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<p>Vestibulares</p><p>Classes Relacionais</p><p>GR0316 - (Fuvest)</p><p>Uma obra de arte é um desafio; não a</p><p>explicamos, ajustamo-nos a ela. Ao interpretá-la, fazemos</p><p>uso dos nossos próprios obje�vos e esforços, dotamo-la</p><p>de um significado que tem sua origem nos nossos</p><p>próprios modos de viver e de pensar. Numa palavra,</p><p>qualquer gênero de arte que, de fato, nos afete, torna-se,</p><p>deste modo, arte moderna.</p><p>As obras de arte, porém, são como al�tudes</p><p>inacessíveis. Não nos dirigimos a elas diretamente, mas</p><p>contornamo-las. Cada geração as vê sob um ângulo</p><p>diferente e sob uma nova visão; nem se deve supor que</p><p>um ponto de vista mais recente é mais eficiente do que</p><p>um anterior.</p><p>Cada aspecto surge na sua altura própria, que</p><p>não pode ser antecipada nem prolongada; e, todavia, o</p><p>seu significado não está perdido porque o significado que</p><p>uma obra assume para uma geração posterior é o</p><p>resultado de uma série completa de interpretações</p><p>anteriores.</p><p>Arnold Hauser, Teorias da arte. Adaptado.</p><p>No trecho “Numa palavra, qualquer gênero de arte que,</p><p>de fato, nos afete, torna-se, deste modo, arte moderna”</p><p>(itálico), as expressões sublinhadas podem ser</p><p>subs�tuídas, sem prejuízo do sen�do do texto,</p><p>respec�vamente, por</p><p>a) realmente; portanto.</p><p>b) invariavelmente; ainda.</p><p>c) com efeito; todavia.</p><p>d) com segurança; também.</p><p>e) possivelmente; até.</p><p>GR0403 - (Unesp)</p><p>Leia a crônica “Seu ‘Afredo’”, de Vinicius de Moraes</p><p>(1913-1980).</p><p>Seu Afredo (ele sempre subtraía o “l” do nome, ao</p><p>se apresentar com uma ligeira curvatura: “Afredo Paiva,</p><p>um seu criado...”) tornou-se inesquecível à minha</p><p>infância porque tratava-se muito mais de um linguista</p><p>que de um encerador. Como encerador, não ia muito lá</p><p>das pernas. Lembro-me que, sempre depois de seu</p><p>trabalho, minha mãe ficava passeando pela sala com uma</p><p>flanelinha debaixo de cada pé, para melhorar o lustro.</p><p>Mas, como linguista, cultor do vernáculo1 e aplicador de</p><p>su�lezas grama�cais, seu Afredo estava sozinho.</p><p>Tratava-se de um mulato quarentão,</p><p>ultrarrespeitador, mas em quem a preocupação</p><p>linguís�ca perturbava às vezes a colocação pronominal.</p><p>Um dia, numa fila de ônibus, minha mãe ficou</p><p>ligeiramente ressabiada2 quando seu Afredo,</p><p>casualmente de passagem, parou junto a ela e</p><p>perguntou-lhe à queima-roupa, na segunda do singular:</p><p>– Onde vais assim tão elegante?</p><p>Nós lhe dávamos uma bruta corda. Ele falava horas a</p><p>fio, no ritmo do trabalho, fazendo os mais deliciosos</p><p>pedan�smos que já me foi dado ouvir. Uma vez, minha</p><p>mãe, em meio à lide3 caseira, queixou-se do fa�gante</p><p>ramerrão4 do trabalho domés�co. Seu Afredo virou-se</p><p>para ela e disse:</p><p>– Dona Lídia, o que a senhora precisa fazer é ir a um</p><p>médico e tomar a sua quilometragem. Diz que é muito</p><p>bão.</p><p>De outra feita, minha �a Graziela, recém-chegada de</p><p>fora, cantarolava ao piano enquanto seu Afredo,</p><p>acocorado perto dela, esfregava cera no soalho. Seu</p><p>Afredo nunca �nha visto minha �a mais gorda. Pois bem:</p><p>chegou-se a ela e perguntou-lhe:</p><p>– Cantas?</p><p>Minha �a, meio surpresa, respondeu com um riso</p><p>amarelo:</p><p>– É, canto às vezes, de brincadeira...</p><p>Mas, um tanto formalizada, foi queixar-se a minha</p><p>mãe, que lhe explicou o temperamento do nosso</p><p>encerador:</p><p>– Não, ele é assim mesmo. Isso não é falta de</p><p>respeito, não. É excesso de... gramá�ca.</p><p>Conta ela que seu Afredo, mal viu minha �a sair,</p><p>chegou-se a ela com ar disfarçado e falou:</p><p>– Olhe aqui, dona Lídia, não leve a mal, mas essa</p><p>menina, sua irmã, se ela pensa que pode cantar no rádio</p><p>1@professorferretto @prof_ferretto</p><p>com essa voz, ‘tá redondamente enganada. Nem em</p><p>programa de calouro!</p><p>E, a seguir, ponderou:</p><p>– Agora, piano é diferente. Pianista ela é!</p><p>E acrescentou:</p><p>– Eximinista pianista!</p><p>(Para uma menina com uma flor, 2009.)</p><p>1 vernáculo: a língua própria de um país; língua nacional.</p><p>2 ressabiado: desconfiado.</p><p>3 lide: trabalho penoso, labuta.</p><p>4 ramerrão: ro�na.</p><p>Em “Conta ela que seu Afredo, mal viu minha �a sair,</p><p>chegou-se a ela com ar disfarçado e falou [...]” (12º</p><p>parágrafo), a conjunção destacada pode ser subs�tuída,</p><p>sem prejuízo para o sen�do do texto, por:</p><p>a) assim como.</p><p>b) logo que.</p><p>c) enquanto.</p><p>d) porque.</p><p>e) ainda que.</p><p>GR0298 - (Unesp)</p><p>Trecho do livro A solidão dos moribundos, do sociólogo</p><p>alemão Norbert Elias.</p><p>Não mais consideramos um entretenimento de</p><p>domingo assis�r a enforcamentos, esquartejamentos e</p><p>suplícios na roda. Assis�mos ao futebol, e não aos</p><p>gladiadores na arena. Se comparados aos da An�guidade,</p><p>nossa iden�ficação com outras pessoas e nosso</p><p>compar�lhamento de seus sofrimentos e morte</p><p>aumentaram. Assis�r a �gres e leões famintos devorando</p><p>pessoas vivas pedaço a pedaço, ou a gladiadores, por</p><p>astúcia e engano, mutuamente se ferindo e matando,</p><p>dificilmente cons�tuiria uma diversão para a qual nos</p><p>prepararíamos com o mesmo prazer que os senadores ou</p><p>o povo romano. Tudo indica que nenhum sen�mento de</p><p>iden�dade unia esses espectadores àqueles que, na</p><p>arena, lutavam por suas vidas. Como sabemos, os</p><p>gladiadores saudavam o imperador ao entrar com as</p><p>palavras “Morituri te salutant” (Os que vão morrer te</p><p>saúdam). Alguns dos imperadores sem dúvida se</p><p>acreditavam imortais. De todo modo, teria sido mais</p><p>apropriado se os gladiadores dissessem “Morituri</p><p>moriturum salutant” (Os que vão morrer saúdam aquele</p><p>que vai morrer). Porém, numa sociedade em que �vesse</p><p>sido possível dizer isso, provavelmente não haveria</p><p>gladiadores ou imperadores. A possibilidade de se dizer</p><p>isso aos dominadores — alguns dos quais mesmo hoje</p><p>têm poder de vida e morte sobre um sem-número de</p><p>seus semelhantes — requer uma desmitologização da</p><p>morte mais ampla do que a que temos hoje, e uma</p><p>consciência muito mais clara de que a espécie humana é</p><p>uma comunidade de mortais e de que as pessoas</p><p>necessitadas só podem esperar ajuda de outras pessoas.</p><p>O problema social da morte é especialmente di�cil de</p><p>resolver porque os vivos acham di�cil iden�ficar-se com</p><p>os moribundos.</p><p>A morte é um problema dos vivos. Os mortos</p><p>não têm problemas. Entre as muitas criaturas que</p><p>morrem na Terra, a morte cons�tui um problema só para</p><p>os seres humanos. Embora compar�lhem o nascimento,</p><p>a doença, a juventude, a maturidade, a velhice e a morte</p><p>com os animais, apenas eles, dentre todos os vivos,</p><p>sabem que morrerão; apenas eles podem prever seu</p><p>próprio fim, estando cientes de que pode ocorrer a</p><p>qualquer momento e tomando precauções especiais —</p><p>como indivíduos e como grupos — para proteger- se</p><p>contra a ameaça da aniquilação.</p><p>(A solidão dos moribundos, 2001.)</p><p>Em “Embora compar�lhem o nascimento, a doença, a</p><p>juventude, a maturidade, a velhice e a morte com os</p><p>animais, apenas eles, dentre todos os vivos, sabem que</p><p>morrerão” (2º parágrafo), o termo sublinhado pode ser</p><p>subs�tuído, sem prejuízo para o sen�do do texto, por:</p><p>a) A menos que.</p><p>b) Mesmo que.</p><p>c) Desde que.</p><p>d) Uma vez que.</p><p>e) Contanto que.</p><p>GR0366 - (Uerj)</p><p>PESCANDO NA MARGEM DO RIO</p><p>Era um homem muito velho, que cada manhã</p><p>acordava certo de que aquela seria a úl�ma. E porque</p><p>seria a úl�ma, pegava o caniço, a la�nha de iscas, e ia</p><p>pescar na beira do rio. As poucas pessoas que ainda se</p><p>ocupavam dele reclamaram, a princípio. Que aquilo era</p><p>perigoso, que ficava muito só, que poderia ter um mal</p><p>súbito. Depois, considerando que um mal súbito seria</p><p>solução para vários problemas, deixaram que fosse, e</p><p>logo deixaram de reparar quando ia. O velho entrou,</p><p>assim, na categoria dos ausentes.</p><p>Ausente para os outros, con�nuava docemente</p><p>presente para si mesmo. Ia ao rio com a alma fresca</p><p>como a manhã. Demorava um pouco a chegar porque</p><p>seus passos eram lentos, mas, não tendo pressa alguma,</p><p>o caminho lhe era só prazer. Não havia nada ali que não</p><p>conhecesse, as pedras, as poças, as árvores, e até o sapo</p><p>que saltava na poça e as aves que cantavam nos galhos,</p><p>tudo lhe era familiar. E embora a natureza não se</p><p>curvasse para cumprimentá-lo, sabia-se bem-vindo.</p><p>O dia escorria mais lento que a água. Quando</p><p>algum peixe �nha a delicadeza de morder o seu anzol, ele</p><p>2@professorferretto @prof_ferretto</p><p>o limpava ali mesmo, cuidadoso, e o assava sobre um</p><p>fogo de gravetos. Quando nenhuma presença es�cava a</p><p>linha do caniço, comia o pão</p><p>amarelo, melancólico, avaro;</p><p>17@professorferretto @prof_ferretto</p><p>• Homo sapiens afer: negro, impassível, preguiçoso;</p><p>• Homo sapiens americanus: vermelho, mal-humorado,</p><p>violento.</p><p>Observe o leitor que as raças de Linnaeus</p><p>con�nham traços peculiares fixos, ou seja, havia a</p><p>expecta�va de todos os europeus serem “brancos, sérios</p><p>e fortes”. Assim, teríamos de esperar que as pessoas</p><p>negras ao redor de nós �vessem tendências “impassíveis</p><p>e preguiçosas”, e que as de olhos puxados fossem</p><p>predispostas a “melancolia e avareza”.</p><p>Esse é um exemplo do absurdo da perspec�va</p><p>essencialista ou �pológica de raças humanas. Nesse</p><p>paradigma, o indivíduo não pode simplesmente ter a pele</p><p>mais ou menos pigmentada, ou o cabelo mais ou menos</p><p>crespo – ele tem de ser definido como “negro” ou</p><p>“branco”, rótulo determinante de sua iden�dade.</p><p>Esse �po de associação fixa de caracterís�cas</p><p>�sicas e psicológicas, que incrivelmente ainda persiste na</p><p>atualidade, não faz absolutamente nenhum sen�do do</p><p>ponto de vista gené�co e biológico! O genoma humano</p><p>tem cerca de 20 mil genes e sabemos que poucas dúzias</p><p>deles controlam a pigmentação da pele e a aparência</p><p>�sica dos humanos. Está 100% estabelecido que esses</p><p>genes não têm nenhuma influência sobre qualquer traço</p><p>comportamental ou intelectual.</p><p>SÉRGIO DANILO PENA. Adaptado de cienciahoje.org.br,</p><p>11/07/2008.</p><p>Está 100% estabelecido que esses genes não têm</p><p>nenhuma influência sobre qualquer traço</p><p>comportamental ou intelectual. (úl�mo parágrafo,</p><p>sublinhado)</p><p>Para introduzir a frase acima, mantendo a coerência com</p><p>a que a precede, pode ser u�lizada a seguinte expressão:</p><p>a) ou seja</p><p>b) além disso</p><p>c) em resumo</p><p>d) por exemplo</p><p>GR0118 - (Fgv)</p><p>Leia o seguinte texto, que é parte de uma entrevista</p><p>concedida por Érico Veríssimo a Clarice Lispector:</p><p>– Érico, por que você acha que não agrada aos</p><p>crí�cos e aos intelectuais?</p><p>– Para começo de conversa, devo confessar que</p><p>não me considero um escritor importante. Não sou um</p><p>inovador. Nem mesmo um homem inteligente. Acho que</p><p>tenho alguns talentos que uso bem... mas que acontece</p><p>serem os talentos menos apreciados pela chamada</p><p>“cri�ca séria”, como, por exemplo, o de contador de</p><p>histórias. Os livros que me deram opularidade, como</p><p>“Olhai os lírios do campo”, são romances medíocres.</p><p>Nessa altura me pespegaram* no lombo literário vários</p><p>rótulos: escritor para mocinhas, superficial etc... O que</p><p>vem depois dessa primeira fase é bastante melhor mas,</p><p>que diabo! pouca gente (refiro-me aos crí�cos</p><p>apressados) se dá ao trabalho de revisar opiniões an�gas</p><p>e alheias. Por outro lado, existem os “grupos”. Os</p><p>esquerdistas sempre me acharam “acomodado”. Os</p><p>direi�stas me consideram comunista. Os moralistas e</p><p>reacionários me acusam de imoral e subversivo. Havia</p><p>ainda essa história cre�na de “norte contra sul”. E ainda</p><p>essa natural má vontade que cerca todo escritor que</p><p>vende livro, a ideia de que best-seller tem de ser</p><p>necessariamente um livro inferior. Some tudo isto,</p><p>Clarice, e você não terá ainda uma resposta sa�sfatória à</p><p>sua pergunta. Mas devo acrescenta que há no Brasil</p><p>vários crí�cos que agora me levam a sério,</p><p>principalmente depois que publiquei O tempo e o vento.</p><p>(Bons sujeitos!)</p><p>Clarice Lispector. Entrevistas. Rio de Janeiro: Rocco, 2007.</p><p>* “pespegaram”: aplicaram.</p><p>Se a oração sublinhada no trecho “Os livros que me</p><p>deram popularidade são romances medíocres” for</p><p>subs�tuída por outra do mesmo �po sintá�co, o uso de</p><p>preposição antes do pronome “que” con�nuaria a ser</p><p>desnecessário apenas em:</p><p>a) que me tornei conhecido.</p><p>b) que também me orgulho.</p><p>c) que procuro valorizar.</p><p>d) que tanto lutei.</p><p>e) que me refiro.</p><p>GR0117 - (Fgv)</p><p>A ideia de que as letras se des�nam, exclusivamente, à</p><p>mo�vação de fatos emocionais ou ao prazer lúdico do</p><p>homem domina o juízo comum a respeito. No entanto,</p><p>isso é um grande erro. As letras enriquecem o</p><p>conhecimento com a mesma força, ainda que sob</p><p>ângulos diversos, com que se apresentam os recursos</p><p>cien�ficos e os aperfeiçoamentos tecnológicos. Hoje, o</p><p>estudo das letras se coloca na mesma posição intelectual</p><p>que faz a justa glória dos pesquisadores e professores da</p><p>área cien�fica.</p><p>Afrânio Cou�nho</p><p>Considerado o contexto, na oração “com que se</p><p>apresentam os recursos cien�ficos e os aperfeiçoamentos</p><p>tecnológicos”, pode-se usar a preposição “de” em lugar</p><p>de “com”, se o verbo for subs�tuído por</p><p>18@professorferretto @prof_ferretto</p><p>a) se revestem.</p><p>b) se exibem.</p><p>c) se mostram.</p><p>d) se manifestam.</p><p>e) se dão a conhecer.</p><p>GR0617 - (Ufam)</p><p>Indique as circunstâncias expressas pelos adjuntos</p><p>adverbiais destacados nas frases a seguir, usando este</p><p>código:</p><p>C – Causa</p><p>I – Instrumento</p><p>M – Modo</p><p>S – Concessão</p><p>T – Intensidade</p><p>(__) O desastre não aconteceu, mas o carro ia em alta</p><p>velocidade.</p><p>(__) Apesar das dificuldades financeiras, Nonato</p><p>consegue se ves�r muito bem.</p><p>(__) Todos nós ficamos muito alegres com as promessas</p><p>do novo governador.</p><p>(__) Nosso amigo interpretou bem o papel de Hamlet.</p><p>(__) Ontem, por descuido, feri-me com uma faca.</p><p>(__) Ninguém observa que aqui o trabalho é</p><p>excessivamente puxado.</p><p>Assinale a alterna�va que preenche CORRETAMENTE os</p><p>parênteses, de cima para baixo:</p><p>a) M – T – C – T – I – S.</p><p>b) M – I – C – S – T – T.</p><p>c) M – S – C – M – I – T.</p><p>d) C – S – M – M – T – I.</p><p>e) C – T – M – S – T – I.</p><p>GR0630 - (Uece)</p><p>A ARMADILHA DOS VAPES</p><p>No Brasil, 20% dos jovens adultos já experimentaram.</p><p>Nos EUA, virou um problema de saúde pública grave¹.</p><p>Entenda em que pé se encontra a febre dos cigarros</p><p>eletrônicos — que têm se mostrado tão perigosos quanto</p><p>os convencionais.</p><p>7 a 19 segundos. É o tempo que a nico�na do cigarro</p><p>leva para chegar ao cérebro. Lá dentro², ela a�va o</p><p>principal neurotransmissor do prazer. E dá-lhe prazer:</p><p>comer chocolate eleva em 55% a liberação de dopamina;</p><p>fazer sexo, 100%. A nico�na? 150%. Com o tempo, essas</p><p>doses con�nuas de prazer acostumam o cérebro, que</p><p>passa a precisar de doses maiores para se sa�sfazer.</p><p>Instaura-se um vício. E não é só a descarga de dopamina</p><p>que importa aí. É também a velocidade com a qual você</p><p>obtém o efeito.</p><p>Cocaína inalável, por exemplo, sobe os níveis de</p><p>dopamina em 400%, mas essa descarga vem só 3 minutos</p><p>após o consumo. Já o cigarro, embora³ não cause tanta</p><p>disrupção neuronal, tem efeito pra�camente</p><p>instantâneo. Isso torna a nico�na no mínimo tão viciante</p><p>quanto cocaína, heroína ou metanfetaminas. Com uma</p><p>perversidade adicional: ela não altera nosso estado</p><p>consciente, então⁴ o usuário pode passar o dia inteiro</p><p>mimando⁵ os neurônios.</p><p>Disponível em: h�ps://super.abril.com.br.</p><p>No trecho: “Já o cigarro, embora não cause tanta</p><p>disrupção neuronal, tem efeito pra�camente</p><p>instantâneo. Isso torna a nico�na no mínimo tão viciante</p><p>quanto cocaína, heroína ou metanfetaminas” (ref. 3). A</p><p>relação que o elemento destacado estabelece é de</p><p>a) condição.</p><p>b) concessão.</p><p>c) adição.</p><p>d) alternância.</p><p>GR0631 - (Uece)</p><p>A ARMADILHA DOS VAPES</p><p>No Brasil, 20% dos jovens adultos já experimentaram.</p><p>Nos EUA, virou um problema de saúde pública grave¹.</p><p>Entenda em que pé se encontra a febre dos cigarros</p><p>eletrônicos — que têm se mostrado tão perigosos quanto</p><p>os convencionais.</p><p>7 a 19 segundos. É o tempo que a nico�na do cigarro</p><p>leva para chegar ao cérebro. Lá dentro², ela a�va o</p><p>principal neurotransmissor do prazer. E dá-lhe prazer:</p><p>comer chocolate eleva em 55% a liberação de dopamina;</p><p>fazer sexo, 100%. A nico�na? 150%. Com o tempo, essas</p><p>doses con�nuas de prazer acostumam o cérebro, que</p><p>passa a precisar de doses maiores para se sa�sfazer.</p><p>Instaura-se um vício. E não é só a descarga de dopamina</p><p>que importa aí. É também a velocidade com a qual você</p><p>obtém o efeito.</p><p>Cocaína inalável, por exemplo, sobe os níveis de</p><p>dopamina em 400%, mas essa descarga vem só 3 minutos</p><p>após o consumo. Já o cigarro, embora³ não cause tanta</p><p>disrupção neuronal, tem efeito pra�camente</p><p>instantâneo. Isso torna a nico�na no mínimo tão viciante</p><p>quanto cocaína, heroína ou metanfetaminas. Com uma</p><p>perversidade adicional: ela não altera nosso estado</p><p>consciente, então⁴ o usuário pode passar o dia inteiro</p><p>mimando⁵ os neurônios.</p><p>Disponível em: h�ps://super.abril.com.br.</p><p>Em “Com uma perversidade adicional: ela não altera</p><p>nosso estado consciente, então o usuário pode passar o</p><p>19@professorferretto @prof_ferretto</p><p>dia inteiro mimando os neurônios” (ref. 4), o termo</p><p>destacado estabelece, entre as orações, uma relação de</p><p>a) adversidade.</p><p>b) alternância.</p><p>c) condição.</p><p>d) conclusão.</p><p>GR0636 - (Unifor)</p><p>Na �rinha, a preposição “com”, em “Um patrão faz assim</p><p>com o indicador...”, assume valor semân�co de</p><p>a) causa.</p><p>b) instrumento.</p><p>c) finalidade.</p><p>d) modo.</p><p>e) direção.</p><p>GR0640 - (Ifpe)</p><p>COMO DESENVOLVER UMA CULTURA DE COOPERAÇÃO E</p><p>AFASTAR O BULLYING</p><p>(1) O desenvolvimento de uma cultura de cooperação</p><p>está diretamente relacionado ao combate ao bullying.</p><p>Isso porque entender o processo educacional como uma</p><p>prá�ca que conduza à cooperação e ao respeito mútuo</p><p>ataca a raiz dessa violência. Mas quais métodos podem</p><p>ser adotados para se posicionar contra o bullying? Qual o</p><p>papel da escola na consolidação dos valores entre seus</p><p>alunos?</p><p>(2) O desenvolvimento de uma cultura de cooperação,</p><p>nas ins�tuições de ensino, relaciona-se com o</p><p>entendimento do espaço escolar não apenas como um</p><p>local de ensino formal, mas, também, de formação do</p><p>jovem como cidadão. Em outras palavras, a escola tem</p><p>papel fundamental no desenvolvimento dos valores dos</p><p>jovens, estabelecendo conceitos relacionados aos seus</p><p>direitos e deveres, à cooperação, ao respeito e à</p><p>solidariedade. Nesse contexto, o bullying vem sendo</p><p>tratado com cada vez mais seriedade pela comunidade</p><p>escolar e pelo governo de diversos países. No Brasil,</p><p>inclusive, já existe uma lei an�bullying.</p><p>(3) Apesar de não haver uma fórmula pronta para</p><p>garan�r a não ocorrência dessa prá�ca, algumas medidas</p><p>para o desenvolvimento de uma cultura de cooperação</p><p>podem contribuir para evitar esse �po de violência.</p><p>(4) Nessa perspec�va, é importante que a escola</p><p>ofereça oportunidades para que os jovens entendam os</p><p>bene�cios do trabalho em equipe e a contribuição de</p><p>cada um para o sucesso de a�vidades assim. Os jogos</p><p>coopera�vos são uma excelente ferramenta. Consistem</p><p>em a�vidades nas quais é necessário um esforço</p><p>conjunto para se a�ngir um obje�vo comum,</p><p>contrariando a estrutura compe��va e incen�vando a</p><p>par�cipação total dos alunos. Desenvolver projetos e</p><p>trabalhos em conjunto também é uma boa alterna�va.</p><p>Em um projeto anual ou semestral, é possível delegar</p><p>funções e permi�r que os alunos tomem</p><p>responsabilidades diferentes.</p><p>(5) O mais importante desses processos é o</p><p>desenvolvimento da comunicação, das trocas de ideias e</p><p>das bagagens de conhecimento. É nessas trocas do</p><p>trabalho cole�vo que os alunos começam a perceber o</p><p>impacto de suas diferenças na cons�tuição de um objeto</p><p>maior.</p><p>(6) Há, ainda, a importância do relacionamento com</p><p>os alunos, em que professores e gestores podem oferecer</p><p>oportunidades de diálogo que es�mulem a abertura de</p><p>um relacionamento de confiança e de cooperação. Nesse</p><p>sen�do, é imprescindível que a escola trabalhe temas</p><p>como bullying e respeito às diferenças em campanhas</p><p>com apoio da coordenação pedagógica. Aulas</p><p>exposi�vas, debates, palestras e outras a�vidades podem</p><p>compor a ação.</p><p>(7) Além disso, a comunicação deve ser estendida aos</p><p>pais, fundamentais para a resolução dos problemas</p><p>relacionados à educação, cuja par�cipação é</p><p>imprescindível para o sucesso das prá�cas adotadas. Os</p><p>pais devem se envolver a�vamente, aproximando-se das</p><p>ações da escola, entendendo a importância e a</p><p>necessidade de atuarem junto aos seus filhos no</p><p>processo educacional.</p><p>Disponível em: . Acesso em: 27 nov. 2019 (adaptado).</p><p>20@professorferretto @prof_ferretto</p><p>Releia o seguinte trecho, transcrito do 3° parágrafo do</p><p>texto 1:</p><p>“Apesar de não haver uma fórmula pronta para garan�r a</p><p>não ocorrência dessa prá�ca, algumas medidas para o</p><p>desenvolvimento de uma cultura de cooperação podem</p><p>contribuir para evitar esse �po de violência.” (3°</p><p>parágrafo)</p><p>Nele, os elementos destacados estabelecem, entre as</p><p>orações do período, uma relação sintá�co-semân�ca de?</p><p>a) proporção.</p><p>b) causa.</p><p>c) tempo.</p><p>d) condição.</p><p>e) concessão.</p><p>GR0642 - (Uece)</p><p>Comida</p><p>Titãs</p><p>Bebida é água</p><p>Comida é pasto</p><p>Você tem sede de quê?</p><p>Você tem fome de quê? (23)</p><p>A gente não quer só comida</p><p>A gente quer comida, diversão e arte</p><p>A gente não quer só comida</p><p>A gente quer saída para qualquer parte (22)</p><p>A gente não quer só comida</p><p>A gente quer bebida, diversão, balé</p><p>A gente não quer só comida</p><p>A gente quer a vida como a vida quer</p><p>Bebida é água</p><p>Comida é pasto (24)</p><p>Você tem sede de quê?</p><p>Você tem fome de quê? (21)</p><p>A gente não quer só comer</p><p>A gente quer comer e quer fazer amor</p><p>A gente não quer só comer</p><p>A gente quer prazer pra aliviar a dor</p><p>A gente não quer só dinheiro</p><p>A gente quer dinheiro e felicidade</p><p>A gente não quer só dinheiro</p><p>A gente quer inteiro e não pela metade</p><p>Diversão e arte</p><p>para qualquer parte</p><p>diversão, balé</p><p>como a vida quer...</p><p>Desejo, necessidade, vontade</p><p>necessidade, desejo</p><p>necessidade, vontade</p><p>necessidade!</p><p>ANTUNES, Arnaldo; FROMER, Marcelo; BRITO, Sergio.</p><p>Comida. Intérprete: Titãs. In: Titãs. Jesus não tem dentes</p><p>no país dos banguelas. Rio de Janeiro: WEA. 1 disco</p><p>sonoro (LP). Lado A, faixa 2. 1987.</p><p>Considere os seguintes versos da canção: “A gente não</p><p>quer só comida / A gente quer saída para qualquer parte”</p><p>(22). É possível reescrever estes versos de diversas</p><p>maneiras, mantendo a equivalência de sen�do, com</p><p>exceção da forma como está estruturada no seguinte</p><p>enunciado?</p><p>a) A gente não quer só comida porque a gente quer</p><p>também saída para qualquer parte.</p><p>b) Da mesma forma que a gente quer comida, a gente</p><p>quer também saída para qualquer parte.</p><p>c) Além de comida, a gente quer ainda saída para</p><p>qualquer parte.</p><p>d) Não só comida mas também a gente quer saída para</p><p>qualquer parte.</p><p>GR0680 - (Espm)</p><p>(...) Esta casa do Engenho Novo, conquanto reproduza</p><p>a de Mata-cavalos, apenas me lembra aquela, e mais por</p><p>efeito de comparação e de reflexão que de sen�mento.</p><p>Já disse isto mesmo.</p><p>Hão de perguntar-me por que razão, tendo a própria</p><p>casa velha, na mesma rua an�ga, não impedi que a</p><p>demolissem e vim reproduzi-la nesta. A pergunta devia</p><p>ser feita a princípio, mas aqui vai a resposta. A razão é</p><p>que, logo que minha mãe morreu, querendo ir para lá, fiz</p><p>primeiro uma longa visita de inspeção por alguns dias, e</p><p>toda a casa me desconheceu. No quintal a aroeira e a</p><p>pitangueira, o poço, a caçamba velha e o lavadouro, nada</p><p>sabia de mim. A casuarina era a mesma que eu deixara</p><p>ao fundo, mas o tronco, em vez de reto, como outrora,</p><p>�nha agora um ar de ponto de interrogação;</p><p>naturalmente pasmava do intruso. (...)</p><p>Tudo me era estranho e adverso. Deixei que</p><p>demolissem a casa, e, mais tarde, quando vim para o</p><p>Engenho Novo, lembrou-me fazer esta reprodução por</p><p>explicações que dei ao arquiteto, segundo contei em</p><p>tempo.</p><p>(Machado de Assis, Dom Casmurro, Capítulo CXLIV)</p><p>No trecho: Esta casa do Engenho Novo, conquanto</p><p>reproduza a de Mata-cavalos, apenas me lembra</p><p>aquela..., o termo em destaque pode ser subs�tuído sem</p><p>prejuízo semân�co por:</p><p>21@professorferretto @prof_ferretto</p><p>a) porquanto (relação de causa).</p><p>b) entretanto (relação de oposição de ideias que se</p><p>anulam).</p><p>c) embora (relação de oposição de ideias que coexistem).</p><p>d) uma vez que (relação de causa).</p><p>e) à medida que (relação de proporcionalidade).</p><p>GR0682 - (Espm)</p><p>A Raiz da Corrupção</p><p>O tema da corrupção e de seu suposto combate volta</p><p>à pauta com intensidade de tempos em tempos e deverá</p><p>ser recorrente neste ano eleitoral. Ainda que debater a</p><p>corrupção seja de extrema importância, é essencial que</p><p>façamos, enquanto sociedade, uma discussão atualizada</p><p>e realista de suas implicações e que saibamos iden�ficar</p><p>onde ela de fato reside.</p><p>Antes, é preciso dizer que a corrupção é um</p><p>fenômeno milenarmente presente na vida social. Surge</p><p>com o sen�do atual que conhecemos, de apropriação</p><p>privada de patrimônio público, a par�r da modernidade,</p><p>quando o patrimônio do soberano, que se confundia com</p><p>o Estado, deixa de exis�r, e o patrimônio do Estado passa</p><p>a ser visto como propriedade</p><p>pública.</p><p>No campo teórico, a corrupção não é só um conceito</p><p>jurídico e penal, mas também uma ideia que pertence ao</p><p>âmbito filosófico-polí�co e de Jus�ça. Trata-se de uma</p><p>iniquidade no plano moral e polí�co porque destrói a</p><p>capacidade de inves�mento no serviço público. Na</p><p>atualidade, o enfrentamento à corrupção é quase sempre</p><p>associado à ideia de combate, e não de controle. A</p><p>suposta guerra contra a corrupção é meramente retórica,</p><p>pois o Estado não pode entrar em guerra contra seus</p><p>próprios cidadãos.</p><p>A história mostra que as tenta�vas de controle da</p><p>corrupção por parte do Estado, valendo-se de seus</p><p>aparelhos de inves�gação, capturam hoje a corrupção de</p><p>ontem. Os grandes agentes de corrupção sistêmica são</p><p>pegos quando não têm mais força relevante nos sistemas</p><p>polí�co e econômico. A Lava Jato, que levou essa ideia de</p><p>combate à corrupção ao ápice, com todos os seus</p><p>abusos, fisgou corrupções pra�cadas por empreiteiros</p><p>num momento em que estes não �nham mais tanto</p><p>relevo na economia e na polí�ca.</p><p>Pouco se fala, mas a principal fonte das prá�cas</p><p>corruptas hoje, no mundo inteiro, é o mercado</p><p>financeiro. A corrupção, não no sen�do jurídico-penal,</p><p>mas como iniquidade moral, espraia-se por esse</p><p>ambiente de formas menos evidentes do que a corrupção</p><p>da obra superfaturada.</p><p>(Pedro Serrano, revista Carta Capital, 9 de fevereiro de</p><p>2022, p.31.)</p><p>Na frase: “Ainda que debater a corrupção seja de</p><p>extrema importância,...”(1º par.), o elemento coesivo em</p><p>negrito pode ser subs�tuído, sem prejuízo semân�co,</p><p>por:</p><p>a) Uma vez que, por traduzir ideia de causa.</p><p>b) Todavia, por estabelecer ideia de adversidade.</p><p>c) À medida que, por estabelecer ideia de</p><p>proporcionalidade.</p><p>d) Desde que, por estabelecer ideia de condição.</p><p>e) Mesmo que, por estabelecer ideias opostas</p><p>coexistentes.</p><p>GR0699 - (Unicamp)</p><p>O texto a seguir é um trecho da canção Pantanal, que foi</p><p>tema de abertura da novela com o mesmo nome, exibida</p><p>originalmente pela TV Manchete em 1990 e regravada</p><p>pela TV Globo em 2022.</p><p>Lendas de raças, cidades perdidas nas selvas do coração</p><p>do Brasil. Contam os índios de deuses que descem do</p><p>espaço no coração do Brasil.</p><p>Redescobrindo as Américas quinhentos anos depois,</p><p>Lutar com unhas e dentes pra termos direito a um</p><p>depois. Fim do milênio, resgate da vida, do sonho, do</p><p>bem.</p><p>A terra é tão verde e azul.</p><p>Os filhos dos filhos dos filhos dos nossos filhos verão.</p><p>Pantanal, letra de Marcus Viana, gravada pelo grupo</p><p>Sagrado Coração da Terra na coletânea em LP Sagrado –</p><p>Farol da Liberdade, lançada em 1991 pelo selo Sonhos &</p><p>Sons)</p><p>Nesse trecho da canção, podemos iden�ficar</p><p>a) repe�ção de advérbios que indicam as mesmas</p><p>circunstâncias de tempo e de lugar, para produzir um</p><p>efeito de redundância a respeito da luta pela terra.</p><p>b) indeterminação de sujeito com verbo na terceira</p><p>pessoa do plural, para produzir um efeito de incerteza</p><p>quanto ao papel das futuras gerações.</p><p>c) atribuição de caracterís�cas posi�vas por meio de</p><p>substan�vos que indicam cores, para produzir um</p><p>efeito de o�mismo na preservação da natureza.</p><p>d) encadeamento sucessivo de termos ligados por</p><p>preposição, para produzir um efeito de con�nuidade</p><p>temporal quanto à condição do planeta.</p><p>GR0707 - (Unifenas)</p><p>HQ sobre Covid-19 no corpo humano criada pelo curso</p><p>de Medicina Campus Toledo é premiada pelo Ins�tuto</p><p>Butantan</p><p>Superintendência de Comunicação Social</p><p>15 de setembro de 2020 - 16h10</p><p>22@professorferretto @prof_ferretto</p><p>Uma história em quadrinhos (HQ) do projeto</p><p>extensionista “Coronavírus – Chega de Fake News”, do</p><p>curso de Medicina do Campus Toledo da Universidade</p><p>Federal do Paraná (UFPR), ficou em segundo lugar no</p><p>concurso “Micróbios em Tirinhas”, do Museu de</p><p>Microbiologia do Ins�tuto Butantan, em São Paulo. A</p><p>�rinha “A Saga do COVID no corpo humano” foi divulgada</p><p>pelas redes sociais do Museu nesta semana.</p><p>Colorida, didá�ca, com traços cômicos �picos da HQ e</p><p>linguagem acessível, a história elaborada pelo projeto da</p><p>UFPR tem 13 páginas detalhando como o coronavírus se</p><p>comporta dentro do corpo humano, além das respostas</p><p>imunológicas e a função específica de cada agente até</p><p>que o vírus seja neutralizado e expelido pelo organismo.</p><p>(...)</p><p>A professora relata que, ao tomar conhecimento do</p><p>concurso do Ins�tuto Butantan, percebeu que havia uma</p><p>sintonia de obje�vos e decidiu realizar a inscrição. “É</p><p>uma oportunidade para expor ações educa�vas e a�ngir</p><p>uma das metas da nossa extensão: divulgar informações</p><p>sobre o coronavírus baseadas em conhecimento</p><p>cien�fico, com linguagem simples e ilustra�va, para o</p><p>maior número de pessoas possível”, acrescenta.</p><p>Conhecimento cien�fico acessível à população</p><p>A estudante do quinto ano do curso Brenda Malucelli</p><p>Rocha, de 20 anos, foi uma das integrantes da equipe que</p><p>ajudou o projeto na conquista do segundo lugar com</p><p>habilidades ar�s�cas e conhecimento acadêmico.</p><p>“Sempre gostei de desenhar, mas não �nha experiência</p><p>com o es�lo de HQ e menos ainda com arte digital. Tive</p><p>que aprender do zero e foi bastante gra�ficante ver o</p><p>resultado final. Pude par�cipar da criação de um modo</p><p>de (sic) fornecer conhecimento cien�fico de um jeito</p><p>simples para a população. Foi incrível proporcionar essa</p><p>vitória aos colegas e professores envolvidos na criação do</p><p>projeto, bem como agregar à UFPR Toledo”, pontua.</p><p>No segundo ano de Medicina, Lucas Augusto Marcon,</p><p>de 21 anos, atuou na elaboração dos esboços dos</p><p>quadrinhos, bem como na digitalização e na arte final da</p><p>�rinha, e o sen�mento após o concurso é de dever</p><p>cumprido. “Quando criamos um projeto desse, que</p><p>envolve tantas coisas a serem criadas e adaptadas, surge</p><p>o medo de não conseguir ser claro na proposta ou de não</p><p>conseguir conquistar quem lê. Ter ficado em segundo no</p><p>concurso do Museu de Microbiologia dá um recado</p><p>tranquilizador para nós. É o sinal de que o projeto tem</p><p>tudo para cumprir com seu obje�vo. É muito</p><p>sa�sfatório”, conclui.</p><p>(...)</p><p>Por Matheus Dias. Edição: Chirlei Kohls. Parceria</p><p>Superintendência de Comunicação e Marke�ng (Sucom)</p><p>e Agência Escola de Comunicação Pública e Divulgação</p><p>Cien�fica e Cultural da UFPR</p><p>(Disponível em:</p><p>h�ps://www.ufpr.br/portalufpr/no�cias/hq-sobre-covid-</p><p>19-no-corpo-humano-do-curso-de-medicina-docampus-</p><p>toledo-e-premiada-pelo-ins�tuto-butantan/)</p><p>Marque a alterna�va em que não há correlação devida</p><p>entre o elemento grama�cal em destaque e sua</p><p>implicação semân�ca no trecho:</p><p>a) “É uma oportunidade para expor ações educa�vas e</p><p>a�ngir uma das metas da nossa extensão: divulgar</p><p>informações sobre o coronavírus (...).” (finalidade)</p><p>b) “Sempre gostei de desenhar, mas não �nha</p><p>experiência com o es�lo de HQ e menos ainda com</p><p>arte digital.” (concessão)</p><p>c) “No segundo ano de Medicina, Lucas Augusto Marcon,</p><p>de 21 anos, atuou na elaboração dos esboços dos</p><p>quadrinhos, bem como na digitalização (...).” (adição)</p><p>d) “Quando criamos um projeto desse, que envolve</p><p>tantas coisas a serem criadas e adaptadas, surge o</p><p>medo de não conseguir ser claro (...).” (tempo)</p><p>e) “(...) surge o medo de não conseguir ser claro na</p><p>proposta ou de não conseguir conquistar quem lê.”</p><p>(alternância)</p><p>GR0708 - (Unifenas)</p><p>EMPATIA EM TEMPOS DE CRISE DO CORONAVÍRUS</p><p>Para a ciência, empa�a é uma habilidade</p><p>socioemocional de múl�plas faces. Tem um lado</p><p>biológico e hereditário, determinado por sequências do</p><p>genoma humano já iden�ficadas. Os bebês desde muito</p><p>cedo conseguem discernir o sorriso do pranto, imitando-</p><p>os para refle�r a emoção que observaram. A expressão</p><p>da empa�a é interpessoal: o sorriso do bebê acompanha</p><p>o sorriso da mãe. Ambos vivenciam a mesma emoção.</p><p>A empa�a pode ser modulada pela sociedade, capaz</p><p>de ensinar as pessoas a calibrar a vivência emocional</p><p>compar�lhada com outros. Para os profissionais de</p><p>saúde, essa habilidade calibrada — o chamado controle</p><p>execu�vo da empa�a — é essencial para o bem cuidar.</p><p>Os pacientes se sentem acolhidos quando percebem o</p><p>compar�lhamento solidário de suas dores por parte dos</p><p>médicos, enfermeiros e outros cuidadores.</p><p>No entanto, raramente os currículos escolares</p><p>incluem habilidades socioemocionais como essa. E nem</p><p>sempre as faculdades da área da saúde ensinam</p><p>aos</p><p>estudantes as técnicas de modular a empa�a no nível</p><p>necessário para melhor atender os pacientes. Há estudos</p><p>que mostram melhores níveis de glicemia e colesterol em</p><p>pacientes diabé�cos tratados por médicos empá�cos, e</p><p>23@professorferretto @prof_ferretto</p><p>aumento da imunidade de pacientes com quadros gripais</p><p>severos quando percebem o compar�lhamento</p><p>emocional dos profissionais de saúde com as suas dores.</p><p>Uma recente revisão dos estudos sobre empa�a</p><p>esclarece os mecanismos neurais subjacentes. Quando</p><p>um médico interage com um paciente em sofrimento,</p><p>ambos a�vam as vias neurais da dor de modo</p><p>semelhante — dos neurônios sensoriais que inervam os</p><p>pulmões, por exemplo, até as regiões perceptuais do</p><p>córtex cerebral. Mas há um momento em que a</p><p>percepção dolorosa tem que gerar comportamentos.</p><p>(...)</p><p>Em momentos de crise como o que vivemos, tudo se</p><p>subverte. O sofrimento das pessoas é extremo, e a</p><p>pressão empá�ca sobre os profissionais de saúde pode se</p><p>tornar insustentável, transformando-se em estresse e</p><p>burnout.</p><p>Os momentos de crise revelam também as pessoas</p><p>desprovidas de empa�a. Forme-se um grupo familiar</p><p>conduzido sem empa�a, ou pior, com frieza e crueldade,</p><p>e os comportamentos desviantes se tornam prevalentes.</p><p>Se forem pessoas públicas, como ocorre atualmente no</p><p>Brasil, o estrago polí�co e social passa a ser enorme.</p><p>Esse é outro ensinamento que poderemos levar da</p><p>crise que nos assola, para melhor conduzir a</p><p>reconstrução que nos aguarda. Precisamos inserir as</p><p>habilidades socioemocionais na educação de nossas</p><p>crianças e jovens, inclusive os profissionais de saúde. E</p><p>fomentar a pesquisa cien�fica à altura da importância</p><p>que a empa�a tem para nossa vida.</p><p>(LENT, Roberto. Disponível em:</p><p>h�ps://blogs.oglobo.globo.com/a-hora-da-</p><p>ciencia/post/amp/empa�a-em-tempos-decrise-do-</p><p>coronavirus.html. Acesso em: 17 mai. 20. Adapt.)</p><p>Marque a alterna�va em que não há correlação devida</p><p>entre o elemento grama�cal em destaque e sua</p><p>implicação semân�ca no trecho:</p><p>a) “Esse é outro ensinamento que poderemos levar da</p><p>crise que nos assola, para melhor conduzir a</p><p>reconstrução que nos aguarda.” – finalidade.</p><p>b) “Mas há um momento em que a percepção dolorosa</p><p>tem que gerar comportamentos.” – adversidade.</p><p>c) “No entanto, raramente os currículos escolares</p><p>incluem habilidades socioemocionais como essa.” –</p><p>concessão.</p><p>d) “Os momentos de crise revelam também as pessoas</p><p>desprovidas de empa�a.” – adição.</p><p>e) “Se forem pessoas públicas, como ocorre atualmente</p><p>no Brasil, o estrago polí�co e social passa a ser</p><p>enorme. – condicionalidade.</p><p>GR0714 - (Famerp)</p><p>A propósito das botas</p><p>Meu pai, que não me esperava, abraçou-me cheio de</p><p>ternura e agradecimento. “— Agora é deveras?, disse ele.</p><p>Posso enfim...?”</p><p>Deixei-o nessa re�cência, e fui descalçar as botas, que</p><p>estavam apertadas. Uma vez aliviado, respirei à larga, e</p><p>deitei-me a fio comprido, enquanto os pés, e todo eu</p><p>atrás deles, entrávamos numa rela�va bem-aventurança.</p><p>Então considerei que as botas apertadas são uma das</p><p>maiores venturas da Terra, porque, fazendo doer os pés,</p><p>dão azo ao prazer de as descalçar. Mor�fica os pés,</p><p>desgraçado, desmor�fica-os depois, e aí tens a felicidade</p><p>barata, ao sabor dos sapateiros e de Epicuro1. [...] Quatro</p><p>ou cinco dias depois, saboreava esse rápido, inefável e</p><p>incoercível momento de gozo, que sucede a uma dor</p><p>pungente, a uma preocupação, a um incômodo... Daqui</p><p>inferi eu que a vida é o mais engenhoso dos fenômenos,</p><p>porque só aguça a fome, com o fim de deparar a ocasião</p><p>de comer, e não inventou os calos, senão porque eles</p><p>aperfeiçoam a felicidade terrestre. Em verdade vos digo</p><p>que toda a sabedoria humana não vale um par de botas</p><p>curtas.</p><p>Tu, minha Eugênia, é que não as descalçaste nunca;</p><p>foste aí pela estrada da vida, manquejando da perna e do</p><p>amor, triste como os enterros pobres, solitária, calada,</p><p>laboriosa, até que vieste também para esta outra</p><p>margem...</p><p>(Memórias póstumas de Brás Cubas, 2008.)</p><p>1Epicuro: Filósofo grego (341 a.C.-271 a.C.).</p><p>“Daqui inferi eu que a vida é o mais engenhoso dos</p><p>fenômenos, porque só aguça a fome, com o fim de</p><p>deparar a ocasião de comer” (2º parágrafo)</p><p>Em relação ao trecho que a precede, a palavra sublinhada</p><p>introduz uma oração que expressa</p><p>a) uma finalidade.</p><p>b) uma explicação.</p><p>c) uma condição.</p><p>d) uma conclusão.</p><p>e) uma consequência.</p><p>GR0715 - (Famema)</p><p>“Levantei-me com a taça de champanha e declarei</p><p>que, acompanhando as ideias pregadas por Cristo,</p><p>res�tuía a liberdade ao meu escravo Pancrácio; que</p><p>entendia que a nação inteira devia acompanhar as</p><p>minhas ideias e imitar o meu exemplo; finalmente, que a</p><p>liberdade era um dom de Deus, que os homens não</p><p>podiam roubar sem pecado.”</p><p>(Machado de Assis, Diálogos e Reflexões de um</p><p>Relojoeiro.)</p><p>24@professorferretto @prof_ferretto</p><p>Se colocarmos a forma verbal “Levantei-me” no plural,</p><p>mantendo-se o mesmo tempo verbal e a mesma pessoa,</p><p>a forma adequada será</p><p>a) Levantamos-nos.</p><p>b) Levantar-nos-emos.</p><p>c) Levantamo-nos.</p><p>d) Levantemos-nos.</p><p>e) Levantemo-nos.</p><p>GR0719 - (Famerp)</p><p>A ciência e a tecnologia não são apenas cornucópias1</p><p>despejando dádivas sobre o mundo. Os cien�stas não só</p><p>conceberam as armas nucleares; eles também pegaram</p><p>os líderes polí�cos pela lapela, argumentando que a sua</p><p>nação �nha que ser a primeira a fabricar uma dessas</p><p>armas. E assim eles produziram mais de 60 mil armas</p><p>nucleares. Durante a Guerra Fria, os cien�stas nos</p><p>Estados Unidos, na União Sovié�ca, na China e em outras</p><p>nações estavam dispostos a expor os seus conterrâneos à</p><p>radiação — na maioria dos casos, sem o conhecimento</p><p>deles — a fim de se preparar para a guerra nuclear. A</p><p>nossa tecnologia produziu a talidomida, os CFCs, o</p><p>agente laranja, os gases que atacam o sistema nervoso, a</p><p>poluição do ar e da água, as ex�nções de espécies, e</p><p>indústrias tão poderosas que podem arruinar o clima do</p><p>planeta. Aproximadamente metade dos cien�stas na</p><p>Terra dedica parte de seu tempo de trabalho para fins</p><p>militares. Embora alguns cien�stas ainda sejam vistos</p><p>como estranhos ao sistema, cri�cando corajosamente os</p><p>males da sociedade e dando os primeiros avisos sobre</p><p>catástrofes tecnológicas potenciais, muitos são</p><p>considerados oportunistas submissos ou uma fonte</p><p>complacente de lucros empresariais e de armas de</p><p>destruição em massa — não importa quais sejam as</p><p>consequências a longo prazo. Os perigos tecnológicos</p><p>que a ciência apresenta, seu desafio implícito ao</p><p>conhecimento recebido e sua visível dificuldade são</p><p>razões para que as pessoas, desconfiadas, a evitem.</p><p>Existe uma razão para as pessoas ficarem nervosas a</p><p>respeito da ciência e da tecnologia.</p><p>(O Mundo Assombrado pelos Demônios, 2006.</p><p>Adaptado.)</p><p>1 – Cornucópia: vaso em forma de chifre, com frutas e</p><p>flores que dele extravasam profusamente, an�go símbolo</p><p>da fer�lidade, riqueza, abundância.</p><p>“Embora alguns cien�stas ainda sejam vistos como</p><p>estranhos ao sistema, cri�cando corajosamente os males</p><p>da sociedade e dando os primeiros avisos sobre</p><p>catástrofes tecnológicas potenciais, muitos são</p><p>considerados oportunistas submissos ou uma fonte</p><p>complacente de lucros empresariais e de armas de</p><p>destruição em massa — não importa quais sejam as</p><p>consequências a longo prazo.”</p><p>No contexto em que se encontra, o trecho sublinhado</p><p>expressa ideia de</p><p>a) consequência.</p><p>b) concessão.</p><p>c) causa.</p><p>d) comparação.</p><p>e) condição.</p><p>GR0731 - (Faminas)</p><p>Os termos destacados na frase da �rinha “Se a vida</p><p>fosse como a Internet” expressam, respec�vamente,</p><p>ideias de</p><p>a) hipótese e oposição.</p><p>b) oposição e condição.</p><p>c) comparação e hipótese.</p><p>d) condição e comparação.</p><p>GR0732 - (Faminas)</p><p>Trecho de uma entrevista concedida por Jonathan</p><p>Go�schall, pesquisador e professor de literatura inglesa</p><p>na Universidade Washington e Jefferson, Pensilvânia.</p><p>Veja – O que o senhor diria aos pais que se preocupam</p><p>com filhos que evitam os livros e desperdiçam seu tempo</p><p>com videogames e outros gadgets?</p><p>Go�schall – Os jovens e as pessoas em geral estão lendo</p><p>cada vez menos, sem dúvida. Isso não significa, no</p><p>entanto, que eles estão se afastando das histórias e da</p><p>ficção. A leitura deixou de ser prioritária porque foi</p><p>sendo</p><p>subs�tuída pouco a pouco pelas outras formas de</p><p>narra�va trazidas pela revolução digital. Um americano</p><p>médio assiste ao menos cinco horas de TV por dia e gasta</p><p>cada vez mais tempo imerso na realidade virtual dos</p><p>videogames. A ficção, que acredito ser a principal</p><p>responsável pelo desenvolvimento e pelo bem-estar</p><p>psicológico do ser humano, vai con�nuar a fazer parte de</p><p>nossa vida. (...) Nos jogos virtuais, a pessoa é o</p><p>personagem principal e não diz “ele morreu”, mas sim</p><p>“eu morri”. E isso faz toda a diferença.</p><p>(Veja, Edição nº 2.268, 09/05/2012).</p><p>25@professorferretto @prof_ferretto</p><p>A expressão “no entanto” em “Isso não significa, no</p><p>entanto, que eles estão se afastando das histórias e da</p><p>ficção.” pode ser subs�tuída, preservando-se o sen�do</p><p>original, por</p><p>a) todavia.</p><p>b) portanto.</p><p>c) deste modo.</p><p>d) por conseguinte.</p><p>GR0740 - (Espcex)</p><p>Isoladamente, as preposições são palavras vazias de</p><p>sen�do, se bem que algumas delas contenham uma vaga</p><p>noção de tempo e lugar. Na frase, porém, exprimem</p><p>relações as mais diversas, tais como: assunto, causa,</p><p>companhia. A relação expressa pela preposição</p><p>sublinhada no trecho "espumas são leves, não são</p><p>feitas de nada." é a mesma da preposição destacada na</p><p>frase:</p><p>Segundo a Teoria da Formação do Estado, de John Locke,</p><p>para viver em sociedade, cada cidadão deve</p><p>a) Ao longe era possível avistar a casa de Joana.</p><p>b) Certamente não suspeita de que um desconhecido o</p><p>admira.</p><p>c) Não sei por que mo�vo aquela menina só falava de</p><p>natação.</p><p>d) A rede estava presa nas colunas de madeira da</p><p>varanda.</p><p>e) Mais uns cinquenta metros, e o perderei de vista.</p><p>GR0751 - (Fcmscsp)</p><p>Leia a crônica “Médicos e monstros”, de Moacyr Scliar,</p><p>publicada originalmente no jornal Zero Hora, em</p><p>20.08.1997.</p><p>Sentenças judiciais nem sempre têm sido muito felizes</p><p>no que diz respeito aos direitos humanos, mas este 20 de</p><p>agosto marca o quinquagésimo aniversário de uma</p><p>decisão jurídica que se tornaria um marco não apenas na</p><p>história da jus�ça como na da é�ca médica. Naquela data</p><p>o Tribunal de Nuremberg condenou 23 médicos nazistas</p><p>por par�cipação em a�vidades de genocídio.</p><p>O número não chega a ser impressionante. E os réus</p><p>eram, na verdade, figuras secundárias. Ali não estava, por</p><p>exemplo, Adolf Eichmann, que injetava corante nos olhos</p><p>de crianças para torná-los arianamente azuis, ou que</p><p>matou uma criança com suas próprias mãos para</p><p>confirmar o diagnós�co de tuberculose, posto em dúvida</p><p>por colegas. Como outros, ele �nha escapado — para ser</p><p>alcançado depois pelo longo braço da jus�ça israelense.</p><p>Importante, contudo, foi a sentença. Porque, anexo a</p><p>ela, estava um documento que depois se tornaria</p><p>conhecido como o Código de Nuremberg. Em sua defesa,</p><p>os médicos nazistas haviam alegado que estavam agindo</p><p>em nome da ciência; para evitar que essa afrontosa</p><p>alegação servisse de desculpa em crimes posteriores. O</p><p>Código de Nuremberg estabeleceu vários princípios. Que</p><p>hoje nos parecem óbvios: um experimento médico só</p><p>pode ser feito com o consen�mento da pessoa; deve</p><p>proporcionar resultados que beneficiem a humanidade;</p><p>deve evitar qualquer sofrimento. Que os doutores</p><p>nazistas tenham violado princípios tão básicos mostra a</p><p>que ponto chegaram em sua degradação. Mas não só</p><p>eles, obviamente; em Tuskegee, no Alabama, médicos</p><p>deixaram de usar a penicilina em pacientes negros com</p><p>sífilis para observar como evoluiria a doença não tratada</p><p>(um conhecimento, diga-se de passagem, há muito</p><p>registrado nos manuais clínicos).</p><p>Robert Louis Stevenson criou as figuras de Dr. Jekyll e</p><p>Mr. Hyde, o médico e o monstro, para simbolizar o</p><p>antagonismo entre o bem e o mal. Nos doutores nazistas</p><p>esse antagonismo desapareceu: eram médicos e eram</p><p>monstros. Diante da enorme quan�dade de pessoas</p><p>indefesas, a medicina optou pela extrema crueldade das</p><p>experiências sem sen�do, da tortura impiedosa, das</p><p>câmaras de gás. Uma experiência que os médicos da</p><p>ditadura, por exemplo, herdaram e que pra�caram —</p><p>inclusive aqui no Brasil — até há muito pouco tempo.</p><p>Cinquenta anos depois da sentença do Tribunal de</p><p>Nuremberg, é necessário lembrar, ainda uma vez, que a</p><p>medicina surgiu, única e exclusivamente, para ajudar o</p><p>ser humano. Qualquer ser humano.</p><p>(Moacyr Scliar. A nossa frágil condição humana, 2017.)</p><p>Retoma uma expressão mencionada anteriormente no</p><p>texto a palavra sublinhada em:</p><p>26@professorferretto @prof_ferretto</p><p>a) “Cinquenta anos depois da sentença do Tribunal de</p><p>Nuremberg, é necessário lembrar, ainda uma vez, que</p><p>a medicina surgiu, única e exclusivamente, para ajudar</p><p>o ser humano” (5º parágrafo).</p><p>b) “Que os doutores tenham violado princípios tão</p><p>básicos mostra a que ponto chegaram em sua</p><p>degradação” (3º parágrafo).</p><p>c) “Que hoje nos parecem óbvios: um experimento</p><p>médico só pode ser feito com o consen�mento da</p><p>pessoa; deve proporcionar resultados que beneficiem</p><p>a humanidade; deve evitar qualquer sofrimento” (3º</p><p>parágrafo).</p><p>d) “Em sua defesa, os médicos nazis haviam alegado que</p><p>estavam agindo em nome da ciência” (3º parágrafo).</p><p>e) “para evitar que essa afrontosa alegação servisse de</p><p>desculpa em crimes posteriores, o Código de</p><p>Nuremberg estabeleceu vários princípios” (3º</p><p>parágrafo).</p><p>GR0752 - (Fcmscsp)</p><p>Leia a crônica “Médicos e monstros”, de Moacyr Scliar,</p><p>publicada originalmente no jornal Zero Hora, em</p><p>20.08.1997.</p><p>Sentenças judiciais nem sempre têm sido muito felizes</p><p>no que diz respeito aos direitos humanos, mas este 20 de</p><p>agosto marca o quinquagésimo aniversário de uma</p><p>decisão jurídica que se tornaria um marco não apenas na</p><p>história da jus�ça como na da é�ca médica. Naquela data</p><p>o Tribunal de Nuremberg condenou 23 médicos nazistas</p><p>por par�cipação em a�vidades de genocídio.</p><p>O número não chega a ser impressionante. E os réus</p><p>eram, na verdade, figuras secundárias. Ali não estava, por</p><p>exemplo, Adolf Eichmann, que injetava corante nos olhos</p><p>de crianças para torná-los arianamente azuis, ou que</p><p>matou uma criança com suas próprias mãos para</p><p>confirmar o diagnós�co de tuberculose, posto em dúvida</p><p>por colegas. Como outros, ele �nha escapado — para ser</p><p>alcançado depois pelo longo braço da jus�ça israelense.</p><p>Importante, contudo, foi a sentença. Porque, anexo a</p><p>ela, estava um documento que depois se tornaria</p><p>conhecido como o Código de Nuremberg. Em sua defesa,</p><p>os médicos nazistas haviam alegado que estavam agindo</p><p>em nome da ciência; para evitar que essa afrontosa</p><p>alegação servisse de desculpa em crimes posteriores. O</p><p>Código de Nuremberg estabeleceu vários princípios. Que</p><p>hoje nos parecem óbvios: um experimento médico só</p><p>pode ser feito com o consen�mento da pessoa; deve</p><p>proporcionar resultados que beneficiem a humanidade;</p><p>deve evitar qualquer sofrimento. Que os doutores</p><p>nazistas tenham violado princípios tão básicos mostra a</p><p>que ponto chegaram em sua degradação. Mas não só</p><p>eles, obviamente; em Tuskegee, no Alabama, médicos</p><p>deixaram de usar a penicilina em pacientes negros com</p><p>sífilis para observar como evoluiria a doença não tratada</p><p>(um conhecimento, diga-se de passagem, há muito</p><p>registrado nos manuais clínicos).</p><p>Robert Louis Stevenson criou as figuras de Dr. Jekyll e</p><p>Mr. Hyde, o médico e o monstro, para simbolizar o</p><p>antagonismo entre o bem e o mal. Nos doutores nazistas</p><p>esse antagonismo desapareceu: eram médicos e eram</p><p>monstros. Diante da enorme quan�dade de pessoas</p><p>indefesas, a medicina optou pela extrema crueldade das</p><p>experiências sem sen�do, da tortura impiedosa, das</p><p>câmaras de gás. Uma experiência que os médicos da</p><p>ditadura, por exemplo, herdaram e que pra�caram —</p><p>inclusive aqui no Brasil — até há muito pouco tempo.</p><p>Cinquenta anos depois da sentença do Tribunal de</p><p>Nuremberg, é necessário lembrar, ainda uma vez, que a</p><p>medicina surgiu, única e exclusivamente, para ajudar o</p><p>ser humano. Qualquer ser humano.</p><p>(Moacyr Scliar. A nossa frágil condição humana, 2017.)</p><p>Em “Importante, contudo, foi a sentença.” (3ºparágrafo),</p><p>o termo sublinhado pode ser subs�tuído, sem prejuízo</p><p>para o sen�do do texto, por:</p><p>a) não obstante.</p><p>b) nesse caso.</p><p>c) por isso.</p><p>d) além disso.</p><p>e) por conseguinte.</p><p>GR00755 - (Albert Einstein)</p><p>Leia a crônica “A decadência</p><p>do Ocidente”, de Luis</p><p>Fernando Verissimo.</p><p>O doutor ganhou uma galinha viva e chegou em casa</p><p>com ela, para alegria de toda a família. O filho mais</p><p>moço, inclusive, nunca �nha visto uma galinha viva de</p><p>perto. Já �nha até um nome para ela – Margarete – e</p><p>planos para adotá-la, quando ouviu do pai que a galinha</p><p>seria, obviamente, comida.</p><p>— Comida?!</p><p>— Sim, senhor.</p><p>— Mas se come ela?</p><p>— Ué. Você está cansado de comer galinha.</p><p>— Mas a galinha que a gente come é igual a esta</p><p>aqui?</p><p>— Claro..</p><p>Na verdade o guri gostava muito de peito, de coxa e</p><p>de asa, mas nunca �nha ligado as partes ao animal. Ainda</p><p>mais aquele animal vivo ali no meio do apartamento.</p><p>O doutor disse que queria a galinha ao molho pardo.</p><p>Há anos que não comia uma galinha ao molho pardo. A</p><p>empregada sabia como se preparava galinha ao molho</p><p>pardo?</p><p>27@professorferretto @prof_ferretto</p><p>A mulher foi consultar a empregada. Dali a pouco o</p><p>doutor ouviu um grito de horror vindo da cozinha. Depois</p><p>veio a mulher dizer que ele esquecesse a galinha ao</p><p>molho pardo.</p><p>— A empregada não sabe fazer?</p><p>— Não só não sabe fazer, como quase desmaiou</p><p>quando eu disse que precisava cortar o pescoço da</p><p>galinha. Nunca cortou um pescoço de galinha.</p><p>Era o cúmulo. Então a mulher que cortasse o pescoço</p><p>da galinha.</p><p>— Eu?! Não mesmo!</p><p>O doutor lembrou-se de uma velha empregada da sua</p><p>mãe. A Dona Noca. Não só cortava pescoços de galinhas,</p><p>como fazia isto com uma certa alegria assassina. A</p><p>solução era a Dona Noca.</p><p>— A Dona Noca já morreu — disse a mulher.</p><p>— O quê?!</p><p>— Há dez anos.</p><p>— Não é possível! A úl�ma galinha ao molho pardo</p><p>que eu comi foi feita por ela.</p><p>— Então faz mais de dez anos que você não come</p><p>galinha ao molho pardo.</p><p>Alguém no edi�cio se disporia a degolar a galinha.</p><p>Fizeram uma rápida enquete entre os vizinhos. Ninguém</p><p>se animava a cortar o pescoço da galinha. Nem o</p><p>Rogerinho do 701, que fazia coisas inomináveis com</p><p>gatos.</p><p>— Somos uma civilização de frouxos! — sentenciou o</p><p>doutor.</p><p>Foi para o poço do edi�cio e repe�u:</p><p>— Frouxos! Perdemos o contato com o barro da vida!</p><p>E a Margarete só olhando.</p><p>Luis Fernando Verissimo. A mãe do Freud, 1997.</p><p>No período composto “Não só cortava pescoços de</p><p>galinhas, como fazia isto com uma certa alegria</p><p>assassina.” (14º parágrafo), há duas orações conectadas</p><p>por uma relação de</p><p>a) adição.</p><p>b) condição.</p><p>c) tempo.</p><p>d) proporção.</p><p>e) comparação.</p><p>GR0776 - (Fuvest)</p><p>Há uma língua sendo gestada no Brasil que não se</p><p>pretende correta, autên�ca ou mesmo eficiente. É</p><p>apenas novidadeira – “trendy" ou ”fashion", como ela</p><p>própria se definiria.</p><p>Nessa nova língua, não se diz mais que tal ou qual</p><p>coisa é an�ga, vinda do passado. Diz-se que é “vintage" -</p><p>embora “vintage” (ao pé da letra, “vindima”) se aplique,</p><p>em inglês, ao que pertence a uma dada safra, ao que vem</p><p>auten�camente de uma época. Mas é sempre assim,</p><p>não? Por leveza ou ligeireza dos usuários, certas palavras,</p><p>ao serem transplantadas à força de uma língua para</p><p>outra, podem ter o seu sen�do original alterado.</p><p>Daí que, na nova língua que se pra�ca aqui, e mais</p><p>ainda no mundo da moda, algo corriqueiro, vulgar,</p><p>normal, que não se afasta dos padrões estabelecidos, é</p><p>agora chamado de “mainstream”. Em inglês,</p><p>“mainstream" é o curso d’água ou corrente principal e se</p><p>refere a um rio, mas pode se aplicar também a um es�lo</p><p>dominante na literatura, na música, no cinema. Entre</p><p>nós, meio que vem subs�tuir o que, até há pouco,</p><p>costumava se chamar de - como era mesmo? – “básico".</p><p>A secretária de um médico acaba de me telefonar</p><p>marcando um “apontamento” para a semana. Isso era</p><p>algo que, no passado, dizíamos de farra: “Vou te dar um</p><p>anel para marcar um apontamento”. Quis rir, mas me</p><p>con�ve a tempo. A moça estava falando a sério.</p><p>(Ruy Castro, Folha de S.Paulo, 09/10/2010.</p><p>Adaptado).</p><p>A expressão que permite transformar em um só os dois</p><p>úl�mos períodos do texto “Quis rir, mas me con�ve a</p><p>tempo. A moça estava falando a sério.” sem alterar o</p><p>sen�do, é</p><p>a) no entanto.</p><p>b) uma vez que.</p><p>c) se bem que.</p><p>d) tanto que.</p><p>e) por conseguinte.</p><p>GR0828 - (Fmj)</p><p>Leia um trecho do tratado Da maneira de dis�nguir o</p><p>bajulador do amigo, do historiador e filósofo grego</p><p>Plutarco, para responder às questões de 07 a 10.</p><p>Quando um homem dá sem cessar, em palavras,</p><p>provas de amor-próprio, meu caro An�oco Filopapo,</p><p>Platão observa que todos o desculpam; mas esse</p><p>sen�mento, acrescenta ele, entre uma pletora de vícios</p><p>muito diferentes, contém um muito importante que</p><p>impede que ele tenha sobre si mesmo um julgamento</p><p>íntegro e imparcial. “Com efeito, o amante é cego a</p><p>respeito do que ele ama”, a menos que tenha aprendido,</p><p>por um estudo especial, a habituar-se a apreciar e</p><p>procurar o belo, de preferência ao inato e ao familiar. No</p><p>seio da amizade eis que se abre ao bajulador um vasto</p><p>campo de ação: nosso amor-próprio é para ele um</p><p>terreno de acesso inteiramente propício à inves�gação</p><p>sobre nós; por causa desse sen�mento, cada um de nós é</p><p>o primeiro e o maior adulador de si próprio, não</p><p>hesitando em confiar no bajulador estranho de quem</p><p>28@professorferretto @prof_ferretto</p><p>espera ter a aprovação para confirmar suas crenças e</p><p>desejos. Com efeito, aquele que é acusado de gostar da</p><p>bajulação não passa de um homem perdidamente</p><p>enamorado de si, que, pela paixão que a si mesmo</p><p>dedica, deseja e crê possuir todas as qualidades; ora, se o</p><p>desejo é natural, a crença é, entretanto, arriscada e</p><p>reclama bastante circunspecção. Mas, supondo-se que a</p><p>verdade seja divina e seja, segundo Platão, o princípio</p><p>“de todos os bens para os deuses e de todos os bens para</p><p>os homens”, o bajulador está muito arriscado a ser</p><p>inimigo dos deuses e sobretudo do deus Pí�co, pois não</p><p>deixa de estar em contradição com o “conhece-te a �</p><p>mesmo”, iludindo cada um quanto à sua própria pessoa e</p><p>tornando-o cego, no que diz respeito a si mesmo, e às</p><p>virtudes e aos vícios que lhe concernem, pois torna as</p><p>primeiras imperfeitas e inacabadas, os outros, totalmente</p><p>incuráveis.</p><p>(Plutarco. Como �rar proveito de seus inimigos / Da</p><p>maneira de dis�nguir o bajulador do amigo, 2011.</p><p>Adaptado.)</p><p>“‘Com efeito, o amante é cego a respeito do que ele</p><p>ama’, a menos que tenha aprendido, por um estudo</p><p>especial, a habituar-se a apreciar e procurar o belo, de</p><p>preferência ao inato e ao familiar.”</p><p>Em relação ao trecho que o antecede, o trecho em</p><p>negrito expressa ideia de</p><p>a) consequência.</p><p>b) comparação.</p><p>c) conclusão.</p><p>d) condição.</p><p>e) causa.</p><p>29@professorferretto @prof_ferretto</p><p>que havia trazido, molhado</p><p>no rio para não ferir as gengivas desguarnecidas.</p><p>À noite, em casa, ninguém lhe perguntava como</p><p>havia sido o seu dia. Fazia-se mais fraco, porém. E chegou</p><p>a manhã em que, debruçando-se sobre a água antes</p><p>mesmo de prender a isca na barbela afiada, viu faiscar</p><p>um brilho novo. Apertou as pálpebras para ver melhor,</p><p>não era um peixe. Movido pela correnteza, um anzol bem</p><p>maior do que o seu agitava-se, sem isca. Por mais que se</p><p>esforçasse, não conseguiu ver a linha, enxergava cada vez</p><p>menos. Nem havia qualquer pescador por perto. O velho</p><p>não descalçou as sandálias, as pedras da margem eram</p><p>ásperas. Entrou na água devagar, evitando escorregar.</p><p>Não chegou a perceber o frio, o tempo das percepções</p><p>havia acabado. Alongou-se na água, mordeu o anzol que</p><p>havia vindo por ele, e deixou-se levar.</p><p>Ausente para os outros, con�nuava docemente presente</p><p>para si mesmo. (2º parágrafo, sublinhado)</p><p>Uma reformulação que mantém sen�do equivalente ao</p><p>da frase acima é:</p><p>a) Con�nuava docemente presente para si mesmo,</p><p>porque ausente para os outros.</p><p>b) Con�nuava docemente presente para si mesmo,</p><p>quando ausente para os outros.</p><p>c) Con�nuava docemente presente para si mesmo,</p><p>embora ausente para os outros.</p><p>d) Con�nuava docemente presente para si mesmo,</p><p>portanto ausente para os outros.</p><p>GR0369 - (Uerj)</p><p>ABRIR-SE AO NOVO</p><p>Imagino qual não teria sido a surpresa causada</p><p>por um rinoceronte em plena Europa do século XVI. O</p><p>ganda foi dado de presente pelo Sultão de Cambaia ao</p><p>Vice-Rei da Índia, que o repassou ao Rei Dom Manuel I</p><p>que, por sua vez, quis dá-lo de presente para o Papa Leão</p><p>X. Durante a festa da San�ssima Trindade de 1515, Dom</p><p>Manuel organizou, em plena Lisboa, o combate entre um</p><p>de seus elefantes e o rinoceronte. O elefante, ao enxergar</p><p>o rinoceronte, fugiu em desabalada carreira, levando</p><p>tudo e todos por diante. Resultado do combate: o ganda</p><p>foi aclamado vencedor. E de Lisboa se irradiou a narra�va</p><p>que converteu o rinoceronte em patrono da boa</p><p>blindagem e da bravura dos militares.</p><p>Após o espetáculo, o rinoceronte foi enviado ao</p><p>Papa, mas a embarcação que o levava naufragou na costa</p><p>da Itália. Do pobre ganda só sobraram histórias. O pintor</p><p>Albrecht Dürer, sem jamais ter visto o rinoceronte, o</p><p>desenhou em 1515, acrescentando detalhes insólitos</p><p>como um chifre no dorso, carapaças de crustáceo e</p><p>escamas de rép�l nas patas. Esta obra fixa a aparência de</p><p>um rinoceronte até fins do século XVIII.</p><p>A admiração esté�ca é com frequência</p><p>provocada pelo inedi�smo. A nomeação do</p><p>desconhecido opera para torná-lo assimilável a um</p><p>entendimento que procura recobrar-se de uma comoção.</p><p>Os efeitos angus�antes do inusitado são tranquilizados</p><p>por um nome. Entretanto, a ânsia de assimilação do</p><p>extraordinário ao ro�neiro leva a tropeços</p><p>classificatórios. Algo semelhante se passou no século XIII</p><p>com Marco Polo quando, em Java, ele se deparou com</p><p>um rinoceronte e relatou então ter visto um unicórnio,</p><p>lamentando porém que ele fosse tão feio e agressivo,</p><p>muito mais próximo de um grande búfalo do que de um</p><p>cavalo, com patas de elefante, pelagem de búfalo e</p><p>cabeça de javali. Na classificação e na nomeação de um</p><p>ente, muitas vezes somos levados a distorcer seus</p><p>atributos cons�tu�vos indispensáveis, exatamente</p><p>aqueles que fazem de uma coisa ela mesma e não outra,</p><p>segundo o princípio aristotélico da iden�dade: A=A.</p><p>Há uma espécie de resistência mental em se</p><p>abrir uma nova rubrica no nosso esquema compreensivo</p><p>movido por estoques de analogias, assim como uma</p><p>certa relutância em se perceber o inédito a par�r dele</p><p>mesmo, da sua singularidade ou excepcionalidade. Ver,</p><p>interpretar, descrever e nomear não são atos mentais</p><p>automá�cos e dependentes de alguma verdade</p><p>substancial, mas sim construções conjecturais da precária</p><p>relação entre o mundo e a linguagem.</p><p>MARCUS FABIANO GONÇALVES. Adaptado de</p><p>insigh�nteligencia.com.br.</p><p>Resultado do combate: o ganda foi aclamado vencedor. E</p><p>de Lisboa se irradiou a narra�va que converteu o</p><p>rinoceronte em patrono da boa blindagem e da bravura</p><p>dos militares. (1º parágrafo, itálico)</p><p>3@professorferretto @prof_ferretto</p><p>A frase sublinhada estabelece com a anterior uma</p><p>relação de:</p><p>a) condição</p><p>b) finalidade</p><p>c) comparação</p><p>d) consequência</p><p>GR0309 - (Unesp)</p><p>Leia o trecho de um ensaio de Michel de Montaigne</p><p>(1533-1592).</p><p>Há alguma razão em fazer o julgamento de um</p><p>homem pelos aspectos mais comuns de sua vida; mas,</p><p>tendo em vista a natural instabilidade de nossos</p><p>costumes e opiniões, muitas vezes me pareceu que</p><p>mesmo os bons autores estão errados em se obs�narem</p><p>em formar de nós uma ideia constante e sólida.</p><p>(...)</p><p>Em toda a An�guidade é di�cil escolher uma</p><p>dúzia de homens que tenham ordenado sua vida num</p><p>projeto definido e seguro, que é o principal obje�vo da</p><p>sabedoria. Pois para resumi-la por inteiro numa só</p><p>palavra e abranger em uma só todas as regras de nossa</p><p>vida, “a sabedoria”, diz um an�go, “é sempre querer a</p><p>mesma coisa, é sempre não querer a mesma coisa”, “eu</p><p>não me dignaria”, diz ele, “a acrescentar ‘contanto que a</p><p>tua vontade esteja certa’, pois se não está certa, é</p><p>impossível que sempre seja uma só e a mesma.” Na</p><p>verdade, aprendi outrora que o vício é apenas o</p><p>desregramento e a falta de moderação; e, por</p><p>conseguinte, é impossível o imaginarmos constante. É</p><p>uma frase de Demóstenes, dizem, que “o começo de toda</p><p>virtude são a reflexão e a deliberação, e seu fim e sua</p><p>perfeição, a constância”. Se, guiados pela reflexão,</p><p>pegássemos certa via, pegaríamos a mais bela, mas</p><p>ninguém pensa antes de agir: “O que ele pediu,</p><p>desdenha; exige o que acaba de abandonar; agita-se e</p><p>sua vida não se dobra a nenhuma ordem.”</p><p>(Michel de Montaigne. Os ensaios: uma seleção, 2010.</p><p>Adaptado.)</p><p>Em “eu não me dignaria [...] a acrescentar ‘contanto que</p><p>a tua vontade esteja certa’, pois se não está certa, é</p><p>impossível que sempre seja uma só e a mesma.” (2º</p><p>parágrafo), a locução sublinhada pode ser subs�tuída,</p><p>sem prejuízo para o sen�do do texto, por:</p><p>a) visto que.</p><p>b) assim que.</p><p>c) desde que.</p><p>d) ainda que.</p><p>e) de modo que.</p><p>GR0265 - (Unesp)</p><p>Algumas pessoas tornam-se heróis contra sua</p><p>própria vontade. Mesmo que elas tenham ideias</p><p>realmente (ou potencialmente) revolucionárias, muitas</p><p>vezes não as reconhecem como tais, ou não acreditam no</p><p>seu próprio potencial. Divididas entre enfrentar sua</p><p>insegurança expondo suas ideias à opinião dos outros, ou</p><p>manter-se na defensiva, elas preferem a segunda opção.</p><p>O mundo está cheio de poemas e teorias escondidos no</p><p>porão.</p><p>Copérnico é, talvez, o mais famoso desses</p><p>relutantes heróis da história da ciência. Ele foi o homem</p><p>que colocou o Sol de volta no centro do Universo, ao</p><p>mesmo tempo fazendo de tudo para que suas ideias não</p><p>fossem difundidas, possivelmente com medo de crí�cas</p><p>ou perseguição religiosa. Foi quem colocou o Sol de volta</p><p>no centro do Universo, mo�vado por razões erradas.</p><p>Insa�sfeito com a falha do modelo de Ptolomeu, que</p><p>aplicava o dogma platônico do movimento circular</p><p>uniforme aos corpos celestes, Copérnico propôs que o</p><p>equante fosse abandonado e que o Sol passasse a ocupar</p><p>o centro do cosmo. Ao tentar fazer com que o Universo</p><p>se adaptasse às ideias platônicas, ele retornou aos</p><p>pitagóricos, ressuscitando a doutrina do fogo central, que</p><p>levou ao modelo heliocêntrico de Aristarco dezoito</p><p>séculos antes.</p><p>Seu pensamento reflete o desejo de reformular</p><p>as ideias cosmológicas de seu tempo apenas para voltar</p><p>ainda mais no passado; Copérnico era, sem dúvida, um</p><p>revolucionário conservador. Ele jamais poderia ter</p><p>imaginado que, ao olhar para o passado, estaria criando</p><p>uma nova visão cósmica, que abriria novas portas para o</p><p>futuro. Tivesse vivido o suficiente para ver os frutos de</p><p>suas ideias, Copérnico decerto teria odiado a revolução</p><p>que involuntariamente causou.</p><p>Entre 1510 e 1514, compôs um pequeno</p><p>trabalho resumindo suas ideias, in�tulado</p><p>Commentariolus (Pequeno comentário). Embora na</p><p>época fosse rela�vamente fácil publicar um manuscrito,</p><p>Copérnico decidiu não publicar seu texto, enviando</p><p>apenas algumas cópias para uma audiência seleta. Ele</p><p>acreditava piamente no ideal</p><p>pitagórico de discrição;</p><p>apenas aqueles que eram iniciados nas complicações da</p><p>matemá�ca aplicada à astronomia �nham permissão</p><p>para compar�lhar sua sabedoria. Certamente essa</p><p>posição eli�sta era muito peculiar, vinda de alguém que</p><p>fora educado durante anos dentro da tradição humanista</p><p>italiana. Será que Copérnico estava tentando sen�r o</p><p>clima intelectual da época, para ter uma ideia do quão</p><p>“perigosas” eram suas ideias? Será que ele não</p><p>acreditava muito nas suas próprias ideias e, portanto,</p><p>queria evitar qualquer �po de crí�ca? Ou será que ele</p><p>estava tão imerso nos ideais pitagóricos que realmente</p><p>não �nha o menor interesse em tornar populares suas</p><p>ideias? As razões que possam jus�ficar a a�tude de</p><p>4@professorferretto @prof_ferretto</p><p>Copérnico são, até hoje, um ponto de discussão entre os</p><p>especialistas.</p><p>(A dança do universo, 2006. Adaptado.)</p><p>Em “Mesmo que elas tenham ideias realmente (ou</p><p>potencialmente) revolucionárias, muitas vezes não as</p><p>reconhecem como tais, ou não acreditam no seu próprio</p><p>potencial” (1º parágrafo), a locução conjun�va</p><p>sublinhada pode ser subs�tuída, sem prejuízo para o</p><p>sen�do do texto, por:</p><p>a) À medida que.</p><p>b) Ainda que.</p><p>c) Desde que.</p><p>d) Visto que.</p><p>e) A menos que.</p><p>GR0119 - (Famerp)</p><p>Leia o trecho do conto “As caridades odiosas”, de Clarice</p><p>Lispector, para responder à questão.</p><p>Foi uma tarde de sensibilidade ou de</p><p>susce�bilidade? Eu passava pela rua depressa,</p><p>emaranhada nos meus pensamentos, como às vezes</p><p>acontece. Foi quando meu ves�do me reteve: alguma</p><p>coisa se enganchara na minha saia. Voltei-me e vi que se</p><p>tratava de uma mão pequena e escura. Pertencia a um</p><p>menino a que a sujeira e o sangue interno davam um tom</p><p>quente de pele. O menino estava de pé no degrau da</p><p>grande confeitaria. Seus olhos, mais do que suas palavras</p><p>meio engolidas, informavam-me de sua paciente aflição.</p><p>Paciente demais. Percebi vagamente um pedido, antes de</p><p>compreender o seu sen�do concreto. Um pouco aturdida</p><p>eu o olhava, ainda em dúvida se fora a mão da criança o</p><p>que me ceifara os pensamentos.</p><p>– Um doce, moça, compre um doce para mim.</p><p>Acordei finalmente. O que es�vera eu pensando</p><p>antes de encontrar o menino? O fato é que o pedido</p><p>deste pareceu cumular uma lacuna, dar uma resposta</p><p>que podia servir para qualquer pergunta, assim como</p><p>uma grande chuva pode matar a sede de quem queria</p><p>uns goles de água.</p><p>Sem olhar para os lados, por pudor talvez, sem</p><p>querer espiar as mesas da confeitaria onde</p><p>possivelmente algum conhecido tomava sorvete, entrei,</p><p>fui ao balcão e disse com uma dureza que só Deus sabe</p><p>explicar: um doce para o menino.</p><p>(A descoberta do mundo, 1999.)</p><p>“Sem olhar para os lados, por pudor talvez, sem querer</p><p>espiar as mesas da confeitaria onde possivelmente algum</p><p>conhecido tomava sorvete”. A preposição destacada</p><p>assume valor semân�co semelhante ao que se verifica na</p><p>frase:</p><p>a) A crí�ca tem Machado de Assis por um grande autor.</p><p>b) Há ainda algumas questões por fazer.</p><p>c) Ficaremos na Europa por cinco dias.</p><p>d) As tropas cercaram os inimigos por terra e por mar.</p><p>e) Muitas pessoas vão cedo para casa por medo.</p><p>GR0343 - (Pucrj)</p><p>Como formular o problema da arte contemporânea —</p><p>por meio de um manifesto? De um lamento? Minha</p><p>intenção nestas notas é mais modesta. Gostaria de</p><p>refle�r a respeito do que é essa arte e quais “ideias de</p><p>arte” ela implica ou inventa. Espero assim formular</p><p>melhor as questões com as quais a arte contemporânea</p><p>nos confronta. Interessa-me acima de tudo elaborar mais</p><p>detalhadamente o problema mais amplo das “ideias de</p><p>arte” e das “ideias nas artes”. Ele faz parte daquilo que</p><p>chamo de “a reeste�zação do pensar” ou a reinvenção do</p><p>pensamento nas artes. A filosofia oferece muitos</p><p>exemplos das relações entre pensamento e arte; creio ser</p><p>necessário, no entanto, evitar dois extremos na</p><p>formulação desse problema: a relação “didá�ca”, pela</p><p>qual a arte simplesmente ilustra dada teoria, e a relação</p><p>“român�ca”, pela qual a arte se torna refúgio de algo que</p><p>não pode ser pensado de forma alguma. Precisamos dar</p><p>mais atenção a como os ar�stas realmente pensam nas e</p><p>com as artes — as novas ideias que lhes ocorrem,</p><p>incluindo novas “ideias de arte” ou ideias a respeito de</p><p>suas a�vidades, de seus próprios materiais ou</p><p>ins�tuições —, e depois a como essas ideias se</p><p>enquadram em campos mais amplos, que envolvem</p><p>muitos outros discursos: as ciências, a polí�ca e até a</p><p>própria filosofia.</p><p>RAJCHMAN, John. O pensamento na arte</p><p>contemporânea. Novos estudos CEBRAP [on-line].</p><p>Em “A filosofia oferece muitos exemplos das relações</p><p>entre pensamento e arte; creio ser necessário, no</p><p>entanto, evitar dois extremos na formulação desse</p><p>problema”, a expressão sublinhada pode ser subs�tuída,</p><p>sem alteração do sen�do do texto, por</p><p>a) entretanto.</p><p>b) por conseguinte.</p><p>c) portanto.</p><p>d) dessa forma.</p><p>GR0292 - (Unesp)</p><p>Ar�go “Pó de pirlimpimpim”, do neurocien�sta brasileiro</p><p>Sidarta Ribeiro.</p><p>Alcançar o aprendizado instantâneo é um desejo</p><p>poderoso, pois o cérebro sem informação é pouco mais</p><p>que estofo de macela 1. Emília, a sabida boneca de</p><p>5@professorferretto @prof_ferretto</p><p>Monteiro Lobato, aprendeu a falar copiosamente após</p><p>engolir uma pílula, adquirindo de supetão todo o</p><p>vocabulário dos seres humanos ao seu redor. No filme</p><p>Matrix (1999), a ingestão de uma pílula colorida faz o</p><p>personagem Neo descobrir que todo o mundo em que</p><p>sempre viveu não passa de uma simulação chamada</p><p>Matriz, dentro da qual é possível programar qualquer</p><p>coisa. Poucos instantes depois de se conectar a um</p><p>computador, Neo desperta e profere estupefato: “I know</p><p>kung fu”.</p><p>Entretanto, na matriz cerebral das pessoas de</p><p>carne e osso, vale o dito popular: “Urubu, pra cantar,</p><p>demora.” O aprendizado de comportamentos complexos</p><p>é di�cil e demorado, pois requer a alteração massiva de</p><p>conexões neuronais. Há consenso hoje em dia de que o</p><p>conteúdo dos nossos pensamentos deriva dos padrões de</p><p>a�vação de vastas redes neuronais, impossibilitando a</p><p>aquisição instantânea de memórias intrincadas.</p><p>Mas nem sempre foi assim. Há meio século,</p><p>experimentos realizados na Universidade de Michigan</p><p>pareciam indicar que as planárias, vermes aquá�cos</p><p>passíveis de condicionamento clássico, eram capazes de</p><p>adquirir, mesmo sem treinamento, associações es�mulo-</p><p>resposta por ingestão de um extrato de planárias já</p><p>condicionadas. O resultado, aparentemente</p><p>revolucionário, sugeria que os substratos materiais da</p><p>memória são moléculas. Contudo, estudos posteriores</p><p>demonstraram que a ingestão de planárias não</p><p>condicionadas também acelerava o aprendizado,</p><p>revelando um efeito hormonal genérico, independente</p><p>do conteúdo das memórias presentes nas planárias</p><p>ingeridas.</p><p>A ingestão de memórias é impossível porque elas</p><p>são estados complexos de redes neuronais, não um</p><p>quantum de significado como a pílula da Emília. Por outro</p><p>lado, é sim possível acelerar a consolidação das</p><p>memórias por meio da o�mização de variáveis</p><p>fisiológicas envolvidas no processo. Uma linha de</p><p>pesquisa importante diz respeito ao sono, cujo bene�cio</p><p>à consolidação de memórias já foi comprovado. Em 2006,</p><p>pesquisadores alemães publicaram um estudo sobre os</p><p>efeitos mnemônicos da es�mulação cerebral com ondas</p><p>lentas (0,75 Hz) aplicadas durante o sono por meio de um</p><p>es�mulador elétrico. Os resultados mostraram que a</p><p>es�mulação de baixa frequência é suficiente para</p><p>melhorar o aprendizado de diferentes tarefas. Ao que</p><p>parece, as oscilações lentas do sono são puro pó de</p><p>pirlimpimpim.</p><p>(Sidarta Ribeiro. Limiar: ciência e vida contemporânea,</p><p>2020.)</p><p>1 macela: planta herbácea cujas flores costumam ser</p><p>usadas pela população como estofo de travesseiros.</p><p>Em “Contudo, estudos posteriores demonstraram que a</p><p>ingestão de planárias não condicionadas também</p><p>acelerava o aprendizado” (3º parágrafo), o termo</p><p>sublinhado pode ser subs�tuído, sem prejuízo para o</p><p>sen�do do texto, por:</p><p>a) Por conseguinte.</p><p>b) Inclusive.</p><p>c) Todavia.</p><p>d) Além disso.</p><p>e) Conquanto.</p><p>GR0363 - (Uerj)</p><p>Violência e psiquiatria</p><p>O �po de violência que aqui considerarei pouco</p><p>tem a ver com pessoas que u�lizam martelos para</p><p>golpear a cabeça de outras, nem se aproximará muito</p><p>do</p><p>que se supõe façam os doentes mentais. Se se quer falar</p><p>de violência em psiquiatria, a violência que brada, que se</p><p>proclama em tão alta voz que raramente é ouvida, é a</p><p>su�l, tortuosa violência perpetrada pelos outros, pelos</p><p>“sadios”, contra os rotulados de “loucos”. Na medida em</p><p>que a psiquiatria representa os interesses ou pretensos</p><p>interesses dos sadios, podemos descobrir que, de fato, a</p><p>violência em psiquiatria é sobretudo a violência da</p><p>psiquiatria.</p><p>Quem são porém as pessoas sadias? Como se</p><p>definem a si próprias? As definições de saúde mental</p><p>propostas pelos especialistas ou estabelecem a</p><p>necessidade do conformismo a um conjunto de normas</p><p>sociais arbitrariamente pressupostas, ou são tão</p><p>convenientemente gerais – como, por exemplo, “a</p><p>capacidade de tolerar conflitos” – que deixam de fazer</p><p>sen�do. Fica-se com a lamentável reflexão de que os</p><p>sadios serão, talvez, todos aqueles que não seriam</p><p>admi�dos na enfermaria de observação psiquiátrica. Ou</p><p>seja, eles se definem pela ausência de certa experiência.</p><p>Sabe-se, porém, que os nazistas asfixiaram com</p><p>gás dezenas de milhares de doentes mentais, assim como</p><p>dezenas de milhares de outros �veram seus cérebros</p><p>mu�lados ou danificados por sucessivas séries de</p><p>choques elétricos: suas personalidades foram</p><p>deformadas, de modo sistemá�co, pela</p><p>ins�tucionalização psiquiátrica. Como podem fatos tão</p><p>concretos emergir na base de uma ausência, de uma</p><p>nega�vidade – a compulsiva não loucura dos sadios? De</p><p>fato, toda a área de definição de sanidade mental e</p><p>loucura é tão confusa, e os que se arriscam dentro dela</p><p>são tão aterrorizados pela ideia do que possam</p><p>encontrar, não só nos “outros” como também em si</p><p>mesmos, que se deve considerar seriamente a renúncia</p><p>ao projeto.</p><p>DAVID COOPER. Adaptado de Psiquiatria e</p><p>an�psiquiatria. São Paulo: Perspec�va, 1967.</p><p>6@professorferretto @prof_ferretto</p><p>a violência em psiquiatria é sobretudo a violência da</p><p>psiquiatria. (1º parágrafo, itálico)</p><p>A relação entre “violência” e “psiquiatria” é destacada</p><p>pelos dois termos sublinhados, que expressam,</p><p>respec�vamente, as noções de:</p><p>a) substância e causa</p><p>b) posse e matéria</p><p>c) foco e assunto</p><p>d) área e agente</p><p>GR0547 - (Uerj)</p><p>A QUESTÃO REFERE-SE AO ROMANCE O MEU AMIGO</p><p>PINTOR, DE LYGIA BOJUNGA (Rio de Janeiro: Casa Lygia</p><p>Bojunga, 2015).</p><p>Nas prá�cas primi�vas, solidariedade é par�lhar pão,</p><p>manta e sêmen. Sou do tempo moderno. Prefiro dar a</p><p>minha vida e o meu sangue a quem deles precisa. (cap. 4)</p><p>A escrita do romance é bastante marcada por frases mais</p><p>breves, que se aproximam da oralidade. Entre essas</p><p>frases, mesmo sem a presença de conectores, é possível</p><p>recuperar relações de sen�do. No fragmento citado,</p><p>entre a primeira frase e a segunda, e entre a segunda e a</p><p>terceira, iden�ficam-se, respec�vamente, relações de:</p><p>a) adversidade e consequência.</p><p>b) comparação e alternância.</p><p>c) adição e conformidade.</p><p>d) condição e finalidade.</p><p>GR0271 - (Unesp)</p><p>Leia o trecho do romance Quincas Borba, de Machado de</p><p>Assis, publicado originalmente em 1891.</p><p>— […] O encontro de duas expansões, ou a</p><p>expansão de duas formas, pode determinar a supressão</p><p>de uma delas; mas, rigorosamente, não há morte, há</p><p>vida, porque a supressão de uma é condição da</p><p>sobrevivência da outra, e a destruição não a�nge o</p><p>princípio universal e comum. Daí o caráter conservador e</p><p>benéfico da guerra. Supõe tu um campo de batatas e</p><p>duas tribos famintas. As batatas apenas chegam para</p><p>alimentar uma das tribos, que assim adquire forças para</p><p>transpor a montanha e ir à outra vertente, onde há</p><p>batatas em abundância; mas, se as duas tribos dividirem</p><p>em paz as batatas do campo, não chegam a nutrir-se</p><p>suficientemente e morrem de inanição. A paz, nesse</p><p>caso, é a destruição; a guerra é a conservação. Uma das</p><p>tribos extermina a outra e recolhe os despojos. Daí a</p><p>alegria da vitória, os hinos, aclamações, recompensas</p><p>públicas e todos os demais efeitos das ações bélicas. Se a</p><p>guerra não fosse isso, tais demonstrações não chegariam</p><p>a dar-se, pelo mo�vo real de que o homem só comemora</p><p>e ama o que lhe é aprazível ou vantajoso, e pelo mo�vo</p><p>racional de que nenhuma pessoa canoniza uma ação que</p><p>virtualmente a destrói. Ao vencido, ódio ou compaixão;</p><p>ao vencedor, as batatas. [...] Aparentemente, há nada</p><p>mais contristador que uma dessas terríveis pestes que</p><p>devastam um ponto do globo? E, todavia, esse suposto</p><p>mal é um bene�cio, não só porque elimina os organismos</p><p>fracos, incapazes de resistência, como porque dá lugar à</p><p>observação, à descoberta da droga cura�va. A higiene é</p><p>filha de podridões seculares; devemo-la a milhões de</p><p>corrompidos e infectos. Nada se perde, tudo é ganho.</p><p>(Quincas Borba, 2016.)</p><p>Em “mas, rigorosamente, não há morte, há vida, porque</p><p>a supressão de uma é condição da sobrevivência da</p><p>outra” e “As batatas apenas chegam para alimentar uma</p><p>das tribos”, os termos sublinhados estabelecem relação,</p><p>respec�vamente, de</p><p>a) consequência e conformidade.</p><p>b) causa e conformidade.</p><p>c) conformidade e consequência.</p><p>d) causa e finalidade.</p><p>e) consequência e finalidade.</p><p>GR0329 - (Fuvest)</p><p>E Sofia? interroga impaciente a leitora, tal qual Orgon: Et</p><p>Tartufe? Ai, amiga minha, a resposta é naturalmente a</p><p>mesma, – também ela comia bem, dormia largo e fofo, –</p><p>coisas que, aliás, não impedem que uma pessoa ame,</p><p>quando quer amar. Se esta úl�ma reflexão é o mo�vo</p><p>secreto da vossa pergunta, deixai que vos diga que sois</p><p>muito indiscreta, e que eu não me quero senão com</p><p>dissimulados.</p><p>Repito, comia bem, dormia largo e fofo. Chegara ao fim</p><p>da comissão das Alagoas, com elogios da imprensa; a</p><p>Atalaia chamou-lhe “o da consolação”. E não se pense</p><p>que este nome a alegrou, posto que a lisonjeasse; ao</p><p>contrário, resumindo em Sofia toda a ação da caridade,</p><p>podia mor�ficar as novas amigas, e fazer-lhe perder em</p><p>um dia o trabalho de longos meses. Assim se explica o</p><p>ar�go que a mesma folha trouxe no número seguinte,</p><p>nomeando, par�cularizando e glorificando as outras</p><p>comissárias – “estrelas de primeira grandeza”.</p><p>Machado de Assis, Quincas Borba.</p><p>Considerando o contexto, o trecho “E não se pense que</p><p>este nome a alegrou, posto que a lisonjeasse”</p><p>(sublinhado) pode ser reescrito, sem prejuízo de sen�do,</p><p>da seguinte maneira: E não se pense que este nome a</p><p>alegrou,</p><p>7@professorferretto @prof_ferretto</p><p>a) apesar de lisonjeá-la.</p><p>b) antes a lisonjeou.</p><p>c) porque a lisonjeava.</p><p>d) a fim de lisonjeá-la.</p><p>e) tanto quanto a lisonjeava.</p><p>GR0256 - (Unesp)</p><p>Leia o soneto “Nasce o Sol, e não dura mais que um dia”,</p><p>do poeta Gregório de Matos (1636-1696).</p><p>Nasce o Sol, e não dura mais que um dia,</p><p>Depois da Luz se segue a noite escura,</p><p>Em tristes sombras morre a formosura,</p><p>Em con�nuas tristezas a alegria.</p><p>Porém, se acaba o Sol, por que nascia?</p><p>Se é tão formosa a Luz, por que não dura?</p><p>Como a beleza assim se transfigura?</p><p>Como o gosto da pena assim se fia?</p><p>Mas no Sol, e na Luz falte a firmeza,</p><p>Na formosura não se dê constância,</p><p>E na alegria sinta-se tristeza.</p><p>Começa o mundo enfim pela ignorância,</p><p>E tem qualquer dos bens por natureza</p><p>A firmeza somente na inconstância.</p><p>(Poemas escolhidos, 2010.)</p><p>Em “Nasce o Sol, e não dura mais que um dia,” (1ª</p><p>estrofe), a conjunção adi�va “e” assume valor</p><p>a) causal.</p><p>b) alterna�vo.</p><p>c) conclusivo.</p><p>d) adversa�vo.</p><p>e) explica�vo.</p><p>GR0339 - (Fuvest)</p><p>A escrita faz de tal modo parte de nossa civilização que</p><p>poderia servir de definição dela própria. A história da</p><p>humanidade se divide em duas imensas eras: antes e a</p><p>par�r da escrita. Talvez venha o dia de uma terceira era</p><p>— depois da escrita. Vivemos os séculos da civilização</p><p>escrita. Todas as nossas sociedades baseiam-se no</p><p>escrito. A lei escrita subs�tui a lei oral, o contrato escrito</p><p>subs�tui a convenção verbal, a religião escrita se seguiu à</p><p>tradição lendária. E sobretudo não existe história que não</p><p>se funde sobre textos.</p><p>Charles Higounet. A história da escrita. Adaptado.</p><p>A locução conjun�va “de tal modo…que” e o advérbio</p><p>“sobretudo”, respec�vamente, expressam noção de:</p><p>a) conformidade e dúvida.</p><p>b) consequência e realce.</p><p>c) condição e negação.</p><p>d) consequência e negação.</p><p>e) condição e realce.</p><p>GR0404 -</p><p>(Unesp)</p><p>Leia o soneto “Alma minha gen�l, que te par�ste”, do</p><p>poeta português Luís de Camões (1525?-1580).</p><p>Alma minha gen�l, que te par�ste</p><p>tão cedo desta vida descontente,</p><p>repousa lá no Céu eternamente,</p><p>e viva eu cá na terra sempre triste.</p><p>Se lá no assento etéreo, onde subiste,</p><p>memória desta vida se consente,</p><p>não te esqueças daquele amor ardente</p><p>que já nos olhos meus tão puro viste.</p><p>E se vires que pode merecer-te</p><p>alguma coisa a dor que me ficou</p><p>da mágoa, sem remédio, de perder-te,</p><p>roga a Deus, que teus anos encurtou,</p><p>que tão cedo de cá me leve a ver-te,</p><p>quão cedo de meus olhos te levou.</p><p>(Sonetos, 2001.)</p><p>Assento etéreo: assento espiritual, céu</p><p>Consente: permite</p><p>“Se lá no assento etéreo, onde subiste, memória desta</p><p>vida se consente,” (2ª estrofe)</p><p>Os termos destacados cons�tuem</p><p>a) pronomes.</p><p>b) conjunções.</p><p>c) uma conjunção e um advérbio, respec�vamente.</p><p>d) um pronome e uma conjunção, respec�vamente.</p><p>e) uma conjunção e um pronome, respec�vamente.</p><p>GR0342 - (Fuvest)</p><p>Presentemente eu posso me considerar um sujeito de</p><p>sorte</p><p>Porque apesar de muito moço, me sinto são e salvo e</p><p>forte</p><p>E tenho comigo pensado, Deus é brasileiro e anda do</p><p>meu lado</p><p>E assim já não posso sofrer no ano passado</p><p>8@professorferretto @prof_ferretto</p><p>Tenho sangrado demais, tenho chorado pra cachorro</p><p>Ano passado eu morri, mas esse ano eu não morro</p><p>Belchior. “Sujeito de sorte”.</p><p>Leia as seguintes afirmações a respeito da letra da</p><p>música:</p><p>I. Os adjuntos adverbiais temporais remetem a um</p><p>contraste entre passado e presente, o que reforça o</p><p>caráter metafórico do texto.</p><p>II. A locução “apesar de” contribui para a expressão de</p><p>um sen�mento inesperado em relação ao sen�do de</p><p>“muito moço”.</p><p>III. As formas verbais “morri” e “morro”, embora se</p><p>refiram a momentos dis�ntos, apresentam sen�do</p><p>denota�vo.</p><p>Está correto o que se afirma em:</p><p>a) I, apenas.</p><p>b) II, apenas.</p><p>c) I e II, apenas.</p><p>d) II e III, apenas.</p><p>e) I, II e III.</p><p>GR0380 - (Unicamp)</p><p>O telejornalismo é um dos principais produtos</p><p>televisivos. Sejam as no�cias boas ou ruins, ele precisa</p><p>garan�r uma experiência este�camente agradável para o</p><p>espectador. Em suma, ser um “infotenimento”, para atrair</p><p>pres�gio, anunciante e rentabilidade. Porém, a atmosfera</p><p>pesada do início do ano baixou nos telejornais:</p><p>Brumadinho, jovens atletas mortos no incêndio do CT do</p><p>Flamengo, no�cias diárias de feminicídios, de valentões</p><p>armados matando em brigas de trânsito e</p><p>supermercados. Conjunções adversa�vas e adjuntos</p><p>adverbiais já não dão mais conta de neutralizar o tsunami</p><p>de tragédias e violência, e de amenizar as más no�cias</p><p>para garan�r o “infotenimento”. No jornal, é apresentada</p><p>matéria sobre uma mulher brutalmente espancada,</p><p>internada com diversas fraturas no rosto. Em frente ao</p><p>hospital, uma repórter fala: “mas a boa no�cia é que ela</p><p>saiu da UTI e não precisará mais de cirurgia reparadora</p><p>na face...”. Agora, repórteres repetem a expressão “a boa</p><p>no�cia é que...”, buscando alguma brecha de esperança</p><p>no “outro lado” das más no�cias.</p><p>(Adaptado de Wilson R. V. Ferreira, Globo adota “a boa</p><p>no�cia é que...” para tentar se salvar do baixo astral</p><p>nacional. Disponível em h�ps://cinegnose. Blogs</p><p>pot.com/2019/02/globo-adotaboa-no�cia-eque-</p><p>para.html. Acessado em 01/03 /2019.)</p><p>Considerando a matéria apresentada no jornal, o uso da</p><p>conjunção adversa�va seguido da expressão “a boa</p><p>no�cia é que” permite ao jornalista</p><p>a) apontar a gravidade da no�cia e compensá-la.</p><p>b) expor a neutralidade da no�cia e reforçá-la.</p><p>c) minimizar a relevância da no�cia e acentuá-la.</p><p>d) revelar a importância da no�cia e enfa�zá-la.</p><p>GR0116 - (Ufsm)</p><p>Super-heróis ajudam crianças a aceitar quimioterapia</p><p>Hospital cria tratamento infan�l com acessórios da Liga</p><p>da Jus�ça e oferece gibi sobre a luta do Batman contra o</p><p>câncer como inspiração a crianças com a doença.</p><p>Batman está com câncer, mas os vilões nem</p><p>�veram tempo de comemorar a revelação feita na edição</p><p>extra da história em quadrinhos (HQ). Logo após o</p><p>diagnós�co, o herói mascarado já começou a receber</p><p>uma "Superfórmula" contra a doença e, apesar de ter</p><p>perdido cabelo e emagrecido um pouco, está forte para</p><p>voltara combater o mal.</p><p>Na vida real, todos os pacientes infan�s</p><p>atendidos no Centro de Referência AC.Camargo, em São</p><p>Paulo, também passaram a ter acesso ao tratamento que,</p><p>no gibi, promete salvar a vida do homem-morcego.</p><p>Parceria firmada há 20 dias entre o AC. Camargo,</p><p>a Warner e a agência JWT transformou o 6º andar da</p><p>unidade hospitalar na nova sede da Liga da Jus�ça. O QG</p><p>de super-heróis instalado no hospital tem 15 vagas</p><p>ocupadas por heróis mirins que precisam de uma</p><p>ajudinha externa da medicina para voltar à a�va. Natan</p><p>Henrique Roseno, 7 anos, e Porthos Mar�nez, 13, são os</p><p>integrantes mais recentes da ala infan�l.</p><p>Após lerem a HQ com a trajetória vitoriosa de</p><p>Batman, os meninos estavam confiantes de que a</p><p>Superfórmula também vai ajudá-los a vencera leucemia</p><p>diagnos�cada em ambos. [...]</p><p>Todos os quartos e acessórios u�lizados no</p><p>tratamento dos pacientes da oncologia pediátrica</p><p>receberam a adaptação em cores, símbolos e adereços</p><p>de personagens como Mulher-Maravilha, Batman,</p><p>Lanterna Verde e Superman.</p><p>A chefe da oncologia pediátrica do AC.Camargo,</p><p>Cecília Maria de Lima da Costa, explica que usar os</p><p>adereços é uma fórmula de apresentar o câncer 30 às</p><p>crianças de uma maneira lúdica e didá�ca, já que elas</p><p>precisam entender o tratamento para aceitá-lo melhor.</p><p>"A quimioterapia tem efeitos colaterais que não</p><p>são agradáveis (como enjoos, ape�te desregulado, queda</p><p>de cabelos). Se a criança não entende que o</p><p>medicamento é um bene�cio, apesar de todos esses</p><p>sintomas, pode ficar confusa e resistente", afirma a</p><p>especialista.</p><p>Enxergar a vilã quimioterapia como a mocinha</p><p>Superfórmula faz toda a diferença para os meninos e as</p><p>meninas, dizem os próprios heróis-mirins. [...] "Fica</p><p>menos confuso na cabeça da gente. Porque às vezes eu</p><p>9@professorferretto @prof_ferretto</p><p>não gosto dos remédios, dá um nó no estômago. Mas sei</p><p>que eles vão me ajudar e saber disso ajuda", diz um dos</p><p>garotos.</p><p>Fonte: ARANHA, Fernanda. Minha Saúde. iG São Paulo.</p><p>Disponível em:</p><p>Acesso</p><p>em: 06. jun. 2013. (adaptado).</p><p>Assinale a alterna�va correta quanto ao papel semân�co</p><p>exercido pela preposição no excerto em destaque, tendo</p><p>em vista o contexto em que foi empregada no texto.</p><p>a) "Superfórmula contra a doença" - proximidade</p><p>b) "a HQ com a trajetória vitoriosa" - companhia</p><p>c) "oncologia pediátrica do AC.Camargo" - posse</p><p>d) "apresentar o câncer às crianças" - causa</p><p>e) "faz toda a diferença para os meninos e as meninas" -</p><p>lugar</p><p>GR0394 - (Fuvest)</p><p>CONFIDÊNCIAS DO ITABIRANO</p><p>Alguns anos vivi em Itabira.</p><p>Principalmente nasci em Itabira.</p><p>Por isso sou triste, orgulhoso: de ferro.</p><p>Noventa por cento de ferro nas calçadas.</p><p>Oitenta por cento de ferro nas almas.</p><p>E esse alheamento do que na vida é</p><p>[porosidade e comunicação.</p><p>A vontade de amar, que me paralisa o trabalho,</p><p>vem de Itabira, de suas noites brancas,</p><p>[sem mulheres e sem horizontes.</p><p>E o hábito de sofrer, que tanto me diverte,</p><p>é doce herança itabirana.</p><p>De Itabira trouxe prendas que ora te ofereço:</p><p>este São Benedito do velho santeiro Alfredo Duval;</p><p>esta pedra de ferro, futuro aço do Brasil;</p><p>este couro de anta, estendido no sofá da sala de</p><p>[visitas;</p><p>este orgulho, esta cabeça baixa...</p><p>Tive ouro, �ve gado, �ve fazendas.</p><p>Hoje sou funcionário público.</p><p>Itabira é apenas uma fotografia na parede.</p><p>Mas como dói!</p><p>Carlos Drummond de Andrade, Sen�mento do Mundo</p><p>Na úl�ma estrofe, a expressão que jus�fica o uso da</p><p>conjunção sublinhada no verso “Mas como dói!” é:</p><p>a) “Hoje”.</p><p>b) “funcionário público”.</p><p>c) “apenas”.</p><p>d) “fotografia”.</p><p>e) “parede”.</p><p>GR0534 - (Unifesp)</p><p>O principal enfoque em O erro de Descartes é a</p><p>relação entre emoção e razão. Baseado em meu estudo</p><p>de pacientes neurológicos que apresentavam deficiências</p><p>na tomada de decisão e distúrbios da emoção, construí a</p><p>hipótese de que a emoção era parte integrante do</p><p>processo de raciocínio e poderia auxiliar esse processo</p><p>ao</p><p>invés de, como se costumava supor, necessariamente</p><p>perturbá-lo. Hoje em dia essa ideia já não causa espécie,</p><p>mas na época em que a apresentei muita gente</p><p>estranhou, e mesmo a recebeu com certo ce�cismo.</p><p>Tudo sopesado, a ideia, em grande medida, foi aceita e</p><p>até, em certos casos, acolhida com tanta sofreguidão que</p><p>acabou deturpada. Por exemplo, nunca afirmei que a</p><p>emoção era um subs�tuto para a razão, mas em algumas</p><p>versões superficiais depreendia-se que minha ideia era</p><p>que se você seguisse o coração em vez da razão tudo</p><p>daria certo.</p><p>Na verdade, em certas ocasiões a emoção pode ser</p><p>um subs�tuto para a razão. O programa de ação</p><p>emocional que denominamos medo pode afastar</p><p>rapidamente do perigo a maioria dos seres humanos com</p><p>pouca ou nenhuma ajuda da razão. Um esquilo ou um</p><p>pássaro não pensa para reagir a uma ameaça, e o mesmo</p><p>pode acontecer a um humano. Aí é que está a beleza no</p><p>modo como a emoção tem funcionado no decorrer da</p><p>evolução: ela abre a possibilidade de levar seres vivos a</p><p>agir de maneira inteligente sem precisar pensar com</p><p>inteligência. Acontece que, nos humanos, essa história</p><p>tornou-se mais complexa, para o bem e para o mal. O</p><p>raciocínio faz o que fazem as emoções, mas alcança o</p><p>resultado conscientemente. O raciocínio nos dá a opção</p><p>de pensar com inteligência antes de agir de maneira</p><p>inteligente, e isso é bom: descobrimos que muitos dos</p><p>problemas que encontramos em nosso complexo</p><p>ambiente podem ser resolvidos apenas com emoções,</p><p>porém não todos, e nestas ocasiões as soluções que a</p><p>emoção oferece são, na realidade, contraproducentes.</p><p>Mas como evoluiu nas espécies complexas o sistema</p><p>de raciocínio inteligente? A proposta inovadora em O</p><p>erro de Descartes é que o sistema de raciocínio evoluiu</p><p>como uma extensão do sistema emocional automá�co,</p><p>com a emoção desempenhando vários papéis no</p><p>processo de raciocínio.</p><p>(O erro de Descartes: emoção, razão e o cérebro</p><p>humano, 2012. Adaptado)</p><p>10@professorferretto @prof_ferretto</p><p>O termo sublinhado em “nunca afirmei que a emoção era</p><p>um subs�tuto para a razão” (1º parágrafo) pertence à</p><p>mesma classe grama�cal do termo sublinhado em:</p><p>a) “na época em que a apresentei muita gente</p><p>estranhou” (1º parágrafo).</p><p>b) “O raciocínio nos dá a opção de pensar com</p><p>inteligência” (2º parágrafo).</p><p>c) “a hipótese de que a emoção era parte integrante do</p><p>processo de raciocínio” (1º parágrafo).</p><p>d) “com a emoção desempenhando vários papéis no</p><p>processo de raciocínio” (3º parágrafo).</p><p>e) “Um esquilo ou um pássaro não pensa para reagir a</p><p>uma ameaça” (2º parágrafo).</p><p>GR0390 - (Fuvest)</p><p>1 Tornando da malograda espera do �gre,</p><p>2 alcançou o capanga um casal de velhinhos, que</p><p>3 seguiam diante dele o mesmo caminho e conversa-</p><p>4 vam acerca de seus negócios par�culares. Das</p><p>5 poucas palavras que apanhara, percebeu Jão Fera</p><p>6 que des�navam eles uns cinquenta mil-réis, tudo</p><p>7 quanto possuíam, à compra de man�mentos, a fim</p><p>8 de fazer um moquirão*, com que pretendiam abrir</p><p>9 uma boa roça.</p><p>10 — Mas chegará, homem? perguntou a velha.</p><p>11 — Há de se espichar bem, mulher!</p><p>12 Uma voz os interrompeu:</p><p>13 — Por este preço dou eu conta da roça!</p><p>14 — Ah! É nhô Jão!</p><p>15 Conheciam os velhinhos o capanga, a quem</p><p>16 �nham por homem de palavra, e de fazer o que</p><p>17 prome�a. Aceitaram sem mais hesitação; e foram</p><p>18 mostrar o lugar que estava des�nado para o roçado.</p><p>19 — Acompanhou-os Jão Fera; porém, mal seus</p><p>20 olhos descobriram entre os utensílios a enxada, a</p><p>21 qual ele esquecera um momento no afã de ganhar a</p><p>22 soma precisa, que sem mais deu costas ao par de</p><p>23 velhinhos e foi-se deixando-os embasbacados.</p><p>(José de Alencar, Til.)</p><p>* moquirão = mu�rão (mobilização cole�va para auxílio</p><p>mútuo, de caráter gratuito)</p><p>Considerada no contexto, a palavra sublinhada no trecho</p><p>“mal seus olhos descobriram entre os utensílios a</p><p>enxada” (L. 19-20) expressa ideia de</p><p>a) tempo.</p><p>b) qualidade.</p><p>c) intensidade.</p><p>d) modo.</p><p>e) negação.</p><p>GR0371 - (Uerj)</p><p>Ideias para adiar o fim do mundo</p><p>Quando se completaram quinhentos anos da</p><p>travessia de Cabral e companhia, recusei um convite para</p><p>vir a Portugal. Eu disse: “Essa é uma �pica festa</p><p>portuguesa, vocês vão celebrar a invasão do meu canto</p><p>do mundo. Não vou, não”. Porém, não transformei isso</p><p>numa rixa e pensei: “Vamos ver o que acontece no</p><p>futuro”.</p><p>Em 2017, ano em que Lisboa foi capital ibero-</p><p>americana de cultura, ocorreu um ciclo de eventos muito</p><p>interessante, com performances de teatro, mostra de</p><p>cinema e palestras. Fui convidado a par�cipar, e, dessa</p><p>vez, nosso amigo Eduardo Viveiros de Castro faria uma</p><p>conferência no teatro Maria Matos, chamada “Os</p><p>involuntários da pátria”. Então, pensei: “Esse assunto me</p><p>interessa, vou também”. No dia seguinte ao da fala do</p><p>Eduardo, �ve a oportunidade de encontrar muita gente</p><p>que se interessou pela estreia do documentário Ailton</p><p>Krenak e o sonho da pedra, dirigido por Marco Altberg. O</p><p>filme é uma boa introdução ao tema de que quero tratar:</p><p>como é que, ao longo dos úl�mos 2 mil ou 3 mil anos,</p><p>nós construímos a ideia de humanidade? Será que ela</p><p>não está na base de muitas das escolhas erradas que</p><p>fizemos, jus�ficando o uso da violência?</p><p>(...)</p><p>AILTON KRENAK. Adaptado de Ideias para adiar o fim do</p><p>mundo. São Paulo: Companhia das Letras, 2019</p><p>Nas prá�cas primi�vas, solidariedade é par�lhar pão,</p><p>manta e sêmen. Sou do tempo moderno. Prefiro dar a</p><p>minha vida e o meu sangue a quem deles precisa. (cap. 4)</p><p>A escrita do romance é bastante marcada por frases mais</p><p>breves, que se aproximam da oralidade. Entre essas</p><p>frases, mesmo sem a presença de conectores, é possível</p><p>recuperar relações de sen�do. No fragmento citado,</p><p>entre a primeira frase e a segunda, e entre a segunda e a</p><p>terceira, iden�ficam-se, respec�vamente, relações de:</p><p>a) adversidade e consequência</p><p>b) comparação e alternância</p><p>c) adição e conformidade</p><p>d) condição e finalidade</p><p>GR0367 - (Uerj)</p><p>CREONTE:</p><p>Esperem um pouco</p><p>Eu preciso de alguém pra refle�r</p><p>comigo se eu estou caduco, louco,</p><p>ou o mundo está ficando esquisito...</p><p>Fazem baderna, chiam, quebram trem,</p><p>Quebram estação, muito bem, bonito</p><p>11@professorferretto @prof_ferretto</p><p>E a gente inda tem que dizer amém</p><p>(...)</p><p>JASÃO:</p><p>Não discuto quebrar... Agora</p><p>quem às três da manhã tá de olho aberto,</p><p>se espreme pra chegar no emprego às sete,</p><p>lá passa o dia todo, volta às onze</p><p>da noite pra acordar a canivete</p><p>de novo às três, �nha que ser de bronze</p><p>pra fazer isso sempre, todo dia</p><p>(...)</p><p>Na resposta de Jasão a Creonte, o uso da palavra “agora”,</p><p>sublinhada acima, possui função argumenta�va,</p><p>expressando sen�do de:</p><p>a) condição</p><p>b) oposição</p><p>c) conclusão</p><p>d) explicação</p><p>GR0115 - (Fgv)</p><p>Foi exatamente durante o almoço que se deu o</p><p>fato.</p><p>Almira con�nuava a querer saber por que Alice</p><p>viera atrasada e de olhos vermelhos. Aba�da, Alice mal</p><p>respondia. Almira comia com avidez e insis�a com os</p><p>olhos cheios de lágrimas.</p><p>– Sua gorda! disse Alice de repente, branca de</p><p>raiva. Você não pode me deixar em paz?!</p><p>Almira engasgou-se com a comida, quis falar,</p><p>começou a gaguejar. Dos lábios macios de Alice haviam</p><p>saído palavras que não conseguiam descer com a comida</p><p>pela garganta de Almira G. de Almeida.</p><p>– Você é uma chata e uma introme�da, rebentou</p><p>de novo Alice. Quer saber o que houve, não é? Pois vou</p><p>lhe contar, sua chata: é que Zequinha foi embora para</p><p>Porto Alegre e não vai mais voltar! Agora está contente,</p><p>sua gorda?</p><p>Na verdade Almira parecia ter engordado mais</p><p>nos úl�mos momentos, e com comida ainda parada na</p><p>boca.</p><p>Foi então que Almira começou a despertar. E,</p><p>como se fosse uma magra, pegou o garfo e enfiou-o no</p><p>pescoço de Alice. O restaurante, ao que se disse no</p><p>jornal, levantou-se como uma só pessoa. Mas a gorda,</p><p>mesmo depois de ter feito o gesto, con�nuou sentada</p><p>olhando para o chão, sem ao menos olhar o sangue da</p><p>outra.</p><p>Alice foi ao pronto-socorro, de onde saiu com</p><p>cura�vos e os olhos ainda regalados de espanto. Almira</p><p>foi presa em flagrante.</p><p>Na prisão, Almira comportou-se com delicadeza</p><p>e alegria, talvez melancólica, mas alegria mesmo. Fazia</p><p>graças para as companheiras. Finalmente �nha</p><p>companheiras. Ficou encarregada da roupa suja, e dava-</p><p>se muito bem com as guardiãs, que vez por outra lhe</p><p>arranjavam uma barra de chocolate.</p><p>(Clarice Lispector. A Legião Estrangeira, 1964. Adaptado)</p><p>Assinale a alterna�va em que a preposição “de” forma</p><p>uma expressão indica�va de causa.</p><p>a) ... por que Alice viera atrasada e de olhos vermelhos.</p><p>b) ... e insis�a com os olhos cheios de lágrimas.</p><p>c) – Sua gorda! disse Alice de repente, branca de raiva.</p><p>d) ... pegou o garfo e enfiou-o no pescoço de Alice.</p><p>e) Mas a gorda, mesmo depois de ter feito o gesto...</p><p>GR0345 - (Pucrj)</p><p>Sendo principalmente um jogo com limites, a</p><p>arte contemporânea rompe tanto com a arte clássica</p><p>quanto com a moderna. Uma "instalação", ou</p><p>"performance", não se enquadra mais na concepção</p><p>clássica ou moderna de uma obra de arte, ou seja, de</p><p>uma pintura enquadrada ou de uma escultura num</p><p>pedestal. Não demonstra mais nenhum vínculo entre a</p><p>obra de arte e a interioridade, ou até mesmo o corpo do</p><p>ar�sta; e a ironia e a jocosidade são mais importantes do</p><p>que a seriedade. Mediações técnicas ou sociais se</p><p>tornam necessárias, juntamente com técnicas especiais</p><p>como fotografia ou vídeo para garan�r a durabilidade da</p><p>obra. Além do mais, essas técnicas fogem, muitas vezes,</p><p>às regras dos museus, a ro�nas econômicas, a restrições</p><p>de transporte e de seguro ou a técnicas de restauração.</p><p>Em virtude de tudo isso, a arte contemporânea é mais do</p><p>que um novo período ar�s�co e mais do que uma nova</p><p>categoria esté�ca. Trata-se de um novo paradigma, que</p><p>transforma completamente o mundo da arte.</p><p>Na arte contemporânea, a transgressão mais</p><p>importante dos critérios comuns usados para definir a</p><p>arte é que a obra de arte já não consiste exclusivamente</p><p>no objeto proposto pelo ar�sta, mas em todo o conjunto</p><p>de operações, ações, interpretações etc. provocadas por</p><p>sua proposição.</p><p>A transgressão dos limites da arte significa</p><p>também o emprego de novos �pos de materiais ou</p><p>modos de apresentação. Instalações, performances, land</p><p>art, arte corporal, vídeo, fotografias em cores em grande</p><p>escala, mul�mídia e arte ciberné�ca fazem parte do</p><p>vocabulário básico do ar�sta contemporâneo. Esta é</p><p>outra grande diferença em relação à arte clássica e</p><p>moderna, pois durante séculos, até o início da década de</p><p>1960, as artes visuais eram produzidas com um pequeno</p><p>número de materiais bem definidos: óleo, pastel,</p><p>aquarela, lápis, carvão, água-forte; papel, tela, gesso,</p><p>12@professorferretto @prof_ferretto</p><p>madeira ou pedra, argila, madeira, bronze... Agora, tudo</p><p>mudou. Mesmo sem ver a obra, você consegue adivinhar</p><p>que se trata de arte contemporânea apenas lendo sua</p><p>descrição, como: "latão", "feltro e graxa", "telas de TV",</p><p>"corais e pão", "módulos acús�cos", ou, em termos mais</p><p>amplos, "materiais variados" ou "dimensões variáveis".</p><p>HEINICH, Nathalie. Prá�cas da Arte Contemporânea: uma</p><p>abordagem pragmá�ca a um novo paradigma ar�s�co.</p><p>v.4, n.2. p. 373-390. 2014. Disponível em:</p><p>h�ps://doi.org/10.1590/2238-38752014v424. Acesso</p><p>em: 21 ago. 2021. Adaptado.</p><p>Nos seguintes trechos do texto, o sen�do expresso pelo</p><p>termo sublinhado está corretamente indicado entre</p><p>parênteses em:</p><p>a) Mediações técnicas ou sociais se tornam necessárias,</p><p>juntamente com técnicas especiais como fotografia ou</p><p>vídeo para garan�r a durabilidade da obra.</p><p>(causalidade)</p><p>b) Além do mais, essas técnicas fogem, muitas vezes, às</p><p>regras dos museus, a ro�nas econômicas, a restrições</p><p>de transporte e de seguro ou a técnicas de</p><p>restauração. (atenuação)</p><p>c) Em virtude de tudo isso, a arte contemporânea é mais</p><p>do que um novo período ar�s�co e mais do que uma</p><p>nova categoria esté�ca. (consequência)</p><p>d) Mesmo sem ver a obra, você consegue adivinhar que</p><p>se trata de arte contemporânea apenas lendo sua</p><p>descrição. (concessão)</p><p>GR0106 - (Mackenzie)</p><p>"O resultado é que endureci, calejei, e não é um arranhão</p><p>que penetra esta casca espessa.”</p><p>A conjunção e do período acima pode ser corretamente</p><p>subs�tuída, sem prejuízo do sen�do original, por:</p><p>a) mas.</p><p>b) portanto.</p><p>c) pois.</p><p>d) por que.</p><p>e) no entanto.</p><p>GR0357 - (Uerj)</p><p>Três teses sobre o avanço da febre amarela</p><p>1 Como a febre amarela rompeu os limites da</p><p>Floresta Amazônica e alcançou o Sudeste, a�ngindo os</p><p>grandes centros urbanos? A par�r do ano passado, o</p><p>número de casos da doença alcançou níveis sem</p><p>precedentes nos úl�mos cinquenta anos. Desde o início</p><p>de 2017, foram confirmados 779 casos, 262 deles</p><p>resultando em mortes. Trata-se do maior surto da forma</p><p>silvestre da doença já registrado no país1. Outros 435</p><p>registros ainda estão sob inves�gação.</p><p>2 Como tudo começou? Os navios portugueses</p><p>vindos da África nos séculos XVII e XVIII não trouxeram</p><p>ao Brasil somente escravos e mercadorias. Dois inimigos</p><p>silenciosos vieram junto: o vírus da febre amarela e o</p><p>mosquito Aedes aegyp�. A consequência foi uma série de</p><p>surtos de febre amarela urbana no Brasil, com milhares</p><p>de mortos2. Por volta de 1940, a febre amarela urbana foi</p><p>erradicada. Mas o vírus migrou, pelo trânsito de pessoas</p><p>infectadas, para zonas de floresta na região Amazônica.</p><p>No início dos anos 2000, a febre amarela ressurgiu em</p><p>áreas da Mata Atlân�ca. Três teses tentam explicar o</p><p>fenômeno.</p><p>3 Segundo o professor Aloísio Falqueto, da</p><p>Universidade Federal do Espírito Santo, “uma pessoa</p><p>pegou o vírus na Amazônia e entrou na Mata Atlân�ca</p><p>depois, possivelmente na altura de Montes Claros, em</p><p>Minas Gerais, onde surgiram casos de macacos e pessoas</p><p>infectadas”. O vírus teria se espalhado porque os</p><p>primatas da mata eram vulneráveis: como o vírus</p><p>desaparece da região na década de 1940, não</p><p>desenvolveram an�corpos. Logo os macacos passaram a</p><p>ser mortos por seres humanos que temem contrair a</p><p>doença. O massacre desses bichos, porém, é um “�ro no</p><p>pé”, o que faz crescer a chance de contaminação de</p><p>pessoas. Sem primatas para picar na copa das árvores, os</p><p>mosquitos procuram sangue humano3.</p><p>4 De acordo com o pesquisador Ricardo Lourenço,</p><p>do Ins�tuto Oswaldo Cruz, os mosquitos transmissores</p><p>da doença se deslocaram do Norte para o Sudeste,</p><p>voando ao longo de rios e corredores de mata. Es�ma-se</p><p>que um mosquito seja capaz de voar 3 km por dia. Tanto</p><p>o homem quanto o macaco, quando picados, só</p><p>carregam o vírus da febre amarela por cerca de três dias.</p><p>Depois disso, o organismo produz an�corpos4. Em cerca</p><p>de dez dias, primatas e humanos ou morrem ou se</p><p>curam, tornando-se imunes à doença.</p><p>5 Para o infectologista Eduardo Massad, professor</p><p>da Universidade de São Paulo, o rompimento da</p><p>barragem da Samarco, em Mariana (MG), em 2015, teve</p><p>papel relevante na disseminação acelerada da doença no</p><p>Sudeste. A destruição do habitat natural de diferentes</p><p>espécies teria reduzido significa�vamente os predadores</p><p>naturais dos mosquitos. A tragédia ambiental ainda teria</p><p>afetado o sistema imunológico dos macacos, tornando-os</p><p>mais susce�veis ao vírus.</p><p>6 Por que é importante determinar a “viagem” do</p><p>vírus? Basicamente, para orientar as campanhas de</p><p>vacinação. Em 2014, Eduardo Massad elaborou um plano</p><p>de imunização depois que 11 pessoas morreram ví�mas</p><p>de febre amarela em Botucatu (SP): “Eu fiz cálculos</p><p>matemá�cos para determinar qual seria a proporção da</p><p>população nas áreas não vacinadas que deveria ser</p><p>imunizada, considerando os riscos de efeitos adversos da</p><p>13@professorferretto @prof_ferretto</p><p>vacina. Infelizmente, a Secretaria de Saúde não adotou</p><p>essa estratégia. Os casos acontecem exatamente nas</p><p>áreas onde eu havia recomendado a vacinação. A</p><p>Secretaria está correndo atrás do prejuízo”. Desde julho</p><p>de 2017, mais de 100 pessoas foram contaminadas em</p><p>São Paulo e mais de 40 morreram.</p><p>7 O Ministério da Saúde afirmou em nota que,</p><p>desde 2016, os estados e municípios vêm sendo</p><p>orientados para a necessidade de intensificar as medidas</p><p>de prevenção. A orientação é que pessoas em áreas de</p><p>risco se vacinem.</p><p>NATHALIA PASSARINHO. Adaptado de bbc.com,</p><p>06/02/2018</p><p>A frase que contém uma explicação do conteúdo da frase</p><p>anterior está sublinhada em:</p><p>a) Desde o início de 2017, foram confirmados 779 casos,</p><p>262 deles resultando em mortes. Trata-se do maior</p><p>surto da forma silvestre</p><p>da doença já registrado no</p><p>país. (1º itálico)</p><p>b) Dois inimigos silenciosos vieram junto: o vírus da febre</p><p>amarela e o mosquito Aedes aegyp�. A consequência</p><p>foi uma série de surtos de febre amarela urbana no</p><p>Brasil, com milhares de mortos. (2º itálico)</p><p>c) O massacre desses bichos, porém, é um “�ro no pé”, o</p><p>que faz crescer a chance de contaminação de pessoas.</p><p>Sem primatas para picar na copa das árvores, os</p><p>mosquitos procuram sangue humano. (3º itálico)</p><p>d) Tanto o homem quanto o macaco, quando picados, só</p><p>carregam o vírus da febre amarela por cerca de três</p><p>dias. Depois disso, o organismo produz an�corpos. (4º</p><p>itálico)</p><p>GR0107 - (Uemg)</p><p>Luz em resistência</p><p>Estou sentada em minha cama, em</p><p>semiobscuridade e me percebo com a cabeça entre as</p><p>mãos, tenho a compulsão de me ajoelhar e prostrar-me,</p><p>é dramá�co o que faço. Me sento de novo e de novo</p><p>ponho a cabeça entre as mãos. Será possível que estou</p><p>representando e representando pra Deus? Quero ficar</p><p>natural, estou sozinha, não dá pra enganar ninguém, mas</p><p>tenho um corpo e de algum modo ele se coloca no</p><p>espaço, impossível não perceber a importância essencial</p><p>do corpo, preciso da língua pra falar. Mas não é porque</p><p>estou sozinha que vou dizer olha eu aqui, Deus, baratear</p><p>o texto. Falo assim: eis-me aqui, dá um jeito do Franz</p><p>aparecer em nossa casa, enquanto o Miguel es�ver</p><p>viajando. Percebo — ai que nojo, percebo demais — que</p><p>disse ‘eis-me’ e depois ‘dá’ no lugar de dai, mas não é</p><p>desrespeito, é fluxo de sen�mento que não tolera</p><p>preocupação com a gramá�ca e — percebo de novo —</p><p>faço isso desde o primário, se corrigir �ra a seiva da</p><p>coisa. Gosto de pérola barroca e cerâmica torta, só não</p><p>gosto de ter tomado consciência de meus lapsos</p><p>grama�cais. “A língua fala dos tesouros do coração?”.</p><p>Então este é o meu tesouro desejo, vou falar com força e</p><p>pausadamente: Deus faz eu ficar com o Franz sozinha,</p><p>por uma hora inteira — uma hora só, não, passa muito</p><p>depressa —, duas horas, só conversando, só isso que eu</p><p>quero, me dá esta graça, meu Pai. Acho que hoje</p><p>escandalizei a Ester, não acontecerá mais. Não sei o que</p><p>fazer com a Sabina que nos interroga como se fôssemos</p><p>culpadas das estranhezas da Bíblia. Ninguém sabe que o</p><p>Franz está em Riachinho e desta vez não é pra fazer</p><p>ponte nenhuma, veio só pra me ver, eu sei, veio por</p><p>minha causa, o bacana. Quando as duas chegarem na</p><p>segunda-feira, informo assim bem casual: amigo nosso</p><p>passou por aqui, etc. e etc., não saberão do que se trata.</p><p>Ao fim do rosário faço o agradecimento pela</p><p>enormíssima graça recebida que é esta — sei que falo</p><p>como se o Senhor fosse se esquecer, mas sou humana —</p><p>a graça, dada pelo Senhor, de ter �do duas horas inteiras</p><p>para ficar com o Franz. Mãe de Deus, pede por mim.</p><p>Perhaps Love, gravar uma fita só com esta música</p><p>começando e acabando e começando de novo e</p><p>acabando e começando. Julinha me surpreendeu</p><p>decorando e falou: tadinha. E eu sei que não foi por</p><p>causa do meu inglês deficitário, ficou com pena é da</p><p>minha menopausa em flor. Em qual dos dois espelhos</p><p>acredito, no que me põe melhor ou no que me dá</p><p>vontade de nunca mais sair de casa? Mãe de Deus, minha</p><p>saudade do Franz é no corpo mas é ilocalizável. Ah, estou</p><p>com saudade dele é na alma, Franz Bota, até o apelido</p><p>dele é precioso, quero o precioso, meu deus, me ajuda a</p><p>ver aquele homem. Se isso fosse teatro, acabava com</p><p>Perhaps Love.</p><p>PRADO, 2011, 2014, p. 17-19.</p><p>Ao longo do texto, nota-se que a narradora se vê</p><p>envolvida em uma série de conflitos. Uma das estratégias</p><p>que a língua tem de expressar ideias conflitantes é o uso</p><p>das conjunções adversa�vas, como a conjunção “mas”</p><p>(“adverso” equivale a “oposto”, “contrário”). De acordo</p><p>com o linguista Oswald Ducrot, as ideias adversas</p><p>ar�culadas por “mas” geralmente estão subentendidas.</p><p>Exemplo: “Está chovendo, mas vou sair”. Nota-se que o</p><p>ato de “chover”, em si, não é oposto ao de “sair”. O que</p><p>ocorre é que, quando se diz “está chovendo”, conclui-se,</p><p>implicitamente, que não se deve sair. Essa conclusão é</p><p>que se opõe, de fato, à segunda oração.</p><p>Com base nessa explicação, assinale a única opção em</p><p>que a conjunção “mas” ar�cula ideias explicitamente</p><p>opostas:</p><p>14@professorferretto @prof_ferretto</p><p>a) “Quero ficar natural, estou sozinha, não dá pra</p><p>enganar ninguém, mas tenho um corpo e de algum</p><p>modo ele se coloca no espaço”.</p><p>b) “Percebo — ai que nojo, percebo demais — que disse</p><p>‘eis-me’ e depois ‘dá’ no lugar de dai, mas não é</p><p>desrespeito.”</p><p>c) “sei que falo como se o Senhor fosse se</p><p>esquecer, mas sou humana”</p><p>d) “Mãe de Deus, minha saudade do Franz é no</p><p>corpo, mas é ilocalizável.”</p><p>GR0399 - (Unicamp)</p><p>Em sua versão benigna, a valorização da malandragem</p><p>corresponde ao elogio da cria�vidade adapta�va e da</p><p>predominância da especificidade das circunstâncias e das</p><p>relações pessoais sobre a frieza reducionista e</p><p>generalizante da lei. Em sua versão maximalista e</p><p>maligna, porém, a valorização da malandragem equivale</p><p>à negação dos princípios elementares de jus�ça, como a</p><p>igualdade perante a lei, e ao descrédito das ins�tuições</p><p>democrá�cas.</p><p>(Adaptado de Luiz Eduardo Soares, Uma interpretação do</p><p>Brasil para contextualizar a violência, em C. A. Messeder</p><p>Pereira, Linguagens da violência. Rio de Janeiro: Rocco,</p><p>2000, p. 23-46.)</p><p>Considerando as posições expressas no texto em relação</p><p>à valorização da malandragem, é correto afirmar que:</p><p>a) O verbo “equivale” relaciona a valorização da</p><p>malandragem à negação da jus�ça, da igualdade</p><p>perante a lei e das ins�tuições democrá�cas.</p><p>b) Entre os pares de termos “benigna/maligna” e</p><p>“maximalista/reducionista” estabelece-se no texto</p><p>uma relação semân�ca de equivalência.</p><p>c) O elogio da malandragem reside na valorização da</p><p>cria�vidade adapta�va e da sensibilidade em</p><p>contraposição à fria aplicação da lei.</p><p>d) O ar�culador discursivo “porém” introduz um</p><p>argumento que se contrapõe à proposta de</p><p>valorização da malandragem.</p><p>GR0108 - (Ita)</p><p>Assinale a opção em que o termo grifado é conjunção</p><p>integrante.</p><p>a) José Leal fez uma reportagem na Ilha das Flores, onde</p><p>ficam os imigrantes logo que chegam. (linha 1)</p><p>b) As pessoas que ele encontrou não eram agricultores e</p><p>técnicos, gente capaz de ser ú�l. (linhas 2 e 3)</p><p>c) Mas eu peço licença para ficar imaginando uma porção</p><p>de coisas vagas, ao olhar essas belas</p><p>fotografias que ilustram a reportagem. (linhas 7 e 8)</p><p>d) [...] e quem nos garante que uma legislação exemplar</p><p>de imigração não teria feito Roberto Burle Marx</p><p>nascer uruguaio, [...] (linhas 25 e 26)</p><p>e) [...] o grande homem do Brasil de amanhã pode</p><p>descender de um clandes�no que neste momento</p><p>está saltando assustado na praça Mauá, [...] (linhas 28</p><p>e 29)</p><p>GR0299 - (Unesp)</p><p>Trecho do livro A solidão dos moribundos, do sociólogo</p><p>alemão Norbert Elias.</p><p>15@professorferretto @prof_ferretto</p><p>Não mais consideramos um entretenimento de</p><p>domingo assis�r a enforcamentos, esquartejamentos e</p><p>suplícios na roda. Assis�mos ao futebol, e não aos</p><p>gladiadores na arena. Se comparados aos da An�guidade,</p><p>nossa iden�ficação com outras pessoas e nosso</p><p>compar�lhamento de seus sofrimentos e morte</p><p>aumentaram. Assis�r a �gres e leões famintos devorando</p><p>pessoas vivas pedaço a pedaço, ou a gladiadores, por</p><p>astúcia e engano, mutuamente se ferindo e matando,</p><p>dificilmente cons�tuiria uma diversão para a qual nos</p><p>prepararíamos com o mesmo prazer que os senadores ou</p><p>o povo romano. Tudo indica que nenhum sen�mento de</p><p>iden�dade unia esses espectadores àqueles que, na</p><p>arena, lutavam por suas vidas. Como sabemos, os</p><p>gladiadores saudavam o imperador ao entrar com as</p><p>palavras “Morituri te salutant” (Os que vão morrer te</p><p>saúdam). Alguns dos imperadores sem dúvida se</p><p>acreditavam imortais. De todo modo, teria sido mais</p><p>apropriado se os gladiadores dissessem “Morituri</p><p>moriturum salutant” (Os que vão morrer saúdam aquele</p><p>que vai morrer). Porém, numa sociedade em que �vesse</p><p>sido possível dizer isso, provavelmente não haveria</p><p>gladiadores ou imperadores. A possibilidade de se dizer</p><p>isso aos dominadores — alguns dos quais mesmo hoje</p><p>têm poder de vida e morte sobre um sem-número de</p><p>seus semelhantes — requer uma desmitologização da</p><p>morte mais ampla do que a que temos hoje, e uma</p><p>consciência muito mais clara de que a espécie humana é</p><p>uma comunidade de mortais e de que as pessoas</p><p>necessitadas só podem esperar ajuda de outras pessoas.</p><p>O problema social da morte é especialmente di�cil de</p><p>resolver porque os vivos acham di�cil iden�ficar-se com</p><p>os moribundos.</p><p>A morte é um problema dos vivos. Os mortos</p><p>não têm problemas. Entre as muitas criaturas que</p><p>morrem na Terra, a morte cons�tui um problema só para</p><p>os seres humanos. Embora compar�lhem o nascimento,</p><p>a doença, a juventude, a maturidade, a velhice e a morte</p><p>com os animais, apenas eles, dentre todos os vivos,</p><p>sabem que morrerão; apenas eles podem prever seu</p><p>próprio fim, estando cientes de que pode ocorrer a</p><p>qualquer momento e tomando precauções especiais —</p><p>como indivíduos e como grupos — para proteger- se</p><p>contra a ameaça da aniquilação.</p><p>(A solidão dos moribundos, 2001.)</p><p>Em “De todo modo, teria sido mais apropriado se os</p><p>gladiadores dissessem ‘Morituri moriturum salutant’ (Os</p><p>que vão morrer saúdam aquele que vai morrer)” (1º</p><p>parágrafo), o termo sublinhado pertence à mesma classe</p><p>grama�cal do termo sublinhado em</p><p>a) “Não mais consideramos um entretenimento de</p><p>domingo assis�r a enforcamentos, esquartejamentos e</p><p>suplícios na roda.” (1º parágrafo)</p><p>b) “Porém, numa sociedade em que �vesse sido possível</p><p>dizer isso, provavelmente não haveria gladiadores ou</p><p>imperadores.” (1º parágrafo)</p><p>c) “Alguns dos imperadores sem dúvida se acreditavam</p><p>imortais.” (1º parágrafo)</p><p>d) “as pessoas necessitadas só podem esperar ajuda de</p><p>outras pessoas.” (1º parágrafo)</p><p>e) “Entre as muitas criaturas que morrem na Terra, a</p><p>morte cons�tui um problema só para os seres</p><p>humanos.” (2º parágrafo)</p><p>GR0324 - (Fuvest)</p><p>I. Diante da dificuldade, municípios de diferentes regiões</p><p>do país realizaram um segundo “dia D” neste sábado. O</p><p>primeiro ocorreu em 18 de agosto. A adesão, no entanto,</p><p>ainda ficou abaixo do esperado. Agora, a recomendação é</p><p>que estados e municípios façam busca a�va para garan�r</p><p>que todo o público-alvo da campanha seja vacinado.</p><p>Folha de S. Paulo. São Paulo. 03/09/2018.</p><p>II. Pensar sobre a vaga, buscar conhecer a empresa e o</p><p>que ela busca já faz de você alguém especial. Muitos que</p><p>procuram o balcão de emprego não compreendem que</p><p>os detalhes são fundamentais para conseguir a</p><p>recolocação. Agora, não pense que você vai conseguir na</p><p>primeira inves�da, a busca por um novo emprego requer</p><p>paciência e persistência, tenha você 20 anos ou 50.</p><p>Balcão de Emprego. Disponível em:</p><p>O termo “Agora” pode ser subs�tuído, respec�vamente,</p><p>em I e II e sem prejuízo de sen�dos nos dois textos, por</p><p>a) Neste momento; Por conseguinte.</p><p>b) Neste ínterim; De fato.</p><p>c) Portanto; Ademais.</p><p>d) Todavia; Então.</p><p>e) Doravante; Mas.</p><p>GR0114 - (Fgv)</p><p>Vários estudos têm alertado que tanto a</p><p>população da Terra quanto os níveis de consumo crescem</p><p>mais rapidamente do que a capacidade de regeneração</p><p>dos sistemas naturais. Um dos mais recentes, o relatório</p><p>Planeta Vivo elaborado pela ONG internacional WWF,</p><p>es�ma que atualmente três quartos da população</p><p>mundial vivem em países que consomem mais recursos</p><p>do que conseguem repor.</p><p>16@professorferretto @prof_ferretto</p><p>Só Estados Unidos e China consomem, cada um,</p><p>21% dos recursos naturais do planeta. Até 1960, a maior</p><p>parte dos países vivia dentro de seus limites ecológicos.</p><p>Em poucas décadas do atual modelo de produção e</p><p>consumo, a humanidade exauriu 60% da água disponível</p><p>e dizimou um terço das espécies vivas do planeta.</p><p>"O argumento de que o crescimento econômico</p><p>é a solução já não basta. Não há recursos naturais para</p><p>suportar o crescimento constante. A Terra é finita e a</p><p>economia clássica</p><p>sempre ignorou essa verdade elementar", afirma o</p><p>ecoeconomista Hugo Penteado. Ele não está sozinho. A</p><p>urgência dos problemas ambientais e suas implicações</p><p>para a economia das nações têm sido terreno fér�l para o</p><p>desenvolvimento da ecoeconomia, ou economia</p><p>ecológica, que não é exatamente nova. Seus principais</p><p>expoentes começaram a surgir na década</p><p>de 1960. Hoje, estão paula�namente ganhando projeção</p><p>graças à visibilidade que o tema sustentabilidade</p><p>conquistou.</p><p>Para essa escola, as novas métricas para medir o</p><p>crescimento não bastam, embora sejam bem-vindas em</p><p>um processo de transição. Para a ecoeconomia, é preciso</p><p>parar de crescer em níveis exponenciais e reproduzir – ou</p><p>"biomime�zar" – os ciclos da natureza: para ser</p><p>sustentável, a economia deve caminhar para ser cada vez</p><p>mais parecida com os processos naturais.</p><p>"A economia baseada no mecanicismo não</p><p>oferece mais respostas. É preciso encontrar um novo</p><p>modelo, que dê respostas a questões como geração de</p><p>empregos, desenvolvimento com qualidade e até mesmo</p><p>uma desmaterialização do sistema. Vender serviços, não</p><p>apenas produtos, e também produzir em ciclos fechados,</p><p>sem desperdício", afirma o professor Paulo Durval</p><p>Branco, da Escola Superior de Conservação Ambiental. De</p><p>acordo com ele, embora as empresas venham repe�ndo</p><p>a palavra sustentabilidade como um mantra, são</p><p>pouquíssimas as que fizeram mudanças efe�vas em seus</p><p>modelos de negócio. O desperdício de matérias-primas, o</p><p>es�mulo ao consumismo e a obsolescência programada</p><p>(bens fabricados com data certa para serem subs�tuídos)</p><p>ainda ditam as regras.</p><p>(Texto adaptado do ar�go de Andrea Vialli. O</p><p>Estado de S. Paulo, H4 Especial, Vida &Sustentabilidade,</p><p>15 de maio de 2009)</p><p>O mesmo �po de conjunção que subs�tui os dois pontos</p><p>em - E, apesar das promessas de que o crescimento do</p><p>PIB reduziria a pobreza, as desigualdades econômicas se</p><p>mantêm: a cada US$ 160 milhões produzidos no mundo,</p><p>só US$ 0,60 chega efe�vamente aos mais pobres. - pode</p><p>ser aplicado em:</p><p>a) Os ecoeconomistas só alimentam um propósito:</p><p>poupar os recursos ambientais.</p><p>b) Hugo Penteado disse: “a Terra é finita e a economia</p><p>clássica sempre ignorou essa verdade elementar”.</p><p>c) Os ecoeconomistas apontam os vícios das empresas: o</p><p>desperdício de matérias-primas, o es�mulo ao</p><p>consumismo e a obsolescência programada.</p><p>d) A ecoeconomia não é exatamente nova: seus</p><p>princípios exponenciais começaram a surgir na década</p><p>de 70.</p><p>e) Paulo Durval Branco foi enfá�co ao afirmar: “as</p><p>empresas vêm repe�ndo a palavra sustentabilidade</p><p>como um mantra.”</p><p>GR0362 - (Uerj)</p><p>O DNA do racismo</p><p>Proponho ao leitor um simples experimento.</p><p>Dirija-se a um local bastante movimentado e observe</p><p>cuidadosamente as pessoas ao redor. Deverá logo saltar</p><p>aos olhos que somos todos muito parecidos e, ao mesmo</p><p>tempo, muito diferentes.</p><p>Realmente, podemos ver grandes similaridades</p><p>no plano corporal, na postura ereta, na pele fina e na</p><p>falta rela�va de pelos, caracterís�cas da espécie humana</p><p>que nos dis�nguem dos outros primatas. Por outro lado,</p><p>serão evidentes as extraordinárias variações morfológicas</p><p>entre as diferentes pessoas: sexo, idade, altura, peso,</p><p>massa muscular, cor e textura dos cabelos, cor e formato</p><p>dos olhos, cor da pele etc. A priori, não existe</p><p>absolutamente nenhuma razão para valorizar mais uma</p><p>ou outra dessas caracterís�cas no exercício de</p><p>inves�gação.</p><p>Nem todos esses traços têm a mesma relevância.</p><p>Há caracterís�cas que podem nos fornecer informações</p><p>sobre a origem geográfica ancestral das pessoas: uma</p><p>pele negra pode nos levar a inferir que a pessoa tem</p><p>ancestrais africanos, olhos puxados evocam</p><p>ancestralidade oriental etc. E isso é tudo: não há</p><p>absolutamente mais nada que possamos captar à flor da</p><p>pele. Pense bem. O que têm a pigmentação da pele, o</p><p>formato e a cor dos olhos ou a textura do cabelo a ver</p><p>com as qualidades humanas singulares que definam uma</p><p>individualidade existencial?</p><p>Em ní�do contraste com as conclusões do</p><p>experimento de observação empírica acima, está a</p><p>rigidez da classificação da humanidade feita pelo</p><p>naturalista sueco Carl Linnaeus, em 1767. Ele apresentou,</p><p>pela primeira vez na esfera cien�fica, uma categorização</p><p>da espécie humana, dis�nguindo quatro raças principais</p><p>e qualificando-as de acordo com o que ele considerava</p><p>suas caracterís�cas principais:</p><p>• Homo sapiens europaeus: branco, sério, forte;</p><p>• Homo sapiens asia�cus:</p>