizada
Savana Estépica Gramíneo-lenhosaSavana Estépica Parque
64
– O uso do termo Savana ocorre devido ao fato de que, enquanto no 
Brasil nós temos a classificação própria para os Biomas Nacionais, existe 
uma classificação mundial que precisa ser obedecida. Em nível mundial, 
parte do nosso Bioma Caatinga e a sua principal vegetação de caatinga, 
ou Savana Estépica, está enquadrada no Bioma Mundial Savana.
Fonte: Wikimedia (s.d)8
– Todavia, nem todos usam a classificação Savana Estépica. A 
maioria usa o termo Caatinga quando se refere ao Bioma e caatinga 
quando se refere à vegetação.
– O importante é que vocês saibam que só em termos de diversidade
o Bioma Caatinga apresenta: 3.150 espécies de plantas vasculares; 276
espécies de formigas; 386 espécies de peixes; 98 espécies de anfíbios; 191 
espécies de répteis; 548 espécies de aves e 183 espécies de mamíferos9.
– Puxa! Que diversidade grande, Professora! –Disse Fauno. 
– Pois, é Fauno! E não faz muito tempo que se acreditava que a 
Caatinga não tinha praticamente nenhuma diversidade, por aparentar 
ser tudo igual, principalmente no período seco, quando ela se transforma 
na Mata Branca!
–Mata Branca, Professora? – Perguntou Hidra.
– Sim! A palavra Caatinga vem de Caa = Mata e Tinga = Branca, 
Esbranquiçada, da língua Tupi.
– Puxa, quanta novidade! – Disse Terro.
– Mas, o importante é que vocês saibam que só a vegetação existente 
no Bioma Caatinga está representada por 152 Famílias botânicas; 950
8Conferir: Wikimedia.Por Vegetation-no-legend.svg: *Vegetation-no-legend.pt.JPG: Sten Porsederivative 
work: S4uri3r (talk)derivative work: The High Fin Sperm Whale - Vegetation-no-legend.svg, CC BY-SA 3.0, 
https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=9996437
9Conferir: TABARELLI, Marcelo et al. Caatinga: legado, trajetória e desafi os rumo à sustentabilidade. 
Ciência e Cultura, v. 70, n. 4, p. 25-29, 2018.: http://cienciaecultura.bvs.br/scielo.php?script=sci_
arttext&pid=S0009-67252018000400009
65
Gêneros, dos quais 29 são endêmicos, e 3.150 Espécies, das quais 23%
são endêmicas. Dentre as famílias se destacam as Leguminosae e 
Euphorbiaceae. E para as espécies endêmicas, algumas existem desde o 
Holoceno (18.000 anos) até meados do Mioceno (11-15 milhões de anos)10.
– Professora, mas as plantas têm Família? – Perguntou Flora.
– Sim!!! E estas Famílias se dividem em Gêneros e Espécies e outras 
subdivisões. E toda planta, além do nome vulgar, ou da região, tem também 
10Conferir: FERNANDES, Moabe Ferreira; QUEIROZ, Luciano Paganucci de. Vegetação e fl ora 
da Caatinga. Ciência e cultura, v. 70, n. 4, p. 51-56, 2018. https://www.researchgate.net/
publication/328898432_Vegetacao_e_fl ora_da_Caatinga
11Conferir: MEDEIROS, M. C.; SOUZA, E. S. Forma Sustentável de Convivência com o Semiárido: Estudo 
em Agrofl orestas no Sertão do Rio Pajeú. In: III Workshop Internacional sobre Água no Semiárido 
Brasileiro. 2019. https://editorarealize.com.br/editora/anais/wiasb/2017/TRABALHO_EV079_MD1_SA4_
ID17_14092017204237.pdf
o nome científico. Por exemplo, o 
nosso Ambu, Embu, Imbu, Ombu, 
Umbu é classificado como Spondias 
tuberosa Arruda Camara, em que 
o Spondias é o Gênero, tuberosa
é a Espécie e Arruda Camara é o 
cientista que primeiro descreveu a 
planta. Além disso, pertence à família 
Anacardiaceae.
Dona Fida continuou sua 
explicação, empolgada:
– Mas vocês devem estar se 
perguntando qual o motivo de tanta 
“ciência”, não é mesmo? Eu explico! 
É porque, quando vamos implantar 
um Sistema Agroflorestal – SAF, 
quer seja dentro de uma vegetação 
já existente, como uma Savana 
Estépica Florestada, Arborizada, 
Parque ou Gramíneo-lenhosa, quer 
seja em uma área que já foi de 
agricultura ou de pastagem, ou 
mesmo uma área degradada pela 
erosão, não devemos repetir muito 
a mesma família botânica, assim 
como, dentro dessas famílias, não é 
bom repetir os mesmos gêneros e as 
mesmas espécies. Senão, viraria o que 
chamamos de quase Monocultura. Sistema Agrofl orestal no Sítio Lajinha. 
Serra Talhada. PE
Fonte: Medeiros e Souza (2019)11
66
– O “coração” de um SAF é a diversidade de plantas existentes no 
mesmo. Alguns acham que é preciso haver um mínimo de cinco diferenças 
entre famílias e, dentro destas famílias, haver várias diferenças de 
gêneros e espécies, garantindo assim a tão desejada diversidade. Isto 
significa que também vai haver diversidade de raízes;de caules; de 
ramos; de folhas; de épocas de floração; de épocas de frutificação; de 
cortes de madeira; de extração de gomas, látex e resinas; bem como de 
deposições de folhas; de ciclagem de nutrientes, entre outros aspectos 
positivos para um SAF.
– Quanta “ciência”, Professora! – Disse Flora.
– Pois é! Em estudos feitos em Sistemas Agroflorestais do Semiárido 
foram identificadas 45 Famílias e 158 espécies diferentes. Algumas 
nativas, como cajueiro Anacardium occidentale L; goiabeira Psidium 
guajava L; coqueiro Cocos nucifera L; sabiá Mimosa caesalpiniaefolia 
Benth; cambuí Myrciaria spp; imburana de cheiro Amburana cearensis 
(Allem.) A.C.Smith; umbuzeiro Spondias tuberosa Arruda Camara; 
mulungu Erythrina velutina Willd; pitombeira Talisia esculenta (A. St.-Hil.); 
catingueira Poincianella pyramidalis [Tul.] L.P. ; cajá Spondias mombin 
L; seriguela Spondias purpurea L; e canafístula Senna spectabilis (DC) 
H.S. E outras exóticas, como mangueira Mangifera indica L; pinha Annona 
squamosa L.; graviola Annona muricata L; moringa Moringa oleifera Lam; 
acerola Malpighia emarginata DC; azeitona preta Syzygium cumini (L.) 
Skeels; leucena Leucaena leucocephala (Lam.) de Wit.; laranjeira Citrus 
sinensis (L.) Osbeck; sombreiro Clitoria fairchildiana R.A.Howard; jaqueira 
Artocarpus heterophyllus Lam e romã Punica granatum L12. 
– Houve parcela estudada com até 308 plantas e outras com até 28 
espécies diferentes. 
– Isto sem falar que, em muitos outros locais e SAFs do Semiárido, 
podem ser encontradas outras nativas, como o licuri Syagrus coronata 
(Mart.) Becc e exóticas, como a palma forrageira Nopalea sp e Opuntia
spp, a gliricídia Gliricidia sepium ( Jacq.) Kunth ex Walp, o aveloz
Euphorbia tirucalli L, o sisal Agave sisalana Perrine ex Engelm, o capim
buffel Cenchrus ciliaris L, o capim elefante Pennisetum purpureum Schum, 
o capim capiaçu Pennisetum purpureum Schum. E todas estas plantas 
associadas a culturas como as de fava, milho, feijão, abóbora/jerimum, 
macaxeira, guandu, alface, quiabo, maxixe, cenoura, capuchinha, rúcula, 
espinafre, coentro, cebolinha, rabanete, salsa, couve, vagem, quiabo, 
quiabo de metro, tomate, abobrinha, hortelã, chuchu, mamão, maracujá, 
12Conferir: GONÇALVES, A. L. R. Sistemas Agrofl orestais no Semiárido Brasileiro: estratégias para combate 
à desertifi cação e enfrentamento às mudanças climáticas (136 p.). Recife: Centro Sabiá/Caatinga, 2016.. 
https://issuu.com/centrosabia/docs/sistemas_agrofl orestais_no_semi__ri
67
bergamota, pêssego, banana, lima, amora, amendoim, atemoia, ingá, 
limão, jaboticaba, araçá, macaúba/macaíba, jatobá, araticum e murta13. 
–E haja diversidade, hein, Professora! – Disse Flora.
– Isto mesmo, Flora!!! Este é o segredo de muitos SAFs do Semiárido. 
Quanto mais diverso, mais ele poderá fornecer algum produto ou 
subproduto se houver uma seca mais intensa.
– Vejam, agora, algumas das espécies nativas da caatinga 
encontradas em alguns SAFs.
 Sabiá
Mulungu 
 Umbuzeiro 
Catingueira
Fonte: CNIP/BDPN (s.d.)14
Fonte: CNIP/BDPN (s.d.)16
Fonte: CNIP/BDPN (s.d.)15
Fonte: CNIP/BDPN (s.d.)17
13Conferir: GONÇALVES, A. L. R. Sistemas Agrofl orestais no Semiárido Brasileiro: estratégias para combate 
à desertifi cação e enfrentamento às mudanças climáticas (136 p.). Recife: Centro Sabiá/Caatinga, 2016.. 
https://issuu.com/centrosabia/docs/sistemas_agrofl orestais_no_semi__ri;
14Conferir: CNIP/BDPN. s.d. Sabiá. http://www.cnip.org.br/bdpn/fotosdb/1499887688.JPG; 
15Conferir: CNIP/BDPN. s.d.Umbuzeiro. http://www.cnip.org.br/bdpn/fotosdb/1648142029.JPG;
16Conferir: CNIP/BDPN. s.d. Mulungu. http://www.cnip.org.br/bdpn/fotosdb/1083378540.JPG; 
17Conferir: CNIP/BDPN. s.d.Catingueira. http://www.cnip.org.br/bdpn/fotosdb/1517902820.JPG.
68
Imburana de cheiro
Licuri 
Ingá
Canafístula 
Macaíba
Jatobá 
Fonte: CNIP/BDPN (s.d.)18
Fonte: Drumond (2007)20
Fonte: UFV (s.d.)22 
Fonte: CNIP/BDPN (s.d.)19
Fonte: Chies (2017)21
Fonte:Melo (2019)23
18Conferir: CNIP/BDPN. s.d.Imburana de Cheiro. http://www.cnip.org.br/bdpn/fotosdb/1473793701.JPG; 
19Conferir: CNIP/BDPN. s.d. Canafístula. http://www.cnip.org.br/bdpn/fotosdb/927472756.JPG;
20Conferir: DRUMOND, Marcos Antônio. Licuri Syagrus coronata (Mart.) Becc. Embrapa Semiárido-
Documentos (INFOTECA-E), 2007.https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/bitstream/doc/152644/1/
SDC199.pdf;
21Conferir: Chies, V. Embrapa News. 2017. Macaúba é aposta para gerar energia e renda no Nordeste.
https://www.embrapa.br/en/busca-de-noticias/-/noticia/22662938/macauba-e-aposta-para-gerar-
energia-e-renda-no-nordeste;
22Conferir: UFV. s.d.Leguminosae. http://www.bibliotecafl orestal.ufv.br/bitstream/
handle/123456789/17698/parte2.pdf?sequence=2&isAllowed=y;
23Conferir: Melo, C.B. 2019. Embrapa. Multimedia. Image Bank. https://www.embrapa.br/en/busca-de-
imagens/-/midia/4960001/jatoba.
69
SAFs no Semiárido: Histórico, abrangência e características gerais
Capítulo 06 - Semiárido Ecologia para SAFs
1Conferir: Arnt, R. de M.; Scherre. P. P. (2021) Dicionário: rumo à civilização da religação e ao bem 
viverhttp://www.uece.br/eduece/wp-content/uploads/sites/88/2021/12/Dicion%C3%A1rio-rumo-%C3%A0-
civiliza%C3%A7%C3%A3o-da-religa%C3%A7%C3%A3o-e-ao-bem-viver-Vers%C3%A3oFinal.pdf#page=71
Fauno, Flora, Hidra e Terro são jovens que moram em uma 
comunidade rural do Semiárido Brasileiro.
Eles têm uma professora muito aplicada e muito preocupada em 
explicar a origem de tudo!!! O nome dela é Dona Fida.
Dona Fida começou a aula perguntando se os estudantes já tinham 
ouvido falar em Ecologia.
Terro respondeu: 
– Professora, já ouvimos falar muito. Significa cuidar da natureza?
– Um pouco mais do que isto, Terro! Na verdade, é um termo criado 
pelo alemão Ernest Haeckel, em 1866, que depois se transformou em 
“uma Ciência que estuda a interdependência e as interações entre os 
organismos vivos e seu meio-ambiente, que cuida das relações e dos 
seres relacionados.1 Além disto, quando usamos a palavra Ecologia, ela 
“transcende a natureza, e vai além do ambiente natural para englobar 
também a cultura, a sociedade, a mente e o indivíduo, enfatizando os 
enlaces entre todos os fenômenos naturais, sociais e culturais”.
– Puxa! Tudo isto? – Perguntou Terro.
70
– Sim! Por isso, não podemos esquecer que acima e abaixo do solo 
há microrganismos, plantas, animais, pessoas, água, luminosidade, ventos 
e tudo se relacionando e interligado. Muitas vezes nos esquecemos disto, 
pessoal. Para compreender os Semiáridos, temos que lembrar sempre de 
todas estas ligações. No Semiárido de 2017, por exemplo, existiam cerca 
de 27.870.241 habitantes2, distribuídos em 1.128.697,40 km², o que dá cerca 
de 24 hab para cada km², ou 24 hab para cada 100,0 ha. Por isso é que nós 
somos considerados a Região Semiárida mais populosa do mundo.
E a Professora continua:
– Isso se explica pelo fato de que, por mais incrível que pareça, na 
ocupação do Semiárido Brasileiro, que é de mais de 350 anos, nossos 
ancestrais encontraram a Região historicamente em um período mais 
chuvoso, que vem acontecendo até hoje.
– Puxa, Professora... É difícil de acreditar que estamos em um daqueles 
períodos mais chuvosos na história do Semiárido. – Disse Hidra.
– Pois é!!! Lembre-se de que estamos em um Período Interglacial e 
que nestes períodos há águas nos oceanos, mares, grandes lagos e grandes 
2Conferir: SUDENE (2017).Delimitação do Semiárido. http://antigo.sudene.gov.br/delimitacao-do-
semiarido;
3Todas as imagens do Semiárido 2005 relativas ao SIGSAB - Sistema de Gestão da Informação e do 
conhecimento do Semiárido Brasileiro e disponíveis neste material são oriundas do acervo particular de 
Daniel Duarte Pereira.
rios, que evaporam mais e “mandam” 
mais chuvas para os continentes. E que 
isto começou há mais ou menos 10.000 
anos, e com maior definição há cerca de 
5.000 anos.
– Isto significa que, inclusive, os solos 
são um pouco mais profundos naárea 
do Cristalino, pois, mais chuva significa 
maior formação do solo. Embora para 
nós eles sejam ainda muito rasos ou 
jovens.
– Isto a gente lembra bem! – Disse 
Terro.
– Mas, tratando sobre a Ecologia 
do Semiárido, vejam mais um mapa de 
clima para a Região. Na imagem trata-
se do Semiárido de 2005. Ela existia nos 
arquivos digitais do Instituto Nacional do 
Semiárido – INSA, o SIGSAB. Atualmente, 
esse Banco de Dados não está mais 
disponível3. Fonte: Acervo Daniel Duarte Pereira 
oriundo do SIGSAB/INSA.
71
– Na imagem, que é uma das várias existentes sobre o Clima 
Semiárido, pode-se observar cinco variações com maior ocorrência do 
Semiárido Tropical ou Subtropical, seguidas do Subúmido Seco, Tropical 
ou SubTropical. Mas vejam que existem áreas até com Árido tropical. Isto 
significa que, para cada padrão climático, existe um tipo de vegetação
mais adaptado e, consequentemente, lavouras e pastagens mais indicadas
e, a partir daí, animais silvestres e raças de animais domésticos. Por isso 
é que algumas regiões são mais adequadas para a agricultura, e outras 
para a pecuária. Para outras restam a mineração, o turismo, o artesanato, 
o comércio, a indústria…
4Conferir: Marcio Isensee e Sá. ARQUIVONº:287108390.https://stock.adobe.com/br/search?as_
audience=srp&as_campaign=Freepik&get_facets=1&order=relevance&safe_search=1&as_
content=popup&k=caatinga&tduid=7a014430ddd94ebab366cbe030dba525&as_channel=affi liate&as_
campclass=redirect&as_source=arvato&asset_id=287108390;
5Conferir: Raphael. ARQUIVO Nº:221180645 https://stock.adobe.com/br/search?as_
audience=srp&as_campaign=Freepik&get_facets=1&order=relevance&safe_search=1&as_
content=popup&k=caatinga&tduid=7a014430ddd94ebab366cbe030dba525&as_channel=affi liate&as_
campclass=redirect&as_source=arvato&asset_id=221180645.
Fonte: Sá (s.d.)4 Fonte: Raphael (s.d.)5
– Como o Semiárido é bonito e diversificado! – Observou Flora.
– Isto Flora! – Respondeu Dona Fida.
– Observem que as variações de clima estão associadas às 
precipitações pluviométricas. Ainda, para o Semiárido de 2005 podem 
ser observadas linhas de precipitações (isoietas), com valores diversos 
que vão das áreas mais secas (+- 400 mm) às mais úmidas (1600 mm), que 
são os microclimas. Nesse âmbito, duas coisas têm que ser lembradas: a 
primeira é que, em estudos climáticos, geralmente se trabalha com um 
padrão de médias de cerca de 30 anos; e a segunda é que, embora um 
dos critérios de inclusão de municípios no Semiárido seja o de precipitação 
≤ 800 mm, alguns municípios podem ultrapassar este valor e se inserirem 
em um dos dois outros critérios representados pelo Índice de Aridez e 
pela Incidência de Dias Secos.
72
– Então, tudo que for pensado para 
o Semiárido tem de estar de acordo com 
as precipitações. De um pé de milho a 
um pé de umbu. Logo, de uma roçado a 
um SAF, tudo tem que ser planejado.
– Professora, eu lembrei 
que a senhora falou que sobre 
Evapotranspiração também. –Falou 
Hidra.
– Sim, Hidra!!! Imaginem vocês que 
na complexidade do Semiárido ainda 
existem os fatores insolação e ventos 
fortes e secos. E que a insolação faz com 
que muita água do solo, das plantas, dos 
animais e dos reservatórios se perca por 
evapotranspiração. 
– Parte desta umidade perdida 
vai ajudar um pouco no processo de 
formação da umidade do ar. Mas, 
lembrem-se de que o Semiárido não 
“fabrica” a própria chuva, como parte 
Fonte: Acervo do autor, oriundo do 
SIGSAB/INSA.
Fonte: Acervo do autor, oriundo do 
SIGSAB/INSA.
da Região Amazônica. Mesmo assim, 
vejam que a Região apresenta bons 
valores de Umidade Relativa - UR do 
ar, como pode ser visto na imagem do 
Semiárido de 2005.
– Professora, por que é importante 
conhecer sobre a Umidade Relativa? – 
Perguntou Fauno.
73
Fonte: Hecke71 (s.d.)6
– Este é um ponto muito esquecido na Ecologia do Semiárido, Fauno! 
Esta UR, se bem conhecida, é indicadora de uma melhor “vivência” para 
as pessoas, plantas e animais. Significa, por exemplo, que não vamos, por 
mais seco que esteja, termos problemas respiratórios e de pele como na 
Região Central do Brasil. E, mais importante do que isto, é com relação 
à exigência que algumas plantas têm com relação ao orvalho da noite/
madrugada.
– Este orvalho faz com que muitas plantas, como as palmas 
forrageiras, por exemplo, possam se estabelecer, pois elas abrem os seus 
poros (estômatos) à noite para poderem realizar as trocas gasosas que 
não podem fazer durante o dia. Se fizessem neste horário, a diferença 
de temperatura e de umidade do lado de fora delas faria com que elas 
perdessem muita água. Abrindo à noite, elas encontram um ambiente 
mais frio e mais úmido, ocorrendo menor perda de água. 
– Existem, inclusive, cactos nativos como o facheiro, que são 
bioindicadores de umidade relativa do ar mais levada. Existe até o 
Facheiro de Barba, que indica mais UR ainda. Isto significa que onde eles 
existem naturalmente, culturas mais exigentes em UR, ou que precisem 
dela à noite, podem se estabelecer melhor. Muitas vezes, isto acontece 
nas áreas de transição entre o mais seco e o mais úmido (Agrestes), nas 
áreas mais elevadas (Serras, Serrotes, Chapadas) ou nos Microclimas.
Facheiro
6Conferir: Hecke71. ARQUIVO Nº: 124149146 
https://stock.adobe.com/br/search?filters%5Bcontent_type%3Aphoto%5D=1&filters%5Bcontent_
type%3Ail lustrat ion%5D=1&fi l ters%5Bcontent_type%3Azip_vector%5D=1&fi l ters%5Bcontent_
t ype %3Av id eo %5D=1& f i l te r s % 5Bcon te nt _ t yp e% 3Ate mp l a te %5D=1& f i l te r s % 5Bcon te n t_
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facets=0&search_type=pagination&asset_id=124149146
74
– E nos lugares onde a UR é mais baixa, Professora? – Perguntou 
Flora.
– Neste caso, deve-se deixar ao máximo a vegetação nativa para 
criar um microclima por sombreamento, quebra-vento e transpiração. 
Ou, em áreas já desflorestadas, criar novos ambientes através dos SAFs, 
Cercas-Vivas, Desflorestamento em Faixas etc.
– O Semiárido tem muitas Serras, Professora? – Perguntou Terro.
– A gente pode dizer, Terro, que o Semiárido é uma “ilha” cercada de 
elevações. Embora algumas destas serras impeçam as nuvens carregadas 
de umidade de adentrarem o Semiárido, elas são verdadeiras relíquias 
botânicas, pois se constituem refúgios de vegetação e fauna de quando 
uma dia a Floresta Amazônica e a Mata Atlântica se comunicaram entre 
si, “por cima” da Caatinga, em uma época de maior quantidade chuvas e 
de solos mais profundos. Não é a toa que podem ser encontrados Cedros 
e Jatobás nas serras do Semiárido, ainda que eles sejam de origem 
Amazônica.
7Conferir: LIMA et al (2018). Caracterização e história biogeográfi ca dos ecossistemas secos neotropicais 
https://www.scielo.br/j/rod/a/krKdLvrq4yfPyGCFVKRwtMm/abstract/?lang=pt
Fonte: https://www.researchgate.net/
publication/252321916_As_caatingas_da_
America_do_Sul
– Esta comunicação da 
Floresta Amazônica com o Mata 
Atlântica teria ocorrido entre 
5 e 2 milhões de anos e entre 2 
milhões de anos a 11.000 anos. 
Havendo algumas inclusive entre 
10.990 e 6.230 a 4.535 anos7.
– Mas, na verdade, o 
Semiárido se configura mais 
por áreas mais baixas ou 
deprimidas (Depressões) do que 
por serras. Veja que no Semiárido 
de 2005, dos 980.133,079 km², o 
quantitativo de 436.185,19 km², 
ou 44,5%, eram de Depressões.
– Estas Depressões são bem 
mais secas, mas, muitas vezes, 
apresentam solos mais profundos 
por conta dos sedimentos. 
Muitas delas originam vales, 
baixios e várzeas. Algumas são 
conhecidas como Pediplanos.
75
Fonte: Acervo do autor, oriundo do 
SIGSAB/INSA.
Fonte: Acervo do autor, oriundo do SIGSAB/INSA
– Mais uma vez, tudo o que for 
se plantar deve ser observado em 
função do clima, da precipitação, 
da Umidade Relativa e do Relevo. 
E assim vãose conformando os 
aspectos ecológicos do Semiárido.
– Outro ponto que deve ser 
observado são as Secas!!! Elas 
sempre vão ocorrer!!!
– Vocês já viram que é possível 
ter uma certa previsão e que mesmo 
nos anos de boas chuvas sempre 
ocorrem os meses secos.
– Professora, e tem local que a 
Incidência de Seca pode ser de mais 
de 80%, né? – Perguntou Hidra.
76
– Sim! Ou seja, a cada dez anos podem ocorrer oito sem chuvas e 
apenas dois com chuvas. E, muitas vezes, podem ser oito anos seguidos... 
Como a última seca, de 2011 a 2019. Este é mais um motivo para não 
desflorestar a vegetação nativa, que abranda a seca e fornece forragem
para os animais, e criar cada vez mais SAFs que consigam produzir em 
diversidade e quantidade produtos mesmo com poucas chuvas. Pois os 
SAFs podem ser considerados como pequenos microclimas.
E Dona Fida continua:
– Mas é preocupante o ritmo de devastação da vegetação do 
Semiárido. Tanto no Bioma Caatinga, como nos Biomas Cerrado e Mata 
Atlântica. Vejam que, para o Semiárido de 2005, a área antropizada
(ação do homem), principalmente pela agricultura e pecuária, era de 
448.511,065 km². Isto, em relação à área total de 980.133,079 km², significava 
45,76% de substituição da vegetação nativa. E o pior: muitas destas áreas 
encontram-se hoje degradadas.
Fonte: Acervo do autor, oriundo do 
SIGSAB/INSA
– Ficamos aqui pensando, 
Professora, sobre a quantidade 
de plantas e animais que 
desapareceram. – Disseram Flora e 
Fauno.
– Não só plantas e animais! 
Muito solo também tem sido 
destruído. Principalmente pelo 
mau uso que leva ao esgotamento, 
erosão e abandono. Vejam que, no 
Semiárido de 2005, a maioria dos 
solos (433.031,80 km² ou 44,18%) 
já eram considerada de baixa 
fertilidade. Isso ocorre, em parte, 
pelas condições naturais, e em 
parte pelo mau uso ao longo destes 
mais de 350 anos de ocupação. E o 
mais grave: cerca de 306.322,60 km² 
(31,25%) são considerados de muito 
baixa fertilidade... Ou seja, 75,43%
dos solos do Semiárido de 2005 já 
apresentavam muitas limitações.
77
Fonte: Acervo do autor, oriundo do SIGSAB/
INSA.
– Esse cenário poderia ser 
evitado se houvesse conservação 
de solo, de água, ciclagem melhor 
de nutrientes, fluxo correto de 
nutrientes, diversidade animal e 
vegetal... Tudo, por exemplo, que 
ocorre nos SAFs.
– Puxa, Professora... que
tristeza! – Disse Terro.
– Tristeza maior, Terro, é 
saber que muitas destas áreas 
se encontram em processo de 
Desertificação.
– Deserto, Professora, com 
camelos e tudo? – Perguntou 
Fauno.
– Não, Fauno! Lembrem-
se que eu já disse a vocês que 
os Desertos são ambientes em 
equilíbrio. Inclusive, eles compõem 
um dos Biomas Mundiais. A palavra 
Desertificação, na verdade, 
foi criada em 1949 pelo botânico e ecólogo francês Albert Abreuville 
para destacar o “processo de degradação de florestas, intensificação 
dos processos erosivos, ressecamento dos solos, mudanças no físico e 
propriedades químicas dos solos e invasão de espécies de plantas mais 
xéricas”8.
– Anos depois a Desertificação passou a ser entendida pela 
Convenção Internacional de Combate à Desertificação e à Seca (UNCCD) 
como sendo “o processo de degradação das terras em áreas áridas, 
semiáridas e subúmidas secas, resultante de vários fatores, incluindo 
variações climáticas e atividades humanas”9.
– No Brasil já são cerca de 1.340.863,0 km² de Áreas Suscetíveis à 
Desertificação - ASDs. A Região Semiárida de 2005 estava quase que 
totalmente inserida nas ASDs. Entretanto, existem diferenças entre ASDs e 
áreas onde o processo realmente está acontecendo.
8Conferir: PEREIRA NETO, Manoel Cirício. Predisposição à desertifi cação no núcleo Seridó (RN-Brasil): 
geoecologia de paisagens semiáridas. 2016. https://repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/19851/1/2016_tese_
mcpereiraneto.pdf
9Conferir: PEREIRA NETO, Manoel Cirício. Predisposição à desertifi cação no núcleo Seridó (RN-Brasil): 
geoecologia de paisagens semiáridas. 2016. https://repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/19851/1/2016_tese_
mcpereiraneto.pdf
78
– Como é esta diferença, 
Professora? – Perguntou Terro.
– Não é complicado! 
Suscetível significa que o processo 
pode ocorrer, ou que está em início. 
Contudo, as áreas de ocorrência
significam que realmente já está 
acontecendo. Inclusive, para o 
Semiárido de 2005, se calculava 
cerca de 126.300,0 km² (12,88%) 
realmente degradados.
– Para o Semiárido de 2017, 
com uma área de 1.128.697,40 km², 
se registrava também cerca de 13% 
de áreas em processos efetivos de 
desertificação correspondendo a 
146.730,662 km².
Fonte:Santana et al (2007)10
Fonte: LAPIS (2019)11
10Conferir: OLIVEIRA SANTANA, Marcos et al. Atlas das áreas susceptíveis à desertifi cação do Brasil. 2007.
http://repiica.iica.int/docs/B3826p/B3826p.pdf;
 11Conferir: LAPIS (2019). Lapis utiliza metodologia inédita para monitorar processo de desertifi cação no 
Brasil https://ufal.br/ufal/noticias/2019/7/lapis-utiliza-metodologia-inedita-para-monitorar-processo-
de-desertifi cacao-no-brasil/@@images/b4e1416d-acff -432a-904b-b2833de8ee7b.png
– Para o Semiárido de 2017, 
com uma área de 1.128.697,40 km², 
se registrava também cerca de 13% 
de áreas em processos efetivos de 
desertificação correspondendo a 
146.730,662 km².
79
Fonte: FUNDAJ (2019)12
Fonte: Acervo Daniel Duarte Pereira
12Conferir: FUNDAJ (2019). Áreas suscetíveis à desertifi cação no Semiárido são agora quase desérticas. 
https://www.gov.br/fundaj/pt-br/destaques/observa-fundaj-itens/observa-fundaj/revitalizacao-de-
bacias/areas-suscetiveis-a-desertifi cacao-no-semiarido-sao-agora-quase-deserticas
– Desertificação é erosão, Professora? – Perguntou Flora.
80
– É, Flora! Mas não é só isso!!! Senão, todas as áreas com erosão 
seriam áreas em processo de Desertificação. Para uma área ser 
inserida como tal devem ser evidenciados indicadores como Sistema 
fundiário; Tempo de ocupação; Mineração; Erosão; Perda de fertilidade; 
Pecuarização; Estagnação econômica; Mecanização; Salinização; 
Evolução da população; Bovinocultura; Caprinocultura Ovinocultura; Área 
de preservação; Susceptibilidade climática; Uso de defensivos agrícolas; 
Qualidade da água e área agrícola.
– Em uma das metodologias13, as áreas consideradas Muito Grave
registraram a presença de dados negativos em, no mínimo, 15 dos 19 
indicadores acima. As Áreas Graves apresentaram de 11 a 14 indicadores, 
enquanto que as Áreas Moderadas, de 6 a 10. É por isso que muitas pesquisas 
e ações14 15 16 17 18 hoje estão direcionadas para os SAFs “bloquearem” os 
efeitos negativos da Desertificação. 
– Mas, Professora, e como fica a situação da Fauna do Semiárido? 
–Perguntou Fauno.
– Nós não temos muitas informações sobre a Fauna do Semiárido. 
Mas temos sobre a do Bioma Caatinga. Por exemplo, são conhecidas19 276 
espécies de formigas; 386 espécies de peixes; 98 espécies de anfíbios; 191 
espécies de répteis; 548 espécies de aves e 183 espécies de mamíferos
13Conferir: Matallo Junior, H. INDICADORES DE DESERTIFICAÇÃO: histórico e perspectivas http://www.
precog.com.br/bc-texto/obras/ue000202.pdf;
14Conferir: SINDSEP. PE. 2015. Sistemas Agrofl orestais na adaptação às mudanças climáticas e no 
combate à desertifi cação. https://www.sindsep-pe.com.br/noticias-detalhe/sistemas-agrofl orestais-na-
adaptacao-as-mudancas-climaticas-e-no-combate-a-desertifi cacao/5583#.YjXbL-rMJPY;
15Conferir: Embrapa. 2012. Prosa Rural - Experiências bem-sucedidas de sistemas agrofl orestais em 
climas semiárido e subúmido https://www.embrapa.br/busca-de-noticias/-/noticia/2350362/prosa-
rural---experiencias-bem-sucedidas-de-sistemas-agrofl orestais-em-climas-semiarido-e-subumido;
16Conferir: Embrapa. 1986. Sistemas agrossilviculturais desenvolvidos no semi-arido brasileiro.
https://www.embrapa.br/busca-de-publicacoes/-/publicacao/132413/sistemas-agrossilviculturais-
desenvolvidos-no-semi-arido-brasileiro;
17Conferir:MAIA, Stoécio Malta Ferreira et al. Impactos de sistemas agrofl orestais e convencional sobre 
a qualidadedo solo no semi-árido cearense. Revista Árvore, v. 30, n. 5, p. 837-848, 2006. https://www.
scielo.br/j/rarv/a/h7xqpDG5dWBjnTCr5Yr6MJK/?format=pdf&lang=pt;
18Conferir: DRUMOND, M. A.; DE MORAES, S. A.; RIBASKI, J. Sistemas agrofl orestais para o semiárido 
brasileiro. In: Embrapa Florestas-Artigo em anais de congresso (ALICE). In: CONGRESSO BRASILEIRO 
DE SISTEMAS AGROFLORESTAIS, 9., 2013, Ilhéus. Políticas públicas, educação e formação em sistemas 
agrofl orestais na construção de paisagens sustentáveis: anais. Ilhéus: SBSAF, 2013., 2013.https://www.
alice.cnptia.embrapa.br/alice/bitstream/doc/974787/1/2013J.RibaskiCBSASistemas.pdf;
19Conferir: TABARELLI, Marcelo et al. Caatinga: legado, trajetória e desafi os rumo à sustentabilidade. 
Ciência e Cultura, v. 70, n. 4, p. 25-29, 2018. http://cienciaecultura.bvs.br/scielo.php?script=sci_
arttext&pid=S0009-67252018000400009.
81
20Conferir: TAVARES, S. (2015). Para ICMBio caatinga é um bioma vital. https://www.icmbio.gov.br/portal/
ultimas-noticias/4-destaques/6783-para-icmbio-caatinga-e-um-bioma-vital 
Fonte: Tavares (2015)20
– E vocês sabiam que muitas dessas espécies vão encontrar abrigo 
nos SAFs, embora alguns possam ca usar “estragos”?! E outras, na verdade 
ajudam no controle biológico, na dispersão de sementes...!
– Por isso que eu sempre digo: plante o do homem e também o que o 
bicho come!!! Assim todos viverão em paz! Até a próxima aula.
82
SAFs no Semiárido: Histórico, abrangência e características gerais
Capítulo 07 - Semiárido Política para SAFs
Fauno, Flora, Hidra e Terro são jovens que moram em uma 
comunidade rural do Semiárido Brasileiro.
Eles têm uma professora muito aplicada e muito preocupada em 
explicar a origem de tudo!!! O nome dela é Dona Fida.
Naquele dia, Dona Fida começou perguntando se os estudantes já 
tinham ouvido falar em política.
– Já, Professora... é quando tem eleição, né? – Perguntou Flora.
– Pode até ser Flora, respondeu Dona Fida. Mas a que vou falar 
hoje é sobre Políticas Públicas, principalmente aquelas voltadas para os 
Sistemas Agroflorestais.
– Política Pública? – Perguntou Fauno.
- Sim, Fauno. São aquelas decisões tomadas pelos governos 
municipais, estaduais e federais e legisladores, algumas vezes com 
participação da sociedade civil, e que podem se transformar em Leis, 
Decretos, Resoluções, Portarias, Instruções Normativas e outros Marcos 
Legais que servem de roteiro para que a política pública possa ser 
implementada e tenha efeito legal garantido. As políticas públicas podem 
ser divididas em Planos, Projetos e Programas.
– Puxa, Professora, ainda bem que a senhora pediu para a gente 
83
assistir aquele vídeo sobre Legislação e trouxe um advogado e uma 
liderança comunitária para nos explicar sobre leis em outra aula. – Disse 
Flora.
– Professora, eu ouvi dizer que as Cisternas de Placas são uma 
Política Pública. – Disse Hidra.
– Sim, Hidra, muito bem lembrado! As Cisternas de Placas, que são 
uma tecnologia criada por um pedreiro do Semiárido, além de serem 
uma Tecnologia Social, passaram a ser também uma política pública. Já 
são consideradas assim pelas lideranças civis do Semiárido aglutinadas 
pela Articulação do Semiárido – ASA, que congrega mais de 3.000 
Organizações Não Governamentais na Região Semiárida.
– Professora, eu ouvi dizer que as Cisternas de Placas são uma 
Política Pública. – Disse Hidra.
– Sim, Hidra, muito bem lembrado! As Cisternas de Placas, que são 
uma tecnologia criada por um pedreiro do Semiárido, além de serem 
uma Tecnologia Social, passaram a ser também uma política pública. Já 
são consideradas assim pelas lideranças civis do Semiárido aglutinadas 
pela Articulação do Semiárido – ASA, que congrega mais de 3.000 
Organizações Não Governamentais na Região Semiárida.
Fonte: https://ticket.asabrasil.org.br/
– E mais, a Lei Federal 13.501, de 30 de outubro de 2017, alterou o 
art. 2º da Lei Federal 9.433, de 8 de janeiro de 1997, que instituiu a Política 
Nacional de Recursos Hídricos para incluir o aproveitamento de Águas 
Pluviais. Isto quer dizer que, agora, aproveitar águas de chuvas é Lei!!!
84
Cisterna de Placas
Fonte: MDS (2015)1
– É bom lembrar que as Tecnologias Sociais referentes à água 
no Semiárido são representadas também pelas Cisternas Calçadão, 
Cisternas de Enxurrada, Cisternas Telhadão, Cisternas Escolares, 
Barreiros Trincheiras, Barragens Subterrâneas, Tanques de Pedra, Base 
Zero, Cordões de Pedra, Dessalinizadores Solares, BioÁgua, Quintais 
Produtivos, entre outras.
– E que algumas destas tecnologias podem estar associadas aos 
SAF’s, como as Cisternas Calçadão, Cisternas de Enxurradas, Barreiros 
Trincheiras, Barragens Subterrâneas, Base Zero, Tanque de Pedra, 
Cordões de Pedra, BioÁgua e Quintais Produtivos – quer seja como Cercas 
Vivas, Quebra Ventos, Sistemas Silviagrícolas, Sistemas Silvipastoris, quer 
seja como Sistemas Agrossilvipastoris ou Hortos/Quintais Produtivos.
Tudo com muita diversidade.
Cisterna Calçadão 
Fonte: MDS (s.d.)²
Cisterna de Enxurrada
Fonte: MDS (2015)³
1Conferir:MDS. MODELO DA TECNOLOGIA SOCIAL DE ACESSO À ÁGUA Nº 01. http://www.mds.gov.br/
webarquivos/arquivo/seguranca_alimentar/cisternas_marcolegal/tecnologias_sociais/Cisterna%20
de%20Placa%20de%2016%20mil%20litros01/IO_SESAN_n1__07072015_ANEXO.pdf
 ²Conferir:MDS. s.d. MODELO DA TECNOLOGIA SOCIAL DE ACESSO À ÁGUA Nº 02.http://www.mds.gov.
br/webarquivos/arquivo/seguranca_alimentar/cisternas_marcolegal/tecnologias_sociais/Cisterna%20
Cal%C3%A7ad%C3%A3o%20de%2052%20mil%20litros02/IO_SESAN_n2_09122013_ANEXO.pdf
 ³Conferir:MDS. 2015. MODELO DA TECNOLOGIA SOCIAL DE ACESSO À ÁGUA Nº 03.
85
Cisterna Telhadão 
 Fonte: MDS (2016)4
Cisterna Escolar
Fonte: Cáritas (2018)
Barreiro Trincheira
Fonte: MDS (s.d.)5
Barragem Subterrânea
Fonte: MDS (2017)6
 ⁴Conferir:MDS. 2016.MODELO DA TECNOLOGIA SOCIAL DE ACESSO À ÁGUA Nº 10. http://www.mds.gov.
br/webarquivos/arquivo/seguranca_alimentar/cisternas_marcolegal/tecnologias_sociais/Cisterna%20
Telhadao%20Multiuso10/IO_SESAN_n1_04042016_ANEXO.pdf;
 ⁵Conferir: MDS. s.d.MODELO DA TECNOLOGIA SOCIAL DE ACESSO À ÁGUA Nº 04. http://www.mds.gov.
br/webarquivos/arquivo/seguranca_alimentar/cisternas_marcolegal/tecnologias_sociais/Barreiro%20
Trincheira%20Familiar04/IO_SESAN_n4_09122013_ANEXO.pdf
 ⁶Conferir: MDS. 2017. MODELO DA TECNOLOGIA SOCIAL DE ACESSO À ÁGUA Nº 05.http://www.mds.
gov.br/webarquivos/arquivo/seguranca_alimentar/cisternas_marcolegal/tecnologias_sociais/2017/
Barragem_IOSESAN_N_13_06112017_BARRAGEM_ANEXO.pdf 
⁷Conferir: DO NASCIMENTO CABRAL, Laíse; DE ARAÚJO, Sérgio Murilo Santos. Qualidade da 
água em áreas rurais: análise bacteriológica e físico-química das águas dos tanques de pedra 
das comunidades KM 21 (Campina Grande) e Pedra Redonda (Pocinhos). Revista Brasileira de 
Geografi a Física, v. 9, n. 06, p. 1737-1753, 2016. https://www.researchgate.net/profi le/Laise-Do-
Nascimento-Cabral/publication/313327833_Water_quality_in_rural_areas_bacteriological_
and_physical-chemical_analysis_of_the_waters_of_the_stone_tanks_of_the_communities_
KM_21_Campina_Grande_and_Pedra_Redonda_Pocinhos/links/5899cbaaaca2721f0db0d162/
Water-quality-in-rural-areas-bacteriological-and-physical-chemical-analysis-of-the-waters-of-the-
stone-tanks-of-the-communities-KM-21-Campina-Grande-and-Pedra-Redonda-Pocinhos.pdf
 ⁸Conferir: DE ARAÚJO, José Carlos; FARIAS, Teresa Raquel Lima; LINARD, André. Efi ciência de Retenção 
em Barragens de Contenção de Sedimentos do Tipo Marco Zero. https://abrh.s3.sa-east-1.amazonaws.
com/Sumarios/19/f78640a54a4ce78b985785e5d8e29ddc_0b0ad85bd5afc772d95027bc5550be53.pdf 
Tanque de Pedra 
Fonte: Do Nascimento (2016)7
Base Zero
Fonte: De Araújo et al. (s.d.)⁸
86
 9Conferir: Ematerce. 2014. EMATERCE TEM MUITO A VER COM O DIA MUNDIAL DO MEIO AMBIENTE.
https://www.ematerce.ce.gov.br/2014/06/05/ematerce-tem-muito-a-ver-com-o-dia-mundial-do-
meio-ambiente/ 
10Conferir: UEPB. 2021. UEPB ministra treinamento sobre processo de construção de dessalinizador 
solar para ONG de Pernambuco.https://uepb.edu.br/uepb-ministra-treinamento-sobre-processo-de-construcao-de-dessalinizador-solar-para-ong-de-pernambuco/ 
 11Conferir:MDS. 2016. MODELO DA TECNOLOGIA SOCIAL DE ACESSO À ÁGUA Nº 11. https://www.mds.
gov.br/webarquivos/legislacao/seguranca_alimentar/instrucoes_operacionais/Modelo_Tecnologia_
Social_n_11_Sistema_Tratamento_Reuso_agua_Cinza_Domiciliar.pdf
 12Conferir: CAVALCANTI JUNIOR, A. T. et al. Boas práticas agrícolas (BPA) em quintais produtivos. 2018. 
https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/infoteca/handle/doc/1092115
13Conferir:ESMERALDO, GGSL et al. Políticas Públicas para os povos do Semiárido: Avanços e Desafi os. 
Fortaleza: SDA, 2017. https://www.sda.ce.gov.br/wp-content/uploads/sites/60/
Cordões de Pedra 
 Fonte: Ematerce (2014)⁹
Dessalinizadores Solares
Fonte: UEPB (2021)10
BioÁgua
Fonte: MDS (2016)11
Quintal Produtivo
Fonte: Cavalcanti et al (2018)12
– As Cisternas fazem parte principalmente de dois Programas da 
ASA denominados Programa de Formação e Mobilização Social para a 
Convivência com o Semiárido – Um Milhão de Cisternas Rurais – P1MC e 
Uma Terra e Duas Águas – P1+213.
– Outra Tecnologia Social muito interligada aos SAFs se trata do Banco 
de Sementes Comunitário, que tanto pode armazenar e intercambiar 
sementes de culturas alimentares, em especial as Crioulas ou da Paixão, 
e sementes de espécies florestais nativas e exóticas. 
87
Bancos de Sementes Comunitários 
 Fonte: Londres et al (2014)14
– Puxa, Professora! Quanta tecnologia e quanta política boa para a 
nossa região!!! – Disseram Flora e Hidra.
– Isto! E outra coisa! Existem também as Políticas em nível Nacional, 
outras em nível mais Regional e outras em níveis mais Estaduais ou 
Municipais. Historicamente, para o Semiárido, as Políticas Públicas
sempre estiveram mais identificadas com a água, como açudes, 
barragens, perímetros irrigados e adutoras. Era a famosa Solução Hídrica 
ou Hidráulica – embora houvesse momentos da Industrialização e 
momentos para o Desenvolvimento Sustentável, que é o mais atual.
– Todavia, não podemos esquecer que, desde os tempos da IOCS 
– Inspetoria de Obras Contra as Secas, criada em 1909, e da IFOCS – 
Inspetoria Federal de Obras Contra as Secas, criada em 1919, já existiam 
proposições quanto à Questão Florestal no que viria a ser o Polígono das 
Secas e, posteriormente, a Região Semiárida.
– E houve estes nomes todos para “administrar” o Semiárido, 
Professora? – Perguntou Terro.
– Sim, Terro! Em 1945, a IFOCS foi transformada em DNOCS – 
Departamento Nacional de Obras Contra as Secas e com a criação da 
SUDENE – Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste em 1959, 
muito do Polígono das Secas e muito da atual Região Semiárida ficaram 
sob o domínio da mesma.
– Mas, voltando às Políticas de Desenvolvimento Regional, nelas 
destacam-se os incentivos fiscais; os incentivos financeiros e os 
investimentos15.
14Conferir:LONDRES, Flávia et al. As sementes da paixão e as políticas de distribuição de sementes na 
Paraíba. 2014.http://aspta.org.br/fi les/2014/05/Caderno-ANA-Sementes-ASA-Para%C3%ADba.pdf;
15Conferir: CAVALCANTE, Luiz Ricardo. Abrangência geográfi ca das políticas de desenvolvimento 
regional no Brasil. Revista Brasileira de Gestão e Desenvolvimento Regional, v. 16, n. 2, 2020. https://
www2.senado.leg.br/bdsf/item/id/540530
88
– Dentre os incentivos financeiros há um que interessa muito ao 
Semiárido, que é o Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste 
– FNE, que recebe 1,8% dos 3,0% do produto da arrecadação nacional
dos impostos sobre a renda e sobre produtos industrializados, o que está 
previsto no inciso I do art. 159 da Constituição Federal e no parágrafo 
único do art. 6º da Lei Federal 7.82716, de 27 de setembro de 1989.
– No FNE existem os Programas de Financiamento, como o FNE 
Verde, que se trata do Programa de Financiamento à Sustentabilidade 
Ambiental e que tem o objetivo de “promover o desenvolvimento de 
empreendimentos e atividades econômicas que propiciem a preservação, 
conservação, controle e/ou recuperação do meio ambiente, adaptação 
às mudanças climáticas, transição para uma economia de baixo carbono
e adequação à legislação ambiental e de recursos hídricos, com foco 
na sustentabilidade e no aumento da competitividade das empresas e 
cadeias produtivas”18.
 Fonte: BNB (2022)17
16Conferir: BRASIL. 1989. Lei Federal 7.287 de 27 de setembro de 1989. Regulamenta o art. 159, inciso 
I, alínea c, da Constituição Federal, institui o Fundo Constitucional de Financiamento do Norte - 
FNO, o Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste - FNE e o Fundo Constitucional de 
Financiamento do Centro-Oeste - FCO, e dá outras providências. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/
leis/l7827.htm#:text=LEI%20N%C2%BA%207.827%2C%20DE%2027%20DE%20SETEMBRO%20DE%20
1989&text=159%2C%20inciso%20I%2C%20al%C3%ADnea%20c,FCO%2C%20e%20d%C3%A1%20outras%20
provid%C3%AAncias.
 17Conferir: BNB. 2022. PROGRAMAÇÃO REGIONAL FNE 2022 https://www.google.
com/url?sa=i&url=https%3A%2F%2Fbnb.gov.br%2Fdocuments%2F45787%2F6412
67%2FPrograma%25C3%25A7%25C3%25A3o%2BRegional%2BFNE%2B-%2B2022.
pdf%2Fc70fe336-4373-123b-0508-37c7c40ba383%3Fversion%3D1.0%26t%3D164995905
8105%26download%3Dtrue&psig=AOvVaw1odJPhnKLwNfUyOpcyhNDF&ust=1652051322-
050000&source=images&cd=vfe&ved=0CA0QjhxqFwoTCMjnuo7BzvcCFQAAAAAdAAAAABAD
 18Conferir: BNB. 2022. PROGRAMAÇÃO REGIONAL FNE 2022 https://www.google.
com/url?sa=i&url=https%3A%2F%2Fbnb.gov.br%2Fdocuments%2F45787%2F6412
67%2FPrograma%25C3%25A7%25C3%25A3o%2BRegional%2BFNE%2B-%2B2022.
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89
 – O FNE pode financiar o investimento rural e, nos setores não-
rurais, a aquisição de bens de capital e a implantação, modernização, 
reforma, relocalização ou ampliação de empreendimentos, contemplando 
créditos para Investimentos em: i. Itens do Plano Setorial de mitigação 
e de adaptação às mudanças Climáticas para a consolidação de uma 
Economia de baixa emissão de Carbono na Agricultura (Plano ABC), 
como recuperação de pastagens degradadas e, à exceção daqueles 
que envolvam a supressão de mata nativa, elaboração e implantação de 
projetos de Sistema de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF); ii.
Sistemas Agroflorestais (SAFs) e Plano de Manejo Florestal Sustentável19.
Fonte: BNB (2022)20
– E se tem Lei para investimentos, tem Lei também para pagamentos 
e endividamentos como a Lei Federal 13.34021, de 28 de setembro de 
2016, que autoriza a liquidação e a renegociação de dívidas de crédito 
rural; e prevê rebates maiores para a liquidação de dívidas relativas a 
empreendimentos localizados nas regiões do Semiárido e do norte do 
Estado do Espírito Santo e nos Municípios do norte do estado de Minas 
Gerais, do Vale do Jequitinhonha e do Vale do Mucuri, compreendidos na 
área de atuação da Sudene22.
 19Conferir:BNB. 2022. PROGRAMAÇÃO REGIONAL FNE 2022 https://www.google.
com/url?sa=i&url=https%3A%2F%2Fbnb.gov.br%2Fdocuments%2F45787%2F6412
67%2FPrograma%25C3%25A7%25C3%25A3o%2BRegional%2BFNE%2B-%2B2022.
pdf%2Fc70fe336-4373-123b-0508-37c7c40ba383%3Fversion%3D1.0%26t%3D164995905
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050000&source=images&cd=vfe&ved=0CA0QjhxqFwoTCMjnuo7BzvcCFQAAAAAdAAAAABAD
 20Conferir:BNB. 2022. Guiado pela agenda ASG - Ambiental, social e governança - o BNB conta com 
vários programas de incentivo à sustentabilidade. O FNE Verde é uma delas.https://www.facebook.com/
watch/?v=480248180410368
 21Conferir: BRASIL. 2016. Lei Federal 13.340 de 28 de setembro de 2016. Autoriza a liquidação e a 
renegociação de dívidas de crédito rural; altera a Lei nº 10.177, de 12 de janeiro de 2001; e dá outras 
providências.http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2016/lei/l13340.htm
 22Conferir: CAVALCANTE, Luiz Ricardo. Abrangência geográfi ca das políticas de desenvolvimento 
regional no Brasil. Revista Brasileirade Gestão e Desenvolvimento Regional, v. 16, n. 2, 2020. https://
www2.senado.leg.br/bdsf/item/id/540530
90
– Além do FNE, existe o Pronaf - Programa Nacional de Fortalecimento 
da Agricultura Familiar, que foi criado pelo Decreto Federal 1.946, de 
28 de junho de 1986, e que entre as suas diretrizes constava: melhorar 
a qualidade de vida no segmento da agricultura familiar, mediante a 
promoção do desenvolvimento rural de forma sustentada, aumento de 
sua capacidade produtiva e abertura de novas oportunidades de emprego 
e renda; e proporcionar o aprimoramento das tecnologias empregadas, 
mediante estímulos à pesquisa, desenvolvimento e difusão de técnicas 
adequadas à agricultura familiar, com vistas ao aumento da produtividade 
do trabalho agrícola, conjugado com a proteção do meio ambiente23.
Professora Fida continua explicando:
– Para se enquadrar no Pronaf, o agricultor tem que:
A - Explorar parcela de terra na condição de proprietário, posseiro, 
arrendatário, comodatário, parceiro ou concessionário do Programa 
Nacional de Reforma Agrária, ou permissionário de áreas públicas;
B - Residir na propriedade ou em local próximo;
C - Obter, no mínimo, 50% da renda bruta familiar originada da 
exploração agropecuária e não agropecuária do estabelecimento;
D - Ter o trabalho familiar como predominante na exploração do 
estabelecimento, utilizando apenas eventualmente o trabalho assalariado, 
de acordo com as exigências sazonais da atividade agropecuária, 
podendo manter empregados permanentes em número menor ou igual 
ao número de pessoas da família ocupada com o empreendimento 
familiar - exceto na Linha PRONAF Microcrédito (Grupo “B”), em que não 
se admite a manutenção de qualquer empregado assalariado, em caráter 
permanente;
E - Ter obtido renda bruta anual familiar de até R$ 500 mil nos últimos 
12 meses de produção normal que antecedem a solicitação da DAP, 
considerando, neste limite, a soma de todo o Valor Bruto de Produção (VBP), 
100% do valor da receita recebida de entidade integradora e das demais 
rendas provenientes de atividades desenvolvidas no estabelecimento e 
fora dele, recebidas por qualquer componente familiar, exceto os benefícios 
sociais e os proventos previdenciários decorrentes de atividades rurais24.
23Conferir: BRASIL: Decreto Federal 1.946 de 28 de junho de 1996. Cria o Programa Nacional de 
Fortalecimento da Agricultura Fami PRONAF, e dá outras providências.http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/decreto/D1946.htmimpressao.htm#art4%C2%A73b
24Conferir:BNDS. s.d. REQUISITOS PARA ENQUADRAMENTO NO PRONAFhttps://www.bndes.gov.br/wps/
portal/site/home/fi nanciamento/produto/pronaf-requisitos
91
– Professora, o meu pai é Pronafiano!!! – Disse Hidra.
– O meu também! – Disse Fauno.
– Acho que todos os pais ou mães e irmãos/irmãs mais velhos de 
vocês são Pronafianos. Afinal, todos eles devem estar enquadrados na 
Lei Federal 11.32625, de 24 de julho de 2006, que trata sobre a Política 
Nacional da Agricultura Familiar e Empreendimentos Familiares Rurais. A 
maioria das propriedades do Semiárido é de agricultores(as) familiares.
– Inclusive, recentemente, através da Portaria SETO/ME 1.666, de 22 
de fevereiro de 2022, o Governo Federal abriu crédito para Agropecuária 
Sustentável e para a Subvenção Econômica em Operações no âmbito do 
Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar – Pronaf26.
– Existem várias modalidades de Pronaf. Pronaf Agroindústria; 
Pronaf Mulher; Pronaf Agroecologia; Pronaf Bioeconomia; Pronaf Mais 
Alimentos; Pronaf Jovem; Pronaf Microcrédito (Grupo "B"); Pronaf Cotas-
Partes27. No Pronaf Bioeconomia, está bem claro o financiamento para 
Sistemas Agroflorestais e nos Pronaf’s Agroindústria e Agroecologia
existem também componentes florestais ou agroecológicos.
– A minha mãe já obteve um Pronaf Mulher e o meu irmão mais 
velho obteve um Pronaf Jovem, Professora. – Disse Terro.
– Isto, Terro! Estando regularizado direitinho e tendo recursos 
disponíveis, não é complicado obter estes recursos e é relativamente fácil 
pagá-los.
Fonte: Lima e Felippe (2011)28
25Conferir:BRASIL. Lei Federal 11.326 de 24 de julho de 2006. Estabelece as diretrizes para a formulação 
da Política Nacional da Agricultura Familiar e Empreendimentos Familiares Rurais.http://www.planalto.
gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2006/lei/l11326.htm
26Conferir: ME. PORTARIA SETO/ME Nº 1.666, DE 22 DE FEVEREIRO DE 2022.Abre ao Orçamento Fiscal da 
União, em favor de Encargos Financeiros da União e Operações Ofi ciais de Crédito, crédito suplementar 
no valor de R$ 925.015.986,00, para reforço de dotações constantes da Lei Orçamentária vigente. 
https://www.in.gov.br/web/dou/-/portaria-seto/me-n-1.666-de-22-de-fevereiro-de-2022-381933575
27Conferir:BNDES .Pronaf - Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar https://www.
bndes.gov.br/wps/portal/site/home/fi nanciamento/produto/pronaf
Lima,M.; Felippe, Y. PATAC. Jornada das Mulheres da Via Campesina mobiliza nove estados contra os 
agrotóxicos.http://patacparaiba.blogspot.com/2011/03/jornada-das-mulheres-da-via-campesina.html
28Lima,M.; Felippe, Y. PATAC. Jornada das Mulheres da Via Campesina mobiliza nove estados contra os 
agrotóxicos.http://patacparaiba.blogspot.com/2011/03/jornada-das-mulheres-da-via-campesina.html
92
– Existe, também, uma Lei que trata especificamente sobre SAFs. É 
a Lei Federal 12.85429, de 26 de agosto de 2013, que “Fomenta e incentiva 
ações que promovam a recuperação florestal e a implantação de sistemas 
agroflorestais em áreas rurais desapropriadas e em áreas degradadas”. 
E outra, que trata sobre a Política Nacional de Integração Lavoura-
Pecuária-Floresta, que é a Lei Federal 12.80530, de 29 de abril de 2013. 
Vejam, vocês, que uma delas é uma Política Pública!!!
– A temática sobre Sistemas Agroflorestais31 também está contida:
1- Na Lei Federal 12.65132, de 25 de maio de 2012 (Código Florestal);
2- Na Lei Federal 11.42833, de 22 de dezembro de 2006 (Mata Atlântica) 
regulamentada pelo Decreto Federal 6.66034, de 21 de novembro de 2008;
3- Na Lei Federal 9.60535, de 12 de fevereiro de 1998 (Crimes
Ambientais);
4- Na Lei Federal 998536, de 18 de julho de 2000 (Sistema Nacional 
de Unidades de Conservação); 
5- Na Lei Federal 11.32637, de 24 de julho de 2006 (Política Nacional 
da Agricultura Familiar e Empreendimentos Familiares Rurais);
6- Na Lei Federal 10.831, de 23 de dezembro de 2003 (Dispõe sobre 
a Agricultura Orgânica) regulamentada pelo Decreto Federal 6.323 de 27 
de dezembro de 2007;
 29Conferir:BRASIL. Lei Federal 12.854 de 26 de agosto de 2013. Fomenta e incentiva ações que promovam 
a recuperação fl orestal e a implantação de sistemas agrofl orestais em áreas rurais desapropriadas 
e em áreas degradadas, nos casos que especifi ca.http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-
2014/2013/lei/l12854.htm#::text=LEI%20N%C2%BA%2012.854%2C%20DE%2026,degradadas%2C%20nos%20
casos%20que%20especifi ca;
 30Conferir: BRASIL. Lei Federal 12.805 de 29 de abril de 2013. Institui a Política Nacional de Integração 
Lavoura-Pecuária-Floresta e altera a Lei nº 8.171, de 17 de janeiro de 1991. http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/_Ato2011-2014/2013/Lei/L12805.htm#art5;
 31Conferir:EWERT, Martin et al. Sistemas agrofl orestais multiestrata e a legislação ambiental brasileira: 
desafi os e soluções. Desenvolvimento e Meio ambiente, v. 36, 2016. https://revistas.ufpr.br/made/article/
view/39944;
 32Conferir: BRASIL. Lei Federal 12.651 de 25 de maio de 2012.Dispõe sobre a proteção da vegetação 
nativa; altera as Leis nºs 6.938, de 31 de agosto de 1981, 9.393, de 19 de dezembro de 1996, e 11.428, de 
22 de dezembro de 2006; revoga as Leis nºs 4.771, de 15 de setembro de 1965, e 7.754, de 14 de abril de 
1989, e a Medida Provisória nº 2.166-67, de 24 de agosto de 2001; e dá outras providências. http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2012/lei/l12651.htm;
33Conferir:BRASIL. Lei Federal 11.428 de 22 de dezembro de 2006. Dispõe sobre a utilização eproteção 
da vegetação nativa do Bioma Mata Atlântica, e dá outras providências. http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/_ato2004-2006/2006/lei/l11428.htm;
34Conferir:BRASIL. Decreto Federal 6.660 de 21 de novembro de 2008. Regulamenta dispositivos da Lei 
no 11.428, de 22 de dezembro de 2006, que dispõe sobre a utilização e proteção da vegetação nativa 
do Bioma Mata Atlântica. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2008/decreto/d6660.
htm;
35Conferir:BRASIL. Lei Federal 9605 de 12 de fevereiro de 1998. Dispõe sobre as sanções penais e 
administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, e dá outras providências. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9605.htm;
36Conferir:BRASIL. Lei Federal 9985 de 18 de julho de 2000.Regulamenta o art. 225, § 1o, incisos I, II, III e 
VII da Constituição Federal, institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza e dá 
outras providências. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9985.htm;
37Conferir: BRASIL. Lei Federal 11.326 de 24 de julho de 2006. Estabelece as diretrizes para a formulação 
da Política Nacional da Agricultura Familiar e Empreendimentos Familiares Rurais.http://www.planalto.
gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2006/lei/l11326.htm;
93
7- Na Resolução CONAMA 45838, de 16 de julho de 2013 (Licenciamento 
ambiental de atividades agrossilvipastoris e de empreendimentos de 
infraestrutura, passíveis de licenciamento, realizados em assentamentos 
de reforma agrária); 
8- Na Resolução CONAMA 42539, de 25 de maio de 2010 (Regulariza 
a intervenção ou supressão de vegetação em Área de Preservação 
Permanente-APP);
9- Na Resolução CONAMA 36940, de 28 de março de 2006 (Casos 
excepcionais, de utilidade pública, interesse social ou baixo impacto 
ambiental, que possibilitam a intervenção ou supressão de vegetação em 
Área de Preservação Permanente – APP). 
– É muita Lei para que os Sistemas Florestais sejam legalizados e 
implantados, não é Professora? – Perguntou Hidra.
– Sim, Flora!!! Muitas vezes, vemos facilidades para compra e uso de 
venenos e muitas exigências para se implantar os Sistemas Agroflorestais
utilizando-se a vegetação nativa como base ou em Áreas de Preservação 
Permanente – APP’s e Reservas Legais – RL’s.
– O que significam as APP’s e RL’s, Professora? – Perguntou Flora.
– Em outra aula eu explico para vocês, Flora. Mas, só adiantando, 
são áreas das propriedades em que os agricultores só podem fazer 
intervenções se autorizados pelos órgãos ambientais municipais, 
estaduais ou federais.
– Uma outra lei que envolve Sistemas Agroflorestais e, desta vez, mais 
associada ao Semiárido, é a Lei Federal 13.15341, de 30 de julho de 2015, ou 
Política Nacional de Combate à Desertificação e Mitigação dos Efeitos da 
Seca. É a que mais se aproxima da realidade do Semiárido, já que as outras 
são de caráter mais geral para todo o país – embora só aborde o tema no 
Art. 3º “A Política Nacional de Combate à Desertificação e Mitigação dos 
Efeitos da Seca tem por objetivos”, Inciso X – “fomentar a sustentabilidade 
ambiental da produção, incluindo ecoagricultura, silvicultura e sistemas 
agroflorestais, com a diversificação e o beneficiamento da produção na 
origem”.
38Conferir: CONAMA. Resolução 458 de 16 de julho de 2013. Estabelece procedimentos para o 
licenciamento ambiental em assentamento de reforma agrária, e dá outras providências https://www.
legisweb.com.br/legislacao/?id=358998;
39Conferir: CONAMA. Resolução 425 de 25 de maio de 2010. Dispõe sobre critérios para a 
caracterização de atividades e empreendimentos agropecuários sustentáveis do agricultor familiar, 
empreendedor rural familiar, e dos povos e comunidades tradicionais como de interesse social para 
fi ns de produção, intervenção e recuperação de Áreas de Preservação Permanente e outras de uso 
limitado. https://www.legisweb.com.br/legislacao/?id=112850;
40Conferir: CONAMA. Resolução 369 de 28 de março de 2006. Dispõe sobre os casos excepcionais, 
de utilidade pública, interesse social ou baixo impacto ambiental, que possibilitam a intervenção ou 
supressão de vegetação em Área de Preservação Permanente - APP. https://www.legisweb.com.br/
legislacao/?id=104080;
41Conferir: BRASIL. Lei Federal 13.153 de 30 de julho de 2015.Institui a Política Nacional de Combate à 
Desertifi cação e Mitigação dos Efeitos da Seca e seus instrumentos; prevê a criação da Comissão 
Nacional de Combate à Desertifi cação; e dá outras providências. http://www.planalto.gov.
br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13153.htm#::text=LEI%20N%C2%BA%2013.153%2C%20DE%20
30,Desertifi ca%C3%A7%C3%A3o%3B%20e%20d%C3%A1%20outras%20provid%C3%AAncias.
94
Semiárido de 2005
Fonte: Letras Ambientais (2018)42
– É sabido que os SAFs são 
multidiversos e polidiversos, 
portanto, produzem inúmeros 
produtos, mas se caracterizam, 
principalmente, pelos alimentos. 
E que sua produção é muito 
associada à agricultura familiar, 
que tem Lei (Lei Federal 11.32643, de 
24 de julho de 2006 regulamentada 
pelo Decreto Federal 9.06444, de 31 
de maio de 2017).
– Portanto, nada mais natural 
que os SAFs venham a contribuir 
e que, além de Políticas Públicas, 
também atendam a alguns 
Programas Públicos.
– Um Programa Público
que está associado aos Sistemas 
Agroflorestais trata-se do PAA 
– Programa de Aquisição de 
Fonte: MDS (2013)45
43Conferir: BRASIL. Lei Federal 11.326 de 24 de julho de 2006.Estabelece as diretrizes para a formulação 
da Política Nacional da Agricultura Familiar e Empreendimentos Familiares Rurais. http://www.planalto.
gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2006/lei/l11326.htm;
44Conferir: BRASIL. Decreto Federal 9.604 de 31 de maio de 2017.Dispõe sobre a Unidade Familiar de 
Produção Agrária, institui o Cadastro Nacional da Agricultura Familiar e regulamenta a Lei nº 11.326, de 
24 de julho de 2006 , que estabelece as diretrizes para a formulação da Política Nacional da Agricultura 
Familiar e empreendimentos familiares rurais. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-
2018/2017/Decreto/D9064.htm
45Conferir: MDS. 2013. Manual de Uso da Nova Marca do PAA. http://www.mds.gov.br/webarquivos/
sala_de_imprensa/marcas_selos/manual-de-identidade-visual/programa-de-aquisicao-de-
alimentos/Nova%20marca%20PAA_manual.pdf
95
Alimentos, que foi criado a partir da Lei Federal 10.69646, de 02 de julho de 
2003, e que agora está inserido na Lei Federal 14.28447 de 29 de dezembro 
de 2021 (Programa Auxílio Brasil e o Programa Alimenta Brasil). Neste, é 
dado prioridade a alimentos advindos da produção familiar, dentro da 
proposta agroecológica e, portanto, dentro da produção agroflorestal.
– Outro Programa Público que pode adquirir alimentos advindos dos 
SAFs é o PNAE – Programa Nacional de Alimentação Escolar, que havia 
sido criado desde 1955 como Campanha de Merenda Escolar e foi efetivado 
em 1979 e fortalecido pela Lei Federal 11.94748, de 2009 (Atendimento da 
Alimentação Escolar e do Programa Dinheiro Direto na Escola)49.
 46Conferir:BRASIL. Lei Federal 10.696 de 02 de julho de 2003.Dispõe sobre a repactuação e o 
alongamento de dívidas oriundas de operações de crédito rural, e dá outras providências. http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/l10.696.htm;
47Conferir: BRASIL. Lei Federal 14284 de 29 de dezembro de 2021. Institui o Programa Auxílio Brasil e o 
Programa Alimenta Brasil; defi ne metas para taxas de pobreza; altera a Lei nº 8.742, de 7 de dezembro 
de 1993; revoga a Lei nº 10.836, de 9 de janeiro de 2004, e dispositivos das Leis nos 10.696, de 2 de julho 
de 2003, 12.512, de 14 de outubro de 2011, e 12.722, de 3 de outubro de 2012; e dá outras providências.
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2021/Lei/L14284.htm#art46;
48Conferir: BRASIL. Lei Federal 11.497 de 16 de junho de 2009. Dispõe sobre o atendimento da 
alimentação escolar e do Programa Dinheiro Direto na Escola aos alunos da educação básica; altera as 
Leis nos 10.880, de 9 de junho de 2004, 11.273, de 6 de fevereiro de 2006, 11.507,de 20 de julho de 2007; 
revoga dispositivos da Medida Provisória no 2.178-36, de 24 de agosto de 2001, e a Lei no 8.913, de 12 de 
julho de 1994; e dá outras providências. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2009/lei/
l11947.htm;
49Conferir: PEIXINHO, Albaneide Maria Lima. A trajetória do Programa Nacional de Alimentação Escolar 
no período de 2003-2010: relato do gestor nacional.Ciência & Saúde Coletiva, v. 18, p. 909-916, 2013.
https://www.ufrb.edu.br/proext/images/A_trajetria_do_Programa_Nacional_de_Alimentao_Escolar_
no_perodo_de_2003_-_2010.pdf;
50Conferir: Borborema, H. 2020. Articulação Nacional de Agroecologia. Campanha alerta sobre 
urgência de manter PNAE durante pandemia. https://agroecologia.org.br/2020/07/17/campanha-
alerta-sobre-urgencia-de-manter-pnae-durante-pandemia/.
Fonte: Borborema (2020)50
– Eita, Professora, quer dizer que esta merenda tão saborosa que 
nós comemos aqui na escola vem dos agricultores da região? – Perguntou 
Flora.
– Sim, Flora. Inclusive, até das propriedades de todos vocês!!!
– Oba!!! – Responderam todos.
96
– Além disso, os SAFs podem fornecer produtos para apoiar a 
Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos (Decreto Federal 
5.81351, de 22 de junho de 2006) e podem estar inseridos na Convenção 
sobre Diversidade Biológica (Lei Federal 13.12352, de 20 de maio de 2015) 
e na Política Nacional de Desenvolvimento Sustentável dos Povos e 
Comunidades Tradicionais (Decreto Federal 6.04053, de 07 de fevereiro de 
2007).
– E, por último, mais em nível educacional, os SAF’s podem estar 
contemplados na Política de Educação do Campo e no Programa 
Nacional de Educação na Reforma Agrária – PRONERA (Decreto Federal 
Nº 7.35254, de 04 de novembro de 2010) e no Programa Nacional de Acesso 
à Formação Profissional, Técnica e Tecnológica e Emprego – PRONATEC 
RURAL (Lei Federal 12.51355, de 26 de outubro de 2011). 
– Vejam só, crianças: tudo isto que nós vimos foi só em nível federal. 
Nos níveis estaduais e municipais há muitas Políticas, Planos, Programas 
e Projetos em que os SAFs podem estar contemplados ou serem 
contemplados. 
– Até a próxima aula!!!
 51Conferir: BRASIL. Decreto Federal 5.813 de 22 de junho de 2006. Aprova a Política Nacional de Plantas 
Medicinais e Fitoterápicos e dá outras providências. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-
2006/2006/decreto/d5813.htm
52Conferir: BRASIL. Lei Federal 13.123 de 20 de maio de 2015. Regulamenta o inciso II do § 1º e o § 4º do 
art. 225 da Constituição Federal, o Artigo 1, a alínea j do Artigo 8, a alínea c do Artigo 10, o Artigo 15 e os 
§§ 3º e 4º do Artigo 16 da Convenção sobre Diversidade Biológica, promulgada pelo Decreto nº 2.519, 
de 16 de março de 1998; dispõe sobre o acesso ao patrimônio genético, sobre a proteção e o acesso 
ao conhecimento tradicional associado e sobre a repartição de benefícios para conservação e uso 
sustentável da biodiversidade; revoga a Medida Provisória nº 2.186-16, de 23 de agosto de 2001; e dá 
outras providências. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13123.htm
 53Conferir: BRASIL. Decreto Federal 6.040 de 07 de fevereiro de 2007. Institui a Política Nacional de 
Desenvolvimento Sustentável dos Povos e Comunidades Tradicionais. http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/_ato2007-2010/2007/decreto/d6040.htm
 54Conferir:BRASIL. Decreto Federal 7.352 de 04 de novembro de 2010. Dispõe sobre a política de 
educação do campo e o Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária - PRONERA. http://
portal.mec.gov.br/docman/marco-2012-pdf/10199-8-decreto-7352-de4-de-novembro-de-2010/fi le
 55Conferir:BRASIL. Lei Federal 12.513 de 26 de outubro de 2011. Institui o Programa Nacional de Acesso 
ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec); altera as Leis nº 7.998, de 11 de janeiro de 1990, que regula 
o Programa do Seguro-Desemprego, o Abono Salarial e institui o Fundo de Amparo ao Trabalhador 
(FAT), nº 8.212, de 24 de julho de 1991, que dispõe sobre a organização da Seguridade Social e institui 
Plano de Custeio, nº 10.260, de 12 de julho de 2001, que dispõe sobre o Fundo de Financiamento ao 
Estudante do Ensino Superior, e nº 11.129, de 30 de junho de 2005, que institui o Programa Nacional de 
Inclusão de Jovens (ProJovem); e dá outras providências .http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-
2014/2011/lei/l12513.htm
97
SAFs no Semiárido: Histórico, abrangência e características gerais
Capítulo 08 - Semiárido “Problema” e os SAFs
Fauno, Flora, Hidra e Terro são jovens que moram em uma 
comunidade rural do Semiárido Brasileiro.
Eles têm uma professora muito aplicada e muito preocupada em 
explicar a origem de tudo!!! O nome dela é Dona Fida.
Dona Fida iniciou a aula com uma pergunta: 
– Crianças, vocês acham esta região em que nós moramos é um 
Problema?
– Não!!! – Responderam todos!!!
– Mas... e quando tudo está seco e morrem plantas e animais, e já 
morreram até pessoas? – Perguntaram Flora e Fauno.
– E... quando os solos começam a não produzir mais e os rios, riachos 
e açudes secam? – Perguntaram Terro e Hidra.
– Verdade!!! – Disse Dona Fida. Temos alguns problemas. Como todas 
as outras regiões do Brasil têm. Mas isto não justifica sermos considerados 
um problema.
– Professora e de onde vem isto? – Perguntou Terro.
– Ah, Terro! Vem de muito tempo... Mas foi aumentando quando 
as secas passaram a ser mais estudadas, mais pesquisadas e mais... 
divulgadas!!!
98
– E isto não foi bom para que as pessoas soubessem o que acontecia? 
– Perguntou Hidra.
– Sim e não, Hidra! Por um lado, foi bom, pois ao conhecerem mais 
os problemas os governantes passaram a destinar mais recursos e mais 
pesquisas. Mas, por outro lado, estes recursos passaram a ser muito 
cobiçados. Principalmente por quem já “mandava” em algumas regiões 
do Semiárido.
– Como assim, Professora? – Perguntou Fauno.
– Na verdade Fauno, sempre existiu e sempre existirá quem mande 
e quem queira mandar em muitos locais. Quando o Semiárido começou a 
ser estudado com maior profundidade depois da famosa Seca de 1877, ou 
a seca dos “dois setes”, muitos recursos financeiros foram enviados, mas 
foram mal aplicados ou desviados. 
1Conferir: Westin, R. 500 mil mortes, doença, fome, desvio de verbas e pedido de CPI: o retrato da 
Grande Seca do Império. Agência Senado.
https://www12.senado.leg.br/noticias/especiais/arquivo-s/500-mil-mortes-doenca-fome-desvio-de-
verbas-e-pedido-de-cpi-o-retrato-da-grande-seca-do-imperio 
Flagelados da Grande Seca fotografados em um estúdio de 
Fortaleza
Fonte: Westin (2021)1
– E quem desviava? Os grandes grupos políticos, os grandes 
fazendeiros, os grandes comerciantes... E a população continuava sofrendo
naquelas e nas outras secas, por não ter todos os açudes construídos ou 
finalizados, todas as vias para automóveis e trens não construídas ou 
finalizadas, todos os poços perfurados...
99
– Puxa, Professora, e era assim? – Perguntou Hidra.
– Sim, Hidra! E muito disto continua até hoje. Mas nem sempre era o 
dinheiro. Muitas vezes era por causa do poder. Por exemplo, um grande 
proprietário agia politicamente para que fosse construído um grande 
açude, ou perfurados poços, na sua propriedade. Ao finalizar, ele tinha 
a moeda mais preciosa em alguns momentos da história do Semiárido: 
a água!!! Vimos isto até há pouco tempo, com a influência política na 
Operação Carro Pipa.
– Que tristeza!!! – Disse Terro.
– Com os constantes envios de recursos para os Sertões, era assim 
que o Semiárido ficava conhecido por alguns: pelo mau uso do dinheiro 
público e pela corrupção. O restante do País passou a olhar de forma 
negativa a Região, que passou a ser entendida como um “sumidouro”
de dinheiro. Esta imagem, lembrando, foi construída principalmente por 
quem detinha o poder por aqui.
Pedido do Senador Silveira do Mota em 1880 de criação da CPI da Grande 
Seca.
Fonte: Westin (2021)2
– Para se ter uma ideia, em 1936, quando foi criado o “Plano 
Systematico da Defesa contra os Effeitos das Seccas nos Estadosdo 
Norte”, na Lei Federal 1753, de 07 de janeiro de 1936, e também o Polígono 
das Secas, na verdade, se estava cumprindo o Artigo 177 da Constituição de 
19344, que dizia “A defesa contra os efeitos das secas nos Estados do Norte 
obedecerá a um plano sistemático e será permanente, ficando a cargo da 
União, que dependerá, com as obras e os serviços de assistência, quantia 
2Conferir: Westin, R. 500 mil mortes, doença, fome, desvio de verbas e pedido de CPI: o retrato da 
Grande Seca do Império. Agência Senado.
 3Conferir: BRASIL. Lei Federal 175 de 07 de janeiro de 1936. Regula o disposto no art. 177 da Constituição. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/1930-1949/l175.htm;
4Conferir:BRASIL. Constituição Federal de 16 de julho de 1934. Nós, os representantes do povo brasileiro, 
pondo a nossa confi ança em Deus, reunidos em Assembléia Nacional Constituinte para organizar um 
regime democrático, que assegure à Nação a unidade, a liberdade, a justiça e o bem-estar social e 
econômico, decretamos e promulgamos a seguinte. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/
Constituicao34.htm#art177
100
nunca inferior a quatro por cento da sua receita tributária sem aplicação 
especial”. Estes quatro por cento já eram muito dinheiro à época e hoje 
ainda o é através do FNE – Fundo Constitucional de Desenvolvimento do 
Nordeste.
– Que coisa, Professora!!! – Disse Flora.
– O pior é que desviavam recursos, não finalizavam obras, construíam 
obras em grandes propriedades (latifúndios) e ainda usavam imagens
de açudes secos, animais mortos, retirantes das secas, casas de taipa, 
pobreza e miséria para conseguirem sempre mais recursos, tentando 
sensibilizar governos e população. Com isto, foram criando uma imagem 
negativa da Região Semiárida que persiste até hoje...
Fonte: Caciomurilo1 (s.d.)5
Fonte: Azevedo (2016)6
5Conferir: https://www.freepik.com/premium-photo/dry-cracked-lake-caused-by-drought-paraiba-
brazil-climate-change-water-crisis_19913461.htm#query=caatinga%20dry&position=41&from_
view=search;
6Conferir: AZEVEDO, Maria Cecília Neves de et al. Um olhar sobre o sertão: as fotografi as do relatório 
da expedição científi ca de Arthur Neiva e Belisário Penna. 2016. Tese de Doutorado. https://www.arca.
fi ocruz.br/bitstream/icict/24004/2/Dissertao_Maria_Ceclia_Azevedo.pdf
101
Fonte: Lima et al (2002)7
7Conferir: LIMA, Maria Helena Palmer et al. Divisão Territorial do Brasil-2002. Instituto Brasileiro de 
Geografi a e Estatística. http://www.ipeadata.gov.br/doc/DivisaoTerritorialBrasileira_IBGE.pdf
– Professora e nós éramos Norte? Mas não somos Nordeste? – 
Perguntou Terro.
– Ah!!! Por ocasião destas leis, o mapa do Brasil não era o que nós 
conhecemos hoje. O que hoje é Nordeste já foi um dia Norte Oriental (1913); 
Norte (1940); Nordeste Ocidental e Nordeste Oriental (1945); Nordeste 
sem o Maranhão, Piauí, Bahia e Sergipe (1950); Nordeste sem a Bahia e 
Sergipe e Nordeste Atual (1970).
1913
1950
1940
1960
1945
1970
– Só lembrando, o Polígono das Secas de 1936 era parte do Brasil 
Norte Oriental e parte do Brasil Oriental. Só a partir de 1945/51 é que 
passou a ser parte do Brasil Nordeste Oriental, parte do Brasil Norte 
Ocidental, parte do Brasil Leste Setentrional e parte do Brasil Leste 
Meridional.
102
Polígono das Secas 1936 
Polígono das Secas 1951
Fonte: Ferreira et al (2012)8
Fonte: Rebouças (1997)9
– Voltando à questão do 
“Semiárido Problema”, um fato 
que deve ser observado é com 
relação às baixas produções em 
condições de sequeiro (só chuvas) 
de culturas como milho e feijão. 
Embora alguns solos tenham boa 
fertilidade e consigam armazenar 
um pouco de água, as condições 
de evapotranspiração são muito 
elevadas, fazendo com que as 
culturas não consigam produzir 
tanto.
– Outro fato é que as chuvas 
do Semiárido, além de não serem 
uniformes, têm um alto potencial 
de causar a erosão (Erosividade), 
e que alguns solos têm um alto poder 
de serem erodidos (Erodibilidade).
– Os seus três Biomas
também já apresentam problemas 
de desflorestamento como, por 
exemplo, o Bioma Caatinga, que
já perdeu 38,28% da sua cobertura 
vegetal. Além dele, o Bioma Cerrado 
já perdeu 44,22% e o Bioma Mata 
Atlântica já perdeu 68,99,0% da 
vegetação original10. A vegetação 
restante muitas vezes é representada 
por poucas espécies como parte 
da Caatinga, onde predominam 
Juremas Pretas e Marmeleiros.
8Conferir:FERREIRA, Angela Lúcia; DANTAS, George Alexandre Ferreira; SIMONINI, Yuri. Cartografi a 
do (De) Sertão do Brasil: Notas sobre uma imagem em formação Séculos XIX e XX. Scripta Nova, 
Barcelona, v. 16, n. 418, p. 69, 2012. http://www.ub.edu/geocrit/sn/sn-418/sn-418-69.htm 
9Conferir: REBOUÇAS, Aldo da C. Água na região Nordeste: desperdício e escassez. 
Estudos avançados, v. 11, n. 29, p. 127-154, 1997. https://www.scielo.br/j/ea/a/
VfYSXjpmCS9KsT4HWnsMJgy/?lang=pt#ModalFigfi g1;
 10Conferir: IBGE. 2021. BDIA. Banco de Dados de Informações Ambientais. https://bdiaweb.ibge.gov.
br/#/consulta/vegetacao
103
Bioma Caatinga Bioma Cerrado Bioma Mata Atlântica
Fonte: IBGE/BDIA (2021)11
11Conferir: IBGE. 2021. BDIA. Banco de Dados de Informações Ambientais. https://bdiaweb.ibge.gov.br/#/
consulta/vegetacao
– É fato que boa parte da Região é afetada pelas secas periódicas
e, na maioria das vezes, com incidências de 81 a 100% de regularidade.
Fonte: Acervo Daniel Duarte Pereira oriundo 
do SIGSAB/INSA
104
Fonte: Lima e Magalhães (2019)12
12Conferir: LIMA, José Roberto de; MAGALHÃES, Antonio Rocha. Secas no Nordeste: registros históricos 
das catástrofes econômicas e humanas do século 16 ao século 21. Parcerias Estratégicas, v. 23, n. 46, p. 
191-212, 2019. http://seer.cgee.org.br/index.php/parcerias_estrategicas/article/view/896/814;
13Conferir: OLIVEIRA SANTANA, Marcos et al. Atlas das áreas susceptíveis à desertifi cação do Brasil. 2007. 
https://repositorio.iica.int/handle/11324/20095.
– E, por último, a região está praticamente toda inserida nas Áreas 
Suscetíveis à Desertificação no Brasil como pode ser visto na imagem 
abaixo, para o Semiárido de 2005.
Fonte: Santana (2007)13
– Mas isto não significa que tudo 
é um problema!!! Lembremos que a 
Região, no passado, era praticamente 
toda coberta de matas. Matas mais 
fechadas e mais arbóreas, mesmo na 
Caatinga. E que, com os constantes 
desflorestamentos e sobrepastoreio,
houve perda da diversidade vegetal 
e animal e muita exposição e perda 
dos solos.
105
14Conferir: IBGE. Tipos e Aspectos do Brasil. 1970. https://biblioteca.ibge.gov.br/biblioteca-catalogo.
html?id=282362&view=detalhes
Caatinga degradada com erosão alveolar Caatinga degradada com sobrepastoreio 
Fonte: Acervo do autor.
– Seria muito bom se houvesse uma reversão das propagandas 
negativas sobre a Região para mostrar que muito da sua aptidão é para 
a criação. Principalmente dos gados caprino e ovino, bem como para 
mostrar que a natureza da vegetação de caatinga é principalmente 
forrageira. 
– Não foi à toa que o Ciclo do Gado/Couro foi o primeiro na Região
e que dura até hoje, e que a caatinga cresce lentamente pelo fato de o 
ambiente condicionar assim.
Caatinga Vaqueiro do Nordeste
Fonte: IBGE (1970)14
106
– Então, quem protegia, hidratava e diversificava o Semiárido era 
a sua vegetação, fosse caatinga, cerrado ou mata atlântica. Por isto, se 
deveria ter uma Política Pública de SAFs para esta região.
– Onde tivesse que desflorestar, isto deveria ser feito em faixas. 
Faixas para vegetação nativa alternadas com faixas de culturas ou de 
pastagem em curva de nível. Já seria um bom começo!!!
Caatinga manipulada em faixas de SS46 (07 m); SS30 (14 m) e SS18 (28 m)
Fonte: Santos Neto (2021)15
– Onde pudesse ralear, se raleava plantando dentro da caatinga, do 
cerrado e da mata atlântica, respeitando o que a lei permitisse.
15Conferir: SANTOS NETO, Clemente Fernandes dos. Produção de forrageiras cultivadas e 
conforto térmico em sistemas silvipastoris nacaatinga. 2021. https://repositorio.ufc.br/bitstream/
riufc/58908/3/2021_tese_cfsneto.pdf
Caatinga Raleada com enleiramento em 
curva de nível 
Caatinga raleada e enriquecida com 
mandacaru 
Fonte: Acervo do autor Fonte: Acervo do autor
107
– Onde tivesse que ocupar áreas abandonadas pela perda de 
fertilidade, pela erosão ou por ambos, se ocuparia incluindo práticas de 
controle da erosão e a captação de água no local (in situ).
Sistema Agrofl orestal em curva de nível e captação de água in situ. Camalaú. PB
Fonte: Acervo de Ezequiel Sóstenes.
– Puxa, Professora, isto não é um sonho? – Perguntou Flora.
– Hoje sim, Flora! Mas creio que, no amanhã, o aproveitamento 
da vegetação nativa como SAF, o desflorestamento em faixas e a 
implantação de SAF’s em áreas abandonadas e degradadas poderão 
se tornar Políticas Públicas, quer sejam Governamentais, quer sejam da 
Sociedade Civil, para que assim se possa minorar o verdadeiro problema 
do Semiárido: o uso irracional e insustentável do mesmo ao longo destes 
mais de 350 anos de ocupação!!! 
Até a próxima aula!!!
Sistema Agrofl orestal em curva de nível e captação de água in situ. Camalaú. PB
 Fonte: Acervo de Ezequiel Sóstenes

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