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<p>Dicionário de S inônimos da Língua Portuguesa � 393</p><p>duos. – Especial é o que é como próprio da</p><p>espécie, como particular a um certo grupo</p><p>de coisas, fatos ou pessoas. – Privativo é o</p><p>que, por exceção, por direito especial, por</p><p>alguma qualidade própria, pertence a uma</p><p>certa pessoa em razão da sua dignidade ou</p><p>do seu cargo. – Exclusivo é o que é pró-</p><p>prio ou se atribui a alguém ou alguma coisa</p><p>exclusivamente, isto é, arredando, excluindo</p><p>outras pessoas ou coisas. Em casos especiais</p><p>podem distinguir-se casos particulares; nestes</p><p>pode haver algum caso singular. Faculdade,</p><p>direito privativo é o que só uma certa pessoa</p><p>pode exercer. Vantagens, proveitos exclusivos</p><p>são os que nos competem e que outros não</p><p>podem gozar.</p><p>728</p><p>ESPERANÇA, confiança, fé. – Roq. com-</p><p>para as duas primeiras palavras do grupo</p><p>deste modo: – Muito extensa é a esperan-</p><p>ça: espera-se tudo que é bom, favorável,</p><p>grato; a última coisa que o homem perde</p><p>é a esperança. Mas quantas vezes não pas-</p><p>sam de puras ilusões as mais lisonjeiras</p><p>esperanças? Quando, porém, a esperança</p><p>é bem fundada, firme e quase segura da</p><p>realidade, chama-se confiança que vem da</p><p>palavra latina fidutia, fidentia, confidentia, a</p><p>que os nossos antigos chamavam fiuza. A</p><p>esperança refere-se a sucessos ou fatos que</p><p>hão de acontecer, ou que podem aconte-</p><p>cer; a confiança, aos meios por que se hão</p><p>de conseguir ou executar. Confio, ou tenho</p><p>confiança nas minhas riquezas, por meio das</p><p>quais espero ou tenho esperança de lograr</p><p>o que desejo. O homem que tem grande</p><p>confiança em Deus, e se ajuda de boas obras,</p><p>espera por elas ganhar a salvação eterna. – É</p><p>preciso distinguir as frases estar com espe-</p><p>ranças, e estar de esperanças. A primeira</p><p>significa – ter esperança de obter alguma</p><p>coisa boa, agradável. Só está de esperanças a</p><p>mulher grávida, que espera ter o seu bom</p><p>sucesso. – Quando a confiança se funda</p><p>em crença, em convicção, chama-se fé. A</p><p>própria fé religiosa não é senão a confiança</p><p>profunda que se tem numa grande verdade</p><p>que se nos revelou, ou que nos é inspirada</p><p>pelo poder de Deus. Temos fé no futuro,</p><p>num amigo, no trabalho, na virtude, etc.</p><p>729</p><p>ESPIA, espião, vigia, sentinela, atalaia. –</p><p>Segundo S. Luiz, vigia “exprime generica-</p><p>mente o que está desperto, com os olhos</p><p>abertos e atentos, para ver e notar o que se</p><p>passa. – Sentinela quer dizer vigia militar: é</p><p>o soldado que está de vigia em algum pos-</p><p>to. – Atalaia é propriamente vigia ou senti-</p><p>nela posta em lugar alto, de onde possa ver</p><p>ao longe e descobrir o campo. – Espia é o</p><p>que segue esta ou aquela pessoa para obser-</p><p>var de perto os seus passos, movimentos,</p><p>palavras, etc.; ou também o que anda por</p><p>aqui, e por ali, espreitando e observando</p><p>com solapada cautela o que se faz ou o que</p><p>se diz. O pai deve ser vigia cuidadoso de</p><p>seus filhos; o superior, dos seus súbditos; o</p><p>pastor, do seu rebanho. A sentinela e a atalaia</p><p>cumprem um dever militar, e são responsá-</p><p>veis pelas consequências do seu descuido.</p><p>O espia é, as mais das vezes, “um homem</p><p>de baixos sentimentos, que ou por curiosi-</p><p>dade criminosa, ou por sórdidos interesses,</p><p>ou por algum outro semelhante motivo,</p><p>anda observando as ações, palavras e ges-</p><p>tos de outros, encobrindo, com disfarce, o</p><p>seu verdadeiro intento, e talvez sob capa de</p><p>amizade, para depois os entregar aos seus</p><p>inimigos”. – Entende Bruns., e com muita</p><p>razão, que conviria reservar o vocábulo es-</p><p>pião para designar “o indivíduo pago por</p><p>outrem para ver e observar o que se passa</p><p>e vir dar conta do que vê e observa; pois</p><p>espia, e não espião, se diz do indivíduo que</p><p>por sua própria conta, às escondidas ou</p><p>disfarçadamente, observa o que se passa”.</p><p>394 � Rocha Pombo</p><p>730</p><p>ESPIAR, espionar, espreitar. – Da dife-</p><p>rença notada entre espia e espião provém a</p><p>diferença que se deve notar entre espiar e</p><p>espionar. Quem espia procura ver e obser-</p><p>var disfarçadamente para proveito próprio,</p><p>ou para algum fim, que lhe interesse. Quem</p><p>espiona faz o papel de espião, procura ver e</p><p>ouvir, espia por incumbência de outrem, por</p><p>paga ou por ofício. – Entre espiar e esprei-</p><p>tar nota-se a diferença que consiste em es-</p><p>piar dizer apenas que se procura seguir para</p><p>observar, sem que o espiado saiba disso, ou</p><p>de modo que só venha a sabê-lo depois de</p><p>traído; e espreitar sugere ideia de embos-</p><p>cada, de bote armado às ocultas, de traição</p><p>para prender, para apanhar, etc. O bandi-</p><p>do espreita no caminho o viandante, para o</p><p>matar ou roubar. A polícia espia um sujeito</p><p>perigoso (segue-lhe os passos para saber o</p><p>que anda fazendo).</p><p>731</p><p>ESPONTÂNEO, voluntário, livre. – Livre</p><p>– diz Lacerda – é o ato “que se pratica por</p><p>determinação da vontade, mas de modo</p><p>que se pode deixar de praticá-lo. Sento-me</p><p>porque quero, mas podia não sentar-me. –</p><p>Voluntário é também o ato que se pratica</p><p>porque a vontade o quer; mas que não po-</p><p>díamos deixar de praticar, porque não po-</p><p>díamos deixar de querer. Exponho a vida</p><p>voluntariamente para salvar da morte um ob-</p><p>jeto a quem tanto quero como me quero a</p><p>mim mesmo. – Espontâneo é o ato em que</p><p>a vontade não tem nenhuma parte, e que</p><p>se pratica sem se advertir em tal, e sem que</p><p>se possa impedi-lo. Penso sem advertir que</p><p>estou pensando; respiro, sem poder deixar</p><p>de respirar. Pensar e respirar são conseguin-</p><p>temente atos espontâneos”. – Notemos que</p><p>à função de pensar, de respirar, de digerir,</p><p>etc., caberia então melhor o adjetivo incons-</p><p>ciente e em muitos casos o adjetivo reflexo. Es-</p><p>pontâneo dizemos, em linguagem comum,</p><p>do que é “da nossa livre vontade, do que</p><p>fazemos sem que nos fosse solicitado”.</p><p>732</p><p>ESTADO, nação, povo. – “Estado é a na-</p><p>ção considerada como entidade sujeita a</p><p>governação e administração. Frequente-</p><p>mente considera-se o estado com relação</p><p>aos outros estados. (Estado – define Clovis</p><p>Bevilaqua – é um agrupamento humano,</p><p>estabelecido em um território, e submeti-</p><p>do a um poder público soberano, que lhe</p><p>dá unidade orgânica. São elementos cons-</p><p>titutivos do estado: o povo, o território e</p><p>o poder público soberano. Quando se tem</p><p>mais particularmente em vista o povo dis-</p><p>tribuído em classes sociais, o agrupamento</p><p>denomina-se nação. Quando se considera</p><p>esse agrupamento organizado pelo poder</p><p>público, e representado pelos funcionários,</p><p>que o exercem, tem-se o estado.) – Nação</p><p>(do latim natio, derivado de nasci “nascer”)</p><p>é o conjunto de indivíduos de uma mesma</p><p>raça, habituados aos mesmos usos, costu-</p><p>mes e língua. – Povo (do latim populus “mul-</p><p>tidão”) é o conjunto de homens que vivem</p><p>sob a mesma lei e o mesmo governo. Assim</p><p>dizemos: o povo português é de boa índo-</p><p>le; o povo espanhol tem muito de godo e de</p><p>árabe. Dos dois povos reunidos dizemos que</p><p>– o fanatismo e a crendice têm dificultado</p><p>o progresso da nação ibera. Do sentido pri-</p><p>mitivo de nação e povo procedem todas as</p><p>distinções que convém estabelecer entre es-</p><p>tes vocábulos. Nação indicou em primeiro</p><p>lugar uma aglomeração natural de homens,</p><p>fundada na origem comum a todos eles e</p><p>nas suas comuns qualidades características.</p><p>Povo indicou uma aglomeração, artificial</p><p>ou natural, estabelecida em vista de interes-</p><p>ses comuns, tais como leis, governo, habitat,</p><p>etc. Assim é que a nação pode compreen-</p><p>der vários povos; pois, formando a península</p><p>Dicionário de S inônimos da Língua Portuguesa � 395</p><p>ibérica a nação ibera, existem nela os povos</p><p>português e espanhol. Por outro lado, e</p><p>como consequência da primitiva significa-</p><p>ção destas palavras, várias nações submetidas</p><p>ao mesmo governo podem formar um úni-</p><p>co povo. Assim as nações mongólica, tártara,</p><p>etc. formam o povo chinês. Extensivamente</p><p>dizemos nação por povo, com uma dife-</p><p>rença análoga. Nação dizemos com rela-</p><p>ção à índole, costumes, usos, culto, língua,</p><p>etc. Povo diremos com relação ao estado</p><p>político ou social, instituições, leis, gover-</p><p>no etc.: nação civilizada, nação fanática; povo</p><p>guerreiro, povo nômada, povo livre, povo escra-</p><p>vizado, etc. Duas nações são rivais; dois povos</p><p>aliam-se para se defenderem mutuamente</p><p>de um terceiro. Nação tem um sentido ge-</p><p>ralmente mais extenso, e marca uma relação</p><p>mais íntima que povo. Na península ibérica</p><p>viu-se que vários povos (catalães, aragoneses,</p><p>castelhanos, navarros, vasconsos, lusitanos,</p><p>galegos, etc.) acabaram por constituir uma</p><p>nação, porque, os laços que os uniram são</p><p>tão íntimos que quase podem fazer consi-</p><p>derá-los como descendentes de uma mesma</p><p>origem. Povo tem ainda mais acepções, pois</p><p>pode designar uma parte, ou uma das clas-</p><p>ses de uma nação. Assim se diz: “o povo das</p><p>cidades; o povo das aldeias; o povo e a classe</p><p>média, etc.” (Bruns.) – “No sentido literal</p><p>e primitivo” – diz Roq. – “a palavra nação</p><p>indica uma relação comum de nascimento,</p><p>de origem; e povo, uma relação de número</p><p>e de reunião. A nação é uma dilatada famí-</p><p>lia; o povo uma grande reunião ou agregado</p><p>de seres da mesma espécie. A nação con-</p><p>siste nos descendentes de um mesmo pai;</p><p>e o povo, na multidão de homens reunidos</p><p>num mesmo sítio”...</p><p>733</p><p>ETERNO, perpétuo, contínuo, imortal,</p><p>sempiterno, eternal, eviterno, perene, pe-</p><p>renal. – De eterno, perpétuo e perene diz</p><p>S. Luiz: – Eterno toma-se muitas vezes por</p><p>sempiterno, significando o que não teve</p><p>princípio, nem há de ter fim: neste senti-</p><p>do dizemos que Deus é eterno, que o mundo</p><p>não é eterno. Toma-se outras vezes em sen-</p><p>tido mais restrito, significando o que não</p><p>há de ter fim, ainda que tenha tido princí-</p><p>pio: neste sentido dizemos que o espírito</p><p>do homem há de existir eternamente; que os</p><p>prêmios e penas da vida futura hão de ser</p><p>eternos. Nesta segunda acepção confunde-se</p><p>talvez eterno com perpétuo, atendendo-se</p><p>tão somente à ideia comum de durar sem-</p><p>pre, em que ambos os vocábulos convêm, e</p><p>são sinônimos. Há, contudo, entre eles uma</p><p>notável diferença, que não permite empre-</p><p>gá-los indiferentemente em todos os casos.</p><p>Eterno é o que há de durar sempre; mas</p><p>este sempre é absoluto, sem limite, sem-fim.</p><p>– Perpétuo é também o que há de durar</p><p>sempre; mas este sempre (é relativo) admite</p><p>certos limites: sempre até o fim dos tempos;</p><p>sempre até o fim do tempo, ou da duração</p><p>própria do objeto de que se trata; sempre,</p><p>em geral, até o fim do tempo determinado</p><p>pela natureza; pelas leis, pelo costume dos</p><p>homens, etc. Assim tal pessoa promete ao</p><p>seu benfeitor gratidão perpétua; tal outra con-</p><p>trai uma obrigação perpétua, isto é, enquanto</p><p>lhe durar a vida, até o fim dela. O matri-</p><p>mônio é um contrato perpétuo, isto é, até o</p><p>fim da vida de qualquer dos contraentes. As</p><p>pirâmides, os obeliscos, as estátuas, etc. são</p><p>monumentos perpétuos, isto é, durarão até</p><p>se gastar o mármore, ou o bronze, de que</p><p>foram construídos. – Perene convém com</p><p>perpétuo na ideia comum de durar sempre;</p><p>mas ajunta a esta ideia a de uma ação con-</p><p>tinuada, ou continuamente renovada. Um</p><p>monumento é perpétuo pela sua duração, e</p><p>pode dizer-se perene, porque a cada instante</p><p>está atestando o fato em memória do qual</p><p>se erigiu. Os movimentos dos astros são per-</p><p>pétuos e perenes (stellarum perennes, atque perpetui</p><p>396 � Rocha Pombo</p><p>cursus – diz Cícero): perpétuos, porque hão de</p><p>durar enquanto durar a ordem do mundo;</p><p>perenes, porque hão de durar em ação con-</p><p>tínua, incessantemente, sem interrupção.</p><p>Também dizemos – “fonte perene, manan-</p><p>cial perene, e não – perpétuo; porque neste caso</p><p>atendemos mais particularmente ao fluxo</p><p>contínuo da água, do que à perpetuidade da</p><p>sua duração”. – Dos cinco primeiros do</p><p>grupo não é possível deixar de transcrever-</p><p>se aqui o que escreve Laf. Começa ele esta-</p><p>belecendo que todos têm de comum a ideia</p><p>de – “sem-fim” – que sugerem. “Eterno é</p><p>o latim œternus, contração de œviternus, que</p><p>se formou de aevum “a duração infinita” e</p><p>da desinência de tempo ternus ou rnus. O ser</p><p>ou o objeto eterno63 é absolutamente sem-</p><p>fim; subsiste, portanto, fora do tempo ou</p><p>dos séculos. É antônimo de temporal. “...</p><p>Saber sofrer suplícios temporais para evi-</p><p>tar os eternos... Preferir as coisas visíveis e</p><p>passageiras às invisíveis e às eternas”. (Boss.)</p><p>Eterno, eternidade, despertam só por si esta</p><p>grande e medonha ideia de um sempre ou</p><p>de um futuro inteiramente ilimitado... Per-</p><p>pétuo (perpetuus, de perpeti “durar até o fim”)</p><p>significa – sem-fim, mas relativamente, isto</p><p>é, com relação a um fim, a uma época de-</p><p>terminada; dentro de certo espaço de tem-</p><p>po. “Que vem a ser uma escravidão perpétua?</p><p>Não é uma espécie de eternidade?” (Bourd.)</p><p>Um ditador perpétuo, um secretário perpétuo</p><p>– entende-se: ditador, secretário por toda a</p><p>vida. – Contínuo (continuus, de cum e tenere</p><p>“conservar”) é o que conserva, ou se man-</p><p>tém conjuntamente, o que forma seguimen-</p><p>to ou continuidade. Esta palavra indica, como</p><p>perpétuo, uma sorte de eternidade relativa,</p><p>uma duração sem-fim dentro de certos li-</p><p>mites: “Depois de haverem sofrido neste</p><p>mundo uma perseguição contínua, os jus-</p><p>tos acharão no céu uma eterna consolação”.</p><p>(Boss.) Trabalho, movimento, exercício con-</p><p>tínuo; prece, ilusão, fadiga, inquietação contí-</p><p>nua. Mas o que é perpétuo é um todo indivi-</p><p>sível, que dura de uma maneira permanente</p><p>ou perseverante: enquanto que aquilo que é</p><p>contínuo é um todo, ou como um todo com-</p><p>posto de partes que se sucedem sem cessar</p><p>sem interrupção, sem lacuna. “O roble tem</p><p>uma folhagem perpétua”. (Volt.) “O espírito</p><p>humano faz nas ciências um contínuo pro-</p><p>gresso”. (Pasc.) Condena-se alguém a silên-</p><p>cio perpétuo, a exílio perpétuo (a galés perpétuas,</p><p>a prisão perpétua); fazemos, porém, de algu-</p><p>ma coisa uma ocupação, não perpétua mas</p><p>contínua. Uma experiência contínua nos ensina</p><p>isto ou aquilo. Todos os corpos estão sujei-</p><p>tos a uma contínua mutação. O que é perpétuo</p><p>é ou dura sempre (isto é – até o fim da du-</p><p>ração que lhe é própria); o que é contínuo vai</p><p>ou se faz sempre (sem parar, ou sem cessar</p><p>de ir ou de fazer-se). Um ditador perpétuo um</p><p>ruído contínuo; um monumento perpétuo, uma</p><p>lamentação contínua. A distinção é, pois, rigo-</p><p>rosa; e, portanto, contínuo não se diz jamais</p><p>das coisas que são, dos objetos. A recíproca,</p><p>no entanto, não é verdadeira: perpétuo tem</p><p>algumas vezes o sentido de contínuo; e tanto</p><p>que se diz das coisas que se fazem, se passam</p><p>ou acontecem. Mas então, representam-se</p><p>essas coisas sinteticamente, abstração feita de</p><p>toda ideia de sucessividade; e por isso mesmo</p><p>é que se emprega esta palavra de preferência</p><p>no singular. Uma guerra perpétua é como um</p><p>todo sem partes, ou de partes indistintas, que</p><p>dura longo tempo; enquanto que uma guerra</p><p>contínua se compõe de combates contínuos, de</p><p>ações que se sucedem, que repetidas vezes têm</p><p>lugar. – Imortal, “não suscetível de morte,</p><p>não sujeito a morrer”, não oferece dificuldade</p><p>alguma. É um epíteto reservado para os seres</p><p>vivos ou personificados, para tudo que vive</p><p>ou parece viver sem termo, perpetuamente,</p><p>63 � Temos também a forma eternal, quase só usa-</p><p>da em linguagem literária, e que parece atenuação de</p><p>eterno.</p><p>Dicionário de S inônimos da Língua Portuguesa � 397</p><p>para sempre. “Naquela dor, Calipso se jul-</p><p>gava infeliz de ser imortal (Fen.)...” – Sempi-</p><p>terno (latim sempiternus, de semper “sempre”)</p><p>é, no francês – diz Laf. – “uma palavra sem</p><p>família, desnacionalizada, da qual não nos</p><p>servimos senão familiarmente e gracejando”;</p><p>no português, porém, não acontece o mesmo:</p><p>sempiterno é uma acentuação, se é possível,</p><p>de eterno; e particularmente se aplica ao que</p><p>se refere a Deus, ou às coisas da divindade.</p><p>A sempiterna justiça, o Senhor sempiterno (que</p><p>não teve princípio, nem acabará nunca). –</p><p>Eviterno é forma arcaica de eterno, só usada</p><p>hoje em poesia, ou, em geral, em linguagjem</p><p>literária. Significa mais propriamente imortal</p><p>que eterno: é “o que não terá fim, mesmo que</p><p>tenha tido princípio”. – Perenal é atenuação</p><p>de perene.</p><p>734</p><p>EUMÊNIDES, Fúrias. – “Os antigos ro-</p><p>manos – diz Alv. Pas. – chamavam Fúrias,</p><p>e os gregos Eumênides a certas divindades</p><p>subalternas encarregadas de atormentar a</p><p>consciência dos culpados. As Eumênides</p><p>pertencem propriamente à mitologia e à his-</p><p>tória grega; e as Fúrias, à mitologia e à his-</p><p>tória romana. O nome de Fúria é tão usado</p><p>e familiar</p><p>em nossa língua que muitas vezes</p><p>dizemos que uma mulher arrebatada e má é</p><p>uma Fúria. O vocábulo Eumênides só é fami-</p><p>liar dos sábios; e talvez o seu justo valor não</p><p>seja bem-determinado. Tomada geralmente,</p><p>a palavra Eumênides reúne as ideias de bom,</p><p>de favorável, de força, cólera e ardor: as Eu-</p><p>mênides castigam o culpado para o corrigir:</p><p>– o castigo assim é salutar. As Fúrias são as</p><p>feras ministras do tartáreo Jove:</p><p>As horridas irmãs do negro Averno.</p><p>Dos impios corações tormento eterno.</p><p>São as executoras das sentenças de con-</p><p>denação eterna = aspérrimos verdugos do</p><p>delito. São as vingadoras da justiça.</p><p>Tisifone cruel e vingadora,</p><p>De um açoite cruel estando armada,</p><p>Executa insolente, a qualquer hora,</p><p>O castigo na gente condenada.</p><p>(Eneida)</p><p>As Eumênides castigam o culpado para</p><p>o trazer ao caminho do bem; e nisto dife-</p><p>rem das Fúrias”.</p><p>735</p><p>EXECRAÇÃO, maldição, imprecação, pra-</p><p>ga; execrar, maldizer, amaldiçoar, impre-</p><p>car, praguejar. – De acordo com S. Luiz,</p><p>escreve Roq. o seguinte sobre estes vocá-</p><p>bulos: “Em sentido literal, imprecação é</p><p>a ação de rogar a um poder superior que</p><p>fulmine males contra alguém” (execrar). –</p><p>Maldição é a ação de maldizer alguém (ou</p><p>amaldiçoar) ou de lhe anunciar, agoirar ma-</p><p>les com desejo de que eles sucedam. – Exe-</p><p>cração é a ação de execrar, isto é, de tirar</p><p>a alguma pessoa ou coisa o que ela tem de</p><p>sagrado, ou provocar contra ela a vingança</p><p>celeste. – Praga é um dano grave corporal,</p><p>ou um infortúnio que rogamos contra al-</p><p>guém, ou invocamos contra alguma coisa. É</p><p>assim que a imprecação é propriamente uma</p><p>oração ou súplica para que venham males: é</p><p>o contrário de deprecação. A maldição é um</p><p>desejo, uma como sentença dada: é o con-</p><p>trário de benção. A execração é uma espécie</p><p>de anátema religioso: é o contrário de sagra-</p><p>ção. Praga é vocábulo genérico com que o</p><p>vulgo designa não só as imprecações, maldições e</p><p>execrações, como todos e quaisquer desejos de</p><p>mal ao próximo, expressos por frases mais</p><p>ou menos grosseiras, que todas se encerram</p><p>em praguejar e rogar pragas. A imprecação</p><p>provém da cólera e da fraqueza; a maldição,</p><p>da justiça e do poder; a execração pode vir</p><p>de um religioso horror; as pragas vêm sem-</p><p>pre de má índole, péssima educação, e lín-</p><p>gua perversa; por isso se chama com razão</p><p>ao malédico, boca de pragas ou praguento.</p><p>398 � Rocha Pombo</p><p>736</p><p>EXPERIÊNCIA, observação. – A observa-</p><p>ção, segundo Bourg. e Berg., é um “meio de</p><p>conhecer as coisas” que consiste em notar</p><p>como é que são feitas ou que se produzem.</p><p>A experiência é um “meio de conhecer”</p><p>que consiste em produzir, em provocar os</p><p>fenômenos, para melhor observá-los, acom-</p><p>panhando-os em sua marcha. São dois pro-</p><p>cessos científicos igualmente necessários;</p><p>mas a experiência sobreleva à observação:</p><p>é mais precisa, e permite-nos aprofundar</p><p>o conhecimento, desde que somos nós que</p><p>a dirigimos: os sábios recolhem observações</p><p>sobre os fenômenos da natureza; os sábios</p><p>verificam por experiências as teorias que for-</p><p>mulam. Pela observação constatam-se fenô-</p><p>menos; pela experiência tiram-se as provas,</p><p>fazem-se as demonstrações que se quer fa-</p><p>zer para aperfeiçoar o conhecimento. A as-</p><p>tronomia é toda fundada na observação, como</p><p>diz Roq.; a química, na experiência.</p><p>737</p><p>FÁBRICA, manufatura, oficina, tenda (usi-</p><p>na). – Fábrica, na significação que o torna</p><p>sinônimo dos outros vocábulos deste gru-</p><p>po, designa em geral a oficina onde se pro-</p><p>duz alguma coisa, ou onde se prepara algum</p><p>artefacto ou qualquer artigo de comércio.</p><p>Sugere ideia de indústria, não propriamente</p><p>de arte, ou quando muito em certos casos,</p><p>de arte mecânica. – Manufatura, que adap-</p><p>tamos do francês, tem sentido muito menos</p><p>extenso, e só se aplica a certos estabeleci-</p><p>mentos, não só de grandes proporções, mas</p><p>onde se trabalha com mais arte e onde se</p><p>produzem artigos mais delicados ou em cujo</p><p>preparo ou manipulação se emprega mais</p><p>habilidade. Dizemos – fábrica de gás; fábrica</p><p>de cerveja; fábrica de cal (e não manufatura).</p><p>Dizemos com mais propriedade: – manufa-</p><p>tura de rendas, de panos, de flores: – em vez</p><p>de – fábrica. É este, no entanto, o termo entre</p><p>nós mais usual, poucas vezes empregando-</p><p>se manufatura. – Oficina é a sala, a casa, o</p><p>lugar onde trabalham oficiais de algum ofí-</p><p>cio. É vocábulo ainda mais extenso talvez</p><p>do que fábrica: sugere ideia de produção;</p><p>e tanto se emprega tratando-se de trabalho</p><p>mecânico ou material, como tratando-se de</p><p>artes liberais: oficina de construções, de ouri-</p><p>vesaria, de pintura, etc. – Usina, conquanto</p><p>também francês, está sendo mais usado que</p><p>manufatura, para designar “estabelecimen-</p><p>to fabril onde o trabalho é feito mediante</p><p>emprego de aparelhos e maquinismos”. Em</p><p>regra, aplica-se este termo nos mesmos ca-</p><p>sos em que se aplica fábrica: usina ou fábrica</p><p>de louças, de vidros, de fundição, de pregos,</p><p>de eletricidade, etc. – Tenda é o lugar onde</p><p>trabalha um artífice ou artesão: tenda de fer-</p><p>reiro, etc. Sugere, no sentido particular que</p><p>tem aqui, ideia de trabalho.</p><p>738</p><p>FACHADA, frontaria, frente, frontispí-</p><p>cio. – Segundo Bruns., e mais precisamente</p><p>do que se vê em Roq.: – Fachada é a par-</p><p>te exterior de um edifício, toda essa parte</p><p>exterior; e frontispício é a fachada em que</p><p>está a porta principal, ou que dá para a</p><p>frente. O palácio da Câmara municipal de</p><p>Lisboa tem quatro fachadas: o frontispício é a</p><p>fachada que olha para o largo do Pelourinho.</p><p>– Frontaria é o frontispício de uma casa,</p><p>ou de um edifício de modesta construção.</p><p>(Se bem que muitos consideram frontaria</p><p>como designando “fachada extensa do lado</p><p>principal”.) – Frente é a parte do solo que</p><p>está ante a frontaria de um edifício.</p><p>739</p><p>FACULDADE, poder, potência. – Muito</p><p>bem distingue Lac. estes três vocábulos:</p><p>– Faculdade – diz ele – “é a disposição,</p><p>dada pela natureza, às diferentes espécies,</p><p>por via da qual os indivíduos são aptos para</p><p>Dicionário de S inônimos da Língua Portuguesa � 399</p><p>praticar alguma ação, se não carecerem do</p><p>poder para isso indispensável. – Poder é</p><p>a liberdade, a não existência de obstáculo</p><p>para executar uma ação. – Potência é a força</p><p>necessária para a executar. Assim, sem que</p><p>haja faculdade, poder, e potência ou força, não</p><p>pode ter lugar nenhuma ação humana. Eu</p><p>tenho a faculdade de ver; mas não vejo se me</p><p>falta o poder; e este me faltará se me venda-</p><p>rem os olhos. Tenho a faculdade e o poder; mas</p><p>inutilmente se carecer de potência ou força; e</p><p>carecerei se o sono se apoderar de mim”.</p><p>740</p><p>FALECIMENTO, morte, traspasse, trân-</p><p>sito, passamento. – Todos estes vocábulos</p><p>designam cessação da vida; mas distinguem-</p><p>se conforme a ideia acessória que sugerem. –</p><p>Empregamos falecimento quando aludimos</p><p>à “falta que fez quem acabou”. – Traspasse,</p><p>como trânsito, designa o ato de “passar</p><p>para além, de deixar esta passando para a</p><p>outra vida”. – Traspasse é mais solene e faz</p><p>referência à “hora precisa em que o vivente</p><p>deixou de viver”; trânsito sugere ideia da</p><p>“suavidade com que morrem os justos, os</p><p>que têm serena a consciência”. – Passamen-</p><p>to, como os dois precedentes, inclui a ideia</p><p>(ou melhor – exprime-a exclusivamente) de</p><p>“passar à outra existência”; é, no entanto,</p><p>mais sugestivo da solenidade da hora da</p><p>morte, das aflições da agonia; e só se apli-</p><p>ca tratando de grandes homens. – Morte</p><p>é termo genérico significando “cessação</p><p>da vida”, sem mais ideia alguma acessória.</p><p>Tanto se aplica ao homem, como a todos os</p><p>viventes, mesmo aos vegetais. Tanto se diz</p><p>de uma pessoa que morreu de doença ou de</p><p>desastre, como da que foi assassinada.</p><p>741</p><p>FANAL, farol. – Ambas exprimem a ideia</p><p>de “luz que serve de guia”. Mas farol não se</p><p>presta a ser aplicado em sentido metafórico:</p><p>designa propriamente “a torre ou constru-</p><p>ção elevada, ao pé do mar, e em cuja parte</p><p>superior há um foco luminoso para ser avis-</p><p>tado pelos navegantes” (Ramiz Galvão). –</p><p>Fanal, tanto se emprega no sentido natural</p><p>como no figurado; e acrescenta à noção de</p><p>luz, que orienta e guia, a ideia de chama,</p><p>que ilumina. Dizemos, por isso, que “a fé</p><p>é o fanal da</p><p>consciência humana” (e não o</p><p>farol).</p><p>742</p><p>FASTIDIOSO, enfadonho, tedioso, impor-</p><p>tuno. – “Que desagrada, que aborrece, que</p><p>faz perder a paciência” – é a significação</p><p>de todos estes vocábulos. – Fastidioso é</p><p>“o que enfastia, o que causa uma certa re-</p><p>pugnância”. – Enfadonho é “o que produz</p><p>aborrecimento, o que molesta e enfada”. –</p><p>Tedioso é “o que inspira ou causa tédio, isto</p><p>é – nojo e desgosto”. – Importuno é “o</p><p>que aborrece pela insistência com que nos</p><p>desagrada”. Não há nada mais fastidioso do</p><p>que ouvir maus versos, ou “longos trechos</p><p>de prosa safada”... É enfadonho esperar duas</p><p>horas por um sujeito impontual. Nada mais</p><p>tedioso do que um dia de chuva no verão; ou</p><p>do que aguentar uma companhia hedionda</p><p>toda uma noite. Há importunos que têm le-</p><p>vado ao suicídio muita gente de juízo e de</p><p>pouca misericórdia”.</p><p>743</p><p>FAVORÁVEL, propício; próspero, benig-</p><p>no. – Segundo Laf. – “que é por alguém,</p><p>que o auxilia na realização de seus desíg-</p><p>nios ou de seus desejos.” – Favorável vem</p><p>do latim favor “interesse, inclinação para</p><p>ajudar, para fazer direito”. – Propício, do</p><p>latim propitius, foi formado de propè “junto”</p><p>e significa – “que está junto de alguém para</p><p>o assistir, para o proteger, como um deus,</p><p>ou um gênio tutelar. – Favorável diz menos</p><p>que propício; exprime algumas vezes uma</p><p>400 � Rocha Pombo</p><p>simples disposição, benevolência, e não pro-</p><p>priamente um socorro efetivo: sentimentos</p><p>favoráveis (Acad., Bourd.). Não estou con-</p><p>vencido de que tenham eles por mim favorá-</p><p>veis disposições. (Bourd.) E quando favorá-</p><p>vel marca igualmente beneficência, serviço</p><p>atual e real (caso único em que é sinônimo</p><p>de propício), anuncia alguma coisa de me-</p><p>nos potente e menos decisivo. O que nos</p><p>é favorável concorre para o sucesso de nos-</p><p>sos desígnios; o que nos é propício faz com</p><p>que nos saiamos perfeitamente bem por nós</p><p>próprios. A ocasião nos é favorável; o desti-</p><p>no, ou o céu nos é propício. Pede um cliente a</p><p>um patrono que lhe seja favorável; o pecador</p><p>pede a Deus que lhe seja propício. – Favo-</p><p>rável dizemos propriamente das coisas, das</p><p>circunstâncias, do que é simplesmente auxi-</p><p>liar; e propício, daquilo que só por si deter-</p><p>mina o sucesso, – de Deus, da fortuna, de</p><p>um gênio, de um rei... – Próspero, do latim</p><p>prosperus, que significa também “feliz”, qua-</p><p>se que é só usado em poesia e em alto estilo.</p><p>Além disso, diversamente de favorável e de</p><p>propício, não se refere próspero jamais a</p><p>um mal a evitar, ou que se evita; mas indica</p><p>sempre um acontecimento feliz. Quem con-</p><p>ta sempre com coisas favoráveis ou propícias es-</p><p>capa aos inconvenientes, aos embaraços, aos</p><p>perigos, às desgraças de todo gênero; quem</p><p>conta com todas as coisas prósperas não ex-</p><p>perimenta senão felicidade. Além de tudo,</p><p>próspero é raramente sinônimo das outras</p><p>palavras deste artigo, porque de ordinário</p><p>é relativo ao efeito e não à causa. Dizemos</p><p>propriamente – uma ocasião favorável ou pro-</p><p>pícia (Acad.), e – um sucesso próspero (Corn.,</p><p>Mol.). O que nos é favorável ou propício ajuda-</p><p>nos, secunda-nos... O que nos é próspero é al-</p><p>guma coisa para nós de bom, de vantajoso...</p><p>– Benigno usa-se pouco ou raramente com</p><p>a significação que tem neste grupo. Parece</p><p>este termo recordar a astrologia judiciária,</p><p>e serve para designar as influências do sol,</p><p>dos astros, dos elementos. “Amável planta,</p><p>árvore querida daquele que a fecunda com</p><p>seus olhares favoráveis, como um sol benfaze-</p><p>jo; crescei à sombra de sua bondade, e abri-</p><p>vos a suas benignas influências (Boss.)”.</p><p>744</p><p>FAVORITO, valido, privado, predileto, pre-</p><p>ferido, mimoso (mimo). – Dos três primei-</p><p>ros diz Roq.: “Estas três espécies de indiví-</p><p>duos têm grande entrada com os príncipes</p><p>e senhores, e recebem facilmente suas graças</p><p>e favores; mas cada um deles por diferente</p><p>modo, e com diversas relações”. Favorito é</p><p>o mimoso a quem se favorece (especialmen-</p><p>te) a quem se ama com preferência; recebe</p><p>os favores do poderoso, talvez servindo-lhe</p><p>as paixões, mas não lhe dá conselhos nem</p><p>o domina, antes recebe seus mandados e</p><p>lhe obedece. É um ente passivo, e em ge-</p><p>ral pouco estimado. – Valido é o que tem</p><p>valimento junto do príncipe, e que, aparen-</p><p>tando humildade para com ele, o domina</p><p>com astúcia em proveito de sua ambição. –</p><p>Privado é o que priva com o príncipe, vive</p><p>com ele como em vida privada, goza de sua</p><p>privança e conversação familiar; mas nem o</p><p>serve baixamente como o favorito, nem busca</p><p>dominá-lo em proveito próprio como o va-</p><p>lido. Antigamente a palavra privado designa-</p><p>va um cargo muito honroso junto de nossos</p><p>reis, ou uma ocupação como de ministro do</p><p>despacho, e não valimento; era o adjetivo</p><p>latino privatus substantivado, referindo-se a</p><p>conselheiro, consiliarius privatus. Fernão Lopes</p><p>menciona vários privados de el-rei d. Pedro I;</p><p>d. João Afonso Telo, conde de Barcelos, era</p><p>o maior privado de el-rei d. Fernando; Die-</p><p>go Lopes Pacheco era também muito pri-</p><p>vado. O célebre João das Regras foi privado</p><p>de el-rei d. João I, como tal se assinava, e</p><p>assim o denomina o epitáfio gravado sobre</p><p>sua sepultura em S. Domingos de Benfica.</p><p>Este parece ser o último que teve o título de</p>

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